Jornadas de Contabilidade: Actas - 1978
Jornadas de Contabilidade: Actas - 1978
Jornadas de Contabilidade: Actas - 1978
ACTAS
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ACTAS
UNIVERSIDADE DE AVEIRO
COMISSÃO ORGANIZADORA
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1. OBJECTIVOS
A Contabilidade e de um modo geral as técnicas de gestão sofre-
ram nas últimas décadas profundas transformações e avanços. De
tal modo que os contabilistas que obtiveram a sua formação acadé-
mica nos anos quarenta ou mesmo cinquenta deparam hoje na vida
profissional com muitas novidades no domínio das nomenclaturas,
processos de trabalho, estruturas e técnicas. Mesmo os contabilistas
formados em datas mais recentes, como consequência da falta, na
maior parte das escolas, de equipamento e de instalação apropriados,
sentem muitas frustrações e mesmo angústias ao entrar na vida
profissional.
Basta recordar que os computadores, preciosos instrumentos da
vida administrativa são uma conquista dos nossos dias. De notar
ainda que já no nosso século a evolução dos sistemas de processa-
mento de dados, passou dos sistemas de «lápis e papel», como é uso
dizer-se, ao processamento de dados com computador.
Na verdade, as transformações são profundas e rápidas. As má-
quinas contográficas, o próprio cartão perfurado qUe causou justi-
ficada admiração nas nossas juventudes, sem falar nos sistemas clás-
sico ou mesmo centralizador, são já hoje etapas ultrapassadas e têm
valores muito relativos na formação do moderno contabilista.
Também a normalização contabilística, a inflação, as recentes
reformas fiscais de forte incidência nas contabilidades, os critérios
valorimétricos e de amortização, o avanço das nacionalizações e inter-
venções do Estado, a introdução de novos documentos de análise,
como o «cash flow» a «Contabilidade Social» ou de «Recursos Huma-
nos», são outras tantas fontes de problemas para o contabilista, dese-
joso, muito louvavelmente, de tudo acompanhar e de se sentir à von-
tade no seu campo profissional. Isto no plano puramente técnico.
Se, porém, nos detivermos a observar as transformações operadas
no âmbito do ensino da Contabilidade, a nossa perplexidade é também
grande. O número das escolas, a diversidade dos currículos, as suces-
sivas transformações e reconversões, os títulos, o projectado ensino
superior de curta duração, o estatuto e a qualidade dos que ao ensino
da Contabilidade se dedicam são tudo motivos de hesitação e dúvidas.
— 11
E tudo isto a contrastar com o monolitismo das carreiras académicas
de há bem pouco tempo!
Finalmente, se nos voltarmos para a vida associativa dos nossos
técnicos de contas deparamos com mais de uma dezena de associa-
ções profissionais como que a reflectir os variados níveis de prepa-
ração académica, a diversidade de estatutos profissionais e as conse-
quentes preocupações reivindicativas.
É pois a consciência destes problemas que os contabilistas sentem
no dia a dia da sua actividade profissional e a vontade de perma-
nente actualização face às mudanças assinaladas que levou os conta-
bilistas a reunirem-se, para, entre si, dialogarem, trocarem expe-
riências, ouvirem exposições, discutirem métodos.
2. ENTIDADES ORGANIZADORAS
Cremos, pois, que foi em boa hora e com plena justificação que
o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro tomou
a iniciativa de, em Junho de 1978, propor a realização das JOR-
NADAS.
Compreendendo o interesse de tal proposta, personalidades de
relevo nos domínios da Contabilidade e da Gestão aderiram à ideia
com entusiasmo.
Foi, por isso, fácil criar a Comissão Organizadora.
Esta Comissão foi assim constituída: Doutores Fernando V. Gon-
çalves da Silva, Hernâni O. Carqueja, Carlos Figueiredo Mota, Al-
berto Pimenta, Rogério Fernandes Ferreira, Manuel Duarte Baganha,
Joaquim José da Cunha.
Mas não só no âmbito de professores, tratadistas e profissionais
da Contabilidade e da Gestão a ideia mereceu apoio. Também a Rei-
toria da Universidade, o Governo Civil, a Câmara Municipal, a Capi-
tania e as autoridades militares de Aveiro, reconheceram que tal
iniciativa era susceptível de valorizar o nosso ensino, a nossa região
e os profissionais participantes.
Aderiram por isso a uma Comissão de Honra e são credores do
nosso agradecimento.
O Ministério da Educação e Investigação Científica compreen-
dendo também os nossos objectivos concedeu um subsídio sem o que
não seria possível pôr em funcionamento o indispensável SECRETA-
RIADO, suporte administrativo de qualquer iniciativa deste tipo.
3. PROGRAMA CIENTÍFICO
12 —
As comunicações para as sessões de trabalho distribuiram-se pelas
seguintes SECÇÕES ou MESAS:
l.a Mesa: A Contabilidade das Empresas Públicas e Coope-
rativas
2.a Mesa: A Contabilidade das P. M. E.
3.a Mesa: A Contabilidade e a Inflação
4.a Mesa: A Contabilidade e a Gestão dos Recursos Humanos
5.a Mesa: A Contabilidade e o Fisco
6.a Mesa: A Contabilidade e a Informática
7.a Mesa: Apreciação e Revisão de Contas
8.a Mesa: História, Metodologia e Didáctica da Contabilidade
9.a Mesa: Outros Temas de Contabilidade e Gestão.
As comunicações apresentadas e os nomes que as subscrevem
dizem do alto nível científico e técnico das JORNADAS.
4. EXPOSIÇÃO DE COMPUTADORES
5. EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA
6. PROGRAMA SOCIAL
— 13
7. REGULAMENTO
No sentido de fixar em articulado as normas de organização das
JORNADAS elaborou-se um Regulamento que a seguir se trans-
creve:
REGULAMENTO
1. ORGANIZAÇÃO
1.1. (Constituição e objecto)
2. TEMÁTICA
2.1. (Secções ou Mesas)
14 —
2.a Mesa: A Contabilidade das P. M. E.
3.a Mesa: A Contabilidade e a Inflação
4.a Mesa: A Contabilidade e a Gestão dos Recursos Humanos
5.a Mesa: A Contabilidade e o Fisco
6.a Mesa: A Contabilidade e a Informática
7.a Mesa: Apreciação e Revisão de Contas
8.a Mesa: História, Metodologia e Didáctica da Contabilidade
9.a Mesa: Outros Temas de Contabilidade e Gestão.
§ único. Se o número de comunicações o vier a justificar poderá
a Comissão Organizadora criar mais Secções ou Mesas ou desdobrar
em Subsecções as Mesas aqui previstas.
3. PARTICIPANTES
3.1. (Condições de participação)
Participam nas JORNADAS as pessoas que se inscreveram até
ao dia 30 de Novembro indicando por escrito (no boletim de inscrição)
o nome completo, morada, profissão, nacionalidade e grau acadé-
mico.
3.2. (Preço da inscrição)
4. COMUNICAÇÕES
4.1. (Resumo das comunicações)
Das comunicações a apresentar deverá ser feito um. resumo que
não exceda duas páginas dactilografadas a enviar ao SECRETA-
— 15
RIADO até ao dia 15 de Novembro. O SECRETARIADO não se
responsabiliza pela distribuição das comunicações nem assegura a
sua integração nos planos das sessões dos textos que lhe sejam
entregues depois dessa data.
16 —
§ único. Os diapositivos que não forem entregues, o mais tardar,
até às 9 horas do dia da sua pretendida utilização, não poderão ser
projectados.
5. TIPOS DE SESSÕES
5.1. (Sessões plenárias e sessões de trabalho)
6. SESSÕES E REUNIÕES
6.1. (Do presidente das sessões)
2 — 17
6.3. (Nomeação dos presidentes)
18 —
7. CONCLUSÕES E ACTAS
7.1. (Conclusões gerais das Jornadas)
Com base nos relatos das Secções, a Comissão Organizadora
elaborará a acta final que poderá ser apresentada na última Sessão
Plenária.
7.2. (Actas)
9. CARTAZ
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INSTITUTO SUPERIOR D E CONTABILIDADE E AD HÍNISTRAÇSO
SECRETARIADO DAS JORNADAS
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21
Sessão de Abertura
— 25
veio trazer a estas Jornadas o lustro que lhes faltava para que
o seu brilho jamais se apague.
Não é este o momento oportuno, para falarmos em Licen-
ciatura em Contabilidade. Fique Vossa Excelência descansado
que não será esta a hora nem este o local mais apropriado a
esta discussão.
Esperamos de V. Ex.a não aquele passo apressado que con-
duz a soluções mal pensadas, mas também não esperamos
aquele passo lento que conduz a soluções sem interesse no
tempo. A licenciatura em, Contabilidade por inexistente em
Portugal a este nível, é lacuna imperdoável. Parece-nos incon-
testável que ela tem de existir. Para tal, dê-se forma à comissão
a que se refere o art. 4.° do Decreto Lei n,° 327/76 ou então
haja coragem de a revogar.
Advoga-se muito que a licenciatura em Contabilidade pri-
vará o país de técnicos ao nível dos que agora forma o Instituto.
Nada mais errado pensamos nós. As escolas, a par da Licen-
ciatura poderão leccionar um curriculum profissional de nível
superior.
O que nós nos recusamos a fazer, é a limitação do pensar
em nome do fazer e sempre minhas senhoras e senhores, toda
a prática se torna estéril quando não fecundada por uma teoria
e, igualmente sempre se fecha toda a acção quando não alimen-
tada pelo labor espiritual.
Daqui, Senhor Secretário de Estado, teremos de concluir
que encurtar horizontes e a sua actividade desinteressada é
encasular a própria acção.
Trabalhamos afincada e desinteressadamente. Somos dos
poucos que acreditamos e defendemos a licenciatura em Conta-
bilidade, à custa da potenciação de bens físicos e humanos e
este nosso pensamento é como o fogo:
Só cresce, ardendo e comunicando-se.
0.3. Senhor Reitor, Magnífico Reitor da Universidade de Aveiro.
Seja-me permitido por V. Ex.a deixar o título honorífico e, dar
mais largas às minhas palavras, usando o título para mim mais
adequado:
Querido Reitor:
É esta uma Escola da sua Universidade. Que os demais
Institutos sigam o nosso caminho. O documento que permite
uma integração autêntica está elaborado. Todos, Escolas e
Governo têm dele conhecimento. É urgente dar-lhe força de
lei, e, se os demais Institutos quiserem, seguir o nosso exemplo,
26 —
melhor, não para nosso orgulho, mas para bem do Ensino Supe-
rior. Fique V. Ex.a tranquilo que perante tantos e tão bons
congressistas escreve o Instituto mais uma página grande na
sua curta existência e não desmerecerá a instituição a que per-
tence.
Srs. Congressistas:
— 27
policopiadas ou fazíamos uma brochura colectânea dos trabalhos
que nos dignificasse a nós e às Jornadas. Escolhemos a
segunda via.
Serão pois publicados todos os trabalhos e dos debates
aqueles que na verdade representem progresso para a ciência.
28 —
Discurso do Prof. Doutor Fernando
V. Gonçalves da Silva, membro da
Comissão Organizadora das Jornadas
— 29
Especiais saudações e agradecimentos cumpre endereçar ao
noss© prestigioso confrade espanhol Prof. Enrique Fernandez
Pena que de tão longe veio visitar-nos e cuja participação nas
Jornadas nos vai ser, decerto muito proveitosa.
Pena temos que a escassez de recursos financeiros e outras
circunstâncias obstassem à vinda de colegas de outras naciona-
lidades e, nomeadamente, do Brasil e dos demais países de expres-
são portuguesa.
A Comissão Organizadora apresenta a todos os que efectiva-
mente aqui se encontram os mais sinceros e calorosos cumpri-
mentos de boas vindas.
Faz votos por que ninguém dê por mal empregado o tempo
que as Jornadas lhe vão tomar.
Está certa de que o trabalho das várias secções vai ser
profícuo e que a possível divergência de opiniões dos que inter-
vierem nos debates em nada afectará a boa camaradagem que
estas Jornadas se destinam precisamente a fomentar.
Espera e deseja, em suma, que estes dias de convívio e troca
de impressões nos tornem mais conscientes das nossas próprias
forças, reforcem a nossa união, despertem ou avivem o propósito
de, juntos, trabalharmos pela valorização, dignificação e prestígio
da classe — classe que, neste país de poetas e retóricos, ainda
não goza da consideração a que tem jus e que, mercê de várias
circunstâncias, ainda lhe não presta os serviços que podia e devia
prestar-lhe.
30 —
firmemente decididos a não diplomar ignorantes — e tudo ou quase
tudo virá por acréscimo.
As condições em que actualmente funcionam alguns dos
nossos estabelecimentos de ensino são, todos o sabem, pouco
estimulantes para os que neles leccionam.
É, todavia de esperar que à agitação suceda, a acalmia.
Entrementes, bom será que os mestres sigam o exemplo daquele
provecto lavrador que avisado e convencido de que o Mundo aca-
baria no dia seguinte continuou serenamente a plantar as suas
macieiras.
— 31
Dada a crescente interdependência das nações, caminha-se
rapidamente para a normalização internacional das contas das
micro e macrounidades.
As empresas têm responsabilidades económicas e sociais.
Cumpre-lhes atender não só aos interesses dos empresários e dos
seus colaboradores mas também as conveniências da comunidade
nacional.
Assiste-se, em toda a parte, à crescente intervenção do Estado
nas actividades económicas, ou seja à progressiva socialização
de toda a economia. Ora, como dizia o outro, socialismo é conta-
bilidade. Tal dito peca por exagero mas encerra, sem dúvida,
uma boa parcela da verdade.
Efectivamente nos regimes que não respeitam a propriedade
privada nem dão rédeas às iniciativas individuais, a missão dos
contabilistas assume uma importância ainda maior que nos regi-
mes de economia de mercado. Nos primeiros, devido à contínua
intervenção da política na economia e à inexistência de preços
resultantes do livro jogo da procura e da oferta, o planeamento
e o controlo tornam-se ainda mais necessários e os juízos de efi-
ciência bastante mais difíceis de formular porque ao critério da
rendibilidade se antepõe o do serviço social.
Tudo isto complica a tarefa contabilística que consiste essen-
cialmente, como é sabido, na obtenção de informes necessários à
tomada de decisões.
32 —
Graças à severidade em que nele se apreciam a competência
profissional e a idoneidade moral dos que aspiram ao grau de
«auditor» está cada vez mais sólido e afamado.
Entre nós — congratulemo-nos por isso — os principais pro-
blemas da classe parecem estar finalmente em vias de solução.
Encontram-se legalmente definidas as habilitações mínimas
que os técnicos de contas devem possuir, já existe um Plano
Oficial de Contabilidade, já temos uma Câmara de Revisores
Oficiais e já funcionam no país várias escolas análogas a esta
de Aveiro.
De ora avante, tudo ou quase tudo dependerá menos dos
governantes que de nós próprios.
E o prestígio da classe não cessará certamente de aumentar
se ela se não demitir do probo cumprimento das suas obrigações
e da firme reivindicação dos seus direitos.
7. A independência, a força e a influência dos contabilistas já são
agora, incomparavelmente maiores do que eram há meio século.
Juristas, engenheiros e economistas já nos não encaram com
sobranceria ou desdém; já nos respeitam.
E mais nos respeitarão ainda se lograrmos convencê-los das
vantagens de mais estreitamente colaborarmos com eles no estudo
e resolução de certas questões.
Tratemos, pois, de progredir, de perserverar no estudo, no
trabalho, no brioso acatamento das normas deontológicas.
No campo da economia e devido à natureza do nosso ofício,
nós, os contabilistas, estamos, melhor do que outros, em condições
de distinguir as conjecturas das certezas e as fantasias das reali-
dades. Esforcemo-nos, pois, por habituar os portugueses e pres-
tarem mais atenção à fria eloquência dos números que mane-
jamos e menos importância e crédito à inflamada oratória dos
demagogos, aos sonhos cor de rosa dos inocentes e às dogmáticas
e falaciosas proclamações dos que acreditam na própria infali-
bilidade e se permitem pontificar sobre assuntos que mal conhe-
cem.
Grande vitória será a nossa, se levarmos a bom termo tarefa
tão difícil como necessária. Se o conseguirmos, bem poderemos
então orgulharmo-nos de haver prestado ao País um serviço ines-
timável.
— 33
34 —
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35
3
Comunicações das l.a e 2.a mesas
A Contabilidade das Empresas Públicas
e Cooperativas
A Contabilidade das PME
— 39
Para ampliar y mejorar esta colaboración, puse en conocimiento
dei Presidente del Instituto de Planificación Contable del Ministério
de Hacienda de Espana, Sr. Cubillo Valverde, la celebración, de estas
Jornadas; y su inter és, puedo manifestarles, es tambiém tan grande
en favor de un mas amplio conocimiento mutuo, que designo a los
senores Amat y Ciscar, para que asistiesen a ellas, y para que, a ser
posible, se pongan en contacto con los colegas que aqui están consi-
derando a nivel oficial el tema dela Planificación Contable, con el
fin de iniciar intercâmbios de conocimientos y experiências.
Y con tal deseo de intercambiar conocimientos es por lo que
cuando recibí la invitación de dirigirme a ustedes en estas Jornadas,
pensé inmediatamente en que el tema fuese el de la regulación de la
Contabilidad Analítica en Espana, ya que la disposición legal que la
regula ha sido firmada en 1 de Agosto último y publicada en el Boletín
Oficial el 22 de Setiembre, lo que hace que constituya una autêntica
novedad.
Para facilitar la comprensión de mi intervención en um reducido
espacio de tiempo, he traído ejemplares de la nueva regulación
espanola,... pêro ignorante de la envergadura de estas Jornadas, solo
incluí en el equipa je 75 ejemplares. Como distribuirlos entre 400 jor-
nadistas para que sir van materialmente en estos momentos? Ello
no es posible; por tanto, he de cambiar la formulación que había
preparado sobre el soporte material dei texto legal. Ello me obliga
a improvisar sobre la marcha, por 10 que solicito sus disculpas por
las deficiências que puedan observar. No obstante, espero que con
los ejemplares facilitados a la Secretaria de las Jornadas, los colegas
que mas interesados estén en el tema puedan profundizar en su
problemática.
El Plan General de Contabilidad fue aprobado en Espana, por
Decreto 530/1973 de 22 de Febrero, y publicado en el Boletín Oficial
dei Estado, los dias 2 y 3 de Abril siguientes.
Sigue la línea del Plan Contable francês, pêro la disposición que
le aprobó se referia exclusivamente a la denominada contabilidad
financiera, es decir, a los grupos:
1 — Financiación Básica
2 — Inmovilizado
3 — Existências
4 — Acreedores y deudores por operaciones de tráfico
5 — Cuentas financieras
6 — Compras y gastos por naturaleza
7 — Ventas e ingresos por naturaleza
8 — Resultados ; y
0 — Cuentas de Orden y especiales.
40 —
Quedo pendiente de realizar, como facilmente se deduce, el
Grupo 9 — Contabilidad Analítica.
Creada una Comisión para su estúdio, se encargo posteriormente
a un ponencia, constituída por dos Catedráticos de la Universidad
Autónoma de Madrid, doctores Leandro Cafnbano y Eduardo Bueno,
actualmente Vice-Rector, de dicha Universidad, y Decano de la
Facultad de Ciências Económicas y Empresariales, respectivamente.
El estúdio que propusieron fue reconsiderado por una comisión en
la que participaron, entre otros, el Prof. Dr. Goxens Duch. Elevada
ai Consejo Nacional de Contabilidad, organismo rector del Instituto
de Planificación Contable, fue aprobado en Julio último a nivel dei
Instituto, y ministerialmente por orden de 1 de Agosto de 1978.
— 41
Computados los costes según su naturaleza, pueden reclasificarse,
si así se desea, o bien transferirse de forma directa a los centros de
coste, que se denominan de:
— Aprovisionamientos
— Transformación
— Comerciales; y
— Administración.
42 —
Estado de Resultados Contabilidad Analítica dei Período.
Subpro-
Pro- Pro- Trabajos duetos
dueto A dueto B propios resíduos Total
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afirmando que «existen evidentes dificultades para llegar a un cálculo
riguroso». «Ahora bien, — insiste — en el marco de este trabajo no
se pretenden refinamientos excesivos, porque entonces los plantea-
mientos que si hicieran tendrían serias dificultades de aplicación.
En la práctica, el cálculo de los costes de esta naturaleza se realiza
tomando una tasa mínima como coste medio ponderado de los recursos
financieros considerados en su conjunto».
*
* *
46 —
Estado de Resultados con Incorporation de Costes-oportunidade
(Sin merinas, roturas ni obsolescências)
Subpro-
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Costes
générales
Costes — oportunidad:
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Margen comercial general en sentido
económico 38
Costes de administration 12
Costes — oportunidad :
— Financieros
— Retribución empresário 14
Resultado económico de la actividad . 24
Costes de subactividad
Costes — oportunidad :
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Resultado económico de la contabilidad
analítica 20
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Estado de Resultados Contabilidad Analítica con Costes Estándar
(Sin merinas, roturas ni obsolescências)
Subpro-
Pro- Pro- Trabajos duetos
ucto A dueto B prop i os resíduos Total
- 51
Investimento, Finanças e Contabilidade
— breve contributo para a sua harmonização
Por Ruy L. F. de Carvalho
53
0 «consistency concept» é trivial.
Do «concept of prudence» muito pode esperar-se, se não veja-se:
«provision is made for all known liabilities (expenses ande losses)
whether the amount of this is known with certainity or is a best
estimate in the light of information available». É dar luz verde a
uma multiplicidade de técnicas que apontem para o futuro empre-
sarial próximo ou longínquo. Para já, fica, todavia, um comentário
sob a forma de interrogação: Quem costuma apresentar no Balanço
ou em notas anexas, as responsabilidades por juros dos capitais em
dívida?
O SSAP 2 reconhece a existência de domínios em que possam
existir bases contabilísticas diferentes, nomeadamente:
54 —
documento, indica, com notável latitude: «11. Particulars of any
matters required by members for an appreciation of the company's
affairs, unless disclosure would be harmful to the company or its
subsidiaries».
Contendo, há pouco tempo, cerca de 75 variações, o Plan Comp-
table Général domina a cena contabilística francesa, há cerca de
vinte anos. Sedutora uniformidade que mascara uma multiplicidade
de diferenças», no dizer de Michael Laferty.
O Plano contém recomendações gerais para a valorização do
Activo; o Passivo continua a contar como coisa de ciência certa,
o que não é verdade. Basta lembrar o problema das taxas de câm-
bio, as mutações nas encomendas a fornecedores (actualizações de
preços, penalizações).
O artigo 342.° da Lei de 1966 diz que as Depreciações e Provisões
se tornam necessárias para que o Balanço seja «sincère». É dispo-
sição legal que pode considerar-se de natureza dinâmica. De notar
que, só a parti: de 1965, para contrariar a tendência a limitar as
dotações para amortizações ao nível apurado dos lucros, se solicita
às empresas considerem um encargo anual equivalente, pelo menos,
à depreciação linear.
Quanto a financiamentos a médio ou longo prazo, nada se exige
sobre vencimentos e, na prática, raramente, são os mesmos indi-
cados.
O Decreto 67 236 de 23-03-77 estabelece o conteúdo do Relatório
de Gerência das Sociedades Anónimas que deve ser acompanhado
por um documento sobre os resultados financeiros (lato sensu, enten-
da-se) dos últimos cinco anos (lei de 1971). Em tal tipo de relatório
é flagrante a importância dominadora do capital próprio; ao capital
alheio só é feita referência no caso de acções convertíveis...
Em relação à Bundesrepublik Deutschland, o país da técnica, o
mais importante Estado no plano do comércio internacional, em
relação ao qual à primeira vista tudo faz pressupor a existência
por toda a parte de um materialismo no mais alto grau, é curioso
registar os termos (tradução, claro!) do juramento prestado pelo
Auditor (Wirtschaftsprúfer) no momento da sua nomeação pública:
«Juro por Deus-Todo-Poderoso que cumprirei responsável e cuida-
dosamente os deveres de Wirtscaftsprufer ; em particular obser-
varei o sigilo e formularei conscienciosa e imparcialmente relatórios
e pareceres de auditoria. Assim Deus possa ajudar-me».
A centena de milhar de AG (Aktiengesellschaft) e GmbH (Ge-
sellschaft mit beschránkter Haftung) devem, segundo a Lei, con-
formar-se, na apresentação de documentos financeiros anuais com
adequados princípios contabilísticos («Grundsãtzen ordnungsmãpiger
Buchfuhrung»).
- 55
De acordo com Rudolf Nihus, os princípios contabilísticos geral-
mente aceites podem resumir-se a três convenções fundamentais:
56 —
tados, é nítida a diferença de tratamento de tais valores patrimoniais
no caso de companhias de seguros ou no caso de outra qualquer
empresa. Há anos, numa grande cidade portuguesa, a municipali-
dade adquiriu uma grande empresa privada perdendo de entrada
muitos milhares de contos, por não ter considerado as responsabi-
lidades demo-financeiras advindas de um esquema de previdência
social privado.
A lei das sociedades por acções da República Federal da Ale-
manha, na sua secção 160, prescreve que o relatório da adminis-
tração deve tomar em consideração as responsabilidades não eviden-
ciadas no Balanço anual.
Na Holanda, tem vindo a ganhar terreno a valorimetria a preços
de substituição com o usual funcionamento: crédito a conta de Re-
serva ou débito a conta de Resultados conforme o sentido da cor-
recção.
Os resultados de inquérito à técnica de depreciação respeitante
a 1967/68 indicavam que:
— 57
gerados entre as posições desactualizadas e as correspondentes a
valores de substituição. Todavia, pode detectar-se aqui, sem difi-
culdade, uma componente do resultado que não é contabilizada — a de-
rivada da não coincidência da taxa de juro nominal e a preços cor-
rentes dos financiamentos e uma taxa de juro a valores constantes
ou em condições verdadeiramente isométricas, no caso da aplicação
de fundos.
58 —
flexíveis que as empresas podem delas desviar-se desde que man-
tenham consistência com a «boa prática contabilística».
No modelo da Conta de Perdas e Lucros lá vêm bem expressos
«juros recebidos» e «juros pagos».
As despesas de constituição não podem ser consideradas custo
plurienal; contudo, podem ser abrangidos no Imobilizado intangível,
comissões e outros encargos directamente relacionados com emprés-
timo a longo prazo.
Com raras excepções, por toda a parte, continuam a imperar
conceitos e práticas essencialmente em termos de «stocks» (posições)
em oposição a fluxos, como pode inferir-se das parcas exemplificações
apresentadas.
No que diz respeito a Investimento, apenas o aspecto de partici-
pação financeira noutra empresa aparece, em geral, considerado.
Criticam alguns contabilistas (ingleses e holandeses, principal-
mente) os trabalhos de normalização contabilística no âmbito da
Comunidade Europeia, por serem influenciados por juristas e por
concepções franco-germânicas (influência do Dr. Wilhelm Elmen-
dorff, presidente da comissão respectiva?) de apertados planos de
contas. Ninguém se queixa, porém, do total esquecimento a que é
votado o fluxo nuclear da empresa — o investimento directo. Isto
embora quase todos os contabilistas procurem integrar-se ou traba-
lhem mesmo no domínio da análise de projectos de investimento,
percam a cabeça comi DCF ou IRR e acabem por não se eximir a
práticas de planeamento e programação. J á sem falar na doença
grave, que há anos grassou, a chamada «cash flovvite».
Marginalmente, continua-se a fundamentar pedidos de financia-
mento elaborando Balanços, Contas e Origens e Aplicações de Fundos
em termos prospectivos; mas, ao mesmo tempo parece querer evi-
tar-se a todo o custo que o Balanço e Contas e outros documentos
evidenciem, rotineiramente, para onde vai, poderá ir, ou terá de ir
a empresa. E os povos pagam os desastres a que, às vezes subita-
mente, são sentenciadas as firmas, pelo implacável juiz chamado
liquidez.
A Contabilidade como sistema de informações operativas de ges-
tão não está, em geral, em condições de dizer em tempo útil: «Aten-
ção! Dentro de 5 meses (ou dois anos, por exemplo), se... e se...
então...». Sem possibilidades de tal tipo de análise ou elaboração
de informações, onde está a acção possível a partir de peças conta-
bilísticas? Como podem desenvolver-se esquemas de recuperação ou
sobrevivência com um mínimo de eficácia, continuando a trabalhar
para maior glória de processos à Fra Luca Paccioli?
Como pode utilizar-se a Banca não como «casa de prego» sofis-
ticada mas como real dinamizador da economia?
Evidentemente que não é possível de um, momento para o outro
passar por cima das exigências e normas conservadoras e tantas
— 59
vezes paralisantes das instituições financeiras e de crédito. Para as
que desse modo actuam, um conselho (a aceitar passivamente ou a
impor por lei): revejam atitudes à luz de conceitos dinâmicos!
À Nação interessa mais que os bancos ajudem o Estado a cobrar
impostos das empresas lucrativas do que a ele entregar os seus
próprios lucros não reflectidores da inviabilidade económica dias
empresas financiadas.
Igualmente não deve a Banca esquecer que nem só de projectos
inteiramente novos vive uma Economia. Além de que, embora os
textos não o refiram, o Investimento líquido é resultante não só do
Investimento bruto e das amortizações mas também do desinvesti-
mento! Uma máquina parada é um monte de sucata; um edifício
vazio, uma ruína em potência e, mais importante ainda: pessoal
desempregado não paga Imposto Profissional ou Complementar e
evita, em parte, que os outros paguem por força do seu reduzido
poder de compra.
Sem cobrança de impostos não se constroem escolas, sem estas
não se precisa de professores e não se pode ensinar alunos. À con-
tracção da procura (poderoso estimulante do desinvestimento, da
baixa utilização de instalações, da subida de custos e preços) pro-
vocada pelo fecho de empresas viáveis existentes, juntam-se novos
ofertantes de trabalho com baixo nível educacional, por não terem
professores que, entretanto continuam desempregados...
Entra-se na «espiral da miséria» sem que com isso se consiga
evitar a «espiral inflacionista»!
Para concluir este já longo número, algumas considerações sobre
os esforços que a CEE vem realizando no sentido de harmonização
contabilística.
Na chamada Quarta Directiva, afirma-se que as mutações veri-
ficadas nos elementos do Imobilizado corpóreo devem ser eviden-
ciadas no Balanço ou nas Notas às Contas, sem esquecer todos
os pormenores de reavaliações. Todavia, a explicitação do Investi-
mento em Capital fixo continua a ser ignorada. Curiosamente
alude-se a despesas R & D ; espera-se que, um dia de um futuro não
muito longínquo, estes investimentos originem, outros constituídos por
bens tangíveis.
60 -
não estar aqui tacitamente incluída qualquer referência a «juros
a pagar» em períodos subsequentes, embora de acordo com, o
artigo 43 da supramencionada Quarta Directiva se considere que
o relatório anual deve conter:
— o possível futuro desenvolvimento da companhia.
— 61
Resultou do estudo realizado pela Comissão Permanente de
normalização estabelecida por aquela instituição, tendo por finali-
dade: «to establish a form of presentation of information given in
company accounts suitable for investment analysis and standard
on the European level».
Tal trabalho baseia-se essencialmente na apresentação de três
quadros:
— Perdas e Lucros
— Origem e Aplicação de Fundos e
— Balanço
62 -
portaria à secretária da administração. Maravilhosa e interminável
rede de standards e desvios, de desvios de desvios, de agregação
de desvios, etc. Nalguns casos, pouco mais fazendo do que redes-
cobrir as propriedades formais das operações aritméticas.
Tudo isto culminando com a crença generalizada de que era
possível, em quase todos os casos, analisar, isoladamente, qualquer
projecto de investimento adentro um contexto empresarial mais
vasto e complexo.
Na «caça às bruxas» do rendível e do não rendível, do mais
rendível, alguns departamentos se viram, suprimidos, linhas de pro-
duto aniquiladas, empreitadas entregues ao exterior, que no quadro
da empresa custariam, pelo menos, metade, etc., etc.
Em Portugal, descobriu-se uma solução para todas as deficiên-
cias, quer de gestão, quer mesmo organizacionais, que, não sendo
curativa, pelo menos justifica muitos dos desastres: o 25 de Abril,
alguns dos seus governos provisórios (e constitucionais, também?)
e os grupos de pressão existentes antes e depois daquela data.
Cá fora, há muito já, que se acabou, na generalidade, com as
doutrinas de ilhotas isoladas no tecido empresarial. Na literatura
especializada já são velhas de cerca de vinte anos as considerações
que apontam para a globalidade empresarial e que a tornam exten-
siva à sua própria essência — o Investimento. Os projectos de inves-
timento são agora observados à luz de programas conjuntos de
investimento sujeitos às restrições próprias do espaço aleatório ou
determinista em que conceptual ou realmente se desenvolvem.
— 63
ano seguinte, se apresenta como uma necessidade, pois nessa altura,
o primeiro tear adquirido há 10 anos já não se encontrará em
condições de realizar um trabalho capaz. E continuará assim
durante anos com a sua capacidade de produção estacionária e inves-
timento líquido nulo, como é óbvio.
Considerando, com 0 até então, o valor da compra a contado de
um tear como custo do ano, o nosso empresário torna-se um M. de
la Palisse das Amortizações. Como há muitos anos já deu a entender
o insigne mestre Prof. Dr. Gonçalves da Silva ao apresentar
exemplo de que o anterior não teve artes de ser fiel cópia.
Contudo, daqui inferir que é melhor levar aos custos do exercício
o valor de avultadas aquisições de bens de investimento ou os ele-
vados encargos financeiros dos primeiros anos da vida de certos
tipos de empréstimos é perigosa interpretação ampliativa normal-
mente evitada por quase todos os especialistas em relação ao primeiro
aspecto — elementos do activo — socorrendo-se das técnicas de amor-
tização em ordem, a superar as dificuldades.
64 —
Aqui fica este reparo, esta chamada de atenção para a dicotomia:
— custos essencialmente objectivos — por exemplo, o valor do
consumo de energia eléctrica proveniente do exterior — e
— custos essencialmente subjectivos — por exemplo, o custo
por m3 da produção de água a partir de nascente própria.
65
e, como não pagou encargos financeiros nesse período, nada fica
registado.
Dispondo de «capital gratuito» e vendendo também a sua capaci-
dade de produção, realiza um lucro e 1 500 contos.
Entretanto fez planos para 1979 e chega à conclusão que deverá
fazer incidir 2 000 contos (os encargos financeiros que terá de pagar)
no preço de venda correspondente a esse ano. J á em 1978, começa
a perder encomendas (a satisfazer no ano seguinte, ao novo preço)
e acabará por fechar esse exercício com um prejuízo substancial
de alguns milhares de contos.
Para situações deste tipo, o remédio já existe e tem sido aplicado
com relativa frequência: Periodificação, proporcional ao tempo, dos
encargos financeiros pagos, reportando-os ao período de aplicação
dos capitais em dívida.
No caso presente, em cada um dos anos 1978 e 1979 incidirão
1 000 contos de encargos financeiros com indiscutível objectividade.
E se a taxa de juro fosse, no segundo caso (juros postcipados),
variável, dependente de uma taxa básica internacional a definir um
mês antes do vencimento? Ficava-se 6 meses à espera para fechar
o Balanço? E se o vencimento da operação fosse em Novembro,
ficava-se 10 meses à espera?
São os encargos financeiros pagos num período, ou o seu equiva-
lente periodificado, custos objectivos mesmo quando o seu valor em
moeda local está dependente da taxa de câmbio escolhida para a
conversão? (Qual virá ela a ser?).
Parece que nem sempre. Mas há mais.
No caso anterior, os encargos financeiros eram, nas duas empre-
sas, iguais, havendo equivalência financeira de taxas de juro.
Observe-se agora o seguinte:
Duas empresas apresentam, em relação a 1977, o seguinte
resultado:
Vendas Líquidas 3 500 contos
Pessoal 90»
Materiais 1100
Serviços Externos 800
Resultados antes de Encargos Financeiros . . 700
66 —
Este, porém, recusa a renovação do crédito através de nova
livrança, mesmo depois da empresa ter evidenciado que se irá manter
ao longo do período 1977/82 o Resultado antes de encargos financeiros.
Curiosamente, em relação à empresa B, tudo se passa de modo
diverso. O seu Banco concede-lhe um: empréstimo de 2 000 contos
em substituição do anteriormente existente.
Tal financiamento vence juros pagos anualmente no momento
da amortização e à taxa de 20 %. O reembolso far-se-á em cinco
anuidades de 400 contos cada, vencíveis em 31-12 de 1978 e seguintes.
A instituição financeira sugere que a empresa constitua todos os
anos, com a liquidez disponível no fim do exercício, um Depósito
a Prazo que vencerá o juro de 15 %. Sabe-se que o departamento
de crédito do financiador se considera satisfeito ao receber, perto
do fim de 1978 informação semelhante à que a empresa A prestou
ao Banco B 1 ou seja, que vai manter-se o Resultado operacional
(700 contos/ano).
Como irá ver-se através da análise prospectiva realizada por
cada uma das instituições de crédito:
No caso da empresa A, o Banco recebe 425 contos de juros e tem
razões para não querer arriscar mais; no caso da empresa B, o seu
Banco será integralmente reembolsado dos 2 000 contos emprestados,
vai receber os juros respectivos à taxa de 20 % e ganhar ainda 5 %
(20 % —15 %) sobre os diferentes Depósitos a Prazo constituídos
pela empresa ao longo do período 1978/82.
Análise realizada pelo Banco B 1 em relação à empresa A:
1977 1978 1979 1980 1981 1982
Resultado antes de Encargos Fi-
nanceiros 700 700 700 700 700 700
Encargos Financeiros 400 425 463 519 604 731
Resultado 300 275 237 181 96 -31
Financiamento vencível em 2-1-78
e seg 2 000 2 000 2 125 2 313 2 595 3 018
Disponibilidades em 31-12 transfe-
ridas para o ano seg 300 275 237 181 96
Livrança — Prod. Liq 1700 1850 2 076 2 414 2 922
Análise realizada pelo Banco B 2 em relação à empresa B:
1977 1978 1979 1980 1981 1982
Resultado antes de Encargos Fi-
nanceiros 700 700 700 700 700 700
Encargos Financeiros 400 400 320 240 160 80
Resultado 300 300 380 460 540 620
Juros de D/Prazo — 45 37 39 54 83
300 345 417 499 594 703
Depósito a Prazo — 300 245 262 361 555
Disponibilidades antes da amor-
tização do empréstimo . . . . 300 645 662 761 955 1258
Amortização do empréstimo . . — 400 400 400 400 400
Disponibilidades finais . . . . 300 245 262 361 555 858
Dívida em 31-12 2 000 1600 1200 800 400
— 67
Resultados operacionais idênticos e Encargos financeiros das duas
empresas, exactamente coincidentes, no ano 1977, porém, vidas
futuras distintas... Há objectividade nisto?
Neste caso, a componente subjectiva consubstancia-se nas dife-
rentes decisões tomadas pelos estabelecimentos de crédito e que
resultam na existência de u m a mesma taxa aparente de juro, 20 %,
mas diferentes taxas efectivas : num caso (empresa A) 25 % e no
outro (empresa D) 20 %.
Como relevar tal facto, de importância vital para a empresa e
seus «stakeholders»? O simples lançamento de encargos financeiros
pagos, ainda que periodif içados, não satisfaz, como se viu.
O exemplo também serve para mostrar o contraste entre ajuda
bancária e estrangulamento da empresa através de operação rui-
nosa. (Ficará para ocasião própria, o desenvolvimento deste tema).
68 -
C — Quais custos?
F —Bem...
C — Bem?
M — SPD ou PSD?
F —SPD!
— 69
M —Ah! Toda a gente lhes chama DCO.
F — DCO?
C — Outras!
F — É pá!?
C — Vamos a isso?
70 -
C —Qual prejuízo, qual carapuça! De outro modo, com o Pro-
grama inicial ainda teríamos maior (3 500 contos) ! Deixa-te
lá dessas concepções estáticas, lembra-te que estamos em
fase de sobrevivência e recuperação. Vejamos para onde é
que irá o «barco», nos próximos 5 anos:
1979 1980 1981 1982 1983
C — Essa agora!?
F —O financiamento...
C —O financiamento é para utilizar ao longo de vários anos,
não é? E isto independentemente, digamos, do método de
pagamento de juros (desde um extremo — pagá-los todos
inicialmente — ao outro — pagá-los todos só no fim do prazo
do empréstimo), julgo.
- 71
Também consideras custo de um só exercício todo o valor
de aquisição de uma máquina?
Afinal, se tivesses procurado uniformizar as coisas, sem
vistas limitadas ao horizonte temporal restrito de Um ano,
o teu preço de equilíbrio seria diferente e não terias arris-
cado a empresa a ir por água abaixo, definitivamente, como
consequência do teu conservadorismo pouco eficaz.
Pega lá nos Encargos Financeiros dos próximos 5 anos e
soma: 5 000 + 4 200 + 3 240 + 2088 + 706 = 15 234 (ou usando
o segundo método: 10 453). Agora divide por 5, obténs 3 047
(ou 2 091). Toma este valor para Encargos Financeiros de
um ano e aí tens o preço de 1 902 Esc./t (ou 1 855 Esc./t)
mais próximo do sugerido pelo mercado.
O pano cai.
72 -
De análise de projectos pouco se falava. A intuição vivia à solta,
sem limites.
Ao mesmo tempo, importantes equipamentos começaram a trans-
formar a composição de factores produtivos, no processso de produção.
Processos cada vez mais complexos e verticalizados conduzem a
substanciais imobilizações de trabalhos em curso. As incertezas de
abastecimento de materiais implicam estratégias de stocks.
A mais fácil movimentação de fundos à escala internacional cria
novas possibilidades de acesso ao crédito. Surgem as primeiras
fontes de recursos financeiros situadas entre capital próprio e capital
alheio. Tornam-se correntes as operações a taxa de juro variável.
Preponderando sobre tudo isto, pressões inflacionistas chamam
a atenção dos peritos para o saneamento de Balanços e Contas.
Timidamente umas vezes, teimosamente outras, a Contabilidade
tradicional, burocratizada e continuando a deixar-se enredar por
esforços no sentido de um, «custo real», satisfaz-se com a aceitação
de novos instrumentos de análise a priori e a posteriori (Cash Flow,
Orçamento). Descobre, finalmente, as delícias do Controle de Gestão
e fica-se a olhar para os desvios em relação a standards cada vez
mais hipotéticos.
Quase ao mesmo tempo, o desejo de não assumir riscos incontro-
lados faz nascer a análise de projectos de investimento, com todas
as suas grandezas e misérias.
Sai-se, definitivamente, do quadro apertado das contas anuais.
Aliás tal já se havia de certo modo concretizado com a utilização
da técnica de depreciação — primeiro grande passo num processo de
dinamização contabilística.
Estes dois últimos domínios — análise de investimentos e técnica
de depreciação — aparecem por assim dizer desligados:
— A técnica de depreciação orienta-se para a obtenção de
um Resultado Económico Anual com altos e baixos amor-
tecidos.
— A análise usual de projectos de investimento baseia-se em
resultados financeiros «lato sensu», evita o problema das
depreciações e põe de lado financiamentos e seus encargos.
Segundo o Prof. Dr. Dr. he Albach da Universidade de Bonn, a
análise de projectos de investimento não pode fazer-se isoladamente
e, para um trabalho de maximização do valor actual de um conjunto
de projectos de investimento, é importante estabelecer condiciona-
lismos não só quanto a limitações dos meios financeiros mas ainda
ter presente a sua heterogeneidade.
Pretende-se fazer com que a Contabilidade dê um passo em frente,
dinamizando não só a Aplicação de Fundos (Capital fixo e sua Depre-
ciação) mas também a sua Origem (Financiamento de projectos de
investimento e sua amortização). D e tal modo se ajudando a lançar
- 73
a ponte sobre o fosso que tem vindo a cavar-se entre uma Contabili-
dade essencialmente histórica e quase integralmente estática e as
actividades ligadas ao Planeamento empresarial.
A ideia subjacente ao presente trabalho encontra-se, de certo
modo, concretizada indirectamente nos recentes processos de «Lea-
sing». Foi posta em, prática pelo autor, em 1970 com a finalidade
de fazer ressaltar as consequências da gestão operacional, até então
sempre permanecendo em plano secundário dada a substancial inci-
dência de elevados encargos financeiros nas Contas de Resultados.
Ao mesmo tempo que se procurava mostrar o isolamento de políticas
sectoriais em que nessa empresa se vivia — primeiro passo para
salvá-la da degradação.
A ideia de nivelamento de encargos financeiros só é nova no que
diz respeito à sua aplicação consciente. Basta pensar em certo tipo
de vendas a prestações: os encargos financeiros totais juntam-se ao
capital em dívida e daí se obtém uma corrente de pagamentos mais
ou menos estacionários.
É do conhecimento geral que a evolução do valor de um bem
de equipamento
Esc. A
t
é relevada, em Contabilidade, através de uma corrente de custos
mais ou menos estacionários, tendo os processos de obtenção desses
valores periódicos sido objecto de extensa e cuidadosa análise.
Esc. A
74 —
Quer dizer, o exercício deixa de ser absolutamente estático e
comportar-se neutralmente em relação ao futuro.
Quando, porém, se trata do financiamento correspondente (direc-
tamente ou não) aquele bem; de equipamento, segue-se o caminho de
considerar como pesando num só período, num só momento, o nível
de financiamento respectivo e, assim, os encargos financeiros pagos
são os considerados na 'Conta de Perdas e Lucros. Alguns contabi-
listas vão um pouco mais longe considerando o período seguinte e
contemplando situações de encargos financeiros antecipados e postci-
pados. Assim:
Esc. Ai
1 pagamento
de encargos
financeiros
!
1 1 1 nível de fi-
t„ n I n+1 nanciamento
Debita-se o Resultado do exercício n por 3/4 dos encargos finan-
ceiros pagos em t0.
Se se verificar a seguinte situação (juros postcipados) :
Esc. A
— 75
Uma simples solução aritmética consiste em somar os encargos
financeiros correspondentes aos diferentes períodos e calcular um
termo médio. Seja Jj a quantia a pagar por encargos financeiros
num determinado ano j e designe-se por n o número de anos durante
os quais se vai pagar encargos financeiros. Representado por T o
termo constante a calcular, virá:
T = l / n 2 Jj
Graficamente, tem-se:
Esc. A Esc. A
<>
• • • •
•
•
w >
0 t O t
Encargos financeiros a pagar Encargos financeiros a imputar
76 —
reduzir-se ou não ao longo do- tempo. Relembre-se, ainda, que os
encargos financeiros podem pagar-se dos modos mais diversos.
Esc.
- 77
Wolf Mining Co.
Valor
actual
(7,25 % ) 59,6
78 —
em relação a um certo número de anos, embora com adequada con-
trapartida de natureza activa, como é óbvio.
Por isso se sugere a utilização de uma subconta de Antecipações
Activas ou Passivas, conforme os casos.
Se o valor anual nivelado for inferior aos encargos financeiros
do período anual, a diferença aparecerá no Activo e em Resultados
incidirá apenas o valor do termo nivelado. Possivelmente durante
alguns anos, o saldo devedor aumentará até ao momento (encargos
financeiros pagos inferiores ao valor do termo nivelado) em que
começará a sua redução.
Desnecessário referir que, para além desta espinha dorsal, de-
verão por-se em funcionamento dispositivos adequados para tomar
na devida conta o problema de actualização como aliás já sucede
com certos métodos de depreciação.
De modo semelhante se procederá no caso de expansão de finan-
ciamentos (resultante quase sempre de agregação de casos indivi-
duais do tipo anteriormente descrito). Na conta de Resultados inci-
dirá uma quantia superior à do termo nivelado e constituir-se-á uma
subconta de Antecipações Passivas. Na alternativa de imputar tal
diferença (ou verba superior) ao Imobilizado em curso ou a arrancar.
À excepção de situações transitórias, um financiamento crescente,
em termos reais, só pode admitir-se globalmente, ou seja, pela con-
corrência de vários projectos de investimento, ou «tout court» perante
a existência de investimento líquido, ao longo dos anos.
RESUMO
Alguém pensará analisar o galope de um cavalo impondo, como
base do estudo, uma fotografia do mesmo com as quatro patas bem
assentes no chão?
Um balanço, nas condições em que normalmente é elaborado, na
estricta observância de princípios por vezes mais voltados às ciên-
cias jurídicas que à gestão empresarial, só pode ser útil quando,
pelo menos, associado a outro ou a documento equivalente.
A inadequação das peças e informações contabilísticas tradicio-
nais torna-se ainda maior quando, artificialmente, se pretende disso-
ciar, observar separadamente resultados reais ou possíveis dos muitos
projectos isolados (mas simultâneos) de investimento em vias de
execução ou já em funcionamento.
Face ao empolamento dos investimentos, não admira que a breve
trecho se venha a clarificar a diferença entre valores de aquisição
de equipamentos ou instalações e as verbas consideradas como custo
correspondente a um período inferior ao da vida económica daqueles.
Trata-se de situação semelhante à «compras-consumos». Porém,
pelo menos do ponto de vista físico, os consumos de bens ou ser-
viços externos são essencialmente objectivos enquanto que o processo
— 79
nivelador ou estacionarizante constituído pelo fraccionamento em
função do tempo civil ou de serviço do custo do imobilizado apresenta
feição nitidamente subjectiva ou de ilusória objectividade.
Perante a importância crescente dos capitais alheios e sua com-
posição cada vez mais complexa de que, só, dramaticamente tarde
algumas empresas se aperceberam, quase nada se fez, em Conta-
bilidade.
Num contexto em que o tempo civil impera como ditador impie-
doso, o pouco que se concretizou não conseguiu libertar-se de
concepções pouco mais do que estáticas. É o caso da periodificação
dos encargos financeiros apoiada em tosco cálculo — função linear
do tempo — na base de um período pouco superior ao ano. Algumas
situações se verificaram já também, de imputação de parte dos
encargos financeiros do período aos projectos de investimento em
curso; noutros casos, tais encargos sofrem indirectamente trata-
mento idêntico ao do imobilizado respectivo, por serem «ab initio»
considerados como parte integrante do seu custo de aquisição.
Na medida do nosso conhecimento, só muito recentemente (1971),
se fez uma aplicação concreta da estacionarização dos encargos
financeiros de uma grande empresa, envolvendo vários projectos
de investimento. O caso originou certa polémica a vários níveis:
Recusado por alguns contabilistas, aceite, em geral, por financeiros,
o processo não foi alvo de críticas aos seus aspectos essenciais, ao
ser apresentado, no ano seguinte, numa Mesa Redonda sobre Finanças
Internacionais, realizada em Bruxelas.
É precisamente tal técnica que se prestou a servir de núcleo ao
presente trabalho.
Consegue-se de tal modo dinamizar um pouco mais o Balanço,
fazendo dele constar uma conta que, além das de amortizações e
reintegrações, é altamente dependente de considerações temporais,
passadas e futuras. Ao mesmo tempo, os resultados, em vez de
afogados, de início, pelas encapeladas ondas dos encargos financeiros
de arranque, terão tendência a mostrar menores flutuações derivadas
da gestão financeira da empresa, da sua estrutura de capitais (ou
das origens de fundos) e de algumas características do esquema de
financiamento dos projectos em curso ou concluídos.
Custos completos, preços de venda e impostos sofrerão influência
profunda. Em muitos casos, ficará automaticamente eliminado o
risco de empolamento de custos unitários e suas consequências desas-
trosas sobre o preço de venda.
A analogia com o processo de depreciação é flagrante. Acontece,
todavia, que num dos casos, prevalece a óptica técnico-económica;
no outro, a financeira.
Ficará também atenuada a inoperância, a curto prazo, do resul-
tado económico ou contabilístico. Maior relevância sendo dada nos
casos, infelizmente frequentes, de recuperação económica envolvendo
uma estratégia de sobrevivência.
80 —
A Função Financeira nas Pequenas
e Médias Empresas
Por Rogério Fernandes Ferreira
RESUMO
6 — 81
as suas implicações ao nível do balanço e da conta de resultados
e nos cálculos de custos e de margens de lucro.
Nota-se, por outro lado, que a inflação está conduzindo muitas
pequenas empresas a empobrecimento que a técnica tradicional da
contabilidade impede de ver, ao mesmo tempo que se constatam
impossibilidades de obter novos recursos financeiros, em face de
desequilíbrios na estrutura dos financiamentos que a inflação
acarretou.
Realça-se assim a grande necessidade de estar hoje alerta quer
perante as carências de fundos e de recursos financeiros quer
perante as fracas Utilizações e rotações de valores activos quer ainda
perante as perdas de valor do padrão monetário.
Na verdade, estamos em fase de pobreza e de carências que
provocam estrangulamentos na gestão, incumprimentos de obriga-
ções, impossibilidades de fazer compras, paralisações... E uma
empresa que hoje trabalhe com fundos e outros meios activos em
excesso vê surgirem, encargos desmedidos ou tem rendibilidades
financeiras inadequadas, dadas as altas taxas de juro actuais.
Nestes termos, os gestores das pequenas e médias empresas terão
de procurar apoios regulares para os aspectos financeiros através
de gabinetes de consultores idóneos e/ou solicitar a cooperação de
serviços específicos das instituições de crédito, Universidade e Insti-
tuto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas.
82 —
A Organização Contabilística
e o Sector Cooperativo
Por Luís Augusto Eça ale Matos
- 83
Disso também é culpada a Contabilidade em Portugal pois que
não tem podido dar, dentro das medidas das suas possibilidades, o
contributo válido e necessário de forma a poder apoiar efectivamente
ou o lançamento de tantas cooperativas nascidas após o 25 de Abril
ou a reorganização de muitas outras que bem precisavam de quem
lhes proporcionasse um esquema organizativo empresarial capaz.
É efectivamente a organização contabilística aquela que pode
ser o esteio das estruturas das cooperativas, desde que estas se
subordinem- a métodos, princípios e formas de contabilização- que
lhes assegurem uma situação estável e que lhes proporcionem o vigor
necessário para que, constituindo elas o sector cooperativo, este
possa ombrear com os sectores privado e nacionalizado previstos
pela Constituição.
Quando Fayol enunciou, há já bastantes anos, as diversas fun-
ções de uma empresa, considerou a Contabilidade como uma delas,
lado a lado com a da técnica, com a comercial, com a financeira,
comi a da segurança, com, a administrativa, com a de produção, com
a de investimento e com a da gestão do pessoal. Apesar dos anos
decorridos sobre esta perspectiva, considerada por uns tantos já
ultrapassada, ainda há quem faça a distinção da Contabilidade das
demais funções, dentro de uma empresa, esquecendo a sua interde-
pendência. A Contabilidade aparece hoje em dia envolvida em todas
as restantes funções que atrás citei e não pode ser considerada uma
função isolada como pretendia Fayol.
Mas citando Bourgeois, se as funções de uma empresa forem
divididas em três ramos principais
84 —
tados, para que esses cooperantes se apercebam dos prejuízos e dos
benefícios que resultam de determinadas acções ou mesmo activi-
dades das suas cooperativas.
Como haverá muitas outras regras, métodos e princípios que
interessam às cooperativas, vou explaná-los de forma que sejam
facilmente entendidos não só por quem se interessa pelo desenvol-
vimento das cooperativas em Portugal como também por todos
aqueles que se dedicam à Contabilidade e fazem dela a sua profissão.
Como diz Tuillet ninguém está mais qualificado para executar o
papel de Contabilista do qUe aquele que aprende, durante longos
anos, a disciplinar o seu trabalho, ao mesmo tempo que segue o rigor
matemático dos princípios contabilísticos.
Mas no desejo de sempre aprender as novas técnicas, através
de ensino apropriado, o Contabilista deve aperceber-se do interesse
profundo da organização contabilística, com as suas regras, métodos
e princípios, envolvidos estes, hoje mais do que nunca, em estudos
científicos. Po? isso a futura licenciatura em Contabilidade e Admi-
nistração além de ser um desejo natural perfilhado por tantos que
à causa da Contabilidade têm dado tanto do seu esforço, representa
a justa confirmação do interesse científico que a Contabilidade hoje
assume, envolvida como está em difundir informações baseadas, não
só em regras rígidas e correntes, mas em dados que resultam da
aplicação de técnicas sofisticadas para a completa organização e
control das empresas.
Possamos nós ver também, nos programas de ensino superior de
Contabilidade dos Institutos Superiores de Contabilidade e Adminis-
tração, cadeiras de Contabilidade aplicadas às cooperativas, reve-
lando a determinação dos efeitos das acções empresariais daqueles
tipos de sociedade sobre o meio social e físico que representa o
espaço português. Além disso, a formação de gestores para as
cooperativas torna-se extremamente necessária já que, entrando estas
num campo económico bastante competitivo, necessitam de um enqua-
dramento humano valorizado tecnicamente, de forma que possam
proporcionar às cooperativas um nível de organização moderno
e eficaz.
Como diria o meu colega Cabaço Pires, na edição especial da
revista «Balanço» da Associação de Estudantes do ISCAL, a Contabi-
lidade representa um sistema de mensuração e da comunicação das
empresas. Formadas como são as cooperativas, há toda a necessi-
dade de comunicar, entre os numerosos cooperantes acções e resul-
tados realizados pelas direcções das cooperativas e para isso devem
os seus gestores, devidamente preparados, revelar, através dos meios
postos ao seu alcance e sob forma organizada, as situações finan-
ceiras e patrimoniais encontradas, medindo com verdade o impacto
da acção dessas cooperativas na actividade humana que elas repre-
sentam e lhes é circundante. A chamada Responsability Social
- 85
Accounting tem pois uma aplicação lógica nas tomadas de conheci-
mento postas à disposição dos sócios cooperantes das diversas
cooperativas espalhadas pelo País.
A evolução das técnicas e da ciência contabilística resulta das
mudanças das condições de observação dos factos, especialmente
no que concerne à avaliação dinâmica dos fenómenos, despidos hoje
do absolutismo que os caracterizavam quando analisados pelos posi-
tivistas. Hoje, por exemplo, a padronização das contas, embora
eivada de defeitos, alguns bem nítidos, requer critérios científicos
de modo a que as formas de interpretação dos agrupamentos dessas
contas se possam fazer tendo em conta a orientação julgada indis-
pensável para uma boa administração, tanto a nível de empresa
como a nível nacional.
Segundo Lopes de Sá, que à Contabilidade tem prestado muito
do seu labor como homem estudioso que é, o balanço deve ser cons-
tituído por grupos científicos de contas de forma a que apresente
a verdadeira situação dos fenómenos patrimoniais pela sua natureza.
É o próprio Lopes de Sá que nos diz também que n 0 Curso Superior
de Análises de Balanços ele procura explicar as características cien-
tíficas que revelam os campos da estática e da dinâmica patrimoniais
das empresas.
Outros autores têm vindo a revelar também o sentido científico
de muitas interpretações contabilísticas. Não irei enumerá-las porque
muitos deles são já do conhecimento de todos vós.
Por outro lado, esses mesmos autores são unânimes em declarar
que as contas financeiras das empresas devem ser exactas, claras
e terem sido movimentadas através de técnicas contabilísticas
concretas. Estas técnicas, em países desenvolvidos, constituem hoje
a base das diversas normas e regulamentos dos Institutos Profissio-
nais de Contabilidade locais e fazem parte dos programas educacio-
nais das Escolas Superiores de Contabilidade existentes nesses países.
Porque essas técnicas contabilísticas são concretas e porque as
contas devem manifestar clareza e exactidão, a ciência da Conta-
bilidade terá que afirmar-se como ciência concreta.
86 -
anónimas ou em nome colectivo, do sector privado, nas sociedades
cooperativas dever-se-á tender para o equilíbrio financeiro através
da equivalência entre o capital emitido e o imobilizado necessário.
Assim, num balanço de uma sociedade cooperativa, deverá constar
o capital emitido de acordo com a fixação atribuída pela Assem-
bleia Geral. Da mesma forma deverá constar o capital subscrito
e o realizado até à data do balanço, mas de uma forma clara e em
oposição ao POC (Plano Oficial de Contas). Assim na Situação
Líquida do balanço dessa cooperativa teremos:
CAPITAL
— 87
Os lançamentos serão:
1.° caso: com a emissão não totalmente 2° caso: com a emissão t o t a l m e n t e
subscrita subscrita mas não realizada
DIVERSOS Cooperantes
a Encargos Financeiros a Encargos Financeiros
Pelo rateio dos encargos fi- Pelo rateio dos encargos fi-
nanceiros referentes a em- nanceiros referentes a em-
préstimos feitos para suprir préstimos feitos para suprir
carências de capital carências de capital
Encargos Diferidos
Jóias a receber de futuros
cooperantes
Cooperantes
Pelo rateio de encargos cor
respondentes à sua falta na
realização de capital
— 89
Esta forma de classificação das contas de Activo de um balanço,
que aconselho para as empresas cooperativas, não obedece ao es-
quema de classificação do POC porque os critérios de agrupamento
das contas que adopto divergem nalguns pontos dos daquele Plano
Oficial. Longe de entrar em polémica com a Comissão de Norma-
lização Contabilística, prefiro, antes de apresentar a descriminação
das contas de Activo, invocar regras de normalização de contas que,
tendo sido1 debatidas em países estrangeiros de maior tradição no
campo da utilização da Contabilidade, oferecem garantias de clareza
e de rigor que permitem apresentar tais contas de balanço com a
adequada exposição e significado contabilístico-financeiro.
Quando falei da constituição das cooperativas, já invoquei algu-
mas das regras referentes à emissão, subscrição e realização ou libe-
ração das suas acções (ou cooperações).
Agora invoco outras regras de igual sentido contabilístico-finan-
ceiro que permitem obter uma leitura do balanço sem rodeios, leitura
que deve ser compreendida não apenas através dos números cons-
tantes do balanço mas atendendo também às notas que o acompanham
e dele fazem parte integrante.
Não apoio, por isso, o Plano Oficial de Contabilidade porque o
balanço que dele consta como figurino a ser adoptado por todas as
empresas não é acompanhado de todas as notas explicativas que
interessam nem apresenta, como conviria, os valores comparativos
do ano anterior. Esta última característica, que reputo de muito
importante, e que não é contemplada pelo POC, faz prevalecer a
regra de consistência dos princípios contabilísticos aplicados nas con-
tas dos dois exercícios apresentados. Qualquer variação de prin-
cípios de um exercício para outro provoca a elaboração de nota ou
notas ao balanço, info^mando-se as alterações havidas e qual o efeito
que elas deram lugar. Por outro lado quaisquer reclassificações de
contas feitas num exercício obrigam a reclassificações dessas mesmas
contas no balanço comparativo do ano anterior.
Irei em seguida descrever as contas de Activo, mostrando o seu
verdadeiro significado.
90 —
Não deve a conta de «caixa e bancos» acusar montantes que pro-
venham de lançamentos feitos através de documentação com data
posterior à do encerramento do exercício.
— 91
CONTAS DE «EXISTÊNCIAS»
Armazéns de
a Diversos
Pelo ajustamento favorável aos credores comerciais
a Mercadorias ou Matérias-Primas em Trânsito
a Credores Comerciais — Cooperantes (ou cooperativas)
92 —
ou
Diversos
a Mercadorias ou Matérias-Primas em Trânsito
Pelo ajustamento desfavorável aos credores comerciais
Armazéns de
Credores Comerciais — Cooperantes (ou cooperativas)
Mercadorias em trânsito
a Mercadorias em poder de terceiros
através da elaboração de uma guia de entrada que neste caso sofre
a influência da existência antecipada de uma guia de entrada-trânsito
e daí não ser movimentada a conta de Credores comerciais.
Ao fazer movimentar as contas de «mercadorias ou matérias-
primas em trânsito» e de «mercadorias em poder de terceiros», as
cooperativas passam a estabelecer os critérios de admissão das mer-
cadorias ou matérias-primas dos seus cooperantes ou de outras coope-
rativas, incentivando a qualidade. Doutra forma, arriscam-se a não
premiar quem melhor trabalha e se esforça para produzir bem, o
que infelizmente vem acontecendo em larga escala com as coopera-
tivas existentes no País.
O critério de recepção é pois extremamente importante e revela
a meu ver um factor decisivo de disciplina do sector cooperativo.
Em relação a outras contas de existências nada mais há a acres-
centar a tudo aquilo que já é conhecido. As contas de existências
dividem-se como é habitual em «mercadorias», «produtos acabados e
semi-acabados», «subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos», «pro-
dutos em curso», «matérias-primas, subsidiárias e de consumo», «em-
balagens comerciais retornáveis» e «regularização de existências»,
além das duas outras contas que atrás mencionei e cuja importância
relatei devidamente.
— 93
Para facilitar a contabilização das cooperativas, todas as des-
pesas de compras relacionadas com as mercadorias ou matérias-
-primas vendidas pelos cooperantes ou por outras cooperativas devem
ser de conta destes. Considera-se pois que as mercadorias ou ma-
térias-primas são recebidas à porta das instalações das cooperativas
adquirentes.
Os preços de compra são ajustados entre as cooperativas e os
seus cooperantes (ou entre outras cooperativas), no início de cada
ciclo produtivo, podendo o Estado contribuir com quaisquer tipos de
subsídios mas que não influem no custo das existências.
As despesas de compra dos produtos adquiridos no País a outros
credores comerciais ou no estrangeiro devem sempre que possível ser
incorporados nas facturas desses credores comerciais, com excepção
óbvia das despesas aduaneiras que serão contabilizadas através das
contas dos despachantes. Mas nestes casos, estabelecer-se-ão por
antecipação e de acordo com as taxas aduaneiras em vigor os valores
das mercadorias importadas. As variações que ocorrerem entre os
valores previstos e os reais, quando aqueles forem bem calculados,
não deverão ser significativas e por isso não são incorporadas nos
valores das existências mas em. contas de resultados.
Com referência à valorização dos inventários, especialmente dos
produtos acabados, temos que saber qual o método a aplicar — se o
peps (ou fifo), se o ueps (ou lifo), se o do preço da última factura,
se o da média simples, se o da média móvel, se o da receita bruta
do contrato terminado ou de qualquer outro método experimentado
e aceite pela técnica contabilística.
Devem as direcções das cooperativas dar a conhecer aos seus
cooperantes o significado dos métodos utilizados e a influência que
eles puderam ter na apresentação dos resultados. A sobrevalori-
zação das existências desde que aceites tecnicamente e que resul-
taram da mudança de métodos de valorização deverá ser sentida na
conta de resultados ou em nota anexa. Quanto à aplicação do valor
apurado, devem as direcções das cooperativas, através das Assem-
bleias Gerais, fazer sentir que, no caso do apuramento de resultados
finais positivos, esse valor seja transferido para Reservas Livres com
o fim de estabilizar os futuros benefícios sociais entre os cooperantes.
Se ocorrer mais tarde uma sub-avaliação das existências, tecnica-
mente aceite, às Reservas Livres criadas poderá ser abatido o valor
dessa subavaliação.
Convém informar que a aplicação dos métodos de valorização
das existências tem muito que ver com a forma como as coopera-
tivas se encontram inseridas nos sectores produtivos e comerciais do
País. Se elas porventura já se encontram integradas numa solução
vertical cooperativa de um sector produtivo, isto é, já se encontram
ligadas às formas de produção, distribuição e consumo, actividade
por actividade, há que ter em atenção os preços fixados para os con-
94 -
sumidores nas embalagens comerciais dos produtos vendidos para que
não surjam no futuro soluções que não se coadunem com a aceitação
desses mesmos preços.
Concretamente, devo dizer que as alterações das valorizações de
inventários deverão constar de notas aos balanços, mostrando-se o
efeito do desvio da consistência entre os dois exercícios mostrados.
Ainda em relação à valorização de inventários deve ter-se em
conta a base de «custo ou de mercado» que se ajusta a uma antiga
regra conservadora contabilística e que deve ser entendida como «não
considerar antecipadamente lucros e prever todos os prejuízos pos-
síveis». Quer isto dizer que se os preços de mercado descem, pre-
sume-se que os preços de venda os acompanhem. Assim, se redu-
zirmos os valores de inventário aos preços de mercado, reduzir-se-á
o resultado obtido no período em que se realizou a baixa de preço
de custo, transferindo-se os produtos em armazém para o exercício
seguinte a um preço que permitirá a obtenção de um resultado nor-
mal na sua venda. Se porventura os preços de mercado aumentarem,
o inventário mantém-se ao preço de custo de modo que não se consi-
derará antecipadamente nenhum resultado positivo.
Esta regra tem ainda muitos defensores mas em períodos de
nítida inflação as opiniões sobre a sua aplicação já divergem.
Finalmente, em relação ainda à valorização de inventários, as
mercadorias que sejam antiquadas ou hajam sofrido depreciação
efectiva devem ser retiradas dos inventários se não puderem ser
vendidas ou reutilizadas na produção. Se houver possibilidade de
venda dessas mercadorias a preços reduzidos deverá considerar-se
o facto, atribuindo o prejuízo no período em que ele for conhecido.
Mas os prejuízos resultantes de inundações e incêndios, não cobertos
pelo seguro, devem ser tratados como resultados extraordinários de
exercício.
Relativamente à conta de Provisão para Depreciação de Exis-
tências, sou de opinião que ela deverá ser contabilizada pelos valores
correspondentes a depreciações ocorridas e efectivas e nunca nas
cooperativas pela atribuição de percentagens atribuídas pelo Fisco,
permitindo que, em muitos casos, a provisão se revele insuficiente
e, em tantos outros, exagerada.
CONTAS DE IMOBILIZADO
Imobilizações corpóreas
Imobilizações incorpóreas.
— 95
Em relação às chamadas imobilizações financeiras, tenho alguns
pontos a pôr e que relatarei a seguir.
Em conformidade com o POC e sem criticar para já o enquadra-
mento das contas de participações e obrigações em Imobilizações,
discordo que em qualquer balanço as subcontas de «participações
de capital na própria empresa» e «Obrigações da própria empresa»
apareçam como valores activos englobados com os restantes. Se-
gundo os princípios contabilísticos geralmente aceites, as partici-
pações de capital na própria empresa deverão ser reveladas no
balanço como valores de abate ao capital dessa empresa e as obri-
gações da própria empresa como abates dos valores passivos corres-
pondentes.
Em relação à classificação das contas englobalas no POC em
«imobilizações financeiras», eu prefiro o enquadramento de tais con-
tas em Activo de Investimento, podendo essas mesmas contas, nos
balanços das cooperativas, ser aglutinadas em «participações finan-
ceiras e outros valores de investimento». Adiante tratarei destas
contas.
Voltando às contas de imobilizado, devo informar que os juros
pagos por empréstimos realizados, em. substituição do capital ainda
não totalmente subscrito ou realizado (na convicção de que nas
cooperativas deve existir um perfeito sincronismo de valor entre o
imobilizado e o capital próprio) nunca devem ser classificados como
valores de imobilizado.
Convém lembrar que pode acontecer que algumas cooperativas
venham a receber facilidades ou mesmo doações municipais ou de
outra origem e que se encontram relacionadas com valores de imo-
bilizado — terrenos, construções, etc. Durante bastantes anos não
era prática corrente, nos países desenvolvidos, adoptar formas de
registo contabilístico dessas doações. Presentemente, discute-se se
a Contabilidade se contentará com o custo delas que é muitas vezes
apenas simbólico.
Se a doação não for ferida de condicionalismos muitas vezes
difíceis de medir, as cooperativas recebedoras dos bens, ao tomar
posse imediata deles, devem registá-los nas suas contas de imobi-
lizado pelo valor conhecido ou matricial correcto, debitando as contas
de imobilizado e creditando uma conta de resultados excepcionais
(Resultado excepcional apurado — doação de imobilizado) que, a con-
selho das direcções das cooperativas e por aprovação das Assembleias
Gerais, serão transferidos para Reservas Livres. Se entretanto a
doação efectivada contiver qualquer condição de utilização, como
por exemplo, o do bem ser utilizado pela cooperativa só nas suas
funções de produção contínua ou enquanto tal acontecer, já o lança-
mento deverá registar a contingência da doação. Assim debitar-se-á
de igual modo a conta respectiva do Activo Imobilizado e far-se-á o
crédito numa conta que poderá ser de resultados excepcionais (Resul-
96 -
tado excepcional apurado mas contingente — doação de imobilizado)
e que mais tarde poderá ser transferido para Reservas Livres, indi-
cando-se em nota ao balanço a contingência conhecida. Se esta con-
tingência desaparecer ao fim de algum tempo, a nota ao balanço
desaparecerá igualmente.
Não podem ser considerados direitos sobre bens de raiz os que
não sejam resultantes de direitos sobre bens com características de
domínio absoluto e como tal não podem ser classificados como va-
lores de activo fixo corpóreo ou tangível. Os inquilinatos prolon-
gados em X anos devem ser considerados como valores de activo
fixo incorpóreo e o seu valor corresponde às rendas pagas em ante-
cipação desses X anos. Possivelmente na chamada zona da Reforma
Agrária poderão surgir contratos desse tipo entre o Estado e as
cooperativas.
Se as cooperativas possuírem terrenos que não estejam afectos
à sua exploração ou não se espera que venham a interessar para
futuras ampliações ou modificações de estrutura, os valores de tais
terrenos devem ser registados em contas diferentes das do Activo
Imobilizado, mas enquadrados em contas de Activo de Investimento.
O mesmo acontecerá com edifícios desafectos ou sem uso.
Se os valores de imobilizado das cooperativas se encontrarem
sujeitos a quaisquer ónus ou encargos, devem essas situações ser
reveladas em notas ao balanço dessas cooperativas.
É princípio assente que os terrenos não são sujeitos a qualquer
reintegração. Mas no campo agrícola e pecuário a utilização cons-
tante dos terrenos obriga a que as cooperativas, suas proprietárias,
dispendam somas de dinheiro consideráveis para melhorar, periodica-
mente, as condições de produção. Esses gastos deverão ser contabi-
lizados numa conta denominada de «Melhorias em terrenos» que pode
ser capitalizada e sujeita a taxas de reintegrações cíclicas. Outros
tipos de gastos com terrenos poderão ser considerados nas contas
respectivas de Imobilizado como corretagens, drenagens, limpezas e
arranjos de jardins e despesas com preparação inicial dos terrenos
para os fins que forem destinados e ainda estradas ou caminhos de
acesso. Igualmente são de considerar como adições aos custos dos
terrenos os juros acumulados, até à finalização da compra desses
terrenos, e resultantes de hipotecas e outros ónus de conta das coope-
rativas adquirentes. Finalmente, se as cooperativas adquirirem ter-
renos onde existam edifícios que necessitem ser demolidos, o custo da
demolição deverá ser debitado à conta de «terrenos».
Em relação à conta de «edifícios», podemos considerar não só
os seus custos totais de construção ou de aquisição (escavações de
terrenos, licenças, construção de barracões temporários para oficinas
de construção e servindo de arrecadação para ferramentas e mate-
riais, os honorários dos engenheiros e de arquitectos, além da mão
de obra e de materiais empregues) mas também os prémios de seguro
7 - 97
referentes ao período de construção e referentes à cobertura de aci-
dentes no trabalho e de responsabilidade perante terceiros, as inde-
mnizações por reclamações de terceiros não seguras e os totais de
juros pagos por compromissos assumidos, durante o período de cons-
trução e pagos nesse período.
Relativamente a «equipamentos básicos e outras máquinas e ins-
talações», teremos que considerar não só o custo' deles mas os fretes,
direitos aduaneiros e custos adicionais de instalação mas também os
gastos necessários para ajustar ou afinar as máquinas, no período
inicial da sua laboração, e os custos de reinstalação de máquinas,
no caso de se optar por modificações estruturais de fabrico. No caso
das reinstalações, existindo ainda os custos de instalação inicial não
totalmente amortizados, devem estes ser abatidos por contrapartida
de Resultados Excepcionais.
Sobre «ferramenta e utensílios», «material de carga e transporte»,
«equipamento administrativo e social e mobiliário diverso» nada mais
haverá a acrescentar ao que por tradição se costuma registar em
Activo Fixo.
Quanto às taras e vasilhame, sendo retornáveis, porque acontece
haver uma percentagem de certa forma considerável de perdas delas
quando distribuídas pelos consumidores, devemos considerar essas
taras fora do Activo Fixo. Seguindo esse critério e se as taras não
são habitualmente facturadas aos clientes, devem as cooperativas
considerar uma «provisão para taras e vasilhame não devolvido» de
acordo com o prejuízo sofrido pela falta de devolução desse material
por parte dos clientes. Em contrapartida da «provisão» debitar-se-á
uma conta de «custo das vendas» pela dotação constituída.
A facturação que se produzir pela falta de devolução de taras
dirigida aos clientes deverá provocar o lançamento
Devedores Comerciais
a Vendas
Taras e Vasilhame.
98 —
zentes com os valores de reposição considerados ou reavaliando acti-
vos fixos corpóreos.
Também as cooperativas, como quaisquer outras empresas, de-
vem estudar os problemas da inflação e seguir, por exemplo, com os
métodos de reavaliação dos seus activos fixos corpóreos. O valor
de reavaliação deverá ser considerado numa Reserva de Reavaliação,
tal como o POC indica. A criação desta reserva parece, à primeira
vista, não seguir a filosofia da criação das reservas, pois costuma
afirmar-se, com propriedade, que todas elas resultam da distribuição
de resultados, o que no caso da Reserva de Reavaliação parece não
acontecer (de uma forma clara, entenda-se). Mas, a meu ver, esta
reserva deverá constar como tal porque, segundo os princípios con-
tabilísticos geralmente aceites, fazendo parte da Situação Líquida,
ou dizem respeito a superavits pendentes de aplicação e sem fins
específicos ou se relacionam com a cativação de resultados por pru-
dência administrativa e com o fim de absorver eventos desfavoráveis
futuros. A primeira característica pode ser encontrada no tipo de
reserva que estou tratando agora. Senão, vejamos.
Ao ser estabelecida uma reavaliação de valores de activo fixo
corpóreo, fixa-se em contrapartida um valor de aumento de capital
próprio que, embora não realizado, corresponde à reavaliação efec-
tuada. Trata-se afinal de obter, sob forma potencial e no início da
reavaliação, valores correspondentes a superavits pendentes de apli-
cação futura (no caso das cooperativas apresentarem déficits subse-
quentes serão valores a abater a esses déficits).
