1. O documento discute a eficácia do tratamento da infertilidade feminina e distúrbios ginecológicos utilizando acupuntura segundo a medicina tradicional chinesa.
2. Aborda os conceitos de infertilidade na medicina ocidental e oriental, diferenciação sindrômica e tratamento de acordo com a medicina chinesa.
3. Também analisa o ciclo menstrual de acordo com as perspectivas ocidental e oriental, os órgãos internos e sua relação com a menstruação.
1. O documento discute a eficácia do tratamento da infertilidade feminina e distúrbios ginecológicos utilizando acupuntura segundo a medicina tradicional chinesa.
2. Aborda os conceitos de infertilidade na medicina ocidental e oriental, diferenciação sindrômica e tratamento de acordo com a medicina chinesa.
3. Também analisa o ciclo menstrual de acordo com as perspectivas ocidental e oriental, os órgãos internos e sua relação com a menstruação.
1. O documento discute a eficácia do tratamento da infertilidade feminina e distúrbios ginecológicos utilizando acupuntura segundo a medicina tradicional chinesa.
2. Aborda os conceitos de infertilidade na medicina ocidental e oriental, diferenciação sindrômica e tratamento de acordo com a medicina chinesa.
3. Também analisa o ciclo menstrual de acordo com as perspectivas ocidental e oriental, os órgãos internos e sua relação com a menstruação.
1. O documento discute a eficácia do tratamento da infertilidade feminina e distúrbios ginecológicos utilizando acupuntura segundo a medicina tradicional chinesa.
2. Aborda os conceitos de infertilidade na medicina ocidental e oriental, diferenciação sindrômica e tratamento de acordo com a medicina chinesa.
3. Também analisa o ciclo menstrual de acordo com as perspectivas ocidental e oriental, os órgãos internos e sua relação com a menstruação.
ACUPUNTURA: A MEDICINA MILENAR NOS DISTRBIOS GINECOLGICOS E INFERTILIDADE FEMININA
Mogi das Cruzes, SP 2012 1
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES MARCELA ADRIANE DE DEUS PRISCILA RODRIGUES ALVES MOREIRA ROSEANE VALRIA PINHEIRO MISAKI
ACUPUNTURA: A MEDICINA MILENAR NOS DISTRBIOS GINECOLGICOS E INFERTILIDADE FEMININA
Orientadores: Prof.: Luiz Antonio Alfredo e Prof.: Bernadete Nunes Stolai
Mogi das Cruzes, SP 2012 Monografia apresentada ao programa de Ps Graduao da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Especialista em Acupuntura. 2
MARCELA ADRIANE DE DEUS PRISCILA RODRIGUES ALVES MOREIRA ROSEANE VALRIA PINHEIRO MISAKI
ACUPUNTURA: A MEDICINA MILENAR NO TRATAMENTO DOS DISTRBIOS MENSTRUAIS E INFERTILIDADE FEMININA
Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Especialista em Acupuntura.
Aprovado em ..............................
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Luiz Antonio Alfredo UMC UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
Profa. Bernadete Nunes Stolai UMC UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
3
DEDICATRIA
Dedicamos este trabalho s nossas famlias, em especial aos nossos pais, que nos incentivam, apiam as nossas decises e esto sempre ao nosso lado, nos ajudando a realizar nossos sonhos, e acreditando sempre na nossa fora de vontade. Tambm aos nossos amigos, que esto sempre conosco em todos os momentos.
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por nos ajudar durante toda a vida, iluminar nosso caminho durante esta caminhada e permitir que consegussemos chegar at aqui; s nossas famlias, em especial aos nossos pais, Jos e Ana, Paulo e Doraci e Renato e Anglica, por sempre nos apoiarem e estarem ao nosso lado em todos os momentos de nossas vidas; Aos nossos amigos e colegas que de uma forma especial e carinhosa nos ajudaram, dando fora, coragem e nos apoiando nos momentos de dificuldade; Aos nossos orientadores Bernadete e Luiz Alfredo, que nos acompanharam durante todo este perodo, sendo pacientes e nos ajudando a concretizar nosso trabalho.
5
A dvida o incio da sabedoria
(Aristteles) 6
RESUMO
A Infertilidade Feminina definida como sendo uma alterao no sistema reprodutor, diminuindo assim a capacidade de gerar filhos. De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa para que haja a gravidez necessrio que a energia da mulher esteja em equilbrio atuando nas diferentes fases da reproduo. A Acupuntura pode substituir o uso de remdios no tratamento da Infertilidade sendo mais efetiva, rpida, duradoura, sem efeitos colaterais, alm de ser considerada uma terapia de custo acessvel. A variabilidade normal do ciclo menstrual importante, pois, o ciclo menstrual em todas as suas fases pode ser um sinal de sade e de doena para as mulheres. As causas dos Distrbios Ginecolgicos so a disfuno dos rgos internos, Desarmonia do Qi, Sangue e Fluidos Corpreos. Os distrbios mais comuns so: 1 Desarmonia do Fgado, Bao e Rins, que provocam dismenorria, perodos irregulares, sangramentos abundantes e amenorria. 2 Padro de Calor Excessivo, neste esto menstruao intensa, sangramento abundante, dismenorria, sensao de febre, boca seca, cogulos roxo na menstruao, distenso da mama, dor hipocondraca ou distenso abdominal. 3 Padro de Frio Excessivo, perodo escasso, atrasos, amenorria e dismenorria, dor abdominal com perodos e averso ao frio. Este estudo teve como objetivo analisar a eficcia do tratamento de Infertilidade em mulheres e dos Distrbios Ginecolgicos utilizando-se a Acupuntura como tcnica da Medicina Tradicional Chinesa. A metodologia utilizada foi a reviso da literatura cientfica. Observou-se que embora existam poucos trabalhos que comprovem a verdadeira eficcia, a Acupuntura sistmica trouxe efeitos satisfatrios principalmente em relao aos fatores que contribuem para a Infertilidade e nos Distrbios Ginecolgicos.
The Female Infertility is defined as a change in the reproductive system, reducing the ability to bear children. In accordance with the Traditional Chinese Medicine so that there is a need for the pregnancy of the woman is energy balance in the various operating stages of the reproduction. Acupuncture can replace the use of drugs in the treatment of infertility is more effective, fast, durable, no side effects, and is considered an affordable therapy. The normal variability of the menstrual cycle is important, because the menstrual cycle in all its phases may be a sign of health and illness for women. The causes of Gynecologic disorders are dysfunction of internal organs, Disharmony of Qi, blood and body fluids. The most common disorders are: 1st Disharmony of the Liver, Spleen and Kidneys, causing dysmenorrhea, irregular periods, abundant bleeding and amenorrhea. 2 Excessive Heat pattern, this is heavy bleeding, heavy bleeding, dysmenorrhea, feeling of fever, dry mouth, purple clots in menstruation, breast distention, hypochondriac pain or bloating.3 Standard Cold Excessive scarce period, delay, amenorrhea and dysmenorrhea, abdominal pain and aversion to cold periods. This study aimed to analyze the effectiveness of the treatment of infertility in women and Gynecological disorders using acupuncture as a technique of traditional Chinese medicine. The methodology was based on review of scientific literature. It was observed that although there are few studies that prove the true effectiveness, Acupuncture systemiceffects brought satisfactory especially regarding the factors that contribute to infertility and gynecological disorders
Figura 1 Vaso Penetrador .............................................................................. 26 Figura 2 Vaso da Cintura ............................................................................... 27 Figura 3 Vaso Diretor ..................................................................................... 27 Figura 4 As quatro fases do ciclo menstrual .................................................. 30 Figura 5 rgos Internos e a Menstruao .................................................... 31 Figura 6 tero e os rgos Internos .............................................................. 33
9
SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................................. 11 2 METODOLOGIA ................................................................................................ 13 3 INFERTILIDADE NA MEDICINA OCIDENTAL E PRINCIPAIS CAUSAS ........ 14 4 INFERTILIDADE NA MEDICINA ORIENTAL .................................................... 16 5 DIFERENCIAO SINDROMICA E TRATAMENTO ........................................ 20 5.1 DEFICINCIA DO YIN E DO YANG DO RIM (SHEN) .......................... 20 5.2 DEFICINCIA DO YIN DO RIM (SHEN) .............................................. 21 5.3 DEFICINCIA DO YANG DO RIM (SHEN) ........................................... 22 5.4 DEFICINCIA DO SANGUE .................................................................. 22 5.5 FRIO NO TERO .................................................................................. 23 5.6 UMIDADE NO AQUECEDOR INFERIOR .............................................. 23 5.7 CALOR DO SANGUE ............................................................................ 24 5.8 ESTAGNAO DE QI ........................................................................... 24 5.9 ESTASE DE XUE (SANGUE) ................................................................ 25 6 VASOS MARAVILHOSOS E A INFERTILIDADE FEMININA ........................... 26 7 CICLO MENSTRUAL NA VISO DAS MEDICINAS OCIDENTAL E ORIENTAL ..........................................................................................................
29 7.1 CICLO MENSTRUAL NA MEDICINA OCIDENTAL ............................... 29 7.2 CICLO MENSTRUAL NA MEDICINA ORIENTAL ................................. 31 7.3 OS RGOS INTERNOS E A MENSTRUAO ................................... 32 8 DISTRBIOS GINECOLGICOS NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E TRATAMENTO ATRAVS DA ACUPUNTURA ...............................................
