UECE

2011

Manual de Redao

Vicente Jr.

Agradecimentos

Agradeo penhoradamente, aos professores de Redao que leram este manual, ao tempo de sua feitura, para elogiar, anotar, sugerir, criticar, corrigir e, enfim, permitir, com suas chancelas, que o mesmo viesse a pblico. Mais especificamente agradeo: Aos meus mestres Cleano Carvalho e Joo Dionsio, do Colgio Luciano Feijo, pelo estro seguro de seus julgamentos; Ao Prof. Ademar Celednio Jr., da Superviso do Colgio Ari de S Cavalcante, pela gentil acolhida.

Vicente Jr *

* Doutor em Literatura e Cultura (UFPB), Mestre em Literatura Brasileira ( UFC); Especialista em

Educao ( UECE) e Professor de Lngua Portuguesa , com muito orgulho.

Apresentao

Saudao Laboral

Muito oportuno este momento quando chega s mos daqueles que se aventuram pelos caminhos da produo textual um guia consistente e conciso. Este manual de redao, resultado do esforo e do compromisso que seu autor tem com o sucesso do aluno, apresenta-se como uma fonte segura de consulta e, ao mesmo tempo, mostra a todos que REDAO no tem mistrio. Ao abordar os tipos textuais e visitar inmeros gneros, o Prof. Vicente Jr. assegurou ao candidato um meio de atingir seu objetivo na prova de redao do vestibular: um texto aprovvel; alm de tirar da abstrao o assunto GNEROS TEXTUAIS, dando-lhe um tom concreto, atingvel pelo aluno. Com textos modernos e dentro da realidade do candidato, esta obra no se limita a mostrar como se estrutura um texto, e sim se mostra um instrumento valioso de pesquisa atravs do qual pode o candidato, finalmente, descobrir que REDAO no inspirao, trabalho. Acreditamos que UECE-2011, MANUAL DE REDAO, se bem utilizado por professores e alunos, ser um marco no meio acadmico, pois corrige uma deficincia que esse meio TINHA neste quesito: material confivel de pesquisa sobre produo textual. Obrigado, Prof. Vicente Jr. por colocar sua genialidade em favor de nosso interesse em buscar dias melhores! Parabns a todos ns, merecedores do usufruto dessa genialidade

Prof. Cleano Carvalho*

*Prof. de Redao e de Gramtica em colgios e cursinhos de Fortaleza, de Sobral e de Joo Pessoa PB.

Parte I

Algumas palavras sobre Redao

Algumas pessoas tm dvidas quando precisam definir Redao. Ser que Redao contar uma histria? Sim e no. O nome disso mesmo Narrao. Ser que dizer como alguma coisa? Tambm no. Chamamos essa atividade de Descrio. Ento, Redao expor nossas ideias, escrever a nossa opinio sobre algo? Quase, porque o nome disso , de fato, Dissertao. Na verdade, Redao tudo isso e nada disso ao mesmo tempo. Que complicao! Pois bem, como dizia o finado Jack Estripador: Vamos por partes. Redao, apesar da aparente complexidade, o simples ato de escrever, de redigir um texto, qualquer tipo de texto. No importa o tamanho nem por quem foi escrito, se por um professor renomado ou pelo pobre namorado de uma vestibulanda, que mal terminou a nona srie e escreveu, para ela, em um muro: Meu coraso seu, assim, com s. Falando srio. Nada disso importa. Se eles gostam mesmo um do outro, a gramtica que v para o inferno! Tambm no importa com o que o texto foi escrito, a lpis, batom ou carvo, o que vale a mensagem. Isso redao? No. Isso Amor! Mas h diferenas, sim, entre escrever bem e escrever para o vestibular. O texto que escrevemos livremente livre, tambm, das neuroses estruturais, gramaticais e conteudsticas que o vestibular costuma exigir. Por exemplo, uma carta a uma amiga diferente de uma carta para a prefeita de Fortaleza. Dirigindo-se a primeira voc pode comear assim: Tudo bom, migucha!? E ir direto ao ponto: Lembra daquela grana que eu te emprestei? Que tal devolver? Para a prefeita, essa intimidade dispensvel, pois desde o vocativo apropriado, que no facultativo, mas uma regra, voc precisar adequar norma culta tudo o que pretende dizer, com objetividade, clareza, correo e estilo, elementos mximes da boa redao. Escrever bem , pois, escrever com liberdade, com uma s finalidade: comunicar, ou seja, ser entendido e, sempre que possvel, informar, emocionar, convencer... Agora, quando esse texto adquire um formato especfico, com uma finalidade especfica e atributos que sero corrigidos por uma banca examinadora, a Redao passar a ser vista com mais seriedade. Essa a redao do vestibular. Alguns a trataro como um documento; outros, os menos sensveis, como artefato, como uma obra de arte que precisar ter bilaquianamente, no mnimo, duas coisas: Beleza e Verdade, entendidas como Coeso e Coerncia. Os mais centrados, igualmente a ns, entendero o texto que escreveram como um passaporte, um ingresso para a entrada triunfal no Ensino Superior. E, diga-se de passagem, voc j est merecendo. Vicente Jr.

Experimentao

Dependendo da proposta que dever seguir e do formato que possa vir a ter, o texto obedecer a dois tipos de experimentao. a) Experimentao acadmica Abrange todos os textos sobre os quais precisamos de orientao para aprender e para fazer. Por exemplo: resenha, artigo de opinio, monografia, nota de enciclopdia, ensaio, tese de doutoramento etc. b) Experimentao social Abrange todo tipo de texto com o qual nos deparamos em nosso cotidiano; textos que no precisamos sentar nos bancos das escolas para aprender. So textos simples que fazem parte do nosso dia a dia. Por exemplo: bilhete, carta, receita, panfleto, anncio etc. A escolha Alguns candidatos no conseguem uma boa nota porque no sabem diferenciar coisas elementares na hora da escolha da proposta a ser desenvolvida. Escolher mal a proposta colocar em xeque a sua aprovao. Essa boa escolha tem a ver com as noes bsicas de: Tema - Assunto de que tratar o seu texto. Proposta Narrativa, Descritiva, Injuntiva, Dissertativa, Conversacional (dilogo) ou Hbrida (como um panfleto, que mistura descrio do produto com a persuaso do texto argumentativo). Normalmente as propostas so numeradas de 1 a 3. Ttulo - Espcie de batismo de um texto. Rtulo especial que damos quilo que escrevemos. Na maioria dos vestibulares algo dispensvel. Ex.: Em uma redao que trate de suas aventuras durante o recesso escolar de julho, o tema frias, mas o ttulo voc precisaria escolher. Minhas Frias muito batido, ou seja, um clich, pense em outro. Formato A partir da tipologia textual, do seu aspecto genrico, o modelo especfico de narrao (conto, crnica, fbula, aplogo, parbola, alegoria etc.) de dissertao (verbete, ensaio, editorial etc.) ou argumentao (artigo, carta argumentativa etc.), por exemplo. Obs.: A carta o mais verstil de todos os textos, pois, alm de ser feita sobre qualquer tema, pode ser enquadrada em qualquer proposta.

Tipologia Textual

TIPOS - Designam uma seqncia definida pela natureza lingstica de sua composio. So observados aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais, relaes lgicas. (MARCUSCHI) GNEROS - So os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam caractersticas scio-comunicativas definidas por seu estilo, funo, composio, contedo e canal. (MARCUSCHI ) Alargando as noes j existentes e considerando, prioritariamente, o seu teor redacional, a propriedade escrita, pois ao que Marcuschi chama de gnero denominaremos modelo, os textos podem ter a seguinte tipologia e os modelos sugeridos. 1 - Narrativo Texto que narra um fato ou episdio, que conta uma histria. Ex. conto, crnica, relato, fbula, aplogo, carta etc. 2 - Descritivo Texto que diz como , de forma objetiva ou subjetiva, um lugar, uma pessoa, um animal, um objeto ou mesmo uma abstrao. Ex. descrio de pessoa, de lugar, de animais ou de objeto. 3 - Dissertativo ou Expositivo Texto que expe ou evidencia conhecimento. No necessariamente uma discusso ou ponto de vista, mas a expressividade quanto ao domnio de determinado assunto. Ex. dissertao, nota de enciclopdia, verbete, prefcio, carta etc. 4 Argumentativo Texto crtico que exprime ponto de vista defendido por argumentos. Ex. artigo, resenha, argumentativa etc. parecer crtico, crnica argumentativa, carta

5 Potico Texto subjetivo, metafrico, de sentido amplo. Ex. soneto, ode, balada, elegia, cantiga, carta etc.

Obs. O alto grau de subjetividade desse texto contrape-se objetividade dos vestibulares, Por isso, tem sido evitado pelas bancas. 6 - Conversacional ou Dialogal o texto que se estrutura a partir de um dilogo e de interlocues. Ex. entrevista, pea de teatro, roteiro cinematogrfico, carta etc. Obs. Os vestibulares cearenses no costumam cobrar este tipo de texto. Os dilogos s aparecem dentro da Narrao e feitos com muito cuidado. De qualquer forma, o candidato deve prevenir-se. 7 - Texto Injuntivo o texto que instrui, que orienta, que dita norma ou procedimento. Por isso, os verbos no imperativo, que ordenam ou sugerem, lhes so caractersticos. Possui dois tipos: instrucional e prescritivo. Tambm podem ser tomados como hbridos.

a) Instrucional: quando a orientao dada no coercitiva, no necessariamente uma ordem, mas uma sugesto ou um conselho. Ex: a) o contedo ou os recados de um livro de auto-ajuda; b) o manual de instrues de um aparelho eletroeletrnico; c) o cdigo de conduta quanto higiene; d) a receita de um bolo; e) a receita para passar no vestibular. b) Prescritivo: quando a orientao uma imposio, uma ordem mesmo. Ex: a) a bula de um remdio ou a receita de um mdico ao seu paciente; b) a Constituio Federal ou mesmo o Cdigo Penal; c) os textos da Gramtica Normativa da Lngua Portuguesa; d) os manuais de guerrilha e os regulamentos militares; d) as clusulas prescritivas de um contrato de locao ou servio; e) as exigncias de um edital, no caso de concursos pblicos; f) o cdigo de tica dos senadores e deputados ( por incrvel que parea). 8 - Texto Preditivo o texto que tem como objetivo predizer, adivinhar, supor etc. Ex. previso, profecia, horscopo, carta etc. 9 - Texto Hbrido o texto que pode comportar em sua estrutura, ao mesmo tempo, outros gneros e tipos textuais.

Ex. crnica argumentativa ( uma dissertao, mas permite argumentao e breve narrao dos fatos); verbete. ( dissertativo, por ser uma definio, mas, por caracterizar algo, tambm descreve); carta argumentativa; crnica policial etc. A Redao da UECE Para a Universidade Estadual do Cear (UECE), que possui, em nossa opinio, uma das melhores provas de lngua portuguesa do pas, a prova de redao tambm importantssima. Atualmente um vestibular em duas fases em que a prova de redao vale muito para classificar os candidatos em seus respectivos cursos. Resumindo, o formalismo e o tradicionalismo do vestibular da UFC valem, em menor grau, para a UECE. Detalhes 1. Normalmente, vale 60 pontos; 2. Apresentava, geralmente, uma nica proposta, o que nos parecia ditatorial e nada democrtico, mas a Comisso finalmente vem entendendo a conotao negativa dessa postura e passou a desdobrar a proposta em subtemas, como foi a redao sobre tica (2000.2). Esperamos que continue agindo assim; 3. Aspectos conteudsticos e formais so igualmente avaliados; 4. O nmero de linhas gira entre 20 e 25; 5. Cada linha no escrita ocasiona a perda de 3,5 pontos; 6. Erros de Texto valem 3,0 pontos e erros de Gramtica valem 1,5; 7. Redao em branco, ilegvel, fora do tema ou do gnero pedido implicar nota ZERO; 8. Redao feita a lpis tambm implicar nota ZERO; 9. No permite o texto potico; 10. Pode vir a cobrar o texto Conversacional ou Dialogal; 11. Quanto correo, mesmo no diferindo muito das outras universidades, pode-se dizer que a UECE mais flexvel, ou seja, d ao candidato uma maior liberdade para se expressar. Tanto que alguns erros como a confuso entre os vocbulos porque e porqu que chega a constituir um equvoco no domnio das classes de palavras ( conjuno e substantivo ) ou seja, um erro de gramtica, tende a ser encarada como um erro apenas de escrita.

IMPORTANTE!!!!!!!!!!!!! Guarde esta frase. Quem escreve bem, escreve em qualquer lugar. Por isso, nunca devemos ter medo deste ou daquele vestibular. Mudam os temas, muda o nmero de linhas, mudam a cidade e a cadeira em que voc est sentado, mas o seu talento no muda, e, se mudar, ser sempre para melhor graas sua experincia de vida. Em suma, quem aprendeu a escrever bem, ou seja, a escrever para a UFC, quando havia uma rigidez jesutica, faz vestibular em qualquer lugar do Brasil.

Com a palavra os professores

A primeira coisa que observo, na hora de corrigir uma redao, sua esttica. Isso mesmo. Vejo se um texto limpo, sem rasuras, bem escrito. A letra no um fator primordial, j que as idias so o mais importante. Mas, gente de letra microscpica, gente de letra em forma de garranchos no me sugere algum que esteja realmente preocupado com o texto que est produzindo. A produo textual requer adequao, objetividade, ateno e zelo. UECE Quando corrijo uma narrao, me preocupo com a gramtica do candidato como todo mundo faz, mas, sem dvida alguma, se for um texto criativo, com aquele toque de genialidade prprio de um escritor nato, dificilmente darei uma nota baixa para essa pessoa... UNICAMP Na realidade, por sabermos que o ensino brasileiro cheio de falhas, no corrigimos redaes esperando encontrar grandes prosadores, grandes contistas. O que acontece que o vestibular um concurso, e a banca examinadora existe para classificar os melhores e desclassificar os que no atingirem o padro exigido pelo certame. UFRJ Nossa atividade bastante complicada, pois avaliar uma pessoa, seu potencial, a partir da produo de texto, no brincadeira. Ainda bem que no temos acesso identificao dos candidatos e nem eles nossa. UVA O uso da Gramtica Tradicional, to discutido entre ns, professores, to rechaado pelos falantes comuns ( o povo ), no vestibular, uma realidade. bom que o candidato domine ao menos os conceitos mais bsicos de concordncia, regncia, crase, topologia pronominal, classes de palavras, sinonmia... enfim, preciso que ele saiba um pouco sobre as partes que sustentam o ensino de lngua portuguesa: morfologia, sintaxe e semntica. UFC Na hora de um desempate, ns vamos ver, realmente, quem escreve melhor, ou seja, vamos ver quem tem algo de bom pra nos dizer. Resumindo, vamos ver quem tem alguma coisa na cabea. Perdoe a expresso, mas falo desta maneira porque aparece cada texto escabroso no vestibular... quem corrige sabe muito bem disso. UNIFOR

Nosso lema tirar do aluno o que ele pode nos dar, e no, exigir dele o que no tem. Melhor ainda, precisamos, no ensino superior, de alunos que tenham boas idias, que sejam inteligentes o suficiente para colaborar com a sociedade e com o desenvolvimento do pas, se a escrita deles no for muito boa, cuidaremos disso depois. FUVEST No gosto de faculdades que utilizam apenas uma proposta porque acabam por cercear o direito de escolha por parte do candidato. Tem gente que acha que isso reduz as possibilidades de o candidato fugir ao tema proposto. Eu no acredito nisso. UFC Em nossa correo, ser dada, seguramente, a devida importncia gramtica e forma, mas esses no so os maiores critrios porque nossa inteno no procurar por alunos inteligentssimos para colocar na faculdade, mas transformar mentes comuns em seres brilhantes, segundo o desempenho e a fora de vontade de cada um. UFC Fiz reviso de prova este ano (...) percebi corretores de mo mais leve na forma e mais atentos ao contedo. Ainda h equvocos, mas muito do que se diz da UFC mito. ASC

Parte II

Textos plausveis Os textos que sero lidos a partir de agora so considerados plausveis, ou seja, no representam a Redao 10, o texto impecvel, mas textos bons, em conformidade com o que foi pedido na proposta. So textos produzidos por vestibulandos de Fortaleza e de Sobral, que fizeram ou faro o vestibular da UFC. So textos aceitveis quanto estrutura e quanto ao contedo, mas que, s vezes, apresentam problemas gramaticais, erros comuns a quem no tem o costume de escrever, mas que devem servir principalmente para a nossa reflexo. Em virtude disso, os autores concordaram em ceder gentilmente seus textos com a condio mnima de que lhes fosse preservado o anonimato. Assim foi feito. A todos os autores o nosso muito obrigado. Aos vestibulandos ... bom proveito!

