PEA2420 Energia Eolica Apostila
PEA2420 Energia Eolica Apostila
PEA2420 Energia Eolica Apostila
\
|
|
|
\
|
=
o
r
o
r
z
z
z
z
z V z V
ln
ln
) ( ) (
6
Tabela 2 Valores de comprimento de rugosidade (Zo)
Descrio do terreno Zo (mm)
Liso, gelo, lama 0.01
Mar calmo 0.20
Mar agitado 0.50
Neve 3.00
Gramado 8.00
Pasto acidentado 10.0
Campo em declive 30.0
Cultivado 50.0
Poucas rvores 100.0
Muitas rvores 250.0
Poucos edifcios, florestas 500.0
Subrbios 1.500.0
Zonas urbanas com edifcios altos 3.000.0
Rugosidade do terreno
Na expresso da lei de potncia, o parmetro n, bem como o valor Z
o
na lei logartmica, esto
associados rugosidade do terreno.
Na figura 2, observa-se a influncia da mudana da rugosidade de um valor z
o1
para z
o2
no perfil
vertical do vento, depois da distncia x. O parmetro z
o
uma escala de comprimento e est
associado altura onde a velocidade mdia se anula, se o perfil de velocidade varia
logaritmicamente com a altura. A altura h da nova camada limite uma funo de x. O valor de z
o
considerado uma grandeza que muda com as mudanas naturais da paisagem.
Figura 2 Influncia da mudana da rugosidade no perfil vertical do vento
Obstculos
Os obstculos tambm influenciam no nvel e distribuio da velocidade dos ventos provocando o
efeito de sombreamento. Vrios fatores influenciam no escoamento, tais como: as formas das
rvores, as distncias entre elas, sua porosidade, etc. Em geral, nas anlises, os obstculos so
considerados como caixas com seo transversal retangular. Deve-se analisar a posio do
obstculo relativa ao ponto de interesse, suas dimenses (altura, largura e comprimento) e sua
porosidade, esta ltima definida como a relao entre a rea livre e a rea total de um obstculo. A
porosidade de rvores, por exemplo, varia com a queda das folhas, isto , com a poca do ano.
7
Orografia
Variaes na altura do terreno, por exemplo, a presena de colinas, vales, depresses, provocam
um aumento na velocidade e considervel mudana de direo. Para descrever o relevo de uma
superfcie normalmente so utilizadas curvas de nvel. A figura 3 ilustra o escoamento de uma
colina ideal, mostrando o desenvolvimento do perfil de velocidades a montante e no topo da
colina.
Figura 3 Escoamento em torno de uma colina ideal
3.2 Medies de vento
Considerando que o vento, um recurso aleatrio, ou seja, impossvel de se prever com exatido
devido ao seu processo de formao, e pelo fato da energia gerada ser proporcional ao cubo da
velocidade do vento, torna-se extremamente importante que a determinao do regime dos ventos
seja feita com a maior exatido possvel, pois erros de medio conduzem ao inadequado
dimensionamento do sistema elico, desempenho e predio da energia anual gerada e
consequentemente riscos financeiros ao empreendedor.
Existe atualmente no mercado uma variedade de instrumentos para medio de velocidade e
direo do vento que vo desde anemmetros manuais at equipamentos automatizados. Na
realizao de medies para levantamento do potencial elico para fins de gerao de energia
eltrica normalmente so utilizados os anemmetros com sistema informatizado de aquisio e
transmisso de dados.
O ideal seria tambm realizar a coleta de dados referentes temperatura, umidade e presso, pois
todos esses parmetros afetam a potncia disponvel. Consideraes prticas justificam omisses
de fatores cujos efeitos so menores que o percentual de erro esperado.
A presso atmosfrica no causa mudanas na densidade do ar em mais de 5% anualmente. A
umidade afeta os valores de potncia em cerca de 2% e em menos de 1% nas regies semi-
ridas. A temperatura dever ser coletada sempre que cause mudanas na densidade maior que
5%. A densidade do ar d em kg/m
3
pode ser calculada pela seguinte expresso:
d=0,456 p / (273+T)
onde p a presso atmosfrica, em milmetros de mercrio, e T a temperatura do ar, em graus
centgrados.
A direo do vento um importante parmetro a ser analisado, pois mudanas de direo
freqentes indicam situaes de rajadas de vento. A medida de direo do vento auxilia na
determinao do local ideal para instalao das turbinas em um parque elico. Os dados relativos
8
direo do vento no entram nos clculos da estimativa do potencial elico, todavia, para maior
preciso, estes so necessrios no projeto dos sistemas de controle de guinada do sistema
conversor. Se um aerogerador tem problemas de controle no sistema de guinada, a energia por ele
gerada poder ser substancialmente reduzida se a direo do vento mudar com freqncia.
No aproveitamento da energia elica para fins de gerao de eletricidade, torna-se importante
distinguir os vrios tipos de variaes temporais da velocidade dos ventos, a saber: variaes
anuais, sazonais, dirias e de curta durao.
Variaes anuais Para se ter um bom conhecimento do regime dos ventos recomendvel que
se realize medies por vrios anos. Com uma maior quantidade de dados, a determinao do
regime dos ventos torna-se mais confivel.
Variaes sazonais - O aquecimento desigual da terra durante as estaes do ano resultam em
regimes diferenciados de vento. Como a energia contida no vento proporcional ao cubo da
velocidade do vento, a utilizao de mdias anuais ao invs de mdias sazonais pode levar a
resultados menos realistas.
Variaes dirias Num projeto de um sistema elico em que se deseja um dimensionamento
timo (baixo custo e mxima confiabilidade), torna-se necessrio utilizar dados em bases dirias e
at mesmo horrias. Percebe-se que durante o ano h uma significativa variao do perfil dirio do
vento de um ms para outro. Tambm dentro de um determinado ms, ao longo de um dia tambm
h significativas alteraes no perfil de vento. Esta informao deve ser devidamente analisada
nos estudos de compatibilizao entre perfil de carga e gerao.
Variaes de curta durao Esto associadas a pequenas flutuaes como tambm s rajadas
de vento. importante o conhecimento destas variaes, pois as mesmas podem afetar a
integridade estrutural do sistema elico.
A figura 4 mostra uma curva com dados de vrios anos e a figura 5 mostra as variaes tpicas de
curta durao para um dia.
