A Ciencia Secreta Vol II (Henri Durville)
A Ciencia Secreta Vol II (Henri Durville)
A Ciencia Secreta Vol II (Henri Durville)
Henri Durville
A CIÊNCIA SECRETA
Tradução
E.P.
VOLUME I
EDITORA PENSAMENTO
São Paulo
A todos aqueles que têm sede de
ideal, que sonham com a Justiça, a
Liberdade moral, a Fraternidade,
estas linhas são dedicadas.
H.D.
ÍNDICE
ADVERTÊNCIA...........................................................................................................6
PRIMEIRA PARTE: AS GRANDES CORRENTES INICIATICAS DA CHINA
IMEMORIAL ATÉ NOSSOS DIAS.............................................................................24
A CIÊNCIA SECRETA ...........................................................................................24
A CHINA ................................................................................................................50
A ÍNDIA VÉDICA ...................................................................................................81
A ÍNDIA BRAMÂNICA ...........................................................................................88
A ÍNDIA BÚDICA .................................................................................................101
Ensinamentos Exotéricos ....................................................................................103
Ensinamentos Esotéricos ....................................................................................132
O Bhagavad-Gitâ .................................................................................................139
A Voz do Silêncio.................................................................................................152
A Yoga .................................................................................................................170
O EGITO..............................................................................................................178
Ensinamentos Exotéricos ....................................................................................181
Ensinamentos Exotéricos ....................................................................................236
Hermes Trismegisto.............................................................................................239
Os Mistérios de Ísis e de Osíris ...........................................................................255
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: O véu enfunado, símbolo da força vital. ...................................................193
Figura 2: Outros símbolos de força vital..................................................................194
Figura 3: O rei Seti I, chefe da XIX dinastia, iniciado pela deusa Hator. .................194
Figura 4: Anúbis, deus guardião e condutor das almas, vela junto a uma múmia...195
Figura 5: O Sol, fonte da vida, envia à múmia os seus raios vitalizantes................196
Figura 6: Ísis impondo as mãos sobre seu filho Hórus............................................198
Figura 7 e Figura 8: Dois amuletos egípcios. A esquerda, o olho místico; à direita, o
escarabeu................................................................................................................208
Figura 9: Amuleto egípcio, dito jóia peitoral. ...........................................................211
Figura 10: Cena mágica relativa a Amenófis III......................................................216
Figura 11: Bênção de Amenófis III. .........................................................................217
Figura 12: Atrás do jovem Amenófis III, na mesma posição, está o seu duplo. Este
duplo, neste documento, é recomendável, porque ele conduz sobre a cabeça a
insígnia de Horus onde está sobreposto o gavião...................................................217
Figura 13: Cerimônia mágica relativa ao nascimento de Amenófis III.....................218
Figura 14: O julgamento da alma no antigo Egito, segundo O Livro dos Mortos.
(Extraído da Vie Privée des Anciens, de Ménard e Sauvageot.).............................233
Figura 15: A Esfinge no seu estado atual............................................................258
Figura 16: Disposições interiores da grande Pirâmide. (Segundo Máspero.) .........287
Figura 17: O Templo da Esfinge despojado das areias (no primeiro plano)............292
Figura 18: Plano do Templo da Esfinge. .................................................................293
ADVERTÊNCIA
tendes sofrido e não tendes sabido perdoar, este livro não i para vós. Estas páginas
são páginas de amor e de altruísmo. — Mas tu, que tens sofrido longamente e que
começa para ti. — Conhece-te a ti mesmo. — A lei dos ciclos. — O Grande segredo.
Leitor que vens ao limiar do mistério, qual a força que te impele a vir
afrontá-lo? É simples curiosidade? Queres tu, com u'a mão ímpia, pois que és
indiferente, levantar o véu que te oculta o que só com longos estudos pode ser
revelado? Se é este o estado de tua alma, retira-te, fecha este livro; não te é
ambições, rancores? Este livro não é feito para ti. A pesquisa que ele comporta não
te daria senão desilusões, porque o fim que ele se propõe é todo diferente e mesmo
oposto.
Procuras o ganho material? Não será aqui que tu o encontrarás; este livro
é um estudo desinteressado para dar a todos a felicidade, que vem da paz da alma
Simples curioso, e tu, ambicioso, que acreditas ter nascido para seres o
conquistador do mundo, isso não é para vós, para os vossos corações presos ao
tumulto das paixões vãs que esta obra foi feita. Os segredos reais que ela revela
não são para vós que não lhes dais o que pedem estes trabalhos: um coração meigo
desaparecer a barreira que nos separa. Não procureis levantar o véu antes de
procurardes aqui meios de vingança, não volteis mesmo esta página. Este livro é um
livro de amor e de altruísmo; não continueis a sua leitura; esperai que a sua leitura
Daqui até lá, vosso dia ainda não é chegado; não saberíeis ainda ver
* *
Porém tu, leitor, que tens sofrido longamente e a quem a dor revelou a
palavra deste grande enigma que conduz ao limiar da verdadeira senda; tu que
queres sair do tormento e inclinar para aqueles que te têm feito mal, uma fronte
cheia de bons pensamentos, tu que sinceramente desejas fazer participar aos outros
da paz divina que o sofrimento fez brotar do teu coração, este livro é para ti; ele é
Tu, que vens a mim com estes sentimentos, aproxima-te sem medo;
calma e soberana, da paz divina que se encontra apenas na senda do bem. Se tens
caminho, é este apaziguamento que vem sempre àquele cujo coração está sem ódio
de tuas forças e eu te ajudarei a encontrar, a fim de que tua colheita seja doce,
como o labor foi penoso; a dor é um semeador cruel, mas muitas vezes necessário.
com toda a certeza, dedicar-te a estes estudos que te seduzem. É na sua prática
as tuas esperanças.
horizontes, segue o traço dos iniciados; vem conosco pela senda que vai ter à luz.
Embrenha-te por este caminho e verás brilhar uma vida nova sob um sol sempre
belo, A Verdade, a Alegria, a Paz resplandecem ao cimo aonde conduz este
caminho.
* *
Este livro não tem nada de novo. Seria uma louca pretensão Imaginar que
verdades eternas? Mas estas palavras são sempre boas para dizer e convém
adaptá-las à vida moderna, a fim de que seus frutos sejam abundantes. É a esta
Não se escutam sempre com um novo prazer uma bela música mil vezes
compreendida? Aquele que ama não tem uma grande emoção ao escutar murmurar
novamente palavras que fazem a sua alegria? Não são elas, sem cessar, as mais
sua horas de solidão? Não lhe empresta uma força sedutora que mostra o futuro tão
feliz como o passado? Tudo isso são repetições, mas as repetições são preciosas
principalmente a Deus, que não repete senão o que é bom e alegre, que não faz
vibrar em torno das almas senão palavras amigas e benéficas que dão a calma
encantada.
* *
A ciência que tu pesquisas é uma ciência de todos os tempos. Seu fim é o
revelar-lhe o fim que deve atingir. Os elementos desta ciência são repartidos em
novas necessidades ide nosso tempo, justificá-los pelos conhecimentos atuais que
temos deste grande domínio que é o Psiquismo. Longe dos olhares, agrada-nos
folhear essas velhas obras onde dorme a sabedoria do mundo, decifrar os enigmas
símbolos das religiões antigas, no segredo das iniciações antigas, pensamentos cuja
este vigor novo de toda a nossa pessoa que queremos fazer sentir.
Este livro se propõe, portanto, fazer sentir e ensinar uma ciência, mas
trabalho árduo ao qual eles se submetem. Estes dons sublimes constituem o mais
ascese possui faculdades que nem imaginava mesmo antes. Estas faculdades eram
latentes nele, e elas teriam ficado sem a cultura que se impõe. Mas, trabalhando, um
latente e em seus graus diversos, não é mais, entre os adeptos, um dom caprichoso,
órgãos sensoriais, mas aqueles que se acham fora do domínio deles e aqueles
faculdades da alma, todas as quais tomam uma perfeição, uma leveza, uma
E o platônico Proclus ajunta: "A iniciação serve para retirar a alma da vida
mais perfeita; mais moral, mais energia física e intelectual que nos são dadas para
maravilhosa como os belos poemas e sofrer as leis que regem os fatos tangíveis e
* *
É, pois, um novo ciclo que começa para ti, leitor, ao cederes à atração
souberes refletir, gozarás todos os encantos de uma nova vida. Isto não é
simplesmente uma ciência teórica, mas ao mesmo tempo uma doutrina moral e
conselhos que te serão dados e sentirás o teu espírito engrandecer para abraçar as
idéias eternas e magníficas. Teu coração abrir-se-á fraternalmente ao amor. Em ti,
como o diamante em seu engaste, reside uma força que pode fazer milagres, mas é
preciso que o diamante seja arrancado da pedra; é preciso que seja talhado para
receber o puro beijo da Luz e irradiá-lo em fogos cintilantes. Que seria a Luz se tu a
recebesses sem projetá-la sobre o mundo com tanto poder e doçura quanto ela te é
dada?
estarás só. O isolamento pode tornar bem árido os pensamentos mais admiráveis,
tenhas sofrido te conduz a encarar o mundo e a vida sob um aspecto mais exato.
com um passo seguro que vais caminhar para esta Luz que o teu desejo procura,
que por instantes se vai revelar no fundo de teu ser agitado. Tens visto clarões como
uma brilhante miragem. Tudo está bem mudado atualmente. Esses clarões
passageiros tomam uma claridade forte e constante que não deixará em sua
procura a Luz fora das trevas do egoísmo. A vida abre-se diante de teus passos, a
Vais caminhar para o conhecimento que não fazias senão imaginar e que
teu espírito. E o esplendor dessas visões serenas é tão grande e tão perfeito que a
sua beleza penetrará até o teu coração como a harmonia pungente de um canto.
para o panorama soberbo das formas e das idéias até este Templo da Sabedoria
que te chama.
homens se voltam para gozarem as suas paixões. O ser caminha muitas vezes sem
fé, a esmo. Ele lê, sem prazer e sem apego, o que lhe dizem as religiões e as
outro lado, o mistério não o satisfaz; está ávido de claridade. Chegou a rejeitar tudo,
os dogmas e as suas conseqüências. E' contra esta forma de espírito que é preciso
reagir.
Somos rodeados de forças. Entre elas, muitas são más e não devemos
vens a estes estudos já não estás tão isolado. Junta o teu esforço aos dos outros; tu
os ajudarás, serás ajudado e o teu coração morto florescerá. Conta com segurança
* *
O primeiro ponto a cumprir é conhecer-te. Não é sem causa que os
agrupamentos de filósofos.
Em primeiro lugar deves depurar teu corpo, dar-lhe por uma higiene
uma regra na tua vida mais sã, baseada sobre os princípios que dirigem toda a tua
conduta. Teu corpo deve obedecer a teu espírito, e se não está em estado de seguir
o movimento de teu pensamento de que lhe servirá este pobre servidor? Se seguires
as regras que te aconselhei, adaptarás a tua economia material, todos estes órgãos
que te são submetidos, ao ritmos que são o eco dos ritmos superiores. Já, por esta
Esforçar-te-ás para ter deste espírito uma direção mais segura, uma vontade calma
não poderás adquiri-las. Desenvolve também o teu discernimento, porque, sem ele,
inconsciente. Não sofrerás mais o seu impulso, porém, não cedendo senão ao teu
adversas.
Enfim, será a tua força dizer a palavra conciliadora que religa toda as
opiniões. Tu não podes, por ti mesmo, possuir toda a verdade. Por que impões o teu
pensamento aos outros? Sê calmo e o teu exemplo pregará melhor ainda do que as
muitos negligenciam; eles têm sofrido pelo sentimento, crêem não poderem fazer
Atraído pelas qualidades exteriores, estás talvez muito triste por amar pessoas que
não respondem ao teu ideal elevado; pedes-lhes sentimentos que florescem em teu
próprio coração e, como elas são diferentes de ti, a ternura delas é desviada ou se
um escolho a evitar. As dores passadas têm isso de bom: elas te servirão de guia
Seu papel é nos tornar clarividentes ao encontro do que mais nos seduz,
nos ensinar a paciência para atingir o desabrochar dos sentimentos dos outros.
Isto não será uma vitória ou um prazer passageiro como o objeto de tua
pesquisa, mas uma comunhão de idéias que te conduzirá a querer o bem do ser
poderás tu desejar a seu respeito? Estes Poderes que pertencem ao iniciado, obtê-
lo-ás se fores digno; e se o fores, em lugar de quereres ter o domínio sobre outrem,
não pedirás senão a possibilidade de socorrer aqueles que sofrem, de auxiliar aqui
que procuram o seu caminho para irradiar sobre o universo to as forças benéficas,
poderás conhecer este poder mágico de que todo ser humano é dotado, quando a
iniciação o tiver revelado e quando tiveres sabido conquistar o teu próprio império.
Péladan disse: Aquele que crê pedir ao Hermetismo o poder de seduzir, de vencer
como tu podes criar e dirigir a teu gosto. Esta atmosfera psíquica influencia aqueles
A medida que o Templo da Iniciação se abrir para a tua alma, ainda mais
poderes surgirão em ti, a tua vista ainda mais se abrirá sobre Mundos que tu não
custo verás quanto este ser humano que te aparece como o centro de tudo é pouca
lugar no Universo e que não tens valor senão de seres uma célula consciente nas
Por que terás orgulho? Quem és tu neste cosmo imenso? Considera a tua
pequenez e mede-te com o infinito. Perderás todo este orgulho mesquinho, estas
de que tu és submetido ao Ritmo, ou melhor, aos Ritmos, e que eles são os mesmos
do átomo até ao astro. E, como tudo o que te rodeia, serás submetido aos Ciclos
* *
Vê o Ciclo das estações: eis as horas de inverno; tudo nos parece morto
sobre a Terra, e não há mesmo mais razão de esperar; as flores e as folhas estão
próximas.
fraternidade com todas as criaturas, com o astro que segue o seu curso rítmico no
apoio te dará uma felicidade sem sombra, a alegria do dever consentido com o
coração consciente e livre. E, pelo imenso éter e por todas as criaturas, sentirás a
presença de Deus, que criou todas estas coisas e lhe deu estas leis, cuja beleza
semelhante e dirigido por uma eterna justiça. Compreenderás que a tua existência
as condições más como dívidas a pagar, e as experiências que terás de sofrer serão
preciosas porque elas mais depressa te libertarão do pesado fardo da vida. Que
alegria nos sentirmos cada dia mais livres, mesmo para com uma crença
Iniciação te permitirá adquirir mais depressa o próprio domínio, mostrar como deves
dar um passo mais ligeiro para estas magnificências, que parecem te chamar e que
perfeição. Sairás da tormenta ou serás tragado por ela. Dissiparás as forças más
que pesam sobre ti. Quando conheceres as causas de tudo isso que te acontece,
não poderás mais conhecer o desespero, pois que tudo é justo e útil. Pássaras do
* *
que pensas se fizeres para ela um esforço contínuo e se uma Fé viva te sustentar
para a Iniciação. É por este meio que te será confiado o Grande Segredo. É
divertimento mais sábio do que os prazeres mundanos. Mas, eles têm razão ainda
porque seria absurdo imaginar a Iniciação como uma lição a aprender, depois da
alguns, mas que se torna fácil para outros que se entregam a ele com fé; é a própria
fé que te ajudará.
teu espírito e o teu coração. Estas forças que queres possuir para teu bem e o de
teus irmãos, estas forças estão em ti e em redor de ti; aprende a procurá-las e a
descobri-las. A Natureza está diante de ti como um imenso livro aberto, cujos ritmos
sonoros e doces te darão a lei dos outros ritmos pelos quais palpita e se move a
vida. Estuda e percebe estes ritmos. . Eleva-te para Aquele que os tem fixado com
Universo é que virás a ser um Iniciado e que a vida, para ti, terá um sentido novo e
inesperado.
Verás que todos os seres são ligados e que seu esforço deverá ser
praia calma que os salvará da tempestade; teu dever é amar os teus irmãos. Já o
teu coração sentiu o teu apelo poderoso de altruísmo. Tu não esperas senão
conhecer-te melhor, para dares o melhor a ti mesmo, tuas forças, teus sentimentos,
* *
O fim que procuras é grandioso; é aquele que tem sido visado por todos
os Iniciados; para atingi-lo, desenvolve a tua vida interior, tão rica em ensinamentos
pessoais. Encerra-te na tua vida, na tua torre de marfim, no teu asilo interior que não
imensa alegria do esforço: depois, gozarás, durante longas horas, esta alegria do
bem pressentido que se goza de fazer esta felicidade pelos segredos descobertos
no livro aberto da Natureza, esta quietude imensa, longe das agitações mundanas e
que nos permitem sentir todas as pulsações do nosso coração, todos os movimentos
imenso e que nos encanta pela sua beleza. É a alta morada da meditação, e esta
embeber pelo doce ópio de um misticismo que te faria abandonar a terra e faltar ao
Todos os nossos deveres estão sobre a Terra; ainda não chegou a hora
prendem sobre a terra. Mas, uma vez desembaraçado deste fardo, quando tiveres
que sofrem e que choram; apurarás os ouvidos para eles, ficarás comovido e, num
lance fraternal, voltarás a subir os degraus que tens diante de ti, para tomares em
teu coração toda a miséria e toda a dor. Sentir-te-ás chamado a fazer uma obra útil
para conduzires mais felicidade e mais luz, primeiramente ao teu lar, ao teu país, à
* *
lhe pertencem. Vêm deste sol sublime onde o próprio espírito não pode atingir. Não
concebas pois orgulho do saber que vais adquirir. Espalha-o e sê feliz do bem que
verás florescer. Lutarás com todas as tuas forças contra a vaga sombria das idéias
ternura nessa multidão que geme na sombra. Dá-lhe o que tu sabes. Teu dever ideal
que vive sempre latente, no seu cérebro e no seu coração, porém que está
enterrado sob tantos escombros que não podem formular o pensamento, dele, nem
todos os ódios. É aos adeptos que pertence o direito de responder a este apelo
desesperado.
necessidades da hora criam para nós deveres novos. Cabe-nos fazer a luz e a
para realizá-lo. A hora soou para ti. Tu deves trabalhar mais do que aqueles que
esperança.
PRIMEIRA PARTE: AS GRANDES CORRENTES
INICIATICAS DA CHINA IMEMORIAL ATÉ NOSSOS DIAS
A CIÊNCIA SECRETA
visão mais alta e mais nítida dos conhecimentos humanos. — O laço entre todas as
religiões, na sua forma material, porque caíram todos os véus que lhe dissimularam
a idéia.
causas.
ritmo, que eles estudaram nas suas manifestações em aparências múltiplas; acham-
dessas leis e desses ritmos; procuram e descobrem o Segredo da Vida, de uma vida
Evolução que é? Que somos nós mesmos? Donde viemos nós e para que fim
sol maravilhoso?
da natureza das forças que nos rodeiam, que são sensíveis em nós e ao redor de
nós. Eles nos ensinaram a posse e a direção das forças, a fim de que elas sejam
utilizadas para a nossa melhor evolução: eles nos ensinaram a dirigir estas forças
em lugar de sermos submetidos, ao menos a fazermos uso da sua direção como o
cavaleiro se serve de seu cavalo, ainda que este seja mais forte do que ele.
e do corpo que nos une a este ritmo absoluto que dirige os mundos.
Dos efeitos, que todos reconhecem e que caem sob os nossos sentidos,
onde floresce a luz em flamas e em vibrações mais belas do que a música e do que
a poesia.