Mas perguntar-se-á qual a forma como se transforma essa Re-
serva em superavits pendentes de aplicação futura?
Ao utilizarmos as taxas de reintegrações dos bens reavaliados,
teremos que conhecer as subtaxas correspondentes às reintegrações
a custo real ou histórico e as referentes aos aumentos por reavaliação.
Quanto a estas últimas teremos que considerar, em cada exercício,
o seguinte lançamento
Reservas para Reavaliação de Imobilizações
a Ganhos e Perdas
Resultados Extraordinários
Mais-valias monetárias de imobilização
- 99
que as considerar. Basta, por exemplo, que existam patentes pró-
prias, contratos de arrendamento a prazo pagos antecipadamente,
beneficiações em propriedades arrendadas e despesas de organização.
Há, como todos já sabem, valores de imobilizado incorpóreo que são
amortizáveis e outros que o não são. Tudo dependerá da fixação de
uma vida útil a esses bens ou não.
Finalmente e ao contrário do que tantas vezes sucede nos balanços
de muitas firmas comerciais, devem as cooperativas apresentar os
valores de todo o seu activo fixo e as respectivas reintegrações e
amortizações, mesmo que esses valores de activo se encontrem total-
mente reintegrados ou amortizados. Só pela sua venda ou abate
esses valores devem ser retirados dos balanços.
100 --
vulgarmente considerados, devemos incluir os encargos de explo-
ração em curso em Dezembro de cada ano já que se mantêm, a meu
ver, duas posições irredutíveis de fecho de contas
— o período relativo aos ciclos ou campanhas das activi-
dades agropecuárias das cooperativas
— o período determinado pela lei fiscal que recai sempre
em 31 de Dezembro de cada ano.
— 101
factos indicando quais os valores do activo que servem de garantia
para o efeito.
Os valores de Passivo devem ser arrolados em 3 grandes grupos:
Passivo Corrente
Passivo' a Longo Prazo
Receitas diferidas
Irei agora falar de cada um deles.
102 -
Todavia, nada consta em relação aos «passivos contingentes» cuja
importância convém realçar.
Chamam-se «passivos contingentes» todos aqueles que, não repre-
sentando dívidas reais, podem no decorrer do tempo transformar-se
em passivos efectivos. Como exemplos teremos: litígios em curso,
responsabilidades por avales prestados, responsabilidades por garan-
tias prestadas e impostos adicionais a pagar.
Para aqueles valores, cuja responsabilidade de risco pode ser
grande, há que estabelecer «provisões» adequadas. Para outros
para as quais as possibilidades de prejuízos ou encargos possam ser
remotas, far-se-á a indicação respectiva nas notas anexas ao balanço.
Ainda em relação às provisões constituídas para fazer face aos
passivos contingentes não decorrentes aos negócios normais das
empresas, as correspondentes dotações devem ser consideradas em
«resultados extraordinários» e de preferência deduzidos dos «supe-
ravits acumulados», retidos em «reservas livres». De facto, as
probabilidades de risco variam segundo fenómenos económicos e
sociais e os valores correspondentes à sua conversão em prejuízos
ou encargos não devem ser reflectidos num só exercício.
- 103
=LUCRO BRUTO DA EXPLORAÇÃO
Menos: Despesa de Abastecimento de Depósitos ou
Armazéns próprios
Despesas de Venda
Gastos Gerais Comerciais
• = LUCRO BRUTO COMERCIAL
Menos: Gastos Administrativos
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO ANTES DE
IMPOSTOS
Menos: Resultados extraordinários
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DE IMPOSTOS
Menos: Provisão para impostos
= LUCRO LÍQUIDO DEPOIS DE IMPOSTOS
104 —
tipo diferente daqueles que a sociedade utiliza no seu
comércio.
c) Prejuízos resultantes de ocorrências cujo risco não é
vulgarmente seguravel, como sejam as guerras, revoltas,
calamidades atmosféricas e catastróficas, salvo quando
tais percas constituam um risco próprio do negócio.
d) O desaparecimento dos valores do activo fixo incorpóreo.
e) O cancelamento de valores importantes de descontos ou
prémios sobre obrigações não amortizadas e da despesa
com a emissão das obrigações, à data da retirada ou
reembolso da dívida antes do seu vencimento».
- 105
ou situações de instabilidade e desfavor, como acontece com frequên-
cia no campo agro-pecuário.
A constituição de «reservas» nas cooperativas é pois aceitável
porque podem tomar a característica de valores necessários para
a estabilização de rendimentos.
Ao falar de «reservas», quero notar que, com a exclusão das
Reservas Legais e da Reserva para Reavaliação das Imobilizações,
não vejo outro tipo de reservas que não seja o que corresponde ao
das Reservas Livres. Todas as denominações que se queiram atri-
buir às «reservas», como se vê no POC por exemplo, não passam
de soluções de mera intenção, sem sentido contabilístico. Razão
têm os anglo-saxónicos quando aos valores apurados como superavits
e não distribuídos eles os apelidam simplesmente de «lucros retidos».
106 —
Mas a auditoria externa, além de certificar as contas financeiras
de qualquer sociedade e de apresentar a sua opinião sobre elas
e sobre a sua situação financeira e os resultados das operações
realizadas no exercício em análise, exerce assistência a essas socie-
dades, através de serviços vários como sejam os que se referem a
ajustamentos apropriados de contas, à apreciação dos sistemas de
contabilidade, à verificação do control interno existente e da sua
adaptação aos interesses da sociedade, à análise das vendas, à
tomada de posições perante situações novas, etc. Pode e deve tam-
bém a auditoria externa assessorar a direcção ou a administração
em todos os assuntos contabilísticos, financeiros, de organização
comercial e de tantos outros.
Que melhor tipo de fiscalização poderiam as cooperativas
arranjar?
Adequadas aos fins e objectivos do sector cooperativo, determi-
nadas auditorias externas podem de uma forma moderna e obvia-
mente progressiva prestar o seu contributo válido, mesmo que não
venham a constituir para já as Comissões de Fiscalização preconi-
zadas pelo Movimento Cooperativista Português.
Os cooperantes, mais do que ninguém, devem manifestar interesse
nos trabalhos de auditoria externa das suas cooperativas. Os audi-
tores externos, hoje em dia, deixaram de ser considerados uns
detectives, prontos a descobrir erros e desvios. Actualmente, eles,
desde que devidamente preparados e tecnicamente capazes, através
de normas internacionalmente aceites, estão em condições de proceder
em conformidade com. aquelas normas para que possam obter opi-
niões concretas e abalizadas sobre as contas financeiras que exami-
narem.
Por outro lado, como já fiz referência atrás, as cooperativas
devem mais amiudadamente prestar informações detalhadas das suas
posições financeiras. Os auditores externos devem então emitir a sua
opinião sobre elas, fazendo ver aos cooperantes as variações ocor-
ridas, as necessidades de aumentos de fundos, a evolução dos déficits
ou superavits, etc.
Se um dia houver lugar à substituição dos Conselhos Fiscais
Pelas Comissões de Fiscalização, constituídas por auditores externos,
como se faria a sua eleição?
Tal como acontece internacionalmente, apresentada a lista de
auditores externos pelo Movimento Cooperativista Português compe-
tirá às Assembleias Gerais das cooperativas, em solicitação das
direcções, aprovar os nomes dos componentes da Comissão de
Fiscalização.
Esta comissão, terminadj o trabalho de auditoria, emite a
opinião sobre as contas financeiras da cooperativa e assiste à sessão
da Assembleia Geral relativa à aprovação de contas, devendo forne-
cer explicações aos cooperantes, sempre que solicitada para o fazer.
- 107
Por outro lado, os relatórios produzidos periodicamente pelos
auditores externos devem ser presentes nas Assembleias Gerais e
lidos porque devem revelar as sondagens realizadas e as anomalias
encontradas e bem assim as questões levantadas em anteriores rela-
tórios e ainda não suficientemente esclarecidas ou resolvidas.
Este constante chamamento de atenção aos cooperantes para que
se interessem pela vida das suas cooperativas, através dos relatórios
dos auditores externos, deve representar, quanto a mim, um, sentido
de renovação saudável entre as cooperativas e os seus cooperantes
tão necessários e na prática tão parco.
Finalmente e em completo apoio às auditorias externas no sector
cooperativo, posso afirmar que os relatórios capazmente elaborados
e evidenciando informações rápidas e verdadeiras facilitam grande-
mente o trabalho dos dirigentes das cooperativas e porque são produ-
zidos tomando por base técnicas universalmente aceites oferecem
informações de completa funcionalidade. Assim, não serão mais os
dirigentes norteados por pura inspiração que sem as bases que a
ciência hoje oferece apenas dá lugar a actividades desordenadas
e ineficazes.
108 -
O Diário-Razão-Balancete nas P. M. E.
Por Raul Corrêa de Sousa Guimarães
NOTA PRÉVIA
— 109
cidade do Porto, ali fomos informados que ignoravam a existência
dos já citados despachos e que, por consequência, não poderia ser
admitido à selagem o citado livro.
Foi, então, que o autor se decidiu a criar um novo riscado e a
conseguir um despacho de legalização definitiva do «Diário-Razão-
-Balancete» ao mesmo tempo que iniciava a defesa da sua legalidade.
Em tão boa hora o fez que conseguiu a legalização do livro em causa
através de um despacho proferido em 20 de Agosto de 1955, pelo
Subsecretário de Estado do Orçamento e hoje já são em considerável
número as empresas que adoptam o referido livro na sua Conta-
bilidade.
Desde essa altura, tem o autor deste trabalho, — apenas por
uma questão meramente profissional e académica, — por vencer o
espírito rotineiro de uns e a ignorância e má fé de outros através
de palestras, das suas aulas de Contabilidade e de trabalhos publi-
cados no período compreendido entre o ano de 1956 e o presente.
Agora, que a Direcção da Associação dos Industriais Metalúr-
gicos e Metalomecânicos do Norte lhe quis dar a honra de a repre-
sentar nas Jornadas de Contabilidade, a realizar de 4 a 8 de Dezem-
bro, na cidade de Aveiro, o autor deste trabalho não quis perder
a oportunidade de, mais uma vez, defender a tese da legalidade do
«Diário-Razão-Balancete», como livro selado em substituição dos
livros obrigatórios Diário, Razão e Balancete Geral. Simultanea-
mente fará a apologia da sua adopção nas P. M. E., principalmente
naquelas sociedades que, não possuindo ainda contabilidade organi-
zada são obrigadas a essa formalidade a partir de Janeiro de 1979,
por força do art. 163.°-B aditado recentemente ao Código da Contri-
buição Industrial pelo Decreto-Lei n.° 137/78, de 12 de Junho.
110 —
vância do disposto no já citado art. 163.°-B será punida com a multa
de 10 000$00 a 200 000$00, é de supor que, neste momento, todas as
sociedades legalmente constituídas que não possuem, ainda, conta-
bilidade devidamente organizada estejam preocupadas em dar satis-
fação à nova exigência fiscal. *
Indo ao encontro dessa preocupação e no sentido de facilitar
a organização da Contabilidade dessas empresas, vamos falar de um
novo instrumento de relevação contabilística que engloba o «Diário»,
o «Razão» e o «Balancete do Razão». Trata-se de um processo já
usado em bastantes empresas, incluindo as do Grupo A, o qual tem
dado os melhores resultados, já pela simplicidade da sua execução,
já por possibilitar, num simples relance, uma análise sumária da
situação económico-financeira da empresa.
Escriturar o «Diário-Razão-Balancete», assim se chama o livro
que preconizamos, equivale a escriturar, separadamente, o «Diário»,
o «Razão» e o «Balancete do Razão».
Este processo de escriturar, num só, aqueles livros baseia-se no
conhecido «sistema de Degranges» que nos fins do Séc. XVIII obteve
larga expansão na Europa e, muito principalmente, nos Estados-
Unidos da América.
Nascido em França, no ano de 1795, E. Degranges (Pai) foi mem-
bro da Academia de Ciências de Paris. As suas teorias tiveram
larga influência na literatura pedagógica da Contabilidade que se
estendeu até à primeira metade do Séc. XIX. O seu mais célebre
trabalho intitulado La Tenue des Livres Rendu Facile teve mais de
trinta edições. Foi justamente nessa obra que Degranges apresentou
o seu arranjo do «Diário-Razão» cuja invenção parece ter sido erro-
neamente atribuída aos americanos, segundo afirma Peter Kheil, na
sua memória intitulada Uber Amerikanishe Buchsfurung».
Como livro selado o «Diário-Razão-Balancete» escritura-se, nor-
malmente, por partida mensal sintética em face dos seguintes
elementos:
a) Balancete estatístico ou equivalente, na contabilidade
mecanográfica;
b) Folha de centralização ou equivalente na contabilidade
manuscrita.
A primeira coluna dupla destina-se à revelação do movimento
ocorrido no mês; a segunda coluna destina-se ao registo do movi-
mento geral anterior; a terceira ao movimento global registado até
à data, e, finalmente, a, última coluna dupla destina-se aos saldos
das contas, ou seja, ao Balancete do Razão Geral.
P a r a se centralizar periodicamente o movimento patrimonial,
podemos lançar mão do lançamento indicado no quadro n.° 1. Uma
vez registado simultaneamente o movimento do mês, o movimento
anterior respeitante às contas movimentadas nesse mês e o movi-
— 111
mento global das mesmas contas com os correspondentes saldos,
fecha-se o lançamento e relacionam-se as contas que, tendo sido
movimentadas em meses anteriores não o foram, contudo, no mês
em causa. Finalmente, somam-se em escada as várias colunas,
conforme se indica no quadro n.° 1 e seguintes, trancando os res-
pectivos totais.
No mês seguinte, procede-se de forma idêntica e assim suces-
sivamente.
Chegados ao mês de Dezembro e depois de lançar o movimento
correspondente a este mês, pela forma já indicada, releva-se a
seguir o movimento rectificativo do Balanço e, consequentemente, do
apuramento de Resultados do Exercício, conforme se vê explanado
no quadro n.° 2.
Se, em cada mês, analisarmos a forma como está efectuada a
relevação sintética dos respectivos movimentos patrimoniais, logo
verificamos que, num dado instante, é possível determinar, suma-
riamente, a posição económica ou financeira da empresa. Pelo
exposto se vê que da relevação deste livro sintético podemos simul-
taneamente obter excelentes elementos de gestão empresarial.
Neste instrumento de relevação contabilística não há que pro-
ceder ao clássico' encerramento das contas no fim do exercício; mas
nada impede que se utilize tal prática por meio de lançamento ade-
quado, tendo sempre em vista a forma básica de escrituração do
livro em causa. Obviamente, se a tal encerramento procedermos,
teremos, necessariamente, de fazer o respectivo lançamento inverso
de reatribuição dos saldos das contas, no início do exercício imediato.
Se, pelo contrário, e como aliás aconselhamos, não fizermos o
lançamento de fecho de contas, então teremos, apenas, de proceder,
no fim do primeiro mês do exercício seguinte, como se indica no
quadro n.° 3, em que, no movimento anterior, em vez das somas do
movimento global do mês antecedente, são reproduzidos os saldos que
transitaram do Balanço.
Como facilmente se depreende, o «Diário-Razão-Balancete» «não
é um, livro diferente», mas sim um processo mais prático de conta-
bilizar «num só livro», e com a devida separação técnica, os lança-
mentos respeitantes a cada um dos livros obrigatórios Diário e Razão,
com a vantagem de, simultaneamente, poder ser escriturado o Ba-
lancete do Razão Geral, o que se torna deveras vantajoso, mormente
nas Sociedades Anónimas, em que o> Balancete do Razão é obriga-
toriamente escriturado como livro selado, por força do disposto no
art. 12.° do Decreto-Lei n.° 27 153, de 31 de Outubro de 1936.
Devemos, contudo, esclarecer que ainda há quem, possuidor de
um espírito rotineiro, tente, sem, qualquer fundamento, considerar
ilegal o referido livro. Outros afirmam, sem o demonstrar, que
aquele instrumento de relevação contabilística não se enquadra nos
112 -
preceitos da Lei Comercial. Aos primeiros poderíamos responder
muito simplesmente que o despacho de 20 de Agosto de 1955 profe-
rido pelo Subsecretário de Estado do Orçamento O consagrou a sua
incontroversa legalidade como, aliás, consta de um parecer então
produzido pelo distinto contabilista Dr. Álvares da Cunha.
Aos segundos, bastaria replicar que não se vislumbra qualquer
conflito entre a unificação dos três livros em causa e as exigências
formuladas pela lei mercantil, pois que na escrituração simultânea
do «Diário», do «Razão» e do «Balancete do Razão» se respeita, com
o maior rigor, o que é exigido no Código Comercial, tratando-se,
apenas, de uma forma mais prática de escriturar os citados livros.
Todavia, para que, a ninguém, deixe dúvidas a legalidade, a
admissibilidade e o próprio enquadramento do «Diário-Razão-Balan-
cete» nos preceitos da Lei Comercial, vamos, a seguir, desenvolver
a nossa tese, começando por uma referência à antiguidade do Código
Comercial Português, pois isso, até certo ponto, interessa ao desen-
volvimento do tema que nos propomos defender.
I
A antiguidade do Código Comercial Português justifica
uma interpretação e uma aplicação da Lei
em termos hábeis
Com efeito, mercê da reforma do sistema fiscal português ini-
ciada em 1962, com a publicação do Código do Imposto Profissional,
e cuja cúpula foi atingida com a publicação do Código do Imposto
de Transacções, o regulador das normas comerciais portuguesas enve-
C1) Do P.° n.° 12/114, L.° 4/89, mostra-se efectivamente que por despaaho
de 2 de Janeiro de 1941, de Sua Excelência o Subsecretário de Estado do
Tesouro, de 9 de Novembro de 1953, proferido no P.° 12/1111, L.° 14-S/221, foi
entendido deverem liquidar-se três taxas do imposto de selo, segundo o art.° 114.°
da Tabela Geral, por cada uma das folhas do livro com riscado especial que
serve simultaneamente para os lançamentos referentes aos livros «Diário»,
«Razão» e «Balancete do Razão».
Esclareceu ainda o segundo dos citados despachos que o pagamento das
três taxas por cada folha só é de exigir nos casos em que pelo livro de
«Balancetes do Razão» seja devido imposto.
Ora como, em virtude do preceituado no art. 0 12.° e seu § 1.° do Decreto-
-Lei N.° 27153, de 31 de Outubro de 1936, a exigência das três taxas só se
justifica quando o referido livro faça parte da contabilidade de sociedades
«anónimas» ou «comanditas por acções», importa concluir que, em relação a
outras sociedades que não sejam desta natureza, as folhas do livro de que se
trata — apenas estão sujeitas ao pagamento d e duas taxas —as dos livros
«Diário» e «Razão» — visto não serem obrigadas à selagem do livro «Balancetes
do Razão», porque este não está incluído no art.° 114.° da Tabela Geral».
8
— 113
lheceu de tal forma que, profundamente desactualizado, tornou-se
caquético e — porque não dizê-lo — moribundo.
No momento em que se anuncia para breve um novo código,
achamos, até, muito oportuno, traçar o elogio fúnebre daquele que,
sucedendo ao primeiro Código Comercial Português de 1833, elabo-
rado por Ferreira Borges, ainda vive, embora precariamente, com
a provecta idade de noventa anos.
*
* *
114 -
pretação e uma aplicação em termos hábeis, a fim de evitar con-
clusões erróneas, injustas e absurdas. Semelhante tarefa não deve
ser, contudo, difícil para quem busque a «mens legislator is».
Com efeito, não há dúvida de que o legislador de 1888 não podia
prever as actuais necessidades da moderna vida económica, agra-
vadas com as exigências de uma reforma fiscal surgida numa altura
em que a gestão empresarial não estava, e ainda não está, na maior
parte das nossas empresas, suficientemente estruturada para enfren-
tar tão radical transformação, agravada, agora, com a entrada em
vigor do P. O. C.
E, se a letra da lei é um elemento indispensável à sua inter-
pretação e, até, decisivo em muitos casos, não é o único de que o
seu intérprete pode lançar mão. Outro existe, segundo o parecer
com que o Jurista, Dr. Eduardo Plácido, nos honrou sobre o «Diário-
-Razão-Balancete»: «é oi elemento lógico cujo valor na reconstituição
do pensamento do legislador (mens legislatoris) não é despiciendo».
Pelo que acaba de ser dito não se deve, pois, atender única e
simplesmente à letra da lei, mas, também, aos fins ou motivos que
a determinam.
«Com efeito — diz-nos, ainda, no seu esboço crítico o Dr. Eduardo
Plácido — há que procurar as razões da lei, a sua finalidade, o mo-
mento histórico em que nasceu, etc. Há que, numa palavra, recons-
tituir o quadro de circunstâncias que o legislador contemplou ao ela-
borar a norma para fixar com segurança o seu âmbito de aplicação
aos casos concretos.»
II
— 115
Diz-nos esta disposição:
«Todo o comerciante é obrigado a ter livros que dêem a
conhecer fácil, clara e precisamente, as suas operações e for-
tuna.»
116 —
no art. 31.° do nosso Código tivessem de ser escriturados de maneira
analítica.
Tal não acontece, porém, porque o § 1.° do art. 34.° admite a
contabilização do «Diário» quando diz:
«...poderão os respectivos lançamentos ser levados ao Diário
numa só verba semanal, quinzenal ou mensal, se a escrituração
tiver livros auxiliares, onde sejam exaradas com regularidade e
clareza, e pela ordem cronológica por que se hajam realizado,
todas as operações parcelares englobadas nos lançamentos do
Diário.»
Para demonstrar, pois, a admissibilidade legal do «Diário-Razão-
Balancete» não precisaremos de ir mais longe. Portanto, iremos
passar ao terceiro ponto do nosso tema.
III
O enquadramento do «Diário-Razão-Balancete»
nos preceitos da Lei Comercial
Afastada, pois, a objecção que poderia levantar - se quanto à
admissibilidade legal do mencionado livro sintético, passaremos,
agora, a tratar do seu enquadramento nos preceitos do Código
Comercial.
Assim, analisemos o art. 31.° que diz:
«São indispensáveis a qualquer comerciante os seguintes
livros :
— De Inventário e Balanços
— Diário
— Razão
— Copiador.»
Antes de prosseguirmos devemos, desde já, esclarecer que, salvo
melhor opinião, não se deve fazer da enumeração legal dos livros
obrigatórios um «cavalo de batalha» para condenar o livro que pre-
conizamos, porque essa enumeração, pela forma expressa no art. 31.°,
deve estar subordinada à ideia de que, há noventa anos (tão ve-
lhinho é .o nosso Código Comercial), era o que mais convinha para
da: a conhecer «fácil, clara e precisamente as operações do comer-
ciante».
- 117
Não vamos, agora, supor que o legislador de então tivesse em
mente a separação dos livros sob o ponto- de vista material e não
sob o ponto de vista funcional. Se tal acontecesse seríamos levados
a concluir de forma absurda que a Lei... era uma lei de protecção
às papelarias.
Sobre a formulação separada dos livros obrigatórios, permi-
timo-nos reproduzir, em parte um parecer que oportunamente foi
produzido pelo já citado jurista Dr. Eduardo Plácido:
«...interessa conhecer fundamentalmente os fins visados pela
lei ao estabelecer a obrigatoriedade daqueles livros...
Em última análise, a solução do problema depende dos resul-
tados dessa indagação e da correspondência com o ponto do facto
em causa. Isto porque a formulação em separado que o mencio-
nado art. 31.° faz dos livros obrigatórios não é, só por si, sus-
ceptível de excluir do seu alcance um livro com as características
do livro sintético Diário-Razão-Balancete.»
118 —
Iremos até mais longe nas nossas considerações, afirmando que,
sob o ponto de vista legal e técnico, achamos preferível a adopção
deste sistema de escrituração simultânea daqueles três livros num só.
De resto, esta nossa opinião foi defendida n 0 campo jurídico pelo
falecido e distinto jurista Dr. Aureliano Braga, quando disse que o
sistema por nós proposto «realizava tudo o que o Código Comercial
exigia pois até se integrava no disposto no art. 35.° do Código Comer-
cial, que diz na sua parte final:
«...em relação a cada uma das respectivas contas, para se
conhecer o estado e a situação de qualquer delas, sem necessi-
dade de recorrer ao exame e separação de todos os lançamentos
cronologicamente escriturados no Diário.»
Efectivamente, o Diário exige que se mantenha, em cada dia, o
registo de todas as transacções, ou seja, os actos que modifiquem ou
possam vir a modificar a fortuna do comerciante.
Tal exigência é satisfeita claramente no sistema que propomos
porque o modo de escriturar o «Diário-Razão-Balancete» integra o
que é imposto nos arts. 34.° e 35.° do Código Comercial em relação à
forma como são escriturados os livros Diário e Razão exigidos como
base da sua escrituração a qualquer comerciante.
Se examinarmos o modo como se escritura o livro em causa, logo
verificamos que este, periodicamente, põe em evidência a situação
económico-financeira da empresa, Uma vez que nele se regista, por
partida mensal, a síntese do dia a dia analítico do Diário auxiliar
ou dos diários sistemáticos e o movimento do Deve e do Haver do
livro Razão.
Ao dar-nos, ainda, simultaneamente, os valores das contas do
Razão através dos respectivos saldos relevados no respectivo balan-
cete, o comerciante fica a conhecer, em cada um destes períodos, a
situação exacta da sua fortuna, como o exige o art. 34.° do Código
Comercial.
Assim, não se vislumbrando qualquer conflito entre a unificação
dos três mencionados livros e as exigências formuladas pela lei mer-
cantil, o distinto advogado Dr. Mário Cruz, que também nos honrou
com o seu douto parecer, concluiu: «Realmente, nem a letra, nem o
espírito daqueles dispositivos legais proíbem ou desaconselham tal
reunião. E se esta, na sua aplicação prática, oferece vantagens, é
óbvio ser de recomendar a generalização do livro sintético «Diário-
Razão-Balancete».
Não há dúvida, pois, que a forma de escriturar este livro através
do sistema proposto está perfeitamente de harmonia com os princí-
pios basilares impostos pelas respectivas disposições do Código Comer-
cial no tocante à escrituração dos comerciantes. E tal sistema outro
fim não tem do que, dentro dos princípios legais, tornar mais clara,
mais fácil e mais rápida a relevação das modificações, quer qualita-
tivas, quer valorativas, ocorridas no património da empresa.
- 119
CONCLUSÕES
120 —
téticos do Diário, do Razão e do Balancete do Razão,
evitando, deste modo, a relevação separada e mais mo-
rosa dos três instrumentos de relevação contabilística;
Pelo exposto, parece-nos que numa altura em que uma boa parte
das empresas colectadas em Contribuição Industrial pelo Grupo B
não possuem escrita, era o momento exacto de aconselharmos a
adopção do nosso sistema que acabamos de expor, uma vez que as
sociedades legalmente constituídas são obrigadas a possuir Contabili-
dade devidamente organizada a partir de Janeiro de 1979.
Quanto às empresas que já possuem Contabilidade organizada,
aconselhamos, também, a adopção do «Diário-Razão-Balancete», a
partir do próximo ano. Isto porque a sua execução se reveste de
grande simplicidade, além de se traduzir em apreciável economia de
tempo, acrescendo ainda as outras vantagens atrás referidas e que,
sob o ponto de vista técnico, são de considerar.
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124 -
DISPOSIÇÕES CITADAS
1 — Código Comercial
Art. 29.°
Obrigatoriedade e fun- Todo o comerciante é obrigado a ter
ção da escrituração livros que dêem a conhecer, fácil, clara
e precisamente, as suas operações comer-
ciais e fortuna.
Art. 30.°
Liberdade de escritura- O número e espécies de livros de
ção e seus limites qualquer comerciante e a forma da sua
arrumação ficam inteiramente ao arbítrio
dele, contanto que não- deixe de ter os
livros que a lei especifica como indispen-
sáveis.
Art. 31.°
Livros obrigatórios São indispensáveis a qualquer comer-
ciante os seguintes livros:
De inventário e balanços;
Diário ;
Razão;
Copiador.
§ único. Às sociedades são, além dos
referidos, indispensáveis outros livros para
actas.
Art. 32.°
Legalização do inventá- Os livros do inventário e diário serão,
rio e do diário antes de escritos, apresentados ao juiz
presidente do tribunal do comércio da cir-
cunscrição onde tiverem de servir, para
que sejam por ele ou por algum dos seus
escrivães, a quem der comissão, numera-
das e rubricadas as folhas, e depois lan-
çados por um dos escrivães do juízo na
primeira página um termo de abertura
— 125
e outro de encerramento na última,
sendo referendados ambos os termos pelo
juiz 0).
§ 1.° Nas comarcas de Lisboa e Porto
a comissão para numeração e rubrica
pode ser dada a qualquer tabelião de
notas.
§ 2.° Se depois de começada esta
numeração e rubrica o juiz ou a pessoa
por ele encarregada de as fazer, não
as puder concluir, continuá-las-á quem o
substituir legalmente ou a pessoa a que
se der nova comissão, e o escrivão men-
cionará essa circunstância no termo de
encerramento.
Art. 34.°
Função e arrumação do O diário servirá para os comerciantes
diário registarem, dia a dia, por ordem de datas,
em assento separado, cada um dos seus
actos que modifiquem ou possam vir a
modificar a sua fortuna.
§ 1.° Se as operações relativas a
determinadas contas forem excessiva-
mente numerosas, ou quando> se hajam
realizado fora do domínio comercial, pode-
rão os respectivos lançamentos ser leva-
dos ao diário numa só verba semanal,
quinzenal ou mensal, se a escrituração
tiver livros auxiliares onde sejam exara-
das com regularidade e clareza, e pela
ordem cronológica por que se hajam rea-
lizado, todas as operações parcelares
englobadas nos lançamentos do diário.
§ 2.° Os comerciantes de retalho não
são obrigados a lançar no diário indivi-
dualmente as suas vendas, bastando que
assentem o produto ou dinheiro apurado
em cada dia, assim como o que houverem
fiado.
C1) Com' a extinção dos tribunais de comércio passou esta função a ser
desempenhada pela Câmara dos Administradores die Falências, mais tarde
designada por Câmara de Falências. Segundo o Estatuto Judiciário, art. 73.°,
alínea m) do n.° 2, compete ao síndico de falências rubricar as folhas dos
livros a que se refere este artigo.
126 -
Art. 35.°
Função e escrituração O razão servirá para escriturar o
do razão movimento de todas as operações do diá-
rio, ordenadas por débito e crédito, em
relação a cada uma das respectivas con-
tas, para se conhecer o estado e a situa-
ção de qualquer delas, sem necessidade
de recorrer ao exame e separação de todos
os lançamentos cronologicamente escritu-
rados no diário,
Art. 22.°
Art. 51.°
128 —
4 — Decreto-Lei n.° 137/78, áe 12 de Junho
(Este decreto-lei adita os artigos a seguir transcritos)
Art. 146.°-B
A inobservância do disposto no ar-
tigo 163.°-B será punida com a multa de
10 000$00 a 200 000$00.
Art. 163.°-B
As sociedades legalmente constituídas,
ainda que pertencentes ao Grupo B, ficam
obrigadas a possuir contabilidade regu-
larmente organizada.
9 — 129
Custos Reais ou Custos Teóricos?
Problemática da Mão de Obra
Por José Nogueira da Costa
— 131
recurso a análise científica do processo tecnológico de formação
do produto ou da produção do serviço, implicando medição rigo-
rosa das quantidades dos factores a consumir, dos tempos de
trabalho, etc., e do conhecimento do custo actual dos factores
ou da sua provável evolução. Podem ainda os cálculos dos custos
teóricos basear-se em dados estatísticos provenientes do exterior.
Ora, no que concerne aos custos reais, isto é, quanto aos
encargos que a empresa «suportou» com a produção de deter-
minado período — os tais custos já contabilizados, — muito tem
sido dito acerca da sua imprecisão (x), não se justificando o
alongamento destas considerações num trabalho que pretende
ser breve e, sobretudo, orientado para outra preocupação. No
entanto, não deve deixar de lembrar-se que, abstraindo mesmo
dos encargos que, correspondendo aos chamados «custos dire-
ctos», são na realidade diferentes dos valores contabilizados, por
via de regra, como custos do exercício (2), há a ter em conta os
erros que se cometerm, necessariamente, com a distribuição dos
encargos indirectos que, independentemente da impossibilidade
prática de uma periodização aceite como indiscutível, são impu-
tados às diferentes produções do período de acordo com, chaves
de repartição mais ou menos arbitrárias, portanto sempre falí-
veis.
Agora, no tocante aos custos teóricos, se é certo que os con-
dicionalismos que impedem, a obtenção de custos reais perfeitos
podem sugerir que se diga que os erros cometidos são empolados,
também é lícito admitir que, podendo basear-se em larga expe-
riência de produções ultimadas, rigorosas cronometragens de
tempos de laboração, apuramento meticuloso das quantidades dos
factores consumidos, tendo em conta as quebras que normal-
mente se verificam, perspectivas de melhorias de rendimento
132 -
dos factores por mais adequada organização da produção, pers-
pectivas da evolução dos custos dos factores, etc., os custos teó-
ricos sejam, mais correctos que os reais. Isto é, desde que os
custos teóricos sejam determinados com base em dados colhidos
em fontes da maior confiança e tratados cientificamente, pode-
mos vir a constatar que se aproximam, mais da realidade que os
p-óprios custos designados por reais ou efectivos.
Porque, na maior parte das empresas, as despesas com o
pessoal atingem um peso muito significativo como elemento do
custo de produção, interessa a sua análise aprofundada, qualquer
que seja o critério adoptado para o apuramento do referido custo.
Nesta conformidade, vão ser a seguir abordados alguns
aspectos que se consideram relevantes no estudo do problema da
mão de obra.
2. MÃO DE OBRA
A expressão «Mão de Obra» vai ser aqui usada predominan-
temente na sua acepção de «custo», isto é, como um conjunto de
encargos que a empresa suporta relativamente à força de traba-
lho O fornecida pelos seus trabalhadores fabris e que inclui
ordenados, salários, subsídios de férias e de natal, outros adju-
vantes e, na terminologia do Plano Oficial de Contabilidade (4),
os encargos sobre remunerações, tradicionalmente abarcados na
designação de «encargos sociais» (5)-
O problema da mão de obra —aliás como o de qualquer
outra componente do custo de produção, — quer se esteja a ope-
rar numa perspectiva de custos reais, quer numa óptica de custos
teóricos, implica a consideração, entre outros, de dois aspectos
essenciais: o da repartição dos encargos no tempo — periodiza-
- 133
ção dos gastos — e o da sua distribuição por secções, departa-
mentos ou portadores de custos (produtos, serviços, etc.).
Ora, a mão de obra, com vista à obtenção de custos de pro-
dução mais perfeitos, deve ser imputada a custos reais ou a
custos teóricos?
O Plano Oficial de Contabilidade, visando ainda apenas a
contabilidade externa ou financeira e que é obrigatoriamente
aplicado às empresas do grupo A da Contribuição Industrial,
desde 1 de Janeiro de 1978 (6), implica a necessidade de todos
os encargos com pessoal, incluindo, portanto, a mão de obra,
serem contabilizados através da conta 65 — Despesas com o pes-
soal, que se encontra desdobrada em contas do 2.° grau e do 3.°.
A citada conta, em que se registam; a débito os encargos que
a empresa vai enfrentando ao longo do ano com todo o seu pessoal
(incluindo assim os membros dos corpos gerentes ou o empresário
individual) (7), é, no final do ano, creditada no montante do seu
saldo por contrapartida da conta 81 — Resultados correntes do
exercício, aliás como acontece relativamente às restantes contas
da classe 6. Trata-se, como é óbvio, da contabilização dos encar-
gos por natureza — característica inerente à contabilidade externa
ou financeira, — nas mesmas condições em que se processam os
movimentos a débito de outros custos que são abrangidos pelas
contas 82 — Resultados extraordinários do exercício e 83 — Resul-
tados de exercícios anteriores, bem como os movimentos a cré-
dito das contas de proveitos contempladas na classe 7 e de
outros proveitos abrangidos também pelas referidas contas
82 e 83.
A contabilização por destino, ou por funções, tendo como
objectivo o apuramento dos custos de produção, é já do domínio
134 -
da contabilidade interna ou contabilidade de custos, mais comum-
mente designada por contabilidade analítica de exploração ou
até por contabilidade industrial.
Ora, é precisamente na óptica da contabilidade de custos que,
mais propriamente, importa analisar o problema da mão de obra,
que' está a procurar-se tratar.
Importa, entretanto, observar que, por um lado, o P. O. C.
prevê a classe 9 para a contabilidade de custos, cuja estruturação
pressupõe a conveniente articulação com a contabilidade ex-
terna (8), e que, por outro — e isto mostra-se sobremaneira rele-
vante, — o estudo dos problemas da contabilidade não pode
fazer-se com subordinação exclusiva a um determinado plano ou
normalização contabilística, pois terá, nas suas formulações gera_is
e essenciais, de revestir-se de um carácter de universalidade, não
só temporal como sectorial (zona geográfica e/ou tipo de acti-
vidade).
Voltemos, portanto, à nossa questão.
Nada impede, considerando novamente o problema à luz do
P. O. C, que os encargos com o pessoal, debitados no seu con-
junto, na contabilidade externa, através da conta 65, sejam segui-
damente distribuídos, na contabilidade interna, por contas (ou
seus desdobramentos) de «Gastos Gerais de Administração»,
«Gastos de Venda» e «Mão de Obra», integrada esta ou não numa
conta de «Fabricação» ou «Exploração Fabril», por contrapartida
de uma conta reflectora (9), sem que, reciprocamente, tenha de
processar-se o correspondente crédito na conta 65.
Nesta medida, a parte dos encargos com o pessoal incluída
na conta de «Mão de Obra» será imputada aos diferentes porta-
dores de custos ou às secções ou departamentos de acordo com
as fichas de produção, fichas de tarefa ou de encomenda, folhas
de imputação de salários, etc., —mão de obra directa — bem
como à conta de Gastos Gerais de Fabrico — mão de obra indi-
Ora, desde que se adopte este procedimento, havendo assim
inteira correspondência entre o total das despesas com o pessoal
(8) Tal articulação não tem que fazer-se, necessariamente, à custa de qual-
quer conta de ligação existente, com subordinação à classe 9, tanto na contabili-
dade externa como na interna (caso do sistema monista diviso), ou de contas
reflectoras (caso do sistema duplo contabilístico). As duas contabilidades podem
estar completamente separadas, projectando-se independentemente, portanto exclu-
sivamente à custa das suas contas próprias, os valores duma na outra _e vice-
-versa, inclusivamente com expressão numérica diferente. Essa projecção, que
não tem que obedecer a uma relação fatalista, designadamente de ordem crono-
lógica, é que constitui articulação.
(9) O que não é essencial, designadamente se na contabilidade interna tor
adoptado dispositivo de relevação não digráfico.
- 135
relevadas em cada mês na contabilidade externa e o somatório
dos encargos da mesma natureza repartidos pelas citadas contas
da contabilidade interna, não há dúvida de que a contabilização
da mão de obra se está a processar a custos reais ou efectivos,
entendidas estas expressões no sentido que em. contabilidade de
custos lhes é dado e aparece referido no início deste trabalho.
Mas será, de facto, este o processo mais aconselhável para
apurar o valor de um. elemento do custo de produção — e de tanto
peso como é normalmente a mão de obra — que torne o custo final
de um bem, produzido mais ajustado à verdadeira realidade?
Fácil se torna verificar que não.
É que, como todos sabem, em cada mês aparecem apenas
contabilizados na conta «Despesas com o pessoal» os encargos
que a empresa processou e devem ser satisfeitos com referência
ao mesmo período. Simplesmente, ninguém ignora também que,
para além do ordenado ou salário e outras prestações a que,
mensalmente, cada trabalhador tem direito, a empresa deve satis-
fazer o pagamento de um subsídio de férias — a acontecer pre-
cisamente com relação a um período em- que, sendo-lhe atribuída,
concomitantemente, a remuneração normal, 0 trabalhador não
presta actividade, deixando de se registar assim por parte dele
qualquer produção, — bem com0 um subsídio de natal — o cha-
mado 13.° mês.
Quer dizer: se, por hipótese, o trabalhador tem, direito a um
mês de férias remuneradas em cada ano, recebe remunerações
equivalentes a 14 meses, trabalhando durante 11.
Portanto, para a contabilização da mão de obra (10), em cada
mês, relativamente aos encargos que, em, boa verdade, dizem
respeito ao mesmo período, deve ser considerado por trabalhador
não o que se debita na contabilidade externa, através da conta 65,
mas sim o valor resultante da relação
136 -
Significa isto que a mão de obra a imputar em cada um dos
11 meses em que o trabalhador presta actividade se traduz num
valor constante (ressalvada evidentemente a hipótese de sobre-
virem alterações da taxa salarial, caso em que os cálculos teriam
de ser reformulados), sendo nulo no mês em que as férias são
gozadas. Na contabilidade externa, porém, os valores são sem-
pre diferentes (menores nos meses em que apenas se processa
a remuneração mensal, incluindo o próprio período de inactivi-
dade, e maiores naqueles em que se processam simultaneamente
a remuneração e o subsídio) (12).
Vai proceder-se à análise desta solução, admitindo que, na
contabilidade externa, como é normal, os lançamentos relativos
ao processamento e ao pagamento correspondem de facto aos
montantes que, para efeitos de regularização em cada período,
se vão vencendo.
Considere-se, para o efeito, uma empresa que, por hipótese,
tenha 20 trabalhadores ao seu serviço e que:
— todos auferem o mesmo vencimento mensal — 11 000$00;
— todos têm direito a um mês de férias e subsídio de natal ;
— o prémio de seguro de acidentes de trabalho e doenças
profissionais é de 2 %.
— 137
Tínhamos, portanto:
a) Na contabilidade externa
Mensalmente Total
Janeiro/Junho
Salários - 20 x 11000 x 1,24 (13) . . . . 272800$00 1 636 800$00
Julho
Salários 272800$00
Subsídio de férias . . . . 272800$00 545 600$00
Agosto/Novembro
Salários 272800$00 1091200$00
Dezembro
Salários 272800$00
Subsídio d e natal 272800$00 545 600$00
3 819 200$00
Total este que corresponde a
14 x (20 x 11000 x 1,24), que é o valor do encargo anual.
b) Na contabilidade interna
Na medida em que, logo a partir do mês de Janeiro, se
tinha de considerar, para além da remuneração correspon-
dente ao período, a quota-parte dos subsídios de férias e de
natal — direito a que, aliás, o trabalhador não pode legal-
mente renunciar — e do vencimento do mês de férias, vinha
3 819 200
= 347 200
11
Então :
Mensalmente Total
138 —
Vem, por conseguinte:
a) Na contabilidade externa
Mensalmente Total
Janeiro/Junho
Salários 272800$00 1636 800$00
Julho/Agosto
Salários 272800$00
Subsídio de férias — 50 % s/
sal 136400$00 409200$00 818 400$O0
Setembro/Novembro
Salários 272800$00 818 400$00
Dezembro
Salários e subsídio de natal 545 600$Q0
3 819 200$00
b) Na contabilidade interna
Mensalmente Total
Janeiro/Julho 347200$00 2 430 400$00
Agosto/Setembro — 0,5 x 347 200$00 173600$00 347 200$00
Outubro/Dezembro 347200$00 10416Q0$00
3 819 200$00
Portanto:
a) Na contabilidade externa
Mensalmente Total
Janeiro/Abril
Salários 272800$00 1091200$00
Maio/Agosto
Salários 272800$00
Subsídio de férias — 0,25/sal. 68200$00 341000$00 1 364 000$00
Setembro/Novembro
Salários 272800$00 818 400$00
Dezembro
Salários e subsídio de natal _ 545 600$00
3 819 200$00
— 139
b) Na contabilidade interna
(A x y + — ) (1 + r i + r2 + r3) (»)
30 11
em que d corresponde ao número de dias do mês a que é atribuído
salário, V o salário mensal (bem como o subsídio de férias e o
subsídio de natal) e r 1; r2 e r3 as percentagens, expressas em
dízimas, relativas às contribuições para a Caixa de Previdência
140 —
e para o Fundo de Desemprego e ao prémio de seguro de aciden-
tes de trabalho e doenças profissionais.
Se, porém, para além da existência de faltas com perda de
salário, a imputação da mão de obra se faz de acordo com os
tempos efectivos anotados em relação a cada produto ou serviço,
numa produção diversificada, por exemplo, como pode ser o caso
da fabricação por encomenda ou por ordens de produção, o
cálculo já não pode obedecer a um, critério de distribuição dos
encargos que a empresa suporta em cada mês, de conformidade
com a fórmula atrás apresentada. É que, para além da circuns-
tância agravante de haver, também, por vezes, faltas que não
implicam dedução no salário (mas perda de actividade), o en-
cargo a suportar no mês teria de ser imputado à produção em
face do número de dias de trabalho efectivamente aplicados.
Estamos, assim, praticamente caídos num sistema de salário
diário, embora as remunerações, como actualmente por via de
regra se pratica, sejam pagas mensalmente.
Nestas condições, o esquema a adoptar tem de basear-se
agora numa previsão do número de dias de trabalho que serão
normalmente remunerados a cada trabalhador e do número de
dias de trabalho que ele, efectivamente, deverá prestar.
Temos, então:
365 — 52 —17 + 24 + 25 = 345 dias com direito a salário e
365 — 52 — 17 — 24—11 — 11 = 250 dias de trabalho efectivo.
E, portanto,
345
— — x 500 x 1,24 = 855$60
250
— 141
Assim, por cada dia de trabalho aplicado em determinada
tarefa pelo trabalhador, imputar-se-ia a importância de 855$60.
E, relativamente a quaisquer outros trabalhadores a que cor-
respondesse idêntica previsão do número de dias objecto de remu-
neração e do número de dias de prestação de trabalho efectivo,
bastaria multiplicar o respectivo salário diário pelo coeficiente
345
= 1,38, acrescentando-se ao valor obtido os
250
encargos sobre remunerações, ou então, aplicando logo o coefi-
ciente
1,38 x 1,24 = 1,7112 ao salário nominal.
—— x (1 + rj + r2 + r 3 + . . . + r n )
dT
3. CONCLUSÕES
142 -
E o custo dos produtos obtidos? Este, na medida em que
seja calculado no fim do período em que se realizou a produção,
parece que poderia corresponder, em parte, à característica de
custo real.
Guardemo - nos, porém, de exageros. É que não devemos
deixar de exigir que, conjuntamente, se verifique também a outra
condição: os encargos com a produção devem ter sido efectiva-
mente suportados.
Ora, se é certo, como já se referiu, que a empresa está de
facto a suportar encargos para além daqueles que, ao longo do
ano, vão sendo documentados e relevados na contabilidade ex-
terna, no caso de a mão de obra ser imputada em face de pre-
visões fatalmente com maior ou menor margem de erro, o ver-
dadeiro valor de tais encargos só pode ser conhecido a pos-
teriori.
E quanto ao esquema precedente, em que, por a imputação
da mão de obra ser feita por secções ou por produtos, mas neste
caso relativamente ao volume de produção do mês, já podíamos,
tempestivamente, ter em conta as correcções determinadas pelas
faltas do pessoal?
Embora, em tal hipótese, a previsão comporte uma insignifi-
cante margem de erro, podendo, normalmente, dizer-se que os
valores imputados são praticamente os que a empresa realmente
suporta, o que é certo é continuarmos ainda no domínio de custos
pré-estabelecidos, tanto mais que podem surgir alterações sala-
riais não esperadas ou cuja taxa não era conhecida.
Seja como for, o que parece não oferecer dúvida é de que
os custos de produção pré-estabelecidos, quando o seu cálculo se
basear em dados e em processos cientificamente abonados, me-
recem mais confiança do que os chamados custos reais.
- 143
Créditos nas Contas de Despesas
Por A. Lopes de Sá
10 - 145
Quando se «vende» um produto deve-se registar o evento na
conta própria de Vendas, o mesmo ocorrendo quando se «adquirem»
as matérias, paga-se a mão de obra, etc.
Caiu em; desuso, por inadequado, o título «Mercadorias» e que
se debitava pela compra e se creditava pela venda; tal conta apre-
sentava sempre um «saldo» que «nada dizia», pois, era a mescla de
factores de «naturezas diferentes».
Uma conta de «Compras» não deve ser creditada por uma de
«Vendas», pois, enquanto aquela representa um custo esta representa
uma receita.
A manutenção de contas unilaterais, no sistema de resultados,
ajuda a analisar, comi clareza, os fenómenos e se constitui em prática
altamente esclarecedora.
Admitimos que mesmo nos casos em que a despesa é feita já
com provisão de «recuperação», necessário se faz a independência dos
registos, pois, os «momentos» das ocorrências são diferentes e as
ocorrências também.
Não se pode negar que o gasto existiu, nem que a recuperação
se operou.
Omitir o «total» gasto, em conta própria e aquele «recuperado»,
é sonegar informações.
Pode-se alegar que a despesa não foi aquela, mas, é inequívoco
que ela foi «assumida» e inequívoco que houve um; fenómeno de
«recuperação».
Ao creditarmos a conta de gastos pelo que foi reavido obtemos
um «líquido gasto», mas, omitimos a verdade, ou seja: o «total»
assumido como despesa e o «total» que conseguimos fazer retornar
como recurso.
O saldo, no caso enfocado, é inexacto em relação aos fenómenos
que verdadeiramente ocorreram.
O uso de «sub-contas» credoras em contas devedoras tende a
produzir falsidade de saldos (na quase totalidade dos casos daquelas
«unilaterais»).
O correcto é que a «sub-conta» seja uma verdadeira «análise»
da conta.
Se a conta é «devedora» as contas «analíticas» também deverão
sê-lo (o lógico é que a parte seja da natureza do todo pois ela nele
se contém: «in totó partem non est dubium contineri»).
Nossos mais ilustres doutrinadores entendem que as contas devem
ter «objecto definido» e que as variações ocorridas, de acréscimo ou
de redução só podem nelas serem registadas se «de idêntica natu-
reza»; o objecto, no caso, é o «facto», a «grandeza patrimonial»
e não outro instrumento.
É óbvio que os procedimentos do «regime integral» (contas que
representam elementos da estrutura do património) são diferentes
146 -
daqueles do «regime diferencial» (contas que representam elementos
dos resultados).
Os «componentes» da estrutura representam um «centro de factos»
e por isto as variações são analisadas «em função» deles.
Os «elementos» do resultado representam partes de um «sistema»
em dinâmica, onde custos e receitas são distintos e representam, por
si, «centros inequívocos».
A metodologia da classificação, para que tenha teor técnico,
necessita resguardar este posicionamento.
Todavia, quer nas contas integrais como nas diferenciais as
«análises» ou «sub-contas» devem ter saldos coerentes com a natu-
reza delas.
O assunto tem, merecido alguma polémica, mas, no campo da
doutrina é bem clara a posição dos mais renomados escritores.
Entendemos que as contas devem ser abertas para o registo de
«factos da mesma natureza» e que estes devem dizer respeito a
situações definidas e inequívocas.
O «crédito» na conta de despesas, resultante de «recuperação»
destas, não nos parece uma forma que vise a fornecer, com exactidão,
a ocorrência dos fenómenos sucedidos.
— 147
4
Comunicações da 3.a Mesa
A Contabilidade e a Inflação
INTRODUÇÃO
A inflação não é um problema novo. Ela tem feito sentir a sua
acção ao longo dos séculos e pode-se afirmar que nenhum país terá
conseguido evitar os seus efeitos até aos nossos dias. Contudo, na
última década, o agravar contínuo das suas taxas, veio tornar a
inflação um dos problemas mais candentes da actualidade. Os seus
efeitos projectam-se em múltiplos sectores e um deles é, precisa-
mente, o sector da contabilidade.
Com esta comunicação pretende-se salientar as insuficiências do
sistema tradicional de contabilização, para reflectir a rentabilidade
e situação financeira das empresas em períodos de inflação acen-
tuada, e divulgar alguns dos sistemas de contabilização mais signi-
ficativos que têm, sido adoptados ou propostos em vários países para
suprir essas insuficiências.
— 151
mesmos mapas financeiros. Escrito de outr 0 modo, num período
de estabilidade monetária, seria perfeitamente aceitável que um
activo figurasse pelo seu custo histórico em dados financeiros pre-
parados vários anos após se ter verificado a sua compra.
Identicamente, os mapas financeiros preparados segundo este
sistema continuariam: a ser um suporte válido para as decisões de
gestores em áreas tais como investimentos de capital, fixação de
preços, níveis de remunerações, distribuição de dividendos e cálculo
e pagamento de impostos.
Infelizmente, o sistema do custo histórico nunca foi idealizado
para retratar Uma conjuntura em qu e os níveis de preços sofram
alterações a taxas tão acentuadas como as que se têm verificado
nos últimos anos.
152 —
Vejamos dois outros exemplos:
Efeito da inflação nos lucros com stocks
000's Esc.
Setembro 30 —Peça comprada para stock 10
Dezembro 31 —Peça vendida 18
Dezembro 31 —Outra peça igual comprada para stock 12
A questão que aqui se pode pôr é: «Qual o lucro obtido por esta
empresa?». As contas baseadas no custo histórico dir-nos-ão que o
lucro obtido foi de 8 (18 —10) ; contudo, ao analisar os seus fundos
de caixa, a empresa constatará que dispõe apenas de 6 (18 —12)
disponíveis para gastar. A diferença de 2 (8 — 6), representa aquilo
a que chamaremos de parcela inflacionária ou o efeito da inflação
no lucro obtido ao custo histórico.
— 153
Vamos assumir que as três companhias, X, Y e Z começaram
a sua actividade em 1 de Janeiro dum, determinado ano e que não
efectuaram, quaisquer transacções até 31 de Dezembro desse mesmo
ano. Em quaisquer dos casos, as contas elaboradas ao custo histó-
rico não evidenciam quaisquer alterações na situação líquida.
Porém, no primeiro caso, a caixa terá diminuído de valor pelo
montante equivalente à inflação ocorrida nesse ano, e efectivamente,
os accionistas da companhia X estarão a perder dinheiro. No segundo
caso, a companhia Y utilizou os 000's Esc. 500 iniciais na compra
de stocks, em relação aos quais, contrariamente ao que acontece com
a caixa, é legítimo admitir que haja uma valorização, pelo menos,
equivalente à taxa de inflação para o período. Assim, os accionistas
de Y não terão perdido nem ganho dinheiro. No último caso, Z con-
seguiu financiar parcialmente a compra de stocks através dum
empréstimo; como resultado, além dos stocks manterem o seu valor
em linha com a inflação, o facto do passivo mostrar no final do
do período o mesmo valor inicial, representa, na verdade, um ganho
para os accionistas. Mesmo considerando o eventual pagamento de
juros do empréstimo, é legítimo supor que a taxa de inflação ultra-
passaria a dos juros pagos e os accionistas estariam ainda a lucrar
o valor correspondente ao diferencial entre ambos. Conforme salien-
támos no início, as contas preparadas segundo o sistema do custo
histórico mostram, o mesmo resultado para os três casos.
Um outro aspecto a considerar é o dos problemas que o uso de
lucros obtidos com a aplicação do custo histórico poderá acarretar
em áreas tais como:
Fixação de preços
154 —
baseados no custo histórico, normalmente, não darão uma medida
adequada dos aumentos necessários e colocarão, logo à partida, os
gestores numa posição de desfavor perante os seus interlocutores
nas negociações.
Salários
Dividendos
Impostos
Os impostos são baseados nas disposições da legislação fiscal de
cada país. É importante para os gestores terem conhecimento de,
em que medida, o pagamento de impostos baseado nos lucros «apa-
rentes» mostrados pelo sistema do custo histórico, estará a consti-
tuir um factor extra de escoamento dos recursos da empresa, preci-
samente numa época em que mais se faz sentir a necessidade de
conservar tais recursos para combater a subida dos custos.
Financiamentos
Quanto mais as decisões financeiras forem baseadas em dados
preparados ao custo histórico, maior será o perigo dos gestores não
— 155
escolherem a via mais adequada para obterem os financiamentos e
de sobre-estimarem as possibilidades da empresa para suportar os
correspondentes encargos.
«Return on investment»
156 —
a obter de novos investimentos. Igualmente importante é o facto
de que tais gestores poderão ainda falhar ao não interromper deter-
minadas operações que, embora parecendo lucrativas quando anali-
sadas à luz de contas preparadas ao custo histórico, poderão, na
realidade, estar a dar prejuízo.
Na medida em que os dados elaborados segundo o sistema do
custo histórico entram na preparação de budgets (caixa, capital,
lucros), tais budgets estarão à partida viciados pelas mesmas ine-
xactidões existentes nos dados em que se basearam. Os efeitos de
tais inexactidões poderão ser ampliados pelo uso desses budgets
como suporte de decisões visando as operações futuras duma empresa.
De tudo o qUe atrás ficou exposto, será legítimo concluirmos que,
caso a inflação se mantenha em níveis elevados, como parece ser
a tendência actual, alguma coisa terá que ser feita entre nós para
retratar os seus efeitos na contabilidade, a exemplo do que já sucede
em países como os Estados Unidos da América, a Inglaterra e a
Holanda, em que comissões especialmente designadas para o efeito,
têm desenvolvido e apresentado alguns métodos de contabilização da
inflação.
- 157
Reavalização do Imobilizado e Outros Aspectos
do Tratamento dos Efeitos da Inflação
INTRODUÇÃO
— 159
além disso, em alguns casos, há bens que são periodicamente reava-
liados. Desta prática resulta que as contas se apresentam expressas
em termos de poder de compra da moeda na data em que os bens
foram adquiridos ou reavaliados, as responsabilidades incorridas ou
o capital obtido.
160 -
cional das empresas foi e é, ainda hoje, baseada no chamado
ROI, isto é, «return on investment». No entanto, são cada
vez menos significativas as análises comparativas entre
secções duma empresa quando os imobilizados não estão valo-
rizados à mesma medida de valor, e quando não se diferencia
entre mais-valias de stocks e resultados de exploração.
5. Os lucros evidenciados nas contas tradicionais não podem ser
todos distribuídos pois parte deles torna-se necessário à manu-
tenção das actividades da empresa a um nível de custos sem-
pre crescente.
6. A comparação entre empresas ou entre períodos pode ser
completamente falseada porque se estão a comparar unidades
monetárias diferentes.
M — 161
5. Este D-L também estabelece as bases a serem utilizadas para
efeito dos cálculos da reavaliação.
162 -
2. Na prática, o condicionalismo estabelecido tornou-se difícil
de cumprir pelo que as empresas preferem recorrer ao cri-
tério de actualização pelos coeficientes de desvalorização
monetária.
3. Este Decreto-Lei 280/78 consagra a possibilidade de as empre-
sas escolherem o critério de reavaliação que melhor se adapte
à sua situação específica.
— 163
a impraticabilidade deste sistema, principalmente devido à natural
falta de garantias de independência dos avaliadores e a necessaria-
mente subjectiva natureza das suas conclusões.
164 -
determinado em bases correntes, distinguindo-se assim o lucro de
exploração das mais-valias de stocks realizadas por se terem vendido
produtos adquiridos há tempos e a preços mais baixos do que os cor-
rentes. Neste processo apenas se reavaliam os stocks e o imobilizado.
Por razões já em parte apresentadas, o actual debate nos países
em que as técnicas contabilísticas estão mais desenvolvidas concen-
t r a t e nos sistemas de demonstração financeira suplementar, com base
em alterações nos níveis gerais de preços (CPP e GPL A), e substi-
tutiva com base no custo corrente (CCA).
- 165
exemplo, stocks, edifícios, fábricas, com excepção das que
constituem a situação líquida (capital, reservas e resultados
transitados) pois estas não são nem monetárias nem não-
-monetárias.
3. Conversão — é o processo de transformação de valores expres-
sos em unidades monetárias históricas em valores expressos
em unidades monetárias de poder de compra corrente.
4. Actualização — consiste em transformar os valores de um
período contabilístico anterior, expresso em unidades mone-
tárias com poder de compra duma certa data, em valores
expressos em unidades monetárias com poder de compra de
outra data, mais recente.
5. Contas básicas — são as contas preparadas substancialmente
de acordo com as conversações estabelecidas, com base nos
custos históricos, incluindo aquelas em que todos, ou alguns,
dos bens do activo corrente são apresentados por valores esti-
mados de realização.
166 -
tes espécies de «ganhos» podem ser considerados pelas
empresas como «lucros».
4. Para produzir informação adequada, um sistema contabilís-
tico deve obedecer basicamente aos seguintes princípios:
a) A unidade de medida deve ser a moeda.
b) Os bens devem ser apresentados pelo seu «valor para
a actividade da empresa», o qual é na maioria dos
casos «o custo de reposição», mas que pode também
ser «o valor de realização» ou «valor económico».
c) As responsabilidades devem ser expressas de uma
maneira geral na mesma base utilizada para expressar
o valor dos bens activos.
d) O «lucro de exploração» deve ser apurado onerando os
resultados com 0 «valor para a actividade» dos bens
consumidos para se gerarem os valores realizados pela
empresa através das suas vendas. As mais-valias de
stocks e ganhos extraordinários devem ser segregados
e mostrados separadamente.
e) O mapa de origem e aplicação de fundos deve integrar
sempre as contas da empresa.
5. Na maior parte dos casos, em tempos inflacionários a contabi-
lidade tradicional não revela o «valor para a actividade» e
agrega nos lucros apresentados tanto mais-valias de stocks
como lucros de exploração. O reconhecimento desta situação
tem levado, em contabilidade tradicional, à tomada de medi-
das como a reavaliação de imobilizados, a prática de depre-
ciações extraordinárias, ou a adopção do sistema LIFO de
custeio de existências. Estas medidas tornaram as actuais
convenções contabilísticas mais complexas e menos uniformes,
e tornam a contabilidade tradicional cada vez menos objectiva
sem todavia alcançar a solução adequada do problema.
6. O conceito de lucro n 0 sistema CPP inclui ganhos nas rubricas
monetárias e os utilizadores das contas devem pois acaute-
lar-se contra o eventual equívoco de pensar que esse lucro
está disponível para distribuição na sua totalidade.
7. As características do CCA (Current cost accounting), reco-
mendado pela Comissão são as seguintes:
a) A unidade de medida é a moeda.
b) Os stocks e o imobilizado são apresentados no balanço
mediante avaliação.
- 167
c) O «lucro de exploração» é obtido depois de se debi-
tarem os resultados pelo «valor para a actividade» dos
bens consumidos.
d) São excluídas «mais-valias de stocks» e «resultados
extraordinários», que devem ser mostrados separa-
damente.
e) As empresas devem apresentar com as suas contas um
mapa de origem e aplicação de fundos e os dirigentes
de todas as empresas devem incluir nos seus relató-
rios comentários à adequacidade das fontes de finan-
ciamento para fazer face às necessidades do ano
seguinte.
f) O lucro determinado de acordo com o CCA deve servir
de base à determinação da matéria colectável, à fixa-
ção governamental de preços e ao cálculo das margens
de lucro em contratos com o Governo.
g) O CCA deve substituir completamente a contabilidade
tradicional, aparecendo os valores a custo histórico em
notas às contas do fim do ano.
Quando, cerca de 500 anos após a criação do sistema das partidas
dobradas, os contabilistas se começam a empenhar no estabeleci-
mento de um sistema de contabilização, ou demonstração, dos efeitos
da inflação nos mapas financeiros convencionais, não há dúvida de
que estão a tentar dar um importante, e por isso cauteloso, passo
em frente. E diz-se que estão tentando porque na verdade parece
muito difícil por agora atingir um modelo universal no desenvolvi-
mento do processo de contabilizar os efeitos da inflação. Tanto
o CPP como o CCA estão ainda numa fase inicial do debate. Pode
no entanto adiantar-se que actualmente, tanto nos EUA como na
Inglaterra, o objectivo parece ser a implementação dum sistema
misto agregando conceitos e princípios do CCA e do CPP.
168 -
debate para serem implementadas, pode ainda acrescentar-se que a
entrada de Portugal no Mercado Comum vai igualmente, nos próxi-
mos anos, pressionar os contabilistas portugueses a tentar uma
solução adequada para a demonstração dos efeitos da inflação nas
contas das empresas.
Depois de um período de dez anos de debate e negociações, foi
aprovada em 27 de Junho de 1978 pelo Conselho de Ministros da
C. E. E. a Quarta Directiva sobre demonstrações financeiras das
sociedades anónimas de responsabilidade limitada que operam na
Comunidade Económica Europeia.
Esta Directiva tem por objectivo harmonizar a preparação, apre-
sentação, auditoria e publicação das demonstrações financeiras das
sociedades anónimas de responsabilidade limitada.
De uma forma muito sumária, podemos dizer que os Estados
membros terão que introduzir legislação nos respectivos países dentro
dos próximos dois anos, e que as empresas disporão depois disso dum
período de mais 18 meses para cumprir essa legislação, no âmbito
das orientações formuladas pela Quarta Directiva sobre:
- 169
D) As contas básicas continuam a ser as contas com valores
históricos, mas os valores resultantes da aplicação dum
sistema de contabilidade inflacionada, tanto no balanço
como na conta de ganhos e perdas, devem ser mostrados
separadamente.
NOTA FINAL
170 -
As Distorções Provocadas pela Inflação
nos Balanços e Contas de Resultados
Por João José Amaral Tomás
— 171
a situação patrimonial da empresa, avaliada pelo valor a preços
correntes da situação líquida num dado momento, como sobre os
ganhos ou perdas entre duas datas, os quais são calculados quer
pela diferença entre os proveitos e os custos, quer pela comparação
das situações líquidas entre dois balanços sucessivos. No mundo
real não acontece porém esta situação, em primeiro lugar porque,
mesmo em período de estabilidade do nível geral dos preços, os
preços específicos dos diferentes bens não se mantêm inalterados.
Em segundo lugar porque em, período de inflação o valor da moeda,
tomada como unidade geral de medida, se deprecia com o tempo,
não assegurando assim a conservação do poder de compra dos capi-
tais investidos e tornando de difícil comparação valores contabili-
zados em datas diferentes. As alterações tanto dos preços relativos
como do nível geral dos preços, introduzem desvios crescentes entre
os dados que figuram na contabilidade e a realidade económica,
tanto maiores quanto' maior for a redução do poder de compra da
moeda.
Os efeitos da inflação são raramente analisados objectivamente,
o que não é de admirar se atentarmos que cada agente económico
é simultaneamente vítima e beneficiário da subida geral dos preços.
Assim, enquanto que os empresários consideram que as empresas
são vítimas da inflação em, virtude da tributação de lucros hiper-
-avaliados, o fisco embora reconhecendo a pertinência de tal argu-
mento, objecta que por outro lado as contas de resultados a custos
históricos não evidenciam! o ganho de inflação que advém para a em-
presa do seu endividamento líquido. Um estudo recente de Gilbert
Lecointre revelava que as conclusões que extraíra da análise de uma
amostra de 25 empresas, apontavam no sentido de os lucros tomando
em conta a reavaliação, serem superiores aos que a contabilidade
revelava antes da reavaliação. Este resultado verificava-se apenas
nas 8 maiores empresas e resultava de o ganho de inflação sobre o
endividamento líquido (Efect de Levier) ultrapassar em valor os
prejuízos da não reavaliação das contas.
A ausência da tomada em, conta explícita da erosão monetária
na avaliação oficial dos lucros e do capital, comporta o risco para
as empresas de um empobrecimento inconsciente ou envolve ura certo
enriquecimento discreto?
A questão mais importante é portanto saber se a empresa ganha
ou perde com a inflação.
Não procurarei dar uma resposta a tal questão pois ela depen-
deria não só da escolha de uma amostra que fosse representativa
das empresas nacionais, como também do método de reavaliação
escolhido.
Limitar-me-ei portanto a focar algumas das distorções que a
inflação introduz não só nas contas como nas estruturas de finan-
ciamento das empresas.
172 —
1. A INFLAÇÃO E O BALANÇO
O resultado de um exercício representa a diferença entre a si-
tuação líquida inscrita no balanço de abertura e no de encerramento.
Tais resultados não correspondem porém à realidade dado que são
apurados a partir de balanços «falseados» pela inflação. O primeiro
efeito da inflação é pois deturpar a avaliação da situação líquida da
empresa tal como resulta do seu balanço. Este, elaborado a custos
históricos pode ser comparado «a uma foto de família em que as
pessoas que a compõem figuram com o aspecto e o vestuário da
data da sua entrada na família (R. Caumeil)». Assim como tal foto
não permitiria representar o estado da família num dado momento,
o balanço não pode representar a situação patrimonial da empresa
no momento em que é estabelecido, dado que os valores dos activos
e dos passivos que nele figuram são precisamente os que tinham
quando da sua entrada nas contas da empresa.
A evolução dos preços origina duas séries de consequências que
estão estreitamente ligadas:
— uma sub-avaliação de todos os elementos do activo não mone-
tário cujos preços aumentaram desde a aquisição, o que é o
caso geral em período de inflação.
— Uma sub-avaliação correlativa do valor da situação líquida e
dos capitais próprios da empresa.
Deve notar-se porém que a incidência da inflação sobre as com-
ponentes do activo não é uniforme. São mais afectados os elementos
que permanecem por mais tempo ao serviço das empresas.
— 173
É evidente que a inflação provoca um afastamento entre o valor
real das entradas feitas pelos associados e os lucros levados às
reservas, e o inscrito no balanço. No que concerne a esta questão
não há unanimidade de opinião. Assim, enquanto nos Estados Unidos
se procede à actualização dos capitais próprios para se poderem
avaliar dos direitos dos accionistas em poder de compra corrente,
em Inglaterra não se faz essa actualização alegando que os direitos
não se limitam ao valor nominal das acções, contrariamente aos
obrigacionistas que são automaticamente afectados pela inflação em
razão do carácter residual dos seus direitos.
174 —
VAMOS TENTAR REPRESENTAR GRAFIC AMENTE OS EFEITOS
DA DEPREC IAÇÃO MONETÁRIA E DA ALTA DE PREÇOS
A NÍVEL DO C IC LO DE EXPLORAÇÃO.
ARMAZENAGEM
Î I Î
Compra de Venda de Pag.t 0 ao Recebimento
mercadorias mercadorias Fornecedor do cliente
200 300 200 300
(valor nominal) (valor nominal)
Os fornecimen Os 300 recebidas dos
Margem aparente tos são pagos em
100 clientes terão um. poder
moeda depreciada de compra menor que
em 6 %. É uma no momento da factura
vantagem p a r a a ção: A alta dos preços
empresa avaliada a c t u a aqui em detri
Na realidade, no dia de venda,
a reconstituição das existências, em: mento da empresa e o
custaria, devido à alta dos pre prejuízo elevase a:
ços, 210. A margem real é 300 — 200
— 210 = 90.
200 • 12 300
1,06 300 18
TÕ6~
— 175
1.4. INCIDÊNCIA SOBRE OS DÉBITOS A MÉDIO E LONGO
PRAZO
2. A INFLAÇÃO E OS RESULTADOS
176 -
2.1. INCIDÊNCIA SOBRE AS AMORTIZAÇÕES
12 — 177
BALANÇO INICIAL
ACTIVO PASSIVO
Si = 100 C = 80
D = 20
Si = C + D
CONTA DE EXPLORAÇÃO
DÉBITO CRÉDITO
Si = 100 SF = 120
C= 400 V = 450
DG= 50
L= 20
L = V + SF — C — DG — Si
ACTIVO PASSIVO
SF - 1 2 0 C-80
D-20
L —20
178 —
aumento do nível geral dos preços e por K' o aumento do preço
do stock
SF = (1 + K') Si L = K' Si
— 179
Representando por de o montante desta perda verificam-se duas
consequências :
180 —
Podemos desdobrar tal expressão em duas partes:
E consequentemente:
A SL = A'A + A"A - A P
ou seja
A SL = A'A — (A P — A"A)
— 181
ção dos activos sem incluir os créditos contém um resultado igual
à incidência da reavaliação não efectuada.
182 —
de contas a receber e de existências. O incremento do saldo
das existências deve-se, em, período de inflação, ao facto de
os custos serem mais elevados e também à necessidade de
stocks de segurança mais elevados, motivada pela falta de
produtos e pela previsão de novas subidas do preço de custo
das existências. Além disso, apesar da substituição dos equi-
pamentos ficar cada vez mais cara, as empresas são incitadas
à sua renovação não só para reconstruir as dotações das
amortizações, como também pela previsão de subidas mais
acentuadas do preço dos referidos equipamentos.
— As consequências acima referidas conduzem a um endivida-
mento crescente das empresas. O recurso ao crédito se ajuda
a -esolver os problemas imediatos, origina em contrapartida
um encarecimento dos juros e encargos correlativos e princi-
palmente coloca as empresas numa situação de dependência,
estando muitas vezes em jogo a sua própria sobrevivência.
4. CONCLUSÕES
— 183
seu potencial económico e dos seus resultados económicos e finan-
ceiros. Estas distorções caracterizam-se grosso modo por uma
subavaliação do activo e dos capitais próprios e por uma errada
avaliação do capital fixo. Dado que os resultados estão empolados
e a tributação incide sobre os valores apurados a custos históricos
pode haver mesmo uma perda de substância da empresa, dado que
a base de cálculo do imposto sobre os lucros não correspondeu pois
a um enriquecimento real da empresa. Se o lucro repartido aos
associados não corresponde a um enriquecimento real da empresa,
infere-se que uma parte do activo da empresa foi, de facto, distri-
buído. Este último facto é preocupante porque o crescimento futuro
da empresa pode ser limitado, enquanto que, economicamente, a
distribuição de dividendos apresenta um carácter de ficção.
Para precisar melhor esta questão vou citar novamente Samuel-
son: «...suponha-se que os preços estão constantemente a subir.
Se eu vender os meus produtos a um preço qUe me permita pagar
a mão-de-obra e outros custos, e também as amortizações, poderá
pensar-se que não ganhei nem perdi. Que pensará o fiscal de impos-
tos que calcula as minhas amortizações com base nos preços baixos
originariamente pagos pelas minhas ferramentas e pelos meus edifí-
cios? Também ele dirá que não ganhei nem perdi. Mas na realidade
pode dizer-se que estive a vender as mercadorias com prejuízo real,
porque quando as minhas máquinas e os meus edifícios estiverem
gastos não terei dinheiro suficiente para os reconstruir ao novo nível
de preços mais elevado. O mesmo se aplica a um comerciante que
vende as suas existências a um preço inferior ao custo de substi-
tuição.
Deste modo, é necessário estar de sobreaviso em relação às
sobreavaliações fictícias monetárias, dos lucros reais em período
de inflação...».
As perdas ou ganhos da inflação nascem sempre de desfaza-
mentos temporais entre um fluxo real e a sua contrapartida mone-
tária. Quando o fluxo real de entrada procede o fluxo monetário
de saída há um benefício. Se invertermos esta situação verifica-se
uma perda devida à inflação. Existe também um ganho ou perda
de inflação em. consequência dos desfasamentos temporais entre
dois fluxos monetários ligados à mesma operação: empréstimos
concedidos e obtidos.
No caso da empresa ser devedora líquida podemos dizer que
e ao fim e ao cabo o capital alheio que suporta a maioria os pre-
juízos que a inflação provoca nas empresas.
Poderemos agora voltar a pôr a questão de saber se a empresa
ganha ou perde com a inflação, conjugando o efeito das deformações
contabilísticas com o do ganho ou perda da inflação. Não tenho
conhecimento de qualquer estudo nesse sentido feito sobre a situação
real das empresas nacionais. Vou portanto focar as conclusões de
184 —
alguns estudos estrangeiros acerca do mesmo tema. Num trabalho
recente feito nos Estados Unidos concluía-se que os lucros líquidos
corrigidos unicamente pelos efeitos das amortizações e dos stocks
eram em média inferiores de 30 a 35 % aos resultados apurados
na contabilidade a custos históricos. Tal diferença reduzia-se a
menos de 10 % desde que se tomasse em conta o ganho de inflação
ligado à depreciação do endividamento líquido.
Uma tentativa de quantificação efectuada pela Direcção Geral
dos estudos do Banco de França, concluía que para o conjunto das
empresas e tendo em conta a subida das taxas de juro provocada
pelo aumento dos preços, havia uma compensação aproximada das
perdas e ganhos da inflação.
Um estudo recente na Grã-Bretanha feito pela firma de audito-
ria «Philips and Drew» indicava que a perda financeira aparente
resultante da actualização dos valores imobilizados e da reavaliação
das amortizações era compensada pela tomada em conta da mais-
-valia monetária realizada pelas empresas em detrimento dos seus
credores. Sublinhava porém que a não tomada em conta destas
mais-valias monetárias sobre o endividamento líquido reduziria em
cerca de 2/3 o montante dos lucros declarados.
Embora a seguinte consideração saia fora do âmbito deste tra-
balho, parece-me que uma reavaliação correcta e completa dos
resultados das empresas tem forçosamente que considerar os ganhos
ou perdas da inflação, principalmente para que a informação se
aproxime mais da realidade. Discordo da sua tributação, apesar
de alguns técnicos serem de opinião contrária. Todavia, a maioria
dos especialistas estrangeiros (como por exemplo Cibert e Lecointre)
discordam da imposição alegando que é ilógico tomar em conta nas
empresas devedoras o ganho da não indexação das suas dívidas,
ignorando a perda simétrica que advém para os credores.
A terceira categoria dos efeitos é a da evolução dos preços,
das condições económicas e da inflação, de que resulta um aumento
das necessidades de financiamento específicos. Estas necessidades
de financiamento respeitam a todos os elementos do activo da
empresa que têm que ser renovados — stosks, imobilizações, fundo
de maneio, etc.
Enfermando a contabilidade a custos históricos das deficiências
que temos vindo a apontar, as opiniões dividem-se quanto à forma
de as evitar, ou corrigir. Alguns autores mais radicais parecem
visar mesmo nas suas críticas a própria estrutura do modelo conta-
bilístico. Outros porém (a maioria) pensam que os dados forne-
cidos pela contabilidade a custos históricos podem ser corrigidos para
obviar às deficiências provocadas pela inflacção.
A principal causa da não adequação da contabilidade reside
quanto a mim na não estabilidade de medida (a unidade monetária).
— 185
A questão principal será pois como dotar esta unidade evolutiva
da qualidade necessária de padrão invariável que ela não possui.