Figura 4 Velocidades mdias para perodos de longa durao (anos)
9
Figura 5 Variaes de curta durao
3.3 Estimativa do potencial elico de um determinado local
A medio detalhada de um determinado local, ou seja, cobrindo uma rea extensa, com vrios
instrumentos instalados distncias relativamente prximas, custosa, e para baratear os custos
existem algumas tcnicas que no fornecem informaes to precisas, mas podem dar uma
indicao do potencial elico do local e indicar se vale a pena realizar medies mais precisas.
a) Utilizao de dados de medies realizadas em locais prximos
Esta tcnica envolve a utilizao dos dados de estaes de medio existentes, de um ou mais
locais, normalmente estaes meteorolgicas e estaes situadas nos aeroportos que estejam
prximos dos locais que sero avaliados, derivando os dados para o local de interesse atravs de
interpolaes e extrapolaes, levando em conta as diferenas entre o local que est sendo
avaliado e os locais cujos dados so disponveis.
b) Utilizao de mapas ou Atlas elicos
Os mapas so construdos a partir de medies realizadas ou contratadas por organismos oficiais
ou institutos especializados e fornecem uma estimativa da velocidade mdia anual dos ventos. No
entanto, a maioria dos mapas ou Atlas so construdos usando dados de estaes meteorolgicas
que esto normalmente localizadas em locais no apropriados para gerao de energia.
No Brasil, quase no existem dados de vento com qualidade para uma avaliao do potencial
elico. Os primeiros anemgrafos computadorizados e sensores especiais para energia elica
foram instalados no Cear e em Fernando de Noronha na dcada de 90. O que existia antes eram
dados coletados para outros usos (aeroportos, estaes meteorolgicas, agricultura) que so
pouco representativos da energia contida nos ventos.
J a nvel regional, a Distribuio Estatstica da Energia Elica do Nordeste, editado pela CHESF
em 1989, apresenta uma boa consistncia e utiliza dados mais confiveis que foram tratados com
rigor compatvel.
Diversos trabalhos isolados do levantamento do potencial elico vm sendo conduzidos nestes
ltimos anos podendo-se destacar o Centro de Pesquisas em Energia Eltrica (CEPEL),
EMBRAPA, ANEEL, Secretarias Estaduais de Agricultura, Concessionrias de Energia Eltrica,
entre outros.
Em 1998 o Centro Brasileiro de Energia Elica (CBEE) lanou a primeira verso do Atlas Elico do
Nordeste.
O Atlas Elico Nacional, elaborado pelo CBEE e o CEPEL, foi finalizado em 2002 e pode ser usado
para se ter uma estimativa preliminar do potencial elico das diversas regies.
10
A figura 6 mostra o Atlas do potencial elico nacional.
Figura 6 - Atlas elico do Brasil
c) Modelos Computacionais de simulao do comportamento do vento
Existem uma variedade de programas computacionais desenvolvidos com o objetivo de tentar
estimar os efeitos da topografia na velocidade do vento. Os dados da estao de medio mais
prxima, junto com a descrio dos locais, so utilizados e os efeitos locais so levados em conta
para se chegar aos dados de vento para o local desejado. Usados com cuidado, estes modelos
podem ser teis para se ter uma avaliao inicial para identificar locais com potencial para
instalao de turbinas elicas. Um dos programas computacionais mais populares no mundo o
programa denominado WASP (Wind Atlas Analysis and Application Program) desenvolvido pelo
laboratrio dinamarqus RISO. O programa permite definir o comportamento da velocidade e
direo dos ventos corrigidos dos efeitos locais: variao da altura, rugosidade, obstculos e
relevo. Alm disso, o programa, possui condies de estimar a produo de energia da turbina,
auxiliar na localizao de sistemas elicos e nas anlises de fazendas elicas. Sua principal
desvantagem sua limitao quando usado em terrenos complexos e estratificao no ajustada a
situaes climticas fora da Europa.
Alm do modelo computacional Wasp, existem outros procedimentos, tais como o modelo
mesoescala que utiliza dados de satlites. De uma forma geral, estes procedimentos requerem
muito esforo computacional, mas possibilitam descries extensivas do movimento do fludo em
trs dimenses, especialmente para terrenos montanhosos mais complexos e possuem boa
aplicao em diferentes condies climticas.
d) Medio do vento no local de interesse.
Para um dimensionamento mais confivel, interessante aps um estudo preliminar de
identificao dos stios mais promissores, instalar equipamentos de medio e efetuar a coleta de
dados por um perodo de pelo menos um ano.
Existem normas internacionais aplicadas a instalao dos equipamentos de medio e coleta de
dados. Para se obter dados confiveis, necessrio que sejam aplicadas boas prticas na
seleo, calibrao e instalao dos anemmetros e na escolha do local de medio.
A calibrao dos anemmetros deve ser feita periodicamente. Em algumas faixas de potncia, um
erro de 1% na medio acarreta em uma incerteza de 3% na produo de energia, visto que a
potncia elica proporcional ao cubo da velocidade do vento. De acordo com o Instituto Alemo
11
de Energia Elica (DEWI), absolutamente necessria a calibrao de um anemmetro
individualmente, em um tnel de vento, antes e aps uma campanha de medio.
A seleo adequada do anemmetro tambm importante. Anemmetros de m qualidade
causam incertezas na medio dos ventos. Sob regime de turbulncia, os anemmetros podem se
comportar diferentemente em relao ao tnel de vento.
Outra fonte de erro nas medies est relacionada com a instalao inadequada dos
anemmetros. As extenses dos mastros devem ser montadas de tal modo que a perturbao do
campo de escoamento devido ao mastro seja minimizada. Caso seja necessria a proteo contra
raios, a mesma regra deve ser seguida. A exatido da montagem horizontal dos anemmetros
tambm importante para evitar os efeitos da inclinao.
Como j mencionado, devido s variaes sazonais do vento, recomendvel que as medies
sejam executadas por um perodo de pelo menos um ano.
