ZONEAMENTO AGROCLIMTICO A agricultura um dos segmentos mais importantes da cadeia produtiva, sendo aquele mais dependente das condies

s ambientais. O ambiente, basicamente clima e solo, controla o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Conseqentemente, as condies ambientais devem ser adequadamente avaliadas antes de se implantar uma atividade agrcola. A variabilidade climtica no prevista pode ser considerada uma das principais fontes de riscos atividade agrcola. Este fato torna-se explicito devido alta taxa de sinistralidade (perdas) na agricultura brasileira, em sua maioria decorrente de causas climticas. A falta de conhecimentos detalhados sobre o clima reduz as possibilidades de sucesso da agricultura, porque o risco de perda provocado por danos climticos so muito grande. Alm de que, para se alcanar produtividade econmica (com relao ao clima) cada cultura necessita de condies favorveis durante todo o seu ciclo vegetativo, isto , exigem determinados limites de temperatura nas vrias fases do ciclo, de uma quantidade mnima de gua, e de um perodo seco nas fases de maturao e colheita. O atendimento dessas exigncias que far uma determinada regio ser considerada apta para uma dada cultura. Na agricultura globalizada, incrementos nos rendimentos e reduo dos custos e dos riscos de insucessos passaram a ser exigncias bsicas competitividade. Maior eficincia no uso de recursos, a melhora qualitativa dos produtos e preservao dos recursos naturais, so desafios da sustentabilidade da moderna agricultura. Entretanto, a maioria das culturas est sujeita imprevisibilidade das variveis climticas onde pouco se tem a oferecer como soluo ao produtor, sem que haja um aumento do custo de produo. Para todo organismo vegetal existe um regime hdrico-energtico ideal. Uma cultura qualquer que seja colocada em um local o mais prximo possvel de seu regime hdrico - energtico, tender a produzir o mximo, no menor tempo possvel, possibilitando o maior rendimento agrcola admissvel. Toda planta tem seu local de origem na terra e aquelas que apresentam aspectos econmicos, sendo destinadas a produzir em grande escala; portanto teis a populao, encontram-se disseminadas pelo globo todo. Como os locais no globo divergem quanto intensidade de atuao dos parmetros meteorolgicos, conseqentemente h divergncia de produtividade da cultura. Essas necessidades levam os geneticistas a procurarem sempre cultivares mais apropriadas ao meio ambiente local. As variedades vo sendo obtidas, e se algumas suportam frio e seca de um lado, por outro tem baixa a sua produo, ou se produzem muito, so exigentes em solo, gua e temperatura. Outras variedades podem atuar coerentemente com as condies climticas, mas por sua vez so susceptveis a pragas e doenas. Em vista disso tudo, o caminhamento da procura gentica, em direo a variedades que sejam razoavelmente resistentes as baixas e altas energias do meio, a baixa umidade do solo e ar, menos sensveis ao ataque de doenas e pragas, e que produzam relativamente bem, tornando-as variedades rentveis. As variedades, portanto, colocadas em mos do agricultor, so providas de um potencial gentico, que vai caracterizar as suas manifestaes fisiolgicas. O agricultor de posse dessas caractersticas fisiolgicas, ira procurar o meio ambiente que mais propicie condies, de a planta ter suas funes fisiolgicas plenamente satisfeitas sem interrupes, a fim de evitar o seu desequilbrio enzimtico e hormonal. No se pode plantar indiscriminadamente qualquer espcie em qualquer lugar.

