1. O documento apresenta uma introdução sobre a evolução da Linguística Textual, desde os primeiros estudos na Europa Central na década de 1960 até os dias atuais.
2. São descritos os principais momentos do desenvolvimento da Linguística Textual, tanto na Europa quanto no Brasil, assim como os principais autores que influenciaram o campo.
3. Por fim, o documento discute a relação entre a Linguística Textual e a Gramática Tradicional.
1. O documento apresenta uma introdução sobre a evolução da Linguística Textual, desde os primeiros estudos na Europa Central na década de 1960 até os dias atuais.
2. São descritos os principais momentos do desenvolvimento da Linguística Textual, tanto na Europa quanto no Brasil, assim como os principais autores que influenciaram o campo.
3. Por fim, o documento discute a relação entre a Linguística Textual e a Gramática Tradicional.
1. O documento apresenta uma introdução sobre a evolução da Linguística Textual, desde os primeiros estudos na Europa Central na década de 1960 até os dias atuais.
2. São descritos os principais momentos do desenvolvimento da Linguística Textual, tanto na Europa quanto no Brasil, assim como os principais autores que influenciaram o campo.
3. Por fim, o documento discute a relação entre a Linguística Textual e a Gramática Tradicional.
1. O documento apresenta uma introdução sobre a evolução da Linguística Textual, desde os primeiros estudos na Europa Central na década de 1960 até os dias atuais.
2. São descritos os principais momentos do desenvolvimento da Linguística Textual, tanto na Europa quanto no Brasil, assim como os principais autores que influenciaram o campo.
3. Por fim, o documento discute a relação entre a Linguística Textual e a Gramática Tradicional.
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PAR
ELDEMIR DE AZEVEDO CANTO RAFAELLA DA SILVA ARAJO SILMARA DO SOCORRO C. SILVA
LINGUSTICA TEXTUAL
BELM 2014
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PAR
ELDEMIR DE AZEVEDO CANTO RAFAELLA DA SILVA ARAJO SILMARA DO SOCORRO C. SILVA
LINGUSTICA TEXTUAL
Trabalho apresentado disciplina Introduo lingustica, orientado pela prof. MS. Raquel Gomes como requisito para a obteno da nota da 2 avaliao.
BELM 2014
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SUMRIO
INTRODUO............................................................................................................ 3 PRINCIPAIS MOMENTOS.......................................................................................... 4 PRINCIPAIS AUTORES.............................................................................................. 4 LINGUSTICA TEXTUAS x GRAMTICA TRADICIONAL.......................................... 8 CONCLUSO ........................................................................................................... 10
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Introduo. A Lingustica do texto passou por inmeras fases e orientaes heterogneas (estruturalista, gerativista, funcionalista) que so at os dias atuais amplamente discutidas em artigos e livros que abordam a sua trajetria. A partir da dcada de 60, surgiram na Europa Central os primeiros estudos abordando o texto oral e escrito bem como os fatores que levam sua produo, compreenso e recepo. Mas, inicialmente, os estudos estavam centrados nas anlises transfrsticas que surgem a partir da observao de que certos fenmenos no texto no poderiam ser explicados apenas pelas teorias vigentes na poca (Estruturalismo e Gerativismo) por ultrapassarem os limites da frase simples e complexa: a co-referenciao (anfora); a correlao de tempos verbais; o uso de conectores interfrasais; a pronominalizao; a ordem das palavras; a seleo dos artigos e o uso de elementos indefinidos. A necessidade de considerar o conhecimento intuitivo do falante na construo do sentido global do enunciado e no estabelecimento das relaes entre as sentenas e o fato de vnculos coesivos no assegurarem unidade ao texto conduzem construo de outra linha de pesquisa. Nessa nova linha, procurou-se considerar o texto no apenas como uma sequencia de frases, mas um todo, dotado de unidade prpria. Surgem ento as chamadas Gramticas de Texto. Apesar dos avanos, cabe reconhecer alguns problemas na formulao das Gramticas Textuais. O primeiro a conceituao do texto como uma unidade formal, dotada de uma estrutura interna e gerada a partir de um sistema finito de regras, internalizado por todos os usurios da lngua. Outro problema a separao entre as noes de texto (unidade estrutural, gerada