. 1. Anncio Texto publicitrio, persuasivo, de algum que oferece ou procura produto ou servio. A propaganda e o anncio objetivam apresentar, de forma rpida, produtos, servios, idias ou informaes. Caractersticas

Linguagem dialgica; Persuasivo; Dissertativo e Descritivo.

Proposta: Uma Instituio de Ensino Superior (IES) chegou sua cidade e procura professores para o seu quadro de docentes. Faa esse anncio.

Procura-se um mestre! Senhoras e senhores, Instituio de Ensino Superior (IES), recm instalada nesta cidade, procura para admisso imediata um profissional com os seguintes requisitos: disposio, competncia, sabedoria, dignidade, magnitude, humildade e altrusmo, para desenvolvimento paulatino de atividades ligadas s relaes humanas. O referido profissional deve ser no apenas um professor ou professador do magistrio, mas um mestre, na acepo mais ampla do termo, pois no nos basta algum com ttulo de mestrado, embora no seja to comum professores com este gabarito. O Mestre que procuramos , na verdade, o oposto de um simples professor, pessoa fugaz, que desaparece de nossas vidas com o tempo. Um professor d aulas; um mestre proporciona encontros agradveis com o saber. Um professor passa tarefas e faz chamada; um mestre recebe trabalhos voluntrios e faz com que os alunos, mesmo os mais distantes, estejam sempre ao lado dele. Um professor uma pessoa que ocupa uma sala cheia de alunos; um mestre algum muito especial que ocupa um lugar no mundo e, em vez de alunos, tem discpulos. Se voc, senhor ou senhora, de alguma forma, obedece a esses critrios e possui tais requisitos, entre em contato conosco, imediatamente, e tenha um lugar garantido no mundo dos que existem para sempre.

Obs. O anncio tambm pode ser feito com a pessoa buscando o emprego, ou seja, oferecendo-se para determinada funo. Ex. Sou formado em Direito pela Universidade Federal do Cear (UFC), com especializao em Direito Martimo e Segurana do Trabalho. Ao longo de minha graduao, fiz cursos especficos como...

2. Apresentao ou Prefcio Texto que tem por finalidade, na abertura de um livro, fazer a apresentao de um autor e sua obra. Misto de biografia e resenha o prefcio escrito por terceiros ou pelo prprio autor, referindo-se ao tema abordado no livro e, normalmente, traz comentrios elogiosos sobre a estrutura e sobre o contedo da obra. Caractersticas Escrito em 1 ou 3. pessoa; Aborda-se rapidamente o autor e sua obra; Faz-se uma anlise superficial do texto a ser lido; Destaca normalmente os aspectos positivos da obra.

Proposta: A Universidade Federal do Cear (UFC) no costuma utilizar prefcios em suas obras. Dessa vez a UFC quer que voc faa a apresentao de cada autor. Escreva um prefcio para o livro O mundo de Flora. Prefcio Angela Mota Rosas de Gutierrez professora efetiva da Universidade Federal do Cear (UFC) e ex-coordenadora do Instituto de Arte e Cultura (ICA) dessa mesma instituio. Desde a infncia, dedica-se ao ofcio de escrever, mesmo que suas publicaes sejam recentes. Escreveu romances, contos e poesias, dentre os quais se destaca o livro O mundo de Flora, romance singular da Literatura Cearense. Em O mundo de Flora, Angela Gutierrez apresenta a histria de Flora, uma mulher de 33 anos, que est doente, vai morrer e precisa passar a vida a limpo antes que o marido chegue e nada mais faa sentido. Num espao de seis horas, ela nos conta toda a sua vida, a infncia no casaro do av, a adolescncia e a fase adulta na cidade de Fortaleza, no Centro ou em Matosinhos, lugares de sua predileo. um romance de memrias, mas, como toda obra ps-modernista, um rico laboratrio onde se pode perceber a influncia dos grandes nomes da literatura brasileira, de Machado de Assis a Monteiro Lobato; de Lima Barreto a Guimares Rosa. Sua linguagem, no entanto, a mais prxima possvel do leitor, pois uma de suas propostas este vnculo, o pacto silencioso entre quem escreve e quem l. Segundo os crticos, O mundo de Flora a sua maior realizao, um romance inovador, tanto no aspecto formal quanto no conteudstico. Prosadora talentosa, Angela nos faz um convite viagem fantstica da Literatura, tendo como guia uma menina-mulher surpreendente. Obs. H uma diferena entre Prefcio e Prlogo. Nesse ltimo, o que apresentando o contedo da obra no sentido ficcional. O texto inicial de Milton Dias explicando o ttulo Entre a boca da noite e a madrugada um prlogo, no um prefcio.

3. Aplogo Aplogo uma narrativa breve que busca ilustrar lies de sabedoria ou de tica, atravs do uso de personalidades de ndole diversa, imaginrias ou reais, normalmente objetos, que podem ser animadas e/ou inanimadas. Caractersticas Objetos personificados; Fundo moral; Dilogos. Proposta: Escreva uma narrativa breve em que objetos, em uma sala de aula, conversem sobre os alunos. O quadro, a caneta e o papel Texto narrativo; Personificao de objetos; aula qualquer, em um colgio que no importa dizer o nome, uma caneta, Depois Lio de deuma moral; esquecida no cho, lamentava a sua sorte a um imponente quadro branco. Linguagemnoormal; Ah... senhor quadro, nada me di mais que a ingratido. Veja o que so estas crianas. Feito, normalmente, em 3. pessoa. Ex. A agulha e a linha/ A xcara e o Usam-nos a tempo e a hora e, depois, quando no somos mais teis, deixam-nos em qualquer bule. lugar, esquecem-nos ou, o que pior, jogam-nos fora sem a menor piedade. No se lembram esses ingratos que, desde os primeiro anos de suas vidas, ns os acompanhamos, desenhando, Texto em suas mos relapsas, os primeiros barquinhos, as primeiras letras, os primeiros coraes... Vendo a caneta to chorosa, o quadro no sabia o que dizer para anim-la. Resolveu falar de si, de sua filosofia de vida. Pois eu, minha querida, a mim pouco me importa o que fazem, como fazem ou para que fazem. Cumpro a minha misso e pronto. Minha tarefa: ser branco, para melhor refletir as letras. Fao-o sem discutir. Fico o tempo todo em silncio para no atrapalhar a aula. No digo nem que sim nem que no. Precisam de mim, e eu aqui estou. Tenho conscincia de que alguns me maltratam, me chutam e escrevem em mim coisas obscenas, mas... fazer o qu? So ossos do oficio, como bem dizem os professores. No meu silncio, penso no futuro das escolas e temo pelos novos quadros que viro. A caneta, parecendo pior que antes, redargiu: Meu grande problema que eu no consigo ficar indiferente, muito menos calada, em relao s injustias. Vejo acomodao e mgoa em suas palavras, senhor quadro, mas no me sinto vontade para censur-lo. No fundo, talvez o senhor tenha razo... Nesse instante, passou voando, em direo porta, uma folha de papel. Com voz sumida, disse o seguinte, enquanto o vento permitia: Nunca devemos reclamar da vida que temos por ach-la ruim ou indigna. Lembremos sempre que, em algum lugar, s vezes perto de ns, h sempre algum em condio pior. Eu, por exemplo, fui Carta de Descobrimento, Tratado de Tordesilhas, Teoria da Relatividade, Bilhete de Suicida, Certido de Nascimento, Boletim de Notas, Soneto de Fidelidade... j fui at a Bblia... Agora, o vento me leva, e eu nem sei aonde vou parar... Espero que no seja no banheiii... A ltima frase no foi mais ouvida. O silncio reinou na sala. O quadro e a caneta, se cabea tivessem, estariam com ela abaixada, pensando... Obs. Bem parecido com a fbula, que traz a personificao de animais, em sua estrutura, o aplogo um tipo de narrativa que personifica objetos, transformando-os em personagens reais de uma lio de moral dada ao homem.

4. Artigo O artigo de opinio um texto crtico fundamentado em impresses pessoais do seu autor e, por isso, precisa de argumentos comprobatrios. O artigo deve expressar opinio coerente sobre tema da atualidade. Caractersticas persuasivo, pois tem a ver com opinies pessoais, a tese ou idia base; Desenvolve-se a partir de exemplificaes, estatsticas, eventos etc.; H trs boas maneiras de iniciar um artigo: lanando uma tese, ambientando os fatos e dando uma definio do assunto.

Proposta: Escreva um artigo sobre a atitude do bispo de Olinda e Recife que excomungou um mdico por ter feito um aborto em uma menina de nove anos. O que mereceria um profissional da Sade, no apenas por ter feito bem o seu trabalho, mas por salvar, da humilhao pblica e de graves seqelas emocionais, uma menina de nove anos que fora estuprada pelo padrasto? Em qualquer outro lugar, uma medalha ou, no mnimo, congratulaes. Mas em um pas como o nosso, em que os valores so sempre deturpados, esse bom samaritano foi excomungado pela Igreja Catlica. Na verdade, foram punidos com a excomunho, uma punio muito grave para os catlicos, todos os envolvidos no caso, sendo poupados apenas o estuprador. Para a Igreja, o estupro cometido contra uma criana de nove anos, uma ''de menor'', como disse o Sr. Bispo, em pssimo portugus eclesistico, um crime tambm menor e, por isso, optou por deixar o padrasto fora da excomunho. O que se percebe, que se continuar sendo comandada, ou simplesmente gerida, por gente obtusa como o bispo de Olinda e Recife, Jos Cardoso Sobrinho, a Igreja Catlica, que j tem no seu enodoado currculo a Inquisio e outras perversidades, como as j freqentes acusaes de pedofilia, perder cada vez mais o respeito e a voz diante da sociedade. O que mais admira pensar que essa mesma Arquidiocese de Olinda e Recife j foi ocupada por um homem justo como dom Hlder Cmara, o bispo que, nos tempos mais sombrios da Ditadura Militar, arriscava a prpria vida para salvar a vida dos outros. Era mesmo uma outra poca, um tempo em que, na Igreja, ainda havia homens. Obs. O artigo de opinio tem uma estrutura bsica: 1)Introduo (1. Pargrafo: lana-se uma tese); 2)Desenvolvimento (2. e 3. pargrafos so trabalhados os argumentos ( estatsticos, histricos e comparativos so os melhores); 3)Concluso ( 4. Pargrafo no qual reafirmamos o nosso ponto de vista).

5. Bula A palavra bula vem do latim e quer dizer selo, oval ou circular, com o nome ou imagem de seu dono, e que usado em documentos oficiais. Como abria textos de aconselhamento migrou do Vaticano para a Medicina e a Farmcia. composta por vrios tpicos e, com teor cientfico, apresenta prescrio sobre regras de conduta ou informaes importantes sobre um medicamento. Caractersticas Texto tcnico-cientfico adaptado ao vestibular; Vocabulrio especfico; Dividida em tpicos; Quando em prosa, lida com abstraes;

Proposta: Segundo a Unesco, O Brasil um dos paises mais corruptos do mundo. Com vistas a esse problema, crie um remdio para acabar com a corrupo.

Honestil Honestil est indicado para a desonestidade e a corrupo, sintomticas ou assintomticas, ativas ou passivas, tanto na mulher quanto no homem. O uso desse medicamento est contra-indicado, obviamente, em crianas de 0 (zero) a 12 anos, perodo em que a malcia e a desonestidade no se manifestam, pois, ao que se sabe, as crianas so seres de alma e mente puras que no esto livres de serem corrompidas, mas que no nascem propensos corrupo. Enquanto durar o tratamento, o paciente no poder ingerir bebida alcolica nem entrar em contato com polticos que foram cassados ou que figuram em alguma lista de crimes contra a populao. Deve evitar, tambm, o contato com dinheiro, cartes de crdito, tales de cheque ou quaisquer objetos de valor. possvel que, durante os primeiros dias, o paciente, normalmente os polticos, procure desfazer-se de todos os bens materiais. Deixe que o faa, pois isso decorrente do grande complexo de culpa que h muito o acompanha. Em casos de desonestidade aguda, so aconselhadas duas cpsulas, a seco, de hora em hora. Para a corrupo, o ideal uma cpsula, tambm a seco, a cada trinta minutos. A embalagem contm dez tabletes com cinco cpsulas cada. Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance de crianas. Obs. Na UECE a bula no deve seguir a estrutura especifica encontrada nos medicamentos, apenas sugerir o procedimento. Por exemplo, no texto acima, o nome do remdio Honestil no prova seu conhecimento de Qumica, mas um exemplo ruim de neologismo.

6. Campanha Texto que orienta uma coletividade sobre campanha ou idia, pedindo-lhe colaborao e engajamento. Caractersticas Uso da funo referencial (informativa); Verbos no indicativo e no imperativo; Prescritivo e argumentativo;

Proposta: Em tempos de Gripe Suna, elabore uma campanha publicitria em prol do uso de mscaras para a diminuio do contgio.

Mscara sim! Gripe no! A Gripe Suna mata. Evitar mais mortes a base de nossa campanha. Essa enfermidade chegou ao Brasil e ningum sabe quando ser erradicada. O surto que comeou como epidemia agora atinge o mundo inteiro, o que preocupa imediatamente os rgos de sade de todas as naes, pois nem todos esto preparados para uma doena de to graves propores. preciso agir logo. O nmero de infectados continua crescendo e o nmero de bitos tambm. Se no fizermos nada para ao menos diminuir o avano dessa famigerada doena, as conseqncias sero cada vez piores, uma vez que o vrus Influenza A ( H1N1) est sofrendo mutaes e preocupando os infectologistas. Por isso, o uso das mscaras aconselhado pelos mdicos e deve ser seguido. Para quem no leva a srio s lembrar que mais uma questo de tica que de esttica. Devemos, principalmente, mudar a nossa conduta e, seguramente, alterar nossas rotinas para que, finalmente, a doena seja contida. Basta que, a partir de agora, preocupemo-nos com pequenos detalhes aos quais no dvamos importncia como evitar aglomeraes e ambientes abafados. Tambm devemos proteger, com mscaras, as crianas, as gestantes e os idosos, pois sua imunidade mais baixa, o que os deixa bastante vulnerveis. Individualmente, devemos lavar mais as mos sempre que cumprimentarmos algum e toda vez que chegarmos em casa. As mscaras protegem do primeiro contato com o vrus, em caso de espirros e tosses, mas seu uso deve ser reforado com outras condutas preventivas as quais devemos sempre seguir. Usemos a mscara. Ela pode salvar nossas vidas.

Obs. A Campanha apresenta uma estrutura pouco varivel: faz-se a definio da campanha; diz-se em que se baseia, esclarecendo objetivos e reforando o que o leitor deve fazer para participar.

7. Carta Texto dos mais versteis, a carta de cunho social aquela que utilizamos para estabelecer contato com pessoas de nosso convvio ( amigos, parentes, namorada, namorado etc.). Por ser mais informal que a correspondncia oficial e comercial, no segue modelos engessados, caracterizando-se pela linguagem coloquial. Caractersticas Obedece a uma estrutura (local, data, vocativo, saudao, termo de fechamento, que so elementos mveis do texto, excetuando-se o vocativo, que serve para alinhar os pargrafos); Linguagem de acordo com o destinatrio; Interlocuo e dialogismo.
Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1891. Querida, Desde o dia em que deixei Ipuaba, j l se vo dois anos que no vejo seu rosto angelical e seu sorriso de flor. Sei que, de certa forma, voc no deveria sequer dar ateno a estas palavras, mas saiba que, se lhe escrevo, assim, a desoras porque algo de muito importante lhe tenho a dizer. Quando sa de sua pequena cidade, sem ao mesmo olhar para trs, fi-lo de caso pensando, com propsitos indecentes que s o meu ego de homem envaidecido capaz de mensurar. Mas, quando aqui cheguei, empolgado com a vida mundana das urbes, nem mesmo o mais romntico dos poetas seria capaz de adivinhar o que havia no meu corao: um sentimento estranho, de perda, semelhante a uma planta que crescia avidamente e tirava a minha respirao. Uma erva daninha no teria tanta fora e no me faria tanto mal. Era o amor; o mesmo amor que me tomava o peito quando escrevi os poemas do livro Pingentes, e digo-lhe que a dor era a mesma se no pior. Estranhamente, o que me faria mal salvoume. Um no sei qu que vinha no sei de onde, e uma dor que doa no sei por qu. E em ser assim, to dolorido, este sentimento s poderia me levar a um entendimento: amo voc com todas as foras de meu pobre corao, pois sou refm de seus olhos, de seu cheiro e de sua ateno. Posto isso, com o meu amor s claras, retornarei Ipuaba para buscar-lhe, para tirar voc no apenas da solido, mas desse lugar atrasado com o qual nunca simpatizei, pois sempre fui um praciano, avesso pequenez das mentes tortas. Casaremos em Fortaleza, mas, sempre que for possvel iremos Varjota, lugar ideal do nosso amor. Meu nico medo que a Natureza, caprichosa, no lhe deixe mais sair de l, confundindo-lhe com as flores do lugar. Um beijo carinhoso do seu noivo,

Obs. Vale lembrar que, na carta, a linguagem varia de acordo com o destinatrio e com o assunto tratado, por exemplo, uma carta para um amigo diferente de uma carta para o Presidente Lula. No vestibular, comum escrever para as mais diversas autoridades.