Estes são os que fazem compreender que somos sujeitos a esses Ciclos
* *
perfeito de nós mesmos; é uma comunhão mais íntima com este mundo
estreito e mesquinho para aderir à solidariedade dos outros seres, a este altruísmo
que é a mais bela forma de nossos sentimentos. Tal é o fim da nossa vida e todos os
Sábios nos ensinam isso, seja claramente, seja sob o véu mutável das imagens e
dos mitos.
entregar a todos, como desejavam, o conjunto do seu trabalho-, não lhes foi possível
oferecer a todos sob uma forma acessível. Todos os seres não estão em estado de
acreditavam muito fortes perderam a sua calma em presença desses poderes novos,
Outros não têm realizado esperanças que eles tinham inspirado; viram
inteiramente incompatíveis com o alto ideal que deve nascer de tais estudos.
tem presidido a uma fase da nossa civilização: Fo-Hi, Rama, Krishna, Buda,
têm sido levadas a deixar as suas escolas e que formam o tesouro de nossas
noções são nossa preciosa herança. A verdade que eles têm enriquecido e
caminharam para a Luz. Eles todos têm procurado meios de apressar a evolução
individual è social dos seres e das faças. Todos têm reconhecido a necessidade de
elevar o ser acima da matéria, de dirigi-lo para as alturas, de guiar o seu espírito, de
abrir o seu coração e a sua alma a toda esta beleza, aos Ritmos divinos que nos
sustem e nos fazem compreender o que seria o mundo se nós tivéssemos dele uma
bens a adquirir seriam disputados sobre um terreno bem diferente daquele em que o
completo. Portanto, será perigoso e ilógico dar explosivos a uma criança, como seria
compreender.
conhecimentos não admite revolução, mas uma evolução contínua. Toda revolução
destrói e a evolução constrói. Esta construção que os séculos começaram deve ser
* *
Daí, vemos os Mitos, os Ritos e os Símbolos, cujo fim tem sido velar, sob
a forma mais bela e mais harmoniosa, os ensinamentos que não eram levados ã
secreta destas formas e destes mitos seriam mais perigosos ainda do que inúteis.
Esta iniciação foi sempre reservada a uma elite preparada de longa data,
ao| ensinamento. Antes de lhe confiar a ciência, dava-se conta que o futuro adepto
possuísse as qualidades requeridas: que o seu julgamento fosse reto; que o seu
Era verificado que o seu coração possuía sentimentos elevados, que era
capaz de tomar interesse pelo bem comum, da verdade, de um alto ideal, ao qual
estava prestes a sacrificar tudo e ele mesmo; que ele tinha, na realidade, o sincero
ensinamento exotérico cuja forma exterior nos fere muitas vezes ainda por sua
encontramos uma parte iniciática que é o apogeu e o coroamento. Este fato é real
tradição iniciática, mais revelada por São João, no seu Evangelho e sobretudo nas
figuras misteriosas do Apocalipse. Esta tradição foi, em seguida, condenada como
levando à Igreja as causas de perturbações. Mas pode ser encontrado o traço dela
* *
outras plantas autóctones, é que eles tiraram da natureza circundante estes modelos
de suas criações.
forma mais acessível àqueles que devem compreender; têm-se ornado de todas as
magias da forma e da palavra, que não têm sido sem alguma modificação. Mas, sob
as suas aparências mutáveis, o pensamento permaneceu o mesmo. A bondade, a
* *
iniciações. O fato deste ensinamento ser secreto, não lhe permitiu uma difusão que
Elêusis, não são notados senão sob a forma de alusão pelos dramaturgos gregos;
ainda Eurípedes incorreu nas reprovações por ter falado mais abertamente do que
se falava. Ele não era um iniciado de ordem muito elevada. Portanto, para transmitir
as verdades adquiridas e não deixar penetrá-las por aqueles que não tinham
qualidades para serem admitidos, era preciso conservar-se no domínio, dos mitos e
dos símbolos.
vista. Passaram muitos viajantes que não viram o desenho e não deram nenhuma
importância; mas um pitagoriano veio, por sua vez, viu a imagem, informou-se da
maneira por que ela viera à sua casa e, tendo sabido que o autor a havia deixado
esparsos de todos os lados. Por outro lado, pelo seu caráter, estes símbolos
explicação iniciática não se transmitia senão oralmente, sob o selo do mais profundo
segredo. Por isso, os pitagorianos, que citamos porque o seu exemplo é célebre,
Muitas indicações preciosas surgiram desses fatos e nós não Irmos senão
uma parte da tradição oral, necessitando ainda coordenar com a lógica e fazer
suplementos, pela dedução e pelo estudo das partes que nos fazem falta.
elementos esparsos para chegar a esta verdade que é o fim que nós visamos.
Todas estas religiões, todas estas filosofias, sob a multiplicidade de ritos e
Aquele que chega por acaso a estes estudos, por pouco que seja capaz
coração pelo vivo esplendor dos cantos e das imagens e, sobretudo, pela amplitude
* *
pode ser imediato e absoluto ao ser humano, mesmo para aquele que é bem
as idéias que tínhamos do hábito de nutrir e que, antes de serem adotadas por nós,
crianças, ávidas de aprender, mas submetidas a esse mestre que é para nós a
harmonia.
Este pensamento não nos deve parecer exageradamente penoso; em
dessa unidade oculta que nos apareceu como uma separação entre os homens;
torna-se um laço mais para eles, uma razão nova de experimentar o mais fraternal
amor.
vias que a razão lhe abre e que não são nem menos seguras
Religiões).
Esta concepção de uma religião única, variada somente pelas prescrições
Aquele que está elevado até esta verdade, ama todos os homens; porque
não é hoje mais um mistério. Ela pode ser lida, enunciada cem
unidade das mesmas verdades, das mesmas tendências; não se julgam mais as
mais ou menos, porém, este fato estranho, comparado com os outros, semelhantes
* *
da vida singular que desperta o sonho, descobriu uma parte imaterial em si mesmo,
procuraram assegurar-se por todos os meios e tornarem-se favoráveis aos que eles
de seu ser é solidária às outras partes; pode-se desde esta vida operar sobre a
às potências invisíveis e também os objetos que servem para afastar o perigo oculto,
assegurar a sua proteção; talismãs, fetiches sobretudo, que não pedem grandes
conhecimentos e são as mais das vezes objetos usuais e grosseiros, aos quais se
Este fetiche, melhor talhado, vem a ser depois um ídolo que serve,
com estas vãs imagens; eleva-se a conhecer as leis; compara os princípios e efeitos.
sociedades.
nascente.
a verdade sob o véu harmonioso da lenda; enfeitam-na com as mais belas formas,
porque eles sabem que os seus pensamentos não eram acessíveis àqueles que não
eram iniciados e que precisariam, no entanto, satisfazer este apetite do divino, que
esclarecidos destes tempos acreditavam em muitos deuses. Eles sabiam bem que
Por outro lado, os ritos têm a sua razão de ser. Burnouf, na Ciência das
eficácia."
Seria também absurdo imaginar que o sentimento religioso pudesse ter
sido criado por incitamento de uma pessoa qualquer. Como dissemos, há aí uma
O homem das cavernas desenhou, sobre o osso dos animais mortos por
ele mesmo, cenas religiosas; selvagens, das populações mais bárbaras, têm sempre
um culto grosseiro, mas ao qual ajuntam uma importância capital. É preciso, pois,
admitir que a idéia de Deus veio ao mundo com a Humanidade e que o homem
sentimento das necessidades materiais, das quais servia para se defender dos
animais terríveis das eras antediluvianas; ele se preocupava com ela ao mesmo
Na presença dos fatos tão certos e tão gerais, é necessário admitir que
existem idéias inatas na Humanidade, idéias eternas que ela traz de sua origem e
Na Ciência das Religiões, Burnouf demonstra que existe uma idéia eterna
à base da religião:
* *
Não está submetido a esses mitos e ritos, que têm sido criados para
aqueles que não têm seguido a senda da ciência. O iniciado está acima da religião,
porque, para ele, os véus caíram, todos os véus que ocultavam e dissimulavam a
idéia.
completamente inútil.
fé. Mas a sua fé não é a fé cega e estúpida da multidão. É uma fé consciente, que
O iniciado não julga útil fechar os olhos para ver; raciocina sobre as
verdades que ele aceita; seu espírito possui esta síntese de todas as religiões, de
atos. Sabe que a vida não nos é dada sem uma causa e que ela não escoará por
acaso; sabe que todos os acontecimentos nada terão de fortuitos, que eles
sucederão segundo um plano traçado por ele, que se esforça cada vez mais para
aderir a esse plano e de conformar toda a sua vida, que tem o direito de atingir as
todas as coisas que Ele anima, desde a pedra até o homem; nada para ele existe
Mas ele sabe também que esta certeza tem sido encarada por todas as
religiões e traduzidas por elas de uma forma diferente; sabe que a variedade do
caminho tem conduzido para a mesma Luz, esta Luz que esclarece o espírito, todos
para notar a presença de Deus. A vista maravilhosa da Natureza basta para ele
compreende ou adivinha o que a Natureza lhe revela; os ritmos que ela manifesta e
que são a prova evidente da vontade consciente que lhe deu a vida, aparecem-lhe
em todo lugar. E é no seio da Natureza, na comunhão com os ritmos, que são a sua
voz pessoal, que ele percebe melhor o divino e que se une com todo o fervor de
uma parcela da divindade. Abre o seu coração a todas as coisas que evolucionam,
com todo o amor, com esse amor infinito que sobe em graus ascendentes de sua
própria evolução!
iniciações têm prosseguido para o mesmo fim. Todas têm oferecido ao adepto os
aperfeiçoar, para adquirir virtudes e conhecimentos, para se elevar aos novos cimos
divinos.
beleza dos ritos e comove pela doçura de seus ensinamentos, os Centros Iniciáticos
revelam a verdade pura e indicam uma ascese, permitindo atingir aos mais altos
iniciados pelas suas pesquisas ou pela sua vida e que estão prestes a compreender
* *
O fim de todas as religiões, como o de todos os centros iniciáticos, é
sensivelmente o mesmo, apesar da diferença dos meios; por toda a parte o fim é
existência".
Os meios de ascensão para atingir este fim tão nobre são igualmente
comuns às religiões e aos centros iniciáticos. Eles comportam antes de tudo uma
Efetivamente, nós não podemos fazer nada de útil para percorrer a senda
iniciática, se nós não conhecemos o nosso ser em si mesmo e nas suas relações
por uma higiene bem compreendida que não possa prejudicar a parte espiritual
pelas alegrias muito animais, nem destruir o bom funcionamento dos órgãos pelas
privações inconsideradas. Uma direção é útil para atingir este justo meio.
O espírito tem necessidade de educação; devemos desenvolver estas
faculdades sem lhe permitir dissecar a vida sentimental e não lhe autorizar senão
pensamentos cujas vibrações sejam benéficas tanto para nós como em torno de
nós.
evolução.
nós mesmos.
Ele ensina que o poder é ilimitado pela Vontade e pelo Pensamento. Ele
demonstra que toda a realização não depende senão destas duas forças e que ela
pode ser despertada como um poder verdadeiramente sem limite àquele que sabe
usar tal conhecimento. A iniciação lhe revela ainda que é a força vital de que todas
as religiões falam sob o nome de calor, porque não é vão nem sem causa que a
idéia de vida está ligada a do calor natural. E esta idéia primordial, que conduziu
eles têm feito um ser metafísico que é o coração do mundo, comunicando-lhe o calor
e a vida.
Nos tempos antigos, o Fogo foi adorado como um símbolo da vida; desde
a primeira civilização tem imperado sobre o altar e lhe renderam homenagem como
uma intuição mais poderosa, percepções mais vivas e mais seguras; o campo do
Eles aprendem ainda a agir sobre os outros seres; as forças que eles adquirem
devido à sua ascese não lhe servem somente a querer ardentemente o bem, mas
também a realizá-lo.
Eles possuem o meio porque a tarefa do homem não está acima de suas
energias.
temos falado. Estas forças que nos rodeiam e que dominam o profano, podemos
chamá-las para fixá-las como sustentáculo da nossa ação. Elas acorrem ao nosso
apelo quando ele é puro e sincero; é um fato do coração isento de toda visão
pessoal. Elas dependem dos ritmos aos quais estamos submetidos, e esses ritmos
são revelados aos adeptos quando eles têm atingido o grau em que esta revelação
Esta fraternidade ativa permite ao iniciado realizar plenamente. Ele conquista desse
modo o seu lugar no mundo; toma a autoridade que lhe é necessária para trabalhar
mesma, porque a parte exotérica não pode dar à multidão senão idéias vagas, sobre
as quais não lhe fornece senão explicações que não podem servir para dirigir no
caminho da realização.
maneja diretamente o ser e o conduz com passo seguro ao fundo do problema que
subitamente se aclara.
* *
esotérica; não, faltam documentos que conduzem à prova dessa certeza. Mas isso
raciocínio; às Índias, mãe de todo o saber europeu; ao Egito que instruiu Pitágoras;
à Judéia, que nos transmitiu a Cabala; à Caldéia, que nos legou as ciências de
observação; à Pérsia e à Grécia, que rivalizam para nos fazer conhecer os deuses
sob as mais belas formas que não tinham escondido jamais o princípio de todas as
coisas. Porém, para desfolhar esta documentação enorme, precisaria bem mais
parte histórica. Qualquer capítulo nos é suficiente para dar uma idéia geral, deixando
para mais tarde voltar em detalhe sobre todas estas civilizações desaparecidas, se o
para os adeptos, pura e sem véus entre as mãos dos trabalhadores que seguem o
mesmo fim que seguimos, que procuram na poeira das idades o segredo das
mundo.
pontos que não são possíveis desenvolver em público, ensinamentos que teriam
pequeno número de pessoas que nos seguem verdadeiramente e não podem ser
aquele que puser em prática seus conselhos, não por um dia, mas para modificar
se quiser seguir os conselhos que são dados e que lhe permitirão adivinhar, em
Ao trabalho, pois, leitor amigo! Este livro não pode e não quer ser senão o
primeiro passo sobre a Senda; porém para quem tenha posto o pé sobre o caminho,
maior para aquele que avança com um passo sempre mais seguro, que a verdade
King", onde estão contidos os mais altos e puros ensinos, é voluntariamente secreta
qualquer momento que consideremos a China nas épocas em que nos é conhecida,
remontam a uma data difícil de ser determinada com inteira precisão, porém que é
* *
a ele, ou à sua escola, que é devido o livro sagrado Yi-King, onde estão contidos os
Por mais longínquo que seja, Fo-Hi se refere a outros sábios; declara
diz, falando a seu respeito: "Ele compreende que um dia, pelas raças futuras, a sua
Ele sabia, pois, que o homem rejeite voluntariamente o que lhe parecia
como comum e cotidiano, e que os sábios recolhiam essas palavras secretas com
tanto mais cuidado quanto eles se adestravam em estar isolados. £' neste
conhecimento que Fo-Hi velou a verdade, no temor de que ela se perdesse; ê assim
que ela chega até nós, enriquecida pelos comentários dos discípulos de todos os
desejável, a época em que Fo-Hi pode ter vivido, fiamo-nos nos historiadores
chineses, tanto mais difícil de controlar quanto o modo de considerar o tempo não é
um estado do céu que nos pode dar uma data mais aproximada. É o que Matgioi
assim exprime:
pontos de indicação de iniciado para iniciado. Mas a obscuridade se fez sobre esta
tradição e não foi senão muito tempo depois que explicações, infelizmente breves e
C.) e, depois dele, Tsheukong (1122 A. C.) e Kongtzeu, que conhecemos melhor sob
tradição de Fo-Hi, que permanece muito obscura aos mais reputados sinólogos.
ora insípidos".
cosmogonia como à filosofia, enquanto o vulgo e aqueles que lhe davam alguma
pediam presságios sobre negócios particulares. Parece que esta seja a primeira, ou
exotérico espalhado no público sobre uma forma prática que podia parecer grosseira
aos iniciados, porém mais apta a penetrar em todos os meios, conduzindo-lhe a luz
O que parece certo é que a base do Yi-King está toda nas relações
nota que o Livro dos Ritos de Tshéou se exprime assim, para fazer compreender,
àqueles que o estudam, toda a gravidade dos ensinamentos que vão seguir:
Vê-se que está aqui o princípio do ocultismo. E' o eterno dado de todas as
do macrocosmo.
Fo-Hi, antes de deixar a seus discípulos a tradição que ele preparou para
o estudo das obras anteriores, hoje desaparecidas, e por suas próprias meditações
Ele estudou céu e terra, isto é, como nós veremos estudando a lenda do
* *
Confúcio ou Kongtzeu veio muito tempo depois de Fo-Hi, pois que viveu
E' como temos dito, um dos sábios que tem comentado com mais cuidado
o Yi-King de Fo-Hi; porém, como seu mestre, não se contentou com uma compilação
mais ou menos sábia dos livros de seus predecessores: retomou a tradição sagrada
sob uma forma pessoal. Em Confúcio: o ensinamento que resulta desses livros, que
têm ainda força de lei no Celeste Império, é sobretudo uma direção moral. Sua
espíritos: celestes, terrestres e humanos. Estes últimos são os avós dos vivos.
Deste dado, ele conclui que a vida humana, em seus fatos costumeiros,
deve ser regulada segundo o exemplo dos sábios e, sobretudo, segundo a marcha
menores palavras, pôr-se em guarda contra a mentira que perturba o seu espírito.
Deve ser circunspecto nas suas expressões e, mais ainda, nos seus atos
para as quais ele pode ser chamado e, se uma mudança for produzida, deverá
suportar o infortúnio e a baixeza com uma alma tão igual como primeiramente,
porque o ato nos pertence, porém não os resultados que dele podem decorrer.
Deve ser benevolente e modesto, cheio de carinho para todos os homens
e não se orgulhar da reputação que adquiriu. Não deve ter desgostos senão da
justiça que lhe for negada, a despeito de seus esforços; pouco se importará' de ser
Deve ser justo e devotado aos seus amigos, e mais ainda à sua família;
todo o seu trabalho deve ter por fim aperfeiçoar as suas aptidões.
O culto da família não se limita aos mortos. Este culto reforça a autoridade
dos ascendentes; o filho está sob a inteira influência dominadora do pai; o mais
moço sob o domínio do mais velho; a mulher sob a obediência completa do marido.
A mulher é respeitada como esposa, mas sobretudo como mãe. Como esposa, tem
o direito de admoestar o seu marido, mas as suas reprimendas devem ser sempre
entre primos. Acima das relações da família, o mesmo respeito rege as relações da
têm poder para trazer novos ensinamentos sobre a terra, é mais ainda por sua
virtude e seus exemplos do que pelas suas palavras, que o adepto deve empreender
ao público. Ela não podia senão dar conselhos os mais elevados na direção da sua
vida particular e os mais submissos na vida social, a fim de que a paz, que é o maior
dos bens, continuasse a reinar no império. Mas, ao lado dessas sábias palavras,
Confúcio deixou outras mais sábias ainda sob uma forma mais secreta; suas obras
encerram um sentido oculto que desnorteia os pesquisadores. É aí que se manifesta
recorria. O Shou-King, livro tradicional, nos afirma que, nos casos importantes e
Corte que tinha ouvido a voz do seu povo, o próprio Imperador podia consultar o Pou
certas plantas e o outro pelo casco de certas tartarugas. Mas este método não era
* *
sua vida privada é mal conhecida por nós, é que, como um verdadeiro sábio, ocultou
a sua vida e não exerceu uma ação social exterior. Ficou na sombra e não foi
ensinamento oral, é o Kan-Ing ou Livro das Sanções, ou antes, como nos diz
Matgioi, que melhor do que ninguém aprofundou o esoterismo chinês, o Livro das
ganhar a paz, obtém uma vida muito longa. E' assim que se
pena pelos elogios nem pelas críticas; a vaidade, que ocupa tantos homens, está
Aquele que não é ainda Sábio é como uma coisa que se enegrece; ele
está agarrado à matéria e às paixões que dela provêm, como turbilhões perigosos
que resultam do choque da onda contra o escolho, e o que esclarece melhor ainda
este lado é que o não iniciado é grosseiro como as coisas duras, pesado de matéria.
justamente o seu papel; aprendeu a criar a Paz e a Calma em seu próprio coração;
necessita agora de fazer participar desta Calma e desta Paz. Ele vê os outros como
estão presos à matéria; não deve contentar-se em dirigir palavras de piedade estéril,
mas ajudá-los a sair da água perturbada, a vencer a matéria que os serviliza, a subir
às fontes puras que nada de baixo pode perturbar. Assim, a matéria purifica-se. O
espírito do adepto eleva-se, ao mesmo tempo que seu corpo é purificado por uma
ascese apropriada.
