VALQUÍRIAS

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VALQURIAS

O nome significa "eleitoras dos mortos cados em combate" e provm da juno do verbo escolher, kjsa, que evoluiu para kyrja com a palavra valr que significa mortos no campo de batalha. As Valqurias so criaturas de face dupla, divina e terrestre: mulheres amantes, mulheres pssaro, protetoras, feiticeiras, representativas da fecundidade e conhecedoras de toda a cincia. Originalmente as Valqurias eram seres que erravam pelos campos de batalha quando estas acabavam, para beber o sangue dos mortos. Depois tornaramse a representao dos destinos individuais governados por Odin. Tambm conhecidas como Alaisagae ou Valkirjur, so semideusas

extremamente belas, serenas, que cavalgavam no campo de batalha vestidas com armaduras. Ao aparecerem marcavam o princpio de cada batalha e no fim de cada uma encaminhavam os guerreiros eleitos por Odin ao Valhalla. Os seus nomes esto normalmente relacionados com a atividade militar. por exemplo o caso dos nomes acabados em hild (Brunhild, Hild). As Valqurias eram vinte e cinco e so-lhes dados nomes como estes: Geironul, Brynhild (ou Sigdrifa), Gll (grito aterrorizador), Gndul (a que sabe manejar a vara mgica ou gandr), Herfjtur (laos ou fjturr que paralisam os guerreiros ou herr), Hlathguth, Svava, Baudihillie (ordena- batalhas), Geirskogul, Gunn-Gudr (batalha), Guth, Hervor, Hild (combate), Hlkk, Skogu, Hrist (agitadora de armas), Mist (torpor), Olrun, Randgrith, Reginleif, Sigrun, Skeggjold, Skuld, Thruth, Friagabi (dar liberdade) De acorodo com a literatura europeia as Valqurias so os espritos femininos que aguardam os guerreiros em Valhala (morada de Odin); e nenhuma descrio dos Deuses da batalha estaria completa sem elas. Nas descries dos poetas, elas aparecem como mulheres usando armadura e montadas em cavalos, passando

rapidamente acima do mar e da terra. Elas levam as ordens de Odin enquanto a batalha se desenrola, dando vitria segundo a vontade dele, e, no fim, conduzem os guerreiros derrotados e mortos a Valhala. s vezes, porm, as Valqurias so retratadas como as esposas de heris vivos. Supostamente, as sacerdotisas humanas se transformariam em Valqurias, como se fossem as sacerdotisas de algum culto. Reconhecemos algo semelhante s Norns, espritos que decidem os destinos dos homens; as videntes, que eram capazes de proteger os homens em batalha com seus encantamentos; aos poderosos espritos femininos guardies apegados a certas famlias, trazendo sorte a um jovem sob sua proteo; e at a certas mulheres que se armavam e lutavam como homens, das quais existe alguma evidencia histrica nas regies em tomo do Mar Negro. Pode tambm haver a lembrana das sacerdotisas do Deus da guerra, mulheres que presidiam os ritos sacrificais quando os prisioneiros eram condenados morte apos a batalha. Aparentemente, desde tempos remotos, os germanos pagos acreditavam em ferozes espritos femininos seguindo os comandos do Deus da guerra, espalhando a desordem, participando de batalhas, agarrando e talvez at devorando os mortos. O conceito de uma companhia de mulheres associadas a batalhas entre os germanos pagos ainda mais enfatizado pelos dois encantamentos que sobreviveram at os tempos cristos. Um vem de Merseburgo no sul da Germnia, e um feitio para abrir as correntes. Ele descreve como certas mulheres chamadas "Idisi" (termo derivado do nrdico antigo, "dsir" - Deusas) se sentavam juntas, algumas travando fechos, outras segurando a equipagem e outras ainda puxando as correntes. Concluindo com estas palavras: "Salta fora das amarras, foge do inimigo". Pode ser comparado a esse um feitio em "Old English" contra uma dor sbita. A principio parece um feitio simples e incuo, at a dor ser visualizada como sendo infligida pelas lanas de determinadas mulheres sobrenaturais. Nesse ponto, o feitio assume uma postura herica. "Ruidosas eram elas, eis que eram ruidosas, Cavalgando sobre a colina.