Algumas regies tm potencial maior que outras. Escassez de energia e alimentos continua sendo um dos principais problemas contemporneos. Com o aumento da demanda por energia, alimento, e fibras, cada vez mais prioritrio a utilizao eficiente dos recursos naturais. Com isto, o primeiro e mais decisivo passo em qualquer planejamento deve ser a identificao de reas com alto potencial de produo, isto , reas onde o clima e o solo sejam adequados para a cultura, ou seja o conhecimento do ambiente decisivo para o desenvolvimento da agricultura produtiva, rentvel, e socioeconomicamente vivel. Das condies do ambiente depende a distribuio da vegetao natural, das culturas e das diferentes atividades agrcolas. Quanto melhor for o conhecimento que se tem das condies ambientais prevalecentes numa regio, mais apto se estar para a seleo das culturas mais adequadas, das melhores pocas de plantio/semeadura, das melhores variedades, dos sistemas de cultivo mais racionais, objetivando uma agricultura mais produtiva. Portanto, as condies ambientais devem ser adequadamente levantadas antes de se implantar uma atividade agrcola. A determinao da aptido climtica de reas para o cultivo de espcies de interesse agrcola um dos objetivos mais aplicados da Agrometeorologia, constituindo o zoneamento agroclimtico. Como o solo o outro componente do meio fsico que mais utilizado na agricultura, pode-se fazer a delimitao da aptido de reas sob o aspecto edfico e junt-la climtica, formando o zoneamento edafoclimtico ou zoneamento ecolgico das culturas. O denominado zoneamento agrcola envolve o zoneamento ecolgico e o levantamento das condies scio-econmicas das regies, para delimitar a vocao agrcola das terras. Seria ideal que um zoneamento agroclimtico produzisse mapas no somente da aptido climtica das regies, mas tambm das pocas mais adequadas de semeadura das espcies anuais. Esse tipo de enfoque j vem sendo utilizado no Brasil, embora a maioria dos zoneamentos agroclimticos realizados no pas tenham se restringido ao mapeamento de aptido climtica, trabalhando com valores mdios dos elementos e de ndices climticos, sem levarem em considerao estudos probabilsticos dos mesmos. Outro aspecto a elaborao do zoneamento, na maioria das vezes, ao nvel de espcie, muito mais do que de cultivar/variedade. Apesar dessas restries, os zoneamentos constituem-se em ferramenta de grande utilidade no planejamento de uso das terras, principalmente em escala regional. Desta forma pode-se dizer que Zoneamento agroclimtico um artifcio utilizado a fim de delimitar regies, onde as condies de meio ambiente, solo, e econmicas, caracterizem a maior probabi1idade possvel de sucesso em termos de produtividade e rentabi1idade, a uma determinada cultura. O zoneamento agroclimtico , pois, a escolha dos locais mais indicados para as diversas culturas, a fim de obter-se uma maior rentabilidade do capital investido, reduzindo o risco de perda na agricultura. O estudo do zoneamento agroclimtico foi iniciado de forma pioneira na dcada de setenta sendo feito como macro levantamentos. Atualmente j existem zoneamentos em micro escala, para um determinado municpio, podendo abranger uma propriedade. Assim, possvel indicar as reas com maior ou menor potencial para as mais variadas culturas agrcolas. Isto facilita a tomada de decises, a adoo de tcnicas apropriadas para diminuir riscos e aumentar a produtividade, e at a definio de prioridades pelos rgos de financiamento da agricultura. Neste tipo de estudo, o zoneamento climatolgico , em geral, o primeiro a se considerar. O clima talvez seja o fator mais importante na determinao do potencial agrcola de uma regio. O macroclima de uma regio pode ser considerado praticamente

