A Hierarquia Celeste Segundo Santo Tomás de Aquino
A Hierarquia Celeste Segundo Santo Tomás de Aquino
A Hierarquia Celeste Segundo Santo Tomás de Aquino
net) Inteno: A hierarquia celeste um breve estudo sobre a ordem das criaturas espirituais no cu. Deus supremo e est fora de qualquer hierarquia e ordem. Esta palestra procura apresentar a hierarquia celeste segundo o pensamento de Toms de Aquino. Muitas vezes esquecidos, negados, mal entendidos, reduzidos a smbolos, mitos ou a fenmenos psquicos, sempre oportuno recordar a verdade sobre o que so os anjos.
DOGMA A existncia do Anjo uma verdade de f. O nome Anjo significa mensageiro e no identifica a natureza do ser espiritual que ele , mas a sua funo. Deste modo, o seu ser esprito e o seu ofcio anjo. esprito pelo que e anjo pelo que faz.
Origem
As Escrituras testificam a existncia dos anjos. A palavra cu em Gn 1, 1 refere-se aos Anjos. Tem origem por criao como atesta So Paulo em Cl 1, 16: porque nEle foram criadas todas as coisas, nos cus e na terra, as visveis e as invisveis: Tronos, Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por Ele e para Ele. Unnime o Magistrio da Igreja e Santo Toms sobre a sua origem espiritual por criao, imagem e semelhana de Deus.
Finalidade
Criado para servir a Deus, contemplar a Sua glria, testemunhar, guardar, anunciar e executar a Sua Palavra no governo e conservao do universo. Serve a Deus, servindo ao homem, criatura que Deus quis por si mesma, imagem e semelhana do Seu Filho, centro da existncia dos anjos e dos homens, porque por Ele todas as coisas foram feitas, as visveis e as invisveis.
Natureza
O anjo criatura espiritual subsistente com intelecto, vontade e liberdade, portanto ser pessoal eviterno, incorruptvel e nico diante de Deus, boa por natureza, mensageiro da verdade, nominalmente conhecido por Deus. Apesar de esprito criatura limitada.
Estado
Depois da criao, mas antes de ver a Deus, o anjo foi posto prova. Com a converso a Deus, veio a confirmao permanente do estado, com a averso a Deus veio a negao permanente do estado original.
A Queda
Os Anjos maus converteram-se s criaturas e se reconheceram nelas, dando origem ao mal de culpa, induzindo queda de muitos inferiores por persuaso. Enraizado na soberba por no querer submeter-se a Deus naquilo que era devido, na inveja, por no conseguir que no existissem os santos e entristecer-se diante do bem do homem e da grandeza de Deus, desejou
ser semelhante a Deus por virtude prpria e no por auxlio divino, ao mesmo tempo em que quis tomar para si aquilo que para Deus o Seu bem mais precioso na criao: o homem, criado imagem e semelhana de Seu Filho.
Faculdade
A faculdade do anjo amar, um amor semelhante ao de Deus pela criatura. O anjo bom converteu todo seu entender, querer e agir para este amor, mas o anjo mau entronizou o dio e tornou-se o maior adversrio do amor. Todo anjo tem a capacidade de entender, querer, decidir e escolher simultnea, direta e de uma nica vez, definitiva e perfeitamente uma ou muitas coisas como elas so, sem sentir, emocionar-se, abstrair ou raciocinar.
Situao
Confirmado no amor o anjo bom converteu-se em mensageiro da verdade, mas o anjo mau privado do amor tornou-se o pai da mentira, convertendo toda a sua inteligncia na mentira e a sua vontade no mal.
Modo
Capaz de escolher segundo o conhecimento que possua antes da confirmao ou da queda, o anjo no atuou por ignorncia, mas por sabedoria ou maldade.
Consequncia
Sua escolha converteu plenamente toda a sua capacidade intelectual natural para o que escolheu, contraindo-se exclusivamente nisso, ao mesmo tempo em que resignava o intelecto e a vontade nesta livre deciso da natureza, sendo incapaz de revogar o seu ato de eleio, pois se tratava de um ato nico e exclusivo, pelo qual se decidiria, mediante uma contrao substancial, toda a natureza para o que ela entendeu e se inclinou a escolher.