9 A ACUPUNTURA E SUA EFICCIA ................................................................ 42 10 CONCLUSO .................................................................................................. 46 REFERNCIAS ..................................................................................................... 48
11
1 INTRODUO
A Infertilidade conceituada como sendo uma alterao do sistema reprodutor feminino ou masculino, que diminui a capacidade de um casal de ter filhos (SAMBIAGHNI e CASTELLOTTI, 2006, p.15). Ela afeta de 10 a 15% dos casais, o que a torna um dos componentes importantes da prtica mdica. As possveis causas de Infertilidade so: fatores masculinos em 30 a 40% dos casos, 5 a 25% dos casos de causa feminina e 10 a 15% so de causa desconhecida. Apesar dos avanos cientficos na rea de reproduo assistida, a gestao ocorre em mdia, em 34% dos casais submetidos aos tratamentos hoje disponveis. A falha de implantao embrionria considerada uma causa relevante de insucesso nos procedimentos de fertilizao in vitro (FIV) (GLUECK et al, 2000). Sambiaghni e Castellotti (2006, p.16), relatam que os estudos mostram que at 15% dos casais em idade frtil apresentam dificuldade para engravidar e metade deles ter que recorrer a tratamentos de Reproduo Assistida. Segundo Kendall (1999, p. 197 apud FERREIRA, 2003, p. 9), a Infertilidade considerada primria quando um casal falha em conceber aps conviver por um ano, tendo atividade sexual normal sem o uso de contraceptivos, e classificada secundria, se a mulher falha em conceber em at um ano aps um aborto ou parto. Existe uma tendncia a se pensar que o homem no tem problema, principalmente se no tem impotncia. J a Medicina Tradicional Chinesa, uma arte milenar que possui mais de 3000 anos de histria, tem o objetivo de harmonizar e equilibrar a energia do ser humano tratando o indivduo como um todo, onde a energia de um ser depende da energia inata e da energia adquirida. A energia inata recebida da me, durante o perodo fetal e a energia adquirida obtida atravs dos alimentos e do ar (WEN, 1989, p.225). Para ocorrer gravidez necessrio que a energia esteja suficiente e em equilbrio atuando nas diferentes fases da reproduo, desde o incio do processo ovulatrio at a implantao do embrio na parede do tero e mesmo depois no desenvolvimento do feto (WEN, 1989, p.225). 12
Derivada dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar respectivamente, a Acupuntura visa terapia e cura das enfermidades pela aplicao de estmulos atravs da pele, com a insero de agulhas em pontos especficos chamados acupontos. Trata-se tambm de uma terapia reflexa, em que o estmulo de uma rea age sobre outra(s). Para este fim, utiliza, principalmente, o estmulo nociceptivo (SCOGNAMILLO-SZABO, 2001). H evidncias de que a Acupuntura pode substituir o uso de remdios sendo mais efetiva, rpida, duradoura, no causando dependncia e sem efeitos colaterais importantes, com menor custo financeiro ao paciente e ao sistema de sade pblica (STUX e HAMMERCHLAG, 2005, p.93-106). Essa teraputica estimula as fibras sensitivas do Sistema Nervoso Perifrico (SNP) fazendo com que ocorra uma transmisso eltrica via neurnios para produzir alteraes no Sistema Nervoso Central (SNC), o qual libera substncias como o cortisol, as endorfinas, a dopamina, a noradrenalina e a serotonina, que promovem bem-estar, preveno e tratamento de doenas, sejam elas psicolgicas, biolgicas e/ou comportamentais (STUX e HAMMERCHLAG, 2005, p.93-106). Hoje em dia a Acupuntura tem vasto uso no tratamento de diversas afeces. Como qualquer mtodo teraputico possui limitaes e sucessos, mas a quase inexistncia de efeitos colaterais, o baixo custo e a fcil administrao da teraputica fazem com que a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) seja uma boa opo para a preveno de transtornos reprodutivos (CARNEIRO, 2001, p.709). A Medicina Chinesa o sistema contnuo mais antigo registrado, onde o acupunturista pode escolher entre dois mil pontos por todo o corpo. Porm, inerente a essa enorme quantidade e ferramentas teraputicas, um sistema preciso e previsvel de diagnstico e formulao de tratamento (LYTTLETON, 2006, p.15). Mais do que rotular as doenas, a Medicina Chinesa descreve e classifica o padro de sinais e sintomas nos quais um indivduo se manifesta sob determinadas circunstncias. O diagnstico realizado juntando-se as informaes obtidas por meio de caractersticas do pulso, exame da lngua, pele, etc. e a coletnea de sintomas (LYTTLETON, 2006, p.15). Com base nesses dados, este estudo tem como objetivo realizar um levantamento bibliogrfico abordando segundo a viso da Medicina Tradicional Chinesa os Distrbios Ginecolgicos e a Infertilidade Feminina, destacando o uso da Acupuntura como tratamento e a eficcia dessa Medicina Milenar. 13
2 METODOLOGIA
Essa pesquisa foi realizada atravs de reviso da literatura cientfica em bibliotecas privadas, pblicas e virtuais. Foram utilizados artigos nos idiomas portugus, espanhol e ingls, sendo que na busca em bases de dados foram acessados os portais: Bireme, Scielo, Lilacs, Medline, Scirius, Capes, PubMed, entre outros.
14
3 INFERTILIDADE NA MEDICINA OCIDENTAL E PRINCIPAIS CAUSAS
A Infertilidade definida como a incapacidade de uma mulher produzir descendncia aps ter tentado por um ano, tendo uma vida sexual normal, e cujo parceiro tem, naturalmente, funo reprodutiva normal (MACIOCIA, 2000, p.625). Frederickson (1993, p.113) diz que os mecanismos responsveis pelo declnio na fertilidade so: o aumento dos ndices anovulatrios, o aumento da probabilidade de endometriose, os riscos cumulativos de dano proveniente de infeces plvicas ou de exposio a toxinas ambientais, e em efeito direto do envelhecimento sobre a qualidade do ocito. As causas de Infertilidade podem ser divididas em quatro categorias principais: feminina, masculina, combinadas (masculina e feminina) e desconhecida ou indeterminada. difcil calcular a percentagem exata para cada uma dessas categorias. Aproximadamente 40% das causas de Infertilidade so devidas ao fator feminino e tem sido relatado de que 35% dos casos tm causas mltiplas. Em 2 a 15 % dos casais, o diagnstico permanece oculto, aps uma investigao completa (GIORDANO, 1998, p.173). Vrios inquritos tm listado as seguintes prevalncias de Infertilidade entre mulheres nos diferentes grupos etrios: 8% entre 20 e 29 anos e 15% entre 40 e 44 anos. O declnio da fertilidade parece comear aps a mulher atingir a idade de 35 anos, a taxa de gravidez cerca da metade daquelas que ocorrem abaixo da idade de 31, e aos 40 anos, cerca de um tero. Portanto os dois maiores fatores determinantes da taxa de fecundidade parecem ser o tempo durante o qual o casal tem tentado a concepo espontnea, e em casais com Infertilidade inexplicvel (GIORDANO, 1998, p.173). Existe sempre uma causa para a infertilidade e a freqncia com que encontrada depende at certo ponto da meticulosidade da pesquisa. Em muitos casos, entretanto, vrios fatores adversos esto agindo, e quando eles esto distribudos entre os parceiros, pode ser impossvel, mesmo quando desejvel, dividir equitativamente a responsabilidade (JEFFCOATE, 1983, p.728). Em qualquer srie de casamentos infrteis o fator etiolgico principal encontrado mais freqentemente, na mulher que no homem, mas 40% dos maridos 15
podem mostrar, pelo espermograma, ter algum grau de subfertilidade, em apenas 10% entretanto, o parceiro masculino inteiramente o responsvel e a cada 100 homens que se casam um absolutamente estril (JEFFCOATE, 1983, p.728). De acordo com Frederickson (1993, p. 113), embora a freqncia das etiologias reconhecidas da Infertilidade varie entre os diferentes estudos, a relao seguinte pode ser usada como um meio de orientao:
Conforme descrevem Corleta, Kalil (2001), as causas da Infertilidade Feminina so: Causa ovulatria, a ovulao no ocorre, existe uma irregularidade do ciclo e tem como causa central a anovulao, e como causa perifrica ovrio policistico; Causa tubria, as tubas uterinas no funcionam adequadamente e tambm podem estar obstrudas. Pode ter como causa infeco plvica; Causas uterinas, ocorrem devido as alteraes anatmicas do tero, miomas, plipos endometriais e infeces uterinas.
16
4 INFERTILIDADE NA MEDICINA ORIENTAL
A Medicina Tradicional Chinesa que vem sendo cada vez mais utilizada no oriente uma medicina milenar que atravs da Acupuntura utiliza-se de agulhas em pontos especficos que regulam o organismo e suas funes. Muito utilizada no tratamento de algias, mas tambm com eficcia em outros tipos de tratamento (MEDEIROS, SAAD, 2009). A teoria geral da Acupuntura se baseia em padres de fluxo de energia (Qi) atravs do corpo, que so essenciais para a sade. Acredita-se que o rompimento desse fluxo possa ser responsvel pela formao da doena. De acordo com a nomenclatura internacional de Acupuntura o sistema de meridianos consiste em 12 meridianos interligando cerca de 400 pontos de Acupuntura. Estes pontos correspondem a reas especficas da superfcie do corpo, que demonstram maior condutividade eltrica devido presena de maior densidade de junes ao longo das fronteiras da clula, atuam como pontos de convergncia para os campos eletromagnticos. Uma maior taxa metablica, temperatura e concentrao de ons clcio, tambm so observados nesses pontos. Em princpio, a estimulao de um pulso positivo inibe a funo do rgo, enquanto que negativos a estimulao do pulso aumenta essa funo (CHANG et al, 2002). Alguns estudos sugerem que os efeitos da Acupuntura esto correlacionados com os peptdeos opiides endgenos no centro do sistema nervoso central que estimulam a secreo de gonadotropina influenciando assim no ciclo menstrual, apresentando um impacto no fluxo sanguineo uterino. A Acupuntura tambm apresenta um impacto na endorfina que afeta a secreo de GnRH e no ciclo menstrual influenciando na ovulao e na fertilidade (CHANG et al, 2002). Sambiaghni e Castellotti (2006, p.16) definem que as causas da Infertilidade, na viso da Medicina Tradicional Chinesa, podem ser por fraqueza constitucional causada pela fraqueza da me, ou mulher com idade avanada, por excesso de trabalho, sem repouso adequado, excesso de trabalho fsico ou prtica de esportes de forma extenuante (principalmente quando est na fase mais vulnervel, como na adolescncia), atividade sexual precoce e excessiva, invaso pelo Frio (quando a mulher teve muita exposio ao Frio e Umidade durante o perodo menstrual) e 17
