Arouse A Spiral Of Bliss Novel Book One Nina Lane

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Eu quero fazer com voc o que a
primavera faz com as cerejeiras.

Pablo Neruda








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OLIVIA


Ele no me tocou. Poderia ter me tocado ele tinha todos os motivos para fazer isso -, mas
no o fez. Em vez disso, ele se inclinou para recolher os meus papis antes que a brisa pudesse lev-
los embora. Pegou minha bolsa da calada e perguntou se eu estava bem. Ficou entre mim e a rua
movimentada, enquanto eu sacudia o p das minhas mos e tentava engolir o n de frustrao
preso em minha garganta.
Ele apenas esperou. E eu tive um pensamento estranho, que ele iria esperar para sempre.



7 de Agosto

Adesivos de castelos de areia, sandlias de dedo, e sis sorridentes envolviam as janelas das
lojas de revestimento Avalon Street. Os albergues so preenchidos com os convidados e barcos
pontilham o Mirror Lake como estrelas no cu. Estudantes universitrios lotam os cafs e os
turistas e moradores passeiam pelo centro da cidade com cones de sorvete ou refrigerantes na mo.
Crianas com pele bronzeada do sol, correm ao longo dos caminhos que levam costa.
"Sinto muito, senhorita." O sujeito cabeludo no estande de bebida ao ar livre me d um
sorriso de desculpas. "Estamos sem limonada."
Claro que esto.
Eu empurro uma mecha de cabelo mido longe da minha testa e olho para o cardpio
novamente.

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O sol comeou a se pr, mas ainda quente l fora. Minha meia-cala est devidamente
colocada, mas o elstico est cortando a minha cintura. Meus ps doem por estarem em saltos
durante o dia todo. E embora eu me recuse a olhar, estou bastante certa de que h manchas de suor
debaixo dos braos em minha blusa de seda.
Ok. Um ch gelado, ento. Eu empurro dois dlares para o cara e pego o copo de plstico,
cutucando o furo do canudo. Eu no gosto muito de ch gelado, mas o copo frio e mido, e o
lquido d uma sensao boa descendo na minha garganta seca.
Eu procuro uma mesa ao ar livre, mas elas esto todas lotadas de pessoas desfrutando de
suas bebidas.
Eu pego o meu saco de papel com mantimentos, puxo a ala da minha mochila para cima, e
marcho pela rua ensolarada, sentindo-me como uma professora muito cansada no meio da feliz e
relaxada multido de vero. Meu rabo de cavalo desliza do elstico frouxo, soltando fios de cabelo
pelo meu pescoo.
Casa. Nosso pequeno apartamento de dois quartos fica acima de uma fileira de lojas, com
vista para Avalon Street. A vista da varanda de ferro forjado, cheia de plantas e coloridos vasos,
provoca uma sensao de alvio e bem estar.
Eu aumento meu ritmo, apesar da formao de bolhas no meu calcanhar. No minuto em
que entro no hall do prdio, largo a bolsa, tiro os sapatos e sento no ltimo degrau da escada. Eu
tomo outro gole de ch gelado. O suor escorre pela minha espinha.
Oi, gracinha!
A voz profunda e masculina ressoa dentro de mim. Eu olho para o alto da escada onde Dean
est em p. Ele passa a mo por seu cabelo escuro e bagunado, sua camisa
est enrugada, e as mangas esto empurradas at os cotovelos. Sua gravata sem n esta solta, os
botes do colarinho desprendido para expor o bronzeado em forma de V em sua garganta.
Um calor ardente e doce me envolve ao v-lo. Dean a perfeita
combinao de professor brilhante e po quente, nunca deixa de acelerar o meu sangue.
"Oi." Abaixo minha cabea e tomo meu ch gelado.
"Pensei que voc fosse trabalhar at tarde." Ele desce as escadas para onde estou sentada e
pega a minha mochila.
"Sim, bem..." Um n se forma em minha garganta. "Eu fui demitida."
Jesus, Liv. No chore.
Demitida? Dean deixa cair a mochila e se senta ao meu lado. Ele estende a mo para tirar
meu cabelo do meu pescoo suado. "O que aconteceu?"
"Arruinei a impresso dos convites para a inaugurao de hoje noite. Eles pegaram os
nomes de alguns dos grandes doadores por engano, mesmo eu lhes enviando um e-mail com a
informao duas vezes e uma cpia impressa. O senhor Hammond me culpou de qualquer
maneira.
Odeio soar como uma vtima, mesmo sendo verdade.
"Isso no est certo, Liv. Foi uma demisso injusta.

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Eu acenei com a mo para det-lo. "Esquea isso, Dean. No era um grande trabalho.
Hammond sempre reclamou que eu cometia muitos erros, os quais no cometia."
"Quer que eu v bater nele?"
"Mais ou menos." Meu cavaleiro branco...
"Vem c." Ele desliza um brao em volta de mim e me puxa para mais perto.
Mesmo eu estando com calor e suada e, provavelmente, fedorenta, eu encosto nele com um
suspiro. Apenas a sensao de seu peito forte sob o meu rosto j um calmante.
Ele tira o elstico e passa os dedos nos meus cabelos emaranhados, em seguida, move a mo
para massagear os msculos da minha nuca, acho que eu ficaria muito feliz sentada ali por duas ou
trs horas.
"Eu me ofereci para tentar corrigir o problema, mas ele me disse para arrumar minhas
coisas e sair." Eu digo.
"Quem perde ele." Ele passa os lbios contra minha tmpora. Um arrepio me varre at os
dedos dos meus ps. Alm disso, voc disse que o trabalho era uma porcaria de qualquer jeito.
Era. Eu tomo um gole de ch. "Monte de lixo grudado em lonas. Eu poderia ganhar
uma fortuna fazendo isso. Inferno, talvez eu v. Olivia West, a artista de lixos.
"Essa a minha garota."
Ah, bem, o senhor Hammond era uma espcie de verme de qualquer maneira.
"O que voc quer dizer?" O corpo de Dean ficou tenso. "Ele...?"
"No, no. Quero dizer que ele rastejava como um verme. Rastejava pelos clientes, sabe,
como um surfista medieval.
"Capacho." Dean belisca meu nariz.
"Eu sei." Eu sorrio para ele e fico de p.
Dean pega minha bolsa e a sacola de supermercado amassada. Eu pego meus sapatos e vou
atrs dele para nosso apartamento. Minha ansiedade se instala um pouco mais assim que eu fecho
a porta atrs de ns.

As janelas esto fechadas e o ar condicionado est funcionando, por isso, dentro fresco e
silencioso. Quando nos mudamos, eu coloquei cortinas azuis plidos nas janelas, que
complementam o sof azul marinho e almofadas listradas. Com as paredes de cor creme, colchas
azis e brancas, e piso de madeira. Nosso apartamento tem a ares de uma casa de praia, aberto e
arejado.
Jogo meus sapatos no armrio da frente e vou para o quarto tirar minhas roupas. Eu tomo
um banho rpido e agradvel, e, em seguida, visto uma cala de yoga e uma camiseta. Os ns em
meus ombros se desfazem. Estar em casa sempre faz com que eu me senta melhor. Eu amo nossa
cama box, lenol florido, a pequena cozinha com mesa branca de madeira que eu mesma lixei e
repintei, as prateleiras da sala de estar cheias de livros, e a varanda com vista para Avalon Street.
Eu seco meu cabelo e pego um pente para desembaraar os fios emaranhados. Meu cabelo
reto, como palha, mas longo, grosso e de um marrom profundo, que corresponde a cor dos meus

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olhos ("a cor de caf com creme," Dean me disse durante um de seus momentos mais poticos). Eu
no me incomodo em secar ainda mais, para deix-lo solto, porque sei que o jeito que ele gosta.
Depois de ir para a cozinha, eu me encosto no batente da porta e observo Dean arrumando
os pratos para o jantar. Ele escolheu com um jeans, que vestem suas longas pernas, e uma camiseta
estampada com o logotipo San Francisco Giants.
Meu marido um homem bonito. Tem corpo de atleta, em vez do de um estudioso. nove
anos mais velho que eu. alto, com msculos rgidos e ombros largos. Seu cabelo castanho
escuro j mesclado com alguns fios brancos.
Ele tem belos olhos castanho-chocolates e emoldurado com clios grossos, que combinam
com a fora de suas mas do rosto e da mandbula. Ele tambm tem uma grande dose de
autoconfiana e dignidade, que demonstra em sua postura reta e na forma ponderada com que ele
fala.
No de se admirar, considerando-se seu impressionante currculo. bacharel pela
Universidade de Yale, doutor pela Universidade de Harvard, ps-doutorados pela Universidade de
Wisconsin e UPENN, especializao no Instituto Getty, palestras em universidades europeias.
Dois anos atrs, foi oferecida a ele uma posio de chefia na Universidade Kings, uma
instituio privada e de prestgio em Mirror Lake. Ele est liderando um novo programa de estudos
medievais, que a razo pela qual ele foi contratado para fazer parte do corpo docente com um dos
mais altos salrios e promessas de financiamento de projeto.
Eu no me surpreendi, pois sabia o quanto eles o queriam.
Dean me olha e sorri. Meu corao d uma batida agradvel. Quando ele olha para mim
com os olhos enrugados com o calor, ele s o homem que me ama e me quer.
"Como foi seu dia, professor?" Pergunto, movendo-me para um abrao caloroso. "Ser que
voc terminar o seu documento sobre os pecados medievais de paixo?
Ele beija minha cabea. "Escavaes e arqueologia de uma cidade originada por um castelo
da Ordem Teutnica.
Claro. Eu aperto meus braos ao redor de sua cintura. "Mmm. Jogo sujo."
"Hierarquia urbana." Ele desliza uma mo para apertar o meu traseiro. Ele poderia dizer
qualquer coisa com aquela voz profunda dele que eu ia me desmancharia. "Arquitetura vernacular.
Anlise topogrfica. Crescimento flexvel.
Inclina-se para acariciar meu pescoo, sua barba raspando minha pele deliciosamente, em
seguida, desliza sua boca para beijar meus lbios. Ah, que gostoso. Seus beijos so sempre to bons.
Ele coloca uma mo por trs do meu pescoo inclinando minha cabea para que ele possa ajustar a
sua boca na minha. Exploses de excitao dentro de mim, rpida e forte, banindo a minha
frustrao de mais cedo. Ento, separo meus lbios sob os dele e aceito o toque quente de sua
lngua.
Com um murmrio de prazer, ele desliza a outra mo para as minhas costas e me puxa para
mais perto. Eu pressiono a palma da mo contra a sua barriga lisa, colocando meus dedos no cs da
cala jeans. Quando eu comeo a explorar mais, ele pega meu pulso e d uma risada rouca.

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"Cuidado com o que voc mexe gracinha." Ele murmura.
" o que eu pretendo." Mas eu tambm estou com fome para o jantar, assim beijo seu
queixo e me distancio dele. "Ento, o que mais voc fez hoje?"
"Trabalhei em uma apresentao de uma conferncia e palestras de vero."
"O congresso?"
"Eu no disse a voc?" Ele franze a testa. "Atlanta. Em Outubro. Vou ficar fora por trs ou
quatro dias."
Ele se estende para pegar um copo do armrio. A camiseta sobe sobre seu brao. Eu deslizo
meu olhar para onde a camisa sobe ligeiramente para revelar a sua parte inferior das costas
musculosas.
"Desculpe Liv." Diz ele. "Pensei que tivesse lhe dito."
Eu dou de ombros. "No tem problema."
Isso no acontece, exceto quando no estamos separados, muitas vezes, ganhando uma ou
duas vezes por ano, quando ele vai para uma conferncia ou uma viagem de pesquisa. Nenhum de
ns gosta muito dessas rpidas separaes, mas elas so boas para ns, pois me d uma chance de
ficar sozinha, e Dean a oportunidade de aprender o que mais est acontecendo em sua rea, como
os Visigodos da Pennsula Ibrica e as antigas poesias escandinavas.
o que ele .
"Sobre o que falar na conferncia?" Eu pergunto.
"Sobre a cultura visual nas Cruzadas. Estou pensando em construir um curso em torno do
tema."
Abro as embalagens de comida chinesa que ele comprou a caminho de casa. Ele continua
falando, e apesar de gostar da sua voz de bartono, tenho quase certeza que seus graduandos do
sexo feminino tambm. No entendo muito sobre o que est falando, pois nunca peguei na matria
de Histria Medieval.
Antes, Dean disse que falar ajuda a esclarecer seus pensamentos e ideias. Ento, eu estou
feliz em deix-lo divagar, e ele est feliz por ter um pblico.
Ns nos sentamos para comermos frango com gergelim e arroz frito, e acabo contando
brevemente sobre o que aconteceu para me demitirem. Quando ele comea com a histria de
demisso injusta de novo, eu me inclino sobre a mesa para beij-lo e parar seu discurso.
"Temos coisas melhores para fazer com o nosso tempo." Digo, enxotando-o para fora da
cozinha para que possa limpar tudo.
Depois de guardar os restos de comida e lavar a loua, vou para a sala de estar. Dean fez do
segundo quarto o seu escritrio. Por isso, a minha prpria mesa estreita fica na janela da sala, com
vista para os telhados, as montanhas e a extenso clara do lago.
Eu ligo meu laptop e digito alguns sites de emprego. Web designer, no. Assistente jurdico,
no. Agente imobilirio, no. Professor de espanhol, no. Soldador. Senhor, no.
"E quanto biblioteca SciTech?" Dean sugere. Ele est deitado no sof com uma intrincada
teia de barbante como a cama de um gato esticado entre as mos.

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J tentei. Eles me recusaram, porque no conheo o sistema de banco de dados que eles
usam.
"Eu posso perguntar sobre vagas de trabalho na universidade." Dean enfia seus dedos
indicadores na corda para criar outro padro.
"No." Eu descanso meu queixo em minha mo e clico em outro local de trabalho. "Eu vou
encontrar alguma coisa."
Vendas associadas. Caixa. Caixa de banco.
Eu estive esperando por mais do que varejo, um trabalho que me iniciaria no caminho para
alguma coisa, mas a minha falta de experincia de trabalho faz disso uma perspectiva assustadora.
"H uma livraria em Emerald Street." Eu digo, injetando um ar alegre de vai ficar tudo
bem, no tom de minha voz. "Eu vou l amanh e ver se eles podem me dar alguma ajuda. E eu
posso pegar mais algumas horas de trabalho voluntrio no Museu Histrico."

"Com todo o trabalho que voc est fazendo para o museu, voc vai ser a primeira escolha
quando abrir uma vaga." Diz Dean. "Mesmo com a biblioteca pblica."
"Voc acha?"
"Eu sei que sim. E lembre-se de que os jovens universitrios tm a maior parte dos
empregos de vero agora. Voc ter mais opes quando o segundo semestre comear.
Talvez. Sentindo-me meio para baixo de novo, fecho o laptop e o empurro para longe na
mesa. Dean se desvencilha da corda de seus dedos e a joga para a mesa do caf.
"Venha aqui, gracinha." Diz ele. "Voc precisa ser beijada."
Eu vou para o sof e deito por cima dele com um suspiro. Ele to bom. Tem um corpo
lindo. Ele tudo: resistncia e fora, com um peito slido que me faz querer me esticar contra ele
como um gato ao sol. Ele pe a mo na parte de trs do meu pescoo e traz a minha boca at a dele.
Logo eu esqueo a decepo. Ele est certo. Eu preciso ser beijada, e ele o nico que
precisa me beijar.
Seus lbios so quentes e firmes contra o meu, e arrepios correm sobre a minha pele,
enquanto suas mos deslizam para baixo agarrando meus quadris. Eu afasto meus lbios com um
suspiro e deixo nossas lnguas se emaranhando juntas. Ele morde suavemente no meu lbio
inferior, provocando uma deliciosa pontada que encurta meu flego.
Eu me remexo, esfregando os seios contra o peito dele. Ele me aperta sobre meus quadris
antes de mover suas mos para o cs da minha cala. Com um golpe suave, ele apalpa e espalha
suas mos sobre minha bunda, apertando os dedos. Uma piscina se forma na parte inferior do meu
corpo.
"Eu acho..." Eu levanto o olhar para ele, meu sangue aquecido com a viso da luxria
formada em seus olhos. "Eu acho que eu preciso ser mais do que beijada."
"Sim, voc precisa." Dean empurra suas mos para debaixo da minha camiseta e abre o
fecho do meu suti de uma vez s, em seguida, faz com as mos um caminho quente sobre minhas
costas nuas. "Eu vou cuidar de voc."

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"Eu sei que voc vai." Eu afundo contra ele e coloco a minha boca na dele
novamente.
Nosso beijo cresce urgente, o corpo de Dean pressionando o meu. Ele coloca a mo entre
ns e comea a desabotoar os botes da cala jeans. Eu me sento sobre suas coxas e assisto a rpida
movimentao dos seus dedos. Meu corao martela com a viso da protuberncia pressionando
contra a cala jeans, especialmente porque eu sei bem o que est por baixo.
"Voc estava esperando por mim, n?" Perco o flego.
"Sempre."
Eu sa de cima dele para puxar o jeans sobre suas longas pernas. E eu passo a mo quente
por todo o comprimento de sua ereo armada em sua cueca boxer. Fascas voam atravs de mim
com a antecipao de sua carne apertando, incorporando dentro de mim, acariciando e pulsando.
Aspiro bruscamente e olho para Dean. Seus olhos esto vidrados com a luxria, o peito
arfando com a fora de sua respirao. Ele aponta para os meus seios.
Eu agarro a barra da minha camiseta e a puxo sobre a minha cabea, jogando-a no sof
junto com meu suti. Seu olhar libertino em cima de mim, e meus mamilos endurecem
deliciosamente em resposta. Em um nico movimento, Dean me agarra pela cintura e nos traz para
o cho.
Ainda melhor do que deitar em cima dele a sensao de seu peso forte e poderoso sobre
mim. Ele espalma suas mos sobre meus seios, esfregando os polegares em meus mamilos antes
dele se inclinar para capturar um na boca.
Suspiro e aperto meus dedos em seu cabelo. O calor vem em cascata atravs de mim,
centrando na parte inferior de meu corpo. Eu me remexo por baixo at que ele puxa minha cala e
a abaixa sobre os meus quadris, juntamente com minha calcinha.
"Ah foda, Liv, voc est to pronta."
Seus dedos roam meu sexo mido, seu pnis pressionando contra minha coxa. Um rubor
me varre da cabea aos ps, quando ele se ajoelha entre minhas pernas abertas e tira sua camisa,
em seguida, empurra sua boxer para baixo.
Sua ereo linda, longa e grossa, o saco pesado firmemente. Ele abre uma gaveta
da mesa e pega um preservativo. Me agito em v-lo rolar o preservativo.
Ele olha para mim, monitorando os meus seios nus e meu rosto. Ele coloca a mo dentro de
mim novamente, mergulhando um dedo na abertura lisa do meu corpo.
Dean." Eu empurro para cima, para aprofundar a sua imerso.
Um leve sorriso curva sua boca enquanto ele explora mais longe. Seu polegar gira em torno
de meu clitris, o indicador se movendo de um lado para o outro. Ele sabe exatamente como me
tocar, e em poucos segundos eu estou arfando e arquejando como um carretel de ventos de
felicidade bem apertado.
"Dean, eu estou...
"O que, gracinha?" O desejo provocante em sua voz. "To perto..." Respiro.

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Ele se deita em cima de mim, a boca descendo sobre a minha, sua lngua deslizando
nos meus lbios. Eu agarro seus bceps e arqueio contra ele. Desejo, exploso de prazer balanando
um pouco alm do meu alcance. Um toque de seus dedos e eu venho com um grito, minha carne
interna apertando ao redor dele.
Com um tremor ainda correndo por mim, eu coloco minhas pernas ao redor de seus quadris
e o puxo para mais perto. Ele empurra em mim duro e profundo, seu gemido surdo contra o meu
pescoo.
"Oh!" Eu agarro suas costas e levanto as minhas coxas, nadando no calor e na sensao dele
me conduzindo.
Eu caio e me arrasto para o requintado prazer de nos balanarmos juntos, sua carne
batendo contra a minha, o empurra-empurra da sua plvis dura mergulhada em mim. Tenho picos
de excitao novamente. O nosso atrito ilumina os meus nervos com golpes lentos no ritmo de sua
libertao iminente.
Enfio a minha mo entre nossos corpos para me entregar a outro orgasmo, depois de
deslizar meus dedos contra o seu eixo pulsante. Nossos olhos se encontram com um chiado no
instante antes dele deslizar para fora de mim, retirando o preservativo antes de agarrar seu pnis.
Estou quente assistindo o movimento fcil da sua mo, o enrijecimento de seus msculos e
a forma da cabea mida de seu membro. Com a sua urgncia, eu aperto meus seios juntos e toro
meus mamilos, em seguida, contoro ao redor com pequenos movimentos sem vergonha, que eu
sei que vai mand-lo para longe.
Ele suspira profundamente, empurrando mais forte sobre a minha barriga. Ofegante, eu
empurro os cotovelos para v-lo terminar e sair de dentro de mim. Depois, ele fecha as mos em
cada lado de mim e se inclina para pressionar seus lbios nos meus.
"Voc estava certo." Murmuro contra sua boca. "Eu precisava ser beijada."
"Muito feliz em ajudar."
Deitamos os dois no cho mais uma vez, nossas bocas ainda juntas, ento viro para o lado
para que eu possa me deitar sobre ele. Sinto um encanto, uma sensao de calor, como de mel
derretido em mim, um sentimento que eu s experimentei com este homem na minha vida.
Antes, eu no sabia que pessoas como o professor Dean West existiam. Nunca houve
ningum como ele em minha vida.
Ele me puxa para mais perto, com o brao em volta dos meus ombros. Seu corpo
envolvente, protetor. Como sempre, me encaixo perfeitamente, ao seu lado.

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9 de Agosto

Depois que Dean saiu para o trabalho, limpei o apartamento e reguei as plantas na varanda,
que uma pequena floresta de amores-perfeitos, gernios, margaridas, e lantanas. Ento, eu passei
uma hora enrolada em uma cadeira perto da janela, folheando os classificados de alguns jornais.
Danarina extica, gerente de fbrica, criador de sanduches. Eu crculo, "assistente de
marketing" e "cuidadora de animais", embora eu no saiba nada sobre marketing ou animais.
desanimadora esta propagao de retngulos em preto e branco em que cada um anuncia uma
profisso que eu no sei fazer, ou no sabia que existia (seletor de molde?).
Viro a pgina com um suspiro. Depois que Dean e eu nos casamos, eu quis apoi-lo,
queria ser a sua terra firme, enquanto ele estabelecia sua carreira. Eu fui feliz em fazer isso por trs
anos. Eu gostava de deixar a nossa casa agradvel e confortvel, no apartamento em que vivamos
durante a poca em que ele era um professor assistente, e agora o nosso pequeno lugar acima da
loja em Mirror Lake.
Eu gostava de ser a esposa do professor Dean West, observando o sucesso e
crescimento de seu prestgio no meio acadmico. E eu no me importava com meus empregos
temporrios de meio perodo, porque eu tinha planejado comear uma carreira to logo Dean se
estabelecesse em uma posio.
S que agora ns estamos em Mirror Lake h quase dois anos e j fiz de um tudo: fui
freelancer para uma revista local que acabou no dando certo; fui rejeitada por vrios empregos
devido falta de experincia; a graduao em agricultura no King faz todo o trabalho no Centro de
Jardinagem; e larguei o trabalho de caixa em uma loja de roupas para que eu pudesse assumir a
posio de assistente na galeria de arte.

Tantos planos...

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Depois de colocar um short e uma camiseta, ando vrias quadras para a academia onde
malho cinco... Tudo bem! Duas vezes por semana. Suo em uma aula de aerbica, tomo banho, e vou
ao encontro da minha amiga Kelsey March para o almoo.
Kelsey uma cientista atmosfrica da Universidade, e, claro, que a conheci atravs de
Dean porque eles so almas gmeas acadmicas e nos conhecemos h anos. Ela uma das poucas
pessoas que se recusa a bajular ele, o que apenas uma das razes pelas quais gostamos tanto dela.
Ela est andando na frente do restaurante italiano onde combinamos de nos encontrarmos,
e a observo concentrada em seu smartphone com seu passo acelerado.
Ela est vestindo um terno e uma blusa, como o estilo dela, fazendo com que achemos que
ela est ostentando uma lingerie sexy por baixo. Seu cabelo loiro fosco cortado de forma elegante
e est com uma faixa azul marinho. Ela se vira para trs enquanto me pega a observando.
"Voc est atrasada." Ela diz, piscando para mim atravs de seus culos sem aro.
No estou, no. Seu relgio que est adiantado.
Ela d uma olhada em seu celular. "Fuso horrio de Greenwich."
"Voc nunca consultaria o fuso horrio de Greenwich."
"Voc est certa." Kelsey sorri e coloca seu celular dentro da bolsa, e entramos no
restaurante. Sentamos em uma mesa, lemos o cardpio, e pedimos frango marsala para Kelsey e
ravili de legumes para mim.
"Ei, sinto muito sobre o seu emprego." Diz Kelsey, cutucando o canudo em seu refrigerante.
"Eu posso conseguir algo no departamento AOS se voc quiser."
"No, obrigado." Eu sempre recuso as sugestes dela e de Dean de que eles podem me
arranjar um emprego na universidade. Eu sei que eles no pensam que eu no posso encontrar
alguma coisa, eu mesma, mas aceitar a sua ajuda pode me fazer pensar isso. "Eu tenho algumas
opes que estou analisando."
"Avise-me, se mudar de ideia." Diz Kelsey.
"Os professores so osso duro de roer, mas no geral o departamento no to ruim de se
trabalhar."
"Bem, com esse tipo de comentrio, uma maravilha o departamento AOS
no ter tantos candidatos para trabalhar l.
Kelsey dispara um de seus nem fode comigo. Eu respondo com um sorriso, pois ela sabe
que eu jamais faria isso com ela. Eu no seria estpida.
"Ei." Ela se vira para trs e franze a testa. "Realmente. Voc est preocupada com o tempo."
"O fato de que voc s fez uma piada sobre o tempo me anima muito."

"Voc sabe, Liv, voc no tem que achar a carreira perfeita imediatamente." Diz ela. "D
tempo ao tempo, sabe? No era uma biblioteca de cincias na faculdade?"
"Sim. Eu trabalhei na biblioteca de artes na UW por um tempo, mas, em seguida, Dean e eu
nos casamos e nos mudamos para LA. Eu s trabalhava meio perodo, pois tinha a bolsa de

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estudos. E a biblioteca no King no tem vagas desde que me mudei para c." Eu cutuco a minha
salada.
"Eu vi um anncio esta manh para uma vaga de danarina extica.
Kelsey bufa. "Missionrio ou cachorrinho? Eu engasgo com um gole de gua e rio.
"Provavelmente, as duas coisas.
Tenho certeza de que seu marido daria timas referncias.
Eu a golpeio com meu guardanapo, em seguida, admito: "Bem, isso verdade.
Kelsey sorri e voltamos nossa ateno para a chegada de nossos pratos. Ela passa manteiga
em um po e diz: "Ento, Liv, posso roubar Dean no sbado dia 25? Eu no pediria se no fosse
uma situao de emergncia.
"Claro. O que est acontecendo?
"Ter um jantar da faculdade de algum professssor que est se aposentando." Ela d uma
garfada em um feijo verde. "Normalmente, no vou, mas eu estou tentando obter financiamento
para um programa, e eu preciso fingir que estou interessada."
"Comendo medalhes de carne?"
"Apenas estando l. Pelo menos, se Dean for, no terei de ficar de conversa fiada. Eu odeio
isso." Ela balana a cabea. "Vocs tem planos para este fim de semana?
"Queria ir ao cinema na sexta noite. Caso contrrio, nada." Comeamos a falar sobre o seu
mais recente projeto, sobre os romances que lemos, os filmes que parecem bons, e o que estamos
planejando para o resto do vero.
Depois de sairmos do restaurante e cada uma seguir seu rumo, ando pelo centro da cidade
em direo a Emerald Street, apreciando a brisa farfalhando na gua. Paro e compro um
cappuccino gelado em um caf.
Mesmo que eu seja um caso perdido, desde que me mudei para Mirror Lake, estou feliz.
onde Dean e eu acabamos. uma cidade de mdio porte, do Centro-Oeste com um lago cristalino
cercado por montanhas. No inverno, o lago congela, a neve e o gelo caem, e os alunos da faculdade
mantm a cidade ocupada. No vero, turistas descem at o Mirror Lake para nadar, caminhar,
andar de caiaque, de canoa, e acampar.
H um festival de teatro na primavera, numerosos fazendeiros aparecem e feiras de arte.
uma cidade com boa energia e sempre tem muito que se fazer, para no dizer que um ovo de to
pequena e bastante escondida entre as montanhas.

Eu paro em frente a uma loja de tecidos e um estdio de yoga. A placa torta de madeira em
cima da porta anuncia: The Happy Booker em um banner cor de rosa decorado com uma imagem
de uma voluptuosa loira alta segurando uma pilha de livros. Um sino toca enquanto entro.
Um silncio me cumprimenta. Prateleiras revestem as paredes com livros e papelo
desordenados, sinais que anunciam novos lanamentos pendurados no teto. Os quadros dianteiros
esto empilhados com livros em cima, e um porta-revistas prximo da caixa registradora. Um
corredor feito de vinil lembra tijolos amarelos em direo parte de trs da loja.

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"Lees, tigres e ursos, ah meu Deus!" Uma rvore assustadora retorcida salta de repente de
trs de uma estante, empunhando galhos pontiagudos com folhas cobertas. Eu grito e solto meu
caf. "Ah, merda." A rvore reduz seus ramos e olha para mim atravs de grandes culos roxos.
"Desculpe-me por isso."
"No! minha culpa." Com meu corao acelerado, pego alguns lenos da minha mochila e
me ajoelho at a baguna do caf. "No deveria ter trazido caf em uma livraria." A rvore anda at
o balco da frente e enfia a mo, em seguida, retorna com um rolo de papel toalha. "Voc no est
aqui para a festa fantasia, no mesmo?"
"Uh, no." Eu olho para cima e encontro um rosto redondo e rosa olhando para mim
de um tronco. Mas vermelhas de espuma balanam de seus ramos.
Ela estende as toalhas de papel. "Eu no consigo ajoelhar nesta coisa, ou eu lhe ajudaria."
"No tem problema." Eu limpo o caf da melhor forma que posso, em seguida, pego o copo e
tampo. "Onde posso..." A rvore mexe um ramo e uma ma se estatela no cho. "Atrs do
registro."
"Eu vou pagar para limp-la." Jogo o copo no lixo e limpo as minhas mos. "Ento... Festa
fantasia?"
"Sim." Ela olha para o relgio, suspira, e se deixa cair. Comecei a publicidade no ms
passado. Disse s crianas para virem fantasiadas de seus personagens favoritos de O Mgico de
Oz. Iramos ler muitas histrias, jogar, e ainda tem algumas guloseimas. Voc sabe, uma festa.
"Parece timo."
"Teria sido, se algum tivesse aparecido." Ela empurra o tronco de madeira para longe dela.
Parece to deprimida que no consigo deixar de sentir pena dela.
"A que horas comearia?" Eu pergunto.
Era para comear uma hora atrs. Pensei que tivesse havido um erro de impresso no
folder, mas no. Ela abre seus galhos em direo janela. Duas horas na quinta-feira. Ela diz.
Ei, voc pode me ajudar a sair dessa coisa? Eu estive nela por mais de duas horas, e estou prestes a
ter uma insolao.
Claro.
Levamos um tempo tentando descobrir o melhor mtodo para tir-la do tronco.
Finalmente, ela se inclina para frente o mximo que pode, furando seus ramos para fora. Eu os
agarro e puxo. Alguns puxes, e mais algumas maldies, tantos ns em tantas direes, e ela sai
como uma rolha de garrafa.
"Maldita." Ela empurra uma confuso de cachos midos para trs. "Agora eu sei o que se
sentir como uma salsicha."
Eu sorrio e coloco o traje em uma cadeira. "Voc a proprietria?"
Ela acena com a cabea e estende a mo. "Allie Lyons."
Sou Olivia West." Eu aperto sua mo. "Todo mundo me chama Liv."

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"Bem vinda ao The Happy Booker, Liv." Ela pega uma garrafa de gua de trs do balco e
toma alguns goles. Ela bonita e delicada com o cabelo vermelho intenso e olhos verdes atrs dos
culos de armao roxa.
" uma pena no ter aparecido ningum para a sua festa." Eu digo.
No tem problema! Eu j deveria estar acostumada com isso. Ningum veio para a festa de
inverno, e eu tive um apicultor de verdade aqui com abelhas reais. Ela encolhe os ombros. Voc
gosta de O Mgico de Oz?
"Na verdade no. Os macacos voadores me assustam pra caramba!"
Ela ri. Eu tambm. Quer vir para a festa de qualquer maneira? Tenho cupcakes.
"Eu amo cupcakes."
"Ento, venha. Mantenha-se no caminho de tijolos amarelos.
Eu a sigo no corredor de vinil para a seo infantil na parte detrs da loja. Ela pequena,
com mesas redondas, tudo configurado com cadeiras combinando, um tapete de "tijolo amarelo"
em frente a uma cadeira de balano, e outra mesa cheia de pratos de comida.
"Sirva-se." Ela acena com a cabea em direo comida. "Ou eu vou ter que do-los... para
algum lugar." Eu pego um prato e coloco um cupcake de arco-ris, um cookie em forma de balo de
ar quente, e um bolo vermelho brilhante. Para completar este buffet de acar, Allie me serve um
copo de ponche verde-limo.
"Sente-se." Ela aponta para uma das mesas.
Por que voc decidiu ser uma rvore?" Pergunto, enquanto me acomodo na pequena
cadeira. Allie se senta minha frente com outro prato. "Voc sabe, as macieiras ficam loucas
quando Dorothy pega seus frutos"
"Claro, mas por que uma rvore?" Eu tiro o papel do cupcake. "Por que voc no se
fantasiou de Dorothy ou a bruxa?"
"Ah, eu queria deixar elas para as crianas, por isso eu escolhi um traje que era menos
bvio. Imaginei que teria uma dzia de Dorothys e bruxas correndo por a."
"Voc anunciou nas bibliotecas?" Eu pergunto. "Sou voluntria l uma vez por semana. Eles
sempre tm programas infantis acontecendo."
Sim. Mas eu acho que o problema justamente esse. Todo mundo vai para l ao
invs de vir para c. Eu mesma passei trs tardes na semana passada perto do lago usando aquele
traje estpido e distribuindo panfletos.
"Talvez ningum percebeu que era O Mgico de Oz." Sugiro. "Eles podem ter pensado que
voc estava anunciando uma festa de rvore bizarra."
"Talvez." Allie morde um cookie. "Ento, de qualquer forma, desculpe por reclamar sobre
isso. O que posso ajud-la? Voc est procurando um livro?
Apesar de eu ter concludo que as minhas chances de encontrar emprego aqui so quase
nulas, eu acho que no tenho nada a perder. "Na verdade, estou procurando um emprego. Queria
saber se voc precisa de alguma ajuda.
"Ah. Infelizmente, o negcio muito lento."

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"Eu tenho uma vasta experincia no comrcio. Eu poderia segurar as pontas enquanto
voc... anuncia."
"No uma m ideia." Allie come o ltimo bolinho e me d um olhar sincero. "Eu estive
pensando em ficar aberta at mais tarde nos fins de semana. Tentar pegar o trfego de pedestres do
teatro e restaurantes. Se voc est querendo um trabalho em horas aleatrias, alm de fins de
semana, por muito pouco dinheiro, voc bateu no lugar certo."
Dificilmente o trabalho ideal, mas gostei de Allie Lyons. Gostei da sua loja desgastada, seu
assustador traje de macieira e seu banner cor de rosa que mais adequado para uma sala de
massagem do que para uma livraria.
"timo." Eu empurro meus ps. "Quando posso comear?



Corao, coragem, casa, ou crebros?
O qu? Eu estendo o prato de biscoitos que Allie insistiu para que eu levasse para casa.
So biscoitos doces frescos e retangulares com as palavras: corao, crebros, casa e coragem.
Eu balano um cookie com a palavra crebros na frente de Dean. "Acho que nem precisa
perguntar."
Ele pega o biscoito e morde. "Isso no quer dizer que no tenho crebro?
Como eu disse, no precisa nem perguntar. Ele me d uma palmada no traseiro, que
depois se transforma em uma tima carcia. Eu mordisco um cookie de coragem e sento ao lado
dele no sof. Ele deveria estar assistindo a um jogo de beisebol, mas, aparentemente, o tapinha na
bunda o fez pensar em outra direo porque ele coloca a mo ao redor para acariciar meu peito.
"Voc no deveria estar trabalhando?" Pergunto, me posicionando em torno dele de
modo que possa obter um melhor controle sobre mim. As aulas de vero terminam na prxima
semana.
O trabalho est todo feito. D-me um beijo, gracinha." Eu viro minha cabea e me rendo
sua boca quente e aucarada. O calor dispara em toda a minha pele. Ele enfia a mo embaixo da
minha camisa e movimenta o fecho do meu suti.
"Oh, espere." Eu verifiquei as datas da sesso de vero porque eu estava esperando alguns
contatos de trabalho que poderiam abrir se os estudantes deixarem a cidade antes do segundo
semestre comear, no final de agosto. Neste exato momento, uma situao passou pela pela minha
cabea, ento me afastei de Dean. "Espere um pouco. Eu preciso verificar uma coisa.
Fui para o quarto, pressionando uma mo sobre o meu estmago. Por mais que eu gostasse
de comear a me desnudar imediatamente, eu no quero ser desagradavelmente surpreendida. Eu
puxo a minhas calas e calcinha para checar as coisas. Nada. Bom.
Eu volto para a sala de estar, ento paro. Eu me viro na cozinha e olho para o
calendrio, fao um clculo rpido na minha cabea. Meu estmago revira.

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"Liv?"
"J vou." Volto para a sala toda tensa. Dean est esparramado no sof, com um olhar de
quem quer me comer, com sua mandbula e barba por fazer e os cabelos grossos e ondulados. Sua
camiseta subiu um par de centmetros, expondo os cumes duros de seu estmago. Sua mo paira
sobre o boto da cala jeans.
J? Ele pergunta.
Hum.
Ele abaixa a mo e empurra para sentar. "Hum o qu?"
"Minha menstruao ainda no desceu." Eu esfrego as palmas das mos nas minhas coxas.
"Ou eu... de qualquer forma ainda no comeou. Ainda."
Algo cintila em seus olhos, mas eu no consigo interpretar o que . Quanto tempo
voc est atrasada?" Ele pergunta.
Uma semana e meia.
Isso no muito.
Sou bastante regular. Eu no pensei nisso com a demisso e a busca novamente por
emprego, mas quando eu percebi a data...

Olhamo-nos um para o outro. O silncio irritante.
"Os preservativos no furaram ou algo parecido?" Digo finalmente.
"Acho que no estavam furados. E eu no me esqueo de usar um.
"E voc no gozou dentro de mim."
"No necessariamente." Ele prende o boto superior de seus jeans. "Vou correr para a
farmcia e trazer um teste de gravidez."
"No seria muito cedo para isso?"
"No custa nada tentar." Ele cala os sapatos, pega as chaves e sai.
Eu passo a mo sobre minha barriga novamente. Fomos cuidadosos sobre o uso do
preservativo. Mesmo durante minhas tentativas de tomar plula, Dean sempre usava um
preservativo quando fazamos sexo. Eu disse a ele antes de nos casarmos que eu no queria ter
filhos. Ele entendeu, pois nunca tentou me convencer do contrrio.
Vou para a janela olhar para a rua. Um grupo de adolescentes rindo passa em direo ao
lago. Um casal com dois filhos entra em uma loja de sorvete. Um homem mais velho passa
acompanhado por um co na coleira.
Aps quinze minutos, a porta abre. Dean me entrega um saco de papel contendo um teste
de gravidez.
"Diz que pode detectar resultados seis dias depois de um perodo atrasado." Diz ele.
"Acho que eu deveria fazer logo." Eu olho para ele. Por que a sua expresso to ilegvel?
"E se der positivo?"
"Ento, conversaremos." Ele aperta meu ombro e inclina a cabea em direo ao quarto. "V
em frente.

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Vou at o banheiro e fecho a porta. H dois testes dentro da caixa. Tiro um para fora da
caixa e guardo o outro no armrio debaixo da pia. Minhas mos tremem. Tento abrir a embalagem
de plstico e desdobrar as instrues. muito simples. Como estou to nervosa, estou com vontade
de fazer xixi mesmo. Depois que eu fiz, tampo o basto e coloco em cima do balco. Trs minutos,
as instrues dizem. Eu tento no olhar para a tela de resultados, mas acabo olhando para ela como
se fosse uma bola de cristal. A linha rosa suave aparece. Meu corao bate. Duas linhas so
positivas.
Eu continuo olhando. Linha nica. Uma linha. No duas. Meu corao ainda est batendo
forte.
"Liv?"
Eu respiro e amasso o papel de instrues. Depois de jog-los no lixo, eu abro a porta.
"Negativo."
Flashes de alvio em seu rosto. "Bom."
Bom?
Eu verifico o teste novamente. Definitivamente uma linha. Jogo-o no lixo e lavo as mos.
"Bem, isso foi um susto, n?"
Eu passo por Dean, sentindo seu olhar em mim e vou para a cozinha. Pego uma pizza
congelada do freezer e ligo o forno.
"Ei." Sinto a mo de Dean quente e pesada na parte de trs do meu pescoo. "Voc est
bem?"
"Tudo bem."
Mas eu no estou totalmente certa de que estou bem, e eu no entendo bem o porqu.



Eu vou para uma longa caminhada pela cidade nesta manh. Dean geralmente aquele que
acorda de madrugada, mas na manh depois de fazer o teste de gravidez, eu acordei antes dele. No
me lembro da ltima vez que isso aconteceu. Eu me visto com um moletom, tnis e um casaco de
l.
Eu nunca caminhei enquanto a maior parte da cidade ainda est dormindo. Mas eu gosto do
silncio, a luz avermelhada do amanhecer sobre o lago, o canto dos pssaros crescente. Tambm
me senti relativamente segura, embora eu esteja no centro da cidade onde as luzes brilham em
algumas das casas e padarias.
Deso pela Avalon Street, virando para Esmeralda e Rubi Streets, e depois de volta para a
Avalon. Eu aumento meu ritmo, aproveitando a flexibilidade dos meus msculos, o ar vivo
enchendo meus pulmes.

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Negativo. Isso o que eu estava esperando, certo? Eu nunca quis ter filhos. Eu no sou
maternal. Os traumas da minha infncia foram o suficiente para me colocar distante das pessoas
em geral, por isso uma maravilha estar mesmo casada.
Tenho quase 30 anos de idade, e em toda a minha vida Dean tem sido o nico homem que
com certeza tenho confiana. Ele a nica pessoa que eu realmente amo. Ns construmos uma
vida juntos, uma linda vida, normal e segura.
Estou feliz com apenas ns dois. Eu no quero um beb.
Eu paro e olho na janela mal iluminada de uma loja para bebs. Bonita, mas, muito cara.
Roupas, chapus, quebra-cabeas, cobertores e algumas coisas que eu no consigo identificar.
Lembro-me de um beb que eu conhecia, Penny. Rosto redondo, clios longos, tufos difusos
de cabelos loiros. Eu tinha treze anos e cuidava dela em ocasies quando sua me tinha algo para
fazer.
Ela deve ter dezesseis anos agora. Provavelmente j deve estar adulta. Eu me pergunto
se ela j teve seu primeiro encontro, o seu assunto favorito, se ela pratica esportes, ou se gosta de
ler. Espero que esteja seja feliz.
Encaro um chapu de malha rosa. A memria de Penny me vem mente com imagens
demasiadamente negras. Um frio aperta minha garganta.
"Liv!" O som da voz de Dean quebra o ar da madrugada.
Olho para cima com um sobressalto. Ele est correndo para mim, sua expresso de
preocupao. Um estranho medo me pega de repente. Eu corro para encontr-lo e me jogo contra o
seu forte, peito quente.
"Jesus, Liv." Ele fecha os braos apertados em volta de mim. Sua respirao difcil contra a
minha orelha.
"Eu acordei e voc tinha sado. Seu celular estava desligado."
"Eu me esqueci de lev-lo." Eu me afasto para olhar pra ele. Levei um segundo para
processar o fato que ele estava com medo.
"Eu fui dar uma volta. O que... aonde voc achou que eu tinha ido?"
"Eu no sei." Dean solta respirao e passa a mo pelo mido, cabelo. "Voc nunca acorda
antes das sete. Pensei que voc estivesse na cozinha, mas quando fui para o chuveiro...
"Desculpe." Eu coloquei minha mo em seu peito, sentindo a batida do seu corao. Sinto
um mal estar no meu estmago. "Eu no queria preocup-lo."
"Apenas... da prxima vez, diga-me, est bem?"
Concordo com a cabea, incapaz de falar, a sensao de medo entre a gente.
Dean envolve o brao em volta dos meus ombros enquanto vamos para casa. Uma
vez l dentro, ele desliza sua mo para a parte de trs da minha cabea com uma leve presso que
me faz virar para ele. A tenso ainda em seus olhos, enquanto seus lbios descem nos meus.
Eu enrolo meus dedos na frente de sua camisa e puxo com mais fora. Sua boca est fria e
mentolada. O calor queima atravs do frio da manh grudado em nossas roupas.

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Uma saudade repentina enche o meu peito. Os meus olhos ardem. Eu coloco minha mo
em seu rosto mal barbeado e em seus lbios. Ele abre o zper da minha jaqueta e empurra-a para o
cho, em seguida, desliza suas grandes mos em minha bunda para me levantar e me puxar contra
ele. Cruzo os braos ao redor dele enquanto ele vai para o quarto e me joga na cama. Eu o pego pela
camisa e o puxo para mim.
"Depressa!" Suspiro.
H fogo em seus olhos. Ele sobe em mim, plantando as mos em cada lado da minha cabea
antes de me dar outro beijo. Eu arqueio para cima para encontr-lo e coloco minhas pernas ao
redor de seus quadris. Ele o nico que j me salvou do isolamento amargo. Eu preciso dele para
derrot-lo novamente e agora.
Eu puxo o lbio inferior dele entre os meus dentes, passo as mos em seu cabelo espesso.
Ele corresponde minha urgncia, rapidamente sem hesitao, puxando a minha camisa e suti, em
seguida, o meu moletom e calcinha, jogando-os no cho.
Ele est duro. Eu posso sentir seu pnis pressionando contra mim debaixo de seus jeans.
Sinto um tremor percorrer meu corpo, centrado no pulsar do meu corao. A pesada respirao de
Dean sobre o meu pescoo, sua lngua mergulhando em minha garganta, enquanto ele desliza a
mo at o interior de minha coxa e na minha vagina.
"Abre." Ele sussurra, cobrindo a minha boca. Abro minhas pernas para lhe dar acesso e
coloco minhas mos em sua camisa. Ele acaricia um caminho longo entre minhas pernas, seu toque
arranca um suspiro da minha garganta. Eu me contoro por baixo dele, as lgrimas desfocando
minha viso, o calor subindo pela minha pele. Quando seu dedo desliza para dentro do meu corpo,
eu empurro para cima e agarro seu pulso para mant-lo dentro de mim.
Ele est dizendo algo, um fluxo constante de sopros no meu ouvido, mas eu no posso
entender suas palavras ao som das batidas do meu corao. Ele circunda o polegar em volta do meu
clitris, pressionando contra um local que ele conhece e especialmente sensvel. Meus nervos
ficam tensos. Eu abro o boto de sua cala jeans. Minhas mos tremem.
Dean.
"Isso, gracinha..." Ele aperta a boca sobre minhas lgrimas que deslizam dos cantos de
meus olhos e para baixo de minhas tmporas. Sua respirao fica forte contra meu ouvido.
"Primeiro voc. Depois eu vou te foder."
Uma onda de calor se derrama sobre mim. Eu me viro para ele, e nossas bocas colidem
quentes e midas. Nossos pesos de luxria e a tenso da noite anterior, de repente explodem em
uma necessidade enlouquecida. Ele mexe seus dedos sobre o meu clitris, e com um s golpe chego
forte, resistindo contra ele e gritando seu nome.
Quando as sensaes diminuem, ele se afasta apenas o tempo suficiente para tirar a roupa
antes de deitar sobre mim, seu corpo duro e a sensao de urgncia. Ofegante, eu abro meus braos
em torno dele, esmagando meus seios contra o peito dele, empurrando minha lngua em sua boca.
Seu pau lateja contra a minha coxa, e me contoro para tentar empurr-lo para a posio
correta. Sinto uma dor imersa dentro de mim.

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"Espere." Ele levanta de volta para pegar um preservativo da mesa de cabeceira. Em
seguida, desliza sua mo pelo meu corpo e se ajoelha entre minhas pernas. Seus olhos ardem
quando ele olha minha carne mida, o corpo nu, demorando-se nas ondas dos meus seios e
mamilos tensos. "Voc to sexy, Liv."
Uma chama de excitao se renova em meu sangue, com o tom de desejo de sua voz, o calor
em sua expresso. Dean pressiona as mos sobre os meus joelhos para afast-los mais, passando o
dedo sobre minhas dobras. Ele rola a camisinha antes de colocar a cabea inchada de seu pau
contra mim, ento agarra meus quadris e me puxa para ele.
"Ah, Deus, Dean..." um choque delicioso, o pulsar repentino de seu pnis comprido e duro
me enchendo. Eu me aperto em torno dele no instante em que ele comea a empurrar, e tudo
desaparece, repetidos empurres, seus olhos ainda famintos no meu corpo, suas mos segurando a
parte inferior de minhas coxas.
Quero que dure para sempre. Quero que ele me foda forte e rpido. Quero meu corpo nu
sob a fora da nossa foda. Eu passo a mo sobre meus seios e empurro para cima para combinar
com seus movimentos. Bobinas de tenso dentro de mim, e em seguida, convulses, tremores
atravs de mim, da cabea aos ps mais uma vez. Meus msculos internos se apertam em torno de
seu pnis. Dean segura s mos sobre a cama, o suor escorrendo pelo queixo.
"Liv." Sua voz tensa. Espere. Eu quero... Ofegante ainda tremendo, eu o empurro para
cima, seu pnis desliza para fora de mim. Eu fecho os meus dedos em torno de seu pnis e rolo o
preservativo para fora, em seguida, vou at a borda da cama e abro minha boca.
"Ah, foda..." Com um gemido, ele agarra os lados da minha cabea e esfrega seu pnis nos
meus lbios. Meu peito se ergue. Eu me inclino para frente, fechando os olhos e colocando minhas
mos em seus quadris. Ele grande, e eu tenho que me lembrar de respirar lentamente enquanto o
coloco para dentro, o sabor salgado dele me enche. Seu domnio grande sobre a minha cabea,
enquanto pressiono minha lngua na veia pulsando na parte inferior do seu pnis.
Por um momento, ele se acalma. Acima de mim, cessa sua respirao atravs dos seus
msculos. Coloca seus dedos no meu cabelo. Deslizo minhas mos para agarrar suas ndegas e
encoraj-lo a se mover. Em seguida, ele faz, no princpio, lentamente, depois mais rpido. Mesmo
no calor da luxria, ele cuidadoso para no empurrar muito profundo. Eu comeo de novo a
lamb-lo e afrouxo minha mandbula. Minha mente se enche de imagens enquanto nos olhamos,
com ele suado e despenteado fodendo minha boca aberta.
Quando ele pressiona os lados da minha cabea em aviso, eu puxo para trs, ao mesmo
tempo em que ele. Eu dou um rpido olhar para ele, meu sangue fervendo com o calor, com a viso
de sua matria, a luxria preenchida em sua expresso e os olhos ardentes.
Eu pego seu pnis de novo, elegante, pulsando. O ar vibra com seu gemido e quando ele goza sobre
os meus seios, o lquido quente escorrendo pelo meu decote, eu aperto meus mamilos.
"Deus, Dean, isso to quente..." Tremo, pressionando minhas coxas juntas, com a viso
provocante e uma onda de excitao. Eu caio de costas na cama e acaricio meus seios, alisando as
mos sobre eles, deixando a minha pele brilhante com o seu gozo. Dean afunda na cama ao meu

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lado e estende a mo para esfregar meu abdmen. Nossos corpos relaxados, a respirao
gradualmente diminuindo.
Eu rolo para o lado, amando o cheiro dele na minha pele. A deliciosa dor entre as minhas
pernas evidencia a sua possesso completa. Ele me puxa para mais perto, e deslizo sobre ele, minha
perna nua caindo entre suas pernas. Ele pressiona meu rosto em seu ombro e corro minha mo
sobre seu peito mido.
No me deixe, gracinha." Sua voz um sussurro spero. Nunca mais."






















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16 de Agosto


Tudo bem, isso demais para mim. De modo muito elegante, Allie mastiga a tampa de
uma caneta e abre a caixa registadora. "Recebo remessas uma vez por semana, mas eles variam de
tamanho. Faturas vo para essa cesta. Eu coloco um anncio semanal de um desconto de quinze
por cento sobre um item, por isso, se algum entrar com um, vou lhe mostrar como execut-lo
completamente. Alguma pergunta?
"No."
"Eu no vou estender minhas horas no fim de semana ainda, porque eu tenho um
compromisso neste sbado.
"Uma coisa boa?" Eu pergunto.
Ela enrubesce, mas devolve um sorriso. "Brent. Ele gerente assistente do Hotel Po de
Acar. Ele muito bonito.
"Legal. Para onde ele vai levar voc?"
"Ns iremos jantar no restaurante do barco, no lago. J foi?"
"No, mas ouvi dizer que timo, especialmente ao pr do sol."
" o meu primeiro encontro com Brent, Se as coisas funcionarem, talvez possamos fazer um
encontro duplo." Allie sugere.
"Seria divertido." Ela olha para minha mo esquerda, onde eu uso um
anel de casamento de platina. "Quero dizer, se voc ..."
"Eu sou casada." Digo. "Meu marido, s vezes, gosta de se divertir."
"s vezes, no ?" A voz profunda de Dean estronda em toda a livraria.
Allie e eu olhamos para cima para v-lo caminhando em nossa direo, carregando uma
bandeja com dois copos de caf. Ele est com sua mscara de professor titular, vestindo um terno

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cinza que reveste perfeitamente sua musculatura. Seu cabelo esta afastado da testa, emoldurando
seu rosto barbeado, e seus olhos castanhos esto divertidos.
Eu posso sentir o temor irradiando Allie quando ele se aproxima e, sinceramente, eu tenho
um pouco de formigamento. O homem no s parece lindo, ele tem uma presena marcante que
exala autoridade e sex appeal.
Ele coloca a bandeja sobre o balco e comprimenta Allie.
"Mais do que s vezes." Garante ele. "Eu gosto de me divertir."
Ela sorri. "Eu no duvido."
Ele estende a mo. "Dean West."
"Allie Lyons. Bem-vindo ao The Happy Booker.
"Eu lhe trouxe caf, mas tive que adivinhar o que voc queria." Ele puxa um copo para fora e
entrega a ela. "Dois bolinhos com chantilly."
"Perfeito." Allie se inclina para mim e anuncia em um sussurro: "Eu amo ele."
Eu sorrio para Dean. "Ele est bem."
Ele pisca para mim e me d o segundo copo. "Voc vai ficar aqui o dia todo?"
"No, apenas pela manh para Allie poder me mostrar tudo. Sou voluntria na biblioteca
esta tarde. Pegarei algo para o jantar no caminho de casa."
"Me ligue se precisar de mim." Dean olha ao redor da rea em frente caixa registradora e
compra duas revistas, uma barra de chocolate, e um livro de capa dura da Guerra Civil. Depois de
entregar-lhe o saco, Allie vira seu pescoo para v-lo sair. Eu tambm, porque a parte de trs de
Dean uma viso to atraente como a sua frente.
"Eu quero dizer isso." Diz Allie. "Ele mesmo um gato. Onde vocs se conheceram?"
"Madison. Eu estava indo para a universidade." Eu toro meu anel de casamento em torno
do meu dedo. "Ele um professor na King. Estudos Medievais.
"Est de brincadeira? Como romances de cavaleiros de armadura, amor corts, e tudo isso?
Demais! Ela d um suspiro sonhador.
Eu decido quero decepcion-la, explicando que Dean est mais interessado no
fortalecimento de um castelo. Houve um tempo, no entanto, quando romances de cavaleiros at
capturou sua imaginao. E o amor corts... Ele totalmente especialista nisso.
Eu esfrego meus braos contra um arrepio, lembrando do nosso encontro quente na semana
passada. Outro arrepio me percorre, e j estou antecipando minha chegada em casa com ele esta
noite.
Comecei meu perodo dois dias depois do teste, ento eu definitivamente no estou grvida.
E embora eu tenha sido perturbada pelo susto da gravidez (por que chamado de susto?), o meu
novo trabalho e a rotina de Dean tem ajudado as coisas a voltarem ao normal. Eu acho.
Quando Allie desaparece no quarto dos fundos, com instrues para "gritar" se eu precisar
de ajuda, eu fao meu caminho para a seo de sade. Duas prateleiras esto cheias de livros sobre
gravidez e nascimento, enquanto a prateleira abaixo dedicada educao dos filhos. Eu folheio
dois livros intitulados: Eu quero engravidar e Estou grvida, e agora?.

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Irritada, empurro os livros de volta para a prateleira e volto ao balco da recepo.
Festa do Ch da Senhora Aranha!" Allie diz dos fundos, empurrando os culos para
cima da ponta de seu nariz. "Isso no uma grande idia? As crianas podem vir vestidas como seu
inseto favorito e podemos servir suco em copos de ch, e biscoitos em forma de abelha e minhocas
de goma. Ah, e ns podemos pegar algumas das teias do material de Halloween para a decorao."
"Voc tem filhos, Allie?" Eu pergunto. A rapidez da pergunta a faz parar.
"Filhos? No, ainda no. Por qu?"
"S por curiosidade. Voc realmente boa em todas essas coisas de criana.
"Ah, sim, eu amo pensar em coisas como estas. Minha me e eu sempre elaboramos estas
festas de aniversrio, enquanto eu estava crescendo. O meu tema favorito era Alice no Pas das
Maravilhas, quando eu completei dez anos. Tivemos copinhos com 'Drink Me' sobre eles e uma
rainha vermelha no bolo. E claro, jogamos croquet, e meu tio vestido como o chapeleiro maluco.
Meu pai mesmo construiu o buraco do coelho de madeira e arbustos, e as crianas tinham que
passar por isso para chegar festa no quintal."
"Deve ter sido timo." Parecia mais do que agradvel. Parecia um filme da Disney.
A memria do meu dcimo aniversrio me d uma pontada nas costas e na minha cabea.
Eu reprimo uma onda de nuseas e me foco em endireitar as pilhas de fichas em cima do balco.
"Voc e Dean tem filhos?" Pergunta Allie.
"No." Eu no tenho certeza se devo acrescentar: ainda no. "No temos filhos."
"Piedade. Voc realmente precisa, para garantir a propagao de sua gentica."
Embora fosse de brincadeira, eu penso sobre o que ela disse pelo resto da tarde. Talvez
seja isso. Essa preocupao estranha que tenho agora. Talvez eu s tenha uma vontade sbita de
propagar Dean e minha linhagem.
Quando chego em casa, coloco a mesa para o jantar e as pores que comprei, frango assado
e uma salada verde da delicatesse.
Dean chega em casa por volta das sete e deixa cair sua pasta e as chaves no balco. Ele
tira o palet, afrouxa a gravata, e passa a mo pelo cabelo, assanhando-o.
"Eu tenho pensado muito sobre algo esotrico", olho para ele. um olhar que ele usa muito
bem. Como e quando ele est cansado de trabalhar muito duro, todo o seu comportamento amolece
com a vulnerabilidade... o que me faz querer enfiar ele bem debaixo do meu corao e mant-lo
firme. Da maneira como ele sempre faz.
Ele vai at a cozinha e passa um brao em volta de mim, pressionando um beijo quente na
minha testa. Ele pega um copo do armrio e derrama dois dedos de scotch, seu nico vcio, e
somente quando ele est muito cansado.
"Como foi seu dia?" Eu pergunto.
"Longo e o seu? Trabalhar na livraria bom?
Concordo com a cabea. "Eu gosto da Allie, apesar da paixo enorme que ela tem por meu
marido."

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"A paixo, n? Ela tem bom gosto." Ele pisca para mim e inclina a cabea para trs para dar
um gole na sua bebida. Observo sua garganta enquanto ele engole a dose de scotch deslizando no
seu peito.
"Ela est certa, na verdade." Murmuro. Ferve um calor atravs de mim, embora o empurre
para longe, porque Dean e eu precisamos conversar primeiro.
Eu me ocupo com a limpeza da sala e lhe dou uma hora para relaxar antes de jantar.
Coloco uma poro de arroz temperado, e olho por cima da mesa para ele. "Ento, eu liguei para a
Dr. Nolan."
Ele franze a testa. "Para qu?"
"Por conta do atraso da minha menstuao, pois geralmente meu ciclo bastante regular."
"Ser que ela acha que um motivo de preocupao?"
"No. Ela disse para mant-la a par dos meus ciclos e a avisar se a irregularidade continuar.
Ela disse que poderia me passar plulas anticoncepcionais para regul-los, se isso se tornar um
problema."
"As plulas te fazem mal, lembra?"
"Sim, bem, eu... Eu estava pensando se talvez voc quisesse dar um tempo no controle de
natalidade.
Isso no saiu bem do jeito que eu esperava. Meu corao bate forte quando Dean olha para
cima. Uma nuvem obscura desce sobre seu rosto, como um escudo transparente que me permite
olhar para ele sem realmente v-lo. Minhas entranhas se retorcem.
"Voc quer ter um beb?" Ele pergunta.
Eu nem sequer pensei nessa pergunta ainda. Eu cutuco um gro de arroz.
"Liv."
"Eu no sei." Eu admito.
"Se voc no quer usar nenhum contraceptivo, voc deveria saber."
claro que ele est certo. O silncio se estende entre ns.
"Liv." Dean vai para outro lado da mesa e levanta a minha cabea para olhar para ele. "Voc
me disse antes de nos casarmos que voc no queria ter filhos."
"Isso significa que eu no posso mudar meus pensamentos?"
"E mudou?"
"Eu no sei." Por alguma razo inexplicvel, as lgrimas brotam em meus olhos. Eu
empurro a cadeira para longe da mesa e vou para a sala de estar. A tenso toma conta de mim. "E
se eu quiser?"
"Ento ns temos muito o que discutir." Dean me segue e para na porta, seu olhar em mim.
"Isso tudo porque a sua menstruao estava atrasada?"
"No s por causa disso."
"Ento o qu?"
"Eu quero falar sobre isso." Eu me viro para encar-lo. "Voc no pensa que isso poderia ser
um bom momento para comear uma famlia?"

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"No, porque ns nunca tivemos a inteno de ter filhos."
"Mas estamos casados h trs anos, estamos estabelecidos aqui para o nosso futuro
previsvel, voc est financeiramente seguro, voc tem um trabalho de posse e eu..."
Minha voz quebra como um galho seco. Eu... O qu?
"Voc o qu?" Dean pergunta. Sua pergunta baixa e tranquila. Eu olho para o cho.
Eu seria uma boa me? Minhas dvidas sobre minhas habilidades so apenas um dos motivos que
eu nunca quis ter filhos. Passei a maior parte da minha prpria infncia sendo minha prpria me,
que no foi nada estimulante.
"Eu estava pensando sobre isso." Murmuro.
"Por que voc est procurando algo para se ocupar?"
Estou to chocada com esta pergunta que eu s posso olhar para ele. Eu no posso
nem falar. Ele continua olhando para mim, e pior do que as prprias palavras o fato que ele no
tenta se desculpar ou trazer a questo de volta, no que isso fosse me fazer bem.
"Eu estou..." Minha garganta aperta. Foro as palavras. " isso que voc pensa?"
"Eu estou perguntando se isso que voc pensa."
"No! No, claro que no." Eu no posso parar a enxurrada de lgrimas, a dor se
espalhando por inteiro. "Deus, Dean, voc acha que eu trouxe a ideia de um beb s para eu ter
alguma coisa para fazer? Mas que diabos?"
"Voc nunca mencionou isso antes, Liv." Diz ele suavemente, mas com uma razo irritante.
"E eu sei que voc esteve livre, de uma maneira."
Ento eu tenho que pensar em um beb como um hobby? Algo para passar o tempo entre
sabo e compras de supermercado? A raiva irrompe de mim e eu passo pela sala empurrando-o no
peito. "Eu posso no ter uma carreira acadmica ilustre, mas eu no sou uma cabea oca, caramba.
Eu estive pensando sobre um beb, porque eu te amo porra e eu pensei que tinha uma vida boa, e
seria algo que poderamos passar, voc sabe, juntos.
"Liv, voc no precisa passar por isso para ter um beb. No h fim para isso."
"Eu quis dizer ..." Que diabos eu quero dizer? Eu respiro. "Olha, ns j passamos por um
monte, certo? Voc e eu? Mas estamos felizes agora. Olhe, no este o prximo passo?"
Dean balana a cabea. "Liv, eu no penso em ter um beb como um passo de algum
processo. Um beb iria mudar tudo, mudar-nos para sempre. Se isso que voc quer, ento sim,
ns precisamos conversar. Mas parar de se prevenir e deixar as coisas ao acaso uma maneira
ruim de fazer isso."
Claro que ele novamente est certo. Isso faz com que eu me sinta melhor para lidar com esta
sbita emoos.
"Liv, voc precisa ter certeza sobre o que voc quer e porque voc quer isso." Diz Dean, sua
voz amolecendo enquanto ele se aproxima de mim. "Mas no h pressa. O momento ruim de
qualquer jeito."
"Por que no o melhor momento?"
"Eu apenas comecei este trabalho."

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"Quase dois anos atrs."
"Sim, mas eu estou liderando um programa totalmente novo com uma meia-dzia de outros
departamentos." Diz ele. "Estou organizando uma conferncia internacional. Tenho um prazo para
livros, aulas, a edio do jornal. um monte de trabalho."
"Isso no vai ficar mais fcil, Dean." Eu digo,
"Se isso que voc acha que tem que acontecer antes mesmo de pensar em ter um beb.
Estamos conversados, certo?"
"Se o estabelecimento do programa de Estudos Medievais for bem." Ele responde.
"Se no me oferecerem algo melhor em outro lugar. Se eu conseguir a posse."
"Ento, basta esperar at que voc saiba as respostas para todas essas coisas? Isso pode
levar anos."
"No vai demorar anos." Ele coloca meu cabelo para trs da minha testa.
"Ento, quanto tempo?"
"Eu no sei."
Isso no uma frase que o professor Dean West usa frequentemente.
Por um minuto, ficamos olhando um para o outro. Ento, como parece que um terremoto
est comeando a tremer debaixo dos nossos ps, inclino minha cabea contra seu peito e coloco
minha mo para sentir sua pulsao.
Pensamentos feios pulam e brilham na parte de trs da minha mente. Um tremor racha o
meu corao. Tento respirar. Dean aperta forte os braos em torno de mim.
"Tudo bem." Ele fala.
A palavra fica pressa minha garganta. Desta vez, eu no posso responder.










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20 de Agosto

O outono chegou. A brisa varre a superfcie do lago, as rvores sussurram, os patos andam
ao longo das praias. Os turistas esto deixando a cidade, e estudantes universitrios esto chegando
com suas mochilas e laptops. Dean est atolado no planejamento de aulas do semestre,
aconselhamento, reunies de departamento e dos comits. Falamos, mas no sobre qualquer coisa
importante. No sobre ns.
Eu j concordei em trabalhar trs dias por semana no The Happy Booker, e me ofereo para
algumas horas extras na biblioteca pblica do Museu Histrico de Mirror Lake. Depois de uma
tarde organizando uma exposio de moeda colonial, eu paro em um caf. O cheiro de caf torrado
me faz pensar em meus primeiros meses com Dean.
Eu tinha vinte e quatro anos e havia sido aceita na Universidade de Wisconsin Madison
como uma estudante transferida. Eu passei os ltimos trs anos na zona rural de Wisconsin,
trabalhando em uma loja de roupas e fazendo cursos noturnos em uma faculdade comunitria para
conseguir transferir meus crditos.
Quando meu pedido foi aceito na UW, arrumei tudo que tinha e me mudei para Madison
para comear o que eu esperava que fosse uma nova vida. No dia em que me matriculei para as
aulas, uma mulher no escritrio do escrivo me deu uma longa explicao sobre a possibilidade de
transferncia do meu trabalho e faculdade comunitria. Fiquei chateada, tentando no chorar
enquanto articulava com a Sra. Russell para encontrar uma soluo.
"Deve haver algo que possamos fazer." Eu disse.
"Senhorita Winter, os cursos que voc optou no cobrem os crditos." Ela me informou.
"Se no fosse assim, teria optado de outra maneira. Se no posso transferir, ficarei para trs
um semestre inteiro.

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"Olha." A Sra. Russell vasculhou alguns papis em uma pilha e os empurrou para mim.
"Est tudo no catlogo, se voc tiver dvidas. No podemos permitir a transferncia de crditos
retroativos."
"No estou pedindo para voc faz-lo de forma retroativa." Eu disse. "Este o meu primeiro
semestre aqui, e estou tentando fazer com que meus cursos fiquem em ordem. Se eu tiver que fazer
outra lngua estrangeira ou outra disciplina de traduo, eu j ficaria atrasada. E de qualquer
maneira, essas classes j esto cheias."
"Os cursos que voc optou no so equivalentes aos requisitos para o seu programa
acadmico." A Sra. Russell olha incisivamente para a fila de estudantes atrs de mim. "Sinto muito
mais no posso te ajudar."
Eu segurei as lgrimas, recusando-me a ceder. "Por que eles me disseram que os crditos
seriam transferidos, se eles no so equivalentes?"
Em seguida, um homem alto e bonito me aborda de uma outra sala do escritrio, seus olhos
escuros fixos em mim, sua voz profunda rolando sobre minha pele como uma onda de calor em
uma noite fria de inverno.
"Posso ajudar com isso?" Ele perguntou. Minha respirao parou na minha garganta. A
viso dele sacudiu algo solto dentro de mim, e, por um instante, eu s conseguia olhar para ele,
impressionada com sua voz aguda, a expresso masculina de seu rosto, a firmeza de sua expresso,
sua aura de controle completo e domnio de si mesmo.
Ele estava vestindo calas pretas e uma camisa azul-marinho aberta no colarinho para
revelar um V de sua pele bronzeada. Seu cabelo brilhava sob as luzes fluorescentes, e fui tomada
por uma repentina vontade de passar meus dedos sobre os fios de cabelos para ver se eles
realmente eram to grossos e macios quanto parecia.
Incomodada, voltei minha ateno para a Sra. Russell, que estava explicando a situao
para ele. Ela o chamava de Dr. West. Provavelmente, ele devia ser um professor da univeridade. Eu
me perguntava o que ele ensinava. Dr. West ouviu pacientemente, olhando para mim de vez em
quando. "Quais as aulas que voc est tentando optar? Ele me perguntou.
"Ela uma estudante de biblioteca cientfica, e ela tem que se registrar para traduo de
lngua estrangeira e introduo biologia." Disse a Sra. Russell.
"Mas eu no deveria ter que optar, porque os meus crditos devem ser transferidos." Insisti.
"Faa uma consulta com um conselheiro de orientao, Sta Winter." A Sra. Russell sugere.
"Isso tudo que posso fazer."
"Quando eu fizer isso, as aulas j tero comeado."
"Voc ainda tem algumas semanas para finalizar seus cursos." Continuou ela. "Tenho
certeza de que eles vo ajud-la a resolver isso."
Eu sabia pelo tom de voz da Sra. Russell que ela no ia desistir, e a desesperana da situao
caiu em cima de mim.
"Os professores podem..." Dr. West comeou.

