8085 8086
8085 8086
8085 8086
Notas de Aula
Goinia, 2006
Observaes
1. Esta apostila destina-se ao ensino de Microprocessadores e Microcontroladores para alunos da 4a Srie de Engenharia Eltrica da Escola de Engenharia Eltrica e de Computao da Universidade Federal de Gois 2. No se pretende, com o uso desta apostila, dispensar os livros didticos indicados na referncia bsica, mas apenas facilitar o ensino da disciplina em questo, reunindo num s volume o material a ser usado em sala de aula.
3. A apostila est distribudas em captulos que cobrem dois dos trs temas principais, que so: Microprocessador 8085 - Neste tpico so abordados desde a estrutura bsica de um microprocessador, at a aplicao do mesmo num sistema mnimo com microprocessador, memria, portas de entrada e sada e outros perifricos. As instrues em assembly do 8085 so empregadas na soluo de vrios problemas de cunho didtico, com auxlio do simulador ABACUS. Microprocessador 8088 - O objetivo deste tpico fazer um estudo comparativo entre um microprocessador de 16 bits e o microprocessador 8085 (8 bits) e estudar o princpio de funcionamento do 8088/8086. utilizado um simulador digital para a execuo de alguns programas simples. O captulo sobre o microcontrolador 8051 est disponvel parte.
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Obs.: As 96 horas de aulas tericas sero ministradas em 48 aulas de 2 horas cada uma. As 32 horas de aulas prticas sero ministradas em 16 aulas de 2 horas cada uma.
BIBLIOGRAFIA BSICA Microprocessador 8085: 1. ZILLER, Roberto M., Microprocessadores Conceitos Importantes, Edio do autor, Florianpolis, 2000. ISBN 85-901037-2-2 2. NERYS, Jos Wilson L., Apostila de Microprocessadores Microprocessador 8086: 3. ZILLER, Roberto M., Microprocessadores Conceitos Importantes, Edio do autor, Florianpolis, 2000. ISBN 85-901037-2-2 4. ZELENOVSKY, Ricardo e MENDONA, Alexandre, "PC: Um Guia Prtico de Hardware e Interfaceamento," Intercincia, Rio de Janeiro, 1996. ISBN: 85-7193-001-5 5. NERYS, Jos Wilson L., Apostila de Microprocessadores Microcontrolador 8051: 6. SILVA JR., Vidal Pereira da, Aplicaes Prticas do Microcontrolador 8051, rica, So Paulo, 1994. 7. GIMENEZ, Salvador P., Microcontroladores 8051: Teoria do hardware e do software / Aplicaes em controle digital / Laboratrio e simulao, Pearson Education do Brasil Ltda, So Paulo, 2002. ISBN: 85.87918-28-1 8. NERYS, Jos Wilson L., Apostila de Microprocessadores EMENTA Conceitos bsicos de microprocessadores e microcontroladores. Arquitetura de microprocessadores e microcontroladores. Princpio de funcionamento de microprocessadores e microcontroladores. Modos de endereamento. Programao de microcontroladores. Entrada/sada. Dispositivos perifricos. Interrupes. Temporizadores. Acesso direto memria. Barramentos padres. Expanso e mapeamento de memria. Ferramentas para anlise, desenvolvimento e depurao.