A maneira de obviar ou minorar tais distorções passa obrigato-
riamente por uma revisão global e permanente das contas. Contudo,
não nos podemos esquecer da existência de alguns paliativos que
podem provocar que tal reavaliação tenha apenas importância para
efeitos de informação.
Não procurando explicitar as múltiplas e controversas formas de
proceder à reavaliação das contas, vou citar, devido à sua complexi-
dade, alguns problemas que uma reavaliação permanente ocasiona:
186 —
A Contabilização dos Juros e das Variações
Monetárias — I
Por Rogério Fernandes Ferreira
- 187
Só que, se nada for feito, as empresas apresentarão, por um
lado, activos com valores desactualizados e, por outro, contas de
resultados com amortizações insuficientes e com juros de capitais
alheios a altas taxas as quais, todavia, só em pequena parte ou
mesmo em nada serão remunerações desses capitais, constituindo
propriamente forma de compensar o credor pela perda de valor que
em período de inflação sempre se verifica.
Acontece que não havendo relevação das perdas de valor provo-
cadas por erosão monetária nos financiamentos não se saberá
distrinçar as atrás citadas componentes das taxas de juro. Por outro
lado-, não se corrigindo os custos de aquisição para custos de repo-
sição, igualmente não se tomará conta das parcelas de valorização
dos diversos activos. E assim não se saberá se a empresa no activo
recuperou toda ou parte da parcela do juro que pagou aos credores
para compensação da perda de valor real que estes sofrem nos
financiamentos que efectuaram.
Mantendo-se pendente o problema do «tratamento da inflação»,
sucederá que, consoante os ramos de actividade, as estruturas dos
activos, as formas de financiamento, etc., as empresas sofrerão com
maior ou menor intensidade os reflexos da situação, uns positivos,
outros negativos. Naturalmente que insistirão, de quando em vez,
pelo diferimento de reavaliações de activo, de modo a poder expli-
citar reservas de reavaliação e a contabilizar no futuro custos de
amortização na base de valores activos actualizados.
Se a inflação pudesse ser sensivelmente atenuada a melhor
política seria de facto adoptar uma reavaliação ocasional com os
objectivos de actualização supra que naturalmente favoreceria a
aparência dos balanços e traria maior rigor aos resultados o que
na conjuntura actual se revelaria de interesse. Porém, se não se
conseguir debelar a crise estrutural em que se está vivendo, a moeda
nacional continuará a deteriorar-se e poderá entrar-se em círculo
de auto-alimentação inflacionária cujo desfecho será difícil de prever,
mas não será bom para a comunidade portuguesa.
Fundamentalmente devido a estes receios é que entendemos que
os técnicos de contabilidade não devem precipitar o uso de soluções
de «indexação sistemática», se bem que convenha proceder ao seu
estudo, para a eventualidade de uma persistente e acentuada inflação
tornar imprescindíveis as práticas de contabilização sistemática das
variações de valor da moeda. O estudo referido favoreceria côm-
putos extracontabilísticos ou a criação de sistema complementar de
contas autobalanceadas, vias que nos países que não querem ver
agravada a inflação estão, entretanto, a ser utilizadas, de forma
a suprir as actuais insuficiências da contabilização em valores
históricos.
188 —
Pode dizer-se que em todos estes problemas há imensos passos
a dar. E muito estudo a efectuar (*) que, infelizmente, não pode
ter a rapidez que os factos e as situações exigiriam.
(*) Pela nossa parte o problema preocupa-nos. A prova é que sobre ele
publicámos, entre outros, os seguintes estudos: Temas de Gestão de Empresas,
1976, vol. V: Cap. XI, Inflação; Cap. XII, Inflação e Indexação de Salários;
Cap. XIII, Indexações e Outras Fantasias; Cap. XIV, Controlos da Inflação;
Cap. XV, Efeitos das Variações Gerais dos Preços no Património e nos Resul
tados; Cap. XVI, Inflação e Indexação dos Valores Contabilísticos das Empresas;
Cap. XVII, Acerca das Reavaliações do Imobilizado.
Mais recentemente elaborámos o trabalho «A Contabilidade da Inflação», Ed.
Inst. Pol. Covilhã, 1978, em colaboração com Alves Conde.
— 189
A Contabilidade dos Juros e das Variações
Monetárias — II
Por Rogério Fernandes Ferreira
QUESTÃO
— 191
tacão, particularmente se for apreciado isoladamente ou sem atenção
por todos os aspectos que importa considerar. Com efeito:
192 —
financeiros sobre as contas das empresas serem suficientemente expli-
cativos de modo a justificarem os procedimentos e a pô-los em
conformidade com sãos princípios de contabilidade. Aliás, estes têm
de ser, na conjuntura actual, vistos numa perspectiva que exige uma
revisão ou pelo menos uma interpretação hábil das regras que
constam do Plano Oficial de Contabilidade.
Todos estes problemas apresentam hoje extrema acuidade. Na
realidade, a intensíssima inflação que se tem vivido e as frequentes
e importantes variações das paridades monetárias entre a nossa
moeda e as moedas dos diferentes países não podem deixar de pé
o axioma da contabilização ao custo histórico e as recomendações
técnicas tradicionais que geralmente poderão aceitar-se mas para
períodos de estabilidade, o que não é agora o caso.
Com efeito, a recomendação usual de que «não devem incorpo-
r a s s e juros nas contas dos elementos de imobilÍ2ado corpóreo (*)
derivados de capitais obtidos sob a forma de empréstimo ou de
operações de compra com pagamento a prazo» não pode, em fase de
instabilidade monetária e de juros altos, ser pacificamente aceite.
Reconhece-se, todavia, que a contabilização dos encargos em
exame em Imobilizado Corpóreo poderá conduzir a situações mani-
festamente incongruentes. Vejamos o caso de uma empresa que
apresenta as seguintes discriminações (que aliás traduzem hoje situa-
ções correntes em Portugal):
13 — 193
Imobilizado Corpóreo, os investimentos de igual valor de aquisição
ficarão, a certa altura, com valorizações extremamente divergentes,
o que será absurdo. Porém, também não parece razoával que se
imputem à exploração global ou às explorações de cada equipamento
juros e flutuações cambiais diferentes, consoante os encargos resul-
tantes das afectações de cada um desses financiamentos às explora-
ções de cada equipamento. Isto porque as explorações não deverão
ter encargos diferentes e é razoável que em épocas de inflação os
equipamentos sofram correcções.
Julga-se que o exemplo supra é bastante sugestivo para pôr em
causa os critérios da afectação dos encargos referidos quer a Imobi-
lizado Corpóreo quer à Exploração (ões). Daí a conclusão de que
nas circunstâncias actuais talvez seja prática menos inadequada a
contabilização a débito de conta algo genérica de «Imobilizado Incor-
póreo» ou de «Gastos Plurienais» ou «Pendentes» os excedentes de
juros e as flutuações cambiais em questão.
Convirá salientar aqui que a admissão da prática exposta é via
de recurso cuja aceitação, no fim de contas, deriva de o critério
tradicional do custo histórico não servir na actualidade. Todavia, os
estudos acerca das indexações sistemáticas ou sobre outros critérios
de correcção sistemática da contabilidade em face da inflação não
se têm ainda revelado satisfatórios, além de complexos.
Confia-se assim que outras comunicações sobre o tema de «A Con-
tabilidade e a Inflação» sirvam de discussão e possibilitem reflexões
e recomendações para novas pistas de tratamento de matéria tão
difícil e sempre controversa.
194 —
Correcção Monetária e Valores na Contabilidade
(Ensaios de uma Teoria)
Por A. Lopes de Sá
— 195
Todo um sistema de tentativas têm-se empregado, inclusive o de
«conversões» de balanços, mas, parece-nos que as controvérsias pros-
seguem intensas.
Em verdade, quanto maiores forem as contestações tanto maiores
serão também as tentativas, as justificativas e consequentemente os
diálogos; este, em realidade, é o processo natural para a busca da
verdade em todos os ramos do conhecimento humano.
Os ajustes monetários representam um desafio e o problema,
segundo nossa opinião, ainda não encontrou solução satisfatória, não
obstante aos métodos e normas empregados.
196 —
prédio, com a mesma utilidade, porém, no mercado, só se pode
adquirir um semelhante por Cr$ 4.000.000,00, ou seja, por um valor
que representa 50 vezes aquele histórico. O que citamos é extraído
da prática, de uma «realidade» em relação a um determinado «preço».
Tal evidência entre: preço, utilidade e realidade tem sido «axio-
mática» em quase todas as Nações, na actualidade.
I I I - E X P R E S S Ã O MONETÁRIA E AJUSTE
- 197
Cada sistema deve ser o tratamento específico que lhe cabe,
segundo entendemos.
Os reajustes devem respeitar os limites da «natureza dos valo-
res»; uma coisa é a «estrutura patrimonial» e outra a «estrutura
rediturial».
Esta a nossa discordância doutrinária em relação ao regime que
se adoptou no País para a Correcção Monetária.
O que a Lei 6.404/76 estabelece é, segundo entendemos, um regime
híbrido onde o resultado do exercício não se ajuste em termos do
rédito, mas, de variações patrimoniais.
Pode-se argumentar que o rédito é a posição de dois estados
patrimoniais somados algebricamente (teoria dita «monista» pelos
doutrinadores da escola aziendalista), mas, não é este o rédito que
a Lei 6.404 busca aritmeticamente, porque exclui elementos e mescla
outros.
O ajuste para que represente genuinamente o valor precisa con-
siderar, como base, a «natureza da coreecção».
Cada elemento se ajusta de per si.
Os preços não só se elevam de forma diferente (a alta do preço
do trigo no Brasil é absolutamente diferente da alta do preço do
imóvel) como precisam observar suas «realidades» em face da estru-
tura das empresas e instituições.
As bases «médias» e «uniformes» conduzem a ajustes irreais.
198 —
Haverá sempre «Receita» (como equivalência, é óbvio) toda a
vez que o «Permanente» for maior que o «Património Líquido»;
haverá sempre «Custo» (equivalência) toda a vez que o «Património
Líquido» for maior que o «Permanente».
O resultado perderá sua força de expressão como medida de
«gestão» e representará uma hibridez calculada.
Parte-se do princípio que se «lucrou» por possuir-se um «perma-
nente» e de que se «perdeu» por ter capital demais não investido em
bens «fixos».
Abandonou-se a correcção do «capital de giro» e também deixou-se
de considerar que a «velocidade» é elemento «fundamental» na for-
mação do resultado e do equilíbrio financeiro.
PartiU-se apenas da consideração de duas premissas em um con-
junto onde existem diversas a serem objectivadas.
Existem empresas que dependem basicamente de seu «Imobi-
lizado» (como as Prestadoras de Serviços em geral) e outras dos
seus «estoques» (como, por exemplo, as panificadoras) ; deixou-se de
objectivar o problema «estrutural», absolutamente fundamental, para
optar por um regime de «igualdade» no que por essência é «desigual».
Esse critério, tentado em. outros Países, vem sendo contestado
por ilustres estudiosos, tão como por áreas expressivas do Poder
Público e que neles reconhece ineficácia.
Nosso objectivo, todavia, é menos a crítica que a evidência do
quanto necessitamos progredir nesta matéria.
Consideramos imperfeito o actual processo adoptado pela lei bra-
sileira porque fere aos princípios técnicos, neste trabalho eviden-
ciados. .
Connosco comungam! grandes cultores das ciências contabeis no
Brasil, nos Estados Unidos e na Europa.
Sabemos que o assunto não é de singela solução, todavia, pre-
cisa ser enfrentado; a única via que reconhecemos como certa para
resolvê-lo é a da análise doutrinária, no campo científico.
Em verdade tem havido pouco desenvolvimento teórico e os es-
forços pragmáticos estão levando os Balanços a irrealidades cada
vez mais relevantes.
A incapacidade da moeda como «força de medida» precisa ser
superada por uma metodologia vigorosa.
O assunto é fascinante e devemos resolvê-lo através da cultura
contábil; os brasileiros levam grande vantagem na vivência do
assunto, pois, a inflação tem sido, na prática, uma ocorrência tra-
dicional.
Além da vivência tem o nosso País, na actualidade, um a plêiade
de grandes valores culturais que têm condições de realizarem tra-
balhos da maior expressividade, inclusive n 0 campo da tributação
onde existem inequívocos e destacados especialistas.
— 199
V -TIPOS BÁSICOS DE CORRECÇÃO
a) do Património e
b) do Rédito.
200 —
e não através de «receitas» e «custos» como seria tecnicamente
correcto.
Se uma empresa, por hipótese, tivesse de Activo Fixo 100 e Pas-
sivo Fixo 100, não haveria «saldo» a integrar o sistema reditual.
O rédito^ não se tangeria, mas, na verdade, aquele apresentado
na conta de resultado deveria ter seus valores conduzidos a um
ajuste para que se pudesse mensurá-lo.
O Património líquido, se mantidas as condições de imutabilidade,
já distorceria, no segundo exercício, a medida da rentabilidade, pois,
enquanto aquele se alteraria o lucro não sofreria modificações por
correcção.
Uma coisa é a correcção do lucro (e que se deve operar através
dos elementos estruturais do sistema) e outra é a do património.
Entendemos que ambas podem ser defendidas tecnicamente em
um regime «global» (porque as parciais também provocam distor-
ções), todavia, sem que os efeitos de Um sistema integral (património)
determinem o saldo de um sistema diferencial (rédito).
Esta, pelo menos, é a posição em: que se situam os grandes mes-
tres de nossa disciplina, tão como aquela imposta pela lógica contábil
e que não se afasta dos pilares que embaçam a epistemologia (dado
o nosso carácter científico).
De facto tanto as correcções estruturais do rédito como aquelas
do património são ainda imperfeitas, fundamentalmente porque não
se conseguiu, ainda, uma sustentação doutrinária para ambas.
O regime actualmente imposto pela lei 6 400/76, em nosso enten-
dimento, é tecnicamente imperfeito e criará um substancial número
de problemas, além de dar aos valores uma acentuada hibridez.
— 201
Adopta - se, igualmente, o critério de «equivalentes», ou seja,
tomada uma unidade monetária escolhida (ORTN, no caso passa
a ser um valor multiplicador) multiplica-se a mesma pelo número
de «equivalências» que ela representa em cada unidade patrimonial.
Assim, por exemplo, admite-se que certo terreno equivalha a
60 500 unidades e multiplicando-se tal expressão pela unidade mone-
tária tem-se o novo valor.
Tal processo utiliza-se em outras técnicas contábeis, também
como a de «Custos» onde, na produção variada, obtém-se o número
de «equivalências» para as unidades produzidas.
O sistema tem adeptos e convictos opositores.
Tal panorama bem nos dá conta de como em todo o Mundo
tenta-se uma solução sem, contudo, conseguir-se ainda um «corpo
de doutrina» capaz de traçar linhas seguras.
Na realidade os processos empregados têm representado mais
tentativas pragmáticas que aplicações de preceitos doutrinários
sólidos.
No caso das bases arbitrárias referidas alegam seus defensores
que «não há processo exacto de correcção», sendo inúteis quaisquer
esforços no sentido de encontrar-se a exactidão.
O pensamento de tais educadores e intelectuais situa-se no
ambiente objectivo, evidenciando que de nada adiantam os precio-
sismos onde na realidade tudo é «imaginário» (esta a expressão que
utilizam).
Em parte estão plenos de razão porque em verdade as correcções,
na prática, têm conduzido a distorções relevantes.
Enquanto os coeficientes multiplicadores forem estabelecidos de
forma «genérica» (como é agora o caso das ORTN — Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional — títulos da dívida pública que
são corrigidos monetariamente a cada trimestre, de acordo com
índices arbitrários do Poder Público, no Brasil) existirão graves
injustiças nos valores expressos pelos Balanços.
Na verdade cada empresa tem, a «sua inflação» porque o preço
das utilidades sobe ou desce sem uniformidade, atingindo cada ramo
diferentemente.
È absolutamente irreal admitir-se que a correcção de 30, 40 ou
50 % seja justa; ela será sempre excessiva ou insuficiente, conforme
o caso.
Alegar-se que os ajustes resolvem o problema, para chamar à
realidade os Balanços é desconhecer o que se passa na vida diuturna
dos negócios.
A correcção monetária não é a «expressão da verdade» e em
alguns casos nem uma «aproximação» chega a representar.
Ninguém possui, à distância, condições de corrigir o Balanço de
uma empresa em bases «reais».
202 —
O limite que hoje se adopta é mais uma «tolerância» fiscal que
um. procedimento científico.
Quem analisar um balanço confiado em tais valores jamais terá
condições de encontrar a posição adequada da situação empresarial.
Quer em bases históricas, quer corrigidas, quer arbitrárias, a
aplicação de coeficientes de «médias de elevação do custo de vida»
i de «variação do poder aquisitivo» ou qualquer outra que não seja
a encontrada dentro da «propria empresa» não têm condições de
expressar monetariamente os elementos patrimoniais.
O facto da ORTN representar a variação monetária de 30, 40, 50
* ou mais por cento nada representará de exacto em relação à reali-
dade de cada empresa.
Esta a tese dos «arbitraristas» e que é hoje a que mais se
aproxima daquela dos «multidimensionalistas» e da própria doutrina
da Contabilidade.
A «multidimensão», no caso, (Contabilidade Multidimensional)
derivar-se-ia da obtenção de uma realidade fundamentada em facto-
res múltiplos, sem o abandono da linha central do valor, mas, fora
da «dimensão histórica» ou da «reajustada» através de índices
exógenos.
O assunto comporta ampla visão e através destes lineamentos
teóricos, ensaios de um estudo, pode-se perceber o quanto existe a
pesquisar e progredir e o quanto, no momento, estamos distantes de
uma realidade, por força de matéria tecnicamente não amadurecida,
mas, aplicada no campo empresarial.
203
Avaliação de Investimentos em Contexto
Inflacionário
Por Aquiles C. Gomes
Aníbal P. Pires
RESUMO
A avaliação de investimentos em contexto inflacionário, recor-
rendo à taxa interna de rentabilidade (TIR), é feita a partir de
cash-flow anuais deflacionados para o momento de avaliação. Desen-
volve-se assim uma metodologia que torna a TIR, numa primeira
aproximação, independente das inflações anuais para o período de
exploração do investimento (sempre difíceis de estimar).
Analisa-se depois a influência da variação relativa dos preços
das diversas componentes do custo e preço dos bens produzidos,
demonstrando-se de novo ser a TIR nesta aproximação independente
das taxas de inflação (estimadas ou reais), numa aproximação bas-
tante exacta para a generalidade dos casos. Estabelece-se um, método
de cálculo simples para esta taxa, cujo verdadeiro significado se
explora. Através de um exemplo retomado ao longo da exposição
aplicam-se os conceitos e métodos desenvolvidos.
1 - CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
A análise de projectos é uma técnica bem estabelecida, aplicada
sistematicamente nas decisões de investimento pelas empresas, na
concessão de créditos por entidades financiadoras e na atribuição
de apoios por órgãos de planeamento. No entanto, em contexto
inflacionário, a avaliação dos investimentos levanta sensíveis dificul-
dades, não havendo uma metodologia de análise que seja aceite sem
reservas.
Uma tal metodologia deve ser aderente à realidade (tendo, em
particular, em conta a inflação) e originar um valor para o critério
— 205
de rentabilidade significativo (e não um resultado fictício, decor-
rente da erosão monetária). A metodologia proposta abaixo satisfaz
a estes dois critérios; para o seu correcto enquadramento impõe-se
algumas considerações básicas sobre alguns aspectos da análise de
projectos (em particular distinção fase de investimento/fase de explo-
ração, critérios de rentabilidade, fundo de maneio), que se completam
com a apresentação do exemplo que vai ser retomado ao longo deste
trabalho.
206 —
Critérios de rentabilidade
Há dois tipos básicos de critérios de rentabilidade — os que se
apoiam na determinação e actualização dos cash-flows e os determi-
nados com base nos resultados de exploração. O primeiro tipo inclui
critérios como o valor actual, o índice de rentabilidade e a taxa
interna de rentabilidade (TIR) ; o segundo inclui as numerosas va-
riantes do RSI (Resultados sobre Investimentos), como o RSI sobre
imobilizado líquido, RSI sobre imobilizado bruto, RSI sobre capitais
permanentes, RSI sobre capitais próprios, etc.
Há fortes argumentos a favor daquele primeiro tipo de critérios,
em que um único valor define a rentabilidade total do projecto, ao
longo de toda a sua vida útil (seja esse valor a TIR, o índice de
rentabilidade ou o valor actual do empreendimento). Por outro lado,
é mais correcta, pelo menos teoricamente, a utilização de fluxos de
caixa (cash-flows) que, correspondendo às verdadeiras entradas e
saídas de dinheiro na empresa, melhor definem o seu estado que
resultados, eventualmente não concretizados, sempre dependentes de
critérios de avaliação discutíveis.
Os critérios do RSI têm como defeitos essas vantagens da TIR
(e critérios semelhantes) : em rigor exigem uma série de valores
para determinar a rentabilidade global do empreendimento; avaliam
resultados (com o que a sua determinação tem de arbitrário) e não
nas grandezas monetárias directamente mensuráveis. A contrapartida
encontra-se na simplicidade teórica do conceito (o que não se crê ser
argumento de peso) e, sobretudo, na aderência à gestão empresarial
corrente.
Em empresas descentralizadas com organização divisional, os
objectivos de gestão e o seu controlo são geralmente estabelecidos
com base num RSI adequado ao tipo de negócio. Assim a previsão
e o controlo de contribuição dum investimento para a rentabilização
dum negócio (ou alternativamente a sua rentabilidade como negócio
autónomo) é preferencialmente feita por critério deste tipo, que res-
ponsabiliza os gestores proponentes. Como tal não acontece (ou não
acontece de maneira transparente) com a TIR e semelhantes, muitas
das maiores empresas mundiais, mesmo em indústrias pesadas, con-
tinuam a adoptar critérios do tipo RSI.
Na análise aqui proposta utiliza-se exclusivamente a TIR; apesar
de os mesmos conceitos poderem ser utilizados (e já terem sido
ensaiados) com o RSI, aligeira-se assim a exposição e tornam-se mais
claras as implicações da abordagem proposta.
Fundo de maneio
A introdução do fundo de maneio requerido por um investimento
no cálculo da sua rentabilidade torna esta avaliação sempre mais
— 207
complexa por introduzir uma parcela adicional do fluxo de caixa para
o cálculo da TIR, ou fazer variar o denominador do RSI (para certos
critérios) — parcela, aliás, de estimativa difícil, susceptível de erros
acentuados. Ao tomar em consideração a inflação no cálculo de
rentabilidade acentua-se a complexidade introduzida pelo fundo de
maneio, cujo valor global depende do índice geral de preços e cuja
„ variação depende da taxa de inflação verificada.
Pode-se ou não tomar em: consideração o fundo de maneio numa
avaliação prévia, menos rigorosa, de valorizar a produção não ao
preço efectivo de venda, mas a um preço de transferência adequado;
a margem disponível entre este valor e o preço de mercado suporta
então os encargos comerciais e gerais e garante a rentabilização do
fundo de maneio «investido» no negócio. Esta aproximação é ade-
quada à avaliação de investimentos de substituição (em que não se
põe em causa a entrada num novo mercado, nem sequer a manu-
tenção de negócio existente, mas apenas o seu abastecimento em
produtos acabados), ou à avaliação de investimentos para integração
vertical na mesma empresa (em que existe portanto um mercado
cativo para toda a produção prevista).
Nesta apresentação, por razões de complexidade e de extensão,
faz-se esta aproximação, não considerando portanto a influência do
fundo de maneio e de suas variações sobre a rentabilidade do inves-
timento; numa análise mais realista, a sua introdução pode ser feita
com critérios semelhantes aos adoptados à frente.
Exemplo de demonstração
208 —
nas para facilitar os cálculos e determinar mais facilmente as influên-
cias analisadas) ; para melhor aderência à realidade portuguesa, con-
sideram-se fixos todos os encargos com o pessoal, mesmo o directo;
admite-se que a capacidade normal de produção de 50 000 pode ser
ultrapassada em A4 e A5 sem investimentos suplementares. Numa
primeira fase (como se referiu) não se toma em consideração o
fundo de maneio requerido pela nova unidade fabril. Finalmente
considera-se o investimento instantâneo, realizável no número da
apreciação — o que é uma simplificação que não interfere na demons-
tração pretendida.
2 - INFLAÇÃO
Para tomar em consideração a inflação e a sua interação com a
avaliação de empreendimentos, é útil conhecer a origem do fenómeno
e os mecanismos da sua progressão e controlo, mas é sobretudo indis-
pensável poder descrevê-lo e, decompô-lo nas suas componentes. É o
que se faz aqui, de modo sucinto, e com uma descrição tão rigorosa
quanto possível.
("^--l)xl00% (1)
P> = f - (2)
!4 — 209
Reciprocamente, conhecidos p b p2, . . . , p , obtém-se facilmente:
Pi = Pi _ ! pi = Pi _ 2. pi _ i . Pi = • • •
e, finalmente,
i
Pi = Po • Pi • Pa • • • Pi = PoTCPi (4)
i
e, reciprocamente,
Mj
mi = (7)
Mi_,
Mi = M 0 ir mi (8)
1
210 -
ciona com o índice geral P, através duma relação matemática do
tipo:
log-ML=K.i. (9)
e, genericamente,
nu = Pi . Kœ (17)
De (9) resulta também
M, = P, . Km (18)
- 211
Significado de K
Km só depende da classe de produtos (não depende do ano de
referência para o qual se igualaram M0 e P 0 ). Km é superior à
unidade quando o preço dos produtos cresce mais rapidamente que
o índice geral de preços, como temi acontecido com actividades de
serviços ou outras com elevada componente de mão de obra nas
economias depois de 1950. Km é inferior à unidade para produtos
cujos preços crescem mais lentamente que o índice geral, o que acon
tece para praticamente todos os produtos industriais, em que os pro
gressos da tecnologia e da produtividade permitem tal redução de
preços relativos.
Não se pretende apresentar aqui os resultados obtidos para várias
economias ocidentais; apenas se indicam, a título de exemplo, valores
calculados para a economia francesa no período 195074 (próximos de
outros obtidos para a economia norteamericana), usados à frente
em cálculos sobre o exemplo apresentado:
produtos industriais de série —Km =0,974;
produtos fabricados (com montagem)—Km =0,983;
mão de obra, serviços — K n =1,0174.
Com, estes valores e com uma inflação anual de 20 %, as taxas de
inflação específicas são de 17, 18 e 22 %. Em princípio, esta va
riação de preços relativos mantémse mesmo em situação de inflação
nula (p = 1,0), conduzindo a variações de preços de —2,6, —1,7 e
+ 1,7 %/ano (embora neste caso a rigidez de preços possa dificultar
tais variações).
212
anos de exploração, designados por Al, A2 ...)• Nesta aproximação
não se considera a formação de fundo de maneio nem os impostos
sobre resultados; admite-se que todas as quantidades produzidas são
imediatamente vendidas. Para Ai vem:
Qi . r, - Q» . Vi — I, (19)
ou ainda
1 0 (23)
F0 + ^ F,
?L ° ' T (l+t) !
Com inflação constante, atendendo a (5), será:
(24)
F„ + :>
i
F,..( -S-y
— 213
Deflação dos fluxos de caixa
F
'-TT = F ' ' - M = F ' ° (25)
F + (26)
° ÍN-(TTÕ-)']=°
Esta TIR é igual à calculada a preços constantes do momento da
avaliação/decisão. Tendo sido a anterior análise a inflação cons-
tante, como é geralmente o caso, resulta de (24) e (26):
214 -
(13 %, portanto). Esta taxa «real» além de originar na exploração
do empreendimento os «resultado médio» indicado, garante a recu-
peração no fim daquela fase do valor do investimento inicial.
A diferença torna-se mais clara quando se anula t e t ' . Se t = 0,
0 empreendimento origina ao longo do período um montante igual ao
do investimento original (se este for de 1000 contos, geram-se
1 000 contos) o que, com inflação, não mantém o valor do investi-
mento. Para t' = 0, os resultados obtidos ao longo da exploração
igualam o valor do investimento; se o investimento foi de 1 000 contos,
serão recuperados 2 000 ou 3 000 contos, que, em moeda da altura,
valem o investimento inicial. Por outras palavras, geram-se fundos
que permitem no fim da exploração reconstruir a unidade inicial aos
preços da altura — correspondendo a rentabilidade real «nula», mas
não negativa.
Exemplo:
Para o exemplo apresentado, calcula-se a TIR em fa,ce da
inflação previsional na fase de exploração.
No exemplo
r i0 = 50$/unidade; vio = 24$/unidade; b l o = 26$/unidade
I,0 = 900 000$/ano
Q, = 35 000 + 5 000 i unidade/ano
Fi = ["[(35 + 5 i) 26 — 900] P1
| (35 + 5 1 ) 2 6 - 9 0 0 = 1 m
1
1 (1+t)
— 215
Na tab, 2 apuram - se os valores para p =: 1,20 (inflação de
20 %/ano), vindo t = 47 %/ano. Deflacionando à taxa presumida de
inflação, tem-se
i (35 + 5 Q 2 6 - 9 0 0
1 (1 + t')1
Tabela 1
A1 A2 A 3 A4 A 5
* Exclui amortização.
Tabela 2
Fluxos de caixa de exploração
— preços correntes com inflação de 20 %/ano
A1 A2 A 3 A 4 A 5
* Exclui amortizações.
** A 20 %/ano (factores de deflação: 1,20; 1,44; 1,728; 2,0736; 2,4883).
216 —
4 -AVALIAÇÃO COM PREÇOS RELATIVOS
A variação relativa de preços é frequentemente tomada em consi-
deração no quadro da análise de investimentos em contexto inflacio-
nário. Aqui propõe-se uma abordagem sistemática do problema que,
tirando proveito das relações introduzidas atrás, facilita o cálculo
e permite dar pleno significado ao valor da taxa obtida.
sendo P o índice geral de preços (Pi para o ano i e Po para o ano o).
Deflacionando para o momento de decisão vem
Fio = Qi ri0 Kr ' - Q, vi0 K r ' — H,„ Kh' - G , 0 Kg> —
- Q o Kc» (31)
Cada fluxo a preços constantes é ponderado por um factor que
traduz a variação relativa de preços no período (o, i).
A partir do Fj 0 calcula-se a taxa de rentabilidade TIR do com-
preendimento (equação 26).
— 217
toma um valor muito diferente da calculada, seja a preços constan-
tes, seja com taxas diferenciadas para as diversas rubricas de
exploração.
Para além da deflação de fluxos de caixa, a introdução das
variações relativas de preços, graças a ponderação pelos Ki0 dedu-
zidos de séries históricas, introduz um realismo na apreciação dos
projectos que não é possível de outro modo — a avaliação a preços
constantes não toma em consideração essa evolução futura de preços
e custos.
De (31) e tomando Ti0 como o total dos custos de exploração
do exercício (excluindo amortizações).
e substituindo em (31):
218 —
sendo I o total das despesas não variáveis, excluindo a amortização,
e Kt o respectivo factor de preço relativo. Neste campo a compa-
ração entre Ki e Kr é mais interessante que K r vs Kt sendo as
observações de natureza geral idênticas. Ki é determinado por
k
Ht. Kh' + Gjç Kg 1 + C o K c ;
Hio + Gio + Cio
Significado da TIR
— 219
V
Aplicação
Analisa-se o exemplo considerado atendendo à variação de preços
relativos: além. dos valores de Km já apresentados, admite-se que
evoluem à taxa geral da inflação ( K m = l ) os gastos gerais e as
despesas de manutenção — estas porque resultam de gastos com
materiais fabricados (Km = 0,983) e com mão de obra (Km = 1,0174)
em valores aproximados. Assim (31) toma-se nesta situação espe-
cífica
Fio = Qi- 50. (0,974)' - Q,. 24. (0,974), - 750 000(1,0174)' -
— 100 000 (1)' - 50 000 (1)' =
= Q,. (0,974)' . 26 - 750 000 (1,0174)' — 150 000
de que resultam os valores da tabela 3; a TIR é de 7,2 %.
Tabela 3
Fluxos de caixa de exploração
— unidade monetária constante: preços relativos —
Al A 2 A 3 A4 A5
220 —
Na mesma tabela indicam-se os valores de K| para o conjunto
dos encargos de exploração de cada ano (com exclusão de amorti-
zações), calculado de acordo com (33). Verifica-se que ao longo do
período de exploração Kt varia relativamente pouco, sendo sempre
K| Kr (0,974). Este facto explica a sensível diminuição da TIR ao
fazer a análise com preços relativos — a TIR a preços constantes
(ou com fluxos de caixa deflacionados) atingia para este exem-
plo 22 %.
Uma análise idêntica feita através do Ki (definido pela equa-
ção 37) é também possível neste caso por ser K r = K v . Verifica-se
(Tabela 3) a ainda maior constância de Ki ; a diferença Kr — Ki,
entre os factores de variação relativa dos preços para a margem
bruta (preço de venda menos custo de materiais) e para os gastos
não variáveis, atinge aqui 0,04, ou seja 4 %. Esta é uma útil indi-
cação para a avaliação do risco e para a futura gestão do empreen-
dimento.
CONCLUSÕES
- 221
vida útil a preços correntes da altura; a indicação dada
é assim, idêntica à da taxa real de juro nos empréstimos
(por contraposição à taxa nominal, identificável com a
taxa de rentabilidade calculada sobre fluxos de caixa
correntes) ;
— nos cálculos de rentabilidade devem ser introduzidas as
variações relativas de preços dos diversos fluxos de caixa
que previsionalmente ocorrerão na vida útil do empreendi-
mento; tais variações serão fundamentalmente deduzidas
de séries históricas, mas devem atender a situações de
mercado (a montante ou a jusante) que conduzam, a varia-
ções relativas particulares;
— os valores da TIR sobre fluxos de caixa deflacionados e
com variações relativas de preços, embora muito mais
baixos que os valores usualmente calculados, dão indica-
ções mais válidas e mais correctas dos novos investimentos,
aproximando-se das rentabilidades usuais para empreendi-
mentos em funcionamento regular.
Comunicações da 4.a mesa
A Contabilidade e a Gestão dos Recursos
Humanos
15 — 225
a empresa terá de obter recursos e de vender os seus pro-
dutos e serviços a um preço que permita remunerar equili-
bradamente os agentes económicos, cujos interesses serão
necessariamente divergentes, conflituantes. O papel do em-
presário é, nestas circunstâncias, básico porque concilia (ou
deve conciliar) os diferentes interesses em jogo. Todavia,
nem sempre este facto foi correctamente entendido até por-
que os dirigentes empresariais tendem a assimilar exclusiva-
mente os interesses da empresa ao dos investidores.
O progressivo papel intervencionista do Estado parece,
neste contexto, facilmente compreensível. A harmonização
possível dos interesses não pode jamais ser deixada ao livre
arbítrio contratual das partes dadas as consequências evi-
dentes, para o conjunto da sociedade, das querelas entre
determinados grupos sociais que raramente tendem a ultra-
passar o horizonte estreito dos seus interesses concretos,
porventura legítimos.
O Estado intervém cada vez mais na actividade econó-
mica e social já não se limita ao enquadramento legal da
actividade económica e à manutenção dos serviços públicos
ligados à defesa, à saúde, à educação e à comunicação.
O Estado é proprietário de vastos sectores produtivos, redis-
tribui riqueza através dos impostos e da segurança social,
planifica e controla os fluxos fundamentais e os grandes
objectivos económicos e sociais, investe. As modernas econo-
mias caracterizam-se, pois, por uma progressiva democra-
tização tendem a ser economias fortemente mistas.
Os traços que sumariamente, descrevemos atrás, encon-
tram-se em quase todos os países desenvolvidos e em desen-
volvimento. As diferenças que se notam de país para país
radicam essencialmente em estádios diversos de desenvolvi-
mento, isto é, no peso relativo dos diferentes sectores, na
maior ou menor preponderância do sector industrial ou do
primário e nos diferentes modelos políticos e institucionais
de cada nação. Por exemplo, o peso das associações sin-
dicais é muito mais significativo nos países europeus de
tradição liberal do que nos países do terceiro mundo. Do
mesmo modo o peso da intervenção estatal é, também, maior
nos países governados por partido único.
Seja como for, o carácter fortemente intervencionista do
Estado na esfera económica-social é um, dos dados mar-
cantes do nosso tempo e tudo leva a crer que a tendência
futura parece encaminhar-se para um reforço desse inter-
vencionismo. Outro dado primordial da vida moderna re-
fere-se à internacionalização constante e crescente das rela-
ções económicas e sociais. Sem procurarmos escalpelizar
as suas causas, não deixaremos de adiantar que a rapidez
dos meios de comunicação e de transporte joga um papel
decisivo. Este factor da internacionalização da vida con-
temporânea joga uma influência enorme na evolução da
contabilidade e da profissão contabilística.
— 227
os meios utilizados na obtenção desses recursos, bem como
os direitos assumidos e os meios obtidos na transmissão dos
bens e serviços produzidos. E transmite sob a forma ade-
quada, aos diferentes utilizadores os resultados dessas men-
surações, que tanto podem ser históricas como prospectivas.
Se a contabilidade é, pois, um instrumento de gerência,
isso significa que os gestores necessitam do produto dos
sistemas contabilísticos para governarem as empresas. Ne-
cessitam de outras muitas informações como é óbvio, mas
como estamos a falar da contabilidade restringir-nos-emos
à informação contabilística. Em todos os actos da nossa
vida, mesmo os mais elementares, como, por exemplo a
escolha do autocarro que nos conduza a um dado local da
cidade onde habitamos, para decidir, para escolher uma
via entre algumas, precisamos de informação. P a r a certas
decisões a necessidade da informação é vital. O carácter
científico da gestão moderna torna ainda mais premente a
existência, na empresa, de sofisticados e eficazes sistemas
de informação.
— 229
a generalização da utilização da contabilidade. O século
dezanove viu surgir a publicação, um pouco por toda a parte,
de legislação comercial que incluía preceitos e contabilidade,
o que representou um importante impulso.
Apesar destes factos positivos, deve:á ter-se presente
que a grande generalidade dos gestores e directores das
empresas não sentia, no limiar do século XX, grande neces-
sidade de utilizar a informação contabilística como instru-
mento de gerência. As contabilidades estavam orientadas
para a satisfação das exigências legais. É certo que a
profissão contabilística inglesa iniciou o processo de orga-
nização por meados do Séc. XIX, datando dessa altura a
institucionalização da auditoria externa. Mas representa-
ram acções isoladas ao contexto da Grã-Bretanha.
— 231
Podemos afirmar que salvo ilhas isoladas sem; relevân-
cia, a profissão contabilística conseguiu afirmar-se a nível
mundial. As normas do IASC — International Accounnting
Standards Committee são já seguidas em mais de 50 nações
entre as quais todos os países desenvolvidos.
Mau grado isto aspectos importantes da actividade dos
contabilistas estão sendo questionados, fazendo emergir desa-
justamentos profundos entre as necessidades das modernas
sociedades industriais e as respostas que a profissão conta-
bilística oferece, centradas ainda, na defesa quase exclusiva,
dos interesses dos investidores. No Financial Times de 11 de
Outubro podia ler-se: «A profissão contabilística americana
está colocada perante o mais severo desafio desde os
anos 30.» «Agora como então, existem pessoas que vêem
a profissão contabilística como a personificação do sis-
tema» 0 ) .
232 -
que estes factos novos arrastam irreversivelmente, um repen-
sar sobre a contabilidade, os seus objectivos e a organização
da profissão contabilística por forma a atingi-los.
O contabilista dinamarquês T. Andersen resumiu, no
VIII Congresso da U. E.C. a situação da profissão contabi-
lística nos países nórdicos face a este problema.
«Desde há muitos anos que existem na Escandinávia leis
que asseguram a independência dos contabilistas revisores
e poucos litígios têm surgido acerca deste assunto. No
entanto tem-se feito ouvir outras opiniões sobre este conceito
de independência do revisor. Os trabalhadores não acredi-
tam na independência dos contabilistas revisores. Eles estão
convencidos que os revisores não fazem mais que proteger
os interesses do capitalismo e, por isso, desejam nomear os
seus próprios revisores, que teriam por missão defender os
interesses dos empregados. Na Suécia já foi proposta uma
lei com esse objectivo.»
«Os trabalhadores criticam, ainda, os contabilistas revi-
sores pela sua passividade, sustentando que os revisores se
deveriam preocupar mais com os problemas da gestão e
não somente com. a análise e a certificação das contas
anuais. Creio firmemente que esta questão da indepen-
dência, tal como é posta pelos empregados irá criar proble-
mas consideráveis aos contabilistas».
Outras críticas são feitas um pouco por todo o lado ao
modo como os contabilistas revisores exercem a sua função
que vão desde a excessiva formalização e monotomia dos
relatórios de certificação (praticamente iguais de ano para
ano) à escassez da informação fornecida pelos revisores.
Alguns Sectores, nomeadamente, os mercados financeiros
têm vindo a reclamar a certificação dos planos e dos orça-
mentos das empresas auditadas (auditoria previsional).
Outros nomeadamente os sectores laborais e pessoas ligadas
aos movimentos ecológicos reivindicam a publicação de
dados sobre o impacto da actividade da empresa sobre o
meio social e físico onde opera. A Comissão Contabilística
das Nações Unidas, num relatório recente, propôs ao seu
Secretário Geral um conjunto de medidas de políticas conta-
bilísticas a serem adoptadas pelas empresas transnacionais,
cujos relatórios e contas deverão de acordo com as conclu-
sões da Comissão, relevar um conjunto de informações de
carácter social.
Neste momento os contabilistas e escolas superiores de
contabilidade americanos estão a discutir e a investigar
acerca de esquemas de escrituração e de mensuração dos
efeitos sociais e ambientais da actividade da empresa (con-
— 233
tabilidade social). Os investigadores partindo da asserção
inquestionável de que a actividade da empresa produz
efeitos económicos e efeitos sociais e de que existindo meios
de mensurar os primeiros, estão tentando elaborar métodos
de abordagem que levem à construção de sistemas que
mensurem a performance social da empresa.
É evidente que estes esforços emergiram da constatação
de que a sociedade está a mudar. O social é crescentemente
predominante e a empresa é cada vez mais vista como uma
entidade com funções e objectivos sociais. «Os gestores
têm vindo a alterar a sua perspectiva estreita, tradicional
e unidimensional, procurando mover-se por considerações
mais amplas que ultrapassam os aspectos de estricta eficácia
económica. As empresas já não podem ater-se, exclusiva-
mente às suas relações económicas com a sociedade.
As suas práticas tenderão a ser analisadas mais em termos
de eficiência social do que de eficiência económica» (2).
Embora estas tentativas se encontrem num estado ainda
embrionário, existe já, no entanto, algum acordo quanto ao
conceito de contabilidade social e as áreas em que se devem
mensurar e relevar os custos e benefícios sociais emergentes
da actividade da empresa.
Sendo geralmente definida como uma técnica de iden-
tificação, mensuração e de relato dos efeitos sociais e
económicos, da actividade de uma instituição sobre o con-
junto da sociedade, a contabilidade social tenderá a trans-
formasse num instrumento essencial para as tomadas de
decisão gerenciais, porquanto, poderá vir a ser utilizada
quer para a gestão interna quer para o controlo externo (3).
Internamente, a contabilidade social poderá auxiliar à
obtenção dos seguintes objectivos:
i) Melhorar o processo de tomada de decisão atra-
vés de:
a) Auxiliar os gestores no processo da fixação
dos objectivos e prioridades, na planificação
e uso dos recursos financeiros, físicos e
humanos ;
b) Educar e motivar os gestores acerca das
consequências sociais das suas decisões.
234
ii) Fornecer uma base de contínua avaliação da per-
formance social da entidade.
Externamente a contabilidade social poderá:
1 — Formar bases consistentes e razoável uni-
formidade através das quais as empresas
poderão medir a performance social e rela-
tá-la nos seus mapas e relatórios periódicos;
2 — Fornecer os fundamentos para uma avalia-
ção independente da actividade da empresa,
no contexto social de que faz parte.
Quanto às áreas de impacto social da actividade da
empresa, existe algum acordo, nos países onde o problema
tem sido debatido, quanto às que a seguir tentamos identi-
ficar e definir:
i) Envolvimento comunitário.
Inclui as actividades socialmente orientadas
para o interesse do público em geral, tais como
a filantropia, a construção e o financiamento
de habitações, os serviços de saúde, o auxílio
comunitário aos empregados, os problemas de
alimentação, etc.
235
Pelos objectivos que persegue e pelas áreas que cobre,
a implementação da contabilidade social representa um
enorme desafio à profissão contabilística e às universidades.
Os problemas que a contabilidade social coloca, dado o
carácter multiforme da informação a fornecer, são espinho-
sos e serão necessários alguns anos para se encontrarem
esquemas coerentes de registo, de mensuração e de relato.
Estamos, no entanto, convencidos que isso será conseguido.
- 237
3. As Ciências Económicas e do comportamento, com-
preendendo a micro e macro economia, a teoria da
organização e as Ciências Sociais;
4. Os Estudos Jurídicos, na medida em que eles forne-
cem os esclarecimentos imprescindíveis à compreen-
são do funcionamento e das bases filosóficas do
sistema jurídico e da sociedade, bem como o conhe-
cimento aprofundado da legislação aplicada aos
negócios;
5. Matemáticas, estatísticas e cálculo de probabilidades,
compreendendo um, conhecimento de base dos com-
putadores e de informática;
6. Os diferentes sectores da empresa, como as finanças,
o marketing, as relações de trabalho e o manage-
ments.
— 239
«importância (e citamos de novo Perridon) quer como dis-
ciplina científica quer como instrumento de gerência das
empresas e da política económica e social, crescerá na
medida em que as ciências económicas se tornarem ciências
do comportamento humano (Behavioral Sciences)» (9).
Tendo em conta o que dissemos, sobre o carácter inter-
disciplinar da formação contabilística, sobre a indispensa-
bilidade de o contabilista compreender o contexto em que
actua e a necessidade de competência técnica, fácil será
concluir que o ensino superior da contabilidade irá sofrer,
num futuro previsível, uma rápida transformação.
3. A CONTABILIDADE EM PORTUGAL
240 -
lados sobre nós mesmos, ignorando o que se passa lá fora,
numa automarginalização única na Europa onde teremos de
nos integrar. Enquanto que nos países desenvolvidos as crí-
ticas a uma profissão contabilística altamente evoluída se
centram sobre as normas e standards de auditoria, bem
como sobre a não relevação dos efeitos da inflação e dos
efeitos sociais, no nosso País ainda nem sequer consegui-
mos introduzir esquemas coerentes e eficazes de revisão de
contas.
Torna-se absolutamente imprescindível e inadiável que
as diferentes organizações que agregam os diversos grupos
de quadros contabilísticos iniciem num esforço de diálogo,
por forma a identificar as áreas de acordo possível, sem o
qual não será viável caminhar para estados de progresso
normais nos países desenvolvidos. Há que empreender, de
colaboração com a recentemente criada Comissão de Norma-
lização Contabilística, um amplo trabalho de emissão de
princípios e procedimentos contabilísticos que tenha em
conta os interesses nacionais e que possam ser compatíveis
com esquemas da C. E. E. e do I. A. S. C. Isto, se não
quisermos ir a reboque da iniciativa governamental que,
normalmente, tende a centrar a sua acção nos interesses
fiscais, estatísticos e afins.
— 241
faz pensar que as coisas melhorarão no futuro. Como se
sabe não existem todos os graus universitários na área con-
tabilística e se dermos uma vista de olhos pelo que se passa
nas escolas superiores, onde se ensina a contabilidade, veri-
ficaremos sem, qualquer dificuldade, que o nível dos conhe-
cimentos ministrados não ultrapassa o secundário. Se ana-
lisarmos os quadros de professores nas universidades portu-
guesas não encontraremos, com certeza, mais do que um
ou dois professores catedráticos a ensinar a contabilidade,
se tanto.
Torna-se, por conseguinte, imperativo reformular todo o
ensino da micro-economia e implantar em Portugal, o ensino
superior da contabilidade em todos os graus académicos
sem o qual não teremos os agentes de ensino, em quantidade
e qualidade, necessários à formação contabilística de todos
os níveis, nem os quadros contabilísticos indispensáveis ao
crescimento económico e à nossa integração no Mercado
Comum.
Queria terminar com uma palavra de optimismo. Mau
grado a nossa sombria situação actual que, creio, ficou
patente na descrição que fizemos do panorama contabilístico
nacional e internacional, estou firmemente convencido de
que os contabilistas portugueses saberão encontrar as solu-
ções adequadas para os seus problemas, porque existem
muitas pessoas, esclarecidas e competentes, qUe estão dis-
postas a trabalhar para o bem comum.
A Contabilização do Potencial Humano
Por Policarpo Lemos
- 243
sível aceitarem-me tão ignorado tema... Só 7 anos, depois, e pela
insistência de apresentação muito lisonjeira do distinto contabilista,
publicista muito apreciado de temas contabilísticos e antigo professor
do ensino técnico, Sr. Joaquim Travassos Lopes Mendonça Santos
(actualmente em actividade no estrangeiro), a ideia se reproduziu
na Revista de Contabilidade e Comércio, acompanhado de afirma-
ções — que muito me desvanecem — tais como :
244 -
Também, em Dezembro de 1975 a «Revue Belge de La Compta-
bilité et de L'Informatique» e sob o título «Comptabilité des res-
sources humaines», publicou um artigo a 2 páginas da autoria do
nosso colega, já citado, o competentíssimo didacta da ciência conta-
bilista Joaquim Travassos Lopes Mendonça Santos, a enaltecer a
minha ideia.
*
* *
- 245
e que até se generalizou entre as nações) e a propósito, li,
há anos, num diário lisboeta e, sob o título:
246
sendo a máquina o seu complemento, por ele criada, mas sem ele
inoperante, portanto o homem é um investimento à disposição do
empresário. E assim, além dos valores imobilizados (como se sabe
constituídos pelas instalações, imóveis, máquinas, etc.) entendo que
deve considerar-se (para uma mais completa avaliação da capaci-
dade económica de uma organização) o valor do potencial humano ao
serviço do respectivo empreendimento. Remontam aos fins do século
passado e princípios deste, com o Taylorismo e Fayolismo, os tra-
balhos de investigação da doutrina administrativa e, por consequência,
sobre o problema humano no trabalho (em Inglaterra, celebraram-se
há dez anos as bodas de ouro do início do estudo da produtividade,
através do rendimento da mão-de-obra). Assim a estrutura orgânica
de uma empresa pressupõe uma disposição de postos de trabalho, ou
cargos, cujos valores podem ser equacionados, pela fórmula mais
simplista que permita comparações com outros dados e até, para
completar o conceito de capacidade económica de uma empresa, que
reputamos de maior relevância nos tempos que decorrem, em que
tudo tem de processar-se ao nível dos valores monetários. E assim,
dentro da contabilidade pode determinar-se a sua inclusão como um
valor extrapatrimonial (como qualquer valor em consignação) só
porque o homem, ao serviço de uma entidade, não foi adquirido como
qualquer bem, mas sim posto à sua disposição, enquanto estiver ao
seu serviço, com a liberdade de poder despedir-se, quando entender,
e por isso (por não lhe pertencer) contabilizado no capítulo dos va-
lores compensados (antigas contas de ordem) hoje em obediência ao
P. O. C. provavelmente na rubrica 26 — Outros Devedores e Cre-
dores, sob a designação, em subcontas, de «quadro de pessoal» e sua
contrapartida «Potencial humano», ambas com igual extensão de va-
lores, para não alterar o património real e porque se movimentam,
sempre, pelo mesmo índice.
Para atribuição do valor do cargo, concebemos, então, consti-
tuindo a finalidade da tese, e sem prejuízo da variabilidade das ta-
belas salariais das empresas da mesma actividade ou não, a seguinte
fórmula
Ra X 100 _.
= ph
r
onde Ra representa a remuneração anual, r a taxa a utilizar e Ph o
valor do potencial humano.
Exemplificando: Se a remuneração de um cargo, for de 140000$00
anuais (o que representa a rendibilidade desse cargo) e tomando para
o efeito a taxa de Crédito Público Interno sempre a mais recente
de 22 % (por hipótese) o cargo remunerado com aquele quantitativo,
corresponderia ao capital teórico de 636 363$36, da mesma forma
que, se possuíssemos este montante de dinheiro aplicado em títulos
daquela espécie ele produziria, no fim de um ano, aquele mesmo
- 247
rendimento de 140 000$00 assim somando os valores de todos os cargos
da estrutura obtém-se o montante do Potencial Humano da Empresa.
Escolhi o factor Crédito Público Interno, como índice de rendibili-
dade, por me parecer que é a espécie que oferece maior garantia
de estabilidade e, também, de aceitação geral, facilmente aplicável
a todo o tipo de empresa para a obtenção de avaliação e, ainda,
para uso genérico de correcções e actualizações técnicas nos fins dos
exercícios, deste modo, acessível a todos os graus de formação aca-
démica dos quadros técnico-contabilísticos das empresas.
Ao finalizar esta brevíssima exposição, agradeço a consideração
dispensada a tão fracas qualidades de oratória, aproveitando a opor-
tunidade para apresentar a todos as mais afectuosas saudações.
248 -
Âmbito de Aplicação da Convenção
Colectiva de Trabalho
Por Ilídio Duarte Rodrigues
- 249
proibisse qualquer autolimitação, por via contratual, ao exercício da
profissão' do comércio ou da indústria, pela forma que o cidadão
considerasse mais conveniente. Isto porque semelhante proibição
evitava que a colectividade fosse privada do serviço de quem quer
que pretendesse exercer profissão, comércio ou indústria nas melho-
res condições e porque se impediria a potencial criação de monopólios.
Assegurar a liberdade de profissão1, de comércio e de indústria era,
pois, de interesse público: «O público tem interesse em que todas
as pessoas exerçam a sua profissão livremente /.../. Todas as inter-
ferências na liberdade de acção profissional /.../ são contrárias à
public policy» ( 3 ).
Não havia, portanto, espaço a preencher entre o Estado e o
cidadão: «Indubitavelmente, deve permitir-se aos cidadãos de certas
profissões reunirem-se para tratarem dos seus interesses comuns.
Mas /.../ já não há outras classes de corporação no Estado. Não
existem mais do que o interesse particular de cada indivíduo e o
interesse geral. A ninguém se permite que inspire um interesse
intermédio aos cidadãos ou que os separe das questões públicas por
um espírito de corporação» ( 4 ).
E as proibições de agrupamentos profissionais, que vinham já
do Ancien Régime, se bem que por motivos diversos, subsistem na
ordem, liberal: à proibição das «Lettres Patentes», de 2 de Janeiro
de 1749 ( 5 ), sucede a da Lei Le Chapelier, cujos artigos 1.° a 3.°
proíbem toda a organização quer de trabalhadores quer patronal
e os artigos 4.° a 8.° vedam o recurso à greve e ao lock-out. A cons-
tituição de agrupamentos profissionais não estava apenas vedada
como era perseguida criminalmente (lei de 22 Germinal, do ano XI
e artigos 414.° a 416.° do Código Penal, em França; Combination
Act, de 1799-1800, em Inglaterra).
(3) CITRINE — Trade Union Law, London, 1967, pg. 34 (caso Nordenfelt).
(4) LE CHAPELIER — Conclusões do Relatório da Lei de 14-17 de Junho
de 1791.
(5) «Proibimos a todos os companheiros e trabalhadores que se reúnam
sob o pretexto da sua confraria ou que se concertem para se colocarem uns
e outros num amo ou para o abandonarem1, e também, que oponham obstáculo
a que os amos escolham por si próprios os seus operários, quer sejam franceses
ou estrangeiros».
250 -
surgem as coligações, sementes de sindicatos e fermento da contra-
tação colectiva (6).
251
Este movimento espontâneo não é exclusivo das relações laborais
pois se insere no mais amplo brotar de novos tipos de relações
sociais, que, tendo por fundamento posições de desequilíbrio contra-
tual e de supremacia privada, exteriorizam a consciência da eficácia
da acção colectiva, a qual foi sendo adquirida por vários agrupa-
mentos sociais. Assim, também isso sucedeu na vida mercantil
e industrial, onde surgiram associações com, o objectivo de disciplinar
a concorrência.
Na verdade, ao verificar-se que «a concorrência matou a concor-
rência», o< único processo viável de obstar à concentração consistiu
252 -
na associação recíproca dos pequenos concorrentes, conscientes da
sua qualidade de irmãos de infortúnio, para limitarem a produção
e subirem os preços.
Era a realidade a pôr em causa o dogma voluntarista, a subli-
nhar o carácter de instrumento de autoridade de certos contratos
— «n'ont du contrat que le nom» — e a evidenciar a importância do
poder económico das partes. A doutrina, dando-se conta desta feno-
menologia, procede à crítica do conceito de igualdade contratual (7)
e tem de fazer amplo esforço de adaptação dos conceitos gerais,
por forma a integrar a nova realidade colectiva: pessoa jurídica,
contrato, responsabilidade e fontes de direito, por exemplo, vêem
abrir-se novos capítulos na sua doutrina.
O eixo da relação laboral desloca-se do plano individual para o
colectivo. No plano económico, esta mutação é resposta à necessi-
dade de equilibrar as forças dos parceiros do mercado de trabalho.
Na verdade, o trabalhador isolado não pode estabelecer uma reserva
de preço, porque dispõe para oferta de uma única unidade — o dia
de trabalho — que necessita vender. Assim, o atrito económico pode
- 253
constrangê-lo a aceitar preço eventualmente abaixo do mínimo vital
ou, de qualquer modo, inferior ao que se formaria em mercado onde
a procura e a oferta dispusessem de igual liberdade. Associando-se
a outros e efectuando uma oferta colectiva de trabalho, o trabalhador
vê o seu poder contratual reforçado, permitindo-lhe reduzir a despro-
porção entre o salário e a produtividade. Por esses motivos se
chegou a afirmar que o poder contratual do empresário é a soma
do poder contratual de todos os trabalhadores que emprega (8)
A tutela dos interesses profissionais dos trabalhadores passou,
assim, a processar-se também de modo colectivo, como forma de se
assegurar a sua melhor satisfação.
E, na nova técnica, é a convenção colectiva o instrumento através
do qual são acolhidas e ganham relevância jurídica as pretensões
colectivas. Através da convenção colectiva obtém-se uma regula-
mentação colectiva das relações individuais de trabalho (9) (10). Essa
254 -
regulamentação colectiva tende a subtrair à autonomia dos particu-
lares a estipulação do contrato individual de trabalho e ao império
estadual a sua disciplina: ela torna-se a «lei da profissão», verda-
deiro «direito vivo».
- 255
foi objecto de vasta polémica, sobretudo na Alemanha sob o regime
de Weimar, e obteve da doutrina três respostas: a teoria da incor-
poração, a teoria da combinação automática e a teoria da recepção
provisória.
Segundo a teoria da incorporação as normas colectivas passavam
a integrar o próprio contrato- individual de trabalho e, consequente-
mente, os seus efeitos subsistiriam para lá da cessação da vigência
da convenção colectiva. Semelhante concepção' desconhece a natureza
diferenciada das diversas fontes que definem o estatuto da relação
de trabalho — leis, convenção* colectiva, contrato individual de tra-
balho, etc. E, sendo a convenção colectiva aplicável mesmo quando
os sujeitos da relação individual de trabalho lhe desconhecem o con-
teúdo ou mesmo a existência, não devem as suas cláusulas equi-
parar-se automaticamente ( n ) às cláusulas expressas do contrato indi-
vidual de trabalho, por não poderem adquirir uma essência contratual
individual, que não têm. Nem se diga que a violação das normas da
convenção colectiva pode fundamentar uma acção emergente de con-
trato individual de trabalho. Existe aí situação idêntica à das acções
de contrato individual de trabalho fundamentadas na violação de
quaisquer disposições legais, sendo certo que nunca estas se consi-
deraram incorporadas no contrato' individual de trabalho.
A teoria da recepção provisória aparece como forma mitigada
da teoria da incorporação. Segundo ela, existiria uma incorporação
das cláusulas da convenção colectiva no contrato individual de tra-
balho, mas apenas durante a sua vigência. Ao cessar a vigência
da convenção colectiva, a relação individual de trabalho continuaria
a ser disciplinada pelo contrato individual, sendo expurgada de todas
as disposições que tinham por fonte a convenção colectiva. A seme-
lhante concepção são inteiramente aplicáveis as críticas formuladas
à teoria da incorporação. Além disso, ela deixa ainda por explicar
as sucessivas alterações de natureza das cláusulas das convenções
colectivas: ao serem provisoriamente incorporadas, adquiriam uma
natureza contratual individual e perdiam-na com a cesação da vi-
gência da convenção colectiva, num e noutro dos casos sem se saber
como e porquê.
Por seu lado, a teoria da combinação automática vê na convenção
colectiva uma espécie de «corpo estranho» ao contrato individual de
trabalho. As disposições das convenções colectivas são verdadeiras
e autênticas normas (n.° 4, artigo 58.° da C R . P.), que mantêm, a
sua autonomia relativamente ao contrato individual de trabalho.
E compreende-se que assim seja: as normas não são incorporadas
nas relações jurídicas que disciplinam; actuam nelas através dos
seus efeitos automático e imperativo, mas permanecem-lhes estranhas,
256 -
ficam fora delas. Daí que, ao cessar a vigência da convenção colec-
tiva, a relação de trabalho deveria reger-se exclusivamente pelo con-
trato de trabalho.
Os inconvenientes de ordem social que daí resultariam seriam
evidentes. Por isso, no nosso ordenamento jurídico foram instituídos
processos com vista a evitá-los. Por um lado, as convenções colec-
tivas (e as decisões arbitrais) mantêm-se em vigor até serem substi-
tuídas por novos instrumentos de regulamentação colectiva de tra-
balho (n.° 2, artigo 23.°, Decreto-Lei 164-A/76). Não se criam, assim,
espaços vazios em consequência da cessação de vigência — à con-
venção colectiva é assegurada uma autêntica sobrevivência, em ter-
mos mais amplos do que os previstos na legislação alemã (última
alínea do § 4.° da TVG, de 1949) (12), que admite a sobrevivência da
convenção colectiva até à sua substituição por outro acordo, mesmo
que este seja um simples contrato individual (unechte Nachwir-
kung) (13) ou na legislação francesa (art. 132.°-7, do livro I, do Code
du Travail), que admite a sobrevivência da convenção colectiva até
à entrada em vigor de outra que a substitua ou, se isso não suceder,
durante um ano (14).
Por outro lado, a redução das condições de trabalho por novo
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho só é viável
desde que neste se refira, em termos expressos, o carácter global-
mente mais favorável relativamente ao instrumento que visa substi-
tuir (n.° 4, art. 4.° do Decreto-Lei 164-A/76). Manteve, assim, o
legislador a expressa consagração do princípio da manutenção de
regalias adquiridas, como peça fundamental que é de uma política
de progresso social (15) (16).
17 - 257
A eficácia imediata faz-se sentir desde o momento em que a con-
venção colectiva começa a produzir efeitos e até que deixe de vigorar,
quer quanto aos contratos já existentes quer quanto àqueles que vie-
rem a celebrar-se durante a sua vigência e até que esta cesse.
3.2. É pelo efeito imperativo que as normas das convenções
colectivas se impõem aos contratos individuais de trabalho, afas-
tando as cláusulas destes que contrariem aquelas. O nosso legis-
lador consagra o princípio expressamente: «A regulamentação esta-
belecida por qualquer dos modos referidos no artigo 2.° não pode
ser afastada pelos contratos individuais de trabalho/.../» (n.° 1, art. 5.°
do Decreto-Lei 164-A/76). Por isso, as normas colectivas proibitivas
são «normas jurídicas imperativamente anuladoras» e as normas
colectivas preceptivas são «normas jurídicas imperativamente inte-
gradoras». São, pois, em princípio, ineficazes as estipulações indi-
viduais que contrariem o disposto em. convenções colectivas. Todavia,
a nulidade das estipulações individuais contrárias às normas das con-
venções colectivas tem regime particular:
a) trata-se sempre de nulidade parcial que não atinge a tota-
lidade do contrato, mesmo na hipótese de as partes o não terem
querido concluir se tivessem conhecimento da ineficácia da estipu-
lação individual;
b) as estipulações individuais nulas, por virtude do efeito ime-
diato, são automaticamente substituídas pelas cláusulas das conven-
ções colectivas que aquelas tenham violado.
E as cláusulas dos contratos individuais de trabalho que violem
cláusulas de convenções colectivas são ineficazes quer a sua esti-
pulação seja anterior quer posterior à entrada em vigor da convenção
colectiva.
Todavia, a eficácia imperativa tem excepções.
Por um lado, admite-se que as próprias cláusulas da convenção
colectiva possam autorizar a sua derrogação por estipulações indivi-
duais. Neste caso, os sujeitos da relação individual de trabalho reto-
mam a liberdade de estipulação, muito embora apenas no âmbito
estrito demarcado pela própria convenção.
Por outro lado, permite-se a derrogação das normas da convenção
colectiva por estipulações que estabeleçam um tratamento mais favo-
rável para o trabalhador. Na verdade, a convenção colectiva con-
sagra apenas condições mínimas de trabalho para protecção do tra-
balhador, podendo, portanto, essas condições ser melhoradas pelo
contrato individual de trabalho'. O legislador português reconheceu
formalmente este princípio: «A regulamentação/.../ não pode ser
afastada pelos contratos individuais de trabalho, salvo para estabe-
lecer condições mais favoráveis para os trabalhadores» (n.° 1, art. 5.°,
Decreto-Lei 164-A/76).
258 -
3.3. Dotada a convenção colectiva de eficácia imperativa e sendo,
consequentemente, inderrogáveis os seus preceitos, suscita-se o pro-
blema de saber se é lícita a renúncia aos direitos dela emergentes (").
Este problema ganha particular relevância em períodos de crise,
como o que actualmente se atravessa, durante os quais, muitas vezes,
os trabalhadores se vêem colocados perante a alternativa de renun-
ciar a parte dos seus salários ou de ver encerrada a empresa onde
desenvolvem a sua actividade.
Há que distinguir se a renúncia respeita aos chamados direitos
abstractos potenciais ou virtuais ou a direitos concretos, isto é, se o
direito a que se renuncia ainda não ou já se encontra constituído e
integrado na esfera jurídica do trabalhador.
A renúncia ao direito abstracto é uniformemente considerada
nula (18).
Já a doutrina e a jurisprudência se dividem sobre a licitude da
renúncia a direitos concretos, já constituídos. Em França, ela só é
admitida após a cessação do contrato de trabalho. Na Alemanha, só
se admite a renúncia por transacção (Vergleich), aprovada pelas
partes da convenção colectiva (§ 4.°, IV da TVG de 1949) (19). Na
Itália, a renúncia a direito já nascido é simplesmente anulável, no
prazo de três meses a contar da cessação do contrato de trabalho ou
da renúncia se esta lhe for posterior.
Entre nós, o S. T. A. (3.a Secção) decidiu em ambos os sentidos:
a) inicialmente, admitiu a licitude da renúncia ao direito de
crédito já vencido, constituído por dívida de salários — Acórdão
de 18/1/77, no recurso 8 646, in Boletim do Trabalho e Emprego,
2.a série, n.° 4, ano 1977, pág. 541;
b) posteriormente, considerou irrenunciável o direito ao salário
e subsídios de férias e de Natal, não aceitando como válida a sua
renúncia quando efectuada na vigência do contrato de trabalho —
Acórdãos de 4 e 18 de Abril de 1978, nos recursos 8 985 e 9 033,
in Boletim do Trabalho em Emprego, 2.a série, n.° 6, ano 1978,
págs. 1 075 e 1 097, respectivamente.
- 259
paros de jure constitute Na verdade, se se considera irrenunciável
o direito ao salário e a subsídios de férias e de Natal — não obstante
não existir disposição legal que o declare expressamente, como sucede
com o direito a férias — a renúncia a esses direitos não deveria
admitir-se nem antes nem depois da cessação do contrato de tra-
balho, pois, de outro modo, sempre teremos de concluir que, ao fim
e ao cabo, o direito ao salário é renunciável. Acresce que existem
argumentos de lege constituta que apontam no sentido da admissibili-
dade da renúncia — e são todos aqueles que foram invocados no pri-
meiro dos referidos Acórdãos (19) (20).
É indubitável o interesse do problema em causa. E, dada a
incerteza da jurisprudência — até por não poderem considerar-se
decisivos os argumentos invocados nos últimos Acórdãos — , seria
aconselhável que o próprio legislador clarificasse a questão, tendo
em conta as respostas que o problema já tem merecido de alguns
instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho (21), que apon-
tam para solução semelhante à adoptada pelo legislador da Alemanha
Federal (§ 4, IV, da TVG).
260 -
4. A convenção colectiva tende a subtrair ao império estadual
a disciplina do contrato individual de trabalho.
Desde início os grupos operários pretenderam ter participação
activa na definição da disciplina das condições de trabalho. Antes
mesmo de se instituir um ordenamento profissional com base con-
tratual, as associações de trabalhadores procuraram impor um regu-
lamento unilateral — a tarifa seria, então, obrigação solidária dos
operários de não aceitarem condições de trabalho diversas daquelas
que o próprio grupo fixou (22). E, como em qualquer ordenamento,
previam-se sanções, de carácter unilateral, como unilateral era então
o regulamento colectivo (23).
Numa fase posterior, a convenção colectiva tornou-se o instru-
mento bilateral ou plurilateral da autodisciplina colectiva das rela-
ções de trabalho. A influência da convenção colectiva ora derivou
a sua fonte de uma disposição legal que prevê a negociação' colec-
tiva, ora da liberdade permitida pelo ordenamento civil ora da sim-
ples prática tolerada. Em qualquer dos casos, mas particularmente
nos dois últimos, surge uma coacção social dos grupos distinta da
coacção do direito estadual, por se concretizar através de meios
directos das associações de classe, que, por eles, actuam uma autên-
tica Selbstexecution (24).
Ultrapassada a crença no equilíbrio espontâneo resultante da
acção dos sujeitos individuais, pensou-se, no entanto, que ele poderia
resultar da acção dos sujeitos colectivos. A contratação colectiva
tornou-se o instrumento de uma política de descentralização institu-
cional do poder normativo: constitui uma alternativa à intervenção
governamental, sendo o poder reconhecido ou cedido às associações
de empresários e de trabalhadores claramente ordenador da socie-
dade (25). Chega-se mesmo a sustentar a distinção entre governo
- 261
político e governo económico e a admitir que se confie às categorias
profissionais o auto-governo económico (26).
O facto é que actualmente a contratação colectiva é reconhecida
como processo normal e natural de regulamentação das relações de
trabalho. Isto mesmo resulta do artigo 4.° da Convenção da O. I. T.
n.° 98 (27).
Entre nós os n.os 3 e 4 do artigo 58.° da C. R. P. consagram
implicitamente o princípio da reserva de competência — reserva de
convenção colectiva — pois, ao reconhecer às associações sindicais o
direito de contratação colectiva, limitam simultaneamente o próprio
poder do Estado, que deve respeitá-lo e não pode intervir oti inter-
ferir no campo que àquele está reservado. Todavia, essa reserva
de competência é meramente relativa, pois sempre o legislador pode
e deve intervi1: no campo das relações de trabalho, particularmente
quando- não se manifeste a autonomia colectiva e daí resulte carência
de regulamentação de categorias profissionais. A reserva de com-
petência significa, portanto, apenas que o legislador se deve abster
de intervir onde quer que encontre uma auto-tutela de categoria (2B).
5. A convenção colectiva constitui, portanto, verdadeira «lei da
profissão» e tem extraordinária importância económica, social e po-
lítica.
Ela tem relevância à escala micro-económica, não só por força
da fixação de salários mínimos, mas também por poder impor a
262 -
introdução na empresa de inovações tecnológicas ou de novas formas
de organização.
E não são de pequena monta os seus efeitos à escala macroeco-
nómica, nomeadamente no que toca à planificação de rendimentos de
grandes grupos sociais e às repercussões primárias e secundárias na
política de distribuição do rendimento.
Sendo a convenção colectiva a expressão, em dado momento, da
luta dialéctica entre a «vontade de acumular» e a «vontade de con-
sumir», implica ela também uma relação dialéctica entre, por um
lado, condições de trabalho e nível de salários e, por outro lado, a
capacidade económica dos sectores produtivos.
Assim, ao proceder-se à fixação de salários e de condições de
trabalho por meio de convenções colectivas de trabalho não pode
deixar de considerar-se a capacidade de pagamento do sector econó-
mico que se pretende abranger: «Nem os Sindicatos, por poderosos
que sejam, nem o Estado podem, salvo de forma puramente transi-
tória, elevar o poder de compra dos salários nominais acima da capa-
cidade de pagamento da indústria. Se os salários nominais são muito
elevados provocarão a inflação ou o desemprego» (29).
Deste modo, a contabilidade deveria ter relevante papel nas
negociações de salários e de condições de trabalho.
Afigura-se que seria vantajoso estabelecer princípios que, em
cada sector de produção — e a negociação colectiva tende a efec-
tuar-se a nível de ramo de produção — , permitisse o tratamento
contabilístico necessário a extrair conclusões sobre a situação nor-
mal e sobre as tendências duradouras de cada ramo de produção
globalmente considerado. Julga-se que semelhante tratamento con-
tabilístico não deveria limitar-se a fixar as operações ex-post dos
diversos fluxos que integrassem a actividade económica global de
cada ramo de produção, isto é, não deveria limitar-se a sistemas de
contas retrospectivas. Além destas, deveriam existir contas pros-
pectivas com vista a dar, relativamente a cada ramo de produção,
bases sólidas para uma acção futura esclarecida, por forma a pos-
sibilita- que autenticamente e de forma realista se modelasse a con-
juntura.
Por outro lado, a nível microeconómico, os empreendimentos
económicos não podem ser projectados ou transformados abstraindo
das convenções colectivas aplicáveis, elemento essencial que são no
cálculo do custo de um dos factores de produção—o trabalho. E tam-
bém aqui será ainda a contabilidade a fornece" ao gestor, por meio
de contas prospectivas, elaboradas para a hipótese de criação ou de
transformação, os elementos aptos e necessários a uma decisão escla-
recida.
- 263
É, pois, inegável a importância das regras que fixam o âmbito
de aplicação das convenções colectivas de trabalho (30) (31).
(30) Não deve esquecer-se que a regulamentação colectiva das relações indi-
viduais de trabalho é definida também por outras vias: administrativa (portarias
de regulamentação do trabalho e portarias de extensão) e por decisão arbitral.
Aborda-se aqui apenas o âmbito de aplicação das convenções colectivas de
trabalho, independentemente do seu potencial alargamento através de portaria
de extensão.
(31) A importância da determinação do âmbito de aplicação dos instrumentos
de regulamentação colectiva de trabalho exprime-se também pela frequência
com que o S. T. A. (3.a secção) foi chamado a pronunciar-se sobre casos
concretos.
Cfr., por exemplo e apenas para o primeiro semestre de 1978, B. T. E.,
2.a série, n. cs 2, pág. 297 (PRT para a indústria metalúrgica) e pág. 300 (PRT
para os transportes rodoviários) ; 3, pág. 491 (PRT para os transportes rodoviá-
rios — motoristas ao serviço de empresas de indústria cerâmica) ; 4, pág. 646
e 648 (CCT para construção civil e obras públicas), pág. 656 (CCT para empre-
gados de escritório e caixeiros do comércio do distrito de Viana do Castelo); 6,
pág. 1 087 (CCT da construção civil e obras públicas do sul para empregados de
escritório) e pág. 1092 (PRT para a indústria hoteleira).
(32) Nos artigos 9.° — epígrafe — e 8.°, alínea b) do n.° 1, do Decreto-lei
164-A/76, encontramos a expressão «âmbito de aplicação», que, no entanto, não
temi o mesmo sentido num e noutro dos artigos: no artigo 9.° pretende-se referir
o círculo de pessoas potencialmente sujeitas à convenção colectiva, por subor-
dinadas ao poder normativo dos seus outorgantes; o artigo 8.° refere-se ao
verdadeiro âmbito de aplicação da convenção colectiva — categoria de pessoas,
de entre todas aquelas que poderiam, cair no âmbito de eficácia da convenção,
que, de facto, a ela ficam sujeitas. O primeiro dos conceitos é defenido pela lei,
o segundo é fixado por cada convenção em concreto.
Para evitar confusão de conceitos designa-se o primeiro por círculo de
sujeição à convenção colectiva, reservando-se para o segundo a expressão «âmbito
de aplicação da convenção colectiva».
(33) O legislador francês declara-o expressamente: «Les conventions collecti-
ves déterminent leur champ d'application» (art.° 132-1, al. 4, do Livro I, do Code
du Travail.
264 -
dores — que ficam sujeitas à convenção colectiva de trabalho (âm-
bito de aplicação da convenção colectiva).
O âmbito de aplicação pode ser mais reduzido do que o círculo
de sujeição à convenção colectiva, mas não pode ser mais amplo ( 34 ):
é que o âmbito de aplicação é limitado pelos poderes de represen-
tação das associações sindicais e patronais outorgantes da convenção
colectiva. Assim, a integração no círculo de sujeição à convenção
colectiva constitui condição prévia para que uma pessoa possa ficar
sujeita à respectiva regulamentação de trabalho. Mas para que esta
sujeição se verifique deve simultaneamente essa pessoa integrar-se
no âmbito de aplicação da convenção colectiva.
Qual é o grupo de pessoas que integram o círculo de sujeição a
uma convenção colectiva?
- 265
comum (37) e do legislador alemão, limitou o círculo de sujeição à
convenção colectiva exclusivamente aos inscritos nas associações
sindicais e patronais outorgantes.
Afastou-se, deste modo, a possibilidade de «extensão automá-
tica» (38), como sucede em França (39), na Bélgica (40) ou no Luxem-
burgo (41) e como se prevê na Recomendação da O. I. T. n.° 91 (42).
Mas não poderão as partes clausular a extensão da convenção
colectiva?
Desde logo poderia pôr-se em causa a existência de um interesse
legítimo das associações signatárias em alargar o âmbito de aplicação
de uma convenção colectiva a quem nelas se não encontre inscrito.
