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Artigo de Reviso/Review Article

Dieta DASH na reduo dos nveis de presso arterial e preveno do acidente vascular cerebral
DASH diet in reducing blood pressure and preventing stroke
Vanessa Alves Piper1, Kamila Castro2, Jssica Lorenzzi Elkfury3, Zilda Elisabeth de Albuquerque Santos4, Andrea Garcia de Almeida4, Sheila Cristina Ouriques Martins5 , Mrcia Lorena Fagundes Chaves6
Nutricionista. Mestre em Cincias Mdicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Acadmica do Curso de Nutrio da UFRGS. 3 Nutricionista. Doutora em Medicina e Cincias da Sade pela Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Docente do Centro Universitrio Metodista do IPA, Porto Alegre, RS. 4 Mdica neurologista. Mestre em Neurocincias pela UFRGS. 5 Mdica neurologista. Doutora em Neurologia pela UFRGS. 6 Mdica neurologista. Doutora em Clnica Mdica pela UFRGS. Professora Adjunta do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS.
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RESUMO Objetivos: Revisar a literatura cientfica buscando apurar o papel da dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) na reduo dos nveis de presso arterial e na preveno do acidente vascular cerebral. Fonte de dados: Foi realizada uma reviso narrativa da literatura, utilizando as bases de dados Medline/PubMed, LILACS e SciELO. Buscaram-se artigos nos idiomas portugus e ingls, utilizando-se os descritores: acidente vascular cerebral/stroke, dieta/diet, hipertenso/hypertension e preveno/prevention. Foram selecionados trabalhos em adultos humanos. Sntese dos dados: O acidente vascular cerebral a principal causa de incapacidade no mundo e a principal causa de morte no Brasil. Uma alimentao saudvel est entre as modificaes no estilo de vida recomendadas para preveno e tratamento dos principais fatores de risco para este agravo. Estudos mostram que a adoo da dieta DASH capaz de reduzir substancialmente a presso arterial, tornando esta dieta uma boa alternativa na preveno e tratamento da hipertenso e, consequentemente, do acidente vascular cerebral. Concluses: As evidncias disponveis sugerem que modificaes no estilo de vida, incluindo a adoo de uma dieta tipo DASH, so estratgias eficazes no controle da hipertenso arterial e na reduo de eventos cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral.
DESCRITORES: ACIDENTE CEREBRAL VASCULAR, HBITOS ALIMENTARES, HIPERTENSO, PREVENO DE DOENAS.

ABSTRACT Aims: To review the scientific literature in order to establish the role of DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) in reducing blood pressure and preventing stroke. Source of data: We conducted a narrative review of the literature using Medline/PubMed, LILACS and SciELO databases. We searched for articles in Portuguese and English, using the keywords: acidente vascular cerebral/stroke, dieta/diet, hipertenso arterial/hypertension and preveno/prevention. We selected studies in adult humans. Summary of the findings: Stroke is the leading cause of disability worldwide and the leading cause of death in Brazil. A healthy diet is among the changes in lifestyle recommended for prevention and treatment of major risk factors for this disease. Studies show that adoption of DASH diet can substantially reduce blood pressure, making this diet a good alternative in the prevention and treatment of hypertension and consequently stroke. Conclusions: The available evidences suggest that changes in lifestyle, including the adoption of a DASH type diet, are effective strategies in controlling hypertension and reducing cardiovascular events as stroke.
KEY WORDS: STROKE, FOOD HABITS, HYPERTENSION, DISEASE PREVENTION.
Recebido: janeiro de 2012. Aceito: maio de 2012.