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PROGRAMA 1 - Introduo aos Computadores e Microprocessadores: - Histrico - Computador (definies) - Estrutura Bsica do Computador - Unidade Central de Processamento - CPU - Memria - Unidade de Entrada e Sada - Microprocessadores e Microcontroladores - Outros Conceitos Bsicos - Ciclo de Clock, Ciclo de Mquina e Ciclo de Instruo - Memria ROM e Memria RAM - Memria RAM Esttica e Memria RAM Dinmica - Registradores - Diagrama de Blocos de uma CPU Genrica - Sistemas de Numerao 2 - Arquitetura do 8085: - Princpio Bsico de Operao de um Microprocessador - Diagrama de Blocos do Microprocessador 8085 - Pinagem; - Principais Caractersticas; - O Sistema Mnimo; - Modos de Endereamento; - Busca e Execuo de Instrues. 3 - Conjunto de Instrues do 8085: - Transferncia de Dados; - Aritmticas e Lgicas; - Rotao e Deslocamento; - Desvio; - Entrada e Sada; - Controle. 4 - Princpios Bsicos de Interfaceamento de Micros: - Interface Paralela - Interface Serial - Unidade de Temporizao - Controlador de Interrupo - Controlador de DMA (DMAC) - Integrados de Suporte - Arquitetura atual de um PC 5 - Arquitetura do 8086/8088 - Famlia 80x86: - Diagrama em Blocos; - Registradores; - Segmentao de Memria; - Pinagem; - Modos de Endereamento; - Evoluo dos processadores da famlia 80X86. 6 - Introduo ao Microcontrolador 8051 - Arquitetura da Famlia do Microcontrolador 8051 - Caractersticas Principais - Programao em Linguagem Assembly
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Interrupes Temporizadores Comunicao Serial Simulao Digital Construindo um Sistema Baseado no Microcontrolador 8051
7 - Projeto Experimental usando Microcontrolador da famlia 8051 8 - Atividades de Laboratrio LABORATRIO Laboratrio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Uso do Kit do 8085 Programa de Simulao ABACUS Instrues de transferncia de dados (uso do Kit e do simulador ABACUS) Instrues aritmticas (uso do Kit e do simulador ABACUS) Instrues lgicas (uso do kit e do simulador ABACUS) Programao 8085 (uso do kit e do simulador ABACUS) Programao 8085 com Interrupo Programao 8085 com Interrupo Microprocessador 8086: caractersticas bsicas Microcontrolador 8051: Sequncia de LEDs e Motor de passo (uso de Kit e de simulador) Microcontrolador 8051: Motor de corrente contnua (uso de Kit e de simulador) Microcontrolador 8051: Conversores AD e DA (uso de Kit e de simulador) Projeto usando 8051 Projeto usando 8051 Projeto usando 8051 Projeto usando 8051 Projeto usando 8051 AVALIAO Nota
Nota 1 Nota 2 Nota 3 Nota 4
Contedo
Tipo de Avaliao
Prova 1 Laboratrio Prova 2 Laboratrio Prova 3 Laboratrio Prova 4 Projeto Experimental
Valor Mximo
8,0 2,0 8,0 2,0 8,0 2,0 5,0 5,0
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1. INTRODUO AOS COMPUTADORES E MICROPROCESSADORES................................9 1.1 1.2 1.3 1.4 1.4.1 1.4.2 1.4.3 1.4.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.8.1 1.8.2 1.8.3 1.8.4 1.8.5 1.9 1.10 HISTRICO SOBRE COMPUTADORES ............................................................................................9 NMERO DE TRANSISTORES EM UM MICROPROCESSADOR .....................................................13 DEFINIES E CLASSIFICAES BSICAS .................................................................................14 ESTRUTURA BSICA DE UM COMPUTADOR ...............................................................................15 UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO (CPU) ......................................................................16 MEMRIA ...................................................................................................................................16 UNIDADE DE ENTRADA E SADA (I/O) .......................................................................................16 BARRAMENTO ............................................................................................................................16 NDICE DE DESEMPENHO DE PROCESSADORES .........................................................................17 MICROPROCESSADOR MICROCONTROLADOR .......................................................................17 OUTROS CONCEITOS BSICOS: ...................................................................................................17 SISTEMAS DE NUMERAO .........................................................................................................19 SISTEMA DECIMAL .....................................................................................................................19 SISTEMA BINRIO ......................................................................................................................19 SISTEMA BCD (BINARY-CODED DECIMAL) ..............................................................................19 SISTEMA OCTAL .........................................................................................................................19 SISTEMA HEXADECIMAL ............................................................................................................20 EXERCCIOS PROPOSTOS ............................................................................................................20 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................................21
2. ARQUITETURA E PRINCPIO DE FUNCIONAMENTO DO 8085........................................22 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 DIAGRAMA DE BLOCOS DO MICROPROCESSADOR 8085...........................................................22 UNIDADES INTERNAS E REGISTRADORES DO 8085....................................................................23 FREQUNCIA DE CLOCK .............................................................................................................25 PINAGEM DO 8085........................................................................................................................25 SISTEMA BSICO DE TEMPORIZAO E PRINCPIO DE OPERAO ........................................27 FORMATO DAS INSTRUES .......................................................................................................30 EXERCCIOS PROPOSTOS ............................................................................................................31 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................32