dietas com excesso de alimentos e bebidas geladas, excesso de laticnios e produtos gordurosos. Para ocorrer gravidez, necessrio que a energia esteja suficiente e em equilbrio atuando nas diferentes fases da reproduo, desde o incio do processo ovulatrio at a implantao do embrio na parede do tero. Nos casos relacionados Infertilidade, a Acupuntura age no aumento do fluxo sangneo dos rgos reprodutivos femininos, ajudando a normalizar a ovulao. O equilbrio de energia resulta na melhora de problemas fsicos e emocionais, alm do paciente referir uma sensao de bem-estar (SAMBIAGHNI E CASTELLOTTI, 2006, p.62). Embora no se negue o valor das tcnicas ocidentais de cirurgia ou medidas farmacuticas no tratamento de Infertilidade, especialmente em situaes de emergncias, existem muitos Distrbios Ginecolgicos para os quais essas tcnicas so menos adequadas do que se poderia desejar. Para distrbios como esses a Medicina Tradicional Chinesa apresenta muitos benefcios, sendo mais efetiva, rpida e duradoura (FREDERICKSON,1993). Segundo Kendall (1999, p. 197 apud FERREIRA, 2003, p. 6), a MTC descreve todos os aspectos da reproduo feminina, os rgos, as glndulas e suas secrees, bem como a psique, em termos de funo do Rim (Shen), funo do Corao (Xin) e do tero, formando o ncleo da atividade reprodutora. Ao descrever o Jing do Rim (Shen), sendo o que a moderna cincia mdica ocidental chama de gametas ou vulos e esperma, o Yin e o Yang do Rim englobam a influncia dos hormnios que regularizam as diferentes fases do ciclo. De acordo com a MTC as funes reprodutivas dependem de um complexo de funes cooperativas que envolvem os rgos internos, o Qi-Xue (Energia e Sangue), os meridianos e, especificamente os rgos do aparelho reprodutor (tero, Ovrios, Trompas de Falpio e Crvice). Os rgos internos e seus meridianos, principalmente o Rim (Shen), o Bao-Pncreas (Pi), o Fgado (Gan) e o Corao (Xin), abastecem o tero, o feto, placenta, os ovrios, as glndulas mamrias em lactao, os testculos, e o pnis com o Qi-Xue, que por sua vez, o alimento essencial a todas as atividades orgnicas necessrias manuteno e perpetuao da vida (KENDALL, 1999, p. 200 apud FERREIRA, 2003, p. 6). Os fisiologistas modernos descrevem o ciclo menstrual em termos de hormnios produzidos pelos ovrios (estrognio e progesterona) e hipfise (FSH e 18
LH) e suas aes sobre os folculos, trompas e endomtrio ou camada de revestimento interno do tero (LYTTLETON, 2006, p.25). O mesmo autor refere que na MTC o ciclo menstrual descrito como o efeito de Qi (Energia), Sangue, Yin e Yang sobre o tero. Em termos mais gerais, o perodo do ciclo visto como apenas mais uma das muitas manifestaes fsicas ou reflexes da reduo e aumento do Yin e da energia Yang O Rim (Shen) o alicerce da constituio inata do organismo. Entre suas diversas funes, ele domina o Jing (Essncia) e domina a reproduo e o desenvolvimento, alm de ter um papel importantssimo no controle do metabolismo para aquecer o corpo. Algumas destas funes so mediadas pelas glndulas adrenais e gnadas, onde as substncias Yin, incluindo os hormnios sexuais, sustentam a reproduo e o desenvolvimento orgnico. Tanto as deficincias da Essncia vital do Rim (Shen), quanto a hipofuno dos Rins (Shen), podem levar a Infertilidade (HAWKINS,1992). Conforme Kendall (1999, p. 202 apud FERREIRA, 2003, p. 7), o Fgado (Gan) responsvel pelo processamento e disperso das substncias bsicas necessrias para todas as funes do corpo, segundo a MTC, o responsvel pelo suporte s funes reprodutivas. O Corao (Xin), alm de movimentar o Sangue atravs do sistema vascular, tambm fornece energia necessria s atividades cerebrais, inclusive do hipotlamo. Diretamente depende do hipotlamo, a hipfise, que secreta os hormnios crticos para o funcionamento orgnico, inclusive da atividade reprodutiva, tem a sua sntese e secreo hormonal controladas indiretamente pela melatonina. Um Corao (Xin) fraco, que no consegue suprir o sistema reprodutor com Sangue e Substncias Vitais, pode contribuir para o estabelecimento da Infertilidade. De acordo com o mesmo autor, o Bao-Pncreas (Pi), que regula o volume do Sangue e responsvel pela digesto, transporte e transformao dos nutrientes, considerado a fonte do crescimento e das transformaes das substncias refinadas e do Sangue. A insuficincia desse sistema, que tambm indispensvel ao metabolismo de gua e lquidos, pode resultar no acmulo de Umidade e suprimento insuficiente do corpo com nutrientes, levando a uma falha alimentar do tero e do feto, no caso de uma gestao e, conseqentemente, em muitas desordens ginecolgicas, que podem culminar com a esterilidade (KENDALL, 1999, p. 200 apud FERREIRA, 2003, p. 6). 19
De maneira simplificada, as Deficincias de Yin ou Yang de determinados rgos e/ou funes, que resultem no abastecimento irregular ou insuficiente de Qi- Xue do sistema reprodutor, seriam as causas primrias das leses ou mau funcionamento destes. Contudo, os problemas de Infertilidade geralmente so multifatoriais e, na maioria das vezes, o tero a sede primria da disfuno reprodutiva (KENDALL, 1999, p. 200 apud FERREIRA, 2003, p. 8). O tero descreve o lugar onde tudo ocorre. Quando utilizamos o termo tero em um contexto de Medicina Chinesa uma traduo do termo Bao Gong, que engloba todos os rgos reprodutores. Os caminhos ou canais denominados Bao Mai (Vaso do tero) e Bao Luo ( Canal do tero), fornecem o meio de comunicao entre o Corao (Xin), tero e Rins (Shen) (LYTTLETON,2006, p.10). Alm dos meridianos citados, participam tambm ativamente dos processos reprodutivos, o Vaso da Concepo (Ren Mai), o Vaso Governador (Du Mai) e o Vaso Penetrador (Chong Mai) (KENDALL, 1999, p. 200 apud FERREIRA, 2003, p. 10).
20
5 DIFERENCIAO SINDRMICA E TRATAMENTO
Embora as opes de tratamento convencional para Infertilidade Feminina estejam bem estabelecidas, h poucas revises sistemticas de abordagens complementares ou alternativas para o tratamento de Infertilidade, sendo necessrio rever os fundamentos cientficos existentes e com base em dados clnicos mostrar que a Acupuntura pode exercer uma influncia sobre o resultado da fertilidade na mulher. Como a Acupuntura no txica e relativamente acessvel, indicada como adjuvante assistida na reproduo ou como uma alternativa para as mulheres que so intolerantes ou em casos de contra-indicado para induo hormonal convencional de ovulao (CHANG et al, 2002). H sculos na China a Acupuntura utilizada para o tratamento do sistema reprodutor feminino agindo na liberao de neurotransmissores, que estimula a secreo de gonadotrofina que influenciam o ciclo menstrual, a ovulao e a fertilidade, estimula o fluxo sanguineo do tero e estimula a produo de opiides endgenos que inibem o SNC na sada e resposta ao estresse biolgico (LACEY et al, 2009). Ao diagnosticar a Infertilidade deve-se estabelecer claramente a diferena entre Deficincia e Excesso, devemos tambm estabelecer se precisamos tonificar e nutrir o Qi (Energia) do corpo ou eliminar os fatores patognicos. Em caso de condies de Vazio, a Infertilidade causada por falta de Substncias Vitais que so essenciais para a concepo, ou seja, Sangue e Essncia. Para que a fertilizao ocorra, os aspectos Yin e Yang da Essncia precisam estar equilibrados (MACIOCIA, 2000, p.626). Os padres de Vazio so trs: Deficincia do Yin do Rim, Deficincia do Yang do Rim e Deficincia do Sangue e os padres de Plenitude so cinco: Frio no tero, Umidade no Aquecedor Inferior, Calor do Sangue, Estagnao do Qi e Estase do Sangue
5.1 DEFICINCIA DO YIN E DO YANG DO RIM (SHEN)
a associao das duas Deficincias. O Rim armazena o Yin e Yang Primrio, ele fornece o Yin e Yang para todos os outros sistemas, o Yin do Rim 21
(Shen) o fundamento para todo o Qi do Yin do corpo, em especial o do Fgado (Gan), Corao (Xin) e Pulmo (Fei) e o Yang do Rim (Shen) o fundamento para todo o Qi do Yang do organismo, em especial do Bao (Pi), Pulmo (Fei) e Corao (Xin). Tanto o Yin como o Yang do Rim (Shen) se originam da mesma raiz, sendo ento interdependentes, isto , o Yin do Rim (Shen) fornece o substrato material para o Yang do Rim (Shen), e o Yang do Rim (Shen) fornece o Calor necessrio para todas as funes do Rim (Shen). O tratamento consiste no fortalecimento do Yin e Yang do Rim, tonificar o Chong Mai e Ren Mai, acalmar a Mente, utilizando os seguintes pontos: VG20, C6, Yintang, VB13, VG24, R9, PC6, B15, B14, que acalmam a mente; P7, R6, regulam Ren Mai, fortalecem o tero e nutrem o Yin; R3, BP6, nutrem o Rim; B23, tonifica o Yang do Rim (MASTROROCCO, 2007).
5.2 DEFICINCIA DO YIN DO RIM (SHEN)
A Deficincia do Yin do Rim tambm da Essncia, e leva a manifestaes clnicas relacionadas ao Crebro (o Yin do Rim produz a Medula e controla o Crebro), resultando em tontura leve, zumbido, vertigem e perda gradativa da memria. Alm destas manifestaes, esta Deficincia provoca diminuio dos Fluidos Corpreos levando a um quadro de Secura, podendo se manifestar por boca seca a noite, constipao intestinal e urina escura e escassa, pele, cabelos e mucosas secas. A Deficincia do Yin provoca o surgimento do Calor-Vazio do Rim, que se manifesta clinicamente atravs do Calor dos Cinco Palmos e da sudorese noturna. Pelo fato da Essncia do Rim controlar os ossos comum observar o aparecimento de lombalgia e dor nos ossos. O tratamento pela Acupuntura se baseia no fortalecimento do Yin do Rim (Shen), dominar o Yang, acalmar a Mente e remover o Calor do Corao, podendo ser utilizados os seguintes pontos (MASTROROCCO, 2007): VG20; C7; Yintang; VB13;. VG24; R9; PC6; B15; B14 que acalmam a Mente; P7; R6 regulam Ren Mai, fortalecem o tero, nutrem o Yin e R3; BP6; R10 que nutrem o Rim.
22
5.3 DEFICINCIA DO YANG DO RIM (SHEN)
Quando o Yang do Rim est deficiente o Rim no apresenta Qi suficiente para fortalecer os ossos e as costas causando lombalgia e fraqueza nas pernas e joelhos. O Yang deficiente falha ao aquecer a Essncia e portanto a energia sexual privada da nutrio da Essncia e do aquecimento do Yang do Rim o que resulta em ejaculao precoce masculina e Infertilidade Feminina ou mesmo frigidez. Os sintomas mais comuns desta Deficincia so: lombalgia, joelhos frios, sensao de frio nas costas, calor nas mos, sudorese pela manh, calafrios, cefalia, astenia, fraqueza nas pernas, falta de interesse, depresso, impotncia. Pulso Vazio, profundo, Lento. Lngua Plida, de volume aumentado, mida, saburra branca. Mtodo de tratamento: Fortalecer e aquecer o Yang do Rim, utilizando-se os mtodos de tonificao e a moxa e tratar os padres adicionais, podendo ser utilizados os seguintes pontos (MASTROROCCO, 2007): B23; R3, BP6 tonificam o Rim (Shen); VG4 tonifica o Yang do Rim; P7; R6 regulam Ren Mai, fortalecem o tero, nutrem o Yin e R7 tonifica o Yang do Rim.
5.4 DEFICINCIA DO SANGUE
O Corao, entre suas inmeras funes, governa o Sangue e sua circulao atravs da transformao do Qi dos Alimentos em Sangue, est conectado com o tero pelo Canal do tero, abriga a Mente, alm de participar na formao do Qi Celestial, atravs da presena do Yang do Corao junto a Essncia do Rim. Na Deficincia do Yang do Rim observa-se um comprometimento de sua funo em transformar os Fluidos Corpreos (Jin Ye), provocando mudanas em seu fluxo em direo ao topo, causando um padro chamado de gua afetando o Corao. Na Deficincia de Yin do Rim no haver nutrio do Yin do Corao, levando a uma hiperatividade do Fogo do Corao (MASTROROCCO, 2007). O Sangue do Fgado nutre e abastece a Essncia do Rim, e este contribui para a elaborao do Sangue (pelo fato da Essncia produzir a medula ssea que produz o Sangue). O Yin do Rim nutre o Yin do Fgado (que inclui o Sangue do Fgado). A Essncia deficiente do Rim leva a Deficincia do Sangue, que por sua vez, ir causar debilidade na Essncia do Rim, com sintomas de tontura, viso turva 23
e tinido. Os que sofrem de certa Deficincia de Yin do Rim (talvez atividade sexual excessiva) podem desenvolver ascenso do Calor do Yang (talvez por consumo excessivo de alimentos quentes) e tendero a desenvolver exploso do Fogo do Fgado, causando viso turva, tinido, tontura, irritabilidade e dores de cabea (SILVEIRA, 2009).
