Radioatividade 1

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Jhully Cristine Galdino Almeida

Latino Americano

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1. Introdução ----------------------------------------------------------------------------- 3
2. Desenvolvimento
a. A descoberta dos raios X ------------------------------------------------ 4
b. Descoberta da radioatividade ------------------------------------------- 4
c. A família Curie -------------------------------------------------------------- 6
d. Séries Radioativas --------------------------------------------------------- 7
e. Natureza das emissões -------------------------------------------------- 7
f. Contagem das radiações ------------------------------------------------ 8
g. Radiações ionizantes ----------------------------------------------------- 9
h. Características das reações --------------------------------------------- 9
i. Unidades de radioatividade --------------------------------------------- 10
j. Efeitos biológicos ---------------------------------------------------------- 11
k. Efeitos da radiação -------------------------------------------------------- 13
l. Primeira lei da radioatividade natural --------------------------------- 14
m. Segunda lei da radioatividade natural -------------------------------- 14
n. Explicação da 1º lei-------------------------------------------------------- 14
o. Explicação da 2º lei-------------------------------------------------------- 15
p. Fusão ------------------------------------------------------------------------- 15
q. Fissão------------------------------------------------------------------------- 21
r. Meia-vida -------------------------------------------------------------------- 24
s. Decaimento radioativo ---------------------------------------------------- 25
t. Cinética das reações ------------------------------------------------------ 26
u. Aplicações da radioatividade -------------------------------------------- 26
v. Acidentes radioativos ----------------------------------------------------- 27
3. Conclusão ----------------------------------------------------------------------------- 34
4. Referências --------------------------------------------------------------------------- 35

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Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cujos átomos, ao
se desintegrarem, emitem energia sob forma de radiação. Dá-se o nome
radioatividade justamente a essa propriedade que tais átomos têm de emitir
radiação.
O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exemplos de
elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em constante e lenta
desintegração, liberando energia através de ondas eletromagnéticas (raios gamas)
ou partículas subatômicas com altas velocidades (partículas alfa, beta e nêutrons).
Esses elementos, portanto, emitem radiação constantemente.
A radioatividade foi descoberta pelos cientistas no final do século passado.
Até aquela época predominava a idéia de que os átomos eram as menores partículas
de qualquer matéria e semelhantes a esferas sólidas. A descoberta da radiação
revelou a existência de partículas menores que o átomo: os prótons e os nêutrons,
que compõem o núcleo do átomo, e os elétrons, que giram em torno do núcleo.
Essas partículas, chamadas de subatômicas, movimentam-se com altíssimas
velocidades.
Descobriu-se também que os átomos não são todos iguais. O átomo de
hidrogênio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1 próton e 1 elétron (e
nenhum nêutron). Já o átomo de urânio-235 conta com 92 prótons e 143 nêutrons.
O homem sempre conviveu com a radioatividade. Na superfície terrestre pode ser
detectada energia proveniente de raios cósmicos e da radiação solar ultravioleta.
Nas rochas, encontramos elementos radioativos, como o urânio-238, urânio-235,
tório-232, rádio-226 e rádio-228.
Até mesmo em vegetais pode ser detectada a radioatividade: as batatas, por
exemplo, contêm potássio-40. As plantas, o carbono-14.
No nosso sangue e ossos encontram-se potássio-40, carbono-14 e rádio-226.

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A descoberta dos raios X

Em 1895, Wilhelm Roentgen estava trabalhando com uma ampola de raios


catódicos, quando, inesperadamente, uma placa fluorescente, que se encontrava fora da
ampola, emitiu luz. Concluiu que saíam da ampola certos raios de tipo desconhecido,
chamando-os de raios X. Colocando sua mão na trajetória dos raios X, observou sobre a
placa a sombra de seu esqueleto.
Os raios X são ondas eletromagnéticas de pequeno comprimento de onda,
bastante energéticas, penetrantes e ionizantes.

Descoberta da radioatividade

A descoberta dos raios X havia revolucionado o mundo científico. Foi então que
o cientista Antoine Henri Becquerel tentou descobrir raios X em substâncias
fluorescentes.

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Após diversas tentativas, Becquerel descobriu que o sulfato duplo de potássio e
uranila K2(UO2)(SO4)2 emitia raios semelhantes aos raios X.
Em 1896, Becquerel declarava que o sulfato duplo de potássio e uranila emitia
estranhos raios, que inicialmente foram denominados “raios de Becquerel”.
O sulfato duplo de potássio e uranila emite espontaneamente raios misteriosos
que impressionam chapas fotográficas após atravessar o papel negro.
A nova descoberta causou profundo interesse ao casal de cientistas Marie
Sklodowska e Pierre Curie, que trabalhavam no laboratório de Becquerel.
Eles acabaram descobrindo que a propriedade de emitir aqueles raios era comum
a todos os componentes que possuíam urânio, evidenciando-se como o elemento
responsável pelas misteriosas emissões.
Para o fenômeno foi sugerido o nome de radioatividade ou radiatividade, que
quer dizer atividade de emitir raios (do latim radius).
Constatou-se que as emissões radioativas apresentam muita semelhança com os
raios X descobertos por Roentgen, sendo, por exemplo, capazes de ionizar gases ou,
ainda, capazes de ser retiradas por espessas camadas de chumbo.
O casal Curie começou a trabalhar com amostras que continham o elemento
urânio. Medindo as radiações emitidas em cada amostra, verificaram que, quanto maior
era o teor de urânio na amostra, mais radioatividade esta se apresentava. Uma
surpreendente descoberta foi constatada quando eles trabalhavam com a pechblenda, um
minério de urânio.

Examinando o minério com cuidado, observaram que uma das frações de


impureza extraída da pechblenda apresentava-se muito mais radioativa que o urânio
puro.
Este fato fez que o casal Curie desconfiasse da existência de um outro elemento
radioativo, ate então desconhecido. De fato, em 1898 eles conseguiram isolar um novo
elemento radioativo, cerca de 400 vezes mais radioativos que o urânio. Ao novo
elemento foi dado o nome de “polônio” em homenagem à pátria de Mme. Curie, natural
de Varsóvia.
As pesquisas continuaram e, logo depois, o casal Curie anunciava a descoberta
de um outro elemento muito mais radioativo que o polônio, e que foi denominado
“rádio”.
O rádio produz intensas emissões; estas atravessam até mesmo camadas de
chumbo que seriam barreiras para os “raios X”; tornam bastante fluorescente materiais

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como “sulfeto de zinco” ou “platinocianureto de bário”. Essas emissões exercem ainda
efeito energético na destruição de células vivas.

A família Curie

Marie Sklodowska nasceu na Polônia em 1867. Depois de trabalhar durante


vários anos, economizou dinheiro suficiente para ir a Paris e entrou na Sorbonne como
estudante de química e física e 1891. Lá, conheceu Pierre Curie (físico), com quem
casou em 1895.
Em 1896, Antoine Henri Becquerel verificou acidentalmente que uma amostra
de sulfato de potássio e uranila, K2(UO2)(SO4)2, guardada em uma gaveta,
impressionou uma chapa fotográfica que também estava na gaveta. Logo se verificou
que outros compostos de urânio produziam o mesmo resultado. Parecia que o urânio
emitia algum tipo de radiação, tal como os raios X, que afetava a chapa fotográfica,
como a luz visível o fazia. A descoberta de Becquerel inspirou Marie Curie a trabalhar
sobre o novo fenômeno, que ela chamou de radioatividade.
O efeito de campos elétricos sobre a radiação emitida pelo urânio foi estudado
por Becquerel, Curie e Ernest Rutherford. Constatou-se que tal radiação era constituída
de partículas positivas e negativas, que Rutherford denominou partículas a e b, e de uma
radiação que não se desviava em um campo elétrico, a qual ele chamou de radiação g.
Marie Curie descobriu que amostras de petchblenda (minério de urânio) eram
mais radioativa que o próprio urânio. Conclui que deveria haver novo(s) elemento(s) em
pequenina quantidade e que seria(m) mais radioativo(s) que o urânio. O físico Pierre
Curie, reconhecendo a importância do trabalho de sua esposa, juntou-se a ela.
Conseguiram isolar uma pequenina quantidade de um elemento 400 vezes mais
radioativo que o urânio e que recebeu o nome de polônio, em homenagem à pátria de
Marie Curie. Depois de 4 anos de intenso trabalho obtiveram 1g de um novo elemento
muito mais radioativo, a partir de 10 toneladas de petchblenda. Estava descoberto o
rádio.
Em 1906, Pierre Curie morreu atropelado por carruagem. Marie tornou-se a
primeira mulher a lecionar na Sorbonne. Em 1911, ganhou o premio Nobel de Química
pela descoberta do elemento polônio e rádio. Passou os seus últimos anos como diretora
do instituto Rádio de Paris e morreu de leucemia em 1934, como resultado da exposição
às radiações, cujos perigos não eram conhecidos nos primeiros anos do seu trabalho.
Irène, filha de Pierre e Marie Curie, nasceu em 1897 e trabalhou como assistente
de sua mãe.
Depois da morte de Marie, Irène continuou o seu trabalho a colaboração de seu
marido, Fréderic Joliot, que passou a se chamar Joliot-Curie.
Irène, Joliot e Rutherford verificaram que o bombardeamento de núcleos de
átomos com partículas de a gerava novos núcleos.
Irène e Joliot produziram o primeiro isótopo radioativo artificial. Bombardeando
alumínio com partículas a, obtiveram fósforo radioativo, que emitia pósitron (elétron
positivo).
Pelo seu trabalho Irène e Fréderic Joliot-Curie foram agraciados com o premio
Nobel de Química em 1935.
Em 1939, mostraram que mais nêutrons eram produzidos quando urânio era
bombardeado com nêutrons, sugerindo a possibilidade de uma reação em cadeia. Essa
descoberta levou à construção do primeiro reator nuclear, em 1842 e dá bomba atômica,
em 1945.