O Sábio que está no Céu, isto é, cujo Espírito está desprendido, obteve
uma vida longa e é lá no alto que os seus trabalhos merecem a grande paz.
Sábio, que achou o seu caminho, não se expande nem à direita nem à esquerda.
Não perde o seu tempo em procurar a glória vã, em ofuscar aqueles que estão em
torno dele.
passo igual; sempre avança e se eleva, descuidoso daquilo que não é para a
Para aquele que não tem compreendido o sentido da vida, a atitude que
ele assume é uma coisa exterior. É assim que se aperfeiçoa tão lentamente. Mas o
Sábio toma interesse pela atitude interior que escolheu; quanto menos ele se mostra
fora, quanto menos exterior ele é, mais o seu desenvolvimento é perfeito, porque
todas as coisas, ou melhor, todas as suas forças são empregadas e ele não
despreza nem uma ocasião para atingir o seu ideal, para adquirir um resultado
aparente.
isto é, uma calma perfeita. Ele tem a serenidade dos cumes, das alturas. Assim, não
pende para o nosso mundo, é como um pai, como um guia. Ele perde-se em Deus,
nas supremas harmonias. Por um modo passivo, por uma submissão perfeita a
essas harmonias divinas, consegue eliminar a sua personalidade humana; é
esta Senda que conduz ao divino, a este Tao? Como entra ele nesta Senda que é o
coisas: posto que o Sábio espere muito tempo aprende a ter paciência porque no
seu coração há o espírito, este espírito sendo fiel e reto. No seu coração ele tem
esperança porque não se esquece de seu dever. Não se esquece nunca desses
ele a obtém pelo espírito que, desprendido das contingências, compreende tudo o
cessa então de ser um entrave, um peso inútil; vem a ser para ele um apoio, porque
subitamente; as asas abrem-se para ele, sustentando-o pela força do ritmo ou dos
esperança provém de um espírito reto e um coração fiel. Sabe que tudo neste
que uma constante justiça é a senhora de todas as coisas criadas; faz tudo o que
está em seu poder para que ela se lhe torne favorável por meio de uma existência
direção e aspiração."
prático. A Senda não se alcança senão pela totalidade prática das virtudes. Esta
conhecimentos, e este saber unido ao espírito reto que julga e ao coração fiel que
suas imperfeições transitórias, não lhe aparecem mais; ele deseja vê-los como os
elementos de um ritmo mais perfeito, e a dor, o pecado, a tentação, a falta são, para
Tem necessidade de não mais sentir que aqueles que tendem para o fim,
como ele mesmo tendeu, sofram e errem. Todas as imagens, todos os seres são
fraternais para ele, como fazendo parte de u'a mesma Totalidade. A vida universal
descobre-lhe a essência que a criou e a modificou, porque é ela que anima tudo, é
ela que faz o ramo da planta estender-se para o sol e o homem para a verdade, para
a sabedoria.
E esta descoberta da Senda, se pode ser dirigida, não pode ser feita
Destruído para ser satisfeito. Oculto para ser novo. Com pouca
dissimula-se voluntariamente e não tem nada que fazer alarde a respeito de sua
inteligência; a opinião dos outros, por mais benevolente que seja, não atinge o fim
que visa, porque ele não altera coisa alguma por causa das opiniões; não vê
aqueles que ele ultrapassa em saber e em autoridade: mas vê aquilo que lhe falta
para chegar à perfeição, à qual todas as forças aspiram. E' assim que é
O Sábio compraz-se na vida interior. Sabe que tudo o que está curvo fica
intacto; que tudo o que evolui vive oculto sob o véu; encerra-se em si mesmo para
atingir o Absoluto.
esta metafísica é passiva no caráter do Oriente, tal como nos têm revelado todas as
suas iniciações; o Tao ensina que o homem deve abster-se de todo desejo; é assim
executando ações individuais que não tenham por fim senão a satisfação pessoal do
desejo.
Esta ausência de toda ação pessoal é a paz. Esta paz é o ideal do chinês,
tanto no seu coração como no seu país; para ele, o essencial não é ter um ideal e
* *
Na sua segunda obra, o Te, Lao-Tseu caracteriza assim o Sábio, que todo
homens."
Aquele que não atingiu a Sabedoria, fala e faz um grande ruído de seu
vácuo e da sua ignorância; está cheio de vaidade porque ele não achou a Senda,
que não conhece pelas doçuras e pelo poder da meditação solitária e os dons que
ela procura. Se ele soubesse refletir, o silêncio exterior convir-lhe-ia do mesmo modo
renuncia aos vãos ruídos do mundo; sabe isolar-se sem mesmo afastar-se da vida
ativa.
interiores. A sua meditação abre nele os tesouros das luzes ocultas e, quando ele
vem a ser senhor deste domínio, pode voltar para a vida ativa e fazer o bem que
deve fazer; nada lhe fará perder os bens que adquiriu. Não procura amizade, mas a
irradiação os atrai. Seus amigos rodeiam-lhe sobre a senda que lhes é comum. Não
se desgosta dos inimigos, dos ciumentos, das ações más. Os maus não saberiam
Desdenha as honras e os bens do mundo, porque o que ele possui vale mais, muito
mais.
* *
nos edifica sobre o papel da vontade. Citamos mais uma vez a tradução de Matgioi:
preconiza a vida interior; quer que o adepto arranque o seu coração e seu espírito a
Por isso, fazendo um apelo às forças, obtém-se, não bens materiais, mas
terrestres. Para ganhar mais depressa o céu, faz-se apelo à pobreza, à desgraça,
aos suplícios, às catástrofes, que despojam a alma de tudo o que tinha de muito
* *
Estas idéias do Sábio foram retomadas muitas vezes pelos filósofos. Uma
das obras mais curiosas, colocando-se sob o ponto de vista em que nos colocamos,
nós. Ele torna menos abstrata e menos árida a verdade que nos transmite. Seus
que concerne às suas relações com o Ser Supremo, o Sábio deve pedir e esperar,
com inteiro e obediente fervor, a inspiração que lhe será enviada. É, para ele, a
felicidade sem sombra, e esta felicidade ressalta em torno dele como gotas de luz.
rodeiam (as influências errantes), o Sábio deve aprender a ser favorável e estar em
Faz um apelo à sua boa vontade para mudar o mal em bem e curar
desgostos e moléstias.
existência."
uma família são unidos pelo pensamento, mas os seus pensamentos não são
que influi sobre as forças más que atacam a nossa saúde. Sabe que as moléstias
mas são sutis e escorregam, deslizam por toda a parte em que o menor lugar lhe
sobre uma outra, cujas faltas têm merecido esta pena ou que tem chamado como
meio de purificação.
fere o homem.
uma ação visível e por este fato, é uma coisa material, sutil para os nossos sentidos,
Esta idéia nos é comum com o sábio porque sabemos qual a força que pode ter o
fortificar o pensamento para que ele aceda e se conforme, com todo o conhecimento
dúvida da sua utilidade ou dos melhores meios que necessitará para a sua
execução, o iniciado faz ainda um apelo ao Espírito que se manifesta nos oráculos,
de maneira a dar uma direção necessária, segundo as influências que são a causa:
outros. Eleva-se acima deles, não por uma glória passageira, mas por um mérito
durável que lhe vale uma imperecível coroa e o leva sem cessar cada vez mais
próximo da Divindade.
compreender-nos."
sofrem de qualquer mal físico e moral. Estas qualidades, adquiridas pelo trabalho,
esta direção útil do pensamento, são mais preciosas que o ouro e o diamante; por
isso, o Sábio deve cultivá-las, deve guardá-las, como se guardam os mais raros
tesouros.
Esta ciência da cura não deve ser uma aquisição transitória da qual se
serviços que se pode atingir. É o mais precioso de todos os bens e ele necessita de
perde este poder mais precioso do que todas as riquezas; também o Sábio deve
pensar sempre para ter o seu poder acrescido. Deve-se estar sempre em harmonia
A fim de que os maus venham a ser bons, mostra que os culpados sofrem
depois da morte, mas a esperança lhes resta, porque este sofrimento os lava e os
conduz à libertação.
"Para uma ação má que os Santos conhecem e vingam, duas ações boas
eliminam e livram." Assim, a salvação vem ao pecador que se reanima para o bem.
social. É com essas virtudes, exercidas com os outros e consigo mesmo, que todas
suportar as leis úteis que a disciplina nos impõe e que é preciso guardar
sentimento das boas ações; desenvolver a sua energia para que venha a ser capaz
benéficas para aqueles que sofrem, o espírito não é menos indispensável para
sobrevive à morte e, pelo menos no tempo dado, guarda o amor de sua família. É o
família, na China.
reflexo da harmonia ordenada pelo Ser Supremo; devemo-nos conformar com esta
Este Dragão pode viver na água, sobre a terra e no ar. Conhece todos os
interior, pode viver sem dificuldades nos mundos superiores, médios ou inferiores,
afirma que isso foi para Fo-Hi a revelação dos trigramas do Yi-King, imagem perfeita
da natureza que se desvenda diante do Sábio, quando tem merecido esta revelação.
E' sobre as escamas de seu dorso que o Dragão conserva o seu saber.
Ao longo de seu corpo todo onduloso, suas escamas são convertidas em figuras
sagradas. Estas são imagens que, refletidas sobre o caos, têm-lhe imposto o seu
ritmo e têm formado tudo o que existe sobre a terra. Do mesmo modo, o verdadeiro
iniciado, que cumpriu as formas sagradas e que penetrou o seu espírito pela
seu espírito.
torno dele. Mas não é senão depois de longos trabalhos e de sábios estudos que
esse poder é conferido ao adepto; deve franquear muitos estados antes de cingir
esta coroa. Estes estados da iniciação chinesa são figurados pelas seis maneiras
que é a mãe universal e o seio onde se criam formas para ganhar o céu do Espírito.
evolucionar. Não conhece o Espírito que o criou. Não está preso à terra,
ganho material. Está ligado ao mundo físico, sem conceber coisa alguma.
O ser ignora a sua verdadeira essência, a sua verdadeira natureza: está
despojado de si mesmo.
mundo exterior. Está sobre a terra, mas sobre a terra lamacenta que
afunda sob o seu peso. Caminha através dos altos caules do arrozal,
Mas esta sensação não produz nenhum fruto, não anima nenhuma
terra, preso aos desejos materiais, que lhe parecem as únicas realidades.
Mas, ao fundo de sua baixeza, ele começa a compreender que tem asas,
preso à terra. É que ele nada à sua superfície em vez de deslizar ao fundo. É que
ele, o ser humano, se eleva acima de seu plano primitivo; vê um conjunto do mundo;
por mais restrita que seja esta vista, ela o instrui da vida exterior. Percebe
nitidamente a existência do Espírito que fez este mundo admirável; compreende que
suas ondas revoltas! Concebe a existência do Espírito; vê toda a beleza; mas a força
não deve ficar no meio mórbido. Encontrou a terra firme, que lhe permite
levantar, mas não tem a mínima consciência de suas asas; não pensa
Possui certos meios, porém, deve adquirir outros. Não pode voar; não
pode dar senão saltos que recaem sem cessar na vida material. A luta que sustenta
é penosa e dolorosa. Feliz daquele que não a tem renunciado quando sucumbiu,
desaparecer".
prazeres e dos apetites, dos temores e das violências. E' a perfeita união com
ascensão.
b. Apelo da Matéria. — O Dragão está cansado ainda de seus saltos, mas não
tenta abrir as asas; não padece tão violentamente o apetite do céu para as
ao céu do Espírito.
recuar. O monstro alado desaparecerá no azul dos espaços celestes? Recairá nas
profundezas dos abismos materiais? E' o jogo da grande luta que todos devem
sofrer.
divino das alturas. E' aí que se encontra a sua verdadeira pátria. Vai
plenitude de seu verdadeiro elemento. Penetra nos ritmos divinos que ele
terra; plana no éter sobre o coração do sol, e o sol não o atrai. Ele não
tem mais esforço a fazer para se manter nessas alturas. As altas atitudes
fadiga. Sua alegria é infinita e contínua. Ele sabe que não acabará mais;
está livre de entraves; achou, enfim, a sua Senda; vive plenamente a vida
de Espírito.
Estes ritmos lhe são familiares e deles participa; estão nele porque são
entra ele em um Nirvana, na fusão completa com o Criador, nessas claridades diante
conhecimento e o manejo das forças psíquicas são a base de todos estes livros
Ainda que a China nos apareça como imemorial, a Índia guarda para nós
cuja data original é difícil de precisar. As avaliações são feitas entre 1000 e 1200
anos antes de Jesus Cristo, e certos historiadores remontam a uma data longínqua,
a 2000 anos antes da nossa era a redação desses livros sagrados. Ainda é certo
que os Vedas não são senão o reflexo de uma iniciação muito antiga, anterior ao
conhecimento da escritura, no tempo em que o fogo era coisa tão preciosa que a
oferta pela manhã era a ação sagrada de reanimar, até o fogo que não deve morrer.
o que sabiam, nessas épocas patriarcais, os pais das raças arianas. Os Vedas são o
livro da ciência sagrada. A dar crédito à tradição, os Vedas seriam de origem divina;
textos religiosos;
vistas são diversas como as direções que eles dão deste fim.
u'a maravilhosa poesia esotérica nos seus hinos que são, entretanto, consagrados
psiquismo, a maioria dos fenômenos que estudamos cada dia. O choque de retorno,
por exemplo, é-lhe familiar e as fórmulas para libertar aquele que se julga enfeitiçado
mantrans.
Depois dos Vedas vêm os Sutras, cujo nome significa Leis. Os Sutras
essas obras, tanto que só os iniciados é que têm feito uso dos livros sagrados.
compreender que a magia negra existe também, pois que a maioria dos males lhe
* *
deve afastar os seus fiéis das influências desastrosas dos maus espíritos e
demônios.
Quando se produz um mau presságio, o demônio só tem a qualidade de
desviar, porque o mau presságio como a sorte má. são "pecados", faltas que não
purificações para que os maus espíritos possam ser afastados e que os bons
Victor Henry fez, sobre este assunto, um estudo interessante do Atharva-Veda. Aqui,
este ponto, ainda que tão apaixonador das primeiras literaturas sagradas.
sortilégios que ele evita; tudo o que ele quer obter é por meio
a conservação da vida."
tempo.
Em todo caso, é certo que diversos livros sagrados são textos de magia e
implicam, na índia antiga, um grande conhecimento, não somente das forças do ser
humano, mas dos poderes que lhes são exteriores. Estas forças, que podem operar
sobre ele, podem também ser dirigidas, em uma certa medida, mediante certos atos
e certas fórmulas.
Estes poderes, ele procura utilizar-se para a sua própria felicidade, o que
está conforme com a natureza humana. Emprega-os para atrair a fortuna, para
vencer em seus negócios e, sobretudo, nos seus trabalhos agrícolas, que são a
grande preponderância dos povos primitivos; pede para fazer crescer e multiplicar os
seus rebanhos que são a riqueza do hindu nesses tempos longínquos em que o
felicidade está no seu lar, pede à magia os meios de inspirar e de reter o amor.
entre outras, que são da mais alta poesia; o povo cria cegamente, sem murmúrio,
cumprindo os ritos mais bizarros, mas os iniciados sabiam que tudo não era vão ou
de certos ritmos, dão uma grande força e um certo meio-termo sobre as forças das
propósito destes sábios da Europa que criticam o que eles ignoram: O futuro
reserva-lhes, talvez, uma última surpresa que será a de encontrar nos Vedas a
definição das forças ocultas da Natureza, que a ciência moderno está em caminho
de redescobrir!
atingir a felicidade e não é um fato real que a verdadeira e doce alegria, aquela que
vida sã, de organização social e religiosa etc. encontram-se, neste livro, profundos
dados iniciáticos. — A alta moral das Leis de Manu. — Uma ascese muito rígida é,
manifestação da lei das castas que tem dado à Índia a sua feição tão particular. Esta
lei das castas, que não tem perdido o seu rigor, estabelece a hierarquia cujas
barreiras são, pouco a pouco, intransponíveis. Nenhum pretexto permite sair desta
casta e, quem sai de sua casta, por casamento ou por outro motivo qualquer, vem a
É o Iniciado, o Mestre.
Abaixo do Brâmane vem o Kshatriya ou o guerreiro. É o príncipe, que não
são diversos.
expressa por esta imagem que Brama tirou os Brâmanes de sua cabeça, os
Kshatriyas dos seus braços, os Vaiçyas de suas coxas e os Çudras de seus pés.
* *
quem venera como um pai. É conduzido a uma ascese complicada e estrita; seu
dever material consiste em estudar os livros sagrados. Deve aprender todos de cor
Durante esse tempo, o discípulo, seja qual for a sua fortuna ou a sua
família, serve de criado do seu mestre e faz todo o serviço da casa. Assim lê-se, no
purificações e curas — o que está tudo na medicina ao mesmo tempo natural e ritual
dos Vedas.
Esta primeira parte de sua vida iniciática vencida, passado por certos
exames, o jovem Brâmane faz cortar os seus cabelos de modo que não deixe senão
entra na vida mundana onde ele deve preencher os seus deveres sociais, dos quais
os primeiros são o de esposo e pai. Feito isso, cumpre os seus deveres para com
seus antepassados; não deve ficar sem a posteridade masculina, única capaz de
terminados. O Brâmane fica no mundo, mas renuncia ao seu ruído vão, a todas as
de Deus.
tímidos vêm deitar-se sobre a sua pele de pantera e a doninha dos bosques faz-se
direito de seu nascimento, é "dwija" ou duas vezes nascido; nascido para a vida
* *
absolutos do direito hindu até nossos dias. Refere-se Manu aos Vedas e às suas
Leis, como todos os códigos primitivos, não se limitando a indicar o que é lícito e o
que não o é, porém ensinando aos diretores do povo o que lhes competia fazer.
casta; as purificações são necessárias a todos aqueles que fazem parte em todas as
Trata longamente dos alimentos puros e impuros que não são os mesmos
para as quatro castas. As Leis de Manu fixam igualmente as penas que devem ser
contrafaçam às leis, e estas penas não são somente deste mundo, elas notam, na
inferior."
exige uma perfeita moral e uma direção estrita. O resumo diz: Este excelente livro
faz obter tudo o que se deseja; aumento a inteligência, atinge a glória e uma longa
Todo acidente da vida deve ser regido segundo as leis que prevêem tudo
Ele deve saber que esta existência não é mais do que uma purificação
cujos trabalhos e tormentos são determinados por leis mais sábias do que nenhuma
lei humana. A morte não deve espantar àquele que a considera como uma nova
vida, um novo nascimento, mas ele deve preparar-se em vista desse novo
nascimento.
Brâmanes, mereceu-a por suas vidas anteriores e deverá empregar o seu tempo, em
humanas. Este período que vimos começa aos 7 anos, colocando o noviço
completamente nas mãos de seu professor. Este não o deixa senão para que o
casa-se; torna-se pai; ensina os seus filhos; depois de cumprido este período retira-
aproxima sem cessar, pela prece e a meditação, das potências superiores. Mas
nenhum homem está livre desses deveres de casta, de sua casta, e os anacoretas
não acolheriam o Brâmane que não tivesse filhos do sexo masculino em estado de
Estas virtudes são a lei do Brâmane; ele deve conhecer e praticar estas
que aniquila todos os maus pendores, toda cupidez, toda a concupiscência. E' uma
alta moral aquela que, nos séculos afastados, onde, por toda parte, a força toma
lugar de lei, ensina obrigatoriamente a substituir o mal pelo bem e devem ser
devem ser cultivadas por todas as práticas — de ascetismo e devoção — mas ainda
aquele que quer vir a ser um habitante da felicidade suprema não deve cumpri-las
Não basta que ele renuncie a todo o bem exterior é preciso que ele
divindade por suas ações meritórias, que a Divindade abaixará os olhos para ele.
