Espacos Vetoriais Bracket
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2 de junho de 2008
Sum ario
Teoria dos Espa cos Vetoriais Lineares Aula 13 Revis ao sobre Matrizes . . . . . . . Deni c oes . . . . . . . . . . . Matrizes Especiais em F sica Espa cos Vetoriais Lineares . . . . . Deni c ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1 1 1 1 3 3 4 4 4 5 5 6 8 8 8 9 9 10 10 11 11 11 11 12 12 12 13 14 14 16 16 16 16 17 17 17 17 18 18 20 20 20 21
Aula 14 Produto Interno ou Produto Escalar. Desigualdade de Cauchy-Schwarz: . . M etrica ou Dist ancia . . . . . . . . . Norma de um espa co vetorial . . . . Espa co de Hilbert . . . . . . . . . . .
Aula 15 Operadores Lineares sobre espa cos vetoriais Operador Identidade . . . . . . . . . . Algebra de Operadores Lineares . . . . Comutador de dois Operadores . . . . Potencia c ao de Operadores . . . . . . Fun c ao de Operadores . . . . . . . . .
Aula 16 Operadores Especiais para a F sica . . . . . . . . . . Operador Adjunto ou conjuga c ao de operadores Operador Inverso . . . . . . . . . . . . . . . . . Operadores Hermitianos ou Auto-adjuntos . . . Operadores Unit arios . . . . . . . . . . . . . . . Operador de Proje c ao . . . . . . . . . . . . . . Autovetores e Autovalores . . . . . . . . . . . . Vetores Linearmente Independentes: Bases . . . . . Teorema de Ortogonaliza ca o . . . . . . . . . . . Aula 17 Representa c ao matricial de operadores lineares . . Representa c ao de Vetores . . . . . . . . . . . Representa c ao de Operadores Lineares . . . . Representa c ao da Algebra dos Operadores . . . . . Soma de Operadores: . . . . . . . . . . . . . . Produto de Operadores . . . . . . . . . . . . Operador Identidade . . . . . . . . . . . . . . Matriz Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . Mudan ca de Base ou de Coordenadas . . . . . . . Bases Ortonormais . . . . . . . . . . . . . . . . . . Propriedade das Bases Ortogonais . . . . . . Representa c ao de Operadores . . . . . . . . . Preserva c ao de Hermiticidade e Unitariedade . . . . . . . . . . . . .
C=A+B
C = (cij ),
Produto de Matrizes: Dene-se produto entre as matrizes A e B pela matriz C, cujos elementos s ao cij = bij aij , isto e
C=AB
C = (cij ),
cij =
k
aik bkj
Produto de um Matriz por um n umero: Dene-se produto de uma matriz A por um n umero pela matriz C, cujos elementos s ao cij = aij , isto e
C = A
C = (cij ),
cij = aik
Matrizes Especiais em F sica Deni c oes: 1. Matriz identidade I: matriz cujos elementos s ao I = (Iij ) = (ij ), ou seja, a matriz N N cuja diagonal tem elementos unit arios e elementos n ao-diagonais nulos. 2. Matriz inversa A1 relativa a ` matriz A e a matriz tal que A1 A = AA1 = I I e matriz identidade. Obs: Lembrar que a condi c ao necess aria e suciente para que uma mariz A tenha inversa e que det A = 0. Neste caso, A1 eu nica, cujos elementos s ao: aij
(1)
= (1)i+j
Mji det A
Departamento de F sica UFPE
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onde Mji e o menor de det A correspondente ao elemento aij )1 . Se det A = 0 a matriz e dita ser singular. 3. Matriz complexo-conjugado A : matriz formada pelos elementos complexo-conjugados da matriz A, ou seja A = (a ij ) 4. Matriz transposta A: formada trocando as linhas pelas colunas de A, ou seja A = (aij ) = (aji ) 5. Matriz adjunta A : formada pela matriz transposta de A : A = A = A = (a ji ) 6. Matriz Ortogonal: A matriz A e dita ser ortogonal se AA=AA=I A = A 1
7. Matriz Hermitiana: a matriz A e dita ser hermitiana quando A = A Se A e uma matriz real ent ao A = A = A. Logo, matrizes hermitianas reais s ao sim etricas! 8. Matriz Unit aria: a matriz U e dita ser unit aria, quando U = U 1 Se U e real U1 = U = U UU = I, 9. Matrizes Normais: s ao matrizes tais que: AA = A A Propriedades Importantes: 1. (AB) = A B 2. (AB) = B A 3. As matrizes ortogonais deixam invariante o m odulo de um vetor real. 4. As matrizes unit arias deixam invariante o m odulo de um vetor complexo.
m etodos alternativos para se calcular a inversa, vide, por exemplo, o m etodo de Jordan 3.2.2, do Arfken p agina 185, Cap. III.