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Séries radioativas naturais

Elementos radioativos naturais  Todos com Z  84; parte dos que têm Z
entre 81 e 83. São exceções os isótopos radioativos naturais com Z < 81.

Séries radioativas naturais

 Série do urânio 238U  206Pb (4n + 2)


 Série do tório 232Th  208Pb (4n)
 Série do actínio 235U  207Pb (4n + 3)

Natureza das emissões

Logo após a descoberta da radioatividade, E. Rutherford reconheceu que no


fenômeno havia emissão de “partículas e ondas eletromagnéticas”.
Um engenhoso dispositivo foi idealizado, como indica a figura abaixo.

Em um cilindro de chumbo é perfurado um poço. Aí dentro, coloca-se um


material radioativo, por exemplo, polônio e rádio.
O material vai emitir radiações em todas as direções, porém o chumbo estanca a
propagação. Somente na direção do orifício escapam as emissões.
Colocando-se placas fortemente eletrizadas, cria-se um campo elétrico capaz de
desviar a trajetória das radiações.
No entanto, aparecem três direções de propagação, o que se pode constatar
colocando uma placa fotográfica ou um cartão fluorescente na trajetória das radiações.
A emissão radioativa é constituída de partículas de carga positiva, partículas de
carga negativa e ondas eletromagnéticas.
Essas radiações recebem os seguintes nomes:
a. Partículas alfa () para as de carga positiva: são constituídas de 2
prótons e 2 nêutrons. São núcleos de átomos de hélio.

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  


b. Partículas beta () as de carga negativa: são elétrons que saem do núcleo.

 
 

Admite-se que um nêutron se desintegra formando um próton, um elétron e


um neutrino (partícula sem carga e praticamente sem massa).
nêutron = próton + elétron + neutrino

Os prótons permanecem no núcleo e os elétrons e neutrinos são atirados fora


dele.

Ou: 0 n 1 = 1 p 1 + -10 + neutrino

c. Emissões gama (): ondas eletromagnéticas.

 


A saída de uma partícula do núcleo provoca simultaneamente a emissão de


raios gama pelo núcleo.

Contagem das radiações

As radiações são capazes de ionizar átomos ou moléculas, constituindo a base do


Contador Geiger-Müller.
Existem várias maneiras de detectar a presença de radiação ionizante. O contador
Geiger-Müller é um dos mais antigos detectores de radiação. Consiste em um tubo de
metal com um fio no centro, dentro de um tubo de vidro ou plástico. Apresenta numa
extremidade uma janela coberta por uma substancia muito fina. O fio e o tubo de metal
são ligados a uma fonte elétrica de alta voltagem. A radiação entra pela janela e ioniza o
gás.
Os íons produzidos se dirigem para o tubo metálico negativo e arranca elétron deste. Os
elétrons se dirigem para o fio central. O resultado é um pulso elétrico que, amplificado,

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é mandado para um alto-falante que emite um clique. Cada partícula  ou  que
passa através do tubo resulta num clique.
Outra maneira de detectar radiação ionizante é usar um filme fotográfico. Da
mesma maneira que a luz visível, o filme é sensibilizado por radiação ionizante.
O filme dosimétrico é muito usado como monitor pessoal de radiação  e
Trabalhadores em instalações nucleares ou aceleradores, comumente, usam
tais filmes.

Radiações ionizantes

Quando um átomo perde elétron da coroa, ele se transforma em uma partícula


carregada, chamada íon positivo ou cátion.
Quando uma radiação atravessando um meio transforma os átomos do meio em íons,
diz-se que é uma radiação ionizante.
Como exemplos de radiações ionizantes, temos:
a. partículas carregadas (partículas beta, partículas alfa, prótons);
b. partículas neutras (nêutrons);
c. ondas eletromagnéticas (raios , raios X).
Existem dois importantes processos que envolvem a interação da radiação com os
elétrons da coroa.
a. Excitação – os elétrons da coroa recebem energia da radiação e saltam pra
níveis mais energéticos. Quando os elétrons retornam, eles emitem luz.
Por exemplo, os ponteiros fluorescentes dos relógios são pintados com uma
substancia como o sulfeto de zinco contendo traços de um sal de rádio. As
radiações emitidas pelo rádio excitam os elétrons do sulfeto de zinco,
originado luz quando os elétrons retornam.
b. Ionização – envolve a retirada do elétron transformando o átomo em íon.

Características das radiações

Vejamos o estudo de algumas radiações ionizantes:

 Partículas alfa

As partículas alfa têm um alcance no ar inferior a 10 cm. São barradas


por papel, roupas e pela pele. Portanto, quando as partículas  são provenientes
de uma fonte externa ao organismo humano, praticamente não oferecem nenhum
perigo para o organismo. No entanto, como são constituídas por 2 prótons e 2
nêutrons, são altamente ionizantes, pois arrancam elétrons dos átomos e
moléculas do meio, transformando-se em átomos de hélio. Mas, se a partícula
alfa é proveniente de uma fonte interna ao organismo (o material radioativo foi
ingerido ou inalado ou ainda absorvido pela pele ou ferimentos), oferece serio
perigo, pois a partícula se move mais lentamente e causa muito mais
ionização ao longo de seu trajeto. As partículas alfa têm velocidade da ordem de
20 000 km/s.

 Partículas beta

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Como as partículas são constituídas de elétrons bem mais leves e de
maior velocidade que as partículas elas penetram mais na matéria. Assim,
elas podem atravessar ate 1mm de alumínio e, no ar, podem alcançar ate 13 m. O
seu poder de ionização é bem menor. O perigo oferecido pelas partículas beta
provenientes tanto da fonte interna como externa pode ser classificado como
moderado. A partícula beta é cerca de 7000 vezes mais leve que a partícula alfa
e tem velocidade bem maior.

 Raios gama

A penetrabilidade dos raios gama é muito maior, pois são ondas


eletromagnéticas de comprimento de onda (muito pequeno. O alcance no
ar é muito grande. São barradas por placas de chumbo de 3 cm de espessura. Seu
poder de ionização também é muito grande. As ondas provenientes de uma
fonte externa são as que oferecem o perigo mais sério, mas as provenientes de
uma fonte interna oferecem leve perigo, isto porque toda a energia das radiações
 eé absorvida pelo órgão, ao passo que apenas uma parte da radiação
gama é absorvida pelo órgão. Devido ao grande poder de penetração do raio
a maior parte daenergia sai do corpo.

As radiações ionizantes têm importantes propriedades – escurecem filmes,


ionizam gases, produzem cintilações (flashes de luz) em certos materiais (ex.:
sulfeto de zinco), matam tecidos vivos, transportam muita energia. Deve-se notar
ainda que as radiações emitidas por um átomo são as mesmas, quer o átomo esteja
combinado ou não, pois elas se originam no núcleo, que não participa das
combinações químicas.

Unidades de radioaticidade

 Becquerel (Bq): definido como 1 desintegração por segundo.

Por exemplo, 1 quilograma de leite em pó,contaminado devido ao acidente


nuclear Chernobyl, apresenta atividade igual a 370 becquerels. Isso significa
que, em 1 segundo, 370 átomos desintegram emitindo 370 radiações.

 Rad: é a quantidade de energia absorvida pelos tecidos e ossos por unidade


de massa. Um rad equivale a 0,01 joule por quilograma.

