Estrabao Livro3geografia
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COLECO
AMPHITHEATRVM
Srie suplementar de STVDIVM GENERALE
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LIVRO H DA GEOGRAFIA
PRIMEIRA CONTRIBUIO PARA UMA NOVA EDIO CRiTICA
por
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deixa prever suas atribuies e eseopos, quer dizer, alinha no rol das Cincias Humanas, de que outras e tantas expresses tem mani [estado, nos dezoito anos de vida que j conta. De seus colaboradores mais di~rcctos e devotados sem quais qucr jnte~esscs materiais de seu constante prstimo --figura o ilustre nome de Francisco Veloso, humanista de estirpe rara, jurista pro ficientssimo e letrado preclaro, criador e restaurador de obras cul tiwais inesquecveis, como, na parceria com outros seus pares, a Associao Jurdica, o Clonvivium e a Associao Luso-Britnica, tambm na cpitai minhota; e ali, ainda, da j notvel revista Scientia ivridica. Jsstudwso, ;nteg;o, infat~gavel, o li; l1,ancisco Vcloso, Juiz de Dueito e Conegedo~ F~es~dente em Lisboa, picstou, com o aunlto p cstsmos?sszmo na edio deste zolume, um inoludatel se; vio ao Cent; o de Lstuclos Humanlbtwos, que ja Izom a; a com out; as p~ ovas cultu, ais e, cj; aas a Deus, continua a honi a; [Podaria e por outros meios e lugares, o seu profwndo, como res peitvel saber, se alargam e exprimem, de modo sempre distintssimo. Por isso as suas especulaes acerca da vida bracarense e da de Portugal, em sua feio histrica, so guias e fachos dos estudiosos dos Suevos, de 8. Martinho de Dume, das marcas isld micas na Ibria, das razes da Nacionalidade, do monaquismo peninsular e pr-portugus (v. g. 8. Fruetuoso), dos Oestrn;.nios, da gencse toponimtea dc Portucale e tantos outw& pontos delicados, mas fundamentais, ela nossa grande Histria. E, de par, seus conceituados estudos jurdicos ouvinws j chamar-lhes lies de direito sbre Direito agrrio, Histria ela Ju;:isprudi~cia ou, Direito islmico. Helenista e latinista, no lhe esh anho o idioma a; abc, e; que ia inest;e, cultu;a esta a favo; ccc; lhe e a da; bom anpo c estutu,a a todos os seus estudo~, em que tais conhecimentos so indispen sveis. Medievalista que honra a escola dos historiadores nacionais, confrade na lida de cabouqueiros de Aqum-Douro, um Rev. Mrio Martins c um Srgio Pinto, quer nas especulaes de valiosos trabalhos, quer na preparao e execuo de Colquio e ondressos que deixaram fama na Histria Cultural portugucsa destes qLltimos 25 anos, o insigne Corregedor Dr. Francisco Jos Vclso merece
aqui esta expresstio piWliea de admirao pelo seu talento, como a de gratido pelo trabalho oferecido ao Centro, do qual nada quis e que este apenas lhe paga com aquelas palavras que s poderiam dizer-se baixinho e suavemente, por serem do corao: bom-haja! Mas no satisfaria isso e, portanto, aqui vai esse bem-haja ampliado, alto e bom som, nestas palavras do responsvel da vida cultural deste Centro, que o Instituto do Alta Cultura e a Cmara Municipal do Porto fundaram e mantm h dezoito anos. Isto no lisonja, nem acto pragmtico, pura Justia, tanto mais alta quanto feita a um jurista que a honra e ao Humanismo nacional, no jeito de outros emritos jurisconsultos, como Antnio de Sonsa ele Macedo, Antnio Ribeiro dos Santos, de bero tripeiro ou do foro portuense, Marcelino de Matos ou Pinto de Mesquita, para evocar apenas portuenses mortos; e vinco portuense porque o ele nascimento o dignssimo magistrado e historiador. Se o Centro de Estudos Humansticos que lavra nestas laudas tais palavras, conceba-se que elas so a da prpria cidade que lhe foi bero e que ele tanto reala, onde quer que passe e onde quer que se revelem seu talento e sua probidade. Este agradecimento do Porto ao Dr. Francisco Veloso por toda a sua obra incide agora, particular mente, no que vaie estoutro volume de Amphitheatryin Est de envolta o seu nome ilustre com o de outro eapacssimo estudioso e docente, o Dr. Jos Cardoso, humanista ele quase irreverente modstia, cujo talento latinista e heienista tem dispensado ao Centro servios inestimveis. Praza a Deus que a sua sade, neste momento deficiente, se restabelea eU modo a, que pai a contento de seus amigos e admi, ado~ es e ina precivel benefcio do Gentio de Estudos Humansticos da Univer sidade do Porto, regresse ao seu trabalho digno de respeito e muita admi; ao A ambos, ctc imenso, infindavel e ~tncei o b ado do coi ao
13cm hajam!
Lus dc Pina
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O trabalho, que segue, o que ficou da tentativa de unia edio crtica, que vo se chegou a realizar por falta de materiais e escassez de tempo, mas de que os autores no desistiram inteiramente. Pareceu que, mesmo assim, de alguma utilidade ele seria, embora desacompa nhado do texto grego da Geografia de Estrabo. O Dr. Jos Cardoso foi acometido, no decurso da elaborao da sua traduo e notas, por grave doena de olhos, que o impediu de rever uma e outras. Isto, necessriamente, afectar o valor da obra. Pela minha parte, sinto-me responsvel tambm pelo seu trabalho, no s pela troca de impresses com que me honrou aquele distinto helenista, mas porque ele me confiou a reviso histrico-crtica do seu texto e a elaborao do ndice e corrigenda. Para confronto da traduo, notas e comentrios, deve consultar-se o texto contido na edio de Adolf Bchulten, Estrabn Geografia de Iberia, Barcelona, 1952, fascculo VI das Fontes Hispaniae ntiquae. Por mais acessvel, tomou-se como base, embora o Dr. J Cardoso pudesse, como ns, servir-se da edio crtica de Mller, a que faz referncia na segunda parte. Como comentrio, embora o de ,Schulten seja dou tissimo, parece-nos porm mais equilibrado o do douto Professor espanhol D. Antnio Garcia y Bellido, Espafla y los espafioles hace dos mil anos segn la Geografia de Estrabn, Buenos Aires, 1945, que nos forneceu inuimeras indicaes valiosas para a interpretao do texto, e todas as mais que se referem na Introduo e no resto da presente obra. Resta-vos (the last but not the least) agradecer ao eminente Director do Centro de Estudos Humansticos, Prof. Dr. Lus de Pina, a quem a cultwra do Norte do Pas tanto deve, a oportuni dade que nos deu de publicar este ensaio, integrando-o na coleco Amphitheatrum.
INTRODUO
1.
Estrabo, natural de Amasia, na Capadcia, regio da sia Menor, deve ter vivido entre 63 a. O. e 19-20 d. O. ou entre 58 a. O. e 25 da nossa era. Escreveu em grego a sua Geografia, de que ora publicamos o livro III, referente Pennsula Ibrica. Parece ter estado em Roma roda de 29 a. O.; ele mesmo diz ter viajado desde a Sardenha at a Armnia, e do Mar Negro at aos limites da Etipia e do Egipto. Devia ser isto por cerca do ano 24 a. O. Em 20 a. O. est em Roma de novo. Eis os factos da sua biografia, que se tm indicado (Mendes Correia, Os Povos Primitivos da Lusitnia, Porto, 1924, pg. 114; A. Garcia y Beffido, Espafa y los espa4loles hace dos mil aMos, pgs. 27 e segs.; Adolfo Schulten, l3strabn Geografia de Ibria, pgs. 1 e segs.).
Estrabo procura reabilitar a velha geografia homrica, pos terior porm fencia (3, 2, 12-14, pgs. 28-32), no que em geral o acmpanhamos (cfr. o nosso estudo Oestrymnis-Atlntida, Campo El.ieo, Braga, 1953-1950, pg. 24). Acompanhamos Estrabo tambm, quando nos afirma que as primeiras notcias da Pennsula Ibrica se devem aos Fencios (3, 2, 14, nesta edio pg. 32), no que concorda com Rufo Festo Avieno (Ora Maritima, vv. 80-84, 383 e 412-414, com referncia aos vv. 9, 11, 16-17, 22-23, 32-50 e 331), e que Pteas, cuja obra ou algum outro priplo marselhs erradamente con siderada por alguns como fonte de Avieno, pouco aproveita ao estudioso, e induziu em erro Artemidoro (3, 2, 11, pg. 27)
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e todos quantos o acreditaram, por no conhecerem os lugares do Ocidente e Norte do Oceano~ (3, 4, 4, pg. 51). Esta ltima expresso, a nosso ver, seria inexplicvel, se o prprio Estrabo, contra o que se tem dito, no houvesse pisado terras ibricas. No que as percorresse todas. Ele mesmo o d a entender, escrevendo, cerca do conjunto peninsular, que havia certas mudanas nas populaes, de tempos a tempos, e algumas regies pouco exploradas pelos civilizados, evidentemente em contraste com outras famosas, de que muitos autores falaram, sobretudo gregos, sempre loquazes~ (3, 4, 19, pgs. 69-70)... Tirante estas zonas mais conhecidas, o mais, em paragens brbaras e afastadas, que para Estrabo so as do Norte (3, 1, 2, pg. 4; 3, 3, 8, pg. 45; 3, 4, 18, pgs. 68-69), pouco conhecido, e por isso o nosso autor s deles trata por testemunhos, os quais nem so seguros, nem muitos~ (3, 4, 19, pg. 69). Sirva isto j de aviso aos estudiosos, para lerem com as devidas cautelas esta obra, de que nem sempre se tem feito uso discreto e acertado. Mesmo assim continua o sbio gegrafo antigo, aos escri tores gregos se tem de recorrer, antes de tudo, pois os escritores de Roma imitam [na descrio da Pennsula] os gregos>, tradu zindo-os, e da sua lavra pouco acrescentam digno de interesse [ou: no resto mostram-se pouco interessados~], de modo que, quando h lacunas naqueles, no so preenchidas)> pelos romanos (ibL, pg. 70). Muito embora hoje no possamos completamente pensar assim, ~or nos faltarem textos, qui alguns dos muitos que foram queimados no incndio de .Alexandria, ordenado por Jlio Csar, on pereceram no de Roma, ateado por Nero, temos de con cordar em que isso, no poucas vezes, ainda verdade. Ora o relevo, que d Btica, chamando-lhe predominantemente Turdetnia (3, 1, 6, pg. 8), os pormenores que refere, designadamente sobre as caractersticas tnicas fencias dos seus habi tantes (3, 2, 13, pgs. 29-30), certamente os das cidades que visitou, indicam-nos que Estrabo aportou a esses lugares. Ele mesmo diz, sem alegar autoridade alheia, antes como quem viu
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e observou, que os moradores destes, principalmente os que habi tam junto do Btis, transformaram completamente a sua vida, para o estilo de vida dos Romanos, nem se lembrando sequer do idioma prprio (3, 2, 15, pg. 33, notas 199 e 200, verso que preferimos). Melhor veremos isto no decurso do ligeiro comentrio que segue. Fique porm j este apontamento, para que o leitor saiba dis tinguir o testemunho directo do indirecto, distino que tem na 1-Tistria, como na vida dos Tribunais, a maior importncia. Outra advertncia aqui se impe. A de que o nosso autor como todos alis no se priva de aludir, de onde a onde, ao descrever certa regio, a outras distantes, por lhes achar alguma semelhana, ou encontrar usos e costumes parecidos. Veremos no entanto que no est na sua inteno misturar, nem confundir Povos e pases. Estrabo um escritor ordenado, culto e viajado, que no descai nos delrios de certos esclios, nem cometeu cer tamente os erros que achamos ainda nas cpias (manuscritos) que conhecemos.
Como escreve (larcia y Beifido, os cdices de Estrabo che gados at ns apresentam todos um texto muito corrupto (op. cit, pg. 33). Schulten, servindo-se da obra de W. Aly, Ecue Beitrage ZUT Sirabo- Uberlieferung (Heidelberga, 1931), diz-nos que do sc. VI data o palimpsesto da Biblioteca Vaticana, o cdice mais antigo de todos)>, que porm s possui 68 pginas. Segundo ainda Carcia y BeBido, os dois melhores cdices acham-se em Paris. O primeiro uma cpia do scifio XI, e, infelizmente, no contm seno os nove primeiros livros. O segundo contm os dezassete, embora com alg-umas lacunas; trata-se de cpia dos sculos XIII-XIV (iMitem). Agrupam-se, diz ainda Schfflten, em duas famlias: a primeira, que compreende o primeiro dos cdices parisienses, designa-se pela letra A; segunda, que con tm os livros 10 a 17, pertence o de Veneza, codex iliareianus 640, sendo designada pela letra 13 (ibidem). Basta compulsar uma edio crtica, como a de Mller por exemplo, para se ter a noo das dificuldades que a restituio do texto estrabnico oferece. Alis o Dr. Jos Cardoso sobejamente o acentua na 2.a parte do seu trabalho.
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Dizamos porm que o gegrafo abre, do quando em quando, uns parnteses, para lembrar o que se passa em outros lugares ou com outras gentes, a propsito dos que directamente descreve. Assim, ao falar da riqueza mineira da ltica-Turdetnia (3, 2, 9, pg. 25), citando Demtrio de Falero por no querer truncar a sua transcrio, alude Lusitnia e aos ltimos dos seus Povos, no Noroeste da Pennsula, na actual Galiza, e bem assim s Cassi trides e at s Ilhas Britnicas e a Marselha. Referindo-se mesma regio da Btica, fala (3, 2, 13, pg. 31) nas llhas dos Afortunados, as actnais Canrias, mas corrige qualquer equvoco, ao localiz-las em frente da Costa marroquina (cfr. Oestrymnis cit., pg. 119 e nota 474, sobre as confuses do nome daquelas). Ele mesmo denota a sna inteno, ao acabar o captulo II, dedi cado Btica, com a frase: Isto, o que tinha a dizer acerca da Turdetnia~ (3, 2, 15, pg. 33). No h engano. Outro parn tese, devido citao de Possidnio e relativo aos Lusitanos Calaicos e aos Laces, achamos tambm no captulo IV, tratando porm da regio alm do Calpe (3, 4, 3, pg. 49), etc. Duvidosa a autoria do passo do capitulo dedicado Lusi tnia, o III, em que o texto chegado at ns, falando das danas dos Lusitanos, vem depois com isto: Na Bastetnia, as ?flut1Ieres danam tambm misturadas com os homeus, dando-se mttua mente as mos~ (3, 3, 7, pg. 43). Estrabo no mencionara antes dana das mulheres. A no ser que o copista ou copistas omitisse alguma coisa, o que no impossvel, do original. E a Bas tetnia ficava longe da Lusitnia (3, 4, 2, pg. 48). Parece por tanto integrao de algum esclio no prprio texto da cpia, coisa muito frequente em manuscritos antigos, como sabido dos especialistas.
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2.
Como natural, interessa-nos, acima de tudo, no s averiguar o que foi para os antigos a Lusitnia como Povo, Orei ou Nao, para podermos interpretar e valorizar devidamente o que Estrabo diz a esse respeito, mas tambm apurar as vicissitudes, por que passou a provncia romana deste nome.
Ix Parece pois necessrio situar o testemunho do gegrafo grego no conjunto de provas, que uos ficaram, de outra origem. S pela concordncia dos testemunhos possvel atingir a verdade his trica. Comecemos pois, a-fim-de no nos dissiparmos nem extraviarmos fcilmente, ao delimitar Povos e regies na geografia estrabnica, por investigar o que se encontra eni textos mais antigos, coetneos e posteriores, de comprovada autoridade. Damos eutretanto como averiguado que toda a zona ocidental da Pennsula Ibrica, particularmente desde uma linha, que mais ou menos sobe, arqueando para o interior, deste a foz dos Rios Tinto e Odiel, alm Guadiana, na regio da actual Huelva, at foz do Rio Eo, na Galiza espanhola, para Oeste, chegando ao Oceano Atlntico, se chamou, em eras antiqussimas, Oes trymnis, e Oestrymnii (Estrmnios) os seus habitantes, que foram depois conhecidos por Gynetes, G~unctes ou Conii, provvelmente por estarem ao p do grande mar Oceano (O-Keanos). Julgamos t-lo provado noutro lugar (Oestrymnis cit., passim). este o subsolo, o substracto, em que vai surgir, ua poca das lutas com Roma e do domnio posterior do Imprio, a nossa Lusitnia. Era ela uma regio extensa. Estrabo, como a exemplificar o asserto da superioridade dos gegrafos gregos sobre os latinos, diz-nos da Pennsula Ibrica o seguinte, altamente elucidativo (3, 4, 19, pg. 70): Alis, a maior parte dos nomes mais conhecidos so gregos. Assim [dizem] que os antigos [gegrafos] denominaram Ibria toda a regio [at] alm do Rdano e do istmo apertado entre os dois golfos gauleses; ao passo que os actuais pem as suas fronteiras nos Pireneus, e dizem que Iberia e Hispania so sinnimas. [Outros tambm] chamaram Iberia to smente regio para c do Ebro. E outros ainda, [mais antigos], a estes mesmos chamam Igletes, os quais habitavam uma pequena regio, como diz Asclepades de Mirlea. Porm, os Romanos, chamando indistintamente Hispania ou Iberia toda [a Pennsula], denominaram uma parte Ulterior, a outra
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Citerior. Todavia, algumas vezes, fazem outra diviso, se precisam mudar a administrao, de harmonia com as circuns tncias~.
lio inteiramente conforme com outras autoridades, como em outra obra julgo haver mostrado, apoiado em numerosos autores antigos e modernos (Oestryrnnis, pgs. 27, 34, 44, 61, 64, 66, 117, 128, etc., e notas 53, 102, 103, 131, 254, 264, 276, 467, 503, etc.). Ibe.ria, na acepo de Pennsula Ibrica, generalizao, feita pelos Gregos, do nome duma regio, que primitivamente assim denominaram por ser habitada por Iberos, gente que pertencia mais vasta Nao ou Povo dos Oestrymnii, e que na mais alta antiguidade achamos acantonada desde a zona do Rdano at ao Sul do Ebro (Hiberu8 fluvius, chamado antes Oteum), como na zona de Huelva (Olba ou Olbia), onde corre o Rio Tinto (tambm denominado Hibenss). Ao tempo de Scilax (FeripL, 3), ou seja, no sc. IV a. O., os Iberos do Sul da Frana achavam-se misturados com os Lgures, at junto do referido rio Rdano. Sendo 1-Ber a forma prpria do nome daquele Povo ou tribo, em que achamos o radical precedido do artigo estrmnio do plural, igual ao berbere ainda, 1 a forma Iberia mantm aquele artigo, provvelmente por mera eufonia. O termo em grego era grave (Iberia), e tornou-o esdrxulo a prosdia romana (Ibria), que suspeitamos explique a palavra portuguesa Beira. Neste caso, teramos nas nossas Beiras o assento mais antigo dessa faco dos Estrmnios, Povo que irradiou de Oeste para Leste, prati cando o primeiro Drang nach Osteu da Histria. Os Romanos abandonaram a expresso Iberia, e adoptaram Hispania ou Hispaniae (plural derivado da distino das pro vncias Citerior e Ulterior), no porque tivesse o significado amplo, que lhe davam, antes da chegada deles, mas por comodidade. Generalizavam por seu turno o nome de uma regio, a da futura Andaluzia, a que os Estrmnios chamaram assim, por ser, na sua linguagem, dominada por 1-Sepan, os Sepes, Sephes, Sepher (Caldeus) ou Befes, de que d notcia extensa o poema de Avieno, Ora maritima.
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Tudo isto na citada obra referimos e estudmos, permitindo-nos remeter o leitor curioso para ela e autores a mencionados (cfr. especialmente, pgs. 97 e segs.). Sobre a persistncia do nome Spania ou Hispania, na Idade Mdia, para designar s a Btica, ou melhor, a Andaluzia, v. Alfredo Pimenta, Idade Mdia, Lis boa, 1946, pgs. 21 e seg&. Muito mais haveria que dizer sobre o assunto, mas o que a fica suficiente para o nosso intento. O texto mais antigo, que chegou at ns, relativo aos limites gerais ou confrontaes da Lusitnia, de Caio Jlio Csar, no De Belio Civili, livro 1, para o qual que saibamos pela pri meira vez chamou a ateno Leite de Vasconcelos (Religies da Lusitnia, vol. III, Lisboa, 1913, pgs. 146-147), e cujo valor reconheceu tambm Schulten (Los cntabros y astwres y su guerra con Roma, Madrid, 1943, pg. 202). O grande Mestre portugus, no seguro eptome, que fez, das guerras em que os Lusitanos andaram envolvidos, diz-nos (op. eit., pg. 142) que em 61 C. Jlio Csar, ao sair da pretura, obteve o governo da Ulterior, e alguns feitos importantes cometeu na Lusitnia~. Sabido que o mesmo Csar, segundo o mesmo historiador sintetiza (op. eit., pg. 144), beneficiou o Sul da Lusitnia, de certo por a se ter manifestado primeiro a influncia romana, e haver conseguintemente menos repugnncia a ela: Ebora reeebeu o ttulo de Libe ralitas Julia; Olisipo o de Felicitas Julia; Scallabis o de Praesidium Julium; Norba, na Lusitnia espanhola, o de Oaesarina. E resume ainda: Conta Dio Cssio que ele (Csar), vendo que podia extinguir as guerriffias e alcanar glria, tomou pretexto para acometer os montanheses do Hermnio, obrigando-os a descer das mon tanhas para a plancie, para que no se servissem de um local inexpugnvel por natureza para fazerem correrias. Os Povos vizinhos, receosos de Csar, transportaram para a outra margem do Douro os filhos, as esposas e as cousas mais preciosas; entre tanto Csar tomou-lhes as cidades, ou, como hoje diramos, os castros, e deu-lhes batalha. Os brbaros (Lusitanos) puseram-lhe adiante os gados, mas Csar deixou-os, bateu o inimigo, e ven ceu-o. Em seguida, continua o mesmo historiador, Csar usou de
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XII
estratagemas para atacar os brbaros do Hermnio; perseguiu-os at ao Oceano, fugindo eles para uma ilha, e sucedendo vrios episdios. Por fim Csar mandou vir de Gades navios, e subjugou sem dificuldade os brbaros na ilha. Daqui passou para Brigncio, cidade da Caliecia, e submeteu-a. Esta a notcia mais desen volvida, que temos, da estada de Csar na Lusitnia; com ela concordam as de outros autores, uns mais antigos que Dio, outros mais modernos: T. Lvio, Plutarco, Suetnio, Jlio Obse quente)>. Este panorama habilita-nos a conhecer o teatro das operaes de Jlio Csar. Movendo guerra aos Lusitanos, este foi, sem dvida, o assento dos Lusitanos que guerreou. Poderamos alargar o quadro, conjecturando, ainda com Jos Leite de Vasconcelos (op. cit., pgs. 144-145), que foi, mesmo, talvez fundada por ele, entre o Tagus e o Anas, uma nova colnia: Paz JuUa. Pelo menos parece relacionarem-se com O. Jlio Csar todos estes eptetos geogrfico-nobilirquicos. Pode ainda juntar-se-lhe Caesarobriga (Lusitnia espanhola), nome formado segundo o processo da gramtica cltica. Preferimos no entanto deixar o assunto em suspenso, at melhor prova, e passar a examinar os limites da Lusitnia, segundo o De Beilo CiviI4. Diz este (1, 38-39):
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38. Adventu Vibullil Rufi, quem a Pompeio missus in Hispaniam demonstratum est, Afranius et Petreius et Varro, legati Pompeil (quorum unus tribus legionibus Hispaniam Citeriorem, alter a saltu Castulonensi ad Anam duobus legionibus, tertius ab Ana Vettonum agrum Lusitaniam que pari numero legionem obtinebat), offlcia inter se partiuntur, uti Petreius ex Lusitania per Vettones cusu omnibus copiis ad Afranium proficiscatur, Varro cum iis, quas habebat, legio nibus, omnem TJlteriorem Hispaniam tueatur. His rebus constitutis, equites auxiliaque toti Lusitaniae a Petreio, Celtiberis, Cantabris, barbarisque omnibus, qui ad Oceanum pertinent, ab Afranio imperantur. Quibus coactis, celeriter Petreius per Vettones ad Afranium pervenit. Constituunt communi consifio, bdilum ad Ilerdam, propter ipsius loci opportunitatem, gerere.
XIII
39. Erant, ut supra demonstratum est, legiones Afranii tres, Petreii duae, practera scutatae Oiterioris provinciae, et cetratae Ulterioris Hispaniae cohortes circiter LXXX, equitum utrius que provinciae circiter V milia~. Sublinhamos as expresses relevantes. Tentemos traduzir: 38. Tendo Viblio Rufo, que dissemos enviado de Pompeio Hispnia, chegado a, Afrnio, Petreio e Varro, Legados de Pompeio, o primeiro dos quais, com trs legies, defendia a 1-lispnia Citerior; o segundo, com duas legies, desde a serra de Castulo at ao Ana; e o terceiro, com igual nmero de legies, desde o Ana, o territrio dos Vetes e a Lusitnia, repartem entre si as tarefas, de modo que Petreio marchasse da Lusitnia, atravs dos Vetes, at junto de Mrnio com todas as suas tropas, e que Varro com as legies, que tinha, ficasse a proteger toda a 1-lispnia Ulterior. Dispostas assim as coisas, Petreio manda vir de toda a Lusitnia, e Afrnio dos Celtiberos, dos Cntabros e de todos os brbaros da beira do Oceano cavaleiros e auxiliares. E, reunidos estes, Petreio rpidamente, atravessando os Vetes, chega at junto de Mrnio. Resolvem ento, por comum conselho, fazer guerra a Ilerda, por causa das vanta gens do local. 39. Eram, como acima se disse, trs as legies de Afrnio, e trs as de Petreio, alm de cerca de 80 coortes da pro vncia (Jiterior, armadas de adarga, e cerca de 5 mil cavaleiros
Corria ento o ano de 49 a. O. (Leite de Vasconcelos, op. cii., pg. 146). A simples e despreeoncebida leitura do passo transcrito elu cida-nos que o governo militar da Lusitnia comeava, nessa altura, na foz do Ana, Anas ou Guadiana (portugus antigo: Odiana, do r. uadi mais Ana; a forma actual de influncia espanhola). Petreio governava militarmente a zona que ia desde a foz desse rio para Leste, chegando Serra de Castulo. Esta zona
xw constituiu o que em tempos de Estrabo se chamou Turdetnia, e posteriormente Btica: este nome inspirava-se no do rio Btis, hoje Guadalquivir, aquele no dos primitivos habitantes. Ora Petreio, em vez de caminhar directamente da para o Norte ao encontro de Afrnio, veio ao Ocidente; ou para no chocar com tropas inimigas, ou, mais plausIvelmente, pala buscar reforos de cavalaria: na verdade, Csar d a entender isto, ao referir que, juntando-se os exrcitos, o de .Afrnio e o de Petreio, as tropas reujildas ficaram constitudas por 5000 cavaleiros das duas provncias. A Lusitnia era a provncia ocidental, j por 49 a. O. Assim Petreio atravessou o Ana, rio que a Oeste lindava com a provncia do seu governo (Turdetnia ou Btica), e foi ter com o governador da Lusitnia, que o era tambm dos Vetes (estes distintos dos Lusitanos, e ficando-lhes a Leste), o romano Varro. Petreio entrega-lhe o governo da Btica, e logo, frente das legies que de l trouxera, parte da Lusitnia no sentido Oeste-Leste. Cruza, pois, o territrio dos Vetes, segundo informa Csar, mostrando assim que estes no ocupavam qualquer parte da Lusitnia, mesmo considerada como circunscrio administrativa romana, como nota, muito adequadamente, Leite de Vasconcelos (op. cii., pg. 147). E chega ento junto de Afrnio, governador da Flispnia Citerior, somando as suas foras s dele. Temos portanto, em poca muito anterior a Estrabo, a Lusi tnia no Algarve, limitada pelo Guadiana. Aproximemos deste um outro testemunho, igualmente decisivo. Trata-se do clebre Mapa de Agripa, o Orbis Fictus de Agripa, pintado por ele no Prtico de Vipsnia Pola, irm de Agripa, em Roma. Esta obra fundamental no a comeou o prprio Agripa, nem a viu terminada, mas foi, sem dvida alguma, a alma dela. Parece ter sido planeada por Csar, mas no foi empreendida verdadeiramente seno com o seu sucessor, Augusto, que, com a colaborao de administradores civis e principalmente militares do Imprio, logrou reunir quantidade suficiente de dados, dos quais resultou, ao fim de muitos anos, a confeco do citado mapa pintado, a que atribudo o nome do principal colaborador e animador, o genro de Augusto, Agripa. morte deste (ano
xv 12 a. O.), Augusto fez terminar a obra, que j citada depois da sua morte (em 14 da nossa era), pelo gegrafo grego Estrabo, que redigia ou retocava a sua famosa obra (...). O Orbis Pietus era acompanhado por um texto explicativo, redigido por um autor desconhecido. Este texto continha comentrios e aclaraes do grfico pintado no Prtico de Vipsnia Pola, com as divises que este continha, assim como as suas medidas e com outros dados justificativos e informativos, expostos talvez ao modo dos itinerrios)> (A. Garcia y Beilido, La Espalia dei Sigio Prime, de iVuestra Era, segyu P. Meia y O. Plinio, ?.iadride, 1947, pgs. 101-102). A este mapa se reporta Plnio, na sua Waturaiis Historia (4, 118), quando escreve:
Licsitamam cum stitria ei Cailaccia patere... .dgrippa prodit (Agripa mostra que a Lusitnia, com a Astria e a Cauaecia, se estendem por....
Com razo conclui Schulten, o falecido Mestre de Erlangen, eminente jurista, doubi de historiador e arquelogo, que a Astria e a Galcia estavam unidas em 27 antes de Oristo com a Lusi tnia> (ioc. cii.). A fora do argumento apreender-se- melhor, se tomarmos em ateno que Plnio descreve a Pennsula numa poca em que j a parte norte da Lusitnia fora amputada e reunida a todas as demais regies setentrionais da Pennsula (Hispnia Citerior) a-fim-de com todos esses territrios se formar uma provncia essen cialmente militar, como o reclamavam a resistncia dos Povos ao invasor romano e as rebelies, que Roma por seus generais reprimiu e sufocou. Da a referncia separada Astria e Cailae eia, ao v-las unidas aiuda Lusitnia no mapa de Agripa. Mais tardia ainda que o mapa de Agripa a descrio da Ienn sula Ibrica e das suas provncias, Povos e regies, feita por ~ela, gegrafo romano. A, como hemos-de ver, acha-se a mesma notcia. Pompnio Mela nasceu em Tingentera, na Btica, como ele prprio diz na sua Choro graphia (2, 96), obra que devia ter ter-
xv minado por 43 ou 44 da nossa era, o que poder permitir o clculo de que teria nascido nos ltimos anos de Augusto (Garcia y BeBido, op. cii., pgs. 19-20). Escreve este autor do sc. 1, no livro II, captulo VI: [Hispania] tribus autem est distineta nominibus: parsque ejus Tarraconensis, pars Bactica, pars Lusitania vocatur. Tarraconensis altero capite Calhas, altero Baeticam Lusi taniamque contingens, mari latera objicit Nostro, qua meridiem; qua septentrionem spectat, Oceano. Tuas fiuvius Auas separat, et ideo Baetica maria utraque prospicit; ad Occidentem, tlanticum; ad meridiem, Nostrum. Lusitania Oceano tantummodo objecta est, sed latere ad septentriones, fronte ad occasum. O que quer dizer, sine vila htterprctatione, como preferia 5. Fran cisco de Assis da observncia do Evangelho pelos seus frades...: [A Hispnia] distingue-se porm por trs nomes; e uma das partes dela [na verdade] cbama-se Tarraconense (entenda-se: ilispnia Tarracouense), outra Btica (entenda-se, pois tambm adjectivo: Hispnia Btica), e outra Lusitnia. A Tarraconense, atingindo num dos extremos as Glias e noutro a Btica e a Lusitnia, dispe as suas praias em frente do Nosso Mar, por onde olha ao Sul; e por onde olha ao Norte, em frente do Oceano. Aquelas outras)> (Btica e Lusi tnia), separa-as o rio Anas, e portanto a Btica fica voltada para ambos os mares: a Ocidente, para o Atlntico, ao Sul para o Nosso)) (Mare Nostrum). A Lusitnia olha srnente para o Oceano, sendo que ilharga (ou banda) para o Norte, e de fronte para Ocidente. A leitura inocente desta obra de Pompnio Mela mostra-nos, sem dificuldade, que a situao, que ele encara, ainda a de uma Lusitnia, que se estendia desde o Algarve, da foz do Guadiana (Anas), ao Mar Cantbrico, ao Oceano, que ao Norte lhe banhava um dos lados, como se estendia ao longo da sua frente ocidental.
xw1 Que assim 6, resulta ainda da descrio da Lusitnia, que mais adiante encontramos no mesmo autor. Depois de se referir extensamente Btica, sua terra natal, diz.nos ele, no Livro 111, captulo 1: At u$itania trans A nam, qua mare Atianticum spectat, primum ingenti impetu in altum abit: deinde resistit, ac se magis etiam, quam Baetica, abducit. Qua prominet, bis in semet recepto mari, in tria promontoria dispergitur. Anae proximum, quia lata sede procurrens, paulatim se ao sua latera fastigat, Cuneus ager dicitur: sequens, Sacrum vocant: Magnum, quod ulterius est. Tu Ouneo sunt Myrtili, Balsa, Ossonoba: in Sacro Lacobriga et Portus Hannibalis: in Magno Ebora. Sinus intersunt: et est in proximo Salacia; in altero Ulysippo, et Tagi ostium, amnis gemmas aurumque generantis. Ab his promontoriis in ifiam partem, quae recessit, ingens flexus aperitur: in eoque sunt Turduli veteres Turdulorumque oppida: amues autem Monda in medium fere ultimi promon torii latus effluens, et radices ejusdem alluens Durius. Frons ilia aliquandiu rectam ripam habet: dein modico flexu accepto, mox paululum eminet: tum reducta iterum, iterumque recta (var. recto) margine jacens, ad promontorium, quod Celticum vocamus, extenditur. Totam Celtici colunt, sed a Puno ad flexum ()rovii: fluuntque per eos Avo, Celadus, Naebis, Miuius, et ciii Oblivionis cognomen est Limia. Flexus ipse Lambria cam urbem amplexus, recipit fluvios Temam et Viam (Laeron et filam?). Partem, quae prominet, Praesamarchi habitant, perque eos Tamaris et Sars flumine longe orta decurrunt; Tama.ris, secundum Ebora portum; Sars juxta turmem Augusti titulo memorabilem. Cetera super Tamarici Neriique incolunt in eo tractu ultimi. Hactenus enim ad occidentem versa litora pertinent. Deinde ad septentriones toto latere terra conver titur a Celtico promontorio ad Scyticum usque. Perpetua eius ora, nisi ubi modici recessus ac parva promontoria sunt, ad Cantabros pene recta est. In ea primum Artabri sunt, etiam nunc Celticae gentis; deinde .Astures. In Artabris sinus, ore angusto admissum mare non angusto ambitu excipiens, Abobricam urbem et quatuor amnium ostia incingit,
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XVIII duo, etiam inter accolentes, ignobilia sunt; per alia duo Ducanaris et Libyca (<d~leaurus et Ivia prope Garcia y l3ellido, op. cit., pgs. 37 e 56). Passa depois aos stures. Traduzimos: Logo a Lusitnia, alm Anas, onde olha o mar Atlntico, primeiro sai, com grande rompante, pelo mar dentro, para seguidamente se retrair e recolher mais ainda do que a I3tica. Ali onde faz a salincia, abrindo-se duas vezes ao mar, divide-se em trs promontrios. Chama-se Campo Cneo o mais prximo, porque, partindo duma base larga, gradual mente se vai estreitando de cada lado (em cunha); Sagrado chamam ao seguinte, e Magno ao que est mais afastado. No Cneo ficam Mrtola, Balsa e Ossnoba, no Sagrado Lacbriga e o Porto de Anbal, e no Magno Ebora. Chamam-nos [depois] a ateno flintersuni, ih. )eutro) uns golfos, e no primeiro est Salcia, noutro Lisboa e a desembocadura do Tejo, rio que gera pedras preciosas e ouro. (ii meu ver,
falta aqui referncia aos cabos da Roca e Carvoeiro e Feninsutla de Lisboa, presum~ve1tienie erro ou omisso de copista).
Passando estes promontrios, naquela parte, que se retrai, faz-se uma grande curva, onde esto os Velhos Trdulos e os pidos dos Trdulos e bem assim os rios Monda que desagua quase ao meio do lado do ltimo promontrio e Douro que banha a raiz (ou: fim) dele. A dita costa tem [a seguir] por algum espao a riba rectilnea; depois, tendo feito pequena reentrncia, logo um tanto avana; ento recolhida de novo, e de novo disposta em margem recta, estende-se at ao promontrio que chamamos Cltico: toda esta habitam os Clticos~,. (Aqui actualizamos ou corrigimos
a pontuao, de modo a poder atingir-se um sentido, alis transparente; sentido que, diga-se de passagem, impe reviso critica do texto latino). Porm desde o Douro at [dita]
reentrncia habitam os Grvios, e por entre eles correm o Avo, o Celadus, o Naebis, o Minho e esse, cujo nome quer dizer Esquecimento (Oblivio), o Limia. Na prpria reentrncia
fica a urbe de Lambrica, e desaguam os rios lema e Via (Laero e Ulha?). Na parte que avana, habitam os Presamarcos, e por entre eles correm o Tamaris e o Sars, rios nascidos perto; o Tarnaris atrs do porto de Ebora; o Rars, junto de uma torre conhecida pelo nome de Augusto. No resto vivem os Tamricos e os Nrios, l para as derradeiras dessas paragens. O que at aqui dissemos, respeita Costa voltada a ocidente. Depois a terra volta todo o seu litoral para o Norte, desde o promontrio Cltico at ao Scytico. A linha contnua dele (i. ~, do litoral ou lado) quase recta, salvo onde h leves recessos e pequenos promontrios. Nela ficam primeiro os Artabros, ainda da gente cltica; depois os stures. Nos Artabros, um golfo de apertada embocadura, mas recebendo em seu largo mbito o mar, abrange a urbe Abbrjca e as fozes de quatro rios, dois [dos quais] pouco afamados, mesmo entre os habitantes; por outras duas desem. bocam o Ducanaris (Meaurics?) e o .Libyca (Ivia)~. Releve-se-nos o extenso da transcrio e tambm da traduo. Esta, como interpretao necessria, porm. E a primeira, para se ver claramente que MeIa no estabelece fronteira da Lusitnia no Douro, antes segue at aos stures sem qualquer interrupo. E isto, tendo comeado no Guadiana. Se se entender que este segundo trecho, por si s, no basta para tirar ilao segura de que a Lusitnia ia at ao Cantbrico, contudo nenhuma razo h para dvidas, em face do primeiro trecho transcrito, da autoria de Pompnio Nela. Tais eram os limites da Lusitnia, pois, ao tempo em que foi escrita a Ohorographia, tambm conhecida pelo nome latino:
De .itu orbis.
Plinio j termina a sua Lusitnia no Douro, como dissemos, sinal de que escreveu depois da nova diviso provincial ter retirado Lusitnia a parte norte, para a integrar na Hispnia Citerior ou Tarraconense. Plnio, na verdade, posterior a Meia (Carcia y Beilido, op. cit., pg. 92). Ignoramos se esta diviso foi definitiva, quanto . Lusitnia, desde logo. Dvidas h, como
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xx
se vai ver, pois Antomno, escritor que viveu depois de Plimo, ainda nos apresenta a antiga Mais tarde, ma surgir uma nova provincia, a Galcia (Cailaccia), com a capital em Biacara Augusta Essa abiangeria, tal como a primitiva provincia romana da Lusitama, os prprios stuies, no Conventus Asturwensw, as Astrias ocidentais No quer isto dizer que os stures fossem Lusitanos Pbmo distingue, j o vimos, a Oatlaccut da Astiuia E Estiabo, como vamos ver, d nos a origem do nome dos Caflacos, dizendo que foi apelativo tomado pelos Lusitanos, em grande parte, e dis tingue os bem das gentes astuiianas Poim, Antomno Pio, no Provm&ut,urn Rornanorum kbeltus (do seu JUne; 9w), do qual diz <au quo sunt regtones XI con tinentes in se O et XIII Pi ovineias> d nos o elenco das regies Itlia, Glia, Africa, Hispma, fina (Illyrwurn), Trcia, sia, Oriente, Ponto, Egipto e Britnia E, na parte respectiva, as partes da regio~ da Hispma
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Hispaniae Provmciae VII Tarraconensis Oarthaginensis Baetica Lusitania, tu qua est Gallaeeia Tnsulae Baleares Tmgitana transfretum, quod ab Oceanum infusum terras intrat, inter Calpem et Abilam~ (Itvn Ant, pg 30)
Aquela Gatictecta tem sido emendada para Ementa, api esentada como variante Manifesto o intmto de confundir, ou a confuso desta verso No havia razo para, numa diviso das P9 ovincws, se falar em Ementa, uma cidade ou rnans?o, que no devido lugar Antonino Pio refere, ao descrever as vias di Peninsula Acresce que a notabilidade da Lusitma galaica, depois das campanhas de Bruto e de Augusto, reclamava do probo gegrafo meno especial. Finalmente, se se suprimir, teramos em Antonino uma omisso inexplicvel, atento o que nos dizem Plnio (mapa de Agripa) e Mela, nos passos transcritos, onde se no omite a refe rncia aos Calaicos, bem como o que adiante se ver de Estrabo. A expresso <dn qua est Gallaecia corresponde inteiramente ao
xx mapa de Agripa, na aluso de Plnio. Enfim, s Caracala (214) iria criar a provncia da Gailaccia, que no existira antes nunca. Tempo de, munidos dos elementos que a ficam, enfrentarmos o texto de Estrabo, acompanhando-o na sua descrio da Pennsula. 3. O texto de Es(rab-Jo: A) Ibria.
No captulo 1, traa Estrabo as linhas gerais da geografia da Ibria. Descreve-a de Oeste para Leste, considerando-a o comeo do Orbe (conhecido), semelhana de outros escritores antigos, que por ela principiavam tambm a geografia do mundo: por ex. o cartagins Himilco, cujo priplo foi aproveitado por Avieno, no seu poema didtico Ora jllaritirna (cfr. os vv. 54 e segs., e 80 e segs.), e outros (v. o cit. nosso estudo Oestrymnis, pgs. 39 e segs.). Quanto origem dos nomcs Iberia e Hispania, relembre nios aqui o que ficou escrito supra, n. 2, segundo o testemunho de Estrabo. Dizendo o nosso autor, neste captulo, a que nos estamos refe rindo (1, 2, pg. 3), que as plancies tm fraca poro de terra arvel, faz uma generalizao evidente, que talvez provenha de, no seu tempo, a agricultura ser na Pennsula, como todos sabem, incipiente. O mesmo se diga da pobreza da regio setentrional, pouco explorada ainda, e da sua aspereza. O que se tem de entender cum grano salis, no que respeita Lusitnia, mesmo a setentrio nal, segundo o cotejo com os passos em que o mesmo Estrabo se lhe refere como pas prspero, com rios aurferos (3, 3, 4, pg. 38) e rico em gados e ouro, prata e muitos outros metais (3, 3, 5, pg. 40), tendo a particularidade, que revela, a nosso ver, certo adiantamento, de a sua gente comer sentada em bancos, ao contrrio dos orientais (3, 3, 7, pg. 43). No deixaremos de observar ainda que, no passo em apreo (3, 1, 2, pgs. 4), Estrabo emprega a expresso mais alm das Colunas,,, para aludir ao Ocidente peninsular, como quem olhasse do lado de Roma, o que natural como ponto de referncia
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daquela poca, muito embora dissesse a Ibria a primeira parte da terra, ento conhecida. Comparando a Pennsula a uma pele de boi, o gegrafo diz depois que os Pireneus lhe formam o lado oriental (3, 1, 3, pg. 4); o leitor deve ter isto em mente, pois as coordenadas eram naquele tempo deficientes, para bem compreender a descrio estraboniana. Talvez qne assim acontecesse no clebre mapa de Agripa, patente em Roma, no seu tempo, e que portanto Estrabo podia ter visto. Essa cordilheira alonga-se, na viso aludida, do sul para o norte, e separa da Ibria ou Pennsula Ibrica a OUica, (ibici.), chamada pelos Romanos GaZua. Estreitam-se a Cltica e a Ibria nos Pireneus, continua o nosso autor, e a h dois golfos: um do lado ocidental, banhado pelo Oceano; outro do lado oriental, banhado pelo lare Nostrum, O ((Nosso Mar, entenda-se, dos Romanos. Esta referncia, achamo-la tambm em Himilco-Avieno (Or. Mar., vv. 146-151), onde se chama ao Mar Interno, do lado mediterrnico, Sardo. O golfo oposto o da Gasconha ou de Biscam. O lado sul da Pennsula, para Estrabo (tbul., pg. 5), estende-se do extremo dos Pireneus s Colunas de Hrcules ou ilracles ( grega), hoje Estreito de Gibraltar, onde se fecha o Mar Interno dos Romanos, hoje Mediterrneo, e comea o Exterior, hoje Atlntico; e da ao Cabo Sagrado, ou de So Vicente. Cumpre ter em mente, urna vez mais, tal planificao geogrflca, ao ler e interpretar o grande escritor grego da poca de Augusto. Tudo isto o lado sul. Ivias distingue-se o que est aqum, do que est alm das Colunas (cfr. 3, 2, 1, pg. 12), e mesmo o que est aqum e alm Gitadiana (ibid.), o que importante para a definio da Lusitnia de Estrabo. Enfim o lado ou costa ocidental, de certo modo paralela aos Pireneus, vai do Cabo Sagrado (gr. Hieron) ao dos Artabros, ((a que chamam lente (ibid.). Este nome aparece transformado em Nerion na edio de Xylander, que Schulten adopta. Repus a lio dos cdices, por vrios motivos, e em especial porque era topnimo corrente, como se v, por exemplo, de Pompnio Mela, que menciona um rio lenta (forma latina), na Lusitnia seten trional ou galaica (3, 1, 248).
(XIS
Finalmente, o lado ou costa norte da Pennsula vai deste cabo outra vez aos Pireneus. Tudo isto nos lembra muito Ilimilco-vieno (vv. 80 e segs.). seguir, Estrabo diz (3, 1, 4, pg. 5): <(Tornando des crio, intentamos entrar em pormenores, e comeamos pelo Cabo Sagrado~. o mtodo dos gegrafos clssicos. Considera, de acordo com a geografia do seu tempo, como o ponto mais ocidental da Europa, e mesmo de toda a terra habitada o Cabo Sagrado, em paralelismo com os ltimos cabos da Lbia, isto , frica, na nossa linguagem moderna, habitada pelos Maursios (illaurnsioi), em latim Mauritani, que eram o que hoje chamaramos Marroqui nos, ou, com mais propriedade tnica, os i3erberes. E diz ser o Cabo de So Vicente mais ocidental do que a costa mauritana. No podendo avanar mais para Oeste, recua o nosso autor, desde o Cabo Sagrado (gT. Hieron), at regio adjacente, segundo diz, chamada latina Cuneum, que quer dizer eunhIa~. explica o baseia-se em mera homofonia. Provm das gentes que viviam na regio, os Cnios, Citnei, Cynetes ou Cunetes (gr. Kyneoi, Kynetes; no texto aparece, para a regio, o nome Xyneon. No Cd. Paris, cit. por Mller, Kynaioi, nome dos habitantes). regio porm a que vai da baa de Lagos para Leste, e no apresenta a forma de cunha, como todos sabem. Serve-se Estrabo neste lugar de rtemidoro, depois, ao des crever o Cabo ou Promontrio Sagrado. rtemidoro esteve na Pennsula em 100 a. C. cerca deste passo, escreve J. Leite de Vasconcelos, na sua obra clssica, Religies da Lusitnia (tomo II, Lisboa, 1905, pg. 10), o seguinte: O pi~omontrio faz salincia pelo mar a dentro; o gegrafo grego rtemidoro, que vivia no sculo 1 antes de Cristo, e que esteve ali, menciona a existncia de trs ilhotas do cabo; porm elas so to pouco importantes, que vieno s se refere a duas (uma das quais nem mesmo tinha nome)>.
