DFCH456 Teorias1 Apostila
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DFCH456 Teorias1 Apostila
em somente pel.
Todas as
anes se fundam sobre a hornem; unicamente na foto
grafia c que fruirnos da sua ausencia. Ela age sobre n6s como
urn fenOrneno "natural", como uma nor ou um cristal de neve
cuja beleza c inseparavel de sua origem vegetal ou telurica.
Esta genese automatica subveneu radicalmente a psicologia
da imagern. A objetividade da fOlografia conferelhe um poder
de credibilidade ausente de qualquer obra pic16rica. Sejam quais
forem as do nosso espirito critico, somos obrigados a
crer na existencia do objet,o representado, Iiteralmente represen
tado, quer dizer, tornado presente no tempo e no A f.Q!9::-
gralia se beneficia de . de
mesmo, a pintura ja nao passa de uma tecnica infe
rior da urn sucedllneo dos procedimentos de repro
56 a objetiva nos da, do objeto, uma imagem capaz de
ONTOLOGIA OA IMAGEM FOTOGRAFICA
21
,
o Janto iudirio de Turim.
24 ANDRE BAZlN
"desrecalcar", no fundo do nosso inconsciente, esta necessidade
de substituir 0 objeto por algo melhor do que urn decalque aproxi-
mado: 0 proprio objeto, porem liberado das contingencias tempo-
rais. A imagem pode ser nebulosa, descolorida, sem valor docu-
mental, mas ela provem por sua genese da ontologia do modelo;
ela e 0 modelo. Dai 0 fascinio das fotografias de albuns. Essas
sombras cinzentas ou sepias, fantasmagoricas, quase ilegiveis, ja
deixaram de ser tradicionais retratos de familia para se tornarem
inquietante presenc;a de vidas paralisadas em suas durac;6es, liber-
tas de seus destinos, nao pelo sortilegio da arte, mas em virtu de
de uma medinica impassivel; pois a fotografia nao cria, como a
arte, eternidade, ela embalsama 0 tempo, simples mente 0 subtrai
a sua propria corrupc;ao.
*
* *
Nesta perspectiva, 0 cinema vern a ser a consecuc;ao no tempo
da objetividade fotografica. 0 filme nao se content a mais em con-
servar para nos 0 objeto lacrado no instante, como no ambar 0
corpo intacto dos insetos de uma era extinta, ele livra a arte bar-
roca de Slla catalepsia convulsiva. Pela primeira vez, a imagem
aas coisas e tambem a imagem da durac;ao delas, como que uma
mumia da mutac;ao.
As categorias
7
da semelhanc;a que especificam a imagem foto-
grafica determinam, pois, tambem a sua estetica em relac;ao a pin-
tura. As virtualidades esteticas da fotografia residem na revelac;ao
do real. 0 reflexo na calc;ada molhada, 0 gesto de uma crianc;a,
independia de mim distingui-Ios no tecido do mundo exterior;
somente a impassibilidade da objetiva, despojando 0 objeto de
habitos e preconceitos, de toda a ganga espiritual com que a minha
percepc;ao 0 revestia, poderia torna-lo virgem a minha atenc;ao e,
afinal, ao meu amor. Na fotografia, imagem natural de urn mundo
que nao sabemos ou nao podemos ver, a natureza, enfim, faz
mais do que imitar a arte; ela imita 0 artista.
E pode ate mesmo ultrapassa-lo em criatividade. 0 universo
estetico do pintor e heterogeneo ao universo que 0 cerca. A mol-
dura encerra urn microcosmo essencial e substancialmente diverso.
A existencia do objeto fotografado participa, pelo contrario, da
existencia do modelo como uma impressao digital. Com isso, ela
se acrescenta real mente a criac;ao natural, ao inves de substitui-la
por uma outra.
Foi 0 que 0 surrealismo vislumbrou, ao recorrer a gelatina
da placa sensivel para engendrar a sua teatrologia plastica. E que,
ONTOLOGlA DA lMAGEM FOTOGRAFlCA 25
para 0 surrealismo, 0 efeito estetico e insepanlvel da impressao
mecanica da imagem sobre 0 nosso espirito. A distinc;ao logica
entre 0 imagimirio e 0 real tende a ser abolida. Toda imagem deve
ser sentida como objeto e todo objeto como imagem. A fotografia
representava, pois, uma tecnica privilegiada para a criac;ao surrea-
lista, ja que ela materializa uma imagem que participa da nature-
za: uma alucinac;ao verdadeira. A utilizac;ao do trompe l'a?il e a
precisao meticulosa dos detalhes na pintura surrealista sao disto
a contraprova.
A fotografia vern a ser, pois, 0 acontecimento mais importante
da historia das artes plasticas. Ao mesmo tempo sua libertac;ao e
manifestac;ao plena, a fotografia permitiu a pintura ocidental
desembarac;ar-se definitivamente da obsessao realista e reencon-
trar a sua autonomia estetica. 0 "realismo" impressionista, sob
'sells alibis cientificos, e 0 oposto do trompe l'a?il. A cor, alias, \
forma porque ,esta nao mais possuia -irnporT[n- '
CIa ImltatlVa. E quando, com Cezanne, a forma se reapossar da .
sera, em todo caso, segundo a geometria ilusionista
da perspectiva. A imagem medinica, ao opor a pintura uma
correncia que atingia, mais que a semelhanc;a barroca, a identi-
dade do modelo, por sua vez obrigou-a a se converter em seu pro-
prio objeto.
Nada mais vao doravante que a condenac;ao pascaliana, uma
vez que a fotografia nos permite, por urn lado, admirar em sua
reproduc;ao 0 original que os nossos olhos nao teriam sabido
amar, e na pintura urn puro objeto cuja referencia a natureza ja
nao e mais a sua razao de ser.
*
* *
Por outro lado, 0 cinema e uma linguagem.
NOTAS
1. Estudo retomado a partir de Problemes de la peinture, 1945.
2. Seria interessante, desse ponto de vista, acompanhar nos jornais ilustrados de
1890 a 1910 a concorrencia entre a reportagem fotografica, ainda nas suas origens,
e 0 desenho. Este ultimo atendia sobretudo a necessidade barroca do dramatico
(cLLe Petit Journal II/ustre). 0 sentido do documento fotografico s6 se impos aos
poucos. Constata-se e, de resto, ait'm de uma certa saturac;ao, urn retorno ao dese-
nho dramatico do tipo "Radar".