5.5 FRIO NO TERO
De acordo com Maciocia (2000, p. 642), esse padro mais comum em mulheres jovens e uma condio de Vazio de Frio no tero por Deficincia do Yang do Rim. As manifestaes clnicas so: dismenorria, infertilidade primria, menstruao escassa, cogulos, ciclo atrasado, gosto amargo com calor, maior sensao de frio durante o perodo da menstruao, palidez facial, dores nas costas. Lingua: plida, revestimento espesso branco e Pulso: Fraco, Apertado. Segundo Maciocia (2000, p. 642), tem como principio de tratamento dispersar o Frio, esquentar o tero e esquentar e tonificar o Yang do Rim. A moxa pode ser usada no tratamento dos seguintes pontos: VC2 dispersa o Frio do tero; VC4 esquenta o Yang do Rim e tonifica o tero; VG4 esquenta o Fogo da Porta da Vida e fortalece o Canal Du Mai; R7 e B23 tonificam Yang do Rim e fortalecem o tero; VC7 e VG4 combinados, esquentam o tero e os Rins e dispersam o Frio do tero.
5.6 UMIDADE NO AQUECEDOR INFERIOR
Geralmente a Umidade se desenvolve secundariamente, onde os fluidos se solidificam em alguns locais, prejudicando as funes de determinados sistemas (LYTTLETON, 2006, p.94). Maciocia (2000, p. 645), relata que as manifestaes clnicas so: ciclo menstrual demorado, menstruaes irregulares, dismenorria, descarga vaginal, infertilidade de longo tempo, obesidade, sensao de peso. Lngua: revestimento grudento e Pulso: escorregadio. O principio de tratamento constitui em resolver a Umidade e remover as obstrues dos Canais Ren Mai e Chong Mai. Utiliza-se os seguintes pontos para o 24
tratamento (MACIOCIA, 2000, p. 646): VC3 fortalece o tero e resolve a Umidade; Zigong (M-TA 18) remove as obstrues do tero e das trompas; E28, BP9, BP6 e VC9 resolvem a Umidade; P7 e R6 regulam o canal Ren Mai e fortalecem o tero; E30 revigora o Sangue ajudando a transformar a gua; R14 elimina a estagnao da gua; B32 drena a Umidade do sistema genital; VB41 no lado direito e TA5 no lado esquerdo, regulam o canal Dai Mai e drenam a Umidade; VB26 resolve a Umidade-Calor no sistema genital, deve ser usado em conjunto com os pontos de abertura VB41 e TA5 e B32 e VC4 com estimulao eltrica para obstruo das trompas.
5.7 CALOR DO SANGUE
Maciocia (2000, p. 652), descreve que nesse padro as manifestaes clnicas apresentadas so: perodos menstruais adiantados com um ciclo curto, podendo ser acima de duas vezes ao ms, fluxo abundante, sensao de calor durante o perodo menstrual e inquietude mental. Lingua: vermelha e Pulso: rpido, transbordante. O principio de tratamento tem por objetivo refrescar o Sangue e regular os perodos menstruais, utilizando os seguintes pontos (MACIOCIA, 2000, p. 652): IG11 e BP10 refrescam o Sangue; R2 e F3 em combinao refrescam o Sangue; BP6 e CS3 refrescam o Sangue; B17 refresca o Sangue; VC4 fortalece o tero e nutre o Sangue e P7 e R6 regulam os Canais Ren Mai e Chong Mai e nutrem o Yin.
5.8 ESTAGNAO DE QI
Qi o termo usado pelos chineses energia que circula pelos canais. Para que ocorra a menstruao o fluxo de energia precisa estar correndo livremente (LYTTLETON, 2006, p. 91). o Qi do Fgado (Gan) e seu livre fluxo que se torna importante para a ovulao e a menstruao. A Estagnao do Qi do Fgado obstrui os Canais Ren Mai e Chong Mai, essa Estagnao se d devido ao estresse emocional. Uma vez essa energia estagnada, poder afetar a liberao dos vulos, ocorrer dismenorria 25
ou um perodo menstrual irregular. O tratamento para esse padro sindrmico visa mover o Qi, eliminar a Estagnao, e regular os perodos menstruais (MACIOCIA, 2000, p.652). De acordo com Maciocia (2000, p. 652 e 653), os pontos responsveis para esse tratamento so F3, VB34, TA6 que movem o Qi, fixam a Alma Etrea e eliminam a Estagnao. VC4 que fortalece o tero, R14 que o ponto de reunio dos Canais de Energia Principal do Rim (Shen) com o Canal de Energia Curioso Chong Mai,e move o Qi no abdmen inferior. BP4 que regula o Canal de Energia Curioso Chong Mai e domina o Qi rebelde.
5.9 ESTASE DE XUE (SANGUE)
Podendo provocar dismenorreia, ciclo longo, hemorragias uterinas ou mesmo amenorreia. A Estase de Sangue tambm provoca o aparecimento de cogulos durante as perdas mensais (MACIOCIA, 2000, p. 656). A Estagnao de Xue (Sangue) est correlacionada com as dores, fazendo com que ocorra dificuldade na eliminao da menstruao apresentando cogulos (LYTTLETON, 2006, p. 93). Devido a Estagnao de Xue (Sangue) o ciclo menstrual fica perturbado, pois, o vaso Chong (o mar de Sangue) no ser preenchido livremente e no se esvaziar adequadamente (LYTTLETON, 2006, p. 93). Para tratarmos esse padro devemos revigorar o Xue (Sangue), eliminar a Estase, e regular os perodos menstruais, sendo que os pontos F3, VB34, B17, BP10 e BP6 tem a funo de revigorar o Xue (Sangue), e eliminar a Estase. TA6 / VC6 so responsveis por moverem o Qi, o que ajuda a revigorar o Xue (Sangue). VC4 fortalece o tero (MACIOCIA, 2000, p. 656 e 657).
26
6 VASOS MARAVILHOSOS E A INFERTILIDADE FEMININA
Os Vasos Maravilhosos so meridianos virtuais que se manifestam quando h distrbios energticos nos meridianos principais, por excesso ou insuficincia. Estes Vasos Maravilhosos agem como reservatrios de energia (Qi) relativamente aos meridianos principais. A funo dos Vasos Maravilhosos, alm da de reserva, a regulao dos meridianos principais. Conduzem a energia ancestral dos Rins (Shen) para as diferentes partes do corpo, inclusive para os meridianos principais, alm de receberem e distribuirem as energias de Defesa e Nutridora para os meridianos principais (LIMA et al, 2009). Eles possuem o Qi derivado do Rim (Shen), e todos contem a Essncia (Jing) que estocada no Rim (Shen). Eles circulam a Essncia (Jing) ao redor do organismo, contribuindo assim para integrar a circulao do Qi com a da Essncia (Jing). Por essa razo os Vasos Maravilhosos so o lao entre o Qi pr-celestial e ps-celestial na medida em que esto conectados aos Meridianos Principais circulando a Essncia (Jing) por todo o organismo. Portanto, os Vasos Maravilhosos representam um nvel mais profundo de tratamento relacionado ao Qi Celestial e a constituio bsica de um indivduo (MACIOCIA, 1996, p. 462). Normalmente, os Canais Extraordinrios so utilizados aos pares de acordo com pontos de abertura e fechamento, o que permite tratar de sndromes complexas com poucas agulhas e timos resultados. Os objetivos de todos os tratamentos pela Acupuntura so simplicidade e harmonia, tratando com o mnimo de agulhas numa combinao equilibrada e de efeito sinrgico (ANTUNES, 2010). Os vasos mais importantes no ciclo menstrual so Chong e Ren que participam da concepo e gestao. O Vaso Chong tambm conhecido como Vaso Penetrador e o Mar de Sangue ou Mar dos 12 canais e o Vaso Ren como vaso da Concepo ou Diretor e o Mar de todo o Yin (LYTTLETON, 2006, p.21). Esses Vasos surgem da rea entre os Rins (Shen) e passam pelo tero e perneo, e exercem grande influncia sobre o abdome e seus rgos (LYTTLETON, 2006, p.22). O Vaso Penetrador (Chong Mai - figura 1), juntamente com o Vaso Diretor (Ren Mai), regulariza o tero e a menstruao e nutre o Sangue (Xue). Pode ser utilizado para condies como dismenorria, amenorria e menorragia. A diferena 27
principal entre ambos com relao a menstruao consiste no fato de que o primeiro controla o Qi e pode ser usado para tonificar e nutrir enquanto o ltimo controla o Sangue (Xue), sendo principalmente utilizado para movimentar o Qi e o Sangue (Xue) e remover obstrues. Ponto de abertura: BP4, Acoplado: PC6 e Ponto Inicial: Ren1 (MACIOCIA, 1996, p. 468).
Figura 1 - Vaso Penetrador
Fonte: Maciocia, (1996, p.468)
O Vaso da Cintura (Dai Mai - figura 2) o nico vaso horizontal do corpo, divide o corpo em duas metades e conecta-se com o Meridiano divergente do Rim (Shen). Influencia o quadril, a genitlia e a cintura, podendo ser utilizado para dispersar o Calor-Umidade da genitlia. Ponto de abertura: VB41, Acoplado: TA5 e Ponto Inicial: VB26 (MACIOCIA, 1996, p. 469).
28
Figura 2 - Vaso da Cintura
Fonte: Maciocia, (1996, p.470)
O Vaso Diretor (Ren Mai - figura 3) exerce influencia sobre todos os meridianos Yin do corpo, origina-se no Rim e flui atravs do tero em descendncia. Regulariza o tero e o Sangue, sendo responsvel pela menstruao, fertilidade, concepo, gravidez, parto e menopausa. bastante utilizado no tratamento da Infertilidade, pois, promove o suprimento de Sangue necessrio para o tero, tambm movimenta o Qi no Aquecedor Inferior e tero. Ponto de abertura: P7, Acoplado: R6 e Ponto Inicial: VC 1 (MACIOCIA, 1996, p. 467).
Figura 3 - Vaso Diretor
Fonte: Maciocia, (1996, p.466) 29
7 CICLO MENSTRUAL NA VISO DAS MEDICINAS OCIDENTAL E ORIENTAL
A variabilidade normal do ciclo menstrual importante, pois, o ciclo menstrual em todas as suas fases pode ser um sinal de sade e de doena para as mulheres (FEHRING et al, 2006).
