UERN Plano de Aula (Dir Empresarial I)

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DIREITO EMPRESARIAL I I. TEORIA GERAL 1. Viso histrica - Estudando a evoluo do comrcio identificamos uma fase primitiva: Primeiros homindeos: sobrevivncia, caadores ou ladres de carcaas? Perodo Paleoltico Mdio (200.000 a 10.000 a.C.): fogo e maior avano tcnico e cultural Perodo Neoltico: primeiras criaes de animais para corte e agricultura Antiguidade: Mesopotmia, Sumrios, revoluo tecnolgica com o controle dos rios, armazenagens, cidades etc - Pontos marcantes 1 A figura do escambo de produtos excedentes 2 Surgimento da moeda (sec. VII a.C.): compra e venda (incio da economia de mercado) - Primeiras normas regulamentando a atividade comercial (2.083 a.C.) Remontam ao Cdigo de Manu na ndia e ao Cdigo de Hammurabi da Babilnia (contratos agrcolas, emprstimos, juros, medidas de proteo ao agricultor, tabelamento etc). - Comrcio e mercado so fenmenos vitais humanos Negcio: um ato jurdico Mercado: espao de negociao e busca de vantagem Direito: viabiliza e otimiza as prticas mercantis - Direito Comercial Surgiu de uma necessidade de regulamentar as relaes entre os novos personagens que se apresentaram ao mundo na Idade Mdia: os comerciantes - Tal ramo era o direito do comrcio Entendido como o complexo de atos de intromisso entre o produtor e consumidor, que, exercidos habitualmente com fins de lucro, realizam, promovem ou facilitam a circulao dos produtos da natureza e da indstria, para tornar mais fcil e pronta a procura e a oferta (VIDARI) - Identificamos 3 fases/perodos do Direito Comercial 1 Perodo: subjetivo, corporativista (Idade Mdia) 2 Perodo: objetivo, atos de comrcio (Revoluo Francesa) 3 Perodo: subjetivo-moderno, idia de empresa (dcada de 40 do Sec. XX)

Texto de Leitura Complementar: Evoluo histrica do Direito Comercial, de autoria de Guilherme Teixeira Pereira, do curso de Direito da UNIFACS. EVOLUO HISTRICA DO DIREITO COMERCIAL Como toda obra elaborada pela natureza humana, faz-se necessrio nos reportarmos ao passado para entendermos o novo direito comercial, ou como preferem alguns, o novo direito empresarial, que passar a fazer parte do nosso cotidiano a partir de janeiro de 2003, m omento este em que o novo cdigo civil entrar em vigor. H notcias de que a atividade comercial j era praticada desde a Antiguidade por vrios povos, principalmente pelos fencios. No entanto, neste perodo, esta atividade ainda no encontrava-se bem difundida e organizada, posto que a mesma ainda no era submetida a normas e princpios especficos, mas sim a um direito comum dos cidados e aos usos e costumes vigentes em cada regio. Portanto, apesar da constatao da existncia de legislao na idade antiga que abarcava as relaes comerciais, como por exemplo o Cdigo de Manu na ndia, o Cdigo de Hammurabi da Babilnia, e ainda o influente direito civil romano compilado no to famoso Corpus Juris Civile de Justiniano, tais sistemas jurdicos primitivos no so suficientes para considerar a existncia de um direito comercial autnomo nesta poca. Neste sentido, so elucidativas as palavras do professor Fran Martins (MARTINS, 2001, p. 03): No se pode, com segurana, dizer que houve um direito comercial na mais remota antiguidade. Os fencios, que, so considerad os um povo que praticou o comrcio em larga escala, no possuam regras especiais aplicveis s relaes comerciais. Portanto, o direito comercial como um sistema autnomo s veio a desencadear-se na idade mdia, na medida em que o fomento das relaes comerciais encontrava-se to consolidado na sociedade, que os comerciantes passaram a se organizar em corporaes, com o intuito de definir as regras e diretrizes que deveriam balizar o desenvolvimento do comrcio. A partir de ento, atravs de uma estrutura de classe organizada, os comerciantes passam a elaborar as normas que iriam regular a sua atividade cotidiana, e que deveriam ser aplicadas por eles mesmos, j que era designado um julgador, denominado de cnsul, necessariamente membro da corporao, para com base nas normas estabelecidas dirimir os conflitos que por ventura aparecessem. Logo, nota-se que os comerciantes na idade mdia no s elaboravam suas prprias leis, como tambm estavam sujeitos jurisdio prpria, conforme podemos constatar das lies do professor Rubens Requio (REQUIO, 1998, p. 10/11): nessa fase histrica que comea a se cristalizar o direito comercial, deduzindo das regras corporativas e, sobretudo, dos a ssentos jurisprudenciais das decises dos cnsules, juzes designados pela corporao, para, em seu mbito, dirimirem as disputas entre comerciantes. Diante disso podemos concluir que o direito comercial, na sua origem autnoma, surgiu como um direito corporativo o qual deveria ser aplicado apenas aos comerciantes matriculados nas corporaes, caracterstica esta que culminou na construo da teoria subjetiva, marcando o estudo deste ramo do direito. Com o passar do tempo, a concepo do direito comercial como o direito dos comerciantes matriculados nas corporaes foi perd endo sentido, pois paralelamente a esta realidade, o comrcio tambm era praticado por pessoas que no faziam parte dessas organizaes de classe, e que inclusive se utilizavam de institutos, como a letra de cmbio, que foi criada na poca para facilitar a circulao de mercadorias. Situao curiosa era quando um comerciante inscrito em uma corporao mantinha negociao com um comerciante que no fazia parte de nenhuma corpor ao. Neste caso a competncia do juzo consular deveria se estender ao comerciante no matriculado, conforme podemos observar no comentrio do professor Rubens Requio acerca da fragilidade da teoria subjetivista (REQUIO, 1998, p.12): E, malgrado a reao do direito territorial, se foi ampliando a competncia dos cnsules aos estranhos s corporaes, que tivessem contratado com um comerciante nela inscrito. Ao mesmo tempo, relaxa-se a exigncia da matrcula como condio para o comerciante submeter-se jurisdio consular, estendendo-se sua competncia a comerciantes no matriculados. Por outro lado, com a ascenso do mercantilismo e o consequente enfraquecimento do sistema feudal, o Estado passou por um processo de consolidao que exerceu grande influncia na elaborao de legislaes comerciais que possuam aplicabilidade ampla a todos os cidados que exercessem o comrcio, atravs da jurisdio do Estado, sobrepondo, desta maneira as normas editadas pelas corporaes. Como exemplo podemos citar a Frana que em 1673 editou as Ordenaes Francesas que ficou conhecida como Cdigo de Savary, servindo d e base para a elaborao do Cdigo Napolenico de 1807.

Tais documentos legislativos, sobretudo o famoso Cdigo Napolenico, se baseavam na teoria objetiva dos atos de comrcio. Segundo esta teoria, um sujeito passa a ser considerado comerciante se praticar os atos de comrcio elencados na lei. Portanto, a condio subjetiva da matrcula em uma corporao de comrcio deixou de ser requisito para a qualificao de comerciante, passando esta a ser definida pela prt ica habitual dos atos referentes explorao de uma atividade econmica determinados na lei. Nota-se que a teoria objetiva foi influenciada pelos ideais de liberdade, igualdade, e fraternidade, fomentados pela Revoluo Francesa, que procurou excluir o privilgio de classe ampliando a tutela do direito comercial a todos os sujeitos que exercessem o comrcio, independentemente de estarem matriculados em corporaes. Apesar desta teoria ter influenciado na elaborao de legislaes de outros pases, como o Cdigo Comercial Espanhol de 1829, o Cdigo Comercial Italiano de 1882, o Cdigo Comercial Portugus de 1833 e o Cdigo Comercial Brasileiro de 1850, a mesma incorreu nu ma grande lacuna, pois no conceituou cientificamente os atos de comrcio, gerando, muitas vezes, dificuldades para definir um critrio a partir do qual determinada atividade desempenhada passaria a ser classificada como ato de comrcio. O Cdigo Napolenico, por exemplo, elencou nos seus artigos 632 e 633 os atos tradicionalmente realizados pelos comerciantes na sua atividade habitual, sem, contudo, indicar nenhum critrio que pudesse defini-los. J o Cdigo Comercial ptrio, apesar de sofrer um pouco a influncia da teoria subjetiva em virtude da meno do requisito da matrcula em Tribunal de Comrcio atravs do seu artigo 4, faz referncia no final deste mesmo dispositivo orientao da teoria objetiva, seno vejamos: Art. 4 - Ningum reputado comerciante para efeito de gozar da proteo que este cdigo liberaliza em favor do comrcio, sem que se tenha matriculado em algum dos Tribunais do Comrcio do Imprio, e faa da mercancia profisso habitual. (grifo nosso) Da anlise do dispositivo citado, podemos observar que o diploma comercial ptrio no se reportou expresso atos de comrcio, mas sim palavra mercancia, que inclusive foi posteriormente definida atravs do artigo 19 do decreto n. 737, documento este que foi revogado posteriormente pelo Cdigo de Processo Civil Brasileiro. A dificuldade de se conceituar os atos de comrcio ou simplesmente a mercancia, levou o legislador dos pases que aderiram teoria objetiva a enumerar os atos de comrcio ou mercancia, com base em fatores histricos, que no acompanharam a dinmica evoluo das atividades econmicas. Logo, algumas atividades que, tradicionalmente, no eram praticadas pelos comerciantes, ficaram de fora do regime comercial, como por exemplo a atividade imobiliria, a agrcola e a prestao de servios. Inclusive deve-se ressaltar que em virtude desta excluso, alguns sistemas jurdicos, como, por exemplo, o brasileiro, passaram a editar leis esparsas posteriores, a fim de incluir na seara do direito comercial determinadas atividades econmicas, como foi o caso da atividade de construo civil, atravs da Lei n. 4.068/62. Portanto, resta patente que a teoria objetiva falha e encontra-se ultrapassada, em virtude da sua deficincia jurdico - conceitual que distorce o alcance do Direito Comercial, restringindo a matria do comrcio, conforme assinala o professor Rubens Requio ( REQUIO, 1998, p.13): O sistema objetivista, que desloca a base do direito comercial da figura tradicional do comerciante para a dos atos de comrcio, tem sido acoimado de infeliz, de vez que at hoje no conseguiram os comerciantes definir satisfatoriamente o que sejam eles. Em virtude desta incongruncia apresentada pela teoria objetivista, muitos pases que detinham legislaes influenciadas por ela, implementaram reformas significativas, que culminaram em alguns casos na adoo de novos cdigos totalmente modificados, conforme ilustra o eminente comercialista Fran Martins (MARTINS, 2001, p. 09): Em vrios pases influenciados pelo Cdigo francs, os cdigos primitivos foram grandemente modificados e alguns, mesmo, subs titudos por outros, contendo normas mais atualizadas para a soluo das questes comerciais. A Espanha substituiu o Cdigo de 1829 pelo de 1885; em Portugal, o de 1833 foi substitudo pelo de 1888. Na Itlia, o Cdigo de 1865 foi revogado, em 1882, por um outro, e este, em 1942, substitudo pelo Cdigo Civil. Em muitos outros pases tambm os cdigos foram revogados ou alterados de tal modo que dos primitivos pouco resta. Nesse panorama de mudanas e reflexes, surge na Itlia uma teoria que superou a teoria objetiva em virtude da sua capacidade de reestruturar a amplitude do direito comercial em consonncia com o desenvolvimento das atividades econmicas. Essa teoria, que surgiu sob a nomenclatura de teoria da empresa, substituiu, portanto, a teoria dos atos de comrcio, atravs do seu enfoque no instituto da empresa como a atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou servios, que culminou na unificao legislativa do direito privado atravs da edio do Cdigo Civil italiano de 1942.

Nesse novo contexto jurdico, surge a figura do empresrio, em detrimento da do comerciante, na medida em que a teoria da empresa se desvia da importncia do gnero da atividade econmica desenvolvida (rol dos atos de comrcio), passando a considerar a forma organizad a pela qual qualquer atividade de produo ou circulao de bens ou servios implementada, atravs da reunio dos quatros elementos bsicos de produo: capital, trabalho, insumos e tecnologia. A respeito do tema, importante colacionar a ilustrao do professor Fbio Ulha Coelho (COELHO, 2002, p. 08): Em 1942, na Itlia, surge um novo sistema de regulao das atividades econmicas dos particulares. Nele, alarga-se o mbito de incidncia do Direito Comercial, passando as atividades de prestao de servios e ligadas terra a se submeterem s mesmas normas aplicveis s comerciais, bancrias, securitrias e industriais. Chamou-se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa. O Direito Comercial em sua terceira etapa evolutiva deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercncia) e passa a disciplinar uma forma especfica de produzir ou circular bens ou servios, a empresarial. Essa nova viso do direito comercial passou a exercer influncia sob todo o mundo, sendo considerada, atualmente, por muitos juristas, como a sistemtica mais coerente e adequada para a regulamentao do desenvolvimento das atividades econmicas. Nesse sentido, o nov o cdigo civil brasileiro, atendendo aos reclamos da doutrina e jurisprudncia, adotou a teoria da empresa em seu Livro II - Do Direito de Empresa -, que implementar a partir de janeiro de 2003 essa nova realidade no cotidiano da sociedade brasileira. Diante desta abordagem evolutiva do direito comercial, podemos concluir que a histria deste ramo da cincia jurdica pode ser compreendida em trs fases. A primeira seria traduzida na idade antiga, pela introduo da teoria subjetiva corporativista; a segunda traduzida na idade mdia, marcada pela adoo da teoria objetiva dos atos de comrcio; e a terceira, na idade moderna contempornea, marcada pela teoria da empresa.

Texto de Leitura Complementar: Histria e evoluo do Direito Empresarial, de autoria de Luis Eduardo Oliveira Alejarra. HISTRIA E EVOLUO DO DIREITO EMPRESARIAL 1. INTRODUO Na busca pelo nascimento do comrcio, depara-se com Plato[1], o qual o descreve de forma sucinta e completa em seu livro A Repblica. O filsofo ao explicar a origem da justia, de forma indireta indica a origem do Estado e do comrcio. Segundo este filsofo, pelo fato dos indivduos no conseguirem saciar todas as suas necessidades, se viram obrigados a aproximarem-se uns dos outros com o intuito de trocar os excedentes de seus trabalhos. Tal aproximao acarreta a vida em grupo e posteriormente a sociedade. MARTINS[2] assinala que no incio os grupos sociais buscavam bastar-se a si mesmos, mantendo-se com suas produes rurais familiares. O natural crescimento populacional forou as trocas de mercadorias e posteriormente a criao da moeda, o que tinha o nico intuito de facilitar o escambo. Segundo CAVALCANTE[3], inaugura-se o cum merx, ou escambo de mercadorias, derivando mais tarde na expresso cummerciun. J TOMAZETTE[4], afirma que a palavra comrcio vem do latim commutatio mercium, o que significa troca de mercadorias. Em decorrncia de algumas limitaes impostas pelo escambo (economia de troca) ocorre a evoluo para a economia de mercado e o uso da moeda, em sistema muito similar ao utilizado at hoje. Com esta atualizao no comrcio, o produtor de determinado insumo produz mais e com mais variedade, pois a produo deixou de ser unicamente para subsistncia e troca do excedente, agora tambm para venda. Comrcio foi bem conceituado por ROCCO[5], o comrcio aquele ramo de produo econmica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposio entre produtos e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias. Neste sentido encontra-se o conceito de BORGES[6], o ramo da atividade que tem por objeto a aproximao de produtores e consumidores, para a realizao ou facilitao de trocas. A atividade comercial remonta Antiguidade, tendo como bom exemplo de grandes comerciantes os fencios. Segundo PALMA[7], os fencios so ancestrais dos Libaneses, e fizeram de seu territrio um dos maiores recantos de prosperidade do Oriente. O ilustre professor PALMA[8] demonstra a pujana comercial dos fencios nos sculos X e IX a.C.: ... a Fencia vivia em absoluto estado de esplendor graas ao intenso comrcio e dedicao s navegaes martimas, que le garam sua gente uma slida reputao nesse campo. Com muita habilidade e coragem mpar, os fencios ousaram singrar os oceanos a bordo de emb arcaes bem construdas. Fundaram colnias no Norte da frica, dentre as quais Cartago se evidencia ... Urge salientar que o conceito de comrcio no se confunde com o objeto de estudo do direito comercial, ou modernamente o direito empresarial, no devendo limitar o direito comercial como direito do comrcio. Um bom exemplo de que o direito comercial mais amplo que o comrcio, e sua necessidade de lucro, so aspectos das associaes sem fins lucrativos que fazem parte do direito comercial, como a criao e alterao de seus estatutos. Destarte, ocasionado por essa comum confuso entre direito comercial e comrcio diversos doutrinadores modernos, como Rubens Requio[9], entendem que a nomenclatura mais correta seria Direito Empresarial, ou Direito das empresas mercantis. 2. HISTRICO DO DIREITO COMERCIAL H uma enorme controvrsia entre doutrinadores do direito, filsofos, socilogos e antroplogos sobre o nascimento do Direito Comercial. REQUIO[10], afirma que o direito comercial surgiu na Idade Mdia com o desenvolvimento do trfico mercantil. De acordo com FERNANDES[11], o desenvolvimento histrico do Direito Comercial perpassa pela poca romana, pelos fencios, assrios, babilnicos e os gregos onde estes no trouxeram contribuies diretas para o desenvolvimento da matria. Todavia, relata que alguns historiadores encontraram vestgios de normas de direito comercial no Cdigo de Manu, na ndia. No Museu do Louvre, est a pedra em que foi esculpido o Cdigo de Hamurabi, a mais de 2.000 anos a.C., contendo normas de regulavam a atividade m ercantil, mas sem configurar um sistema de normas passvel de ser chamado de Direito Comercial.

MAMEDE[12] cita o aparecimento de normas de Direito Comercial em pocas mais longnquas ainda nas regies de Ur e Lagash, porm informando que a macia doutrina indica como florescimento desse ramo do direito privado o aparecimento dos primeiros burgos (cidades burguesas). Muitos anos aps, no Imprio Romano, bero da Civil Law, com sua estrutura social fundada sobre a propriedade e atividade rur al, ainda no havia surgido o Direito Comercial como ramo autnomo do direito. At mesmo por seu carter social aristocrtico, os Senadores e Patrcios eram proibidos de exercer atividade mercantil, restringindo-se tais prticas aos escravos. Em Roma encontravam-se algumas normas fragmentadas que versavam sobre a regulao do comrcio, porm nada substancial capaz de caracterizar o nascimento de um ramo autnomo do direito. REQUIO[13] entende que apesar de existir algumas regras de direito comercial em tempos remotos, tais regras esparsas no for maram um corpo sistematizado de normas capazes de inaugurarem a autonomia do Direito Comercial. Com a derrocada de Roma e, por conseguinte a ausncia de um poder estatal unificado e central, diversas pequenas cidades fora m brotando no territrio romano. Estas cidadelas no eram autossuficientes e necessitavam de outras cidades e povos prximos para sobreviverem, fomentando o comrcio entre essas cidades. Acrescido ao advento da era Crist, e a decadncia da aristocracia, nasce o capitalismo mercantil em territrio romano e os primeiros esboos do Direito Comercial como disciplina autnoma, impulsionado pelo trfego mundial no Mediterrneo. Segundo REQUIO[14], com a invaso brbara e o retalhamento do territrio romano, inicia-se a fase feudal. Nos sculos VIII e IX surgem em Bizncio, oriundas das Institutas de Justiniano, as leis pseudrias e o jus greco-romano incorporando os costumes Mediterrneos, bem como a origem do direito comercial medieval. Este doutrinador ainda afirma que no sculo XI se inicia o desenvolvimento econmico da Europa, ainda mal visto pelos preceitos do direito cannico, o qual tem averso s atividades lucrativas, citando o versculo bblico de Deuteronmio, Ao teu irmo no emprest ars com usura....[15] Na Idade Mdia com a ascenso da burguesia e crescimento das cidades, haja vista o xodo rural, bem como a abertura das vias comerciais do norte e do sul da Europa, observa-se a pequena sobrevida do sistema feudal. TOMAZETTE[16] descreve tal situao: Essa mudana foi provocada pela crise do sistema feudal, resultado da subutilizao dos recursos do solo, da baixa produtividade do trabalho servil, aliadas ao aumento da presso exercida pelos senhores feudais sobre a populao. Em funo da citada crise, houve uma grande migrao que envolveu, dentre outros, os mercadores ambulantes, que viajavam em grupos e conseguiram um capital inicial, que permitiu a estabilizao de uma segunda gerao de mercadores nas cidades, desenvolvendo um novo modo de produo. Assim, nascem as corporaes de mercadores, onde se renem os comerciantes, que detm riquezas, porm no possuem ttulos de nobreza. Essas corporaes visavam proteo dos comerciantes frente ao decadente sistema feudal. Assim, vo paulatinamente ganhando poder poltico e militar, chegando a conseguir a autonomia de centros comerciais, como as cidades italianas de Veneza, Florena e Gnova. 3. SISTEMA SUBJETIVO AS CORPORAES DE MERCADORES Em toda a Europa Ocidental viu-se rapidamente o fortalecimento das corporaes mercantes as quais se sobrepuseram aos soberanos, principalmente na Itlia e Alemanha, nas costas do Mar do Norte, esta ltima onde foi criada a Hansa, que era uma liga de cidades comerciais alems dentre elas Hamburgo e Lubeck, congregando em torno de oitenta cidades comerciais, desde Bergen at os Pases Baixos, monopolizando o comrcio exterior da Inglaterra. REHME[17], explica que nessa regio da Alemanha, diversos povoados que possuam boas feiras, grandes mercados, se expandiram rapidamente fomentados pelo forte comrcio e tornaram-se cidades medievais. De acordo com GARRIGUES[18], tais mercados brotavam em territrios neutros, geralmente fronteirios, onde se pactuava uma paz em prol do mercado e protetora dos estrangeiros. A Lei 4, Ttulo 7, das Leis das Setes Partidas, Da Espanha, assegurav a, todos los que vengan a las ferias de estes Reynos o a otro ponto de ellos en cualquier tiempo, sin distinccin de cristianos, morros e judos, seron salvos y s eguros em sus personas, bienes y mercaderas, as em la venida como e su estada y vuelta.

Nessa fase histrica comea a se desenvolver o direito comercial, atravs do direito costumeiro aplicado no interior das corporaes de mercadores pelos juzes consulares. A partir da surgiram os primeiros repositrios de costumes e decises emanadas dos juzes consulares, tais como Rles dOleron, da Frana; Consuetudines, de Gnova; Capitulare Nauticum, de Veneza; Constitutum Usus, de Pisa; Consolat Del Mare, de Barcelona. Explica PEREIRA[19], que como o direito comum da poca no apresentava regramento capaz de regular as relaes comerciais de forma satisfatria. Assim, os comerciantes se viram compelidos a organizarem-se e criarem uma estrutura jurdica interna nas corporaes, onde o direito era aplicado pelos juzes consulares, que eram eleitos em assembleias cerradas para os membros das corporaes mercantis. O direito comercial exercido no interior das corporaes era um direito corporativo, consuetudinrio e subjetivista, vez que era limitado aos membros das corporaes. ROCCO[20] aduz: Aos costumes formados e difundidos pelos mercadores, se estes estavam vinculados; os estatutos das corporaes estendiam a sua autor idade at onde chegava autoridade dos magistrados das corporaes, isto , at os inscritos na matrcula; e, igualmente jurisdio consular que estavam sujeitos, somente, os membros da corporao. Os cnsules objetivando ampliar seu poder de atuao, sua jurisdio, modificaram as regras das corporaes de mercadores pas sando a aplicar o direito comercial no s para os inscritos nas corporaes, mas a todos que praticarem atos condizentes com o comrcio, delineando-se o novo conceito objetivista do direito comercial. A abertura do direito das corporaes aos demais cidados foi vista pela populao em geral com bons olhos, visto que o direito outorgado pelo Estado era precrio e com srias tendncias usurpadoras. Assim, o povo comeou a depositar grande confiana nas decises emanadas pelos juzes consulares. Neste nterim, as corporaes da Idade Mdia foram o trampolim do Direito Comercial para se estabelecer como um direito especial e autnomo, tendo principalmente a Itlia como bero desse ramo do direito. 4. SISTEMA OBJETIVO - TEORIA DOS ATOS DO COMRCIO Com o incremento do comrcio e novas prticas de atividades mercantis, o crdito comercial ganha importncia e surge a atividade bancria concedendo crdito tanto para os comerciantes como para os consumidores. As transaes de crdito bancrio eram documentadas atravs de ttulos cambiais, deixando tais atos acessrios ao comrcio de serem exclusivos de comerciantes para abrangerem toda a populao, impondo uma objetivao do direito comercial. REQUIO[21] cita muito bem Vivante quando este explica esta transio do sistema subjetivo para o objetivismo aduzido pela Teoria dos Atos de Comrcio; ... passou-se do sistema subjetivo ao objetivo, valendo-se da fico segundo a qual deve reputar-se comerciante qualquer pessoa que atue em juzo por motivo comercial. Essa fico favoreceu a extenso do direito especial dos comerciantes a todos os atos do comrcio, fosse quem fosse seu autor, do mesmo modo que hoje a fico atribui, por ordem do legislador, o carter de ato de comrcio quele que verdadeiramente no o tem, serve para estender os benefcios da lei mercantil aos ins titutos que no pertencem ao comrcio. Seguindo esta teoria, encontra-se o primeiro Cdigo Comercial moderno, o Cdigo de Savary, da ordenao de Colbert, datado de 1673, o qual fixa a figura do comerciante de forma objetiva, sendo todo aquele que pratica atos pertinentes matria comercial. Outro cdigo que adota a teoria objetiva o famoso Cdigo Napolenico de 1807, pois agindo de acordo com a Teoria dos Atos d e Comrcio estaria a servio da Revoluo Francesa, com suas ideias de igualdade em confronto com a teoria subjetiva que restringia o privilgio do Direito Comercial aos inscritos nas corporaes. O Cdigo Napolenico expressamente tinha o objetivo de romper com o sistema aristocrtico feudal e consolidar o poder da burg uesia emergente. Neste liame, encontram-se as sbias palavras do professor NEZ[22]: En efecto, tal como lo ha sealado Francesco Galgano, el Code pudo ms que la guillotina. Con unos cuantos artculos fractur la propriedade nobiliaria, destruyendo para siempre las bases materiales del poder aristrocrtico y abri a la burguesia el acceso a la propriedade de la tierra. La

Revolucin francesa, la verdadeira revolucin disse Galgano no fue obra de Robespierre, sino de Pothier. Fue el produto de la fuerza poderosa del Derecho. Salienta-se que na mesma poca foi editada a celebre Lei Chapelier, a qual visava assegurar plena liberdade profissional, extinguindo os privilgios de determinadas classes ou corporaes, bem como fez o Cdigo Napolenico ao incorporar a Teoria dos Atos de Comrcio. No Brasil esta concepo foi adotada pelo Cdigo Comercial de 1850. Contudo, ao perceber que este dispositivo limitou-se a disciplinar a atividade profissional do comerciante, sem mencionar ou definir atos de comrcio, viu-se a latente necessidade de tal regulamentao. A necessria regulamentao na legislao brasileira surgiu atravs do Regulamento 737, de 25 de novembro de 1850, definindo no artigo 19 o que era considerado atos de comrcio. Artigo 19. Considera-se mercancia: 1 - A compra e venda ou troca de efeitos mveis ou para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espcie ou manufaturados , ou para alugar o seu uso; 2 - As operaes de cmbio, banco e corretagem; 3 - As empresas de fbricas, de comisses, de depsitos, de expedio, consignao e transporte de mercadorias, de espetculos pblicos; 4 - Os seguros, fretamentos, risco e quaisquer contratos relativos ao comrcio martimo; 5 - A armao e expedio de navios.[23] Por se resumir ao estabelecimento de uma relao de atividades econmicas, o sistema francs dos atos de comrcio gerou indefinies quanto natureza mercantil de algumas delas, principalmente, porque quando poca de sua definio pelo legislador ptrio, apenas fo i considerada a natureza comercial dos atos que j eram realizados pelos comerciantes, ou seja, baseando exclusivamente na tradio histrica do comrcio. Essa foi a razo de algumas atividades no terem sido consideradas atos de comrcio, tais como a prestao de servios, a agricu ltura e a negociao imobiliria, uma vez que essas atividades no eram tradicionalmente desenvolvidas pelos comerciantes da poca. A inexistncia de parmetros cientficos na estipulao das atividades econmicas e a excluso de importantes atividades no rol dos atos comerciais constituram os principais motivos ensejadores para que a Teoria dos Atos do Comrcio perdesse prestgio e fosse s ubstituda pelo sistema italiano da Teoria da Empresa. Vale destacar que tal substituio s ocorre mais de um sculo aps editado o Cdigo Napolenico, tempo mais que suficiente para inspirar todas as legislaes que seguiram seus princpios, dentre elas o Cdigo Comercial Brasileiro de 1850. A Teoria da Empresa chegou ao Brasil e propagou-se pela legislao ptria, sendo encontrada atualmente em diversos dispositivos normativos, como o Cdigo do Consumidor e o Cdigo Civil de 2002, sendo esta a teoria utilizada pelo Direito Empresarial brasileiro. 5. TEORIA DA EMPRESA SISTEMA SUBJETIVO MODERNO Alguns passos adiante e com o crescimento do entendimento de que o Direito Comercial muito maior que a simples prtica de atos de comrcio, bem como as falhas encontradas na Teoria dos Atos de Comrcio, iniciou-se uma nova forma de enxergar o Direito Comercial, ultrapassando os limites dos atos de comrcio e buscando a empresa como um todo. O extraordinrio desenvolvimento da economia capitalista tornou a viso objetiva e isolada de ato de comrcio desacreditada. No sculo XIX, auge da Revoluo Industrial, destaca um novo ponto de vista do comrcio e do Direito Comercial, tendo como foco o empresrio e a empresa. Na pobre viso dos atos de comrcio e por bvios motivos de completo rompimento com o sistema feudalista, a agricultura e a pecuria no eram entendidos como comrcio, bem como outras atividades que essencialmente eram empresariais, e assim, faziam a circulao de bens e riquezas, o que gerava falhas e lacunas na competncia do Direito Comercial. A limitao imposta ao Direito Comercial pela Teoria dos Atos de Comrcio era tamanha que segundo o artigo 632, do Cdigo Francs, empresa nada mais era que a prtica reiterada e em cadeia dos atos de comrcio, conceito este que no valora a organizao do capital e trabalho[24]. Na vanguarda da troca do foco no comrcio puro e simples para uma viso mais complexa de empresa, encontra-se o Cdigo Comercial de 1897, da Alemanha, o qual reintroduziu o conceito subjetivo, devidamente modernizado e readequado aos tempos em que se inseria[25].

O referido cdigo, no artigo 343, expressa que os atos de comrcio so aqueles praticados por comerciantes, relativos e estritamente relacionados prtica comercial, vinculando o comerciante a explorao empresarial. Com este novo conceito surge o Direito das empesas, tal como conceituado tambm em 1942 no respeitado Cdigo Unificado Italiano. De acordo com a Teoria da Empresa, o Direito Comercial tem seu campo de abrangncia ampliado, incorporando atividades at ento excludas pela Teoria dos Atos de Comrcio. Ao contrrio da teoria francesa no se divide mais as atividades econmicas em dois grandes grupos, civil e comercial. A Teoria da Empresa prev de forma ampla as atividades econmicas, excluindo somente atividades especficas, que so, as atividades intelectuais, de natureza literria, artstica ou cientfica. J no tocante a atividade agrcola o Direito Empresarial brasileiro deixou a cargo do agricultor decidir, vez que cabe a este a opo pelo regime comercial, atravs do registro empresarial perante as Juntas Comerciais e Registro Pblico de Empresas. Vale consignar que tal opo no caracteriza a manuteno da agricultura e pecuria fora do direito empresarial. Tal opo somente existe em face dos pequenos produtores rurais e da agricultura familiar, que efetivamente no podem ser considerados empresas ou empresrios, pois praticamente trabalham para sua subsistncia e no com o intuito de comercializar sua produo. A Teoria da Empresa nasceu em 1942, na Itlia, alargando a incidncia do Direito Comercial. Esta terceira etapa de desenvolvimento do Direito Comercial apareceu aos olhos do mundo em poca e local que devem ser considerados, haja vista o mundo estar em plena Segunda Guerra Mundial e a Itlia ser governada pelo ditador fascista Mussolini. O fascismo buscava a harmonizao da luta de classes intermediada pelo estado nacional. A empresa no iderio fascista representa o local de harmonizao entre o proletariado e a burguesia, reunindo os ideais econmicos da empresa com os interesses dos trabalhadores. Obviamente a configurao empresarial moderna no encontra como seu princpio norteador os interesses dos trabalhadores, porm a Teoria da Empresa sobreviveu a redemocratizao da Itlia graas aos seus mritos jurdico-tecnolgicos, facilitando a operacionalidade das empresas perante o ordenamento jurdico moderno. A Teoria da Empresa comea a surgir no direito brasileiro a partir de 1960 em contraposio defasada Teoria dos Atos de Com rcio, especialmente pela no incluso de atividades de extrema importncia ao desenvolvimento econmico nacional, como a prestao de servios, atividades rurais e negociao de imveis. Em 1965 a Teoria da Empresa adotada pelo Projeto de Cdigo das Obrigaes que no veio a se tornar lei. Posteriormente em 1975 esta teoria figura novamente no Projeto de Cdigo Civil, o qual tramitou com lentido histrica, tornando-se o atual Cdigo Civil de 2002. Todavia, durante a tramitao do Cdigo Civil diversas leis de interesse comercial utilizaram o sistema italiano, por exemplo o Cdigo de Defesa do Consumidor de 1990, a Lei de Locao Predial Urbana de 1991 e a Lei de Registro de Empresas de 1994[26]. 6. HISTRIA E EVOLUO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL No Brasil colonial as relaes jurdicas eram caracterizadas pela legislao da ptria me, Portugal, vigorando a poca as Ordenaes Filipinas e forte influncia do Direito Cannico e Romano. Todavia, com a chegada da famlia real ao solo da colnia tupiniquim, acossada pela invaso de Portugal pelas tropas de Napoleo, foi imprescindvel a atualizao das prticas comerciais implantadas no Brasil, e consequentemente do Direito Comercial que regia tais transaes. Ato de Dom Joo VI, assinado em 28 de janeiro de 1808, seis dias aps a chegada da Famlia Real portuguesa a Salvador, dec retou a abertura dos portos brasileiros s naes amigas de Portugal, o que exclua a Frana, ento em guerra contra Portugal. Antes da vignc ia da abertura dos portos toda mercadoria que era importada ou exportada pelo Brasil deveria obrigatoriamente ter como entreposto Portugal, onde era pesadamente taxada. No mesmo ano outros avanos legislativos e econmicos vieram tona, como a criao do Banco do Brasil atravs do alvar de 1 2 de outubro de 1808 e a criao da Real Junta de Comrcio, Agricultura, Fbricas e Navegao, que tinha como intuito fomentar a produo e comercio de insumos brasileiros.