Para grandes parques elicos em terrenos acidentados, devem ser escolhidas duas ou trs
posies para colocao de mastros meteorolgicos. Pelo menos uma medio deve ser feita na
altura do eixo das turbinas, pois a extrapolao, a partir de uma altura inferior para a altura do eixo,
traz incertezas adicionais. Se um dos mastros meteorolgicos for posicionado prximo rea do
parque elico, este poder ser utilizado como um mastro de referncia da velocidade do vento
durante a operao do sistema, para permitir a determinao do seu desempenho.
Recomenda-se com os dados, fazer uma correlao com dados de longo prazo coletados por
estaes previamente existentes. Aps esta correlao possvel fazer uma previso da
distribuio da velocidade em longo prazo no stio escolhido. A este procedimento d-se o nome
de MCP Medir, correlacionar e prever. A figura 7 ilustra atravs de diagrama de blocos este
mtodo.
MEDIR CORRELACIONAR
Figura 7- Mtodo MCP
MEDIR
Sitio de Referncia:
Disponibilidade de
dados a longo e curto
prazo
Stio previsto:
Perodo de medio idntico
ao perodo do stio de
referncia
Correlao
(regresso) para doze
setores de direo de 30
graus
Previso da distribuio da
velocidade ao longo prazo
no stio previsto
CORRELACIONAR
PREVER
12
3.4 Determinao do regime dos ventos
O ponto de partida para se dimensionar um sistema para aproveitamento da energia elica ter
um bom conhecimento do regime de vento.
Como descrito, os dados de vento podem ser obtidos na forma de srie temporais. Os sistemas de
aquisio de dados medem continuamente as velocidades, porm, como procedimento usual,
fornecem a cada intervalo de tempo ou perodo de amostragem (ex: 10 min, 1 hora) um valor
mdio. Dessa forma, pode-se verificar a variabilidade da velocidade do vento em diferentes
perodos. O regime de vento pode ser caracterizado por fatores geogrficos, indicaes de direo
em que sopram, altura de medio, caractersticas do terreno, parmetros atmosfricos
(temperatura, presso), dados estes utilizados no apenas para estimar a produtividade energtica
de uma determinada turbina, como tambm escolher o melhor local para sua instalao
considerando aspectos de produo (fator de capacidade), custos, impactos ambientais, entre
outros.
Em suma, o conhecimento detalhado do regime de vento de crucial importncia tendo em vista
que erros na predio dos ventos conduzem a um mau dimensionamento do sistema e erros na
estimativa de produo de energia com conseqentes riscos financeiros. Lembrar que pequenas
variaes na velocidade do vento causam grandes variaes na sua potncia devido a relao
cbica entre ambas.
Vamos supor que se obteve uma srie de dados coletados de uma estao anemomtrica por um
determinado perodo de medio. Ou seja, dados de velocidade e direo dos ventos, valores
mdios, fornecidos a cada intervalo de tempo (Ex: a cada 10 minutos) por um determinado perodo
(Ex: um ano). Existem vrias formas de se compactar este enorme volume de dados de tal forma
que se possa representar e avaliar o potencial elico de um determinado local. Isto pode ser feito
utilizando-se de duas tcnicas: 1) Mtodo direto de anlise dos dados e 2) Anlise estatstica dos
dados. Algumas dessas tcnicas podem ser usadas tambm quando no se tem uma srie de
dados e sim pouca informao (Ex: velocidade mdia anual dos ventos apenas) de um
determinado local.
A estimativa do potencial elico consiste na determinao da produtividade de uma turbina elica
instalada em um determinado local a partir do uso da srie de dados medidos ou do uso dos dados
representados em uma forma compacta (Ex: velocidade mdia e desvio padro). A figura 8 mostra
um modelo de curva de potncia de uma turbina elica.
Figura 8 Curva de potncia de uma turbina elica
13
A curva de potncia ilustra trs importantes velocidades de vento:
- V
e
(Velocidade de entrada). Velocidade do vento a partir da qual a turbina comea a
produzir energia
- V
n
(Velocidade nominal). Velocidade do vento em que a turbina atinge sua potncia
nominal
- V
c
(velocidade de corte). Velocidade do vento a partir da qual a turbina desligada para
evitar problemas estruturais
A caracterizao dos dados de vento bem como a determinao da produtividade energtica de
uma turbina elica pode ser feita usando os mtodos descritos a seguir:
3.4.1 Mtodo direto de anlise dos dados
A srie de dados obtida de uma determinada estao anemomtrica pode ser usada para calcular
os seguintes parmetros:
1) A velocidade mdia V
=
N
i
i
V
N
V
1
1
(3.4.1)
onde:
N Nmero de observaes
2) O desvio padro
V
de uma velocidade mdia individual . Pode ser calculada pela
seguinte equao:
=
|
\
|
2
1
2
2
1
1
1
1
1
N
i
i
N
i
i V
V N V
N
V V
N
(3.4.2)
O desvio padro representa a variabilidade de um determinado conjunto de valores da velocidade
do vento. A varincia definida como a mdia dos quadrados dos desvios ( )
2
V
. Caracteriza a
disperso do valores da varivel V
i
. Assim, um pequeno valor de
2
V
indica que os valores da
varivel concentram-se prximo de uma valor mdio.
3) A densidade mdia de potncia,
A
P
\
|
=
N
i
i
V
N A
P
1
3
1
2
1
(3.4.3)
onde:
- densidade do ar (kg/m
3
)
14
Da mesma forma, a densidade de energia por unidade de rea para uma determinado perodo
t N dado por:
( ) ( ) t N
A
P
t N V
A
E
N
i
i
|
|
|
\
|
=
|
\
|
=
=
1
3
2
1
(3.4.4)
Ex: Se a cada 10 minutos, o sistema de aquisio de dados envia um valor mdio de velocidade de
vento (mdia dos dados instantneos de velocidade do vento medidos neste intervalo de tempo),
no perodo de 1 dia por exemplo (24 horas 60 minutos = 1440min), N ser igual a 144 (
1440min/ 10 minutos), portanto, min 10 144 = t N .
4) A potncia mdia da turbina ,
e
P , calculada por:
( )
=
N
i
i e e
V P
N
P
1
1
(3.4.5)
onde:
P
e
(V
i
) a potncia disponibilizada pela turbina definida pela curva de potncia dada pelo
fabricante.
