Psicologia Comunitária E Políticas Públicas
Psicologia Comunitária E Políticas Públicas
Psicologia Comunitária E Políticas Públicas
reas de atuao no mercado de trabalho. Como exemplo de atuao do psiclogofoicontextualizadoaexistnciadoNcleodePrevenoCriminalidadeNPC,ondefoicitadooPrEsp ProgramadeReintegraodoEgressodoSistemaPrisional/Penal,quetrabalhacomosEgressosqueretornam do sistema prisional, alm de abordar tambm outras formas de insero do psiclogo na rea comunitria e de polticaspblicas. Palavraschave:Psicologiacomunitria.Polticaspblicas.Psicologia.Egresso.
Introduo
Esse trabalho aborda conceitos bsicos da psicologia comunitria e das polticas pblicas, onde se pode perceber que fazer psicologia comunitria estudar as condies internas e externas ao homem que o impedem de ser sujeito e as condies que o fazem sujeitos numa comunidade ao mesmo tempo em que, no ato de compreender,trabalharcomoessehomemapartirdessascondies,naconstruodesuapersonalidade,desua individualidadecrtica,daconscinciadesiidentidadeedeumanovarealidadesocial. O grupo profissional chega definio clara de seu objetivo que seria o de proporcionar o crescimento da conscincia dessa populao atravs da participao dos indivduos em grupos, que os levariam a superar o individualismoeaseuniremematividadesquevisassemmudaroseucotidiano. Nessapesquisafoiutilizadoinicialmenteoconceitosobreosfundamentostericosdapsicologiacomunitria, ondemostraolevantamentodasnecessidadesecarnciasvividaspelogrupocliente,sobretudonoqueserefere scondiesdesade,educaoesaneamentobsico.Apsapareceoconceitodepolticaspblicasdeacordo com um dos autores citados, onde mostra que a mesma tem uma vasta opo de trabalho por proporcionar a possibilidade de executar um trabalho multidisciplinar. Em seguida apresentado o PrESp Programa de Reintegrao do Egresso do Sistema Prisional/Penal, que aborda a temtica do usurio do programa sendo um componente de fundamental importncia para a reintegrao social do sujeito que retorna do sistema prisional e precisaserinseridonasociedadedeformadignaecomqualificaoprofissionalparaquenoretornepriso. Na parte final do trabalho foi abordado como o profissional da psicologia, assim como, toda a equipe multidisciplinar pode atuar na psicologia comunitria e nos programas de polticas pblicas que permitem a insero desses profissionais para a realizao do trabalho subjetivo e efetivo com cada membro da sociedade. Trabalhando assim no apenas o sujeito como individuo, mas atuando em todo o seu contexto familiar e social paraqueseumeiosetornepropcioassuasnecessidadesdiriascomocidado.
Psicologiasocialcomunitria
Desde meados da dcada de 60, no Brasil, a utilizao de teorias e mtodos da psicologia em trabalhos feitosemcomunidadesdebaixarenda,visadeselitizaraprofisso,ebuscamamelhoriadascondiesdevidada populaotrabalhadora,almdeconstituiroespaotericoeprticodoquepassamosadenominarapsicologia comunitria,oupsicologianacomunidade(Freitas,1994).Segundo(Gis(1993)apudCAMPOS(org.),1996,p. 11)apsicologiacomunitriapodeserdefinidacomo
umareadapsicologiasocialqueestudaaatividadedopsiquismodecorrentedo mododevidadolugar/comunidadeestudaosistemaderelaeserepresentaes, identidade, nveis de conscincia, identificao e pertinncia dos indivduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitrios. Visa ao desenvolvimento da conscinciadosmoradorescomosujeitoshistricosecomunitrios,atravsdeum esforo interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade.(...)Seuproblemacentralatransformaodoindividuoemsujeito.
