Analise Critica Do Livro Analise Biblica Do Catolicismo Romano
Analise Critica Do Livro Analise Biblica Do Catolicismo Romano
Analise Critica Do Livro Analise Biblica Do Catolicismo Romano
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2009
PREÂMBULO
A HISTÓRIA DO CATOLICISMO
Agora, o pastor Joel tenta provar que os chefões, como ele chama as
autoridades da Igreja Católica, que essas autoridades sabem do que ele
afirmou, ou seja, dão fé. O autor cita a primeira prova, com uma citação da
Enciclopédia Católica feita por Ralph Woodrow, a respeito da suplantação do
culto dos deuses pagãos pelo culto dos santos cristãos. Vejamos as provas
do pastor Joel:
***
Sabendo que os cristãos católicos afirmam que não adoram aos santos,
mas apenas os veneram, e que esses não são deuses, o pastor chama isso
de sincretismo; de idolatria disfarçada. Isso seria uma influência pagã, ao
contrário do que seria correto, ou seja, de uma influência cristã no
paganismo. Vejamos as palavras do pastor Joel: O povo de Deus não tem
um santo para cada coisa, e sim, um Santo para todas as coisas, a saber,
São Jesus (Sl 121.1-2). Qualquer igreja que imita o paganismo é pagã-
gospel. Isso seria verdadeiro se fosse como o pastor Joel imaginou, no caso
de um sincretismo do cristianismo com a macumba, onde os “cristãos”
fariam algo similar como oferecer galinha branca a Jesus, no lugar de
galinha preta aos orixás, e teria razão questionar: Não seria isso uma
macumba-gospel? Isso tudo não agradaria ao Senhor. Para o pastor, a Igreja
Católica está no mesmo caminho. Mas o fato é essencialmente outro. Para
haver idolatria é necessário haver adoração a um ídolo. Se o culto cristão
não oferece adoração aos santos, e esses não são deuses ou ídolos, não há
idolatria. Se pelo menos se houvesse adoração a uma criatura, a um santo
qualquer, essa o transformaria em um ídolo e, portanto, o culto consistiria
em idolatria. Assim, é necessário compreender o que é adoração. Todos os
atos cristãos de culto dos santos não são indicativos de adoração, mas
apenas de veneração.
O parecer do pastor Joel de que não é bom negócio nos conduzirmos por
milagres, está correto. Devemos crer na palavra de Deus, isso é essencial.
Muitas vezes os “milagres” são enganosos, são falsos.
CAPÍTULO 2
2.3. “Infalíveis”
CAPÍTULO 3
CRIANÇAS NO LIMBO?!
Pode-se responder que isso nada mais é que uma fidelidade da Igreja ao
texto sagrado. E quando a Igreja afirma que Deus pode salvar mesmo sem
os sacramentos, está expressando o mesmo que D. Estevão quando aludiu
aos recursos que Deus tem para salvar, e que nos são desconhecidos. Em
João 3,5 Jesus não revela outro meio pelo qual o homem possa entrar no
Reino de Deus, mas apenas o renascer da água e do Espírito. Se o
protestantismo interpreta essas palavras como sendo outra coisa, por
exemplo, a fé e a conversão, o que exclui o batismo, isso também estaria
“excluindo” as criancinhas, que não podem ter fé, visto não terem chegado
ao uso da razão. Mas, é óbvio que o protestantismo prega que as crianças já
estão salvas. Onde os protestantes encontram essa afirmação é que é um
mistério, pois a Sagrada Escritura não o revela. O próprio texto de São João
citado acima é uma prova irrefutável disso.
O pastor Joel questiona assim a D. Estêvão: o senhor disse que a Igreja ora
pelas almas das criancinhas que morreram sem ser batizadas. Caso essas
orações sejam respondidas, em que tais almas serão favorecidas? Sairão do
lugar em que estão, onde não podem ver a face de Deus, e voarão ao Céu?
Se sim, pergunto: Então o senhor aquiesce que elas não estão no Céu? Ou o
senhor não sabe onde elas estão? Caso esta última pergunta seja
respondida positivamente, concluo que o senhor admite que as almas em
questão podem não estar bem, assim como também reconhece que há uma
possibilidade de elas já estarem na bem-aventurança eterna. Logo, o senhor
não confirma a existência do Limbo, não o nega, nem se silencia sobre o
assunto, mas fala como bom representante de sua insegura igreja. Sendo
assim, tal qual a sua Igreja, o senhor está cheio de dúvidas, não é mesmo?
O pastor Joel diz: Os espíritos das crianças que estão no Limbo, embora não
estejam numa condição tão ruim quanto a dos que estão no Inferno, não se
pode dizer que já estão salvas, considerando que a sua Igreja prega que se
deve orar pela salvação delas, como visto há pouco. Ora, se não estão
salvas, então estão perdidas, não é mesmo?
E ainda, diz o pastor Joel: E essa não é uma atitude anticristã, que põe em
xeque a justiça e a misericórdia de Deus?
***
O pastor conclui que tudo isso é fazer uma péssima imagem da pessoa
maravilhosa de Jesus e diz: O fato de Jesus haver dito que das crianças é o
Reino dos Céus (Mt 19.14) constitui prova de que elas estão
automaticamente sob a graça de Deus, oriunda do sangue de Jesus.
O pastor reconhece que à luz da Bíblia (Sl 51.5; Rm 5.12, etc.) podemos
afirmar que os recém-nascidos são, de fato, portadores do que se
convencionou chamar de “pecado original”. A Sagrada Escritura é,
realmente, claríssima ao afirmar a doutrina do pecado original. Porém, a
explicação para o pecado original como sendo a natureza pecaminosa causa
um problema. A nossa natureza pecaminosa continua sempre como tal,
inclinada ao pecado pela concupiscência, e sabemos que a concupiscência
não pode ser tirada da natureza humana. Sendo assim, o pecado original se
tornaria um pecado “imperdoável”, se o considerarmos como sendo a
própria natureza humana pecaminosa. Contrário a isso, a Bíblia apresenta
como pecado imperdoável somente a blasfêmia contra o Espírito Santo. O
pastor afirma: ...quando nós formos ao seu encontro através da morte, o
Espírito Santo eliminará de nosso ser a natureza pecaminosa, também
chamada de pecado original. Bem, então, é na morte que ficamos livres
do pecado original? Diante do fato de que todos os seres humanos morrem,
todos ficam “livres” do “pecado original”, “através da morte”. Mas o pastor
afirmou que é o Espírito Santo que eliminará de nosso ser a natureza
pecaminosa. Isso torna claro que, segundo o pastor, há no “ser humano”
uma natureza pecaminosa que se chama pecado original, e que esse
pecado só é eliminado [pelo Espírito Santo] na morte. Então, o Espírito
Santo eliminaria o pecado original dos salvos, quando esses morressem, e
não faria o mesmo com os outros mortos. Mas assim, todos os homens
convivem com o pecado original até a morte! Não havendo diferença
alguma nesse aspecto! Diante de tudo isso, é necessário informar que foi
Lutero quem ensinou que o pecado original é a nossa natureza, ou, mais do
que disse o pastor Joel, Lutero disse que o pecado original é o nosso próprio
ser. Isso é uma heresia. A doutrina cristã católica ensina [sempre ensinou]
que o pecado cometido por Adão e Eva, não obstante ser para eles um
pecado pessoal, afetou também a natureza humana, e se propagou e todos
os seus descendentes, pois, como primeiros pais, pecaram na posição de
cabeça da raça humana. Com esse pecado original, perderam a santidade e
a justiça originais, ocasionando consequencias dramáticas para a natureza
do homem, como a concupiscência, o sofrimento e outras, sendo a maior
delas a morte. Como se pode perceber, a concupiscência ou a natureza
inclinada ao mal é uma conseqüência do pecado original e não o próprio
pecado. (Romanos 5, 19; Catecismo 397). O pecado original é transmitido
com a natureza humana (CIC 419). Portanto, o ser humano deve ser posto
novamente na graça de Deus, e isso acontece através do Batismo, que
devolve a vida da graça, apagando o pecado original e tornando a pessoa
um filho de Deus. As conseqüências do pecado permanecem, e devem ser
combatidas pelo homem auxiliado pela graça recebida. Portanto, o pecado
original é perdoado, é apagado no Batismo, para que vivamos a vida na
graça de Deus. O que passar disso é heresia.
São as palavras que nosso Senhor Jesus Cristo diz no último capítulo de
Marcos:
"Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado."
Pelo que foi provado acima, Lutero ensina que o batismo perdoa os
pecados, livra da morte, livra do diabo e dá a salvação eterna.
Certamente, se o pastor já conhecia essa doutrina luterana [dá a entender
que não], ele excluiu os luteranos do protestantismo, pois afirmou que as
igrejas que batizam as crianças não o fazem para libertar os nenês do
poder das trevas, arrancá-los de debaixo do poder do Maligno, ou como o
mesmo Lutero escreveu: livrar do diabo. Com isso, pode-se dizer que
quem mudou de doutrina [protestante] não foi Lutero, mas os protestantes
reformados.
Comentando as argumentações de muitos protestantes que afirmam ser
desnecessário batizar os bebês, pois esses não tem pecado, e que os
católicos retrucam afirmando a realidade do pecado original, e também
pelo fato de que Jesus mesmo sem pecado se deixou batizar, o pastor
reconhece que os católicos tem uma dose de razão, pois o pecado original
e o batismo de Jesus, são fatos inegáveis à luz da Bíblia. Mas afirma que se
os católicos querem se inspirar em Jesus, deverão batizar exclusivamente
os adultos. A isso se responde que o batismo que Cristo recebeu não foi o
batismo cristão, pois esse logicamente Ele mesmo iria instituir. Depois
questiona: Porém, será que o batismo lava pecado original? Mas é claro.
Sendo o pecado original e privação da santidade e justiça, e o batismo a
operação da justificação, então o pecado original é apagado. Se se
considerar o pecado original como a concupiscência, que é um erro
doutrinal, então não há como crer que esse fosse apagado. O pastor afirma
optar por batizar somente os que creem, o que exclui os recém-nascidos, e
respeita os que divergem dele, se não atribuem valor salvífico ao batismo.
Em outras palavras, creio que nesse caso somente se o batismo é segundo
a teologia calvinista-reformada. O pastor Joel apresenta três razões para
considerar o batismo católico como “não bíblico”: Primeiro, porque é por
aspersão; segundo, porque é extensivo às criancinhas; terceiro, porque é
visto como tábua de salvação. Os dois primeiros “erros”, segundo ele, não
descaracteriza nenhuma igreja cristã, mas o último sim, é um “erro
gravíssimo”, pois faria de Cristo um mostro, que condena até os bebês e
negaria que o sangue do Senhor é a única fonte purificadora. A essa
objeção do pastor Joel, até Lutero já havia respondido, visto que o batismo
confere a graça através do sangue de Cristo, pois que o batismo não é só
água, mas é a água contida no mandamento de Deus e ligada à palavra de
Deus (Catecismo Menor de Martim Lutero). Portanto, mesmo estando tão
convicto, e aberto quanto à questão, como está o pastor Joel, afirmando
que mesmo se estiver em erro por negar o batismo aos recém-nascidos e
adotar a imersão como forma única, ele diz estar tranqüilo, pois é o sangue
de Cristo a única tábua de salvação, o pastor deve reconhecer que a
questão não necessita de compreensão maior, já que Lutero (para citar os
protestantes) havia respondido a esse aparente problema. Os luteranos,
certamente, não fazem parte daqueles que convergem nesse assunto,
segundo o pastor. Se o luteranos são protestantes [e são realmente], não
há a tal convergência na divergência aludida nesse tópico.
CAPÍTULO 4
Nesse capítulo, tópico 1.1 a), o pastor Joel tenta provar que foi oficial e
definitivamente no século XVI que os livros deutero-canônicos (que os
protestantes chamam apócrifos) foram adicionados à Bíblia. Vejamos a
explicação:
Na explicação supra-citada podemos notar que não foi algo novo o que
se deu no século XVI, pois é reconhecido que a Igreja já havia aprovado os
deuterocanônicos desde o fechamento do cânon no 4º século. Mas o pastor
Joel afirma que a adição (que nunca houve) foi, de forma oficial e definitiva,
feita no século XVI, e mostra que essa decisão foi ratificada em 1870. Após
essas explanações, o autor questiona se o leitor não desconfia de nada. A
isso pode-se responder que se houve mais ratificações é porque foi
necessário! Mesmo a definição do século XVI não foi em vão, de forma
arbitrária ou sem necessidade. Por que o Concílio de Trento tratou da
questão do Canon? Porque os protestantes, iniciando com Lutero, estavam
colocando em dúvida e retirando muitos livros da Sagrada Escritura,
entre os quais os deuterocanônicos. A Igreja, depois de vários anos, à luz da
Bíblia e tradição cristã, responde a todas as dúvidas e acusações dos
protestantes, definindo (contra todas essas dúvidas) o cânon bíblico que a
Igreja recebeu de Deus.
Contudo, o pastor Joel apresenta outras razões pelas quais a Igreja teria
adicionado livros à Bíblia. Por exemplo: A adição dos apócrifos à Bíblia se
deu pela seguinte razão: Prover aos padres recursos para “provar” pela
“Bíblia” que o Catolicismo é ortodoxo. Por exemplo, 2Macabeus, capítulo 12,
versículos 40 a 46 diz que é certo rezar pelas almas dos mortos. E no
capítulo 15, versículos 11-16 deste mesmo livro, consta que Onias e
Jeremias, então já falecidos, intercediam a Deus em prol dos judeus. Ora,
uma "Bíblia" assim era tudo que o clero católico precisava. Nenhum livro da
Bíblia manda rezar pelos mortos, tampouco dizem que os mortos oram por
nós; só 2Macabeus o faz; e o leitor não desconfia de nada?
Poderia afirmar que padres já teceram críticas a essa expressão (já ouvi
crítica de um padre quanto a isso). Parece que essa crítica foi feita também
por Bento XVI, pois essa oração insinuaria uma salvação para todos os que
morreram. Mas, visto que a doutrina cristã católica nunca ensinou a rezar
pelos condenados, e o Catecismo ratifica essa doutrina (os condenados não
tem possibilidade de salvação), podemos concluir que essa oração contém
uma ambiguidade ou uma má articulação gramatical ou outro erro dessa
espécie, e seria oportuna uma correção. Portanto, a segunda objeção não
tem sentido fora disso. Entretanto, a objeção está correta quando notou a
que resultado errôneo aquelas palavras podem levar.