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"No importa." Porque eu no queria comear a chorar na frente dele, peguei minha bolsa e
deixei o escritrio.
No meio da calada, a minha viso ficou embaada pelas lgrimas, tropecei em um pedao
irregular de concreto e ca esparramada em cima das minhas mos e joelhos. Minha mochila aberta
bateu no cho, derramando os papis.
"Voc est bem?" Ento, ele estava l, agachando-se ao meu lado para pegar os papis antes
do vento lev-los. Ele estendeu a mo a uma polegada no meu brao, o seu dedo roando a manga
do meu moletom cinza.
"Eu... eu estou bem." Disse.
Ele poderia ter me tocado. Ele estava perto. Perto o suficiente para que eu sentisse o
cheiro dele limpo, de sabonete que se instalou no meu sangue e afrouxou o n da frustrao preso
em minha garganta. Perto o suficiente para que eu notasse o tamanho de suas mos, seus dedos
longos e os cabelos escuros de seu antebrao, onde a manga subia.
Retornei dos meus pensamentos. Limpei os gros de areia de minhas mos e me levantei.
Ele ficou entre mim e a rua, esperand, em silncio, enquanto me endireitava. Algumas pessoas
passaram atrs de mim, dei alguns passos forados em direo a ele.
Ele segurou a minha mochila, seu olhar movendo-se sobre mim, provocando uma onda de
calor. Eu empurrei os fios de cabelo do meu rosto e olhei para ele. Meu corao batia em meu peito
com calor. Fiquei abalada mais uma vez pelo modo como meu corpo reagiu a ele, com essa atrao
quente, que eu nunca tinha experimentado antes. No com qualquer homem. Nunca.
"Obrigada." Peguei a minha mochila com ele e endireitei os papis. Tudo o que eu tinha que
fazer agora era me virar e ir embora. Mas no. Ele ainda estava olhando para mim, com as mos
nos bolsos, seu cabelo despenteado pelo vento.
Voc professor daqui?" Perguntei.
Ele era grande. Nem tanto volumoso e pesado, mas alto, com ombros largos, pernas longas,
e com um ar de autocontrole que o fazia parecer no comando total. O vento grudava sua camisa
sobre o peito musculoso, e eu tive uma imagem repentina de dobrar-me contra esse peito e sentir
seus braos fecharem ao meu redor. Forte. Protegido. Nada a temer. No dele.
Dei um passo para trs. Nunca tinha me sentido assim antes e no sabia onde tudo foi
parar. Por que ele? Por que agora?
"Eu sou professor convidado por um ano." Disse ele. "Histria Medieval."
Ele era professor de histria medieval. Por alguma razo, um puro cavalheiro do campo?
Este pensamento aliviou um pouco a minha tenso.
"Ah." Eu passo a bolsa por cima do meu ombro e cruzo os braos sobre os seios.
"Bem, obrigada por tentar me ajudar com o registro."
"Os professores de qualquer curso que voc precisar optar podem aprovar os seus crditos
de transferncia." Disse ele. "Voc no precisa passar pelo gabinete do primeiro secretrio.
Obtenha o programa do curso e bibliografia de sua universidade anterior, e traga-os para os

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professores para ver se ele se encaixa no seu currculo. Se ele cobrir os mesmos crditos, eles
devem aprovar a transferncia com um curso equivalente."
"Por que a Sra. Russell no me disse?"
"Ela provavelmente no sabia. Professores tm poder."
Eu quase sorri. "Mesmo professores de histria medieval?"
"Principalmente professores de histria medieval." Ele me assegurou.
"Cavaleiros em seu cavalo e tudo mais?"
Sua boca puxou em um sorriso e ele respondeu: "E donzelas em perigo."
Meu corao apertou. Ah, contos de fadas.
"Ei, professor West!" Um jovem correu at ele. "Ouvi dizer que voc estava ensinando aqui
este ano. Eu estava em Harvard quando era estudante de graduao. Tom Powell." O garoto
estendeu a mo. O professor West o cumprimentou e fez alguns comentrios. Eu recuei um passo,
no querendo deix-lo e ainda no sabendo como ficar. O outro cara continuou falando. Algo sobre
um trabalho que ele estava fazendo.
O professor West olhou para mim. Eu tive a sensao que ele estava prestes a dizer alguma
desculpa, sair da conversa, para que ele pudesse voltar para mim. Assim, poderamos terminar o
que tnhamos comeado.
Eu recuei um passo, e fiquei olhando para a luz do sol brilhando sobre seu cabelo, as arestas
do perfil dele, os msculos de seu pescoo, e a confiana de sua postura.
O professor West era lindo. Lindo e quente e queria ajudar uma menina perturbada
vestida em um moletom cinza. Mesmo que seus olhos me queimassem como uma carcia, ele no
tinha feito um movimento para me tocar ou invadir meu espao. E por algum motivo, ele parecia se
conter em faz-lo.
Se pudesse confiar em mim mesma com algum, pensei, esse algum poderia ser ele.
Antes que ele me olhasse de novo com aqueles olhos penetrantes, antes que eu pudesse
pensar em uma desculpa para ficar, entreguei-me ao meu medo e sa correndo. Tive que me
esforar para no olhar para trs.



Pensei que nunca mais o veria novamente. Se eu fosse um outro tipo de mulher, poderia o
ter procurado, frequentado uma das suas aulas, ido atrs dele em seu gabinete.
Mas eu no era esse tipo de mulher, que faz coisas dessa forma. Eu no poderia ser, mesmo
se quisesse. Trabalhei duro para entrar na UW, e tinha uma agenda muito rigorosa das aulas que
eu precisava fazer para me formar.
Tinha uma bolsa de estudos e um emprego em uma cafeteria na State Street, um pequeno
apartamento, e uma noo inabalvel de que a graduao me colocaria em um caminho em direo
a algo normal.

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Enquanto alimentava uma esperana secreta de um dia encontrar um homem que iria me
ajudar a me livrar de minhas inibies, primeiro tinha de me concentrar em outras coisas. Passei
anos tentando descobrir o que eu precisava fazer, e agora que eu estava finalmente realizando algo,
no conseguia me desviar desse pensamento. Procurar um professor de histria medieval que fez
meu corao disparar certamente no fazia parte dos meus planos.
O semestre comeou duas semanas depois do nosso encontro na calada. Consegui que
meus crditos de transferncia fossem aprovados, apelando para os professores de dois cursos.
Concentrei-me em aulas sobre comunicao digital, estudos internacionais, gerenciamento de
banco de dados e literatura americana.
Quando eu no estava na sala de aula ou na biblioteca, estudava ou trabalhava. Esqueci
tudo sobre o professor West, ou tentei dizer a mim mesma que o havia esquecido.
At que ele entrou na Beans Jitter uma manh. Eu estava ajudando outro cliente,
respondendo a uma pergunta sobre a diferena entre um cappuccino e um caffe latte.
"Assim, um cappuccino tem um sabor de caf mais forte?" Perguntou o homem, olhando-
me fixamente.
"Isso correto." Eu olhei por cima do ombro para verificar quantos outros clientes estavam
esperando.
Meu olhar se se encontrou com o do professor West. Eu soltei uma respirao afiada, meu
pulso batendo forte, um fluxo de calor atravs do meu sangue. Como se eu no o tivesse visto
quando ele entrou. No conseguia parar de olhar para ele, para a sua barba, o cabelo castanho
escuro, o ngulos de seu rosto, a curva de sua linda boca. Ele estava todo professor, em um terno,
uma gravata com um n perfeito e sua maleta na mo.

Um sorriso se fez em seus olhos quando olhou para mim, ento ele inclinou a cabea
ligeiramente para o cara que eu deveria estar ajudando.
"Ah." Eu voltei minha ateno para o cliente, que parecia um pouco irritado. "Desculpe! O
qu?" Disse.
"Eu perguntei se voc poderia fazer o caf com leite com uma dose extra de caf expresso."
Repetiu ele.
"Claro." Minhas mos tremiam enquanto anotava o pedido e transmitia para a menina que
estava fazendo as bebidas. "Vai ficar pronto em um segundo."
O cara levou dez anos para pegar a carteira e pagar o caf com leite. Por um tempo o
professor West se aproximou do balco, meu estmago estava revirando e meus nervos estavam
flor da pele.
"Hum..." Segurei a borda do balco. "Oi".
Um divertido brilho em sua expresso. "Oi!
"Posso ajud-lo?" Tentei soar o mais profissional possvel, consciente de meus
colegas de trabalho movimentando-se por trs de mim, e do zumbido das conversas de outros
clientes.

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"Um caf mdio, por favor." Ele deslizou a mo no bolso. "Por aqui".
Eu me virei para pegar uma xcara e despejei o caf. "Ponho creme em seu caf, senhor?"
"No, obrigado. Voc conseguiu arrumar tudo com o secretrio?"
Olhei para ele, surpresa, perguntando por que ele se importava. "Sim, fiz o que voc sugeriu.
Dois professores preencheram os formulrios certos, indicando que eu j tinha coberto o
currculo."
"Bom."
"Obrigada pela ajuda... professor West."
"Dean."
Eu coloquei o copo no balco, dolorosamente consciente do meu corao batendo rpido,
como as asas de um beija-flor.
"Dean?"
"Meu nome. Dean West."
"Ah. Eu...
"Olivia." Disse ele. O som do meu nome em sua voz profunda soou como uma msica.
"Como voc sabe?" Perguntei.
"Eu vi o seu nome nos papis no gabinete do secretrio."
Ele me entregou um par de dlares. "Eu lembrei. Olivia R. Winter."
Emiti uma nota e dei o seu troco. "Por que voc se lembra do meu nome?"
"Na verdade..." Ele levantou o copo e se virou para as mesas. "Lembrei-me de voc."
Olhei para as costas dele enquanto ele se sentava em uma mesa ao lado da janela e abria um
jornal. Ns no voltamos a nos falarmos naquele dia, mas eu o vi sair e lhe dei um pequeno aceno
de despedida. Eu tive o bom senso instintivo de que ele voltaria. Eu queria que ele voltasse.
E ele voltou. Ele sempre pedia um caf mdio sem creme, e, s vezes, um
muffin. Foi a minha poca favorita do ano era incio de setembro com o ar fresco e limpo, as
cores quentes e ainda com um toque do outono.
No conseguia evitar. Toda vez que ia trabalhar, esperava v-lo. No queria esperar por
isso.Acreditava que nada poderia acontecer. Mas toda vez que ele entrava na Jitter Beans, milhares
de fascas felizes giravam em mim.
Eu gostei de tudo nele: suas caractersticas masculinas, olhos e sobrancelhas grossas, sua
mandbula, s vezes, polvilhada com uma pitada de barba. Eu gostava de seu cabelo escuro, seu
corpo alto e forte, seu sorriso, e o brilho que vinha de seus olhos quando ele olhava para mim.
Comecei a notar os sentimentos que ele despertava em mim, tudo to completamente
diferente do que tinha conduzido a minha vida durante anos. Certa manh, ele empurrou um
pedao de papel dobrado sobre o balco, juntamente com suas notas de dlares.
Meio que esperando que fosse o seu nmero de telefone, abri o papel. Havia um nmero da
biblioteca em uma escrita masculina: PR9199.3R5115Y68. E olhei para Dean confusa.
"Biblioteca Memorial." foi tudo o que ele disse antes de pegar seu caf e ir para a sua mesa
de sempre perto da janela.

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Coloquei o papel em meu bolso. Assim que o meu turno acabou, corri a State Street abaixo
para a enorme biblioteca do campus. Tomei as escadas para o segundo andar e verifiquei os
nmeros nas extremidades das pilhas que estavam como sentinelas em todo o cho.
PR9199.3R5115Y68. Corri meus dedos ao longo das fileiras de livros velhos e empoeirados,
antes que eu visse o volume correto. Meu corao bateu quando o tirei da prateleira e olhei para o
ttulo.
Sua Boca Linda.
Eu sorrio.


Quando Dean entrou na Jitter Beans no dia seguinte, eu puxei o livro debaixo do balco e
entreguei a ele. Eu tinha fixado um papel na frente com outro nmero: Aston 552.
"Cooperativa do Centro do Livro Infantil." Eu disse. "O que eu posso fazer por voc,
senhor?"
"Um caf mdio, por favor." Ele colocou o livro debaixo do brao. "Sem creme."
Ele voltou dois dias depois trazendo um livro infantil intitulado Uma Rocha Feliz. Eu sorri.
Seus olhos brilharam. "Muitas coisas enterradas sob a superfcie de uma rocha, diz o livro. Muito
turbulento. Fundido, mesmo.
"O livro est certo."
Nossos olhares se encontraram. Uma energia passou entre ns, fazendo meu corao bater
com calor e emoo.
"Caf mdio, sem creme?" Perguntei, virando-me para o balco. Empurrei o copo sobre o
balco no mesmo momento em que ele o puxou para ele. Nossos dedos se encontraram, e um
arrepio percorreu meu brao.
Puxei minha mo de volta, minha respirao encurtando. "Desculpe-me."
"No tem problema." Suas sobrancelhas se juntaram levemente intrigado com a minha
reao. Meu rosto ficou quente. Agora, ele deve pensar que voc uma aberrao.
Enxuguei as palmas das mos midas no meu avental e tentei recuperar o meu equilbrio.
"Ns ... hum, ns temos alguns bolinhos frescos."
"No, obrigado." Ele continuou olhando para mim, com uma das mos segurando o copo,
uma carranca puxando sua boca. Sim. Voc provavelmente deve ficar longe de mim, professor
West.
"Olivia, eu estou ministrando uma palestra no Museu Chazen na sexta-feira noite." Disse
ele. "Eu gostaria que voc fosse, e poderamos ir a algum lugar depois."
Eu pisquei. "Voc est me convidando para sair?" A franqueza da pergunta fez ele sorrir.
"Estou."
"Oh." Ah! Ele esperou. Pasmei. O pnico vibrou no meu peito.
"Eu no ... Eu realmente no posso." Gaguejei. "Na verdade, no o momento certo."

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"Tudo bem." Ele coou o queixo. "Bem, ns no temos que pensar nisso como um encontro,
se no lhe agrada. Podemos simplesmente sair."
Um n de desnimo brotou dentro de mim e soltei um suspiro. Eu queria muito passar um
tempo sozinha com ele, este professor de histria medieval que foi me seduzindo com os nmeros
de atendimento da biblioteca.
"No contra a poltica da universidade?" Perguntei. "J que voc um professor?"
Sua expresso ficou sria por um instante, como se eu tivesse lembrado a ele de violar as
regras. Fiquei preocupada, pois ele poderia desfazer o convite.
O que diabos h de errado comigo?
"No contra a poltica, se voc no minha aluna." Disse ele. "Mas se voc preferir no
ir..."
"No, no isso." Eu interrompi. "Eu s... Eu s estava fazendo o que o certo."
"Voc pretende optar por qualquer das aulas de histria medieval?" Ele perguntou.
"Na verdade, pretendo ficar longe do estudo de histria medieval." Admiti.
"Boa ideia." Ele fez uma pausa. "Ento, o que voc acha?"
Eu respirei. Pelo amor de Deus, Liv. uma palestra e, talvez, depois um caf. isso a.
"Ok." Finalmente disse. "Sexta noite."
"Bom. A palestra comea s sete."
" sobre o qu?" Perguntei.
"Arquitetura monstica e sarcfagos." Ele levantou o copo em uma saudao e piscou para
mim.
"Prepare-se para se deslumbrar."
Eu j estou, pensei, vendo-o ir embora.



Cheguei ao Museu Chazen uma hora antes da palestra e passei o tempo extra
olhando as exposies. Eu ainda estava um pouco nervosa, mas era um bom sinal. Aps dois dias
de luta com toda a situao, disse a mim mesma, com firmeza, que gostava do professor Dean West
e estava ansiosa para v-lo fora do Jitter Beans. Este era exatamente o tipo de noite que eu queria.
Uma grande multido encheu o auditrio do museu, o zumbido de conversas tomou conta
do lugar, quando uma mulher apareceu para anunciar os outros eventos do museu e introduzir o
professor West. Eu estava sentada na quinta fileira, e meu corao deu um pequeno salto quando
ele se aproximou do pdio e comeou a falar.
A voz quente e rica de Dean correu pela plateia e to mou conta de mim. Congratulo-me com
a oportunidade de olhar para ele sem reservas, admirando-o
ao v-lo em um terno marinho ntido e gravata listrada, seu cabelo reluzente pelas luzes.

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Eu me lembro dele falando de uma igreja medieval na Frana, a estrutura de uma cidade,
esculturas romanas. Eu estava mais extasiada com o som de sua voz profunda, a forma autoritria
com que ele falou e discutiu as imagens na tela atrs dele, do que com o assunto. Eu amava o seu
jeito gracioso. Ele respondeu s perguntas e ouviu comentrios das pessoas. Eu adorava a forma
como ele conhecia tudo to bem.
Houve uma recepo aps a palestra, e as pessoas continuavam disputando a ateno do
distinto professor. Bebi um copo de gua mineral com sabor de cereja e comi cerca de vinte uvas
antes de, finalmente, encontrar uma chance, e trabalhar a minha coragem, para me aproximar dele.
Ele deu-me um sorriso espontneo, que fez meu corao vibrar.
"Ol, Olivia", disse ele. "Estou feliz que voc veio."
"Assim como eu. Foi uma palestra muito interessante."
"Obrigado." Ele enrolou a mo sob meu cotovelo em um gesto que parecia totalmente
natural. Senti o calor de sua mo atravs da minha manga, sendo que desta vez no me afastei. No
queria.
"Eu preciso ir e agradecer os curadores." Dean disse com sua voz que me fez arrepiar.
"Ento, se voc estiver livre, poderamos ir a algum lugar. Voc espera por mim?
Balancei a cabea concordando. Pensei que ele poderia ser o nico homem que eu sempre
esperei.
Aps dez minutos, ele voltou e fomos pegar nossos casacos no vestirio. Dean me ajudou a
vestir o casaco. Fui tirar o meu cabelo do colarinho, mas ele se ofereceu primeiro. Seus dedos
roaram a parte de trs do meu pescoo enquanto ele tirava o meu rabo de cavalo do casaco. Uma
cachoeira de arrepios correu na minha espinha, e minha respirao ficou presa na minha garganta.
"Obrigada." E rapidamente me afastei dele, abaixando minha cabea enquanto fechava os
botes.
"De nada." Uma leve tenso percorreu sua voz.
Merda. Virei-me para ele e forcei um sorriso. "Ento, para onde vamos?"
"H um lugar chamado Capitol, onde podemos desfrutar de uma bebida ou algo para
comer." Ele sugeriu, pegando o casaco pela gola. "Podemos caminhar, se voc no se importar que
est um pouco frio."
"No me importo."
Quando samos do museu, ele parecia fazer um esforo fenomenal para no me tocar. Senti-
me como se devesse pedir desculpas, sabendo que eu estava enviando sinais confusos, mas no
sabia como, sem entrar em conflito comigo mesma.
Andamos pela State Street para um restaurante chamado The White Rose situado em uma
esquina da praa. Ele abriu a porta do restaurante para mim, e falou com a
recepcionista. Ela sorriu para ele e nos levou, passando por uma multido de clientes espera, para
uma mesa no canto coberta por uma toalha de linho.
"Como voc conseguiu isso?" Perguntei enquanto Dean puxou a cadeira para mim.
"Mgica." No duvido. Um olhar dele provavelmente deixou a recepcionista babando por.

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"Na verdade..." Ele deu um sorriso. "Reserva."
Bom, ele havia planejado com antecedncia onde iria. Fez com que me sentisse como se ele
tivesse pensado em mim.
O garom entregou-nos os menus de couro. Sombras e luz de velas em cascata sobre
as mesas ntimas, vozes se elevavam em um zumbido baixo, talheres tilintavam contra pratos de
porcelana.
Observei Dean enquanto ele olhava para o seu menu. A chama da vela iluminava com uma
luz quente, e danava sobre o seu rosto, iluminando as manchas de ouro em seus olhos cor de
chocolate, o perfeito suave n da gravata, situada no oco de sua garganta. Uns fios de cabelo caiu
sobre sua testa. Eu enrolei meus dedos em minha palma contra a vontade de pux-los de volta,
sentindo a espessura dos fios embaixo da minha mo.
Seria ele o escolhido?
Eu no tinha iluses de grandes amores e romances. Nunca tive. As relaes da minha me
com os homens eram inconstantes e, s vezes, violentas. Aprendi desde cedo que era mais fcil no
contar com ningum. Mas, durante os ltimos anos, eu tinha chegado a algumas concluses sobre
relacionamentos e eu queria aprender a confiar em um homem. Queria saber o que era sentir
prazer fsico de verdade. Queria encontrar coragem e deixar de ser vulnervel aos meus prprios
medos, fazer minhas prprias escolhas.
No, no esperava encontrar esse homem to cedo, mas eu tinha uma sensao irritante de
que ele poderia estar sentado agora em minha frente. Dean olhou para cima e me pegou olhando
para ele. Seu olhar se encontrou com o meu. Uma corrente eltrica passou entre a gente, o que
provocou calor e inundou meu rosto.
"Desculpe." Sussurrei.
Ele enruga a testa confuso. "Por qu?"
"Por ser... estranha."
O sorriso dele brilhava. "Acontece que eu gosto do estranho."
"Bem, ento, voc ganhou o prmio comigo." Murmurei.
"Eu sei."
Olhei para ele, presa pelo calor do seu olhar, o meu rubor piorando. A sensao de prazer
misturada com ansiedade me atingiu.
Ele acenou com a cabea em direo ao menu. "Voc est com fome?"
"Muita. As uvas que eu comi na recepo no me encheram."
Ns pedimos salmo com crostas de ervas e arroz silvestre, e o garom nos trouxe a carta de
vinho. Dean parecia saber o que ele estava falando, e eles finalmente decidiram que algum
determinado vinho de pinot noir iria bem com as nossas refeies.
"De onde voc ?" Eu perguntei quando a nossa comida chegou.
"Sou da Califrnia, cidade de San Jose. Meus pais e irmos ainda vivem l."
"Voc tem uma irm?"

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"E um irmo." Ele espetou uma fatia de peixe com o garfo. "Eu no sei onde ele est." Ele
balanou a cabea como se no gostasse da ideia. "E Voc?"
"No tenho irmos."
"Onde voc cresceu?"
Eu odiava essa pergunta. Peguei meu copo de vinho em uma tentativa de parar de falar
sobre mim. "Ah, em todo lugar." Eu finalmente disse. "Ns viajvamos muito."
"Seu pai era do exrcito?"
"No. Meus pais se separaram quando eu tinha sete anos." Concentrei-me em mexer uma
poro de arroz, no querendo saber se ele estava olhando para mim com pena.
"E o que a trouxe para Madison?" Ele perguntou quase como se ele sentisse que eu no
queria falar sobre a minha infncia.
Eu estava querendo ir para a universidade. Expliquei. Mas no podia pagar a taxa de
matrcula. Minha tia mora em Pepin County, ento me mudei para uma cidade vizinha e fui para a
universidade comunitria, poupando meu dinheiro. Ento, ganhei uma bolsa para que eu pudesse
ir para a UW. Se tudo correr como planejado, eu devo me formar em dois anos."
Ele olhou para mim de um jeito que no dava para descrever em sua expresso. "Isso
muito admirvel.
Eu sorri ironicamente. " por isso que eu sou uma universitria de idade. No me
matriculei na faculdade antes dos vinte e um anos. Ento, tive aulas em tempo parcial por alguns
anos, porque eu tinha que trabalhar."
"Voc no velha."
"Voc provavelmente fez seu mestrado quando voc tinha vinte e quatro anos?" Perguntei,
estendendo a mo para pegar meu vinho.
"Levei um tempo para chegar aqui."
"Mas fez!"
"Eu fiz."
Comemos em silncio por alguns minutos, lanando olhares ocasionais um para o outro. O
ar faiscava com o calor sempre que nossos olhos se encontravam. Gostei da maneira que ele comeu,
seus movimentos bruscos e precisos. Eu assisti aos msculos de sua garganta enquanto ele engolia,
a forma como a mo enrolava em torno de seu garfo. A viso de sua boca fechando ao redor da
borda do copo enviou uma onda de excitao atravs de mim. Eu nunca me senti assim antes.
Sobre ningum.
"Ento, o que exatamente isso que voc ensina, professor West?" Perguntei.
"Principalmente, arqueologia medieval e arquitetura. No entanto, outras coisas tambm.
Cidade, planejamento, as estruturas polticas, religio. Irei para a Frana durante as frias de
inverno para fazer um trabalho sobre a arquitetura de Sainte-Chapelle."
Eu deveria ter ficado intimidada pelo talento de seu trabalho. Ele era to verdadeiro sobre
ele mesmo, que qualquer diferena de potencial entre ns, um renomado professor e uma menina

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lutando para conseguir um bacharelado, desapareceu na insignificncia. Adorava ouvi-lo falar com
sua voz de bartono suave batendo contra as paredes do meu corao.
Aps o jantar, tomamos caf e dividimos uma deliciosa torta de chocolate. Ele comeu um
pouco, em seguida, sentou-se e ficou me olhando. A tenso quente apertou minha barriga. Tirei um
monto de chocolate de meu lbio inferior.
"Voc, ah... voc olha muito pra mim." Comentei.
"Voc muito bonita."
Eu no me sinto assim, mas o elogio foi como mel derramado sobre mim. "Eu tambm
gosto da maneira que me olha."
Esse foi um eufemismo. Olho para ele e fico quente e ofegante.
Ele se inclina para frente, apoiando o cotovelo na mesa. Curiosidade e calor fervem em sua
expresso.
"O que tem em voc, Olivia?" Ele perguntou.
"O que voc quer dizer?"
"Por que voc to doce e determinada e esconde isso tudo?"
"Eu no sabia que eu era todas essas coisas."
"Voc . Por qu?
Dou de ombros e afundo novamente o garfo na torta. Como eu estava comendo, no poderia
falar muito. Dei outra mordida e falei com a boca cheia. "Isso muito bom."
A boca de Dean se contraiu com um sorriso, mas seus olhos ainda estavam curiosos quando
ele se virou para mim. Continuou me olhando enquanto eu comia a torta e raspava o prato.
Enquanto ele pagava a conta e recupervamos nossos casacos, percebi o perigo do professor
Dean West. Se eu deixasse, ele acabaria com todas as minhas defesas. Ningum nunca tinha feito
isso antes.
Fomos para fora no frio. Ele no me tocou. Desta vez, porm, queria que ele fizesse.
Cutuquei seu cotovelo. Ele olhou para mim, ento, estendeu o brao e esperou. Eu me aproximei,
saindo ao lado dele, enquanto caminhvamos de volta para a State Street.
Era exatamente do jeito que eu imaginava que seria, andando ao seu lado com o calor do
seu corpo fluindo em mim e seu brao forte e apertado ao redor dos meus ombros. Eu me enrosco
nele como uma pea de um quebra-cabea.
"Onde voc mora?" Ele perguntou.
"Off Dayton Street, no muito longe da Kohl Center. Vim andando."
"Da prxima vez, irei busc-la.
Meu pulso acelerou com a ideia de que haveria uma prxima vez.
"E desta vez," Dean disse, "Eu a levarei para casa. Meu carro est estacionado no museu."
Quando chegamos ao estacionamento, ele abriu a porta de um sedan preto e me ajudou a
entrar antes de ir para o banco do motorista. Eu lhe disse o meu endereo, e fui calada durante a
curta viagem para casa. Os edifcios do centro da cidade passaram em um borro de luz e sombras.

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Quando ele parou na frente do meu apartamento, meus malditos nervos ficaram tensos novamente.
Eu me atrapalhei ao pegar minha bolsa e abotoar o casaco.
"Ento, obrigado." Eu disse. "Essa noite foi tima."
"Sim, foi. Obrigado a voc tambm.
Segurei a maaneta da porta. "Eu vou..."
"Olivia."
Eu me virei para encar-lo. Seus olhos brilhavam sob a luz dos postes. Ele estendeu a mo
lentamente, como se estivesse tentando no assustar um gatinho, e fechou a mo em volta do meu
pulso.
Seu toque disparou um calor no meu sangue, acendendo flashes de pensamentos
insuportavelmente ntimos: jogando-me em seus braos, seus lbios deslizando sobre minha
garganta, as mos nos meus seios nus. O ar ficou quente e comprimido.
"Eu vou beijar voc agora." disse Dean.
Meu corao bateu contra meu peito e um tremor forte passou por mim. Eu separei meus
lbios para tomar flego.
"Eu... tudo bem."
Ele se inclinou sobre o freio de mo e ergueu as mos para o meu rosto. Seu toque era
gentil, ainda cauteloso, mas o calor em seus olhos me deixou em dvida quanto ao seu desejo. Ns
estvamos mais prximos do que jamais estivemos antes, to perto que eu podia ver o anel mais
escuro marrom ao redor de sua ris.
Por um momento, apenas olhamos um para o outro. Ento, suas mos me apertaram,
quando ele tocou sua boca na minha. E o mundo girou no instante em que nossos lbios se
tocaram.







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22 de agosto

Seis dias se passaram desde que eu mencionei a ideia de ter um beb. Um milho de
pensamentos esto passando e se remoendo em minha mente, sendo que no tm para onde ir.
Eu nunca fui daquelas mulheres que discutem detalhes pessoais com minhas poucas
amigas. E minha me daria pssimos conselhos, mesmo se eu soubesse onde ela est. No que eu
tivesse dito algo a ela tambm.
O que chateia que a nica pessoa que eu realmente quero ter uma conversa, o homem com
quem eu sempre fui capaz de falar sobre qualquer coisa, est inacessvel no momento. At quando
ele est em casa. Ele no aparenta ser frio ou ameaador, mas sinto a sua relutncia em discutir o
assunto mais profundamente. E, verdade seja dita, de qualquer maneira, no estou muito ansiosa
para ter uma repetio da nossa ltima conversa.
Alm disso, essa pergunta ("Porque voc est procurando algo para fazer?") ainda est
rodando na minha mente como uma fita em repetio.
No caf da manh, nos prendemos a assuntos seguros como uma notcia sobre uma
falsificao de arte que ambos estamos seguindo (na internet), o prximo semestre de Dean, e meu
novo trabalho na livraria.
"Kelsey falou sobre o banquete?" Perguntei depois de nos servir de mais caf.
"O de sbado?" Dean pergunta, como se ele tivesse uma dzia de banquetes programados.
"Sim. Ela disse que voc no se imporia se eu fosse. Claro, ela no perguntou se eu me importaria
de ir."
Ele soou um pouco afrontado, o que me faz sorrir. Ele no se importa com socializao
acadmica, mas ele bom nisso e faria qualquer coisa por Kelsey.
"Pelo menos agora ela vai ficar devendo uma a voc." Comentei.
Dean resmungou com seu caf e virou uma pgina do jornal. Concentro-me em minha
prpria seo do jornal, mas as linhas borram diante de meus olhos.

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A repentina distncia que se fez entre ns inquietante. Dean e eu sempre tivemos uma
vida sexual bastante ativa, e o fato de que quase uma semana se passou sem nenhum de ns
tomarmos a iniciativa .... incomum.
Estico minha perna debaixo da mesa e corro o meu p para cima do interior de sua coxa. Ele
olha para mim. Eu mexo meus dedos contra sua virilha.
"Tem tempo antes do trabalho?" pergunto.
"No d." Ele fecha o jornal. "Duas reunies nesta manh."
" uma pena." Olho para o meu caf.
"." Ele olha para o relgio, se inclina sobre a mesa para beijar minha testa. "Tenho que ir
trabalhar. Vejo voc mais tarde."
Depois que ele sai, continuo sentada mesa por mais alguns minutos. Pergunto-me se ele
est preocupado se vou ficar chateada sempre que ele pegar uma camisinha quando fizermos sexo.
Coloco a minha xcara na pia. Tudo bem, eu no lidei da melhor maneira possvel com toda
a conversa sobre "parar o mtodo contraceptivo". Mas tambm no entendi muito bem o evidente
alvio de Dean com o teste de gravidez negativo. Ele no estava nem um pouquinho desapontado?
Fui em direo ao quarto, em seguida, parei no escritrio de Dean. Vou l tirar a poeira e
arrumar de vez em quando, mas a maior parte do tempo no vou at l. Hoje, porm, eu olho as
coisas em sua mesa: uma pilha de aulas impressas, fotos da Catedral de Chartres, um bloco de
anotaes amarelo coberto com notas em sua caligrafia rabiscada. H um retrato meu do lado do
computador, e uma foto nossa na estante.
Seu computador est ligado. Percorro o contedo do disco rgido, em seguida, seu histrico
da internet. Eu usei o seu computador antes, e nenhum de ns teve problema com isso. De
qualquer forma, no h nada de interessante: palestras, documentos, arquivos em PDF, e-mail,
notcias de websites.
Afastei-me para longe da mesa e fui me vestir. L fora, h uma sensao de melancolia de
vero tardio no ar como sempre tem quando os turistas vo embora e levam a excitao das frias
com eles. Dirijo para a universidade analisando vrios edifcios de tijolos que pontilham uma
extenso de grama e rvores.
O departamento de histria est situado em um edifcio de estilo clssico em uma
extremidade do campus. Estaciono nas vagas para visitantes e vou em direo aos degraus de pedra
gastos, que levam aos escritrios. Cumprimento alguns funcionrios e professores que conheci
antes, e sigo at o final do corredor para o escritrio de Dean.
Vrias vozes emergem da porta aberta, e pego trechos de conversa sobre
cidade-estado, Beowulf, alguma catedral italiana, e as tapearias medievais das
freiras dominicanas (realmente).
"Entregarei esse trabalho para voc at o final da semana, professor West." Um jovem diz,
sua voz ficando mais clara, medida que ele se move em direo porta.
"Obrigado, Sam. E Jessica, envie-me a lista de estudantes de graduao que tenham
apresentado artigos para as apresentaes da conferncia."

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"J recebemos uma tonelada de propostas." Diz Jessica. " bom, porque poderemos
escolher s o melhor. Ns s enviamos dois anncios para artigos at agora, e teremos mais na
primavera."
"Os estudantes do King tem prioridade, certo?" Pergunta outra garota. "Para apresentaes?
Quero apresentar uma proposta. Seria bom para o meu currculo."
"O trabalho mais original ganha a prioridade, Maggie." Diz Dean. "E a maioria das
propostas so baseadas em teses e dissertaes."
"Bem, a minha tambm seria." Diz Maggie.
H um silncio momentneo antes de Jessica dizer brilhantemente, "Eu preciso ir
biblioteca. Obrigado pelo seu tempo, professor West."
"Sim, obrigado." Acrescenta Sam.
A porta se abre mais e os dois saem com suas mochilas nos ombros.
"No posso acreditar que Maggie acha que pode..." Jessica murmura para Sam, sua voz
tornando-se inaudvel enquanto eles passam por mim e caminham pelo corredor.
Pergunto-me se deveria deixar Dean saber que estou aqui. Logo, ele e a garota, Maggie,
comeam a conversar novamente. Devo ir embora? A porta do escritrio est completamente
aberta e qualquer pessoa no corredor pode ouvir a conversa. No entanto, eu me afasto um pouco
mais para tentar dar-lhes um pouco de privacidade.
" preciso desenvolver a sua metodologia, Maggie, antes de apresentar uma proposta."
Dean diz, com a voz ressoando para o corredor. "Eu disse que irei ajud-la, mas voc tem que focar
primeiro. Voc j analisou a bibliografia que lhe dei?"
"Apenas uma parte dela." A menina responde. ", tipo, vinte pginas."
"Se voc est interessada em Trotula de Salerno
1
, precisa comear com a histria das
mulheres medievais e com a histria da medicina. Depois de olhar a pesquisa, anote algumas
perguntas que voc tenha e vamos falar sobre elas."
Ela solta um suspiro. "Tudo bem."
"Certo. Agora, como est o seu curso?"
"Bem, que tambm tenho LSAT (Law School Admissions Test Teste de admisso da
Faculdade de Direito) para o prximo semestre. No posso pegar latim, porque coincidir com o
curso preparatrio."
"Que tal um estudo independente?"
H mais conversa sobre os requisitos e crditos antes deles sarem do escritrio.
"Liv." Dean parece ligeiramente surpreso ao me ver. A jovem para em frente a
porta. Ela uma menina bonita com cabelo loiro puxado para trs por uma tiara, vestindo short e
um top que valoriza o seu corpo tonificado.
"Maggie, est a minha esposa Olivia." Diz Dean.



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"Ah." A menina pisca para mim, depois olha de volta para Dean, como se ela estivesse
surpresa com o fato de que ele casado.
"Liv, esta Maggie Hamilton, uma das nossas alunas de ps-graduao." Dean continua.
Maggie e eu apertamos as mos e trocamos gentilezas. "Qual o seu tema de pesquisa para
a tese?" Pergunto por educao ao invs de demonstrar um interesse genuno.
"Bem, o professor West sugeriu algo sobre a percepo das mulheres atravs dos
escritos de Trotula de Salerno." Ela lhe d uma outra olhada. "Porque estou interessada na viso
medieval da sexualidade feminina."
"Interessante." Comento.
"Maggie, verifique com o secretrio sobre aquelas aulas e envie de volta para mim." Diz
Dean. "Voc tem que ter a sua proposta de tese aprovada antes do prximo semestre, s assim voc
poder apresentar um artigo para a conferncia."
"Tudo bem. Prazer em conhec-la, Sra. West." Ela se dirige para o corredor.
Dean olha para mim. "O que voc est fazendo aqui?"
"Pensei em ver se voc queria almoar."
"So 10h30min."
"Ou refeio matinal."
Ele franze a testa, e me leva para o seu escritrio, fechando a porta atrs de ns. "O que est
acontecendo?"
Eu suspiro e afundo na cadeira em frente sua mesa. Eu nunca trouxe nossas coisas
pessoais para seu local de trabalho. Mas agora continuo, como uma pedra rolando ladeira abaixo.
"Eu olhei as coisas no seu computador, esta manh." Admito.
"Para qu?"
Eu dou de ombros e mastigo minha unha do dedo, irritada com a sensao de que h algo
que no sei sobre ele, quando achava que sabia tudo.
"Voc nem procura por pornografia, no ?" Eu pergunto.
"Por que eu iria procurar pornografia?"
Isso me faz rir. "Voc no sabe?"
"Eu tenho voc. Eu no preciso de pornografia." Ele coa a cabea, parecendo perplexo.
"Onde esta conversa vai dar? Voc quer que eu pesquise pornografia?"
"No."
"Voc quer procurar pornografia? Porque h muita, pelo que percebo."
Estudo-o por um momento. Eu no me interesso por pornografia, mas estou curiosa sobre o
que um de ns poderia fazer, se o outro no estiver interessado sexualmente, seja por separao
fsica ou emocional.
Sexo sempre foi uma grande parte da nossa relao, tanto por razes comuns como prazer,
para se conectar, porque estamos apaixonados, e por razes intensamente pessoais que pertencem
apenas a ns dois.
"Voc se incomodaria se eu procurasse pornografia?" pergunto.

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"No. Se voc quiser, v em frente."
"Eu no quero."
"Liv." Dean gesticula para sua mesa, que est empilhada com papis. "Eu tenho uma
porrada de trabalho para fazer. Seja l para o que voc est aqui, podemos discutir em casa?"
"Voc no tem estado muito em casa na ltima semana." Lembro. "E ns tentamos discutir
isso, mas nunca chegamos a qualquer concluso."
Ele cruza os braos. "O beb que voc est pensando."
"E voc no."
"Liv, voc nem sequer chegou a uma concluso sobre o que voc quer. O que h para chegar
a uma concluso juntos?"
"Como voc se sentiria se o teste desse positivo?" Meu corao salta. Ele est me olhando,
com os braos ainda cruzados, sua expresso desconfiada.
"Eu no sei." Diz ele. "Mas isso uma especulao sem sentido."
"Voc nem... imagina?"
Ele balana a cabea. Minha inquietao se aprofunda.
"Dean, quando eu lhe disse que no queria ter filhos, voc concordou comigo. Voc disse
que estava tudo bem."
"Foi."
"Mas o que voc quer?"
"Eu queria o que voc queria. Eu entendi."
"Mas mesmo quando estvamos namorando..." Uma ebulio de tenso aumenta no meu
peito. "Quando ns nos apaixonamos, voc no... nem mesmo pensou em ns termos filhos?"
"Por que eu faria isso quando voc fechou essa porta?"
"Voc nunca quis abri-la? Nunca se imaginou como um pai ou eu como..."
Minha voz some. Ns olhamos um para o outro por um longo momento. Alguma coisa est
estranha. No sei o que . Dean sempre avanou na vida, sempre fez as coisas acontecerem. Ento,
por que ele no imaginava o nosso casamento como... como algo mais?
"Liv." Ele desliza a mo quente debaixo de meu queixo e ergue meu rosto para olhar para
ele. "No ter filhos no nos faz menos casados. Menos apaixonados. No nos faz nem ser menos
uma famlia."
"Isso no nos faz mais tambm, no ?"
Ele deixa cair a mo para o lado e d um passo para trs. "Eu no achava que qualquer um
de ns precisava de mais."
"No mais do que um ao outro." Digo. "Mais um com o outro."
"Eu tenho mais com voc do que eu jamais pensei que teria." Ele responde, a voz tensa.
"Mas se nosso casamento de repente no o suficiente para voc, ento um beb com certeza no
vai resolver nada."
"Por que voc continua insinuando que estou sentindo falta de alguma coisa?" Minha
coluna espeta com irritao. "Que mencionei um beb, porque eu preciso de algo para fazer, ou

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porque o nosso casamento no suficiente? Por que no pode ser porque somos fortes e felizes
juntos?"
" possvel, mas no agora, Liv. Independentemente do que voc decidir, eu disse que um
momento ruim."
"Voc acha que existir algum dia um bom momento?" Pergunto.
Dean suspira e arrasta a mo pelo rosto. "Eu no quero ter essa conversa
aqui." Diz ele.
"Voc no quer ter essa conversa em nenhuma circunstncia."
uma rplica afiada que deveria me trazer alguma satisfao, mas ao invs disso eu me
sinto vazia. Porque eu sei que estou certa.



Estamos evitando um ao outro. H tenso. ruim. Parte de mim gostaria que eu sequer
tivesse aberto essa porta em particular. Por que eu iria querer mudar alguma coisa sobre o nosso
casamento?
Houve um tempo em que nunca pensaria que, ia ter a vida que tenho agora. Nunca pensei
que estaria segura ou que teria uma casa. Certamente nunca pensei que iria me apaixonar.
Mas tudo isso aconteceu porque eu conheci Dean. Ele o nico que virou meu mundo
inteiro de cabea para cima, que transformou todas as minhas ideias distorcidas sobre
relacionamentos. Quem provou que cavaleiros brancos realmente existem. Quem descobriu que
estamos muito melhor juntos do que sozinhos. Ento, por que a mera ideia de um beb est
causando um distanciamento entre ns?
No tenho resposta para essa pergunta. E no tenho certeza se quero uma.
Hoje noite, Dean ir ao banquete com Kelsey. Ela aparece parecendo classicamente sexy
em um vestido justo preto e um longo colar de prolas. Ela usa quase nenhuma maquiagem, exceto
pelo batom vermelho brilhante, que, combinado com sua expresso de desdm, faz ela parecer
como Greta Garbo ou Marlene Dietrich com cabelo com mechas azuis.
"O que voc vai fazer?" Ela me pergunta enquanto esperamos por Dean terminar de se
arrumar. "Fazer pipoca e assistir a filmes? Beber vinho? Posso ficar com voc ao invs disso?"
Eu meio que gostaria que ela pudesse, mesmo que eu no contasse a ela tudo o que est
acontecendo, eu gostaria de sua companhia sem noo.
Dean sai do quarto, ainda atando o n da gravata. Ele parece incrvel, masculino
e bonito, com o cabelo penteado para trs e seu terno marinho ajustado com perfeio.
"Uau." Comenta Kelsey em admirao, olhando dele para mim. "Talvez ele devesse ficar... a
voc poderia ter a diverso de tirar esse terno dele."

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Dean e eu rimos, mas o som forado e enferrujado. Kelsey percebe imediatamente, porque
ela franze a testa e olha para ns dois de novo. Suspeito que o meu marido ser submetido a um
interrogatrio durante o caminho para o banquete.
Dou-lhe um beijo obrigatrio, abrao Kelsey e digo a ela para se comportar. Eles saem. Eu
estou de alguma forma aliviada por estar sozinha, porque pelo menos agora eu no tenho que
fingir.
Sigo o conselho de Kelsey e como um pouco de pipoca enquanto assisto a um filme de ao.
Depois parto para uma comdia romntica. Mas logo fico entediada. Desligo a TV e folheio uma
revista. Depois vagueio na internet verificando meu e-mail no meu laptop perto da janela.
Depois de navegar alguns sites relacionados com livros, fico entediada de novo e inquieta,
desejando que Dean estivesse aqui e que tudo estivesse como era antes da ideia de ter um beb.
Digito algumas palavras em um campo de busca. Entre a enorme lista de resultados
aparece: pornografia ao vivo, vdeos amadores, pornografia grtis, filmes de fetiche, vdeos
pesados, bondage, meninas com culos... meninas com culos?
Por curiosidade, cliquei nesse link. Com certeza, uma tela de clipes apareceu com meninas
seminuas com culos. Pelo menos eles so honestos sobre a sua publicidade.
Elas esto em vrios estgios de aparente excitao e relao sexual. No sei se
fico intrigada ou no. Vi vdeos porn antes, claro, mas no com tanta proliferao ou tal nicho de
mercado.
Clico em um clipe. Tem um cara entre as pernas abertas de uma menina de culos. Ele est
esfregando sua ereo, provocando a cabea em torno das dobras de seu sexo, deslizando
parcialmente em sua abertura antes de se afastar novamente.
Sempre gostei quando Dean faz isso comigo.
Mudo para outro clipe. Um homem mais velho est bombeando ativamente em outra
menina, mas a sua barriga gorda e est sacudindo, o que me deixa enjoada. Um terceiro clipe tem
uma mulher parecendo espantosamente desinteressada dando uma chupada. Eu fecho a janela.
Acho outro clipe de um homem com aparncia decente e uma menina de culos de armao grossa.
Ela est em suas mos e joelhos, e ele est segurando a bunda dela enquanto ele empurra
dentro dela por trs. O ngulo da cmera no est to perto, mas perto o suficiente para que eu
possa ver o seu pau entrando e saindo dela. suave e liso.
Seus dedos cravam em sua carne. Ele est bombeando duro o suficiente para que todo o seu
corpo esteja balanando com o movimento, seus grandes seios balanando embaixo dela, com a
boca aberta em um gemido.
Aperto minhas coxas um pouco. Estou usando calas de yoga, e ela est ficando quente. Sem
falar que estou frustrada por no estar tendo relaes sexuais com Dean j h algum tempo.
O homem do vdeo muda sua posio, fixando seu p sobre a cama para aumentar a
profundidade de seus impulsos.
Dean faz isso tambm. Isso funciona.

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Minha respirao aumenta. A menina est gemendo em um longo e constante fluxo. Ela
tambm est suando. Seu cabelo longo, mais do que o meu, e aderindo a suas costas em mechas
midas. O homem bateu em sua bunda algumas vezes, fazendo-a gritar e sua pele ficar vermelha.
Ela tem uma bunda grande, redonda, lisa e firme.
Sinto-me pervertida, mas estou ficando dolorida em um bom sentido. De uma maneira que
no posso negar. Certifico-me de que as cortinas esto fechadas antes de puxar minha cala e
chut-la debaixo da mesa. Estou muito envergonhada de realmente me tocar, enquanto olho para
um vdeo clipe pesado, mas no paro de assistir.
O som do quadril do homem batendo na mulher sai do alto-falante.
Ela pega na cabeceira da cama e comea a empurrar contra ele. ilustrativo e cru. Eles esto
gemendo e ofegando. Ento ele solta um grunhido e puxa seu pau dela, esfregando o eixo entre
suas ndegas, enquanto jorra sobre suas costas.
Adoro quando Dean faz isso comigo.
Meu corao est pulsando rpido. Eu pressiono minhas coxas novamente e sinto o pulsar
crescente. Fecho o laptop e vou para o sof, puxando minha calcinha pelas minhas pernas e
jogando-as de lado.
Eu estou vestindo uma camiseta, mas estou com pressa agora e alcano debaixo dela para
subir meu suti para que eu possa brincar com meus seios. Esfrego-os com fora, belisco os
mamilos, e sinto a sensao em minha barriga. Abro minhas pernas e enfio a mo entre elas, no
surpresa, mas ainda envergonhada pela forma como estou molhada.
Pelo menos a minha perverso secreta.
Fecho meus olhos e imagino Dean e eu na mesma posio, ele empurrando para dentro de
mim por trs, enquanto seguro na cabeceira da cama e empurro de volta contra ele.
No leva muito tempo. Sei exatamente como me tocar e onde. E com
imagens de Dean segurando meus quadris, bombeando dentro e fora de mim, antes dele gozar bem
profundamente em mim...
Oh... oh!
Vibraes inundam-me, fazendo com que minha respirao pare e meu corpo todo vibre.
Massageio-me com mais urgncia, dolorida para sentir at o ltimo tremor em minhas veias.
Espremo os olhos fechados, mais apertados, observando Dean chegar debaixo de mim para enfiar o
dedo no meu sexo enquanto eu fico l em minhas mos e joelhos, balanando contra sua mo,
implorando...
Outra srie de tremores passam por mim antes das sensaes diminurem. Puxo minha mo
do meio das minhas coxas e fico l ofegante enquanto as deliciosas imagens desbotam.
"Liv."
Meus olhos se abrem. Fico olhando para Dean, que est de p ao lado da porta, o palet
jogado sobre o brao e as chaves na mo. Por um segundo de parar o corao, eu espero ver Kelsey
bem atrs dele, mas a porta est fechada. Ele est sozinho.
E eu estou... assim.

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Merda.
Atrapalho-me no sof e tento puxar minha camiseta para baixo sobre meus quadris, mas
muito curta. Estou nua da cintura para baixo, e um rubor toma conta de toda a minha pele. Tateio
em volta para encontrar a minha cala, calcinha... qualquer coisa para me cobrir. Finalmente pego
a colcha na parte de trs do sof e enrolo em torno da minha cintura.
Dobro uma ponta para prend-lo, em seguida uso as duas mos para empurrar o meu
cabelo emaranhado para trs. Tento um sorriso brilhante, que eu tenho quase certeza que um
fracasso.
"Eu... eu no estava esperando voc antes de meia-noite." Observo.
" quase uma."
"Ah. Eu... hum, perdi a noo do tempo."
"D para perceber."
Meu rubor cresce to quente que sinto como se tivesse sido incendiada. Deve ser bobeira
estar to envergonhada. Dean j assistiu eu me masturbar antes, inferno, ele me disse vrias vezes
para faz-lo na frente dele, mas isso diferente.
Isso estranho.
Meu suti ainda est embolado sobre meus seios. Cruzo meus braos e tento pux-lo
casualmente para baixo novamente.
"Como... como foi o banquete?" No posso parar de corar. Devo parecer um tomate.
Ele joga o palet sobre uma cadeira. "Longo e chato, mas a comida estava boa. Mousse de
chocolate para a sobremesa."
"Como Kelsey se saiu?"
"Ela se saiu bem para a ocasio e encantou as pessoas certas."
"Acha que vai ajudar com a sua proposta?"
"Provavelmente."
Por um minuto, s ficamos ali olhando um para o outro. Posso dizer que ele quer dizer
alguma coisa, mas eu no sei o que.
Eu me sentiria melhor se ele s tivesse vindo e me beijado e feito algum comentrio
perverso sobre como me ocupo quando estou sozinha. Eu me sentiria muito melhor se ele tivesse
puxado a estpida colcha de cima de mim e deslizasse a mo entre minhas pernas...
"Bem." Ele esfrega a parte de trs do seu pescoo. "Estou acabado. Vou tomar um banho e ir
para cama."
Ele vai para o quarto. Eu afundo no sof e pressiono minhas mos contra as minhas
bochechas quentes. Os meus olhos ardem com lgrimas de vergonha e raiva, mas dessa vez eu no
deixo elas carem.
Em vez disso, apenas sento e tento respirar. Minha decepo com o meu marido to ntida
que eu posso sentir o gosto amargo e frio.


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"Foi porn?" Pergunta ele na manh seguinte.
"Sim."
Ele fez igual a voc. Um ms atrs, eu teria dito a ele tudo. No disse mais nada sobre o
episdio. Eu no estou mais envergonhada. Agora estou apenas triste.














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28 de agosto


Liv, veja isso."
Allie enfia a cabea na porta da livraria. Empurro alguns livros de volta para a
prateleira e a sigo para o lado de fora para admirar a vitrine de arco-ris que ela construiu.
"Ficou timo." Fez tudo colorido com grandes nuvens de algodo e cordas de prata.
"Bom." Allie empurra os culos para cima enquanto volta para dentro. "Espero que isso
atraia algumas pessoas para a seo de autgrafos do livro. Essa garota local escreve romances que
tm temas sobre cor. Ela vir sbado tarde, por isso vamos ver se isso ajuda o movimento no fim
de semana."
"O negcio no est muito bem, n?" Eu pergunto.
"No. E eles esto aumentaro o aluguel deste prdio no incio do ano, ento..." Sua voz
some e ela d de ombros. "Vamos ver o que acontece."
"Ei, como foi seu encontro?" Pergunto, em um esforo para desviar o tema de seu negcio
em queda. "Voc no saiu com Brent novamente na semana passada?"
"Foi muito bom." Suas bochechas ficam um pouco rosadas. "Brent agradvel, bonito e
beija muito bem."
"No pode dar errado com qualquer uma dessas qualidades."
"Voc est certa."
Ns duas olhamos para cima quando o sino sobre a porta tocou. Uma mulher gorda e loura
avanou at ns com um mao de panfletos na dobra do seu brao.
"Bom dia, senhoras." Diz ela. "Sou Natalie Bergman, gastrnoma da loja de cozinha e
utenslios em Larkspur."
"Ah, eu amo esse lugar." Diz Allie. "Eu tenho um monte de panelas de ao inoxidvel de
vocs e alguns grandes anis de guardanapo."

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O rosto de Natalie se ilumina. "Fico feliz em ouvir isso. Ento, voc pode estar interessada
nisto." Ela acena um folheto para ns duas. "Ns ainda temos algumas vagas abertas para uma aula
de culinria, que comea na prxima semana. Eu queria saber se eu poderia colocar um folheto em
sua janela."
"Claro. Deixe tambm um pouco sobre nosso balco."
Natalie empilha os panfletos e me entrega um para fixar na janela. "Vai ser um timo curso.
Ser realizado na sala de aula-cozinha da gastrnoma. A mensalidade inclui todos os materiais e
alimentos."
Passo a mo pelo folheto. Culinria francesa Clssica! Aprenda as tcnicas da culinria
francesa neste curso intensivo de dezesseis semanas. Todos os nveis so bem-vindos. Teras-
feiras 19h00min 21h00min.
"Eu tambm tenho os formulrios de inscrio." Natalie pega em sua bolsa e mostra outra
pilha de papis. "Se alguma de vocs quiser um".
"Eu vou." Estou quase surpresa quando as palavras saem.
Natalie me entrega o formulrio. "Voc vai adorar o curso, de verdade."
Depois que ela sai, Allie pergunta: "Voc vai fazer isso?"
"Eu no sei. Voc vai?"
"No." Seus cachos vermelhos balanam quando ela balana a cabea. "Eu no sou muito de
cozinhar."
"Nem eu."
No entanto, acho que esse o ponto. Se voc no sabe algo, voc deve procurar mais sobre
isso. E se voc no pode fazer algo, voc aprende. Especialmente se algo que te intimida ou
assusta.
Dean no est em casa quando volto para o nosso apartamento, mas sua pasta est ao lado
da porta. Lembro-me que ele ia jogar futebol esta noite, por isso deixo o folheto na frente da mesa
ao lado de uma pilha de correspondncia e coloco uma lasanha congelada no microondas.
Saio para cuidar de meu jardim-varanda. Algumas flores ainda florescem no resto do sol do
vero, mas as plantas esto comeando a murchar um pouco. Corto as flores mortas, varro as
folhas, e rego as plantas.
Dean volta sujo, mas alegre, porque seu time ganhou o jogo. Fico feliz quando ele
vem me beijar. Mesmo com todas as coisas estranhas e tensas entre ns, ele ainda me beija muitas
vezes e acaricia o meu cabelo, e ainda esfrego a parte inferior das costas dele quando o abrao ao
redor da cintura. Enquanto tentamos fingir que est tudo bem.
Ele se dirige para um banho rpido antes do jantar, enquanto ponho a mesa. "Como foi seu
dia?" Ele pergunta, puxando uma camiseta limpa sobre a sua cabea quando sai do quarto.
"Bom. Trabalhei na livraria por algumas horas." Meu estmago torce de repente quando
pego o folheto da frente da mesa. "Uma mulher de uma loja de utenslios de cozinha deixou isso.
Ela perguntou se poderamos coloc-lo na janela."
Dean olha para o papel. "Cozinha francesa clssica?"

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"Eu... eu estava pensando em me inscrever nele." Meu corao bate contra as minhas
costelas.
"Essa uma tima ideia." Diz Dean.
" mesmo?"
"Claro." Ele deixa cair o folheto de volta na mesa. "Voc no acha?"
"Bem, sim. Deus sabe que eu sou uma pssima cozinheira."
"Ento, voc vai aprender a ser uma boa."
" uma vez por semana, durante um semestre inteiro." Digo.
"Parece que voc vai aprender muito, ento."
" caro."
"No importa."
Eu tamborilo os dedos sobre a mesa. "Ento, est tudo bem, se me inscrever?"
" claro que est tudo bem." Dean olha para mim com um toque de perplexidade. "Voc no
precisa de minha permisso para fazer um curso, Liv. Se voc quiser se inscrever, v em frente. Eu
acho que uma tima ideia."
Viro-me e volto para a cozinha. Pergunto-me se eu estava secretamente esperando que ele
pudesse me fazer desistir disso, mas agora uma centelha de emoo acendeu dentro de mim.
Eu poderia realmente aprender a cozinhar. A necessidade urgente para essa habilidade em
particular atinge nossa casa quando tiro a lasanha queimada, de aparncia pegajosa do
microondas.
Certamente eu posso fazer melhor do que isso.
Dean faz uma pausa na porta da cozinha, revirando a pilha de correspondncia.
"Alguma coisa boa?"
Ele no responde. Eu olho para ele. Uma preocupao brilha em sua expresso e seus olhos
encontram os meus.
"Dean?"
Ele se aproxima de mim e coloca um envelope no balco. Meu corao engasga. Reconheo
a escrita curvada, apesar de eu no t-la visto em anos.
Eu pego o envelope e espreito o carimbo borrado. Austin, Texas. Isso no significa nada. Ela
poderia estar de passagem, provavelmente a caminho do Mxico.
Estou surpresa que ela se lembra do nosso endereo. Estou surpresa que ela ainda tinha o
nosso endereo.
Dean coloca a mo contra a minha nuca. "Voc quer abrir?" Ele pergunta.
"No na verdade."
Ficamos ali por alguns minutos. Um desconforto queimando a minha barriga. Finalmente,
rasgo a borda, meus dedos tremendo. Desdobro a folha, e posiciono para que Dean possa ler
tambm.

Liv,

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Stella disse que voc ainda est casada. Mudei-me para a Flrida no ano passado e estou
agora viajando pelo sul. Eu poderia usar o dinheiro que prometeu. Por favor, envie um
cheque nominal para o endereo abaixo.

Deixei a carta cair no balco e tentei pensar. Faz quanto tempo? Trs anos? Estava casada
com Dean por apenas alguns meses. Estvamos vivendo em Los Angeles, seu ltimo cargo antes de
comear na Kings University.
Atravs de uma comunicao complicada com a minha tia Stella, descobri que minha me
estava vivendo a menos de uma hora de distncia em Riverside. Escrevi e disse que Dean e eu
iramos passar por l (o que no iramos fazer), e que eu gostaria de v-la. No esperava que ela
respondesse. Na semana seguinte partimos.
Tinha sido uma breve visita, de uma hora, no mximo. Dean estava externamente educado e
interiormente fervendo. Minha me estava indiferente em relao a ele e hostil em relao a mim.
Eu tentei manter a compostura e no tive xito.
"Acho que ela no tem o meu endereo de e-mail." Eu disse.
Dean me puxa para mais perto, espalhando a mo sobre o lado da minha cabea. Ele no diz
nada. Ele no precisa. Ele sabe o que , como tudo fica amarrado dentro de mim. Minhas memrias
de meu pai esto esquecidas, quase inexistentes, e eu tinha uma relao deturpada com minha
me. Quando tinha um relacionamento com ela.
Todas as velhas emoes turvaram-se em meu peito: raiva, medo, tristeza, inadequao.
Aprendi a control-las ao longo dos anos, mas elas formigam novamente no minuto em que ela fez
contato.
Dean envolve seus braos ao meu redor e se movimenta para que os nossos corpos fiquem
pressionados juntos. A sensao boa, a extenso musculosa dele contra mim, seus braos
apertados em torno de minhas costas. Descanso minha bochecha contra o seu peito e respiro.
Ele to slido, to seguro. Ele tem sido uma constante na minha vida, a nica pessoa que
no me abandou ou desistiu de mim. A nica pessoa que me disse para no desistir de mim mesma.
Afastei-me dele primeiro, pressionando meus lbios para o lado de seu pescoo. No estou
mais com fome para jantar, muito menos de lasanha de microondas e Dean diz que almoou tarde
de qualquer maneira, de modo que ambos nos preparamos para a noite.
Ele entra em seu escritrio para trabalhar. Visto a minha camisola, enrolo-me em uma
colcha velha, e acho uma maratona de I Love Lucy para assistir.
Lucy Ricardo. Ela teria sido uma boa me. Maluca, mas boa. Provavelmente, bastante
divertida tambm.
O episdio Fbrica de doces est na metade, quando Dean aparece. Ele se senta ao meu
lado no sof, e nos aconchegamos um pouco at que fico deitada com a minha cabea em seu colo.
Ele passa sua mo pelo meu cabelo, depois debaixo da colcha em torno de meus seios.
J faz duas semanas, mais tempo do que j passei sem alguma forma de intimidade e todo o
meu corpo inunda com alvio e excitao. Por alguns minutos, Dean esfrega meus seios atravs do

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algodo da minha camisola. Contoro-me enquanto meus mamilos endurecem, e ento ele comea
a belisc-los com os dedos. Um calor formiga na minha pele.
Dean acaricia a curva do meu quadril, enrola minha camisola com a mo, e a
arrasta at a minha cintura. Posso senti-lo ficando duro, e esfrego meu rosto contra sua ereo.
Uma urgncia se desenrola atravs da parte inferior do meu corpo, provocada por meu pulso
acelerado.
Movo-me novamente at que estou deitada de barriga para cima ainda no colo dele, e ele
est olhando para mim com um olhar quente que faz meu sangue ferver. Aperto minhas coxas,
porque o delicioso pulsar est comeando. Dean empurra a colcha de lado e puxa minha camisola
para cima at que meus seios esto expostos.
Sua respirao escapa rpida, enquanto ele apalpa meus seios cheios. Tremo.
"To linda." Resmunga.
uma sensao incrivelmente ertica, deitada com a cabea em seu colo e minha camisola
amontoada, nua, exceto pela minha calcinha branca de algodo. Ele comea a me acariciar
novamente, deslizando a mo para esfregar os meus seios, meus mamilos, e de volta para baixo
sobre a minha barriga at a borda da minha calcinha. Ele desliza os dedos provocativos sob o
elstico.
"Voc quer gozar, gracinha?" Ele sussurra.
A nota rouca em sua voz dispara a minha emoo. Em resposta, me contoro contra sua
mo. Eu ainda estou apertando minhas coxas juntas, porque o pulsar est aumentando, mas Dean
empurra minhas pernas, deixando-as afastadas.
Ele empurra a mo sob minha calcinha, os dedos brincando com as dobras midas, at que
ele atinge o lugar onde minha excitao se centra. Ento ele esgueira sua mo sobre minhas pregas,
deslizando o dedo facilmente em mim enquanto seu polegar circunda meu clitris.
No o suficiente. Agito meus quadris, tentando empurrar-me com mais fora contra a mo
dele. Um sorriso brinca em sua boca. Ele desliza o brao sob os meus ombros, a outra mo
tentando beliscar os meus mamilos. Um fogo se espalha em minhas veias.
Pressiono meu rosto na camisa de Dean e gemo. Minha pele est quente, corada. Sua
respirao ecoa atravs de seu peito. Sinto que minha excitao est maior, apesar de desejar
aquela liberao explosiva. Amo esse momento de estar perto de meu marido novamente, ouvindo
o bater de seu corao contra o meu ouvido, o calor de seu corpo fluindo para o meu.
Ele me agarra um pouco mais forte antes da tenso quebrar, como se ele soubesse que eu
no posso impedir mais isso. Suas mos e dedos trabalham mais em mim, sobre mim, dentro de
mim e, em seguida, sensaes passam como um foguete atravs de mim, levando-me a gritar o seu
nome enquanto aperto minhas coxas em torno de sua mo e domino a onda requintada.
Ele me segura esperando aliviar os ltimos formigamentos do meu corpo. Ento, fico mole e
apenas respiro contra ele enquanto acaricia a minha barriga mida.

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Depois de alguns minutos, ele puxa a camisola de volta sobre meus quadris. Ainda posso
sentir a sua ereo e acho que deveria fazer algo sobre isso, mas ele parece no esperar nada em
troca. Alm disso, estou drenada de toda a tenso das ltimas semanas e agora isso.
Ento, sou grata quando ele puxa o edredom por cima de mim e se deita atrs de mim,
envolvendo um brao em volta da minha cintura. No h tanto espao no sof para ns dois, mas
um quente casulo aconchegante. Adormeo com o movimento de sua respirao nas minhas costas.



Vou ao banco no dia seguinte e pego um cheque administrativo. Considero escrever uma
carta de volta para minha me, mas no consigo pensar em nada para dizer. Coloco o cheque em
um envelope e o fecho. Rabisco o endereo e deposito na caixa de correio a caminho de casa.
Isso me perturbou, o contato inesperado. Tento no pensar em minha me, com frequncia,
mesmo que ela ainda esteja l como uma sombra.
No tenho muitas fotos dela ou tampouco boas lembranas, mas a carta desperta flashes da
nossa vida juntas, o vinil quente do interior do nosso velho carro, o assoalho coberto de pacotes
amassados de batata frita e embalagens de doces.
Os olhares de outras crianas quando entrei no que parecia ser a centsima sala de aula.
Sentada de pernas cruzadas no calado da praia, enquanto minha me acertava a venda das suas
pulseiras e colares. O som de seus gemidos vindo do quarto de um estranho.
H agora um n apertado perptuo no meu peito. Tento ignorar, tento no pensar no fato
de que ele est enrolado com todas as outras confuses que vieram superfcie nas ltimas
semanas.
Depois de Dean sair na manh seguinte, limpo a sala e lavo a roupa suja antes de sair. No
caminho para o Museu Histrico, paro para tomar um caf em um lugar na Ruby Street.
"Sra. West?"
No estou acostumada a ser chamada assim, ento no comeo no respondo.
"Sra. West?"
Eu me viro. Atrs de mim est a estudante de graduao loira que eu conheci do lado de
fora do escritrio de Dean, Marcy... no, Maggie. Est olhando para mim um pouco insegura, seu
rosto bonito sem maquiagem, o cabelo dela puxado para trs em um coque bagunado. Uma
mochila aparentemente pesada est pendurada no ombro.
"Maggie Hamilton." Diz ela. "Ns nos conhecemos na semana passada. Sou uma das alunas
do professor West."
"Sim, claro. Como voc est?"
"Ocupada." Ela revira os olhos e suspira. "Faculdade no para os fracos de corao."
"No, eu imagino que no seja."

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"Todo mundo me diz que eu deveria estar feliz em estar trabalhando com o professor West,
apesar de tudo." Maggie levanta um dedo para indicar que eu deveria esperar enquanto ela pede o
caf. Em seguida, ela volta-se para mim. "Voc sabe, porque ele to brilhante, e vai ser timo ter o
seu nome por trs do meu trabalho."
"Vou dizer a ele que voc disse isso." Dou um passo para trs para adicionar creme no meu
caf. "Boa sorte para voc."
"Obrigada." Ela pega dois cafs do balco e os coloca em uma bandeja de papel
juntamente com alguns pacotes de acar.
"Vou me encontrar com ele agora." Continua ela antes que eu possa sair. "Pensei em levar-
lhe um caf tambm. Ns temos que lidar com o tema de minha tese de novo, ento acho que um
pouco de adulao no demais." Ela d um meio sorriso. "Mas no diga isso a ele."
Balancei minha cabea e no disse nada. As palavras congestionaram em minha garganta.
Movi-me para pegar guardanapos enquanto ela acenava e empurrava a porta com o ombro,
equilibrando a bandeja de caf em uma mo. Vejo quando ela se dirige para a porta de trs de um
carro azul estacionado no meio fio.
No sou ciumenta. Dean ensinou e aconselhou muitas graduandas bonitas, e nunca tive
motivos para estar preocupada. E nada sobre Maggie Hamilton deveria me fazer ficar apreensiva,
exceto que ela uma jovem mulher levando caf para meu marido.
Que exatamente o que faz o n no meu peito apertar.
Enquanto ando pela rua, tento tirar Maggie Hamilton dos meus pensamentos, mas ela est
l. Dean est l. E eles esto sentados em seu escritrio bebendo o caf que ela trouxe para ele,
discutindo seu artigo sobre ginecologia medieval ou qualquer outra coisa.
Quando cheguei ao museu, odiei que estava me entregando para uma preocupao que no
deveria nem mesmo existir, mas ligo para o celular de Dean e pergunto se ele quer me encontrar
para almoar.
"Claro, mas vai ter que ser rpido. Tenho uma reunio de departamento uma hora antes do
meu seminrio sobre as Cruzadas."
A apatia de sua programao da tarde estranhamente reconfortante. Trabalho no Museu
Histrico por algumas horas, digitando um novo folheto e guiando um grupo de jardim de infncia.
Ento, sigo para o campus.
Pegamos sanduches de um dos restaurantes universitrios e sentamos em um banco na
praa do campus. um quente dia de fim de vero, sol brilhante, barcos que pontilham o lago, cu
azul. Alunos andam ao longo dos caminhos que cortam a grama, suas mochilas engatadas sobre
seus ombros e seus passos calculados.
"Vi um dos seus alunos de graduao no Java Works esta manh" Observei. "Maggie
Hamilton."
"Ela me disse." Ele puxa um sanduche da bolsa e entrega para mim. "Ela no um dos
melhores alunos. Longe disso, infelizmente."
"Como ela entrou no programa de graduao, ento?"

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"Seu pai um grande doador para a universidade." Diz Dean. "O presidente do
departamento de histria, Jeffrey Butler, tambm foi o professor de histria medieval na poca. Ele
aceitou a admisso de Maggie, mas s trabalhei com ele por um ano antes de se aposentar."
" por isso que voc acabou orientando ela?"
Ele acenou com a cabea. "Ela tirou um ano de folga, em seguida, entrou novamente neste
vero. Ela acha que tem o direito de estar no programa."
"Voc aprovou o tema de sua tese?"
"Ainda no. Ela no entende que ela precisa rever a investigao existente antes de fazer sua
prpria questo original. Ela tem um monte de trabalho a fazer."
Isto, tambm, estranhamente reconfortante, apesar de eu no querer examinar as razes.
Ns comemos em silncio por um tempo, partilhando de um saco de pretzels e observando os
transeuntes.
"Como voc sabia que queria estudar histria medieval?" pergunto. Sei que ele tinha um
amor de infncia pelos contos do Rei Arthur, mas eu nunca soube como ele entrou nessa carreira
na vida adulta.
"Ano jnior no exterior." Responde Dean. "Eu fui para a Itlia e Espanha. Trabalhei em uma
escavao arqueolgica. Um dos professores gostou do trabalho que eu estava fazendo na cultura
do material e sugeriu um projeto de pesquisa que combinava com anlises arquitetnicas. Pensei
que era fascinante."
"Fascinante?"
"." Ele encolheu os ombros. "Estudar relquias de tempos passados, para descobrir o que
as pessoas fizeram, quem eles eram. Voc est reconstruindo a memria de uma sociedade,
mudando e revisando isso quando voc descobre algo novo. importante."
"Alm do Rei Arthur, por que a histria medieval?"
" quando uma srie de instituies modernas comeou. Obras importantes da literatura, a
impresso, imprensa, religio. A ponte entre o antigo e o mundo moderno."
Pego a casca do meu sanduche e atiro para um pssaro prximo. "Eu era uma bibliotecria
cientista, em grande parte, porque gosto de ler."
Ele riu. "No me matriculei na faculdade pensando que eu iria mudar a face do
conhecimento medieval, Liv. Algumas coisas voc aprende, quando voc est fazendo."
Como paternidade, penso, a no ser pessoas como minha me que no aprendem nada.
Esfrego meu peito, o n ainda apertado no meio dele. Dean se vira para olhar para mim.
"E ento?" Ele pergunta.
"Ah, inferno. Talvez voc esteja certo. Talvez eu esteja pensando em um beb, porque eu
no tenho nada mais o que fazer. E se ns tivermos filhos e eu vir a ser como a minha me?"
Ele pe a mo nas minhas costas. "Voc no nada como a sua me."
"Deus sabe que fiz tudo que podia para provar isso a mim mesma." Digo.
"Ento por que voc est preocupada em ser como ela?"

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"Porque...e se tudo que eu fiz na minha vida para provar que no sou? Terminei o ensino
mdio, me formei na faculdade, conheci e me casei com voc, tentei encontrar um emprego estvel,
algum tipo de carreira... tudo para me convencer de que sou diferente dela."
"Liv, voc diferente dela. Voc no tem nada para provar a ningum, muito menos a si
mesma. Voc nunca teve."
"Mas eu ainda no fiz nada, Dean. Fui faculdade pensando que eu ia comear uma
carreira, fazer algo importante, mas ao invs disso..."
"Em vez disso, casou comigo." Uma tenso envolve sua voz.
"Casei com voc porque o amo. No mudaria isso por nada. Mas e se eu
no tivesse? Ser que eu faria alguma coisa por mim mesma ou eu ainda estaria trabalhando no
Jitter Beans? Ou teria ido para alguma outra cidade como ela?"
"Qual o motivo de supor isso, Liv? Nada disso aconteceu. E voc sabe que irei apoi-la em
qualquer coisa que voc quiser fazer."
Lano o resto do meu sanduche para os pssaros. A mo de Dean se afasta de mim. A dor
no meu peito se expande.
Ele pega as nossas embalagens vazias e joga em uma lata de lixo. Ele fica de p l por um
minuto, o sol da tarde brilhando em seu cabelo, sua expresso to pensativa e distante.
Eu o amo at os ossos, mas de repente estou me perguntando o que eu poderia ter sido sem
ele.