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A principal funo da Junta de Comrcio, Agricultura, Fbricas e Navegao era organizar as frotas, fiscalizar o comrcio e intervir nas falncias, alm de receber as contribuies para pagamento dos marinheiros da ndia, definir a capacidade e preo do frete dos navios e fiscalizar a carga e descarga de produtos nos navios, atuando como agente alfandegrio. Com a Proclamao da Independncia no houve uma completa seco da legislao portuguesa, fato este comprovado pela Lei da Boa Razo, que autorizava em caso de lacuna da lei ptria, invocar os subsdios da legislao comercial das naes crists mais evoluda s e depuradas da boa jurisprudncia. Neste liame, durante anos a legislao comercial brasileira foi na verdade o Cdigo Francs de 1807, o Cdigo Comercial Espanhol de 1829 e por fim o de Portugal de 1833[27]. O jovem Imprio no satisfeito com a utilizao de legislao estrangeira, atravs da Real Junta de Comrcio, Agricultura, Fbricas e Navegao, incumbiu o Visconde de Cairu de organizar um novo Cdigo Comercial puramente brasileiro. Em 1832, o Prncipe Regente nomeou c omisso para este fim, a qual era composta quase integralmente de grandes comerciantes nacionais da poca, dentre eles Antnio Paulino Limpo de Abreu, Jos Antnio Lisboa, Incio Ratton, Guilherme Midosi, e Loureno Westin. A comisso presidida por Antnio Paulino Limpo de Abreu e posteriormente por Jos Clemente Pereira enviou o projeto do Cdigo Comercial Brasileiro Cmara em 1834. Frisa-se que quase todos os idealizadores do Cdigo Comercial eram homens vinculados a importantes atividades comerciais: Ratton era banqueiro e membro da Sociedade dos Assinantes da Praa do Comrcio do Rio de Janeiro, Midosi era comerciante sediado no Rio de Janeiro, Westin cnsul da Sucia no Brasil e proprietrio da casa de comrcio Westin e Cia, Limpo de Abreu era genro de um importante fazendeiro e comerciante de Minas Gerais, figurando como principal abastecedor de alimentos da Corte[28]. O projeto foi exaustivamente debatido no legislativo at sua promulgao em 1850, Lei 556 de 25 de junho de 1850. O atual Cd igo Comercial Brasileiro, atualmentequase inteiramente esvaziado pelo Cdigo Civil de 2002, permanecendo em vigncia somente as normas de Direito Martimo. De acordo com MENDONA[29], o cdigo Comercial no cpia servil de nenhum diploma antes encontrado, sendo o primeiro trabal ho original que apareceu na Amrica, porm baseou-se principalmente no Cdigo Portugus de 1833, e subsidiariamente no Francs de 1807 e Espanhol de 1829. Revela esclarecer que o Cdigo Comercial brasileiro apesar de baseado na Teoria dos Atos de Comrcio, em nenhum de seus artig os apresenta a enumerao dos atos de comrcio, nos moldes do Cdigo Comercial Francs de 1807, o qual delimita os atos de comrcio nos artigos 632 e 633[30]. Visando sanar esta lacuna o legislador brasileiro editou o Regulamento n. 737, de 1850, que tratava do processo comercial, e nos artigos 19 e 20 enumerou os atos de comrcio baseando-se novamente no Cdigo Comercial Francs. Com o advento do Cdigo Comercial os tribunais do comrcio foram modificando-se at sua extino pela Lei 2.662, de 1875, com a unificao do processo judicial. Em 1866 o juzo arbitral, que era obrigatrio, ganhou carter facultativo e, em 1882, as sociedades annimas desvincularam-se do controle estatal, podendo serem constitudas livremente. Em 1908, o Direito Cambirio, por meio do Decreto 2.044, adaptou -se nova fase do pas, dando origem ao instituto da concordata[31]. A importncia do rol dos atos de comrcio do Regulamento 737 s veio a diminuir a partir do ano de 1960, com a aproximao do direito italiano e a utilizao da teoria da empresa no Projeto de Cdigo das Obrigaes. Com o advento do Cdigo Civil de 2002, o Direito Comercial, modernamente chamado de Direito Empresarial, voltou a aplicar o c arter subjetivo, focando no profissional empresrio, aquele que exerce como profisso atividade empresarial, voltada para a produo e circulao de bens e servios, conforme estabelecido pelo Cdigo Civil de 2002 nos artigos 966 a 1195[32]. 7. CONSIDERAES FINAIS A proposta deste artigo foi realizar um levantamento histrico do comrcio e do Direito Comercial, visando um melhor entendimento da atual situao dessa to importante matria do Direito Privado. Decalca-se que indispensvel o estudo histrico do Direito para que se possa compreender profundamente as instituies e dispositivos existentes na atualidade. No decorrer do levantamento bibliogrfico pode-se perceber algumas contradies sobre o incio das atividades comerciais no mundo antigo, bem como do Direito Comercial, seja atravs de normas esparsas, as quais regulavam situaes pontuais na evoluo comercial, seja atravs do Direito Comercial como disciplina autnoma na seara jurdica.

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Vale consignar que a dificuldade para delimitar a atividade comercial e o Direito Comercial no tempo grandemente fruto da falta de estudos mais detalhados e da falta de documentos antigos escritos, capazes de convalidar as diversas teorias sobre o nascimento deste ramo do direito privado. A autonomia do Direito Comercial, hoje Direito Empresarial, no direito nacional pode ser defendida sobre trs aspectos: didtica, formal e substancial ou jurdica. A autonomia didtica percebe-se atravs de fcil anlise curricular nas universidades de Direito, sendo o Direito Empresarial uma ctedra autnoma. O ponto de vista formal o mais difcil de ser defendido, haja vista o esvaziamento do Cdigo Comercial pelo Cdigo Civil de 2002, persistindo as regras de Direito Martimo. Todavia, ao analisar a vasta legislao esparsa que trata exclusivamente de questes puramente empresariais, como a Lei 6.404 /1976 (Lei das Sociedades Annimas), o Decreto 57.663/1966 (Letra de Cmbio e Nota Promissria), Lei 7.357/1985 (Lei do Cheque), Lei 8.934/1 994 (Registro de Empresas), dentre outras, comprava a autonomia substancial ou jurdica. Conclui-se que do comrcio empresa, o Direito Comercial modificou-se em decorrncia da necessidade de acompanhar as rpidas transformaes econmicas, das arcaicas corporaes de ofcio s atuais multinacionais e empresas digitais. Neste cenrio espera-se um ritmo cada vez maior de evoluo do comrcio e sua consequente transformao no Direito Comercial que deve estar em constante mutao e atualizao para regulamentar a nova economia globalizada. REFERNCIAS ANDRADE, Rmulo Garcia. Burocracia e Economia na Primeira Metade do Sculo XIX: A Junta do Comrcio e as atividades artesanais e manufatureiras na cidade do Rio de Janeiro, 1808-1850. Dissertao (Mestrado em Histria) Universidade Federal Fluminense, Niteri, 1980. BECUE, Sabrina Maria Fadel, O Regramento da Atividade Empresarial e o Cdigo Civil 2002. Jus Navigandi. Disponvel em: http://jus.com.br/revista/texto/23628. Acesso em: 4 fev. 2013. BORGES, Jos Ferreira. Dicionrio Jurdico Comercial. Rio Janeiro: Freitas Bastos, 1953. BRASIL, Carta Rgia 28 de Janeiro de 1808 Abertura dos Portos. Disponvel em: http://www.jurisway.com.br. Acesso em: 4 fev. 2013. BRASIL, Cdigo Civil. So Paulo: Atlas, 2012. BRASIL, Constituio Federal. Braslia, DF: Senado, 2012. CAVALCANTE, Benigno. Manual de Direito Empresarial. 1ed. Leme: Cronus, 2010. COELHO, Fbio Ulha. Manual de Direito Comercial: direito de empresa. 25ed. So Paulo: Saraiva, 2013. DINIZ, Maria Helena. Lies de Direito Empresarial. 2ed. So Paulo: Saraiva, 2012. FERNANDES, Jean Carlos. Direito Empresarial Aplicado. Belo Horizonte: Del rey, 2007. GARCIA, Ayrton Sanches. Noes Histricas de Direito Comercial. In: mbito Jurdico, Rio Grande, II, n. 4, fev. 2001 Disponv el em: http://ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leit.... Acesso em: 9 fev. 2013. GARRIGUES, Joaqun. Tratado de Derecho Mercantil. Madrid (Espaa): Revista de Derecho Mercantil, 1947. LIMA, Adilson de Siqueira. Direito Empresarial e Evoluo Histrica. Revista Eletrnica de Administrao. 7ed. Disponvel em: http//www.revista.inf.br/adm07/pages/artigos/artigo01.pdf. Acesso em: 07 fev. 2013. MAMEDE, Gladston. Direito Societrio: sociedades simples e empresrias. So Paulo: Atlas, 2004. MARTINS, Fran Martins. Curso de Direito Comercial. Rio de Janeiro, 1996. MEDEIROS, Luciana Maria de. Evoluo Histrica do Direito Comercial. Da comercialidade empresarialidade. In: Jus Navigandi. Disponvel em: http://jus.com.br/revista/texto/18219. Acesso em: 7 fev. 2013. MENDONA, J. X. Carvalho de. Tratado de Direito Comercial Brasileiro, ed. Atualizada por Ricardo Negro. Campinas: Bookseller, 2000. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresas, volume 1. 9ed. So Paulo: Saraiva, 2012. NEZ, Carlos Ramos. El Cdigo Napolenico y su Recepcin en Amrica Latina. 1ed. Lima (Peru): Pontificia Universidad Catlica Del Per, 1997. PALMA, Rodrigo Freitas. Histria do Direito. 4ed. So Paulo: Saraiva, 2011. PEREIRA, Caio Mrio Silva. Instituies de Direito Civil. Rio de Janeiro, Forense, 2010 PERINE, Marcelo. Repblica/Plato: Traduo e adaptao em portugus. 1ed. So Paulo: Scipione, 2001. REHME, Paul. Historia Universal Del Derecho Mercantil. Madrid (Espaa): Revista de Derecho Privado, 1941. REQUIO, Rubens. Curso de Direito Comercial, 1 volume. 31ed. So Paulo: Saraiva, 2012. ROCCO, Alfredo. Princpios do Direito Comercial. So Paulo: Saraiva, 1931. SABA, Roberto N. P. F., As Praas Comerciais do Imprio e a Aprovao do Cdigo Comercial Brasileiro na Cmara dos Deputados. Revista Angelus Novus, n. 1. Agosto de 2010. Disponvel em: http//www.usp.br/banco de teses. Acesso em: 12 fev. 2013.

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Texto de Leitura Complementar: Noes histricas de Direito Comercial, de autoria de Ayrton Sanches Garcia, Professor de Direito Comercial na FURG/RS Advogado no Rio Grande/RS. NOES HISTRICAS DE DIREITO COMERCIAL 1. ORIGENS No h como pretender conhecer as origens do direito comercial sem uma amostragem, ligeira que seja, do comrcio - atividade que o precedeu e razo da sua criao e existncia. Difcil, seno impossvel, estudar o direito comercial dissociado do desenvolvimento do comrcio. No estaria completo o estudo do direito comercial, se o fizesse isolado da atividade comercial. Seria o mesmo que, num feliz exemplo, pretender estudar a pena sem conhecer o prvio e correspondente delito; conhecer a cura sem saber da doena que lhe d causa. Assim que , necessariamente, o estudioso ter que conhecer primeiro o COMRCIO num plano superior e original, para garantir serena admisso ao estudo do DIREITO COMERCIAL. Mesmo, porque o COMRCIO causa (pressuposto, segundo Sampaio de Lacerda)1 de cujos efeitos, um o DIREITO COMERCIAL - ramo da cincia do Direito destinado a disciplinar as relaes e os atos jurdicos decorrentes da atividade mercantil e dos comerciantes, seja entre si mesmos; seja entre esses e os no comerciantes. Melhor apanha essa questo Hernani Estrella: O direito comercial, algumas vezes chamado direito do comrcio, pressupe necessariamente o conhecimento do fenmeno econmico sobre que assentam muitssimas de suas disposies e de onde se originam os institutos que foi chamado a regular. Em razo disso, quase todos os autores que escrevem sobre direito comercial, consagram ateno mais ou menos demorada, ao comrcio, como preliminar do estudo da disciplina. 2 Foi-se o tempo em que alguns admitiam que o comrcio e o direito comercial surgiram simultaneamente, ao mesmo tempo, defendendo que tal originou do fato de que o comrcio e o direito comercial resultam de causas scio-econmicas. Para aqueles, s quando estas despertaram interesse cientfico que surgiu o comrcio e sua concomitante disciplinao jurdica atravs do Direito Comercial. Defende esse entendimento, dentre outros, Octvio Mdici3: A histria do Direito Comercial se fez paralelamente histria do Comrcio. Enquanto este n o se erigiu em instituio scio-econmica, aquele no tinha razo de ser. Esse errneo entendimento, porm, j foi revisto e vencido desde priscos tempos. Assim, porque nunca se teve dvida de que o COMRCIO surgiu bem antes da economia social, na acepo cientfica dada pela doutrina. Ele fruto da necessidade primria do homem obter as coisas indispensveis sua subsistncia. Sampaio de Lacerda diz que originou do excesso de produo de mercadorias para o consumo prprio)4, e a economia social uma das formas criadas para aperfeioa-lo. Surgiu, esta, indubitavelmente, muito depois do comrcio. Pedro Barbosa Pereira parece encontrar melhor explicao para a situao no bem provada ao conjugar as duas assertivas propostas. Diz o autor ptr io: sabido que nos primitivos agrupamentos humanos cada um chegou ao ponto de produzir mais do que necessitava. Mas, no produziu tudo de que necessitava.5 Ento, cada um produzindo alm do que necessitava para atender s suas exigncias, permutava o excesso com outr o que produzia o que lhe faltava para satisfazer s suas necessidades. As necessidades pessoais e coletivas remontam aos tempos em que surgiram os primeiros grupos humanos e, vm crescendo, umas e outros na mesma velocidade e proporo. O homem logo tornou-se incapaz de produzir tudo o que precisava para satisfazer as suas necessidades. Superada a forma primria de uso dos recursos pessoais e, esgotados os desforos pessoais investidos no trabalho, s restou -lhe servir-se das coisas tidas ou produzidas por outros. De outro lado, desde que foi absorvido pela idia de consumo, no foi mais capaz de obter por si s tudo o que necessita e deseja - condio que o arrastar por tempo inimaginvel. Errado pensar, ento, que o comrcio originrio da economia social; mas, correto, que r esultou da necessidade bsica do homem adquirir o que precisava para a sua existncia e bem-estar. H notcia de que manifestaes de cunho comercial, sob qualquer de suas formas ou prticas, tm antecedentes histricos que remontam s mais recuadas eras da humanidade6, tendo alguns afirmado que na idade da pedra polida praticaram trocas de coisas in natura, mercadoria por mercadoria7, at evoluir fase da pecnia, do dinheiro. Por certo que tais manifestaes creditadas como de natureza comercial, em nada se pareciam com as prticas comerciais de hoje e de algum tempo atrs. Mesmo, porque o comrcio evoluiu acompanhando e, as vezes, antecipando-se aos avanos sociais. Os fencios, que tanto praticaram o comrcio na antigidade - adiante sucedidos pelos libaneses -, no construram regras especiais relativas s atividades comerciais. Apesar de lhes atriburem a vanguarda do comrcio entre a sia e a Europa, partindo de Sidon e Tiro, no se preocuparam

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em editar leis comerciais. Carregando em barcas, linho, cavalos, marfim, perfumes e escravos, retornavam da Europa com trigo, mrmore, metais (cobre, prata e estanho, principalmente). O crescente aumento do contingente humano que integrava as diferentes comunidades da poca, somado diversidade de interesses, desejos e necessidades de cada um dos seres ou grupos que as compunham, levou-os, ao cabo de algum tempo, criar forma capaz de solucionar a seguinte equao que se lhes apresentava: nem sempre o que um tinha em excesso, ao outro interessava na quantidade e qualidade ofereci das; muitas vezes o que um procurava, o outro no tinha para lhe fornecer. Em razo desse instigante mas compreensvel fato, introduziram s trocas um novo elemento: a moeda. Antes do surgimento da moeda as trocas eram praticadas dispensando o valor econmico das coisas trocadas. O valor (importncia) atribudo a cada bem era restrito e variava segundo o maior ou menor interesse, necessidade ou desejo do adquirente. Assim que, alm da d ificuldade de encontrar reciprocidade entre as coisas ofertadas e as procuradas, existia um outro complicador: a falta de sincronia entre os valores pessoalmente atribudos por cada um dos envolvidos aos bens sujeitos transao. Essa compreensvel dificuldade que, no raramente resultava em impraticabilidade, foi assim exemplificada: O tenente Cameron em sua viagem pela frica (1884) narra como se arranjou para obter uma barca: O homem de Said queria ser pago em marfim e eu no o tinha. Dei, ento, a Ibn Guerib o eqivalente em fios de cobre; este me deu em troca pano, que passei a Ibn Selib; este enfim, entregou a importncia em marfim ao agente de Said; e eu obtive a barca.8 No distante tempo da famlia patriarcal no existiu o comrcio, porque o poderoso patriarca reunia em si a distribuio do tr abalho e o resultado que ele frutificava, repartindo-os entre os sditos segundo livre e incontestvel arbtrio. No entanto, a forte predominncia do regime autoritrio, apesar de impedir o surgimento da livre economia de mercado atravs comrcio, mesmo que na sua expresso mais pura, mais elementar, no foi capaz de impedir a presena da troca sob a forma primria do seu com o meu9. Esse tipo de troca para alguns ainda no expressava o comrcio. Joo Eunpio Borges seguindo esse entendimento explica que n ela no se identifica a indstria mercantil, o comrcio, como o fazia uma primitiva posio doutrinria, h muito superada e inspirada nas velhas definies de Ulpiano e de Scaccia. Nem se confunde com o transporte, como pretendia Verri10. Comerciar, no sentido econmico - explica Inglz de Souza - haver do productor a riqueza por elle destinada ao consumo, para offerecel-a ao consumidor. Assim, a funco do commercio, economicamente encarado, a de fazer circular e entregar ao consumo a riqueza produzida; ou, por outras palavras, o commercio toma a seu cargo a phase intermedia do cyclo que a riqueza deve percorrer e em cujos extremos se acham, de um lado, o productor e de outro, o consumidor.11 Pontearam em tais pocas, a pirataria tanto por terra como por mar, os nmades, os antigos mercadores, (mercadejadores), os peregrinos, todos constituindo verdadeiros organismos voltados para as trocas, sendo destacvel que escolhiam ou formavam rotas por onde viajav am em caravanas. Se quem tinha necessidade de meios de vida se via na contingncia de os buscar onde se achassem, no faltaram os cuja bastana levasse a movimento oposto, de oferecimento do desejado12. Resultado das expedies organizadas por mercadores, peregrinos e seus auxiliares, foi o surgimento das primeiras sociedades mercantis. De igual sorte, foram responsveis pelo aparecimento de povoados, vilas e cidades. Os caravaneiros se abasteciam no s de mercadorias e viveres para enfrentar as duras e demoradas e, por vezes, distantes viagens atravs dos desertos. Levavam guias, escoltas, sacerdotes , juizes e mais uma leva de auxiliares, formando verdadeiras sociedades itinerantes. Igual sorte de viagens praticavam por mar e por rios, oportu nizando florescerem em suas margens, prsperas comunidades. Praticaram o comrcio s margens do Nilo e do Eufrates e nas costas da Arbia e da Fencia. Com a peregrinao comercial surgiu a pirataria. Para uns, verdadeira cumplicidade. Waldemar Ferreira, em obra antes referida transcreve nota de Pierre Benaerts (Pierre Benaerts, Les Hommes, Paris, 1950): nos tempos antigos, a prtica da pirataria e do comrcio muitas vzes se associaram, o que explicaria a duplicidade simblica ligada pela tradio aos deus Mercrio. Os primeiros comerciantes da Fencia, da Grcia ou de Creta, reputados navegadores ousados, no foram seno corsrios, aventureiros, dedicados pilhagem em regies longnquas, pela fra ou pela astcia, de mercadorias que revendiam em seu pas natal em condies vantajosas: metais preciosos, gneros alimentcios e escravos: Que mais a Odissia se no panegrico da glria de pirata feliz que fz belas prsas? (R. Cohen, Clio). A partir da introduo da moeda inaugurou-se nova fase nas relaes interpessoais, convertendo-se a troca, em larga escala, em compra e venda. Porm, a troca no desapareceu definitivamente, sendo praticada at hoje. Modernamente no se admite a existncia do COMRCIO sem interesse econmico, porm, isso j est noutra fase da histria. Alm do mais, o propsito scio-econmico pode estar distanciado do interesse puramente econmico, explicado no interesse pelo lucro.13

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A economia social, tal como o direito comercial, so cincias postas a servio da sociedade e do comrcio: fenmeno que os leva a profundo estudo e constante aprimoramento, para que, cada vez mais, melhor atendam s mltiplas exigncias que resultam do binmio necessidade social/atividade comercial. A economia social e o direito comercial so instrumentos de que se utiliza o comrcio para qualificar-se e disciplinarse, tendo como objetivo melhor suprir o conjunto multidiversificado de valores humanos. Por todo exposto, resta claro ser difcil precisar quando surgiu o COMRCIO. Todavia, isso no inibe saber quando surgiu o DIREITO COMERCIAL e qual a sua funo precpua. 2. NOO HISTRICA Tanto quanto ocorreu em relao ao comrcio, h igual dificuldade em precisar quando surgiram as primeiras manifestaes legislativas que, depois, resultaram no Direito Comercial. grande a discordncia entre autores, o que dificulta, seno impossibilita saber co m exatido quando surgiram as primeiras manifestaes jurdicas de natureza estritamente comercial. A especializao da matria at chegar ao atual Direito Comercial, adiante se ver, percorreu caminhos difceis, marcados por disputadas lutas entre juristas em diferentes pocas e, em diversos pases. Apesar dessas dificuldades, necessrio e atrativo enveredar-se pelos caminhos sinuosos da histria do direito, vez que de suma importncia conhecer toda a sua estrutura orgnica, cujo incio remonta distantes pocas e diferentes povos. O direito, nunca se teve dvida, um produto social e histrico. clssico e elucidativo o ensinamento de J. X. Carvalho de Mendona sobre o tema: O direito no se inven ta, no nasce do arbtrio, nem surge espontneamente dos congressos legislativos. Desenvolve-se no terreno social, num ambiente histrico em relao ao grau de civilizao, aos usos e costumes, organizao poltica dos Estados14. Por isso no demais reafirmar o que constou em edio anterior desta obra, posto que se mantm intangvel: O direito comercial no surgiu pronto, institucionalizado, a partir de determinado momento em que o ordenamento jurdico de certo povo ou certa nao o tenh a pretendido ao capricho dos seus interesses. Ao contrrio, ele veio se corporificando em respeito s necessidades dos diversos povos e nas diferentes pocas, at que, alcanando um larga gama de normas, tornou-se obrigatria a sua adjetivao, o seu credenciamento, sob pena de que, assim no o fazendo, tornar-se-ia dificultosa ou at impossvel a sua aplicao. bem possvel ento que em meio a regras de outros ramos do direito, especialmente, do direito civil, contassem os povos da antigidade com normas de direito comercial. Rocco, citado por Walter T. Alvares diz que s na Idade Mdia que o direito comercial aparece e se reafirma como direito autnomo15. E, justamente essa autonomia, essa independncia, esse verdadeiro credenciamento que lhe d o ordenamento jurdico contemporneo , que vem preocupando tantos quantos pretendem saber sobre as suas origens. Sem que tal se conhea bem a fundo, difcil ser mergulhar no estudo particular desse ramo especial do Direito. Coerente com o acima registado est a unnime informao da Histria, de que nas mais remotas pocas inexistiram norma s de Direito Comercial. No bastasse o fato do seu aparecimento ter-se condicionado previa existncia da atividade mercantil, as primeiras manifestaes jurdicas sobre a matria mais se aproximavam, ou mesmo se confundiam, com o Direito Administrativo e com o Direito Civil. Com esse ltimo, mais acentuadamente. S mais tarde o crescente e diversificado nmero de regras de cunho comercial foi-se corporificando, de tal sorte a exigir a especializao que resultou no atual DIREITO COMERCIAL. De qualquer forma costuma-se estudar a histria do Direito Comercial, dividindo-a em trs pocas, a saber: Antigidade, Idade Mdia e Tempos Modernos (ou Histria Contempornea). Sobre o passado mais distante, quase nada se sabe, tendo levado a maioria dos autores a firmar que em tal poca inexistiu direito comercial. A Histria no registra notas relevantes e com segura confiana sobre a presena de disposies legislativas especiais ao comrcio ou aos comerciantes. 2.1 CDIGO DE HAMURABI Algumas das mais antigas manifestaes legislativas, materialmente comprovadas, foram registradas no Cdigo de Hamurabi (a grafia correta Hammurabi, embora muitos autores usem uma s consoante), do rei Hammurabi, sexto monarca da primeira dinastia da Babilnia, que afirmava t-lo recebido do deu sol. Foi encontrado em escavaes feitas por um grupo de arquelogos franceses chefiados por Jacques de Morgan, nas runas da cidade islamita de Susa (Prsia), em 1901 (Carvalho de Mendona diz que as escavaes foram feitas entre 1897-1899). Mantido no Museu do Louvre, em Paris, o Cdigo foi gravada num pesado bloco de diorite, uma rocha de 2,25 metros de altura e 1,90 metros de circunferncia na base, no sculo XXIII a.C.16 Monumento e marco de referncia histrica do direito de vrios dos povos da sua poca, at hoje citado nas principais obras de direito comercial, tanto no Brasil como nos demais pases.

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A festejada obra histrico-jurdica contm 282 artigos (pargrafos), foi decifrada e traduzida pelo erudito arquelogo alemo Von Winckler. Tratava especialmente de regras de direito consuetudinrio - umas das fontes e pilares do Direito Comercial contemporneo. Mas, regulava quase que exclusivamente as atividades primrias, principalmente a agricultura e a pecuria: bases da economia daquela poca. De tal sorte que, tanto se preocupou com a agricultura, a pecuria e outras atividades e interesses, mas pouca importncia deu ao comrcio e nenhuma ateno aos comerciantes. No deixou de ser um diploma voltado para profissionais, porque continha regras dirigidas aos mdicos, pedreiros, oleiros, empreiteiros, alfaiates (definindo-lhes responsabilidades, salrios e honorrios), sobre a venda de bebidas em tavernas, contratos de depsito de cereais (prevendo responsabilidade para o depositrio), de emprstimos (com juros e sem juros), de comisso, de mediao, de representao (exigindo-lhes forma escrita), referncias ttulos ao portador, permutas, moeda, arquitetura, etc. Os 101 a 107 que esto legveis, referem a emprstimo de dinheiro ou gneros: ao credor denomina damkaru ou damgar; ao devedor, samallo. Registrou, ainda, normas de direito martimo, especialmente, sobre a construo de barcos, abalroao e fretamento martimo, navegao interior, fixao de taxas para arrendamento de barcos, responsabilidade do dono do barco e do barqueiro em caso de perda da prpria coisa ou do carga. Reservou alguns artigos para regular questes sobre imveis, crimes, adultrio, herana, adoo, ptrio-poder e normas processuais. Verdadeiro diploma multidisciplinar. Apesar de j ser intenso o comrcio naquela poca, inclusive na Mesopotnia - sede do imprio assrio-babilnico - (Naum, 3,16, Antigo Testamento disse: os seus negociantes eram em maior nmero que as estrelas do cu), a maioria dos autores afirma no ter havido destacada preocupao em elaborar regras para disciplinar a atividade comercial. Por isso, s mais adiante que surgem leis de acentuado interesse jurdicomercantil. Ademais, a Histria revela que a edio do Cdigo estava mais voltada para interesses polticos do que jurdicos, servindo de marco de uma fase monrquica regida por Hammurabi. De tal sorte que o direito nele regulado estendeu-se alm fronteiras, sendo praticado em toda sia menor e at na Sria, para onde era levado pelos mercadores. De outro modo, parte das inscries do Cdigo esto ilegveis, principalmente em torno da estrela de Hammurabi, onde cerca de 35 artigos no foram decifrados, e a total reconstituio ainda no foi possvel ser feita. Por esse motivo, alguns afirmam ser impossvel assegurar que na Babilnia vigeu o direito comercial, a despeito de contrrio entendimento de Eunpio Borges: Os dispositivos do Cdigo de Hammurabi que, sem dvida, se referem especialmente ao comrcio, no podem ser integralmente conhecidos porque o como daquela srie de normas encontra-se precisamente no lugar em que so ilegveis.17 Posio radicalmente oposta tomou Octvio Mdici referindo ao tema: Nada porm que indicasse atividade comercial propriamente dita.18 Importante que, sobre a legislao na Babilnia a nica notcia histrica a da existncia do Cdigo de Hamurabi. Informaes tiradas das partes decifradas indicam ter sido um diploma com regras bastante rgidas, contendo sanes tais, como a da pena de morte. O Prof. Walter T. lvares da Universidade de Minas Gerais assim explica: ...pena de morte para uma acusao falsa de a ssassinato; se o ladro no devolvesse ao menos um dcimo do que roubou, pena de morte, etc. Sua seqncia de lgica inumana, ex plana Schreiber, ia a ponto de punir com a morte do filho do construtor se o filho do proprietrio da casa tivesse morrido por imperfeio da construo (164) - Schreiber, Der Mensch und seine Recht. 49. Darmstadt, 1945.19 2.2 O COMPORTAMENTO NA GRCIA Na Grcia existiram alguns tipos de contratos mercantis que evoluram e foram aproveitados pelo Direito Comercial. Estariam a, segundo historiadores, as primeiras manifestaes jurdicas que mais tarde contribuiriam para a disciplinao do Direito Comercial, como um ramo autnomo, especial, direcionado a regular os atos de comrcio e dos comerciantes. Fran Martins citando Vicente Agustin Y Gella, explica: Na Grcia comeam a aparecer alguns contratos que mais tarde so aceitos no direito comercial, como cmbio martimo, de que h referncia nos discursos de Demstenes, variando a taxa de 21% a 30%, em caso de feliz arribada dos navios.20 Creditam a Alexandre a surpreendente expanso do comrcio na Grcia, tendo como seu esplendor a cidade de Atenas. Preocupado em ver difundido o sentimento helnico por todos os povos do mundo, o notvel conquistador estimulou o nascimento da histrica fase helenstica. Foi o grande salto desenvolvimentista do povo grego, destacado que foi nas artes, nas cincias, nos novos costumes e no comrcio. Voltado para uma poltica que se expandia atravs da colonizao, firmou bases pela via do Mediterrneo, a partir do Mar Negro at a Siclia o u Lbia.. Depois alcanou a Itlia, a Espanha, a Frana e Marselha, a quem se atribui a sua fundao. Fundou colnias em todas as ilhas do Jnio e do Mar Egeu, em Siabaris, Taranto, Chipre, Crotona, Npoles, Siracusa e Agrigento.

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Sobressai-se no regime escolhido pelo soberano a predominncia econmica sob forma imperialista. Desponta um capitalismo traduzido na livre troca, tendo por objetivo conquistar vrios povos que se viam atrados pelo novo modelo adotado. No fortalecem, porm, o esprito de classe, mas crescem em nmero as sociedade mercantis, quase todas constitudas sob a forma de comandita. Notadamente em razo de condies naturais, o desenvolvimento mercantil mais se expandiu para os infinitos limites do mar do que em terra. Tornou-se intenso e crescente o intercmbio martimo. Grande incentivador do comrcio martimo, Alexandre foi responsvel pelo incremento do intercmbio internacional, a partir da Grcia. Preocupado em aumentar divisas, editou leis que regulavam e garantiam o florescente comrcio internacional. Leis quase sem contedo comercial, mais de estmulo ao comrcio. Ao invs de regular estritamente atividades comerciais, mais se destinavam a atrair povos aliengenas, oferecendo incentivos a quem participasse do crescente intercmbio grego. De outro lado, deram maior importncia aos interesse privados do que aos pblicos, dirigidos particularmente aos negcios externos, consolidados, acentuadamente, atravs de um direito consuetudinrio no escrito. Vigora o princpio de que o uso se sobrepunha lei. Apesa r da destacada importncia dada ao direito privado, se preocupavam com as coisas do Estado, que exercia severa vigilncia quanto ao cumprimento das suas leis. Era a predominncia poltica que se fazia presente no seio do Imprio, cujas bases do crescimento decorriam tanto dos incentivos oferecidos aos mercadores, quanto das suas implacveis exigncias. Surge a figura do trapezitai ou trapezista (banqueiro), pessoa que recebia depsitos de outros - atividade mais tarde transferida para os templos gregos. Conquistada Alexandria, o embrionrio e rudimentar sistema bancrio atinge todo o Egito. Surgem as denominadas leis rdias (lex Rhodia). Em que pese o direito grego no tenha alcanado o esplendor do direito romano , por este tambm foi aproveitado, no sendo poucos os costumes da Ilha de Rodes - notvel centro comercial da poca -, adotados em Roma e institudos por sua rival, Cartago. Sua importncia chegou at nossos dias, especialmente na regulao da avaria grossa (art. 764, II, do Cdigo Comercial). Digesto, 14, 2, De lege Rhodia de jactu: 1 - Paulus libro II, Sentetiarum - Lhege Rodhia cavetur, ut, si leviandae navis gratia iactus mercium factus est, omnium contributione sarciatur, quod pro omnibus est. Isto , dispe -se na lei Rhodia que se para aliviar um navio se fz alijamento de mercadorias, seja ressarcido pela contribuio de todos o dano que em benefcio de todos se causou21. Ainda sobre a sua notvel influncia no direito martimo, o Digesto registra declarao do imperador Antonino Severo a litigante que pretendia deciso diversa da pre vista na lei: rex et dominus mundi sum; lex Rhodia, autem, regina et domina maris est. - se ele era o rei e senhor do mundo, a lei rdia era a senhora e rainha do mar. - Sou eu o rei e senhor do mundo; mas senhora e rainha do mar a lei Rhodia22. A enorme ingerncia poltica nos negcios privados decorria da preocupao do Estado em suprir a falta de iniciativa particular, vez que pairava no meio do povo a descrena na evoluo da livre iniciativa. A liberdade em exercer o comrcio no era sem nus, pois continha r esponsabilidades que passavam a ser exigidas dos comerciantes. Instituram o emprstimo a risco (cmbio martimo), possibilitando obter grandes recursos financeiros com vista ao crescente desenvolvimento que experimentavam. No existindo mais a funo do trapezista, destaca-se como referncia histrica o Templo de Delos, que chegou ao seu apogeu como instituio de crdito, ao emprestar fundos para as administraes das cidades. Circulam ttulos ao portador e ordem, facilitando o desempenho das atividades comerciais. 2.3 A IDADE MDIA Com a invaso dos povos brbaros e a queda do Imprio Romano, surgem novas formas de regramento jurdico. Inaugura-se novo critrio na execuo contra devedores. Surge a execuo individual, recaindo a obrigao sobre a pessoa ou sobre os bens mveis do devedor. No primeiro caso, quando o executado no tinha bens capazes de responder pela dvida; no segundo, quando era solvente. Os imveis, em raz o do carter corporativo dado propriedade imobiliria, ficavam excludos da execuo. Nessa fase histrica os povos europeus, em especial, j haviam alcanado considervel desenvolvimento comercial e industrial. Surgem as corporaes comerciais contribuindo satisfatoriamente para o crescimento da economia - resposta aos anseios de um comrcio mais capitalizado e independente. As corporaes ou associaes eram dirigidas por cnsules, constitudos mandatrios, que juravam respeitar os c ostumes da entidade que chefiavam. Chamadas de Brevi dei Cosuli, essas normas se constituam num rol de ordens as quais os cnsules deviam obedincia. Cresce o interesse em disputar os louros da economia com outras potncias que afrontavam o mercado. De tal sorte que, sem a s oma de esforos atravs de associaes no chegariam a resultado vantajoso. Em razo dessa solidariedade calcada no capitalismo surgem novos usos, mais