1 H a
U e ortogonal.
[A, A ] = 0
(comutador)
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3. Elemento Inverso: Para todo |a V corresponde um u nico vetor |a V , dito inverso de |a , tal que |a + |a = |0 . Convenciona-se escrever |a = |a . 4. Multiplica c ao por um escalar. Para cada par de elementos {|a , }, |a V e C , corresponde um vetor |a V , dito multiplica ca o de |a por , tal que: (a) ( |a ) = ( )|a , (b) 1|a = |a , onde 1 e o elemento unidade do corpo C . (c) ( + )|a = |a + |a , (distributividade). (d) (|a + |b ) = |a + |b , (distributividade). onde e C . Exemplos: R sobre o corpo R. Reais sobre os reais. C sobre o corpo R. Complexos sobre os reais. C sobre o corpo C. Complexos sobre os complexos. Vetores de posi c ao no R2 sobre o corpo R, com lei de adi c ao denida pela regra do paralelogramo. Cada vetor |a corresponde ao par ordenado (x, y ). Vetores formados por pares ordenados de n umeros complexos (1 , 2 ) sobre o corpo R, com regras de soma/multiplica c ao: (a) (1 , 2 ) + (1 , 2 ) = (1 + 1 , 2 + 2 ) (b) (1 , 2 ) = ( 1 , 2 ). dito espa co complexo C2 . Pode ser generalizado para Cn .
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Aula 14
Produto Interno ou Produto Escalar. Rela c ao que associa cada par de vetores de V a um elemento do corpo C , isto e: g : V V g (|a , |b ) C , g (|a , |b ) = a |b (Nota c ao de Dirac)
= b |a , onde
Propriedades decorrentes: (a) (b) (c) (d) a|a e real. ( a| + b|)| c = c |(|a + |b ) = c|a + c|b = a|c + b|c Se a|b = 0, |a e dito ser ortogonal a |b . O vetor nulo |0 e ortogonal a todos os vetores de V .
Desigualdade de Cauchy-Schwarz: Considerar o vetor |c = |a x b|a |b , onde |a , |b V e x R. Da propriedade c|c 0 obt em-se: c|c = = ( a| x b|a b|)(|a x b|a |b ) = x2 a|b b|a b|b 2 x b|a a|b + a|a 0
Para todos os valores de x R, a desigualdade se verica quando [2 b|a a|b ]2 4[ a|b b|a b|b ] a|a 0 ou seja quando a igualdade tiver apenas uma raiz real ou ra zes complexas. Assim, da condi ca o acima, resulta b|a a|b b|b a|a 0, ou b|b Obs: Todo espa co vetorial sobre o corpo dos reais R com produto escalar denido e dito espa co vetorial Euclideano. a|a | b|a | Desigualdade de Cauchy-Shwarz b|b a|a | b|a |2
Todo espa co vetorial sobre o corpo dos complexos C com produto escalar denido e dito espa co vetorial Hermitiano.