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 Rem: mede o efeito, sobre um dado organismo, provocado pela absorção de
certa quantidade de energia. O rem se refere à quantidade de radiação
necessária para produzir uma quantidade particular de danos no tecido vivo.
Um rem equivale a 0,01 joule por quilograma.

Para partículas alfa, 10 rads de exposição darão cerca de 100 rems de dano. Para
partículas beta, 10 rads de exposição darão 10 rems de danos. Isso significa que a
partícula causa mais dano ao longo de seu caminho.

Efeitos biológicos

A radiação ionizante causa efeitos danosos nos seres humanos, como


queimadura, câncer, defeitos genéticos em gerações futuras, morte.
O estudo dos efeitos da radiação vem sendo feito em pessoas:
a) expostas à radiação em tratamentos médicos (radioterapia);
b) que sofreram acidentes com radiações (ex.: acidente nuclear de Goiânia,
Chernobyl etc);
c) sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.
A radiação atua de forma diferente, dependendo do tipo de célula.

Lei de BERGONIE e TRIBONDEAU

A sensibilidade das células à radiação é diretamente proporcional à sua atividade


reprodutora e inversamente proporcional ao seu grau de especialização.

Exemplos
a) As células cancerosas, que se dividem rapidamente e não são especializadas,
são bastante sensíveis à radiação (base da radioterapia).
b) As células nervosas, que se dividem mais lentamente e são altamente
especializadas, são mais resistentes à radiação.

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c) As crianças são especialmente vulneráveis à radiação, e são mais
susceptíveis antes do nascimento, pois nessa fase suas células se multiplicam
rapidamente.

Os efeitos da radiação nos organismos podem ser divididos em duas classes:


efeitos somáticos e hereditários.

Os efeitos hereditários ou genéticos surgem somente no descendente da pessoa


irradiada. Resultam do dano causado pela radiação em células dos órgãos
reprodutores. Têm caráter cumulativo.
Os efeitos somáticos resultam de danos nas células do corpo e aparecem na
própria pessoa irradiada. Dependem da dose total absorvida, da região e área do
corpo.
Quando toda a dose é recebida num pequeno intervalo de tempo, a exposição é
aguda. Temos exposição crônica quando a dose è recebida pouco, durante anos.
Assim, se o corpo inteiro receber 700 rads de uma só vez, sofrerá um efeito fatal.
Se a mesma dose for recebida em 30 anos, não haverá efeito aparente.
Os tecidos mais sensíveis são os da medula óssea, o tecido linfóide, os dos
órgãos genitais, os do sistema gastrointestinal. A pele e os pulmões apresentam
sensibilidade média. Os músculos e os ossos plenamente desenvolvidos são os
menos sesíveis.

Efeitos imediatos são aqueles que ocorreram num período de poucas horas até
umas poucas semanas após uma exposição aguda. Exemplos: náusea, vômito,
depilação, perda de apetite, indisposição, garganta dolorida, diarréia,
emagrecimento, morte.
Efeitos retardados ou tardios somente aparecem depois de anos ou décadas.
Exemplos: úlcera, câncer, catarata, anemia, leucemia, esterilidade,
envelhecimento precoce.

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Efeitos da radiação

1) Absorção de 0 a 25 rem- nada se observa.


2) Absorção de 25 a 50 rem – diminuição do número de glóbulos
brancos.
3) Absorção de 100 a 200 rem- náuseas; diminuição drástica do
número de glóbulos brancos.
4) Absorção de 500 rem- 50% de probabilidade de morte dentro
de 30 dias.

Alimentos: 25 mrem por ano

Radiografia dentária: 20 mrem

Energia solar: 11 mrem por ano

Área num raio de 1 km de uma usina nuclear: 5


mrem por ano
OBS: MREM = 1/1000 REM

O corpo humano é insensível à radiação ionizante.


O corpo humano não tem um reflexo condicionado para tirar a
mão de perto de uma fonte de radiações ionizantes, como tem de uma
fonte de calor.

A diferença básica entre as radiações nucleares e as radiações


mais comumente encontradas, como o calor, a luz visível, é que as
primeiras têm energia suficiente para causar ionização.
Nas células, a ionização pode conduzir a alterações moleculares
e à formação de espécies químicas de um tipo tal que são danosas para
a célula.
O alvo mais vulnerável à radiação nuclear é o homem, e os
efeitos da radiação no corpo humano são o resultado dos danos em
células individuais.
A radiação pode provocar:
a) inibição da divisão celular;

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b) deterioração das funções da célula;
c) alterações na estrutura genética das células reprodutoras;
d) morte da célula.

Doses de 700 rads são fatais. Metade das pessoas expostas a


450 rads morrerão. Doses até 50 rads não causam sinais imediatos de
doença nos seres humanos. Metade de uma população de baratas
sobrevive a uma dose de 100.000 rads. Coelhos e ratos podem receber
2 vezes mais radiações que os seres humanos.
Normalmente um indivíduo recebe 200 mrem por ano. Cerca de
30% são provenientes dos raios cósmicos (radiações que vêm do
espaço); 20% vêm do 40K radioativo em nossos corpos. Os outros 50%
são provenientes de radiografias, alimentos e do radônio. O radônio é
um alfa emissor que exala do solo proveniente do decaimento de
minerais contendo urânio.
Íons de potássio ocorrem no fluído que existe dentro da célula.
Estão envolvidos na transmissão dos impulsos elétricos nas células. O
40K é um beta emissor e aparece na natureza com 0,012% entre os
isótopos do potássio.

Primeira lei da radioatividade natural (Soddy)

O cientista inglês Frederick Soddy partiu da hipótese de que a radioatividade


era um fenômeno conseqüente a uma instabilidade nuclear. Assim, um átomo
radioativo, após a emissão de uma partícula () ou (), iria transformar-se em
átomo de outro elemento.
Verificou-se que, quando um átomo radioativo emite uma partícula (), ele
se transforma em um elemento cujo átomo recua “2 lugares na tabela periódica” e
cuja “massa atômica diminui de 4 unidades”.
Assim, Soddy enunciou uma lei conhecida como “Primeira Lei da
Radioatividade” ou “Lei de Soddy”, hoje assim interpretada:

Quando um átomo radioativo emite uma partícula (), seu número atômico
diminuiu de 2 unidades e seu número de massa diminui de 4 unidades.

Segunda lei da radioatividade natural (Soddy, Fajans e Russel)

Com a colaboração de mais dois cientistas, descobriu-se que, quando um átomo


radioativo emite uma partícula (), o lugar desse átomo na classificação periódica
“avança de uma unidade” e a sua “massa atômica permanece constante”.
Esta foi à observação que resultou na Segunda Lei da Radioatividade, conhecida
como “Lei de Soddy, Fajans e Russel”, assim interpretada:

Quando um átomo radioativo emite uma partícula (), seu número atômico
aumenta de uma unidade, e seu número de massa permanece constante.

Explicação da 1º lei

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As leis da radioatividade tornaram-se evidentes após a descoberta da estrutura
nuclear do átomo.
Como a partícula () é constituída de 2 prótons e 2 nêutrons, teremos uma
diminuição de 2 prótons e 2 nêutrons no núcleo e, conseqüentemente, seu número de
massa irá diminuir de 4 unidades.
Explicação da 2º lei

Admite-se, hoje, que nêutrons se desintegram.


O nêutron transforma-se em próton + elétron + neutrino, e “apenas o próton
permanece no núcleo”. O neutrino, por ser uma partícula muito leve e sem carga, não é
detectado pelos contadores Geiger comuns.

Ora, sempre que do núcleo sai um elétron, resulta que um nêutron se transforma
num próton. Então, o número atômico aumenta de uma unidade e o número de massa
permanece constante, pois diminui um nêutron, mas, em seu lugar, aparece um próton
sem alterar então a contagem de “prótons + nêutrons”.
Constata-se experimentalmente que os átomos de número atômico superior a 82
manifestam a radioatividade natural. São aqueles elementos finais da Tabela Periódica,
incluindo também os artificiais. Os átomos radioativos com número atômico menor são
mais raros na natureza. Entre eles podemos citar: trítio, carbono-14, potássio-40.

Radioatividade é a propriedade de os átomos emitirem partículas e radiações,


como conseqüência de uma instabilidade nuclear.

Fusão

Em março de 1938, uma conferência foi organizada pela Carnegie Institution, de


Washington, para unir astrônomos e físicos. Um dos participantes foi o imigrante
alemão Hans Albrecht Bethe (1906-2005). Logo após a conferência, Bethe desenvolveu
a teoria de como a fusão nuclear podia produzir a energia que faz as estrelas brilharem.
Esta teoria foi publicada em seu artigo A Produção de Energia nas Estrelas, publicado
em 1939, e que lhe valeu o prêmio Nobel em 1967.