a partir da competncia de um usurio idealizado e descontextualizado) e discurso (unidade de uso). Como lembra Marcuschi (1998), no final da dcada de setenta, o enfoque deixa de ser a competncia textual dos falantes e passasse a considerar a noo de Textualidade, estabelecida por Beaugrande e Dressler (1981) como: modo mltiplo de conexo ativado sempre que ocorrem eventos comunicativos. A partir da dcada de 90, os estudos lingusticos tomaram novos rumos, com o surgimento do interaciosnismo, que abrangeu os diversos segmentos da Lingustica como a Sociolingustica, a Pragmtica, a Anlise da Conversao, a Anlise do Discurso e a Lingustica Textual. De acordo com Morato (2004, p. 316), a
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noo de interao em Lingustica se coloca numa perspectiva de abordagem de alguns fenmenos como o processo de produo textual que passa a ser resultado de uma atividade interacional. A Lingustica Textual, neste momento, assume nitidamente uma feio interdisciplinar e passa considerar o texto como resultado do processo de interao de uma rede de elementos sociais, cognitivos e lingusticos. Surge, portanto, a sua mais nova fase: sociocognitiva-interacionista em que o processamento textual s se configura: Em sua inter-relao com outros sujeitos, sob a influncia de uma complexa rede de fatores, entre os quais a especificidade da situao, o jogo de imagens recprocas, as crenas, as convices, atitudes dos interactantes, os conhecimentos (supostamente) partilhados, as expectativas mtuas, as normas e convenes scio-culturais. (Koch, 2003, p. 10) PRINCIPAIS MOMENTOS. A LINGUSTICA TEXTUAL NA EUROPA A lingustica textual se desenvolveu especialmente na Alemanha: federal e democrtica; houve um verdadeiro boom. Os principais centros foram Munster, Colnia, Berlin Est, Constana e Bielefeld. O impacto foi muito grande e um levantamento bibliogrfico feito em 1973 por Dressler e Schmidt documentava quase 500 ttulos, alem de nmeros especiais, monogrficos, de vrias revistas. A LINGUSTICA TEXTUAL NO BRASIL A lingustica textual inicia-se, no Brasil, na dcada de 80 do sculo passado. O primeiro trabalho de que se tem notcia o do Prof. Dr. Igncio Antnio Neis da PUCRS, intitulado Por uma gramtica textual, publicado na revista Letras de Hoje, revista do curso de Ps-Graduao em Lingustica e Letras e do Centro de Estudos Portugueses da PUCRS, em junho de 1981, no. 44. Seguem-se, em 1983, duas obras: Lingustica de texto - o que e como se faz de Luz Antnio Marcuschi, publicado pela Srie Debates Revista do Mestrado em Letras da Universidade Federal de Pernambuco e Lingustica Textual - introduo de Leonor Lopes Fvero e Ingedore Villaa Koch, publicado em So Paulo, pela Editora Cortez. PRINCIPAIS AUTORES. Dentre os autores que mais influenciaram o desenvolvimento da Lingustica Textual, podemos citar, obedecendo, em linhas gerais, a uma ordem cronolgica:
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Roland Harweg Para Harweg, um dos pioneiros da Lingustica Textual na Alemanha, o texto "uma sucesso de unidades lingusticas constitudas por uma cadeia de pronominalizaes ininterruptas. No interior dessa concepo, portanto, o texto se caracteriza basicamente pelo fenmeno do mltiplo referenciamento, isto , para que uma sequencia de frases venha a constituir um texto, necessrio que os mesmos referentes sejam retomados em cada uma delas por meio de formas "pronominais" em sentido amplo, ou seja, por meio das diversas formas de substituio, como os vrios tipos de pronomes, as expresses nominais definidas etc. Como se demonstrou posteriormente, contudo, o mltiplo referenciamento no suficiente para dar a um conjunto de sentenas o estatuto de texto. Harald Weinrich Os trabalhos deste autor objetivam a construo de uma macrossintaxe do discurso, com base no tratamento textual de categorias gramaticais como, por exemplo, os artigos e os tempos verbais. Postula como mtodo heurstico o da "partitura textual", que consiste em unir a anlise por tipo de palavras e a estrutura sinttica do texto num s modelo, como se se tratasse de "uma partitura musical a duas vozes". Como estruturalista, define o texto como uma sequencia linear de lexemas e morfemas que se condicionam reciprocamente e que, tambm reciprocamente, constituem o contexto. Isto , o texto uma "estrutura determinativa", um "andaime de determinaes", em que tudo est necessariamente interligado. Assim sendo, para ele, toda lingustica necessariamente lingustica de texto. Em 1993, veio luz sua Textgrammatik der Deutschen Sprache [Gramtica textual da lngua alem), em que o autor pe em prtica a ideia acalentada h tantos anos de elaborar uma gramtica textual. Wunderlich Wunderlich pertence tambm primeira gerao de linguistas alemes preocupados com estudos textuais. Foi um dos principais responsveis pela incorporao da pragmtica nas pesquisas sobre o texto, tendo tratado, em suas obras, de questes relativas dixis, aos atos de fala e interao face a face de modo geral (cf. Wunderlich, 1968, 1976, 1985). um dos autores mais referendados na rea, particularmente na dcada de 1970. 6