Na verdade, dir-se-á, as associações sindicais e patronais existem
para tutelar interesses dos inscritos. Isto é inegável, mas esquece a
correlação entre os interesses dos inscritos, os das associações e os
dos terceiros não inscritos mas componentes das categorias repre-
sentadas por sindicatos e associações patronais. E há motivos que
determinam que as associações não possam abstrair dos interesses
dos não inscritos. Com efeito, raramente a associação sindical e
patronal 'representará a respectiva categoria no seu todo e, por isso,
em regra a sua acção colectiva vê os seus efeitos circunscritos aos
associados. Daí resulta uma desigualdade jurídica entre os traba-
^ (37) O artigo 39.° da Constituição italiana prevê contratos colectivos com
eficácia geral: «I sindacati registrati hanno personalità giuridica. Possono,
rappresentati unitariamente in proporzione dei Ioro iscriti, stipulare contratti di
lavoro con efficacia obbligatoria per tutti gli appartenenti alie catégorie alie
quali il contratto si referiste».
Só que, dadas as dificuldades práticas em obter a representação unitária,
semelhante preceito acabou por não ter real aplicação.
(38) Não deve confuodir-se a «extensão automática», que opera por força
da lei, comi a verdadeira extensão — também admitida entre nós, — que resulta
da actuação administrativa.
(39) Art. 131.°, al. e) do livro I do Conde áu Travail: «Lorque l'employeur
est lié par les clauses de la convention collective de travail, ces clauses s'appli-
quent aux contrats de travail conclus avec lui».
A convenção colectiva é, assim, aplicável a todos os trabalhadores ao serviço
da entidade patronal sujeita à convenção colectiva.
(40) Artigos 3.°, ai. 3 da lei de 10 de Março de 1900, modificada pela lei
de 4 de Março de 1954 e art. 5.°, al. 2 da loi de 7 de Agosto de 1922, modificada
pela lei de 11 de Março de 1954: «Si aucun accord paritaire rendu obbligatoire
par arrêté royale ne règle la matière, les conventions collectives et les accords
conclus au sein des commissions paritaires /.../ suppléent au silence des parties».
Deste modo, as convenções colectivas constituem normas supletivas dos
contratos individuais de trabalho, mesmo para aqueles — entidades patronais
ou trabalhadores — que não estejam inscritos nas associações signatárias.
(41) Por arrêté grand ducal de 1945, determinou-se a aplicação das con-
venções colectivas nas empresas cujos empresários tivessem aderido individual-
mente ou estivessem: inscritos em associações outorgantes e a todos os traba-
lhadores ao seu serviço mesmo quando não inscritos.
(42) «Les dispositions d'urne convention collective devraint être applicables
à tous les travaileurs des catégories intéressés employés dans les établissements *
visés par la convention collective, à moins que la convention collective en ques-
tion ne prévoie expressément le contraire» (n.° 4 da Recomendação).
266 -
lhadores que podem fazer valer as normas emergentes da contra-
tação colectiva e aqueles outros que dessas normas não podem socor-
rer-se na estipulação do contrato individual de trabalho. Esta desi-
gualdade cria dois mercados de trabalho: Um para o qual releva
o contrato colectivo e no qual os salários e condições de trabalho
são mais onerosos e outro onde ele não tem aplicação. A existência
desses dois mercados contraria os interesses dos associados das
associações outorgantes da convenção colectiva: quanto aos traba-
lhadores, porque os empresários são tentados a criar obstáculos à
difusão do sindicato, a não admitir trabalhadores associados ou, em
» hipótese extrema, a despedi-los para admitirem não sindicalizados,
em condições mais desfavoráveis para estes; quanto aos empresá-
rios, porque vêem agravada a concorrência interna do sector, em
consequência de os não filiados poderem dispor de força de trabalho
contra o pagamento de salários mais baixos.
Assim, os interesses dos inscritos podem ser afectados pelo facto
de a convenção colectiva não ser aplicável aos não inscritos. As
associações signatárias têm, deste modo, um interesse egoísta e não
altruísta em ver alargado o âmbito de aplicação das convenções
colectivas aos não inscritos. Por parte das associações sindicais
acrescem outros interesses a reclamarem o alargamento da eficácia
das convenções colectivas: a estratégia e a vocação ideológica.
- 267
Na prática, perante a impossibilidade de clausularem a extensão,
por vezes, os signatários de convenções colectivas têm assumido a
recíproca obrigação de requererem conjuntamente ao Ministério do
Trabalho a extensão da convenção colectiva (45).
C5) Por exemplo, CCT celebrado entre ANCAVE e o Sindicato dos Traba-
lhadores em Carnes dos Distritos de Lisboa e Setúbal (n.° 2 da cl. 0 l.°).
268
os seus associados do respectivo conteúdo, a fim de possibilitarem
a estes subtraírem-se à sua aplicação através da demissão, anterior
à outorga, se a convenção não merecesse a sua concordância.
Afigura-se que seria tecnicamente mais correcto que apenas
ficassem vinculados à convenção colectiva as entidades patronais
inscritas em associações patronais signatárias no momento da assi-
natura da convenção. De resto, é esta a solução adoptada na gene-
ralidade dos países da Europa Ocidental.
- 269
Semelhante doutrina é inaceitável. De facto e decisivamente,
o nosso ordenamento jurídico não é mudo quanto às possibilidades
de escolha no que toca à inscrição em associações sindicais ou patro-
nais. Assim, o trabalhador tem o direito de se inscrever «no sindi-
cato que na área da sua actividade represente a categoria respectiva»
(n.° 1, art. 16.° do Decreto-lei 215-B/75 — Lei Sindical), sendo certo
que não pode inscrever-se, «a título da mesma profissão ou activi-
dade» em sindicatos diferentes (n.° 2, art. citado). Por seu lado,
também a entidade patronal se pode inscrever em associação patronal
que «na área da sua actividade represente a respectiva categoria»
(n.° 2, art. 10.° do Decreto-lei 215-C/75 — Lei das Associações Patro-
nais). Mas, mesmo que o ordenamento fosse omisso, sempre haveria
que chegar-se a essa conclusão: a inscrição em sindicato ou asso-
ciação patronal não representativos da categoria do candidato a
sócio não tem sentido e deveria ser rejeitada pela respectiva
associação (5").
A validade da inscrição depende, pois, da coincidência não só
entre a actividade do inscrito e a da categoria representada pela asso-
ciação, mas também entre a área onde aquele a desenvolve e
aquela em que a associação exerce jurisdição.
Sendo a inscrição em associação signatária da convenção colectiva
pressuposto da sua aplicação, em bom rigor cabe a quem a invoca
alegar e provar a sua própria inscrição e da parte contrária nas
associações signatárias. Este princípio não é mais que consequência
das regras gerais sobre o ónus da prova, sendo certo que não existe
disposição especial que afaste o preceito geral.
270 -
nada a sua extensão da convenção colectiva (art. 20.° do Decreto-
-lei 164-A/76).
Estes casos, porém, não integram já o círculo de sujeição à con-
venção colectiva de trabalho. A sua aplicação tem aqui já outro
fundamento: ou uma nova manifestação de autonomia colectiva
(adesão) ou um acto genérico da Administração (portaria de
extensão).
11. Referiu-se já que são as parte quem, dentro dos seus poderes
de representação, fixa o âmbito de aplicação da convenção colectiva.
Não podem as partes ampliar o círculo de sujeição à convenção
colectiva, mas podem reduzi-lo.
Não é necessário que os destinatários da regulamentação colectiva
das relações individuais de trabalho constituam uma série aberta,
podendo ser eles individualizados concretamente.
Sustentou-se outrora que só existiria convenção colectiva quando
os seus destinatários constituíssem uma série (infinita), uma massa
flutuante de sujeitos indeterminados e indetermináveis. Não existem,
porém, razões válidas para deixa: de considerar como colectivos
os negócios que regulamentem condições de trabalho de destina-
tários determinados concretamente. Importa sim que esses negócios
não constituam fonte imediata de relações individuais de trabalho,
que não se proponham determinar o «se» mas o «como» da relação
de trabalho.
Na verdade, a determinação dos destinatários nem exclui o requi-
sito da abstracção nem o da generalidade. Não exclui a abstracção
porque esta consiste na natureza de volição preliminar, precedente
e reguladora de uma futura volição concreta. E o certo é que,
conhecidos ou desconhecidos os destinatários da convenção colectiva,
a sua causa — fixação prévia do conteúdo mínimo de uma pluralidade
de sucessivos contratos de trabalho — mantém-se inalterável. Não
exclui a generalidade, cuja essência se traduz em a norma se
dirigir a todos em geral e a ninguém em particular, até porque
generalidade não significa universalidade.
12. A definição do âmbito de aplicação da convenção colectiva
é assunto remetido à autonomia negocial das partes.
O âmbito de aplicação da convenção colectiva é delimitado, desde
logo, pela demarcação prévia das empresas abrangidas, de tal modo
que, no que toca aos trabalhadores, só são abrangidos aqueles que
se encontrem ao serviço dessas empresas.
- 271
É muito frequente, na prática, a utilização de um critério mera-
mente formal — o da inscrição em certa ou certas associações patro-
nais, independentemente da actividade desenvolvida (desde que repre-
sentada pela associação, entenda-se). É o que sucede, por exemplo,
com a convenção celebrada entre a Associação dos Industriais de
Cortiça do Norte e a Federação Regional do Norte dos Sindicatos
dos Trabalhadores de Escritório (in B. T. E., l. a série, n.° 2, de 1978,
pág. 159), com a convenção celebrada entre a Associação Portuguesa
de Alimentos Compostos para Animais e o Sindicato dos Trabalha-
dores Técnicos de Vendas (in B. T. E., 1." série, n.° 2, de 1978,
pág. 174). A redacção da cláusula típica que fixa o âmbito de apli- *
cação da convenção colectiva nestes casos é do seguinte teor:
«O presente contrato colectivo de trabalho obriga, por um lado, as
empresas representadas pela Associação Patronal... e, por outro
lado, os trabalhadores ao seu serviço representados pelo Sindicato...»
Semelhante critério é, de facto, meramente formal pois o pluralismo
das associações patronais e a liberdade de inscrição múltipla em
todas aquelas que representam a actividade da empresa, possibilita
a inscrição numa ou noutra associação ou simultaneamente em
várias ao livre arbítrio do interessado, o que pode concretizar-se
em numerosos problemas de concorrência ou de conflito de conven-
ções colectivas aplicáveis.
Outras vezes procede-se a uma enumeração taxativa das enti-
dades patronais destinatárias. Estas convenções são ainda muito
vulgarmente designadas por acordos colectivos de trabalho. É o que
sucede com a convenção celebrada entre o Sindicato dos Estivadores
e Trabalhadores do Porto de Aveiro e várias empresas de cargas e
descargas na área geográfica do porto de Aveiro, cujas entidades
patronais destinatárias são taxativamente enumeradas (in B. T. E.,
l. a série, n.° 8, de 1978, pág. 714). A cláusula definidora do âmbito
tem a seguinte redacção: «Este Acordo colectivo de trabalho obriga,
por um lado, os trabalhadores representados pelo Sindicato dos Esti-
vadores e Trabalhadores do Porto de Aveiro e, por outro lado, as
empresas de navegação e de pesca ou outras que exerçam a sua
actividade de cargas e descargas, estiva ou desestiva, em terra ou
a bordo, signatárias do presente acordo».
Outras vezes ainda, o âmbito de aplicação da convenção colectiva
é definido em função da actividade das empresas representadas pela
associação patronal outorgante. Na verdade, existem associações
com poder de representação bastante vasto e que, por isso, podem
celebrar convenções em representação quer de todas as empresas
suas filiadas quer apenas de algumas delas. Ora, quando pretendem
vincular apenas algumas das empresas que representam delimi-
tam-nas, nomeadamente através da indicação da actividade por elas
desenvolvida. É o que sucede com a convenção colectiva celebrada
entre a Associação Portuguesa dos Industriais de Cerâmica de Cons-
272 -
trução e a Associação Nacional dos Industriais de Barro Vermelho,
cuja cláusula 1." estipula:
18 - 273
Finalmente, importa salientar que a convenção colectiva apenas
regula aquelas relações de trabalho de que ambos os seus sujeitos
se encontrem inscritos nas associações signatárias, isto é, se integrem
no círculo de sujeição à convenção colectiva e, simultaneamente, se
encontrem abrangidos pelo âmbito de aplicação da convenção
colectiva.
Na verdade, os destinatários da convenção colectiva são-no em
função da sua pertença às categorias ou subcategorias previstas
mas não enquanto tais, antes enquanto inscritos nas associações
signatárias e enquanto sujeitos de uma relação de trabalho de que
a. parte contrária se encontre igualmente inscrita em associação
outorgante.
ASSIM, EM CONCLUSÃO
274 -
9. A contabilidade deveria estudar a elaboração de contas
retrospectivas e prospectivas que possibilitassem uma negociação
colectiva realista.
10. Os empreendimentos económicos não devem ser projectados
ou transformados abstraindo das convenções colectivas aplicáveis,
pois estas são elemento essencial no cálculo de custo de um dos
factores de produção — o trabalho.
11. Assim, a determinação do âmbito de aplicação das conven-
ções colectivas é problema prévio e subjacente à decisão económica,
sendo certo, de resto, que as convenções colectivas facilitam
o esforço de previsão.
12. O âmbito de aplicação das convenções colectivas é fixado
pelas próprias partes, dentro dos limites do círculo de sujeição à
convenção colectiva — definido por lei, — o qual elas podem reduzir,
mas nunca ampliar.
13. O círculo de sujeição à convenção colectiva foi limitado pelo
legislador português aos seus outorgantes e aos representados pelas
associações signatárias.
14. O ordenamento português actual não esgotou as possibili-
dades de «extensão» da regulamentação colectiva convencional por
não prever qualquer forma de «extensão automática».
15. A inscrição nas associações sindicais e patronais outorgantes
é condição necessária mas não suficiente para a inclusão no círculo
de sujeição à convenção colectiva de trabalho: importa ainda que
a inscrição seja válida por representar a associação a categoria do
inscrito na respectiva área.
16. A demissão da entidade patronal da respectiva associação,
após o início do processo de negociação, não a subtrai à sujeição à
convenção colectiva.
17. A quem invoca em juízo a aplicação de uma convenção
colectiva de trabalho incumbe alegar e provar a sua inscrição e a
da parte contrária nas associações sindicais e patronais dela outor-
gantes.
18. O âmbito de aplicação da convenção colectiva é definido
pela demarcação prévia das entidades patronais.
19. Os critérios na prática utilizados para definição das enti-
dades patronais abrangidas pela convenção colectiva de trabalho são:
a) O da inscrição em certas associações patronais;
b) O da enumeração taxativa;
c) O da actividade desenvolvida.
- 275
O Balanço Social — Nova Peça Contabilística
Por Amílcar Amorim
— 277
— O automóvel envia ao hospital ou ao cemitério número ele-
vado de vítimas.
— Obriga a despesas consideráveis: seguro, polícia, bom-
beiros.
— Destrói as florestas.
— Consome água.
— É responsável por uma importante poluição aquática.
278 -
Verificamos assim que os domínios de acção da empresa
moderna para além do domínio tradicional de obtenção de lucro
desenvolvendo para tal a conquista de uma parte do mercado,
motivando, aumentando a produtividade, obtendo recursos finan-
ceiros e físicos e promovendo a eficácia dos dirigentes e dos
trabalhadores vem juntar-se agora um outro domínio não menos
importante, que é o da «responsabilidade social».
Esta responsabilidade, por sua vez, vai-se igualmente alar-
gando. A princípio restrita ao ambiente interno (ambiente físico,
condições de trabalho, grupos minoritários de trabalhadores, estilo
de direcção, tipo de relações sociais, formação, higiene e pre-
venção de acidentes, etc.) vê-se hoje alargada ao ambiente
externo, pelo que as empresas vêem-se responsabilizadas também
pela poluição que produzem, embalagens que lançam, nocividades
dos fabricos, relações com a comunidade, com os consumidores,
investidores e accionistas, etc. Assim é que por exemplo nos
EUA as empresas são obrigadas a combater a poluição aquática
utilizando para já, a tecnologia «possível» e daqui até 1980 a
melhor tecnologia «existente».
Também perto de nós a Fábrica de Celulose de Cacia como
consequência de decisões motivadas tem um plano de combate
à poluição aérea e fluvial, com vista à redução efectiva do
potencial poluente das instalações que lhe vai custar 350 000 con-
tos repartidos ao longo de um programa escalonado de 6 anos 0 ) .
Desenvolvem-se, por isso, esforços no sentido de contabilizar
também a responsabilidade social das empresas. É que «as
empresas já não podem ater-se, exclusivamente às suas rela-
ções económicas com a sociedade. As suas práticas tenderão
a ser analisadas mais em termos de eficiência social do que de
eficiência económica» ( 2 ).
Neste sentido poderíamos citar a decisão do Instituto Ame-
ricano de Contabilistas Públicos que nomeou recentemente uma
comissão para favorecer o desenvolvimento «de normas e de
técnicas visando medi", registar, expor e controlar as realizações
sociais».
Também a General Motors criou um órgão a que chamou
Comissão de Política Pública com objectivo idêntico.
A mesma preocupação se desprende da recente «International
Management Conference» em Tóquio, em que foi debatida a
publicação de balanços sociais à semelhança dos balanços finan-
ceiros habituais, indicando nas mesmas colunas de activo e
passivo os valores correspondentes às realizações positivas (habi-
tação para trabalhadores, pensões complementares, férias pagas,
formação, etc.) de uma parte; e de outra, os acontecimentos
negativos (horas perdidas por ausências do trabalho, greves,
acidentes de trabalho, grau de poluição produzida, etc.).
- 279
O famoso Relatório Sudreau de que falaremos mais adiante
é disso também um exemplo bem conhecido.
A nova Contabilidade a que alguns chamam Contabilidade
Social, outros Contabilidade Sócio-económica, outros ainda Conta-
bilidade Societal, teria assim por objecto, medir, somar algebri-
camente o conjunto de «utilidades» e «inutilidades» sociais para
saber se dada empresa oferece à sociedade um determinado
«proveito social líquido» ou «um prejuízo social líquido». Por
outras palavras, a nova Contabilidade propôr-se-ia medir, em
termos monetários, o conjunto de relações económicas e sociais
que normalmente se criam entre uma entidade (uma empresa
emi particular) e o ambiente físico e humano que a envolve e de
que ela se serve directa ou indirectamente, isto é, contabilizaria
os fluxos de utilidades proporcionadas à sociedade (bens, ser-
viços, bem-estar entre outros) e os fluxos de Utilidades roubadas
à sociedade (equilíbrio ecológico, extinção de recursos, desloca-
mento de massas de trabalhadores, etc.).
Tal contabilidade conduzir-nos-ia assim à determinação do
«valor acrescentado SOCIAL» da Empresa.
Sabemos que em termos económico-financeiros o valor acres-
centado bruto mede-se pela diferença compras-vendas, isto é:
Vendas — compras («consumidas» no período) = valor
acrescentado bruto.
280 -
Há classes quantificáveis isto é, que podem medir-se em
escudos e que não oferecem dificuldades, como por exemplo:
— As remunerações
— As médias de remunerações
— Os aumentos de salários
- 281
2. NECESSIDADE DUMA CONTABILIDADE SOCIETAL
282 -
perspectiva eminentemente social e que, consequentemente, se
sobrelevaria à componente económica.
Mas, perguntamos nós, como avaliar se uma empresa é ou
não socialmente viável? E em que medida?
Neste sentido, Charles N. Stabler, no Wall Street Journal, de
Maio de 1971 (8) põe, o seguinte problema: «A empresa A distri-
bui 20 % de dividendos, mas não quer empregar Negros, e as
suas fábricas poluem o ar. Os dividendos da empresa B são
apenas de 15 % mas a sua reputação no plano social é boa. Vós
geris os investimentos de uma Caixa de Pensões. Que acção
compraríeis»?
Por outro lado os homens de negócios mandatados pela Igreja
Anglicana (Relatório de 1972) dizem explicitamente que quando
compram acções ou fazem investimentos têm em conta tanto
factores sociais como factores financeiros».
E como ponderar os factores sociais?
Os problemas aqui postos só poderiam ser tecnicamente resol-
vidos se pudéssemos dispor de um novo tipo de Contabilidade
que considerasse para além dos activos tradicionais, medisse
também a responsabilidade social das empresas.
Não há dúvida que a contabilidade «clássica» privilegia a
especificidade económica da empresa negligenciando a responsa-
bilidade social. A contabilização da acção social das empresas
é praticamente inexistente: que as condições de trabalho sejam
boas ou deploráveis, que elas poluam ou que elas invistam para
não poluir, nada disto se reflecte nas medidas tradicionais da
sua rentabilidade e do seu crescimento que resultam das contas
de exploração e dos balanços.
Assim o que importa é «nada menos do que a redefinação ou
clarificação da Contabilidade de modo a focar todos os aspectos
de controlo e medida do social» ( 9 ).
Podemos pois concluir que a contabilidade actual não é senão
uma parte, um ramo, da contabilidade social (societal) que é
preciso um dia construir. P a r a a conseguir, à contabilidade
económica e financeira em uso haverá que juntar a Contabilidade
dos Recursos Humanos (aliás já em prática nalgumas empresas
estrangeiras) bem como a Contabilidade da Responsabilidade
Social (Responsability Social Accounting) agora tacteando os
primeiros passos.
É certo qUe dadas as dificuldades já referidas será preciso
ainda muito de reflexão, de estudos e de experiências antes que
a medida da acção social de uma empresa tenha a mesma since-
ridade e a mesma relativa exactidão que a medida da situação
financeira expressa pela contabilidade em uso.
No entanto a recente legislação francesa sobre o Balanço
Social que analisaremos adiante é um princípio de concretização
- 283
das aspirações acalentadas durante anos pelos estudiosos da
contabilidade societal.
284 -
Sudreau e constituída por iniciativa do Presidente Giscard
d'Estaing.
Nele se diz que «a gestão financeira e económica apoia-se
numa informação quantificada e precisa. Se se deseja que a
gestão social faça parte das preocupações estratégicas da
empresa, é necessário que se abandone o relativo e subjectivo,
uma vez que, nesse campo, a quantificação se revela difícil e o
progresso costuma ser de tipo qualitativo. Chegou o momento
de proporcionar uma base quantificada ao diálogo entre as partes
social e económica da empresa, que permita medir o esforço
realizado em matéria social e fixar melhor os objectivos (...)» (")•
Neste sentido o referido Relatório propunha «estabelecer um
balanço social anual ao nível de cada empresa a partir de indi-
cadores representativos da situação social e das condições de
trabalho» (12).
Tratava-se dum primeiro passo no laborioso caminho que cul-
minaria na publicação, quase 3 anos depois, da lei do Balanço
Social da Empresa.
Assim, é só a 13 de Julho de 1977 que se publica a referida
Lei no Diário Oficial que tomou o número 77/769. A 8 de Dezem-
bro do mesmo ano o Decreto 77/1354 reforma o Código dó Tra-
balho estabelecendo a lista de informações a incluir no Balanço
Social.
Portarias da mesma data especificam a lista dos indicadores
que devem figurar no Balanço Social segundo o sector de acti-
vidade a que a empresa pertença (industrial e agrícola, comércio
e serviços, construção e obras públicas e transportes).
Será curioso conhecer as opiniões tão divergentes de algumas
instituições ligadas à vida sindical e patronal francesa aquando
da discussão do projecto de lei do balanço social.
Assim, a C. G. T. não podia «associar-se a uma operação polí-
tica demagógica tendente a enganar os trabalhadores, em parti-
cular num momento em que o poder e o patronato tentam amputar
o poder de compra dos trabalhadores».
Segundo a C. F. D. T. o balanço social tal como foi concebido
pelo governo «não fará desaparecer nem as relações de classe
que existem na empresa nem os afrontamentos nem as tensões
que as oposições de interesse nela provocam, porque este projecto
não tem incidência real sobre os poderes do empregador nem
sobre a marcha geral da empresa nem sobre os direitos dos
trabalhadores».
A C. G. T. — F. O. não é hostil em princípio ao estabeleci-
mento de um balanço social. Todavia não espera que o balanço
social seja um factor de paz nas empresas. As discussões sociais
são por princípio contraditórias e contêm em si germes de
conflito.
- 285
Por sua vez a C. F. T. C. é resolutamente favorável ao esta-
belecimento anual dum balanço social tornado obrigatório para
todas as empresas de uma certa dimensão.
286 —
Tratou-se, pois, somente de especificar domínios sociais impor-
tantes, identificáveis e quantificáveis.
Ficam de fora, por impossibilidade prática indicadores impor-
tantes também da vida social das empresas e do bem-estar dos
seus trabalhadores. O legislador francês foi realista, pois é
verdade que, como sublinha a OCDE (14), «aspectos maiores do
bem-estar, tais como os valores estéticos, o amor e a camara-
dagem não têm para o momento ou em próximo futuro, qualquer
possibilidade de quantificação». É esta também a opinião do
Conselho Económico e Social de França, quando sublinhou que
«é ilusório considerar que o conjunto dos dados permitindo apre-
ciar a situação da empresa no domínio social poderão ser quan-
tificados e ser integrados no balanço social».
Assim, o BS nada tem de comum com um balanço conta-
bilístico. É tão só um documento DESCRITIVO respeitante a
parte duma realidade social, baseando-se em indicadores pré-
-definidos e quantificáveis. É também RECAPITULATIVO dado
que agrupa de maneira uniforme as diversas informações de
ordem social que a lei define. Podemos dizer também que tem
carácter RETROSPECTIVO pois que a lei manda incluir no BS
não só os dados respeitantes ao ano a que se refere o Balanço
mas também dos dois imediatamente anteriores.
O termo balanço não tem aqui a significação rigorosa que
tem em Contabilidade. No domínio do social, toda a noção de
equilíbrio contabilístico entre um activo e um passivo tem sido
excluída.
Os custos sociais e o impacto económico das acções sociais
da empresa não têm o mesmo tratamento digráfico usado na
contabilidade. Porém, o Conselho Nacional de Contabilidade,
de França, nomeou em Dezembro de 1977 uma Comissão encar-
regada de aprofundar estas questões, desconhecendo-se, neste
momento as soluções avançadas neste campo.
O Ministério do Trabalho, de França, nos trabalhos prepara-
tórios da Lei de Julho de 1977 chegou a propor um número
importante de indicadores elaborados sob a forma de «rácios».
Também a Association Française des Conseillers de Direction
desenvolveu um importante trabalho nesse sentido (15). Notamos
que é grande a preferência pelos «rácios» sociais à semelhança
dos «rácios» financeiros. Até em Portugal recentemente (16)
deparei com um indicador de absentismo contruído deste modo:
1975 1978
A. Horas de trabalho possíveis 473 976 469 854
B. Horas trabalhadas 418 410 435 911
C. Asentismo real 11,72 % 7,22 %
A B
C= — x 100
A
- 287
Não foi, porém, essa a solução que veio a receber consa-
gração na lei, por isso o BS será constituído por indicadores
expressos em valores absolutos.
Assim em França as empresas abrangidas pela obrigatorie-
dade do BS apresentarão anualmente dois tipos de balanços: um
económico na forma habitual e outro elaborado conforme as
exigências da lei a que temos feito referência. Passa assim
a verificar-se na análise das contas anuais um tipo de análise
«mista» em, que um documento respeita os princípios e a técnica
contabilística e o outro (o balanço social) segue tanto na sua
elaboração como na sua apreciação e análise outros conceitos,
outras valorações.
288 -
«maquiavelismo social» (17) havendo lugar a perguntar
quern e para quê se controla a informação!
Porém, o modelo francês dada a sua normalização
fixada por lei permite fazer análises sob o ponto de vista
sociológico e interpretar os dados em termos de «clima
social». Por exemplo, estabelecer uma relação de causa
e efeito entre um nível de absentismo e o «clima social»
da empresa.
A análise inter-empresas do mesmo sector de activi-
dade ou da mesma zona geográfica é também possível.
P a r a além disso, devemos concordar que um BS deste
tipo, embora com funções quase só informacionais re-
vela-se apesar de tudo positivo.
Como afirma a AFCOD (18) «dizer que o absentismo
é de 30 %, que a antiguidade média é de 6 anos e 8 meses,
que o trajecto diário dos trabalhadores para a fábrica é
de 1 hora e 20 minutos, que a biblioteca empresta 4 livros
por trabalhador e por ano, não são hipóteses abstratas.
Pelo contrário isso é da mesma natureza que dizer: a
caixa contém 23 512 francos ou que o capital próprio re-
presenta 71,8 % do passivo».
- 289
formação profissional dos trabalhadores da Secção X;
em 5 anos organizar as equipas autónomas; em 3 anos
estudar a implementação dos horários flexíveis nos sec-
tores X e Y; em 5 anos o plano das instalações anti-
poluição, etc., etc.
Esta concepção de BS permitiria preparar um plano
a médio e a longo prazo na gestão social; analisaria
ainda, naturalmente, as capacidades e as fraquezas destas
políticas e destas práticas.
De entre as concepções acabadas de referir entendemos que
o BS como instrumento de gestão interna e externa que vá para
além do aspecto normativo do BS mei0 de informação previsto
pela lei francesa de Julho de 1977, além de alcançar níveis de
informação e gestão já referidos melhoraria a imagem de marca
da empresa.
Os indicadores do modelo francês são necessários; o que nos
parece é que eles não são todavia suficientes.
6. EMPRESAS ABRANGIDAS
1978
1979 1978 —. 1978
1980 1978-1979 — 1978-1979
1981 1978-1979-1980 — 1978-1979-1980
1982 1979-1980-1981 1981 1979-1980-1981 1981 1
1983 1980-1981-1982 1981-1982 1980-1981-1982 1981-1982 |
1984 1981-1982-1983 1981-1982-1983 1981-1982-1983 1981-1982-1983
1985 1982-1983-1984 1982-1983-1984 1982-1983-1984 1982-1983-1984
290 -
Assim, em 1979, as empresas de 750 (ou mais) trabalhadores
já são obrigadas a incluir os dados de 1978.
A partir de dados do INSEE, 1973, o número de empresas
abrangidas pela obrigatoriedade de elaborar o BS e o número de
trabalhadores incluídos será como segue:
8. SANÇÕES
- 291
poderão ser úteis às empresas portuguesas que queiram iniciar a
elaboração do seu «BS»:
292 -
Extracto de um Balanço
sócio económico
Imobilizações Industriais
Terrenos
Prédios
Máquinas e Ferramentas
Imobilizações Financeiras
Títulos de Participação
Investim. em Recursos Humanos
Investimentos em Formação
Investimentos Societais
Conforto, Segurança e Condi-
ções de trabalho
Protecção do Ambiente
Protecção do Consumidor
- 293
tico das políticas e das práticas que tenham uma incidência em
matéria de responsabilidade social da empresa. Por isso muitos
se consideram já «auditores» sociais.
Competir-lhe-ia (19) :
294 -
ANEXOS
CHAPITRE VIII
Bilan social
- 295
effectuées et de mesure: les changements intervenus au cours de
l'année écoulée et des deux années précédentes.
«En conséquence, le bilan social comporte des informations sur
l'emploi, les rémunérations et charges accessoires, les conditions
d'hygiène et de sécurité, les autres conditions de travail, la formation,
les relations professionnelles ainsi que sur les conditions de vie des
salariés et de leurs familles dans la mesure où ces conditions dépen-
dent de l'entreprise.
296 -
«Art. L. 438-6. Les bilans sociaux des entreprises et établisse-
ments, éventuellement modifiés pour tenir compte de l'avis du comité
compétent, ainsi que le procès-verbal de la réunion dudit comité, sont
adressés à l'inspecteur du travail dans un délai de quinze jours à
compte: de cette réunion.
«Art. L. 438-7. — Dans les sociétés par actions, le dernier bilan
social accompagné de l'avis du comité d'entreprise est adressé aux
actionnaires ou mis à leur disposition dans les mêmes conditions que
les documents prévus aux articles 162 et 168 de la loi n.° 66-537
modifiée du 24 Juillet 1966.
«Art. L. 438-8. — Le bilan social sert de base à l'application des
articles L. 432-4 (cinquième alinéa), L. 437-2 et L. 950-3 ainsi qu'à
celle des dispositions réglementaires du présent code qui prévoient
l'établissement de programmes annuels.
«Art. L. 438-9. — Des décrets en Conseil d'Etat fixent les mesures
d'adaptation nécessaires à l'application des dispositions du présent
chapitre dans les entreprises qui son tenues de constituer un comité
d'entreprise ou des organismes de représentation du personnel qui en
tiennent lieu en vertu soit de dispositions législatives ou réglemen-
taires autres que celles du code du travail, soit de stipulations conven-
tionnelles.
«Ces décrets sont pris après avis des organisations syndicales les
plus représentatives dans les entreprises intéressées.
«Art. L. 438-10. — Les dispositions du présent chapitre ne font pas
obstacle aux conventions comportant des clauses plus favorables».
Art. 2. — Le titre VI du livre IV du code du travail est complété
comme suit:
«Art. L. 463-2. — L'employeur qui ne présente pas le bilan social
d'entreprise ou d'établissement prévu à l'article L. 438-1 sera passible
des peines prévues à l'article L. 463-1 (')».
Art. 3. — Le premier bilan social sera présenté:
- au cours de l'année 1979 pour les entreprises comptant au
moins 750 salariés;
— au cours de l'année 1982 pour les entreprises comptant au
moins 300 salariés.
Les informations y figurant pourront ne concerner respective-
ment que les années 1978 et 1981.
- 297
Les informations figurant dans le deuxième bilan social pourront
ne concerner que les deux années antérieures à sa présentation.
Art. 4. — Les dispositions du chapitre VIII du titre III du livre IV
du code du travail relatives au bilan social sont applicables aux
établissements publics de l'Etat et des collectivités locales, non visés
aux articles L. 438-1 et L. 438-9 du code du travail ainsi qu'aux
services de l'Etat, dont les conditions de fonctionnement sont assimi-
lables à celles d'une entreprise.
Les conditions de cette application, et notamment la détermination
de l'organisme de représentation du personnel auquel le bilan social
doit être soumis, sont fixées par des décrets en Conseil d'Etat pris
après avis des organisations syndicales les plus représentatives au
plan national.
MINISTERE DU TRAVAIL
Décret n.° 77-1354 du 8 décembre 1977 fixant, par application de l'article L. 438-4
du code du travail, la liste des informations figurant dans le bilan social
d'entreprise et dans le bilan social d'établissement.
Le Premier ministre,
Sur le rapport du ministre de l'équipement et de l'aménagement du terri-
toire, du ministre de l'agriculture et du ministre du travail.
Vu le code du travail, et notamment l'article L. 438-4;
Vu l'avis du conseil national du patronat français;
Vu l'avis de la confédération générale des petites et moyennes entreprises
et du patronat réel;
Vu l'avis de la confédération générale du travail;
Vu l'avis de la confédération française démocratique du travail;
Vu l'avis de la confédération générale du travail-Force ouvrière;
Vu l'avis de la confédération française des travailleurs chrétiens;
Vu l'avis de la confédération générale des cadres;
Vu l'avis de la fédération nationale du bois;
Vu l'avis de la confédération nationale de la mutualité, de la coopération
et du crédit agricole;
298 -
Vu en date du 10 Octobre 1977 la lettre par laquelle le ministre de l'agricul-
ture a consulté la fédération nationale des syndicats d'exploitants agricoles et
l'union nationale des syndicats d'entrepreneurs paysagistes de France;
Le Conseil d'Etat (section sociale) entendu,
Décrète:
Art. l.er—- Au titre III du livre IV du code du travail (deuxième partie)
sont ajoutées les dispositions suivantes:
CHAPITRE VII
AMÉLIORATION DES CONDITIONS DE TRAVAIL
Néant.
CHAPITRE VIII
BILAN SOCIAL
Article R. 438-1.
Raymond Barre.
Par le Primier ministre:
Le ministre du travail,
Christian Beullac.
Le ministre de l'équipement et de l'aménagement du territoire,
Fernand Icart.
Le ministre de l'agriculture,
Pierre Méhaignerie.
- 299
ANNEXE Nombre de départs au cours de la
période d'essai (9) I.
I EMPLOI Nombre de mutations d'un établis-
sement à un autre I.
11. Effectifs Nombre de départs volontaires en
retraite et pré-retraite (10) I.
Effectif total au 31/12 (1) I. Nombre de décès I.
Effectif permanent (2) I.
Nombre de salariés liés par un con- 15. Promotion
trat de travail à durée déterminée
au 31/12 I Nombre de salariés promus dans
Effectif mensuel moyen de l'année l'année dans une catégorie supé-
considérée (3) I. rieure (11).
Repartition par sexe de l'effectif
total au 31/12 I. 16. Chômage
Répartition par âge de l'effectif Nombre de salariés mis en chô-
total au 31/12 (4) I. mage partiel pendant l'année con-
Répartition de l'effectif total au sidérée I.
31/12 selon l'ancienneté (5) I. Nombre total d'heures de chômage
Répartition de l'effectif total au partiel p e n d a n t l'année consi-
31/12 selon la nationalité I: dérée (12) I:
français indemnisées,
étrangers non indemnisées
Répartition de l'effectif total au Nombre de salariés mis en chô-
31/12 selon une structure de quali- mage intempéries pendant l'année
fication détaillée II. considérée I.
Nombre total d'heures de chômage
12. Travailleurs extérieurs intempéries pendant l'année consi-
dérée I:
Nombre de salariés appartenant à indemnisées,
une entreprise extérieure (6). non indemnisées
Nombre de stagiaires (écoles, uni-
versités...) (7). 17. Handicapés
Nombre moyen mensuel de travail-
leurs temporaires (8). Nombre de handicapés au 31 Mars
Durée moyenne des contrats de tra- de l'année considérée (13).
vail temporaire Nombre de handicapés à la suite
d'accidents du travail intervenus
13. Embauche dans l'entreprise, employés au 31
Mars de l'année considérée.
Nombre d'embauchés par contrats
à durée indéterminée. 18. Absentéisme (14)
Nombre d'embauchés par contrats Nombre de j o u r n é e s d'absence
à durée déterminée (dont nombre (15) I.
de contrats de travailleurs saison- Nombre de journées théoriques tra-
niers) I. vaillées.
Nombre d'embauchés de salariés Nombre de journées d'absence pour
de moins de 25 ans I. maladie I.
Répartition des absences pour ma-
14. Départs ladie selon leur durée (16) I,
Total des départs I. Nombre de journées d'absence pour
Nombre de démissions I. accidents du travail et de traject
N o m b r e de licenciements pour ou maladies professionnelles I.
cause économique, dont départs en Nombre de journées d'absence pour
retraite et pré-retraite I. maternité I.
Nombre de fins de contrats à du- Nombre de journées d'absence pour
rée déterminée I. congés autorisés (événements fa-
300 -
miliaux, congés spéciaux pour les 24. Charges accessoires
femmes...) I. Avantages s o c i a u x dans l'entre-
Nombre de journées d'absence im- prise: pour chaque avantage pré-
putables à d'autres causes I. ciser le niveau de garantie pour les
categories retenues pour les effec-
II RÉMUNÉRATION ET CHARGES tifs I:
ACCESSOIRES
délai de carence maladie,
21. Montant des rémunérations (17) indemnisation de la maladie,
indemnisation des jours fériés,
Le choix est laissé dans l'utilisa- préavis et indemnités de licen-
tion de l'un ou de l'autre des grou- ciement,
pes de 2 indicateurs suivants: préavis de démission,
Masse s alar iale annuelle totale prime d'ancienneté,
(18) II. congé de maternité,
congés payés,
Effectif mensuel moyen. service militaire,
Rémunération moyenne du mois de congés pour événements fami
décembre (effectif permanent) hors liaux,
primes à périodicité non mensuelle- primes de départ en retraite,
base 40 heures II. etc..
ou Montant des versements effectués
Rémunération mensuelle m o y e n n e à des entreprises extérieurs pour
(19) IL mise à la disposition de personnel:
Part des primes à périodicité non
mensuelle dans la déclaration de entreprise de t r a v a i l tempo-
salaire IL raire,
Grille des rémunérations (20). autres entreprises (23).
- 301
Nombre d'heures travaillées. Nombre de salariés atteints par des
Nombre d'accidents avec arrêt affections pathologiques à carac-
6
xlO tère professionnel et caractérisa-
Nombre d'heures travaillées tion de celles-ci.
Taux de gravité des accidents du Nombre de déclarations par l'em-
travail I. ployeur de procédés de travail sus-
Nombre de journées perdues. ceptibles de provoquer des mala-
Nombre d'heures travaillées. dies professionnelles (29).
Nombre de journées perdues
xlO3 34. Comité d'hygiène et de sécurité
Nombre d'heures travaillées Existence et nombre de C.H.S.
Nombre d'incapacités permanentes Nombre de réunions par C.H.S.
(partielles et totales) notifiées à
l'entreprise en c o u r s de l'année 35. Dépenses en matière de sécurité
considérée (distinguer français et
étrangers). Effectif formé à la sécurité dans
Nombre d'accidents mortels: l'année.
Montant des dépenses de sécurité
de travail effectuées dans l'entreprise au sens
de trajet. de l'article R 231-8 du Code du Tra-
Nombre d'accidents de trajet ayant vail.
entraîné au arrêt de travail. Taux de réalisation du programme
Nombre d'accidents dont est vic- de sécurité présenté l'année précé-
time le personnel temporaire ou de dente.
prestations de service dans l'entre- Existence et nombre de plans spéci-
prise. fiques de sécurité.
Taux et montant de la cotisation
sécurité sociale d'accidents de tra- TV AUTRES CONDITIONS DE TRA-
vail. VAIL
302 -
Nombre moj'en de jours de congés 46. Médecine du travail (43)
annuels (non compris le repos com-
pensateur) (34) I. Nombre d'examens cliniques (dis
Nombre de jours f é r i é s payés tinguer les travailleurs soumis à
(35) I. surveillance medicate et les au-
tres) .
42. Organisation et conteau de travail Nombre d'examens complémentai-
res (distinguer les travailleurs sou-
Nombre de personnes occupant des mis à surveillance et les autres).
emplois à horaires alternants ou Part du temps consacré par le mé-
de nuit. decin du travail à l'analyse et à
Nombre de personnes occupant des l'intervention en milieu d e travail.
emplois à horaires alternants ou de
nuit de plus de 50 ans. 47. Travailleurs inaptes
Personnel utilisé à des tâches ré-
pétitives au sens de la définition Nombre de salariés déclarés défi-
du travail à la chaîne résultant du nitivement inapts à leur emploi par
décret n.° 76-404 du 10 mai 1976 le médecin du travail.
(36) (distinguer hommes-femmes). Nombres de salariés reclassés dans
l'entreprise à la suite d'une inapti-
43. Conditions physiques de travail tude.
Nombre de personnes exposées de
façon habituelle et régulière à plus V FORMATION
de 85 dbs à leur poste de travail.
Réaliser une carte du son par ate- 51. F o r m a t i o n professionnelle con-
lier (37). tinue (44)
Nombre de salariés exposés à la Percentage de la masse salariale
chaleur au sens de la définition afferent à la formation continue.
contenue dans le décret du 10 mai Montant consacré à la formation
1976 (38). continue: formation interne, for-
Nombre de salariés travaillant aux mation effectué en application de
intempéries de façon habituelle et conventions ; versement à d e s
régulière, au sens de la définition fonds assurance formation; ver-
contenue dans lé décret du 10 mai sement auprès d'organismes agréés:
1976 (39). trésor et autres, total.
Nombre de prélèvements, d'ana- Nombre de stagiaires IL
lyses de produits toxiques et me- Nombre d'heures de stage IL
sures (40).
rémunérées
44. Transformation de l'organisation non rémunères
du travail
Décomposition par type de stages
Expériences de transformation de à titre d'exemple: adaptation, for-
l'organisation du t r a v a i l en vue ni a t i o n professionnelle, entretien
d'en améliorer le contenu (41). ou perfectionnement des connais-
sances.
45. Dépenses d'amélioration des condi-
tions de travail 52. Congés formation
Montant des dépenses consacrées à Nombre d.e salariés ayant bénéficié
l'améloration des conditions de tra- d'un congé formation non rémunéré.
vail dant l'entreprise, au sens de Nombre de salariés auxquels a été
l'article L. 437-2 du Code du Tra- refusé un congé formation.
vail (42).
Taux de réalisation du programme
d'amélioration des c o n d i t i o n s de 53. Apprentissage
t r a v a i l dans l'entreprise l'année Nombre de contrats d'appprentis-
précédente. sage conclus dans l'année.
- 303
VI RELATIONS Autres dépenses directement sup-
PROFESSIONNELLES portées par l'entreprise: logement,
transport, restauration, loisirs, va-
61. Représentants de personnel et délé- cances, divers, total (49).
gués syndicaux
Composition des comités d'entre- Autres charges sociales
prise et/ou d'établissement avec
indication, s'il y a lieu, de l'appar- Coût pour l'entreprise des presta-
tenance syndicale. tions complémentaires (maladie, dé-
Participation aux élections (par col- cès) (50).
lège) par catégories de représen- Coût pour l'entreprise des presta-
tants du personnel. tions c o m p l é m e n t a i r e s (vieil-
Volume global des crédits d'heures lesse) (51).
utilisés pendant l'année considérée. Équipements réalisés par l'entre-
Nombre de réunions avec les repré- prise et touchant aux conditions de
sentants du personnel et les délé- vie des salariés à l'occasion de
gués syndicaux p e n d a n t l'année l'exécution du travail.
considérée.
Dates et signatures et objet des
accords conclus dans l'entreprise NOTES
pendant l'année considérée
Nombre de personnes bénéficiaires I Une structure de qualification dé-
d'un congé d'éducation ouvrière taillée, em 3 ou 4 postes minimum
(45). est requise. Il est souhaitable de
faire référence à la classification
62. Information et comunication de la c o n v e n t i o n collective, de
Nombre d'heures consacrées aux l'accord d'entreprise et aux prati-
différentes formes de réunion du ques habituellement retenues dans
personnel (46). l'entreprise. A titre d'exemple la
Éléments caractéristiques du sys- répartition suivante peut être rete-
tème d'accueil. nue:
Éléments caractéristiques du sys-
tème d'information ascendante ou cadres.
descendante et niveau d'application. E. T. A. M.
Éléments caractéristiques du sys- et ouvriers.
tème d'entretiens individuels (47).
II Une structure de qualification dé-
63. Différends concernant l'application taillée en 5 ou 6 postes minimum
du droit du travail (48) est requise. Il est souhaitable de
faire référence à la classification
Nombre de recours à des modes de de la convention collective, de l'ac-
solution non juridictionnels enga- cord d' entreprise et aux pratiques
gés dans l'année. habituellement retenues dans l'en-
Nombre d'instances judiciaires en- treprise. A titre d'exemple, la ré-
gagées dans Tannés et où l'entre- partition suivante des postes peut
prise est en cause. être retenue:
Nombre de mises en demeure et
nombre de procès-verbaux de l'Ins- cadres,
pecteur du travail pendant l'année techniciens,
considérée. et agents de maîtrise,
employés qualifiés,
VII AUTRES CONDITIONS DE VIE employés non qualifiés,
RELEVANT DE L'ENTREPRISE ouvriers qualifiés,
71. Oeuvres sociales ouvriers non qualifiés.
Contribuition au financement, le
cas échéant, du comité d'entreprise Doivent en outre être distinguées
et des comités d'établissement. les catégories hommes et femmes.
304 -
(1) Effectif total: tout salarié inscrit (12) Y compris les heures indemnisées
à l'effectif au 31/12 quelle que soit au titre du chômage total en cas
la nature de son contrat de travail. d'arrêt de plus de 4 semaines con-
sécutives.
(2) Effectif permanent: les salariés à
temps plein, inscrits à l'effectif (13) Tel qu'il résulte de la déclaration
pendant toute l'année considérée et obligatoire prévue à l'article R 323-
liés par un contrat de travail à -51 du Code du Travail.
durée indéterminée.
(14) Possibilités de comptabiliser tous
(3) Somme des effectifs totaux mensuels les indicateurs de la r u b r i q u e
absentéisme, au choix, en jour-
12 nées, 1/2 journées ou heures.
(on entend par effectif total tout
salarié inscrit à l'effectif au der- (15) Ne sont pas comptés parmi les
nier jour du mois considéré). absences: les diverses sortes de
de congés, les conflits et le service
national.
(4) La répartition retenue est celle
habituellement utilisée dans l'entre-
prise, à condition de distinguer au (16) Les tranches choisies sont laisées
moins 4 catégories, dont les jeu- au choix des entreprises.
nes de moins de 25 ans.
(17) On entend par rémunération la
(5) La répartition selon l'ancienneté somme des salaires effectivement
est c e l l e habituellement retenue perçus pendant l'année par le sa-
dans l'entreprise. larié (au sens de la déclaration
annuelle des salaires).
(6) Il s'agit des catégories de travail-
leurs extérieurs dont l'entreprise (18) Masse salariale annuelle totale, au
connaît le nombre, soit parce qu'il sens de la déclaration annuelle de
figure dans le contrat signé avec salaire.
l'entreprise extérieure, soit parce
que ces travailleurs sont inscrits (19) Rémunération mensuelle moyenne:
aux efectifs. Exemple: démonstra- 1 mi
teurs dans le commerce... , . 2 — r où mi représente la masse
12 ei
salariale du mois i et ei l'effectif
(7) Stages supérieurs à une semaine. du mois i.
(8) Est considéré comme travailleur (20) Faire une grille des rémunérations
temporaire, toute personne mise à en distinguant au moins six tran-
la disposition de l'entreprise, par ches.
une entreprise de travail tempo-
raire, telle que définie à l'article (21) Pour être prises en compte, les
L. 434-1 du Code du Travail. catégories concernées doivent com-
porter au minimum 10 salariés.
(9) A ne remplir que si ces départs
son comptabilisés dans le total des (22) Distinguer les primes individuelles
départs. et les primes collectives.
(23) Prestataires de services, régies...
(10) Distinguer les différents systèmes
légaux et conventionnels de toute (24) Frais de personnel: ensemble des
nature. rémunérations et des cotisations
sociales mises légalement ou con-
(11) Utiliser les catégories de la no- ventionnellement à la charge de
menclature détaillée 11. l'entreprise.
20 - 305
(25) Le montant global de la réserve de «les travaux effectués sur des
participation est le montant de la postes de travail independents
réserve dégagée — ou de la provi- consistant en la conduite ou
sion constituée — au titre de la par- l'approvisionnement de machi-
ticipation sur les r é s u 11 a t s de nes à cycle automatique et à
l'exercice considéré. cadence préréglée en vue de
la réalisation d'opérations élé-
(26) La participation est envisagée ici mentaires et successives aux
au sens du titre IV do livre IV du différents postes de travail;
Code du Travail.
«les travaux effectués sur des
(27) Non compris les dirigeants. postes indépendants sans dis-
positif automatique d'avance-
(28) F a i r e référence aux «codes de ment des pièces où la cadence
classification des éléments maté- est imposée par le mode de
riels des accidents» (arrêté du 10 rémunération ou le t e m p s
Octobre 1974). alloué pour chaque opération
élémentaire».
(29) En application de l'article L. 498
du Code de la Sécurité Sociale. (37) Cette carte n'est à réaliser que par
les établissements qui ont une ré-
(30) Il est possible de remplacer cet ponse non nulle à l'indicateur pré-
indicateur par la somme des heu- cédent.
res travaillées durant l'année.
(31) Au sens des dispositions introduites (38) Article 70-3, d) du décret du 29 Dé-
dans le Code du Travail et le Code cembre 1945 modifié par le décret
Rural par la loi n.° 76-657 du du 10 Mai 1976: «sont considérés
16 Juillet 1976 instituant un repos comme travaux au four, les tra-
compensateur en matière d'heures vaux exposent de façon habituelle
supplémentaires de travail. et régulière à une forte chaleur
ambiante ou rayonnante résultant
(32) Au sens de l'article L. 212-4-1 du de l'utilisation d'un traitement ther-
Code du Travail. mique, d'un processus de cuisson,
de la transformation de produits en
(33) Au sens de l'article I. 212-4-2 du état de fusion, d'ignition ou d'in-
Code du Travail. candescence ou de la production
d'énergie thermique».
(34) Cet indicateur peut être calculé sur
la dernière période de référence. (39) Article 70-3, e) du décret du 29
Décembre 1949 modifié par le dé-
(35) Préciser, le cas échéant, les condi- cret du 10 Mai 1976: sont consi-
tions restrictives. dérée comme travaux exposant aux
intempéries sur les chantiers, les
(36) Article 70-3, c) du décret du 29 Dé- travaux soumis au régime d'inde-
cembre 1945 modifié par celui du mnisation d é f i n i s aux articles
10 Mai 1976: «sont c o n s i d é r é s L. 371-1 et suivants du Code de
comme travaux à la chaîne: Travail ainsi que les travaux effec-
tués de façon habituelle et régu-
«les travaux effectués dans une lière sur les chantiers souterrains
organisation comportant un dis- ou subaquatiques, ou en plein air sur
positif automatique d'avance- les constructions et ouvrages, les
ment à cadence constante des aires de stockage et de manuten-
pièces en cours de fabrication tion».
ou de montage en vue de la
réalisation d'opérations élé- (40) Renseignements t i r é s du raport
mentaires et successives aux annuel du m é d e c i n du travail
différents postes de travail; (arrêté du 10 Décembre 1971).
306 -
(41) Pour l'explication de ces expe- (46) On entend par réunion du per-
riences de l'article L. 437-1, ali- sonnel, les réunions régulières de
néa 2 du Code du Travail, donner concertation, concernant les rela-
le nombre de salariés concernés. tions et conditions de travail orga-
nisées par l'entreprise.
(42) Non compris l'évaluation des dé-
penses en matière d'hygiène et de (47) Préciser leur périodicité.
sécurité.
(48) Avec indication de la nature du
différent et, le cas échéant, de la
(43) Renseignements tirés du rapport solution qui y a mis fin.
annuel du médecin du travail (ar-
rêté du 10 Décembre 1971). (49) Dépenses consolidées de l'entre-
prise. La répartition est indiqués
(44) Conformément à la déclaration ici à titre d'exemple.
annuelle des employeurs n.° 2483
relative au financement de la for- (50) Versements directs ou par l'inter-
mation professionnelle continue. médiaire d'assurances.
(45) Au sens de l'article L. 451-1 du (51) Versements directs ou par l'inter-
Code du Travail. médiaire d'assurances.
- 307
(9) Trevor GAMBLING, Societal Accounting, George Allen & Unwin, 1974, p. 9.
(10) «Jornal de Notícias» 15/5/77.
(11) Pierre SUDREAU, La Reforme de l'Entreprise, Union Générale d'Éditions,
Paris, 1975, p. 53.
(12) Pierre SUDREAU, ob cit., p. 71.
(13) Serge BLIND,Biîan Social et Mesure du Rôle Social de l'Entreprise, Éditions
d'Organisation, Paris, 1977, p. 13.
(14) OCDE.Lisie des Préocupations Sociales, Paris, 1973, p. 10.
(15) AFCOD, Les ratios sociaux, Éditions d'Organization, Paris, 1978.
(16) Semanário «O Tempo» de 13/6/1979.
(17) Edmond MARQUES, Bilan Social, Dalloz, Paris, 1978, p. 34.
(18) AFCOD.Les ratios sociaux, Les Éditions d'Organization, Paris, 1978, p. 12.
(19) John HUMBLE, L'Audit Social, p. 22.
308 -
6
Comunicações da 5.a mesa
A Contabilidade e o Fisco
— 311
seguimento, concluem que a solução da tributação do ganho na
empresa societária (2) e depois nos sócios (quando distribuídos) não
é equitativa, face a outras situações em que não se tributa ou não
existe o ente intermediário «empresa societária» ( 3 ).
Claro que a essa ordem de ideias se podem opor argumentações
sob outras perspectivas, designadamente:
312 —
também no da política e técnica fiscais. Por isso, convirá apreciar
conjuntamente a tributação das empresas pela obtenção de lucros
e a dos participantes na empresa em relação aos rendimentos e valo-
rizações que lhe são atribuídos por via de dividendos, remunerações
de gerência e de trabalho, valorizações de posições (aumentos _de
capital por incorporação de reservas), ganhos na cessão de posições
f sociais ou nas liquidações das empresas, etc., etc.
No Sistema Fiscal Português, ponderada a existência da tribu-
tação sucessiva, procura-se minorar os seus efeitos. Assim, há
tributação menor — nos sócios — sobre as atribuições de dividendos
em relação às atribuições de juros a sócios. E, no caso de sociedades
de gestão de títulos próprios, há deduções específicas que visam
evitar ou atenuar as tributações derivadas de participações finan-
ceiras sucessivas.
Convém também notar que para o exercício de actividades ditas
económicas a forma de empresa impõe-se não só porque é a mais
exigente de actuações conjugadas, de coesão de esforços e de dotação
e reunião de capitais, como também é aquela em que o carácter
institucional mais se justifica. Nas actividades das empresas abun-
dam gastos plurienais sem: corporizações, trabalha-se frequentemente
com equipamentos de utilização plurienal, e a consolidação da clien-
tela, da experiência, do «know-how» ao longo dos anos assume muito
relevo (4).
Entende-se que seria vantajoso que os estudiosos da Fiscalidade
ponderassem as consequências, os prós e contras da anulação (5) da
fórmula tributária actual do imposto sobre os lucros ou a sua substi-
tuição por outra assente nos valores acrescentados, considerando o
atrás exposto e mais as razões que seguidamente se aduzem:
— A produção ou criação de utilidades atribuída à entidade
«empresa» depende da intervenção de diversos factores produtivos
actuando através dela, coordenada e conjuntamente. Pode isolar-se
a remuneração de certos factores produtivos que actuam na empresa,
tais como: a) capital integrado nos negócios quer por sócios ou
outros dotadores de capital próprio quer por estranhos (6); b) tra-
(4) Por isso se observa que caso se pretendam formular comparações entre
a tributação nos diversos países há que ponderar diferenciações existentes nas
formas de definição, apuramento e contabilização dos ganhos.
* (5) Essa anulação respeitaria apenas aos ganhos distribuídos que, como as
demais remunerações atribuídas a outros títulos, não teriam assim tributação
nas empresas.
(6) Na realidade, é viável atribuir (contabilisticamente ao menos) remune-
ração ao próprio capital social e lucros retidos da gestão passada e à direcção
do empresário, dando-lhe até relevo que tome em conta o maior risco e a natu-
reza dessas contribuições desde que haja para o efeito o que aqui se irá deno-
minar por resíduo (em vez de lucro). Admitindo-se que não haveria resíduo
- 313
balho de direcção e trabalho executivo comprado pela empresa e reali-
zado por sócios ou titulares do capital; c) cedências diversas de bens
instrumentais de terceiros para utilização, etc. Atribuídas todas,
algumas ou até outras remunerações diferentes das respeitantes ao
atrás mencionado, poderá subsistir (subsiste geralmente) um resí-
duo, resíduo esse que constitui o lucro ou o resultado (positivo ou
negativo).
Porém, cada vez mais se discute o que é o lucro, qual a sua
adequada composição, como fazer a sua partilha, a quem deve
pertencer a sua apropriação.
Ora, uma profunda e adequada apreciação da partilha do resíduo,
exigiria se abordasse o tema sob perspectivas várias: historicistas,
eticistas e filosóficas. Após isso, far-se-ia um exame económico-
-político do fenómeno do lucro, dentro da actual estrutura económica,
política e social, e, em seguida, talvez fosse possível apontar outras
soluções de partilha do lucro diferentes das actuais. E no «direito
fiscal positivo» haveriam de adoptar-se as soluções mais compatíveis
com tal evolução.
Com efeito, julga-se útil ver posta em causa — num plano teórico,
inicialmente — a ideia de que o lucro é um pressuposto a considerar
na actividade da empresa ou no objectivo desta. Embora se pro-
penda actualmente para concluir que o lucro é objectivo a atingir
pelas empresas, não pode deixar de acentuar-se que, noutro aspecto,
o lucro é realidade operacional, instrumento de medida, cifra conta-
bilística que surgirá, aposterioristicamente, no termo de cada período
de gestão, e a que importa dar destino.
Tem-se verificado que ao longo dos tempos acrescem encargos
das empresas que são verdadeiras amputações do lucro tradicional
como é o caso dos impostos sobre os lucros e das participações nos
lucros dos corpos gerentes ou quadros directivos e trabalhadores.
Fala-se assim: em «lucro-ante» e «lucro pós-impostos e participações».
Em futuro mais ou menos longínquo o lucro poderá sofrer ainda maior
redistribuição por vários factores produtivos, isto é, pelos interve-
nientes na vida e gestão da empresa. Considera-se viável, ao menos
no campo das ideias por agora, a restituição de parcelas de lucro
a mais entidades do que tradicionalmente e às quais se atribua a
314 -
formação ou a causa do lucro — pessoal da empresa, clientes, só-
cios ('), fornecedores, Estado (como comunidade prestadora de ser-
viços e representativa dos interesses gerais e sociais).
Certamente que a consideração de questões como as apontadas
conduziria a rediscussões sobre o lucro e sua tributação. Tudo isto
exige estudos que estão por efectuar o que é mais uma razão para
ventilar aqui o assunto. As acções hão-de ser precedidas por ideias,
geralmente contestáveis primeiro, abandonadas ou seguidas depois.
Enquanto esses estudos não forem efectuados de modo desenvol-
vido e sistemático é muito de admitir, considerando as suas várias
implicações, não se poder levar avante ideias como as acima des-
critas. Mas por muito que os aspectos ventilados possam consi-
derar-se revolucionários por alguns, o certo é que mais tarde ou
mais cedo o problema há-de ser posto e as comunidades que não
procurarem progredir e aperfeiçoar os métodos de obtenção e par-
tilha dos rendimentos terão, no conjunto dos seus cidadãos, menos
bem-estar e menos progresso económico-social e cultural.
Deve dizer-se que mesmo confinando a abordagem destas ques-
tões a uma perspectiva de política e de técnica fiscais, muitas van-
tagens se encontrariam na busca de uniformizações quer de conceitos
quer de técnicas e políticas tributárias.
Hoje em dia, face aos movimentos de integração económica inter-
nacional, as diferenciações tributárias ao nível internacional serão
fonte de perturbações e dificultarão a harmonia das soluções a nego-
ciar, quer em acordos internacionais especificadamente tributários
e bilaterais, quer em acordos mais amplos, de carácter económico e
social, englobando grupos de países.
Ora, a grandeza «lucro» é extremamente flexível e pode variar
em função de factores dos mais variados, entre os quais se podem
destacar os seguintes, de compilações extraídas de trabalhos nossos:
1) O próprio conceito de lucro (e a sua evolução, de acordo com
as correntes de pensamento económico e social); a natureza
cada vez mais residual que assume a grandeza lucro (8) ;
— 315
2) Variedade de noções e de significados económicos e conta-
bilísticos de lucro:
316 —
valias nominais e maiores valias reais, maiores valias
efectivas e maiores valias potenciais; problema das
reavaliações e as suas consequências nas determina-
ções posteriores de resultados:
— 317
modelos construídos que complicam as comparações
de preços de bens de equipamento diferentes;
— métodos de amortização: quotas constantes, crescen-
tes, descrescentes; contemplação do valor residual e
dos custos de derrube; amortizações aceleradas, cícli-
cas, variáveis, em função dos lucros; reflexos das
amortizações nos custos, na liquidez, no autofinan-
ciamento ;
— taxas de amortização: variáveis consoante a natureza
e qualidade do imobilizado, irregularidade ou cons-
tância da sua utilização, intensidade desta, tipo de
exploração, localização, conservação, obsolescência,
duração física, período de vida legal, usura econó-
mica, etc.;
9) Dificuldades peculiares do cálculo de custos nos casos de
produções conjuntas, complementares, por fases, em depar-
tamentos ou unidades fabris; os custos de inactividade;
cálculos de economicidade ou de eficiência dos diversos
sectores ou departamentos (compras, produção, vendas) ;
10) Os propósitos dos detentores do comando real da empresa
e as influências várias a que estão sujeitos ao fixarem níveis
de capital próprio, remunerações de factores produtivos;
escrituração ou não em Ganhos e Perdas dos juros do capital
próprio e igualmente de outros encargos financeiros:
— disparidades nas proporções de capital próprio e alheio
das empresas; existência de «prestações suplementa-
res»; empresas com suprimentos ao capital e empresas
com empréstimos de terceiros; diversidade de taxas
de juro; utilização de prédios e equipamentos próprios
ou tomados de arrendamento, aluguer ou em novos
regimes (leasing, renting) de utilização de bens de
terceiros; distinções resultantes de certos empresários
arbitrarem remunerações do seu trabalho, enquanto
outros são simplesmente remunerados por força dos
lucros ;
318 —
de colaboração entre os departamentos do Estado, as escolas, os
técnicos, os organismos profissionais e as associações de empresários,
poderá favorecer a formulação e concretização de mudanças estru-
turais e ambientais superadoras de dificuldades e anomalias exis-
tentes.
CONCLUINDO:
— 319
A Contabilidade e a Fraude Fiscal
Por Henrique Quintino Ferreira
1. OBJECTIVOS DA CONTABILIDADE
21 - 321
tuindo aumentos líquidos de riqueza, interessam em especial ao
Fisco para efeitos de tributação, obrigando as empresas, indivi-
duais ou colectivas, a contribuir na proporção do seu rendimento
para as despesas do Estado.
Em, relação a outros impostos sobre rendimentos do trabalho
e rendimentos de capitais, e a impostos indirectos que incidem
sobre a produção ou a venda, à Administração Fiscal interessa
recolher da contabilidade elementos que lhe permita controlar
os impostos daquele tipo que em alguns casos são calculados
pelas próprias empresas.
Pode dizer-se que uma contabilidade organizada de acordo
com os sãos princípios contabilísticos, permitindo calcular o rendi-
mento obtido pela empresa de forma correcta e registando, além
disso, outros fenómenos de natureza económica que servem de
base de incidência de vários impostos sobre o rendimento, sobre o
capital e sobre a despesa, é o instrumento fundamental de que
a Administração Fiscal se serve para atingir os seus objectivos
de uma tributação correcta e justa.
322 —
Pensamos que será conveniente apontar alguns tipos de frau-
des fiscais cometidas através da contabilidade, escolhendo os
que nos parecem mais significativos de entre u m a grande varie-
dade de casos que se conhecem.
Como é óbvio e atendendo ao título do trabalho, não trata-
remos aqui dos casos de falsificação ou viciação de escrita que
se destinam especialmente a prejudicar interesses de terceiros
com,» sócios ou accionistas, clientes, fornecedores, etc., não tendo
quaisquer consequências de natureza fiscal.
— 323
b2) Venda a preços fictícios para a sociedade-mãe
situada no estrangeiro, por vezes ao custo de
produção, não se recuperando, assim, os encargos
administrativos, financeiros e outros, de produtos
fabricados com matérias primas importadas da
mesma sociedade-mãe ou de suas associadas,
com o objectivo de não explicitar resultados posi-
tivos sujeitos a impostos. A entrada de divisas
no país decresce por função deste sistema.
324 —
d2) Empresas isentas temporariamente — Trata-se
dos casos em que o regime fiscal mais favorável
termina em determinada data. Há tendência
para contabilizar vendas efectuadas fora do pe-
ríodo da isenção dentro do período da isenção
para reduzir fraudulentamente os impostos ou
transferir compras do período da isenção para
fora dele, com os mesmos objectivos.
- 325
de resultados, mas ereditando-se apenas o valor
de venda a crédito do activo imobilizado, com a
intenção de não pagar imposto de mais-valias.
326 —
Em Portugal não se tem dedicado a devida atenção a este
problema, embora depois de 1974 se tenham feito alguns esforços
nesse sentido. A nossa fiscalização tributária terá de ser objecto
de uma vasta reestruturação que tem vindo a ser elaborada há
cerca de quatro anos, e que terá objectivamente de atender a
vários pontos essenciais, em especial na parte que se relaciona
com a contabilidade:
— 327
esperada normalização de que uma das vantagens seria reduzir
o número de fraudes fiscais. Bastará dizer que os autores não
são unânimes nas explicações dadas sobre o plano, por haver
interpretações subjectivas derivadas da falta de clareza de deter-
minadas partes do plano e até da omissão de certos conceitos
e esquemas fundamentais, tudo isto agravado pela demora em
constituir a Comissão de Normalização Contabilística já criada
pelo Decreto-Lei 47/77, de 7 de Fevereiro,
328 —
A Fiscalidade no «Plano Oficial
de Contabilidade»
Por M. H. de Freitas Pereira
— 329
presarial denunciar situações objecto de tributação (v. g. a distri-
buição de um lucro, a alienação de um bem do imobilizado). No
entanto, essa denúncia não é neutra pois o próprio tratamento con-
tabilístico de uma situação objecto de tributação pode influenciar a
qualificação da mesma para efeitos fiscais ou o momento em que é
devido o imposto.
Em segundo lugar, a contabilidade é importante para apoiar o
cumprimento de obrigações acessórias por parte das empresas (v. g.
as declarações anuais de pagamento de honorários ou de comissões
a intermediários). Ela serve mesmo como meio de controle da exac-
tidão dessas declarações.
Contudo, o aspecto em que a contabilidade assume maior rele-
vância fiscal é o da tributação do lucro real evidenciado pela conta-
bilidade (sistema actualmente em vigor, entre nós, para os contri-
buintes do grupo A da contribuição industrial). Nele o resultado a
considerar para efeitos fiscais é deduzido do resultado evidenciado
pela contabilidade, o que tem vantagens quer para o fisco quer para
os contribuintes pois:
330 —
2. DIVERGÊNCIAS ENTRE CONTABILIDADE E FISCALIDADE
Resultado contabilístico'
I correcções de acordo com os arts. 23.° a 40.° do Código
] da Contribuição Industrial
Resultado fiscal
para justificar o resultado declarado, este só pode ser rectificado pela Admi-
nistração Fiscal através do chamado «processo contraditório» fixado nos ar-
tigos 1649-5A e 1649-7 a 1649-7B do «Code General des Impôts».
— 331
lização e constituem um benefício fiscal dado às empresas (2)- Ora,
como para serem aceites como custos do exercício é necessário que
as reintegrações estejam contabilizadas como tais (vide, entre nós,
artigo 32.° do Código da Contribuição Industrial) o aproveitamento
pelas empresas daquele benefício conduz a que se registem como
custos reintegrações superiores às que correspondem ao depereci-
mento verificado nos respectivos bens. Daí que quer o balanço quer
a conta de resultados não traduzem com exactidão a realidade ( 3 ).
Outra divergência de grandes consequências diz respeito ao cál-
culo das provisões admissíveis fiscalmente. Nesta matéria, o fisco
ao obrigar as empresas à contabilização como custos das provisões
como condição prévia para a sua aceitação para efeitos fiscais (e não
podia proceder de outro modo):
332 —
ciplinam a sua constituição. Por sua vez, o «Plano Oficial de Con-
tabilidade» prescreve (2.3.8 de XII — Valorimetria) que a «diferença
entre o custo de aquisição (ou de produção) e o preço de mercado
deve ser expresso através da provisão para depreciação de exis-
tências» (quando o primeiro daqueles valores for superior ao se-
gundo), que é, assim, a norma contabilística a que deve obedecer
a constituição desta provisão. Como é fácil de concluir existe aqui
entre fiscalidade e contabilidade uma divergência que pode assumir
— e, em geral, assume —um grande significado em termos de valor.
Ora, às empresas, numa época de inflação como a presente, não é
difícil escolher entre seguir a regra contabilística e não aproveitar
plenamente da dedução fiscal que a lei lhe permite ou vice-versa.
A divergência que tem motivações históricas face ao desenvolvi-
mento da contabilidade à data da publicação do Código da Contri-
buição Industrial já não tem, em nossa opinião, razão para continuar
a existir.
- 333
de resultados. Só deste modo, se separarão as divergências que
têm razão de existir das que devem ser pura e simplesmente eli-
minadas.
(6) Não é por acaso que, em alguns países, a administração fiscal tem. im-
pulsionado a normalização contabilística.
Em Portugal, o «Anteprojecto do Plano Geral de Contabilidade» publicado
pela Direcção-Geral das Contribuições e Impostos é um ponto de referência indis-
pensável para quem queira estudar a normalização contabilística e chegou a ter
larga, implantação nas empresas.
334 —
— o conteúdo dos registos a examinar no controle externo se
apresente de uma maneira organizada, de acordo com prin-
cípios gerais pré-estabelecidos.
Qualquer um destes objectivos só tem concretização viável através
da normalização.
Por outro lado, a própria adopção de métodos menos aleatórios
de selecção dos contribuintes a fiscalizar só é verdadeiramente pos-
sível quando a normalização permitir que o cálculo de indicadores
económico-financeiros se possa fazer com um mínimo de probabili-
dades de serem representativos.
3.3. Convém, contudo, sublinhar que o interesse para a fisca-
lidade dos princípios, estrutura e desenvolvimento da normalização
contabilística não é sentido apenas pela administração fiscal. Para
as empresas é também muito importante que a normalização res-
ponda às suas necessidades de informação para com o fisco, de
modo a, sempre que possível, evitar registos extra-contabilísticos
organizados com essa finalidade ou a não aceitação da sua conta-
bilidade para efeitos fiscais.
Um plano de contabilidade tem, deste modo, de ter bem pre-
sente as informações que 0 fisco pede às empresas assim como toda
a disciplina fiscal em vigor quanto aos impostos em que a contabili-
dade é instrumento de medida da realidade a tributar.
Mas, o fisco é apenas um dos destinatários da normalização,
muito embora tenha de se reconhecer que continua a ser visualizado
por grande parte das empresas como o elemento mais importante.
Este facto objectivo, sobre o qual se podem pronunciar juízos de
valor que, contudo, em nada alteram a realidade, faz com que a
normalização contabilística tenha de ter bem presente a fiscalidade
sem, no entanto, a privilegiar em tal grau que transforme a norma-
lização em mero objectivo fiscal. Por outro lado, a administração
fiscal tem. de se ajustar à normalização contabilística, fazendo seus
todos os princípios que esta defina e que não haja razão específica
para não acolher fiscalmente.
— 335
Interessa, por isso, saber qual a influência dos aspectos fiscais
no POC e as matérias em que se manifestam divergências ou insu-
ficiências do POC relativamente à fiscalidade.
Por outro- lado, um plano de contas terá forçosamente de fazer
sentir os seus efeitos no domínio tributário, importando inventariar
algumas das consequências que, a esse respeito, dele importa tirar.
O estudo destas interdependências pode perspectivar-se a dois
níveis :
336 —
Este critério de índole fiscal de classificação das empresas para
efeitos de aplicação do POC é agravado pelo facto de, actualmente,
serem factores de índole predominantemente jurídica os determi-
nantes para que uma empresa seja classificada no grupo A ou no
grupo B. Ë que na actual classificação faltam indicadores econó-
micos como os de volume de vendas ou de serviços prestados ou de
activo bruto qUe melhor distribuiriam os contribuintes pelos dois
grupos (9).
Por outro lado, esta classificação fiscal usada pelo POC não
tem, no actual quadro legal, qualquer consequência n 0 domínio dos
mapas contabilísticos a juntar pelas empresas às suas declarações
tributárias (10). Assim:
(9) Vide a este propósito ois arts. 11.° e 27.° da IV Directiva das Comuni-
dades Europeias sobre contas anuais (Journal officiel des Communautés euro-
péennes, de 14/8/7», N.° L222), onde se permite que as sociedades que não ultra-
passem determinados indicadores quantitativos possam elaborar balanços sinté-
ticos e reagrupar certas rubricas da conta de lucros e perdas.
(10) Isto mesmo já foi reconhecido oficialmente no ofício-circular C-3/78,
de 19 de Maio de 1978, da D. G. C. L, onde se encontra sancionado o entendi-
mento de que os documentos mencionados nas alíneas a) e b) do art. 2.° do
Decreto-Lei n.° 47/77, de 7 de Fevereiro, não têm que ser juntos às declarações
mod./2 e mod./3 da contribuição industrial, adiantando-se que as peças referidas
no referido art. 2.° são de «elaboração obrigatória para as empresas nele men-
cionadas mas unicamente para serem conservadas e exibidas quando legalmente
exigidas».
22 — 337
Há, portanto, que fazer os ajustamentos convenientes para sin-
tonizar a terminologia fiscal de natureza contabilística comi a adop-
tada pela normalização. Mas, mesmo aqui, esses ajustamentos neces-
sitam de ser feitos com um, certo espírito crítico. Exemplifiquemos
com- o caso das expressões abaixo indicadas usadas nos seguintes
códigos tributários :
338
provisão para letras descontadas e na menção nas
notas explicativas que as contas devem ser «subdi-
vididas de forma a evidenciarem as provisões ao
abrigo de legislação especial (caso do Decreto-Lei
n.° 503-C/76, de 30 de Junho)».
Por outro lado, recomenda-se expressamente o
método indirecto de contabilização face às «necessi-
dades de apresentação de contas ao fisco».
— 339
da utilização das reservas reinvestidas, condição indis-
pensável para se atingir objectivo subjacente ao bene-
fício concedido — investimento com base em auto-
-financiamento.
IMPOSTO PROFISSIONAL
IMPOSTO DE MAIS-VALIAS
— 341
subcontas 8285 e 8295) está em convergência com o
tratamento fiscal específico das mesmas (ainda que,
como é sabido, as mais-valias e menos-valias conta-
bilísticas não coincidam com as mais-valias e menos-
-valias fiscais).
A própria disciplina contabilística da alienação de
imobilizações (subconta 822), ainda que com deter-
minantes autónomas, não pode deixar de referir-se
como importante neste contexto.
Existe, contudo, uma não convergência no facto
de se ter reduzido as mais-valias e as menos-valias às
imobilizações corpóreas e incorpóreas e, para efeitos
fiscais, também poder haver mais-valias e menos-
valias na alienação de imobilizações financeiras (o
§ 5.° do art. 1.° do Código de Imposto de Mais-Valias
só afasta do regime geral quanto à transmissão one-
rosa de elementos do activo imobilizado as acções ou
outras participações sociais).
(12) Assimi se resolve por via legal um problema que já tinha merecido
resolução administrativa no sentido de esclarecer que a conta referida no art. 74.°
do Código de Imposto de Transacções podia ser de qualquer grau, não tendo que
ser necessariamente do 1.° grau como alguns entendiam (Ciência e Técnica
Fiscal, n.os 214/216, Out. Dez./979, pág. 191 e segs.).