26 ANDRI: BAZIN
3. Talvez a critica comunista, em particular, devesse, antes de dar tanta importan-
cia ao expressionismo realista em pintura, parar de falar desta como se teria podido
faze-Io no seculo XVlII. antes da fotografia e do cinema. Importa muito poueo,
talvez, que a Russia Sovietiea produza rna pintura se ela ja produz born cinema:
Eisenstein e 0 seu Tintoretto. Importa, isso sim, Aragon querer nos eonvencer a
toma-Io por urn Repine.
4. Seria 0 caso, porem, de se estudar a psicologia dos generos plasticos menores,
como a modelagem de mascaras mortuarias, os quais apresentam, tambem eles,
urn certo automatismo na reprodw;ao. Nesse sentido, poder-se-ia considerar a foto-
grafia como uma modelagem, urn registro das impressoes do objeto por interme-
dio da luz.
5. Mas sera mesmo "a massa" que se acha na origem do divorcio entre 0 estilo e
a que efetivamente constatamos hoje em dia? Nao seria antes 0 ad vento
do "espirito burgues", nascido com a industria e que serviu justamente de ponto
de repulsao para os artistas do seculo XIX, espirito que se poderia definir pela redu-
da arte a categorias psicologicas? Por sinal, a fotografia nao foi historicamente
a sucessora direta do realismo barroco e Malraux observa muito a proposito que a
principio ela nao tinha outra que nao a de "imitar a arte", eopiando
ingenuamente 0 estilo pictorico. Niepce e a maioria dos pioneiros da fotografia
buscavam, alias, copiar por esse meio as gravuras. Sonhavam produzir obras de
arte sem serem artistas, por decalcomania. Projeto tipico e essencialmente burgues,
mas que confirma a nossa tese, elevando-a, por assim dizer, ao quadrado. Era natu-
ral que a obra de arte fosse a principio 0 modelo mais digno de imitac;;ao para 0
fotografo, pois aos seus olhos ela, que ja imitava a natureza, ainda a "melhora-
va" de quebra. Foi preciso algum tempo para que, tornando-se ele proprio artista,
compreendesse que nao podia imitar senao a natureza.
6. Seria preciso introduzir aqui uma psicologia da reliquia e do souvenir, que se
beneficiam igualmente de uma transferencia de realidade proveniente do complexo
da mumia. Assinalemos apenas que 0 Santo Sudario de Turim realiza a sintese
entre reliquia e fotografia.
7. Emprego 0 termo "categoria" na que the da M. Gouhier em seu livro
sobre 0 teatro, quando distingue as categorias dramaticas das esteticas. Assim
como a ten sao dramatica nao implica nenhuma qualidade artistica, a perfeic;;ao da
nao se identifica com a beleza; constitui somente uma materia-prima
sobre a qual 0 fato artistico vern se inscrever.
II
o MITO DO CINEMA TOTAL1
o que, paradoxalmente, a leitura do adminivel livro de Geor-
ges Sadoul sobre as origens do cinema
2
revela e, apesar do ponto
de vista marxista do autor, 0 sentimento de uma inversao das rela-
c;oes entre a evoluc;ao economica e tecnica e a imaginac;ao dos pes-
quisadores. Parece que tudo se passa como se devessemos inverter
a causalidade historica que vai da infra-estrutura economica as
superestruturas ideologicas e considerar as descobertas tecnicas
fundamentais como acidentes providenciais e favoniveis, porem
essencialmente secundarios, em relac;ao a ideia preliminar dos
inventores. 0 cinema e urn fenomeno idealista. A ideia que os
homens fizeram dele ja estava armada em seu cerebro, como no
ceu platonico, e 0 que nos admira e mais a resistencia tenaz da
materia a ideia, do que as sugestoes da tecnica a imaginac;ao do
pesquisador.
Alias, 0 cinema nao deve quase nada ao espirito cientifico.
Seus pais nao sao de modo algum eruditos (com excec;ao de Marey,
mas e significativo que Marey so se interessasse pel a analise do
movimento e de modo algum pelo processo inverso, que permitia
recompo-lo). Ate mesmo Edison nao passa de urn bricoleur genial,
urn monstro do concurso Lepine. Niepce, Muybridge, Leroy, Joly,
Demeny, 0 proprio Louis Lumiere sao monomaniacos, desvaira-
dos, bricoleurs ou, no melhor dos casos, industriais engenhosos.
Quem nao ve que os desenhos animados do maravilhoso, sublime,
E. Reynaud, sao apenas 0 result ado de uma perseguic;ao tenaz a
uma ideia fixa? Explicariamos bern mal a descoberta do cinema
partindo das descobertas tecnicas que 0 permitiram. Ao contra-
rio, uma realizac;ao aproximativa e complicada da ideia precede
quase sempre a descoberta industrial, que e a (mica a poder tor-
28 ANDRI': BAZIN
CronofOlografia de J. E. Marey. Martha da Irops. I""'"" do Ciamooooa f,_
nar via vel sua aplicac;:!o pTatica. Assim, se hoje nos pareee evi
dente Que 0 cinema, em sua forma mais e1ementar, precisava utili-
zar urn suporte transparenle, Oex.ivel e resistcme, uma emulsao
sensivel. seea, capaz de rlXar uma imagem instanlanea (seoda 0
Testa apenas arranjos medl.n.icos bern menos complicados que urn
re16gio do seculo XVIII). percebemos que lodas as etapas decisi-
vas da invenc;:ao do cinema rcram transpostas antes dessas coodi-
serem preenchidas. Muybridge. gracas a dispendiosa fantasia
de urn amador de cavalos, consegue realizar, em 1877 e 1880, urn
imenSQ complexo que Ihe permilira impressionar, com a imagem
de urn cavalo galopando, a primeira serie cinemalografica. Ora,
ele precisou se comentar, para tal resultado. com 0 col6dio umido
sobre placa de vidro (isto e, com s6 uma das tres essen-
dais: instantaneidade, emulsao seea, suporte flexlvel). Depois da
descoberta da gelatina-brometo de prata, mas antes do apareci-
menlo no comercio das primeiras fitas de celul6ide, Marey cons-
tr6i com seu fuzil fotografico uma verdadeira c.!i.mera para placas
de vidro. Enfim, mesmo depois da existencia comercial do filme
em celul6ide. 0 pr6prio Lumiere teatara, em principio, empregar
filme de papel.
