Radioatividade 1
Radioatividade 1
Radioatividade 1
Latino Americano
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1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------- 3
2. Desenvolvimento
a. A descoberta dos raios X ------------------------------------------------ 4
b. Descoberta da radioatividade ------------------------------------------- 4
c. A família Curie -------------------------------------------------------------- 6
d. Séries Radioativas --------------------------------------------------------- 7
e. Natureza das emissões -------------------------------------------------- 7
f. Contagem das radiações ------------------------------------------------ 8
g. Radiações ionizantes ----------------------------------------------------- 9
h. Características das reações --------------------------------------------- 9
i. Unidades de radioatividade --------------------------------------------- 10
j. Efeitos biológicos ---------------------------------------------------------- 11
k. Efeitos da radiação -------------------------------------------------------- 13
l. Primeira lei da radioatividade natural --------------------------------- 14
m. Segunda lei da radioatividade natural -------------------------------- 14
n. Explicação da 1º lei-------------------------------------------------------- 14
o. Explicação da 2º lei-------------------------------------------------------- 15
p. Fusão ------------------------------------------------------------------------- 15
q. Fissão------------------------------------------------------------------------- 21
r. Meia-vida -------------------------------------------------------------------- 24
s. Decaimento radioativo ---------------------------------------------------- 25
t. Cinética das reações ------------------------------------------------------ 26
u. Aplicações da radioatividade -------------------------------------------- 26
v. Acidentes radioativos ----------------------------------------------------- 27
3. Conclusão ----------------------------------------------------------------------------- 34
4. Referências --------------------------------------------------------------------------- 35
3
Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cujos átomos, ao
se desintegrarem, emitem energia sob forma de radiação. Dá-se o nome
radioatividade justamente a essa propriedade que tais átomos têm de emitir
radiação.
O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exemplos de
elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em constante e lenta
desintegração, liberando energia através de ondas eletromagnéticas (raios gamas)
ou partículas subatômicas com altas velocidades (partículas alfa, beta e nêutrons).
Esses elementos, portanto, emitem radiação constantemente.
A radioatividade foi descoberta pelos cientistas no final do século passado.
Até aquela época predominava a idéia de que os átomos eram as menores partículas
de qualquer matéria e semelhantes a esferas sólidas. A descoberta da radiação
revelou a existência de partículas menores que o átomo: os prótons e os nêutrons,
que compõem o núcleo do átomo, e os elétrons, que giram em torno do núcleo.
Essas partículas, chamadas de subatômicas, movimentam-se com altíssimas
velocidades.
Descobriu-se também que os átomos não são todos iguais. O átomo de
hidrogênio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1 próton e 1 elétron (e
nenhum nêutron). Já o átomo de urânio-235 conta com 92 prótons e 143 nêutrons.
O homem sempre conviveu com a radioatividade. Na superfície terrestre pode ser
detectada energia proveniente de raios cósmicos e da radiação solar ultravioleta.
Nas rochas, encontramos elementos radioativos, como o urânio-238, urânio-235,
tório-232, rádio-226 e rádio-228.
Até mesmo em vegetais pode ser detectada a radioatividade: as batatas, por
exemplo, contêm potássio-40. As plantas, o carbono-14.
No nosso sangue e ossos encontram-se potássio-40, carbono-14 e rádio-226.
3
A descoberta dos raios X
Descoberta da radioatividade
A descoberta dos raios X havia revolucionado o mundo científico. Foi então que
o cientista Antoine Henri Becquerel tentou descobrir raios X em substâncias
fluorescentes.
4
Após diversas tentativas, Becquerel descobriu que o sulfato duplo de potássio e
uranila K2(UO2)(SO4)2 emitia raios semelhantes aos raios X.
Em 1896, Becquerel declarava que o sulfato duplo de potássio e uranila emitia
estranhos raios, que inicialmente foram denominados “raios de Becquerel”.
O sulfato duplo de potássio e uranila emite espontaneamente raios misteriosos
que impressionam chapas fotográficas após atravessar o papel negro.
A nova descoberta causou profundo interesse ao casal de cientistas Marie
Sklodowska e Pierre Curie, que trabalhavam no laboratório de Becquerel.
Eles acabaram descobrindo que a propriedade de emitir aqueles raios era comum
a todos os componentes que possuíam urânio, evidenciando-se como o elemento
responsável pelas misteriosas emissões.