Tinham a mesma e nica inteno, Cavalgando pela terra; Protege-te agora para escapar desse mal. Sai pequena lana se aqui tu ests. Sob o escudo de luz eu me coloquei, Quando as poderosas mulheres Preparavam o seu poder E enviavam suas lanas ferinas"...

Mais adiante no encantamento so mencionadas armas atiradas pelos Deuses, e a impresso que temos aqui algo que era originalmente um encantamento de batalha, como o de Merseburgo, que foi passado de gerao em gerao pelo mundo, at poder ser evocado por razes prosaicas. Uma segunda sugesto de mulheres sobrenaturais em outro encantamento o termo "sigewif", mulheres da vitria, usado para descrever um enxame de abelhas. Abrir e fechar correntes e amarras, atirar lanas e o poder de voar so atividades associadas Odin. Em Hvaml (expresso daquele que Grande), ele entoa um encantamento para providenciar "correntes para os meus adversrios". Provavelmente no so amarras fsicas, e sim para a mente, do tipo descrito em Ynglinga Saga (relatos dos antigos reis da Sucia): "Odin sabia como agir de modo que seus inimigos em batalha ficassem cegos ou surdos ou tomados pelo pnico, e suas lanas no espetassem mais do que varinhas de condo". Um exemplo vivido dessa condio encontrado em uma das sagas da Islndia, Hardar Saga (36). O heri Hord estava fugindo de seus inimigos quando subitamente foi dominado pelo que e descrito como "corrente de guerra" (herfjgturr). Ele foi conjurado por meio de magia hostil:

A "corrente de guerra" veio para cima de Hord, e ele livrou-se uma e duas vezes. A "corrente de guerra" atacou uma terceira vez. Em seguida, os homens conseguiram cerc-lo formando um crculo de inimigos, mas ele lutou ate sair do crculo e matou trs homens. Essa atitude no deve ser confundida com pnico em batalha 'pois Hord era um homem excepcionalmente corajoso e um esplndido guerreiro. Parece, antes, uma espcie de paralisia, como a que se experimenta em um pesadelo. Trs vezes ele conseguiu se libertar, mas quando a corrente o atacou pela quarta vez, foi cercado novamente e morto. Vale dizer que um dos nomes das Valqurias Herfjgturr, "corrente de guerra", a mesma palavra na passagem acima. A interpretao sugerida de um dos nomes das Alaisiagae, Friagabi, como "concedente da liberdade", pode ser relevante nessa conexo. A literatura nrdica antiga nos deixou um retrato das dignificadas Valqurias montadas em cavalos e armadas com lanas; mas tambm sobreviveu um quadro diferente, mas rstico, de mulheres sobrenaturais ligadas a sangue e sacrifcio. Criaturas fmeas, s vezes de tamanhos gigantescos, despejam sangue sobre um distrito onde haver uma batalha; s vezes, elas so descritas carregando cochos de sangue ou montadas em lobos ou so vistas remando um barco em meio a chuva de sangue caindo do cu. Essas figuras geralmente so augrios de luta e morte; elas s vezes aparecem para os homens em sonhos, e so descritas mais de uma vez nos versos dos escaldos, nos sculos X e XI. O mais famoso exemplo de uma viso em sonho e mencionado em Njls Saga(sagas das famlias islandesas), que teria acontecido antes da Batalha de Clontarf, travada em Dublin em 1014. Um grupo de mulheres foi visto tecendo uma tapearia ttrica formada das entranhas de homens e pesada com cabeas decepadas. Elas estavam colocando a cena do fundo, que era de lanas cinza, com um carmesim. Eram chamadas pelos nomes das Valqurias. Um poema citado na Saga, que teria sido recitado por elas, no qual declarariam que so elas que decidem quem deve morrer na batalha iminente: "Tecemos, tecemos a teia da lana, Enquanto vai adiante o estandarte dos bravos.