Ficamos a saber tambm por rtemidoro, citado por Estrabo, que havia ali uma cerimnia ou costume, de carcter aparente mente religioso ou piedoso, porque era precedida de uma libao. O que subia ao alto do promontrio (um dos locais, como toda a costa de Sotavento do Algarve, dos mais belos do mundo), ~ol
tava e mudava as pedras amontoadas, aqui e alm. No havia esttua, nem deus de barro ou pedra. O voto era por certo a um Ente inominado, porventura ligado recordao do Oceano por qualquer motivo, e cuja representao no fariam, seno por esse misterioso olho isolado, que nos chamados dolos-placass ( sem pre arbitrria a designao do que no se conhece a muitos sculos de distncia, e sob o p de seculares preconceitos), des cobertos nas nossas antas ou dlmens, evoca algum Ser, a quem no escapam nunca os actos dos mortais, um Ser que tudo v. Da tambm, segundo supomos, a referncia, que Estrabo traz mais alm, ao ateismo~ dos Lusitanos galaicos (3, 4, 10, pgs. 65), informao desmentida por outras fontes clssicas e pela arqueo logia, e (sem dvida proveniente de no costumarem representar nem simbolizar as suas divindades, diz (Jarcia y Bellido (op. ciL, pg. 171, nota 274); mas que traduz igualmente que, acima dessas divindades menores, os digamos gnios das fontes, dos rios, dos bosques, etc., adoravam, como todos os Povos primitivos, um Ser supremo, o verdadeiro e nico Deus, do monoteismo origi nrio, como nota a mais autorizada investigao. No ocultamos, porm, que tudo isto so conjecturas, pois, logo a seguir, Estrabo nos diz que, de noite, os deuses, segundo a crena local, ocupam o stio, motivo por que no se pode ali subir de noite, a sacrificar. Ao que poderamos opor, no entretanto, que o termo deuses tinha na linguagem greco-latina significado mais vago do que na actual, abrangendo o que hoje poderamos chamar anjos, antepassados, virtudes, heris (ou santos); e que Estrabo j antes dissera que a forma de culto era diferente do sacrificio (ctr Frauz Konig, Ohristus und die Rt ligionen der Ente, Viena, 1952, e Gilbert Murray, Five Etages of Orce/a Retigion, 3.~ ed., Nova Torque, 1955, passim).
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foro, citado antes, nasceu volta de 408, e terminou a sua obra por 330 a. O. Ficamos a saber, por Estrabo, que Artemidoro visitou a regio, que havia de ser portuguesa, nessas pocas remotas. De foro nada podemos dizer. Este mentiu, diz Estrabo, porque no h no Cabo Sagrado templo nem altar de ilracles (Hrcules). Teria porventura estado
xxv Estrabo no local? To categrica afirmao f-lo acreditar, ao menos como possvel. Possidnio (gr. Poseidonios), natural da Sria, esteve em Mar selha em 100 a. O., donde passou Pennsula por 90 a. O., seguindo a costa mediterrnica, provvelmente; residiu em Gadira (Cdiz), e chegou mais acima de Sevilha, regressando por mar Itlia, conforme nota eruditamente Garcia y Beifido (op. cii., pg. 61 e 63). Parece ter estado smente nesses lugares, no tendo chegado nossa zona, pois, a respeito do que se passa no Oceano, louva-se apenas no que viu em Gadira (Estrabo, 3, 1, 5, pgs. 6-7). Gadira (gr. Gadeira), grande emprio mediterrnico, a actual Cdiz, no sul da Espanha actual. Corresponde antiga Tartesso. Os Cartagineses, como os Tinos, ou sejam os Fenicios de Tiro, antes deles, chamavam-lhe Gadir (o r desinncia do plural, acrescentada a um radical indgena) e os Romanos Gades (com a terminao romana es, acrescento ao radical) (cfr. Oestryrnnis, p. 26, etc.). O que no impede que tenha mudado de lugar, a alguma distncia, como tantas vezes sucedeu, e ainda sucede, com os povoados. 4. E) A Ocidental Praia (eLo hesperion pleuron).
O lado, praia, costa ocidental da Ibria comea, diz Estrabo, (3, 1, 6, pg. 7), no Cabo Sagrado, e dilata-se, pelo sul, at foz do Anas. Mais unia vez se manifesta aqui a distino, que Estra bo faz, das zonas de aqum e alm Guadiana, como dissemos acima. Quem ler seguidamente esta parte (ibid., pgs. 7-9), logo ver que, a partir do Anas ou Guadiana para Leste, a regio outra, no a praia ocidental, ou lado ocidental, como se consignou na traduo. Queremos aqui notar que a diviso em pargrafos no consta do original da Geografia de Estrabo. Por isso, no poucas vezes, o leitor induzido em confuses por uma ou outra arbitrariedade dos intrpretes e editores. Aqui justamente h uma dessas incongruncias. O pargrafo
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6. deveria abrir no comeo da pgina 8, e no onde est, na pgina 7; conservou-se para no alterar radicalmente nesta ten tativa a tradio escolstica. Na verdade, quando Estrabo diz: Nas regies altas habitam os Carpetanos, os Oretanos e muitos dos Vetes. (pg. 8), desviou a sua ateno para Leste, pois sempre parte do Ocidente para o Oriente, como notmos j, e melhor se ver adiante, pela localizao destes Povos, segundo o mesmo autor.
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Na referncia ao lado ocidental, Estrabo diz que ele se dilata at ao esturio do Tejo. Este passo contradiz, at certo ponto ao menos tomado letra, o j atrs comentado, do mesmo Estrabo (3, 1, 3, pg. 5), que pe o termo do lado ocidental no extremo noroeste da Galiza. Suspeitamos por isso, dada a cor reco da traduo do Dr. Cardoso, que h interpolao nas palavras at ao esturio do Tejo~, que os cdices, que nos restam, apresentam. Poder ser no eutauto que na mente de Estrabo estivesse o circunscrever-se, na sua descrio, zona que vai at ao Tejo e ao Anas! Pode ser. Basta ver todo o captulo III (pgs. 34 e segs.), dedicado , como dizia Cames, talvez influenciado, <(Oci dental Praias, ou lado ocidental da Ibria, o qual chega ao extremo norte, ao litoral do Mar Cantbrico (3, 3, 2, pgs. 36, etc.). Tudo possvel, dado que os Lusitanos se estendem principalmente do Tejo para o Norte, segundo Estrabo, falando deles como Povo, dir (3, 3, 3, pgs. 36).
Esta descrio do lado ibrico ocidental, termina-a o gegrafo, dizendo (3, 1, 6, pgs. 7) que os Romanos trouxeram da outra banda do Tejo, isto , da margem norte, para a zona de entre Tejo e Guadiana, alguns dos Lusitanos. Tal notcia condiz com Ptolomeu (2, 5), que atribui populao lusitana, nesta regio, no lentejo, Paz ~Ju1ia (Beja) e Jutia Aiijrtitis (Mrtola), esta sobre o Guadiana e entre Ebura e Augusta Ementa (Mnida). Apiano (Ibrica, 6, 10, 57) fala nos Lusitanos do outro lado do Tejo, isto do sul do Tejo, que em 153 a. O., sob o comando de Cauceno (Kaukainos na forma grega), invadiram os Cnios (Kyneoi), que eram sbditos romanos, e ocuparam a cidade
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destes, Conistorgis (ou Conistorsis), onde (ibid., n. 58) tambm hibernou Srvio Galba, vindo de Carmona que portanto ficava na mesma via onde se refugiara, derrotado pelos Lusitanos. Estes Cnios, sujeitos aos Romanos, no se devem confundir, assim, com os Cnios do lado ocidental da Ibria, inimigos, como os Lusitanos, dos Romanos, segundo se v do prprio Apiano, mais adiante (6, 12, 68), e por isso guerreados por Serviliano, que, depois de os subjugar, marchou contra os Lusitanos e Viriato, em 142 a. O. No era pois o pas cnio ou cintico, a Oeste do Guadiana, lugar para quartis de inverno, mas hostil. Testemunho importante, porque Apiano esteve na Pennsula (Histra Romana, promio, 12). Adiante faremos a isto mais detida referncia (n. 7, infra).
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5.
O)
A Btica ou Turdetnia.
Concebendo uma regio montanhosa, menciona Estrabo depois (3, 1, 6, pg. 8) os seus habitantes: Carpetanos, Oretanos e, em parte, Vetes. Mas refere-a, afinal, para logo descrever a regio que lhe fica ao Sul: a Btica, assim chamada do rio que por ela corre, o Btis, hoje Guadalquivir; e tambm chamada Turdet nia, do nome dos seus habitantes, que Polbio distingue dos Tr dulos, seus vizinhos a Norte a meu ver, os primitivos habitantes, que os Heracleus e Pencios obrigaram a refluir para as montanhas, tal como sucedeu com as migraes do Norte de frica, que obri garam a refugiarem-se os Berbercs no Atlas. Esta regio, di-lo Estrabo bem claramente, fica para Leste do Anas,. e vai at Oretnia e s Colunas de Hrcules ou Hracles, o Estreito de Gibraltar. No confunde, pois, com o lado oci dental da Ibria, a Ocidental Praia Lusitana, de Cames. Ilegtimo portanto abrir um pargrafo ou subdiviso deste captulo na descrio do Cabo Sagrado, como j referimos.
Quando o gegrafo pois nos fala da cultura dos Turdetanos, da sua escrita e da sua histria, poesia e leis em verso, com cerca de 6000 anos, refere-se sua Turdetnia, e no zona oeste do Guadiana. No entanto, h aqui uma notcia importante: a de que havia
xxvm
vrias escritas ou alfabetos (digamos assim para facifidade de compreenso) na Ibria, onde mais do que uma lngua se falava, nota ele, em que pese aos que procedem hoje em dia, em matria ifiolgica, como se acontecesse o contrrio.
Estrabo, como vimos, smente nos fala dos Cnios do Algarve. Em outra obra (Ocstrymwis cit, pgs. 42 e segs.), julgamos ter demonstrado qual a extenso dos Trdulos ou Turdetanos, que, partindo da zona de entre Douro e Vouga, onde ficaram os Tnrcluli Vetcrcs (Velhos ou Antigos), vieram dar ao territrio alentejano e algarvio, expandindo-se pela costa, at s Colunas, em poca anterior s invases heracleia e fencia. Os Cnios eram o mesmo Povo, assim chamado por estarem beira do Oceano, pois signi fica ocenicos~, e assim, com o mesmo nome, se designavam todas as populaes que ficavam no Ocidente ibrico (op. cii., pgs. 19 e segs., e 115 e segs). Ao mar para fora das Colunas chamavam os antigos Exterior; e Interno ou Interior ao Mediterrneo. Assim faz Estrabo tam bm. Carteia, em vez de Calpe, antiga e famosa cidade)>, (3, 1, 7, pg. 9), emenda avisada que faz Casaubonus lio dos cdices. Aceitamo-la, embora, como refere Schulten (ap. cii., pg. 145), haja notcia de um certo caipis oppidum (G. G. liinorcs, pg. 34). Timstenes de Rodes, a falado, escreveu um tratado sobre os portos, cerca de 280 a. C-, e esse escritor, segundo Estrabo, informa que inicialmente se denominava tal cidade Heracleia. Teramos assim trs nomes: Calpe, Heracleia e Carteia, para a mesma cidade, o que no fenmeno nico na regio. Veja-se o que sucedeu com os nomes de Cdiz. E, fora dela, com o nosso Aerniniurn (Coimbra), transformado em Ooiimria (Conimbrica) pelos rabes. Mantemos (3, 1, 8, pg. 9) a lio Atentaria dos cdices, que a de Ptolomeu e Marciano. A lio licitaria corruptela ou forma devida a evoluo (v. pg. 8, nota 34). Tingis, a seguir referido, Tnger, e Zlis Arzila, em Marrocos. Os Romanos levaram os seus habitantes para a Pennsula Ibrica,
XXIX
na costa fronteira, e com eles fundaram Jlia Joza (ou Joza), que, segundo Carcia y Bellido (op. cit., pg. 69-71), Tarifa. Significativo o outro nome desta cidade Julia Transdu eta (i. , transferida). Calpe o Penedo de Gibraltar (Fefinj; Carteia localiza-se a Nordeste de Algeciras, sobre a baia; Menlria talvez estivesse na margem oriental do rio Vaile, ensina tambm o ilustre Mestre
(op. ci&~ pg. 69).
O nome de Heracleia no parece devido nsia de hehmizar &tieamente (o termo de Garcia y Beilido) a Pennsula. Deve traduzir a recordao de posse ou at fundao de Hrcules, o chefe oriental, porventura fencio, que comandou as populaes de Cempsos, Sefes, e Dragaues, vindas da sia Menor, do Imprio Persa, Pennsula Ibrica. Belo, mencionado tambm no lugar em apreo, um rio. Porm, segundo o eminente arquelogo Garcia y Belildo (ibid.), o nome corresponde a Bolonia, despovoado perto de Tarifa (gr. Belon, lat. Belo e Baelo). A seguir, diz Estrabo (3, 1, 9, pg. 10), vem o porto de Menesteu e o esturio que bordeja Asta e Nabrissa. Asta Asta Regia, em que o segundo termo, Rgia~, deve traduzir o primeiro. Nabrissa, acentuado assim, latina, Ybrissa, em grego. Nos cdices l-se porm Nbrassis. Nebrija ou Lebrija, no Sul da Espanha. Quanto ao porto de Menesteu, escreve Garcia y Beifido (op. cii., pg. 71): Menesteu era o chefe das tropas atenienses em Troia. Segundo uns, morreu diante dessa cidade; mas outros dizem que em Atenas, depois de ter percorrido o mundo e fundado cidades na Aio/ris da sia Menor, no sul da Itlia e em Espanha. Estrabo cita com o seu nome o porto (qui o Fuerto de Santa Maria, em frente de Cdiz) e um orculo, e, segundo Filstrato, era venerado pelos Gaditanos, que faziam em sua honra sacri 1 cios~.
xxx Falando do rio Btis (Guadalquivir) achamos neste ponto uma referncia, interessanti ssima para nos, Portugueses, em Estrabo, (3, 1, 9, pag 10 in fine), a de uma cidade chamada Ebura, inter pondo se entre as embocaduras daquele no e as entradas de outros esturios, ceitamente no porto de huelva, onde os Rios Tinto e Odiei desaguam i~hais alm, outra vez, o Guadiant, com suas embocaduras Como se apreende facilmente, e na leitura dos geografos antigos necessrio ter em ateno constantemente o sentido em que se deslocam na sua descrio, o nosso autor volta atras, a foz do Guadiana, seguindo piovavelmente so pela costa, onde ficava esta Ebw a, nome celta (~Castellum~, segundo Mela, 3, 4) correspondente ao da poituguesa Eboi a, no Alentejo, fun dao romana colonizada com Lusitanos (<oppidum, segundo Plimo, 4, 117), conhecendo se porm outia, na costa alentejana, com o mesmo nome (Mela, 3, 8), e outra ainda na Gahza (id, 3, 11), para no falai em Eburobntttitm (Plinio, 4, 113), na Lusi tnia de entie Tejo e Douto
Chegado ao Guadiana, Estrabio menciona, em sua viagem de regresso, mais alm, o Promontorio ou Cabo Sagrado, terminando por mdicar as suas distncias do Guadiana, da desembocadura do Guadalquivir e de Cdiz 6 D) Liiuies da BeticaTurdetinia, e suas gentes
bmboia tendo prestado ja Estiabin Turdetnn Btica a ateno que se tem visto, a descuo dela comea precisamente no capitulo Ii Como ja dissemos, Estrabo no ultrapassa o Guadiana, para Oeste, pata o territrio portugus De modo que todas as coriec es feitas com o intuito de modificar esta sua atitude, e muitas so, tm de sei rejeitadas O geogiafo, logo de entrada (3, 2, 1, pag 12), estabelece os limites desta iegio, fixando os a Norte e Poente no Guadiana, a Leste em algumas tubos dos Caipetanos e Oretanos, ao Sul confina t com os Bastetanos (Sudeste na geo grafia actual), que ocupam a estreita faixa costeira entie Calpe
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(Petln de Cibraltar) e Gadira (Cdiz), e com o Mar Exterior at ao curso do Anas ou Guadiana. As confuses nasceram do passo que diz imediatamente:
Integram-se ainda na Turdetnia os Ilastetanos, que j mencionei, as tribos de alm Anas e a maioria dos vizinhos
(ibid.)~.
Diga-se antes de mais que Bastetanoi emenda de Astetanoi, Astetanos, habitantes de Asta ou Hasta Rgia, em plena Turde tnia-Btica. Astetanos~, diz o original. No h pois nisto contradio. A aluso s tribos de alm Anas~ tem produzido a apressada concluso de que Estrabo integrou o nosso Algarve (o porque no o Alentejo?) na Turdetnia que descreve. Estrabo tem proskcintai, que se traduziu integram-se). Porm o sentido exacto o de Plinio (3, 13): jura (Cordubam) petunt. Trata-se de uma referncia pura e simples administrao romana, e no a qualquer afinidade nacional ou tribal. Estas tribos de alm Anas, impe o elemento sistemtico de interpretao textual que se procure saber, por outros passos, quais so, visto que no as especifica o autor aqui. E o prprio Estrabo nos diz que os Povos de alm Anas, para o Norte, eram Trdulos, e no seu territrio haviam os Romanos fundado Ementa Augusta, ou Mrida (3, 2, 15, pg. 33), futura capital da futura provncia da Lusitnia; e identifica Trdulos com Turdetanos expressamente (3, 1, 6, pg. 8). Ptolomeu, nas suas conhecidas Tbuas, declara, por exemplo que os Turdetanos detm o interior e o (que fica) junto da Lusi tnia (pg. 39). No pode haver confuso portanto. Esto excludos os Povos do nosso Algarve da Turdetnia ou Btica de Estrabo. Este o sentido de um passo de Plnio, atrs invocado, que tem origi nado tambm dvidas injustifieadas, pois no trata dos Lusitanos. Diz Plnio (3, 13): Quae autem regio a l3aete ad fiuvium Anam tendit extra praedicta 1~aeturia apellatur in duas divisa partes totidemque
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gentes: (corrigimos a pontuao, substituindo por dois pontos uma vrgula) Celticos qui Lusitaniam attingunt, Hispalensis conventus, Turdulos qui Lusitaniam et Tarraconensem acco lunt, jura Cordubam petunt~. Isto quer dizer: Porm, a regio, para alm da descrita, que se estende desde o Btis at ao rio Ana, divide-se em duas partes e outras tantas cividades (tribos ou naes): os Clticos, do Convento (jurdico) hispalense que chegam at Lusitnia, e os Ttdulos que habitam a Lusitnia e a Tarraconense, e dependem da jurisdio de Corduba. Ptolomeu, num passo imediatamente anterior ao j citado, diz-nos (loc. cii.) que acima, isto , ao Norte dos Bastulos, ou Bastetanos, no hintcrland (mediterranca) para os lados da Tarra conense, viviam Trdulos. Logo, para o Norte, e no para Oeste. No faamos confuso, onde Estrabo no incorreu nela. Con vm apenas reter que a provncia da Lusitnia, com as coloni zaes romanas feitas com Lusitanos, abrangeu tambm Tr dulos perto. Se eles estavam ao tempo de Plnio abrangidos no Convento jurdico de Crdova, situao em que se manteriam por muito tempo talvez, isso no impedia que a Lusitnia, pelas suas gentes mais importantes, os habitantes das cidades, os Lusita nos, embora os dos campos fossem Tilrdulos o grosso da popula o (alis afim da lusitana, como se tem visto) se pudesse cstendcr at a; problema que alis no exarninarcmos agora. Certamente que, a crer no fidedigno testemunho de Ptolomen (cap. V), os habitantes de Balsa, Ossonoba, do Promontrio Sacro, de Caifipo, Salacia e Caetobrix ou Cetbriga eram Trdulos, como o eram, segundo Pluio, os moradores da margem sul da foz do Douro, que todos incluem entre os Lusitanos. Mas temos de distinguir entre afinidades e unidade nacional. Esta s existiria aqum Anas, por todo o Ocidente peninsular, cimentada pelas longas e gloriosas guerras contra Roma.
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O captulo III, dedicado Btica-Turdetnia, menciona vrias localidades, como Itlica, que ficava em Santiponce, perto de Sevilha (Hispalis), lupa, actual Aleal dei Rio, perto da mesma cidade, stigis, hoje cija, Crmon, hoje Carmona, Munda, pro vvelmente Montilla (o nome de Munda aparece tambm na Lusitnia, dado ao Mondego, o que no admira por ser nome estrmnio), Atgua, que Teba la Vieja; Urson, Osuna de hoje; Ilcbis, como quer Klotz, ou Tukis do original, aquela preferida por estar na regio da guerra, esta em latim Tucci ou Itucci (veja-se o 1 do artigo estrmnio plural), hoje Martos; Uha Mon temayor; Aspvia, cidade da guerra referida, tambm emenda de Klotz ao nome que se acha no original: Aigua. A guerra dos filhos de Pompeio, mencionada aqui, foi feita contra Csar. Na regio dos Clticos, que, coiuo vimos, tinham o porto de Nbuia, ficava tambm, mais para o interior, Conistorsis (3, 2, 2, pg. 11), que se tem corrigido para Conistorgis, em face de urna lio de 4.piano (Ibo., 57-58) e Salstio (Ilisi., 1, 119), mas que bem pode ser a melhor forma. Ningum sabe ao certo onde ficava, nem a origem do seu nome, em que no entanto se pretende ver um composto do nome dos Cmos. Sabemos que ficava entre os Clticos, numa zona dominada pelos Romanos j em 153 a. (~., e que foi invadida pelos Lusitanos sob o comando de (auceno, seu general, mas que, segundo Apiano, ficava em terra dos (nios. Flavia portanto uma certa mistura, de Celtas e (1nios nessa regio. Provvelmente a todos designavam j por Celtaq, ao tempo de Estrabo. Avieno chama Cnios tambm a estes povos entre o Anas e o l3tis. Estrabo (tbid.) fala tambm de Asta, Mesas de Asta, perto de Jerez, e depois de (astulo, Cazlona de hoje, runas; Sispon, Almadn; lietria, que ento designava a regio junto do Btis, e que depois foi a que se estendia a sul de Badajoz. noba, citada mais alm (3, 2, 5, pg. 17), outro nome de huelva.
Snoba, alguns corrigem para Ossnoba. Mesmo que assim
seja, de manter a preciosa forma original, como noutro lugar julgamos ter provado. Mnoba (~Jfamoba em gr.) tem sido iden
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tificada com Mnace (Afainake), com alguma razo. Se assim for, esta cidade ficava alm da Turdetnia e do Calpe, pois a refe rida por Estrabo (3, 4, 2, pg. 48), que a coloca ainda mais longe do que Mlaca (Mlaga), no mesmo passo (ihid.). Pode acontecer que o nosso autor, guiado pela rima, juntasse aqui todas as terras terminadas em -voba, ao aludir a esturios. Confirma esta hiptese o facto de no falar de Ossnoba na regio alm Anas, hoje portuguesa, onde sabamos que ficava, e de Onoba ter o sobrenome ou apelativo de Astnarin, que lhe davam os latinos, traduzindo o nome indgena. Haveria assim aqui uma paragem, uma considerao geral, laia de parntese, como em tantos outros lugares. Mas ainda poderia aventar-se a hiptese de ~Wonoha no ser a nossa Ossonoba. Adiante fala do carvalho, que abunda em toda a Ibria, tam bm (3, -1, 7, pg. 20), e faz referncia, por comparao, a outras regies longnquas. Mais frente (3, 2, 9, pg. 25), como j vimos, cita um passo de Demtrio, e, a propsito de minas de estanho, lembra as dos Lusitanos rtabros, que so os ltimos (Noroeste da Galiza actual), onde tambm h ouro e prata. Cartago Nova (3, 2, 10, pg. 25) Cartagena. Tem imenso interesse a reabilitao da geografia homrica, feita por Estrabo ainda neste captulo, a terminar (3, 2, 12-13, pgs 28-31). Noutro lugar estudmos o assunto com mais desenvolvi mento. As primeiras notcias da Pennsula devem-se, diz Estrabo, aos Fencios, que, antes da poca de Homero, possuam o melhor dela (3, 2, 14, pg. 32), e, no seu tempo, constituiam o grosso da populao da Btica (3, 2, 13, pgs. 29-30). Tambm nos luga res convizinhos Turdetffla havia Fenicios, diz Estrabo (ibictj. Devem ser os povos vizinhos, que referiu atrs sem meno espe cial (3, 2, 1, pg. 12). Aos Fencios de Tiro alude expressamente, embora sem os localizar, falando da regio alm Calpe (3, 4, 5, pg. 52). J tocmos nisto acima, no n. 1.
7. E) A Lusitnia de Estrabo:
Chegamos enfim descrio da regio portuguesa. Comea de novo Estrabo (3, 3, 1, pg. 34), pelo Cabo Sagrado, para logo subir at ao Tejo. Explica-se isto porque j antes alu dira, no captulo 1, dedicado geografia geral da Ibria (3, 1, 4-6, pgs. 5-7), s populaes que a havia, segundo ele: Lusi tanos e Clticos (3, 1, 6, pg. 7). Interessa aqui abrir um parntese, para voltar atrs, ao capi tulo 1, atentando nesta ltima referncia. Estrabo dissera (3, 1, 6, pg. 7): Na faixa litornea contgua ao Promontrio Sagrado tem comeo no s a costa (lado) ocidental da Ibria, que se dilata at ao esturio do Tejo, seno que a costa (lado) meri dional que se prolonga at outro rio, o Anas, e sua embocadura. Um e outro destes rios correm das partes do Levante. Mas, ao passo que o Tejo, muito maior que o outro, se dirige em linha recta para o Poente, o Anas infiecte para o Sul, e deli mita uma mesopotmia~, que povoada na sua maior parte pelos Clticos e alguns dos Lusitanos a quem, de alm da outra banda do Tejo, para ali transplantaram os Romanos~. Sobre as dificuldades que pode oferecer este passo, no que res peita a afirmar-se nele que a costa ocidental vai at ao Tejo, e a meridional at ao Anas, j atrs nos referimos, no n. 4 desta Introduo. Cremos que Estrabo quis fazer referncia especial a esta regio entre Tejo e (*uadiana, para, no lugar prprio, mais adiante, falar do resto com mais vagar. Ptolomeu, no captulo V do liv. II das suas Tbuas, descreve aquilo que ele chama Lusitnia, com um significado evidentemente administrativo, romano, pois na altura j a parte norte fora amputada, e integrada na Tarraconense, para quebrar a resis tncia da velha Orei de Viriato. Esse significado administrativo no impede porm que se possam achar as linhas gerais da Nao lusitana, em confronto com o testemunho de outros autores, principalmente Estrabo e os alegados acima no n. 2 desta Introduo.
XXXVI
Ora o citado Ptolomeu informa ali que viviam na Lusitnia os Turdetanos. Sob esta epgrafe, menciona Balsa, Ossnoba, o Promontrio Sagrado, a foz do rio Calipo (Cailipo), Salcia e .Kaitobrir (Cetliriga, Caetobrix), como dissemos h pouco (supra, n. 6). Depois, sob a epgrafe Os Lusitanos, ternos o Promon trio Barbarion, Olios Hippon (var. Olioseipon), isto , Olisipo (em Estrabo llolosis), a foz do Tejo, os montes ou Promontrio da Lua, a foz do Monda ou Munda, a foz do rio Vacna, e a foz do rio Douro. Logo a seguir, Ptolomeu diz que os Turdetanos ocupam os lugares em torno do Promontrio Sagrado, e que, deles, na Lusitnia interior esto Fato .Ju lia (Beja) e Julia Jlfyr Luis (Mrtola); mas acrescenta que, no interior da Lusitnia tam bm, ou seja no Alentejo ficam os Clticos. A Norte destes esto os Lusitanos em vora (Ebura) e da para cima, Scalabis, Aeminium, etc., sem esquecer, mais para Leste, no curso do Onadiana, Ementa Augusta (Mnida). Faz depois referncia aos Vetes, mas estes, como acima se viu, andaram apenas ligados ao governo militar Lusitnia de princpio, at serem nela integrados, mormente quando a Lusitnia foi cortada pelo Douro. Como se v, Ptolomeu conhece Lusitanos ao Sul do Tejo, e bem a Sul, designadamente em vora. Mas no deviam estar eles a Sul do Tejo smente desde a colonizao romana, pois j em 153 antes de Cristo, sucedia que os Lusitanos do outro lado (Sul) do Tejo, sob o comando de Cauceno, malquistando-se tam bm (corno os do Norte do Tejo) contra os Romanos, invadiram os Cnios (da Btica) que eram sbditos dos Romanos e apode raram-se durna grande cidade deles, Conistorgis, e, perto das Colunas de Hracles, atravessaram o Oceano, e enquanto uns devastavam uma parte da frica, outros assediavam a cidade de Ocilis (Arzila, em r. Ai-Gila), ou Okilis, informa Apiano na sua Histria das Guerras Ibricas, ou Iberica (lherike), livro VI, cap. X, 57. Estes Lusitanos estavam acantonados a Sul do Tejo. Marco Terncio Varro nasceu em 116 a. (1. e faleceu em 27 a. O. (Garcia y Bellido, La Espaia (lei siglo piiinero, cit., pg. 219). Plnio, citando este autor vetusto, diz: db Aaa ad SacrE m .L~isi
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tani~~ (4, 116), ou seja que desde o Anas ao Promontrio Sacro
[esto] os Lusitanos~. Deixemos porm ainda a questo em aberto. Referindo-nos aos Celtas da Lusitnia, convm anotar a opinio de Plinio, de que os Celtas da Btica deviam ter vindo dos Cel tiberos da Lusitnia, como o revelavam manifestamente a sua religio, lngua, nomes de cidades e pessoas, com que se distin guiam na Btica (3, 13): Celticos a Celtiberis ex Lusitania advenisse manifestum est sacris, lingua, oppidorum vocabulis quae cognominibus in Baetica distinguuntun. No diz Plnio que os Clticos da Btica provinham dos da regio do nosso Alentejo e Algarve, pois os que a estavam eram Clticos e no Celtiberos; no h referncia alguma a que eJes fossem Celtiberos. No damos muita importncia a esta notcia, que isolada de outros testemunhos. Plnio foi procurator da Hispnia Citerior no tempo de Vespasiano. Distinguia bem os Clticos dos Celti beros certamente. A i.eferncia a Celtihcris~ parece interpolao, pois os Ccltiberos estavam bem longe, mesmo para Plnio. Em qualquer caso, trata-se de uma considerao vlida apenas para a Lusitnia espanhola. Na ltima parte da sua descrio da Lusitnia da Lusitnia, note-se bem Estrabo traz esta informao preciosa (3, 3, 5, pg. 39):
Os ltimos so os Artabros, que habitam na vizinhana do Cabo, que chamam Nrio, e que o termo dos lados (costas) oriental e boreal (norte) [da Lusitnia]; perto deste [mesmo Cabo vivem ainda] os Clticos, parentes daqueles outros que habitam. nas cercanias do Aiias. Sem dvida, diz-se que estes e os Trdulos, aps ter atravessado o rio Limea
xxxv1JI numa sua expedio [contra estes Povos], ali se rebelaram; e que, aps esta rebelio, como o chefe se perdesse, por ali mesmo ficaram dispersos; e que por esse motivo o rio se chamou tambm Letes. Conforme noutro lugar escrevemos (Oestrymnis, pgs. 123-124), por este relato de uma velha tradio histrica, ouvida por Estrabo, sobre a invaso dos Celtas, ficamos a saber que os Celtas, antes da vinda dos Romanos, se aliaram com os Trdulos do Sul da Pennsula, e juntos com eles atacaram o Noroeste, sendo desbaratados porm pelos seus prprios aliados nas margens do rio Lima, pelo que dispersaram, fixando-se os ncleos prin cipais no Cabo Nrio e ao p do Guadiana. Ainda no sculo VI havia uma diocese no extremo Noroeste da Galiza, que se cha mava Britnia, com um Bispo JIIailoc, nomes que acusam a pre sena dos Celtas Bntoni ou Britcvnni, como revelam a mesma origem os topnimos portugueses e galegos, Bretoa, Bretonha, etc. A cidade de Bntonnia foi destruda pelos Muulmanos em 716, s ordens de A bde Alaziz. Nunca dominaram pois os Celtas, limitando-se a ser hspedes dos Povos autctones, que acabaram por os assimilar por completo. Em nota (486), dissemos tambm que Schulten, Fontes, IV, pg. 206, escreve, mexplicvelmente: Estes Clticos, que deram o nome ao prom. Oelticnrn, so parentes dos da regio Bactuna, de que se trata no cap. 1, 6, e bem podem ter vindo para aqui como auxiliares de Bruto, e ficar depois da partida do seu chefe. Sobre a origem dos Clticos da Galiza, v. supa, nota 379, nossa opinio tambm que os Clticos do NO. no deviam ter vindo da Betria. Alis basta ler o que diz Estrabo, que est falando da Lusitnia e no da Btica, sendo portanto da Lusitnia os Clticos que so a sua origem, ou seja do Alentejo. O que no impede que houvesse parentesco com outras tribos celtas, da Btica ou de outro lugar No fala Estrabo da passagem do Uma? No inculca porventura isto o caminho do Sul para o Norte, e portanto desde o Alentejo ? Diga-se de passagem que a hiptese de estes Celtas serem soldados de Bruto no tem qual quer apoio. Afastando-nos um pouco do que escrevemos na citada nota
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379, afigura-se-nos agora claro que os Trdulos, com que se aliaram os Clticos do Mias, da parte lusitana e no btica, pois s daquela se trata, no so os do Sufi de Portugal ou os da Btica, qualquer que fosse a ideia que Estrabo teve da vetusta informao a que se reporta. So necessriamcuio os convizinlios do Douro, os Turduli Veteres, que aquele rio scparava dos Calaicos. Para bem se compreender o que dizemos, e ilustrar quanto atrs ficou indicado sobre a distribuio desdes Povos, convm aqui transcrever Pfnio, O. Plinius Secundus, em sua Naturalis Historia, livro III, captulo XXXIV, que descreve com pormenor a Lusitnia: 34. A Pyrenaei promontorio Hispania incipit angustior non Gauiae modo, verum etiam semetipsa, ut diximus, immensum quantum hine oceano, illinc Iberico mare com primentibus. Ipsa Pyrenaei juga ab cxortu aequinoctiali fusa in occasum brumalem, breviores latere septemtrionali quam meridiano Hispanias faciunt. Proxirna ora citerioris est, ejusdem que Tarraconensis situs: a Pyrenaeo per oceanum, Vasconum saltus. Olarso: Vardulorum oppida: Morosgi, ivienosca, Vesperies, Amanum portus, ubi nuno Flaviobriga colonia. Civitatum IX regio Cantabrorum, flumen Sanda, portus Victoria Juliobrigensium. Ah eo loco fontes Iberi quadraginta milha passuum. Portus Blendium. Orgenomesci et Cantabris. Portus eorum Vereasueca. Regia Asturum, Noega oppidum: In peninsula, Paesici. Rt deinde conventt?s Lucensis, a fiumine Navilubione, Cibarci, Egovarri cognomine Namarini, ladoni, Arrotrebae, prornontorium Celticum. Amnes: Florius, Nelo. Celtici cognomine Ncriac, supcrque Tarnarici, quorum in peninsula tres arae Sestianae Augusto dicatae: Capori, oppidum Noela, Celtici cognomine Praesarnarci, Cilcui. Ex insulae nominandae, Corticata, et Aunios. A Cilenis, convcntus Bracarum, Heleni, Gravii, casteilum Tyde, Graeco rum sobolis omnia. Insulae Cicae. Insigne oppidum Abobrica. Mftius amnis, IV lvi pass. ore spatiosus. Leuni, Seurbi. Bra carum oppidum Augusta, quos supra (iallaeeia (Gatlaeci). Flumen, Limia: Durius amnis ex maximis Hispaniae, ortus in Pelendonibus, et juxta Numantiam lapsus, deiu per Are-
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vaeos Vaccaeosque, disterminatis ah Asturia Vettombus, a Lus2tama Gallacis, ibi quoque Turdulos a Bracans areens. Omnisque dieta regio a Pyrenaeo metailis jefeita, anri, argenti, feriu, plumbi mgri albique. 35. A Diino Luntan ,a vic~pit: Turduli vetores, Paesuri: flumen Vacca. Oppidum Talabrica. Oppidum, et fumou Aemimum. Oppida Conimbrica, Coilipo, Eburohrut um. Ex eurrit demde m alto vasto cornu promontoritm, quod ah rtabrum appellavere, alii Magnum, multi Olisiponense, ah oppido, terias, inaiia, caelum disterminans. Tilo finitur Ilis paniae latus, et a circuitu ejus incipil trons Septemtrio lune, oceanusque Gailicus, occasus illinc, ei, oceanus Atlanticus. Promontoru exeursum LX M prodidere, ali XC M pass. Ad Pyienaeum indo fiou pauci XII qmnquagmta milha, eU ibi gentem Artabrum, quae nunquam fuit, marnfesto errore. Arrotrebas enim, quos ante Celticum dixirnus promontorium, hoc in loeo posuere litteris permutatis. Erratum et m amnibus inelytis. Ah limo, quem supra diximus, CC M pass. (ut auetor est Varro) abest Aernimus, quem alibi quidem intelhgnnt, eU Limaearn vocant, Oblivionis antiquis dictus, multumque fabulosus. Ah Durio Tagus CC M passuum interveniente Munda. Tagus aurifer arenis celebratur. Ah co CLX II passuum proiiiontw ~nm Sacriun e media prope ilispama fronte prosilit. XIVC M pass. indo ad Pyrenaeum medium colligi Varro tiadit. Ad Anani vero, quo Lusitantam a Bactica discrevz,nus, CXXVI M passuum: a Gadibus CII M pass. additis. Gentes: Celtiei, Turduli, eU cirea Tagum Vettones. Ab Ana ad Sacrum Lusitaiu. Oppida memorabilia a Tago in ora, Olisipo equarum e Pavonio vento eonceptu nobile: Salada cognominata urbs Imperatoria: Merobrica: Promontorium Sacrum: et alteruin Cuneus. Oppida: Ossonoba, Balsa, Myrtilis. Universa provmcia dividitur in conventus tres, Emeri tensem, Pacensem, Scalabitanum. Tota populorum XLV, in quibus coloniae sunt quinque, mumeipium civium Romanorum: Latii antiqui tria: stipendiaria, XXXVI: Colouiae: Augusta Ementa, Anae fluvio adpositae: Metaifinensis,
XLI Pacensis, Norbensis, Caesariana cognomine. Contributa sunt in eam Castra Julia, Castra Caeciiia. Quinta est Sealabis, quae Praesidiurn Julium vocatur. Municipium civium Roma norum Olisipo, Felicitas Julia cognominatum. Oppicla veteris Latii: Ebora, quod item Liberalitas Julia, et Myrtilis, ac Salacia quae diximus. Stipendiariorum, quos uominare non pigeat, praeter jam dictos iii Baeticae cognomiuibus, Augus tobrigenses, Aeminienses, randitani, Arabricenses, Balsen ses, Caesarobricenses, Caperenses, Caurenses, Colarni, Cibili tani, Concordienses, Elbocori, Interamnienses, Lancienses, J[irobricenses qui Geltici cognominantur, Medubricenses qui Plumbari, Ocelenses, Turduli qui Bardili et Tapori. Lusita
niam c~tm Ast?Uia et Gailaccia patere longitudine DXL 11, talitudine DLXXXVI 111, Agrippa prodit
Releve-se-nos o extenso da transcrio, cuja importncia escusado encarecer. Como de costume, traduzimos, para auxiliar o estudioso, O leitor deve reparar em que toda a descrio feita por Plnio se desenvolve de Norte para Sul, mas por uma forma diferente daquela, a que hoje estamos habituados: como se o mapa estivesse voltado debaixo para cima, isto , com o Norte em baixo e o Sul por cima. Posto isto, leiamos em portugus:
34. A Hispnia comea no Promontrio do Pireneu, no s mais estreita do que aO Mia, mas do que ela mesma, pois ali, como dissemos, que de uni lado o Oceano e de outro o Mar ibrico a comprimem imensamente. Essas cordilheiras do Pireneu, dilatadas desde o Levante equnocial ao Ocaso brumal, tornam as llispnias mais estreitas do lado seten trional do que do meridional. A primeira a costa Cituior e a saa regio Tarraconcse. [Seguindo] do Pireneu por beira do Oceano, [achamos] as solvas dos Vasces, Olarso, as fortalezas (oppida) dos Vardulos, os Morosgos, Menosca, Vesprie, o Porto Amavam (dos Amanes~?), onde ora a colnia de Flavibriga. A regio dos Cntabros [tem] 9 clvi dades. [Segue-se] o rio Sanda, o Porto Victoria Jutiobrigen sinin. Desse lugar ~s nascentes do Ebro [vo] 40.000 passos. Porto Biendium [depois], os Orgenomescos e os Cntabros,
XLIJ e o Porto deles Vereasueca. [Adiante] a regio dos stures e a fortaleza de Noega. Na pennsula, os Psicos. E, depois, o Convento Lucense, a partir do rio Navilubion (Nvia com os Albones, quer Garcia y Beilido, op. cit., pg. 140, o que estaria exacto): os Cibarcos, os Egovarros, cognominados Namarinos, os Jades, e os Arrotrebas, [com] o Pro ,nontrio Cltico. Os rios Flrio e Nelo. Os Clticos cognominados .Wrios. E cii ia destes (Sul) os Tamarcos, em cuja pennsula foram dedicadas a Augusto as trs Aras Sestianas. Os Caporos, a fortaleza de Nela; os Clticos cognominados Presamarcos, e os Cilenos. Entre as ilhas devem ser mencionadas as de Corticata e unios. Adiante (para Sul) dos Cilenos, [fica] o Convento dos Brcaros; os Helenos, os Grvios, o castelo de Tui (Tyde), todos descendentes de Gregos. As ilhas Sicas. A famosa fortaleza de Abbrica. O rio IV[inho, com a largura de 4000 passos na foz. Os Leunos e os Seurbos. A fortaleza Augusta dos Brcaros, e acima destes (para Sul) os Galaicos. Rio Lima. O rio Douro, um dos maiores da Hispnia, que nasce nos Pelendes, e corre junto a Numncia, depois pelos Arvacos e Vaceus, separando os stures dos Vetes, e da Lusitnia os Galaicos, precisamente onde divide os Trdulos dos Brcaros. E toda esta regio, desde os Pireneus, abun dante de ouro, prata, feno, e chumbo negro e alvo. 35. Comea no Douro a Lusitnia: [Eis] os Velhos Trdulos, os Pesuros, o rio Vouga. A fortaleza de Talbrica. Emnio, fortaleza e rio. A fortaleza de Conmbrica, Colipo e Eburo brittium. Depois (para Sul) avana pelo mar dentro, com vasta cabea, um promontrio, que uns chamam Artabro, outros Magno, e mujtos Olissiponense, da fortaleza [deste nome], cortando terras, mares e cu. Com ele acaba o flanco da llisp nia, e, dobrando-o (para sul, sempre!), comea a frente dela. Por uma parte vai para o Norte, para o Oceano Gauls, por outra para o Ocidente, para o Oceano Atlntico. [D-se] ao Promontrio uma extenso de 60 000 passos; outros [atribuem-lhe] 1 250 000, colocando a o Povo dos Artabros, com erro manifesto. Pois o Arrotrebas, que antes dissemos ser o Promontrio Cltico, vieram a coloc-lo aqui, com certa alterao nas letras.
XLIII Tambm se errou acerca de rios clebres. distncia de 200 000 passos do MinJio, de que acima falmos, fica, segundo Varro, o Emnio, que alguns colocam mais longe, e chamam Limea, denominado pelos antigos do Esquecimentos (Oblivio), contando dele muitas fbulas. Do Douro dista 200 000 passos o Tejo, metendo-se-lhes de permeio o Munda. O Tejo cele brado por levar ouro em suas areias. A 160 000 passos dele, o Promontrio Sagrado avana, quase a meio da frente da Hispnia. Afirma Varro que da at ao meio do Pireneu vo 1 400 000 passos. At ao Ana, porm, onde separamos a Lusi tnia da Btica, 126 000 passos, e (fica) a mais 102 000 passos de Gades. Povos: Clticos, Trdulos, e, ao p do Tejo, Vetes. Desde o Ana at ao [Promontrio] Sagrado [habitam] os Lusitanos. Fortalezas notveis, a partir do Tejo (para Sul), na costa: Olisipo, celebrada porque as suas guas concebem do vento Favnio; Salcia, cognominada urbe Imperatria; Merbriga. [Logo] o Promontrio Sagrado. O outro (a seguir, para Leste) o Cneo. Fortalezas: Ossnoba, Balsa, Mrtola. Toda a provncia [da Lusitnia] se divide em trs Con ventos: o Emeritense, o Pacense e o Escalabitano. Conta ao todo 45 Povos, entre os quais h cinco colnias, um muni cpio [com o direito] dos cidados romanos, trs [com o] do antigo Lcio, e 36 estipendirios. So as colnias: Augusta Emrita, colocada junto do rio Ana; Metalinense; Pacense e Norbense, cognominada Cesariana, a que pagam tributo Castra Jlia e Castra Cecilia; a quinta Seatabis, que apelidada Presdio Jlio. Olisipo municpio [com o direito] dos cidados romanos, e cognomina-se Felicitas Jlia. Forta lezas [com o direito] do velho Lcio: Ebora, que tambm [se denomina] Liberalidade Jlia, e Mrtola, bem como Salcia, de que j falmos. Entre os estipendirios, dos que se poderia citar sem dificuldade, aparte os que tm nomes j referidos quanto Btica (i. , semelhantes aos de l), [contam-se]: os Augustobrigenses, Eminienses, Aranditanos, Arabricenses, Balsenses, Cesarobricenses, Caperenses, Cau renses, Colamos, Cibilitanos, Concordienses, Elcobrios, Inte ramnenses, Lancienses e Mirobricenses, que se chamam Cl ticos; os Medubricenses, conhecidos tambm por Plumbrios,
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.~.