3. CONJUNTO DE INSTRUES DO MICROPROCESSADOR 8085.......................................33 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 SIMBOLOGIA DAS INSTRUES...................................................................................................33 MODOS DE ENDEREAMENTO ....................................................................................................33 GRUPOS DE INSTRUES.............................................................................................................34 INSTRUES DE TRANSFERNCIA DE DADOS ............................................................................35 INSTRUES ARITMTICAS ........................................................................................................39 INSTRUES LGICAS.................................................................................................................43 INSTRUES DE DESVIO ..............................................................................................................46 INSTRUES DE CONTROLE, PILHA E ENTRADA E SADA ........................................................49 FUNCIONAMENTO DA PILHA .......................................................................................................51 EXEMPLOS DE PROGRAMAS EM ASSEMBLY DO 8085..............................................................52 EXERCCIOS PROPOSTOS ..........................................................................................................54 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................................56
4. SIMULADOR DIGITAL ABACUS ...............................................................................................57 4.1 4.2 4.3 SIMULADOR ABACUS PARA O MICROPROCESSADOR 8085.....................................................57 EXEMPLOS DE PROGRAMAS EM ASSEMBLY PARA O ABACUS................................................59 EXERCCIOS PROPOSTOS ............................................................................................................60
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4.4
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................62
5. KIT DIDTICO E ROTEIROS DE LABORATRIO ...............................................................63 5.1 5.2 5.3 5.4 SUB-ROTINAS DO PROGRAMA MONITOR DO KIT DIDTICO ....................................................63 PRINCIPAIS COMANDOS E ORIENTAES PARA USO DO KIT DIDTICO ..................................64 ROTEIROS DE EXPERIMENTOS....................................................................................................66 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................74
6. INTERRUPOES E OPERAES DE ENTRADA E SADA ..................................................75 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 INSTRUES DE RECOMEO .......................................................................................................75 INTERRUPES ............................................................................................................................75 CIRCUITOS DE INTERRUPO .....................................................................................................76 SETAGEM E LEITURA DA MSCARA DE INTERRUPO ............................................................79 AMPLIANDO A CAPACIDADE DE INTERRUPO ........................................................................80 DISPOSITIVOS DE ENTRADA E SADA..........................................................................................81 EXERCCIOS PROPOSTOS ............................................................................................................83 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................84
7. ENTRADA E SADA SERIAL E PASTILHAS INTEGRADAS DE SUPORTE ......................85 7.1 7.2 7.2.1 7.2.2 7.3 7.4 INTERFACE SERIAL NO PC..........................................................................................................85 INTEGRADOS DE SUPORTE ..........................................................................................................88 MEMRIAS RAM E ROM...........................................................................................................88 DECODIFICADOR 74LS138.........................................................................................................94 EXERCCIOS PROPOSTOS ............................................................................................................95 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................97
8. INTERFACE ANALGICA ..........................................................................................................98 8.1 8.2 8.3 8.4 CONVERSOR DIGITAL-ANALGICO ...........................................................................................98 CONVERSOR ANALGICO-DIGITAL .........................................................................................101 EXERCCIOS PROPOSTOS ..........................................................................................................102 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................................103