Para o fenômeno foi sugerido o nome de radioatividade ou radiatividade, que
quer dizer atividade de emitir raios (do latim radius).
Constatou-se que as emissões radioativas apresentam muita semelhança com os
raios X descobertos por Roentgen, sendo, por exemplo, capazes de ionizar gases ou,
ainda, capazes de ser retiradas por espessas camadas de chumbo.
O casal Curie começou a trabalhar com amostras que continham o elemento
urânio. Medindo as radiações emitidas em cada amostra, verificaram que, quanto maior
era o teor de urânio na amostra, mais radioatividade esta se apresentava. Uma
surpreendente descoberta foi constatada quando eles trabalhavam com a pechblenda, um
minério de urânio.
5
como “sulfeto de zinco” ou “platinocianureto de bário”. Essas emissões exercem ainda
efeito energético na destruição de células vivas.
A família Curie
6
Séries radioativas naturais
Elementos radioativos naturais Todos com Z 84; parte dos que têm Z
entre 81 e 83. São exceções os isótopos radioativos naturais com Z < 81.
7
b. Partículas beta () as de carga negativa: são elétrons que saem do núcleo.
8
é mandado para um alto-falante que emite um clique. Cada partícula ou que
passa através do tubo resulta num clique.
Outra maneira de detectar radiação ionizante é usar um filme fotográfico. Da
mesma maneira que a luz visível, o filme é sensibilizado por radiação ionizante.
O filme dosimétrico é muito usado como monitor pessoal de radiação e
Trabalhadores em instalações nucleares ou aceleradores, comumente, usam
tais filmes.
Radiações ionizantes
Partículas alfa
Partículas beta
9
Como as partículas são constituídas de elétrons bem mais leves e de
maior velocidade que as partículas elas penetram mais na matéria. Assim,
elas podem atravessar ate 1mm de alumínio e, no ar, podem alcançar ate 13 m. O
seu poder de ionização é bem menor. O perigo oferecido pelas partículas beta
provenientes tanto da fonte interna como externa pode ser classificado como
moderado. A partícula beta é cerca de 7000 vezes mais leve que a partícula alfa
e tem velocidade bem maior.
Raios gama
Unidades de radioaticidade
10
Rem: mede o efeito, sobre um dado organismo, provocado pela absorção de
certa quantidade de energia. O rem se refere à quantidade de radiação
necessária para produzir uma quantidade particular de danos no tecido vivo.
Um rem equivale a 0,01 joule por quilograma.
Para partículas alfa, 10 rads de exposição darão cerca de 100 rems de dano. Para
partículas beta, 10 rads de exposição darão 10 rems de danos. Isso significa que a
partícula causa mais dano ao longo de seu caminho.
Efeitos biológicos
Exemplos
a) As células cancerosas, que se dividem rapidamente e não são especializadas,
são bastante sensíveis à radiação (base da radioterapia).
b) As células nervosas, que se dividem mais lentamente e são altamente
especializadas, são mais resistentes à radiação.
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c) As crianças são especialmente vulneráveis à radiação, e são mais
susceptíveis antes do nascimento, pois nessa fase suas células se multiplicam
rapidamente.
Efeitos imediatos são aqueles que ocorreram num período de poucas horas até
umas poucas semanas após uma exposição aguda. Exemplos: náusea, vômito,
depilação, perda de apetite, indisposição, garganta dolorida, diarréia,
emagrecimento, morte.
Efeitos retardados ou tardios somente aparecem depois de anos ou décadas.
Exemplos: úlcera, câncer, catarata, anemia, leucemia, esterilidade,
envelhecimento precoce.
12
Efeitos da radiação
13
b) deterioração das funções da célula;
c) alterações na estrutura genética das células reprodutoras;
d) morte da célula.
Quando um átomo radioativo emite uma partícula (), seu número atômico
diminuiu de 2 unidades e seu número de massa diminui de 4 unidades.
Quando um átomo radioativo emite uma partícula (), seu número atômico
aumenta de uma unidade, e seu número de massa permanece constante.
Explicação da 1º lei
14
As leis da radioatividade tornaram-se evidentes após a descoberta da estrutura
nuclear do átomo.