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Mesmo no incio do nosso relacionamento, Dean no desistiu de mim. Poderia t-lo feito, e
no acho que o teria culpado se ele tivesse, mas no o fez. No desistiu da ideia de ns dois juntos.
E sua persistncia tambm me fez acreditar em ns.
Poucos dias aps a palestra do museu e nosso primeiro encontro, ele entrou em Jitter Beans
e me pediu para acompanh-lo no jantar. Concordei, tentando esconder o meu nervosismo.
Finalmente, eu estava vendo um homem bonito, cujo sorriso fez meu pulso acelerar. Era
exatamente o tipo de normalidade que me faltou durante anos.
"Sou eu, Liv."
Apenas o som da voz de Dean atravs do interfone do apartamento j enviou um arrepio
pela minha pele.
Sou eu.
voc mesmo?
"Eu vou descer." Falei ao interfone.
Peguei o meu casaco e fiz uma rpida verificao do meu reflexo no espelho. Fiquei
satisfeita com a onda de expectativa que fez colorir meu rosto e dar brilho aos meus olhos. Eu
parecia feliz.
Eu estava feliz. Nunca tive esse tipo de expectativa com um homem. Apesar da minha
ansiedade, me senti bem, como bolhas de champanhe rolando em minhas veias.
"Oi." Dean estava esperando no hall de entrada com um sorriso vincando seu rosto.
Meu corao deu um salto com a viso dele. Ele usava cala jeans e uma camisa com botes
abertos no colarinho para revelar sua garganta. Por um instante, perguntava como seria a sensao
de pressionar meus lbios contra sua pele esticada.
"Oi." Respondi um pouco sem flego. Estendi o vaso de plantas que eu lhe trouxe. "
chamado de lrio da paz. Possui flores brancas que florescem na primavera."

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"Isto para mim?" Ele tomou a planta com um olhar confuso enquanto caminhvamos para
o carro.
"Sim. muito fcil de cuidar. S colocar gua regularmente, uma vez por semana, e se
certificar que receber alguma luz solar. Se ela precisar de gua as folhas comeam a cair."
"S vou cham-la, se eu precisar de conselhos sobre planta." Ele trocou o pote para um
brao e abriu a porta do lado do passageiro para mim. "Obrigado. Ningum nunca me deu uma
planta antes."
Ele colocou a planta no cho do banco de trs e ficou atrs do volante, em seguida, dirigiu a
um edifcio de estilo colonial localizado no lado oeste da cidade. Segui-o em seu apartamento no
terceiro andar. Apesar da localizao ideal, a moblia era bsica, com peas como uma mesa de
frmica lascada, cadeiras de plstico e um sof xadrez.
Aproximei-me de uma parede com grandes janelas que davam para um tranquilo parque
arborizado. A luz da noite se derramou sobre a extenso da grama e iluminou um parque infantil
distncia.
"Lugar agradvel." comentei.
"Venho apenas a trabalho. Devo colocar a planta na janela?"
"Claro, mas no deve tomar muito sol." Eu peguei a planta dele, e a coloquei sobre a mesa.
"Voc o est decorando, afinal?"
"No tinha a inteno, no." Ele tirou a rolha de uma garrafa de vinho e serviu duas taas.
"Voc deveria. Pendure algumas fotos, coloque algumas cortinas, mais algumas plantas.
Talvez um ou dois tapetes."
"Eu no preciso desse tipo de coisa." Disse Dean. "Eu s vou ficar aqui at o final do
semestre da primavera."
Um sentimento estranho passou em meu peito com a lembrana de que sua estadia em
Madison seria temporria. Ele pareceu perceber isso tambm, porque uma leve tristeza escureceu
sua expresso.
"Ento, voc gosta de Madison?" Perguntei, num esforo para dissipar a tenso sbita.
" timo. Tem muitas coisas para fazer, bons alunos." Ele me entregou uma taa e depois
deslizou seu olhar sobre mim.
"E existe uma garota muito bonita, que eu gosto."
O prazer me aqueceu de dentro para fora. Eu estava vestindo uma saia preta solta e uma
camiseta branca cavada que aparentemente era lisonjeira, dada a forma como os olhos de Dean
permaneceram nas ondas dos meus seios. Meus mamilos se endureceram em resposta, e eu sabia
que ele seria capaz de ver os bicos duros atravs do algodo fino da minha camisa e do suti.
Nossos olhares se encontraram novamente com uma fasca. Afastei-me dele.
"Como conseguiu uma posio na UW?" Perguntei, com um tom de voz curioso e amigvel.
"Atravs da forma usual. No trabalhei o ano passado todo, ento no tinha certeza de que
receberia uma oferta, mas fizeram."

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"Por que voc no trabalhou?"
"Eu estava escrevendo um livro, e meu av estava doente, ento..." Sua voz sumiu, e
encolheu os ombros. "Por causa desse tempo, quero mais experincias como o ps-doutorado,
antes de me estabelecer em algo permanente. Diversificar tambm bom."
"Falou como um verdadeiro professor." Enrolei-me no sof e tomei um gole do vinho, que
foi, provavelmente, imagino, uma safra cara que eu no poderia dizer a diferena. "E onde voc
quer acabar?"
"Com quem faz a oferta certa." Disse Dean.
"Qual a oferta certa?"
"Uma universidade com abundncia de financiamento, gesto, oportunidades de pesquisa.
Ou um lugar que j tenha um programa slido de estudos medievais, ou uma instituio que quer
criar um. Abriram algumas vagas nos ltimos meses, mas nenhuma que me interessasse. "
"Ento voc ainda est esperando a oportunidade certa para aceitar?"
"O caminho certo sempre vale a pena esperar." Ele piscou para mim.
Meu rosto ruborizou com uma onda de prazer. Dean est sentado na outra extremidade do
sof, as linhas do seu corpo esto relaxadas.
Deixei o meu olhar passar por ele, apreciando o caminho da camisa estendida sobre seu
peito musculoso, a cala jeans emoldurando suas longas pernas. Como gostava de v-lo em seus
ternos e gravatas personalizadas. Adorava a maneira como as roupas casuais levavam-no
perfeio. Amei o visual amarrotado de seu cabelo e seu queixo mal barbeado.
"E voc, Olivia Winter?" Perguntou. "O que voc vai fazer com a sua vida?"
"Ainda no sei." Respondi honestamente. "Almejo por um trabalho na biblioteca ou talvez
algo como uma editora."
"E onde voc quer acabar?" Perguntou Dean.
"Onde eu me sinta em casa." A confisso escorregou da minha boca antes que eu tenha
percebido o que havia dito. Abaixei minha cabea para tomar um gole de vinho, constrangida pela
natureza Pollyanna da observao. "Ento, hum, o que tem para o jantar?"
Senti seu olhar em mim, intencional e curioso. Remexeu-se no sof e se levantou. "Enguia
cozida, repolho em conserva, e torta de cherovia
1
. Receitas de um livro medieval."
"Hum." Tentei no parecer desconcertada.
Ele riu. "Estou brincando. Teremos manicotti, salada verde e po focaccia."
"Isso soa muito mais apetitoso." Segui-o at a cozinha, ele pegou uma panela borbulhante
de macarro e queijo do forno. "Voc fez isso?"
"No, desculpe-me. Encomendei de um restaurante do centro da cidade. No posso seduzi-
la com a minha culinria."
"Voc no precisa cozinhar para me seduzir." Disse sem pensar. Uau. De onde veio isso?




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Dean me mostrou seu lindo sorriso mau. "Lembrarei disso."
Depois que ele me mostrou onde os utenslios ficavam, arrumei a mesa na sala de jantar,
enquanto ele aquecia a comida. Mudei uma caixa de sapatos aberta da mesa para o parapeito da
janela, notando que ele estava cheio de vrios tipos e comprimentos de cordas. Peguei uma. Era um
pedao de barbante branco desgastado, as pontas desfiadas amarrados com um n. Por que algum
iria ter uma caixa de sapatos cheia de voltas de corda?
Dean entrou com os pratos e os colocou sobre a mesa.
"O que isso?" Perguntei, segurando a corda.
"Para fazer figuras com corda."
"O qu?"
Ele pegou a corda de mim e enrolou as extremidades em torno de seus dedos mdios, em
seguida, fez algumas manobras rpidas com seus outros dedos, fazendo um lao e deixando a corda
esticada. Estendeu as mos para revelar um padro de trs tringulos entre duas linhas paralelas.
" como o jogo cama de gato." Explicou. "Voc faz figuras e padres com um lao de corda."
"Hum." Eu disse. "Isso ..." A coisa mais estpida que j vi. O que me fez gostar mais ainda
dele.
"... interessante." Terminei a frase. "Onde aprendeu a fazer isso?"
Ele deu de ombros. "Pratiquei muito quando era criana."
"Uma espcie de passatempo diferente." Comentei.
"Sim." Ele soltou a corda de seus dedos. "Passei muito tempo no meu quarto com as cordas
e os cavaleiros da Tvola Redonda."
"Voc gosta de histria medieval desde que era criana?"
Ele acenou com a cabea. "O Rei Arthur e os contos em geral. Excalibur, Mordred, o Santo
Graal, todas essas coisas. Acho que tenho a semente plantada em mim."
Tive a impresso de que ele tinha acabado de revelar mais sobre si mesmo naquelas poucas
linhas do que qualquer outra coisa que ele me disse at agora.
"Voc tem um cavaleiro favorito?" Perguntei.
Ele me deu um sorriso irnico. "Galahad, claro. Ele proclamado o melhor cavaleiro." Ele
jogou a corda de volta na caixa. "Mostrarei a voc como fazer figuras com cordas um dia."
"Mal posso esperar."
Ele riu com o meu tom pouco entusiasmado, depois foi pegar os alimentos antes de nos
sentarmos. Meu nervosismo diminuiu um pouco, agora que tinha sabia um pouco sobre a sua
infncia. Um ponto contra mim, pois, pelo menos, ele tinha um quarto para chamar de seu.
Durante o jantar, a conversa fluiu confortavelmente. Contei-lhe sobre as aulas que eu estava
frequentando, e ele falou sobre sua pesquisa. Discutimos sobre as coisas diferentes que existem
para se fazer em Madison e Chicago.
Voltamos para o sof para tomarmos caf e comermos bolo de chocolate. Dean colocou o
copo em cima da mesa na minha frente e estendeu a mo para empurrar uma mecha de cabelo

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atrs da minha orelha. Seus dedos tocaram minha bochecha e um formigamento deslizou atravs
de mim.
Minha reao a ele foi emocionante e enervante. Figuras de corda parte, ele tinha
costumes que eram estranhos para mim. A sua autoconfiana foi construda de uma forma que eu
no podia imaginar e no sei se poderia lidar. E ainda assim, eu queria tentar.
"Ento,..." Eu pregueava as dobras da minha saia. "Voc no tem namorada?"
"Sim, eu tenho uma namorada." Disse Dean. "Ela est fora da cidade no momento."
Ele sorriu quando viu o olhar no meu rosto. "Liv, claro que eu no tenho uma namorada. E
estou muito feliz por isso, porque seno eu no estaria aqui com voc."
"Hum." Um rubor aqueceu meu rosto. "Isso bom. Obrigada."
Ele ainda parecia divertido. " disposio."
Juntei minha coragem e segui em frente. Melhor saber agora o onde estava me metendo.
"Mas tenho certeza que voc tinha um monte de namoradas, n?"
"Eu tive namoradas, com certeza."
Certamente, eu no esperava uma resposta diferente, mas meu corao ainda se encolheu
um pouco com sua admisso. "Alguma sria?"
"Depende do que voc entende por srio." Ele se sentou na minha frente. A escurido
escondida em seus olhos. "Havia uma mulher na ps-graduao, Helen. Ela era uma amiga de
minha irm. Ainda . Ela tambm se tornou prxima da minha me e mantm contato."
"Foi assim que a conheceu?" Perguntei. "Porque ela era uma amiga de sua irm?"
"Conheci a Helen h alguns anos, atravs da minha irm. Ns dois fomos juntos a Harvard
para fazermos ps-graduao. Ela estudou histria da arte."
"Por quanto tempo ficaram juntos?"
"Cerca de trs anos."
"Por que vocs se separaram?"
"Objetivos diferentes." Uma corrente de tenso estava em sua voz. "Entre outras coisas."
Eu me perguntava como dois doutores em histria medieval e histria da arte, poderiam ter
diferentes objetivos. "Ela vive na Califrnia agora?"
"Ela conseguiu um emprego na Universidade de Stanford, enquanto ela ainda estava
terminando sua dissertao. No muito longe de onde os meus pais e minha irm ainda vivem. Ele
estendeu a mo para encher nossos copos de caf. "De qualquer forma, no quero falar sobre eles
agora."
"Sobre o que voc quer falar?" Perguntei.
"Voc."
Meu estmago revirou. Tentei sorrir.
"No tenho muito o que falar." Eu disse.
"No verdade." Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos e me analisou com aqueles olhos
penetrantes, parecendo olhar para dentro de minha alma. "Qual a sua chave, Olivia?"
"A minha chave?"

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"Um velho amigo me disse uma vez que todo mundo tem uma chave para desvendar seus
segredos. Qual a sua?"
"Hum... tenho certeza que no tenho essa chave."
"E eu tenho certeza que voc tem."
"Bem, se todo mundo tem uma,..." Eu disse. "... qual a sua?"
"Ah." Um brilho reluziu em seus olhos. "Voc ter de descobrir isso sozinha."
"Ento, voc ter de fazer o mesmo comigo."
"Aceito o desafio."
Minha ansiedade aumentou alguns graus com a ideia de que ele iria sondar para obter
informaes sobre mim. Eu estava bem protegida com vrias feridas, mas foi naquela noite da
palestra no museu que percebi o quo difcil seria para resistir ao professor Dean West. E agora no
tinha certeza se queria.
"Figuras com cordas e cavaleiros medievais." Eu disse baixinho.
Ele levantou uma sobrancelha em tom questionador.
"As chaves para desbloquear voc." O meu corao comeou a bater mais rpido quando
algo indecifrvel cruzou sua expresso. Sabia que estava certa. Eu s no sabia como essas chaves
funcionavam.
Olhamos um para o outro por um minuto sentados no sof. Parei o meu olhar em sua boca,
lembrando-me do toque quente de seus lbios contra os meus, a maneira gentil como ele segurou
meu rosto. Nunca tinha sido beijada com tanto calor e rigor. Queria que ele me beijasse daquele
jeito de novo.
Dean se aproximou de mim, levantando uma mo para o meu cabelo de um jeito que me
deu a chance de recuar, se eu quisesse. No me mexi. O ar fervia com o seu calor quando ele puxou
meu rabo de cavalo e lanou-o de lado. Meu cabelo pairava sobre meus ombros, e ele enfiou os
dedos nos fios, penteando os emaranhados. A minha respirao ficou presa na garganta.
"Eu queria toc-la na mesma hora em que a vi." Disse ele, com o olhar nos meus lbios.
"Eu ... eu queria isso tambm." Sussurrei.
Ele colocou a mo ao lado do meu rosto e se inclinou para me beijar. O toque de sua boca
enviou uma onda de calor em meu sangue. Agarrei a frente de sua camisa e me derreti no beijo,
abrindo minha boca com a dele, deixando-o explorar. Nossas lnguas deslizaram juntas, quente e
midas, com seu hlito quente e achocolatado.
Um gemido escapou de mim, urgente e cheio de uma necessidade crescente. Timidamente,
forcei meus punhos a soltarem sua camisa e se espalhar sobre a extenso de seu peito. Seus
msculos rgidos deslocaram sob minhas mos, enquanto lentamente tracei suas linhas at o
comprimento de seu abdmen. Ele era quente e tentei resistir atrao, envolvida com um poder
que eu, instintivamente, sabia que era seguro e protetor.
Ele ficou encima de mim, com os braos apoiados no sof e almofadas, enquanto inclinou a
boca mais firme sobre a minha. A excitao explodiu no meu ventre, quando senti o peso de seus

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msculos se movendo em cima de mim, meus seios pressionando seu peito. Meus mamilos
apertados, gerando uma resposta que eclodiu em um choque de prazer em meu corpo.
O beijo de Dean cresceu com mais fora, mais possessivo. Tremores vibraram atravs de
mim. Eu afundei contra o sof e agarrei suas costas. Aps um momento de hesitao, meu corao
batendo rpido, coloquei minhas mos por baixo de sua camisa e sobre sua pele nua. Alisei seus
msculos lisos flexionados com as minhas mos. Ele acariciou a lngua sobre meu lbio inferior.
Meu sexo pulsava.
"Ah, Liv..." Sua voz estava rouca quando ele recuou para olhar para mim. Ele passou a mo
sobre o meu pescoo at meu peito.
Esbocei um suspiro, quando ele segurou meu peito, esfregando o polegar sobre meu mamilo
duro. Mesmo atravs do algodo da minha camisa e suti, eu podia sentir o calor de sua mo. Ele
mudou de posio, empurrando o joelho entre minhas pernas. Minha saia deslizou at minhas
coxas.
Eu estava me girando em um misto de sensaes. Tudo sobre ele me preencheu, o seu
aroma fresco e limpo, o gosto de seu hlito de chocolate, o toque de suas mos e o atrito de sua
barba.
Minha mente ficou embaada com o prazer e um misto de cores que escondia qualquer
escurido. Arqueei meus quadris, buscando alvio para a dor pulsante em meu sexo. Ele passou a
mo na minha perna nua, acariciando a carne macia da minha coxa antes de alisar o algodo da
minha calcinha.
Eu gemia, empurrando para cima, para sentir seu calor atravs de mim. Sua boca desceu
sobre a minha novamente. No mesmo instante, ele aumentou a presso do dedo, deslizando-a
contra a fenda mida do meu sexo.
Agarrei os lados de sua cabea e de repente e a puxei. Olhei para ele com a respirao
pesada. Seus olhos estavam quentes com luxria para mim. Correntes de medo, energia e desejo
foram lanadas em meu corao. Meu rosto ficou ruborizado.
"Olivia?" Dean segurou meu rosto. Sob a luxria, a confuso apareceu em sua expresso. "O
que h de errado?"
"Eu ... eu sinto muito." Engasguei, queimando de vergonha e desejo.
Dean se levantou de cima de mim, seus ombros demonstraram cordes de tenso. "No, sou
eu. Fui muito rpido."
"No, no isso. Eu..." Deus no cu. As palavras ficaram presas em minha garganta.
Explicaes se confundiram no meu crebro.
Dean puxou minha saia para baixo das minhas pernas e se sentou. Ele passou as mos pelo
o rosto e pelo cabelo, tentando controlar sua respirao em um suspiro pesado.
Olhei para ele, querendo tocar as linhas fortes do seu perfil, tocar a minha mo sobre seu
pescoo. Lutei contra a dor ameaando em meu peito.
"Dean." Minha voz era fina e irregular.
Ele levantou uma mo. "S... me d um minuto, Liv."

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O silncio preencheu o espao entre ns, quebrado apenas pelo som da nossa respirao.
Ele ficou de p e foi at o banheiro.
Envergonhada e no querendo prolongar o constrangimento para nenhum de ns, calcei
meus sapatos, peguei minha bolsa e corri para a porta. A rua era cercada por vrios outros edifcios
de apartamentos, por isso, havia pelo menos trs pontos de nibus.
O ar frio batia contra o meu rosto. Fechei meu casaco, e andei alguns quarteires at um
ponto de nibus mais distante e rezei para um nibus chegar logo.
"Liv!"
Fiquei tensa com a forma como Dean correu at mim, sua mandbula estava apertada de
frustrao. Sua jaqueta estava aberta, seu cabelo bagunado. Ele parou e me olhou com raiva.
"Aonde voc vai?"
"Pra casa." Eu me contra em meu casaco contra o frio.
Dean praguejou, passando a mo pelo rosto novamente tentando recuperar o controle de
suas emoes. "Se voc quer ir para casa, eu a levarei."
"Eu quero ir para casa."
"Ento, vamos." Ele se virou e caminhou em direo ao prdio.
Enfiei as mos nos bolsos e o segui at a garagem subterrnea. Meus olhos se encheram de
lgrimas. Eu queria muito explicar, mas no sabia por onde comear. E a irritao de Dean
demonstrava uma barreira que eu no podia transpassar.
Ele abriu a porta para mim, em seguida, deu a volta e se sentou no banco do motorista. O
tenso silncio encheu o ar, enquanto dirigia pela avenida da Universidade, com as mos segurando
o volante. Eu pensei que ele ia me deixar e ir embora, mas ele saiu do carro para me acompanhar
at a porta da frente.
Parei na porta e me virei, mantendo o olhar em sua garganta. "Desculpe-me."
Ele soltou um suspiro e ergueu a mo para me tocar, e ele a deixou cair ao seu lado. "Voc
no precisa se desculpar. A culpa minha."
"Eu no sou... Quero dizer, no quero que voc pense que estou fazendo joguinho." Eu
disse.
A ideia de que ele poderia pensar isso de mim era hilria, j que eu era incapaz de jogar com
os homens. Eu no sabia nenhuma das regras.
"No." Disse ele. "No penso."
Eu me atrapalhei para encaixar a chave na fechadura, meus olhos ardendo novamente.
Dean esperou at que eu estivesse em segurana dentro de casa, mas no respondeu ao murmrio
de boa noite. Ainda assim, senti seu olhar em mim, atravs da porta de vidro, antes de me virar
para subir as escadas para o meu apartamento.
Velhas lembranas e pesadelos incomodaram meu sono naquela noite, at que finalmente
me levantei e passei horas olhando, sem ver, a TV. Um buraco negro e vazio se abriu dentro de
mim. Ao amanhecer, eu me arrastei para o meu computador e abri meu e-mail para encontrar uma
mensagem dele.

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Liv, eu estou mal, desculpe. Posso v-la novamente?
No. Isso era tudo que eu precisava dizer. Eu nunca mais iria ouvi-lo novamente.
N--o... Minhas mos tremiam no teclado. No, voc no pode, Dean. Voc no pode me ver
de novo, e eu no quero ver voc...
Olhei para a mensagem e escrevi: Voc pode vir hoje noite.
Apertei o boto de envio antes que eu pudesse pensar. Esperei, com meu corao batendo
forte, at a sua resposta chegar, quatro minutos depois. Estarei a s sete.
Vesti-me e fui para a aula de manh. Trabalhei no turno da tarde no Jitter Beans, em
seguida, tentei estudar na biblioteca antes de ir para casa. Tomei banho e me vesti com calas
pretas soltas e uma camiseta. Prendi meu cabelo para trs em um rabo de cavalo. Eu estava
andando pela sala at que a campainha tocou cinco minutos antes das sete. Murmurei: Dean, e
deixei a porta do meu apartamento parcialmente aberta.
"Liv" Ele bateu na porta e a abriu.
"Oi." Corri minhas mos trmulas sobre as minhas coxas, incapaz de fixar os olhos nele,
analisando-o em seus jeans e uma camisa de rugby que parecia espessa e macia. Seu cabelo estava
amassado do jeito que eu comeava a amar, o comprimento tocando a parte superior do colarinho e
com ondas sobre as orelhas.
Ele fechou a porta e tirou o palet, sem olhar para qualquer lugar, apenas para mim.
"Liv, me desculpe." Disse ele.
Balancei minha cabea. "No foi culpa sua."
"Sim, foi." Seus olhos brilharam com irritao sobre ele mesmo. "Eu fui muito rpido, e
assustei voc. Eu no queria."
Oh, Sir Galahad ...
Minha garganta apertou. "Eu no estava... Eu no quero que voc pense..."
Eu nem sabia o que dizer, muito menos como dizer isso. Por mais que eu tivesse pensado
em estar com um homem como Dean West, eu no sabia se poderia realmente fazer isso. E eu no
entendia por que ele ainda me queria.
Dean era bem sucedido, autoritrio, experiente, sofisticado e confiante.
Eu no era.
"Olha, eu..." Ele passou a mo sobre a parte de trs do seu pescoo, inclinando seu olhar
para longe de mim.
"Eu no saio com uma mulher j tem algum tempo, Liv."
"Voc no sai?"
"Desde antes do meu av ficar doente. Eu tive que lidar com ele e com a sua doena, e entre
isso, o meu livro que no deixou espao para mais nada. Ou o desejo, na verdade."
"Hum."
"Estou contandoo isso, porque voc a primeira mulher em muito tempo que eu gosto."
Disse ele.

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"E eu no tive a inteno de agir como um adolescente com teso em seu primeiro encontro,
mas eu fiz e peo desculpas. Eu consigo me controlar mais do que isso e podemos tentar fluir mais
lentamente."
Eu quase sorri. Bem, isso era alguma coisa. Um professor sexualmente experiente, que
tinha sido abstinente por um tempo, e agora... me queria. Seria engraado se no fosse outra razo
evidente de que no poderia funcionar.
Ou poderamos?
Ouvi um sussurro em minha mente, leve como o ltimo som de um eco.
Olhei para Dean, nas profundezas insondveis de seus olhos castanhos, a mecha de cabelo
em sua testa. Lembrei-me de quando ele me puxou para perto dele, e que nos encaixamos como as
peas de um quebra-cabea.
Olhei para sua boca e lembrei que ele tinha se estabelecido sem problemas contra os meus
lbios. Como seu corpo havia se encaixado ao meu, minhas curvas cederam superfcie dura de seu
peito.
Talvez pudssemos nos encaixar tambm de outras formas, cncavas e convexas, ngulos e
depresses. Sua confiana pode reforar a minha. Certamente ele poderia me mostrar o verdadeiro
sentido do prazer. E eu...
Eu teria adorado acreditar que seria uma dama e ele o cavaleiro, mas pelo que eu conseguia
me lembrar dos contos do Rei Arthur, nenhuma das mulheres terminou com um fim desejvel.
No, eu era apenas Olivia Winter. Ainda tentando encontrar o meu caminho. Uma mulher
que sabia muito bem que os cavaleiros no existiam, mas tinha esperana de que os bons homens
ultrapassavam os maus. Uma mulher que ainda acredita em boa f, contanto que confiasse em seus
instintos.
Fiz um gesto em direo ao sof. Dean e eu nos sentamos, um ao lado do outro. A ansiedade
apertou meu estmago enquanto lutava por uma maneira de lhe dizer a verdade.
"Desculpe-me. Eu me apavorei na noite passada." Finalmente, eu disse. "Isso realmente no
foi por sua causa."
"O que foi, ento?" Perguntou Dean.
"Eu..." Basta dizer isso.
Um vinco se formou entre as sobrancelhas dele. "Liv, eu no deveria ter..."
"Dean, eu sou virgem."
Ele piscou. "O qu?"
Meu corao parecia que estava prestes a pular fora do meu peito.
"Eu... eu sou virgem." Eu repeti. "Eu... eu nunca tive relaes sexuais antes."
"Ah.". A compreenso apareceu em sua expresso. "Ento, foi por isso que voc..."
"Eu s... Eu no quero que voc pense que foi por alguma coisa que voc tenha feito." Eu
disse. "No foi. Tudo o que fizemos... eu gostei. Eu queria."
Eu queria voc.

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" estranho, eu sei," Continuei com um suor descendo pela base da minha garganta. "Tenho
vinte e quatro anos."
"No estranho." Disse Dean.
Ah, comigo, definitivamente .
"Bem." Deixei escapar um suspiro. "Eu queria que voc soubesse. Quando eu... quando eu
lhe perguntei sobre suas namoradas, eu no disse que eu no tive um namorado srio. Nunca. J
namorei alguns, mas a maioria eu mesma deixava."
Ele franziu a testa como se estivesse tentando descobrir o que eu no estava dizendo. Eu
evitava olhar em seus olhos, traando o meu olhar sobre seus ombros e braos. Meu pulso disparou
no caminho quando ele sentou sua ampla postura masculina com seus ps no tapete, e as mos
cruzadas frouxamente entre os joelhos.
"Eu no sou frgida ou qualquer coisa." Acrescentei rapidamente. "Quero dizer, eu tenho
uma coleo de erotismo e eu... Eu me toco... ai, meu Deus."
Meu rosto estava queimado de vergonha. O que diabos eu estou fazendo? Eu pressionei
minhas mos em meu rosto e fechei os olhos.
Dean se aproximou o suficiente para que eu pudesse sentir sua deliciosa mistura de
sabonete e ar de outono, e ento ele fechou as mos em torno de meus pulsos e puxou-os para
longe do meu rosto.
Forcei manter meus olhos abertos, com minha garganta doendo. A tenso ainda apareceu
em suas feies, como se ele soubesse que havia mais, mas carinho e afeto encheram sua expresso.
Isso por si s aliviou um pouco do meu medo diante daquelas circunstncias.
"Olivia". Ele deslizou seus dedos quentes na minha bochecha. "Eu quero voc. No vou
esconder isso. Eu no posso. Mas essa no a nica razo pela qual perguntei."
"Por que voc perguntou, ento?"
"Porque voc... voc diferente." Ele esfregou uma mecha do meu cabelo entre o polegar e o
indicador. "Passei a maior parte da minha vida tentando muito provar para mim mesmo e para as
outras pessoas tambm. Para superar as suas expectativas. Ou tentando consertar as coisas quando
eu falhei. Mas isso s queria dizer que estava tentando ter sucesso."
Algo dentro de mim despertou com a sua confisso. Eu sabia tudo sobre a apresentao de
uma verso muito especfica de mim mesma aos outros. No importando o quanto severamente o
meu corao estivesse quebrado.
"Eu no sinto que tenho que tentar tanto com voc." Disse Dean.
"Ento, voc est dizendo que eu sou fcil?" Eu levantei uma sobrancelha com ceticismo.
Um sorriso apareceu em sua boca. "Quero dizer que voc fcil de ser respeitada. Eu que
preciso provar para voc, mas em um bom sentido. Porque eu quero, no porque tenho que fazer."
De repente, ele parecia envergonhado e me soltou. Ele caminhou at as janelas com as mos
enfiadas nos bolsos.
"Eu no acho que as tartarugas tm uma vida muito interessante."

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Ao norte, sua voz, irnica e grave, ecoou na parte de trs da minha mente. Um pouco da
minha ansiedade diminuiu.
Dean no era uma tartaruga reclusa. Isso era certo. Ele tinha uma inata autoconfiana, uma
maneira de se mover atravs do mundo que eu gostaria de cultivar. E ele era sexualmente
confiante, mesmo eu, pude ver que ele tinha experincia em como agradar uma mulher. Ele sabe
exatamente o que fazer.
Perguntei-me: quero que ele faa isso para mim?
A resposta foi:
Olhei por toda a extenso das costas de Dean, do jeito que ele estava com os ps afastados,
como se estivesse preso ao cho. Slido. Fixo.
"E quanto quelas figuras com as cordas, professor?" Perguntei.
"E quanto a elas?"
"Voc disse que iria me mostrar como faz-las." Fiz uma pausa. "Eu aposto que voc leva
um pedao de barbante com voc, no ?"
Ele se virou para mim, seus olhos faiscaram com diverso. Ele pegou no bolso de sua cala
jeans e fez um lao com a corda. Com algumas manobras, ele enrolou em torno de seus dedos em
um padro familiar e se aproximou de mim.
"Voc sabe fazer a cama de gato?" Ele perguntou.
"Acredite ou no, eu sei." Eu agarrei o modelo em forma de X, puxei-o da ponta para o
meio, e coloquei a corda em torno de meus dedos.
Dean pegou a corda de cima, enrolada para outro modelo, em seguida, estendeu as mos e
deixou-me fazer o prximo movimento.






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Dean foi ao Jitter Beans muitas vezes ao longo das prximas semanas. Toda vez que eu o
via, meu pulso acelerava e brilhantes fascas voavam felizes por mim. Ns tivemos um jantar,
encontros entre as aulas para o almoo ou caf e caminhadas no jardim.
Ele no me beijou novamente nos primeiros dias, mas ele me tocou muitas vezes. Toques
suaves, empurrando uma mecha de cabelo do meu rosto, segurando a minha mo, colocando-a na
parte de trs do meu pescoo. O toque de seus dedos me preencheu com um calor agradvel.
Quanto mais tempo passava com Dean, mais eu gostava e confiava nele. E no demorou
muito para que ele provasse que estava destinado a ser o meu nico heri.
"Ursos." Disse ele em uma tarde enquanto subamos a State Street depois do meu turno no
Jitter Beans.
"De jeito nenhum." Eu o cutuquei. "Definitivamente o Packers. Eu seria uma terrvel
Wisconsinite se eu no fosse uma Packer Backer."
Ele zombou. "Ento voc deve amar danar polca."
"Por que eu amaria danar polca?"
" a dana do estado de Wisconsin. Uma vez que voc uma Wisconsinite to leal e tudo
mais."
Eu o cutuquei novamente, mais forte dessa vez, o que o fez rir e chegar a beliscar meu nariz.
Eu decidi no me incomodar depois do to enervante e bonito jeito que seus olhos enrugaram nos
cantos quando ele riu.
"Como voc sabe a dana do estado de Wisconsin, se voc da Califrnia?" Perguntei. "Ah,
esqueci que voc um tipo um nerd."
Ele me deu um sorriso. "Tenho um problema por isso?"
"Eu tenho um problema com o fato de que voc prefere o Ursos?" Eu disse. "Star Wars ou
Star Trek?"
"Trek."
"Ns somos to incompatveis." Eu gemi. "Star Wars."

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"Lucas pulou o tubaro no primeiro episdio." Disse Dean. "Star Trek teve sempre uma
mensagem universal sobre a justia e uma sociedade utpica."
"Star Wars sobre a batalha entre o bem e o mal. O que mais universal do que isso?"
"Em Star Trek tiveram bebs aliengenas em biqunis."
"Voc no se lembra do biquni da Princesa Leia?"
"Ah, sim." Ele tem um olhar vidrado e distante em seus olhos. "Boa pergunta."
"Eu desisto do meu caso. Ben e Jerry ou Hagen-Dazs?"
"Ambos."
"Eu tambm. Exceto para Chunky Monkey, que pesado."
"Ah." Dean deu um suspiro de alvio. "Temos algo em comum. Tolsti ou Dostoivski?"
Revirei os olhos. "Seja qual for, professor."
Dean piscou para mim. Eu sorri de volta, apreciando a bela viso e o batimento irregular do
meu corao espalhando um calor em minhas veias.
Ele abriu a porta do lado do passageiro para mim, em seguida, deu a volta para ficar atrs
do volante de seu carro.
"Como foi o trabalho?" Perguntou, enquanto dirigia para Dayton Street.
Contei-lhe sobre um acidente na mquina de caf expresso e algumas histrias irrelevantes
sobre os clientes. Pegamos o elevador para o meu apartamento, que ele no tinha voltado desde a
noite da minha confisso, h duas semanas.
"Um bom lugar, a propsito." Observou ele, quando ns entramos. "Eu no percebi antes.
H quanto tempo voc mora aqui?"
"Desde julho." O aluguel do apartamento do tamanho de uma caixa de sapato era mais do
que eu poderia pagar confortavelmente, mas era perto do centro, da universidade, e do Jitter
Beans. Eu passei muito tempo fuando lojas de garagem, procurando mobilirio de baixo custo, e
estava satisfeita com a maneira como minha decorao tinha ficado.
Encontrei algumas mesas redondas incompatveis que remodelei com um tom cor de mel e
a coloquei ao lado do meu sof em L. Fiz prateleiras flutuantes para colocar meus livros, figuras de
jardim ingls cobriam as paredes, e eu tinha colocado lmpadas estrategicamente para iluminar os
cantos. Cortinas de tecido fino verde musgo suavizaram as persianas utilitrias, e meu jardim
interno com quinze plantas foi colocado em um suporte multicamadas abaixo da janela.
Dean tocou uma das plantas. "Voc realmente tem habilidade no cuidado com plantas.
Quais so estas?"
"Principalmente, flores, mas h uma trepadeira na parte inferior." Eu disse. "Gernios,
begnias, pentas. Eu comprei uma amarlis amarela na semana passada. No dei um nome ainda."
"Voc d nomes s suas plantas?
O constrangimento me deixou com as bochechas vermelhas. "Eu nomeio todas as minhas
plantas. Svengali, Mrs. Danvers, Cruella de Vil, a Feiticeira Branca."
Ele se virou para olhar para mim. "Voc escolhe suas plantas conforme os viles?"

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"S uma coisa boba. Uma maneira de transformar algo ruim em algo bom." Eu fui para a
cozinha. "Posso lhe servir um refrigerante?"
"S gua, obrigado."
Coloquei-lhe um copo e voltei para a sala de estar. Ele vagou examinando os livros nas
prateleiras. Eu corei com o pensamento de que eu tinha alguns ttulos erticos e picantes enfiados
no meio dos livros didticos. Se ele viu, no entanto, ele no demonstrou. Ou ele no se importou.
Em vez disso, ele pegou a pequena imagem, um quadro de North que eu guardei na
prateleira mais baixa.
De repente, o nervosismo tomou conta de mim. Eu nunca tinha falado com ningum de
North. No porque eu no quesisse, mas porque nunca tive ningum para falar sobre ele.
Eu tinha tirado a foto de North no meu local de trabalho e ele fez um monte de caretas at
que ele, finalmente, sorriu. Seu sorriso apareceu atravs de sua barba espessa, a pequena trana
amarrada com uma fita vermelha visvel no lado direito, suas caractersticas corriqueiras e os olhos
apertados contra o sol. Seus longos cabelos grisalhos estavam puxados para trs em um rabo de
cavalo.
"Seu pai?" Perguntou Dean.
"No." Eu coloquei o copo sobre a mesa de centro e limpei as mos em minha saia. "S um
bom amigo. No esse tipo de amigo. eu acrescentei, quando ele olhou para mim com uma pequena
carranca.
"O tipo de amigo que ajuda a lembrar do caminho l de cima. E quem te lembra que, por
algumas vezes, essa a nica direo que voc pode ir."
Dean olhou para mim, ainda segurando a foto. "Voc tem sorte de ter um amigo assim."
"North ... especial."
"North?"
"Apelido para o Northern Star Richmond."
"Srio?"
Eu sorri. "Seus pais eram hippies."
Dean colocou a foto de volta na prateleira. "Ento voc morava na Califrnia?"
"Eu viajei para l algumas vezes com a minha me, ento eu voltei antes de comear a
faculdade comunitria. Vivia em uma comunidade."
"Em uma comunidade?"
"Eles so chamados de outras coisas agora. Comunidades autosustentveis, vida
cooperativa. Mas, sim, ele estava perto de Santa Cruz, Twelve Oaks. Minha me e eu morvamos l
quando eu tinha treze anos, ento eu voltei sozinha alguns anos mais tarde. Pensei que fosse ficar
por uma semana ou algo assim, mas fiquei por um ano. North era o cara que dirigia o lugar."
Percebi que estava abrindo espao para perguntas que no queria responder. Fiz um gesto
para o sof. "Ento, sinta-se em casa. Eu s vou tomar um banho rpido."
"Faa tudo no seu tempo."
Sentou-se no sof e pegou um livro sobre a histria da literatura na mesa de centro.

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Fui para o meu quarto e fechei a porta. Enquanto eu tirava minhas roupas, meu corao
bateu mais forte. Eu estava ciente de que apenas uma parede fina me separava de Dean.
Ser que ele estava se lembrando daquela noite em seu apartamento? Ser que ele estava
pensando em me beijar de novo? Ser que ele estava pensando sobre eu me despindo?
Meu sangue ficou aquecido com a especulao. Empurrei minha calcinha e fiquei nua, por
um momento, olhando para o meu reflexo no espelho na parede oposta. Eu no costumava me ver
nua. Minhas pernas eram curtas, mas bem em forma, e eu tinha um corpo com peitos volumosos e
com muitas curvas, aos vinte e quatro anos, tentando me sentir confortvel nele.
Deslizei minhas mos pela minha cintura fina, depois para os quadris redondos e minha
barriga no muito plana. Tentei imaginar as mos de Dean em mim, seus longos dedos deslizando
sobre meus quadris e para baixo, entre as minhas pernas.
Eu tremia, ento me afastei do espelho. Minhas bochechas estavam aquecidas. Vesti um
roupo grosso e fui para o banheiro. Depois de ligar o chuveiro, embaixo da gua quente,
perguntei-me qual seria a sensao diminuir a distncia entre a imaginao e a realidade.
Minha imaginao ficou muito vvida. E minha realidade muito mundana.
Eu queria viver num lugar, onde ns dois pudssemos nos conhecer. Imaginei-o como um
lugar ensolarado, com rvores verdes onde um homem e eu queramos um ao outro com um desejo
crepitante e nossos corpos seriam levados ao prazer.
Fechei os olhos e deixei o jato de gua cair sobre meu rosto. E se Dean estivesse pensando
em mim no chuveiro? E se ele estivesse imaginando como pareo nua e molhada? Eu tremi ao
pensar, quase sentindo o calor de seu olhar.
Um raio de excitao passou por mim. Peguei o sabonete e me ensaboei, com uma
respirao ofegante quando minhas mos deslizavam sobre os meus mamilos duros. O prazer me
atingiu ao longo dos meus nervos. Ele estava l. Sentado to perto...
Eu esfreguei a espuma sobre a minha barriga. As bolhas escorregaram na minha pele. A
gua quente bateu no meu pescoo e ombros. Eu segurei a barra do chuveiro e esfreguei o sabonete
entre as minhas pernas, incapaz de resistir a pressionar um dedo na minha fenda. Um tremor me
balanou.
Ah...
Dean estava imaginando isso agora? Ele estava pensando em mim, esfregando sabo sobre
o meu corpo? Ele estava me imaginando me tocando, deslizando meu dedo indicador sobre as
dobras do meu sexo, apertando a minha mo contra o meu clitris?
Podia v-lo ali, eu quente e excitada, enquanto ele me observava. Podia ver a chama em seus
olhos, o rubor de suas bochechas, o peso de seu pnis contra sua cala.
Pressionei uma mo na parede contra os azulejos e abaixei minha cabea contra a ducha.
Trabalhei meus dedos mais rpido, mais forte, sentindo meu inchao urgente. Seus dedos deviam
ser geis, peritos e seu toque seria preciso.
Ele deve saber como deslizar um dedo em mim, quando rolar o polegar em volta do meu
clitris.

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Ele chuparia meus mamilos ao mesmo tempo, intensificando a minha excitao com seu
hlito quente.
Ah, eu queria, como queria saber como era, queria suas mos e boca em mim. Imagino ele
segurando meus quadris, me levantando, e empurrando seu pnis entre as minhas pernas, com os
olhos cheios de desejo. Eu me vi vermelha e ofegante, contorcendo-me contra ele, a gua caindo em
meus seios, meu cabelo grudado em mechas molhadas na minha pele.
Imaginei como seria a sensao dele me enchendo com um impulso profundo, e eu
agarrando seus ombros e pedindo mais. Meus nervos queimando com fascas. Gostaria de apertar a
minha carne interna em torno de seu eixo grosso, sentir seu estrondoso gemido contra meu
pescoo, enquanto ele empurraria dentro de mim de novo e de novo, dirigindo-nos beira do
xtase.
Ele falando palavras muito sujas, com sua voz rouca no meu ouvido, seus dedos cavando em
meus quadris. "Abra sua buceta para mim, Liv... Eu quero te foder profundo... to profundo que
voc ainda vai sentir isso amanh...Quando eu fizer voc vir, voc vai gritar... ah, voc apertada...
to boa... "
Ele empurraria lentamente a princpio, depois com mais fora, intenso, uma foda completa
que iria abalar o meu corpo e me fazer gritar seu nome, enquanto arqueio os quadris e gozo em seu
pnis.
Um suspiro escapou de mim quando gozei, apertando minhas coxas em torno de meus
dedos rpidos, senti vibraes rolando atravs de mim. Estremeci e inalei um pouco de vapor
quente, com isso as sensaes picantes diminuram. Respirando com dificuldade, eu absorvi os
tremores finais, e a gua comeou a esfriar.
Fechei a torneira e sa, apertando a toalha contra o meu rosto, com o meu batimento
cardaco mais lento. Eu no tinha ideia de quanto tempo eu estava no chuveiro, mas provavelmente
era tempo demais para um "banho rpido". Sequei-me, vesti o roupo, e corri de volta para o
quarto.
Logo, resolvi vestir um jeans e uma camiseta. Logo iria aumentar a distncia entre ns
novamente. Eu sabia que seria muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia imaginar.
E eu poderia imaginar um pouco.
Depois de escovar meu cabelo, voltei para a sala. Dean ainda estava sentado no sof,
fazendo figuras com um lao de corda entre as palmas das mos.
"Desculpe." Eu disse, minha voz ofegante. "Ah, o chuveiro estava muito... bom, eu acho."
"No tem problema. O jogo s comea s seis." Ele desamarrou a corda de seus dedos e
olhou para mim.
Eu sabia que meu rosto ainda estava corado do meu pequeno interldio ertico, e eu tive
um medo sbito de que ele soubesse exatamente o que eu estava fazendo.
No tema. Fique tranquila.
A realizao me atingiu.

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Eu esperava que ele soubesse o que eu estava fazendo. A ideia de que ele estava sentado
aqui, me imaginando no chuveiro do jeito que eu imaginei me ver... tirou o meu flego.
O celular de Dean tocou, interrompendo meus pensamentos. Ele suspirou quando o puxou
do bolso. "Desculpe, Liv."
"Pode atender."
Sua expresso ficou tensa quando ele olhou para o identificador de chamadas. "Paige? O
que... no, eu no disse a ela que eu faria qualquer coisa... eles que cuidem dessa merda juntos..."
Meu estmago deu um n. Eu suspeitava que ele estivesse falando sobre o irmo. Paige deve
ser sua irm.
"Pode ter certeza que ele no vai." Dean agarrou no telefone.
Desconfortvel em ouvir uma conversa privada, fui at a cozinha e abri a toda torneira,
fazendo um rudo bem alto para abafar a voz de Dean. Depois de alguns minutos, ele entrou com
uma expresso frustrada. Sequei minhas mos em um pano de prato.
"Est tudo bem?" Perguntei.
"Depende do que voc entende por bem." Ele jogou o celular em cima do balco. "Meu
irmo foi um encrenqueiro toda a sua vida. Eu no dou mnima, contanto que ele no cause
problemas para os outros. Sua boca torceu. " o tipo fodido."
Ah, Dean. Eu sei tudo sobre ser fodida.
Deveria ter desconfiado sobre essa revelao de uma relao familiar amarga na qual ele foi
envolvido. Em vez disso, eu s queria apagar aquela expresso de dor em seu rosto, e aliviar os
sulcos alinhados na sua testa.
Eu me aproximei dele. Pressionei meu dedo indicador entre seus olhos, alisando e afastado
o vinco profundo. Sua respirao parou, seu olhar comeou a me procurar.
Eu estava ficando acostumada a ver Dean olhar para mim com carinho e calor. Eu no
estava acostumada com esse olhar de preocupao, mostrando que ele precisava de alguma coisa
em mim.
O qu? O que eu poderia dar a ele?
Certamente, eu no era o tipo de mulher que poderia confortar um homem com o corpo, ou
com culinria. Ou mesmo com qualquer outra boa sugesto sobre como lidar com a sua famlia.
Inclinei a cabea para a mesa da cozinha. "Sente-se."
"No deveramos ir embora?"
"Em um minuto. Primeiro sente-se."
Ele estava sentado. Eu estava atrs dele e peguei as suas orelhas entre os meus polegares e
indicadores, em seguida, esfreguei-as delicadamente.
"Hum..." Disse ele.
" uma massagem de orelhas. Excelente maneira de reduzir o estresse e liberar endorfinas.
Apenas relaxe."
Ele no obedeceu o comando imediatamente, dado o n em seus msculos do pescoo. Eu
acariciava suas orelhas, em seguida, pressionei ao longo da borda externa de suas orelhas por todo

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o caminho at o topo. Eu massageava ao redor e atrs das orelhas ao longo de seu crnio. Depois de
alguns minutos, a tenso nos ombros foi decepada.
"Isso muito bom." Comentou.
"Voc parece surpreso."
"Onde voc aprendeu a fazer isso?"
"Havia uma mulher em Twelve Oaks que fazia reflexologia na orelha." Expliquei.
Dean fechou os olhos, enquanto comecei o processo de massagem novamente, esfregando
as orelhas, o exterior, passando depois para a parte de trs do seu pescoo. Olhei para seus cabelos
e pensei em pressionar os meus lbios para o topo da sua cabea.
Enquanto eu massageva seus msculos dos ombros, senti um calor fluindo de sua pele at
os meus braos.
"Reflexologia de orelhas uma prtica holstica." Disse em uma tentativa de colocar meus
pensamentos em ordem novamente.
"Diferentes pontos nas orelhas se relacionam com as diferentes partes do corpo, esse tipo de
coisa. No sei muito sobre o assunto, exceto que faz a pessoa se sentir bem. s vezes, isso o
suficiente."
"s vezes isso tudo."

Multides de pessoas vestidas de vermelho com casacos e camisetas da UW, seguiam para o
estdio de futebol. A camada de nuvens escureceu ainda mais o cu da noite, e um frio vivo varreu
nossos rostos, enquanto caminhvamos ao lado de Dayton Street.
Cutuquei o brao de Dean. "Voc esqueceu suas luvas."
"No tem problema."
Tirei minha mo do meu bolso e enrolei-a em torno da dele para que seus dedos no
ficassem frios. Ele fechou sua mo ao redor da minha.
Seguimos a multido de vermelho em direo ao estdio, onde uma grande aglomerao de
pessoas lotou uma das entradas. Dean parou para pegar dois ingressos em seu bolso, ento facilitou
as entrada e ns continuamos andando.
Vozes e risos subiam como um bando de pssaros, uma emoo palpvel no ar. Passamos
em torno de um grupo de rapazes universitrios e nos juntamos s filas para o estdio.
Eu me virei para ver Dean, s que um grupo de pessoas que tinham ficado entre ns. Eu
sabia que ele no estava muito atrs, ento sa da fila e estiquei o pescoo para olhar para ele.
Andei mais alguns passos em direo ao estdio, e ento eu estava entre a parede e a
multido. Senti um mal-estar. No gosto da sensao de estar presa. Comecei a empurrar de volta
para a fila, mas dois grandes homens jovens pararam em minha frente.
As costas de suas camisetas vermelhas encheram minha viso. Suas risadas soaram em
meus ouvidos. O cheiro de cerveja e de espanto invadiram meu nariz.

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O pnico me abateu forte e rpido. Congelei. Meu peito se apertou, e meu corao disparou.
O suor eclodiu na minha testa. Tentei segurar o flego, mas o ar era velho e quente de todos os
corpos, e ele ficou preso na minha garganta como uma pedra.
Os meninos foram se afastando de mim, ignorando a minha presena, suas vozes ansiosas,
enquanto discutiam o prximo jogo. Os pontos pretos inundaram minha viso. Minha pele ficou
arrepiada de frio. Parte de mim sabia que eu precisava me acalmar, mas eu no conseguia.
O medo paralisou meu crebro. A multido subiu. Um cara grande bateu contra mim. Meu
estmago se agitou com nuseas.
"Liv, desculpe, pensei que voc..." Dean empurrou os garotos da fraternidade. "Liv" Ele
parou e agarrou meu brao. "O que h de errado?"
Eu estava tremendo muito, ento ficou difcil responder. Ele me puxou para longe da
parede, longe dos meninos. Tropecei. Minhas pernas enfraqueceram com uma tontura tomando
conta de mim.
Dean deslizou a mo pelo meu cotovelo e me guiou at um banco. A multido ainda se
aglomerava em um mar de blusas vermelhas.
"A-ataque de pnico." eu sussurrei. "Preciso... preciso... r-respirar..."
Uma voz de mulher penetrou como um zumbido nos meus ouvidos. Forcei a entrada de ar
em meus pulmes e olhei para cima, vi um o rosto em um borro, suas palavras soando muito
longe.
"... Tudo bem... precisa de ajuda...?"
Eu apertei meus dedos em torno do brao de Dean e balancei a cabea. Ele colocou a outra
mo nas minhas costas enquanto recusava a oferta de assistncia da mulher. Ela se afastou. Tomei
outro flego. Meu peito doa.
"Liv, olhe para mim." Sua voz era calma, estvel.
Tentei, querendo me firmar, mas no conseguia me concentrar em seu rosto, no podia
reprimir o impulso de correr. Baixei a cabea. O mundo girou. Apertei meus dedos no brao de
Dean, dominada pela sensao horrvel de que eu estava prestes a perder a minha noo da
realidade.
"Fale... fale comigo." Eu engasguei. "C-conte."
"Respire profunda e lentamente." Ele sentou ao meu lado no banco. Ele tirou meu cachecol
da minha garganta, a corrente de ar me deu um alvio bem-vindo na minha pele quente. "Um. Dois.
Trs."
Consegui puxar mais ar em meus pulmes. Fiquei temerosa que a proximidade de Dean
poderia intensificar meu pnico, em vez disso a presso de sua mo e o som da sua voz afrouxaram
o aperto no meu peito.
"Mais uma vez." Ordenou, inclinando meu queixo em direo a ele. "Outra respirao na
contagem de trs, ok?"
Olhei para sua expresso sria, o olhar firme, e acenei com a cabea. Ele contou. Eu inalei.
Uma e outra vez, at que a tenso comeou a se dissipar, afastando com cada expirao. Meu

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batimento cardaco se estabilizou. Eu mantive a minha mo enrolada em torno do brao de Dean,
encontrando conforto na sensao de seus msculos sob sua camiseta.
Ele contou. Eu respirei. Mais e mais at que o ar encheu meu peito, sem me ferir, e a dor
aguda na minha garganta se dissipou.
Quando eu, finalmente, me senti mais no controle, bati em minha testa mida e apoiei os
cotovelos nos joelhos. Meu corao ainda pulsava na minha cabea, mas j no me sentia como se
estivesse prestes a estourar.
Olhei para o cho. A vergonha comeou a preencher o espao vazio dentro de mim.
"Beba um pouco de gua, Liv."
Eu aceitei a garrafa que Dean estendeu e tomei um pequeno gole. Lentamente, o mundo ao
meu redor entrou em foco novamente. Algumas pessoas ainda perambulavam, mas os ltimos da
multido estavam desaparecendo pela entrada. Um grito estridente veio de dentro do estdio,
como se fosse de um enorme pote.
Fechei os punhos para esconder os tremores persistentes. Eu no conseguia olhar para
Dean.
"Est melhor?" Ele perguntou.
Balancei a cabea. "Desculpe-me." Eu esfreguei a mo no rosto e olhei para o estdio. "O
jogo est prestes a comear."
"Eu no me importo com o jogo. Voc quer ir para casa andando ou eu deveria chamar um
txi?"
"Eu quero andar." Que bom que ele j no esperava que fssemos para o jogo, eu estava
com as pernas trmulas. "Mas voc no tem que..."
"Vamos l." Ele enfiou a mo debaixo do meu cotovelo novamente para voltarmos para
Dayton Street. Mantive o meu cachecol solto e desatei os laos da minha camiseta para sentir o ar
frio. A exausto me inundou.
Andamos a caminho de Dayton Street, em silncio. O movimento foi bom, dissipando os
fios de ansiedade e tenso. Coloquei minhas mos em meus bolsos e curvei os ombros, seguindo
em direo a Marion Street para o meu prdio.
"Voc no tem que vir." Eu disse, com as palavras presas na minha garganta, enquanto eu
tateava para encontrar minha chave.
"Eu preciso saber que voc est bem."
Deixei que ele entrasse e me seguisse at o elevador. Uma vez na segurana do meu
apartamento, afundei em uma cadeira e descansei minha cabea contra o encosto. Lgrimas
encheram os meus olhos. Tentei no pensar. Ouvi Dean se movendo ao redor, e ento o cheiro de
ch de hortel encheu meu nariz.
"Encontrei na cozinha." Disse ele, colocando um copo na mesa ao meu lado.
Sentei-me devagar, exausta demais para esconder o meu desnimo. "Eu sou... Mais uma
vez, desculpe-me."
"Eu no sou um f de ch de hortel, mas voc no precisa se desculpar por isso."

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Consegui abrir um sorriso e olhei para cima. Ele estava bem na minha frente, no muito
perto, com as mos soltas nos quadris. Apesar do tom irnico de sua voz, seus olhos estavam
escuros com preocupao.
Meu corao estava ferido com um tipo diferente de dor. A ameaa de um ataque de pnico
sempre pairou nas bordas da minha conscincia, mas eu no tinha experimentado uma em mais de
trs anos. O fato de que eu tinha acabado de me lembrar, como a fora de um golpe, como minha
psique danificada. E o fato de que Dean tinha presenciado isso...
Deus no cu.
"Eu sou... eles no acontecem com frequncia." Eu finalmente gaguejei. "Eu... eu quase
esqueci de como lidar com eles."
"H quanto tempo voc tem?" Ele perguntou.
"Eles comearam quando eu tinha dezoito anos. Fui a um terapeuta e aprendi tcnicas
comportamentais e de respirao, mas mesmo assim eles no acontecem muitas vezes. Eu sei quais
so os motivos que os desencadeiam, por isso consigo evitar muitas situaes que possam caus-
los."
Dean fez uma careta. "Multides?"
"s vezes." Eu disse vagamente. "Eu no tenho... no tenho frequentado lugares com muitas
pessoas nos ltimos anos."
Eu no podia voltar a ter tudo nomanete. Agora no. Talvez nunca.
Eu coloquei a mo sobre os olhos. "Desculpa, Dean. Estou exausta."
No conseguia reunir coragem para perguntar, mas eu queria que ele ficasse. Embora nunca
tivesse entrado em pnico antes, sem o motivo especfico de me sentir presa, a ameaa de um novo
ataque ainda estava l. Por mais que eu no quisesse que Dean testemunhasse meu pnico mais
uma vez, eu estava com mais medo de ficar sozinha.
"Eu odeio deixar voc, Liv."
Abaixei a mo para olhar para ele. A preocupao em sua expresso diminuiu minha
ansiedade. "Eu no sou realmente um caso total de sucesso."
"Eu sei. E se eu dormir no sof esta noite?"
"Voc no se importaria?"
"Eu quero." Ele puxou algumas mechas do meu cabelo entre os dedos, olhando como se ele
estivesse as estudando.
Aliviada e feliz por ter alguma coisa para fazer, alm de ficar sentada, tremendo, fui para o
meu quarto para pegar uma toalha limpa e uma toalha de rosto. Encontrei uma escova de dente
fechada no armrio do banheiro e um novo sabonete, coloquei-o em cima da toalha dobrada.
"Eu sempre tenho algumas colchas extras." Peguei algumas revistas e livros que estavam
fora do lugar, e pus na mesa de caf. "Espere, vou te dar um travesseiro tambm."
Aparentemente sentindo meu nervosismo, Dean ficou fora do caminho, enquanto eu
arrumava a colcha e ajeitava os travesseiros.

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"Aqui est um relgio, se voc quiser mant-lo ao lado do sof." Eu coloquei um relgio
digital com bateria em uma pequena mesa. "Voc quer o controle remoto tambm?"
"Liv." Dean colocou uma mo suave no meu ombro. Afeto e algo mais, algo mais sombrio,
encheu seus olhos. "Est tudo bem."
"Tudo bem." Corri minhas palmas midas sobre as minhas coxas. "Desculpe... desculpe
novamente pelo..."
Merda. Minha garganta estava travada.
"Pare de se desculpar, Liv. V dormir um pouco."
Ao invs de tentar falar, eu apenas balancei a cabea e fui para o meu quarto. Coloquei uma
camiseta e cala de pijama e conseguiu escovar os dentes e os cabelos antes de cair na cama. O
nico benefcio de um ataque de pnico, se poderia cham-lo de benefcio, que eu sempre dormia
sem dificuldade alguma horas depois. Era uma das poucas vezes que eu fui capaz de dormir bem.
Acordei com o brilho avermelhado do meu relgio. Uma e trinta e dois. Deixando de lado as
cobertas, fui para a cozinha tomar um copo de gua. As cortinas da sala de estar foram
parcialmente abertas, permitindo uma fina corrente de luar a iluminar. Dean estava estirado no
sof. Segurando o copo, eu me aproximei para olhar para ele.
Deveria ter sido estranho para mim, que a sua presena era um conforto ao invs de motivo
de apreenso, mas me senti totalmente... normal.
Coloquei o copo na mesa, sentei-me em uma cadeira ao lado do sof e olhei para ele. Ele
parecia mais jovem no sono, as linhas do seu rosto se atenuaram com os olhos fechados,
escondendo os flashes das trevas cuja a origem eu ainda no sabia.
Eu quase podia ver como ele poderia ter sido um menino cheio de energia juvenil e
confiana, sabendo que ele abriria um caminho pelo mundo, rodeado de pessoas que o admiravam.
Meu peito se apertou ao redor do meu corao. Como ele diferente da minha falta de
confiana, da minha incapacidade de imaginar meu futuro alm da confusa floresta escura da
minha infncia, onde uma rainha opressiva havia governado.
Dean abriu os olhos. Olhamos um para o outro por um momento antes dele se levantar e se
sentar. Ele passou a mo pelo cabelo e pela mandbula spera.
"Oi." Ele disse com a voz rouca de sono.
"Oi. Obrigada por ficar."
Eu no podia acreditar o quo reconfortante era t-lo aqui, o quo grata eu estava em
acordar e no ficar sozinha. Mesmo quando eu estava em Twelve Oaks... Nunca me senti to
confortvel pela presena de outra pessoa.
Sempre fui muito sozinha.
Minha garganta ficou apertada.
"Voc est bem?" Perguntou Dean.
"Posso arranjar-lhe alguma coisa?" Eu sussurrei. "Alguma coisa para beber?"
Ele balanou a cabea. O luar inclinado atravs das cortinas cortando as sombras em seu
rosto.

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Eu lhe devia uma explicao. Eu sabia disso.
Eu respirei. "Dean, eu... Eu preciso te dizer algumas coisas sobre mim."
Uma cautela fraca brilhou em seus olhos. "Pode falar."
"Quando eu disse que viajei muito quando era criana, era por causa da minha me."
Expliquei, resistindo s memrias guardadas em minha cabea. "Crystal. Ela era muito egocntrica.
Controladora. Ela tinha sido muito mimada, criana mimada... na verdade teve uma carreira de
sucesso como modelo infantil por alguns anos e tambm em um comercial nacional.
"Mas as ofertas da carreira diminuram quando ela ficou com uma reputao de ser
irracional e exigente, uma me tpica. Ningum mais queria trabalhar com Crystal. Ela ia a alguns
concursos de beleza e shows de talentos. Aos dezessete anos, ela ficou grvida de mim, o que
mudou toda a sua vida. Ela nunca deixou de me magoar por isso."
Peguei minha gua e tomei um gole. Seus pais a deserdaram por causa da gravidez. Ela
teve que sair da escola e ir morar com meu pai. Eles nunca se deram bem. Eles brigavam muito
pelo dinheiro... ou pela falta dele. Eles se separaram quando eu tinha sete anos. Descobri mais
tarde que meu pai estava tendo um caso." A palavra presa na minha garganta.
Ele ia deixar minha me para ficar com a outra mulher. Minha tia Stella, irm do meu pai,
me disse uma vez que ele ainda queria ter um relacionamento comigo, voc sabe, ainda ser o meu
pai. Mas minha me disse que nunca o deixaria perto de mim novamente. Ento, ela arrumou seu
carro e samos. Ela estava inquieta, sempre querendo estar em outro lugar, sempre querendo
encontrar a ateno que ela teve quando criana. Ns nos mudamos muito. Perdi a noo do
nmero de cidades e vilas que ficamos."
"Quanto tempo voc e sua me viveram assim?" Perguntou Dean.
"At os meus treze anos. Finalmente, disse minha me que eu ia morar com a tia Stella em
Pepin County. Eu queria ter uma vida normal. Minha me e eu tivemos uma grande briga sobre
isso. Estvamos em Dubuque. Eu acordei na manh seguinte e ela tinha ido embora. Tinha levado
o carro e a maioria das nossas coisas. Eu tinha dinheiro suficiente para uma viagem de nibus para
Madison, onde eu chamaria a tia Stella para vir me pegar. No ouvi nada sobre minha me durante
anos."
"Voc viveu com sua tia depois disso?"
"Sim. At o ensino mdio."
"Quando voc viu sua me de novo?"
Uma dor se arrastou por cima do meu corao. Quando ela veio me visitar um pouco antes
de meu ltimo ano. Ela queria que eu fosse com ela novamente, mas eu recusei. Ela nunca vai me
perdoar por deix-la."
E, de certa forma, eu nunca iria me perdoar.
"Voc j viu seu pai de novo?" Perguntou Dean.
"No. Eu acho que ouvi a tia Stella falar dele algumas vezes, quando ela no estava comigo.
Ela no sabia onde ele estava, ou se sabia, no me disse nada. Ento, quando eu tinha onze anos,
tivemos a notcia de que ele tinha morrido."

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"Como que a sua me conseguiu te dar suporte?"
"Ela ficou com um monte de homens." Disse. Uma lembrana indesejada de rostos
masculinos e vozes passou por meu crebro. "Foi assim que ela encontrou lugares para ficar. Ela
convencia o cara que iramos viver com ele por um tempo, e em troca ela dormiria com ele. Na
maioria das vezes, ela esperava at eles concordarem... ou, s vezes, depois que ela se mudava...
antes de lhes dizer que ela tinha uma filha."
"O que?
"Ela me disse para esconder muita coisa." Eu expliquei. "Para esperar no carro enquanto ela
passava algumas horas em um bar. s vezes, ela me deixava em uma biblioteca pblica, e s voltava
para me pegar depois que ela encontrava algum rapaz. s vezes, ela fazia um esforo para ganhar
dinheiro com a venda das joias que ela fazia, mas penso que ela achou mais fcil confiar nos
homens para sustent-la."
Olhei para as minhas mos que seguravam ao redor do copo de gua.
"Ela era muito bonita." Disse. "Isso foi parte da razo pela qual ela nunca teve problemas
para encontrar um homem. Ela tinha longos cabelos loiros e olhos verdes. Uma bela imagem. E ela
era uma mulher confiante e segura com sua sexualidade. Mesmo se ela no estivesse procura de
algum, os homens eram atrados para ela. O problema que raramente era o tipo de homem
bom."
A minha voz desapareceu. Houve bons homens nos seis anos em que estivemos na estrada.
Um instrutor de karat, que me deu aulas e conversou comigo sobre coisas como respeito, foco e
autodisciplina. Um vendedor de seguros que construa modelos de avies como um hobby. O
proprietrio de uma cmera que me ensinou o bsico da composio de foto. Um cara formado
pelo MIT que virou hippie, chamado Estrela do Norte, que me convenceu de que eu valia alguma
coisa.
Coloquei esse pensamento de lado. Isso doeu muito.
"Atravs de homens e sexo, minha me encontrou a ateno que ela tinha perdido quando
era mais jovem." Disse. "Parecia to... fcil para ela."
"Mas foi horrvel para voc."
"Eu odiava cada minuto." Admiti. "Quando ela me deixou sozinha, eu estava com tanto
medo que ela nunca mais fosse voltar. Eu no aguentava ter que conviver com os homens que eu
no conhecia, dormindo em sofs sujos ou no cho. Eu ouvi muitas vezes minha me fazendo sexo
no quarto ao lado. Algumas vezes, eu fiquei com ela e algum homem estranho. No preciso ser
um gnio para entender por que eu ainda sou virgem aos vinte e quatro."
Finalmente, olhei para Dean. Ele estava me olhando, cauteloso, tenso, como se estivesse se
preparando para o que eu ainda no tinha confessado.
"Eu era... Eu sempre me esforcei para ser invisvel, para ningum me notar." Eu disse. "E
por um tempo funcionou. Minha me era to impressionante, to forte, que ningum prestou
ateno naquela tranquila e tmida filha. Eu tambm aprendi que havia segurana na

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clandestinidade, que se as pessoas no sabiam que voc estava l, eles no poderiam incomod-la.
Era exatamente como eu queria."
Eu respirei. "Mas a minha sorte acabou quando... quando um dos homens mexeu comigo."
Falei de uma forma rpida e desesperada para terminar logo. "Outro tentou um ano depois, mas
me afastei dele a tempo."
Dean praguejou um som violento e cortado e ficou em p.
"O cara... se masturbava na minha frente." Disse eu, a bile subindo no meu peito como se a
memria esfaqueasse atrs da minha cabea. "Primeiro, quando eu estava dormindo. Eu tinha nove
anos. Eu acordei uma vez no meio da noite e o viu de p ao lado da minha cama. Eu no sabia na
poca o que ele estava fazendo, mas sabia que era errado. Eu... eu no sabia o que fazer, ento fingi
que ainda estava dormindo."
"Jesus, Liv."
"Minha me... ela sabia sobre isso." Eu mal conseguia falar com o aperto na minha
garganta.
"Eu vi a porta aberta uma noite, Dean. No havia... no havia fechadura na porta, e vi seu
olhar quando ele estava fazendo isso. Eu tinha certeza que ela iria det-lo, que ela iria me proteger,
que ela ia fazer alguma coisa, mas..."
"Ela no fez?" Sua voz estava estrangulada.
Eu balancei minha cabea, a dureza da traio aberta dentro de mim. "Eu a vi fechar a
porta. No me mexi. No podia. Ela tinha me deixado sozinha com o filho da puta doente."
"Liv, eu..."
Levantei minha mo. "Ela no quis ouvir quando disse a ela que tinha que sair. Tudo o que
eu podia fazer era evitar o cara, tanto quanto possvel e rezar para ele no fazer mais nada. Ento,
um dia ele me trouxe um bolo para o meu dcimo aniversrio. Disse-me que s me deixava comer
um pedao, se eu tocasse seu pnis. Ele o pegou e comeou a... e antes que eu pudesse ficar longe
dele, minha me entrou."
"O que... o que ela fez?"
Uma antiga raiva crua e medo perfuraram meu corao. Minha viso ficou turva.
"Ela me culpou por excit-lo." Eu confessei. "Disse que se eu estivesse vestindo uma
camiseta mais solta, ele no teria sido tentado." Abracei meus braos em volta de mim. "No foi a
ltima vez que eu ouvi uma verso dessa acusao."
"Que diabos, Liv?" A raiva queimava em Dean, com os punhos cerrados. "Que tipo de me
diz isso sua filha?"
"Ela tinha seus prprios problemas." Sentindo a raiva e prestes a explodir, levantei-me para
me aproximar dele. "Eu tentei aceitar, mas preciso trabalhar isso. Algumas semanas mais tarde,
finalmente, deixamos a casa do cara. Eu nunca tinha sido to agradecida por me mudar. Deus sabe
o que mais ele poderia ter feito."
Dean xingou novamente e esfregou as mos nos olhos. "Estou to triste, Liv. Eu suspeitava
que algo havia acontecido com voc, mas eu queria acreditar que eu estivesse errado."

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Ah, h mais.
No entanto, no poderia lhe contar tudo isso. Agora no. Muito em breve.
"Ser que essa a causa de seus ataques de pnico." Perguntou.
"Alguns, sim." Admiti. Eu j passei por um monte de terapia. Aprendi a lidar com isso.
Mas eu quero que voc saiba antes... ... que isto v mais longe.
Ele abaixou as mos para olhar para mim. "Antes de qu?"
"Eu no... Eu no espero que voc fique por perto e tente lidar com os meus problemas."
Meu peito doa quando eu forcei as palavras.
Dean olhou para mim por um minuto antes de ele segurar meu rosto com as mos quentes.
"Eu quis dizer o que eu disse na outra noite, Liv." Ele me disse. "Se voc no quer fazer
nada, no vamos. Se voc quiser ir devagar, vamos devagar. Se voc quer acabar com isso agora, eu
me afasto de voc. Vai me matar fazer isso, mas se voc quer que eu faa, eu farei."
A escolha sua, Liv.
Ele no tem que dizer isso. Seu dom de escolha foi um blsamo para o meu corao
quebrado.
"Eu no quero que voc v embora." Eu disse.
"Bom." As linhas entre seus olhos suavizaram com alvio.
Segurei seus pulsos, com um n de medo na minha garganta. "Mas voc... voc pode querer
ir." Eu avisei.
Uma escurido brilhou em sua expresso. "Por qu?"
Meus olhos ardiam. Engoli em seco.
"Eu tenho um passado negro." Eu sussurrei.
Houve um instante de silncio, a sensao de perigo preencheu o espao entre ns. Ento,
Dean me abraou, com os polegares enxugou minhas lgrimas que derramavam pelo meu rosto.
"Liv." Disse ele, sua voz spera com ternura. "Voc no tem que ter medo."
"Por que no?"
"Porque vou acabar com esses monstros para voc.








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Setembro se transformou em outubro no nosso primeiro ano juntos. Folhas amarelas
balanaram das rvores e comearam a cair como um tapete em chamas de amarelo e vermelho.
Um agradvel frio soprou no ar. As aulas continuaram, o ritmo do semestre fixando-se em uma
calmante marcha.
Estar com Dean era to fcil, que o meu medo comeou a diminuir. Se algum pudesse
transformar meu passado, era ele, embora eu nunca pediria isso a ele. Eu sabia que ele era o nico
com quem eu poderia descobrir todas as coisas quentes, sensuais que eu imaginava, mas nunca fiz.
Eu sabia que ele estava esperando por mim para lhe dizer quando eu queria mais, que eu tinha que
ser a nica a fazer o prximo movimento. Sabia que ele esperaria pelo tempo que fosse preciso.
No demorou muito. Eu pensava muito nele. Meus sonhos quentes com as memrias de
seus lbios esmagando os meus, sua mo deslizando pela minha coxa nua, meus seios pressionados
contra seu peito. Acordei ofegante e latejante, muitas vezes me entregando ao orgasmo antes
mesmo de sair da cama.
Uma semana depois da minha confisso, eu o convidei para assistir a um filme, o qual eu
pedi a ele para escolher. O que foi um erro meu.
"Ai, Deus." Joguei um pote de pipoca na tigela e revirei meus olhos. "Isso outra chave para
desvendar voc, ento? Obscuros filmes estrangeiros?"
Ele parecia ofendido. "Este no um filme obscuro. um clssico filme de Tarkovsky sobre
um pintor russo, cone do sculo XV."
"Ah, ento nesse caso ..."
"D uma chance, t?" Ele colocou o disco no aparelho e apertou o boto de comear antes de
voltar para o sof.
Eu daria uma chance, porque ele parecia incrivelmente sexy esparramado em cima do meu
sof, um brao jogado para trs esticando o tecido da sua camisa em seu peito largo. Seu cabelo
estava todo desgrenhado, sua mandbula revestida com a barba por fazer, que eu j esperava nas
noites casuais e nos fins de semana.

