A Psicopatia em Face Da Vitimologia

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A PSICOPATIA EM FACE DA VITIMOLOGIA: MOEDA DE UM S LADO

Psycopathy before victimology: only one side of the coin



Alexandra Gonalves Ferreira
1

Tarqunio Baeta de Medeiros
2


RESUMO: Este artigo surge como uma tentativa de fazer uma interface entre direito
e psicologia, mais precisamente entre a psicanlise e a vitimologia. Busca debater
um tema que nos dias de hoje se encontra em meio a foras antagnicas, que so
as posies de vtima e vitimizador. Posies estas que possuem bases ideolgicas
rgidas. Tem a finalidade de descrever em parte, sobre as caractersticas e
comportamentos dos indivduos com diagnstico de transtorno antissocial. Tem
tambm o objetivo de mostrar o lado das vtimas atacadas por estes sociopatas.
Assim como suas condies psicolgicas. Por fim, apontar para a negligncia das
autoridades constitudas para com a situao das mesmas.
PALAVRAS-CHAVE: Vitimologia, psicopatas, psicopatia, sociopatias, sociopatas,
transgresso, vitimas, vitimizadores.

ABSTRACT: This article is an attempt to make an interface between law and
psychology, more precisely between psychoanalysis and victimology. It seeks to
discuss a subject that currently is in the midst of opposing forces, which are the
positions of victim and victimizer. Such positions that are set upon rigid ideological
foundations. It aims to describe in part the characteristics and behavior of individuals
diagnosed with antisocial disorder. It also has the objective of showing the side of the
victims who are attacked by these sociopaths as well as their psychological
conditions. And finally, it points out the constituted authorities negligence towards
them.
KEYWORDS: Victimology, psychopaths, psychopathy, sociopath, sociopathic,
transgression, victims, victimizers




1
Advogada, jornalista.
2
Psiclogo, ps-graduado em Teoria psicanaltica pela Universidade Federal de Minas Gerais.
2
No existe uma regra de ouro que se aplique a todos: todo
Homem tem de descobrir por si mesmo de que modo
especfico ele pode ser salvo. (FREUD, 1929, p.103)
A ideia de escrever sobre psicopatia e seus meandros surgiu em razo dos
inmeros episdios brbaros que tm marcado a sociedade no Brasil e mundo. So
acontecimentos assinalados por requintes de crueldade, frieza e premeditao.
Assassinatos que causam comoo social em razo da forma como so praticados
e a cada dia vem ganhando espao na mdia, tendo em vista o nmero crescente de
homicdios praticados por psicopatas.
Os psicopatas
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so vistos como pessoas comuns, pois nos passam
despercebidos, tendo em vista que agem como pessoas normais e muitos so bem-
sucedidos. So indivduos que possuem uma capacidade extraordinria de ocultar o
seu verdadeiro EU. Em muitos casos, o que se percebe, que os ditos psicopatas
so pessoas de diversos ramos e seguimentos, tanto profissional quanto na sua vida
pessoal, pessoas de variadas classes sociais que se passam por comuns aos olhos.
Diante de um comportamento que percorre o mundo do direito, da
psiquiatria, sociologia, da antropologia, psicologia; percebe-se que o tema tambm
vem sendo demasiadamente explorado por escritores, diretores de novela e cinema.
Tomemos como exemplo os filmes Instinto Secreto, dirigido por Bruce A. Evans;
Psicose, de Alfred Hitchcock e o Silncio dos Inocentes, dirigido por Jonathan
Demme, histrias que mostram como psicopatas de alta periculosidade agem no seu
dia a dia.
O tema tambm foi abordado na novela da Rede Globo, Caminho das
ndias. Escrita por Glria Peres, a autora realizou um paralelo entre uma sociopata,
personagem vivida pela atriz Letcia Sabatella, que na sua representao no era
uma psicopata homicida, mas considerada como uma psicopata em grau mdio,
fazendo um paralelo com o portador da esquizofrenia, papel este representado pelo

3
O termo psicopata a princpio vem designar todo e qualquer indivduo que apresente psicoses, neuroses e
perverses sexuais. No presente artigo os termos psicopata e/ou sociopata sero usados especificamente para
descrever indivduos com personalidade antissocial. Indivduos estes que andam na contra mo da vida em
sociedade, no possuindo quase nenhuma ou nenhuma conscincia sobre o que e a vida em sociedade e sobre
o outro em seus vrios aspectos.
3
ator Bruno Gagliasso. Fato que tambm foi bem enfatizado no filme Uma Mente
Brilhante, dirigido por Ron Howard, onde o ator Russell Crowe interpreta o
personagem portador de esquizofrenia.