Endereo para correspondncia/Corresponding Author: VANESSA ALvES PIpER Endereo: Oswaldo Pereira de Freitas, 135 apto 910 CEP 91530-080, Porto Alegre, RS, Brasil Telefone: (51) 99828748 E-mail: [email protected]

Scientia Medica (Porto Alegre) 2012; volume 22, nmero 2, p. 113-118

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INTRODUO
As doenas crnicas no transmissveis so responsveis por 80% das mortes em pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.1 Dentre estas, as cerebrovasculares so a segunda causa de mortalidade no mundo, sendo o acidente vascular cerebral (AVC) a doena cerebrovascular apontada como a mais importante causa mundial de incapacidade.2 O AVC um fenmeno vascular agudo que provoca sbita perda de funo cerebral, resultante da interferncia no suprimento sanguneo, podendo ser do tipo isqumico ou hemorrgico. Estima-se que cerca de 18 milhes de pessoas tero um AVC em 2015 e aproximadamente um tero destes resultaro em bitos.3-5 No Brasil, o AVC a principal causa de morte por doenas cerebrovasculares, com 70.232 bitos registrados em 2008. Em 2009, o Sistema nico de Sade contabilizou 169.453 internaes por AVC e foram investidos 189,6 milhes de reais no tratamento desse agravo.6 Entre os fatores de risco para AVC encontra-se a hipertenso arterial sistmica (HAS), uma doena de instalao insidiosa e assintomtica que acomete um quarto da populao mundial. Medidas que possam prevenir ou tratar adequadamente a HAS so estratgias para a preveno de um primeiro evento de AVC ou sua recorrncia.7 Dentro deste contexto, a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) tem se mostrado uma alternativa de preveno e tratamento da HAS.8 Estudos baseados em evidncia clnica tm mostrado o papel da dieta DASH na reduo dos nveis pressricos de pacientes hipertensos e, por isso, hoje recomendada pela VI Diretriz Brasileira de Hipertenso,7 como parte do tratamento no medicamentosos da HAS. O presente artigo consiste em uma reviso sobre o tema dieta DASH no controle da HAS e preveno do AVC. Foram pesquisados artigos publicados principalmente em revistas indexadas nas bases de dados Medline, LILACS, e SciELO, nos idiomas portugus e ingls, utilizando-se os descritores acidente vascular cerebral/stroke, dieta/diet, hipertenso/hypertension e preveno/prevention. Foram selecionados trabalhos em adultos humanos.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E HIPERTENSO ARTERIAL SISTMICA


O AVC isqumico ocorre quando h uma obstruo e o AVC hemorrgico quando h um rompimento nos vasos que levam sangue ao crebro, provocando um dficit neurolgico agudo (hemiparesia sensitivo114
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motora, alterao de linguagem e/ou campo visual, vertigem sbita). O AVC isqumico o mais prevalente, sendo responsvel por cerca de 80% de todos os casos.9 Raramente a obstruo completa, sendo o fluxo sanguneo cerebral residual dependente do grau de obstruo e da presena de circulao colateral. O grau da leso isqumica proporcional durao e intensidade da reduo do fluxo sanguneo.10 A incidncia do AVC maior no sexo masculino, apresentando relao homem/mulher, em todas as idades, de 1,25/1. Alm disso, os negros so mais propensos do que outras etnias. O AVC um evento que, no raro, resulta em sequelas de ordem fsica, funcional, emocional e social. A perda ou a limitao da autonomia nos indivduos acometidos uma forte expresso das consequncias de um AVC, sem contar os elevados custos hospitalares e previdencirios. A incidncia geral da doena cerebrovascular e do seu subtipo mais comum, o aterotrombtico, aumentam com a idade e dobram a cada dcada de vida.3,9,11-14 Os fatores de risco para AVC podem ser subdivididos em modificveis (HAS, dislipidemia, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, fibrilao atrial, AVC e ataque isqumico transitrio prvios, migrnea, uso de anticoncepcional oral, estenose carotdea) e no modificveis (idade, sexo, fatores genticos).15 No estudo INTERSTROKE, publicado em julho de 2010,16 80% dos casos de AVC foram causados por HAS, tabagismo, obesidade abdominal, dieta inadequada e sedentarismo. Os outros 10% foram atribudos a diabetes, lcool, estresse emocional, depresso, doenas cardacas e altos nveis de apolipoprotenas. Portanto, 90% dos AVC tiveram causas modificveis.16 A HAS o mais importante fator de risco modificvel para AVC e o seu tratamento est entre as estratgias de preveno mais efetivas. A prevalncia de HAS aumenta com a idade (mais de dois teros das pessoas com mais de 65 anos so hipertensas) e com a presena de obesidade. Pessoas que so normotensas na idade de 55 anos tem 90% de risco ao longo de sua vida de desenvolver hipertenso.15-17 Assim como as dislipidemias e o diabetes, a HAS contribui para a aterosclerose. A placa aterosclertica composta por um ncleo lipdico, rico em colesterol, e por uma capa fibrosa, rica em colgeno. A ruptura da capa expe o organismo ao material lipdico, altamente trombognico, que vai ocasionar um bloqueio arterial sbito, determinando as complicaes da aterosclerose, entre elas o AVC.12,13 De acordo com o estudo NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey), 27% dos adultos americanos tem HAS (presso sistlica 140 mmHg