9. MICROCONTROLADORES 8086/8088.....................................................................................104 9.1 9.2 9.3 9.3.1 9.3.2 9.3.3 9.3.4 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 9.9.1 INTRODUO .............................................................................................................................104 DIAGRAMA DE BLOCOS DO 8088 ..............................................................................................106 OS REGISTRADORES DO 8088 ...................................................................................................108 REGISTRADORES DE DADOS.....................................................................................................109 REGISTRADORES APONTADORES E NDICES ............................................................................109 REGISTRADORES DE SEGMENTO ..............................................................................................110 APONTADOR DE INSTRUES ..................................................................................................111 A PINAGEM DO 8088 ..................................................................................................................112 CICLOS DE BARRAMENTO DO 8086 ..........................................................................................114 ENDEREAMENTO DE MEMRIA..............................................................................................116 LINGUAGEM DE PROGRAMAO ASSEMBLY DO 8086 ........................................................118 MODOS DE ENDEREAMENTO E ENDEREOS DE MEMRIA EFETIVO ..................................119 INTERRUPES DO 8086............................................................................................................121 ESTRUTURA DE INTERRUPO DO 8086: .................................................................................121
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9.9.2 9.9.3 9.9.4 9.10 9.10.1 9.10.2 9.10.3 9.10.4 9.10.5 9.10.6 9.11 9.11.1 9.11.2 9.11.3 9.11.4 9.12 9.13 9.14 9.15
INTERRUPES PR-DEFINIDAS, RESERVADA OU EXCEES...................................................122 INTERRUPES POR HARDWARE .............................................................................................122 INTERRUPES POR SOFTWARE ...............................................................................................122 CONJUNTO DE INSTRUES DO 8088/86 ................................................................................123 INSTRUES DE TRANSFERNCIA DE DADOS ........................................................................123 INSTRUES DE STRINGS .......................................................................................................126 INSTRUES LGICAS ............................................................................................................128 INSTRUES ARITMTICAS ....................................................................................................129 INSTRUES DE DESVIO.........................................................................................................129 INSTRUES DE CONTROLE ...................................................................................................130 CARACTERSTICAS DE I/O DO PC-XT....................................................................................130 DIVISO DOS ENDEREOS DOS DISPOSITIVOS DE I/O DO PC-XT ..........................................130 ENDEREOS DOS DISPOSITIVOS DA PLACA PRINCIPAL (PLACA ME) ..................................131 ENDEREOS DOS DISPOSITIVOS DOS SLOTS...........................................................................132 O SLOT DO PC (ISA 8 BITS) ...................................................................................................132 DECODIFICAO DE ENDEREOS...........................................................................................133 EXEMPLOS GERAIS ..................................................................................................................133 PROBLEMAS PROPOSTOS ........................................................................................................134 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.............................................................................................135
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1.1
4000 A.C - BACO Inveno do baco pelos babilnios. Instrumento usado para realizar operaes aritmticas, onde cada coluna representa uma casa decimal. Era o principal instrumento de clculo do sculo XVII e usado at hoje.
baco
Data da mesma poca do baco o octograma chins Yin Yang, o qual tido como a primeira representao binria dos nmeros de 0 a 8. Foi criado pelo imperador chins Fou-Hi para representar a interao entre as duas energias que juntas so o fundamento da totalidade. 1614 LOGARITMO O cientista escocs JOHN NAPIER criou os logaritmos. Atravs das tabelas criadas, as operaes de multiplicao e diviso tornaram-se mais simples, pois eram substitudas por operaes de adio e subtrao, reduzindo o tempo de processamento.
Tabela de logaritmos
Pascaline
1623 RELGIO DE CALCULAR WILHELM SHICKARD, professor de matemtica da Universidade de Tbingen, Alemanha, inventou um relgio de calcular que considerado a primeira mquina mecnica de calcular da histria. Fazia multiplicao e diviso, mas requeria vrias intervenes do operador. Usava o princpio desenvolvido por Napier (Napiers bones). Essa calculadora foi desenvolvida para auxiliar o matemtico e astrnomo Johannes Kepler. 1642 PASCALINE O cientista francs BLAISE PASCAL criou uma calculadora capaz de realizar operaes de adio e subtrao. A mquina implementada utilizava rodas e engrenagens, com as quais era possvel representar nmeros decimais de 0 a 9. Pascal desenvolveu essa mquina para ajudar seu pai na coleta de impostos. A mquina teve mais de 50 verses diferentes em uma dcada. 1671 O matemtico alemo francs GOTTFRIED LEIBNIZ criou uma calculadora de 4 funes, capaz de realizar operaes de adio, subtrao, multiplicao e diviso. a antecessora das calculadoras atuais. O problema comum s calculadoras at esta poca era a necessidade de entrar com todos os resultados intermedirios.
Calculadora de 4 funes de Leibniz Microprocessadores e Microcomputadores Prof. Jos Wilson Lima Nerys
10 1738 ANDROIDES PROGRAMVEIS O cientista francs JACQUES VAUCANSON criou (robs imitando a aparncia humana). Eram capazes de tocar flautas. Sua criao mais famosa foi O Pato. Esse pato mecnico era capaz de imitar todos os movimentos de um pato real (bater asas, movimentar a cabea, fazer barulho equivalente, comer e evacuar. ( www.automates-anciens.com). Em 1749 ele construiu o primeiro TEAR AUTOMTICO, que aceitava comandos atravs de um cilindro de metal perfurado.