Mundo
A averso a Deus e a converso a si mesmo o fez crer na falsa ideia de que o esplendor do universo fosse um efetivo reflexo do brilho de sua prpria natureza e no da glria divina. Convertido ao mundo tornou-se senhor deste mundo. Perverteu o mundo e aquilo que no mundo fora mais querido por Deus, o homem, este se torna no mundo o principal alvo de sua mentira, malcia e dio, com o intuito de atingir diretamente o Filho do Homem, de Quem o homem foi criado imagem e semelhana. Isso justifica a razo de o Anjo cado preferir vaguear no mundo corpreo a ter que ir para o inferno.
Indivduo
Cada anjo nico e no h nenhum outro que se lhe assemelhe em espcie. O que constitui formalmente cada uma destas naturezas subsistentes individuais foi o que cada uma recebeu por iluminao divina no instante da sua criao. Deus criou a forma espiritual subsistente iluminando-a e a iluminou criando-a. E nisso consiste a criao, iluminao e individuao do anjo.
Sem Cara
Sem coeso no ser o demnio no se reconhece como criatura divina individual, porque ao converter-se ao mundo reconhece em si a natureza material das coisas e se se reconhece nelas. Sua natureza disforme o faz manifestar-se com variadas formas sem face, pois no se d a conhecer porque no se reconhece.
Pessoa
O anjo pessoa, um ser espiritual individual subsistente com natureza digna por representar uma semelhana divina, mas s o anjo bom goza desta dignidade, porque o anjo mau, por sua escolha e ao justamente a dissoluo da dignidade da natureza Anglica e, por conseguinte, do seu ser pessoal. Deste modo, s impropriamente lhe convm o nome pessoa.
Hierarquia
Hierarquia governo sagrado. Tudo que Deus cria, Ele santamente governa segundo a Sua sabedoria, imprimindo uma ordem na criao, segundo a perfeio da Trindade: uma perfeio que purifica, outra que ilumina e outra ainda que aperfeioa. Primeira hierarquia caridade; Segunda hierarquia - esperana e a Terceira hierarquia - f. Cada hierarquia composta por trs ordens. Cada ordem composta por uma multido de anjos. Cada ordem denominada de acordo com as suas propriedades, ou seja, em razo das suas perfeies prprias.
1 Hierarquia
1 Ordem, a dos Serafins (ardor caritativo: imagem do amor divino); 2 Ordem, a dos Querubins (plenitude de cincia: imagem da sabedoria divina); 3 Ordem, a dos Tronos (assento de Deus: compreendem o juzo divino).
2 Hierarquia
1 Ordem, Dominao (governo dos prprios anjos: domina e distingue o que fazer); 2 Ordem, Virtude (executa a ordem da dominao com relao natureza fsica); 3 Ordem, Potestade (ocupa-se do combate aos anjos cados).
3 Hierarquia
1 Ordem, Principado (guia na execuo dos atos e dirigem os destinos das naes); 2 Ordem, Arcanjo (anuncia importantes misses aos homens e guarda as pessoas que desempenham importantes funes para a glria de Deus, como o Papa, bispos e sacerdotes); 3 Ordem, Anjo (anuncia, comunica e protege individualmente cada homem).
Desordem
H entre os anjos cados uma ordem se for observado o que tem relao originalmente com a natureza e ao que foi recebido por iluminao na criao, mas no quanto ao que relativo glria. Os Anjos cados foram: Primeira Hierarquia 2. Ordem: Querubins Segunda Hierarquia 3. Ordem: Potestades Terceira Hierarquia 1. Ordem: Principados O principado subordina-se Potestade, mas esta precedncia no infere relao de concrdia entre eles, pois se um obedece a outro no pelo amor ou amizade que tm entre si, mas pela maldade em comum a todos eles, pela qual se odeiam uns aos outros, odeiam os homens e rejeitam a justia de Deus.
Iluminar
Iluminar um ato prprio da oniscincia divina pelo qual irradia sua luz, a graa, sobre o intelecto anglico, aumentando-lhe a capacidade. A iluminao justamente este acrscimo de capacidade intelectual e de contedo intelectual no esprito. O anjo confirmado no amor tem esta capacidade, pela qual comunica alguma verdade e perfeio da Palavra divina dirigida ao anjo que denominada locuo, ou ao homem, pela iluminao.
Insinuar
Os anjos podem agir sobre a imaginao, no imprimindo uma imagem que o homem no tenha, mas agem de modo diferente, o anjo bom inspira a boa imaginao e o anjo mau a m. Podem agir sobre os sentidos externos, valendo-se externamente das coisas sensveis, ou internamente, alterando a forma de percepo sensvel das coisas, sem propriamente alterar a formas das coisas. Desse modo, o anjo pode agir de maneira peculiar sobre os sentidos fora do modo ordinrio, mas no pode provocar uma imaginao do que no se sente.