5) A energia produzida pela turbina, E
e
, dada por:
E
e
= ( )( )
N
i
i e
t V P
1
(3.4.6)
3.4.2 Classes de velocidades
Uma outra forma de compactar os dados e com estes determinar a produtividade energtica de
uma turbina dividir os dados em classes de velocidades as quais se associa um intervalo de
tempo ou freqncia de ocorrncia a qual chamamos de freqncia absoluta. Observe o grfico
mostrado na figura 9. Neste grfico, so representadas no eixo horizontal, classes de velocidades
ou intervalos de velocidades. conveniente que estas classes ou intervalos de dados tenham a
mesma largura ( ) V . No caso do grfico os intervalos so de 1m/s. Registrou-se ventos variando
de 0 a 20m/s e assim sendo dividiu se os dados em 20 intervalos iguais de 1m/s (I = 20). A cada
intervalo existe um nmero de ocorrncias ou freqncia de ocorrncia (freqncia absoluta) f
j
. A
freqncia relativa f
r
associada a cada intervalo j,
obtida dividindo-se a freqncia de ocorrncia
absoluta f
j
pelo nmero total de observaes N.
Figura 9 Histograma de velocidades do vento
15
O nmero de ocorrncias ou nmero total de observaes dado por:
=
=
I
i
j
f N
1
(3.4.7)
Os valores obtidos pelo mtodo direto apontado no item 3.4.1, equao 3.4.1, 3.4.2, 3.4.3, 3.4.4 ,
3.4.5 , 3.4.6 , podem ser determinados pelas seguintes equaes:
=
I
j
j j
f m
N
V
1
1
(3.4.8)
onde:
m
j
= valor mdio de cada intervalo = ( ) [ ] V V j V + +
2
1
1
min
|
|
\
|
\
|
=
= =
I
j
I
j
j j j j
I
j
j j V
f m
N
N f m
N
V N f m
N
1
2
1
2
1
2
2
1
1
1
1
1
(3.4.9)
( )
=
=
I
j
j j
f m
N A
P
1
3
1
2 / 1 (3.4.10)
=
I
j
j j e
e f m P
N
P
1
) (
1
(3.4.11)
=
=
I
j
j j e e
t f m P E
1
) ( (3.4.12)
Caso no exista disponibilidade de uma curva de freqncia (disponibilidade de dados de pelo
menos 1 ano) as velocidades podem ser projetadas, partindo-se da velocidade mdia, usandose
a distribuio de Rayleigh ou Weibull que so modelos probabilsticos utilizados para modelar,
aproximadamente, as curvas de freqncia de velocidade.
A funo densidade de probabilidade de Rayleigh a mais simplificada e fica definida apenas com
o conhecimento da velocidade mdia. definida pela seguinte expresso.
( ) g V
V
V
V
V
=
|
\
|
|
(
(
2 4
2
2
exp (3.4.13)
A limitao imposta pelo uso da distribuio de Rayleigh que esta no permite representar muitas
situaes prticas de interesse, especialmente quando as velocidades so muito altas.
A equao que melhor se ajusta ao histograma de velocidades a funo densidade de
probabilidade de Weibull, definida por:
p(v) =
(
(
\
|
|
\
|
k k
c
v
c
v
c
k
exp
1
(3.4.14) onde:
16
p(v) probabilidade de ocorrncia de velocidade de vento
v velocidade do vento
c fator de escala
k fator de forma
Conhecendo os valores de c e de k, possvel determinar a distribuio das freqncias de
velocidades de vento para um local especfico.
A figura 10 mostra as curvas representando dados medidos e estimados usando as funes de
Weibull e Rayleigh.
Figura 10 Distribuio de Freqncias da velocidade do vento
3.5 Potncia contida no vento
A potncia definida como a razo pela qual a energia usada ou convertida por unidade de
tempo, por exemplo, joules/seg. A unidade da potncia o watt (W) e um watt igual a 1 joule/seg
de acordo com a unidade do Sistema Internacional (SI).
A energia contida no vento a energia cintica, ocasionada pela movimentao de massas de ar.
A energia cintica do vento (E) dada pela frmula:
E = mv
2
joules (3.4.15)
Onde m = massa de uma partcula de ar em kilogramas e v = a sua velocidade em m/seg.
Podemos calcular a energia cintica do vento se, primeiro, imaginarmos o ar passando atravs de
um anel circular (circundando uma rea A, digamos de 100m
2
) a uma velocidade v (digamos
10m/s) (figura 11). medida que o ar vai se movendo a uma velocidade de 10m/s, um cilindro de
ar com um comprimento de 10 metros vai se formando a cada segundos. Portanto, um volume de
ar de 100 10 = 1000 metros cbicos passar pelo anel a cada segundo. Multiplicando este
volume pela densidade do ar (1.2256 kg/m
3
ao nvel do mar), obtemos a massa de ar movendo
atravs do anel a cada segundo. Em outras palavras:
A massa de ar que se move atravs de uma determinada rea na unidade de tempo (seg) dada
por: densidade do ar volume de ar passando a cada segundo, que igual a: densidade do
ar reacomprimento do ar passando a cada segundo, ou seja:
17
Av m = (3.4.16)
onde densidade do ar; v a sua velocidade em m/s e A a rea (em m
2
). O produto Av,
representa a taxa de fluxo volumtrico de ar passando pelas ps.
Figura 11 Volume de ar passando atravs de um anel circular , a um velocidade de
10m/s
Substituindo a equao da massa m na frmula da energia cintica, a energia cintica por segundo
ou em outras palavras potncia do vento ser igual :
P = . . A . v
3
( joules por segundo = watts) (3.4.17)
Para turbinas de eixo horizontal como a indicada na figura 12, a rea varrida pelas ps do rotor
dada pela seguinte expresso:
2
4
D A
=
3048
297 , 0
.
m
H
o
e (3.4.21)
onde:
H
m
altitude do local
Recordemos que para um mesmo local, a velocidade do vento varia com a altura acima do nvel do
terreno pelo menos at os nveis de interesse prtico (cerca de 150 m). A mudana na velocidade
do vento com a altura pode ser estimada atravs da frmula:
V= V
o
(H/H
o
)
n
(3.4.22)
Onde:
V velocidade do vento na altura desejada (altura da turbina)
V
o
velocidade do vento disponvel na altura conhecida (altura de medio)
H altura desejada
H
o
altura conhecida
n fator de rugosidade do terreno
A topografia do terreno e obstculos, tais como rvores e construes afetam a velocidade do
vento, como demonstrado na equao atravs do fator n (tabela 1).