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M etrica ou Dist ancia Dene-se m etrica ou dist ancia entre dois vetores de uma espa co vetorial V , por um n umero real positivo (|a , |b ) associado ao par (|a , |b ) que satisfaz a `s seguintes propriedades: 1. (|a , |b ) = (|b , |a ) 2. (|a , |b ) = 0, se e somente se |a = |b . 3. (|a , |b ) + (|b , |c ) (|a , |c ), (Desigualdade Triangular). Todo espa co vetorial linear onde est a denida uma m etrica e dito espa co vetorial m etrico. Exemplos: No espa co vetorial R3 sobre o corpo R, a dist ancia entre dois elementos (pontos) (x1 , x2 , x3 ) e (y1 , y2 , y3 ) pode ser denida por: [(x1 , x2 , x3 ), (y1 , y2 , y3 )] = (x1 y1 )2 + (x2 y2 )2 + (x3 y3 )2
No espa co racionais Q sobre o corpo R, uma m etrica pode ser denida por (x1 , x2 ) = |x2 x2 |. No espa co das fun c oes cont nuas reais no intervalo [a, b], C 0 [a, b] sobre o corpo R, a m etrica pode ser denida por:
b
(f, g ) =
a
|f (x) g (x)|w(x)dx
onde w(x) e uma fun c ao peso (arbitr aria), cont nua e limitada em [a, b], ou por (f, g ) = max {|f (x) g (x)|}
x[a,b]
Norma de um espa co vetorial Dene-se norma de um vetor |a pertencente a um espa co vetorial V sobre um corpo C por um n umero real positivo |a associado a |a que satisfaz a `s seguintes propriedades: 1. 2. 3. |a |a = || |a
|a + |b
Obs: a norma pode ser vista como uma aplica c ao de V R. Quando a propriedade 2 e relaxada, isto e existem vetores n ao-nulos com norma nula, a grandeza |a e dita semi-norma. Exemplos: Para espa cos vetoriais m etricos uma norma pode ser denida por: |a = a|a , (norma can onica)
Neste caso, o espa co vetorial m etrico e dito ser normado. Mas, nem todo espa co normado pode ser m etrico 2 .
2 Isto
s o e poss vel se a norma satiszer a uma propriedade adicional chamada de Lei do Paralelogramo, |a + |b
2
|a |b
=2
|a
+2
|b
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|a
=
j =1
x2 j
onde |a {xj }, (j = 1 . . . n) s ao as coordenadas cartesianas. Outras normas podem ser denidas para o Rn , como:
n
|a
=
j =1
|xj |,
n j =1
|a
|xj |p
Norma-p
Espa co de Hilbert
Deni c ao: Espa co vetorial de dimens ao innita V , de quadrado som avel e com produto escalar denido. vetor |a {a1 , a2 , a3 , . . . }
j =1
|aj |2 <
produto escalar:
a|b =
j =1
a j bj
Obs: O espa co de Hilbert e um espa co normado, cuja norma e denida pelo produto escalar (norma can onica), isto e,
|a
a|a =
j =1
|aj |2
ou seja os vetores t em norma nita. Pode-se mostrar atrav es da desigualdade de Cauchy-Schwarz que a converg encia da norma assegura a converg encia do produto escalar.3 No espa co de Hilbert a soma de vetores e o produto por um escalar se faz componente-acomponente.
Neste caso, o produto escalar e dado por a|b =
3 vide
1 |a + |b 4
|a |b
i( |a + i|b
|a i|b
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A condi c ao de quadrado integr avel signica que a seq uencia que dene a norma e uma seq uencia de Cauchy que converge para um vetor que pertence ao espa co V .4 Quando esta condi ca o e satisfeita o espa co e dito ser completo. Em linguagem matem atica se diz que o espa co de Hilbert e um espa co vetorial normado, completo com produto escalar denido.
4 A seq uencia poderia convergir por em para um vetor n ao pertencente ao espa co. Esta quest ao ser a discutida com detalhes quando o espa co de Hilbert das fun co es de quadrado integr avel for estudado.
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Aula 15
Operadores Lineares sobre espa cos vetoriais
Deni c ao:
Um operador A atuando em Vn , que associa cada vetor de Vn a um vetor de Sm , onde Vn e Vn s ao dois espa cos vetoriais de dimens ao n e m, respectivamente, isto e: A : Vn |a
n
A Vn Sm
Sm |b
m
= A|a
+ |b n ) = A|a
+ A|b
Dom nio/Imagem de um Operador: O conjunto de vetores |a n Vn para os quais A|a n = |b m Sm e dito ser o dom nio de A. Os correspondentes vetores |b m Sm associados, formam a imagem de A, como mostra a gura abaixo:
Vn
dom nio
Sm
imagem
Obs: O operador A e dito ser regular, se para cada vetor da imagem est a associado apenas um vetor do dom nio. Se A n ao e regular, e dito ser singular. Operador Identidade O operador identidade I : Vn Vn e o operador que associa cada vetor de Vm ao pr oprio vetor, isto e I|a
n
= |a n ,
|a
Vn
N ucleo de um Operador: Seja A : Vn Sm . O n ucleo de A e conjunto de vetores de Vn cuja imagem e o vetor nulo de Sm . Obs:
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A Vn
n ucleo |0
m
Sm
Se A e um operador linear, ent ao |0 n N ucleo de A, isto e A|0 n = |0 m . Prova: A|a n = A(|a n + |0 n ) = A|a n + A|0 n Um operador linear A e singular se seu n ucleo cont em algum vetor n ao nulo. Algebra de Operadores Lineares
A|0
= |0
m.