Até aí, ele se paga propriamente pelo alto sentimento que a sua vida lhe inspira e
nenhum ato pode receber uma dupla recompensa. Este pensamento está
II, § 5.°: Preenchendo perfeitamente os deveres pre scritos, sem ter por móvel a
física e moral, inerente à idade da juventude. E' aliás, o que confere aos
representantes das altas castas hindus esta impassibilidade, que lhes dá tanta
dos sentidos e do espírito, tem as mãos juntas e o olhar fixo sobre o teu diretor.
deste.
O noviço está nas mãos daquele que o forma como a cera está apta a
tomar a forma que se pode dar, não somente nos anos do seu noviciado, como
vontades de seu diretor, até o fim de sua existência, eleva-se, depois de sua morte,
supremo.
Esta alegria divina é adquirida dificilmente e o primeiro estágio a percorrer
O Brâmane que quer ser digno deste nome deve tender à impassibilidade
perfeita e não fazer coisa alguma que não esteja de acordo com o mais perfeito
É por esta atitude voluntária que o jovem Brâmane reforma e torna a criar
ninguém, não guardar rancor a pessoa alguma devido a este corpo fraco e doentio
Ele não investe por sua vez contra um homem irritado; não o injuria,
responde docemente e não profere palavras vãs tendo relação com os objetos
inteligência; não fala senão do ser divino. Esta rígida ascese é o único meio de
chegar ao fim, de possuir a beatitude absoluta. Meditando com delícia sobre a Alma
desejo sexual, sem outra sociedade além daquela da sua própria alma, é que ele
devoção não deve ser cega, mas deve apoiar-se sobre a inteligência, porque o
imortalidade (XII, 104). Isso aproxima-se das idéias que encontramos no Atharva-
conseqüência do pecado, sem imputar nenhum mal ao poder soberano. Todo mal
conhecimento não será estéril, pois lhe mostrará que Deus está presente em sua
alma, assim como está presente em todas as coisas, e aqui está como conclui este
livro sagrado onde se encontram formulados a mais alta feição e o mais alto
a sorte mais feliz daquele ser que está, enfim, absorvido em Brama (XIL125).
Vemos aqui a admirável moral que aparece como a conclusão deste livro,
que mostra todas as criaturas sobre o caminho de sua evolução e todos iguais ao
olhar do Infinito, que deveria ser o ponto de vista do adepto, a fim de que as
Mas nós não estamos aqui senão no mundo perfeitamente humano das
ritual.
* *
o livro da Ciência Secreta, aquela que não é confiada senão a uma elite, após a
iniciação.
nas suas palavras —, o que não é muito por longos anos de trabalho e de
Deuses, cujo fim é, ao mesmo tempo, render as homenagens que lhes são devidas,
pedir-lhes bens que o povo necessita obter e afastar os males que o afligem.
ocupação principal é meditar sobre os Deuses, sua natureza e suas relações com o
somente prossegue a atividade sacrificial de sua vida anterior, mas também a exerce
em uma esfera muito mais elevada. Assim, o "caminho das obras" (vida doméstica,
mesmo fim, ao fim celeste. Todos os dois tendem à salvação do homem, ou melhor,
da alma, mas por processos diferentes; de uma parte as obras exteriores, de outra
desenvolvida no Budismo.
material, do fluxo! terrível das paixões, para procurar a paz dos cumes e perder-se
em Deus!
suas diferenças aparentes e a sua unidade real. Leva a reconhecer que, na sua
Aquele que encontrou o ser, que o reconheceu, não está limitado por
seus votos nem em seu lugar; a própria felicidade dos deuses está
* *
Os princípios contidos nos Upanishads, e que fomos obrigados a resumir,
Vedanta.
incompatível com a religião mística da índia, as idéias são mais claras, mais
senda aberta a todos aqueles que querem atingir o Nirvana e que o podem pela
Esta doutrina foi apresentada pelo seu iniciador na forma mais suave e
mais sedutora; teve um grande desenvolvimento nas índias, uma glória que durou
muitos séculos e que não está ainda desmaiada porque ela se irradia atualmente em
ele é a resultante de nossas faltas nas existências anteriores. E' o que a índia chama
o Carma, palavra que nos vem a ser familiar depois da extensão da teosofia. O
Carma segue-nos de uma vida a outra e o budista deve livrar-se pela dor e a
renúncia.
modelo de virtude; Buda possui a paz. Diz a seu discípulo que se preocupe com a
sua própria salvação, mas ordena-lhe também que auxilie a salvação de seus
salvação da Humanidade!
Ensinamentos Exotéricos
as coisas e ele nos acolhe desde a primeira hora de vida. — A causa do sofrimento
porque eles têm, todos os dois, esta concepção metafísica da ascensão através da
A iniciação pede longos anos; aquele que quer ser perfeito deve
Todos podem chegar à iniciação superior; não se exige do adepto senão a vontade
práticas. Para uma elite escolhida sem distinção de casta, mas segundo os seus
O estudo das forças que são residentes na natureza humana é feito pelo
próprio ser. Estas forças, o iniciado não deve limitar-se a conhecer; deve tender a
dominá-las pelo conhecimento dos ritmos que lhe fazem penetrar no íntimo das
coisas! Deve descobrir também o jogo das forças exteriores ao ser humano, ver
quais são as relações do homem com o universo e como a medida dessas relações
esotérica.
descobrir apenas a muito custo, mais verossímil se torna esta Ciência Secreta, que
ensinada.
* *
espírito e da razão.
Kiaú-men (o exotérico).”
viesse a ser iniciador da maior parte de seu país. Mas o que dá origem ao Budismo
é isto:
Segundo os livros sagrados, ele teria nascido 628 anos antes de Jesus
Cristo.
dá, como ano exato, ora 520, 542 ou 562. Sua vida neste mundo teria durado 80
anos.
Seu nome era Siddhârta, príncipe da família Gautama (de onde seu nome
pessoal de Gautama Buda) e esta ilustre família era da dinastia real dos Sakyas ou
Çakya).
Buda veio à terra para revelar a verdade; eis porque a índia lhe deu o
intuitivo.
Seu fim sobre a terra era, pois, revelar a verdade, fazer conhecer as
* *
primeiramente, da dor que reina sobre a terra. Depois, a noção do Carma, isto é, o
conhecimento deste fato, que a dor não é sem causa, mas que ela tem por efeito
interesse pessoal e segundo o desejo é má; não se pode operar sem pecado senão
operando pela coletividade dos seres vivos; é uma das mais belas formas de
de modo que o ato bom nos torna melhores e o ato mau nos
Se o homem não segue as regras da moral que lhe são impostas, deixa a
caminho reto e recai na animalidade; renasceu nas formas inferiores. Mas o iniciado
sabe que ele não tem senão uma figura destinada a espantar, que a cadeia das
existências não desce, porém que a dor será o preço de todo afastamento fora da
Senda.
eles se manifestam sob mil formas, é que estão em estados diferentes de sua
evolução.
Tudo não é mais do que unidade, encadeamento. Somos associados a
quisermos alcançar a felicidade, fazer a felicidade de todos aqueles que nos rodeiam
na medida das nossas forças porque o nosso bem e o nosso mal estão ligados aos
* *
humana, que não é senão fumo, dirigido pelo vento brutal do desejo.
Não devemos desejar este paraíso exclusivamente para nós; mas o nosso
dever é sustentar todos os seres que se dirigem sobre o caminho e conduzi-los para
outros à mais perfeita renúncia, ele espalha sobre todos os seres a caridade e a
letárgico. Não é nada disso. Neste mundo, imagem perturbada do mundo superior,
chegar os outros".
qual se comunica.
personalidade, segue, como uma lei reta, a mais bela forma do pensamento e do
no seu viver; mas as penas de seus irmãos ainda o tocam, não em uma ternura
Seu dever é fazer desaparecer esta sombra que ofusca ainda mais a luz
revelada. Deve fazer subir todos os seres ao paraíso onde ele vive.
e não somente à matéria grosseira e pesada do corpo, mas à matéria toda, por mais
sutil que ela seja: aos nossos desejos, aos nossos surtos materiais, toda a coisa
material, porque os nossos desejos e o objeto dê nossos desejos em tudo o que não
é perfeição absoluta, tudo isso não é, para o budista, senão ilusão, cilada de Maya,
concepções, aos nossos desejos, que a teosofia, de acordo não somente com as
mais sutil, que se modifica segundo o ritmo de nossa vida sentimental, a tênue
se exprime:
de modo que seja: porque tudo que tem uma forma foi criado e
terrestre”.
"Esta última mudança, diz o Budista, segundo os
metempsicose”.
procura a salvação é já um Bodhisattwa um futuro Buda, que atingirá o fim que ele
visa com tanto maior prontidão quanto mais cedo renunciar completamente a todo o
iluminação suprema, que lhe revela a lei do Universo; fá-lo-á Buda! Esta iluminação,
caminho para a perfeição e a alegria sem sombra, destruirá a força de suportar que
aproximam, sem cessar, do Nirvana, da visão beatífica por aquela que se despojará
de tudo que a sua personalidade tinha de material, para permitir a sua força e o seu
pensamento, ao serviço do maior bem. Eis aí, sob o ponto de vista búdico, a mais
* *
que pode adotá-los segundo o grau de perfeição e inteligência que lhe estão em
sensivelmente ao mesmo.
* *
desde a primeira hora da vida. O nascimento cruel para a mãe que põe a criança no
seu primeiro grito é uma queixa e as lágrimas são para todo ser vivo neste mundo a
acostumar.
lhe impor a dor; na sua mocidade, impõe-lhe as tentações, que vêm do corpo, do
coração e do espírito e toda a força mal empregada não é senão fraqueza aos olhos
tormento intelectual de sua tarefa não cumprida, dos interesses, dos cuidados dos
seus e de seus próprios interesses, de seu trabalho, que ele deve abandonar
quando a doença o abafe sobre o leito. A doença enfraquece o homem pela velhice
inconvenientes.
se tem para com o próximo ou para com o objeto de seus amores é um apoio
maravilhoso para suportar os revezes aos quais cada um está exposto e a ausência
ajunta às nossas próprias penas aquelas que não nos é dado aliviar no ser amado.
não tem sabido despertar desta quimera a que dá mais atenção do que à verdadeira
sabedoria, que é portanto, o único bem verdadeiro, fora da ilusão dos sentidos.
bem que nos aproxima sem cessar do Nirvana, que deve ser a única aspiração
daquele que venceu o desejo, que dominou a matéria e caminha com um passo
seguro para a luz e para a libertação de seu espírito, para a união consciente em
Deus.
vossos.”
que nasceu".
desilusão, porque ele amou a ilusão mais do que a realidade; porque ele desejou o
seu mal e aqueceu-se na sua febre; porque ele não conheceu o caminho da
verdade.
* *
Esta causa é a sede de viver, que nos conduz a vir ao mundo novamente,
Esta sede de viver anima e faz nascer todas as causas da dor.É ela que é
miragens da ilusão.
O espírito daquele que deseja, encoberto pela bruma do desejo, dos
mesmo um só olhar; é o desejo que leva à cólera e a todas as faltas aqueles que
É a sede de prazer, este atrativo violento pelo que brilha e nos diverte,
que nos liga, sem cessar, mais fortemente a esta matéria que seria preciso despojar
por novos sofrimentos e do que não restará nada mais. Os prazeres dos sentidos
alguém que sofre; assim, não somente ele não adquire méritos, mas repele a
desgraçados.
É a sede do porvir que retarda a nossa evolução, a sede que nos impele
nos dará mais alegria ou mais orgulho do que o precedente, como se todas as
imagens vãs às quais nos ligamos não fossem reciprocamente iguais, na sua
atos de que ele não conhece, nem pode conhecer, todas as repercussões, mas dos
quais guardará sempre, sem que o saiba, toda a responsabilidade. Seu coração
endurecido torna-se insensível à dor alheia que ele julga necessária porque
não fez nem ordenou o mal que fez ou deixou de fazer quando mandava nos
homens.
* *
que chama sem cessar um outro objeto de desejo, desde que ele possui e rejeita o
objeto de seu recente desejo; o desejo criou a necessidade que é um desejo que
nos parece legítimo porque ele se dirige a um objeto que julgamos imprescindível aí
nossa vida. Mas, para aquele que quer viver na contemplação meditativa, a
Aquele que medita não vive neste mundo; ele não tem, pois, nada que
lhes é necessário.
Aquele que medita não tem necessidade de ofuscar os outros pelo fausto
de seus hábitos; que não esteja nu e que esteja ao abrigo das intempéries, eis o que
é necessário; não tem necessidade de nutrição rebuscada, uma vez que a sua fome
seja sumariamente apaziguada; o luxo da mesa não lhe importa; abstraído nos seus
pensamentos, não tem viagens a fazer e não recorre aos espetáculos para os quais
tão necessária à meditação que não perturbará mais os trabalhos inúteis e as vãs
competições; é libertar a sua alma, torná-la mais leve para voar na luz pura e
inexprimível do Nirvana.
mundo; aquele que não tem nada a perder, nada perde. Nada atinge o Sábio que
Seu reino não é deste mundo e não somente seu reino, mas as suas
efetivamente o seu único fim e a sua única ambição. Pela sua abnegação, afasta de
meditação profunda, goza de seus únicos bens verdadeiros que o Nirvana lhe
* *
procurado pela senda que indicamos; é o Caminho santo, a Senda. Este caminho
está aberto a todos e aquele que o segue, deixando os outros, é que já está perto da
Sabedoria. É a nobre Estrada que os passos dos Sábios pisaram para nos traçar o
caminho, é o único que nos conduz ao termo a que todos devemos chegar.
A vereda que tem oito divisões é aquela que conduz à Paz, ao perfeito
contentamento.
assim:
mundo”.
passagens estreitas”.
da Ásia).
repelido da iniciação; a senda escarpada não está aberta para todos, não porque
haja má vontade, mas pela enfermidade, pela sua fraqueza. Todos são chamados
e todos são eleitos. Os pés dos viandantes encontrarão um caminho mais doce
amantes, seus espíritos tenderão para as glórias do Nirvana e, por isso, levá-los-á
para o alto e, quando eles tiverem percebido os primeiros clarões do verdadeiro dia,
terão desejos de voar para o cimo com as forças desenvolvidas ao décimo grau.
* *
Quatro são indicados para o começo.
direção moral.
Aquele que segue este caminho deve evitar toda ofensa e encarar cada
Ele sabe que o Carma é a lei do mundo; todos os seres são ligados e
solidários; também sabe que é este Carma que rege todas as coisas deste mundo.
Não somente evita toda cólera e todo ato violento, mas ainda aprende a
Depois, vem a Intenção Reta. O Carma daquele que deve vir a ser Sábio
Palavra Reta.
Não basta evitar o mal; é preciso que nem as nossas palavras possam
causá-lo; mas aquele que procura a Sabedoria deve ser senhor das suas palavras;
não deve pronunciar senão palavras francas, sempre calmas e corteses, porque a
de uma falta. Cada ação boa pode e deve reparar uma ação
má”.
inúteis; deve ter por objeto adquirir méritos e só o amor é capaz de conduzi-lo a isso.
ações".
Esta regra é o encadeamento aos quatro caminhos mais elevados.
* *
que fazem o encanto da vida, aos sentimentos mais permitidos e mais respeitáveis,
ilusões; que faz viver o adepto no mundo sereno da verdade. Chegando a esse
próximo.
Por isso, a vida neste mundo está terminada para ele; não falta senão
franquear o quarto grau, que pode ser franqueado ainda neste mundo, porém que só
bem-aventurança alcançada ainda nesta vida, e aquele que a atinge nada mais tem
a fazer neste mundo. Deve, pois, abandonar o seu corpo mortal. Estes quatro
o Êxtase Reto. Não tenteis voar para o sol — almas que ainda
fixos”.
destruída”.
adiantado”.
do Nirvana”.
ruína de três mundos não o abala; para ele toda a vida está
vencida e vivida; portanto, todas as mortes estão mortas; o
eles não sabem nada a respeito, porque eles ignoram que a luz
doces!"
seus irmãos para trilharem a Senda onde ele mesmo encontrou a felicidade.
aos luminosos cumes, mas nenhuma boa vontade é repelida e a torrente das
existências cava ainda abismos mais perigosos para os mais fracos viandantes que
não têm ainda ousado abordar a escarpa que leva à felicidade perfeita.
* *
Para viver esta vida perfeita, é preciso conhecer e praticar as Cinco
São as regras sem as quais não se pode viver uma vida pura
desprende da matéria. Ainda que muito de longe seguem os sinais dos passos de
Buda.
A senda é ainda mais longa e mais penosa para aquele que nunca ouviu
Somaneano".
Ensinamentos Esotéricos
faculdades inatas, até a obtenção dos altos poderes. — Na base dos ensinamentos,
As tradições sagradas sob o véu áureo das lendas e das belas imagens.
esotérico que não é concedido senão àqueles que mereceram uma iniciação mais
devemos à teosofia.
Muitos teósofos esforçaram-se para pôr em foco esta doutrina nos seus
trabalhos. Desde 1880, a senhora Blavatsky, depois de uma longa estadia nas
Índias, publicou estudos sobre esta Doutrina Secreta, que foram muito discutidos no
mundo sábio, o que contribuiu para serem espalhados com maior impulso. Pouco
depois, Sinnett e o coronel Olcott retomaram estes trabalhos sob o ponto de vista
pessoal e tendente a uma difusão cada vez maior, e é a estes três pioneiros,
senhora Annie Besant e o Sr. Leadbeater, que têm feito aparecer, sobre o assunto,
numerosas obras.
elevada e tão pura, uma iniciação muito diferente de nossos hábitos europeus de
especialmente o objeto das obras de Sinnet, que demonstra a sua existência tão
podendo dar uma ligeira tinta ou, ao menos, uma como certa
é bom que certas discussões sejam abertas àqueles que não possuem preparação
alguma e que pensam fazer a obra de espíritos livres, negando, a esmo, tudo o que
eles não compreendem no meio do que eles Crêem ter compreendido, sustentando
os seus erros, causando com isso um distúrbio maior do que se eles ignorassem.
são compreendidos por todo o mundo; eles necessitam de uma certa cultura e,
A cultura não nos é atribuída; para o hindu, depende do nosso Carma que
os nossos pais tenham estado em situação de nos dar mestres para certas ciências
até uma certa idade, também pelo ensinamento do livro que não é senão um meio, o
necessário para juntar uma preparação direta que nos adapta aos novos cuidados
Sinnett, que estudou profundamente a questão, nos diz que "a parte
esotérica do Budismo foi tão perfeitamente guardada até o presente, longe dos
olhares do vulgo, que uma simples pesquisa literária, ainda mesmo que ela se
quinhão de informações que ele mesmo recebeu neste lugar, por uma longa estadia
em um centro de adeptos."
nada pode suprir. É preciso fazer-se por si mesmo e durante muito tempo; é preciso,
poderes surpreendentes que todos nós possuímos, porém que nós todos estamos
É um trabalho longo e penoso e que cansa, muitas vezes, aquele que não
tem uma fé absoluta, um desejo sincero de atingir a iniciação. Por outro lado,
qualquer que seja a necessidade desta formação pessoal, a direção do iniciado não
é menos necessária; aquele que não é guiado e sustentado nos seus trabalhos, está
humanidades".
* *
O ensinamento do Budismo, na sua parte esotérica, começa, como todas
as filosofias religiosas, por um estudo sério do ser humano, bem mais complexo do
iniciado.
personalidade, que é o seu próprio meio de ação, deverá estudar as relações com
sofrem os mesmos males dos quais ele partilha e que pode sustentar ou dirigir sobre
Mas, o ser humano não é o único sobre o caminho aberto a toda criatura.