pelogrupocliente,sobretudonoquesereferescondiesdesade,educaoesaneamentobsico.Utilizando se de mtodos e processos de conscientizao, procurase trabalhar com os grupos populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua prpria histria, conscientes dos determinantes scio polticosdesuasituaoeativosnabuscadesoluesparaosproblemasenfrentados. Podese destacar em termos tericos que a aplicao do conhecimento parte do pressuposto de que ele se produz na interao entre o profissional e os sujeitos da investigao. Em termos de metodologia pode ser utilizado, sobretudo a metodologia da pesquisa participante, na qual o pesquisador e os sujeitos da pesquisa trabalham juntos na busca de explicaes para os problemas colocados, e no planejamento e execuo de programasdetransformaodarealidadevivida.Quandosefaladevalores,ostrabalhosdepsicologiacomunitria enfatizam sobretudo a tica da solidariedade, os direitos humanos fundamentais e a busca da melhoria da qualidade de vida da populao focalizada. Em termos ticos, buscase trabalhar no sentido de estabelecer as condiesapropriadasparaoexerccioplenodacidadania,dademocraciaedaigualdadeentrepares.Emtermos polticos,questionamsetodasasformasdeopressoededominao,ebuscaseodesenvolvimentodeprticas deautogestocooperativa.
Polticaspblicas
Aspolticaspblicascompemumcampomultidisciplinar,ondealgunsestudosbuscamexplicaranatureza dapolticaanalisadaeseusprocessos.Segundo(LowiapudHOCHMAN(org.),2007,p.68)polticapblica umaregraformuladaporalgumaautoridadegovernamentalqueexpressaumaintenodeinfluenciar,alterar, regular,ocomportamentoindividualoucoletivoatravsdousodesanespositivasounegativas. Vrios autores defendem seus pontos de vista sobre o conceito de polticas pblicas, (Easton (1965) apud HOCHMAN(org.),2007,p.68)contribuiuparaareaaodefinirapolticapblicacomoumsistema,ouseja,como uma relao entre formulao, resultados e o ambiente. Segundo ele, polticas pblicas recebem inputs dos partidos,damdiaedosgruposdeinteresse,queinfluenciamseusresultadoseefeitos. Poltica pblica o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ao, e analisar essa ao (varivel independente) e, quando necessrio, propor mudanas no rumo ou curso dessas aes (varivel dependente). A formulao de polticas pblicas constituise no estgio em que governos democrticostraduzemseuspropsitoseplataformaseleitoraisemprogramaseaesqueproduziroresultados oumudanasnomundoreal.Depoisdedesenhadaseformuladas,sedesdobramemplanos,programas,projetos, bases de dados ou sistema de informao e grupos de pesquisa. Quando postas em ao, ficam submetidas a sistemasdeacompanhamentoeavaliao.
ProgramadeReintegraodoEgressodoSistemaPrisionalPrEsp
Um exemplo dessa ao entre governo e organizaes que ocorre atravs das polticas pblicas o ProgramadeReintegraodoEgressodoSistemaPrisional/PenalPrEsp,umdosquatroprogramasquefazem parte do Ncleo de Preveno Criminalidade NPC, que pertence Superintendncia de Preveno Criminalidade (Spec) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), onde o Governo de Minas Gerais realiza essetrabalhoquebuscacontribuircomareduodasvulnerabilidadespessoaisoperandosobrefatoresderisco, atravsdeaeseprojetosquepromovamacessoaosdireitossociaiscomomeiosderecomporascondiesde cidado com autonomia como, tambm, promove a compreenso de temticas de direitos humanos como modo de trabalhar o aumento do capital social, a sujeitos egressos do sistema prisional/penal e seus familiares. Foi destacado como recorte de nossa realidade social, o campo prisional, seus sentenciados, por apresentarem um quadro comum: o forte ndice de rejeio no imaginrio social, grandes vulnerabilidades pessoais e reduzindo capitalsocial. Percebendo as precrias e desumanas condies de retorno a sociedade dos sentenciados e entendendo esseestadodesituaodevidacomofatorderiscoareentradaprisional,oEstadodeMinasGeraisfazcumpriro Art.25naLeideExecuoPenalatravsdoPrEspquepassaaassumiraincumbnciadegarantiraosujeitodo
