Teoria Da Silaba
Teoria Da Silaba
Teoria Da Silaba
A histria da slaba na teoria fonolgica comea a ser escrita desde a Escola de Praga, pelos prosodicistas de Londres, passando pelo estruturalismo americano, at a moderna teoria gerativa. Inclui ainda a fonologia autosegmental e mtrica, percorrendo um trajeto de crescente importncia a cada dcada. Nos primeiros estudos da fonologia Gerativa no Sound Pattern of English - SPE - de Chomsky & Halle (1968), a slaba no foi profundamente abordada. As palavras eram vistas como seqncias de consoantes e vogais. Contudo, este "lapso" foi imediatamente percebido, seja por simpatizantes, seja por crticos da teoria, surgindo assim, uma srie de revises e de novos estudos sobre a slaba, salientando sua importncia na fonologia. Podem-se citar os trabalhos de Fudge 1969, Hooper 1972 e Vennemann 1972. Porm, ainda antes do SPE, os estudos de Pike e Pike 1942 e de Hockett 1955 so considerados por Blevins (1995), obras clssicas voltadas para a anlise da slaba. 2. Lugar da slaba na fonologia
Fonlogos mais atuais, como Blevins (1995), Selkirk (1982), Goldsmith (1990), Spencer (1996), apesar de defenderem posies tericas diferenciadas, so unnimes em conceder um espao privilegiado para slaba destacando-a como unidade lingiiisticamente significante que deve ter o seu lugar na teoria fonolgica. Selkirk (1982), levanta trs argumentos para o estudo da slaba:
* [email protected].
22-CloraSimone#fflcioareMendana
First of all, it can be argued that the most general and explanatory statement of phonotactic constraints in a language can be made only via the syllabic structure of an utterance. Second, it can be argued that only via the syllable con one give the proper characterization of the domain of application of a wide range of rules of segmental phonology. And, third, it can be argued that an adequate treatment of suprasegmental phenomena such as stress and tone requires that segment be grouped into units which are the size of the syllable (Selkirk 1982: 337). 3. Organizao interna
Quando se olha para o conjunto de palavras das lnguas, possvel perceber que elas seguem determinados princpios organizacionais, e que estes princpios no so os mesmos para todas as lnguas. Tome-se como exemplo a seqncia /s1/, que no portugus no forma slaba, mas que no ingls perfeitamente vivel, ex: /sleiv/ - "escravo". De um modo geral, as lnguas so regidas por regras fonotticas que permitem ou no determinados arranjos ou seqncias sonoras em uma slaba. Logo, compreender as restries que operam em dada lngua, permite compreender a organizao no s da slaba, mas tambm das palavras. Os primeiros modelos de slabas eram feitos linearmente e apontavam simplesmente para uma seqncia de vogais e consoantes. Eles no caracterizavam corretamente os traos de cada segmento, bem como no captavam aspectos mais profundos da estrutura silbica, como o tom e o acento. O aprofundamento dos estudos conduziu a uma nova representao para a slaba. Adotando-se a utilizao de diagramas em forma de rvores, cada seqncia organizada a partir de uma certa hierarquia semelhante, em termos de arranjo, s rvores utilizadas pela sintaxe. Surge, ento, a fonologia no-linear. Organizadas e estudadas
deste modo, possvel ancorar traos supra-segmentais s slabas, ou a segmentos delas, alm de situ-las dentro de uma estrutura prosdica. Antes de se discutir a slaba enquanto estrutura hierarquicamente organizada e prosodicamente encaixada, necessrio voltar ao prprio conceito de slaba, sob uma perspectiva no linear.
Just like a feet of metrical theory supply rhythmic organization to phonological strings, syllables can beviewed as the structural units providing melodic organization to such strings. This melodic organization is based for the most part on the inherent sonority of phonological segments, where the sonority of a sound is roughlydefined as its loudness relative to other sounds produced with input energy (i.e., with same length, stress, pitch, velocity of airflow, muscular tension, etc). Hence, melodic organization of a phonological string into syllables result in a characteristic sonorityprofile segments will be organized into rising and falling sonority sequences, with each sonority peak defining a unique syllable. (Blevins 1995: 207)2.