Tudo o que vive — e tudo é vivo no Universo, mesmo o corpo que nos
na medida em que merece, porém ele não está só e a sua evolução deve servir para
imaginar todos os estados que tem percorrido, que percorrerão todos os seres dos
devem seguir ou sofrer a lei que eles forjam para eles mesmos. Seus ciclos têm uma
duração proporcional à sua importância, mas eles são de natureza idêntica, porque
nada foi deixado ao acaso no mundo. A justiça, só, é a regra em toda parte.
duração de um ciclo, segundo as leis que nos impõem as ações da vida precedente.
que nos são impostos ou que nós escolhemos antes da nossa vida atual.
ao uso que se tem feito, enquanto que aquele que vive pobre e submisso, vive para
ele só e faz obra de mais utilidade, se tem um real desejo de adquirir méritos em
vista de sua evolução. Por outro lado, todos passamos ou passaremos por aí. O rei e
o mendigo estão igualmente sobre o caminho e o rei não está nunca seguro de ser
A obtenção dos poderes não tem nada que ver com as idéias do mundo,
e os poderes humanos, adquiridos segundo uma ascese, são do maior proveito para
a nossa evolução, pois que nos permite operar em torno de nós para destruir e
adquirir méritos.
Tais são as grandes linhas deste vasto ensinamento que não podemos
senão tocar de leve no presente trabalho. No Budismo, como em toda parte, estes
noviço.
deve ser publicado, e, se livros existem, é sempre sob à forma bem velada que eles
Nas índias, é sob o véu dourado das lendas e das imagens que o
ele poderá conhecer, com uma precisão que não depende sempre de sua
do Budismo, mas a sua leitura, por mais encantadora que seja a forma, não nos
bastaria para nos dirigir ao ensinamento esotérico; é preciso ler nas entrelinhas —
dados preciosos, mas sempre limitados ao nosso estudo; não nos afastamos daqui
Arjuna a direção que deve seguir aquele que quer tornar-se um Sábio. — A primeira
que deve vir a ser um sábio no curso de um ciclo; baseia o seu ensinamento sobre
existências sucessivas, sobre esta lei do Carma, que é a regra do mundo. Mas, para
reunir-se a esta lei, é preciso aderir plenamente ao seu dever, unir-se à vontade
operar segundo o seu dever e, neste diálogo, entre Krishna e Arjuna, encontram-se
Arjuna deve partir para a guerra? Sim, responde Krishna, porque cada um
está submetido aos deveres de sua condição e, além disso, a morte do corpo, tanto
para nós como para os outros, não tem nenhuma importância, pois que só o corpo
* *
É, pois, sem importância que sejamos revestidos, por um tempo mais ou
menos longo, de tal ou tal vestimenta que nada tem com a nossa personalidade.
A duração destas vestimentas é sem fruto para a alma e o que elas vêm a
opera sobre o ser espiritual é a única coisa que importa. Marcha, pois, ao combate,
Arjuna, pois que tu fostes chamado para o teu dever e por uma justa causa. "Morto,
do absoluto para o qual ele deve tender. E, se for vencedor, ainda que tenha fadiga
Carma mais leve, poderá adquirir novos merecimentos. Então, o dever fica como a
* *
Arjuna pede, então, para que seja explicado como se reconhece o Sábio,
desacostume de tudo o que tem feito a sua alegria e seu desejo. O primeiro fim que
ele deve visar é a calma absoluta; deve sacrificar todos os seus desejos, afastar de
seu pensamento todos os sentimentos que o unem a este mundo perecível, que não
Sabedoria.
impulsos, quando não sofre outra lei senão a de seu espírito esclarecido, quando
está livre de seus apetites sexuais e de toda violência, pode ser considerado como
que quer ser um Sábio. Ele deve perder completamente todo desejo de possuir
riquezas. Nada do que o homem ajunta à sua pessoa poder-lhe-á dar felicidade, que
alegria.
* *
"Se não é afetado de modo algum, nem pelos bens,
real.
claro olhar de seu espírito sobre a reta razão que deve presidir ao seu julgamento e
à sua vontade.
própria vida quanto puder, não somente a vida intelectual, como a vida física,
desprezando tudo o que atrai os sentidos, seus prazeres furtivos e suas mentirosas
percepções.
aborrecimento vem a ser prazer; o que era dificuldade vem a ser fácil.
O Sábio não é mais atraído pelas vaidades que tentam os outros homens;
compreendeu o verdadeiro fim de sua vida neste mundo e não pesquisa mais nada
* *
Eis aí onde leva a renúncia perfeita; mas não é preciso admitir que esta
ação, mesmo a ação violenta, mas sem interesse pessoal. E' preciso dominar a sua
recolhe num grande esforço e que poderá tanto mais operar quanto a prática o tenha
corpo.''
* *
Mas é só quando ele vive em completa certeza que pode operar ousando,
possui uma fé ativa, pode chamar a luz incriada, que não desce senão sobre os
homens puros. Então, quando isso vem a ser necessário à evolução do ser, o
ser, o que equivaleria a um suicídio; uma tal renúncia não poderia ser ordenada por
verdadeiramente."
Então, a renúncia verdadeira é aquela que nos faz romper a atração das
coisas materiais, que entravam o livre lance do espírito para o seu fim absoluto.
más, faz-se vitorioso de si mesmo, dominando o que tem de material, não somente
no seu corpo, mas também submetido à regra, e ainda no seu coração e no seu
espírito.
Aquele que terminou com todas estas experiências vem a ser um Yogi,
unido a Deus.
honras e do opróbrio”.
"O homem que se compraz no conhecimento e na
e viver na solidão.
É na calma e longe dos seus que ele pode elevar o seu pensamento para
descidos das alturas, far-se-á mais passivo ainda; não é somente ao seu espírito e
aos seus sentidos que ele imporá a calma e o silêncio, mas aos seus músculos e ao
seu coração, restringindo-se a um ritmo mais lento, de tal sorte que o pensamento
despojado de esperanças”;
de pano e de pele”;
"É então que o espírito voltado para Deus, para a
sua família ou subtrair-se aos deveres que o retêm na sua situação atual e ao menos
energias.
Pessoal, tendo obtido a calma perfeita de todo o seu ser, estenderá os seus
se os seus sentimentos são menos puros do que ele cuida, procura depurá-los,
arrancar o que existe de mau para preencher as altas aspirações que lhe reforçarão,
Feliz pela sorte que lhe é concedida, ele a melhorará sem interrupção,
porque a alegria atrai a alegria, e o pensamento é uma das forças atrativas mais
descanso, senhor das forças que sente nascer e desenvolver-se nele, o adepto
sente-se unido aos ritmos exteriores, solidário com os outros seres que o sustem e
irradiar em torno de si uma força afetiva que multiplica os poderes adquiridos. É esta
alegria que nem uma.sombra pode atingir, pois que as passageiras traves deste
mundo preparam novas alegrias, purificando-nos pelos estados que levam para a
claridade. Uma ascese impõe-se para chegar a este estado superior. Não é preciso
principalmente, alimentares, a fim de que seu corpo seja são para suportar os
trabalhos e a experiência.
* *
"A União divina não é para quem come muito, nem
para quem come pouco; não é para quem dorme muito, nem
perfeitamente puro’.
silêncio; o que ela diz ao adepto. — A sedução exercida por Maya, a grande ilusão.
livros sagrados dos quais fazem parte igualmente as Estâncias de Dzyan, publicadas
poderes.
"Quem quer entender e compreender a voz do Nada
Dhâranâ."
iniciático, a senda da verdade fora daquela que conduz ao erro, quem quer ser um
ser, não é senão ilusão e aquele que quer ser unido a Deus não deve estar afastado
d'Ele. A meditação nos ensina a não sermos tolos, nem escravos dos nossos
apagar tudo o que tem aprendido sobre este ponto antes de conhecer a Sabedoria.
Nossa mente, nossa razão, deve destruir o real, o que quer dizer negar, a seus
próprios olhos, o que lhe parece real aos seus olhos ordinários, cujo campo de
percepção é muito limitado. O que nos parece realidade não é senão o reflexo dessa
luz que nós atingiremos somente quando tivermos saído do mundo material.
* *
"Vindo a ser indiferente aos objetos da percepção, o
aqueles que atingem facilmente a iluminação; todos ou quase todos têm de sofrer
uma longa educação dos sentidos; devem fechar os olhos às ilusões da carne,
ilusão”.
"Antes que a alma possa entender, a imagem (o
falarão e serão chamadas para ele; a Matéria enfeitada de todas as ilusões atraí-lo-á
Como discernir, na paz silenciosa da alma, o que dizem estas duas vozes
Como se julga a árvore pelos seus frutos, julga-se estes dois sons pelo
A matéria diz:
tua alma."
Ela está ainda na terra, a alma que se agrada do tumulto das coisas, que
se deixa prender por Maya, a grande ilusão, o Universo cheio de encantos, aos
aquele que ignora o papel da dor está retido na matéria e continuará a sofrer no seu
Ignora o que fará a sua alegria quando vier a ter conhecimento; ele não sabe que
esta vida não é senão uma experiência que precede à verdadeira vida, a vida
da verdadeira luz, que não pode extinguir, esta luz que queima
mesmo e julgar-se.
Para conhecer o seu Ego verdadeiro é preciso aprender a distinguir o
não está em nosso espírito puro, única parte de nosso ser que merece a nossa
atenção.
das idades."
manifesta por um único som, emitido segundo as três letras inseparáveis. Cada uma
delas representa uma das três pessoas divinas: A é Vishnu; U é Siva; M é Brama,
de não revelarem a ninguém qual a maneira ordenada para pronunciar esta palavra.
Há repercussões mágicas e a Índia a tem por tal modo sagrada que procede e
vida. A "Voz do Silêncio" é formal a este respeito: "Abandona a tua vida, se queres
viver". Muda as condições de tua vida. Tu te deixas conduzir sem razão por todos os
caprichos da hora. Aquele que quer viver a verdadeira vida, que é a do espírito, deve
retardam o seu progresso na senda da evolução. E é preciso que ele seja dominado.
Tendo vencido, o Adepto passará por três estados, isto é, três modos de
profundo do ser humano nos três domínios que formam o seu império: o corpo que
conforme a ele nos abandonamos; estas são as três salas que devem ser
percorridas pelo discípulo; elas têm por nome, diz-nos a "Voz do Silêncio":
largos.
a tua alma achará as flores da vida, mas sob cada flor uma
serpente enroscada."
como senhora. Aquele que limita aí o seu curso circula de flor em flor, de serpente
A desilusão espera aquele que procura tal embriaguez. Espera achar o sentimento
profundo e verdadeiro que fará a sua felicidade, mas ele a procura onde não se
encontra.
Tudo isto lhe aparece como realidade; corre como o viajor para as
cidades ilusórias que a miragem faz dançar sobre a areia do deserto, e quando se
aproxima, a areia é mais árida ainda e os arbustos espinhosos não oferecem senão
frutos amargos.
Não resta mais àquele que quer continuar o seu caminho para os cimos
Onisciência."
da Onisciência, porque o único caminho que lhe permite receber é a iluminação que
lhe vem desta fonte quando lhe agrada abrir. Mas este caminho que conduz à luz
está em nosso poder; podemos percorrê-lo pela reflexão calma, definida, pela
meditação profunda.
o véu que lhe impede de perceber a verdade eterna que lhe dará mais tarde a
alegria.
da ilusão."
* *
é perigosa por sua perfídia bela e não é útil senão para a tua
provação."
claridade moribunda."
"Esta claridade irradia do grande enganador (do
Mara."
para os bens deste mundo ilusório, domina sobre ti mesmo e sobre as tuas
percepções; então não virás a ser "um passeante do céu", aquele que se desprende
do espírito e atinge as regiões serenas onde o olhar do espírito não está enamorado
Aquele é capaz, diz a lenda, de marchar contra o vento, acima das vagas,
sem que os seus passos toquem as águas, isto é, que o estudo da matéria lhe
revelou as leis e que, conhecendo as suas próprias forças, cujos limites ele recuou,
adquiriu poderes que parecem sobre-humanos àqueles que ignoram o que pode a
compreensão é recusada àquele que está preso pelos sentidos; vem a ser este Um;
viver nele.
Aquele que assim faz, possui a felicidade suprema, a união inteira com
Brama, que lhe dá esta paz perfeita, plena de todo poder; vive em Deus, e, sabendo
à sua pena, por uma recompensa tão alta, a tudo o que não é esta felicidade infinita.
Mas não se chega de um salto para esse infinito realizado. É necessário animar uma
luta rude e áspera contra tudo, o que nos tem vencido até então.
Nosso atavismo nos tem dado desejos e paixões que uma educação mal
compreendida não tem feito senão mais ardentes; é isso que nos falta destruir.
sensualidade mais ou menos delicada, as artes e as próprias ciências nos dão novas
impuro."
esforço do discípulo deve tender em não separá-los nunca. Ele não deve saber que
as ciladas nunca lhe deixarão repouso tanto quanto tenha renunciado, sem retorno
possível, e que não terá todo o atrativo no seu espírito e no seu coração. Ele não
deve jamais esquecer que há inimizade irreconciliável entre a matéria e o espírito e
vem a ser, pelo mesmo fato, mais aberto ao pensamento, à dor de outrem.
apego sentimental que lhe seja próprio, deve, por outro lado, desenvolver o seu
discípulo evitará o escolho da secura, que é a fonte do orgulho. Toda queixa deve
Deixa tua alma prestar atenção a todo grito de dor, como o lótus descobre
olhos aflitos.".
efêmero e o perecível.
seus reinos."
da alma."
passadas."
* *
Não está ainda senão sobre o caminho, mas cedo tornar-se-á senhor do
Samâdhi, estado de visão infalível, que é uma iluminação direta da luz divina.
saber. E é, como sempre, o conhecimento que serve de guia para o último cume.
luz cada vez mais forte, porém a luz eterna que se identifica a esta luz, porque esta
doce e clara flama penetra em tudo o que ela toca e não se contenta, como a luz
Esta alegria da realização não deve ser egoísta. Aquele que descobriu a
senda deve indicar aos outros e auxiliá-los a subir. Só aquele que sofreu deve
alguns anos e que muitos consideram erradamente como um meio de obter fatos
transcendentes.
A palavra Yoga quer dizer união com Deus. O Yogi deve renunciar pois a
tudo o que tem de humano para chegar a esta união; o que queremos dizer o
demonstra sobejamente.
O Yogi toma, para chegar a este fim, meios que terrificam qualquer dos
encontra ligada a obrigações sociais, aos deveres da família, porque toda a vida do
verdadeiro mártir. As purificações não são mais fáceis de realizar, e aquele que
venceu estas etapas deve ainda chegar ao perfeito domínio de seus músculos.
penosas que lhe são indicadas e deve ficar assim um tempo mais ou menos longo
perfeita anquilose e não poder mais abaixar o braço, que vem a ser nodoso como
um bastão.
O Yogi deve dominar os seus sentimentos; ele não deve experimentar
nem dor nem alegria e nada deve influenciar o seu coração e os seus sentidos.
a prática. Pode ser que o Yogi adquira certos poderes, mas ele os adquire para si só
e não se preocupa com a humanidade, para a qual ele tem, entretanto, os mesmos
lenda, fazem tremer os deuses no céu e que, se nos apegarmos a uma fórmula mais
homem.
É ele que faz germinar e crescer grãos sob os olhos admirados dos
vivo durante muitos meses e voltar à vida em algumas horas, com um certo ritual.
Ernest Bosc.
Por mais poderosa que seja a atração da Yoga, por maiores que sejam os
poderes que ela assegura, fazemos graves reservas sobre o assunto de sua
aplicação.
práticas respiratórias. Tais como são ensinadas pela Yoga, podem vir a ser um
perigo real para o imprudente que se submeta a elas. Se não for guiado e
o estado de saúde do Adepto, não modificar o seu uso relativamente ao que estes
livros contêm, pode interpretar o texto da mais perigosa maneira, lesando assim os
* *
Esta rápida exposição mostra muito bem que, quanto mais longe
possamos encarar as coisas, a Índia tem sempre conhecido Ciência psíquica, seus
Publicamente, ela tem ensinado esta Ciência psíquica, o seu lado moral e
filosófico.
diz-se, ainda hoje e estes são somente os que estão em estado de transmitir
fundadores da Teosofia tiraram esta filosofia religiosa que seduziu tantos espíritos. A
senhora Blavatsky e Sinnett residiram muito tempo na Índia e ali receberam uma
iniciação que depois espalharam no mundo. Sinnett afirma que, em nossos dias,
Esta misteriosa Fraternidade teria por sede o Tibete que, em todo caso,
Europa.
O acesso do Tibete está defendido pelas altas montanhas, das mais altas
Não será senão por sua livre vontade que os Sábios nos falarão e
* *
bramânica e búdica — u'a moral maior, da mais elevada beleza, de que seus livros
sagrados nos deixaram a fórmula. Ela sempre possuiu também partes esotéricas
não julgarmos que somos o centro, compartilhando então dos males humanos.
A índia nos ensina que nos tornemos solidários com os outros e com o
que são más e submeter aquelas que são boas, a fim de adquirir poderes que nos
temos um ciclo a realizar e que este ciclo recomeçará sob variáveis aspectos até a
preparar sem interrupção por uma pureza sempre mais perfeita. Tal é o magnífico
ensinamento que nos tem transmitido a índia e é toda uma ascese a seguir, uma
direção constante da vida para o fim mais elevado. Certamente, uma tal concepção
do homem é restrita, mas quanto ela é rica em maravilhosos resultados para aquele
que quer fazer a sua nova orientação! Despreza todas as alegrias grosseiras e
em um isolamento, inútil aos seus semelhantes, é uma idéia absurda. É preciso que
o homem seja submetido aos deveres de seu estado, que cumpra a obra que lhe foi
imposta.
Parece contraditório que o mesmo livro nos ensine a fazer a nossa vida
no mundo e nos retirarmos para uma floresta; é que nos esquecemos, em nossa
qualidade de ocidentais, as belas imagens com que o Oriente costuma enfeitar o seu
ermida".
lição.
humanidade inteira, e quanto mais poder adquire, mais obrigado está à coletividade
da qual ele faz parte. Mas estes poderes e estas ações não são o único fim de sua
vida.
Aquele que se acha na senda possui um fim mais alto ainda. Quer a
verdade sem véu, a união com o espírito divino. Eis porque ele renuncia a si mesmo,
e nas horas de repouso, ausente do mundo e de seu absurdo tumulto, procura a
verdadeira Luz.
E ele tem a alegria de encontrar esta Luz tão pura, primeiramente em seu
próprio espírito, disposto para o conhecimento do Ser; em seguida, à hora que não é
conhecida, porém que chega sempre para quem soube tornar-se digno dela, desfaz
os seus próprios limites por esta iluminação divina que não deixa permanecer
Desde os primeiros tempos que nos foram revelados pela História, o Egito
mostra-se como uma nação muito adiantada na sua cultura e favorecida por uma
ver o Egito como um foco intelectual e religioso onde os outros países foram, por
Destas altas ciências, o público não sabia senão muito pouca coisa,
porque, ou o historiador era iniciado e tinha prometido nada dizer, com juramentos
os mais solenes, ou não era iniciado e, en--tão, não sabendo nada, forçoso era
mostrar-se discreto.
erro todos aqueles que conheceram as suas obras, úteis sob outros pontos de vista,
revivendo Alexandre, ligou ao seu exército uma escolta de grandes sábios, que
imagens. Mas os seus esforços se limitaram a tomar o lado exotérico das inscrições,
oculta, fez esforço para encontrar nas inscrições outra coisa além das
notadamente esta parte que eles chamavam o "duplo", avançando nisso numerosos
magnetismo humano.
ciência está certamente bem longe de ter dito a sua última palavra a este respeito.
completa revelação do que contém este grande túmulo de povos que dormem no
vale do Nilo.