J atrs acentuamos a importncia desta unio da Galcia e Astria Lusitnia no mapa de Agripa. Os Clticos da margem do Anas, que Estrabo encontrava tambm na Galiza, esto aqui bem definidos. Acontece que Estra bo se refere apenas aos da Lusitnia, e no a quaisquer outros, ao falar da Galiza, povoada de Lusitanos (3, 1, 6, pg. 7 e 3, 3, 5, pg. 39). Como os Trdulos estavam logo na margem sul do Douro, e Estrabo no diz que fossem os do Sul da Lusitnia, podemos conjecturar que os aliados dos Celtas, que com eles invadiram a Gailaccia, fossem os Lia duli T7eteres, os Primitivos Trdulos, e no outros. Mas se eram os do Sul, ento no podiam deixar de ser os que com os Clticos conviviam na Lusitnia. Trata-se portanto de uma expedio lusitano~celta, ou s lusitana, abrangendo nesta designao os Povos que viviam na Lusitnia. Que Celtas havia na faixa ocidental~ Plnio enumera-os de sobejo no passo transcrito. presena de portos e terras chamados, na Galiza, Ebura, e Eburolnitiinm na Lusitnia, inculca-nos que eram do nosso Alentejo esses Celtas, e no do Algarve, permitindo-nos classific-los de Eburones, Ebures, como acima dissemos, no n. 5. Uma ou duas terras com o nome de Brigantia na Gailaccia, (cfr. a actual Bragana), levam-nos a entender que esses Celtas abrangiam tambm uma tribo ou faco dos Brigantes, Povo bem conhecido, por exemplo, na Inglaterra romana, e em outros lugares. Enfim a Britnia ou Britannia do extremo Norte, como de outros lugares portugueses e galegos, mostra-nos que no foram os CaIU, como sucedeu na Celtiberia, mas os Brianni que demandaram a nossa terra e nela se estabeleceram. Clticos eram no Sul de Portugal os habitantes dc localidade importante junto do rio Mira, que podia ser Odemira (Mirobrica) Ebora ou Ebura; talvez Lacbriga, referida por Ptolomeu, cidade
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bem clebre nas lutas entre Lusitanos e Romanos. Na Galiza os Artabros ou Arrotrebas, os Nrios, os Prestamarcos, e os habi tantes da Ebura galaica. Eram parentes entre si. Plnio diz-nos que o Convento jurdico ((dos Bracaros tem 21 civiclades (tribos) e 285 Povos tributrios, entre os quais, alm dos Brcaros prpriamente ditos, podem nomear-se sem enfado os Bbalos, os Goelerni, os Gailueci, os Equnesi, os Lilici e os Quer qiterni>~ (iYat. Hisi., 3, 26). Sabido que o convento bracarense abrangia, grosso modo, as actuais provncias do Entre-Douro-e -Minho e Trs-os-Montes, vejamos onde estavam esses Caliacci,
sirieto sensic.
O mesmo Plnio, descrevendo o Noroeste peninsular desde a costa setentrional para o sul, alude ao Gastelhtm Tyde, actual Tui, e logo menciona o pido dos Brcaros, denominado Augusta, ou seja Bracara Augusta, ou Augusta Bracarum, que o mesmo (a atest-lo numerosas inscries). Acima> do pido referido, encontramos uma regio, a que, em sentido restrito, se chama Gallaeeia, ainda no seu tempo. Tem sido um quebra-cabeas a interpretao deste acima. Mas sem razo. Pois logo melhor explica o nosso autor onde ficava, ao dizer que, depois de separar os Vetes da Astria, o rio Douro separava da provncia da Lusi tnia, j amputada do norte, os Galiacci, precisamente onde tam bm separava os Trdulos dos Brcaros. Os Gallaeci so Brcaros. Jicrduli Vctees ficavam a sul cio Douro,diz o mesmo Plnio a seguir (4, 35): A Durio Lusitania incipit: Turduli veteres, Paesuri: Flumen Vacca. Como quem diz: A Lusitnia comea a partir do Douro (para Sul). Os Velhos Trdulos, os Psicos. Rio Vouga~. No devemos pois, na mesma orientao, caminhar seno do norte para sul. Aquele supra misterioso significa que Plnio estava a ler um mapa colocado com o norte geogrfico em baixo, e no
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no lugar em que hoje usamos. J o dissemos. Podia ser o mapa de Agripa, que ele ia seguindo. Note-se que, ao falar dos Tamar 008 (e. 34), Plmnio di-los tambm <acima, super, isto a Sul dos Nrios ou Nrias, antes dos Galaicos, onde usa o termo supra. Pela zona do oppidum bracarense Plnio fala do Lima e do Douro. No h aluso ao Gvado: omisso e confuso. Da a juno dos dois rios. Tudo isto ficava, depois de amputada a Lusitnia do Norte, na Tarraconense, que comeava nos Pireneus (Plnio, 4, 34). 8. A Lusitnia de Estrabo (continuao): Povo. II) A Provncia e o
O nosso Estrabo no dissente de todas as notcias contidas noutros autores, antes com elas est conforme no seguinte passo (3, 4, 20, pg. 70): Actualmente, das provncias atribudas em parte ao Povo e ao Senado, e em parte ao Imperador romano, a Btica pertence ao Povo, para onde enviado um Pretor (atrategos) com um Questor (tarnias) e um Legado (presbeutes). E os seus limites, para Oriente, fixam-se em Castulo. Aqui nos surge a zona sob o comando de Petreio, a que Csar fez referncia no trecho do De Beilo Civili (v. supra n. 2). Ao tempo as campanhas de Csar ainda no tinha esse nome, ao que parece deduzir-se do mesmo trecho, antes transcrito. Prossigamos porm com Estrabo (ibid., pgs. 70-72): O resto [da Ibria ou Pennsula Ibrica] pertence a Csar, que para ali envia dois Legados: um Propretor (interpretao de Schulten; o texto diz outra vez strategos) e o outro Pro cnsul (liypatikos; rigorosamente, Cnsul: interpretao de Schulten). O Propretor tem a seu lado um Legado, e administra a justia entre os Lusitanos que limitam com a Btica e se estendem at ao rio Douro e sua foz. Com efeito a8sim chamam ao presente, com propriedade, esta regido.
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O demais e a maior parte da Ibria [est] sob o mando do Procnsul, que dispe dum exrcito considervel de trs legies e de trs Legados. Um destes, com duas legies, vigia tudo o mais alm do Douro para o Norte, a que os antigos chamavam Lusitanos, e os de hoje Galaicos, bem como os stures e os Cntabros~.
Este o passo mais importante da Geografia de Estrabo, na delimitao da Lusitnia, e que no pode por isso ser subordinado a outro qualquer. Constitui a chave da interpretao dos demais. Primeiramente, observe-se que a expresso com propriedade~ traduz, por sugesto nossa, entre dois sentidos discutidos (v. pg. 71, nota 596), o termo grego idios. Estrabo considerava acertado o chamar assim a regio confinante com a Btica. Compreende-se talvez a sua opinio, se pensarmos que ele j dissera atrs que os Romanos tinham trazido para a mesopotmia*, entre Tejo e Guadiana, Lusitanos, para estabelecer colnias de romanizados (3, 1, 6, pg. 7); e que, ao referir-se aos Povos que tinham ori ginriamente este nome, Estrabo os aponta situados desde o Tejo ao Cantbrico, fazendo assim uma referncia, como diramos hoje, tnica (3, 3, 3, pgs. 36-37). Por outro lado, o parentesco das gentes de aqum e alm Tejo no pode ser negado. A faixa cltica do Alentejo no lograva disfarar que, tal como nas mar gens do Douro, havia Trdulos no extremo Sul; nem que os Celtas, alm do extremo NO., estavam em outros lugares, na Lusitnia. Aos Turd ali Vcures no regateado o nome de Lusitanos. Com propriedade se poderia dar tambm aos novos)> esse nome, por conseguiuLc, de Lusitanos. Acresce que, segundo atrs se mostrou, desde os tempos de Csar, e antes, desde a vitria de Pompeu sobre Sertrio, a provncia romana da Lusitnia vinha das embo caduras do Anas e do Cabo Sagrado at ao Cantbrico. Admitimos porm que o passo duvidoso, e que tambm faz sentido o entendimeuto de Schulten (Estrabn, pg. 116): Por que tal o conceito particular que da Lusitnia se tem no tempo actuali. Segundo isto, Estrabo teria dito pura e simplesmente, sem procurar insinuar mais nada, que houvera mudana na deli mitao da Lusitnia, quebrando-a no Douro. Mas, mesmo assim,
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l est, no texto citado, que os Lusitanos lindam com a Btica, o que d o mesmo. Confessamos que ora nos parece melhor uma interpretao, ora outra... Notemos por fim que os Lusitanos do Douro para o Norte, que os antigos (Mapa de Agripa, Csar, etc.) no conheciam de outro modo, ento tinham passado a chamar-se Calaicos ou Galaicos tambm. a zona de partida das guerras lusitanas todo o Ocidente penin sular, desde Viriato a Sertrio, as mais longas que Roma suportou. Passando agora ao exame do captulo III da Geografia de Estra ho, com os esclarecimentos que ficam dados, devemos prelimi narmente advertir o leitor de que no original dos cdices h ape nas duas divises, a dos livros e a dos captulos; a dos pargrafos, seces ou nmeros feita pelos intrpretes e tradutores, nem sempre com muita felicidade, como vamos verificar mais uma vez. Torna-se necessrio ter presente, segundo todos os verdadeiros lustoriadores sabem, que um trecho se deve interpretar sistem ticamente, ou seja, em correlao com os demais, que tratam do mesmo assunto, e sobretudo com os que do as razes das coisas. Cheia de erros de cpia e interpolaes, nos manuscritos conhe cidos que no-la conservaram, a Geografia de Estrabo tem sido objecto, ao longo dos tempos, de inmeras correces e at) ~~dap taes a teses preconcebidas. Tudo isto cria enormes dificuldades, ao intrprete como ao tradutor. Verdadeiros enigmas persistem. Outros vm sendo paulatinamente desvendados. O captulo terceiro, j o dissemos, comea no Cabo Sagrado novamente. Refere-se a Salcia (que seria Alccer do Sal), antes de chegar ao Tejo, alm de outras cidades, cujo nome no indica (3, 3, 1, pg. 3-1). Mas tudo passa um pouco por alto, para se deter na descrio do Tejo. Sobe Ilha junto da cidade de i~Ioro, Tejo acima, a Ilha de Almourol (de ai- JJorn). Da cidade, l3ruto fez base de operaes contra os Lusitanos. Na foz do rio fortificou Holosis, Olios-Hippon, Olioseipon ou Olisippo, Lisboa.
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O Tejo, diz Estrabo, e esta referncia tem a maior impor tncia, corre da Celtibria, onde tem as Nascentes, atravs dos Vetes, dos (1arpetanos e dos Lusitanos, at ao Ocidente...)) (3, 3, 1, pg. 36). No licito pois duvidar de que os Carpetarios e Vete esta vam a leste dos Lusitanos. Fixe-se bem isto. Continua porm (ibidj:
at ao Ocidente equinocial, correndo primeiro at certa altura, paralelo ao Anas e ao Htis; depois afasta-se (lestes, que infiectem para o litoral sul. Logo a seguir, num pargrafo que os intrpretes abriram, e o segundo do captulo (3, 3, 2. pg. 36), encontra-se isto: Os Povos que habitam para cima das partes niencionadas
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Diz o Dr. J Cardoso, na nota 228, que estas partes mencionadas so as Colunas. Pode entender-se tambm a expresso reportada ao <(litoral sul, de que imediatamente antes falara Estrabo, e onde refere desaguarem o i\nas, e, mais alm, o l3tis. Tambm se podem considerar como ((partes mencionadas, as que j mencionou antes: a Btica ou Turdetnia, actual Andaluzia. Estes parnteses so necessrios, para se compreender bem que Estrabo no atrapalha as noticias que recolheu, nem baralha as regies (la Pennsula, a qual, segundo cremos, visitou. Note-se porm que o termo partes correco de Schulten, pois o que est nos cdices serras. Diz porm o douto investiga dor que Estrabo antes no falara em serras, o que verdade. Mas isso mesmo nos faz suspeitar de que falta aqui alguma coisa. Qualquer lembrana ao menos do que ficou dito no captulo 1, nmero 6, pgs. 7 da traduo), ou no final do n. 3 do captulo II, na parte que se refere ao Anas e Betria (pginas 15 da mesma). Continuemos: Dos Povos que habitam para cima das partes (serras?) mencionadas, so os Oretanos os que ficam mais a sul e se
L estendem at( a costa compreendida dentio das Oolunas, a seguir a estes, os Carpetanos, para o norte; depois os Vetes e os Vaceus, ai; aves dos quais co~ ;e o Dom o, que vadevel ~01 altuia de Aconcia, cidade dos Vaceus E os ultimos so os Galaicos, que ocupam em grande parte as montanhas~ (3, 3, 2, pg 36) Vemos o Douio, a peiconei o terntono dos Vetes e dos Vaceus, e por ltimo o dos Galaicos, que no estavam s alcandorados em montanhas, mas tinham, alm de outro, um territrio que era montanhoso. Recorde-se a lio de Plnio (supra n 7). Estes povos calaicos so os actuais trasmontanos e minhotos (de Entre-Douro e Minho) Na veidade, explica Estiabo, logo a seguir (ibid ) L foi poz 1sso~ (entenda se poi habitaiem um teiritono em grande parte montanhoso, como o autor dissera antes) que, tornando se mais dificeis~ [os Galaicos] de combatei, deiam o cognome)) [de Calaico] ao vencedo; dos Lusitanos, e fizeiam que se chamassem Galaicos a maio; pamte dos Lusitauon No so em bstiabo que se encontia a ieferencia aos habi tantes da zona, que vai do Douro ao Cantbuco, como Lusitanos, segundo j vimos Refei indo se as campanhas de Scxto Junio l3ruto, pelo ano de 138 a C , Apiano ([bei 12, 71) menciona o Lth3s entie os nos dft Lusitnia, desciexendo (sbid, 72) depois as campanhas do geneial iomano para norte do Domo, at esse no, que c o Lima, atingindo depois o Ywaos (conupflo de Msn;os), que c o i~1inho, e os Poos bieaios, tudo isso na guena contra Viriato, movida supenoimente pOi Cepio, que dexastaia tambm o teiritorio dos (ilaicos (ztzcl , 70) Estes Galaicos, iefendos ~0i um autoi pos terioi a amputao da Lusitnia do Noite, de~em sei os que formaiam, tomados cm sentido lato, a piovincia iom~na da Galiacema, sob Caiacala, e no a primitiva tnbo deste nome, que ficava na 7onnt ocidental lusitana, no longe de Braga e pai iSul desta cidade confinando coni o Domo
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No passo, que vimos apreciando, de Estrabo (3, 3, 2, pg. 36), h, depois de se falar de regies ocidentais, aluso Oretnia, a que se referira no incio do pargrafo. No imediato, escreve (3, 3, 3, pg. 36): Entretanto, o que [vai] do Tejo para o Norte a Lusi tnia, a maior das Naes ibricas, e a guerreada pelos Roma mos durante mais tempo. Ora o flanco meridional desta regio, cinge-o o Tejo, como ao ocidental e ao setentrional o Oceano, e enfim ao oriental os Cntabros, os Ast~tres, os Vetes e os Vaceus, povos bem conhecidos, no merecendo referncia os demais pela sua pequenez e obscuridade, [o que dizemos] sem embargo de, ao contrrio do que corrente, hoje a [todos] estes [Povos] alguns chamarem Lusitanos. As cpias que chegaram at ns, todas da mesma origem afinal, dizem, em vez da expresso sublinhada: os Carpetanos, os Vetes e Vaceus e Galaicos. No hesitei na correco, que da minha responsabilidade, por tudo o que ficou exposto e transcrito de vrios autores, e muito especialmente por causa da localizao dos Oarpetanos segundo Estrabo (3, 1, 6; 3, 2, 1; 3, 2, 3; 3, 3, 2; 3, 4, 12, e 3, 4, 13), e identificao dos Galaicos com os Lusitanos do Norte esta consabida (3, 4, 20; 3, 3, 1; e 3, 3, 2); porque o mesmo Estrabo, ao indicar os limites antigos dos Lusitanos, f-los separar dos stures e os Cntabros (3, 4, 20), como j vimos, em conso nucia com outros autores, e fluialmente porque o prprio con texto o indica, dizendo imediatamente antes o passo transcrito que tudo quanto vai do Tejo at ao Norte, ao Oceano, Lusitnia. Outra interpolao corrigi no texto em apreo, conforme tudo vai exposto nas notas 235 e 237a, que so da minha responsa bifidade. Tudo assim ficar muito harmnico, no s com o prprio autor mas com as demais fontes histricas. Trata-se de uma exigncia da crtica interna, que talvez tivesse poupado muitas conjecturas e muita tinta. No vamos agora alongaa~-nos no comentrio do texto de Estra
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bo relativo Lusitnia. So muitos os autores que do mesmo se tm ocupado, procurando localizar os vrios acidentes orogr ficos, rios, cidades e Povos. Nosso intento foi apenas introduzir o leitor e orient-lo, para que no se dissipe nem confunda, e saiba o que est a examinar. Assim, pusemos especial cuidado em delimitar a Lusitnia, e localizar as gentes que na 1-listria tomaram o nome de Lusitanos. Trata-se de um nome ainda misterioso quanto sua origem, e quanto sua atribuio. No h texto que diga mais do que j lemos. Porventura sinnimo de Cavaleiros, segundo aven tamos noutro lugar (Oestrymwis, cit., pgs. 27 e segs.). Estrabo indica-nos um conjunto, grande, de Povos ou civi dades, que, do Tejo para o Norte principalmente, esse nome toma vam. Mas h no nosso autor referncia aos Povos do Sul de Por tugal como Lusitanos. Essas referncias abundam em outros autores, mais antigos. Clticos do Sul, havia-os tambm no Norte. Eram oriundos dos do Norte (dos Velhos) os Trdulos do Sul, e oriundos do Sul os Clticos do Noroeste, e talvez os Ebu2-ones de Eburobrittium. A. existncia dos Clticos, a cortar a continui dade tnica a Sul do Tejo, que antes se verificava em todo o Povo cnio ou estrmnio, levou Estrabo qui a terminar a Lusitnia no Tejo, ou a come-la &, segundo a posio relativa do obser vador. Mas a unidade era flagrante, como os Romanos, ao traarem as suas provncias, j em tempo de Pompeio, haviam reconhecido. Que essa unidade era anterior, revela-o o episdio de Cauceno, capitaneando os Lusitanos do Sul do Tejo, e demonstram-no todas as guerras lusitanas, de Viriato a Sertrio. Uma nota: Repusemos, sob nossa responsabilidade, a lio dos cdices: Btis, para o rio Minho (cfr. nota 251), pelos motivos expostos noutra obra (Oestryni nis cit., pgs. 48 e segs.). 9.
Uma hiptese.
Por fim, no resistimos a formular uma hiptese, por impe rativo de lgica. Esta notcia de Estrabo sobre a Nao lusitana, comeando-a
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no Tejo, parece-nos suspeita, em que pese a quantos a tem tido (e ns com eles) por uma bblia Na verdade, ela no condiz perfeitamente com as dos outros autores que consultmos e aqui extractmos, ao longo desta Introduo. i\Jm disso, parece estar tambm em contradio com o prprio texto de Estrabo, que considermos chave da sua interpretao (3, 4, 20, pg. 70 da trad), e onde se fala de uma Lusitnia que comea no nas, antes da sua amputao da parte calaica. Por outro lado, o passo, em que Estrabo faz limitar a sua antiga Lusitnia, a sul, pelo Tejo, aquele que foi mais mani pulado pelos interpoladores, como j vimos. Enfim, as nossas suspeitas avolumam-se, se lembramos que j antes, no nP 4, desconfimos de interpolao, onde o texto, que nos ficou, como de Estrabo, fala, a despropsito, no Tejo, como termo do lado ocidental da Ibria (3, 1, 6, pg. 7 da tradj. Mas, se no h erro, ento o bom do gegrafo teria, por con fuso, querido apenas aludir ao litoral sul de Portugal onde todos os outros sempre comeavam a Lusitnia, e ele fazia o Tejo chegar. Eis um problema, como se v, em aberto, porque o testemunho isolado e duvidoso. Por enquanto, ficamo-nos na geometria euclidiana, isto , com o sentir tradicional.-.
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L~ PARTE
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1. Depois de havermos traado () um primeiro esboo da Geografia (2), convm fazer a seguir a deseri~o dos pormenores, j que assim o prometemos: e parece que a nossa obra, at esta altura, est bem ordenada (3). Pela mesma razo, se h-de comear de novo pela Europa, e por estas suas regies, pelas quais anteriormente comeamos. 2. Corno deixmos dito, a sua primeira parte (4) a ociden tal, a Ibria. Desta, o mais dela pouco povoado (5), visto que (os naturais) lhe habitam, na maior parte, as montanhas, as florestas e as plaulcies, que tem camada humosa fraca, e sao desigualmente irrigadas.
(1) A traduo literal seria: Parece-nos conveniente, a ns, que fizemos o pri meiro esboo... (2) Este vocbulo significa, em razo dos prprios elementos constitutivos, des crio da terra; e dai que se possa tomar na acepo de Terra. (~) .[kh~t~plcrOat infinito perfeito md.-pass. do verbo ~.LEpI~W, que em rigor significa fazer em partes, dividir, partir> e, depois, seccionar por planejamento, arrumar por assuntos. (4) Mpos, em rigor, parte; porm, neste, como em tantissimos outros lugares deste livro, significar regio. (5) O adv., que est no grego, habilita-nos a fazer a traduo literal: escassamente habitada; ou ainda: 6 fcilmente habitada,>. Note-se o contraste,
uI,i,z-s. A regio setentrional no s excessivamente spera, mas tambm fria () e ocenica; e alm disso no contacta (7), nem tem comrcio (8) com as demais regies, de modo que esta a regio que mais difcil dc habitar se mostra (). Tal esta regio. Em contrapartida, a do sul e quase toda ela prospela, e partiou larmente a que esta mais alem das Colunas. Isso ficar claro, quando se descei a poimenores, depois de se lhe esboar primeiro a configurao o o tamanho. 3. A Ibria assemelha-se, sem duvida, a urna pele distendida no sentido longitudmal, do poente para o nascente, com as patas anteriores para leste: e, por outro lado, no sentido da largura, do norte para o sul O comprimento duns 6.000 estdios; a sua maior largura, de uns 5.000, embora haja pontos onde de muito menos de 3.000, sobretudo por altura dos (10) Pirenus, que formam o lado oriental. Sem duvida, esta cordilheira continua, que se alonga do meio dia para o setentriao (11), separa a Cltica da Ibna. E, sendo quer a Cltica quer a Iberia de laigura desigual, a parte mais estreita da largura de cada um dos territorios est entre o Nosso Mar e o Oceano, ou seja a parte, que est junto dos dois lados dos Pirenus, e que forma dois golos: um junto do Oceano, outro do Nosso Mar. O Golfo Cltico, a que chamam tambm Gauls, mais reentrante, e torna o istmo mais estreito que do lado ibrico (12).
(6) A traduo literal do passo seria a regio setentrional e absolutamente fria alem da aspereza da sua acidentao (7) A expresso ~~-pouetn#vZa ~tpricrov significaria a letia tendo-se tornado insociavel. (<que no se confunde com>) (8) O adjectivo &ycr&i-escro significa a letra, no entrelaado)); depois, ter a ideia de <(no ter relaes comerciais com>) (repaie-se no dativo) (9) A traduo literal sera mostra-se exageradamente com dificuldade de (ou para) habitao (= de ser habitada) (10) A preposio 7i-pc~ com dativo significa prpriamente diante de>) (li) A traduo literal sera <(estendida do sul para o norte>) (12) Ou. <(em relao ao (lado) iberico
III, 1, 3-4.
Formam os Pirenus o lado oriental da Ibria; o lado sul, dos Pirenus s Colunas, o mar que se estende at ns e o demais (deste lado), at ao chamado Cabo Sagrado, o Mar Exte rior, O terceiro o lado ocidental, de certo modo paralelo aos Pirenus, que se estende do Cabo Sagrado ao Cabo dos rtabros, a que chamam leme (~ rion ?). O quarto lado vai daqui ao cabo setentrionM dos Pirenus. 4. Tornando descrio, intentamos entrar em pormenores, e comeamos pelo Cabo Sagrado (gr. Hiern). Este no s o ponto mais ocidental da Europa, mas ainda o de toda a terra habitada, j que o mundo para ocidente limitado pelos dois continentes, com (os ltimos) cabos da Europa e com os pri meiros (cabos) da Lbia, dos quais uns so habitados pelos Ibo ros, outros pelos Maursios (13). O litoral ibrico prolonga-se, polo referido promontrio (mais que a Costa Lbica), cerca duns 1.500 estdies. E regio, adjacente a este (mesmo Cabo) chamam latina Cii.neum, que quer dizer cunha. Este promontrio, com sua proeminncia pelo mar dentro, compara-o Axteniidoro, que, segundo diz, esteve no lugar, a um barco, e afirma que d relevo comparao a existncia de trs ilhotas, das quais uma sugere a forma do csporao, e as outras duas, que tem pequenos ancoradouros, as auriculas da proa. E ajunta que no existe a nem templo nem altar, j de Hracles (foro neste ponto mentiu), j de qualquer outro deus, mas sim, em muitos stios, grupos de trs ou quatro pedras, que, segundo costum~ gentlico, os forasteiros voltam e mudam, depois de fazerem uma libao. No porm permitido fazer sacrifcios nem subir a esse local, de noite (j que, acrescenta, deuses vm ento ocup-lo), antes
(13)
O antecedente do relativo ser ~lcpot~, que significa n~o j cabos, mas extre
midades (dos continentes europeu e libico ou africano); da que deva entender-se que no so os cabos que suo habitados e, sim, esses territrios extremos.
1
6
111,1,4-5
os que chegam, para o visitar (9, tm que pernoitar uniu luga rejo vizinho, e subir depois de dia; mas precisam de lov~,r gua, por causa da escassez dela. a. Pode ser que isto seja assim, e que se deva acreditar; uao se deve dar, porm, grande crdito ao que escreveu, baseado nos relatos da multido ou de gente vulgar (10), Com efeito, segundo Possidnio, o vulgo diz que o Sol, ao longo da costa ocenica, no ocaso, se torna maior, ao iuesmo tempo que faz um rudo, como que o mar a iechinar, por aquele se extin guir, quando se afunda no profundo. Mas ele diz que isso no corresponde verdade, bem como o afirmar-se que a noite suceda bruscamente ao pr do Sol, j que sobrevni no seiu interrupo, e sim um pouco depois, coiuo adrega de suceder em todos os demais grandes mares. Alis nas regies, em que se esconde por detrs dos montes, devido ao crepsculo (), o dia prolonga-se um pouco mais, aps o ocaso do Sol (11); ao passo que aqui (16) nao se segue intervalo apreciavol, conquanto nao desam biuscamcnte as trevas, como adrega do ser na% vastas plamcies. Mas ajunta Possidonio que a im presso de o Sol aumentar de grandeza, quer no seu nascimento quer no ocaso, nos grandes oceanos, se deve ao facto de haver maior evaporao de gua; e de a nossa vista receber essas imagens do Sol, reflectidas () e ampliadas, como se por vidros (20) fra, atravs das nvens desse vapor, do mesmo modo que o Sol
em Aul
A cxpresso jii-i Bjav ?KELV ( ~pxeaOat) que potica (cfr v g Eur., lf , 427) significa vir para visitar alguma coisa (15) letra o que disse como a multidio e o vulgo, dai que possa entender-se o seguinte consoante as tradies populares (16) O grego tem ~rapa~wnuft significa em principio iefraco da luz (17) Claro que o sentido do texto grego sera este no obstante o sol ja se haver posto (18) Entenda-se na costa oce~nica (15) Segundo o texto de Muller, por canudos (20) Segundo o texto grego, o que se refrange nilo sao as imagens do Sol, e sim a vista do observador
(14)
JIT, 1. 5-6,
ou a Lua, ao nascerem ou ao pr-se no ocaso, quando observado atravs duma nuvem seca e tnue altura ciu que esse astro se mostra arroxeado. Possidnio diz que se convenceu da falsidade daquelas asser es, quando passou trinta dias em Gr~diraa observar o pr do Sol (21). Mas, na opinio de rtemidoro, o Sol, no ocaso, amplia-se umas cem vezes, e a noite cai repentinamonte. A darmos crdito s suas prprias palavras, no de admitir que ele tenha observado o fenmeno no Promontrio Sagrado, j que ningum na sua opinio l sobe de noite; donde, que l no tenha subido ao pr do Sol, dado que a noite se segui ria imediatamente ao dia. Tampouco lhe seria possvel observar tal fenmeno em qualquer outra plaga do litoral ocenico, pois que Gadira debrua-se sobre o mar Oceano, e Possidnio e muitos outros verificaram a o contrrio (22).
O. Na faixa litornea contgua ao Promontrio Sagrado tem comeo no s o lado ocidental da Ibria, que se dilata at ao esturio do rio Tejo (Tgos), seno que o lado sul, que se pro longa at outro rio, o Anas e sua embocadura. Um e outro destes rios correm das partes do levante (23). Mas, ao passo que o Tejo, muito maior que o outro, se dirige em linha recta (24) para o poente, o Aiias inficdte para o sul, e delimita urna emesopotmia que povoada na sua maior parte pelos Clticos e alguns dos Lusitanos a quem, de alm da outra banda do Tejo, para ali transplantaram os Romanos.
(21) (22)
O v. &vrr~iaprvpcw significa prpriamente testemunhar o contrrio; tra duzi-o, contudo, por testemunhar o contrrio, visto como o sentido da frase ser: no obstante Gadira ser uma cidade do litoral ocenico, todavia, Possidnio e outros gegrafos, que a estiveram, verificaram que a noite no sucede imediatamente ao dia, mal o Sol mergulha no Oceano como diz Artemidoro. (23) Pretende-se to-smente dizer-se que ambos estes rios vm do nascente, tm o seu curso orientado um no sentido este-oeste, outro este-sul. (24) A expresso j,yda significa em linha recta, directamente; da que mas simplesmente deva entender-se: o Tejo corre directo para o poente (sentido este-oeste).
TH,I,6
Nas legies altas habihni os Caipetanos, os Oictanos e mui tos (2o) dos \T0j es Est~ iegi~o e, sem du~ ida, medianamente piospela, poxm, ieg~o eontigua, que se estendo pala O nas cento e paia o meio dia, nto nada infeiioi i nenhuma outia da tona habit~da, enquinto a pi-eo e qualidade dos piodutos da teria e do mai E esti aquela xegiao atia~ s da qual cone o no B4tis, que comea nis pai tes onde o Mias eo Tejo tem suas fontes, e que, em extensIo, figurb entie estes dois nos (-) Con tudo, do mesmo modo que o Mias, tamb(m o Btis corso, ao pimeipio, em direco ~o poente, p~ia mfleetn em seguid~ p3n o meio dia, e desaguai 110 mesmo htoial que iquele 110 aludida iegi~o elr,mo~m B~tiea, do nome do no, c Tiude tma, do nome & seus h~bitantes, a estes Tiudehnos e Tiudulos, supem uns que s~o um mesmo povo, e outios no Da opnuao destes ultimos u Polibio que afinua que os Tuidulos Co po~ 05 ~ innhos, 1)010 noite, dos Tuidetanos Hoje em dia no ha distmio alguma entie estes dois po~ os Estes so leputados os mais cultos dos Ibeios, possuem mu~ esc~ift (-), e ttm ~ sua histona ( 8), a sui poesia e as suas leis em ;uso, iellns de & 000 anos, dizem Tamb(m os deni~is Ibeios tun ~ sui esenta, pon~m, apresenta mais que uma fonua, assim como h~ mais que um i lmgub (2J) E esta regiao, situada aqum do Mias, estende-se para levante, ~,t Oietaiui, e, do lado sul, ~t t p~i te do lii onl oceaiuco que vu da foz do Anis s Comias
(-) Ev~vot do gr.~go tlem de outrts icepoes comporti ide ,mme,osos ipirece no texto com genitivo partitivo. (26) Estrabo diz do Btis (= Guadalquivir) /.t~uos (irora1ia) d,x#oZv roth-wv
(irorcqi&v), um rio mdio entre estes dois rios, i. e., o seu percurso menor que o do Tejo, mas maior que o do Anas (o que no bem exacto). (27) A expresso ,caL ypaj.sj.sai-tic~7 xP&vraL traduzida leira d: servem-se da arte escrita>); daqui que deva entcnicrse : tm um alfabeto, uma escrita, uma lite ratura (por amplificao). (28) O grego d: rjs sraat~ ~sn5js~j avyypci/.t/Lara o que quer dizr: escri tura (escrito) de lembranas antigas. (Cfr. no latim: ,eru,n gesumnun ,mwmoriu) (29) Faz o A. aluso existncia dos vrios alfabetos e ~ diversidade de lnguas dos povos da Pennsula.
m, 1, 6-7-8.
Urge, porm, falar-se de tal regio anais cireunstanoiadali1~ine, assim corno das regies que com ela confinam, a-fim-de ficarmos a conhecer sua situao privilegiada e sua fertilidade. 7. Entre a orla litornea, em que o Btis e o Mias desaguam, e o extremo da Maursia, o mar Atlntico, preenchendo este meio (30), forma o estreito das Colunas, atravs do qual o Mar Interior (31) comunica com o Exterior (32). Aqui fica situado o monte dos Bastetanos, a que tambm cha mam Bstulos, a saber: o Calpc, de no grande perfinetro, mas do grande elevao e alcantilado, de tal maneira que ao longe se assemelha a uma ilha. Fica a direita do quem navega do ~ osso Mar pan o Mar Exte nor. A uns quarenta estdios, em frente desta escarpa, fica situada Oarteia, antiga e famosa cidade, que outrora fora um porto dos Iberos. H quem diga (33) que foi Hraclcs quem a fundou, e Timstenes, que est no nmero desses, afirma at que antiga mente se chamava Heracleia, e que apresenta vestgios duma grande muralha e de estaleiros. 8. Vem a seguir a cidade de Menlria (30), com indstria de salga de peixe, e, mais alm (35), a cidade e o rio Boio. Daqui se navega, mormente, para Tngis, na Maursia; tem tambm salgao. Zlis ora tambm vizinha da cidade de Tngis, mas os Romanos transplantaram-na para a costa oposta com parte da populao tingitana; enviaram tambm uma colnia romana e deram cidade o nome de Jlia loza.
(30) O grejo diz: eZ ~6 /Iera~ JpiTZ,TTOV r~ ATaVTIK6V Wayo, o mar Atlntico, que se precipita para o intervalo, m$io (das costas ibrica e maursia, marroquina). (31) O actual Mar Mediterrneo ou Mmc Internu,n dos Romanos. (32) O Oceano Atlntico. (33) letra: alguns dizem que ela fundao de l-Ircles,>. (34) H outra lio: Mcapa, i. e., Melaria ou Melria, atendendo a que o do grego breve. Deri~aria de /dt-7os, mel; dai que Mcapla fosso a cidade do mel. (35) A letra: depois disto.
10
111,1, 8-9.
Segue-se depois Gadira, ilha separada da Turdetnia por um estreito canal, que dista do monte Calpe cerca de setecentos e cinquenta estdios outros dizem oitocentos. Esta ilha, que om nada difere das outras pelo valor dos seus habitantes na arte de navegar e por sua amizade aos Romanos, experhuentou tal incre mento (36) em prosperidade de toda a ordem (37), que, erguendo-se embora no extremo da terra babitada, a mais afamada de todas as cidades. Mas voltaremos a falar nela quando tratarmos das demais ilhas.
9. Vm depois o chamado porto de Menesteu e o esturio cine bord.eja Asta e Nabrissa (38). Chamam-se esturios as anfrac tuosidades da costa que se enchem com a gua do mar nas mars cheias, o que, como nos rios, proporcionam a navegao para o interior das terras e para as cidades que ficam nas suas mar gens. Imediatamente a seguir vem a desembocadura do Btis, dividido em dois braos. A ilha compreendida entre estes dois deltas tem, no litoral, de latitude cem estdios, ou mais, segundo alguns outros- l~ aqui que se encontra o orculo de Menosteu, e onde se ergue a Torre de Copio~, edificada sobre um rochedo a que banham ao derredor as vagas, edificao admirvelmento construda e, como o Farol (de Alexandria), destinada a servir a segurana dos mareantes. Ja que as aluvioes arrastadas pelo rio Betis formam baixios, e as cercanias estao semeadas do esco lhes, de tal maneira houve necessidade de pr um sinal bem visvel do largo. Neste ponto comea a navegao interior do Btis e a cidade de Ebura e e templo de Vnus (39), a que chamam
(36)
A expresso jqr6oaw
~xetv.
que
O grego tem e~ lr&uav ei3rvxlav. em toda a prosperidade. Actual Nebrija. (39) O grego ~oJrJ~c3po (de ~&s-~wr~. luz e ~op~ oflernnefa de do v. trazer) significa em princpio que traz ou produz luz; depois, substantivado (J dan5p) estrela da manh, planeta Vnus, que traz ou anuncia a luz do dia.
111,1,9
li
Lux divina (40). Mais alm, abrem-se as entradas de outros estu rios; e, depois, o rio Mias, tambm com duas embocaduras, ambas navegveis (41)~ Depois, por ltimo, o Promontrio Sagrado, que dista de Gadira menos de dois mil estdios. Na opiniao de outros, do Cabo Sagrado foz do Mias so sessenta anilhas, e daqui dcsembocadnra do Btis cem, e daqui a Gadua vao setenta.
Quer dizer: Luz Divina. Alm da lio 8tovZva~, divina, h estoutra: 8ouflav, dbia, indecisa. (41) O grego tem o~ e~ az3r&v dvd,rov, e a navegao interior (= entrada, subida) a partir de elas (embocaduras>.
(40)
CAPITULO Ii
A Turdetnia, que o rio l3tis irriga, adrega de estar situada (42) na margem de c do Anas, da parte de cima da costa. limitada, ao norte o ao poente, pelo rio Anas; ao nascente, por algumas tribos dos Carpetanos e dos Oretanos; ao sul, Pelos povos Bas tetanos, que ocupam a estreita faixa costeira entre Calpe e Gaclira, e pelo Mar Exterior at ao curso do Aaias. Integram-se (43) ainda na Turdetnia os Bastctanos, que j~ mencionei, as tribos do alm (64) Anas e a maioria dos vizinhos. A extenso desta regio, quer em longitude quer em latitude, no excede (45) os dois mil estdios. As cidades so porm nume rosssimas (46), pois que dizem existir umas duzentas; contudo as mais famosas so as origidas junto aos rios, quer nos esturios quer no litoral, cm virtude do seu trfego comercial (47). So muito florescentes Crduba, fundao de Marcelo, e, pela fama e poder, a cidade dos Gaditanos: esta distingue-se pelas suas empresas marrhimas e pela sua ahana com os Romanos (8);
(42) O grego tem rcpicetaOat uv~tflalvt -n5v Tovp8ip-avav~ o que literal mente quer dizer: Sucede que a Turdetnia est situada sobre, <(da parte de cima. (43) O V. 71pJKLfLaL significa prpriamente estar situado junto de; prender-se a, depeader de. (44) ~ significa fora de, <(afora. (45) letra: no tem mais de 2.000 estdios. (46) O grego diz ~6o, multido. (47) Xpca pode significar comrcio habitual, relaes; necessidade, alm de muitas outras acepes. (48) O grego d St r~ 7rpo&e~aQat <Pw1zaoc Krrr uv,LfLaxa~ pelo facto de se haver posto ao lado dos Romanos segundo a aliana do guerra.
TIl, 2,1-2
13
aquela pelo valor e extens~o do seu local, que domina uma grande parte do curso do Btis. A Crduba desde o princpio que a povoam escolhidas gentes dos Romanos e de indgenas; e esta foi a pri meira colnia que os Romanos para ali enviaram. Depois desta cidade e da dos Gaditanos, importante a cidade de Hspalis (49) tambm fiuida~o dos Romanos. O seu emprio ainda hoje per dura; porm, mais importante que ela Crduba (no original: Btis), por haver tido a homa de acolher (50) recentemente sol dados de Csar, a despeito de n~o estar muito bem povoada (51). 2. A seguir a estas cidades vm Itlica e Ilipa no Btis, e mais alm, stigis (no original: Astinas), Crmon e Oblcon; e ainda as cidades onde foram vencidos os filhos de Pompeio, a saber: Mu.nda, Atgua (no original: Atetua), rson, Ucbis (no original: Tukis Tucci de Plinio), Ilha (no original: Inlia) e Aspvia (nos cd. Aigua Aegna e Esgua), todas elas vizinhas de Crduba. sem embargo, Munda que, em certa medida (02) a metrpole desta regio. Esta cidade dista 1.400 (no original: 0.400) estdios dc Oartoia, aonde se acolheu Gncu, depois da sua derrota. Daqui levantou ferro, e aportou (53) a mii lugar montanhoso da costa, onde foi morto (51). E seu irm~o Sexto salvou-se, fugindo dc Crduba (55), e, depois de haver lutado algum tempo (56) entre
Sevilha. O grego d ,-4; rt ~ KaI T(Z j,rouo~aat que manifestamente uma hendiades: pela honra e por haver acolhido (aboletado) donde; pela honra de haver abo letado... Por isso duvido do sentido que Scluolten d a rtpfl: por su distinci,,. (51) Convm observar que se trata dum passo duvidoso. Segundo a edio critica de Schulten, de que me estou servindo para fazer esta traduo, o sentido este, con quanto tenha de edtender-se (ainda segundo o mesmo Schulten) que a rivalidade se travou entre Crduba e Gadira. H, porm, outras lies (Cfr. Espna y los Espaiioles hace dos ,,,il alias de Garcia y Bellido e Geografia de Estrabo trad. de Gabriel Pereira). (52) O grego tem -rpdn-ov ~ rtva: acus. de relao, que traduzido letra significa
(49)
(50)
de certo modo.
(53) (54)
(55)
(56)
A forma 8tEc/iOpTJ aor. 2. pass. do v. 3rcufrOepo~. significa foi destruido. O grego diz ~,c Kop8fl-q uw6e, salvo de Crduba. letra: durante um tempo pequeno, breve.
14
111,2,2-3
os Iberos, sublevou mais tardo a Sidiia; depois, escorraado dali, passou-se sia onde perdeu a vida depois de preso peios gene riis de Antonio, em iWileto Entie os CQirnos, a cidade mais hmosa a de Conistoigis (no ouginal Conistoisis) Junto dos estunos, existe unda a cidade de Asta (no onginal Mast~), ionde os Gaditanos fiequentemente se encontiam (57), j que disti do entreposto da ilha n~o muito mais de 100 estdios. 3. As margens do Btis s~o muito povoadas (5~; pode su bir-se (59) o rio num percurso aproximado de 1.200 estdios do Oceano a Crduba e at a lugares um pouco mais acima (deste ponto). As terras ribeirinhas, como as insuas do rio, est~o ama nhadas com todo o esmero (69). Ajunte-se a isto o deshunbramento da paisagem, que provm dos bosques e de outras plan taes admirvelmente tratadas (). Porm, at Hspalis sobem barcos de grande calado ai 500 estdios; e at a cidades mais acima do curso do rio, como lupa, barcos de inferior; a Crduba s barcaas de rio, que agora se constroem com peas unidas umas s outras, ao passo que outrora se fabricavam dum s tronco. Na parte do seu curso superior j perto de Castulo (original: Cl~ston), o rio deixa de ser nave gvel. E paralelos ao rio desdobram-se da banda do norte linhas sinuosas de montanhas, que daquele se aproximam mais ou menos, de grande preuhid~o de metais. Abunda principalmente a prata, nas regies de lupa e de Sispon, a Velha e a Nova (62). E na
(57) Evvlact: 311 pessoa do plural do pres. ind. do v. uvurna que em princpio significa <(enviar juntamente; lanar um contra o outro; compreender. (58) O grego 7rc1pOtK~Tc1L 8? bqT~ ,TEIUTWV d Bctin significa: O Btis habitado junto (de suas margens) pelo maior nmero (de povos))>. (59) O grego tem dva,TEZraL, 311 pess. sing. do pres. ind. md, do v. &vainVw, subir a corrente dum rio. (6O) O grego d JfdpyauTa.t~ 311 pess. sing. do perf. md.-pass. de v. que, neste caso, significa prpriamente cultivar a terra. (61) O grego d &,rE7rov7)/.aevwv (do v. &710V/w cuidar, trabalhar) xwp(wv; dos lugares muito bem tratados. (62) O grego d ~r3v r~ TTEZLt6V Ey/LEPOY icaL TI~V vJv, i. e., Sispon, a chamada Antiga e a (chamada) Nova.
111,2,3-4
15
regio das chamadas Ctinas h minas simultnemente de cobro e ouro (6~). Estas montanhas ficam esquerda de quem sobe o rio; direita, estende-se uma vasta e elevada plancie, no s frtil, mas tambm coberta de grandes arvoredos e excelente para pastos (64). O nas navegvel; no, contudo, com barcos to grandes ncm em to grande extenso. Todavia, as montanhas, que jnnto s suas margens se erguem, encerram em seu seio metais, montanhas qne se estendem at ao Tejo. Os lugares, onde abundam os minrios, foroso serem speros e estreis (65), quais os que ficam junto Carpetnia, (cd.: Car pitnia), e, sobremodo, aos Celtiberos. Tal a Betria de plancies adnstas, que se desdobram ao longo do Anas.
4. A Tnrdetn.ia urna regio feracssima, j que produz frntos de toda a qualidade e, igualmente, em grande quanti dade (66). Toda esta riqueza se duplica com a exportao, j que o excedente de frutos fdilrnente se vende, dada a afluncia de barcos mercantes (67). Fazem-se estas transac5es devido exis tncia de cursos finviais e de esturios (68) semelhantes, como dissemos, a rios, e navegveis do mesmo modo, em barcos no s de grande mas de pequeno tamanho, desde o Oceano at s cidades do interior. , com efeito, plana em grande extenso, toda a faixa costeira entre o Cabo Sagrado e as Colunas.
(63) XaA,cs TE ~ta yEvv&ra~ ,ca~ ~pwr~. i. e. letra: nasce simultneamente cobre e ouro. (64) O grego d os adjectivos: d~icap~rov. abundante em frutos; JLEyCLA6EV8poV. de grandes rvores; c~flo~-ov, abundante em pastos. (65) Permita-se-nos, a propsito, chamar a ateno para a corte na Aldeia, dilogo VII, de Rodrigues Lobo, em que ele descreve a natureza de lugares onde abun dam minrios, mximamente o ouro. (66) O grego d ira (L~pov. gen. de 7r~L~opos. que produz Ludo e irov~pov gen. de iroAt44os. <(que produz muito. (67) O grego d simplesmente r63 ~T>~OEL vavicrjptw. i. e,, multido de barcos fretados. (66) A traduo literal ser: so os rios e os esturios.., que fazem (facilitam) isto (as transaces de frutos).
16
111,2,4
Nesta regio aparecem com frequncia reentrncias (semelhan tes a considerveis gargantas e ainda a leitos fluviais) que se estendem por muitos estdios, desde o mar at ao interior das terras. Estas rias, a preamar que as enche, de maneira que se podem subir j~ no menos que os rios, mas at melhor (69). Pois a sua navegao parecida com a fluvial, visto que no h obstculos e o mar a favorece (70), na mar cheia, como o faz a corrente dos rios. As mars vivas so maiores aqui do que em outras partes, porquanto o mar, empurrado do oceano para a estreita boca, que a Maursia e a Ibria formam, recebe uma impulso, e fcilmente penetra as terras que cedem sua irrup o. Algumas de tais rias esvaziam-se nas mars baixas; as guas noutras no se esgotam inteiramente; outros dos esteiros contam ilhas no seu seio. Tais so, pois, as obras que ficam entre o Promontrio Sagrado e as Colunas, onde (71) a pramar mais viva (72) que nos demais stios (73). Estas mars (74) proporcionam certas vantagens aos navegantes, j que tornam os esteiros mais nume rosos e maiores e, muitas vezes, navegveis numa extenso de oitocentos (no original: oito) estdios; de tal maneira que, at certo ponto, tornam todo o pas navegvel e fcil para exportao e importao de mercadorias. Apresentam, contudo, uni incon veniente: sem dvida a navegao fluvial, devido impetuosi dade da pramar, que choca com violncia com a corrente dos rios, representa um no pequeno perigo para as embarcaes,
(62) Uma traduo daria: (...) de modo que os barcos podem subir por essas rias como por rios, mas fazendo-o com maior facilidade ainda. (70) O grego d o v. J~~ovp(Cw, impelir com ajuda dum bom vento. (71) O texto grego tem ~xovcrcu. i. e., as quais (obras) tm. (72) O grego ~,,-f3og~ c~po~rcpav significa prpriamente crescimento (das guas, das mars) mais impetuoso, mais forte. (73) Repare-se que o pron. indef. ao, acompanhado do artigo, significa o resto, o demais,>. Observo ainda que a preposio rrap em lTap& ra (&vaxuct) no me parece introduza o 2. termo de comparao que est implcito no comp. u~po8orJpav; decerto, ter de pensar-se num (ou at possivelmente num subentendido; de contrrio, parece-me que deveria esperar-se um rap a~ Jvaxaee.&, se ~rapd equivalesse a (79 Prpriamente J,,-(Sogts-, prpriamente crescidas (de guas, mar).