Os aspectos mais relevantes so que a potncia do vento depende da rea de captao e
proporcional ao cubo de sua velocidade. Pequenas variaes da velocidade do vento podem
ocasionar grandes alteraes na potncia.
A figura 13 mostra a curva da potncia do vento em funo da velocidade do vento. Para uma
velocidade do vento de 8m/s, por exemplo, a potncia por m
2
contida no vento de 314W/m
2
. Com
o dobro da velocidade (16m/s), a potncia cresce para 2509W/m
2
, ou seja, oito vezes maior. Assim
19
verificamos a sensibilidade da produo de energia em funo da variabilidade da velocidade do
vento.
Figura 13 Curva de potncia do vento em funo de sua velocidade
4- Processo de converso da energia elica em energia eltrica
4.1 Potncia extrada do vento
Apenas uma parte da potncia contida no vento possvel de ser extrada por uma turbina elica e
essa parte quantificada pelo coeficiente de potncia Cp, isto , a relao entre a potncia
possvel de se extrair do vento e a quantidade total de potncia nele contida. Esta perda de
potncia (mostrada por Albert Betz em 1928) devido as caractersticas aerodinmicas da turbina.
Segundo Betz, a mxima frao de potncia que pode teoricamente ser extrada da potncia do
vento de 16/27 ou 59,3%. A figura 14 mostra o perfil do vento aproximando e atravessando as
ps de uma turbina de eixo horizontal.
Figura 14 Perfil do vento ao longo de sua trajetria pelas ps de uma turbina
V1 = velocidade do vento no perturbado
V0= velocidade do vento ao se chocar com as ps
V2 = velocidade do vento aps passar pelas ps
V1>V0>V2
Pela lei da continuidade de fluxo: ,
20
ou seja, o fluxo de massa que chega at as ps, delas tm que sair. Se a velocidade do ar menor
na sada, este ar ocupar uma rea maior.
A potncia extrada dos ventos nas ps do rotor a diferena entre a potncia do vento que chega
pela parte frontal da turbina e a potncia contida no vento que deixa a turbina, vento este que sai
com velocidade reduzida. A potncia extrada do vento pode ser calculada pela seguinte
expresso:
{ }
2
2
2
1
.
2
1
V V m P
m
=
onde:
Pm = potncia mecnica extrada pelo rotor
V
1
= velocidade do vento na entrada da turbina
V
2
= velocidade do vento na sada da turbina
m = massa de ar por seg
A massa de ar que passa atravs da turbina por segundo obtida multiplicando a densidade do ar
pela volume de ar a cada segundo. Ou seja:
Massa de ar / seg = . Volume de ar / seg
Como Volume/ seg = rea . Distncia (L) / seg, e
Sendo L/seg = velocidade
Massa de ar / seg = . A . L/seg = . A .
2
2 1
V V +
Substituindo na equao acima, a potncia extrada do vento nas ps do rotor expressa por:
( )
( )
2
2
2
1
2 1
.
2
.
2
1
V V
V V
A P
m
)
`
+
=
Rearranjando algebricamente a equao acima:
2
1 1
. .
2
1
2
1
2
1
2
3
1
(
(
|
|
\
|
|
|
\
|
+
=
V
V
V
V
V A P
m
A potncia extrada da turbina comumente expressa pela seguinte expresso:
p m
C V A P . . . .
2
1
3
1
= sendo
2
1 1
2
1
2
1
2
(
(
|
|
\
|
|
|
\
|
+
=
V
V
V
V
C
p
.
2 2 2 1 1 1
m V A V A = =
21
C
p
com mencionado acima denominado como coeficiente de potncia ou eficincia do rotor ou
seja, traduz a quantidade de potncia aproveitada no eixo do rotor. O restante desperdiado no
vento que deixa as ps do rotor.
O mximo valor terico de Cp, denominado eficincia de Betz, de 59,3%.
A figura 15 mostra uma curva do coeficiente de potncia (eficincia mxima terica) em funo da
velocidade do vento.
Figura 15 Curva de Cp (mximo eficincia terica) em funo da velocidade do vento
Onde :
P = Pm = potncia extrada do vento e, A V
3
1
2
V = 5,1 m/s: c= 5.55 m/s; k=3.64- parmetros da distribuio de Weibull). Com os dados de
ambos pode-se calcular a energia gerada por uma turbina elica nesta localidade.
Figura 40 Curva de potncia e velocidade mdia do ano tpico
. O clculo de Ed e Eg pode ser efetuado usando as seguintes expresses:
Ed = H A V |
\
|
3
2
1
e Eg = PgH, onde H = n
o
de horas
Ou
Eg(ano) = ano horas Pi fri / 8760 ) (
Onde:
Fri freqncia relativa = n
o
de vezes no ano em que a velocidade Vi foi observada. Tambm
definida como: razo entre o nmero de observaes da velocidade Vi e o nmero total de
44
observaes. Em se conhecendo a funo densidade de distribuio do vento, fri passa a ser p(vi)
. di que pode ser a funo de Weibull por exemplo.
O estudo de viabilidade tcnica pode ser efetuado utilizando o Atlas Elico do Brasil. Porm, como
j abordado, este estudo ser de carter indicativo, tendo em vista que o Atlas foi construdo
utilizando dados medidos de estaes pertencentes a diferentes instituies, com diferentes
objetivos (agrcolas, aeronuticos, meteorolgicos, entre outros) mostrando dessa forma uma
grande diversificao na finalidade a que os dados so aplicados.
O uso de dados indicativos possibilita apenas uma anlise abrangente do potencial elico
disponvel e, conseqentemente, da gerao eltrica disponvel. A viabilidade de projetos voltados
para implementao efetiva de parques elicos para gerao de energia eltrica depende de
dados mais apurados, quanto ao comportamento do vento, as caractersticas do solo, a orografia e
os obstculos do local onde se deseja implementar o projeto.
Em suma, com j exposto, a metodologia para o clculo da energia gerada por uma turbina a
representada na figura 41. Os dados de velocidade do vento, se retirados do Atlas Elico, por
exemplo, que so dados medidos a uma altura de 10 metros, ou dados de estaes do local que
normalmente esto instaladas em alturas inferiores a altura do cubo do aerogerador, devem ser
extrapolados para a altura desejada, de preferncia utilizando a lei logartmica, que necessita do
valor da rugosidade do terreno do local.