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Enquanto eu pudesse dar olhadas para ele no sof, ns poderamos estar assistindo um
filme sobre a peste bubnica, que no importava.
Entreguei a ele a tigela de pipoca amanteigada e sentei, colocando as pernas debaixo da
minha saia. O filme comeou com um homem ficando preso nas cordas de um balo de ar quente,
que, em seguida, pegou uma rajada de vento e o arrastou atravs do cu.
Depois de um comeo um tanto promissor, houve um drama sobre pessoas que procuravam
abrigo em um celeiro para escapar de uma tempestade, depois de uma discusso filosfica entre
dois monges sobre dor e conhecimento.
Quinze minutos depois, peguei a tigela de pipoca de volta e comi alguns punhados de
pipoca. Vinte minutos depois, eu bocejei. Trinta minutos depois, senti Dean olhar para mim.
"No?" Ele perguntou.
Eu ronquei.
"Ah, Olivia." Ele suspirou e pegou o controle remoto. "Voc est partindo meu corao."
"Eu estar de saco cheio do filme sobre um pintor cone russo suficiente para partir seu
corao?" Eu disse em descrena. "O que vai acontecer quando eu disser que a histria medieval
me coloca em coma?"
"Depressa!" Dean apertou seu peito. "Faa respirao boca-a-boca."
Eu sorrio. Ele se endireitou e piscou para mim antes de desligar a TV.
"Tudo bem, ento." Disse ele. "Um pintor cone russo no serve para voc. O que serve?"
"Esse professor de histria medieval muito bonito." Minha respirao escapou com a
confisso contundente.
Nossos olhares se encontraram por toda a extenso do sof. Uma corrente de eletricidade
crepitava entre ns. Ns no tnhamos nos beijado desde aquela noite no seu apartamento. Eu
sabia que ns dois queramos. E tambm sabia que eu tinha que tomar a iniciativa.
Empurrei a tigela de pipoca de lado e fiquei de joelhos. Meu pulso se acelerou conforme eu
atravessei o sof e me ajoelhei ao seu lado. A leve tenso o percorreu. Coloquei a mo em seu peito
quente. Seu corao batia forte.
"O que o R representa?" Ele perguntou.
"O R?"
Olivia R. Winter. Rachel?
Rose.
Olivia Rose Winter." Sua voz profunda se enrolou acariciando o meu nome. "Bonito."
"Obrigada." Eu inclinei a cabea para estud-lo. "Alguma vez voc j namorou uma aluna
antes?"
"Voc no minha aluna, mas no. Nunca."
"Ento, por que eu?"
"No consegui ficar longe de voc." Ele ergueu a mo para cobrir a minha, onde ela
repousava em seu peito. "No queria."

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"Eu no sou..." Engoli em seco para aliviar a secura da garganta. "Eu no sou como as
outras."
"Eu sei."
"E est tudo bem pra voc?"
"Mais do que bem."
Eu me perguntava por que, mas no conseguia perguntar por medo do que ele poderia
esperar mais das minhas prprias revelaes. Eu tinha vinte e quatro anos, e ainda tinha que
explorar minha prpria sexualidade profunda e completamente. Eu queria h anos, mas fui
frustrada por muitas coisas, medo, perigo, vergonha, inibies.
Nada do que eu experimentei com Dean.
Eu sabia que podia ser incondicionalmente passional com ele. Ele me levava a lugares que
eu s sonhava e me mantinha segura o tempo todo. Mesmo quando confessei sobre as cicatrizes da
minha alma, ele no recuou. Exatamente o oposto, na verdade. Ele tinha deixado sua espada de
prontido para me proteger.
Enrolei meus dedos contra seu peito. "Eu precisarei ir devagar."
"Eu posso ir devagar."
"Pode ser lento demais para voc."
Dean olhou para mim por um longo minuto, um vinco entre suas sobrancelhas, como se ele
estivesse tentando me entender.
"Eu gosto de esqui alpino." Finalmente, ele disse.
Eu pisquei. "Tudo bem."
"Eu gosto de lanchas e bungee jumping." Ele se inclinou para frente e ps sua mo debaixo
do meu queixo. "Eu tambm gosto de caminhada, escalada e pesca."
"Isso ... hum, muito diversificado da sua parte."
Um sorriso apareceu em sua boca. "Meu ponto que rpido e divertido. emocionante,
uma carga de adrenalina. Mas lento no menos satisfatrio. Na verdade, pode ser ainda excitante
trabalhar em saborear cada passo, em vez de se fixar em chegar ao fim."
"Bem." Eu exalei um longo suspiro, a minha pele formigando com a ideia de saborear cada
passo.
" bom saber disso."
"Eu vou esperar." Ele abaixou sua mo do meu queixo e se sentou. "At que voc esteja
pronta para mim."
"E voc no vai..."
"No vou pression-la."
"Eu sei." Olhei para o semicrculo de pele bronzeada acima do colarinho da sua blusa. "Eu
quis dizer que h um monte de outras coisas alm disso que eu gostaria de fazer com voc primeiro,
mas eu odiaria que voc achasse que eu estou..."
"Fazendo joguinho?"
"Ou sendo provocadora." Forcei meu olhar de volta para ele.

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Dor e raiva brilharam em seus olhos, emoes que eu vi naquela noite em que eu disse a ele
sobre minha infncia.
"Eu no acho isso de voc." Disse ele. "Eu no vou."
"Tudo bem." Meu batimento cardaco acelerou um pouco. "Assim, podemos dar uns
amassos e ir com calma e ver onde isso nos leva?"
"Ns podemos fazer isso, gracinha."
Beleza.
Eu sorri e o prazer diminuiu minha inquietao como a luz solar em sombras. Virei minha
mo que descansava em seu peito para que as nossas palmas se encontrassem. Seus dedos fortes se
fecharam em torno dos meus.
"Posso dizer uma coisa a voc?" Eu perguntei depois de alguns minutos.
"Claro."
"Lembra quando eu disse que eu..." Minha barriga apertou. "Ah, quando eu disse que eu
no sou frgida?"
"Na verdade, voc no tem que me dizer isso." Uma pontada de diverso apareceu em seus
olhos. "Eu j sabia."
Corei. "Bem, eu tenho um monte de fantasias."
"Sobre o qu?" Seus batimentos cardacos aumentaram sob nossas mos entrelaadas.
"Ultimamente... voc."
"Eu?"
Eu balancei a cabea positivamente.
"E que tipo de fantasias que voc tem sobre mim?" Sua voz estava ficando rouca.
"Algumas muito explcitas." Meu sangue ficou quente, quando eu me lembrei da minha
fantasia daquela manh, de envolver minhas pernas ao redor de seus quadris, enquanto ele enfiava
em mim com fora suficiente para fazer o meu corpo tremer.
Definitivamente, no estava pronta para confessar essa ainda.
"Eu tenho feito muito mais em minhas fantasias do que na realidade." Admiti.
Ele no perguntou o por qu. Ele esperou por mais.
"Mas minhas fantasias sempre foram sobre encontros annimos." Continuei. "Nunca sobre
um homem que eu conheo. At voc..."
Ele se inclinou sobre mim, os olhos brilhando com o calor, mas ele no me tocou, alm da
minha mo no peito dele.
E o que fazemos nas suas fantasias, Olivia Rose?" Ele perguntou.
Eu passei meu olhar para a linha de sua boca, meu pulso acelerando com a lembrana de
seus lbios esmagando os meus. "Nos beijamos e nos tocamos muito."
"Bom."
"Ah, isso bom." Passei meu polegar sobre o lbio inferior dele.

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Embora os olhos de Dean ardessem de calor, ele no se mexeu para me beijar. Os ltimos
restos da minha inquietao sumiram, quando diminu a distncia entre ns e apertei minha boca
na dele.
Seus lbios eram to quentes e firmes, que eu derreti com a sensao de que se moviam
contra os meus.
Enrolei meus dedos no tecido de sua blusa, sacudindo minha lngua para fora para sondar a
juno dos seus lbios. Meu pulso saltou quando ele abriu a boca para me deixar entrar, ento
coloquei minhas mos em cada lado do rosto e aprofundei o beijo.
Uma bela neblina desceu sobre mim. Ele tinha gosto de manteiga, seu hlito quente contra
meus lbios.
Meu corao continuava a pulsar, cada batida pulsava com calor em minhas veias. Depois
de um longo momento beijando, parei para olhar em seus olhos cheios de luxria.
"Voc no quer me tocar?" Sussurrei.
"Mais do que eu quero respirar."
"Eu prometo que no vou pirar dessa vez."
Ele respirou profundo. "Eu prometo que no vou agir como um idiota, se voc deixar."
"Voc no agiu. Eu s no estou acostumada com isso. Eu apertei a minha mo sobre a
dele. "Mas eu realmente gostei do jeito que voc me tocou."
"Um dia eu vou tocar em voc de mil maneiras diferentes e mostrar como voc pode me
tocar." Dean deslizou sua mo ao redor do meu pescoo. "Mas agora vamos apenas dar uns
amassos."
Ele me puxou para mais perto, facilitando para que eu pudesse me esticar em cima dele. Eu
amava a fora ondulada de seu corpo sob o meu, a forma como os nossos peitos se tocavam e nossa
respirao mudou. Ele puxou minha cabea para ele e me beijou, a presso lenta e
requintadamente fcil.
O homem sabia como beijar. Ele esfregou o lbio inferior contra o meu, deslizou sua boca
at mordiscar meu pescoo, passou a lngua para lamber os cantos dos meus lbios. Suas mos
estendidas sobre a parte de trs da minha cabea, dobrando nossas bocas juntas. Meus olhos se
fecharam.
Calor e prazer subiam atravs de mim. Afundei nas sensaes, sem medo, passando minhas
mos em seu cabelo para mant-lo contra mim. Nossos beijos passaram de suave e gentil para a
boca aberta e quente, em seguida, de volta para suave e gentil. Perdi a noo do tempo. Meu
corao batia no ritmo instintivo do nosso beijo, o abrandamento suave puxando para trs, como as
ondas ondulando na superfcie do vidro liso de um lago.
Dean apertou sua boca na minha bochecha, arrastando um caminho para a minha orelha,
onde a respirao fez ccegas nos fios de cabelo no meu pescoo. Ele levantou a cabea para olhar
para mim, os olhos cheios de desejo e afeto, e arrastou suas mos para esfregar minhas costas.
"Tudo bem?" Ele perguntou.
"Tudo." Eu respirei.

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Seus dedos cravaram a minha cintura, enquanto nossos lbios se encontraram novamente.
Fechei os dentes suavemente sobre o lbio inferior dele, arrancando um gemido do fundo da sua
garganta. Entusiasmada, abri minhas mos sobre seu peito. O calor de seu corpo queimando pela
camisa subiu at meus braos. Seu corao batia contra a palma da minha mo.
Atravs de uma nuvem de paixo, eu estava vagamente consciente de sua ereo
pressionando contra a minha perna e meu corpo amoleceu em resposta. Uma bobina de urgncia
apertou atravs de mim, e mesmo assim eu sabia que no iramos mais longe do que este delicioso
beijo de derreter o corao.
E no o fizemos. No sei quanto tempo durou, mas de alguma forma me sentia como se
nunca tivssemos nos separado. Ns quebramos o ritmo, ao mesmo tempo, ambos levantando a
cabea para olhar um para o outro.
A viso dele, seus quentes olhos escuros, caractersticas ntidas liberadas com o calor, o
cabelo bagunado, aqueceram meu sangue mais uma vez. Ele colocou as mos nos meus cabelos,
deixando os fios soltos no meu rosto.
Em seguida, ele apertou a parte de trs da minha cabea suavemente, pedindo-me para
descansar contra seu peito. Ele roou os lbios na minha testa. Relaxei em cima dele, ouvindo o
som constante de seus batimentos cardacos.
Ele passou as palmas das mos para cima e para baixo das minhas costas, enquanto nossa
respirao desacelerava. Embalada pelas sensaes, mergulhei em um sono profundo, suave,
ininterrupto por sonhos afiados.
E quando amanheceu, o crepsculo apareceu atravs de uma rachadura no cu, acordei com
uma sensao de segurana que nunca tinha tido antes.
Ns tnhamos trocado de posio no sof durante a noite, e agora o corpo de Dean estava
pressionado contra minhas costas. Seu peito se movia constantemente no ritmo do seu sono. Sua
respirao aquecia minha pele. Um de seus braos foi arremessado ao redor da minha cintura, e
sua mo se curvou levemente em volta do meu pulso.
Uma onda de prazer surgiu debaixo do meu corao. Fiquei parada por um longo momento,
dobrada nos braos confortveis deste homem forte que estava disposto a suportar o peso de
minhas confisses.
Um homem que admirava a minha deciso e ainda assim queria me proteger. Um homem
que viu beleza em mim.
Atrs de mim, ele se mexeu, sua barba raspando meu pescoo, sua voz um sussurro. A
rachadura no cu se abriu mais, enchendo de luz da cor de damascos.








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Olvia
04 de setembro
Aqui estamos em nove na aula de culinria, cada um de p atrs de uma longa mesa de
madeira, com uma pequena distncia entre um forno em cada estao e uma pia. A sala de aula
na parte de trs da cozinha gastronmica, uma cozinha gourmet, uma loja de panelas e talheres e
uma parede de janelas que vo do cho ao teto: panelas de ao inoxidvel brilhando, prateleiras de
pratos coloridos, toalhas de mesa e guardanapos de linho.
Abri minha bolsa e retirei o meu notebook. Certifiquei-me de ter trazido pelo menos trs
canetas: uma sobressalente para o caso de uma ficar sem tinta, e uma para reposio para o caso de
meu vizinho de estao precisar de um emprstimo.
Prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo e, em seguida, alinho meu bloco de notas e uma
caneta ao lado ao meu alcance, justo quando meu celular toca.
"Voc ainda est na biblioteca?" Dean pergunta.
"Minha aula de culinria comea s sete. Eu disse a voc ontem.
"Ah. Desculpa, esqueci.
A irritao formiga na minha pele. "Sim, bem, tem uma caarola de torta de frango no forno
para voc.
Eu fecho rapidamente o celular com um clique audvel, o que chama a ateno da mulher na
estao ao meu lado. Ela me d um sorriso simptico.
"Comeou com uma torta de frango congelada." Digo, colocando o telefone de volta na
minha bolsa.
"Obviamente, a razo pela qual eu estou aqui."
"Sejam bem-vindos." Um homem loiro vestindo uma jaqueta branca de chef sobe at a
estao do instrutor na frente da sala. "Eu sou chef Tyler Wilkes, proprietrio e chef executivo do
restaurante Julienne sobre a Forest Grove. Natalie me convidou para ensinar para esta classe nos

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prximos meses, e espero que possa ajud-los a aprender algumas novas tcnicas de cozinha
inspiradoras.
Neste ponto, eu ficaria feliz em aprender qualquer tcnica de cozimento, independente se
ou no inspiradora.
Chef Tyler Wilkes palestrou sobre um bando de suas realizaes: quatro estrelas disso, cinco
estrelas daquilo, um prmio aqui, outro prmio l. Ento, ele sugeriu que nos apresentssemos e
falssemos os nossos motivos para assistir sua aula.
Charlotte Dillard, minha vizinha de estao, acabou de voltar de uma turn culinria da
Frana e est ansiosa para recriar alguns dos pratos que ela gostou. Laura Gomez teve uma vida
inteira de amor por alimentos e est pensando em deixar o emprego seguro para seguir a culinria
como uma carreira.
George Hayes, o nico homem do grupo, se aposentou recentemente e est, finalmente,
procurando tentar coisas novas. Susan Chapman quer aprender mais sobre a preparao de
ingredientes locais e orgnicos para fornecer refeies saudveis e deliciosas para a famlia.
Minha introduo no poderia ser mais simples.
"Sou Olivia West. Todos me chamam de Liv. Eu estou tendo aula, porque eu no sei
cozinhar.
Tyler Wilkes sorri para mim de trs da sua estao. Mesmo que eu esteja na terceira fila,
estou um pouco deslumbrada com o efeito do brilho.
Ele bonito, acho que de uma maneira abstrata. Acho que cachorros e bichos de pelcia so
bonitos.
"Por que voc no acha que pode cozinhar, Liv?" Ele pergunta.
"Hum... eu no acho que eu no posso. Eu sei que eu no posso.
"Por qu?" Ele persiste.
Eu no tenho nenhuma ideia do que ele est falando. O resto da turma est olhando para
mim, como se esperando alguma grande resposta filosfica como. "Bem, eu realmente no era
alimentada enquanto criana, ento eu nunca entendi o que...
Ah, merda.
Meus dedos se enrolaram nas bordas do balco. Por um segundo, senti-me boquiaberta.
"Liv?" Tyler Wilkes me pressiona.
"Er, eu acho que... Quer dizer, eu nunca fiz muito disso. Cozinhar isso. Na minha vida.
Meu rosto est comeando a ficar quente.
Tyler Wilkes sorri novamente e passa a falar sobre o que esperar desta aula (boas tcnicas
de culinria, as noes bsicas de cozinha clssica francesa, aprender a cozinhar pratos individuais,
e o grande final de preparar um cardpio inteiro). Ele analisa todos os implementos em nossas
estaes.
Estou ouvindo metade, tomando notas mecanicamente. Minha mente se enche de
memrias indesejadas das minhas culinrias passadas: hambrgueres de fast-food gordurosos,

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jantares de salgadinhos e ovos fritos, batalhando na despensa de um estranho por uma lata de
feijo.
De repente, eu quero Dean tanto que meu peito di. Quero sentir seus braos apertados em
torno de mim. Quero pressionar meu rosto contra seu pescoo.
Eu foro minha ateno de volta para frente da sala. Tyler Wilkes est demonstrando, com
uma velocidade ultrarrpida, como cortar cenouras, aipo e cebola para uma coisa chamada
mirepoix1, uma palavra que ele escreve no quadro atrs dele.
Ento, ele disse para todos ns comearmos. Eu pego uma cenoura, e o som de facas
batendo forte contra madeira enche a sala, quando todos ns comeamos a cortar. Tyler Wilkes
passeia ao redor observando a "tcnica da faca" de todos.
Eu me concentro, corto a cenoura ao meio, depois em pequenos cubos arrumados. Tyler
Wilkes pausa ao lado da minha vizinha de estao Charlotte e elogia a rapidez e regularidade de
seus cubos de cenoura.
"Obrigado, chef." Responde ela, brilhando.
"Como voc est indo, Liv?" Ele para na frente da minha estao.
"Tudo bem... hum, Chef." Isso soa estranho.
"Tyler." Diz ele, com um sorriso em sua voz.
Eu olho para ele. Ele no muito mais alto do que eu, no muito mais velho, e ele tem um
rosto agradvel, e os olhos azuis brilhantes.
Ele observa meu corte por um minuto. "Muito apertado."
"Desculpe-me?"
"Voc est segurando a faca com muita fora. Estes trs dedos devem estar soltos em torno
do cabo."
Ele estende a mo e pe sua mo sobre a minha para aliviar os dedos do punho. Eu puxo to
rpido, a faca fazendo barulho na placa de corte.
"Desculpe-me." Limpo minhas mos no avental. Um rubor rasteja sobre meu pescoo.
Tyler levanta as mos e d passos para trs.
"Relaxe." Ele diz, apontando para a faca.
Eu no relaxo de todo, mas consigo ter o meu mirepoix concludo para a satisfao de Tyler,
embora ele tenha me dado uma palestra sobre o valor de cubos uniformes. Ento, ele libera a todos
ns com nosso mirepoix em embalagens para viagem, um pacote de informaes sobre tcnicas de
faca, e as instrues para a prtica.
Quando chego em casa, Dean est assistindo ao noticirio, o seu longo corpo estirado no
sof e os ps sobre a mesa de caf. O alvio quase deixa meus joelhos fracos. Eu largo minha bolsa e
o recipiente na mesa da cozinha, depois vou at ele.

1
Mirepoix o nome francs dado mistura de cebola, aipo e cenouras cortadinhos, base de muitos caldos, sopas, ensopados e molhos. Tambm
conhecido como a "trindade sagrada" da culinria francesa, pode ser dourado na manteiga, assado, ou cru.
Fonte: http://receitasdalud.blogspot.com/2008/02/mirepoix.html

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Eu me envolvo ao lado dele, que acomoda seu brao fortemente em volta dos meus ombros,
me puxando mais perto. Ele pressiona seus lbios contra meu cabelo.
"Voc est cheirando a cebola." Ele comenta.
"Eu cortei duas delas. Quer dizer, eu as piquei.
"Legal. Est me dando vontade de comer anis de cebola.
"Talvez eu faa para voc antes deste curso acabar."
"Essa minha garota." Ele olha para mim. "Como foi?"
"Tudo bem, eu acho. Percebi o quanto no sei sobre cozinhar.
"Ento, por isso que voc est indo a aula, certo?"
Concordo com a cabea, pensando em meus colegas e as suas razes para querer aprender a
cozinhar. Penso em Tyler Wilkes, que j realizou muito.
Como? Por qu? Quais seus motivos para ter esse desejo? E por que algumas pessoas -
como a minha me, que teve um incio to promissor acabam com nada?
Ainda incomodada, eu me afasto de Dean e vou tomar um banho. Coloco a minha camisola.
Vou para a cama e tento me perder em um romance, mas as palavras nadam na frente dos meus
olhos.
A porta do quarto se abre. Dean se aproxima de mim e passa sua mo em meu cabelo.
Algumas de minhas inquietaes se dissipam. Ele sabe.
Eu agarro a frente de sua camisa. "D-me um beijo, professor."
Ele desliza a mo ao redor da parte de trs do meu pescoo e abaixa a cabea. Sua boca
quente encontra a minha, que sempre acalmou minhas emoes espinhosas.
Uma onda de necessidade corre entre ns. Eu mudo, quando ele coloca as mos em cada
lado da minha face, inclinando os lbios de forma mais segura contra os meus. Nossas lnguas se
tocam, e eu sinto o pulso de urgncia me chamar para a vida em seu sangue.
Ele se afasta de mim e comea a desabotoar sua camisa. Minha frequncia cardaca
aumenta, quando o vejo tir-la, mostrando seu peito e ombros musculosos. Ele abaixa as mos
para o boto da cala jeans onde j existe uma protuberncia tentadora.
Ele empurra o jeans at a metade de seus quadris. Eu fico olhando para a linha de pelos
desenhados como uma seta de sua barriga definida at o cs da cueca. Ele sobe na cama. Ondas de
antecipao me atravessam. Meu livro cai no cho.
Eu fico de joelhos para encontr-lo e deslizo minhas mos no cs aberto de sua cala de
brim. Sua pele quente. Apenas passar meus dedos contra sua ereo suave envia uma carga
aquecida pelas minhas veias.
Ele pega em uma ponta da minha camisola. "Tira isso."
Eu no posso deixar de sorrir. s vezes, ele gosta do jeito que eu fico com a camisola longa,
branca como a neve (suspeito que o faa pensar em algo como uma donzela virgem medieval
usaria, embora o professor West nunca admitiria ter tal fantasia). Outras vezes ele reclama que a
roupa volumosa s atrapalha o caminho.

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Estou feliz por tirar tudo, j que estou comeando a ficar quente. Eu a deixo cair no cho ao
lado da cama e aperto meu corpo inteiro contra o dele. Ele abaixa a cabea para me beijar, quando
suas mos chegam para massagear meus seios. Ele tem um toque perfeito, os polegares circulando
meus mamilos duros, enquanto seus dedos deslizam para as fendas sob os globos pesados.
Fascas disparam atravs de meu corpo at o meu sexo. Eu gemo contra sua boca e luto para
empurrar seus jeans liberando-o para o resto do caminho. Ele ajuda, e ento ns dois estamos nus
e seu pau est empurrando contra a minha barriga, quando suas mos deslizam entre minhas
coxas.
O fervilhar de tenso torna-se uma plena ebulio. Eu comeo a contorcer-me contra sua
mo, e em seguida eu no estou pensando em outra coisa, alm de seu toque e a antecipao de sua
dureza me enchendo.
Eu agarro seu pau e o acaricio, emocionada com a sensao dele pulsando sob minha mo,
por seu gemido de prazer. Ele empurra em minha mo. Eu deslizo meu polegar sobre a parte
saliente e dura de seu pau, e sinto o seu prprio desejo se desencadeando. Desse jeito, poderamos
apenas nos acariciar, mas, em seguida, Dean me deita de costas e pe as mos em ambos os lados
da minha cabea.
Eu sei o que ele quer, e eu estou contente. Eu amo a posio papai e mame. Eu adoro
assistir o rosto de Dean quando ele me fode, os msculos mudando sob a pele esticada. E eu amo
assistir ao meu prprio corpo rolar sobre ele, meus seios se balanando no ritmo de suas
investidas. Seus olhos esto escuros, quase pretos. Sua respirao quente contra o meu pescoo.
Depois de colocar um preservativo, ele empurra o joelho entre as minhas coxas.
"Abra para mim, Liv."
Eu abro mais as minhas pernas, sentindo a cabea de seu pnis cutucar em mim.
Tremendo, puxo uma respirao afiada e agarro seus ombros. Ele move sua mo entre ns e se
posiciona, em seguida, empurra duro. Eu grito ciente de alguma emoo no identificvel
correndo atravs de mim ao lado da urgncia das sensaes.
Dean empurra as mos sob minhas coxas midas, me excitando mais, quando seu
bombeamento cresce mais profundo, mais forte. delicioso, esta caricia pesada, a plenitude
disparando em meu sangue. Eu mudo de posio e me contoro, combinando seus golpes com o
meu melhor, quando o prazer comea a ser consumido.
O suor escorre pelo meu pescoo, entre os meus seios. Isso exatamente o que eu preciso
essa sensao de ser tomada, dominada pelo calor crepitante de nossa unio. Eu levanto as minhas
pernas, meus joelhos, abraando os quadris de Dean, e aprofundo as sensaes.
A tenso aumenta ao ponto de uma ruptura. Estrelas explodem. Eu choro de novo, cavando
minhas unhas em suas costas quando o arrebatamento derrama em minhas veias. Antes das
vibraes lentas, eu agarro seu bceps.
"Mais duro." Sussurro, querendo que isso dure para sempre. "Foda-me mais..."
Ele mergulha profundo, to profundo que meu corpo empurrado com o impacto, e ento
ele desliza para fora e faz isso de novo. Mal posso acreditar, mas eu ainda estou convulsionando em

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torno dele, e ento sua boca desce na minha, aberta, molhada, quente. Eu o aperto mais quando ele
atinge o clmax e cai do outro lado.
Quando ele desacelera para uma parada, ele cai para o lado e me leva com ele, por isso estou
meio deitada em cima dele. Eu pressiono minha mo em seu peito e sinto o forte ritmo de seus
batimentos cardacos. Ficamos em silncio por um tempo. O aperto no meu corpo se soltou, mas
eu ainda posso sentir o farfalhar de inquietao, a ansiedade evocada pelas sombras do passado.
Eu seco minha testa mida e aconchego-me mais perto de Dean. "Eu nem sequer te
perguntei sobre o seu dia.
Ele envolve uma mecha do meu cabelo em torno de seu dedo. "Negcios e universidade
como sempre."
"O semestre est indo bem?"
"To longe, to bom. Tenho um artigo de jornal para editar sobre alimentos servidos em
festas anglo-saxs.
"Como enguia cozida e torta de cherivia?"
Ele me d um olhar perplexo. Eu sorrio.
"Lembra-se da primeira vez que eu fui para a sua casa jantar?" Eu pergunto. "Voc me disse
que ns teramos comida medieval, e por um segundo eu posso ter acreditado em voc. Mas voc
realmente chegou com um manicotti de um restaurante italiano.
"Eu fiz?"
"Voc no se lembra?"
"Eu s me lembro de tentar no olhar muito para voc."
"Eu gostei quando voc olhou para mim." Eu esfrego meu rosto em seu ombro. "Eu ainda
gosto."
"Mesmo que eu tenha lhe oferecido manicotti em nosso segundo encontro?"
"O melhor manicotti que j comi." E penso sobre todas as coisas relacionadas com os
alimentos que Tyler Wilkes falou anteriormente nesta noite. "Voc sabe, at o final desta aula de
culinria, supe-se que serei capaz de fazer um cardpio inteiro de clssicos da cozinha francesa.
"Voc vai." Dean acaricia meu quadril. "Aprender alguma coisa um processo, certo? Julia
Child no nasceu sabendo como fazer coq au vin.
Eu dou uma risada abafada. "Eu nem sei o que ."
"Frango cozido em vinho tinto. Voc nunca comeu coq au vin?
Eu balancei minha cabea.
"Aquele restaurante francs em cima do Dandelion deve t-lo em seu cardpio." Diz Dean.
"Eu vou te levar l para jantar neste fim de semana. Voc poder se inspirar.
"Obrigada, mas eu estou trabalhando na livraria nas noites de sexta-feira e sbado."
Ele franze a testa. "Noites?"
"Allie vai manter a loja aberta at meia-noite nos fins de semana." Explico. "Ela quer pegar
o fim das sesses do cinema e os que saem do teatro.
"Voc vai ficar l at meia-noite?" Dean balana a cabea. "De jeito nenhum."

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Agora eu franzo a testa. "O que quer dizer, com de jeito nenhum? Allie vai estar l tambm.
"No seguro."
" no meio do centro da cidade! Muitas pessoas saem na sexta-feira e sbado noite.
"Eu no gosto disso, Liv."
"Eu no posso deixar Allie trabalhar sozinha, Dean." Eu tento manter o meu tom de voz
razovel. "Mas ela vai ter que ir, porque j anunciou o horrio estendido. E eu sou sua nica
empregada. Seu namorado vai ajudar algumas vezes, mas ele trabalha em um hotel e no pode
estar l todos os fins de semana. Alm disso, esta uma das razes que Allie me contratou.
"Por que voc no me contou sobre isso antes?" Dean pergunta bruscamente.
"Eu no achei que fosse um problema."
"Eu no teria deixado voc assumir o cargo, se eu soubesse."
Eu fico olhando para ele. "Voc no teria que me deixado?"
Ele suspira. "Eu no quis dizer isso."
"Sim, eu sei o que voc quis dizer." Uma irritao passa pela minha espinha, e me afasto
dele.
"Voc toma as decises, certo? Eu apenas deveria aceit-las.
"Isso no verdade, Liv, e voc sabe disso."
"Voc no se lembra que disse que me apoiaria em tudo o que eu quisesse fazer?"
" claro que eu me lembro."
"Bem, eu quero fazer isso." Persisto. "Tenho uma agenda que pretendo honrar. Olhe, eu no
gosto quando voc trabalha at tarde ou quando voc viaja, mas eu no reclamo ou tento par-lo.
Sua boca aperta, mas ele no pode refutar a minha afirmao. "Haver um guarda de
segurana?"
"Allie dificilmente pode se dar ao luxo de me pagar, Dean. Ela certamente no pode pagar
um guarda de segurana." Eu deixo transparecer o meu aborrecimento e estico minha mo para
alcanar seu peito. "H pelo menos quatro restaurantes na mesma rua, um cinema no final do
bloco, e tem aquela loja de incenso, que deve estar aberta at uma. seguro.
Ele ainda estar franzindo a testa. Eu enrolo meus dedos contra seu peito. Tudo o que no
precisamos outra coisa que nos deixe frustrados com o outro.
"Allie precisa da ajuda extra, e eu gosto muito dela." Digo. "Eu realmente quero esse
trabalho."
Ele deixa escapar o flego como em uma corrida difcil. "Tudo bem, mas mantenha seu
celular com voc."
Meus ombros endurecem. "Eu no estava pedindo sua permisso."
"Bom, porque eu no estava dando."
O ar entre ns vibra com uma tenso desagradvel. Eu pego o meu robe e vou para a sala de
estar, pensar com minha prpria companhia, que agora prefervel do que com a dele.


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Kelsey sabe que as coisas ainda esto tensas entre mim e Dean. Na noite de domingo, ela
vir para me fazer companhia, depois que Dean sair para jogar futebol com alguns amigos.
"Voc quer falar sobre isso?" Ela se instala ao meu lado no sof e com uma tigela de pipoca.
Pego a tigela e olho de soslaio para ela. "Ele te disse alguma coisa?"
"Na noite do banquete, ele disse que vocs estavam tendo uma fase difcil." Ela enche um
copo de vinho e toma um gole. "Isso o que ele disse. Fase difcil. Como ele estava falando sobre
barba por fazer, ele se esqueceu de fazer a barba."
Eu sorrio, mas meu corao encolhe um pouco. Mesmo Dean tinha que ser um idiota para
no perceber que estamos desconectados, di saber que ele disse a Kelsey, enquanto ele e eu ainda
no tnhamos falado sobre nada.
Kelsey enche um segundo copo de vinho e empurra na minha direo. Eu olho com tristeza
para a pipoca e pego alguns gros, pensando em como toda essa discrdia conjugal comeou.
"Quando Dean e eu estvamos namorando, eu lhe disse que no queria ter filhos."
Finalmente confesso.
"Ah." Kelsey arqueia a sobrancelha. Ela no parece surpresa. "Por que no?"
"Eu tive uma infncia difcil." Digo a ela. "Minha me era totalmente egosta e ruim em
maternidade. Nunca tive toda essa confiana de que poderia fazer melhor.
"E Dean sabe disso?"
"Sim. Ele tambm, estava bem com isso. No ter filhos.
"Ento, qual o problema?"
"Bem, recentemente eu estava... eu comecei a pensar sobre isso. Pensando que talvez eu
pudesse fazer melhor que a minha me.
"Parece bastante natural." Observa Kelsey. "Eu acho que a maioria das mulheres pensa
sobre maternidade em algum momento. Mas essa a razo pela qual voc e Dean esto passando
por um momento ruim?"
"Em parte." Admito. "S a ideia fez as coisas... ficarem confusas."
E mesmo que Dean e eu no tenhamos discutido isso por enquanto, o problema ainda est
l, pairando sobre ns como uma sombra.
"Ele no quer mesmo considerar isso agora." Eu digo.
"Se serve de consolo, eu acho que um monte de homens relutam em ter um beb no
comeo."
"No s isso." Eu esmigalho um gro de pipoca entre meus dedos. "Dean passou os
ltimos cinco anos, pensando que eu no queria ter filhos. Eu tambm passei os ltimos cinco anos
pensando isso. Eu no esperava exatamente que ele pulasse a bordo do trem, s porque eu poderia
ter mudado de ideia.
"Ento o que ?"

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que eu estou insegura sobre a f do meu prprio marido em mim. Em ns.
"Dean e eu sempre tivemos..." Minha respirao engasga um pouco. "Ns sempre fomos
capazes de falar sobre as coisas, no importa o quo horrvel. Ns comeamos isso juntos. Mas
isso... Eu quero dizer, um tema totalmente natural para um casal, mas com a gente... Eu no sei.
como se a prpria ideia criasse todo tipo de tenso e dvida. Como algo que ...
Errado.
Eu no posso nem dizer isso. Eu no consigo localizar a fonte de minha inquietao. mais
do que a relutncia de Dean em ter um beb, mais do que meus prprios medos de inadequao,
mas no tenho ideia do que .
Eu balano minha cabea e alcano o controle remoto. "No importa. Ns vamos trabalhar
nisso. Contei que a minha aula de culinria comeou na tera-feira?
Parecia que Kelsey queria falar mais, mas ela aceita a minha desistncia e se senta de volta
para assistir ao filme que ela trouxe.
Quando Dean chega em casa, suas roupas esto manchadas de lama, ele tem uma contuso
em sua bochecha, e ele cheira a frio e vento.
Eu gosto da aparncia atltica suja nele, e depois que Kelsey foi embora, decido segui-lo
para o chuveiro. Certamente, no a primeira vez que eu fao isso depois que ele volta para casa
suado e com a adrenalina acelerada.
Atravesso o quarto para a porta do banheiro fechada. Eu ouo o chuveiro ligado, e meu
corao acelera com o pensamento de gua e sabo deslizando sobre seu corpo nu.
Vai ficar tudo bem, eu digo a mim mesma. Ns nos amamos. Ns vamos conversar sobre
isso.
Mas a porta est trancada.














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18 de setembro
Estou aprendendo uma nova lngua, que inclui palavras como assar, refogar, e flambar.
Chef Tyler Wilkes discute maneiras diferentes de cozinhar legumes, estocar e cortar a carne, as
melhores formas de se usar as ervas, e os melhores utenslios para vrios pratos. Hoje estamos
fazendo molho holands e aprendendo ovos poch.
Eu bato mais um ovo contra a borda da tigela e quebro a casca. Segurando minha
respirao, quebro a casca e vejo o ovo se desmontar todo, misturando a clara e a gema e os
pedaos de casca.
Merda.
Dou uma olhada na estao de Charlotte. Seu ovo est todo claro e brilhante na taa,
esperando para se cozido. Seu molho holands tem um cheiro maravilhoso.
Duas vezes merda.
"Est tudo bem, Liv?"
Olho para Tyler, que parou do outro lado da minha estao. Eu limpo as minhas mos no
meu avental e suspiro.
"Sim. S no consigo quebrar um ovo para salvar a minha vida." Aponto para a lata de lixo,
que detm a evidncia de, pelo menos, quatro ovos dizimados.
"No tem problema." Diz Tyler. "H bastante ovo no mundo."
"O que no diminui o meu desperdcio." Murmuro.
"Olha." Ele contorna o balco para ficar ao meu lado e pega um ovo. "No quebre o ovo
contra a tigela. Coloque o sobre o balco at que haja um pequeno dente, ento o segure assim e
pressione seus polegares para puxar os lados separados.
Ele demonstra e deixa cair um ovo perfeitamente formado dentro da tigela. Ele acena com a
cabea para mim.
"Sua vez."

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Se foi frustrante antes, agora ainda mais com Tyler me assistindo. Eu quebro outro ovo
muito forte e cutuco o meu polegar direito na gema.
"Isso estpido." Murmuro, deixando cair o ovo no lixo. "Posso fazer ovos mexidos em vez
disso?
"Ovos poch com molho holands. Voc pode fazer isso, Liv." Ele pega outro ovo e o coloca
na minha mo. "Bata de leve."
Eu dou uma pancada leve no ovo contra o balco at que se quebra todo de novo. Tyler se
aproxima mais de mim e se estica como se fosse colocar suas mos sobre a minha. Em seguida, ele
faz uma pausa e olha para mim.
"Tudo bem?" Ele pergunta.
No seja idiota, Liv.
"Sim. Claro.
Suas mos se acomodam em torno das minhas, seus dedos pressionando contra meus
dedos.
"Devagar." Ele diz.
Ele empurra os polegares e guia minhas mos para separar o ovo quebrado. A casca quebra
delicadamente, a clara e a gema escorregam para fora completamente inteiras em outra tigela.
Nenhum dos pedaos se mistura.
"A." Tyler se afasta com um sorriso. "Guarde aquele para cozinhar. Voc se lembra de como
se separa os ovos para o molho?
Ele continua a me olhar, enquanto quebro outro ovo e tento separar a gema da clara.
Embora ele me deixe um pouco nervosa, agradeo a ele por me deixar fazer o trabalho atual.
Depois de algumas tentativas, tenho quatro gemas em uma tigela, e Tyler me guia novamente
atravs do processo de fazer o molho para que os ovos no embaralhem e a mistura no desande.
"Ok, voc est pronta para cozinhar agora." Diz ele, apontando para eu pegar o ovo na
tigela. "Conserve a gua apenas aquecida."
Eu abaixei o fogo do fogo, mexo em espiral a gua com uma colher do jeito que Tyler nos
mostrou, ento seguro o ovo em cima da panela. Olho para ele.
"O que voc acha?" Ele pergunta.
"Eu acho que ele est pronto."
"Seja gentil. Deslize-o lentamente.
Eu deslizo o ovo na panela. Ns dois espreitamos a mistura borbulhante de gua e vinagre,
enquanto eu uso uma colher para empurrar as claras sobre a gema.
"Est desmoronando." Eu aponto para os fios de clara quebrando o ovo.
"No, est tudo bem. Apenas apare aqueles depois de tir-lo. Cronometre isso com cuidado,
e decida quo firme voc quer a gema. No se esquea de usar uma escumadeira." Ele balana a
cabea. "Parece bom, Liv."
um pouco ridculo como estou satisfeita com o elogio.

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"Ovos poch com molho holands." Eu coloco o prato na frente de Dean e vejo como ele
examina a minha oferta.
Nos quatro dias desde que aprendi esta receita na aula de culinria, tentei faz-la duas vezes
em casa. Esta a minha terceira tentativa. O molho est muito fino e granulado, mas espero que
Dean no note.
"Parece bom." Ele comenta.
"Supostamente um clssico francs. Levei uma eternidade para aprender a quebrar um
ovo.
Ele leva uma mordida. Eu mastigo minha bochecha.
"Como est?" Pergunto. Eu mesma provei (experimente a sua comida sendo um dos Chefs
Tyler Wilkes, um mantra repetido muitas vezes), e pensei que estava tudo bem, mas esta a
primeira vez que Dean est provando qualquer coisa que eu fao. Na verdade, o primeiro prato
real que eu cozinhava para ele.
Ele tosse e pega seu caf. "Bom. Hum... salgado e muito limo...
"Eu adicionei mais suco de limo e creme para tentar corrigir o molho, ento salguei
novamente no fim." Eu pego minha colher e experimento. Minha lngua d uma pontada com o
gosto de excesso de sal e o azedo do limo. "Droga. Eu no devia ter feito isso. Desculpa.
"Est tudo bem. Est bom, Liv." Dean corajosamente pega a colher de novo, e eu o amo por
isso, mas eu chego antes para levar o prato para longe.
"Eu vou tentar novamente outra vez. Torradas e cereais chegando.
Dirijo-me para longe dele e jogo os ovos no lixo.

"Voc pode esperar por um sufl, mas um sufl nunca pode esperar por voc." Tyler
chicoteia ovos e creme em uma tigela, sua batida aumenta rapidamente at que eu espero para ver
as fascas voarem. "Voc deve controlar cuidadosamente cada elemento de seu preparo.
Meus colegas e eu o assistimos e tomamos notas ao mesmo tempo, um processo que temos
usado nas ltimas semanas. Enquanto eu no posso imaginar qualquer cenrio em que eu poderia
realmente querer servir um sufl, estou disposta a dar-lhe uma tentativa na sala de aula.
Comeamos nossas preparaes, mas logo fico para trs dos meus colegas, porque caem
casca nas minhas claras.
Ao meu lado, Charlotte leva suas claras com perfeio e logo tem sua travessa untada e
pronta para colocar no forno. Eu olho para o relgio e apresso um pouco, acrescento leite quente e
tempero as gemas. No momento em que coloco minha travessa cheia no forno, estou, pelo menos,
20 minutos atrs de todos os outros.

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Um por um, sufls decentes emergem do forno, o de Charlotte o mais perfeito, alto e
arredondado. Eu espero o meu cronmetro zerar para tirar, resistindo vontade para dar uma
olhadela no forno. Quando toca, pego o que parece ser uma panqueca, em vez de um sufl fofo.
"Todos se renem em volta, e vamos dar uma olhada no sufl de Liv." Chama Tyler.
Excelente.
Meus colegas vem para se embasbacar com o meu prato, e eu juro que Laura at cacareja
com sua lngua afinada.
"O que pode ter feito o sufl de Liv no dar certo?" Pergunta Tyler.
"Alguma coisa fez as bolhas estourarem." George responde. "Liv, voc abriu o forno
enquanto ele estava cozinhando?
Eu me sinto como se tivesse sendo acusada de roubar um biscoito do pote de biscoitos.
"Hum, no."
Todos os outros especulam.
"Talvez a temperatura do forno no estivesse estvel."
"Seus ovos brancos no foram batidos corretamente."
"Talvez ela tenha alguma gema nas claras."
"Hum." Tyler analisa meu sufl. "Eu me apegaria a ltima ideia, provavelmente, o que
aconteceu. Um pouco de gordura da gema pode desestabilizar a protena das claras.
"Vou me lembrar disso da prxima vez." Asseguro-lhe. "Sem misturar gema nas claras."
Todos os meus colegas riem em conjunto e Charlotte d um tapinha no meu ombro, quando
seguem de volta aos seus postos. Tyler ainda est olhando para o meu sufl, e ento ele d de
ombros.
"Sufls ainda podem ser saborosos mesmo que desandem." Diz ele. "Eles s perdem o fator
da atrao."
"O gosto no mais importante do que a atrao?" Eu pergunto.
"Sim, mas todo mundo gosta de se empolgar de vez em quando." Ele faz uma pausa e pega
dois garfos. " como ganhar um presente em um saco de supermercado ou um embrulhado em
papel bonito e fitas. o mesmo presente, mas o com as fitas muito mais agradvel. E voc sabe
que a pessoa que deu a voc colocou tempo, esforo e pensamento para agradar voc.
Isso faz bastante sentido.
"Cozinhar do mesmo jeito." Diz Tyler. "Agrada a quem voc est servindo por fazer isso
certo."
Ele pega um garfo. Ns cortamos pedaos do meu sufl e experimentamos. pesado, mas o
gosto est bom.
"No est ruim, hein, chef?" Eu pergunto.
"Se fosse um sufl de chocolate, voc poderia servi-lo e cham-lo de um bolo derretido." Diz
ele. "Nada mal, Liv.
Eu no posso deixar de sorrir. Ele d outra mordida e acena.

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"Em breve." Tyler continua. "Eu quero que voc faa outro sufl, porque voc precisa saber
como vai fazer se sentir bem, ao fazer um que tenha ambos: bom gosto e aparncias." Ele aponta o
garfo para mim. "E antes que este curso acabe, voc vai saber que voc pode cozinhar.
Eu ainda no tenho certeza sobre isso, mas aprecio sua f em mim e confiana em si
mesmo. Embrulho o resto do sufl e comeo a limpar a minha estao.
Meus colegas saem quando estou terminando, ento Tyler se aproxima e se oferece para me
acompanhar at meu carro. Uma vez que passou das nove horas, e a cozinha gastronmica est
fechada, concordo.
"Espero que no tenha voc envergonhado com o sufl." Ele comenta. "Eu s acho que ns
podemos aprender um com o outro.
"Voc no me envergonhou." Eu olho para ele. "Mas no parece que voc precise aprender
mais nada sobre culinria.
Ele encolhe os ombros. "Eu acho que voc nunca para de aprender. No importa o que voc
faa.
Soa como algo que o professor West diria.
"Como voc comeou a ser um chef?" Eu pergunto.
"Meus pais tinham um restaurante em Ohio, ento cresci em uma cozinha. Sua exceo era
um jantar, e meu pai disse que queria me fazer melhor do que isso. Ento, fui para escola de
culinria para saber mais sobre restaurantes, em seguida, abri um lugar em Cleveland antes de me
mudar para Forest Grove.
"Por que voc se mudou para Forest Grove?"
"Fui atrs de uma garota." Ele me lana um sorriso meio envergonhado. "No deu certo."
"Bem, voc acabou com um restaurante de sucesso."
"Verdade. J foi a Julienne?
Eu balancei minha cabea. "Esse era o nome da menina?"
Ele d uma gargalhada. "O nome dela era Emily. Voc se lembra que ns aprendemos corte
a Julienne naquela primeira semana? um estilo de corte dos alimentos em tiras finas. Tambm
chamado de palitos de fsforo.
"Ah, sim. Ei, voc deve chamar seu prximo restaurante de Corte. Ento voc poderia
comear uma srie de outros: Picado, Cubos, Talhado, Fatia.
"Na verdade..." Ele ri. "No uma ideia horrvel. Quer ser minha scia?
"No. Eu gosto muito de comer, para querer saber tudo o que acontece nos bastidores.
"Voc deve vir ao Julienne um dia e verificar isso." Diz ele. "Farei para voc todas as minhas
especialidades. Fil mignon ou atum grelhado, vieiras assadas, torta de morango. Voc vai
apreciar.
"Eu vou. Tenho certeza de que meu marido tambm.
Eu no sei por que disse isso. Uso um anel de casamento, que tenho certeza que Tyler j viu,
considerando o nmero de vezes que ele olhou para as minhas mos, enquanto eu picava e cortava
os cubos e a mostrava.

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Paramos ao lado do meu carro. Ele sorri novamente. luz dos postes, seu sorriso ainda
branco e reluzente. Ele est perto o suficiente para que eu possa sentir os aromas de parmeso e
cebolinha exalando de sua jaqueta de chef.
"H quanto tempo vocs esto casados?" Ele pergunta.
"Trs anos." Eu abri o porta-malas para que pudesse colocar minhas coisas l dentro.
"Juntos h cinco."
"Hum." Ele coloca o recipiente do meu sufl embalado na mala. "Acho que isso funcionou
para voc, hein?
"Eu acho que sim."
Acho que sim? Que tipo de resposta essa?
Jogo a minha mochila no banco de trs. "Bem, sim. Claro que funcionou. Estamos muito
felizes."
"Bom para voc." Ele fecha a mala e coloca as mos em cima dela, enquanto olha para mim.
" Hoje em dia, muitas pessoas no so felizes no casamento."
"Dean e eu somos."
Porque pareo estar na defensiva?
Eu abro a porta do lado do motorista. "Obrigada por me trazer aqui, Tyler. At a prxima
semana."
"Claro, Liv. Tchau.
Quando eu olho no espelho retrovisor, enquanto dirijo, vejo-o parado ali, me observando.

Pensamentos de minha infncia me aparecem em flashes, como cartas de baralho. Eu tento
no pensar nisso, especialmente as lembranas da minha me. Esta noite, porm, eu tenho um
sonho com um menino que eu conhecia.
Minha me e eu passamos o vero em uma comunidade litornea na Carolina do Norte. Ela
ficou com um homem que ela conheceu em um posto de gasolina, e foi, supostamente, limpar sua
casa em troca de casa e comida.
Desta vez, pelo menos, tivemos a nossa prpria casa, uma vez que o cara nos deixou ficar
em um quarto acima da sua garagem. Era pequeno e quente, mas havia uma quitinete com um
frigorfico. E se voc esticasse o pescoo para olhar pela janela, podia ver uma faixa plida do
oceano distncia.
O homem, cujo nome no me lembro, tinha um filho poucos meses mais velho que eu
Trevor Hart. Ns teramos sido da mesma turma se a escola estivesse em aula, mas como era vero,
no tnhamos nada para fazer. Ele era magro, cabelos claros de criana com olhos azuis, sardas, e
tinha uma determinao absoluta em tentar ser meu amigo.
Naquela poca eu tinha nove anos, aprendi a manter distncia das pessoas, a no fazer
amizade muito rpido, porque as chances eram grandes de nos mudarmos novamente em breve.

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Mas Trevor e seu entusiasmo sem limites eram difceis de resistir. Alm disso, eu no tinha
ningum, exceto minha me. E quando eu estava com ela, tudo tinha que ser do jeito dela.
Para fugir daquilo por um tempo, cautelosamente comecei a sair com Trevor. Na segunda
semana que estvamos l, ele tirou uma de suas velhas bicicletas de um galpo e me pediu para ir
com ele para a praia.
"Eu no sei andar de bicicleta." Disse, olhando desconfiada para as duas rodas enferrujadas.
"Ah." Ele coou a cabea. "Acho que melhor voc aprender."
Todos os dias durante uma semana, o garoto segurou a bicicleta, enquanto eu cambaleava
para l e para c, tentando aprender como equilibrar. Toda vez que eu caa, ele pegava a bicicleta e
perguntava se eu estava bem. Cada vez que eu pedalava, ele aplaudia.
E quando, finalmente, consegui andar na bicicleta ao longo de uma rua inteira, ele correu ao
meu lado por todo o caminho, gritando: " isso a, Liv! Voc est andando de bicicleta! Voc est
fazendo isso!
Ns ficamos inseparveis pelo resto do vero. Passamos a maior parte do nosso tempo
andando de bicicleta at a praia onde brincvamos, tomvamos sorvete, e nadvamos no oceano.
Trevor Hart tinha planos. Ele queria ser um bombeiro, um paleontlogo, um policial, um
trabalhador da construo civil, um entregador. Ele queria pular de paraquedas, ir para a ndia,
pilotar um avio, nadar com tubares, escalar o Monte Everest.
Ele foi a primeira pessoa que me perguntou o que eu queria ser quando crescesse.
"Eu no sei." Respondi com sinceridade.
"Voc tem que ser alguma coisa." Disse ele, lambendo uma gota derretida do seu sorvete de
casquinha.
"Que tal uma paraquedista?"
"Eu acho que no gostaria."
"Eu vi um programa sobre a faculdade de circo, onde as pessoas vo aprender a ser
trapezista e ficar em p e outras coisas. Voc poderia fazer isso.
Eu tinha certeza que no podia, mas adorei que ele pensasse que eu podia.
"Talvez eu pudesse ser uma palhaa." Sugeri, pois realmente soou divertido.
"Sim!" Seus olhos brilharam com entusiasmo. "Isso seria totalmente incrvel. Voc poderia
ter cabelo cor-de-rosa e uma unidade desses pequenos carros. Voc seria tima para isso.
"Voc acha?" Eu sorri, satisfeita. "Obrigada."
"No entanto, voc tem que me dizer quando sero os shows." Ele disse, "Porque nunca se
sabe, eu poderia estar no acampamento na base do Everest ou algo assim.
Eu tinha poucas dvidas de que ele estaria.
"Vamos l." Ele jogou sua casquinha em uma lata de lixo e voltamos para as nossas
bicicletas.
"Vamos para a casa de diverso na beira da praia e voc pode praticar."

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Minha me e eu deixamos a cidade no final de agosto, assim como Trevor estava se
preparando para voltar para a escola. Ns dissemos que amos escrever um ao outro, e por alguns
meses depois disso, eu escrevi.
Mas claro que minha me e eu estvamos sempre de mudana, ento logo as cartas de
resposta que Trevor enviou se perderam em algum lugar na estrada atrs de ns.
O sonho que eu tenho agora sobre Trevor Hart uma montagem de lembranas: seu sorriso
banguela, sua torcida por mim, sua crena no meu futuro.
E quando acordo, eu me pergunto o que aconteceu com o menino que tinha sido o meu
melhor amigo por apenas um vero. Enquanto eu ficava ali olhando para o padro de luz solar no
teto, pensava se Trevor poderia ter se tornado o tipo de homem que Tyler Wilkes .
O pensamento me deixa surpreendentemente feliz.















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05 de outubro

Algumas concluses?" Kelsey puxa os culos escuros de sua bolsa e os coloca, enquanto
andamos na Rua Avalon.
No me incomodo em fingir que no sei sobre o que ela est falando. "No. Ainda estamos
em crise. No estou lidando com a coisa toda muito bem."
"Como est o Dean?"
"Bem. Ocupado. Pelo menos ele tem coisas importantes para fazer."
Chuto uma pedra solta e estou mal-humorada. As coisas entre mim e Dean no esto ruins,
mas tambm no esto timas. Ele est ocupado com o trabalho, eu fico ocupada com o Museu
Histrico, a livraria, e a aula de culinria. Temos sexo de vez em quando, mas ainda no tantas
vezes, como costumvamos fazer.
"E como est a aula de culinria?" Kelsey pergunta.
"Tudo bem. No sou muito boa nisso, mas eu acho divertida."
"Senhor Deus." Kelsey para no meio da calada. "Que tipo de Debbie Downer voc est se
tornando?"
Eu pisco. "O qu?"
"Voc est se ouvindo?" Sua voz ganha uma nota de lamento. "Eu no sou boa nisso, eu no
fao nada importante, eu estraguei tudo. O que est acontecendo? As coisas com voc e Dean no
esto l muito boas, mas isso no significa que voc tem que se auto flagelar."
Fico l olhando para ela. Kelsey tira os culos e olha duro para mim.
"No deixe a relutncia de Dean sobre um beb fazer isso com voc." Ela espalha seus
braos como se para abranger toda a minha autocrtica. "Ento, o que acontece se voc realmente
tivesse um beb, Liv? isso o que voc quer ensinar a uma criana? Quando as fichas esto na
mesa, voc culpa a si mesma e se lamenta sobre quo ruim voc em tudo?"

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Bom Deus. Ela est certa. Eu s no gosto do ponto em que as coisas chegaram comigo e
com Dean, e eu no estou tambm to louca por mim mesma agora.
"Bem?" Kelsey exige. " isso que voc quer?"
"No. De jeito nenhum." Franzo a testa para ela. No sou assim. verdade que ainda estou
em busca de algo, mas Deus sabe que batalhei o meu caminho atravs da escurido antes. Sei que
consigo tirar foras de algum lugar para desfazer essa baguna com o meu marido.
Dean e eu, ambos temos.
"E da?" Kelsey balana seus braos ao redor novamente. "O que voc vai fazer?"
"Eu ainda no sei." Admito, mas h um tom muito real, determinado na minha voz. "Eu vou
pensar em alguma coisa."
Ela d um passo para trs e acena. "Bem. Acho que um comeo." Ela me cutuca no peito
com seu dedo indicador. "E nunca mais quero ouvir essa porcaria de lamentao de eu sou um
pedao de merda, de voc, nunca mais."
"Sim, senhora. Amo voc."
Ela inspira e coloca os culos escuros novamente. "No se atreva a me abraar aqui no meio
da calada. Vamos. Voc vai me comprar um milkshake."
medida que continuamos andando, no resisti e passo um brao em volta dos seus
ombros e lhe dou um aperto rpido. Ela bufa, mas retorna o gesto antes de entrarmos na
sorveteria.
Depois de algum debate, concordamos que cada uma de ns precisa de um milkshake.
Fazemos o pedido e sentamos em uma mesa perto da janela. Ela me diverte por resmungar sobre
seus colegas professores e os estudantes de graduao. Digo a ela que precisa transar, e ela
concorda, enquanto examinamos a Avalon Street procura de um candidato em potencial.
"Ei, voc e Professor Marvel so bons um para o outro." Kelsey aperta meu ombro enquanto
nos separamos fora da sorveteria. "E voc seja boa para si mesma, ok?"
"Prometo." Eu a submeto a outro abrao antes de irmos em direes opostas.
No sinto vontade de cozinhar qualquer coisa hoje noite. Ento, paro em uma lanchonete
na Ruby Street para pegar uma das nossas refeies de rotina: frango assado, feijo verde e salada
de macarro. Como ainda est claro, pego um atalho atravs dos estacionamentos atrs dos
edifcios.
No instante em que viro a esquina, sinto algum atrs de mim. Minha frequncia cardaca
acelera, e me esforo para puxar o flego, aumentando o meu ritmo.
"Sra. West?" Chama uma voz de mulher.
Eu paro e viro. Uma jovem se aproxima de mim com uma mochila pendurada no ombro. Eu
respiro profundamente e meu pulso comea a diminuir. Quando a mulher se aproxima, reconheo
suas caractersticas e seu cabelo loiro encaracolado.
Porcaria. Eu foro um sorriso.
"Oi, Maggie."

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"Sra. West." Maggie para em minha frente, sua respirao ainda est rpida. Ela olha para
trs de mim, um olhar rpido, furtivo. "Desculpe, eu vi voc vindo para c."
"No tem problema."
" ... hum, o professor West est com voc?"
"No." Um sensao estranha passa em meu peito. "Voc deveria se encontrar com ele ou
alguma coisa?
"No." Ela muda seu peso para o p esquerdo, seus olhos observando de um lado para o
outro, e para trs novamente. "S para saber."
"Est tudo bem?" Eu pergunto.
Ela olha para trs novamente. Seu lbio inferior treme. Lgrimas inundam seus olhos.
Ah, no.
"O que h de errado?" Largo minha bolsa e me aproximo dela, minha inquietao
profunda. Eu sei que isto tem a ver com o meu marido.
"Ele no vai aprovar a minha proposta de tese." Maggie esfrega as costas de sua mo pelos
seus olhos. "Eu disse a ele que meu pai vai pirar se eu no for aprovada ainda neste semestre,
porque ele est esperando me colocar na faculdade de direito na primavera."
"A faculdade de Direito?"
"Meu pai scio de uma firma de advocacia e quer que eu siga seus passos." Ela pega um
tecido em sua mochila. "Tenho que comear um mestrado para entrar na escola de direito, porque
minhas notas foram ruins. Ento, meu pai concordou em deixar eu me formar em histria, porque
prometi que levaria apenas dois anos.
"Eu j deveria ter concludo, mas tirei um ano de folga depois que o professor Butler se
aposentou. Ento, quando reingressei no programa, tive que mudar para o professor West. Agora,
est sendo osso duro de roer."
Ela enxuga os olhos. "Meu pai ameaou me deserdar, se eu no terminar at o final do ano,
uma vez eu j estive na faculdade por trs anos. Mas no posso mesmo comear at que o professor
West aprove minha proposta de tese!"
Eu no tenho nenhuma ideia do que dizer. Nada disso problema meu. Eu no tenho o
direito de defender Dean, porque no sei o motivo pelo qual ele no vai aprovar a sua proposta. Sei
que ele tem uma boa razo para sua deciso, mas no minha funo explicar isso para Maggie
Hamilton.
"Voc quer ir para a faculdade de direito?" Eu finalmente pergunto.
Ela solta um suspiro. "No sei. Mas o meu pai est financiando a minha educao e, claro,
isso o que ele quer. E ele tem um emprego esperando por mim em sua empresa. Como fao para
me desligar dessa situao? E se eu desisto, ele me deserda, agora, ento... A menos que..."
Apesar de eu achar que difcil simpatizar com uma garota que, obviamente, tinha uma
grande oportunidade entregue a ela em uma bandeja de prata, eu sinto muito que ela esteja to
chateada.
"Isso soa injusto." Digo bem ciente do tom vazio de minhas palavras.

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"Sim, bem." Maggie me olha furtivamente outra vez e coloca sua mochila sobre seu ombro.
"Eu vou visitar meus pais na prxima semana, e quero dizer ao meu pai que est tudo conforme
programamos. Talvez... talvez voc pudesse falar com professor West por mim?"
"No, eu sinto muito. No posso."
"Por favor, senhora West? Eu poderia realmente ajud-la em alguma coisa, voc sabe, de
mulher para mulher?"
"Sinto muito." Eu repito, com mais firmeza neste momento. "No interfiro no trabalho do
meu marido. No correto, para mim, conversar com ele sobre uma proposta que no sei nada a
respeito."
Novas lgrimas caem pelo seu rosto sardento. "Talvez se voc explicar sobre o meu pai e
o..."
"Maggie, realmente no posso ajud-la. Meu marido um homem sensato, que tem sempre
estado disposto a encontrar solues com seus alunos. Tenho certeza que se voc falar com ele, ele
ir..."
"Ele vai me dizer para rever a maldita pesquisa, como ele sempre faz. E ainda tem o fato de
que no sei italiano bem o suficiente para ler todos os jornais que ele me deu. Ele no consegue
entender que eu tambm tenho que comear a estudar para a LSAT."
"Parece que voc est tentando fazer muitas coisas aos mesmo tempo."
Eu no tenho escolha, Sra. West! Eu poderia ter comeado a escrever no vero se o
professor West apenas tivesse assinado a proposta. Por favor, voc vai falar com ele?"
"Eu sinto muito."
Sua boca endurece em uma linha. Ela traa a mo pelos olhos e tenta suprimir um soluo.
"Maggie, se voc quiser dizer ao meu marido o que me disse..."
"Eu disse a ele. Ele s se preocupa com as suas estudantes estrelas como Sam e Jessica."
"Ele se preocupa com todos os seus alunos."
"Sim, certo." Sua voz amarga. "Talvez ele se preocupe muito com alguns deles."
O tom de sua observao me corta. Eu dou um passo para trs, meu quadril bate no para-
choque do carro atrs de mim. "O qu?"
Ela coloca a mochila sobre o ombro. "Claro que o seu marido est disposto a trabalhar com
estudantes, Sra. West. Estudantes, especialmente do sexo feminino, assim como seu antecessor.
Talvez ele esteja sendo to duro comigo porque ele espera mais do que uma proposta de tese."
Ela gira nos calcanhares e pisa forte de volta para a rua. Parte de meu crebro grita para
segui-la e exigir uma explicao, mas eu s consigo ficar l olhando para ela. Eu no posso sequer
formar um pensamento coerente.
Ela estava... ela est falando... eu entendi que ...?
Minha respirao est ficando muito rpida novamente. Eu pressiono a mo no meu peito e
conto em minha cabea, prendo o flego e o deixo escapar lentamente. Novamente. Depois de
alguns minutos, meu corao se estabiliza, mas minha mente est girando.

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Eu pego minha sacola de supermercado e vou para casa. Quando abro a porta da frente,
ouo o som do chuveiro ligado. Eu desempacoto os mantimentos e vou para o quarto. Dean deixou
suas roupas de futebol com lama no cho. Eu as despejo no cesto de roupa suja e olho para o
banheiro.
H um n no meu estmago. Engulo em seco e vou at l para abrir a porta do banheiro um
pouco mais. Ondas perfumadas de vapor atravessam o banheiro, e embaam o espelho e a porta do
chuveiro. Atrs do vidro, vejo o contorno do corpo forte de Dean, e meu corao bate.
Dou outro passo e paro. Suas mos se movem quando ele ensaboa seu peito, e eu imagino a
espuma molhada deslizando sobre os msculos lisos, traando todos os cumes com meus dedos...
ento sua mo desliza para baixo, para sua virilha. Meu olhar segue.
Mesmo atravs do vidro embaado, eu posso ver que ele est duro. Uma luxria inesperada
me sacode com a evidncia de sua prontido. Antes que eu possa recuar, ele curva a mo ao redor
de seu pnis e comea a se acariciar.
Meus joelhos enfraquecem. Eu agarro a toalha. Eu o vi se masturbar, claro, mas nunca
assim, nunca sem ele saber que eu estava l. Os movimentos so fceis e fluidos, a seu corpo
balana um pouco quando ele empurra para o ritmo de seu punho.
Eu chupo uma respirao, parte de mim pensando que eu deveria deix-lo em privacidade e
outra parte hipnotizada pela viso de um ato to ntimo. Ele aperta uma mo contra a parede de
azulejo enquanto a outra trabalha sua ereo mais rpido. Um calor floresce por todo meu corpo.
Pressiono minhas pernas juntas quando comeo a pulsar em resposta.
Quantas vezes ele faz isso?
O que, ou melhor, em quem, ele est pensando?
O pensamento amortece um pouco minha prpria excitao. Continuo a olhar para ele, para
o comprimento de seu pnis, o rpido aumento dos movimentos de sua mo. Sua cabea cai para
trs, a gua quente batendo sobre sua pele, enquanto seu corpo se arqueia com a liberao. Seus
gemidos brutos se misturam ao vapor. Eu queria poder sentir suas vibraes contra a minha pele.
Ele ainda est pressionando a mo contra a parede, com a cabea abaixada e seu peito
arfante.
Saio do banheiro, fecho a porta, e volto para a sala de estar. Estou respirando mais rpido.
Enquanto caminho, minha mente se enche com as imagens que tanto me despertaram e
desanimaram... Dean pensar em outra mulher nua, fantasiar sobre transar com ela... sua aluna de
ps-graduao com seu sorriso bonito e corpo tonificado.
A porta do quarto clica mostrando que foi aberta. Minha respirao fica em minha garganta.
Ele est vestindo apenas sua boxer, a pele ainda mida, os braos erguidos enquanto ele esfrega o
seu cabelo molhado com uma toalha.
Quando ele abaixa, ele me v de p ali.
Minha boca est seca, embora eu no saiba se por medo ou por meu prprio desejo
frustrado.
Infelizmente, eu suspeito que o primeiro.

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Dean faz um giro com a toalha ao redor de sua nuca. "Voc est bem?"
Eu toro minhas mos. "Eu no... no. No, realmente."
Ele espera. Ele sabe que eu vou dizer a ele, eventualmente, mas isso leva um minuto para
angariar minha coragem.
"Voc... hum, faz isso com frequncia?" Fao um gesto para o quarto.
Ele libera um pouco. "No muitas vezes. No, se voc est aqui."
"Ento, por que agora?"
"Eu no sabia que voc estava em casa."
Eu cruzo meus braos. Meus mamilos ainda esto duros. Eu tenho que saber. "Voc estava
pensando nela?"
"Quem?"
"A estudante de graduao." Eu no posso dizer o nome dela.
Dean franze o cenho. "Minha aluna... Jessica?"
"No." Eu tento manter minha voz calma. "Maggie."
"Maggie?" Ele parece atordoado. "Voc pensou que eu estava pensando nela?"
"Voc estava?"
"Claro que no. Por que voc acha isso?"
"Eu a vi hoje. No estacionamento atrs da delicatessen."
Ele no diz nada, mais uma vez espera de mais.
"Ela ... hum, a primeira vez que a encontrei, eu suspeitei que ela sentisse alguma coisa por
voc."
"Por qu?"
"Eu posso dizer. Eu no sou cega." Nem Maggie Hamilton . Ou qualquer outra mulher,
quando se trata do professor Dean West.
"Liv." Ele puxa a toalha do seu pescoo e a joga no sof. "Eu estaria mentindo se eu dissesse
que s vezes outras mulheres... at mesmo as alunas de ps-graduao... no chegaram em mim.
Mas voc acha que eu correspondo? Voc acha que eu alguma vez as deixaria cruzar a linha? Voc
acha que eu faria isso?"
Eu no gosto da virada desta conversa, como se eu fosse culpada por ter dvidas. Na parte
mais profunda do meu corao, eu sei que ele honrado e leal em sua essncia.
Ao mesmo tempo, h muita coisa que eu no sei agora. E todos os dias eu tenho a sensao
inquietante de que o abismo do "no sabe" est ficando cada vez maior.
"Maggie Hamilton deu a entender que voc tentou algo com ela." Digo a ele.
Dean olha para mim. "O qu?"
"Isso o que ela disse." Engulo o caroo na minha garganta, o ressurgimento de
inquietao.
"Ela est chateada que voc no vai aprovar a sua proposta de tese, e ento ela disse que
talvez voc esteja esperando mais dela."

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"Que porra..." Dean caminha em minha direo, com os ombros enrijecidos. "Eu no vou
aprovar sua tese, porque sua pesquisa e metodologia esto incompletas! Eu disse isso a ela. Contei
isso a voc. Eu no vou colocar o meu nome por trs de um aluno que produz um trabalho ruim. E
ela no aceita minhas sugestes ou encontra outro tpico, ento estamos em um impasse."
"Por que ela no mudou de instrutor?"
"Porque ela diz que isso a faria retroceder, uma vez que ela j comeou com o professor
anterior, e depois passou um ano fora. Ela ainda acha que pode ganhar o seu mestrado at o final
do ano, mesmo que ela no tenha comeado a escrever sua tese. Muito menos feito qualquer
pesquisa til. Eu tenho dito isso a ela desde o vero passado."
Ele jura e anda novamente, passando a mo pelo seu cabelo. Eu aperto meus braos ao meu
redor, sentindo o baque da batida do meu corao. Eu poderia me importar menos sobre a pobre
capacidade de investigao da Maggie Hamilton.
"Por que... por que ela te acusaria de tratar as estudantes do sexo feminino de maneira
inadequada?" Eu pergunto.
"Eu no sei! Eu nem sequer falo com ela em um..." Ele para de repente. Uma tenso rola
atravs de seu corpo, enquanto ele se vira para me encarar. A escurido permeia seus olhos.
Eu dou um passo para trs. Minha garganta di.
"Liv."
Eu no posso olhar para ele.
"Liv." Sua voz se torna spera. "Voc acredita nela?"
No. No!
A negao ferve dentro de mim. Mas no forte o suficiente para dissolver o caroo de
medo que me incitou por semanas. Eu cerro os punhos, cavando minhas unhas em minhas mos
com fora suficiente para me machucar.
"Eu n... Eu no sei mais em que acreditar." Sussurro. Percebo que a verdade nua e crua.
Uma onda de tontura passa por mim.
"Liv... Jesus, Liv..." As palavras ecoam, quando Dean se afasta, plido sob o bronzeado.
"No, pelo amor de Deus. Voc acha que eu faria isso com voc, com a gente, depois de... Por que
diabos voc... no."
"Sinto muito, Dean! Me senti... por semanas, eu me senti como se voc tivesse escondendo
alguma coisa de mim, mas eu no tenho ideia do que , por isso, quando ela disse..."
"Voc pensou que era?"
"Eu estou apenas... as coisas tm estado to confusas entre ns, e ento ela... por que ela
disse isso?"
"No." Sua voz forte agora, forrada com ao. "No, Olivia. Eu nunca fiz um movimento
com outra mulher desde o dia em que te conheci. Desde muito antes de te conhecer. Se voc no
pode acreditar nisso, ento no sei que porra ns estamos mesmo fazendo."
Ele se vira e vai embora. Um segundo depois, a porta do quarto se fecha. Eu afundo em uma
cadeira e enterro meu rosto em minhas mos.