Moo
O anjo tem o poder de mover-se a si mesmo, a outro esprito puro, a alma espiritual unida ao corpo ou separada dele, ou mesmo qualquer outra criatura corprea. Tal movimento advm de sua capacidade espiritual, mediante algum ato do seu entendimento, que impele a sua vontade a mover-se. No se locomove, segundo uma moo tpica dos corpos que se movem por si mesmos, nem se desloca, conforme uma moo especfica dos corpos que so postos em movimento por ao do movimento de outro corpo.
Moo Espiritual
Pode ser por: Iluminao (na alma unida ao corpo, separada no purgatrio ou no cu) Insinuao (na alma unida ao corpo ou separada no purgatrio)
Persuaso (no anjo inferior, na alma unida ao corpo, ou separada no inferno) Tentao (insinuando ou persuadindo um anjo ou uma alma unida ao corpo a acreditar, aceitar e escolher uma inverdade).
Moo Corporal
Poder ser por: Locomoo (suspender um corpo) Composio (compondo substncias, fazer aparecer o fogo) Impresso (imprimindo no corpo uma nova colorao, segundo a capacidade da coisa).
O Milagre
Os anjos no realizam milagres. Tudo o que fazem segundo o seu poder natural. Mas milagre s Deus faz, quando algo se faz para alm da ordem da natureza, para alm de toda ordem natural criada. As operaes ocultas na natureza que os demnios fazem no so efetivos milagres. No podem realizar sinais, prodgios, portentos ou virtudes, cura, profecia, lnguas, bilocao, estigmas, levitao, sinais astronmicos, expulso de demnios e ressurreio, embora possam enganar fazendo parecer serem capazes de fazer.
Manifestao
Os anjos se manifestam aos homens, segundo diversas aparncias passveis de serem total ou relativamente compreendidas pelo homem, dentro do contexto da sua vida, do que nela os homens puderam aprender e imaginar: ao assumir aparncia de corpo, ao possuir o esprito humano, ao infestar coisas ou obcecar pessoas
A Aparncia
O anjo bom, apesar do esplendor do seu esprito, mostra-se numa aparncia compreensvel ao esprito humano, segundo uma aparncia humana esplendorosa, com imenso fulgor, que logo d a impresso de ser o mais belo e perfeito dos seres humanos. O anjo mau, em conseqncia da sua natureza decada no pecado manifesta sua aparncia totalmente carente de unidade, bondade, verdade e beleza, por isso aparenta o que no , assumindo, s vezes, uma aparncia humana enganadora, ou de mesmo de animais monstruosos ou criaturas amorfas desconhecidas ao homem. Trata-se de uma aparncia sem face indescritivelmente mltipla, m, falsa e, portanto, feia. Por isso, no raro e por causa do modo como se manifesta, o demnio foi descrito com as formas mais aberrantes e feias que encontramos no universo sensvel. Pode apresentar falsamente forma esplendorosa, fazendo parecer o que de fato no para seduzir e levar a alma ao pecado.
O Toque
O anjo pode tocar as realidades naturais; quando um anjo bom ele sagra o que toca (um pedao de roupa, algum utenslio e mesmo partes do corpo de uma alma santa, como fragmentos de ossos), quando um anjo mau ele infesta o que toca porque a utiliza como instrumento de manifestao do seu dio, vileza, baixeza, fealdade e falsidade. So objetos que podem ser utilizados tanto pelo anjo quanto pelo demnio para manifestar o seu poder ou mesmo persuadir o homem acerca do que ele deve acreditar e decidir. Os objetos de infestao, na maioria das vezes, so vis e no raro profanos, porm teis para a sua manifestao, como os
objetos que so usados para simpatias, adivinhaes, augrios e coisas semelhantes que so potencialmente instrumentos de infestao.
A Obsesso
Denomina-se obsesso a manifestao do poder do demnio sobre alguma sensao do corpo, sentimento ou imaginao, provocando-lhe uma paixo na alma, desordenando-a, na medida em que insinua e/ou persuade a alma a aderir a tal paixo, contrariamente moo da graa e da virtude. O demnio faz isso propondo imagem que ele no inventa nem impe, mas sugere, insinua falsa e ilusoriamente, segundo aquilo que toca alguma fraqueza humana. O demnio tambm pode persuadir a alma a aderir tal paixo, valendo-se da provocao externa causada pela infestao, fazendo parecer com que algo perverso e avesso graa de Deus se manifeste como algo bom, til e prazeroso, transformando num objeto de obsesso da alma. A obsesso causa a cegueira espiritual da alma e a impede de ver a luz da graa, o que implica na averso a Deus e a converso criatura.