Sejam A e B dois operadores lineares denidos sobre um espa co vetorial Vn . 1. Igualdade: Se A|a n = B|a
n
|a
2. Soma: Dene-se um operador C como a soma de dois operadores A e B que possuem o mesmo dom nio se: C|a
n
= A|a
+ B|a n ,
|a
dom nio de A, B
C=A+B
= B(A|a n ),
|a
Vn ,
Vn
|a
n
Sm
Tp
|b
= A|a
|c
= B|b
= BA|a
Observe que a composi c ao AB n ao pode ser denida (em geral) porque o operador B : Sm Tp e A n ao atua sobre Tp ! Todavia, se Vm = Sm = Tp a composi c ao C = BA pode ser comutada e um novo operador C = AB pode ser denido. Em geral C = C.
Comutador de dois Operadores Sejam A e B dois operadores lineares de Vn Vn . Dene-se por comutador de A e B ao operador AB BA, e formalmente escreve-se: [A, B] = AB BA Obs: o comutador [A, B] tamb em e um operador de Vn Vn . As seguintes propriedades podem ser mostradas5 diretamente da deni c ao de comutador e das propriedades de linearidade dos operadores. Sejam A, B e C tr es operadores de Vn Vn sobre
5 Vide
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um corpo C . [A, B] = [B, A] [A, B] = [A, B] [A, B + C] = [A, B] + [A, C] [A + B, C] = [A, C] + [B, C] [AB, C] = A[B, C] + [A, C]B antisimetria linearidade linearidade ` a direita linearidade pela esquerda decomposi c ao pela esquerda
[A, BC] = [A, B]C + B[A, C] decomposi c ao pela direita [[A, B], C] + [[C, A], B] + [[B, C], A] = 0 identidade de Jacobi Potencia c ao de Operadores A composi c ao sucessiva de um operador A : Vn Vn isto e AA . . . A|a n pode ser simbolicamente representada por um operador Am , onde m e o n umero de opera c oes, ou seja Am = AA . . . A |a n ,
m fatores
|a
Vn
Fun c ao de Operadores Considerar a expans ao em s erie de pot encias (convergente) de uma fun c ao f (x), por exemplo, a sua s erie de MacLaurin:
f (x) =
k=0
ak xk ,
ak =
1 df k ! dx
k=0
Como se trata de uma s erie de pot encias convergente, por hip otese, podemos construir uma s erie de operadores equivalente, atrav es da potencia c ao de operadores, isto e:
ak Ak = f (A),
k=0
ak =
1 df k ! dx
k=0
que dene simbolicamente uma fun ca o de operadores f (A). Exemplo: Fun c ao Exponencial
eA =
k=0
1 k A k!
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Aula 16
Operadores Especiais para a F sica
Operador Adjunto ou Conjuga c ao de Operadores Seja A : Vn Vn um operador linear. Dene-se o operador A , dito adjunto de A pelo operador que satisfaz a rela c ao: b|A|a = a|A |b Obs: O operador dual correspondente a |a e a| que pode ser visto como sendo (|a ) . Lembre que a matriz adjunta e a transposta conjugada. Logo, se |a e um vetor-coluna, logo a| ser a um vetor-linha com componentes complexo-conjugadas.Em suma: | representa um vetor-coluna (contravariante) e | representa um vetor-linha (covariante).
Se |c = A|a o operador dual correspondente a |c ser a c| = (A|a ) ou seja a|A . Propriedades do operador adjunto: 1. O operador dual associado ao vetor A |a e a|A. 2. 3. (A ) = A (AB) = B A Prova: b|B A |a = ( b|B )(A |a ) = ( a|A)(B|b ) = a|AB|b = b|(AB) |a 4. 5. (A + B) = A + B (A) = A . Prova: a|(A ) |b = b|A |a = a|A|b .