Para que uma reação nuclear ocorra, as partículas precisam vencer a barreira
Coulombiana [Charles Augustin de Coulomb (1736-1806)] repulsiva entre as partículas,
dada por

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enquanto que a energia cinética entre as partículas é determinada por uma distribuição
de velocidades de Maxwell-Boltzmann correspondente à energia térmica

Para temperaturas da ordem de dezenas a centenas de milhões de graus, a


energia média das partículas interagentes é muitas ordens de magnitudes menor do que
a barreira Coulombiana que as separa. As reações ocorrem pelo efeito de tunelamento
quântico, proposto em 1928 pelo físico russo-americano George Antonovich Gamow
(1904-1968). As partículas com maior chance de penetrar a barreira são aquelas com a
máxima energia na distribuição de Maxwell-Boltzmann.
Hans Bethe tomou os melhores dados das reações nucleares existentes e
mostrou, em detalhe, como quatro prótons poderiam ser unidos e transformados em um
núcleo de hélio, liberando a energia que Eddington havia sugerido. O processo que
Bethe elaborou em seu artigo, conhecido atualmente como o Ciclo do Carbono, envolve
uma cadeia complexa de seis reações nucleares em que átomos de carbono e nitrogênio
agem como catalisadores para a fusão nuclear. Naquela época, os astrônomos
calculavam que a temperatura no interior do Sol fosse de cerca de 19 milhões de graus
Kelvin, e Bethe demonstrou que àquela temperatura, o ciclo do carbono seria o modo
dominante de produção de energia.

Na mesma época, além de Hans Bethe, o físico alemão Carl Friedrich von
Weizäcker (1912-) e Charles Critchfield (-1994) identificaram várias das reações de
fusão nuclear que mantém o brilho das estrelas. Hoje em dia, o valor aceito para a
temperatura do núcleo do Sol é de 15 milhões de graus Kelvin, e à esta temperatura,
como explicitado por Bethe no seu artigo, o ciclo próton-próton domina.

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ou mais provavelmente:

A liberação de energia pelo ciclo do carbono é proporcional à 20a potência da


temperatura

para temperaturas da ordem de 10 milhões de graus K, como no interior do Sol. Já para


o ciclo próton-próton, a dependência é muito menor, com a quarta potência da
temperatura,

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Atualmente sabe-se que o ciclo do carbono contribui pouco para a geração de
energia para estrelas de baixa massa como o Sol, porque suas temperaturas centrais são
baixas, mas domina para estrelas mais massivas. Rigel, por exemplo, tem temperatura
central da ordem de 400 milhões de graus K. Quanto maior for a temperatura central,
mais veloz será o próton, e maior sua energia cinética, suficiente para penetrar a
repulsão Coulombiana de núcleos com maior número de prótons.

A astrofísica demonstrou que as leis físicas que conhecemos em nossa limitada


experiência na Terra são suficientes para estudar completamente o interior das estrelas.
Desde as descobertas de Bethe, o cálculo de evolução estrelar através da união da
estrutura estrelar com as taxas de reações nucleares tornou-se um campo bem
desenvolvido, e astrônomos calculam com confiança o fim de uma estrela como nosso
Sol daqui a 6,5 bilhões de anos como uma anã branca, após a queima do hélio em
carbono pela reação triplo- :

e a explosão de estrelas massivas como supernovas.

Três átomos de hélio colidem, formando um carbono e liberando fótons.


Sabemos com certeza que o Sol converte aproximadamente 600 milhões de
toneladas de hidrogênio em hélio por segundo, mantendo a vida aqui na Terra.

Esta energia produzida pelo Sol, de ergs/s é equivalente a 5 trilhões de bombas


de hidrogênio por segundo. Para comparar, a primeira bomba atômica, de urânio,
chamada de Little Boy e que explodiu sobre a cidade de Hiroshima, tinha uma potência
de 20 000 toneladas de TNT (tri-nitro-tolueno, ou nitroglicerina). Uma bomba de
hidrogênio tem uma potência de 20 milhões de toneladas de TNT.

18
Reações que liberam energia

Química Fissão Fusão

C + O2 -> n + U235 -> Ba143 + H2 + H3 -> He4


Exemplos de reação
CO2 Kr91 + 2 n +n

UO2 (3% U235 + 97% Deutério &


Combustível Típico Carvão
U238) Lítio

Temperatura para reação (C) 873 1273 108

Energia liberada por kg de


3,3 × 107 2,1 × 1012 3,4 × 1014
Combustível (J/kg)

Como o Sol tem 4,5 bilhões de anos, ele não nasceu do material primordial
(hidrogênio e hélio) que preenchia o Universo cerca de 500 000 anos após o Big Bang, mas
sim de material já reciclado. Este material passou alguns bilhões de anos em uma estrela que
se tornou uma supergigante e explodiu como supernova, ejetando hidrogênio e hélio no
espaço, juntamente com cerca de 3% de elementos mais pesados, como carbono, oxigênio,
enxofre, cloro e ferro que tinham sido sintetizados no núcleo da supergigante, antes desta
tornar-se uma supernova. O material ejetado começou a concentrar-se por algum evento
externo, como a explosão de outra supernova ou a passagem de uma onde de densidade, e,
com o aumento de sua densidade, as excitações por colisões atômicas e moleculares
provocaram a emissão de radiação. Esta perda de energia por radiação torna a contração
irreversível, forçando o colapso gravitacional. A segunda lei da termodinâmica nos ensina que
um processo envolvendo fluxo líquido de radiação é irreversível, já que há aumento da
entropia (uma medida do calor), representada pela perda da radiação. O conceito de entropia
foi formulado pelo físico matemático alemão Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822-1888), e
mede quão próximo do equilíbrio - isto é, perfeita desordem interna, um sistema está. A
entropia de um sistema isolado só pode aumentar, e quando o equilíbrio for alcançado,
nenhuma troca de energia interna será possível. Somente quando a temperatura da parte
interna desta nuvem colapsante alcança cerca de 10 milhões de graus Kelvin, a contração é
interrompida, pois então a energia nuclear é importante fonte de energia.

 Modelo do Sol da Sismologia

Notas:
A unidade de calor é chamada Carnot (Ct), em honra ao físico francês Sadi Nicolas Lionard
Carnot (1796-1832). 1 Ct = 1 Joule/Kelvin é a quantidade de calor necessário para derreter
um centímetro cúbico de gelo.
O conceito de entropia está intimamente ligado ao conceito de calor. Quando um
sistema recebe entropia (calor), ele recebe energia. Se um corpo a uma temperatura T recebe
entropia (S), ele absorve energia (E) equivalente ao produto da temperatura pela entropia.

19
A entropia (calor) pode ser transportada, armazenada e criada. A entropia é o
transportador da energia em processos térmicos. Ela pode ser criada em processos
irreversíveis, como queima, frição, transporte de calor, mas não pode ser destruída. A
quantidade de energia usada na criação de entropia é dita dissipada.

Notas históricas: A descoberta da fissão nuclear ocorreu em 10 de dezembro de 1938 e


foi descrita em um artigo submetido ao Naturwissenchaften em 22 de dezembro de 1938,
pelos alemães Otto Hahan (1879-1968), Fritz Strassmann (1902-1980) e Lise Meitner (1878-
1968).

O italiano Enrico Fermi (1901-1954) foi uma das pessoas mais importantes no
desenvolvimento teórico e experimental da bomba atômica. Sua esposa, Laura Fermi, era
judia. Quando Benito Mussolini (1883-1945) aprovou o Manifesto della Razza em 14 de julho
de 1938, impondo leis racistas na Itália facista, Enrico decidiu aceitar o emprego oferecido
pela Columbia University, nos Estados Unidos. Ele e sua família partiram de Roma para a
cerimômia de entrega do Prêmio Nobel à Fermi em dezembro de 1938 e nunca retornaram à
Itália. O Nobel foi lhe dado por seu estudo de radioatividade artificial, com suas experiências
de bombardeamento de urânio com nêutrons, criando novos elementos mais pesados, e seu
aumento pela redução da velocidade dos nêutrons. Fermi havia descoberto que quando ele
colocava uma placa de parafina entre a fonte de nêutrons e o urânio, aumentava a
radioatividade, pois aumentava a chance do nêutron ser absorvido pelo núcleo de urânio.