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tarde transformados em leis que passaram a ser aplicadas pelas prprias corporaes contra os seus concorrentes e contratante s. nessa fase que desponta o Direito Comercial, como conjunto de regras jurdicas especiais, distintas daquelas previstas no Direito Civil. Historiadores separaram essa fase em Alta Idade Mdia e Baixa Idade Mdia. Tem incio a Alta Idade Mdia no sculo VII, quando comearam as invases dos povos brbaros, resultando na conquista do Mediterrneo pelos rabes. Estende-se at o sculo XII, registrando episdios marcados de forma indelvel na histria universal, particularmente, a opresso sofrida pelo Ocidente, sujeito que se manteve a isolamento e conseqente fragilidade e diviso da sua fora poltica. Em tal perodo tem predominncia o regime feudal, caracterizado economicamente pela propriedade fundiria. Somava-se a isso as reduzidas formas de comunicao, e tem-se como resultado a dificuldade de circular a riqueza. Sobressai-se, ento, o princpio da autonomia feudal em relao produo. Com o advento do sculo XII nasce novo perodo - o da Baixa Idade Mdia. Os rabes so expulsos, abrindo-se as portas do continente para um novo mundo europeu. O comrcio e a indstria tomam novos contornos. O trfego martimo adquire maior amplitude. Surge novo modelo econmico - o artesanal - e a burguesia se alastra pelas cidades, estimulando o consumo. Com o crescente impulso do comrcio martimo, as cidades localizadas na orla mediterrnea se transformam em ricos centros comerciais. Como conseqncia, os proprietrios feudais abandonam suas propriedades, fazem parceria (meao) com os servos, e se transferem para as cidades. Atravs das Cruzadas, desenvolve -se ainda mais o intercmbio mercantil, e nas margens das estradas que ligam os diversos centros florescem novas comunidades voltadas para o c omrcio. Tem destaque como rico centro comercial Lyon, situada margem da estrada entre o Reno ao Mediterrneo. Com o novo sistema nasce um outro instituto jurdico: o seqestro. Com ele, o devedor que fugia sem cumprir com os seus contratos tin ha seus bens mveis seqestrados para garantir o cumprimento da obrigao. Perdia o devedor, assim, a propriedade e a administra o do seu patrimnio. Surge a commenda, embrio da sociedade em conta de participao de nossos dias. Atravs dela, donos de grandes fortunas praticavam a agiotagem, emprestando somas em dinheiro a risco, a comandantes de embarcaes. Apesar da reprovao d o clero, vez que o direito cannico no a admitia, o negcio prosperou e se estendeu at o comrcio em terra. O processo de execuo coletiva, porm, vigia somente nas cidades do norte da Itlia, como Veneza, Gnova, Florena e Milo. Foi nessas cidades que surgiram normas que mais tarde serviram de modelo ao direito falimentar de vrios pases, inclusive o Brasil. Carvalho de Mendona citado por Amador Paes de Almeida exalta: O velho direito italiano constitui o laboratrio da falncia moderna.23 O novo instituto passa a ter carter de direito pblico. Embora o interesse jurdico fosse o de tutelar direito individual do particular, estava impregnado de carter pblico, com a presena marcante do Estado exigindo o cumprimento da obrigao em favor do cre dor. Waldemar Ferreira, referido por Rubens SantAnna melhor explica: Sobre o conceito e direito privado, estabeleceu -se o direito pblico. Justia cumpria apoderar-se do patrimnio devedor e zelar por sua liquidao e partilha. No era em virtude de direito prprio dos credores, mas de acordo com a idia de alta tutela do Estado, que o devedor se desapossava dos seus bens. No podia ter essa tutela outro fim se no o de atender aos cre dores; mas essa finalidade no afastava o carter pblico do instituto.24 A figura do magistrado tem nova feio, sendo exigida a sua presena no ato de entrega dos bens. Surge a penhora gravando o patrimnio devedor em garantia do credor. Para requerer declarao de insolvncia do devedor, o credor tinha que previamente provar sua qualidade. S depois de atendida a exigncia, o devedor era intimado a comparecer a juzo, sujeitando-se ao seqestro do seu patrimnio, se fosse revel. Atendendo ao chamado judicial e confessando a insolvncia, o devedor podia optar pelo benefcio da cessio bonorum, ou pelo seqestro de todo seu patrimnio. Podia ainda oferecer defesa negando a insolvncia e, conseqentemente, provada a solvncia era compelido a pagar o credor. Instituram o princpio da proporcionalidade no rateio aos credores. Ao curator atriburam a realizao do ativo em dinheiro, mediante venda do patrimnio. Surge o princpio da retroatividade, prevendo a nulidade de atos fraudulentos praticados pelo devedor antes da da ta da declarao de insolvncia. Reunidos em assemblia os credores escolhiam o sndico por maioria devotos, podendo ser indicado para o cargo, credor ou pessoa estranha ao feito. O rigor exigido sobre a autenticidade dos crditos, podia levar o credor a confirmar a sua validade, sob juramento. Provado inautntico o crdito, ao credor era imputada pena de recolher certa quantia que destinavam comunidade. Se habilitasse valor superior ao devido, sofr ia pena de perder o direito sobre o respectivo crdito. Com toda evidncia o direito falencial italiano foi mais pujante que o francs, servido-lhe de referncia. Amador P. de Almeida, sentencia: a Ordenao de 1675, em Frana, j dispunha sobre a falncia.25 Walter lvares: das cidades italianas, o instituto passou Fra na e j a Ordenao de 1663 dispunha sobre a matria da falncia e bancarrota.26 Sampaio de Lacerda: Os princpios do direito estatutrio italiano

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penetraram facilmente em Frana, principalmente em Leo (regto. De 1667) e Champagne, cidades que mantinham intenso comrcio com as cidades italianas.27 Rubens SantAnna: o direito estatutrio influenciou o francs, especialmente a Ordenao de 1673, que disciplinava as falncias e bancarrotas.28 Em que pese divergirem sobre o ano em que se deu a Ordenao Francesa, h unanimidade entre os aut ores quanto penetrao do direito estatutrio italiano no sistema jurdico francs. Sob a influncia de Gobert, Ministro das Finanas de Luiz XIV, surgiu a primeira das ordenaes em maro de 1673. Continha 12 2 artigos distribudos em 12 ttulos regulando matria sobre agentes de bancos, negociantes, sociedades, notas promissrias, letras de cmbio, juros comerciais moratrios, precluso, falncias, bancarrotas e outras matrias. Conhecida como Cdigo de Savary, numa homenagem a o trabalho de um comerciante de mesmo nome vigeu por mais de um sculo. So criadas as lettres de rpit, concedendo moratria vinculada ao instituto da precluso na execuo. Segundo Provincialli, esse o ponto de origem da moderna concordata. Ainda em Frana, criam ordenaes distintas para negcios em terra e para o comrcio martimo. Surgem a Ordennance sur le commerce de terre, em 1673 e a Ordennance sur le commerce de mer, em 1681, consideradas por Hernani Estrella, marcos legislativos do direito me rcantil.29 (Carvalho de Mendona, Tratado, pg. 60, grafou Ordonnance, como adiante ser observado, quando estudado o ttulo: O CDIGO NAPOLENICO). Darcy Arruda Miranda Jnior referindo s Ordenaes assim exalta-as: As Ordenaes ou ditos de Luis XIV so verdadeiras codificaes, pois contm uma regulamentao mais ou menos extensa e sistematizada do direito comercial, e foram, pode-se dizer, conseqncia do grande impulso dado ao comrcio, pela indstria e pela tcnica, que encontravam insuficiente apoio no direito costumeiro o u escrito de ento, determinando o surgimento das primeiras ordenaes, assim chamadas por serem o resultado de uma ordem real.30 Em 1660, acompanhando o momento histrico, a Espanha publica sua primeira obra sobre matria concursal. 2.4 A CONTRIBUIO DOS ROMANOS Para a maioria dos autores o direito comercial teve origem em Roma. Bero de institutos jurdicos aproveitados por vrios pov os, em todos os tempos, o direito romano foi responsvel, tambm, pela formao de boa parte do direito comercial. Presente nas diversas reas em que se ramifica o Direito, foi modelo e exemplo de cultura, tanto para povos antigos quanto para naes modernas. Banido h muito do cenrio mundial, o histrico Imprio Romano continua presente atravs das instituies jurdicas que legou a tantos. Isso, pois, justifica o seu permanente estudo. Lendria em suas origens, Roma deixou contribuies jurdicas que at hoje so aproveitadas, algumas absolutamente intocveis . No dizer de Jos Carlos Moreira Alves, o conjunto de normas que regeram a sociedade romana desde as origens (segundo a tradio, Roma foi fundada em 754 a. C.) at o ano 565 d. C., quando ocorreu a morte do Imperador Justiniano.31 Guilherme Haddad citando Ihering (Geist des ronischen Rechts, vl. I, pgs. 8 e 9) melhor explica: a importncia do Direito Romano no consiste em ter sido por algum tempo a fonte ou origem do Direito. Esse valor foi passageiro. Sua autoridade reside na profunda revoluo interna, na transformao completa que h feito experimentar todo nosso pensamento jurdico e em ver chegado a ser como o Cristianismo, um elemento da civilizao moderna.32 Com acerto, o Direito Romano foi valioso para o regramento social de vrios povos, em todas pocas, n o havendo erro ao comparar a sua influncia sobre as civilizaes modernas, como o foi o Cristianismo. Em razo de desenvolver economia assemelhada dos gregos, destes, por muito tempo sofreu influncia no apenas filosfica, mas tambm jurdica. S aps transformada em implacvel poderio mundial, Roma construiu instituies sociais, econmicas e polticas prprias, diferentes das modeladas na Grcia. Apesar de guerreiros se preocuparam com o comrcio, mas s raramente o exerciam pessoalmente. Em Roma o comrcio era praticad o por escravos e estrangeiros (cerca de noventa mil, s em Roma), transformados em pequenos comerciantes e artejanos. Orgulhosos de sua nobreza, de suas conquistas, os romanos consideravam o comrcio atividade desprezvel. Mas, existia um comrcio interno, exercido pelos filhos-famlias e mulheres. Estes, mesmo com o advento do jus gentium tinham suas atividades reguladas pelo jus civile que tratava, inclusive, sobre a capacidade do menor para exercer o comrcio. Criaram, pois, o jus gentium, instituto dirigido aos comerciantes e aplicado pelo praetor peregrinus - figura de destaque na sociedade romana, poca em que vigeu o denominado Direito pretoriano ou honorrio. Tal a sua importncia, alm de poderes judicantes, exercia competncia quase que legislativa. Separaram-no, assim, do jus civile, destinado a regular as relaes jurdicas entre os cidados romanos. Apesar disso, no h notcia de que o direito comercial fora autnomo, independente do direito civil. Com referncia autonomia, explica Carvalho de Mendona: Dessarte, nos justos conceitos de Levin Goldschmidt, Direito Comercial, em sentido prprio, como ramo distinto do Direito, quanto se saiba, no se depara nos povos orientais, mas, em germe, se bem que parte considervel do Direito clssico e tambm do germnico, surgido com as cidades, tenha tipo eminentemente comercial, criado essencialmente pelas necessidades do trfico mercantil, como espcie do grande comrcio internacional ou interno. A separao mais ou menos ntida, realizada entre os povos dos nossos dias, embora e diversa amplitude e variada forma, obra do medievo italiano e das codificaes modernas 1. (Levin Goldschimidt, Storia Universale del Diritto Commerciale, trad. Pouchain & Scialoja, Turim, 1913, pg. 33).33

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Por se tratar de povo que mais se dedicou agricultura, pecuria, aos servios pblicos e guerra - os romanos foram grandes conquistadores -, poucas foram as normas jurdicas de carter mercantil. Possivelmente, porque os cidados romanos no praticaram o comrcio, d eixando-o para os estrangeiros e escravos. Exerciam-no, estrangeiros e escravos, como por delegao, para suprir as necessidades do provo romano. Nas questes comerciais, o pater familias se fazia representar por um de seus escravos ou filhos, os alinei iuris. No raro, dess a representao resultavam abusos. Em razo de que os alieni iuris eram incapazes de se obrigar mas capazes para adquirir, na maioria das vez es os negcios que intermediavam resultavam em proveito exclusivo do pater familias. O cumprimento da obrigao, no incio, recaia sobre a pessoa do devedor, ao invs de onerar o seu patrimnio. Era o princpio da manus iniecto, uma das cinco aes da lei. Todavia, no podia exigir mais do que o sacrifcio pessoal do devedor caso este no pudesse satisfazer pessoalmente a obrigao. Se o devedor no tivesse recursos patrimoniais para liquidar a dvida, antes de iniciada a execuo devia apresentar-se voluntariamente para servir de escravo ao seu credor, pagando a dvida com o seu trabalho. Podia, inclusive, ser literalmente esquartejado e entregue ao lesado, atravs do mancipium ou do nexum. Essas e algumas outras formas que adiante sero referidas, parecem ter sido as mais cruis dentre as previstas no ordenamento jurdico romano. Deram velada importncia ao rigor processual. As primeiras normas processuais civis eram reguladas na legis actiones, que se constitua no emprego de palavras e gestos rigorsamente manifestados segundo a Lei das XII Tbuas. A pretenso do litigante s era atendid a se cumprisse rigosamente o previsto na legis actiones. O emprego indevido de um s gesto ou palavra resultava a perda da ao. Tambm, o maginus iniecto, que previa a presena do acusado na frente do magistrado, a fim de que confessasse a dvida e prometesse liquid-la dentro de trinta dias. Cumprida a obrigao no prazo previsto, extingia-se o processo; em caso contrrio, era reconduzido presena do juiz. Em tal situao, podia ser salvo pelo vindex - pessoa que se declarava solidrio passivo da obrigao e, assumindo o compromisso de resgat-la, impedia o seguimento da execuo. No surgindo o vindex, o devedor era amarrado e entregue ao credor que o levava consigo, prendendo -o por sessenta dias - forma de adjudicao, segundo Sampaio de Lacerda.34 Durante a vigncia da adjudicao jure, as partes podiam acordar outra forma de liquidao da dvida. Vencido o prazo legal sem acordo, o devedor era exibido em feira e, se ningum o adquirisse e liquidasse a obrigao, era condenado a morte. Havendo mais de um credor com direito sobre o devedor comum, partes do seu corpo eram divididas entre os diversos credores. Isso registra o surgimento de uma das primeiras formas concursais - verdadeiro juzo universal, prevendo o rateio entre credores. A diviso, porm, no era proporcional nem igual aos crditos, no havendo critrio sobre que pedao do corpo teria direito cada credor. Para assegurar garantia aos credores, se valiam do princpio do ut opinio mea est (reconhecimento de uns sobre outros credores). Surge, depois, nova forma. Da repulsiva e selvagem execuo pessoal, graas ao novo direito pretoriano passaram execuo patrimonial. Instituram a lex poetilia, seguida pela actio pignoris capio, e pela bonorum sectio. A actio pignoris capio tratava da execuo dos que faltassem s obrigaes assumidas perante a ordem militar; a bonorum sectio, era instrumento para coagir devedores do tesouro pblico; a actio institoria (institoria actione, Digesto: 14.3), medida intentada contra o proprietrio de estabelecimento pblico, por atos praticados por seus prepostos, os alieni iuris, a actio exhibendi; a quanti minoris; a rhebiditoria, a actio pauliana; a literarum obligatio. A afinidade entre essas leis era o carter pblico que as envolvia. Nova evoluo experimenta o Direito Romano com a introduo do nexum, tipo de contrato mediante o qual o devedor se obrigava a prestar servios ao credor, caso no pudesse saldar a dvida. Apesar das rigorosas e desumanas formas de execuo os romanos bastante praticaram o crdito. O moeda romana, tal a expresso internacional do Imprio, circulou por todos os pases da bacia do Mediterrneo, transformando-o numa sociedade capitalista. Fruto das conquistas, o Estado estocava-se de metais, especialmente ouro e prata subtrados dos povos vencidos. Estes, no bastando terem que entregar as suas riquezas, ainda eram taxados com pesados tributos que recolhiam ao errio romano. Os latifnd ios absorviam as pequenas propriedades rurais que, pouco a pouco desapareciam, para dar lugar ao aumento das glebas dos ricos sen hores feudais. O comrcio bancrio acompanhando a mesma pujana aperfeioou o crdito. Em meio a tal apojeu, a vaidade cedeu vez ao luxo, s usufrudo pelas classes dominantes. Dividiu-se assim a sociedade romana em duas classes sociais: a aristocracia e a plebe. Com Rutilio Ruffo, pretor de Roma, acrescentado ao processo romano a figura da bonorum vindito, que consistia em autoriza o do magistrado para transferir os bens do devedor para as mos do seu credor. Todavia, a administrao do patrimnio transferido era feita pelo curador, que se investia no cargo por nomeao judicial. Aps nomeado o curador, ao demandado cabia dar publicidade do ato atravs do libelli s, a fim de que eventuais outros credores que concorressem ao patrimnio do devedor comum, se habilitassem no prazo de 30 dias. Vencido o prazo, o curador promovia a venda do patrimnio e procedia ao pagamento dos credores, por rateio proporcional a cada crdito habilitado. O cur ador uma vez investido na administrao do patrimnio, tinha foros de gerncia, cumprindo-lhe zelar e conservar os bens, e prestar contas do atos praticados assemelhando-se com o que hoje ocorre com o sndico da massa falida.

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Apesar do comrcio consistir em atividade inferior, s raramente praticada por cidados romanos, uma das condies para o plebeu obter cidadania era ter concesso para o exerccio do commercium. A queda do Imprio Romano levou toda Europa a viver clima de insegurana. Faltava Coroa confiana e fora poltica para gar antir a paz dentro do seu territrio. De outro modo, simultaneamente desenvolvia-se o comrcio martimo entre povos estrangeiros. Despreparados, sem uma legislao comercial atuante e com condies efetivas de regular as relaes mercantis, os romanos foram supreendidos com a n ova ordem internacional, impotentes que estavam para enfrentar os desafios exigidos pelo comrcio praticado alm dos seus muros. Com bastante atraso e pouco experincia, lanaram-se a editar novas leis mercantis. Surgem o actio exercitoria (executoria actione, Digesto: 14.1), mandando o armador responder pelos atos praticados pelo seu preposto, o magister; o receptum nautarum (nautae, caupone, stabularii ut recepta re stituant, Digesto: 4.9), garantindo ao dono da mercadoria exigir do armador perdas e danos pela carga perdida ou danificada (culpae scilicet suae si tales adhibuit), fundado no princpio da culpa in eligendo em relao aos seus empregados; o alijamento (lege Rhodia de iactu, Digesto: 14.2) regulando o rateio da indenizao da carga alijada entre os proprietrios da remanescente.; o foenus mauticum (nautico foenore, Digesto: 22.2), originrio da Fencia e tambm usado na Grcia, prevendo o contrato de dinheiro a risco e o cmbio martimo, que em Frana diziam prt maritime ou prt la grosse aventure; etc. Fruto do enfraquecimento da autoridade e da incompetncia para atender crescente demanda criada pelas relaes comerciais, comearam a surgir ligas, irmandades e associaes de classe: confrarias religiosas, comunas, corporaes de artes e ofcios, associaes comerciais, todas em defesa da celeridade e desenvolvimento das atividades mercantis, e da liberdade individual sem intromisso do Estado. Uniram-se mercantes, industriais, artesos, banqueiros e tantos outros, especialmente em Florena, Gnova, Pisa, Veneza, Psaro, formando cada qual suas entidades corporativas (as corporaes ou mercancias), cujo objetivo era poder desempenhar livremente suas profisses. Rigorosas em seus princpios e disciplinas, essas entidades regulavam seus prprios interesses e os dos seus associados, fossem eles jurdicos, econmicos ou polticos, transferindo para dentro de cada agremiao poder at ento exclusivo do Estado. Dirigindo feiras, mercados e governando algu mas cidades, davam proteo aos associados, a quem prestavam, inclusive, assistncia religiosa e caritativa. Reunindo profissionais de igual ou semelhante ofcio, essas agremiaes tambm os faziam refns dos seus interesses, de tal s orte que tudo resultava em mera substituio da ingerncia estatal pela interveno de rgos privados. A nova ordem, porm, no era ditada por normas expressas, mas, atravs de normas consuetudinrias, internas e no escritas. Surge o jus mercati, destinado a disciplinar feiras e mercados. S mais tarde surgem os Estatutos formalizando essas normas costumeiras: o Constitutum Usum, os Breviae Curiae Maris, o Consulato del Mare ou Consolato Del Mare (Espcie de justia consular, de autoria desconhecida, contendo 334 captulos. Era exercida por juizes co merciais, em Pisa, mas aproveitada em todo o Mediterrneo at o sculo XVIII. Os consules mercatorum (cnsules dos comerciantes) eram eleitos por asse mblias de comerciantes, e reuniam funes executivas, polticas e judiciais, proferindo decises sumrias: sine strepitu et figura judicii. Na Espanha vigeu at o ano de 1265, quando foi editada a Lei das Sete Partidas, de Afonso X); os Estatutos de Urbino, de Psaro, de Amalfi (a Tabua Analfitana, de 1131); o Capitulare Nauticum (em Veneza); o Regulamento Florentino; as Ordenanas de Trani. Outros institutos ainda surgiram em Roma, notadamente o Tractatus de Commerciis et Cambio editado por Sigismondo Sccacia35, e m 1618, atribudo por alguns autores como manifestao de direito comercial autnomo, j separado do direito civil. De toda sorte, a pouca importncia atribuda por Roma ao direito comercial, e a falta de interesse em separ-lo do direito civil definida por Joo Eunpio Borges, ao citar Huvelin, nos seguintes termos: O direito romano clssico no conheceu um direito comercial diferente do direito civil. Jamais cuidaram os jurisconsultos romanos de separar doutrinriamente o direito comercial do civil. Falta-lhes at uma palavra tcnica para designar o comrcio, sendo que negotiatio empregada para caracterizar o grande comrcio, exclusivamente, ou ento um operao isolada, e mercatura, no sentido compreende nicamente o comrcio de mercadorias, no sentido restrito desta palavra.36 Huvelin, ob. cit. Pg. 7737. Mesmo ass im, o mesmo autor ptrio, adiante ensina: Apesar disso no tem razo Ripert quando afirma nada dever o direito comercial ao direito romano, alm de algumas regras gerais de tcnica (19) Ripert, ob. cit., pg. 27. Ao contrrio, como salienta Rocco, enorme a importncia do direito romano na histria do direito comercial...(20) Rocco, ob. Cit., pg. 7. Mostra ainda Huvelin que os caracteres do direito comercial moderno - presuno de solidariedade, onerosidade, materializao das obrigaes, simplificao do processo, reduo do formalismo - encontram-se, embora em embrio e imperfeitamente, no direito comercial romano (ob. cit. Pg. 84).38 2.5 CDIGO NAPOLENICO Com a supresso das corporaes les jurandes et les matrises em junho de 1791, em decorrncia da lei Le Chapelier, somado aos movimentos que resultaram na liberdade para o trabalho, surge a necessidade da Frana proceder reforma na legislao comercial. Tomando frente nas discusses do Conselho de Estado, Napoleo teve papel destacado ou decisivo quando era proposta edio do Cdigo Comercial francs. Costuma-se atribui-lhe responsabilidade pela parte do cdigo que regula o instituto da falncia, sendo conhecida a polmica travada com Sguir, um dos conselheiros do Estado francs.

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Sguir, querendo atenuar a rigidez imputada pela lei ao falido, tentava desfigurar a responsabilidade que recaia sobre a pessoa do devedor, sustentando que o insucesso dos comerciantes, maioria das vezes resultava de natureza fortuita. Defendia que o comrcio, suje ito a fatores estranhos ao seu interesse, via-se no raro na dependncia de acontecimentos polticos, como a guerra, a paz, e outros tantos, capazes de proporcionar bruscas, imprevisveis e, porque no, por vezes insuperveis mudanas nos negcios comerciais. De tal sorte que sustentava no ser justo imputar do falido carter to nefasto. Sampaio de Lacerda assim explicou essa celebre discusso: Convm evitar, dizia Sguir, em cons iderar o falido sempre como um desafortunado ou, ento, como um malfeitor. Freqentemente a falncia um naufrgio, culpa exclusiv a do destino. O comrcio tem suas tempestades como o oceano. Os acontecimentos do mundo, as desordens polticas, a guerra, a paz, a carestia da vida, a prpria abundncia provocam alteraes imprevistas que se refletem rpido no comrcio, burlando as mais certas das combinaes. freqente um comerciante, enganado em sua confiana e agravado pela falncia de outros comerciantes, achar-se constrangido a deixar de cumprir suas obrigaes. Ao que Napoleo refutava: No compreendo distino entre falidos. Quem mata um homem ainda que acidentalmente, por exemplo, numa caada, detido como acusado de um crime; depois que se examina se ele culpado ou inocente. Atualmente a severidade uma necessidade. A falncia serve para citar uma fortuna, sem fazer perda de honra. Isto , preciso impedir que o falido ostente ares de triunfo ou de indiferena, que ele se apresente, pelo menos em pblico, com aspecto abatido de um home que foi vtima da desventura. A dete no do falido produzir efeitos de correo.39 Deve-se, pois, Frana a edio do primeiro cdigo comercial, promulgado pelo Imperador Napoleo Bonaparte em 15 de setembro de 1807, mas com vigncia a partir de 01 de janeiro de 1808. A comisso designada para elabor-lo foi constituda em 03 de abril de 1801, sendo consumidos mais de seis anos de estudos e discusses at a concluso dos trabalhos. Carvalho de Mendona diz que com a edio do diploma francs, abriuse a fase mais poderosa da atividade legislativa do sculo XIX. Reitera o tratadista ptrio, que foi em Frana que pela primeira vez o direito comercial teve a sua codificao. Antes disso, ocorreram meras tentativas de compilar regras relativas s relaes mercantis, inclusive as martimas. Mas foi o cdigo napolenico deu nova forma ao que j existia, ainda que mantendo os elementos tradicionais.40 O primeiro projeto submetido apreciao dos tribunais, dentre estes o do Comrcio e Justia, no obteve aprovao total. Feitas as emendas propostas, o segundo projeto, por determinao de Napoleo que na poca retornava da campanha na Itlia, foi discutido pelo Conselho de Estado durante mais de nove meses (de 04.11.1806 a 29.08.1807), tempo em que realizou cerca de sessenta reunies. Resultaram-lhe cinco leis distintas41. Sobre o trabalho, Rubens Requio diz que autores, dentre eles Escarra, observam que o Cdigo considera empresa a repetio de atos de comrcio em cadeia42. No outro, pois, o conceito previsto no art. 673 do diploma. Comparado com as Ordenanas de Comrcio terrestre (Ordonnance sur le commerce de terre), de 1673, e com as Ordenanas do Comrcio martimo (Ordonnance sur le commerce de mer), de 1681, o Cdigo no registrou grandes diferenas43. Ainda que possa ter sofrido a influncia do desenvolvimento mercantil da poca em que foi elaborado, poucas foram as alteraes de relevo. Contribuiu, porm, sobremodo, para a elaborao das leis comerciais da maioria dos povos latinos, dentre outras, s legislaes de So Domingos e Costa Rica, ambos de 1850; de Toscara de 1808; de Npoles de 1809; o Cdigo Comercial espanhol de 1829; o de Portugal de 1833; do Haiti, de 1820; da Blgica; do Mxico, de 1854; do Brasil (Lei N. 556, de 25 de junho de 1850) que se baseou no s no francs, mas, tambm, no espanhol e no portugus . Em razo das conquistas de Napoleo Bonaparte, o novo diploma expandiu-se, ainda, praticamente, por quase todas as naes europias, destacadamente, em toda a Pennsula italiana, com algumas modificaes. Marcante carter objetivo disciplinou a matria comercial prevista no novo diploma. Dando autonomia ao ato de comrcio, desvincula-o da pessoa do comerciante, de modo que no reconhecia como comercial o ato, apenas porque fosse praticado por comerciante. Ao contrrio, reconhecia como comerciante quem profissionalmente exercesse atos de comrcio. Centrou, assim, no ato, no na pessoa, o carter da atividade comercial. Sistema, alis, dentre outros, adotada no direito comercial contemporneo.44 Ampliou o campo de atuao do direito mercantil, e dotou-o de meios capazes de corresponder s exigncias da dinmica dos negcios comerciais. Simplificou o sistema de produo de provas e imprimiu celeridade processual, de modo a agilizar as decises judiciais. Tem-se para alguns, que esse o marco inicial da autonomia cientfica do direito comercial. Composto inicialmente de 648 artigos, do diploma original restaram somente 40 artigos, dentro sofrido enorme reforma em 1838, a parte que trata das falncias. Diferentemente do que prev o cdigo alemo, em Frana como aqui, a falncia restrita aos comerciantes. Apesar da queda de Napoleo, a influncia do Cdigo manteve-se vigorosa, modelando a legislao comercial de vrios povos, exemplificativamente: o da Sardenha, chamado Cdigo Albertino em homenagem ao rei Carlos Alberto que o promulgou em 1842; o das Duas Siclias, intitulado LEGGI DI ECCEZIONE PER GLI AFFARI DEL COMMERCIO, em 1819; o dos Estados Pontifcios, em 1842, sob o ttulo de REGOLAMENTO PROVISORIO DI COMMERCIO. Ainda teve aplicao no Gro-ducado da Toscana, nos ducados de Placnia e Parma, na Lombardia, em Gnova, etc. 2.6 DIREITO COMERCIAL EM PORTUGAL

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No so muitas as notcias histricas do Direito Comercial portugus reveladas pela doutrina brasileira. Autores ptrios pouc o tm discorrido acerca da Histria e do desenvolvimento do direito comercial em Portugal. Ademais, as escassas informaes tm-se concentrado quase que no direito falimentar, relegando a notrio abandonado o resto da matria comercial. Portugal, todavia, foi grande centro comercial, especialmente durante a denominada Era Manuelina, no sculo XVI. Lisboa, chamada por Jlio Dantas de Metrpole Comercial do Mundo era a grande cidade nutica e comecial.45 Tem incio a presena do direito comercial em Portugal com as Ordenaes Afonsinas (Cdigo Afonsino para alguns), em 1446, assim denominadas em homenagem ao rei Dom Afonso V., e aplicadas no Brasil a partir do Descobrimento. Com notvel influncia romana, dentre outras a do instituto da cession bonorum e do direito estatutrio italiano, continham tambm os princpios do Corpus Juris mais os das Decretais, do Papa Gregrico IX. De mltipla abrangncia, inclua normas sobre direito civil, fiscal, administrativo, criminal, comercial, e, supletivamente, de direito cannico, particularmente quando a matria regulada se tratasse de pecado. Vigeram as Ordenaes Afonsinas at 1513, quando o rei Dom Manuel mandou substitu-las pelas Ordenaes Manuelinas, tambm conhecidas por Cdigo Manuelino, editadas em 1514. Apesar de pouco alterarem a legislao anteriormente adotada, as Ordenaes Manuelinas, ainda sofrendo influncia do direito romano, imprimiram em suas normas um carter mais rgido. Vigeram at 1569, ao serem substitudas por uma compilao de leis mandada fazer pelo cardeal Dom Henrique, durante o reinado de Dom Sebastio. De efmera durao, em face de que Portugal aderiu ao Conclio de Trento, a compilao foi preterida por outro conjunto de leis que fortaleciam sobremodo o direito cannico. Perdia importncia, assim, a influncia romana que havia orientado do direito comercial portugus desde a implantao das Ordenaes Afonsinas. Em meados de maro de 1597 foi promulgada a primeira lei relativa a direito comercial, cuja finalidade era fortalecer o crdito com a introduo de matria sobre a quebra de comerciantes. Dessa forma, o soberano promovia forma de fortalecer e estimular as operaes creditcias, at ento, carentes das garantias indispensveis aos seu desenvolvimento em Portugal. Com a morte de Dom Seabastio, ascende ao trono portugus Dom Filipe II, da Espanha que, em 1598 foi substitudo pelo seu filho Dom Filipe III. Querendo o retorno da influncia romana na legislao portuguesa, em 1603 entram em vigor as Ordenaes Filipinas, mandadas organizar ainda no reinado do Filipe II. Continham cinco livros disciplinando as seguintes matrias: no primeiro, sobre os regimentos dos oficiais de justia e dos magistrados; no segundo, sobre as relaes entre o Estado e a Igreja; no terceiro, contendo matria processual civil e comercial; no quatro, sobre o direito das pessoas e das coisas; no quinto, sobre matria penal. Devolviam as Ordenaes Filipinas, a fora quase absoluta que a Coroa vinha perdendo para a Igreja, especialmente durante o reinado de Dom Sebastio. Em 13 de novembro de 1756 editado alvar disciplinando as falncias, contendo no seu texto a expresso at hoje usada. Criando a funo de Governador-Geral da Junta de Comrcio, com atribuio de julgar processos relativos falncia, o diploma reconhecido como o mandamento bsico do direito falimentar portugus. Em face do domnio da Coroa portuguesa, o alvar foi aplicado no Brasil durante o pe rodo colonial. O Tratado de Cayru,46 publicado entre 1798 e 1804, diz que institua um processo especfico para regular as causas comerciais, criando um juzo comercial, com uma ordem processual poca desconhecida. A ao iniciava com o pedido e falncia, tomando impulso atravs do s seguintes procedimentos judiciais: apresentao do inventrio patrimonial do devedor; depsito dos bens relacionados no inventrio; publicidade do pedido de falncia; abertura de sindicncias; habilitaes de crditos; julgamento do processo; liquidao do ativo da massa; rateio entre os credores habilitados, dos valores apurados na liquidao; extino das obrigaes do devedor. Previa, ainda, a ressurreio civil, concedendo ao falido direito de retornar ao exerccio do comrcio, aps declaradas extintas as obrigaes. De nota, o motivo ainda desconhecido de denominar de ressurreio civil, em poca em que diferenciavam o processo civil e do comercial. Eram causas para fundamentar o pedido de falncia: a) a impontualidade, representada pela falta de pagamento da obrigao na data marcada para o vencimento; b) o ponto, definido pela absoluta falta de pagamento dos compromissos assumidos pelo devedor; c) a quebra, entendida pela comprovada impossibilidade do devedor liquidar os seus compromissos; d) a bancarrota, caracterizada pela quebra fraudulenta, situao que condenava os devedores criminosos a pena de serem declarados pblicos ladres.