Como a partícula () é constituída de 2 prótons e 2 nêutrons, teremos uma
diminuição de 2 prótons e 2 nêutrons no núcleo e, conseqüentemente, seu número de
massa irá diminuir de 4 unidades.
Explicação da 2º lei
Ora, sempre que do núcleo sai um elétron, resulta que um nêutron se transforma
num próton. Então, o número atômico aumenta de uma unidade e o número de massa
permanece constante, pois diminui um nêutron, mas, em seu lugar, aparece um próton
sem alterar então a contagem de “prótons + nêutrons”.
Constata-se experimentalmente que os átomos de número atômico superior a 82
manifestam a radioatividade natural. São aqueles elementos finais da Tabela Periódica,
incluindo também os artificiais. Os átomos radioativos com número atômico menor são
mais raros na natureza. Entre eles podemos citar: trítio, carbono-14, potássio-40.
Fusão
Para que uma reação nuclear ocorra, as partículas precisam vencer a barreira
Coulombiana [Charles Augustin de Coulomb (1736-1806)] repulsiva entre as partículas,
dada por
15
enquanto que a energia cinética entre as partículas é determinada por uma distribuição
de velocidades de Maxwell-Boltzmann correspondente à energia térmica
Na mesma época, além de Hans Bethe, o físico alemão Carl Friedrich von
Weizäcker (1912-) e Charles Critchfield (-1994) identificaram várias das reações de
fusão nuclear que mantém o brilho das estrelas. Hoje em dia, o valor aceito para a
temperatura do núcleo do Sol é de 15 milhões de graus Kelvin, e à esta temperatura,
como explicitado por Bethe no seu artigo, o ciclo próton-próton domina.
16
ou mais provavelmente:
17
Atualmente sabe-se que o ciclo do carbono contribui pouco para a geração de
energia para estrelas de baixa massa como o Sol, porque suas temperaturas centrais são
baixas, mas domina para estrelas mais massivas. Rigel, por exemplo, tem temperatura
central da ordem de 400 milhões de graus K. Quanto maior for a temperatura central,
mais veloz será o próton, e maior sua energia cinética, suficiente para penetrar a
repulsão Coulombiana de núcleos com maior número de prótons.
18
Reações que liberam energia
Como o Sol tem 4,5 bilhões de anos, ele não nasceu do material primordial
(hidrogênio e hélio) que preenchia o Universo cerca de 500 000 anos após o Big Bang, mas
sim de material já reciclado. Este material passou alguns bilhões de anos em uma estrela que
se tornou uma supergigante e explodiu como supernova, ejetando hidrogênio e hélio no
espaço, juntamente com cerca de 3% de elementos mais pesados, como carbono, oxigênio,
enxofre, cloro e ferro que tinham sido sintetizados no núcleo da supergigante, antes desta
tornar-se uma supernova. O material ejetado começou a concentrar-se por algum evento
externo, como a explosão de outra supernova ou a passagem de uma onde de densidade, e,
com o aumento de sua densidade, as excitações por colisões atômicas e moleculares
provocaram a emissão de radiação. Esta perda de energia por radiação torna a contração
irreversível, forçando o colapso gravitacional. A segunda lei da termodinâmica nos ensina que
um processo envolvendo fluxo líquido de radiação é irreversível, já que há aumento da
entropia (uma medida do calor), representada pela perda da radiação. O conceito de entropia
foi formulado pelo físico matemático alemão Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822-1888), e
mede quão próximo do equilíbrio - isto é, perfeita desordem interna, um sistema está. A
entropia de um sistema isolado só pode aumentar, e quando o equilíbrio for alcançado,
nenhuma troca de energia interna será possível. Somente quando a temperatura da parte
interna desta nuvem colapsante alcança cerca de 10 milhões de graus Kelvin, a contração é
interrompida, pois então a energia nuclear é importante fonte de energia.
Notas:
A unidade de calor é chamada Carnot (Ct), em honra ao físico francês Sadi Nicolas Lionard
Carnot (1796-1832). 1 Ct = 1 Joule/Kelvin é a quantidade de calor necessário para derreter
um centímetro cúbico de gelo.
O conceito de entropia está intimamente ligado ao conceito de calor. Quando um
sistema recebe entropia (calor), ele recebe energia. Se um corpo a uma temperatura T recebe
entropia (S), ele absorve energia (E) equivalente ao produto da temperatura pela entropia.