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e/ou diastlica 90 mmHg) e 31% so pr-hipertensos (sistlica 120-139 mmHg e/ou diastlica 80-89 mmHg). As estimativas mundiais de prevalncia de HAS so em torno de 1 bilho de indivduos com a doena e, aproximadamente, 7,1 milhes destes morrem por ano.18,19 No Brasil, a proporo de indivduos diagnosticados com HAS cresceu de 21,5% em 2006 para 24,4% em 2009.6 No Rio Grande do Sul, um estudo realizado com 918 indivduos, por um perodo de 2 anos, apontou uma prevalncia de 33,7% de hipertensos.20 Em Porto Alegre/RS, Fuchs et al.21 encontraram uma prevalncia de HAS de 52,2% em indivduos com 40 anos ou mais. Muitas pessoas apresentam nveis de presso arterial aumentados mas abaixo do recomendado para o tratamento medicamentoso, conforme o Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (JNC7).22 Por esse motivo, mudana do estilo de vida e abordagem no farmacolgica so recomendadas como medidas de reduo de HAS nesses pacientes pr-hipertensos. Recomenda-se que a presso arterial seja mantida abaixo de 140/90 mmHg na populao em geral e abaixo de 130/80 mmHg nos diabticos e nos pacientes com insuficincia renal. Em pacientes com proteinria maior que 1 g em 24 horas a presso arterial deve ser mantida abaixo de 125/75 mmHg.22,23 Recentemente, pesquisadores verificaram que a reduo de sal na dieta para 3 g/dia teria o mesmo efeito nas taxas de eventos coronarianos que a reduo de 50% do uso de tabaco, ou a diminuio de 5% no ndice de massa corporal em adultos obesos, ou o uso de estatinas para tratamento de pessoas com risco baixo ou intermedirio de eventos cardiovasculares. Uma reduo modesta no consumo de sal melhora a qualidade de vida e reduz substancialmente os eventos cardiovasculares e consideravelmente os custos com a sade.24,25 Apesar da eficcia da terapia antihipertensiva e da facilidade diagnstica, uma boa parte da populao permanece sem diagnstico ou com tratamento inadequado; apenas 35% dos pacientes hipertensos tem controle pressrico adequado. A HAS permanece no tratada na comunidade, faltando a implementao de programas de preveno primria e secundria efetivos.26 O Joint National Commitee22 recomenda que a estratgia inicial de tratamento para diminuio da presso arterial sistmica compreenda modificaes no estilo de vida, entre elas a adoo da dieta DASH.8