invarivel e caracterstico no decorrer de algumas dcadas. Uma determinada espcie encontra aptido climtica, para cultura comercial, em uma regio, em funo das condies normais do clima. O agricultor, eventualmente, pode corrigir certas deficincias, como a falta de gua, ou se utilizar de recursos para reduzir os efeitos de elementos adversos (geadas, granizos, ventos fortes), mas no consegue cultivar economicamente espcies no adaptadas ao clima. O zoneamento climatolgico, numa primeira aproximao, se preocupa com o macroclima, isto , com o clima do municpio, que determinado pelas observaes obtidas em postos meteorolgicos padronizados. Tais observaes, por serem feitas em condies padronizadas, permitem a comparao de climas de diferentes regies. Obviamente, a cultura cria seu prprio microclima, que resulta da interao das plantas com o macroclima. Mesma cultivar plantada em espaamentos diferentes cria microclimas diferentes, que resultaro em problemas e manejos diferentes. O macroclima no pode ser mudado para se adequar s necessidades do cultivo. No entanto, dentro do clima regional o agricultor pode escolher as nuances do relevo (topoclima) que melhor acomoda uma dada cultura. Isto envolve planejamento da propriedade agrcola e deve ser feito localmente, por especialista daquela cultura. O zoneamento macroclimtico no entra em detalhes topoclimticos; pois esta uma funo do agrnomo regional e do produtor rural, e depende de anlise das condies de cada fazenda. Como dito anteriormente, o Zoneamento agroclimtico o resultado final de uma serie de critrios que devem ser adotados durante a execuo do projeto. Esses critrios so afeitos ao clima, solo, localizao, e Mo de obra disponvel, isto tudo, pois, o objetivo ltimo, sempre a rentabi1idade econmica. Desta forma os passos para a elaborao do zoneamento agroclimtico de uma grande regio envolvem a definio dos objetivos, a escala geogrfica do estudo, a caracterizao das exigncias climticas das culturas a serem zoneadas, o levantamento climtico da regio estudada com confeco de cartas climticas bsicas e o preparo das cartas finais do zoneamento. METODOLOGIAS AGROCLIMTICO PARA A ELABORAO DO ZONEAMENTO

CARACTERIZAO DAS EXIGNCIAS CLIMTICAS DAS CULTURAS Para realizar os zoneamentos necessrio conhecer os tipos de clima da regio, fazer levantamentos por rea. Obter informaes climticas baseadas, principalmente, na ocorrncia de chuvas, na temperatura e nas exigncias climticas das culturas agrcolas. Disponibilidade energtica e de gua so os dois fatores fsicos de ordem edafoclimtica a determinar o crescimento e o desenvolvimento das plantas, e, portanto a sua produtividade. O estudo das relaes entre esses fatores e os processos biofsicos que ocorrem no sistema solo-planta, e entre esses processos e os de crescimento/desenvolvimento vegetal o objetivo de inmeras pesquisas em microclimatologia e de modelagem matemtica e fisiolgica do crescimento de plantas. Entretanto, a aplicao desses resultados no zoneamento agroclimtico no feita, por esse no tratar da escala microclimtica. Torna-se mais prtico caracterizar as exigncias climticas a partir de ndices que utilizam os elementos meteorolgicos como a temperatura do ar, a insolao e a precipitao, ou por variveis obtidas do balano hdrico no solo. Na caracterizao atravs de ndices biometeorolgicos, pode-se utilizar o ndice trmico (graus-dia), o ndice biofototrmico de Robertson (1968), que emprega

temperatura do ar e fotoperodo, o ndice de Primault (1969), que utiliza graus-dia, insolao e precipitao, o numero de horas de frio para as frutferas de clima temperado, entre outros. Esses ndices tem sido empregados para a delimitao de reas climaticamente aptas as culturas. Por exemplo, o uso de grau-dia para determinar as reas mais adaptadas para o cultivo do milho assim como para determinar as pocas de semeadura mais adequadas foi utilizado no Canad (Robertson, 1968). O ndice de Primault foi usado na Sua para regionalizar as reas aptas a cultura do trigo (Primault, 1969), e o ndice fototrmico para regionalizar reas mais indicadas as culturas de soja na Argentina (Pascale et al., 1973). Os zoneamentos agroclimticos realizados no Brasil tem utilizado principalmente a temperatura do ar e as variveis resultantes do balano hdrico climatolgico normal (evapotranspirao potencial e real, deficincia hdrica, excedente hdrico), embora ndices bioclimticos as vezes tenham sido usados, como nmero de horas de frio para o zoneamento de frutferas de clima temperado em Santa Catarina (Ide et al., 1978). No estabelecimento dessas exigncias, consulta-se a bibliografia referente s relaes do crescimento/desenvolvimento da cultura e essas variveis. O conhecimento da fenologia e caractersticas da cultura, como poca de crescimento, durao do ciclo e das fases fenolgicas e os perodos crticos, mais susceptveis as condies adversas do clima, e muito importante. Outra providencia e verificar as condies climticas da regio de origem da cultura, que indicam as