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Regeu tambm o direito comercial portugus a conhecida Lei da Boa Razo, de 18 de agosto de 1769, em face da qual ficavam suj eitas legislao portuguesa, em matria comercial, as leis adotadas nas naes crists iluminadas e polidas que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e s jurisprudncia. Ainda por determinao de Dom Filipe II, foi criada a inducia moratria, o chamado armistcio da mora, a trgua na mora, conc edida diretamente pelo soberano aos comerciantes. Instituiu, ainda, a inducia creditria , que se assemelhava a atual concordata. Forma mais amena do que a da falncia, como hoje ainda ocorre. Sob impulso da Revoluo de 1789, em Frana cresce a inspirao fundada nos ideais de Napoleo Bonaparte, de cuja pretenso resulta a edio do Code de Commerce de 1807, sobre o qual h boa referncia neste livro sob o ttulo 1.2.5 - O CDIGO NAPOLENICO. Como j foi dito, o precedente francs incentivou outras naes que, imitando o avano galicista foram construindo seus cdigos de comrcio. dessa poca e por tal pressuposto que Portugal promulgou o seu primeiro Cdigo Comercial em 18 de setembro de 1833, de autoria de Jos Pereira Borg es. Em que pese se afastasse um pouco dos princpios estatudos no cdigo francs, o diploma portugus dele sofreu inegvel influncia, como do espanhol e de outros. Adiante, sofreu reforma, especialmente na parte que disciplinou os cheques, em 1827. Em 01 de janeiro de 1889 novo cdigo foi editado em Portugal. Com o passar do tempo o novo diploma foi-se ampliando e atualizando, introduzindo reformas como a que disciplina as sociedades annimas, em 1896; as falncias, em 1899; as sociedades por cotas de responsabilidade limitada, em 1901.47 2.7 RESENHA DA HISTRIA BRASILEIRA A especulao mercantil da produo nativa local, antecedeu atividade comercial brasileira. Mesmo antes de iniciada a atividade comercial no Brasil, o seu patrimnio nativo j era vendido em Portugal e, atravs dos portugueses, noutros pases da Europa. Antnio Baio melhor demonstra na volumosa obra Histria da Colonizao Portuguesa no Brasil.48 O pau brasil e outros produtos nativos que podiam ter servido de prtico para as nossas divisas, sofriam fundas restries em relao aos brasileiros. Ainda durante o perodo das capitanias severas penas eram previstas para quem o traficasse. Paulo Mera assim mostrou n a obra acima referida: A coroa reservava para si o monoplio do pau brasil. O capito e moradores podia, aproveitar-se dle na medida do necessrio, mas no traficar com le sob pna de severas sanes. Reservava-se igualmente a coroa o exclusivo das especiarias e drogas, bem como dos escravos. lm disso, pertencia-lhe o quinto dos metais e pedras preciosas. Finalmente, na qualidade de gro-mestre da Ordem de Cristo, ao rei devia tambm ser pago o dzimo de todos os produtos da terra.49 O Professor Hlio Vianna fala em ocorrncias anteriores essa poca: Assim, j da viagem de Vicente Yaez Pinzn, que em princpios de 1500 atingiu a costa Nordeste de nosso pas, consta o carregamento de 350 quintais de pau-brasil. E, de acrdo com Gaspar Correia, nas Lendas da ndia, a prpria nau da frota de Pedro lvares Cabral que regressou de Vera Cruz para comunicar a notcia do descobriment o do Brasil, tambm daqui levou uma primeira partida de pau-brasil. Restringe, porm, o valor desta informao, o silncio a respeito mantido pelo meticuloso Pro Vaz de Caminha, em sua carta ao Rei D. Manuel I. Se no data da primeira expedio portugusa ao Brasil a notcia da existncia, aqui, da valiosa madeira, procede, entretanto, da segunda, essa divulgao. o que consta das discutidas cartas de Amrico Vespcio, relativas viagem de explorao de 1501/1502.50 Diversos autores costumam dividir a Histria do direito comercial brasileiro em trs grandes fases ou perodos: a) do Brasil colonial; b) do Brasil imperial; c) do Brasil republicano. A fase do Brasil colonial identificada pelo perodo que vai do Descobrimento at a Proclamao da Independncia, em 1822. Segue-lhe a fase do Brasil imperial, que inicia a partir dessa marca histrica e vai at a Proclamao da Repblica, em 1889. de tal poca a Lei N 3.150, de 04 de outubro de 1882, regulamentada pelo Decreto N 8.821, do mesmo ano, que desvinculou as sociedades annimas do Cdigo Comercial, e fixou, pela primeira vez, o nmero mnimo de sete scios para a constituio do tipo social - hoje restrito a dois scios. Tambm, introduziu no direito brasileiro a emisso de debntures. Ab-rogada pelo Decreto N 164, de 17 de janeiro de 1890, a matria prevista na Lei N 3.150/1.882 passou ser regulada pelo Decreto N 434, de 04 de julho de 1891 e, posteriormente, revogada a matria pelo Decreto-lei N 2.627, de 26 de setembro de 1940,

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que dispe sobre as sociedades por aes ou companhias que dependem de autorizao governamental, nacionais e estrangeiras. O Decreto N 858, de 10 de novembro de 1851, regulando os Agentes de Leiles ou leiloeiros para a praa do Rio de Janeiro, estendidas as s uas disposies Bahia, atravs do Decreto N 915, de 24 de fevereiro de 1852; para Pernambuco, pelo Decreto N 939, de 20 de maro de 1852; p ara o Maranho, atravs do Decreto N 1.001, de 26 de junho de 1852; para o Estado do Par, pelo Decreto N 1.956, de 12 de agosto de 1857; Tambm, os Decretos Ns. 3.346, de 14 de outubro de 1887 e 2.682, de 23 de outubro de 1875, respectivamente, reconhecendo o direito de m arcas de produtos manufaturados ou comercializados, e regulando o registro de marcas de fbrica e de comrcio. Ainda, a Lei N 3.129, de 14 de outubro de 1882, regulamentada pelo Decreto N 8.820, do mesmo ano, que disciplinou a concesso de patentes aos autores de inveno e de scobridores industriais. tambm dessa poca, como logo ser exaustivamente comentado, a edio do Cdigo Comercial Brasileiro. A terceira e ltima fase, vai dessa marca at os nosso dias. Alguns autores tm prolongado a segunda fase - a do Brasil imperial - at o ano de 1890, fazendo coincidir com a edio do Decreto N. 916, de 24 de outubro de 1890 de Manoel Deodoro da Fonseca, que cria o registro de firmas ou razes comerciais e com o Decreto N. 917, tambm, de outubro de 1890, de responsabilidade do Ministro da Justia Campos Sales, que retirou do Cdigo C omercial a parte que tratava das quebras. Da em diante, para esses historiadores, que inicia a fase do Brasil Republicano. So tambm de tal poca ou logo depois, dentre outros diplomas, o Decreto N 434, de 04 de julho de 1891 que regula as dispos ies legislativas e regulamentares sobre as sociedades annimas; o Decreto N 177-A, de 15 de setembro de 1893, que regula a emisso de emprstimos em obrigaes (debntures) das companhias ou sociedades annimas; o Decreto N 2.519, de 22 de maio de 1897, que regulamenta para execuo o art. 5, da Lei N 177-A, de 15 de setembro de 1893; o Decreto N 149-B, de 28 de julho de 1893, que dispe sobre os ttulos ao portador; a Lei N 2.044, de 31 dezembro de 1908, que define a letra de cmbio e a nota promissria e regula as operaes cambiais, todos intimamente ligados atividade mercantil e correlatas. Carvalho de Mendona no Tratado sugere uma diviso diferente, iniciando a presena de matria legislativa mercantil a partir do ano da Proclamao de Independncia, encerrando esse ciclo, com o ano de edio do Cdigo Comercial. Da, reabre nova fase que vai at o ano da Proclamao da Repblica. Finalmente, desse marco at os nossos dias: Da primeira fase (1822-1850) Da segunda fase (1850-1890) Da terceira fase (1890 em diante) No perodo que vai do Descobrimento at a chegada de Dom Joo VI, em 1808, as relaes jurdicas eram reguladas exclusivamente com base na legislao portuguesa. O acervo legislativo aplicado na Colnia descia de embarcaes lusas que aqui aportavam, fazendo-a exigida contra os nativos e contra aqueles que com esses contratassem. Sob profunda influncia do direito cannico e do direito romano, vigeram por aqui as Ordenaes Afonsinas (tambm chamadas de Cdigo Afonsino) Promulgadas por Dom Afonso V, em 1446, desde o Descobrimento, em 1500, se tornaram obrigatrias contra os nativos e quem mais ocupasse o territrio brasileiro. Depois, as Ordenaes Manuelinas Cdigo Manuelino), do Rei Dom Manuel, a partir de 1514, quando j descoberto o Brasil. Por ltimo, as Ordenaes Filipinas (Cdigo Filipeno), de 1569, mandadas editar pelo rei Dom Filipe II, mas promulgadas quando era regia a Coroa portuguesa seu filho, Dom Filipe III. Os ttulos dados s Ordenaes, so homenagens aos dignitrios da Coroa em s uas respectivas pocas: Dom Afonso V, Dom Manuel e Dom Filipe II (tributo a este que mandou proceder aos seus estudos, embora tivesse sido pr omulgada por Dom Filipe III). Como Dom Joo VI s chegou ao Brasil em 1808, oportunidade em que efetivamente inicia a vida poltica no territrio ptrio, h muita obscuridade sobre fatos polticas e jurdicos acontecidos antes dessa poca. Passaram-se mais de trs sculos (de 1500 a 1808), tempo durante o qual pouco ou nenhum registro existe sobre as relaes existentes entre nativos, capaz de despertar interesse para o estudo jurdico. Os habitantes tinha vida muito rudimentar, no despertando interesse pela cincia do Direito e, por bvio, do direito comercial. A populao era composta predominantemente por nativos, que habitavam o territrio desde antes do Descobrimento. Esses indgenas eram reunidos e organizados em grupos tribais, no praticando sequer a troca no seu aspecto mais elementar. As organizaes era chefiadas por um patriarca q ue ditava os costumes e as normas a serem aplicadas e obedecias no cl. A obedincia s regras livremente escolhidas e ditadas pelo patriarca eram incontestavelmente acatadas por todos os componentes do grupo. O suprimento de gneros (vveres) era feito atravs de conquis tas, os quais eram incondicionalmente entregues ao chefe, logo que apreendidos ou conquistados ou adquiridos por outra forma. Ameaada pelo exrcito napolenica que perseguia a famlia real, em 1808 a Corte procurou refgio para proteger os seus membr os e o seu patrimnio em solo brasileiro. Acossada pelo iminente avano da fora inimiga, aportou na Bahia, onde inicialmente se alojou com nimo de

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permanncia demorada. Aqui, em razo da distncia que os separava dos adversrios, os portugueses sentiram-se protegidos contra a efetiva e mais imediata agresso. Logo que os portugueses aqui chegaram, no bem tinham-se instalado e organizado, j faziam brandir a estrutura jurdica aplicada em Portugal. Foi assim que, em 28 de janeiro de 1808, aps Dom Joo VI aportar na Bahia, atravs da Carta Rgia e ouvidos os louvores de Jos da Silva Lisboa, adiante Visconde de Cayru (alguns autores grafam Cairu), declarou abertos os portos brasileiros para o comrcio com a s naes amigas. Esse fato registra a primeira importante manifestao poltico-econmico-jurdica ditada pela Corte portuguesa em territrio brasileiro. Resultou disso enorme expanso comercial e industrial dentro dos limites do nosso territrio, visto que at ento o comrcio externo d a Coroa e da Colnia, era feito exclusivamente em Portugal e, atravs de Portugal. Paralelamente ao crescimento e aprimoramento do comrcio interno e exterior, surge a necessidade de uma legislao de cunho e conmico para melhor regular e garantir os novos negcios. criada em 23 de agosto de 1808 a Real Junta do Comrcio, Agricultura, Fbricas e Navegao, com a finalidade de incentivar o desenvolvimento da economia na Colnia. Fran Martins explica: ...com a finalidade muito ampla, no apenas de reunir os comerciantes de uma Praa de Comrcio, a fim de tratarem de suas transaes e empresas mercantis, como igualmente, de possibilitar o estudo do direito comercial, estimular o desenvolvimento da indstria mediante a concesso de prmios aos que mais se avanta jarem em algum gnero de indstria, introduzindo ou apresentando alguma nova mquina que poupe os braos, ou qualquer inveno til nas artes, na agricultura e navegao, por maneira que os adiantem, e promovam e ainda com o propsito de distribuir sementes para a melhoria da a gricultura e abrir estradas para maior facilidade do comrcio interno.51 Eram, pois, imensas e diversificadas as finalidades atribudas Real Junta, criada com o propsito de fortalecer as relaes mercantis entre os comerciantes de uma mesma praa de comrcio e, tambm, de incrementar e estimular o desenvolvimento industrial nas suas diversas formas, criando prmios a quem se destacasse nas diferentes reas de sua abrang ncia, que inclua, alm do comrcio e da indstria, as artes e o estudo do direito comercial. nessa poca que surge pela primeira vez o interesse em criar um cdigo comercial brasileiro. A Corte designou o Visconde de Cayru para que procedesse aos estudos preliminares, para a construo de um diploma que regulasse as relaes mercantis aqui realizadas. Todavia, a pretenso no logrou resultado, vez que foi sufocada pelo movimento poltico poca instalado, que desaguou na Proclamao da Independncia. Por alvar de 12 de outubro de 1808 fundado o Banco do Brasil, com finalidade de operar com descontos, depsitos, saques de fundos, emisses de bilhetes ao portador, comisses, etc.52 Em julho de 1809, por ordem do Prncipe Regente so dados recursos ao Tribunal da Real Junta do Comrcio, para o pagamento da s suas despesas, dentre essas, em especial, as relativas aos deputados e oficiais. Com o mesmo alvar liberado numerrio para a construo da Praa de Comrcio. Proclamada a Independncia, em 1823 convocada a Assemblia Constituinte e Legislativa que, promulgando a Lei de 20 de outubro do mesmo ano, mandou aplicar no Imprio as leis portuguesas vigentes at 25 de abril de 1821, e os diplomas adiante promulgados pelo p rncipe regente Dom Pedro de Alcntara, sem excluso da denominada Lei da Boa Razo, data de 18 de agosto de 1769. A Lei da Boa Razo, que foi aqui referida sob o ttulo O DIREITO COMERCIAL EM PORTUGAL, mandava aplicar legislao portuguesa, em matria comercial, as leis adotadas nas naes crists iluminadas e polidas que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e s jurisprudncia. Passa, assim, a Lei da Boa Razo a ser aplicada no territrio brasileiro. Era imperioso, a tal altura, especialmente em razo de que o Brasil j havia c onquistado a independncia poltica, que fosse elaborada uma legislao nova, estruturada nas aspiraes e necessidades do povo brasileiro, em detrimento das leis portuguesas que continuavam a ser aqui aplicadas, indiscriminadamente. O fato singular de oportunizar a penetrao do direito estrangeiro no corpo do direito lusitano e, por conseqncia, no brasileiro, destacado por Rubens Requio ao citar Carvalho de Mendona, nos seguintes termos: Por isso, observa J. X. Carvalho de Mendona, que o Cdig o Comercial francs, de 1807, com irradiao intensa pelo mundo inteiro, e, mais tarde, os Cdigos Comerciais da Espanha de 1829 e de Portugal de 1833, alis, sem a autoridade do primeiro, passaram a constituir a verdadeira legislao mercantil nacional.53 A Constituio de 25 de maro de 1824, ventilada por outras inspiraes, teve a pretenso de elaborar a codificao das leis civil, comerciais e criminais. So pleiteados, ento, recursos para a criao de um tribunal especial de comrcio. A idia vingou e foi nomeada c omisso para organizar um projeto de cdigo mercantil. Volta Jos da Silva Lisboa a ser convocado pela Real Juntado Comrcio, Agricultura, Fbricas e Navegao para presidir os trabalhos. A idia, porm, de igual sorte no logrou sucesso. Em 14 de maro de 1832 a Regncia nomeou comisso formada por Antnio Paulino Limpo de Abreu (adiante Visconde de Abaet), Jos Antnio Lisboa, Guilherme Midosi, Loureno Westin e Honrio Jos Teixeira. Este ltimo declinou do convite e foi substitudo pelo cn sul da Sucia, Incio Ratton. Presidida inicialmente por Antnio Paulino Limpo de Abreu, tinha por fim proceder aos estudos para a criao de um cdigo comercial.

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Vencidas as suas metas, a comisso remeteu o projeto Cmara em 1834. Aps demorada tramitao, o documento consegue ser tra nsformado em lei. Sancionada em 25 de junho de 1850, resulta no vigente CDIGO COMERCIAL BRASILEIRO. Em verdade, foi demasiado longo o tempo gasto pela Cmara para discutir e aprovar o projeto que resultou no Cdigo Comercial - cerca de dezesseis anos. Entregue Cmara em 1834, o projeto foi debate nas duas Casas legislativas que a compunham, resultando em 1835 na criao de uma comisso mista (deputados e senadores), integrada pelos Senadores Joo Antnio Rodrigues de Carvalho, Marqus de Maric e Francisco de Paula e Souza, e pelos deputados Visconde de Goiana, Joo Jos Moura Magalhes e Joaquim do Amaral Gurgel. No tendo alcanado aprovao unnime, ficou cerca de oito anos fora de pauta, s retornando discusso em 1843. Tendo sido dissolvida a Cmara em 1844, a matria sujeitou-se a nova demora, s voltando a ser debatido em meados de 1845. Nessa ocasio foi constituda comisso especial da prpria Cmara, com a finalidade de rever o documento. Findos os trabalhos da comisso especial, o projeto, afinal, foi aprovado em 03 de julho de 1845 e remetido novamente ao Senado. Ali permaneceu at o ano de 1848 quando foi aprovado com emendas. Novo impulso, e foi remetid o novamente Cmara dos Deputados para que aceitasse ou rejeitasse as emendas feitas pelo Senado. Para melhor sorte, em 06 de maro de 1850 a Cmara aprovou integralmente o projeto. Sancionado, transformou-se na LEI N 556, DE 25 DE JUNHO DE 1850 - CDIGO COMERCIAL BRASILEIRO. Situao estranha, no bem explicada, mas bastante apontada na doutrina, foi a ausncia do Visconde de Cairu como integrante da comisso nomeada pela Regncia para estudar e editar o Cdigo.54 Em buscas feitas s pginas de vrias obras jurdicas, parece convinc ente o comentrio de Sampaio de Lacerda: Explicam essa omisso ou por molstia que impedia de nela funcionar, ou por questo poltica, j que pertencente era do partido da oposio ao governo. Talvez seja, de fato, a ltima hiptese a verdadeira, em face do ofcio a ele dirigido pela Regncia, em 11 de abril de 1832, dando-lhe satisfao pela excluso de seu nome, ofcio esse que resultou, alis, da censura levantada pelo jornal A Verdade, do Rio de Janeiro.55 Apesar de ter demorado cerca de dezoito anos (dois com a Comisso e dezesseis no Parlamento), o projeto transformado em lei c ontm valor cientfico capaz de causar inveja muitas naes adiantadas. O projeto foi concludo pela comisso escolhida pela Regncia com um total de 1.299 artigos, distribudos em trs partes: a primeira, sobre contratos e obrigaes mercantis; a segunda, sobre o comrcio martimo; e, a terceira, sobre as quebras. Aps as emendas que sofreu no Legislativo, foi promulgado com 913 artigos, mais um Ttulo nico com 30 artigos. Estava dividido ainda em trs partes, mas c om alterao na primeira parte do projeto original: a primeira, DO COMRCIO EM GERAL; a segunda, DO COMRCIO MARTIMO; a terceira, DAS QUEBRAS. Promulgado o Cdigo (Lei N 556, de 25.06.1850), foi editado o Regulamento N 737, de 25 de novembro de 1850, com vigncia a partir de 01.01.1851, disciplinando a sua regulamentao. Tal a perfeio tcnico-legislativa do referido diploma, foi alvo de elogios de muitos juristas. Joaquim Nabuco referindo ao Regulamento disse constituir-se da mais perfeita de nossas leis. Carvalho de Mendona, referido por Rubens Requio, assim expressou-se: ...representa um monumento soberbo de nossa legislao...56 Os elogios, todavia, no se limitam ao Regulamento N 737, mas, em igual ou maior intensidade ao prprio Cdigo Comercial, apesar da contrariedade de alguns autores, como adiante ser revelado. Mas, Hernani Estrella comentando a importncia do trabalho assim retratou-a: Tal era a excelncia do trabalho, que a comisso mista do Congresso assim se manifestou: O Cdigo do Comrcio do Brasil nada tem a invejar legislao da Frana, da Inglaterra, de Portugal e da Espanha: apresenta em um todo sistemtico o que h de melhor nesses cdigos, modificadas as suas doutrinas segundo as opinies dos escritores mais entendidos nessas matrias, e adaptadas s circunstncias do Brasil . Joo Gualberto de Oliveira, o Sueco Loureno Westin colaborador do Cdigo Comercial Brasileiro, So Paulo 1950, pg. 19.57 Vencidos os primeiros anos, o cdigo comeou a sofrer alteraes. Primeiro, o art. 2, do Decreto N 1.597, de 01 de maio de 1855, alterou a parte que trata da qualificao do comerciante. Adiante, a Lei N 2.662, de 1875, extinguiu os Tribunais de Comrcio que haviam sid o regulamentados pelo Decreto N 738, de 25.11.1850. O Decreto N 916, de 24 de outubro de 1890, criando o registro de firmas ou razes comerciais. A Lei N 1.350, de 1866, de iniciativa de Nabuco de Arajo, tornou facultativo o juzo arbitral, que antes era obrigatrio. O Decreto N 370, de 02 de maio de 1890, mandando observar o regulamento para execuo do Decreto n 169-A, de 19 de janeiro de 1890, que substituiu as Leis N 1.237, de 24 de setembro de 1864 e N 3.272, de 05 de outubro de 1885, e do Decreto N 165-A, de 17 de janeiro de l890, que tratava sobre operaes de crdito mvel. Mais adiante, seguem novos diplomas mudando ou aperfeioando a matria comercial, notadamente, dentre outros, o Decreto N 1.102, de 21 de novembro de 1903, instituindo regras para o estabelecimento de empresas de armazns gerais e, estabelecimento direitos e obrigaes para as referidas empresas; a Lei N 2.591, de 07 de agosto de 1912, regulando a circulao de cheques, especificando no 1, do art. 1, qu e consideram-se fundos disponveis para saque dos cheques: a) as importncias constantes de conta-corrente bancria; b) o saldo exigvel de contacorrente contratual; c) a soma proveniente de abertura de crdito; o Decreto N 14.728, de 16 de maro de 1921, aprovando o r egulamento para a

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fiscalizao dos bancos e casas bancrias, na conformidade do art. 5, do Decreto N 14.182, de 13 de novembro de 1920, definindo que o servio de fiscalizao ser executado pela Inspetoria Geral dos Bancos, sob a superintendncia do Ministrio da Fazenda; o Decreto N 15.788, de 08 de novembro de 1922, regulando a execuo de contratos de hipoteca de navios e Decreto N 15.809, de 11 de novembro de 1922, aprovando o regulamento especial para execuo dos contratos de hipoteca naval previstos no Decreto N 15.788/22; o Decreto N 5.372-B, de 10 de dezembro de 1927, criando ofcios privativos de notas e registros de contratos martimos, e mandando que neles sejam lavrados e registrados todos os contratos de direito martimo, quando a escritura pblica for substancialmente exigida para validade dos mesmos contratos; De creto N 5.453, de 16 de janeiro de 1928, dispondo sobre as letras hipotecrias emitidas por sociedades de crdito real garantidas pela Unio e pelos Estados, prevendo no art. 1 que, alm de tais garantias pblicas, s garantiriam as transaes os imveis hipotecados; o Decreto N 1 9.009, de 27 de novembro de 1929, dando nova regulamentao aos corretores de navios, estabelecendo a necessidade de habilitao para tais pr ofissionais e limitando nmero de at o mximo de trinta, no Distrito Federal (na poca, no Rio de Janeiro). Essas e outras normas foram dando nova fisionomia ao Cdigo, que foi-se adaptando, modificando e atualizando paulatinamente. Porm, cada vez mais prosperavam idias favorveis construo de um novo diploma, de tal sorte que os Professores Sampaio de Lacerda58 e Ca stro Reblo, bem depois, o consideraram ultrapassado, tendo o ltimo de tais autores verberado em aula inaugural, que o Cdigo j nasceu velho. Movido por esses e outros fatores, em 20 de setembro de 1867 Augusto Teixeira de Freitas, tentara, ao invs de uma reforma ou substituio do Cdigo Comercial por outro mais moderno, a unificao do direito privado atravs uma consolidao da legislao civil. Design ado por decreto Imperial de 11 de janeiro de 1859, props a elaborao de dois diplomas: um, que denominou Geral, abrangeria regras relativas s pessoas, bens, fatos e efeitos jurdicos, e unificaria o direito pblico e o direito privado; outro, chamado Civil, que regularia matria sobre os efeitos civis, os direitos pessoais e os direitos reais, e incluiria matria comercial.59 Tendo adoecido tempo depois, apesar do entusiasmo de alguns juristas e do prprio Governo Imperial, o trabalho ficou paralisado. No incio do perodo republicano, em 1889, Coelho Rodrigues foi escolhido para elaborar projeto de codificao das leis civis, que acabou unificando todo o direito privado, dentre ele, a matria comercial. Tendo recebido parecer contrrio da Comisso Revisora, no teve seqncia. Mas, em 1898, durante o governo de Campos Sales deu-se nova tentativa de organizao do Cdigo Civil, desta feita, porm, sem que nele fosse regulada a matria mercantil. Em socorro da autonomia do direito comercial, Clvis Bevilqua apresentou o seu projeto de Cdigo Civil, que excluiu a matria comercial. Durante o governo do Marechal Hermes da Fonseca, Ingls de Souza foi autorizado pelo Decreto N 2.378, de 04 de janeiro de 1911, a transformar projeto de elaborao de um novo Cdigo Comercial em projeto de Cdigo de Direito Privado. Apresentado ao Congresso Nacional, onde permaneceu em torno de dezoito anos - at 1930, o projeto no vingou. Dividia a matria em seis livros: das pessoas; das coisas; das obrigaes e contratos; da indstria da navegao; da falncia; dos registros. Por volta de 1928 sofreu aperfeioamento tcnico, em razo das emendas propostas, mas, como foi dito, no prosperou. Ingls de Souza pertencia corrente de juristas favorveis unificao do direito privado. Convencido das idias medievais que atribuam ao direito comercial carter de direito humano - segundo essas idias, o crescente progresso da civilizao decorria do notvel desenvolvimento comercial -, o jurista ampliou de tal sorte a matria comercial dentro do projeto, que quase nada restava para regular matria de natureza civil.60 A partir da Revoluo de 1930 que deps o Presidente Washington Lus e dissolveu o Congresso, instalado o Governo Provisrio, foi editado o Decreto N 19.459, de 06 de dezembro do mesmo ano , regulamentado pelo Decreto N 19.684, de 10 de fevereiro de 1931, nomeand o uma Comisso Legislativa integrada por dezoito Subcomisses destinadas a elaborar uma nova lei. Dessas Subcomisses, cinco se des tinavam a apreciar a matria comercial. Como nas demais tentativas, no chegou a resultado. Fechado o Legislativo, inaugura-se durante o Governo Provisrio uma fase marcada por abundante legislao de exceo. de tal poca o Decreto N 19.473, de 10 de dezembro de 1930, regulando os conhecimentos de transportes de mercadorias por terra, mar e ar, a lm de outras providncias, com remisso aos arts. 74 e 82, do Decreto-lei N 483, de 08 de junho de 1938 (Cdigo Brasileiro do Ar); o Decreto N 19.754, de 18 de maro de 1931, modificando parte do anteriormente referido; o Decreto N 20.454, de 29 de dezembro de 1931, regulando os c onhecimentos de frete emitidos no ordem (art. 1 - O conhecimento de frete nominativo pode ser emitido no ordem, mediante clusula expressa inserida no contexto.); o Decreto N 20.704, de 24 de novembro de 1931, promulgando a Conveno de Varsvia, de 12 de outubro de 1929, em face da Segunda Conferncia Internacional de Direto Privado Areo, para a unificao de certas regras relativas aos transporte areo internacional; o Decreto N 20.881, de 30 de dezembro de 1931, dando novo regulamento Bolsa de Mercadorias do Distrito Federal; o Decreto N 21.499, de 09 de junho de 1932, criando a Caixa de Mobilizao Bancria; o Decreto N 21.638, de 14 de julho de 1932, determinando a aplicao do previsto no art. 172, n 5, do Cdigo Civil, s obrigaes de natureza mercantil (a matria prevista do Cdigo Civil, a que trata da interrupo da prescrio, por qualquer ato inequvoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor; o Decreto N 21.854, de 21 de setembro de 1932, isentando os contratos de seguro martimo da obrigatoriedade do regirstro a que se referem os Decreto N5.372-B, de 10 de dezembro de 1927 e o 18.399, de 24 de setembro de 1928; o Decreto N 21.981, de 19 de outubro de 1932, que regula a profisso de leiloeir o no territrio da

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Repblica; o Decreto N 22.339, de 19 de dezembro de 1932, regulando as sociedades cooperativas, dentre muitos outros, s par a restringir-se aos primeiros anos da dcada de trinta. Em 1936, a Cmara dos Deputados nomeou comisso especial para elaborar novo projeto do Cdigo Comercial. Dela participaram Levi Carneiro, como presidente e Waldemar Ferreira, como relator. Todavia, com o fechamento do Legislativo em 1937, o trabalho s retornou apreciao do Congresso Nacional em 1946, quando da volta normalidade institucional brasileira. Em 1950, sob a presidncia do Marechal Eurico Gaspar Dutra, sendo ministro da Justia Adroaldo Mesquita da Costa, foi nomeada comisso para construir projeto de reforma do Cdigo Comercial. Animava-os, alm do mais, a idia de comemorar o centenrio de promulgao do cdigo vigente com um reforma altura da importante obra jurdica. Resultou disso, o chamado esboo de anteprojeto de Cdigo Comerc ial, cuja organizao coube ao desembargador Florncio de Abreu, ex-professor da cadeira de Direito Comercial da Faculdade de Direito de Porto AlegreRS. A matria, contendo uma parte introdutiva (Introduo) e outra, ao final, relativa s Disposies Gerais, era distribuda em quatro livros inspirados no projeto de Vivante: I - Das Pessoas; II - Das Coisas; III - Dos Contratos e Obrigaes; IV - Do Registro do Comrcio. Todavia, Getlio Vargas, no incio do seu ltimo governo no o prestigiou, tendo nomeado Francisco Campos para organizar novo projeto. Como resultado, nenhuma das iniciativas vingou. 2.8 AS TENTATIVAS DO CDIGO DE OBRIGAES Comea em 1941 a idia de um anteprojeto de cdigo de obrigaes brasileiro, mediante trabalho elaborado em conjunto por Philadelpho Azevedo, Hahnemann Guimares e Orozimbo Nonato, respeitando, todavia, a intangibiliade da matria comercial. A proposta no era exclusiva, pois j implantada na Sua, com o Cdigo de Obrigaes de 1881; revisto em 1911 e 1936 e, aditado atravs de diversas leis, em 1941 e 1943. Seguiram-se-lhe, o da Turquia (verdadeira cpia do diploma suo), de 03 de abril de 1926; o do Lbano, de 09 de maro de 1932; e, o da Polnia, de 27 de outubro de 1933. A despeito disso, em todos esses pases continuou a viger os respectivos cdigos comerciais. Em 1949, Florncio de Abreu foi escolhido para compor um anteprojeto, mas, como das vezes anteriores, no chegou a ser concludo. Adiante, quando presidente Jnio da Silva Quadros, nova tentativa entusiasmou juristas e polticos. Com o Decreto N 5.005, de 20 de j ulho de 1961 foi nomeada Comisso de Estudos Legislativos, do Ministrio da Justia e Negcios Interiores, integrada por vrios relatores, com a finalidade de elaborar anteprojeto de cdigo de obrigaes, embora alguns historiadores digam que o propsito era de apenas reformar o velho Cdigo Comercial. Era Ministro da Justia o Dr. Joo Mangabeira, e a comisso era integrada por Castro Reblo (para tratar da parte relativa navegao); Thephilo Azeredo dos Santos (para a parte dos ttulos de crdito); Silvio Marcondes (para a parte relativas s sociedades comerciais); e, Caio Mrio da Silva Pereira (para a parte das obrigaes). Apesar da inesperada renncia do Primeiro Mandatr io a motivao no arrefeceu. Encaminhado em 1965 pelo Executivo ao Legislativo, atravs da Mensagem N 804, resultou no Projeto de Lei N 3.264 do mesmo ano. Apesar da inesperada renncia do primeiro mandatrio a motivao no arrefeceu-se de imediato. Outra tentativa foi feita durante o governo militar que resultou do movimento poltico de 1964, quando era presidente o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Naquela ocasio foi nomeada nova comisso, pois entendiam que a matria do Projeto de Lei N 3.264/76 estava um tanto desatualizada. O anteprojeto foi elaborado por comisso integrada por Orozimbo Nonato, Caio Mrio, Orlando Gomes, Sylvio Marcondes, Nehemias Gueiros e Thephilo Azeredo dos Santos. Meses depois, ainda no governo do mesmo mandatrio, em face da prioridade da da ao projeto de reviso do Cdigo Civil Brasileiro, o estudo do cdigo de obrigaes foi preterido. Alis, os dois projetos encalharam. Resta esperana de que num futuro prximo a imperiosa modernidade do direito mercantil se torne realidade; seja atravs de profunda e ampla r eforma do Cdigo Comercial; seja mediante a disciplinao da matria mercantil no propalado Cdigo de Obrigaes. A Exposio de Motivos encaminhada por Sylvio Marcondes em 11 de junho de 1964 ao Ministrio da Justia e Negcios Interiores , sustentava, dentre outros tantos fundamentos que justificavam a necessidade de um cdigo unificado, a elevao e disseminao da cultura, o enorme progresso cientfico, a expanso da produo e circulao de tda sorte de bens como que responsveis pela conduo de um processo de democratizao da riqueza, favorvel multiplicao dos atos econmicos e da sua prtica por pessoas em nmero cada dia maior. Dizia, ainda: Acelera-se o que, to a gsto da doutrina francesa, se tem admitido chamar comercializao do direito civil corroborando um civi lismo do direito comercial. Para bem emoldurar to incisivos e argumentos, arrematava: A discutida dicotomia daquele ramos do direito no con stitui embarao a frmulas de unificao. As razes da famosa retratao de VIVANTE, continuam vlidas, como substrato metodolgico e econmico da especializao tcnica e cientfica do direito comercial, mas nem por isso excluem a coordenao unitria de atos jurdicos c oncernentes ao fenmeno econmico. Com efeito, atribui-se a Vivante o despertar na maioria dos povos, da idia de unificar o direito privado. A partir da publicao de um estudo que defendia a unificao da matria comercial e da civil num s diploma, ou num s direito comum - per uno codice unico delle obligazione (1888), surge destacado interesse na criao de um cdigo de direito privado que, adiante, evoluiu at chegar idia de criar um cdigo de obrigaes.

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Para justificar a quebra da autonomia do direito comercial, argumentava que os atos de comrcio tanto podiam ser praticados por comerciantes, como por qualquer outra pessoa. Para ele, a autonomia se mantinha quase que exclusivamente por tradio. Seguiram-no, dentre outros, Alfredo Rocco, Spencer Vampr, Bento de Faria, Clvis Bevilqua, dentre outros. Rebatia-o, no entanto, Vidari, ferrenho defensor da autonomia do direito mercantil, no que foi seguido, dentre outros, por Carvalho de Mendona, Alfredo Valado, Bolaffio, Ingls de Souza, Castro Reblo. Mais tarde, todavia, o prprio Vivante repensando os seus ideais, admite no ser oportuna a unificao do direito comercial e do direito civil, vez que traria prejuzos ao desenvolvimento do direito privado. Em 1919 foi criada na Itlia, comisso presidida por Cesare Vivante, encarregada de apresentar proposta de reforma da legisla o comercial. Quando todos acreditavam que o jurista italiano no deixaria escapar a oportunidade para implementar em definitivo e na prtica, as suas idias de unificao do direito privado, Vivante recuou, justificando que o momento no era oportuno para incorporar o Cdigo Civil e o Cdigo Comercial num s diploma. Aduzia, em defesa da manuteno dos dois cdigos, que o estado de maturidade dos dois ramos do Direito muito diverso. Alm do mais, que a diversa velocidade com que se elabora o contedo dos dois cdigos provavelmente oporia sempre grande obstculo para unificlos. Sampaio de Lacerda, sustenta que a coexistncia dos dois cdigos prejudicial economia dos julgamentos e certeza do dire ito, trazendo dificuldade em se determinar se tal ou qual matria pertence ao campo do direito civil ou do direito comercial. Esse problema que no se restringe a hiptese, pois toda a questo de limites, em seu extremo, , por seu natureza, indecisa e indefinida. Disse, ainda: A diviso do direito privado exerce perniciosa influncia sobre o progresso cientfico. Assim, quem estuda os institutos do direito comercial no tem em vista a aten o para a teoria geral das obrigaes, que pertence a outra disciplina distinta nos Cdigos, na doutrina e no ensino. Disse mais , mais: A coexistncia de dois Cdigos prejudica ainda o exerccio do direito pela dificuldade que pode haver em se combinar as suas disposies, quando, ao mesmo tempo, regularem o mesmo instituto.61 Continha, ainda, a Exposio de Motivos: O propsito uniformizador, que ora se manifesta na elaborao legislativa brasileira, recebe estmulo de dois autorizados precedentes, cujo eco ainda perdura, a obra pioneira de Teixeira de Freitas e os projetos de Ingls de Souza . Aqule, evoluindo do Esbo do Cdigo Civil, para o plano dos cdigos unificados; ste, oferecendo, ao lado do Projeto de Cdigo Comercial, o de emendas destinadas a transform-lo em Cdigo de Direito Privado. Partidas de plos opostos, visando a meta idntica. No captulo relativo MATRIA MERCANTIL, a Exposio de Motivos justificava: A atividade mercantil, entretanto, se coloca no campo mais ativo do processo econmico nacional e, por isso, o Cdigo de 1850, encolhido nos poucos preceitos que lhe restam, no pode servir de paradigma nova codificao. Elaborado na ausncia de direito comum consolidado, produziu frutos de sabedoria e prudncia, ainda reconhecidas nos textos que resistiram ao do tempo. Mas sua sistemtica foi estilhaada pela supervenincia de necessidades e, em conseqncia, de institutos, novos ou remodelados, numa legislao especial que lhe muda a extenso e a figura... ...O direito mercantil vem sendo submetido, no ltimo sculo, a transformaes que no se limitaram atomizao do seu quadr o legal, fixado, no Brasil, em 1850. Elas vo alm, pois abalam a sua prpria estrutura conceitual, fundada subjetivamente no comerciante e objetivamente nos atos de comrcio. Atos que perdem, em si mesmos, o antigo tratamento especial, mas que, por outro lado, despertaram um nvo intersse, quando coordenados em atividade, desenvolvida em emprsa, criada e mantida pelo empresrio. Fenmenos de que resultam, junto a impor tantes conseqncias econmicas, renovadas concepes jurdicas, j acolhidas no nosso direito e de prestncia relevante para informarem a atualizao da matria mercantil, no cdigo projetado. Na parte reservada para discursar sobre a ATIVIDADE NECOGIAL, a Exposio de Motivos mostrou demorada preocupao sobre o conceito econmico da empresa: O conceito econmico de emprsa - como organizao dos fatres da produo de bens ou de servios, para o mercado, coordenada pelo empresrio, que lhe assume os resultados - tem sido fonte de contnua discusso sbre a natureza jurdica da emprsa, entre autores que j no mais consideram suficiente a lio de VIVANTE, alis consagrada na doutrina brasileira, de que o direito faz seu aqule conceito econmico. Entretanto, suscitada na hermenutica dos cdigos comerciais do tipo francs, e acirrada pela exegese do nvo cdigo civil italiano, a disputa encontrou afinal seu remanso. Segundo esclareceu Asquini - apresentando o fenmeno econmico de emprsa, perante o direito, aspectos diversos, no deve o intrprete operar como preconceito de que le caiba, forosamente, num esquema jurdico unitrio, de vez que emprsa conceito de um fenmeno econmico polidrico, que assume, sob o aspecto jurdico, em relao aos diferentes ele mentos nle concorrentes, no um, mas diversos perfis: subjetivo, como empresrio; funcional, como atividade; objetivo, como patrimnio; corporativo, como instituio Sobre o ttulo DO EMPRESRIO, faz um radiografia que, apesar de identific-lo a partir de uma verso tripartite, no deixou claro se, para qualificar-se como tal, o comerciante precisar reunir as trs condies decantadas pelos Eminentes Juristas que elaboraram o valioso anteprojeto,

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ou se, mesmo com o exerccio de apenas uma dessas, isoladamente das demais, estar identificado o profissional. Seno, vejamos o que diz a Exposio de Motivos: Tomando a emprsa em seu perfil subjetivo, o anteprojeto conceitua o empresrio por traos definidos em trs condies: a) exerccio de atividade econmica e, por isso, destinada criao de riqueza, pela produo de bens ou de servios para a circulao, ou pela circulao dos bens ou dos servios produzidos; b) atividade organizada, atravs da coordenao de fatres de produo - trabalho, natureza e capital - em medida e propores variveis, conforme a natureza e o objetivo da emprsa; c) exerccio praticado de modo habitual e sistemtico, ou seja, profissionalmente, o que implica dizer, em nome prprio e com nimo de lucro. Esclarece, ainda: Dessa ampla conceituao exclui, entretanto, quem exerce profisso intelectual, mesmo com o concurso de auxiliares ou colaboradores, por entender que, no obstante produzir servios, como o fazem os chamados profissionais liberais, ou bens, co mo o fazem os artistas, o esfro criador se implanta na prpria mente do autor, de onde resultam, exclusiva e diretamente, o bem ou o servio, sem interferncia exterior de fatres de produo, cuja eventual concorrncia , dada a natureza do objeto alcanado, meramente acidental. A questo, secularmente discutida na doutrina, por vezes identifica ou caracteriza o empresrio sob prismas diferentes, distinguindo as figuras do empresrio e do comerciante. Afinal, longe de esquecer que o empresrio, para muitos, inclusive para o autor, considerado g nero, do qual, uma das espcies o comerciante. A partir deste enfoque, o prprio Cdigo Comercial francs, no art. 1 define os comerciantes como as pessoas que exercem ato de comrcio e deles fazem profisso habitual. Dois, pois, o requisitos assinalados por Fran Martins: 1) a prtica de ato de comrcio; 2) a profissionalidade habitual.62 O anteprojeto do cdigo de obrigaes exclui os profissionais liberais e os artistas, nomeando empresrios, apenas, os comerciantes clssicos ou ortodoxos. Para esses, ento, no h melhor caracterizao do que a firmada em quatro atos: 1) o da intermediao (ou intromisso) na compara e venda de bens (mercadorias); 2) realizada por conta e risco prprios do comerciante (o que exclui a consignao) ; 3) desempenhada em carter no eventual; 4) e, com escopo de lucro. O anteprojeto, que obra da histria contempornea brasileira, no que trata da matria comercial ou a esta relacionada, regula ainda questes relativas s sociedades: a SOCIEDADE EM COMUM ...O grupo das sociedades no personificadas compreende no anteprojeto, duas es pcies: a que denomina sociedade em comum e a clssica sociedade em conta de participao. Neste tpico, cuida-se da primeira...Por stes fundamentos, o anteprojeto considera a sociedade, na fase antecedente personificao, no como um produto bastardo, que denominado sociedade de fato, a lei atual manda viver nos quadros do direito comum, mas perfilhando-a linguagem societria, no grupo das sociedades no personificadas. A, levada em conta a titularidade dos scios, ainda no desligada do patrimnio especial que lhe serve de supedneo, recebe o nome de sociedade em comum, regida por preceitos especficos e suprida pelas normas aplicveis da sociedade simples, cuja estrutura mais adiante se ver. Revigora a Sociedade em Conta de Participao, pouco prestigiada pelos nossos tribunais, especialmente, os do Trabalho, que a enxergam, mais das vezes, como forma de descaracterizao da relao de emprego. Tm entendido alguns tribunais, que atravs desse tipo jurdico de sociedade mercantil, o scio ostensivo procura desfigurar uma verdadeira relao de trabalho que mantm com os seus empregados, contratando-os como scios ocultos, que o anteprojeto denomina de scios participantes.. E, sintetiza o anteprojeto: ...a sociedade em conta de participao desempenha, por seu modo peculiar, papel da maior importncia, na captao de economias particulares, em prol do desenvolvimento da atividade mercantil. O anteprojeto, fiel linha tradicional do instituto, pretende ter aperfeioado sua configurao, livrando-o das incertezas que o cdigo de 1850 suscita entre os intrpretes. Institui a denominada SOCIEDADE SIMPLES, no prevista na ordenamento vigente. Aps discorrer sobre os motivos que justificam a criao do novo tipo jurdico, alinhando-os, em trs premissas maiores: Primeiro, porque as disposies, ditas gerais, no alcanam todas as sociedades personificadas, do que so exemplos as sociedades por aes. Segundo, porque, por outro lado, excedem o quadro das sociedades personificadas e se aplicam, embora supletivamente, s no personificadas. Terceiro, porque precisam servir de esquema para a composio das sociedades civis e, quanto a estas, funcionam como normas especiais. Cria, ento o novo tipo, para contemplar situaes at ento imprev istas, tanto na parte que trata dos preceitos gerais das sociedades, no Cdigo Comercial, quanto no Cdigo Civil. o que chamou de um compartimento comum, de portas abertas para receber e dar soluo s apontadas questes. Mantm, com algumas pertinentes alteraes - fruto da modernidade que esto a desejar tais tipos jurdicos - a Sociedade em Nome Coletivo, a Sociedade em Comandita Simples, a Sociedade Limitada, a Sociedade em Comandita por Aes, a Sociedade Annima e a Sociedade Cooperativa. Excluiu a Sociedade de Capital e Indstria, vez que pode ser constituda segundo as previses para a Sociedade Simples.