E s6 consideramos aQui a forma defmiliva e completa do
cinema fotografico. A sintese de movimentos elementares cientifi-
camente estudados pela primeira vez por Plateau nao tinha a
menor necessidade do desenvolvimento industrial e econ6mico do
sttulo X1X. Como observa acertadamente Sadoul, desde a anti-
guidade nada se opunha a do phenakistic6pio ou do
zootr6pio. E claro Que sAo os trabalhos de urn autentico erudito,
Plateau, que estAo na origem das mulliplas mecinicas
\
o MITO 00 CINEMA TOTAL
29
Que permitiram 0 uso popular de sua descoberta. Mas 0
cinema fotogJ:afico . para marmos admiradoLco)Jl
o lifo de a descoberta preceder de. iCs:-
rucarlndispensaveis para sua 'preciso explicar,
em- OOfttrapartida, que, com todas as ja reunidas ha
muito tempo (a persistencia retiniana era urn fen6meno conheddo
de longa data), a invencAo tenha !evado tanto tempo para surgir.
Convem notar que, sem QU Quer cientificamente necessa-
ria, os trabalhos de Plateau sAo quase comemporAneos aos de
Nicephore Niepce, como se a dos pesquisadores tivesse Y
esperado, durante sCeulos, para se interessar pela si ntese do movi- '
mento Que a quimica - independente da 6tica - se interessasse,
por seu lado. pela automatica da imagem.3 Insisto em Que
tal coincidencia hist6rica na.o parece poder de modo algum ser
explicada pela dentlfica econ6mica ou indusl rial . 0
cinema fOlogrMico poderia perfeitamente ter se intrometido num
phenakistisc6pio imaginado desde 0 sCeulo XVI. 0 atraso na
deste e lAo perturbador quanlo a exislencia dos precurso-
res daquele.
Mas. se examinarmos minuciosamente os trabalhos e 0 sentido
da pesquisa deles. tal como transparece nos pr6prios aparelhos e,
ainda mais indiscutivelmente, DOS escritos e comentarios que os
acompanham, constatamos que esses precursores eram antes de
tudo profetas. Queimando etapas, sendo Que a primeira delas ja
era para eles materialmenle intransponivei, a maioria deles vai
visar diretamente ao mais alto. A deles identifica a
ideia cinematografica com uma represenlac;10 total e integral da
realidade; ela tern em vista, de saida, 4-
com-o-som, a cof""e-o-relevo. ...J
Quanto a esse ultimo. urn historiador do cinema, P. Potoniee,
pode inclusive sustentar que "na.o foi a descoberta de fOlografia
e sim a da estereoscopia (introduzida no comercio pouco antes
das primeiras experi!ncias da fotografia animada, em 18SI) que
abriu os olhos dos pesQuisadores. Percebendo os personagens im6-
veis no espaco, os fot6grafos se deram conla de que Ihes faltava
movimento para ser a imagem da vida e a c6pia fiel da nature-
za". De qualquer forma, quase todos os inventores procuram
unir 0 som e 0 relevo a animacllo da imagem. Seja Edison, cujo
Kinetosc6pio indjvidual devia ser acoplado a urn fon6grafo com
caixas acusticas, ou Demeny e seus retratos falanles. ou ate mesmo
Nadar que, pouco tempo antes de realizar a primeira reportagern
fotografica sobre Chevreul. escrevia: "Meu sonho ever a fotogra-
30 ANDRE BAZIN
fia registrar atitudes e de fisionomia de urn orador a
medida que 0 fonografo registra suas palavras" (fevereiro de
1887). A cor ainda nao e evocada porque as primeiras experien-
cias de tricromia serao mais tardias. Mas E. Reynaud ja pintava
ha muito tempo suas figurinhas e os primeiros filmes de Melies
sao coloridos a mao. Os textos sao abundantes, mais ou menos
delirantes; neles, os inventores nao evocam nada menos que 0
cinema integral, que da ilusao completa da vida e do qual ainda
hoje estamos longe; conhecemos 0 trecho de L 'etre future, no
qual Villiers de l'Isle-Adam, dois anos antes de Edison empreen-
der suas primeiras pesquisas sobre a fotografia animada, the atri-
bui esta fantastica " ... a visao, carne transparente mila-
grosamente fotocromada, em trajes de lantejoulas, uma
especie de mexicana popular. Os movimentos mostravam-
se com 0 proprio matiz da vida, ao procedimento de foto-
grafia sucessiva que pode captar dez minutos dos movimentos
sobre lentes microscopicas, refletidos em seguida por urn potente
lampascopio... Subitamente uma voz homogenea e como que
compassada, uma voz tola e dura se fez ouvir. A can-
tou 0 alza e 0 hole de seu fandango".
o mito guia da do cinema e, portanto, a
daquele que domina confusamente todas as tecnicas de reprodu-
medinica da realidade que apareceram no seculo XIX, da foto-
grafia ao fonografo. E 0 mito do realismo integral, de uma recria-
do mundo a sua imagem, uma imagem sobre a qual nao pesa-
ria a hipoteca da liberdade de do artista, nem a irre-
versibilidade do tempo. Se em sua origem 0 cinema nao teve todos
os atributos do cinema total de amanha, foi, portanto, a contra-
gosto e, unicamente, porque suas fadas madrinhas eram tecnica-
mente impotentes para dota-Io de tais atributos, embora fosse 0
que desejassem.
Se as origens de uma arte deixam transparecer algo de sua
essencia, e valido considerar os cinemas mudo e falado como as
etapas de urn desenv6lvimento tecnico que realiza pouco a pouco
o mito original dos pesquisadores. Compreende-se, nessa perspec-
tiva, que seja absurdo considerar 0 cinema mudD como uma espe-
cie de primitiva, da qual 0 realismo do som e da cor se
afastaria cada vez mais. A primazia da imagem e historica e tecni-
camente acidental, 0 saudosismo de alguns pelo mutismo da tela
nao remonta 0 bastante na infancia da setima arte; os verdadeiros
primitivos do cinema, aqueles que so existiram na de
uns dez homens do seculo XIX, pens am na integral da
o MlTO DO CINEMA TOTAL 31
natureza. Logo, todos os aperfei<,:oamentos acrescentados pelo
cinema so podem, paradoxalmente, aproxima-los de suas origens.
o cinema ainda nao foi inventado!