CAPÍTULO 5
O PERDÃO E A DOUTRINA DO PURGATÓRIO
O pastor conclui assim a doutrina cristã católica sobre como alguém entra
no Céu: a) Obter o perdão dos pecados (especialmente dos pecados
graves); b) cumprir a pena devida pelos pecados já perdoados, ou obter
uma indulgência plenária; c) tornar-se perfeito. Caso a pessoa morra após
cumprir a exigência “a”, ou até mesmo após preencher os requisitos “a” e
“b”, mas sem satisfazer a exigência “c”, terá que sofrer por um tempo no
purgatório, antes de entrar na bem-aventurança eterna. Ou seja, aquele
que, mesmo tendo morrido com todos os pecados graves e veniais
perdoados, mas sem cumprir as exigências “b” e “c”, permanecerá no
purgatório até cumpri-las. Só a partir daí, terá livre acesso ao Paraíso
Celestial. E os cristãos podem ajudar as almas com orações, esmolas,
missas etc., e as próprias almas do purgatório em suas orações pelos
vivos. Podemos dizer mais a respeito da letra a, que o perdão dos pecados
graves é imprescindível para entrar no céu, pois quem não obtém esse
perdão de Deus, não pode ser salvo. As penas de que fala a letra b, bem
como a indulgência plenária, são as penas temporais, que sempre ficam
como conseqüências dos pecados. E a indulgência é a remissão dessas
culpas. O tornar-se perfeito, expresso na letra c, é uma ordem do próprio
Deus que diz para sermos perfeitos assim como Ele é, e Deus não
ordena nada que Ele não possa tornar possível, se foi exigido é porque é
possível. Sendo a Igreja a dispensadora dos dons de Deus e tendo
autoridade dada por Deus, pode exigir certas obras do fiel para que possa
alcançar indulgências. Certamente é isso que está no exemplo que o pastor
apresentou: Antigamente uma indulgência custava um terço do que se
gastaria com uma peregrinação a Roma. Em qualquer parte do mundo,
bastava o católico calcular o que ele gastaria para sair do seu país, ir a
Roma e retornar à sua casa. Depois dividia este valor pelo algarismo três e
doava o quociente à Igreja Católica.
b) para o pecado perdoado não há pena alguma a ser cumprida, visto que
perdão e cumprimento de pena são termos incompatíveis entre si, e,
portanto, auto-excludentes;
c) não é preciso atingir a perfeição nesta vida, para ir morar no Céu, visto
que se isso fosse verdade, ninguém iria direto para o Céu, já que a Bíblia
diz que todos nós pecamos (1Jo 5. 8,10; 2Cr 6.36; Tg 3.2). Morrer antes de
atingir a perfeição, não é algo apenas “bastante freqüente”, como o supõe
o Padre Estêvão, mas sim, algo inevitável a todos os humanos;
d) as almas dos verdadeiros cristãos que já partiram desta vida, não estão
aguardando maior purificação para, então, adentrarem à presença de
Deus, visto que já partiram desta vida cem por cento purificados mediante
o perdão que nos é dado por meio do sangue de Jesus, vertido por nós na
cruz;
Que Jesus tenha quitado 100 por cento toda a dívida com o seu sacrifício
redentor ninguém pode duvidar. Porém, Cristo salvou e redimiu a
humanidade para que todos tenham acesso ao céu e não para que sejamos
dispensados de sofrer as conseqüências temporais (penas) de nossos
pecados voluntários. Nesse item parece que não houve uma harmonia
entre a misericórdia e a justiça de Deus. Ele perdoa cem por cento, mas
não requer mais nada da parte do perdoado?
2 Coríntios 5: 17: Tudo se fez novo, mas o homem ainda está sujeito a
pecar, e não pode entrar no céu com o pecado ou pena temporal.
Lucas 23: 43: É a promessa de que nós estaremos com Cristo no paraíso.
O ladrão foi salvo por Cristo depois de arrepender-se. Após sua justificação,
seu novo nascimento, sem o batismo, pois, como diz o Catecismo, Deus não
está ligado aos sacramentos. Portanto, não havia mais penas, eternas ou
temporais, para que cumprisse. Mesmo assim, o ladrão aceitou
pacientemente o seu sofrimento como um verdadeiro regenerado.
Hebreus 7:25: O texto diz que Cristo pode salvar, mas não aplica Sua
salvação de qualquer forma, ou seja, não salva de qualquer jeito, mas
somente os que se chegam a Deus por Cristo.
O pastor cita o Catecismo para dizer que o catolicismo ensina que deve-se
confessas o pecas pelo menos uma vez por ano e cita dos números 1448 e
1449. Segundo o pastor a Igreja está tirando proveito de um texto de difícil
interpretação, o qual é João 20, 23. Realmente, para o protestante que
segunda o sacramento da penitência, esse é outro texto que não se encaixa
em sua teologia protestante. De fato somente Deus perdoa dos pecados, (2
Cr 7.14; 6.21; Sl 103.2,3; 1Tm 2.5; Jo 14.6; Hb 10.19, etc.), mas a negação
de que Cristo deu a homens o poder de perdoar em seu nome, recorda as
acusações dos fariseus contra Cristo, dizendo que só Deus pode perdoar os
pecados. O tempo perfeito está dizendo que o que o apóstolo pronunciasse
já foi concedido, tem o aval do céu, ou seja, ele tem a permissão para tal,
para que fosse aplicado no tempo necessário: o poder de perdoar e reter os
pecados. Tudo de acordo com a vontade de Deus, pois é óbvio que Ele não
ratifica o que destoe de Suas palavras. O texto de Mateus 16, 19 também é
alvo do pastor Joel. Esse texto estaria apenas dizendo que Pedro teria o
direito de: ...declarar ligado o que à luz da Palavra de Deus, demonstrasse
estar ligado nos céus; bem como declarar desligado dos céus o que, pela
mesma razão, demonstrasse estar alienado de Deus. Logo, o texto em
apreço não delega a Pedro o poder de perdoar ou não os pecadores, mas
sim, o poder de mostrar aos pecadores o caminho do perdão, bem como o
poder de declará-los perdoados ou não, à luz da Palavra de Deus [Pastor
Joel]. Será que Cristo não tinha pessoas em mente quando disse “tudo” o
que ligares e não “todos”? São Pedro teria autoridade de dizer: “Fulano não
pode ser reconhecido como membro da Igreja, até que se converta”. Ele
podia dizer também: “Se tua fé e arrependimento são sinceros, estás em
sintonia com os Céus, isto é, tens comunhão com Deus; e, portanto, te
reconhecemos como membro da Igreja do Senhor”. Para fazer tal afirmação
parece óbvio não ser necessário receber um poder de Deus como aquele
dado a São Pedro e aos Apóstolos. Que alguém não possa ser reconhecido
como membro da Igreja até que se converta, todos os cristãos sabem, pelo
menos os mais esclarecidos. É, assim, difícil imaginar Nosso Senhor apenas
dando o direito de reconhecimento aos apóstolos, para que dissessem: olha,
se você tem fé e se arrependeu sinceramente, você está em comunhão com
Deus! Essa interpretação talvez nem Lutero tinha em mente! É novíssima.
[A Almeida Corrigida e Revisada Fiel traduz Mateus 16,19 assim: E eu te
darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado
nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.]. É mais
fácil aceitar o que o insofismável texto está dizendo: àqueles que os
apóstolos perdoassem seriam perdoados e àqueles aos quais não
perdoassem esses teriam seus pecados retidos, e em Mateus 16, 19 é dado
o poder e autoridade de ligar e desligar pessoas na Igreja.
Não existe salvação pelas obras, mas pela fé e pelas boas obras. E isso
não é um expediente estranho à Bíblia, pelo contrário, é a própria doutrina
bíblica. Para o pastor Joel, a salvação pelas obras seria um pechinchar com
Deus, uma pechincha vã, já que o preço estipulado é o Sangue de Jesus e
Deus não abre mão disso, o que seria, de outro modo, uma salvação
barateada. (Apocalipse 5.9; 1 Pedro 1.18-19). Diz o pastor Joel: Somar ao
sangue de Cristo o mérito de nossas obras, é subestimar o preço. No
entanto, não haveria sofrimentos ou obras ou invencionices que para
baratear a salvação. Há grande equívoco aqui.
Os protestantes não negam algum valor das boas obras. É claro que
não. Vejamos o que diz o pastor Joel: A Bíblia dá muito valor às obras de
justiça feitas pelos verdadeiramente salvos. Mas isso porque os
verdadeiramente cristãos fazem obras por serem salvos, e não para serem
salvos (1 Coríntios 6.20). Nossos sofrimentos e boas obras não podem nos
salvar. Se pudessem, o Senhor teria morrido em vão. Então as obras têm
valor no protestantismo. Qual é o valor, o mesmo que a Bíblia dá ou um
valor diferente, ou mesmo, um mínimo e até dispensável valor? É difícil
conciliar a necessidade e valor das obras, sem as quais ninguém entra no
céu, e ao mesmo tempo afirmar que elas nada valem em termos de
salvação.
Então, o pastor Joel explica que o pecador perdoado, ao receber Cristo como
seu único e todo suficiente Salvador deve apenas ser orientado a viver a
vida em Cristo, e não ser ensinado a como se remir da pena pelo pecado já
perdoado. Isso seria uma heresia que minimizaria a Obra Redentora de
Cristo na cruz, negando a totalidade do perdão no ato da conversão, sendo,
portanto, indubitavelmente, heresia de perdição, sim, senhor. Eis a
conclusão do pastor.
E diz o Pastor Joel: Não! Não! Não! Senhor Anderson! Os perdoados nada
pagam pelos seus pecados! A verdadeira Teologia não admite isso em
hipótese alguma. Os frutos de vida do cristão seriam apenas de gratidão e
nunca para expiar seus pecados, que foram total e instantaneamente
expiados por Cristo, e o fiel nada mais tem que fazer nesse sentido, e, além
do mais, segundo sua conclusão, perdão e cumprimento de pena são
autoexculdentes.
O Pastor Joel não leva em conta que Deus, em sua infinita e soberana
Vontade, age através da lei da cooperação, no qual o cristão tem a
obrigação de, com a graça divina, satisfazer a Deus pelas penas devidas.
[Catholic Encyclopedia: http://www.newadvent.org/cathen/12677d.htm].
Quando digo “não leva em conta”, não quer dizer que não saiba que é isso
que a Igreja ensina, mas que considera isso um erro, visto que sua
“teologia” é protestante e, segundo esse entendimento do texto bíblico, não
existiria nenhuma pena após a justificação do pecador. Devemos entender
que Cristo ofereceu um sacrifício perfeito, instantâneo e pleno. A forma
como nos apropriamos do seu sacrifício redentor, não é somente crendo,
mas também através da nossa cooperação. É um ponto importante, pois
segundo os protestantes, é somente pela fé que o homem recebe a graça
da salvação. Mas a fé supõe o livre arbítrio, o que já é uma cooperação da
sua parte, antecedido, é claro, pela graça divina. Contudo, sabemos que a fé
e as obras não são meritórias para a justificação do pecador, mas que o são
para a glorificação, sua entrada na bem-aventurança do céu. A Igreja
sempre entendeu que a apropriação da salvação, pelo homem, se dá
através da fé e das obras, uma cooperação, segundo o livre arbítrio,
antecedida e sustentada pela graça de Deus. Cristo não veio tirar todo o
nosso sofrimento, mas perdoar os pecados e as penas eternas, cem por
cento. Sendo assim, Ele pagou totalmente a dívida a qual veio sanar. Por
outro lado, as penas temporais existem, pois não houve o cancelamento dos
sofrimentos e do nosso dever de cooperar, pela graça de Deus, com e em
Cristo. Isso não fez parte do que o nosso Redentor veio pagar. Não foi a Sua
vontade livrar o homem das penas temporais, pois se o fosse, poderia ter
feito sem problemas e, por isso, não existe o perdão automático e
instantâneo das penas temporais, a não ser quando o homem nasce de
novo, passando da morta para a vida, através do batismo. Deus quis que
fosse assim para o nosso próprio benefício. Deus é perfeitamente Santo e,
por esse motivo, Sua Justiça requer o pagamento das penas temporais.
Diante disso, é possível entender que tanto o cristão católico quanto o
cristão protestante estão olhando para Cristo, como o Salvador. A diferença
é que segundo a doutrina original, o cristão deve cooperar para entrar no
Céu e de acordo com o protestantismo não há cooperação do cristão na sua
salvação, sendo essa obra exclusiva de Deus. Isso é uma posição teórica,
pois na prática tanto católicos quanto protestantes se esforçam por cumprir
a vontade de Deus praticando boas obras, embora os primeiros tenham
consciência de que estão cooperando livremente com a graça, como algo
extremamente necessário à salvação, imprescindível para a permanência na
graça de Deus, enquanto que os últimos creem que somente estão vivendo
a vida de obras que Deus preparou para que vivessem nelas, sendo uma
consequencia da fé, visto que os que não tem fé não podem provar ser
verdadeiros cristãos regenerados por não possuírem obras. O problema é
que as obras são ditas, na Escritura, como parte intrínseca do plano de
salvação (Efésios 2, 8-10). Outro problema é que só existiria verdadeira fé
quando existissem boas obras, que necessariamente a refletissem. Isso
supõe algo automático, visto que aquele tem fé a refletiria na vida. Essa
noção cria um amálgama inseparável de fé-obras, onde há fé há boas obras,
onde não há fé não há boas obras. Mas é verdade que existe fé verdadeira
que somente faz barulho e que não age, por obras, através do amor (1
Coríntios 13). A noção amalgamada de fé-obras contradiz essa específica
noção bíblica, pois a fé é distinta das obras, sendo essas formalmente
vivificadas pelo amor. Por isso é que é possível que alguém possua a
verdadeira fé, a ponto de transportar montanhas, o que só pode ser uma fé
verdadeira, mas que não possua obras, por não possuir o amor, que é outra
virtude necessária à salvação. Nessa noção, a responsabilidade do homem
permanece, visto que as obras não virão naturalmente, de forma
automática, mas que necessitarão da vontade livre daquele que tem fé para
praticá-la, com a graça de Deus, graça que pode ser resistida pelo homem.