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Com referncia Sociedade em Nome Coletivo, prev que s pessoas fsicas dela podem participar como scios. Outra boa nova foi suprimir a exigncia da primeira parte do art. 315 do Cdigo Comercial, segundo a qual, pelo menos um dos scios deva ser comerciante; situao que j vem sendo retocada pela doutrina e pelos tribunais. Diz o art. 315: Existe sociedade em nome coletivo ou com firma, quando duas ou mais pessoas, ainda que algumas no sejam comerciantes, se unem para comerciar em comum...Ora, admitida a existncia da pessoa jurdica, desaparece o interesse do requisito legal, criado para que foi, dar cunho de comercial sociedade constituda sob esse tipo jurdico. Omitiu, ainda, a obrigao prevista na segunda parte do mesmo artigo, que veda a participao de pessoas que no sejam scios comerciantes. A finalidade era impedir que a integrassem, scios exclusivamente capitalistas. Como se trata de verdadeira sociedade de pessoas, nada mais justo que a lei exigia a participao direta de todos os scios, nas atividades sociais. Se determinado scio pretende participar apenas com efeitos patrimoniais, sem desejar participar diretamente dos atos sociais, que escolha outro tipo jurdico para associar-se. O projeto acerta, no de todo, ao proibir o credor particular do scio liquidar a quota do devedor, antes de dissolvida a sociedade. Essa questo, bem que podia ser dife rente, autorizando a liquidao da cota do devedor em favor do seu credor particular, uma vez que pagos ou garantidos todos os credores sociais. A Sociedade em Comandita Simples tambm sofre fundas alteraes. O Cdigo prev duas categorias de scios: dos comanditados, que necessariamente devem ser comerciantes (situao corrigida pela doutrina e pelos tribunais, tal como previsto para o caso da Sociedade em Nome Coletivo, acima comentada) e obrigam-se solidariamente pelos compromissos firmados pela sociedade.; dos comanditados, que sendo meros prestadores de capitais, no se obrigam alm dos fundos declarados no contrato. O anteprojeto, ao contrrio, veda a participao da pessoa jurdica como scio de responsabilidade solidria e ilimitada. Diz o art. 78 do anteprojeto: Na sociedade em comandita simples tomam parte scios de duas categorias: os solidrios, necessariamente pessoas fsicas, responsveis solidria e ilimitadamente pelas obrigaes sociais; os comanditrio, obrigados somente pelo valor de sua quota no capital social. Enquanto o Cdigo autorize omitir os nomes dos comanditrios no Registro do Comrcio, obrigando que se declare, apenas, o valor total dos fundos postos em comandita, o anteprojeto diz que o contrato social deve nomear os scios de cada uma das categorias. A Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, atualmente regulada pelo Decreto N 3.708, de 10 de janeiro de 1919, com o anteprojeto perder parte do extenso nome: prope cham-la, apenas, Sociedade Limitada. A adoo de firma ou denominao social vem disciplinada no Ttulo III - DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES - Captulo II - do Nome Comercial. Fora, pois, do Ttulo II, destinado a regular a constituio das sociedades. Atualmente, o tema vem regulado no Decreto N 3.708/19. A matria que trata da dissoluo social, tal como na legislao vigente, regulada em carter geral, aplicvel a todos os demais tipos de sociedades contratuais. No caso das companhias, o anteprojeto tambm no apresenta novidade, pois regula a dissoluo no corpo do captulo que trata exclusivamente das sociedades annimas. Atualmente, as sociedades annimas se dissolvem segundo previso na prpria Lei N 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispe sobre as soc iedades por aes. A Sociedade em Comandita por Aes, apesar de se tratar de tipo raramente adotado, o anteprojeto a mantm revigorando a conformao que lhe d a lei vigente e que se afigura satisfatria para as finalidades a ele reservadas. O anteprojeto omite a obrigao de constar em seguimento denominao ou firma, as palavras Comandita por Aes, por extenso ou abreviadamente - exigncia prevista no pargrafo nico, do art. 281, do da Lei N 6.404/76. Traz para o corpo do Cdigo a matria relativa s Companhias, retirando-lhe mais da metade dos artigos (133 contra os atuais 300), simplificando ou dispensando algumas solenidades, o que resultar em facilitar a sua criao e funcionamento, sem perda de importncia e rigor tcnicolegislativo. Todavia, em razo da distante poca em que foi projetado, ainda exige nmero mnimo de sete pessoas para a subscrio do capital social. Tambm regula no Cdigo as Sociedades Cooperativas, fixando quatorze categorias. Treze, relacionadas no art. 249: de produo agrcola; de produo industrial; de trabalho, profissional ou de classe; de beneficiamento de produtos; de compras em comum; de consumo; de abastecimento; de seguros; de construo de casas populares; de cultura intelectual; editoras e de cultura intelectual; escolares; e, mista s. Mais as de crdito, previstas no art. 308, que as disciplina sob forma de caixas rurais e de bancos populares. Deixa aberta oportunidade para a constituio de outras modalidades, que sero consideradas de categoria indeterminada e assemelhadas quela que oferecer mais aproximada analogia. Notas: 1. J. C. Sampaio de Lacerda, Lies de Direito Comercial Terrestre, Forense, pg. 10 2. Hernani Estrella, Curso de Direito Comercial, Jos Konfino, pg. 21 3. Octvio Mdici, Direito Empresarial Mercantil, Jalovi, pg. 24

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4. J. C. Sampaio de Lacerda, Lies de Direito Comercial Terrestre, ob. cit. pg. 10: O excesso de produo de produo de mercadorias para o consumo prprio foi que deu origem troca. Atualmente no mais h riquezas produzidas para o consumo (prprio). A produo destinada troca. Os produtos passaram a ser considerados como mercadorias, isto , como coisas destinadas troca. Os produtos devem satisfazer as necessidades dos outros e no exclusivamente s nossas. com esse intuito, assegura Rocco, que destinamos a nossa indstria, a nossa habilidade e a nossa inteligncia. 5. Pedro Barbosa Pereira, Curso de Direito Comercial, Rev. dos Tribunais, vol. I, pg. 3 6. Hernani Estrella, Curso de Direito Comercial, Jos Kofino, pg.11: O comrcio um fenmeno econmico, cujos antecedentes h istricos remontam s mais recuadas eras da humanidade. No testemunho de autores que se tm dedicado a essas investigaes, j na idade da pedra polida, eram conhecidas e praticadas trocas de bens in natura. 7. Edson Baccarin e Cristina M. Baccarin da Silva, Tratado Terico e Prtico de Direito Comercial Terrestre, Javoli, vol. I, pg. 51 8. Edson Baccarin e Cristina M. Baccarin da Silva, ob. cit., pg. 46 9. Waldemar Ferreira, Tratado de Direto Comercial, Saraiva, Vol. I., pg. 14: A predominncia incontrastvel do princpio de autoridade, peculiar economia dirigida, to antiga quanto o mundo, impediu-lhe o desabrochar, no porm, que se manifestasse sob a forma primria da troca do seu com o meu. Nenhuma tribo ou povo se libertou da fatalidade dessa lei econmica, profunda e eminentemente humana. Generalizou-se ela, entretanto. Multiplicou-se no trfico ntimo de cada grupo, depois de grupo em grupo, desde que se erigiu o princpio da propriedade privada, permiti ndo a cada qual livremente dispor do seu onde e como lhe conviesse. 10. Joo Eunpio Borges, Curso de Direito Comercial Terrestre, Forense, vol. I, pg. 12: Na venda direta que o produtor faz ao consumidor existe troca, mas, econmicamente, no ha comrcio. Apesar do respeito que devoto obra do mestre, nesse ti po de venda (direta entre o produtor e o consumidor), por vezes tambm h comrcio. Bastar que resulte de atividade no eventual e com escopo lucrativo, para que se a reconhea e declare comercial. 11. Alberto Biolchini, Direto Comercial - Prelees do Dr. Inglez de Souza, A Editora, pg. 1 12. Waldemar Ferreira, ob. cit. pg. 22: Nem tardou que surgissem os que, de maior poder de iniciativa e dotados de esprito de aventura, se dispusessem a adquirir aqui o que faltava ali, de molde a poder trocar alhures e conduzir para mais longe gneros e utenslios aos provveis consumidores, ao longo das ruas e das estradas 13. Inglez de Souza, compilado por Alberto Biolchini, ob. cit., pg. Mas, do mesmo modo que o productor, ao desfazer -se da riqueza que produziu, procura para si uma utilidade; do mesmo modo que o consumidor aufere della uma utilidade, pela satisfao da necessidade corr espondente, assim tambem aquelle que, pela sua intromisso, facilita a um e outro a utilidade almejada, tem e deve ter o intuito de colher uma vantagem, visa o lucro. 14. J. X. Carvalho de Mendona, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, vol. I, pg. 46 15. Walter T. lvares, Direito Comercial, Sugestes Literrias, vol. I, pg. 57. 16. Octvio Mdice, diz que a publicao do Cdigo de Hamurabi deu-se no sculo XIX a.C.; Joo E. Borges, refere o ano 2.083 a. C.; J. X. Carvalho de Mendona refere o ano 2..250 a. C. 17. Joo Eunpio Borges, ob. cit., pg. 26 18. Octvio Mdici, ob. cit., pg. 27 19. Walter T. lvares, ob. cit., pg. 60 20. Fran Martins, Curso de Direito Comercial, Forense, pg. 33: No se pode, com segurana dizer que houve um direito comercia l na mais remota antigidade. Os fencios, que so considerados um povo que praticou o comrcio em larga escala, no possuam regras especiais aplicveis s

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relaes comerciais. Na Grcia comeam a aparecer alguns contratos, que mais tarde so aceitos no direito comercial, como o c mbio martimo, de que h referncia nos discursos de DEMSTENES, variando a taxa de 21% a 30%, em caso de feliz arribada dos navios (26) Cf. Vicente Austn Y Gella, Curso de Derecho Mercantil Comparado, 2a. Ed., Zaragoza, 1948, pg. 23. 21. Joo E. Borges, ob. cit., pg. 27 22. Joo E. Borges, ob. cit., pg. 28 23. Amador Paes de Almeida, Falncias e Concordatas, Saraiva, pg. 21 24. Rubens SantAnna, Falncias e Concordatas, Sntese, pg. 16 25. Amador Paes de Almeida, ob. cit., pg. 21 26. Walter T. lvares, ob. cit. Pg. 38 27. J. C. Sampaio de Lacerda, Manual de Direito Falimentar, Forense, pg. 29 28. Rubens SantAnna, ob. cit., pg. 17 29. Hernani Estrella, ob. cit., pg. 26: Nos tempos modernos, a Frana tem a primazia e assume a liderana do grande movimento de ordenao e sistematizao legislativa do direito comercial. Sob o reinado de Luiz XIV, sendo ministro Colbert, vieram luz as duas ordenanas... 30. Darcy Arruda Miranda Jnior, Curso de Direito Comercial, Saraiva, 1 vol., pg. 17 31. Jos Carlos Moreira Alves, Direito Romano, Forense, vol. I, 32. Guilherme Haddad, Ementas de Direito Romano, Jos Konfino, pg. 5 33. Waldemar Ferreira, ob. cit. , pg. 38 34. J. C. Sampaio de Lacerda, Manual de Direito Falimentar, ob. cit., pg. 27 35. Octvio Mdici, ob. cit, pg. 31 grafou Segismundo Scaccia; Geraldi Viveira, Curso de Direito Comercial, Sntese e Campos, pg. 22, grafou Sigismondo Sccacia. 36. Joo Eunpio Borges, ob. cit., pgs. 30/31: Nos primeiros tempos,, porm, no perodo compreendido entre a fundao de Roma e a primeira guerra pnica, na poca do primitivo jus quiritium a palavra commercium tanto em Roma, como nas cidades estrangeiras, compreendia, segundo HUVELIN, o direito do mercado, a faculdade de participar em atos jurdicos internacionais, geralmente de carter mercantil, desprovidos das solenidades do jus civile..Os autores latinos, lembra HUVELIN, (9) apresentam o commercium sob um aspecto unilateral, como um direito dos estrangeiros em Roma, como exemplo de Ulpiano, que se refere aos peregrini, quibus commercium datum est. Mas o commercium recproco, sendo concedido aos romanos nas cidades estrangeiras, base de reciprocidade. 37. Joo Eunpio Borges, ob. cit., pg. 35 38. J. C. Sampaio de Lacerda, Manual de Direito Falimentar, ob., cit., pgs. 29/30 39. J. X. Carvalho de Meoncona, ob. Cit., pg. 61: (2) A primeira obra de codificao, inciada no sculo XVIII, foi a do Cdigo Geral Prussiano (allgemeines Landrecht) de 1794, no falando de Cdigos parciais anteriores. Certo , porm, que a idia de codificao remon ta a perodo anterior ao sculo XVIII, mas sem xito prtico digno de meno. Nesse sculo Leibnitz proclamava a necessidade de um Cdigo brevis, clarus, sufficiens. 40. Waldemar Ferreira, ob. cit., pg. 66, diz que o Cdigo dividiu-se em quatro livros. O do comrcio em geral (comerciantes, livros comerciais, sociedades, blsa, penhor, comissrios, compra e venda, letras de cmbio, bilhetes ordem). O do comrcio martimo. O da falncia. O da jurisdio consular ou comercial. Igual entendimento tem Fran Martins, ob. cit., pg. 40: O Cdigo francs compunha-se, inicialmente, de 648

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artigos, divididos em quatro livros, compreendendo o primeiro o comrcio em geral, o segundo o comrcio martimo, o terceiro, o terceiro as falncias e bancarrotas (titulo acrescido em 1838) e o quarto a jurisdio comercial. 41. Rubens Requio, Curso de Direito Comercial, ob. Cit., pg. 13: Mas, como observam os comentadores do Cdigo Napolenico, e ntre os quais o Prof. Jena Escarra, o Cdigo considera empresa a repetio de atos de comrcio em cadeia. De de sorte que esta concepo se apresenta como sntese de dupla noo do ato de comrcio e comerciante, que tem por conseqncia confundir os julgamentos que distingue m o sistema subjetivo de comercialidade do sistema objetivo. 42. J. X. Carvalho de Mendona, ob. cit., pg. Pg. 61, assim refere-se: No obstante terem sido as ordenanas de 1673 e 1681 o resultado dos conhecimentos cientficos dos jurisconsultos mais notveis do tempo merecido grandes louvores, tornaram-se insuficientes, principalmente devido ao progresso da riqueza mvel, ao acrscimo da fortuna pblica e privada, atividade do trfico mercantil e ao desenvolvimento do comrcio. 43. Joo E. Borges, ob. cit., pg. 51, assim explica: A grande inovao do cdigo francs foi o carter objetivo que imprimiu ao direito comercial. Rompendo com a tradio que via nele o direito de uma classe - o direito dos comerciantes, - o cdigo francs quis unicamente o direito dos atos de comrcio. O ato de comrcio adquire autonomia, desprende -se da pessoa do comerciante, objetiva-se e passa a constituir a base do direito comercial. Mas, ao revs, as pessoas sero comerciantes quando praticarem profissionalmente atos de comrcio. Deslocou-se da pessoa para o ato a tnica do direito comercial. (32) O legislador francs no conseguiu, porm, vencer o peso da tradio e traduzir exatamente no Cdigo de 1807 a concepo puramente objetiva imposta pela ideologia revolucionria e pelas de 1791. 44. Jlio Dantas, Histria da Colonizao Portuguesa do Brasil, Lloyds Greater Britain P ublishing Company, Ltd., vol. I, pgs. 4 e 5, assim relata a MARAVILHOSA Lisboa do sculo XVI: Evoco-a com orgulho e com delumbramento. Tenho-a nos olhos e no corao. Ouo o seu tumulto, cgame o seu esplendor. Era a grande cidade nutica e comercial que abrira, como uma rom ao sol, o velho burgo judengo e sombrio de D. Joo II. Era a segunda Veneza, o grande entreposto europeu aberto ao comrcio do Oriente, luminosa Cosmpolis onde pululavam os novos-ricos da Renascena; os comerciantes da pimenta, do outro de Sofala, do marfim da Guin, do ambar, do benjom, das lacas; os oportunistas da exportao da prata em reais castelhanos; os mercadores genoveses, biscanhos, sevilhanos, ingleses, flamentos, rabes, que i nundavam de produtos o mercado lisboeta e vinham procurar nle as especiarias para as derramar pelo mundo inteiro. Um s rua bastava para dar a impresso do seu movimento e da sua grandeza. Segue o autor, descrevendo a rua Nova dos Mercadores, uma das principais artrias comerci ais de Lisboa, agora, segundo compilou do livro Horas de D. Manuel, de autoria de Antnio de Holanda: Uma s rua bastava para dar a impresso do seu movimento e da sua grandeza: a Rua Nova dos Mercadores...com suas lojas sumptuosas, herdeiras do comrcio da Sria e de Alexa ndria, cheias de pratas, de panos de Flandres, de sdas da China, de marlotas de Constantinopla, de brocados de Florena, de corais, de espelhos, de lacas, de mbar, de prolas, de benjom, de almscar, como a pintam, na sua relao de viagem, os embaixadores de Veneza, Tron e Lippomani...Era a rua dos banqueiros (j ento havia seis na arqui-av da rua dos Capelistas!), dos mercadores de tda a mercadoria, dos vendedores de porcelanas da ndia, dos livreiros (contavam-se 54, pojados de obras latinas, francesas, portugueses e castelhanas), dos lapidrios, dos tapeceiros, dos guadamecileiros, dos luveiros, dos douradores, dos perfumistas, de tutti quanti - formidvel bazar cosmopolita diante do qual passeavam elegantes lisboetas do sculo XVI... 45. Joo E. Borges, ob. cit., pg. 55: A legislao comercial portugusa foi transcrita por Jos da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, no seu monumental Princpios de Direito Mercantil e Leis da Marinha, obra composta de oito tratados, publicados entre 1798 a 1804. Na poca anterior a 1640, no havia prpriamente legislao comercial em Portugal; havia neste ponto tanta esterilidade que, segundo testifica L inschotten, nem as leis Rhodias eram conhecidas, tratando do alijamento brutal praticado na navegao oriental, em que os sacrificados pela salvao comum no eram indenizados, pg. 383 da Introduo. No entanto, no sculo XIV (de 1366 a 1383), Portugal teve algumas leis promulgadas por D. Fernando I, tratando do direito martimo, sobretudo de seguros (pg. 135 da Introduo). 46. J. X. Carvalho de Mendona, ob. cit., pg. 65: O Cdigo Comercial Portugus de 1833 baseou-se principalmente nos Cdigos francs e espanhol, mas, declara Ferreira Borges, teve por fonte tambm o Cdigo da Prssia (Allgemeines Landrech), de 1794, o de Flandres, que no chegou a entrar em execuo em virtude da revoluo belga de 1830, o projeto do Cdigo italiano, as leis comerciais da Inglaterra e da Escocia, as ordenanas da Rssia e algumas particulares da Alemanha. A sua extenso, 1.860 artigos, explica-se pela falta de um Cdigo Civil. Acrescentamos que Portugal hoje tem um Cdigo Civil. 47. Histria da Colonizao Portuguesa do Brasil, ob. cit., vol. II, pg. 339: A madeira cujo nome consagrou a terra do Brasil figurava entre as mercadorias que Portugal dava Europa. V-se dalista de mercadorias permutadas, durante o reinado de D. Manuel, com os estados de Flandres e Barbante e publicada no Archivo Historico Portuguez, que entre elas figura o brasil, no s o da ndia, alud ido na minuta atrs, como tambm o brasil de Santa Cruz.

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De Anturpia participava o feito Joo Brando, em 8 de Agosto de 1509, que o brasil de Santa Cruz valia a 28 soldos o cento. (88-Trre do Tombo, Corp. Chr., I, 17, 120) .Da carta datada de Bruxelas a 6 de Maio de 1516 e escrita por Rui Fernandes, consta que nessa data j o pau brasil tinha cotao em Flandres. Eis textualmente a pssagem da carta que nos interessa e de cujo origial copimos.(89-Archivo Historico Portuguez, vol. VII, pg. 64):Quanto ao preo das espeiarias, que teveram esta feira de pascoa ella foy muito roim e teveram mao despacho as mercadorias por caso destes bancos rotos que romperam dous mercadores com XX mil crusados que fez grande perda, a terra est perdida de todo, a pimenta valleo antes da vinda das naos a 20 dinheiros e a 20 e com a vinda veo a 19 e a por as grandes finanas que se fezeram logo porque a terra est mynguada della, gengyvre 13 dinheiros, o da Veneza 18, canella longa 4 soldos, 8 a curta, 3 soldos e 2 dinheiros maas, e soldos e 2 dinheiros nozes, 26 dinheiros cravo escolhido, 10 soldos e em balla 8 soldos e 10 dinheiros malagueta, 7 dinheiros brasyl... 48. Histria da Colonizao Portuguesa do Brasil, ob. Cit., vol. III, pg. 176. 49. Helio Vianna, Histria do Brasil, Melhoramentos, tomo I, pg. 108. 50. Fran Martins, ob. cit., pg. 44 51. Pedro Barbosa Pereira, ob. cit, vol. I, pg. 32, refere que a data de fundao do Banco do Brasil foi 01.10.1808. 52. Rubens Requio, Curso de Direito Comercial, ob. cit., pg. 15 53. Darcy Arruda Miranda Jnior, Curso de Direito Comercial, Saraiva, 1 vol. Pg. 48, em contrrio afirma: A Constituio outorgada de 25-3-1824 previu um Cdigo Civil e um Cdigo Penal, no se referindo a um Cdigo Comercial. Isso parece indicar que, pelo menos at ento, a necessidade de um cdigo especial no era premente, razo talvez pela qual Jos da Silva Lisboa no chegou a ser pressionado, e retardou por muitos anos a elaborao do projeto, que, sem dvida, graas a sua vivncia e notvel saber, traria no seu bojo algo de original. Somente em 1831 que, por iniciativa de Jos da Costa Carvalho, Marqus de Monte Alegre, Deputado por So Paulo e terceiro diretor dos cursos jurdicos , se cogitou do projeto de um Cdigo Comercial. 54. J. C. Sampaio de Lacerda, Lies de Direito Comercial Terrestre, ob. cit., pg. 39 55. Rubens Requio, Curso de Direito Comercial, ob. cit., pg. 16 56. Ernani Estrella, ob. Cit., pg. 51 57. J. C. Sampaio de Lacerda, Lies de Direito Comercial, ob. cit., pg. 41: Diante dessa enorme elaborao legislativa, pensou-se sempre em reformar o nosso Cdigo Comercial, em face de sua vetustez. De fato, o nosso Cdigo j nasceu velho, como acentuou, certa feita, o professor Castro Reblo, em aula inaugural, por encontrar a base legislativa de seus princpios no Cdigo francs de 1807, que, por sua vez, j era velho ao nascer, como notou Jean Escarra, desde que seus redatores, por comodidade, se inspiraram quase sempre nas Ordenaes de 1673 e de 1681, que a seu turno, se baseavam, em grande parte, na legislao estatutria das Repblicas itlicas da Idade Mdia. Prefervel, contudo, para poder elaborar-se uma legislao comercial que atenda s necessidades da poca, fsse, primeiramente, organizada uma consolidao das normas esparsas. Vrias, porm, tm sido as tentativas de reforma do Cdigo Comercial 58. Alguns trechos da extensa proposta encaminhada por Teixeira de Freitas ao Governo Imperial, em 20.09.1867, em resposta ao trabalho at ento elaborado, em face de sua designao para elaborar projeto de Cdigo Civil, transcrita, na ntegra, por Waldemar Ferreira, Tratado, vol. I, pgs. 150 a 161: ...O Govrno quer um projeto de Cdigo Civil para reger como subsdio ao complemento de um Cdigo existente com a reviso, que lhe destina: e hoje minhas idias so outras, resistem invencvelmente a essa calamitosa duplicao de leis civis, no distinguem no todo das leis desta classe algum ramo, que exija um Cdigo do Comrcio. Meus esforos na codificao empreendida lutavam constantemente com duas dificuldades de gnero oposto, pelas quais afinal foi vencido. Tal o poder do comrcio; intenta conservar o Cdigo Comercial que domine a legislao inteira. De um lado, matrias superiores a todos os ramos da legislao, foroso foi conclu-las no Cdigo Civil, como at agora se tem feito, j que delas carecia e no havia outra parte da legislao em que delas se tratasse.

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O Govrno s pretende de mim a redao de um projeto de Cdigo Civil, e eu no posso dar sse Cdigo, ainda mesmo compreendendo o que se chama Direito Comercial, sem comear por um outro Cdigo, que domine a legislao inteira... ...De outro lado matrias privativas do Cdigo Civil foroso foi exclu-las, ou parti-las como tambm at agora se tem feito, j que havia um Cdigo do Comrcio em que delas se tratava. Alm disto, sem definir, sem distinguir, sem dividir, nunca j foi possvel formular a parte imperativa das matrias; e sempre, ante mim erguido, o aforismo do perigo das definies acusava-me de um falta, e com le o preceito dos mestres, preceito que, infelizmente, ainda ningum soube guardar! Como sair de tais embaraos se o contrato de 10 de janeiro de 1859 s autoriz ou-me a preparar um projeto de Cdigo Civil pelo mtodo da Consolidao das Leis Civis... ...Todos os Cdigos Civis tratam das pessoas e das coisas, e imitou-os o nosso Esbo com uma seco mais sbre os fatos, seguindo os escritores da escola germnica; e quem ousar dizer que no sejam stes os elementos de todos os direitos possveis em tdas as esferas da vida jurdica? No h tipo para essa arbitrria separao de leis, a que deu-se o nome de Direito Comercial ou Cdigo Comercial; pois que todos os atos da vida jurdica, excetuados os benficos, podem ser comerciais ou no comerciais, isto , tanto pode ter por fim o lucro pecunirio, como outra satisfao da existncia. No h mesmo alguma razo de ser para tal seleo de leis; pois que em todo o decurso de um Cdigo Civil aparecem raros casos , em que seja de mister distinguir o fim comercial dos atos, por motivo de diversidade no efeitos jurdicos. Entretanto a inrcia das legislaes, ao inverso do progressivo desenvolvimento das relaes jurdicas, formou lentamente um grande depsito de usos, costumes e doutrinas, que passaram a ser leis de exceo, e que de leis passaram a ser cdigos, com seus tribunais de jurisdio restrita e improrrogvel. Eis a histria do Direito Comercial! Eis falsificada a instruo jurdica e aturdidos os espritos com a frvola anatomia dos atos at extrair-lhes das entranhas o delicado critrio! 59. Waldemar Ferreira, Tratado, vol. I, pg. 170: ...Alargou e tal maneira a matria comercial, que a matria civil restaria a mofinada em quase nada. To pouco lhe tinha ficado, que, com simples projeto de emendas aditivas ao prprio projeto de Cdigo Comercial, ste se transfiguraria, como por golpe de mgica, em majestoso Cdigo Brasileiro de Direito Privado. 60. Sampaio de Lacerda, Lies de Direito Comercial Terrestre, ob. cit., pgs. 31 e 32 61. Fran Martins, Curso de Direito Comercial, ob. cit. pg. 147 Bibliografia ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falncia e Concordata. 11 ed. So Paulo: Editora Saraiva, 1.993; ARAJO, Jos Francelino de. Manual de Falncias e Concordatas. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1.996; CARVALHO DE MENDONA, J.X. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. V.7:8, 1.963; MAGALHES, Rubens Aguiar. Iniciao ao Direito Falimentar. 2 ed. So Paulo: Editora Max Limonad, 1.982; MIRANDA VALVERDE, Trajano. Comentrios Lei de Falncias: (Decreto-lei n.7.661, de 21 de setembro de 1.945), 4 ed. Atualizada por J.A Penalva Santos e Paulo Penalva Santos. Rio de Janeiro: Editora Forense, v.02; REQUIO, Rubens. Curso de Direito Falimentar. So Paulo: Editora Saraiva, v.01, 1.975; SIMO FILHO, Adalberto. A Superao da Personalidade Jurdica no Processo Falimentar. In Direito Empresarial Contemporneo. So Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2.000.