342 —
Por outro lado, cria-se um tipo específico de imobilizações — os
chamados «custos plurienais», que em termos de Portaria n.° 21 867,
correspondem, em geral, a activo incorpóreo.
- 343
Por outro lado, quanto à constituição das provisões para depre-
ciação de existências, a lei fiscal estabelece o critério das taxas e
limites (§ 1.° do citado art. 33) enquanto o POC estipula a sua
constituição pela diferença entre preço de aquisição (ou de produção)
e preço de mercado, quando este for menor que aquele (13).
A. Regularização de existências
Não existe nos quadros 15 e 16 da declaração lugar
para a tomada em consideração desta conta do POC,
pelo que, por um lado, o total da coluna de custos do
quadro 15 pode não coincidir com o «custo das exis-
tências, vendidas e consumidas» e, por outro, o total
da «variação das existências da produção» (quadro 16)
pode não coincidir com a rubrica correspondente da
«demonstração de resultados líquidos» do POC.
Para adequação do POC com a declaração m/2
torna-se necessário seguir, conforme os casos, uma das
vias seguintes:
344 —
sejam considerados em «outros proveitos ou
ganhos» (linha 13) nem em «outros custos ou
perdas» (linha 25) os valores contabilizados
em contrapartida da movimentação da conta de
«Regularização de existências»;
— ou registar nas rubricas aludidas (linhas 5 e 15
do quadro 12) os valores que resultam das rubri-
cas semelhantes da «Demonstração de resulta-
dos líquidos» do POC, explicando a razão por
que não coincidem com os valores determinados
nos quadros 15 e 16 da declaração m/2 (alterna-
tiva que só deve ser usada para quebras anor-
mais, v. g., por virtude de incêndio).
— 345
tabilística a exercícios anteriores de determinados
ganhos e perdas pode ter consequências desfavoráveis
para as empresas.
(14) Sobre o assunto, veja-se, por todos, ANTÓNIO BRAZ TEIXEIRA, Ques-
tões de Direito Fiscal, Cadernos de Ciência e Técnica Fiscal, n.° 90, Lisboa, 1969,
pág. 34.
(15) Veja-se para Portugal o conteúdo do art. 6.°-A do Decreto-Lei n.° 126/77,
de 2 de Abril, introduzido pelo Decreto-Lei n.° 280/78, de 8 de Setembro.
346 —
Pelo que respeita aos «subsídios de equipamento» também nada
se diz no POC quanto à disciplina da sua contabilização. No entanto,
como aqueles subsídios são «concedidos à empresa para aquisição
ou construção de elementos do activo imobilizado» e estes são regis-
tados no activo pelo seu valor de aquisição (base para o cálculo das
respectivas reintegrações) a Administração Fiscal resolveu, face ao
silêncio do POC, que os subsídios de equipamento devem ser levados
progressivamente a resultados à medida que se efectuam as res-
pectivas reintegrações e num montante proporcional a estas (16).
Também pelo que toca ao tratamento dos encargos financeiros
suportados com a aquisição do imobilizado, o POC não contém qual-
quer orientação. Como o assunto não pode ser deixado ao livre
arbítrio das empresas, a Administração Fiscal entendeu que os refe-
ridos encargos não devam acrescer ao valor do imobilizado, distin-
guindo-se :
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
— 347
Algumas Implicações Fiscais do Plano
Oficial de Contabilidade
Por J. F. Lemos Pereira
- 349
1,2. O conceito de «suprimento»
350 —
1.4. Facilmente se infere do atrás exposto que:
1.° — O suprimento é sempre um empréstimo dum sócio;
Um empréstimo dum sócio nem sempre é um supri-
mento.
- 351
zado (421, 423, 425), pois só assim estas contas passarão a
exprimir a sua verdadeira e real extensão e o balanço poderá
exprimir sinceramente a situação das diversas classes de
valores que o integram.
Ninguém contestará, por certo, a afirmação de que, se
uma viatura com o valor contabilístico actual (líquido de
amortização) de 100 contos sofre reparações cujo custeio se
cifra em, 700 contos, o seu valor contabilístico passará a ser
de 800 000$00. Assim sendo, a relevação da alteração patri-
monial decorrente da reparação só estará correcta, se a
conta 425 — «Material de carga e transporte» passar a
registá-la.
Por outro lado, só assim se poderá harmonizar a conta-
bilidade com, as exigências fiscais decorrentes do n.° 6.° da
Portaria 21867, norma que impõe — e muito bem — que as
grandes reparações deverão ser amortizadas a taxas decor-
rentes do número de anos de utilidade esperada (e não à
taxa máxima de 33,33 %, como o mesmo diploma legal deter-
mina em relação aos «gastos plurienais»). Acresce que não
poderá desligar-se o valor do elemento imobilizado das
grandes reparações por ele sofridas, na medida em que
estas terão de ser levadas em conta no cálculo da mais ou
menos-valia, no caso de vir a verificar-se a sua transmissão
a título oneroso.
23 — 353
Neste ponto estamos inteiramente concordantes com o P. O. C,
pois que as notas explicativas desta conta se coadunam perfeita-
mente com os «sãos princípios da contabilidade», dos quais faz
parte o chamado «princípio da especialização dos exercícios»,
largamente preconizado pelo legislador do Código da Contribui-
ção Industrial (vide os seus artigos 22.° e 26.°).
Parece, pois, à primeira vista, existir uma certa coordenação,
nesta matéria, entre o P. O. C. e a lei fiscal. Tal coordenação,
porém é mais aparente que real, como vamos ver.
Se no decurso do exercício de 1978 aparece um custo — admi-
tamos respeitante a direitos alfandegários por matéria-prima
importada e consumida em 1977 — que só foi conhecido e conta-
bilizado naquele outro exercício, é fora de dúvida que, seguindo
a ortodoxia do Plano, ele deve ser classificado como «perda impu-
tável a exercício anterior» e, como tal, não poderá ser conside-
rado fiscalmente custo do exercício em que foi contabilizado —
1978, antes deverá sê-lo em relação ao exercício a que é impu-
tável —1977.
Deveria, pois, fazer-se uma correcção à matéria colectável do
exercício de 1977, do que resultaria uma anulação oficiosa. Sim-
plesmente a isso. se opõe o artigo 139.° do Código e seu § 1.°, normas
que taxativamente enumeram os dois casos em- que tal anulação
oficiosa pode ser efectuada:
a) Quando, por motivos imputáveis aos serviços, tenha sido
liquidada importância superior à devida;
b) Quando, em exame à escrita do contribuinte, se verifique
que a contribuição devida é inferior à que foi liquidada.
Como, no caso em, apreço, a contabilização do custo no exer-
cício seguinte àquele a que respeitaria não é, de forma alguma,
imputável aos serviços (da Administração Fiscal), terá o contri-
buinte de aguardar passivamente que lhe seja feito exame à sua
escrita e, se não tiverem decorrido cinco anos sobre a abertura
dos cofres para a respectiva cobrança, ou sobre o pagamento
eventual, poderá então efectuar-se a competente anulação ofi-
ciosa. Note-se que o risco da não anulação oficiosa é devido
somente ao facto de, na prática, não ser dado cumprimento ao
estatuído no art. 114.°: «as escritas dos contribuintes do grupo A
serão examinadas pelo menos uma vez em cada quinquénio».
Do que acaba de referir-se facilmente se infere que, não
existindo um, sincronismo perfeito entre as regras contabilísticas
enunciadas no P. O. C. e a execução das normas fiscais que possi-
bilitem, introduzir as necessárias correcções ao resultado conta-
bilístico com, vista a uma correcta determinação da matéria
colectável, poderão da aplicação cega do Plano resultar, na prá-
tica, prejuízos irreparáveis para o contribuinte.
354 —
Acerca de Provisões e o Fisco
- 355
O assunto pareceria assim definitivamente arrumado, se a recente
publicação do Plano Oficial de Contabilidade não viesse levantar
novo problema.
Efectivamente, entre as contas do n.° 2 do Quadro de Contas,
figura com o n.° 28 a de PROVISÕES PARA IMPOSTOS SOBRE
LUCROS, cuja l.a subconta com o n.° 281, se intitula Para contribui-
ção industrial, e a 2.a com o n.° 282 Para imposto complementar.
Aparentemente afigura-se aos técnicos providência cautelar, perfei-
tamente aceitável.
Confrontando, porém, tal disposição incluída no POC com o dis-
posto no Código- da Contribuição Industrial, verifica-se estar ela em
desacordo com; o mesmo código, que, no seu art. 37.° b), declara não
se considerarem custos ou perdas do exercício «A contribuição indus-
trial e o imposto complementar», o que é reforçado pelo n.° 6.° do
art. 26.°, que enumera os casos em que a Administração Fiscal aceita
provisões: «Encargos fiscais e parafiscais a que estiver sujeito
o contribuinte, sem prejuízo do disposto no artigo 37.°». (O sublinhado
é nosso). Já em livro publicado posteriormente, o Dr. Rogério Fer-
nandes Ferreira, com a autoridade que todos lhe reconhecemos,
escreve que a pretensão de o legislador «abarcar por uma norma
taxativa as provisões a tomar como custos considera-se procedimento
menos conveniente na medida em que não se antolha fácil prever todos
os casos que, merecendo contabilisticamente o referido tratamento,
estão de acordo com. regras tradicionais da contabilidade». (A Tribu-
tação do Lucro Real. Lisboa. 1965. Pág. 147).
Em, face da divergência apontada entre o que rezam, os dois
diplomas legais, surgir ami novas dúvidas, ainda não esclarecidas até
hoje pela Administração Fiscal. Não nos referimos já à doutrina
expressa no art. 37.° b) do código, por isso se afastar do nosso
objectivo nesta comunicação. Acentuemos de passagem que ela muito
nos surpreendeu quando da publicação do código, por não ter sido até
hoje apresentado um único protesto contra o disposto nesse artigo
pelo que ele representa de insólito do ponto de vista económico-
-contabilístico.
Presentemente, e porque a grande maioria das empresas do
grupo A, compreendidas no art. 5.° n.° 2 do Decreto-Lei que aprovou
o POC, terão de apresentar dentro em breves meses o balanço e a
demonstração de resultados líquidos relativos ao exercício em curso,
parece-nos de boa doutrina solicitar da Direcção-Geral das Contri-
buições e Impostos o esclarecimento definitivo' da dúvida que per-
siste: a incompatibilidade de seguir o disposto no art. 37.° b) do
Código da Contribuição Industrial ou o que se encontra no POC, que
aceita a criação das provisões indicadas.
Efectivamente, como se resolveria o dilema na hipótese de uma
ou mais empresas apresentarem as demonstrações de resultados
líquidos com deduções de verbas imputadas a Provisões para impos-
356 -
tos sobre lucros e a Direcção-Geral aplicasse a doutrina do art. 37.° b)
do código, imputando essas provisões aos resultados positivos apre-
sentados pela demonstração?
É isto que cabe à Administração Fiscal naturalmente resolver,
decidindo qual o critério por que de futuro terá de se optar. Tra-
tando-se de disposições legais contraditórias, impõe-se uma disci-
plina, revogando-se uma delas para se evitarem injustiças futuras,
já que as passadas não têm, remédio.
Pela nossa parte, e considerando por um lado o que impõem os
princípios da Contabilidade, e, pelo outro lado, o que a própria
razão aconselha, somos de parecer que terá de ser a citada alínea b)
do art. 37.° do Código da Contribuição Industrial que deverá revo-
gar-se por injusta, atendendo ao que de estranho e até antilógico
representa a sua doutrina. Nas suas linhas gerais ficou acima
exposto o nosso ponto de vista a tal respeito: ir mais longe ultra-
passaria muito o âmbito dos intuitos desta simples comunicação, como
já deixamos dito.
- 357
A Prestação de Contas em Contribuição
Industrial e o Plano Oficial
de Contabilidade
Por José J. Afonso Diz
1. INTRODUÇÃO
— 359
finais, conforme o grupo a que as empresas pertençam e
estipulando, desde logo, um início da obrigatoriedade da apli-
cação do Plano para as empresas do grupo A.
O Código da Contribuição Industrial (CCI) não faz qual-
quer referência explícita ao Plano, mesmo considerando a
legislação mais recente, nomeadamente a Lei n.° 56/77, de
4 de Agosto e, sobretudo, o Decreto-Lei n.° 137/78, de 12 de
Junho.
Sou de opinião de que ainda não teríamos Plano Oficial
se não fossem as exigências fiscais, em especial as consi-
gnadas no C. C. Industrial para os contribuintes do grupo A
(arts. 22.° a 54.°).
Na verdade, o C. C. Industrial há 15 anos que estabelece
a contabilidade regularmente organizada para as empresas
que classificou no grupo A (art. 7.°) e convida (art. 9.°) ou
obriga (art. 10.°) outras a pertencer a esse grupo.
Aliás, o espírito do legislador ao tornar exclusivos do
grupo A os benefícios dos arts. 42.°, 43.°, 44.° e 89.° é tornar
esse grupo mais atractivo para as empresas em geral, dentro
da preocupação de alargamento do âmbito da tributação
pelos lucros efectivos.
Assim sendo, não há motivo para o total divórcio entre
o Código da Contribuição Industrial e o Plano Oficial, di-
vórcio que não se compreende, tanto mais que o Estado é
o mesmo (diria mais: o Ministério das Finanças é o mesmo)
e as empresas a que se dirigem são as mesmas, isto é, abu-
sando da terminologia jurídica, o sujeito activo e o sujeito
passivo são coincidentes.
Essa total indiferença entre o C. C. Industrial e o POC
recebeu consagração administrativa através do ofício C-3/78
da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, de 19 de
Maio, segundo o qual os mapas de elaboração obrigatória
conforme o Decreto-Lei n.° 47/77 citado nada têm a ver com
a prestação de contas para efeitos fiscais nos termos dos
arts. 46.° e 47.°.
360 —
perfeita consonância de opiniões, quer sobre o al-
cance, quer sobre a consistência de tais princípios O .
E isto apesar dos formidáveis esforços com que
nos países ocidentais mais avançados sobretudo na
Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos se procura
definir os «princípios de uma ordenada contabilidade»
ou «princípios geralmente aceites de contabilidade».
Em verdade, a evolução do conceito de «sãos prin-
cípios contabilísticos» tem sido notável: primeiro, na
época liberal, foram identificados como a opinião e
prática dos comerciantes honestos. Mas como «quod
volumus facile credimus», ou, por outras palavras,
ninguém é bom juiz em causa própria, esta concepção
deu lugar à «do interesse predominante». Daqui até
ao «consensus omnium» ou consenso geral foi um
passo.
Claro que é inatingível e os americanos ficaram-se
pelos «generally accepted accounting principles».
Seja como for, explicitamente o POC adoptou
6 princípios. No entanto outros se encontram ali
implicitamente: o da clareza — as verbas devem ser
redigidas claramente de forma tal que uma pessoa
possa entendê-las — o da verdade ou da veracidade e
da integralidade (o «full disclosure» dos americanos)
o qual obriga a:
— inventariar todos os bens patrimoniais, na me-
dida em que seja tecnicamente possível;
— incluir no balanço todas as contas com um
saldo ;
— avaliar completamente todas as informações
internas e externas sobre os bens que cons-
tituem as contas anuais;
— inventariar todos os riscos efectivamente pre-
vistos ;
— evidenciar todas as verbas sem qualquer com-
pensação.
a) o da continuidade da empresa;
b) o da consistência dos exercícios;
c) o da efectivação das operações;
— 361
d) o do custo histórico;
e) o da recuperação do custo das existências;
f) o do conservantismo.
Porém a Administração Fiscal não os aceita todos,
especialmente estes dois últimos. Diz o POC (capí-
tulo XII, ponto 2.2.) que os créditos e os débitos cal-
culam-se em função do câmbio do dia quanto a cada
operação. Na altura do balanço, verificando-se uma
perda estimada, tendo em consideração o câmbio à
data do balanço, pode-se constituir uma provisão para
o facto; se houver ganho estimado, mantém-se o valor
já registado (em obediência ao princípio do conser-
vantismo) .
Simplesmente a Administração Fiscal não aceita
a provisão para flutuação de câmbios por não estar
prevista no art. 33.° do C. C. Industrial.
Diz ainda o POC que as imobilizações financeiras
devem ser registadas ao custo de aquisição; para
efeitos de balanço, quando se verifiquem perdas po-
tenciais, pode-se constituir provisão por esse motivo;
no caso de ganhos potenciais, mantêm-se os custos
de aquisição.
Todavia aquela provisão não é aceite para efeitos
da contribuição industrial como custo, também porque
não está contemplada no art. 33.°.
Outros exemplos podem ser dados para demonstrar
que o princípio do conservantismo não se coaduna
com as exigências fiscais. É o caso da provisão para
subsídio de férias que não é aceitável como custo do
exercício da sua constituição, pois os correspondentes
encargos só são admitidos como custos de cada exer-
cício em que o respectivo direito efectivamente se
vence.
Não é aqui o lugar para se dissertar se esta pre-
visão é ou não de ser aceite como custo de contribuição
industrial ( 2 ). Aqui interessa apenas fazer notar que
ela é razoável em termos de POC e não aceite em
termos de C. C. Industrial ( 3 ).
(2) Sobre este assunto ver a publicação «Ciência e técnica fiscal», Boletim
da DGCI, n.os 226/228, págs. 353 e seguintes.
(3) Outros exemplos podem ser apontados, nomeadamente a provisão para
pagamento de pensões de reforma, provisões relativas a garantias sobre artigos
vendidos, provisões para pagamento diferido de impostos considerados fiscal-
mente certos, etc. vd. Rogério Fernandes Ferreira em «Suprimentos Amortiza-
ções Provisões e Mais-valias» págs. 71 e seguintes. Cadernos de Ciências e
Técnica Fiscal, Lisboa 1964.
362 —
Mas o exemplo mais notável dessa dicotomia de
tratamento passa-se com a valorimetria das existên-
cias. Deixemos de lado a exigência, compreensível
aliás, do § único do art. 38.° quanto a custos padrões
e vejamos o que expressamente se diz no Cap. XII
do Plano sobre o assunto:
E mais adiante:
«...Para a valorização ao critério de custo ou
preço de mercado, entende-se este como o custo
de reposição, ou seja aquele que a empresa teria
de suportar para substituir as existências, nas
mesmas condições, qualidade, quantidade e locais
de aquisição.»
- 363
Portanto, para a Administração Fiscal aceitar pre-
ços de reposição ou de venda exige-se que sejam cons-
tantes de elementos oficiais ou de outros considerados
idóneos (ainda hoje não foram definidos quais).
Para o Plano Oficial o custo ou preço de mercado
é, como vimos, indiferente ao aspecto formal da inter-
venção da Administração para a oficialização ou para
a classificação de «idóneo».
- 365
Uma questão que poderá levantar-se é se o mé-
todo das quotas constantes é o ideal em termos de
ecnomia de empresa, quer dizer, se é aquele que
melhor faz corresponder os valores registados como
amortização aos do efectivo deperecimento dos bens.
Esta questão torna-se ainda mais relevante se se
considerarem as medidas que permitem amortizações
acelaradas como incentivos fiscais ao investimento e
exportação (caso da Lei n.° 2 134, de 20 de Dezem-
bro de 1967, da Lei n.° 3/72 de 27 de Maio, que foi
regulamentada pelo Decreto-Lei n.° 74/74, de 28 de
Fevereiro da Lei n.° 36/77, de 17 de Junho, e da
Lei n.° 42/77, de 18 de Junho).
Na verdade, ao pe:mitirem-se as amortizações
aceleradas, tem-se em vista não tanto o desgaste
efectivo dos bens do imobilizado quanto a redução
da matéria colectável da generalidade dos impostos
sobre lucros.
Seja como for, a empresa é livre de aproveitar
esse benefício e quanto às quotas restantes, pode
pedir à DGCI autorização para usufruir de outro mé-
todo nos termos do art. 31.° do CCI.
- 367
3. RESUMO E CONCLUSÕES
368 —
7
Comunicações da 6.a Mesa
A Contabilidade e a Informática
24
Soluções de Informática à Medida
de cada Empresa
Por Araújo & Sobrinho, Sucrs.
CONTABILIDADE
ANÁLISE ORGÂNICA
— 371
Esta ficha será lida no início de cada dia para imprimir ao Diário
de Contabilidade os valores já movimentados e no final para nela se
descarregarem os valores desse dia (débitos e créditos).
No fim do mês, quando se executarem os balancetes, esta ficha
servirá de controlo, visto que os valores mensais (débito e crédito)
dos balancetes de Integração e Razão (anexo 5) terem de ser iguais
aos valores desta ficha.
Interpretando o código de C. Custo indicado nas fichas de Razão
Movimento poder-se-ão desdobrar os lançamentos por C. Custos (48).
No fim do mês, por simples listagem, teremos os valores a imputar
a cada centro (anexo 7).
Interpretando o código de Extractos nas C/C de Clientes obter-
-se-á um Resumo de todos os lançamentos efectuados durante o mês
(Cód. = 2) ou só das Facturas e N/Crédito (Cód. = 1).
Também através das C/C de Clientes poder-se-á obter um balan-
cete que nos indicará o valor das vendas, o custo dessas vendas e o
respectivo Lucro Bruto. Como estes elementos são obtidos através
da Facturação o anexo deste balancete figurará nesse Comp.
Por simples listagem das C/C poderemos obter um Balancete
Financeiro (anexo 6) que nos indicará as idades de saldos.
Os detalhes e funcionamento dos programas virão descritos na
«Análise Funcional» que se segue.
CONTABILIDADE
ANÁLISE FUNCIONAL
I —ABERTURA DE FICHAS DE CONTABILIDADE
Cada conta terá uma ficha (anexo 2) onde serão registados todos
os elementos necessários à sua movimentação.
Para a abertura destas fichas teremos de:
1 — Introduzir uma ficha virgem.
2 — De acordo com o desenho da ficha e do quadro de memórias
fazer a introdução, inscrição e memorização dos seguintes
elementos :
a) Nome (máximo 38 letras ou espaços)
b) N.° da conta (máximo 9 inteiros)
c) N.° da sequência (máximo 9 inteiros)
NOTA: A sequência é o n.° da conta que se segue no ba-
lancete de integração.
372 -
d) Código de C. Custo (máximo 1 inteiro)
Cada C/C terá uma ficha onde serão registados os valores neces-
sários à sua movimentação. Como as C/C Clientes (anexo 3) são
diferentes das outras teremos de por decisão de tecla indicar qual
o tipo de fichas que vamos abrir.
— 373
Senão:
374
4 — Gravar em tarja o mês (para controlo durante o movimento)
e expulsar a ficha com gravação.
IV — ALTERAÇÕES AS FICHAS
V — MOVIMENTO DE CONTABILIDADE
- 375
1 — Dar possibilidade de acertar o diário que funciona no leporello
de cima (vermelho) e totalmente encostado à direita.
2 — Fazer o encabeçamento do diário (anexo 4).
P a r a isso introduzir a ficha de RESUMO MENSAL DE CON-
TABILIDADE (anexo 1) que será lida e expulsa.
Imprimir :
— Data
— Diário de Contabilidade N.° (Começa por 1 no início do
mês e depois é sequencial). Este n.° está gravado na
ficha de Resumo Mensal.
— N.° Folha (começa por 1 no início do dia e depois é sequen-
cial).
— Imprimir os valores anteriores (Débito e Crédito) que estão
gravados na ficha Mensal.
-Introduzir o Resumo Prévio (a débito e a crédito). Este
Resumo servirá para controlo na totalização.
NOTA:
3 — Movimento
NOTA:
376 -
3 — Por decisão de tecla dar possibilidade de poder
movimentar uma ficha já transportada e de
poder provocar o transporte em qualquer
altura.
NOTA:
1 — Controlar que a data não seja inferior à do
processamento.
- 377
2 — No caso do mês do processamento não coincidir
com o que está gravado em tarja fazer a trans-
ferência dos valores do balancete financeiro de
acordo com o n.° de meses que a ficha esteve
sem ser movimentada ou balanceada. Guarda
em tarja o mês deste processamento.
j) Ficha de Contabilidade
Ficha de C/Correntes
4 — Totalização
5 — Descargas
c) Imprimir na ficha:
— Data (dia e mês)
— Descarga (no'campo do descritivo)
— Valor a débito (somar aos acumulados mensais e
anuais)
- 379
— Valor a crédito (somar aos acumulados mensais e
anuais)
— Saldo geral da ficha
Senão :
380 -
2 — Introduzir e imprimir no diário os seguintes valores.
Certo — passar a 4)
Errado — dar uma entrelinha no diário e voltar a 2)
- 381
Fazer o encabeçamento do Balancete (anexo 5) por decisão
de tecla e imprimir:
— Data
— N.° Folha (no início será o n.° 1 e depois será sequencial).
Listagem
— N.° da Conta
— Nome
— Acumulativo Anual de Débito
— Acumulativo Anual de Crédito
— Saldo Geral
— Movimento Mensal a Débito
— Movimento Mensal a Crédito
— Saldo Mensal
4 — Possibilidade de nova linha voltando a 3) ou de totalizar
(ou subtotalizar) imprimindo:
— Acumulativo Anual a Débito
— Acumulativo Anual a Crédito
— Saldo Geral Devedor
— Saldo Geral Credor
— Movimento Mensal a Débito
— Movimento Mensal a Crédito
— Saldo do Mês Devedor
— Saldo do Mês Credor
6 — Prever transporte.
- 383
2 — Fazer o encabeçamento do Balancete (anexo 5) por decisão
de tecla e imprimir:
— Data
— N.° folha (no início será o n.u 1 e depois será sequencial)
3 — Listagem
a) Introduzir a ficha a listar e limpar em tarja os valores
mensais (débito e crédito).
b) Expulsar a ficha com gravação e listar:
— N.° da Conta
— Nome
— Acumulativo Anual de Débito
— Acumulativo Anual de Crédito
— Saldo Anual
— Movimento Mensal a Débito
— Movimento Mensal a Crédito
— Saldo Mensal
1." LINHA
— Acumulativo Anual de Débito
— Acumulativo Anual de Crédito
— Saldo Geral Devedor
— Movimento Mensal a Crédito
— Saldo Mensal Devedor
2." LINHA
— Saldo Geral Credor
— Saldo Mensal Credor
384 -
X - ACTUALIZAÇÃO DAS CONTAS DE RAZÃO INTERMÉDIO
XI —LISTAGEM DE FICHAS
25 — 385
l.a LINHA
— Mapa de Custos
— Data
— Folha (a 1." folha será o n.° 1 e depois será sequen-
cial)
2." LINHA
— Número
— Nome
— N. C. (
.. . Ï 4 vezes
— Valor [
3 — Listagem
386 —
1 — Dar possibilidade de acertar o diário que funciona no lepo-
rello de cima (vermelho) e totalmente encostado à esquerda.
2 — Fazer o encabeçamento do Balancete por decisão de tecla e
imprimir :
— Data
— N.° folha (no início será o n.° — 1 e depois será sequen-
cial)
3 — Listagem
— N.° do cliente
— Nome
— Acumulativo Anual de Débito
— Acumulativo Anual de Crédito
— Saldo Geral
— Movimento Mensal a Débito
— Movimento Mensal a Crédito
— Lucro Bruto
o, T . Lucro Bruto
— % Lucro ( — )
Valor Venda — Lucro Bruto
— Valor das Vendas Mensais
4 — Possibilidade de nova linha voltando a 3)/ou de totalizar
(ou subtotalizar) imprimindo:
- 387
NOTAS:
1 — Prever transporte
2 — Os valores Mensais de Facturação são limpos.
— Data
— N.° folha (no início é o n.° — l e depois será sequencial)
3 — Listagem
— N.° da conta
— Nome
— Saldo da conta
— Valores (a 30, 60, 90, 120, 150, 180, + 180 dias e os
desvios só em contos).
NOTAS:
388 —
2 — Terá de gravar na ficha o mês do balancete + um.
— Saldo
— Valores (30, 60, 90, 120, 150, + 180 e desvios).
— 389
3 —No caso do código de alteração ser:
NOTAS:
ou
390 -
7 — Possibilidade de totalização imprimindo :
— Quantidade de taras debitadas
— Quantidade de taras creditadas
— Valor de taras debitado
— Valor de taras creditado
l.a LINHA
— MAPA DE TARAS
— DATA
— N.° DA FOLHA
2." LINHA
— NÚMERO
— NOME
- C . T.
4 vezes
— QUANT.
3 — Listagem
- 391
b) Imprimir:
— N.° do cliente
— Nome do cliente
— Código de tara e respectiva quant. Só deverá impri-
mir os códigos que tenham movimento.
— Na 2.a linha, no campo do nome, imprimir o valor das
taras (global).
— Código da tara
— Quantidade
392 -
— Posiciona no Corpo do extracto e imprimir:
Data (dia/mês)
N.° do documento
Descritivo (de acordo com o programa de movimento de
contabilidade)
Valor — a débito ou crédito
— A débito
— A crédito
3 — Movimento
— 393
d) Dar 2 entrelinhas e imprimir:
— O ano (a vermelho) na coluna da data.
— Balanço na coluna do descritivo.
— Saldo
Actualizar e expulsar a ficha.
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é-
A Normalização Contabilística e a Informática
— CGAM —Um Sistema de Aplicação
Por A. Ferreira de Sousa
1 — INTRODUÇÃO
Sendo assim, e porque o plano tem que ser cumprido, tal como foi
concebido, ou com poucas alterações, assiste-se a dois grandes grupos
de dificuldades. Por um lado, as dificuldades das empresas que não
possuem capacidade estrutural ou técnica para responderem ao
mínimo a que o plano obriga; e por outro, as dificuldades das
empresas, que pela sua maior dimensão, e porque já possuem meios
que lho permitem (referimo-nos aos serviços mecanizados através
de computadores) necessitam, e não poderão prescindir, de um maior
e diversificado volume de informação. Quanto às primeiras, não
vemos como poderão cumprir, se não reestruturarem os serviços e
enveredarem pela via da mecanização.
- 411
praticando uma contabilidade interna (contabilidade analítica ou de
exploração) em paralelo com a Contabilidade Financeira.
Este estudo, como veremos nos capítulos que vão seguir-se, po-
derá servir como guia orientador para a maioria das entidades que
tiverem a oportunidade de o consultarem. Contudo ele é específico,
pois é concebido para ser cumprido pelo computador Datasaab D-15.
2 —FILOSOFIA DO TRATAMENTO
412 —
estudo da organização e métodos, é redundante nos sistemas que vi-
sem ser cumpridos através de meios mecanográficos (computadores).
- 413
indicadores (alteráveis) gravados em tabela ou ficheiro quando da
implantação do sistema.
414 —
Integração da informação no sistema total
No âmbito deste capítulo, resta-nos acrescentar, que de acordo
com o conceito de tudo em disco, permanentemente actualizado e
apto a ser consultado, terá este sistema (sistema de contabilidade)
de estar preparado para poder receber informação de outros sistemas
e deste modo cumprir com o conceito elementar que é o processo
das partidas dobradas. Isto leva-nos a que todos os outros sistemas,
que trabalham em, multiprocessamento, deverão fornecer a este todos
os dados contabilísticos que tenham de ser incorporados. Estes dados
aguardarão em ficheiro auxiliar a sua incorporação.
3-DESCRIÇÃO DO SISTEMA
Ficheiros
Os compreendidos entre os números 1 e 50 inclusive.
Tabelas
Estão utilizadas as tabelas de zero a dez, sendo as
primeiras oito reservadas pelo softivare base e utilitários.
A tabela n.° 8 está definida com 150 elementos de 255 bytes
cada.
416 -
Programas
Estão reservados os programas de zero a setenta po-
dendo serem utilizados como programas comuns os se-
guintes :
LP-0 — Programa supervisor
LP-1 — Cheque dígito verificador.
Formatos
FORMATO-0 — 22222222222220-
FORMATO-1 — 222.222.222.220-
FORMATO-2 - 222.222.222.220,00-
FORMATO-3 — 222222222220,00-
FORMATO-4 — 2222222222222220
FORMATO-5 - 22.222.220,000-
FORMATO-6 — 222B222B222B2B2-
FORMATO-7 — 222222222222,0-
Constantes
CONSTANTE-0 - 00 00 00 00
CONSTANTE-1 — 00 00 00 01
CONSTANTE-2 — 00 01 00 00
CONSTANTE-3 — 09 09
CONSTANTE-4 — 00 05 00
CONSTANTE-5 - 00 02 05
CONSTANTE-6 — 00 01 00
417
-
27
— Processamento da Contabilidade Interna (Analítica ou In-
dustrial) de acordo com vários processos (adaptáveis), à
maioria das situações específicas de cada empresa.
— Contabilidade Orçamental, com o apuramento de desvios
em relação ao realizado (no mês e até à data) em valor
e percentagem.
Esta poderá verificar-se para todo o conjunto de con-
tas que constituem os quadros de contas de Contabilidade
Geral e Analítica ou para as que se entender ser mais ne-
cessário. Referimo-nos concretamente às classes de custos
e proveitos da Contabilidade Financeira.
— 419
dade, uma para responder às exigências fiscais e de gestão
nacional (P. O. C.) e a outra a outro tipo de quadro de
contas, imposto por exemplo pela empresa mãe, caso das
multinacionais.
Não adiantamos mais aplicações para esta solução, pois
elas poderão ser encontradas caso a caso.
Pelo que foi dito podemos desde já sintetizar que o
«CGAM» vai permitir o processamento de cinco tipos de
contabilidade, se assim se pode chamar, a saber:
Código de conta
a) X.X.X.X.X.X.X.X.
b) XX.XX.XX.XX.XX.XX.XX.XX.
c) x x x . x x . x . x . x . x . x X.
d) xxxx.xxx.xx.x.x.xx.x.xx.
e) XX.X.X.XXXX.
f) XX.X.X.XXX.XX.X.
etc.
Quanto aos quadros de contas, está já definido o da
contabilidade geral do Plano Oficial de Contabilidade, e que
é constituído por dez (10) classes numeradas de zero (0) a
nove (9).
P a r a a contabilidade geral (plano secundário) ficará
ao critério do utilizador.
P a r a a contabilidade analítica, embora também fique
ao critério do utilizador, sugerimos o seguinte:
- 421
— Ficheiro n.° 2; Movimentos diários de contabilidade
É um, ficheiro de input, a sua função é a de receber
todos os lançamentos contabilísticos que serão feitos pelos
operadores, via teclados numéricos, das várias estações de
trabalho, com base nos documentos.
Também recebe os lançamentos da mesma data ou
inferior, que estejam a aguardar integração. Terminada
esta operação que poderá referir-se a um dia, vários dias,
uma semana ou até um mês, fornece os dados (que nele
ficaram armazenados) para a obtenção do mapa dos lan-
çamentos executados. Terminada a listagem é reposto a
zero.
Serve para fornecer a visualização (display ou impres-
sora rápida) dos lançamentos executados por cada ope-
J
rador.
422 —
A constituição deste ficheiro, para todas as contas ou
parte delas, dar-nos-á automaticamente no próximo exer-
cício, os valores (saldos) do exercício anterior. No final
do exercício processa-se a rotação:
Exemplo :
Código 01 — FACTURA
02 — V / CRÉDITO
03 - CHEQUE
04 — ACEITE
05 — V / DÉBITO.
Contabilidade Analítica
— 423
— Ficheiro n.° 19 — Orçamentos
— Ficheiro n.° 20 — Estatística Ano corrente
— Ficheiro n.° 21 — Estatística 1.° ano anterior
— Ficheiro n.° 22 — Estatística 2.° ano anterior
MÓDULOS DO SISTEMA
1 — CONTABILIDADE FINANCEIRA
. Controlo Orçamental
. Contabilidade Estatística
. Balancetes
2 — CONTABILIDADE ANALÍTICA
. Controlo Orçamental
. Contabilidade Estatística
. Balancetes
424 —
3-MAPAS DO P . O . C .
4 - RATIOS
5-PLANO SECUNDÁRIO
. Controlo Orçamental
. Contabilidade Estatística
. Balancetes
6 — MULTIEMPRESAS
Módulos 1 e 5
Módulo 2
Módulos 1-2-5
— 425
4
Módulos 1-2-5
426 —
9
Módulos 1-2-5
BALANCETE ANALÍTICO
10
Módulos 1-2-5
ANÁLISES ORÇAMENTAIS
Semelhantes aos agrupamentos atrás referidos contendo valo-
res orçamentados, reais e apuramento desvios mensais e até
à data.
11
Módulos 1-2-5
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Em agrupamentos do tipo dos atrás referidos com. análise
entre os valores do exercício e os dos dois exercícios anteriores.
12
Módulo 3
BALANÇO ANALÍTICO
Conforme mapa constante do P. O. C.
13
Módulo 3
BALANÇO SINTÉTICO
Conforme mapa respectivo indicado no P. O. C.
— 427
14
Módulo 3
Conforme exigências do P. O. C.
15
Módulo 3
Conforme normas do P. O. O
16
Módulo 3
17
Módulo 3
18
Módulo 3
DESENVOLVIMENTO DO CUSTO DAS VENDAS
Conforme exigências do P. O. C.
19
Módulo 3
DESENVOLVIMENTO DOS CUSTOS NÃO INCORPORADOS
Segundo o P. O.C.
428 -
20
Módulo 3
Conforme o P. O. C.
21
Módulo 3
De acordo com o P. O. C.
22
Módulo 4
«RATIOS»
a) Financeiros
— Liquidez Imediata
— Liquidez Reduzida
— Liquidez Geral
— Autonomia Financeira
— Solvabilidade Total
— Cobertura do Imobilizado
b) Funcionamento
— Prazo médio de recebimentos de Clientes (meses)
— Duração média das existências (meses)
— Rotação do Activo Afecto
— Rotação do Investimento Total
c) Produtividade
— Em termos de Valor Acrescentado Bruto
— Em termos de Valor Acrescentado Líquido
— 429
d) Remunerações
— Remuneração Média Anual sem Encargos Sociais
(contos/pessoa)
— Remuneração Média Anual incluindo Encargos So-
ciais (contos/pessoa)
— Repartição do Valor Acrescentado Líquido
e) Económicos
— Rentabilidade do Capital Próprio antes dos Impostos
— Rentabilidade do Capital Próprio depois dos Im-
postos
— Rentabilidade do Activo Afecto à Exploração
— Rentabilidade do Investimento Total
— Rentabilidade das Vendas
NOTA: — O utilizador terá ainda a possibilidade de acrescen-
tar mais dez ratios, construídos segundo os seus
interesses, bastando, para tal, fornecer ao sistema
os respectivos componentes de cálculo (fórmula).
Sistemas de Informação: A Contabilidade
e a Informática
Por Almiro ãe Oliveira
0. INTRODUÇÃO
— 431
nos Probabilistas, diversas causas podem produzir o mesmo
efeito e o mesmo factor e processo casual, podem gerar
outro resultados.
Na concepção tradicional, as U. E. são representadas sob
a forma de uma estrutura hierárquica, nas quais estão definidas
as relações de autoridade, e onde se descrevem as relações de
trabalho, as funções de direcção e organização.
A esta concepção sucede nos nossos dias a de Sistema Total,
que considera as U. E. como um todo dotado de existência e
características próprias, constituído por uma rede de:
— fluxo de informações
— fluxo de matérias
— fluxo de homens e comportamentos
Sistema de Operação
I
Meio ambiente Sistema de Informação
Î I
Sistema de Gestão
432 -
Como nos diz F. Dalle (in «A empresa do futuro», pág. 231),
«nada existe, a longo prazo, mais perfeito e mais coerente na
sua lógica interna do que um; sistema contabilístico».
A inovação e o desenvolvimento tecnológico, vieram transfor-
mar a fisionomia dos utensílios informáticos e a concepção de
soluções — o circuito integrado marcaria, por finais da década
de 60, a 3.a geração de computadores e daria início a um processo
ininterrupto da banalização da Informática.
Às grandes salas de máquinas e aos grandes «aparelhos»,
sucedem os sistemas portáteis e diversificados fisicamente pelas
unidades económicas.
De igual modo ocorre no software, aonde densas e especí-
ficas linguagens se substituem por outras cada vez mais aces-
síveis e universais.
À noção de computador sucede a de Sistema Informático —
visto que foi, que para a produção automática da informação
concorrem material (hardware), programas, elementos humanos
e outros factores, constituindo um todo verdadeiramente entrosado.
E à ideia de programa, sucede crescentemente a de Sis-
tema — como conjunto coerente e finalizado de programas com
vista à resolução de um problema definido: a Aplicação.
No final dos anos 60 é ainda possível denunciar o aparecimento
de um tipo de equipamento originário dos produtores de máquinas
de contabilidade, que de imediato são secundados por modelos
vindos dos produtores de computadores.
São os «office computers», os VRC (Visible Record Compu-
ters) os «00» (Operator Oriented), ou ainda os Ordinateurs de
Bureaux.
Dotados de tecnologia idêntica à dos computadores, vão
buscar às máquinas de contabilidade um suporte característico
das rotinas contabilísticas: a ficha.
E conhecedores da técnica dos suportes magnéticos, magne-
tizam-lhe uma faixa vertical com capacidade variável entre os
256 e os 1024 bytes.
Estava assim criado o equipamento, que em número de insta-
lações, constituía a forma mais generalizada da Informática.
1. DA INFORMÁTICA
No princípio apareceram máquinas providas de dispositivos
de soma e subtracção a que se acoplava ou não, uma máquina
de escrever.
Eram programáveis por processos físicos: o programa cons-
tituía uma parte física da máquina.
28 — 433
Podiam tratar «fichas» e faziam decalque em, mapas apro-
priados ao sistema de coordenação de contas.
De mecânicas e rudimentares (lentas no cálculo e na
impressão) que eram, transformaram-se em potentes máquinas
de contabilidade dotadas de diversos registos ou totalizadores.
Os anos 50 trouxeram os Computadores — sofisticadas máqui-
nas para o tratamento da informação.
Mas, foi durante a época de 60 que os Computadores inva-
diram a vida económica, para nos anos 70 se tornarem ferramenta
imprescindível na resolução de múltiplos problemas económicos
e sociais.
Estava assim criada a Informática.
Mas, se desde o princípio se priveligiava na noção generali-
zada, o aspecto computador, a verdade é que desde sempre,
p. ex.: a Academia Francesa de 1966, não deixou de lhe acentuar,
preferentemente a face informação ( 2 ).
A Informática, é pois, o tratamento automático da informação.
As aplicações (primeiro comerciais, depois) de Gestão, foram
sempre «o parente pobre» da Informática.
Os computadores, é certo, tinham sido de início orientados
para a resolução dos problemas «científicos».
A Informática de Gestão ( 3 ), é assim, um ramo recente da
Informática aplicada e constitui em. todo o mundo, a maioria
absoluta das aplicações dos computadores.
Desde sempre que a formação em Informática foi assegurada
pelos próprios fornecedores de equipamentos, fundamentalmente
como técnica de promoção e venda dos equipamentos.
Desde há muito, porém, que no estrangeiro se ensinam as
diversas matérias informáticas em escolas oficiais.
No que nos diz respeito, caberá referir as experiências do
ensino médio (supomos não se leccionar em mais que uma ou
duas escolas) e do ensino superior — casos dos Institutos Supe-
riores, aonde se continua a privilegiar a óptica do estudo do
utensílio (Computador), em detrimento do estudo das aplicações,
possibilidades e limitações do tratamento automático da infor-
mação.
434 —
Não difere em muito o restante panorama universitário, aonde
se regem cadeiras de informática vocacionadas para o estudo
de linguagens de programação e do hardware.
A experiência recente da Faculdade de Economia do Porto,
aonde nos anos de 75/76 e 76/77 funcionou uma cadeira optativa,
anual de Informática de Gestão, não teve continuidade no plano
de estudos depois adoptado, sucedendo-lhe uma outra, semestral,
com a orientação referida: estudo de hardware e linguagens,
a que se acresceu o cálculo numérico.
A Administração Pública tem vindo a organizar cursos inten-
sivos orientados para a Informática de Gestão, que infelizmente
não tem conseguido promover na medida das suas necessida-
des — o Estado é o primeiro utilizador e as aplicações de gestão
são percentualmente maioritárias.
— 435
Exemplos :
— Que valor terá um sistema em que Te = 1 minuto
e Tr = 48 horas.
— Que Te deve assumir um sistema e que para Tr se
exige um valor quase nulo? (caso das reservas nas
companhias de aviação).
— Tempo de elaboração da informação (Te) : é o tempo
que decorre entre o momento em que são recolhidos
os dados (Mo) e o momento em que as informações
são transmitidas ao sistema de gestão (Ml);
— Tempo de reacção (Tr) : é o tempo que decorre entre
o momento ena que a informação chega ao sistema de
gestão (M2) e o momento em que o sistema de opera-
ções é capaz de reagir (isto é, produzir uma acção
diferente) à decisão correspondente (M3).
21 — Quanto à «qualidade» que a informação deve oferecer, expli-
citamos os seguintes elementos, que devem presidir à sua
análise.
a) A forma da informação
Geralmente, a informação compreende duas partes:
Descrição — a designação do objecto da infor-
mação
Quantificação — o valor correspondente a esse
objecto
Ex.:
designação = vendas isentas de imposto
valor = 7 917$80
A forma da informação é então a seguinte:
«as vendas isentas de imposto foram, de 7 917$80»
A designação e o valor de uma informação são
de boa qualidade na medida em que se adoptam às
necessidades.
Este grau de adaptação (ou pertinência) pode-se
medir graças a quatro critérios:
i) objectividade
ii) precisão
ih) verificabilidade
iv) fiabilidade
436 —
i) A objectividade
a concepção
O modo de apreensão da informação:
a informação elaborada não poderá ir
além da precisão permitida pela dos
dados de base.
iii) A verificabilidade
— 437
— o tempo: com efeito, a verificabilidade
de uma informação apoia-se em docu-
mentos, mas também em explicações
orais; os documentos, quaisquer que
sejam os seus suportes, sofrem sempre
certa deterioração com o tempo.
A memória humana, na qual se apoiam
as explicações orais, tende também a
diminuir com o tempo.
iv) A fiabilidade
438
b) A idade da informação
É o tempo que decorre entre a recolha dos dados
de base e a utilização da informação resultante, pelo
sistema de gestão.
Em geral a qualidade da informação é inversa-
mente proporcional à idade por duas razões principais
que dependem:
I do resultado a obter
II da relação da verificabilidade da infor-
mação com o tempo
I — Uma informação deve servir para tomar
uma decisão que produzirá uma acção A.
O ideal seria que o ciclo completo «infor-
mação/decisão/acção» fosse inferior ao tempo
que separa duas acções Al e A2; com efeito,
neste caso, cada acção seria directamente o
resultado de uma decisão.
A maior parte das vezes, a frequência
das acções Fa, é maior que Fd; certas acções
resultam, pois, de decisões do sistema de
gestão e muitas outras resultam de pertur-
bações criadas pelo meio ambiente.
— 439
Por conseguinte, na medida do possível,
a frequência das decisões deve-se aproximar
da frequência das acções: isso só se pode
conseguir pela redução do tempo de elabo-
ração da informação (assim como pela re-
dução do tempo de reacção do sistema de
gestão).
II — A verificabilidade da informação decresce
com o tempo: é necessário, pois, quando se
quer obter um bom grau de verificabilidade,
que o tempo de elaboração não seja dema-
siado longo.
Vê-se, portanto, que a qualidade da infor-
mação aumenta quando o tempo de elabo-
ração não seja demasiado longo.
Todavia, duas observações permitem pre-
cisar o valor desta variação:
c) A frequência da informação
— 441
22 —Por outro lado, a natureza sistémica da informação decorre,
fundamentalmnte, de dois requisitos:
— unidade ou globalidade
— utilidade.
Aquela, exige a inter-relacionação de todos os elementos
que constituem o processo de produção da informação; esta
vai inculcar-lhe uma conduta económica-racional, na sua pro-
dução e disponibilidade — a afectação adequada de recursos
e o proveito adicional esperado para a sua produção e uti-
lização.
— forma
— idade
— frequência,
mas também,
— oportunidade — é oportuna a informação quando dis-
ponível em tempo útil e na época própria
— relevância — quando a informação se mostra adequada
à utilização visada
— segurança — acesso à informação deve ser descrimi-
nado e revestir-se de cuidados necessários a impedir
quer a destruição quer a sua utilização, indevida, não
autorizada e/ou criminosa
— rentabilidade — a disponibilidade e utilização da infor-
mação deve permitir que o sistema de operação gere
proveitos adicionais.
442 -
— Os sistemas informáticos baseiam-se em ficheiros
. enquanto os administrativos estão mais ligados a
dossiers.
- 443
- Os sistemas informáticos baseiam-se em métodos de
gestão
As disciplinas informáticas são concebidas para
explorar os computadores após ter sido definido, um
método de gestão; é a existência dum tal método que
permite elaborar o estudo prévio indispensável para
construir um, sistema;
O computador reclama que se defina um método.
Entre os métodos ele permite abordar mais do que os
procedimentos manuais; mas reciprocamente o com-
putador não se acomoda a todos os métodos manuais.
— 445
Aliás, o recente aparecimento de equipamentos de «trans-
porte» da informação do écran para o papel, é disso sinal evi-
dente.
4. A CONTABILIDADE DA INFORMÁTICA
5. DA INFORMÁTICA A TELEMÁTICA
CONCLUSÕES
— 447
A natureza industrial da produção da informação, de
que os Sistemas Informáticos se revestem, obrigam a
centrar a atenção na «qualidade» da informação e nos
requisitos e características a exigir de um sistema de
informação automatizado
Tempo Taxa de
total | partie. (%)
TOTAL
planificações
controlos
análises e controlo dos trabalhos € resultados
coordenação, optimização
TOTAL
PRODUÇÃO
. produção
. conservação
. montagem/desmontagem/regulação de utensí-
lios, máquinas
TOTAL
ACTIVIDADES INTELECTUAIS
. reflexão
. criação, concepção (puramente intelectuais)
. contactos sociais
TOTAL
TOTAL
39 — 449
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— 451
Quadro IV
CÔMPUTO DO CUSTO TOTAL DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
-^^^^ Funções
Fí F2 F3 F4 F5 TOTAL
Natureza/'categ. '
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
Cl-TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
C 2 — TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas ,
custo equipamento
outros custos
C3 — TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
C 4 —TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
C 5 — TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
C 6 —TOTAL
custo humano
custo ajudas mecânicas
custo equipamento
outros custos
| TOTAL GERAL
Sistema Integrado de Informação de Gestão
e Contabilidade (!)
Por José Joaquim Januário
- 453
Os resultados deste facto são evidentes:
454 -
componentes dos sistemas de tratamento de informação, compa-
rando-os com a evolução do índice dos preços aos consumidores, nó
período de 1950 a 1977.
Como se poderá verificar, pela análise às Figs. 2 a 6, a evolução
das capacidades e a redução dos custos por unidade é impressionante.
CONTABILIDADE
<'
A N Á t l SE
GESTÃO
— 455
FASES DO SISTEMA
456 —
SEDUÇÃO DOS PREÇOS
DA UNIDADE CENTRAL
DE PROCESSAMENTO
PNEÇO DE ItirURA DE
% 000 POSIÇOtS/SEGUNDO
1
$14.5
1
Fig. 3 — Redução dos preços da uni- Fig. 4 — Leitura de banda magnética
dade central de processamento preço de leitura de 1000 posi-
(100 000 multiplicações). ções/segundo.
CUSTO DE MEMÓRIA HM
DISCO MAGNÉTICO
(MILHÃO DE POSIÇÕES)
CUSTO DE IMPRESSÃO
I_ l
SI.22
1
$22.2
1
5.7)
S 97
$215
Fig. 5 — Custo de memória em disco Fig. 6 —Custo de impressão (10 000 li-
magnético (milhão de posições). nhas).
— 457
podem-se adicionar informações, por meios automáticos
e relacionadas com necessidades futuras do tratamento
deste registo.
— Processamento
É o tratamento da informação no sentido de se obterem
os diferentes resultados pretendidos.
— Disseminação
A fase em que se faz chegar a todos os interessados os
resultados dos tratamentos efectuados.
458 —
inverte-se novamente. É o serviço que, originando a informação cria
o registo, sabe imediatamente os resultados da operação qUe execu-
tou, numa palavra ele tem no seu terminal como que um computador
exclusivamente para si e com acesso imediato ao conjunto de infor-
mações existentes na Empresa relacionadas com o trabalho que tem
de desempenhar.
A função do departamento de informática transformou-se, deixa
de ser omnipotente para, pelo contrário, servir os respectivos serviços,
dando-lhes, além do terminal, os programas que eles necessitam para
o desempenho das suas tarefas e zelando para que o computador
esteja disponível para todos, sempre que necessário.
O serviço, ao executar uma operação não tem o sentimento de
que esta se vai realizar por fases, pois estas, de acordo com os
programas, podem ser individuais com tratamento posterior por lotes,
ou individuais com tratamento imediato de todas as fases para os
registos criados.
— 459
esse código se possa saber se ele está ou não correcto.
É um dígito calculado segundo um a fórmula bem definida.
Utilizam-se normalmente dois tipos de cálculo conhecidos
por módulos 10 ou 11. Com o módulo 10 é possível detectar
os erros, simples, de inversão, originados por troca de
dígitos de 2 colunas consecutivas. No módulo 11 além do
tipo de erro anterior é possível detectar igualmente erros
de transposição, isto é, erros ocasionados por troca de dígi-
tos entre colunas não consecutivas.
VALIDAÇÃO
460 —
Assim, em registos contabilísticos são normais as verificações de:
— 461
— A Direcção Comercial, para indicar que quantidade de pro-
dutos precisa e em que épocas para manter as vendas ao
ritmo dos objectivos. Qual o esquema de cobranças a
considerar e qual o valor dos créditos que se pretende
obter, período a período.
Que esquemas de comissões ou outros incentivos de vendas
serão implementados para se atingir os objectivos fixados.
462 —
França no decurso dos estudos por ele desenvolvidos no sentido de
encontrar um método de determinação do custo da informação na
Empresa.
O custo da informação é constituído essencialmente pela soma do
custo de: —equipamentos, mão de obra e outros meios.
Nos equipamentos encontramos como principais componentes, os
custos dos equipamentos do tratamento de informação, se existirem,
e outros meios mecânicos, dos quais destacamos, telefone, telex,
máquinas de escrever, somar, e calcular, máquinas de fotocó-
pias, etc.
No que se refere ao grupo de mão de obra, temos como verbas
principais os ordenados e custos sociais.
Como verbas diversas, e por vezes muito importantes, encontra-
mos as relacionadas com os móveis necessários à mão de obra, arqui-
vos e os próprios locais de trabalho.
Por ser a mais importante, é conveniente desdobrar a mão de
obra de modo a determinar aquela parte que se dedica à informação,
da que se destina a outras actividades de produção ou comerciais.
Assim, devemos considerar as actividades relacionadas com a
colheita ou registo da informação, registo de encomendas, pesquisa
de informação, preparação de mapas, leitura de informações, etc.
Por outro lado são também afectas à informação as actividades
operacionais de, por exemplo, facturação, contabilidade, etc.
No domínio da direcção da Empresa estão relacionados com a
informação todas as actividades de planificação e organização.
Através das entrevistas com os diferentes gestores das empresas
francesas o Instituto de Informática de França chegou à conclusão
de que os diferentes participantes de uma empresa gastavam, em
média, os seguintes tempos com a informação (Fig. 7).
Administração 80%
Direcção 80%
Chefes Tipo A 80%
Chefes Tipo B 60%
Administrativos 95%
Operários 2%
— 463
OCUPAÇÃO DA MAO DE OBRA
COM INFORMAÇÃO.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Proporclon.
Tipo de Mão de Obra •/„ do Trial •/. tempo c/j°í„ despesii Custo inform custo mão
sistema In), c/ordenados em M. O. de obra
464
Do mapa anterior conclui-se pois facilmente que, para a activi-
dade representada, o sistema de informação consome:
Administração decresce 10 %
Direcção » 20 %
Chefes Tipo A » 20 %
Chefes Tipo B » 20 %
Administrativos » 10 %
Operários cresce 50 %
30 _ 465
40
37%
30
23%
20
16%
10- 9,4%
8%
4%
2.6%
i% 12%
466 —
CONCLUSÃO
CUSTO DA MÃO DE OBRA NO SISTEMA
DE INFORMAÇÃO
. Mão de Obra 35 % dos ordenados pagos
. Chefia 71 %
. Administrativos 26 %
OUTRAS CONCLUSÕES
. Custo total da mão de obra 88 %
. Equipamento do tratamento da informação 4%
. Outros equipamentos 8%
Fig. 10 — Conclusões
— 467
QUAL O CUSTO N O FUTURO?
Custo do equipamento
T = —■
Custo do equipamento + mão de obra
T = 100
T = 0
468 —
PROGRESSÃO DO CUSTO DO
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
CUSTO
1 2 3 4 5 6 7 8 ANOS
— 469
O gráfico que se segue (Fig. 13) mostrará para os próximos oito
anos qual a evolução dos custos.
Supondo, a média de 100 para hoje, em cada um dos próximos
anos o custo será:
taxa Anos
mecanização
t = 1 2 3 4 5 6 7 8
470 —
Comunicações da 7.a Mesa
Aprovação e Revisão de Contas
- 473
O POC, no seu último capítulo, enuncia de modo breve e pouco
preciso, princípios e critérios contabilísticos. Houve, ao que parece,
hesitações na realização de trabalho de tão grande importância.
Vingou a perspectiva de dar essencialmente relevo às peças finais,
começando pelo balanço (documento de síntese do património).
Passou-se depois às demais peças finais e a seguir é que se fez a lista
de contas e as subsequentes notas explicativas (2).
Concluindo que no P. O. C. se enunciam os princípios contabilís-
ticos de modo menos acabado, natural será ir carreando elementos
para estudos futuros, que se reputam necessários e importantes.
Agora que o associativismo de classe começa a dar passos talvez
venha a ser menos difícil o trabalho em equipa. E é na matéria da
formulação de condutas de ordem técnica e profissional que as asso-
ciações de classe e os organismos culturais têm papel importante a
desempenhar.
Entrementes não nos parece dispiciendo anotar alguns pensa-
mentos críticos sobre princípios a que a contabilização, na actuali-
dade ainda costuma obedecer.
Há que pressupor, como convém e está certo, que a contabilidade
é disciplina cujo objecto é o estudo e a representação da movimen-
tação dos valores do património e das operações de gestão- com
vista a apreciar em cada momento (passado, presente, futuro) as
situações e os resultados decorrentes das referidas movimentações
— fluxos de entradas, fluxos de saídas e saldos.
Os registos dos movimentos de valores operados nas empresas
são expressos em termos monetários, explicitados segundo critérios
e métodos que se apoiam em princípios e conceitos contabilísticos,
por vezes consignados na lei, mas quase sempre baseados em prá-
ticas que, à força de serem repetidamente adoptadas, vieram a
constituir verdadeiros princípios de aceitação pacífica ou muito
comum.
474 -
Não obstante, importa observar que as convenções e os princípios
contabilísticos, ainda que consignados na legislação e mesmo que
pacificamente aceites ou não contestados, poderão ser, em si, contes-
táveis e alteráveis no tempo. Tal sucederá se a contestação vier
a aumentar de força e coerência ou se o tempo e a evolução tornarem
os princípios adoptados obsoletos e inadequados. Simplesmente,
enquanto se mantiverem com aceitação generalizada e consignados
na lei, os técnicos devem-lhes acatamento operacional. Porém, será
salutar que os técnicos ponderem doutrinalmente opções divergentes
de modo a determinarem quais as mais apropriadas.
De entre os conceitos, convenções e princípios que geralmente
costumam ser enunciados relativamente às elaborações contabilís-
ticas vamos aqui dar conta dos que mais repetidamente se costumam
apresentar.
I. CONCEITOS BÁSICOS
Na apresentação destas reflexões ir-se-á seguir em parte a orien-
tação da obra Management Accounting Principles ou Contabilidade
Gerencial (trad, brasileira, ed. Atlas), de Robert Anthony.
— 475
acentuar que vivendo-se em inflação permanente a moeda deixa de
ser padrão monetário adequado, se não se tiver em conta a evolução
que sofre no tempo.
Hoje começa a acentuar-se com, mais insistência a «multidimen-
sionalidade» dos fenómenos económicos a registar e a diversidade
de objectivos que se podem assinalar à contabilidade (3), notando-se
em conformidade que embora a contabilidade seja uma disciplina
essencialmente quantitativa, os fenómenos que regista carecem cada
vez mais de ser apreciados sob várias perspectivas o que terá de
conduzir a visões quantitativas múltiplas de cada fenómeno ou de
cada conjunto de operações e de factos patrimoniais e gestivos.
Assim,, os autores, cada vez mais se manifestam contra as incon-
gruências de, por exemplo, um balanço apresentar verbas expressas
em moeda actual (numerário, dívidas a receber e a pagar), ao lado de
verbas expressas em moeda de período anterior (existências e imobi-
lizações) ou de um balanço comportar valores que não dão devida
conta de ónus futuros (as dívidas a receber e a pagar exigiriam
actualização; na valorização de uma dívida a pagar ao fim de muitos
anos haveria que ponderar-se quais os juros e outros ónus futuros,
corrigindo o seu valor em função desses elementos).
476 —
designação não só clientes e fornecedores mas também os financia-
dores (de capital próprio e alheio) e os trabalhadores da empresa.
4. CONCEITOS DE CUSTO
- 477
Os profanos nestas matérias geralmente cometem erros de leitura
e interpretação de documentos contabilísticos, por falta de percepção
dos conceitos supra, supondo haver perfeita correspondência entre
os dados da contabilidade e os valores reais.
CONSISTÊNCIA (UNIFORMIDADE)
478 —
dade, ressalvando só casos de maior ilogismo e de contrariedade
a regras legais e fiscais.
Por esta convenção o contabilista é levado a optar, entre alter-
nativas, pela pessimista ou prudente. A enunciação desta convenção
apresenta-se muitas vezes assim: «não antecipar nenhum lucro e
provisionar todas as perdas possíveis», aspecto importante como
modificador do conceito de custo. Assim, por exemplo, as existên-
cias comummente são apresentadas não pelo seu custo, que é o que se
esperaria de acordo com o conceito de custo, mas de preferência
pela menor cifra entre o custo e o valor possível de recuperação».
MATERIALIDADE (SIGNIFICAÇÃO)
— 479
III. SÃOS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE
Embora no nosso País haja quem entenda que se devem regular
pela lei os princípios orientadores da contabilidade das empresas,
outros entendem que tais princípios deverão continuar a ser elabo-
rados pela doutrina até apresentarem maior sedimentação. A lei
deve deixar aos cuidados dos técnicos e cultores da contabilidade
e gestão a fixação das matérias que se conexionam com a filosofia
da contabilidade, as teorias económicas do valor e as normas da boa
gestão.
Estamos certos que acaso se queiram criar regras legais muitas
tarefas se terão previamente de realizar, designadamente o avanço
dos estudos contabilísticos e o prosseguimento de regulamentações
fiscais, as necessárias actualizações da lei comercial, uma regula-
mentação e prática mais adequadas dos profissionais de contabili-
dade e o estabelecimento em adequadas bases da actual Câmara de
Revisores.
No que toca à definição genérica de sãos princípios de conta-
bilidade refere Alberto Pimenta (4) que «apesar dos anteriores es-
forços dispendidos não existe ainda perfeita consonância de opiniões
quer sobre a identificação quer sobre o alcance e a consistência de
tais princípios» (5).
Não obstante, para conjugação com os conceitos e convenções
já atrás referidos, impõe-se apresentar aqui mais alguma coisa
quanto a certas regras, aliás úteis, muito genericamente utilizadas,
como é o caso das seguintes:
480 —
Por outro lado, há que ter em, consideração que numa disciplina
como a contabilidade, que trabalha com valores, importa dar a devida
atenção às finalidades das avaliações (7).
Acontece que as práticas nas avaliações monetárias têm caído em
situações algo rotineiras que se inadequam hoje às necessidades ges-
tivas, constituindo um desafio directo e afrontoso a raciocínios lógicos
a que não obedecem, prejudicando-se assim não só a descoberta das
necessárias soluções como até os juízos sobre a realidade. Na ver-
dade, tem. havido no seio das instituições e entre muitos técnicos de
contabilidade a continuação de adopção de práticas tradicionais de
contabilização dos bens que, sendo registados ao custo de aquisição,
deixam de apresentar expressividade se mercê de fenómenos signi-
ficativos de erosão monetária ou de variações sensíveis no padrão
monetário, os preços mudam grandemente de expressão.
Na realidade, em épocas de inflação muito intensa é evidente
que o problema exposto se agudiza. Então, as pressões sobre o
Governo e outros poderes sobem de tom e a injustiça e consequências
de nada fazer afiguram-se revoltantes a cada vez maiores sectores
da opinião pública.
Porém, também é um facto que preceder a correcções contabi-
lísticas derivadas do fenómeno da variação da moeda suscita um
sem-número de problemas, dos quais não se pode deixar de dar
conta, seriando-se devidamente, pondo diversas questões e inter-
rogações.
Na verdade, não convém passar em claro nem minimizar a deli-
cadeza das inúmeras e importantes perspectivas de que se reveste
o dito problema das correcções monetárias das contabilidades das
empresas, em especial as correcções de tipo sistemático, que do
ponto de vista lógico seriam as preferíveis mas que comportam
inúmeras implicações de diversa ordem. Ao longo de estudos sobre
estes problemas ditos da «contabilidade da inflação» apresentamos
outras reflexões e comentários aos vários métodos de reavaliação
e de correcção monetária propostos pelos contabilistas. A delicadeza
actual destas questões impõe estudos e debates (que é intenção propor
junto de técnicos e gestores portugueses) (8).
2 — Em relação ao balanço
a) Princípio da integralidade
De acordo com este princípio o balanço tem de ser completo,
isto é, compreender todos os elementos com significado patrimonial
(') Sobre estea ponto recorda-se o que anotámos no nosso livro Gestão Fi-
nanceira, vol. I, 4. edição, Cap. II, pág. 67 e seg. e pág. 77 e seg.
(8) Cf. estudos atrás citados.
51 - 481
(valores patrimoniais concretos positivos — contas de Activo; valores
patrimoniais concretos negativos — contas de Passivo; diferença entre
Activo e Passivo ou sejam os valores patrimoniais abstractos — contas
de Situação Líquida Activa e Passiva).
Discute-se hoje se a contabilidade deve também registar valores
exirapatrimoniais e outras informações susceptíveis de expressão
quantitativa. Se tal suceder, no balanço há que acrescer as cha-
madas vulgarmente «contas de ordem». Se tal não suceder, as infor-
mações úteis que tradicionalmente eram dadas por aquelas contas
são de inscrever nos relatos sobre as contas; aliás, as contas de
ordem a figurar nos balanços devem aparecer em separado das
demais contas insertas no balanço; no plano oficial de contabilidade
não está prevista a movimentação daquelas contas mas de facto
exigem-se informações desse tipo, a prestar em anexo ao balanço
e à conta de resultados.
Para que o conteúdo do balanço seja integral tem também de
corresponder aos saldos de todas as contas que engloba, não sendo
de efectuar compensações entre contas de sinal contrário, prática
que prejudica a análise, por não permitir ver as extensões que o
balanço deve traduzir.
c) Princípio da clareza
A todas as verbas constantes do balanço devem corresponder
designações apropriadas e claras apresentando-se as contas segundo
482 —
esquemas adequados de seriação e de agrupamento em classes estabe-
lecidas de acordo com critérios pré-estabelecidos que favoreçam a
leitura e o estudo do balanço; em particular, as contas de amor-
tizações e quaisquer outras de redução do activo e do passivo devem
inscrever-se em dedução das contas a que respeitam; com fins de
clareza também convirá que exista perfeita separação entre as contas
ou parcelas representativas da Situação Líquida e as contas que res-
peitam aos elementos patrimoniais activos e passivos, registando à
parte as cifras de contas de ordem (contas extrapatrimoniais) de
que importa dar notícia.
d) Princípio da uniformidade
Este princípio é relativo, havendo que o entender nos devidos
termos. Quer com, ele dizer-se que há que manter, de balanço para
balanço, iguais critérios e procedimentos. Explicando de outro modo:
há que manter em. todos os balanços os princípios da clareza, inte-
gralidade, valorimetria e sinceridade; se houver necessidade de alte-
rações dentro de tais princípios há que as acentuar muito em especial.
Diz-se que o balanço deve obedecer aos princípios ou requisitos
supra mas importa assinalar que, vendo bem, não só o balanço mas
toda a contabilidade deverá obedecer àqueles requisitos e a outros,
como sejam, os da objectividade, utilidade e exequibilidade (9). Como
pressupostos temos: avaliação monetária, a empresa entidade «a se»,
continuidade da empresa e contabilização ao valor de custo (se não
é pagável não é registavel) (cf. conceitos e convenções atrás assi-
nalados).
— 483
sucessivos, diversas razões conhecidas levam à «especialização», isto
é, à imputação dos custos e proveitos por exercícios.
Na verdade, exceptuando casos de pouca monta influenciados
por meras razões pragmáticas, o critério a seguir será o de lançar
as despesas e as receitas aos custos e aos proveitos do exercício a
que respeitam: (10).
No entanto, no ano da efectivação das despesas ou no do con-
sumo dos bens ou serviços correspondentes, as empresas, por vezes,
não conhecem o preço exacto desses bens ou serviços ou não obti-
veram elementos para a referida escrituração. Por isso, as empresas,
no fim de cada exercício, deverão apreciar as negociações em curso
patrimonialmente relevantes, procedendo aos ajustamentos necessá-
rios para que cada exercício comporte os custos e proveitos que
dentro de certo rigor lhe respeitam.
Todavia, convém referir que, entre nós, muitas empresas se-
guem critérios de «especialização ou competência financeira» lan-
çando na conta de Ganhos e Perdas, à medida que surgem para con-
tabilização, as receitas e despesas processadas em cada exercício.
No entanto, os sãos princípios impõem que os resultados sejam deter-
minados em termos de custos e proveitos, ou seja, em relação aos
factos económicos (consumos e respectivas contraprestações) pro-
cessados no exercício. É o chamado «regime de competência econó-
mica de exercício».
484 —
vendas se efectuam no ano das correspondentes produções, e estas,
por seu turno, podem também estar afastadas do ano das aquisições
de alguns dos respectivos factores produtivos. Em todo o caso, os
erros de cômputo não serão sensíveis e, porventura, compensar-se-ão
ou manter-se-ão, sistematicamente, ao longo dos sucessivos exer-
cícios.
Porém, nas empresas de ciclo de exploração plurienal (") dedi-
cadas à realização de grandes empreendimentos, de longos e variá-
veis períodos de construção, pode verif icar-se nuns exercícios o acaba-
mento de inúmeras unidades produtivas e as respectivas vendas,
enquanto noutros exercícios, não obstante serem de intensa activi-
dade, nada se acaba nem vende, pelo que a aceitação da regra de
que os resultados se processam com as vendas pode acarretar difi-
culdades diversas.
Em tais circunstâncias, julga-se não ser de tomar, a priori e
para todos os casos, a posição dogmática de que os resultados con-
tabilísticos só poderão ser apurados na ocasião da regularização final
da empreitada ou venda definitiva dos bens por mera diferença entre
o preço de venda total e o correspondente custo dos bens vendidos.
- 485
IV. PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE - PRINCÍPIOS E
CONCEITOS CONTABILÍSTICOS, CRITÉRIOS E MÉTODOS
486 -
Auditoria Financeira e Revisão de Contas
Por José Rodrigues Ferreira da Cruz
INTRODUÇÃO
Bases legais
Objectivos
Métodos de trabalho
— 487
e o relatório da administração satisfazem as disposições legais e
estatutárias.
Os métodos de trabalho e as técnicas a utilizar pelos auditores
estão codificados com, grande pormenor por organizações profissionais
em diversos países, e são mandatórios. Ainda que se reconheça que
os revisores oficiais de contas aplicam técnicas de auditoria, essas
técnicas ou métodos não estão contudo definidos.
As bases legais não parecem oferecer matéria que tenha inte-
resse discuti.- no âmbito do presente trabalho. Quero, no entanto,
desenvolver um, pouco os dois outros pontos:
488 —
CONCEITOS BÁSICOS DE AUDITORIA
A auditoria assenta nos seguintes conceitos básicos:
a) Independência
b) Adequada formação profissional
c) Adequado planeamento do trabalho
d) Execução cuidada
e) Adequada evidenciação do trabalho executado
f) Conclusões devidamente suportadas
g) Conclusões sobre razoável grau de exactidão
a) Independência
A independência pode ser definida como a capacidade do auditor
em actuar com integridade, honestidade e objectividade, e pressupõe
a inexistência de preconceitos para com o cliente. Contudo, indepen-
dência não implica que o auditor assuma perante o seu cliente uma
atitude policial mas, pelo contrário, implica uma atitude de impar-
cialidade tanto para com os responsáveis e detentores do capital da
empresa cliente, como para os seus credores, e outros que na mesma
tenham interesses perspectives.
Para ser independente o auditor deverá ser intelectualmente
honesto. Por outro lado, para ser reconhecido como independente
o auditor não deverá ter quaisquer compromissos para com, ou
interesses na empresa cliente, sua administração ou detentores do
capital.
A evidência da independência do auditor é reforçada quando este
é contratado por decisão da assembleia geral de accionistas.
— 489
c) Adequado planeamento do trabalho
d) Execução cuidada
490 -
g) Conclusões sobre razoável grau de exactidão
Conforme já foi anteriormente desenvolvido, o auditor não tem
possibilidades de concluir se as demonstrações financeiras que exa-
mina são exactas. Com efeito, a exactidão será sempre e forçosa-
mente relativa; por um lado, em virtude da subjectividade inerente
às estimativas de vida útil do imobilizado, e das perdas previstas
com a realização de créditos de cobrança duvidosa e de existências,
isto, para citar só os casos mais óbvios. Por outro lado, em virtude
da inevitável existência de maiores ou menores erros de identificação,
classificação e registo das operações.
TÉCNICAS DE AUDITORIA
As técnicas de auditoria têm sofrido uma evolução considerável
nos últimos anos, com alterações profundas como é o caso das veri-
ficações documentais. Com efeito, estas passaram de extensas e
morosas, com alheamento quanto a rotinas e controles, para uma
grande incidência no levantamento e análise das referidas rotinas e
controles e para uma muito menor extensão de manuseamento, con-
sulta e conferência documental.
As técnicas de auditoria assentam nas seguintes bases:
a) Estudo do mercado em que a actividade se desenvolve
b) Estudo da estrutura orgânica da empresa
c) Levantamento e avaliação dos procedimentos contabilís-
ticos, rotinas documentais e controles existentes
d) Confirmação documental dos procedimentos, rotinas e con-
troles
e) Amostragens limitadas em função dos controles existentes
f) Testes globais
g) Confirmações de existências físicas e de saldos de ter-
ceiros.
Cada uma destas bases pode ser sumariamente analisada da
seguinte forma:
a) Estudo do mercado em que a actividade se desenvolve
— 491
incluindo aspectos de concorrência quer a nível nacional quer interna-
cional, e respectivas cotações, tendências desse mesmo mercado, etc.
Este é um dos elementos que permitirá ao auditor avaliar da
viabilidade económica da empresa, factor importante a considerar
na emissão do parecer.
f) Testes globais
Sempre que praticável, o auditor efectua verificações globais que
lhe permitam avaliar da razoabilidade dos valores relevados pela
contabilidade. Como exemplo de um teste global típico poderei re-
ferir, o cálculo do motante aproximado de vendas aplicando às quan-
tidades vendidas, apuradas a partir do trabalho desenvolvido na área
de inventários, os respectivos preços de venda.
492 —
g) Confirmações de existências físicas e de saldos de terceiros
A fim de poder confirmar a existência física de stocks o auditor
deverá presenciar a respectiva inventariação, assegurando-se de que
foram tomadas as medidas necessárias a uma correcta contagem ou
medição. Pelo mesmo motivo o auditor efectua contagens dos fundos
monetários e dos títulos de crédito existentes na empresa. Estes são
alguns dos casos típicos de confirmações de existências físicas a que
o auditor procede.
A confirmação de saldos ou valores em; poder de terceiros é outra
das técnicas seguidas pelo auditor. Esta técnica aplica-se principal-
mente a contas bancárias, a saldos de clientes, de devedores e cre-
dores, de fornecedores e de pessoal.
— 493
Os candidatos a auditores poderão ser revisores e, em qualquer
dos casos, deverão ter nível universitário e um curso adequado com
exame da sua competência profissional. O exame deverá ter lugar
após 3 anos de experiência com. um, profissional autorizado. Prevê-se,
no entanto, que parte da experiência possa ser adquirida depois de
efectuado o exame.
Estão previstas também condições para autorizar pessoas com
nível educacional inferior, desde que se sujeitem ao exame profis-
sional, ou pessoas que não preencham todas as condições previstas
mas que exerçam a função à data de entrada em vigor da Directiva.
No primeiro caso serão necessários 15 anos de experiência ou 7 anos
de experiência acompanhados de treino devidamente supervisionado.
No caso de pessoas que estão já autorizadas a examinar contas
estatutárias com, base em: legislação existente, os Estados membros
poderão reconhecer o seu direito a continuar no exercício da pro-
fissão.
Um elemento novo que a Oitava Directiva traz em matéria de
independência é o auditor não poder auditar uma empresa se dela
receber honorários que ultrapassem 10 % do seu rendimento pro-
fissional total, a menos que prove que essa situação não limita a
sua independência.
CONCLUSÃO
494 —
A definição e aceitação dos conceitos básicos, procedimentos e
técnicas de revisão de contas e, simultaneamente, a definição e regu-
lamentação pormenorizada dos princípios e critérios contabilísticos
a aplicar pelas empresas são medidas necessárias, e que se torna
urgente tomar, para se preencher um vazio com o qual não deveremos
contemporizar.
— 495
Os Aspectos Superiores da Auditoria
no Sector Público
Por A. Lopes de Sá
52
- 497
São famosas as cartas de Plínio, o Jovem, a Trajano, na
«inspecção» dos domínios romanos.
Merecem nossa citação porque dois são os grandes vultos da
História que elas envolvem.
Plínio, em suas visitas, não se preocupava em «crucificar» os
governadores das Províncias, nem os empreiteiros das obras públicas.
Ele desejava, antes de tudo, que se praticasse a virtude pela
orientação, não pela repressão.
Há um episódio digno de nota nos episódios das «auditagens»
de Plínio.