No deixaremos que ele perca a vida; As Valqurias tem o poder de escolher os aniquilados... Tudo sinistro de se ver, agora, Uma nuvem de sangue atravessa o cu, O ar esta vermelho com o sangue de homens, Enquanto as mulheres da batalha entoam sua cano". Esse poema, conhecido como "Darradarljod" ou "Passagem das Lanas", pode no ter sido necessariamente composto a respeito da Batalha de Clontarf; j foi sugerido que alguma outra batalha na Irlanda o teria inspirado. De qualquer forma, temos aqui, em um perodo relativamente prematuro, um retrato das Valqurias, "mulheres de batalha", que est de acordo com as outras descries de terrveis criaturas fmeas decidindo sobre a sorte dos guerreiros em batalha. Outras figuras que mostram uma grande semelhanca as Valqurias dessa espcie so encontradas nas historias dos povos celtas. So elas, Morrigu e Bobd, mencionadas nas sagas irlandesas. Elas costumavam aparecer no campo de batalha ou s vezes se tomavam visveis antes de uma batalha. Podiam tomar a forma de aves de rapina e geralmente faziam profecias de guerra e massacre. A associao dessas mulheres de batalha com as aves de rapina que voam sobre um campo de batalha e interessante. No poema em "Old English, Exodus", o adjetivo para "escolhendo os aniquilados", "welceasig", usado para descrever o corvo; e um dos mais antigos poemas em nrdico antigo, "Hrafnsml" em formato de um dilogo entre um corvo e uma valquria. O corvo junto ao lobo mencionado em praticamente todas as descries de uma batalha em poesia composta em "Old English", e os dois animais eram considerados as criaturas do Deus da guerra, Odin. Essas notveis semelhanas entre as figuras de mulheres de batalha sobrenaturais na literatura dos escandinavos e dos germanos pagos de um lado, e dos povos celtas de outro, so significativas. Conforme o escritor, Charles Donahue, sugeriu que havia uma crena em ferozes espritos de batalha ligados ao Deus da

guerra numa poca em que os celtas e germanos viviam em contato prximo, durante o perodo romano. Sem dvida, a figura da valquria na literatura nrdica se desenvolveu em algo mais dignificado e menos sanguinrio como resultado do trabalho de poetas durante um considervel perodo de tempo. As criaturas alarmantes e terrveis que sobreviveram na literatura apesar desse esforo parecem, no entanto, mais prximas em carter daquelas que escolhiam os aniquilados, conforme eram visualizadas nos tempos pagos. (Os Deuses da Batalha) Ainda de acordo com a literatura europeia e nrdica as Valqurias cavalgavam nos cus com armaduras brilhantes e tambm serviam a Odin como mensageiras e quando cavalgavam como tais, suas armaduras faiscavam causando o estranho fenmeno atmosfrico chamado de Aurora Boreal. Devido a um acordo de Odin com a deusa Freya, que chefiava as valqurias, metade dos guerreiros e todas as mulheres mortas em batalha eram levadas para o palcio da deusa Freya. Freia (em nrdico antigo: Freyja, tambm grafado Freya, Freja, Freyia, e Frya) a deusa me da dinastia de Vanir na mitologia nrdica. Filha de Njord e Skade (Skadi), o deus do mar, e irm de Frey, ela a deusa do sexo, da sensualidade, da fertilidade, do amor, da beleza, da atrao, da luxria, da msica e das flores. tambm a deusa da magia, da adivinhao, da riqueza (as suas lgrimas transformavam-se em ouro), da sabedoria e lder das Valqurias (condutoras das almas dos mortos em combate). De carcter arrebatador, teve vrios deuses como amantes e representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um colar mgico, emblema da deusa da terra. Diz a lenda que ela estava sempre procurando, no cu e na terra, por Odur,2 seu marido perdido, enquanto derramava lgrimas que se transformavam em ouro na terra e mbar no mar.

Na tradio germnica, Freia e dois outros vanirs (deuses de fertilidade) se mudaram para Asgard para viver com os Aesir (deuses de guerra) como smbolo da amizade criada depois de uma guerra. Ela usava o colar de Brisingamen, um tesouro de grande valor e beleza que obteve dormindo com os quatro anes que o fizeram. Ela compartilhava os mortos de guerra com Odin. Metade dos homens e todas as mulheres mortas em batalha iriam para seu salo Folkvang. O seu nome tem vrias representaes (Freia, Freja, Froya, etc.) sendo tambm, por vezes, relacionada ou confundida com a deusa Frigga, mas ela tambm foi uma grande fiandeira na antiguidade. Freia tambm tinha uma suposta paixo pelo deus Loki, o deus do fogo.

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