7.1 CICLO MENSTRUAL NA MEDICINA OCIDENTAL
Segundo Sampaio (2002) o ciclo menstrual depende de uma interao entre crebro, glndula pituitria, ovrios e endomtrio: estmulos ambientais (nutrio, estresse, emoo, luz, odor, som) so transformados pelo hipotlamo em neuropeptdeos; isto leva a glndula pituitria a secretar gonadotrofinas as quais estimularo o ovrio; estes secretam estradiol e progesterona que, por sua vez, estimulam o endomtrio a se preparar para uma gravidez, se a gravidez no ocorre, o endomtrio degenera, h o sangramento, e o ciclo se repete. A durao mdia do ciclo menstrual de 28 dias, mas pode variar de 20 a 45 dias. O ciclo dividido em duas fases: a folicular, compreendendo o perodo do sangramento at a ovulao, e a ltea, que se inicia logo aps, estendendo-se at o incio do sangramento. Em relao aos nveis hormonais, a fase folicular caracteriza-se pela presena de hormnio folculo-estimulante (FSH), hormnio luteinizante (LH) e estrgeno, os quais levam ao crescimento do folculo ovariano e ovulao. A fase ltea caracterizada pela presena aumentada de estrgeno e progesterona. O decrscimo destes dois hormnios ocorre com a regresso do corpo lteo (quando no ocorreu fertilizao), gerando a degenerao do endomtrio sangramento. A funo menstrual normal depende das aes coordenadas dos ovrios, de hipfise, hipotlamo e sistema nervoso central. Em etapas subseqentes da puberdade se instalam fatores fisiolgicos responsveis pelos ciclos ovulatrios e as adolescentes normais passam a apresentar ciclos menstruais bifsicos (BEZNOS, 2002). Transtornos do ciclo menstrual so alteraes que podem ocorrer em qualquer poca da vida reprodutiva da mulher, sendo mais freqentemente observados logo aps a menarca ou no perodo da pr e perimenopausa. As 30
irregularidades menstruais vm aumentando nas ltimas duas dcadas, devido s mudanas nas expectativas das mulheres em nossa sociedade, oferecendo novos desafios, como as competies acadmicas, sociais e atlticas, propiciando aumento das situaes de estresse. Desta maneira, vrios fatores associados a estresse, exerccios, estado nutricional ou doenas sistmicas podem ser responsveis pelas irregularidades menstruais, por disfuno hipotalmica (BEZNOS, 2002). De acordo com o mesmo autor, a classificao das irregularidades menstruais podem ser: Referente ausncia: Amenorria primria: Menarca ausente aos 16 anos de idade, com desenvolvimento puberal normal; ou Menarca ausente aos 14 anos de idade, sem desenvolvimento puberal; ou Menarca ausente numa adolescente, dois anos aps a maturao sexual completa. Amenorria secundria: Ausncia de menstruao h trs ciclos, em paciente com oligomenorria; ou Ausncia de menstruao seis meses aps a estabilizao das menstruaes regulares; ou Ausncia de menstruao 18 meses aps a menarca. Referente ao intervalo: Polimenorria: ciclos com intervalos menores que 21 dias; Oligomenorria: ciclos com intervalos maiores que 35 dias; Espaniomenorria: ciclos com intervalos maiores de 45 dias, at 60 dias. Referente quantidade: Hipermenorria: o aumento da durao do fluxo (acima de oito dias); Menorragia: sangramento uterino abundante (maior que 80 ml), a menorragia freqentemente se associa hipermenorria (hipermenorragia); Metrorragia: sangramento uterino que ocorre em intervalos irregulares, prolongado, por vezes profuso, sem carter rtmico; Hipomenorria: a diminuio da durao do fluxo (menor do que trs dias) (BEZNOS, 2002). Referente a sintomas subjetivos: Dismenorria; Tenso pr-menstrual. Pseudodistrbios menstruais (estes podem ocorrer por ocasio da ovulao): Dor ovulatria (Mittelschmerz): refere-se dor plvica no meio do ciclo. A dor aguda, em pontadas, variando de alguns minutos a vrias horas, ou at um a dois dias. Pode ser observada do lado esquerdo ou direito da pelve. Pequenos sangramentos genitais (Kleine Regel): tambm conhecidos por hemorragias do meio-ciclo, so atribudos privao estrognica antes da ruptura do folculo. Na maioria das vezes a hemorragia do meio-ciclo autolimitada e no necessita de teraputica (BEZNOS, 2002).
31
7.2 CICLO MENSTRUAL NA MEDICINA ORIENTAL
De acordo com Maciocia (2000, p. 9), o ciclo menstrual esta dividido em quatro fases (Figura 4): Fase Menstrual dura em mdia cinco dias, a fase onde o Sangue se movimenta, e depende do livre fluxo de Qi e o Sangue do Fgado; Fase Ps-Menstrual dura em mdia sete dias, durante esta fase o Sangue e o Yin esto relativamente vazios e os Canais Chong Mai e Ren Mai esto exauridos; Fase do Meio do Ciclo dura em mdia sete dias, a fase onde o Sangue e o Yin enchem os Canais Chong Mai e Ren Mai gradualmente e Fase Pr-Menstrual dura em mdia sete dias, o Qi Yang sobe e o Qi do Fgado se movimenta para preparar o ciclo, a mobilizao do Qi do Fgado essencial para mover o Sangue durante o ciclo menstrual.
Figura 4 As quatro fases do ciclo menstrual
Fonte: Maciocia (2000, p.10) 32
7.3 OS RGOS INTERNOS E A MENSTRUAO
Os Rins so a raiz da Essncia Pr-Natal e de Qi Original, armazenam a Essncia que a base para formao do Sangue menstrual. Sua Essncia origina a formao de Tian Gui, substncia material do Sangue menstrual, e na puberdade que o Gui Celestial cristalizado originando os ciclos. Os Rins tambm influenciam os sistemas reprodutivos das mulheres atravs dos Canais Curiosos Du Mai, Ren Mai e Chong Mai, conforme Figura 5 (MACIOCIA, 2000, p. 10 e 11).
Figura 5 rgos Internos e a Menstruao
Fonte: Maciocia (2000, p.15) 33
O mesmo autor refere que o Fgado um rgo importantssimo na menstruao, pois, o Fgado juntamente com o tero armazenam Sangue. Se o Fgado apresenta Deficincia no Sangue pode ocorrer amenorria ou perodos menstruais atrasados e se o Sangue do Fgado est quente pode haver menorragia. O Qi do Fgado movimenta o Sangue preparando o perodo menstrual, se esse Qi fica estagnado pode ocasionar perodos menstruais irregulares, dismenorria e sndrome pr-menstrual. O Bao contribui na formao do Sangue, sendo sua funo na menstruao primordial. O Qi do Bao tambm tem a importante funo de manter o tero no lugar atravs de seu movimento ascendente, sendo que se houver desmoronamento do Qi pode causar prolapso uterino ou da bexiga, o Qi do Bao tambm aglomera Sangue, e se ocorrer a sua Deficincia o Sangue pode tornar-se aguado causando menorragia (MACIOCIA, 2000, p. 12 e 13). Afirma ainda que o Corao est ligado a menstruao de vrias formas, governa o Sangue, est conectado ao tero pelo Canal do tero e ajuda na formao do Gui Celestial atravs do Yang. Tambm refere que o Pulmo o rgo que apresenta menor influncia sobre a menstruao, podendo atravs de sua Deficincia nos casos em que a tristeza e a magoa induzem a diminuio do Qi ocasionar amenorria. O Estmago est conectado ao tero pelo Canal Chong Mai, que causa enjo matinal durante a fase inicial da gravidez. O Estmago a origem do Qi do Sangue, onde sua Deficincia afeta o Corao e o Bao, podendo causar amenorria e escassez dos perodos menstruais (MACIOCIA, 2000, p. 13 e 14). O tero tem uma vasta definio na MTC, abrange alm do prprio tero, trompas de Falpio e Ovrios. um dos seis rgos extra de natureza Yang, tm a forma de um rgo Yang e a funo de um rgo Yin. A forma do tero uma cavidade e a menstruao e trabalho de parto so expresses da sua funo de descarga (como um rgo Yang), mas, armazena Sangue e nutre o feto durante a gravidez (uma funo como rgo Yin). Ele se relaciona com os Rins por um Meridiano do tero (Bao Luo), tambm est relacionado ao Corao pelo meridiano chamado Canal do tero (Bao Mai). Conseqentemente para uma menstruao normal e fertilidade dependem do estado da Essncia do Rim e do Sangue do Corao. Se o Sangue do Corao deficiente, Qi do Corao no desce ao tero, se a Essncia do Rim Deficiente, no ocorre a menstruao, portanto, a 34
Deficincia tanto do Corao como dos Rins pode causar Infertilidade ou amenorria. A Figura 6 mostra a conexo do tero com os rgos Internos (MACIOCIA, 2000, p. 8).
Figura 6 tero e os rgos Internos
Fonte: Maciocia (2000, p.09)
35
8 DISTRBIOS GINECOLGICOS NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E TRATAMENTO ATRAVS DA ACUPUNTURA
As causas dos Distrbios Menstruais so a disfuno dos rgos internos, desarmonia do Qi, Sangue e Fluidos Corpreos, desequilbrio dos meridianos Ren e Du e a irregularidade do Rim e da Essncia. Os trs Distrbios Menstruais mais comuns so: 1 Desarmonia do Fgado, Bao e Rins, que provocam dismenorria, perodos irregulares, sangramentos abundantes e amenorria. A Desarmonia destes rgos esta ligada as emoes. 2 Padro de Calor Excessivo, neste esto menstruao pesada, sangramento abundante, dismenorria com sintomas como ansiedade, sensao de febre, boca seca, cogulos roxo na menstruao, distenso da mama, dor hipocondraca ou distenso abdominal. 3 Padro de Frio Excessivo, neste padro ocorre perodos escassos da menstruao, perodos de atraso, amenorria e dismenorria, seus principais sintomas so: Estase de Sangue, com membros frios, dor abdominal com perodos e averso ao frio (ZHOU e QU, 2009). Ao longo dos ltimos anos, pacientes com doenas ginecolgicas sentem dores resistentes aos tratamentos convencionais e so cada vez mais indicados pelos mdicos para o tratamento com Acupuntura (HIGHFIELD et al, 2006). Estudos recentes indicam que a medicina complementar e alternativa, terapias, incluindo Acupuntura, esto sendo utilizados e bem recebidos pelos adolescentes pacientes entre 10 e 13 anos. A Acupuntura pode ser aceitvel, segura e eficaz para o manejo da dor plvica crnica e sintomas relacionados endometriose em meninas adolescentes (HIGHFIELD et al, 2006). Em qualquer tipo de Distrbio Menstrual, o Sangue fundamental. Para a regulao do ciclo menstrual a regulao de Sangue sempre necessria (ZHOU e QU, 2009).