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- A 1 fase era o direito dos comerciantes (atos de comrcio subjetivos) Havia o chamado critrio corporativo, sistema subjetivo, pelo qual se o sujeito fosse membro de determinada corporao de ofcio o direito a ser aplicado seria o da corporao Posteriormente o direito seria aplicado pelo prprio Estado com a ascenso da burguesia ao poder, mantendo-se a disciplina autnoma - Com o passar do tempo os comerciantes passaram a praticar atos acessrios Que surgiram ligados a atividade comercial, mas logo se tornaram autnomos (ttulos cambirios). J no era suficiente a concepo de direito comercial como direito dos comerciantes Surge a 2 fase, sistema objetivista, o qual desloca o centro do direito comercial para os chamados atos de comrcio (Teoria do Ato de Comrcio) - Cdigo Comercial Brasileiro de 1850 Foi influenciado pelo Cdigo Comercial Francs de 1807, e era dividido em trs partes: - Parte primeira Do comerciante que adotou a teoria objetiva (teoria dos atos de comrcio) que nunca conseguiu definir com preciso o que so os atos de comrcio, e no atende mais as necessidades da vida moderna, sobretudo por excluir do mbito do direito comercial as atividades de prestao de servio Era necessrio ter habitualidade, finalidade lucrativa e prtica de atos de comrcio. A nomenclatura era comerciante (pessoa fsica) e a sociedade comercial (pessoa jurdica) - Demais partes Parte segunda: do comrcio martimo (em vigor) Parte terceira: das quebras (falncia e concordata) Para definir os chamados atos de comrcio foi publicado o Regulamento 737/1850, que elencava em rol taxativo a mercancia: compra e venda ou troca de bens mveis ou manufaturados, operaes de cambio, empresas de fbricas, seguros etc - Naquele regulamento no constava Compra e venda de imveis, atividade rural, prestao de servio - Cdigo Civil de 2002 Unifica a disciplina das matrias mercantis e civis, similarmente ao ocorrido na Itlia no cdigo de 1942 Substitui a Teoria do Ato de Comrcio pela Teoria da Empresa que reala a idia de atividade sobre a de ato. Trata-se de uma retomada do critrio subjetivista, centrada agora na pessoa do

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empresrio - teoria subjetivista-moderna. Hoje a denominao empresrio ou empresrio individual (pessoa fsica) e sociedade empresria (pessoa jurdica). - Direito Empresarial Passa a ser regulado pela codificao civil na Parte Especial do Livro II (arts. 966 a 1.195) Este livro, por sua vez, assim dividido: a) Ttulo I - Do empresrio; b) Ttulo II - Da Sociedade; c) Ttulo III - Do Estabelecimento; d) Ttulo IV - Dos Institutos Complementares 2. Direito Empresarial - Conceito Ramo do Direito que tem por objeto a regulamentao da atividade econmica daqueles que atuam na circulao ou produo de bens, bem como na prestao de servios - Direito de Empresa Ramo do direito privado, coexistindo ao lado do direito civil, no obstante receba profunda influncia do direito pblico, sobretudo no que tange a certas regras proibitivas do exerccio do comrcio

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Texto de Leitura Complementar: Direito empresarial: aplicao e caractersticas, de autoria de Silvio Aparecido Crepaldi, docente do Curso de Direito da UNIPAC Uberlndia-MG e Coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do CESVALE. DIREITO EMPRESARIAL: APLICAO E CARACTERSTICAS 1 - INTRODUO No atual cenrio econmico tomado pelo processo da globalizao e pelos avanos tecnolgicos, importante destacar a crescente influncia e participao da empresa, estando, ela, sem dvida, no centro da economia moderna, constituindo a clula fundamental de todo o desenvolvimento empresarial. A Lei n 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002, entrou em vigor a partir de 11 de Janeiro de 2003, trouxe mudanas em vrios pontos do ordenamento jurdico relativo a atos civis em territrio brasileiro. O diploma tem por caracterstica a unificao do direito privado brasileiro, uma vez que abrange, alm de matria de ordem civil propriamente dita, matria de direito comercial. Revoga expressamente a Lei n 3.071/16 (Cdigo Civil) e a Parte Primeira da Lei n 556, de 1850 (Cdigo Comercial), que versa sobre o "Comrcio em Geral". Foi batizada "Do Direito da Empresa" a parte que estipula as normas relativas ao comrcio. Com a atualizao da nomenclatura e adoo expressa da teoria da empresa, realidade ftica indiscutvel aps a evoluo das relaes comerciais brasileiras, os dispositivos do Livro II da Lei n 10.406/02 corrigem a rota da matria jurdica comercial, em substituio ao entendimento vigente na poca do Imprio, calcado no Code de Commerce da Frana, onde vigorou a teoria dos atos de comrcio. Configurada nos artigos 632 e 633 do Cdigo Francs de 1807, a teoria dos atos de comrcio adstringe o comerciante s prticas elencadas no texto legal, vale dizer, comerciante vem a ser aquele que pratica atos de comrcio dispostos na lei como tal. Impossvel, portanto, coadunar-se a teoria dos atos de comrcio com o processo de desenvolvimento verificado desde ento, caindo por terra a limitao taxativa das prticas comerciais dado a dinmica empresarial verificada atravs dos tempos. Em 1942 foi promulgado o Cdigo Civil Italiano, dispondo com fora de lei a teoria da empresa, formulada a partir da observao do panorama evolutivo do direito comercial. Segundo esta teoria, atividade comercial aquela que visa a obteno de lucro mediante a organizao da fora de trabalho, capital e matria-prima, produzindo e circulando bens e servios. Este pensamento terico gradativamente tomou vulto entre juristas dos pases participantes do sistema jurdico legalista. A partir da prevalncia desta teoria entre os doutrinadores, a figura do comerciante passa a ser melhor traduzida pela palavra empresrio. Assim, faz-se necessrio analisar os vrios aspectos da Teoria da Empresa. A carncia de bibliografias voltadas ao assunto que incluam o estudo do Direito Empresarial motiva o estudo de novas anlises visando sanar as ineficcias na sua aplicao. Em conseqncia do cenrio exposto, a problemtica pode ser sintetizada na seguinte questo: o que a teoria da empresa no D ireito Empresarial? Procurou-se discutir os posicionamentos contraditrios existentes na sua aplicao, as suas caractersticas e finalidades, apontando a sua aplicabilidade no ordenamento ptrio, e verificando seus fundamentos e implicaes. A observao dos aspectos metodolgicos procura indicar os meios a serem utilizados para atingir os objetivos estabelecidos. As informaes referentes ao tema teoria da empresa foram obtidas mediante pesquisa bibliogrfica. Do mesmo modo, foram obtidas as informaes sobre a sua conceituao. O conceito proposto destina-se a analisar a teoria da empresa no Direito Empresarial e sua interferncia no sistema empresarial. Todavia, pode-se realizar e identificar as operaes mais complexas e de maior incerteza e que justifiquem maior detalhamento desta teoria para a sua adequada aplicao. 2 - CONCEITO o conjunto de normas jurdicas (direito privado) que disciplinam as atividades das empresas e dos empresrios comerciais (a tividade econmica daqueles que atuam na circulao ou produo de bens e a prestao de servios), bem como os atos considerados comerciais, ainda que no diretamente relacionados s atividades das empresas, conforme MAMEDE 2007. Abrange a teoria geral da empresa; sociedades empresariais; ttulos de crdito; contratos mercantis; propriedade intelectual; relao jurdica de consumo; relao concorrencial; locao empresarial; falncia e recuperao de empresas. Portanto, o Direito de Empresa passa a ser regulado pela codificao civil na Parte Especial do Livro II (arts. 966 a 1.195). Este livro, por sua vez, assim dividido: Ttulo I - Do empresrio; Ttulo II - Da Sociedade; Ttulo III - Do Estabelecimento; e Ttulo IV - Dos Institutos Complementares. Este o perodo correspondente ao Direito Empresrial contemplado no Cdigo Civil. Leva em conta a organizao e efetivo desenvolvimento de atividade econmica organizada.

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Os empresrios individuais e as sociedades empresrias so considerados agentes econmicos fundamentais, pois geram empregos, tributos, alm da produo e circulao de certos bens essenciais sociedade, por isso, a legislao garante a estes uma srie de vantagens. Assim que so deferidos institutos que do efetividade ao princpio da preservao da empresa, de origem eminentemente neolibera l em razo da necessidade de proteo ao mercado, relevante para o desenvolvimento da sociedade em inmeras searas, a exemplo da falncia, da possibilidade de produo de provas em seu favor por meio de livros comerciais regularmente escriturados e demais medidas protetivas. 3 - AUTONOMIA assegurada pela Constituio Federal, no art. 22, I, que ao tratar da competncia privativa da Unio em legislar sobre dive rsas matrias, explicitou dentre elas distintamente o Direito Civil e o Direito Comercial, que atualmente melhor chamado de Direito Empresarial, pois a preocupao da disciplina tambm se refere prestao de servios. Em verdade, o direito empresarial possui um conjunto sistematizado de princpios e normas que lhe do identidade, bem como institutos exclusivos como a recuperao de empresas e a falncia, o que faz com que se diferencie de outros ramos do direito. 4 - FONTES 4.1 Formais (primrias ou principais) So os meios pelos quais as normas jurdicas se manifestam exteriormente: Constituio da Repblica Federativa do Brasil; Leis Comerciais CC, Lei 10.406/2002, arts. 966 a 1195; Lei 6404/76 S A; Lei 11.101/2005 Falncia e Recuperao Judicial e Extra-judicial; Lei 9179/96 Propriedade Industrial; Lei 5474/68 Lei das Duplicatas; Cdigo Comercial Lei 556/1850, que trata do Comrcio Maritmo e que no foi revogada pelo CC.; Tratados e Convenes Internacionais (Lei Uniforme de Genebra). 4.2 Secundrias Na ausncia de norma especfica de direito empresarial deve-se recorrer a essas fontes (leis extravagantes). Compem-se de: Leis civis fonte direta no caso de obrigaes, considerando a unificao do CC 2002; Usos e costumes podem ser: Secundum legem: previstos em lei; Praeter legem na omisso da lei; e Contra legem: contra lei (cheque ps-datado). No que tange a costumes locais, exemplo: art. 111 do CC., tem-se: Analogia; Costumes; Princpio Gerais do Direito; e a Jurisprudncia. 5 - RELACIONAMENTO DO DIREITO EMPRESARIAL COM OS OUTROS RAMOS DO DIREITO PBLICO OU PRIVADO Embora seja um ramo autnomo do direito privado, mantm ntimas relaes com outras reas do direito. As principais so: a) Direito Civil direito obrigacional nico para os dois ramos do direito privado. So inmeras as relaes, a comear do atual compar tilhamento do CC, que reservou dispositivos dedicados matria comercial, seja sobre ttulos de crdito, empresa, empresrio, registro de empresa, etc. b) Direito Pblico: relaciona-se especialmente na parte relativa sociedade annima, aos transportes martimos, aeronuticos e terrestres. c) Direito Tributrio influncia marcante nos lanamentos da contabilidade mercantil e seus efeitos quanto incidncia dos tributos e circulao de mercadorias. A responsabilizao dos scios-gerentes por obrigaes da sociedade de natureza tributria, exegese do art. 135, III, CTN, ou mesmo da imposio de algumas espcies de livros fiscais aos empresrios. d) Direito do Trabalho liga-se disciplina das relaes entre os empregados e os empregadores, que so os empresrios individuais e coletivos. Basta vermos as causas trabalhistas sendo decididas no mbito da Justia do Trabalho para, em seguida, habilitarem-se no Quadro Geral de Credores admitidos na falncia. Tambm os dbitos de natureza trabalhista sendo cobrados dos scios das sociedades annimas ou limitadas. e) Direito Econmico: envolve as atividades comerciais ao limitar o preo de mercadorias, proibir a comercializao de certos produtos importados, enfim, ao interferir na vontade das partes. f) Direito Penal e Processual: aproxima-se desses ramos do direito, particularmanete no que se refere aos crimes falimentares e concorrncia desleal.

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g) Direito Internacional o Brasil seguidor de convenes internacionais que tratam de ttulos de crdito e propriedade industrial, dentre outros. Para insero das normas em nosso Ordenamento Jurdico, utilizam-se procedimentos afeitos ao Direito Internacional. 6 - TEORIA DA EMPRESA De acordo com o Cdigo Civil, o Direito brasi-leiro adota a Teoria da Empresa. Substituiu a teoria dos atos de comrcio pela teoria da empresa, deixou de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) para disciplinar uma forma especfica de produzir ou circular bens ou servios: a empresarial. Isto ocorre em razo da evoluo operada no comrcio mundial, notadamente com a difuso e aquisio de importncia da prestao de servios. Para tanto foi criada a Teoria da Empresa, que nasceu na Itlia e desenvolveu-se para corrigir falhas da teoria dos atos de comrcio, vindo, atualmente, a nortear a legislao ptria. Considera-se empresa a atividade econmi-ca organizada. Sendo: - Objetiva o estabelecimento um conjunto de bens corpreos e incorpreos reunidos pelo empresrio, para o desenvolvimento de uma atividade econmica; - Subjetiva o empresrio sujeito de direitos que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento de uma atividade econmica; - Funcional atividade econmica desenvolvida por vontade do empresrio por meio do estabelecimento; - Corporativo empresrio + empregados e colaboradores (recursos humanos utilizados na execuo da atividade econmica a que a empresa se prope). Abrange as atividades de comrcio, indstria e servio. facultativo para a atividade rural. So excludos: profissionais liberais regulados por lei especial e profissionais intelectuais de natureza cientfica, literria ou artstica. A Teoria da Empresa desenvolveu-se para corrigir falhas da teoria dos atos de comrcio. Para identificar o empresrio, desconsidera-se a espcie de atividade praticada e passa-se a considerar a estrutura organizacional, relevncia social e a atividade econmica organizada, a fim de colocar em circulao mercadorias e servios. O atual sistema jurdico passou a adotar uma nova diviso que no se apia mais na atividade desenvolvida pela empresa, isto , comrcio ou servios, mas no aspecto econmico de sua atividade, ou seja, fundamenta-se na teoria da empresa, conforme RAMOS 2008. De agora em diante, dependendo da existncia ou no do aspecto econmico da atividade, se uma pessoa desejar atuar individualmente (sem a participao de um ou mais scios) em algum segmento profissional, enquadrar-se- como empresrio ou autnomo, conforme a situao, ou, caso prefira se reunir com uma ou mais pessoas para, juntos, explorar alguma atividade, devero constituir uma sociedade que poder se tornar uma sociedade empresria ou sociedade simples, conforme veremos as diferenas entre uma e outra, mais adiante. O Cdigo Civil de 2002, revogou expressamente a primeira parte do Cdigo Comercial pelo art. 2.045, a qual era dedicada ao comrcio em geral (mantido os contratos martimos). O Cdigo Civil adota a Teoria da Empresa, e atualmente s existe o Empresrio. (art. 2.037, CC). 7 - APLICAO DO DIREITO EMPRESARIAL O Direito Empresarial , portanto, o conjunto de normas jurdicas que regulam as transaes econmicas privadas empresariais que visam produo e circulao de bens e servios por meio de atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro, consoante REQUIO 2007. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elementos de empresa, conforme SILVA 2007. Desse dispositivo duas situaes pode-se extrair: - As profisses regulamentadas por leis especiais que no permitem o enquadramento profissional na qualidade de empresrio, mes mo que os elementos de empresa estejam presentes. Exemplo Advogado. - O produtor rural cuja adeso ao regime jurdico empresarial facultativa, art. 971, CC.

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8 - CARACTERSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL Embora o direito empresarial em termos legislativos passe a ter seu principal regramento inserido no bojo do Cdigo Civil, continua a possuir caractersticas prprias como: - Universalismo, Internacionalidade ou Cosmopolitismo De Cosmpole, cidade caracterizada por vultuosa dimenso e pelo grande nmero de habitantes. Significa aquele que recebe influncia cultural de grandes centros urbanos, ou, sob tica estritamente jurdica, a possibilidade de aplicao de leis e convenes internacionais ao direito comercial. O direito empresarial vive de prticas idnticas ou semelhantes adotadas no mundo inteiro, principlamente com o advento da globalizao da economia, transcendendo as barreiras do direito ptrio, mas nem s empre exigindo legislao a respeito. o carter universal intrnseco ao Direito Empresarial, que o acompanha desde os primrdios. Exemplo: Lei Uniforme de Genebra, que dispe sobre letras de cmbio, notas promissrias e cheque. - Individualismo O lucro a preocupao imediata do interesse individual. - Onerosidade em se tratando de uma atividade econmica organizada, a onerosidade estar sempre presente no elemento lucro almejado pelo empresrio. s vezes, comum encontrarmos promoes que oferecem produtos gratuitamente, o que retira o carter de onerosida de, haja vista que normalmente so promoes com o objetivo de gerar sinergia nas vendas, em que o consumidor leva o produto gratuito junto com outros produtos em que no exista a mesma promoo. - Simplicidade ou Informalismo em suas relaes habituais no mercado permite o exerccio da atividade econmica sem maiores formalidades, pois, se contrrio fosse, o formalismo poderia obstar o desenvolvimento econmico. Exemplo: circulao de ttulos de crdito mediante endosso. - Fragmentarismo consiste justamente na existncia de um direito empresarial vinculado a outros ramos do direito, pois ainda que com caractersticas prprias (autonomia), sua existncia depende da harmonia com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos. - Elasticidade o direito empresarial, por transcender os limites do territrio nacional, precisa estar muito mais atento aos costumes empresariais do que aos ditames legais. Permanece em constante processo de mudanas, adaptando-se evoluo das relaes de comrcio. Exemplo: contratos de leasing e franchising. - Dinamismo est relacionado com o desenvolvimento empresarial, fazendo com que as normas comerciais estejam sempre em constante mudana, aderindo a novas tecnologias que certamente acarretaro a existncia de novas prticas comerciais. 9 - ATIVIDADE RURAL COMO ATIVIDADE EMPRESARIAL Mesmo os adeptos da "Teoria da Empresa" no aceitam a atividade rural como atividade empresarial. Contudo, pelo Cdigo Civil, tais atividades so consideradas empresariais. O art. 970 diz inclusive que, a lei lhes assegurar tratamento diferenciado e simplificado no tocante inscrio e aos efeitos, sendo seguido pelo art. 971, que dispe que o empresrio rural poder requerer sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis, "caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro". E terminante o art. 984, que assegura ao empresrio rural, inscrito no Registro Pblico de Empresas Mercantis de sua sede, equiparao s sociedades empresrias, para todos os efeitos. Assim, a atividade rural, depois de inscrita no Registro Pblico de Empresas Mercantis, ganha status de atividade empresarial. 10 - PRINCPIOS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL, ART. 170, CRFB/88: Segundo o que estabelece o art. 170 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil so: a livre iniciativa; a dignidade da pessoa humana; a boa-f; a soberania nacional; a propriedade privada; a funo social da empresa; a defesa do consumidor; e o tratamento favorecido micro empresa. 10.1 No so atividades empresrias

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As fundaes (fins religiosos, morais, culturais e assistenciais), art. 62, CC; as associaes sem fins econmicos, art. 53, CC; as sociedades simples - nico, art. 966, CC no se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria o u artstica, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento da empresa. 11 - CONCLUSO Pode-se concluir que a empresa est caracterizada pelo exerccio da sua organizao, pois se todos os elementos construtivos da empresa estiverem organizados, mas no se efetivar o exerccio dessa organizao, no se pode falar em empresa. Esta a funo do empresrio, ou seja, organizar sua atividade, coordenando seus bens (capital) com o trabalho aliciado de outrem. Esta a organizao e o motivo do conceito de empresa se firmar na idia de que ela o exerccio da atividade produtiva. O conceito empresa, sob o aspecto jurdico, adquire diversos perfis em relao aos diversos elementos que o integram. Por is so, a definio legislativa de empresa no existe, esta a razo da falta de encontro das diversas opinies at agora manifestadas na doutri na. Um o conceito de empresa, como fenmeno econmico. Diversas so as noes jurdicas relativas aos aspectos do fenmeno econmico que ela representa. Quando fala-se da empresa em relao disciplina jurdica, tem-se em mente os diversos aspectos jurdicos do fenmeno econmico. Empresa, portanto, no coisa corprea, e sim abstrata, porque significa a atividade ou o conjunto de atividades do empresrio. Empresa o organismo que, atravs de alguns elementos ou, fatores, exercita um comportamento repetitivo e metdico, exteriorizando a atividade do empresrio. Empresa a atividade do empresrio, que objetiva o atendimento do mercado e a obteno de lucro. Atualmente a empresa exerce indiscutivelmente, importante funo econmica na sociedade, pois considerada a atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou servios. Com o surgimento da teoria da empresa, o sujeito do direito comercial o empresrio pessoa fsica ou jurdica que exerce atividade econmica organizada, no importando a natureza dessa atividade. Incompatvel com o princpio da isonomia no contemplar as empresas pr estadoras de servio. Referncias: MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuao empresarial, volume 1. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2007. 370 p. RAMOS, Andr Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial. Salvador: Editora Podium. 2008, 671 p. REQUIO, Rubens Edmundo. Curso de Direito Comercial. 25. ed. So Paulo: Saraiva, 2007. 2 vols. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa: teoria da empresa e direito societrio. So Paulo: Atlas, 2007. 533 p.

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Texto de Leitura Complementar: Direito Empresarial Brasileiro, de autoria de Celso Marcelo de Oliveira, Consultor Empresarial. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial, do Instituto Brasileiro de Direito Bancrio, do Instituto Brasileiro de Poltica e Direito do Consumidor, do Instituto Brasileiro de Direito Societrio e do Instituto Brasileiro de Direito Tributrio. Membro da Academia Brasileira de Direito Constitucional, da Academia Brasileira de Direito Tributrio, da Academia Brasileira de Direito Processual e da Associao Portuguesa de Direito do Consumo. Autor da obra Tratado de Direito Empresarial Brasileiro Direito Falimentar (Editora LZN) e Comentrios Nova Lei de Falncias (Editora IOB). DIREITO EMPRESARIAL BRASILEIRO 1. INTRODUO AO ESTUDO DO DIREITO DE EMPRESA Este trabalho faz parte integrante da obra Tratado de Direito Empresarial Brasileiro Volume I Teoria Geral do Direito Comercial e Teoria Geral das Empresas, Volume II Teoria Geral do Direito Societrio e Volume III Teoria Geral do Direito Falimentar e Teoria Geral dos Contratos e Obrigaes Civis de nossa autoria e editado pela Editora LZN (19 32367588). O Direito Empresarial ou Direito de Empresa, um ramo do direito privado, anteriormente fazendo parte do Direito Comercial como um Direito Mercantil e atualmente faz parte da codificao do Novo Cdigo Civil Brasileiro.[1] Trata-se o Direito Empresarial ou Direito de Empresa como um conjunto de princpios e normas concernentes estrutura e atividades das empresas. Pela primeira vez numa codificao civi l brasileira, passa-se a disciplinar as regras bsicas da atividade negocial, do conceito de empresrio ao de sociedade. Observa o Prof. Benjamim Ga rcia de Matos, do curso de Direito da Unimep, que "a revogao da primeira parte do Cdigo Comercial de 1 de junho de 1850, com a introduo do Direito de Empresa no novo Cdigo Civil". O Novo Cdigo Civil Brasileiro(Lei 10.406/02) que entrou em vigor em janeiro de 2003 possui uma parte especial intitulada com o Livro II Do Direito da Empresa . Devemos expor que o objetivo do legislador era a unificao dos temas do ramo do direito privado envolvendo o Cdigo Comercial Brasileiro no campo da sociedade comercial e do direito empresarial e algumas leis comerciais especiais como o Decreto 3708/1 9, Decreto 916/1890, Decreto 486/69 para uma nova e moderna viso no Novo Cdigo Civil Brasileiro. Os artigos referentes ao livro II que tratam sobre o direito de empresa que disciplina sobre a vida do empresrio e das empre sas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas no novo Cdigo Civil, possui como paradigma o Cdigo Civil italiano. Traz profundas modificaes no direito ptrio como por exemplo, o fim da bipartio das obrigaes civis e comerciais. No livro I referente ao direito das obrigaes se desdobra a disciplina do direito de empresa, regendo o primeiro os negcios jurdicos e no segundo a atividade enquanto estrutura para exerccio habitual de negcios, representada pela empresa. Devemos destacar as principais inivaes com o novo Direito de Empresa. Substituiu-se a expresso Direito Comercial por Direito Empresarial. E a de comerciante por empresrio, onde adota a moderna Teoria da Empresa, prevista no Cdigo Civil Italiano de 1942. 1. Unificou-se as Obrigaes Civis e Mercantis, acabando-se com a distino entre sociedades civis e comerciais, criando-se em substituio as sociedades empresariais, que tem natureza econmica. 2. Substituiu-se as sociedades simples, pelas sociedades empresrias. 3. Estabeleceram-se as normas gerais dos Ttulos de Crdito, mantendo-se a legislao especial das diversas figuras j existentes, como a lei das letras de cmbio e notas promissrias, duplicata, cheque, etc. 4. Criou-se o Livro II intitulado Do Direito de Empresa, que faremos a se guir breves comentrios: Este novo livro trata-se da fuso sem artifcios do Direito Civil com o Direito Comercial. dividido em quatro ttulos referentes aos arts. 966 a 1.195, disciplinando-se tudo que diga respeito ao empresrio, empresa, o estabelecimento, e os institutos complementares que regulamentam e disciplinam a atividade empresarial, como : Registro das sociedades empresariais, o seu nome, Dos prepostos, gerentes, Da esc riturao mercantil, que pode adotar os instrumentos modernos da tecnologia da informtica, Da contabilidade, balano. No campo do Direito Societrio procederam-se grandes atualizaes com a criao das Sociedades Simples e a atualizao das Sociedade de Responsabilidade Limitada, que passou a ter uma importncia m ais acentuada para todos os tipos de sociedade, desde a micro at a macro empresa. A sociedade de fato ou irregular passa a ser denominada sociedade comum, no personificada. Deu -se um tratamento diferenciado e privilegiado s microempresas e empresas agrcolas, conforme j previsto em legislao especfica cuidando da matria , como o Estatuto da Micro e Pequena Empresa, Lei do Simples e a Constituio Federal de 1988, artigo 170. Re-introduziu-se a distino entre Empresa Nacional e

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Estrangeira. A personalidade jurdica expressamente reconhecida. Segundo o Prof. Miguel Reale, supervisor do novo Cdigo, o Cdigo no realiza, propriamente, a unificao do Direito Privado, mas to somente do Direito das Obrigaes, acabando-se com a dicotomia entre obrigaes civis e comerciais, e introduziu-se o novo livro do Do Direito de Empresa. O Novo Cdigo neste novo livro, em linhas gerais, traz grandes inovaes no que diz respeito ao Direito Comercial, substitui a figura do comerciante pela do empresrio, seguindo a linha do Cdigo Civil Italiano de l.942, onde adota a moderna teoria da empresa, como modelo de disciplina da atividade econmica. Inova sensivelmente na parte relacionada as sociedades, agora denominadas de empresrias. Regulamenta de forma mais explicita e completa o instituto do estabelecimento. Deu tratamento mais claro e moderno a alguns institutos como: o registro das sociedades empresria, o seu nome, dos prepostos da empresa, da escriturao mercantil que agora pode adotar os instrumentos modernos da tecnologia da informtica. O Cdigo inova e consagra prticas j consagradas na doutrina e jurisprudncia. Ajusta normas de uso comum e normas concebidas para os agentes de atividade empresarial. Re-introduziu a distino entre empresa nacional e estrangeira, alm de outras importantes mudanas acolhidas em funo da doutrina e da jurisprudncia, que na prtica forense j era utilizada, dado o arcasmo da nossa legislao comer cial e societria. O Cdigo nesta parte no pode ser considerado um estatuto classista, tendo em vista que determina normas para o exerccio da atividade empresria, para atividade econmica organizada de produo e circulao de bens e servio para o mercado, no estando submet ido a nenhum estatuto profissional. Para ser considerada empresarial a atividade deve ser constituda de trs requisitos: a habitualidade no exerccio visando a produo ou circulao de bens ou servio; o objetivo de lucro e a organizao. A atividade est disseminada em vrias partes do livro II Do Direito de Empresa, infiltrando-se no tratamento dado ao empresrio, ao estabelecimento e aos demais institutos a eles relacionados. Passou a produzir efeitos por si mesma, no dependendo mais dos diferentes atos que a integram. 2. CDIGO CIVIL ITALIANO E O DIREITO DE EMPRESA A principal fonte do Direito de Empresa da Lei 10.406, de 10.01.2002 o Cdigo Civil Italiano, que alm de disciplinar as atividades profissionais, nas suas formas organizadoras e executrias, e seus objetivos intelectuais, tcnicos ou manuais (Titulo I, art. 2060); disciplinou, tambm, "o trabalho em empresas" (titulo II), estabelecendo regras para as "empresas em geral" (Cap. I), onde, em sua Seo I, trata do "empresrio", o qual, classifica como aquele que "exerce profissionalmente uma atividade econmica organizada com o fim de produo ou troca de bens e de servios" (titulo II, art. 2082). A Seo II do Cdigo Civil Italiano, dispe sobre os "colaboradores do empresrio"; e, na seo III, versa a "relao do trabalho", tudo voltado a regular as diversas formas de trabalho, sob o ponto de vista do profissional, seja autnomo, seja pequeno empresrio, seja um grande empreendedor e suas relaes com seus colaboradores, desde os dirigentes, administradores ou tcnicos at os simples operrios. No sistema do Cdigo Civil Italiano ainda vigente, pressups-se a necessidade de uma figura que se aplicasse a todas as formas de atividades econmicas. A empresa foi, ento, introduzida nesse contexto como sendo uma relao entre atividade econmica e organizao (art. 2082). Sem muito se deter em conceitos e particularidades, o Cdigo Civil Italiano relegou doutrina e jurisprudncia a tarefa de exa minar os reflexos, no campo jurdico, desses elementos e verificar at que ponto princpios tradicionais como o objetivo de lucro e a habitualidade so fatores determinantes do conceito de empresa[2]. O texto de Asquini, publicado originariamente na Rivista del Diritto Commerciale, apontou na empresa a figura do empresrio, denotando o uso da expresso como sinnimo de empresrio, e, por outro lado, tambm a identificava pelo perfil funcional ou dinmico. A empresa seria a prpria atividade empresarial, ou seja, a fora de movimento rotacional que implica na atividade empresarial dirigida para determinada finalidade produtiva.[3] Quanto aos seus perfis patrimonial e objetivo, dizia estar revelado pelo estabelecimento ou azienda e pelo mesmo fenmeno econmico, mas projetado sobre o terreno patrimonial, dando lugar a patrimnio especial, distinto, pela sua finalidade, do resto do patrimnio do empresrio. Por fim, afloraria, para o corajoso autor italiano, o perfil corporativo: a empresa como instituio, considerada uma organizao de pessoas, formada pelo empresrio e seus colaboradores (dirigentes, empregados, operrios), todos movidos por interesses individuais, mas formando um ncleo social organizado em funo do fim econmico. A consecuo do melhor resultado econmico na produo. Feito esse esclarecimento, reporta-se a dada passagem de Profili dellimpresa para dizer, com as palavras do autor, que "a noo de empresa entrou no novo Cdigo Civil Italiano com um determinado significado econmico, o que no quer dizer que a noo de empresa seja imediatamente utilizvel como noo jurdica"[4] . O Codice Civille de 1942, no art. 2.082, caracteriza o empresrio como sendo "chi esercita professionalmente unattivit economica organizzata al fine della produzione o dello sc ambio di beni o di servizi". No define a empresa, cuja definio os juristas italianos retiram do conceito de empresrio embora com algum reclamo pela omisso legislativa, como visto no texto de Alberto Asquini, a qual os juristas suprem, acentuando ser aquela essencialmente uma ativ idade econmica, sem interesse jurdico imediato.

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Nessa tica, Giuseppe Ferri assevera que da noo de empresrio fixada pelo Codice Civille se deduz a noo de empresa como a tividade organizada e profissional, o que tem sido bastante, at hoje, para sustentar-se o acerto do cdigo e do comedimento do legislador que deixou espao bastante para o desenvolvimento da teoria geral da empresa na doutrina.[5] Nesse sentido, Tullio Ascarelli considera, de um lado, a atividade definida no art. 2.082 e cujo exerccio profissional qualifica o empresrio, e, de outro, valoriza o conjunto de bens destinados ao exerccio de tal atividade. Empresa, assim, diz ele, a atividade exercida profissionalmente na azienda, amparando os estudos, antes j aprofundados, acerca da teoria do estabelecimento.[6] Todas as tentativas de remeter o conceito econmico de empresa para o plano jurdico encontraram dificuldades, a ponto de se contentar com a idia de que a empresa seria o substrato econmico para a atividade juridicamente relevante do empresrio, este sim, uma figura de interesse para o direito. Tanto assim que Antonio Brunetti dizia ser a empresa uma realidade do lado poltico-econmico, mas do lado jurdico seria uma abstrao ("unastrazione"). Diz esse respeitado autor italiano: Dal che si vede che limpresa se dal lato politico-economico una realt, da quello giuridico unastrazione perch, riconoscendosi quale organizzazione di lavoro formata dalle persone e dai beni componenti l azienda, il rapporto fra le persone e i mezzi di esercizio non si pu ricondurre che a unentit astratta dovendosi in concreto collegare alla persona del titolare cio allimprenditore.[7] No Capitulo II, do mesmo Ttulo I, do Livro V, d tratamento diferenciado aos empresrios agrcolas, dispondo que, a esses, no se aplicam as regras inerentes ao registro das empresas mercantis, que exercem atividade comercial (arts. 2136 e 2200), porque sua atividad e produo de bens e servios, e no de intermedio desses, nem agrega algo aos seus produtos, como ocorre nas indstrias. Especificamente no que toca ao direito societrio, ou seja, a forma de organizao das empresas, classifica, em seu Capitulo III, as "Empresas Comerciais e das Outras Empresas Submetidas a Registro", donde j se pode antever, com clareza solar, que manteve a distino entre as sociedades de mbito comercial e as demais, de mbito no mercantil. Ao tratar da estrutura dos empresrios, os elementos que o legislador italiano entendeu caracterizadores da atividade comercial, sujeitos ao Registro das Empresas, foram elencados no artigo 2195 do seu Cdigo de Direito Privado. As disposies da lei que fazem referncia s atividades e s empresas comerciais, se aplicam, se no houver declarao em contrrio, a todas as atividades indicadas neste artigo e s empresas que as exercem. Reforando o conceito de que a estrutura de que trata a lei a estrutura jurdica e no o tamanho da empresa, o Cdigo Italiano, no mesmo Livro V, no Ttulo I, da disciplina das atividad es profissionais, e no Titulo II, do trabalho em empresas, regula, em seu Titulo III, o "Trabalho Autnomo", e, em suas disposies gerais, contidas no Capitulo I, o define como aquele em que a realizao do "trabalho ou servio", d-se "com esforo prevalentemente prprio e sem vnculo de subordinao" (art. 2222); e, no Capitulo II, trata "Das Profisses Intelectuais", que esto excludos da inscrio no Registro das Empresas, podendo "valer-se, sob a prpria direo e responsabilidade, de substitutos e auxiliares", sem qualquer restrio ao nmero de colaboradores. E diz mais, que, "se o exerccio da profisso constituir elemento de uma atividade organizada em forma de empresa", aplicam-se as regras previstas para as empresas em geral; e, no que tange s suas relaes com seus colaboradores (empregados, lato sensu), o disposto nas sees II (dos colaboradores do empresrio), III (da relao de trabalho) e IV (do aprendizado aqui estgio), dos referidos Captulos I (das empresas em geral) do Ttulo II do trabalho em empresas) do Livro V (do trabalho), excluindo, no entanto, expressamente, o disposto na Seo I, do mesmo Titulo II, que trata do "empresrio" e as regras do Captulo III Seo I, que tratam do Registro das Empresas. Distintas as a tividades profissionais, entre as comerciais e afins (art. 2195 industrial, comercial, transportes, bancrias e de seguros) e as intelectuais (mdicos, dentistas, contadores, etc.), e do trabalho autnomo, passa o Cdigo Italiano a tratar da organizao do trabalho em sociedades. Quer dizer, a forma como se organiza uma sociedade, ou sua organizao, estabelecida no Ttulo V (Das Sociedades), daquele Digesto Privado, e diz respeito ao tipo de sociedade adotado pelos scios (limitada, por aes, em comandita simples, etc). Fica claro, tambm, que, as sociedades que tiverem estrutura jurdica de Direito Comercial sero obrigadas a adotar a forma de organizao das sociedades em nome co letivo, em comandita simples, por aes, em comandita por aes ou de responsabilidade limitada (Captulos III a VII do Titulo V, referido); enquanto as estruturadas pelo Direito Civil podero organizar-se sob a forma de sociedade simples, por quaisquer das outras formas previstas em lei, exceto a por aes. 3. DIREITO DE EMPRESA NO CDIGO CIVIL BRASILEIRO Os artigos referentes ao livro II que tratam sobre o direito de empresa que disciplina sobre a vida do empresrio e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas no novo Cdigo Civil, possui como paradigma o Cdigo Civil italiano. Traz profundas modificaes no direito ptrio como por exemplo, o fim da bipartio das obrigaes civis e comerciais. No livro I referente ao direito das obrigaes se desdobra a disciplina do direito de empresa, regendo o primeiro os negcios jurdicos e no segundo a atividade enquanto estrutura para exerccio habitual de negcios, representada pela empresa.

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O Novo Cdigo Civil Brasileiro possui uma parte especial intitulada como Livro II Do Direito da Empresa . Devemos expor que o objetivo do legislador era a unificao dos temas do ramo do direito privado envolvendo o Cdigo Comercial Brasileiro no campo da sociedade comercia l e do direito empresarial e algumas leis comerciais especiais como o Decreto 3708/19, Decreto 916/1890, Decreto 486/69 para uma nova e moderna viso no Novo Cdigo Civil Brasileiro. Os artigos referentes ao livro II que tratam sobre o direito de empresa que disciplin a sobre a vida do empresrio e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas no novo Cdigo Civil, possui como paradigma o Cdigo Civil italiano. Traz profundas modificaes no direito ptrio como por exemplo, o fim da bipartio das obrigaes civis e comerciais. No livro I referente ao direito das obrigaes se desdobra a disciplina do direito de empresa, regendo o primeiro os negcios jurdicos e no segundo a atividade enquanto estrutura para exerccio habitual de negcios, representada pela empresa. O Livro II trata do Direito da Empresa, sendo que no Ttulo I temos a figur a do empresrio (Arts. 966 980). No artigo 966 temos a definio jurdica do empresrio, aquele que exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Destarte que no artigo 967 temos que obrigatria a inscrio do empresrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade. A sociedade empresarial somente adquire personalidade jurdica com a inscrio de seus ato s constitutivos. Sem essa inscrio, ter-se- sociedade irregular ou de fato. O registro est regulado nos artigos 1.150 e seguintes do novo Cdigo Civil. Em sntese, " o empresrio e a sociedade empresria vinculam-se ao Registro Pblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurdicas, o qual dever obedecer s normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresria." Devemos expor que o Novo Cdigo Civil Brasileiro retrata no artigo 977 que Faculta -se aos cnjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que no tenham casado no regime da comunho universal de bens, ou no da separao obrigatria.. No artigo seguinte temos que O empresrio casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imveis que integrem o patrimnio da empresa ou grav-los de nus real. Para tanto se faz necessrio conforme determina o artigo 979 que: Alm de no Registro Civil, sero arquivados e averbados, no Registro Pblico de Empresas Mercantis, os pactos e declaraes antenupciais do empresrio, o ttulo de doao, herana, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. E ainda temos no artigo 980 que A sentena que decretar ou homologar a separao judicial do empresrio e o ato de reconciliao no podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Pblico de Empresas Mercantis. Portanto, o Novo Cdigo Civil Brasileiro permite a sociedade comercial entre marido e mulher, porm, condicionalmente; que desde no tenham casado no regime de comunho universal de bens ou da separao de bens. O Ttulo II trata da questo da sociedade (Arts. 9 81 985) onde Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. Com a unificao do Direito Comercial com o Direito Civil, no Novo Cdigo Civil Brasileiro, desaparece a distino entre sociedade civil e comercial. Neste desiderato, o Cdigo contemplou a existncia das sociedades "no personificadas", divididas entre "sociedades comuns" e "sociedades em conta de participao, e das "sociedades personificadas", divididas em "sociedades simples" e "sociedade empresarial". No subttulo I temos a figura da sociedade no personificada como a sociedade em comum (Arts. 986 990) . Alguns das restries das sociedades no personificadas comuns j estavam contempladas em leis esparsa. Assim, vedava-se-lhes que interpusessem pedido de falncia ou impetrassem concordata. Outrossim, sua escriturao no tinha fora probante. E, com a edio do novo Cdigo Civil, restou c onsolidada a responsabilidade ilimitada e solidrias dos scios, perante a sociedade e terceiros, sequer lhes sendo de direito o uso do benefcio de ordem. Devemos destacar que no artigo 988 temos que os bens e dvidas sociais constituem patrimnio especial, do qual os scios s o titulares em comum. No que tange aos bens sociais respondem pelos atos de gesto praticados por qualquer dos scios, salvo pacto expresso limit ativo de poderes, que somente ter eficcia contra o terceiro que o conhea ou deva conhecer. E finalmente no artigo 990 temos que Todos os scios respondem solidria e ilimitadamente pelas obrigaes sociais, excludo do benefcio de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contr atou pela sociedade.