Por outro lado, é lamentável que a maioria dos sábios que tomam parte
adiantados. — Sob o ponto de vista psíquico, não tinham grande coisa a nos invejar.
religião dos egípcios. — Ela nos é revelada pelo LIVRO DOS MORTOS. — Os
tem o duplo da parte viva do corpo. — Onde vai o duplo depois da morte do corpo?
final.
exotérico dos hieróglifos, a compreensão dos textos religiosos sob o ponto de vista
E, por outro lado, falando do Livro de Hades, que Maspero traduz "O Livro
desenho".
demonstram, pelo próprio cuidado que tiveram em velar os dados iniciáticos, que
importância.
* *
Agita-se, então, o Antigo Egito, cuja história pode ser dividida em três
parece ter sido já muito superior a tudo o que se via no resto do mundo. Então é que
o Império Antigo teve por centro, sobretudo, a cidade de Mênfis, e o Médio Império
historiadores e os numerosos monumentos que nos restam. Foi destruído por uma
invasão de nômades que nos textos se chamam Pastores e que devastavam tudo,
não deixando subsistir a civilização senão em Tebas e seus arredores, dos quais
Enfim, o Novo Império foi instaurado pela volta de uma dinastia nacional
que expulsou os Pastores, depois de uma guerra sangrenta. Em seguida, Ramsés II,
devastam, despovoam o Egito e é quase com reconhecimento que ele aceita o jugo
de Alexandre, depois do seu general Ptolomeu que criou uma última dinastia,
Desde esse tempo, o Egito fez parte do império romano. O novo império
* *
necessário afirmar que, desde a mais alta antigüidade, estes povos gozaram uma
de máquinas possantes para poderem ser postos em seus respectivos lugares. Por
outro lado, os monumentos eram construídos, não importa como, sem direção
especial.
A direção de seus eixos atesta profundos conhecimentos de astronomia.
ideal, isto é, aquele que atravessa mais continentes e menos mares, e que se
que o raio polar deve ser avaliado em 6.356.521 metros. Ora, é exatamente o
longitude percorrida pela terra sobre a sua órbita em um dia de 24 horas, com uma
época; teria, pois, sido orientada, tomando em conta a precessão dos equinócios,
fenômenos segundo o qual o pólo celeste volta a coincidir com as mesmas estrelas
a luz por um jogo de espelhos; parece, pois, resultar, até a presente data de
pesquisas efetuadas, ainda que se não tenha resultados precisos, que os Egípcios
Sob o ponto de vista psíquico, os Egípcios não tinham grande coisa a nos
invejar.
maior detalhe, certos papiros ainda nos mostram que o Egito sabia perfeitamente
que o homem é um composto triplo, que seu corpo — que eles embalsamavam —
permanece na terra, porém que dele ainda resta uma personalidade psíquica, um
duplo, dotado de força magnética, que ele resume e simboliza, e de um espírito que
o fator psíquico como duas importantíssimas fontes de doenças. Eles admitiam que
bem como no mal, na eficácia dos pentáculos, dos amuletos e ainda nos
enfeitiçamentos.
dissimulada à multidão e reservada a uma elite que não era admitida à iniciação sem
da Natureza, e, por isso, foram taxados de politeístas, e é certo que o vulgo adorava,
sem pensar mesmo, todas as formas, todas as figuras que lhe eram apresentadas.
E' assim que os seres atrasados atribuíam maior poder ou maior santidade à Virgem
Entre as forças adoradas, a primeira era a força solar. Por isso, rendiam-
Eram: Ra, o sol em si mesmo, que não era permitido ser invocado por
todos; Amon, o sol de cada dia, aquele que manifesta os renascimentos contínuos;
Aten, o disco solar, o círculo sem começo e sem fim. Havia também Shou e Hor.
Sokhar e sobretudo Anúbis, que tinha a guarda das sombras e as conduzia ao seu
juiz, para que a sua sorte fosse determinada na sua vida do Além.
Estes deuses e estas deusas protegiam os mortos na sua existência
subterrânea. Velavam para que os cuidados dos funerais não lhes fossem
julgamento que os feria não era sem apelo e que, se a sua futura existência fosse
de Ra, de que o sol visível não é senão uma pálida e imperfeita imagem.
representam os elementos: Seb, a terra; Nut, o céu; Nu, a água e as formas do mal,
como Tifon com cabeça de crocodilo, que representa ao mesmo tempo o pecado e o
vento ardente do deserto. Mas todos estes elementos do culto, muitas vezes
esplendor que se dissimula aos nossos olhos. É o Deus verdadeiro e que, por isso
mesmo, não cai nem sob os nossos sentidos, nem no domínio da nossa inteligência.
E' o misterioso que se oculta no sol e que, semelhante a este astro ao mesmo tempo
O seu calor faz nascer e morrer; porém ele faz viver ainda e a vida vem
dele como a água corre do Nilo, dando a fortuna e a alegria a este país, que é o
Egito lendário.
terra ao sol.
Cada alma que desce começa uma existência, e esta existência será
seguida de u'a morte que reconduzirá a criatura ao seu criador, mas, como ela é
* *
espíritos prontos a deduzir, que o Egito era politeísta, mas e um pensamento que
simbólico".
É certo que aí como em toda parte, este esoterismo escapa aos espíritos
incultos e simples que não pediam senão para ter belas festas e práticas formais a
seguir, sem procurar o sentido que lhe era a justo título cuidadosamente oculto.
Se eles o tivessem conhecido, teriam percebido a sua grandeza? É pouco
provável. Por isso é com razão que o esoterismo monoteísta não foi revelado senão
àqueles que tinham vencido as provas e, pelo seu trabalho contínuo, pelo domínio
iam elevar-se.
Aqueles que eram dignos sabiam, pois, que Deus é Uno e que a Vida é
Além disso, é inacreditável que espíritos tão elevados como aqueles dos
que a iniciação não admitia em Deus esta pluralidade de formas que pareciam
São abundantes os textos, nos rituais religiosos, que afirmam este fato ao
qual a lógica só bastaria para nos conduzir. Maspero, do qual se conhece a erudição
eternidade.
Esta citação dispensa que nos estendamos sobre este ponto, porque ela
é tão formalmente possível e uma exposição mais longa da filosofia dogmática dos
egípcios nos conduziria mais longe do que é necessário, em razão do tempo de que
dispomos.
não ignoravam a sua prática. Mas eles sabiam que certos ritos e certas fórmulas
podiam ter uma ação considerável sobre a vontade e os poderes que os atacam;
lutavam também contra as forças más por meio de amuletos e pentáculos, dos quais
muitos nos foram transmitidos, seja pelos papiros e monumentos, seja pela tradição
Cabalística, de origem egípcia como toda a tradição hebraica que remonta a uma
Os padres e iniciados sabiam que existe no ser humano uma força que
irradia de toda pessoa, que pode ser exteriorizada e projetada para realizar ações
que nos contam, em todos os seus detalhes, a vida cotidiana do egípcio desde o seu
nascimento até a morte, pois que nos fazem assistir ao julgamento das almas, à sua
nos ocupamos.
Um dos documentos que nos assinala o Dr. Gastão Durville é uma vasta
pintura representando o rei Seti I.° no momento de sua subida ao trono (fig. 3).
* *
ser um iniciado de alta classe e representar o poder divino, tanto quanto é permitido
a uma criatura representá-lo sobre a terra. Esta transmissão do poder fazia-se por
um gesto da mão projetando a força vital para o novo iniciado. Tal força, que lhe é
documentos, esta força é simbolizada por uma serpente. Estes dois símbolos tinham
bem e no mal.
O véu é enfunado por um sopro que não se vê; assim a força psíquica ou
magnética é um motor poderoso que não se deixa perceber e que não deixa traços.
nascente de ovos como os pássaros, parece uma forma híbrida que serve de laço a
emblema dos mais altos mistérios; enfim, o hábito que tem de se levantar e enrolar
tinha feito criar a imagem da serpente que morde a própria cauda formando assim o
círculo perfeito, o ciclo que termina e que recomeça sem interrupção, o signo da
eternidade.
achava, por este motivo, sobre a coroa dos Faraós, iniciados e filhos do Sol.
egípcio que estende os braços para diante, com o gesto dos passes magnéticos. A
força magnética escapada de suas mãos projeta-se para aquele que a recebe sob a
braço e ao lado uma serpente (fig. 2). Era o caso de supor, como disse meu irmão
como um gerador de força da qual a mão seria o transmissor, a menos que o braço,
no gesto de projetar, não seja o próprio signo da ação cumprida diretamente pelo
cérebro.
sofre mudanças e que apenas sofre porque cresce sempre em poder por uma
renovada mocidade.
magnetismo é emitido. Sabe-se que esta força assim se torna positiva ou negativa;
positiva quando ela emana do lado direito ou da face anterior do corpo; negativa
Figura 3: O rei Seti I, chefe da XIX dinastia, iniciado pela deusa Hator.
A transmissão do poder mágico se faz pela mão. O vestido é coberto de inscrições, indicando
os favores concebidos ao rei.
(Grande fresco do Louvre.)
anos, pelo barão de Reichembach e, sobretudo, por Henri Durville e elas vêm em
desta lei da polaridade, mas, obrigados a limites, não citamos senão um que faz
Este quadro, estudado por Gastão Durville, é uma pintura sobre tela feita
pelos árabes, segundo um baixo relevo do antigo Egito (fig. 4). Vê-se Anúbis, deus
guardião e condutor das almas, o deus com cabeça de lobo, que preside a todos os
ritos funerários.
terminado. Anúbis impõe as mãos sobre o plexo solar do morto para reter o duplo
profundamente.
Figura 4: Anúbis, deus guardião e condutor das almas, vela junto a uma múmia.
À direita do deus, uma poderosa serpente e o sol, emblemas da força positiva; à sua esquerda,
uma serpente fraca e o disco lunar, emblema da força negativa.
(Coleção do barão de Watteville.)
Dos dois lados, temos uma serpente, e dos dois lados, uma forma sideral;
como coberto pelo ureus ou serpente faraônica, que se revela tomando a forma do
serpente que o rodeia é robusta, real, viva e forte, que tem todas as aparências da
feminina, por sua essência e, sobretudo, como quem toma a sua claridade da luz do
que criou a cruz ansata que encontramos na mão de um grande número de deuses
organismos.
das mãos. Os gestos empregados por eles são exatamente os mesmos de que se
magnetismo a seu filho Horus (fig. 6). O jovem deus está de pé, nu, sobre a mão
esquerda de sua mãe, que lhe impõe uma atitude passiva, enquanto, de sua mão
* *
mais tarde pelos platônicos, de que o "duplo" está ligado à forma do corpo e a
conseqüência, que o duplo, depois de ter sido separado, pela morte, do corpo que
ele animava, voltasse a este corpo após o embalsamamento para guardar a sua
vitalizante do sol como foco magnético, para entreter uma vida latente no corpo
absorvente do Egípcio, qualquer que fosse a sua casta e o seu modo de vida.
Este fresco, que foi fotografado no Museu Guimet, mostra-nos a múmia
sobre o seu leito funerário e entregue aos cuidados das sacerdotisas que tinham a
Cumpre notar que estes cuidados dados pelas mulheres implicam a ação
abertas para um imenso sol que dardeja os seus raios sobre toda a extensão do leito
Do seio de cada mulher parte uma serpente que se desliza sob o cadáver.
toda putrefação. A força magnética parece bem apta nesse gênero de ação, como o
demonstrou o próprio Dr. Gastão Durville, mumificando uma peça anatômica (mão
muitos dias.
Aí, as mulheres não operam por si mesmas; elevam as suas mãos para o
astro, pedindo-lhe que ele lhes transmita seu calor, sua luz e seu magnetismo. Elas
força protetora.
as atividades benéficas.
renovação do corpo.
* *
Assim, a força da palavra como a do gesto podia fazer tanto mal como
mata, segundo esta seja pronunciada e o modo pelo qual ela é empregada.
palavra divina.
seus inimigos:
mágica."
projetada com poder e tomando auxílio de todos os meios que fazem da encantação
do mal.
Esta compreensão da palavra é uma das formas mais altas do psiquismo
que permite ao homem atingir as forças que o rodeiam e utilizá-las segundo o seu
grau. É certo que tocamos em um dos lados mais misteriosos do grande domínio
que é o psiquismo.
uma grande autoridade em tudo o que concerne à egiptologia, tanto exotérica como
eles possuíram curadores célebres. É verossímil e mesmo certo que estas obras
lhes tenham servido para manifestar o seu poder e se fazer obedecer pelas massas,
* *
a prática da teurgia e da magia branca, mas, nos santuários tifônicos, a magia negra
estatueta, que não cessou de ser clássica. Então, como na pior magia atual, toda a
cotidianamente uma conjuração contra Apophis para ajudar ao triunfo do bem sobre
uma forma tão semelhante que achamos uma descrição quase idêntica na Chave da
Magia Negra, onde St. de Guaita nos dá, sobre este ponto de vista todo particular,
tudo o que pode ser conhecido pelas mais secretas iniciações. Não existe nada de
essencial ou diferente nos processos que ele indica, além daqueles que já nos são
conhecidos.
extensos, não somente sobre a ação benéfica da força psíquica, mas sobre as
ações nefastas desta mesma força, tão poderosa quando ela é orientada por uma
porém, na vida corrente, estas práticas não tinham sempre um desígnio tão puro.
palácio real sob Ramsés III. Este funcionário foi convencido do crime pelos fatos
cera e escritos adequados"; recitou conjurações para chegar ao fim desejado; pôde,
Quanto aos escritos relativos às recitações de fórmulas mágicas, não é menos certo
condições, projetar a sua força ativa, enfeitiçar estes seres que se defendem tanto
quantidade de textos egípcios que nos restam desde a mais alta antigüidade. Se
* *
cheios dessas fórmulas que, por invocações e preces, fazem apelo às forças
voltar a luz e a paz aos enfeitiçados. Estas fórmulas chamam os Deuses, pedem-
favor da vítima.
Existe nas coleções uma grande quantidade destes textos mágicos dos
quais muitos não foram ainda traduzidos e aqueles que o são pedem para ser
que não têm prática dessas pesquisas não podem tirar todo o fruto que se oculta
psíquica nos dará, ao menos em parte, a palavra que se oculta em todo esse
tesouro escondido nesses hinos aos deuses solares, estes apelos às forças
superiores, em favor dos que sofrem, que estão estendidos na sombra da morte.
perigo para aqueles que se banham, pescam ou arriscam virar os barcos, porém ao
ver-se o lugar que estes animais tomam nestes papiros, recorda-se que Tifon, o
deus do mal, é representado pelo crocodilo como se vê nas esculturas dos Templos
de Esneo e de Hermontis.
É, pois, permitido supor que estas conjurações têm também poder contra
as forças más e tenebrosas representadas por Tifon, que tem tanto uma cabeça de
crocodilo como uma cabeça de hipopótamo. Pode-se tanto mais facilmente acolher a
idéia que o malvado deva viver, em sua futura existência, no corpo de um animal
a natureza humana não saberia retrogradar até a forma animal, mas na doutrina
exotérica esta regressão era admitida porque era uma imagem capaz de ferir a
renascerem crocodilos.
admite que a maioria das moléstias são causadas por estados psíquicos; ela vai
qualquer malefício feito sobre o doente. Era, pois, natural que essas moléstias
* *
felicidade.
ser, nutrido na imundície, coberto de uma casca brilhante, mais brilhante do que
renascimento.
O lugar que ele prepara para as suas larvas em uma bola ou acúmulo de
Quanto ao olho místico, que se encontra muitas vezes tanto em cada lado
da borda dos barcos, como nas jóias mais delicadas, é a imagem da vontade
benevolente dos deuses que vela sobre nós em todas as circunstâncias e que não
seu poder, empregavam contra os malefícios o poder benéfico dos amuletos e das
punham em ação.
Eis aí uma prova absoluta de que eles não ignoravam nada do papel da fé
posta em prática, relativamente às forças que rodeiam o homem e que ele pode,
segundo o seu desejo e seu saber, sofrer ou se utilizar das mesmas para o bem ou
para o mal.
Isso nos anima a encarar o que nos é conhecido da religião dos Egípcios.
cujo valor não poderia ser contestado, é O Livro dos Mortos. É por ele que
aos nascimentos que se seguem pára ele do julgamento que sofre, depois da sua
livro, levar-nos-ia muito longe, mas é certo que O Livro dos Mortos é unanimemente
reconhecido por todos os egiptólogos como uma autoridade incontestável. Este livro,
que foi reencontrado nas sepulturas, sintetiza a verdadeira religião dos egípcios.
Contém, com vistas filosóficas, um ritual mágico e religioso para o culto do morto e a
sepulturas contêm rituais análogos, mais ou menos completos, que parecem ter sido
dados ao morto não só para firmar a sua segurança, como para servir de guia na
que o ser pudesse, de antemão, conhecer a sua sorte. É assim que encontramos um
grande número de exemplares diferentes deste Livro Sagrado, existindo mais de 160
versões.
que foi publicada em 1842, segundo um exemplar muito completo que se encontra
no Museu de Turim.
Por infelicidade, a interpretação deste texto nem sempre tem sido feita
como deveria ser, porque a sua inteira compreensão reclama não somente a
penetração do lingüista como o saber do erudito, mas, ainda, e sobretudo, uma vez
perceberem o sentido místico das fórmulas e dos ritos dados no Livro dos Mortos
(fig. 9).
É o que H. O. Lange exprime claramente assim:
incompreensíveis".
Elas não são incompreensíveis senão para aqueles que nunca abordaram
o estudo apaixonante dos textos sagrados sob o ponto de vista das ciências
arbitrárias.
as práticas, na aparência, mais sangrentas são encontradas nos países que não
* *
além disso, comporta, sobretudo, elementos invisíveis, que têm um papel muito mais
importante a desempenhar.
número de quatro:
1º. — O Corpo;
Estudemo-los sucessivamente.
puramente material de nossa pessoa que cai sob os nossos olhos. Por si mesmo
O Duplo do corpo é composto de u'a matéria tão sutil que escapa à vista
o que não deve morrer nunca e que se conserva sempre idêntico através de suas
diversas reencarnações.
transitório dos ossos e dos músculos; é o conjunto dos nossos órgãos, sem outra
utilidade real além de servir de sustentáculo às partes mais nobres e mais ativas de
Não é responsável pelos atos que ele comete e de que não é senão um
meio.
dos outros três elementos, a casa onde estes elementos fazem a sua morada,
* *
corpo, porém composto de u'a matéria mais sutil e que não é submetida às mesmas
leis.
É, diz Maspero, "uma projeção colorida, porém aérea do indivíduo,
É a definição perfeita desta parte de nós mesmos que tem sido conhecida
por todos os pesquisadores que se têm dado aos estudos psíquicos, o que, no seu
Fantasma dos Vivos, Heitor Durville chama o "duplo". Esta parte fluídica que
mas a diferença dos nomes nada muda à semelhança das coisas e todos lhe
astral — que operam os poderes psíquicos, que o magnetismo apóia e projeta a sua
têm confirmado e que se confirmam cada vez mais, segundo o progresso das
pesquisas psíquicas. Pareceu a muitos que esta concepção do homem era nova e
de algum modo revolucionária, mas este "segredo" era conhecido pelos iniciados no
tempo dos Thotmés, dos Seti, dos Ramsés, quando o império dos Faraós estava no
seu apogeu e que não tinha ainda sido comunicado à multidão, porque a sabedoria
dos iniciados temia que os profanos fizessem mau uso, com o fim de lucro ou
O duplo não é somente uma forma, uma imagem vã; opera, manifesta-se
Serve para certos transportes afetuosos e é por seu meio que o defunto
em nossos dias.
O Egito considera este duplo como uma pessoa viva e ela age com ele
segundo esta opinião. Para eles, é o duplo do morto que volta, apesar da morte do
É por seu duplo que pai e mãe velam sobre seus filhos, o esposo por sua
* *
duplo o acompanhava.