8. Carta aberta Texto que manifesta a opinio de uma pessoa ou grupo (entidade, sindicato) diante de uma questo de interesse coletivo. Serve para alertar, conscientizar, responsabilizar, denunciar, mobilizar os leitores de forma que se busque soluo para um problema. um texto persuasivo e argumentativo. Caractersticas Denncia do problema; Argumentao; Conclamao. Proposta: De forma geral, o Magistrio vem sendo desvalorizado em nosso Pas. Escreva uma carta aberta aos professores de seu estado por ocasio do Dia dos Professores. Carta aberta aos professores do Cear Amigos, O Dia dos Professores , de fato, uma das datas mais importantes do nosso calendrio. Avultam nos jornais e na mdia televisiva homenagens de toda sorte. Mas de que nos vale comemorar quando no sabemos ou no temos mesmo motivos para festa? Como podemos comemorar se a vida que levamos sequer nos d tempo para isso? Falta o devido reconhecimento ao magistrio, seja ele de nvel fundamental, bsico, mdio ou superior. Os anos de dedicao que votamos educao dos filhos dos outros, normalmente, faltam para os nossos prprios filhos. As tias do fundamental, por exemplo, esto mais para babs que para professoras. E elas no pediram para fazer isso. No Ensino Mdio, os alunos desconhecem o papel importante do professor, negam-lhe a autoridade e ironizam o seu parco salrio. Mas, apesar de tudo isto, no desistimos, insistimos em nossa profisso e fazemos o nosso trabalho, oficio ou vocao, com a mesma severidade de um pai que quer o melhor para seus filhos, permitindo-lhes sonhar... E se algum deles ascende na vida, dificilmente volta escola de onde saiu para rever o velho quadro, a cadeira onde sentou, o bebedouro enferrujado, o balano quebrado no ptio ou o velho professor, mais uma das coisas que ele deixou para trs. Rapidamente, o professor memria, histria de uma cultura material. Como podemos comemorar se aqueles que hoje exercem o poder nesse pas, no conseguem lembrar do dia em que, timidamente, levantavam a mo e perguntavam se podiam perguntar algo ou simplesmente ir ao banheiro. Esqueceram, depois que viraram senadores, deputados e vereadores, que: se hoje assinam seus nomes em papis importantes do governo, devem tudo isso ao professor que um dia lhes ensinou as primeiras letras. Antes, tivessem continuado analfabetos. Fortaleza, 15 de maro de 2009.
Obs. Normalmente, a Carta aberta traz, ao final, as assinaturas das pessoas que concordam com aquela postura. Na UECE, para evitar identificao, isso dispensvel.

9. Carta de leitor
Texto crtico que tem por objetivo elogiar, sugerir, responder ou criticar matria j publicada em jornal ou revista. Os comentrios podem ser quanto ao contedo ou mesmo quanto linguagem utilizada no texto primeiro. Caractersticas Estrutura diferente da carta simples; Referncia ao texto motivador da carta; Tambm no deve ser assinada. Proposta: Com base no texto da Revista Veja, de 30/09/2009, que ironizava Sobral e Cid Gomes, escreva uma carta de leitor posicionando-se sobre a matria lida. United interesses of de quem? Na VEJA, de 30 de setembro, uma matria muito curiosa chamou-me bastante a ateno. Com o irnico ttulo de The United States of Sobral, o jornalista Leonardo Coutinho apontava para a megalomania do governador Cid Ferreira Gomes que, desde os tempos em que era prefeito da cidade de Sobral, na zona norte do estado, j tentava fazer de sua pequena provncia um tipo de imitao do modo de vida americano, por introduzir o beisebol nas escolas, comprar school buses para transportar alunos, apoiar um centro hpico e implementar o ingls no ensino fundamental. O texto deveras oportuno, principalmente em um momento em que o nosso pas passa por um surto de megalomania coletiva, com o Pr-sal, a Copa do Mundo, os Jogos Olmpicos, de uma forma que s foi vista nos tempos contraditrios de Juscelino e Mdici. Mas, como a anlise parcial e obscurecida de um profissional inglrio pode estar a servio do Jornalismo responsvel, quando o sensacionalismo pernicioso, em tempos de poltica, permeia-lhe a dubiedade do discurso? O que acontece em Sobral pode ser comentado por qualquer individuo portador ou no de diploma de jornalista, mas s pode ser entendido quando o que dito vem respaldado pelo saber de uma cultura e de uma longa trajetria, pois a histria do povo sobralense uma histria de distino que j se pode perceber no nome: Vila Distinta e Real de Sobral, por decreto monrquico de 05 de julho de 1773. Como as festividades comeavam na noite do dia 04, a comparao com a festa americana, ao longo dos tempos, foi inevitvel. Posto isso, o que o equivocado jornalista chama de megalomania, nas terras ao norte da belle epoque estagnada, recebe o nome simptico de sobralidade, entendido por gente realmente esclarecida como tradio, exatamente o que falta hoje maioria dos dirios associados. Sobral nasceu na distino e no cosmopolitismo de seus idealizadores, e nisso no diferia de Fortaleza ou do Rio de Janeiro do sculo XIX, qualquer historiador sabe disso, alguns jornalistas no. Quanto aos school buses, se o distinto jornalista precisasse ir escola debaixo de um sol de 40, saberia bem para que eles servem; se conhecesse o Centro de Lnguas teria escrito base ball sem medo, ao contrrio do que fez na matria. Quanto ao referido esporte e, particularmente quanto ao hipismo, uma tradio sertaneja desde o sculo XVIII, o senhor Leonardo Coutinho deveria perceber que prefervel a prtica desses esportes americanizados imitao de circo dos sinais da nossa metrpole. Oportuno, ento, saber a quem interessa esse tipo de matria, que mais parece endereada ao presidencialismo de um irmo que s excentricidades cosmopolitas do outro. E esse tipo de mensagem subliminar at quem no tem curiosidade consegue perceber. Um sobralense (Sobral: 05/10/2010)

Obs. Sobre a estrutura, especificamente quanto a local e data, a UECE aceita que seja como na carta simples, pois a edio do jornal quem formata a carta do leitor.

10. Crnica argumentativa Texto de cunho dissertativo, mas que permite, de forma moderada, pequenas snteses narrativas. A crnica argumentativa tem por finalidade a discusso de um determinado tema polmico da atualidade. Caractersticas Anlise inclusiva de fato do cotidiano (uso da 1. pessoa); No um texto narrativo; Argumentao.

Proposta: Escreva uma carta argumentativa sobre a violncia em Fortaleza enfocando, principalmente, o assassinato da estudante Ndia Brito, da Universidade Estadual do Cear. Morte na faculdade Todos os dias, quando acordo e vou padaria da esquina tomar um caf ou mesmo quando vou a uma banca de revistas ler o jornal do dia, sei que estou exposto a todo tipo de desgraa. Posso morrer tomando um caf, lendo um jornal ou mesmo esperando um nibus, como aconteceu com a jovem Ndia Brito, semana passada, em frente UECE. A todo instante, um novo crime: uma saidinha, um estelionato, um assalto a banco, um homicdio, um estupro, uma briga de torcida. E tudo isso porque estamos em Fortaleza, atualmente, a quinta maior capital do Brasil. O crescimento exagerado de nossa cidade trouxe tambm o aumento da criminalidade, como se fosse este o preo a pagar por sermos um dos principais destinos tursticos do mundo, segundo revistas especializadas. Mas, onde h dlares, tambm h criminosos. No entanto, quando a situao chega ao extremo em que nos encontramos, quando policiais so os assassinos daqueles que deveriam defender, porque todo o sistema de segurana pblica, bem como das leis que o regem, encontra-se falido ou, no mnimo, defasado. Quanto inocentes ainda precisam morrer para que o poder pblico entenda que Fortaleza pede socorro? A morte de Ndia, no meu entender, deve servir como termmetro para um mal que, aparentemente, no tem cura, pois a violncia uma chaga da barbrie do passado nas sociedades contemporneas, mas que pode ser controlado ou diminudo com o empenho da populao e o comprometimento do poder pblico, ao menos, em nos proporcionar uma polcia melhor preparada, algo de que h muito sentimos falta.

Obs. Esse tipo de crnica assemelha-se a um artigo de opinio. A grande diferena que na crnica argumentativa a anlise inclusiva e subjetiva ( 1. pessoa), dizendo mesmo o que acha. No artigo, a objetividade deve ser preservada ( 3. pessoa), evitando-se acertadamente o achismo.

11. Conto Sem ligar muito para as definies polmicas como as de Mrio de Andrade (Ser conto tudo aquilo que o autor chamar de conto), devemos tender como conto, no vestibular, a narrativa breve, de cunho ficcional que apresenta fatos incomuns, normalmente entendidos, graas sua densidade psicolgica, como o abissal humano. Sua variao a mesma do romance: social, fantstico, maravilhoso, misterioso, policial etc. Caractersticas Narrativa curta e ficcional; Fatos incomuns; Verbos no pretrito imperfeito.

Encontro Divino
Nada mais assustador que uma igreja por dentro. Do cu, algum nos olha. No altar, preso em sua cruz para nunca nos deixar o Cristo nos observa. Seu olhar eclipsado, cabea pendente para nos chamar, nos enche de odiosa melancolia... remorso. O silncio da situao, o Cristo que nos encara com seus olhos tristes, e a mo erguida de todos os santos... . Tudo que lembro que na hora do ngelus resolvi dar uma olhada no quadro Irmo Sol, Irm Lua, a histria de Francisco e Clara, uma das mais lindas que j ouvi. Absorto, olhando os quadros e as imagens, no percebi a sada do sacristo , trancando a porta e me deixando ali, enterrado vivo, naquela igreja to velha. Depois de inmeras tentativas de fuga, espernear e me debater contra a porta, fechada com um enorme cadeado que ficava por fora, resolvi me acalmar e procurar um lugar para dormir. O mais estranho era que, dentro da casa de Deus, junto do Filho, da Me e do Esprito Santo no senti vontade alguma de rezar. Vaguei pelo enorme templo, admirei a nave, os afrescos na abbada celeste e parei junto ao altar. Olhei a quantidade de bancos, as torrinhas e a sacristia, velhas como o Brasil. Estava pensando em dormir, mas ouvi um choro. Era um choro dolorido, recalcado, antigo, milenar. Curioso, procurei por toda parte a origem daquele gemido. Num ltimo esforo, fui de novo at o altar. E l estava ele, ao p do Cristo, chorando, lamentando... era Judas. Reconheci-o pela corda ao pescoo e o saquinho de moedas atirado ao cho. No se importou comigo. Continuou l, chorando, gemendo, arrependido, num suplcio mais velho que todos ns. De repente, chegou at mim um calor estranho, um bafo quente que me lambeu o rosto como se ali dentro houvesse uma passagem para o Inferno. Fui em direo porta, mas no meio do caminho um querubim qualquer interveio: - No entre ali! So Jorge discutindo com o Drago. Retrocedi e quase fui ao cho ao tropear numa serpente que devorava lentamente uma ma. Fiquei espantado e me senti num mundo estranho, dentro da prpria Bblia. Resolvi me deitar, assim a noite passaria logo. E eu no teria que ver todas aquelas coisas. Talvez eu no quisesse ver, pois sabia o que ainda poderia aparecer. E fazendo valer o que dizem por a sobre a impossibilidade de se dormir numa igreja, passei a noite ouvindo os anjos, os cnticos, os gemidos de Judas, o choro de Madalena, as investidas de Jorge amansando seu drago e aquela serpente horrvel com sua eterna ma arrastando-se por toda a igreja. De manh, bateram porta. Era o sacristo retirando o cadeado. A porta foi aberta, a verdadeira luz entrou, clareando toda a igreja. Eu, contentssimo pelo dia, no quis me demorar. Bati asas e fui para a rvore mais prxima.

Obs. O conto marcado, no vestibular, pela narrao de fatos incomuns, por isso geralmente caem propostas para textos detetivescos, misteriosos ou sobrenaturais.

12. Crnica Narrativa breve, ficcional, sobre fatos do cotidiano. A efemeridade do fato colabora com a pretensa efemeridade do gnero. Na crnica o que mais importa o olhar sobre o circunstancial, sobre a vida comum. Caractersticas Fatos comuns do dia-a-dia; Contorno social; Linguagem coloquial. Proposta: Escreva uma crnica que tenha como tema Africanidade.
Eu vi um negro!
A frase parece um tanto forte, mas isso mesmo. Eu vi um negro. Um negro mesmo, legtimo, cheio do encanto das selvas africanas, como o antlope das savanas ugandenses. Eu vi um negro! E o melhor de tudo, nem precisei sair procurando. E como difcil hoje achar um negro. Negro mesmo, dos bons, como difcil. Foi aqui perto, num sinal de trnsito, na mais comum das situaes urbanas, nesse lugar concreto mas que selva tambm. Se Martin Luther King fosse vivo, ele mesmo, que era negro dos bons, ficaria espantado com o negro que eu vi. Amarelado o farol, pisei no freio e o carro foi deslizando lentamente at a faixa branca. De vidros baixos, no meu carro de branco, modelo alemo, daqueles que intimidam s por existir, dei com o indicador no boto do MP3. Acompanhei a introduo com os dedos batendo no painel. Um Nat King Cole envelhecido ressoou na parte traseira do meu carro. Olhei para o lado. Ento, eu o vi. Ali, num carro simples, simples, mas novo, um negro. E no era como j disse dessas imitaes de negro que tem por a no, era um negro mesmo. Cabelo baixinho, carapinha mesmo, olhos grandes e brancos, pretos dentro, de fundo amarelado. Nariz grande e amassado como uma falha de Deus. Lbios cheios e teimosos, que no fechavam, permitindo ver dentes enormes como os de um jaguar. Era mesmo um negro. Mas no tinha nada dos negros de hoje. Para comear, no havia medo nem tristeza em seus olhos. Eram olhos vivos de quem percebe muito bem as coisas que lhe esto ao redor, olhos de quem v o perto e o longe, sem o estrabismo infeliz da gente sofredora. No havia neles a menor lembrana dos sculos de escravido, que tanto o diminuiriam naquela hora. Ali, no carro dele, com as coisas dele, ele era apenas ele mesmo. frente, depois do semforo, s o mar. Mos no volante, depois no retrovisor, ouvia um Cliff baixinho, coisa de negro mesmo, e parava de balanar a cabea apenas quando mirava o espelho interno, sustentado pelo toque dos dedos grandes. E tocar naquele espelho ou nele prprio nem de longe indicaria a verdade interior que o construa: era um negro mesmo! E se o valorizo porque sei de negros que se embranqueceram pelo tempo ou amarelaram pela vida. Negros recnditos, ensimesmados, quase-felizes, silenciosos, na simples condio de estarem sendo sem o ser. Negros que no perceberam que os tempos so outros, melhor ainda, que podem construir seu prprio tempo. Estava ali. E depois de muitos anos, posso dizer que vi um negro. Sbito! Ele tambm me viu. E em vez de fechar a cara ou de abaixar os olhos e diminuir-se por dentro, como o fazem os negros muitos de hoje, porque sentem vergonha de sentir-se bem, porque se constrangem mesmo estando certos, porque se auto-excluem dos processos de formao, no. Ele me olhou com segurana, altivo, senhorial, porque de fato o era, feliz porque de fato estava, orgulhoso, porque a isso tinha direito. Abriu-se num sorriso, um sorriso branco, daqueles que s um negro mesmo pode dar. Depois, aumentou o volume do som, o mesmo Cliff, a voz que estava mais enrgica. Algo acontecera. Eu? Liguei a sinaleira e fui virando esquerda, era mais do meu feitio. Ele, como bom negro que era, engatou a primeira e partiu. Na frente dele, s o mar, com sua imensido misteriosa, estrada azul que pode levar at a frica.