Para a psicanlise, a resposta que cada indivduo d sua passagem pelo
complexo de dipo, cria basicamente os trs tipos humanos: o neurtico, o psictico
e o perverso. Este tem a possibilidade de estar ligado a um diagnstico de
transtorno de personalidade antissocial, comumente chamada sociopatia ou
psicopatia. Nesse sentido, o indivduo ter dificuldades em suas relaes
interpessoais em todos os nveis e, por consequncia, em sua vida social.
Sobre o assunto, FREUD em seu texto de 1929: O mal-estar na civilizao,
nos descreve: A vida em sociedade s se torna possvel a partir do momento em
que o homem abre mo de sua satisfao para se adequar s leis, ou seja, o sujeito
abre mo de sua felicidade porque seus desejos muitas vezes vo de encontro ao
outro, moral. Em troca, tem-se a vida coletiva, porm, o homem marcado por
uma infelicidade constante.
No existe ainda uma concluso definitiva sobre os fatores exatos que levam
um indivduo a se tornar um sociopata, mas o que se sabe, que existem
caractersticas comuns a todos eles. Dentre elas, podemos indicar: disfunes
cerebrais e biolgicas, traumas neurolgicos e psicolgicos na infncia e
adolescncia e tambm uma possvel predisposio gentica. Pelo menos um
desses fatores ser encontrado nos sociopatas ou psicopatas.
No entanto, a psicanlise tenta afirmar que o perverso, que posteriormente
pode tornar-se um psicopata, aquele que na reedio do dipo, na pr-
adolescncia/ adolescncia, recusa-se em receber a transmisso da lei do pai para
si. Entretanto, reconhece essa mesma transmisso nos outros. Tal renncia provoca
tambm uma recusa em aceitar as condutas sociais mais elementares.
Sobre este tema (CAROZZI, 2000), mostra-nos: O pai com sua lei, interdita,
separa, veta o gozo absoluto, impossibilita a plenitude, ao mesmo tempo em que liga
o sujeito vida, no que a vida do ser falante e sujeio a lei.
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O psicopata aquele que possui um grau acentuado de perverso em sua
personalidade, digo acentuado, pois, FREUD em seu texto Trs ensaios sobre a
teoria da sexualidade (1905) nos afirma que: A perverso faz parte da sexualidade
normal dos seres humanos. Levando-se em conta a afirmao de Freud, de que a
perverso faz parte do processo normal do desenvolvimento da sexualidade
humana. O que ocorre ento no caso dos sociopatas? Por que nem todos ns
possumos tendncias psicopatas?
A resposta se torna simples se pensarmos que na maioria das pessoas
ocorre apenas um pequeno desvio em relao ao objeto de satisfao do desejo da
sexualidade. Quanto maior ou menor a acentuao no desvio, pode-se ir do
autoerotismo, at zoofilia.
No caso da psicopatia, o que ocorre no um desvio de objeto e sim de
objetivo. O que detm o desejo da satisfao da sexualidade uma mudana no
objetivo, que passa a ter fins quase que somente sdicos, masoquistas, fetichistas e
exibicionistas. E o acentuado desvio deste objetivo pode levar psicopatia. A
satisfao do psicopata est em transgredir a lei.
Freud ressalta ainda que esta condio no est presente somente em
enfermos mentais mas em um processo normal da constituio psquica. E mesmo
estando o indivduo acometido por um transtorno psquico, o mesmo tem que ser
submetido aos ditames jurdicos quando transgride a lei pois analisando por um
ponto de vista especificamente jurdico, a tendncia do direito, ao contrrio do
presumido por Freud permitir a vida em sociedade com segurana e dignidade.
Sendo assim, devemos em princpio, distinguir o psicopata do esquizofrnico
ou psictico. O primeiro um indivduo manipulador, sem afeto sentimental e
remorso, muito ligado aos castigos e punies. Possuem tambm grande habilidade
para a mentira. Segundo psiquiatras e psiclogos, muito difcil identificar um
psicopata, pois ele tem o dom de camuflar suas caractersticas perversas com seu
alto nvel de persuaso. O psicopata caracterizado por ser calculista, frio,
insensvel a qualquer tipo de emoo real; a falta de sentimento de culpa uma das
suas principais peculiaridades.