8.1 ENDOMETRIOSE
A endometriose uma doena progressiva ginecolgica que pode ser causa significativa de Infertilidade. A dor plvica crnica freqentemente acompanha a 36
endometriose e tem trazido particularmente importantes conseqncias psicossociais e funcionais em adolescentes (HIGHFIELD et al, 2006). Na Medicina Tradicional Chinesa, a etiologia da endometriose a Estase de Sangue. A Estase Sangunea provoca uma sndrome de Fogo e o acmulo de Umidade-Calor na parte inferior do corpo, o acmulo de Calor e Estagnao do Sangue so as alteraes patolgicas principais (ZHOU e QU, 2009). A Acupuntura tem demonstrado bons efeitos curativos no tratamento da endometriose, evitando gravidez ectpica entre outros. Tambm com efeitos significativos na dismenorria, menstruao irregular, lombalgia com grandes melhoras na dor crnica, cefalia, nuseas e fadiga (ZHOU e QU, 2009). Na Endometriose o Sangue se encontra onde no deveria estar, sendo incapaz de ser eliminado do corpo, isto , Estagnao de Sangue, apresentando como sintomas fluxo menstrual com cogulos e ndulos ou massas palpveis abdominais. Tem como principio de tratamento a remoo da Estagnao do Sangue e fortalecimento do Yang do Rim (LYTTLETON, 2006, p.170). O tratamento feito de acordo com a fase do perodo menstrual, no perodo ps-menstrual, deve-se nutrir o Sangue e tonificar Yin, o tratamento nesse perodo importante para melhorar a fertilidade, so utilizados os seguintes pontos: R3, VC7 e R14. Ovulao, nesta fase mantem-se o Qi do Fgado livre nas trompas e abdmen, ajuda a circular o Qi e o Sangue e acalmar o Esprito, utiliza-se os seguintes pontos: F3, F11, E29, BP12, BP13, BP6, BP4, R8, CS6 e C7. Ps- ovulao, deve-se tonificar Yang do Rim atravs da suplementao do Yin, da promoo do Qi e nutrio do Sangue, os pontos utilizados so: VC4, R3, E29, B23, CS7, F2, BP1 e C7. Perodo Menstrual, nesta fase faz-se circular o Sangue e nos casos de massas e Estagnao, diminui as dores no perodo e a menstruao no apresentar mais cogulos, os pontos utilizados so: E28, E29, BP12, BP13, R4, BP6, BP8, BP10, VC6, B31, B34, B26, B28, B22, F2, F8, IG4 e CS5 (LYTTLETON, 2006, p.176-183).
8.2 LEUCORRIA
A leucorria causada devido a fraqueza do Vaso Dai Mai e da disfuno do meridiano Ren, causada por descuido na alimentao ou fadiga excessiva que 37
prejudica as funes do Bao e do Estomago fazendo com que baixe a Umidade acumulada tornando-se leucorria. Se o corrimento apresentar cor amarelada esta relacionado ao Calor e Umidade do Bao e se estiver branco Frio e Deficincia de Bao. Devido a Estagnao do Qi do Fgado pode apresentar-se vermelho ou com um pouco de sangue (PREZ et al, 1998). Deve-se dispersar o Calor e drenar a Umidade com os pontos Yin (F2) e Yinlingquan (BP9) e nos casos de Umidade, Frio, utilizar Guanyuan (VC4) e Zusanli (E36). Fortalece o Bao, retira a Umidade, regula a funo dos meridianos (PREZ et al, 1998).
8.3 DISMENORRIA
A dismenorria primria uma queixa ginecolgica comum, especialmente entre as jovens mulheres. o lder em adolescentes e um problema comum em mulheres de idade reprodutiva. Os dados atuais mostram que a produo excessiva e liberao de prostaglandinas endometriais (PGs), durante a menstruao resultam em hipercontratilidade uterina anormal, impedindo o fluxo sangneo uterino, resultando em hipxia no tero e dor (YU et al, 2010). A dismenorria causada geralmente por fatores emocionais, invaso de fatores patognicos exgenos, Estagnao do Qi e do Sangue, ou pela reteno de Sangue no Fgado devido a depresso e Estagnao do Qi resultantes de transtornos emocionais, ou pelo Frio Umidade atacando o Jiao Inferior e hospedagem no Paogong devido a andar na gua durante a menstruao ou sentada no cho mido, ou por deficincia constitucional de Qi e Sangue, ou o consumo de Qi e de Sangue devido a doenas graves e de doena prolongada (ZHOU e QU, 2009). Baseado na MTC, a dismenorria surge atravs de seis fatores patognicos exgenos (Vento, Frio, Umidade, Secura, Calor e Cancula ou Calor de Vero), danos internos causados por sete emoes (raiva, alegria, preocupao, pensamento obsessivo, tristeza, medo e choque), esforo excessivo de Qi e Sangue, insuficincia constitucional, e assim por diante, resultando num fluxo anormal de Qi, impedido o fluxo de Sangue ou a m nutrio da via (Chong) do Vaso da Concepo (Ren), e do tero. Clinicamente, os principais padres de 38
dismenorria incluem tipos, tais como Excesso de Qi e a Estagnao de Sangue, ou Umidade-Frio, Calor-Umidade; bem como os tipos de Deficincia, tais como Deficincia de Qi e de Sangue ou do Fgado e insuficincia renal (YU et al, 2010). A Acupuntura esta indicada especialmente para tratar dos casos onde os contraceptivos orais so contra indicados ou recusados. A melhora nas dores tambm so bastante significativas. A Acupuntura aplicada em acupontos, como Baihui (VG20), Hegu (IG4), Zhongji (VC3), Guanyuan (VC4) e Qihai (VC6) tambm mostrou satisfatrios efeitos curativos no tratamento de dismenorria, e bons resultados tambm na combinao de Acupuntura com Tuina espinhal (ZHOU e QU, 2009).
8.4 MIOMA UTERINO
De acordo com Zhou e Qu (2009), os miomas uterinos so equivalentes a tumores benignos do msculo liso na parede uterina, e atravs da Acupuntura pode- se eliminar a necessidade de cirurgia em alguns casos, especialmente se tratado precocemente. Na MTC os miomas uterinos pertencem a categoria Zheng Xia, definido como massas no tero com um sentimento de dor, inchao ou plenitude, e com sangramento nos casos mais graves. Os Padres para o mioma uterino so: Estagnao de Qi e Estase de Sangue, Deficincia de Yin, Estagnao de Qi do Fgado e Deficincia de Bao. O crescimento dos miomas uterinos regulado pela retroalimentao complexa entre hormnios esterides sexuais e fatores de crescimento, tendo a Acupuntura um efeito de regular a hipfise, a glndula tieride e o sistema nervoso central, podendo assim ser considerada como uma terapia potencial no tratamento de fibrides uterinos. So usadas varias tcnicas de Acupuntura no tratamento do mioma nos hospitais da China, como: Acupuntura sistemica, Eletroacupuntura e Agulhas de Fogo (ZHOU e QU, 2009).
8.5 INFLAMAO PLVICA CRNICA
A Inflamao Plvica Crnica causada principalmente pelo Calor acumulado no Fgado, Estagnao do Qi do Fgado, que afetam o Bao para resolver a 39
Umidade e a Umidade entrelaando com Calor. Devido a longa durao, pode obstruir a circulao do Qi e do Xue e bloqueio dos vasos sanguneos, formando grumos. O tratamento nos casos leves tem efeitos imediatos. Entretanto, indicado o tratamento da Acupuntura associado com a Moxabusto para os casos de doena prolongada. Aplica-se sedao: Zhongji (VC3), Guanyuan (VC4) e Zigong (M-TA18), reforando o mtodo em Zusanli (E36) Sanyinjiao (BP6) e Diji (BP8) e Moxabusto indireta; Shenque (VC8), Sanyinjiao (BP6) mostram-se eficazes para tratar pacientes com dismenorria primria, e tem tambm alguns efeitos no alvio da dor plvica causada por inflamao plvica crnica e endometriose (ZHOU e QU, 2009).
8.6 CERVICITE E VAGINITE
A Cervicite causada por micoplasma, ocasionando coceira vaginal e leucorria. A MTC descreve que devido a uma vida sexual desenfreada, exgenos Calor excessivo, a acumulao de toxinas, Deficincia da Essncia, Calor interagindo com acmulo de toxinas em Jiao Inferior, causando leucorria avermelhada, corrimento esbranquiado, coceira e vulva edemaciada (ZHOU e QU, 2009). Os mesmos autores afirmam que a vaginite a longo prazo reprimi o Qi do Fgado transformando em Calor, normalmente por Vazio e complicando a movimentao dos fluidos. Quando os fluidos param de correr, eles acumulam-se transformando em Umidade. Calor do Fgado e Bao tornam-se emaranhado, descem invadindo e imergindo na vagina. O objetivo principal do tratamento da Cervicite e Vaginite atravs da Acupuntura aliviar os sintomas e melhorar e restaurar a sade geral da paciente, melhorando sua qualidade de vida (ZHOU e QU, 2009). O principio de tratamento limpar o Fgado, drenar a Umidade, remover o Calor e parar o prurido, utilizando-se dos seguintes pontos: VC2 e VC3 drenam o Calor-mido da rea genital e regulam o canal Ren Mai; F5 ponto de Conexo, drena a Umidade do meridiano do Fgado na rea da genitlia; F4 para a dor e o prurido da genitlia; BP9 e BP6 drenam a Umidade do Aquecedor Inferior e da genitlia e B33 drena a Umidade da regio genital (MACIOCIA, 2000, p. 760). 40
8.7 SNDROME DO OVRIO POLICSTICO
A Sndrome do Ovrio Policstico descrita na MTC como a ausncia de perodos menstruais ou Infertilidade, includa como uma massa abdominal. Ocorre devido a uma Deficincia do Yang do Rim e a Mucos e/ou Umidade. Quando o Yang do Rim est Deficiente por um longo tempo, pode falhar em transformar, evaporar e transportar fluidos no Aquecedor Inferior, que pode se acumular e formar Mucos e/ou Umidade formando assim os cistos dos ovrios, enquanto que a Deficincia do Yang do Rim causa Amenorria e Infertilidade; em muitos casos tambm existe Estase de Sangue (MACIOCIA, 2000, p. 734). A Sndrome do Ovrio policstico a endocrinopatia mais freqente em mulheres com idade reprodutiva, caracterizada por anovulao crnica e hiperandrogenismo, sendo que a Medicina Tradicional Chinesa vem demonstrando timos resultados quanto a regularizao da menstruao, alivio dos sintomas e na induo da ovulao (ZHOU e QU, 2009). Chang et al (2002), relata que a Eletroacupuntura utilizada para a induo da ovulao em mulheres com Sndrome do Ovrio Policstico e que nesses casos pode ser considerada como alternativa de complemento no tratamento da patologia. O princpio de tratamento tonificar o Yang do Rim e resolver a Umidade/Mucos simultaneamente, podendo ser utilizado no tratamento de outros tipos de cistos ovarianos provenientes de Umidade/Mucos e Deficincia do Yang do Rim, apresentando dois padres: Deficincia do Yang do Rim com Umidade/Muco e Deficincia do Yang do Rim, Mucos e Estase de Sangue (MACIOCIA, 2000, p. 735). Utiliza-se na Deficincia do Yang do Rim com Umidade/Mucos P7 e R6 regulam o Canal Ren Mai e fortalecem o tero e ajudam a dissolver as massas; VC3, E28, B32 e B22 resolvem a Umidade do sistema genital; BP9 e BP6 resolvem a Umidade; B23, R3, VC4 e R7 com Moxa tonificam o Yang do Rim e E36 e B20 tonificam o Bao e tambm ajudam a resolver a Umidade e os Mucos e na Deficincia do Yang do Rim, Mucos e Estase do Sangue P7 e R6 regulam o Canal Ren Mai e fortalecem o tero, ajudam a dissolver massas; VC3, E28, B32 e B22 resolvem a Umidade; E29, BP10 e B17 revigoram o Sangue e eliminam a Estase; B23, R3, VC4 e R7 com moxa tonificam o Yang do Rim e E36 e B20 tonificam o Bao, que ajuda a resolver a Umidade e Mucos (MACIOCIA, 2000, p. 735 e 736). 41
8.8 TENSO PR-MENSTRUAL
Geralmente causada pela depresso do Fgado e Estagnao de Qi que conduz a transformao do Fogo e do Esprito, ou pela invaso de Qi do Fgado no Bao e Estomago, ou astenia Yin constitucional, ou astenia constitucional do Bao e do Rim. Causada principalmente por uma disfuno do Fgado e est relacionada com o Corao, Bao e Rim. Seus sintomas ocorrem durante a menstruao, manifestando-se com cefalia, febre, dores no corpo, edema, diarria, tonturas, alteraes emocionais, dor e distenso nas mamas. Est dividida em Excesso e Deficincia. A Deficincia de Rim e Bao e o Excesso pela Estagnao do Qi do Fgado, Bao e Rim (ZHOU e QU, 2009). Para tratar a Deficincia de Yang do Bao e do Rim utiliza-se os pontos, Taichong (F3), Taixi (R3), Qihai (VC6), Ganshu (B18), Tanzhong (VC17), e Sanyinjiao (BP6); Estagnao do Qi do Fgado, Zusanli (E36), Pishu (B20), Shenshu (B23), Taixi (R3), Sanyinjiao (BP6) e Guanyuan (VC4). Na reduo do edema, Zhongwan (VC12), Qihai (VC6), Hegu (IG4), Zusanli (E36), Sanyinjiao (BP6). Na cefalia, Baihui (VG20), Qihai (VC6), Guanyuan (VC4), Sanyinjiao (BP6) e Zusanli (E36), sendo que utilizando esses pontos ocorre a reduo dos sintomas da TPM (ZHOU e QU, 2009).