19
A entropia (calor) pode ser transportada, armazenada e criada. A entropia é o
transportador da energia em processos térmicos. Ela pode ser criada em processos
irreversíveis, como queima, frição, transporte de calor, mas não pode ser destruída. A
quantidade de energia usada na criação de entropia é dita dissipada.
O italiano Enrico Fermi (1901-1954) foi uma das pessoas mais importantes no
desenvolvimento teórico e experimental da bomba atômica. Sua esposa, Laura Fermi, era
judia. Quando Benito Mussolini (1883-1945) aprovou o Manifesto della Razza em 14 de julho
de 1938, impondo leis racistas na Itália facista, Enrico decidiu aceitar o emprego oferecido
pela Columbia University, nos Estados Unidos. Ele e sua família partiram de Roma para a
cerimômia de entrega do Prêmio Nobel à Fermi em dezembro de 1938 e nunca retornaram à
Itália. O Nobel foi lhe dado por seu estudo de radioatividade artificial, com suas experiências
de bombardeamento de urânio com nêutrons, criando novos elementos mais pesados, e seu
aumento pela redução da velocidade dos nêutrons. Fermi havia descoberto que quando ele
colocava uma placa de parafina entre a fonte de nêutrons e o urânio, aumentava a
radioatividade, pois aumentava a chance do nêutron ser absorvido pelo núcleo de urânio.
Em 1939 os físicos já sabiam que água pesada agia como um moderador, isto é,
redutor de velocidade dos nêutrons, como a parafina. A água normal (leve) consiste de dois
átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio (H2O). Na água pesada, dois isótopos de
hidrogênio, deutério, se unem com o oxigênio. Água pesada é ainda hoje utilizada como
moderador em reatores nucleares de urânio natural.
Em 1939 Szilard convenceu Albert Einstein (1879-1955), com quem ele tinha
trabalhado em 1919 em Berlin, a mandar uma carta para o presidente americano Franklin
Delano Roosevelt (1933-1945) sobre o desenvolvimento pelos alemães de armas atômicas e
pedindo ao presidente que iniciasse um programa americano, que mais tarde se chamaria
Projeto Manhatam, chefiado pelo americano Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e
levaria ao desenvolvimento do Los Alamos National Laboratory, ao teste Trinity, em 16 julho
1945, com a explosão da primeira bomba atômica em Alamogordo, New Mexico, e à
construção das bombas Little Boy (20 ton T.N.T) e Fat Man, que seriam utilizadas em
Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945.
20
Quando 2 átomos de hidrogênio se transformam em deutério, no primeiro passo da
fusão do hidrogênio este 1,4 MeV corresponde a 1,6 ×1010 cal/grama igual a 2 milhões de
vezes a energia liberada na combustão de uma grama de carvão.
Fissão
21
Reação em cadeia e massa crítica. Esse bombardeamento do núcleo de um átomo com um
nêutron causa a fissão do núcleo desse átomo e a liberação de 2 ou 3 novos nêutrons. A reação
em cadeia só ocorre acima de determinada massa de urânio. A mesma ocorre com velocidade
máxima quando a amostra do material físsil é grande suficiente para a maioria dos nêutrons
emitidos serem capturados por outros núcleos. Portanto, a reação em cadeia se mantém, se a
massa do material é superior a um certo valor característico chamado massa crítica. Para o
urânio-235 a massa crítica é de aproximadamente 3,25 Kg. Alguns elementos químicos, como
o boro, na forma de ácido bórico ou de metal, e o cádmio, em barras metálicas, têm a
propriedade de absorver nêutrons, porque seus núcleos podem conter ainda um número de
nêutrons superior ao existente em seu estado natural, resultando na formação de isótopos de
boro e de cádmio. A grande aplicação do controle da reação de fissão nuclear em cadeia é nos
Reatores Nucleares. Para geração de energia elétrica. A grande vantagem de uma Central
Térmica Nuclear é a enorme quantidade de energia que pode ser gerada, ou seja, a potência
gerada, para pouco material usado (o urânio).
E n e r g i a
Energia é a capacidade de realizar trabalho. Entre suas formas mais
comuns, temos a térmica, a magnética e a luminosa, percebidas facilmente no
dia-a-dia.