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Os psicopatas so considerados perigosos, mas ressalta-se que nem todo
psicopata homicida, eles agem de formas diferentes, dependendo do seu grau de
psicopatia. So delitos que vo de estelionato, por exemplo, a homicdios, que
podem ser praticados de forma intervalada de horas a anos. O psicopata procura
satisfazer seus desejos nefandos com o mesmo modus operandi. Conforme a
mdica e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Perigosas: O
psicopata mora ao lado. A psicopatia no adquirida, esta deficincia da
personalidade algo que vem desde a infncia:
ningum vira psicopata da noite para o dia: eles nascem assim e
permanecem assim durante toda a sua existncia. Os psicopatas
apresentam em sua histria de vida alteraes comportamentais
srias, desde a mais tenra infncia at os seus ltimos dias,
revelando que antes de tudo a psicopatia se traduz numa maneira de
ser, existir e perceber o mundo. (SILVA, 2008, p. 89)
A criminologia moderna tambm admite que o homem j nasce com uma
certa tendncia para a prtica do crime. O que deve ser observado desde o perodo
da infncia do ser humano para que se possa ter controle com tratamento
adequado. O que tambm sugerido por FREUD no livro Totem e Tabu, que diz:
teramos de supor que o impulso a matar acha-se realmente
presente no inconsciente e que nem os tabus e nem as proibies
morais so psicologicamente suprfluas, MS, pelo contrrio,
explicam-se e justificam-se pela existncia de uma atitude
ambivalente para com o impulso de matar. (FREUD, 1999, p. 78).
A partir dos estudos das obras antropolgicas e sociolgicas de Freud, em
especial, Totem e tabu (obra esta que nos aponta para origem da civilizao), nos
mostrado como compreender melhor o mundo subjetivo do ser humano, em relao
s regras sociais que lhes so impostas. Assim que passamos a entender melhor,
sobre ns mesmos e a nossa espcie, ou seja, o que somos e o que podemos vir a
ser. De acordo com (ANDRADE, 2007), Isolados, os seres humanos agem por si e
buscam a satisfao de seus desejos, ou suas pulses (...), ou seja, o psicopata
vivendo em um mundo isolado, para seu EU, nada mais importa que a satisfao
dos seus desejos mais ntimos.
Psiclogos salientam que pais, parentes prximos e professores devem
observar o comportamento da criana e ver se a mesma no tem tendncias
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prtica de crueldades, como maus tratos a animais de estimao e at mesmo a
outras crianas. Agressividade, insensibilidade, mentiras frequentes, dificuldades em
manter amizade e certo desprezo pela vida, so tambm pontos a serem
observados.
Ainda conforme (SILVA, 2008), mdica e ps-graduada em psiquiatria
quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em
alguns casos, ser modulada, atravs de uma educao mais rigorosa. Buscando
assim no causar danos a eles e ao prximo. Parte-se, portanto, de um raciocnio de
que so as seguintes as possibilidades: Ou o ser j nasce com esta estrutura
psquica ou o meio o influencia. Trabalharemos ento a primeira hiptese que o
embasamento do presente estudo, ou seja, o ser no vira psicopata ele nasce
psicopata. Em alguns, este sentimento fica obscuro, no seu objetivo, no seu ntimo e
dali no sai, j em outros, este sentimento destrutivo aflora, vindo para o mundo
objetivo, real.
Tomemos como exemplo tambm a questo do bullying, transtorno este que
considerado como um grau mais leve da psicopatia, tendo em vista que o
praticante deste ato no tem prazer em matar, mas delicia-se em causar medo,
intimidao nas pessoas. Estas so algumas estratgias adotadas pelos praticantes
de bullying para que assim, imponham a sua autoridade. Assunto este que vem
causando polmica, principalmente nos meios jurdicos. Vrios so os nomes dados
aos transtornos psquicos, mas tendo todos a mesma origem, o mesmo ramo.
E, nessa dimenso, a Doutora em Direito Penal, Ana Paula Zomer ressalta
que, a mxima expresso dos comportamentos antinormativos , seguramente, o
ataque vida e ao bem-estar fsico e psquico de cada consociado individualmente
considerado. E nesse sentido que se polemiza e se destaca o alarme social. Com
isso, basta pensar em um percurso histrico, em sociedades normativizadas de
modo vrio, indo de um homicdio passional, por exemplo, a um Serial Killer.
O termo ingls Serial Killer - assassinato em srie, surgiu na polcia alem
na dcada de 30. Ressalta-se que so vrios os casos forenses de psicopatas, uns
em srie, outros no; como o caso de Suzane Von Richthofen, que premeditou o
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brutal assassinato dos prprios pais e aps o crime no demonstrou nenhum
remorso, caracterstica tpica da psicopatia.
Por outro lado, a esquizofrenia um quadro mental que se caracteriza por
desagregao ou dissociao mental, cuja alucinao e delrio so o seu maior
sintoma. A esquizofrenia, termo criado para agregar um grupo de psicoses, mostra
um indivduo totalmente afastado da realidade, sendo este mediado por falsas
vises, vozes dialogantes, sons e barulhos inexistentes, sensaes tcteis das mais
variadas.