Uma deusa ampara o seu corpo, e o duplo desta deusa apresenta o seio
a seu duplo.
lugar, atrás do corpo, o distingue deste; mas, por vezes também, especialmente nas
suas relações com os influxos superiores. É assim que, em uma cena onde
Amenófis III, ainda criança, vê-se impor as mãos por um egípcio ajoelhado, o duplo
do jovem Faraó está sob uma insígnia sobre a qual está um gavião solar de Horus.
seu duplo está já em comunicação com seu pai místico, o sol, do qual Horus é
Figura 12: Atrás do jovem Amenófis III, na mesma posição, está o seu duplo. Este duplo,
neste documento, é recomendável, porque ele conduz sobre a cabeça a insígnia de Horus
onde está sobreposto o gavião.
são suportadas por um deus cuja cabeça é do gavião e, no grupo que segue,
mão três cruzes ansatas que são o signo da saúde, da felicidade e do equilíbrio,
porque eles são o emblema da vida superior que penetra e se difunde na matéria
mais senão a insígnia suportada por dois braços sem corpo e que formam entre eles
um ângulo reto.
termos:
admitir que o ser humano não é só o que possuem os outros corpos que completam
a sua personalidade.
duplo para as criaturas inferiores, mas para os seres que seríamos levados a
* *
durante a vida. Certamente, nasce ao mesmo tempo que o corpo, mas durante a
presença?
havia animado; mas, do homem vivo, residia muito longe, ao menos na expressão
mística, rica de ensinamentos esotéricos, aos quais teremos ocasião de voltar mais
tarde.
Então, para o Egípcio, e isso na parte viva do corpo, o duplo está em uma
parte muito longínqua do céu e só o poder mágico pode atingi-lo nessas regiões
Esta força vital provém do fato de que o ser humano comunica cem o
É esta força que o duplo atrai para o corpo por meio de passes
magnéticos.
pela nuca, que o duplo se coloca sempre atrás do corpo físico. Esta concepção é a
prova de que os santuários egípcios tinham penetrado, ainda que milênios antes de
Efetivamente, para nós, o duplo não deixa o corpo e fica na sua atmosfera
muito próxima, mas o iniciado pode, à vontade ou quase, se a sua ascese foi
inesperada), mas só o iniciado pode realizar segundo o seu desejo, por uma
toda a vida material e cuja origem é certamente o sol, o que fez com que fosse
* *
Era por seu conhecimento, pelo conhecimento dos laços que unem o
uma das formas rituais mais absorventes de sua religião e de que nós temos uma
multidão de imagens.
quanto a família ocupasse uma certa ordem social mais elevada. Metia-se, em
Era considerado como o apoio do duplo, pois devido aos elos afetuosos
que ligavam a vida à morte, também precisava que o duplo se reencontrasse intacto
À morte, o duplo deixava o céu, a região de Hator, para vir à cova habitar
perto da múmia, do corpo embalsamado que o re-tinha junto dos seus. Unia-se
somente como uma viagem, e os mortos, unidos à múmia, tinham ainda os poderes
que gozavam quando estavam vivos. Possuíam os próprios objetos de que a múmia
estava enfeitada.
Persuadido que o duplo era unido à múmia, o Egípcio pensava que ele
divino Amon".
E esta outra: "Conduzi ofertas de legumes e víveres a seu pai, com ervas
odoríferas, que provinham da fonte da casa do duplo, sua filha que o amava, a
cantora de Amon".
cuidados.
Nenhum morto era privado destes ritos, e o culto dos mortos era
Pode-se dizer mesmo que era a única preocupação dos egípcios, cuja
maioria, na classe operária, levava uma vida de labor muito penoso para conseguir,
seu lar. para se reencontrarem com a família nesta vida subterrânea, mais durável
desaparecia, este tributo de força psíquica e afetiva que cada um lhe pode dar por
sua própria ascese, ajudando-se mutuamente para conseguir isso, com cerimônias
profissão que eles tinham praticado. É assim que, na sepultura de Myrithis, mágica,
objetos relativos à iniciação que ela havia recebido, do mesmo modo que, no túmulo
da utilização mágica e, entre outras, a persea, que, para Gayet, tem uma
são feitas por um sábio egiptólogo como Gayet, que é, ao mesmo tempo, um perfeito
tempo dos Faraós, tão desgraçadamente perdidos, mas sobre a magia greco-
* *
plenamente assegurada, era colocado em u'a morada eterna, que devia, por sua
em uma forma ritual, onde tinham sido previstas todas as possibilidades do conforto
e da duração para o corpo embalsamado do ser querido. Não restava mais do que
sacerdotes, com mais ou menos fausto, segundo a condição social e a fortuna dos
parentes; em seguida, precisava velar para que ao defunto não faltassem ofertas de
destes ritos e de todos aqueles que se acham indicados no Livro dos Mortos.
coisas, uma: ou o morto era livre de deixar o seu hipogeu se não lhe entregavam o
que de direito lhe pertencia, o que constituía um falecimento mais cruel, uma
separação mais - definitiva do que a primeira; ou, o que está mais conforme com o
ensinamento egípcio, era ligado à sua múmia e, se se deixava faltar o que lhe era
ascendentes negligentes.
oculta.
precauções. Eram fechadas essas câmaras por um trabalho de pedreiro onde não
nova condição.
túmulos poderiam ser novamente pilhados por nômades que não possuíam fé nem
precauções, de tal sorte que, se a múmia fosse pilhada e roubada pelos violadores
lugar a cerimônias evocatórias, tendo por objeto fazer descer na imagem o espírito e
outro.
Uma vez formada a imagem, chamava-se para ela o espírito eu, mais
castas.
uma nova morada na efígie que lhe era atribuída. Mas esta precaução não
efeito de criar muitas moradas para o duplo, no caso em que os túmulos violados e
profanados cessassem de ser para ele a agradável morada à qual a sua presença
tivesse direito.
* *
certeza de que o duplo era submetido ao poder do iniciado e que ele estava, sem
cessar, em relação com aqueles que tomavam cuidado pela múmia e lhe ofereciam,
substituída, mas obedecia também ao poder superior de Deus que era designado no
Egito, assim como já vimos, sob o nome de Ra ou Amon-Ra, de que o sol era
via de reencarnação.
ritos evocatórios para fazer descer o duplo no pequeno corpo que ele deve animar.
Gayet, vemos o Faraó, considerado como filho de Ra, descendente do Sol, fazer ele
seu filho Amenófis III, que acaba de nascer, e que vai receber então a vida material.
Resulta desses fatos que o duplo, do homem vivo, fica no céu de onde ele
dirige as forças vitais para a nuca do corpo que lhe serve de apoio e assim o faz
É o duplo que conduz este corpo e se serve dele para operar a sua
Mas isso não é senão a tese geral que pode ser aplicada ao comum dos
este domínio que ele pode praticar as obras mágicas e os trabalhos psíquicos onde
podemos dar em nossos dias. O homem iniciado deve começar por conhecer a sua
Deve obter dele o mais possível de vitalidade pura, vinda do alto, a fim de
obter tanta força quanto seja possível para o cumprimento do dever e a prática do
bem.
manifestação.
iniciado; eles não devem ser submetidos às impulsividades que prejudiquem seu
personalidade.
* *
fogo divino, e nos encontramos aqui, como na maioria das religiões, em presença da
teoria das emanações que fazem da alma humana uma parte da alma divina.
A alma (Ba) era para esta centelha como uma habitação viva e que dele
dispunha com riscos e perigos; do mesmo modo o corpo material pode achar-se
doente por ter seguido de um modo cego os impulsos do duplo que, em certas
condições de evolução e de excitação anímica, pode incitá-lo as mais baixas
satisfações.
morte deste mundo perecível ao coração de Osíris, para este mundo luminoso que o
outro corpo que será movido por um outro duplo nas metempsicoses merecidas.
completamente do que foi em sua vida. Ele pode ser constrangido a descer, mas
onde ele deve descer, mas sempre para animar um novo corpo, porque não tem
realizar, como ele, o ciclo obrigatório de suas viagens, da luz à sombra, e da sombra
à luz.
do ciclo perfeito, que se reproduz tantas vezes quantas são necessárias, até que o
ser humano esteja bastante aproximado da perfeição para se absorver no divino e
encontrar uma vida sem desejo, perfeita e consciente. Mas, esperando a alegria
perfeita, ele precisa seguir o curso eterno dos dias e das noites, a ronda das
A volta para o sol é o pleno meio-dia para o Khu liberto, mas ele não
mereceu ainda que esta luz fosse definitiva; depois de um momento de plenitude
fecharem sobre ele e cair no mais profundo da matéria obscura; mas o espírito o
assinala que esta frase, à qual se atribui um sentido simbólico, é acompanhada dos
Horus, de cabeça de gavião, vigiam o peso. Maât (ou Malt), a deusa da justiça, da
lei, cuja cabeça é substituída por uma pluma, coloca um peso em um dos pratos e
se acha em um outro prato. É ele que conduz e encoraja as almas nesta terrível
Mas Horus, de cabeça de gavião, inflexível como a luz, vigia a agulha que
deve indicar a sentença e o juízo colossal não se enternecendo nunca, ainda que o
eloqüentemente quanto possível de ter cometido qualquer dos crimes que possam
retrogradá-lo, na sua próxima volta sobre a terra em o mais vil dos animais.
E uma coisa a notar é que estes crimes conduzem quase todos a fatos de
sentimento ou de cupidez.
senão por orgulho ou por sequidão, porém que todos os outros pecados vêm da
alma, da parte sugestível que arrebata para baixo o corpo e para o alto o espírito.
"o seu verdadeiro coração que vem de sua mãe", porque é por ele que se realizam
todo o bem ou todo o mal e o justiçado exclama que não tem roubado o pão dos
pobres, nem o leite às crianças, nem a água aos seus vizinhos — falta grave em um
Não tem faltado aos cuidados e ao respeito que deve aos animais
sagrados.
que o juiz inexorável vai condenar ou absolver segundo a mais fria justiça, porque
que lhe era confiado, sofrerá o seu castigo. Salvo o caso extremamente raro em que
animais inferiores; o porco, imundo aos olhos do egípcio como aos do judeu ou
muçulmano, estava entre estes animais, assim como o hipopótamo é certos répteis.
Figura 14: O julgamento da alma no antigo Egito, segundo O Livro dos Mortos. (Extraído da Vie
Privée des Anciens, de Ménard e Sauvageot.)
percorrido de suas existências e prosseguir a sua evolução desde a forma que lhe
era conferida, até a humanidade, que não podia ser para ela novamente conferida
subia para o Sol; confundia-se com Osíris e os hinos não cessavam de celebrar a
sua felicidade.
terminará nunca; não se reencarnará, porém ficará na luz tanto tempo quanto
resplandecer o verdadeiro Sol, aquele que está oculto e, portanto, não se deita
nunca.
O Livro dos Mortos deixa entrever que existe, entre Osíris e o homem,
apenas diferenças de evolução e que esta forma é a mesma que o justo tem o dever
de aspirar.
pais do morto em desejar fundi-lo na luz incriada, a ternura lhe fazia o dever de
conservar o duplo o mais próximo deles possível para beneficiar muito tempo ainda
Daí vem o cuidado extremo que o Egito toma nos embalsamamentos; daí
vem este cuidado particular de pintar e gravar cenas em .torno dos túmulos, para dar
àquele que reside ali esta distração suprema de ver ainda as ações que não lhe são
coisas transitórias, que o eterno era a única coisa desejável e tal era o ensinamento
apressar a sua evolução; fazer o maior bem que se puder em torno para lutar contra
as suas tendências egoísticas que são os principais obstáculos ao nosso
que é o dom de Ra e que deve voltar-se para ele, quando estiver purificada da
Ba, a alma, aí ficará, ligada para que o justo possa gozar de sua
felicidade.
Mas tudo isso só pode ser atingido pelo mérito e pelo esforço. Feliz
daquele que sustem a luz iniciática! Aprendeu pelo estudo e pela meditação, que é a
pequena célula separada do grande Todo e que esta parcela constitui, entretanto, a
Ele sabe que, no momento fixado, quando tiver alijado de sua alma todas
as manchas terrestres, esta parcela reintegrará na Unidade; também porá a sua vida
la fácil, pois sacrificará as coisas de pouco valor e que são transitórias, para ganhar
grande período iniciático. — O pouco que sabemos nos mostra que o Egito possuiu
Sabiam que existiam, nessas emissões do ser humano, processos de cura e sabiam
também que se podia, por meio de certos rituais, praticar ações boas ou más, que
no corpo dos mais imundos animais e, se fosse favorável, este julgamento lhes
permitiria vir a ser um Osíris, sentir a parte imortal de seu ser eternamente misturada
O que nos resta de certo é que podemos fixar um lugar no tempo; são,
sobretudo, as obras atribuídas aos iniciados que, por causa de sua iniciação,
recebiam um nome divino e cujo conjunto nos é conhecido sob o nome de Hermes
Trismegisto.
que nos revela uma parte de seus mistérios. Porém, como tudo isso é posterior à
grande época iniciática! Não são senão lendas narradas, muitos séculos depois, e é
E' preciso, além disso, notar que o Egito antigo é para nós uma
descoberta toda nova. Não foi senão depois de algum tempo que os hieróglifos
este segredo foi entregue inteiramente e é mesmo permitida a dúvida. Sobre muitos
Pode-se esperar tudo do futuro, mas não nos é possível presumir coisa
conhecido.
Ora, resulta dos monumentos escritos como obras de arte do antigo Egito
aos mais poderosos segredos da natureza física e que os adeptos eram dotados de
É certamente o documento mais interessante que nos veio até esta época
(três vezes grande e três vezes mestre). Contém ensinamentos de Thot, o Hermes
Trismegisto.
a este período.
Foi a sua doutrina que inspirou toda a iniciação mediterrânea; é a ela que
Platão.
poderiam ser escritos durante a vida de um só homem e que nos confirma nesta
Jâmblico diz que Hermes escreveu 200.000 obras, das quais, aliás, ele
não dá os nomes.
Luiz Ménard, a quem devemos uma das melhores traduções das obras de
Hermes Trismegisto, testemunha que esta opinião é também a sua quando diz, a
propósito de Jâmblico:
seja o escritor que as formulou, estas três obras são consideráveis pelo seu
Nada que não possa e não deva realizar um adepto do nosso tempo, pois
os meios de evolução são os mesmos através das idades, para chegar ao mesmo
materiais e é por isso que deve ser sóbrio, ter aversão ou piedade pelos prazeres
materiais que nos dão apenas gozos passageiros e vãos, pagos de um modo muito
sensibilidade necessária para compadecer-se dos males dos outros, o adepto deve
abrir o seu coração, procurar no alto um piloto, um diretor que seja o mestre de sua
inteligência mais apurada, mais educada, porque o homem atinge muito dificilmente
por si mesmo e por seus únicos esforços esta luz brilhante e pura, que o conduz por
sutil filósofo quão profundo helenista, soube guardar todo o valor iniciático:
Trismegisto.)
* *
o entendimento.
Nada de paixões más, ódios, ciúmes, que nos fazem a alma pesada e
atraem para as regiões baixas aqueles que têm o dever de se elevar para as alturas.
O futuro adepto não deve ser escravo de seus sentidos, pois estes são os
fatores das ilusões tenazes e das volúpias que corrompem as mais nobres
faculdades de espírito.
Para bem mostrar que o adepto não deve guardar para si as revelações
que lhes foram feitas, porém que deve transmiti-las àqueles que têm sofrido as
mesmo livro, ensinamentos um pouco semelhantes, porém que não são dados por
Estes preceitos são dados por Hermes a seu filho Tat, iniciado, não por
iluminação do Alto, mas pelo ensinamento de seu pai, de seu mestre, de seu
Esta parte da obra, que nos é apresentada sob a forma de diálogo, trata
desconhecidas do vulgo. Por esta ascese, o espírito, livre de suas cadeias, atinge
esferas radiosas, onde o clarão do verdadeiro sol não conhecerá jamais as sombras;
Hermes, no diálogo, di-lo com inteira precisão. É ainda urna ascese, uma
da matéria”?
Tat, admirado”.
Hermes”.
E, logo depois, Hermes mostra-lhe quais são as doze falhas, das quais
ele se deve desfazer antes de empreender qualquer obra iniciática, assim como se
maldade”.
"São doze e têm sob as suas ordens um número
palavra”.
que nos vem servir para lutar contra a avareza. Quando esta
desprendimento se opera, porque o que parece um grande bem aos profanos, estas
alegrias egoísticas de que são tão ávidos, aparecem-nos como miragens, como
desejos sem realidade aos quais seria absurdo sacrificar o que de melhor e de mais
contra eles e substituí-los por qualidades opostas, como Hermes fez compreender a
inferiores.
Aquele que conheceu o verdadeiro fim da vida não consente aos sentidos
senão um império assaz fraco sobre sua personalidade. Expande o seu coração no
amor de todas as criaturas e não conhece maior alegria do que o altruísmo, o prazer
humanos e materiais.
sentidos não tomam mais lugar, mas onde o coração e o espírito, repletos de
Mas estas harmonias não se fazem entender nunca entre o vão tumulto
em que a alma se recolhe para receber as iluminações mais altas e se elevar até
discurso da iniciação de Hermes ao seu discípulo Asclépios. Este não é como Tat,
um aluno sem caráter especial; é a designação do psiquista ativo, pois que ele
existe senão um só deus e que só ele tem direito à nossa adoração e às nossas
homenagens. Este deus é, assim, como já vimos, Amon-Ra (Amon, oculto; Ra, o
sol), a luz secreta, a força universal que não poderia ser revelada a todos sem
preparação.
É preciso pôr-se em harmonia com esta força para vir a ser capaz de fixá-
la.
seriedade e de profundeza.
mais sedutora que seja, mas penetra no mais profundo dos arcanos.
Este estudo atento entrega ao investigador os preceitos secretos que são
O que diz Hermes a Asclépios é, sob uma outra forma, muito semelhante
universal”.
águas não perturba a sua vista; ele abraça tudo e fica em toda
parte o mesmo".
evolucionado, as satisfações que ele gozará na realização desta obra e o fim que
pode atingir.
*
* *
Outras alegrias mais belas e mais altas lhe são oferecidas. Mas para
purificar o seu corpo e seu coração e dar lugar a tudo o que deve descer da luz ao
Seu coração, livre das paixões vulgares, não conhecerá mais sentimentos
adquiridos com o único fim de brilhar aos olhos do homem, procurará a verdade
única.
Tudo isso não se obtém sem custo, porém como as alegrias são grandes
A medida que uma pessoa se eleva, percebe que tudo vive, que tudo ama
e que tudo é amado neste mundo e sente uma alma fraterna para todos os seres
vivos, desde o mineral que parece inerte aos olhos profanos até o homem.
E todos esses seres, tão diferentes pelo seu grau de evolução, são
fraternos a quem os ama e aquele que concebe assim o mundo sente-se realmente
* *
Estas novas forças, que ele descobriu, banham-no, sustentam- no. A terra
não é mais para ele senão um lugar de passagem, cujo peso não o detém porque
ele não é mais atraído por suas imagens vãs e as suas fugitivas riquezas; pôs a sua
força e sua alegria nos tesouros que não passam, e as asas de meu amor o fazem
à medida que ele atinge os cimos, a sua vista se estende e se firma, e está, diante
do que foi a sua ciência anterior, como uma criança que, vindo a ser homem, ri de
ver reduzido a suas justas proporções o parque que lhe parecia tão grande quando
A justiça e a eqüidade não são mais palavras vãs para ele, porque ele
nós e o verdadeiro e que nos fazem tomar miragens como realidades. Estão abaixo
dele, estas miragens; o iniciado não conhece mais dúvidas, nem hesitações, nem
deformações. Vê as coisas tais como são; encanta-se com o ritmo maravilhoso que
as anima.
Tudo vem a ser expansão para aquele que segue a senda. Deus não lhe
parece mais hostil e surdo à sua voz. Fica misterioso, mas vem a ser mais
conhecível, porque se sabe que o dia virá, quando tiver vencido as experiências em
que poderá fundir a sua consciência, tornada mais lúcida, na consciência divina.
Esperando, o iniciado encontra Deus em si mesmo. Ele sabe que é emanado desta
Unidade absoluta; que traz em si uma parcela desta força que rege os mundos.