É assim que se explica a possibilidade de ter fé e não ter obras, sendo essa
fé, mesmo que verdadeira, uma fé morta, pois não dá a vida eterna, por não
agir por meio do amor. Isso certamente pode ser exemplificado no caso de
Abraão que, justificado pela fé, depois de algum tempo foi justificado pelas
obras, onde é evidente que sem essa justificação das obras, aquela da fé
não o salvaria, pois uma coisa não pode negar a outra. E essa justificação é
feita também diante de Deus e não só dos homens, pois esses não possuem
o poder de justificar como Deus possui. São Paulo nunca condenou a
doutrina que combina fé e boas obras em obediência ao Decálogo para a
salvação, mas tão somente ensinou que a Lei Mosaica não salva, mas sim, a
graça através da fé em Cristo, pois é defensor da salvação pela fé e boas
obras. De fato, a fé que São Paulo ensina é aquela que está em conexão
com a ação e age por meio do amor (Gl 5,6). Em Tiago 2, 14-26, pelo
contexto, não parece que São Tiago esteja tratando de falsa fé, mas de uma
fé que não é aperfeiçoada pelas obras, sendo morta, portanto, não pode
salvar e de uma fé que é auxiliada por boas obras. O v. 14 questiona se
somente a fé pode salvar, e o v. 22 é importantíssimo, pois além de ratificar
que a fé e as obras são duas coisas separadas, afirma que a fé coopera com
as obras e que por essas ela é aperfeiçoada: ... a fé cooperou com a suas
obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E o v. 24 afirma claramente
que o homem é também justificado pelas obras. Outro verso importante
para compreendermos o valor das boas obras na salvação é o v. 23, onde
está a noção de que a fé deve conter a disposição para obedecer e praticar
a lei de Deus, segundo o contexto em que o texto é apresentado por São
Tiago. A noção de que fé se reflete nas obras deixa implícito que fé e obras
não são duas coisas, mas se trata de uma coisa só, existindo somente uma
fé-obras, e não fé e obras, ou seja, duas coisas separadas. É claro que o
pastor Joel admite que são distintas a fé e as obras, o que converge com a
doutrina católica, mas não crê que as obras salvem, mas que são
inseparáveis da fé, e que servem somente para santificação. Por outro lado,
sabemos que a fé, dom gratuito e imerecido, dado por Deus sem obras,
serve para a salvação que se dará após uma vida de boas obras. A noção
protestante traz alguns equívocos, revelados nessas incompatibilidades com
certas passagens da Escritura como tratado acima.
É injusto afirmar, como faz o pastor Joel, que a Igreja não pregue e não
viva o Evangelho ou que não é um movimento Evangélico. Igualmente não é
verdade que a doutrina protestante seria “convincente”, e que os padres
não racionariam teologicamente (pois teriam quem raciocinasse por eles,
que seriam os bispos e papas que se julgam acima dos homens) e por isso
não a aceitam (a doutrina protestante). Pode-se ver que não é assim que
acontece. Negar que os padres raciocinem teologicamente, e afirmar que os
papas e bispos são presunçosos não é condizente com a realidade!
1ª) É Cristo quem salva, segundo o modo que ele mesmo instituiu. O
católico crê que a salvação o faz responsável em manter-se, com a graça de
Deus, no caminho da salvação pela prática responsável (pois é e continua
sempre livre) das boas obras, ao passo que os protestantes creem que a
salvação os dispensa de tudo, de toda obra. Isso, segundo o pastor, faz de
Cristo um “Salvador Onipotente”, que salva instantaneamente, sem nossa
ajuda, enquanto a visão católica o faria “frágil”, e que salva
progressivamente. No entanto, para defender a Onipotência de Cristo, o
pastor apresenta uma doutrina inconsistente com o Evangelho, pois leva a
tirar a obrigação do cristão em cumprir a Lei de Deus. Não quero com isso
afirmar que o protestantismo esteja ensinando uma doutrina abertamente
imoral, mas que a lógica nos aponta a isso, visto que as premissas
constantes da doutrina protestante são, pelo menos implicitamente,
antinomistas. Se a doutrina cristã católica, ao afirmar que devemos cumprir
a Lei de Deus e, dessa forma, participar cooperando com a graça que
recebemos gratuitamente de Deus para que possamos ir para o céu (ser
salvo) se isso é “diminuir” o sacrifício de Cristo, segundo a lógica nos levaria
a pensar, no ponto de vista protestante, da mesma forma a consideração de
Cristo como realizando tudo por nós, sem nos fazer participantes em nada
da nossa salvação, nem nos fazer dignos de méritos, estaria logicamente
levando, ou, pelo menos, abrindo caminho a uma preguiça, uma vida
alicerçada numa falsa certeza de salvação, tendo em conseqüência a vida
levada na frouxidão moral. Foi o que se deu nos dias de Lutero e pode
acontecer sempre, em qualquer lugar ou época. Portanto, na doutrina cristã
católica o nosso Onipotente Salvador veio para nos salvar, redimir, justificar,
regenerar, santificar e nos fazer reinar com Ele no Céu, porém, não veio nos
dispensar das obrigações que temos de praticar para a apropriação dos
seus dons gratuitos, que não merecemos. O mérito só se inicia a partir da
recepção da graça de Deus, que não é somente uma inclinação divina,
bondosa e misericordiosa para nós, mas um dom divino interno e gratuito
que nos auxiliar na prática da virtude. Uma simples inclinação de Deus para
o homem, não é a definição de graça, tal como é entendida no
protestantismo, segundo os apologistas John Ankerberg e John Weldom.
[John Ankerberg e John Weldom. Fatos sobre o Catolicismo Romano]. Isso
seria nada mais que um sentimento divino para com o homem, sem, no
entanto, agir nele. A doutrina cristã católica define graça de acordo com a
teologia legítima da Sagrada Escritura, não segundo a teologia luterana, que
é a raiz das teologias protestantes ou da Teologia Protestante. Então, com o
intuito de “salvar” a doutrina da Onipotência do Salvador, os protestantes
caem, no mínimo, no erro de fazer de Cristo [indiretamente] um “liberal” em
questões morais.
2ª) Sobre o perdão, o católico crê, como revela a Escritura, num perdão
total e pleno ocorrido no Batismo, na justificação. Porém, caso venha o
cristão cair em pecado, o perdão que receberá o livrará do pecado e da
pena eterna, mas deixará as penas temporais a serem expiadas pelo
penitente, neste mundo ou no purgatório caso não houver a completa
expiação. Já o protestante crê que o perdão deixa para sempre o cristão
livre de todo o pecado e de toda a pena (passada, presente e futura), não
tendo que pagar ou expiar mais nada. Sabemos que as boas obras feitas
com a graça de Deus servem para a expiação, mas os protestantes negam
essa verdade.
3ª) Cristo pagou toda da dívida na cruz, e alcançou toda a graça para a
salvação do mundo. As penas temporais pagas pelo pecado fazem parte do
plano de Deus, são uma conseqüência de sua justiça, e Cristo não veio
pagá-las, deixando-a ao pecador arrependido, que pode expiá-la com a
ajuda da graça de Deus. Em primeiro lugar, o perdão das penas eternas é
que foram expiadas por Cristo.
4ª) Não é verdade que Cristo seja mais um exemplo a ser seguido do que
um substituto do pecador na cruz. Isso é outra doutrina, não a católica.
Cristo é o Redentor e Salvador do mundo no sentido exposto anteriormente.
8ª) Quando se fala em mérito, entende-se aquele mérito obtido pelo cristão
com o auxílio da graça de Deus. Os protestantes negam todo o mérito
pessoal, para a salvação, e, consequentemente, se esquivam de todo o real
dever de obedecer à Lei Moral Divina. Os méritos de Cristo são suficientes
(não só importantes, como disse o pastor referindo-se à doutrina cristã
católica) para salvar-nos sim, esse é o pensamento católico típico.
Suponhamos que um batizado viva conforme a lei de Cristo por toda a sua
vida, durante anos. É obvio que será salvo. Agora, suponhamos que um
batizado morra após o seu batismo. O que acontecerá com ele? Passará
pelo purgatório? Não. Irá diretamente ao céu, mesmo que não tenha tido
tempo de praticar nenhuma boa obra. Esse é o pensamento católico típico.
Ele salvou-se no momento da justificação.
9ª) O católico está totalmente entregue à graça de Deus, em cada ação que
pratique, e confia nessa graça com todo o seu ser. Isso não equivale a dizer
que toda a boa obra que faça não influa em sua salvação, como imaginam
os protestantes e seu sistema. E nem quer dizer que esteja “pagando” a
Deus “em dia” com “medo de calote”. Isso é apenas a expressão de um
coração arrependido e disposto a obedecer o Salvador, sofrer com Ele e ser,
por isso, glorificado com Ele (Romanos 8, 17).
Todas as acusações que o pastor faz sobre esse assunto seriam pelo
suposto motivo de que o cristão católico não sabe porque Jesus morreu.
Essa é uma “opinião” das mais estranhas do livro. Segundo o autor, são
raríssimas as exceções, mas os católicos creriam assim: “Para o homem se
salvar, basta-lhe ser bondoso até para com seus inimigos. E Jesus veio
ensinar isso. E o fez não só com palavras, mas sobretudo, com atos, não
pagando na mesma moeda o mal que lhe fizeram.” E depois julga assim:
Nada, porém, está mais longe da verdade. De fato, isso é extremamente
longe da realidade, pois, não é verdade que a salvação que Cristo nos
mereceu seja essa, e muito menos que os católicos assim creiam. A
doutrina oficial é outra. Se há católicos que pensam assim, e certamente há,
esses devem ser evangelizados urgentemente!
1º) pregam o perdão, negando-o. Eles não dizem que Jesus não perdoa. O
que eles dizem é que não basta estarmos perdoados. Isso seria um perdão
que não anularia a sentença, mas reduziria a pena. Com relação às
indulgências (a parcial e a plenária), o pastor acusa o Papa Leão X de ter
inventado tal distinção, pois seria uma forma de fazer oferecer àqueles que
não podiam pagar por uma “graça” maior. Seria um produto de qualidade
inferior, ao invés de “vender” o mesmo produto por um preço camarada, um
quebra-galho. Quem não tem cachorro, caça com gato. Talvez seja
necessário saber quais os meios necessários para alcançar os diferentes
tipos de indulgência.
2º) Para o pastor, os católicos deveriam assumir que não são cristãos,
como o Budismo, o Confucionismo, etc, para não serem incoerentes. Ele diz:
Não assumem que não são cristãos. Ou não ser religioso, sob pena de ser
hipócrita e incoerente.
* * *
O pastor acredita que sua apresentação “provou” que a Igreja prega a nega
o perdão, bem como prega e nega o castigo eterno, sendo a pregação e a
negação simultâneas. E não somente isso, o pastor avalia essa
“ambigüidade” como tendo o alvo de que o dito fique pelo não dito, para
com isso confundir os ingênuos; disso, segundo ele, milhões se libertaram e
milhões se libertarão, desse “egito” (sic) para levá-los à “terra que mana
leite e mel” (sic). A “terra prometida” aqui é o Protestantismo, ou como
preferir, é “Jesus”, entre aspas porque o evangelho é entendido conforme o
protestante entende: nada a fazer para ser salvo, somente crer e pronto!.
Tudo isso fica claro, mais do que o pastor imaginou, fica claríssimo que há
uma falta de compreensão mais exata da doutrina cristã e uma negação da
doutrina bíblica. A falta de compreensão se resolve estudando mais a fundo
e de maneira receptiva a questão em pauta. Por outro lado, a negação é
mais profunda, visto estar convicto de que já está em posse da verdade
bíblica quando na verdade está-se arvorando em defesa da “verdade”
luterana e reformada. O pastor fala da contenda que há entre os católicos e
os evangélicos, pois quando esses denunciam a Igreja Católica, os católicos
partem para a revanche, alegando que os protestantes também falham; e o
autor admite que isso não é novidade, pois acredita que a Igreja de Cristo
nunca foi perfeita. Essa última parte é uma opinião errada. A Igreja de Cristo
é perfeita em Seu fundador. A imperfeição que os seus membros possuem é
certamente àquela a qual o autor está se referindo. A pregação
“evangélica” tem também os católicos como alvo, e isso é, no mínimo, um
equívoco, mas não de todo destituído de razão, devido ao fato de que a
imensa maioria dos católicos são nominais e desconhecem a doutrina cristã,
mas deveriam ser evangelizados com o Evangelho original que a própria
Igreja prega. O Pe. Fernando bem descreve essa realidade em seu programa
de 24/04/2009: O nosso povo cristão e católico tem fome de Deus. ’E
verdade que existem cristãos católicos relaxados, medíocres e que tem
mais fome de coisas mundanas do que do Pão, último e definitivo, que
desce do Céu. Mas é verdade também que existem, graças a Deus, milhões
desejosos de receberem a Palavra de Deus, pois cada fiel católico tem o
direito de possuir um ministro de Deus, tem o direito de possuir um
sacerdote que lhe sirva diariamente este Pão, que o homem não pode
buscar com suas próprias forças. É disso que o pastor Joel está falando, e
mesmo que negue a mediação sacerdotal existente na Igreja Católica, os
pastores protestantes, ao anunciar o Evangelho, estão, de certa forma,
agindo como os sacerdotes católicos. Mas o pastor afirma que os
protestantes são clientes de um Advogado que conseguiu a nossa
absolvição e desejam que os católicos ajustem ao Dr. Jesus para saírem da
prisão espiritual como os protestantes já saíram. Isso quer dizer que os
católicos ainda permanecem “prisioneiros”. Essa “boa nova” que os
protestantes querem anunciar aos católicos é aquela que dispensa o
homem de agir para ser salvo, mesmo que seja com a graça de Deus, o que
eles consideram uma “auto-justificação”, como o homem “se salvando”, um
tipo de “impedimento” de “confiar” só no sangue de Jesus. Mas isso é o que
podemos chamar de heresia de perdição de uma religião falsa. Se todos
temos erros, pois somos humanos, nem todas a igrejas pregam essa
salvação tão fácil, que diz: basta a fé e serás salvo, sem as obras!.