Nesse quadro ocorre um afastamento total da realidade, mudanas rpidas
e constantes do humor, medo sem objeto, manias variadas, ansiedade, descuido
com a higiene pessoal e em alguns casos tentativa de autoextermnio. Diferente da
psicopatia, na psicose, o sujeito no se preocupa com si e sua integridade.
Tanto a psicopatia quanto a esquizofrenia podem ser controladas, por meio
de ajuda especializada, quando detectadas a tempo. O indivduo que possui
tendncias psicopatas deve ter um acompanhamento familiar e, principalmente,
profissional. Deve-se considerar que o psicopata criminoso, tendo iniciado uma srie
de delitos, passa ser muito difcil, e por que no dizer, praticamente impossvel de
ser controlado. Tornando invivel o retorno ao convvio social.
Percebe-se que essas pessoas tomam gosto pela prtica do crime e sentem
um prazer imensurvel em transgredir, pois, como j foi dito anteriormente, o prazer,
ou seja, o gozo do psicopata est em transgredir a lei e principalmente em no ser
pego. A lei que ratifica a proibio de matar ou lesionar terceiros constantemente
reiterada como exemplo do absolutismo normativo.
Tanto nos quadros de esquizofrenia quanto nos quadros de psicopatia esses
indivduos podem trazer riscos para si como para os outros, em outros casos no,
principalmente em se tratando do esquizofrnico. No entanto, nos primeiros a falta
de contato com a realidade facilmente detectada e possveis transtornos muitas
vezes evitados.
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J no caso da sociopatia, dificilmente se percebe algo de diferente na
conduta dos indivduos, exceto em alguns casos. Tendo em vista que o psicopata
geralmente uma pessoa educada, prestativa e gentil, e s detectado ao cometer
seu primeiro delito, s descoberto quando so descobertos seus crimes. Tanto
para o operador do direito quanto para a sociedade no geral, difcil a identificao
desses seres. Para o profissional do direito, por demais rdua esta tarefa, tendo
que recorre na maioria das vezes aos profissionais qualificados para levar a vrias
concluses sobre a imputabilidade penal.
Os psicopatas so seres que no possuem afeto real, que buscam e
atingem a satisfao ao cometer atos antissociais. Isso vem junto a uma falta total
de conscincia social. Esses criminosos no conseguem se submeter s regras
sociais e no levam em conta o que sente o outro. Esto sempre centrados em seus
propsitos e em suas necessidades de burlar a lei, pois todo homem
involuntariamente inclinado a agir de acordo com o seu instinto e, em se tratando da
subjetividade do psicopata, so princpios tpicos da sua natureza, ou seja, o gosto
por transgredir a lei e o prazer de ignor-la, considerando-as mero obstculo para a
satisfao do seu prazer.
Sendo assim, passa a ser neste momento um dos objetivos deste trabalho
a discusso sobre a outra face dessa moeda: possvel a sociedade conviver com
estes indivduos insanos, j que os mesmos j provaram ser incapazes de viver em
sociedade? Passa tambm a nos nortear a seguinte questo: sabemos que de um
modo geral criminosos com distrbios de personalidade so inimputveis perante a
lei, junta-se a isso as campanhas de desinternao de pacientes portadores de
problemas mentais e tambm pacientes judicirios. possvel a sociedade continuar
a conviver com a impunidade e o medo constante? Quem proteger as vitimas
desses sdicos? Os programas de incluso social devem ter validade nesses
casos?
Um bom exemplo dessa situao a histria de Joo Accio Pereira da
Costa, o famoso bandido da luz vermelha, que na dcada de 60 aterrorizou a
sociedade paulista. Joo vivia uma vida dupla morando na cidade de Santos, com a
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imagem de um bom moo, no entanto, cometia seus atos criminosos em So Paulo
capital.
Foi acusado de assassinatos, homicdios, e mais de 70 assaltos. E apesar
de no ter sido acusado de estupro, ocorreram suspeitas de ter tido relaes sexuais
com muitas de suas vtimas.
Buscava criar uma relao com o renomado bandido Americano Caryl
Chessmam, que tinha o mesmo apelido. Em suas investidas, Joo Accio usava um
leno vermelho sobre o rosto e uma lanterna com o bocal vermelho, o que o
caracterizava perante suas vtimas.
Foi condenado pena de 351 anos, 9 meses e 3 dias de priso. Saiu aps
cumprir 30 anos, e somente 4 meses e 20 dias aps ter sido libertado foi
assassinado com um tiro, por um homem que alegou que Joo Accio tinha tentado
abusar de sua me, uma senhora de mais de 63 anos de idade.