4.
111,2,4-5
17
assim para as que descem como para as que sobem (71). Em con trapartida, nos esturios, o que perigoso o refluxo, j que, anlogamente s mars vivas, tambm as mars baixas se tor nam perigosas, porquanto, em razao de sua mesma velocidade, muitas vezes deixam o barco em seco. E os gados (72) que se encaminham para as ilhas fronteiras s abras, so, pois, umas vezes arrastados, outras interceptados; e, quando porfiam de voltar atrs, no o logram e, sim, 1x.recem. Contudo, diz-se que as vacas, acostumadas a estes fenmenos (7~), aguardam o retroceder da mar, e so entao passam para terra firme.
5. Os indgenas, conhecedores da natureza da regio e sabendo que os esturios tm o valor (74) de rios, nas suas margens fun daram cidades poderosas e outros povoados, do mesmo modo que nas imediaes dos rios. Perteuce ao umcro destes Asta, Nabrissa, noba, Snoba, Mnoba e outras mais. E os canais, que b onde quer, contribuem para que cheguem mercadorias de muitas partes e saiam para muitas outras, tanto dos indgenas uns com os outros quanto com os povos estranhos (75). Do mesmo modo, nas -frequentes (76) inundaes, so teis os continentes, porquanto, separados por istmos que impedem a sua comunicao, se tornam navegveis, de tal modo que se podo atravessar dos rios para os esturios, e vice-versa. Todas as tran saeoes se fazem com a Itaha e Roma, pois a navega;-o ate as Colunas e boa, se exceptuarmos alguma dificuldade ao derredor
(7)
i. e., para os barcos que descem os rios ou para os que os sobem. Estrabo diz ~owc~5jtara. animais que pastam (bois, ovelhas.. (7) O original grego d T 3~ flo ... rer~pipcu(a aujtflati~ov: porm que as vacas, depois de terem observado o sucesso... (74) o v. ~ significa prpriamente prestar servio. (75) O final deste periodo est um pouco embrulhado; no entanto o sentido este:
(VaVK-qpar)
(7)
transaces que os indigenas fazem uns com os outros, atravs desses canais, ou com outros povos (os de fora da ibria, como o texto parece querer insinuar). (76) O grego d ,,4 ,yo que vale dizer; <(sobre o muito, geralmente.
2
IS
uI,2,$-6
do estreito; e excelente a navegao do Nosso Mar, onde, sem dvida, as travessias chegam a bom termo, merc da bonana do clima, mormente em navegao de altura (77), o que prefe rvel para navios de carga. Mais: os ventos no alto mar sopram numa direco fixa (78). E, alm disso, com a extino da pira taria, favorvel a actual paz, e cio tal modo que os navegantes disfrutani duma segurana absoluta. Possidnio afirma, contudo, que observou algo de peculiar na sua torna-viagem da Ibria, a saber: que naquele mar sopram ate o golfo da hardonha ventos periodicos dc Leste (70), e que por isso levou tres meses a chegar penosaniente a Itlia (se), depois de haver sido arrastado para as ilhas Gimusias, as Sardenhas e outras regioes da Libia, que ficam em frente daquelas. 6. Da Turdetnia exporta-se trigo, muito vinho e azeite, no smeitt e em quantidade, mas ainda cm c1ualidade (81); e ainda cera, mel, peixe, muita quermes e vermolhao nada uiferior ao da terra de Snope. Os barcos eoustroem4los aqui mesmo dc madeira indgena. Alm disso, h sal fssil e no
poucos rios salgados. E faz-se, tanto aqui, como na outra costa alm das Cohuias, no pequena saiga dc peixe a qual no inferior da torra pntic1 Antigamente importava-se tam bm daqui grande quantidade do tecidos para vestidos; hoje, porm, l, mais procurada que a dos (lorxios (82), j que extre
.
(77) (70)
O texto tem ,,-eayi~ovrt. i. e. para o que navega em pleno mar alto. O grego tem ~ovus,, ,-dgtv, i. e. tm tinia ordem; dai que possa entender~se
ventos de direco fixa ou regtilares. () O grego diz simplesmente: e3pot &,]aaL, os etiros... ventos peridicos. (90) O grego tem ,-ptu~v fn7oLv Icwr&prLt j.tdt, que chegou a custo, em trs meses, Itlia ,cwroJpw ~ + aeu.. chegara, aportar a... (01) O grego diz: -fl-o ... o~ ,caAtwrov, nlo s muito, mas ainda o melhor. (02) Acerca deste passo h pelo monos duas liees: uma, a que adoptei; outra, a de Schulten, organizador da ed. critica de que me sirvo. a seguinlo: Fero hoy (viene solo) lana, ms que (dei pais) de los Koraxios. O original grego diz laenieamente: S~ ~pta jx&ov r~P icopae&v~ umas aettianiente (importam-se) ls mais.., do que do pais dos Corxios (mas... procuradas que as dos Corxios?)
III, 2, 6
19
inamente bela (89. Mas, por um carneiro reprodutor, paga-se, certa, um talento. E h tambm abundncia de tecidos finos (84), que os Saltietas fabricam. A abundncia de gados de toda a espcie enorme, assim como a de caa. So raros, porm, os animais daninhos, se exceptuarmos os coelhos (85), a que a alguns chamam leberdas~. Oomo se alimen tam de razes, destroem plantas e semontes; mas isto acontece quase por toda a Ibria, e a praga estende-se at Masslia, e, inclusiv, s ilhas. Dos habitantes das Gimnsias se diz que envia ram mil dia uma embaixada a Roma, pedindo outras terras, j que se viam expulsos das suas por estes animais, e se sentia~ incapazes de lhes dar caa, em virtude da sua muita abundncia. E para unia invaso to grande, que nem sempre se verifica, mas que se propaga Como espcie de praga, ta] a de serpentes ou de ratos dos campos, urge qui tal recurso; ao passo que contra um pequeno nmero se inventaram diversos mtodos de caa. E assim tambm (86) criam adrede fures (87) que a Lbia produz; depois de os aatinarem, introduzem-nos nas luras. Estes, com as garras, arrastam para for? os coelhos que logram apanhar, ou obrigam-nos a fugir para o exterior, e entao os caadores (88), a sua saida brusca, apanham-nos. A tonelagem e. o numero de cargueiros (89) dao ideia da abundancia das exportaoes da Tur detama. Sem duvida, os maiores navios de carga navegam destas paragens para Dicearquia e stia, porto do Roma, e o seu nmero no inferior ao dos barcos que vm da Lbia.
(8) O grego ,ccd iTrcpfloMJ TI ~UTt ro aou dava a traduo literal: e existe um certo excesso de beleza, ou ainda: a beleza excessiva. (84) O original grego tambm autoriza a traduo: de grande qualidade so os tecidos finos... (85) Estrabo diz prprianierne yeoipxwv ayt3&vv kbrezflas que escalam a
A locuo gr. Icai 8,~ ical letra significa e natwabne,ue tan,b,,,. O texto tem ya &ypa, doninhas selvagens. (88) O grego diz ~ ~ECT3TE (nora. p1. do part. perf. de ~iar~~ifl. os que esto postados frente de. (9 vavK2~ptov = navio de frete.
(86)
terra...
(87)
20
111,2,7
7. E, ge tais so as terras interiores da Turdetnia, poder dizer-se que o litoral com estas compete ainda mais, em razao das riquezas do mar. Em geral, toda a espcie de ostras e conchas excedem, sem duvida, em numero e tamanho, as de todo o mar exterior; mas especialmente aqui, porquanto maiores sao (09) ~ preamares e baixa-mares, as quais parece serem a causa do seu aumento em nmero e tamanho, devido ao exerccio (91). O mesmo sucede (92) com toda a espcie de cetciosorcas, baleias e botos que, ao respirar (93), do de longe, aos que observam, a impres so e o aspecto duma coluna de nuvens. Tambm os congros oferecem um aspecto monstruoso (ei), os quais excedem em muito aos nossos, quanto a tamanho, e as moreias e outros aos das respectivas especies. Em Oarteia, ao que dizem, h bzios e mrices de dez clilos; e, nos lugares mais afastados (mais prximos do mar extenor), moreias e cengros de mais de oitenta minas; polvos de um talento; lulas de dois covados do comprimento; e tudo o mais nesta proporo (95). E tambm aqui aflui muito atum (vindo) do Mar Exterior, gordo e pesado. que se alimenta de certa espcie de landes de carvalho que nasce no mar, e que, nao obstante ficar rasteira, produz frutos abundantissimos. Esta arvore abunda tambm na terra, por toda a Ibria, tem raizes grandes como se foram dum robusto carvalho, mas mais baixa, devido ao tronco pequeno. Produz tal abundncia de frutos que, aps o seu amadureci
(iO)
T&V
iri,~i,ivpiawv i<cd
d/L1TL&TEWV aCo,t/vwv~ i e crescendo (= porque crescem, aumentam) as praei- e baixa-mares (ii) Estrabo parece querer dizer que, visto como os fluxos e refluxos so maiores TWV
que no Mar exterior, as ostras e demais conquiferos, em razAo desses movimentos de maior amplitude (que implicam exercwlo) aumentam em tamanho e em numero () O grego j,~ 6a~rw~ E~XEt K&t Ep~, -habilita-nos a traduzir da mesma maneira se tem (= acontece) acerca de (i3) O texto tem to-so Jv dva4.vu~~urus i-aw trata-se dum gen abs com valor temporal, conquanto em principio devesse ser relativo e apresentar-se talvez assim oT dva~vcr4aawrs batvovralrt ~4,t () O grego diz prpriamente d~roUjpLo6vTaL. i e, tornam-se selvagens (9 Traduo livre de Kc4 r rrapairi~cta que pode significar e tudo o mais semelhante ou (os demais peixes) semelhantes aos caiamares
-a
111,2,74
21
meuto (9, a costa, tanto a do interior corno a do exterior das Colunas, fica coalhada de glandes que as preiamaros arrojam; mas a do interior das Colunas aparece sempre com tamanho menor e em mais quantidade (97). E Polbio diz que estas bolotas che gam at ao litoral do ~jeio, a no ser que (afirma ele) tambm as produza a Sardenha e as coslas vizinhas desta. E quanto mais se aproxima das Colunas o atum oriundo do Mar Exterior, tanto mais se adelgaa, em virtude de faltar a cera. Diz (Polibio) que este animal como que um porco marinho, em razao de dar proforencia a bolota, e de com ela principalmente se cevar; a tal ponto que, havendo abundncia de laudos, abundar o atum () 8. Conquanto esteja a referida regio (da Turdetnia) pro vida de recursos to grandes, poder-se- elogiar e admirar mais, que no menos, a abundncia de seus minrios, visto como, a despeito de todo o pas dos Iberos estar cheio deles, nem todas as regies so assim to frteis e ricas (99), e mormente as que abundam em minerais. Raro acontece, ser uma regio prspera em ambos os produtos (i00); e raras vezes tambm sucede que a
O grego diz to-s,ae,-& T5~V &K/L75t. Ora dK~L~5 significa: 1) parte aguda dum objecto: 1) ponta; 2) gume; II) o ponto mais alto de: 1) fora e 2) poder; 3)o mo mento em que uma cisa est em ordem (sazonada?); 4) momento oportuno (efr. Dictio nmaire Grec-Franais, BailIy, s/v). No me parece, pois, bem traduzidir dicfn5 por mar alta ou viva, corno faz Garcia Beilido. Melher ser dar a tal vocbulo a acepo de maturao, amadurecimento, como o fez Gabriel Pereira (vora, 1878) e Schulten, fase. VI das Fontes Hispaniae Antiquae. (97) O grego habilita-nos a fazer a traduo que apresentamos ou estoutra: encon tra-se (aparece) cada vez (= tambm seitipie mais) menor ou inferior. que aparecem dois comparativos, um adjectivo e um advrbio: este tanto pode estar com o adjectivo como estar empregue em sentido abstracto e a modificar o verbo; da que ~taov seja tambm mais, em sentido numrico, isto , maior quantidade. Contudo, porque mais abaixo se diz que o atum adelgaa medida que se aproxima do mar interior das Colunas, por falta de ceva, parece mais acertado aceitar a segunda traduo que damos em nota. (78) O grego tem: ~op& TE 7~~ flavov ycvo1dnj, ~opv ~ -r~2v Ovvtvv um gen. absoluto com valor de orao condicional e um no inf.; portanto: que, havendo produo de bolota, haver produo de atum. (99) O texto tem ez33a4iwv~ isto , feliz. (iQO) O texto diz Jacnicamente: <(raro prosperar em ambas (as coisas)>.
(90)
22
III, 2, 8
mesura regi~o esteja pictrica dc toda a e~peic dc minrio, numa pequena rea. Mas a Turdetnia, e a regio convizinha, no h palavras com que se lhe possa elogiar justamente esta virtude (1~1). Oom efeito, nem oiro nem prata nem cobre nem ferro nativos em nenhuma parte da terra, nem em tanta quantidade nem assim to bom, se explorou (102) at hoje. Mas o ouro, no s o extraem de minas, mas ainda dos cursos de gua (103), Rios e torrentes arrastam areias aurferas, que frequentemente aparecem tambm em lugares desprovidos de gua; o ouro, no entanto, neste stios no se v, ao passo que nos locais irrigados reluzem as palhetas de ouro (101). Irrigando, porm, os lugares secos com gua que se pode conduzir, fazem que o brilho do ouro reluza (~); abrindo poos e utilizando outras tcnicas, por lavagem da areia obtm ouro. Hoje so mais frequentes os lavadouros de ouro (106) do que a explorao mineira. Os Gauleses, contudo, pretendem que so mais importantes as suas minas do monte Cemene e as que exis tem nas faldas dos Pirenus; no entanto so mais apreciadas as dah (da Ibria) (107). Dizeni que algumas vezes, nas pepitas de ouro, se encontram bolas de meia hbra, a que dao a designaao de palai (108) e que se purificam com pouco trabalho (109). Diz-se
(101)
a explorar-se: (103) Estrabo usa a forma verbal avpEraL que em princpio significa to s arras tar, carregar (falando de pepitas de ouro) (cfr. flailly, Dict. Grec-Franais, slvj. (104) ~1t~y~ia significa prpriamente p de ouro, gro de ouro>). (101) letra to.smente : torna,,, brilhante o brilho do ouro,>. (106) ~pvao~rAatov o lugar onde se lavam os minrios para arrancar as pepi tas de ouro (Bailly, ibidem, sJv.). (107) A frase grega mais completa e diz que os Gauleses julgam que entre eles as minas no monte Cemene so mais importantes. (108) Conservo a designao grega, visto que o vocbulo peninsular e sem corres pondente no grego; ao menos, os melhores lxicos da lingua helnica, como ode Bailly, no registam o vocbulo. Poder-se-ia aportuguesar a terminao palas , porque a do texto deve ser a grega, ignorando ns como terminaria a palavra no idioma local, () O grego tem y.oKp2s~ t(ctO4UEWS aeo,sevag, isto : exigindo urna pequena purificao>.
lii, 2, 8-9
23
tambm que se topam bolitas semelhantes a mamilos, ao fender as pedras; e que, fundido o ouro, e depurado com uma certa terra aluminosa, fica um resduo chamado electro> (110). E que, se esta mistura de prata e ouro se funde de novo (), por um lado, a prata se queima, por outro, o ouro Doa, j que esta massa fcii mente se funde. E por isso que se funde mais com palha, porque a chama, sendo branda, a mais prpria para o ouro, que se liberta, e fcilmente se liquefaz (112); ao ~~550 que o carvo, peb~ sua veemncia, consozue muito ouro, pois o funde exageradamente e o volatiliza. Nos arroios (113), o ouro extrai-se e lava-se ali perto em cubas ou escavam-se poos e lava-se a terra retirada. Os fornos da prata fazem-nos altos, de modo que o fumo do minrio, que pesado e deletrio, se volatilize. Algumas minas de cobre chamam aurleras; donde se v que, ao princpio, se extraiu ouro delas. 9. Possidnio, lonvando a abundncia e excelncia de min rios, no prescinde da sua costumada retrica; antes, levado do entusiasmo, cai em exageraes (114), Afirma, sem dvida, que acredita na lenda, segundo a qual (115), tendo-se tini dia incendiado as florestas, a terra, porque composta de prata e orno, se fundiu e se derramou (110) pela crosta, pelo
A traduo literal seria: e que do ouro cozido e depurado por uma certa terra aluminosa)>... (111) letra seria: Sujeito de novo ao fogo este (electro), que tem uma mistura de prata e ouro... (122) dificil adaptar o esquema da frase grega ao da verso portuguesa; da que tenhamos traduzido livremente, O sentido este: a palha produz uma chama branda que, assim sendo, est mais a propsito pan o ouro que... (113) ~eZOpov significa prpriamente: corrente de gua, leito dum rio; riacho (Bailly, ibidem, s/v.). (114) O texto diz smente: entusiasma-se com exageros. (111) O grego tem &r~. isto , a saber; portanto, a orao integrante e serve de aposto a (110) Dv. ~K~JW significa prpriatnente fazer ferver; dai a comparao sugestiva entre a gua contida num vaso que ao ferver trasborda do mesmo, e os metais que, uma vez fundidos, irromperam da crosta,
(110)
ri
~-1
111,2,9
facto de todo o monte e toda a colina sei um material () de moedase, ali acumulado por prdiga fortuna. Em suma, ajunta ele, quem quer que observe estes lugares, poder afirmar que so os tesouros inexaurveis da Natureza ou os armazns eternos dum Imprioe, j que o pas , segundo diz, no s rico 110 que mostra, como ainda no que oculta (119; e, na verdade, o seu (119) subsolo parece ser regido, no por Hades, mas por Pluto (120). Tal o que diz deste assunto em seu estilo floreado, como se tambm ele prprio tirasse duma mina muito da sua lin
guagem...
E, falando da actividade dos mineiros, refere o dito de (Demtrio) Falrio, que~afirm~~, acerca das minas de prata da tica, que
os homens as exploram com tanto af, como se esperassem extrair o prprio Pluto. Mostra, pois, que o ardor e o amor do trabalho destes (Turdetanos) so semelhantes (aos dos mineiros ticos), na escavao de sinuosas e profundas galerias, esgotando (1201) frequentcnwnte, os veios (121) que nelas encontram, por meio dos tomilhos (122) egpcios. Mas que o resultado destes no de forma alguma o mesmo que o dos mineiros ticos, j que para os ltimos parece ser uni enigma a explorao mineira, porquanto quanto recolhem, diz, no o tomam, o quanto tm,
(117) Tradutores h que traduzem fi] por ,nonto; a verdade, porm, que, em principio, o vocbulo, alm de significar bosque e floresta, tem a acepo de n,caeHal. Parece-me que este o melhor significado que h-de dar-se ao vocbulo. A ideia esta: no destino generoso deixou naqueles montes tal riqueza de minrios, que seria um material para fazer (no sentido prprio e no de ganhar) moedas,>. (110) O que autoriza esta traduo no s a conjuno copulativa o~ ~ vov
dA&
,ca(, mas sobrettido o prefixo ,5,,-~ que existe no vocbulo trnd,rovro, isto , i-qw:u produtos subterrneos (l3ailly, ibidem s/v.). A subterrneo, omito,
ope-se o que est vista. (>00) iraphcelot significa prpriamcnto entre aqueles. O texto em rigor tambm no diz subsoh_ antes olugar debaixo da teria, subterrneo>. (120) O texto diz mais exactamente: parece ser, no Hades, mas Pluto,>. (120 a) Esgotando , franc.; poniper. (121) O texto diz em rigor rio; dai leio de gua, rio subterrneo, lenol de gua (122) O vocbulo K0XZaS significa em rigor caracol, parafuso em esphal.
III, 2, 940
25
o perdem (123). Mas para os Turdetanos a explorao itiiiit,iico (~4) sumamente proveitosa, visto que, por um lado, os exploradores do cobre extraem da terra urna quarta parte do cobre puro, e por outro, os proprietrios de minas de prata exploram em trs dias um talento euboico. E diz que o estanho (125) no se encontra superfcie, como o aflriuam os historiadores, mas que se extrai cavando (120); e que aparece em estado nativo nos (povos) barbaros que estao acima da Lusitania e nas Ilhas Cassrterides, e que e transportado, dos povos da Britnia, para Marselha. Acrescenta que entre os Artabros, que so os ltimos da Lusitnia, para norte e poente(27), a terra tem aforamentos de prata, estanho e orno branco (com efeito est misturado com a prata); que os rios arrastam esta terra, que mulheres amontoam com onxadas e lavam em peneiias (128) sobre um cesto. Tais coisas refere (129) este sobre as minas.
10. Diz-nos Polbio, ao mencionar (130) as minas de prata dos arredores de Cartago sova, que so muito grandes; que distani da cidade cerca do vinte estdios; que ocupam uma rea de 400 estdios; que nelas trabalham 10.000 operrios (131), e que no seu
() O sentido deste enigma, que melhor diramos provrbio (atribuido aos pescadores, segundo Schulten) significar: No lograram o que esperavam, e em contra partida perderam o que possuiam. Esforo, trabalho e dinheiro, j que as minas no renderiam o que esperavam. (121) No texto diz-se, 7~oTot para estes (os Turdetanos), e simplesmente uar,-e~ proveitowa, tendo de subentender-se aAAc(au que vem supra. () Ou cassiterite, como se diz em grego.
(120) (127) (120)
A lera que escavado,>. Isto que ficam situados no extremo da I.usitnia, para os lados de noroeste.
A letra: filtros tecidos. O grego tem o perfeito, eZptjicc, disse: porm devido ao seu valor resultativo, pode e deve traduzir-se pelo presente. Afirmou e a afirmao continua vlida. (1>0) O texto tem ~LV7)U&EI, part. aor: pass. do v. ~ qtie em rigor significa fazer recordar: lembrar-se de; trazer lembrana, fazer meno de (cfr. D(c. Grego Portugus do P. Isidro Pereira, sv.). (>) O grego diz &vQpo~nwv dpya~opJvwv, i. e., homens que trabalham; obreiros ou operrios.
(320)
26
iii, 2, 10-11
tempo (132) iendiani ao povo romano 25.000 dracmas por dia. Mas omito o restante do tiabalho de explorao mineira, por que demasiado longo (para contar) (133). Do mineral de prata arrastado das correntes (131) diz Polibio que pisado e joeirado em erivos, sobre gua, e que de novo se pisam os sedimentos e outra vez, depois do filtrados e derramadas as guas, pisado. O qumto sedimento, diz, prende-se (113) e d a prata pina, depois de separado 00 humbo. Ainda hoje h mulas de prata; no so, contudo, pblicas, nem ah nem em oulros lugares, mas passaram a propriedades (136) particulares. No entanto, as minas de ouro, na sua maioria, so propriedade pblica. Em CastulSo e outras locabdades h um minrio especial de chumbo fssil (9. Este chumbo traz asso ciada urna pequena poro de prata, to pequena que no vale a pena purific-la (128). ii. No muito longe de Castulo fica tambm o monte, a que do a designao de Argiro (139) em virtude das minas de prata, que nele existem, e donde, ao que se diz, mana o BHs.
(331)
e, efltao.
texto neste ponto e demasiado conciso, o sentido, porem, e fac,! Omite o demais que Polibio refere acerca da exp!orao mineira, visto que seria !ongo (~aicp y&p iurt) faz-lo adj verba! aupnjv~ do verbo csvpw. significa prpriamente arrastado (pe!a
corrente dum rio ou de qualquer curso de gua) (135) O texto diz prpriamente depois de fundido (130) O texto diz possesso (52) Ha quem faa esta traduo ha nunas de chumbo fossil que so pei leno de penuculates Assim traduz Schu!ten parece-me, contudo, que a traduo que damos no trecho, sugerida pe!a de Garcia BeI!ido, se enquadra me!hor no contexto, em razo do periodo seguinte Em verdade o adj ~6to significa proprio, particu!ar, privado)) e dai lia mina pafliculofl), no entanto, o adj ,afigura-se-me, no imp!ica posse e, sim, qualidade, caiactel V. nota 596. (138) Tambm este ponto e controverso, mas parece-me que esta interpretao, que damos, traduz com mais rigor a ideia de Estrabo que era esta a poro de prata associada ao chumbo era to pequena, que no havia ainda vantagem em purific-la (1h) Ou Argifero, le, <(Serra da Prata.
TU, 2, 11.
27
Mas Polibio assevera que tanto este corno o nas descem da Celtibria, e se afastam uni do outro cerca de 900 estdios. Com efeito, os Celtiberos, em consequncia do aumento do seu poderio (140), estenderam o seu nome a toda a regio confinante(41). Parece que os antigos ao Btis chamavam Tartesso, e a Gadira e s ilhas prximas Eraia. E por isso que crem que Estesicoro, falando acerca do pastor Gerio, afirmasse haver ele nascido quase em frente da famosa Ertia, no reccsso dum rochedo, junto das nascentes do rio Tartesso, inesgotveis e do razes argntease. E, como as desembocaduras do rio so duas, existia antes, diz-se, no espao intermdio, urna cidade (142), qne chama vam Tartesso, do nome do rio (143), c que se chamava Tartnis a regio que hoje habitam os TMulos. Eratstenes assegura que se chamava Tartnis tambm a regio vizinha do Calpe, e ilha afortunadae a Eritia. Aritemidoro, refutando-o, diz que isto um erro (134) de Eratstenes, como tambm o afirmar que de Gadira ao Promontrio Sagrado vai uma distncia de cinco dias de navegao, quando no , na verdade, de mais de 1.700 estdios; que as preiamares s chegam at aqui (145), ao passo que se fazem sentir a volta de toda a torra habitada; e que as partes seten trionais da Ibria so mais acessveis pela Cltica do que nave gando (146) pelo Oceano; e quantas outras coisas afirmou, dando crdito, em sua jactncia, a Pteas!
(140)
crescer, aumentar), tendo sido aumentado. (141) A traduo livre da literal que seria: tornaram tamb,n toda a legio confi
tiante homnima cicies prprios.
(042) A contextura da frase grega mais complexa: autoriza-nos, porm, a fazer mos esta traduo literal: E sendo (= como fossem) duas as desembocaduras do rio, dizem que no espao entre (as duas fozes), se estabeleceu antes unia cidade,>. (143) letra: homnima do rio>). (144) letra: que isto dito falsamente por ele (Eratstenes). (141) letra: so tiniltadas at gol. (146) O texto diz: do que para os que navegam pelo Oceano.
28
III, 2, 12
12. O poeta (117), que tantas coisas cantou, e de tantas deu notecia (146), cl ensejo (a supor) que neuhiuu destes lugares cicie (140) ignorado, se porvelltllrPd se quiser tirar concluses cer tas (110) de ambas (as atitudes), a saber: do que diz de pior e do que diz de melhor e com mais verdade (151) acerca destas parageu.S. No to exacto quando diz (152) quo esta fica uo extremo do Ocidente (15>), onde, como elo prprio diz, mergulha no Oceano (151) a luz brilhante do sol que arrasta atrs de si sobre a terra frtil
a noite escura).
Mas como a noite de mau agouro e evoca a ideia de um lugar prxiluo ao fIndes e este, por sua vez, confina com o Trtaro (155), poder supor-se que (o poeta), ouvindo falar de Tartesso, associou, em consequncia disso, este nome ao de Trtaro (116), a mais aPastada das regies subterrneas, no sem o embelezar de muita fico, como de uso dos poetas (157). Assim tambm no obstante saber que os Cimrios habitavam cm regies nrdicas e sombrias junto ao l3sforo, os localizou porto do fIndes, acaso em razo dum certo dio comum dos~ ~1uios contra aquele povo.
Por antenemsiaHornero. Tambm ns metonimicamente dizemos o pico, quande nos referimes a Cames. t4<) No faria sentido lima traduo literal deste passo: O texto diz: ,ro~~wve 1 t (tT l(U~ ii ouorwp: sendo (equivalente a: usando) dc palavras variadas e muito sbio. O adj. ,,~o~wvo compe-se de dois elementos: 7roj, ,miilo, rdrio, e (de ~wv4~ voz, pelaria, ritmo mesmo. Por seu turno, o adj. ~rov1crwp compe-Se tambm de dois clemsnlos ,ro e Zo~-wp. relacionado com o v. Zcrafhat.
(14)
sabe,, conhecer.
(140)
O grego cl overia ter o dativo tico (ou at corto ponto, ageate da passiva) O texto tem o adv. dp6k , i. e., rectamente. AA~OJarepov significa prpriamente mais verdadeiro; quando, porm, falta
javrG,.
(1)0) (111)
o segundo termo de comparao, o adj. pode traduzir-se pelo respectivo subs. abst. regido de com, a designar modo. (102) A traduo literal seria: diz pior que esta fica. (113) letra: que esta a ltima (a mais extrema) para o ocaso (ou poente))>. (114) Traduo 1 itcral : cai. (1>5) Traduo livre correspondente a estoutra: mas como a noite evidentemente, algo de mau agotiro e algo qtie se aproxima do Hades, e o Hades vizinho <lo Trtaro...)> (1>0) Ou letra: transformou esta palavra em Trtaro.... (107) Ou ento: acrescentando-se tambm fico, salvando o potico.
iii, 2, 12-13
29
Dc resto, diz-se que no tempo do Hoauero (158), ou pouco antes (lelo, houve um ataque dos Cimrios contra a Elia e a Jnia. Do mesmo modo, tomando sempre os seus mitos de factos his tricos., identificou as Planetas s Ciancias (158). J que as irna giua como escolhos perigosos, como dizem ser as Cianeias, que, por essa razo (100), se chamam tambm Simplgadas; por isso que colocou a travessia de Jaso atravs delas. Tambm o estreito das Colunas e o (la hietha lhe sugeriram o nuto das Planetas. Com menos razo, pois (161), poderia algum, a partir da fico potica do Trtaro, fazer aluso, ainda que velada (102), ao seu conhecimento da regio de Tartesso (163). 13. Com anais razo poder deduzir-se do seguinte o conhe cimento ocenico em Homero (16.2): a expedio de Hracles, que chegou at estas paragens (105), e a dos Feneios deram-llj.e a ideia da sua riqueza e da bonomia de seus habitantes. J que estes foram de tal modo submetidos pe)os J)enoios cIue hoje em dia a maior parte das cidades da Turdetnia e dos luga
Ou: durante Homero. Traduo: e fez as Planetas semelhantementc s Ciancias. letra: de que (do qual facto) se chamam tambm... O texto: irp~ ~av &~ 7-3 ~ i. e., para algo pior, certamente.,. O verbo a~vauojzaL significa dizer alguma coisa veadamente; da que se
tenha traduzido assim. () Ou, como diz o texto: dos lugares que ficam nos arredores de Tartesso,,. (104) frase grega demasiado concisa e sinttica, e de tal arte que mais h-de adivinhar-se que traduzir-se. Estrabo diz to-smente: irp6 3~ r3 fl~TtOY ~Ic ,-o~S,-<~v que, todavia, dever completar-se dcstarte: ,,-p6 8 ,6 fl/rtov E,~pay~a aioncUoLr3 ~ ~ T~V T7rLO1) /IV2~/L7)V T&l) <ar QKEaIOV], hc rorwv, i. e., mas para mzlhor coisa poder algum aludir ao conhecimento dos lugares ocenicos do seguinte (~ das seguintes provas). Note-se o contraste entre ,~-p3 ~v 6,~ r3 ~~pov, para pior, pois (= com menos razo) do ltimo perodo do pargrafo anterior e -trps 3J r6 ~rtov, mas para melhor (= com mais razo, mais acertadamente) do principio deste pargrafo 13. A jflv, por um lado ope-se ~, por outro; a o pior, o melhor. A conciso em ltima anlise, deve-se, pois, simetria (em nossa modesta opinio). () Ou simplesmente: que chegou at aqui.
30
rn, 2, 13.
res con-rizinhos s~o habitados por eles. E a expedi~io de Ulisses, que chegou aqui e que foi narrada por ele, tambm essa me parece lhe deu pretexto a transformar, na Odisseia (166) como na Iliada, os sucessos em poesia e narraao fabulosa (167), como usam fazer os poetas (108), Com efeito, nao so os lugares da Italia e da Sicifia e alguns outros mostram vestgios (169) de tais expedies, mas tambm na Ibria existe unia cidade Odisseia e um templo a Atena e mil outros indcios das daquele (Tilisses) e de outros heris, que sobreviveram guerra de Tria, que por igual (170) foi catastrfica para vencidos e vencedores da cidade (171). J que estes n~o alcanaram seno tuna vitria cadmeia (172), porquanto arruinaram as suas casas (173), e coube a cada uni urna pequena parte dos despojos. Aconteceu, pois, aos que se salvaram dos perigos, terem de se voltar para a pirataria, Troianos (17-8) e Gre gos: aqueles, em razao da sua haver sido devastada; estes, por vergonha, parecendo a cada um () ser vergonha permanecer longo tempo (longe dos seus) e voltar de novo para a sua compa nhia, de mos vazias> (176). Registaram-se tambm as andanas de Eneias e de Antenor e dos 1-lenetos; o do mesmo modo os de Dimedes e de Menolau e de Menestcu (177) e de muitos outros.
Estrabo diz: transformou a Odisseia de (coisas) acontecidos (sucessos) cm poesia... Ulisses, em grego Odysseus. (167) Ou to-s: fico potica, ou matria fabulosa. (108) letra: narrao fabulosa, habitual dos poetas. (108) letra: se mostra. (170) O texto diz: br ~cijs-. (171) Que causou dano aos atacados e aos que tomaram Tria, (172) O texto diz a8jzeiav viln~v J-rJyxavov ~~p~dvot (part. pcrf. mcd. pass. dc
(1~)
arpcv, levantar), estes, por acaso, alcanaram uma vitria cadmeia. Repare-se no
uso do v. rvy~&vw + part: aquele traduz-se como se fora um adv., este, como se fora o verbo principal. (172) O texto diz prpriamente: destruidas (= arruinadas) para eles casas>,. (174) Interpretao de Schulten. (175) O texto tem: jKjrprov ,rpoaf3cWro. presumindo (= porque presumo) cada um. (170) O texto diz: to-s: voltar vazio. (177) O texto diz: Ulisses, Schulten diz que no faz sentido a repetio deste nome e corrige, inspirando-se no e. 1, 9.
L~.
m,2,13
31
Por consequncia, o poeta, que conhecia tais expedies aos extremos da ibria e que estava informado das suas rique zas (os Fencios, sem dvida, deram-nas a conhecer) e outras virtudes desta regio, colocou aqui o pas dos bem-aventurados e o Campo Elsio (178), donde, segundo diz Proteu de Menelau, porm os imortais enviar-te-o para o Campo Elsio, para o cabo do mundo, onde vive o louro Radamanto, onde a vida para os mortais completamente feliz (179). No h ento nem neve nem inverno rigoroso nem muita chuva, mas sempre o Oceano solta as harmoniosas brisas do Zfiro, para refrescar os homens.
Som dvida, a pureza do ar (180) e o sopro benigno do Zfiro so prprios desta regio, que ocidental e quente; e a sua situa o (181) nos confins da terra, onde afirmamos Homero imaginou o Hades, (fica bem). O que acrescenta acerca do Radamanto (182), inculca uma regiao proxima de Mmos, de quem diz ah via Mmos, o nobre filho de Zens, com o ceptro de ouro, a adniistrar justia aos mortos. E os poetas, que vieram depois, repetiram coisas semelhantes a estas, como a expedio para (se apoderar dos) bois de Gerio, e, igualmente, de outra para roubar os pomos de ouro das Hespridcs. Citam (188) tambm umas llhas dos Mor tunados (188) que sabemos ainda hoje ficam no muito longe da extremidade da M.aursia, que fica em frente de Gadira.
O texto diz prpriamente: plancie elsia,>. letra: fcil. Ei3dcpov, i. e., o ar puro. A Letra: o estar nos confins da terra)>. O texto diz ~rc Pa8d,rnvOv$ lrapaTEOe (part. nor. pass. do irapaTlOfl.
KWroVOf4d~OVTE~
~ i. e., feliz.
32
111, 2-14
14. Mas as primeiras notcias deveram-se aos Fencios (185), que, antes da poca de Elomero, possuiam o melhor n~o s da Ibria, scno que da Lbia, e continuaram a ser (186) senhores destas regioes, ate que os Romanos quebraram a sua hegemonsa. Da riqueza ibrica tambm testemunho o seguinte: segundo dizem os historidores, os Cartagineses que vieram no exrcito de Barca (169, encontraram os habitantes da Turdetnia (188) utilizando colhas (169) e toneis de prata. Poder ainda supor-se que os homens daqui, devido sua muita felicidade, se chamaram macrbios (190), sobre tudo os chefes, e que por isso Anacroonte (1908) tenha dito assim: <(Eu c nem queria o corno de Amalteia cento e cinquenta anos em Tartesso.
(181),
nem reinar
Herdoto recolheu at o nome do rei, e chama-o Argant nio (192); [com efeito, assim ou de maneira parecida h-de inter pretar-se o que diz Anacreonte (193), ou mais coneretamente no reinar muito tempo em Tartessos) (101). Alguns chamam Tartesso actual Carteia (195)
(a)
~z,~vvr,~ significa em princpio, delator, denunciador (P. Isidro Pereira, Grcgo-Portwgns, 5/v.).
(186)
(=
sem cessar); este, pelo verbo principal (foram, ficaram, continuaram a ser). Entenda-se Amilcar Barca. (108) O texto tem rot)s- Jv rfl Tovp8~p-ava, os da Turdetnia>,.
(1(7)
() O texto tem ~ (dat. p1. regido por xpw~~&ov): prateleira; grade de nangedoura; mangedoura. (1(9) O adj. fsaKpct/wv significa <(longevo; que dura muito tempo; velho; imortal (cfr. Dic. Gr.-Porr. P. Isidro Pereira, s/v.). (100 a) Anacreonte, poeta lrico, o terceiro dos grandes poetas mlicos mondi cos, nasceu em Tos, por volta de 570 a. J. C. (111) Ou cornucpia (corno da abundncia).
() letra: chamando-o Argantnio. O grego em uma or. infinitiva, dependente ainda de iisroafloc &~vrt. (1*0) O texto diz s: o de Anacreonte, (1~) Tudo o que est incluso nos colchetes constitui uma interpolao da ed. cri tica de Schulten, que no existo em outras edies. (115) Tambm este peflodo no se l em outras edies.
W,2,T5
33
Em consequncia da prosperidade (199 do pas, os Tur detanos tm costumes dceis e civilizados, assim como o~ Clticos, em virtude da vizinhana, segundo disse Polbio, pelo seu paren tosco (197), mas estes (os Clticos) menos, porquanto, na sua maio ria, viveiu em aldeias (198). Contudo, os Turdotanos, e principal mente os que habitam junto do Btis romanizaram-se completa mente (199), chegando ao ponto do se esquecerem mesmo do idioma nacional (200). A maior parte deles fizeram-se Latinos e receberam colonos romanos, de modo que pouco faltou para que todos sejam, Romanos. As cidades agora colonizadas tais como Pax-Augusta entre os Clticos; Emrita Augusta entre os Trdulos; Cesarau gusta (2009 roda dos Celtiberos, e algumas outn~s colnias, oferecem uma transformao na sua constituio poltica (201). E chamam-se togatie quantos Iboros adoptaram tal teor de vida (202); e no numero destes contam-se at os Coltiberos, que antes eram tidos na conta dos mais selvagens de todos. Isto o que tinha a dizer acerca da Turdetrnja (201).
15.
completamente para o estilo de vida dos Romanos. (209) O texto diz: nem se lembrando ainda do idioma prprio. (100 a) Caesaraugusta, Kataapauyowra.
(101) letra: das constituies do Estado escolhidas,>. A trad. de Schulten omito esta referncia, na ed. de 1952, que consultmos. (102) letra: chamam-se Togati os Iberos que so de uma tal ideia. (101) O texto grego tem s: 7-aBra p?v 1r6p2 ro6rwv estas coisas (tinha a dizer oti
CAPTULO III
1. Quem comea (204) de novo desde o Cabo Sagrado at outra parto da costa, que fica junto ao Tejo, depara-se-lhes um golfo. Depois topa com o Promontrio Barbrio e, perto deste, as embocaduras do Tejo, e at essas praias, em linha recta (205), so mil (206) estdios. Aqui h tambm osturios, dos quais um de mais de 400 estdios contados a partir do referido promon trio (207), ao longo do qual [se estabeleceram cidades e Sa]lcia (2o8). O Tejo, na sua foz, tem acaso 20 estdios e grande profundidade, de tal arte que barcos de 10.000 talentos (208) o podem subir. Forma dois esteiros nas plancies, que marginam o rio, todas as vezes que h mars vivas, de tal modo que inunda esses campos mmta extenso de 150 estdios e os torna navegveis (210). No esturio
(204)
&p~2~~v apfidvoua~~
(= depara-se-lhes) uma enseada. Compare-se a expresso r~~/v dpy~v ap.fl~vetv com a equivalente em latim initiuno tapete: ambos significam tomar inicio, da comear. (205) O texto diz: em navegao directa.
Este nmero no existe em todas as edies criticas. O texto diz: ~-~pyov. i. e., torre, cidadela. (200) Todo o passo contido dentro dos colchetes omisso em outras edies, com excepo das silabas finais de (Eu) a,c(a. Assim, outros autores entre os quais Garcia Bellido, traduzem: por onde (pelo qual estoiro) os navios chegam at Salcia. Se os cdices tm oacia, trata-se de um nominativo, funo, pois, de sujeito. Parece, pois, razovel a reconstituio de Schulten. (200) O texto diz: ~ 3~ T%o~ ,ca~ r~ v,-d-ro ?XEL TOG UT~LaTOS EZICOCI irov
(206) (20?)
a~a8lwv lca~ 1-~ flco 1i4a c~ are jivptaywyoZ~ &va~reZuOat, ...de modo que pode ser subido (por barcos) que transportem l0.CO0 nforas ou outros objectos. O adj., que aparece no texto significa cm principio: qui porte ou peut porter une cargason de 10.000 amphores ou autres objects (cfr. Bailly, Dictionaire grec.fran ais, sjv.). (210) Ou letra: de modo que se derrama (travasa ou trasborda) por sobre a plancie em 150 estdios e a faz navegel.
111,
3, i.
35
superior h urna ilhota de cerca de 30 (211) estdios de compri incuto, e do largura um ROUCO inferior (212), Muito rica em oli vais (211) e de belos vinhedos. E fica sita junto de Moro (214), cidade bom situada num cerro perto do rio. Pista (215) do mar uns 500 estdios; rodeada (216) de frteis campinas, e tom facilidades dc navegao (217), mesmo para barcos de grande tonelagem, at boa parte do rnuso do rio, porque o resto do rio navegvel para barcos fluviais. Para cima de Moro a distncia navegvel ainda lnaios (219) Foi esta cidade que Bruto, denominado o Calaico, utilizou (219) como base de operaes, para guerrear os Lusitanos, a quem derlotou (220), Na faz do rio (221) fortificou Hlosis (222), para ter livre a navegao rio acima e o transporte de provises (221); de tal modo que, de todas as cidades ribeirinhas (29 do Tejo, estas (225) so as mais importantes. O rio abunda em peixe e ostras (226),
Schulten diz que erro; so trs to-s. Ou leira: deixando (com) a largura um pouco do comprimento. (213) e,3ja~ov, rica em olivais. Segundo a edio de Schulten muito arborizada. V. porm a nota 550. (114) Nos cdices l-se yov &,rot,rZv. (215) O texto diz: d#ECT~UOJ (part. perf. no ac. fem. sin. de d~crsjpt.distarde). (216) Ou: tendo unia regio boa (= frtil) ao redor de si. (117) letra: tem navegaes rio acima (= subidas no rio) fceis mesmo para
(211) (212)
barcos grandes at muito (do curso do rio), e, quanto ao resto (do curso) para barcos fluviais, (218) Ou ainda: a subida ainda mais alm de Moro. (219) O texto diz: Bruto, denominado o Cilaico, servindo-se desta cidade para base de operaes, combateu os Lusitanos. Op~~)fljpov signiFica lugar do qual fazei,, as san/das os soldados para a titia (cfr, Dic. 0,-Port,, P. Jsidro Pereira, s/v.). (220) letra: e derrotou estes (= os Lusitanos). (121) O texto diz ~cOpot: o voe, tem, alm de outras acepes, a de Ir/ir, do rio. (223) Ou Olisipn (Olisipo) e no O!!5/pana, como corrigem geralmente os edito res, e o ae.: Olisipo ou Olissipo, latina. Nos cd. N/os/ri Qogw (acusa ti~o), que corresponde forma que adoptamos no texto, pelos motivos indicados na Intrroduo. (113) A letra: para que tivesse navegaes rio acima livres e os transportes das coisas necessrias, (221) Ou: que rodeiam o Tejo. (111) Ou sejam: Moro (ou Mo,n, nom., e no Mo,o,,a, ac.) e J-llosis (Olissipo). (220) Ou: o rio muito piseeola e est cheio de Osiras>,.
36
III, 3, 1-3.
Corre da Celtibria, onde tom as nascentes (227), atravs dos Vetes, dos Carpetanos e dos Lusitanos, at o Ocidente equinocial, cor rendo primeiro at certa altura, paralelo ao nas e ao Btis, depois afasta-se destes, que infectem para o litoral sul. 2. Os povos que habitam para cima (228) das partes mencio nadas, so os Oretanos os que ficam mais a sul e se estendem at costa compreendida dentro das Colunas (220) a seguir a estes, os Carpetanos, para o norte; depois, os Vetes e os Vaceus, atravs dos quais corre o Douro, que vadevel (230) por altura de cncia, cidade dos Vacens. E os ultimos so os Calaicos, que ocupam em grande parte as montanhas. E foi por isso que, tor nando-se mais difceis do combater, deram o cognome ao ven cedor (231) dos Lusitanos, e fizeram que se chamassem Calaicos a maior parte dos Lusitanos. Da Orctauila, as cidades (232) mais poderosas so Castulo e Oria. 3. Entretanto, o que (vai) do Tejo para o norte a Lusi tnia, a maior das naes ibricas (233), e a guerreada pelos Romanos durante mais tempo (234) Ora o flanco meridional desta regio, cinge-o o Tejo, como ao ocidental e ao setentrional o Oceano, e enfim ao oriental
(227)
(~) O texto diz: (<e os povos que esto acima das referidas partes (entenda-se das colunas), os Oretanos, por um lado, so os mais meridionais. (220) Entenda-se: do Estreito das Colunas, para o lado de Roma>). (230) letra: que tem um vau ou passagem). (231) Bruto, em virtude destas campanhas, mereceu o cognome dc Calaico ou Galaico. (232) curioso que o texto fala s na cidade que tem a preeminncia, que domina, no singular.