Sabemos, no entanto, que concordamos na prática com essa doutrina, pois
a Igreja ensina que a fé viva é aquela que opera através da caridade, é que
a caridade não é só de palavras, mas de obras, enquanto que os
protestantes ensinam que aquele cristão que não dá testemunho de sua
conversão, não vive a vida conforme o Evangelho, esse nunca foi salvo. É
como se disséssemos que mesmo não atribuindo valor salvífico às obras, os
protestantes [pelo menos é assim que o pastor Joel felizmente crê] creem
que sem as obras, que foram deixadas por Deus para que vivamos nelas, os
“crentes” não entrarão no céu por não serem de fato crentes. O erro grave
do pastor Joel é afirmar que a única Igreja verdadeira, a Igreja Católica, não
é Igreja. Parece até uma revanche, visto que a Igreja Católica no documento
Dominus Iesus afirma que igrejas protestantes não são igrejas na verdadeira
concepção do termo, certamente porque falta nelas a sucessão apostólica e
etc. Mas, sei que não é por isso. De fato o pastor Joel afirma que a Igreja
Católica não “tem nada a ver com igreja”, considerando-a fora do
cristianismo, algo que a Igreja não afirma do Protestantismo, a não ser a
respeito daquelas seitas que pregam doutrinas que descaracterizam
qualquer grupo como não cristão, como por exemplo a negação da
Santíssima Trindade. Se fôssemos argumentar apontando os pecados dos
membros das outras igrejas, sabemos que poderiam fazer o mesmo
conosco, visto que isso é comum a todos os homens e, com toda a razão, o
pastor diz dos pastores charlatães: Mas eles [os católicos] precisam saber
que tais “pastores” também estão indo para o Inferno. Finalizando esse
raciocínio, o pastor sugere deixar de lorota e aceitar a Cristo como único e
suficiente salvador e senhor Pessoal, e para os que já o fizeram e continuam
na Igreja Católica, aconselha que saiam dela pois está sendo um peixe fora
d´água, crendo num “evangelho” diferente daquele ensinado pela Igreja e,
sabendo que a Igreja não muda, é “incorrigível”, o melhor seria abandoná-
la. A última avaliação é bem pertinente, pois sabemos que a verdade é
sempre a mesma, ontem, hoje e sempre, como o é o próprio Senhor Jesus,
que é a Verdade. Então, é impossível que a verdade mude, e essa é a razão
pela qual a Igreja Católica é imutável, sempre a mesma, irreformável em
sua doutrina santa, mas sempre em reforma nos seus membros sempre
falhos. Nesse ponto ela é totalmente corrigível. Na doutrina, como não há
erros, não existe possibilidade de correção. Ao que os protestantes chamam
de “incorrigível”, está a presença da fidelidade da Igreja à verdade.
Diz ainda que a Igreja Católica tem sido usada pelo Diabo para esconder
o Evangelho, e a chama de arapuca de Satã! Será que precisamos de mais
exemplos para afirmar que a Igreja Católica está sendo perseguida?
CAPÍTULO 6
Nesse capítulo o pastor inicia mostrando que a Igreja prega que Jesus é
o Salvador, e que a Virgem Maria e os santos podem interceder pelos
cristãos junto a Jesus Cristo, e alude também à diferença básica entre a
posição católica e a protestante quanto à intercessão dos santos, pois
segundo o parecer protestante isso é antibíblico, pois não se poderia pedir
aos espíritos dos mortos que intercedam por nós. Agora, uma “novidade”,
que o autor vem apresentar, é que a cúpula da Igreja estaria pregando uma
heresia ainda maior (“heresia” no entender protestante, comparada pelo
autor à doutrina da intercessão, embora saibamos que isso não é heresia,
mas é a fé cristã desde os tempos apostólicos), e seria a de que Cristo
constituiria o justo Juiz cuja missão é nos julgar e punir, e não o Salvador
que veio nos salvar. E mais: isso estaria sendo pregado pelos papas, bispos
e demais clérigos. O ofício de advogar junto a Cristo para obter nossa
salvação seria de Maria, uma doutrina pregada pelos chefões do
catolicismo. Entre as “negações” da verdade salvadora de Cristo, estaria, às
vezes, sendo reconhecida Sua mediação única, entretanto, seguida da
afirmação de que essa não é Sua missão. Deve-se concordar com o pastor
Joel quanto às críticas dentro dessa “compreensão” do assunto, pois, se
assim fosse, isso seria um verdadeiro disparate, pois não há como ser
Mediador e único Salvador e ao mesmo tempo não realizar essa missão
exclusivamente ou mesmo não realizá-la nunca. O pastor diz que
geralmente isso fica implícito, sendo às vezes dito explicitamente,
constituindo um emaranhado que tem por objetivo fazer com que o dito
fique pelo não dito e a arapuca do Diabo funcione. Se fosse assim, deve-se
repetir, o pastor teria razão, pois seria uma contradição e uma sutileza que
objetivaria destituir a Cristo de Sua investidura e conferir a Maria o Seu
ofício. Pode ser dito “se fosse assim”, porque de fato não o é, mas será
necessária uma reflexão pormenorizada ao longo da crítica desse capítulo
para nos certificarmos disso. O pastor apresenta uma lista de 26 afirmações
que “provaria” duas asserções conflitantes, ou seja, a de que Cristo é o
salvador e a negação dessa verdade, e mais 4 itens que “provaria” o
“endeusamento” que Maria teria, também, entre os católicos carismáticos.
Apresenta ainda uma notícia veiculada em 28/08/1998 pelo jornal O Globo,
de que existiria um grupo católico instando junto ao Vaticano para que
Maria fosse reconhecida como a “quarta” pessoa divina!!! Não é necessário
comentário dessa heresia, se de fato foi pensada pelo tal grupo formado por
católicos. O pastor sabe que Dom Estêvão negou tal informação, o qual
disse que o dito jornal faltou com a verdade, mas como não foi possível
saber a origem da notícia publicada no artigo, ficou uma suspeita no ar. O
pastor Joel afirmou somente que tem as palavras da articulista contra as do
padre Estêvão, sem saber quem faltou com a verdade, o que é, no mínimo,
uma atitude prudente. Que a atitude anti-Maria é comum entre os
protestantes é um fato bem conhecido. É por tal motivo que o pastor pode
aludir à conclusão dos cristãos católicos de que os protestantes odeiam a
Virgem Maria. Para fundamentar suas notícias, o pastor cita dados da
Revista Defesa da Fé, órgão oficial do ICP, que traz palavras do padre André
Carbonera sobre a atitude dos protestantes quanto à Virgem Maria, o qual
chamou de burros os que não recorrem à sua intercessão: ... Seria uma
inútil auto-suficiência e uma enorme burrice!...” Então, o pastor afirma
poder provar que os protestantes não odeiam a Maria, mas que a deixam
quietinha no lugar onde ela mesma se pôs (Lucas 1, 38.46-48), e que isso
significa submissão a Deus, não um ato de burrice como suposto pelo padre
Carbonera. Bem respondido, por sinal. Mas acredito que é bom dizermos
que os cristãos sempre reconheceram a posição especial da Mãe do Senhor,
e sem tirá-la de sua posição de serva do Senhor, sempre a exaltaram, com
veneração (amor, reverência, respeito, imitação, pedido de intercessão).
Essa atitude não a tira do seu lugar, de criatura serva de Deus (ao mesmo
tempo que exaltada por Ele à dignidade de mão do Salvador). Outra
informação contra a atitude dos protestantes é a do padre D. Francisco
Prada, acusando os protestantes de ignorar e denegrir a Virgem Maria,
negando sua virgindade. Enfim, traz também palavras do Frei Battistini
sobre a falta de veneração a Nossa Senhora entre os protestantes,
considerando-os como os que não gostam de Maria. Obviamente o pastor
Joel nega que essa seja a atitude do protestantismo, e chega a apontar
provas do amor que os protestantes praticam, como a manutenção de
orfanatos, asilos, cuidados com bandidos e etc. Segundo o autor, o
fanatismo e a desonestidade predomina entre os clérigos católicos, e isso é
uma conclusão tirada das leituras de obras católicas. Tudo isso seria porque
os católicos não possuem argumentos sólidos extraídos da Bíblia para
responder aos ataques protestantes. Talvez essa questão também mereça
algum comentário. Todos conhecem a atitude de negação e/ou indiferença
que os protestantes têm para com a mãe de Jesus. Muitos já ouviram
palavras de baixo calão, proferidas por protestantes leigos, referentes a
Nossa Senhora. Então, não é destituído de verdade as palavras do padre
Carbonera e do Frei Battistini. Certamente não é exata uma generalização,
acusando a todos os protestantes de atitudes como essas. Mas é verdadeiro
que predomina uma indiferença considerável, no que diz respeito ao culto
de veneração mariano, entre as igrejas protestantes, o que as coloca em
desarmonia com o cristianismo de sempre. É útil frisar que essa observação
não nega que os protestantes sejam cristãos, mas apenas tem como
objetivo auxiliar nossa reflexão. Portanto, a atitude dos clérigos acima
mencionados não constitui uma falta de ética ou sofisma enganador, mas
retrata, se não exatamente, pelo menos boa parte da realidade observável
entre os protestantes. O diálogo onde há amor, respeito e franqueza, como
aconselha o pastor Joel, é o ideal que devemos ter e praticar. Mas quando o
pastor diz que as crendices católicas a respeito de Maria não são
respaldadas pela Bíblia, essa afirmação não é verdadeira. Pode até conter
verdade, mas como tal, absolutamente, não o é, pois se é exato que entre
as muitas expressões populares se encontrem desvios, excessos e outras
distorções do verdadeiro culto a Maria, isso não pode ser encontrado na
genuína atitude cristã na veneração à mãe do céu. Toda essa atitude deve
estar em harmonia com a revelação de Deus na Bíblia Sagrada, vivida na
Tradição. E aqui, deve-se lembrar que a veneração que os protestantes
chegam a ter para com a virgem Maria ainda fica aquém da tradicional
veneração inspirada pelas páginas do Novo Testamento. E Tradição não
pode ser entendida segundo a definição dada pelo pastor Joel, mas deve ser
tida como a palavra de Deus transmitida por via oral. Quanto à pretensão de
provar que a Igreja Católica está a serviço de Satanás, é uma tarefa
impossível, se ela de fato não estiver, e acreditamos e provamos que não
está, como será patentemente mostrado nessa crítica. O múnus salvífico de
Nossa Senhora (CIC, 969) será melhor entendido no decorrer das nossas
reflexões, as quais provarão que Jesus Cristo é o único e suficiente salvador,
único nome pelo qual somos salvos (At 4,12). Toda a pesquisa do pastor Joel
(leituras, entrevistas com ex-membros da Igreja, missas assistidas (pela TV
ou pessoalmente na Igreja?) mostra que suas palavras não tem o caráter de
calúnia, como ele mesmo diz. Mas faz-se necessário refletir, pois talvez o
autor chegue a novas conclusões, ainda não previstas.
6 3. A casa de “Maria”
Quanto ao que foi dito por Ralph Woodrow, com base em informações
fidedignas da Enciclopédia Católica, sobre o transporte angélico da Casa de
Maria para a Itália, pode ser dito o seguinte: é algo herdado da tradição, não
é dogma de fé, nem doutrina imposta, não somos obrigados a crer nessa
estória, não é necessária para nossa salvação. Agora parece que ficou claro.
Realmente, concordando com o pastor Joel, não precisamos da casa de
Maria, mas da graça de Jesus, e cristãos autênticos não se preocupam com
crendices, seja qual for (não conheço essa estória sobre a casa de Maria,
mas também não sou obrigado a conhecer), e essa é uma postura de
cristãos católicos que conhecem a Bíblia e a Tradição (que não pode
contradizer o que está escrito).
De tudo isso, pode ser dito, com certeza, que um protestante não
precisa temer ingressar-se na Igreja por esse tipo de questão.
O pastor Joel afirma que não é necessário provar com transcrições que a
Igreja prega que Maria é Mãe de Deus, e expõe o raciocínio encontrado no
Catecismo: se Jesus é Deus e Maria é Mãe de Jesus, logo Maria é Mãe de
Deus. Salta aos olhos que o silogismo é perfeito. As premissas são
verdadeiras e seu resultado é lógico. É verdade, porém, que o homem pode
raciocinar mal com premissas corretas e tirar delas um resultado falso. Esse
não é o caso do católico, mas, evidentemente, do protestante.
Maria nunca foi, não é e nem será mãe da Divindade de Cristo, nem mãe
do Pai. Isso é heresia pura! A Igreja não prega isso e, portanto, não podemos
crer nesse ensino. Se isso for um motivo que alguém alegue para não ser
católico, esse “motivo” não existe e tal pessoa pode voltar, ou ingressar na
Igreja sem problemas, crendo que Maria é a mãe da Pessoa de Cristo
enquanto homem. Sendo essa Pessoa o Próprio Deus, ela é
verdadeiramente Mãe de Deus, somente nesse sentido.