Sabe que o seu dever é tornar-se o mais possível conforme este Deus que o deve
acolher e unir-se a este Deus mais tarde, com todos os seres cuja palpitação comum
é como um vasto coração cheio de sua presença. Nesta fraternidade, todos os seres
são nossos irmãos; bem melhor, eles são nós mesmos e nós somos eles, e não
existe mais interesse particular, hão existe mais, em absoluto, vida particular.
fim; tornar-se um Osíris, isto é, um Deus, uma parcela consciente e divina do Todo
divino.
Que importa àquele, cuja vista tudo abarca, o lugar onde se encontra
momentaneamente situado?
Deus.
É, pois, bem inútil ver, em um estado superior, outra coisa além dos
É a Lei. Cada um percorre o ciclo que lhe é assinalado por uma justiça
infalível.
Apressemos esse ciclo pela reflexão, pela meditação e pelo trabalho, mas
não tenhamos ódio nem cólera, nada senão uma profunda e terna piedade para
Fora desta mui alta moral, os iniciados que formavam a classe sacerdotal
nas cerimônias, eles formavam longos cortejos onde cada personagem tinha uma
função precisa, revelada por insígnias especiais de conformidade com o seu grau de
descobertas modernas dos egiptólogos vêm confirmar o que a tradição relata sobre
seu uso?
diversos lugares, uma lenda que não parece despida de fundamento e onde se fala
Templos.
Os de Tebas e de Mênfis guardaram o mais ilustre renome entre os
atitude vigilante, foi também um lugar de Iniciação, célebre entre os mais reputados.
tendo sobre os joelhos um livro fechado e cujo corpo e rosto estavam cobertos por
um véu impenetrável.
que me encobre".
Ghizeh e devia, antes de tudo, dar a quádrupla palavra deste enigma de pedra.
aos nossos leitores. Verão em detalhe que a quádrupla do enigma era: Saber,
pode ser que este monumento seja o mais antigo do mundo, vestígio das raças
desaparecidas.
Hor".
Qualquer que seja a sua antigüidade, a figura está lá, e a impressão que
humana sobre um corpo de leão, as asas são esboçadas nos flancos e as suas
garras enterram-se na areia. Foi esculpida no mesmo rochedo que formava o cume
metros de altura.
Durante séculos, os ventos que vêm do deserto levaram areia para ocultar
porta entre as suas patas dianteiras. A tradição conta que esta entrada conduzia,
É a opinião de Jâmblico.
peitoral do monstro e que esta porta se abria sobre profundas galerias que
conduziam à Pirâmide.
* *
Elas apresentam quatro faces triangulares iguais que partem dos quatro
tinha por base um quadrado de 233 metros de lado. Hoje, que o revestimento
exterior desapareceu, ela mede apenas 137 metros de altura e 227 de lado.
Um outro problema intrigou os sábios: qual era, no momento de sua
pirâmides tenham sido violadas e que certas múmias tenham desaparecido ao fim
de diversas invasões.
Esfinge e em parte na grande Pirâmide que continha salas especiais para esse fim.
grandes iniciados e filhos do Sol, a estas iniciações que fariam do adepto um novo
Vimos que Jâmblico (que viveu no começo do século IV da nossa era) fez
da porta da Esfinge, situada entre as patas, a entrada dos corredores e das salas
olhos”.
tinha percorrido, nem por onde tinha passado, nem qual era o
fazer diretamente pela grande Pirâmide, cuja entrada, como dissemos mais acima,
Esta versão é dada pelo Abade Terrasson, segundo uma ficção muito em
Este abade publicou, no século XVIII, uma história ou vida tirada dos
verdadeiro da narração devia ser de origem grega e teria vivido sob Marco Aurélio,
na cidade de Alexandria.
verdadeiros?
* *
O herói de seu romance é o jovem Séthos, que está animado do mais vivo
Amadeu, seu mestre, fê-lo viajar, a fim de preparar-se para esta iniciação
que não lhe será recusada; mas era necessário, antes, que o moço adquirisse
vastos conhecimentos e foi isso que sucedeu quando chegou ao fim da viagem,
de preparar-se por meio de longos trabalhos para as revelações que ele solicitou. O
Abade Terrasson frisa muito propositalmente este desejo de se instruir, que é uma
Amadeu fez tudo para dar ao seu discípulo esta sede de conhecimentos,
que se encontram em um dos lugares mais sagrados da terra e lhe diz, falando do
(Séthos.)
Este começo misterioso tem por fim despertar uma ardente curiosidade no
coração do neófito. Nada desejamos tanto como aquilo que nos aparece cheio de
perigos e rico de satisfações ocultas, superiores àquelas que são a partilha do resto
dos homens.
quadrada que está sempre aberta. Esta abertura tem três pés em todos os sentidos
e dá para uma alameda das mesmas dimensões; são, pois, obrigados a fazer o
Séthos teve de passar primeiro e Amadeu não lhe omite esta honra; ele
deixa ainda que Séthos conduza a custo a lâmpada que os guia com a sua luz fraca.
Para não lhe prestar nenhum auxilio, o mestre não lhe dá nenhum esclarecimento a
entretanto, cada área termina por uma dificuldade nova, da qual o neófito deve sair
vencedor, sob pena de voltar para trás sem saber coisa alguma.
* *
Séthos entrou no caminho das provas; porém, que provas eram estas?
primeiramente ao termo de um certo lapso de tempo, na sala onde era recebido por
dois iniciados, com os quais não lhe era permitido fazer pergunta alguma, sob pena
achava sem outra saída senão a abertura por onde tinha entrado, diante de um
porque este antro não apresentava nem corda, nem polia, nem roda, anunciando a
privava-os dos meios de descobrir o segredo que lhes desse um acesso fácil ou, se
eles percebessem isso, não ousavam ter confiança em tão frágil esperança.
permitiam ao neófito descer ao fundo. E o futuro adepto atirava-se por esta senda
perigosa, sempre seguido pelos dois iniciados que o tinham acompanhado até ali.
sombra ainda mais espessa. Era uma espécie de janela acessível depois do último
desconhecidas.
gradeada cujos batentes cediam ao menor esforço e se abriam sem o menor ruído.
que se repercutia com ecos sinistros. Achava-se ao fundo do poço, que tinha cerca
de 50 metros de profundidade.
Além desta porta, encontrava-se outra fechada por uma grade de ferro;
mas o espetáculo que se oferecia por esta grade era mais tranqüilizador do que o
primeiro. Através das barras, percebia-se uma longa série de arcadas, ladeando o
iniciáticas; mas este não era o caminho que lhe permitiam seguir; não tinha ainda o
direito de se confundir com as obras divinas, não era iniciado, não tinha sofrido
purificações.
linha reta a seis pés sob a terra. À entrada deste caminho achava-se esta inscrição
significativa:
Aquele que não tinha uma vontade muito decidida, lembrando-se dos
provas.
adeptos dignos da doutrina que iam receber, deixavam correr a lenda que afirmava
que muitos tinham entrado neste caminho e que não tinham jamais tornado a ver a
luz.
pesquisa.
Só, mas seguido de longe por seus iniciadores, que velavam, sem serem
vistos, pelo desenrolar de sua rotina, o neófito avançava. Era regra estabelecida, a
condutores podiam reconduzi-lo, por outros caminhos, até â janela sempre aberta
E, fazia-se-lhe jurar que conservaria em silêncio tudo o que ele tinha visto
quais os perigos pelos quais ele deveria passar, para sofrer purificações anunciadas,
encontrava uma porta de ferro solidamente fechada e, perto desta porta, três
conduz ao renascimento.
Um desses três homens dizia ao aspirante:
* *
seu aspecto.
vontade firme de receber a iniciação por qualquer preço que fosse, abriam a porta e
lhe deixavam o campo livre. Passava o neófito, e a porta se fechava atrás dele.
Então, neste caminho solitário, via aclarar-se por toda uma álea uma luz viva e muito
branca. Avançava resolutamente para a luz reencontrada, mas, antes que ele
estavam de cada lado e, no solo, estava colocada uma grade de ferro vermelha pelo
fogo. Esta grade formava losangos bem grandes para que o pé do adepto pudesse
Parecia que um ser vivo não poderia enfrentar esta fornalha sem perecer
queimado ou sufocado.
tivesse passado, e, quando ele se reencontrava em uma sala livre, depois desta
prova terrificante, o futuro iniciado, sem perceber o que tinha feito, sentia que o seu
de mais de 50 pés de largura, que lhe impedia o caminho. Esta água, derivada
Esta massa de água escoava-se com um ruído terrível. Dir-se-ia que suas
intrépido. Mas, qualquer que fosse o perigo, a iniciação era o prêmio, e, sobre a
margem oposta, o futuro iniciado via duas rampas emergirem da água para o
subterrâneo, nadando com uma só mão e lutando contra a corrente muito forte.
A travessia não era muito longa, mas também não era sem perigo.
degraus. Eles eram numerosos e, quando chegava ao alto desta rápida escadaria,
largura.
* *
Este patamar era uma ponte levadiça. Conduzia a uma porta, mas esta
aspirante, depois de ter experimentado abrir esta porta rebelde, não ter o
pensamento de que estes anéis tivessem uma utilidade e que dissimulavam, talvez,
O lintel que suportava os anéis levantava-se por sua vez, com o aspirante
vácuo e na obscuridade, devendo vencer por sua vez o legítimo terror e a fadiga de
descia, assim como os dois anéis; o aspirante retomava contacto com a terra e, por
vezes, ficava quase sem consciência, porém o que se oferecia aos seus olhos era
reanimavam prontamente.
uma simples mola interior. A vasta sala de um Templo cintilava então aos seus
porta até o fundo do santuário, até o degrau do altar. O grande sacerdote vinha
diante dele, louvava a sua coragem e a sua resistência, felicitava-o pelo sucesso e
Eram as boas-vindas.
alma das últimas manchas que poderia ainda conservar, desembaraçava o seu
espírito dos erros que ainda o obscurecessem. Então, era-lhe permitido prosternar-
novo iniciado recebia uma beberagem que dava a seu espírito da compreensão a
memória das lições de sabedoria que ele tinha ainda de receber de seus superiores.
Ele tinha vencido o terror da morte. Tinha o direito de rever a luz. Podia
preparar a sua alma para as revelações esperadas. Era admitido aos Mistérios de
Isis. Fosse qual fosse o ensinamento desses Mistérios, não podia deixar senão uma
impressão no espírito e as boas sensações daquele que as tinha pago tão caro. Por
isso os Mistérios de Isis deixaram na literatura e nas artes gráficas um traço mais
* *
Este segredo exigido é uma das causas das dificuldades que nos tolhem
Apuleio, que foi iniciado nos Mistérios de Ísis, fez falar assim Lucius, o
herói do seu Asno de Ouro, livro ao mesmo tempo tão agradável e tão rico de
ensinamentos filosóficos:
indiscrição".
Este juramento do silêncio era absoluto e não podia ser divulgado sob
pena de morte. Eis o que nos dá tão pouco de documentou precisos sobre os
Depois das preces que vimos fazer sobre o iniciado após haver chegado
interior dos Templos e eram os sacerdotes que estavam encarregados desta parte,
tendo todo o domínio onde os fixavam as funções que lhes eram atribuídas. O novo
olhos, mas cada gesto, cada objeto ritual tinha para ele uma significação precisa. Ele
sabia porque Ísis sentada tem um livro; porque Ísis de pé conduz o sistro; porque
Templo era um contínuo ensinamento e, nas horas que lhe eram disponíveis à
meditação, ele repassava no seu coração todas as coisas que tinha visto e novos
Não acedia de uma vez aos Mistérios de Ísis. Dos grandes e pequenos
Por isso o iniciado tinha todo o tempo necessário para avançar, para fazer
Ele devia penetrar cada dia mais adiante neste mundo novo que a sua coragem lhe
tinha aberto.
Sabia que esta coragem de um dia não era uma prova suficiente para
corpo.
templos.
análogos”.
Vê-se que a iniciação dos sacerdotes compreendia tudo o que podia ser
ensinado pelos sábios da época, e esta ciência era muito maior do que se pode
Cada Templo tinha a sua biblioteca, aberta ao Iniciados que ali iam
aperfeiçoar todos os seus estudos sobre o ponto de vista que os atraía mais na
seu Templo”.
de um túmulo”.
trabalhos que faziam haviam-lhes dado o meio de executar obras de proteção contra
inimigas.
a experiência dos séculos tinha-lhes demonstrado que certas fórmulas eram eficazes
para chegar aos mesmos efeitos e serviam tanto contra os inimigos visíveis, como
espírito inquieto.
obrigavam.
repetiam-se com intervalos fixos; muitas vezes duravam muitos dias e até muitas
semanas.
porém não era possível senão aos adeptos já chegados a um grau mais elevado,
frugal.
como um animal, um escravo, que é preciso manter em bom estado, mas sem luxo e
sem preguiça.
Quando o corpo era purificado, sem se relaxar desta ascese que devia
durar tanto como a vida, a ascese física se completava por uma direção mística.
Devia oferecer sacrifícios aos deuses, segundo o ritual que lhe era fixado.
dominar, como tinha vencido os perigos exteriores na terrível noite das experiências.
legítimas ternuras. Ele pertencia aos deuses e se retirava do mundo dos vivos.
império sobre os nervos, era a obrigação de guardar um silêncio absoluto, que devia
Nem uma surpresa, nem uma dor, nem uma emoção, de qualquer espécie
meditação. As suas preces e os seus jejuns pediam aos deuses, à Ísis em particular,
terra e do céu.
única ambição.
si mesmo tudo o que era animal; tornava-se cada dia mais digno das luzes que lhe
eram dadas e daquelas que lhe eram prometidas, e só depois desta preparação é
* *
conhecimentos que possuía, mas era bem raro que esta ciência fosse suficiente
que ela veio a ser em nossos dias. O verdadeiro iniciado devia realmente saber tudo
e tudo saber de um certo ponto de vista. As ciências físicas e naturais não somente
respectivo na escola dos seres e dos símbolos que eles podiam representar.
que curava as doenças pelas plantas, mas ainda, e sobretudo, pelos poderes
psíquicos.
noções, eram muito duras. Cada dia, o tempo muito restrito concedido ao repouso e
à nutrição era dividido de maneira a não se deixar livre, entre os períodos de estudo,
alimentam a arte dos escultores e pintores sagrados, tudo aparecia então como a
imagem da verdade, a transparente túnica onde a sua forma é velada aos olhos do
vulgo e não se deixa ver senão aos olhos capazes de penetrar a grandeza e a
beleza.
Uma imensa ternura o invadia e, à imagem do Sol que verte a sua luz
sobre os bons e os maus, sobre o inseto e a estátua divina, sentia expandir-se nele
* *
última experiência que o devia conduzir à luz absoluta, mas esta luz não se
meio das mais espessas trevas e, apesar disso, o quadro deste abandono era de tal
modo triste e sinistro que ele sentia o espanto deslizar sobre si mesmo e gelar a sua
vontade. Era um momento cruel em que era necessário fazer brilhar todo o domínio
Certamente, sentia a sua força vital abandonar o seu corpo; porém, que
importa o corpo àquele que sabe que é apenas o invólucro transitório de um ser
quase divino?
morte, o justo estava livre das cadeias terrestres e se identificava ao seu Deus, vindo
Isto não era a morte, mas a própria vontade do adepto que o desprendia de seus
liames terrestres. Por sua ascese e seu valor, identificava-se a seu Deus vivo.
O adepto entrava vivo no túmulo e saía vivo, mas tendo penetrado antes
superior. Era o fim de um Ciclo. Era uma vida inferior que terminava para que a alma
para uma vida espiritual mais elevada; recebia um novo nome; era iniciado em uma
vencido as suas impulsividades; sabia Ousar apesar do medo, com a medida que
convém àquele que sabe combinar o seu esforço conforme os efeitos a produzir.
Tinha perdido esta glória vã que conduz a revelar os segredos iniciáticos para
mostrar seu saber. Era aguerrido contra os inimigos, tanto exteriores como
interiores.
vontade dominada, via cair o véu de ísis, e esta inscrição também não era
mentirosa. Ele não tinha tocado o véu da Deusa senão tornando-se imortal, unido a
Deus desde esta vida; o véu ficava intangível à mão de todos os mortais. O livro era-
lhe aberto; lia com embriaguez, como o viajante que descobre uma fonte e banha o
seu rosto para fazer penetrar a sua frescura no mais íntimo dos poros. Todo o véu
cai diante dos olhos do espírito livre; não há segredos nem barreiras para o
verdadeiro iniciado.
Citamos, já, Apuleio como testemunha do mistério que era exigido aos
iniciados, do segredo ao qual se ligavam pela ameaça das penas mais temíveis; não
las".
do Egito.
* *
cientificamente o que nos tem sido transmitido relativamente aos lugares em que
Não temos senão muito pouca coisa, mas esse pouco coincide com a
Esfinge é já uma nota de que as tradições dos autores antigos e dos Árabes
face para cada ponto cardeal. Sobre a face Norte, à altura do 18.°; cerca de 12
centímetros de largura. Dita corredor desce por uma ponte de cerca de 25 graus.
É longo, tem 97 metros de comprimento e termina em uma sala e novamente
continua durante 18 metros para terminar em um rochedo, uns trinta metros abaixo
pirâmide e conduz a uma sala de granito que os arqueólogos, sem motivo plausível,
continua a subir; porém muda de aspecto. Conserva a sua inclinação, mas se alarga
teto grande de 60 centímetros. Esta sala se diferencia das outras por certos detalhes
profundidade. A extremidade deste corredor era fechada por uma grade de granito.
entrar, curvando-se. Sobre as faces deste vestíbulo estão três grades de granito e,
ao meio de uma destas grades, está suspenso um enorme bloco que, diz Carlos
mortuária."
dimensões são sensivelmente mais vastas do que aquelas das outras câmaras. Ela
estivesse cheia, prepararam-se cinco pequenas peças. A última tem um teto cônico
para rejeitar a pressão sobre os lados, o que demonstra um sábio cálculo dos
produziu na morada sepulcral onde não resta nem um traço do Faraó que teria sido
inumado ali.
Esta ausência de inscrições e de vestígios faz formular a questão
experiências iniciáticas?
Isto não está provado, mas parece ser verdade. Em todo o caso, os mais
temerários egiptólogos não formulam nem uma opinião precisa, relativa ao destino
Egito:
do Rei estão dispostos, à direita e à esquerda, bancos nos quais foram cavados, em
fúnebre?"
Sobre as faces laterais estão três grades de granito e — nota Carlos Blanc — "ao
lado das grades está suspenso um enorme bloco que parece ameaçar de
E a câmara do Rei?
múmia de Sesostris. Mas não há nem uma prova a este respeito e Heródoto é muito
sujeito ao erro, relatando tudo o que tem dito, sem uma só base e admitindo, sem
Uma descoberta mais recente ainda parece uma nova justificação aos
dados tradicionais.
Pesquisas bastante recentes permitiram descobrir, metido na areia, a 40
longo para conduzir a luz à grande sala principal. Ela cai por
notável”.
Figura 17: O Templo da Esfinge despojado das areias (no primeiro plano).
Ao centro, emergindo das areias, a Esfinge de Ghizeh; ao fundo, a grande pirâmide de Kheóps.
(Conforme AL Gayet.)
Jâmblico nos relata que a entrada das experiências se fazia pela porta
entre as patas da Esfinge. Ora, aonde conduzia esta porta? Um corredor estreito
distância?
sem dúvida alguma, um uso particular, porque era subterrâneo e esta disposição é o
este não tinha o menor detalhe que nos pudesse esclarecer sobre o seu verdadeiro
destino.
mesmo tempo tão luminosos e tão humanos, que não faltou senão a adesão dos
povos para fazer no universo a maior revolução intelectual que pudesse dar-se.
Grécia.
suas experiências iniciáticas, reduzidas a fórmulas e símbolos que não são sem
grandeza.
Em todo caso, aquele que quer vir a ser franco-maçom deve sofrer as
mesmos pensamentos.
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