Operador Inverso Seja A : Vn Sm um operador linear regular. Dene-se operador inverso associado a A, simbolicamente escrito por A1 , pelo operador de Sm Vn que tem a seguinte propriedade: A1 |b
m
= |a n ,
A|a
= |b
m,
|b
Sm
ou seja, a composi c ao
AA1 = Im ,
A1
Vn
Sm
A 1 | b
|b
= AA1|b
Im
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A1 A = In
Sm
A1
Vn
A|a
|a
= A1A|a
In
Observe que A1 : Sm Vn nos dois casos. Embora sejam id enticos, no primeiro caso e dito inverso a ` direita e no segundo caso inverso a ` esquerda respectivamente 6 Propriedade: (AB)1 = B1 A1 Prova: (AB)1 (AB) = In = B1 B = B1 In B = B1 A1 AB = (B1 A1 )(AB).
Operadores Hermitianos ou Auto-adjuntos Um operador H : Vn Vn e dito ser Hermitiano se e id entico ao seu adjunto, isto e: H = H
Operadores Unit arios Um operador U : Vn Vn e dito ser unit ario se o seu inverso e id entico ao seu adjunto, isto e: U1 = U
Propriedade: A a c ao de um operador unit ario sobre um vetor preserva a norma, isto e, a norma de U|a por: U|a = ( a|U )(U|a n ) = a|U U|a = a|U1 U|a
n
e dada
a|a = |a
Operador de Proje c ao Um operador P : Vn Vn e dito ser um operador de proje ca o se P e hermitiano e idempotente, isto e: P = P Propriedades:
6 Para
P2 = P
provar que s ao id enticos, ver Dennery e Krzywicki, Mathematical Physics, p agina 115.
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1. Se P e um operador de proje ca o e tem inverso, ent ao P = I. Prova: I = PP1 = P2 P1 = P(PP1 ) = P 2. Se P1 e P2 s ao dois operadores de proje c ao em VN , ent ao (P1 + P2 ) e um operador de proje c ao se, e somente se, P1 P2 = P2 P1 = 07 . Neste caso, os operadores s ao ditos serem ortogonais. Exemplo: Seja |e um vetor cuja norma e unit aria ( e|e = 1). O conjunto de todos os vetores formados pela multiplica c ao de |e por um n umero (elemento do corpo C ) forma um subespa co vetorial V|e = { |e } Vn . O objeto matem atico denido Pe = |e e| se constitui em um operador de proje ca o de Vn V|e , isto e: P2 e = (|e e|)(|e e|) = |e e||e e| = |e e| = Pe
P e = (|e e|) = |e e| = Pe
= |e e|a
= e|a n |e = an |e V|e ,
an = e|a
Autovetores e Autovalores
Seja A : Vn Vn um operador linear. O conjunto de vetores {|aj } Vn , para os quais: A|aj = aj |aj , j = 1, 2 . . . m, (Equa c ao de Autovalores)
s ao ditos autovetores de A com correspondentes autovalores {aj }. Propriedades: 1. Os autovalores de operadores hermitianos s ao reais. Prova: Seja H|hj = hj |hj , onde H = H e |hj = |0 . Considerar o n umero complexo hj |H|hj = hj hj |hj
hj |H|hj = h j hj |hj = hj hj |hj
2. Os autovetores correspondentes a dois autovalores distintos de um mesmo operador hermitiano s ao ortogonais. Prova: Sejam H|hi = hi |hi e H|hj = hj |hj , onde hi = hj e H = H . Considerar hj |H|hi . hj |H|hi = hi hj |hi , e hi |H|hj = hj hi |hj ,
Tomar o complexo conjugado de cada lado da segunda express ao: hi |H|hj = hj |H |hi = hj |H|hi = hi hj |hi hi |H|hj = h j hi |hj = hj hj |hi hi hj |hi = hj hj |hi , hj |hi = 0, (hi = hj ) onde foi usada a propriedade anterior que assegura que h j = hj (real).