6.4.3. Imaculada
O pastor Joel inicia esse item com uma explicação heterodoxa sobre a
maternidade divina, visto que diz: Deus escolheu Maria para ser mãe do
lado humano de Seu Filho Jesus. É um erro próximo ao nestorianismo,
praticamente idêntico até, pois afirma que Maria é mãe somente do lado
humano de Cristo, e não de Cristo. Nestório, por sua vez, dizia que Maria
era mãe do Cristo homem e não do Cristo Deus. Nisso ele criava dois
“Cristos”. Assim, os protestantes “ortodoxos” tem, de certa forma, um
antecedente em sua crença: Nestório e o nestorianismo. O pastor continua
afirmando que por ser Mãe de Jesus Cristo, muitos acreditam ser ela a
mulher mais pura que já pisou neste planeta, possuidora da maior
santidade, sendo eleita por isso. O pastor deve reconhecer que é, no
mínimo, racional essa posição. Deus não se encarnaria numa mulher
pecadora; bastar pensar na Sua grandeza infinita. Mas o pastor Joel afirma
que essas considerações da santidade da Virgem Maria são frutos da
imaginação, não tendo respaldo bíblico. Por essas poucas linhas já é
possível perceber que a razão lança luz para a compreensão dessa verdade,
não sendo uma “fabricação da imaginação”, e que o pastor não foi feliz em
sua afirmação. Pelo exposto pelo autor, a Bíblia afirmaria o “contrário”, ou
seja, “que Maria é pecadora”. Mas onde estaria essa afirmação? Por sua vez,
o pastor pergunta o contrário: Onde está escrito que Maria era a mulher
mais pura do mundo? E ele imagina a resposta: “Se não o fosse, não teria
sido a única eleita”. E retruca afirmando que a pergunta permanece sem
resposta: “Nossa pergunta não foi respondida. Queremos saber onde está
escrito. Mas, como vocês apelam para a lógica, respondam-nos: Se
existissem dez donzelas tão fiéis quanto Maria, Deus faria Jesus nascer de
todas elas?” Vejamos bem. Da mesma forma como foi questionado
anteriormente, o pastor quer uma prova “escrita” para a doutrina da
imaculada conceição, enquanto que a primeira pergunta requer igualmente
uma prova “escrita” do “estado pecaminoso” da Virgem Maria. Interessante
que o pastor percebeu que existe um fundo racional nessa doutrina, pois
questionou: ...como vocês apelam para a lógica, respondam-nos. Mas a sua
pergunta não é muito oportuna: Se existissem dez donzelas tão fiéis quanto
Maria, Deus faria Jesus nascer de todas elas?” A isso responde-se que não
foi apenas a “fidelidade” de Maria que fez com que Deus a elegesse, mas
Ele a elegeu antes da sua concepção, preparando-a em todos os momentos
da sua vida para ser a Mãe do Seu Divino Filho, sendo uma predestinação
única, e Deus não prepararia várias mulheres iguais para depois escolher
uma, pois Ele é Onisciente. O pastor afirma que os sacrifícios da Lei Mosaica
(Hebreus 10.4; 9.22 Lucas 2.24; Levítico 12.68) era um tipo da morte
expiatória de Cristo, e que Maria não se julgou dispensada dos mesmos,
auto declarando-se dependente do sangue de Jesus. Nesse ponto, a
doutrina cristã católica está totalmente de acordo, pois o Salvador de Maria
é Jesus Cristo. Mas parece que o pastor não conhecia esse detalhe da
doutrina a Igreja, ou conhecia? Se conhecia, ele raciocinou como se não
conhecesse. Logo após, o autor diz abertamente: A Bíblia não diz que Maria
era a mulher mais pura que já existiu, mas os que fizeram dela uma deusa,
alegam que ela não tinha o pecado original, ou seja, a natureza
pecaminosa. Conquanto a Bíblia não afirme que a Virgem Maria tenha
herdado o pecado original, o pastor assevera que a própria Bíblia não diz
que Maria é toda santa. Qual a verdadeira doutrina aqui? Primeiro, pecado
original é a privação da graça de Deus, é estar fora da graça divina, e não a
nossa natureza pecaminosa. O pastor afirma que a nossa natureza
pecaminosa é hereditária, e Jesus é a única exceção da regra (Romanos
3.23). Deve-se entender que o pecado original é hereditário através da
natureza humana, não sendo a própria natureza humana. A prova é que
Jesus herdou a natureza humana, foi igual a nós em tudo exceto no pecado.
O pastor Joel prossegue com sua explicação: Jesus foi isento do pecado
original porque foi gerado pelo Espírito Santo (Mateus 1.20-25; Lucas 1.26-
38), mas Maria foi concebida pelo concurso natural de seus pais. E provem-
nos biblicamente o contrário, se puderem fazê-lo. Mas se o pecado original é
a natureza pecaminosa, que natureza herdou Jesus? Obviamente Ele não
teve pecado, mas, então, Sua natureza seria outra e não a humana. Isso
poderia implicar na negação da verdadeira humanidade de Cristo, embora
saibamos que o pastor Joel não quer dizer isso, visto que crê que Jesus
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, como ensina a doutrina
cristã católica. Dessa confusão se concluiria que virgem Maria não teria
herdado essa “outra” natureza. Mas toda essa dificuldade repousa na falsa
definição do pecado original. O pecado original é a privação da graça
santificante, sendo que os homens nascem fora da graça de Deus, sob o
poder do Maligno. A virgem Maria não poderia, em um só instante da sua
vida, estar sujeita ao poder do Demônio visto que fora predestinada para
ser Mãe do Filho de Deus, que é Deus, e ela comunicaria a natureza humana
ao Deus-Homem. Essa natureza não poderia estar manchada, mas pura e
imaculada. Foi isso que ocorreu. Deus, em virtude dos méritos de Cristo,
salvou a Virgem Maria, não permitindo que o poder do Maligno a tocasse,
preservando-a de toda mancha pecaminosa para ser a Mãe do Divino Filho
de Deus. A Sagrada Escritura ensina que ninguém tem o direito à graça de
Deus, nem a virgem Maria, pois mesmo ela estaria privada da graça. No
entanto, todos podemos ser postos por Deus em sua graça, pelo Sacrifício
Salvador e Redentor de Cristo. Maria foi cheia de graça no instante de sua
concepção, na própria gênese de sua existência, tudo por graça de Jesus
Cristo. Então, ela herdou a natureza humana já na graça de Deus, por obra
Dele. A virgem Maria foi concebida e nasceu de pais piedosos e santos, que
pelo concurso natural comum a todo casal, conceberam a Virgem Maria,
porém, como eram todos manchados pelo pecado original, o transmitiriam a
ela se Deus não interviesse. Assim, a virgem Maria nasceu na graça de
Deus, com uma natureza humana nunca manchada pelo pecado original e
foi essa natureza imaculada que Cristo herdou, uma natureza perfeita.
Somente Cristo é, por direito, o Imaculado, sendo que Maria foi imaculada
em vista dos méritos de Seu Filho, sendo ela mesma, como criatura, não
merecedora de tão alto benefício. Isso não é fazer da Virgem Maria uma
“deusa”, como querem os protestantes acreditar. Não era necessário
também que o pastor nos desafiasse para que mostrássemos a prova de
que Maria não foi concebida de modo natural, pois essa nunca foi a doutrina
da Igreja Católica. Estamos unidos nesse ponto. O autor nos conta que uma
católica falou que a Bíblia não fala dos pecados de Maria, embora registre
os pecados de todas as pessoas nela abordadas, o que seria um indício de
que ela foi isenta do pecado original. O pastor, porém, afirma que a Bíblia
não registra os pecados de José, Misael, Azarias, Ana, etc., o que seria válido
também pensar que esses não tiveram o pecado original. Certa vez li um
argumento semelhante num relato de conversão de um ex-pastor
assembleiano, hoje cristão católico, que desafiou a quem provasse pela
Bíblia que Maria tinha pecado. É um bom argumento, porém, não conclusivo
e não é o fundamento da fé católica. Não é o fato de que se não se descreve
“os pecados” de alguém, que esse alguém seja isento deles. Então, com
certeza, José, Misael, Azarias, Ana e outros tantos contraíram o pecado
original, exceto Jesus e Maria. É pelo teor geral do ensino bíblico que posso
afirmar isso. Os protestantes ensinam que Maria é “pecadora”, que foi
contaminada com o “vírus” do pecado, e o pastor Joel diz que isso pode
levar uma pessoa mal informada a pensar que estamos blasfemando. E para
contrabalançar, o pastor diz que grandes vultos da Igreja Católica também
pensavam assim. Cita informações do CPR_Centro de Pesquisas Religiosas_,
afirmando que Santo Tomás de Aquino e Santo Anselmo acreditavam que
Maria era portadora do pecado original, ou seja, pecadora por natureza. Cita
também um livro do Pe. Dom Francisco Prada confessando que Santo Tomás
negava o que ele chama de “suposta” Imaculada Conceição de Maria, e que
essa questão agora estava resolvida. Mas o pastor questiona a base para
concluir que finalmente findou a discussão teológica sobre esse assunto.
Segundo ele, o Padre Prada se respaldava em duas bases nada sólidas, a
primeira seria uma aparição da virgem a Bernardete Soubirous e a segunda
as próprias palavras infalíveis de Pio IX. Segundo o pastor esse dogma
“criou” um outro, ou seja, “forçou” o clero a “criar” o dogma da Assunção,
pois sendo Maria isenta do pecado, ela não tinha porquê morrer, pois a
morte é consequência do pecado. De tudo isso o pastor conclui
erradamente: À base dessa falsa premissa, a Igreja Católica proclama que
Maria morreu para nos salvar, já ressuscitou dentre os mortos e
subiu ao Céu. Primeiro, Maria não morreu para nos salvar, pois é não é
“salvadora”, nem “redentora”. É certo que ela é co-redentora com Cristo.
Esse título é facilmente deturpado, pois parece afirmar que Maria “nos
salvou” juntamente com Cristo, como que auxiliando a obra do Salvador.
Mas não é isso. Cristo nos salvou sozinho e redimiu toda a humanidade,
mesmo a Sua a mãe, que foi salva por Ele. Quando os teólogos afirmam que
Maria é co-redentora, estão apenas ensinando que Deus quis associar a
pessoa da virgem Maria na obra de salvação, como uma participante.
Porém, essa participação não acrescentou nada à obra de Cristo, pois ela
mesma estava sendo salva. A participação da virgem Maria começou com o
seu “Fiat”, na encarnação do Verbo. A obra de Cristo é toda suficiente, não
necessitando de nada e de ninguém. Para esclarecer mais, podemos afirmar
que, de certa forma, quando um pregador do Evangelho (um cristão), sofre
pela causa do mesmo, sofre por e com Cristo, em favor das almas, ele está
salvando almas, co-redimindo-as, pois está abrindo o caminho da graça
de Cristo. Somente isso. Se a linguagem é inadequada é por falta de termos
apropriados para explicar essa questão. A respeito da doutrina da Imaculada
Conceição devemos lembrar que é bíblica, portanto, antiqüíssima. No
entanto, seu entendimento não foi completamente possível senão com o
desenrolar dos séculos. Dom Estêvão relata que o povo de Deus, tanto no
Oriente como no Ocidente, desde os primeiros séculos, se comprazia de
celebrar a pureza e santidade de Maria. Os teólogos não haviam dirimido
nessa questão, pois parecia incompatível com a universalidade da Redenção
e da singular santidade de Jesus. Nessas circunstâncias, grandes santos
teólogos fizeram declarações contrárias, como Santo Anselmo, São
Bernardo e Santo Tomás de Aquino. [Estêvão Bettencourt, OSB. Imaculada
Conceição de Maria. 2004. Panfleto]. A isso, muitos podem irrefletida e
erradamente concluir que esses santos tinham uma visão comparável à
opinião protestante. Mas isso não ocorre. Santo Tomás, por exemplo, tinha
em alta consideração a santidade da Virgem Maria, crendo que ela havia
sido purificada ainda no ventre materno e que não cometeu nenhum
pecado, sendo imaculada. Santo Tomás primeiramente se pronunciou a
favor da Imaculada Conceição, mas terminou por concluir contra ela na
Summa Teológica. No entanto, ele deixou os princípios capazes de fornecer
a solução verdadeira dessa dificuldade [Enciclopédia Católica]. Se os
protestantes seguissem esse exemplo poderíamos nos unir nessa verdade
cristã. A dificuldade era que a doutrina cristã católica afirma a salvação
universal realizada por Cristo e, sendo Maria sem pecado, os teólogos criam
não ser possível uma conciliação dessa verdade com a verdade da redenção
e temiam isso fosse uma consideração de que Maria estivesse fora da
redenção, o que seria inaceitável. Essa razão explica as declarações em
contrário desses teólogos. Mas no século XIV o impasse foi resolvido por
João Duns Scoto, explicando assim a questão: pela aplicação antecipada dos
méritos de Cristo, Maria foi preservada das conseqüências do pecado
original; ela nasceu portadora da graça santificante... [Dom Estêvão]. As
dúvidas foram se dissipando até que em 1854 o dogma foi definido pela
bula Ineffabilis Deus. Antes da definição, certamente um assunto livremente
discutido, porém, as posições contrárias parecem terem sido menores.
Pode-se ler nos Sermões do padre Antônio Vieira, século XVII, sobre a
Imaculada Conceição. O padre Miranda explica Romanos 5, 12 onde São
Paulo afirma que todos pecaram. Pensar que Maria esteja fora dessa
afirmação é incompreensão da doutrina da Igreja. Pecar em Adão é ser
membro da raça de Adão, e Maria sendo dessa raça, contraiu o débito do
pecado, pecou em Adão mas não contraiu a mancha deste pecado.
[MIRANDA, Antônio. Súmula Bíblica contra os protestantes. Manhumirim,
1960]. Portanto, ela foi concebida e nasceu na graça de Deus, sem pecado.
A redenção de Maria foi preservativa. Deus não permitiu que ela
contraísse a mancha do pecado original. A explicação é clara. Voltando ao
raciocínio do pastor Joel, ele transcreve três “provas” das afirmações da co-
redenção, da ressurreição e da assunção de Maria: a primeira sendo uma
citação da Enciclopédia Católica feita na obra Será Mesmo Cristão o
Catolicismo? P. 77, que afirma que Maria experimentou sofrimento por
nossa salvação; o que é confirmado pelos apologistas protestantes John
Ankerberg e John Weldon com base na mesma Enciclopédia; a segunda é
uma citação de Ralph Woodrow que conta a respeito da ressurreição de
Maria ao terceiro dia e uma citação de Santo Afonso dizendo que Jesus
preservou o corpo de Maria, citação da obra Glórias de Maria, página 242; a
terceira e última é uma citação do Catecismo, onde é afirmado que Maria foi
assunta ao céu em corpo e alma Catecismo da Igreja Católica, página 273,
# 966, Editora Vozes, 1.993. Todas, certamente, citações verdadeiras.
***
Para finalizar esse item, o pastor afirma ter provado a doutrina oficial
católica de que Maria está no céu em corpo e alma, e que para isso deve ter
ocorrido, das duas uma: ou ela morreu e ressuscitou ou foi trasladada viva,
como o foram Enoque e Elias (2 Rs 2; Hb 11. 5). O pastor questiona: E qual
é a posição da Igreja Católica acerca desta questão? O autor afirma que
como ele havia dito, Maria morreu e ressuscitou para a nossa salvação,
embora não tenha explicado o sentido dessa afirmação, como vimos acima,
mas em suas pesquisas pôde notar que nos bastidores da Igreja circula que
Maria foi arrebatada ao Céu sem experimentar a morte, o que seria correto
se ele tivesse dito que Maria não morreu. Isso é confirmado pelos
apologistas norte-americanos citados e pela obra Roma Sempre a Mesma,
de um ex-padre, Hipólito Campos, lida pelo pastor Joel há mais de 30 anos.