sistemaprisional/penalacessoaseusDireitosemLeideExecuoPenal,atravsdeassistncianaorientaoe apoio para a reintegrao vida em liberdade na concesso, se necessrio, de alojamento e alimentao, em estabelecimento adequado, pelo prazo de dois meses, onde permite ao profissional que atua na rea social colaborarcomoegressoparaaobtenodetrabalho. OPrEspoperasimultaneamenteemtrsdimenses:levaraoimaginriosocialaimportnciadoacolhimento real do sujeito do sistema prisional/penal como estratgia de reduo da violncia e preveno criminalidade possibilitaracessoaosdireitossociaisetrabalharparaacompreensoeimplicaooaumentodocapitalsocialdo grupo de usurios do programa. No primeiro caso, o programa usado como modo de produzir solues para questes de ajuda e apoio a indivduos, grupos ou instituies na sua particularidade no segundo caso, o programa um dispositivo de interveno social, se liga ao problema como poltica pblica. Trabalha para qualificar as condies de cidadania, buscando problematizar a realidade do acesso a direitos universais. A terceira dimenso desse aspecto se revela no trabalho de possibilitar a formao e o desenvolvimento do capital social atravs de atividades de grupos pautados em temticas de direitos humanos, onde a confiana, a solidariedade,ocoleguismo,acompreensodaviolnciaeviolaescomoformadecuidadoseformaocidad sotrabalhados. Assim podem ser aplicadas a macro e micro polticas na aplicao desse trabalho, sendo equipamento da poltica pblica de promoo de cidadania (macro poltica) e incluso social de sujeitos egressos do sistema prisional/penaleseusfamiliares(micropoltica).Macropoltica:soosmovimentosdeextensododilogoede aesjuntoaosdiferentessegmentosdasociedade,nosentidodecoresponsabilizaoemrelaoaqualificaras reais condies de incluso social do sujeito do sistema prisional/penal. Micro poltica: toda ao territorializada quepossibiliteacessoaosdireitossociaisdoindividuoegressosefamiliareseapromoodeaesqueelevemo capitalsocial,atravsdediferentesformasdeatividadesemgrupos,tendocomotemasaconfiabilidade,oesprito coletivo, solidariedade, participao, o coleguismo, a responsabilidade, o cuidado e a preocupao com o outro, comacomunidadeeassimcomasociedade. Nessa perspectiva, cabenos possibilitar condies para que os egressos possam vir a compor alternativas desobrevivnciareal,comaberturaparaacriaodeoutrossentidosparaoviverpessoal,coletivo,comunitrioe social. AconfernciaPolticasdePrevenoeSeguranaPblica,promovidapelaSecretariadeEstadodeDefesa SocialepeloInstitutoElo,trouxeaBeloHorizontenoiniciodejunho2009,LuizEduardoSoares,atualsecretrio Municipal de Assistncia Social e Preveno da Violncia de Nova Iguau (RJ). O pblico, formado por mais de trezentos convidados, contou com a participao de profissionais dos Ncleos de Preveno Criminalidade (NPCs) de Minas Gerais, representantes dos sistemas prisional e socioeducativo, policiais civis e militares, bombeiros,juzes,promotoresedefensorespblicos.Paraele,aseguranaumdireitoelementar:condiode vida,liberdadeecidadania.Nopodeadiarsecomopromessafutura(INSTITUTOELO).Noentanto,apreveno deve ser levada a srio nas comunidades vulnerveis, fazendo dos jovens o alvo prioritrio dessa poltica. Luiz Eduardo Soares fala que Minas Gerais, nesse quesito, desenvolve uma rica, fecunda, criativa e rigorosa experincianarea(INSTITUTOELO).
AtuaodoPsiclogo
Falardaatuaodopsiclogohojeemrelaopsicologiacomunitriacomcertezamuitodiferentedoque compararadcadasatrs.Noinciodaatuaodopsiclogonessarea,aconstruofeitapelaspessoassobre opapeldesseprofissionalerabaseadanasseguintessituaes:algumasimaginariamopsiclogoemalgumlugar mais pobre e sem infraestrutura outras veriam o psiclogo indo de encontro populao, populao essa que geralmente desconhece esse trabalho assim como as suas possibilidades de ajuda outras ainda pensariam em lugares como favelas, cortios, bairros de periferia, lixes, assentamentos, mutires, associaes de bairros, gruposdemulheres,dejovens,deterceiraidade,menoresderua,ougruposmarginalizados,dentreoutros. Poderamos, ento, indagar se todos estes exemplos caracterizam prticas da psicologia em comunidade.