22
Fissão em Cadeia
Os nêutrons liberados na fissão atingem, sucessivamente, outros núcleos,
como pode ser visto a seguir:
Controle da Reação
Barras de controle
Elemento combustível
Reator PWR
23
O vaso de pressão contém a água de refrigeração do núcleo do reator. Essa
água circula quente por um gerador de vapor, em circuito fechado,
chamado de circuito primário. A outra corrente de água que passa por esse
gerador (circuito secundário) se transforma em vapor, acionando a turbina
para a geração de eletricidade. Os dois circuitos não têm comunicação
entre si.
Por isso, a energia nuclear torna-se mais uma opção para atender com
eficácia à demanda energética no mundo moderno.
Meia-Vida
Por exemplo, quanto tempo leva para um elemento radioativo ter sua atividade
reduzida à metade da atividade inicial? Esse tempo foi denominado meia-vida do elemento.
24
"Meia-vida, portanto, é o tempo necessário para a atividade de um elemento radioativo
ser reduzida à metade da atividade inicial."
Isso significa que, para cada meia-vida que passa, a atividade vai sendo reduzida à
metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas
radiações das do meio ambiente. Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas
utilizadas em laboratórios de análise e pesquisa, após 10 (dez) meias-vidas, atinge-se esse
nível. Entretanto, não se pode confiar totalmente nessa receita, e sim numa medida com um
detector apropriado, pois, nas fontes usadas na indústria e na medicina, mesmo após 10 meias-
vidas, a atividade da fonte ainda é geralmente muito alta.
Um Exemplo Prático:
Para felicidade nossa, o organismo humano elimina rápida e naturalmente, via fezes,
urina e suor, muitas das substâncias ingeridas. Dessa forma, após algumas horas, o paciente
poderá ir para casa, sem causar problemas para si e para seus familiares. Assim, ele fica
liberado, mas o iodo-131 continua seu decaimento normal na urina armazenada no depósito
de rejeito hospitalar, até que possa ser liberado para o esgoto comum.
DECAIMENTOS RADIOATIVOS
Muitos núcleos atômicos são instáveis e para atingir a estabilidade emitem radiação. As três
principais formas de radiação nuclear são:
ALFA
são núcleos de Hélio, isto é, íons duplamente positivos BETA () é formada por elétrons
rápidos, de velocidades próximas à velocidade da luz, surgem na desintegração de nêutrons
em prótons.
GAMA
é formada por ondas eletromagnéticas de altíssima freqüência. é usada em tratamentos de
radioterapia (cobalto-60 ou césio-137 são boas fontes desse tipo de radiação). PODER DE
PENETRAÇÃO quando um núcleo emite radiação ele sofre o que chamamos de decaimento:
DECAIMENTO ALFA
Exemplo: T1/2 = 4,47 BILHÕES DE ANOS
25
DECAIMENTO BETA
Exemplo: T1/2= 5570 ANOS
Observações: Em muitos decaimentos alfa ou beta ocorre também a emissão de fótons gama.
T1/2 (meia-vida) é o tempo necessário para que se reduza à metade, por desintegração, a
massa de uma amostra de um núcleo radioativo. Exemplo:
T1/2 do césio-137 é de aproximadamente 30 anos.
2000 è 128 g de césio-137
2030 è 64 g de césio-137
2060è 32g de césio-137
2090 è 16 g de césio-137
v = k·N
v = velocidade de desintegração ou atividade radioativa
k = constante radioativa
N = número de átomos do elemento radioativo
k·t1/2 = 0,693
N + 4 17O + 1p
14
Aplicações da radioatividade
26
- Aplicações na Química: em traçadores para análise de reações químicas e bioquímicas -
em eletrônica, ciência espacial, geologia, medicina, etc.
Acidentes Radioativos
O pesadelo de Chernobyl
Em 1990, o Brasil dispunha de 10 562 profissionais na área nuclear. Hoje tem 8 275.
"Reina desânimo e desmotivação", diz o professor de Energia Nuclear José Carlos Borges, da
UFRJ.
27
Acidente em Goiânia
Últimas Notícias
Mais 600 pessoas são incluídas na lista de vítimas do acidente com o césio 137.