(223) (134)
jQyog tambm significa poro; nao, tribo; raa>). O texto tem ~5,r6 Pw~iatwv ,roAe1wO&, i. e., guerreada (ou comba
111,3,3
37
os (lntabros, os stures, os Vetes e os Vaceus (235), povos bem conhecidos, nilo merecendo referncia os demais pela sua pequenez e obscuridade (23~)_, (o (1110 dizemos), som embargo do, ao contr&io do que eorrente(237), hoje a (todos) estes (povos) aiguns chaniaiem Lusitanos (237 3). A longitude da Lusitnia de trs mil estdios; a sua latitude, um pouco inferior, desde o lado oriental at costa oposta (236). A parte oriental elevada e spera, m?js para baixo at ao mar todo o pas iuna planura, interrompida apenas poi raras iuoutanhas de pequena altura (239). por isso que Possidnio diz que Aristteles erradamente (2~0) justifica as mars altas e baixas pela costa da ibria o da Mau
() O texto conhecido diz: os Carpetanos e os Vetes e Vaceus e Calaicos , A correco feita de acordo com a Introduo a esta obra, em referncia loca lizao dos Carpetanos segundo o prprio Estrabo (cfr. III, 1,6; 2,1; 2,3; 3,2; 4,12 e 4,13); meno dos Cntabros tambm no livro IIJ, 4,20, onde Estrabo insiste em que os Calaicos so Lusitanos, embora tiltimamente excluidos da provincia ro mana da Lusitnia; etc. V. nota 237 a (230) O texto tem &aoea, i. e,, vida obscura. (237) Passo controverso. Em razo talvez do advrbio vOu que tanto pode estar
com roZ~ vOu (auyypa~et~) i. e., contrriamente aos historiadores modernos, quanto com gv2ot; e ento ser: contrriamente s (coisas ditas) os historiadores modernos,>... H discrepncia de sentido, consoante a ligao que se vir no referido advrbio. (227 ~) . V. a nota 235. Suprimiu-se no texto o seguinte, considerado interpola o: Porm os Calaicos confinam a leste com os povos dos stures e com os Iberos, e os demais com os Celtiberos,>, por os Calaicos nunca terem conf i nado com os Iberos, nem mesmo com os Celtiberos, como j se quer emendar (cif. III, 3, 7); ser evidente o desejo do interpolador de fazer coincidir, alis com erro, a Lusitnia primitiva com a de Augusto; ser este passo a transposio da referncia aos stures, embora, conforme Casaubono procura explicar, estes limites no digam respeito aos Lusitanos, mas aos povos confinantes. V. Introduo. (220) Traduo literal: a qual (largura) formaa o facto oriental para (= at) a costa contrdria.O original diz, por manifesto erro, 300 estdios, quanto longitude. (239) A traduo literal ser: mas a regio subjacente (a esta) toda ela uma pla nura at ao mar, excepto umas poucas montanhas pequenas>). (240) Ou: no direitamente.
38
III, 3, 3-4
r,ia (241); com efeito o mar (diz Aristteles) tem movimentos de fluxo e refluxo, porque as costas so altas e escarpadas o rece bem, rechaam com fora as ondas (242). Para dizer a verdade, justameute ao contrrio, pois a maior parte da costa baixa e arenosa (243) 4. O pas de que falamos, prspero, e grandes e pequenos rios o atravessam, todos vindos das bandas do nascente e para lelos ao Tejo. maior parte deles so navegveis e tm pepitas de ouro (244). Depois do Tejo os rios mais conhecidos so o Mundas, navegvel em pequenos trechos (245), e o V~cua em idnticas circunstflcias. E depois destes, o Douro, que, vindo de longe (240), corre perto de (Mi) Numncia e de muitas outras cidades (248) dos (Jeltiberos e Vaccus, e navegvel por barcos de grande porte num curso de cerca de oitocentos estdios. H ainda outros rios; e depois destes, o Letes (259), a que alguns chamam Limea e outros Beio (250), Tambm este corre do pas dos Celtiberos e dos Vaceus. Depois deste, o Btis (251) (alguns chamam-lhe Minio), de longe o maior dos rios da Lusitnia, que tambm navegvel at 800 estdios.
(241)
Ou: sem razo acusa a costa das preia e baixa-mares. Note o uso do verbo
ainda/Lar que da linguagem juridica e rege acus. (de pessoa, normalmente), e geni tivo de coisa. (242) Ou: recebendo (as quais costas) e devolvem duramente as ondas. curioso o verbo usado por Estrabo com o sentido de rechaar: &vpa,ro6Sw/u devolver em troca. (242) A frase grega pouco malevel; a traduo literal seria, pois, pouco correcta. Ei-Ia: com efeito que pelo contrrio, na sua maioria (a maior parte delas), so baixas e arenosas, dizendo rectamente. (244) Ou: a maior parte tm subidas no seu curso fceis e muitssima areia aurifera. (238) Ou: tendo pequenas subidas (= sendo de pequena navegabilidade)>. (248) ,iaicpdOev. i. e., de longe. (247) irap com acus. pode significar cerca de, ao longo de. (244) O texto diz: KarocxLag , i. e., colnias. (240) O texto diz: o do esquecimento (ri ,-~ zt4Or~s). (250) grega: Lirnaia e Belin. (251) Corrige-se para Bnis. grega: Saiais, Nos cd., porm Baits. (Btis). V. a Introduo.
III, 3, 4-5
39
Mas Possidnio diz que este rio corre (lo pas cantbrico. Diante da sua foz existe (259 uma ilha com dois molhes (253) que formam docas. Possui urna disposio natural digna de louvor (255), porquanto os rios correm entre arribas escarpadas (255) e capazes de receber nos seus leitos o luar nas mars altas, de modo que nem estra vasam nem inundam os campos marginais. Este rio foi o termo da expedio de iruto. Mais alm ainda h muitos outros rios paralelos aos atrs citados.
5. Os ltimos so os Artabros, que habitam na vizinhana do cabo (~6), que chamam Nrio, e que o termo dos lados oriental e boreal; perto deste (mesmo cabo vivem ainda) os Clticos, parentes daqueles outros que habitam nas cercanias do nas (257). Sem dvida, diz-se que estes e os Trdulos, aps terem atra vessado o rio Limea (258) numa sua expedio (contra estes povos), ali se rebelaram (250); e que, aps esta rebelio, como o chefe se perdesse (260), por ali mesmo ficaram dispersos (281); e que por esse motivo o rio se chamou tambm Letes. Tm os Artabros muitas (202) cidades estabelecidas (203) numa baa, a que os mari nheiros, que a frequentam (264), do a designao de Porto dos Artabros. Actualmente, aos Artabros chama-se-lhes Artebros (265)
O texto tem: irpo,cet-rat. i. e., jaz diante de Ou: quebra-mar. letra: justo louvar a natureza... Ou: tm arribas elevadas. letra: os ltimos, os Artabros habitam ao redor do Cabo.... letra: parentes dos sobre o Anas. Note-se o uso semelhante ao do artigo
junto duma preposio para indicar a pessoa (neste caso o rio) com a sua comitiva ou a prpria comitiva (cfr. P. A. Freire, G,.am. Grega, p. 185, 355 edio). (255) Ou: aps a travessia do rio Lima (ou Limia). (25~ O verbo cractd~w significa tambm revoltar-se; estar dividido; dividir-se (por divergncia de opinio ou parecer). (200) Ou: feita (= dada) a perda do guia ou chefe. (201) Ou: aps terem sido dispersos. (202) O adj. uv~vd que apare.~ no texlo tambm comporta a ideia de populoso. (253) O texto diz GVV0LICOUfLJVU ,cd-,rw i. e., que coabitam um golfo. (251) letra: a que os que navegam e ulilizam estes lugares... (255) Ou: os contemporneos chamam aos Artabros, Artebros,
40
III, 3, 5
O texto tem um gen. absoluto, de sentido manifestamente concessivo. O texto diz to-s: numa multido de (metais) quase to numerosa. O texto tem ,-~ d77-3 n7r v3~ d~&re ~part. aor. no nom. p.l do v.
eximir-se; subtrair-se a; repelir, abandonar, etc.) fiuou. subtraindo-se terra. (200) letra: at que os Romanos os impediram (de assim agirem). (270) o v. uvvouct~w, alm de outras acepes, comporta a de reconstruir uma cidade; associar, unir. Dai que se possa entender no duplo sentido de: associar de novo algumas aldeias ou cidades, reformando-as. Parece ser este o sentido do passo. (271) Ou: os montanheses que chefiaram esta ilegalidade. (272) O texto joga com ol (d&rpeot), as estranhas e ro~rot, estes, os mon tanheses. (21>J Note-se o adjectivo ~lcvpot~ de d, que indica negao, e KVpOL~ senhor de, com gen. Por isso: que no eram senhores dos prprios trabalhos... (274) O texto tem s ~~ro~iovv~ imperfeito activo de qrocjt&,,, andar em guerra; contudo, este imperfeito parece-me designar aqui que a acio se repete, se pratica habitua/mente (cfr. Gran~J Gr., Re A. Freire, p. 229, 3,2 cd.). (273) O texto diz prpriamente descurado, negligenciado. (276) O texto diz: a terra abandonada e sendo estril (ou privada) dos bens natu rais (que a natureza d, com valor passivo) foi habitada (o texto tem o imp. pres.) por bandoleiros.
111, 3, 6
41
O. Os Lusitanos, segundo dizem, so excelentes para armar emboscadas (277) e descobrir pistas (278); so geis, rpidos e dos tros (270). Usam um pequeno escudo de dois ps do dimetro, cneavo para diante, suspenso com taiabartes do couro: com efeito, no possuem, nem braadeira (280) nem asa (281). Alm disso, usam ainda punhal ou gldio (282) A maior parte usa couraas de linho; poucos (233), cotas de malha e um capacete de trplice cimeira, ao passo que os demais tm olmos de nervos. Os pees (284) usam tambm polainas de couro, e cada um traz diversos dardos (~); e alguns, lanas com ponta do cobro. Dos que habitam junto do rio Douro, diz-se que alguns vivem maneira dos Lacedemnios, untam-se duas vezes ~1o dia (288), e tomam banhos de vapor que fazem com pedras ao rubro (287); que tomam banhos de gua fria e se alimentam uma s vez ao dia (288), sendo a refeio limpa e frugal (280). Os Lusifiauos fazem sacrifcios (290), observam as entranhas sem as arrancarem, examinam tambm as vias do
(277)
~vc8pew
(esta, ou pr-se me
e,nboscada) : o ad]. significa prprio pala emboscado, (osidioso (cfr. BailIy, ob. citada). (278) O grego diz deepvv~yrttco~ ad]. formado do v. ~EpEvvw prociuw cem cuidado: o ad~. significa, pois, prprio para investigaes ou buscas aprofundadas (cfr. Bailly, obra citada). (27i~ O grego diz c,3Ege(Krov, i. e., que evolui fcilmente (cfr. Bailly, ibidem). (200) Significa prpriamente argola manzeira (vd. R Isidro Pereira, Dic. Ge. P-ort.). (281) Outros dizem: fivela. O voc. Jvrta~4 significa: cc qui sert choisir tine chose (arme, poigne) (cfr. Bailly, ibidem). (202) 0 texto diz ~o~r1, cutelo de sacrifcio ou de cozinha; espada curta e cortante dos oricntais (idem, bidem). (281) Ou: raros. (201) Ou: infantes (soldados (te infantaria). (302) Ou: pequenas lanas. (280) letra: utilzando duas vezes os lugares onde se esfregam com azeite ou leo, no Ginsio. (287) O grego diz iruptat ~pw~von & Oojv 8LaTflSpwv, utilizando banhos de vapor (ou ainda: estufas) devido a pedras igniscentes. (288) O grego diz povorpoGvra, i. e., no fazendo senio uma refeio ou no tomando seno unia espcie de alimento (cfr. Bailly, ob. cit., s/v.). (200) O texto tem tcaOapJ. limpameate e frugalmente. (280) letra: os Lusitanos silo sacrifiqueiros, i. e., gostam de fazer sacrifcios.
42
III, 3, 6-7
peito (291) o adivinham pela simples apalpao (292). Fazem tam bm augrios observando as ontianhas dos prisioneiros (23), depois de os cobrirem com capas (294). Depois, quando as entra nhas so feridas (295) pelo arspice, fazem uma primeira piodio pela queda da vtima (296). Cortam a mo direita aos prisioneiros e oferecem-na aos deuses. 7. Todos estes anontanheses so frugais: bebem s 6~gua, dormem no cho e usam o cabelo comprido (297) maneira das mulheres; porm, em combate, effigem a frente com uma banda (299). Comem sobretudo carne de bode e sacrificam a Ares bodes, pri sioneiros e cavalos. Fazem tambm hecatombes dc cada espcie de vtimas, ao modo dos Grcgos, que, no dizcr de Pindaro, sacri ficam tudo aos ccntoso (299) Praticam ainda exerccios fsicos ou cem anuas ou a cavalo (300), exercitando-se para o pugilato, e a carreira, e as escaramuas (301), e os combates campais (302). Os montanheses durante dois teros do ano (303) alimentam-se do
O texto tem ~revp. 1. e., costas, flanco, pleura. A letra: apalpando. (203) O texto diz to-s: atravs dos prisioneiros ou: por meio dos prisioneiros. (294) Edyos em principio saio ou saiote gauls (cr. Bailly, ibideni). (295) O grego diz aor, 2. pass. no conj. do v. ST4TTW. ferir, bater. Note o conj. com &rav, caso eventual. (296) O texto diz to-s: adivinha primeiramente pela queda. (297) O texto diz: tendo-se esparzido a espessa cabeleira maneila das mulheres (yvvaticGw 8[ic~v). como quem diz: usam espessa cabeteira esparzida (sobre os ombros e as costas). Note a construo pouco vulgar de 6.~op com genitivo. (208) letra: mas combatem cingindo a fronte com uma mitra, O v. usado
(291)
(202)
i. e., cingir com band. (309) letra: como Pndaro diz que sacrificios aos centos (x cem) quanto a tudo. Note-se o acus. de relao ,,dp,-a. (300) A traduo mais afeioada ao giro grego seria: praticam lutas gmnicas quer hopliticas quer hpicas. (303) O grego diz: 6taicpofloAruj.sQ que significa prpriamente escaramua. No entanto, o v. 8taKpofloAlCol.LaL. que est na raiz do substantivo, implica a ideia de lanar de longe (dardos e outros projcteis rejeitveis). (302) O texto tem: a7r08pfl66v ttdxv i. e., para luta em companhias, em manpulos. (303) A expresso r. 8~o ~dp7), que aparecem em Tucdides e Demstenes, signi fica 2/3.
III, 3, 7
43
lande de carvalho. Secam-nas, trituram-nas, moem-nas e fazem com elas po (301), que pode guardar-se durante muito tempo (309. Bebem tambm cerveja (306). Vinho, tm falta dele, e o pouco que logram, rpidamonte o eonsomem nos banquot~s familiares (3~7). Em vez de azeito, usam manteiga. Tomam as sua.s refeies sentados em bancos construdos ao redor das paredes, onde os convivas tomam os prmeiros lugares segundo a idade e a cate goria social (308). A comida circula de mo em mo (300). Enquanto bebem (310), bailam e fazem coros ao som da flauta e da trombeta, dando saltos no ar e caindo de joelhos (311). Na Bastetnia as mulheres danam tambm misturadas com os homens, dando-se mtuamente as mos. Andam todos vestidos de preto, e no gefal, com os sagos com que dormem nos seus leitos de palha (312). Servem-se de vasos de madeira, como os Celtas. As mulheres usam saias e vestidos com adornos florais (333). No interior (3~1), em vez de moedas, utilizam a troca de mercancias (315), ou do lminas de prata recortadas (316). Aos condenados morte, dos(304)
fazendo po delas. (303) letra: de modo que depositado (~ guardado) para (muito) tempo. (305) letra: utilizam ainda uma espcie de cerveja. ~z3Qo em grego uma deco co de cevada; espcie de cerveja; cerveja de povos do norte (cfr. Bailly,i bidem, s/v.) (307) Ou: carecem de vinho, e o feito rpidamente o consomem, banqueteando-se com os parentes. (308) Ou: tomam a presidncia (ou presidem) segundo a idade e a dignidade. O v. ,cO,)/Lat significa realmente presidir, ocupar o primeiro lugar. O sentido do passo ser pois, presidir a tais banquetes o mais idoso e o de maior prestigio social, e assim sucessiVameflte. (300) Ou: (<a refeio servida roda. (310) letra: <(durante a bebida. (311) letra: mas no s saltando, como tambm. (352) O grego diz urcfla8oKon-oDct~ i. e., dormem em leitos de palha. (3~) b8v~ta significa vestido; ~ vestido, mas tambm roupa branca. Con tudo, difcil extremar b8v~ta de ~aO,j. (314) O texto tem: ol S~ tav p ~ciOcZ (-roncZ) i. e., os (que vivem) em lugar demasiado profundo (em relao ao litoral, claro); da, interior. (3~~) O grego ~op-rov tambm significa carga de um navio (cfr. P.~ Isidro Pereira, Dic. Grega-Port., s/v.). (310) O texto tem e-aD &pyvpo ~du~aro diror4zvovre i. e., separando da prata pequena lAmina, do-na.
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III, 3, 7
pon1ian~nos dum precipcio (317); aos parricidas, lapidam-nos fora do termo das cidades (318) Casam-se com uma s mulher como os Gregos (319). Aos enfermos, como antigamente os Egpcios (320), expem-nos ao longo dos caminhos (321), p~a consultarem os que sofreram do mesmo mal (322). Antes da expedi~o de Bruto (39, usavam embareaos de corno, em virfttde das inundaos (324) atravs de chareos (325). mas hoje at barcos feitos de um s tronco sAo j ($20) raros. O seu sal vermelho prpura ($27), mas, triturando-o, torna-se branco (320). Tal a vida dos povos montanheses que, como disse, habitam o lado setentrional da Ibria ($29) a saber: os Galaicos, e os stures e os Ontabros at aos Vaceus e os Pirenus, j que idntica a vida de todos eles (330). Desagrada-me citar mais nomes (331),
O v. JcaTa~rerpow significa despenhar o lapidar. Note-se a hendades do texto que diz: fora dos limites ou das cidades. (310) O texto diz to-s: casam-se como os Gregos. (320) O texto tem Aiydwrcor. Egpcios; contudo, Garcia Bojudo, Schulten e Gabriel Pereira traduzem por Assrios, por entenderem ser erro de Estrabo, comparando-o com Herdoto, 1, 197. Note-se ainda o actos. de relao r3 (321) O v. rporO-qp~t~ que aparece no texto, signiftca de si expr vis/a (alm cio
(317) (310)
ter muitas outras acepes). (322) letra: para (ou: por causa de) consulta aos que experimentaram a molstia (igual sua). (323) O texto diz: ~ ~STi Bpozrov0 at (ao tempo de) Brtoto. (324) O texto tem 61~ n~~cj1upl8a~~ por causa das preamares. A preposio
bc com acus. implica a deia de causa e no a de meio ou lugar por onde, como alguns tradutores entendem. Poder talvez implicar durao, e dai: durante as prea,nares. (323) A palavra r~ayo& significa terreno pantanoso; lamaal; gua pouco pro funda (cfr. Dic. Gr.-Port., p~e Isidro Pereira s/v.). (320) Interpolao da edio critica de Schulten. O passo controverso; no entanto,
segundo a edio deste famoso arquelogo e historiador germnico, parece que a tra duo exacta a que fazemos. (327) A letra: os sais so roxos (ou: purpurinos). (320) O texto tem: rpt~QbrE~ (part. aor. pass. de rpifloa triturar), depois deter sido triturado. (329) O giro da frase grega algo de diferente; contudo, esta traduo a que melhor corresponde sua estrutura e ao seu contedo. (330) O grego emprega o plural flhor. vidas, e djsoet8et. de teor semelhante. (330) letra: temo exagerar quanto a nomes.
rn, 3, 7-8
45
fugindo sua escrita desagradvel (332), porque a ningum agra dar ouvir falar (333) cio Pleutauros e i3arduetas, o AIt.rigas, e outros nomes piores e mais obsctuos que estes. 8. rudeza e selvagismo destes povos (331) resulta (335) no s dos seus costumes guerreiros (336), mas tambm do seu afasta mento. Sondo longos os caminhos por tona e por mar, para chegar at eles (337), no tendo re1a~os com outros, perderam toda a ,;ociabilidade e luunanidade (339. Porm, hoje sofrem menos deste mal, em virtude da paz o da presena dos Rornano~. queles quo gozam meno~ destes benefcios (339), conservam uni carcter mais feroz e brutal (340). Possuindo alguns semelhante ndole no s por causa da pobreza do solo, seno que da existncia de serras (311), natural que ta1 estado de incultura se acentuasse mais (~32). Mas, como disse, hoje acabaram todas (estas) guer ias (343). Som dvida os prprios C&tabros, que ainda no nosso
(332)
(333) (334) (335) (330) (337)
Evitando o desagradvel da grafia (da forma). letra: j que a ningum por prazer ouvir dizer.... Ou: o inculto e o selvagem.... Note-se o perf. av~.iP<P~,cc com valor resultativo; dai o seu valor de pres. letra: nilo s porque guerreiarn.... O texto diz muito lacnicamente: com efeito, () longa a navegao at eles,
e os caminhos. (338) Ou: <(no estando misturados com (outros) perderam o socivel e o hunmno. (330) Ou: ((aqueles aos quais isto sucede menos.... (34v) letra: so mais difceis e mais bestiais. (341) O texto, contudo, diz tos: havendo uma tal (disposio natural) para alguns (destes povos), devido no s magreza do solo dos lugares (que habitam), seno que tambm por causa das (muitas) montanhas, natural que.. (342) O texto tem dreiria e j,rtreipeuat: &ro~ra sgniflca em princpio a quali dade ou estado de qualquer coisa que no normal; no caso concreto, o atraso na escala social e cultural, da incultura. EITLTEI ycg ~ dar intensidade, dar fora, aumentar (cfr. s/v. Dic. gr.-poit. Isidro Pereira. O sentido ser pois: devido ao aci dentado solo e pobreza do mesmo, estes povos de montanha eram mais rudes do que aqueles outros que habitavam a plancie e lugares frteis e amenos, que no speros e rtides de climas. (343) O texto diz ~oc/hoyra ,ratha i. e., todas as coisas que guerreiam.
46
in,
3,
8.
tempo (~4) se dedicam sobremaneira ao bandoleirismo, e os vizi nhos destes, Csar Augusto submeteu-os; e, assim, em vez de devastarem as terras dos aliados do povo romano (~5), hoje em dia os Gonlacos e os Plontusos, que dominaram junto das fontes do Ebro, pegam em armas ao lado dos Romanos (340). E Tibrio, por vontade (347) de Csar Augusto, a quem sucedeu, mandando (348) para estes lugares um exrcito de trs legies, a alguns deles logrou j torn-los no s pacficos, como tambm civilizados.
O texto tem
vv, i. e., agora. Ou to-s: em vez de devastarem os aliados dos Romanos. O texto diz: sorvem como soldados em favor dos Romanos.
() O texto tem: ~-d &,ro8Etx~v (floii~J/La) ~vr ,-oO ZEfiacroD: vontade (ou coisa) revelada por Csar Augusto. Note que serve de aposto. (348) Ou: colocando nestes lugares.
CAPITULO 1V
1. Falta descrever o litoral da Ibria que vai das Colu nas at aos Pirenus, no Nosso Mar (319), e toda a regio interior que jaz acima da costa (~), de largura desigual (351) e dum comprimento (352) com pouco mais de 4000 estdios. O (compri mcnto) da costa tem ainda mais (~3) dois mil estdios, Gomo est dito (354). Diz-se que do Ca]pe, o penhasco (9 junto das Colunas, at Nova Cartago (356) so 2200 estdios, e que esta faixa litornia habitada pelos Bascttauos, a que tambm chamam Bstulos (357), e em parte ainda pelos Oretanos. Da (de Caitagena) at ao Ebro, outros tantos (estdios), aproxima damentc, e que neste (troo da costa) vivem os Edetanos (359.
(310)
aos Pirenus atravs de (ou: sobre) ns (ou seja: o Maje NOS/rum, O Mar Tirreno>. (350) O texto diz: ratn] (sc. T ., 7rapaa) pkEtfLbrJ fLeudyata ,r&aa, i. e., todo o interior suprajacente a esta costa)>. (335) Note-se o acus. de relao q~ vrdro~ com que fazemos concordar ivcbjiao~, desigual, que em principio nome predicativo do sujeito. 39 Note o acus. de relao. (~3) Note que o adv. ~ junto ao comparativo 7reZov tem valor rcforativo e significa ainda mais (cfr. P. Antnio Freire. Gram. Gr., 3,3 edio, pg. 206). (354) letra: e disse-se (= est dito) em 2000 estdios. H-de reparar-se no valor resultativo do perfeito ~ip~p-at. eSt dito e no compl. de meio ou modo 3cuxtot~ a~a8 ot~. (~) A Ectra tos: a montanha. (flo) Ou: Cartagena. O grego diz: Kap~78dva Njav que Garcia Bellido manteve em Karchedn Na. () A prosdia mais rigorosa ser: Bastulos com acento no u. (~) Ou to-s: que os Edetanos possuem esta (costa).
48
III, 4, 1-2.
Do Ebro aos Pirenus o aos Trofeus (250) Pornpeianos ostende-se urna faixa de 1600 estdios em que vivem (alguns) poucos dos Edetanos (360), ocupando o resto os chamados Indicetas, que est~o divididos em quatro grupos. 2. Se comearmos pela parte que tem incio no Calpe, topa remos com a cordilheira de montanhas (361) da Bastetnia e dos Oretanos, a qual povoada (362) de densos bosques e corpulentas rvores, e separa o litoral do interior. H tambm ali (303), em muitos lugares, minas de 0w-o e outros metais. Mlaga a primeira cidade nesta parte da costa e dista tanto do Calpe (364) quanto Gadira (desta). o entreposto comor cial dos Nmidas (365) que vivem no litoral oposto (365 ~) e possui graudos fbricas de salga. H quem julgue que Mlaca o mesmo que Mnace (366), a qual ouvimos dizer que era a ltima das cidades dos Fcios, para o Ocidente. Mas n~o assim, porquanto esta fica mais longe do Galpe e foi destruida (367), conservando, porm, os vestgios de (haver sido) cidade grega; ao passo que Mlaga fica mais perto (308) e apresenta planta fencia (369). Segue-se (370)
(355)
religieuse (statue, trpied); tout objet qui perpetue un souvenir, monument (cfr. Bailly,, oh. cli.). (360) O texto diz to-s: que (so) mil (estdios) e que (ali) vivem poucos dos Edetanos. (361) A letra: para os que comecem segundo a parte (que vai) do Calpe, existe uma cordilheira montanhosa. (9 O texto diz i. e., que tem, que possui. (363) Note-se que o texto diz ,ccinaflOa, i. e., tambm ali. (064) Repare-se na correlativa de Zuov ... 8o~ov, tanto.., quanto. Repare-se tambm no acus. de medida (para designar a distncia) e no gen., a indicar o ponto a partir do qual a mesma se conta. (365) Designao grega: Nmadas. (365 a) letra: o emprio para os Nmadas na costa oposta (em frica). (066) Ou: alguns julgam ser esta (Mlaca) o mesmo que Mnace (Mainake>. Note-se an5v (em vez de a~r) com dai (cfr. P. A. Freire, Oram! Grega, 3.~ edio, p. 202, n. 333, obs. 2), (367) O grego diz ~ part. perf. mcd. pas. de KWTaUKd7rTW destruir. (368) Subentendido: do Calpe. (365) Ou: como planta fencia,). (370) Ou: E depois...
III, 4, 2-3
49
a cidade dos Exitanos, da qual as prprias conservas recebem o nome (371). 3. Depois desta, fica bdera, que tambm colnia fencia (372). Sobre estes lugares, na regio montanhosa, est Odisseia e nela o templo de Atena, como o disse Possidnio, .Artemidoro e Ascle piados de Mirlciz que na Turdetnia foi professor de Gramtica(~~) e escreveu (378) uma descrio pormenorizada dos povos desta mesma regio. Este autor diz que esto pendurados no templo de Atenas escudos o espores de navios, dos de Ulisses; que entre os Calaicos viviam alguns dos que fizeram a expedio com Teucro; que por ali existiam cidades, uma chamada Hlenos (375), outTa Anf locos (376); que Anfioco ali morreu e que os companheiros se dis persaram para o interior (377), (Asclepades) afirma que se conta que alguns dos companheiros de Hracles (378) e os (que partiram) da Messffla colonizaram a Ibria. Este (autor) o outros dizer tambm que os Laces subjugaram (378) mna parte Ca Caut bria. E mencionam tambm aqui a cidade de Ocola, fundao de Ocelas (350), na sua passagem (381) para Itlia na companhia de
(371) letra: com o nome da qual at as conservas (de peixe) so ditas (ou: conhe cidas). (39 Ou to-s: ela prpria fundao dos Fenicios,,. (373) letra: homem que ensinou... (374) o grego diz: b8E8wKc4, part. perf. art. de bB~8witt entregar (ao papel). (373) Ou grega: Hlleaes. (236) Ou ao modo grego: Amp/,ilochoi. (377) O texto tem dois genitivos absoltitos que podem traduzir-se com valor causal ou temporal. (278) Ou to-s: alguns dos com Hracles; note-se que o artigo junto prep ~crd
em gen. significa algum com a sua comitiva ou a prpria comitiva (cfr. Ora,,,. O,., 3,3 edio, A. Freire, p. 185). (370) O texto diz to-smente: ocuparam. (380) Tanto Garcia y Bellido como Schulten conservam, nas suas tradues, a forma grega Okellas que em portugus d normalmente Ocelas. Poder-se-ia supor que o antropnimo teria origem no v. dK~w que significa aportar a. Existiu um filsofo pitagrico assim chamado,Ocelo Lucano (cfr., Bailly, Dic. Grcc.-Franots, s/v.). (383) O texto diz: ,-o A8)r4vopo ... 8iaflvio, i. e,, do que atravessou.
vera
com Ante~or...
E
50 111, 4, 3-4.
ntenor e dos filhos deste. E na Lb~, dando crdito (352) aos negociantes de Gadira, alguns, como t ambni o afirmou Arte midoro, acreditam que os que habitaiu sobi e a Maiusia, junto do~ Etopes Ocidentais, so chamados Lotfagos poi se ahiuen tarem de ltus, ceita erva (383) raiz, que lhes apaga a sede (381), conquanto no bebam, porque escas.seia a gua (3S~; os quais estendeni-se at regio para l de Cuene. h outros tambm a que chamam Lotofagos, os que habitam em Meninge (386), urna das duas ilhas que ficani em frente da pequena Sirte.
4. Ningum poder estranhar que o poeta (liomero) conte o que existe sobre os errores de Uhisses deste modo 1 o i omanesco (387), que situa fora (do estreito) das Colunas, no Mal Atlntico, a maior parte dos sucessos que iefere acerca do mesmo: porquanto a regio explorada fica prxima no s daqueles lugares, como tambm de outras coisas por ele forjadas de modo que no comps uma fbula inverosmil (388); nem (ser de admirar) se (359) alguns, adnutindo a veracidade (3~) destas mesmas lustrias e a giande erudio do poeta, transformaram em ci&ncia a sua poesia, como o fez Orates de Mals e alguns outros. Porm, outros
(383)
co gen. dou ~erdure, feudlage verto (cfr Bailly, ibidem, sjv) (384) O texto tem o~ 6e4tcvot. i e no tem necessidade de bebida (ou agua potavel) Como, porem, isso acontece em virtude dessa ~erdura-raiz, que e o lotus, daI que se traduza como ficou no texto (~~5) Ou to-so em virtude da falta de agua, no tendo bebida Ou com a grafia grega Memnx Traduo livre do seguinte nem alguem se maravilhar nem (sairo maravi lhadas) as coisas acerca da vagabundagem de Ulisses, (da autoria) do poeta (Homero) que (as) imaginou desta maneira (388) O sentido do texto, o seguinte as faanhas obradas pelo rei da lendria
(387)
~)
Itaca, realizaram-se nestes lugares, e as demais ctrcunstncias aduzidas por ele, Ulisses no diferem essencialmente da verdade histrica (fl9 Repare-se que es subentende Oav&ta~oi av depois da disjuntiva O~%T, anote-Se ainda a orao completiva de d e indic (cfr P A Freire, Gr Grega, 3 a cd, p 241, 402). (iiO) O texto diz to-s acreditando em
ifi, 4, 45
51
to grosseiramente entenderam tal escopo (do poeta), que no s embrulham o poeta de todo este to grande saber, como se fora um cavador ou um segador, mas tambm tomaram por loucos OS (1110 lograram entender (301) a sua obra (392). Contudo nenhum fillogo (393) nem matemtico (301) teve coragem de propor a defesa ou rectificao ou qualquer outra coisa semelhante do que fora dito por aqueles (395). Todavia, a mim ao menos me parece possvel no s defender como tambm corrigir (306) muito do que aqueles disseram, e sobretudo aquelas afirma es (397) com que Pteas induziu em erro (308) os que o acredita ram por no conhecerem os lugares do ocidente e uorte do Oceano (399). JVIas deixemos isto, porque necessitaria investigao especial e larga (100)
6. H-do acoitar-se (101) que a causa das audanas dos Gregos pelos povos brbaros est na diviso destes em pequenas partes e remos, que no estavam miituamentc unidos entre si (12), em virtude da sua presuno (403), e de tal modo que, devido a isto,
(391)
(a) O texto tem realmente srpayps-rela que, entre outras coisas, significa precisa mente obra histrica, (cfr. BaiIly, obra citada, s/v.). (~1 O texto diz gramtico, que, na poca alexandrina, era, na verdade, um fillogo. (304) O t-~xto diz prpriamente: nenhum dos destros acerca de assuntos especula tivos (ou matemticos). (393) Refere-se Estrabo a Crates e qucles que aceitaram a cincia homrica. (306) letra: levar para a correco. (397) O texto diz to s: estas coisas.
()
(308)
letra: enganou. H-de reparar-se no ac. de relao &aa. letra: (situados) janto ao Oceano. Da orla niaritima, pois acrescentaremos
ns.
(400) (401)
letra: porque teria uma palavra prpria e larga. letra: algum poder julgar ou supor.
(402) Ou: que s tinham relaes ntimas uns com os outros. Para tela es intimas, usa Estrabo dum termo assaz sugestivo: ~,n7roK,~, que est na raiz do verbo (403) O texto usa duma palavra curiosa: a3eta, confiana excessiva, presuno, arrogncia (efr. P.c Isidro Pereira, Dic.o Gr. Port., 51v.). Refere-se Estrabo quilo a que vulgarmente chamamos bairrismo, regionalismo; e foi por isso que Garcia y J3ellido traduziu o termo, e muito bem, a nosso parecer, por orgulho local.
n~,rw, entretecer.
52
iii; 4; 5-6,
ficaram enfraquecidos (401) em relao aos estranhos que os ata cavam. E esta obstinao alcanava maiores propores entre os Iberos, os quais possuiam (um carcter) no s verstil (405) mas complexo. Levavam vida de aventureiros e bandoleiros, arris cando-se a pequenas (empresas) e no se entregando a grandes cometimentos, por no (serem capazes de) aparelhar grandes reforos nem alianas (406). Sem dvida, se tivessem querido coligar-se, na guerra, uns com os outros, no teria sido possvel subjugar a maior parte do seu pas, nem aos Cartagineses, devido sua superioridade (107), nem antes mesmo aos Trios, e depois, aos Celtas que actualmente so chamados (leltiberos e Beres, nem ao bandoleiro Viriato, nem a Sertrio, nem, depois disso, a alguns outros que cobiaram aumentar o seu poderio (108). E aos Romanos, para fazerem guerra aos iberos, por partes, tribo aps tribo (109) submetendo j runa, j outra (410), at que sujei taram a todos, ao cabo de duzentos ou mais anos. E agoia volto descrio.
-
(L Depois de bdera (111) vem Nova Cartago (412), fruidalo de Asdrbal, que sucedeu a Barca, pai de Anbal, de longe a mais poderosa das cidades desta (faixa litornia). Possui urna bela
Ou: se enfraqueceram.
Korvwva significa prpriamcnte relaes cstreitas entre povos ou pessoas. A expresso & ,rcpLovua tambm significa ~ profuso, com os seus pr prios recursos (cfr. Bailly, o. c., s/v.). A traduo literal at a seguinte: que chega ram em profuso.
(4~~) A traduo literal pareceme ser a seguinte: ainda que alguns outros desejaram um poder maior. Parece-me que existe aqui uma or: concessjva e no relativa. Note-se tambm a construo normal de v. ~,rrOv~te~w com genitivo. (400) O texto diz ct &aa,-,jv ~~i 3vvau~lay cada potncia, um por um: h-dc
notar-se a disrr(butirklade. digamos, implicita na prep. ,cwra+ acus.. Repare-se no mo dismo latino quoque cite, cada da, como quem diz no dia-a-dia, i. e., na sucesso dos dias. (410) H-de notar-se a reciprocidade &o,-~ov. (411) curioso observar que segundo o texto de Schulten, a traduo deveria ser: depois, vem bdera e Nova Cartago. Porm o prprio Schulten traduziu como ns. (412) Ou Carcednia: a actua] Cartagena.
III, 4-6
53
posio fortificada, muralhas bem edificadas, e est guarnecida (413) de portos e urna lagoa e minas de praia, cerca das quais (j atrs) falmos. Alm disso, na cidade e nos arredores (114) existem muitas fbricas cio salga. E tambm o maior hiteq~osto comer cial das (mercadorias que vm) cio mar para os (lugares) do inte rior, e daqui para todos (os Povos) estranhos. Na orla martima (que) daqui (parto) at o Ebro, a metade da distncia, encon tra-se o rio Scron, a sua foz e urna cidade do niesmo nome, o qual corre da serra contgua cordilheira que sobrepuja Mlaca e a regio de Nova Cartago. vadevel (115) e flui quase paralelo ao Ebro, rnas fica a menor distncia de Nova ()artago que do Ebro. Entre o Scron e o Ebro existem trs pequenas cidades dos Massa liotas (situadas) no muito longo do rio (Scron); contudo, desi;as, a mais conhecida Hemoroscopino (419, que tm na acr pole (417) um templo (dedicado) a rtemis de feso, muito -venerado. Dele se serviu Sertrio como base naval (419. sem dvida um lugar bem fortificado e prprio para a pirataria, j que visvel de muito longe para os que dele se acercam, a navegar (419). Chama-se Dinio, o mesmo que A.rtemsio (420). No seu derredor
(41~
v. ~ guarnecer, embelezar.
(414) (419) (416)
Ou, ao modo grego: Hemeroscopeion. Em principio, um nome comum que significa: lugar de guarda durante o dia (cfr. Bailly, o. c., sfv.). Na verdade o vocbulo comp6e-se de trs elementos: 4,~pa, dia; raiz JKOTTE observar; coy, lugar. Segundo a definio nominal, , pois, o lugar onde se observa durante o dia. Mas possivelmente pensava-se tambm no voc. iEpd v, templo. E no se esquea que sempre os sacerdotes se preocuparam com a Astronomia, ou mais prpriamente: a Astrologia. A seguir, Estrabo fala realmente, no ~ep&. no templo dedicado a rtemis. (117) O texto diz to-s &IcpcL que pode significar altura, cume; cidadela; promont rio (cfr. P.c Isidro Pereira, Dic. G,.-Port.). Parece-me que ho-de excluir-se as duas definies extremas para aceitar a de cidadela, acrpole. (416) Ou letra: ao qual utilizou Sertrio como lugar do qual fizessem os seus sol dados as sortidas (= do qual fizesse quartel-general) para as pugnas no mar. (419) O texto diz 7rpou7r~oVaL. i. e., para os que navegam para junto (dele). (420) Isto : Apre p&Lov (icpv) templo de Artemis.
r
54
IJI, 4, 6-7.
existem importantes minas de ferro e os ilhus de Plansia (421) e Plumbria (422), Para o interior, uma lagoa (4~3) que tem um permetro de 400 estdios. J perto de Cartagena, aparece-nos depois a ilha do Hracles, a que chamam Escombraria, dos escombros (424) (ali) pescados, com que se prepara o melhor garo (425). Dista de Nova Oartago 24 estdios. ~lais atrs, para o outro lado do Scron, a quem vai para a embocadura do Ebro,( depara-se-lhe) Sagunto, fundao dos Zacmntios, que (426) Anbal arrasou, mar gem do tratado com os Romanos, (o que) deu origem segunda guerra contra Cartago. Prximo ficam as cidades de Querso neso, Oleastro e Cartalia. E na prpria passagem (427) do Ebro, a colnia Dertossa. O Ebro, que tem as suas fontes nos Gntabros, corre para o meio dia, atravs duma grande planura, pararela aos montes Pirenus. 7. Entre as bocas (425) do Ebro e os extremos dos Pirenus onde se erguem os Trofeus (429) Pompeianos, a primeira cidade Tarrcon. No tem porto de luar, mas est levantada num golfo e assaz provida de (tudo) o mais; e, ao presente, no menos povoada (436) do que Nova Cartago, visto que possui excelentes con
De ,rdp,jat, error, vagabundagem? Ou de plana, lat. e yi~ao, ilha, gr.? De plunibuin. chumbo. O texto diz kpvocacuav que alm de lagoa, significa salina. O voc. gr. ax .tflpov significa prpriamente cavala, espcie de atum)) (cfr.
Bailly, o. c., S/v.). No vamos, contudo, chamar a ilha cavalaria... (425) Isto : uma espcie de salmoira, O Dic. de Port. de Almeida e costaSampaio e Meio regista o voc. galo e define: Espcie dc lagosta; salmoira feita dos intestinos do gato). No fala, contudo, da cavala. (4~) H-de reparar-se na anacolutia. que ~y, que compl. directo do v. ,ctztau,c& prpriamente sujeito de que significa em princpio, arar a, ligara. letra seria, pois: a qual lhes ligou a segunda guerra contra os Cartagineses. (427) Ou: vai,. (420) O voe.0 &npon~ usado neste, passo por Estrabo, significa prpriamente desvio, digresso); da a ideia de brao de mar. (420) Ou: ex-votos, monumentos consagratrios ou votivos. (430) O texto diz e3avBpot3aa do v. e,3av8pJw i. e., abundar em homens bons e fortes. Repare-se no valor intensivo do ~ e no radical J.v~p do dv4p&-v8po~. varo.
III, 4, 7-8.
55
dies naturais iam a estadia dos Pretores (431) e qual metr pole n~o s das (terras) (432) daqum do Ebro, como ainda da maior parte das de alm-Ebro. Perto ficam tambm situadas as ilhas Gimnsias e a de llro, importantes (433) ilhas, (as quais) explicam a situa~io favorvel da cidade. Eratstenes revela que tambm possui um porto de abrigo, embora n~o tenha um bom ancoradouro, como afirma Artemidoro, que o contradiz. 8. E toda (a orla martima), das Colunas at este ponto (434) rareia em portos de mar; mas a que parte dali j (tem) bons portos, e prsporo o pas dos Lectanos e Lartoleetes e de outros tantos (povos) at Einprion. A qual foi fundada (435) por Massa liotas e dista dos Pirinus, e dos limites entre a Ibria e a Cltica, cerca de 200 estdios. Toda esta (faixa litornia) bere, e possui excelentes portos. Nesta mesma regio (430) fica tambm (situada) Rodes, uma pequena cidade dos Emporitas, mas, consoante outros (437), fimda~!o dos Rdios. Tambm ali (4~), como cm Emprion, veneram rtemis de feso. E diremos a razo (de tal), quando falarmos (439) acerca de Mass~lia. Os Emporitas habi taram primeiro uma pequena ilha, que fica situada em frente, a que agora clianiam Cidade Velha (446), actualmente; actualmente,
(431)
O texto diz: ~yE/Lth)W1)~ i. o,, dos comandantes, dos chefes, dos guias>. Praetor
designao romana, de prae, frente, i, do v. ire com mais o suL lar, que indica o agente da aco. Praetor era, pois, o que ia frente, adiante, o chefe, o coman dan~e, o guia, portanto. (432) O texto tem 7235-, o que implica que h-de subentender-se xdpa pais, regio. (423) Estrabo diz ciCe4oyot; i. e., dignas de serem memoradas ou fa!adas de J~to5- digno e oyos-, do v. cyw, dizer, falar. (434) J14~~p~ ~e5po significa to-s: at aqui. (435) O texto diz riujia, fundao. (436) letra: Aqui mesmo.
()
(430)
mesmo. () O texto diz Jv -rot5- (irpdyjzvaw cpovJL&ots), i. e., nas coisas a dizer. (440) Isto : ~aac ,ydAt. = Palaipolis, ou Palepolis.
r
56 III, 4, 8-9. vivem (j) na terra firme (191). uma dupla cidade, dividida por uma muralha, que tinha antes por vizinhos alguns dos Indice tas, os quais, a despeito de terem forma prpria de governo (442) quiseram, contudo, possuir um recinto comum com os gregos, para (maior) segurana; e este (recinto era) duplo, separado ao meio por um muro. Mas, com o tempo, uniram-se para uma s administrao pblica (443), misto de leis (444) brbaras e gregas, o que aconteceu tambm com muitas outras (cidades). 9. Perto corre um rio, as nascentes (do qual) ficam nos Pire nus; e a foz serve de porto aos Emporitas. Os Emporitas so hbeis na fabricao do linho (445), Possuem as terras do inte rior (549, umas ferazes e outras to-s produtoras de esparto (447), (do gnero) de junco palustre e mais sem utilidade; pelo que a (esta) planura (448) lhe chamam Juncria. Alguns deles habi tam tambm a (regio que vai) do alto dos Pirenus at ao Moi mento de Pompeu, por onde passa a via (419) da Itlia chamada hispnia Exterior, mais concretamcnte: l3tica. Esta via apro
I-Intpor. alm de terra firme, significa continente, Europa, Epiro. O texto diz: icalirepzatt 7i-oV1-Evd(LvoL~ i. e., embora governando-se separa damente. H-de reparar-se no valor concessivo do participio acompanhado de ~a~rep (cr. do P.~ Antnio Freire, 3. cd., Oram. G,.9. p. 252, n. 424, O reparo de Schulten traduo deste passo feita por Garcia y Bellido, tem, a nosso parecer, cabimento. , porm, deselegante a maneira por que o faz, a propsito deste ex. como doutros. Deixa transparecer demasiado a sua emulao contra o honesto e sbio investigador espanhol. (4~) Isto : uniram-se num s Estado. ~roh-v&a significa actos de governo. (441) Nd~u1.to~ no plural, significa: os usos. Dai, o direito consuetudinrio. (443) O texto diz: wovpyo~ i,coaica, i. e., so hbilmente teceles. A voz tvovpys;
(441) (441)
(de yov, linho e ~pyov. trabalho) significa, antes demais, que trabalha 0111,1,0. O advr bio ~Kav&s-, capanneute, poderosamente co,,veflieIlteIfle?lte. (4311) Ou to-s: a terra interior. (447) ,rapro~dpov, de a~rdprov~ esparto e raiz, no grau alongado o, do v. ~epw, produzir. Repare-se anda no jogo estilstico: r~v jLJv...T~~JV 3J i. e., uma... outra.., ou ainda: por um lado uma., por outro a outra... (448) letra: e chamam-(lhe) Campo Junqueiro (ou Juncrio). (449) Ou to-s: pelos quais (cimos dos Pirenus) caminham da Itlia para a cha mada Ibria Ulterior (ou: Exterior).