No subttulo I temos a figura da sociedade em conta de participao (Arts. 991 996). A sociedade em conta de participao considerada uma verdadeira sociedade "annima". Temos o Scio oculto que no aparece, nem pode aparecer como scio, de forma alguma, em qua lquer sociedade. Trata-se de uma sociedade sui generis. Diversas peculiaridades distinguem-na das demais. Apresenta duas categorias de scios: ocultos, que no aparecem nem tratam com terceiros, e ostensivos, girando os negcios sob a firma individual destes ltimos, nicos responsveis perante terceiros. No possui personalidade jurdica, patrimnio prprio nem firma ou razo social, pois todos os negcios, como visto, so efetuados em nome do scio ostensivo. A sociedade em conta de participao, dado seu carter especial, de existir apenas entre scios, no est

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sujeita, para constituio s formalidades exigidas para as demais sociedades comerciais, ou seja, a ter um contrato escrito, quer por instrumento pblico ou particular, e arquivado no Registro de Comrcio. Pode ela, na verdade, constituir-se mediante contrato, mas esse no dever ser arquivado no Registro de Comrcio, sob pena de deixar de ser a sociedade uma participao, j que com o arquivamento do seu ato constitutivo adquire ela personalidade jurdica. No subttulo II temos a sociedade simples (Arts. 997 1000) devendo constituir -se mediante contrato escrito, particular ou pblico, que, alm de clusulas estipuladas pelas partes . O Cdigo Comercial Francs define a sociedade, com rigor e mtodo, como um acordo de vontades, isto , como un "contrat" par lequel "deux" ou plusieurs personnes. Consagrou-se, pois, com o alto prestgio do Cdigo Napoleo e o apoio logstico deste, que a sociedade supe um mnimo de duas partes, porque nasce de um contrato, que, por sua vez, supe uma pluralidade de partes. Na Segunda seo temos os Direitos e Obrigaes dos Scios (Arts. 1001 1009) . Devemos expor que em conformidade com o artigo 1001 , As obrigaes dos scios comeam imediatamente com o contrato, se est e no fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. Por outro lado temos no artigo 1.003, A cesso total ou parcial de quota, sem a correspondente modificao do contrato social com o consentimento dos demais scios, no ter eficcia quanto a estes e sociedade. Novamente devemos em expor que a lei anterior era omissa sobre o assunto, deixando sua discipl ina ao contrato social, que tanto poderia permitir livremente a cesso, ved-la ou ainda estabelecer um direito de preferncia em favor dos demais scios. No silncio do contrato, duas posies antagnicas eram defendidas: possibilidade de livre cesso das quotas, a outros scios ou a terceiros; impossibilidade de cesso a terceiros, dado o carter personalssimo da sociedade. Agora, no havendo disposio diversa no contrato, um scio poder ceder sua quota a outro, independentemente de audincia dos demais; se a cesso for a terceiros, ser possvel, aps c onsulta aos demais scios, apenas se no houver oposio de titulares de mais de 25% (vinte e cinco por cento) do capital social. Na Terceira Seo temos a Administrao da Sociedade (Arts. 1010 1021) . Um grande passo do legislador na elaborao do Novo Cdigo Civil Brasileiro foi a criao do administrador da sociedade comercial. A esse respeito, a Lei n. 6.404/76 reserva os cargos de administradores das sociedades para pessoas fsicas, excluindo as pessoas morais. No podem ser administradores, alm das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a p ena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos pblicos; ou por crime falimentar, de prevaricao, peita ou suborno, concusso, peculato; ou contra a econom ia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrncia, contra as relaes de consumo, a f pblica ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenao. Com respeito responsabilidade da sociedade pelos atos dos administradores, o Cdigo inovador, pois conforme o artigo 1016 Os administrad ores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funes. As atribuies dos administradores, desde que constem de contrato devidamente arquivado, so oponveis contra todos, o que reduz sensivelmente o campo de incidncia da teoria da aparncia. Os administradores s podem atuar nos limites de seus poderes contratuais e nada alm. A atuao fora de seus limites gera sua responsabilizao pessoal. Mais recentemente, o Prof. Rubens Requio, ao a nalisar o problema do abuso e do uso indevido da razo social pelo administrador na sociedade por cotas, observou: "Pode ele, todavia, usar da raz o social, dentro dos objetivos da sociedade, mas para fins pessoais, o que caracteriza seu uso indevido. Tanto no caso de abuso como no de uso indevido da firma social, cabe ao de perdas de danos contra ele, promovida pela sociedade ou pelos scios individualmente, sem prejuzo da re sponsabilidade criminal". Na Quarta Seo temos a questo das Relaes com Terceiros (Arts. 1022 1027) . No art. 1.023 disciplina a responsabilidade da sociedade e dos scios perante terceiros, respondendo os scios, pelo saldo das dvidas da empresa, na proporo de suas participaes, s alvo clusula de responsabilidade solidria. No artigo 1024 temos que os bens particulares dos scios no podem ser executados por dvidas da sociedade, seno depois de executados os bens sociais. Necessidade no havia de disposio expressa, arredando a constrio sobre bens d a sociedade e bens particulares dos scios por dvidas particulares. Garantia das dvidas da sociedade, as quotas no podem responder por dv idas dos scios; se o pudesse, aberta estaria a burla, em detrimento de terceiros de boa f. Incisiva, a propsito, o excelente mag istrio de Rubens Requio: "... o que se precisa ter em mente, na hiptese em exposio, a certeza de que os fundos sociais no pertencem ao quotista, mas sociedade. Sustentar-se o contrrio pr-se abaixo toda a teoria da personificao jurdica e negar-se a autonomia do seu patrimnio em relao aos seus componentes"; e noutro lance: "Entre o scio e a sociedade ergue-se a personalidade jurdica desta, com a sua conseqente autonomia patrimonial. Por isso, pertencendo o patrimnio sociedade, no pode o credor particular do scio penhor-lo para o pagamento de seu crdito" . Na Quinta Seo temos a questo da Resoluo da Sociedade em Relao a um Scio (Arts. 1028 1032). Devemos expor que o artigo 1028 retrata que no caso de morte de scio, liquidar-se- sua quota. Sob o tema, comenta Fran Martins[8]: No nosso ponto de vista, havendo ou no clusula contratual, reduzindo-se o nmero de scios a apenas um, poder o mnimo de dois ser reconstitudo no prazo de um ano, a contar da data em que foi constatada a existncia do nico scio, aplicando-se ao caso, por fora do art. 18 do Decreto n 3708/19, a regra de letra d do art.

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206 da Lei das sociedades annimas, que permite tal procedimento a essas sociedades quando se constata que h apenas um ac ionista. A Lei das sociedades annimas, acompanhando o desenvolvimento das empresas e reconhecendo o alto valor dessas nas atividades das sociedades, sempre facultou a continuao das atividades da companhia quando o nmero de scios se tornava inferior ao mnimo estabelecido na lei. E a lei atual, permitindo que a annima se forme e funcione regularmente com apenas dois scios (artigo 80, I), expressamente disps que, reduzida a sociedade a um nico acionista, o mnimo do dois seja reconstitudo no prazo de um ano, sob pena de ser a companhia dissolvida. O mesmo deve acontecer com as sociedades que se formam de acordo com o Cdigo entre as quais a sociedade por quotas. Ao tratar da excluso de scio, o novo Cdigo Civil menciona no art. 1.030 que pode o scio ser excludo judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais scios, por falta grave no cumprimento de suas obrigaes, ou, ainda, por incapacidade superveniente. E Ser de pleno direito excludo da sociedade o scio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada.Na Seo VI temos a forma de dissoluo da sociedade comercial ( Arts. 1033 1038): A dissoluo societria total foi tratada nos artigos 1.033 e seguintes do novo Cdigo Civil, sem maiores inovaes, sendo oportuno lembrar que neste caso ser nomeado um liquidante, com os poderes previstos nos artigos 1.102 e seguintes. A dissoluo tanto poder ser amigvel como judicial. Quando amigvel opera-se atravs de um distrato, que no seno um instrumento firmado pelos scios, disciplinando o encerramento da sociedade. Quando judicial depender de sentena, a ser proferida em funo do requerimento d o interessado e aps comprovao do motivo alegado. Portanto, da mesma forma que a sociedade se constitui e funciona, tambm pode extinguir-se. Contudo, para que isso ocorra, no basta, em geral, um processo to simples como a constituio da sociedade, ou seja, a elaborao do contrato ou da escritura, ou a assemblia geral de constituio, ser necessrio uma srie de providncias para a apurao dos haveres da sociedade, o pagamento dos credores e a distribuio do saldo. Entretanto o artigo 1033 do Novo Cdigo Civil Brasileiro retrata as seguintes formas de dissoluo de sociedade: I - o vencimento do prazo de durao, salvo se, vencido este e sem oposio de scio, no entrar a sociedade em liquidao, caso em que se prorrogar por tempo indeterminado; II - o consenso unnime dos scios; III - a deliberao dos scios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV a falta de pluralidade de scios, no reconstituda no prazo de cento e oitenta dias; V - a extino, na forma da lei, de autorizao para funcionar. O Captulo II trata da constituio da sociedade em nome coletivo (Arts. 1039 1044) onde so mente pessoas fsicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os scios, solidria e ilimitadamente, pelas obrigaes sociais .Sociedade com ercial constituda de uma s categoria de scios - solidria e ilimitadamente responsveis pelas obrigaes sociais - sob firma ou razo social[9] . A sociedade em comandita simples, a sociedade em nome coletivo surgiu na Itlia, na Idade Mdia. Originariamente denominada s ociedade geral, foi, depois, chamada sociedade em nome coletivo pelo Cdigo Comercial francs, de 1807. A sociedade em nome coletivo que tambm se denominava, e no direito francs continua a denominar-se, sociedade geral ou sociedade livre, tem suas origens no comercio medieval italiano. As famlias residentes nas grandes cidades, consagrando ao comercio o seu patrimnio hereditrio ainda indiviso, os irmos continuando o trfico paterno sob o mesmo teto, constituiriam o marco inicial dessa sociedade, cujo primeiro sinal externo se encontra precisamente nesta comunho domstica. O Captulo III vem em tratar da sociedade em comandita simples (Arts. 1045 1051) onde tomam parte scios de duas categori as: os comanditados, pessoas fsicas, responsveis solidria e ilimitadamente pelas obrigaes sociais; e os comanditrios, obrigados somente pelo valor de sua quota. Modernamente, a sociedade em comandita simples formada por duas espcies de scios: comanditados, com respon sabilidade solidria e ilimitada, e comanditrios, com responsabilidade limitada. A firma ou razo social deve cumprir os requisitos sobre registro de firmas ou razes comerciais, quais sejam: nome ou firma de um ou mais scios pessoal e solidariamente responsveis com o aditamento por extenso ou abreviado - e companhia, sem que se inclua o nome completo ou abreviado de qualquer comanditrio, podendo a que tiver o capital dividido em aes qualificar-se por denominao especial ou pela designao de seu objeto seguida das palavras - Sociedade em comandita por aes, e da firma. Raramente constitui-se uma sociedade em comandita simples. Trata-se de uma forma jurdica que permite a prestao de capitais por um ou alguns, sem qualquer outra responsabilidade ou participao na administrao do negcio, pois para outros estar reservada es ta situao. constituda por scios que possuem responsabilidade subsidiria, ilimitada e solidria, que so os chamados scios comanditados, a estes dada a capacidade de gerenciar e do nome a Empresa; e scios que tm responsabilidade limitada e restringida a importnc ia com que entram para o capital, so os scios comanditrios. Portanto, uma sociedade de pessoas, de responsabilidade mista, porque tanto aparec em scios ilimitada e solidariamente responsveis e outros de responsabilidade limitada. O Captulo VI vem em tratar nos artigos 1090 1092 da Sociedade em Comandita por Aes. Sociedade em que o capital dividido em aes, respondendo os scios ou acionistas, to-somente, pelo preo das aes subscritas ou adquiridas, com responsabilidade subsidiria, solidria e ilimitada dos diretores ou gerentes pelas obrigaes sociais. Tal como a sociedade por cotas de responsabilidade limitada, pode utilizar-se de firma ou denominao. Na primeira hiptese, os acionistas cujos nomes constarem na firma tero responsabilidade solidria e ilimitada. Os

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gerentes ou diretores so nomeados por prazo ilimitado, sendo, necessariamente, recrutados entre os scios ou acionistas, ved ada a escolha de pessoas estranhas sociedade. O Captulo VII vem em tratar nos artigos 1093 1096 da Sociedade Cooperativa. As Cooperativas so sociedades de pessoas, com personalidade jurdica prpria e de natureza civil, no objetivando lucro e sim a prestao de ser vios aos seus associados. As caractersticas dominantes desse tipo de sociedade esto inseridas no artigos 3, 4 e incisos, da lei 5.764/71. O Captulo VIII vem em tratar nos artigos 1097 1101 das Sociedades Coligadas onde acompanhando o fenmeno da globalizao, onde as empresas p assam a se associarem umas participando das outras, visando a ampliao das sua atividades, com maior produtividade e menores custos, alm de procurarem ampliar seu domnio no mercado. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem control-la. Finalmente temos o Captulo IV do Novo Cdigo Civil Brasileiro que trata da sociedade limitada (Arts. 1052 1087). Assim d evemos descrever os artigos que retratam a nova constituio da sociedade limitada em substituio ao Decreto 3708, de 10 de janeiro de 1919. Devemos expor sobre as normas gerais da sociedade limitada no projeto de Cdigo Civil unificado, onde Waldrio Bulgarelli[10], afirma: "Quanto aos tipos de sociedades, principalmente, as sociedades que o Projeto denominou de limitadas (as atualmente, por quotas de responsabilidade limitada), vale lembrar que o nmero de emendas apresentadas ao Projeto, a maioria de elaborao do Prof. Egberto Lacerda Teixeira e a srie de crticas re cebidas esto a demonstrar que as alteraes procedidas no foram de molde a agradar a doutrina. Sendo as sociedades por quotas de responsabilidade limitada, um produto hbrido, que se situa entre as sociedades de pessoas e as de capital, tem servido como um modelo dctil, capaz de albergar desde as simples sociedades entre marido e mulher at as holdings e que portanto no mereceria em princpio alteraes, at p orque a doutrina e a jurisprudncia tm sabido com galhardia enfrentar e resolver os problemas que apresenta. Certamente, que perante um regime empresarial, haveria que se atentar para alguns aspectos que atuam contra a preservao da empresa, e lembraria aqui, como exemplo contundente, o valor a ser pago ao scio retirante." A Regncia supletiva da Sociedade Limitada onde o Novo Cdigo Civil Brasileiro estabelece como regra geral, ,na omisso do captulo prprio das limitadas, a aplicao das normas da sociedade simples, podendo, entretanto, o contrato social contemplar a regncia supleti va pelas normas da Lei das Sociedades Annimas (art . 1.053). A Responsabilidade solidria pela avaliao dos bens integrantes do capital social. O Novo C digo Civil Brasileiro estabelece que todos os scios respondem solidariamente pela exata estimao dos bens conferidos ao capital social at o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade ( 1 do art. 1055). Faculta aos scios instituir um Conselho Fiscal composto d e trs ou mais membros e respectivos suplentes eleitos em assemblia. Havendo o Conselho Fiscal os scios minoritrios que representam 20 % (vinte por cento) do capital social, tero o direito de eleger um membro e respectivo suplente do Conselho. (Art. 1066) . Determina que a excluso possa ser via judicial mediante iniciativa da maioria dos scios por falta grave no cumprimento das obrigaes do scio ou ainda por incapacidade superveniente ou ainda a via extrajudicial onde aplica-se ao scio que colocar em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegvel gravidade mediante deliberao da maioria dos scios. Pode ainda ser por justa causa. (Arts. 1030 e 1085). O Novo Cdigo Civil Brasileiro estabelece no Artigo 1086 a excluso do scio . No Artigo 1032 temos que pertinente sociedade simples, que estabelece que a excluso do scio, no exime da responsabilidade pelas obrigaes sociais anteriores, at dois anos aps averbada a resoluo da sociedade, nem pelas posteriores e em igual prazo, enquanto no for requerido a averbao. Estabelece no artigo 1057 que na o misso do contrato, o scio poder ceder suas quotas, total ou parcialmente, a quem seja scio, independentemente de audincia dos outros, ou a estranho, se no houver oposio de titulares de mais de 20 % (vinte por cento) do capital social. At 2 anos depois de averbada a mo dificao do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionrio, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigaes que tinha c omo scio ( pargrafo nico do art. 1.003). Destarte que no Novo Cdigo Civil Brasileiro temos a obrigatoriedade da realiza o de assemblia geral anual de cotistas, o que deve ocorrer quatro meses depois do fim do exerccio social, a previso expressa de que os bens dos scios podem ser penhorados para o pagamento de compromissos da empresa, nos casos de fraude e atos irregulares de administrao, que para realizar operaes de reorganizao societria, como fuses, incorporaes, cises, bem como pedido de concordata, modificao do contrato social e designao de administradores, passa a ser obrigatria uma assemblia geral prvia. Outrossim temos no Novo Cdigo Civil Brasileiro que as deliberaes sobre modificao de contrato, incorporao, fuso ou dissoluo da sociedade, ou cessao do estado de liquidao, exigem aprovao de do capital social, ou quanto a empresa decidir aumentar o capital social, deve ser dado um prazo de trinta dias para os cotistas decidirem se iro subscrever as novas quotas ou ainda em caso de redu o do capital das empresas, ser obrigatria a publicao da operao em jornais de grande circulao. Na Terceira Seo envolvendo os artigos 1060 1065 o Novo Cdigo Civil Brasileiro vem em retratar a administrao da sociedade limitada com uma nova figura jurdica a do administrador designado no contrato social ou em ato separado mediante termo de posse no livro de atas da administrao. Na Quinta Seo envolvendo os artigos 1071 1080 do Novo Cdigo Civil Brasileiro temos as deliberaes dos scios a respeito de aprovao das contas da administrao, da designao e da destituio dos administradores, do modo de remunerao, de modificao do contrato social, da incorporao, fuso e a dissoluo da sociedade, da nomeao e destituio dos liquidantes e o julgamento das quotas e do pedido de concordata Na Sexta Seo envolvendo os artigos 1081 1084 do Novo Cdigo Civil Brasileiro temos as questes envolvendo o

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aumento e a reduo do capital social Na Stima Seo envolvendo os artigos 1085 e 1086 do Novo Cdigo Civil Brasileiro temos as questes envolvendo a resoluo da sociedade em relao a scios minoritrios, com a possibilidade de excluso em caso de risco da continuidade da empresa. Na Oitava Seo envolvendo o artigo 1087 do Novo Cdigo Civil Brasileiro temos a questo da dissoluo onde a sociedade diss olve-se, de pleno direito, por qualquer das causas previstas no art. 1.044. Portanto bastante inovador o Novo Cdigo Civil Brasileiro no que retrata a constituio da sociedade limitada com as principais mudana envolvendo a regncia supletiva, a responsabilidade solidria pela av aliao dos bens integrantes do capital social, da existncia do Conselho Fiscal, da possibilidade de excluso de scio e da resoluo parcial da Sociedade, da cesso de quotas, da deliberao dos scios e do quorum qualificado. Devemos expor da existncia do Captulo V que vem em tratar da S.A . No artigo 1088 temos que na sociedade annima ou companhia, o capital divide-se em aes, obrigando-se cada scio ou acionista somente pelo preo de emisso das aes que subscrever ou adquirir. E que a sociedade annima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposies deste Cdigo. O Captulo IX vem em tratar nos artigos 1102 1112 da Liquidao da Sociedade. O procedimento de liquidao das sociedades deve ser simplificado e instaura-se aps a ocorrncia de uma das causas dissolutrias previstas na lei ou no contrato. O supra artigo 1102 define que Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante, procede -se sua liquidao, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissoluo. O Captulo X vem em tratar nos artigos 1113 1122 da Transformao, da Incorporao, da Fuso e da Ciso das Sociedades. A Transformao societria uma forma de alterao contratual pela qual uma sociedade passa, independentemente de dissoluo ou liquidao, de uma espcie para outra. No se confunde com a incorporao, a fuso, a ciso ou a sucesso. Devemos expor que A transformao depende do consentimento de todos os scios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poder retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031. No que tange a Incorporao societria temos uma opera o em que uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e encargos. A incorporao (merger, no direito ingls) a operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes . A incorporao no d origem a uma nova sociedade, pois a incorporadora absorve e sucede a uma ou mais sociedades. Por outro lado no ocorre, na incorporao, uma compra e venda, mas a agregao do patrimnio da sociedade incorporada ao patrimnio da incorpor adora, com sucesso em todos os direitos e obrigaes. No Novo Cdigo Civil Brasileiro temos que a fuso determina a extino das sociedades que se unem, para formar sociedade nova , que a elas suceder nos direitos e obrigaes. A fuso ser decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unirse. Em reunio ou assemblia dos scios de cada sociedade, deliberada a fuso e aprovado o projeto do ato constitutivo da nov a sociedade, bem como o plano de distribuio do capital social, sero nomeados os peritos para a avaliao do patrimnio da sociedade. Apresentados os laudos, os administradores convocaro reunio ou assemblia dos scios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituio definitiva da nova sociedade. vedado aos scios votar o laudo de avaliao do patrimnio da sociedade de que faam parte. Constituda a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro prprio da sede, os atos relativos fuso. A ciso societria onde uma sociedade transfere parcelas de seu patrimnio para outra(s) sociedade(s), constituda(s) para tal fim ou j existente(s), extinguindo-se a sociedade cindida, em caso de verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso[11]. Do latim scindere, cortar; da scissionis, separao, diviso. Reorganizao de sociedades na qual a companhia transfere parcelas de seu patrimnio a outras sociedades j existentes ou criadas para tal fim, extinguindo-se a companhia cindida, se houver transferncia total do patrimnio ou dividindo-se seu capital se a transferncia for parcial. A ciso, bem como a incorporao e a fuso, tem seus requisitos apontados no Art. 223 e seguintes da Lei 6.404-76 (Lei de Sociedades por Aes). O acionista dissidente da deliberao que aprovar a ciso tem direito a retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor de suas aes[12]. O Captulo XI vem em tratar nos artigos 1123 1141 da Sociedade Dependente de Autorizao. Devemos expor que As sociedades estrangeiras passam a depender de autorizao do Poder Executivo para poderem funcionar no territrio brasileiro. Impe a lei que a empresa tem de funcionar no prazo de l2 meses, sob pena de ser considerada caduca a autorizao.(arts. l.123 e 1.124). Fica ressalvado que, o Poder Executivo pode, a qualquer tempo, cassar a autorizao concedida a sociedade nacional ou estrangeira se infringir disposio de ordem pblica ou praticar atos contrrios aos fins declarados no seu estatuto. (art.l.l25) Conceitua Socied ade Nacional como aquela organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no Pas a sede de sua administrao (art. l.l26). Por outro lado, Sociedade Estrangeira aquela que qualquer que seja seu objeto, no pode funcionar no Pais, ainda que por estabelecimento subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade annima brasileira (art. l.l34). O Ttulo III trata do Estabelecimento especialmentenos artigos 1142 e 1149 do Novo Cdigo Civil Brasileiro. Devemos expor que matria foi incorporada do Cdigo Civil Italiano de l.942. Conforme dispe o art. 1.142 estabelecimento o complexo de bens organizado, para o exerccio da empresa, por empresrio, ou por sociedade empresria.

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Pode ser objeto unitrio de direitos e de negcios jurdicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatveis com a sua natureza.(art. l.l43). Contempla-se ainda, a possibilidade de sua alienao, as conseqncias, e os direitos e deveres do adquirente.(arts. l.l44 a l.l49). Enfim, o estabelecimento comercial, agora denominado de estabelecimento empresarial , todo o complexo dos elementos, o conjunto de b ens que o empresrio ou a sociedade empresarial organiza para a atividade da empresa. o instrumental da atividade do empresrio. O Ttulo IV trata dos Institutos Complementares como o Registro nos artigos 1150 1154, do Nome Empresarial nos artigos 1155 1168 , dos Prepostos nos artigos 1169 1171, dos Gerentes nos artigos 1172 1176, do Contabilista e outros Auxiliares nos artigos 1177 1178 e da Escriturao nos artigos 1179 1195 do Novo Cdigo Civil Brasileiro. No que tange ao Registro das sociedades empresrias qu e fica a cargo das Juntas Comerciais e as Sociedades Simples ao Registro Civil das Pessoas Jurdicas (art. l.l50). Estas disposies j eram tratadas em legislao especfica, lei 8.934 de 18/11/1994 e regulamentada pelo Decreto n. 1.800 de 30/01/1996, que cuida do Registro Pblico das e mpresas mercantis e atividades afins. Devemos expor que o artigo 1.155 retrata que considera-se nome empresarial a firma ou a denominao adotada, de conformidade com este Captulo, para o exerccio de empresa. E ainda que equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteo da lei, a denominao das sociedades simples, associaes e fundaes. No supra artigo 1156 temos que o empresrio opera sob firma constituda por seu nome, completo ou abreviado, adita ndo-lhe, se quiser, designao mais precisa da sua pessoa ou do gnero de atividade O captulo III trata a questo dos Prepostos, dos Gerentes e Do Contabilista e outros Auxiliares. Os artigos 1.169 e seguintes do Cdigo Civil tratam da figura do preposto. Diz, por exemplo, que a preposio no pode ser transferida a terceiros, salvo com autorizao expressa, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substitudo. Tambm se lhe veda que participe de operao do mesmo gnero que lhe foi concedida, ou que negocia por conta prpria, perante terceiro. Por conseguinte temos no artigo 1169 que o preposto no pode, s em autorizao escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposio, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigaes por el e contradas. E no artigo 1170 temos que o preposto, salvo autorizao expressa, no pode negociar por conta prpria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operao do mesmo gnero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retid os pelo preponente os lucros da operao. Da o ensinamento de J. X. Carvalho de Mendona[13] de que "a preposio comercial ou contrato de emprego no comrcio participa tanto do mandato como de locao de servios; no rene, porm, os caracteres exclusivos de nenhum destes contratos. A preposio come rcial constitui figura tpica de contrato. A subordinao ou dependncia do preposto em relao ao preponente arreda-lhe a qualidade de mandatrio, para lhe imprimir a de locador de servios; a representao, que, muitas vezes, o preposto exerce relativamente a terceiros, afasta -o da posio de locador de servios para o elevar a mandatrio. Conciliando as regras desses dois contratos obteve-se nova figura: o contrato de preposio comercial, ou de emprego no comrcio" . No Captulo IV temos a questo da Escriturao Contbil.O Cdigo exige que o empresrio e a sociedade empresarial sigam um sistema de contabilidade, com base na escriturao de seus livros, alm de anualmente promover o balano, salvo no caso do pequeno empresrio. O Dirio, contudo, livro necessrio a todos os empresrios, inclusive os pequenos, Nele sero lanadas, com individuao, clareza e caracterizao do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reproduo, todas as operaes relativas ao exerccio da empresa.estende-se ao pequeno empresrio. A contabilidade dever ser confiada a contabilista legalmente habilitado.Importante considerao a trazida no artigo 1.190, que prev que "nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poder fazer ou ordenar diligncia para verificar se o empresrio ou a sociedade empresria observam, ou no, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei." 4. EMPRESA NO CDIGO CIVIL BRASILEIRO Os artigos referentes ao livro II que tratam sobre o direito de empresa que disciplina sobre a vida do empresrio e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas no novo Cdigo Civil, possui como paradigma o Cdigo Civil italiano. Traz profundas modificaes no direito ptrio como o fim da bipartio das obrigaes civis e comerciais. No livro I referente ao direito das obrigaes se desdobra a disciplina do direito de empresa, regendo o primeiro os negcios jurdicos e no segundo a atividade enquanto estrutura para exerccio habitual de negcios, representada pela empresa. Portanto, o Direito de Empresa passa a ser regulado pela codificao civil na Parte Especial do Livro II (arts. 966 a 1.195). Este livro, por sua vez, assim dividido: a) Ttulo I - Do empresrio; b) Ttulo II - Da Sociedade; c) Ttulo III - Do Estabelecimento; d) Ttulo IV - Dos Institutos Complementares. No antigo projeto do Cdigo Civil Brasileiro, na verso modificada pela Cmara dos Deputados, ao final apresentado para a san o do Presidente da Repblica, abriu espao para o Livro II, denominado Do Direito de Empresa. bom que se esclarea que, como um dos autores do

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anteprojeto e coordenador da Comisso Revisora e Elaboradora do Cdigo Civil, Miguel Reale preferia o ttulo Da atividade ne gocial, constante da proposta at sua modificao na Cmara dos Deputados, como sempre deixou claro[14]. Acentuava Reale, ainda, justificando o novo Cdigo Civil Brasileiro, a reconhecida insuficincia de um Cdigo Comercial, de 1850, do qual restam bem poucas normas em vigor, c ondenando a existncia, no final do sculo XX, de um cdigo imperial: ... outro elemento determinante nas razes da atualizao de todo o nosso direito obrigacional, o qual, como bem assinala Sylvio Marcondes: Refere-se, hoje em dia, to-somente pelo que dispe o Cdigo Civil, com a ajuda da doutrina, da jurisprudncia e dos costumes, alm de freqente apelo ao direito comparado, a fim de serem preenchidas as inmeras lacunas existentes. Na exposio de motivos do seu antepr ojeto, o Prof. Miguel Reale apressou-se em justificar a incluso, no Cdigo Civil, da disciplina da atividade negocial, mas no demora em explicaes acerca do desaparecimento de um corpo autnomo de leis prprias do comrcio. Diz ele, sobre a diretriz de ordem sistemtica do antepro jeto, que segue uma unidade lgica, resultado da tentativa de realizar a unidade do direito das obrigaes: No uma unidade do direito privad o, porque esta unidade no foi posta como alvo a ser atingido; o projeto realiza apenas a unidade da parte geral das obrigaes, consagrando, no Cdigo, aquilo que duradouro, inclui na legislao civil aquelas regras dotadas de certa durabilidade[15]. 5. CONCEITO JURDICO DE EMPRESA Conquanto se refira a "Direito de Empresa", o Cdigo Civil no definiu expressamente o que empresa. O conceito mais recomendvel o encontrado no artigo 2082 do Cdigo Civil Italiano: empresa quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada, para a produo e venda de mercadorias ou de servios. Para a doutrina, entretanto, empresa a organizao destinada a atividades de produo e circulao de mercadorias, bens e servios, chefiadas ou dirigidas por uma pessoa fsica ou jurdica, denominada empresrio. Empresa significa uma atividade exercida pelo empresr io. Para o direito positivo, empresa toda organizao de natureza civil ou mercantil destinada explorao por pessoa fsica ou jurdica de qualquer atividade com fins lucrativos. Na obra de Alfredo Rocco [16] temos algumas consideraes sobre o conceito de empre sa no Direito Italiano: O conceito de empresa, segundo a lei, como o de um ato de interposio entre o trabalhador e o pblico, aparece de resto bastante posto em evidncia na nossa doutrina, assim como na francesa, se bem que nem sempre com suficiente preciso e algumas vezes at com manifestas contradies. Veja, por exemplo, Cesare Vivante,o qual, depois de ter afirmado que o conceito legislativo de empresa corresponde ao conceito econmico, no deixa de advertir justificadamente; a obra do empresrio deve visar a prover s necessidades de outros, s do mercado, e por isso, como regra dominante para os outros comerciantes, ele deve desempenhar uma funo de intermedirio, mantendo-se de permeio entre a massa dos trabalhadore e a dos consumidores. A anlise do conceito de empresa, segundo o cdigo, submetida a um largo exame crtico por Picchio, na Riv. di dir. comm., 1921, I, 647-664, que define empresa um organismo apto a determinar uma srie notvel de relaes jurdicas tendo por fim fornecer a outros utilidades de vria natureza(pp. 658 e 660). Caracterstica fundamental de empresa seria a de exercer uma funo mediadora entre a atividade or dinria dos produtores ou, mais rigorosamente, dos criadores de qualquer gnero de utilidades, e o p blico. Mas com uma tal definio, ou no se diz nada, ou diz-se precisamente aquilo que ns tambm dizemos e que o autor critica, ou seja, que a empresa uma organizao de trabalho alheio e uma interposio ou interveno na troca do trabalho, isto , na troca dos servios. Fazer-se intermedirio entre os produtores e o pblico a funo de quem realiza ou pratica um ato de comrcio; at mesmo na simples compra para revenda h uma mediao entre os produtores e o pblico. E se, portanto, se quer dar empresa o seu contedo especfico, ser necessrio dizer quem so especialmente os produtores, de quem o empresrio se faz intermedirio, e dever concluir-se, como ns fizemos, que estes produtores no podem ser outros seno os trabalhadores. A. Scialoja, enfim[17], embora declarando no aceitar o conceito de empresa como organizao do trabalho alheio, no encontra todavia nada para objectar anlise feita no texto, com base na qual nos elevalos at este nosso conceito, apenas excetuadas as empresas de l ivraria e as agncias e escritrios de negcios, porque para estas duas categorias de empresas o emprego do trabalho alheio s, segundo ele, um elemento da organizao sistemtica de um certo ramo de negcios. Responderei, porm, que esse propriament e o elemento decisivo para a comercialidade da empresa, porque quando h organizao sistemtica, mas no h emprego de trabalho alheio, nesse caso no haver ato. Explica-nos o Prof. Miguel Reale que foi " empregada a palavra "empresa" no sentido de atividade desenvolvida pelos indivduos ou pelas sociedades a fim de promover a produo e a circulao das riquezas. esse objetivo fundamental que rege os diversos tipos de sociedades empresariais, no sendo demais realar que, consoante terminologia adotada pelo projeto, as sociedades so sempre de natureza empresarial, enquanto que as associaes so sempre de natureza civil. Parece uma distino de somenos, mas de grande conseqncias prticas, porquanto cada uma delas governada por princpios distintos. Uma exigncia bsica de operabilidade norteia, portanto, toda a matria de Direito de