suas exigncias, assim como das regies onde a cultura encontra-se adaptada. Informaes pessoais de especialistas na cultura so importantes, pois podem indicar a resposta da mesma frente a situaes extremas de temperatura e de deficincia hdrica. ELABORAO DE CARTAS CLIMTICAS BSICAS Com base em series climticas confiveis, so elaboradas as cartas climticas bsicas das variveis a serem empregadas, sejam de ndices bioclimticos, sejam de elementos como a temperatura do ar (cartas de isotermas anuais, mensais, etc.), de umidade relativa ou de variveis do balano hdrico. Essas cartas podem ser confeccionadas por interpolao com auxlio de sistema de informaes geogrficas ou, no caso de temperatura do ar, pelo uso das equaes que relacionam esse elemento com as coordenadas geogrficas e de uma carta hipsomtrica. O refinamento final dessas cartas pelo climatologista fundamental, pois a interpolao aproximada, muitas vezes necessitando de um ajuste que somente o especialista pode realizar em funo dos seus conhecimentos. Aptidao Climtica Destina-se a caracterizar os parmetros meteorolgicos que mais atuam no comportamento do vegetal, aqueles que em suas condies extremas, venham prejudicar sensivelmente o crescimento e desenvolvimento da planta. Toda planta sensvel a condio energtica do meio ambiente. A condio energtica mnima do meio, capaz de satisfazer as exigncias fisiolgicas da planta, leva o nome de temperatura basal inferior (Tb), e a energia mxima existente no meio, capaz de afetar fisiologicamente a planta, o nome de temperatura basal mxima (TB). Essas duas temperaturas basais (TB, Tb) condicionam o intervalo energtico do meio ambiente mais propcio ao crescimento e desenvolvimento da planta em estudo. No intervalo entre esses dois limites, existe a energia do meio ambiente, considerada a ideal para essa planta, isto , o nvel energtico no qual a planta encontra condies para que todo seu complexo fisiolgico opere eficientemente, resultando em alta produtividade. Essa energia ideal do meio ambiente chamamos de temperatura ideal (Ti). Essas trs temperaturas citadas (Tb, TB, Ti), so utilizadas como referenciais

quando se vai zonear as regies de adaptabi1idade da cultura ao meio ambiente. A primeira providncia consta de se colocar sobre a carta da regio, as isotermas (linhas de mesma temperatura). As isotermas Tb e TB so as linhas que marcam os limites energticos coerentes para aquela planta, e que conseqentemente marcar os limites e extremos da zona indicada para aquele vegetal, naquela regio. A isoterma (Ti) acusa os pontos naquela zona determinada, onde a energia do meio a melhor indicada cultura em estudo. Essas trs temperaturas (Tb, TB, Ti) caracterizam dentro da regio, zonas denominadas aptas, que seriam nas vizinhanas da temperatura chamada ideal (Ti), marginais ou relativamente aptas, prximas e acima da temperatura base inferior (Tb) e prximas e abaixo da temperatura base superior (TB). As regies com temperaturas abaixo da temperatura base inferior (Tb) e acima da temperatura base superior (TB) so consideradas inaptas. Da maneira acima exposta, zoneia-se a cultura em relao energia do meio, mas, a planta utiliza-se tambm da energia para disparar seus dispositivos de troca de vapor d'gua com o meio. Dessa maneira aps caracterizar as zonas estrategicamente energticas, de interesse a planta, deve-se localizar dentro desses limites j determinados, quais os pontos em que o fator umidade no seja limitante. O fator hdrico caracterizado com utilizao do critrio de deficincia. Esta definida como a somatria das diferenas entre a evapotranspirao potencial e real ocorrentes na regio. Estabelecendo os valores numricos para a deficincia hdrica em todos os pontos da regio interligam - se os pontos de mesmo valor numrico, estabelecendo isolinhas de deficincia hdrica. Essas isolinhas determinaro as zonas de aptido hdrica. Como exemplo de aplicao, veja os ndices recomendados para o zoneamento do caf:
* possvel ser usado a evapotranspirao real como referencial Deficincias hdricas anuais entre 0 e 150 mm so favorveis, com ndices timos entre 20 e 80 mm. (zona apta). Deficincias hdricas anuais iguais a 0 mm causam prejuzos na colheita e seca dos frutos ( zona marginal ). Deficincia hdrica anual superior a 150 mm prejudica a frutificao e diminui a longevidade de explorao econmica (zona inapta).