O conceito de slaba exposto por Blevins, tenta capturar de um modo geral a essncia do que uma slaba para a teoria fonolgica autosegmental. Mas os pesquisadores no seguem uma unanimidade no modo como concebem a organizao estrutural interna de uma slaba. Alguns princpios bsicos, como ser visto mais adiante, so adotados, porm, a explicao de determinados processos e arranjos est diretamente vinculada ao arcabouo terico que o pesquisador vai adotar. 3.1 Conceitos de Onset, Rima, Ncleo e Coda
Convencionou-se na fonologia usar a letra grega s para simbolizar uma slaba, independente da teoria de base. J o uso dos termos Onset (0), Rima (R), Ncleo (N) e Coda (C), esto vinculados teoria e os
princpios que elas defendem, e sujeitos, em todas as lnguas, a restries quanto aos segmentos que podem ocupar estes espaos. Uma silaba s pode ser representada por dois ramos. O primeiro, chamado onse4 contm at duas consoantes. O segundo, chamado rima, pode ser preenchido por vogais e consoantes, cujo nmero e seqncia sero dados por especificidades da prpria lngua, como o molde silbico e filtros, como ser visto mais adiante. A rima, por sua vez, pode ser dividida em ndeo e coda. O ncleo, no portugus, formado somente por vogais e se constitui no pico silbico. Em outras lnguas, entretanto, algumas consoantes podem preencher esta posio. O coda tambm pode ser ocupado por consoante. O nmero, porm, de consoantes que se encontra neste lugar, em comparao ao de onse4 bastante reduzido.
3.2
Modelos
Muitos modelos tm sido elaborados com o objetivo de explicar a estrutura interna da slaba. Collischonn (1999), resume, de modo mais didtico, as teorias apresentadas em dois tipos: Teoria Autosegmental e a Teoria Mtrica da Slaba. Blevins (1998) e Hulst e Ritter (1999), oferecem, como se pode ver logo em seguida, uma viso cuidadosa das abordagens usadas mais freqentemente, com suas respectivas propostas de organizao interna da slaba. Modelos de estrutura interna da slaba3: a) Modelo de estrutura Plana: Neste modelo no h subconstituintes, somente s que simboliza a slaba e depois ramificaes para seus constituintes diretos. (Anderson 1969;
A \ a r
b) Modelos binrios com Rima: Modelos que possuem dois tipos de representaes. Onset Rima; Rima Ncleo Coda. (Pike and Pike, 1947; Kurylowicz 1948; Fudge 1969, apud HULST e RITTER 1999); (Selkirk 1982.) e (Blevins1998).
O R N C
cy> OnsetRima - ligados por uma relao de governo da Rima sobre o Onse4 conhecida como Fonologia de Governo. (Kaye, Lowesnstamm e Vergnaud 1984; Halle e Vergnaud 1987, apud HULST e RITTER 1999). Para este modelo, o Onset no contribui para o peso silbico, justificando a proposta de governo da rima sobre este elemento, como pode-se ver no exemplo abaixo citado por Hulst e Ritter (1999: 23).
0 E- R
xx k 1 xx o p
26-ClamShnone(gnciodeMendanm
c) Abordagem Moraica. (Hyman 1985; McCarthy and Prince 1986; Hayes 1989, apud HULST e RITTER 1999). O uso das moras, simbolizadas pela letra grega ia , possibilita trabalhar com o peso silbico, na distino de slabas leves e slabas pesadas. Hulst & Ritter (1999) oferecem as seguintes vantagens de uma abordagem silbica atravs das moras: As moras formam parte da hierarquia prosdica. Explicam a irrelevncia do peso dos Onsets Explicam a natureza varivel do peso das Codas Oferecem um tratamento para as vogais longas e geminadas. (v) Oferecem tratamento para as slabas super-pesadas.
d) Modelo Binrio com Corpo: cr> Corpo Coda Corpo Onset Ncleo. (MacCarthy 1979; Vennemann 1984, apudHULST e RITTER 1999). e) Modelo Ternrio: cs---> Onset Ncleo Coda. ( Hockett 1955; Haugen 1956; Davis 1985, apudHULST e RITTER 1999).