Figura 41 Diagrama da metodologia para clculo da energia produzida [7]
O fator de capacidade (FC) de uma turbina em uma determinada estao (ou local) dado pela
razo entre a energia produzida durante um perodo e a energia nominal produzida integralmente
no mesmo perodo (dada pelo produto da potncia nominal e o total de horas em um ano, 8760
horas). Dessa maneira, o FC pode ser expresso por:
FC=
8760 Pnom
Egano
Onde:
Egano = Energia produzida durante um ano
Pnom = Potncia nominal da turbina
O FC, representa um importante critrio de deciso de escolha da viabilidade tcnica e econmica
da usina. um indicador da produo energtica e conseqentemente do potencial de instalao
45
de turbinas elicas em um local. Diferentes locais (estaes) usando o mesmo modelo de turbina
apresentam diferentes fatores de capacidade, funo da velocidade mdia dos ventos.
Numa central elica formada por uma certa quantidade de turbinas, a produo total de energia
no igual a soma da energia gerada por cada turbina. Isto porque existem perdas, onde podemos
relacionar: a) perdas devido a influncia de uma turbina no vento captado pela turbina adjacente;
perdas nos diversos componentes necessrios para acoplar as turbinas na rede eltrica, perdas na
rede de interligao das turbinas bem como interligao da Central subestao da
Concessionria. As perdas em mdia ficam entre 2% 3%. Alm disso, h uma diminuio da
produo anual da central atrelado ao seu Fator de disponibilidade (FD). Fatores de
disponibilidades para turbinas elicas esto em torno de 98%. Isto decorre das horas em que
turbinas ficam indisponveis no ano devido ocorrncia de falhas.
Assim sendo, a energia anual gerada por uma central igual:
FD Fp NT FC P anual Eg
n
= ) 1 ( 8760 ) (
onde:
NT = nmero de turbinas
Fp = fator de perdas da central
FD = fator de disponibilidade da central
Pn = potncia nominal da turbina
6.2 Anlise da viabilidade econmica
Os principais fatores a considerar na determinao do custo da energia gerada por uma turbina
elica so o custo inicial de implantao, a produo de energia e o custo anual de operao e
manuteno. Porm, ao se determinar a viabilidade econmica de um projeto, deve-se, ainda
considerar como fatores fundamentais o custo por unidade padro da energia produzida por
tecnologias concorrentes e o preo pela qual a energia produzida ser vendida. A relao a
seguir, indica os fatores mais importantes a serem considerados na instalao de uma turbina
elica.
6.2.1 Custo total de instalao
Fazem parte do custo de instalao os seguintes custos:
- Preo de compra dos equipamentos (turbina, torre, transformadores, cabos etc).
- Taxa de importao e outros impostos
- Seguros e fretes
- Custo do terreno
- Instalao (fundao, benfeitorias, estradas de acesso, conexo a rede eltrica, transporte,
mo de obra)
- Custos dos estudos de viabilidade tcnica
- Custos de projeto de engenharia
- Custo de negociaes e desenvolvimento
- Pagamento de taxas fiscais, relatrios de impacto ambientais
- Custos diversos
O custo de instalao apresenta uma certa faixa de variao em funo de alguns aspectos como:
O custo das fundaes e estradas de acesso obviamente depende das condies do solo
(topografia, vegetao etc). Outro variante a distncia entre a estrada pavimentada (rodovia) e o
local de instalao da turbina bem como a distncia da rede de transmisso onde ser conectada a
46
turbina (no caso de sistema conectado rede). O custo do transporte tambm varivel em funo
da distncia. Estes custos podem ser caracterizados como custos adicionais ao custo do
equipamento (turbina, torre, taxas, seguros, fretes e impostos)
Outro aspecto a ser considerado refere-se a economia de escala. A instalao de vrias turbinas
num mesmo local mais barata do que apenas uma turbina. Obviamente neste caso h que se
considerar as limitaes da rede eltrica. A eventual necessidade de se fazer um reforo na rede
para conectar um nmero maior de turbinas, pode encarecer o projeto.
O custo da turbina elica representa o custo mais importante e significativo de um projeto elico.
Para projetos de grande porte, a participao da turbina nos custos totais do investimento muito
alta, diluindo, assim, os demais custos em relao ao total do investimento. Neste custo so
acrescidos muitas vezes os custos do transporte at o local de instalao, fretes, seguros e taxas
de importao (caso o equipamento seja importado) e demais impostos (IPI, II, ICMS). Os custos
variam muito de acordo com a potncia de cada modelo alm da altura das torres utilizadas.
Detalhes como manuteno, garantias, curva de potncia, sistema de controle, assistncia tcnica,
entre outros, so fatores que devem ser analisados cuidadosamente, ponderando os custos de
cada modelo e os benefcios apresentados pelo fabricante.
A distribuio dos custos de um projeto em energia elica pode variar largamente segundo as
caractersticas de cada empreendimento, tornando, cada projeto, um estudo de caso em particular.
No Brasil, por ter ainda poucos projetos de gerao elica implementados,, a distribuio de custos
pouco conhecida para que se possa estabelecer valores mdios de cada etapa envolvida. A
tabela 5 apresenta uma distribuio de custos de cada etapa de projetos de mdio/grande e
pequeno porte. So valores de 1998, portanto, podem apresentar algumas variaes em relao
as atuais condies de custos de projeto.
Tabela 5- Custos de instalao de projetos em energia elica
Fonte: [7]
Os estudos de viabilidade, em sua fase inicial, incluem tpicos como a investigao de locais
favorveis, avaliao do recurso elico, avaliao ambiental, projetos preliminares e estimativas de
custos, entre outros. A investigao prvia de locais propcios implantao de projetos elicos
implica custos relativos a viagens e inspeo dessas reas. Normalmente, com dados de medio
e cartas topogrficas dos locais em questo, feita uma anlise prvia das condies gerais do
local. Este estudo por si s no basta. So necessrias tambm, visitas ao local para o
levantamento das caractersticas da rugosidade do solo e tambm da topografia. Algumas vezes,
mesmo que o local apresente bom potencial, as caractersticas do relevo e ocupao da rea,
podem tornar o projeto invivel.