Siegfried J. Schmidt Para Schmidt (1973, entre outros), o texto qualquer expresso de um conjunto lingustico em um ato mais global de comunicao - isto , em um "jogo de atuao comunicativa" - tematicamente orientado e preenchendo uma funo ilocucionria reconhecvel. Para ele, a textualidade o modo de toda e qualquer comunicao transmitida por sinais, inclusive os lingusticos. Esta posio o leva a preferir a denominao Teoria do Texto. O autor dedica-se a um estudo predominantemente sociolgico embora tambm lingustico, em sentido amplo - do objeto "texto". Elisabeth Glich Tambm a partir da dcada de 1970, destacam-se, na Alemanha, os trabalhos de E. Glich, ora individuais (Glich, 1970, 1981), ora em co-autoria com outros autores, como o caso de Glich & Raible (1977), Gulich & Kotschi (1987) e Glich & Quastoff (1986). Entre seus objetos de pesquisa, destacam-se os sinais de articulao do texto (Gliedeiungssignale), os procedimentos de reformulao textual, a narrativa oral (em conjunto com U. Quastoff), bem como a interao face a face de forma geral. Importante aqui ressaltar que, desde os anos 70, na Alemanha e em diversos pases da Europa, a Lingustica Textual, contrariamente ao que muitas vezes se pensa, tem por objeto de investigao tanto textos escritos, como textos falados, o que acarretou, inclusive, o grande desenvolvimento dos estudos sobre as interaes orais nesses pases Tais estudos, porm, se diferenciam, em parte, daqueles dos etnometodlogos, antroplogos e socilogos empenhados na Anlise da Conversao, que tm seus interesses centrados nos aspectos sociointeracionais propriamente ditos da interao face a face, visto que os linguistas de texto, a partir das pesquisas por aqueles efetuadas, vo dar nfase aos aspectos textuais e discursivos dessa interao. Assim, tomam por objeto de estudo fatos como a estrutura (tpica e argumentativa) da conversao, as atividades de construo do texto falado antes vistas como descontinuidades da fala, os encadeadores de discurso e/ou marcadores conversacionais, a coerncia na conversao, entre outros temas de relevncia. Beaugrande & Dressler Na obra Einfhrung die Textlinguistik, Beaugrande & Dressler (1981) procedem ao levantamento do que denominam critrios ou padres de textualidade, 7
que, segundo eles, seriam: coeso e coerncia (centrados no texto); informatividade, situacionalidade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade (centrados no usurio). A obra dedicada ao exame de cada um desses critrios, bem como ao estudo do processamento cognitivo do texto, tomando por base os pressupostos da semntica procedural. A maioria dos trabalhos posteriores na disciplina incorpora essas questes, inclusive alargando o rol dos fatores de textualidade e dedicando especial ateno questo da coerncia. Ambos os autores j haviam produzido obras importantes na rea, Dressler j na dcada anterior (1972, 1977), Beaugrande, no ano anterior (cf. 1980). Teun A. van Dijk Os estudos de Teun A. van Dijk, que pode ser considerado tambm um dos fundadores da disciplina, tm uma trajetria interessante, que acompanha em parte a prpria trajetria da Lingstica Textual. Apegado ao aparato terico da GGT, Van Dijk (1972) procura, a princpio, elaborar uma gramtica textual, projeto que abandona j na segunda metade da dcada de 1970, quando se volta mais para o estudo do que denomina macroestruturas textuais - e, por decorrncia, questo da produo de resumos; e superestruturas ou esquemas textuais - e, em conseqncia, descrio de diversos tipos de texto, como, por exemplo, a narrativa, a notcia de jornal e o relato cientfico (cf. Van Dijk, 1977, 1978, 1979, 1980, 1981, entre outros). J nessa poca, bem como no incio da dcada de 1980, passa a dedicar-se, parcialmente em co-autoria com Walter Kintsch (Van Dijk & Kintsch, 1983), ao estudo das estratgias de processamento textual, buscando construir um modelo de compreenso do discurso. Visto ser a notcia de jornal um dos tipos a que dedica especial ateno (Van Dijk, 1985, 1986), seu foco de interesse