DIETA DASH
Desde a dcada de 1920, diversos autores vm observando associao entre dieta vegetariana e melhores nveis de presso arterial sistmica. Os fatores determinantes da reduo da presso arterial podem ser os hbitos alimentares, o estilo de vida dos que adotam uma dieta vegetariana, ou ainda a associao destes.27-31 Rouse et al.,32 avaliando os nveis de presso arterial em populaes de diferentes religies e dietas (adventistas ovolactovegetarianos, adventistas onvoros e mrmons onvoros), encontraram mdias significativamente menores nos adventistas vegetarianos do que nos mrmons (respectivamente 115,6/68 mmHg versus 121,2/72,2 mmHg em homens e 109,1/66,7 mmHg versus 114,9/72,6 mmHg em mulheres). A prevalncia de HAS leve (140/90 mmHg) foi de 10% entre os mrmons, 8,5% entre os adventistas onvoros e apenas 1-2% em adventistas vegetarianos. A anlise dos registros da dieta mostrou que os adventistas vegetarianos apresentavam uma ingesto alimentar significativamente mais rica em fibras, gordura poliinsaturada, magnsio e potssio e mais pobre em gordura total, gordura saturada e colesterol do que os mrmons (onvoros).32 Ophir et al.,33 comparando indivduos vegetarianos com no vegetarianos, observaram que apenas 2% dos 98 vegetarianos contra 26% dos 98 no vegetarianos eram hipertensos. Quando os autores avaliaram a presena de fatores de risco para HAS em ambos os grupos, encontraram que peso corporal, histria familiar e excreo urinria de sdio (utilizada para avaliar a ingesto deste mineral) no influenciaram nos resultados; no entanto, os vegetarianos apresentaram uma maior excreo urinria de potssio quando comparados aos no vegetarianos e, mesmo entre os vegetarianos, aqueles com maior excreo urinria de potssio, apresentavam menores nveis de presso arterial.33 Outros estudos tambm tm observado associaes inversas entre presso arterial sistmica e ingesto de magnsio, clcio, fibras e protenas.34,35 Interessantemente, estudos que utilizaram suplementao isolada de algum desses nutrientes encontraram uma reduo pequena na presso arterial, sugerindo que a associao ou a interao entre nutrientes presentes nos alimentos, mais do que o consumo isolado, estaria resultando em efeitos positivos.36, 37 Em 1995, Sacks et al.38 realizaram um ensaio clnico randomizado multicntrico, para testar dois padres alimentares nos nveis de presso arterial, sendo um deles a dieta DASH, com resultados
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publicados por Appel et al. em 1997.23 O estudo de Sacks et al.38 randomizou 456 indivduos adultos e saudveis (sem HAS ou com HAS leve) para receber, por oito semanas, uma dieta controle tipicamente americana, (n=154), uma dieta rica em frutas e vegetais (n=154) e uma dieta combinada: rica em frutas e vegetais, reduzida em gordura total, saturada e colesterol (n=151). A quantidade de sdio foi similar em todas as dietas (aproximadamente 3 g por dia). Os indivduos alocados na dieta rica em frutas e vegetais e na dieta combinada consumiam almoo ou jantar no centro de pesquisa nos quais estavam envolvidos, alm de receberem alimentos para consumir em casa, de acordo com sua dieta. Como resultado, os autores encontraram que a dieta de frutas e vegetais reduziu a presso sistlica em 2,8 mmHg (p<0,001) e diastlica em 1,1 mmHg (p<0,07), enquanto a dieta combinada reduziu a presso sistlica em 5,5 mmHg e a diastlica em 3,0 mmHg (p<0,001), ambas em relao ao grupo controle. Considerando somente os indivduos com HAS leve, a dieta combinada foi capaz de reduzir a presso sistlica em 11,4 mmHg e a diastlica em 5,5 mmHg (p<0,001), em relao aos controles. Os autores concluram que uma dieta rica em frutas e vegetais, e pobre em gorduras, uma boa estratgia para reduzir e tratar a HAS. 38 A dieta DASH preconiza o consumo de frutas, verduras, produtos lcteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixe, aves e nozes, ao mesmo tempo que incentiva um menor consumo de carne vermelha, doces e acares.8, 23, 38 Seu consumo resulta em aumento na ingesto de potssio, magnsio, clcio e fibras, que contribuem para reduo dos nveis pressricos39 (Quadro 1).

Quadro 1. Grupos dos alimentos e quantidades recomendadas em uma dieta de 2100 kcal/dia conforme proposta original da dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension).
Grupos de alimentos Frutas (pores/dia) Vegetais (pores/dia) Leite e derivados <1% gordura (pores/dia) Carnes magras, peixe e frango (g/dia) leos e gorduras (pores/dia) Sementes e oleaginosas (pores/semana) Acares (pores/semana) Sal (poro/dia) Gros integrais (pores/dia)
Fontes: Lichtenstein et al., 2006,39 Appel et al., 200642.