Em 1934 o húngaro Leo Szilard (1898-1964) já havia patenteado a idéia da reação em


cadeia e em 2 de dezembro de 1942 Fermi conseguiu construir uma massa crítica de U235/U238
não separados (na natureza somente 0,7% são do U235 que é ativo), usando grafite para reduzir
a velocidade dos nêutrons e acelerar a produção de nêutrons secundários. Na experiência ele
utilizou barras de cádmium como absorsores de nêutrons para regular a experiência e
produziu um crescimento exponencial do número de nêutrons, isto é, uma reação em cadeia.

Em 1939 os físicos já sabiam que água pesada agia como um moderador, isto é,
redutor de velocidade dos nêutrons, como a parafina. A água normal (leve) consiste de dois
átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio (H2O). Na água pesada, dois isótopos de
hidrogênio, deutério, se unem com o oxigênio. Água pesada é ainda hoje utilizada como
moderador em reatores nucleares de urânio natural.

Em 1939 Szilard convenceu Albert Einstein (1879-1955), com quem ele tinha
trabalhado em 1919 em Berlin, a mandar uma carta para o presidente americano Franklin
Delano Roosevelt (1933-1945) sobre o desenvolvimento pelos alemães de armas atômicas e
pedindo ao presidente que iniciasse um programa americano, que mais tarde se chamaria
Projeto Manhatam, chefiado pelo americano Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e
levaria ao desenvolvimento do Los Alamos National Laboratory, ao teste Trinity, em 16 julho
1945, com a explosão da primeira bomba atômica em Alamogordo, New Mexico, e à
construção das bombas Little Boy (20 ton T.N.T) e Fat Man, que seriam utilizadas em
Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945.

O húngaro Edward Teller (1908-2003), sob protestos de Fermi e Szilard, chefiou o


desenvolvimento da bomba de fusão de hidrogênio, que utiliza uma bomba de fissão como
gatilho para iniciar a colisão do deutério com o trítio. A bomba de hidrogênio, Mike, de 10,4
Mton T.N.T. foi testada em 31 de outubro de 1952, em Eniwetok.

20
Quando 2 átomos de hidrogênio se transformam em deutério, no primeiro passo da
fusão do hidrogênio este 1,4 MeV corresponde a 1,6 ×1010 cal/grama igual a 2 milhões de
vezes a energia liberada na combustão de uma grama de carvão.

Queima termonuclear e Degenerescência dos Elétrons


Massa na Elétrons
Seqüência Degenerados
Temperatura Densidade
Processo Principal para
de Ignição Aproximada
Termonuclear Necessária para a Densitidades
(K) (g/cm3)
Queima Maiores que
(MSol) (g/cm3)
Queima de Hidrogênio
0,08 4 × 106 101-102 ~103
4H->He
Queima de Hélio
0,4 120 x 106 103-106 ~105
3He->C, O
Queima do Carbono
4,0 600 × 106 105-108 ~107
2C->Ne, Na, Mg, O
Queima de Oxigênio,
Neônio e
Silício 1 × 109 a
8,0 >107 ~109
Ne-->O,Mg 3 × 109
O-->S,Si,P
Si-->Ni-->Fe

Fissão

A palavra fissão significa partição, quebra divisão. Fissão nuclear é a quebra de um


núcleo atômico pesado e instável através de bombardeamento desse núcleo com nêutrons
moderados, originando dois núcleos atômicos médios, mais 2 ou 3 nêutrons e uma quantidade
de energia enorme. Enrico Fermi, em 1934, bombardeando núcleos com nêutrons de
velocidade moderada, observou que os núcleos bombardeados capturavam os nêutrons. Pouco
tempo depois, após o bombardeamento de urânio com nêutrons moderados, a equipe do
cientista alemão OttO Hahn constatou a presença de átomos de bário, vindo a concluir que,
após o bombardeio, núcleos instáveis de urânio, partiam-se praticamente ao meio. Como os
nêutrons não possuem carga elétrica, n=o sofrem desvio de sua trajetória, devido ao campo
eletromagnético do átomo. Estando muito acelerado, atravessariam completamente o átomo;
estando a uma velocidade muito lenta, seriam rebatidos; mas com velocidade moderada,
ficam retidos, e o novo núcleo formado, instável, sofre desintegração posterior com emissão
de partículas beta. Somente alguns átomos são capazes de sofrer fissão, entre eles o urânio-
235 e o plutônio. A enorme quantidade de energia produzida numa fissão nuclear provém da
transformação da matéria em energia. Na fissão nuclear há uma significativa perda de massa,
isto é, a massa dos produtos é menor que a massa dos reagentes. Tal possibilidade está
expressa na famosa equação de Einsten: E=cm², onde E é energia, m massa e c a velocidade
da luz no vácuo. No processo de fissão, cerca de 87,5% da energia liberada aparece na forma
de energia cinética dos produtos da fissão e cerca de 12,5% como energia eletromagnética.

21
Reação em cadeia e massa crítica. Esse bombardeamento do núcleo de um átomo com um
nêutron causa a fissão do núcleo desse átomo e a liberação de 2 ou 3 novos nêutrons. A reação
em cadeia só ocorre acima de determinada massa de urânio. A mesma ocorre com velocidade
máxima quando a amostra do material físsil é grande suficiente para a maioria dos nêutrons
emitidos serem capturados por outros núcleos. Portanto, a reação em cadeia se mantém, se a
massa do material é superior a um certo valor característico chamado massa crítica. Para o
urânio-235 a massa crítica é de aproximadamente 3,25 Kg. Alguns elementos químicos, como
o boro, na forma de ácido bórico ou de metal, e o cádmio, em barras metálicas, têm a
propriedade de absorver nêutrons, porque seus núcleos podem conter ainda um número de
nêutrons superior ao existente em seu estado natural, resultando na formação de isótopos de
boro e de cádmio. A grande aplicação do controle da reação de fissão nuclear em cadeia é nos
Reatores Nucleares. Para geração de energia elétrica. A grande vantagem de uma Central
Térmica Nuclear é a enorme quantidade de energia que pode ser gerada, ou seja, a potência
gerada, para pouco material usado (o urânio).

 E n e r g i a
Energia é a capacidade de realizar trabalho. Entre suas formas mais
comuns, temos a térmica, a magnética e a luminosa, percebidas facilmente no
dia-a-dia.

Energia sempre foi um elemento importante no desenvolvimento da


humanidade. Hoje, por exemplo, não conseguimos imaginar um mundo sem a
energia elétrica. Por isso, para atender toda a demanda de eletricidade no
planeta, o homem se utiliza de processos de conversão de energia.

Um exemplo desse processo é a usina hidroelétrica: a energia cinética


das correntes de água gira uma turbina acoplada a um gerador, produzindo
eletricidade. Em outros tipos de usinas, como a termonuclear, as turbinas são
giradas pelo vapor gerado por processos térmicos.

 Energia Nuclear e Fissão

A energia que o núcleo do átomo possui, mantendo prótons e nêutrons juntos,


denomina-se energia nuclear.

Quando um nêutron atinge o núcleo de um átomo de urânio-235, divide-o e ocorre a


emissão de 2 a 3 nêutrons. Parte da energia que ligava os prótons e os nêutrons é liberada em
forma de calor. Este processo é denominado fissão nuclear.

22
 Fissão em Cadeia
Os nêutrons liberados na fissão atingem, sucessivamente, outros núcleos,
como pode ser visto a seguir:

Na fissão nuclear em cadeia, há grande liberação de energia. Para


suspender ou minimizar a reação, teríamos que "apreender" os nêutrons
liberados, impedindo os choques sucessivos.

 Controle da Reação

Nos reatores nucleares, a reação acontece dentro de varetas que


compõem uma estrutura chamada elemento combustível. Dentro do
elemento combustível há também barras de controle, geralmente feitas de
cádmio, material que absorve nêutrons. Estas barras controlam o processo.

Barras de controle

Elemento combustível

Quando as barras “entram totalmente " no elemento combustível, o reator


pára; quando saem, ele é ativado.

 Reator PWR

As usinas Angra I e Angra II são do tipo PWR (a água pressurizada).


Veja abaixo uma representação da Usina Angra I.

23
O vaso de pressão contém a água de refrigeração do núcleo do reator. Essa
água circula quente por um gerador de vapor, em circuito fechado,
chamado de circuito primário. A outra corrente de água que passa por esse
gerador (circuito secundário) se transforma em vapor, acionando a turbina
para a geração de eletricidade. Os dois circuitos não têm comunicação
entre si.

 Por que Energia Nuclear?

A utilização da energia nuclear vem crescendo a cada dia. A


geração nucleoelétrica é uma das alternativas menos poluentes; permite a
obtenção de muita energia em um espaço físico relativamente pequeno e a
instalação de usinas perto dos centros consumidores, reduzindo o custo de
distribuição de energia.