Categoria de custos iniciais
do projeto
Fazenda elica de
mdio/grande porte (%)
Fazenda elica de pequeno
porte (%)
Estudo de viabilidade Menos de 2 1 7
Negociaes de
desenvolvimento
1 8 4 10
Projeto de engenharia 1 8 1- 5
Custos de equipamentos 67 80 47 71
Instalaes de infra-estrutura 17 26 13 22
Diversos 1 - 4 2 - 15
47
Por ser uma alternativa de grandes vantagens ecolgicas, o estudo de impactos ambientais
tambm tem uma importante participao nos estudos prvios de viabilidade. Neste caso, uma
anlise de impacto ambiental est mais relacionada ao levantamento das caractersticas do local
de forma a minimizar os efeitos ao meio ambiente.
Tambm necessrio se fazer um estudo de otimizao da rea, os seja escolha da melhor
distribuio das turbinas no terreno. Este estudo requer anlises da interferncia de cada turbina
na outra. Nesta anlise so utilizadas ferramentas computacionais especficas, pois os clculos
so complexos e so exigidas vrias iteraes para se alcanar o melhor resultado.
Com relao s parcerias e negociaes, existem algumas possibilidades de participao de
empreendedores nos projetos de energia elica. Uma situao comum est na iniciativa privada de
investir nesses projetos e vender a energia eltrica concessionria local de energia. o caso do
Produtor Independente de Energia definido pela Lei n
o
9074 e regulamentado pelo decreto de
n
o
.2003 . A concessionria de energia tambm pode investir na sua prpria fazenda elica. Dentre
as possibilidades de investimentos, existe a formao de consrcios de investidores que, ao
comprarem turbinas (financiando assim todo um projeto) obtm seus dividendos tambm na venda
de energia para as concessionrias.
Os custos em projetos de energia elica incluem custos em negociaes na elaborao de acordos
de compra de energia Power Purchase Agreement PPA entre os empreendedores e a
companhia eltrica local, nos termos de permisso e aprovao de projetos, de acordo, nos
acordos para o direito de uso do terreno, nos projetos de financiamento, entre outros aspectos
legais. Outros custos envolvendo negociaes podem ser agrupados em detalhes legislativos,
contbeis e financeiros que devem ser contabilizados como hora de trabalho de profissionais
especializados em cada segmento.
A criao do PROINFA - Programa de Incentivos as Fontes Alternativas, atravs da Lei 10438
de 2002 e sua regulamentao atravs do decreto 2050 de maro/2004, vem garantir a compra,
pela ELETROBRS, por um perodo de 20 anos, da energia gerada por geradores elicos que
devero ter suas usinas em operao at 2008, a preos variando entre 180,18 R$/MWh e 203,5
R$/MWh. O investidor deve ficar atento a todos os aspectos de custo e produo energtica da
planta com o objetivo de maximizar suas receitas.
Os custos envolvidos na fase de projetos de engenharia englobam despesas com o levantamento
da infra-estrutura necessria instalao e montagem dos aerogeradores e outros equipamentos,
com a implementao do sistema de transmisso de energia eltrica, com o levantamento das
caractersticas do local para o dimensionamento de obra civil, superviso de contratos e propostas,
entre outros.
O planejamento e o levantamento das necessidades de infra-estrutura tornam se mais complexos
uma vez que as condies de acesso ao local no apresentam infra-estrutura bsica como
estradas ou vias que facilitem o acesso. O transporte de turbinas elicas requer veculos especiais
devido ao peso de alguns componentes e tambm de suas dimenses e formas especiais. No
local, necessrio disponibilizar guindastes especiais de grande alcance para instalao de torres
que podem chegar a 90 metros.
A parte eltrica tambm necessita de um planejamento prvio, principalmente na otimizao do
trajeto das linhas de transmisso at a subestao mais prxima. Esta proximidade pode variar de
dezenas at centenas de quilmetros, o que muito vezes pode acarretar num custo elevado.
Os custos envolvidos na fase de instalao e infra-estrutura englobam as despesas previamente
levantadas na fase de projetos de engenharia. O principal esforo est no transporte e na
montagem das turbinas elicas. Antes mesmo do transporte e instalao dos aerogeradores, as
obras de infraestrutura devem estar concludas. Todos os servios envolvidos na parte de
48
transporte, instalao e obra civil, geralmente, so de servios contratados e empresas
especializadas.
As demais despesas envolvidas em um projeto complexo de implementao de fazendas elicas
podem ser computadas como despesas diversas, despesas de treinamentos, viagens e
acomodaes, entre outros.
Os custos de operao e manuteno devero fazer parte do oramento anual das despesas
desembolsadas alm das taxas contbeis e legais envolvidas no comrcio de energia. Os custos
anuais de operao e manuteno devem englobar custos no reparo e na troca de peas, custos
de manuteno preventiva, entre outros, e tambm, devem ser computadas as horas indisponveis
da usina funo de paradas para manobras. A indisponibilidade da usina representa um valor de
receita evitada que deve ser previsto no planejamento contbil do projeto. Os custos de operao e
manuteno tambm envolvem treinamento de pessoal qualificado para operao das mquinas
sob as mais diversas condies. Tambm taxas de seguro de mquinas e tambm de gerao de
energia fazem parte dos custos anuais de projetos de grande porte. No que tange a seguros sobre
gerao de energia torna-se fundamental um bom conhecimento do regime de ventos para que
minimizem os riscos associados h longos perodos de calmarias no previstos.
Um outro custo anual importante est no arrendamento do terreno em que o parque ser instalado.
Os custos previstos com manuteno segundo o catlogo da Windenergie 2000 variam entre 0,8 a
1,3 % sobre o custo da turbina. O desembolso anual para manuteno pode variar
significativamente de acordo com as condies locais de vento e tambm com os nveis de
concentrao de componentes corrosivos na atmosfera local.
Os custos totais de operao e manuteno de fazendas elicas no so uma funo linear do
tamanho do parque. de se esperar que para grandes empreendimentos, os custos anuais de
operao e manuteno tenham uma participao menor em relao ao preo da turbina.
A figura 42 mostra o detalhamento de cada etapa dos custos de um projeto elico.