Quatorze anos depois, o governo de Goiás pretende incluir mais 600 pessoas na lista de
vítimas do acidente com o césio 137. O Ministério Público Estadual afirma que, nos últimos
anos, oito pessoas morreram em conseqüência de doenças provocadas pelo césio. E estas
mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais.
O policial militar Marques Rodrigues foi um dos soldados que trabalharam na segurança da
área contaminada pelo Césio 137. Hoje tem câncer no cérebro e se aposentou por invalidez.
O acidente foi em 1987. O dono de um ferro-velho em Goiânia abriu a cápsula de Césio de
um aparelho de radioterapia. Oficialmente quatro pessoas morreram e 250 foram
contaminadas pelo material radioativo.
Mas desde o acidente, policiais e funcionários que trabalharam no local dizem que também
foram contaminados. "Motorista, mecânico, ajudantes, foram os que mais trabalharam, mais
sofreram. Já morreram algum de câncer", diz o funcionário Mario Rodrigues, funcionário
aposentado.
Em março de 2001 o Ministério Público instaurou inquérito para apurar as denúncias.
Funcionários que trabalharam na época do acidente prestaram depoimento e fizeram exames.
E 14 anos depois do acidente com o césio 137 surge uma nova lista com nomes de vítimas.
O Ministério Público de Goiás diz que outras 600 pessoas, entre elas o policial Marques
28
foram expostas à radiação. E até agora não receberam nenhum tipo de assistência. "São
doenças que começaram a surgir justamente a pós a primeira década. Típico de quem sofreu
irradiação em baixas e médias doses. E nós levantamos até agora oito óbitos", diz o promotor
Marcus Antônio Ferreira.
O promotor mostra o atestado de óbito de um funcionário do estado que trabalhou no local do
acidente. No atestado a causa da morte é insuficiência respiratória. Mas os exames mostram
que ele tinha câncer nos rins e pulmões.
A Superintendência criada pelo governo do estado para acompanhar as vítimas diz que é
difícil relacionar as mortes e as doenças denunciadas agora ao acidente com o césio.
"Nós nunca vamos ter como provar isso. No entanto eu acho que elas devem ser atendidas e
tratadas", acredita Maria Paula Curada, superintendente da Fundação Leide das Neves.
O Estado e o Ministério Público fizeram um acordo para que as novas vítimas, seus filhos e
netos recebam assistência médica e indenização.
As estimativas em final de século indicam que cerca de três milhões de pessoas, enrtre
as quais um milhão de crianças, sofrem de doenças congénitas provocadas pelas radiações.
"As unidades um, dois e três ainda abrigam combustível nuclear. Isto significa que o
funcionamento dos reatores e o risco de acidentes continuam", assegurou Smishliayev, citado
pela agência oficial Itar-Tass.
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Em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, as cidades japonesas de
Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas lançadas por aviões
do Exército dos EUA. Mais de 200 mil pessoas foram mortas nos ataques. Quase
seis décadas depois do bombardeio, milhares de pessoas ainda apresentam
seqüelas devido à exposição à radioatividade.
Mais tarde, vários acidentes nucleares foram registrados no mundo. Em março de
1979, a usina americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, foi o local de um
dos piores acidentes nucleares registrados até hoje. O gás responsável pela
refrigeração de um de seus reatores escapou, provocando o derretimento do
núcleo. Embora não haja números oficiais de pessoas mortas ou afetadas pela
radioatividade, sabe-se que houve grande aumento de incidência de câncer e
problemas de tireóide, além de vários outros efeitos negativos sobre todos os tipos
de vida na região.
Um vazamento de água radioativa em uma usina nuclear contaminou 22 pessoas, mas foi
controlado pouco depois, informou nesta terça o governo sul-coreano.
O acidente ocorreu às 19h de ontem (8h em Brasília), quando era feito um conserto numa
bomba de água para resfriamento na usina nuclear de Wolsung, segundo um comunicado do
Ministério de Ciência e Tecnologia. Os 45 litros de água radioativos vazados "não saíram do
edifício. Não afetaram o meio ambiente", acrescentou a declaração.
Entre as pessoas contaminadas estão funcionários da Korea Electric Power Corp., que
administra a usina. As autoridades anunciaram que investigarão o caso.
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O acidente ocorrido no dia 22 de dezembro foi mais um evento trágico nas vésperas do
final do ano de 1998. Este acidente foi muito grave, já que levou a vida de duas pessoas.