O autor não cita página, edição e etc por não tê-la em mãos. Diga-se de
passagem que eu nem existia quando o pastor Joel leu essa obra. Disso
tudo, o pastor encontra uma grande “confusão”, considerando que “São”
(sic) Bernardo escreveu que Maria morreu, o que foi registrado pelo pastor
Woodrow, e existe a tradição de que ela foi trasladada. Vejamos: 1) Ela
sofreu para nos salvar, mas não chegou a morrer, antes foi trasladada viva,
sem passar pela morte; 2) Ela experimentou sofrimentos diversos e,
inclusive, a morte, por nossa salvação, mas foi ressuscitada e assunta ao
Céu em corpo e alma, como o fora Jesus Cristo. Essas são as duas
conclusões interessantes as quais chegou o pastor Joel. Depois ele
pergunta: E como a Igreja Católica administra esse emaranhado? Na
verdade não existe verdadeiramente uma “confusão” e nem um
“emaranhado”. O que existe é uma incerteza do fato. A tradição mais antiga
e a mais provável é a de que Maria passou pela morte, embora exista a
possibilidade ou é aceitável a outra posição, que é mais recente e menos
provável. O pastor depois cita a A Revista das Religiões de maio de 2005,
editada pela Editora Abril p. 30, a qual fala do dogma da Imaculada
Conceição e Assunção, de 1854 e 1950 respectivamente, que não falam
sobre a morte de Nossa Senhora, o que não é negado pelo papa da época,
Pio XII, mas que não foi definido na ocasião, sendo importante crer somente
que ela está em corpo e alma no céu. Poderíamos dizer, de passagem, que
a verdade sobre a questão não pôde ser definida, permanecendo uma
incógnita, e o papa não pôde explicitamente tomar partido de maneira
infalível. A Tradição ensina as duas coisas: a Enciclopédia ensina que a
Virgem Maria morreu e o papa afirma que conhecer isso, ou melhor, ter
certeza sobre isso é irrelevante. Como disse o pastor, o Papa Pio XII preferiu
deixar os católicos bem à vontade quanto a isso, o que poderia ser dito
mais: o papa, mesmo não negando o fato da morte de Maria, e se é fato ela
morreu realmente, ele não pode com certeza absoluta afirmar ex-cathedra
essa sua convicção, pois, na hipótese de não ser fato, e a Virgem não tendo
experimentado a morte, o papa estaria pronunciando falivelmente, o que
nesses casos é impossível que ocorra. Certamente essa não é uma verdade
revelada. É melhor que fiquemos com a mais provável e mais antiga
tradição. O pastor fala do título Co-redentora, ainda não definido
solenemente como dogma. A Revista de Religiões, à página 29, registra que
milhões de fieis de 148 países solicitam pronunciamento desse dogma, o
mais alto cargo, igualmente estaria sendo pensado em proclamar o título de
Medianeira. O pastor diz que alguém menos culto em assuntos teológicos
poderia concluir que a Igreja não prega ainda sobre os títulos citados, visto
não terem sido proclamados, estando mesmo, um deles, em fase de análise.
Mas isso, segundo o pasto, é ledo engano. Diz o autor: A Igreja Católica já
prega abertamente que Maria é medianeira. O autor chama isso de
“heresia”, cita o Catecismo, p. 274, e elabora uma questão que o leitor
poderia fazer, questionando o que falta para a proclamação dessa verdade
visto que até o catecismo aprovado pelas autoridades de Igreja já a ensina.
Para isso o autor faz três considerações: a primeira seria de que todo
dogma é doutrina, mas a recíproca não é verdadeira, e para chegar a essa
conclusão o autor citou o exemplo do dogma da virgindade de Maria que é
ensinado, mas não foi definido solenemente; a segunda consideração do
pastor é que o porquê disso, é que, segundo se crê, uma coisa é uma coisa
e outra coisa é outra coisa, palavras do autor; a terceira e última ele ironiza:
Se ainda não fui claro, saiba que o filho não é meu. Enfim, são meras
ironias. O pastor termina questionando se o leitor entendeu ou não, e se
não, aconselha a ficar tranquilo, pois o importante é crer que Nossa Senhora
foi assunta ao céu, o que é dogma infalível, do contrário se estaria
suspeitando da infalibilidade papal e já não sendo católico. A questão que
não cala na mente dos protestantes é essa que o pastor imagina para um
momento de “incredulidade” de um fiel: E como podemos saber se o Papa é
infalível mesmo? A resposta seria fácil, segundo o autor, pois ele diz: Basta
você atentar para o fato de que quem está se dizendo infalível, é o próprio,
nisso não poderia haver equívoco. O infalível dizendo-se infalível assegura
sua própria infalibilidade, bastando não pensar para “crer” nisso, e o pastor
termina afirmando que uma vez crendo nessa verdade, poderemos crer em
tudo menos no Evangelho. De fato, voltando um pouco atrás, os títulos de
Co-redentora e Medianeira não gozaram de especial definição, mas são
verdades de fé, ou seja, esses títulos traduzem, de certa forma, a fé da
Igreja. Qualquer definição não introduzirá novidade de fé. Quanto ao fato da
infalibilidade, o papa somente o é, e o pastor sabe disso ou pelo menos
conhece essa definição, em questões de fé e moral. É o próprio Evangelho,
a própria Teologia Bíblica que assim afirma, e a razão humana não depõe
contrariamente. Portanto, não foi o Papa que se auto-proclamou infalível,
mas a doutrina cristã católica de sempre assim ensinou, embora tenha sido
definida no século XIX. E crendo nessa verdade, que o Evangelho revelou,
estamos crendo nada mais nada menos que no Evangelho.
6.4.6. Bem-Aventurada
O pastor Joel afirma que todos sabem que a Igreja Católica prega
oficialmente que Maria nunca se relacionou sexualmente com José, e
acrescenta: Ora, quando se diz que o senhor “X” é casado com a dona “Y”,
não se especula se eles se relacionam ou não sexualmente, pois fazê-lo é
ser extremamente indiscreto. Tal era o caso de José e Maria. De fato é esse
o motivo pelo qual a Sagrada Escritura não trata dessa questão
explicitamente, mas indiretamente deixa claro que Maria fez voto de
virgindade e, de fato, teve somente um Filho, Jesus. A Bíblia não se
interessa em apresentar a vida conjugal dos casais, mas a história da
salvação da humanidade.
Mesmo que o relacionamento conjugal comum seja um dom de Deus e
não possui mácula, a vida celibatária é apresentada como superior à vida
matrimonial. Isso é Evangelho. O que ultrapassar isso é paganismo.
Nessa questão, o pastor procura fazer-nos refletir sobre o motivo que levou
os Evangelistas Mateus e Lucas a chamar Jesus de primogênito ao invés de
unigênito. Seria esse um sólido argumento para “provar” que Jesus não era
o único filho? Para os protestantes, pelo menos é o que parece, isso deveria
ser dito com todas as letras: Jesus é filho unigênito de Maria.
“O Filho”
O pastor Joel defende a posição protestante oficial, a que deve ser seguida
pelos autênticos protestantes. Ele não concorda com a seguinte afirmação
de certo pastor:“ De uma forma geral, o povo evangélico menospreza Maria.
Nós temos de dar as mãos à palmatória, pois de uma forma geral, nós
evangélicos zombamos e ridicularizamos a figura de Maria” (J. Jacó Vieira,
Em Defesa da Virgem Maria, produção independente, página 13_citação do
livro do pastor Joel.). Para defender a posição protestante ele diz que entre
os evangélicos há os que o são de fato, bem como os falsos. Considerando
isso, o mesmo pode ser dito dos católicos, pois há católicos de fato e
católicos falsos, nominais. Ele prossegue dizendo: Conseqüentemente, é
possível que haja entre nós alguém que não tenha para com Maria o
respeito que lhe é devido. Contudo, se há, são tão poucos que ainda não
encontramos sequer, um. É um “fato” interessante, pois católicos sempre
observam desprezo para com Nossa Senhora entre os protestantes,
chegando a conhecer protestantes que expressam esse desprezo. De modo
semelhante, os protestantes sempre percebem “mariolatria” nos católicos,
embora a Igreja afirme que não ensina adorar criaturas, mas somente a
Deus. O pastor diz já ter conhecido crentes que consideram Maria-demais,
que seriam resquícios do catolicismo, mas não conhece quem possa ser
acusado de Maria-de-menos entre eles. Portanto, o pastor Joel conclui que
seu colega pastor se equivocou na sua observação. Talvez, como explicou o
pastor Joel, possamos entender as atitudes anti-marianas dos protestantes
como um desprezo pela “idolatria”, não uma desprezo por Maria, e seria
isso que os católicos estariam “compreendendo mal”. Mas, também, pode-
se dizer que são atitudes não-críticas de católicos, certamente nominais em
sua maioria, que sempre provocam reações entre os protestantes,
incapacitando-os de compreenderem a posição católica verdadeira. Assim
diz o pastor: Todos os verdadeiros evangélicos amam e respeitam a Maria,
mas desdenham o culto a Maria, bem como às suas estampas e estátuas.
Desse modo não haveria justiça em acusar os protestantes de ensinar o
Maria-de-menos e, muito menos, o Maria-demais. Maria seria considerada
uma valorosa varoa para os protestantes. No entanto, deve-se questionar o
modo pelo qual os protestantes expressam essa sua atitude “positiva” para
com Nossa Senhora, visto que não é natural que os conteúdos internos de
nossa alma não venham à tona em gestos concretos que os expressem. A
posição oficial protestante, como mostra o pastor a respeito do que os
protestantes creem, é que a Virgem Maria foi manchada pelo pecado
original (os textos-prova seriam: 1Rs 8.46; Sl 14.3; Rm 3.23, etc.), e que ela
reconheceu sua pecaminosidade (o pastor cita Lucas 1,47). O texto citado
de São Lucas não fala de pecaminosidade, mas revela que a Virgem Maria
reconhece a Deus como seu Salvador. Isso é ensinado pela Igreja. Para
tanto, não era necessário que ela estivesse manchada pelo pecado, mas era
suficiente uma atitude de criatura diante do Criador, uma criatura que tinha
sido liberta por Deus de toda a corrupção pecaminosa, uma necessidade de
toda a criatura humana, o que se deu na sua concepção. Assim, vemos que
Lucas 1,47 não ensina necessariamente que Maria tenha contraído o pecado
original, o que nos faz perceber que essa noção da pecaminosidade de
Maria tem outra origem, que são os pressupostos teológicos adotados em
contrário à doutrina cristã católica, não a Bíblia. Os textos bíblicos usados
por católicos e protestantes podem ser os mesmos, a divergência será no
entendimento deles, em consequencia da teologia (protestante) adotada. O
pastor Joel, falando das graças que Nossa Senhora recebeu diz: A graça
concedida a Maria é muito grande, mas nenhuma graça divina nos
transforma em deuses. Quanto a isso não seria necessário dizer que os
cristãos católicos convergem plenamente, pois é sabido que não devemos
colocar ninguém no lugar de Deus. Quanto à posição protestante em relação
aos servos de Deus, afirma o pastor: Nós, os evangélicos, amamos e
honramos a Maria tanto quanto amamos e respeitamos a Moisés, Abraão,
Elias, Hulda, Débora, Pedro, Paulo, João, etc. Mas é sintomático que todos
esses outros nomes ocupem grande parte dos sermões, nos púlpitos,
enquanto que Maria parece ser raramente lembrada, a não ser quando se
faz referência às “idolatrias” católicas. Ela não ocupa lugar especial e, além
disso, parece ocupar um lugar que faz lembrar o que o outro pastor disse, o
de Maria-de-menos, que talvez seja uma conseqüência inconsciente no meio
protestante, como sendo um modo de “evitar” falar de Maria. Essa posição
é tida entre os protestantes como a atitude correta, a de “deixar” Maria no
seu “devido” lugar, humilde e realista, no qual ela mesma se pôs. De
qualquer forma o pastor assevera que entre os verdadeiros protestantes
ninguém coloca Maria-de-menos, alguns até podem ser tidos como tendo
Maria-demais, o que seria o único desequilíbrio. Quanto a isso, há
protestantes que já expressaram o desejo de ver a Virgem mais reconhecida
pelo protestantismo, como nos informa o pastor Joel. Mas a respeito da
acusação de Maria-de-menos, o pastor propõe a pergunta: Se realmente
estamos deixando a desejar no apreço devido a Maria, como erroneamente
crêem os que nos acusam de Maria de menos, perguntamos: Não fizeram os
apóstolos o mesmo?. Essa pergunta parece negligenciar o fato de que não
há prova de atitudes dos apóstolos que se assemelhassem às atitudes
protestantes. Os pressupostos que o protestantismo adota é que os faz
“ver” isso. A Bíblia é um livro que trata da história da salvação, tendo Cristo
como centro. Tudo converge nele. As palavras que revelam a pessoa da Sua
mãe a mostram como uma criatura muito especial (e os protestantes o
reconhecem) e os indícios de tratamento dos apóstolos para com ela,
podem ser deduzidos de textos como João 19,25-27, no qual Jesus a entrega
como mãe ao apóstolo João. É natural que os cristãos dos primórdios
lembrassem dessa maternidade ensinada por Cristo e reconhecida pelo
apóstolo João, e, na imitação do apóstolo, o culto religioso da Virgem Maria
se desenvolveu. É verdade que não encontramos nada, nas páginas do
Novo Testamento, que seja contrário ao culto mariano. Um culto explícito
também não está exarado, e as menções à pessoa da Virgem são muito
limitadas. De fato, muitas coisas somente estão implícitas na revelação. No
entanto, a dedução lógica que legitimamente pode ser tirada é a de que os
cristãos iniciaram na era apostólica o culto de veneração da mãe do Senhor
e não o contrário. A notícia de que uma senhora “católica” disse não gostar
da Bíblia porque o livro não dá a honra devida a Nossa Senhora, é de se
deplorar. Não se pode negar que uma devoção desorientada a tenha levado
a tal posição. E é igualmente verdadeiro que a falta de cultura bíblica
fomentou tal parecer. E é triste que esse possa ser o parecer de tantos
“católicos” por aí (“católicos”, entre aspas mesmo). Quanto aos diversos
títulos marianos, chamados pelos protestantes de “mariolátricos”, os quais
são Nossa Senhora, advogada dos pecadores, medianeira entre Deus e nós,
Rainha do Universo, digna de Hiperdulia, nossa Mãe, nossa intercessora..., e
que nenhum protestante concorda, se forem entendidos como os
protestantes entendem, como sendo um “endeusamento” de Maria, os
católicos deveriam concordar nesse ponto e rejeitá-los. Se, no entanto, o
sentido dos mesmos forem como ficou explicado nessa crítica, parece que
os protestantes deveriam concordar, pois não trazem heresia alguma os tais
títulos. E se as palavras são importantes, o sentido das mesmas parece que
são importantíssimos. Não adianta manter as palavras sem conservar o
sentido. Como por exemplo, os testemunhas de Jeová acreditam no Espírito
Santo, o qual é escrito com letras minúsculas (espírito santo) na sua
tradução da Bíblia (Tradução do Novo Mundo), mas o entendem como uma
“força vital” de Deus, e não como uma Pessoa Divina, portanto, negam a
Santíssima Trindade. Não adiantou acreditar no “espírito santo” para que
pudéssemos convergir com eles nessa questão. Se houvesse apenas
mudança de nomes, conservando-se o sentido, não haveria problema. O
contrário é que é inadmissível. A parte final desse tópico é importante
reproduzir aqui e analisá-la em seguida. O pastor Joel afirmou: Se realmente
estamos deixando a desejar no apreço devido a Maria, como erroneamente
crêem os que nos acusam de Maria de menos, perguntamos: Não fizeram os
apóstolos o mesmo?. Os apóstolos enfatizavam o nome de Jesus e falavam
de Maria só de passagem. O apóstolo Paulo chegou a dizer: “Porque nada
propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”
(1Co. 2.2). E por que teríamos que falar mais das virtudes de Maria, do que
de outros heróis da fé? Moisés, Jó, Daniel, Paulo, Misael, Ananias, Azarias e
outros, foram menos virtuosos do que Maria? Se sim, em que ela os
sobrepujou? Além disso, não é Cristo nosso modelo maior de perfeição?