volta-se, a seguir, para o modo como o preconceito racial e outros tipos de atitudes discriminatrias so veiculados pelos meios de comunicao social, podendo ser detectadas por meio da forma como o texto construdo (Van Dijk, 1987, 1988, 1989, 1993). Insere-se, desta maneira, na linha que se vem autodenominando Anlise Crtica do Discurso, procurando explicar o papel da cognio social e das ideologias na sociedade, bem como, por meio do discurso, se opera a sua reproduo e a legitimao do poder. No se pode falar de Lingstica Textual sem mencionar alguns autores funcionalistas, cujos trabalhos, embora no sejam comumente considerados como fazendo parte dos quadros dessa disciplina, tiveram enorme importncia no seu 8
desenvolvimento. o caso de Halliday & Hasan (1976), cuja obra Cohesion in English define e explicita o conceito de coeso, bsico para os estudos textuais; e dos funcionalistas de Praga (Danes, Firbas, Mathesius, Sgall, entre outros), que descreveram a organizao hierrquica da informao em frases e seqncias textuais, a partir da perspectiva funcional, desenvolvendo as noes de tema/rema, dinamismo comunicativo e progresso temtica, que no s se mostraram bastante produtivas para o estudo do texto, como podem ser consideradas como um de seus pontos de partida. LINGUSTICA TEXTUAS x GRAMTICA TRADICIONAL. A Lingustica do Texto ou Lingustica Textual, como o seu prprio nome diz, tem por objeto de estudos o texto. Ela um ramo da Lingustica, cincia que estuda a linguagem verbal humana, manifestada por meio das diferentes lnguas que existem no mundo. Ao longo de sua histria, passou por trs grandes fases de desenvolvimento, que foram incorporando elementos novos para a abordagem do texto. A Lingustica Textual surgiu nos anos 60, na Europa, principalmente porque pesquisadores da linguagem observaram que as gramticas, que normalmente se preocupam com o estudo da lngua at o nvel da frase, no do conta de explicar vrios fatos, que s podem ser compreendidos para alm da frase, dentro de um texto. Por exemplo, vejamos o texto (1) abaixo, no qual esto assinalados com letras entre parnteses alguns dados que sero comentados: (1) De repente, no meio da aula, (a) um rapaz comeou a gritar. (b) Ele parecia assustado com (c) alguma coisa escura sob sua cadeira. (d) Deu um salto e (e) subiu na cadeira. Todos os alunos fizeram (f) o mesmo. Foi uma algazarra geral, at que algum descobriu o motivo de tanta (g) agitao: era apenas uma folha seca de rvore. (h) Tudo isso tirou a concentrao na explicao que o professor estava dando e no houve jeito de (i) ele continuar com a matria. [Redao de aluno] Muitos dos elementos que esto nesse trecho so entendidos a partir de pistas dadas pelo prprio texto: - pelo fato de a palavra aula aparecer logo no incio, podemos compreender que, em (a), um rapaz, embora possa comportar um sentido amplo de jovem, est aqui se 9
referindo a aluno. Essa palavra aula, por indicar a situao em que ocorre o fato a ser narrado, comanda todo o texto, de modo que nele surgem outras palavras ligadas a ela, como: alunos, professor, explicao, matria. Portanto, podemos dizer que as relaes entre todos esses termos costuram o texto, dando-lhe uma unidade de sentido que ultrapassa o nvel da frase; - em (b), o pronome ele est se referindo a quem? a expresso anterior um rapaz, no seu sentido de aluno, que permite sabermos de quem se fala. Mas em (i), o pronome ele no se confunde com o de (b), pois o texto indica que se trata do professor. Por outro lado, em (d) e (e), no ocorre o ele h elipse do sujeito da orao. Mesmo assim, o texto no deixa dvidas de que se refere ao ele de (b), que retoma um rapaz; - em (c), temos uma expresso indefinida e genrica alguma coisa escura -, que ser depois identificada com uma folha seca de rvore, de modo que, ao terminarmos a leitura do texto, teremos uma particularizao do que antes estava vago; - em (f), o mesmo usado no lugar de outros elementos j colocados no texto, que esclarecem sua significao: subir na cadeira; - em (g), so resumidas, em uma nica palavra, agitao, um conjunto de informaes dadas, como a gritaria do rapaz, o seu salto e o de seus colegas na cadeira, a algazarra geral; - em (h), o pronome indefinido tudo, junto com o demonstrativo isso, englobam todo o trecho anterior, cujas informaes sustentam a compreenso de que a situao de tumulto acabou interrompendo a continuidade da aula. A partir dessas observaes, podemos efetivamente comprovar que os sentidos produzidos em um texto no se explicam por uma gramtica que estuda frases isoladas. Podemos ainda concluir que um texto no uma simples sequencia de frases, mas que ele se constri por um conjunto de relaes entre seus componentes. Atualmente a Lingustica Textual estuda essas relaes vistas nos comentrios ao texto (1). Na sua primeira fase, nos anos 60, ela produziu as chamadas Gramticas do Texto, focalizando principalmente mecanismos que faziam parte da gramtica da lngua e eram responsveis pelas ligaes entre os elementos do texto, como, por exemplo, o uso de pronomes pessoais para fazer remisso a algo j dito. o caso, no trecho (1), do pronome ele em (2), que retoma um rapaz, ou do ele em (9) que se refere a professor. 10