Em, certa região um empreiteiro, denominado Dione, executava
uma obra pública.
Questionara o Senado que a obra se realizara fora do projecto
e que deveria ser exigida a prestação de contas da mesma antes
da entrega.
Como isto fugia à norma o empreiteiro requereu tempo a Plínio
pedindo que em vez de apresentar os dados contábeis em Prusa
o fizesse em Nicea.
Eumolpo, com fins políticos procurava criar problemas nas pres-
tações de contas, dizendo que as provas apresentadas não eram
suficientes.
A esta altura Plínio escreveu a Trajano pedindo que opinasse,
pois, as revisões sofriam, no caso, problemas.
O Imperador, a esta altura, responde com toda a sabedoria que
lhe era peculiar e que o notabilizou perante a História.
Concedeu novos prazos, deu plena liberdade de orientação a
Plínio e acrescentou: «Tu sabes perfeitamente que não é com o medo,
nem com o terror, ou com acusações vãs de lesa majestade que eu
me propuz a obter o respeito pelo meu nome», (...nom ex metu nee
terrore hominum aut criminibus maiestatis reventiam nomini meo
adquiri).
Imprimindo sua filosofia de «rever contas» de forma «isenta de
ânimos», visando ao interesse do povo, mas, respeitando, inclusive
a quem as prestava, o Imperador António ditava, há cerca, de
2.000 anos, todo um sistema que, segundo entendemos, deve pre-
valecer.
Não é pela «desconfiança», nem pelos «excessos» de rigores que
se conseguem os trabalhos correctos em auditoria.
O que se busca na tarefa revisora não é a «incriminação», mas,
o conhecimento dos «caminhos certos» perante as finalidades.
O métodoí de trabalho pode incluir a pesquisa da fraude, como
circunstância, jamais como «finalidade».
O auditor, pela sua condição cultural e a auditoria, pela sua
estrutura técnica, poderão oferecer um desempenho muito superior
àquele limitado à «investigação» de «irregularidades».
498 -
Entendemos que aquele profissional liberal que é incumbido de
examinar a adequação, para fins de crédito do balanço perante
investidores e financiadores, deva, realmente, oferecer meios, em
seu certificado, de garantir os que «buscam garantias», mas, aquele
que desempenha para fins de «controles internos» a inspecção deve
estar acima disto.
O auditor dito' «independente» (embora acreditamos que poucos
destes se encontrem verdadeiramente) deve ser um «certificador»
de posições, mas, aquele de «controles administrativos» precisa, antes
de tudo, situar-se como um «conselheiro», um «orientador» que vise
a «ampliar» as eficiências administrativas.
No serviço público, notadamente nas empresas qUe se acham
sob a administração estatal, o profissional precisa ampliar muito
os limites de sua acção.
No mercado de capitais as coisas se processam diferentemente,
pois, acreditamos ser dever do auditor alertar o público contra as
violações praticadas contra a lei pelas empresas, tão como pelas
lesões ao direito dos accionistas; se o auditor não alerta o investidor
contra os riscos do seu dinheiro perde, no caso, sua função «pública»
e, segundo admito, torna-se «conivente» com os eventos. Alegar
que o auditor não é um «advogado», nem ura «investigador», para
encobrir conivências é atentar contra a razão, contra a Nação, contra
a propriedade alheia e lesar a milhares de pessoas que acreditaram
no certificado que enunciava a «adequação» da posição da empresa.
Dizer que o auditor «não entende de leis» e por isto não pode
detectar fraudes contra o fisco ou contra terceiros é tão primitivo
e de má fé como dizer-se que um engenheiro pode construir em
qualquer terreno vazio porque desconhece a lei que protege a pro-
priedade.
A dita «auditoria independente» deve «assumir» o papel revisor,
pois, como acto de «protecção» ou, se assim não fizer, cairá no
descrédito e na desmoralização pública, como ocorreu recentemente
em algumas Nações.
O auditor interno, aquele de apoio às administrações públicas,
entretanto, está acima, da simples «verificação».
Acreditamos que a auditoria, no sector, deva caminhar para
elevados níveis de verdadeiro assessoramento, deixando as «adequa-
ções» das posições» como elementos apenas auxiliares e complemen-
tares da sua tarefa, sem excluí-la, é óbvio, mas, sem super-estimá-la.
Não será prendendo-se a pequenos detalhes de cifras que se
prestará ajuda ao sistema, mas, buscando formas de ampliar con-
troles, de dilatar provisões, de auxiliar decisões administrativas.
Orientar, educando para a execução correcta, colectar elementos
para decisões mais efectivas, sugerir caminhos para a eficiência,
são os verdadeiros aspectos da auditoria no exame das situações
e contas públicas.
— 499
A Qualificação do Auditor: Alguns aspectos
Por Hamilton Parma
I - CONSIDERAÇÕES GERAIS
0 AUDITOR:
Auditar tem origem no verbo latino «audio, audis, audire, audivi,
auditum», o qual tem os seguintes significados:
a. ouvir, estar com os ouvidos atentos a, escutar;
b. entender, compreender;
c. ouvir dizer, ter conhecimento de, saber, ser informado;
d. escutar, obedecer, acreditar;
e. ouvir ou escutar as súplicas de;
f. ser discípulo de, ouvir as lições de, ouvir uma causa,
julgar uma causa;
g. ser bem ou mal apreciado por alguém, reputação; e
h. ser chamado, nomeado.
— 501
Consideramos depreciativo e pejorativo dizer-se «auditor inde-
pendente», «auditor interno», «auditor externo» e «auditor público».
Melhor nomeá-los simplesmente «auditores». A qualificação pela lei
de regência é totalmente desnecessária, pois o conteúdo técnico é o
mesmo para o profissional em quaisquer dessas três áreas. Não se
diz — «médico interno», para o qualificar o médico empregado, não
se diz «médico independente ou externo» para o autónomo, ou «mé-
dico público» para médico servidor público.
A intitulação profissional deve apresentar analogia, igualdade ou
semelhança com a das outras profissões de nível superior.
A diversificação dos significados, a mudança dos vários enfoques
conceituais, bem demonstram o enciclopedismo da técnica nor nós
manipulada, das múltiplas facetas que há dentro do nosso campo
profissional, obrigando-nos a satisfazer pré-requisitos que estão si-
tuados em elevados níveis, difíceis de serem atingidos, os quais, para
serem alcançados, exigem hercúleos esforços e sacrifícios.
A auditoria não é uma ciência; é uma técnica, e como tal, a
aplicação de conhecimentos auferidos nos vários campos científicos,
tanto das chamadas ciências exactas como sociais. É uma sofisti-
cada especialização da profissão do contador, com fortes e actuais
tendências para ser ministrada, em, grau de iniciação, a nível de
pós-graduação, como extensão universitária.
CLASSIFICAÇÃO DA AUDITORIA:
502 -
O pleno exercício das funções da auditoria, seja de que tipo for,
está preso ao processo de dependência da autoridade a que está
subordinada, ou à linha hierárquica, em seus vários níveis.
No caso da auditoria interna, os seus objectivos serão facilmente
atingidos se ela estiver subordinada ao presidente da empresa. Ha-
vendo níveis de subordinação, o processo estará irremediavelmente
comprometido, com sacrifícios da independência e liberdade de acção,
duas condições básicas ao desempenho daquelas funções.
Na auditoria externa, por definição e natureza, os objectivos são
também atingidos pela inexistência de subordinação à empresa au-
ditada.
Na auditoria governamental os serviços de auditoria devem ficar
subordinados à autoridade que ocupa o mais elevado grau na hierar-
quia existente.
Pelo que vimos, auditoria é género; auditoria interna, externa
ou governamental são espécies; e auditoria fiscal, providenciaria ou
de cooperativas são sub-espécies.
COMPETÊNCIA LEGAL:
- 503
art. 2.° do Decreto-lei n.° 21033, de 8-2-32, além das referidas no
parágrafo único do art. 5.°:
504 —
18. pareceres, laudos e estudos em matéria fiscal e que
envolvam problemas de contabilidade e fiscais;
19. estudos sobre sistemas de contabilidade de qualquer
natureza;
20. estudos sobre formas e planos de financiamento».
Há, junto aos Conselhos Regionais de Contabilidade, um cadastro
especial para auditor. As sociedades integrantes do Sistema Finan-
ceiro e as de capital aberto somente podem ser auditadas por
elementos inscritos em cadastro específico existente na Comissão de
Valores Mobiliários (CVM); inúmeras são as exigências a serem
cumpridas para a obtenção desse registro.
Na forma da legislação vigente, somente os contadores regis-
trados nos CRC (s) podem exercer e praticar a auditoria. São conta-
dores os Bacharéis em Ciências Contábeis ou aqueles provisionados
na forma de dispositivos legais de adaptação integrantes do Decreto-
-lei n.° 9 295, de 27-5-46. Alguns órgãos públicos exigem cadastra-
mento específico, tais como a IGF, BNH, CVM, e muitos outros.
Há uma tendência actual no sentido de ser solicitado ao Governo
Federal a unificação desses cadastros, pois a sua diversificação já
está começando a ser um estorvo e um empecilho legal à prerro-
gativa do exercício profissional.
A Resolução n.° 321, de 14 de Abril de 1972, do Conselho Federal
de Contabilidade, estatui, no Capítulo I — Conceituação e Síntese das
Normas, item 2, referente a Normas Relativas à Pessoa do Auditor:
«...
a) A auditoria deve ser executada por pessoa legalmente
habilitada perante o Conselho Regional de Conta-
bilidade».
Já a Res. CFC 317, de 14 de Janeiro de 1972, estabelece:
«Art. 1.° Para fins de credenciamento junto a entidades públi-
cas ou privadas, poderá inscrever-se como auditor independente:
I — o contador ou seu equiparado legal;
II — o escritório de contabilidade, organizado na forma do
disposto nos artigos 1.°, incisos II e III, e 21 da Reso-
lução CFC n.° 302/71.
Parágrafo único. Para fins desta Resolução,
considera-se auditor independente o contador que,
individualmente ou como integrante de escritório de
contabilidade, realiza tarefas típicas de auditoria,
sem vínculo de emprego ou qualquer relação de
dependência para com a entidade auditada».
— 505
O CAMPO DE TRABALHO PROFISSIONAL:
506 -
O assessoramento técnico é a mais alta sofisticação profissional.
Neste sector o auditor aplica os seus vastos conhecimentos colocando
nas mãos do empresário, do administrador público ou autoridade
governamental as opções encontradas para uma tomada de decisão
ou a conclusão de um estudo onde a sua opinião é fundamentada.
Nunca é demais cansativo repetir que não cabe ao auditor decidir,
mas sim opinar, quando actua nesse campo. A responsabilidade da
decisão é do administrador.
Em uma sequência normal de um desenvolvimento profissional,
via de regra, esta função é desempenhada em um segmento final
de carreira, posto exigir um longo amadurecimento e experiência
vivida; normalmente é a última etapa da profissão do auditor.
A função revisora apoia-se fundamentalmente no estudo da legi-
timidade do facto administrativo, da autenticidade documental e da
correcção contábil. Em se tratando de órgão que gravita em torno
do Poder Público, ou a ele próprio, outros três aspectos são também
analisados: a legalidade, a normalidade e a essencialidade dos
custos ou despesas.
A função pericial fundamenta-se na demonstração de factos, na
sua extracção e separação na sucessão temporal, com o objectivo
de colocá-los à disposição de pessoas leigas, interessadas no seu
conhecimento, face a possíveis discussões que surjam sobre os
mesmos, ou para servir como elemento probante.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL:
Diz a Res. CFC 321/72:
«...
b) o auditor deve ser independente em todos os assuntos
relativos a seu trabalho;
c) o auditor deve aplicar o máximo de cuidado e zelo
na realização do exame e na exposição de suas
conclusões».
No inciso II, das «Normas Relativas à Pessoa do Auditor»,
tópico referente ao «Treinamento e Competência Técnico-Profis-
sional» estabelece aquela Res. CFC 321/72:
«1. A auditoria deverá ser exercida por profissional legal-
mente habilitado, registrado no CRC na categoria de
«Contador», nos termos do Decreto-lei n.° 9 295, de 25 de
Maio de 1946 e cadastrado nos termos da Resolução
CFC n.° 317/72, de 14 de Janeiro de 1972, e que tenha
conhecida experiência adquirida e mantida pelo treina-
mento técnico na função de auditor.
- 507
«2. A educação formal e a experiência profissional do
auditor se complementam. Assim, ao exercer a super-
visão sobre seus subordinados, o auditor deverá apreciar
conjuntamente esses atributos, a fim de determinar a
extensão dessa supervisão e a profundidade da revisão
de seus trabalhos. Entende-se por experiência profis-
sional o conhecimento actualizado das normas e proce-
dimentos de auditoria, dos princípios contábeis, das
modernas técnicas empresariais e dos processos evolu-
tivos ocorridos em sua profissão.
508 —
cias Contábeis; avança nos cursos de especialização, nos de exten-
são universitária, nos de actualização e reciclagem, e nunca mais
termina o processo de aperfeiçoamento. Só a morte e o abandono
da profissão registram o parâmetro final. O auditor é um profis-
sional que não pode largar os livros: leitura mínima diária de duas
horas de literatura técnica, sem se falar na de cultura geral, e do
noticiário de cada dia. O auditor tem que estar por dentro dos
acontecimentos, tem necessidade de saber da evolução dos negócios,
do comportamento da economia, enfim, não pode alhear-se. Não
basta ficar olhando os acontecimentos, mas deve neles engajar-se,
neles se integrar.
A composição dos princípios científicos, originários de vários
ramos do conhecimento humano, que apropriamos para a consecução
dos trabalhos técnicos por nós desenvolvidos, influencia na escolha
do tipo do profissional adequado. A auditoria não é uma ciência,
mas uma técnica de aplicação de conhecimentos científicos. Em um
universo de pessoas, poucas estão aptas a desenvolver actividades
de auditagem. Qualidades exigidas pelo próprio campo profissional
são raramente encontradas em elevado quantitativo de pessoas.
Essas qualidades podem ser desenvolvidas ao longo de um segmento
de prática profissional. Como são de naturezas diversas, essas
qualidades apresentam coeficientes de desenvolvimento desnive-
lados.
Sejamos claros: a auditoria, mais do que qualquer outra profis-
são de nível superior, exige mais: maior soma de conhecimentos,
elevado grau cultural, idoneidade inatacável, carácter, fiel cumpri-
mento e vivência das normas éticas.
— 509
6. Análise de Balanços;
7. Organização Geral;
8. Organização Aplicada;
9. Administração Geral;
10. Administração Aplicada;
11. Finanças;
12. Direito Administrativo;
13. Direito Constitucional;
14. Direito Civil;
15. Direito Comercial;
16. Direito do Trabalho;
17. Direito Fiscal e a legislação especializada de.
a. I. P.I.;
b. I. Renda;
c. I. S. O. F . ;
d. ICM;
e. ISS;
/. Assuntos aduaneiros;
g. Imposto s/ Minerais;
h. INPS;
i. Seguros, etc.
18. Técnica Comercial;
19. Técnica Industrial;
20. Técnica Bancária;
21. Técnicas diversas;
22. Merceologia;
23. Mecanografia ;
24. Economia ;
25. Sociologia;
26. Psicologia Aplicada e Turística;
27. Matemática Financeira (noções);
28. Moral e Ética;
29. Relações Humanas;
30. Noções de diversos outros ramos do saber humano como:
História Aplicada (à Contabilidade, à Economia, ao
Comércio, à Indústria, etc.), Filosofia, etc.;
31. Computação Electrónica;
32. Pesquisa Operacional, etc.;
510 —
3. Capacidade física;
4. Capacidade financeira;
5. Capacidade acessórias, como:
a. Nome profissional;
b. Posição Social;
c. Tradição profissional;
d. Capacidade intelectual;
e. Habilidade nas relações;
4. intelectuais :
inteligência e agilidade mental, bom senso e critério
de julgamento, opinião própria e força de vontade,
— 511
atitude mental de independência, motivação e sede
de saber, capacidade de análise, observação e pes-
quisa, inquietação perante problemas técnicos e cul-
turais, atitude auditorial (mente aberta e curiosa).
5. de independência.
6. de integração profissional:
7. de educação e civismo:
a) a suspicácia;
b) a perspicácia;
b) a agilidade mental;
c) a perseverança; e
d) a tolerância.
A suspicácia nada mais é do que a transposição do primeiro
princípio de Renê Descartes, no seu célebre «Discurso sobre o
Método», também conhecido como o «princípio da evidência», con-
512 —
substanciado na famosa máxima que subtilmente contornou princípios
vigentes na sua época — a pressão religiosa — ou seja, o princípio
da verdade científica: «somente devemos aceitar como verdadeiro
o que for provado ou for evidente». O auditor é o profissional que
pratica em larga escala esse princípio.
A perspicácia, na palavra de Iberê Gilson, «é a sagacidade, a
intuição, a penetração, o talento para apreender os factos expostos
e perceber os latentes».
A agilidade mental é a rapidez de raciocínio; é entender o facto
administrativo em toda a sua extensão e em suas implicações patri-
moniais na velocidade de um raio.
A perseverança é a firmeza na busca dos objectivos traçados,
na busca empreendida, na conclusão esperada.
A tolerância é a frieza de comportamento demonstrada em uma
conclusão obtida ou a demonstração de irrepreensível auto-controle
diante de factos surpreendentes que incriminem pessoas.
53 - 513
Acreditamos que a nossa mente dispõe de inúmeras forças que
actuam em, função das faixas de frequência das vibrações dos neuró-
nios. Dizem os biofísicos que cada neurónio armazena 1,2 watt de
energia e que o cérebro humano tem em média 20 biliões de neuró-
nios; aceitando-se tal afirmativa, podemos ver que cada cérebro
não deixa de ser uma verdadeira e potente usina geradora de
energia.
Tal volume de energia pode, dentro dos princípios físicos conhe-
cidos, produzir inúmeros campos de força, nas faixas de vibração
daquelas células. Cremos que há a possibilidade de um desses
campos de força produzir energia capaz de proporcionar ao auditor
a descoberta da irregularidade ou da fraude com muita facilidade
e rapidez, através da emissão de ondas energéticas, as quais atoa-
riam directamente sobre as mentes de terceiros, transmitindo ou
recebendo informações, ou indirectamente sobre a natureza produ-
zindo efeitos de indução.
Na auditoria fiscal, principalmente, pode-se chegar com uma
certa facilidade à constatação do que foi afirmado.
Já tivemos oportunidade de constatar a rapidez da identificação
do erro e da fraude por parte de auditores que possuíam baixo nível
cultural técnico. Fraudes sofisticadas foram detectadas.
Cremos que pesquisas poderiam ser dirigidas no sentido de
esclarecer o ponto de vista ora manifestado.
INCOMPATIBILIDADES PROFISSIONAIS:
514 -
O compadrio, o afilhadismo, as relações de parentesco, a ami-
zade profunda, o ódio, as incompatibilidades funcionais (Contador X
Tesoureiro, Vendedor X Cobrador, Almoxarife X Comprador, Cre-
dor X Devedor) são algumas configurações de irreconciliáveis
situações no desenvolvimento da acção revisora ou pericial.
- 515
d) percepção, da empresa auditada, de renda que influa ponde-
ravelmente em sua receita global, a juízo do Banco Central;
e) exercício de cargo ou função incompatível com os serviços
de auditoria, a critério do Banco Central».
ASPECTOS ÉTICOS:
516 —
«Ética» deriva etimologicamente do grego «ethiko», com signifi-
cado semelhante a «morale», raiz de origem latina da palavra moral,
exprimindo «relativo aos costumes».
Segundo Gabriel Rebouças de Carvalho, «Ética é s ciência que
estuda os princípios em que se funda o dever. Sendo a Moral a
ciência que estuda a conduta do homem e a Ética o que se lhe refere
aos costumes, é forçoso concluir que ambas têm o mesmo objecto».
Ética é parte da moral; é a moral aplicada.
A Ética desdobra-se em duas parte: a deontologia, que é a
ciência dos deveres, e a diciologia, que é a ciência dos direitos.
Diz Ruy Azevedo Sodré: «a Ética pressupõe uma reflexão sobre
a moral. E isto porque, na verdade, vivemos e praticamos, dia a
dia, continuamente, actos dentro da moral, indistinta e insensivel-
mente, porque estamos, por tradição e costume, presos a ela. Tais
actos se enquadram nas características de género. Já a ética profis-
sional apresenta características de espécie, por dependerem estas,
em sua maioria, do juízo crítico e do livre arbítrio. A Ética pressupõe
uma reflexão sobre a moral, repetimos, porque ela nos obriga a
pensar na moralidade dos nossos actos, bitolados dentro das regras
morais e práticas, orientadoras da nossa conduta, esclarecedoras da
nossa consciência profissional».
A obediência aos princípios éticos é um imperativo da nossa
consciência. Não se admite vacilação. A sua adopção não pode sofrer
restrições: deve ser integral e incondicionada. Os princípios éticos
não estrangulam os limitados campos de actuação do profissional,
pelo contrário, alargam-no.
A infracção aos princípios éticos é punida pela sociedade com
a repulsa, com a hostilidade, ou, na posição antagónica, com a comi-
seração. Pessoalmente o infractor se auto-pune: a inquietação em
sua consciência a todo o instante o acusa da falta cometida; nela
se instala o remorso.
Em nosso campo profissional muitas das práticas morais, normas
de comportamento, já estão materializadas em texto expresso. De há
muito já possuímos o nosso Código de Ética Profissional. O primeiro
data de 1950. O em vigor, desde 1970. Lastreado no art. 10.°, do
Decreto-lei n.° 1 040, de 21 de Outubro de 1969, o Conselho Federal
de Contabilidade expediu a Resolução n.° 290, em 4 de Setembro
de 1970, que o aprovou. Os Conselhos Regionais de Contabilidade
possuem um «Tribunal de Ética Profissional» onde as infracções são
julgadas, em carácter sigiloso, com ampla defesa dos acusados.
De acordo com a gravidade do acto praticado, as penas a serem
impostas são graduadas em advertência, censura reservada, e cen-
sura pública.
É desnecessário lembrar que o julgamento por infracção à ética
profissional não exime o acusado de responder, dependendo do facto,
a processo nas áreas administrativa, civil e penal.
— 517
Na hipótese da auditoria externa o profissional sujeita-se também
ao Código existente para os Auditores Independentes. Há uma reco-
mendação do IAIB para que esses profissionais dêem obediência ao
«Código de Ética Profissional» pelo menos aprovado, bem como
existe idêntica recomendação quanto aos seus «Princípios de Ética
Profissional». Esses «Princípios» propugnam pela «independência
profissional, independência de atitudes e de decisões, intransferi-
bilidade de funções, eficiência, integridade, sigilo e discrição, impar-
cialidade e lealdade de classe».
O Código de Ética Profissional da Res. CFC 290/70 desdobra-se
em cinco capítulos. No primeiro o seu objectivo é definido: «o pre-
sente Código tem por objectivo fixar a forma pela qual devem
conduzir os contabilistas quando no exercício profissional»; no
segundo encontramos os deveres e as proibições; no terceiro o tra-
tamento dos honorários profissionais; no quarto, os deveres em
relação aos colegas e à classe e, finalmente o quinto, do tratamento
das infracções ao mesmo.
0 Código de Ética do IAIB dá um interessante tratamento a
alguns aspectos do exercício profissional. Em seu art. 7.° estabelece:
518 —
Iberé Gilson assim sintetizou as normas de comportamento do
auditor :
a. exercitação da descrição;
b. esquivança da suspeita infundada;
c. fuga à vituperação pessoal; e
d. evitação da arbitrariedade.
Finalizando o tópico, desejamos transcrever as palavras do
Prof. Ivar Vieira Campos:
«O modo pelo qual o revisor se conduz no exercício de sua pro-
fissão é um dos factores decisivos para o bom êxito da revisão.
Além dos princípios estabelecidos pelo Código de Ética Profissional,
há outras normas, ou advertências, estabelecidas pela experiência.
Fernando Boter, por exemplo, selecciona as seguintes normas de
conduta para o revisor:
A ESTRUTURA PROFISSIONAL:
— 519
complexidade, já tem sob o seu controle toda a demonstração con-
tábil da^ empresa auditada. Quando não há um nível superior para
qualificá-lo, geralmente o sénior, vencido em certo período, passa
à categoria de «supervisor». Supervisor de certa quantidade de
serviços, por que do auditor júnior e do estagiário sempre ele é.
Mostrando proficiência e já possuidor de acumuladas experiências,
ascende a sénior, ou o supervisor, à categoria de gerente. A gerência
já é uma atribuição técnico-administrativa. O auditor gerente passa
a se envolver com problemas de administração da sua empresa onde
é empregado além de ter a responsabilidade técnica sobre auditores
em, determinadas áreas, região ou sector especializado. Os sistemas
linear e funcional para ele converge. Saindo-se bem, e depois de
longo período na função, é ele guindado à posição do sócio-gerente,
no qual irá zelar pelos destinos, idoneidade e crescimento da sua
empresa.
Em termos médios, e com a aptidão para a execução dos serviços
de auditagem, o auditor externo percorre os seguintes segmentos:
estagiário, 1 a 2 anos; auditor júnior, 2 a 3 anos; auditor sénior, 3 a
6 anos; auditor gerente, 4 a 10 anos.
Em> condições razoáveis, após 5 anos de experiência no cargo,
podemos considerar o profissional como auditor.
a. qualificações mínimas
b. qualificações desejáveis
c. descrição geral das tarefas
d. exemplos típicos das tarefas
e. remuneração, directa e indirecta
520 -
«En passant» registe-se que dois distintos institutos se justapõe:
um de cargos e um de salários.
Intitula-se «em potencial» o ocupante ideal de cargo tecnicamente
definido.
A maior dificuldade está em encontrar o homem capaz de satis-
fazer as condições fixadas para o «ocupante em potencial». Esta
busca é a preocupação dos institutos de recrutamento e selecção.
No caso brasileiro o problema do recrutamento e selecção se
agiganta em nossos dias pela elevada escassez de mão de obra
qualificada no campo da auditoria. Dois factores concorrem para
este fenómeno: a estrutura da carreira de contabilista geral com
nível de equilíbrio da oferta e demanda de auditores, ocorrida
em 1972, com o advento da Circular n.° 179/72, 178/72 e Res. 220/72,
do Banco Central do Brasil, e Resolução 317 e 321/72, do Conselho
Federal de Contabilidade.
O recrutamento' de auditores se faz por vários processos. A nível
internacional, e isto já está também ocorrendo em nosso país, ele
é feito através de alunos que cursam as últimas séries do curso
superior de Ciências Contábeis, ou equivalente. Estes alunos, após
uma ligeira entrevista pessoal e um elementar teste, são convidados
para estagiarem em firmas de auditoria.
No México, segundo registo do Instituto Mexicano de Contadores
Públicos, 95 % daquele recrutamento referem-se à forma mencionada.
Nos EEUU até no Serviço Público assim se faz, principalmente na
área da auditoria fiscal.
Para os auditores funcionários públicos, a norma constitucional
exige o concurso público. Predomina actualmente a mentalidade de
que os concursos públicos devem ser classificatórios. No campo da
auditoria, face à alta especialização, tal conceituação não tem res-
paldo técnico, pois o auditor deve ser seleccionado e não classificado;
assim, para o nosso campo profissional o ideal é o retorno aos con-
cursos selectivos.
Seleccionado o profissional, equiparando-se ele ou se nivelando
ao «ocupante em potencial» do cargo, inicia-se a fase de treinamento,
e «pari passu» e aquisição paulatina da experiência profissional, da
acumulação de conhecimentos técnicos e gerais. Lembremo-nos da
norma técnica, já transcrita em tópico- anterior:
- 521
princípios conta beis, das modernas técnicas empresariais e
dos processos evolutivos ocorridos em sua profissão».
522 -
desde um juízo verdadeiro e objectivo, até eventualmente, um caso
extremo de falsidade deliberada. Ele é encarregado de examinar
e opinar sobre as demonstrações financeiras de uma empresa porque,
através do treinamento e experiência, tornou-se perito em contabi-
lidade auditoria e adquiriu a habilidade necessária para apreciar
os factos com objectividade, e exercer julgamento independente
sobre as informações registadas nos livros contábeis ou, de alguma
outra forma, reveladas através de.seu exame. Em consequência,
seu parecer representa garantia razoável de que as informações
pertinentes às demonstrações financeiras estão apresentadas de
forma adequada».
Afora o treinamento específico, feito para a execução da audita-
gem, temos o geral, que pode compreender:
a) cursos de especialização
b) cursos de extensão universitária
c) cursos de rápida duração
d) seminários, conclaves nacionais
e) seminários, conclaves e congressos internacionais
/) estágios feitos por convénios
- 523
BIBLIOGRAFIA:
524
Redacção do Relatório e Parecer
do Conselho Fiscal
Por Hernâni 0. Carqueja
1. NOTAS PRÉVIAS
1.0.
- 525
A responsabilidade especial resultante do desempenho de funções
como membro ou em substituição do Conselho Fiscal pode ser enten-
dida, considerando as seguintes fontes legais:
. Código Civil
. Código Comercial
. Regime de Fiscalização das Sociedades Anónimas
— Decreto-Lei n.° 49 381 c/ redacção actual
. Regime e Organização Profissional dos Revisores
— Decreto-Lei n.° 1/72 de 3 de Janeiro
. Códigos e Legislação Fiscal
. Legislação sobre a Previdência
— Decreto-Lei n.° 511/76 e 512/76 de 3 de Julho
526 —
6.° — Responsabilidade perante o Fisco e a Previdência.
— ver em especial artigo 16.° do Processo das Contri-
buições e Impostos e artigo 4.° do Decreto-Lei
n.° 512/76 de 3 de Julho.
Artigo 37.°
— 527
3.° — Relatório e Parecer sobre a Prestação de Contas
2. RELATÓRIO E PARECER
Artigo 35°
A análise deste artigo começa por destacar que ele não se refere
ao relatório e parecer do Conselho Fiscal a apresentar no prazo de
15 dias nos termos do n.° 3 do artigo 34.° mas somente ao relatório.
Será que relatório e parecer são diferentes?
528 -
O cotejo com a alínea g) do n.° 1 do artigo 10.° justifica a ime-
diata conclusão de que a lei distingue, nitidamente, as duas partes:
o relatório e o parecer. O conteúdo deste aparece definido com
nitidez na alínea referida cujo texto é claro:
Artigo 1°
34 - 529
Pelo interesse que apresentam as soluções e referências legais
posteriores ao Decreto-Lei n.° 49 381 destaquem-se nos exemplos as
seguintes disposições relativas a empresas públicas:
Artigo 21.°
a) ...
b) ...
c) Emitir parecer acerca do orçamento, do balanço e
das contas anuais de gerência.
d) ...
e) ...
Artigo 18.°
530 -
3. ESTRUTURA DO RELATÓRIO E PARECER DO CONSELHO
FISCAL NAS S. A. R. L. s.
— o relatório
— do parecer
4. PRINCÍPIOS DE REDACÇÃO
— 531
A inexistência de princípios contabilísticos reconhecidos de forma
expressa como geralmente aceites pelas associações profissionais
(Câmara dos Revisores de Contas, Associação dos Técnicos de Contas,
Câmara dos Técnicos de Contas, Sociedade Portuguesa de Contabi-
lidade e Associação Portuguesa de Contabilistas) justifica o alongar
dos relatórios na medida em que impede que se pressuponha que
sempre que não há menção especial a empresa respeita tais
princípios.
Note-se, contudo, que a entrada em vigor do Dec^eto-Lei n.° 47/77
de 7 de Fevereiro — Plano Oficial de Contabilidade — veio permitir
a remissão para o anexo ao balanço e demonstração de resultados
de tudo quanto respeita à indicação de critérios valorimétricos que
anteriormente encontrava cabimento no relatório do Conselho Fiscal.
À medida que sejam definidos princípios aceites ou na medida em
que seja possível remeter para alguma das peças que necessaria-
mente acompanhe o relatório e parecer, este aparecerá abreviado.
Só como atitude extrema quanto à redacção do relatório e parecer
do Conselho Fiscal considere-se a solução alemã, conforme extracto
dum relatório da empresa Grunding, que só consta do seguinte:
Local e data
(assinatura do Wirtschaftsfruher)».
532 -
Solução inglesa — relatório de auditoria
Na nossa opinião as contas apresentadas da página à
página são uma imagem correcta e sincera da situação da
empresa em e dos resultados apurados e da origem e apli-
cação de fundos durante o exercício fechado em tal data, de acordo
com o princípio de custos históricos, e respeitam as leis das socie-
dades de 1947 e 1967.
Também procedemos à revisão dos mapas suplementares apresen-
tados na página e preparados conforme o princípio de custos
correntes, tal como se explica nas notas constantes da página
Na nossa opinião, os mapas e as notas anexas traduzem com since-
ridade os resultados e a situação financeira da empresa em com
base no princípio de custos correntes.
(assinatura do C. A.)
— relatório
— balanço
— contas
— e propostas
534 -
Conjugando os artigos 10.°, 12.° e 34.° parece que poderá resu-
mir-se assim a actual situação legal:
- 535
6. Confirmámos as quantidades físicas de existências e concluí-
mos pela razoabilidade dos valores apresentados exceptuando as
peças de reserva que se incluem no armazém de sobressalentes e
matérias subsidiárias e cuja respectiva provisão para depreciação
é, em nossa opinião, insuficiente;
7. Durante o ano analisámos a movimentação das contas do
activo imobilizado e considerámos correcto o valor da contabilização
dos aumentos e abates;
8. Os critérios valorimétricos das existências adoptadas — custo
padrão — estão superiormente autorizados sendo revistas anualmente
pelo empresa, e conduzem com os que têm sido seguidos em exercí-
cios anteriores;
9. Verificámos que as taxas de amortizações aplicadas no activo
imobilizado contêm-se nos limites estabelecidos pela Portaria
n.° 21 867;
10. A empresa não constitui provisão para os juros dos emprés-
timos a médio e longo prazo, a pagar em 1977, que constituíram
encargo do exercício de 1976, no montante de cerca de mil e quatro-
centos contos;
11. A comissão administrativa no seu relatório expõe por forma
pormenorizada e devidamente esclarecedora, não só as acorrências
de maior significado verificadas durante o exercício, como também
a actual situação económica e financeira da empresa;
12. Tomámos conhecimento dos principais factos que foram, no
decorrer do exercício, objecto de apreciação e resolução da comissão
administrativa, tendo-nos sido sempre prestados por todos os serviços
os esclarecimentos considerados necessários para o desempenho da
nossa missão;
13. Em nossa opinião, a contabilidade, o balanço e a conta
«Ganhos e perdas» do exercício de 1976 satisfazem as disposições
legais em vigor e reflectem correctamente a situação patrimonial
da empresa;
14. Assim, e em conclusão, é nosso parecer que, com as res-
salvas anteriormente indicadas, o relatório da comissão administra-
tiva, o balanço e a conta «Ganhos e perdas» do Amoníaco Português,
relativas ao exercício de 1976, merecem aprovação.
536 —
Parecer do Conselho Fiscal
Senhores Accionistas:
1. No cumprimento das disposições legais e estatutárias acom-
panhámos os diferentes aspectos da gestão da Empresa referente ao
período a que se referem os documentos sob apreciação para compe-
tente parecer;
2. Como se explana no Relatório do Conselho de Administração
a Empresa esteve sob intervenção estatal até Março de 1977, data
a partir da qual ficou regularizado o funcionamento dos órgãos
sociais legítimos;
3. Já se referiu no parecer relativo ao exercício de 1976 que
os registos contabilísticos, ao tempo do termo da intervenção, esta-
vam de tal modo atrasados que motivou um enorme trabalho de
recuperação, tendo sido possível encerrar em fins de Março deste
ano os trabalhos respeitantes ao exercício de 1976 e agora os de 1977;
4. O Relatório do Conselho de Administração é bastante informa-
tivo e concludente sobre situações, problemas e metas que houve de
encarar, resolver e perspectivar;
5. Acompanhámos não só a gestão social corrente mas também
a elaboração das tarefas administrativas verificando com normali-
dade os documentos, registos e livros, tendo encontrado tudo em
boa ordem;
6. Foram conferidas existências, nomeadamente as de Caixa
e outros valores, sendo os critérios valorimétricos adoptados os
normais e legais em uso na Empresa, ressalvando-se a não escritu-
ração de reintegrações de alguns elementos do imobilizado em face
da reavaliação para efeitos do contrato de viabilização;
7. A Administração e responsáveis sectoriais sempre nos pres-
taram os esclarecimentos julgados úteis e necessários;
8. Nestes termos somos de parecer que se encontram em condi-
ções de merecer a vossa aprovação:
1° — O Relatório, Balanços e Contas de Resultados relativos
ao exercício de 1977;
2° — A proposta de destino dos resultados;
9. Sugerimos a formulação de um voto de apreço pelo esforço
e dedicação de todos os colaboradores desde a Administração ao mais
modesto operário.
Também é transcrição exacta com acréscimo de números de refe-
rência dos parágrafos o seguinte exemplo:
c) Parecer e relatório da sociedade revisora das contas
referidas a 31 de Dezembro de 1977 da sociedade COVTNA
— 537
— Companhia Vidreira Nacional, SARL conforme foram
publicados em O Jornal:
538 —
nalmente aceite em Portugal bem como com o Relatório
do Conselho áe Administração no parágrafo respeitante
à valorimetria dos terrenos, representam de forma
correcta a situação patrimonii! e financeira da Covina
— Companhia Vidreira Nacional, Sociedade Anónima de
Responsabilidade Limitada, à data de 31 de Dezembro
de 1977;
3." — Sejam aprovadas as Contas de mil novecentos e setenta
e sete nos termos em gue o Conselho de Administração
as apresenta e tomando em consideração o exposto
no n.° 2 anterior;
4." — Seja igualmente aprovada a proposta de aplicação de
resultados.
Procurando estabelece: paralelo entre os três exemplos e Usando
como referência os números dos parágrafos verifica-se:
I Qualquer dos três exemplos contém referência aos termos
do mandato:
exemplo A — parágrafo 1 (exercício de funções do Con-
selho Fiscal)
exemplo B — parágrafo 1 (cumprimento de disposições
legais e estatutárias para competente pare-
cer)
exemplo C — parágrafo 1 (termos da lei e do mandato
conferido por assembleia de )
II Qualquer dos três exemplos contém expressa indicação
das contas a que respeita:
exemplo A — parágrafo 1 (exercício terminado em 31 de
Dezembro de 1977)
exemplo B — parágrafo 8 (relativo ao exercício de 1977)
exemplo C — parágrafo 5 e 2 (à data de 31 de Dezembro
de 1977)
III Qualquer dos exemplos contém um relatório sobre os
termos em que foram desempenhadas as funções:
exemplo A — parágrafos 2 a 7 e 12.°
exemplo B — parágrafos 2, 5, 6, 7
exemplo C — parágrafos 2 e 3
IV Qualquer dos exemplos contém conclusões resultantes do
desempenho :
exemplo A — parágrafos 8 a 11 e 13.°
exemplo B — parágrafos 4, 6
exemplo C — parágrafo 4
— 539
V Qualquer dos exemplos contém a formulação do parecer
final:
7. O PARECER «LIMPO»
540 -
Face às análises efectuadas parece-nos que:
1.° — Devem ser indicados expressamente os termos do mandato
executado e as referências do período e contas apreciadas;
2.° — Deve ser indicado expressamente se as contas do exercício
anterior foram já objecto de revisão pelos mesmos revisores, ou
quais os termos em que foram aceites como correctas. Note-se que
nos exemplos apresentados contorna-se de certa forma, a clareza
de redacção quando no exemplo C se menciona a data da Assembleia
conducente à nomeação e se adopta a redacção usada no parágrafo 2;
3.° — Devem ser indicadas as verificações efectuadas e resultados
obtidos ;
4.° — Devem fazer-se as indicações, eventualmente por remissão
para qualquer das peças objecto de parecer, exigidas pela lei ou
estatutos;
5.° — O parecer além de visar a aprovação de contas evita igual-
mente as propostas apresentadas pela administração alínea g) do
artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 49 381);
- 541
Efectuámos auditoria das contas e, Acção fiscalizadora desenvolvida.
em fecho de trabalho procedemos à
leitura atenta do relatório e propostas
que vos são apresentadas pelo Conselho
de Administração.
Em r e s u l t a d o do desempenho das Chamadas de atenção e conclusões
nossas funções e tomando em conside- resultantes dos exames efectuados.
ração que:
I — As contas apresentadas com- Necessidade de fazer interpretar con-
preendem o Balanço e Notas juntamente todas as peças publicadas
Anexas ao Balanço e Conta de dada a falta de tradição de consulta
Resultados que devem ser publi- das notas anexas.
cados e interpretados conjunta-
mente e são apoiados no inven-
tário e análises que legalmente
lhes devem servir de suporte;
II — Os c r i t é r i o s valorimétricos Alínea c) do n.° 1 do art. 35.° do
adoptados são os indicados nas Decreto-Lei n.° 49 381.
notas anexas e baseiam-se no
princípio de custos históricos
correspondendo às exigências
legais;
III — O relatório da Administração, Alínea a) do n.° 1 do art. 35.° con-
nos termos legais, complementa jugada com o art. 33° do Decreto-Lei
as contas e contém as referên- n.° 49 381.
cias ao estado e evolução dos
negócios sociais e faz menções
a custos, condições de mercado
e investimento de forma a per-
mitir m e l h o r compreensão da
situação da empresa;
IV —Não tomámos conhecimento de N.° 4 do art. 35.° do Decreto - Lei
violações da lei ou estatutos a n.° 49 381.
registar;
V — As provisões para i m p o s t o s Ressalva necessária sempre que haja
contabilizados pressupõem dis- lucros não distribuídos por virtude do
tribuição de resultados no va- Imposto Complementar que os atinge.
lor de conforme
vos é proposto pela Adminis-
tração;
542 -
Entendeu o Conselho de Administra- Não existindo na legislação portu-
ção complementar a informação contida guesa normas que permitam melhorar
na prestação de contas com os seguin- a informação resultante de custos his-
tes mapas suplementares (os tóricos é de esperar que alguns empre-
que forem) preparados con- sários comecem a produzir informação
forme o princípio de custos de repo- simultânea melhor tradutora du situa-
sição, conforme se explica no pará- ção empresarial.
grafo X do respectivo relatório. Tendo
procedido à verificação dos respectivos
mapas, somos de opinião que eles tra-
duzem com' sinceridade as situações a
que respeitam, com base nos princípios
de cálculo estabelecidos.
Local, data
A sociedade de revisores oficiais
de contas no exercício de funções
do Conselho Fiscal:
Nome da sociedade Art. 68." do Decreto-Lei n.° 1/72 de
Nome do revisor responsável. de Janeiro.
— 543
Enquanto a redacção dos pareceres não for suficientemente pací-
fica quanto ao significado a atribuir aos afastamentos do parecer
limpo base, continuará a ser possível nada dizer sob a protecção de
referir com muito pormenor as verificações efectuadas, passando
sem notas as que deveriam ser mas não foram efectuadas.
Neste campo a lei está em vigor e nada falta à Câmara dos
Revisores Oficiais de Contas para que lhe seja possível obrigar, a
melhor verdade, as empresas portuguesas. Àqueles em cujos ombros
cai o peso do futuro da revisão de contas cabe a iniciativa. Entre-
tanto note-se que na redacção que se apresenta não se diz que as
contas reflectem correctamente a situação mas somente que mere-
cem aprovação (???) face ao quadro legal existente.
544 -
9
Comunicações da 8.a Mesa
História, Metodologia e Didáctica da Con-
tabilidade
55
O Ensino da Contabilidade em Portugal
A necessidade duma Licenciatura em Contabilidade
Por Carlos Baptista áa Costa
— 547
disciplinas eram complementadas com diversas aulas prá-
ticas.
Saliente-se que a Aula de Comércio desfrutou de grande
prestígio não só pelos professores que nela ensinavam
como também pelos alunos que a frequentavam (casos de
Alexandre Herculano e do próprio Marquês de Pombal que
assistiu a algumas lições). De notar ainda, e para corro-
bora: a ideia da importância dada à Aula de Comércio, que
o júri dos exames era composto pelo lente e por dois repre-
sentantes da Junta de Comércio (organismo criado em 1756
para regulamentar as actividades económicas) tendo algu-
mas vezes assistido a tais actos o próprio rei D. José I.
No início do século XIX a Aula de Comércio perdeu um
pouco da sua importância sendo transformada por Costa
Cabral em 30 de Setembro de 1844 na Escola de Comércio
anexa à Secção Comercial do Liceu Nacional de Lisboa a
qual se viria a tornar independente do Liceu e incorporada
no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa na altura da
sua criação, em 30 de Dezembro de 1869, com os cursos
elementar e complementar.
Exactamente dezassete anos mais tarde, em 1886, Emídio
Navarro reorganizou o ensino comercial a todos os níveis.
o qual só viria a ser regulamentado por Decreto de 3 de
Fevereiro de 1888. Os cursos que passaram a existir foram
os seguintes:
548 -
— Desenho de figura e paisagem do natural
— Inglês.
2.° ANO
3.° ANO
4.° ANO
5.° ANO
- 549
pequeno trato» e o segundo com o objectivo de preparar
contabilistas, financeiros e «negociantes de grosso trato».
Para o ministro citado este tipo de ensino era suficiente
«para fazer a educação do pessoal dirigente da classe
comercial».
Felizmente que esta linha de pensamento não vingou
mais do que sete anos. De facto por Decreto de 30 de Junho
de 1898 da autoria de Augusto José da Cunha, os Institutos
Industriais e Comerciais passaram novamente a ministrar
o curso secundário de comércio (com a duração de três
anos) e o Curso Superior de Comércio (com a duração de
cinco anos).
1.° ANO
— Física
— Química e elementos de análise
— Economia Política. Estatística. Legislação Industrial
— Princípios de direito natural, público, civil e adminis-
trativo
— Francês, Inglês e Alemão
— Dactilografia, Estenografia e Caligrafia.
2.° ANO
3.° ANO
— 551
5.° ANO
552 -
de 1919 tendo o de Lisboa absorvido a secção comercial da
antiga Escola de Construções, Indústria e Comércio. O seu
primeiro director foi o Dr. Luís da Silva Viegas antigo pro-
fessor dos Institutos Superiores Técnico e de Comércio e
posteriormente professor ordinário do Instituto Industrial de
Lisboa e do Instituto Comercial de Lisboa (cadeiras de
Aritmética Comercial e Álgebra Financeira), e professor
catedrático do Instituto Superior de Ciências Económicas e
Financeiras.
O curriculum do curso dos Institutos Comerciais era o
seguinte:
1.° ANO
— Matemática elementar
— Física geral
— Química geral
— Tecnologia
— Inglês
— Escritório comercial.
2.° ANO
— Matemáticas gerais
— Física geral
— Química geral
— Mineralogia e geologia
— Geografia e história económicas
— Inglês
— Escritório comercial.
3.° ANO
— Análise química
— Contabilidade geral
— Aritmética comercial
— Direito político, administrativo e civil
— Geografia e história económicas
— Inglês
— Escritório comercial.
4.° ANO
— 553
— Direito comercial e marítimo
— Higiene
— Ciência económica.
Pelo seu lado o plano de estudos do Instituto Superior
de Comércio não foi remodelado mantendo-se em vigor aquele
que havia sido decretado em 23 de Setembro de 1915 o qual
por sua vez não se afastava substancialmente do regula-
mento de 1913 a não ser no que concerne à criação de um
novo curso superior — o de Finanças.
DO 28 DE MAIO AO 25 DE ABRIL
1.° ANO
— Matemática
— Física
— Química geral
— Geografia geral
— Economia política
— Direito político, civil e administrativo
— Francês, Inglês e Alemão.
2° ANO
— Matemática
— Elementos de análise química
— Ciências naturais. Matérias primas
— História universal
— Direito comercial e marítimo
— Francês, Inglês e Alemão
— Caligrafia
— Estenografia.
3.° ANO
— 555
Em primeiro luga-, em Outubro de 1949, passam a existir
no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras
apenas dois cursos, ambos com a duração de cinco anos:
o de Economia e o de Finanças. E se é certo que este último
continha alguma ponderação contabilística, não é menos ver-
dade que esta área apenas era ministrada com carácter sub-
sidiário, facto este que foi aliás agravado quando, em 1972,
aquele estabelecimento de ensino deu lugar ao Instituto Su-
perior de Economia com a consequente extinção do Curso
de Finanças e criação do Curso de Gestão de Empresas.
Em segundo lugar, em Novembro de 1950, o Decreto 38031
reduz de quatro para três anos a duração do Curso de Con-
tabilista professado nos Institutos Comerciais de cujo regu-
lamento (Decreto 38 231 de 23 de Abril de 1951) se trans-
creve o respectivo curriculum:
1.° ANO
— Matemática
— Química geral e métodos de análise
— Geografia geral e económica
— História geral e económica I
— Economia Política
— Direito Civil e Administrativo
— Organização Política da Nação e Economia Corporativa I
— Francês e Inglês
— Caligrafia.
2.° ANO
556 -
— Contabilidade Pública e Administração Ultramarina
— Dactilografia
— Estenografia II.
— Economia Empresarial
— Críticas das doutrinas contabilísticas — métodos contográ-
ficos
— Estatística geral e aplicada
— Psicossociologia da empresa
— História da Cultura Portuguesa no mundo.
— 557
ficava a discriminação profissional e social de que eram
objecto os diplomados destes institutos (comerciais) que,
depois de cumprirem um programa de estudos correspon-
dente, na prática, a um bacharelato, não tinham acesso a
este grau académico».
Esta situação viria a ser confirmada pelo Decreto-
-Lei 327/76 de 6 de Maio (quando à frente do Ministério
da Educação se encontrava Vítor Alves) que reconverteu
os Institutos Comerciais em Institutos Superiores de Conta-
bilidade e Administração, escolas estas «dotadas de perso-
nalidade jurídica e autonomia administrativa e pedagógica»
e nelas se conferindo «os graus de bacharelato, licenciatura
e doutoramento» em Contabilidade. Segundo o preâmbulo
do citado Dec "eto-Lei «para além da contabilidade, com
uma já longa tradição, pretende-se nestas escolas criar e
desenvolver um ensino que cubra a formação de técnicos
destinados sobretudo ao s actor público, tanto administrativo
como empresarial, em matérias como o controle orçamental,
a gestão de recursos humanos, financeiros e materiais, a
organização' e o tratamento da informação, etc.».
Os quatro Institutos Superiores de Contabilidade e Admi-
nistração (Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto) lançaram-se
então na organização dos respectivos bacharelatos em Con-
tabilidade, os quais embora não sejam idênticos em todos
eles, têm em comum as suas grandes linhas.
0 curriculum do bacharelato professado em Lisboa é o
seguinte:
1.° ANO
— Matemática
— Noções Fundamentais de Direito
— Economia I
— Organização e Gestão de Empresas
— Teoria dos Sistemas de Informação
— Contabilidade Geral e Financeira I.
2.° ANO
— Cálculo Financeiro
— Elementos de Análise Quantitativa
— Direito Comercial
— Economia II
— Contabilidade Geral e Financeira II
— Contabilidade de Custos e Gestão I.
558 —
3.° ANO
— Estatística Aplicada
— Direito Fiscal
— Gestão Financeira e Análise de Balanços
— Contabilidade de Custos e Gestão II
— Planeamento de Resultados e Controlo — Técnicas Orça-
mentais
— Revisão Contabilística (Auditoria).
— 559
2. A NECESSIDADE DUMA LICENCIATURA EM CONTABILI-
DADE
560 -
Esta situação tornar-se-á sem dúvida muito mais sombria
quando as empresas do nosso País, tal como já sucede em grande
parte no estrangeiro, forem obrigadas a:
«Ë bom que fique claro, de uma vez por todas, que con-
tabilidade e administração, constitui uma ciência autónoma
em relação à economia e que, por isso mesmo, se justifica a
sua existência ao nível do ensino universitário.»
56 - 561
ií. porque desde há muito tempo têm investigadores, licenciados
" :~ e doutorados nos campos da contabilidade e da adminis-
tração.»
562 —
Projecto de Licenciatura em Contabilidade
e Finanças
Por Associação Portuguesa de Contabilistas
A — INTRODUÇÃO
- 563
1.6. De facto e mau grado a profusão das licenciaturas exis-
tentes teremos de reconhecer que, para além de uma
notória «indisciplina profissional», o país não possui o
número suficiente de técnicos com formação superior
adequada, à altura de responder eficazmente aos múlti-
plos problemas empresariais dos nossos dias, mormente
nas áreas Contabilísticas e Financeiras.
- 565
— o ensino superior da Contabilidade ou não existe
ou é inadequado (em Portugal iniciou-se a nível
de Bacharelato no ano lectivo de 1975/76).
— falta grave de professores de Contabilidade.
— os livros de texto dos autores locais são inade-
quados.
— inexistência de um programa educacional Conta-
bilístico adequado.
— a informação Contabilística não está disponível
a tempo e na forma própria.
— inadequada educação Contabilística dos gestores.
— etc.
566 —
— 8.° Congresso da U. E. C. (nível Europeu com
observadores de outros Continentes). Dublin —
Setembro de 1978.
Onde se trataram de entre outros, assuntos relacionados
com:
— Informação Contabilística. As Contas Anuais.
— O tratamento no Balanço das flutuações monetá-
rias (inflação).
— Gastos de pesquisa e desenvolvimento (Contabili-
zação).
— Impostos sobre os lucros.
— Consolidação; Métodos e Contabilização.
— Auditoria Previsional.
— Contabilização dos Recursos Humanos.
— Normas internacionais de Contabilidade.
— Etc.
2.5. Em quase todos os países membros da C. E. E., para
além da auditoria e certificação das Contas anuais, que
é praticada desde há muitos anos, existe já um trata-
mento sistemático (ou não) da Contabilização dos efei-
tos da inflação, uma exigência de informação de Conta-
bilidade dos Recursos Humanos (Social Accounting),
para empresas de determinada dimensão (em França,
as que empreguem mais de 750 trabalhadores), bem
como a execução de Contas Consolidadas (grupos de
empresas, etc.).
3.1. DO PREAMBULO:
«Para além da contabilidade, com um a já longa
tradição, pretende-se nestas escolas (I. S. C s ) criar e
desenvolver um ensino que cubra a formação de técni-
cos destinados sobretudo ao sector público, tanto admi-
nistrativo como empresarial, em matérias como o
controle orçamental, a gestão dé recursos humanos,
financeiros e materiais, a organização e o tratamento
da informação, etc. Orientam-se assim estas escolas
— 567
para a formação de quadros que n a administração e no
controle da gestão financeira possam contribuir para
conferir aos serviços públicos e a essas empresas, uma
eficácia e um dinamismo necessários ao desenvolvi-
mento democrático do País».
3.2. DO ARTICULADO:
Artigo 2." — IV.0 2
— 569
Disso são prova os diferentes trabalhos apresen-
tados à 4.a Conferência Internacional sobre o ensino da
Contabilidade, realizado de 5 a 7 de Outubro deste ano,
em Berlim Oeste, na República Federal da Alemanha».
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571
I.» ANO H/S
Matemática I 6
Noções Fundamentais de Direito 4
Economia I 4
Introdução às Ciências Sociais 3
Contabilidade Financeira I 6
23
Matemática II 6
Direito Comercial 3
Economia II 4
Organização e Gestão de Empresas I 3
Psicossociologia de Empresa 2
Contabilidade Financeira II 6
24
Estatística 4
Matemática Financeira 3
Direito Fiscal 4
Organização e Gestão de Empresas II 3
Contabilidade Financeira III 4
Contabilidade de Custos e Gestão I 6 ;
24
Contabilidade Nacional
Processamento Electrónico de Dados
Gestão Financeira
Análise de Investimentos
Auditoria II
Planeamento de Resultados, Técnicas Orçamentais e Controlo
Seminários
24
1. Conjuntos.
2. Teoria dos números.
3. Matrizes e determinantes.
4. Limites das funções reais de uma variável real.
5. Séries.
6. Funções reais de uma variável real continuidade.
7. Funções reais de uma variável real, derivadas e elasticidades,
primitivas e primitivas elásticas.
- 573
1.7. Fontes de direito.
1.8. Vigência e revogação da lei.
1.9. Interpretação da norma jurídica.
1.10. Integração das lacunas da lei.
1.11. Aplicação das leis no tempo.
3. NEGÓCIO JURÍDICO i ••
3.1. Conceito.
3.2. Noções breves sobre a invalidade dos negócios por erro,
dolo, coacção ou incapacidade acidental.
3.3. Prescrição e caducidade.
3.4. Prova dos direitos.
6. DIREITO DE FAMÍLIA
574 -
6.4. As dívidas dos cônjuges.
6.5. Separação dos cônjuges e dos bens.
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1. O Objecto da Economia.
2. O Carácter Científico da Economia.
3. O Método da Ciência Económica.
4. Tipos de Análise Económica.
5. A Natureza do Problema Económico.
CAPÍTULO II
ORGANIZAÇÃO DA ACTIVIDADE ECONÓMICA
1. Sistemas, regimes e estruturas económicas.
2. A morfologia da actividade económica.
- ,575
3. Classificação' dos sistemas económicos.
4. A noção de tipo de organização.
5. Valor e papel da estrutura económica.
6. Os problemas centrais da organização da actividade económica.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
MICROECONOMIA
1. Introdução.
2. Procura e plano dos compradores.
3. Oferta e custos de produção.
4. Mercados e formação de preços.
576 -
CONTABILIDADE FINANCEIRA I
2.1. A Conta.
2.2. Débito e Crédito.
2.3. Partida simples e partida dobrada.
2.4. O Razão.
2.5. A lista das contas.
2.6. O Balancete.
3.1. O Diário.
3.2. Escrituração do Diário.
3.3. Passagem ao Razão.
3.4. Transacções repetitivas.
3.5. Razões especiais.
3.6. Diários especiais.
3.7. Sistemas de escrituração.
37
- 577
6. MAPAS CONTABILÍSTICOS FUNDAMENTAIS
1. Introdução.
2. Actos de comércio.
3. Relações jurídico-comerciais.
4. Os comerciantes: Aspectos gerais.
5. Obrigações especiais dos comerciantes.
6. Sociedades comerciais.
7. A falência.
8. Títulos de crédito.
578 -
ECONOMIA II (2.° ANO)
CAPÍTULO V
MACROECONOMIA
1. Introdução.
2. Escola Clássica.
3. Karl Marx.
4. Marginalistas.
5. J. M. Keynes.
CAPÍTULO VI
MOEDA E CRÉDITO
Noção de moeda.
Evolução histórica da moeda.
Sistemas monetários.
A moeda bancária.
O valor da moeda.
O orçamento e as finanças públicas.
Aspectos monetários do comércio internacional.
A moeda em sistemas de economia de direcção central.
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIU
- 579
CAPÍTULO X
ECONOMIA PORTUGUESA
1. Aspectos globais.
2. Relações externas.
3. Aspectos sectoriais.
1. A Empresa.
2. A Empresa e o Sistema Económico.
3. As doutrinas da Organização.
I PARTE
580 -
II PARTE
III PARTE
CONTABILIDADE FINANCEIRA II
2.1. Disponibilidades.
2.2. Créditos.
2.3. Débitos.
2.4. Provisões.
2.5. Normas nacionais.
2.6. Normas internacionais: C. E. E.; I. A. S. C.
- 581
3.3. Normas nacionais.
3.4. Normas internacionais: C. E. E.; I. A. S. C.
7. MAPAS CONTABILÍSTICOS
7.1. Políticas Contabilísticas enquadradoras.
7.2. Estudo aprofundado dos diferentes mapas financeiros.
7.3. Normas nacionais.
7.4. Normas internacionais: C. E. E.; I. A. S. C.
582 —
tabular e gráfica: Coordenadas e representações
cartesianas, polares e triangulares.
3. Parametrização : — o s parâmetros de posição, de
dispersão, de assimetria, de achatamento e de con-
centração.
4. Números — índices.
5. Correlação e Regressão.
6. Ajustamentos.
1. Controlo Estatístico.
2. Amostragem.
3. Estimação.
4. Ensaio de Hipóteses.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
RENDAS
- 583
CAPÍTULO III
FUNDOS DE AMORTIZAÇÃO
3.1. Definição.
3.2. Aplicação dos fundos de amortização.
3.3. Problemas característicos do fundo de amortização.
3.4. Fórmulas para o cálculo dos fundos de amortização.
CAPÍTULO IV
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
4.1. Definição.
4.2. Distinção entre amortização e fundo de amortização.
4.3. Formas de amortização.
4.4. Amortização por meio de quotas constantes.
4.5. Amortização mediante uma sucessão de quotas variáveis.
4.6. Quadros de amortização.
4.7. Plena propriedade, domínio directo e usufruto de um empréstimo.
CAPÍTULO V
584 -
II FISCALIDADE E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
O IMPOSTO
m
1. Conceito de imposto.
2. Fases do imposto.
3. Garantias do pagamento do imposto.
4. Classificação dos impostos.
1. O imposto de transacções.
2. O imposto do selo.
- 585
V - NOÇÕES DE PROCESSO DAS CONTRIBUIÇÕES E IM-
POSTOS
1. Função Comercial
2. Função Pessoal
586 -
1.4. Evolução histórica
1.5. A contabilidade a valores de poder de compra constante
(Current parchasing power accounting)
1.6. A contabilidade a valores correntes (Current Value Accoun-
ting)
1.7. Relato financeiro dos efeitos da inflação
1.8. Normas nacionais
1.9. Normas internacionais.
INTRODUÇÃO
1.1. A empresa industrial. Sua evolução.
1.2. Natureza e âmbito da Contabilidade de Custos.
- 587
1.3. O Ciclo da Contabilidade de Custos.
1.4. O Contabilista de Custos e as suas funções.
1.5. A contabilidade de Custos e outras técnicas quantitativas.
6. OS SISTEMAS DE CUSTEIO
588 -
ANÁLISE QUANTITATIVA (Investigação Operacional) (4.° ANO)
3.1. Generalidades.
3.2. Orgânica do computador.
3.3. Bases da programação.
3.4. Software.
3.5. Tratamento da informação.
- 589
ANÁLISE FINANCEIRA (4.° ANO)
1.1. O Balanço.
1.2. A Conta de Resultados Líquidos.
1.3. A situação da Tesouraria e a liquidez.
1.4. Os circuitos financeiros no quadro das demons-
trações contabilísticas.
1.5. Lucro, liquidez, fundos.
1. Conceitos fundamentais.
2. O tratamento da informação.
- 591
2. A planificação financeira.
2.1. Os horizontes económicos.
2.2. Os principais tipos de planificação.
2.3. Os modelos financeiros.
4. Crédito Público.
4.1. Empréstimos públicos.
4.2. Dívida pública.
5. Receitas efectivas.
5.1. Receitas patrimoniais.
5.2. Taxas.
5.3. Impostos
— Repartição dos impostos.
— Técnica tributária.
— Efeitos económicos dos impostos.
FINANÇAS LOCAIS:
1. Introdução.
2. Estudo da Legislação em vigor.
592 -
AUDITORIA I (4.° ANO)
4. Traçado de fluxogramas.
5. Medidas de controlo interno.
5.1. Generalidades.
5.2. Caixa e Depósitos à Ordem.
5.3. Vendas, Expedição, Facturação e Contas a Receber.
5.4. Compras, Recepção, Produção e Contas a Pagar.
5.5. Existências.
5.6. Imobilizações.
5.7. Folhas de Ordenados e Salários.
6. Técnicas de estatística e amostragem.
38 — 593
1.6. A orçamentação flexível por meio de tratamento electrónico
de dados.
1.7. Orçamento flexível de uma secção auxiliar (departamento de
serviço).
1.8. Orçamentos flexíveis dos gastos de comercialização (marke-
ting) e de administração.
594 -
5. O CUSTEIO VARIÁVEL E A MARGEM DE COBERTURA.
1. INTRODUÇÃO
2. MACROCONTABILIDADE
— 595
3. SISTEMAS NORMALIZADOS DE CN.
5. ANÁLISE ESTRUTURAL
5.1. Objectivos.
5.2. Utensílios matemáticos.
5.3. Análise «Input-Output».
7. AS UTILIZAÇÕES DA CN.
596 —
2. FUNCIONAMENTO DO ORDENADOR
4 OS SISTEMAS DE PROGRAMAÇÃO
4.1. Fluxogramas.
4.2. Linguagem máquina.
4.3. Linguagens simbólicas: assembler, Cobol, Outras.
4.4. Controle e exploração.
5. O TELETRATAMENTO
6. A ANÁLISE DE SISTEMAS
6.1. Introdução.
6.2. O analista e o meio ambiente.
6.3. A captação e t"ansmissão de dados.
6.4. Pesquisa e registo de factos.
6.5. Processos de comunicação.
- 597
7.3. Critérios de Escolha.
7.4. Segurança de ficheiros.
9. IMPLEMENTAÇÃO
598 —
CAP. II —A GESTÃO FINANCEIRA DE CRÉDITO A CLIENTES
1 — Os princípios da intervenção.
2 — As formas de intervenção.
2 — Os créditos à exportação.
2 — A oferta de crédito.
— 599
CAP. V I - G E S T Ã O DA TESOURARIA
1 — Definições gerais.
2.1. Previsão.
2.2. A acção do tesoureiro.
2.3. Os meios de pagamento.
1. O CONCEITO DE INVESTIMENTO
600 -
3. PROGRAMAÇÃO DOS INVESTIMENTOS
6. ESTUDO DE CASOS
— 601
9. As Recomendações sobre Auditoria Externa da Union Européenne
des Experts Comptables, Economiques et Financiers.
10. O Relatório do Auditor Externo.
11. Introdução à Auditoria Previsional.
2. Os modelos contabilísticos.
3. O Processo orçamentário.
3.1. Orçamentos fixos e variáveis.
3.2. A gestão e as ciências do comportamento.
3.3. Orçamentação eficaz.
TI -INFORMAÇÃO BÁSICA:
1. Estimativas de vendas.
1.1. Tipos de previsões.
1.2. Previsões a curto prazo.
1.3. Desenvolvimento da previsão das vendas.
1.4. Previsão das vendas.
1.5. Métodos estatístico-matemáticos.
602 -
2. Orçamentação das vendas.
IV - ORÇAMENTAÇÃO DO BALANÇO:
1. Planeamento do balanço.
1.1. Orçamentos do capital circulante.
1.2. Orçamentos dos activos.
- 603
1.3. Orçamentos do passivo.
1.4. Orçamentos da situação líquida.
2. Orçamentos de caixa.
3. Orçamentação de investimentos.
3.1. Planeamento.
3.2. Controlo.
VI-APLICAÇÃO E OPERAÇÕES:
1. Relatórios e controlo.
1.1. A estrutura dos relatórios.
1.2. Procedimentos de controlo.
2. Organização e instalação.
2.1. Prerequisites.
2.2. Decisões fundamentais.
2.3. Planeamento preliminar.
2.4. Programa de preinstalação.
2.5. Instalação.
604 —
SEMINÁRIOS (5.° ANO)
— Apresentação do caso ;
— Abordagem e Metodologia de Resolução ;
— Diagnóstico ;
— Estudo ;
— Resolução ;
— Apresentação de relatórios Finais.
— 605
Conta e Método Digráfico numa Perspectiva
Conceptual Histórica
Por Martim Noel Monteiro
C1) Jaime Lopes Amorim, Lições de Contabilidade Geral, p. 200 a 214, 1929.
- 607
Uma questão que ainda hoje se põe na atribuição ou não de
carácter científico aos conhecimentos contabilísticos tem na raiz
a sua grande interdependência com a Economia da Empresa, desde
que Gino Zappa a concebeu como integrando a doutrina da organi-
zação, a técnica administrativa e a representação «aziendal» ( 2 ).
Sabe-se que hoje a Economia da Empresa e a Contabilidade
continuam a ter independência, não> apenas no Ensino Superior, como
disciplinas distintas, mas também a nível profissional. Contudo, os
aspectos mais profundos das respectivas matérias estão intimamente
correlacionados e cada vez mais as tarefas do contabilista exigem
deste um maior conhecimento da vida económica empresarial.
E por isso sabe-se como também ainda não falta hoje quem
atribua à Contabilidade escopos, e integra nela métodos, que tradi-
cionalmente não são os seus: «... Àquela contabilidade stricto sensu,
que poderemos talvez designar por escrituração, opõe-se, portanto,
um conceito lato de contabilidade que os Alemães exprimem pelo
termo intraduzível Rechnungswesen. O Rechnungswesen alemão
engloba «... todos os processos que permitem captar e imputar nume-
ricamente as operações das empresas». Estão, portanto, dentro do
seu âmbito todos os factos empresariais que possam ser objecto de
uma expressão quantitativa...» «... compreende, portanto, a conta-
bilidade financeira, o cálculo de custos, a estatística empresarial
e o orçamento com, o respectivo controlo orçamental...» (s)
Sabe-se como o recentemente falecido Prof. Vincenzo Masi e
seus seguidores, sempre se opuseram veementemente a uma espécie
de escravidão da contabilidade à Economia da Empresa: «...Como
ciência do património, cujo objecto é o património considerado no
seu aspecto estático e dinâmico, qualitativo e quantitativo, e cujo
fim é a direcção económica do património, isto é, oportuna, prudente,
conveniente, a Contabilidade tem, verdadeiramente, uma autonomia,
uma característica própria, já que a nota distintiva, que não tem
em comum com nenhuma outra ciência, deriva, realmente, do seu
objecto, o património da «azienda» e, portanto, dos fenómenos patri-
moniais através dos quais se manifesta no seu incessante desenvol-
vimento; nos instrumentos ou nos métodos de representação de que
se vale para a sua manifestação...» (4)
Pensamos que hoje, mesmo sem se ser fiel reditualista, ou
adepto da doutrina de Zappa, se tem de reconhecer como demasiado
estreito o horizonte em, que o objecto da contabilidade se confine ao
património empresarial, sabido como o fenómeno reditual tem na
(2) Gino Zappa, Tenderize nuove negli studi di ragioneria, Veneza, 1927.
(3) Caetano Léglise da Cruz Vidal, Ensaio sobre um planeamento contabi-
lístico racional, p. 61. Lisboa, 1956.
(4) Vincenzo Masi, Teoria y Metodologia de la Contabilidad, p. 44, Edi-
torial E.J. E.S., Madrid.
608 —
empresa uma prevalência, pelos próprios objectivos desta, sobre
os aspectos patrimoniais, como as previsões e o controlo orçamental
têm tanta ou mais importância que a relevação histórica dos factos
empresariais, e como se adaptou o método contabilístico a campos
económicos mais vastos, tal o da economia social, dos recursos
humanos, do desenvolvimento económico, etc.
Mas também, sem se ser devotado patrimonialista, sa terá de
reconhecer possuir a contabilidade um campo de acção e uma meto-
dologia próprios, ainda que no primeiro gravitem outras ciências
e a segunda se adapte a novas técnicas, como as da Informática,
e se entrelace com outros métodos, como o estatístico, o computís-
tico e o orçamental.
Reduzi-la à simples escrituração, mais do que uma afronta, será
uma imprecisão científica, pois ela possui um- vasto património cultu-
ral histórico e uma metodologia inconfundível.
Não se deve confundir a «função-contabilidade» das empresas,
onde cabem todos os processos computísticos, com a «instituição-
-contabilidade» que ganhou corpo com um distinto processo metodo-
lógico e com um arsenal doutrinário muito rico que os Italianos
abrangem no termo Ragioneria, praticamente intraduzível, que a
distinguem da simples contabilità, ou técnica escriturai.
Ora — apesar de tudo — o que continua a ser inconfundível na
contabilidade é a própria conta, qu e lhe dá o nome, e aquele método
que se radicou e universalizou do século XII em diante, ou seja a
partita doppia, hoje conhecida por digrafia, ou método digráfico.
P o : isso, para uma conceituação da contabilidade, parece-nos
importante defini-los e caracterizá-los através do seu processo
histórico.
39
- 609
nistração. Com efeito, sem contabilidade, não pode um adminis-
trador prestar contas e, muito menos, orientar a sua gerência.
Podemos pois chamar-lhe a parte da administração que, por meio
de cálculos ou operações de aritmética, indica os resultados quanti-
tativos dos actos da administração» ( 5 ).
Nesta definição, como parece evidente, a par de um, até certo
ponto, surpreendente pendor aziendalista, talvez inconsciente da
respectiva doutrina, mas contudo certo, está implícita a ideia da
conta como cálculo ou operação aritmética.
Autores conspícuos, como E. Léautey e A. Guilbault, comungaram
na ideia do carácter matemático da contabilidade: «...Para estes
autores, a contabilidade é um ramo das matemáticas. O objecto da
contabilidade, estimam, seria elaborar as contas com vista a compa-
rar valores materiais. Como toda a conta se apoia numa ou várias
operações aritméticas, se depreende disso que a contabilidade «é um
ramo das matemáticas e que há-de classificar se entre as ciências
exactas» ( 6 ).
Sem entrarmos — pelo menos por ora — numa maior referência
às teorias matemáticas, metodológicas ou da contabilidade pura,
retenhamos esta afirmação curiosa de Sacristan y Zavala: «Como
tudo é susceptível de ser contado, tudo pode ser contabilizado...» (7).
Com efeito «...Toda a gente sabe como as necessidades da vida
corrente exigem que, a cada momento, se façam contagens — o pas-
tor para saber se não perdeu alguma cabeça do seu rebanho, o
operário para saber se recebeu todo o salário que lhe é devido,
a dona de casa ao regular as suas despesas pelo dinheiro de que
dispõe, o homem de laboratório ao determinar o número exacto de
segundos que deve durar uma experiência — a todos se impõe cons-
tantemente, nas mais variadas circunstâncias, a realização de
contagens...» ( 8 ).
Ao fundamentar, assim, as origens da Matemática e, mais parti-
cularmente, da aritmética, talvez o grande mestre que foi Bento de
Jesus Caraça não estivesse a pensar na achega que estava a dar
quanto às origens da contabilidade e, mais particularmente, da conta.
É que — repare-se — nos exemplos por si apresentados contam-se
factos de natureza económica — cabeças de gado do rebanho, salá-
rio do operário, despesas domésticas — a par doutro de natureza
610 -
diferente, como seja o da contagem de segundos de uma experiência
laboratorial.
Uns e outros são objecto da Matemática, mas só os primeiros,
que não o último, também o são das contas que compõem a conta-
bilidade. Todos implicam contagens, mas nem todos são contabili-
zados, no sentido que hoje damos a este termo.
Não parece poder haver dúvidas de que na origem da contabi-
lidade e, portanto, da conta, estão as contagens. Disse-o Melis:
«...De cada género de bens adquiridos para o seu... património e
consumo, o homem numera a unidade — «conta-o», quer dizer — e
reproduz esta operação de contar, de modo que depressa aclarará.
Esta série de unidades contadas, por ser, indiscutivelmente, o resul-
tado de contar, será denominada, mais adiante nos séculos, conta...
A história da contabilidade, no seu início — e por um longuíssimo
trato de tempo — é a história da conta. Justamente Sombart disse:
«a história da contabilidade sistemática deve iniciar-se com o mote:
ao princípio era a conta; a ratio (9).
São as contagens de natureza económica — e não outras — que
dão origem à conta que, através dos séculos, vai evoluindo e se
consubstancia na forma em que a conhecemos nos nossos dias.
E, historicamente — por muito que pese aos que, com inegável razão,
consideram potencialmente possível aplicar o método contabilístico
a campos não económicos, — a contabilidade e, portanto, as contas,
sempre se ocuparam de factos económicos.
Antes dos processos de registo e de toda e qualquer mnemo-
técnica, o homem deve ter aprendido a contar. Ele, através dos
tempos, divisou qualquer forma de linguagem escrita, criou os alga-
rismos e utilizou diversos materiais e instrumentos para com eles
escrever. «...No meio desta evolução dos meios intelectuais e dos
instrumentos materiais criados pelo homem, onde se pode procurar
o nascimento dos registos contabilísticos? Encontramo-nos aqui
noutra encruzilhada em que é preciso decidir ou esclarecer-nos sobre
que registos se podem ou não considerar como pertinentes à conta-
bilidade. Decerto que não o seriam toda e qualquer inscrição que
pretendesse narrar ou fixar a memória de feitos guerreiros ou de
caça, a vida de um chefe ou dos seus antepassados, nem qualquer
mensagem ou outro facto de natureza não económica. Como não
o seriam os desenhos de carácter meramente lúdico ou manifestações
de uma vocação artística. Os factos de ordem contabilística têm
sempre um carácter computístico, mas ainda aqui pode haver factos
desse carácter que não lhe digam respeito, tais como es dias do ano,
ou da vida de um indivíduo ou de uma viagem. Teremos de assentar
que os factos de ordem contabilística, além do carácter compu-
(9) Federigo Melis, Storia delia Ragioneria, p. 26, Dott Cesare Zuffi, Bo-
lonha, 1950.
- 611
tístico, da sua expressão numérica, são de natureza económica ou,
mais restritamente, patrimonial, como pretende Masi...» (1G).
Entre as mnemotécnicas mais antigas que se conhecem, con-
tam-se as cordas de nós que usavam Tártaros, Persas, Mexicanos
e Peruanos, de que são famosos os kioipa ou quipos. Hurões e
Iroqueses usavam conchas de cores variadas com que faziam cintos
chamados wanpun. Uma das mnemotécnicas mais antigas, mas que
ainda se projecta na actualidade, é a dos entalhes ou riscos feitos em
paus, como ainda há pouco se encontravam na Sérvia, na Itália
e mesmo usados em Portugal por camponeses analfabetos. A pala-
vra escrita só apareceria mais tarde e por um processo lento, em
cuja base deve estar o desenho. Daí a evolução para os enigmas
figurados, ou hieróglijos — tais os egípcios — e para as letras e
alfabeto, que terá tido origem nos Hicsos. Dos hieróglifos, ou
desenhos-letras, passam-se para estas e para os algarismos.
Os números árabes que usamos são uma modificação daqueles.
As verdadeiras contas mais antigas que se conhecem — e já
descobertas muito tarde — têm origem na Suméria, na Caldeia, e
datam de cerca de quatro milénios antes da nossa era. O Código de
Hamurabi, da Babilónia, é a mais antiga colecção de leis conhecida
e que data do ano 2 000 a. C. Está esculpido num bloco de diorite
e encontra-se no Museu do Louvre.
