O documento apresenta um resumo do livro "Religião e Magia no Antigo Egito" da autora Rosalie David. O livro abrange mais de 5000 anos de história do Egito Antigo, desde as primeiras manifestações religiosas até a introdução do cristianismo. Ele analisa a evolução dos cultos e deuses ao longo dos períodos dinástico, intermediário e tardio, além das influências helenísticas e romanas.
O documento apresenta um resumo do livro "Religião e Magia no Antigo Egito" da autora Rosalie David. O livro abrange mais de 5000 anos de história do Egito Antigo, desde as primeiras manifestações religiosas até a introdução do cristianismo. Ele analisa a evolução dos cultos e deuses ao longo dos períodos dinástico, intermediário e tardio, além das influências helenísticas e romanas.
O documento apresenta um resumo do livro "Religião e Magia no Antigo Egito" da autora Rosalie David. O livro abrange mais de 5000 anos de história do Egito Antigo, desde as primeiras manifestações religiosas até a introdução do cristianismo. Ele analisa a evolução dos cultos e deuses ao longo dos períodos dinástico, intermediário e tardio, além das influências helenísticas e romanas.
O documento apresenta um resumo do livro "Religião e Magia no Antigo Egito" da autora Rosalie David. O livro abrange mais de 5000 anos de história do Egito Antigo, desde as primeiras manifestações religiosas até a introdução do cristianismo. Ele analisa a evolução dos cultos e deuses ao longo dos períodos dinástico, intermediário e tardio, além das influências helenísticas e romanas.
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RELIGIO E MAGIA NO ANTIGO EGITO
Wellington Rafael Balem 156
Rosalie David uma egiptloga britnica, doutora pela Universty of Liverpool e diretora do Centre for Biological and Forensic Studies in Egyptology, da Universidade de Manchester. A autora j escreveu e organizou dezenas de livros sobre o assunto. Este Religio e Magia no Antigo Egito foi publicado originalmente na Inglaterra pela editora Penguim Books, em 2002, e recebeu sua primeira edio brasileira em 2011, pela Difel. Com 598 pginas, alm dos nove captulos, o livro contm dois cadernos de fotografias referentes ao tema, um apndice com coletneas de textos religiosos e outro com os principais locais religiosos do Egito e da Nbia. Alm disso, um glossrio se faz presente ao final da obra elencando nomes de reis e rainhas, divindades e termos gerais utilizados na obra, substituindo notas explicativas. A organizao do livro em ordem cronolgica, abrangendo um perodo de mais de 5000 anos, no foi escolhida por acaso. Trata-se de uma abordagem que quer demonstrar quando surgiram, quando permaneceram e quando se transformaram ou desapareceram os traos culturais religiosos e mgicos egpcios. A leitura de captulos isolados ou aleatrios pode prejudicar a compreenso da obra, uma vez que vrios temas transcendem a diviso temporal tradicional utilizada pela autora, na qual Antigo, Mdio e Novo Reinos so entendidos como perodos de estabilidade poltica e os perodos Intermedirios e Tardio so tidos como instveis.
156 Acadmico do curso de Histria na Universidade de Caxias do Sul.
269 No primeiro, A Criao da Civilizao Egpcia, a autora comea com uma reflexo sobre como o meio ambiente inspirou os egpcios na elaborao de suas crenas, destacando as duas noes de tempo, a de perpetuao e a cclica. Analisa o recorrente isolamento geogrfico, reservando algumas crticas a esse respeito. Ento, distingue quatro tipos de fontes principais que permitiram sua pesquisa: monumentos, artefatos, fontes textuais e mmias. O Surgimento da Religio (c. 5000-2686 a.C.), segundo captulo, analisa os perodos e culturas que compe a poca pr-dinstica (Badariano, Nagada I e Nagada II). David critica a teoria da Raa Dinstica e atribui a gnese da realeza egpcia a eles mesmos e no a estrangeiros. Ela contextualiza os processos de unificao pr-dinsticas e, sem escapar dessa realidade social, identifica as primeiras manifestaes de religiosidade nos enterramentos e mumificaes naturais, bem como no culto dos primeiros deuses tribais e csmicos. Atravs de anlises sobre as primeiras prticas rituais aos mortos ou aos deuses locais e csmicos, a autora busca encontrar as origens da cultura mgico-religiosa egpcia. A partir do terceiro captulo, A Ascenso do Culto Solar (c. 2686-2181 a.C.), a autora segue mais rigidamente a cronologia. Neste ela aborda o processo de crescimento e legitimao do poder dos reis e dos sacerdotes solares, bem como sua desestruturao e enfraquecimento no final do perodo. No captulo quatro, Osris, o Deus do Povo (c. 2181-1786 a.C), David evidencia o crescimento paralelo dos deuses Osris, associado ao processo conhecido como democratizao da imortalidade, e Amon, como patrono das dinastias militarizadas de Tebas que voltam a centralizar o poder do rei ao expulsar os invasores hicsos. O quinto, Religio e Imprio (c. 1786-1400 a.C.) explica o estabelecimento do Imprio Egpcio militar e do processo de elevao de Amon-R ao status de senhor dos deuses. David tambm mostra como isso se refletiu na organizao e nas prticas dos templos, intrinsecamente ligados religio, economia e ao poder.