Tear de Vaucanson
Tear de Jacquard
1801 CARTO PERFURADO O Tecelo francs JOSEPH MARIE JACQUARD aperfeioou o tear construdo por Vaucanson. Ele construiu uma mquina de tear que memorizava em cartes perfurados os padres de desenho dos tecidos e depois os reproduzia com fidelidade, lendo comandos na presena ou ausncia de orifcios. A verso seguinte do Tear, em 1804, era totalmente automatizada e podia fazer desenhos muito complicados. Esse considerado o primeiro registro de programao semelhante de computadores modernos. 1822 MQUINA DE DIFERENA e MQUINA ANALTICA Aborrecido pelos inmeros e freqentes erros que encontrava nas tabelas de logaritmos, o professor de matemtica CHARLES BABBAGE (ingls) decidiu construir uma mquina que eliminasse o trabalho repetitivo de fazer esses clculos, a "Mquina de Diferena". O modelo apresentado em 1822 encantou o Governo Britnico que decidiu financi-lo na construo de uma mquina de diferena completa, movida a vapor e completamente automtica, comandada por um programa de instruo fixo capaz de imprimir as tabelas. Baseada em operaes de adio e subtrao e na tcnica de diferenas finitas, era capaz de resolver funes polinomiais e trigonomtricas (clculo de tabelas de navegao).
Mquina de diferenas
mquina analtica
O projeto da sua nova mquina levou 10 anos e foi abandonada em 1833, quando decidiu criar a Mquina Analtica, um computador mecnico-automtico totalmente programvel, funo que designou para sua esposa, a condessa Ada Lovelace (filha de Lord Byron). O novo computador decimal paralelo a vapor operaria nmeros de 50 dgitos e proveria de uma memria de 1000 nmeros, usando cartes perfurados e condicionais (IF), alm de instrues de desvio. Apesar de ter uma estrutura correta, a metalurgia da poca no permitia a simetria e resistncia das peas, razo ao qual a mquina nunca funcionou. Seria capaz de fazer uma adio em 1 segundo e uma multiplicao em 1 minuto. 1885 - O CARTO DE HOLLERITH Herman Hollerith , funcionrio do Departamento de Estatstica dos Estados Unidos, construiu uma mquina de carto perfurado para fazer o recenseamento da populao americana. Antes da mquina o recenseamento durava 7 anos e ocupava 500 empregados. Com a mquina o recenseamento de 1890 durou 1 ano e ocupou 43 empregados. A mquina foi aproveitada nas mais diversas aplicaes em reparties pblicas, comrcio e indstria, e aperfeioada para realizar operaes aritmticas elementares. Em 1896 Hollerith fundou a TMC (Tabulation Machine Company).
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11 Para ampliar seus negcios, a TMC se uniu com duas pequenas empresas para formar a CTRC (Computing Tabulation Recording Company), em 1914. Em 1924, a CTRC se tornou uma empresa internacional e mudou seu nome para IBM (Internacional Business Machine).
Z4
1936 COMPUTADORES Z1, Z3 e Z4 O cientista alemo KONRAD ZUSE criou o computador - Z1, baseado em rel eletro-mecnico. Criou tambm o computador Z3, que foi o primeiro computador de propsito geral controlado por programa. Criou ainda o Z4, computador projetado para o desenvolvimento de msseis. Ele foi destrudo por bomba na 2a. guerra mundial. 1943 COLOSSO Na Inglaterra, em 1943, Alan Turing, do Servio de Inteligncia Britnico, construiu o Colosso, de dimenses gigantescas. A mquina, abrigada em Bletchley Park, tinha 2000 vlvulas e lia smbolos perfurados numa argola de fita de papel, inserida na mquina de leitura fotoeltrica, comparando a mensagem codificada com sequncias conhecidas at encontrar uma coincidncia. Processava cerca de 5 mil caracteres por segundo e foi usada para descodificar as mensagens dos alemes, tendo sido decisiva no resultado final da guerra.