Normalmente, para as contas da época usavam-se placas de
argila onde eram gravadas e que depois se coziam e se têm conser-
vado até aos nossos dias.
E enquanto alguns, como o Dr. Budge, do British Museum, dizem
que, entre os numerosos documentos desta espécie relativos a tran-
sacções comerciais, nenhum pode ser considerado como uma conta
no sentido moderno da expressão, outros sustentam, com bons funda-
mentos, o contrário.
É evidente que a técnica de registo das contas foi evoluindo,
mesmo nesses tempos longínquos, e os textos da terceira dinastia de
Ur do terceiro milénio apresentam claro progresso em relação ao
período anterior. Desde os finais do terceiro milénio distinguem-se
claramente nas placas os elementos essenciais de uma conta: as
classes de objectos entregues, quer dizer, o título da conta; o nome
dos compradores; as quantidades entregues a cada um deles; e o
total dos fornecimentos. Numerosas placas contêm todos os elemen-
tos da conta moderna: o saldo do período anterior, a série de
assentos positivos, a série de assentos negativos e o saldo final que
se junta aos últimos, balanceando a conta (").
612 —
Trata-se do tipo de conta com secções sobrepostas e que, segundo
Mc lis, deu nascimento na Idade Média à contabilidade moderna (12).
Os números encontram-se mesclados com o texto, como mais
tarde sucederia com as cifras romanas. Os cálculos eram feitos
fora das contas, mediante uma espécie de ábacos. É de notar que
se trata de contas não apenas em natura, ou espécie, indicando as
unidades dos objectos, mas também unidades de peso, que eram
também unidades monetárias — o talento e seus submúltiplos.
As contas deste tipo desenvolvem-se nas civilizações egípcia dos
períodos faraónico, helenístico e romano e também na Grécia e em
Creta, delas existindo espécimes.
Na civilização romana as contas conhecem um grande desenvol-
vimento paralelo ao da administração pública e das empresas agrí-
colas e constam de uma série de livros de registo que constituem
um sistema ordenado.
Entretanto, neste processo histórico há uma evolução dos próprios
meios empregados e a escrita em pedra e placas de barro, dá lugar,
sucessivamente, ao cobre, ao papiro des egípcios, ao pergaminho e
às tábuas enceradas usadas pelos romanos, assim como a há dos
sistemas de escrita e de numeração.
Longe de se pretender fazer um escorço histórico, que aqui não
teria lugar, estas são simples referências ao aparecimento e evolução
da entidade conta.
Com elas pretende assentar-se que o objecto histórico da conta-
bilidade e, portanto, das contas, é de carácter económico — o patri-
mónio administrado, ou os elementos deste.
«...Numa economia natural, como a primitiva, em que se fazia
a troca directa dos bens, a conta tem de, necessariamente, exprimir
as próprias unidades destes e, depois, as unidades da sua medida
quando criados os primeiros sistemas de medição. É a conta em
natura, ou em espécie, como também se diz. Logo que se passa
à economia monetária, ao sistema de troca indirecta, e os bens e
as dívidas se exprimem pela quantia em moeda que, respectivamente,
valem ou que é devida, temos a conta de valores...» (13).
A despeito de a conta poder continuar a indicar quantidades
físicas — a conta em quantidades, — os verdadeiros sistemas de
contabilidade viriam a fundar-se mais tarde no elemento monetário,
homogeneizador de agregados, como o patrimonial, compostos de uma
variedade de bens e meios económicos.
Com a queda do Império Romano, a administração pública e a
actividade comercial, quando não cessam de todo, reduzem-se consi-
deravelmente. A economia regressa a uma forma fechada de autar-
- 613
quia patrimonial e desaparecem muitas instituições romanas, entre
elas a sua contabilidade.
O século XII assinala, com-j faz ressaltar Melis, o início de uma
nova era de vida que se projecta nos séculos seguintes.
Volta a dar-se maior comunicação entre os povos, conduzindo a
um intenso tráfico comercial.
Do século XII ao século XV desenvolve-se na Itália do norte
e na Flandres um intenso comércio com outros povos. Pulula a
pequena indústria e desenvolve-se, em grande escala, a dos tecidos.
A economia monetária volta a substituir o quase total regresso à
economia natural, o crédito propaga-se e com ele surgem as letras
de câmbio e outros títulos. Aparecem os banqueiros que fazem em-
préstimos com garantia e promovem transacções comerciais impor-
tantes mediante a comandita de empresas e o seguro de navios.
Melis considera o ano de 1202 como o da demarcação' entre a
contabilidade antiga e a contabilidade moderna, que surge com a
necessidade de controlo originada pelo desenvolvimento comercial e
industrial.
Aparecem os primeiros rudimentos da contabilidade dos nossos
dias. Há quem afirme que esta contabilidade nada herdou da do
mundo antigo, mas nós pensamos que, pelo menos no que respeita
a certos instrumentos intelectuais, como o alfabeto e o sistema numé-
rico, existe qualque- espécie de herança.
De um modo ou doutro, como assinala De Roover, as causas
fundamentais da evolução da técnica das contas são o desenvolvi-
mento do crédito, as sociedades comerciais e o uso do contrato de
mandato. Onde quer que se desenvolva actividade comercial, indús-
tria e administração pública, sempre surgirá qualquer tipo de con-
tabilidade.
Os primeiros registos desta época têm a forma de simples me-
morial, até que deles se destacam as contas de devedores e de cre-
dores, que virão a constituir a chamada partida simples. As contas
dizem-se simples por cada assento constar só de débito ou só de
crédito, conforme se refira ao registo de ti-ansacção inicial ou da
sua liquidação. As contas liquidadas são traçadas, de modo a sa-
ber-se, por simples inspecção visual, quais se encontram extintas.
Aparecem nelas as expressões deve dare (deve) e deve avere (tem
a haver) que se hão-de tornar a dialéctica da contabilidade até aos
nossos dias.
Com o aparecimento das sociedades em nome colectivo — as com-
panhias — acelera-se o processo evolutivo da contabilidade.
As par das contas de pessoas, aparecem contas novas a povoar
es registos — de dinheiro, mercadorias, matérias-primas, imóveis, do-
tações às sucursais, à exploração industrial e mercantil, etc. Deve
lembrar-se como já na antiguidade tinham existido contas com este
objecto impessoal.
614 -
A empresa adquire uma personalidade própria, distinta da da-
queles que lhe fornecem o capital e a dirigem.
Aparece a conta de Capital como fundo de valores da empresa,
quer na forma colectiva, quer na de uma conta aberta a cada
sócio.
Um exemplo desta conta surge no libro déliasse sesto dei Pe-
ruzzi, dos anos de 1335-1343. Nesta fase está-se já na presença
de um sistema escriturai de representação do património em todos
os seus elementos e na sua síntese, dada pela conta de Capital.
Nestas contas usam-se as mesmas anotações dare (deve) e avere
(haver) das relativas a pessoas.
Depois surgem as contas para representar os proveitos e os
custos, os lucros (avanzi) e as perdas (disavanzi), ou seja o sistema
do rédito.
Estava-se no limiar da passagem da partida simples para a par-
tida dobrada, ou digrafia.
Antigos registos, como os da Compagnia Fini (1297-1302) e da
Compagnia Farolfi (1299-1300), guardados no Archivio di Stato, de
Florença, são testemunho disso.
Entretanto, a conta simples transformarà-se em conta dupla, ou
conta com duas secções laterais (uma para o deve e outra para o
haver), substituindo aquela e a conta de secções sobrepostas, adqui-
rindo, assim, a forma com que, com maiores ou menores alterações,
chegou aos nossos dias.
Mas a forma da conta é só um dos seus aspectos, que diz apenas
respeito à respectiva configuração, ou dispositivo, outro aspecto sendo
o do seu objecto, ou essência, que diz respeito ao seu conteúdo, àquilo
de que ela é uma mera representação.
A falta de distinção entre estes dois aspectos tem conduzido os
autores a defini-la tão-só quer como uma justaposição de contas
aritméticas e estatísticas (Léautey e Guilbault), que- como um quadro
mais ou menos detalhado das dívidas e dos créditos de uma pessoa
em relação a outra (F. Faure e Demure), ou ainda como um registo
de uma particular classe de transacções pecuniárias (Fieldhouse),
ou dispositivo para reunir assentes dos aumentos e das diminuições
dos elementos do património (Rorem & Kerrigan) (14).
Não é difícil ver que apesar da variedade, todas estas definições
têm em comum o referirem-se directamente à forma da conta — jus-
taposição, quadro, registo, dispositivo, descrição, etc. — e, acessoria-
mente, ao seu objecto, que para uns são movimentos de valores, para
outros transacções, para outros elementos patrimoniais, para outros
apenas dívidas activas e passivas, etc.
O próprio Fábio Besta, autor que claramente concretizou o objecto
da conta, definiu-a como uma «série de registos» e Gino Zappa tam-
— 615
bém a definiu como uma série de scritture reflectindo um dado objecto
e tendo por escopo pôr em evidência a sua grandeza variável e comen-
surável (15).
Vincenzo Masi, ao traçar a etimologia da palavra italiana ragione
(do Latim ratio, rationis) assinala que além de significar cômputo,
registo, número, valor, cálculo, também significa negócio, fazenda,
comércio, etc., e que um significado tão amplo igualmente se encontra
no termo grego logos, de onde deriva logismos (conta, cômputo, razão,
valor, cálculo, etc.).
Coube a Jean Dumarchey, quanto a nós, o mérito de definir a
conta pela sua essência.
Criticando a definição de Deschamps de ser a conta o «registo
metódico das operações relativas a um mesmo valor e efectuadas
com uma mesma pessoa», considera que ela é uma classe de unidades
de valor.
Depois de analisar a teoria do valor, Dumarchey conclui que um
produto pode ser economicamente definido como uma classe de uni-
dades de valor variável no espaço e no tempo e que, em contabili-
dade, como em todos os outros domínios do pensamento humano, não
se pode apresentar obra verdadeiramente científica senão quando se
definem classes e se constroem séries.
Se se convier dar a cada classe de unidades de valor o nome de
conta, haverá uma ciência das classes de unidades de valor, uma
ciência das contas, a que chamaremos contabilidade (16).
Unindo a concepção de Dumarchey à de Masi, Lopes Amorim de-
fine a conta como uma classe de elementos patrimoniais expressos
em unidades de valor, essencialmente variável no espaço e no tempo.
Trata-se de vincular a contabilidade ao património, enquanto os
partidários da contabilidade pura, metodológica, matemática ou esta-
tística, consideram que, ao poder representar sistemas não econó-
micos, a conta tanto pode referir-se a classes de unidades de valor
como a quaisquer out"as.
Mesmo sem se ir para o alargamento da contabilidade a campos
não económicos — o que põe o problema da falta de elemento homo-
geneizador que é a unidade monetária — , pode considerar-se numa
óptica vasta que as contas são classes de elementos dos sistemas
económicos expressas em unidades de valor, essencialmente variáveis
no espaço e no tempo (").
616 -
3. ORIGEM E NATUREZA DO MÉTODO D1GRÁFIC0
- 617
Porque se tem mantido, através dos séculos, o método digráfico
e não out.-o, apesar dos progressos de toda a espécie, mesmo com
incidências na contabilidade, como seja o aproveitamento de novas
tecnologias computísticas que culminam nos nossos dias com os com-
putadores?
Dizia Lopes Amorim que «...o método, de que sempre se tem ser-
vido a contabilidade, em nada se alterou através dos tempos. O mé-
todo de que ela hoje se serve é precisamente o mesmo de que ela
se servia, há muitos milhares de anos atrás, quando o crédito comer-
cial começou a ser praticado nas transacções comerciais...» e que
«...no relevamento das contas, seguiu ele sempre o processo de des-
crever, sucessivamente, em ordem cronológica, num espaço apro-
priado (folha de barro, de madeira, de papiro, de pergaminho, de
papel) as operações realizadas com cada um dos seus clientes (Des-
crição) e de as fazer seguir das respectivas importâncias (Estatís-
tica)...) e que... «Daí, o carácter misto «estatístico — descritivo —
balanceante» do método logismológico que, como se vê, é uma com-
binação em que entra o método descritivo ou histórico e o método
estatístico, que são próprios doutras ciências, e a feição balanceante,
que é a característica dominante da contabilidade...» (18).
Refere-se, assim, o Mestre não propriamente ao método digrá-
fico, mas ao método geral da contabilidade, que faz remontar à
antiguidade.
Na realidade, como diz Vlaemminck, «...desde o começo da sua
evolução até à partida dobrada, a contabilidade apresenta-se como
um instrumento de organização racional, como um dos métodos da
organização científica das empresas...» e que «...A aparição dos pri-
meiros sistemas de contas distintos da partida simples é consequência
lógica da postura em prática da necessidade da ordem e dos seus
corolários: a identificação e a classificação...», mas que «...Porém,
nos séculos seguintes, e debaixo da influência de um sector impor-
tante dos autores de obras de contabilidade, chegará a esquecer-se
o objecto da contabilidade: os autores se encastelaram no «sistema
contabilístico», como numa torre de marfim...». «...E igualmente é
a causa da proliferação de doutrinas contabilísticas, as que na maior
parte intentaram apoiar-se na pura técnica das contas, para acabar
fazendo da técnica contabilística uma espécie de Torre de Babel em
que nunca se saberá por onde se anda...» ( I9 ).
Quanto a nós, o que originou a digrafia — e nisto estamos com
Melis, Vlaemminck, Amorim e tantos outros — foi a extensão das
contas, primeiro de pessoas, na partida simples, aos elementos do
património e do rédito, até representarem todo um sistema, o sistema
patrimonial, ou do «capital e do rédito» como pretendia Ceccherelli.
618 -
O sistema de empresa, como lhe chama Giannessi, é um micro-
cosmos, um pequeno universo, com causas e efeitos interactuantes :
sempre que há entrada de um elemento, há saída doutro de valor
igual, ou, se não o há, essa pulsação origina uma contracção ou
uma extensão do pequeno universo, na exacta medida da diferença.
A diferença entre os valores activos (elementos positivos do
sistema) e os passivos (elementos negativos), constitui a própria
expressão do sistema que, no caso, é dado pelo neto patrimonial, ou
situação líquida, como lhe chamou Dumarchey.
Juntando a diferença à série desses elementos mais fraca (nor-
malmente, mas nem sempre, a dos elementos negativos), ter-se-á
a igualdade que constitui o balanço.
Observando isto, os adeptos da teoria matemática da contabili-
dade, ou da contabilidade pura, pretendem que o método digráfico
seja extensivo a qualquer sistema mensurável.
Assim, diz D'Auria: «...Generalizando a doutrina contábil, histo-
ricamente constituída, teremos que generalizar, também, a sistema-
tografia, transferindo-lhe o método daquela doutrina, o qual tem sido
satisfatório e progressivamente aperfeiçoado...» e «...Definido o sis-
tema como composto de elementos variáveis, com finalidade e ex-
pressão próprias, cujo conhecimento se pretende a qualquer momento,
determinando causas e efeitos, os respectivos princípios são: 1.° — Os
componentes de um sistema se distinguem por suas espécies e gran-
dezas; 2.° — As variações dos componentes são compensativas e mo-
dificativas; 3.° —As parte negativas de um sistema diminuem a
soma dos componentes; 4.° — A expressão é a diferença entre a soma
dos componentes e a das partes negativas; 5.° —As variações modi-
ficativas atingem a expressão inicial do sistema e, consequentemente,
a diferença entre a expressão inicial e a actual equivale à diferença
entre factos modificativos, aumentativos e diminutivos...» (20).
Porém, quanto a nós, os adeptos desta contabilidade generali-
zada, ou sistematografia, ao chegarem a esta conclusão incontroversa,
isto é, que todo o sistema se compõe de elementos positivos e nega-
tivos, de cujo confronto resulta a expressão «C — N = E, abundam
numa inversão de ideias.
Tal inversão consistirá em considerá-la como originária da con-
tabilidade, quando, na realidade, não é mais do que o princípio das
contradições da lógica hegeliana «T<—>A = S» «conflito de tese e
antítese, igual a síntese).
«...Não há dúvida de que a dialéctica de Hegel, transposta do
campo idealista para o do ser, do real, é extensiva a todos os fenó-
menos, seja qual for a sua natureza, motivo porque não lhe escapa
o campo económico e, consequentemente, a contabilidade. Assim, não
- 619
é o método digráfico que é aplicável ao Universo, mas sim a lei das
contradições por que se rege todo o universo que é aplicável à con-
tabilidade...» (21).
Estará, assim, explicada a perenidade do método digráfico, o
motivo porque este tem resistido, não só a todas as pretensas ino-
vações — partidas triplas, quádruplas, etc. — , como aos reais pro-
gressos tecnológicos qtie fazem hoje utilizar na contabilidade esses
formidáveis instrumentos que são os computadores.
É que — dê-se-lhes a volta que se lhe der — qualquer sistema
que a contabilidade represente tem sempre as duas séries de va-
lores — positivos e negativos — e uma expressão que resulta do seu
confronto.
4. CONCLUSÕES
620 -
capital e do rédito — , a contabilidade adquiriu um método
próprio de representação da estrutura e vida desse sistema,
conhecido por método digráfico, digrafia, ou partida do-
brada.
6.a — Numa perspectiva histórica, o método digráfico não cons-
titui um invento intelectual atribuível a um só homem, mas
o resultado de uma longa elaboração das contas e da sua
aplicação progressiva.
7.a — Embora potencialmente o método digráfico possa aplicar-se
a sistemas não económicos, terá para isso de se divisar
uma medida comum a todos os elementos desses sistemas,
como é o caso da unidade monetária nos primeiros.
8.a — Ainda assim, não se deve considerar, filosoficamente, que
uma sistematografia geral tenha origem na contabilidade,
mas, ao contrário, que o método digráfico não é mais do
que uma consequência da própria estrutura dualista e dinâ-
mica dos sistemas em geral.
— 621
Conceitos Básicos e Princípios Contabilísticos
Por João José da Costa
INTRODUÇÃO
- 623
nacionais. Desnecessário será dizer que a referência à Quarta
Directiva e aos Standards Contabilísticos Internacionais, são conse-
quência da próxima integração de Portugal na Comunidade Econó-
mica Europeia.
a) continuidade da empresa
b) Consistência dos exercícios
c) efectivação^ das operações
d) custo histórico e
e) conservantismo,
624 —
adicional que considerem necessária. Não se trata ainda de um
documento completo sobre a matéria, estando previsto a promul-
gação, num futuro próximo, de novas directivas versando, entre
outras, as normas aplicáveis aos bancos, às companhias de seguros
e à consolidação de contas de grupos de empresas.
A Directiva consagra conceitos básicos idênticos aos definidos
no Plano Oficial de Contabilidade.
Os critérios valorimétricos e princípios contabilísticos estabele-
cidos são pormenorizados, consideravelmente mais pormenorizados
do que no POC.
As demonstrações financeiras seguem a apresentação anglo-
-saxónica que se distingue da prevista no POC, principalmente, na
demonstração dos resultados.
A auditoria por técnicos independentes é obrigatória.
40 - 625
das empresas sejam preparadas em conformidade com aque-
les standards.
c) Promover a aceitação dos standards pelos organismos profis-
sionais dos países não membros.
a) Existências
Não existe uma definição de custo padrão e não está discutido
o tratamento a adoptar para os desvios que resultarem da sua
utilização.
c) Encargos a liquidar
O conceito básico segundo o qual as operações realizadas num
exercício afectam os respectivos resultados, independentemente
do seu pagamento ou recebimento, requer desenvolvimento e
definição dos casos aplicáveis, pois doutro modo permite inter-
pretações diferentes e, consequentemente, tratamento diferente
de empresa para empresa.
626 -
Três outros aspectos importantes que requerem estudo são:
BALANÇO
ACTIVO
SÓCIOS (OU ACCIONISTAS), CONTA SUBSCRIÇÃO DE
CAPITAL xx
DESPESAS DE CONSTITUIÇÃO xx
ACTIVO IMOBILIZADO
Incorpóreo x
Corpóreo x
Participações financeiras x xx
- 627
ACTIVO CORRENTE
Existências X
Clientes e devedores e credores X
Títulos de crédito X
Caixa e bancos X XX
PAGAMENTOS ANTECIPADOS XX
PREJUÍZOS DO EXERCÍCIO XX
XX
BALANÇO
PASSIVO
CAPITAL xx
RESERVAS xx
PROVISÕES E DEPRECIAÇÕES RECTIFICATIVAS
DOS VALORES ACTIVOS xx
PROVISÕES PARA ENCARGOS PREVISTOS xx
CREDORES xx
ENCARGOS A PAGAR xx
LUCRO DO EXERCÍCIO xx
xx
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Vendas líquidas xx
Custo das mercadorias vendidas (xx)
628 —
Lucro bruto xx
Rendimentos extroardinários xx
Encargos extraordinários (xx)
629
ACÇÕES A DESENVOLVER
630 -
A Normalização Contabilística em Portugal
Por A. J. Alves áa Silva
- 631
relevantes, tais como terminologia, princípios contabilísticos, con-
ceitos de lucro, critérios valorimétricos, processos de cálculo de
custo, etc.
Para melhor se acompanhar este processo e a sua evolução,
vamos sintetizar as experiências e os trabalhos que têm, sido publi-
cados, sem referir outros trabalhos que têm vindo a lume nas
últimas décadas:
1935 — Polibio Garcia, — A Unificação dos Balaços.
1956 — Ensaio sobre um Planeamento Contabilístico Racional
— Dr. Cruz Vidal — É uma panorâmica geral da planificação conta-
bilística, e das necessidades para a economia da empresa nacional.
1965--Plano Geral de Contabilidade — Projecto-Contribuição
para o Plano Contabilístico Português do Sindicato Nacional dos
Empregados de Escritório do Distrito de Lisboa — Centro de Estudos.
1970 — Plano de Contabilidade para a Empresa — Grupo de Tra-
balho dos Técnicos de Contas do Sindicato dos Profissionais de Escri-
tório do Distrito de Lisboa.
1970 — Anteprojecto do Plano Geral de Contabilidade da D. G. C. I.
— 1." fase, — 2.a fase 1973.
1974 — Plano Português de Contabilidade — sob a égide da Socie-
dade Portuguesa de Contabilidade.
No que respeitam a alguns sectores específicos existem já planos
e normas jurídicas sobre a apresentação das Contas, e imposição,
através de decretos e portarias, de regras sobre o Balanço, Conta
de Resultados e Valorimetria.
Cooperativas Agrícolas
Este sector tem um, Plano sectorial devido à iniciativa dos Ser-
viços de Inspecção da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas. O Plano
632 -
é obrigatório para todas as cooperativas, de acordo com o Despacho
Ministerial de 31-12-65.
Este decreto-lei nos seus artigos 31.° e 32.° define e indica o que
o Balanço e a Conta de Resultados devem conter, e a forma de
apresentar as contas no Balanço (artigos 31.° n.° 2, e, 32.° n.os 2 e 3).
Mais recentemente foi publicado um estudo sobre a elaboração
das contas anuais, sua apresentação e publicação, com vista à
reforma do Direito das Sociedades Comerciais.
- 633
«Os Serviços de Administração Fiscal promoverão também o esta-
belecimento de esquemas de contabilidade adequados às diversas
actividades e às exigências de fiscalização, sendo de esperar que
o próprio oferecimento ou sugestão de módulos sectoriais ou parti-
culares de escrita por parte dos sujeitos da obrigação fiscal
constitua um decisivo contributo para a simplificação imediata deste
imposto».
Igualmente os D. L. 579/70 e 580/70 de 24 de Novembro sobre
«Dupla Tributação» e «Centralização no Espaço Fiscal», se referiam
aos «Sãos Princípios de Contabilidade», expressão muito divulgada
através do- Código da Contribuição Industrial, que apesar de ser um
Código Fiscal, contribuiu grandemente para uma certa «arrumação»
das contas das nossas empresas e levou os nossos técnicos a debru-
çarem-se, com mais cuidado, sobre determinados problemas de registo
e de conceituação dos factos contabilísticos.
Através do Diário da República, II série n.° 152 — Suplemento
de 1-1-76, foi publicado o «Sistema Básico de Informação de Gestão»
que é constituído por uma série de documentos, a fim de normalizar
as informações das empresas. Também o Instituto das Participações
do Estado (I. P . E.) publicou um trabalho, designado por «Sistema
de Informação de Gestão», de muito interesse.
Para o Sector dos Transportes existe também o «Sistema Básico
de Informação».
Convém aqui referir que, nas explicações dadas quanto ao Imobi-
lizado, o I. P . E. inclui os «Prédios de Rendimento», no Imobilizado
Financeiro, enquanto o Plano Oficial de Contabilidade os situa no
Imobilizado Corpóreo.
634 —
chamar a atenção para a parte final do preâmbulo do Decreto-Lei
n.° 47/77, que diz:
Vejamos os principais:
Diário da República I série n.° 199 de 29 de Agosto — 2." Suple-
mento.
— 635
3) D. L. 353 T/7.7 de 29 de Agosto — Financiamento de Infra-
-Estruturas das Empresas Públicas de Transportes ou
Concessionários.
636 -
Mais recentemente no Colóquio realizado na Associação Portu-
guesa de Economistas sobre o «Sector Empresarial do Estado» — foi
afirmado:
— 637
Lexicologia Contabilística
Por António Tomé de Brito
1. A LEXICOLOGIA
2. ASPECTOS PRÁTICOS
20. Uma ciência ou uma técnica, carecem de terminologia pró-
pria, com significados precisos e iguais para todos os que a
utilizam. Quando se empreguem termos na acepção vulgar,
como conta (aritmética) é indispensável distinguir a dife-
- 639
rença do termo técnico conta (patrimonial). Quanto aos sinó-
nimos da linguagem vulgar, convém notar que raramente são
sinónimos no aspecto técnico. Assim, temos por exemplo «en-
cargo» (elemento negativo do rédito) e «despesa» (saída de
numerário).
auditor — revisor
controle — verificação, certificação, conferência,
comando, domínio (e mais de 20 outras
acepções)
envelope — sobrescrito
full-time — tempo completo
input — entrada
output — saída
marketing — comercialização
part-time — tempo parcial
rentabilidade — rendibilidade
stock — existência, sortido (e mais de 10 outras
acepções).
Este problema dos estrangeirismos, resulta em grande
parte da falta de formação linguística dos técnicos, que pre-
tendem desculpar-se com a habitual frase: «são termos es-
trangeiros sem tradução».
23. Também, no aspecto da redacção dos diplomas legais, além
de algumas imprecisões e confusões tradicionais de termos
contabilísticos, vieram juntar-se os erros terminológicos do
Plano Oficial de Contabilidade. Assim, notamos a título
exemplificativo os seguintes termos paralelos:
I Encargos í Proveitos
Custos | Ganhos
I Despesas l Receitas
Depreciações I Reintegrações
Desvalorizações 1 Amortizações
3. A U.E.C. E A LEXICOLOGIA
41 — 641
«LEXIKON», com mais de mil termos, definidos em oito lín-
guas: francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, português,
holandês e dinamarquês. Está em preparação a terceira
edição do «LEXIKON», para elaboração da qual se realizam
várias reuniões durante o ano, nos diferentes países membros.
4. A S.P.C. E A LÉXICOWGIA
642 —
PROPOSTA
643
10
Comunicações da 9.a Mesa
Outros Temas de Contabilidade e Gestão
- 647
Não se tem dúvidas das grandes dificuldades que no campo das
empresas apresentam sempre as vias das contenções e as restrições
de actividade.
Os economistas de empresa e os contabilistas conhecem bem as
dificuldades da reversibilidade das curvas dos custos de estrutura
das empresas para o caso de se passar para níveis mais baixos de
produção e venda, em especial se forem volumes de actividade infe-
riores ao dimensionamento económico das empresas.
Tais situações redundam em custos médios unitários muito mais
altos o que em períodos de crise e de dificuldade de vendas só pode
ocasionar prejuízos. Com o aparecimento de prejuízos surgem
ambientes de depressão, receios de projectar novos investimentos,
quebras de actividade, desemprego, eliminação das empresas mais
frágeis, falências, etc.
Após tudo isso surgirá, necessariamente, mais tarde ou mais
cedo, a retoma da economia, a reconstrução, a revitalização das
unidades económicas existentes e o aparecimento de novos empreen-
dimentos para ocorrer aos novos surtos positivos da economia.
Só que as perdas nacionais derivadas do processo, as tensões
de carácter político na sociedade, o peso excessivo e de difícil ponde-
ração dos ónus que acarreta a chegada a pontos de ruptura são
aspectos preocupantes. E os técnicos de contabilidade e de gestão
empresarial são agentes do processo pelo que haverá todo o interesse
em que os participantes destas jornadas ponderem as medidas a
adoptar ou as consequências de algo ou nada se fazer.
Claro que se poderá pensar, em face do exposto, que os esquemas
de austeridade são via a rejeitar e que devem antes procurar-se tão
somente esquemas de progresso consubstanciados na elaboração de
projectos económico-sociais que consistem, em investir, reequipar,
reconverter, produzir (mais, melhor e com maior produtividade e a
mais baixos custos), trabalhar mais, etc.
Posta assim a questão dir-se-ia que afinal o problema se traduz
em opção política, em boa ou má escolha. Ora, convém assinalar
aqui, que o problema não pode ser visto entre um ou outro querer
político. Terá sim que se encarar a realidade económico-social tal
como é ou tal como se pode conseguir que seja, através de estratégias
e acções que as forças políticas deverão conduzir, ouvindo os técnicos
e conseguindo a adesão necessária.
Reconhece-se que é difícil conseguir que as coisas sejam o que
deveriam ser, mas também se pensa que a melindrosa situação da
economia portuguesa exige a congregação de todos e uma conver-
gência de acções em que os aspectos técnico-económicos terão de
assumir o papel prevalente que lhe é exigido para a necessária
resolução correcta dos problemas da Economia Nacional e, em conco-
mitância, da Sociedade Portuguesa.
648 -
Num contexto de perplexidades como acima se acentua, natural-
mente que não se revelará fácil aos gestores empresariais a formu-
lação de estratégias e a fixação de objectivos a atingir. E, nestes
termos, a gestão sofre impasses e desenrola-se sem horizontes:
desmotivam-se os dirigentes e perturbam-se os trabalhadores. Há que
ter imaginação, há que pensar seriamente. Os portugueses têm o
dever moral de congregar esforços e actuar onde são competentes.
- 649
da generalidade dos portugueses, que aliás ainda não sentiram total-
mente o peso das carências, por se viver ainda de empréstimos e
descapitalizações.
Ora, se se passar das estruturas nacionais ou globais às estru-
turas sectoriais, nomeadamente às estruturas dos agentes produtivos
que são fundamentalmente as empresas, os sintomas e as fraquezas
são idênticos. Fraqueza das estruturas humanas, das estruturas
de património, dos componentes dos custos, etc. O panorama é de
modo geral negativo e não se vislumbram melhorias.
Só que a avaliação das estruturas empresariais e das suas neces-
sidades de modificação no sentido de tornar as empresas aptas ao
cumprimento dos seus objectivos mostra que está muito por fazer.
Ora, se não for possível tornar as estruturas aptas par a o desenrolar
das acções necessárias e para obter os ganhos desejados não se
poderão encontrar vias de progresso mas sim- vias de retorno.
O quadro seguinte tem-nos servido para explicar de modo breve
o quanto que é necessário numa empresa para obter a indispensável
eficiência e rendibilidade. Na verdade começa-se por referir que
sem estruturas adequadas não há as aptidões necessárias para exercer
as acções de gestão adequadas que conduzam a bons níveis de rota-
ções (rotações entre vendas e valores de património e de capital)
e a metas de eficiência e de rendibilidade.
"Nk I rendibilidade —
I — eficiência
650 —
elemento do Activo Fixo é compatível com o volume de produção ou
com a actividade que permitiu exercer e se os bens do Activo Circu-
lante têm grau de rotação satisfatório ou ainda se as proporções
entre o capital próprio e o capital alheio são as adequadas para um
financiamento regular, a baixo custo, que possibilite adequada
rendibilidade do capital próprio sem afectação da independência do
empresário perante os credores.
Havendo eficiência no emprego dos bens activos, a empresa só
não terá rendibilidade por motivos de outra ordem: — trabalha em
maus mercados, era regime demasiado competitivo e sob preços
degradantes, ou actua sob produtos tradicionais, de más margens,
etc.; ou, então, nada disso acontece, mas os prestadores de capital
alheio ou os agentes do trabalho estão a ter remunerações despro-
porcionadas com o volume de financiamento e de trabalho que
prestam às empresas, ausência de controlo, roubos, etc., afectando-se
assim a parte remuneratória que cabe ao empresário ou prestadores
de capital próprio quando não a outros participantes da empresa.
Todo este problema de apreciação de proporções dos meios entre
si e com as rotações e as rendibilidades deve constituir uma tarefa
essencial dos gestores, que para o efeito têm de munir-se de tableaux
de bord — quadros previsionais e aposteriorísticos de balanços, contas
de exploração e de resultados, rácios, etc.
Não podendo falar-se aqui em pormenor de todo o complexo estru-
tural e funcional da gestão, de que os orçamentos e as contas consti-
tuem elementos ou instrumentos motores de apreciação crítica e de
correcção e controlo, interessa, neste tema de análise, acentuar que
se uma empresa não procura dispor de uma estrutura patrimonial
equilibrada e adequada terá a eficiência da sua gestão muito com-
prometida.
É assim de assinalar a importância que ultimamente se vem
atribuindo às análises estruturais, precisamente porque se conclui
que as mesmas constituem, fundamentos para as análises conjunturais
e para o estudo das acções a desenvolver.
Será importante apreciar não só:
— a estrutura patrimonial dada pelo balanço (e seus desen-
volvimentos)
— a estrutura dos custos e proveitos dada pela conta de
exploração e resultados (e seus desenvolvimentos)
mas formular igualmente análises conjugadas.
mento) dos serviços e a estrutura do pessoal que são também de grande rele-
vância na apreciação da realidade e das potencialidades da gestão de cada
empresa.
- 651
Interessa, sobremaneira, que o exame da estrutura seja também
feito em perspectiva dinâmica, comparando:
— orçamentos e contas
— balanços e contas de resultados (de períodos sucessivos)
— mapas de custos e de valores acrescentados (idem)
— balanços de origens e aplicações de fundos (idem)
— rácios, etc.
652 -
O Mini-Computador e a sua Importância
na Contabilidade e Gestão da Empresa
Por Carlos Alberto Gomes Luso
- 653
Convém agora, para nos situarmos no verdadeiro campo de
análise, determo-nos um pouco sobre o conceito de cada uma das
peças já referidas:
654 -
É um assunto de que voltaremos a falar um pouco mais à frente,
nesta comunicação.
Passaremos a referir agora a importância da contabilidade na
empresa.
Com todo o rigor se alia a contabilidade a um conjunto de
técnicas de avaliação de fenómenos económicos. Existem vários tipos
de contabilidade. A contabilidade Nacional que avalia a actividade
económica do País. A contabilidade pública que avalia as operações
do sector público. A contabilidade da empresa avalia os elementos
da actividade económica da empresa.
É pois sobre esta última que se farão breves comentários.
Os serviços de contabilidade da empresa têm tarefas importantís-
simas a desempenhar. Essas tarefas residem fundamentalmente na
missão de coligir, conservar e transmitir o registo de todas as trocas
de fluxos monetários entre a empresa e os meios em que insere,
através naturalmente de técnicas modernas.
E dentro da própria contabilidade teremos ainda desdobramentos
importantes a considerar. A Contabilidade Geral; a Contabilidade
Analítica ou de Gestão; a Contabilidade Industrial ou de Custos, e a
Contabilidade Previsional.
Para esta articulação, de entre si, tem-se tornado difícil aos
técnicos de contas e demais pessoas interessadas nesta matéria,
organizarem um conjunto sistemático de comportamentos que tenha
apresentado resultados práticos de sensação.
Também a gestão da empresa tem papel relevante na sua
orientação.
A gestão engloba simultaneamente a Ciência, a Técnica e a
aptidão necessárias aos responsáveis pelo funcionamento de um sis-
tema de carácter económico. É como que uma dialéctica do zelo e do
método, do génio e do bom, senso.
Conforme a amplitude e a natureza do seu objecto, distinguem-se
de entre outras, a gestão orçamental, a gestão comercial, a gestão
financeira, a gestão de stocks e a gestão do pessoal.
A técnica utilizada definirá se a gestão é automatizada ou inte-
grada. Tem-se como gestão integrada um conjunto coerente de
sistemas de gestão automatizada. Diz-se que a gestão é automatizada
se a recepção e tratamento das informações e a determinação das
decisões a tomar num certo domínio são processadas por um compu-
tador ou mini computador.
Vamos agora ver a Empresa.
Do ponto de vista económico, a empresa é, o conjunto dos
factores de produção reunidos sob a participação de empresários
e trabalhadores, para através da produção de bens e serviços, atrair
uma clientela e daí obter rendimentos.
Conforme a sua estrutura, a empresa será maior ou menor. Já
agora valerá a pena determo-nos um pouco do que é a estrutura da
— 655
empresa. Em qualquer empresa coexistem duas organizações. Uma
chamada estrutura formal, é a organização teórica de que o orga-
nigrama é a esquematização. Outra, chamada estrutura informal,
é aquela que funciona na prática.
E na medição da grandeza da estrutura da empresa, teremos
necessariamente de apreciar e ponderar vários aspectos. A expressão
estrutura empresarial, comporta-os. Temos ainda na empresa, inte-
gradas nas estruturas formal e informal, a estrutura de património,
de custos, de organização e métodos, do pessoal, do poder, etc.
Começamos então agora, que está traçado o quadro da EMPRESA,
da CONTABILIDADE, DA GESTÃO e do MINI COMPUTADOR, a
compreender as reais necessidades da empresa em possuir um bom
e cuidado serviço de Contabilidade e Gestão.
E compreendemos também a razão da aquisição do mini compu-
tador, como elemento destas necessidades.
Já vimos então, medida a importância das estruturas, qUe muitas
das PMEi no nosso País não possuem realmente estruturas para dar
respostas às exigências actuais e muitas vezes chegam às pseudo
estruturas de poder conhecimento de factos gravíssimos, tão tardia-
mente que já pouco ou nada há a fazer.
Vamos tentar dar alguns exemplos, do que acabamos de dizer.
Em Outubro de um ano, é apresentado para apreciação da
Administração ou Gerência de certa empresa, o balancete da conta-
bilidade geral, em que se desvenda o quadro seguinte, em relação
ao 1.° semestre:
656 —
As empresas que foram forçadas a recorrer a Créditos Bancá-
rios ou até a Contratos de Viabilização foram colocadas perante
situações difíceis e as respostas técnicas a dar no campo da Economia
e Finanças, foram em muitos casos incorrectas por deficiência das
suas estruturas.
42
— 657
onde existem hoje carências grandes a estes níveis, muito especial-
mente nas zonas de maior desenvolvimento.
Além deste auxílio, os utilizadores têm ainda recurso aos serviços
altamente sofisticados de Associações criadas para consultas e desti-
nadas a utilizadores de equipamento electrónico.
Demonstrada portanto a necessidade de recurso ao equipamento
técnico e electrónico para melhoria dos serviços de contabilidade,
gestão e informática, as empresas nesses Países possuem apoio nesse
sentido, o que possibilita uma análise consciente e Uma mais fácil
decisão.
Pelo que já se disse, ninguém duvida certamente da importância
que, em qualquer parte do mundo se dá hoje à utilização de técnicas
altamente especializadas no campo da informática, da contabilidade
e da gestão das empresas, através do mini-computador.
Portugal, vive hoje uma época de grande crise económica. Como
os horizontes são bastantes sombrios, prevê-se um certo agravamento
deste fenómeno, colocando algumas empresas — PME — em maior
dificuldade.
Não se tem dado a importância que o assunto requer a esta ver-
dade Nacional, mas é um facto indesmentível. Veja-se por exemplo
a quebra do poder de compra da população activa do País, em con-
traste com as taxas elevadíssimas da inflação.
Esta situação abala naturalmente também as empresas, onde o
Estado vai recorrer-se através do arrecadar dos impostos. Maiores
portanto as necessidades de uma boa organização gestiva, muito
especialmente nos serviços administrativos, que por escala hierár-
quica poderá ser um sector mais responsabilizado.
Existe portanto nestes tempos mais próximos, uma larga faixa
de manobra para as empresas de organização de serviços.
Cabe agora saber-se escolher. A opção não é fácil se se quiser
fazer sob um critério cuidadoso e do interesse geral. Nesse sentido
c para evitar recrutamentos despropositados, lembrarei seguidamente
algumas regras que devem presidir à listagem das necessidades dos
serviços e da empresa.
Deve atender-se aos pormenores seguintes:
658 -
ferir, então sim, a empresa deve iniciar as suas consultas, devendo
referir correctamente todos os assuntos indispensáveis.
Por vezes não se transmitem questões de pormenor extremamente
importantes, que no futuro acarretam problemas difíceis de solu-
cionar.
Em posse das propostas dos eventuais fornecedores deve o encar-
regado da aquisição elaborar um quadro de análise que permita ao
centro de decisão concluir, para uma acertada aquisição.
No quadro teríamos:
1. firma proponente;
2. características do equipamento;
3. análise às necessidades da empresa;
4. soluções apresentadas
4.1. solicitadas pela empresa;
4.2. sugeridas pela proponente;
- 659
10. custo das fichas
10.1. formato das fichas;
10.2. quantidades mínimas;
10.3. custo unidade impressa;
10.4. custo unidade virgem;
660 -
É bom que esta intenção se corrija, porquanto experiências vi-
vidas apontam no sentido contrário, pelo menos naquele período ini-
cial e que por vezes se prolonga por mais uns tempos.
Contudo, são demasiado importantes os contactos a desenvolver
com os ANALISTAS de SISTEMAS, no sentido de se constituírem as
soluções desejadas.
Alguns responsáveis pelas instalações nas empresas durante os
contactos não se rodeiam dos elementos indispensáveis à transmissão
das necessidades nos vários domínios da empresa. Práticas em uso
e com grandes resultados práticos aconselham a consultar e até
nalguns casos a chamar à presença dos ANALISTAS, os responsáveis
pelos serviços de apoio, que darão a sua opinião, não nas necessi-
dades já inventariadas, mas sim às formas de as resolver na prática.
Será uma forma de co-responsabilidade em termos de futuro.
Transmitidas as necessidades e acertadas as formas de como se
conseguirem as soluções, tempos volvidos a empresa receberá, dos
programas não standarizados, um caderno de análise teórica que se
aconselha seja analisado com grande acuidade.
Estarão aí traçadas as linhas mestras da programação a utilizar
pela empresa.
Ao fazer-se a confirmação ou correcção do caderno de análise
deve sempre entabelecer-se a data ou datas do início da instalação.
Até lá terão de ser cuidadosamente preparadas as instalações
para a recepção do equipamento. Condições de temperatura, insta-
lação eléctrica, iluminação e espaço, são factores a não desprezar e
a dar muita atenção.
Passada uma breve revista à fase imediatamente anterior à ins-
talação, vamos então ver agora como se irá processar normalmente
o seu início.
Durante este período não deve descuidar-se igualmente a prepa-
ração dos elementos a transmitir à abertura dos respectivos ficheiros.
Da transmissão de elementos correctos aos ficheiros, dependem
muitas vezes as virtudes das instalações. Há portanto que colocar
a maior atenção neste pormenor.
Claro que começa aqui a surgir uma certa dificuldade de adapta-
ção, para quem não está muito habituado a estas andanças profissio-
nais. Mas não será só essa dificuldade que surge.
Condicionamentos existem que não permitem fazer-se um trabalho
como inicialmente se sonha. Não há nenhum profissional que não
coloque toda a sua capacidade e todo o seu empenho, numa nova fase
da sua profissão.
Surgem é por vezes dificuldades que não estão bem nas mãos
do operador. O Plano Oficial de Contabilidade, por exemplo, apre-
senta à partida um certo tipo de problemas. Especialmente na
nomenclatura das contas, em certos casos demasiadamente extensas.
— 661
Também os graus das contas e sub contas, por vezes em escala
diversa, dficultam um pouco.
E normalmente dá-se nesta fase início às desilusões, como aliás,
é absolutamente natural e compreensível.
Lemos algures em, revista profissional especializada, que raro
é o programa computorizado a funcionar em pleno logo à pri-
meira vez.
Não será bem assim, certamente, mas também o acontecer, não
nos parece razão para cepticismos. Talvez sim uma forma de se
começar a ter consciência da falta que faz a leitura de um pouco
de literatura especializada em. Software e Hardware. Talvez se
colocassem as coisas numa óptica diferente.
Falámos há pouco no operador. Figura de relevo, não só nesta
fase de arranque, mas de igual modo daí para a frente. Se inicial-
mente existem problemas e o operador não está confiante no seu
trabalho, têm surgido alguns casos de complexos e frustrações
difíceis de solucionar.
Outro quadro a elaborar com um certo cuidado é aquele em
que se insere o trabalho do operador ou operadores. Falamos em
operadores propositadamente, na medida em que, é aconselhável
existir na empresa, sempre mais que do que um ou mesmo dois
profissionais habilitados a prosseguir os trabalhos em, curso.
O tempo de utilização no tocante a horário de trabalho dos
operadores é a ter em conta. Trabalhos executados por especia-
listas e ultimamente publicados apontam para que cada operador não
esteja num período superior a três horas e meia a quatro horas, execu-
tando no mini computador.
Profissionais sensibilizados pelo problema manifestaram entre-
tanto a sua discordância por lhes parecer ser precisamente esse
período em que o rendimento mais se acentua.
Aqui, como noutros campos das relações de trabalho, sUpõem-se
ter de haver um certo equilíbrio entre o profissional e o mini compu-
tador, pois do binómio homem-máquina e do seu entendimento, sur-
gem normalmente vantagens para o serviço, que se reflectem não
só na produção como na qualidade.
Pelos contactos que temos tido com bastantes profissionais
também interessados como nós nestas matérias, sente-se um certo
desencanto quanto a progressos no campo do Software.
Sente-se em muitos casos a falta de resposta cabal a situações
estatísticas e de informática, que, no pensar destes profissionais
estariam ao alcance do equipamento.
Com base na articulação de todos os movimentos contabilísticos,
espera-se em breve que os profissionais de contabilidade e os gestores
das empresas possam dispor de dados que respondam concretamente
a questões que frequentemente lhes são postas e para as quais não
têm; obtido resposta adequada.
662 —
Referiremos algumas carências neste campo.
Na parte Industrial referiremos algumas carências na articulação
entre os Planeamentos Industriais e os circuitos de distribuição de
matérias primas, subsidiárias e produtos fabricados, em conjugação
de esforços com todos os agentes envolvidos na distribuição das
Mercadorias.
Aprovisionamentos, a nível de quantidades e valores, com reflexão
na Gestão Financeira Previsional, é uma necessidade urgente a que
urge pôr termo, atendendo em grande parte aos limitados recursos
das PME para suportar a inflação e os seus custos.
Revistas técnicas da especialidade têm-nos referido alguns êxitos
na aplicação da Gestão Previsional.
Em termos de organização sentimos, como profissionais, ser uma
necessidade a aplicação prática da Gestão Previsional nas empresas
do nosso País.
E não temos visto os técnicos apresentarem soluções de software
que respondam a esta lacuna.
Sente-se igualmente a falta de programas que respondam com
base nos movimentos efectuados às estatísticas que hoje as empresas
têm de dar respostas por vezes em prazos assentuadamente curtos.
. Bancos ;
— 663
Contabilística e a Informática deste País, trabalharmos para que em
futuro não muito longínquo possamos dispor de programas que dêm
resposta a este conjunto de necessidades.
Pelo que ficou dito, foi demonstrada a importância do mini com-
putador na Contabilidade e Gestão da Empresa, pesem embora ainda
as dificiências que em diversos campos existem.
Teve esta comunicação, acima de tudo, uma finalidade;
«de se rever em erros cometidos e continuados, de se res-
ponder às necessidades apontadas, não se aceitando a tran-
sacção do mini computador a não ser no sentido da organi-
zação colectiva da Contabilidade e Gestão da Empresa, e
nunca na óptica de MAIS UMA MÁQUINA VENDIDA».
664 -
Algumas Considerações sobre o Modelo
Estático Aberto de Leontief
Por Joaquim José da Cunha
I - INTRODUÇÃO
I — Descrição do sistema aberto de Leontief (') (Sistema aberto
em volume)
Consideremos uma economia formada por um conjunto de
sectores industriais.
Suponhamos que cada sector produz apenas um bem e que
estes são todos diferentes. Suponhamos a existência de uma
procura final para estes bens, que cada bem tem uma com-
ponente primária — o trabalho e que os bens intermediários
provêm doutros sectores.
Representamos, com vista a linguagem matricial por:
X i, j — a quantidade do bem produzido pelo sector i
fornecida ao sector j
mi — a procura final do bem i
tj — a quantidade de trabalho fornecida ao sector
j para a produção global do bem j
Daqui resulta que:
n
X i — 2 X ij + mi — é a produção total do bem produzido no
j= 1
sector í como procura final mi, e como
- 665
produção 2 intermediária para os outros
sectores ( ).
n
t = j 2= 1 tj — é o trabalho distribuído como factor pri
mário a cada indústria
n
Pj Xj = 2 pi Xjj (wtj —representa a igualdade de rendi
l=J
mentos e de custos de cada sector.
Pi são os preços sobre o mercado
de bens produzidos pelos diversos
sectores; w é a taxa de salário.
Tendo em atenção que:
«Os consumos de bens e de trabalho de cada sector indus
trial são proporcionais à produção de cada sector».
Escrevemos:
X i,j = a i, j , x J com x i, j > 0
tj = bj x j com bj > 0
t = bj x ! + b2 x , + • • ■ + b„ x „
666
Equações que em linguagem matricial, se podem escre-
ver sob a forma:
a)
a H a 12 ... ain X! rrh
x2 a
2i a22 ... a
2n X2 m2
i 1 i
X
1
+ i
ou X = A X + M
l
Xn a
nl a
n2 a
nn Xn mn
x A x M
em que:
A matriz X é a matriz definidora do programa de pro-
dução.
A matriz A é a matriz tecnológica, de grande importância,
na solução do problema, pelo que os coeficientes técnicos
a ijdevem ser cuidadosamente estimados.
A matriz M é a matriz representante dos consumos finais.
b)
XI
x2
t = bj b s . . . b n
ou t = BX
< B
X,
c)
a H a i2 . . . a in
P l P j . . . PO Pi Vi — Pn a
21 a
2 2 ••• a
2n
+w bi b 2 ... b n
ou p = PA + WB
- 667
— Análise e resolução das equações de equilíbrio atrás encon-
tradas.
x == AX + M
t =: BX
p = PA + WB
X = AX + M
A equação:
X - A X = M - - + X . I — AX = M
--* (I —A)X = M O
668 -
Para produzir C na época n, temos de dispor de AC na
época n1 ou A " 1 . (AC ) na época 0.
Deste modo, o vector X, assegura a criação de um
fundo com o objectivo de garantir as anuidades neces
sárias ao pagamento da dívida no termo do vencimento.
O vector total das quantidades de capital disponíveis
na época 0 necessárias para fornecer em cada período
um capital C é:
I + A + A 5 + ... + An C . ■]
IIII. Algumas considerações sobre a soma
I + A + A2 + A"
Então,
1 + A + A 2 + ... + A"
669
b.l.) 0 capital X que devemos dispor hoje para que no
fim do período produza C é:
X = AC ou X = _ —
1+i
b.2.) O valor actual da renda é:
-[ I _ A" + i IA
1
0 0 o
+ i cs.1
o o
1+
0 o
1+i
n
1 \ ■ +1
IA + 0 o
1+i 1 B+ 1
0 1 o
"TM
II + 1
0 ... 1
1+i
670
e,
1+i
0 0
i
(I-A)-i = 0
1+i
0
I I
0 0
ini
vem: 1 \ n+x
1 T)
n +1
1+i X
n + l
i+i
Donde finalmente:
1+i
0 i+L
.c
i i
0 0 1+i
l+iN
X
« «'-(lir)"' C com a = 1, 2,... n,,
671
Fazendo K = n + 1, isto é, sendo K o número de termos da
renda e fazendo igualmente X = ] / 0 , aparece-nos a fórmula já
conhecida, para o valor actual de uma renda antecipada:
—K
1 (1 + O
V/0=C(l+i)
ou ainda:
Exemplo de aplicação:
Suponha-se a existência de uma dívida, que deve ser liqui-
dada em 4 anuidades constantes no valor singular de 2 500 contos,
vencendo-se hoje a primeira. Qual o fundo que devemos constituir
hoje para que à taxa de 10 % garanta a satisfação da mesma?
r* i 4 110
V7o = 1- X — — x 2 500
1.1
X = [I - A] . M
t = BX
P = PA + WB
672 -
a) Sendo (I—A) uma matriz regular, sendo A = Det [I — A]
a equação:
_i
X=(I—A) .M
escreve-se:
Xi SH Su ... Sin mi
7A X
1
X„ Snl S
n2 Sn , n mn
E daqui:
Xj = A u m , + A a m 2 + ... + A nl m„
X 2 = A12IÙ1 + A22m2 + ... + An2m 0
Xi = A i 1 m i + A 2 1 m 2 + ... + A n im n
45 - 673
c) Igualmente, a equação:
P = PA + WB
escreve-se:
P —PA = WB «--.P [I—A] = WB
* - _ P = WB . [I — A] 1
674 -
num período, a interligação do sector i com os sectores acima
mencionados.
0 quadro que assegura a estrutura das relações interin
dustriais (no nosso caso intersectores) e da seguinte forma:
Compras de
Transpor Sal Combustí Secagem Procura OUTPUT
Vendas de tes veis e F r i o e outros Final(1) Total(2)
Transpor
tes x
li x
12 X
13 x
14 mi X = 2 X +m
1 J U 1
Sal X
21 x
22 ; x
23 X
24 ms! X =2 X +m
2 J 2j 2
Combustí
veis e Frio x
31 X
32 ; X
33 x
34 m3 x =2.x +ro
3 J 3j 8
Secagem
e outros X41 X
42 X
43 x
44 m* x =2.x +m
á J 4] 4
3
IMPUT ( )
Primário — — — —
IMPUT
TOTAL ^ u 2 x„ 2,x., 1 i4
1 mL 1 „ x +2 ■.
OBSERVAÇÃO:
675
Daqui, estabelecemos o sistema:
Xi = X u + X 12 + X u + X M + tXít
Xj=X2l4-X22+X23+X24+ni2
X 5 = X31 + X32 + X33 + X 3 4 + m 5
X4 = X41 + X42+X43 + X44 + m 4
Xi = a n Xi + a i 2 Xj + a i 3 x 5 + a M X4 + 1111
X 2 ---a 21 Xx + aaa X s + a 23 X 3 + a24X 4 + m 2
x 5 = a 31 X! + asa x 2 + a33 x 3 + a34 x 4 + m ,
x 4 = a f l x 1 + a 4 2 x J + a43.x 3 + a44 x 4 + m 4
X = AX + M [I - A] X = M
n
Se 2 a < 1 com j = 1, 2, ... n, estamos em face de um
i=l u
X= [I-A]~1 . M
Equação matricial, que a manterem-se constantes os coe-
ficientes ay , permite explicitar quais as consequências
resultantes de alterações na procura final por sectores m i
Combustíveis
e Frio 400 0 0 0 300 800
Secagem
e outros 50 0 200 50 1700 2000
IMPUT
Primário 50 950 500 550 0 2050
- 677
Assim:
Xn . Xu 50
a 1,1 = = 0 ; a i , a = x— — = 1000
=0,05;a1,3_X^=100° -0,13;
2 X: 800
A mati iz X
500
1000
X
800
2 000
150
100
M=
100
1700
678 -
1 -0,05 -0,13 —0,1
0 1 0 — 0,45
[I-A] 0 1 — 0,15
— 0,8
-0,1 0 — 0,25 0,97 (')
Ou finalmente:
- 679
O efeito vem dado por:
BIBLIOGRAFIA:
680 -
Algumas Reflexões em torno dos Modelos
Matemáticos da Capitalização Simples
e Composta
Por Fernando de Jesus
— 681
elementar, com o objectivo de mostrarmos que essa caracteri-
zação não exige instrumental matemático sofisticado, podendo
assim ser facilmente assimilada pelos que se iniciam nos estudos
de matemática financeira.
Designando por Ct o montante de capital no instante t (t ^ 0),
a equação geral de capitalização pode exprimir-se na forma
1) C, = C„ F(t),
com F(t) (factor de capitalização) obedecendo aos seguintes
axiomas :
AXIOMA I. v t SÍO F(t)^l.
AXIOMA II. F(t) = 1 - - t =0.
AXIOMA III. t < t' +- -* F(t) < F(t').
Em relação a C. C é o valor acumulado (ou capitalizado)
no instante t; por outro lado, em relação a Cti C„ é o valor
actual (ou descontado) na origem :
2) Co = Q/F(t).
É costume designar VF(t) por factor de desconto.
O juro obtido no intervalo [0, t], referido ao instante t, é
dado por
3) J, = C, — C„
= Co F(t) - Co
= C0 [F(t) - 1].
Considerando os instantes t e t', tem-se, recorrendo a 1),
CV - Co F(t')
Ct = Co F(t)
e, portanto,
C../C, = F(t')/F(t),
donde resulta
4) Ct- = C, F(t')/F(t).
Em particular, para t' = t + 1, vem
5) Ct + , = C, F(t + 1)/F(t). .
682 —
Considerando o intervalo de tempo [t, t + 1], a taxa de capi-
talização, i , respeitante a este período é o acréscimo sofrido pela
unidade de capital considerada no instante t:
1 + i, = F ( t + l)/F(t),
ou
6) i, = [F(t + 1 ) - F ( t ) ] / F ( t ) .
A fórmula 5) pode agora escrever-se na forma
7) Ct + 1 = C, ( 1 + i , ) ,
ou
7) C, + i = C, + C, i,
cuja interpretação é óbvia: o capital acumulado no momento
t + 1 é igual à soma do capital no instante t com a parcela C, it ,
que é o juro produzido por C, no período [t, t + 2].
Sendo t número natural, e fazendo t = 1, 2, ..., n, a fór
mula 7) dá
C1 = C0 (1 + i0)
C2 = C, ( 1 + i , )
c n = c n _, ( i + i „ _ o
donde, multiplicando ordenadamente estas relações,
8) C„ = C0 (l + i0) ( l + i , ) . . . ( l + in_i), V » e N .
Esta fórmula mostra como se pode obter Cn , valor acumu-
lado do capital no momento n, a partir do capital inicial, C0 ,
e conhecidas as taxas de capitalização i0, i,, . . . , i „ - i .
Para qualquer t, supondo m <I t ?S m + 1 (com m natural),
as fórmulas 4) e 8) permitem escrever
9) C, = C0 (1 + i0) (1 + i,) ... (1 + im _,) F(t)/F(m).
Notando que
Ct +1 — C 0 + «M +1
C| = C0 + Jt,
a fórmula 7) pode escrever-se na forma
C0+Jt + 1 = (C0 + J , ) ( l +i»)
ou
C0 + J , + , = C0(1 + i , ) + J, (1 + i ( ) ,
donde resulta a relação
— 683
10) J, + , = C.i« + J. (1 + it),
que traduz a seguinte propriedade notável: em qualquer processo
de capitalização que se inicia com o capital C0, no momento 0,
o juro vencível no instante t + 1 decompõe-se na soma de duas
parcelas, C0 i( e Jt (1 + u), sendo a primeira o juro do capital
inicial produzido no período [t, t + 1] e a segunda o valor acu-
mulado, no instante t + 1, do juro vencido no instante t.
Em resumo, pode dizer-se que, em qualquer regime de capi-
talização, o juro vence juro.
A fórmula 10) ainda se pode escrever na forma
J1 + 1 = J, + ( C 0 + J,)i„
ou
11) J, + 1 = J, + C, i,,
e, em particular,
15) i0 = a,
684 —
onde i0 designa a taxa de capitalização em [0, 1], a que pode-
remos chamar taxa inicial. De 14) e 15), vem
17) i, = —ÎV-
1 + i. t
e também é fácil deduzir a formula de recorrência
1 +ii
resulta ã relação
22) l+ti„=(H-io)(H-ii)...(l+im-i)[H- ( t - m ) i m ] ,
com m ^ t ^ m + 1.
— 685
De
c,.= G. 1 + i. f
1+Ío t
vem
c, C,
1+io t' 1+io t
ou
io
Cv . . - c
i + i0 t' 1 + ic t
que se traduz na importante propriedade
23) Ci- i,- = C , i,.
Em particular,
24) C» i0 = C, i, = C, i2 = • • • ,
Instantes Capitais
0 C0
1 C, = C 0 ( l + i o ) = Co + C o i 0
2 C 2 =C 0 ( l + 2 i 0 ) = ( C 0 + C 0 i 0 ) + C 0 i 0 = C 1 + C 1 i i = C , (1+iO
3 C 3 =C 0 (1+3 i 0 )=C 0 ( l + 2 i 0 ) + C 0 i 0 = C 2 + C 2 i 2 =C 2 (l+i 2 )
Como
Jt = C0 i0 t,
tem-se
25) Jv = Jt + C0 i0 (f - t)
e, em particular,
26) J, + 1 = J, + C0 i0.
686 —
Supondo, por exemplo, que o juro a vencer no fim do período
[0, t] deverá ser pago no momento ti (O^Ç ti ^ t ) , ter-se-á o
esquema :
J Jt = C0 i0 t
—I 1 1—
0 ti t
1 + ti i0
V-'O l o ï
l+ti„
= C0 t i, (1 + ti io).
— 687
actual na origem é, pela fórmula 28), C 0 n i„ . A soma dos
valores actuais na origem dos pagamentos periódicos dos juros
é, por seU turno,
1+io T :—,
l + 2-i . + ■• • -r -l +—( n l )——
i T 1+ni.
0 0
io ln
29) + —Ji + ... + íl=i + 1 = ni„.
1+io l+2i0 l+ (nl)io l+ni0
fórmula que relaciona entre si as taxas de capitalização i 0 , ii, ...,
i n no regime de capitalização simples.
= rn+—!—"k
L l+(n + l ) i j
(n + l) + n(n + l)i 0 .
l + (n+l)i0
1 + ni
° (n + l ) i n
1 + (n + 1) i0
r ± ■ 1 + ni ° 1(n+l)i,
Ll+(n+l)i0 i„ Jv
In + 1
(n + l)i„
ln
= ( n 4 1) in + i.
688 —
4. O regime de capitalização composta é caracterizado por
30) F(t) = (1 + a) 1 (a > 0)
e, portanto,
31) C, = C0 (1 + a)'.
A taxa de capitalização é
32) i, = [F(t + 1 ) - F ( t ) ] / F ( t )
= d + a)1 + x — (1 + a) {
(1 + a) 1
= a,
it = i
34) J, = C 0 t ( l + i ) ' - l ]
44
— 689
juros é feito no fim do período de capitalização, tem-se, esque-
maticamente
690 —
Os Balanços do P. O. C.
e os Balanços da C. E. E.
Por Henrique Quintino Ferreira
1. OS BALANÇOS DO P.O.C.
— 691
Assim o balanço sintético do P. O. C. apresenta-se com a
seguinte forma:
BALANÇO
Activo Passivo
Disponibilidades Débitos a curto prazo
Créditos a curto prazo Débitos a médio e longo prazo
Existências Proveitos antecipados
Créditos a médio e longo prazo
Imobilizado Situação Líquida
Custos antecipados Capital, Reservas e Resultados Transi-
tados
Resultados apurados no exercício
Resultados aplicados
2. OS BALANÇOS DA C.E.E.
A 4.a Directiva da C. E. E aprovada em 25 de Julho do cor-
rente ano, tendo reformado a directiva aprovada em 1972, em
virtude da entrada da Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca para
a Comunidade, não sofreu alterações muito significativas em
relação aos dois tipos de balanço anteriores.
Apresenta um balanço segundo o esquema clássico, isto é,
um quadro com a classificação das contas do Activo e do Passivo,
segundo a óptica económica das fontes de financiamento internas
e externas (passivo) e respectivas aplicações (activo) e outro
tipo que consiste num esquema utilizado por alguns países anglo-
-saxónicos, com base numa lista de rubricas de balanço, com
vista a fornecer várias informações:
1." Tipo: BALANÇO
Activo Passivo
A) Capital Subscrito não Realizado A) Capitais Próprios
B) Despesas de Estabelecimento C1) I —Capital Subscrito
C) Activo Imobilizado II — Prémios de Emissão
I — Incorpóreo III —Reserva de Reavaliação
II — Corpóreo IV — Reservas
III — Financeiro V —Resultados Reportados
D) Activo Circulante VI — Resultados do Exercício
I — Stocks B) Provisões para Riscos e Encargos
II — Créditos C) Dívidas
III — Valores mobiliários D) Contas de Regularização
5
(4)
IV — Bancos e Caixa E) Lucro do Exercício ( )
E) Contas de Regularização (2)
F) Prejuízo do Exercício (3)
692 -
2° Tipo
A) Capital Subscrito não Realizado
B) Despesas de Estabelecimento
Incorpóreo
C) Activo Imobilizado Corpóreo
Financeiro
Stocks
Créditos
D) Activo Circulante Valores mobiliários
Caixa e Bancos
E) Contas de Regularização
F) Dívidas cuja duração residual não é superior a um ano
G) Activo Circulante (superior às dívidas cuja duração
residual não é supericr a um ano)
H) Montante total dos elementos do activo (depois da
dedução das dívidas cuja duração residual não é supe-
rior a um, ano)
I) Dívidas cuja duração residual é superior a um ano
J) Provisões para Riscos e Encargos
K) Contas de Regularização
L) Capitais Próprios
I — Capital Subscrito
II — Prémios de Emissão
III — Reserva de Reavaliação
IV — Reservas
V — Resultados Reportados
VI — Resultados do Exercício
Este segundo modelo do tipo anglo-saxónico tem por fina-
lidade evidenciar as rubricas do balanço e ainda de forma
directa o fundo de maneio (G/) e em que proporção é finan-
ciado o activo líquido (total do activo abatido das dívidas a
curto prazo) em função do capital, reservas e dívidas a médio
e longo prazo.
- 693
Pensamos que apenas o 1.° tipo de balanço nos poderá inte-
ressar, visto que o 2.° tipo não tem qualquer tradição entre nós.
Atendendo às diferenças sensíveis entre os balanços do
P. O. C. e os modelos da C. E. E. pode concluir-se que haverá
que alterar o Plano Oficial de Contabilidade em relação à estru-
tura do balanço e, se se considerar que a ordem e o conteúdo
das várias classes de contas deverá ser, como parece lógico,
a que corresponde à estrutura e esquematização do balanço,
haverá que promover igualmente as correspondentes alterações,
por forma a começar-se pelos capitais permanentes (capitais
próprios e alheios estáveis), activo imobilizado, stocks, créditos
e dívidas e meios monetários.
A Espanha, a França, a Bélgica e a Alemanha adoptam já
modelos de balanços que estão muito próximos do primeiro
modelo de balanço agora oficializado pela C. E. E.
694 —
Importância da Gestão Orçamental
Por Rodrigo de Moctezuma
- 695
2 — 0 Plano representa um somatório de standards que podem
e devem, portanto, ser utilizados na análise das diferentes produ-
tividades.
Constitui, portanto, uma base fundamental da eficiência e até
um meio poderoso de análise e controle dos valores históricos, o que,
tendo a maior importância para os contabilistas, torna o seu trabalho
bem mais aliciante.
Por todos estes motivos — muitos outros poderiam ainda ser refe-
ridos — e ainda porque a gestão orçamental não parece estar gozando
de grandes favores no nosso País, julgo que seria de fomentar a sua
utilização; para isso, entre outras medidas que poderão ser pro-
postas sugiro:
696 —
Avaliação das Empresas
Por Artur L. Alves Conde
1. GENERALIDADES
Trata-se, sem dúvida alguma, de um dos problemas mais deli-
cados que um técnico em economia da empresa pode enfrentar.
E não são raras as vezes em que o cálculo tem de ser elaborado,
como o demonstra a seguinte enumeração exemplificativa de
situações: negociação de uma empresa, cedência de uma parte
social, fusão e incorporação de patrimónios, expropriação, avalia-
ção de participações financeiras, sucessões, liquidações, acções
de divórcio, apoio financeiro a empresas, etc.
Sendo bem visível o interesse do problema, passamos a referir
a sua complexidade. Bastará atentar que a determinação do
valor real de um património tem de tomar em consideração,
além de factores objectivos, outros de ordem subjectiva. E quando
tal acontece, por mais aperfeiçoada que seja a técnica aplicada,
o resultado final nunca será um valor indiscutível. O valor encon-
trado, deverá ser encarado somente como uma base de apreciação.
Por tudo isto, não é de surpreender, antes pelo contrário,
o facto de, em vários casos concretos, os valores apurados por
uns técnicos serem bem diferentes daqueles que foram calculados
por outros técnicos. Por vezes, ainda, e para reforçar o que
atrás afirmamos, uns e outros surpreendem — favorável ou des-
favoravelmente — os próprios interessados na avaliação.
Contudo, é hoje possível, e tal constitui mais uma conquista
da técnica, apoiar tal determinação em fórmulas de avaliação
racionais e utilizar instrumentos mais rigorosos que a matemática
faculta. Substituídos os métodos empíricos por outros mais
racionais apuram-se números e conclusões mais lógicas, embora,
mesmo assim, podendo não receber, na maioria dos casos, a
unanimidade dos técnicos. A razão principal de tal divergência
de critérios reside, menos na escolha das fórmulas que nos crité-
rios escolhidos para a determinação dos respectivos parâmetros,
(lei de variação dos lucros futuros, lucro médio futuro, taxa de
—, 697
juro, período, etc.). Para comprovar tal diversidade de critérios
será suficiente 1er alguns capítulos das obras citadas na biblio-
grafia.
Queremos referir que em trabalhos de tal índole, não raras
vezes, é necessário recorrer a técnicas de outros ramos. Assim,
por exemplo, é normal solicitar os serviços de avaliadores (máqui-
nas, terrenos, edifícios, etc.), e de advogados (interpretação de
pactos sociais, contratos de exclusivos, de distribuição, de paten-
tes, de participações, etc.).
Elucidamos ainda que muito embora se recorra a dados facul-
tados pela contabilidade, a natureza do trabalho exorbita o campo
da técnica contabilística e é daqueles que, em nossa opinião,
muito bem se compreende no que modernamente se designa por
«economia da empresa».
Uma advertência final: não se entenda que, dada a forma
propositadamente sucinta — objectivo porventura nem sempre
atingido — como apresentamos os nossos pontos de vista, apoiados
em experiência profissional e no estudo de literatura estrangeira,
tenhamos pretendido demonstrar que encontrámos esquemas sim-
plificadores para os numerosos casos concretos que bem podem
surgir no campo das realidades, nem tão-pouco que os valores
a apurar, são de obtenção, por assim dizer, automática.
Nesta matéria, como em muitas outras, temos sempre pre-
sente as palavras com que deparámos numa das obiras que
conhecemos:
«Não existem, valores absolutos, porque não são as coisas
que nos impõem o seu valor, mas sim é o homem quem fixa
os valores».
698 —
da empresa face a realidades económicas e financeiras, sem equa-
cionar na avaliação técnica considerações subjectivas das partes
interessadas na avaliação).
Para uma empresa qualquer temos que:
Valor global = Elementos corpóreos + Elementos incorpóreos.
Se bem que não seja fácil a avaliação dos elementos corpó-
reos, é na fixação numérica dos elementos incorpóreos que reside
a maior dificuldade, por a maioria ser dificilmente cifrável (clien-
tela, localização dos estabelecimentos, renome comercial, etc).
Ainda não podemos ignorar a influência, crises económicas,
guerras, etc.) no valor duma empresa, numa dada época.
São, portanto, legítimas as seguintes interrogações:
— a clientela, manter-se-á, aumentará ou diminuirá quando
o estabelecimento passar para um novo proprietário?
— como evolucionará a conjuntura económica?
— Como se orientará a política governamental no relativo
ao sector em estudo (contingentação de importação,
política de subsídios, etc.)?
— Etc., etc.
Da resposta a tais perguntas, ou do juízo que se faça sobre
tais interrogações, assim será influenciado o valor da empresa O ,
segundo a seguinte identidade:
V = C + T (2)
C1) Certos autores, como Jackson Martindell, aconselham a que se não
deixe de proceder à avaliação da gestão, com vista à formulação dum juízo
mais rigoroso sobre o valor da empresa. Trata-se de uma análise predominante-
mente qualitativa que pode vir a influenciar — positiva ou negativamente — o cál-
culo objectivo da avaliação resultante da aplicação de fórmulas.
Para o efeito, utiliza uma Tabela do American Institut of Management.
— 699
C, também costuma ser designado como «valor substancial»
que compreende os valores corpóreos e os incorpóreos insepará-
veis da sociedade. Deve representar apenas os valores patrimo-
niais que sejam estritamente necessários à exploração. A extensão
contabilística dos diversos custos deve coincidir com a realidade.
É, por assim dizer, o «valor de continuidade» dessa empresa,
estimado este na base do custo actual de substituição. Surgirá,
assim, um balanço especial de avaliação, o qual em relação ao
balanço de gestão sofrerá, em geral, diversas correcções, atentos
os objectivos da avaliação.
No relativo à valoração dos bens do activo imobilizado pode-
riam seguir-se os princípios estabelecidos no Decreto-Lei n.° 126/77,
de 2 de Abril, eventualmente com alguns ajustamentos. Em tal
caso, é de ter em conta nos cálculos da rentabilidade futura as
actualizações das amortizações.
I, será, consequentemente, sempre assimilado ao conjunto dos
elementos incorpóreos, nomeadamente os seguintes: nom e comer-
cial, direito a uso de patentes, marcas e de processos de fabrico,
privilégios de direito e de facto sobre técnicas e vendas, posição
comercial (clientela, mercados, etc.), direito a beneficiar da taxa
de rendabilidade, indemnização pela organização montada, etc.
— e sempre que tais valores não possam ser objecto de nego-
ciação autónoma.
T = V-C
700 —
Numa primeira fase é indispensável proceder-se a um estudo
pormenorizado da situação a encarar.
Bem compenetrado da tarefa a realizar, é natural que o
técnico proceda à sua planificação. Sem ela, ficará, imediata-
mente, afectada a boa qualidade do trabalho final e o tempo
de execução.
Aconselha-se, portanto, que bem se medite acerca da recolha
de dados. Na impossibilidade de prever todo o material neces-
sário, consideram-se como básicos os seguintes:
— 701
— Planos de actividade (novos investimentos, novos pro-
dutos, abdicação de certas explorações, encerramento
de fábricas, filiais, sucursais, etc.).
— Estudos sectoriais e índice da conjuntura económica
orçamentos de custos e proveitos.
— Organigrama da empresa. Actividade dos sócios ou
administradores na sociedade. Valia do pessoal.
— Ambiente no interior da empresa (relações laborais,
absentismo, etc.).
— Cotação na Bolsa de valores e suas variações (quando
exista).
— Informações correntes na praça sobre a sociedade (ban-
cos, concorrentes, agências de informações, etc.).
— Pacto social e suas prováveis alterações.
— Extractos de actas do conselho de administração (ou
gerência) e conselho fiscal no relativo a aconteci-
mentos relevantes para a avaliação.
— Etc., Etc.
4.1. — Generalidades
Existem duas grandes linhas de orientação tendentes ao cál-
culo do trespasse: a teoria empírica e a teoria matemática.
A primeira advoga que, fundamentalmente, o cálculo do
trespasse deve ser apoiado na experiência, não podendo ser
apoiado em leis rígidas.
702 —
A segunda, pelo contrário, repudia as avaliações por «palpite»,
apoiando-se em princípios que apresentam um certo rigor, embora
reconhecendo que é impossível fixar regras que permitam deter-
minar exactamente o trespasse de qualquer organismo económico.
— 703
4.2. — Os princípios da avaliação matemática
704 —
pôr em acção todos os seus conhecimeetos e espírito crítico face
ao caso concreto em apreciação.
45 — 705
Será conveniente preparar, para cada ano, o seguinte plano:
An0
Empresa
MAPA DE CORRECÇÕES
CUSTOS
+ +
=F
PROVEITOS
+ +
RESULTADO L Í Q U I D O
DO EXERCÍCIO . . .
+
706 —
Exemplos :
Lucros líquidos
Anos normais (em contos) (*)
1973 1900
1974 1700
1975 1600
1976 2 000
1977 1800
— 707
O exame feito demonstrou que os Estabelecimentos de Cré-
dito que apoiavam a empresa iniciaram em 1976 uma política de
«plafond» de crédito e ficou na impossibilidade de proceder à
normal renovação dos «stocks» e daí ter sido compelida a com-
primir as suas vendas.
Ainda outro caso: a empresa guia a prática da amortização
por taxas aceleradas. Apercebendo-se que o seu imobilizado se
encontrava integralmente amortizado, e como não houve lugar à
reavaliação do imobilizado, deixou de incluir nas suas contas de
resultados as quotas de amortização.
Estudada esta situação, o técnico obteve o seguinte quadro
(em contos):
Anos Amortizações Lucros
1974 3 000 4 000
1975 4 000 3 500
1976 800 5 000
1977 — 7 000
708 —
Examinando, conclui-se ser notória a tendência para lucros
crescentes ao longo do período de 6 anos, muito embora o ano
de 1976 constitua uma excepção ao ritmo crescente evidenciado.
Só o estudo das causas nos poderá orientar sobre a escolha
do método a adoptar. Alguns são possíveis:
— 709
— método de compensação aproximada:
Anos
)S Lucros Compensações Lucros
reais + — compensados
1972 2 000 2 000
1973 2100 2100
1974 2 300 250 2 510
1975 3 000 250 2 750
1976 2 500 300 2 800
1977 3100 300 2 800
710 —
Por exemplo, no método de Stuttgart mais adiante citado,
no cálculo do lucro procede-se a um abatimento de 30 % exclu-
sivamente com o objectivo de compensar as consequências de
entesouramento (em geral, parcial) dos lucros.
Em conclusão, devemos operar, no mínimo, com os resultados
de 5 anos. Sendo possível, porém, não se desprezarão os últi-
mos 7 anos. Em seguida, devemos examina? detidamente as
causas das variações. Escolher, então, Um ou algum dos vários
métodos possíveis.