Lembre-se: Maior do que Maria, é o fruto de seu ventre (Jesus); e que tê-lo
no coração é mais importante do que tê-lo no ventre. Esta não é apenas a
opinião deste autor; antes se refere ao parecer infalível de Jesus (Lucas
11.27,28). A indizível felicidade de ter Jesus no ventre, foi exclusiva de
Maria; mas a inefável bênção da salvação é comum a todos os verdadeiros
cristãos, inclusive a Maria. E é esta, a bênção que faz diferença. A postura
protestante acusada como Maria de menos não pode ser comparada com a
atitude apostólica. Então a resposta à pergunta do pastor é: não, os
apóstolos não fizeram o mesmo que os protestantes fazem! Sendo que a
Bíblia trata de Cristo, e isso é dito pelos teólogos católicos, como D.
Estêvão, entende-se que o personagem central é Cristo, e que todos os
outros personagens orbitam esse centro. Agora, basear-se nas menções
passageiras de Maria na Escritura para deduzir que ela era uma
personagem sem predileção especial ou que não tenha recebido devoção
religiosa é um critério inválido para deduzir o culto mariano naquela época.
Obviamente quando se escreve a respeito da Virgem Maria nos dias de hoje,
o seu nome aparece mais “incrementado” ou numa linguam floreada, com
títulos como Virgem Santíssima, Nossa Senhora e etc. As menções bíblicas
eram mais “simples”, porém, de significado igualmente profundo. Por
exemplo, falando da encarnação de Cristo, São Paulo diz em Gálatas 4,4 que
Ele nasceu de uma mulher. O título mulher foi pronunciado na cruz (João
19,25-27), lembrando Gênesis 3,15, o protoevangelho, onde Cristo é predito
como a semente da mulher que esmagará a cabeça da Serpente. E outras
passagens a chamam de mãe de Jesus, como em Atos 1,14, falando da
reunião no cenáculo à espera da vinda do Espírito Santo. A Bíblia não traz
explicitamente qual era os sentimentos dos apóstolos e discípulos pela mãe
de Jesus, e assim não diz que eles a tinham como uma “conserva” apenas,
nem diz que a tinham com o status em que é tratada hoje na Santa Igreja
Católica. Há, portanto, um silêncio sobre esse sentimento de veneração,
pelo menos explicitamente. Para deduzi-lo, porém, as “menções
passageiras” ao nome da mãe de Jesus no Novo Testamento não indica
nada. Já o sentido dos acontecimentos da sua vida permite uma dedução
segura de que os primeiros cristãos a veneraram de forma especial, e que a
devoção cristão a ela tenha iniciado muito cedo, na era apostólica. É uma
explicitação das passagens como a de Cristo a entregando como mãe a
João; sua intercessão pelos noivos em Cana; a mulher de Apocalipse 12
(mesmo essa passagem sendo considerada primeiramente como
simbolizando a Igreja), e que mesmo sendo negado pelos protestantes que
essa figura apocalíptica trate de Maria, é difícil ou mesmo impossível ler o
relato de Apocalipse 12 sem que venha à mente a Virgem Maria, mãe do
Varão que governará as nações com cetro de ferro, a não ser que se
negasse, infundadamente, que o menino nascido não era Cristo. Portanto, é
impossível negar que os primeiros cristãos tenham tido uma veneração
religiosa especial para com a mãe do Senhor, recorrendo-se a um juízo a
priori. Estabelecido isso, é fácil comprovar, com os escritos subapostólicos,
o reconhecimento da figura de Maria no culto cristão como essencialmente
é mantido na Igreja Católica. Diante disso, a pregação apostólica usando
exclusivamente o nome de Cristo, não nega o culto de veneração a Nossa
Senhora e nem aos santos, pois se trata de questão diversa. Realmente é
Cristo crucificado que devemos receber. É verdade que a figura de Maria
sobrepujou a de todos os outros heróis da fé. Ela foi digna, por pura graça
de Deus, de ser a Mãe do Deus feito Homem. É uma razão que fala por si
mesma. É justo que seu nome seja reconhecido como o mais importante
entre os nomes dos santos servos de Cristo, não apenas por sua
maternidade física, literal, mas espiritual também, pois ela se entregou
totalmente a Deus, e como conhecedora de Sua palavra, como está exarado
no Magnificat, ela não deve somente ser honrada como a mãe biológica do
Cristo, mas como aquela que cumpriu a palavra de Deus de maneira
exemplar: Eis aqui a serva do Senhor... (Lucas 2; 11,27-28), sendo o
exemplo mais perfeito entre as criaturas, que soube seguir o perfeitíssimo
modelo que é Jesus Cristo. E a idéia de se imitar seres humanos em suas
boas ações é doutrina bíblica, como dizia São Paulo: Sede meus imitadores
como eu o sou de Cristo (Tessalonicenses). Os protestantes reconhecem
essa verdade. Um cântico da missa do natal diz o seguinte: O Cristo já
nasceu na gruta de Belém, mas é preciso ainda nascer em nós também
(naqueles que ainda não o receberam). E a Ave Maria tem o seu ponto mais
alto quando diz: Bendito é o fruto do seu ventre, JESUS. Portanto, essa é a
doutrina católica oficial, ensinada por Cristo. Então, podemos concordar com
as palavras do pastor Joel, quando disse: Maior do que Maria, é o fruto de
seu ventre (Jesus); e que tê-lo no coração é mais importante do que tê-lo no
ventre. Esta não é apenas a opinião deste autor; antes se refere ao parecer
infalível de Jesus (Lucas 11.27,28. Que Nossa Senhora teve Cristo no
coração antes de tê-lo no ventre, já diziam os santos Padres. Ela a teve no
coração, depois no ventre, até o nascimento de Cristo, e continuou para
sempre tendo-O no coração. Isso é o que devemos imitar, pois cabe
também a nós ter o Cristo no coração, ter a benção da salvação de Cristo
em nós, como teve a Sua mãe. Voltando àquela pergunta do pastor: Que
outra honra podemos tributar a Maria, além do que já fazemos, sem nos
tornarmos mariólatras? A honra que os protestantes afirmam tributar à
Virgem Maria é insuficiente, pois ainda a consideram como uma pecadora,
equiparam-na com outras mulheres santas, apesar de ela ter recebido honra
sem igual por ser a mãe do Salvador do mundo, não reservam a ela nenhum
lugar na liturgia e tantas outras coisas. O conceito que os protestantes tem
da mãe de Jesus Nosso Senhor é errôneo, parcial e, portanto, insuficiente
para uma mariologia correta. O erro é crer que os devidos tratamentos para
com Nossa Senhora são erros da mariologia católica, antes que um
desenvolvimento natural do cristianismo original. Aceitem a imaculada
conceição, a maternidade de Maria com relação à Igreja, a sua intercessão,
de acordo com a vontade de Deus.... Essa é a doutrina católica de sempre.
Isso não é mariolatria. Somente seria assim se a considerassem como
“deusa”, “fonte de graça”, “salvadora”, como se tivesse acrescentado algo
ao sacrifício de Cristo (o que não pode ser deduzido,da doutrina católica) e
etc.
6.7.1. A bênção da existência
Todos os católicos devem saber que a veneração que temos para com a
Virgem Maria é devido ao seu papel de mãe de Jesus, é por Ele que tudo
tem sentido e é nele que tudo deve convergir.
O mesmo pode ser dito desse tópico também. E, graças a Deus, Maria
se pôs entre os que sabem que nada somos e que só Deus é grande. Ela
disse que Deus “atentou na humildade de sua serva” (Lc 1.48). O
exemplo perfeito de humildade de uma criatura que se tornou desde a
concepção filha e serva de Deus.
A história realmente nos ensina que devemos ter uma certa dose de
desconfiança de tudo e de todos, como diz o pastor. Todo achado
arqueológico verdadeiro estará de acordo com a Bíblia. Desse modo, sob a
perspectiva católica, pode-se afirmar que a arqueologia pode também
ajudar os protestantes a entender que não há provas arqueológicas
contrárias à virgindade de Maria. O caso do ossuário que contém uma
inscrição que fala de um Tiago filho de José e irmão de Jesus não concluiu
nada contra a doutrina católica. O pastor apresenta questões interessantes:
Uma pessoa que tivesse sob sua guarda os restos mortais de Tiago, não
poderia guardá-los numa urna antiga? O fato de a inscrição não datar do
século I, prova cabalmente que se trata de uma gaiatice? De fato, a
inscrição não é verdadeira (do 1º século) e se o achado continua sendo de
importância, é igualmente digno de nota que o ponto principal que poderia
ser usado contra a virgindade de Maria foi provado ser falso ou altamente
questionável, o que ainda está de acordo com a Bíblia que nunca apresenta
filhos de Maria. Aliás, nem mesmo a inscrição diz isso. No entanto é verdade
que se a inscrição fosse verdadeira poderíamos supor que Maria teria tido
outros filhos, mas nem assim poderíamos ter a questão como conclusiva,
pois não traria novidade, já que há uma tradição que apresentam os irmãos
de Jesus como sendo filhos que José teria tido em casamento anterior. Nada
comprovado.
CONCLUSÃO
A vida conjugal de José e Maria foi singular. Não há motivo razoável para
acreditar que isso não possa ter ocorrido, como quer o protestantismo. Uma
concepção virginal sem intervenção humana é uma singularidade maior e
supera a razão, e nem por isso iremos rejeitá-la, portanto, outros fatos
singulares não são necessariamente impossíveis. Pode-se objetar que
concepção virginal é revelada explicitamente. Está certo. Mas a Bíblia não
diz que os “irmãos” de Jesus eram filhos de Sua mãe e nem de José, desse
modo, a conclusão protestante se baseia em um pressuposto fundamental
epistemológico protestante, que é o que faz com que um protestante pense
como protestante. O mesmo pode ser dito dos cristãos católicos, mas a
diferença é que a doutrina católica é ombreada pela Bíblia, visto que essa
não a contradiz quando analisada objetivamente, também pela tradição
cristã, que não contradiz a Bíblia, do contrário não é tradição cristã. E de
maneira geral, não há negação da virgindade pós- parto de Maria senão
após o século IV, mais explicitamente (pois Tertuliano já havia escrito algo
nesse sentido), e também pela razão, que não apresenta dificuldade
nenhuma. Certamente José estava mais preocupado com sua fidelidade ao
plano de Deus para sua vida, do que com a sua masculinidade diante do
povo, ou seja, daquilo que o povo poderia conceber a seu respeito, caso
esse soubesse que sua vida matrimonial era casta. Era mais importante que
a verdade da concepção virginal fosse acreditada. É verdadeiro o que disse
o professor Orlando: E se o sinal dado pela profecia era que "uma virgem
daria à luz", se ela, depois, se tornasse mãe de outros filhos de modo
normal, se poria muito mais em dúvida sua virgindade e sua honestidade no
caso da geração de Jesus. Esse argumento racional reforça ainda mais a
doutrina da virgindade de Maria.
Disponível em:
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica
&artigo=20040827093000&lang=bra_acesso em 26/06/2009.
CAPÍTULO 7
OS 7 SACRAMENTOS
CAPÍTULO 8
SOBRE A EUCARISTIA
Nesse tópico o pastor Joel deixa claro que não se filia à interpretação
católica. Os católicos tratam desse assunto ao pé da letra. Como, segundo o
autor, os católicos defendem essa doutrina? Utilizando a Bíblia (entre aspas)
e apelando para o conto do vigário, segundo o pastor Joel. É bom saber, e
responder ao pastor Joel que é na Bíblia que está toda a doutrina da
Eucaristia e só nela está fundamentada. Qualquer milagre acontecido ou
que venha a acontecer somente serve para comprovação.
8.2.1. Recorrem à “Bíblia”.
Por isso é que cita, com razão, afirmações que falam da adoração da
Hóstia pelos cristãos católicos, pois se a Hóstia É Jesus Cristo, devemos
culto de Adoração a Ele. Desse modo, até mesmo o autor reconhece que a
Missa é das duas uma: ou um verdadeiro culto de adoração a Deus, do qual
quem não participa está perdido, por estar negando adoração a
Jesus; ou é um ato de idolatria. Bem, provado que a Missa é o mesmo culto
cristão apostólico, os protestantes tem de se posicionar quanto a isso,
aceitando a Eucaristia ou negando-a, participando da Missa (o único
sacrifício de Cristo tornado presente no altar) ou recusando de participar
dela conscientemente. É necessário: Oração, estudo da Sagrada Escritura e
da Sagrada Tradição cristã. Com relação à celebração da festa de Corpus
Christi, se o pastor Joel crê que o pão, (a “bolacha”) não é Cristo, então,
para ele, há uma “bolacholatria”. Pode-se dizer que, se ela é Cristo (como
de fato é), há realmente o culto de latria ao Senhor Jesus. E desse modo os
cristãos católicos estão oferecendo o culto de adoração requerido por Deus.