Para responder a isto se faz necessrio recuperar o processo de surgimento desse tipo de prtica, e para isto necessrio atender a dois aspectos: um ligado ao processo histrico pertinente a essa prtica, recuperando as condies que contriburam para o aparecimento dos chamados trabalhos em comunidade e outro, ligado aos aspectos que podem explicar como a profisso de psiclogo foi sendo construda, criada, e em torno de que temticasouproblemticasessaprticaprofissionalfoiseestruturandoepreparandonovosquadrosdepsiclogos paraarealidadebrasileira. Atualmente,procedendoaumaanlisecuidadosasobreasprticasdapsicologiaemcomunidade,verificase a coexistncia de vrios trabalhos. Pode ser destacados que os trabalhos desenvolvidos em comunidade perderamseucarterdeclandestinidade,presentesnasdcadasde60e70.Comisso,diminuramasdificuldades quanto aceitabilidade ou permissividade do trabalho e de outro, aumentaram as condies para se efetuar reflexeseanlisessobreosaspectosintrnsecosaessaprtica.Houveumaumentosignificativodosapelos,por parte do Estado, para uma maior participao junto sociedade e s suas problemticas. Institucionalizouse o espaoparaaatuaodopsiclogojuntoaosdiversossetoresesegmentosdapopulao. O psiclogo pode atuar atravs de trabalho com equipes multidisciplinares que estabelecem procedimentos prticosdeacordocomademandasocialepossibilidadesdeaoemreuniescomosmoradoresparaanlise das necessidades e possveis solues, inclusive com o incentivo formao de grupos de autogesto e formao de recursos humanos da prpria comunidade, e propostas de atividades especficas. Pode ser trabalhada tambm a importncia de fortalecer o envolvimento afetivo com os objetivos e programas de ao na comunidade. A promoo deste envolvimento tem sido feita exatamente atravs da busca de uma definio pela prpriacomunidadedasprioridadesdeatuao. Neste sentido, o psiclogo atua mais como um analistafacilitador, que como um profissional que toma as iniciativas de solucionar os problemas, possibilitando assim que o sujeito social seja visto como produtor da cultura e das metodologias de desenvolvimento da conscincia, proporcionando assim a tentativa de construo de um novo paradigma para a compreenso dos fenmenos psicossociais que se materializam e adquirem sua significao,emumaperspectivamicroemacroestrutural. ONcleodePrevenoCriminalidadeNPCdispedeumaequipemultidisciplinarformadaporpsiclogos, assistentessociais,eadvogados.Essaequipeatuaemtodososseguimentosnecessriosparatornarpossvelo processo de incluso social e reintegrao do egresso do sistema prisional. Assim os profissionais atuam diretamente com o usurio do programa, com a famlia, com as parcerias firmadas onde so oferecidos cursos profissionalizantes e todo o trabalho de acolhimento, atendimento e assistncia psicolgica e de capital social como ocorre atravs da distribuio de cestas bsicas, assim como tirar os documentos pessoais. No NPC tambm so realizadas as oficinas temticas que so palestras realizadas pelos profissionais do programa onde tem o ttulo Somos atores de nossa histria, na qual cada oficina trabalha mensalmente temas diversos como: Cidadania, violncia domstica, direitos humanos, afetividade, questo de gnero, dentre outros temas. Atravs desseprocessodeintervenoousurioeafamliainiciamumprocessodecriaodeperspectivadevidaede melhoria na condio de trabalho e qualificao, alm de proporcionar ao Egresso autonomia e sentimento de sentirsecomosujeitocriadordesuaprpriahistria. Na conferncia Polticas de Preveno e Segurana Pblica, o profissional do Ncleo de Preveno Criminalidade pde acompanhar o andamento dos acontecimentos no que se refere s polticas pblicas e se capacitarparaassimdesenvolverumolhardiferenciadonoquedizrespeitoaosEgressosecomooprofissionalda psicologia poder atuar no acompanhamento ao usurio e sua famlia. Levando em considerao todos os elementosquecompemoquadrodevidaearealidadedessesEgressos. Parasecontribuircomumavidapsicolgicamaissaudvel,necessrioqueotrabalhoaserdesenvolvido ultrapasseaesferadoindividualedoparticular,aomesmotempo,emqueadquiraumaperspectivadeapreenso darealidadeemsuatotalidadeeemrealeconcretadaspessoas.Fazerisso,naespecificidadedotrabalhodas prticaspsicolgicas,significaatuardentrodeumaperspectivadapsicologiasocial,emumavisosciohistrica, juntosrelaesquesotravadasnaesferadocotidiano,eliminandoseposturasreducionistas,psicologizantese
ahistricassobreosprocessospsicossociais.