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Empresa, adequando-o aos imperativos da tcnica contempornea no campo econmico-financeiro, sendo estabelecidos preceitos que atendem tanto livre iniciativa como aos interesses do consumidor " [18]. Prossegue o referido catedrtico, guisa de enumerar as principais alteraes advindas com o novo livro, aduzindo que "foi d ada uma nova estrutura muito mais ampla e diversificada lei da sociedade por cotas de responsabilidade limitada, sendo certo que a lei especial em vigor est completamente ultrapassada, sendo a matria regida mais segundo princpios de doutrina e luz de decises jurisprudenciais. A propsito desse assunto, para mostrar o cuidado que tivemos em atender Constituio, lembro que a lei atual sobre sociedades por cotas de responsabilidade limitada permite que se expulse um scio que esteja causando danos empresa, bastando para tanto mera deciso majoritria. F ui dos primeiros juristas a exigir que se respeitasse o princpio de justa causa, entendendo que a faculdade de expulsar o scio nocivo devia estar prevista no contrato, sem o que haveria mero predomnio da maioria[19]. Para o mestre Carvalho de Mendona[20]: "Empresa a organizao tcnico-econmica que se prope a produzir mediante a combinao dos diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens ou servios destinados troca (venda), com esperana de realizar lucr os, correndo os riscos por conta do empresrio, isto , daquele que rene, coordena e dirige esses elementos sob sua responsabilidade." Para Fran Martins[21], a empresa objeto de direito, e no sujeito de direito. Tem-se, portanto, que a empresa a atividade desenvolvida pelo empresrio, este sim o sujeito do direito. O autor francs Miguel Despax recebeu vrios prmios por seu trabalho intitulado L'Entreprise et le Droit, que trazia em seu cerne a empresa definida como organismo que se prope, essencialmente, a produzir para o mercado certos bens ou servios, e q ue independe financeiramente de outros organismos. O Direito Italiano o ordenamento jurdico que mais efetivamente se debrua sobre o instituo da empresa e tem seu ordenamento legal moderno, ps reforma de 1942, baseado na "Teoria de Empresa". Mesmo antes, vrias referncias a esse respeito j eram analisadas, dentro dos atos de comrcio. Chegou-se seguinte concluso, conforme Francesco Ferrara, em trecho extrado de obra do ilustre Rubens Requio[22]: "empresa supe uma organizao por meio da qual se exercita a atividade mas sem se ater a conceitos jurdicos, uma vez que os efeitos da empresa no so seno efeitos a cargo do sujeito que a exercita". Certo que o conceito jurdico de empresa no se desvencilha em qualquer momento de seu conceito econmico e muito menos encontra uma definio uniforme. No Brasil, o primeiro diploma legal a tratar de alguma forma do termo empresa foi o Regulamento 737 de 1 850, que traz em seu artigo 19 a enumerao dos atos de comrcio, incluindo a a empresa. partir da procura-se conceituar juridicamente esse termo. No importante estudo do mestre Waldemar Ferreira temos que A empresa superpe -se-lhe como organizao do trabalho e disciplina da atividade no objetivo de produzir riqueza, a fim de p-la na circulao econmica.[23] Tambm na mesma linha, Rubens Requio[24] conclui que a empresa apenas o exerccio de uma atividade que surge da ao inten cional do empresrio em exercitar a atividade econmica. Nasce quando se inicia a atividade sob a orientao do empresrio, da firmar-se o conceito de empresa na idia de que ela o exerccio de atividade produtiva, da qual no se tem seno uma idia abstrata . Waldirio Bulgarelli[25], por seu turno, esclarece que a atividade configura a empresa, como srie coordenada de atos destinados a determinado fim, organizados dentro do setor econmico.Nessa esteira, ainda, Oscar Barreto Filho[26] v na definio a mudana do prprio direito comercial para direito d e empresa ou de negcio, expresses que, efetivamente, foram utilizadas no projeto do CCB, finalmente aprovado como Direito da Empresa . Neste sentido, comenta Jorge Ruben Folena de Oliveira[27] : "Com o reconhecimento da teoria da empresa, em que se d priorida de organizao dos fatores de produo para a criao ou circulao de bens e servios, perdeu sentido a distino entre as sociedades comerciais e civis, porque, como esclarece Jos Edwaldo Tavares Borba, "a teoria da empresa passaria a informar esse novo critrio diferenciador". A empresa tem no Cdigo napolenico apenas uma rpida insero, no captulo que disciplina a competncia dos tribunais do comrcio. L que est registrado, no artigo 632 1, o prprio aparecimento da expresso empresa no mundo do direito. [28] A teoria da empresa, a esse tempo, quer na Europa, quer no Brasil, no havia despertado para o universo jurdico. Com a revoluo social e econmica, foi se infiltra ndo nas legislaes, e a nossa, surpreendentemente, das que mais tem resistido ao seu assdio. Comprova essa situao as inmeras definies encontradas em diversos ramos do direito, tendo a empresa como: a) toda organizao de natureza civil ou mercantil destinada explorao por pessoa fsica ou jurdica de qualquer atividade com fins lucrativos artigo 6 da Lei n 4.137, de 10.09.1962; b) pessoa jurdica, nos termos da legislao do Imposto de Renda Lei Complementar n 7, de 07.09.1970; c) todo aquele que se apresenta sob forma fsica e opera com tudo aquilo que rege este Regulamento pargrafo nico do artigo 1 do Decreto n 57.395, de 07.12.1965; d) O empregador equipara-se empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servio artigo 2 do Decreto-lei n 5.452, de 01.05.1943; e) "Empresa de minerao" "a firma ou sociedade constituda e domiciliada no Pas, qualquer que seja a sua forma jurdica, e entre cujos objetivos esteja o de realizar o apr oveitamento de jazidas minerais no territrio nacional" - art. 80 do Decreto-lei n 227, de 28.02.1967; f) "Empresa rural" o "empreendimento de pessoa fsica ou jurdica,

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pblica ou privada, que explora econmica e racionalmente imvel rural (...)" - Estatuto da Terra, Lei n 4.504, de 30.11.1964; g) No Direito do Trabalho, "considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige prestao pessoal de servio" - art. 2 da Consolidao das Leis do Trabalho. Constata-se que as vrias leis passaram a utilizar o termo empresa em diversas acepes, sem preocupar -se em empreg-lo sempre no mesmo sentido. Resultando na falta de uma concepo unitria de empresa. Segundo Fracarolli, tal inverso decorre de vrios fatores, verificados tambm em outros pases. O que no significa que se deva considerar definitiva: a busca de um conceito genrico de empresa sempre foi atribuio do direito comercial, e neste campo que hoje se procura fixar os caracteres e implicaes da figura, que levou tanto tempo para conquistar seu posto, no elenco das pesquisas jusmercantilistas. [29] Para Waldemar Ferreira tanto a empresa o ato de realizar alguma coisa, ou seja, o cometimento ousado, a obra ou desgnio levado a efeito, especialmente quando se d a interveno conjunta de vrias pessoas; quanto a casa ou sociedade mercantil ou industrial fundada para empreender ou levar a cabo construes, negcios ou projetos de importncia. [30] Com efeito, doutrina Emlio Langle que a universitas mais importante na esfera do Direito Mercantil sem dvida a Casa comercial ou Empresa comercial (que os franceses denominam Fonds de commerce, os italianos Azienda commerciale e os alemes Unternehmen, Unternehmung e Geschft).[31] Seguindo o mesmo raciocnio Oscar Barreto Filho ensina que: "a empresa no existe, mas se exerce; no um ser, nem sujeito, nem objeto, mas um fato. O que existe apenas o empresrio, como sujeito e o estabelecimento como objeto. Desta forma, a empresa o exercc io que o empresrio faz do estabelecimento".[32] 6. FUNO SOCIAL DA EMPRESA NO NOVO CDIGO CIVIL BRASILEIRO O Novo Cdigo Civil Brasileiro um texto que se preocupa fundamentalmente com a pessoa humana e o carter social. Devemos ex por que o Professor Geraldo Jos Guimares da Silva sendo ardoroso defensor da funo social da empresa, onde foi dado pelo NCCB uma maior nfase sua prpria sobrevivncia, mas no se esquecer do lucro, porque uma posio no exclui a outra. O lucro importante, mas a sobrevivncia ou o social de empresa mais importante, no sentido de vir antes, visando a expanso, da prpria empresa e de sua sobrevida. A funo social da empresa reside justamente nas reservas, que sero prioritrias em relao aos dividendos. A funo social da empresa tema de suma importncia e nossos textos legais como a Constituio Federal de 1988, a Lei n. 6.404/76 (Lei da SA), a Lei n. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), Lei n. 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor) e o Novo Cdigo Civil (Lei n. 10.406/2002) tratam do assunto de forma explicita ou por analogia. Para Wilson de Souza Campos Batalha[33]: Significativa a aluso funo social da empresa, num indisfarvel apagamento dos conceitos meramente contratualistas, abrindo os caminhos para o conceito institucional da empresa organizada sob a forma de sociedade annima. No mesmo sentido, Fbio Konder Comparato[34], sobre tais artigos da Lei n. 6.404/76: Como se v, a lei reconhece que, no exercc io da atividade empresarial, h interesses internos e externos que devem ser respeitados: no s os das pessoas que contribuem diretamente para o funcionamento da empresa, como os capitalistas e trabalhadores, mas tambm os interesses da comunidade em que ela atua. O ilustre Modesto Carvalhosa[35] ensina que: Tem a empresa uma bvia funo social, nela sendo interessados os empregados, os fornecedores, a comunidade em que atua e o prprio Estado, que dela retira contribuies fiscais e parafiscais. Considerando-se principalmente trs as modernas funes sociais da empresa. A primeira refere-se s condies de trabalho e s relaes com seus empregados .. a segunda volta-se ao interesse dos consumidores ... a terceira volta-se ao interesse dos concorrentes. E ainda mais atual a preocupao com os interesses de preservao ecolgica urbano e ambiental da comunidade em que a empresa atua. Temos sentido, a cada dia, uma preocupao maior com a funo social da empresa. Assim, se a Lei n. 6.404/76 se mostrava pioneira na preocupao com a funo social da empresa, outras que se seguir am, tambm tem acentuada tendncia para tal objetivo, como, por exemplo, a Lei n. 8.078/90 que veio juntar-se ao regime civilista e ao comercialista, numa terceira modalidade de trato nas relaes privadas. Assim, nos artigos 970, 971 quando d ateno especial ao empresrio rural e ao pequeno empresrio ou em relao aos lucros e perdas proporcionais do art. 1007, e, ainda o chamado "patrimnio de afetao" do art. 974, 2 n a proteo dos bens do incapaz. 7. EMPRESRIO NO CDIGO CIVIL BRASILEIRO Traz o Cdigo importante alterao quanto ao novo conceito de empresrio, que vem substituir o antigo conceito de comerciante, pessoa fsica ou sociedade mercantil. O comerciante ora empresrio era visto como aquele que apenas praticava atos de intermediao com finalidade lucrativa, hoje aquele que exerce atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou servios.

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Essa definio de empresrio vem em substituio antiga figura do comerciante e para sua compreenso leva-se em conta a evoluo do comerciante a partir da funo originria e histrica de intermedirio, para abranger tambm as atividades de produo.[36] A Exposio de Motivos do novo Cdigo Civil traz traos do empresrio definidos em trs condies: Exerccio de atividade econmica e, pr isso, destinada criao de riqueza, pela produo de bens ou de servios para a circulao, ou pela circulao dos bens ou servios produzidos; Atividade organizada, atravs da coordenao dos fatores da produo trabalho, natureza e capital em medida e propores variveis, conforme a natureza e objeto da empresa; Exerccio praticado de modo habitual e sistemtico, ou seja, profissionalmente, o qu e implica dizer em nome prprio e com nimo de lucro. A maior novidade do cdigo civil em relao ao cdigo anterior foi a insero no seu texto da regulamentao das relaes empresariais (Livro II da Parte Especial). Esta matria vinha sendo disciplinada desde o ano de 1850 atravs do cdigo comercial, com alteraes poster iores. Pelo novo diploma legal, foram unificadas as obrigaes civis e comerciais, no existe mais a figura do "empresrio civil" e "empresrio comercial" ou comerciante. Neste contexto, todos estes so considerados empresrios ou exercem empresa, obedecendo portanto ao mesmo tratamento jurdico. O que qualifica o empresrio, segundo Tullio Ascarelli, uma atividade econmica, ou seja, a natureza (o exerccio) da atividade. Analisa, Ascarelli, o conceito de atividade como sendo uma srie de atos coordenados, desenvolvidos no tempo, que visam o mesmo objetivo. Em se tratando de pessoa fsica, o que caracteriza a atividade o efetivo cumprimento dos atos, quanto s pessoas jurdicas, bas ta o escopo (inteno) da atividade, independentemente da realizao ou no do ato. Preleciona tambm o respeitvel autor a questo da atividade derivada e autnoma, da qual deriva uma relao problemtica entre empresrios e trabalhadores. Estas so resolvidas no mundo moderno p r uma srie de institutos, tais como: a organizao sindical dos trabalhadores, as contrataes coletivas, direito de greve, etc. Assim sendo, o que qualifica o empresrio, segundo Ascarelli, atribuindo tal status a ele, o exerccio da atividade. A funo do empresrio organizar e dirigir o negcio, elaborar o plano geral de produo, fixar as quantidades e qualidades dos produtos a fabricar em razo de uma procura prevista, pa ra isso, rene ele os fatores de produo e os adapta e controla. Assume o risco geral da empresa, envolto essencialmente em clculos do preo de custo e de venda, e, sendo o mvel de sua atividade o lucro, dever suportar as perdas, ocasionais pela m sorte da empresa, ou perceber os resultados de sua boa sorte. [37] No cdigo civil italiano de 1942, temos o Artigo 2082, Ttulo II, Seo I, Do empresrio: empresrio quem exerce profissionalmente uma atividade econmica organizada com o fim de produo ou de troca de bens e servios[38]. Destarte o texto de Asquini[39], pu blicado originariamente na Rivista del Diritto Commerciale, apontou na empresa a figura do empresrio, denotando o uso da expresso como sinnimo de empresrio, e, por outro lado, tambm a identificava pelo perfil funcional ou dinmico. Nessa tica, Giuseppe Ferri[40] assevera que da noo de empresrio fixada pelo Cdigo se deduz a noo de empresa como atividade organizada e profissional, o que tem sido bastante, at hoje, para sustentar-se o acerto do cdigo e do comedimento do legislador que deixou espao bastante para o desenvolvimento da teoria geral da empresa na doutrina. Comenta Jorge Ruben Folena de Oliveira[41]: "Com o reconhecimento da teoria da empresa, em que se d prioridade organiza o dos fatores de produo para a criao ou circulao de bens e servios, perdeu sentido a distino entre as sociedades comerciais e civis, porque, como esclarece Jos Edwaldo Tavares Borba, "a teoria da empresa passaria a informar esse novo critrio diferenciador". Deste modo, doravante, quando se verificar na legislao qualquer referncia expresso "comerciante" ou "sociedade comercial", mister far-se- interpret-lo como "empresrio" ou "sociedade empresarial". Ademais, h de se considerar que hoje, algumas atividades empresariais de cunho eminentemente civil, j se encontram sujeitas ao regime falimentar, como, por exemplo, as j citadas sociedades annimas, as empresas de construo (art. 1. da Lei 4.068/62), as empresas concessionrias de servios areos (art. 191 da Lei 7.565/68 Cdigo Brasileiro de Aeronutica) e o incorporador imobilirio (art. 43, III, da Lei 4.591/64). Alm disso, o Projeto de Lei 4.376-A, de 1993, que regula a falncia, a concordata preventiva e a recuperao da empresa, em trnsito pelo Senado Federal, que vir a substituir a atual Lei de Falncias (Dl 7661/45), dispe que o sistema de recuperao e liquidao de sociedades atinge no s as de cunho comercial, como tambm as de ndole civil. Eis a definio de empresrio dada por Asquini, luz do art. 2.082 do CCit: empresrio a) quem exerce, esto , o sujeit o de direito que exerce em nome prprio; e b) uma atividade econmica organizada, isto , uma atividade empresarial que implica de parte do empres rio a prestao de um trabalho autnomo de carter organizador e a assuno do risco tcnico e econmico correlato[42] Bibliografia ABRO, Nelson. Sociedade por quotas de responsabilidade limitada. So Paulo, Revista dos Tribunais, 1998.

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[20] J. X. Carvalho de Mendona, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, So Paulo, 1911, Cardozo Filho & Comp., vol. II, pg. 450, n 453 [21] MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 22. ed., Rio de Janeiro:Forense, 1998. [22] REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 22.ed. So Paulo: Saraiva, 1995. v.1, p. 18 [23] FERREIRA, Waldemar, Instituies de Direito Comercial v. 2 p. 45 [24] REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 22.ed. So Paulo: Saraiva, 1995. v.1, p. 18 [25] BULGARELLI, Waldirio. Estudos e pareceres de direito empresarial. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1980, p. 29 [26] BARRETO FILHO, Oscar. Teoria do estabelecimento comercial. So Paulo: Max Limonad, 1969, p. 8 [27] OLIVEIRA, Jorge Rubens Folena de. A possibilidade jurdica da declarao de falncia das sociedades civis com a adoo [28] FRACAROLLI, Luiz Machado. Pequena e Mdia Empresas. So Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1976, p. 55. [29] FRACAROLLI, Luiz Machado. Pequena e Mdia Empresas. So Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1976, p. 55. [30] FRACAROLLI, Luiz Machado. Pequena e Mdia Empresas. So Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1976, p. 55. [31] Citado por FERREIRA, Waldemar, Op. Cit., p. 60. [32] Citado por PAES, P. R. Tavares. Op. Cit., p. 54 [33] BATALHA, W. S. C. Comentrios lei das SA. Rio de Janeiro: Forense, 1977. p. 563 [34] COMPARATO, op. cit., p. 44. nota 5. [35] CARVALHOSA, M. Comentrios lei de sociedades annimas. So Paulo: Saraiva, 1977. v. 3., p. 237 [36] O Novo Cdigo Civil, revogando expressamente a primeira parte do Cdigo Comercial (arts. 1 a 456) positivou o chamado direito de empresa no Livro II, (arts. 966 a 1.195), consignando a definio de empresrio no art. 966, o qual dispe que se considera empresri o quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios, no se qualificando como empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou cola boradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. O legislador optou pelo conceito analtico de empresrio, correspondente antiga teoria subjetiva dos atos do comrcio, pela qual se tem em foco a pessoa que pratica a atividade empresarial. Seguiu a orientao adotada direito italiano (C. Civ. Italiano art. 2.082). Destarte, pela nova disposio, o empresrio sujeito de direito enquanto a empresa, como ati vidade, objeto de direito. No obstante, h completa infelicidade na redao, quando o Cdigo, no art. 978, se refere ao patrimnio da empresa, posto que a empresa, no , como j dito, sujeito de direito, demandando reparos o referido dispositivo, por questo de coerncia sistmi ca. O empresariado pode ser exercido pelo empresrio individual ou pelas sociedades empresrias, que de acordo com os tipos societrios elencados nos artigos 1.039 a 1.092 do Novo Cdigo Civil, so: sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade em comandita por aes e sociedade em nome coletivo. O empresrio individual, correspondente, em parte, firma individual, a pessoa fsica que exerce a atividade empresarial, o titular da empresa. Seu patrimnio pessoal responde pelos atos que praticar. Inexiste, pois, empresrio individual com responsabilidade limitada. No se confunde tambm o empresrio com o scio; empresrio ser somente aquele que exerce de fato a atividade empresarial; no caso do empresrio individual a pessoa fsica e se tratando de sociedade empresria ser a pessoa jurdica. O cdigo equiparou o empresrio rural ao empresrio sujeito a registro, o que pode significar uma diferenciao protetiva aplicada ao pequeno empresrio rural, o que se harmoniza perfeitamente com o disposto pelo art. 970, que prev tratamento diferenciado, favorecido e simplificado para o empresrio rural e o pequeno empresrio. A C.R.F.B. de 1988, em seu art. 179, contm disposio semelhante, aludindo tambm ao empresrio de pequeno porte. A atividade dos pequenos empresrios, comumente denominados de microempresrios (V. microempresa), assim como daqueles de pequeno porte (V. empresa de pequeno porte), est regularizada pela lei 9.841/99, mas a alterao legislativa nesta matria freqente, pelo q ue deve o leitor sempre se informar sobre a vigncia legal. Os pressupostos jurdicos para ser empresrio so: a capacidade e a profissionalidade, e no estar impedido legalmente (servidores pblicos federais, estaduais, municipais, governadores de Estado, militares, magistrados, leiloeiros o impedimento pode ser tomado ainda do velho cdigo comercial ou de leis esparsas ). [37] ASCARELLI, Tullio. Corso di diritto commerciale: introduzione e teoria dellimpresa. 3 ed. Milano: Giuffr, 1962. [38] O codice civille de 1942, no art. 2.082, caracteriza o empresrio como sendo "chi esercita professionalmente unattivit economica organizzata al fine della produzione o dello scambio di beni o di servizi". No define a empresa, cuja definio os juristas italianos retiram do conceito de empresrio embora com algum reclamo pela omisso legislativa, como visto no texto de Alberto Asquini, a qual os juristas suprem, acentuando ser aquela essencialmente uma atividade econmica, sem interesse jurdico imediato, portanto [39] ASQUINI, Alberto. Perfis da empresa. Traduo de Fbio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econmico e Financeiro, So Paulo, v.35, n. 104, p. 109-26. out/dez 1996, p. 110 [40] FERRI, Giuseppe. Le societ. Turin: Utet, 1971, p. 44-5. [41] In "a possibilidade jurdica da declarao de falncia das sociedades civis com a adoo da teoria da empresa no direito positivo brasileiro", RT 762/67 [42] ASQUINI, Alberto. Perfis da empresa. Traduo de Fbio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econmico e Financeiro, So Paulo, v.35, n. 104, p. 109-26. out/dez 1996, p. 110

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Texto de Leitura Complementar: A tica, a gesto e o direito empresarial, de autoria de Paulo Soares da Silva, Bacharel em Direito e Cincias Econmicas, Mestre em gesto integrada das organizaes, Ps-graduao: consultoria industrial, Advogado de Costa & Costa Advogados, Professor da Universidade Catlica do Salvador-Bahia. A TICA, A GESTO E O DIREITO EMPRESARIAL I- INTRODUO A tica empresarial tem ocupado um lugar de destaque no campo da tica aplicada e na gesto dos negcios especificamente. Vale a pena aprofundar os aspectos a que se prope o desenvolvimento de um negcio e suas relaes de responsabilidade e convivncia com o meio que o cerca. Diferentemente das profisses, os princpios ticos empresariais tm uma atuao bastante especifica e por vezes nica, principalmente por tratar de negcios e empreendimentos humanos, cujos membros no gozam de um cdigo profissional, e que ao longo da histria construiu uma imagem no muito positiva, de agresso a direitos e ao interesses coletivos e difusos, o que diferencia das profisses de um modo geral. A prtica filosfica faz exigncias radicais de honestidade e igualdade nas relaes humanas e a atividade empresarial olha da como uma rea humana de avareza ou cobia, o que impregna a atividade empresarial de uma viso pouco nobre do ponto de vista da histria e das relaes sociais. Estas vises negativas vm se acumulando ao longo do tempo, onde no faltam ataques a atividade empresarial por parte de pensadores desde a poca medieval e antiga, cujos pensamentos so encontrados na religio, na filosofia, na sociologia, e que por isto e em razo disto, tem sido fonte constante de conflitos e de formao de direitos. Isto se explica em parte, porque a tica emp resarial sempre foi uma rea sem credenciais na filosofia corrente, sem contedo conceitual prprio (Solomon). A filosofia transcende por idias e mundos pos sveis, enquanto negcios empresariais so assuntos voltados exclusivamente para a prtica, para os sistemas de trocas, para o lucro como corolrio da inovao e do risco, o que implica em novos fatos, e a conseqncia so novos valores e relaes sociais e jurdicas, e a necessidade de novas normas. Assim que, a atividade empresarial sempre esteve sendo posto em um posicionamento tico duvidoso, em funo de consideraes acerca do carter injusto do capitalismo e de uma srie de casos tomados como paradigma: agresso ao meio ambiente, falsidade de demons traes financeiras, explorao do trabalhador, leso direitos. Geralmente desgraas e escndalos mostrando o mundo empresarial no que tem de pior e de mais irresponsvel. Entretanto a filosofia moderna tem pensado o mundo como ele , e a tica empresarial est construindo um lugar atravs deste entendimento. Isto vem ocorrendo em razo da entrada dos pensadores da tica, no mundo dos negcios. Executivos de grandes empresas, entidades d e trabalhadores e pequenos empresrios so envolvidos na formulao deste novo pensamento tico, baseados em princpios e fundamentos, os quais tem sido inseridos nos ordenamento jurdicos das naes, como institutos de convivncia e harmonizao entre os grupos de interesses em conflitos. Todavia, a tica empresarial, condenada atravs dos tempos pela filosofia, pela sociologia, pelos economistas marxistas, e por alguns pensadores religiosos, inicia uma guinada em busca de um reconhecimento, com no incio da idade moderna, atravs de Calvino, que pregava as virtudes da poupana e da iniciativa comercial e, posteriormente Adam Smith que atravs de sua obra a Riqueza das Naes (1776), define alguns princpios de f na atividade empresarial quando afirma que: a aplicao mais rentvel de qualquer capital, aquela que sustenta maior contingente de mo de obra e mais aumenta a produo anual da terra e da mo de obra do pas, e continua: a quantidade de trabalho produtivo que qualquer cap ital empregado no comrcio externo para consumo pode sustentar exatamente proporcional freqncia de seus retornos. Adam Smit h, j quela altura, propunha, talvez, um dos primeiros princpios do comportamento tico empresarial, condenando o monoplio e bendizendo dos benefcios da atividade comercial, quando afirmava que preciso fazer distino entre os efeitos do comrcio e o s do monoplio desse comrcio. Os primeiros so sempre e necessariamente benficos; os segundos, sempre e necessariamente danosos. Percebe-se em Adam Smith a preocupao com a tica nas relaes comerciais, quando condena o monoplio um tipo de mercado condenvel em todos os aspectos econmicos e abenoa o livre comrcio, para ele a principal fora que impulsiona a formao da riqueza das naes, quando tambm propugna pela justa remunerao do capital, com o retorno daquilo que foi aplicado. Entretanto Max Weber que traa um perfil da atividade empresarial, quando analisa a influncia da religio no desenvolvimento do capitalismo e todas as suas conseqncias subseqentes. Na sua obra A tica Protestante e o Esprito Capitalista, Weber faz uma abordage m dos movimentos religiosos e suas relaes com o mercado, cujo desenvolvimento estabeleceu uma dinmica racional que culmina em uma nova orde m econmica e uma nova relao conceitual com o mercado e por fim em uma nova tica capitalista, com o surgimento de novas relaes de direitos. O autor

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enfatiza que o impulso para o lucro nato do ser humano em todos os tempos e em todos os lugares, nada tendo a ver com o cap italismo. A ganncia ilimitada do ganho no se identifica, nem de longe, com o capitalismo, e menos ainda com o seu esprito (Weber, pg.26). Duas foras religiosas so identificadas por Weber, as quais propugnam por idias diferenciadas de como tratar a atividade econmica. O autor localiza no asceticismo religioso a matriz principal dos movi mentos que imprimem as mudanas, dando um novo enfoque a mais decisiva fora da nossa vida moderna: o capitalismo (Weber, pg.26). Weber divide as foras em duas vertentes: a) as de origem no asceticismo c risto e b) as de origem no asceticismo laico. Mas na vertente laica ou mundana, composto pelos segmentos protestantes do calvinismo, pietismo, metodismo e batistas, que Weber identifica a grande fora que estabelece os novos pressupostos ticos para que a atividade empresarial se expresse. Esta nova fora tem como caracterstica importante, maior liberdade de ao nas funes econmicas, o que no implicava na eliminao do controle da igreja, mas em uma nova forma de controle. Mas a aceitao do comrcio e o reconhecimento da economia como ente fundamental que compe a sociedade, demorou a ser aceita, e dependeu de uma transformao no pensar da sociedade, exigindo mudanas na sensibilidade filosfica e religiosa, mas tambm e ncaminhando um novo sentido da sociedade e da natureza humana, sentidos estes que vinham estabelecer novas relaes de produo o que implicava em novas relaes jurdicas. Estas transformaes so explicadas pela urbanizao, em grupos sociais centralizados e maiores, o surgimento dos consumidores enquanto grupos privados, o desenvolvimento tecnolgico, o crescimento da indstria e o surgimento de necessidades e desejos sociais. A partir de Adam Smith e seus pressupostos e a emancipao do tradicionalismo econmico identificado por Max Weber, a economia torna-se uma instituio fundamental e a grande virtude da moderna sociedade e uma fonte explosiva de direitos. Mais recentemene, Schumpeter inova o pensamento econmico, quando enfatiza a importncia fundamental do empresrio no desenvo lvimento econmico, atravs da fora criadora, imprimindo mudanas e modos de agir nos consumidores, fazendo-os querer coisas novas, diferentes daquelas que tinham o hbito de usar, atravs de novas combinaes que eliminam antigos produtos, tecnologicamente defasados ou obsoletos. Schumpeter enfatiza que: algum s um empresrio quando efetivamente levar a cabo novas combinaes (pg.57). Certamente a viso de Schumpeter implica em novos paradigmas ticos at ento no observados, mas no tampouco criticados pelos mesmos pensadores d a atividade empresarial. II- O OBJETIVO DO LUCRO Entretanto o debate acerca das perspectivas morais e respeitveis da atividade empresarial contnua, traz junto a idia do es tudo dos valores e comportamentos. Em um aspecto, a tica empresarial j no se preocupa apenas com as prticas comerciais. O lucro, j aceito e no condenado em discursos estreos de faces religiosas e at de grupos ideologicamente no capitalistas. O capitalismo identifica -se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional (Weber, pg.26). A nova discusso como o lucro deve ser definido e destinado, dentro de um contexto de gerao de riqueza e de responsabilidade social. Ou de como as empresas como sociedades abertas, do ponto de vista organizacional e social, podem servir aos detentores do capital, aos seus empregados e a sociedade em que est localizada. O lucro como objetivo, uma expresso que hoje tem se revestido de outra conotao que no aquela cunhada pela ideologia soc ialista ou como caracteriza Weber, como forma de identificar a atividade empresarial unicamente com o objetivo da busca do dinheiro e a exclu so de toda e qualquer outra obrigao. O moderno conceito que lucro no tido e havido mais como um fim ou o objetivo da atividade empresarial, o lucro um meio para a montagem e alavancagem de negcios e a recompensa aos investidores, executivos e empregados, fonte da poupana que faz a riqueza crescer constantemente, esta, medida atravs do Produto Interno Bruto das Naes. Na tica empresarial atual, o objetivo a satisfao de ganhar e no o lucro em si (Salomon, pg.2). Assim, na perspectiva simplista de que a atividade empresarial tem como nico objetivo o lucro, encerra-se concluso meramente antitica e amoral a respeito da atividade empresarial. A gesto dos negcios vinculada a mxima da obrigao do lucro para o acionista como fato determinante, atendido as normas cogentes de direito. Todavia, ao gestor atribudo a obrigao mais do que o objetivo do lucro (Salomon, pg.2), sendo que esta imagem transferida para o acionista. A procura do lucro no o objetivo nico dos negcios. um dos muitos objetivos e ainda assim -o enquanto um meio e no enquanto um fim em si (Salomon, pg.3). III- A CONCORRNCIA E A REPONSABILIDADE SOCIAL A compreenso da concorrncia essencial para o entendimento do capitalismo e este aspecto da atividade empresarial tem dado suporte a interpretaes simplistas da tica nos negcios, minando a imagem conceitual do que venha a ser um negcio em um mercado e a concorrncia

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existente. Esses princpios negativistas da tica empresarial vm na forma de metforas e so por demais prejudiciais a imagem dos negcios. Dentre estas metforas, a que mais agride o funcionamento da empresa enquanto organizao social a metfora da dominao. Gareth Morgan em seu livro Imagens da Organizao (1996), expe e analisa profundamente este aspecto que impregna a atividade empresarial. Nesta metfora, a empresa associada a processos de dominao, onde acionistas tem imposto a vontade das organizaes sobre a sociedade e os consumidores. O processo de dominao se estabelece atravs da combinao de realizao e explorao (Morgan), e tem com o fundo a busca de objetivos de poucos atravs do trabalho de muitos (Morgan). Estes aspectos de dominao das organizaes sobre o seu meio ambiente, embora se estabelea atravs da sua fora de trabalho, tem como grande objetivo dominao do mercado atravs da r eduo dos custos de produo e o conseqente domnio do mercado em que est competindo. Esta forma de dominao vem a ser a causa de atitudes antiticas, cujos reflexos se observam atravs da degradao do meio ambiente, com a devastao de imensas reas de terras, a lm de agresses urbanas influindo decisivamente no modo de viver e no bem estar do ser humano. A dominao se processa tambm, atravs da explorao do trabalhador pelas empresas, cujas pessoas ficam expostos as mais variadas formas de hostilidade ambiental, cujo resultado a degradao da sade e a reduo da esperana de vidas de populaes trabalhadoras. Morgan divide o mercado de trabalho em duas categorias: primria e secundria. Na primria encontram-se os indivduos com menos exposies a ambientes hostis nem por isto imunes a problemas de sade. Esta categoria estaria exposta a doenas de origem estressante, tais como doenas do corao, lceras, depresses nerv osas, todas ligadas ao trabalho que realizam. Na categoria secundria, estariam as pessoas expostas a ambientes da produo e processos produtivos, cujos ambientes so, em grande parte, insalubres e ou periculosos. Outra metfora bastante prejudicial acerca dos enfoques dados ao s negcios tem origem nos conceitos darwinistas, como a sobrevivncia do mais apto ou aquilo l fora uma selva, estas idias significam que o ambiente dos negcios extremamente competitivo e no justa. A fora das metforas tem fornecido bases para crticas acerca das posturas ticas da atividade empresarial, quando expe as fraquezas e desequilbrios dos negcios face aspectos de relacionamento social ou at mesmo de cunho ambiental, todavia h de se perguntar se estes posicionamentos se do por acaso ou por inteno deliberada. A atividade empresarial, por mais competitiva que seja, assenta-se sobre pressupostos de interesses corporativos, portanto mtuos, dentro de regras consensuais e normas juridicas, em que a competio tem lugar dentro das comunidades a que pertencem e da qual depen dente. As regras tm suas origens no s na sociedade, que atravs dos poderes pblicos estabelece as normas legais, como tambm a concorrncia define regras ticas, em que todos partilham, e que funcionam, pois a atividade empresarial antes de tudo uma atividade cooperativ a, pois no universo dos negcios de hoje, a vida empresarial consiste em papis e responsabilidades, em que a interao e interdependncia so cr uciais na montagem e no funcionamento dos empreendimentos, com uma sinergia necessariamente vital entre acionistas, fornecedores, gestores, empregados, sociedade e Estado. Esta constatao moderna implica em outro conceito, o da responsabilidade social da empresa. Um dos conceitos modernos que mais tem se estabelecido por parte da tica empresarial e o da responsabilidade social. Es te novo conceito tem sido bastante discutida a partir de duas vises, uma social e outra puramente mercantilista. A tica mercantilista determina que a responsabilidade social da empresa gerar lucro para o acionista, mas como j vimos a empresa no tem como objetivo a gerao do lucro em si. Na tica social, permite-se e aceita-se que a empresa tenha outras preocupaes que no sejam unicamente aquelas voltadas para os objetivos, virtudes e capacidades prprias, mas que se volte para preocupaes tambm essenciais, o de servir aqueles que trabalham, compram, vendem, vivem prximos ou so afetados pelas atividades exigidas em um sistema de livre e competitivo mercado. IV- CONCLUSO A empresa no uma coisa isolada e separada com valores diferentes dos valores do meio que a rodeia, ela parte do meio. Os fatos so gerados a partir das necessidades das pessoas e por elas. A empresa apenas atende as necessidades reveladas, que so valores surgidos e atendidos pela criatividade empresarial. Entretanto, a crtica atividade empresarial tem suas origens no enfoque puramente poltico ideolgico, com um olhar apenas no lado negativo dos negcios o que no de todo inconseqente, mas perigoso, totalitria e arbitrria , pois a anlise torna-se por demais sectrias, cegando as percepes do que existe de positivo no desenvolvimento dos negcios, dentre os quais a impulso e a dinmica tecnolgica com sua fora destrutiva-criativa como preconiza Shumpeter. Estes fatos tm atrado pensadores de diferentes matizes ideolgicos: economistas, jurisconsultos, filsofos, socilogos, para o mbito empresarial de forma positiva, avanando na formulao de uma tica da empresa. A perseguio do homem pela perfeio e pelo bem estar atravs do impulso criativo permanente, o grande motor do desenvolvimento da humanidade. Este objetivo da raa humana, que proporciona, at os nossos dias, a grande evoluo tecnolgica a qual conhece mos e nos servimos hoje, no obstante as imperfeies existentes e determinantes na prpria di altica humana, como afirma Kant: que porque ns somos seres apenas contingentemente racionais e porque somos imperfeitos que as regras prticas nos aparecem imperativos, que nos d izem como devemos agir de modo a agir moralmente. O fato de sermos imperfeitos leva-nos muitas vezes a agir contra a razo de modo a satisfazermos os nossos interesses e desejos (in Teixeira, pg.5). imperativo que, quando a atividade empresarial entrar em conflito com a m oral e o bem estar da sociedade, os negcios tem que ser repensados.

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Referncia MORGAN, Gareth. Imagens da Organizao.S. Paulo.Atlas, 1996. SMITH, Adam. A Riqueza das Naes, 1723-1790. S.Paulo.Abril, 1983. WEBER, Max. A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo. S.Paulo. M.Claret, 2002. SOLOMON, Robert C. A tica Empresarial. Universidade do Texas, Austin. Crtica.no.sapo.pt TEIXEIRA, Clia. A Objectividade na filosofia moral de Immanuel Kant.Revista Philosphica n 13, 1999. Crtica.no.sapo.pt SCHUMPETER, Joseph. Teoria do desenvolvimento econmico. S. Paulo. Nova Cultural, 1985.

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