O N C Neste modelo a rima cortada, fazendo a slaba assumir uma estrutura mais simples possvel.
/\
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Teoria da Otimalidade (TO): Este modelo, inicialmente apresentado por Smolensky & Prince 1993, constitui-se numa proposta aparentemente simples, que, segundo Silva (2002), dotada de alto teor explicativo podendo ser aplicada nos diversos nveis da gramtica. A descrio da slaba na TO no usa o esquema arbreo, mas sim um 'tableau ', junto com um arcabouo construdo por uma srie de princpios e restries. Modelos hbridos: Esta proposta trata-se de fuses de algumas abordagens j mencionadas, como, por exemplo, a mistura do que contm Onsetjunto com os que adotam Moras. Hulst e Ritter (1999) consideram que o modelo de Pike e Pike (1947) hbrido. 3.3 Os tipos de slabas
Como descrito anteriormente, os elementos que constituem a slaba variam de lngua para lngua. Qualquer teoria fonolgica que adote a slaba como base, deve ser capaz de reconhecer as seqncias de consoantes e vogais caractersticas de cada lngua e compar-las, a fim de perceber quais as semelhanas e diferenas da estruturas silbicas entre lnguas distintas. A tabela que segue, adaptada de Blevins (1995: 217), mostra algumas lnguas:
V
cv S S S
CVC
vc S S S
N S S
S S S
ccv ceve S S S S .S S
CVCC
S N S
vice S N S
CCVCC
S N S
4.
Sonoridade
Praticamente, todas as teorias que trabalham com a slaba concordam que elas seguem algum princpio de sonoridade regendo a organizao interna dos seus constituintes.
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Esse princpio recebe vrias denominaes, entre elas Princpio de Sonoridade, adotado no Brasil por Biondo (1993), Silva (2002). Estes dois autores fundamentam suas pesquisas na obra de Goldsmith (1990). Outra opo chamar o princpio de "Sonority Sequencing Generalization" (SSG), adotado por Selkirk (1984), Spencer (1996) e Blevins (1998). Para Selkirk, "In any syllable, there is a segment constituting a sonority peak that is preceded and/or followed by a sequence of segments with progressively decreasing sonority values" (1984: 116). O termo SSG tem como pano de fundo uma postura gerativa, visto que ele considerado um princpio da Gramtica Universal (GU). A slaba se organiza numa escala de sonoridade obedecendo a seguinte hierarquia:
pico
crescente de sonoridade decrescente de sonoridade
O "pico", apontado no esquema acima, se refere ao mximo de sonoridade de uma slaba, que pode ser ocupado por um nmero restrito de segmentos. No portugus, como visto anteriormente, somente as vogais ocupam esta posio. 4.1 Seqncia de sonoridade
Ao longo deste artigo, tem-se pontuado que os segmentos na fonologia seguem uma hierarquia de sonoridade onde uns so mais sonoros do que outros. Esse princpio de sonoridade fundamental para a compreenso da organizao interna das slabas. Selkirk (1984) prope a seguinte seqncia de sonoridade para as lnguas, organizando os segmentos em uma escala hierrquica de sonoridade:
baixas vogais mdias altas glides (y,w) lquidas (41) nasais fricativas obstruintes africadas oclusivas
Para ilustrar o princpio de sonoridade das slabas, podemos utilizar um esquema proposto por SPENCER (1996), chamado de "grid de sonoridade", que nos possibilita a visualizao dos segmentos que compem as slabas. G= glide; V= 0= obstruinte; N= nasal; L= lquida; vogal. V L 0 N 0
5.