Seria, portanto, inverter, ao menos do ponto de vista psi colo-
gico, a ordem concreta da causalidade, 0 fato de situar as desco-
bertas cientificas ou as tecnicas industriais, que irao tomar urn
lugar tao grande no desenvolvimento do cinema, no principio de
sua invenr;iio. OSilue ml!nos tiveram no futuro do cinema
como arte e mesmo como industria foram, precisamente, os dois
industriais, Edison e Lumiere. Edison contentou-se com seu kine-
toscopio individual e, se Lumiere recusou judiciosamente a Melies
a venda de sua patente, foi porque provavelmente pensava ter
mais lucro se ele mesmo a explorasse, mas efetivamente como
urn brinquedo, dQ qual mais dia menos dia 0 publico se cansaria.
Quanto aos. verdadeiros eruditos, como Marey, so serviram ao
cinema incidentalmente, pois tinham outro objetivo preciso, que,
quando atingido, os deixou satisfeitos. Os famlticos, os maniacos,
os pioneiros desinteressados, capazes, como Bernard Palissy, de
queimar seus moveis para obter alguns segundos de imagens
vacilantes, nao sao nem industriais, nem eruditos, mas possessos
de sua Se 0 cinema nasceu, is so se deve a convergen-
cia da obsessao deles; isto e, de urn mito: 0 do cinema total. Assim
fica explicado tanto 0 atraso das oticas da persistencia
retiniana por Plateau, quanto 0 constante avan<,:o da sintese do
movimento sobre 0 estado das tecnicas fotograficas. Ambos estao
dominados pela imagina<,:ao do seculo. E claro que encontraria-
mos outros exemplos, na historia das tecnicas e das
da convergencia das pesquisas, mas e preciso distinguir aquelas
que resultam precisamente da cientifica e das necessida-
des industriais (ou militares), daquelas que, obviamente, as prece-
demo Desse modo, 0 velho mito de icaro precisou esperar 0 motor
de explosao para descer do ceu platonico. Ele existia, porem, na
alma de cada homem desde que contemplou 0 passaro. De certo
modo, pode-se dizer a mesma coisa do mito do cinema, mas seus
avatares ate 0 tern apenas uma longinqua com
aquele ao qual hoje em dia participamos, e que foi 0 promotor
do aparecimento das artes mecanicas, caracteristicas do mundo
contemporaneo.
VI
MONTAGEM PROIBIDAI
Crin blanc, 0 balao vermelho,
Une fee pas comme les autres
Ja com Rim Ie petit tine Albert Lamorisse afirmara a originali-
dade de sua Rim e talvez, junto com Crin blanc, 0
unico filme verdadeiro para que 0 cinema ja produziu. E
claro que existem outros - pouco numerosos, alias - que convem
em diferentes graus a jovens espectadores. Os sovieticos fizeram
urn particular nesse campo, mas me parece que filmes
como Au loin une voile se dirige antes a adolescentes. A tentativa
de especializada de J. A. Rank resultou num fracas so
total, economic a e esteticamente. De fato, se quisessemos consti-
tuir uma cinemateca ou urn catalogo de programas que convem a
urn publico infantil, s6 poderiamos colocar nele alguns curtas-
metragens, especialmente realizados com exito desigual, e alguns
filmes comerciais, dentre os quais os desenhos animados - cuja
e tema sao de uma puerilidade suficiente: em particular
certos filmes de aventura. Nao se trata de uma especi-
fica mas simples mente de filmes inteligiveis por urn espectador
idade mental inferior a 14 anos. E sabido que muitas vezes
os filmes americanos nao ultrapassam esse nivel virtual. E 0 que
acontece com os desenhos animados de Walt Disney.
Bern se ve, no entanto, que tais filmes nao tern nada que possa
se comparar com a verdadeira literatura infantil (pouco abundan-
te, alias). Jean-Jacques Rousseau, antes dos discipulos de Freud,
ja havia advertido que ela nao era de modo algum inofensiva: La
Fontaine e urn moralista e a Condessa de Segur uma diab6lica av6
sadomasoquista. Ja e not6rio que os contos de Perrault encerram
os simbolos mais inominaveis e devemos admitir que a argument a-
dos psicanalistas e dificilmente refutavel. No mais, nao e pre-
ciso recorrer ao sistema deles para perceber, em Alice no pais das
MONT AGEM PROIBIDA 55
maravilhas ou nos Contos de Andersen, a profundidade deliciosa
e aterrorizante que esta no principio de sua beleza. Os auto res tern
urn poder de sonho que se confunde, por sua natureza e intensi-
dade, com 0 da infancia. Tal universo imaginario nao tern nada
de pueril. Foi a pedagogia que inventou para as as cores
sem perigo, mas basta ver 0 uso que fazem delas para ficar fixado
no seu verde paraiso povoado de monstros. Os autores da verda-
deira literatura infantil sao apenas, portanto, acess6rios e rara-
mente educativos (talvez Jules Verne seja 0 unico). Sao poet as
cuja tern 0 priviit!gio de ter permanecido no compri-
mento de onda onirico da infancia.
Por isso e sempre facil dizer que, em certo sentido, a obra
deles e nefasta e s6 convem, na realidade, aos adultos. Se com
isso querem dizer que ela nao e edificante, tern razao, mas e urn
ponto de vista pedag6gico e nao estetico. Ao contrario, 0 fato de
o adulto ter prazer em le-Ia, e talvez mais completamente que a
e urn sinal da autenticidaade e do valor da obra. 0 artista
que trabalha espontaneamente para a infancia encontra segura-
mente 0 universal.
*
* *
o balao vermelho ja e talvez mais intelectual e por isso mesmo
menos infantil. 0 simbolo aparece mais claramente em filigrana
no mito. Sua com Une fee pas comme les autres, entre-
tanto, faz justamente aparecer a entre a poesia valida
para as e para os adult os e a puerilidade, que s6 poderia
satisfazer os primeiros.
Mas nao e nesse terreno que desejo me situar para falar disso.
Este artigo nao sera uma verdadeira critica e s6 evocarei ocasio-
nalmente as qualidades artisticas que atribuo a cada uma das obras.