7 Para
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aj |xj = 0
j =1
aj = 0 ,
j = 1, 2, . . . N
Propriedades: 1. O n umero m aximo de vetores linearmente independentes e dito ser a dimens ao do espa co vetorial. Doravante, nestas Notas de Aula, usaremos N para designar a dimens ao do espa co vetorial Vn VN . 2. Base: Qualquer vetor |a V pode ser escrito por uma combina c ao linear de qualquer conjunto {|xj } formado por N de vetores linearmente independentes , isto e
N
|a =
j =1
aj |xj
O conjunto {|xj }, j = 1, 2, . . . N e chamado de base de VN e os n umeros {aj }, j = 1, 2, . . . N , s ao as componentes de |a na base {|xj }. Teorema de Ortogonaliza c ao A partir de qualquer conjunto de vetores linearmente independentes {|xj }, j = 1, 2, . . . N e sempre poss vel construir outro conjunto de vetores linearmente independentes |ej }, j = 1, 2, . . . N , que satisfa cam a ` seguinte propriedade:
i ej |ek = j
onde cada |ej e escrito por uma combina c ao linear de {|xj }. Prova: Sejam, por hip otese, P|ej = |ej ej | os operadores de proje c ao na base ortonormal procurada. Ent ao: P|ej |xi = |ej ej |xi = ej |xi |ej Seja, por constru c ao, o vetor |li = |xi |ei = |li |li = |xi |xi
i1 j =1 i1 j =1 i1 j =1
pode-se mostrar, por indu c ao, que supondo conhecidos os vetores |ej , j = 1, 2, . . . (i 1), o vetor j |ei acima denido satisfaz ao Teorema. Supor, ent ao, que ej |ek = k , j, k = 1, 2, . . . (i 1). Assim ek |ei = 1 |li
(i1) ek |xi ej |xi ek |ej = j =1
k j
1 |li
[ ek |xi ek |xi ] = 0,
k < i.
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15
k Por outro lado, por constru c ao, ei |ei = 1. Logo ek |ei = i , k i. Portanto, a base procurada {|ej } pode ser constru da aplicando a deni c ao (1) sucessivamente:
|e1 = |e2 =
1 x1 |x1
|x1 , 1 |l2
|l1
|x2
[ x2 | e1 |x2 e1 |] [|x2 e1 |x2 |e1 ] |x3 e1 |x3 x1 |x1 |x1 e2 |x3 |l2 |x2 e1 |x2 x1 |x1 |x1
|e3 = ...
1 |l3
Observe que |e2 e uma combina c ao linear de |x1 e |x2 e que |e3 e combina c ao linear de |x1 , |x2 e |x3 , com coecientes conhecidos por constru c ao. Portanto, cada |ei ser a uma combina ca o dos vetores |xj , j i, o que completa a prova do Teorema. (c.q.d) Obs: Este m etodo de construir uma base ortonormal a partir de uma base arbitr aria qualquer e conhecido como m etodo de Gram-Schmidt 8
8 Vide,
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16
Aula 17
Representa c ao matricial de vetores e operadores lineares
Representa c ao de Vetores Considerar um espa co vetorial VN sobre o corpo C, e uma base {|xj }, j = 1, 2, . . . N , isto e, todo vetor de VN pode ser escrito por:
N
|a =
j =1
aj |xj
Portanto, xada a base, cada vetor |a pode ser representado por uma matriz N 1 a1 a2 ... aN
|a =
(vetor coluna)
dito vetor coluna ou contravariante. Cada coeciente aj e dito ser a componente de |a na dire ca o |xj
Representa c ao de Operadores Lineares Considerar um operador linear A que atua sobre os vetores de VN , isto e: A : VN |a VN |b = A|a
|b = A
j =1
aj |xj =
j =1
aj A|xj
O vetor A|xj , por sua vez, pode ser escrito como combina c ao linear dos vetores da base, isto e
N
A|xj =
k=1
Ak j |xk
onde agora os Ak ao os respectivos coecientes da combina c ao linear. Substituindo na express ao j s acima para |b resulta:
N N N N
|b =
aj
Ak j |xk
j =1
k=1
k=1
A|xj
j =1
bk
|xk . aj Ak j
Portanto
N N
|b =
k=1
bk |xk ,
bk =
j =1
j Ak j a
k = 1, 2, . . . N