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Isso verdade? Eu parei de confiar em meu prprio marido?
Se assim for, onde, pelo amor de Deus, isso nos deixa?




















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09 de outubro
Balance a lmina, Liv." Tyler Wilkes para ao lado da minha estao.
"Soa como o nome da srie de concertos de um chef." Eu lano-lhe um sorriso. "Balance a
lmina dirigida pelo Chef Tyler Wilkes na frigideira.
"Engraado. Agora preste ateno no que voc est fazendo.
Eu volto para cortar a cebolinha. As vozes dos meus colegas e seus ocasionais risos crescem
em torno de mim e Tyler. O leo chia nas panelas, lminas batem levemente contra a placa de
corte, as portas dos fornos abrem e fecham.
Tudo se tornou agradvel e muito bem-vindo nas ltimas semanas, uma cadncia familiar
que acalma todos os meus pensamentos emaranhados de arame farpado.
"Cuidado." Tyler chega mais perto. "Mova-o para trs para que esteja pronto para o
prximo golpe."
Ele pe a mo sobre o cabo da minha faca, em seguida, pega a minha mo e a coloca contra
a parte superior da lmina. Ele j fez isso muitas vezes desde a primeira vez que eu meio que me
apavorei. Agora estou acostumada com as suas mos na orientao, e aprecio isso, porque ele me
mostra exatamente como fazer direito.
"Isso estabiliza a tbua de corte." Ele explica. "Agora balance a lmina para cima e para
baixo sem mover a ponta. Mantenha a mesma posio, e deixe a faca fazer o trabalho.
Ele orienta as minhas mos no ritmo. fcil e gratificante sentir a lmina afiada cortar a
cebolinha em pedaos uniformes.
Tyler d passos para trs para me assistir. "Bom. Tem todos os seus ingredientes
separados?
"Sim, chef."
"Lembre-se que o peito de frango no vai demorar muito tempo para cozinhar. D uma boa
refogada, em seguida, conclua no forno.
"Entendi."

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Ele me observa cortar as ervas por mais alguns minutos, antes que ele acene com
aprovao. "Bom trabalho, Liv. Eu disse que ainda faria de voc uma chef.
Ele pisca e sorri, o que faz um calor agradvel brilhar atravs de mim. Mesmo com quase 30
anos de idade, eu, aparentemente, ainda tenho o desejo de ganhar a aprovao do professor.
No final da aula, experimentamos os nossos prprios pratos e todos os outros. O meu
frango ficou seco e, de acordo com Tyler, pouco temperado, mas em geral no ficou um prato ruim.
Pelo menos comvel.
"Como voc se sente?" Tyler para na minha estao novamente, enquanto estamos
limpando tudo e nos arrumando para sair.
"Como que eu me sinto?" Eu no tenho ideia do que ele est falando.
"Sim. Sobre suas habilidades para cozinhar. Voc estava bastante instvel sobre suas
habilidades no comeo. Uma vez que j temos algumas semanas agora, gostaria de saber como voc
se sente. Voc est se divertindo?
Hum.
"Eu no sei se diverso a palavra certa." Admito. "Quero dizer, frustrante, uma vez que
no consegui nem mesmo quebrar um ovo corretamente. Mas aquele sufl ficou gostoso, n? E eu
estou aprendendo muito.
"Voc est praticando em casa?"
"s vezes. Digo, em seguida, adiciono. Embora honestamente, muito mais fcil pegar
um frango assado no caminho de casa."
"No entanto, no to bom." Tyler diz. "Para o seu paladar ou a sua alma."
"Eu no acho que cozinhar seja a melhor coisa para a minha vida agora." Eu estou surpresa
que admiti tal coisa, mas Tyler apenas inclina a cabea e olha para mim pensativamente.
"O que seria ento?" Ele pergunta.
Consertar meu casamento.
Dou de ombros e encosto no impecvel balco. O mais louco que eu quero dizer as
palavras em voz alta. Eu quero lhe dizer que as coisas esto difceis agora, que o meu casamento
est cheio de problemas, que estou duvidando tanto do meu marido quanto de mim mesma.
E isso di.
Levanto minha cabea e olho para ele. Ele est me observando com curiosidade em seus
olhos azuis. Seu cabelo loiro cai sobre sua testa. Eu me encontro olhando para a sua boca, ento
trago meu olhar idiota de volta para o balco.
"Amigos?" Ele pergunta.
Eu engulo. O ar parece diferente, acusada de algo que eu no estou acostumada, algo que
no certo, algo que eu deveria rejeitar.
"Eles so bons para a alma." Diz Tyler.
Sim." Concordo. "E talvez comida?"
Ele sorri. "Qualquer hora que voc quiser, o Julienne est aberto. Vou cozinhar uma
refeio que vai fazer a sua alma brilhar novamente.

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Isso, eu acho, uma refeio que eu adoraria comer.

Hoje sbado. Dean me acorda cedo e diz para eu me vestir para uma caminhada. Tem
anos, desde que fomos caminhar ao amanhecer, que eu luto com o desejo de trazer tudo de volta s
boas.
"Vamos l, gracinha. Vamos conversar.
Empurro o edredom de lado e olho para ele. Ele parece srio, mas no com raiva. Dada a
nossa desavena recente, a ideia de passar algumas horas em uma caminhada com ele atraente.
Assim, atrada pela esperana de que vamos encontrar o nosso caminho de volta um para o outro,
saio da cama para me vestir e tomar um rpido caf da manh.
Ns colocamos jaquetas, calas jeans e camisetas, pegamos nossas mochilas, e seguimos
para caminhar por uma de nossas trilhas favoritas que alcana o cume ao longo da borda da
montanha e tem vista para o lago.
"Eu te mandei um e-mail com a informao do meu voo para a conferncia na prxima
semana." Dean fala.
"O seu trabalho est pronto?"
"Acabei ontem noite."
"Quanto tempo voc vai ficar fora?"
"Quatro noites. Vou dirigir para o aeroporto e deixar meu carro no estacionamento.
Segui atrs dele, pisando onde ele pisava. Algumas folhas ainda estavam presas de forma
precria nos galhos das rvores. Abaixo do cume rochoso, o lago brilha e ondula com um leve
vento.
Passamos por outros caminhantes, mas a trilha , principalmente, nossa.
Por mtuo acordo, paramos no topo de um afloramento de rochas e encontramos um lugar
para sentarmos. Ns comemos barras de granola e bebemos gua, desfrutando da calma e da viso
panormica do lago e da cidade.
"Desde o dia em que nos conhecemos, eu no quis ningum alm de voc." Diz Dean.
Meu corao pula um pouco.
"Nunca olhei para outra mulher." Continua ele. "Nunca pensei em uma. Sempre foi voc,
Olivia.
Meu cavaleiro branco. Eu me aproximo mais para apertar sua mo.
"Eu sei."
Eu sempre soube. Eu sempre acreditei nele. Esse pensamento foi abalado nas ltimas
semanas, mas meu corao ainda sabe a verdade. Eu s tenho que me lembrar de ouvi-lo.
Camos em silncio. A brisa sussurra atravs das folhas, e um pssaro salta ao longo do
caminho diante de ns.
"Voc se lembra do que eu falei a voc sobre a Helen?" Dean pergunta.

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Eu me viro para olhar para ele. Seu olhar est no lago, mas algo tenso emana dele.
Meu estmago aperta.
"A mulher que voc namorou na faculdade?" Eu pergunto.
"Ela queria se casar."
"Isso no surpreendente."
"Ns achamos que tnhamos que terminar as nossas dissertaes, encontrar emprego.
Instalar-nos em primeiro lugar.
"Faz sentido."
Ele olha para a garrafa de gua, rolando-a entre as palmas das mos. "Ento, ns... bem,
algumas vezes ns ramos meio que descuidados com os mtodos contraceptivos.
O n no meu estmago se agrava. Eu no respondo.
"Ela ficou grvida."
Jesus. Onde ele est indo com isso?
"E ela... ah, ela se livrou dele." Ele continua. "Ela estava estressada com a dissertao dela,
trabalhando em dois empregos, ambos ensinando e tendo aulas... ela pensou que era um erro.
"Ela decidiu sobre tudo?"
"Eu no... Quero dizer, ns tnhamos falado sobre ter filhos um dia, mas depois que nos
casssemos. Ento, sim, ela estava certa. No foi... Foi um momento ruim. Eu no discuti. Inferno,
eu a levei para a porra da clnica."
Eu no sei o que dizer. Eu no sabia disso antes. por isso que ele nunca tinha questionado
minha prpria falta de vontade de ter filhos?
"Ento... voc se arrependeu?" Pergunto.
"No sei. Acho que sim. Isso nem parecia real no momento. Eu estava... o que, com vinte e
dois anos? Ns nem sequer falamos muito sobre isso. Ento, um ano depois, Helen ainda estava
trabalhando em sua dissertao, quando ela comeou o trabalho em Stanford. Eu tinha feito o meu
curso, ento fui com ela. Ela disse que ia trabalhar, enquanto eu terminava minha pesquisa. Ns
estvamos l fora por dois meses antes que ela dissesse que queria um beb."
"Ah."
"Eu no sei o que era. Achei que era a culpa, a tristeza, a presso da famlia... talvez uma
combinao de todos os trs." Ele faz uma pausa e encolhe os ombros. "Helen era prxima da
minha me e da minha irm. Eu contei isso a voc.
"Ser que eles sabem sobre o aborto?"
Ele balana a cabea. Eu vejo , ento, uma velha culpa familiar, que nunca foi totalmente
embora.
"Helen me fez prometer no contar a ningum, no que eu quisesse." Diz ele. "Ela comeou
seu trabalho, ento fiquei sabendo que eu tinha sido premiado com uma bolsa para estudar em
Madrid por um ano. Quando Helen ouviu sobre isso, surtou. Disse que ela no teria aceitado o
trabalho em Stanford, se soubesse que eu sairia em seis meses, que ela fez isso por causa dos meus
pais. Ento, ela me disse que estava grvida de novo."

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"Mas voc..."
"Ela parou de tomar a plula. No me diga. Eu no deveria ter confiado nela para usar
mtodos contrceptivos. Mas eu confiei, e foi o que aconteceu.
"Mas vocs no se casaram. Quer dizer, eu pensei que o seu plano era casamento, depois
criana.
"Foi."
"Ento, o que..." Ento, eu entendo, como um golpe no estmago. "Voc se casou com ela,
no foi?"
Ele balana a cabea, o queixo apertado. "Havia muita presso de nossos pais. Eu queria
fazer a coisa certa. Pensei que isso fosse funcionar, que todos ficariam contentes. Que tudo daria
certo, voc sabe?
Meu peito queima, e eu tenho que me lembrar de respirar. Parte de mim entende isso sobre
Dean, seu intenso desejo de consertar as coisas, para provar a si mesmo um sucesso, mesmo
custa de sua prpria felicidade.
Outra parte maior de mim no pode processar a magnitude desta revelao.
"Por que... por que voc no me contou?" Minha voz est apertada, tensa.
"Porque eu ainda no penso nisso como um casamento real."
"Que diabos isso significa?"
"Helen e eu fomos faculdade juntos, tnhamos objetivos de carreira semelhantes, no geral
ramos um par perfeito. Mas isso no aconteceu do jeito que deveria. Foi como se o objetivo sasse
totalmente do que foi planejado.
"O que aconteceu com o beb?"
"Helen perdeu com 13 semanas. Ela contou a um monte de gente desde o incio. Ela estava
animada. Ento, quando ela teve o aborto, tivemos de dizer para todas essas mesmas pessoas sobre
isso. Aquilo foi difcil.
"O que aconteceu?" Pergunto, sem estar muito certa se realmente quero saber.
"Ela engravidou novamente quatro meses depois. Dessa segunda vez, ela disse apenas aos
meus pais e aos dela, mas ela perdeu com nove semanas. Na terceira vez..."
"Terceira vez?"
Ele acena com a cabea. "No contou a ningum at que ela estava em seu segundo
trimestre, mas em seguida, com quinze semanas em... ah inferno, Liv, era tanta merda.
"Ah, Dean." Algum pensamento sai de mim com a ideia de outra mulher, de Dean,
concorrendo com trs abortos.
"Sim, bem, foi isso."
"O que quer dizer, que foi?"
"Tudo desvendado depois disso. Ela ficou arrasada, eu estava convencido de que todos
tinham algo a ver com o aborto e eu me culpei por no ter parado... e logo nenhum de ns
conseguia entender por que tinha se casado.

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Ele balana a cabea. "Os pais de Helen me culparam. Disse que eu deveria ser o nico
trabalhando, que eu a estava pressionando. Eles estavam certos. Eu no estava fazendo o
suficiente. Mas eu no sabia o que era o suficiente. Mesmo que Helen e eu tivssemos os resultados
dos testes genticos normais, eu no queria tentar mais uma vez. Achei que era muito para a minha
cabea. Helen tinha essa ideia de que precisvamos ser um casal perfeito, tnhamos que ter um
beb, mas no conseguimos chegar a um acordo sobre qualquer coisa. Brigvamos o tempo todo.
Finalmente, ela pediu o divrcio. Eu no contestei.
Eu sentei l por um longo tempo, processando o que ele tinha acabado de revelar.
Meu estmago torce bruscamente. Dean sabe tudo sobre mim, mesmo as partes negras,
cruas.
Eu achava que sabia tudo sobre ele, mas desde que eu trouxe a ideia de um beb, eu sentia
que estava faltando alguma coisa. Agora eu sei que meus instintos estavam certos.
Eu no conhecia completamente o meu marido.
As lgrimas ardiam nos meus olhos. Eu pisco.
"Foi difcil para Helen." Dean continua. "Mais difcil do que eu posso imaginar. E eu no
podia ser... O que ela queria. Eu nem sabia o que era. Eu tentei... Fui para o aconselhamento, eu
tentei convenc-la a tirar um ano de folga, ofereci colocar a minha pesquisa em espera at que
consegussemos. Tudo o que sabamos era lutar pelo trabalho. J tentar de novo, o nosso
casamento podia ser, o que no era..."
"Por que os seus pais nunca disseram nada?" Eu pergunto, mesmo imaginando a resposta,
sabia que o miservel fracasso de um casamento era apenas outra coisa que a famlia West cobriria
com camadas de fragilidade e de raiva reprimida.
"Minha famlia no fala sobre as coisas de merda, Liv."
Meu corao cambaleia. Eu empurro os meus ps, uma dor me enche. "E nem voc."
"O qu?"
Eu giro para enfrent-lo. A profuso de emoes gira na minha cabea. "Voc ainda est
fazendo isso! Voc passou tantos anos tentando consertar a sua famlia, para ser o heri, enquanto
todos estes segredos inflamaram e nenhum de vocs iria reconhec-los.
Eu me esforo para respirar, sinto meu corao batendo muito rpido. "E voc me disse
antes de casarmos que voc no queria mais fazer isso. Voc no quis tentar e provar a voc mesmo
e para eles que queria a sua vida fosse do jeito que voc quisesse...
E voc me queria.
"Mas voc fez exatamente o que eles fizeram Dean." As lgrimas caram, sem pudor, minha
espinha enrijeceu. "Exatamente o que voc disse que no queria fazer mais. Voc se enterrou em
segredo e se recusou a falar sobre isso. Mesmo comigo, depois de tudo que passamos. a mesma
droga de padro!
Ele s olha para mim. Ele sabe que estou certa.
"Eu entendi por que voc fez isso antes." Eu ando alguns passos, lutando para manter a
minha respirao sob controle. "Eu entendi, tudo bem? Eu sabia por que eu tinha feito exatamente

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a mesma coisa, escondi um segredo para que ele no quebrasse a iluso do que eu deveria ser. Mas
agora? Por que, pelo amor de Deus, voc faria isso agora? E para mim?
"Quero consertar o que diabos est acontecendo de errado com a gente, Liv." Ele amassa a
garrafa de gua entre as mos. "Toda a confuso com Helen... Eu no poderia imaginar ter filhos
depois disso. Ento, quando voc me disse que no queria nenhum, eu... Eu s queria esquecer a
maldita coisa toda.
"Voc no pode se esquecer de algo to horrvel, Dean." Um n enche minha garganta,
espinhos de gelo brotam da minha pele. "Voc s pode us-lo para se tornar mais forte."
Ele olha para o cho, os dedos apertados ao redor da garrafa esmagada. "Foi uma porra
muito feia, Liv. Eu no quero que isso acontea com a gente."
"Por que voc acha isso? Eu no sou a Helen!
"Eu sei!" Ele olha para mim. "Eu sinto coisas por voc que eu nunca senti por ela, razo pela
qual no posso suportar a ideia de voc passar pelo que ela passou.
"Conversar comigo sobre isso no o mesmo que eu passar por isso."
Sua mandbula tenciona. "Voc ficaria magoada de qualquer maneira."
"Estou magoada agora! Eu estou mais magoada e chateada, porque voc no me contou do
que estaria se voc tivesse contado! Deus, Dean, eu no sou uma frgil parede de flores que no
pode lidar com qualquer coisa. Voc no sabe disso at agora? Isso exatamente o que passamos,
quando voc tentou me afastar de sua famlia.
"Certo." Ele se fecha. "Ento, olha o que aconteceu com a gente."
Eu fico olhando para ele, meu corao quebrando com a lembrana amarga. Minha
respirao corta atravs do ar.
Meu pulso acelera.
"Liv." Dean deixa cair a garrafa de gua e levanta. A tenso se dissipa de suas feies e
preocupao o inunda. Ele agarra meus ombros. "Respire, Liv."
"Eu no estou..."
"Respire!"
"Eu no estou entrando em pnico!" Eu me afasto dele e sigo em direo a um bosque de
rvores.
Eu puxo o ar em meus pulmes e expiro lentamente, consciente de Dean pairando atrs de
mim, sempre l, sempre pronto para me ancorar no cho.
S que desta vez, ele o nico que o tirou de debaixo de mim.
Eu pressiono minhas mos nos meus olhos e luto pelo controle.
"Liv, por favor." Ele parece desesperado. "Foi... tudo mudou, sabe? Tudo para o pior. Eu no
quero que a gente mude."
Nem eu.
Mas eu no posso me fazer dizer isso, porque sob esse desejo est o conhecimento irregular
de que j mudamos.

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Eu me viro para pegar minha mochila. Dean fecha a mo no meu brao. Eu balano minha
cabea. Ele me libera e se vira para pegar a garrafa de gua e sua mochila.
Eu volto pela trilha, meu peito apertando com raiva e mgoa. Ele anda ao meu lado.
"Liv, me desculpa."
"Por que voc no me contou?"
"Eu no queria que voc... voc sabe..."
Eu olho para ele. "O qu?"
Ele est olhando para o lado, em direo ao lago. Nuances de uma cor leve cobre as mas
do rosto.
"Eu no queria que voc pensasse mal de mim."
Eu paro na minha trilha e viro o rosto para ele. "Voc pensou que eu iria pensar mal de
voc, porque voc teve um mau casamento? Porque voc... sua esposa perdeu trs bebs?
"No. No porque voc do tipo de pessoa que pensa assim, mas porque voc no .
"Eu no entendo."
"Voc boa, Liv." Ele agarra minhas mos, segurando-as to apertado. "Voc sempre foi
boa. Voc nunca tomou decises de merda que feriram as pessoas que voc ama, que afastou voc
do seu caminho a vida inteira, que voc vai se arrepender para sempre. Voc nunca decepcionou
ningum, nunca falhou.
"Dean, isso no verdade!" Minha viso turva, todas as velhas emoes me inundando. "Eu
deixei a minha me, quando eu tinha treze anos. Eu me recusei a ir com ela novamente quando ela
voltou. Nunca contei a ningum sobre o que aconteceu comigo, por meses eu quis me esconder de
tudo e todos.
A raiva aperta sua mandbula. "Mas voc no fez. Voc nunca precisou provar voc mesma
a ningum, exceto a voc. Voc fez todas essas coisas para sobreviver.
Suas mos apertam as minhas, sua voz intensa. "Voc to malditamente forte, Liv, e voc
nem sequer percebe isso. Eu sou o nico que sempre teve que mostrar s pessoas que sou bem
sucedido, um empreendedor, o melhor em tudo que eu fiz. Eu sou a pessoa que sempre foi um
maldito egosta. Um pesquisador. E voc... voc a primeira pessoa que est sempre... Cristo, Liv,
s vezes a maneira que voc me olha me faz sentir como se eu pudesse alcanar a porra da lua.
"Porque eu sempre acreditei que voc pode."
"Eu sei! Eu nunca tive que provar a mim mesmo para voc. E se eu lhe contasse sobre a
tempestade de merda do meu casamento... ah, o inferno, Liv. Eu no podia suportar a ideia de que
voc olhasse para mim com qualquer diferena.
"Eu..." Minha garganta est doendo. "Eu no sei por que voc pensou que eu faria."
"Eu sinto muito." Ele me solta e arrasta a mo pelo cabelo, deixando escapar um suspiro
pesado.
"Por favor, acredite nisso, sem nada mais. Eu quero... Eu pensei que se eu dissesse, se voc
entendesse sobre a coisa toda da gravidez... eu no sei. Eu quero que fiquemos bem de novo.

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Meu corao di um pouco mais. Houve um tempo em que eu nunca teria imaginado que
poderamos ser qualquer coisa, mas tudo bem.
Ns no falamos durante todo o caminho de volta. Quando chegamos ao lugar onde
comeamos, Dean me puxa para ele e me enfia debaixo do brao.
Eu me aproximo dele, mas h uma barreira entre ns, meu ombro pressiona o lugar errado,
meu corpo j no encaixa to perfeitamente no espao ao seu lado.



















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16 de outubro

Ele j foi casado antes. Meu marido foi casado antes de mim.
Ele foi meu primeiro de muitas maneiras, o meu primeiro amante, meu primeiro amor, meu
primeiro confidente, meu primeiro e nico heri. Mas ele conheceu um monte de mulheres antes
de mim e teve muita experincia. Enquanto esse conhecimento me alfinetava a cada momento, a
nica coisa que me fazia sentir segura era o fato de que eu era a sua primeira e nica esposa.
Mas, como se v, eu no sou.
Eu no sou quem eu pensava que era. Nem sei como processar isso. No faz qualquer
sentido nisso.
E no tenho ideia do que fazer com essa nova informao sobre a ex-mulher, por isso estou
me esforando muito para no pensar nisso. No pensar sobre ela ou sobre o que diabos aconteceu
depois. Ambos, Dean e eu, sabamos como segredos enterrados podem envenenar voc, que
apenas uma das coisas que torna to difcil aceitar que ele no tinha me contado.
Suprimindo uma onda de dor, coloquei uma tigela no balco da minha estao de cozinha e
puxei a gaveta de talheres.
"Voc pode fazer isso, Liv." Tyler insiste. Ele est de p ao meu lado, um olhar puro e
profissional em sua jaqueta de seu chef.
Olho furiosa para ele. Sinto-me como se estivesse na priso. Todo mundo na sala de aula
est cozinhando peixe em papillote, mas Tyler me instruiu, s a mim, para fazer um sufl.
Sim.
Eu ainda estou lutando com o n da ideia do primeiro casamento de Dean, ainda tentando
no pensar sobre isso, enquanto sou incapaz de faz-lo ir embora. E agora Tyler est me delegando
para fazer algo que realmente no quero fazer.

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"Mas por qu?" Eu comecei a soar um pouco chorosa. Eu fiz trs sufls nas ltimas seis
semanas e todos eles foram desastrosos.
Tyler firme e alheio minha agitao interna. "Eu disse por qu. Voc precisa saber qual
a sensao de fazer um sufl adequado.
"Tyler, tenho certeza de que posso viver muito feliz sem experimentar essa emoo
assustadora."
"Talvez. Mas eu ainda quero que voc tente.
Eu murmuro e resmungo para fazer um ponto. Eu realmente quero embrulhar peixe em
saco de papel bonitinho, mas porque eu ainda sou uma estudante obediente que sempre faz o que o
professor pede, pego uma caixa de ovos.
Depois de mais alguns segundos, desligo meu lado reclamante e foco na tarefa. Eu completo
a separao dos ingredientes, pesando-os, ralo o queijo parmeso, separo os ovos.
Por um capricho, eu tambm corto cebolinha, queijo cheddar, e algumas tiras de bacon
cozido. Misturo a manteiga e farinha para o molho, em seguida, bato o leite quente e temperos.
Uma vez que estou fazendo, eu perco a noo do tempo. Ao meu redor, os sons da cozinha
aumentam em uma sinfonia agradvel: cortando, chiando, mexendo. Bato as claras em neve,
dobrando-as lentamente para o molho e misturo com o queijo ralado. Despejo a mistura na
travessa...
Meu forno emite um sinal sonoro para indicar que o pr-aquecimento est completo.
Cuidadosamente, deslizo o prato para dentro, em seguida, fecho a porta e acendo a luz interior para
que eu possa v-lo cozinhar. Eu alterno entre limpar a minha estao e olhar atravs do vidro.
Depois que a minha estao est limpa, toro um pano de prato com ansiedade e me agacho
na frente do forno.
A coisa enervante realmente parece ser boa. Ele est subindo.
No caia. No caia.
Enquanto espero pelos infinitos ltimos cinco minutos do tempo de cozimento, percebo que
Tyler no parou nenhuma vez na minha estao para ver o meu progresso. Fico olhando para ele.
Ele est dando a sua volta por todas as outras estaes, apontando isso e aquilo.
Ele prende meus olhos. Eu me sinto como se segurasse as minhas mos em um gesto: "Cara,
qual o problema?" Depois de tudo, ele me fez tentar o sufl de novo, mas depois ele pisca.
O temporizador toca. Eu quase seguro minha respirao, enquanto pego duas luvas de forno
e abro a porta.
Ah, meu Deus.
Parece incrvel. Fofo e marrom-dourado, meu sufl cresce dramaticamente ao longo da
borda da travessa umas boas trs polegadas, como uma estrela de cinema posando para a cmera.
E, no mnimo, duplicou de volume. Os aromas celestiais de queijo, bacon e cebolinha passam por
mim produzindo uma onda de calor.
"Tyler." Minha voz sai um guincho. Meu corao bate, quando eu transfiro cuidadosamente
o prato para o balco. "Tyler!"

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Agora um grito, porque, meu Deus, o homem tem que ver isso antes que comece a
desmoronar.
Tyler e todos os meus colegas em volta dele correm para a minha estao. O resto da classe
os segue.
Apesar de meu pulso estar acelerado, no digo nada. Esse maldito sufl perfeito fala por si.
"Uau." Charlotte soa apropriadamente impressionada, e os outros todos murmuram em
impressionado acordo.
Eu olho para Tyler. Ele est sorrindo como se eu tivesse acabado de ganhar uma estrela
Michelin.
"No est ruim, hein, chef?" Pergunto, incapaz de parar de sorrir.
"No est de todo mau, Liv." Ele est olhando para mim, em vez do sufl.
"Voc colocou o bacon nele?" George pergunta, farejando o ar ao redor da minha estao.
"Cheira maravilhoso.
"Sim, eu acrescentei bacon, cebolinha e queijo cheddar."
"Por que voc fez isso?" Tyler pede.
"S pensei que seria de bom gosto."
Ele acena com aprovao, em seguida, passa garfos para todos ns. Voc faz as honras
primeiro, Liv."
Uma pontada de nervosismo passa por mim, mas, realmente, como pode uma coisa to
bonita ter gosto ruim? Eu cavo meu garfo dentro, aliviada que o interior estava cremoso, mas no
escorrendo. Eu dei uma mordida e minha boca se encheu com os macios e delicados sabores de
queijo e ovo acompanhado pelo bacon defumado.
Eu fico olhando para Tyler.
"Bem?" Ele pergunta.
"Est bom." Eu limpo uma migalha do meu lbio inferior. "Eu acho que... Eu acho que est
realmente bom."
Ele empurra o garfo na crosta. Uma garfada, e ele no diz nada. Ento, ele come uma
segunda garfada. Um instante de parar o corao, mais tarde seus olhos esquentam e um sorriso se
espalha em todo o seu rosto.
"Excelente, Liv. Macio, preparado perfeitamente. Amo o bacon. Ele guarda seu garfo e
anda para o lado, deixando que os outros o experimente.
Vrios Ooh e ahh dos meus colegas com valorizao, quando provam o sufl, com a maioria
deles voltando para o segundo pedao. No tinha nada para levar quando eles terminaram. Todos
eles me parabenizaram e me elogiaram, antes de retornar aos seus postos.
"Voc fez isso, Liv." Tyler coloca sua mo no meu brao e aperta. Ele parece incrivelmente
orgulhoso. "Voc fez o sufl perfeito. Como voc se sente?
Eu nem acho que posso descrever como me sinto, o que um pouco constrangedor, porque,
bem, eu fiz um sufl. Eu no salvei o mundo. Ainda assim.
"Eu me sinto incrvel." Admito.

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"Eu disse a voc. E voc fez tudo sozinha.
" por isso que voc no veio para minha estao de jeito nenhum hoje noite?"
"Sim, . Voc pode cozinhar Liv. E bem. Voc s precisava de confiana para saber que voc
pode faz-lo.
Ele me d uma pequena saudao e retorna para a sua estao de instrutor. Eu termino de
limpar e vou para casa.
"Eu fiz isso." Eu largo minha bolsa em cima da mesa. "Eu fiz o sufl perfeito."
"Voc o trouxe para casa?" Dean me espreita por trs do jornal.
"No, ns comemos tudo. Como estava bom. Estava macio, cremoso, aerado, picante...
"Hmm. Parece voc.
Eu desabo ao lado dele no sof. "Realmente, nunca fiz nada parecido com isso antes. Eu no
tinha ideia que fazer um sufl poderia ser to gratificante. Eu adicionei meu toque pessoal receita,
bacon e cebolinha...
O papel agita quando ele vira uma pgina. Eu o cutuco com meu cotovelo.
"Dean, voc est ouvindo?"
"Sim. Bacon. Eu estou ficando com fome. Vamos pedir hambrgueres com bacons do
Abernathy."
Inspirado pela ideia, ele sai do sof e vai para o telefone. Eu fao uma carranca em suas
costas.
Ok, ento sufls no esto exatamente no cardpio do professor Dean West, mas um pouco
de entusiasmo teria sido bom.
No que eu sempre expresse muito interesse em arquitetura otomana ou imagens medievais
apocalpticas.
Vou tomar banho e me trocar. Na hora em que acabo, a comida pedida chegou. Depois que
comemos, Dean vai para seu escritrio, enquanto eu fao um pouco de limpeza e encho a cafeteira
para que ele no se preocupe pela manh.
Depois de assistir a um drama policial na TV, vou para o quarto e paro no seu escritrio. A
luz est acesa, e ele est em sua mesa, passando alguns papis.
" essa a sua apresentao para a conferncia?" Pergunto, apontando para a pilha na frente
dele.
"Resumos para um dos seminrios." Ele os organiza em uma pilha e os coloca em sua pasta
aberta. "Meu voo sai s seis da manh de sbado."
Percebo que estou quase ansiosa pela sua ausncia por alguns dias. Preciso de um tempo
para estar sozinha e tentar clarear todos os meus pensamentos e emoes.
"Dean, o que aconteceu com a estudante de graduao?" Eu passo pela porta. "Maggie
Hamilton?"
Sua mandbula aperta. "Ela saiu da cidade h algumas semanas. No falei com ela, mas ela
enviou um par de e-mails com a sua proposta.
"Voc aprovou?"

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"No. Eu disse a ela que iria discutir o assunto quando ela retornasse. Dadas as
circunstncias recentes, vou dizer a ela que ela precisa mudar de conselheiro.
"Eu sinto muito... Sobre tudo isso."
Ele balana a cabea. "Ela estava totalmente sem rumo. Em mais de um sentido. No vou
mais trabalhar com ela.
Isso, pelo menos, um alvio.
Eu me aproximo de Dean e passo entre a cadeira e a mesa. Ele empurra a cadeira um pouco
para trs, dando espao para que eu possa me enrolar em seu colo. Ele est vestindo apenas cala
de pijama, e seu peito est quente e musculoso.
Ele cruza os braos a minha volta e aperta um beijo em minha tmpora. Em momentos
como esse eu nunca quero deixar o crculo reconfortante e protetor que ele sempre me envolveu.
Enfio minha cabea sob seu queixo, e descanso por alguns longos minutos. Ele tem cheiro de
sabonete e pasta de dente.
Eu ouo seus batimentos cardacos, sinto o movimento de sua respirao.
Ele acaricia o meu quadril. "Eu deveria terminar aqui, gracinha."
"Tudo bem." Beijo seu pescoo e saio.
Ainda estou acordada quando ele entra no quarto quase uma hora depois. Ele sobe na cama
ao meu lado, mas no faz nenhum movimento para qualquer coisa sexual.
Viro-me para olhar para ele, deslizando minhas mos debaixo da minha cabea. "O que ela
estudava?"
"Quem?"
"Helen."
"Eu disse a voc. Histria da arte.
"Mas qual campo?"
"Europa do sculo XIX. Classicismo, realismo, impressionismo. Ela fez a sua dissertao
sobre os Pr-Rafaelitas.
Algo clica no meu crebro sobre uma aula de histria da arte um tempo atrs. "No foram
os Pr-Rafaelitas influenciados pela arte medieval?"
"No final do sculo XIV, antes de Raphael." Ele olha para mim. "Por qu?"
" apenas uma espcie de... Estranho, voc e ela. Seus campos de estudo. Deveria ter sido
uma combinao perfeita.
"Tudo o que tnhamos eram semelhanas em nossa pesquisa. Tudo o resto foi muito
imperfeito. Inferno, era francamente problemtico."
"Ela era boa em seu trabalho?"
"Ela foi contratada em Stanford, ento sim. Ela era boa." Um sinal de irritao colore o tom
de sua voz. "Por que voc est perguntando?"
"Estou curiosa. Apesar de ter terminado mal, ela fez parte da sua vida.
"No mais."
"Quando foi a ltima vez que voc falou com ela?"

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"H anos."
"Ser que ela ainda ensina na Universidade de Stanford?"
"Sim." Ele suspira e desliga a luz de cabeceira. "Eu realmente no quero falar sobre ela."
Uma apreenso se espalha por mim. Um milho de perguntas enchem minha cabea, tm se
acumulando desde que ele me contou sobre sua primeira esposa.
Sua primeira esposa. A palavra ainda arde como uma pimenta. Isso me faz sua segunda
esposa.
Como ela era? Ele a fazia sorrir? Que tipo de filmes que eles assistiam? Como era o sexo? O
que eles faziam? Para onde eles viajavam? Ele sabia como ela gostava do seu caf? Ela sabia
cozinhar?
Eu quero respostas para tudo, no porque eu me preocupo com Helen, mas porque tem
muito a ver com Dean. Porque tudo to parte dele, sua histria, sua vida.
Eu coloquei minha mo em seu ombro. "Dean, eu..."
Ele se vira para a parede oposta. "Liv, eu pensei que tivssemos acabado com isso."
Uma bolha de raiva explode dentro da minha cabea.
Voc nunca acaba com um passado difcil, Dean. Digo, me empurrando para sentar. "Voc
acha que pode apenas me falar sobre ele e ele vai embora? Que voc faz esta grande revelao e de
repente tudo voltou ao normal com a gente?
Seus msculos das costas tencionaram. Ele no responde.
"Precisamos ir para o aconselhamento de novo, Dean." Digo.
"Eu no estou discutindo meu primeiro casamento com um maldito conselheiro."
Meu primeiro casamento.
Ele realmente ainda pensa nela como sua primeira. Quando nos casamos, quando disse: "Eu
aceito...". Ele tinha feito isso antes. E eu no tinha ideia.
Uma onda de exausto bate contra mim. Eu rolo e olho para o teto. Nem sequer tenho os
meios para lutar contra todas as velhas emoes que eu odeio o medo, a inadequao, ansiedade.
Solido.
Tudo o que eu sentia antes de conhecer Dean. Tudo o que pensei que tinha substitudo com
amor e confiana. Eu posso sentir isso tudo se esvaindo de novo agora, e no sei o que fazer.







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19 de outubro
Eu fao uma viagem para fora da cidade nesta tarde. Temos uma nova abertura da
exposio no museu, e tenho que fazer o pedido de algumas indicaes em uma loja de impresso
no centro Forest Grove.
Ofereci-me para pegar a ordem concluda. Tentei dizer a mim mesma que eu estava sendo
til, que a viagem no tinha nada a ver com o fato de que o restaurante de Tyler Wilkes fica a
quatro quadras a partir da loja de impresso.
Depois de pegar a ordem, eu armazenei os materiais no porta-malas do meu carro. Ento,
eu ando quatro blocos para chegar no Julienne. uma fria tarde ensolarada, folhas secas soltas
pelas caladas, as pessoas entrando e saindo dos cafs e lojas.
Estou nervosa, incapaz de afastar a sensao de que estou fazendo algo errado. Eu paro fora
do Julienne e puxo o meu celular da minha bolsa.
"Dean?"
"Ei. Onde voc est?"
"Grove Forest. Eu tive que pegar algumas indicaes para uma nova exposio."
"Ah." H algum farfalhar de papis na outra extremidade. "Cuidado para no chegar
atrasada."
"Pois ... hum, por isso que estou ligando. Eu provavelmente vou chegar atrasada."
"Sim, eu tambm. Toneladas de trabalho para fazer, em seguida, um jogo de futebol."
"Certo. Vou v-lo esta noite, ento."
"Dirija com cuidado."
Eu fecho o telefone e o enfio de volta na minha bolsa. Eu fico olhando para a caligrafia
escrita na janela do restaurante. Ento, eu me viro e comeo a caminhar para longe.
"Liv?"
Merda.

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Eu viro. Tyler est de p na porta me olhando com curiosidade. Ele est usando sua jaqueta
de chef. Ele me d um sorriso hesitante.
"Pensei que era voc. O que voc est fazendo aqui?"
"Eu estava ... Eu tinha que executar uma misso em uma loja de impresso em uma rua
mais adiante."
Ele segura a porta aberta. "Vamos l dentro, espero que voc no saia sem passar por aqui."
Puxo a manga do meu casaco para olhar o meu relgio. "Na verdade, est ficando tarde e..."
"Vamos l." Ele empurra a porta para abri-la. "Estamos perto de trs para as cinco, a
preparao para o jantar est comeando e quero que voc veja.
"No quero interromper seu trabalho."
"Voc no vai." Ele inclina a cabea em direo ao interior. "Eu disse que voc poderia
passar a qualquer hora."
Sinto algo como borboletas no meu estmago, mas eu passo por ele para o restaurante. O
interior , elegante, calmo, talvez com quarenta mesas cobertas de linho e estandes, iluminao
suave, assentos de couro. Pinturas suaves revestem as paredes abaixo, sancas1 cor de marfim.
Alguns garons andam por ali arrumando as mesas.
" lindo." Digo com sinceridade.
Tyler sorri. "Obrigado. Eu gosto. Vamos para a cozinha."
O zumbido de vozes e panelas aumentam, medida que caminhamos para a parte de trs do
restaurante. Vrios chefs andam ao redor, verificando panelas chiando, descascando batatas,
separando vrios cortes de peixe. Eles me do acenos de saudao quando Tyler me apresenta, em
seguida, retornam s suas tarefas.
"Ns mudamos o menu de acordo com o que est disponvel ou em temporada." Explica
Tyler.
"Hoje noite ns adicionamos salmo servidos com fil mignon com ervas."
Ele me entregou um menu. A comida impressionante e d gua na boca, incluindo
grelhados, vieiras, salada de cogumelos selvagens, vitela assada e torta de ma fresca.
"Parece delicioso." Coloquei o menu no balco. "Eu vou ter que vir aqui com Dean algum
dia."
Dizer o nome do meu marido em voz alta facilita um pouco com toda essa tenso. Tyler me
estuda por um momento, ento acena para uma mesa perto da cozinha.
"Sente-se. Voc pode provar um pouco do que estamos servindo."
"Eu realmente no posso..."
"Vamos l, Liv. Voc no est com fome?"
Bem, sim, eu estou com fome. Eu no almocei, e j so quatro da tarde, e eu,
provavelmente, terei um jantar de pizza de microondas no meu futuro prximo.

1
Moldura de gesso ou de outro material de qualquer perfil instalada no encontro do teto com as paredes.
Variando entre modelos retos (contemporneo) e modelos curvos (clssicos). Podem ser lisas ou decoradas.


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Tiro meu casaco e olho para o meu relgio. "Eu no posso ficar muito tempo."
"No vai demorar muito." Ele se move para puxar uma cadeira da mesa, depois para.
"Espere um segundo. Eu tenho outra ideia."
Ele desaparece em um quarto dos fundos e volta com uma jaqueta de chef. Ele a segura para
mim.
"O que isso?" Eu pergunto.
"Vamos l. Eu vou te mostrar como fazemos algumas coisas."
"Tyler, voc no tem que..."
Em vez de discutir comigo, ele vai atrs de mim e coloca o casaco em volta dos meus
ombros. "Ns vamos fazer o salmo para que eu possa lhe mostrar como faz-lo."
Ele volta para a cozinha. Eu o olho por um segundo, em seguida, empurro os braos nas
mangas da jaqueta e a fecho. O nome Julienne bordado na lapela. Eu pego na minha bolsa um
elstico e prendo o cabelo em um rabo de cavalo, em seguida, vou lavar as mos.
Isso bom. No vou sentar l enquanto ele cozinha para mim. Vou ver o que ele faz e
aprender alguma coisa. Exatamente como em sala de aula, apenas um local diferente. Totalmente
bom.
Vou para onde Tyler est em p. H um salmo inteiro deitado no balco em frente a ele, e
ele pacientemente explica todas as diferentes partes, em seguida, demonstra como dimensionar e
cortar um fil perfeito. Seus movimentos so to fluidos que como se ele estivesse cortando
manteiga.
"Sua vez." Ele vira o salmo e me entrega a faca.
"Vou destru-lo."
"Liv, pare de pensar que tudo o que voc tenta fazer vai acabar em desastre." Diz Tyler.
"No tenha medo. Mantenha a lmina de ponta em direo espinha dorsal."
Eu no tenho nenhuma ideia de quanto um salmo como este custa, mas eu no quero ser a
razo de Tyler no poder servi-lo. Nervosa de novo, eu fao o primeiro corte perto da cauda.
"No passe pela espinha. Incline a lmina." Ele pe a mo sobre a minha para gui-la.
Seu manuseio da faca muito mais confiante do que o meu ao cortar o segundo fil do
peixe. uma sensao boa.
Tyler me mostra como remover os ossos, em seguida, prepara o fil para refogar com as
lentilhas. Outro chef est trabalhando em uma mostarda, molho de creme-fraiche, e Tyler me leva
at ele. Embora o outro chef esteja trabalhando rpido, ele no parece incomodado por ter que
parar e explicar a tcnica para mim.
Quando volto para Tyler, ele me mostra como a estao de vieiras.
"Quanto menos voc mexer com alimentos, melhor." Diz ele, dando um passo para o lado
e acenando com a cabea para colocar as vieiras na panela quente. "No coloque demais, e no as
mova antes que elas estejam prontas para se transformar."
Ele no me ensinou como refog-las, mas estou muito consciente de que ele observava
como eu deslizava a esptula sob as vieiras. Para meu alvio, elas so de um belo marrom dourado.

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Eu sei que alguns tipos de vieiras cozinham rpido, ento eu as tiro da panela cerca de trinta
segundos antes que eu ache que elas esto completamente cozidas.
Tyler me d um prato limpo com vieiras, pur de aipo-root, fava de feijo e rcula.
"Agora v e coma." Diz ele, apontando para a mesa. "Vieiras no podem esperar ou ficam
como borracha."
Agora o meu estmago est roncando, ento eu sento e como. As vieiras so excelentes.
Crocantes do lado de fora, macias e cremosas por dentro. Eu termino todas, logo em seguida Tyler
traz o salmo perfeitamente preparado e lentilhas assadas, que so de derreter na boca, deliciosas.
Ele puxa a cadeira em frente minha e se senta.
"No ruim, chef." Eu falo, o que claro, um grande eufemismo.
Seu sorriso me diz que ele sabe disso. "Fico feliz que voc gostou."
Eu limpo a minha boca com um guardanapo. "Seu pai deve estar muito orgulhoso de voc."
"Ele estaria." Uma sombra atravessa seu rosto. "Ele morreu h alguns anos."
"Eu sinto muito."
Ele encolhe os ombros. "Eu, finalmente, convenci minha me a vender o restaurante depois
que ele morreu. Ela est vivendo na Flrida perto da minha irm. Eu a vejo algumas vezes por ano.
Estou pensando em abrir um lugar l algum dia."
Ele olha para o meu prato vazio e levanta. "Espere um pouco. S mais uma coisa que eu
quero que voc prove."
Poucos minutos depois, ele retorna com uma fatia de torta de chocolate sem farinha,
adornado com framboesas, sorvete caseiro e gros de caf.
"O sorvete o meu favorito." Diz ele. "Quando se trata de sobremesa, vou sempre escolher
um bom sorvete antes de qualquer outra coisa."
Ele me olha enquanto como a torta. Estou muito consciente de seu olhar.
"Tyler, isso est incrvel." Eu lambo as migalhas do meu garfo. "Voc no tinha que gastar
tempo comigo para me mostrar tudo, mas estou feliz que voc tenha feito."
"Assim como eu ofereci, lembra? Eu estava pensando que os clientes poderiam vir aqui
olhar enquanto cozinhamos. Como uma viagem de campo. Para que todos possam ver como a
cozinha do restaurante funciona."
Olho para ele por um minuto. Seu rosto est vermelho do calor do fogo e sua loira
cabeleira est despenteada. Alguns fios caem na testa. H uma mancha de chocolate na frente da
jaqueta de chef.
De fato, bonito.
Eu puxo meu casaco e fico de p. "Obrigado novamente. No entanto, no vou dizer a
Charlotte que estive aqui, porque ela vai ficar com cimes."
"Charlotte no tem razo para ter cimes." Ele faz uma pausa. "Ser que ela tem?"
"No." Abaixo minha cabea. "Claro que no. Eu, hum, o vejo na sala de aula."
Ele me leva at a porta. Antes de sair, ele coloca a mo no meu ombro.
"Ei."

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Eu paro.
"Ser que ele vai fazer a sua alma brilhar de novo?" Ele pergunta.
Por algum motivo insano, minha garganta fecha mais. Eu no posso falar devido ao
constrangimento.
Em vez disso eu apenas aceno e me afasto dele. Ele me deixa ir.
"Vejo voc na sala de aula, Liv."
Corro para fora e caminho de volta para o meu carro. Antes de chegar no carro comeo a
tirar o casaco, quando sento no banco do motorista percebo que eu ainda estou vestindo a jaqueta
de chef. Eu a tiro, coloco-a embaixo do banco e vou para casa.
Estou cheirando a azeite, salmo, endro1, chocolate. Preciso de um banho.
Meu peito est apertado, mesmo que eu no tenha feito nada errado.
Ser que eu fiz?
Em casa, solto todas as minhas coisas em cima do balco ao lado das chaves de Dean. O
chuveiro est ligado. Eu me lembro do tempo que eu tinha tentado me juntar a ele no chuveiro e
encontrei a porta trancada.
Agora meu peito est to apertado que di.
Vou para o quarto. A porta do banheiro est aberta.
Eu me atrapalho com a barra da minha camiseta e comeo a tir-la, ento paro. Em vez
disso, chego a soltar meu suti, e o jogo de lado. Tiro minha saia, mas deixo minha calcinha.
Antes que eu possa pensar muito, entro no banheiro. O vapor reveste o ar, escondendo o
espelho e a porta do chuveiro. O contorno do corpo de Dean est por trs do vidro, os braos
levantados a esfregar seu cabelo.
Ele gira ao som da porta do chuveiro abrindo. Cascatas de gua pelo peito.
Meus olhos seguem os riachos at sua virilha. Ele j est semiereto. Isso por si s faz meu
corao pulsar. Eu me pergunto novamente no que ele est pensando, aqui de p nu com gua
quente batendo em sua pele.
Sou sua esposa, Dean.
Eu no sei se o lembrete para mim ou para ele. Salpicos de gua atravs da abertura da
porta batem em mim, umedecendo a minha camiseta.
O olhar de Dean vai para os meus seios. Meus mamilos endurecem e empurram o algodo
macio. Minha barriga comea a girar com o desejo, e eu chego a esfregar a palma da mo em meus
seios.
Dean coloca uma mo contra a porta e a empurra deixando totalmente aberta.
"Venha aqui." Ele ordena.
O tom spero de sua voz me atravessa. Eu entro. A gua me encharca em um segundo, puxo
minha camiseta contra minha pele, delineando cada curva. Dean fecha a porta com fora suficiente
para sacudir o vidro em suas dobradias, ento ele se vira e me puxa contra ele.

1
O endro uma erva aromtica. Tambm conhecido por aneto, muito usado na cozinha sueca, finlandesa, russa e polaca para aromatizar
salmo e batatas novas. Tambm utilizado em saladas na parte ocidental da Turquia

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Eu movo minha mo para roar seu pnis. "O que voc estava pensando?
"Em voc."
"Srio?"
"Sim."
"De jeito nenhum."
Ele desliza a mo ao redor da parte de trs do meu pescoo e me puxa para ele. "Voc.
Realmente. Nua e gemendo para deixar meu pau duro."
Um arrepio atravessa meu corpo. O tom de sua voz me deixa mais excitada. Sua boca se
trava contra a minha, e o desejo surge como uma ondulao do oceano. Eu posso sentir a
adrenalina do jogo de futebol ainda correndo atravs dele, o calor de sua pele sob a gua.
Ele levanta a cabea. "Voc tem um gosto bom."
"Eu tinha... Eu tinha um pouco de chocolate."
"timo."
Sim. Foi bom.
De repente eu quero uma vida difcil.
O pau de Dean empurra com fora contra minha barriga, totalmente ereto agora, mas
quando eu deslizo minha mo para baixo para agarr-lo, seus dedos enrolam em volta do meu
pulso.
Ele torce meu brao atrs das minhas costas. Sua respirao quente contra meus lbios.
"No se mova."
Eu no. S que o meu peito exigente quando o vejo colocar a mo por baixo da minha
blusa molhada e chegando aos meus seios. Ele me vira para ele e continua com a mo em meus
seios, fechando um brao firmemente ao redor da minha cintura. Ele desliza a outra mo por cima
do meu quadril e levanta a camisa para expor minha calcinha branca.
"Voc est quente aqui embaixo?" Seus dedos alcanam o cs da calcinha antes de empurr-
la at o meio de minhas coxas.
"Deus, sim."
Tremo, querendo tanto. Pressiono minhas pernas juntas para acalmar a crescente dor. Dean
empurra a calcinha, ento desliza os dedos entre as minhas coxas e comea a me trabalhar
exatamente da maneira que ele sabe que eu gosto, o indicador de um lado e circulando meu clitris
antes de afagar para o outro lado.
Eu estou me contorcendo contra sua mo, e gemidos ecoam fora do chuveiro. Eu no sei o
que a gua quente tem, porque a coisa toda to boa, o vapor, a gua batendo, o toque explorador
de Dean, o outro brao apertando em volta da minha cintura. A camiseta agarra-se a mim como
uma segunda pele, e eu estou excitada com a viso dos meus seios fartos envoltos em pano
molhado, meus mamilos duros como cerejas.
Mais trs golpes duros de Dean, e eu gozo com a fora da exploso de uma estrela,
tremendo e apertando as minhas pernas em torno de sua mo. Seu peito se ergue contra mim, e

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ento ns estamos saindo do chuveiro, molhados e no paramos para pegar as toalhas no caminho
para o quarto.
Meus seios esmagam contra o peito dele quando camos na cama, a boca buscando lnguas
num emaranhado. A gua transborda da nossa pele e evapora no calor carnal. Ele se levanta com os
olhos quentes quando ele olha para a camiseta ainda colada ao meu corpo. Ele empurra-a mais
para expor meus seios, coloca suas grandes mos sobre eles, espremendo eles juntos.
Eu abro minhas pernas, meus joelhos abraando seus quadris. Meu desejo acende
novamente quando sinto sua ereo contra minha coxa. Eu posso sentir a urgncia desenrolar
atravs dele.
Acima de mim, ele tudo, pele mida, aquecida e olhos esfumaados e eu sei que ele quer,
me quer...
Ele me vira e eu empurro minha bunda em sua direo. "Faa assim."
Minha voz baixa e tensa. Esta posio tem sido sempre explosiva para ns dois, embora eu
nunca tenha me acostumado com a maneira como ela me faz sentir exposta e vulnervel.
Mas agora, eu quero isso, quero o lembrete de posse de Dean e da minha prpria
condescendncia.
Uma excitao renovada aperta minha barriga. Ele pega uma camisinha do criado-mudo e
rola em seu pau. Ele coloca as mos na minha cintura, me puxando para a posio, e ento seus
toques abrem caminho em direo ao meu ponto sensvel. O suor escorre entre os meus seios. Eu
aperto meus olhos fechados.
"Forte." eu sussurro.
Ele aperta as mos em meus quadris, antes de deslizar para dentro de mim com um
poderoso impulso. Eu suspiro, empurrando para a frente, estremecendo com a sensao de
plenitude total. Dean me puxa contra ele e fora estocadas novamente. Meus nervos esto em
chamas. Eu procuro um travesseiro e enfio meu rosto no mesmo para esvaziar minha mente de
todo o pensamento quando ele comea a bombear.
"Empurre." Sua voz se torna spera com o comando. "Foda-se em mim."
Tremo ao dirigir meus quadris para trs, igualando o seu ritmo. Meu mundo destila para a
sensao do meu marido segurando meu corpo, seu pau deslizando para dentro e para fora de
mim, sua respirao quente contra a minha volta. Mechas de cabelo molhado agarram o meu rosto.
Minha bunda bate contra seu abdmen plano, o bater de carne em carne ecoando na minha
cabea.
A camiseta de algodo molhada envolve meus mamilos e envia um calor acendendo a minha
pele. Os impulsos de Dean so fortes, seus gemidos surdos em cima de mim.
O ar castiga meus pulmes. Ele bate em mim o tempo todo, me sacudindo para o ncleo, o
prazer misturando-se com uma ponta de dor. Estou tremendo de urgncia, e ele sabe disso, porque
ele desliza a mo por baixo de mim e circula seus dedos sobre meu clitris dolorido.
"Diga-me o que voc quer, Liv."

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"Ah..." Eu toro meus quadris, tentando me esfregar contra sua mo, sentindo a exploso de
felicidade to perto. "Eu quero ir de novo... por favor, deixe-me..."
Ele pega sua mo, deslizando-a at meus seios por baixo da camiseta. Eu grito com
frustrao entre as minhas pernas. Dean agarra meu pulso e prende minha mo na cama,
mergulhando dentro e fazendo todo o meu corpo tremer com o impacto.
"No se toque." Diz ele com voz rouca. "Voc apenas me tomar profundamente."
O calor me enche. Minhas coxas tremem. Eu empurro para trs em desespero, o desejo da
liberao. Minha mente se enche com imagens de minhas mos e joelhos, Dean todo ardente e
tenso atrs de mim, seus msculos em esforo, com o peito mido de suor. Sua espessura,
afundando em meu corpo.
"Eu estou aqui para isso." Ele ordena. "Voc parece to gostosa... me mostrando que voc
quer ele... mais... ah, isso..."
Eu seguro a cabeceira da cama e me empurro descaradamente contra ele, me bombeando
sobre seu eixo e exortando-nos para o xtase. Meus seios balanam embaixo de mim, gritos de
prazer se rasgam na minha garganta. Bobinas de presso em torno de meus nervos.
"Dean." O travesseiro abafa meu grito quando convulsiono em torno dele, a minha carne
interior aperta. Ele empurra duro mais uma vez antes de se retirar. Um segundo depois, ele esfrega
seu pau na fenda da minha bunda. Seu gemido agita no ar, quando ele vem longo e duro sobre
minha parte inferior das costas.
Ofegante, eu afundo no meu estmago. Dean se afasta e rola na cama ao meu lado.
Deitamos molhados, ofegantes e suados. Tremores continuam no meu sangue, aqueles
pequenos tremores de prazer prolongado.
Eu mudo, e viro para o meu lado. Dean est me observando com cautela, que dissolve a
saciedade em seus olhos.
Jesus. Ser que ele suspeita de algo? Por que deveria? E afinal, o que h a suspeitar? Eu no
fiz nada de errado.
Eu fiz?
No, caramba, eu no fiz. Ele o nico que mentiu sobre seu casamento anterior. Eu no
menti sobre qualquer coisa.
Sento-me para tirar a camiseta, que no est mais molhada e sexy, mas fria e mida. Eu
pego meu roupo e o envolvo em torno de mim. No olho para ele, fao um n complicado no
cinturo do roupo.
"Voc est bem?" Ele ainda est me observando.
Eu no sei como responder a essa pergunta.
" a segunda vez que eu peguei voc pensando em mim no chuveiro." Eu o observo,
forando leveza em meu tom. "Eu deveria entrar em voc com mais frequncia, as suas fantasias
levam a isso."

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Embora eu pretendia prend-lo com um comentrio provocativo, uma escurido surgiu no
rosto de Dean. A primeira vez que eu entrei nele, meus medos provocaram acusaes feias e
dvidas.
Ele sai da cama. Uma ondulao de tenso surgiu no ar entre ns.
"Eu preciso terminar a mala." Ele veste a cueca e vai para a sala de estar.
Eu fao algumas respiraes para acalmar meu corao ainda disparado. Estou cansada e
confusa, com nenhuma vontade de ir atrs dele e trazer tona todos os nossos problemas.
Primeiro, preciso descobrir as coisas sozinha. Espero que eu possa fazer isso, enquanto Dean est
na conferncia.
Minha garganta aperta. De repente no posso esperar ele sair.

Aps Dean sair para o aeroporto, passo a manh sozinha no apartamento. A tenso das
ltimas semanas se foi na sua ausncia, e me deixo desfrutar da paz e tranquilidade.
Tomo algumas xcaras de caf, leio uma revista, passo alguma roupa, limpo o meu armrio,
assisto a um show na tv. Na parte da tarde passo algumas horas no Museu Histrico, e, como eu
estou fora do trabalho na livraria neste fim de semana, Kelsey me chama para ir a um restaurante
mexicano.
" a ainda sobre a coisa beb?" Kelsey senta e bebe sua gigantesca margarita. Quando eu
no respondo, ela olha para mim. "Ou outra coisa errada?"
"No." Eu abaixo minha cabea e tomo um longo gole da minha margarita, menos
gigantesca. A coisa do beb tem sido dominada pela coisa ex-esposa.
"Ns vamos trabalhar nisso." Disse vagamente. "Ele s precisa de tempo."
Eu no vou dizer a Kelsey o que Dean me disse. Essa a histria que ele contou, afinal de
contas, mas ela experiente o suficiente para ler nas entrelinhas. Ela empilha uma chips com
guacamole1 e pensa sobre isso.
"Seja qual for o negcio, Liv, o homem ama voc at os ossos." Diz ela. "Eu posso ver isso, e
estou to romntica como um galho de rvore."
"Liv?"
Kelsey e eu olhamos para cima para ver Tyler Wilkes se aproximando da nossa mesa.
"Tyler." Eu sorrio. a primeira vez que eu o vi sem sua jaqueta de chef. Ele est vestindo
cala bege, camisa de abotoar no mesmo tom de azul dos seus olhos. Ele parece bem.
Ele para ao lado de nossa mesa e h um momento de constrangimento, enquanto tentamos
descobrir como cumprimentar um ao outro. Por fim, ele coloca o brao em volta dos meus ombros
e trocamos um breve abrao. Eu sinto o cheiro de sua loo ps-barba antes de me afastar e
apresentar Kelsey.

1
O guacamole uma iguaria tpica da culinria mexicana, servida com uma grande variedade de pratos, muitas vezes acompanhada com pico-
de-gallo e nata azeda.

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"Tyler o meu instrutor de culinria." Digo, e imagino muitas das realizaes de Tyler, que
me lembro.
"Impressionante." Kelsey franze os lbios ao chupar um gole de margarita.
Ela olha de Tyler para mim.
"Acho que Liv vai ser a melhor aluna at o final do ano." Tyler diz. "Ela uma trabalhadora
e tem um grande potencial. Ela faz um sufl mdio."
Eu reviro os olhos, mesmo que o elogio secretamente me agrade.
"Ento, o que voc est fazendo aqui?" Eu aceno minha mo no restaurante, que um lugar
agradvel, mas certamente nenhum estabelecimento requintado.
"S chamei um amigo para jantar." Diz Tyler. "A pimenta chile daqui de longe a melhor."
Eu olho para trs, me perguntando se o "amigo" do sexo feminino. E, em seguida, me
perguntando porque eu quero saber sobre isso.
"No se voc mora em Forest Grove?" Eu peo.
"No, eu moro em Rainwood. a mesma distncia daqui para Forest Grove."
"Voc pode ficar?" Fao um gesto para a cadeira ao meu lado. "Ns estamos apenas nos
preparando para pedir."
"No, eu tenho que voltar para o Julienne. Eu gosto de estar l nos fins de semana. Lembre-
se que voc ainda tem um convite permanente. Da prxima vez eu no vou nem coloc-la para
trabalhar." Ele acena para Kelsey. "Prazer em conhec-la."
"Sim. Voc tambm."
"Tchau, Liv. Bom te ver."
"Voc tambm, Tyler."
Eu observo ele ir embora. Realmente no me importo que Kelsey esteja me olhando como se
estivesse tentando no me interrogar.
Eu no fiz nada de errado. E os elogios e a admirao de Tyler me fazem sentir bem.
Francamente, bom se sentir assim hoje em dia.
A nossa comida chega, e enquanto ns comemos, pergunto a Kelsey sobre seu trabalho.
Discursando sobre seus colegas professores suficiente para mant-la fora do assunto de Tyler, e
pelo tempo que ela est falando, parece ter se esquecido dele.
No entanto, eu no esqueci.
Deito na cama grande, vazia e penso sobre ele e todas as suas realizaes e o jeito
descontrado que ele tem com as pessoas. Penso sobre seu vasto conhecimento sobre alimentos,
como ele pode desossar um frango em poucos minutos, como ele sabe a temperatura exata para
cozinhar a vieira e como ele pode identificar cada corte de carne bovina. Ele at sabe como fazer
um risoto perfeito.
Olho para o outro lado da cama. Tyler como Dean em alguns aspectos. Eles possuem um
conhecimento enciclopdico de seus campos. Ambos so realizados, dedicados, totalmente
apaixonados por seu trabalho. Ambos so timos no que fazem.

Pgina 147

Eu pressiono minha mo contra o travesseiro frio de Dean, ento pego o telefone no criado-
mudo. "Dean?"
"Ei, gracinha. Recebeu o meu correio de voz?"
"Sim. Eu..." Enrolo meus dedos no travesseiro. "S queria falar com voc."
"Como foi seu dia?"
"Tudo bem. Jantei com Kelsey. Ela mandou um beijo. Ela quer que voc traga alguns
pssegos em compota."
"Voc quer alguma coisa?"
"Eu quero que voc volte para casa."
"Quatro dias apenas. Amo voc. Ligo amanh noite."
"Eu tambm amo voc."
Ele desligou, ento no sei se ele me ouviu. Deixo cair o telefone e fecho os olhos.
Se Dean estivesse dormindo ao meu lado, eu no sei se eu teria sonhado com Tyler Wilkes.
Nunca vou saber. Mas eu sonho com ele, agora um sonho que lento, fcil e suado.
Eu sonho com seu corpo, compacto e firme, com um tapete de luz de cabelos loiros
espalhados pelo seu peito. Eu sonho com a maneira como seria a sua boca contra a pele nua do
meu ombro, minha garganta, meus seios. Eu sonho com o seu peso em cima de mim, como que se
encaixaria no meu, como seria a sensao de colocar minhas pernas ao redor de seus quadris.
Imagino que sua pele cheira a ervas frescas e ctricas, que seu cabelo parece grosso e liso como a
palha.
Quando acordo, estou molhada de suor e meu sangue pulsa em uma batida agitada. Mudo
de posio, resistindo ao impulso de pressionar os dedos entre as minhas coxas, para esfregar a dor
para longe.
Rolo para o meu lado, respirando com dificuldade, fazendo uma careta quando sinto meu
sexo estremecer com o movimento.
Isso no o que eu esperava. No o que eu quero.
Eu no me senti to abalada, to incerta, nos ltimos anos. Desde antes de conhecer Dean.
Eu pensei que a razo que eu comecei a considerar a ideia de ter filhos foi porque eu coloquei meu
passado atrs de mim. Amo meu marido, estamos morando em Mirror Lake, a minha vida tornou-
se o que eu sempre quis, mas nunca teve antes to segura, feliz...
Ento o que diabos estou fazendo tendo um sonho ertico sobre outro homem?
E o que diabos ento que meu marido no me disse?
A raiva que eu estive suprimindo soltou como um enxame de abelhas.
Pressiono minhas mos em meus olhos. Meu corao est batendo muito rpido. Foro a
minha mente de volta a nossa conversa, tudo que Dean disse sobre seu relacionamento com Helen.
Sua primeira esposa.
"Eu no deveria ter contado com ela para evitar uma gravidez. Mas eu fiz, e isso foi o que
aconteceu."

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Todos os pensamentos de Tyler Wilkes se espalham me deixando com medo. Saio da cama,
empurrando as cobertas de lado. Abro a gaveta da mesa de cabeceira de Dean e olho para a caixa de
preservativos no interior. H outro no banheiro.
E um terceiro na gaveta de uma mesa ao lado do sof. Eu conheo h anos onde Dean
mantm os preservativos, mas agora como se eu os estivesse encontrando pela primeira vez.
por isso que Dean sempre usou camisinha comigo, mesmo quando eu tentei plulas
anticoncepcionais?
Foi por causa da traio de Helen? Ser que ele acha que eu faria a mesma coisa?
O pensamento me faz tremer. Dvidas inundam-me de novo: a relutncia de Dean para
falar sobre bebs, as insinuaes feias de Maggie Hamilton, o segredo de Dean, o sentimento que
guardei para no estragar a iluso do que ns deveramos ser.
Ele sempre foi um empreendedor de sucesso. Eu sempre fui uma boa garota. Deus nos livre,
nada deve destruir as imagens que lutamos to duro para manter.
Eu vou para o escritrio de Dean e me sento na cadeira giratria em frente sua mesa. Eu
olho para todos os seu papeis, folheio-os em sua caligrafia rabiscada, pginas no meio dos livros
marcados com post-its.
Eu viro para seu computador. A rea de trabalho aparece como uma grade de arquivos PDF,
documentos, imagens. Abro alguns deles. Um artigo sobre a Igreja de San Clemente, em Roma,
outro sobre "Policromia arquitetnica". Um esboo do trabalho de Dean para uma revista de
arqueologia. Fotos de catedrais medievais, os planos da cidade, stios arqueolgicos.
Eu abro um navegador na web e olho para o seu histrico de navegao de notcias e sites de
esportes, e-mail, informaes sobre a conferncia.
Eu clico no e-mail da universidade de Dean. A senha salva, ento eu entro. Tem
mensagens sobre aulas e trabalhos, a conferncia, passagens areas, hotis e confirmaes.
No meio da lista de mensagens, eu vejo o nome que faz minha respirao parar.
Helen Morgan.
Com a mo trmula, clico na mensagem para abri-la.

PARA: Dr. Dean West, Universidade King
De: Dra. Helen Morgan, Universidade Stanford
ASSUNTO: Conferncia

Dean,
Eu queria que voc soubesse que estou submetendo um artigo para incluso nas suas
palavras e imagens da conferncia. O tpico sobre o Pr-Rafaelita, uso de cones medievais. Eu
tenho trabalhado com vrios medievalistas recentemente, e na conferncia seria uma maneira de
ampliar minha pesquisa em reas mais interdisciplinares.
Desde que eu no quero perder uma oportunidade profissional, pensei que iria deixar voc
saber (como cortesia) de minhas intenes.

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Atenciosamente,
Helen

H uma resposta de Dean.

Obrigado por me deixar saber. Melhor, boa sorte.
Dean

Fico olhando para a mensagem. Meu corao gela.
Meu marido mentiu para mim, novamente.



















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23 de outubro

Ao passar dos dias, recusei em me esconder. Mesmo que o meu peito esteja apertado com
consternao, passo minhas horas no Museu Histrico, na livraria e, em seguida, assisto a aula de
culinria na tera-feira noite.
Mal posso olhar para Tyler. Acho que vou lembrar do meu sonho ertico cada vez que
avistar seus olhos azuis e cabelos loiros. Toda vez que ele me abre um sorriso, eu no retribuo.
Quando ele chega na minha placa de corte, estou cortando as pimentas em cubos, olho para
sua mo e fico imaginando como seria a sensao na minha pele.
A aula parece durar uma eternidade, e eu rapidamente limpo a minha mesa e arrumo
minhas coisas.
"Tudo bem, Liv?" Tyler para na minha frente, uma ruga de preocupao entre as suas
sobrancelhas.
"Tudo bem." Enfio meu notebook na minha mochila. "Por qu?"
"Voc parece um pouco estressada esta noite, no muito focada. Eu no fiz as coisas
estranhas para voc com a sua amiga, no ?"
"O que... ah, Kelsey. No. Nem um pouco. Eu apenas... no. Tudo est bem."
Eu fico olhando para a garganta. Eu sonhei que estava passando a lngua no buraco logo
acima de sua clavcula. Sonhei com ele apertando a mo na parte de trs do meu pescoo,
exatamente do jeito que Dean faz.
Jesus. Minha cabea est uma baguna. As lgrimas nos meus olhos ardem. Eu abaixo a
minha cabea e pego minha bolsa.
"Vejo vocs na prxima semana."
"Ei, Liv."

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Eu paro, mas no viro para olhar para ele. Ele agarra meu pulso, vira a palma da mo para
cima, e coloca um pedao de papel nela. Eu olho para baixo.
"Meu nmero de telefone." Diz ele, em voz baixa o suficiente para que os outros no
escutem. "No quero ser presunoso, mas ligue se quiser conversar ou qualquer coisa. Voc sabe,
como amigos."
"Sim. Claro. Obrigado."
Vou para o meu carro antes que as lgrimas comecem a cair, raspando minha garganta.
Consigo me recompor e sair do estacionamento antes de meus colegas ou Tyler sair.
Por pura exausto e a necessidade de fuga, durmo a noite toda desolada, sono sem sonhos.
Na manh seguinte, visto roupas quentes, em seguida, dou um passeio ao longo de uma
trilha na montanha. Um toque de inverno est no ar, as rvores derramam suas folhas vermelho e
ouro, gansos pairam ao redor do lago. Depois de algumas horas, volto para casa para esperar por
Dean.
Finalmente escuto sua chave na fechadura. Ele vem todo amarrotado e com roupas de
viagem, envolve seus braos em volta de mim para um abrao apertado, ento sai para tomar
banho e mudar de roupa.
"As conservas de Kelsey." Ele coloca alguns frascos de conservas de pssego em cima do
balco. "E alguns para voc. Um brinde."
"Como foi a conferncia?"
"Boa. Estou comeando um projeto com trs estudantes europeus sobre guildhalls1
medievais e arquitetura pblica." Ele vai at a cozinha e pega uma laranja, me dizendo todos os
detalhes do projeto e a arqueologia que ir envolver.
Eu sei que h uma rotina. E eu sei o suficiente para no confront-lo diretamente, quando
ele chega em casa.
Ento, eu espero algumas horas, enquanto ele desfaz a pasta e fecha a janela, verifica seu e-
mail, organiza as suas notas e livros.
quase a hora do jantar antes que ele perceba que eu mal disse uma palavra desde que ele
chegou em casa. Peo comida chinesa. Dean estende-se no sof.
"Voc teve a sua aula de culinria na noite passada?" Ele pega o controle remoto e olha para
mim. "Como foi?"
"Tudo bem."
"O que voc fez?"
Galinha? Peixe? "Vitela. Escalope de vitela."
"Como isso ficou?"
"Certo. Um pouco seco. Mas bom, eu acho."
Ele continua olhando para mim. "Ento, o que h de errado?"

1
A capela ou uma prefeitura, ou um edifcio historicamente usada por corporaes para reunies e outros fins, em que sentido ele tambm pode
ser grafadas como "Guild Hall" e tambm pode ser chamado de "casa de guilda". tambm o nome oficial ou coloquial para muitos destes
edifcios especficos, muitos dos quais so agora museus.