Meu prop6sito sera novamente 0 de analisar, a partir do exemplo
surpreendentemente significativo que elas of ere cern, certas leis da
montagem em sua com a expressao cinematografica e,
mais essencialmente, sua ontologia estetica. Desse ponto de vista,
ao contrario, a de 0 balao vermelho e de Une fee
pas comme les autres poderia ser premeditada. Ambos demons-
tram maravilhosamente, em sentidos radical mente opostos, as vir-
tudes e os limites da montagem.
pelo filme de Jean Tourane para constatar que ele
e de cabo a rabo uma extraordinaria ilustracao da famosa experi-
cncia de Kulechov sobre 0 primeiro plano de Mosjukine. Sabemos
que a de Jean Tourane e fazer ingenuamente urn Walt
56
ANDRE BAZIN
Disney com animais verdadeiros. Ora, e evidente que os senti men-
tos humanos conferidos aos animais sao (pelo menos no essencial)
uma proje<;ao de nossa propria consciencia. So lemos em sua ana-
tomia ou comportamento os estados de alma que mais ou menos
inconscientemente lhes atribuimos, a partir de certas semelhan<;as
exteriores com a anatomia ou com 0 comportamento do homem.
Nao se deve, por certo, desconhecer e subestimar essa tendencia
natural da mente humana, que so foi nefasta no campo cientifico.
E preciso ainda observar que a ciencia mais moderna redescobre,
por engenhosos meios de investiga<;ao, uma certa verdade do
antropomorfismo: a linguagem das abelhas, por exemplo, provada
e interpretada pelo entomologista Von Fricht, ultra-
passa de longe as mais loucas analogias de urn antropomorfismo
impenitente. 0 erro cientifico esta em todo caso bern mais do lado
dos animais-maquinas de Descartes que dos semi-antropomorfos
de Buffon. Mas, para alem desse aspecto primario, e evidente que
o antropomorfismo pro cede de urn modo de conhecimento analo-
gico, cuja simples critica psicologica nao poderia explicar e sequer
condenar. Seu dominio estende-se, pois, da moral (as Fdbulas de
La Fontaine) ao mais alto simbolismo religioso, passando por
todas as zonas da magi a e da poesia.
o antropomorfismo nao e, portanto, condenavel a priori,
independente do nivel em que se situa. Devemos infelizmente admi-
tir que, no caso de Jean Tourane, ele e 0 mais baixo. A urn so
tempo 0 mais falso cientificamente e 0 menos transposto estetica-
mente, se ele se inclina, sobretudo, a indulgencia, na medida em
que sua importancia quantitativa permite uma estupenda explora-
<;ao das possibilidades do antropomorfismo em compara<;ao com
as da montagem. 0 cinema vern, com efeito, multiplicar as inter-
preta<;oes estaticas da fotografia por aquelas que surgem da apro-
xima<;ao dos pIanos.
Pois e importante notar que os animais de Tourane nao sao
adestrados, mas apenas domesticados, e nao realizam praticamente
nada do que os vemos fazer (quando parece que 0 fazem, houve
algum truque: mao fora do quadro dirigindo 0 animal ou patas
falsas animadas como marionetes). Todo engenho e talento de
Tourane consiste em faze-los permanecer mais ou menos imoveis
na posi<;ao em que foram colocados durante a filmagem; 0 cena-
rio ao redor, a fantasia, 0 comentario ja bastam para conferir a
postura do animal urn sentido humano que a ilusao da montagem
vern entao dar precisao e ampliar de modo tao consideravel que,
por vezes, 0 cria quase que totalmente. Toda uma historia e assim
MONTAG EM PROIBIDA 57
arquitetada, com numerosos personagens com rela<;oes complexas
(tao complexas, alias, que 0 roteiro fica muitas vezes confuso),
dotados de diferentes caracteristicas, sem que os protagonistas
tenham feito outra coisa que permanecer quietos no campo da
dimera. A a<;ao aparente e 0 sentido que the damos praticamente
nunca preexistiram ao filme, sequer na forma parcelar dos frag-
mentos de cena que constituem tradicionalmente os pIanos.
E digo mais, nessas circunstancias era nao apenas suficiente
mas necessario fazer esse filme "de montagem". Com efeito, se
os bichos de Tourane fossem animais espertos (a exemplo do
cachorro Rintintin), capazes de realizar por adestramento a maio-
ria das a<;oes que a montagem the credita, 0 sentido do filme seria
radical mente deslocado. Nosso interesse recairia entao sobre as
proezas e nao sobre a historia. Em outras palavras, ele passaria
do imaginario ao real, do prazer pela fic<;ao a admira<;ao de urn
numero de music-hall bern executado. E a montagem, criadora
abstrata de sentido, que mantem 0 espetaculo em sua irrealidade
necessaria.
Ja em 0 balijo vermelho, eu constato e yOU demonstrar que
ele nao deve e nao pode dever nada a montagem. 0 que nao deixa
de ser paradoxal, visto que 0 zoomorfismo conferido ao objeto e
ainda mais imaginario do que 0 antropomorfismo dos bichos. 0
balao vermelho de Lamorisse, com efeito, realiza realmente diante
das cameras os movimentos que 0 vemos realizar. Trata-se, e obvio,
de urn truque, mas que nao deve nada ao cinema enquanto tal. A
ilusao, aqui, surge como na prestidigita<;ao da realidade. Ela e con-
creta e nao result a dos prolongamentos virtuais da montagem.
Que importancia tern isso, dirao, se 0 resultado e 0 mesmo:
fazer com que acreditemos que ha urn balao na tela capaz de
seguir seu dono como urn cachorrinho! Mas e justamente porque
na montagem 0 balao magico so existiria na tela, quando 0 de
Lamorisse nos remete a realidade.
Convem, talvez, abrir urn parentese a fim de observar que a
!. natureza abstrata da montagem nao e absoluta, pelo menos psico-
logicamente. Do mesmo modo que os primeiros espectadores do
cinematografo Lumiere recuavam com a chegada do trem na esta-
<;ao da Ciotat, a montagem, em sua ingenuidade original, nao e
percebida como artificio. 0 habito com 0 cinema sensibilizou
pouco a pouco 0 espectador, e grande parte do publico seria hoje
capaz, se the pedissemos para pres tar urn pouco de aten<;ao, de
distinguir as cenas "reais" das sugeridas unicamente pel a monta-
gem. E verdade que outros procedimentos, tais como a transparen-
M-IORi';. SAl ll\;
o bDl40 W'm/dho. de Albert Lamorisse .... 0 loomorrt'imo dos obJetos.
cia, permitem mostrar, no mesmo plano, dois elementos, por exem
plo, 0 tigre e a vedete, cuja contigUidade apresentaria na realidade
alguns problemas. A ilusAo e ai mais perfeita, mas pode ser desco-
hena e, em todo caso, 0 importante nAo e que 0 lruque seja ou
nllo invisivel, mas que haja ou nllO truque, do mesmo modo que
a heleza de urn falso Vermeer nAo poderia prevalecer contra sua
inautenticidade.