P.S Se eu no estivesse to impressionado com o negro que vira, teria reparado no adesivo que enfeitava o pra-choque, em muito, a razo daquela negritude. Era uma tarja branca que, em letras negras, dizia assim: Eu votei em Barack Obama.

Obs. A crnica, no vestibular, liga-se trivialidade, o cotidiano mesmo, normalmente humorstico, ou ao fato de cunho social.

13. Depoimento O depoimento um relato pessoal, subjetivo, detalhado, geralmente em linguagem coloquial. O assunto abordado de forma a destacar a participao ou o ponto de vista do enunciador sobre o que relatado, ou seja, sobre fato ocorrido no passado. Caractersticas

Texto narrativo; Uso da 1. Pessoa; Verbos no pretrito; O narrador modificado pelo fato narrado.

Proposta: Um dia, Alpio Flvio de Campos, homem de pssima ndole, encontrou-se, no Passeio Pblico, com o escritor Antnio Sales. No lugar de Alpio, escreva a sua sensao depois desse encontro fantstico.
Minha conversa com Antonio Sales Sempre fui um homem ambicioso. Em toda a minha vida, a minha conduta foi pautada pela mais valia, pela vantagem, pelo dinheiro. Foi por isso, inclusive, que sa de Ipuaba deixando noiva e outras pendncias. No agentaria aquela vidinha de provncia permeada de fofocas, compadrios, nulidades e toda aquela mortificao religiosa. E achei, por muito tempo, que jamais mudaria minha convico sobre a vida, sobre o mundo e sobre as mulheres principalmente. Mas depois do encontro que tive com o grande poeta cearense, Antnio Sales, seria impossvel no mudar. Foi aqui perto, no Passeio Pblico, sentado em um banco de famlia, em frente ao mar que faz de Fortaleza um pouso convidativo para qualquer viajante. Fumava enquanto bebia aquelas sbias palavras. Contou-me tanta coisa, tantas histrias, tantas lies de vida que no pude deixar de ver que, no fundo, ele era eu mesmo sendo ele. Disse-me que o Brasil, por mais que parea difcil, o melhor lugar para se viver. E disse que a vida no Cear mil vezes mais agradvel que na Corte, pois nos sales, sombra do Governo, tudo falso e morto, no se percebe a vida em nada. Todos vivem de aparncias, de favores conseguidos e de outros por conceder. As pessoas, ligadas ao poder, acham-se importantes, mesmo sem s-lo. Amigos, por l so coisa raras. Melhor dizer que nem existem. Tive de concordar. Falou-me das mulheres, do que so e representam para a humanidade. Mostrou-me, com alguns versos verdadeiros, que superam de longe o palavreado ftil dos meus Pingentes, que no h verso que acomode a alma feminina, mas que todo homem pode senti-la, nas mos, na boca e nos olhos, assim que aprende a v-las como de fato so: os seres mais fantsticos que Deus j ps sobre a terra. A conversa com Antnio Sales, embora no parecesse, tinha um nico propsito: salvarme, colocar meus ps no caminho certo a fim de reconciliar-me com a vida, com os outros e comigo mesmo. Posso dizer, sem reservas, que no sou mais o mesmo homem depois daquele encontro. A prova disso que em vez de ir embora, como fazem as avoantes, fiquei morando em Fortaleza. Fiz meu ninho, ao lado da companheira que escolhi para viver.

Obs. O depoimento, como nos contos de Clarice Lispector, pode ser tomado como um tipo de epifania, pois o narrador demonstra no ser mais o mesmo depois do fato vivenciado.

14. Dirio Dirio , como o nome indica, o registro quotidiano de eventos e vivncias. O Dirio , portanto, um texto que possui semelhanas com as narrativas breves (conto e crnica), em especial, com o Relato. Dirios so, normalmente, textos reais que registram emoes, observaes, reflexes, contam episdios sentidos ou vividos pelo prprio autor. H outro tipo de dirios, os de fico, em que o autor cria uma personagem que se nos vai revelando atravs do que registra no seu dirio. Caractersticas

Narrao, tipo de relato; Semelhana com a carta; Uso comum da1a. pessoa.

Caxias, 15 de novembro de 1850. Amigo dirio, Hoje, pela manh, encontrei o Antnio. Estava to bonito naquela roupa de europeu que cheguei mesmo a pensar que ele no era aqui do Maranho. Desceu do navio fumando, e eu nem sabia se ele fumava. Depois, foi logo falar com o comandante do navio e com a tripulao que muito lhe fazia festa, pois estavam diante do maior poeta brasileiro. Fiquei muito contente por ele, pois para quem havia sado daqui menino, sem nenhuma perspectiva pela frente, voltar agora laureado como o maior nome das letras brasileiras, sob a chancela do romancista portugus, Alexandre Herculano, seus textos devem mesmo ser muito bons. tarde, encontrei Maria Luisa, que me deu novas de muita gente daqui, do Cear e do Rio de Janeiro. Disse-me que passaria alguns dias em casa de uma amiga e que essa amiga era eu. Fiquei sem saber o que fazer e apenas assenti com a cabea. Ela entendeu que poderia ficar o quanto quisesse. Logo mais noite, fomos ao teatro, Maria Luisa e eu, e propositadamente, sentamos bem ao lado do poeta. Seu porte elegante e seus gestos de homem educado me fizeram pensar se era ele mesmo que eu queria para mim. Sua mo quente me deu calafrios, senti algo que nem mesmo sei como explicar... S no digo agora porque papai est chegando... preciso parar. Amanh eu conto o resto.

Obs. No Dirio no so obrigatrios despedida, termo de fechamento, local, data etc.

15. Discurso O discurso poltico um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerado em pontos de vista do emissor que representam valores ideolgicos, sociais, polticos, jurdicos, religiosos e outros. O discurso, poltico ou no, implica um espao de visibilidade para o falante, que procura impor as suas idias, os seus valores e projetos, recorrendo fora persuasiva da palavra. Caractersticas Necessita de argumentao; Fundamenta-se em aes futuras (promessas); Faz uso de apstrofos e vocativos; Tolera expresses afetivas; Estrutura-se pesa seguinte frmula: X + Y + N = Z ( X ( o poltico) faz Y (o eleitor) acreditar em N (suas palavras) para obter Z (voto ou apoio).

Proposta: Colocando-se no lugar de um candidato escreva um discurso poltico. Senhoras e senhores, meu nome Gervsio! Sempre pautei a minha vida pela retido, pela moral e pelos bons costumes, coisas que aprendi com meus pais, pessoas humildes do serto. Esses valores so o que h de mais importante em minha pessoa, pois moldam todo o meu carter. E pessoas de bom carter precisam ajudar seus companheiros. Como fazer isso? Entrando na poltica. O Brasil vivencia uma grande crise, algo que atinge todos os estados da federao, principalmente Fortaleza, que, s por se localizar na regio Nordeste, j tem uma srie de problemas naturais para enfrentar. Alm disso, tenho percebido que no h novos projetos na rea da sade; no houve avanos na rea da educao e existe uma inrcia que assola muitas outras reas importantes para o crescimento de nossa cidade. Diante desse quadro que se mostra cada vez mais assustador, proponho reformas efetivas e substanciais. Cobrarei, durante o meu mandato, um empenho maior do Poder Judicirio nos casos de violncia. Exigirei dos nossos governantes melhores condies de vida para a populao, especialmente para os idosos e para as crianas. Para tanto, legislarei diuturnamente em prol do Morro do Ouro. Dessa feita, senhores, contem com a apresentao de meu compromisso, porque palavra tambm contrato. E mesmo que alguns a tomem apenas como promessa de campanha, coloco-me sua disposio como representante da ordem e da verdade no pleito que se aproxima. Conto com o seu voto. Meu nome Gervsio! Muito obrigado!

Obs. O discurso no tem a obrigao de ser poltico, pode ser qualquer fala pblica em tom de promessa, garantia, agradecimento etc..

16. Editorial Texto de carter dissertativo que expressa a opinio de um jornal ou revista a respeito de tema da atualidade, veiculado por ele mesmo ou por outro rgo. Trata-se de uma dissertao-argumentativa de um editor na defesa de um ponto de vista. Segue o esquema do artigo de opinio. Caractersticas Vale-se, notadamente, da persuaso, pois visa tomada de atitude (por parte do leitor) ou reflexo quanto a um ponto-de-vista institudo, normalmente de interesse coletivo; Exige a argumentao, principalmente no desenvolvimento (comparativos, histricos, estatsticos, autoridade etc.); escrito na 3. pessoa do singular, alternando, normalmente, em 1 do plural, com leves traos de impessoalidade.

Proposta: Escreva um editorial sobre a escolha de Fortaleza como cidade sede para os jogos da Copa do Mundo de 2014.

A escolha de Fortaleza como cidade sede para os jogos da Copa do Mundo de 2014 foi, seguramente, uma das melhores noticias que recebemos, e divulgamos aqui, ao longo do ano. A sociedade exulta no apenas com a funo de cidade sede, mas com a possibilidade de estar em evidncia no cenrio internacional. Mas ser que esta alegria toda no esconde importantes questionamentos que estamos deixando de fazer? O que preciso, por exemplo, para que uma cidade seja sede de um Mundial? Ser que bastam praias bonitas, sol o no inteiro e um povo receptivo? Ser que Fortaleza tem, ou vai ter a tempo, a infraestrutura necessria a um evento de to grande porte? Ser que uma Prefeitura que no consegue prover o cidado de algo to bsico como transporte pblico de qualidade conseguir cumprir as regras da FIFA ( Federao Internacional de Futebol) quanto mobilidade dos transportes de turistas e atletas? Sem hilariedade, pensemos nos torcedores exaustos correndo atrs dos nibus para chegar ao Castelo a tempo, em avenidas estreitas como as nossas com um trnsito lento e catico como o que temos. Melhor nem imaginar os jogadores dos times mais humildes ( qualquer um da frica) descendo da Topic 54 em frente ao estdio. Brasil x Frana no Cear x Fortaleza. Mas se nesse ltimo clssico j morre gente, faa-se idia em um jogo de verdade. O Cear, bem como Fortaleza, merece sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014. Isso incontestvel. Mas se no souber ou no puder faz-lo, como diz no futebol, o certo passar a bola para outro.

Obs. O Editorial um texto dissertativo que exige um conhecimento prvio de outras posturas ou matrias sobre o mesmo assunto.

17. E-mail E-mail ou Correio-e (em Portugal) um mtodo que permite compor, enviar e receber mensagens atravs de sistemas eletrnicos de comunicao. Na prtica, acabou substituindo o bilhete e a carta. Caractersticas

Estrutura bsica: duas sees principais, cabealho e corpo; Estruturao em campos que contm o remetente, destinatrio e outras informaes sobre a mensagem; Corpo separado do cabealho por uma linha em branco; contm o texto da mensagem; Sem local e data, mas com vocativo.

Proposta: Escreva um e-mail ao reitor da UECE parabenizando-o pela vitria nas eleies. Login: [email protected] Para: [email protected] Assunto: Felicitaes Magnfico Reitor, com muita alegria que o felicito pela expressiva vitria nas eleies para a reitoria da Universidade Estadual do Cear (UECE). Dentre os candidatos, Vossa Magnificncia foi o nico a apresentar propostas maduras e, por isso, realizveis quanto forma de melhor gerir o espao pblico que a universidade. Reitero com este e-mail no apenas a minha postura, quanto aceitao de seu nome como reitor, mas a de uma coletividade, pois o corpo discente da universidade tem orgulho de indicar para o cargo mximo do campus algum que, por ter sido aluno da UECE, conhece to bem, e de perto, os nossos constantes problemas. Apesar de no aceitarmos a forma como as eleies usualmente so definidas no Brasil, da mesma forma que eram no Perodo Monrquico, com uma lista trplice submetida ao Chefe do Governo, acreditamos que Vossa Magnificncia far jus ao radical que lhe emoldura o primeiro nome, e que, no mnimo, procurar honr-lo. Espero, no mandato que se inicia, que Vossa Magnificncia consiga reunir ao redor de si pessoas que tambm sejam sensveis s dificuldades enfrentadas pelos alunos e pelos professores, pois, tendo esta sensibilidade, que poderemos trabalhar juntos para validarmos aquilo por que mais lutamos: o ensino pblico, gratuito e de qualidade. Sem mais delongas, parabns pela vitria, pois ela expressa, com boas perspectivas, a simpatia que nutrimos por suas idias. Obs. Nesse tipo de texto, espera-se que o candidato no escreva da mesma forma que faz usualmente com expresses do tipo vc, tsim, naum e outras obscenidades.

18. Entrevista Texto dialogado que apresenta questionamento e respostas. Na verdade, a entrevista pressupe um tipo de conversa em que o entrevistador faz perguntas a um entrevistado, normalmente uma pessoa de vida pblica, sendo acompanhado ou no por uma platia. Caractersticas Apresentao: nome do entrevistado e um pensamento dele que provoque interesse no leitor; texto curto com apresentao do entrevistado e sntese do assunto; Dilogo em que o nome do entrevistador e do entrevistado aparecem no incio das falas; Questionamentos diretos;

Proposta: O canal interativo da UECE, onde voc estuda, est recebendo a escritora Ana Miranda para uma entrevista. Transcreva a parte mais importante de sua conversa com a autora.

Agraciada recentemente com o trofu Sereia de Ouro, a escritora Ana Miranda , hoje, o grande nome da literatura cearense e colhe, merecidamente, os louros de sua produo romanesca. Reprter Ana Miranda, qual a sua expectativa quanto ao vestibular da UFC? Ser que a CCV vai mesmo colocar o seu livro como base para a prova de Lngua Portuguesa? Ana Miranda Sinceramente eu no sei. Se bem que, particularmente, eu adoraria, pois eu j acho to lindo esses jovens todos lendo meu livro, empolgados com as aventuras da Feliciana... Reprter Por falar em Feliciana, ficamos sabendo que voc criou essa personagem para representar a mulher brasileira, apaixonada, sofredora, fragilizada sentimentalmente... Isso verdade? Ana Miranda Eu no vejo dessa maneira. Acho at que a Feliciana muito mais cearense, ou maranhense, que brasileira. Ao mesmo tempo, ela pode ser universal, qualquer mulher, ou mesmo qualquer homem, pois todos amamos e sofremos e isso que bonito na vida... Reprter Muito obrigado por sua entrevista em nosso jornal e boa sorte no novo livro que ns j sabemos que voc est escrevendo. Ana Miranda Vocs sabem de tudo mesmo, pois nem eu tenho certeza se estou escrevendo um livro... De qualquer forma, eu que agradeo.

Obs. A linguagem coloquial e o uso de manchete ou titulo dispensado pela UECE.

19. Ensaio Texto literrio breve, em prosa, situado entre o potico e o didtico, caracterizado pela liberdade crtica e pelo tom pessoal assumido pelo autor, que expe suas idias, crticas e reflexes a respeito de um tema. Difere do artigo, principalmente, no que tange forma de expresso das idias: enquanto no artigo so expressas opinies, no ensaio pressupe-se o amadurecimento de convices, ou seja, o autor apresenta uma argumentao convincente, resultado de uma reflexo baseada em dados. Cf. MOISS, Massaud. Dicionrio de termos literrios.
So Paulo: Cultrix, 2004, p. 175-178.