Colosso
Mark I
1944 MARK I Na Universidade de Harvard em 1937, o professor Howard Aiken, financiado pela IBM, comeou a construir o Mark I, concludo em 1944. Baseado em um sistema decimal, manipulava nmeros de at 23 dgitos e tinha medidas grotescas: 15 m de comprimento e 2,5 m de altura; 760.000 peas envoltas em vidro e ao inoxidvel brilhante; 800 km de fios e 420 interruptores para controle.trabalhava sob o controle de um programa perfurado em uma fita de papel. Adio e subtrao em 0,3 s, multiplicao em 3 s e diviso em 12 s, 1946 ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer) - 1o Computador de propsito geral a vlvula: 18.000 vlvulas, 30 toneladas, 15.000 ps quadrados, 140 kW, representao e aritmtica com nmeros decimais, 5.000 adies /seg. Projetado pela Ballistics Research Labs. Foi aproveitado no desenvolvimento da Bomba H. 1946 VON NEWMANN MACHINE A Mquina de Von Newman, ou Mquina de Touring introduziu o conceito de programa armazenado (Stored Programa Concept) no qual a memria conteria, alm de dados, programas. Os computadores modernos so baseados na mquina de Von Newman. 1950 UNIVAC (Universal Automatic Computer) Lanado pela SPERRY, foi o 1o Computador de aplicao cientfica e comercial. Seguiram UNIVAC II e UNIVAC 1100 series .
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12 1953 IBM 701 Computador desenvolvido para aplicaes cientficas. 1947 TRANSISTOR Inveno do transistor pelos cientistas John Bardeen, William Shockley e Walter Brattain. Passou a ser usado em escala comercial somente em 1952 pela Bell Laboratories. 1958 CIRCUITO INTEGRADO O engenheiro Jack Kilby, da Texas Instruments, criou o Circuito Integrado. 1960 IBM 7090, 7094 Computador transistorizado. Utilizao de linguagens de programao de alto nvel, tais como FORTRAN, COBOL e PASCAL. 1964 IBM 360 Primeira famlia planejada de computadores. DEC PDP 8 Introduziu o conceito de Minicomputador. Criou a estrutura de barramento, ou seja, unidadade de Entrada e Sada, Memria e CPU interligados por um conjunto de condutores. 1971 4004 (INTEL) - 1o microprocessador a ser lanado, de 4 bits, com aplicao voltada para calculadoras (manipulao de nmeros em BCD) - 45 instrues - 640 Bytes de memria - clock de 108 KHz 60.000 instrues/seg. (OBS: desempenho superior ao ENIAC) - 2.300 transistores. 1972 8008 (INTEL) - 1o microprocessador de 8 bits, com aplicao voltada para terminais (que trabalham com caracteres - codificao ASCII) - 48 instrues - 16KB de memria - clock de 200 KHz - 300.000 instrues/seg. 3500 transistores. 1974 8080 (INTEL) - Processador de 8 bits, de propsito geral - 72 instrues - opera com 12V - clock de 2 MHz - 640.000 instrues/s. 64KB de memria. 6.000 transistores. 1975 Z80 (ZILOG), 6502 (MOS) Utilizado pelo 1o APPLE (APPLE 1) em 1976 por Steve Wozniak e Steve Jobs (data da fundao da APPLE). 1976 8085 (INTEL) 8080 operando com 5V - 2 instrues a + que o 8080 - melhor performance. 5 MHz 370.000 instrues/s. 6500 transistores. 1978 8086 (INTEL) - Processador 16 bits (barram. externo de 16 bits e registradores de 16 bits). 5 MHz - 0.33 MIPS, 8 MHz - 0.66 MIPS e 10 MHz - 0.75 MIPS. 29.000 transistores. 1979 8088 (INTEL) - Processador 16 bits (barram. externo de 8 bits e registradores de 16 bits) - 133 instrues - chip utilizado no primeiro PC em 1981. O PC/XT seria lanado em 1983 com HD de 10 MB e 128 Kbyte RAM. 29.000 transistores. Lanado o 68.000 (MOTOROLA) que foi utilizado no Machintosh em 1984 1980 Coprocessador 8087 (processador matemtico). 8051 (INTEL Lanado o microcontrolador 8051: microprocessador + perifricos (RAM, ROM, Serial, Timer, Controlador de Interrupo, etc.) num nico chip, voltado para aplicaes de controle 1982 80186/188 - 80286 - 80287 (INTEL) PC/AT 16 bits, modo protegido, 24 linhas endereos. 1985 80386 (INTEL) Processador de 32 bits - bus ext. de dados de 32bits - 275.000 transistores. 16MHz 2.5 MIPS, 20 MHz - 2.5 MIPS, 25 MHz - 2.7 MIPS, 33 MHz - 2.9 MIPS. 1989 80486 (INTEL) - Processador de 32 bits: 386 que incorpora o 387 (coprocessador), cache interna (L1) de 8KB e maior performance - 235 instrues - 1,2 milhes de transistores. 25 MHz - 20 MIPS, 33 MHz - 27 MIPS, 50 MHz - 41 MIPS. 1991 WEB Tim Berners-Lee desenvolve a Rede Mundial de Computadores (World Wide Web). O primeiro servidor Web lanado. O conceito de conexo de vrios usurios a um nico computador por via remota nasceu no MIT no final da dcada de 50 e incio da dcada de 60. As idias bsicas da Internet foram desenvolvidas em 1973 por Bob Kahn e Vint Cerf.