Porém, se as cápsulas de Irídio 192, que eram transportadas na ocasião fossem rompidas, o
desastre teria sido muito maior.
A contaminação pelo mineral seria tão perigosa quanto a que ocorreu em Goiânia com
o Césio 137.
Fico aqui o alerta do quanto estas substâncias são perigosas, principalmente se forem
mal acondicionadas ou manipuladas por pessoas inexperientes.
No dia 27 de abril p.p, um líquido escuro que vazou de um aparelho de raios - x numa
clínica na zona sul de Porto Alegre, tumultuou todo um bairro, pois criou-se uma expectativa
de que o estabelecimento estaria contaminado por radioatividade. Pensava-se que estaria
ocorrendo um acidente igual ao de Goiânia.
Passava pouca mais das 15 horas, quando um caminhão do corpo de bombeiros foi
deslocado para combater um princípio de incêndio num aparelho de exames de RX. Depois de
soltar faíscas, o equipamento sofreu o rompimento de uma mangueira, que esguichou um
líquido quente sobre o paciente, que realizava exames de suspeita de fratura. Atingido no
rosto, o paciente sofreu queimaduras leves e foi imediatamente isolado numa sala. Outros sete
funcionários da clínica também foram impedidos de saírem do prédio, por temor de que
pudessem ter sido atingidos por radioatividade.
Os bombeiros acionados para a tarefa isolaram com cordas e fitas uma área de 50
metros em torno do prédio e interromperam parcialmente o tráfego de veículos numa das
avenidas próximas. Os próprios bombeiros colocaram-se numa espécie de quarentena os
soldados receberam do tenente a ordem de não se afastarem do local, sob hipótese alguma,
para descartar qualquer risco de contaminação a outras pessoas que passavam pela área.
- Quem está dentro não sai! - berrava um dos soldados, que vestia um macacão e
capacete especial, contribuindo para dar ao cenário um ar de filme de ficção científica.
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A tensão chegou ao auge com a chegada de uma ambulância de técnicos da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e de um engenheiro de segurança, representante da Fundação
Estadual de Proteção Ambiental, que carregava um contador Geiger. Foram longos minutos
de espera, com populares se aglomerando nas casas vizinhas, até que o próprio representante
da FEPAM se encarregasse de liberar os bombeiros e dar a boa notícia: não existia vazamento
de radiação.
O engenheiro explicou que os aparelhos de Raios X têm em seu interior uma ampola
que gera energia equivalente a 100 mil volts (alta voltagem). Ela se assemelha a uma
lâmpada, com a diferença de que gera radioatividade e não eletricidade. Um óleo, chamado
ascarel, resfria o equipamento e o isola. Por algum motivo, o equipamento esquentou, entrou
em curto-circuito e provocou a liberação do óleo quente.
- Ele só emite a radiação quando está ligado, por meio de um complicado processo
elétrico. No momento em que ocorreu o curto-circuito, a radiação deixou de existir, ponderou
o engenheiro, cujo contador Geiger não detectou qualquer emissão radioativa no local.
O engenheiro assegurou que este tipo de aparelho não utiliza cápsulas de Césio 137 ou
de outro elemento radioativo qualquer. Esses equipamentos que têm minerais radioativos no
seu interior são de outro tipo, para radioterapia. Existem cerca de 20 destes em Porto Alegre,
contra 200 de Raios X, como dessa clínica.
O paciente atingido pelo óleo foi medicado no Hospital de Pronto Socorro e liberado.
Foi o final feliz de uma tarde de suspense. (Matéria publicada no Jornal Zero Hora, de
28/04/99).
33
A descoberta da radioatividade, como muitos dos avanços na ciência e na
tecnologia, deve ser considerada como uma mistura de benção e desgraça para o homem.
Fica cada vez mais claro que nenhum dos “milagres da Ciência Moderna” existe
seu risco. Isso é verdadeiro para remédios, pesticidas, automóveis, aviões, fontes de
radiação feitas pelo homem e incontáveis outros avanços.
34
a. Livros: “Coleção Objetivo – Sistema de Métodos de Aprendizagem”
1. autor: Antônio Mário Salles
2. editora: Sol
3. edição: 10º
4. páginas: 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 157, 158
b. Site:
35