42
9 A ACUPUNTURA E SUA EFICCIA
Kblbck (2008), realizou uma pesquisa, onde mostra que de 261 pacientes tratadas com Acupuntura nos ltimos anos, 93 engravidaram, mostrando uma taxa de sucesso de 35,6%, afirmando assim a eficcia deste tratamento na Infertilidade em mulheres, mesmo aps vrias tentativas frustradas com outros tipos de tratamento. Neste estudo o autor relata a realizao do tratamento de acordo com o diagnstico chins, embora a maior parte das mulheres apresente Deficincia de Bao e Rim, pode ocorrer uma Deficincia de Sangue, necessitando tonificar o Fgado, Yin e Yang do Rim, Jing, Calor ou Frio, Fleuma e Estagnao do Qi do Fgado. No tratamento da Deficincia do Rim e Bao, foram utilizados os seguintes pontos: C3, BP6, E36, Ren4, Ren6, E30, B23, Du4, B31, moxabusto no Ren4, B23, e em todos os casos N-DC-8 (Ganre). Foram realizadas de 1 a 2 sesses por semana, totalizando 10, levando em conta a no aplicao durante os trs primeiros dias do ciclo menstrual. Segundo Lacey et al, (2009) estudos mostram que o uso da Acupuntura aumenta as chances de gravidez em mulheres que se submetem ao tratamento para fertilizao in vitro. Alm da Acupuntura auxiliar no tratamento da infertilidade, tambm apresenta outros resultados como aumento da disposio, relaxamento e tranquilidade, reduo na dependncia de medicamentos, cicatrizao mais rpida da cirurgia e aumento da auto-conscincia, equilbrio centrado, bem-estar e as mudanas globais na vida. Esses efeitos indicam uma reduo de estresse que por sua vez, pode diminuir o nmero de ciclos de tratamento necessrio para que a gravidez ocorra. Em uma pesquisa especfica realizada, as sesses do tratamento duraram cerca de 20-30 minutos, com agulhamento bilateral, foi administrada estimulao manual, e tcnicas de tonificao e equilbrio; mostrando que a Acupuntura realmente aceita por mulheres infrteis e tem um impacto para a sua sade, mostrando resultados positivos. De acordo com Manheimer et al (2008), a Acupuntura tem sido usada durante sculos na China para regular o sistema reprodutor feminino. seus efeitos so classificados em trs mecanismos, primeiro a Acupuntura pode mediar a libertao de neurotransmissores, que por sua vez, estimulam a secreo de hormnio liberador de gonadotropina, influenciando assim o ciclo menstrual, a ovulao e a 43
fertilidade; segundo, a Acupuntura pode estimular o fluxo sanguneo para o tero atravs da inibio da atividade do sistema nervoso central; terceiro, a Acupuntura pode estimular a produo de opiides endgenos inibindo assim o estresse biolgico causado pelo sistema nervoso central. Portanto, pesquisas mostram que os resultados da Acupuntura em mulheres infrteis so favorveis, alm da contribuio na fertilizao in vitro, melhora o bem-estar, ansiedade, resistncia pessoal e social e da identidade das mulheres em relao sexualidade e reproduo. Tambm tem implicaes para as formas em que preenche a lacuna entre mente e corpo. Estes efeitos benficos foram descritos por todas as pacientes, independente do nmero de sesses a que elas haviam sido submetidas. Segundo Chang et al (2002), a Acupuntura tem apresentado efeitos positivos no tratamento de mulheres infrteis, atuando na disfuno ovulatria associada a sndrome do ovrio policstico, melhora no fluxo sanguneo da artria uterina tornando o endomtrio com uma espessura adequada para a gravidez e auxiliando na implantao da fertilizao in vitro, sendo uma tcnica alternativa, relativamente acessvel e no txica, bastante indicada para mulheres que so intolerantes a induo hormonal para ovulao. De acordo com Johnson (2006), ao acompanhar 22 pacientes em tratamento de reproduo assistida, por um perodo de 26 sesses semanais de Acupuntura antes e aps a Fertilizao in Vitro, obteve-se 15 gestaes comprovadas com uma taxa de sucesso de 57,7%, sendo que em relao s pacientes no tratadas pela Acupuntura apresentaram 45,3% de taxa de gravidez. O esquema de tratamento de acupuntura para acompanhar fertilizao in vitro foi dividido em algumas etapas, sendo que a primeira foi a sesso introdutria: VG20 bilateral e IG4, F3, por 10 minutos. Seguido das sesses completas; Primeira sesso completa: VG20 bilateral e F3, BP6, E36, CS6 e IG4, por 20 minutos. Segunda sesso completa: Os mesmos pontos da primeira sesso completa, com a adio de pontos na orelha (Auriculoterapia), Shenmen e Endcrino, Zhigong e Crebro, por 20 minutos. Terceira sesso completa: O mesmo corpo e os pontos auriculares como na segunda, alm de E29, novamente por 20 minutos. Os pontos usados nesta terceira sesso so repetidos em qualquer sesso adicional de reforo. No dia da transferncia de embries foram realizadas duas sesses de 25 minutos cada, uma imediatamente antes e uma aps a transferncia de embries, usando os seguintes pontos: Antes da transferncia: VG20 bilateral e F3, BP8, CS6 e E29 com pontos 44
Shenmen e Neifenmi (endcrino) na orelha esquerda e para a direita Zhigong (tero) e Naodian (crebro). Aps a transferncia: Bilateral BP6, BP10, E36 e IG4 com os pontos da orelha invertida: Zhigong e Naodian (crebro) na esquerda e Neifenmi (endcrino) e Shenmen na direita. Neste estudo foi descrito tambm que a Acupuntura apresentou efeitos relaxantes que podem ter contribudo para essa taxa de gravidez. O efeito da Acupuntura aumenta o fluxo sanguneo do tero e ovrios, com melhores resultados quando as agulhas so colocadas nos seguintes pontos VC4, VC6 , E29, E36 , CS6, P6, P8, P10, IG4, BP9, BP12, VB31, VB32, VB34 (msculos abdominais e das pernas) . Na SOP a Acupuntura atua como uma alternativa ou complemento no tratamento induzindo a ovulao sem apresentar efeitos secundrios (STENER-VICTORIN e HUMAIDAN, 2006). A Medicina Tradicional Chinesa pode regular o hormnio liberador de gonadotrofinas para induzir a ovulao e melhorar o fluxo sangneo do tero e alteraes menstruais do endomtrio. Alm disso, tambm tem impactos sobre pacientes com Infertilidade resultante da Sndrome do Ovrio Policstico, ansiedade, estresse e distrbios imunolgicos (HUANG e CHEN, 2008). Um estudo realizado por Orta et al (1999), comprova a eficcia do uso da Acupuntura no tratamento dos Distrbios Ginecolgicos, onde foram selecionadas 255 pacientes que no apresentaram resultados favorveis com o tratamento da medicina ocidental, com os diagnsticos de mioma uterino, cisto ovariano, displasia de mama e doena inflamatria plvica crnica. Essas pacientes foram submetidas h pelo menos 15 sesses de Acupuntura sendo estimulados os seguintes acupontos: BP4, BP6, F2, F3, F14, E30, E36, E40, VG20, VC17 e VB26 . No final das sesses apresentaram os seguintes resultados: na melhora sintomtica dos miomas uterinos 42,9%, seguido da doena inflamatria plvica crnica com 34,8%, a displasia de mama com 29,2% e os cistos ovarianos com 14,3%. Na displasia de mama e de cistos ovarianos, os tumores foram reduzidos em 66,7% e nos casos de miomas reduziram em 49%. Muitos estudos tm mostrado que a Acupuntura eficaz para alvio da dor na dismenorria. A Dismenorria causada pela reduo do fluxo sanguneo uterino, resultando em isquemia uterina, devido contrao do miomtrio, que induzida pela secreo excessiva de prostaglandinas, vasopressina, e ocitocina. De acordo com os princpios da Medicina Chinesa, Sanyinjiao (BP6) o ponto de juno dos 45
meridianos do Fgado, Bao e Rim. Este fortalece o Bao, regula o Qi e o Sangue, e nutre Fgado e Rins. Alm disso, o ponto Sanyinjiao (BP6) tem um ramo interno que atravessa o tero e, portanto, tem um efeito direto sobre a regio plvica. Por isso, comumente utilizado para as indicaes ginecolgicas, especialmente para alvio da dismenorria. A insero do Sanyinjiao (BP6) pode afetar e promover o fluxo de Qi e Sangue, de modo a melhorar a nutrio do canal de energia principal, do Vaso da Concepo, e do tero e, finalmente, pode aliviar a dor menstrual (YU et al, 2010).