A Possesso
Denomina-se possesso a manifestao do demnio sobre a alma humana, enquanto entra no corpo do homem, mediante uma operao que consiste em tomar, assumir ou possuir as faculdades da alma e, mediante isso, todo o corpo. Isso o anjo bom no faz, no porque carea de poder, mas porque respeita a liberdade humana. O demnio, ao contrrio, porque no a respeita, embora no possa tocar e manipular a liberdade humana nem conhea a inteno humana, recorre a este ato extremo para manifestar o seu poder.
Ao da Possesso
Usar rgos: a boca e as cordas vocais para vocalizar lngua rara blasfemando, ou para informar fatos aparentemente ocultos ao conhecimento humano, falsear e distorcer a verdade, fazendo-a parecer verdade. Mover o corpo possesso, fazendo-o levitar, tornando-o mais forte e imune a medicamentos como calmante ou qualquer outra droga que acalme a agitao espiritual da alma possessa.
Possuir o corpo vivo, pois do contrrio seria uma infestao se o demnio se valesse de um cadver para manifestar-se. Possuir a alma humana, verdadeiro princpio vital do corpo, para disp-la contra Deus. Blasfemar e escandalizar as almas mediante mostra de poder mediante a possesso, para afast-las de Deus. Escravizar a liberdade humana, o apangio da natureza humana, por ser similitude liberdade divina.
Misso
Misso significa a ao em que algum envia outrem com a incumbncia de executar uma tarefa ou exercer um encargo. Como tal, a misso implica uma dupla relao: do enviado com quem o envia e do enviado com o fim para o qual enviado. No caso do anjo, quem o envia o faz por uma ordem ou mandato, tal como um senhor envia um servo, mediante uma ordem, pois quem ordena superior. O envio tem tais finalidades: que o enviado comece a estar em algum lugar onde antes nunca esteve ou que sirva quem o enviou onde esteja. Ora, est includo na ordem divina servir o homem. Portanto, eles tambm so servos dos homens. Mas sobre isso se deve advertir que os anjos em suas aes onde esto servem principalmente a Deus e s secundariamente ao homem.
Condies da Misso
Os anjos so enviados para agirem como servos para executar ordens dadas por quem os enviou. Os anjos enviados gozam da presena divina no encargo que executam. A misso e o servio devem ser exercidos na caridade, enquanto acende o fogo do amor no corao dos homens. No h misso para os demnios, pois contrados no dio no servem, pois toda misso Anglica supe uma ordem e uma finalidade dadas e ordenadas segundo a caridade por Deus. Sem misso os demnios sempre tentam estar onde no podem estar. Algumas vezes, sob a permisso divina, conseguem estar onde querem estar, mas no o podem normalmente, como no corpo possesso ou nos ares; mas no querem estar no inferno.
Guarda
O anjo enviado por Deus para servi-lO. Ora, um dos servios prestados pelo anjo a guarda dos homens. De fato, se o homem o tesouro da criao divina, justifica-se enviar um sdito fiel e poderoso para guard-lo. Da que anjos bons sejam enviados para a guarda dos homens, para dirigi-los e mov-los ao bem. Deus, em sua oniscincia, providencia que o anjo guarde o esprito do homem, porque sabe que tal tesouro se encontra depositado num vaso de barro. Portanto, o homem necessita desta guarda, porque embora livre, ele por si mesmo no consegue suficientemente evitar o mal e fazer o bem, condio para alcanar a caridade.
Condies da Guarda
Cristo, como homem, no possuiu anjo da guarda, pois era dirigido imediatamente pelo Verbo de Deus, no precisando por isso da guarda dos anjos. Por isso, no precisou de um anjo superior a Ele que Lhe guardasse como ser inferior, mas de um anjo inferior que Lhe servisse.
A todos os homens so delegados, desde o nascimento, anjos para guard-los, sem nunca totalmente os abandonar, com a inteno de que no fim da jornada terrestre reine com ele um anjo, para que no encontre no fim deste caminho o inferno, onde haver um demnio para puni-lo. O demnio no guarda porque quer que o homem se perca do caminho. No h um demnio tentador para cada homem, pois o nmero de demnios no superior ao de anjos da guarda e um s demnio pode tentar pela comum concupiscncia da carne, muitos homens ou muitos a um s homem.