Filtros
A constituio das slabas obedece a uma escala de sonoridade e ao molde silbico de cada lngua. Selkirk (1984) lembra que as lnguas possuem restries.capazes de selecionar quais os elementos e a seqncia que eles podem ocupar numa slaba. Essas limitaes so chamadas de filtros. A pesquisadora toma, como exemplo, uma rima formada por dois elementos, chamados de R" e R2. Segundo ela, uma seqncia do tipo
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Nasal e Lquida no pode ocupar esta posio, portanto, *NL um filtro e representa esta restrio. Collischonn (1999) quando fala sobre filtros, lembra que o ataque complexo do portugus pode ser constitudo por uma seqncia de obstruinte e lquida, mas nem todas estas seqncias so permitidas, ou usadas nesta lngua. As alveolares *dl, *sl, *z1, *sr, *zr, as palatais *4IX, *I 2, *p, * 1 p, so consideradas filtros, pois no se realizam no portugus na posio de ataque. 6. Regras para a formao das slabas
Harris (1983 apudCOLLISCHONN 1999:101) prope a criao da slaba por meio de uma seqncia de regras: primeiro forma-se o ncleo, o onsete por ltimo a coda. Selkirk (1982) lembra que existem restries fonotticas sobre a seqncia e os elementos que podem ocupar as posies nas slabas. A pesquisadora chamou esse princpio de "Immediate Constituent Principle of Phonotactics", que vai tentar dar conta da relao entre dois constituintes. Tome-se como exemplo a relao entre ncleo e coda. Ela ainda fala que uma anlise deste tipo muito mais profunda do que a proposta por Hooper (1976), que vai perceber somente a seqncia de segmentos. Seguindo os princpios de organizao de uma slaba (modelo de Harris) e ainda o Princpio de Sonoridade, possvel proceder silabao das palavras nas lnguas. O processo, contudo, no to simples. Observem-se os exemplos de palavras e suas respectivas divises silbicas: tijolo porta noite rubro atlas ti.jo.lo por.ta noi.te ru.bro (?) a.tlas (?)
e.
As palavras (a), (b) e (c), partindo dos princpios anteriormente mencionados, so silabadas como podemos ver acima. Entretanto, as palavras (d) e (e) tambm podem ser divididas em slabas como rub.ro e at.las, respectivamente. Teoricamente, seriam slabas bem formadas. Sabe-se, no entanto, que no portugus no existem obstruintes em posio coda. Os pesquisadores tm estudado propostas para solucionar problemas deste tipo que aparecem, no s no portugus, mas tambm em outras lnguas. Uma delas o uso de filtros. Selkirk (1982: 359) refora o uso do "Princpio de Maximizao do Onset" - "In the syllable structure of an utterance, the onsets of syllables are maximized, in conformance with the principies of basic composition of the language."(p.359). Segundo a autora, ao se usar os princpios bsicos da silabao, possvel que um segmento seja analisado como onsetou como coda numa mesma palavra, e nos dois casos tem-se uma slaba bem formada. Quando isto acontecer, o onsetdeve prevalecer. To sum up, we conceive of the principies of basic syllable composition of a language as consisting of a template (with auxiliary templates possible in addition) and a set of collocational restrictions. To be defined as well-formed, the syllable structure of an underlying phonological representation must of necessity satisfy these basic principies. It must moreover satisfy the (universal) principie favoring maximal onsets. And of central interest to us, it is required to satisfy these principies only with limits ofcertain syntactically or morphologically specified domains." (SELKIRK 1992: 360). o que acontece com a silabao vista nos exemplos (d) e (e).
32-ClaraSnon4grciodeMendonp
7.
Licenciamento prosdico
O licenciamento prosdico constitui-se num princpio relacionado com a estrutura interna da slaba. Essa concepo fundamenta-se no pressuposto de que a linguagem organizada como um todo, at o ltimo segmento. Logo, todos os segmentos, entre eles a slaba, devem fazer parte de um nvel maior de organizao. Tome-se como exemplo o onset ele deve ser licenciado pela slaba. A slaba, por sua vez, pelas palavras, at chegar ao nvel do enunciado. Para Silva (2002), a noo de licenciamento sofistica a inter-relao entre os constituintes das representaes fonolgicas. Por este princpio tenta-se explicar e prever as diferentes seqncias que os segmentos podem assumir. Os fenmenos de epntese e apagamento iro atuar como mecanismos de ajustamento quando o licenciamento prosdico violado. 7.1 Epntese
Pode-se definir epntese como um fenmeno de acrscimo/ insero de uma vogal ou de uma consoante numa slaba.