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onde identicamos bk como a componente |b na dire c ao |xk . Interpreta c ao: O conjunto de coecientes Ak ndice superior j pode arrumado como uma matriz N N onde o identica a componente (linha) e o inferior o vetor da base (coluna). Nesta representa ca o, a j k j componente bk resulta, ent ao, do produto da matriz {Ak } pelo vetor coluna { a } , isto e , b = Ak j ja (com regra de soma). Em linguagem matricial: Conclus ao: Os operadores lineares em VN s ao representados na base {|xj } por matrizes N N , ou A {Ak } . j b1 b2 ... bN A1 1 A2 1 AN 1 A1 2 A2 2 AN 2 ... ... ... ... A1 N A2 N AN N a1 a2 ... aN
Ak j |xk +
k
k Bj |xk = k
k (Ak j + Bj )|xk
Portanto, a matriz que representa o operador soma (A + B) e a soma das matrizes que representam A e B, isto e
k k (A + B)k j = Aj + Bj
j, k = 1, 2, . . . N
Produto de Operadores
AB|xj = A
k
k Bj |xk
=
k
k Bj A|xk = k k Al k Bj , k
k Bj l
Al k |xl =
l k
k l Bj Ak
|xl
(AB)l j =
k
k l Bj Ak =
(produto de matrizes)
Obs: Observar a coer encia da deni c ao dos ndices (superior para linha e inferior para coluna) e a opera c ao usual de multiplica c ao de matrizes. Operador Identidade
I|xj =
k
k Ij |xk = |xj ,
k k Ij = j
(matriz identidade) N N
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Matriz Inversa
1 AA d =I
Teorema:9
1 A condi c ao necess aria e suciente para que o operador A e que det[A] = 0, d exista 1 k onde A = {Aj } e a matriz que representa A. Neste caso, a matriz A d que representa 1 Ad e dada por:
j +k (A1 )k j = (1)
j Mk det A
Obs: Recordar: H a outras maneiras de se inverter uma matriz, como por exemplo, o m etodo de Gauss-Jordan descrito em Arfken e Weber, Mathematical Methods for Physicists, p aginas 184-187.
j = 1, 2, . . . N.
Como R tem inversa e poss vel inverter a rela c ao acima e escrever |xj em fun c ao de {|x j }, ou seja:
(R1 )j i |xj =
(R1 )j i
k Rj |xk
Logo |xi =
j (R1 )j i |xj
|xi = (R1 ) |x j
9 A prova deste Teorema com a nota ca o utilizada encontra-se em Dennery e Krzywicki, Mathematical Physics, 15, p agina 133.
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Pode-se mostrar que o conjunto {|x e linearmente independente tamb em, ou seja tamb em forma j } 10 uma nova base para VN . A mudan ca de base signica uma mudan ca na representa ca o de vetores e operadores. Qual a rela c ao entre as representa c oes? Vetores: Considerar o vetor |a escrito nas duas bases: |a =
j
aj |xj ,
|a =
j
aj |x j
aj |xj =
j
aj
k
(R1 )k j |xk = k
|x aj (R1 )k j k
ak
Portanto, ak =
j
aj (R1 )k j,
k = 1, 2, . . . N
|a = R1 |a
Operadores: A|x j =A
k k Rj |xk = k k l Rj Ak (R1 )m l m kl k Rj A|xk = kl k l Rj Ak |xl = klm (A )m j |xm m k l Rj Ak (R1 )m l |xm
A|x j =
|x m =
m Portanto, o operador A e representado na base {|x j } pela matriz {(A )j } dada por:
(A )m j =
kl
k l Rj Ak (R1 )m l = kl
l k (R1 )m l Ak Rj ,
j, m = 1, 2, . . . N,
A = R1 AR
10 Vide
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Bases Ortonormais
Considerar um espa co vetorial VN e uma base ortonormal {|ej }. Logo,
N
|a
=
j =1
aj |ej ,
|a
VN
A seguir, deixaremos de indicar o subscrito N , por simpplicidade. As componentes de |a na base {|ej } s ao os n umeros {aj } que podem ser obtidos calculando-se o produto escalar de do vetor |a com os elementos da base:
N N
ej |a = ej |
k=1
ak |ek =
j =k
ak ej |ek = aj ,
j k
aj = ej |a
Propriedade das Bases Ortogonais A expans ao de um vetor |a na base {|ej } pode ser reescrita em termos das componentes acima calculadas, isto e:
N N N N
|a =
j =1
aj |ej =
j =1
ej |a |ej =
j =1
|ej ej | |a ,
IN
IN =
j =1
|ej ej |