Caractersticas Dissertativo-argumentativo; Escolha de tema especfico em meio a outros; Objetividade; Uso da 3. pessoa.
Na estrada de Damasco De todos os aspectos da obra de Linhares Filho, e so muitos, o que mais se destaca a sua patente religiosidade. Talvez seja sim um trao comum aos autores dessa poca, mas preferimos achar que o autor de Notcias de bordo no mesmo um poeta comum, pois s algum com tanta sensibilidade conseguiria demarcar um caminho de religiosidade em um momento de tanta descrena. Os temas da espiritualidade so muito antigos na Literatura Universal. O texto oriental marcado pelas moralidades; o texto ocidental, apesar dos poucos embora significativos conflitos, impregnou-se de religiosidade no Trovadorismo, no Barroco e no Romantismo, o que nos fez ter como heranas principalmente as noes de pecado e de salvao. Os tempos so outros, mas essas posturas ainda vigoram na nossa literatura. Um caso parte, ento, a metania na poesia de Linhares Filho que dialoga constantemente com aluses e referncias bblicas em poemas como Alm da estrada de Damasco e Depois da metania, nos quais o poeta nos mostra os seus conhecimentos sobre religio. Percebe-se, nesses textos, no apenas um poeta, mas um arauto da Palavra, no sentido mais particularizante e religioso do termo Posto isso, a metania linhariana consiste, principalmente, em ter a conscincia da vida, do mundo e dos seres humanos, ser capaz de medir-lhe as atitudes, e faz-lo compreender seu papel no mundo para a construo de outro lugar onde possa ser feliz, ciente de tudo que fez e de tudo que viu para reestruturar seu ensinamento, na mansido do Cristo e no amor de Deus, elementos que mais colaboram com essa potica da espiritualizao. Obs. O Ensaio o uso da tcnica da pina, ou seja, de um todo ( uma obra) extraise apenas uma parte ( um tpico, um assunto) e faz-se dissertao sobre ele.

20. Horscopo Devido popularidade da Astrologia, de jornal e revistas que se apresentam como Horscopo, esta palavra assumiu significado de adivinhao do futuro de algum" a partir da data de seu nascimento. As Previses abrangem um carter geral, so de mbito geral, portanto, devem ser consideradas como base e jamais como algo que deva ser visto isoladamente. A palavra Horscopo deriva do grego e significa a observao do tempo. Caractersticas

Texto preditivo; Descrio subjetiva; Verbos na 1. e na 3 pessoa.

Aqurio

Com pequenas variaes nas datas, dependendo do ano, as aquarianas so as pessoas nascidas entre 21 de janeiro e 19 de fevereiro, o que normalmente as faz serem bastante empreendedoras e festivas.
Hoje, por exemplo, dia de comear a pensar em novos projetos. Levante cedo e faa exerccios, pois precisar de muita disposio para enfrentar o ms que se inicia.

Agora voc est receptiva demais s energias das pessoas e dos ambientes talvez se expondo mais do que deveria. preciso ir com calma e conter o otimismo exagerado, tendo maior disciplina e parcimnia. Utilize o dom da palavra, algo que lhe peculiar. Valorize o seu poder criador, o tom leve e fludico do pensamento. Sua viso conceitual do mundo passar por uma reorganizao do Universo com base em grandes ideais e denodada preocupao social. Como aquariana voc tem uma expresso original, bem diferente, que pode ser tomada, s vezes, como criativa, rebelde ou excntrica. Na verdade, sua postura de independncia, de apego liberdade. Agindo assim voc ter chances de ser feliz no apenas na profisso, mas no amor. Haver muita abertura para falar dos seus sentimentos, mas talvez seja melhor se preservar mais um pouquinho. Dedique-se um pouco mais arte, cultura e ao exerccio da literatura, que lhe serve, normalmente, como vlvula de escape para certos problemas. Cuidado com a perspectiva de ganhos fceis e com a preguia. Busque se concentrar melhor e no abandone a razo.
Obs. Nesse tipo de texto possvel fazer a definio da ndole das pessoas pelo signo. Ex. ries o primeiro signo astrolgico do zodaco, situado entre Touro e Peixes e associado mitologia grega como referncia ao deus Marte ou Ares. As pessoas desse signo, normalmente so muito aguerridas....

21. Instruo (Manual) Texto que orienta algum quanto ao uso de um determinado produto, objeto ou tecnologia. Tem o mesmo sentido de uma bula ou receita de bolo. Manual um livro ou um folheto que ensina a operar um equipamento, um objeto, um software ou uma ferramenta. Livro de pequeno formato com o essencial sobre uma cincia ou uma arte; livreto que acompanha algum equipamento, explicando o funcionamento deste; sumrio; ritual. Caractersticas Orienta, instrui; Utiliza linguagem simples; Apresenta o predomnio de verbos no imperativo.

Proposta: O Centro Tecnolgico da UECE criou um novo aparelho de Media Player com 15 funes. Escreva um Manual orientando os compradores do novo MP15.
Manual do MP15

O Novo MP15, de tecnologia cearense e japonesa, idealizado por estudantes da Universidade Federal do Cear (UFC) e da Universidade de Kyoto (UK), a ltima palavra em som e imagem. Suas quinze funes digitais e analgicas que incluem ainda servios da web e opes de udio e vdeo, por isso o parelho requer uma srie procedimentos em seu acondicionamento e manuseio, os quais listamos agora. Retire da caixa com muito cuidado para no danificar as abas do aparelho, exatamente por isso ele vem guardado em um box de isopor contra incndio e inundao. Em seguida, retire o invlucro esponjado de dentro da sacola de bolhas que evitam o atrito. Desarticule as fivelas da sacola com cuidado para no danific-la, pois precisar delas novamente na hora de guardar seu MP15. Com o parelho em suas mos, abra o suporte azul, que vem encaixado na lateral esquerda. Nele voc encontrar as baterias e o carregador universal MP15 com adaptador para qualquer corrente eltrica. Encaixe o carregador no aparelho na parte inferior, perto do lacre horizontal de conexo com a web. Cuidado para no danificar a entrada do fio voip-wirelless. Feito isso, acione o boto que liga o aparelho e espere um bip. De imediato, uma luz verde acender iniciando o acionamento das trs funes bsicas que todo celular possui. Em seguida, pressione doze vezes o boto verde que libera os outros recursos. Por ltimo, encaixe o aparelho nos suporte preto destacvel que lhe serve de base e deixe-o carregando por 24h. O tempo parece muito, mas essencial para o primeiro carrego. Da segunda vez em diante, o tempo ser de apenas 2h, o que possibilitar uma durao de 15 dias. Cuide bem do seu MP15. No deixe que caia nem que se molhe. um aparelho muito sensvel, mas de alta tecnologia que lhe proporcionar os mais diversos servios alm da simples telefonia mvel. Bom proveito.

Obs. Como todo texto injuntivo, deve orientar procedimento, esclarecer sobre a aplicao e o manuseio, por isso o uso exagerado de lngua estrangeira no algo muito bom.

22. Manifesto
Na literatura, define-se Manifesto como um texto de natureza dissertativa e persuasiva, uma declarao pblica de princpios e intenes, que objetiva alertar para um problema ou fazer denncia pblica de um problema que est ocorrendo, normalmente de cunho poltico. O manifesto destina-se a declarar um ponto de vista, denunciar um problema ou conclamar uma comunidade para uma determinada ao. Caractersticas

Dissertativo e declarativo em tom de conclamao, convocao; Presena de vocativos; Variao de linguagem, dependendo de alguns fatores: a quem o manifesto dirigido? onde ser divulgado? em jornal, rdio, televiso? Costuma-se preferir a linguagem formal, com verbos no presente do indicativo ou no imperativo; Como o texto de carter argumentativo (pretende convencer o leitor de algo), deve-se recorrer a argumentos slidos; Local, data e assinaturas; Ttulo j indica o contedo do manifesto.

Proposta: Elabore um manifesto cultural que tenha ligao direta com o seu estado.
Manifesto Forrofgico A msica brasileira tem sido acometida por todo tipo de desgraa desde o excesso de bondes e duplas sertanejas degenerante swingueira que ningum sabe se dana ou ataque epilptico. Falta qualidade na musica popular brasileira, isso um fato. Mas qual a verdadeira msica popular brasileira? Que ritmo pode representar mesmo a gente brasileira? Na nossa modesta opinio o Forr. Euclidianamente falando, tendo como suporte o que foi escrito na bblia do sertanejo, o livro Os sertes, o povo brasileiro provem da mistura primeira: o colonizador branco com o ndio colonizado. Dessa mistura originou-se o sertanejo, o homem do solo nordestino, cearense, pernambucano, baiano, alagoano, piauiense, maranhense, alagoano, paraibano e sergipano, gente que costuma servir de mo de obra na hora de construir o Brasil. A gente dessa raa costumava divertir-se, desde tempos imemoriais, melhor dizendo tempos armoriais, como o quer o grande Ariano Suassuna, e h registros histricos e literrios disso, com uma festa chamada samba, pagode, barulho e outras denominaes. Mas no se fazia direta meno aos instrumentos tocados ou mesmo ao tipo de melodia a que se danava. Graas aos estudos de histria e antropologia, inclusive histria da msica, tocava-se em trs instrumentos bsicos: a sanfona, o tringulo e o zabumba, algo a que hoje denominamos Forr P de Serra. O gnero sofreu as devidas modificaes, principalmente em tempos de Segunda Guerra Mundial, quando teve os primeiros contatos com a lngua inglesa, passando a denominar-se generalisticamente de for all ou festa para todos, uma prova de democracia que nenhum outro gnero possui. Em seguida, desde Jackson do Pandeiro, passou a ter o seu maior representante o clebre Luis Gonzaga, que popularizou o gnero e deu-lhe um carter imorredouro. Por fim, conclamamos a todos a aceitarem o Forr como o gnero oficial do povo brasileiro, pois o nico que pode ser combinado com qualquer outra modalidade seja bossa nova, regae, msica erudita, funk, rap, embolada, sertanejo, cordel ou baladas internacionais, pois tudo possvel de ser forrotizado, ou seja, deglutido pelo forr, devorado por essa boca que no pra de consumir, como nos lembrava o clebre Rabelais em sei indestrutvel Gargntua. Sendo assim, viva o ecltico povo brasileiro! E viva o Forr, o gnero que melhor nos representa.

Obs. O manifesto apresenta estrutura relativamente livre, mas com alguns elementos indispensveis: ttulo, identificao e anlise do problema, argumentos que fundamentam o ponto de vista do autor do manifesto, local, data, assinaturas dos autores e simpatizantes da causa, coisas que, para a UECE no so obrigatrias.

23. Nota de enciclopdia

Devemos entender a nota de enciclopdia como a diviso de um grande tpico em subtpicos esclarecedores da grande idia. O que acontece realmente a progresso temtica atrelada a temas variados que fazem parte de um tema-base. Assim, uma nota de enciclopdia sobre o ndio teria como subttulos, definidores de pargrafos, genealogia, cultura, tradies, sociabilidade etc.

Caractersticas Texto de definio; Dissertativo e descritivo; Linguagem formal; Grau elevado de informao.
Proposta: Escreva uma nota esclarecedora sobre o ndio brasileiro onde constem: origem, costumes, organizao social etc.

O ndio brasileiro Antes do perodo cabralino, a chegada dos portugueses ao Brasil, o ndio j era o dono da terra. Os portugueses, quando chegaram, encontraram os ndios, felizes, inocentes e sadios brincando na praia e nas matas do interior. Os portugueses logo se encantaram com os ndios, principalmente com as ndias, que representam o inicio da nossa histria. O ndio brasileiro no muito diferente de outros ndios encontrados pelo mundo nas caractersticas fsicas. Avermelhado, seminu, com os cabelos escorridos e olhos muito pretos no tem muita diferena dos seus irmos da Amrica Central ou da Amrica do Norte, os apaches e os sioux. Porm, os costumes que variavam de acordo com a tribo, que eram muitas, por exemplo, os G, os Tamoios, os Pitiguari etc. Em relao aos costumes e ao sentido social, os ndios mantinham certa diferena dos outros ndios. Para comear, o ndio brasileiro no , de todo, antropfago, no come carne humana, e os apaches, por exemplo, gostam muito de comer. As danas e as cerimnias religiosas das tribos eram muito respeitadas, tanto que at hoje so preservadas, por exemplo, os nativos do alto Xingu que prendem os curumins dos trs aos quinze anos em uma grande casa de palha e s os libertado depois do ritual da maioridade. O povo brasileiro deve muito aos ndios. A nossa cultura muito diversificada, pois temos origem na misturas de brancos, negros e ndios, mas as heranas indgenas so superiores. Por exemplo, o fato de gostarmos de usar brinco, de usar tatuagens, de tomar vrios banhos durante o dia e de dormirmos em redes atesta a influncia dos costumes indgenas.

Obs. Uma nota sobre o Brasil teria como subitens: clima, relevo, vegetao, hidrografia, economia, etnia etc.

24. Notcia Texto jornalstico, de carter narrativo, que prioriza a informao e se ocupa de divulgar um fato novo, normalmente de interesse coletivo. Entendese tambm como algo que acontece em algum lugar e que as pessoas tm o direito de saber. Caractersticas Predomnio da narrao, envolvendo espao, tempo, personagens etc.; Uso da funo referencial ou informativa; Alm de ttulo, possui mais duas partes: lead e corpo; Escrito na 3. pessoa do singular, com traos de impessoalidade ; O lead serve para estruturar a notcia e o primeiro pargrafo da redao; O lead deve responder s questes bsicas: o qu; como, quando, onde, com quem e por qu.

Proposta: Escreva uma notcia envolvendo o governador de seu estado e alguma calamidade pblica. No curso das guas O governador do Cear, Cid Ferreira Gomes, viajou ontem para o interior do estado, com toda a sua equipe de governo, a bordo de um jato fretado, para a zona norte do estado, onde dar mais ateno aos apelos da populao e observar de perto o nvel das guas do rio Acara, bem como os efeitos devastadores das ultimas chuvas. A comitiva, parte do Governo Itinerante, idealizada por Cid, chegou a Sobral s treze horas e foi imediatamente para o almoo. De l, assessorado por membros da Defesa Civil, em um helicptero da Polcia Militar, o governador foi para cidade de Granja, uma das mais atingidas pela surpreendente cheia. Nos locais onde o nvel das guas j est baixando, nova preocupao comea: um surto de doenas que vm com a chegada do tempo quente. A Secretaria de Sade daquele municpio j comeou o trabalho de conscientizao e alerta sobre o risco de doenas como a gripe, a dengue e a leptospirose. Feita a entrega das cestas bsicas, o que para alguns no passou de propaganda poltica antecipada, Cid retornou a Sobral, onde pde desfrutar de uma tarde de descanso ao lado da famlia, um refrigrio, segundo o prprio governador, para a atribulada vida de qualquer representante do Poder Executivo.

Obs.: REPORTAGEM a notcia ampliada. Enfoca o assunto ou o fato de forma

mais abrangente, com mais detalhes, com fotos, entrevistas e legendas.

25. Palestra Entre os gregos significava lugar pblico para ginstica. Hoje significa conversa ou discusso sobre determinado assunto. Em oratria, trata-se de uma fala despretensiosa e coloquial, desprovida da nfase do discurso e sem a profundidade de uma conferncia. Caractersticas

Coloquial; Dissertativo; Possui interlocuo e dialogismo.

Milton e suas lembranas Boa tarde, senhores. O tema de minha palestra Milton Dias, o grande cronista do Grupo Cl, agremiao de 1942 que tem como maior mrito ser fundadora da Universidade federal do Cear (UFC). E sobre Milton o que mais nos interessa o seu constante exerccio da memria, pois o autor dificilmente escreve sobre o presente, algo raro para um cronista. No sei se sabem, mas todo cronista, normalmente, centra o seu olhar sobre o presente, sobre o cotidiano. Com Milton diferente. A potica miltoniana, o seu modo especifico de fazer crnicas, j se inicia com uma polmica conceitual, pois ele mesmo dizia que no fazia crnicas nem contos, apenas contava histrias. Assim, no fcil compreender Milton Dias se ficarmos presos a conceitos ou esteretipos tpicos da Teoria Literria, uma vez que a submisso a esses paradigmas far da pessoa que mergulha no universo de Milton Dias uma presa facial das contradies estticas do autor. Ser que ele queria mesmo fazer crnicas? Sabe-se l! Para ns, aqui, o interessante notar que as caractersticas bsicas da crnica ele possui: o flagrante do trivial, do comum, contado de forma despretensiosa, com o enfoque social do cotidiano que comum a esse tipo de texto, como podemos comprovar em crnicas como Os golinhas e O louro e o gato. Mas, em textos como Domingo tarde outrora e Vou-me embora pro serto, o que chama ateno o fato de o cotidiano narrado pertencer a outro tempo, ao tempo da memria, das lembranas do autor, sem as quais ele nem existe, como costumava dizer. Parabns a Milton Dias, e a ns por conhec-lo. Muito obrigado. Obs. A Conferncia indica algo bem mais acadmico, pois exige um pblico selecionado, pessoas com interesse naquele assunto especfico. Normalmente, o conferencista apenas l o estudo que fez, no h o clima descontrado de uma palestra. Ex. A importncia dos eletrodos nas sinapses involuntrias

26. Panfleto ( Propaganda) O Panfleto um meio rpido de divulgao de um produto, uma idia ou marca. Por seu baixo custo, muito utilizado para atingir grandes pblicos em pouco tempo. O panfleto pode conter todo tipo de informao: bens, servios, poltica, religio etc. Os panfletos tm sido utilizados por muito tempo como ferramenta importante de protesto poltico e campanhas de conscientizao. Caractersticas Persuasivo e menos argumentativo; Predomnio de verbos na 1. pessoa do indicativo e no imperativo ; Explorao de elementos apelativos, materiais e descritivos; Linguagem adequada ao pblico leitor; Destaque dos diferenciais do produto/servio.