A epntese voclica tem com objetivo principal corrigir uma estrutura silbica mal formada, fazendo com que certas consoantes que ocupavam a posio de coda passem-na para a posio de onset (2a), dando um ncleo voclico a uma slaba que no o tem (2b) ou formando ditongos (2c). /ob.1/2 .tu/> [o.bi. 1/2 .tu] /a.moR.s/ > [a.mo. is] c. /xa.paS/ > [xa.pais] (CAGLIARI 1998: 14).
Cagliari assume uma postura discutvel ao tomar a epntese como um fenmeno de correo de estrutura silbica. A palavra 'corrigir' remete a existncia de 'erros' numa dada lngua, como se esta fosse uma estrutura
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A slaba em fonologia - 33
cristalizada sem a capacidade de se adaptar s necessidades imediatas de comunicao depreendidas a partir do uso.
7.2 Apagamento O apagamento constitui-se numa regra fonolgica em que um segmento cancelado. Veja-se os exemplos: camisa usada - cami[zu]sada ainda - inda 7.3 Ambissilabicidade
A ambissilabicidade um fenmeno relacionado ao licenciamento prosdico e altamente controverso dentro da fonologia. De um modo geral, a ambissilabicidade, discutida desde Kahn (1976), diz respeito representao de um nico segmento que pode pertencer a duas slabas consecutivas. a V C a V
Selkirk (1982) rejeita o fenmeno de ambissilabicidade. Ela resolve esse problema defendendo a Teoria da Maximizao do Onse4 como citado anteriormente.
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8.
c / \
V
Nu/ N Co
V C
/\
C
Este molde no se aplica ao portugus, pois no existe nessa lngua uma seqncia CCVVCC, ou melhor, no se tem na rima uma seqncia de duas vogais e duas consoantes concomitantemente. Abaurre (1999) adota a representao abaixo para o portugus:
A
a Nu/
/\ R
/ \
C C
NCO
C
8.1
As slabas no portugus podem ser simples ou complexas. A seqncia CV uma slaba simples, tambm chamada de aberta devido ausncia da coda. As demais so caracterizadas como complexas.
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Segundo Cagliari e Massini-Cagliari (1998), slaba travada aquela que possui um segmento na posio coda. A seguir, tomando-se como base a proposta apresentada por Alvarenga e Oliveira (1997: 136), pode-se observar os segmentos e o lugar deles na estrutura silbica do portugus:
Onset
Rima
Ncleo /p/ /b/ /t/ /d/ /k/ /g/ /f/ /tis/ // /s/
171
Coda
/m/
In!