~,
49
____~L__..
xirna-se do mar em parte e em parte se afasta (400), sobretudo nos tramos ocidentais (451). Da Memria Pon~peiaua vai a Tarr con, (passando) pelo Campo Juncrio, pelos Bteros e pela 4planhcie Maratnia, (assim) denominada latina, por produzir muito mraton (funcho). De Tarrcon (a via encaminha-se) para o vau do Ebro, na cidade de Dertossa. Daqui, depois de passar (452) por Sagnton e pela cidade de Setbis, (a via) afasta-se um pouco do Mar e atinge o chamado Campo Espartrio (153), como quem (diz (454) Campo) de Junco um grande campo sem gua (455) que produz esparto, com que fazem cordas (456), que expor tam (457) para toda a parte e, sobretudo, para a Itlia. Antigamente a via passava por meio do Campo (Espartrio) e de Egelasta e era difcil e larga (455); hoje rasgaram-na a~ longo do litoral (459, nlo tornando seno numa pequena parte ao juncal (46v) e esten dendo-se na mesma direco que o troo exterior (461), para Cas tulo e Oblcon, para dali seguir o rumo de Crduba e Ga dira, os mais importantes entrepostos comerciais da Ibria. Oblcon dista de Crduba roda de 300 estdios. Os historiadores dizem que Csar chegou de Roma a Oblcon e ao acampamento
Note o valor resultativo do pcr., i. e., empregue com valor de presente. letra: nas partes (ou troos) para a vspera. (49 bexOeZua (d8), part. aor. pron. do v. tendo sido conduzido, i. e.,
(450) (151)
depois de conduzir. (113) Ou: Esparteiro, (111) O texto diz to-s cL &y: cumpre completar e dizer: cb~ ~v como se lguon dissesse. (51) letra: Este (campo) grande e sem gua. (410) letra: prprio para obras de junco. De u~oZvo~~ junco e
(6Z
785 E~1TOt),
oKtd, pr
prio para entrelaar. (457) Ou to-s: exportada. (458) letra: Sucedia que antes a via atravs do meio do campo e de Egelata era difcil e larga. () Ou to-s: para os lugares junto ao Mar. (400) letra: tocando smente no (Campo) Junqueiro. (101) letra: estendendo-se para o mesmo que a anterior (via). Repare-se no dativo
irpordpa depois do pronome ard (cfr. Oram. Or., A, Freire, p. 202, a. 333,
obs. 2,
33
cd,).
III, 4, 9-10.
(que ali tinha) em vinte e sete dias, quando foi fazer a guerra (que se desenrolou) volta de Munda. Eis (a fisionomia dc) todo o litoral desde as Colunas at aos limites da Ibria com a Cltica. A regio interior, sobrejacente a este, refiro-me (que se estende) ao sul (462) dos Pirenus e do lado setentrional, at Astria delimitada principal mente por duas serras (463). Destas, uma corre paralela aos Pirenus, comea (464) nos Cntabros e termina junto ( costa) do Nosso Mar: chamani-llie Idbeda (405). A outra (parte (466) do meio da costa) para o poente, inclinando-se (depois) IMira o sul e para a costa (que se inicia) nas Colunas. Esta, ao princpio (067) uni desnudo oiteiro, atravessa o chamado Campo Espartrioe, junta-se depois, com as serras revestidas de florestas (468), que dorninani Nova Cartago e a regio que circunda MMaca. ~ a sena de Orspeda (169). Entre os Pirenus e a Idbeda, corre o rio Ebro, paralelo a uma e outra cordilheira, alimen tando-se dos rios que delas descem, e de outras guas. No Ebro fica a chamada cidade de Cesaraugusta e a de Celsa, unia colnia que tem unia passagem por uma ponte de pedra (470). Esta regio est habitada por muitas tribos, sendo a mais nomeada
10.
(402)
pe
O texto diz Jvr, i. e., detrs de; no interior, dentro; neste lado de (cfr. Isidro Pereira, Dic. Gr.-PorL, s/v.). (402) jpo, em principio, signiFica at to.smente montanha. (~4) Ou: tem incio desde os Cntabros. (401) No obstante ler Idubeda em Schulten, a prosdia grega autoriza-nos a tra
duzir por Idbeda, como Garcia y Eellido. (406) O texto usa o particpio presente ~ no neutro, partindo. (407) Nos (seus) comeos... (468) O texto diz to-s: com a floresta subjacente a. (460) letra: chama-se Orospcda ou Orspeda p&a mesma razo da nota 465. (470) Note-se o genitivo, a indicar o lugar por onde,
III, 4, 10.
59
a dos lacetanos, cujo territrio (471) comea nos contrafortes dos Pirenus (172) estende-se para a plancie (473) e atinge as cor canjas de herda e OsGa (cidade) dos fleigetas no muito longo do Ebro. Nestas mesmas cidades, e em Calagixis a cidade dos Vasces, em Tarrcon, no litoral, e em Homoros copion, fez Sertrio, depois de haver sido expulso da Celtibria, a sua ltima guerra; e foi em Osca que morreu. Foi nos arredores dc flerdo. que, mais tarde, Afrnio e Petreio dois generais (474) de Pompeu, foram vencidos pelo divino Csar. Para quem canil nha para o poente, Ilerda dista do Ebro 100 estdios; de Tarr con, para quem vai para o sul, 400 estdios; de Osca para o Norte, 540. Por esta mesma regio, passa a via (que vai) de Tarrcon aos ltimos dos Vasces, junto do Oceano, a Pomplon e at cidade de Oison, (erguida tambm) nas costas do mesmo Oceano. Chega at prpria fronteira da Aquitnia com a Ibria e modo 2400 estdios (175). Os Jacetanos ficam (na regio) onde primeiro Sertrio lutou contra Pompeu, e, mais tarde, Sexto, filho de Pompcu, contra os generais de Csav. Ao norte da lace tnia, fica a tribo dos Vasces, onde se ergue a cidade de Pom plon como quem diz (476) a cidade de Pompeu. 11. A vertente ibrica dos Pirenus est povoada de florestas com rvores de toda a espcie e (sobretudo de folha) persistente; em contrapartida, a do lado da Cltica, nua. A regio intermdia
(471) (479
letra: ((esta (Iribo) que comea... Ou: na regio situada ao longo da cadeia dos Pirenus (?rapwpEta. de
rapd. ao longo de; 6po, monte; ~a, suf., qualidade). (473) Para os pIamos. (474) Ou: lugar-tenentes, embora JTpar,)yd no comporte, era principio, tal acepo.
(471)
Oceano, em Pamplon, e at cidade de Oison, no mesmo Oceano, fica a via de 2400 estdios, (chegando) junto da prpria fronteira da Aquitnia e da Ibria. (4fl) O grego diz: e5 b lroJL: sv-~jrnot h-de subentender-se alas e dizer: 4v
E
60
111, 4, 11-12
tem vales que podem ser perfeitamente habitados. E os Corre tanos, de raa ibrica, liabil am-nos lia sua maior parte. F~stes preparam presuntos excelentes que rivalizam com os dos Canlbricsos e que lhes (177) proporcionam no pequenos lucros. 12. A queni pa~~ alm de Idbeda, surge-lhe mniediatamente a Celtibria, (regio) grande e de vrio aspecto (178). Na sua maior extenso (479) spera c banhada por rios (480). J que atravs desta regio corre o Ana e o Tejo e uma srie de outros rios, a maior part e dos quais desaguam no Mar Ocidental, depois de haveleni lido incio na [Celti ibria. Dos quais o Douro, (que) passa perto de (851) Numnncia e Sergnem; e o l3tis, que, nas cendo na Orospeda, corre para a l3tica, atravs da Oretnia. Ao norte dos Ooltiberos (482), ficam os Beres que confinam com os Cntabros-Coniscos, nascidos da imigrao dos Celtas, cuja cidade Vria que se ergue no passo do Ebro. So tambm vizmhos dos Bardietas que hoje se chamam Bardnlos. Para o oeste babitani alguns dos Vacous, e ainda dos Vetes e Carpeta nos (48~). Na parte mendional vivem os Oretanos e os outros que povoam Orspeda, Bastetanos e Edetanos. Para o Leste fica Idbeda. 13. Dos prprios Celtiberos (que) esto divididos em quatro partes, os mais fortes so os Arvacos (853), paia o Nascente e Sul,
(177) (878) (170) (480)
Ou aos homens Irregular, desigual A letra, na maior parte dele qroTa~t&cvcro, i e, irorajid, rio e K?vrzn-&, adj
verbal do v
KW, banhar, lavar (4h) ~rapd com ams significa cerca de, ao longo de)> (482) A letra Das bandas dos Celtiberos, para o Norte, habitam os Beres (ou Berones)
(882
O interpolador a que se fez referncia nas notas 235 e 237 a, para coa certar os passos respectivos. intercalou aqui, antes dos Vaceus, os stures e os Calaicos A frase ficou <(Para O oeste habitam alguns dos stuo es e dos (alaicos e dos Vaceus, e ainda dos Vetes e Carpetanos Acerca da interpolao e da neLessidade de correco, v as notas cits e a introduo (403) Ou to s. Aruacos, rvacos
a)
61 confinando com os Carpetanos e as nascentes do Tejo. A sua cidade mais afamada Numncia. Deram provas do seu valor na guerra Celtibrica contra os Romanos, que durou vinte anos (484). Com efeito, muitos exrcitos com os seus chefes foram aniqui lados, ao passo que os Numantinos, apesar de cercados, resistiram hericarnente at final (485), com excopo duns poucos que, traio, entregaram a cidade (486), Os Luses, que ficam situa dos do lado Nascente (487), chegam tambm s fontes do Tejo. Aos Arvacos pertencem tambm as cidades de Segeda e Palncia (488), Numncia dista para cima de 800 estdios de Cesaraugusta a dual dissemos se ergue nas iimrgens do Ebro. Segbriga e Bilbilis so cidades da Celtibria, nos arrabaldes das quais se gueriearam Metelo e Sertxio. Polbio, ao talar das taibos dos Vaceus e dos Celtiberos, bem como dos seus territrios, cita, entre outras cidades (489), tambm as de Segesania e Intercacia. Possidnio assevera que Marco Marcelo logrou um tributo de 000 talentos~ da que seja possvel conjec turar-se que os Celtiberos eram no s munerosos mas tambm possuidores de abundantes riquezas (490), emboi a habitassem uma
(404) (409)
A letra: feita no vigsimo ano, corno quem diz durante vinte anos. Tanto Garcia y Bellido corno Schulten traduziram deste modo o passo: os
Numantinos acabaram por deixar-se morrer de fome. Poder ter acontecido assim. O texto diz, porm, to-s: &Elcapr~pflcav i. e., resistiram pacientemente. O v. ataicaprcpsw na mdia-passiva. comporta, na verdade, a acepo de monco, mas no.. fomc. O v. simples ;cap7-Epw assenta no adj. mcaprpd~ forte, slido; firme, paciente (cfr. Dic. Grego-Portugus, de Isidro Pereira, S. J., 2.L cd.; s/v.). Ora r6 uapi-cpdv significa a fora, a violncia (ibidem). Parece, pois que Estrabo pretendia estabelecer o contraste entre o soobrar dos bem disciplinados e fortes exrcitos de Roma, frente ao denodo, ao nimo viril e resistente duma tribo desorganizada, posto que forte e poderosa. (186) O texto diz to~s : muralha. (487) O texto diz: Os Luses so orientais (ficam do lado da aurora), tocando tambm, (190) Ou Castelhana: Palancia. Mas, se dizemos Numncia, pela mesma razo havemos de dizer Palncia. (480) A letra: reune s outras cidades... (400) O v. Evrop/w j de si significa possuir abundantes riquezas (cfr. Isidro Pereira, ibidem). Note o gen.
62
iu,4,13
regio pouco prspera. Quando Polbio escreve (401) que Tibrio Graco destruiu 300 cidades deles, (Possidnio), sarcsticamente (492) afirma que o homem (103) adula (491) com isso a Graco, chamando cidades a (simples) tones, como (usa fazer-se) nas pompas triun fais (495). E com razo ctiz que isso no crvel, j que generais e historiadores fciimente so levados a esse logro, embelezando as suas faanhas, porque aqueles que afirmam que as cidades dos Ibetos so mais de mil, parece-me que caem no mepmo exa gero (496), chamando cidades a aldeias em ponto grande (497). Nem a natureza da regio pIopc~a pan muitas cidades, em virtude da sua grande pobreza, da sua lonjura (496) e da sua falta de cul tura; nem o gnero de vida (499) de seus habitantes nem as suas actividades com a excepo (500) das (cidades situadas) no litoral do Nosso Mar admitem tal coisa. Os que habitam as aldeias vivem no estado selvagem (501). No mesmo estado 502) vive a maioi parte dos Iberos. Mas nem as prprias cidades exercem fcilmente o seu influxo civilizados (593), quando a maior parte da populao vve nos bosques e ameaa a tranquilidade dos seus vizinhos (504)
Note o genit. absoluto: HovJ3lov 3di,dvro9, i. e., e dizendo Polibio... O texto diz KWJLW&Zv , i. e., fazendo rir. Polibio. O v. ~ap(~ogat significa prprianiente agradar a; (lar gosto a; compra
zer. etc.)> (cfr. Isidro Pereira, ibidem). (40~) Nos cortejos triunfais. (406) letra: parece-me que so levados para isto ( este engano). (407) Schulten, no sei bem porqu, fez de jtcyda~. grandes, atributo de ,r~Et, quando, na verdade, o de ,a~ta, aldeias. Traduzimos como Garcia y Beilido. (400) Ou: afastamento. (400) letra: as vidas. (509) ~ew, i. e., fora a, para alm de. (~)
(502) (503) (504)
letra: so selvagens. . letra: tais so a maior parte dos lberos. Ou: civilizam. Traduo livre do seguinte: quando superior o povoamento dos bosques,
L..
III, 4, 14-15
63
14. Alm dos Celtiberos, para o sul, ficam os que povoam a Orspeda e a bacia do Snon (505): os Sedetanos at Nova Car [ago e os Ilastetaiios e Oretanos quase at Mlaca.
15. Todos os Iberos, por assim dizer, combatem oom a pelta(506) armados ligeira (507), como convm aos seus hbitos de bandoleito (509), e usam, como dissemos dos Lusitanos (509) um pequeno dardo, uma funda e um punhal (510). Com as foras de infantaria (511) estava tambm misturada (512) a cavalaria. Os cavalos eram adestrados (513) de moMo a subir montanhas (514) e a rapidamente ajoelhar, a determinada ordem(51j, quando isso fazia mister. A Ibsia cria muitas coisas e cava1os solvagens. H stios com ]agoas onde abruidam aves, a saber: cisnes e outras espcies anlogas (510), e ainda muitos abetardos. Os rios produzem castorcs, mas o (leo) castreo n~o tem o mosmo poder (purgal:ivo) que o pntico (517). Com efeito, as qualidades medicinais (518) sio prprias (s) do do Mar Negro, como (sucedo) com muitos outros (produtos). Assim, seguido Possidnio, to
(501) (500) (50?) (500)
A letra: a regio ao redor do Scron. A letra: so peltastos, i. e., combatem com a pelta ou escudo ligeiro. Ou to-s: ser ligeiro, i. e., armador de equipamento ligeiro. Ou to-s: ligeiros quanto a armamento por causa do (~ prprio
para)
bandoleirismo,,, KoDr/sor ica-ra ~ ~ significa, realmente, <(ligeiro quanto a armamento; e r& 7)u-rEIa, por causa da(s) pirataria(s). (503) letra: quais dissemos so os Lusitanos,>. (510) Tambm significa: eimitarra; faca, cutelo para os saerificios. (511) Ou Lo-smente: com as foras pedestres. (512), Note o valor resultativo, i. e., com valor de imperfeito, de irap jt4iucro, mais-que-perfeito mcd. pass. de ~rapa~dyvvjir. misturar. O v. rege dativo. (519 O texto grego tem o gen. absoluto que traduzimos como se fora orao subor dinante.
(554)
idiea de ir; suf. ,-~, que implica a ideia de agente de aco. Opcrfi-s-~s ser o que sobe a montanhas. (551) A,r lrpoaryparo, i. e., devido a uma ordem prviamento combinada. O prefixo ,rpd, implicar essa ideia de anterioridade, e a raiz-Tay. do v. -r&rrw diz ordenar. (550) O texto diz s: pa7ri~ata, i. e,, coisas semelhantes (aos cisnes). (99 Note o dat. depois de a*~v, pouco frequente, (515) Ou: o medicinal, i. e., a medicinalidade,,. -
64
ifi, 4, 15-16
-smento o cobre de Chipre (MD) produz a cadarna (529, o vitrolo azul e o arsnico branco (521). Possidnio diz tambm quo prprio da Ibria no s no serem negras as gralhas, corno amda os cava los dos Oeltiberos, sendo embora ligeiramente pigaros, mudarem de cor, sempre que so transportados (522) para fora da Ibria (523). E que se parecem com os (cavalos) dos Fartos, mas que so mais velozes e tm uma carreira melhor que (todos) os outros. 16. H tambm uma grande abundncia (521) de razes boas para tmt tiraria. Quanto oliveira, vinha, figueu a e a outras plantas semelhantes, toda a costa ibrica do Nosso Mar produ zem em abundncia assim como tambm a cosi a contgua do Mar Exterior. Em contrapartida, a costa ocenica septentrional tem falta delas (525), devido aos fuos excessivos; e no iesto (do pas), na maior parte por negligncia dos homens e por viverem sem preocupaes (526), mas mais pelas necessidades e impulsos bestiais, com costumes miserveis. Porque nmgum dir (527) que vivem com asseio os que se lavam com urma ptiida, conser vada (5~) em depsitos, e aqueles, tanto homens como mulheres
Melhor Cipio Ou calamina (121) a7rd8toinov, significa em principio somente escorias de metias)>, segundo Bail!y que cita precisamente este passo de Estrabo (522) Note o conjunttvo aor pass jaraxtZutv (do v lavar para alem de)
(519) (920)
com a orao temporal que e tanibem condtcional Trata-se do caso eventual com com ~, (cfr A Freire, G,am a , 3 ed ), pag 253. (523) O texto diz ~ ri~v ~w Ifrjpio_v i e , da Iberia para alem (para fora) Schuten traduz para a Hispnia Ulterior) Garcia y Bellido para as zonas costetras da Iberia (524) Ou toso multido (5~) Estrabo diz dq.torpet. i e , no tem parte em Assim, tendo so a costa cantbrica falta de oliveiras, legitima-se a traduo por nos feita atras, v nota 221 (526) leira no para passatempo ()
(129)
a 4, 16.
65
deste povo, que com ela esfregam (529) os dentes, como, segundo dizem, (fazem) os Ontabros e seus vizinhos. Este costume e o de dormir no cho tanto dos Iberos como dos Celtas. Alguns autores dizem ainda que os Calaicos so ateus, mas que os Ccl biberos e os outros povos que lindam com eles pelo norte, fazem sacrifcios a uma divindade inominada, nas noites de pleniliio (530) em frente s portas das suas casas, danando e cantando ~.i31), festejando (532) o deus, a noite inteira (533), com toda a faniiia. Os Vetes (534) quando entraram pela primeira vez (535) num ~cam pamento romano e viram alguns centuries (530) a passear para trs e para diante (537), nas ruas, (supondo) que estavam toma dos de loucura, ensinaram-lhes (530) o caminho para as tendas, convencidos como estavam de que se deve (539) ou estar sosse gadamente sentado), (549) ou a combater.
()
(530) (531)
O v. u~rn5~<w significa enxugar; limpar. lJavaE400t. diz o texto: noites de lua cheia; plenilnio. 0v. xope~Jo.4 significa danar em coro; festejar com um coro de dana (a um
deus); cantar danando cm coro (cfr. Bailly, Dictionaire GrJc-Foanais s/v.). (a) O v. iravvvxo~ significa velar toda a noite; celebrar uma festa dc noite (l3aiIIy ibidem). (55~ O texto diz zwrcup~ adv., i. e., de noite. (534) Continua a orao infinitiva dependente de ~yto~ .. ~ag1, expresso que j
(535) No h dvida de que srp&rov pode tomar.se em sentido adverbial e significa ento: pela primeira vez; importa, todavia, dizer que a locuo 8,-e 7rpc~rov. uma conjuno temporal que equivale corresponte latina: a! pri,,mn, ou at o/E pri01100, logo que. No faz mister traduzir primou, que em principio seria um advrbio. (5~~) O texto diz: alguns dos taxiarcos. Note o genitivo partiUvo. (557) letra: a ir e a vir, por causa do passeio, nas ruas. 0v. &vaicd,2777w, alm da
acepo de recurvar, dobrar, significa precisamente: ir e rir (cfr. Bailly, ibidem). (530) O v. 4yeojzat tambm significa ensinar. (5~~) O texto diz to-smente; d, Mot, que, sem mais, nos parece tratar-se dum ocas, absoluto, construo rarssima em Grego. O P.0 Antnio Freire, na sua excelente Gramtica Grega (cfr. p. 259, n. 443, x), diz que acusativo absoluto se encontra com os verbos e expresses impessoais, como: 4tdv, srnpv. sendo permitido, sendo possvel; 3~ov, sendo preciso; 8o,co6v parecendo bem; ~rpoa~-axO~v, tendo sido prescrito; Eip~ favov, tendo sido dito. Trata-se, pois, dum acusativo absoluto. (540) Sentado segundo o sossego.
5
66
nI, 4, 17
17. Tambm conta de costume brbaro se h-de ter o adorno, que MtemidOrO descreve, de certas mulheres. Segundo este, em algumas regies, usam colares de ferro com corvos) (5.10) reGias vados sobre a cabea e caindo para a frente, muito para diante. Destes corvoso, quando querem, (fazem) descer (541) um vu, e de tal modo que d ao rosto um pequeno sombreado (542) quando desdobrado. E que juigam (que isto) um adorno. Noutras regies, urnas usam um tamborete (541), arredondado por altura da nuca e ciugindo (514) a cabea at s orelhas, e crescendo (545) pouco a pouco (546) em altura e largura; outras rapam de tal modo o cabelo do alto da cabea (517), que (lhes) brilha mais que o (prprio) rosto. Outras ainda pem em cima da cabea cobenazite de um p de altura, ( roda da qual) enrolam o cabelo, adornaudOo em seguida com um vu negro. A par com estes estranhos costumes, viram-se e descreveram-se muitos (outros) acerca de todos os povos da lbria em geral, especialmente dos do Norte, no s uo que diz respeito sua valentia, como tambni sui~ crueldade e bestial temeridade. Com efeito, durante a guerra contra os Cntabros, mes mataram os filhos, autes que fossem feitos prisioneiros, e uni rapazinho at, tendo sido feitos prisioneiros pais e irmos, para obedecer a uma ordem do pai (545), matou-Os a todos, com um ferro que apanhou mo (M9). Uma mulher (fez o mesmo) a seus
(540
a)
bs comme te bec du corbeau (efr. Dict. ~~~~_FraioaiS, sfv.). (541) O v. ,capaU~r~W significa: arrasta? para baixO de baixo, e
(549
(54)
de cima para
arrastar, alm de outras acepes. Ou: urna pequena sombra. Outros dizem: pandeireta. Porm, 1-V1MTdVLOV significa pequeno tambor,
timbal, tmpano. (544) O v. a4nyyw significa prpriamente abraar, apertar. (545) Kwr oyov~ diz o texto. (544) O v. egvintatw significa renverser en arrirc (BaitlY, ibidem); cair para trs; derribar para trs (Isidro Pereira, o. e.). (547) 7rpoKofttV alm de crina, significa perruca e tufo de crinas que cai sobre a fronte dum cavalo (cfr. Bailly, ibidem). (545) Note o genitivo absoluto: ,ccEvuaVTOS
TO~
haver ordenado. (540) Ou to-s: tendo-se assenhorcado dum ferro. Note o genitivo dc ,cvptcvw e a sindoque; ferro, por faca ou punhal.
El, 4-17
67
companheiros de cativeiro (~). Certo homem, chamado por (uns soldados) embriagados, deitou-se a ele prprio ao fogo. Estes (traos) so comuns aos povos Clticos como aos Trcios e Citas, como comum a bravura tanto dos homens como das mulheres. So as mulheres que agricultam a terra. Quando do luz (551) deitam os maridos no seu (prprio) leito em vez delas e cuidam deles com solicitude (552), So elas prprias, quando (adrega) de darem luz nos trabalhos do campo (553), que muitas vezes lavam e enfaixam (551) (o recm-nascido), afastando-se para junto dum riacho. Possidnio assegura que na Ligria, um seu hspede de Masslia, Carmlio, lhe contou que, tendo assalariado (555) homens e mulheres para uma cava (555), umas das mulheres, tendo sentido as dores do parto, se afastou uni pouco do trabalho, e que, depois de haver dado luz, voltou imediatamente sua faina, a fim de no perder a sua jorna (557). Embora elo prprio tivesse reparado que (a mulher) trabalhava com enorme dificuldade (550), (s) mais tarde (559) soube a razo, que antes desconhecia (560), e (conta que), depois de lhe pagar, a mandou embora. Levando a criana a uma fontezita, lavou-a e enfaixou-a nos pauos que tinha, e levou-a para casa s e salva.
(550)
(~1)
(512)
seu leito, em vez delas prprias. O v. &aicopjoj significa fazer ofcio de criado, 5cr. vir (cfr. .Diao Grego-Portugus de Isidro Pereira, s/vj; da que se traduza por c,ddar
solicira,nente de...
(5~~) (554) (555) (5fl)
Ou: (o) envolvem nos cueiros. O texto diz: assalariou. isto : para lhe cavarem um campo.
() Nunca decerto a JLtaOd, que em principio significa salrio, soldo, recompensa (cfr. Isidro Pereira, ibidem), caberia com tanta propriedade a acepo de jorna ou jornal que aqui se lhe d. (55~) Einirovw, i. e., penosamente. Note o valor intensivo ou superlativo do
pref.
(550) (560)
~W~
letra: no conhecendo antes a causa, que mais tarde soube. Note-se ainda
completiva &,-~, que est subentcadido, jtdot: depende de 3nfln~uacOaL. mais, acjma.
68
III. 4, 18
18. To-pouco coisa peculiar aos Iberos o irem montados no mesmo cavalo dois homens (561), uni (dos quais), nos combates, luta a p. Nem to pouco era coisa oxclusiva deles a praga (562) de ratos, a que frequentemente se seguiam doenas pestfieras. Isto foi o que aconteceu aos Romanos, na Oantbria, e a tal ponto que queles que caassem ratos (568), davam prnilos, con soante o nmero das que apresentassem (561); (e mesmo assim) salvaram-se a custo. E acrescia a escassez de trigo e outras coisas. O trigo, tiveram que pcnosamcnte o trazer (565) da Aquitnia, em virtude das dificuldades do teneno (566). Da loucura dos Cn tabros, fala-nos (cloquentemente) este (episdio), a saber: alguns prisioneiros, cravados na cruz (567), entoavam hinos de vitria (568). Tais (actos) sero a prova dum certo selvagismo dos seus cos tumes. E, do mesmo jeito, no so testemunho de menos civili zao, posto que no do selvajaria, os seguintes (factos), a saber (569): que entre os Ont~lbros os maridos dem o dote (570) s mulheres; que as fflhas que ficam como herdeiras; e que os irmos tomam letra: No peculiar dos Iberos nem isto, o serem transportados, ao mesmo
(561)
tempo, dois homens, nos cavalos. (565) Ou to-s: nem era exclusivo deles a multido dos ratos, da qual frequente mente doenas pestilenciais se seguiam. (363) curioso o v. jivo&~pew, 1. e., caar ratos: de pa5s-gvo~ rato, e caar. (361) A expresso ~rp~c ,rshpov diro8tx/v (part. aor. pass. do &,ro6ei,cvvjn mostrar)
(565)
- significa, quando traduzido letra: em relao com a medida apresentada. O v. jnta~rtCoj.iat, que aparece no texto, significa, ((aprovisionar-se de viveres; prover-se de (cfr. Isidro Pereira, o.c.. s/v.). O ncleo da palavra est em aZros, trigo; farinha; po; alimento slido (idem, ibidem). (500) A palavra Svaxw pia significa dificuldade dum lugar, dum terreno (ibidem):
de
AVa~TCWS1y&rES (part. perf. ad. de avan~yvu,u, cravar, crucificar) aravpGv : crucificados, cravados nas cruzes. Curioso o v. ITaLLVV(CW que vale o mesmo que ~atavl~w i. e., entoar o pan:
E7TI
T&V
(568)
que o verbo, que causativo, assenta em 7TaLdv, pan, canto de vitria, etc. (ibidem). (560) O texto diz: otov, 1. e., qual, como. (570) O texto diz potica. acus, dum subst. muito raro pote-llpoZKd$~ pre sente; dote; presente de casamento (Bajlly, o. c. s/v.); de ~rpd, em favor de, para junto de, e a raiz do v. ~,c-vj-o-~at. segundo o mesmo ilustre e sapientissimO lexic grafo e helenista.
III, 4, 18-19
69
mulher (571) a inculcas destas. Sem dvida uma espcie dc matriarcado (572). E isto n5o l muito civilizado... Costume ibrico tambm usarem um veneno (575) que obtm duma erva parecida com o aipo, (que d uma morte) sem sofrimento, de modo que o tm (sempre) pronto para os acontecimentos impre vistos; (como costume ) o consagrarem-se aos seus chefes (571), a tal ponto que se entregam morte por eles (575). 19. Alguns (autores), como dissemos, asseveram que este pas est dividido em quatro partes; porm outros afirmam que em cinco. Contudo, no fcil (576) assentar nisto, em virtude das mudanas (da popula~o) e por serem desconhecidas (577) estas regies. Com efeito, nos lugares conhecidos e famosos, (conhe cem-se bem) as migraes, as divises do pas, as mudanas dos nomes e quaisquer outros pormenores semelhantes (578), porque foi tratado (579) por muitos, sobretudo por Gregos, que s~o os mais loquazes de todos. Quanto a (regies) brbaras e afastadas (500), de pequena extenso (581) e dispersas, os testemunhos nem s~o seguros nem muitos. Quanto (fica) longe dos gregos, cai numa
(571) (871)
letra: que os irmos so entregues a suas mulheres por estas (as filhas). . letra: com efeito, (a mulher) tem urna certa ginecocracia: poder da mulher:
de yvv4-yvvaucd. mulher; e icparlcc (de Kp&ro~, poder, fora), poder; governo. Governo da mulher, pois. (57~) Ou: e tambm no costume se servem dum veneno ibrico, indolor. (174) O texto diz: ol ~v ~rpoaOZvrat, i. e., aqueles a cujo servio acaso estejam. Observe-se que a orao relativa condicional e est no caso eventual. Note o conj. aor. ,hed. O/j5yraj com a partcula ~y (cfr. A. Freire, Gram. Grega, 3. cd., p. 256, a. 4,38). (575) Ou s: morrem em vez deles. (576) Ou: seguro, exacto. (877) O texto diz to-s: ~ ... fl~V d8oEav 7GW TOITWV, i. e., em virtude da obscuridade dos lugares. (576) letra: qualquer outra (coisa) de semelhante. (h7~) Ou: repetido. 0v. Qp ,\jcv, acaso palavra onomatopaica, assenta em murmrio, rumor. (500) Note o part. perf. med. pass. &pE7o7rca~jya do v. bcroiriCw afastar, deslocar,,, y. que assenta em r&7.os~, lugar. (061) Ou: torras pequenas.
70
Iii, 4)19-20
(maior) ignorncia. Os escritores dc Roma imitam os Gregos; mas com pouco proveito (582), j~ que traduzem o que dizem os Helenos, e da sua lavra(583) pouco acrescentam digno de interesse(584), de maneira que, quando h lacunas naqueles (nos Grogos), no so preenchidas pelos outros (os Romanos). Alis, a maior parte dos nomes (geogrficos) mais conlie cidos (585), so gregos. Assim, (dizem) que os antigos (gegrafos) denominaram Ibria toda (a regio at) alm do Rdano e do istmo apertado entre os dois golfos gauleses; ao passo que os actuais pem as suas fronteiras nos Phenus (586) e dizem que Ibria e Hispnia so annimas. (Outros tambm) chamaram Ibria to-smente regio para c do Ebro. E outros ainda, (mais) antigos (587), a estes mesmos chamam Igletas, os quais habitavam uma pequena regio, como diz Asclepades de Mirleia. Porm, os Romanos chamando indistintamente Hispnia ou Ibria toda (a pennsula), denominaram uma parte Ulterior, a outra Giterior. Todavia, algumas vezes, fazem outra diviso (588), se precisam mudar a administrao, de harmonia com as
circunstncias (588)
20. Actualmente, das provncias atribuidas (590) em parte ao povo e ao Senado e, em parte, ao Imperador Romano, a Btica
Ou: mas no para muito. Ou: de si mesmas. Se bem interpretamos, Estrabo diz textualmente: mostram-se pouco vidos
de aprender. #tcs8~n.tov (interpolao de Schu]ten) significa, ((que gosta de saber, vido de aprender (cfr. Bailly, s/v., que cita como nico exemplo o de Estrabo 14). De ~o amigo, e Ei8?5~uov; ~&jjiwv. por sua vez assenta na raiz d& saber. (585) letra: (tantos) quantos so os mais conhecidos. (580) Ou: colocam os Pirenus como fronteira. (587) Tambm h-de entender-se, e talvez melhor: Estes (= os que diziam que a ibria era to-s a regio aqum-Ebro) diziam que antigamente estes mesmos (= os habitantes da referida zona) se chamavam Igletas. (558) Ou: dividem-na doutro modo. (509) Ou: fazendo a administrao segundo as ocasies. O pensamento de Estrabo este: a diviso territorial funo da convenincia de novo regime administrativo. (09) Ou: designados.
lii, 4, 20
71
pertence ao povo, para onde enviado ani pretor (591) com um questor (592) e um legado (593). E os seus limites para o Oriente, fixam-se perto de Castulo. O resto (da Ibria) pertence a Csar, que ouvia (594) para ali dois legados; um propretor e outro procnsul (595). O propretor tem a seu lado um legado. e adnil nistra a justia entre os Lusitanos que lindam com a J3tica e se estendem at ao rio Douro e sua foz. Com efeito, assim chamam, ao presente com propriedade, (596) esta regio. Ali fica Augusta Emrita O demais e a maior parte da Ibria (est) sob (o mando) do qiroensub~ que dispe dum exrcito considervel de trs legies (597) e de trs legados. Um destes com duas legies, vigia toda (a regio situada) do outro lado do Douro (598) para o Norte, a cujos habitantes (599)
(591)
obr. cit. 51v., equivale ao cnsul, em Roma. Schullen diz que significa preto, mas traduz por procnsul, porque desde 1970 pretor na Pennsula Ibrica era praetor proconsule, citando Mommsen, Staatsrecht, li, 652, 657. O. y Beilido traduz por pretor. (5fl) rafLla o intendente, tesoureiro; ecnomo; Rome, questeur (cfr. Bailly, o. c., sjv.). (5~~) rrpccflevr~~ Ro,ne, lieutenant du consul ou du prteur (lat. legatus (cfr. Bailly, ibidem.) (5~) A letra: por ele prprio so enviados... (595) ~ significa consular, consularis em latim. (5~~) i&w. Sobre a importncia deste elemento, que as tradues nem sempre tm relevado, e que significa que Estrabo considerava acertado o chamar assim a regio confinante com a Btica, v. Introduo. O advrbio tambm significa parti cularmente. (Isidro Pereira. ob. cit., s/v.). Dai traduzir Schulten (ob. cit.. pgs. 116): Porque tal es ei concepto particular, que Lusitania tiene en ei tiempo actual. evidente o circunlquio, ou a liberdade da traduo do passo, que em grego diz: icczoat yp o&w rbvxopav rarqv i8co ev rc~p irapdnt. No se trata de um conceito particular, de ela se chamar assim, particukzr;nente ou em espe cial, porque em particular e em especial est o autor a tratar das regies peninsu lares; mas sim co,?! propriedide ou sem ela. O que faz sentido com o problema da identificao das regies, exposto no n. 19, como tudo se nota na Introduo. V. tambm a nota 137. (507) ryjsct significa corpo de tropas; Rome manipule, = manipulus, Pai. 6 24, 5; ou legion 135. 71, 9 (cfr. Bailiy, o. c., s/v.). (3~) O texto diz prpriamente: mais alm do Douro. (599) letra: a qual os antigos chamavam.
72
111,4,20
os antigos (gegrafos) chamavam Lusitanos, e os de hoje, Galaicos. bem como com os sturos e os Cntabros (000). Atravs (do territrio) dos stures corre o rio Melso e um pouco mais longe (fica) a cidade de Noiga e, perto desta, uma abra do Oceano que separa os stures dos Cntabros. A serra que se segue () at aos Pirenus, inspeccionada pelo outro legado com a outra (602) legio. O terceiro (legado) tem (a seu cargo) o interior e administra os assuntos dos j cha mados Togati (603), como quem diz pacificados e transformados em (gente) civilizada e ao modo itlico, com a sua toga (601). Estes so os Celtiberos e os que habitam perto e de ambos os lados do Ebro, at s partes vizinhas (605) do Mar. O prprio procnsul passa o inverno nesta (regio) costeira, administrando justia tanto em Nova Cartago como em Parr~con; ao passo que de vero percorre (a provncia) inspecionando sempre o que precisa ser corrigido (606). H tambm procuradores (007) de Csar, da ordem equestre, que pagam aos soldados o soldo (608) para sua mau tena (609)
Estrabo associa esses povos, pelas razes indicadas na Introduo. letra: a (regio) a seguir situada ao longo das montanhas (= dos stures e dos Cntabros) at aos Pirenus. (602) Isto : a terceira. (003) Isto : togados, que usam toga. (001) Ou: no seu hbito (= vestido ou manto) togal. (002) Ou: junto ao Mar. (006) letra: inspeccionando sempre algumas (das coisas) que precisam de correco. (607) Erni-po~ro. significa prpriamente administrador, intendente; governador, tutor (cfr. Isidro Pereira, o. o., s/v.). (000) Ou: que distribuem o salrio aos soldados. (600) Ou: para governo da vida. A palavra Stouo7uL, origem de diocese, significa administrao da casa; governo, direco (cfr. Isidro Pereira, ibidem).
(000) (001)
CAPITULO V
1. Das ilhas que ficam em frente (~) da Ibria, as duas Pitiussas e as Ginmsias, tambm chamadas Balcrides (011), ad.rega de estarem situadas diante da costa (612), entre Tarrcon e Scron, em que fica situado Sagnton. As Pitiussas esto mais internadas no mar (613) e sitas a oeste das Gimnsias (614). Uma delas (das Pitiussas) chama-se Ebuso, com uma cidade do mesmo nome. O permotro desta ilha de 400 estdios, de lati tude e longitude sensivelmente iguais (615). Em contrapartida, Ofiussa (616), que fica lerto (de Ebuso), deserta e muito menor que esta. Das Gimnsias, a maior tem duas cidades, Palma e Polncia, uma situada a leste, Polncia, a outra, a poente. O com primento da i]ha de pouco menos (617) de 600 estdios; a latitude 200. Porm, Arteniidoro aponta uma largura e um comprimento duplos. A (ilha) menor dista de Polncia cerca de [duzentos] e 70 est dios. Quanto a tamanho (618), fica a uma grande distncia da
aOat
(0133 (014)
Ou: so mais martimas. Como quem diz: afastam-se mais da costa. O gen. pcZv Pvjw~uiwv, que parece tratar-se dum segundo termo de com
parao, deve, contudo, ser um genit. objectivo de Jcn~pav. (001) irapcpao, i. e., presque sembiable segundo Bailly que d como nico exemplo abonatrio este passo de Estrabo (cfr. Dia. Grec-Franais, s/v.). () 1. e.,: a outra das Pitiussas. (817) letra: deixando um pouco (menos) de 600 estdios. (016) MJycOos tambm significa grandeza, fora, poder.
E....
74
111, 5, 1
maior (~); mas quanto a fertilidade (~), nada inferior a esta. Com efeito, ambas so frteis e esto dotadas de excelentes portos (629, com recifes entrada, de modo que aqueles que (nesses portos) entram, tm de usar de precauo (622). Devido fertilidade da terra, os seus habitantes (623), como os de Ebuso, so pacificos. Mas, como alguns poucos malfeitores se tivessem coligado (621) com os piratas do mar, ganharam todos m fama (625), e foi enviado contra eles (628) Metelo, cognominado o Balerico, o qual fundou tambm as (mencionadas) cidades. Em virtude (desta) mesma fertilidade foram atacados, e a despeito de (serem homens) pae ficos, so considerados, contudo, os melhores fundibulrios. E, segundo dizem, especialmente nisto se exercitaram (627), desde que os Fencios ocuparam as ilhas. Dizem que estes foram at os primeiros (a ensinar) os habitantes (626) a vestir tnicas lacticlvias (629). Iam para os combates de cintura
(610)
a nossa traduo pode fazer supor. (620) Aper4 significa em princpio valor; capacidade, aptido; virtude)) (cfr. Isidro Pereira, Dic.0 Grego-PortUgus, 5/v.). (69 O adj. e~4tevor quer dizer: ((de bons portos (ibidem).
(9 Ou: de modo que para os que entram tem de haver precauo. Note-se o geni tivo, irpoao~j~ ateno, dependente do inf. 8eZv, ter necessidade. (012) Ou: no s os habitantes d(estes) lugares.
4)
(625)
Ou: tendo.se reunido alguns poucos malfeitores aos piratas nos mares. ~tEfi)t4O~UaV. 3~1 pessoa do plural do aor. pass. ind. do v. 6raflcw
(caluniar, acusar, atacar, ibiden2); quer dizer: foram acusados. (626) Ou: passou at eles. (027) 1. e.: exercitaram-se especialmente (= de maneira especial) em aLirar a funda... (620) O texto diz: &vOp<~~ovs~ i. e., os homens (das ilhas). (62) A expresso XLT~~V ,,-aTa7)~sos~ segundo Bailly, equivale a estoutra latina tnica laticlvia. O substantivo laticlvio significa dignidade que d o direito de usar o laticlavio. Laticlvio significa, por seu turno, (<barra de prpura que os senadores romanos usavam sobre a toga como distintivo da sua dignidade>) (cfr. Dic. de Por tugus de Almeida Costa e Sampaio e Meio, e Dictionnaire Iilustr ~0tin-FranaiS de Flix Gaffiat, s/v.); ~ ocompe.se dos dois elementos seguintes: irwrt, largo e ~ sinal, listra. Traduzi assim, em face do texto organizado por Schulten, que tem ol3rot ... cyovra: 7rpruiTOL. Note a orao infinitiva e a construo pessoal; depois aparece avQpb~rovr que compl. directo, e no sujeito da orao infinitiva que, outras tradu es, talvez mais lgicas, inculcam. Q,Yrot, estes, os Fenicios; outros entendem:
75 nua (530) tendo numa das mos um escudo de peie de cabra (631) e (na outra) um pequeno dardo (632) com a ponta endurecida ao fogo (633) e, raro, ainda guarnecido de um pequeno ferro de lana (611). roda da cabea (usam) trs fundas de junco negro ou de crina ou de nervos; [melnci anis uma espcie de junco com que se entretecein as cordas. Filetas (diz) numa elegia (635): a sua tnica miservel e suja (63~; em volta dos delgados quadris enrolam um mandil (517) de junco negro, como se (a cintura) estivesse cingida com junco (619)]: uma grande (639) para atirar longe (040); outra pequena, para tiros curtos; e (ainda) outra mdia, para (lanamentos) intermdios. Desde meninos se treinavam no manejo da funda (641), e dc tal modo que (as mes) no davam po aos filhos, sem que com a mesma
os naturais da ilha, estranho, na verdade, que fossem Fencios a ensinar hbitos romanos, a menos que se traduza ~ Tral-va4fsov por tnicas de largas bandas ou listras. (030) O adjectivo /j~waros significa sem cinto; de cintura nua; no cingido com armaduras (cfr. BaiIly). (631) H-de reparar-se na sindoque: o texto diz s: cabia. (032) Ou: lana. (031) O v. rl-upaKr~w significa endurecer ao fogo, pr ao rubro a ponta (dum dardo, etc.) (cr. Isidro Pereira, .Dic. Grego-Portugus, sjv.). (034) O particpio Acoyxw,zbov (part. perf. mcd. pass. de oyxw) que concorda com atcynov j de si significa guarnecido dum ferro de lana. De modo que utB4pw p~tscp&. com um pequeno ferro, redundncia. (015) Outras lies do: 0Ep~1-qveia. i. e., hermeneia, hermenutica; interpretao, explicao; expresso, elocuo (Isidro Pereira, ibidem). Schulten emendou, porm, bara JEa (050) rE7TLvw/~VO, part. perf. mcd. pass. do v. rnvdw engordurar. (017) icop~/2a. i. e., fragmento, inciso membro dum periodo, etc.. (038) H-de reparar-se no gen. abs. <5 (i~o) 4~wu1sbov axovJ.s i. e., como (se a cintura) estando cingida com junco. Todo este longo perntesis no passa dum esc fio que, com o tempo, e em edies ulteriores, xlguns autores acabaram por encorporar no texto. (030) MaKpoKwos~ de membros compridos; flg. falando duma funda de corda comprida ou de longo alcance (cfr. BailIy, o. c., sJv.). (040) MaKpo/3oa, i. e., (<aco de lanar ou atirar longe (ibidem). Por sinal Bailly d como nico ex. este de Estrabo. (045) Ou to-s: com as fundas,
E
76
iii, 5, 1-2
o tivessem ganho (642). Foi por isso que Metelo, navegando para estas llhas, mandou estender (~3) peles (644) sobre as cobertas do navio (645), como proteco contra (os projcteis das) fundas. Levou como colonos 3.000 dos Romanos da Ibria. 2. fertilidade da torra, acresce o facto de a tampouco (646) se encontrar nenhum dos animais daninhos (647). Com efeito, segundo dizem, nem sequer existem coelhos (648) indgenas (649), mas que um macho e urna fmea trazidos da costa em fronte (650) deram origem prole (651), Esta foi to numerosa ao princpio, que minaram (652) e derribaram casas e rvores, e os seus habi tantes, corno disse, se vham obrigados a reconer aos Romanos. Todavia, presentemente, a facilidade de lhes dar caa (653) no d azo a que os danos sejam de maior, antes a que os possui dores de terras, as fruam com proveito. Estas (so), com efeito, (as ilhas) para c das chamadas Colunas Heracleias (654).
H-de reparar-se na expresso o~8~w ... &EV ,-oO ~-v~etv; o~a~w 4, onstruo semelhante do texto, significa j de si no,, autrement que (cfr. BailIy, bidem, s/v.). Compare o latim nojo aUtor qualto. (043) Ou to-s: estender. (011) O voe.0 3EppLs- tambm significa coberta de couro para proteger os naviso
(042)
de guerra (cfr. Bailly, o. e., s/v.). (045) ~ significa prpriamente <(ponte do navio (vd. Bailly e Isidro Pereira, o. c., s,Iv.). Do v. ,ca-~-ciarpcbvvv,am 011 tcwraaTope<vvupL, i. e., <(estender sobre, cobrir (cfr. Isidro Pereira, o. c., s/v.). (646) O texto diz 8~, fcilmente. (047) Etvojivwv, i. e., que danifica, prejudica? Notar o v. act. do part., que mdio e no passivo. (018) AaytSev significa pequena lebre (cfr. Isidro Pereira, o. c,, s/v.). (010) Entenda-se: so indigenas, i. e., ali nascidos.
(>)
(051)
letra: da (costa) situada do outro lado. letra: mas que a prole foi feita por um macho e uma fmea trazidos do lado
em frente. (012) O texto diz: ~,c r~ n-ovoj4, devido a mina. (013) E131zE7a ~ i. e., fcil de dominar, de vencer (vd. Bailly e Isidro Pereira, o. e., s/v.). (054) Ou: das Colunas de (Hracles).