Estas linhas de deficincia hdrica devem ser superpostas as de potencialidade trmica, e dessa maneira caracterizar a aptido climtica para aquela cultura, naquela regio. No caso da aptido hdrica, a rigidez nos limites de alta deficincia, relativa possibi1idade, ou melhor, a viabilidade de irrigao. Essa condio poder fazer com que os limites se restrinjam aos de aptido trmica, ou energtica. Como visto, em relao umidade para a planta possvel modificar os limites do zoneamento, o que no para a energia do meio. Os dois itens citados so imprescindveis na determinao da aptido climatolgica, e tambm os mais acessveis de informao. O que deve ficar implcito, contudo, que existem outros elementos meteorolgicos importantes cultura, tais como radiao solar, vento, umidade absoluta, etc. e quando dispomos de tais informaes, devemos utiliz-las em conceitos de graus-dia, unidades fototrmicas, regresses simples e mltiplas, climogramas, etc., para conseguir um ajuste fino na separao de sub-zonas timas ou talvez ideais, tendendo ao limite de aptido microclimatolgica.

ELABORAO DAS CARTAS DE ZONEAMENTO Com a sobreposio das cartas climticas bsicas e o conhecimento das exigncias da cultura a ser zoneada, so elaboradas as cartas de aptido climtica, definindo-se:

a) reas aptas, sem restrio trmica ou hdrica; b) inaptas, sem atendimento das exigncias trmicas ou hdricas; c) marginais, onde as restries no so totalmente limitantes ao cultivo, podendo ser utilizadas se os solos forem profundos ou se a irrigao for economicamente vivel, no caso de deficincia hdrica, ou se houver variedades resistentes ou adaptadas nos casos da limitao ser trmica ou hdrica. As cartas podem sofrer diferentes tratamentos grficos. Mapas envolvendo restries devido a ocorrncia de condies ecolgicas favorveis s doenas tambm podem ser elaboradas de forma suplementar, como para o cancro ctrico no Estado de So Paulo (Camargo et al., 1974) e para o mal-das-folhas da seringueira no Brasil (Ortolani et al., 1986). Outra possibilidade o estudo probabilstico das melhores datas de semeadura obtidas a partir de modelos agrometeorolgicos para as reas consideradas aptas. Como o solo o outro componente do meio fsico que mais utilizado na agricultura, pode-se fazer a delimitao da aptido de reas sob o aspecto edfico e junt-la a climtica, formando o zoneamento edafoclimtico ou zoneamento ecolgico das culturas. APTIDAO EDFICA A complementao da potencialidade de uma cultura em um determinado local deve-se tambm as qualidades texturais e estruturais do solo. A anlise e interpretao dessas caractersticas, aliadas a geometria de exposio, condicionam a classificao definida como "Capacidade de uso do solo". "Capacidade de uso do solo", e a maneira indicativa de mostrar a correta utilizao que deve ser dada ao tipo de solo estudado. Ela coloca a disposio do agricultor a aptido dos solos, e como devem ser manejados, visando sempre a sua conservao e produtividade. No caso de utilizao do potencial edfico em zoneamento agrcola, deve-se consider-lo de acordo com a capacidade de uso do solo, em categorias relacionadas s exigncias das diferentes exploraes agrcolas. Essas categorias so subdivididas em classes e subclasses, afim de melhor especificar a destinao a que feita. Vejamos o critrio prtico da utilizao das classes de uso do solo. Classe I: Suportam culturas intensivas com prticas conservacionistas simples. Devem ser obedecidos: plantios em nvel, rotao de culturas e fertilizao de acordo com o solo e cultura. Classe II: Comportam culturas com moderadas prticas de conservao de solo. Devem ser obedecidas; culturas em faixas, terraos de base larga