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Eu foro uma respirao profunda. "Voc me disse que no tinha falado com ela nos ltimos
anos."
"Quem..."
"Helen."
"Eu no tenho."
"Ento, por que eu encontrei uma mensagem dela em seu e-mail?"
Ele franze a testa. "O que voc estava fazendo checando meu e-mail?"
"Tentando descobrir o que mais voc pode estar escondendo de mim." Eu devolvo,
recusando-me a sentir culpa por ter espionado ele. "Eu perguntei especificamente quando voc
tinha parado de conversar com Helen e voc disse que h anos. Ento, eu encontrei um e-mail,
sobre sua conferncia. Quando voc estava pensando em me dizer sobre isso?"
"Liv, no h nada a dizer."
"Ela disse que est planejando participar de sua conferncia no prximo ano, Dean, o que
significa que ela vai estar em Mirror Lake. Voc no acha que valia a pena me dizer? E por que voc
mentiu sobre ter contato com ela?"
"Eu no menti. Voc me perguntou quando foi a ltima vez que conversei com ela, e
verdade que tem anos desde que terminamos."
"No seja um idiota." Meus punhos apertam, inseguranas antigas e raiva fervendo no meu
peito. "Voc sabia exatamente o que eu estava querendo dizer."
"Liv, apenas uma conferncia acadmica." Uma irritao endurece suas feies. "Voc leu
o e-mail, obviamente... todos dizem que ela vai apresentar uma proposta."
"Ser que isso mesmo?"
"Por que voc se importa quem est participando de uma conferncia sobre estudos
medievais?"
Meu corao encolhe um pouco com a insinuao de que eu no tenho interesse em seu
trabalho e o conhecimento de que eu no fiz nada para expressar realmente o interesse.
"Eu me importo se sua ex-esposa, Dean."
Ele suspira. "Olha, eu no acho que um grande negcio, certo? Eu quero ver Helen
novamente? No. No dou a mnima se ela apresenta um trabalho na conferncia? No. Ela uma
estudiosa. Ela tem um direito de sua carreira. Ela vai participar da conferncia e ir embora, assim
como todos os outros."
Ele se vira para lanar o controle remoto sobre a mesa de caf, sua mandbula retesada,
como se isso fosse o fim da conversa. Eu ando para a mesa ao lado do sof e abro a gaveta. Minha
mo treme quando eu tiro o pacote de preservativos e seguro.
"E quanto a isso?" Eu peo.
"Os preservativos?"
"Helen foi a razo que voc est usando preservativos durante todo esse tempo." Eu digo.
Dean balana a cabea. "Agora, o que voc est falando?"

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"Ela mentiu para voc sobre evitar gravidez. Foi assim que ela engravidou. E voc me disse
que no deveria ter confiado nela." Eu jogo a caixa para ele. Ela o atinge no peito.
"Voc no confia em mim tambm?"
"Liv, o que..."
"Voc foi o nico que me disse para parar de tomar a plula, me disse que era melhor usar o
preservativo."
"Eu lhe disse para parar de tomar a plula, porque ela fez voc ficar doente. No porque eu
no confiava em voc tom-la."
"E sobre os adesivos? Injees? Voc tambm no quis que eu usasse nenhum deles."
"Porque eles tambm so hormonais..."
"No, porque voc no quer que eu seja a nica no controle de uma gravidez. Por causa
dela."
"Liv, pelo amor de Deus, eu nunca pensaria isso de voc."
"Ento, por qu? Que homem gosta de usar um preservativo, Dean? Durante trs anos? H
um zilho de outras opes l fora, e voc no quer que eu use nenhum deles!"
Ocorre-me que demorei tanto tempo para sequer questionar sua deciso. Eu no sei se
uma medida da minha prpria estupidez ou do simples fato de que eu nunca tive razo para
question-lo sobre qualquer coisa.
Ele no parece culpado ou envergonhado. Mais do que tudo, ele s olha perplexo.
"Liv, os preservativos no tem nada a ver com Helen."
"No, ?" Minhas lgrimas transbordam. "Voc no quer um beb comigo por causa do que
aconteceu com Helen, certo? Por que mais voc queria usar preservativo durante tanto tempo?"
"Porque voc me disse anos atrs que voc no queria ter filhos!" Um tom de frustrao em
sua voz. Ele se levanta e se aproxima de mim. "Eu no sou... Liv, sim, Helen me levou a uma
gravidez que eu no queria. Mas eu nunca pensei que voc iria fazer a mesma coisa. Por que eu
acreditei quando voc disse que nunca queria ter filhos, sem mencionar que sempre confiei em
voc muito mais do que eu confiava nela."
"Mas no o suficiente para me dizer que era casado antes."
"Liv..."
Eu ergo as mos. "Eu no quero mais isso, Dean."
"O qu?"
"Isso." Eu gesticulo para o ar entre ns e limpo o meu rosto molhado e o corrimento nasal
com a manga da minha blusa. "Esta porcaria que est acontecendo. Eu odeio isso. O que tivemos
foi bom, no foi? Eu menciono um beb e de repente tudo vai para o inferno. Que diabos
aconteceu? Pessoas casadas falam sobre bebs e famlias? Por que todos os outros conseguem faz-
lo sem tudo... isso?"
"Eu no sei."
O fato de que ele acabou de admitir suficiente para fazer minha garganta ficar estreita. O
professor West sabe de tudo. No ?

Pgina 154

"Por que voc no me contou antes sobre Helen?" Eu peo.
"Porque era uma merda. Eu no queria que voc soubesse sobre isso."
"Voc no achou que eu poderia lidar com isso."
"No. Eu queria proteg-la."
"Ento voc mentiu."
"Eu no menti."
"Por omisso, sim, voc fez."
Pelo amor de Deus. Nosso casamento no feito para ter mentiras. Meu estmago produz
uma onda de nusea.
"Eu te disse tudo, Dean." Sussurro. "Porque eu sabia que poderia lidar com isso. Eu sabia
que voc era forte o suficiente para trabalhar com qualquer coisa comigo."
"Foda-se, Liv." Ele esfrega as mos sobre o rosto, a tenso em seus antebraos. "Eu sei."
"Mas esse tempo todo... voc acha que eu no faria o mesmo por voc?"
"No, claro que no. Eu s no queria que voc soubesse."
"Eu sou sua mulher! Eu quero saber tudo sobre voc. Eu achava que sabia."
"Liv..."
"Voc achava que eu nunca iria descobrir a verdade sobre Helen?" Eu ando alguns passos de
distncia dele, meu corao apertando. "Voc achava que poderia mant-la em segredo para
sempre? Especialmente quando eu trouxe o assunto de ter filhos?"
"Eu no sei o que eu pensava." Ele se senta no sof e se inclina, colocando os cotovelos
sobre os joelhos. Ele olha para o cho. "Eu queria voc, Liv. Isso era tudo que eu queria. E eu
pensei... eu pensei que eu era tudo o que voc queria."
Eu limpo minhas lgrimas novamente. "Voc era."
"Voc disse que nunca queria ter filhos, e isso foi bom para mim." Diz ele. "Voc est certa.
O que ns tnhamos era bom. To bom que eu no acho que precisava de mais nada."
O que ns tnhamos era bom. Ambos usando o verbo no passado sem perceber.
"Eu te dei tudo o que tenho." Eu digo, minha garganta fechando sobre as palavras. "Tudo o
que eu sou. Voc sabe disso. Por que no fazer o mesmo por mim?"
"Eu fiz. O desastre com Helen era... no importante. No para ns."
"Como voc pode dizer que no, quando isso afetou sua resposta para ter um beb comigo?"
"O que voc quer que eu faa agora, Liv?" Com um tom de frustrao em sua voz, ele levanta
a cabea para olhar para mim. "Seja o que for, eu vou faz-lo. Me desculpe, eu no lhe disse. Foi no
passado, e eu no queria que voc tivesse que lidar com outra coisa de merda. Era isso. No tinha
nada a ver com a gente. "
"Tudo que voc faz tem a ver com a gente."
"Eu no posso mudar isso, Liv! O que voc quer que eu faa?"
"Eu no sei." Minha voz fica dura.

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Ns olhamos um para o outro. Eu vejo com uma sbita clareza exatamente o que o nosso
casamento tem sido. Dean est no controle de todas as coisas ruins que podem me machucar. E
est disposto a ser o meu escudo, para manter as coisas ruins longe.
S que agora as coisas ruins so como areia movedia sob os meus ps, me puxando para
baixo, e meu marido no pode me salvar dele.
A campainha soa, quebrando o ar tenso.
Deso para pegar a comida, mas nenhum de ns est com fome. Deixo os recipientes em
cima da mesa e vou para o quarto, fechando a porta. Por um tempo, h silncio na sala de estar e,
em seguida, os sons de um jogo de futebol na TV.
Quando acordo, aps uma noite de insnia, percebo que Dean se foi. Eu sei que ele foi
trabalhar, mas pela primeira vez me pergunto o que pode acontecer se ele no voltar para casa.


















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30 de outubro

Excelente, Liv." Tyler prova uma mordida do meu fil e acena com aprovao. "Muito bem
temperado, perfeito selar da carne. O molho est na consistncia certa. Talvez apenas um pouco
mais de estrago1, mas no geral delicioso. timo trabalho."
O prazer flui como luz atravs de mim, dissipando a ansiedade e o desnimo que senti na
semana passada. Eu sorrio e corto uma fatia de carne com a faca. Ele est certo. crocante por
fora, macio e suculento por dentro com um bom tempero.
Tyler sorri e me d um tapinha no ombro. "Est vendo? Voc pode fazer mais do que voc
pensa. Esse empurro era o seu ponto de partida. Estou muito orgulhoso de voc. E voc deve estar
orgulhosa de si mesma."
"Estou." verdade. Dois meses atrs, nunca teria acreditado que seria capaz de fazer uma
deliciosa refeio de cogumelos porcini incrustrado e fil mignon acompanhado de ervas frescas na
manteiga.
Ao meu lado, na estao vizinha, Charlotte me d o sinal de polegar para cima. Eu sorrio de
volta para ela e arrumo o resto da refeio antes de comear a limpar a minha estao.
"Ei, Liv, voc poderia ficar depois da aula por alguns minutos?" Pede Tyler. "H algo que eu
quero lhe perguntar."
Eu ignoro a pontada de inquietao. "Claro."
Minha estao est limpa, todo mundo deixou a loja e a cozinha,

1
O estrago um tempero tpico da culinria francesa e utilizado para realar o sabor de certos ingrediente e alimentos. O sabor da folha de
estrago adocicado e ao mesmo tempo levemente picante, lembrando algumas pessoas, mesmo que brevemente, do cheiro e gosto do funcho
(tambm conhecido como erva-doce, marantro, finquio). As folhas do estrago, assim como as de outras ervas utilizadas na culinria podem ser
usadas tanto verdes e frescas quanto secas, dependendo sobretudo do que exigem as especficas receitas.

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Eu coloco minha mochila sobre meu ombro e abordo Tyler em sua estao. Os botes de sua
jaqueta de chef esto abertos, revelando o vazio da sua garganta e um semicrculo de pele para
baixo, para o topo de uma camisa.
Eu puxo meu olhar de sua garganta para seu rosto, forando a minha voz para parecer
casual e alegre.
"Ento, o que foi, chef?"
"Uma equipe de TV est chegando para filmar uma seo no Julienne em dezembro." Diz
ele, recolhendo suas coisas e desligando as luzes. "Eles esto fazendo um documentrio sobre chefs
que utilizam ingredientes orgnicos. Assim, para a seo sobre mim, eles querem mencionar a aula
de culinria e entrevistar alguns de meus alunos. Eu queria saber se voc est interessada em
participar."
"Eu? Srio?"
"Srio." Ele mantm aberta a porta para mim. "Voc melhorou muito, Liv, e eu acho que
eles tm algumas questes interessantes para voc. Alm disso, voc articulada e... hum, bem...
eles querem pessoas que fiquem bem diante das cmeras."
Esse comentrio deveria aprofundar minha inquietao, mas estou satisfeita. "Voc acha
que eu ficaria bem na cmera?"
"Bem, sim." No estacionamento escuro, percebo um rubor em seu rosto. "Voc fica bem...
voc sabe, o tempo todo, assim voc est tima para a cmera."
Chegamos no carro dele e ele para para colocar suas coisas na mala. Depois de me sentir to
mal por muito tempo, agora estou intensamente aquecida por seus elogios.
"Obrigada."
"Ento, voc vai participar?" Ele pergunta, enquanto continuamos at meu carro.
"Claro. Parece divertido." Abro a porta do lado do passageiro do meu carro e coloco a minha
mochila e materiais no assento. "Eles vo querer que eu diga coisas boas sobre voc, ento?"
"No faria mal." H um sorriso em sua voz. "A questo , voc tem coisas boas a dizer de
mim?"
Eu me viro. Ele est logo atrs de mim, muito perto, descansando um brao contra o teto do
carro.
Mesmo sob a luz dos postes, seus olhos so muito, muito azuis. Eu estou presa entre ele e a
porta do carro, mas eu no me sinto ameaada. Apenas quente, quase abrigada.
"Eu tenho um monte de coisas boas a dizer sobre voc." Admito.
Estou perfeitamente ciente de que as coisas esto ficando perigosas. Que eu deveria entrar
no carro agora.
Mas eu no entro.
"Sim? Como o qu? "Ele no se aproxima de mim nem se move para trs. Ele me estuda, seu
olhar cintilante vai at a minha boca e volta para os meus olhos.
"Voc um grande professor." Digo. "Um chef incrvel. Voc paciente, confiante, solidrio.
E voc ajuda seus alunos a acreditarem em si mesmos."

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Ele olha para mim por um momento, depois balana a cabea. "Uau. Diga isso para o
produtor, e eu poderia ter o meu prprio show."
"Voc merece um." Eu quero dizer isso tambm.
"Obrigado." Ele se move um pouco mais.
No recuo, no que eu no pudesse, mesmo que eu quisesse. No sei. Ele coloca uma mo
na porta do carro atrs de mim e abaixa a cabea.
Endureo quando sua boca toca a minha. Uma confuso sobe em mim, guerreando com
curiosidade.
E interesse... Sim.
Seus lbios so suaves, mas desconhecidos, tateando por um segundo antes de se decidir
contra os meus.
Por um momento, ele no se move e parece que no h mais nada alm de ns dois, como se
nossos lbios estivessem tocando plumas. Em seguida, ele muda e a presso aumenta. A parte de
trs da minha cabea atinge a borda da porta do carro.
Tyler para e se endireita, seu olhar procurando o meu. Eu puxo a respirao e apenas olho
para ele. Ele desliza a mo para a parte de trs da minha cabea e massageia o lugar onde bati. Seus
dedos so quentes e fortes. O prazer faz com que eu me esquea da minha tenso, suaviza a minha
coluna vertebral. Ento, ele abaixa a cabea novamente.
Desta vez, eu o encontro no meio do caminho. Nossos lbios se tocam pela metade. Pois ele
no muito mais alto do que eu, por isso se encaixam facilmente e sem esforo. O calor comea a
fluir atravs do meu sangue, o meu medo persistente dissipa. Ele move os lbios levemente contra
o meus, ameaador, quase reconfortante. Ele tem gosto de cebolinha e estrago.
bom... MUITO BOM.
Ele desliza suas mos at meus quadris e enrola os dedos no material da minha saia.
Aps um momento de hesitao, descanso minhas mos em sua cintura. Posso sentir o calor
de sua pele mesmo com a jaqueta de chef. To perto de mim, seu corpo do jeito que eu imaginava:
firme e slido.
Meus dedos tremem. Um desejo aperta abaixo na minha barriga. Os aromas da cozinha se
agarram em ns, a manteiga derretida, a fragrncia das ervas picadas, cebolas, pimentas, azeite de
oliva.
potente, delicioso, o que provocou uma fome de mais do que apenas comida.
Tyler no deixa as coisas irem rpido demais... longe demais. Ele no pressiona seu corpo
contra o meu ou tenta me tocar alm dos meus quadris. Seu beijo doce, quase tenro, e a sensao
ilumina algo dentro de mim que eu pensei que tinha ido embora.
Eu engulo em seco, minhas mos apertando sua cintura quando eu separo meus lbios
timidamente. Seus dedos se apertam a cada movimento. suave e fcil... muito fcil.
Meu corao bate. Ele faz um barulho na parte traseira de sua garganta. Em poucos
segundos, os nossos lbios esto pressionando cada vez mais juntos, lnguas emaranhadas em um
ritmo sem esforo.

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Um ritmo que me faz querer ele.
A realidade me bate forte, quebrando atravs da nvoa de luxria. Eu congelo. Minhas mos
caem longe dele.
Ele levanta a cabea e olha para mim, a respirao difcil contra os meus lbios. Ele parece
quase to chocado quanto eu, no porque o beijo aconteceu, mas por causa de como ele se sentia.
Eu podia colocar a minha mo entre ns para aliviar a tenso. Ele d um passo para trs,
esfregando uma mo sobre sua boca.
"Liv." Seus olhos se enchem de consternao. "Sinto muito. Eu..."
"No." Eu mal consigo falar. "No se desculpe. No foi culpa sua."
" s que... Eu quero dizer, que o primeiro dia de aula, a forma como voc estava l... tipo
desamparada e incerta, e... Eu queria... Eu queria salv-la, voc sabe?"
Minha garganta fecha mais. Apenas um homem no mundo j me resgatou.
"Pare, Tyler. Por favor."
Eu quero dizer que eu sou casada, mas isso seria injusto. Ele sabe disso, e eu o conheo,
inferno, e ainda nos conhecemos em um beijo que foi muito mais fcil do que deveria ter sido.
Estendo a mo para colocar em seu peito, mas paro antes de toc-lo.
" melhor eu ir." Digo.
Tyler se afasta, enquanto fecho a porta do passageiro e dou a volta at o banco do motorista.
"Voc est... hum, voc vai voltar para a aula?" Ele pergunta.
Eu hesitei, mas aceno a cabea. "Sim. Ns vamos... vamos esquecer que isso aconteceu."
"Sinto muito." Ele repete. "Eu normalmente no... Quero dizer, eu nunca..."
"Tyler." Aperto a minha mo na chave. "Est tudo bem. Eu no estou chateada com voc."
Mas no h palavras para descrever como me sinto sobre mim agora.

"Isso parece ser bom, Liv." Samantha Davis, a curadora do Museu Histrico, para ao lado da
vitrine onde estou organizando uma coleo pioneira de equipamentos de cozinha. Bato minhas
mos para tirar a poeira e dou um passo para trs. "Assim que chegar o vidro de volta, eu vou
colocar o tema na parede."
"timo." Samantha inclina a cabea e olha para mim. "Voc sabe, ns realmente temos
apreciado todo o trabalho que voc tem feito por ns. Voc estaria interessada em ajudar com o
festival de frias da Sociedade Histrica? So mais horas, mas h algumas regalias. Voluntrios
conseguem ingressos para alguns dos shows no Centro de Artes Performativas, e ns temos uma
festa divertida na casa Langdon na vspera de Natal."
"Claro. Parece divertido."
Samantha sorri. "Eu vou dizer a Felicia para estabelecer um cronograma."
Ela volta para seu escritrio, e eu mexo nas exibio por mais alguns minutos.
"Liv."

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A voz de Dean me assusta. Volto para trs, ele est parado na porta, vestido com terno e
gravata, as mos enfiadas nos bolsos da cala.
"Dean. Oi." Minhas mos comeam a suar. Eu esfrego minhas mos na frente das minhas
coxas e me aproximo dele. "O que voc est fazendo aqui?"
"Vim busc-la para o almoo, se voc estiver livre."
"Hum, com certeza. Eu s... Eu s preciso terminar aqui e pegar minhas coisas."
"Certo. Vou esperar."
Eu tento acalmar meus nervos pulando em meu estmago, enquanto eu coloco algumas
coisas e pego minha bolsa de trs da mesa dos voluntrios.
J se passaram dois dias desde que Tyler e eu nos beijamos no estacionamento, e eu no
tenho visto Dean ultimamente. Ele vai trabalhar antes que eu acorde, e passamos as noites em salas
separadas do apartamento.
Mas isso me faz sentir aliviada, pois me deixa pensar no que vou fazer.
Dean e eu samos para o sol brilhante, o movimento de seu corpo, de modo familiarizado ao
meu lado. Eu sei que no posso evitar essa pergunta muito mais tempo.
"Como foram as aulas da manh?" Pergunto.
"Boas. Ocupado com prazos mdios de classificao."
"Prazos mdios, mas j?" Eu pressiono os meus ps para fazer as folhas crepitarem debaixo
dos meus sapatos. "O natal est se aproximando.
"Sim." Ele olha para mim. "Voc quer ir para algum lugar?"
"No. Por qu?"
"Eu estava pensando que poderamos fazer uma viagem para algum lugar por uma semana
ou duas. Hava, Flrida. Um lugar quente."
Estou um pouco surpresa com isso. Dean sempre gostou do frio, neve, natal.
"Hum, alguma razo particular?" Pergunto.
"Ficar longe por um tempo, talvez isso ajudasse." Diz ele.
a primeira vez que ele reconhece que precisamos de ajuda para continuar. S que ele no
tem ideia de que eu fiz coisas ainda piores.
Eu murmuro algo evasivo conforme caminhamos para uma cafeteria para o almoo. Nossa
conversa casual e impessoal sobre trabalho, estudantes, acontecimentos locais. Falo sobre o
festival de frias da Sociedade Histrica, e ele me fala sobre o progresso do livro que ele est
escrevendo sobre arquitetura medieval. Discutimos o tempo.
Sim. O tempo.
Aps o almoo, caminhamos de volta para a calada e eu fico na calada.
"Quer uma carona para casa?" Dean pergunta.
"No, eu vou voltar para o museu. Vou a p."
"Tudo bem." Ele olha para o relgio. "Ento, vejo voc hoje noite."
"Claro. Alguma ideia para o jantar?"
"Faa algo de sua aula, se voc tiver tempo." Ele sugere. "Parece que vai bem para voc."

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Eu no diria exatamente isso. "Eu posso fazer frango com parmeso."
"timo." Ele hesita, depois se inclina para frente para roar os lbios no meu. "Vejo voc
mais tarde."
Eu vejo ele ir. Ele nunca hesitou antes de me beijar. NUNCA.
Eu trabalho no museu por mais algumas horas, em seguida, passo no supermercado a
caminho de casa para comprar os ingredientes do jantar. uma receita fcil, um dos primeiros
pratos que Tyler nos ensinou a fazer, e no momento em que Dean chega em casa a cozinha cheira
bem e o frango est quase pronto.
Nossa conversa no jantar quase uma repetio do almoo, exceto que Dean elogia minha
comida. Ento, ele entra em seu escritrio, enquanto eu limpo os pratos e reno a coragem de fazer
o que eu sei que preciso. Quanto mais eu esperar, mais difcil ser.
Talvez eu no devesse dizer-lhe tudo. Uma parte vingativa de mim quer manter isso em
segredo, da mesma forma como ele manteve seu primeiro casamento escondido de mim. Mas eu
no posso fazer isso.
Durante anos, Dean tem sido o meu melhor amigo, meu confidente, o amor da minha vida.
Temos lutado um pelo outro. Meus demnios se encolhiam diante de sua fora. Meus segredos
sempre estiveram seguros com ele.
S que desta vez diferente.
Eu estou na cozinha por um tempo, meu corao batendo com nervosismo. Eu tento no
pensar em Tyler Wilkes, mas claro que isso impossvel, porque ele a razo dessa confisso, em
primeiro lugar.
E, no entanto isto no sobre ele. Isso sobre mim e meu marido.
Mando os pensamentos sobre Tyler para longe e me aproximo do escritrio de Dean. Minha
mo treme quando eu bato na porta fechada.
"Entra."
Eu empurro a porta aberta. Um medo aperta meu estmago. Ele est sentado em sua mesa,
suas mangas da camisa enroladas at os cotovelos, papis e um livro grosso espalhados em frente a
ele.
Meus olhos se movem quase involuntariamente para o local ao lado de seu computador,
onde ele sempre manteve uma foto minha emoldurada.
A foto ainda est l. Um alvio fraco passa em volta do meu corao.
Ele olha para cima, com uma expresso de concentrao distrada. um olhar de que eu
no deveria estar atrapalhando seu trabalho. Engulo em seco e entrelao meus braos.
"Dean." Minha voz sai apertada, tensa.
Ele franze a testa e gira em sua cadeira de modo que ele est de frente para mim. Meu
corao parece que est prestes a sair do meu peito.
"E ... Eu preciso dizer uma coisa." Digo.

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Ele no fala, mas sua expresso fica mais sria. Eu quero sentar, porque minhas pernas
esto comeando a tremer, mas h apenas uma cadeira no escritrio e ele est nela. E eu no quero
prolongar esta conversa sugerindo ir para a sala de estar.
Ento, eu agarro no batente da porta com uma mo para me equilibrar. "Eu sempre disse a
verdade, certo?"
Ele acena com a cabea. Eu respiro e continuo.
"E... eu acho que bvio que voc e eu temos tido alguns problemas ultimamente."
Nada. A expresso dele no muda.
"Eu estava... me lembrando quando voc me perguntou se eu estava pensando em um beb
por que no estava fazendo nada." Eu digo. "Estava com raiva no incio, mas foi uma pergunta
justa. Eu acho que porque eu me matriculei na aula de culinria. Eu queria fazer algo divertido,
algo diferente." Eu engoli novamente para aliviar a minha garganta ressecada. "E foi... bem, estou
gostando. Aprendi muito l. Mas..."
Eu deveria ter ensaiado isso. Eu no tenho nenhuma ideia de como diz-lo.
"Mas?" Ele pede.
"O instrutor... eu lhe falei sobre ele. Tyler Wilkes." Eu fico olhando por cima da cabea dele
para a estante, na parede oposta. Eu suspeito que eu poderia estar chorando neste momento, mas
meus olhos esto secos. "Em uma noite, ele estava me levando para o meu carro e fomos
conversando, e, em seguida, tipo de repente ele... ele me beijou. Ou eu o beijei. Bem. Ns meio
que... nos beijamos."
Meu estmago se aperta a ponto de sentir dor. Eu agarro mais no batente da porta e me
foro olhar para Dean. Ele no se moveu, mas ele ficou plido sob o bronzeado e uma veia est
pulsando em seu pescoo.
Mau sinal. Mas est feito.
"Voc beijou ele." Ele finalmente diz.
"Sim."
"Seu professor de culinria."
"Sim."
Ele olha para mim, incrdulo. O som pesado dos impulsos do meu sangue em meus
ouvidos.
"Foi bom?" Sua pergunta vem afiada como uma lmina.
"O qu?"
"Foi bom?" Ele repete. "Voc gostou?"
"Dean..."
"No, realmente, Liv. Que tipo de beijo seu professor de culinria tem?" Os pingos de sua
voz esto com escrnio, e estou impressionada com a vontade irracional de defender Tyler.
Em vez disso, olho o meu marido no olho. "Tem certeza que voc quer que eu responda
isso?"

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Ele jura e fica to rapidamente de p que as rodinhas da cadeira correm e batem na estante.
Eu dou um passo para trs. A ira nos olhos de Dean, provocando o ar, apertando seus msculos.
"Como isso aconteceu?" Ele exige. "Ser que ele fez um movimento em voc antes?"
"No." No verdade. "No. Foi... Cristo, Dean, as coisas tm sido to ruins com a gente e
ele estava... Eu no sei. Ele era um amigo, eu acho. E depois que voc e eu tivemos essa grande
briga, ele me acompanhou at meu carro depois da aula e... Eu no sei. Simplesmente aconteceu."
"Ele a forou?" Fria na pergunta.
"No." Meu rosto queima de vergonha. Puxo a respirao e repito a admisso gritante.
"No. Foi mtuo."
Ele comea a andar, as linhas de seu corpo rgido com a tenso, as mos flexionando. Uma
raiva que eu nunca vi antes, e isso faz meu nervosismo ter um pico novamente. Eu no tenho ideia
para onde ir a partir daqui.
Dean para. "Por qu?"
"Por qu?"
"Eu sei por que ele te beijou. Por que voc o beijou?"
"Porque eu... Eu acho que eu queria."
"E voc quer que ele te foda?"
Fico em chamas quando lembro do sonho que tive sobre Tyler. "No... no Dean, foi um
beijo. Nada mais."
"Ele tocou em voc?"
"No."
"Ser que ele sabe que voc casada?"
"Sim." A hostilidade de suas perguntas, como se ele estivesse tentando intimidar algo mais
de mim, incita a minha prpria raiva. "Eu no tinha que lhe dizer, Dean. Voc nunca teria
descoberto algo se eu no contasse."
"Ento, por que voc contou? Para me irritar?"
"Porque eu queria ser honesta com voc." Eu retruco. "O que mais do que eu posso dizer
para voc."
"Que diabos isso significa?"
"Voc manteve um casamento anterior em segredo por mais de cinco anos." Eu digo, e
agora as lgrimas comeam a desfocar a minha viso como uma enchente. "No s uma vez,
aparentemente, j que voc acha que deve ser honesto comigo sobre tudo. Nem uma vez voc
confiou em mim o suficiente para me dizer a verdade."
"Eu disse que no era porque eu no confio em voc!" Dean vem furioso em direo a mim.
"E no tente virar esta merda de volta para mim."
"Voc no vai mesmo falar comigo sobre Helen!"
"O que diabos isso tem a ver com voc beijando outro homem?"
"Eu no teria feito isso se voc no tivesse mentido para mim." Eu devolvo. "Sim, eu beijei
Tyler. Beijei outro homem porque meu marido tem atuado como um babaca com a ideia de ter um

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beb comigo e porque ele um covarde que de repente divulga o fato de que eu sou a segunda
maldita mulher dele. Voc tem sorte de eu no ter abandonado voc."
"Eu tenho?" Sua expresso escurece como uma nuvem de tempestade. "E onde diabos voc
iria, Liv? Voc quer saber o que iria acontecer com voc se fosse embora?"
Ele atravessa a sala em trs passos e para na minha frente, sua raiva to palpvel, to dura,
que eu tenho que me esforar para no me afastar, mesmo que eu esteja tremendo e dura, com
lgrimas rolando pelo meu rosto.
"Eu vou te dizer o que iria acontecer." Ele abaixa a cabea para olhar para mim, os olhos em
brasa.
"Voc ia acabar como sua me, Liv. Voc gostaria de encontrar um sedan e sair da cidade,
voc iria pegar biscates onde quer que voc pudesse ir, voc poderia at mesmo acabar..."
Um afiado e forte estalo divide o ar quando a palma da minha mo aberta bate no seu rosto.
Ele no se mexe, mas um tapa com fora suficiente para parar o seu discurso.
Ns olhamos um para o outro. A marca vermelha se espalha em toda a sua mandbula. Eu
seco meu rosto com a manga da blusa e puxo o ar.
O escritrio gira em torno de mim, toda a minha inclinao muda para fora do eixo, tudo o
que tenho conhecido e acreditado em cinco anos, de repente em dvida brutal.
Dean d uns passos para trs, o peito arfando, sua expresso era uma mscara de fria. Ele
me empurra passando por mim. Alguns segundos depois, a porta se fecha.
Eu deslizo para o cho e choro, at que eu mal posso respirar.













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02 de novembro
Um mal consegue olhar para o outro. Nenhum de ns pediu desculpas pelo que fizemos, ou
pelo que dissemos. Nenhum de ns tem tentado fazer as pazes. Foi doloroso comparar-me com a
minha me, por causa da minha traio com outro homem.
Depois de um dia de tenso, fao uma mala e a coloco no porta-malas do meu carro. Eu
dirijo para a universidade e vou para o departamento de histria. Dean no est em seu escritrio,
e a assistente administrativa me diz que ele est no meio de um curso introdutrio.
As portas da sala de aula esto fechadas, mas a voz profunda de Dean ecoa atravs. Eu
deslizo para o interior. escura, a nica luz que tem est no pdio na frente e as imagens enormes
de manuscritos iluminados brilhando em uma tela.
um dos grandes quartos com auditrio, e est quase cheio de alunos. Eu deslizo em um
lugar vazio na fileira de trs. H muito tempo que no sento em uma sala de aula.
Dean est na frente da sala, um ponteiro na mo, exalando autoridade profissional no seu
terno e gravata. Ele aponta arabescos intrincados na borda de uma das pginas do manuscrito, sua
voz quente, com entusiasmo ele fala sobre marginalia, o polimento da folha de ouro, a riqueza de
detalhes.
Meu corao aperta. Eu j assisti a suas palestras no passado, mas eu no costumo v-lo em
seu papel como um professor de destaque.
Na verdade, ao invs de manifestar interesse em suas aulas de manuscritos medievais
mais provvel que eu v bocejar quando ele comea a falar sobre o Livro de Horas.
No exatamente apoiando isso.
Eu olho para os alunos. A maioria deles est ouvindo atentamente, a sua ateno deslocada
entre Dean, os slides e suas notas. Ele para algumas vezes para fazer perguntas, para envolver as
suas opinies e ideias. A discusso segue sobre a maneira como ricos encomendam manuscritos e
instrui os artistas para incluir um retrato do doador em algum lugar na pgina.

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O orgulho me cutuca. A autoridade do meu marido, a sua abordagem envolvente, e
profundidade de conhecimento so cativantes.
Ok, ento a histria medieval ainda um pouco idiota. Mas, quando o professor Dean
West que fala, ela parece respirar e brilhar com a cor.
"Muito bem, pessoal, por hoje isso." Dean olha para o relgio e guarda seu ponteiro.
"Lembrem-se que suas bibliografias so para sexta-feira. Reviso de sesso para os ensaios
amanh, para trazer todas as perguntas finais."
Rudo e vozes enchem o salo com os alunos reunindo suas coisas e enfiando livros em suas
mochilas. Uma linha de estudantes se forma na frente do pdio de Dean, e ele pacientemente
responde a uma pergunta atrs da outra.
Eu espero at que todos os alunos tenham sado, deixando um silncio no ar. Sozinho agora,
Dean apaga a luz do pdio e recolhe suas notas e papis.
Minha cadeira guincha quando o assento vira de volta no lugar. Dean olha para cima e me
v caminhar at ele.
"Grande palestra." Eu fao uma observao.
"O que voc est fazendo aqui?" Ele coloca uma pilha de pastas na sua.
"Eu liguei para a tia Stella esta manh. Eu pensei em visit-la por alguns dias."
Ele para. "Por qu?"
"Bem." Enfio minhas mos em meus bolsos do casaco e limpo a minha garganta. "Eu acho
que...voc... difcil agora, e ns poderamos ficar algum tempo separados."
Uma irritao aparece em seus olhos. "Como voc acha que um tempo separados vai
ajudar?"
"Eu no sei se vai." Admito. "Mas estar juntos muito ruim nestes dias, no acha?"
Dean fecha sua pasta. "Quanto tempo voc vai ficar fora?"
"Alguns dias. Eu j pedi a Allie para ficar o fim de semana fora. Eu estava pensando em
voltar na tera-feira."
"Eu no gosto da ideia de voc dirigindo muito tempo sozinha."
"Eu vou ficar bem. E vou ligar ao longo do caminho." Fao uma pausa. "Tudo bem?"
Ele olha como se no estivesse tudo bem, mas ele d um breve aceno de cabea. "Faa o que
quiser, Liv."
Eu luto contra uma onda de irritao. "O que eu quero para ns. E talvez essa seja uma
forma de esclarecer as coisas."
A porta abre. Dean e eu olhamos para ver um jovem correndo escada abaixo.
"Desculpe, professor West, esqueci-me de lhe perguntar sobre uma fonte para o meu
trabalho." Ele coloca sua mochila em cima da mesa e procura atravs da pilha de livros e papis em
seu interior.
Eu chego mais para trs, meu olhar sobre Dean. Eu quero dizer a ele que eu o amo. E ele
parece querer dizer muito mais, mas em vez disso volta sua ateno para o aluno.

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Saio. Quinze minutos depois, estou na estrada a caminho de tia Stella. Eu realmente no
queria visit-la, mas, francamente, no tenho outro lugar para ir.
Esse um pensamento muito preocupante.

Foi um longo tempo antes do meu primeiro ano com Dean para atender a tia Stella. Ela me
ligou para perguntar se eu poderia voltar a Castleford para ajudar com um bazar da igreja.
Eu tinha um trabalho e um monte de estudos para fazer, mas eu concordei em ajud-la,
porque tia Stella e seu marido Henry tinham me dado um lugar para ficar depois que eu deixei a
minha me. No importa o que mais aconteceu, eu me lembro disso.
Ento, eu tinha algum para cobrir a minha folga na Jitter Beans e planejei sair na
madrugada de sbado.
Dean se ofereceu para vir comigo naquele fim de semana, mas recusei. Eu ainda no estava
pronta para ele conhecer a tia Stella. Eu no queria compartilh-lo com ningum.
"Tenha cuidado na estrada." Disse ele enquanto colocava minha mala de viagem no porta-
malas do meu carro. "E ligue quando chegar. O seu celular est carregado?"
Balancei a cabea. Parte de mim estava um pouco insultada por sua ateno, pois me cuidei
por muito tempo sozinha e fiz isso muito bem, obrigado. Mas a maior parte de mim estava
aquecida por ele.
Foi bom ter algum preocupado comigo. Foi bom ver ele preocupado comigo.
Ele agarrou minha cintura e se virou para me aconchegar em seus braos. "Eu vou sentir
sua falta, gracinha."
"Eu vou sentir sua falta tambm." Eu percebi que seria o primeiro fim de semana que
passaria longe dele. Abracei-o pela cintura, amando a sensao de seu corpo alto e forte contra o
meu, o cheiro do seu sabonete e creme de barbear. "Estarei de volta amanh noite."
Ele agarrou as lapelas de meu casaco, me puxando para mais perto, e abaixou a cabea para
me beijar. Assim, quente e delicioso. Ele deu um puxo no meu rabo de cavalo. "Vejo voc em
breve."
At breve." Repeti.
Entrei no meu carro, enquanto ele estava na calada me observando com as mos nos
bolsos de seu casaco e seu cachecol solto ao redor de seu pescoo. Uma brisa bagunou seu cabelo
espesso. Olhando ele, senti uma repentina saudade. Eu no queria deix-lo, nem mesmo por dois
dias.
Isso me assustou um pouco. Ns tnhamos estado juntos menos de dois meses, ainda no
tnhamos falado muito sobre nosso relacionamento, e eu j no queria me separar dele? Mesmo
depois de tanto tempo sozinha?

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Dean levantou a mo quando liguei a ignio. Dei-lhe um pequeno aceno e parti para meu
destino a quase quatro horas de distncia, decidindo que eu poderia usar o fim de semana para
tentar ganhar ter alguma perspectiva.
Peguei a Beltline e segui para o norte, seguindo a estrada de terra cercada por campos
cultivados e rvores cobertas de folhas vermelho-ouro.
Tia Stella e Henry viviam no muito longe da fronteira do Minnesota, em uma pequena
cidade onde as casas mais antigas eram agrupadas no centro da cidade, casas de fazenda
espalhadas ao longo da periferia. Sua casa estava a uma curta distncia de Main Street, um trecho
de estrada cheia de algumas lojas e restaurantes.
Eu morei em Castleford por pouco mais de cinco anos e deixei a cidade no minuto em que
completei dezoito anos.
Poucas coisas na cidade haviam mudado ao longo dos anos.
Quando cheguei naquela tarde, tia Stella fez de almoo um presunto cozido e salada de
batatas.
Ela era 11 anos mais velha que meu pai, e raramente falava com ele ou sobre sua famlia.
Sua pele era bonita, seu cabelo loiro desbotado era cortado curto e sua boca definida.
Ela sempre me tratou com uma cortesia distante, mas se ela se ressentia de cuidar da filha
de seu irmo, ela nunca mostrou isso. Quando vim pela primeira vez para viver com ela, quando eu
tinha treze anos, tia Stella estabeleceu as regras com a preciso de um general e o planejamento de
uma estratgia militar.
Tinha que ir para a escola, fazer a minha parte das tarefas domsticas e comportar-me bem,
tirar boas notas, ir igreja e funes relacionadas, alm de contribuir com a renda domiciliar num
trabalho de tempo parcial. Eu no podia fumar, beber, dormir na casa de algum, ou perder o
toque de recolher. Se eu causasse algum sinal de problema, tia Stella e Henry iriam reconsiderar a
sua deciso de me deixar ficar.
Eu no dei razo para reconsiderar nada. Eu no poderia ter cumprido as suas expectativas
mais perfeitamente mesmo que eu as tivesse escrito.
"As aulas esto indo bem?" Tia Stella me perguntou colocando uma fatia de presunto no
prato.
Eu balancei a cabea e disse-lhe sobre os cursos que eu estava fazendo, como era viver em
Madison, meu trabalho no Jitter Beans. Henry chegou no meio do almoo, em uma pausa de seu
trabalho como eletricista, e me deu um aceno de saudao.
Mesmo que eu tivesse vivido com eles por quase cinco anos, Henry e eu nunca tivemos um
relacionamento. Ele era um homem baixo, musculoso, que gostava de trabalhar ao ar livre bebendo
cerveja, e caando. Ele relutantemente concordou em me deixar ficar quando vim pela primeira vez
para Castleford, mas deixou claro que queria o mnimo de contato comigo.
Fiquei feliz com isso. Henry me ignorou, eu evitava, e era uma coisa a menos para lidar.

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"A pesquisa para a venda comea logo aps os servios amanh de manh." Tia Stella me
disse, quando ela comeou a lavar pratos. "Esta tarde, precisamos coletar doaes e, em seguida,
irmos para a igreja ajudar a definir as coisas."
"S me avise quando precisamos sair." Levei a minha mala de viagem para o andar de cima,
para o meu antigo quarto na parte de trs da casa. Sentei-me na cama e liguei para Dean do meu
celular.
"O que voc est fazendo?" Eu perguntei, depois de assegurar-lhe que tinha chegado com
segurana.
"Acabei de voltar da academia." Disse ele. "E voc?"
"Estarei de planto no bazar esta tarde." Eu pensei em dizer a ele que eu queria que ele
estivesse aqui, mas achei melhor no.
"Ento o que voc far hoje?" Perguntei.
"Pensarei em voc."
"Ah, por favor."
"Eu tenho vontade de ouvir voc dizer isso."
Eu ri. "Bem, verdade que voc no to fcil de resistir, professor."
"Eu estou tentando muito no ser."
Eu caio para trs na cama e olho para o teto, o telefone ainda pressionado ao meu ouvido.
Eu sabia que ele me queria. Eu sabia que um dia ele me teria. Eu s no sei por que ele havia me
escolhido para esperar.
"Ei, Dean?"
"Ei, Liv."
"Por que voc est me esperando?" Perguntei.
"Porque voc vale a pena."
"Voc no sabe disso."
"Sim, eu sei."
"Como?"
"Eu estive perto. Eu sei quando algo bom."
Minha garganta apertou um pouco. "E se voc estiver errado?"
"Eu no estou errado."
Tia Stella bate porta. Sentei-me.
"Eu tenho que ir." Digo a Dean. "Voc me liga hoje noite?"
"Ligo."
Eu termino a chamada e corro para me juntar a tia Stella. Ns dirigimos pela cidade
pegando prometidas doaes para o bazar, depois fui para sala de comunho da igreja, onde
voluntrios fazem a criao de tabelas. Ficamos encarregadas de uma palestra sobre a organizao
dos bens, e, em seguida, tia Stella foi classificar as roupas, enquanto eu fiquei com a parte de
organizar as caixas na sala de estar.

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Eu no me importava de estar entre os amigos de tia Stella. Eles eram, em sua maioria,
mulheres idosas, cujos filhos tiveram filhos, e eu s me lembrava deles da igreja e ocasionais
funes da cidade. Eles me conheciam como a agradvel sobrinha tranquila de Stella, e todos
ficaram satisfeitos em ouvir sobre minha mudana para Madison e inscrio no UW.
Passei a tarde na triagem de livros, brinquedos, copos e pratos, enquanto os outros
voluntrios colocavam etiquetas de preo em tudo e discutiam sobre o melhor posicionamento para
certos itens.
Tivemos uma pausa para caf e biscoitos, comentrios sobre a utilidade ou a qualidade das
panelas, vestidos e bolsas.
Foi uma maneira agradvel e satisfatria de passar a tarde, ajudando essas senhoras que
acreditavam em sua igreja e comunidade e que sempre foram gentis comigo.
Tia Stella e eu comemos restos de presunto no jantar, ento pedi licena para ir estudar.
Tomei um banho rpido e vesti roupas confortveis, antes de me sentar mesa estreita no meu
quarto.
Eu estava cansada do trabalho fsico, mas me forcei a ler alguns captulos de um livro de
geografia e digitar um esboo para um artigo sobre o desenvolvimento do acervo da biblioteca.
Eu estava comeando a ler um outro artigo para um ensaio de cincia poltica, quando meu
celular tocou. Eu aperto o boto para aceitar a chamada.
"Como que os processos de democracia e federalismo afetam a modernizao poltica na
Rssia?" Perguntei.
"Bem, se uma nao est tentando estabelecer estruturas democrticas e federais
simultaneamente, tem que construir um sistema de apoio regional." Disse Dean. "Isso seria difcil
na Rssia devido sua natureza constitucional, e no haveria um monte de conflito sobre a poltica
do governo. E muitas vezes os benefcios do federalismo democracia no so aparentes at anos
depois."
"Obrigado."
"Voc bem-vinda. Por que no foi embora?"
"O qu?"
"O dia em que nos conhecemos." Disse ele. "Por que voc no se afastou de mim depois que
eu lhe dei as suas coisas de volta?"
A sbita lembrana daquele dia voltou, como eu queria sentir sua mo em torno de meu
brao, a fora quente da atrao que eu sentia em relao a ele, o jeito que o vi em p na calada,
com o sol brilhando no seu cabelo.
"Eu no sei." Eu disse.
"Voc sabe. Por qu?"
Porque eu pensei de uma maneira diferente e, finalmente, eu sei quando algo, quando
algum, bom. Finalmente, eu confiei em mim.
"Porque eu no queria me afastar de voc." Eu dobrava e desdobrava o meu notebook.
"Porque voc estava bonito e agradvel e eu queria... mais."

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"Assim como eu."
"Voc olhava para mim?" Perguntei.
"Quase."
"Quase?"
"Eu resisti por causa da coisa professor-aluno. Mas quando te vi no Jitter Beans sabia que
estava feito."
Eu sorri. "Feito? Ou voc estava apenas comeando?"
"Sim. Isso."
"Ento, fui eu." Em mais maneiras do que voc mesmo pensa. Fiz uma pausa. "Voc j
comeou a pensar em mim?"
"Hum. O que voc est vestindo?"
Eu ri, uma forma de calor floresceu em meu peito. "Isso no um clich de longa
distncia?"
"Sim, mas eu ainda quero saber."
Olhei para baixo. "Pijama e um top."
"Cor?"
"Cala azul-marinho e regata rosa."
" apertado?"
"Mais ou menos." Apenas o som de sua voz fez com que meus mamilos endurecessem no
material de algodo. "E voc?"
"Boxer e uma camiseta."
" apertado?"
"A minha boxer ."
"Ah." O calor intensificou enquanto imaginava ele em sua cama, um brao atrs de sua
cabea, a camiseta subindo para expor as superfcies planas e duras de seu abdmen. Uma
protuberncia pressionando contra a frente de sua boxer.
"Voc est usando suti?" Ele perguntou.
"No. E os meus mamilos esto duros."
Seu gemido me fez sorrir.
"A sua boxer est ainda mais apertada agora?" Perguntei.
"No, porque eu tirei meu pau para fora."
Um raio de excitao passou por mim to rpido que eu respirei. "Ah."
Ele deu uma risada abafada. "Voc no tem ideia do que esses pequenos ahs fazem para
mim."
"Ento me diga." Encorajada, eu saio para longe da mesa e vou trancar a porta, em seguida,
deito-me na cama.
Com a distncia de milhas entre ns, eu no tinha que me preocupar em perder o meu
controle com o calor que Dean despertou. Por mais que eu desejasse seu toque, seus beijos, levaria
um pouco mais de tempo antes da minha tenso totalmente diminuir com o contato fsico.

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Mas apenas o som de sua voz, surdo, baixo no meu ouvido... e minhas inibies
remanescentes derreteram como gelo em vidro aquecido.
"Toda vez que sua respirao soa em sua garganta, eu fico duro." Disse Dean. "Faz-me
querer saber que tipo de som voc vai fazer quando eu estiver enterrado profundamente dentro de
voc."
Quando. No se.
Eu pressionei minhas pernas juntas quando imagens explcitas brilharam em minha mente.
"Vai ser bom." Eu sussurrei, arrastando a minha mo sobre a barra da minha blusa.
"Vai ser uma foda explosiva." Sua voz baixou para um grunhido spero.
Eu tremia e eu levantei minha blusa alguns centmetros. Minha pele estava quente sob o
contato de meus dedos.
"O que voc est fazendo agora?" Perguntou Dean.
"Traando meu umbigo."
Sua risada se estabeleceu em meu sangue. "Eu estou muito sua frente."
"O que voc est fazendo?" Eu perguntei, meu corao comea a palpitar.
"Acariciando meu pau."
"Voc est completamente duro?"
"Como uma rocha."
"Ah." Eu fechei meus olhos e imaginei-o deitado, com a mo em volta da sua ereo e seu
corpo tenso de desejo. Eu deslizei a minha mo mais para cima debaixo da minha camisa,
lembrando-me de seu toque na minha pele.
"Voc est na cama?" Ele perguntou.
"Sim."
"Nua?"
"No."
"Puxe a sua camisa para cima."
Um arrepio percorreu-me quando eu levantei a barra da minha camisa para cima sobre os
meus seios nus, a lufada de ar fresco fez ccegas.
"Esfregue-os." Disse ele. "Comprima seus mamilos".
Eu coloquei uma mo em meu peito e apertei o mamilo levemente entre o polegar e o
indicador. Um choque de prazer viajou claro para o meu sexo.
"Voc ainda est acariciando a si mesmo?" Sussurrei, minha mente inundada com imagens
dele estirado na cama, massageando seu pnis enquanto pensava em mim.
"Sim." Sua respirao escapou em um assobio. "Eu estou to forte que di."
"Voc est perto?"
"Eu poderia vir a qualquer momento, mas eu no vou. Voc precisa me contar mais."
Eu apertei meus seios juntos e me contorci, o calor correu por minhas veias.
"O que voc quer saber?" Perguntei.
"O quanto molhada voc est?"

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"Eu estou..."
"Toque-se e diga-me."
Eu podia sentir o rubor da cabea aos ps. Meu corao bateu forte. Eu mexo minhas calas
para baixo at que o elstico fica em torno de minhas coxas, e depois enrolo meus dedos contra o
meu sexo.
"O quanto molhada voc est?" Repetiu ele.
Eu mergulhei na minha fenda, arrastando o dedo de um lado a outro, ento circulando meu
clitris. O contato de luz brilhou em meus nervos.
"Muito molhada." Suspirei. "Eu gostaria que voc pudesse me tocar."
Ele gemeu. "Diga-me como voc se v."
Mudei-me sobre um cotovelo. "Eu estou... minha camisa est em torno de meus seios e
meus mamilos esto rgidos... minhas calas esto para baixo em torno das minhas coxas, ento eu
realmente no posso abrir muito minhas pernas..."
"Oh, foda-se, Liv. Continue."
Engoli em seco. O suor eclodiu na minha testa eu passo a mo sobre minha barriga
novamente. "Mas eu posso levar meus dedos o suficiente para agradar o meu clitris..."
"Faa-o agora."
Eu fiz, incapaz de evitar um gemido quando eu apertei o n pulsante. "Deus, Dean, eu estou
to excitada..."
"Conte-me. Diga-me como faz-lo."
"Eu... eu gostaria de colocar dois dedos de cada lado... assim... e manter a palma da minha
mo contra o seu clitris... em seguida, empurrar o dedo lentamente dentro ... Voc apertada, no
?" Sua voz era crua. "Eu estou sentindo deslizar em voc como uma luva."
Minha respirao parou na ideia dele me enchendo, estirando-me. Eu apertei a minha carne
interna em volta do meu dedo, desejando que fosse o seu grande comprimento. Meu clitris
palpitou contra a minha mo. O som da nossa respirao pesada e quente enchendo minha cabea.
"O que voc quer, Liv?" Ele sussurrou, baixo e gutural.
"Eu quero..." Eu arqueei meu corpo, amando a antecipao tensa, a promessa de liberao.
Eu empurrei meu dedo mais no meu canal e gemi. "Eu quero ir."
"Diga-me o que mais voc quiser."
"Ah..." Eu empurrei meus quadris para cima mais e mais e apertei minha mo contra o meu
clitris. Meu sangue flui como o mel derretido em minhas veias. Fantasias inundam minha mente,
tudo o que eu tinha imaginado e sonhado desde que o conheci.
"Eu quero que voc me toque." Gaguejei, trabalhando a minha mo mais rpido entre as
minhas pernas. "Eu quero que voc lamba meus seios e esfregue meu clitris. Eu quero ver voc
derramar a si mesmo. Eu quero sentir voc, duro e latejante, e eu quero que voc se enfie dentro de
mim e me faa vir com todo o seu pau... ah!"

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Uma exploso de estremecer passa por mim num grunhido spero no mesmo instante que
Dean ecoa na minha cabea. Mordi o lbio para impedir-me de gritar, assim que as vibraes
culminam com uma onda difcil.
Ofegante, ca para trs sobre os travesseiros, passando a mo sobre o meu corpo seminu.
"Eu estou... uau."
Sua risada retumbou no meu ouvido. "Voc uau, de fato."
Eu respirei fundo e fechei os olhos. "Voc ficou duro?"
"Cristo, Liv. Porra."
Estremeci quando a imagem passou diante de mim, ele todo suado e ofegante, ainda
deslizando o punho livremente sobre seu eixo mido, trilhas de smen reunindo-se em seu
estmago.
"Um dia voc vai fazer isso enquanto eu assisto?" Perguntei.
"Quando voc pedir, eu vou ter o meu pau na mo."
"Quando eu pedir?"
"O nano segundo que voc pedir. Na verdade, voc no precisa nem pedir. Apenas bater
seus clios para mim, e eu vou colocar meu pau para fora.
Eu ri. " melhor ter certeza de que no estamos em pblico, ento."
"Eu vou ter certeza."
Ambos ficamos em silncio at que nossa respirao finalmente desacelerou. Rolei para o
meu lado, empurrando meu cabelo longe do meu rosto, o telefone ainda perto do meu ouvido.
"Ei" Sussurrei. "Obrigado."
"Por qu?"
"Por ficar me esperando."
"Esperar nunca foi to quente." Ele fez uma pausa. "Obrigado por confiar em mim."
"Vejo voc amanh?"
"Eu estarei esperando."









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06 de novembro

Como foi?" Dean olha para mim por cima da revista de esportes que ele est lendo.
Eu solto a minha mala de viagem no cho e tiro o meu casaco. "Tudo bem. Tia Stella
mandou lembranas...e um bolo."
Eu puxo o bolo duro como um tijolo da minha bolsa e coloco em cima do balco, em
seguida, vou para o quarto para tomar banho e mudar de roupa. Meus dias com tia Stella e Henry
no ajudaram muito sobre como salvar meu relacionamento com Dean, mas a breve separao me
deixou respirar um pouco.
Eu ajudei tia Stella com a casa e no jardim, comemos no restaurante da cidade, fomos ao
mercado do fazendeiro e no bazar de vendas de garagem. O tempo estava excepcionalmente
ameno, ento dei algumas longas caminhadas e fui ao campo. Eu mesma cozinhei uma torta de
ma, que realmente ficou muito boa.
Foram poucos dias, e eu estou feliz por ter ido, mesmo que nada tenha se resolvido, pois no
momento em que entro no apartamento o ar continua pesado. Ainda no sei como vamos resolver
isso.
Ele se levanta do sof e olha para o relgio. "Vou me encontrar com algum para o almoo e,
em seguida tenho palestras, horrio de expediente, e um seminrio final."
"Quem voc vai encontrar?"
"Um cara que estou pensando em aplicar no programa de doutorado. Por qu?"
"S para saber."
A sensao est de volta, apertando, a tenso persistente no meu peito. Eu quero saber se
era Maggie Hamilton? Eu me importaria se fosse?
No. E no.

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Maggie Hamilton no uma ameaa para o nosso casamento. Nem Tyler Wilkes. O perigo
reside apenas entre eu e meu marido.
Dean veste seu terno e gravata e sai depois de me dar um beijo superficial na bochecha.
Depois que ele sai, eu passo a tarde lavando as roupas e limpando a casa, principalmente, para
ocupar o meu tempo.
tera-feira. Eu no sei o que fazer. Eu no quero perder a aula de culinria, mas... sim.
No a mais favorvel das circunstncias.
Dean no chegou do trabalho, ento eu finalmente decido assistir aula. Eu devo definir as
coisas com Tyler de qualquer maneira. Eu sou a primeira a chegar, o que bom, e vou estao do
instrutor.
Tyler olha para cima e me d um sorriso inquieto. "Oi, Liv. Eu... hum, no tinha certeza de
que viria."
"Por qu?"
"Voc sabe, por causa do que aconteceu."
"Eu disse que ia voltar." Eu o lembro. "Voc acha que eu ficaria muito envergonhada e
mudaria de opinio?"
"Bem, no." Ele coa a cabea. "Hum, apenas que seria assim. Voc sabe, estranho. Eu
realmente sinto muito. Foi um erro. Eu nunca quis que isso acontecesse."
Eu suspiro. "Olha, no importa. Eu s queria dizer que no sou louca. Eu no culpo voc. E
voc tem razo, foi um erro. Ns dois s precisamos esquecer, tudo bem?"
"Sim, est bem. Claro." Ele parece um pouco decepcionado, mas no faz outra observao.
Vou para minha estao me organizar para a noite. Os outros alunos chegam, e ns
trocamos cumprimentos e conversas at o relgio bater sete horas.
Tyler chama a nossa ateno e discute os vrios cortes de carne de porco, em seguida,
demonstra como cortar o lombo e prepar-lo com mas assadas e cebolas.
Observamos com ateno e tomamos notas, em seguida, quando ele termina comeamos
em nossos prprios preparativos. Eu coloquei as minhas taas e lavei as mas. Quando eu estou
pegando a faca de uma gaveta, eu olho para cima, para ver Dean entrar na sala.
Deixo cair a faca com um barulho. Meu corao martela.
Isso pode no ser bom.
Dean me chama a ateno. Ele parece bonito como o diabo, seu impecvel terno azul-
marinho, sem um nico vinco, sua gravata perfeitamente amarrada, seu cabelo escuro penteado
longe de sua testa. Voc nunca saberia que ele passou toda a tarde em reunies e aulas de ensino de
arquitetura gtica.
Ele vem em minha direo, seu passo largo e ar de autoridade. Isso chama a ateno dos
outros alunos. "Ol, Liv."
"Dean." Eu enxugo minhas mos no avental. "O que voc est fazendo aqui?"
Ele varre a sala com os olhos cada vez mais frio.
Merda.

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Tyler est olhando para ns de sua estao. Depois de uma batida no corao, ele se
aproxima.
"Posso ajud-lo, senhor?" Ele pergunta a Dean educadamente.
"Dean West." Antipatia irradia de Dean. Ele mede Tyler sem nenhuma relutncia. "O
marido de Olivia."
"Ah." Um rubor carmesim rasteja do pescoo de Tyler at seu rosto. Ele est suando um
pouco de p em frente ao fogo quente, e ele enxuga a testa com a manga antes de responder.
"Hum, bom conhec-lo. Sou Tyler Wilkes. Liv ... hum, ela est indo muito bem."
"Ento, eu soube."
Eu estremeo. "Dean, o que voc est fazendo aqui?"
"Pensei em assistir a aula, ver como as coisas esto."
"Eu no tenho certeza se isso ..." Tyler comea.
"Voc se importa?" Dean olha Tyler nos olhos.
Um constrangimento aquece meu rosto. Dean mais alto do que Tyler, e ele est olhando
para o pobre rapaz, como que o desafiando a dizer que sim, que ele se importa. Tyler engole. Uma
gota de suor escorre pelo seu rosto.
"Dean, na verdade no ..." eu comeo.
"Eu vou sentar ali." Dean acena para vrias cadeiras colocadas contra a parede. "V em
frente com sua lio, chef Wilkes."
"Er... tudo bem." Depois de hesitar, Tyler passa para trs e olha para mim. Eu tento dar-lhe
um sorriso tranquilizador, que eu tenho certeza que sai mais como uma careta.
Os outros estudantes retornam s suas preparaes, sua curiosidade inicial diminuindo
medida que eles percebem que Dean menos interessante. Ele se senta, seus braos cruzados e seu
olhar em mim.
Concentre-se, Liv.
Eu volto para o meu trabalho. Minhas mos esto tremendo, mas depois de alguns minutos
eu me acalmo e coloco os meus ingredientes em ordem.
Eu sei que Dean no vai fazer uma cena. Ele est aqui para fazer algum tipo de reivindicao
viril, para intimidar Tyler, mas ele vai ser civilizado sobre o assunto.
Mais ou menos.
Eu corto vrias mas e cebolas, pego azeite e mostarda da despensa, pego as panelas. Eu
at comeo a sentir uma pontada de orgulho ao saber que Dean est me assistindo, especialmente
depois de sua observao desagradvel de que eu poderia acabar como a minha me, que no tinha
habilidade prpria.
Agora eu sei como preparar uma boa comida, como temperar e cozinhar diferentes cortes de
carne, como guardar os alimentos. Eu sei sobre ervas frescas, molhos, acidez, vrios sais e perfis de
sabor. Eu sei como cortar legumes e os propsitos para diferentes tipos de facas, panelas e potes.
Inferno, eu sei at mesmo como abrir um frango inteiro.
H. Tome isso, Sr. professor de Histria Medieval.

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O lombo de porco grosso e precisa ser cortado, assim eu tiro a faca de corte com um
floreio.
"Como vai, Liv?"
Tyler me deixa insegura na minha frente. Pareceria estranho para os outros alunos se ele me
ignorasse, ento eu sei que ele est aqui para manter as aparncias, em vez de qualquer interesse
real. Na verdade, ele parece como se ele preferisse estar em qualquer lugar, menos na minha
estao.
"Hum, muito bem, obrigado." Eu lhe dou um sorriso fraco e volto minha ateno de volta
para a carne de porco.
"O fogo est muito alto." Tyler chega para diminuir o calor debaixo da minha frigideira. "E a
sua manteiga vai queimar se voc no adicionar leo nela."
"Certo. Sinto muito." Eu viro a carne e comeo a cort-la. Sei que a tcnica est errada, mas
estou ficando nervosa novamente. Eu posso sentir o olhar hostil de Dean queimando em Tyler.
"Espere." Tyler chega mais perto. "Deixe a faca fazer o corte, Liv. Quando voc est fazendo
um corte borboleta, mantenha a faca paralela placa de corte."
Ele estende a mo para colocar a sua mo sobre a minha no cabo da faca. Eu tomo
distncia. Minha respirao para na minha garganta. Tyler deixa cair a mo para o lado e d passos
para trs.
"Bem, voc se lembra como eu fiz isso, n?" Ele pergunta.
"Sim. Claro."
"Certo. Mantenha o foco."
Ele vai para a estao de Charlotte. Eu limpo a minha mo no meu avental e agarro a faca. O
sbito claro daquela noite, aquele beijo, faz meu peito apertar com desnimo.
Eu no sei por que beijei Tyler. Eu nunca quis olhar para outro homem desde que conheci
Dean. E no s me deixei beijar Tyler, eu realmente gostei.
Eu olho para Dean. Ele est me observando, com os braos ainda cruzados, sua expresso
ilegvel.
Eu no sei se ele me perdoou. Eu no sei se eu o perdoei. Eu certamente no me perdoei.
Eu fatio o lombo. De repente, sinto uma dor por toda a minha mo e o meu brao. Eu solto
um grito agudo e solto a faca. Dean est ao meu lado em menos de um segundo, chegando a agarrar
meu pulso.
"Liv?" Tyler se apressa em direo a mim.
"Saia." Dean rosna a ordem para ele. Tyler para na mesma hora.
"Oh, Jesus, Liv." Charlotte olha para minha mo. "Algum ligue para o 911!"
Eu comeo a protestar que no to ruim assim, mas ento eu olho para baixo e vejo o que
parece ser um rio de sangue indo para a placa de corte, sobre a carne crua e a faca.
Meu sangue.

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Eu balano contra Dean. Ele pega um pano de prato e envolve em torno de minha mo,
ento me senta em uma cadeira. Os outros alunos se amontoaram ao redor, com preocupao.
Dean pressiona a toalha apertada contra a minha mo para conter o fluxo de sangue.
"Todo mundo, um passo para trs, por favor." Chama Tyler. "Os mdicos esto a caminho."
A multido fica longe para me dar espao para respirar. Minha cabea gira, a dor comea a
pulsar. H sangue no meu avental.
Dentro de minutos, dois paramdicos chegam, e depois eu perco a noo do que
aconteceu... apertam a minha mo, colocam uma braadeira de presso, muitas perguntas. Algum
coloca as minhas pernas em cima de uma cadeira.
Dean afasta, para deixar os paramdicos trabalharem, mas mantm sua mo apertada no
meu ombro enquanto ele conversa com eles. Eu ouo as palavras: perda de sangue, corte profundo,
e danos nos nervos, tudo o que me deixa com medo.
"Dean?" Minha voz soa muito longe.
"Bem aqui." Ele abaixa a cabea perto do meu ouvido. "Aguenta a, gracinha."
Os paramdicos fazem um curativo na ferida e sugerem que eu v para o pronto-socorro. Eu
no quero ir para l.
Dean me puxa contra ele. Seu brao em volta dos meus ombros a nica coisa que me
mantm de p.
"Vamos l." Diz ele. "Eu vou levar voc."
As pessoas esto falando, as vozes crescendo com a preocupao, e a prxima coisa que eu
sei que eu estou no banco de trs do carro de Dean com Charlotte ao meu lado. Dean vai at o
hospital mais prximo e para na entrada de emergncia. Aps uma breve discusso, Charlotte vai
estacionar seu carro no lugar regular, enquanto Dean e eu entramos.
No pronto-socorro, ele me deixa rapidamente para preencher a papelada antes de eu ser
levada a um exame. Um mdico e uma enfermeira fazem mais perguntas, Dean responde tudo, e
ento eles tiram os curativos e limpam a ferida com uma soluo que me faz gritar.
Eu fico olhando para o corte, que parece enorme e escancarado. "O que... o que aconteceu...
danos no nervo? Os mdicos disseram...
Ns vamos verificar isso, Sra. West.
Depois de uma injeo de anestsico, os mdicos suturam a ferida, em seguida, pedem-me
para mover minha mo em vrias posies, segurar uma caneta, flexionar os dedos de um jeito ou
de outro. Ele faz outro curativo na minha mo com gaze e fita e escreve uma receita de medicao
para dor.
Dean fala com o mdico por alguns minutos, mas por agora eu estou to esgotada que no
me incomodo em ouvir. Se uma boa notcia, eu vou saber em breve. Se uma m notcia, eu ainda
no quero saber.
George trouxe minha bolsa para o hospital, ele e Charlotte esto na sala de espera quando
finalmente apareo. Dean informa-os sobre a situao, assegurando-lhes que vou ficar bem, e
agradece por nos acompanhar.

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"Ser que algum desligou o meu fogo?" Pergunto a George. Parece uma questo
importante.
"Eu desliguei." Diz ele. "Tambm limpamos sua estao. Todo mundo vai ficar feliz em
saber que voc est bem."
Finalmente, Dean e eu vamos para casa. Em um silncio abenoado. Eu olho para fora da
janela escura, vendo nossos reflexos no vidro.
Ele ajuda a me despir j que no posso usar minha mo esquerda. Sinto-me uma boba ali,
enquanto ele tira meu avental, ainda cobertos de sangue seco, e desata a minha saia e blusa. Seus
movimentos so suaves, mas impessoal, e uma vez que estou com a minha camisola, afundo no sof
com um suspiro de cansao.
Dean repousa as mos nos quadris, as sobrancelhas desenhadas, juntas. Precisa de alguma
coisa?"
"No."
"Voc quer uma xcara de ch?"
"No." Meus olhos esto ficando pesados. "Mas obrigada."
Eu no me lembro de nada depois disso. Acordei com um raio de luz, que vem atravs das
cortinas. A chuva salpica contra os batentes do telhado.
Em algum momento durante a noite, Dean ajeitou a colcha em mim. Eu senti seu calor
familiar e assisti a chuva pela janela.
"Como voc se sente?" A voz de Dean mole.
Eu olho para onde ele est sentado na cadeira estofada ao lado do sof. Ele ainda est
usando a cala e a camisa de ontem noite, s que agora ambos esto abominavelmente
enrugados. Eu me apoio sobre um cotovelo, depois estremeo com a dor no brao.
"Eu no sei." Eu digo. "Tudo bem, eu acho."
"Voc quer um analgsico?" Ele pergunta.
"Sim, por favor."
Dean me traz um copo de gua e a medicao, ento se agacha ao lado do sof. Ele estende a
mo para tirar o cabelo do meu rosto, colocando-o atrs das orelhas. Eu olho para ele, os ngulos
de seu rosto, que eu conheo muito bem, o formato da boca e dos olhos com seus clios grossos.
"Voc ficou sentado a noite toda?" Eu pergunto.
"Sim. Por qu?"
"Voc est com um cheiro muito ruim."
Ele sorri e fica de p. "Voc vai ficar bem se eu tomar um banho?"
"Por favor, faa isso."
Enquanto ele foi tomar banho, vou para o banheiro de hspedes para fazer xixi. Eu me viro
para lavar a minha mo boa e molho o meu rosto. Estou miservel, plida e com o rosto magro,
com olheiras e meu cabelo est todo embaraado.
Ainda bem que eu no pretendo ir a qualquer lugar ou ver algum por dias. Talvez nunca
mais.

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Sentindo-me incrivelmente triste, volto para a sala, parando uma vez para respirar atravs
de uma onda de tontura. Quando Dean sai do chuveiro, recm-limpo, vestindo jeans desgastados e
uma camiseta branca, estou enrolada de volta no sof.
"O que o mdico disse?" Eu finalmente pergunto. "Sobre o dano permanente?"
"A sua mobilidade boa, mas por causa da profundidade do corte, voc pode ter alguma
dormncia em seus dedos por um tempo. Eles vo ser capazes de dizer mais quando a ferida
cicatrizar."
Ele faz uma pausa. "Voc se lembra do que aconteceu?"
"Na verdade, no. A faca apenas escorregou, eu acho. Eu ainda tenho dificuldade em
lembrar como segurar as malditas coisas corretamente."
Eu flexiono os dedos da minha mo direita. Dean retorna para a cadeira ao lado do sof. Ele
est perto o suficiente para que eu possa sentir o cheiro de sabo e xampu dele. Eu poderia usar o
chuveiro tambm, mas eu no quero me mover.
Estamos em silncio por alguns minutos at que ele diz: "A culpa minha."
"No culpa sua."
"Eu no deveria ter invadido sua classe assim." Ele passa a mo pelo cabelo com uma raiva
autodirigida em seus olhos. "Eu fiz voc perder a concentrao."
Isso verdade, mas eu no me incomodo em reconhec-lo. Ns nos punimos o suficiente.
Estendo a mo e coloco minha mo boa sobre o seu joelho. "Esquea isso, Dean. Ns dois
erramos."
"Eu a assustei no foi?"
Eu gerencio uma risada rouca. "Sim. Voc definitivamente me assustou."
"Bom." Ele pe a mo grande sobre a minha, seus dedos apertando. "Eu sinto muito."
"Sinto muito."
O silncio toma conta do ambiente. Levanto a palma da mo para cima, para que possamos
fechar os dedos juntos. Enquanto eu vejo a chuva caindo pela janela, percebo que nada entre mim e
Dean ser o mesmo.
Uma estranha calma se instala em meu corao. Talvez Dean precise me ver mais do que
sua esposa e da garota que ele precisa proteger. E talvez eu precise v-lo mais do que meu
inabalvel marido e o homem que facilmente se encarrega de tudo. Talvez isso tivesse que
acontecer, esta descoberta de fissuras onde agora raios de luz possam atravessar.





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DEAN

Ela no se virou. Ela poderia ter todos os motiv para, mas ela no fez.
Em vez disso, ela olhou para mim quando me agachei ao lado dela e toquei a manga de seu
moletom cinza. Ao contrrio, ela limpou a sujeira de suas mos e me disse que estava bem. Ela me
perguntou sobre cavaleiros medievais, enquanto eu estava entre ela e a rua movimentada e tentei
no olhar para seu corpo curvo.
Em vez disso, aproximou-se de mim. Tive a estranha ideia de que ela queria mesmo chegar
mais perto.

20 DE NOVEMBRO

Corro muito l fora esses dias. Normalmente, quando o tempo fica frio, exercito-me na
academia, jogo basquete ou corro na pista coberta da universidade. Mas no este ano. A primeira
coisa que fao essa manh correr cinco ou seis milhas pela cidade.
Liv ainda est dormindo quando saio. Ela dorme profundamente. Ela tem sido assim, desde
que nos casamos.
Antes disso, ela dormia inquieta, mexia e se virava, acordando muitas vezes. Agora, quando
levanto, ando ao redor do quarto, mexendo no banheiro, acendendo a luz, nada disso mexe com
ela. O cheiro de caf, porm, a faz acordar.