Quantidade/ Pores 4-5 4-5 2-3 <180 2-3 4-5 <5 ~6g (3000 mg de sdio) 6-8

Para testar o efeito antihipertensiva de duas intervenes no estilo de vida de 810 indivduos sem HAS ou com HAS leve, foi desenhado o estudo PREMIER,40 multicntrico, controlado, no qual foram randomizado trs grupos: o primeiro recebeu orientao padro ou j estabelecida por diretrizes (perda de peso, reduo na ingesto de sal e bebida alcolica e aumento da atividade fsica (n=268); o segundo grupo recebeu orientao padro associada dieta DASH (n=269), de forma menos rigidamente controlada que no estudo original da dieta DASH; e o terceiro grupo (controle) recebeu somente aconselhamento nutricional, em um nico encontro, no incio do estudo (n=273). Aps seis meses de seguimento, em todos os grupos diminuiu progressivamente a presso arterial, sendo 6,6 mmHg na sistlica e 3,8 mmHg na diastlica do grupo controle; 10,5 mmHg e 5,5 mmHg na sistlica e diastlica, respectivamente, do grupo que recebeu orientao padro, e 11,1 mmHg e 6,4 mmHg na sistlica e diastlica, respectivamente, do grupo que recebeu orientao padro mais dieta DASH. Considerando somente os indivduos hipertensos, a reduo foi ainda maior (7,8; 12,5; e 14,2 mmHg na presso sistlica dos grupos controle, padro e padro mais dieta DASH, respectivamente). Os autores encontraram ainda uma reduo de 12% na prevalncia de HAS no grupo de hipertensos que recebeu orientao padro mais dieta DASH, o que correspondeu a uma reduo de 53% no risco de eventos cardiovasculares, quando comparado ao grupo que somente recebeu aconselhamento.40 Embora estudos anteriores tenham apontado que no a ingesto de sal, mas sim a melhora na ingesto de outros nutrientes que baixa a presso arterial, o estudo multicntrico INTERSALT,41 estudando 10.079 pacientes homens e mulheres com idade entre 20 e 59 anos, concluiu que a alta ingesto habitual de sal tambm causa importante de aumento da presso arterial. Apesar dos resultados do INTERSALT, consenso que alm do controle na ingesto de sal, o estilo de alimentao recomendado pela dieta DASH importante, j constando das principais diretrizes de tratamento e preveno da HAS.8,23,42,43 Associado aos efeitos dos minerais e fibras, o maior consumo de cidos graxos poliinsaturados preconizado pela dieta DASH tambm contribui para a reduo mdia da presso arterial. Duas metanlises confirmam estes achados.44,45 No estudo de Appel et al.44 foram analisados 11 ensaios clnicos randomizados, que envolveram 728 indivduos normotensos; os resultados indicaram que a suplementao da dieta com uma dose relativamente alta de mega 3 (mais de 3 g/dia) pode levar reduo significativa na presso arterial. No estudo de Morris, et al.45 a anlise envolveu 31

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estudos controlados com placebo, com 1.356 sujeitos, e tambm encontrou um efeito positivo na ingesto de mega 3. Esse efeito hipotensor foi maior em pacientes hipertensos e com quadro clnico de doena aterosclertica ou hipercolesterolemia.45 A dieta DASH tambm contribui para uma menor incidncia de insuficincia cardaca.46 Em um recente estudo observacional realizado por Fung et al.,47 mulheres com boa aderncia dieta DASH tiveram uma reduo de 24% no risco de doena coronariana e 18% no risco de AVC. Larson et al.48 sugerem que a ingesto de potssio e magnsio estejam inversamente associadas com o risco de AVC em mulheres com histria de HAS.

CONCLUSES
As evidncias disponveis sugerem que modificaes no estilo de vida, incluindo a adoo de uma dieta tipo DASH, so estratgias eficientes na reduo de eventos cardiovasculares. A elevada incidncia de AVC no Brasil, bem como seus nveis de mortalidade e possibilidade de sequelas, faz com que alternativas de preveno sejam bem vindas. Assim, a dieta DASH parece ser uma estratgia no medicamentosa promissora, de baixo custo e sem efeitos colaterais, para a preveno do AVC.

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