Objetarllo Que os balOes de Lamorisse sAo. no entanto. truca-
dos. Isso e 6bvio, pois se nllo 0 fossem estariamos em
de urn documentano sobre urn milagre ou sobre 0 faquirismo, e
o filme seria bern diferenle. Ora, 0 ba/40 verme/ho e urn conto
cinemalogrMico, uma pura da mente, mas 0 que impona
e que essa hist6ria deva tudo ao cinema, justamente porque no
essencial ela Dada Ihe deve.
bern passlvel imaginar 0 batao vermelho como urn relato
Iiteririo. Mas, por mais bern escrito que se possa imaginar, 0 Jivro
nllo c.hegaria aos pes do ftlme. pois 0 charme deste e de oulra nalu-
reza. No entanto. a mesma hislOria, por mais bern ftlmada que
MQNTAGEM PROIBIDA
19
fosse, poderia nAo ter mais realidade na tela do que no Iivro; seria
na hip6test de Lamorisse decidir recorrer as ilusOes da montagem
(ou eventualmente da Iransparencia). 0 filme se Iransformaria
entao num relato em imagens (como 0 conlO 0 seria em palavras)
30 inves de ser 0 que e, vale diter, a imagem de urn como OU, se
preferirem, urn documentirio imaginirio.
Essa expressAo me parece ser em definitivo a Que melhor define
o proptlsito de Lamorisse, J2foximo e no entanto diferente do de
Cocteau quando realiza. com Lt! sang d'un patte, urn documenti
rio sobre a (aliis, sobre 0 sonho) . Encontramo-nos,
ponanto, embrenhados. pela renexAo, numa serie de paradoxos.
A montagem, que tantas vezes e tida como a essencia do cinema,
e, nessa conjuntura, 0 procedimento Iileririo e anli-cinematogra.
fico por excelencia. A especificidade cinematografica, apreendida
pelo menos uma vet em eSlado puro, reside, ao conlririo. no
mero respei to fotografico da unidade do
t:
Mas e preciso aprofundar a anilise. pois poderemos observar,
m razAo, que se 0 00140 vermelho nAo deve essencialmente
I
ada! montagem, ele recorre a ela acidenta/mente. Pois, afinal
e Contas. se Lamorisse gastou SOO.OOO (rancos com balOes verme-
Ihos, foi para nao faltar substitutos. Do mesmo modo, Crin blanc
era duplamente milico, ja Que, de fato, varios cavalos com 0 mamo
aspecto, embora mais ou menos selvagens, compunham na tela
urn unico cavalo. Essa vai nos permitir chegar mais
perto de uma lei essencial da estillstica do filme .
Considerar os filmes de Lamorisse como obras de pura
seria tral-Ios, como tam hem, por exemplo, Le rideau cramoisi. A
credibilidade deles est! certamente Ligada a seu valor documental.
Os acontecimentos que eles representam sAo parcialmenle verda
deiros. Para Crin blanc. a paisagern de Camargue. a vida dos cria
dores e dos pescadores, os coslumes das manadas, constiluem a
base da fabula. 0 ponto de apoio 56lido e irrefutavel do milO.
Porern, sobre essa realidade fundamentamse justamente uma dia-
letica do irnaginario, cujo interessante simbolo e a de
Crin blanc. Assim. Crin blanc e a urn 56 tempo 0 verdadeiro
cavalo que pasta nos campos salgados de Camargue, e 0 animal
de sonho que nada etemamente em cornpanhia do menino Folco.
Sua realidade cinematogrMica nllo poderia dispensar a realidade
documentaria. mas era preciso, para que ela se tomasse verdade
de nossa imaginacAo, Que se destruisse e renascesse na propria rea.
Iidade.
60 ANORt:: BAZIN
A do filme exigiu com certeza varias proezas. 0
garoto escolhido por Lamorisse Runca tinha se aproximado de
urn cayala. Fai preciso, (n(retanIO, lhe ensinar a mantar em pCla.
Mais de uma cena, dentre as mais espetaculares, roram rodadas
QUast scm tTUqUes e, em todo Caso, a despeito de certas perigos.
E. no entanto, basta pcnsar nelas para compreender Que se 0 que
a tela mOSlra e expressa tive5se que seT verdade. realizado efetiva-
mente dianlc da camera, 0 filme deixaria de existir. pois deixaria
no ffie5ffiO inslanle de seT urn milo. E a parte de truque, a margem
de subterfugio necessaria a 16gica do relato que permite ao imagi-
nArio integrar a urn 56 tempo a realidade e suhstitui-Ia. Se hou-
vesse apenas urn cavalo selvagem submetido peoosamenle as exi-
gcneias da filmagem, 0 filme seria apenas uma facanha, urn
numero de adestrarnento. como 0 cavalo branco de Tom Mix:
podemos ver 0 que ele perderia com isso. 0 que e preciso. para a
plenitude estetica do empreendimento. e que possamos acreditar
na realidade dos acontecimenlos. sabendo que se trata de truque.
E claro que 0 espectador nao precisa saber que havia Ires OU qua-
tro cavalos
2
ou que era preciso puxar 0 focinho do animal com
urn rio de nAiloR para que virasse a de modo adequado.
o importante e que possamos dizer. ao mesmo tempo. que a mate-
ria-prima do filme e autEnlica e que, no emanto. "e cinema" .
Assim. a tela reproduz 0 nuxo e renuxo de nossa imaginal;Ao. que
se nulre da realidade a qual ela projeta se substituir; a fibula nasct:
da experiencia que ela transcende.