Outras fontes de energia, como solar ou eólica, são de exploração cara e


capacidade limitada, ainda sem utilização em escala industrial. Os recursos
hidráulicos também apresentam limitações, além de provocar grandes
impactos ambientais.

Por isso, a energia nuclear torna-se mais uma opção para atender com
eficácia à demanda energética no mundo moderno.

Meia-Vida

Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se


desintegra ou decai) a uma velocidade que lhe é característica.

Para se acompanhar a duração (ou a vida) de um elemento radioativo foi preciso


estabelecer uma forma de comparação.

Por exemplo, quanto tempo leva para um elemento radioativo ter sua atividade
reduzida à metade da atividade inicial? Esse tempo foi denominado meia-vida do elemento.

24
"Meia-vida, portanto, é o tempo necessário para a atividade de um elemento radioativo
ser reduzida à metade da atividade inicial."

Isso significa que, para cada meia-vida que passa, a atividade vai sendo reduzida à
metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas
radiações das do meio ambiente. Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas
utilizadas em laboratórios de análise e pesquisa, após 10 (dez) meias-vidas, atinge-se esse
nível. Entretanto, não se pode confiar totalmente nessa receita, e sim numa medida com um
detector apropriado, pois, nas fontes usadas na indústria e na medicina, mesmo após 10 meias-
vidas, a atividade da fonte ainda é geralmente muito alta.

 Um Exemplo Prático:

Vejamos o caso do iodo-131, utilizado em Medicina Nuclear para exames de


tireóide, que possui a meia-vida de oito dias. Isso significa que, decorridos 8 dias, atividade
ingerida pelo paciente será reduzida à metade. Passados mais 8 dias, cairá à metade desse
valor, ou seja, ¼ da atividade inicial e assim sucessivamente. Após 80 dias (10 meias-vidas),
atingirá um valor cerca de 1000 vezes menor.

Entretanto, se for necessário aplicar-se uma quantidade maior de iodo-131 no


paciente, não se poderia esperar por 10 meias-vidas (80 dias), para que a atividade na tireóide
tivesse um valor desprezível. Isso inviabilizaria os diagnósticos que utilizam material
radioativo, já que o paciente seria uma fonte radioativa ambulante e não poderia ficar
confinado durante todo esse período.

Para felicidade nossa, o organismo humano elimina rápida e naturalmente, via fezes,
urina e suor, muitas das substâncias ingeridas. Dessa forma, após algumas horas, o paciente
poderá ir para casa, sem causar problemas para si e para seus familiares. Assim, ele fica
liberado, mas o iodo-131 continua seu decaimento normal na urina armazenada no depósito
de rejeito hospitalar, até que possa ser liberado para o esgoto comum.

DECAIMENTOS RADIOATIVOS

Muitos núcleos atômicos são instáveis e para atingir a estabilidade emitem radiação. As três
principais formas de radiação nuclear são:

ALFA
são núcleos de Hélio, isto é, íons duplamente positivos BETA () é formada por elétrons
rápidos, de velocidades próximas à velocidade da luz, surgem na desintegração de nêutrons
em prótons.

GAMA
é formada por ondas eletromagnéticas de altíssima freqüência. é usada em tratamentos de
radioterapia (cobalto-60 ou césio-137 são boas fontes desse tipo de radiação). PODER DE
PENETRAÇÃO quando um núcleo emite radiação ele sofre o que chamamos de decaimento:

DECAIMENTO ALFA
Exemplo: T1/2 = 4,47 BILHÕES DE ANOS

25
DECAIMENTO BETA
Exemplo: T1/2= 5570 ANOS
Observações: Em muitos decaimentos alfa ou beta ocorre também a emissão de fótons gama.
T1/2 (meia-vida) é o tempo necessário para que se reduza à metade, por desintegração, a
massa de uma amostra de um núcleo radioativo. Exemplo:
T1/2 do césio-137 é de aproximadamente 30 anos.
2000 è 128 g de césio-137
2030 è 64 g de césio-137
2060è 32g de césio-137
2090 è 16 g de césio-137

Cinética das radiações

v = k·N
v = velocidade de desintegração ou atividade radioativa
k = constante radioativa
N = número de átomos do elemento radioativo

Meia-vida (t1/2) é o tempo depois do qual metade dos átomos da amostra se


desintegra.

k·t1/2 = 0,693

Vida média = 1/k

A velocidade de desintegração ou atividade radioativa não depende de fatores


externos como pressão e temperatura, nem da substância sob a qual se apresenta o
elemento radioativo. Só depende do número de átomos N do elemento radioativo
presentes na amostra.

Transmutação artificial (Rutherford, 1919)

N + 4  17O + 1p
14

A partir dessa, muitas outras transmutações foram conseguidas.

Aplicações da radioatividade

- Produção de energia elétrica: os reatores nucleares produzem energia elétrica, para a


humanidade, que cada vez depende mais dela. Baterias nucleares são também utilizadas
para propulsão de navios e submarinos.

- Aplicações na indústria: em radiografias de tubos, lajes, etc. - para detectar trincas,


falhas ou corrosões. No controle de produção; no controle do desgaste de materiais; na
determinação de vazamentos em canalizações, oleodutos,...; na conservação de
alimentos; na esterilização de seringas descartáveis; etc.

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- Aplicações na Química: em traçadores para análise de reações químicas e bioquímicas -
em eletrônica, ciência espacial, geologia, medicina, etc.

- Aplicações na Medicina: no diagnóstico das doenças, com traçadores = tireóide (I131),


tumores cerebrais (Hg197), câncer (Co60 e Cs137), etc.

- Aplicações na Agricultura: uso de C14 para análise de absorção de CO2 durante a


fotossíntese; uso de radioatividade para obtenção de cereais mais resistentes; etc.

- Aplicações em Geologia e Arqueologia: datação de rochas, fósseis, principalmente pelo


C14.

Acidentes Radioativos

 O pesadelo de Chernobyl

Embora o processo de fissão seja rigorosamente controlado, existe risco de escape


acidental de radiações nocivas, fato que se tem repetido em usinas de vários países, como a de
Chernobyl, na ex-União Soviética, em 1986. O vulto da usina de Chernobyl domina o
horizonte de Pripiat, onde não restou um habitante. Lá, energia nuclear é sinônimo de morte.
Depois da explosão do reator número 4, na madrugada fatídica de 26 de abril de 1986, a
radiação varreu tudo. A cidade foi abandonada e o acidente inutilizou uma área equivalente a
um Portugal e meio, 140.000 quilômetros quadrados. Por centenas de anos.
A Europa despertou como se estivesse em um pesadelo. Itália, Alemanha, Suécia,
Finlândia, Suíça, Holanda e Espanha deram marcha a ré nos programas nucleares e fecharam
usinas. Para eles, o risco de um acidente igual era insuportável. Mas há usinas precárias nos
antigos países socialistas que ainda ameaçam toda a vizinhança européia.
A solução, então, é fechar tudo? Se depender do Canadá, do Japão ou da França, onde
o reator nuclear é sinônimo de progresso, a resposta é não. Os franceses passam muito bem e
75% da energia no país vêm do átomo. Exportam usinas, reprocessam urânio, armazenam lixo
radiativo e têm dois reatores de última geração. Tudo com a aprovação das pesquisas de
opinião pública. "Virar as costas para o átomo é burrice", diz Jean Paul Chaussade, diretor de
comunicação científica da Electricité de France (EDF). "O petróleo e o gás vão se esgotar em
quarenta anos. Os combustíveis fósseis poluem mais e o impacto ambiental das hidroelétricas
é muito maior. A alternativa atômica é cada vez mais barata e segura".
Em contrapartida, o programa nuclear brasileiro coleciona atrasos, multas, juros e
erros como as fundações mal calculadas de Itaorna. "Angra 2 é um desses casos além do
ponto de não retorno", diz o ex-ministro do Meio Ambiente, José Goldemberg. "Desistir
significa assumir um prejuízo maior do que o necessário para concluir". Essa também é a
opinião de Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em
Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro: "Apesar do desperdício monstruoso
de dinheiro, concluir Angra 2 tem alguma racionalidade."
Mas, se serve para Angra 2, o raciocínio não serve para Angra 3 que a Eletrobrás
também pretende construir em Itaorna, sob o argumento de que 40% dos equipamentos já
foram comprados.

Em 1990, o Brasil dispunha de 10 562 profissionais na área nuclear. Hoje tem 8 275.
"Reina desânimo e desmotivação", diz o professor de Energia Nuclear José Carlos Borges, da
UFRJ.