Proposta: Devido impertinncia de certos alunos a UECE criou um novo tipo de carteira escolar. Venda esse produto aos professores de sua cidade. PREGATCHAN A cadeira do novo milnio! Amigo professor, se voc daqueles que no sabe mais o que fazer para que os seus alunos fiquem quietos, no consegue prender a ateno das crianas, no se desespere! Temos a soluo para o seu problema. No deixe que alunos impertinentes acabem com a sua aula. Chegou ao mercado uma nova gerao de cadeiras escolares. PREGATCHAN, simetricamente desenvolvida, a cadeira do novo milnio. Feito sob medida para alunos impertinentes, atrevidos e fujes, este o instrumento que trar a ordem de volta s salas de aula. Equipada com um sistema nico de reteno, correias em couro italiano, parafusos de bronze e encosto pregueado, o danadinho no ter escolha, a no ser relaxar e apreciar a aula, como o fazem os alunos das grandes escolas da Europa. No deixe que suas aulas continuem um tormento, nem pense em se aposentar por invalidez. Adote PREGATCHAN e sinta o verdadeiro prazer de dar aulas. Fale com o diretor de sua escola. Entre em contato conosco imediatamente e, alm de um timo desconto, ganhe um brinde delicioso: a mordaa PREGATCHAN, sabor chocolate, para os casos mais extremos. No perca tempo! Solicite a visita do nosso representante.

Obs. Na prova da UECE, no bom utilizar o nome do produto em caixa alta (maisculas), e repetidas vezes. Como a repetio demasiada e a mistura de tipos so corrigidas melhor evitar.

27. Parbola Parbola, originria do grego parabole, significa narrativa curta ou apologtica, muitas vezes erroneamente definida tambm como fbula. Sua caracterstica ser protagonizada por seres humanos e possuir sempre uma razo moral que pode ser tanto implicita quanto explcita. Parbolas: eram as histrias geralmente extradas da vida cotidiana utilizadas por Jesus Cristo para ensinar aos seus discpulos. Eram contadas de forma simples para que pudessem atingir o nvel cultural do povo a que se destinavam e era atravs delas que Cristo fazia analogias e passava suas mensagens. Caractersticas

Ensinamento ou moralidade; Presena do cotidiano; Positividade.

As rvores do serto

Certo dia, sentado embaixo de uma oiticica, descansando da longa viagem feita cidade em busca de sua aposentadoria, um senhor de seus setenta anos respondia ao neto uma questo mnima sobre a vida e sobre o lugar onde viviam. O menino, tirando o suor do rosto com as costas da mo, perguntou olhando uma rvore quase seca que se retorcia sua frente: - V, por que Deus criou uma rvore como o mandacaru? Uma coisa cheia de espinhos e que nem sombra faz? Se fosse pelo menos um juazeiro, que verde sempre, ou um trapiazeiro, que d fruta... mas um mandacaru...? s vezes eu acho que Deus no faz as coisas certo no. Mandou at o filho dele para morrer aqui na terra pela mo dos homens maus... O velho cuspiu bem longe o fumo que vinha mascando e disse ao mesmo tempo em que olhava o horizonte na triste hora em que Nosso Senhor deixou o mundo: - Tu t com calor, menino? Ao que o pequeno respondeu: - T mais no. - E t com sede? - Sede eu t. O velho continuou pigarreando, olhos no infinito, ao tempo em que preparava o cachimbo para dar umas baforadas. Levantou-se. Chamou o neto para caminhar. Afastaram-se da sombra revigorante da oiticica. O sol era inclemente e turvava a vista do pequeno que, desnorteado, dizia apenas: - V, vamos voltar para a sombra! O sol t muito quente... O velho sertanejo, sabedor das coisas da Natureza, que so as mesmas coisas de Deus, retirou a peixeira do cs da cala e deu um golpe certeiro no p de mandacaru que estava na frente do menino. Depois, com cinco golpes menores tirou os espinhos e fez um corte profundo no miolo da planta, dizendo ao neto: - Abre a boca, diabo! O pequeno obedeceu quase s cegas. Milagrosamente, verteu de dentro da rvore espinhenta a mais pura e cristalina gua que o menino j vira. Sorveu deliciosamente o lquido. Satisfeito, entendeu, com os gestos rudes e as poucas palavras do av, que Deus faz tudo certo, at mandar o seu filho para ser morto pelos homens maus...

28. Parecer crtico O Parecer crtico um gnero textual no qual, alm da resenha da obra, constam a avaliao das idias expostas, a apresentao dos aspectos positivos e negativos e a justificativa da avaliao. Deve constar do parecer o aconselhamento, ou no, da publicao ou adoo da obra analisada. Caractersticas Sem ttulo; Dissertativo-argumentativo; Referncias principais obra e no ao autor; (contedo, linguagem, gnero etc.); Sem assinatura.
Notcias de Bordo

O livro Notcias do bordo, do poeta cearense Linhares Filho, publicado pela editora da Universidade Federal do Cear (UFC), , na verdade, uma coletnea dos melhores poemas e dos melhores livros do autor. o que se pode observar na diviso cronolgica em sete partes que vai desde a estria, com Sumos do tempo, de 1968, ano de fundao do Grupo SIN, at Cantos de fuga e ancoragem, de 2002, onde encontramos o poema que d titulo ao livro. Condensando o pensamento potico de Linhares Filho, a obra apresenta uma srie de temas que so muito comuns poesia, como amor, morte, amizade, homenagem dentre outras conotaes, embora o que mais se destaque no seja os temas propriamente ditos, mas a maneira como so abordados, luz da filosofia existencialista kantiana e sartreana em contraposio materialidade e ao agonismo humano. Sobram no livro as justas homenagens a nomes importantssimos, como Lus de Cames, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, dentre outros. Avultam tambm as referncias familiares com toques memorialistas em poemas para o pai, a mo e o irmo. E nessa referencia famlia, incluem-se as homenagens terra natal, Lavra da Mangabeira, lugar real de muitos dos poemas. O livro peca, em certos textos, em se falando de poemas para o Ensino Mdio, pela erudio vocabular do autor, um vate da intelectualidade cearense, o que o faz um tanto incompreendido pelos jovens tecnolgicos de hoje, acostumados linguagem fcil e desvirtuada dos blogues e flogues, elementos com os quais o prprio autor no parece habituado. Deve ser destacada, principalmente, a metania do poeta, seu processo de espiritualizao, sua contrio potica, merecedora de ateno por trazer, nos dias de hoje, um recado de arrependimento e salvao menos caros para a sociedade de hoje, to materializada, pouco afetiva, e carente desses valores que o poeta professa to bem. E exatamente por isso, pela manuteno desses bons valores, para jovens e adultos, que o livro do professor Linhares Filho deve ser reeditado e mantido para o vestibular de 2010.

Obs. No se deve confundir com Resenha crtica, pois o Parecer , na verdade, um tipo de autorizao.

29. Previses para 2012 O texto preditivo faz a narrao detalhada, ou no, de ocorrncias futuras esperadas. A previso do tempo inclui o uso de modelos objetivos baseados em certos parmetros; o ato ou efeito de prever; conjectura; prescincia; preveno. Exige esforo para verificar quais sero os eventos que podero ocorrer ou registrar uma srie de probabilidades. Caractersticas Linguagem coloquial; Verbos no futuro; Situaes hipotticas. Proposta: Com a proximidade do final do ano e, segundo as profecias maias, at do final do mundo, faa previses para 2012.
2012 O ano de 2012, ambientalmente falando, ser marcado pelo engajamento, principalmente porque o homem tomar conscincia de todo o mal que tem feito ao Planeta. Pases como China, Estados Unidos e Japo aceitaro os novos protocolos assinados e, finalmente, comearo a reduzir a emisso de gases poluentes. Com isso, o senso de responsabilidade ambiental ser mais forte ainda nos pases j engajados na reduo. No campo da Tecnologia, cresceremos bastante, mas teremos problemas. Uma enxurrada de novos aparelhos chegar ao mercado a preos mdicos, pois, a cada dia, as exigncias do consumidor so maiores em busca de um celular ou lap-top que se adqe melhor sua necessidade. Os grandes produtores vo abastecer o mercado e isso far com que o preo despenque e mesmo o cidado considerado pobre vai poder trocar de celular e comprar um computador porttil. Como resultado, o lixo produzido pela eventual troca dos aparelhos ser colocado em local imprprio. Na rea da Sade, finalmente, conseguiremos a cura da AIDS, graas a algum composto extrado de rvores da Amaznia, pulmo e salvao do mundo. O cncer tambm ter uma reduo de 80% graas tambm a esses compostos, e a cincia mdica celebrar o seu maior triunfo. Em contrapartida, haver uma corrida aos hospitais e laboratrios que no tero mo de obra suficiente para a demanda. Em meio bonana, surgir uma grande tempestade que reinar no setor poltico. Na Poltica, haver uma grande surpresa. Os militares, pela primeira vez representando o povo, inconformados com tantos escndalos e tanta corrupo, tomaro novamente o poder. Mas, diferentemente de 1964, a transio acontecer pacificamente, pois o principal alvo dos generais sero os polticos, uma vez que todos os envolvidos em algum tipo de falcatrua ou decoro sero imediatamente presos. O presidente ser mantido, e um general ser aclamado primeiro ministro. O povo, mesmo ressabido, ficar de alma lavada. Nas outras reas como Educao, Economia, Habitao quase nada mudar, mas, para um ano s, tudo isso j ser suficiente.

Obs. Procure ser coerente nas suas adivinhaes. No seja trivial (morte de pessoa famosa) nem complexo (Um meteoro destruir a Terra).

30. Receita Texto instrucional que consiste em frmula para a preparao de produtos culinrios ou industriais. Tem como base o desejo de fazer algo; a reunio de material para a empreitada e seu manuseio, mais a obteno da coisa desejada. Caractersticas Texto instrucional; Verbos no imperativo; Diviso: ttulo, ingredientes, modo de preparo e informaes complementares; Linguagem clara e objetiva com vocbulos tpicos do gnero; Uso do padro culto da lngua. Proposta: Em meio a tanta corrupo, faa uma receita dizendo o que fazer para termos um pas melhor. Um Brasil melhor O Brasil um pas de muitos problemas, mas no impossvel modific-lo. Assim, para conseguirmos um pas bem melhor, preciso que tenhamos os ingredientes necessrios para isso. Precisamos de sensibilidade, carter, persistncia, altrusmo, hombridade, tica, senso de justia e indignao, pois sem ela difcil comear qualquer mudana. Alm disso, precisamos contar com o auxlio de bons polticos, de legisladores ntegros, de funcionrios executivos aptos para o trabalho, de magistrados ticos e de pessoas com boa vontade, gente que tenha tambm sensibilidade para detectar tantos problemas. Reunidos esses elementos essenciais, devemos mescl-los conforme a necessidade, pois quando mais precisamos de algo que praticamos modificaes em nossas vidas. Coloquemos, no mesmo recinto, os legisladores e os magistrados que realmente desejam o bem para o nosso pas. Em seguida, a partir do conhecimento que tm de nossa realidade: problemas como a falta de saneamento, a deficincia nas reas da sade e da educao, deixemo-los trabalhar, mas sob nossa vigilncia. O resultado de todo esse esforo ser, no mnimo, um lugar mais digno para vivermos, um pas com leis que sejam cumpridas; um pas onde haja preocupao com a nossa sade; um governo que d ao povo alimentao regular, educao de qualidade e moradia decente para todos.

Obs. A UECE no exige a estrutura especifica de uma Receita, apenas que o texto possua: o desejo de fazer algo; os ingredientes para tal; o modo de conseguir e a obteno do que se desejava.

31. Resenha Chamamos de resenha os textos que tm como maior funo passar informaes sobre um determinado filme, livro, cd, pea teatral ou algum acontecimento do mundo artstico. Destacam-se os pontos principais do texto como se convidssemos o leitor a comprovar o que acabamos de dizer, lendo tambm aquela obra. Caractersticas Apresentao breve da obra e do autor; Descrio do contedo sem narrar ou transcrever partes do texto; Crtica dos pontos positivos e negativos; Breve resumo da obra permitido (enredo); Anlise breve do autor e aprofundada da obra.

Aves de arribao, publicado em 1913, portanto j sob os influxos da modernidade, pertence ao autor cearense Antnio Sales, o fundador da Padaria Espiritual e um dos idealizadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Sales era um dos grandes nomes da poesia cearense, mas, na prosa, no foi to feliz quanto foi no gnero lrico. No romance, alm da explcita oposio entre a viso de mundo sertaneja e a viso de mundo urbana, instala-se causticante ironia aos poderosos da poca, como o governo de Nogueira Accioli. Diria at que essa crtica uma das partes mais importantes da obra, pois os mandatrios de Ipuaba, Jos Herculano e Joo Ferreira, representam muito bem as oligarquias da poca do autor. Quanto narrativa mesmo, o que temos a histria de um jovem muito ambicioso que vaticina o seu prprio crescimento, atitude na qual os meios seriam aqueles que as circunstncias ditassem, conduta muito prpria do pensamento realista, positivo e racionalista, pregado pelos tericos do fim do sculo XIX. Ao lado de tudo isso, seguem os poucos elementos regionalistas, como j disse Rachel de Queiroz, e o senso potico de nosso maior parnasiano, metaforizado em Matias, um pobre poeta local que se destaca por sua viso de mundo cabocla. Em suma, o romance Aves de arribao no pode ser apontado como uma grande obra da literatura brasileira porque peca em inmeros aspectos j apontados pela crtica. Ainda assim pode ser tomado como uma das melhores realizaes de Antnio Sales e um dos melhores textos da prosa cearense. Obs. No confundir Resenha com Resumo e Parecer. Resumir fazer relato sucinto; dar Parecer analisar e/ou autorizar ou vetar.

32. Resumo Contar, de forma objetiva e sucinta, um texto de verso mais longa. a exposio seletiva das idias de um determinado texto. Tipos: a) Crtico (analisa, avalia: o mesmo que Resenha); b) Indicativo (indica pontos principais do texto: resumo literrio ou Prlogo); c) Informativo ( informa resumidamente as partes que dividem o texto: o mesmo que sinopse). Caractersticas Destaque das principais idias (sublinhando-as, por exemplo) medida que forem aparecendo; Distino entre as idias principais e as secundrias, os detalhes e os exemplos; Percepo dos vrios tipos de articuladores (conectivos) utilizados pelo autor e entendimento das relaes de sentido estabelecidas por eles;

Dias e Dias O romance tem incio com a jovem Feliciana lembrando o dia em que fora comprar feijo verde na venda em que trabalhava o poeta Antnio Gonalves Dias. Daquele momento em diante, o amor se instalou em sua alma e ela passou a fazer de tudo para ter aquele amor. Infelizmente, da parte do poeta este sentimento no era recproco, pois a presena de Feliciana nem mesmo era percebida. A jovem sonhava com o amor de Antnio. O menino, por sua vez, sonhava com os estudos no exterior e o reconhecimento de sua intelectualidade. Com o talento que possua, facilmente, foi reconhecido como um grande talento, mas que no poderia se desenvolver no Brasil, menos ainda em Caxias do Maranho. Com a ajuda do pai, foi para Portugal, de onde voltou coberto de glrias, graas tambm s intervenes do amigo Alexandre Tefilo, primo da jovem que seria a sua grande frustrao sentimental. Em suma, depois de muitas peripcias e desencontros, fugindo de casa, amando, sofrendo, crescendo, Feliciana se prepara para receber seu grande amor. Antnio est voltando para o Maranho. No porto, na noite do dia 3 de novembro, antes de chegar a terra, o navio que trazia o famoso poeta Gonalves Dias naufraga, deixando no corao de Feliciana a incerteza sobre o que realmente o fazia voltar, uma vez que, entre os pertences do poeta, fora encontrada uma carta apaixonada da jovem Feliciana. Obs. Nos resumos de livros no devem aparecer dilogos, descries detalhadas, cenas ou muitas personagens secundrias. As personagens, os ambientes e as aes mais importantes devem ser valorizados.