De grande utilidade recorrer a métodos estatísticos ade-
quados e usar gráficos.
O importante é descortinar o lucro tendencial, de modo a pre-
figurar o mais rigorosamente possível o lucro futuro, pelo que o
valor apurado deverá ser confrontado com a estrutura previsional
dos custos/proveitos, quando existente.
Em face do nosso actual e elevado nível inflacionário é evi-
dente que tal fenómeno não poderá ser ignorado no cálculo dos
lucros futuros e até, se necessário, corrigindo os lucros conta-
bilísticos apurados no passado.
4.3.2.—Taxa de capitalização (t).
4.3.2.1 — Como bem se compreenderá a negociação dum tres-
passe rege-se pelos princípios que orientam a inversão de
capitais.
É, portanto, natural que o candidato à aquisição dum tres-
passe se preocupe com a taxa de rendimento que irá obter. Ela
será dada pela seguinte relação:
_ lucro anual esperado x 100
capital a investir
Assim, supondo que o lucro médio normal apurado é de
4 500 contos e que o vendedor tem de dispender a quantia de
18 000 contos, o comprador determinará a seguinte taxa:
t = - i ^ ? - x 100 = 25 %
18 000
Em seguida procederá ao confronto entre a taxa apurada e
as taxas que vigoram no mercado de capitais para outras colo-
cações (títulos de crédito — públicos e privados — , depósitos a
prazo, imóveis, empréstimos hipotecários, outros trespasses ofe-
recidos, etc.). E, continuando com a exemplificação, vamos
supor que a taxa mais alta para outra colocação é de 20 %.
Será, então, razoável o afirmar-se que o comprador, em face do
confronto numérico, não deverá hesitar em optar pelo primeiro
investimento?
711
A resposta terá de ser necessariamente negativa, pois exis-
tem outros factores a considerar, tais como a segurança e a
liquidabilidade. Compreensível, portanto, que o investidor numa
empresa exija uma remuneração bem mais alta que a taxa de
juro corrente no mercado financeiro.
O primeiro aspecto toma em consideração os riscos nas dife-
rentes aplicações — títulos garantidos ou não com aval do Estado,
empréstimos com ou sem garantia real, etc., e o segundo atende
à maior ou menor facilidade na realização em dinheiro da in-
versão considerada (em geral, o trespasse duma casa comercial
é mais dificilmente negociável do que um lote de títulos, princi-
palmente quando estes se encontram cotados na Bolsa de Va-
lores).
São essencialmente estes valores que vão determinar se a
diferença de taxas — 5 % , no nosso exemplo — sobreleva ou
anula, a juízo do inversor (às vezes, apoiado em consultores),
a diferença de situações quanto a risco e a liquidez.
É de considerar ainda a existência de circunstâncias espe-
ciais, tais como: eliminar concorrente perigoso, conseguir melhor
venda para certos produtos que fabrica, acesso a uma clientela
mais vasta para escoante de seus produtos ou utilização em maior
escala de serviços que presta, ser o ponto de partida para um
outro tipo de organização, conseguir uma colocação para a sua
actividade profissional para uma justificação familiar, social, etc.
Chama-se a atenção para o facto de a comparação ser
válida se as duas taxas confrontadas forem da mesma natureza
— igualmente brutas, ou igualmente líquidas — . Uma diferença,
por exemplo, devida quanto a regime de impostos, pode ter con-
sequências apreciáveis no raciocínio a formular.
No intuito de não deixar cair no empirismo tal confronto,
vários autores têm procurado obter taxas para as diferentes
situações de risco.
4.3.2.2. — Nesta ordem de ideias, terá de se obter, primeira-
mente, uma taxa-base que signifique o menor risco possível na
colocação de capitais. A esta taxa juntar-se-á um acréscimo que
procurará traduzir, tanto quanto possível, a intensidade de risco
para a situação em causa. Variará proporcionalmente com o
risco, como é natural.
No relativo a taxa-base, para operações de longo prazo, não
há unanimidade de opiniões quanto ao critério que servirá de
base. Assim, Retail indica que ela deverá ter expressão igual
à taxa de desconto do banco emissor — no nosso caso seria a do
Banco de Portugal, actualmente fixada em 18 %. Outras, porém,
opõem-se a tal raciocínio, e aconselham' que a taxa que se melhor
se adapta ao conceito formulado — risco mínimo para investi-
712 —
mentos a longo prazo — é a que vigora para as colocações em
valores de rendimento fixo cotados na Bolsa (e fundamentalmente,
os emitidos pelo Estado).
Tem sido essa a nossa opinião e em trabalhos anteriores temos
identificado a taxa-base com a taxa média (%) de juro real dos
títulos de rendimento fixo (fundos públicos), publicada nas Esta-
tísticas Financeiras (INE). Porém, na presente conjuntura o
mais realista é identificá-la com a taxa das Obrigações do
Tesouro, última emissão, que actualmente é de 22 %. Não exis-
tindo um mercado organizado, para a compra e venda de empre-
sas, o certo é que o comprador eventual de uma empresa é
levado a comparar o lucro que obteria no mercado financeiro
normal com o estimado para a empresa avaliada.
Quanto aos acréscimos transcrevemos os da obra «Les Fonds
Commerce».
Taxa-base + :
A% SITUAÇÕES
— 713
4.3.2.3. — Autores há que consideram mais correcto ver o risco
empresarial tomado em conta no cálculo do lucro futuro (portanto,
procedendo em geral a uma certa dedução) do que proceder no
agravamento da taxa-base de capitalização.
714 —
Primeiramente, refira-se que a extensão do período depende,
em grande parte, de factores subjectivos (influência pessoal dos
proprietários — na clientela, no meio bancário, etc.)- Noutros
casos, ainda, embora não tão frequentes, procede de factores
objectivos (duração da concessão, das patentes, das represen-
tações, etc.).
Como regra geral pode afirmar-se que quanto maior for a
influência pessoal dos actuais proprietários de uma empresa,
menor deverá ser o número de anos a considerar, em caso de
cessão. Isto por se pressupor que a perda de tal influência para
o novo adquirente ocasionará o decréscimo anual do volume de
vendas e, consequentemente, também dos lucros.
Para comprovar quanto é arriscado valorizar factores sub-
jectivos, atente-se no facto de muitas empresas adquiridas,
acerca das quais se vaticina o declínio, dada a circunstância de
não mais contarem; com os seus antigos proprietários (às vezes
fundadores que, no passado, consolidaram a empresa), surgirem
em crescimento espectacular, devido às qualidades reveladas
pelos novos proprietários (maior imaginação, iniciativa, gestão
racional, etc.).
— 715
duração do exclusivo, para as empresas que beneficiem duma
situação priveligiada no mercado. Será conve-
niente, contudo, fixar o valor máximo entre
os 15 e 20 anos.
a—I •,-.
C1) Já sabemos que tal confronto não é muitas vezes determinante para a
decisão de investir, pois razões estratégicas ou subjectivas podem prevalecer.
Neste método o cálculo da situação líquida determina-se a
partir da avaliação do Activo e Passivo, com vista à determinação
do valor real da empresa.
Assim deverá elaborar-se um balanço especial, com base nos
critérios que presidam a confecção do balanço de liquidação. Mas
como muito bem Retail acentua o que se pretende determinar
é um valor liquidável, este respeitante a uma liquidação teorica-
mente encarada para as necessidades de cálculo, prosseguindo
a empresa a sua vida económica.
(1 — t.C) — sobrelucro.
— 717
Segundo os conceitos acima o cálculo de T não é influenciado
pela origem dos fundos — capital próprio ou alheio, — apenas e —
quacionando a totalidade dos capitais investidos e necessários
à exploração.
O procedimento seguido dá flexibilidade ao adquirente de
examinar, em, separado, a temática dos «financiamentos» porven-
tura existentes (eventualmente renegociando ou substituindo por
outros mais vantajosos).
718 —
— método de Stuttgart (aplicado pelo direito fiscal alemão
à avaliação de sociedades não cotadas na Bolsa), o valor
total da empresa é identificado com o somatório de
C (valor substancial) e o triplo do desvio entre o
lucro futuro e a remuneração normal do valor a ava-
liar:
V = C + 3 (1 - t. V)
obtido V, virá:
T = V-C
CONCLUSÕES
— 719
como os lucros futuros. Também não menos precária é a mensu-
ração dos riscos.
720 —
BIBLIOGRAFIA
46 — 721
11
Nota final. Como decorreram
as Jornadas. Agradecimentos
1. O TRABALHO PREPARATÓRIO DAS JORNADAS
2. A SESSÃO DE ABERTURA
A sessão de abertura das JORNADAS foi presidida pelo Senhor
Secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica,
Prof. Arantes e Oliveira. Nela participaram também os membros da
Comissão de Honra:
Reitor da Universidade de Aveiro, Governador Civil, Presidente
da Câmara Municipal, Comandante Militar e Capitão do Porto e
- 725
ainda os membros da Comissão Organizadora das JORNADAS:
Prof. Doutor Fernando V. Gonçalves da Silva, Drs. Alberto Pimenta,
Hernâni Carqueja, Manuel Baganha, Rogério F. Ferreira, Carlos
Figueiredo Mota, Joaquim José da Cunha e Amílcar Amorim.
726 -
— 727
congressistas que participaram activamente no debate das comuni-
cações.
728 —
de Licenciatura em Contabilidade e Finanças (Associação Portuguesa
de Contabilistas); Conta e Método Digráfico numa perspectiva con-
ceptual Histórica (Martim Noel Monteiro) ; Conceitos Básicos e Prin-
cípios Contabilísticos (João José da Costa); A Normalização Conta-
bilística (António Tomé de Brito) ; Reflexões de Gestor Empresarial
Perante a Economia Portuguesa (Rogério Fernandes Ferreira);
O Mini Computador e a sua importância na Contabilidade e Gestão
da Empresa (Carlos Alberto Gomes Luso); Elementos de Análise de
Actividade — Exemplos de Aplicação a uma Empresa (Enri Bague-
nier); Algumas Considerações sobre o Modelo Estático de Leontief
(Joaquim José da Cunha) ; Algumas Reflexões em torno dos Modelos
Matemáticos da Capitalização Simples e Composta (Fernando de
Jesus); Os Balanços do P. O. C. (Henrique Quintino Ferreira); Impor-
tância da Gestão Orçamental (Rodrigo de Moctezuma) ; A Prestação
de Contas em Contabilidade Industrial e o P. O. C. (José J.
Afonso Diz).
Durante a semana das JORNADAS não houve tempos livres.
De manhã, à tarde e à noite, de 4 a 8 de Dezembro as sessões de
trabalho sucediam-se ininterruptamente, com anfiteatros sempre
cheios. Após cada uma das intervenções os congressistas puseram
questões sobre as matérias abordadas, dando origem a respostas
e esclarecimentos por parte dos conferencistas num participado e vivo
debate de ideias.
- 729
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730 ~
PROGRAMA DO SERÃO CULTURAL
I PARTE
*
BAILADO BRANCO
Música: Extractos de vários compositores.
Intérpretes: Cristina Ribeiro, Margarida Almeida, Isabel Roscano, Paula
Faria, Lídia Reynal, Paula Grilo, Lígia Pedra e Paula Rocha.
TOQUE CLÁSSICO
Música: Paganini.
Intérpretes: Luísa Ramos, Lígia Pedra, Margarida Almeida, Maria Inês
Pereira, Paula Faria, Paula Grilo e Paula Rocha.
PAS DE DEUX
SONHO
Música: Strawinsky.
A menina: Paula Faria.
Alma gémea: Paula Grilo.
Sombras: Inês Pereira, Lígia Pedra e Paula Rocha.
CISNE
Música: Saint-Saëns.
Intérprete: Paula Faria.
FRUSTRAÇÃO
Música : Dvorak.
Intérpretes: Luísa Ramos, Cristina Ribeiro, Paula Faria, Inês Pereira.
Paula Grilo, Lígia Pedra e Paula Rocha.
— 731
II PARTE
I
MOTETO — Michelot
SANCTUS — Duarte Lobo
SANTÍSSIMA — Harm, de Mário Sampayo Ribeiro
ADORAMUS TE —G. P. da Palestrina
LE JÉSUS EST NÉ...—(Spiritual Negro) — Harm, de M. Dautremer
AH! VINDE TODOS — Harm, de F. A. Gevaert
II
III PARTE
PROJECÇÃO DE FILMES
732 -
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— 733
5. INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS JORNADAS. VOTO FINAL
6. AGRADECIMENTOS
734 -
— Aos presidentes e secretários das Mesas que souberam con-
ferir aos trabalhos a dignidade e a organização devidas;
— 735
Boletim do Auditor Independente, publicação do Insti-
tuto dos Auditores Independentes do Brasil, de São
Paulo;
Revista Paulista de Contabilidade, de S. Paulo (Brasil),
pelas suas atentas e cuidadas reportagens.
7. MENSAGEM DO BRASIL
736 -
sença física, todavia, espiritual e mentalmente aqui me encontro,
nesta Mensagem.
Espero que em outra oportunidade possa comparecer.
Envio-lhes, todavia, para leitura, trabalhos que acabo de pro-
duzir e que representam o pensamento nosso sobre especialização
de nossa disciplina.
Se possível, gostaria que um deles, para grande honra minha,
fosse lido pelo egrégio e grande mestre português o Prof. Martim
Noel Monteiro.
Tal mestre, como o ínclito Prof. Dr. F. V. Gonçalves da Silva
e o eminente Prof. Dr. Rogério Fernandes Ferreira, são hoje os
intelectuais lusitanos da Contabilidade mais homenageados e feste-
jados entre nós, cá no Brasil.
O entrelaçamento de nossas comunidades estreita-se, através dos
luminares e para alegria nossa desenvolve-se, cada vez mais, com
maior propriedade.
Encaminho-lhes, também, trabalho do ilustre professor doutor
Hamilton Parma, recém-produzido e que apresenta enfoques mo-
dernos de nossas técnicas.
Espero, desta forma, ainda que em parte, ter atendido à solici-
tação cultural e não afasto a possibilidade de em futuro próximo
estar entre os colegas portugueses.
Ao agradecer-lhes, pleno de uma euforia natural, de quem re-
conhece no gesto dos amigos a homenagem da classe contábil de
Portugal ao Brasil, auguro-lhes êxito e renovo minhas mais profundas
esperanças no destino de uma Contabilidade que orgulhe as tradições
de seus cultores de língua portuguesa.
47 - 737
12
Lista dos Participantes
ABRANTES, Carlos Manuel Ferreira — Contabilista — Rua Silva Carvalho, n.° 145-
-4.0-A - LISBOA.
ABRANTES, Élio Joaquim Marques — Professor do Ensino Secundário — Redonda
-BELAZAMA E CHÃO.
ADÃO, António Manuel da Cruz Ramos — Bacharel em Contabilidade e Adminis-
tração—Avenida Mário Sacramento, n.° 19 —ÍLHAVO.
AFONSO, António José — Professor da Escola Industrial e Comercial de Viseu —
VISEU.
AFONSO, Luís Esteves — Licenciado — Apartado 11 —SANTA IRIA AZÓIA.
AGUIAR, Amílcar Alves de —Rua da Bombarda, 13-c/v-Drt.° — LISBOA-1.
.ALMEIDA, Carlos Alberto Ribeiro de — Aluno do Instituto Superior de Contabili-
dade e Administração de Aveiro —Alta Vila, n.° 91 —ÁGUEDA.
ALMEIDA, Domingos Gomes Ferreira de —Avenida da Imaculada Conceição,
453-r/c.-Esq.° — BRAGA.
ALMEIDA, Fernando Manuel Martins Nunes de — Contabilista — Segadães —MOU-
RISCA DO VOUGA.
ALMEIDA, Luís Chaves de — Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras —
Rua Silva e Albuquerque, 19-2.°-Esq.° — LISBOA-5.
ALMEIDA, Manuel Augusto Seabra de —Chefe de Serviços d e Contabilidade de
Custos e Informação — SIS - Veículos Motorizados, Ltd.a, Anadia — Rua Posta
Cavador, 4-2.°-Esq.° — ANADIA.
ALMEIDA, Maria Emília Félix de —3. a Oficial, Serviços Médico-Sociais — Con-
tabilista — Rua do Vale — FERMELA.
ALMEIDA, Maria Helena Pereira de — Estudante — Avenida Dr. Lourenço Pei-
xinho, 134 —AVEIRO.
ALMEIDA, Maria Natália Bravo Santos de —Licenciada em Gestão e Adminis-
tração de Empresas — Avenida Duque de Loulé, 86-l.°-Esq.° — LISBOA.
ALMEIDA, Teófilo Manuel da Silva — Contabilista — Rua Padre Costa, 1218-2.°-
Esq.° —S. MAMEDE DE INFESTA.
ALVES, Fernando Francisco Marques — Técnico Economista do Instituto de Apoio
às Pequenas e Médias Empresas Industriais — Rua Azevedo Coutinho, 39-5.°
— PORTO.
ALVES, Licínio Pereira — Guarda-Livros — Campimar, Ltd.a — CANTANHEDE.
ALVO, José Luís Simões Pão —Bacharel em Contabilidade — Adjunto do Director
do Gabinete de Auditoria — Rua das Pretas, 16-3.°-Esq.° — LISBOA.
AMAT DE LÉON, Evaristo — Instituto de Planificación Contable — Madrid.
- 741
AMORIM, Amílcar — Professor do ISCAA, U. A. — Casa dos Pinheiros — CANE-
LAS/SALREU.
AMORIM, Celina da Conceição Duarte Rodrigues de — Estudante — Rua Cândido
dos Reis, 127 — AVEIRO.
ANDRADE, Alfredo do Carmo — Empregado de Escritório — Praça Dr. Ferreira
Soares, 73 —AVEIRO.
ANDRADE, António Rocha — Professor do ISCAA — Avenida Lourenço Peixinho,
159 A 3.°-Drt.° — AVEIRO.
ANDRADE, Fernando de Azevedo — Professor Orientador de Estágio de Conta-
bilidade da Escola Industrial e Comercial de Viseu —Rua da Paz, 6-3.° —
VISEU.
ANDRADE, Hilário Antunes de — Contabilista — Avenida Santos Graça, 27-2.°-
Esq.° — PÓVOA DE VARZIM.
APRESENTAÇÃO, Francisco Ferreira d' — Contabilista — Rua João Antunes Gui-
marães, 37 — BRAGA.
ARAÚJO & SOBRINHO, SCRS. — Equip. Nixdorf Computer — Rua Júlio Diniz, 826
— PORTO.
ARRANHA, Manuel S. Santos — Assistente do Gestor Económico da Lever — Largo
Monterróio Mascarenhas, 1 — LISBOA.
ASSIS, Custódio Rodrigues de Jesus — Contabilista — Rua Humberto Delgado,
139-6.°-Drt.° — COIMBRA.
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CONTABILISTAS — Rua dos Douradores, 20-1."
— LISBOA-2.
ASSUNÇÃO, Manuel David R. L. — Economista — Avenida República, 1152-4.°-Esq.°
- V I L A NOVA DE GAIA.
BAGANHA, Manuel Duarte — Professor da Faculdade de Economia do Porto —
Rua Arquitecto Marques da Silva, n.° 285-3.°-C. — PORTO-2.
BAGUENIER, Henri — Rua das Praças, 554.° — LISBOA-2.
BARATA, Alberto da Silva — Contabilista e Professor do ISCAL — Avenida Es-
tados Unidos América, 17-3.°-Esq.° — LISBOA-5
BARATA, Carlos Filomeno-Contabilista —Nestlé —AVANÇA.
BARBAS, José Luís Mesquita — Licenciado em Finanças — Sipe, SARL. — CAR-
CAVELOS.
BARRETO, Francisco José Louro de Miranda — Contabilista — Rua do Lou-
reiro, 3 —AVEIRO.
BASTOS, Eugénio Resende — Director Adjunto dos Serviços Financeiros — S. JOÃO
DA MADEIRA.
BASTOS, José Ferreira — Frequência ISCAA — Caixa Geral Depósitos--
ÁGUEDA.
BATISTA, António Abel Pereira — Licenciado em Economia pela Universidade
do Porto —Rua 15 de Novembro, 168 —PORTO.
BATISTA, José Pocinho dos Santos — Contabilista — Largo Rafael Bordalo
Pinheiro, 16-LISBOA.
BERTO, Juan Ciscar — Instituto de Planificacion Contable — MADRID.
BESSA, Francisco Batista — Técnico de Contas— Arrotas —POCARIÇA.
742 —
BESSA, Jorge Manuel Pinto — Apartado 40 — CANTANHEDE.
BILÉU, José Luís de Jesus — Técnico de Contas —Bloco C-9, Lote l-6.°-B —
MIRATEJO.
BORGES, Constantino Capitão — Revisor Oficial de Contas —Rua dos Lusía-
das, 28-l.°-Esq.° - LISBOA-3.
BORRALHO, Lenia Maria Magano — Contabilista — Rua Eça de Queirós, 81 —
VERDEMILHO.
BOTELHO, Francisco Gaspar Roseiro — Contabilista — Rua Pedro A. Cabral, 119-
-l.°-Drt.° —COIMBRA.
BRAGA, José Eugénio Almeida Santos — Técnico Economista — Praceta 25 de
Abril, 54-5.°-Drt.° - VILA NOVA DE GAIA.
BRANCO, Manuel Marques — Contabilista — Rua Azenha de Cima, 372 r/c Esq.0
— MATOSINHOS
BRANDÃO, Fernando Teixeira — Professor efectivo da Escola Industrial —
S. JOÃO DA MADEIRA.
BRAZ, Norberto Lopes — Bacharel em Contabilidade — Avenida Marginal, 66-3.°-
-Esq.° —VILA REAL.
BRITES, Francisco de Sousa — Gestor Económico da Lever —Largo Monterróis
Mascarenhas — LISBOA.
BRITO, António Tomé de — Revisor Oficial de Contas — Avenida de Roma,
58-3.°-Esq.° — 1700-LISBOA.
BRITO, César Bento Nunes de — Assistente ISCAC — Licenciado em Economia
— Rua Latrangeiras — Alto S. João — COIMBRA.
BRITO, Fernando Manuel Mano de — Aluno do ISCAA — AVEIRO.
BURROUGHS ELECTRÓNICA (PORTUGAL) S. A. R. L. — Equipamento de Infor-
mática - Rua Gregório Lopes, Lote 1514 (RESTELO) - LISBOA-3.
CABRAL, António José Ascensão — Contabilista — Rua Dr. Alberto Tavares Cas-
tro—OLIVEIRA DO BAIRRO.
CABRITA, Josélia Maria Martins — Licenciada em Organização e Gestor
CABRITA, Josélia Maria Martins — Licenciada — em Organização e Gestão de
Empresas-Avenida 25 de Abril, 53-A4.°-Drt.° -ABRANTES.
CACHO, Alírio Correia da Cruz — Contabilista Cercal — OLIVEIRA DO BAIRRO.
CAEIRO, Maria Antonieta Torres Saraiva — Licenciada em Organização e Gestão
de Empresas — Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque, n.° 15-1.° — LEIRIA.
CAESSA, Alberto Jorge Ferreira — Chefe de Secção da Contabilidade — Praceta
José Malhoa, 20-2.°-Esq.° - QUELUZ OCIDENTAL.
CAETANO, António de Sousa Simões — Industrial de Hotelaria — Rua da Pal-
meira, 9 —AVEIRO.
CAMPOS, Rosina Maria da Fonseca — Contabilista — Agras do Norte — ESGUEIRA
— AVEIRO.
CANAO, Licínio Manuel de Jesus — Contabilista — Rua Antero Quental, 52 C/E
— V. N. GAIA.
CAPITÃO, Argemiro Dias Ferreira —Rua Santa Catarina, 895-4.°-Drt.° — PORTO.
CAPUCHO, Leonel dos Santos Lourenço — Técnico de Contas — Avenida 24 de
Julho, 2-2.°-Drt.° — LISBOA-2.
- 743
CARDOSO, António Augusto Cerveira — Aluno do ISCAC — Malaposta — MOGO-
FORES.
CARDOSO, Fernando — Contabilista — Rua Artilharia Um, 106 —LISBOA.
CARIOCA, Manuel Inocêncio — Técnico de Contas — Açafora —S. João dos Lam-
pos - SINTRA.
CARQUEJA, Hernâni Olímpio — Revisor Oficial de Contas —Rua Gonçalo Sam-
paio, 271-1. ° — PORTO.
CARREIRA, Euclides Gonçalves — Economista — Apartado 40 — CANTANHEDE.
CARVALHO, António Joaquim — Licenciado em Economia e Finanças —Rua
Alexandre Herculano, Lote 2 — OEIRAS.
CARVALHO1, António Pires de — Licenciado em Direito e Assistente Eventual
do ISCAC —Rua Gomes Freire, Apartado 2 —COIMBRA.
CARVALHO, José Manuel Duarte de —Estudante ISCAA —Rua 8 de Setembro
- ÁGUEDA.
CARVALHO, José Manuel de Matos — Licenciado em Finanças — Guarda Inglesa
— COIMBRA.
CARVALHO, Orlando Pereira de —Técnico Comercial — Rua Dr. Manuel Rodri-
gues, 16 —COIMBRA.
CARVALHO, Ruy L. F. de — Licenciado em. Finanças, Prof, do ISCAL — Rua
Marquês de Fronteira, 171-1.° — LISBOA-1.
CARVALHO, Rui Sérgio Santos de —Apartado 1—ALHANDRA.
CASALEIRO, Manuel Santiago —Técnico de Contas — Avenida Fernão Maga-
lhães, 252-l.°-sala 3 —COIMBRA.
CASTRO, Angelo de Almeida e —Estudante ISCAA — Avenida Dr. Lourenço
Peixinho, 169-4.°-Drt.° — AVEIRO.
CASTRO, José Luís Campos Vieira de — Licenciado em Economia — Sipe.
S. A. R. L. — CARCAVELOS.
CHENDO, João Fernandes — Licenciado em Finanças — Instituto Politécnico —
COVILHÃ.
CISCAR BERTO, Juan — Instituto de Planificación Contable — MADRID.
CLEMENTE, Jorge Vieira — Contabilista — Apartado 139 —LEIRIA.
COELHO, José Pedro de Oliveira— Contabilista —Borralho —ÁGUEDA.
COELHO, Stélio Amaral da Silva — Técnico Verificador da D. G. Finanças —
Bloco F-l, l.o-Esq.0 Eucalipto-Sul — AVEIRO.
COLAÇO, José António da Silva — Biacharel em Contabilidade — Técnico na
Caixa Geral de Depósitos — Rua João Nascimento Costa N.° 8-3.° — LISBOA-1
COMPANHIA IBM PORTUGUESA, SARL —Praça Alvalade, 7-LISBOA-5.
CONDE, Artur Luas Alves — Travessa do Passolo, 17-1.°-C — LISBOA.
CORDEIRO, Álvaro Manuel — Contabilista — Rua Dr. Adriano Paiva, 107-2.°-Esq.°
PORTO.
COSME, José Fernandes — Fábrica Mendes Godinho, S.A.R.L., Apartado 3 —
TOMAR.
COSTA, António Barbedo —Informática — Rua do Rosário — PORTO.
COSTA, Carlos Alberto0 Baptista da — Contabilista Prof, no ISCAL —Rua Forno
Tijolo, 21-2.° Esq. — LISBOA.
744 -
COSTA, Carlos Barbedo — Contabilista — Rua do Rosário — PORTO.
COSTA, Fernando António Baptista da — Bacharelato em Economia — Rua das
Pretas, 16-3.°-Esq.° — LISBOA.
COSTA, Francisco José Ventura Mendes da — Assistente do ISCAC — Rua do
Brasil 214-2.0-C — COIMBRA.
COSTA, João José da — Contabilista — Rua Gonçalo Cristóvão, 217-13.° — PORTO.
COSTA, José Miguel Carreiras — Professor da Escola Comercial e Industrial de
Viseu - VISEU.
COSTA, José Nogueira da —Professor do ISCAP — PORTO.
COSTA, Manuel Barros da —Café Académico — OLIVEIRA DE AZEMÉIS.
CRAVO, Domingos José da Silva — Contabilista, Assistente ISCAA — Rua do
Carril, 47 —1.° —AVEIRO.
CRAVO, João Marcos da Silva — Assistente do ISCAA —Rua Passos Manuel, 10
-AVEIRO.
CRAVO, Maria do Carmo da Silva —Curso de Contabilidade e Administração —
Rua do Carril n.° 47-2.° — AVEIRO.
CRAVO, Maria Fernanda Duarte Ramalho — Contabilista — Rua do Carril, 47-1.°
— AVEIRO.
CRUCHINHO, Manuel Jorge Pombo — Economista — Avenida Pedro Álvares
Cabral, 21—ÉVORA.
CRUZ, António Ribeiro da — Bacharel em Contabilidade e Administração — Lavan-
deira — VAGOS.
CRUZ, Fernando António Peixe da — aluno do ISCAA —Rua Cimo de Vila, 108
— ÍLHAVO.
CRUZ, Joaquim de Oliveira e — Contabilista e Licenciado em Organização e
Gestão de Empresas — Avenida Lourenço Peixinho, 203 A-Sala 1 —AVEIRO.
CRUZ, José Rodrigues Ferreira — Licenciado em Finanças — Avenida 5 de Outu-
bro, 35-8.° — LISBOA.
CUNHA, Joaquim José da — Docente ISCAA — Rua da Estação Velha — SENHORA
DA HORA.
CUNHA, Manuel Acácio Silva — Contabilista — Rua Garcia da Costa, 44-1.° —
RIO TINTO.
CUNHA, Raul — Contabilista — Rua Mário Sacramento, 40-1.°— AVEIRO.
DELOITTE HASKINS + SELLS, Ltd.a — Rua Silva Carvalho, 234-4.° — LISBOA-1.
DEUS, Eurico Ferreira Ramos de — Contabilista — Rua Domingos Sequeira, 11-
-l.°-Esq.° —LISBOA-3.
DIAS, António Emídio Leal Pereira — Estudante de Economia — Rua Dr. Mário
Sacramento, 96 —AVEIRO.
DIAS, António José Lima Saraiva — Licenciado em Economia —Rua Dr. Antó-
nio de Andrade, 117-VILA DO CONDE.
DIAS, António Manuel Coutinho — Técnico Verificador da Direcção de Finanças
— Bloco F-1-1.°-Esq.° —Eucalipto Sul —AVEIRO.
DIAS, Arlindo Matos — Técnico Economista do IAPMEI —Casas da C P . —PÓ-
VOA DE SANTA IRIA.
DIAS, Hermínio Pedro Simões — Estudante do ISCAC — COIMBRA.
— 745
DIAS, Jorge Eduardo da Silva Ferreira — Licenciado em Economia — Rua Gon-
çalo Cristóvão, 198 — Apartamento 14 —PORTO.
DIAS, José Manuel da Silva Ferreira — Frequência do Instituto Superior de
Contabilidade e Administração — Rua Doutor Alberto Souto, 29-2.°-Esq.°—
AVEIRO.
DIAS, Maria Arrmanda Teixeira Simões — Professora do ISCAA — Travessa do
Mercado, n.° 52 Drt.° —AVEIRO.
DIZ, José Joaquim Afonso — Licenciado em Finanças —Rua Joaquim António
Aguiar, 27-5.°-Drt.° — LISBOA.
DIZ, Maria Odete dos Santos Gonçalves Afonso — Professora Liceal — Praceta
— Varzias, Lote C —QUEIJAS.
DORDIO, Vitor Manuel Candeias — Licenciado em- Economia — Quinta da Vista
Alegre —Lote 158-1.° — ÉVORA.
DÓRIA, António Álvaro — Técnico de Contas — Avenida Central, 60-1.° — BRAGA.
DUARTE, António Maia — Gerente Comercial — Vilar — Glória — AVEIRO.
DUARTE, António Rainho — Técnico de Contas —Rua da Alagoa — FERMEN-
TELOS.
DUARTE, Hernâni Manuel da Silva — Economista da D. G. C. I. — Rua Di-
reita, 180 —ÍLHAVO.
DUARTE, Jerónimo David Caetano — Licenciado em Finanças — Largo Monter-
roio Mascarenhas —LISBOA.
DUARTE, Maria Isabel Nobre — Licenciada em Finanças — Escola Industrial
e Comercial — LEIRIA.
EIRA, Manuel Fernando Peixoto — Economista — Avenida Dr. Gaspar Lemos, 17-
-2.°-Drt. — FIGUEIRA DA FOZ.
ESTEVÃO, Manuel Jorge — Licenciado em Finanças — Rua dos Poços, 12-1.°
— LEIRIA.
ESTEVÃO, Natália Margarida Lagartixa Guerreiro — Licenciada em: Organiza-
ção e Gestão de Empresas — Escola Industrial e Comercial — LEIRIA.
ESTIMA, Alberto Manuel Rodrigues — Contabilista — Ao c/ de Marques, Ltd a
ÁGUEDA.
ESTIMA, Maria Vera Rodrigues — Empregada de Escritório — Estudante — Rua
F. C. Albano de Melo, 110 —ÁGUEDA.
ESTIMADO, José dos Santos Ferreira — Chefe de Escritório — Rua dos Cabe-
ços, n.° 24, r/c Esq.0 — MAFRA.
FADIGAS, Joaquim dos Anjos —Prof, da Esc. Ind. e Com. Figueira da da Foz
— Rua «A Voz da Justiça», 93 — Tavarede — FIGUEIRA DA FOZ.
FARINHA, Fernando Manuel Conde — Licenciado em. Finanças —Rua de An-
gola, n.° 2 — MONTEMOR-O-NOVO.
FARO, Alexandrino Costa Lopes — Frequência do Instituto Comercial — Rua
Padre J. Pacheco Monte, 120-1.°-Drt.° — PORTO.
FERNANDES, Agostinho de Jesus Rodrigues — Auditor Contabilístico — Rua de
Cedofeita, 455-2.°-Drt.° — PORTO.
FERNANDES, Flora Augusta Ferreira Teixeira — Curso do Instituto Superior
de Contabilidade e Administração de Empresas — Avenila Praia da Vitó-
ria, 48-3.°-Drt.° — LISBOA.
746 -
FERNANDES, José Domingos da Silva Fernandes — Economista — Rua Damião
de Góis, 484 —PORTO.
FERNANDES, Pedro Duarte — Técnico de Contas — Avenida Dr. E. Ribeiro, 12-
3.0 Drt.° — ÁGUEDA.
FERNANDEZ PENA, Enrique — Catedrático de Contabilidade de Custos, da
Escuela de Estúdios Empresariales da Universidade Complutense de Madrid
- N u n e s de Balboa, 12-1.°-A - MADRID, 1.
FERREIRA, Abel João da Silva Soares — Contabilista — Rua «O Primeiro de
Janeiro», 125-4.°-Drt.°-F — PORTO.
FERREIRA, António Estevão da Naia — Licenciado em Finanças — Rua Manuel
Luís Nogueira, 72/74 — AVEIRO.
FERREIRA, António Vaz — Licenciado em Economia — Avenida Navarro, 81-
-5.°-Esq.° — COIMBRA.
FERREIRA, Fernando Américo Magalhães — Serviços Administrativos de SO-
BRINCA — AZEVEDO — CALDAS DE S. JORGE.
FERREIRA, Henrique Quintino — Técnico economista da D. G. C. I. — Rua de
Alfândega, n.° 2-LISBOA.
FERREIRA, Jorge Fonseca — Chefe da Contabilidade Financeira Lever —Largo
Monterroio Mascarenhas, 1 — LISBOA.
FERREIRA, José Carlos Fachada — Técnico Comercial — Rua Dr. Manuel Rodri-
gues, 16 —COIMBRA.
FERREIRA. José Ferrão Henriques — Licenciado em Economia —Rua Manuel
Firmino, n.° 10 — AVEIRO.
FERREIRA, Júlio Manuel Caetano — Contabilista — Rua Coronel Pereira da
Silva, 4-2.°-Drt.° - LISBOA-3.
FERREIRA, Maria de Fátima Farol Vaz — Licenciada em Organização e Gestão
de Empresas — Largo Monterroio Mascarenhas — LISBOA.
FERREIRA, Maria Isabel dos Santos — Contabilista — SEREM DE BAIXO —
MOURISCA DO VOUGA.
FERREIRA, Rogério Fernandes — Prof. Univ. Católica —Av. EUA, 97-l.°-Esq.
— LISBOA-5.
FERREIRA, Virgílio — Economista — Rua do Rosário — PORTO.
FERRO, António José Amaral — Economista — Rua Mil Fontes, 32 —PORTEL.
FERROLHO, Júlio César Duarte —Contabilista, Assistente do ISCAC — Rua Vale
Formoso, 25-l.°-Esq.° — LISBOA.
FILIPE, José Gonçalves — Apartado, 3 — TOMAR.
FONSECA, José Eurico Tavares Moutinho da — Professor do Ensino Secundário
- P . República - OLIVEIRA DO BAIRRO.
FONSECA, Manuel Maria Portugal da — Licenciado em Economia — Rua Jorge
de Lencastre, 3 —AVEIRO.
FORTES, João Serrana Naia — Contabilista, Assistente no ISCAA — Avenida 25 de
Abril, 72-3.° - AVEIRO.
FORTUNA, Fernando Lucas — Economista — Estrada da Sacor -^ GAFANHA DA
NAZARÉ.
FORTUNATO, Maria da Conceição de Jesus — Licenciada em Finanças —Rua
da Traqueira, 62-2.° - V I L A NOVA DE GAIA.
— 747
FRANÇA, Jacinto Gonçalo de Freitas — Licenciado em Finanças — Rua Mon-
teiro Lima, n.° 14 —ABRANTES.
FRANCISCO, Manuel Augusto dos Milagres — Guarda Livros — Campimóvel Ltd
- CANTANHEDE.
FREIRE, José Manuel Vicente da Silva — Licenciado em Finanças — INAPA —
Ind. Nacional de Papéis — SETÚBAL.
GALA, Fernando Domingues — Director Comercial — R. U. G. G. F , 42-5 °-Esq
-AVEIRO.
GAMA, Maria de Fátima de Sousa Pinto — Estudante I. S. C. A. A. — Estrada do
Furadouro — OVAR.
GANDARINHO, Maria Lúcia dos Anjos — Bacharel em Contabilidade — Rua
Hintze Ribeiro, 63 —AVEIRO.
GARCIA, António Domingos Henrique_ Coelho —Licenciado em Ciências Econó-
micas e Financeiras — Urbanização da Portela, Lote 147-8.°-Esq. — SACA-
VÉM.
GARRUÇO, Carlos — Estudante — I. S. C. A. C. - Aguada de Cima —ÁGUEDA.
GERALDO, Manuel José Palhinha — Contabilista—Avenida Marginal, 56-r/c-Drt °
DAFUNDO.
GERALDO, Maria dos Remédios de Almeida Morgado Palhinha — Contabilista —
Avenida Marginal, 56-r/c-Drt.° — DAFUNDO.
GOMES, Aquiles — Doutor Engenheiro — CIFAG — Rua Cidade Beira lote 20-6.° C
— LISBOA-6.
GOMES, Joaquim Alfredo Gonçalves da Silva — Licenciado em Finanças —Rua
Coelho da Rocha, n.° 67-3.° — LISBOA.
GOMES, Joaquim Martins — Empregado de Escritório na firma COLEP —Apar-
tado 14 - VALE DE CAMBRA.
GOMES, José Ferreira — Técnico de Contas — Rua 7, n.° 497 —ESPINHO.
GONÇALVES, António Manuel Duarte — Licenciado em Finanças — Avenida Ca-
louste Gulbenkian, 55-3.°-Esq.° — COIMBRA.
GONÇALVES, José Luís d e Oliveira — Estudante do ISCAA — Associação de
Estudantes — AVEIRO.
GONÇALVES, José Manuel Teixeira — Economista — Rua Pedro Hispano, n.° 1268
- PORTO.
GOUVEIA, Edgar da Rocha — Contabilista — Urbanização da Portela — Lote 186-
-l.°-Esq.° — SACAVÉM.
GOUVEIA, Manuela — Economista — Rua do Rosário — PORTO.
GREGO, Américo Vieira Fernandes — Contabilista — Travessa Rua Adriano
Serra, 2-r/c — ESGUEIRA.
GREGO, Maria Odete da Silva Cardadeiro Fernandes — Contabilista — Travessa
da Rua Adriano Serra, 2-r/c — ESGUEIRA.
GUARDADO, Joaquim Gomes — Avenida Dr. Antunes Guimarães, 776 —PORTO.
GUEDES, Manuel Ribeiro da Silva — Técnico de Contas — R. Lopes, 106-r/c-Drt.c
— LISBOA.
GUIMARÃES, Justino Artur de Seixas Correia — Técnico de Contas — Rua Fer-
reira de Castro, 15-1.° —AVEIRO.
GUIMARÃES, Maria Luísa Viana Azevedo — Rua Dr. Pedro Augusto Fer-
reira, 97-2.°-Esq.° — PORTO.
748 —
GUIMARÃES, Raul Corrêa de Sousa — R. 0. C, Bacharel em Contabilidade e
Administração — Rua Pedro Augusto Ferreira, 97-2.°-Esq.° — PORTO.
HELENO, Fernando Simões —- Licenciado em Finanças — Avenida Copacabana,
Lote 2-3.°-Esq.° — OEIRAS.
HENRIQUES, Abílio Ançã — Licenciado em Finanças —Rua Possidónio da
Silva, 62-4.°-Drt.° — LISBOA-3.
HILÁRIO, Filomeno de Oliveira Silva — Contabilista — Banco de Portugal —
LISBOA.
JANUÁRIO, José Joaquim — Economista — Rua Sá da Bandeira, 651 — PORTO.
JERÓNIMO, Ricardo Patrício Cardoso — Licenciado em Organização e Gestão
de Empresas —Rua Dr. Miguel de Almeida, 12-1.° —ABRANTES.
JESUS, Fernando de — Professor Catedrático do Instituto Politécnico da Covi-
lhã—Rua Eiffel, 15-6.° —LISBOA-1.
JESUS, José de — Contabilista — Rua de Ferragial, 33-4.° — LISBOA.
JESUS, Maria Antónia Jorge de — Licenciada em Economia — Avenida Duque de
Loulé, 86-l.°-Esq.° - LISBOA.
LAGARTO, Fernando António Barros —Curso Comercial — Gafanha da Nazaré
— AVEIRO.
LEAL, Alfredo Manuel Ferreira — Contabilista — Rua Nova das Barrocas, — 6.°-
-2.°-Drt.° —AVEIRO.
LEITÃO, Juvenal Júlio Figueiró — Contabilista — SEVER DO VOUGA.
LEMOS, Policarpo — Técnico de Contas —Rua Vasco da Gama, 12-A —S. JOÃO
DE CAPARICA — TRAFARIA.
LEÓN, Evaristo Amat de — Instituto de Planificación Comptable — MADRID.
LIMA, Emanuel Augusto Vidal — Técnico Economista da D. G. C. I —Praça
da Pedra Verde, 191-4.°-Drt.° — PORTO.
LIMA, Luís Manuel Pereira — Técnico de Contas — Urbanização Santa Isabel,
Lote 7-3.°-Esq.° — COIMBRA.
LIMA, Luís Quintino dos Santos — Economista — R. João Correia, 211 — S. JOÃO
DA MADEIRA.
LOBO, José Fernandes Barros — Técnico de Contas — Rua Cândido Figueiredo,
Edif. Benguela Esc. B, ll.°-J —LISBOA-4.
LOBO, Nuno José Faria — Assistente de Auditoria — Rua José Esteves, 27-l.°-Esq.°
— LISBOA.
LOPES, Afonso José Tito —Curso de Contabilista — Bairro Novo, 46-l.°-Drt.°
-AZURVA.
LOPES, Alberto Henriques Figueiredo — Licenciado em Economia — Bairro do
Serrado, Bloco 3-A-3.°-Drt.° — VISEU.
LOPES, Francisco Manuel Caldeira — Professor Escola Industrial S. João da
Madeira —Rua Manuel Luís Leite Júnior, Lote 8 —S. JOÃO DA MADEIRA.
LOPES, Manuel Fernandes — Técnico de Contas — Apartado 20-3770 — OLIVEIRA
DO BAIRRO.
LOURA, José Manuel Romão Gonçalves — Aluno do ISCAA — Rua Antónia Rodri-
gues, 77 —AVEIRO.
LOUREIRO, Adalberto Rodrigues — Contabilista — Rua das Garridas, n.° 2 —
LISBOA-4.
— 749
LOUREIRO, Maria C eleste — Rua das Garridas, n.° 2 —LISBOA4.
LOURO, José Manuel de Oliveira — Bacharel em C ontabilidade e Administração
— Rua Tomás Ribeiro, 97 — LISBOA.
LUCAS, Rui José Rodrigues — Estudante — Rua de Leiria, 31ALC OBAÇA.
LÚCIO, Abel Folhas — Técnico de C ontas — Borralha — ÁGUEDA.
LUSO, C arlos Alberto Gomes —Rua João XXI, 22.°Esq.° — LEIRIA.
LUSO, Maria Guilhermina Amado da C ruz — Rua João XXI 22.°Esq.° — LEIRIA.
LUZ, Hugo Abreu da — Contabilista — Urbanização da Portela, Lote 135E/C
— SACAVÉM. r
MACEDO, Adélio de Oliveira — Revisor Oficial de C ontas, Economista — Rua
Santo António, 238 —S. Mamede de Infesta — MATOSINHOS.
MACEDO, Mário Duarte Morais — Contabilista — Rua 1.° de Maio, 3223.°Esq <
— MATOSINHOS.
MACHADO, C arlos Manuel Ferreira — Licenciado em Economia —Rua Frei José
Vilaça, n.° 14 —BRAGA.
MACHADO, Eleutério Ferreira — Professor do ensino particular — TROVISCAL
— OLIVEIRA DO BAIRRO.
MACHADO, Ivo Navarro — Bacharel em C ontabilidade — Rua C omandante Rodha
e C unha, n.° 11 —AVEIRO.
MACHADO, Manuel António Nunes Marques, 5.° ano Faculdade de Economia
Rua Domingos Pinto Bastos — ÍLHAVO.
MADUREIRA, Mário António Soares — Professor C atedrático do Instituto Poli
técnico da C ovilhã — Avenida Guerra Junqueiro, 104.°Drt.° — LISBOA1
MAIA, António Ascenso da —Bacharel em C ontabilidade■— Rua Frei Fortunato,
1681.° —ALCOBAÇA.
MAIA, Luís Manuel Susana e — Contabilista — Ninho d'Âguia — ÁGUEDA.
MAIA, Rosa do C armo de Oliveira — Contabilista — Rua de Luís de C amões —
Guetimi — ESPINHO.
MAIA, Rosa Sindazunda Roque da —Aluna do ISC AA —Rua Dr. Edmundo Ma
chado, n.° 9 —AVEIRO.
MARCELINO, José Manuel Vaz — Contabilista — Rua das Andorinhas, 4 —SE
TÚBAL.
MARINHO, António da Silva Teixeira — Contabilista — Rua Antónia Rodrigues, 88
— AVEIRO.
MARQUES, José Luís Lopes — Director do Jornal do Técnico de Contas e da
Empresa e da C ontatec — Centro de C ontabilidade e de Finanças, Ltd.a —
Rua das Pretas, 262.° — LISBOA.
MARQUES, José Maria da Silva — Estudante ISC AA — Rua Dr. Mário Sacra
mento, n.° 145 —AVEIRO.
MARQUES, Maria Fernanda Barata — Bairro Luso — Apartado 1 —PRAIA DA
GRANJA.
MARTINHO, Humberto Pereira — Assistente do ISC AA —Verdemilho— AVEIRO.
MARTINS, C ésar Lutero C osta — Contabilista — Rua Azevedo C outinho, 393.°
PORTO.
750 —
MARTINS, Esmeralda dos Santos Freire — Professora Efectiva do Ensino Básico
— Rua da Pilota — Verdemilho — AVEIRO.
MARTINS, Ester da Conceição Rocha — Contabilista — Avenida Araújo e Silva —
AVEIRO.
MARTINS, Isidoro Campos — Técnico de Contas — SIPE, SARL —CARCAVELOS.
MARTINS, José Augusto Gonçalves — Licenciado em Economia — Rua Nau Vi-
tória, 1009-1.° —PORTO.
MARTINS, Manuel Alberto — Bacharel em Contabilidade — Rua Falcão Resende,
27-1.° —COIMBRA.
MARTINS, Manuel Trindade — Economista — Machinhata da Seixa — OLIVEIRA
DE AZEMÉIS.
MARTINS, Raul Ventura — Licenciado em Finanças —Rua da Pilota — Verde-
milho — AVEIRO.
MARUJO, Dagoberto Manuel de Carvalho Chaves — Licenciado em Finanças —
Rua dos Moinhos, 57 —TOMAR.
MATIAS, Aristides Ferreira — Curso Comercial — Caves Império — SANGALHOS.
MATOS, José Augusto Graça —Curso Geral do Comércio — Largo Petiscalho —
GRANJA DO ULMEIRO.
MATOS, Luís Augusto Eça de — Contabilista — Avenida D. João V, 7-l.°-Esq.° —
DAMAIA.
MATOS, Manuel de Sá — Contabilista — Alcides Branco —VILA DA FEIRA.
MENDES, José Ilídio — Licenciado em Finanças —Rua Camilo Castelo Branco, 43
— LISBOA.
MENDES, Liliete das Dores — Licenciada em Gestão de Empresas — Rua Renato
Araújo —S. JOÃO DA MADEIRA
MEIRELES, Félix Miranda — Contabilista e Economista — Travessa da Bouça, 37
— CUSTÓIAS - MATOSINHOS.
MELO, José Neves de —Curso Comercial — Avenida 25 de Abril, 46-2.°-Esq.° —
AVEIRO.
MELO, Manuel Artur de — Curso Comercial — Lacto Açoreana, Ltd.a — Ribeira
Grande —S. MIGUEL — AÇORES.
MENESES, Miguel Ângelo Cardoso de — Curso Comercial — Caves Império —
SANGALHOS.
MIGUEL, Artur Ramalho — Técnico de Contas —Rua Pires de Campos — VIEIRA
DE LEIRIA.
MIRANDA, José Soares — Director Comercial — Borralha — ÁGUEDA.
MIRANDA, Maria Dulce Simões de Santiago — Licenciada em Finanças — Fo-
gueira — SANGALHOS.
MOCTEZUMA, Rodrigo de — Economista — Av. D. Rodrigo da Cunha, 24-l.°-Esq.°-
-Sul — LISBOA-5.
MODESTO, José Avelino Rodrigues — Contabilista — Rua Senhora da Glória, 102-
r/c. — LISBOA.
MONTEIRO, José Coelho — Assistente do ISCAC — Licenciado em Finanças —
COIMBRA.
- 751
MONTEIRO, José Humberto Angélico — Finalista do ISCAP — Rua das Fontainhas,
11 -4.°-Drt.° - PORTO.
MONTEIRO, Martim Noel — Professor de Contabilidade e Perito Contabilista —
Rua Guilherme Faria, 4-l.°-Esq.° —LISBOA-5.
MORAIS, Manuel da Fonseca — Técnico de Contas — ARRANCADA DO VOUGA.
MORAIS, Maria Teresa da Silva — Licenciada em Organização e Gestão de Em-
presas—Fundo da Vila, 97-B-3.°-Esq.° — S. JOÃO DA MADEIRA.
MOREIRA, Helena Maria da Silva Gonçalves — Licenciada em Finanças — Ave-
nida Praia da Vitória, 48-3.°-Drt.° — LISBOA.
MOREIRA, José Emídio da Silva — Contabilista — Rua de Cedofeita, 455-2.°-D 5 —
PORTO.
MOSTARDINHA, António Figueira — Empregado Bancário — Banco Nacional Ul-
tramarino — AVEIRO.
MOTA, Carlos Figueiredo — Professor do ISCAP —Rua dos Combatentes, 100 —
VILA NOVA DE GAIA.
NEGRAIS, Vítor da Conceição — Curso do ISCAA —Rua Dr. Mário Sacramento,
71-1.°-Drt.° — AVEIRO.
NEIVA, Alberto Manuel Rendeiro — Contabilista — Oliveirinha — Costa do Va-
lado — AVEIRO.
NETO, Alzira Estima da Silva Santos — Bacharel em Contabilidade — Travessa
Mário Sacramento, n.° 3-2.°-Drt.° — AVEIRO.
NETO, António Rodrigues — Bacharel em Contabilidade — Travessa Mário Sacra-
mento, n.° 3-2.°-Drt.° —AVEIRO.
NEVES, Carlos Júlio Gomes — Estudante ISCAA —AVEIRO.
NEVES, José Augusto Gaspar —Chefe de Serviços — Fábrica Nestlé — AVANÇA.
NOBRE, António José dos Santos — Técnico de Contas — Rua José E. Raposo
Magalhães, 5 —ALCOBAÇA.
NORA, Maximino António Domingues — Contabilista — Avenida da Liberdade, 334
- BRAGA.
NOVO, José António Paiva — Licenciado em Finanças — Largo Monterroio Mas-
carenhas, 1 —LISBOA.
NOVO, José Eduardo da Rosa — Contabilista — Rua João de Deus, 10 — Beco 8
— ÍLHAVO.
NUNES, Leonilde Vitaliano Afonso Baião — Licenciada em Finanças — Escola
Industrial e Comercial — LEIRIA.
NUNES, Luís Manuel Cachudo — Consultor de Gestão — Avenida Luís Bívar, 85-
-l.°-Drt.° — LISBOA.
OLIVEIRA, Almiro de Carvalho — Licenciado em: Economia — Consultor de Infor-
mática de Gestão —Rua 18, 1077-2.°-Esq.° — ESPINHO.
OLTVEIRA, Ana Margarida Leite Gonçalves de — Contabilista — Rua Eng.° Von
Haff, n.° 61 —AVEIRO.
OLIVEIRA, António Tavares da Costa — Contabilista — Rua Joaquim António de
Aguiar, 27-5.°-Drt.° — LISBOA.
OLIVEIRA, José de — Licenciado em Finanças — Instituto Politécnico — COVILHÃ.
752 -
OLIVEIRA, José António Gomes de — Profissional de Seguros — Travessa de
Santo António a Santos, 26-2.°-Esq.° — LISBOA-3.
OLIVEIRA, Manuel Marques de —Técnico de Contas —S. Paio de Oleiros —
LAMEIRO.
OLIVEIRA, Maria João Marques de — Estudante ISCAA — JOINAL — ÁGUEDA.
OLIVEIRA, Sílvio Carvalho — Contabilista — Rua Francisco Sanches, 133-2.° —
PORTO.
PACHECO, Manuel Pereira — Contabilista — Vivenda Ana Cristina, 2.° —PRAIA
DA BARRA.
PAIS, Carlos Alberto Lacerda — Contabilista — Rua Eng.° Oudinout, 52-r/c.-Drt.°
— AVEIRO.
PARMA, Hamilton — Prof. Fac. C. Económicas, U. F. M. G. — Rua Contria, 1337
— Alto Barroca —BELO HORIZONTE — MG — BRASIL 30000.
PEIXINHO, João Manuel de Castro — Estudante do ISCAA —Rua de Sá, 51-A —
AVEIRO.
PENA, Enrique Fernandez — Catedrático de Contabilidade — Rua Nunes de Bal-
boa, 12-1.°-A —MADRJD-1.
PEQUENO, José Paulo da Cruz — Bacharel em Contabilidade — Rua Carlos Mar-
noto, n.° 57 —ÍLHAVO.
PEREIRA, Alexandre Manuel da Silva — ANADIA.
PEREIRA, Américo Agostinho Martins — Bacharel em Contabilidade — Avenida
Dr. Lourenço Peixinho, 256-2.°-B — AVEIRO.
PEREIRA, António José Miranda Poças — Apartado 1 —ALHANDRA.
PEREIRA, João Manuel Esteves — Licenciado em Económicas e Financeiras —
ALFERRAREDE.
PEREIRA, Joaquim' Francisco Lemos — Licenciado em Economia — Rua Cap.
Tenente Oliveira e Cosme, 6-l.°-Esq.° — LISBOA.
PEREIRA, José António Robertes de Araújo — Licenciado em Finanças — Rua
Alves Redol, 9-2.° — LISBOA.
PEREIRA, Licínio de Jesus — Licenciado em Finanças — Quinta dos Capuchos,
Lote 36-l.°-Drt.° — LEIRIA.
PEREIRA, Manuel Estêvão Dias — Guarda-Livros — OIÃ.
PEREIRA, Manuel Henrique de Freitas — Economista da D. G. C. I. — Urba-
nização da Portela, Lote 17-1.°-Drt.° — MOSCAVIDE.
PEREIRA, Maria Liberta Banites da Silva — Técnica de Contas —Rua Cândido
dos Reis, 37 —AVEIRO.
PEREIRA, Maria da Piedade Martins Banheiro Vassalo — Licenciada em Gestão
de Empresas — Praça Alfredo da Cunha, 9-1.°—LISBOA.
PETIM, Américo Alves - Contabilista - Rua B - L o t e 19/21-4.°-A - MONTE FOR-
MOSO - COIMBRA.
PIMENTA, Alberto —Advogado —Rua António Maria Cardoso, 13-2.° - LISBOA-1.
PIMPÃO, António Maia — Licenciado em Economia —Rua Pedro A. Cabral, 56-1.°
— COIMBRA.
PIMPÃO, Maria Guia Silveira Amaral Maia — Contabilista — Rua Pedro Álvares
Cabral, 56-1.°-COIMBRA.
48 - 753
PINA, Manuel Ferreira — Gerente Administrativo — Fogueira — SANGALHOS.
PINHEIRO, António Augusto Leite Torres — Empregado de Escritório — Travessas
— S. JOÃO DA MADEIRA.
PINHEIRO, Artur Agostinho Alves — Director Administrativo — Apartado 31 —
ÍLHAVO.
PINHO, Manuel da Costa — Bacharel em Contabilidade — Monte Lírio — ESPINHO.
PINHO, Maria Adelina de Sousa Zenha e —Bacharel em Contabilidade — Monte
Lírio — ESPINHO.
PINHO, Maria de Fátima Marques Teixeira Lopes — Licenciada em Economia —
Rua do Eng.° Oudinout, 32-1.° —AVEIRO.
PINHO, Milton da Cunha — Técnico de Contas —Rua 28, n. c 583-1.° — ESPINHO.
PINTO, António José Garcia Marques — Chefe de Escritório —S. JOÃO DA
MADEIRA
PINTO, Armando Cravo Miguel —Chefe de Serviços — Mogofores — ANADIA.
PINTO, José Alberto Pinheiro — Economista — Rua Agra do Amial, 129-4.°-Esq.°
— PORTO.
PINTO, Manuel Pedro Garrilho da Silva — Licenciado em Economia — Avenida
Marechal Gomes da Costa, 500 —PORTO.
PINTO, Marina Badalo Ferreira Marques da Silva — Professora — Avenida Ma-
rechal Gomes da Costa, n.° 500 —PORTO.
PINTO, Messias de Sá — Contabilista — Rua António Bessa Leite, 1471-2.°-Esq.° —
PORTO.
PIRES, Albino Cabaço — Professor Assistente do ISCAL —Rua Sousa Pinto,
4-3.°-Drt.° —QUELUZ.
PIRES, Aníbal P. — Eng.° Químico — CNP — Rua República do Uruguai n.° 29-
-2.0-F —1700 LISBOA.
PIRES, António Jacinto Lopes — Contabilista — Rua 5, n.° 387 —ESPINHO.
PIRES, João Manuel de Castro Plácido — Licenciado em Finanças —Rua dos
Lusíadas, 3-2.°-Esq.° — LISBOA.
PIRES, José Olívio Margalho — Contabilista — Rua Artilharia 1, 106 —LISBOA.
PONTES, Álvaro da Assunção Rodrigues — Curso Comercial — Apartado 4 —
AVANÇA.
PONTES, Leonel da Silva — Técnico de Contas — Montijos — Monte Redondo —
LEIRIA.
PORTELA, Joaquim Francisco — Técnico de Contas — Rua Dr. Elísio de Castro
— FEIRA.
PORTELA, Maria da Conceição Gomes da Silva — Economista — Rua Dr. Elísio
de Castro — FEIRA.
PRICE WATERHOUSE & Ca. -Auditores — Rua Gonçalo Cristóvão, 217-13.°-
PORTO.
PRICE WATERHOUSE & Ca.—Auditores-Avenida 5 d e Outubro, 3 5 - 8 . ° -
LISBOA-1.
QUEIRÓS, Maria Olímpia Gomes Matos Veiga Oliveira —Rua Aval de Cima, 183-
-°..°-Drt.° — PORTO.
QUEIRÓS, Mário de Oliveira — Contabilista — Rua Aval de Cima, 183-3.°-Drt.°
— PORTO.
754 —
QUEIRÓS, Nelson E. Falcão — Director Comercial IBM —Rua Sá da Bandeira,
n.° 651-PORTO.
RAFAEL, Joaquim Lopes — Contabilista — Rua das Escolas, Lote C-1.°-Esq.° —
SINES.
RAMALHO, Agostinho da Silva — Técnico de Contas — Avenida Prof. Dr. Augusto
Abreu Lopes, n.° 6-2.°-Esq.° — ODIVELAS.
RAMALHO, Maria da Glória Viegas Bota — Licenciada em Finanças — Avenida
Dr. Lemos Fernandes, 6 — ÉVORA.
RANGEL, Maria José Rodrigues Guilherme — Licenciada em Finanças — Quinta
dos Capuchinhos, Lote 28 r/c-Drt.° — LEIRIA.
RATOLA, Graciete Fernandes Balseiro — Contabilista — Rua de Castela S. Ber-
nardo — AVEIRO.
REBELO, Carlos Alberto Guedes — Economista — Avenida Generosa de Al-
meida, I. 0 -VENDAS NOVAS.
REBELO, Nelson Manuel Machado — Bacharel em Contabilidade — Rua de An-
gola, 31-3.o-Drt.0-VILA NOVA DE GAIA.
REGISCONTA — Máquinas Registadoras e de Escritório, S.A.R.L.— Rua Alva-
res Cabral, 406 —PORTO.
REIS, Carlos Luís da Costa — Licenciado em Finanças — Rua Braamcamp, 82-4.°
— LISBOA.
REIS, José Lúcio dos — Estudante do ISCAL — Avenida de Loulé, 86-l.°-Esq.°
— LISBOA.
REIS, José Vieira dos —Avenida Miguel Bombarda, n.° 20 —LISBOA-1.
REIS, Manuel Mendes dos — Contabilista — Rua Artilharia Um, 106 —LISBOA.
REIS, Manuel da Silva Nogueira dos — Bacharel em Contabilidade — Avenida
25 de Abril, 72-5.°-Esq.°-Frente — AVEIRO.
RELVAS, António Correia — Macinhata do Vouga — MACINHATA DO VOUGA.
RIBEIRO, António Feliciano da Costa — Contabilista — Rua de Cedofeita, 455-
-2.°-Drt.° — PORTO
RIBEIRO, Maria da Graça Duarte — Contabilista — Rua das Arneiras, 13-17 Ma-
taduços—AVEIRO.
RIBEIRO, Miguel José Cardoso — Bacharel em Contabilidade — Avenida Comba-
tentes Grande Guerra, 126 — BARCELOS.
ROCHA, Alfredo Ângelo Pais de — Licenciado em Economia — PORTO.
ROCHA, João Guilherme Figueiredo — Director de Serviços — Rua Coronel Santos
Pedroso, 6-8.0-Drt.° — LISBOA.
ROCHA, José Carlos Gonçalves — Aluno ISCAA —Rua Geraldo Presa —AVEIRO.
ROCHA, Manuel Cravo da — Bacharel em Contabilidade — Estrada da Sacor —
GAFANHA DA NAZARÉ.
RODRIGUES, Fernando de Vasconcelos — Técnico de Contas ao c/ CETIPAL —
Apartado, 10 —AGUADA DE BAIXO.
RODRIGUES, Glória Cardoso — Técnico de Contas —Rua 28, n.° 583-1.° —
ESPINHO.
RODRIGUES, Ilídio Duarte — Licenciado em Direito e Professor do ISCAA —
Rua Ferreira de Castro, 12-1.° — AVEIRO.
- 755
RODRIGUES, Manuel Pereira — Aluno ISCAA —Rua Dr. Eugénio Ribeiro, 39-2."
-ÁGUEDA.
RODRIGUES, Marcos José — Professor do Ensino Secundário — Torre, 4-3.°-B-
Esq.° REBELVA —CARCAVELOS.
RODRIGUES, Maria Luísa Gabriela Teixeira da Fonseca Castro — Licenciada
em Finanças — Avenida António Augusto Aguiar, 2 —LISBOA.
ROSA, Artur Rodrigues da — Contabilista — Rua Aquilino Ribeiro, 10-1.°-Drt.°
-AVEIRO.
ROSA, Maria Clara Martins — Curso de Gestão de Empresas — Rua Augusto Mar-
ques Raso, 2-r/c-C — LOURES.
SÁ, A. Lopes de —Professor Catedrático — Rua Bernardo Guimarães — 2 530-
CËP 30000-BELO HORIZONTE-(BRASIL).
SÁ, Óscar José Bastos Moura de — Contabilista — Rua de Além, 271 —MATO-
SINHOS.
SACADURA, Maria Luása Cabral — Licenciada em Direito e Assist, do ISCAC
Rua General Humberto Delgado, n.° 428-2.°-Esq.° — COIMBRA.
SACCHETTI, João Lemos Barreto — Estudante do ISCAA — Rua Infante D. Hen-
rique, n.° 4-3.°-Esq.°—AVEIRO.
SALGUEIRO, João Artur Trindade — Técnico de Contas —Rua Gustavo F Pinto
Basto, 25 —AVEIRO.
SAMPAIO, Manuel José —Técnico de Contas —Rua D. Sebastião Soares de
Resende - VILA DA FEIRA.
SANTOS, Álvaro de Oliveira — Técnico de Contas — Beco - MACINHATA DO
VOUGA.
SANTOS, Frederico Guilherme Gonzaga dos —Adjunto Técnico — Contabilista —
Rua Castilho, 50-1.° — LISBOA.
SANTOS, Joaquim dos — Contabilista — Rua Cedofeita, 193 —PORTO.
SANTOS, Joaquim César de Oliveira — Licenciado em Economia — Rua Rui de
Pina, 29-2.° — VILA NOVA DE GAIA.
SANTOS, José Afonso das Neves Carneiro — Licenciado em Finanças — Escola
Comercial de Leiria — LEIRIA.
SANTOS, José Carlos Fonseca dos —Rua Capitão Lebre n.° 160 — VERDEMILHO.
SANTOS, José Fernandes Marques dos — Economista — Aguada de Baixo —
AGUADA DE BAIXO.
SANTOS, Maria Helena Mendes dos — Licenciada em Economia —Rua das Mari-
nhas, 10 —AVEIRO.
SANTOS, Maria Natércia Neves dos —Técnica de Contabilidade — Rua Direita —
Aradas — AVEIRO.
SARDO, Emanuel Vinagre da Naia — Bacharel em Contabilidade — Avenida Dou-
tor Lourenço Peixinho, 159-A-1.°-Esq.° — AVEIRO.
SARMENTO, Maria Zita de Morais — Estudante do ISCAA — Avenida Dr. Lou-
renço Peixinho, 134 —AVEIRO.
SERRA, Alda Maria Alves Pinheiro — Guarda-Livros — Rua 1.° de Maio — Alagoas
— Esgueira — AVEIRO.
SERRAS, Luís Gonzaga Freitas Nunes — Licenciado em Finanças — Célula 15,
Lote 13-1. °-Esq.° — CARNAXIDE.
756 —
SILVA, Abílio Gomes da— Rua 31, n.° 65-2.°-Esq.° — ESPINHO.
SILVA, Alexandre Manuel Baptista da — Contabilista — Rua Aires Barbosa, n.° 14
-AVEIRO.
SILVA, Álvaro Cardoso da — (Deloitte, Haskins & Sells) — Rua Silva Carva-
lho, 234-4.°-LISBOA-2.
SILVA, António José Alves da — Contabilista e Revisor Oficial de Contas —
Praça João Azevedo Coutinho, 2 —LISBOA-1.
SILVA, António Pereira da — Empregado Bancário — Cova do Ouro — ESGUEIRA
— AVEIRO.
SILVA, Carlos Alberto da Rocha Moreira — Rua de Arroios, 217-3.° Letra D —
— LISBOA-1.
SILVA, Carlos José Vieira da — Licenciado em Economia — Avenida Corte Real —
BARRA - GAFANHA DA ENCARNAÇÃO.
SILVA, Daniel Bastos da —Aluno do ISCAP — Rua Eça de Queirós, 220 —S. JOÃO
DA MADEIRA.
SILVA, Fernando V. Gonçalves da — Professor Catedrático do I. S. E. — Praça
de Alvalade, 10-4.° —LISBOA-5.
SILVA , João Alberto da Costa e — Estudante — Largo de Apresentação n.° 3-A —
AVEIRO.
SILVA, Joaquim Fernandes da —Bacharel em Contabilidade e R.O.C.—Rua
Guilherme Costa Carvalho, n.° 13 — PORTO-1.
SILVA, Joaquim Martins da — Bacharel em Contabilidade — Calçada Rinchoa
Lote 29-4.°-Drt.° — RINCHOA.
SILVA, Joaquim dos Santos — Técnico Economista da D. G.C. I. —Rua da
Fonte, 75 — Serzedo — Miramar — VILA NOVA DE GAIA.
SILVA, José Augusto Ventura da — Economista — Rua do Sr. dos Aflitos, 18 —
AVEIRO.
SILVA, José Manuel Pacheco Dias da—Licenciado em Finanças—Avenida D. Leo-
nor Fernandes, 6.° — Évora.
SILVA, Luís Gonzaga Monteiro Marques da — Técnico de Contas — Rua Central
de Francos, 336-2.°-A — PORTO.
SILVA, Manuel Carlos Costa da — Economista — Rua Anselmo Braamcamp, 229-2.°
— PORTO.
SL^VA, Manuel Lopes da — Contabilista — Rua Comendador Rainho, 652 — S. JOÃO
DA MADEIRA.
SILVA, Manuel Luís Leite da — Técnico de Contas — Rua Oliveira Junior, 339-
3.°-Esq.° — S. JOÃO DA MADEIRA.
SILVA, Manuel Marques da— Contabilista — Rua João Mendonça, n.° 31-3.°-Drt.°
— AVEIRO.
SILVA, Maria Alice Mourão de Oliveira Alves da — Praça Jeão Azevedo Cou-
tinho, 2-r/c-Esq.° —LISBOA.
SILVA, Maria Arminda Pereira da Silva Neves Vieira da — Licenciada em Eco-
nomia — Avenida João Corte Real — BARRA.
SILVA, Maria Clementina de Almeida Trindade e — Contabilista — Pereiro — Ar-
das de Caminha — ANADIA.
— 757
SILVA, Maria Eduarda Ribeiro Dias da — Licenciada em Economia — Rua Alto
de Carvalhão, 19-1.° — LISBOA-1.
SILVA, Maria Isilda Figueiredo da — Licenciada em Finanças — Rua Rosa
Araújo, 35 — LISBOA-2.
SILVA, Rogério Mário Madail da — Assistente do ISCAA — Avenida Dr. Lourenço
Peixinho, n.° 169-B-2.°-Esq.° — AVEIRO.
SILVA, Silvestre Paiva da —Bacharel em Contabilidade — Bloco F-F/2-2.°-Esq.°
— Aradas — AVEIRO.
SILVA, Vítor Manuel dos Santos — Professor da Escola Comercial e Industrial
— VISEU.
SIMAS, José Manuel de Cabedo — Auditor — Thomson Mclintock & C.a —Ave-
nida 5 de Outubro, 275-3.°-Esq.° — LISBOA.
SIMÕES, António Manuel Rodrigues — Licenciado em Economia — Rua Arro-
teia, 194 — SÃO MAMEDE DE INFESTA.
SIMÕES, Francisco Manuel Dias — Licenciado em Finanças — Rua Rui Luís
Gomes, 69-2.°-Drt.° — ENTRONCAMENTO.
SIMÕES, Manuel de Oliveira — Industrial — OLIVEIRA DO BAIRRO.
SOARES, Fernando Rui Morais — Contabilista — Travessa Santos Pousada, 118-
2.°-Esq.° - OLIVEIRA DO DOURO-VILA NOVA DE GAIA.
SOARES, Germana da Graça Silva Cinza Santos — Professora Estagiária do
6.° Grupo —Lugar do Parrinho — S. JOÃO DA MADEIRA.
SOBREDA, Cipriano Martinho — Técnico de Contas — Rua do Sol, à Graça, 30-
-l.°-Drt.°-LISBOA.
SOBREIRO, José António de Almeida Marques — Contabilista — Largo Conse-
lheiro de Queirós, n.° 29 —AVEIRO.
SOUSA, A. Ferreira de —Analista de Sistemas, da Regisconta — Rua Álvares
Cabral, 406 —PORTO.
SOUSA, António Alberto Rodrigues Tavares de — Técnico de Contas — Rua Cân-
dido dos Reis, 37 —AVEIRO.
SOUSA, Ezequiel Santos —Lie. Finanças—Avenida 5 de Outubro, 35-8.° —
LISBOA-1.
SOUSA, João Francisco Carvalho de — Contabilista — Rua OIÂ, 4-r/c — PRAIA
DA BARRA.
SOUSA, José Luís Pacheco de — Contabilista — Rua Azevedo Coutinho, 39-3.°
— PORTO,
SOUSA, Maria Vieira de — Licenciada em Finanças —Rua Cidade da Beira, 42-
4.°-F — OLIVAIS SUL —LISBOA.
SOUSA, Rui Alberto Machado de — Contabilista — Rua da Lage, 29 —MAIA.
SOUSA, Silvano Albino Mesquita de — Licenciado em Finanças — Aradas —
AVEIRO.
SOUSA, Vitorino Moreira de — Contabilista — Seixal — S. ROMÃO DO CORONADO.
SOUSA, Virgínia Maria Granate Costa e —Assistente do ISCAA —Rua Mário
Sacramento, 101-3.°-Drt.° — AVEIRO.
758 -
TADEU, José Serra — Licenciado em Organização e Gestão de Empresas —Rua
Estado da índia,, 12-9.°-C — SACAVÉM.
TAVARES, Abílio Carlos Campos — Economista, Revisor Oficial de Contas —Rua
das Rosas, Lote 40-MONTIJO.
TAVARES, Anabela dos Santos Silva — Licenciada em Finanças — Travessa
S. Martinho, 13-1 .°-Drt.° —AVEIRO.
TEIXEIRA, Alfredo Luís Portocarrero Pinto — Contabilista — Rua J. Nicolau de
Almeida, 789 —VILA NOVA DE GAIA.
TEIXEIRA, Carlos Manuel Duarte —Praça Velaskes, 293-1.° — PORTO.
TOMAS, Américo Fernandes — Estudante do ISCAC — COIMBRA.
TOMAS, João José Amaral — Economista da D. G. Contribuições e Impostos —
Lisboa.
VALE, João Adriano Azevedo Seixas — Licenciado em Economia — Rua Duque
de Loulé, 40-4.°JEsq.° — PORTO.
VASCONCELOS, Emílio José da Silva —Chefe de Divisão Contabilidade Fabril
- B a n c o de Portugal-LISBOA.
VEIGA, Manuel Carvalho — Contabilista — Rua Azevedo Coutinho, 39-3.° — PORTO.
VELOSA, Luís Vieira Lomelino — Licenciado em Economia —Rua Guerra Jun-
queiro, 105 —PORTO.
VIANA, João Martins — Bacharel em: Contabilidade — Rua Cândido dos Reis
- VAGOS.
VIDAL, António Manuel Mano Pinho — Empregado de Escritório — VENDA-
N O V A - 92 — ÁGUEDA.
VIEIRA, Domingos Eduardo Andia s— Empregado de Escritório — Rua das Tomá-
sias, 33 —AVEIRO.
VIEIRA, José Mota — Contabilista — Rua de Barreiros, 504 — GONDOMAR.
VIEIRA, Rui Alberto Sarrico — Contabilista — Rua Sebastião Magalhães Lima, 2-
-l.°-Drt.° —AVEIRO.
VITAL, João da Costa Santana — Contabilista — Rua Manuel José da Silva — OLI-
VEIRA DE AZEMÉIS.
ZUBER, Maria Helena Inês Quintas — Licenciada em Finanças — Quinta Santa
Catarina, Lote 7-r/c —ÉVORA.
— 759
ÍNDICE DE AUTORES
pág.
— 761
Pág.
762
INDICE GERAL
Mg-
1. OBJECTIVOS. ORGANIZAÇÃO E NORMAS REGULAMENTARES . . 9
2. SESSÃO DE ABERTURA 23
Discurso do presidente do Conselho Directivo do ISCAA, Dr. Joaquim
José da Cunha 25
Discurso do Prof. Doutor Fernando V. Gonçalves da Silva, Membro
da Comissão Organizadora das Jornadas 29
a
3. COMUNICAÇÕES DAS 1.» E 2. MESAS: A CONTABILIDADE DAS
EMPRESAS PÚBLICAS E COOPERATIVAS. A CONTABILIDADE
DAS PME 37
La Contabilidade Analítica en el Plan General d e Contabilidad Es-
panol, por Enrique Fernandez Pena 39
Investimento, Finanças e Contabilidade — breve contributo para a
sua harmonização, por Ruy L. F. de Carvalho 53
A Função Financeira nas Pequenas e Médias Empresas, por Ro-
gério Fernandes Ferreira 81
A Organização Contabilística e o Sector Cooperativo, por Luís
83
Augusto Eça de Matos
O Diário-Razão-Balancete nas P . M. E., por Raul Corrêa de Sousa
Guimarães 109
Custos Reais ou Custos Teóricos? Problemática da Mão de Obra,
por José Nogueira da Costa 134
Créditos nas Contas de Despesas, por A. Lopes de Sá . . . . 145
764 —
Pág.
8. COMUNICAÇÕES DA 7." MESA: APROVAÇÃO E REVISÃO DE
CONTAS 471
— 765
ACABOU DE IMPRIMIR-SE NO
CENTRO GRÁFICO—FAMALICÃO
EM 4 DE DEZ1MBRO DE 1 9 7 9