onde IN e o operador identidade sobre VN . Observar que esta representa ca o para o operador identidade corresponde a ` soma de todos os operadores de proje ca o associados a cada dire ca o denida pela base ortogonal. Representa c ao de Operadores Considerar A : VN VN um operador linear e {|ej } uma base ortonormal para VN . Considerar a a c ao de A sobre todos os vetores da base, isto e:
N
A|ej =
k=1
Ak j |ek ,
j = 1, 2, . . . N,
ei |A|ej = ei |
k=1
Ak j |ek =
k=1
Ak j ei |ek =
j =1
i i Ak j k = Aj ,
Ai j = ei |A|ej
e o elemento de matriz que representa A na base {|ej }. Operador/Matriz Adjunto(a): O complexo conjugado do elemento de matriz de um operador e, por deni c ao:
Ak i = ek |A|ei = ei |A |ek , k (A )i k = Ai
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ou seja, a matriz que representa o operador adjunto A (de um operador A), e a matriz transposta conjugada que representa o operador A. Operador/Matriz hermitiano(a): O complexo conjugado dos elementos de matriz de um operador hermitiano H em uma base ortonormal {|ej }, s ao dados por:
j k = e |H|e Hj k j = ej |H |ek = ej |H|ek = Hk j j portanto, os elementos de matriz da diagonal s ao reais (Hj = Hj ) e os elementos sim etricos em rela c ao a ` diagonal s ao complexo conjugados entre si.
Operador/Matriz Unit ario/(a): Considerar um operador unit ario U : VN VN , ou seja U1 = U . A opera c ao de U sobre um a |a pode ser vetor |a N resulta em novo vetor |a = U|a , cuja norma can onica |a = calculada, isto e, a |a = a|U U|a = a|U1 U|a = a|a , |a = |a
ou seja a norma de um vetor e preservada pela a c ao de um operador unit ario. Teorema: A condi c ao necess aria e suciente para que uma base ortonormal seja transformada em outra base ortonormal e que o operador/matriz de transforma c ao seja unit ario(a). Prova: Considerar {|ej } uma base ortonormal de VN e U : VN VN um operador unit ario. A a c ao de U sobre a base {|ej } gera um conjunto de vetores {|e j } = {U|ej }. Para mostrar que a j condi c ao e necess aria, e preciso vericar que e j |ek = k (ortonormalidade). De fato:
e j |ek = ej |U U|ek = l
(U )j l el |
m
m Uk |em = lm
m (U )j l Uk el |em =
l m
=
m
m (U )j m Uk = m
j m (U 1 )j m U k = k ,
(c.q.d)
Para mostrar que e suciente, supor que a nova base {|e e ortonormal, logo: j = U|ej }
e j |ek = ej |U U|ek = lm j m (U )j l Uk el |em = k ,
l m
j m (U )j m U k = k
U U = I,
U = U1
(c.q.d)
Preserva c ao de Hermiticidade e Unitariedade Considerar um operador hermitiano H representado por uma matriz hermitiana H na base ortonormal {|ej }. Tomar um operador unit ario U e construir uma nova base ortonormal {|e j = U|ej }. A matriz H que representa o operador hermitiano na nova base ser a dada por: H = U1 HU = U HU H e Hermitiana! (H ) = (U HU) = U (U H) = U H U = H ,
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De modo an alogo se V e unit aria ent ao a matriz que representa V na nova base ser a: V = U1 VU = U VU V e unit aria! (V ) = (U VU) = U (U V) = U V U = U1 V1 U = V
1
Portanto, a transforma c ao de uma base ortonormal em outra base ortonormal preserva a hermiticidade e unitariedade das matrizes que representam operadores hermitianos e unit arios, respectivamente.
Bibliograa
Dennery e Krzywicki, Mathematical Physics, cap tulo II, 1 a 16 e 18. Fabian Essler, Notes on Linear Algebra. Hassani, Mathematical Physics, cap tulos 1 a 3. Mathews e Walker, Mathematical Methods of Physics, cap tulo 6. Butkov, F sica Matem atica, cap tulo 10, 10.3 a 10.8.
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