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Pressiono um beijo em seu cabelo antes de sair. Amo o cabelo dela, grosso, reto e brilhante.
Eu poderia passar horas acariciando o cabelo dela, tocando-o. O doce aroma que vem dela,
baunilha e algo frutado. Pssegos talvez. Ela sempre cheira bem.
Ela no se move. Coloco meu tnis de corrida e coloco minha cabea para fora da porta da
frente.
Mirror Lake ainda est em silncio, apenas algumas luzes brilhando. Meus sapatos batem
contra a estrada enquanto pego o ritmo. Deso a Emerald Street, um caminho ao longo do lago,
atrs do bairro residencial de casas antigas remodeladas.
Pensamentos que povoam minha cabea todos os dias, quando no posso coloc-los de lado,
saem mais rpido quando eu corro.
Correr. Correr. No pense. No imagine. No lembre.
O ar frio bate em mim, a dor aguda do vento. Gelo em meus pulmes. O nevoeiro da
madrugada. Minha mente se esvazia. Durante uma hora, s h queima de msculos, peito
expandindo, bombeamento de sangue. Para a cidade de novo, passando por lojas, restaurantes,
cinema.
uma boa corrida, quase sete milhas. Eu ando os quarteires para casa. Uma padaria em
Avalon Street est abrindo suas portas. Eu paro para comprar um saco de muffins.
As luzes ainda esto apagadas no apartamento quando chego em casa. Tomo banho e visto
uma cala, camisa e gravata antes de ir fazer o caf.
O pote est quase cheio quando Liv sai, empurrando seu cabelo longe de seu rosto. Ela est
empacotada em um manto que tem estofo suficiente para mant-la aquecida.
Ela me d um meio sorriso sonolento e puxa uma cadeira mesa. Adiciono o creme e acar
em uma xcara de caf e entrego a ela.
"Obrigada." Ela toma um gole e d suspiros de felicidade. O som ofegante faz meu pau se
contrair.
Dirijo-me para longe dela para me servir uma xcara de caf. Ns no tivemos relaes
sexuais nas ltimas semanas, desde antes de ela beijar aquele bastardo. Nenhum de ns tem
mencionado o fato. Suponho que ela no esteja interessada, especialmente aps o acidente.
A mo esquerda repousa sobre a mesa. O mdico retirou os pontos ontem, e agora a cicatriz
estraga a pele da palma da mo. No posso suportar que ela se machucou tanto. Isso era minha
culpa.
Minha garganta apertou. Luto contra uma onda de raiva.
"Trabalha na livraria hoje?" Pergunto.
"No, mas tenho uma mudana no Museu Histrico." Diz Liv. "Estamos montando uma
exposio de coisas como as rodas de fiar e teares. Ah, voc sabe a velha casa vitoriana sobre a
Tulip Street, a Casa Langdon? A Sociedade Histrica a decora todo natal como parte do festival e
passeio de frias. rvores, luzes, ornamentos, as obras. Samantha me pediu para tambm ajudar
com isso este ano."

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Olho para ela, minha raiva drena no orgulho de seus olhos castanhos. Desde que se mudou
para Mirror Lake, Liv tem lutado para encontrar um lugar para si mesma, e agora ela parece ter
encontrado. Ela adora trabalhar no Museu Histrico e na livraria, e com o interesse recente na
culinria...
Merda.
Deslizo a mo na parte de trs do pescoo de Liv e me dobro para beij-la. Ela faz um pouco
de barulho de surpresa e prazer, abre a boca para me deixar entrar e apertar minha mo em seu
pescoo. Ela o recebe, e se inclina para um beijo mais profundo.
Sua boca cheia e macia. Uma das primeiras coisas que notei sobre ela, quando ficou na
minha frente na calada movimentada. Provavelmente, uma das primeiras coisas que outros
homens...
Pare.
Endireito e corro minha mo pelo cabelo de Liv. Meu batimento cardaco aumenta mais
ainda. Sento mesa e abro o jornal. Engulo um caf, como um muffin. Mastigo, engulo.
Engolir, mastigar.
No pense sobre ele.
Ele e ela.
Empurro o jornal de lado e fico de p. Ela olha para cima.
"Eu preciso sair mais cedo." Digo.
"A gente se v noite. Chame se precisar de mim."
Ela sorri. "Eu sempre preciso de voc."
Por agora, as suas palavras so suficientes. Suficientes para diminuir o fogo do cime, que
no posso colocar para fora.
Mas no tenho ideia do que vou fazer se essa chama acender novamente.

O trabalho uma rotina previsvel, embora esteja nervoso com meus alunos de ps-
graduao atualmente, aps Liv me contar sobre as insinuaes de Maggie Hamilton. No vi
Maggie desde que ela deixou a cidade h algumas semanas.
Quando ela voltar, vou dizer-lhe para encontrar outro conselheiro ou mudar
completamente.
Ela nunca deveria ter sido aceita no programa, para comear, ento no me sinto mal sobre
dispens-la.
Hoje darei uma palestra de manh, darei um seminrio de ps-graduao, e manter o
horrio de expediente. Alguns estudantes tm reclamando sobre o seu grau de ensaio, outro
perguntado se pode rever seu papel, um terceiro com algumas perguntas realmente interessantes
sobre msica e liturgia.

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Com dez minutos para o final, uma batida forte soa na porta. Kelsey entra, vestida com um
terno e sapatos de salto, o trao azul em seu fosco cabelo loiro quase brilhante.
Kelsey. Afiada, mal-humorada, brilhante. Demasiadamente brusca para seu prprio bem,
mas isso um dos motivos de eu gostar dela. Impossvel falar besteira para Kelsey. E voc sabe que
nunca est recebendo qualquer besteira dela.
"O que voc est fazendo aqui?" Pergunto.
Ela franze a testa e senta em uma cadeira, olhando para mim atravs de seus culos sem
aro. "Temos um almoo. Voc se esqueceu?"
Olho para o meu calendrio de mesa. "Sim. Acho que temos. Sinto muito."
"Bem, agora que voc est pagando."
"Combinado." Coloco o palet em meus ombros. "Para onde estamos indo?"
"Para algum lugar fora do campus para que eu possa falar sobre minha equipe de pesquisa
sem me preocupar se algum vai ouvir." Ela me olha. "E j que voc est pagando, em algum lugar
caro."
Terminamos em um lugar francs ridculo com luzes baixas e toalhas de mesa de linho. A
atmosfera calma no impede Kelsey de se lanar em um discurso inflamado sobre a inpcia de sua
equipe, os estudantes de graduao preguiosos, e a falta de equipamento adequado.
Ela se esgota antes das entradas chegarem, em seguida, lana um garfo em seu salmo e me
d um olhar penetrante.
Eu sei o que est por vir.
"Voc e Liv conversaram sobre seus problemas, n?" Ela disse. "Isso o que ela me disse do
jeito dela."
"Ento, por que voc est me perguntando?" Eu no tenho ideia de quanto Liv disse a
Kelsey sobre o que aconteceu. Conheo Liv, porm, ela no iria derramar todos os detalhes
srdidos, nem mesmo para Kelsey. Ela muito discreta.
Mas tambm sei que Liv precisava de algum para conversar durante toda a fodida
baguna. E j que eu no estava por perto, ela naturalmente foi para Kelsey.
"Voc o primeiro que me disse que voc e ela estavam em uma fase difcil." Lembra
Kelsey. "Foi tudo por que a Liv comeou a pensar em ter filhos?"
Foi s isso? Eu no sei mesmo.
Eu sei que quando Liv me disse logo no incio que ela no queria ter filhos, fiquei aliviado.
Gosto de crianas, mas depois de tudo que aconteceu com Helen, para no mencionar as minhas
dvidas sobre ser um bom pai, eu estava bem com a ideia de sermos apenas eu e Liv. Mais do que
bem. Era o que eu queria.
" natural, voc sabe." Kelsey me diz. "Isso de Liv mudar de ideia. Relgio biolgico e tudo."
Minhas entranhas apertaram. "Sim."
"Ela parecia chateada que vocs no estavam de acordo."
"No havia nada sobre o que concordar." Falo. "Liv nem sabia se ela queria filhos. Ela ainda
no sabe. E que negcio esse de vocs, afinal?"

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Kelsey no se incomoda com o rosnado na minha voz. "Este meu problema, porque vocs
dois sempre foram o casal mais assustadoramente feliz que eu j conheci. E Deus sabe, se vocs no
podem fazer isso, o que espero que o resto de ns tenhamos?"
Grande. Sem presso.
"Est tudo bem." Eu minto. "Ns conversamos."
"Por que voc no quer um beb?" Ela pergunta.
Um medo negro sobe no meu peito, como pntano, arrastando lembranas amargas junto
com ele. Pego minha gua e tomo um gole, balano a cabea.
"Esquea isso, Kelsey."
Ela entende o significado de "esquecido" e encolhe os ombros. Comemos em silncio por
alguns minutos. Todos os problemas dos ltimos meses, para no mencionar esta nova porcaria
com Maggie Hamilton, turva dentro de mim.
No posso dizer a Kelsey nada disso. Ela no sabe sobre Helen, porque Kelsey e eu
perdemos o contato, quando estvamos na faculdade. Eu tinha estado muito atolado em um
casamento de merda e excesso de trabalho para manter contato com meus velhos amigos.
Estou muito fodidamente envergonhado de dizer a Kelsey sobre as mentiras de Maggie. E se
Kelsey perguntar sobre elas para Liv?
Cristo. Tudo que preciso que as duas mulheres mais importantes na minha vida no
duvidem de mim.
"Ok, vou recuar." Kelsey olha para o prato e usa o garfo para fazer um pouco de design com
suas cenouras.
"S... voc sabe, eu amo vocs, seus dois idiotas e quero que vocs sejam felizes. Assim,
estou aqui, se qualquer um de vocs precisar de mim."
Duas manchas de cor aparecem nas bochechas. No resisto e dou um leve sorriso.
"Obrigado."
Ela franze a testa. "Mas no diga a ningum que eu disse uma merda assim. Tenho uma
reputao a manter."
"No se preocupe. Eu vou dizer a todos o osso duro de roer que voc ."
" melhor eu ser, considerando a quantidade de tempo que eu gasto na mquina elptica."

"Estou fazendo picado de frango." Liv chama da cozinha. "Ser que cheira bem?"
"Cheira muito bem." Ele cheira demais: alcaparras, limo e alho.
Largo minha pasta na porta da frente e vou encontr-la parecendo adorvel, esgotada, em
moletom cinza e um avental de flores, com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto. Seu rosto est
vermelho do calor do fogo. Ela vira o rosto para um obrigatrio beijo, depois me manda para fora
da cozinha.
"Vai, vai. Quinze minutos. Eu preciso comear tudo cronometrando corretamente."

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Visto calas de pijama de flanela e uma camiseta, em seguida, me estico no sof para assistir
ao noticirio. Tampas de panela estrondam na cozinha. A gua corre. A porta se fecha. Liv xinga.
"Precisa de ajuda?" Pergunto.
"No, obrigado. Apenas mais alguns minutos."
Embora eu ame o quanto ela est se esforando para aprender a cozinhar, ainda odeio que
ela tomou essa classe. Se ela no tivesse, ela nunca conheceria aquele chef maldito, nunca o teria
beijado, e no teria tido a briga que quase nos matou.
Mas ela fez. E eles fizeram. E ns fizemos.
Foda-se.
Esfrego a mo no meu rosto e tento me concentrar na TV.
"Pronto!" Chama Liv.
Eu vou para a mesa, onde ela colocou dois pratos de frango, batatas e feijo verde.
"Parece incrvel."
"Espero que esteja bom." Ela acena para eu me sentar antes de tomar o lugar dela.
"Ento, me fala sobre o seu dia."
Primeiro, tento o frango, que est suculento e saboroso, com um pedao de pimenta.
"Est delicioso."
"Srio?" Ela me d um sorriso to brilhante que meu corao aperta.
"Voc gostou? Eu adicionei mais limo do que a receita pedia, mas pensei que gostaria de
acrescentar um belo chute. E coloquei alguns flocos de pimenta de Caiena."
"Voc est se tornando uma grande cozinheira, Liv."
Ainda sorrindo, ela presta ateno em sua prpria refeio e pergunta novamente sobre o
meu dia. Dou-lhe uma viso geral e digo-lhe sobre o almoo com Kelsey e o que ela disse.
"Ela pensa que somos estranhamente felizes?" Liv repete.
"Isso o que ela disse."
Ela cutuca os restos de seu frango e olha para mim. "O que voc acha?"
Eu no sei como responder a isso, ento fico mudo. "Sobre o qu?"
"Estamos assustadoramente felizes?"
Uma irritao toma conta de mim. Ela sabe a resposta, ento por que ela est me
perguntando?
Como diabos um casal pode ser assustadoramente feliz se a esposa beija outro homem?
Como possvel que sejamos felizes em tudo?
Um enxame de raiva encheu meu peito. Eu sufoco com esforo.
"Se fssemos, ns viveramos em um circo." Digo, lutando para manter a minha voz calma.
"E ningum olhando de fora sabe toda a verdade."
No o que ela queria ouvir. Eu posso ver a decepo em seus olhos, o ligeiro
pressentimento de seus ombros.
O que diabos eu deveria dizer? "Sim, com certeza, estamos assustadoramente felizes."
Em seguida, ela ficaria louca porque eu estava mentindo.

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Corrija este, West. Torn-lo bem para ela.
Vou para seu lado da mesa e agarro seus ombros, puxando-a para cima e contra mim. Ela se
instala facilmente em meus braos como ela sempre faz, as mos deslizando em torno de minha
cintura, os seios pressionando contra meu peito. Ela d um pequeno suspiro de contentamento que
me faz querer tanto abra-la para sempre e rasgar a roupa dela ali mesmo.
Agora, eu suprimo o desejo de fazer o segundo. Aperto meus braos em torno dela.
"No." Eu murmuro contra seu cabelo, que agora cheira a frango. "Ns no estamos
assustadoramente felizes. Ns no somos assustadoramente nada. Somos duas pessoas que se
amam. Tivemos um momento difcil. Ns trabalhamos fora, porque queremos estar juntos. Porque
ns no podemos imaginar estar com mais ningum. Porque ns no queremos estar."
Ela desliza os dedos por dentro do cs da cala para acariciar a parte de baixo das minhas
costas. O sangue comea a encher minha virilha, meu pau empurrando contra sua barriga. Ela olha
para mim, ento espalma uma mo em minha virilha. Embora pisque incerteza em seus olhos, seu
tom leve.
"Voc quer manter esse pensamento at que eu limpe a cozinha?" Ela pergunta.
"Sim." Eu puxo a respirao. "Claro."
Eu fecho meus olhos por um segundo, que conjuram imagens de santos medievais e
monsticas arquiteturas para minha ereo diminuir. Assim que eu pude me mover novamente, eu
ajudo Liv limpar a mesa antes que ela me mande para fora da cozinha.
Eu vou para o meu escritrio e trabalho em um papel sobre a arquitetura romnica da
Catedral de Speyer. Focar no trabalho sempre foi fcil, uma maneira de parar de pensar sobre
coisas que eu no quero pensar. Anos de estudo tm me ensinado a fechar tudo, exceto baslicas,
triple-naves e cpulas octogonais.
Liv chamaria essa minha capacidade de "uma coisa idiota de professor." Eu chamo de uma
tcnica de sobrevivncia.
So quase dez, quando, finalmente, olho acima do computador. O som da TV soa da sala de
estar. Eu meio que esperava que Liv viesse me encontrar, mas ela raramente vem em meu
escritrio quando estou trabalhando.
Afasto-me da mesa e vou para a sala de estar. Ela est deitada no sof... dormindo.
Ela parece mais jovem quando est dormindo, e voc no pode ver nenhuma ameaa de
sombras em seus olhos.
Mas eu sei que elas esto l.
O seu rabo de cavalo est bagunado, soltando pedaos do seu longo cabelo por cima do
sof. Eu olho para o rosto dela, seus lbios entreabertos, o arco da garganta. Seus seios se movem
com cada respirao. Meu pau endurece novamente. Sua camiseta subiu at expor a pele do seu
torso, plido e suave.
Mexo e estremeo quando minha ereo cresce grossa contra a minha coxa. Eu a agarro e a
aperto, sentindo o puxar familiar em minha virilha.
Puxo uma colcha sobre Liv, desligo a TV, e volto para o quarto. Fecho a porta.

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Me estico na cama e esfrego meu pau atravs das minhas calas de pijama. No posso
esperar que Liv acorde e entre no quarto. Eu quero a sua boca na minha, quero enrolar meus dedos
em seu cabelo, enquanto ela envolve a mo em volta do meu pau... Cristo.
As imagens piscam no meu crebro, enquanto puxo minha ereo e comeo a acarici-la.
Uma urgncia aperta meus nervos. Tudo que tenho que fazer pensar em seus redondos e
cheios seios saltando ao mesmo tempo com os meus impulsos, os lbios entreabertos e o rosto
corado, a aderncia de sua boceta em torno do meu pau.
Aumento a presso. Eu trabalho no meu pau mais rpido, me dirigindo para o clmax. Meu
corao bate.
Me imagino pressionando as minhas mos nas coxas midas de Liv, espalhando-as mais
amplo, afundando-me em seu apertado calor mido.
Eu posso ouvi-la gemer meu nome, implorando, puxando as pernas para cima para que ela
possa sentir cada impulso, de modo que ela pode me ter profundamente. "Dean, foda-me mais...
sim, s assim... oh, Deus... Eu vou gozar... Eu sinto isso... ah!"
Eu aperto a mo no meu pau e esfrego o polegar sobre a cabea. Minha coluna fica tensa
com a presso. Eu gemo, smen jorrando sobre meu estmago enquanto eu imagino atirando
profundo e dentro de Liv, enquanto ela se contorce sob mim e tendo outro orgasmo.
Eu adoro assistir ela gozar. Seu corpo todo treme, ela envolve as pernas ao redor de mim, e
cava seus dedos em minhas costas. Seus guturais gritinhos fazem meu sangue disparar mais uma
vez.
Minha esposa.
Eu deixo o meu pau ir at os fluxos finais. Minha respirao irregular. Pego alguns panos e
limpo a umidade fora, em seguida, olho para o teto.
No muito tempo atrs eu no teria pensado em nada alm de acordar Liv, esfregando os
seus seios ou beijando-a. Ela abriria os olhos e avanaria para mim, sua boca procurando a minha.
Em vez disso, ela est dormindo no outro quarto e eu estou aqui batendo uma punheta.
O ltimo prazer desaparece. A culpa me empurra para seu caminho novamente.
Eu deveria ter dito a ela anos atrs sobre o meu primeiro casamento. claro que eu sei
disso.
Inmeras vezes eu quase fiz. Ento ela ficava quente, seu olhar marrom em mim, "Voc
meu heri" olhar que partiu meu corao em dois, e a confisso se desintegrou na minha garganta.
E se eu lhe dissesse e este olhar mudasse? E se ela se perguntar o quanto eu era culpado pelo
casamento desastroso? E se ela questionasse a minha capacidade de lidar com conflito? Para
resolver os problemas? Para consertar as coisas?
E se ela achasse que era fraco, que eu no tinha tratado a Helen direito, no tinha feito tanto
quanto poderia fazer? E se ela se perguntasse o que havia de errado comigo?
As perguntas amarravam meu crebro at que, finalmente, tranquei tudo em minha cabea
e me disse para esquecer. Para focalizar em Liv, e fazer o nosso relacionamento um refgio de calor
e segurana.

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Para amar e proteg-la. Para evitar qualquer coisa que possa mago-la mais do que ela j
tenha se magoado.
Isso era tudo que eu queria. tudo que eu ainda quero.
Mas estou falhando. No tenho nenhuma porra de ideia de como consertar o que est
errado em nosso casamento. No tenho ideia se a minha esposa nunca mais olhar para mim do
jeito que ela costumava fazer.
















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DEAN
21 de novembro

Este o seu Cruella de Vil. A Rainha de Copas. Poison Ivy. Maleficent."
Foi quando eu soube que poderia cair duro por ela, esta menina com o cabelo longo e escuro
que nomeou plantas de casa com nomes de viles.
A garota que tentou fazer algo bom com algo mau. Quem me fez querer saber dela tanto
quanto eu a queria.
Observo Liv enquanto ela arranca folhas secas do hibisco ao lado da janela e verifica o solo.
Ela no nomeou suas plantas desde que nos casamos. Eu no percebi isso antes.
Agora, ela diz: "Minha amarlis precisa de gua." ou "Minhas violetas floresceram."
Liv vai at a cozinha e volta com um pequeno regador. Ela rega todas as plantas, em
seguida, abre a cortina para deixar entrar os primeiros raios de sol.
"O que aconteceu com Cruella de Vil?" Pergunto.
"Cruella de Vil?"
"Voc no nomeou suas plantas desde que nos casamos."
"Ah." Ela parece ligeiramente surpresa pelo comentrio. "No, acho que eu no fiz."
"Por que no?"
Liv encolhe os ombros e coloca a ponta do regador ao longo da ltima planta.
"Depois que nos casamos no tinha mais necessidade de fazer algo bom." Diz ela, voltando
para a cozinha. "Eu j o tinha encontrado."
Deixo cair o jornal sobre a mesa de caf. Tento abafar a vergonha amarga e culpa.
"Estarei trabalhando na livraria at as seis." Liv para na porta da cozinha. "Voc quer me
pedir alguma coisa para o jantar?"

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"No. Posso pegar algo no caminho de casa."
Liv acena com a cabea e vai para o quarto. Espero ela acabar de se aprontar antes de ir
atrs dela.
Ela parece bem vestida para o outono com uma saia de l castanho-avermelhada e camiseta
azul com poucos botes de prola na frente. Enquanto a vejo escovar o cabelo, tenho uma imagem
sbita de desapertar os botes delicados, um por um para expor as ondas cremosas de seus seios.
Quero que ela olhe para mim com calor naqueles olhos castanhos. Eu quero prov-la.
"Ento, noite a gente se v." Liv deixa a escova de volta no armrio e se olha no espelho.
Meu corao est batendo muito rpido. Hoje noite parece uma eternidade.
"Voc no tem tempo para tomar um caf mais tarde?" Pergunto.
"Claro. Meu turno no Museu Histrico termina em 12:30, mas tenho que estar na livraria as
14."
"Eu vou encontr-la no centro, ento."
Quando ela passa por mim na porta, agarro-a pela cintura e a puxo contra mim. Abaixo a
cabea para beij-la duro. Um suspiro para na garganta. Meu sangue aquece. Aumento a presso da
minha boca, at que ela se abre para mim. Seu corpo se arqueia, com a mo espalhando no meu
peito.
Voc minha, Liv. Lembre-se disso.
Antes que o cime possa me queimar de novo, me afasto dela e esfrego meu polegar sobre
seus lbios.
"Vou ligar por volta de uma."
"Certo. Amo voc." Ela desliza a mo no meu peito novamente antes de sair. Alguns
segundos depois, ela fecha a porta da frente.
Tomo uma ducha fria e visto um terno e gravata, em seguida, vou para a universidade. A
cidade est acordada, as pessoas comeando seus dias. Alunos andam atravs da estratificao
geada do ar, amontoados em casacos e chapus, segurando copos de papel com caf.
Paro na sede do Departamento de Histria. Troco uma saudao com Grace, a assistente
administrativa, e alguns comentrios sobre o clima. Depois de recolher os papis e e-mail da minha
caixa, vou ao meu escritrio.
No meio do corredor, vejo Maggie Hamilton, vindo at mim. Tenso e raiva preenchem
minhas veias. Ambos paramos.
"Professor West." Ela me d um sorriso incerto. "Estava indo para ver se voc estava em seu
escritrio."
Por um segundo, no sei o que fazer. No a quero no meu escritrio. Eu tambm no quero
fazer isso no corredor.
Dou um passo em direo ao meu escritrio e empurro a porta, mantonho-a aberta. "Entre."
Ela me segue para dentro e passo atrs da mesa para coloc-la entre ns. Permaneo em p
e cruzo os braos. Minha coluna est dura o suficiente para quebrar.

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"Eu soube que voc se encontrou com a minha esposa recentemente." Eu cravo meus dedos
em meus bceps. Tento manter minha voz baixa. "Isso foi totalmente inapropriado".
Ela acena com a cabea, parecendo arrependida. "Eu sei. Estava apenas... desesperada,
sabe? Nada que eu fao parece ser bom o suficiente para voc."
"No desculpa. Eu poderia escrever uma carta ao Dr. Hunter, como presidente do
departamento sobre isso, mas no vou, desde que voc mude de orientador."
Maggie me olha. "Eu no posso mudar de orientador. Voc sabe disso. Isso vai atrasar a
minha formao ainda mais."
"Voc deveria ter pensado nisso antes de voc..." ...mentir sobre a minha integridade.
Eu tenho uma sensao de mal-estar que vai abrir outra lata de vermes, por isso a deixo. E
tudo que necessito lembrar que minha esposa no sabe se deve ou no acreditar naquelas
implicaes.
Meu peito aperta.
"...Antes que voc escolheu o tema." Eu termino. "No nenhum segredo como voc entrou
no programa, Maggie. Se eu tivesse sido o professor de Estudos Medievais na poca, eu nunca teria
aprovado sua admisso."
Lgrimas de raiva aparecem em seus olhos. "Olha, sei que eu no era a melhor aluna, ok?
Mas estou aqui porque tenho que tirar boas notas e um mestrado para que eu possa entrar na
faculdade de Direito. Se no, estou totalmente ferrada. Eu vou ficar com os meus pais para que eu
possa..."
Eu ergo a mo para det-la. "V falar com o secretrio sobre a mudana de orientador. Isso
tudo que posso lhe dizer."
H um movimento na porta aberta atrs dela, um dos outros estudantes de graduao.
"Jessica." A intromisso diminui a minha tenso. "Entre."
"Eu no quero interromper." Jessica olha de Maggie para mim.
"Est tudo bem." Eu dou a Maggie um olhar aguado. "Ns terminamos."
Maggie olha furiosa para Jessica, ento espreita para fora do escritrio. Um estranho
silncio se assenta. Coloco alguns livros fora da mesa para que Jessica apoie a mochila.
"Desculpe por isso." Espero ela se sentar antes de me sentar na cadeira do escritrio.
"Desculpe, mas voc ficou preso com ela." Jessica responde ironicamente quando ela apoia
sua mochila. "Eu sei que ela est sob a presso de seu pai, mas... bem, de qualquer maneira, eu
queria verificar sobre o meu trabalho do feriado de Ao de Graas."
"Claro. O que voc tem?"
Ela tira algumas notas, e passamos a prxima hora discutindo Foucault, dedicatria,
prlogos de iluminuras medievais, e as imagens csmicas. uma pausa bem-vinda, e pelo tempo
que levo com Jessica, os meus pensamentos confusos foram estabilizados.
Comeo a trabalhar pelo o resto do dia. Organizo notas, fao uma palestra sobre mosteiros
medievais, e um seminrio de ps-graduao em cultura visual. H uma reunio de Estudos
Medievais no final da manh, em seguida, falo com alguns dos outros professores e vou almoar.

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Depois que terminamos de comer sanduiche de almndega e discutir um curso sobre
paleografia Latina, saio e chamo Liv em seu celular.
"Oi". Ela parece sem flego. "Voc est no trabalho?"
"Acabei de terminar o almoo no campus. Onde voc est?"
"No Deli." Diz ela.
"Vou encontr-la."
Fechei meu celular e sigo para a interseo de Avalon e Poppy Streets. O Deli est lotado
com os clientes de almoo, ento espero ao lado de fora.
Atravs da janela, Liv est fazendo seu pedido a um jovem atrs do balco. Ele diz algo que
faz a faz sorrir. Ele sorri de volta, em seguida faz gestos com as mos. Ela ri.
Cimes me inundam rpido e forte. Conheo aquele garoto. Seu pai dono da delicatessen.
Ele amigvel com todos. E odeio apenas a viso de Liv sorrindo para ele, me faz sentir como...
assim.
Afasto o olhar para longe da janela e espero na calada. Meu sangue est quente, com raiva
de mim mesmo por no confiar nela, dela por no confiar em mim.
A memria da hesitao de Liv quando perguntei se ela acreditava nas mentiras de Maggie
como uma facada em meu corao. Cinco anos atrs, quando Liv e eu nos conhecemos, ela nunca
pensaria que sou capaz de qualquer coisa para mago-la. Nunca. Ela no teria me dado uma chance
se tivesse.
Liv sai do Deli com um saco de papel na mo. Ela me d um pequeno aceno, enquanto
atravessa a calada. Ela se aconchega em mim num abrao e beija meu queixo. Um pouco da minha
raiva diminui.
"Como foi sua manh?" Pergunta Liv.
"Bom. Ocupado."
"Peguei o nosso peru de Ao de Graas antes do meu turno no museu. O que voc quer
para o jantar?"
"Tudo o que voc fizer ser timo." Eu a puxo para mais perto. "Vamos tomar um caf, e
vou lev-la para a livraria. Minha prxima aula no comea at trs."
Ela desliza o brao em volta da minha cintura enquanto caminhamos. Eu gostaria que fosse
o suficiente para fazer tudo ficar bem.

" isso!" Liv circunda todo o abeto de Douglas1 e estende a mo roando-a sobre um dos
ramos.
"Legal e fofo. H esse espao de volta aqui, mas podemos colocar isso em direo parede.
O que voc acha?"

1
Pseudotsuga menziesii uma espcie de confera nativa do oeste da Amrica do Norte. Sua variedade Pseudotsuga menziesii var. menziesii,
tambm conhecida como "abeto de Douglas" cresce nas regies costeiras, do centro-oeste da Colmbia Britnica, no Canad, em direo ao sul
at o centro da Califrnia, Estados Unidos.

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"Parece timo."
"Bom." Ela sorri para mim. Ela est toda enrolada em seu casaco de inverno com as
bochechas vermelhas do frio. "Vamos fazer isso, ento. Eu vou comprar algum azevinho e visco
tambm. Voc os coloca em cima da rvore, ok?"
"Sim, senhora."
Ela sai da barraca para pagar, e eu aceno para um cara para envolver a rvore em
compensao.
Levamos a rvore at o carro e verifico o telhado antes que Liv saia com um saco contendo o
suficiente para preencher nossa sala de estar e um monte de galhos de pinheiro debaixo do seu
brao. Ela sempre insistiu na obteno de nossa rvore de natal no fim de semana depois do dia de
Ao de Graas, como se ela estivesse tentando estender a temporada de frias o maior tempo
possvel.
"Eu vou fazer um pouco de chocolate quente, quando chegarmos em casa." Disse ela aps se
jogar no banco traseiro.
Em casa, arrastamos a rvore para a entrada e as escadas. Liv desaparece na cozinha para
fazer o chocolate quente, enquanto monto a rvore no seu lugar habitual ao lado da janela.
"Perfeito! Eu amo isso." Liv me entrega uma caneca de chocolate e coloca outra em uma
mesa.
"Vamos testar as luzes. Eu j verifiquei, e todas funcionam."
Eu vejo quando ela coloca um CD de msicas natalinas e desembrulha as luzes. H um
brilho sobre ela, uma sensao de expectativa que sempre fica em torno dela nos feriados,
enquanto ela decora e planeja, tornando o natal em um maldito momento mgico da terra no
inverno.
A maneira como ela sempre fez isso por mim. O jeito que ela nunca teve quando criana.
Essa a histria sobre Liv. Ela pura. Apesar das experincias que poderiam ter
irrevogavelmente a fodido, a transformado em uma pessoa dura e cansada, ela ainda saudvel.
Ela tem um jeito cauteloso, uma guarda contra o mundo, mas nunca afeta sua inocncia.
Eu adoro isso nela. Quando ela olhou para mim no balco do Jitter Beans, seus olhos
castanhos brilhando com sinceridade ("creme em seu caf, senhor?"), eu senti como se meu
corao estivesse prestes a bater fora do meu peito.
Ela poderia muito bem ter dito, "um pouco de mim em sua vida, senhor? Um pouco de
mim na sua cama?"
Sim. E o inferno, sim.
Claro que houve algum instinto Neanderthal. No apenas para o sexo, no entanto, que era
poderoso.
Houve tambm um desejo de faz-la minha, para reclam-la, para que ela nunca
pertencesse a outro homem. Ento, ela nunca iria querer outro homem.
Que apenas uma razo que a coisa com o cozinheiro, ainda est mexendo com a minha
cabea.

Pgina 197

Que diabos eu fiz de errado? Como foi que eu errei?
Era mais do que no t-la informado sobre meu primeiro casamento. Tinha que ser superior
a isso. Se foi isso, ento talvez eu no devesse ter dito a ela tudo, porque no posso parar a vida e
descobrir como consertar nada disso.
"Voc pode colocar os galhos mais altos, Dean?"
Pousei minha caneca e fui ajud-la a pendurar as luzes. Ns decoramos a rvore juntos, com
bolas de vidro brilhantes e ornamentos, que Liv guardou ao longo dos anos. Ela me diz onde
pendurar o visco e espalhar o azevinho sobre a lareira, em seguida, em torno de escavaes para as
meias.
Sento-me no sof e a vejo por mais alguns minutos. Quando a decorao est terminada,
brilhante e cintilante, levanto um dedo para Liv.
"Venha aqui."
Ela se senta ao meu lado e dobra seu corpo contra o meu, sua mo deslizando sobre minha
coxa. Emaranhando meus dedos em seu cabelo, eu puxo sua cabea para um beijo. Ela tem gosto de
chocolate, ela d um quente suspiro ofegante contra a minha boca antes de se afastar para olhar
para mim.
Eu sei que olhar est em seus olhos. um olhar que faz meu sangue ferver.
"Tem sido muito tempo." Diz ela.
Eu elevo seu pulso. "Voc se sente bem?"
"Tudo bem. Minha mo no di mais. Eu s... voc sabe. Estou com saudades."
Ah, inferno.
Enfio meus dedos abaixo do cs da cala jeans. "Que tal fazer voc se sentir bem?"
"Voc sempre me faz sentir bem. Mas quero voc, Dean." Ela se mexe at que ela est de
frente para mim e montada no meu colo, uma posio que me faz queimar. "Mal."
"Liv."
"Vamos l." Ela esfrega seus quadris. "Foda-me."
Cristo. Palavras brutas saindo de sua boca bonita, e estou duro em um instante.
Ela comea a trabalhar nos botes do meu jeans. Seus mamilos pressionam o suter dela, e
sua respirao est ficando mais rpida. Apenas olhando para ela ficar excitada me faz mais
quente.
At o momento em que ela tiver meu pau na mo, sei que estarei acabado. Ela se move no
meu colo e se ajoelha no sof ao meu lado.
" sempre to bom com voc." Ela circula a lngua na cabea do meu pau.
"Especialmente depois de um longo tempo."
Um raio de vergonha, constrangimento, se abate forte sobre mim. Tem sido um longo
tempo, porque eu evitei. Eu deixei minha relao ferrada com Helen ditar como eu tratei o amor da
minha vida.

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Eu mantive um grande segredo de Liv, porque queria proteg-la. E s acabei machucando-
a, levando-a a beijar outro homem. Se as coisas no tivessem acontecido dessa maneira, quem sabe
o que mais poderia ter acontecido...
Um rosnado baixo comea no meu peito. Posse e desejo me inundam. Pego seu cabelo e
puxo Liv at mim, beijando-a com fora suficiente para faz-la arfar de surpresa. Embora alguma
parte me conhece o suficiente para estar atento, no estou nem um pouco gentil quando deslizo
para fora do sof e trago ns dois para o cho.
No s Liv no se importa, como ela envolve seus braos e pernas em torno de mim como
tentculos e abre a boca sob a minha. Meu pau pulsa duro contra sua coxa. Ela torce os quadris.
"Tire minha cala jeans." Diz ela, pegando a bainha de sua camisa. Ela puxa-a sobre sua
cabea, e meu corao bate em alta velocidade com a viso de seus seios lutando contra o suti.
Ela tira as pernas de minha cintura e sobe para os cotovelos para assistir enquanto eu
arranco sua cala jeans. Pressiono minha mo entre as suas coxas. Um calor queima atravs da
calcinha. Ela abre as pernas, me observando. Tanto quanto eu quero rasgar sua calcinha e afundar
nela, quero ainda mais faz-la implorar. Deslizo um dedo sob o elstico da calcinha e provoco a
fenda.
Visveis tremores e ondulaes passam atravs dela. Concordo com a cabea em direo a
seu suti.
"Agora voc pode tirar isso."
Ela pega no fecho, e as tiras brancas caem de seus ombros. Jesus. Toda vez que eu vejo os
seus seios nus, no posso esperar para toc-los, beliscar seus mamilos, senti-los pressionando
contra meu peito. Mal posso esperar para v-los saltar ao mesmo tempo que os meus impulsos.
Paro, minha respirao est difcil. Liv olha para mim, e chega para a gaveta da mesa ao
lado do sof. Ela pega o pacote de preservativos dentro, rasga um aberto, e se move em direo a
mim. Seu rosto est todo vermelho de calor, o cabelo derramando sobre os ombros, enquanto ela
rola o preservativo na minha ereo.
"Dean." Sua voz tensa.
"Diga-me."
"Eu quero voc." Ela est de volta e estende os braos sobre a cabea dela em uma pose que
to sexy como inferno.
"Diga isso." Puxo a calcinha por suas pernas.
"Foda-me." Ela junta seus ps em torno das minhas costas. "Por favor."
Eu me movo entre suas coxas. Nossa abstinncia prolongada faz com que a chama do prazer
seja mais forte. Eu afundo meu pau dentro dela, e todos os pensamentos se dissolvem em pura
urgncia como seu quente interior me aperta. Ela muda, abre mais amplo, pega os lados da minha
cabea e me puxa para baixo, para mais perto.
Sua lngua empurra na minha boca enquanto eu empurro dentro dela. A necessidade ferve
em mim. Ela abraa meus quadris com as coxas e cavalga para cima. No vai durar muito tempo,
nem para ela nem para mim.

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Coloco minhas mos em ambos os lados de sua cabea e bombeio mais forte. Minha cabea
gira com a sensao de seu aperto ao redor do meu pau. Meu corpo inteiro a aperta com prazer.
"Oh, Dean." Suas unhas cravam minhas costas. "Dean."
Eu deslizo a mo pelo seu estmago, atravs de seus cachos midos para seu clitris. Liv
geme, os dedos dela cravando mais ainda, quando eu comeo a esfreg-lo. Seu corpo, sua
respirao, pegando duro em sua garganta, e ento ela afunda seus dentes em meu ombro e goza
forte e rpido.
Sua carne vibra em torno do meu pau, ordenhando um orgasmo explosivo de mim que eu
no posso conter. Vindo dela no como nada que eu j tenha sentido, um profundo bombeamento
e liberao que estilhaa ns dois.
Eu me viro para rolar para o lado, levando-a comigo e puxando-a para cima. Seu corpo nu
fica mole contra o meu, o peito arfando. Empurro o cabelo longe de seu rosto, acariciando com
meus dedos atravs dos longos cabelos emaranhados.
" to bom." Ela sussurra, pressionando um beijo na minha garganta. " sempre to bom
com voc."
Ela nunca respondeu minha pergunta. Quando ela confessou que tinha beijado aquele
filho da puta, eu perguntei se era bom.
Por que diabos eu perguntei isso? Por que foi a minha primeira pergunta?
"Tem certeza que voc quer que eu responda isso?" Ela respondeu.
Porra nenhuma. Mas a sua no-resposta foi pior.
Liv levanta a cabea para olhar para mim. Seus olhos escuros.
"O que isso?" Ela pergunta, mas, em seguida, a compreenso e a culpa passam em seu
rosto. Ela sabe exatamente o que estou pensando. Ela se afasta e pega seu suti. "Isso nunca vai
embora, no ?"
Fico em p e vou para o banheiro para me livrar do preservativo. Meu corao batendo, mas
no de luxria. A satisfao fsica desaparece como fumaa. Volto para a sala, coloco minha boxer.
"Voc no respondeu minha pergunta." Eu digo. O cime aperta o meu peito.
"Foi bom com ele?"
Liv para o movimento de puxar o suter dela, ento vira lentamente a cabea.
Ela arrasta os dedos em seus cabelos e torce um rabo de cavalo.
Eu no aguento mais. No posso suportar a ideia de outro homem se aproximar o suficiente
para toc-la. Beij-la.
Cerro os punhos.
Liv remexe em uma gaveta e encontra um elstico. Ela est parando.
"Liv."
Ela coloca o elstico em torno de seu cabelo. "Por que voc quer saber?"
Boa pergunta. Porque gosto de tortura?
"Responda-me." Meus dedos cravam minhas palmas.

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"Sim." Ela se atrapalha com as alas de sua camisa. "Foi um beijo decente. No significava
nada, mas foi bom. Legal." Tristeza e um flash de remorso apareceram em seus olhos castanhos. "
isso o que voc queria ouvir? Isso faz voc se sentir melhor?"
No h resposta para isso.
Eu me afasto da rvore de Natal, do azevinho sobre a lareira, do visco amarrado com uma
fita vermelha. Longe de Liv.















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Dean
28 de Novembro

A neve cai do lado de fora da janela do meu escritrio. O departamento de histria e o de
histria da arte esto alojados em um prdio clssico e antigo, e eu sou afortunado por ter um
escritrio com vista para o lago. A neve clara se rene no cho e cobre as montanhas.
Terminei de preencher alguns papeis e de juntar uns livros para devolver biblioteca.
Tenho uma palestra em uma hora, depois uma reunio sobre a conferncia que estamos
preparando. At ento ns temos uma impressionante lista de participantes, incluindo vrios
estudantes da Alemanha, Itlia e Espanha. E, provavelmente, minha ex-mulher.
Eu no quero ver Helen novamente, nem mesmo em uma conferncia, mas tem quase... o
que? Quase 15 anos? Ns cometemos alguns erros graves, passamos um tempo difcil. Pelo menos
ns terminamos antes de trazer crianas ao mundo e arriscar ferr-los com nosso terrvel
casamento.
Eu parei de pensar antes que fosse mais alm. Eu no quero pensar a respeito, para aliviar
qualquer parte disso. No quero que a culpa manche minha vida atual mais do que j manchou.
Passei pela palestra e pela reunio, ento peguei uma mochila do meu escritrio e fui para a
academia. Depois de trocar a roupa, corri pela pista coberta, forando os pensamentos
desaparecerem de acordo com os batimentos do meu corao.
Ainda no o suficiente e eu levantei pesos at meus msculos queimarem, ento trabalhei
na mquina de remo at as luzes de fora das janelas apagarem.
Meu deus. Por que voc no d um tempo? Kesley entrou na academia, uma mochila no
ombro e o casaco coberto de neve. H quanto tempo voc est aqui?

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Eu parei de remar e peguei uma toalha para limpar o suor. Meu sangue pulsa, meus
msculos doem. No sei. Que horas so?
Quase seis. Eu passei no seu escritrio para ver se voc queria jogar raquetebol, mas voc
j tinha sado.
. Eu deveria ir para casa. Liv provavelmente est tentando cozinhar lasanha ou algo
assim. Eu sa da mquina e coloquei a toalha em volta do meu pescoo.
Eu no gosto do jeito que Kesley est olhando para mim. Muito intenso, muito penetrante.
Raquetebol amanh, ok? Eu disse. Pelo menos se estivermos jogando raquetebol, ela no
poder me interrogar. Encontro voc aqui.
Claro.
Minha irritao para. Ela caminha ao meu lado enquanto vou para o vestirio.
Voc e Liv querem assistir a um filme ou algo assim esse final de semana? Ela pergunta.
Eu no sei o que ela planejou, mas eu vou checar.
Tem tambm a feira de Natal. Kesley sugere. Se vocs puderem suportar guirlandas de
natal e papai Noel de madeira com boa vontade o suficiente para fazer vocs quererem vomitar...
Isso me fez sorrir ironicamente. Parece incrvel.
Ok, ento. Ela parou antes da porta do vestirio feminino. Raquetebol amanh s
quatro?
Esteja preparada para perder.
Voc sabe que no me importo em perder para voc, Dean. Com uma piscadela, ela entrou
no vestirio e deixou a porta fechar balanando atrs dela.
Eu entrei diretamente no vestirio masculino. Pelo menos minha relao com a Kesley a
mesma. Se eu tivesse contado a algum o que eu e Liv passamos, o que ns ainda estvamos
passando, seria para Kesley. O fato que eu no consigo falar sobre essa merda toda.
Tomei banho e me vesti, e dirigi para casa. Nesse momento, eu estava esperando sentir o
cheiro de comida deriva vindo da cozinha, mas no tinha nada, exceto o cheiro de pinho e
azevinho.
Liv est enrolada no sof assistindo s notcias. Ela se virou para me ver entrar.
Eu larguei minha mochila e minha pasta na mesa. Ei. Como foi seu dia?
Ok.
Os olhos dela estavam inchados. Ela esteve chorando.
Merda.
Eu sentei ao lado dela e a puxei contra mim, roando minha boca na sua cabea.
Desculpe. Murmurei.
Ela deixou escapar um suspiro trmulo. Eu tambm. Como ns vamos consertar isso?
A nica coisa que eu podia pensar era que eu precisava acabar com essa merda, mas eu no
sabia como. Tudo que eu sei que me tornei outro homem e... a raiva inunda minha garganta.
Voc ir comigo ao aconselhamento novamente? Liv pergunta.
Eu quero dizer sim. Eu devo dizer sim.

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Mas eu no suporto a ideia de um conselheiro dando opinio nos meus problemas. Exceto
eu falando mais do que eu queria. Fazendo Liv passar por tudo aquilo novamente. Falando para
mim mesmo que essa merda minha culpa.
Talvez. Eu disse finalmente.
Eu peguei a mo da Liv e passei meus dedos ao redor da cicatriz na sua palma. A culpa me
soca no estmago. Se eu no a tivesse seguido at sua aula de culinria como um brbaro
procurando por vingana, ela no teria perdido a concentrao, no teria cortado a mo com a faca.
Graas a Deus no houve um dano permanente, mas ela sempre ter a cicatriz.
Eu preciso parar de puni-la. Por mais que eu odeie o pensamento dela beijando outro
homem, essa baguna toda foi minha culpa.
Eu quero proteger Liv contra tudo, mas eu no posso proteg-la da verdade. No importa
quo feia ela seja. Eu sei disso agora. Eu s preciso lembrar disso.
Eu desci a mo pelas costas da Liv. Ei, Kelsey quer assistir a um filme ou algo esse final de
semana. Ela mencionou tambm a feira de natal.
A feira de natal esse final de semana? Os olhos de Liv se iluminaram. Eu amo a feira de
natal. Eu tenho esperado encontrar uma nova guirlanda para a porta da frente. Ah, talvez ns
possamos encontrar a Kelsey para tomar caf da manh antes. O salo de ch na Poppy Street tem
um sbado especial com caf com leite e canela. Eu vou enviar um e-mail para Kels para
combinar.
Ela pulou do sof e foi direto para o computador. Seu entusiasmo afasta um pouco minha
apreenso. Por enquanto.

O Matilda Teapot um pesadelo de toalhas de chita, xcaras de porcelana, cortinas com
babados, e, pelo menos, cinco mesas estavam cheias de avs de faces rosadas. Uma mulher gorda
em um vestido floral e avental rendado possivelmente a prpria Matilda, leva-nos at uma mesa.
Assim que ns sentamos na curvada cadeira estilo vitoriano, Kelsey me disparou um olhar.
Eu me encolhi em defesa e inclinei a cabea em direo a Liv para indicar que isso tinha sido ideia
dela.
Eu ouvi que eles vo fechar esses restaurante em breve, porque o dono est se aposentando
e no tem ningum para tomar conta. Disse Liv. uma pena, porque uma bela de uma
organizao.
Kelsey rolou seus olhos pelo menu rosa. Eles tm bife e ovos aqui?
Experimente os crepes. Liv sugeriu. Com gro conservado caseiro. So deliciosos.
Eu preciso de algo mais substancial, se eu vou caminhar pelas elegantes pilhas de enfeite
de rena. Disse Kelsey.
Liv pareceu um pouco cabisbaixa. Eu achei que voc quisesse ir na feira de natal. Dean
disse que voc havia sugerido isso.

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Kelsey teve a elegncia de confirmar. Eu sei, eu sei. Voc est certa, ser divertido. Eles
sempre tm algum vendendo doces de chocolates incrveis.
A garonete trouxe nossos trs cafs, eu e Kelsey pedimos caf preto, e ns organizamos
nossos pedidos. Crepes para Liv, ovos e torradas para mim, quiche para Kelsey. Liv pediu lascas de
bolinho de creme e uma seleo de chs.
Eu olhei para ela. Ela estava se inclinando sobre a mesa, contando para Kelsey sobre a
exibio do Museu Histrico no feriado. Seu olhar me bate no peito. To linda com seu cabelo
longo e seus olhos brilhantes. To pura e danificada ao mesmo tempo, como um vaso valioso
rachado.
No de se admirar que eu no consiga ficar longe dela. No de se admirar que eu queira
ser seu heri. No de se admirar que outro cara...
Dean? Liv me cutuca com seu cotovelo. Ela e Kelsey estavam olhando para mim com
expectativa.
Desculpe. Eu engoli um pouco de caf, lutando contra a raiva. O qu?
Kelsey tem tickets para o Handels Messiah no prximo final de semana. Liv disse. Voc
quer ir?
Sim, claro.
Kelsey est com um olhar carregado. Porque voc est to areo esses dias? Liv, ele te
contou que eu o venci no raquetebol duas vezes essa semana? O Sr. Competitivo dificilmente tenta
um arremesso ofensivo.
Liv me lana um olhar. Ele tem muita coisa na cabea com a conferncia ano que vem e seu
livro.
Kelsey tem um olhar profundamente severo quando olha de Liv para mim. Eu sufoco uma
onda de vergonha e me viro para minha comida. Liv e Kelsey tagarelaram o tempo inteiro durante
o caf da manh antes de eu pagar a conta e ns irmos para a feira de natal.Todos os anos
realizada numa sala enorme do centro de convenes com mesas de arte e artesanatos venda. O
lugar cheira a pinho e canela. Msicas de natal flutuam por cima dos alto-falantes. Ns deixamos
nossos casacos em um guarda-volumes e esperamos em uma longa fila para comprar tickets.
Eu quero olhar as guirlandas primeiro. Liv pegou uma cesta na entrada e se encaminhou
para a multido.
Kesley e eu a seguimos. Ela cruzou seu brao no meu. Ainda a coisa do beb, no ?
Eu nem pensei na coisa do beb em dias. No.
Ela no pareceu acreditar em mim. Eu olhava para Liv enquanto ela examinava uma mesa
cheia de guirlandas de natal. Seu cabelo estava para trs em um n bagunado, suas bochechas
rosadas por causa do frio l de fora e o calor de dentro. Ela est falando com um dos vendedores,
gesticulando com a guirlanda, cheirando algum tipo de flor.
Ela seria uma me incrvel. Kelsey observa.
.
Eu a sinto olhando para mim. E voc seria um pai incrvel.

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Eu no respondi. Ela me puxa para uma pausa e me encara.
Voc seria, Dean. ela insiste Eu sei disso.
Ningum sabe isso.
Liv sabe. Ela no teria pensado em ter filhos se ela no soubesse isso sobre voc.
Isso nunca me ocorreu antes.
O que voc acha dessa aqui? Liv vem em nossa direo, segurando uma guirlanda do
tamanho de um pneu. feita de abeto nobre, cedro, zimbro, e eu simplesmente amo essas
pequenas pinhas foscas.
Parece timo. Eu disse.
Liv brilha. Ela colocar isso num homem de neve e uma grinalda tambm. Eu pagarei
agora e ela guardar para ns pegarmos mais tarde.
Ela volta para a mesa de guirlandas. Kelsey e eu olhamos outras artes e artesanatos ao
redor, e antes de andarmos metade da sala, Kelsey tinha uma cesta cheia de enfeites de vidros em
forma de estrela, cartes de Natal, brincos artesanais, suportes para quebra-nozes, e velas
perfumadas.
Para presentes. ela me diz na defensiva quando me v sorrindo.
Aham.
Vamos, estou com fome. Aquela quiche no foi o suficiente para mim. Kelsey segurou sua
cesta sobre seu brao. Vamos achar o doce de chocolate. Cad a Liv?
Ns andamos no meio da multido at a sesso onde os fornecedores vendem itens
comestveis e cestas para presentes. Eu achei Liv e a apontei para que Kelsey a visse. Ns andamos
em sua direo.
Ento eu parei.
Ele est l. O chefe que leciona a aula de cozinha da Liv. O homem que a beijou.
Ele est parado atrs de uma mesa de fornecedor. E ele est olhando para a minha esposa.
Liv est um pouco distante, sua expresso cautelosa, porm educada enquanto ela fala com ele.
A raiva ferve to rpido, to forte, que me impulsiona adiante. Eu empurro Kelsey para o
lado e arrasto a multido para chegar at Liv. O outro cara me olha, alarmado.
Dean! Sentindo o perigo, Liv se vira antes que eu a alcance. Seus olhos se arregalam. Ela
segura minha mo para evitar que eu quebre a mesa e estrangule o tal chefe.
O que estou prestes a fazer.
Dean. Liv passa sua mo pelo meu peitoral e tenta me puxar para longe da mesa. Est
tudo bem, Dean, no nada.
O chefe, no importa qual seja o nome dele, me encara, seu rosto est plido. Bom. Deixa
esse bastardinho ficar com medo.
O que voc estava falando para ele? Eu percebo que as pessoas esto olhando em nossa
direo, mas no me importo.
Nada. Somente oi. Ele est vendendo temperos misturados. Os dedos dela apertam minha
camisa. Dean, por favor.

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Srio... srio, cara, no era nada. O chefe gagueja.
Eu aponto um dedo pra ele. Fique bem longe dela.
Outra mo se aproxima do meu brao. Kelsey. Ela puxa forte o suficiente para me deixar
desprevenido. Vamos, Rambo. Senta a.
Ela consegue me colocar numa rea de alimentao, e me empurra at um banco. Liv ficou
aonde estava, me olhando cautelosamente. A multido retoma ao seu movimento normal.
Kelsey se inclina para me olhar nos olhos. Ela parece irritada. Que merda foi essa?
Eu respirei fundo, minha raiva ainda estava quente. Ela o beijou.
O qu? Kelsey deu um passo atrs, piscando confusamente.
Aquele babaca era o professor de culinria dela. Ele foi com ela at o carro dela uma noite e
a beijou. Ela o beijou de volta.
Kelsey balana a cabea. Eu no entendo. Liv o beijou?
Foi o que eu disse.
Mas, por qu? Ela olha para Liv com descrena. Voc est brincando comigo!
Dean? a voz de Liv suave, enquanto ela aparece atrs de Kelsey. Ela olha de mim para
Kelsey e vice-versa. Por favor, no fique bravo.
Eu suspiro forte. No estou bravo.
Voc parece bravo.
No estou bravo com voc.
Ela no pareceu convencida. Eu tambm no estou.
Ok. Kelsey pega o brao de Liv e anda uns passos para trs com ela. Dean, Liv e eu vamos
terminar de olhar o lugar. Voc fique a e se acalme. Ns voltaremos quando estivermos prontas
para ir embora.
Eu as olhei desaparecem na multido. Liv se virou uma vez para me olhar, e ento ela se foi.
Eu esperei dez segundos inteiros antes de sair do centro e andar de volta para o frio.





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OLIVIA
Dean ainda no est em casa quando volto ao nosso apartamento esta noite. Ele ligou para
Kelsey cedo para dizer-lhe que tinha ido embora da feira de arte, mas ele no atendeu o celular,
quando tentei cham-lo. Passei o resto da tarde trabalhando sem pensar na livraria. Meu estmago
um n de raiva e arrependimento.
Eu fico olhando para a rvore de natal no canto, as luzes cintilantes refletidas nas janelas.
Eu acho que a do primeiro Natal que Dean e eu passamos juntos, quatro meses depois que nos
conhecemos. O conto de fadas, floresta sombria, trepadeiras entrelaadas, prncipe bonito e tudo.
Eu pressiono minhas mos nos meus olhos e tento respirar. Eu no sei se vamos conseguir
melhorar as coisas entre ns. Talvez ns nunca consigamos.
s oito, coloco minha camisola e vou para a cama, olhando para o padro de luz e sombras
no teto.
Dean o nico homem que eu sempre quis. O nico homem que eu tinha permitido em meu
corpo, em meu corao. O amor da minha vida, que me ensinou mais sobre a felicidade e o prazer,
como ningum jamais fez.
Ento, no entendo porque me senti do jeito que fiz com Tyler Wilkes. Eu no entendo por
que foi fcil beij-lo, por que fui atrada pela fora da atrao. Ser eu queria que Dean
descobrisse?
O pensamento para a minha respirao.
Dean nunca foi ameaado antes. Ele nunca teve razo para ser. Eu sempre fui a menina
sonhadora que se derreteu em seu toque. Eu o deixei entrar em lugares que eu mesma no queria
ir.
Ele sabe tudo sobre mim. E, no entanto, quando ele me contou sobre seu primeiro
casamento, eu descobri que no sabia tudo dele.
Quando eu beijei Tyler, eu teria procurado mudar o equilbrio entre mim e Dean? Avisar
meu marido que eu poderia manter parte de mim separada dele tambm?

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S que eu no fiz. Eu nunca poderia ter mantido aquele beijo em segredo de Dean, no
importa que ele mantenha segredos de mim. Mesmo agora, ele tem tudo de mim.
Ouo Dean fechar a porta da frente e atirar as chaves em cima do balco. Em seguida, ele
aparece na porta do quarto. Ele parece maltratado pelo vento, as bochechas rosadas do frio, o
cabelo bagunado, como se ele estivesse correndo.
A viso dele, esse homem que eu ainda amo com todas as minhas foras, faz com que todo o
meu corpo doa de saudade e tristeza.
Uma tenso cai como uma cortina entre ns. Olhamos um para o outro. Quando ele se
aproxima, posso ver a raiva afiando seus msculos, os contornos de seu rosto.
Ele para ao lado da cama. Sua mo cai para o boto da cala jeans.
"No diga no." Diz ele. Sua voz bruta.
Eu no posso dizer, j uma ordem ou um pedido. Eu no me importo. Eu balano minha
cabea.
Eu no vou dizer que no. Eu no quero dizer no.
Ele se ocupa com os botes da sua camisa e a tira dos seus ombros, ento solta sua cala
jeans. Sua ereo j est empurrando contra o zper da cala, e ondas de excitao fluem atravs do
meu desespero ao ver a longa e grossa espessura.
Ele pega um punhado do edredom e o puxa para longe de mim, seu olhar escuro deslizando
pelo meu corpo. Debaixo da minha camisola, a no ser uma calcinha de algodo, estou nua sob o
algodo fino, e seu exame s faz deixar os meus mamilos duros. Eu suprimo sbita vontade de
cruzar os braos para me esconder.
Ele se ajoelha ao meu lado na cama e passa a mo sobre a frente do meu corpo, seus dedos
deslizando sob meus seios e traando um caminho para a minha barriga. Apesar de seu toque ser
dolorosamente familiar, a intensidade de sua expresso, a ponta de raiva persistente, cria uma
labareda de um misto de sentimentos, apreenso e emoo em mim. Meu corao bate, o meu
sangue esquenta.
Curvando sua mo ao redor da parte de trs do meu pescoo, ele me puxa para frente,
fechando sua boca contra a minha. Seu beijo duro e insistente. Ele cheira a noite, como o vento.
Ele empurra sua lngua pelos meus lbios, uma invaso profunda que incita uma lana de luxria.
Eu agarro os seus braos, desejando-lhe mais perto, querendo o seu peso em cima de mim.
Ele empurra meus quadris, sua ereo pressionando contra minha barriga.
"Ser que ele chegou to perto de voc?" Sua pergunta uma acusao.
Devo dizer que no. No. A palavra grita dentro da minha cabea.
Em vez disso, eu olho para ele e sussurro: "O que voc vai fazer, se ele tiver chegado?"
Vejo uma tempestade de chamas de raiva por trs de seus olhos. Eu foro uma respirao,
enquanto uma combinao desenfreada de excitao e ansiedade aumenta em mim. Dean abaixa
seu rosto to perto do meu para que eu possa sentir sua respirao em meu rosto.
"Eu mato ele porra." Ele murmura.

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Ele puxa a minha camisola para cima e pressiona a mo entre minhas pernas, um dedo
sondando sob o elstico da minha calcinha na fenda do meu sexo. Eu suspiro, contrariando meus
quadris para cima, buscando o seu acesso.
Ele sussurra algo baixo contra a minha boca, em seguida, captura meu lbio inferior entre
seus dentes e morde. Uma pontada de dor estimula mais minha excitao.
Eu me afasto dele e olho em seus olhos. "Voc nunca pensou que eu poderia ser atrada por
outro homem, no ?"
"Maldio, Liv."
"Voc pensou que eu seria sempre a boa menina que no poderia possivelmente...
Seus lbios machucam os meus com a ferocidade do beijo, me forando a abrir, me
pressionando. Eu cavo meus dedos em seus braos e arranco minha boca da dele. Nossa respirao
se mistura quente e pesada entre ns. Meu sangue pulsa. Seus olhos esto quase pretos. Algo como
uma chama selvagem em sua expresso, um sentimento de posse que eu nunca vi antes.
Voc minha, Olivia. Minha.
Ele no tem que dizer isso. Mesmo em meio tempestade de emoes, o calor nos
inundando tanto, eu ainda sei a verdade.
Sim. Sua. Sempre.
Sua boca cai contra a minha outra vez, e eu abro para ele, derretendo, arfando sob seu
delicioso ataque. Ele pega um punhado do meu cabelo e posiciona minha cabea para aprofundar o
beijo.
Minhas mos encontram seu jeans desprendido, mas ainda posto e eu empurro o cs, me
contorcendo sob a presso crescente dos seus dedos entre as minhas pernas.
"Dean. Tire-a."
Ele se desloca para se livrar da cala e da cueca, e ento ele se move nu em cima de mim,
todo quente, os msculos tensos e a pele mida. Ele empurra minha camisola alm da minha
cintura, rasga a minha calcinha das minhas pernas e afasta minhas coxas. Seu primeiro golpe
estimula sobressaltos por todo o meu corpo, me enchendo de uma doce e dolorosa presso. Eu
fecho minhas coxas em torno de seus quadris e raspo suas costas com as minhas unhas.
Uma urgncia selvagem passa em espirais atravs de mim. O suor cai de minha garganta
rolando entre os meus seios. Dean faz uma pausa por um segundo para puxar minha camisola
sobre a minha cabea, e em seguida, ele geme baixo em sua garganta com a viso dos meus seios
nus.
S essa reao quase me faz gozar, mas eu no quero que isso acabe, ainda no, no quero
que esse ritmo batendo requintado acabe.
Eu no quero que ele me deixe ir.
Eu fecho meus olhos e meus braos em torno das suas costas, gemendo enquanto ele
empurra mais profundo, mais rpido.
Ele agarra meu cabelo novamente e puxa forte o suficiente para me fazer abrir os olhos em
um suspiro.

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"Olhe para mim." Sua ordem baixa, inflexvel.
Eu fico olhando para ele, com o rosto brilhando de suor, o ardor em seus olhos. Estou
excitada por sua raiva, por seu controle inflexvel.
tanto um pedido de desculpas e uma punio frentica, fodidamente desesperada. Meus
seios se acotovelam contra ele, seus cabelos no peito friccionam meus mamilos. A tenso aumenta
rigorosa e rpida, uma presso quase insuportvel.
Eu me empurro contra ele, afundo meus dentes em seu ombro, provo o sal de sua pele.
Lgrimas caem pelos cantos dos meus olhos.
Ele enfia as mos por baixo de mim, agarra minha bunda para me puxar mais perto. Sua
respirao dura, quente contra a minha garganta, seus gemidos vibrando em meu sangue. Eu
abro minha boca para receber uma lufada de ar. Minhas veias queimam com o ardor. Splicas
caiem dos meus lbios em um fluxo interminvel.
"Dean... oh, meu Deus... mais forte, por favor... faa-me gozar... por favor, por favor..."
Eu me contoro debaixo dele, deslocando, empurrando e esfregando. Dolorida. Ele chega
para trs o suficiente para colocar a mo entre ns e pousar seus dedos sobre meu clitris. Um
toque e voo alm com um grito quebrado, convulsionando em torno da sua dureza, cavando meus
dedos em seus ombros.
Com um estremecimento pelo meu corpo, ele empurra fundo novamente e vem dentro de
mim. Meu nome arrancado de sua garganta em um grunhido de prazer.
Ele cai em cima de mim, seu peso delicioso na minha pele suada com o peito arfando. Eu
pressiono o meu rosto contra seu ombro, meu rosto ainda molhado de lgrimas. Ele coloca a mo
no meu pescoo e vira minha cabea para outro lado com um forte beijo possessivo.
Estou tremendo, ofegante. Ele vira para o lado, desliza a mo para o meu sexo novamente e
esfrega, como se ele soubesse que eu no acabei, que eu preciso de mais. Seus dedos so to hbeis,
to familiares, que eu gozo em poucos segundos, soluando o nome dele, agarrando-me a ele.
Ele envolve um brao apertado ao meu redor, acariciando as minhas sensaes at eu
comear a acalmar. Meu corao fica mais lento, o pulsar diminui.
Estamos em silncio por vrios minutos. Apenas a respirao. Eu no posso olhar para ele.
Estou dolorida em todos os lugares, dentro e fora.
Ele se afasta de mim, e ento no estamos mais nos sentindo.
"Cristo, Liv." Ele sussurra. "Que diabos estamos fazendo um ao outro?"
Eu no sei. Eu no sei. Eu no sei.
Pressiono minhas mos contra meus olhos para tentar conter as lgrimas que no vo
parar. Depois de alguns minutos, ele sai da cama e vai para o banheiro.
Eu abaixo minhas mos e olho para o teto atravs dos olhos embaados. O luar pentra no
quarto atravs das cortinas, pintando o teto com um padro quebrado.
Ns no podemos mais fazer isso. No podemos continuar prejudicando um ao outro.
Nosso casamento foi sempre uma ilha, um lugar seguro, onde drages marinhos e criaturas

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monstruosas no podiam nos alcanar. Agora os deixamos entrar, rangendo os dentes e tudo, e no
estamos a conseguir proteger um ao outro.
Eu limpo meus olhos, saio da cama e visto uma cala jeans e uma camiseta. O som do
chuveiro vem do banheiro.
Tentando no pensar, no sentir nada, pego uma mochila na parte de trs do armrio e jogo
algumas mudas de roupas e lingerie. Eu abro a porta do banheiro, recusando a olhar para o
chuveiro, onde eu sei que vou ver o perfil do corpo de Dean contra o vidro embaado. Eu lano
alguns outros produtos de higiene pessoal na mochila e corro para a cozinha.
No meio do caminho para fora da porta, eu me lembro que o meu carro est quase sem gs.
O chuveiro ainda est ligado, quando jogo meu porta-chaves em cima do balco, pego as chaves do
carro de Dean, e deixo o nosso apartamento.
Graas a Deus, h uma luz na casa de Kelsey. Tentei primeiro ligar para ela do meu celular,
mas a sua secretaria eletrnica atendeu. No acho que eu poderia explicar sem chorar novamente,
ento eu dirigi. Pego minha bolsa e caminho at o seu limpo bangal situado em uma rua tranquila
chamada Mousehole Lane.
Tremendo, eu toco a campainha e espero. Ela puxa e abre a porta.
"Liv? O que voc est fazendo aqui?"
"Desculpe, Kels, tentei ligar." Parte de mim percebe que ela est usando alguma cara cala
de seda e um tipo de tnica larga.
Ela olha para a minha mochila e franze a testa. Eu no tenho que dizer mais nada. Pelo
menos, no agora. Ela sabe.
"Venha aqui." Ela me aponta para o hall de entrada.
Eu largo minha bolsa no cho e desabotoo meu casaco, ento paro. Eu cheiro. "Isso
incenso?"
Para minha surpresa e inesperada, mas bem-vinda, diverso, Kelsey realmente cora um
pouco. Espio prxima ao seu ombro para a sala de estar, onde as luzes so baixas e vrios bastes
de incenso brilham em um suporte especial. A msica clssica deriva dos alto-falantes. Ento, eu
vejo um cara sentado no sof com um copo de vinho na mo.
Eu mergulho de volta para o hall de entrada e sussurro. "Ah, merda, Kelsey, me desculpe.
Voc est em um encontro."
Ela acena com a mo dela dispensando. "No importa. Ele ficou atrs de mim durante
meses. Ele pode esperar um pouco mais."
"Eu no vou estragar sua noite." Eu alcano a maaneta da porta, mas ela fecha a trava e me
d um olhar severo.
"No, voc no vai." Ela responde. Pega no meu brao e me leva para a cozinha.
"Mas voc vai me dizer o que diabos aconteceu. Espere aqui.
Ela me empurra para uma banqueta de bar no balco e desaparece na sala de estar. A porta
da frente fecha. Quando ela volta, ela est carregando dois copos de vinho.
"E o seu encontro?" Eu pergunto.

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"Eu o mandei para casa. Eu vou lidar com ele mais tarde." Ela deposita um copo de vinho na
minha frente.
"Agora fale."
Eu no posso falar, porque as lgrimas esto sufocando minha garganta novamente. Eu
engulo um pouco de vinho. "Voc primeiro. Quem ele? Por que voc no me disse que tinha um
encontro hoje noite?"
"Seu nome Adam, ele um engenheiro da SciTech, e nos conhecemos quando fui falar
com ele sobre um novo programa de modelagem computacional. Ele no totalmente o meu tipo,
mas como eu disse, o cara persistente. Finalmente, concordei em lhe dar uma chance. E ele
trouxe um bom vinho.
Ela toma um gole e acena com a cabea em aprovao.
"Por que ele no o seu tipo?" Eu pergunto.
"Ah, voc sabe." Ela acena com a mo como se estivesse esmagando uma mosca.
"Conservador, convencional. Mas isto no sobre..." Ela para quando um barulho muito alto treme
a porta da frente.
"E a vem o Incrvel Hunk." Kelsey revira os olhos e indica que eu fique sentada enquanto
ela desce do banco. "Ele parece irritado."
Embora eu me sinta como uma covarde por deix-la lidar sozinha com Dean, eu sei que ela
pode cuidar dele melhor do que eu agora. Sua voz irritada vem atravs da porta, que eu assumo que
Kelsey sabiamente no abriu com a expectativa de que ele fosse quebr-la.
Meu celular toca. Eu no respondo. A porta da frente bate mais uma vez, com fora
suficiente para arrebentar as dobradias. Eu foro uma respirao e vou para o hall de entrada,
onde Kelsey est de p com uma mo na maaneta da porta e outra no quadril.
"Deixe-o entrar, Kelsey, ou seus vizinhos vo chamar a polcia."
"Eu no vou deix-lo entrar." Ela estende a sua mo. "D-me seu celular." Eu puxo meu
celular do bolso e dou a ela. Ela disca um nmero e espera, batendo o p com impacincia. A
pancada na porta para.
"Dean, cala a porra da boca, ok?" Kelsey grita no telefone. "Eu no vou deixar voc entrar.
Liv est aqui, ela est segura, e vocs dois precisam esfriar a cabea antes de falar. Entendeu?
Ento, pare de bater na minha maldita porta como se estivesse invadindo um castelo. V para casa,
tome um banho frio, tome uma bebida e ligue para Liv amanh."
Eu posso ouvir a voz irada de Dean atravs do telefone, mas no posso saber o que ele est
dizendo.
Kelsey d um longo suspiro sofrido. "Dean, eu no vou abrir a porta. Liv no pode falar com
voc agora. E se voc no a deixar sozinha, vou chamar a polcia. No pense que no vou. Como
voc acha que a universidade vai reagir quando souber que o ilustre professor West foi preso por
agir como um idiota?"
Ele ainda est gritando com ela, mas Kelsey termina a chamada e me entrega o telefone.
"Mantenha-o desligado. Deixe-o gritar com o correio de voz."

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Ela coloca a mo no meu ombro e me conduz de volta para a cozinha. Ns duas esperamos
uns poucos minutos, mas no h mais barulho. Kelsey empurra minha taa de volta para mim
enquanto sentamos no balco novamente.
"Deus, agora todos ns precisamos de uma bebida." Ela murmura, tragando meia taa de
seu vinho num s gole.
"Como que ele sabia que voc estava aqui?"
"Provavelmente, um palpite quando ele percebeu que eu tinha levado seu carro."
"Certo. Ento fale comigo, Liv." Kelsey olha para mim por trs do copo, como se soubesse
que eu no tinha mais defesa contra o seu olhar azul penetrante.
O que eu absolutamente no tenho.
Com um gemido, cruzo meus braos sobre o balco e atiro minha cabea contra eles. "Ah,
Kelsey, eu fiz coisas ruins."
Admitir a ela fez com que minhas lgrimas aumentassem como um maremoto. Toda a dor e
raiva das ltimas semanas fervem dentro de mim. Eu comeo a soluar to duro que eu no posso
ouvir o que Kelsey est dizendo, mas ela fica ao meu lado, acariciando minhas costas e me deixa
chorar.
Quando as lgrimas finalmente param um pouco, levanto a cabea e enxugo os meus olhos.
Kelsey me entrega um leno de papel. "No deixe suje meu balco."
"Desculpa." Eu esfrego o leno em meu rosto e assoo o nariz.
Kelsey apia o queixo na mo. "Ento, voc beijou outro homem."
"Sim. Um grande erro, obviamente."
"Dean disse que voc gostou."
Eu olho para ela. "Ele lhe disse isso?"
"Voc est surpresa? Voc disse isso a ele, aparentemente."
Eu gemo e enterro meu rosto em minhas mos. "Voc sabe como as coisas estavam ruins,
Kelsey. Eu estava... Eu no sei. A coisa toda foi to ferrada, e depois com o susto da gravidez... Dean
o nico que eu sempre quis, e depois tivemos uma briga feia... e Tyler estava apenas l. Ele era
bom, e ele gostava de mim e foi to simples em comparao com a confuso acontecendo com
Dean."
Eu engulo outra onda de soluos.
"Ele bonito, tambm." Diz Kelsey.
"O qu?"
"Tyler. O chefe." Kelsey toma mais um gole de vinho. "Nem to bonito e masculino como
Dean, mas adorvel. No posso culp-la por querer beij-lo."
"Kelsey, voc no est ajudando."
"Eu no estou tentando. Eu estou te dizendo a verdade." Ela coloca seu copo para baixo e
olha para mim.
"Ento, voc disse a Dean, e ele ainda est chateado."