Mas. reciprocamente. e preciso que 0 imaginirio tenha na tela
a densidade espacial do real. A mOnlagem 56 pede ser utilizada
ai denuo de limites precisos. sob pena de atemar contra a pr6pria
ontologia da fabula cinematograrica. Por exemplo. nAo e perm i-
tide ao realizador escamotear. com 0 campo/ contra-campo. a difi-
culdade de mostrar dois aspectos simultineos de uma ac;Ao. Foi 0
que Albert Lamorisse compreendeu perfeitamente na sequEncia
da cal;a ao coelho. em que vemos sempre simultanearnenle. no
campo. 0 cavaJo, 0 menino e 0 coelho, mas ele quase comete um
erro na sequEncia da captura de Crin blanc, quando 0 menino e
arrastado pelo cavalo galopando. Pouco importa que 0 animal
_ que vemos naquele momento. de longe, arrastar 0 pequeno
Folco - seja 0 falso Crin blanc, tampouco que para essa opera-
\tAo arriscada 0 pr6prio Lamorisse tenha substituido 0 garoto,
mas me incomoda que no final da sequencia, quando 0 animal
val mais devagar e para, a cAmera nAo me mostre irrefulavclmente
a proximidade fisica do cavalo e da Uma panorAmica ou
MONTAOEM PROIBJDA
C,in blQrIr .. . a do cavllo que permile , realidlde se Iflnstor-
mar em imliinaclo.
"
urn travelling para tras poderia fazS-lo. Essa simples
leria autenticado retrospectivamente todos os pianos anteriores
enquanlO os dois pianos sucessivos de Folco e do cavaJo, escamo:
teando uma diriculdade que no enlanto se tomou benigna naquele
momemo do episOdio, yarn romper a bela nuidez espaciaJ da ac;ao.)
62 BAZIN
Se nos agora para dennir a dificuldade. me pareo:
Que poderiamos estabelecer em lei estetica 0 seguinte principia:
"Quando 0 essencial de urn acontecimento depende de urna pre-
simuhlnea de dais ou mais fatores da a montagem
fica proibida". Ela rctoma seus direitos a cada vez que 0 sentido
da at;lo nAo depende mais da contiguidade fisica, mesmo se cia e
implicada. Por exemplo, Lamorisse podia moslrar, como 0 fez,
em primeiro plano, a do cavalo virando para 0 menino
como Que para obedect.l0, mas ele deveria. no plano precedenlc,
ligar pelo mesmo enquadramenlo as dais proUlgonislas.
Nl0 de trata de modo algum, entrdanto, de retamar obrigato-
riamenle ao plano--sequencia, nem de renunciae aos recursos expres-
sivos e is evenlUais facilidades da mudam.a de plano. As presen-
les observat;Oes 0110 tern por objeto a forma. mas a natureza do
relato ou, mais exatamente, certas interdependencias da natureza
e da forma. Quando Orson Welles tratava eertas cenas de Soberba
num unico plano e quando, ao contrArio. retalha a montagem ao
extremo em OrilhlJes do possado, tratase apenas de uma mudan(:a
de estilo que nllo modifiea essencialmente 0 tema. Eu diria ate
que Ftst;m diabOlico, de Hitchcock, poderia indiferentemente ter
uma decupagem classica, qualquer que seja a importancia artistica
que se possa vincular a decisllo adotada. Em eompensacJo. seria
inconcebivel que a famosa cena da a foca de Nanook. 0
tsquim6 nllo nos mostrasse, num mesmo plano. 0 0
Pouco importa, porem, que 0 resto da sequencia
o gue deve ser respeitado e
momento em sua
sua mera
i geralmente compreeodeu, a ollo ser
em alguns lugares onde a obra perde, com efeito, sua consistencia.
Se a imagem de Nanook espreitando sua na boca do buraco
de gelo e uma das mais belas do cinema. a pesca do crocodilo, visi-
velmente realizada "na montagem" em Louisiana story, e urn
desastre. Em compensa(:Ao. no mesmo filme, 0 plano-sequencia
do crocodilo abocanhando a gar(:a, filmado numa imica panorA-
mica, e simplesmente admirAvel. Mas a reciproca e verdadeira:
basta, para que 0 relato reeneontre a realidade, que urn unico de
seus pianos convenientemente escolhidos reuna os elementos dis-
persados anteriormente pela montagem.
sem duvida mais diflcil definir a priori os generos de lema,
ou ate mesmo as circunSlincias as quais essa lei se aplica. 56 me
arriscarei prudentemenle a dar algumas Em primeiro
MONTAGEM PR01BIDA
Slory ... Em compensa.;io. 0 plano-seqilfncla do crocodilo aboca-
nbanda. Pr;I, filmado numa (lnic. panortmica, simplesmcnlt admirtvel .
6J
lugar, issa e verdade para todos as filmes documentarios cujo
objeto e reportar fatos que perdem todo 0 interesse se 0 aconteci-
mento nAo ocorreu realrnente diante da camera. iSlo e, 0 documen-
tario aparentado com a rtportagem. Em Ultima instAncia. as atua-
lidades 0 fato de a nO(:fto de "atualidades recORStitui-
das" ter podido ser admitida no inicio do cinema moura bern a
reaJidade da do publico. NAo e 0 que acontece com os
documentarios exclusivamente didAticos, eujo prop6sito nllo e a
representa(:Ao. mas a explica(:Ao do aeontecimento. Esses ultimos
podem, natural mente, comporlar seqaencias ou pianos provenien-
les da primeira categoria. Considere-se. por exemplo, urn docu-
mentArio sabre a Se 0 seu objelivo e mostrar os
passes de magica extraordinarios de um celebre vi rtuoso, sera essen-
cial proceder por pianos unicos, mas se 0 filme deve entAo txpli-
car urn desses numeros. a decupagem se impOe. 0 casa e claro,
passemos adianle!
Muito mais interessante e, evidentemente. 0 caso do filme de
indo do devaneio, como Crin blanc, ao documentario leve-
mente romanceado, como Nanook, 0 esquimo. Trata-se, entAo.
64 ANDRE BAZIN
como foi dito acima, de fic<;:6es que s6 ganham sentido ou, em
ultima instancia, s6 tern valor pela realidade integrada ao imagina-
rio. A decupagem e, portanto, comandada pelos aspectos dessa
realidade.
Enfim, no filme de puro relato, equivalente do romance ou
da pe<;:a de teatro, e provavel ainda que certos tipos de a<;:ao recu-
sem 0 emprego da montagem para atingir sua plenitude. A expres-
sao da dura<;:ao concreta e evidentemente contrariada pelo tempo
abstrato da montagem (e 0 que ilustram tao bern Cidadao Kane
e Soberba). Mas, sobretudo, certas situa<;:6es s6 existem cinemato-
graficamente na medida em que sua unidadc espacial e evidenciada,
e, particularmente, as situa<;:6es c6micas fundadas nas rela<;:6es
do homem com os objetos. Como em 0 balao vermelho todos os
truques sao permitidos, exceto a facilidade da montagem. Os bur-
lescos primitivos (notadamente Keaton) e os filmes de Chaplin con-
tern muitos ensinamentos a esse respeito. Se 0 burlesco triunfou
antes de Griffith e da montagem, foi porque a maioria das gags
dependiam de uma comicidade do espa<;:o, da rela<;:ao do homem
com os objetos e com 0 mundo exterior. Chaplin, em 0 circo,
esta efetivamente na jaula do lean e ambos estao juntos no qua-
dro da tela.