Figura 42 Distribuio dos custos de um projeto elico [7]
49
A figura 43 ilustra um grfico que mostra uma relao entre potncia instalada e custo das
modernas turbinas dinamarquesas conectadas rede eltrica. Como se pode observar o custo de
da turbina varia com o tamanho das mesmas. Isto acontece devido as diferentes alturas de torre e
dimetros das ps (tamanho do rotor). Para se ter uma idia dos valores atribudos ao custo de um
metro extra de torre tubular equivale a 1500 US$ aproximadamente. Uma mquina especial para
vento baixo com um dimetro de rotor relativamente grande ser mais cara que uma mquina para
vento alto com um dimetro de rotor pequeno. O preo mdio das modernas instalaes de grande
porte gira em torno de 1000 US$ / kW de potncia instalada.
Figura 43- Custo de turbinas em funo da potncia instalada (banana price) : Fonte [4]
As turbinas modernas so projetadas para funcionar por 120 000 horas de operao o que resulta
em uma vida til de 20 anos. As experincias internacionais tm mostrado que o custo de
manuteno geralmente muito baixo para turbinas novas e aumenta um pouco com o tempo de
funcionamento das mesmas. Para mquinas novas, estima-se um custo entre 0,8% a 1,3% por ano
do investimento, enquanto as turbinas com mais idade apresentam um custo em torno de 3% ao
ano do investimento.
Existe economia de escala tanto com relao ao tamanho da turbina (Ex 1: nmero de
profissionais envolvidos no aumenta com o tamanho da turbina; Ex: 2, os equipamentos de
segurana e demais equipamentos eletrnicos de controle so os mesmos independentes do
tamanho da turbina ), quanto ao tamanho da planta ( mais barato instalar vrios turbinas em um
local do que apenas uma turbina, a menos que a rede eltrica seja fraca e seja preciso
investimentos elevados na sua expanso) e, esta economia de escala se faz presente tambm na
etapa de operao. Essa economia refere-se as visitas de manuteno, vigilncia, administrao,
etc.
A repotenciao muitas vezes praticada pelos proprietrios da planta quando a mesma est
chegando ao final de sua vida til. Alguns componentes da turbina esto mais sujeitos a ruptura e
desgaste (ps, transmisso, gerador). A vida til de uma turbina depende da qualidade da turbina e
das condies climticas do local, isto do nvel de turbulncia dos ventos locais. Plantas offshore
esto sujeitas menor fadiga de seus componentes devido baixa turbulncia dos ventos no mar.
O grfico abaixo (figura 44) mostra a variao da produo anual de energia de uma turbina de
600 kW em funo da velocidade mdia do vento (k= fator de forma para diferentes curvas de
distribuio de velocidade). Este grfico assume que a turbina opera 100% do tempo. No entanto,
na prtica, as turbinas necessitam de inspeo (a cada seis meses) e seus componentes esto
sujeitos falhas. Assim sendo, a sua disponibilidade menor que 100%. As turbinas modernas
apresentam disponibilidades em torno de 98%, tendo em vista que as mesmas esto sempre
desligadas nos perodos de ventos fortes.
50
Figura 44 - Produo de energia de uma turbina tpica de 600 kW
DEWI [4]
Assim sendo, o custo anual de gerao de energia (US$ / MWh) depende significativamente do
regime de vento do local. Portanto no h um nico preo pela energia gerada por um sistema
elico, mas sim uma faixa de preos, dependendo do regime de ventos do local, e
conseqentemente da produtividade energtica da planta ou seu fator de capacidade. O grfico a
seguir (figura 45) mostra como exemplo, a variao do custo da energia eltrica produzida (US$ /
kWh) por uma turbina de 600 kW em funo da produo anual.
Figura 45 - Custo estimado da eletricidade para uma usina de 600kW
O custo de gerao, alm do regime de vento do local (pode ser expresso pelo Fator de
Capacidade mdio anual) depende do custo de capital, O&M e da taxa de desconto a ser
considerada. Locais que apresentam um regime moderado de vento possuem fatores de
capacidade tpicos em torno de 25%. Em reas mais promissoras, os fatores de capacidade esto
na faixa de 35 a 45% ou mais.
O fator de capacidade, assim como o custo por kWh gerado varia diferentemente para diferentes
modelos de turbinas em um mesmo local, pois funo tambm da sua curva de potncia.
Exemplo de um procedimento simplificado para o clculo do custo da energia gerada por
um sistema elico:
O custo da energia gerada (CG) por uma planta elica pode ser estimado utilizando a seguinte
equao:
51
EG
M CO FRC C
CG
& +
=
Onde:
C custo de capital de uma planta elica
FRC fator de recuperao de capital
EG produo anual de energia
CO&M Custo anual de O&M
O fator de recuperao de capital, FRC, definido como:
( ) [ ]
( ) 1 1 1
1
+
+
=
n
n
i i
FRC
onde :
i taxa anual de retorno
n perodo de recuperao do investimento
O custo anual de O&M, pode ser calculado como uma frao (k) do custo de capital
CO&M = K.C
Bibliografia:
[1] FARRET,F.A Aproveitamento de pequenas fontes de energia eltrica. Editora ufsm. Rio Grande
do Sul, 1999, 245p.
[2] Godfrey B. Renewable Energy . Power for Sustainable Future. Open University. 1996. Pg 267 -
314
[3] COHEN,J.M et all. National Wind Coordinating Committee. Distributed Wind Power
Assessment. Washington, 57p.
[4] Energia elica na Dinamarca. http://www.windpower.dk/tour/
[5] Patel, Mukund R. Wind and Solar Power Systems. CRC Press, New york, 1999, 351p.
[6] Silva, P.C. Sistema para tratamento, armazenamento e disseminao de dados de vento. Tese
de mestrado, Rio de Janeiro, UFRJ, 113p.
[7] DUTRA,M. R. Viabilidade tcnico-econmica da energia elica face ao novo marco regulatrio
do setor eltrico brasileiro. Dissertao de mestrado, UFRJ, Rio de janeiro, 2001.
[8] Fadigas, E.AF.A . Dimensionamento de fontes fotovoltaicas e elicas com base no ndice de
perda de suprimento e sua aplicao em localidades isoladas. Dissertao de mestrado,
Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1993.