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 Acidente em Goiânia

Era 13 de setembro de 1987. Um aparelho de radioterapia contendo césio-137


encontrava-se abandonado no prédio do Instituto Goiano de Radioterapia, desativado há cerca
de 2 anos. Dois homens, Roberto e Wagner, à procura de sucata, invadiram o local e
encontraram o aparelho, que foi levado e vendido ao dono de um ferro-velho.
Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-
137 (CsCl), pó branco semelhante ao sal de cozinha, no entanto, brilha no escuro com uma
coloração azulada.
Encantado com o brilho do pó, o dono do ferro-velho passou a mostrá-lo e até distribuí-lo a
amigos e parentes.
Os primeiros sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vômitos e diarréia) apareceram
algumas horas depois do contato com o pó, levando as pessoas a procurar farmácias e
hospitais, sendo medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Os sintomas só foram
caracterizados como contaminação radioativa em 29 de setembro, depois que esposa do dono
do ferro-velho levou parte do aparelho desmontado até a sede da Vigilância Sanitária.
Quatro pessoas morreram. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), além
delas, de 112.800 pessoas que foram monitoradas, 129 apresentaram contaminação corporal
interna e externa. Destas, 49 foram internadas e 21 exigiram tratamento médico intensivo.
A propagação do césio-137 para as casa próximas onde o aparelho foi desmontado se deu por
diversas formas. Merece destaque o fato de o CsCl ser higroscópico, isto é, absorver água da
atmosfera. Isso faz com que ele fique úmido e, assim, passe a aderir com facilidade na pele,
nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos contaminados à boca resulta em
contaminação interna do organismo.
Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 13,4 t de lixo contaminado
com césio-137: roupas, utensílios, plantas, restos de solo e materiais de construção. O lixo do
maior acidente radiológico do mundo está armazenado em cerca de 1.200 caixas, 2.900
tambores e 14 contêines em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, vizinha a
Goiânia, onde deverá ficar pelo menos 180 anos.

Últimas Notícias

Mais 600 pessoas são incluídas na lista de vítimas do acidente com o césio 137.
Quatorze anos depois, o governo de Goiás pretende incluir mais 600 pessoas na lista de
vítimas do acidente com o césio 137. O Ministério Público Estadual afirma que, nos últimos
anos, oito pessoas morreram em conseqüência de doenças provocadas pelo césio. E estas
mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais.
O policial militar Marques Rodrigues foi um dos soldados que trabalharam na segurança da
área contaminada pelo Césio 137. Hoje tem câncer no cérebro e se aposentou por invalidez.
O acidente foi em 1987. O dono de um ferro-velho em Goiânia abriu a cápsula de Césio de
um aparelho de radioterapia. Oficialmente quatro pessoas morreram e 250 foram
contaminadas pelo material radioativo.
Mas desde o acidente, policiais e funcionários que trabalharam no local dizem que também
foram contaminados. "Motorista, mecânico, ajudantes, foram os que mais trabalharam, mais
sofreram. Já morreram algum de câncer", diz o funcionário Mario Rodrigues, funcionário
aposentado.
Em março de 2001 o Ministério Público instaurou inquérito para apurar as denúncias.
Funcionários que trabalharam na época do acidente prestaram depoimento e fizeram exames.
E 14 anos depois do acidente com o césio 137 surge uma nova lista com nomes de vítimas.
O Ministério Público de Goiás diz que outras 600 pessoas, entre elas o policial Marques

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foram expostas à radiação. E até agora não receberam nenhum tipo de assistência. "São
doenças que começaram a surgir justamente a pós a primeira década. Típico de quem sofreu
irradiação em baixas e médias doses. E nós levantamos até agora oito óbitos", diz o promotor
Marcus Antônio Ferreira.
O promotor mostra o atestado de óbito de um funcionário do estado que trabalhou no local do
acidente. No atestado a causa da morte é insuficiência respiratória. Mas os exames mostram
que ele tinha câncer nos rins e pulmões.
A Superintendência criada pelo governo do estado para acompanhar as vítimas diz que é
difícil relacionar as mortes e as doenças denunciadas agora ao acidente com o césio.
"Nós nunca vamos ter como provar isso. No entanto eu acho que elas devem ser atendidas e
tratadas", acredita Maria Paula Curada, superintendente da Fundação Leide das Neves.
O Estado e o Ministério Público fizeram um acordo para que as novas vítimas, seus filhos e
netos recebam assistência médica e indenização.

 Cidade no centro da Ucrânia onde foi construída uma central nuclear


em meados dos anos setenta, a 110 quilómetros da capital ucraniana
de Kiev.

Em Agosto de 1977, a União Soviética inaugurou o reactor número um de Chernobil.


Um reactor de primeira geração RBMK 1000, que viria a ter alguma falhas. Dois anos depois,
foi activado o reactor dois, com as mesmas características do primeiro, mas mais potente. Em
Junho de 1981, a estação recebeu o seu reactor três, de segunda geração. Em 1985, um grave
acidente nuclear no reactor um diminiu a potência da central em 25 por cento. As autoridades
recusaram a explicar em pormenor o sucedido, mas considera-se que o reactor ficou
danificado.

A 26 Abril de 1986, duas enormes explosões destruíram o reactor central, originando


uma brecha no núcleo de 1000 toneladas, sucedendo-se consecutivas explosões provocadas
pela libertação de vapores escaldantes que quase destruiram toda a central e que espalharam
uma nuvem gigantesca de radições na atmosfera equivalentes a 500 bombas de Hirochima. As
nuvens de isótopos radioactivos resultantes foram detectadas por toda a Europa, desde a
Irlanda à Grécia. Nas imediações de Chernobil, 31 pessoas morreram (todos bombeiros ou
trabalhadores da central nuclear) e 135 000 foram evacuadas temporariamente. Este foi
considerado o pior acidente nuclear civil da história. Estima-se que existirá um número
adicional de mortes de cancro, nos sessenta anos seguintes, na ordem dos 20 000 a 40 000. A
União Soviética tentou ocultar as proporções do acidente. Milhares de soldados construiram,
depois, uma protecção de aço e cimento, denominada sarcófago, para proteger o reactor
destruído.

Em 1991, um incêndio de grandes proporções levou ao encerramento do reactor dois.


A Agência Atómica Internacional inspeccionou a central de Chernobil, em Março de 1994, e
encontrou numerosas deficiências de segurança nos dois reactores ainda em funcionamento. O
sarcófago que sela o que resta do reactor explodido estva a desmoronoar-se. Em 1995, foi
elaborado um protocolo de acordo, entre a Ucrânia e as sete nações mais industrializadas, para
o encerramento de Chernobil, em troca de assistência económica, mas em 1996 a central
continuou activa.

A 25 de Abril de 1996, um erro no transporte de detritos provocou uma ligeira


contaminação no edifício do reactor número três, que partilha com o reactor quatro (destruído
na explosão) um compartimento de depuração da água, pondo mais uma vez em causa as
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condições de segurança da central. Ainda no mesmo mês e dez anos após o acidente, realizou-
se, em Viena, uma conferência internacional a fim de avaliar as consequências do acidente e
as medidas de segurança que foram tomadas. Em Novembro, o reactor um da central foi
encerrado depois de já ter expirado o tempo de duração ideal para o qual tinha sido
construído. Um ano depois, um fundo internacional reuniu 80 mil milhões de contos para
reforçar o sarcófago. Em Novembro de 2000, uma falha de corrente no reactor três levou ao
seu encerramento. Sucederam-se problemas que obrigaram a várias interrupções da
actividade.

As estimativas em final de século indicam que cerca de três milhões de pessoas, enrtre
as quais um milhão de crianças, sofrem de doenças congénitas provocadas pelas radiações.

A Ucrânia comprometeu-se a fechar Chernobil em 2000, em troca de ajuda para


construir duas novas centrais. Consequentemente, cerca de seis mil trabalhadores ficaram
desempregados.

O processo de desmantelamento da central nuclear pode levar pelo menos quarenta


anos, pois é necessário esperar que a radioactividade decresça naturalmente. Tentativas
actuais, para tornar a terra à volta de Chernobil novamente segura para a agricultura, incluem
a raspagem dos 3-4 cm superficiais do solo, que são depois enterrados 45 cm abaixo da
superfície sem perturbar a camada intercalar.

Em Dezembro de 2004 o Diretor da Central Nuclear de Chernobil assegura que risco


de acidentes "continua".

O risco de um acidente ainda "persiste" na usina de Chernobil, advertiu hoje, quarta-


feira, seu diretor, Alexandr Smishliayev, no dia do quarto aniversário do fechamento da
central ucraniana, que em 1986 causou a maior catástrofe nuclear da História.