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13 1993 Pentium 60 MHz e 66 MHz - Processador de 32 bits bus ext. de 64 bits - 5V - 3 milhes de transistores. Primeiro processador de 5a gerao. 1994 Pentium 90 MHz e 100 MHz - Alimentao de 3,3V (maior confiabilidade). 3.2 milhes de transistores. 1996 Pentium Pro 200 - Incorpora cache L2 de 256kB, utilizando tecnologia MCM (Multi-Chip Module) - 5 milhes de transistores - idealizado para programas de 32 bits. Usa memria de 64 bits. 1997 Pentium 200MMX (Pentium MultiMidia eXtensions): contm 57 novas instrues dedicadas para programas de Multimdia. 4.5 milhes de transistores. 200 MHz e 166 MHz. Barramento de 64 bits. Cada instruo MMX equivale a vrias instrues comuns. 1997 Pentium II 233, 266, 300MHz utiliza o slot I. 7,5 milhes de transistores (tecnologia 0.35 micron), cache L2 com 512kB - 242 pinos - 64GB de memria enderevel. Poder de processamento de 32 bits do Pentium Pro e maior eficincia no processamento de 16 bits. Instrues MMX. 1998 Pentium II 450 MHz - Cache L2 de 512 kB, 7.5 milhes de transistores, tecnologia 0.25 micron, barramento de 64 bits. 64 GB de memria enderevel. 1999 Pentium III 450 e 500 MHz (at 1,2 GHz) Barramento de sistema de 100 MHz ou 133 MHz, cache L2 de 512 kB, processador de 32 bits, 9,5 milhes de transistores, tecnologia 0.25 micron, 64 GB de memria enderevel. 70 novas instrues voltadas para multimdia e processamento 3D. 2000 Pentium IV at 2 GHz, barramento de sistema de 400 MHz, Cach L1 de 32 kB e L2 de 256 kB, 42 milhes de transistores.
1.2
O nmero de transistores num nico microprocessador um dos indicadores da evoluo acentuada nessa rea nos ltimos anos. Dr. Gordon E. Moore, co-fundador da Intel, afirmou em 1965 que o nmero de transistores em um microprocessador dobraria a cada dois anos. O grfico e a tabela a seguir confirmam a previso de Moore nos ltimos 30 anos.
Microprocessadores e Microcomputadores
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Tabela: Evoluo do nmero de transistores no microprocessador Processador 4004 8008 8080 8085 8086 8088 286 386 486 DX Pentium Pentium II Pentium III Pentium 4 Ano de Introduo 1971 1972 1974 1976 1978 1979 1982 1985 1989 1993 1997 1999 2000 Nmero de transistores 2.250 2.500 5.000 6.500 29.000 29.000 120.000 275.000 1.180.000 3.100.000 7.500.000 24.000.000 42.000.000 Barramento de dados (bits) 4 8 8 8 16 16 16 32 32 32 32 32 32 Capacidade de endereamento 1 kB 16 kB 64 kB 64 kB 1 MB 1 MB 16 MB 4 GB 4 GB 4 GB 4 GB 4 GB 4 GB
A quantidade cada vez maior de transistores numa nica pastilha foi acompanhada da reduo do tamanho fsico dos transistores. Essa reduo mostrada na Fig. 1.2. A reduo do tamanho do transistor resulta no aumento da velocidade de operao e tambm na reduo das conexes internas, alm de permitir a insero de um nmero cada vez maior de transistores numa nica pastilha. O aumento da capacidade de integrao de transistores resulta ainda na reduo do consumo de energia eltrica e do custo dos microprocessadores. H um postulado que diz que o gate de um transistor no pode ser menor do a largura correspondente a 10 tomos. A previso de pesquisadores da Intel a dimenso do gate dos transistores alcanaro esse valor por volta do ano 2017 (http://www.intel.com/update/archive/issue2/focus.htm).
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