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Concordo com a cabea e esfrego o dedo sobre uma linha na bancada de granito. Eu no
posso dizer a Kelsey qualquer outra coisa. No sobre como Dean a nica pessoa que me fez sentir
segura, protegida e amada incondicionalmente... At agora.
Eu no posso lhe dizer que nossos problemas recentes tiraram meu mundo inteiro fora do
eixo. Eu no posso dizer a ela que nos ltimos quatro meses eu tive medo, que eu no tenho tido h
anos.
"Por que voc o deixou?" Kelsey pergunta. "O que ele disse?"
"Ele no vai deixar passar." Eu admito. "Voc viu como ele agiu na feira de arte, como se ele
estivesse pronto para espancar Tyler no cho. Ele ainda est to louco. E eu no sei o que fazer para
isso desaparecer."
Ele no est muito chateado com o beijo real, mas com o fato de que voc gostou. Kelsey
diz. "Bem, ele um homem. Voc a mulher dele. Eu posso ver como isso seria um duro golpe para
o seu ego. Tenho certeza de que ele est completamente esquecido de que ele capaz de se sentir
atrado por outras mulheres."
"Eu no acho que ele se esqueceu disso. Ele simplesmente no agiu sobre isso."
Kelsey inclina a cabea sobre a mo e restringe o seu olhar. "Olha, Liv, voc errou. Voc
admitiu. Voc est arrependida. Voc j tentou fazer isso melhorar. E, francamente, eu acho que
voc j fez tudo o que podia.
"Voc acha?"
"Sim. A bola est na mo dele agora." Ela derrama mais vinho em seu copo. "Dean mais
velho e mais experiente que voc. Muito mais experiente. Ele conhece outras mulheres. Ele conhece
voc. Ele s no entendeu ainda que voc precisasse sentir algo por outro cara para perceber o
quanto voc o ama."
Eu fico olhando para a luz, refletindo com a taa de vinho.
"Eu acho que ele nunca vai entender isso." Digo. "Eu mal entendo a mim mesma."
"Olha. Dean teve um monte de namoradas. Muita experincia com mulheres. Ele foi amado,
e ele as amou. Ele foi ferido, e ele feriu tambm. Ele teve todos os altos e baixos antes dele conhecer
voc. Ento, desde que conheceu voc, ele nunca olhou para trs. Ele nunca teve que fazer. Ele
sabia que voc era a pessoa certa para ele, e foi isso."
Kelsey anda ao meu redor para me enfrentar.
"Voc, por outro lado..." Ela diz. "...foi totalmente contrariada pela relutncia de Dean sobre
ter um filho."
Sem mencionar sua revelao sobre sua ex-esposa. Eu no sei se ele disse a Kelsey sobre
isso. Eu certamente no.
"No nenhuma surpresa que voc comeou a duvidar tanto de Dean e seu casamento." Ela
continua. "No nenhuma surpresa que voc comeou perguntando o que poderia ter sido com
outro homem."
"Eu no questiono..." Meu corao despenca. "Ah, que inferno."

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A boca de Kelsey se curva em um triunfo. "Est tudo bem, Liv. Dean nunca teve que pensar
sobre outras mulheres, porque ele passou por tudo isso antes de conhecer voc. Voc no. E estar
fodida recentemente apenas significa que voc tinha que descobrir agora o que Dean j sabe."
"Deus, Kelsey." Eu descanso minha cabea em minhas mos. "Por que voc no uma
psicloga?"
"Porque os meus amigos so as nicas pessoas que eu dou a mnima para isso."
Ela recolhe os copos e os leva para a pia. Estou em silncio por um minuto, enquanto eu
tento processar tudo o que ela disse.
"Voc vai explicar tudo isso para Dean?" Pergunto.
"Hah." Kelsey revira os olhos novamente. "Ele um homem. Ele vai me dar um olhar vazio,
dizer-me que sou cheia de merda, e depois sair para bater em um saco de pancadas."
"Ento, o que eu devo fazer?"
Ela aperta meu ombro. "No se preocupe. Ele vai vir busc-la mais cedo ou mais tarde."
Eu no tenho tanta certeza disso. A fadiga se instala dura em meus ossos.
"Tudo bem se eu ficar aqui por algum tempo?" Pergunto. "Apenas um dia ou... um ano mais
ou menos."
Ela sorri. "Voc sabe que voc pode ficar o tempo que voc precisar. Eu at tenho uma
colcha de retalhos que voc pode usar."
Ela escova a mo sobre o meu cabelo muito enrolado. "Vai ficar tudo bem, Liv. E voc sabe
que eu amo Dean, mas esta confuso culpa dele tambm. Voc j fez o que voc podia, e se o seu
marido no juntar sua merda rpido, eu vou descer nele com uma bigorna."

No dia seguinte, havia uma mensagem de Dean no meu celular. Sua voz era tensa. "Liv, isso
entre ns. Deixe a Kelsey fora disso. Ligue-me, quando voc quiser falar."
No ligo de volta imediatamente, porque ainda no sei o que dizer, mas ouo a mensagem
trs vezes. Dean, provavelmente, nem percebe como essas duas sentenas dizem muito sobre ns.
Tudo o que j passei foi s entre ns. E mais uma vez, Dean est me dando a opo de
determinar o que poder acontecer depois.
Aps o pequeno almoo com Kelsey, que, felizmente, no menciona Dean, vou livraria
para o turno da manh de domingo. Allie est ocupada planejando frias para as crianas e bolinho
para a festa de decorao.
"Pensei que tambm poderia ter algumas estaes de artesanato, onde as crianas podero
fazer candelabros, enfeites de natal e outras coisas." Diz ela, enquanto olha no computador. "Ento,
ns vamos ter algum contando histrias, claro, e eu vou colocar uma exposio de livros de
frias. Pensei se voc poderia anunciar isto no Museu Histrico? Que tal se voc pegar alguns
grupos de excurso da escola?"
"Claro. Vou imprimir panfletos e traz-los comigo amanh."

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Allie olha para mim enquanto endireito as caixas de calendrios na frente do balco. "Voc
est bem?"
"Tudo bem. Por qu?"
"Voc parece um pouco cansada."
"Ah, s o estresse de frias ou qualquer outra coisa." Eu aceno minha mo com desdm.
"Tem certeza que s isso?" Seus olhos se estreitam por trs de seus culos de armao
roxa.
"Sim." Sua anlise me deixa inquieta. "Por qu?"
"Eu estava me perguntando se voc est... voc sabe." Sua voz reduz a um sussurro alto.
Grvida.
Parafusos de choque me atravessam to rpido que eu agarro a borda do balco para me
equilibrar. "O qu?"
"Bem, lembra-se que ns estvamos falando sobre ter filhos?" Diz Allie. "Eu vi voc olhando
para os livros de gravidez. Conclu que voc e o professor Hottie esto tentando engravidar." Ela
me lana um sorriso. "Deus sabe que eu estaria tentando trs vezes por dia, se ele estivesse a fim."
Minha garganta d um n. Eu no posso nem responder. Dean e eu no falamos sobre a
ideia de um beb por semanas. O tpico desapareceu na confuso de todo o resto.
"No." Finalmente, eu falo. "Eu no estou grvida."
"Ah." Allie olha para mim. "Ah merda, Liv, eu enfiei os ps pelas mos? Voc no est tendo
problemas de fertilidade, no ? Porque minha irm teve que tomar essas injees por um tempo,
mas voc sabe, agora ela, tem trs filhos que a deixam louca. Mas so todos adorveis e perfeitos e
ela e seu marido esto mais felizes do que nunca."
Eu rio, mesmo quando as lgrimas queimam meus olhos. Eu vou ao redor do balco e dou a
Allie um grande abrao, que ela retribui com um toque de perplexidade.
"O que isso?" Ela pergunta.
"Eu no sei. Estou muito feliz por ser sua amiga."
Ela sorri, satisfeita. "Obrigada. Voc tima tambm. Agora volte ao trabalho antes de eu
pedir voc para ir ao baile."
"Ei, falando de namoro, como est indo com Brent?" Pergunto.
"Muito bem." Diz Allie. "Ele at me convidou para visitar seus pais no dia de natal. Eles
vivem no Rainwood, ento vamos ver o meu pai pela manh e os pais de Brent no perodo da
tarde."
"Onde que seu pai mora?"
"Aqui na cidade. Ele tem um lugar do outro lado do lago. Ele um maluco, mas eu o adoro.
Ele o nico que me convenceu a abrir uma livraria. Ele pensa que temos que nos guiar pela nossa
felicidade, ou coisas desse gnero."
"O que voc teria feito se voc no tivesse aberto a livraria?" Pergunto.
"Eu no sei. Eu era uma artista na faculdade. Mais uma vez, no porque era a coisa mais
prtica para se fazer, mas porque meu pai me convenceu de que eu deveria fazer o que eu gostaria."

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"Eu no sabia que voc era um artista."
"Eu no sou. Falhas catastrficas em vrias mostras de arte me convenceram disso." Ela me
d um olhar triste. "Da a livraria, que agora no est indo to bem tambm."
"Voc vai pensar em uma maneira de mudar as coisas." Digo. "Voc s precisa de uma viso
diferente."
Allie encolhe os ombros e volta para o computador. "Sim, bem, se voc cai sete vezes, voc
se levanta na oitava tambm, certo?"
Certo.
Eu saio ao meio-dia e caminho at onde estacionei o carro de Dean no meio-fio. A luz solar
reluz fora da superfcie rasa de neve revestindo a Emerald Street, e o cu claro e arcos azuis acima,
enquanto espero o motor aquecer. Graas a Deus, trabalho at ter coragem de ligar pra ele.
"O que voc quer que eu faa, Liv?" Ele pergunta.
Meu corao bate. "Eu acho que devemos ir para o aconselhamento de novo."
Sua respirao escapa em um assobio, mas ele diz: "Tudo bem."
Eu pisco. "Tudo bem?"
"Sim, eu vou com voc, se isso o que preciso."
A tenso em meus ombros diminui. Sei que Dean odeia o aconselhamento, acha
desconfortvel e constrangedor. Ele no gosta das perguntas pessoais, a expectativa de que ele
deveria refazer tudo sobre sua vida, coisas que ele est muito feito com. Mas ele foi antes por minha
causa, e o fato de que ele concordou agora me d uma onda de esperana.
"Ok." Digo. "Vou ligar para o Dr. Anderson e perguntar se ele pode me indicar algum na
rea."
"Tudo bem." Ele faz uma pausa. "Eu quero ver voc."
"Eu tambm quero v-lo, mas acho que ns dois precisamos de alguns dias de distncia."
O ar no outro lado do telefone vibra com irritao. "O que Kelsey disse a voc?"
"O que voc quer dizer?"
"Ela disse pra voc no me ver"?
"Kelsey no me diz o que fazer Dean. Eu posso tomar minhas prprias decises sobre ns."
"Eu sei que ela disse alguma coisa. O que foi?"
Sua irritao acaba com os meus nervos. "Descobrimos que entre esta confuso sobre o
beb e sua revelao sobre uma ex-esposa fizeram com que eu me perguntasse como as coisas
seriam com outro homem."
Sua irritao to afiada que meu estmago revira
"Voc disse a ela sobre Helen?" Ele pressiona.
"Claro que no." Eu sei que eu deveria parar, que isso injusto, que isto s ir nos machucar
mais. Mas, de repente, estou imaginando Dean com outra mulher.
"Ningum nunca fala sobre Helen, no ?" Falo acidamente. "Nem mesmo voc."
"Maldio, Liv."

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Eu respiro e tento lutar contra as emoes agitadas. No posso parar os pensamentos
dolorosos ainda girando em torno de minha mente como um tornado.
Eu dei a voc tudo o que sou. Por que voc no faz o mesmo por mim?
"Eu ligo outro dia esta semana." tudo o que consigo dizer antes de terminar a ligao.
Enfio meu telefone na minha mochila e volto para a casa de Kelsey.
Ela chega casa um pouco antes do jantar, depois de ter parado em seu escritrio,
reclamando sobre algum estudante de graduao que est fazendo um mau trabalho com a
modelagem de seu computador.
Ela se troca, em seguida, toma um copo de vinho. Depois que ela preparou um prato de
batatas fritas e salsa, ela se senta no balco e me d um de seus olhares de raio laser.
"Voc conversou com o professor Marvel hoje?" Ela pergunta.
"Sim. Ns concordamos em no nos vermos por alguns dias".
Ela solta uma gargalhada. "Quer dizer que voc disse a ele que no queria v-lo por alguns
dias, e ele ficou todo excitado."
Eu gemo e pressiono os dedos contra as tmporas. Ela d um tapinha no meu ombro.
"Ele um cara, Liv." Ela lembra. "Do tipo que est muito acostumado a conseguir o que
quer."
Sei disso muito bem. Chego mais perto para comer uma de suas batatas.
"Ei, Kelsey?"
"Sim?"
"Voc e o Dean j tiveram algum lance juntos?"
Ela me olha. "Voc vai se incomodar se eu tiver feito?"
Eu nunca pensei sobre isso antes, mas no preciso. No gosto de pensar sobre Dean com
suas muitas ex-mulheres, e eu realmente odeio at mesmo a ideia de sua ex-esposa. Mas Kelsey
diferente.
Ela minha melhor amiga tambm. Ela foi tima comigo durante todo a nossa crise,
mesmo ela podendo desanimar voc somente com seu olhar. Se eu no existisse na vida de Dean,
gostaria que estivesse com ela.
"No." Eu digo. "Estou apenas curiosa."
"No." Kelsey empilha uns chips com salsa e coloca em sua boca. "Dean e eu nunca fizemos
nada."
"Nem mesmo na faculdade?" Pergunto.
"Eu estava com meninas na faculdade."
Isso novidade para mim. "Srio?"
"Sim. Chamo-a de minha fase experimental. Duraram dois anos."
"Ento, o que... hum, o que te fez voltar para homens?"
"Ah, um par de garanhes no meu ltimo ano, depois um namoro longo na ps-graduao."
Kelsey tira seu cabelo de seu rosto e pega o copo de vinho. "Grande cara, inteligente como o
inferno. Grande sexo tambm. Me fez perceber que eu prefiro os msculos rgidos e paus duros."

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"O que aconteceu com ele?"
"Ele queria se casar, o que obviamente no era a minha praia. Alm disso, eu tinha uma
oferta de emprego e ns seguimos nossos caminhos separados."
Ela balana a cabea. "No, Liv. Dean maravilhoso, mas ns nunca estragamos nossa
amizade. E de qualquer maneira, ns seramos pssimo juntos. Sempre implicando um com o outro
e lutando como ces competindo para ser o melhor."
verdade que Dean e eu no tivemos esse problema antes. Ns apenas nos revezvamos.
Eu procuro outra batata, em seguida, solto-a. Suspiro e deso da banqueta.
"Ei." Kelsey me cutuca com o cotovelo. Uma ruga se forma entre as suas sobrancelhas.
"Vocs vo superar isso."
Duas semanas atrs, eu teria concordado. Agora eu no sei mais no que acreditar.













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DEAN
07 de dezembro
Cinco dias sem Liv passam como uma nuvem negra.
Kelsey ligou uma vez para me dizer que Liv estava bem, mas que eu precisava "resolver
minha merda e rpido". Eu desliguei na cara dela.
Eu fodidamente odeio o apartamento vazio. Eu odeio ver todas as decoraes de natal
alegres que me fazem lembrar de Liv. Eu trabalho at tarde, vou para casa e caio, saio de novo s
seis. Ao passar dos dias, comecei a estabelecer um estpido piloto automtico, consecutivamente:
caf, palestras e seminrios, propostas de concesso, treinamentos.
No penso em como eu consegui estragar tudo nem sobre o fato de que Liv no me disse
quando ela vai voltar para casa. Se ela vai voltar para casa.
Aps o trmino das aulas e reunies, vou para a academia e descarrego a minha frustrao
no saco de pancadas. No sexto dia que Liv se foi, eu estou socando o saco com tanta fora que meus
dedos e braos doem. Por alguns minutos, trabalhei at suar.
"Opa, rebatedor." Kelsey para ao meu lado vestida com um top, calas de treino e uma
toalha jogada por cima do ombro.
"Saia do meu caminho." Eu soco com o meu punho no saco.
"No. Precisamos conversar."
Eu bato no saco mais forte. "Eu no quero falar."
"Que pena."
Golpe, atravessar, golpe, atravessar.
"Dean."
Eu respiro e recuo. "No estou com humor, Kelsey."

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"Voc nunca estar, se voc continuar com isso." Ela se coloca em frente ao saco para me
impedir de dar outro soco nele.
"Vamos l. Vamos acertar a esteira."
"Eu odeio a esteira."
"Eu sei, mas isso ou vou arrast-lo para tomar um caf e voc vai ter que olhar para mim
enquanto eu o interrogo. Qual o pior mal?"
A mulher foda.
Pego a toalha e passo no meu rosto. Em seguida, vou para a fila de esteiras perto da janela.
"Liv disse que foi um erro." Diz Kelsey quando ela liga a esteira ao lado da minha.
"Srio? Imagine isso."
"Ela est chateada, porque voc no deixa isso pra l."
"Voc acha, porra, que eu consigo?" Aperto o boto para fazer a esteira ir mais rpido. "Voc
seria capaz disso?"
"Ela no a nica culpada, Dean."
"Ah, pelo amor de Deus..." Eu desligo a esteira, no querendo ouvir o que j sei.
Eu sigo para o vestirio masculino. Ela me segue.
"Pra fora, Kelsey."
"No."
Eu empurro a porta aberta. Ela bate com ela atrs de mim. Alguns homens seminus nos
seus armrios olham para ela. Eles soltam uns assobios.
"Ei, senhora, este o vestirio dos homens." Um deles fala.
"Cala a boca, idiota. Voc no tem nada que eu no tenha visto. Kelsey olha de cima a
baixo.
"E eu quero dizer nada."
Os outros riem. Eu vou para o meu armrio, onde pelo menos no h mais ningum ao
redor. Kelsey segue. Ela como um parasita maluco.
Eu giro a combinao do meu armrio e abro a chave. "Meu casamento no um negcio
seu."
"Voc e Liv so o meu negcio, porque vocs so meus melhores amigos." Kelsey d passos
ao meu redor para ficar de frente comigo. Sua boca est sria, seus olhos duros com determinao.
"Eu sei o quanto ela ama voc. Ela no teria comeado a pensar em um beb de outra forma. E se
voc continuar a castig-la por um erro, voc no est somente fazendo ela infeliz. Voc pode
destruir seu casamento inteiro."
"Voc acha que eu no sei disso?" Chamas de raiva me atravessam quentes e rpidas. Eu
bato um punho contra o armrio. "Voc acha que eu no quero esquecer, fingir que nunca
aconteceu? Eu preciso de uma faca afiada para talhar a imagem da minha cabea. Aquele
desgraado beijou minha esposa e ela... porra, gostou disso."
Eu estou respirando com dificuldade. Meu corao bombeia, meu sangue queima. Kelsey
olha para mim, os olhos no piscam por trs de seus culos.

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Antes que eu reaja, ela pega a frente da minha camiseta suada e me empurra de volta contra
o armrio. Em seguida, ela pressiona a boca forte contra a minha.
O que?
Seus lbios entram nos meus abertos e sua lngua empurra para dentro. Ela crava os dedos
em meus ombros. Ela desliza seu corpo contra o meu.
Macia. Ela macia. Fina e rija, mas suave, com seios bonitos...e Jesus, os mamilos esto
duros e cutucando contra meu peito. Meu pau contrai, incha. Ela pressiona mais perto. Ela corre as
mos em todo o meu abdmen, at a minha cintura, em seguida, ao redor da minha bunda.
Antes que eu possa pensar, eu agarro seus quadris e a puxo para mim. Um gemido escapa
de sua garganta. Eu aperto a parte de trs de seu pescoo, e coloco sua cabea de lado para uma
posio melhor, e a beijo profundamente.
Ela tem um gosto doce, como ma e acar. Meu sangue ferve. Sua lngua varre meus
dentes, o hlito quente.
Eu coloquei minha mo na parte inferior das costas e empurro os meus quadris contra ela,
obrigando-a a sentir o comprimento total da minha ereo. Ela comeou, agora ela vai ter que
aguentar.
Ela no est chocada. Eu deveria ter imaginado que ela no ficaria. Ao contrrio, ela se
aperta contra mim e lambe os lbios e alarga as pernas sobre a minha. Se no estivssemos no
vestirio dos homens, eu no estaria surpreso se ela comeasse a tirar a roupa.
Eu no ficaria surpreso se eu deixasse.
Kelsey empurra suas mos no meu cabelo, ento puxa a boca longe da minha e d alguns
passos para trs.
Ns nos olhamos um para o outro, o peito arfando. Ela parece to surpresa quanto eu, sinto.
Ela golpeia uma mo sobre os seus lbios.
"Ento... desculpe." Ela murmura.
"Que diabos foi isso?" Minha cabea est girando. Eu fico olhando para a sua boca,
avermelhada da presso da minha.
Kelsey puxa o flego. "Foi bom?"
"O qu?"
"Foi um bom beijo?"
"Voc sabe o que foi."
"Voc entendeu isso, Dean?" Pergunta Kelsey. "Voc pode gostar de beijar outra pessoa.
normal. Inferno, humano. S porque voc est casado no significa que voc desliga uma natural
reao biolgica."
"Voc me beijou para demonstrar para mim?"
"Eu fiz isso, no foi?" Ela d um passo para frente e coloca a mo no meu peito. Algo
amolece em seus olhos afiados. "Olha Dean. Liv pode ter pensado que um beijo de dez segundos foi
bom, mas ela te ama pra caramba. por isso que ela contou a voc, porque ela no quer ter

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nenhum segredo com voc. Ela ama muito voc, o suficiente para confessar um erro enorme. Mas
voc continua castigando-a por isso, e voc vai acabar perdendo-a. Voc entendeu?"
Seu discurso ricocheteia pelo meu crebro. Ela ama muito voc... voc vai perd-la...
Se seis dias sem Liv me fazem sentir assim, eu no posso imaginar o que seria viver sem ela.
"Sim." Eu foro meus punhos a abrir. "Eu entendo."
"Ento ela beijou outro cara." Um sorriso leve curva os lbios de Kelsey. "Voc beijou outra
mulher. Chame isso de equilbrio."
"Devo dizer a ela sobre isso?"
"Eu vou falar com ela." Kelsey vira e comea a sair. Em seguida, ela para e olha para mim.
"Para registrar, Dean, eu no o beijei apenas para demonstrar."
"Ento, por qu?"
"Eu sempre suspeitei que seria bom com voc." Ela responde. "Obrigado por me provar
isso."
Em seguida, com uma piscadela, ela passa atravs do vestirio e sai pela porta.
Foda-se.
Mulheres me deixam louco.
Eu pego uma blusa limpa e a cala jeans do meu armrio e vou para o chuveiro.
Est nevando quando saio da academia. Jogo a minha mochila no porta-malas do carro de
Liv e sento no banco do motorista. Ligo a ignio, depois alcano a alavanca abaixo para empurrar
a cadeira novamente. Meus dedos encostam em um pano.
Eu pego o que quer que seja isso e puxo para fora do assento. Uma camisa amarrotada? Eu
a desdobro. Por um segundo, no consigo processar o que estou vendo. Aperto o pano. Uma onda
incandescente de raiva me inunda.
uma jaqueta de chef branca. Escondida sob o assento do carro da minha esposa.










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OLIVIA

Eu preparo para mim um prato de espaguete quando uma batida forte vem da porta. Eu
olho para o relgio. Seis da tarde. Kelsey no est em casa ainda, mas ela me disse esta manh que
estava indo para a academia e, em seguida, resolver alguns problemas depois do trabalho.
Eu limpo as minhas mos em uma toalha e vou para porta. Meu corao bate quando espio
pelo olho mgico e vejo Dean de p na soleira da porta.
"Deixe-me entrar, Olivia." Ele fala como se estivesse tentando controlar seu tom de voz.
Melhor lidar com isso sozinha do que quando Kelsey estiver aqui. Eu destravo a fechadura e
abro a porta. O nervosismo me inunda com a viso dele, a carranca em seu rosto, a franja sobre a
testa, o feixe de msculos de seu pescoo.
"Kelsey est aqui?" Ele pergunta.
"No."
"timo." Ele passa por mim, batendo a porta atrs de si, antes de seguir para a sala de estar.
A raiva controlada irradiando dele me enerva. Sei que ele est louco, mas devido aos
acontecimentos dos ltimos dias, deveria ter-lhe dado tempo para se acalmar.
"Dean?"
Ele se vira e lana um pacote de pano branco para mim. Eu nem tinha percebido que estava
apertado em seu punho. Eu o pego.
Meu corao despenca. A palavra Julienne bordado na frente queima dentro de mim, o
persistente cheiro de endro e chocolate bloqueiam minha garganta. Eu deixo cair a jaqueta de chef
aos meu ps.
"Que porra essa, Liv?" Dean estende suas mos, seus olhos flamejam. "O que isso estava
fazendo no seu carro? Sob o assento?"

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Meu estmago se revira, como se eu estivesse em p na borda de um enorme abismo negro,
prestes a cair, sabendo que a descida ser interminvel.
"O que voc no me contou?" Sua voz firme o suficiente para me quebrar.
"Eu... eu fui..."
"Isso dele?" Ele pressiona.
"No. Quero dizer, sim, mas ... Deus, Dean." Eu cubro meu rosto com as mos, incapaz de
olhar para ele. Eu sei que posso falar-lhe a verdade. "Eu estava ... Eu estava no Forest Grove uma
tarde, pegando algumas assinaturas para o museu, e eu parei em seu restaurante. Ele me mostrou a
cozinha, e ento ele me deu uma aula de culinria."
Eu me sinto como se eu tivesse acabado de dizer "... e ento ele me deu um orgasmo."
Eu me foro a baixar minhas mos. Dean no se moveu, seu olhar escuro, o peito arfando
com a fora de sua raiva contida.
A culpa divide meu corao pela metade.
"No foi nada." Eu digo, mas as palavras saem fracas, como se eu estivesse tentando me
convencer tanto quanto ele. "Eu sinto muito."
Ele s olha para mim, com as mos nos quadris. "Eu me lembro daquele dia."
"O qu?"
"Quando voc voltou de Forest Grove. Voc entrou no chuveiro comigo com gosto de
chocolate. Voc queria que eu fodesse voc duro."
Calor e constrangimento enchem minha garganta. "Dean..."
"O que, Liv? Estou errado?"
Eu balancei minha cabea. Ele no est errado. Isso exatamente o que aconteceu.
Exatamente o que eu queria.
"Voc sabe..." Eu engulo em seco. "Voc sabe que voc a nica pessoa que eu j pedi
qualquer coisa assim."
"Eu sabia disso. Antes de voc passar a tarde com outro homem, em seguida, voltar para
casa e me pedir para foder voc."
"Pelo amor de Deus, Dean. Eu cozinhei! Eu no me envolvi em nada."
Sua boca se comprime. "No, ?"
Eu no posso nem responder. Ele sabe melhor do que ningum que as preliminares no tm
que envolver toques. Ele o nico que me ensinou isso.
Uma sbita sensao de mau pressgio me enche, o comeo do precipcio se desmorona
debaixo dos meus ps.
Dean fica em silncio por um longo minuto. O ar entre ns se estende por um fio.
"Tudo bem, Liv." Ele arrasta a mo pelo cabelo, sua respirao expelida numa corrida
acelerada.
"Voc pode voltar para casa. Eu vou sair por um tempo".
Eu fico olhando para ele. "Espera... o qu?"

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Um pouco da raiva escorre dele, mas sua mandbula est apertada com a tenso, quando ele
encontra os meus olhos.
"Qualquer coisa que eu no estou te dando est nos fodendo." Diz ele. "Se estamos
separados, talvez eu possa descobrir o que ."
Meu estmago se revira num enjoo.
"Estamos nos separando...?" Eu tenho que engolir a palavra, a bile crescendo na minha
garganta.
Separar? Ns? "Voc est me punindo? disso que se trata?"
"Por que voc me deixou na outra noite?" Ele pergunta. "Voc estava me punindo por no
contar a voc sobre Helen?"
Eu estava?
"E sobre o aconselhamento?" Eu questiono.
"Voc poderia ter dito a um conselheiro sobre isso." Ele empurra a jaqueta do chef com o
p.
Eu no tenho nenhuma ideia. O auto reconhecimento me deixa doente.
Os olhos de Dean endurecem. "Precisamos parar de mentir um para o outro antes de expor
nossas entranhas para um conselheiro maldito."
"Porque voc acha que a separao vai ajudar alguma coisa?" Minhas unhas cravam em
minhas mos.
"Voc disse isso no ms passado. Estar juntos ruim agora."
"Mas no podemos trabalhar qualquer coisa se no estivermos juntos." Digo. "Eu no vou...
Eu no irei pra casa a menos que voc esteja l."
Dean olha para mim, sua expresso ilegvel. Em seguida, ele diminui a distncia entre ns.
O cheiro familiar dele de sabo, masculinidade e ar de inverno inundam meus sentidos em
uma onda.
Por um segundo, acho que ele vai me tocar, mas suas mos permanecem nos bolsos.
Seus olhos esto fechados.
"Eu no quero te punir, Liv. Mas voc estava certa sobre sair. Precisamos nos separar."
Eu me sinto to frgil, to gelada, que no posso nem mesmo deixar as lgrimas carem. Eu
vejo atravs de pontos pretos enquanto Dean d passos para trs, seu olhar ainda em mim. Ento
ele se vira e vai embora.
O clique da porta da frente fecha com um som oco. Eu s posso ficar ali olhando para o
espao vazio da partida que meu marido deixou.
Uma torrente de memrias me sufoca. Antes de Dean, eu estava to sozinha, fechada como
um pedao de papel esmagado em uma bola. Com ele, todo o meu ser suavizou, todos os segredos
protegidos nas entranhas da minha alma finalmente foram abertos.
Agora eu posso me sentir me fechando novamente. Desligando.
A nusea aumenta. Vou para o banheiro antes de vomitar.

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O natal em menos de duas semanas. Eu no voltei para casa. No suporto a ideia de estar
l sem Dean.
Enviei pra ele um e-mail dizendo que vou ficar com Kelsey e que ele no tem que sair do
apartamento. Ele responde com um breve "ok" e me diz que ele tinha colocado os pneus de neve em
meu carro e o deixaria na casa de Kelsey no dia seguinte.
A semana passa devagar e lenta. Meu corao di. Eu tento e ignoro isso, buscando me
entreter fora tanto quanto o possvel. A Sociedade Histrica est saindo de frias, ento ajudo com
as preparaes e decorao. Sou voluntria na biblioteca e almoo com Allie algumas vezes no
Matilda Teapot, que est planejando fechar para sempre em fevereiro.
Dean e eu no nos falamos. Kelsey diz que ela o viu na academia da universidade vrias
vezes, mas ele no disse muito para ela e rejeitou suas ofertas de raquetebol. Por sua vez, ela no
pressionou ele a dizer mais nada a ela.
Ela tambm me contou sobre o beijo, que foi uma das poucas coisas nas ltimas duas
semanas que me fizeram rir. Eu s podia imaginar a reao chocada de Dean.
Eu trabalho todos os dias no The Happy Booker, mas no coloco todas as minhas horas no
meu carto ponto, porque no quero que Allie pense que ela tem que me pagar, uma vez que estou,
principalmente, tentando me manter ocupada. Durante o dia, interagindo com as pessoas e
trabalhando, eu sou capaz de manter as minhas emoes sob controle.
Mas deitada na cama sozinha noite, minha mente se enche de pensamentos e memrias
de Dean.
Vrias vezes eu me encontro pegando meu celular, meu dedo pousado sobre a discagem
rpida para ligar pra ele. De alguma forma, consegui me conter, mesmo que eu no queira mais
nada do que ouvir sua voz profunda.
Eu sinto falta dele, claro. Eu quero que as coisas sejam do jeito que eram antes, quando
no podamos esperar para tocar um no outro, quando nossos beijos eram to quentes e naturais,
quando ele pressionava a sua boca na minha tmpora e me puxava para seu lado, onde eu me
encaixava perfeitamente.
Eu sonho conosco tambm, aqueles quentes e sensuais sonhos que eu costumava ter depois
que eu o conheci.
S que agora eu sei a verdade ofegante dessas fantasias, eu sei exatamente a sensao das
suas mos nos meus seios, o gosto de sua pele, a forma como seu pau pulsa forte e suave na palma
da minha mo. Eu sei como nossos corpos arqueiam juntos, como seus dedos apertam meus
quadris, como sua respirao aquece meu pescoo e seu peito esfrega contra o meu.
Eu acordo de madrugada, inquieta e latejante e pressiono os dedos entre as minhas pernas
para me trazer um forte orgasmo. Assim como eu costumava fazer no incio, antes dos dias que eu
rolaria na cama de encontro ao seu quente e musculoso corpo. Deslizaria minha mo sobre o seu

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peito e mais pra baixo, no seu pau semiereto, acariciando ele em prontido total antes dele estar
completamente desperto. Ento eu movo minhas pernas sobre as suas coxas para escarranchar
nele e facilitar o seu eixo dentro de mim com um deslizamento lento.
Ento, eu empurraria para cima e para baixo, arqueando meu corpo, apertando e
pressionando seu pau, at seu gemido romper o ar e as suas mos agarrarem minha bunda e ns
dois estaramos borda de uma coliso de felicidade.
Eu o quero to terrivelmente que di. E o pior que no tenho ideia do que vai acontecer
agora. No sei se ele vai me ligar, se eu deveria ligar pra ele, se ele acha que estamos fazendo o
certo. Eu no sei como qualquer um de ns planeja passar o natal.
"Voc quer ir comigo visitar a minha me no natal?" Kelsey pergunta no caf da manh,
enquanto ela me olha sobre sua xcara de caf.
Eu vejo o olhar terrvel que ela est fixando em mim com tanta simpatia.
"No, obrigada."
"Ela vai empurrar todo o Russian Betty Crocker1 em voc e te corromper com a Blinchiki2
dela, ou ch com biscoitos, ou qualquer outra coisa." Kelsey bajula.
Eu sorrio. "No, verdade. Mesmo assim, obrigada."
"O que o professor Marvel vai fazer?"
"Eu no sei." Eu me pergunto se Dean vai visitar seus pais na Califrnia, mas eu duvido que
ele v com esta baguna toda entre ns. Deus sabe que ele nunca explica nada a sua famlia.
Depois que Kelsey vai para o trabalho, limpo a casa e carrego um monte de roupa pra lavar.
Eu tenho um dia de folga tanto do museu quanto da livraria, o que significa horas vazias
demorando a passar.
Dirijo para o centro da cidade e estaciono o carro. Lano um olhar para o nosso
apartamento, enquanto caminho ao longo da neve incrustada no limite da calada da Avalon
Street. As cortinas da nossa sala de estar esto fechadas e nenhuma luz brilhando por trs delas. As
plantas na varanda secaram e congelaram, e o gelo est se acumulando sobre o solo do vaso.
Vejo Dean entrando em um caf na esquina. Meu corao sacode com a viso de sua altura
familiar vestindo um casaco de l preto, com o cabelo despenteado pelo vento frio, um cachecol
enrolado em torno da sua garganta.
Assisto-o pela janela quando ele se aproxima do balco para pedir um caf, em seguida,
caminha para uma mesa onde uma jovem ruiva o est esperando.
Meu peito aperta quando eu reconheo sua aluna de ps-graduao, Jessica. Ela sorri para
ele em saudao e faz gestos para uma cadeira, e eles se sentam l conversando por alguns
minutos.
O cime surge atravs de mim. Ele meu, eu acho, assim como o canto mais profundo da
minha alma, que sabe at agora, a verdade sobre meu marido, que lembra que Dean nunca me
trairia.

1
Russian Betty Crocker (tipo de biscoito natalino)
2
Blinchiki - Blintzes so panquecas finas que normalmente no possuem um agente de fermentao e so semelhantes aos crepes.

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Minha desconfiana confirmada quando dois rapazes e uma outra mulher abordam Dean,
equilibrando cafs enquanto colocam as suas mochilas e laptops sobre a mesa. Logo eles esto
todos imersos em uma discusso, troca de livros, artigos e notas rabiscando em seus notebooks.
Parte de mim quer que Dean olhe para cima e me veja de p aqui. Eu imagino este grande
momento de filme romntico, quando nossos olhos se encontram e ele empurra a cadeira para trs
e sai correndo para me puxar em seus braos.
Mas ele no faz. Ele est ocupado conversando com os alunos sobre seus ensaios e
pesquisas. Ele se inclina para frente, escuta, olha cada pessoa nos olhos quando ele est falando. Eu
quase posso ouvir a constante cadncia medida de sua voz, sublinhada pela confiana e autoridade.
Mesmo fora da classe, ele vai ter tempo para se reunir com um grupo de estudantes e fornecer
qualquer ajuda que necessitam. Sua dedicao sem limites.
Apenas uma das muitas razes pelas quais eu sempre serei apaixonada por ele.

Na semana antes do natal, chego aula de Cozinha Gastronmica meia hora antes da ltima
aula comear. Tyler Wilkes est em seu posto, deixando tudo pronto para a demonstrao de hoje
noite. Eu o assisto por um momento, percebendo a confiana de seus movimentos, a maneira como
ele organiza suas facas e panelas com propsito. Ele faz tudo parecer to fcil.
"O que est no menu, chef?" Pergunto.
Ele levanta sua cabea ao ouvir o som da minha voz. "Liv!"
"Oi, Tyler."
Ele se aproxima, para e olha atrs de mim. "Hum, o seu..."
"Dean no veio comigo. Ele manda lembranas, apesar de tudo."
"Ah." Ele parece perplexo.
Eu quase sorrio. "Estou brincando. Ele no vai intimid-lo novamente, mas... bem, ele no
vai lhe enviar um carto de natal pelo correio tambm."
"Entendido. Tyler me d um sorriso envergonhado e pigarreia. "Ento, ei, eu nunca tive a
oportunidade de lhe perguntar como sua mo ficou. Charlotte nos manteve informados, ento eu
sabia que voc estava bem, mas... bem, eu gostaria de ter contatado voc eu mesmo."
"No. Fico feliz que voc no fez". Realmente feliz. "Eu vou ficar bem. O mdico est um
pouco preocupado com danos nos nervos, mas acho que pode curar em poucos meses."
"timo. Eu estava... Eu estava muito preocupado. Fico feliz que voc est bem."
Abro minha mochila e retiro a jaqueta dobrada e limpa de chef. "Eu queria devolver isso."
"Hum, obrigado." Ele coa a orelha. "Ento, o que aconteceu com a classe? Sinto muito por
voc no poder terminar o semestre."
"Eu conversei com Natalie, e ela me ofereceu um reembolso proporcional." Explico. "Ou ela
disse que eu posso colocar o dinheiro na aula do prximo semestre."
"O que voc vai fazer?"

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"Eu no sei ainda."
Tyler olha para o cho. "Ela disse que eu no estou ensinando aulas no prximo semestre?"
"Ela disse."
"A instrutora uma grande chef." Diz Tyler. "Lila Hampton. Ela proprietria de dois
restaurantes em Rainwood e um em Chicago. Ela uma chef quatro estrelas. Voc ir aprender
muito com ela." Ele faz uma pausa, em seguida, acrescenta: "Eu gostaria que voc retornasse s
aulas novamente, Liv."
"Voc gostaria? Por qu?"
" s que... Eu no sei. Voc parece ter mudado muito desde o primeiro dia. Tipo como...
tipo como floresceu, sabe?" Ele cora. "E mesmo que eu... bem, eu acho que bvio que eu me sinto
atrado por voc, mas mesmo se eu no fosse, eu ficaria impressionado com a forma como voc tem
melhorado. Voc ganhou confiana. Voc deveria ter visto a maneira como seu rosto se iluminou
quando voc fez o sufl perfeito."
Essa foi uma maldita tima sensao.
"Voc deve retornar s aulas novamente, Liv." Diz Tyler. "No por qualquer outra pessoa.
Por voc."
"Eu vou pensar sobre isso." Prometo. "E se tudo o que voc disse verdade, ento tambm
por sua causa. Voc um grande professor. Estou feliz por t-lo conhecido."
Ele sorri levemente. "Isso soa... como fim."
". Eu vim para agradecer, Tyler." A tenso em torno de meu corao afrouxa um pouco. "E
para dizer adeus."
Tyler acena com a cabea, esfregando um dedo contra o balco. "Eu gostaria..."
Antes que ele possa dizer mais alguma coisa, dou um passo frente e pego a sua mo na
minha. "Obrigada. Desejo tudo de melhor a voc."
"Para voc tambm, Liv."
Nossas mos se apertam por um instante, e ento ns dois nos deixamos ir. Deixo a sala de
aula e me dirijo atravs da loja gastronmica em direo ao estacionamento. Cabides de panelas de
ao inoxidvel e panelas brilham ao meu redor, pilhas de pratos brancos, brilhantes
liquidificadores caros e misturadores.
Minha respirao mais fcil agora, sabendo que este encerramento definitivo. Que Tyler
Wilkes est no meu passado.
Eu paro diante de uma exposio de equipamentos de panificao e pego um grande prato
de porcelana com bordas caneladas. "Posso ajud-la, minha senhora?" A vendedora me olha com
expectativa por trs do registro.
"Sim." Digo. "Vou levar isto, por favor."
Eu ando at o balco e entrego na mo dela o prato de sufl.

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22 de dezembro
Estas so todas as devolues." Allie sopra um cacho de cabelo de sua testa, enquanto
esvazia outra caixa ao lado do balco de recepo. "O cara da UPS vir busc-los amanh."
"Ei, voc j pensou sobre a adio de uma seo de livros usados?" Eu sugiro. "Isso pode
ajudar a atrair clientes."
"Talvez." Allie coloca as mos nos quadris enquanto ela estuda a diminuio do nmero de
livros nas prateleiras. "Ou eu estava pensando em expandir a seo de brinquedos para trazer mais
crianas. A no ser devido ao fato de que h uma enorme loja de brinquedos do outro lado da
cidade, que eu provavelmente no posso competir. Definitivamente tem que surgir, apesar de
tudo."
Ela volta para o escritrio, enquanto eu medito sobre algumas outras ideias para ela. Vender
artes, adicionar uma seo de caf, trabalhar alguns programas em conjunto com a biblioteca. Eu
fao algumas pesquisas na internet para saber mais sobre o que as outras livrarias esto fazendo
para melhorar os negcios.
Como de costume, sempre que estou na internet esses dias, verifico meu e-mail para ver se
h uma mensagem de Dean. Como de costume, no h. Ns nem sequer admitimos que o natal
esteja a poucos dias para acontecer.
A campainha da porta toca. Eu olho pra cima quando um homem jovem e bonito, com
cabelo castanho claro encaracolado, entra.
"Bem-vindo ao The Happy Booker." Digo. "Posso ajudar?"
"Ei, voc! Allie est por a? Voc Liv?"
"Oh, voc deve ser Brent. Bom, finalmente, a gente est se conhecendo." Eu lhe dou uma
rpida checada. "Espere a, eu vou chamar Allie para voc. Ela o est esperando?"
"No. Acabei de sair do trabalho e pensei em ver se ela queria jantar comigo."
Vou ao escritrio, onde Allie est trabalhando no computador.
"Brent est aqui." eu sussurro. "E ele bonito. Est aprovado."

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Ela sorri. "timo. Como eu estou? Preciso de batom?"
"Voc linda. Basta tirar a mancha de tinta do seu rosto." Eu pego alguns lenos de papel e
entrego a ela. Ela d uma rpida embelezada antes de voltar ao balco, onde Brent est folheando
uma revista de carro.
"Ei, Allie." Ele sorri para ela, seus olhos brilhando com um carinho que faz com que ela
core.
bom de ver. Fico feliz por eles.
"Voc pode tirar uma hora ou mais para jantar?" Pergunta.
"No, sinto muito." Allie parece desapontada. "Estamos abertos at meia-noite."
"V em frente." Eu olho para o relgio, onde se l 20h05min. Mesmo com a livraria abrindo
por mais tempo, no conseguimos atrair muitos compradores de ltima hora para o natal.
"O prximo filme no sai at 22h30min e o jogo na rua no acabar, pelo menos, antes das
23h." Eu digo a Allie. "Alm disso, est tudo calmo durante toda a noite. Eu aguento a presso."
"Eu no sei, Liv. Eu odeio deixar voc sozinha."
"Vou ficar bem. Ns tivemos apenas seis clientes durante toda a noite. Se conseguirmos
uma multido, vai ser depois que o filme acabar."
Ela est oscilando, seu olhar indo de mim para Brent. "Voc tem certeza?"
"Claro que eu tenho certeza." Eu pego a bolsa dela debaixo do balco e aceno para ambos
em direo porta. "S me traga de volta algum tipo de sobremesa. Chocolate.
"Certo. No vai demorar muito."
Brent sorri para mim enquanto ele segura a porta da frente para Allie. A antecipao e a
felicidade deles me faz lembrar dos primeiros dias em que ficava esvoaante por dentro no minuto
que Dean entrava pela porta do Jitter Beans.
Ignorando uma pontada de mgoa, eu endireito o estoque sobre o balco da frente, em
seguida, passo a prxima hora arrumando os livros para fazer as prateleiras parecerem bem
abastecidas. Eu limpo os brinquedos na seo das crianas e converso com um casal de clientes que
vm para olhar.
Enquanto estou colocando algumas revistas extraviadas na prateleira, a campainha da porta
toca. Vrias vozes masculinas ecoam na loja. A sbita tenso aperta o meu peito.
Eu passo por trs do balco e assisto quando trs jovens entram. Rapazes universitrios,
pela aparncia deles. Dois deles so grandes, vestindo jeans e moletons sob suas jaquetas, e o
terceiro alto e magro, com um tufo de cabelo loiro desgrenhado.
Eu fao uma verificao rpida da loja. Os outros clientes todos foram embora. So nove e
quinze. Meu corao est batendo muito rpido.
"Foi a terceira de vinte e trs, cara." Aquele que est com um moletom Kings faz uma
pausa na frente da mesa para folhear um livro que surgiu. "De jeito nenhum ele deve ter dado
aquele passe fora, voc sabe?"
Estou comeando a tremer. O suor escorre pelas minhas tmporas.

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"Incrvel, porque eles foram um time de merda este ano." O outro cara responde. Ele para
em frente da seo de revistas. "Se eles tivessem se livrado de Samuels, eles poderiam ter uma
chance. Ah, sim, veja isso. Fantasia grfica de profundidade do futebol."
Ele joga uma revista para o amigo. "Scott, voc est indo para Chicago para a festa do Super
Bowl no prximo semestre?"
"Sim." Diz o cara magro. "Frat vai alugar um nibus. E voc?
"No vai ser possvel. Estgio acadmico. O imbecil do Dennison reprovou meu ltimo
artigo."
Todos eles bufaram com escrnio. O menino magrelo passa perambulando pelo balco e me
lana um sorriso.
"Como vai?" Ele pergunta.
O frio congela o sangue em minhas veias. Eu foro algumas respiraes e conscientemente
tento relaxar a rigidez dos meus ombros. Minha coluna parece que est prestes a quebrar em duas.
"Ei, olhe isso, Vanessa Fairfax." O cara com o moletom Kings ergue a revista para que
seus amigos possam ver a foto de uma morena sexy descansando contra um carro. "Lembra que eu
te disse que eu a vi no show dos Dax? Ela to gostosa."
"Falando de quente, o que aconteceu com aquela garota que voc ficou na semana
passada?"
"Ah, cara, isso foi incrvel."
Sem pensar, pego meu celular e uso a discagem rpida para o nmero de Dean. Ele
responde no primeiro toque.
"Ol?" Diz ele.
Eu no posso falar com o aperto na minha garganta. Eu aperto meus dedos no telefone.
"Liv?"
"Estou aqui." Eu consigo sussurrar. Os jovens universitrios ainda esto falando, suas vozes
e risadas cada vez mais altas e chocando-se com o som do meu corao.
"Liv, o que h de errado?" Pontas de alarme na pergunta.
"Eu..."
"Onde voc est?"
"Li-livraria."
"Olivia me escute." A voz de Dean se estabelece num tom firme, mas reconfortante.
"Respire. Eu estou indo a." H um farfalhar na outra extremidade. "Conte at dois, ok? Um dois.
Inspiro. Minha viso turva, minha garganta aperta. Ele repete a contagem. Eu me foro a
exalar.
"Ei, voc j tem o calendrio semestral da primavera?" O cara com moletom Kings para na
minha frente e inclina seus cotovelos no balco. Seu rosto est muito perto do meu.
Recuo at meus quadris baterem do outro lado do balco.
"No. Ainda no."
"Quando eles chegam"? Ele pergunta.

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"Liv?"
"S um... um cliente:" Eu digo a Dean. Uma onda de vertigem me atinge.
"Mantenha a respirao. Conte at cinco agora."
"Quando os calendrios chegam?" Repete o cara do moletom.
"A partir de janeiro."
Ele se endireita, seu olhar ainda em mim. "Voc foi para a King?"
"No." Deus do cu, v embora.
"Ei, caras, olhem isso." O cara magro acessou a seo das crianas com um fantoche virado
do avesso que muda a Chapeuzinho Vermelho para o lobo com uma sacudidinha.
"A Chapeuzinho Vermelho tem um lobo debaixo da sua saia."
Sua gargalhada rasga minhas entranhas como pregos. O pnico se intensifica, inclinando o
mundo em um giro louco. A voz do meu marido um constante fluxo profundo, quando ele me
instrui a respirar contando at oito.
Eu foro o ar em meus pulmes. O tempo se estendeu ao ponto de ruptura.
"Fique comigo, Liv." Dean diz no meu ouvido. "Estou virando na Emerald agora."
Eu rezo para os caras j terem ido at o momento em que ele chegue, mas os trs se movem
para os fundos da loja para levantar a saia do fantoche da Chapeuzinho Vermelho.
Dean entra pela porta da frente, seus passos longos e rpidos. Linhas de tenso em todos os
msculos do seu corpo e preocupao incendeiam seus olhos.
Eu deixo cair o telefone com um barulho. Ele se vira para o canto onde estou e coloca a mo
firme no meu ombro.
"Sente-se. Voc est bem." Ele olha para a parte de trs da loja, quando o som de risos
masculinos ressoa. Sua expresso endurece, mas sua voz continua firme enquanto ele se vira para
mim. "Estou aqui. Respire Liv. Conte at dez."
Eu inspiro em sua contagem, depois expiro. Uma e outra vez, at que finalmente eu sou
capaz de fazer uma respirao mais fcil. Minha tontura diminui um pouco, e a sala comea a parar
de balanar.
Dean inspeciona debaixo do balco e encontra uma garrafa de gua. Ele a abre e a segura na
minha boca. Depois de eu tomar alguns goles, ele acena com a cabea em direo s minhas mos.
"Flexione os dedos."
Estendo meus dedos e os flexiono algumas vezes, a atividade sendo uma distrao do aperto
no meu peito e do batimento cardaco latejante.
As vozes dos meninos se aproximam. Dean para diante de mim, me bloqueando da viso
deles.
"Ei, professor West, o que voc t fazendo aqui?" a voz do cara magro. "Eu sou Scott
Kenner. Segui a sua classe no ltimo semestre. Matria legal."
"Obrigado." O tom de Dean curto e recortado. Ele inclina a cabea para a porta. "Vocs
esto saindo agora?"
"Sim, ns estamos indo para uma festa de natal beira do lago."

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"timo."
Os caras hesitam lanados pelo comportamento hostil de Dean, mas depois murmuram um
adeus e caem fora. Quando a porta se fecha, Dean se vira para mim.
Tomo outro gole de gua. O pnico est cedendo, como uma onda recuando lentamente de
uma praia. Exausto toma o seu lugar, drenando a fora dos meus msculos.
Dean chega para empurrar uma mecha de cabelo longe da minha testa, seus dedos
demorando contra a minha pele.
"Faz um tempo." Ele murmura.
Concordo com a cabea e puxo outro flego. Eu no tinha um ataque de pnico desde muito
antes de estarmos casados. Minha garganta di.
"Voc est aqui sozinha?" Dean pergunta.
"Allie saiu com um amigo para um jantar rpido." Eu enxugo uma gota de suor da minha
tmpora. Ela vai voltar a qualquer momento.
O pensamento de Allie e Brent voltando para me encontrar numa baguna total suficiente
para me fazer buscar meus ps. Eu vou at o banheiro para jogar gua no meu rosto e escovar meu
cabelo, ento saio sentindo-me mais calma e sob controle.
"Bolo triplo de chocolate." Allie acena um recipiente de papelo para mim quando ela e
Brent entram pela porta. "Da Abernathy, da esquina. Ah, oi, Dean."
Mesmo com Brent l, Allie cora quando ela olha para Dean. Isso me faz sorrir um pouco. Os
restos do meu pnico desaparecem, embora eu esteja cansada at os ossos.
Pego a caixa cheirosa, ciente de Dean falando com Allie em voz baixa. Ela olha para mim
com preocupao.
"V descansar um pouco, Liv." Diz ela. "Eu no sabia que voc estava com enxaqueca."
Grata de que Dean no divulgou a verdadeira razo do meu colapso repentino, eu dou a
Allie um sorriso fraco. "Eu no... Eu no as tenho muito frequentemente."
"Eu vou ficar com Allie at a loja fechar." Oferece Brent.
Allie pega minha bolsa e casaco, e em seguida me conduz a porta com instrues para que
eu tenha uma boa noite de sono. Embora eu esteja exausta, parte do meu crebro est formigando
com desconforto e medo.
Eu no consigo olhar para Dean enquanto vamos para casa e subimos as escadas do nosso
apartamento. Tudo que quero fazer me jogar em seus braos e me agarrar a ele. Mas eu j no sei
se tenho o direito de fazer isso.
Eu tiro meu casaco e vou para a sala de estar. Tudo parece o mesmo de antes que parti.
rvore de natal, azevinho abrigado na cornija da lareira, visco. As cortinas esto abertas, as luzes
da cidade brilhando, o lago uma extenso de preto distncia.
"Liv."
Eu me viro. Dean est de p ao lado da porta, olho para cada centmetro do homem que eu
amei por tanto tempo. Cabelos escuros desgrenhados, uma camisa rugby grossa, calas de brim
desgastadas, rasgadas no joelho. Aqueles bonitos olhos salpicado de ouro fixos em mim.

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Sem dizer uma palavra, ele estende seus braos.
Um choro quebra solto no abismo escuro da minha alma. Eu voo atravs da sala para ele,
minhas lgrimas transbordando enquanto seus braos se fecham apertados a minha volta. Eu
pressiono meu rosto contra seu peito, soluos so arrancados da minha garganta e meu corao se
despedaa com alvio.
Ele afunda no cho, sem afrouxar seu aperto em mim, e me puxa para o seu colo. O baixo
som de sua voz ressoa no meu ouvido. Derramo lgrimas pelo meu rosto em riachos interminveis.
Agarro um punhado de sua camisa e choro, choro e choro at que todo o meu corpo di.
Seus braos se apertam em torno de mim, forte como ao e quente como a luz solar. Minha
mente se esvazia de pensar, e s existimos ns novamente. Encaixo o meu corpo contra o dele, seu
abrao em mim inquebrvel. Todo o sofrimento e o medo dos ltimos meses extravasam para
fora de mim, a torrente violenta de uma represa quebrada, at que finalmente a minha torrente de
lgrimas comea a diminuir.
Dean pressiona sua boca na minha testa e tira meu emaranhado cabelo do meu rosto. Eu
toco seu peito e exalo um longo e trmulo suspiro. Meu corpo treme com persistentes soluos.
Ele muda e se enrola mais firmemente em torno de mim, esfregando sua mo para cima e
para baixo nas minhas costas.
Eu sou um pedao ferido, rasgado ao meio. Ns sentamos l para sempre. Mantenho a
respirao.
"Dean?"
"Hum?"
"Meu p est dormente."
Sua risadinha abafada contra o meu cabelo. Ns nos separamos, e agarra minhas mos
para me puxar para cima. Eu me movo com dificuldade com as agulhadas e alfinetadas do meu p
antes de passar para o sof, onde me ajusto ao seu lado, bem no lugar do qual eu nunca mais quero
sair.
Um sono profundo e sem sonhos, me puxa para baixo. Eu me rendo, sabendo que estou
segura.

Quando acordo cedo na manh seguinte, Dean se foi. H uma nota sobre a mesa do caf
dizendo que ele foi at a padaria. Eu ainda estou esgotada e cansada, mas o medo diminuiu.
Eu deixo de lado a colcha que Dean deve ter estendido sobre mim durante a noite. Sento-
me, quando a porta da frente abre e ele entra. Nossos olhares se encontram do outro lado da sala,
um pouco cauteloso, mas sem raiva ou incerteza vislumbrando no ar.
Ele para na minha frente, o cheiro de seu sabo fazendo ccegas no meu nariz, e varre a
mo contra minha bochecha. Um formigamento desliza atravs de mim com o toque de seus dedos.
"Parece que voc precisa de um caf." Ele comenta.

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Eu controlo uma risada rouca. "Sim, por favor."
"Est chegando."
"Ah, e a Kelsey?"
Liguei para ela ontem noite e lhe disse que voc estava aqui. Ela disse: s tem maluco."
Ns dois sorrimos, e Dean vai para a cozinha enquanto vou tomar um banho. Fico sob o jato
quente por um longo tempo, sentindo-me como se pudesse lavar toda a gastura das ltimas
semanas. Eu me visto em calas largas e uma camisa de l macia, e me sento mesa da cozinha
com meu marido.
Ns dois estamos relativamente calmos enquanto tomamos caf com bolos. Lanamos
olhares um para o outro atravs da mesa. Apenas a viso dele aquece o meu sangue. Sua
caracterstica masculina, que to querida por mim, os fios de cabelo grosso caem na testa, a
maneira como ele pega seu caf envolvendo sua mo em torno do copo, em vez da ala.
Trocamos sees do jornal de domingo, comentando artigos de notcias e eventos locais. Ele
l a pgina de esportes. Eu leio a seo de entretenimento. Ele nos serve mais caf. Eu corto alguns
cupons. Ele estuda o mercado de aes. Eu pego um lpis e elaboro algumas respostas no jogo de
palavras cruzadas, em seguida, passo as cruzadas para que ele termine. Ns dividimos o ltimo
muffin de mirtilo.
So quase onze horas, quando finalmente conseguimos lavar os pratos e empilhar o papel
para reciclagem. Dean se levanta e se estica, a camiseta puxando em seu peito, ento vem ao redor
da mesa para me envolver em seus braos.
"Ah, Liv." Seu corpo se ergue com um suspiro. "Eu sinto sua falta."
Eu pressiono minha testa contra seu peito. "Eu sinto falta de voc tambm. As coisas
ficaram confusas, no ?"
"Ficaram."
"Ns fizemos um pssimo trabalho tentando consertar isso."
"Sim." Sua voz se torna spera com a admisso.
Eu engulo em seco e ponho pra fora o meu medo mais escuro. "E se ns no conseguirmos?"
Dean coloca as mos em cada lado da minha cabea e levanta o rosto para olhar para ele.
Seus olhos esto srios e firmes.
"Ns fizemos isso antes." Diz ele. "Ns podemos fazer isso de novo."
Caia sete vezes. Levante-se oito.
"Eu no quero perder voc." Eu sussurro.
"Voc nunca vai me perder." Ele desliza a mo para a parte de trs do meu pescoo. "Eu
quero que voc volte pra casa."
Eu aperto meus braos ao redor de sua cintura. A tentativa de esperana se espalha dentro
de mim, como uma nova colorao verde empurrando o seu caminho atravs de uma camada de
gelo.
"Eu quero voltar para casa." Eu digo. "E eu quero que voc esteja aqui, quando eu voltar."
"Eu estarei aqui, gracinha. Esperando por voc."

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A vspera de natal fria e brilhante. A nova camada de neve cobre a Avalon Street e o sol
brilha atravs dela como pequenas joias. Luzes coloridas brilham em torno de postes e janelas das
lojas.
O Museu Histrico est tendo uma festa para funcionrios e voluntrios nesta tarde. Dean e
eu iremos juntos. Embora eu ainda no tenha voltado para o nosso apartamento, ns dois estamos
aqui nos preparando.
Eu visto um vestido de manga curta preto com um decote cavado que exibe o colar de
camafeu que Dean me deu como primeiro presente de aniversrio. O pingente corresponde ao meu
anel de noivado de camafeu, que eu tambm estou usando. Prendo meu cabelo em um rabo de
cavalo com um lao vermelho, em seguida, saio do banheiro.
Dean est atando a gravata em frente ao espelho. Ele desliza o olhar para mim, e seus olhos
aquecem com apreciao.
"Muito linda." Ele d ao n da gravata um puxo final, ento vem para pressionar um beijo
contra meus lbios.
Meu corao palpita. Ele parece incrivelmente bonito em calas pretas e uma camisa
branca, o n da gravata alinhado sua garganta. Vejo como ele encolhe os ombros em seu palet.
Verifica sua carteira, prende o relgio , todos aqueles naturais e geis movimentos que se tornaram
to familiares para mim ao longo dos anos.
Eu acho que j o amava desde o momento em que entrou pela primeira vez no Jitter Beans.
Ele pega as chaves do carro no armrio e olha para mim. Um franzir da sobrancelha at a
boca.
"Liv?"
Emoes rolam sobre mim, cores vibrantes, luz e sombras, medo e alegria. Eu fao uma
respirao.
"Dean."
"O qu?"
"Estou grvida."




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OLIVIA
24 DE DEZEMBRO
Estvamos nos beijando no armrio de casacos. O armrio de casacos. Eu estou encostada
na parede do fundo, as mos dele esto apoiadas em ambos os lados da minha cabea, e sua boca
est colada quente e profundamente na minha. Meu rabo de cavalo est escapando da presilha,
meus dedos esto agarrando seus ombros e eu estou perdida na doce e dolorosa cascata de prazer.
Dean empurra a perna entre as minhas, movendo-se para puxar para cima meu vestido na
altura do joelho e envolve a parte de trs da minha coxa com a mo. Sua lngua assola meu lbio
inferior. Ondas de excitao entre ns, um alvio depois da tenso latente das ltimas horas.
Toda vez que eu o procurei em meio s festividades do feriado, encontrei-o me olhando.
Toda vez que nossos olhos se encontravam, fascas de eletricidade eram lanadas no ar. Toda vez
que eu o via andar no meio da multido, meu corao acelerava.

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Ns circulamos uns com os outros como felinos, enquanto passvamos atravs das
luminosas salas da casa Langdon, uma manso vitoriana histrica adornada com rvores de natal
coloridas, guirlandas verdes frescas, e decoraes antigas.
Ns navegamos por aglomerados de pessoas, todas as mulheres vestidas com vestidos
brilhantes de festa, os homens de terno e gravata caros. Entramos e samos das conversas com
outros convidados, em seguida, nos encontramos outra vez e trocamos olhares de promessa
aquecida.
At que ele me pegou no saguo ao lado da sala de casacos, envolvendo meu brao com sua
mo, enquanto ele me guiava para dentro e fechou a porta atrs de si. Meu pulso saltou quando ele
veio na minha direo, me apoiou contra a parede e me prendeu em seus braos um instante antes
de sua boca se apossar da minha.
Eu no sei quanto tempo ns j ficamos aqui. No me importo. Meu mundo foi reduzido a
este espao. S existe a presso do corpo dele, o volume slido de seu peito, a mistura de nossas
respiraes. Os aromas de pinho, canela e mas estavam ao ar. Uma estreita faixa de luz brilha por
baixo da porta. Risadas e conversas emanam atravs das paredes.
Eu passo minhas mos pelos sulcos de seu torso. Sinto o calor queimando atravs de sua
camisa. Ele move sua boca pelo meu rosto, at o meu pescoo. Meu vestido est levantado at
minha cintura.
Dean aperta minhas coxas, que esto cobertas por meias calas. Ele rosna de frustrao
quando descobre a apertada calcinha de elastano.
Ele levanta a cabea, seu olhar colidindo com o meu antes dele agarrar a frgil meia e rasg-
la. Meu corao palpita.
Tira isso. Ele puxa a calcinha com uma careta de impacincia.
Ainda bem que ela no de modelagem. Eu observei ofegante, empurrando o cs sobre
meus quadris at o meio de minhas coxas.
Que diabos calcinha de modelagem? Ele coloca sua mo debaixo das minhas roupas
ntimas de algodo e geme.
Ah, foda-se. No se importe.
Seus dedos investigam mais fundo em minha fenda. Eu suspiro, segurando a frente de sua
camisa, e a urgncia fluindo em meu sangue. Ele desliza o dedo indicador para dentro de mim,
esfregando a palma da mo no meu clitris.
Vamos l, gracinha. ele sussurra e sua respirao faz um caminho quente at meu ouvido.
Ele desliza os lbios na lateral pulsante do meu pescoo, em seguida, coloca outro dedo
dentro do meu corpo para acariciar minha carne interna.
Eu arqueio na direo dele. Um grito de prazer se aloja na minha garganta, pronto para
fugir, quando, de repente, Dean coloca sua mo sobre a minha boca. Ele me empurra para a direita,
atravs de uma cortina de casacos de l para a parede lateral. A luz inunda o armrio um segundo
depois de eu perceber o clique da maaneta da porta abrindo.

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Apertei meu brao na camiseta de Dean. Ele tirou a mo da minha, nossas respiraes
pesadas felizmente abafadas pelo som de vozes incessantes.
Voc provou aqueles rolinhos de salmo? uma das mulheres perguntou. Eles so novos
no cardpio.
Ah, sim. Muito leves e deliciosos. Acho que devemos contratar os mesmos fornecedores
para o festival de primavera, voc no acha?
Eu conheo aquelas mulheres. Membros do conselho de administrao da Sociedade
Histrica, Florence e Ruth Wickham so duas adorveis senhoras que usavam ternos em tons
pastis e colares de prolas, e sem dvida ficariam chocadas ao me acharem meio vestida no fundo
do armrio de casacos.
Voc lembra onde eu coloquei meu casaco? Florence perguntou irm. Eu contei a voc
que o comprei numa liquidao numa pequena boutique na Rua Dandelion? Cashemira pura.
O ar abafado aqui. Uma gola de pele de um dos casacos pendurados roa no meu pescoo.
Eu o afasto com impacincia. Ainda estou palpitando, frustrada por ter a minha excitao
interrompida.
Ento, Dean pressiona o joelho entre minhas pernas, abrindo minhas coxas. Eu injeto meu
olhar nos seus olhos cheios de luxria. Um sorriso cruel aparece em sua boca, quando ele coloca a
mo no meu sexo novamente.
Eu agarro seu pulso, consciente das velhinhas ainda remexendo em seus casacos de
cashemira... Mas ele se livra da minha mo e esfrega seu polegar contra o meu clitris. Eu sugo
uma respirao, me derretendo por dentro.
Ele abaixa a boca na minha novamente, uma mo firme nas minhas costas, a outra
trabalhando em mim com intenes deliberadas. Eu abro meus lbios debaixo dele e caio na
cascata novamente. Seu toque se torna mais ntimo, deslizando profundamente em minha
abertura, seu polegar girando e esfregando e...
Eu no posso impedi-lo. Eu no quero. J faz muito tempo, e mesmo este furtivo encontro
apressado no meio de uma festa como beber limonada gelada em um dia escaldante. Eu tento
reprimir um gemido e deixo minha cabea cair para trs contra a parede, enquanto sua lngua
desliza pela minha.
Mais um golpe de seus dedos, e exploses de xtase correm ao longo de meus nervos. Ele
abafa meus gritos com a presso de sua boca. Eu agarro seus ombros, minhas pernas
enfraquecendo com a fora das vibraes me inundando da cabea aos ps.
Eu recuo e olho para ele, meu sangue pulsando. Ele ainda est completamente vestido, sua
pesada ereo pressionando contra a parte da frente da cala. Embora os casacos bloqueiem a luz
do armrio, eu posso ver o ardor de seus olhos.
Seu cabelo escuro est uma baguna, uma mecha grossa caindo sobre a testa, suas mas do
rosto elegantemente coradas. Ns ainda estamos respirando com dificuldade, e nenhum de ns se
move.

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"Ah, aqui est! Olhe aquele no o casaco de Shirley? "A voz de Florence fica distante,
conforme ela se move em direo porta. "Ela disse que era pele de lince. Voc pode imaginar?
Cus, mas macio, no ? Sinta."
Ruth murmura sua concordncia e, finalmente, a luz se apaga e a porta se fecha.
"Ns deveramos ir." Sussurro.
"Eu vou primeiro." Dean toca minha bochecha. "Aviso se o caminho estiver livre."
Esperamos mais alguns minutos para nos dar tempo para nos recompor. Endireitamos
nossas roupas, e tateamos ao redor para encontrar minha bolsa e seu palet, ambos cados no cho.
Eu coloquei minhas meias de nylon de volta em torno de meus quadris, escondendo o rasgo por
baixo do meu vestido, e cheguei a tirar o cabelo de Dean de sua testa.
"Espere aqui." Ele planta um beijo em meus lbios e sai do armrio. Um segundo depois, h
uma batida rpida na porta.
Corro para fora, incapaz de evitar um sorriso quando nossos olhares se encontram
fugazmente no vestbulo. Eu sinto que ns somos um casal de adolescentes com teso,
esgueirando-se por debaixo das arquibancadas.
uma boa sensao e no uma que eu j experimentei vrias vezes. O prazer de um
encontro furtivo, apalpadelas furtivas, beijos secretos, tudo to alegre agora, porque eu posso
compartilh-los novamente com o meu marido.
Eu atravesso o hall de entrada at o banheiro e fao uma rpida retocada para endireitar o
meu cabelo muito despenteado.
Penteei meu cabelo comprido de volta em seu rabo de cavalo, respinguei gua no meu rosto,
na esperana de esmaecer o rubor facial, reapliquei o batom, e tentei suavizar as rugas do meu
vestido.
Dean saiu do hall de entrada no momento em que eu surgi, provavelmente para lidar com
sua prpria aparncia amarrotada. Eu fui para a mesa de refrescos que foi colocada na sala e peguei
uma garrafa de gua mineral.
"Ah, a est voc, querida."
Eu olho e encontro-me cara a cara com Florence Wickham, envolvida em seu casaco de
cashemira e calando um par de luvas de couro.
"Eu no queria ir embora sem dizer adeus e desejar-lhe um feliz natal, Olivia." Diz ela. "Ns
apreciamos muito todo o seu trabalho voluntrio com o Museu Histrico e os preparativos para as
festas."
"Eu gostei muito de faz-lo."
Florence me olha com os olhos adornados com sombra bege e rmel. Rogo ao cu que meu
rosto no esteja ainda excessivamente corado. Ou que Dean no tenha deixado um chupo no meu
pescoo.
"No se esquea de tirar um presente debaixo da rvore na sala de visitas." Continua
Florence. "Todos os presentes foram doados por comerciantes locais, e h alguns itens

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encantadores." Ela puxa os pulsos de suas luvas. "Onde est aquele belo cavalheiro que veio com
voc?"
"Eu acho que ele est falando com algum na cozinha."
"Ele o seu marido?" Florence arqueia a sobrancelha delicadamente depilada, seu olhar
investigando a minha mo esquerda.
"Sim." Eu estendo minha mo para mostrar-lhe o camafeu antigo no meu dedo anelar
esquerdo. "Foi o meu anel de noivado."
Eu uso o camafeu ao lado de minha aliana de casamento apenas em ocasies especiais,
mas nenhum outro smbolo no mundo poderia servir como uma declarao mais significativa que
eu perteno a um nico homem.
"Eu amo camafeus." Florena o encara. " lindo."
"Obrigada."
"Se eu puder ser ousada, Olivia..." Ela se inclina para mais perto e abaixa a voz para um
sussurro conspiratrio.
"Seu marido bastante arrojado, mas seu esprito aventureiro ... bem, faz dele
simplesmente irresistvel."
"Eu... eu imploro seu perdo?"
"Minha querida, eu tenho 73 anos de idade." Diz Florence. "E em 52 anos de casamento, eu
gostaria que o meu marido tivesse ao menos uma vez transado comigo em um armrio."
Ela pisca para mim, vira-se e vai embora. Atravs do ardor de constrangimento, no posso
deixar de sorrir.











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A autora de best-seller, Nina Lane tem uma escrita elegante, romntica,, e muitas vezes um
atrevido erotismo. Seu romance The Erotic dark hit # 1 na lista dos mais vendidos da Amazon
Erotica. Sob o nome Natasha Rostova, Nina escreveu romances para Black Lace Books, e ela tem
publicado histrias em antologias, como a Best Womens Erotica and Erotic Travel Tales. Seu
trabalho foi traduzido para o alemo e japons. Ela est atualmente trabalhando em vrios projetos
literrios contemporneos e histricos.
Informe-se sobre as ltimas notcias e livros de Nina em: www.ninalane.com
ou se junte a ela no Facebook em www.facebook.com/NinaLaneAuthor
Escreva para Nina em: [email protected]












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Tambm por Nina Lane
O # 1 best-seller romance sobre intensa jornada de uma mulher em sua submisso.

Submisso a nica sada ... e punio assume muitas formas. Buscando fugir de seu
passado criminal, uma mulher desesperada escraviza-se a um trio sombrio de homens que
possuem uma fazenda antiquada em Louisiana. Conhecida apenas como Lydia, ela se torna
controlada por trs homens muito diferentes: o malicioso Preston, o inflexvel Kruin e o gentil
Gabriel, os quais a apresenta a um mundo onde as fronteiras entre o prazer, a dor e a vergonha so
irremediavelmente confusa.
A fazenda torna-se tanto o refgio de Lydia e sua priso, enquanto ela se entrega ao desejos
de sua trindade. Submisso da Lydia repleto de tenso e fome, mas o que acontece quando o
mundo exterior entra em seu escuro santurio annimo?