Como Guardam
O anjo da guarda priva o homem mau de fazer um mal ainda maior e evita que o demnio possa realizar, mediante sua influncia sobre tal homem, o mal tanto quanto gostaria. De tal modo que o anjo da guarda no deixa que o demnio valha-se de um homem para fazer todo o mal que queira. O anjo da guarda, embora no queira que o homem peque e sofra no se entristece nem sofre pela culpa nem pela pena do homem que guarda, pois nada acontece no mundo que contrarie a vontade do anjo da guarda, porque a sua vontade perfeitamente adere ordem da divina justia. O anjo da guarda conduzir a alma guardada diante do tribunal, como testemunha dos atos bons ou maus cometidos por ela. O anjo tambm mostrar ao tribunal sua diligncia, vida virtuosa ou testemunhar a sua negligncia.
Tentao
Tentar experimentar alguma coisa e o demnio tenta o homem com uma finalidade m, pois quer saber como algum est na f ou na virtude para engan-lo ou faz-lo cair. Conhecedor da concupiscncia humana pelas coisas externas que o homem realiza, ele tenta porque no sabe se o homem resiste tentao. Tenta para estimular o vcio ao qual o homem est mais inclinado. Tenta a carne para enfraquecer a vontade e inclin-la ao pecado. Tenta para saber; se sabe a fraqueza, persiste; e persiste porque quer dominar; e domina porque o quer utilizar como instrumento para fazer o mal. Quer instigar o pecado e punir o homem. Seria uma resistncia intil se a alma no tivesse o auxlio da graa divina e o auxlio da guarda do anjo. No suficiente ao homem para evitar ou resistir ao assdio tentador do demnio sobre a concupiscncia humana apenas a ascese, dada pela virtude adquirida pelo exerccio da
temperana da carne quanto aos prazeres do mundo. Sem a graa e o auxlio do anjo da guarda o homem, por causa da sua concupiscncia, no consegue por si mesmo resistir tentao.
Anjos Hoje
A proliferao de seitas sinal de uma profunda crise da unidade da f crist em nossos dias. Seguramente isso se reflete numa Angelologia desacreditada, mitificada, quando no negada por causa de trs erros: teolgico, filosfico e cientfico. O teolgico, o mais grave, consiste em ir de uma mera considerao dos anjos como smbolos poticos, como assinala P. Tillich, simples negao da sua existncia, como sustenta R. Bultmann. Dentre os telogos catlicos as maiores reservas com relao considerao da natureza Anglica devem ser feitas com relao doutrina de Karl Rahner, a ponto de um dos seus maiores intrpretes mostrar a ambiguidade e a periculosidade de sua doutrina. O erro filosfico , muitas vezes, a base de sustentao do equvoco teolgico e cientfico. O equvoco filosfico se identifica, sobremaneira, com as teses materialistas e racionalistas que interpretam tais seres como mitos que alienam. De fato, as cincias humanas, especialmente aquelas aplicadas que se fundamentam em tais doutrinas filosficas e que estudam o comportamento humano, como a psicanlise, acabam facilmente por conceber e enquadrar anjos e demnios em alguns dos tipos de neurose e/ou psicose. A infeliz propagao da teologia da prosperidade substantiva o mal no demnio e acaba por gerar uma espcie de idolatria s avessas, a partir de uma infundada oposio aos demnios e de um absoluto esquecimento da devida venerao aos santos anjos.
Concluso
O Papa Joo Paulo II, em mensagem de 31 de maro de 1985 dizia aos jovens como identificar nos dias de hoje este latido do demnio: A ttica que aplicou e que aplica consiste em no se revelar, para que o mal difundido por ele desde a origem se desenvolva por ao do prprio homem, atravs dos sistemas e das relaes entre os homens, entre as classes e entre as naes (...) a fim de que o mal se converta cada vez mais num pecado estrutural e cada vez menos se possa identific-lo como pecado pessoal. Em razo do exposto, mais do que nunca se faz necessrio uma adequada exposio acerca da natureza destes seres, como atuam em silncio na origem do pecado pessoal, transformando-o em social. E nada mais perfeito do que se valer do que h de melhor dentre o que de melhor se escreveu sobre tais seres: Santo Toms de Aquino quem muito foi tentado contra a castidade e que a venceu; e se no a tivesse vencido com o auxlio do seu anjo da guarda que lhe infundiu a graa de Deus, a Igreja no o teria conhecido como Doutor Anglico, como nos relata conta o Papa Pio XI em sua Encclica Studiorum ducem.