Durante o tempo em que esteve preso, gabava-se para os colegas de priso
sobre seus atos e a fama que conseguiu atravs deles. O fato que Joo Accio,
apesar de ter pago sua dvida com a sociedade, jamais conseguiu se recuperar
como ser humano.
Conforme preceitua o Art. 26 do Cdigo Penal Brasileiro (CPB), todo cidado
que sofre de doena mental isento de pena, sendo considerado incapaz de
entender o carter ilcito do ato praticado; j o Art. 245 da Constituio Federal (CF)
ressalta que, os herdeiros carentes da vtima por crime doloso tero toda assistncia
necessria. Segundo (MIRABETTE e FABBRINI, 2009), trata-se o primeiro artigo de
causa de excluso da imputabilidade. A lei menciona a expresso doena mental,
embora seja esta vaga e sem maior rigor cientfico. Rigor este que imprescindvel
para avaliao de um psicopata.
Considerando os dois artigos citados acima, observa-se que existe uma
disparidade entre o tratamento dado ao infrator e a vtima. As vtimas, em caso de
sobrevivncia, tm a vida virada pelo avesso, ficam marcadas, sofrem danos
psicolgicos irreparveis, passam a sentir dores morais, medo e pnico por todo o
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sempre. Seus ntimos, vtimas indiretas, sofrem com a dor da perda do ente querido,
so corrodos pela revolta da falta de amparo legal, vindo assim a surgir o
sentimento de impunidade. Sentimento que muitas vezes se propaga em outras
direes, fazendo com que essas pessoas mais tarde cometam atos que s podem
ser entendidos atravs de anlise.
As vtimas so alvo das maiores atrocidades. E ao analisarmos a forma
como so tratadas vtima e vitimador perante a lei, podemos concluir que: ao
criminoso a liberdade e a insero social, vitima e aos seus, a dor e a perda
irreparvel.
Dessa forma, esses criminosos no param, continuam seu caminho
perverso, selecionando suas vtimas dentre pessoas comuns da sociedade, de um
modo geral pessoas prestativas que buscam de alguma forma cooperar e ajudar o
criminoso antes de serem atacadas.
Podemos citar aqui um caso recente ocorrido, neste ano, na cidade de Belo
Horizonte. Marcos Antunes Trigueiro, conhecido como o Manaco de Contagem,
era um psicopata que selecionava suas vtimas, de um modo geral mulheres que
demonstraram ser prestativas, educadas e totalmente sem maldade; e por terem tido
comportamentos to receptivos acabaram por ter suas vidas ceifadas de forma
brutal.
Muitos so os casos de psicopatas no Brasil e no mundo, alguns nunca
foram encontrados, outros foram presos. Mas at quando a sociedade vai estar
merc desses predadores, que sempre voltam ao convvio social? Citemos aqui
mais algumas histrias, como o misterioso Jack, O Estripador que praticou seus
crimes na Inglaterra de 1881, um caso que nunca foi solucionado. Ramiro Matilde
Siqueira conhecido como o Bandido da Cartucheira; Francisco de Assis Toledo,
conhecido como o Manaco do Parque, que j tem data para voltar ao convvio
social, praticou seus crimes em So Paulo, em 1998. Francisco Costa Rocha, o
Chico Picadinho foi preso e condenado em 1966, na cidade de So Paulo. E o
episdio mais recente, o caso do psicopata Ademar de Jesus da Silva, conhecido
como o Manaco de Gois, que confessou ter matado seis rapazes nas cidades de
Luzinia e Cristalina, fato crucial para a iniciativa de se escrever este artigo.
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No ltimo caso, o Manaco de Gois estava em regime aberto, depois de
ter cumprido parte da pena por ter abusado sexualmente de dois meninos. Na
priso, passou por exames psicolgicos. Em 2007, foi feita uma avaliao
psiquitrica por meio da qual no foi constatada a periculosidade do manaco. Em
2008, foi feito novo exame por trs psiclogos, e o laudo apresentado mostrava que
o assassino em srie apresentava caractersticas negativas de personalidade. O
assassino foi liberado a partir do laudo psiquitrico e fez mais vtimas, foram atos
praticados com requintes de crueldade e sadismo. O laudo psiquitrico de poucas
linhas manuscritas foi crucial para coloc-lo em liberdade.
Esses so casos famosos, divulgados pela mdia. E aqueles que no
chegam ao conhecimento do pblico e das autoridades competentes? Psicopatas
que usam de artimanhas para satisfazer seus desejos obscuros. Muitos esto soltos,
pois os psicopatas no so s homicidas, mas tambm assaltantes, pedfilos,
dentre outros. De acordo com Beccaria:
O fator econmico tende a influenciar e a disciplinar, dentro de
certos limites, a elaborao da ordenao jurdica para torn-la mais
adequada s exigncias cada vez mais diferenciadas e policntricas
da sociedade moderna. (BECCARIA, 2005, p. 21-22).