77 3. Junto destas (69 ficam dois ilhus, a um dos quais chamam ilha de Hera. Alguns confimdem (656) estas com as Colunas. Fica iora das Colunas Gadira, acerca da qual mais no dissemos (657) seno que dista de Calpe uns 750 estdios e que se encontra (653) perto da foz do Btis. H, porm, muita coisa a dizer acerca desta (ilha). So, com efeito, os seus homens que enviam para o Nosso Mar, como para o Mar Exterior, os barcos de comrcio (659) mais numerosos e de maior tonelagem (), conquanto no habitem uma ilha grande, nem muito da costa em frente, nem sejam senho res (651) de outras ilhas, mas a maior parte viva no mar e (alguns) poucos fiquem em casa (662) ou habitem (663) em Roma. Contudo pela sua popnlao (604) parece que no ser inferior (655) a nenhnma cidade, excepbuando Roma, j que ouvi dizer que num dos lti nos (666) censos, se contaram (667) 500 cavaleiros gaditanos (669) quantos no (so) nenhuns dos Ttahotas, com excepo dos Pata vinos. Mas, apesar de serem to numerosos, habitam uma ilha, de pouco mais (669) de 100 estdios de longitude; e a largura h pontos em que dum estdio (670). Primeiramente (671) habitaram
1 e., das Colunas de Hercules letra, chamam a estas Colunas Ou: dissemos to-smente Navic~piov i e , navio fretado. letra os maiores Note a construo do v eiropSw, i. e , possuir abundantes riquezas, abundar,
(9 Ou est estabelecida
(059
(0~0) (001)
poder, ter o meio de, alcanar, adquirir, etc (cfr Isidro Pereira, o c , sfv), com genitzio (662) OiKovpe<w significa precisamente guardar a casa, viver isolado, inactivo (ibidem) (003) O v Stcvrplflw quer dizer passar o tempo, alem das excepes vulgares de gastar, consumir, perder, destruir, etc (ibidem) (~4) O texto diz. ~ o e, multido, numero, etc (ibidem) (665) Ou no parecera ser inferior a nenhuma das cidades, afora Roma (000) A letra (feito) segundo nos, i e , no nosso tempo (007) Ou, se avaliaram (068) Ou 500 homens como cavaleiros gaditanos (069) 0w no muito maior que 100 estdios, quanto a comprimento. (676) Ou quanto largura, ha onde (e) dum estdio (073) letra, ao principio.
___________________
111,5,3
uma cidade muito pequena (672), mas Balbo, o Gaditano, que alcanou o triunfo (673) erigiu lhes (674) outra que chamam Nova De ambas (surgiu) Didinia (675), que no tem mais de 20 estadios de perunetio e no sente necessidade de espao vital (676) Sem dvida, poucos ai vivem, visto que muitos (677) passam b maioi parte do tempo no mar e alguns habitam a costa em fiente, e sobretudo, em virtude da sua fertilidade (678), na ilhota que fic~ diante de Gadu a, qual fizeram como que a Antipohse da Didima (670), porque o lugai lhes ~igradou (600) Porm, em pio poro, so tambm poucos os que habitam esta (ilha) e o poito que Balbo lhes edificou na tena firme fiontena (681) cidade fica na parte ocidental da ilht (682), e, perto desta, no extiemo, o templo de Crono, junto da ilhota O santuiio de lliacles est voltado paia o outro lado, para o nascente, onde sobietudo a ilha se iproxima (063) do continente, e tanto que o estieito no tem mais de um estdio (684) O templo (de Hracles) diiem que dista da cidade dozo milhas, fa7endo igual o numero dbs milMs e o dos tialnlhos (de Hracles) Mas (a distncia) maioi, e mais ou menos o compiimento da ilha (685) longitude da ilha vai de poente a levante
Ou absolutamente pequena Ou depois de ter triunfado Tambm se diria o triunfador (074) ~rpoccterLaE i e fundou (073) 1 e dupla gemea (676) Ou nem est apertada ou oprimida (a despeito da pcqlicncz da ilha) (677) O texto diz ITVTa i e todos (678) Ou por causa da natureza feliz ou loua (670) Ou Cadiz (803) Ou comprazendo se com o lugar (601) Ou no outro lado em fronte da terra firme (681) Ou jaz para as partes ocidentais da ilha a cidade (663) Note a construao ,-vyxavEt avvalrrovua (cfr A rreirc G,arn Greb 3~ed p 257 n044l) (804) Ou deixando um estreito de cerca de um cstadio (508) Ou quase tanto quanto ha de comprimento da ilha
(073) (673)
III, 5, 4-5.
79
4. Fercides parece que identifica Gadira com Eritia (686) na qual se localiza o mito de Gerio (687). Outros (parece que a identificam) com a ilha situada em frente (688) desta cidade, (da qual est) separada por um estreito dum estdio, por verem a excelncia das pastes (688) e pelo facto do leite das ovelhas, que ali paseem n~o fazer soro. Em virtude da gordura, tm de mis turar muita gua, quando fabricam o queijo (690), (A tal ponto o leite gordo), que o animal em cinquenta dias sufoca (601), se o n~o sangrarem (682). A erva, que pascem, seca (603), mas engorda muito (o gado). Conjectiuam alguns que foi deste (facto) (604) que se inventou o mito dos bois (695) de Geri~o... (606) (Contudo) (hoje), duma maneira geral, todo o litoral est habitado (607), . Falando da hmda~io de Gadira
(688),
os Gaditanos recor
(086)
Ou: Eriteia, forma mais prxima da sua origem grega que est no radical do
verbo EpcvOw. i. e., enrubescer, pr ao rubro, tornar vermelho. (687) Ou: na qual se fingem as (lendas) acerca de Oerio, (088) ~mpaflefl~ja6n~, acusativo feminino singular do part. perf. pass. de rapa paw. significa prpriamente estendidos ao longo de)>... Rege dativo, que no texto, aparece. (080) O texto diz EtJ~oTo9. i. e., abundante em pastos (cfr. P. Isidro Pereira, o. e., 81v.).
(000)
virtude da gordura. (601) letra: afoga-se. (092) Ou: se algum no deixar correr (depois de abrir a veia) algo de sangue. (803) Note a atraco sintctica: fiorav~p, que sujeito da orao principal passou para a orao relativa, devido atraco, e foi para o mesmo caso do relativo, ~v. (004) No se v razo para Schulten traduzir por gordo, j que o pensamento de Estrabo bem claro: foi de facto de as pastagens engordarem sobremodo os gados, que alguns supuseram que Eritia tinha sido residncia de Gerido e seu armentio. (Gfl) flouicdta significa rebanho de bois; rebanho de gado maior; armentio, (600) Aqui, uma lacuna. (607) Note o valor resultativo do pf. med. paSs. UVV(jKtUTaL. Existe uma lacuna; contudo, o sentido do passo parece claro: hoje em dia j no h essa abundncia de forrager, antes a costa esta habitada. (600) Ou: dizendo tais coisas (= o seguinte) acerca da fundao de Gadira, os Gaditanos...
80 dam (090) um orculo que, dizem, foi dado (700) aos Tinos, o qual ordenava enviassem uma colnia s Colunas de Hracles. E (dizem) que aqueles que foram enviados (701) para explora ~o (702) (do lugar), quando chegaram (703) ao estreito junto do Calpe, supondo que os promontrios que formam o estreito eram o termo da terra habitada e da expedi~o de Hracles, e que estes eram as Colunas, de que falara o orculo (701), desembarcaram num lugar (705), aqum do estreito, onde hoje fica a cidade dos Exitanos. Porm, como aqui tivessem feito sacrliucios e as vtimas n~o houvessem sido propcias, tornaram (706). Tempo depois (707), os enviados passaram alm do estreito uns 1.500 estdios, (che gando) a uma ilha consagrada a Heracles, situada junto de Onoba, cidade da Ibria. Julgando que a ficavam as Colunas de Heracles, fizeram sacrifcios ao deus; todavia, porque outra vez as vtimas n~o fossem favorveis, se tornaram sua ptria. Os que chega ram na terceira expedio fundaram Gadira (708) e erigiram um templo para as bandas do Nascente da ilha, e a cidade no lado Oci dental. E foi por isso que as uns pareceu que as Colunas eram os promontrios do Estreito, a outros Gadira, e ainda a outros que ficam mais alm de Gada, fora (do Estreito). Alguns tomaram as Colunas pelo Calpe e AbDica (709), montanha da Lbia que se
(608)
regido por este verbo. (709 O texto diz: o qual dizem foi feito aos (= para os) Tinos, ordenando... (701) Note o part. aor. pass. lrcM#Ov,ts, substantivado e a servir de sujeito duma orao infinitiva que depende de que se encontra j atrs. (709) Note a construo bastante rara de gen., a designar causa. (703) Repare-se na acepo rarssima do v. yyvo~aL que neste passo significa chegar a. Costuma, porm, vir acompanhado de acusativo regido de ~irl; no texto esse acusativo est regido de Kwr, a designar mais lugar onde do que aonde. (704) letra: e que o orculo denominara Colunas a estes mesmos promontrios. (700) Ou: aportaram a um lugar. (700) Note as oraes infinitivas dependentes dum que j fica muito para trs. Repare-se ainda nos genitivos absolutos com valor dc temporal-causal. (707) xpo ,5crrepov. diz o texto. (700) S agora termina a srie de infinitos dependentes de fraul.
III, 5, 5.
81
ergue fronteira e que Eratstenes afirma se ergue no Metagnio, povo nmida (710) Outros identificaram-uns com os ilhus (que ficam) perto dum e doutro (dos promontrios), a uma das quais chamam ilha de Hera. Artemidoro diz que existe a ilha e o santurio de Hera, mas (no) assegura que haja qualquer outra nem um monte Abifica nem uma tribo metagnia. H quem transfira para aqui mesmo as Planetas e as Simplgadas, conjecturando que estas so as Colunas que Pindaro denomina Portas de Gadira, ao afirmar que Hracles aqui chegara, ao concluir os seus traba lhos (711). Dicearto, Eratstenes, Polibio e a maior parte (dos autores) gregos localizam as Colunas volta do Estreito. Os Iberos e os Lbios asseveram que ficam em Gadira, j que em nada se parecem com Colunas os lugares das imediaes do Estreito. Outros afirmam ser as colunas de bronze de oito cvados do tempo de Hracles em Gadira, onde se inscreveram (712) os gas tos (713) da edificao do templo. Como os que ali chegaram, terminaram a sua navegao e fizeram sacrifcios a Hracles, (isso) deu azo a que se proclamasse que estas eram o limite da terra e do mar (714). Tambm Possidunio julga que esta iuterpretao (715) a mais verosmil (716), ao pr7so que supe serem o orculo e as vrias expedies uma mentira dos Fencios. Porm, acerca das expedies, quem poder sus tentar que ho-de contestar-se ou aceitar-se, sendo uma hiptese e outra admissveis (717)? Todavia, dizer-se que as ilhotas ou os
(710) (711)
Grego: nmada.
letra: dizendo que Hracles chegou a estas tmimas. Como quem diz: ulti
mando os seus trabalhos. Note a forma dcftxat, inf. perL de i#<IcP~o,2aL, chegar. (7fl) avaypd~w tambm significa gravar em.
(9 Avdw1.ta, i. e., gasto, no singular. (714) letra: os que terminaram a sua navegao chegando s quais (colunas) e
sacrificando a Hracles, prepararam se proclamasse que isto era o termo da terra e do mar. (715) O texto diz Ayov. i. e., palavra. (710) ,rcOazv quer dizer: crivei, digno de crdito; fidedigno>. (717) letra: acerca das expedies, pois, quem poder sustentar algo para a cen sura ou para a f, (nelas) no sendo absurda nenhuma das duas partes (ou hipteses).
6
82
1H, 5, 5-6
montes no se parecem a colunas e procurar-se os limites do mundo (7h7a) e dos trabalhos (720) de Hracles junto das prpria mente chamadas cohmas, (isso) tem alguma razo de ser, visto que havia o costume antigo de colocar tais padres (719), como os Reginos puseram uma colunazila no Estreito de (Messina), em forma duma pequena tone (720) e a chamada Torre de Peloro fica defronte deste colunelo. E os chamados Altares de Filenos (erguem-se) a meio da tona que jaz entre as Sutes. No Istmo de Corinto lembia-se existia antes uma estrela, a qual os Jnios, que subjugaram a tica e a Megrida, depois de haverem sido escorraados (721) do Peloponeso, exigiram juntamente com os que ocuparam o Peloponeso, gnvando no (lado) voltado para a Megrida: Isto no o Peloponeso, mas a Jnia; o no outro lado: Isto o Peloponeso e uo a Jnia. Alexandre levantou como teimo da sua expedio India altares, nos ltimos lugares das ndias Orientais onde chegou (722), imitando (assim) Hracles e Diniso. Esse era o costume. O. Mas tambm natural que os lugares tivessem recebido o prprio nome (723) de (tais) palres e principalmente quando
(717 (718) (718)
a)
do v ~ limitar, balizar ) tem aqui a acepo de coluna com uma inscrio e dai, padro (720) O texto diz to-so uma certa (= uma especie de) torrezita (721) Note-se o part aor pass ~eaO/vre. do v ceavvw impelir para fora de, expulsar (cri Isidro Pereira, o c , s/v (222) letra Alexandre como limites da sua expedio mdiana, levantou altares nos lugares, aos quais ultimos dos lados para (as partes) orientais chegou Note a atraco do mli (no superlativo) ,5ardTov para a relativa Este por sua ~ez tem o gen partitivo Iv8Jiv. (29 A palavra rzpoaflyopia pode traduzir-se muito bem por chamadoiro, deno minao.
>
III, 5, 6.
83
a aco do tempo os destruiu (724). Som dvida, os Altares do Filem) hoje (j) no existem, mas o lugar passou a ter essa designao (725). Segundo dizem, tampouco se vem na ndia Colunas de Hracles ou de Diniso (726) o, contudo, os Maccdnios, taudo-so-lhos falado e mostrado certos lugares (727) cm que encon traram algum sinal do que se conta de H&acles ou Diniso, acreditaram que tais lugares eram Colunas. E assim ningum duvidar de que os primeiros (conquistadores) usavam como marcos (da sua expedio) uma espcie de altares ou torres ou pequenas colunas, erguidas pela mo do homem (728) nos lugares derradeiros (729) e mais visveis (730) aonde chegaram os estreitos e os montes que os sobrepujam e as ilhitas (so stios) excelentes para assinalar (731) o extremo (732) ou o comeo de lugares); (natu ral ) que, depois que estes monumentos artificiais desaparece ram (733), o nome tivesse passado a designar os lugares, quer r<o pretenda aludir s ilhotas quer aos alcantis que formam o estreito. Com efeito, j difcil distinguir isto, a saber: a qual dos dois deve atribuir-se (tal) nome, j que as Colunas se parecem tanto com umas como com outros (7M). E digo que se assemelham, porque
(734)
a prpria designao, principalmente quando o tempo destroi os marcos (= padres) postos. H-de notar-se o valor condicional da proposio temporal. Trata-se do cha mado caso eventual que exige o conj. + ~,. Por isso, a melhor maneira de traduzir seria verter a orao como se fora condicional (cfr. P. . Freire, Gramatica Gregd, 3,a cd., p. 253, n. 429). (786) Ou: o lugar recebeu o nome (de Altares de Fileno) (720) letra: nem na fndia dizem que se vem jazendo Colunas nem de Hracles nem de Diniso. (727) letra: referidos e mostrados certos lugares... (780) O adj. ~ p&c/njro significa trabalhado niflo: de ~ mo e adj. verbal do V. iCt(LVW, trabalhar. (~) Note a atraco sintctica do adj. a~r&rou que passou para a or. ielativa. Poderia ser a concordar com r,rwv, antecedente de o~j. (720) Vd. nota anterior. (731) Airo8~oflv o iaf. presente do v. diro8,~w, manifestar, expor. (778) Euxai-a, i. e., extremidade, ltimo confim,>. (733) O texto tem um gen. absoluto; por isso, a traduo literal seria: desapareci das (~ depois de haverem desaparecido) as memrias feitas pela mo do homem. (~ Kefere.se Estrabo ~s ilholas e aos promontrios de Calpe e bila.
iii, 5, 6
esto sitos em tais stios que manifestamente assinalam confins (385) pelo que chamam bocae a este Estreito (78~) e a muitos outros. A boca o princpio para os que entram e extremo para os que saem (737). Os ilhus que ficam na boca (do estreito), que tm (uma forma) bem debuxada (733) e precisa, quenquer poder compar-los nem a Colunas. Como do mesmo modo (se podem comparar) at os montes sobranceiros ao Estreito que so de tal modo aguados que (semelham), obeiseos ou colunas (739). Pmndaro acertadamente falar deste modo de Porias de Gadha, se acaso se pensar que as Ooltmas (ficam) no Estreito (740), j que as bocas se parecem a poitas. Todavia, Gadira no tem urna situao geogrfica tal (741) que marque (742) uni extremo, antes fica situada algures no meio dum litoral grande que forma urna enseada (743). Menos lgico me parece relacionar as colunas do templo de Hra cles com as prprias (Colunas) (744). Sem dvida, mais criveI que a fama deste nome seja maior no por provir de negociantes, mas de (745) generais, como (sucedeu) com as Colunas da ndia; e do mesmo modo tambm a epgrafe, a que aludem, no aludindo a uma edificao sagrada mas soma dos gastos, contradiz (tal)
Note a orao reIativa~con5ec0t~tt. 1. e., de Calpe. (737) O texto diz: principio para entrar e extremo para sair. Note-se a substan tivao dos infinitos e, ainda, que significam entrar ou sair navegando. Assentam no subs. .,roOg, navegao. (738) E?nrpiypa~0~o i. e., bem circunscrito, de tamanho conveniente. (71O~ leira como do mesmo modo (se podem comparar) at os montes sobraE
(7~>) (730)
ceiros , o [si teu . t~ e cv tiene 001 tini ia 1 eminncia qual tm) as peqteTlas colti lias 004 as Coltinas Se as (oltiiias se sobrcptlsC%5e111 no [si reil o. Note o chamado caso potenciat~ o esq ueOEL tio qual e o seguinte: na or. principal lisa-se o optativo com e na eond o cioaal o opt. com ~ (cfr. P. A. Freire, o. e., p. 250). (741) letra: no est situado em tais lugares, que... (742) Ou: mostre. (703) O adj. Ko7rcb37)~ quer dizei: que tem muitos golfos ou baias>) (cfr. Isidro Pemeira, o. c., s/v.); contudo ns acrescentamos: ,co,i-c~&j vem de j<~~7ro golfo, baa, enseada, e de d8,1s relacionado com ~i8o, forma, aspecto>). (711) letra: o facto de transportar (entende-se: relacionar com) para as prprias as colunas do templo de Hracles ali, menos lgico, como me parece. (7~) letra: no governando mercadores mas generais. Note o gen. absoluto,
111, 5, 6-7
85
verso. Porquanto a> Colunas de Hracles devem ser uni menumonto comemorativo das suas faanhas e no dos gasto5 dos Fencios (746) 7. Polbio diz que no templo de Hracles em Gadira existe uma fonte (com algumas esGaleiras para descer a gua pott%vel)(47) o que esta tem movimentos contrnos ao fluxo e refluxo do mar(48), esvaziando-se nas pramares e enchendo-se nas mars vazantes. Explica (o fenmeno dizendo) que o ar (749) saindo (750) das pro fundezas (751) superfcie da terra, por uni lado, tapada a sada (755) pela gua do mar (~3) durante as mars vivas, impedido (de se escapar) pela sada natural (7a5), e que, recuando para o interior (753), obstrui as condutas da fonte e provoca a falta de gua (756); p01 outro, liberta de novo (a passagem), saindo pela sua via natu ral (757) franqueia as veias da fonte, de tal maneira que (a gua) brota (750) abundantemente. Todavia. Arternidoro, couquanto refute esta (teoria) e d ao mesmo tempo uma explicao sua,
() letra, e preciso, com efeito, que as Colunas de Heracles sejam um monu mento comemorativo da grandeza de sua obra, e no do gosto dos Fenicios. (747) letra tendo uma descida de poucos degraus para (ou ate) a agua pottvel (748) letra e que a qual se ope aos fluxos e refluxos do mar (749) irvcOpsa significa venio, sopro, respirao (do v ,rvdw, soprar) (750) EKITZRTov diz o trecho quer dizer (o vento) que sai de (79 fldor tambem designa o alto mar,>. (755) Note o gen abs. KaVE1Uq~ 1i~v an~~~ i e, ocultada a propria (saida
ou superfcie) Repare-se que ,cau4sOciu>7 e o genitivo do singular feminino do pari aor pass do v ,cat5,rrw , ocultar, esconder () gOj.ui, i e, onda e, depois, mar, gua do mar. () letra e repelido por tais saidas naturais (755) J. e, das condutas naturais que estabelecem a comunicao com o mar.
(>) ~4v8pta, i e, falta de agua. de ELTTW deixar, e iJ3cvp, agua Bailly da como ex o Estrabo (~74O) (737) Note a forma etWvnop~5uav~ nominativo do singular neutro do part aor activo do v ei)Ouirop&s ir por caminho recto Repare na concordncia cora irvEpa (753) Notea orao consecutiva com ov no inf. &vaflerv paralelo de ivafl~ctv~
sair, brotar, saltar com ruido (cfr. Isidro Pereira, ob. citada, s/v.).
86
e recorde
III, 5, 7
(759) ainda a opinio do historiador Silono (760) no, me parece que diga coisas dignas de serem mencionadas (765), ignorante que nesta matria, o que (alis) acontece tambm ao prprio Sileno (763). Por seu turno, Possidnio, alegando que esta narra tiva fa1sr~, assevera que existem dois poos no tempo de Hra
eles, e um terceiro na cidade. Dos poos do Herclion o menor, tiraudo gua continuamente, esgota-se (afirma ele) e, deixando de tirar gtia (763), enche-se novamente: por outro lado, o maior, tirando-se gua durante todo o dia, diminui, mas, como
todos os dentais poos, enche-se de noite, visto que ningum a extrai (764). E, porque muitas vezes a mar vazante coincide (765) om o momento em que este se enche (766) acreditou-se leviana mente, da parte dos naturais, nesta antipatia (767). Que se acre ditou neste facto, disse-o Possidnio, e ns encontrmo-lo (768)
narrado entre as coisas maravilhosas. Ouvimos dizer que existem ainda (outros) poos, parte (769) diante da cidade, nos hortejos,
(750)
ELVTEL7TO~V
-/yw) Oet (part. aor. segundo de rW,7~a, par) e /LV2)COEI~ (part. aor. pass. de jitpv4cicw, lembrar-se de, recordar...). () Outros dizem Silano. (762) De recordao, de memria. (762) Como se (fosse) ignorante acerca destas coisas, e tambm o prprio Sileno. Note a comparativa hipottica. (763) O texto diz to-s: intervalando (a extraco da gua). (764) Ou: j no a extraindo (ningum). (765) Ou: cai. (766) Ou: com a ocasio do enchimento (deste); v,alT4pcsat i. o., aco de
encher conjuntaniente. (767) O sentido do helenismo ou grecismo este: fenmeno que significa movi mentos contrrios, i. e., os movimentos de exausto ou enchente do poo eram con trrios aos do fluxo e refluxo das guas do mar. (760) O texto diz: apEt7~a~Ev (perfeito activo de irapaajtflvw): cfr. com accepimus do latim que tambm significa ouvimos dizer e recebemos (de algum) algum relato. (760) Note a alternativa expressa por r JL1) ... T 3~, parte.. parte; no s...
II 1, 5, 7
87
lidado da gua (770), abundain (771) pela cidade cisternas de gua das chuvas (772). Se contudo algum destes poos revela o fenmeno dos ((movimentos contrrios (779, no sabemos. Se verdade que o fenmeno ocorre, as causas ho-de procurar-se no nmero dos problemas difceis (774), J que natural que as coisas se pas sem (775), como diz Poilbio, (como) provvel ainda que alguns dos veios das fontes (776) aumentados (777) de fora, afrouxem (778) e desbordem as guas, em vez de as impelir, pelo leito natural, at fonte (779). J~ foroso qne (os veios) sejam abastecidos (780) na mar alta (789, E se, como assevera Artemidoxo, o fenmeno da pra e baixa-mares (782) parecido inspirao e expirao, (o mesmo) ocorreria com as guas correntes (783), as quais, por uns condutos, a cujas bocas chamam fontes ou mananciais, vm naturalmente supeifcie (784) o, atravs de outros, so arrastadas
O texto tem i. e., insalubridade dum lugar, mau odor (cr.
(770)
Isidro Pereira, o. e., 5/v.); contudo, Schulten traduz por falta. O vocbulo parece que no comporta a ideia de escassez. (771) letra: prevaleceu. (772) O texto diz cuaca,ov, gen. de aKKato que j de si quer dizer: de
ci.ster,,a.
(77~ (774) (775) (370) (777)
1. e.,: da antipatia. Ou: como entre as coisas dificeis. Cir. o esquema o~Srw ~xctv com o latino: se habere + advrbio. O texto diz s: injyawv7 i. e., (das veias) mananciais ou de fontes. Note o part. aor. pass. vortcOeuas- (do v. vor/~oj, humedecer, molhar)
no acs. plural feminino. (778) O texto diz xavv0000at, inf. pres. pass. de xavvow abrandar, afroixar. (778) letra: e do s guas mais o desbordo para os lados do que (as) empuxam atravs (ou: segundo) o antigo leito, para a fonte. Note a expresso: 7TapKXvcLv 6t8oia~, i. e., dar o extravasamento, extravasar, por consequncia. O nico ex. registado por flailly, relativamente a ~ (do v. rrczp&Xcn, de 7rap~ + + JK + x~w) este de Estrabo. (780) Norreaoat, i. e., ser alimentado de gua. O v. significa prprianiente hu medecer, molhar)). (782) A letra: transbordando o mar. Note o gen. absoluto, com valor temporal, e o emprego de onda por gua do mar. (782) letra: o que ncontece acerca das mars vivas e mortas... (783) Ou: haveria (ou: poderia haver) alguma (inspirao ou expirao) das guas correntes. (788) Ou: tm o seu escoamento, por natureza, at superficie.
88
III, 5. 7-8
para as profundidades do mar. (Diz) que levantando-se o mar de modo que haja preamar (785), sempre que se d a, 1301 assim dizer, expirao (786), (a gua) abandona a sua via natural, para de novo voltar a clii, quando o mal retrocede (787). 8. No sei como que, dizendo Possidnio que os Fencios no demais eram argutos, nisto lhes atribui mais estupidez que saga cidade (788). Sem dvida, o dia e a noite medem-se pela rotao do sol, estando este j abaixo do horizonte (789), mostrando-se j acima do mesmo. Segundo ele, o movimento do Oceano tem uni curso como o dos astros (790), com um perodo diurno, um perodo mensal e um perodo anual, de harmonia com a lua. que, quando esta percorre (799 acima do horizonte a extenso dum signo do Zodaco, o mar comea a subir e a invadir a terra, como se pode ver (792) at que a lua alcance um meridiano (793); ao passo que, quando o astro declina (795), de novo o mar retrocede pouco a pouco (795), at que a lua dista do seu ocaso um signo do Zodaco. Em seguida (o mar) permanece nesta situao tanto tempo quanto a lua demora a alcanar (796) o seu prprio ocaso, o ainda mais
(785)
~jpq1vp&s quer dizer: ((estar preiamar, trasbordar (cfr. Isidro Pereira, o. e., s/vj
(786) (707)
o mar toma a sua retirada. (780) Ou: reconhece nisto mais a estupidez que a sagacidade deles. t80) Da terra, diz o texto. Note os genitivos absolutos: 5wro b~iov). estando o sol e #atv0P~~0hJ9 mostrado. (700) A letra: apresenta um caminho (ou giro ou revoluo) semelhante ao dos astros. (781) Y.~.ep~xw quer dizer: elevar-se acima, nascer (referido a astros) (cfr. Isidro Pereira, o. e., s/v.). (709 letra: perceptlvelmente visivelmente.
(9 O texto diz to-s: ~t~p jicuovpav7~JW~~ i. e., at chegada (da Lua) ao seu meridiano. Note que o verbo jicaovpavJo) significa ((alcanar o meridiano)>. (704) Note o genitivo absoluto. (701) KardtyoV. diz Estrabo. (704) O texto diz: durante tanto tempo quanto (= durante o qual) a Lua se aproxima
do prprio ocaso.
III, 5, 8
89
tempo, tanto quanto girando (~97) abaixo da terra a Lua se afasta do horizonte o espao dum signo do Zodaco. Depois, (o mar) sobe de novo at (a Lua) alcanar o seu meridiano inferior (798), para retroceder (709) de novo, at a Lua, avanando para o nas cimento, distar do horizonte um signo do Zodaco. O mar estaciona, at que o astro se ergue (800) acima da terra a altura duma constelao zodiacal, e volta a subir (801). Tal o perodo diurno. sogundo ele (802). Quanto ao perodo mensal, (diz que se verifica), porque as mars (803) maiores ocorrem (804) por altura das sizgias (805), Depois diminueni at ao quarto cres cente (800). Sobem outra vez at ao plenilnio, baixando novamente at ao quarto minguante (807), Outra vez sobem at lua nova (808) (seguinte) As subidas s~o maiores tanto em tempo como em velo cidade (809). Quando aos perodos anuais (810) diz que se infoimon com os (laditaflos (911), os quais diziam que sobretudo durante
(~7) (09
,civ,jOetaa, i e , Lendo siclo mo ida letra Ate a chegada (da Lua) ao seu meridiano, abaixo da terra
Meuovpdin7p.a quer dizer situation dun astre parvenu au meriden (cfr Baifly, o e, s/v) Vem do Verbo /acuovpavJw. de jcJao, meio e o,)pav cu (~~9) O texto assinala mais unia oraao mnfinitiva que ainda depende de ~>ja(, quase no principio do paragrafo (900) Merewpca&fl~ 3 pessoa do singular do aor conj na passiva do verbo i o , elevar no ar (cfr flailly, o c , s!v) (001) Ou e que de novo sobe Note mais outra oraao infinitiva Estrabo continua a citar, alias a transcrever as opinies de Possidnio (90.1) letra (Po~sidonio) diz que este e o periodo dum dia (00S) ,raippotcci~ m e os fluxos e refluxos (BOi) yvowrcu. so feitos, nascem (009 ~ diz o texto quer dizer as conjunes dos astros (000) MEXPL ~xoro/.tov i e, ate a metade da Lua, i e, o primeiro ou ultimo quarto (cfr l3ailly, o e, s/v) AixSrojzor9 de Slxa~ ao meio, em duas partes, r6po~. cortado, do verbo r4ww. cortar (007) ~~> 3ixoTd,aou ~OcvdSo~0 i e ate a metade da lua consumida Rela cionar ~Otma com o verbo ((consumir, gastar (000) Ou neomenia O texto diz a~~i5uet, i e , as subidas do mar. (009) letra (diz) que as subidas se tornam maiores no so em tempo como ainda em rapidez (SiO) Note o acus de relao (a) Note a construo dc 7~uO~gOai, mn. aor. do v. qrvvOvw que rege acusa-
E
90
m. s, a
os solstcios do Vero (812) que as baixa e preiamares so maio res (813), Supe ele que (as mars) diminuem desde os soistcios at ao equincio (do Outono), e que sobem at aos soistcios do Inverno. Em seguida diminuem at ao equincio da Primavera. Novamente aumentam at ao solstcio do vero. ; Sendo estes os perodos de cada dia e cada noite; subindo e baixando o mar duas vezes por dia e por noite, e isto com regularidade (814), como possvel que muitas vezes o encher do poo coincida (815) com as mars vazantes, e raro a exausto (do mesmo)? Ou (esta se d) com frequncia, mas no com tanta (816) ? E, se (ocorre) tantas vezes, (como se explica) que os habitantes de Gadira no tenham sido capazes de observar (817) isto que acontece todos os dias, e, sim, os perodos anuais por (fenmenos) (8)8) que ocorrem urna s vez por ano? i\ias, que (Possidnio) lhes deu crdito (819), deduz-se (820) do facto de ele supor por seu turno (821), que as descidas (822) e subidas do mar sucedem de solstcio a solstcio,
tivo e genitivo; aqui aparece com genitivo de pessoa regido de zrap&. o que normal (cfr. P. A. Freire, o. e., p. 210. obs. a). Gaditanos, latina, so os Gadiritas, ~ grega, do texto. (818) Ka.r OE~Wa~ rpoirs~ durante os solsticios estivais, O voe. rpoir4 significa em principio, volta, mudana, fuga)> (cfr. Isidro Pereira, o. e., s/v.). (833) Ou: aumentam. Note a completiva regida de d, + opt. (814) TEray(.dvwsl i. e., ordenadamente. A traduo literal desta frase o giro da qual difcil trasladar literalmente para portugus, esta: subindo e baixando o mar, duas vezes, e ordenadamente no s com tempos diurnos mas tambm nocturnos... (855) letra: suceda no mesmo tempo... (8)8) O texto diz iucKL i. e., um nmero igual de vezes)>. (81?) O texto diz: ~r?~ L,cavoz~ yEv~uOaL rqpijuat. i. e,, no tenham tornado capazes de observar... (818) Nole o complemento circunstancial de causa (a causa.origem) em genitivo regido de &; compare com o latim que, em idntica circtinstrcia, usa abl. com ex. (vide P. A. Freire, Grarns Latina, pg. 175). (819) Note a antecipao da subordinada completiva e o dativo az3rot regido por lrwTEvEt, acredita, d crdito. (820) O texto diz 3~~~03 (sc. roBrd Jurtv), isso evidente... (821) letra: devido ao que supe tambm. Processo braquilgico equivalente a este outro: por causa das coisas pelas quais supe tambm ele... (881) .Mcwuo~, i. e., diminuio.
III, 5, 8-9
91
e que depois, novamente, umas e outras (823) voltam a variar (824). Contudo, no verosnul que, sendo eles (bons) observadores, no tenham visto o que (realmente) acontecia, e hajam acreditado no que no sucedia. 9. Possidnio diz que Seleuco, oriundo das margens do Mar Eritreu (925), afirma que nestes fenmenos existe irregularidade ou semelhana, em funo das diferenas dos signos do Zodaco. Com efeito, quando a Lua se encontra (826) nas constelaes equi nociais, aqueles fenmenos, diz, so iguais (827), ao passo que, nas constelaes do solstcio, existe irregularidade, quer no nmero quer na velocidade (das mars); nos signos intermdios, existe irregularidade ou regularidade (828), consoante (a Lua) se aproxima dos solsticiais ou equinociais (829). Ele prprio nos diz que, encontrando-se, no solestcio do vero, por altura do pleni lnio, no templo de Hracles em Gadira, smente vrios dias (830), no pde (881) observar (882) as diferenas anuais. Todavia, durante a lua nova daquele ms, foi-lhe dado observar, em tipa, uma grande diferena na subida (833) do Btis, em relao aos anteriores, durante os quais nem chegava (884) a metade das arribas, ao passo que, ento, a gua subiu tanto que os soldados fizeram aguada (835)
1. e, as subidas e as descidas. letra (tornam-se) retrocesso. (823) Ou to-s: o do Mar Eritreu. (826) Note o genitivo absoluto com valor temporal. (827) letra: os fenmenos igualam-se. (828) O texto diz s: &vaoyla, analogia, relao. (820) Koa- ,-os~ uvvcyytajtos-. em relao s aproximaes (da Lua). Bailly assinala este vocbulo neste passo de Estrabo. (830) ,i-lov i3~t/pa~, i. e., durante numerosos dias. (831) 6t$vaaOat, inf. pres. de Sva/xt, poder. (811) O texto diz CVVEZV&t, inf. aor. act. de cuvnju (entender) e no inf. pre
(823) (824)
sente do v.
(833)
Ti7 &vaKo,ri~, i. e., do refluxo ou eau qui sjourne aprs une inondation
(cfr. Bailly, o. c., s/v.). (834) c/3pc~e, diz o texto: trata-se do imperfeito de flpe~~w. i. e., molhar, hume decer)>. (881) O v. na mdia quer dizer prover-se de gua ~cfr. Isidro Pereira, o. c., s/v.).
L
92
m, 5, 9-lo
a mesmo (e lupa dista do mar cerca de 700 estdios). Inundando-se
as planuras baixa-mar uns 30 estdios para o interior, durante a mar cheia (839 e de tal modo que se formam at ilhas diz (Possidnio) que mediu a altura da base do templo de Gadira e a do molhe que fica em frente do porto, e que nem (sequer) esto cobertos com dez cvados. Ivias, se se acrescentar o dobro disto, durante mars acaso mais altas (837), (nem mesmo) assim, diz, se obteria a altura da mar viva, que aparece (838) nas piamiras. Escreve-se que este fenmeno comum a toda a costa oco 4ioa. Mas este (Possidnio) assevera que o que se passa (830) com o rio Ebro novo e singular, a saber: que sobe sem chuva nem neve (840), quando as nortadas (833) so fortes e que a causa est no lago atravs do qual ele corre, visto como as guas do lago so arrastadas pelos ventos.
10. (Possidnio) escreve que em Gadha existe tambm uma rvore, cujas franas se fleetem at aocho (842) e que frequente mente apresenta (843) folhas com a forma de espadas (844) de uni cvado de comprimento e quatro dedos de largura. Nos arredores de Nova Cartago, uma rvore, diz, deixa extrair (845) dos acleos uma fibra com que se fazem os mais belos tecidos. Tambm ns encon tramos (840) no Egipto uma (outra) semelhante de Gadira, no dobrar dos ramos, mas de folhas diferentes e sem fruto (837)
(838) (037)
1Tapai~7Jt~
s/v)
Pela mar cheia, letra. i u accroisseiflent par tpposition augment ition (vicie Bailly
o c
(038) (838) (840) (041)
A letra que oferece a grandezi di cheia nas planuras A letra o (ctso) do rio Ebro
Ou com efeito que tnnsbordi muit is ~ezes sem chuvas num nuvus Ou os ventos do norte Observe se a temporal condicion ii (84 ) A letra que tem os ramos curvidos para o solo (043) Ou tendo (044) Comp gc#oec3i~s com x,fide (cfr -ipendice xifoode) (04 ) O texto diz a#icvaL i e linar arrojar deixar escipar emitir (cfr
(046)
Isidro Pereira o e
OtSa,aev
s/v) e vimos E
tomado na acepo primeira de ver Cfr com o ior EiSov (lat vidi) Repare se unda que o atico diz Zu~aev otSa1aev era contudo q forma di KotvYj (047) Ou diferente nas folhas e nao tendo fruto
111, 5, 10-11
93
o que, diz (Possidnio, a de Gadira), tem tambm na Capa dcia se fazem tecidos (848) de fibras espinhosas, mas no nenhuma rvore que d o espinho, de que (se extrai) a fibra, pelo contrrio, um arbusto (849) rasteiro. Acerca da rvore de Gadira acrescen ta-se ainda isto (850), a saber: quebrando um galho (861), corre ltex, e, se se cortar uma raiz (852), produz-se uni lqmdo vermelho como o zarco (883) Tal ( o que se diz) acerca do Gadira. 11. As (ilhas) Cassitrides so dez e jazem perto umas das oittras, para o norte do porto dos Ariabros no mar (854). Uma delas est deserta; as demais, habitam-nas homens de manto negro, que vestem (855) tnicas at aos ps, cingidas pela altura do peito (856), e eammham com bordes, maneira dos Ernios da tragdia (grega) (857). Na sua maioria vivem da criao do gado, como os povos nmadas. Alm disso (838), tm minrios (859) de estanho e chumbo, pelos quais (860), bem como pelas peles (dos gados), trocam com os mercados es vasos (861), sal e objectos de bronze (862). Ao princpio
I5CfrQ.IVETUL. i
se tecem
do v
1
]lEa). ~ ~ diz o
OU LexiO
ond ,ciona 1
Ev~ e8 uxdre ~ 11am pI o rol masculino do pau i i asj i~ o de b8 w testil HEpc r cr~pva tanto se pode traduzir por a volta da peito como por po aluna do peito Note-se ainda o plural pelo singular (857) Ou semelhantes as Erinias tragicas (= da Tragedia) (8~8) 4? diz o texto e (8*8) pJraov tanto significa ~nnia como ,nine,io ou nwtal
i
(586) (850) (800)
Ou
xdKw,La~
tanto por estes como pelas peles entre outras muitas acepes, tem a de ,ase pour garder (e via
(efr Baully. o c , s/~ ) (062) ,cpa~ao~~ todo o objecto de cobre ou bronze)) (ibidem)
94
iii, 5, 11
s os Fencios de Gadira (863) exploravam este comrcio (864), porque ocultavam a rota a todos (os demais). Um dia que uns Roma nos (865) seguiam de perto um (destes) navegantes (866), para conhe cerem aqueles mercados (867), o martimo, por zelo nacional (088), adrede atirou o barco para um baixio, arrastando para a mesma runa tambm os que o seguiam. Salvou-se, porm, do naufrgio e recebeu do governo (860) o preo (870) dos carregamentos que perdera (871). Todavia os Romanos, depois de vrias tentativas (872), acabaram por descobrir (873) a rota. E quando Pblio Crasso chegou aos seus territrios (874) e soube que os minrios se podiam cavar (875) a pouca profundidade e que os homens eram pacfico~, deu a conhecei pormenorizadamente (876) tal navegao (877) aos
(fl3) 1. e., (saidos) de Gadira. Trata-se dum lugar donde, para se frisar a ideia de transaces comerciais feitas atravs do Oceano pelos Fenicios que partiam de Gadira para as Cassitrides. (864) cpiropa. em princpio, significa, cononoerce par ,ner (cfr. Bailly, ibidem, sjv.); comrcio martimo, pois. (802) ~p~rovre~~ part. pres. com valor causal. (886) Ou: seguindo de perto os Romanos a um certo navegante. Naicrjpo significa tambm armador ou proprietrio dum navio; piloto, arrais (ibidem). (867) 8irw ... yvotcv; orao final com o verbo no optativo. Trata-se do optativo aor. do v. ytyvcbuiccv. (808) O texto diz to-s: #Q~. por zelo. (802) O texto diz &~soaia, i. e., em nome do Estado, pblicamente. (870) Notar que ~ alm de honra, comporta a ideia de preo, valor. (071) Note ~y, gen. de dn-/fla : o prefixo dird exige essa construo, que implca a ideia de esbulhamento de, lanar de... (872) ~ (part. pres. de 7rE(p~fta( experimentar) ,roMict,, tentando
muitas vezes. (873) O prefixo j,c que est em ~g4ia6ov (3.1 pessoa do plural do aor. segundo do verbo &~avO4,<z, saber (= ter aprendido) por experincia, cfr. Bailly), que nos autoriza a traduzirmos desta sorte. (074) &a/3ag j,ra~ros, i. e., tendo passado at eles. (Ofl) Note-se a orao participial ~skaAa opvrroj~Eva dependente de ~yvw. i. e,, que os metais se cavavam. (876) & ~rEptocla , i. e. profuso. (877) Este mar, diz o texto.
III, 5, ~
_____________
que a queriam praticar (878), conquanto fosse maior que a viagem at Britnia (878) Tal (o que h a dizer) acerca da Ibria e das ilhas que ficam situadas na sua vizinhana.
(870) Note a expresso Jpy~eaat Oaucav i. e, pratiquer la mer comme marchand ou comme pcheur (cr. Bailly, o. c., sfv.). Parece que no ser de excluir esta ideia neste passo, j que J,re6ecEe (aor. act. de ~rt&EKvv/.u), em principio, significa <(mostrar! explicar, expor abertamente e rege tambm, regra geral (no sem pre, claro), orao infinitiva. que nos parece se poder ver, desde que se entenda que ~O~ovatv, (dativo plural do part. pres. de ~Oe~w) como que sujeito de
~1TL6KVV/2t
(078)
Bretanha. Trata-se do segundo termo de comparao; 8tetpyoiays. gent. singular do part. pres. do v. Stlpyw. separar por um obstculo (vales, brao de mar, etc.) (vd. Bailly, o. e., dv.).
LII>
z o rIY~
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CAPITULO 1 4. Corays, transcrito por MIler (vide Strabonis Geographicarum Tabu]ae XV, vol. Ii, p. 951, Paris 1858), numa nota a este passo diz raw; ~y4paTrro UL TOZS r,7 Arflv~y ~ TOZS irpd n3 A~flzh7, i. e., <(antigamente tanto se escrevia roE r~s At/31h (com os [cabos ou extremos, ?r/pacrt segundo o mesmo Corays] da Lbia) como T0Z ~ T~S Atflvi~s (com os [cabos ou extremos] em frente da Lbia). Mller acha o passo to escuro que exclama: ~Era~pEuaL quid velit non assequor; fuisse puto ~craaTpbEcOaL, no abranjo o significado de ,LLETt2EpEaOcLL (neste ponto); julgo (por isso) que (devesse) ser Meraarp~ecrOat. mudar de um lugar para outro, em vez de ~era~JpeaOat; na verdade, mais de harmonia com as verses que se costuma dar a esta passagem. Xilandro, autor de outra edio critica, sugere art4aOar, fazer libaes, em vez de arpc~EaOat que d Schulten na sua edio critica, Alm das anotaes aos velhos TPt#ECOUL e ~ETa#JPECO&L. acerca dos quais existem as maiores discrepncias, convir aludir ainda forma, assinalada por Schulten com asterisco, que nesta edio, por que nos guimos, encontramos grafada u,yop~o 7rot~7uapSvwv que vertemos por depois de [os forasteiros] fazerem uma libao. (No con texto exerce a funo de agente da passiva). Acerca desta forma as opinies so as mais dspares. Corays e Meinecke sugerem u,rov8ovoi,jaa~aJvwv, lio aproveitada por Schulten. Gronovius lembra ci3~o~ronjuapJvwv Ou E15!(& 2rot71aafavwv, depois de fazerem preces. Mller prope a leitura ~ev8ono a~aJvcrn, pelos que fingem. De tudo o exposto, resulta que as opinies divergem e que, por consequncia, o passo escuro e traduzido de diversos modos, por certo sem se acertar com o sentido pri mitivo do texto. Mller e Meinecke propem J~t$afzctp (subir at...) que nos parece melhor li~o que a de Sculten
5~o Em lugar de & ,5wv, atravs de vidros ou pequenas lentes de vidro (jaAos, em principio, toda a pedra transparente, cr. Bailly o. e.), Mller d a variante & a~eZv, i. e., atravs de tubos ou canudos.