e em nvel. Classe III: Requerem praticas intensas de conservao de solos para suportarem culturas. Devem ser obedecidas; plantio em nvel, culturas em faixas, alta densidade de cultura quando em rotao, manuteno dos terraos, canais, e utilizar da fertilizao de acordo com o solo e cultura. Subclasse IIIa: Solos aluviais e hidromorfos, necessitando de obras de drenagem. Devem ser obedecidas; retificao e aprofundamento dos leitos responsveis por inundacoes manuteno dos drenos e uso de culturas adaptadas. Classe IV e Subclasse IVf: Podem ser utilizadas com algumas culturas perenes ou pastagens quando em rota -5I0 com culturais anuais. Devem ser obedecidas; plantio em nvel, terraceamento e controle de pequenos sulcos de eroso e fertilizao de acordo com o solo e cultura. Classe V: Solos aluviais e hidromorfos so recomendados para culturas quando possvel construir sistemas de drenagem. Devem ser obedecidos; drenagem artificial, manuteno dos drenos.

Classe VI e Subclasse VIf: Indicadas para pastagens ou silvicultura. Quando utilizadas com pecuria devem ser obedecidas; plantio em nvel com forrageiras de densa vegetao. Controle de eroso, de pastoreiro e pisoteio. Quando a explorao for florestal, para a classe VI devem ser obedecidas; desbaste seletivo preservando a floresta como recurso natural, introduo de espcies de maior valor econmico, proteo contra fogo. Na subclasse VIf, encontram-se cerrados e campos. Para o ref1orestamento recomenda-se; plantio em nvel, re-plantio de falhas, fertilizao de acordo com solo e cultura. Classe VII e Subclasse VIIpe, VIIp e VIIf: recomendadas para si1vicultura. Relevo acentuado. Casos particulares utilizadas como pastagens. Recomenda-se manter sempre com cobertura vegetal, a fim de controle da intensidade de eroso. Classe VIII e Subclasse VIIIa: Inadequadas a qualquer tipo de cultura, a qual deve permanecer com a cobertura natural. A obedincia na distribuio dessas classes na regio a ser zoneada fornece os locais onde ocorrem, e dessa maneira superpondo-se a carta com as linhas de classe de uso do solo, a qual denomina-se carta de aptido edfica sobre a carta de aptido climtica, obtm-se a carta de aptido ecolgica para a cultura em estudo. O denominado zoneamento agrcola envolve o zoneamento ecolgico e o levantamento das condies socioeconmicas das regies, para delimitar a vocao agrcola da terra. APTIDAO SOCIO-ECONOMICA Depois de estabelecida a carta de aptido ecolgica, ou zoneamento ecolgico, o qual subentende serem as reas ecologicamente aptas para determinada cultura quando os elementos climticos, edficos e fitossanitrios atuam satisfatoriamente para aquela cultura, pode ser planejado o zoneamento agrcola. Mas para o zoneamento agrcola ser completo deve constar ainda de um estudo cuidadoso, sobre viabilidade econmica, disponibilidade de mo de obra e condies sociais de cada regio. Esses trs itens, reunidos em um nico, resultaria no estudo socioeconmico, complementar e necessrio para cada zona e ou sub-zona. Associando, pois, a carta de aptido ecolgica, com as informaes de aptido socioeconmica resulta finalmente na carta de zoneamento agrcola. APLICAES DO ZONEAMENTO AGROCLIMTICO No Brasil, um zoneamento, trata de uma tcnica que utiliza, principalmente, elementos climticos e de solo para a identificao de reas mais adequadas ao cultivo de uma determinada espcie Quando bem elaborada, essa tcnica permite auxiliar na definio de polticas pblicas e programas agrcolas, direcionadas ao desenvolvimento agrcola regional e nacional, a concesso de crdito rural, industrializao agrcola, conservao do solo e, especialmente, a assistncia tcnica aos