"As unidades um, dois e três ainda abrigam combustível nuclear. Isto significa que o
funcionamento dos reatores e o risco de acidentes continuam", assegurou Smishliayev, citado
pela agência oficial Itar-Tass.

O diretor de Chernobil anunciou que os trabalhos de reforço do "sarcófago" que


cobrirá a unidade quatro só terminarção em Setembro de 2006.

"O 'sarcófago' deverá garantir a segurança absoluta da unidade e protejê-la de


possíveis danos", acrescentou, antes de dizer que o trabalho no sarcófago da unidade número
dois começará em 2009.

O diretor também demonstrou sua "preocupação" com os atrasos na construção de


unidades de processamento e de um depósito para dejetos nucleares líquidos e sólidos.

A Ucrânia fechou a usina de Chernobil em Dezembro de 2000 em troca de uma ajuda


internacional para a construção de novos reatores nas centrais nucleares de Jmelnitskaya e de
Rivno, também no noroeste do país.

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Em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, as cidades japonesas de
Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas lançadas por aviões
do Exército dos EUA. Mais de 200 mil pessoas foram mortas nos ataques. Quase
seis décadas depois do bombardeio, milhares de pessoas ainda apresentam
seqüelas devido à exposição à radioatividade.
Mais tarde, vários acidentes nucleares foram registrados no mundo. Em março de
1979, a usina americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, foi o local de um
dos piores acidentes nucleares registrados até hoje. O gás responsável pela
refrigeração de um de seus reatores escapou, provocando o derretimento do
núcleo. Embora não haja números oficiais de pessoas mortas ou afetadas pela
radioatividade, sabe-se que houve grande aumento de incidência de câncer e
problemas de tireóide, além de vários outros efeitos negativos sobre todos os tipos
de vida na região.

Um vazamento de água radioativa em uma usina nuclear contaminou 22 pessoas, mas foi
controlado pouco depois, informou nesta terça o governo sul-coreano.

O acidente ocorreu às 19h de ontem (8h em Brasília), quando era feito um conserto numa
bomba de água para resfriamento na usina nuclear de Wolsung, segundo um comunicado do
Ministério de Ciência e Tecnologia. Os 45 litros de água radioativos vazados "não saíram do
edifício. Não afetaram o meio ambiente", acrescentou a declaração.

Entre as pessoas contaminadas estão funcionários da Korea Electric Power Corp., que
administra a usina. As autoridades anunciaram que investigarão o caso.

 Em Tóquio (Japão) - Contaminada por radiação

Um vazamento de radiação ocorrido em uma usina de processamento de urânio contaminou


14 trabalhadores, dois dos quais se encontram em estado crítico, segundo autoridades. A usina
se situa em Tokaimura, a noroeste de Tóquio.
O porta-voz do governo, Hiromu Nonaka, disse que o acidente foi algo "sem precedentes",
mas não deu mais detalhes.
Os níveis de radiação em torno da usina ficaram 10.000 vezes superiores aos normais. A
dois quilômetros do lugar, ainda eram dez vezes maiores que o normal, disse um funcionário
da província de Ibaraki.

 Acidente com carga radioativa

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O acidente ocorrido no dia 22 de dezembro foi mais um evento trágico nas vésperas do
final do ano de 1998. Este acidente foi muito grave, já que levou a vida de duas pessoas.
Porém, se as cápsulas de Irídio 192, que eram transportadas na ocasião fossem rompidas, o
desastre teria sido muito maior.

A contaminação pelo mineral seria tão perigosa quanto a que ocorreu em Goiânia com
o Césio 137.

O veículo acidentado transportava a substância radioativa IRÍDIO 192 mineral usado


em equipamentos de Raios-X, que serve para radiografar soldas industriais.

Apesar da violência da colisão, o material ficou intacto.

As cápsulas, do tamanho de ponta do dedo de uma criança, foram levadas para a


COPESUL, empresa do Pólo Petroquímico que utiliza os serviços da ARCTES.

Os técnicos em radiologia Industrial, Milton Sandri Silva, Leandro Paulo Parizi,


Ademar Kuhn e Paulo Rucks, funcionários da empresa paulista ARCTES - Ensaios não-
destrutivos dirigiam-se do Pólo Petroquímico, em Triunfo a Esteio, num Gol da empresa,
quando colidiram com um Monza dirigido por Orlando Raul Coelho. Policiais que estavam no
local acreditam que o acidente deveu-se a uma tentativa de ultrapassagem do Gol que não foi
concluído.

Fico aqui o alerta do quanto estas substâncias são perigosas, principalmente se forem
mal acondicionadas ou manipuladas por pessoas inexperientes.

 Acidente com Raios-X tumultua Clínica

No dia 27 de abril p.p, um líquido escuro que vazou de um aparelho de raios - x numa
clínica na zona sul de Porto Alegre, tumultuou todo um bairro, pois criou-se uma expectativa
de que o estabelecimento estaria contaminado por radioatividade. Pensava-se que estaria
ocorrendo um acidente igual ao de Goiânia.

Passava pouca mais das 15 horas, quando um caminhão do corpo de bombeiros foi
deslocado para combater um princípio de incêndio num aparelho de exames de RX. Depois de
soltar faíscas, o equipamento sofreu o rompimento de uma mangueira, que esguichou um
líquido quente sobre o paciente, que realizava exames de suspeita de fratura. Atingido no
rosto, o paciente sofreu queimaduras leves e foi imediatamente isolado numa sala. Outros sete
funcionários da clínica também foram impedidos de saírem do prédio, por temor de que
pudessem ter sido atingidos por radioatividade.

Os bombeiros acionados para a tarefa isolaram com cordas e fitas uma área de 50
metros em torno do prédio e interromperam parcialmente o tráfego de veículos numa das
avenidas próximas. Os próprios bombeiros colocaram-se numa espécie de quarentena os
soldados receberam do tenente a ordem de não se afastarem do local, sob hipótese alguma,
para descartar qualquer risco de contaminação a outras pessoas que passavam pela área.

- Quem está dentro não sai! - berrava um dos soldados, que vestia um macacão e
capacete especial, contribuindo para dar ao cenário um ar de filme de ficção científica.

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A tensão chegou ao auge com a chegada de uma ambulância de técnicos da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e de um engenheiro de segurança, representante da Fundação
Estadual de Proteção Ambiental, que carregava um contador Geiger. Foram longos minutos
de espera, com populares se aglomerando nas casas vizinhas, até que o próprio representante
da FEPAM se encarregasse de liberar os bombeiros e dar a boa notícia: não existia vazamento
de radiação.

O engenheiro explicou que os aparelhos de Raios X têm em seu interior uma ampola
que gera energia equivalente a 100 mil volts (alta voltagem). Ela se assemelha a uma
lâmpada, com a diferença de que gera radioatividade e não eletricidade. Um óleo, chamado
ascarel, resfria o equipamento e o isola. Por algum motivo, o equipamento esquentou, entrou
em curto-circuito e provocou a liberação do óleo quente.

- Ele só emite a radiação quando está ligado, por meio de um complicado processo
elétrico. No momento em que ocorreu o curto-circuito, a radiação deixou de existir, ponderou
o engenheiro, cujo contador Geiger não detectou qualquer emissão radioativa no local.

O engenheiro assegurou que este tipo de aparelho não utiliza cápsulas de Césio 137 ou
de outro elemento radioativo qualquer. Esses equipamentos que têm minerais radioativos no
seu interior são de outro tipo, para radioterapia. Existem cerca de 20 destes em Porto Alegre,
contra 200 de Raios X, como dessa clínica.

O paciente atingido pelo óleo foi medicado no Hospital de Pronto Socorro e liberado.
Foi o final feliz de uma tarde de suspense. (Matéria publicada no Jornal Zero Hora, de
28/04/99).

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A descoberta da radioatividade, como muitos dos avanços na ciência e na
tecnologia, deve ser considerada como uma mistura de benção e desgraça para o homem.
Fica cada vez mais claro que nenhum dos “milagres da Ciência Moderna” existe
seu risco. Isso é verdadeiro para remédios, pesticidas, automóveis, aviões, fontes de
radiação feitas pelo homem e incontáveis outros avanços.

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a. Livros: “Coleção Objetivo – Sistema de Métodos de Aprendizagem”
1. autor: Antônio Mário Salles
2. editora: Sol
3. edição: 10º
4. páginas: 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 157, 158
b. Site:

 http://astro.if.ufrgs.br/estrelas/node10.htm 27/08/05 20:15


 http://pt.wikipedia.org/wiki/Chernobil
 http://atomico.no.sapo.pt/02.html 26/08/05 18:56
 http://www.fisica.net/quimica/resumo6.htm 26/08/05 18:47

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