33. Verbete Trata-se de um texto de definio e de exposio. Nele deve haver a definio de um termo considerando-se suas acepes denotativas e conotativas, alm de generalizaes e particularizaes referentes ao uso do termo em variados contextos. Quanto forma, pode-se utilizar a diviso em pargrafos ou a paragrafao nica nesse caso, necessrio lembrar-se de usar nmeros ou letras para separar os tpicos, assim como nos verbetes de dicionrio. Caractersticas Texto de definio e de exposio; No devemos demorar na definio gramatical; Elevado grau de informatividade; Nesse tipo de texto no devemos questionar, argumentar nem narrar.

Proposta: Faa, para um Dicionrio de Sade da UECE, um verbete sobre Dengue.

Dengue (sm) - Virose transmitida pelo Aedes aegypti . A dengue uma doena febril aguda causada por um vrus de evoluo benigna, na maioria dos casos, e seu principal vetor um mosquito, que se desenvolve em reas tropicais e subtropicais. A doena tem dupla tipologia: Clssica e Hemorrgica. O vrus causador da doena possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infeco por um deles d proteo permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporria contra os outros trs. A dengue clssica apresenta-se geralmente com um quadro de febre, dor de cabea, dor no corpo, nas articulaes e por trs dos olhos, podendo afetar crianas e adultos, embora raramente mate. A dengue hemorrgica, por sua vez, a forma mais severa da doena, pois, alm dos sintomas citados, possvel ocorrer sangramento, choques ocasionais e at a morte. A dengue no transmitida de pessoa para pessoa. Seu principal vetor mesmo o mosquito, que, aps um perodo de 10 a 14 dias, contados depois de picar algum contaminado, pode faz-lo transportar o vrus durante toda a sua vida. O ciclo de transmisso acontece do seguinte modo: A fmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com gua; Ao sarem dos ovos, as larvas vivem na gua por cerca de uma semana; Aps este perodo, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. A transmisso da doena raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16 C, sendo que a mais propcia gira em torno de 30 a 32 C. A fmea coloca os ovos em condies adequadas (lugar quente e mido) e em 48 horas o embrio se desenvolve. importante lembrar que os ovos que carregam esse embrio podem suportar a seca por at um ano alm de serem transportados por longas distncias, grudados nas bordas dos recipientes. A dengue , atualmente, no mundo, um dos maiores problemas de sade pblica.

Obs. O verbete tambm pode ser produzido em tpicos, com pargrafo nico, como nos dicionrios. Normalmente, deve ser desaconselhado, pois a UECE prima pelos textos em prosa.

Parte III

Grade de Correo

Para um melhor aproveitamento do nosso senso crtico, a teoria apresentada est correta, mas os exemplos dados constituem erros. Reflita sobre eles e no faa igual!

Acentuao Colocar acento onde no existe ou deixar de pr onde deveria haver. Ex.: O menino brincava infntilmente ao redor das carcaas. Eco Som estranho frase que se repete causando assonncia ou aliterao. Ex.: que s vezes eu me sinto assim to s. V l e deixe a mala l. Estrangeirismo Utilizao de palavras ou expresses que no fazem parte da Lngua Portuguesa. O uso no totalmente errado, mas, sempre que usar, o candidato deve lembrar de colocar aspas. Quando houver um vocbulo correspondente em lngua portuguesa e voc preferir o estrangeirismo, o nome disso frescura. Ex. Foi ao mdico fazer um check-up, mas pediu que o resultado ficasse em off.

Legibilidade Antecipadamente, constando no edital, a banca autoriza o candidato a usar letra de forma se a sua for ilegvel. Assim, quando determinada palavra mesmo muito difcil de ler, o candidato apenado, e no por falta de aviso. Entenda-se por ilegvel a letra que pequena demais ou muito confusa (garrancho ou a famosa letra de mdico).

Ex.

Maisculas e minsculas Usar inadvertidamente ou deixar de usar, quando for regra, as letras maisculas ou minsculas tambm um erro, punido exemplarmente pela banca. Ex.: Fortaleza, 16 de Abril de 2010. Margem O desrespeito s margens do texto tambm punido pela banca. Esse tipo de erro acontece quando o candidato escreve de forma desatenta, ou proposital, fora da caixa de redao. Ex.

Ortografia Escrita errada de uma palavra. Ex. O Juis responsvel pelo comprimento das leis.

Pontuao Qualquer erro inerente pontuao (emprego inadequado de vrgula, ponto, dois pontos etc.). Ex.: Neide toma banho sempre que sua me grita ela traga a toalha Rasura Errar a escrita de uma palavra e borrar a redao sem nenhum respeito esttica do texto. A UFC est mais rgida quanto a isso. Ex.

Repetio ou Omisso acidental de Palavra Exatamente o que o nome diz, est ligado aos automatismos da escrita. Geralmente, juramos ter escrito algo em nosso texto, quando, de fato, no o fizemos. Ns no notamos, mas qualquer outro leitor consegue perceber. Ex. O rapaz estava sentado era era exatamente o infrator.

Translineao Passagem incorreta de uma linha para outra deixando apenas uma letra em posio final valendo como slaba; translineao gerando cacfono, ou seja, outra palavra na linha debaixo. 1) O povo ficou revoltado com o que aconteceu no presdio. Vrios a migos nossos perderam a vida. 2 ) De todas as necessidades, o precrio abastecimento deixa os moradores mais revoltados.

Concordncia nominal Concordncia comum entre os nomes ( substantivo, adjetivo, artigo, pronome e numeral ) Ex.: As praias brasileira so muito extensa. Revistas e livros velhas estavam sobre a mesa. Concordncia verbal Concordncia comum entre sujeito e verbo. Ex.: A gente sempre vamos ao parque no feriado. Os Estados Unidos um pas muito rico. Regncia nominal Uso da preposio adequada nos nomes Ex.: Tenho medo por voc desistir de tudo. Regncia verbal Uso da preposio adequada nos verbos transitivos indiretos e nos bitransitivos. Ex.: A me deu a luz a uma criana Ex.: O enfermeiro assistiu ao mdico. Topologia pronominal Colocao correta dos pronomes (prclise, nclise e mesclise). Ex. Ele no pediu-me educadamente, por isso no obedecerei-lhe. Paralelismo sinttico Na verdade, tratamos da quebra do paralelismo sinttico, que consiste no desrespeito harmonia entre verbos, pronomes, conjunes etc. Ex.: No sonho, eu caminhava pela rua e pensava no tempo de nossa felicidade. Entro em uma joalheria e compro um anel de brilhantes para provar o meu amor. Crase Utilizao correta do sinal de crase (soma do a preposio com o a artigo ) Ex.: Paulo andava cavalo Lcio foi a festa, a Clodovil Refiro-me aquele menino

Erros de Coeso - M utilizao de elos coesivos (conj., prep., pron. etc.) Ex.: Fiquei contente pelo fato dele saber. Ex.: Conversei com minha me onde ela me disse que no gostava dos meus amigos. Flexo Nominal Flexionar incorretamente os nomes. Ex.: Pedro tinha um cachorrozo, algo que assustava os cidades. Flexo Verbal Flexionar de forma errada os verbos. Ex. Os guardas manteram-se parados minha frente. Ordenao sinttica dos termos (hiprbato) Inverso eventual dos termos da orao prejudicando o entendimento. Ex. Comprou ontem um carro novo o meu vizinho da esquerda. Frase truncada Nasce da construo de perodos longos, cuja coeso sinttica comprometida pela falta de sujeito ou pela inverso exagerada da ordem do sintagma. reconhecido, normalmente, pelo uso de frases que comeam pela conjuno subordinada. Ex. Que o Brasil um pas problemtico todos sabem. Verbos Emprego inadequado de verbos. Ex. Na minha rua tinha uma velha muito fofoqueira.

Argumentao descontextualizada Fazer uma afirmativa que no esteja ligada ao tema tratado. Ex.: O aborto pode muito bem ser discutido nessa ocasio (Dissertao sobre o Aquecimento Global). Argumentao extrema Afirmar algo de forma categrica e unilateral. Ex.: No. O poder da mdia algo indiscutvel. Argumentao invlida - Afirmar algo que no pode ser razoavelmente aceito pelo leitor. Ex.: A vida, de fato, comea aos quarenta. Ambigidade (anfibologia) Fazer afirmao que permita dupla interpretao.

Ex.: Por ocasio da Pscoa, pediremos a Sra. Etelvina que ponha um ovo no altar. Gostei daquele restaurante porque a comida era barata. Alnea do pargrafo No obedecer aos recuos previstos pela paragrafao. Obs. No dar o devido espaamento no incio de cada pargrafo impedindo seu alinhamento. Coerncia Aceitabilidade das ideias apresentadas. Os erros so de incoerncia semntica, que podem ser figurativa, narrativa, lingstica, espacial etc. Ex.: Vi, do 13. andar, a faca de 12 polegadas encostada no peito da vtima, l na praa, momento em que, de seu olho esquerdo, escorria uma tnue lgrima. Coeso Toda e qualquer falha de tessitura textual, de encadeamento seqenciado das palavras e dos pargrafos atrapalhando a progresso da ideia. Ex. S que o seu pai no lhe permitia que fizesse o que era para se fazer mesmo e era o que ele queria. Expresso clich ou frase de efeito Frase boba e repetitiva que passou a ser ironizada por sua insistncia. Ex.: Venho por meio desta (numa carta) / Para concluir... ( no ltimo pargrafo de uma dissertao)/ As crianas so o futuro do nosso pas... Frase mal estruturada O descumprimento das regras de construo do perodo (SVCA). Ex. Que que se acha que o homem pode esperar daqueles quando se quer que se que lhe diga-lhes a verdade, pois nada assim mesmo. Citao Transcrever ou citar diretamente frase dita por algum. Ex.: Como dizia Machado de Assis: O mundo um grande teatro.

Idia vaga Afirmao que no possui argumentao. Ex. A vida isso mesmo: um oceano de plumas, beira-mar/ O homem sabe de suas necessidades comuns e incomuns na sociedade que . Fuga ao tema No tratar do assunto proposto pela banca. Ex.: Quando as rvores esto se formando, as partculas que geram o tronco so as mais fortes, por isso o tronco gerado mais forte. (Numa redao sobre as pesquisas com clulas-tronco)

Inadequao s instrues No obedecer aos trmites do formato ou gnero proposto pela banca. Ex. Em uma carta, no colocar local e data nem vocativo./ No obedecer ao formato de bula, panfleto, receita etc que tm um modelo especfico. Mudana da voz discursiva Escrever em 1. pessoa e alternar para 3. e vice versa. Ex.: Pensamos que a vida algo ruim, mas se voc observar melhor, ver, como eu vejo, que o mundo bom. Idia sem complementao Causada, normalmente, por solecismo. Ex. O poder absoluto algo que faz do homem um ser. Erro de paragrafao Criao de pargrafo desnecessrio ou no mudana de pargrafo quando exigido. Obs. A mudana de idia, de assunto ou de foco nos leva geralmente para a mudana de pargrafo. No cumprir essa regra um erro dos mais graves.

Vocbulo inadequado Um tipo de incoerncia lingstica. Uso de expresses que no condizem com a lngua padro, com o texto normativo. Sempre que descemos o nvel do nosso discurso, usando gria, oralidades e vulgarismos, ou quando subimos demais, usando lngua especial, latinismos, francesismos etc. tambm perdemos pontos. Ex.: Ultimamente, o Governo s tem feito porcaria. Em outras palavras, pode-se dizer que tem sido uma droga, uma merda mesmo. Hodiernamente, o claustro em que vivem os nossos patrcios de pasmar. Paralelismo semntico Construo de idias, em forma no paralela, que sugerem assuntos completamente distintos. Ex.: O senhor quer sorvete de goiaba ou quer do grande? Raciocnio interrompido Interrupo no fluxo da idia, no pensamento, que se reflete na escrita. Ex. Nem sempre podemos manter, a palavra dada de muito valor. Generalizao Por meio de valorao, fazer afirmao extrema generalizante. Ex.: Todo poltico ladro. / Os jovens so rebeldes, violentos, imaturos e irresponsveis. Tautologia ou Redundncia repetio de informao ou idia desnecessria

Ex.: O menino estava alegre e feliz, por isso, ficou l, brincando com seus brinquedos. Citao do tema Escrever o tema ou parte dele dentro da redao. Ex.: ( Numa redao sobre a racionamentos. ) Necessidade imperativa dos

A necessidade imperativa dos racionamentos mesmo uma boa pergunta. Digresso pequeno desvio do assunto tratado (incio da fuga ao tema). Ex.: Assim, em breve, pelo silncio promovido pelas relaes on-line, estaremos voltando Idade da Pedra, quando o homem caava e pescava para sobreviver, alm de tentar manter aceso, a todo custo, at com a prpria vida, fugindo das feras, o fogo que conseguia fazer friccionando pedaos de madeira... (Numa redao sobre a O uso da Internet). Oralidade Utilizao de termos ou expresses de domnio pblico no aceitas pela Gramtica Tradicional (GT). Ex.: Foi s a conta! Os parlamentares viram no Natal um meio de desviar a ateno do povo para os escndalos do legislativo. De quebra, ainda tentaram aumentar o prprio salrio. O pior que essa moada pensa que ser presidente moleza. Certas coisas no d nem pra gente falar, porque t tudo to explicado, brother. Gria Uso de termos ou expresses comuns a um determinado grupo. Ex.: Quando o elemento tentou furar o soldado, foi queimado ali mesmo. O resto da galera vazou na hora. Regionalismo termo ou expresso prprio de uma regio. Ex.: Paulo respondeu na bucha. E foi a que a porca torceu o rabo, tch.

P.S. Existem ainda outras paranias das bancas que so irritantes, mas que acabam sendo corrigidas. Por isso, no se deve: Escrever fora da caixa de texto; Espremer palavras na margem direita; Sobrescrever palavras; Alternar letra de forma e letra cursiva;

 Dar um espaamento muito grande entre as palavras, pois, segundo a banca, uma estratgia para ganhar linhas e escrever pouco. exigido um espaamento regular; Rasurar o texto; Fugir ao formato exigido pela proposta (conto em vez de crnica; aplogo em vez de fbula etc.); Letras estilizadas (i Pel, m ondinha etc.); Sentimentalismo, pieguismo; Ex. As pobres crianas so as vtimas... Religiosidade. Ex. ...pois, sem a ajuda de Deus, este pas no vai para frente.