produtores (CHAGAS et al., 2000; FERREIRA, 1997; ROSSETI, 2001). De acordo com MARIN & BARRETO JNIOR (2005), o zoneamento de aptido agroclimtica considera a escala macroclimtica, sendo um instrumento que se torna de fundamental importncia quando utilizado no planejamento de implantao de novos sistemas de produo, que se baseia no levantamento de fatores que definem as aptides ao cultivo de vrias espcies em diferentes faixas da regio a ser estudada. O zoneamento agrcola pode ser empregado no somente para a delimitao de reas aptas, marginais ou inaptas s culturas, como realizado por Camargo et al. (1974) para o Estado de So Paulo, mas tambm para o estabelecimento das melhores pocas de

semeadura com base em informaes probabilsticas (ALFONSI et al., 1995), das zonas de maturao de frutos (SENTELHAS et al., 1995), do risco climtico associado aos impactos do dficit hdrico nas culturas (FARIAS et al., 2001), de reas de escape de doenas (ORTOLANI et al., 1986), do potencial produtivo e da qualidade dos produtos (ORTOLANI, 2001). Como se v, h uma variedade de informaes que podem ser organizadas pelo mtodo do zoneamento, que nada mais que a espacializao de uma ou mais informaes combinadas. Dada sua importncia, o zoneamento agroclimtico vem sendo empregado por bancos e seguradoras para subsidiar as aes de financiamento e seguro agrcolas (ROSSETTI, 2001). CONSIDERAES FINAIS As condies ambientais so fundamentais ao sucesso das atividades agrcolas e, portanto, devem ser adequadamente avaliadas. O zoneamento agroclimtico preocupa-se com o macro-clima, isto , com o clima do municpio, que determinado pelas observaes obtidas em postos meteorolgicos padronizados. No entanto, dentro do clima regional esto os topoclimas e os microclimas, que so estabelecidos, pelo relevo local e pela cobertura do terreno O zoneamento agroclimtico feito a nvel macroclimtico no entra em detalhes topo e microclimticos. Considerar essas duas escalas do clima , nesse caso, funo do Engenheiro Agrnomo e do agricultor, pois depende da anlise da condio da fazenda. O zoneamento agroecolgico um instrumento de orientao e suporte tcnico, devendo ser simples e de fcil compreenso para ser de utilidade. Deve-se deixar bem claro quais so os impedimentos das reas marginais e inaptas, pois, com o melhoramento gentico podem surgir variedades com possvel utilizao em reas marginais. Portanto, o zoneamento agroecolgico no definitivo sendo passvel de mudanas e revises com o tempo. Uma vez que as condies ambientais esto intimamente relacionadas com a produtividade das culturas, de grande relevncia a identificao de reas homogneas, a fim de se favorecer o aumento da produtividade das espcies, pois com exceo de pequenas reas, ainda no possvel modificar o clima para o melhor atendimento das exigncias climticas das culturas (SANTOS et al., 1999). Em estudos agroclimticos, as condies trmico-hdricas so consideradas as que mais influenciam no estabelecimento e desenvolvimento das culturas (MARTORANO, 1998), contudo, vrios so os elementos, do clima e do solo, que podem ser utilizados para a determinao de faixas de aptido das culturas. WESTPHALEN & MALUF (2000) citam que os ndices (umidade, aridez e hdrico), derivados do balano hdrico climatolgico proposto por THORNTHWAITE (1948), so os mais utilizados para caracterizar as regies produtoras de diversas culturas. Esses ndices so utilizados na classificao climtica proposta por esses autores, calculados a partir dos excessos e deficincia de gua e da evapotranspirao potencial, que servem para caracterizar os climas quanto disponibilidade hdrica anual e estacional de uma determinada regio.