270 O captulo seis intitula-se e aborda a Heresia de Amarna (c. 1400-1320 a.C.). Aqui a autora busca indcios que mostram que as reformas promovidas por Akhenaton partiram de um arcabouo de concepes mais antigas. Discute tambm algumas hipteses sobre as intenes poltico-religiosas de Akhenaton e sobre e a ideia de monotesmo. O processo de retomada dos cultos de Amon, R, Pth e Osiris, do aumento do poder dos Faras, principalmente sobre os sacerdotes, so analisados no stimo captulo, O Retorno Ortodoxia (c. 1320-1085 a.C.). Alm disso, David reflete sobre as prticas mgico-religiosas na vida diria, sobre as medidas egpcias para conter os roubos de tumbas e levanta o debate egiptolgico sobre o xodo hebreu. Reis e Sacerdotes: o Conflito Final (1085-332 a.C.), oitavo captulo, enfatiza como a rivalidade poltica entre essas duas potncias sociais enfraqueceu o pas oportunizando a entrada e o domnio estrangeiros. David tambm aborda as hipteses sobre a resistncia e a permanncia das prticas religiosas tradicionais diante desse contexto. O ltimo captulo, Oriente e Ocidente: Conflito e Cooperao no Egito Greco- Romano (332 a.C.-sculo IV d.C.), demonstra como a dinastia dos ptolomeus soube apoiar a religiosidade e os cultos nacionais do Egito visando legitimar seu poder. Os romanos, entretanto, impuseram suas leis e quebraram a ordem de organizao egpcia, reduzindo o Egito ao celeiro de Roma. A autora tambm questiona a profundidade do processo de helenizao e reflete sobre a desestruturao final das prticas religiosas na ocasio do crescimento do cristianismo desde o sculo I. Escolher como recorte temtico religio e magia para uma pesquisa sobre o Egito Antigo quase o mesmo que no usar recorte algum e escrever sobre toda a gama de prticas culturais dessa civilizao. A religio a espinha dorsal do toda lgica de organizao egpcia e, tanto a magia, quanto o Estado e a economia no podem ser desvinculadas dela. O olhar ocidental sobre o Egito Antigo, muitas vezes, tornou reducionistas as abordagens de traos culturais dessa civilizao. No caso da religio e da
271 magia, no diferente. David, driblando as vises judaico-crists ocidentais, em nenhum momento estabelece diferenciaes ou fronteiras entre religio e magia egpcias. As temticas no so abordadas de forma desconexa no livro de David. No entanto, as contextualizaes feitas pela autora seguem sempre por um vis da histria poltica, evidenciando relaes entre reis e aristocracia e disputas por poder, mas sem forar vises dicotmicas. Assim, as prticas ligadas religiosidade popular quase no so discutidas por David, a no ser em casos especficos, como o do vilarejo de Kahun, de Deir el-Medina, em Akhetaton e nos perodos Tardio e Greco-Romano. Para a autora, a ausncia de registros escritos referentes a esses grupos o que impede que sejam estudados com segurana. David se utiliza amplamente do trabalho de arquelogos e egiptlogos desde o sculo XIX at o final do XX, com destaque ao trabalho de Petrie. Ao fazer isso, ela mapeia os stios arqueolgicos de acordo com a poca e com o tema, j que a cultura material egpcia antiga est distribuda desigualmente no tempo e no espao e, na maioria dos casos, no se pode fazer afirmaes muito amplas. Assim, ela recorre documentao textual, a quais valoriza mais do que a arqueolgica, seja ela egpcia ou no, antiga ou no. David dialoga com autores clssicos como Herdoto, Plutarco, Flvio Josefo e referncias a Maneto, entre outros, sempre de forma bastante crtica. Os textos egpcios so utilizados largamente, dentro de seus contextos de produo ou circulao, e em muitos casos so citados no texto ou nos apndices. Alm disso, a obra est apoiada em slidas referncias historiogrficas, o que permite autora estabelecer um olhar privilegiado sobre as diferentes interpretaes, principalmente sobre temas polmicos, como a funo das pirmides, o xodo hebreu ou as ideias monotestas. Isso faz com que o livro deixe de ser apenas descritivo, como a maioria das obras destinadas tambm ao pblico em geral, e passe a ser analtico, indagador, mostrando lacunas nas pesquisas. Esse aspecto da obra contribui em muito com a egiptologia crescente no Brasil.
272 Referncia Bibliogrfica DAVID, Rosalie. Religio e Magia no Antigo Egito. So Paulo: Difel, 2011.