Parte IV

Os erros mais cometidos em Redao

Veja os 100 erros mais comuns daqueles que fazem redao e use esta relao como um roteiro para fugir deles ao elaborar seu texto. Classifique-os, segundo a grade de correo, em erros de escrita (E), de gramtica (G) ou de Texto (T). 1 - "mal cheiro", "mau-humorado". Mal ope-se noo de bem e Mau noo de bom. Certo: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar. ( ) 2 - "Fazem" cinco anos. O verbo fazer, quando exprime tempo, impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois sculos. / Fez 15 dias. ( ) 3 - "Houveram" muitos acidentes. O verbo haver, no sentido de existir, tambm invarivel. Certo: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais. ( ) 4 - "Existe" muitas esperanas. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar so verbos que admitem normalmente o plural. Certo: Existem muitas esperanas. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peas. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idias. ( ) 5 - Para "mim" fazer. preciso lembrar que o pronome mim no conjuga verbos porque no pode exercer funo de sujeito. Certo: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer. ( ) 6 - Entre "eu" e voc. Depois de uma preposio, usa-se mim ou ti. Certo: Entre mim e voc. / Entre eles e ti. ( ) 7 - "H" dez anos "atrs". Os vocbulos h e atrs, verbo e advrbio, respectivamente, indicam passado. Use apenas h dez anos ou dez anos atrs.( )

8 - "Entrar dentro"; Sair fora ou para fora, elo de ligao, monoplio exclusivo, j no h mais, ganhar de graa, viva do falecido e outras redundncias so abominveis. ( ) 9 - "Venda prazo". No h crase antes de palavra masculina, salvo quando se subentendem as palavras moda ou maneira: Salto (moda de) Lus XV; Foi ao desfile Clodovil. Nos demais casos no h: A salvo, a bordo, a p, a esmo, a cavalo, a carter. ( ) 10 - "Porque" voc foi? Sempre que estiver clara ou implcita a palavra razo, use por que separado: Por que (razo) voc foi? / No sei por que (razo) ele faltou. / Explique por que razo voc se atrasou. Porque usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trnsito estava congestionado. Resumindo: Separado pergunta (Por que voc faltou?); junto responde (Faltei porque quis). Junto, com acento, um substantivo, acompanhado de determinante (No sei o porqu da falta); Em posio final est em pergunta indireta e deve ser acentuado (Faltou. Agora, diga por qu.) ( ) 11 - Vai assistir "o" jogo hoje. O verbo assistir com o sentido de presenciar e ver, de ser espectador, exige a: Certo: Vai assistir ao jogo, missa, sesso, ao jogo, televisa, A medida no agradou (desagradou) populao. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes. ( ) 12 - Preferia ir "do que" ficar. Normalmente, preferimos uma coisa a outra: Preferia ir a ficar; Quando se diz prefervel devemos seguir a mesma regra: prefervel lutar a morrer sem glria. ( ) 13 - O resultado do jogo, no o abateu. No devemos separar, com vrgula, o sujeito do predicado. Tambm no devemos separar, com vrgula, o verbo do seu complemento. O menino comprou, um doce. Certo: O resultado do jogo no o abateu/ O menino comprou um doce. ( ) 14 - "excesso". O certo exceo. Observe outras grafias erradas e, entre parnteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlgio" (privilgio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcreo" (calcrio), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "asceno" (ascenso), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envlucro" (invlucro), embudo ( imbudo). ( ) 15 - Quebrou "o" culos. A concordncia preferencialmente no plural: os culos, meus culos. Da mesma forma: Meus parabns, meus psames, seus cimes, nossas frias, felizes npcias. ( ) 16 - Comprei "ele" para voc. Eu, tu, ele, ns, vs e eles no podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para voc. Tambm: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me. ( )

17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a voc e a vocs e por isso no pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / No o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama. ( ) 18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados( ). 19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposio no varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos. ( ) 20 - Chegou "em" So Paulo. Verbos de movimento exigem a, e no em: Chegou a So Paulo. / Vai amanh ao cinema. / Levou os filhos ao circo. ( ) 21 - Atraso implicar "em" punio. Implicar direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicar punio. / Promoo implica responsabilidade.( ) 22 - Vive "s custas" do pai. O certo: Vive custa do pai. Use tambm em via de, e no "em vias de": Espcie em via de extino. / Trabalho em via de concluso. ( ) 23 - Todos somos "cidades". O plural de cidado cidados. Veja outros: caracteres (de carter), juniores, seniores, escrives, tabelies, gngsteres. ( ) 24 - O ingresso "gratuto". A pronncia correta gratito, assim como circito, intito e fortito (O acento no existe! Apenas indica a letra tnica). Da mesma forma: flido, condr, recrde, avro, ibro, plipo. ( ) 25 - A ltima "seo" de cinema. Seo significa diviso, repartio, e sesso equivale a tempo de uma reunio, funo: Seo Eleitoral, Seo de Esportes, seo de brinquedos; sesso de cinema, sesso de pancadas, sesso do Congresso. ( ) 26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, so a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc. ( ) 27 - "Porisso". So duas palavras, separado. Ex. por isso, de repente e a partir . ( ) 28 - No viu "qualquer" risco. nenhum, e no "qualquer", que se emprega depois de negativas: No viu nenhum risco. / Ningum lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confuso. ( ) 29 - A feira "inicia" amanh. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira iniciase (inaugura-se) amanh. ( ) 30 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunes subordinativas e os advrbios: No lhe diga nada. / Nenhum dos

presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro. ( ) 31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confuses desse tipo: O "fuzil" (fusvel) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (crculo) vicioso, "caberio" (cabealho). ( ) 32 - No sabiam "aonde" ele estava. O certo: No sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: No sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? ( ) 33 - "Obrigado", disse a moa. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moa. / Obrigado pela ateno. / Muito obrigado por tudo. ( ) 34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc. ( ) 35 - Ela era "meia" louca. Meio, como advrbio, no varia: meio louca, meio esperta, meio amiga. ( ) 36 - "Fica" voc comigo. Fica imperativo do pronome tu. Para a 3. pessoa, o certo fique: Fique voc comigo. / Venha pra Caixa voc tambm. / Chegue aqui. ( ) 37 - A questo no tem nada "haver" com voc. A questo, na verdade, no tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com voc. ( ) 38 - A corrida custa 5 "real". A nossa moeda tem plural regular, por isso flexiona: A corrida custa 5 reais. ( ) 39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar ceder, e no tomar por emprstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmo. Repare nesta concordncia: Pediu emprestadas duas malas. ( ) 40 - Foi "taxado" de ladro. Tachar que significa acusar de: Foi tachado de ladro. / Foi tachado de leviano. ( ) 41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordncia no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitria. ( ) 42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e no pode aparecer com nmeros inexatos: Veja o certo: Cerca de 20 pessoas o saudaram. ( ) 43 - Ministro nega que "" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa. ( )

44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" no existe no passado. O certo: Havia ou Tinha chegado atrasado. ( ) 45 - Tons "pastis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, no varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas. ( ) 46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente no tem hfen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. ( ) 47 - Queria namorar "com" o colega. O com no existe: Queria namorar o colega. ( ) 48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo d entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e no "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestgio do jornal entre os (e no "junto aos") leitores. / Era grande a sua dvida com o (e no "junto ao") banco. / A reclamao foi apresentada ao (e no "junto ao") Procon. ( ) 49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, o ou es, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavamno. / Do-nos, convidam-na, pe-nos, impem-nos. ( ) 50 - Vocs "fariam-lhe" um favor? No se usa pronome tono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, de futuro do pretrito (antigo condicional) ou particpio. Assim: Vocs lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se impor pelos conhecimentos (e nunca "impor-se"). / Os amigos nos daro (e no "daro-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formadome"). ( ) 51 - Chegou "a" duas horas e partir daqui "h" cinco minutos. H indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distncia ou tempo futuro (no pode ser substitudo por faz): Chegou h (faz) duas horas e partir daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distncia) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu h (faz) pouco menos de dez dias. ( ) 52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e no em, para definir o material de que alguma coisa feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, esttua de madeira. ( ) 53 - A mulher deu a luz a gmeos. A expresso dar luz, apenas: A mulher deu luz quntuplos. ( ) 54 - Estvamos "em" quatro mesa. O em no deve ser usado nessa construo: Estvamos os quatro mesa. / ramos seis. / Ficamos cinco na sala. ( ) 55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se mesa para comer. / Sentou ao piano, mquina, ao computador. ( )

56 - Ficou contente "por causa que" ningum se feriu. Esta locuo muito usada mas no deve existir. Use porque: Ficou contente porque ningum se feriu. ( ) 57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposio por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por ( ). 58 - medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo : medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem. ( ) 59 - No queria que "receiassem" a sua companhia. O certo : No queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (s existe i quando o acento cai no e que precede a terminao ear: receiem, passeias, enfeiam). ( ) 60 - Eles "tem" razo. No plural, tm assim, com acento. Tem a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vm e pe e pem: Ele tem, eles tm; ele vem, eles vm; ele pe, eles pem. ( ) 61 - A moa estava ali "h" muito tempo. Haver concorda com estava. Logo, o certo : A moa estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) trs meses. ( ) 62 - No "se o" diz. errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, no se o diz (no se diz isso), v-se-a, etc. ( ) 63 - Acordos "polticos-partidrios". Nos adjetivos compostos, s o ltimo elemento varia: acordos poltico-partidrios. Outros exemplos: Bandeiras verdeamarelas, medidas econmico-financeiras, partidos social-democratas.( ) 64 Aceitei o comprimento do presidente. A paronmia mesmo um problema: comprimento tamanho, cumprimento saudao. Certo: Aceitei o cumprimento do presidente. ( ) 65 - Andou por "todo" pas. Todo o (ou a) que significa inteiro: Andou por todo o pas (pelo pas inteiro). / Toda a tripulao (a tripulao inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) mortal. / Toda nao (qualquer nao) tem inimigos. ( ) 66 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difcil apontar todas as contradies do texto. ( ) 67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A deciso favoreceu os jogadores. ( ) 68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a prprio, varivel: Ela mesma (prpria) arrumou a sala. / As vtimas mesmas recorreram polcia. ( ) 69 - Chamei-o e "o mesmo" no atendeu. No se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele no atendeu. / Os funcionrios

pblicos reuniram-se hoje: amanh o pas conhecer a deciso dos servidores (e no "dos mesmos"). ( ) 70 - Vou sair "essa" noite. este que designa o tempo no qual se est ou objeto prximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se est), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este sculo (o sculo 20). Usa-se esse quando j nos referimos e, depois, resgatamos. Ex. O assassinato da freira no Par foi o ponto alto da discusso no Supremo (...) esse crime brbaro... ( ) 71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica sempre singular : Zero grau, zero-quilmetro, zero hora. ( ) 72 - A promoo veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de que expressa uma situao favorvel: A promoo veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condio contrria: A queda do nvel dos salrios foi de encontro s (foi contra) expectativas da categoria. ( ) 73 - Comeu frango "ao invs de" peixe. Em vez de indica substituio: Comeu frango em vez de peixe. Ao invs de significa apenas ao contrrio: Ao invs de entrar, saiu. ( ) 74 - Se eu "ver" voc por a... O certo : Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se ns dissermos (de dizer), predissermos. ( ) 75 - Ele "intermedia" a negociao. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociao. Remediar, ansiar e incendiar tambm seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio. ( ) 76 - Ningum se "adequa". No existem as formas "adequa", "adeqe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc. ( ) 77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir s tem as pessoas em que depois do d vm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, no escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se tambm no se conjuga em todas as pessoas. Assim, no existem as formas "precavejo", "precavs", "precavm", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc. ( ) 78 Quando o Governo "reaver" a confiana. Equivalente: Governo recupera confiana.O certo reouver. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaver, reouvesse. Por isso, no existem "reavejo", "reav", etc. ( ) 79 - Disse o que "quiz". No existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pr: Quis, quisesse, quiseram, quisssemos; ps, pus, pusesse, puseram, pusssemos. ( )

80 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir s tm a terminao ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue. ( ) 81 - A tese "onde"... O uso do onde s pode para indicar lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianas brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que... ( ) 82 - J "foi comunicado" da deciso. A deciso comunicada, mas ningum " comunicado" de alguma coisa. Assim: J foi informado (cientificado, avisado) da deciso. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da deciso. O certo: A diretoria comunicou a deciso aos empregados. / A deciso foi comunicada aos empregados. ( ) 83 - Venha "por" a roupa. Pr, verbo, tem acento diferencial: Venha pr a roupa. O mesmo ocorre com pde (passado): No pde vir. Veja outros: frma, plo e plos (cabelo, cabelos), pra (verbo parar), pla (bola ou verbo pelar), plo (verbo pelar), plo e plos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoo, etc. ( ) 84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e no "inflingir") significa impor: Infligiu sria punio ao ru. ( ) 85 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa ave, avio, viajante, etc. No confunda tambm iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem trfico (contrabando) com trfego (trnsito). ( ) 86 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, o substantivo: Minha viagem. A forma verbal viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite tambm "comprimentar" algum: de cumprimento (saudao), s pode resultar cumprimentar. Comprimento extenso. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado). ( ) 87 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / No disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar. ( ) 88 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (no se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmisso em cores, desenho em cores. ( ) 89 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois comum o erro de concordncia quando o verbo est antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e no "foi iniciado" esta noite as obras). ( ) 90 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra prxima ao verbo no deve influir na concordncia. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agresses entre os funcionrios foi punida (e no "foram punidas"). ( )

91 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, no foi notado. Desapercebido significa desprevenido. ( ) 92 - "Haja visto" seu empenho... A expresso haja vista e no varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforos. / Haja vista suas crticas. ( ) 93 - A moa "que ele gosta". Quem gosta, gosta com preposio. O certo: A moa de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispe, o filme a que assistiu (e no que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc. ( ) 94 O fato dele ter sado. Dessa forma a coisa fica meio nojenta. No se deve fazer a contrao da preposio com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: O fato de ele ter sado; hora de ele chegar. / Apesar de o amigo t-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido... ( ) 95 - Vou "consigo". Consigo s tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e no pode substituir com voc, com o senhor. Portanto: Vou com voc, vou com o senhor. Igualmente: Isto para o senhor (e no "para si"). ( ) 96 - J "" 8 horas. A palavra horas e outras que definem tempo variam: J so 8 horas. / J (e no "so") 1 hora, j meio-dia, j meia-noite. ( ) 97 - A festa comea s 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema mtrico decimal no tm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e no "kms."), 5 m, 10 kg. ( ) 98 - "Dado" os ndices das pesquisas... A concordncia normal: Dados os ndices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idias... ( ) 99 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflao. E lembre-se: O animal ou o piano tm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, algum traz alguma coisa e algum vai para trs. ( ) 100 - "Ao meu ver". No existe artigo nas expresses desse tipo. O certo : A meu ver, a seu ver, a nosso ver. ( )

Os 10 erros mais graves!!!

Alguns erros revelam maior desconhecimento da lngua que outros. Os dez abaixo esto nessa situao.
1 - Quando "estiver" voltado da Europa. Nunca confunda tiver e tivesse com estiver e estivesse. Assim: Quando tiver voltado da Europa. / Quando estiver satisfeito. / Se tivesse sado mais cedo. / Se estivesse em condies. ( ) 2 - Que "seje" feliz. O subjuntivo de ser e estar seja e esteja: Que seja feliz. / Que esteja (e nunca "esteje") alerta. ( ) 3 - Ele "de menor". O de no existe: Ele menor; menor de idade ou de menor idade ( )

4 - A gente "fomos" embora. Concordncia normal: A gente foi embora. E tambm: O pessoal chegou (e nunca "chegaram"). / A turma falou. ( ) 5 - De "formas" que. Locues desse tipo no tm s: De forma que, de maneira que, de modo que, etc. ( ) 6 - Fiquei fora de "si". Os pronomes combinam entre si: Fiquei fora de mim. / Ele ficou fora de si. / Ficamos fora de ns. / Ficaram fora de si. ( ) 7 - Acredito "de" que. No use o de antes de qualquer que: Acredito que, penso que, julgo que, disse que, revelou que, creio que, espero que, etc. ( ) 8 O Senado estar em recesso. O governo pode est em crise. O que vimos deve ser usado ao contrrio. Est indica uso presente e estar uma situao condicional ou de futuro. O certo ento seria: O menino est doente. Amanh pode estar melhor. ( ) 9 - Ela veio, "mais" voc no. Nesse caso deve ser usado mas, conjuno, que indica ressalva, restrio: Ela veio, mas voc, no. ( ) 10 - Fale sem "exitar". Escreva certo: hesitar. Veja outros erros de grafia e entre parnteses a forma correta: "areoporto" (aeroporto), "metereologia" (meteorologia), "deiche" (deixe), enchergar (enxergar), "exiga" (exija). E nunca troque menos por "menas", verdadeiro absurdo lingstico. ( )

Adaptado do Estado So Paulo Bibliografia DIONSIO, . et al. Gneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna. FVERO, L. L. & KOCH, I. V. (1987). Contribuio a uma tipologia textual. In Letras & Letras. Vol. 03, n 01. Uberlndia: Editora da Universidade Federal de Uberlndia. pp. 3-10. MARCUSCHI, L. A. (2002). Gneros textuais: definio e funcionalidade In TRAVAGLIA, L. C. (1991). Um estudo textual-discursivo do verbo no portugus. Campinas, Tese de Doutorado / IEL / UNICAMP, 1991. 330 + 124 pp. ___ (2002). Tipelementos e a construo de uma teoria tipolgica geral de textos. Mimeo. MOISS, Massaud. Dicionrio de termos literrios. So Paulo: Cultrix, 2004, p. 175-178.