Para que o conceito de periculosidade presumida seja atribudo a uma
pessoa, previsto por lei que se faa uma avaliao psiquitrica na qual se confirme
evidncias de elementos patolgicos no indivduo. Detectado o desvio de
personalidade, esse criminoso ser submetido a uma medida de segurana em
estabelecimento prprio e por tempo indeterminado, fazendo, neste nterim, exames
psiquitricos para uma nova avaliao.
O exame de periculosidade foi tratado na Escola Positiva, que teve como
precursores os expoentes Cesare Lombroso (1835-1909), Enrico Ferri (1856-1929) e
Rafael Garfalo (1851-1934). Submete-se medida de segurana os inimputveis e
os semi-imputveis. Os primeiros so aqueles que so inteiramente incapazes de
entender o carter delituoso do fato ilcito, conforme artigo 26 caput do CPB, j os
semi-imputveis, so aqueles que no so inteiramente capazes de entender o
carter ilcito do fato criminoso, conforme preceitua o artigo 26 nico do CP.
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Assim, o conceituado professor (PRADO, 2004) nos ensina: a Medida de
Segurana um modo de defesa e de preveno da sociedade e tem como principal
objetivo fazer cessar a temibilidade do agente infrator para que o mesmo no volte a
praticar novos crimes.
Diante de situaes como essa, cabe ao Poder Judicirio e
principalmente psiquiatria forense avaliar com mais rigor os pacientes, para que
no sejam cometidos erros que causaro sofrimento a pessoas inocentes e temor
sociedade, tendo em vista que estamos tratando de pessoas que, geralmente, no
se adaptam ao convvio social. Este o caso do famoso Roberto Aparecido Alves
Cardoso, o Champinha que foi preso quando menor de idade e mesmo alcanando
a maioridade, a Justia entendeu que ele no tinha condies de viver em
sociedade, sendo transferido para uma Unidade Experimental de Sade por tempo
indeterminado. Portanto, o que deve ser feito a anlise de caso a caso para que
seja mantida a ordem social. Para isto, exigido bom senso por parte dos
profissionais envolvidos nesse trabalho.
A partir de exemplos que chocam a sociedade, indaga-se: um psicopata
autor de crimes brbaros pode ser colocado novamente no convvio social? Quais as
garantias da sociedade em face desse criminoso? E o ponto mais crucial, como
identificar um psicopata?
Esses questionamentos so ainda obscuros, tanto para juristas quanto para
a psiquiatria forense e, mais ainda, para a sociedade, pois o perfil do
psicopata/sociopata um perfil extremamente subjetivo, complexo e de difcil
identificao. O psicopata criminoso uma pessoa da qual menos se suspeita,
tendo em vista a sua inteligncia e capacidade de ocultar seu perfil maquiavlico, o
que facilita seus atos criminosos, cometidos, na sua maioria, com atrocidade e
perversidade.
A de se ressaltar que, enquanto a periculosidade persistir, esse indivduo
no deve retornar sociedade, pois estando solto, a populao no ter nenhuma
garantia com relao segurana. E o que primordial, o direito vida, prevista no
artigo 5 da CF. Com isto, nos apontado por (BECCARIA, 2005), Reconhecer que
os direitos fundamentais do cidado so irrenunciveis significa contextualmente
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ampliar a base de participao e de consenso do Estado, observa-se que nem todo
psicopata assassino, pois depende do seu nvel de perversidade. A identificao
dessas pessoas algo difcil por um profissional e praticamente impossvel por um
cidado comum.
Segundo Fernanda Brisset, em sua obra Por uma Poltica de Ateno
Integral ao Louco Infrator h uma necessidade de reforma psiquitrica das prticas
das instituies forenses e ressalta ainda a complexidade do tratamento psiquitrico.
No desconhecemos que, em torno do louco infrator, coadunam os
discursos jurdico, clnico e social, de tal sorte que, ao alinhavar, em
um mesmo campo, referncias epistemologicamente to diversas,
precisamos estar atentos ao fato de que no existe soluo simples
para o problema, pois o tema do louco infrator se constitui
estruturalmente como um campo de natureza complexa. (BRISSET,
2010, Nota ao Leitor)
Portanto, a construo de uma nova poltica nacional de ateno ao paciente
judicirio infrator deve ser analisada com mais ateno, tendo em vista que muitos
so os casos envolvendo este tipo de criminoso, e na sua totalidade, so delitos
praticados com brutalidade que abalam a sociedade. Fazendo com que a populao
se sinta insegura e desacreditada na Justia.