9~o Existem outras variantes. Mller props a leitura A0OKp 8ovflw, Luz dbia (como quem diz a luz indecisa do poente que atira a tarde para a noite, as claridades, que se extinguem, e as penumbras, que se adensam, para as trevas da mestra noite). Outros lem AoD,ct SsflivaM (sie), quum hoc nomine Veneris planetae eultum fuisse constet, j que consta que ao planeta Vnus se tenha rendido culto sob esta invocao (vid. o. e., p. 951). Mller acerca dos dados ~2~KovTa .. cKwrv ... Jfl~o~n5tcovrca ... que ele
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prprio incorporou na sua edio critica, diz que esto errados e que se deveriam corrigir para Jwr~v ... &?5Icovra . .- jfl8o1rn~icoirra ... (aliquatenus rectiora babe res, si legeres, at certo ponto, a coisa estaria mais certa, se acaso se lesse...). Acres centa que os nmeros os foi buscar Estrabo a qualquer autor de Roma, mas f-lo muito errneamente (hi numeri e Romano auctore perfil pessime haben!). Contudo, Punhoque herdou muita coisa de Varro, que por sua vez em nmeros, extenses, comprimentos, latitudes... seguiu provvelmente a Agripa,d os nmeros seguintes: 126 mil passos do Cabo Sagrado ao Guadiana e 102 mil passos do Guadiana a Cdis. Quare fieri potest ut Strabonis numeri refingendi sint in hunc modum. por isso que possivel deverem os nmeros de Estrabo tornar-se desta seguinte maneira: [jKwr6v Ka~] ~ ICEI1 EZKO&L (i. e., 126) ... je~Kovra [7rewre (i. e., 65) Jn Pr tcai rpcd] KoflEI Ci. e., 37). Hiptese engenhosa, e com algum interesse, talvez, CAPTULO II
2. Tambm acerca da distncia Munda-~arteia h discrepncias. Kramer. citando Mller, diz: Strabonem scripsisse arbitror rpuKovra ICEIl rp.~ unde, A in A mutato. alter error ortus est; alteri siglum Sex praeeedenti aliqua ratione ansam dedit. Abest enim Munda a Carteia 400 fere stadia,,, julgo que Estrabao escreveu rpufKovTa .cai rp. (330 ou to-s trinta e trinta?), do que, mudado o A em A, resultou um erro; e a sigla S devido ao 5 precedente deu origem a um segundo. Sem dvida, o Munda dista de Carteia roda de 400 estdios (o. c. pp. 951-952). 3O cdice d ~aI ?)L&a~ [ou: ,~~~po?] ~ &v&rov, a navegao da costa (ou: [ao longo das] costas ou arribas, logo, navegao ribeirinha). 4~0 7Tp~ 7(2)7) 0TEIfUZV~ segundo Kramer, deveria ser banido ou suprimido (e inclusa ejicienda esse notavit 1Cr. diz MUlier, as palavras entre parnteses deviam ser suprimidas, notou Kramer. o. c., p. 952). 5.No texto de Schulten temos 8tccpyr5j.tcvar iS,r~, ao passo que o de Mller, que segue Corays, apresenta a lio &tpyovva~ 4n6. MIIer diz icei ,r~wro~ airpya~o~~va~ [,r,~ta] i. e., tornando-os at navegveis. Os cdices AUC do ical ,rwr& ~ [1aO~s&v?]. MtilIer acrescenta: Quum optimi codd. ~rwr~v habeant, Meinekius suspicatur leg.: ,rw7v Er rESlov], conquanto os melhores cdices tenham irwrav (navegvel) Meineke [contudo] suspeita que deve ler-se: ~ ,re8tov] (campo navegvel). E acres centa logo: At seqtlens genitivus co potius facit ut putemus pro 7rwrv ohm fuissc wn~v, turbasquc ortas esse ex male conliatis scripturis, quarum altera erat:,.. ,rA,~sa,r&v 8tctpyovTWV to~S iT~OV IUOfL~V TTWT&V jnetpyaa~LJvwv, altera vero : 8tetpyojsJvous T~V IJOfLJV ro 7T4OV~ 7rAwrot~ dnpy ~aaapSvat. i. e.; Porm o gen. seguinte faz, antes, que pensemos tcr sido anti gamente ,rwr~v em vez de ,rwr3v e que a confuso nasceu de redaces mal forjadas, uma das quais era as inundaes, tornando-se navegveis os istmos que
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101 separam as passagens (ou comunicaes); a segunda, porm (seria): depois de tornarem navegveis as passagens separadas pelos istmos. De tudo o exposto, fcilmente se deduz que o passo, at certo ponto, est sujeito ao capricho das interpretaes, uma vez que os cdices no reproduzem fielmente o texto primitivo. 6.0 Groskurd pensa que existe uma lacuna e que deveria ler-se vi7v 8 lipia j,taov [KaIW] r&v icopczeuc&v: actualmente a l mais [bela] que a dos Corxios. Mller e Schulten no adoptaram, porm, esta lio. Em lugar da leitura de Schulten & TroarraaLduEw, Mller apresenta estoutra &,roa,raamauts- que mete dentro do parntesis. 7. Corays prope tjzvaa(av. gua estagnada. Porm, Galeno, cd. Kuhn, mos tra que correctamente deve ser yujtvauav. At recte legi yu~zvaaav osteadit, Galenus. ed Kuha. v. 6, pg. 709: Kwrd yap GLW2Tfl~V Ica~ dK/LoVa(OdaJaV, 2~ upf yverar -rc~v i~<Owv &r43 Ko.L &yvfwau-rorcpw. Porm, Galeno mostrou que rigorosamente se l yuf,waaiav, ed. Kuhn. v. 6, p. 709: sem dvida, num silente e tranquilo mar a carne dos peixes torna-se (tanto) menos saborosa (ou pior) quanto mais inexercitada . Kramer no concorda com a introduo da partcula apa e diz: <(seda 4a, nemiai placebit: malim ~,<~ a ningum agradar (a partcula) Jpa~ prefiriria ~ E Mller escreve: <(Ego Polybii verbis, quae ob oculos Strabo habuit, insistens legi velim: EZ7TEZV TE ~rapeZvat Oarrtov>,: Quanto a mim, atentando nas palavras de Polibio, que Estrabo conheceu, prefirirei que se leia: diz-se que existe um (cerdo) marinho... (o. c., p. 952). 8No texto de Mller l-se d p77o9 e acrescenta: corruptum esse recte cen sent interpretes, os comentadores julgam com acerto que (o passo) est adulterado. Depois de uma srie de consideraes judiciosas e atendveis, acaba por dizer...: <(nullus dubito guia lacuna potius subsit huac in modum explenda..., no duvido de que existe pelo contrrio uma lacuna que deve ser preenchida destarte(Segue-se a correco muileriana do passo). Estamos cados noutra passagem do texto estraboniano, acerca do qual as opinies so vrias e controversas. 90 Mller tem lrpouSoKcbsTwv, fazendo, portanto (ao menos, assim ojulgamos), um genitivo absoluto. A verdade, porm, que nos parece que 1rpou3oIc&~ra. do texto de Schulten, concorda em gnero e a,mero com dvOpoS~rou, e at porque existe uma or. comparativa, conquanto hipottica ou condicional. De resto, segundo as pr prias palavras de Mller, outro grande critico, Meineke, seguiu a lio dos cdices: codd. lectionem tuetur Meia. (o. e., p. 953). Topamos com outro passo acerca do qual as opinies so as mais controversas. Schultea entendeu ,-~ [8~] yov, ao passo que Mller leu i-c3p 6dov, artifcio. Outra variante: r3v 8J oyov~ Cas, Siebenk, Cor.; r ~&ov, Sealiger que
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pode significar absolutamente, completamente; r 6~ ocrr3v, 1Cr. aproximadamente com o sentido da expresso anterior, acusativos de relao e no sujeitos de jvat r6v 86flov leu Corays, o resultado, o lucro, que nos parece ser boa leitura; Meineke era de opinio que o passo deveria redigir~se: (Meinekius in Vind. Stra. p. 20 legendum putavit:) reis Aiyvwr1o~s dvavrovrwv KoxaL r3y Ooop. Ou rai}r3 $dvar rotrots r~ d [os] ,ca~ rois A-rrucoi, esgotando gua turva com os tornilhos( bombas em espiral) egpcios. Mas que (o tomilho egpcio?) no tem o mesmo fim entre estes que (possui) entre os ticos>) (vide obra citada, p. 953): Mller, cremos que com razo (os arquelogos tm neste caso a palavra) discorda desta original interpretao: Scaliger prope i-3 8~8ov, o prmio, a recompensa! Mller, comentando esta interpretao escreve: verba TON 40/ION manu levissima mutanda sunt ia TO 4A&AON, r3 3~Oov. Ide,,,, inquit, utrisque labor, sed vii ideia laboris preetnium. As palavras ry 8dov, o artifco, mo subtil as deve ter mudado para 8~Oov, o prmio, a recompensa. Ambas exercem a inerme actividade, diz; porm o lucro no igual. E acaba por no resolver o problema da melhor maneira. O passo fica, por consequncia, escuro. Schulten e outros entendem que Polibio diz que os Turdetanos so mais felizes na sua explorao que os ticos. Ns assim enten demos; contudo, a palavra pertence aos arquelogos, que no presumivelmente aos fillogos e classicistas.
7a
12. Existe tambm a lio cu~crqv atcovE u4ri5v~ ouvir dizer (a extrema).
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iMtima
14Alm de #drvat h quem leia (com mais acerto?) #~dcit, de taas. Outros lem voj.uaivai, foram julgados.
Tudo que est entre colchetes aparece no texto estabelecido por MilIler; sem embargo, utpote glossam, ejecit Meineke; postrema tamen bror 8 rapn)uav etc., for tasse in p. 123, 9 transponenda esse suspicatur (o. c., p. 954), como esclio que so, Meineke suprimiu-as (na sua ed. critica): todavia, as ltimas palavras ~pro 8~ rapn-jaaov (o que alis fez Schulten) suspeita que se devem transcrever. Todo o passo controverso. Ml[er transcreve as palavras de Corays que escreveu em grego: ~H o~lrw I-LS & ~o4aet r ro Avatcpiovros, O floofhat ~3auraDat Zcov r43 Apyavwvq., ,-cZ ~uavrr pa irfl &7roliurepov o,3 floopat iroz)v y~pvo~ flacte&rar n~ rapr~7caoO>~ (o. c., pg. 954)). Aquele (passo) de Anacreonte h-de entender-se deste modo: no quero reinar tanto quanto Argantnio que viveu 150 anos; ou mais simplesmente: no quero governar Tartessos durante muito tempo)>. H ainda outras vrias lies do passo, que no transcrevemos, porque se ficam bem numa edio crtica, podem e devem omitir-se numa tentativa como a nossa. Sabemos muito bem que aos estudiosos da Geografia clssica interessa sobremodo uma verso o mais fiel possvel; contudo, quando as opinies divergem tanto, melhor seguir aquela que fez mais calreira ou que parece ser mais feliz.
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CAPITULO III
1.0 eEKpoaL, Mller, sadas. MulIer tem a-rd8tot 3cia? 8&a.,, os estdios so dez. Repare-se que Mtiller assinala uma lacuna. Corays qui deinceps pro corruptis ardBtor 8ei cri 8&a scripsit g,-cf3~o,. &a,<oo-tot ~ quum tot fere sint stadia a promontorio Barbario (Cabo Espichel) ad ostia Tagi. Probat haec Groskurdius (o. e., p. 954). Cor, o qual por seu turno em vez da forma estropiada cn-c8rot 8cicjZ &Ica (e os estdios so dez) escreveu cr&8tot 8raKaLoL &ica (os estdios so 210), visto como tantos so os estdios do Promontrio Barbrio (Cabo Espichel) ao esturio do Tejo. Groskurd demonstra istoO passo tambm muito controvertido. Depois de citar vrias lies, a certa altura escreve Mller: <(Ego haec omnia nihili esse censeo. Ac primum quidem ut continua esset orae Ibericae mensuratio, dicendum erat quotnam stadia sint a Sacro promontorio ad ostia Tagi; deinde vero eMvnoa vox non potest ad navigationem referri quae sil a Barbarico promontorio ad ostia Tagi; ibi enim alia quam recta navigatio locum habere non potest; contra patet c~6znroa verbum pertinere ad rectam praeter navigationem sinus illius, quem Strabo a Sacro promontorio a (sic) Tagi ostia patere dicit (ibidem>. Quanto a mim, penso que tudo isso no vale nada. J que primeiro, visto como a mensurao do litoral ibrico con tinua, deveria dizer-se quantos estdios so do Cabo Sagrado entrada do Tejo; mas, em seguida, a forma t3virola no pode referir-se navegao que se faz do pro montrio Barbrico ao esturio do [mesmo] Tejo; com efeito, ai no pode ter lugar outra [distncia feita navegando] alm da navegao em linha recta; pelo contrrio, a palavra ei3znroa (em navegao directa ou em linha recta) manifesto que diz respeito navegao em linha recta para alm daquela baa que Estrabo diz se recorta entre o cabo Sagrado e a entrada do Tejo.E continua: Ejus vero sunt mille stadia, ar&ot A (4 codd.>, [a distncia navegando] de mil estdios, UT8LOL A (o cdice 4, 4.000). Depois de produzir outras consideraes, estabelece o texto que no seguiu, mas que Schulten aproximadamente adoptou. E~aSj Mtiller, fecundo, frtil. As lies so inmeras; para elas remetemos o leitor (vd. o. c., p. 954, 2.~ coluna). ~revpo~s Mller, lados (margens, por extenso). Schulten leu ~cpoL~ que, embora servindo-nos dela para traduzir, no nos parece acertada como a leitura de Mller. Depois de outras lies Mller escreve: ego manu levissimacorrigo tcetOpots quod Meinekio quoque (vindic p. 25) ia mentem venit (o. e., p. 954), eu subtilmente corrijo KEWp0LS (nas barras), o que tambm ocorreu a Meineke.E continua: Tagus, in amplum lacum diffusus, ad ipsum exitum in angustas fauces coarctatus, quae aptis sime vocaatur 7- KeZOpa roD 1roTafLoi3~ sicuti Bspori Thracii pars apud Dionysium BYZ. et etiam nunc apud nautas r& KtOpa Ponti vocatur (ibidem). O Tejo, que se espalha numa ampla enseada, sua saida apertado entre estreita passagem, a que com grande acribia se chama as portas do rio, do mesmo modo (cha. meu) Dionisio de Bizncio regio da Trcia [que fica junto do) Bsporo (sic), e ainda hoje os marinheiros[lhe chamam] r ictOpa, as fechaduras ou portas do Ponto. (Relacione-se o vocbulo com ,cels-icet8o, chave). E ainda: Similiter Euri
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pides (Medcia 213) Heliepontum ]Tdprov ,~3a dicit (ibidem p. 955), cio mesmo modo Luripides, chama ao Helesponto chave do Ponto>, (ou Mar). Os codices dao a leitura ~,rc~Ep,ju r~v &outv empreendera > Os dicio narios no registam o voe que parece ser 8ocrc9 ccv (relacionado com 3o todo inteiro9) Acerca de ooo ja depois de escrever estas ultimas palavras temos em Muiler In urbis nomine ex Codd scriptura ooat emendum erat Qtocrcircy sicut Ptoiemaeus et Martianus habent com o nome de cidadc oAoct qtie se te nos Codices deve ter provindo de ocoatrntiv como tem Plolemeu e Marciano (o e p 955 1 co! ) Casaubonus emendara ETTETELXLUE rw TTELr edificou algu mas cidades omitindo o antigo nome de Lisboa
2 Em vez de ~.apv das partes que se le em Schutten Muiler tem op5v das montanhas O passo e escuro O proprio Muller escreveu Sed quidni auctor inteiligi votuerit ia ro Ava vuep,ce%teva de quibus dixit p 118 29 Mais que o que o A quis que se entendesse com (<as montanhas que ficam acima do Anas de que falou na p 118 2 (o c p 955) Na realidade muitos dos passos desta obra oferecem a Jareza destes Que os criticos compreendam ao menos as difi cutdades que o nosso entusiasmo e a nossa boa vontade procurou \encer 1
4j
3 roV vflv b<o,~ Schulten e Muiler porm fuit aut ~ vGv quod recepit Meinekius aut ~ vov quod proposuit Corayus foi ou os [povos) modernos, o que Meineke aceitou ou de alguns dos [povos?] modernos que propos Corays (p 955) Contudo Muller seguiu a tino -,-oZ v~v Acerca de 1avplwv tra que Schulten mete dentro de colchetes como no fazendo parte do texto Mulier que introduziu tais vozes dentro do parentese escreve (<inepta esse post Gosselinum monuerunt editores ejecit ea Meinekius Error ortus esse videtur ex voce ~fltrog male repetita Kramer Quod non assequor tmmo quuum 3 000 stndi pertineant usque ad Nerium prom legendum est ,-~ jiv o~v ~s~KO [~tr~pcr (sic) vel &ci] Neptov 7-pLa~ (ibidem) os editores depois de Gosselin advertiram que [estas palavras] so suprfluas Meineke suprimiu as)> Parece que o erro tem ori gem no vocbulo p~~trc3~ (longitude) imprpriamente repetido)> Kramer O que eu (Muiler) no aceito Feto conirario visto como ate ao Cabo Nerion vuo 3 000 estadios, deve ler se a longitude ate [ao cabo] Nerion e de 3 000 estadios Hi atgumas outras divergencias ainda Remetemos pois o leitor para Muiler 6 Em vez de 81 duas vezes (ao dia) Metneke propos ~Sot peculiares que no parece de todo fora de proposito
~
Outros Icem
Corays te JcEpaJaeoc& de barro e acrescenta em nota 4TEpOL ~ ~rap4vovv 955) outros advertem que se mais verosimil Outro dos tais passos acerca do quat as verses sao dispares Muller discusso
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do adj. dedica-lhe aproximadamente 1/3 de coluna (p. 955, 2.~ col. p. 956, 1. col.), Tambm muito til o que Mller escreve acerca do sago (vd. p. 956, 1) col.). Diodoro,citamos Mller,escreveu: ~opoOar 8? ot3,-ot (Celtiberi, esclarece Mtiller). uryovs fLe~avas rpct>~eZ ~ ~iapwir~jcov ~~vTEL r~ ~ptv ratg aLyE10L9 Opt~v (ibidom), e estes (os Celtiberos) usam saios negros e grosseiros, feitos de uma l parecida com a crina de cabra. Em vez de qrdAewv outros lem 7ro7-ap&v~ dos rios. 8 .~ Mller l ddpwv, dos ares, talvez com mais acerto. O passo fica alterado. Segundo a leitura de Mller, a verso a seguinte: natural que alguns tendo seme lhantes costumes (ou: carcter, ndole) devido magreza dos terrenos e dos ares (ou: clima)... Mller leu 7r,~v Tovtaot, excepto os Tussos. Ele prprio ps objeces sua lei tura, Mais outra amostra de como problemtica por vezes a traduo conscienciosa deste texto, que sofreu tantas convulses, que presumivelmente muitos lugares pri mitivos ho-de estar totalmente ou corrompidos ou deturpados. Leia-se a explana iio de MUIler, utilssima ao gegrafo e historiador, acerca deste passo (p. 956, col. 19 col. 2.9.
CAPITULO IV
Os cdices dizem ~ a partir de. Corays suprime a preposio iv (iv ejecit Cor., diz Mller, p. 957): quer dizer em vez de aparecer o simples dativo de posse, apareceu o dativo sim, mas regido de ir,, o que suprfluo. Contudo, talvez possamos ver aqui a chamada tmese 8ia~-h iv por 8iveartv Recorde-se agora que em latim o verbo messe pode reger ou dativo ou ablativo com ia, Teremos neste passo semelhante construo? Os classicistas, que forem fillogos de primeiras guas, que resolvam o problema. Simplesmente quisemos sugerir que pode bem tratar-se dum caso de tmese, e ento que talvez houvesse de acei tar-se o iv que alguns editores aceitam. Este passo tambm foi interpretado de vrios modos. Transcreve-se a redaco de Casaubonus: ijnrp~v iart roZS riv 7~fi lTepalt lati roZ iv n~ jicaoyala vel ToZ /.Lecoyaot, existe um interposto entre os [habitantes] da costa fronteira e os do interior. Os cdices ABC tm /~orvlinj, da Fenicia (o pais das palmeiras).
1.0
3.~ Corays em lugar de rc~v rMroiv escreveu r2v roiyLVv [,-oTwv] [destes] lugares. Em vez de j-cDv ran~ de Schulten e Mller, Xilandro e os cdices tm dos desta... 4Os cdices BC tm inol,~a, o aor., mais vulgar que o imperf. Muitas vezes na narrao histrica emprega-se o imperfeito como equivalente do aoristo grego e do nosso perfeito> (vd. Gramtica Grega do P~ Antnio Freire, 5. L, 3.~ cd.), p. 230.
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Os cdices ABC[ tm ~33, o que incontestvelmente alterava o sentido do texto, j que ~ e estes, ao passo que ot~3= nem, nem sequer. Os cdices e os editores anteriores a Cramer, segundo MUlier (vd. p. 957, 2A col.) tm JyayEZV, inf. aor. de de que ~ inf. presente. 5. O perodo comeado por PwJLaroi ~e i-~ ... lido e interpretado de vrios modos. MulIer escreveu: Itaque locum ita scribi velim: Pwp~r.zZo TE Tv Kwra /LJ1fl7 7Tp3~ TOI) I,&~pa ~~ov ICaOJKcUTflV araraTTovTEs ~VvacTEiav (ibidem). por isso que gostaria que se escrevesse (ou entendesse?): Os Romanos fazendo a guerra, territrio por territrio, nas partes junto dos Iberos... E continua: rei, si inv-is, J~ ,-c7j ... v-4tov Ka.OJK,jcJTl)v 8LELTTTELI) T&V 8vvacrEtc~v)>, enquanto guerreavam cada um dos territrios... 6.rara quod codd. habent, editiones recte omiserunt; is qui ,-aOra primus edit, deinde etiam ~ intulit, quod edit. ante Kr. in mutarunt (ibidem). A forma rni,-a que os cdices apresentam, com razo a omitiram as edies: o pri meiro que escreveu ,-a~,-a, depois inculcou ainda a forma a, o que os editores anteriores a Kramer mudaram para i), a. Em vez do abstracto 4JVfLVcIT7)TL, Corays e outros editores preferem a forma con creta e adjectiva ~pv~v &rq~ muito bem fortificada. Corays e Meineke lem ~ em lugar de ~eZ~oy; e com mais razo, ao que nos parece: que o comparativo em vez do superlativo s se usa quando se (rata de duas pessoas, duas coisas..., como ensinam as gramticas e!ementares de latim e grego ~1TEpKEL/LEVWV ex antecedente t5?TEpKEL/L4Vfl ortum, ut jam Xilander vidit (ibidem): ~7rEpKEt/.LIWl) (dos lugares situados acima dos suprajacentes), teve origem no antecedente TEpKEL/dV~. como j o observou Xilandro. Corays prope: fLaKpi rEpor S -.. ,~ roo Ifl~pos-~ e dista mais.., do que do Ebro (vd. Mller, ibidem). Xilandro, recebendo a lio dos cdices, l rird /Lea~pfipag a partir do meio-dia (ponto de partida, origem, lugar donde) o que o oposto de ~1yj ~Eo~~flpav, para o sul (lugar para onde). Quer dizer: inverte-se o curso do rio. 7,0 Fort. ~icflo&v Jeg. esse suspicatur Kr. (p. 957, 2i col.), Kramer sus peita que talvez se deva ler ~Kfloc~v [entre as] saidas ou bocas. 8.0 Em vez de 8caxoaov (duzentos) de Schulten, Mller tem TETpaKW ~tov (quatro mil). Xilandro, Corays e Meineke lem i-rpaicorsov (quatro centos). Mllcr remata com as palavras: quae omnia sunt incertissima, quum de computus ratione, quae varia esse poterat, non constet (ibdem), tudo isto muito incerto, porquanto o cmputo no est de harmonia com a estimativa, que podia ser vria. 9. A prep. ~ Corays manda omiti-la a parecer de Corays, ~- deve suprimir-se).
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107 lO.Os codd. do ,napopa que os dicionrios nem sequer registam. Regis tam ~,oto, m. 1. irapdipeto (note o w, contraco do a + o: a da prcp. e o de dpo, monte, que o ncleo da palavra). A lio /LEp~av de Schulten a de Kramer e Meineke; apresentam-se, todavia, muitas outras. (Pcrmitimo-nos, no en tanto, remeter o leitor para a p. 975, 2. col., ao fundo). 12.Corays e Meineke lem ~repflavrr, dat. sing. masc. do part. aor. aet. de z3ircpflaw, para o que passou alm de Oroskurd l neste passo uma lacuna e diz que Estrabo deve ter escrito: [Kai ~rap/virpov. T 8/ otr6v E3~L~LOY] Ka~ ,TOTa/LdKVJCOV, (a Ce1 tibria) spera (ou acidentada) [e pouco frtil; porm, o resto (da ibria ou da Ccl tiberia?) feraz] e irrigado de rios. 13 MUlIer, adoptando a lio de Meineke, tem dTTEKapT?pfluav, 3. pes. do p1. do aor. act., eesser de rsister, do se laisser mourir (de faim) (vd. Bailly, o. e., s/u). 15 MUIler e Meineke (((Malim cum Meinckio, p. 952, 2. col., quase ao cimo): preferiria, como Meineke...) lem: ,r,1dovutv dpvfot. du~ 8~, etc., abundam em [espcies] ornitolgicas; e existem... Meineke comenta este passo desta forma: Hae negligentissime a Strabone scripta sunt. Voluit, epinor, iraO dot~ irooZ n~o Jc7tv r8ta, (ibidem): Estrabo escreveu isto com enorme negligncia. Quis escrever, suponho eu, como existem muitas coisas peculiares a muitos outros (povos).)> E isto devido a um processo estilstico muito do gosto dos gregos, a que uso chamar-se braquilogia, acrescentamos ns.
16. Nos codd. ,-~y &T, cm vez de ,~ ~ emenda de Schulten, pgs. 75. Diz Mller: m7 ~IcT mavelis cum Kramero (ibidem) preferir-se-ia com Kramer ~ ~KTc~ da [cosia do mar] exterior (o Atlntico). As opinies dividem-se acerca da interpretao deste passo. Mller para reforar a sua posio acrescenta: Vites ct oleas in Lusitaniae ora Strabo memoravit, p. 126>) (ibidem), vinhedos e olivais no litoral da Lusitnia, apontou-os Estrabo, p. 126.
16.irapi~Ooii additum est ex Epitome (ibidem). 17. (<Verba .n~v Te Ka~ dv8ptv ~aI ejicienda esse Groskurdius et Mci nekius censent (ibid.), Groskurd e Meineke so de opinio que devem suprimir-se as palavras [a coragem] no s dos homens, seno que. MUIler leu a~,-at ,-~~oaat, estas, depois de darem luz... MulIer l ainda rizcrQ ovatv KaL oovatv cai a~rapyavoi3atv~ tm os lilhos, lavam-nos e envolvem-nos nos panos. Contudo, MUIler, nas notas, diz: legas iroAact oxeowrat (ibidem), leia-se: muitas vezes do luz.,. Os cdices tm que no chega a ser nada.
18.C. Cor, e Meine. lem ~.~-at/vtCov, entoam preces (ou soltam lamen taes).
108
~ ~p ~OEL ... todo este passo discutido. Mller chega a conjecturar que tenha havido corrupo do lugar e se deva entender jv O~5n7 (no tmulo) ou no jantar, vel mie aliquid, palavra do prprio Mtiiler. Conjecturas que nada resol vem. Tm o mrito de agitar opinies e de provar que este terreno pouco seguro. Todas as cautelas so poucas, para se no atraioar gravemente o pensamento estra boniano.
l9.b~ aIUTaTOt ... yeyvaa~v~ ut glossam, ejecit Meinekius (p. 959): [os quais] so os mais faladores [de todos, este passo], omitiu-o Mcm. como giossa.
. Outros lem z5rra~roz7, por ele (agente da passiva). Em vez de velim cum Cor. et Mein. (ibi.), quereria em Corays e Moi neke, p.4p-q partes. Cor, l T~5f ~rnpa~as-~ do litoral. Meineke 1eu:~( r~yJLaros ~TtCKO7T? d 8~ .rpbro, [o segundo togado] guarda (com a outra], legio e o terceiro.
20.
CAPTULO V
l,BCE tm ,rvrvouaa Baillly d a forma ,ocyaa como feminino do adjectivo ,fli-V6EL-ov; dccraa; oev-oz7 abundante em pinheiros. ~ antes de sre~y.cu est omitido no Epitome. Para elucidao do passo, que interpretado de diferentes maneiras, haver vanta gem em conhecer o que escreve MUlIer (vd. p. 959, 1. col.). 3LaKouiou aditamento de Cor.. Grosk., Kram. e Mcm., apoiando-se cm Plinio (3, 5), que diz que estas ilhas distam entre si 30 mil passos ou 240 estdios (ibidem). Leia-se a discusso do passo no mesmo lugar. Mller, para aclarar o passo em que Estrabo fala do vesturio dos habitantes das Babares, transcreve Diodoro 5,17: ro~s~ jyorKoQras yvjtvoi)~ ~ ~aO7~7-osflrov icara n~v ToG O~pov J~pav, os habitantes [destas ilhas] andam nus, durante o vero. Traduzimos yvp.vol~ rfl~ ~uO,~ro flioOv, (trata-se dum or. infinitiva), viver nus quanto a vestido, por andam nus. Repare-se no gen. de relao. Indeque Gy,nnesias insuias dietas esse acrescenta Mller (p. 959, 2. eol.), dai que (estas) se chamassem Gimnsias (como quem diz iates). Kai 7Tc,rvpaKrw/Lh)ov: Mller diz que se deve ler ), ou. Meineke leu: ~ [i-fl 8 TrErr, tendo na mo direita... Mller leu fhe2~ayKpatvas que Baitly no regista, mas que supomos ser o mesmo que (..teayKpavtvas, feitas de junco. Esta ltima leitura a de Kramer e Meinekc, lio que Schulten adoptou. Todo o passo de Filetas no passa duma interpolao. Ceterum verba inclusa e margine irrepserunt (ibidem), de resto (estas) palavras tiraram-nas da margem e incluiram-nas (no texto). MiiHer aceitou a lio tEppapicta (tEpjnjveta a interpretao, hermenutica).
se4]
109
Filetas foi mestre do grande poeta alexandrino Tecrito, aquele a quem se atribuiu a criao do gnero buclico, e preceptor de Ptolenieu Filadelfo. Da sua poesia elegias e epilios ou pequenas narrativas picasno restam seno escassos fragmentos. Kramer prope a leitura: ~aiCwv [pc. dptO~i.~r] Kcd C~E~y rt roce rog &coS J ro p4cou~ (ibid.) [o nmero] maior e quase to grande como o da Longitude. Mulier diz: Legendum puto: Jnccrri vel SLEUTI7ICE vel &a j.tZZov (ibid.), julgo que deve ler-se: dista mais... Os v. grs. significam todos distar. No fim do pargrafo 4 existe uma lacuna que os vrios editores explicam cada um a seu modo. R~neLemos o leitor para a p. 959, 2.~ col.. Em lugar de z5~JflpxE, os editores antes de Kramer e ainda Casaubonus tm aor. de 5 na p~w~ existiu, houve, foi. Outros dizem cnjl8a, pequena estela funerria. In margine A prima manus annotavit haec: Ei-vdprov 8 icaL vBv ToOTo ,caoOus (p. 960, l.~ col., ao cimo), [No cod.] A, na margem, uma primeira mo escrevou o seguinte: E ainda hoje se chama a isto pilastra (ou colunelo, acrescentamos ns). O cod. B e Ald. tm ir4pai/iav, 3. pess. p1. do aor., escreveram ou gravaram. Os cdices em vez de crrpa-reas~ tm a-rpart do exrcito o que tambm pode ser.
Os editt. antes de Kramer lem a-,jtcw. dat. p1. de cy,-,7l (vd. supra). (<&j4or4ov~ ~oLKJvat -rat ar,~ar mavult Kramer,,, ibidem. Kramer pre fere (ler): [pelo facto de] ambas se parecerem com colunas. O cod. C tem piypairrov~ fcilmente circunscrita.
6.
T~ Em vez de 8a~er,~-~yrwv, gen. p1. do part. pres., ABC do 6ta~,rovrwv, gen. p1. do part. aor., depois de deixarem [de tirar gua]. Os cdices tm ,cacv&, de novo. Em lugar de dvpL7r&Oc~av, os codd. do ayriro~av navegao (contra o vento ou a corrente) (vd. Bailly 3.1v.). avveeatpovrctt, idem perferam voluit Casaubonus (p. 960, L col.), levan tam-se; a mesma coisa erradamente quis Casaubonus. No parece assim to fora de propsito. Parece que no ser de enjeitar de todo a ideia de ver a 3. pess. do p1. de auve~apw. Mller adoptou a forma JKEIVV. dat., fem. de ~KEZvo, aquele; contudo, cscreve: codd. quod erat retinendum (ibidem), os codd. [do] ~KE(VI~V, aquela, a [forma] que deveria manter-se.
~ ... vwc,-L dat.: com o dia... com a noite, Ald. E depois: ro 4Alov -uEpLSopa~ codd.: o movimento de rotao do Sol. iro,-J Ald., uma vez.., outra vez. AUCI do ~w3ta,co6, do Zodaco. [dva~wpetv] d r3 rr~ayo Cor,, retira-se para o mar- Na verdade, parece mais plausvel o uso da prep. ~l. a indicar a direco e o termo do movimento. vtavasaa, anuais, recomendam Eghi, Cor., Mcm.
S.
,5
110
<(i-&w 1~fLEp7Jaw~ XPO0~~ ~aL rcZv JJVkTEpLvJiv codd, quod retinendum, in antecedentibus vero pro rcra~jtjpw legendum esse TETcLy/.LIVWV. eodem Kra mero proponente, censeo (ibidem): ora em perodos diurnos ora nocturnos, codd. o que deve manter-se; ao contrrio, em vez de TETay)L4LWS (ordenadamente, por ordem) deveria ler-se TETa v~aEVafl (1) (ordenada) segundo sugesto do mesmo Kramer, suponhoEste passo muito controverso. Como j hbito, ousamos remeter o leitor para a leitura desta discusso (p. 960, l.a col.). Groskurd, supomos que com razo. recomenda o emprego da preposio &d (na verdade se se quer exprimir uma dura o ininterrupta, emprega-se 3~ com gen. ou apa com acus., Gramtica Gr. de A. Freire, 3~ cd. p. 193>. r . .. yLvo/Icva recte ejecit Cor. (ibidem), Cor, com acerto suprimiu [as palavras]
~ 9..- Lege ~ cum Corayo; in latinis pro tunc facto lege quac subinde fluni (ibidem), l em Cor. fazeado-se (ou tornando-se); em latim, em vez de ento feitas entende as quais se fazem in,ediata,nente,
10. ~ /~j 7,-ocLKLs )(~yj Ja Cor., quod sane mavelis; ex codicum lectione 7rodKc$- referendum ad Tfl)xt)aZa (ibidem), muitas vezes (incli nadas) para o cho, e as folhas Cor., o que, sem dvida, se preferir; segundo a lio dos Codd, ~~oAdKLS, frequentemente, deve referir-se a in,xvaZa.. com a largura de um cvado.parece.nos mais exacta a lio dos cdices; contudo, no afirmamos nada, categricameate, H quem leia er8o~.sv, talvez mais exacto; d8o/1Ew~ vimos, ao passo que o~8aiLEv forma arcaica e da KoLv~4 o~afLEv, equivalente tica ia~tev. significa em rigor
sabemos.
No queremos pr termo a estes apontamentos, sem testemunhar a nossa gra tidfio s Ex,fllas Colegas Dras D. Maria Antnia Barbosa e D. Maria Cecilia Rebelo Vaz, pela revisdo do texto e notas dactilografadas.
3. C.
CORRIGENDA
Pags Lu:hct
Onde se l sejam, Bens, Basettanos Mlaga Mlaga Hemeroscopino Oartago Sagunto gregos Idbeda Osca Calagurris Petreio Pompeu Pompeu Pompeu Pompeu Ana Palancia punhal quo Cntabros gregos annimas Romanos legados, legado Ementa especial sturos (a provmcia) xlguns ilha triunfo (6~3) Heracles as
Deve ler-se
33 36 47 48 48 53 54 54 56 58 59 59 59 59 59 59 59 60 61 63 64 68 69 70 70 71 71 71 71 72 72 75 77 78 80 80
9 3 8 10 17 14 6 8 4 15 3 4 8 9 18 19 20 8 33 7 2 16 IS 11 15 4 5 9 33 2 15 33 2 2 12 18
sejam Bus, Bastetanos Mlaca Mlaca Hemeroscopion Cartago Sagnton Gregos Idbeda Osca, Calagrris, Petreio, Pompeio Pompeio Ponipeto Pompeto Anas Palencia gldio que Cntabios Gregos sinnimas Romanos, legados legado, Emrita especial stures (a provincia), alguns TIha triunfo (87i), Hracles a
112
Pgs. Linha Onde se l: Deve ler-se:
8! 82 82 83 83 84 84 84 85 85 86 87 89 88 90 90 91 92 93 93
ii ii 2!
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8 12 7 14 2 1 15 14 16 1 14
Dicearto exigiram palres tando-se-lhes ilhitas confins (9 quenquer nema a gua ar(40) enche (700) fontes (775) anuais (866) preamar preiarnares supor solesticio aocho Gadira, nmadas
Dicearco erigiram padres tendo-se-lhes ilhotas confins (9; quernquer berna gua enche (9, fontes (775), anuais (010), pramar prarnares supor, solstcio ao cho Gadira nmidas
NDICE
GERAL
E DOS ASSUNTOS DE MAIS INTERESSE PGS. PREFCIO, por Francisco Jos Velara 111 INTRODUO, por Francisco Jos Veloro 1. Estrabo e a sua Geografia V Biografia, p. V. Fontes da Geografia; Estrabo veio Peninsula, p. V. Manuscritos, p. VII. Comparaes de Povos e regies, p VIII 2. A Lusitnia notares autores VIII Substracto da Lusitnia (Oestrymnis e o Povo dos Cinetas ou Cnios), p. IX. Ibria e Hispnia (terra dos Sepes), p. IX. O testemunho de Jlio Csar cerca da Lusitnia, p. XI. O do Mapa de Agripa, p XIV. O de Pompnio Meia, p. XV. Plinio suprime o Norte Lusitnia (futura Galcia), integrado na provncia militar da Tarraconense, p XIX. Antonino Pio retoma-o para a Lusitnia propriamente dita, p XX. 3. O texto de Estrabo: A) Ibria XXI Linhas gerais, de Oeste para Leste, p. XXI. Generalizaes, p XXI. Alm e aqum das Colunas de Hrcules, para o ponto de vista de Roma, p. XXI. O mapa de Estrabo e as suas coordenadas; primeira dis tino do territrio alm Guadiana (a Oeste): Lusitnia, p XXII. Os pormenores: comeo no Cabo Sagrado, p. XXIII. Ritos locais no Cabo Sagrado a um Deus supremo? p. XXIII. Artemidoro visitou o Cabo Sagrado, e Estrabo tambm, ao contrrio de Possidnio, que andou s por Cdiz e regio sevilhana, p. XXIV. Gadir, Gadeira, Gades e Cdiz, p. XXV. 4. 8) A Ocidental Praia (oto hcsperion pletnon) XXV Seus limites no Guadiana (Lusitnia), p. XXV. Errada diviso do texto pelos intrpretes, p. XXV. Uma interpolao?, p. XXVI Colonizao romana da zona transtagana com Lusitanos, p. XXVI. 5. C) A Btica ou Turdetnia XXVII Limites desta provincia a partir do Anas ou Ana, para Leste, p. XXVII, Escritas e idiomas da Pennsula, p. XXVII. Os Cnios e os Trdulos, p. XXVIII. O Mar Exterior e o Mar Interno, p. XXVIII Carteia, p. XXVIII. Menlria, p. XXVIII. Jlia loza ou Transducta, p XXVIII. Calpe, p. XXIX. Heracleia, p. XXIX. flelo, p. XXIX. Porto de Menes teu, Asta e Nabrissa, p. XXIX. A Ebura andaluza e as lusitanas, morada dos Celtas Ebures, p. XXX. Retorno ao Cabo Sagrado, ponto de referncia para as distncias geogrficas, p. XXX.
~.~..~-- ~
114
pos.
6 13) L,,nites da Betwa Tarde/ama, e suas gentes XXX As tribos de alem Anas que pertenciam a Betica no sio as da Lusi tania que ficavam a Oeste do rio mas sim as que pertenciam ao coa vento juridico de Cordova e estavam na Espanha actual, a Norte do Guadiana p XXX Cidades da Bettca p XXXIII Conistorgis ou Conistorsis cidade dos Celticos da Betica em territorto dos Contos da Betica p xXXIH Outras ctdades e lugates p XXXIII Sonoba ou Ossonoba mera refetencia por semelhana, a um porto da Prata Oci dental onde havia Tuidulos porem Lusitanos p XXXIII O carvalho abunda na Iberia p XXXIV Minas referencia as dos Lusttanos p XXXIV Cartago Nova p XXXIV Reabilitaio da geografia honie rica e fenicia p XXXIV E) A Lusuama de Esi, abo 1) Celucos e Vclhos Tu, diiIo~ XXXV Lusitanos a Sul do Tejo p XXXV O testemunho de Apiano e de Varro p XXXVI Os Celticos da Lusitania meridional e os seus nucleos depois da expedto na Galecia p XXXVII O testemunho de Plinto sobre os Povos da Tarraconense na parte lusitana setentttonal antiga e da Lusitania limttada pelo Douro p XXXIX Celtas e Velhos Tur dulos na Galecia p XLIV Celtas da Lusttanta no so Gaili mas Britanni p XLIV Os prtmittvos Calaicos sua localizaio p XLV A Lusuanca de Esu abo (w;itmuao) 1) A P,ovrnc,a e o Foto XLVI A primitiva provincia romana da Lusitania ia do Algarve ao Mar Can tabrico a segunda veto a terminar no Douro p XLVI Nova advei tencta contra os erros de interpretaao e divisao dos capttulos e contra as interpolaoes nccesstdade de recorrei ao elemento sistenlatico na exegese p XLVIII Recomeo no Cabo Sagrado p XLVIII O Tejo p XLVIII Aluso aos Povos do Leste da Lusitania e por fim aos Lust tanos do Norte ou Calaicos p XLIX Nao lusitana segundo Estrabo do Tejo para o Norte p LI Betis nome antigo do tio Mtaho p LII Urna hipotese LII
/~
11 1
PARTE T~DUO DA GEOG~FIA DE EST~BO segundo a edio de Adolfo Schulten (1952) E NOTAS por Jose Cai do~o Gcog, afia Livro III Capttulo 1 Geogi afia da Pie, la Capttulo TI Tarde/atua ou Bet,ca Capitulo III Lusuarna Cabo Sagrado embocaduras do Tejo Piomontorio Baibatio p 34 Moro e ilha, p 35 Bruto Calaico e as ctdades de Moro e Hlosis opetaes contra os Lusitanos p 35 Pescarias p 35 Curso do Tejo e Povos ribeirinhos Celtiberos Vetes Caipetanos Lusttanos Ore tanos Carpetanos, Vetes, Vaceus, e Lusitanos Calatcos p 35 Extea so da Lusttania, e Povos limitrofes p 36 Montanhas e plantcies
3 12 34
-j
115
p 37 Possidnio e Aristteles sobre mares, costas da }beiia e da Mau rusia, p 37 Riquezas da Lusitnia, p 38 Rios Mundas, Vacua, curso do Douro, desde perto de Numncia, cidades dos Celtiberos e Vaceus, sua navegao, Letes, tambem chamado Limea e Belio, Minio, tam bem chamado Betis, e sua navegabilidade, p 38 Possidonio, p 39 Teimo da expedio de Bruto no Rio Minho, p 39 Aitabros, Cabo Nerio, Celtieos do NO e sua provenincia do Gua diana e aliana com os Turdulos para uma expedio alem Limea ou Letes, Porto dos Artabros, depois ditos Aiotebios, p 39 Povos da Lusitnia (trinta), banditismo dos Lusitanos contra os Roma nos, que os domtnaram, p 41 Os Lusitanos, seu caiacter e aptides, armamento, somelhana aos Lacedemonios, banhos, frugalidade, saci ificios, p 41 Guedelha lusitana, semelhana com os Gregos de Pindaro, exercieios, alimentao dos montanheses (lande de carvalho) em dois teros do ano, p 42 Cerveja, escassez de vinho, manteiga em vez de azeite, habitos domesticos refeies, referncia a longinqua Bastetnia, vestuario preto, leitos de palha, vasos de madeira, como os dos Celtas, saias das mulheres com adornos florais, troca em vez de moeda, ou lminas de piata, p 43 Pena de morte, p 43 Pairicidas, pena de lapidao, p 44 Monogamia, a semelhana dos Gregos, p 44 Exposio dos enfei nios a borda dos caminhos, para ouvirem os enten didos, como no antigo Egipto, p 44 Embarcaes de couro, p 44 Barcos de uni so tronco, p 44 Transfoi mao operada nas embarcaes apos a expedio de Biuto, p 44 Sal gema, p 44 Refeincia aos stures, Cntabros, Vaceus e Povos do Norte, ate aos Pireneus, p 44 Pleutauros, Baiduetas, Alotrigas e outros nomes desa giadveis, p 45 Perntese sobie a rudeza dos Povos setentiionais, em especial os C~in tabios, os Coniacos e os Plentuisos, que esto junto das fontes do Ebio, e foram dominados por Augusto e Tiberio, p 45 Capitulo IV Das Coluna (te Me, tiles ((te ws P1, cHeia Aluso aos Calaicos, p 49 Aluso a Seitorio, p 59 Nascentes do Ana e do Tejo, p 60 Nova aluso a Sertoiio, gueiia com Metelo, p 61 Consideraes gerais sobre a Iberia, p 63 Aluso ao armamento dos Ltisitanos, p 63 Riqueza ibetica em cavalos, p 63 Aves, p 63 Cas iores, p 63 Possidonio, p 63 Razes boas para tintuiaiia, p 64 Oli veira, vinha, figueiia, sua abundncia na costa do Mediterrneo e costa atlntica contigua, p 64 Usos selvagens da populao setentiional, menos provida de riqueza agucola, dormem no cho, como os Celtas, p 65 Ateismo dos Calaicos, ou sacrificio a unia divindade inominada dos Celtiberos, p 65 Os Vetes e os Romanos, p 65 Crueldade dos Povos do Norte, especialmente os Cntabros, p 66 Usos celticos, semelhantes aos dos Tracios e Citas, p 67 Dificuldades dos Romanos na guerra cantabrica, p 68 Matriarcado, p 69.
47
116
Divises da Ibria, p. 69. Origem dos nomes Ibrico e Hispnia, p. 70. As provncias, p. 70. A Lusitnia, antiga e moderna; amputao recente da parte calaica, p. 71. Autoridades romanas, p. 72. Capitulo V As Baleares, reminiscn elas histricas sabre Tartesso e as Ilhas
Cassitrides
73
Baleares, p. 73. Excelncias de Gadira, p. 77. Fenmenos naturais, p. 77. As Cassitrides so dez e ficam para o Norte do Porto dos Arta bros, em pleno mar, p. 93. Sua riqueza em estanho e chumbo, p. 93. 2.~ PARTE: ADITAMENTOS E CORRECOES S NOTAS EM FACE DA EDIO CRTICA DE MULLER (1853.57), por Jos Cardaso Ao captulo 1 Ao 4, p. 99. Ao 5, p. 99. Ao 9, p. 99. Ao captulo II Ao 2,, p. 100. Ao 3, p. 100. Ao 4, p. 100. Ao 5, p. 100. Ao 6., p. 101. Ao 7, p. 101. Ao 8, p. 101. Ao 9., p. 101. Ao 12, p. 102. Ao 14., p. 102. Ao captulo III Ao 1, p. 103. Ao 2, p. 104. Ao 3, p. 104. Ao 6, p. 104. Ao 7., p. 104. Ao 8, p. 105. Ao capitulo IV Ao 1, p. 105. Ao 3, p. 105. Ao 4, p. 105. Ao 5, p. 106. Ao 6, p. 106. Ao 7, p. 106. Ao 8, p. 106. Ao 9, p. 106. Ao 10., p. 107. Ao 12, p. 107. Ao 13, p. 107. Ao 15, p. 107. Ao 16, p. 107. Ao 17., p. 107. Ao 18, p. 107. Ao 19, p. 108. Ao 20, p. 108. Ao capitulo V Ao l., p. 108. Ao 6, p. 109. Ao 7, p. 109. Ao 8., p. 109. Ao 9, p. 110. Ao 10, p. 110. Ao 11, p. 110. Agradecimento, p. 110. COREJGENDA
97 99 100
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3
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o
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