O pastor ainda comenta o seguinte: Só de passagem queremos fazer
constar que esse feriado é uma falta de respeito aos evangélicos, bem
como aos adeptos de outras confissões religiosas que não crêem nisso. Por
que temos que cessar nossas atividades, deixar de faturar, por causa de
uma crença alheia? Pensem nisso nossos políticos! Se a festividade está de
acordo com o Evangelho e é uma forma de pregar publicamente essa fé
evangélica na Eucaristia, então, como o direito é da verdade, que essas
comemorações ajudem aos outros, que não creem (a maioria dos
protestantes e os adeptos de outras religiões), a se converterem. Depois, o
pastor prossegue: Pesquise, pois, a Bíblia com humildade e oração; e só
adore à hóstia, se a Bíblia lhe convencer a fazê-lo. Para isso, basta crer na
Bíblia, a qual ensina em João 6, que o Pão eucarístico é o Corpo de Cristo e
pronto: devemos adorar a Cristo sempre, também quando se mostra a nós
sob a espécie de Pão.
O autor cita a obra do teólogo protestante Karl Weiss, na qual está dito que
os clérigos católicos divergiram quanto à transubstanciação, incluindo papas
e Santo Agostinho. Mas está provado que Santo Agostinho ensina a
presença real ao mesmo tempo em que ressaltava o simbolismo da
Eucaristia, segundo Dave Armstrong. Então o protestantismo conserva
parcialmente o que ensinou Santo Agostinho. Mesmo que um papa ou
algum teólogo afirme algo contrário à fé, devemos continuar pregando a fé
contra a opinião privada deles.
Segundo o pastor, afirmar que a hóstia é Cristo seria uma falsa premissa.
Mas como o Evangelho deixa claro que Cristo afirmou que o Pão é o Seu
corpo, a premissa é verdadeira.
8.5.2. Intolerância
"Se alguém negar que aquilo que se oferece na missa não é Cristo para
ser comido, seja excomungado" (Concílio de Trento, citado em A Igreja que
veio de Roma, op. cit., p. 127). Após essa citação, o pastor ironiza sobre o
ecumenismo e questiona se talvez Santo Agostinho e os Papas Gelásio I e
Gelásio II estivessem vivos hoje, seriam excomungados. Conclui que Santo
Agostinho talvez seria, mas os papas não porque são infalíveis! Mais
ironias. Basta lembrar que o papa João XXIII na Idade Média foi julgado e
condenado por um Concílio.
CAPÍTULO 9
O CELIBATO ECLESIÁSTICO
O pastor afirma ter pena dos padres, dos quais foi roubado direito de
constituir família e ter filhos e etc. Chega a aludir que há padres que se dão
por realizados, por estarem se relacionando sexualmente com freiras e
outras mulheres, inclusive casadas. É óbvio que os padres que assim o
fazem estão em pecado mortal. Porém, essa é uma questão moral. E a pena
que o pastor sente não é razoável, visto termos provado, e o pastor sabe
disso, que o celibato é uma opção vivida por muitos e é dom dado por Deus
segundo a Bíblia. Será que Deus rejeita para o sacerdócio aqueles a quem
Ele mesmo concedeu o dom de serem eunucos por amor ao Reino dos
Céus? É evidentemente sem fundamento “ter pena dos padres” por esse
motivo, pois parece mais razoável ter pena dos que tem esse tipo de pena!
9.7. Incoerência
CAPÍTULO 10
Neste capítulo o pastor Joel registra as palavras do Papa Marcelo II, que
teria afirmado: “Dificilmente um papa escaparia do inferno” (Vita Del
Marcelo, página 132), no que teria o papa, em sua [do pastor] opinião,
razões sobejas para se expressar assim. O autor põe-se então, a registrar
com pesar a dissoluta vida do clero católico, admitindo não ter prazer em
fazer essas acusações, pois só Deus pode julgar e condenar, reconhecendo
que todos os seres humanos estão sujeitos às mesmas paixões, mas revela
esses fatos porque lhe parece que os católicos não sabem disso, o que se
reflete no tratamento que dão ao clero, seguindo-o cegamente, como se
eles fossem deuses. Os católicos se mostrariam muito exigentes nos
diálogos com os protestantes, mas não igualmente exigentes para com a
liderança do Catolicismo. Aceitariam as heresias dos papas, mas não os
sólidos argumentos dos evangélicos. Isso se daria porque os católicos são
iludidos pelos papas, que negam que os pastores protestantes tenham o
encargo de interpretar a Palavra de Deus, treinando os católicos para
rejeitar nossos sermões, por mais que provem que sejam autênticos, e, ao
mesmo tempo, aceitando as maiores aberrações dos papas e bispos.
Ensinam que as interpretações dos papas seriam infalíveis e a dos pastores
questionáveis. O motivo de toda essa reflexão é o seguinte: Não queremos
que os católicos nos idolatrem como o fazem aos papas. O que desejamos é
que saibam que seus líderes espirituais são seres humanos, e não deuses.
Acha até incrível que um católico acredite que o papa seja infalível.
O pastor Joel se põe a apresentar mais de dez parágrafos nos quais são
registrados os pecados de vários papas durante a história. No final, afirma
que o século XXI não tem se revelado melhor. Será que os católicos confiam
aos papas o futuro de suas próprias almas [como afirma o pastor Joel], ao
contrário dos evangélicos que pensam com suas próprias cabeças? Um
exemplo que serviria para provar que seria verdadeira a primeira parte
dessa interrogação, foi assim expresso: Por exemplo, quando um Pastor
protestante cai em pecado, em nada abala a fé dos leigos, visto que estes
aprendem desde cedo que os pastores não são infalíveis e donos da
verdade.
CAPÍTULO 12
O pastor Joel acusa a Igreja de iludir as pessoas por ensinar que ela foi
fundada por Jesus Cristo no primeiro século e que permaneceu una até
que apareceu o Protestantismo no século XVI, o que seria uma inverdade.
Mas, a primeira afirmação está correta, pois a Igreja Católica foi fundada
por Nosso Senhor Jesus Cristo na Palestina, no século I. Enfrentou muitas
heresias e, no entanto, permaneceu una podendo ser uma barreira contra
todas as heresias, o que valida quase toda a segunda afirmação acima. A
falha da segunda parte da afirmação é que não é verdade que não
existissem outras igrejas, como a Ortodoxa, e tantos outros grupos anti-
católicos como os Valdenses, Albigenses, para citar os posteriores ao
século XI. Por isso foi dito que a Igreja enfrentou muitas heresias. A tal
ilusão da inexistência de outras igrejas antes do século XVI estaria na obra
editada sob o Imprimatur do padre Aristides Rocha, Os Erros ou Males
Principais dos Crentes ou Protestantes, 7ª edição, 1957, editora O Lutador,
que à pagina 4 afirmaria que antes do século XVI só existiam os católicos
romanos. O pastor tenta mostrar que o catolicismo não foi fundado pelo
Senhor Jesus Cristo (afirma que isso seria “ofender” o Senhor, pois crê que
a Igreja está cheia de “heresias”). Mas essa é uma tarefa impossível. Por
outro lado é sabido que as heresias estavam profetizadas desde os
primeiros dias, como bem demonstra o pastor Joel citando Atos 20,30; 1
Tm 1, 19-20 e etc. O pastor acusa o monsenhor Aristides de tirar proveito
dos seus liderados e prossegue “demonstrando” que a Igreja Católica
seria diabólica. Obviamente as “provas” de que existiram grupos
heréticos anti-católicos em toda a história não são negadas pela Igreja, e
para provar isso não seriam necessárias tantas citações de livros de
história, já que bastaria apenas citar as obras de Dom Estevão que tratam
claramente desse fato (e são obras católicas). Seria o suficiente, por
exemplo, o livro Crenças, religiões, igrejas & seitas: quem são?, aliás,
citado pelo pastor Joel. Contudo foi importante para melhor fundamentar
a questão.
12.8. Recapitulando
CAPÍTULO 13
O MATRIMÔNIO E O CATOLICISMO
O pastor Joel deixa claro que o divórcio é um mal, uma desgraça, e que
Deus não o quer para o homem. Certamente essa é a opinião do
protestantismo. Porém, segundo o protestantismo, em alguns casos, o
divórcio seria permitido, assim como as novas núpcias, ou o novo
casamento (Mateus 19.9). O pastor conhece a postura da Igreja Católica, a
qual respeita o casamento como um verdadeiro sacramento, sendo
indissolúvel e, portanto, não permitindo novo casamento exceto pela
separação por morte de um dos cônjuges. Para os protestantes, a
infidelidade conjugal daria permissão ao novo casamento. Assim, depois de
citar o catecismo que é claramente contrário às novas núpcias, o autor
adverte o católico que vive um novo “matrimônio” dizendo que ele é um
adúltero aos olhos da Igreja, e sendo o adultério um pecado punido com a
condenação eterna, todos os que assim vivem estejam conscientes de sua
posição. Realmente severo o Evangelho que a Igreja defende! Mas, assim o
é de fato. Porém, o pastor Joel diz: E, se os clérigos católicos não querem
ser mais incoerentes do que já são, precisam aconselhá-los (a você e a seu
novo cônjuge) a se separarem, e não tapeá-los com “freqüência às missas,
penitências” e outras mais, e conclui que o catolicismo é prejudicial à
família, e pode destruir um lar. O ideal seria mesmo a separação, e é isso
que se conclui do ensino da Igreja. Isso é pregar o Evangelho. Porém, a
defesa do Evangelho da forma como ele é, torna-se “motivo” para acusar a
Igreja de ser um mal contra a família!
Segundo o pastor Joel, o que está exarado em 1 Coríntios 7,10-11 tem que
ser interpretado à luz do seu contexto remoto, que é Mateus 19,9.
Realmente, o texto de Mateus 19,9 ensina o mesmo que 1 Cor 7, 10-11, ou
seja, a indissolubilidade do matrimônio, não o seu contrário. Mas aqui, o
pastor admite que o texto não permite novo casamento, pois não fala da
infidelidade conjugal: Logo, a separação tratada nestes dois versículos não
permite um novo casamento, por não concernir à infidelidade conjugal.
Logo, segundo o autor, só a morte pode dissolver a união conjugal; mas, se
uma das partes não respeitar este princípio divino, a outra fica livre, à luz
da Bíblia, e não à luz de alguns versículos isolados de seu contexto imediato
e/ou remoto.
Depois, passa a tratar da questão de uma união de pessoas não batizadas,
que, portanto, não contraíram o sacramento do matrimônio e, se
porventura, queiram casar-se na Igreja teriam essa liberdade, o que
resultaria em “adúlteros” entrando na Igreja. Mas, se o casamento deles não
era válido, ou seja, não era casamento de fato, não há adultério quando se
casam com outro cônjuge, pois se trata do primeiro casamento. Na verdade,
vivam antes em “adultério” ou em “fornicação”, agora não.
E sobre o casamento realizado por ministros protestantes, que para a Igreja
Católica não seria válido, o pastor questiona: Talvez você queira me
perguntar: “Pastor Joel, então, segundo o Catolicismo, você e sua esposa
são adúlteros ou fornicários? Ora, se o nosso casamento não é válido, que
somos, senão adúlteros e/ou fornicários? Depois disso, conclui ele: Mas eu
posso abandonar a minha esposa, me converter ao Catolicismo, e me casar
de novo numa Igreja Católica. Realmente hilário: isso não é o que ensina a
Igreja. O pastor Joel está redondamente enganado e escreveu sobre o que
conhecia muito pouco. A questão é um pouco mais complexa. O Código de
Direito Canônico, no cânon 1.055, §, afirma que: 'O pacto
matrimonial...entre batizados foi por Cristo Senhor elevado à dignidade de
sacramento'. Podemos supor, com certa certeza, que ambos, o Pr. Joel e sua
esposa eram batizados (numa igreja protestante) quando se casaram. Pelo
que foi dito, eles realmente contraíram o matrimônio validamente, e estão
casados segundo o que ensina a Igreja Católica.
Tratando de um caso parecido, o Pe. Jesús Hortal afirma: Os DOIS eram
protestantes, BATIZADOS, mesmo que pela confissão a que pertencem
(batistas) o tinham sido na idade adulta e por imersão. Em princípio,
devemos supor a validade desse batismo, porque a matéria e a forma
empregada pelos batistas são perfeitamente válidas e porque a intenção
prevalente do ministro é, sem dúvida, realizar aquilo que Cristo mandou (cf.
cânon 869, §2). [grifo no original]. Nesse caso, se não houve impedimento
algum por parte dos noivos, devemos supor que o pr. Joel e sua esposa
estão realmente casados. E, se porventura ele se converter ao catolicismo,
não pode abandonar sua esposa, e, se o fizer, não pode casar-se numa
Igreja Católica.
E, para os que vivem sem os sacramentos, esses estariam perdidos, pois os
sacramentos são necessários à salvação. Questionando se haveria exceção
para essa regra, relembra, ironicamente, as crianças mortas sem batismo e
a doutrina do limbo.
O pastor fala das visitas do papa João Paulo II, que visitou o Brasil devido
à crise da Igreja, mostrando que o papa estava disposto a tudo, para que o
movimento protestante não continue iludindo e confundindo os católicos.
Isso também foi o motivo da visita do papa Bento XVI para lembrar aos
católicos da veracidade da Igreja, para que não a troquem pelas seitas. Não
há tanto o que falar sobre esse assunto, visto que essas intenções são
justas, pois, sendo a Igreja a única verdadeira, sua posição de combate às
falsas doutrinas se torna compreensível, como foi dito acima. É só comparar
o “apostolado” do pastor Joel, que em sua convicção profunda de que a
Igreja Católica não é Igreja, a combate arduamente. Os papas apenas estão
usando de um direito que também lhes assiste.
A respeito das palavras decoradas, o pastor afirma que isso não é o que
Deus mais espera ouvir de nós, quando nos dirigimos a Ele em nossas
orações. Mas é isso o que a Igreja Católica ensina, afirmando que a reza não
pode ser meramente mecânica. Contudo, isso não invalida o uso das
palavras dos livros de orações. É o Espírito Santo que reza conosco e por
nós, conhecendo o nosso coração muito melhor que nós mesmos. Se
alguém reza sem a devida disposição, tanto faz usar palavras espontâneas
ou decoradas, a ineficácia será a mesma. O mesmo pode ser dito do
contrário.
CAPÍTULO 15
São 11 itens, de 15.1. a 15.11 intitulados: Ame-os, Ore por eles, Seja
sábio, Seja amigo, Seja cortês e franco simultaneamente, Saiba como
começar e como parar, Encoraje os católicos ao diálogo, Modere suas
críticas, Não se julgue dono da verdade, Pregue o Evangelho, Peça
Sabedoria a Deus. São técnicas muito interessantes para um trabalho de
evangelização. E se cremos que são os protestantes os que estão
equivocados, essas técnicas podem ser usadas para instruí-los e
logicamente serem respeitadas no diálogo por ambos os lados.
EPÍLOGO