Diante de uma situao como esta, e que registramos aqui a nossa
discordncia em relao a um parecer da nobre psicanalista (BRISSET, 2010),
quando escreve em sua obra acima citada que: a sentena de inimputabilidade
decretada a um cidado e a consequente presuno de periculosidade a mais
violenta violao dos direitos humanos em vigor.
Violao maior causada por psicopatas que ceifam a vida de pessoas
inocentes sem piedade e sem remorso. As vtimas de psicopatas sim, tm seus
direitos violados, e a grande maioria tem o maior direito desrespeitado, ou seja, o
direito vida. Indaga-se: onde fica a dignidade da pessoa humana, quando
relacionada a estas vtimas? Pois, segundo (ANDRADE, 2007), O vivo sofre por
no querer estar morto. Mas o morto no sofre por desejar estar vivo.simplesmente
no existe mais, salvo na memria dos vivos. Memria esta de saudades e
desalento para quem sofre esta perda de forma brutal.
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Sobre os direitos humanos (PIOVESAN, 2009), nos indica: nenhum
princpio mais valioso para compendiar a unidade material da Constituio que o
princpio da dignidade da pessoa humana. Piovesan ressalta ainda em sua obra
que: O Estado est obrigado a investigar toda situao em que tenham sido
violados os direitos humanos. O Estado est obrigado tambm a amparar as
vtimas em todos os sentidos e de todas as formas.
Ainda conforme Piovesan em sua obra, Temas de Direitos Humanos:
Se o aparato do Estado age de maneira que tal violao fique
impune e no seja restabelecida, na medida do possvel, a vtima na
plenitude de seus direitos, pode-se afirmar que no cumpriu o dever
de garantir s pessoas sujeitas sua jurisdio o exerccio livre e
pleno de seus direitos. (PIOVESAN, 2009).
Adentramos por vez, na esfera da vitima, ou seja, a vitimologia, um dos
ramos da criminologia, que nos mostra conjuntamente com o Cdigo de Processo
Penal Brasileiro, que vtima aquela que tem relao direta ou indireta com o
infrator, podendo ser tipificado o crime de diversas formas, mas nos ateremos aqui
ao crime contra a pessoa lesada, ou seja, quando o crime praticado contra o
patrimnio do ofendido e em relao a crimes contra a honra.
de se esclarecer neste momento que a vtima direta aquela pessoa que
tem a infelicidade de ter contato direto com seu agressor. J as vtimas indiretas so
os familiares, amigos e at mesmo a populao em geral; tendo em vista o medo
que as pessoas tm de sair nas ruas, de levarem uma vida normal, sem privaes
de lazer por medo de serem assaltadas, assassinadas, ou vtimas de outras
infraes, medo este que leva a privao do direito de ir e vir. Mas vamos nos ater
somente vtima em relao ao delito contra a pessoa.
A vitimologia uma cincia interdisciplinar dirigida investigao
antropolgica, sociolgica, psiquitrica e psicolgica de todas as formas de
vitimizao. O termo vitimologia foi criado por Benjamim Mendelsohn, em 1945.
Mas na doutrina h divergncias sobre quem tenha sido o pai da vitimologia. Von
Hentig, professor alemo, j vinha aprofundando seu conhecimento no assunto
muitas vezes e comparado a Lombroso, que postula a existncia de pessoas que
tm certa propenso a serem alvos de psicopatas.
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Sendo verdadeira ou no a hiptese de Lombroso, de existirem pessoas
com a propenso a serem vitimizadas por outras, aqui em especial vtimas de
sociopatas, qual deveria ser a posio do Estado em relao a todo esse quadro
social? Nesta dialtica, o que pensar e esperar do convvio social com tanta
violncia e degradao da vida humana? O que esperar do Estado Democrtico de
Direito?
sabido que para frear desejos antissociais so necessrios princpios e
preceitos rgidos de represso e interdio. E, para tanto, imprescindvel uma
reestruturao de vrios segmentos que preceituam e reestruturam a moral do
indivduo. No h, todavia, uma soluo final para este problema at o momento,
mas dever-se-ia ao menos tentar ameniz-lo.
No atual sistema jurdico brasileiro, a vtima, no mbito penal, foi totalmente
esquecida, suas garantias e direitos so tapados com um vu, vu este que tenta
esconder a falta de humanidade do Estado perante essas vtimas. Nota-se tambm
que estas pessoas precisam de ajuda profissional, pois ficaram expostas
insanidade de criminosos, e sem nenhum tipo de amparo que pudesse ao menos
diminuir a dor e sofrimento que lhes so causados.