Gramtica Tradicional Chamamos de Gramtica Tradicional do Portugus o conjunto de regras, de reflexes e de classificaes a respeito dessa lngua, especialmente produzido nos moldes gregos e latinos. Por isso, calca-se a priori na manifestao escrita da linguagem, tomando como referncia os escritores de renome que, segundo se considera, so exemplos dignos de imitao para se usar bem o idioma. A Gramtica Tradicional , portanto, de cunho prescritivo: receita modos de expresso e distingue o certo do errado. Sua preocupao no est em descrever os usos possveis da lngua, mas em preservar e indicar como corretos e aceitveis os usos tradicionalmente eleitos como paradigmas. Obviamente, a Gramtica Tradicional tem sido empregada como normatizao do uso da Lngua Portuguesa em situaes formais. nessa modalidade que esto escritos os trabalhos cientficos e quase que a totalidade do conhecimento acumulado pelas naes de fala portuguesa. Dominar os preceitos da Gramtica Tradicional pr-requisito para que se consigam compreender as obras literrias, especialmente as produzidas at o sculo XIX e incios do sculo XX, bem como os compndios de leis e tratados da civilizao. A cidadania tal qual a conhecemos s possvel plenamente queles que so capazes de se valer desse cdigo tradicional, que d acesso s regras que regem a sociedade e as relaes nela vigentes. CONCLUSO. O que podemos verificar, a partir da retrospectiva aqui apresentada, que, desde seu aparecimento at hoje, a Lingustica Textual percorreu um longo caminho, ampliando a cada passo seu espectro de preocupaes. De uma simples anlise transfrstica, logo acompanhada das tentativas de elaborao de gramticas textuais, passou a ter como centro de preocupao no apenas o texto em si, mas tambm todo o contexto - no sentido mais amplo do termo (situacional, sociocognitivo e cultural) - e a interferncia deste na constituio, no funcionamento e, de modo especial, no processamento estratgico-interacional dos textos, vistos como a forma bsica de interao por meio da linguagem. Dentro desta perspectiva, pode-se conceituar o texto como uma manifestao verbal constituda de elementos lingusticos selecionados e ordenados pelos falantes, durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interao, no apenas a depreenso de contedos semnticos, em decorrncia da ativao de 11
processos e estratgias de ordem cognitiva, como tambm a interao (ou atuao) de acordo com prticas socioculturais (Koch, 1992). Desta forma, a Teoria ou Lingstica do Texto vai intensificando o dilogo que j h muito vinha travando com as demais Cincias do Homem, por exemplo, com a Filosofia da Linguagem, a Psicologia Cognitiva e Social, a Sociologia Interpretativa, a Etnometodologia, a Etnografia da Fala e, mais recentemente, com a Cincia da Cognio e a Neurologia, tornando-se, cada vez mais, um domnio multi e interdisciplinar, em que se busca explicar como se d a interao social por meio desse objeto multifacetado que o texto - fruto de um processo extremamente complexo de produo de linguagem, que traz em seu bojo as marcas desse processo e, portanto, as pistas ou chaves para a sua decifrao, no jogo de produo de sentidos.
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REFERENCIAS. FVERO, Leonor Lopes. Lingustica textual: memria e representao. Filologia e Lingustica Portuguesa, Brasil, v. 14, n. 2, p. 225-233, dez. 2012. ISSN 2176-9419. Disponvel em: <http://revistas.usp.br/flp/article/view/59911/63020>. Acesso em: 01 Jun. 2014.
KOCH, Ingedore G. Villaa. Lingustica Textual: Retrospecto e Perspectivas. Alfa, So Paulo, v. 41, p. 67-78, 1997. Disponvel em: <http://seer.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4012/3682>. Acesso em: 01 Jun. 2014.
JUBRAN, Cllia C. A. Spirnardi. Analisando o texto. Museu da Lngua Portuguesa, So Paulo, 2009. Disponvel em: <http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_2.pdf>. Acesso em: 01 Jun. 2014