46
10 CONCLUSO
As pesquisas citadas apresentaram efeitos satisfatrios tanto no tratamento dos Distrbios Ginecolgicos e seus desconfortos como na Infertilidade feminina e nos principais sintomas que contribuem para que a mesma ocorra. Alguns autores descrevem um tratamento bastante eficaz para Infertilidade Feminina utilizando os Vasos Maravilhosos: Vaso Diretor, Vaso Penetrador e Vaso da Cintura. E descrevem tambm que o tratamento varia de acordo com o padro sindrmico apresentado pela paciente, como os padres de Deficincia: Deficincia do Yin do Rim, Deficincia do Yang do Rim, Deficincia do Sangue e Deficincia do Bao; e os padres de Plenitude como: Frio no tero, Umidade no Aquecedor Inferior, Calor do Sangue, Estagnao do Qi e Estase de Sangue. Ficou comprovado que a Acupuntura tem contribudo na rea da Ginecologia apresentando efeitos positivos, com vrios tipos de tcnicas alm do tradicional agulhamento, como a moxabusto, a eletroacupuntura e auriculoterapia. Embora existam poucos trabalhos que comprovem a verdadeira eficcia, a Acupuntura sistmica trouxe efeitos satisfatrios principalmente em relao aos fatores que contribuem para a Infertilidade e nos Distrbios Ginecolgicos. Estudos recentes comprovam que as terapias da MTC esto sendo bem aceitas por adolescentes e jovens, sendo segura e eficaz na dor plvica crnica e em sintomas relacionados endometriose. A Acupuntura indicada especialmente para tratar dos casos onde os contraceptivos orais so contra indicados ou recusados, podendo substituir o uso de remdios no tratamento da Infertilidade sendo mais efetiva, rpida, duradoura, sem efeitos colaterais, alm de ser considerada uma terapia de custo acessvel. Sendo tambm procurada nos casos onde a medicina ocidental no apresentou resultados satisfatrios ou at mesmo em um tratamento conjunto com a medicina ocidental na Fertilizao in vitro, onde tem sido realizada com sucesso. O uso da Acupuntura aumenta as chances de gravidez em mulheres que se submetem ao tratamento para fertilizao in vitro, aumentando o fluxo sanguneo do tero e ovrios induzindo assim a ovulao. Apresenta tambm melhora no fluxo sanguneo da artria uterina tornando o endomtrio com uma espessura adequada para a gravidez e auxiliando na implantao da fertilizao in vitro. 47
Apresenta outros resultados como relaxamento e tranquilidade, reduo na dependncia de medicamentos, cicatrizao mais rpida da cirurgia, aumento da auto-conscincia, equilbrio centrado, bem-estar, reduo de estresse que diminui o nmero de ciclos de tratamento necessrio, tonificao e liberao de neurotransmissores; estimula tambm a secreo de hormnio liberador de gonadotropina e a produo de opiides endgenos, alm das mudanas globais na vida.
48
REFERNCIAS
ALLEN, J. J. B.; SCHNYER, R. N.; HITT, SK. The efficacy of acupuncture in the treatment of major depression in women. Psychological Science v. 9, n. 5, p.397- 401,1998.
ANTUNES, R. C. O Tratamento pelos canais Extraordinrios. Disponvel em: http://acupunturabrasil.org/blog/media/blogs/group/Biblioteca/Tratamentos/044.pdf. Acesso em: 05/10/2010.
BEZNOS, G. W. Distrbios menstruais. Revista Pediatria Moderna. v. 38, n. 8, p. 372 - 375, 2002.
CARNEIRO, N. M. Fundamentos da acupuntura mdica. Florianpolis: Editora Sistema, 2001.
CHANG, R.; CHUNG, P. H.; ROSENWAKS, Z. Role of acupuncture in the treatment of female infertility. Fertility and Sterility. v. 78, n. 6, p. 1149-1153, 2002.
CORLETA, H. E.; KALIL, H. S. B. Infertilidade. 2001. Disponvel em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?260. Acesso em: 05/10/2010.
FEHRING, R. J.; SCHNEIDER, M.; RAVIELE, K. Variability in the Phases of the Menstrual Cycle. JOGNN: Journal of Obstetric, Gynecologic, & Neonatal Nursing, v. 35 n. 3, p.376384, 2006.
FERREIRA, J. C. P., Emprego da Acupuntura no Diagnstico e Tratamento de Problemas Reprodutivos, 2003. 22f. Monografia (Especializao em Acupuntura Veterinria) Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Botucatu SP, 2003.
FREDERICKSON H. L. Segredos em ginecologia e obstetrcia. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1993.
GIORDANO, M. G. Ginecologia endcrina e da reproduo. So Paulo: BYK, 1998.
GLUECK, C. J.; AWADALLA S. G, PHILLIPS H.; CAMERON D.; WANG P.; 49
FONTAINE R. N. Polycistic ovary syndrome, infertility, familial thrombophilia, familial hypofibrinolysis, recurrent loss of in vitro fertilized embryos, and miscarriage. Fertility and Sterility. v. 74, n. 2, p. 394-397, 2000.
HAWKINS, L. Seasonal affective disorders: the effect of light on human behavior. Endeavour. v. 16, n. 3, p.122-127,1992.
HIGHFIELD, E. S.; LAUFER, M. R.; SCHNYER, R. N.; KERR, C. E.; THOMAS, P.; WAYNE, P.M. Adolescent Endometriosis - Related Pelvic Pain Treated with Acupuncture: Two Case Reports. The Journal of Alternative and Complementary Medicine. v. 12, n. 3, p. 317322, 2006.
HUANG, S. T., CHEN, A. P. Traditional Chinese Medicine and Infertility. Curr Opin Gynecol. Obstet. v. 20, n.3, p. 211-215, 2008.
JEFFCOATE, S. N. Princpios de Ginecologia. 4 Edio So Paulo: Editora Manole,1983.
JOHNSON, D. Acupuncture prior to and at embryo transfer in an assisted conception unit. Acupuncture in Medicine v. 24, n. 1, p. 23-28, 2006.
KBLBCK, J. Tratamiento de acupuntura de preparacin para uma fertilizacin in vitro em um caso de infertilidad. Um estdio observacional. Revista Internacional de Acupuntura, v.2, n.1, p.33 35, 2008.
LACEY, S.; SMITH, C. A.; PATERSON, C. Construir resilincia: uma explorao preliminary das percepes das mulheres sobre o uso da acupuntura como adjuvante da Fertilizao In Vitro. BMC Complement Altern Med. v. 9, p. 50, 2009.
LIMA, F. M. R.; LUNA, M. S. C.; NAM, I.; ANACLETO, A. Acupuntura: Vasos Maravilhosos 2009. Disponvel em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/variedades/acupuntu ra_vm_fabiola/acupuntura_vm_fabiola.htm. Acesso em: 04/11/2010.
LIN, J. H.; CHAN, W. W.; WU, L. S. Acupuncture for reproductive disorders. In: SCHOEN, A.M. Veterinary acupuncture: ancient art to modern medicine. 2. ed. St. Louis: Mosby, p. 261-267, 2001.
50
LYTTLETON, J. Tratamento da infertilidade pela medicina chinesa. 1.ed. So Paulo: Rocca, 2006.
MACIOCIA, G. Obstetricia e Ginecologia em Medicina Chinesa. 1.ed. So Paulo: Roca, 2000.
MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. 1. Ed. So Paulo: Roca, p. 642, 1996.
MANHEIMER, E., ZHANG, G., UDOFF, L., HARAMATI, A., LANGENBERG, P., BERMAN, B. M., BOUTER, L. M. Efeitos da acupuntura sobre as taxas de gravidez e nascidos vivos entre as mulheres submetidas a fertilizao in vitro: reviso sistemtica e meta-anlise. British Medical Journal. v. 336, n. 7643, p. 545-549, 2008.
MASTROROCCO, D. Climatrio sob a viso da medicina tradicional chinesa. 2007. Disponvel em: http://www.medicinabiologica.com.br/acervo_detalhes.asp?id=11. Acesso em:05/10/2010.
MEDEIROS, R.; SAAD, M. Acupuntura: efeitos fisiolgicos alm do efeito placebo. O Mundo da Sade So Paulo: v. 33, n. 1, p. 69-72. 2009.
PREZ, A. V.; GONZLEZ, A. R.; ROIG, I. D.; SAURE, G. M. Enfoque de La medicina natural y tradicional em La leucorrea: diagnstico y tratamiento. Revista Cubana de Medicinal Geral Integral. v. 14, n. 6, p. 560-564, 1998.
ORTA, R. C.; RAOUL, P. G.; RICARDO, R. O.; HERNNDEZ, H. B.; CONCEPCION, R. G.; TRELLES, E. A. Acupuntura e Ginecologia. Rev. Ginecol. Obstet. Cubana. v. 25, n. 1, p. 5-9, 1999.
SAMBIAGHNI, A .S, CASTELLOTTI, D.S. Fertilidade Natural. 1.ed. So Paulo: La Vida Press, 2006.
SAMPAIO, H. A. C.; Aspectos nutricionais relacionados ao ciclo menstrual. Revista de Nutrio. v.15, n. 3, p. 309-317, 2002.
SCOGNAMILLO-SZABO, M.V. Acupuntura: bases cientficas e aplicaes. Cincia Rural. Santa Maria, v.31, n.6, p.1091-1099, 2001.
51
SILVEIRA, L. M. R. Acupuntura como tratamento auxiliar nas alteraes comportamentais em ces. So Paulo, 2009. 52 f. Monografia (Especializao em Acupuntura Veterinria) - Instituto Qualittas, So Paulo, 2009.
STENER-VICTORIN, E., HUMAIDAN, P. Use of acupuncture in female infertility and a summary of recent acupuncture studies related to embryo transfer. Acupunct Med. v. 24, n.4, p.157-163, 2006.
STUX, G.; HAMMERCHLAG, R. Acupuntura Clnica: Bases cientficas. So Paulo: Manole. p. 93-106, 2005.
WEN, T.S. Acupuntura clssica chinesa. 2.ed. So Paulo: Ed. Cultrix, 1989.
WYNN, R. M. Obstetrcia e Ginecologia. So Paulo: Editora Manole, 1977.
YU, Y.; MA, L.; MA, Y.; MA, Y.; LIU, Y.; LIU, C.; XIE, J.; GAO, S.; ZHU, J. Immediate Effect of Acupuncture at Sanyinjiao (SP6) and Xuanzhong (GB39) on Uterine Arterial Blood Flow in Primary Dysmenorrhea. The Journal of Alternative and Complementary Medicine. v. 16, n. 10, p. 10731078, 2010.
ZHOU, J.; QU, F., Japanese-Style Acupuncture for Endometriosis-Related Pelvic Pain in Adolescents and Young Women: Results of a Randomized Sham-Controlled Trial, Tradit. Afr. Med. J. Complemento Altern. v. 6, n. 4, p. 494-517, 2009.
Desnutrir o câncer, nutrir o paciente: Como a dieta que imita o jejum e a nutritecnologia estão revolucionando a prevenção e o tratamento de tumores, mesmo em estágios avançados