Tanto o preso comum, quanto o doente mental criminoso e at o psicopata,
so amparados por lei. O Estado faz o possvel para que seus direitos e garantias
fundamentais sejam preservados, tendo um gasto mensal de aproximadamente
R$1.300,00 (mil e trezentos reais) por ms por preso, tendo, portanto, tratamento
direcionado para que possam tentar voltar ao convvio social, sem sequelas tanto
para a sociedade quanto para si prprios.
Por outro lado, as vtimas no recebem nada, so pessoas desprovidas de
garantias para o seu bem-estar e recuperao. Sua necessidade, anseios, angstia
se tornam uma preocupao de segundo plano, pois a vtima no causar danos
sociedade. O sofrimento da vtima no algo que necessite de amparo efetivamente
do Judicirio.
Direito vida, dignidade, ao trabalho, sade, educao, por
no possurem valor simblico, por no estarem inscritos na
subjetividade, no contam, no servem para moldar as aes destas
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(e de quase todas) pessoas, inclusive em atos de revolta contra
aquilo que convencionalmente poucos deixariam de chamar uma
grande injustia. No imaginrio social, da mesma forma, estes
valores de contedo coletivo pouca fora tm, motivo pelo qual as
transformaes sociais no acontecem. (ANDRADE, p. 99, 2007).
Sob a tica criminolgica, continuaremos a procurar o princpio causador da
deliquncia que vem desde os tempos primrdios com Caim e Abel em Gnesis 3, v.
8.. O crime de sangue pode se dizer que um enigma, assim como o homem.
uma questo que, por mais aprofundados sejam os estudos por profissionais, haver
sempre algo subjetivo que no pode ser alcanado pelo raciocnio lgico do ser
humano. A mente ainda um mistrio.
Percebe-se que no Brasil, nos dias atuais, vivemos uma situao de
inverso de responsabilidades, e com isso criamos a cultura do
tadinho/pobrezinho. Os que estudaram so culpados pelos analfabetos; os que se
alimentam, pelos que passam fome; os fazendeiros, pelos sem-terra; os fortes, pelos
fracos; os cultos, pelos ignorantes, e da por diante. Estes valores permeiam as
mentes independentemente das classes sociais s quais pertencem.
Com isto, atualmente, nos preocupamos mais com os vitimadores, do que
com as vtimas, lembramos somente em recuperar os sem lei e nos esquecemos
daqueles que perderam a alma. uma inverso de valores. Inverso esta que vem
causando sentimentos de angstia, desiluso e desapontamento com relao ao
sistema jurdico que no prioriza a vtima como prioriza o delinqente. Este tem em
seu entorno, todo aparato para a sua ressocializao, para que se possa retorn-lo
ao convvio social.
Olhar somente para o lado daqueles que cometeram crimes brbaros ou
no, para que se recuperem e mais uma vez voltem sociedade o quanto antes,
uma temeridade e tambm um fator desestruturante e desagregador do
ordenamento jurdico, j que o mesmo corre o risco de cair no descrdito. E este
levar ao caos.
necessrio que a moeda caia, ora virada com uma face, ora com outra.
Estudar caso a caso preciso, antes de decidir sobre o destino de um infrator. No
entanto, os primeiros a receberem o acolhimento do Estado e dos poderes
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constitudos sempre devem ser as vtimas, pois foi dito em algum lugar que j no
nos lembramos mais: em hiptese alguma, seja como for, no se pode culpar as
vtimas. A dor pode ser abrandada, mas nunca passa. Da a importncia de saber
lidar com determinadas situaes, e relaes pessoais, tendo em vista o mundo
violento e desalmado que se vive, pois o psicopata pode estar ao seu lado.
No existe, a princpio, qualquer justificativa plausvel para que se d mais
valor a um predador do que a uma vtima. Esta, sim, precisa de amparo legal de
todos os segmentos, j para o primeiro, priorizam-se os seus direitos constitucionais,
mas no por priorizar estes direitos que eles no devam ser punidos com rigor, ou
seja, conforme determina a lei. E para que a lei seja aplicada de forma a satisfazer
os anseios da populao, se deve julgar tambm pela tica dos costumes e da
valorizao do bem maior, que o direito vida, previsto na Constituio Federal. A
Lei segundo (ANDRADE, 2007) sempre necessitou de um reforo ilusrio, para se
converter, no imaginrio humano. Neste ponto, percebe-se a relao entre o direito
com a psicanlise e sua subjetividade.
No h dvida de ser o tema complexo e inacabado. Analisamos, at que
ponto o complexo de dipo culpado pelas frustraes da civilizao. Finalizamos
este estudo com as palavras de (ANDRADE, 2007) em sua obra Violncia
Psicanlise, direito e cultura. Seguimos vivendo, com nossos inerentes conflitos e,
talvez, aprendendo com a histria e tentando acertar nosso futuro.







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