/p/
IV
/IV l'1
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8.2
Codas
Relembrando o que foi apontado anteriormente, uma quantidade restrita de segmentos pode ocupar a posio de coda. Blevins (1998) argumenta que a natureza da coda considerada uma questo emprica, e que os dados acumulados at agora sugerem que tais restries podem estar relacionadas com a sonoridade e com mudanas sonoras pelas quais a lngua possa ter passado. Para analisar o papel da coda dentro da estrutura silbica, alguns trabalhos chamam a ateno para o detalhe de onde esta coda est ocorrendo, se em final de slaba dentro de palavra ou final de slaba final de palavra, doravante FSDP e FSFD, respectivamente. No caso de se FSFD, Spencer (1996) lembra que o coda pode atuar como marca mor&mica, como tempo verbal ou plural. O autor usa o seguinte exemplo: fifths = fif + th + s a O R
// f
A soluo que Spencer prope colocar as marcas morfmicas como apndices, adjungidas a prpria slaba. Retomando-se o molde silbico acima, sugerido por Abaurre (1999) para o portugus, vale lembrar que no existem duas consoantes na posio coda. A soluo que ela prope para slabas do tipo 'mons ', adjungir o "s" ao nvel da prpria slaba, visto que somente o segmento "mon" j uma slaba bem formada. O segmento 's ', em casos como este, merece um tratamento diferenciado. No h consenso por parte dos pesquisadores das consoantes que preenchem a coda no portugus. Cagliari (2002) diz que os
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arquifonemas /S,N,L,R/ podem ocorrer nesta posio. Oliveira e Alvarenga (1997) excluem o /N/ desta relao, argumentando que o / N/, quando em posio de coda, pode ser analisado como trao de nasalidade da vogal da slaba anterior. 8.3 Slabas leves e pesadas
A noo de peso silbico agregada teoria fonolgica quando os fenmenos prosdicos e supra-segmentais comeam a ser estudados. A teoria mtrica trabalha com a noo de peso silbico. Massini-Cagliari e Cagliari (1998) fizeram um estudo do acento e do peso silbico do portugus. Segundo eles, existem aspectos universais que dizem respeito ao peso das slabas. Slabas com seqncia CV so sempre leves, e slabas CVC podem variar, podendo ser consideradas como leves ou pesadas. Uma slaba CVC vai ser considerada leve se forem contados os elementos do ncleo, ou pesada, se forem contados os elementos da rima. Este critrio varia de lngua para lngua. Nos exemplos da lngua portuguesa apresentados abaixo, somente a letra (a) uma slaba leve, as demais so pesadas. A letra (b) representa um ditongo e a letra (c) uma slaba travada. (a) a /\ O R N (b) a /\ O R i (c) /\ a O R NC
/1\1\ CV CVV CVC Uma seqncia CVV, de acordo com Cagliari e Massini-Cagliari (1998), vai ser sempre pesada, pois contm dois elementos no ncleo, ou seja, duas vogais. No portugus, so os elementos da rima que influem no peso silbico.
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9.
Concluso
Os trabalhos sobre slabas, impulsionados pela lacuna deixada pelo SPE em estud-las, passaram por um perodo bastante produtivo, tornando-se objeto central de pesquisas por muitos fonlogos e conquistando definitivamente seu lugar na fonologia. A slaba constitui-se num amplo campo de pesquisa. Sua anlise pode ajudar no s a compreender muitos fenmenos e processos de uma lngua, mas tambm permite uma compreenso maior, mais detalhada de mecanismos gerais que regem os sistemas sonoros das lnguas naturais. Contudo, o lugar da slaba no fica restrito a fonologia, ela vai ganhando espao dentro de outras reas, como a aquisio da linguagem, oferecendo um suporte muito importante para as pesquisas voltadas para a aquisio da linguagem oral e a aprendizagem da escrita. Referncias bibliogrficas ABAURRE, M.B.M. Dados da Escrita Inicial Indcios da Construo da Hierarquia de Constituintes SiLbicos?1998. No publicado. . Horizontes e limites de um programa de investigao em aquisio da escrita. In: LAMPRECHT, R. R. (org). Aquisio da Linguagem. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. ALVARENGA, D; OLIVEIRA, M.A. Canonicidade silbica e a aprendizagem da escrita. Revista de Estudas Lingsticos. Belo Horizonte, ano 6, n.5, v.1, p.127-158. 1997. BELL, A; HOOPER, J.B. Issues and Evidence in Syllabic Phonology. In: BELL; HOOPER (eds). Syllables and Segments. North-Holland Publishing. 1978.
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' Trabalho de concluso de curso apresentado para a disciplina de Fonologia no curso de Mestrado em Lingstica da UFSC, ministrada pela ProP Dia Teresinha de Moraes Brenner. Citao usada por ABAURRE (1998) em Dados da Escrita Inicial: indcios da construo da hierarquia de constituintes silbiox? No objetivo deste trabalho discutir profundamente os modelos, mas somente apresent-los.