NOTAS
I. Cahiers du Cinema, 1953 e 1957.
2. Do mesmo modo, pareee, 0 eaehorro Rintintin devia sua existeneia cinematogra-
fica a varios caehonos polieiais com 0 mesmo aspecto, adestrados para cumprir
perfeitamente cada uma das proezas que Rintintin era capaz de realizar "sozinho"
na tela. Cada uma das a.;:oes tendo 0 dever de ser real mente executada sem recur so
it montagem, esta s6 intervinha em segundo grau para elevar it potencia imagin:iria
do mito os caehonos hem reais, eujas qualidades Rintintin possuia.
3. Serei melhor compreendido evoeando este exemplo: ha num filme ingles medio-
cre, Quand les vautours ne voleront plus, uma sequencia 0 filme
reconstitui a hist6ria, veridiea de urn jovem casal que eria e organiza lJ.a
Africa do Sui, durante a guerra, uma reserva de animais. Para tal, 0 marido e a
mulher viveram com seus filhos no meio do malo. A passagem a qlle aludo come.;:a
do modo mais conveneionaL 0 garoto, que se afastou do acamparnento sem que
os pais soubessem, encontra urn leaozinho momentaneamente abandonado pela
mae. Scm consciencia do perigo, ele pega 0 animalzinho no colo para leva-Io con-
sigo. No entanto, a leoa, advertida pdo ruido ou pelo cheiro. relOrna a toea e
segue a pista da que ignora 0 perigo. Ela 0 segue a certa disrancia. A situa-
come.;:a a ser vista do acampamento, de onde os pais allitos percebem seu filho
e a fera que vai provavelmente se lan.;:ar de urn instante para outro sobre 0 impru-
MONTAGEM PROIBIDA
65
dente sequcstrador de seu filllote. Paremos urn instante na Ate aqui
tudo foi feito na montagem paraJela e 0 suspense ingenuo aparece como dos mais
convencionais. Mas eis que, para nossa 0 realizador abandona os pIa-
nos proximos, isolando os protagonistas do drama para nos oferecer simultanea-
mente, no mesmo plano geral, os pais, a e a fera. Esse enquadramento
tinico, onde qualquer truque e inconcebivel, autentica, imediata e retroativamente
a montagem bern banal que 0 precedeu. Vemos, desde entao, scmpre no
plano geral, 0 pai mandando 0 filho se imobilizar (a certa distancia a fera tam bern
se imobiliza), colocar no gramado 0 leaozinho e continuar a andar sem preeipita-
A leoa, entao. vern tranquilamente recuperar seu filhote e 0 leva de volta
para 0 malO, enquanto os pais, tranqiiilizados, se precipitam para 0 garoto.
Evidentemente, eonsiderando-a apenas enquanto relato, a sequencia teria, a
rigor, a mesma significaC;ao aparente se tivesse sido fihnada inteiramente em pre-
gando as faeilidades materiais da montagem, ou ainda da "transparencia". Mas
tanto num quanta noutro caso, a cena nunca teria se desenrolado em sua reali-
dade fisica e espacial diante da camera. De modo que, apesar do carater concreto
de cada imagem, ela teria apenas valor de relato e nao de realidade. Nao haveria
essencial entre a sequencia cincmatogratica e 0 capirulo de urn romance
que relatasse 0 mesmo episodio imaginario. Ora, a qualidade dramatica e moral
do episodio seria evidentemente de uma rnediocridade extrema, enquanto que 0
enquadramento final, que implica colocar em real os personagens, nos
leva no mesma lance para os apices da cinematogratica. Naturalmente, a
proeza s6 foi possivel pclo fato de a leoa ser urn poueo domestieada e ter vivido,
antes de 0 filme ser rodada, na famillaridade do casal. Pouco importa; 0 problema
nao e sc 0 garoto correu real mente 0 risco representando, mas apenas que sua
foi tal que respeilou a unidade espacial do acontecimento. 0 realismo
reside aqui na homageneidade do Vemos, portanta, que ha casos nos quais,
lange de constituir a essencia do cinema, a montagem e sua A mesma
cena, sendo tratada pela montagem ou em plano de conjunlO, pode ser tao-somente
literatura ruim ou tornar-se cinema de verdade.
1.2.1.
M:tTODOS DE TRATAMENTO DO MATERIAL*
(Montagem estrutural)
o
FILME CINEMATOGRFICo, e conseqentemente tambm o ro-
teiro, sempre dividido num grande nmero de partes separadas
(ou melhor, ele construdo a partir destas partes). O roteiro de
filmagem completo dividido em seqUncias, cada seqncia divi-
dida em cenas e, finalmente, as cenas mesmas so construdas a
de sries de planos, filmados de diversos ngulos. Um roteiro
verdadeiro, pronto para ser filmado, deve levar em considerao esta
propriedade do cinema. O roteirista deve ser capaz de co-
locar o seu material no papel exatamente da forma em que aparecer
na tela, transmitindo o contedo exato de cada plano, assim como
a sua postao na sequencia. A construo de uma cena a partir
de planos, de uma seqncia a partir de cenas, de uma parte inteira
de um filme (um rolo, por exemplo), a partir de seqncias e assim
* Extrado de A tcnica do cinema, captulo "O Roteiro e sua Teoria"
Parte II. O livro foi publicado pela primeira vez em 1926 pela Editora
Kinopetchat, de Moscou e Leningrado. Tratava-se do nmero 3 numa srie
popular de Iivretos cientficos.
57
PUDOVKIN, Vsevolod. Vsevolod Pudovkin. in: XAVIER, Ismail (Org.). A experincia
do cinema. 4.ed. Rio de Janeiro: Graal/Embrafilme, 2008. p.57-74.
por diante, chama-se montagem. A montagem um dos instru-
mentos de efeito mais significativos ao alcance do tcnico e, por
extenso, tambm do roteirista. Vamos nos familiarizar agora com
os mtodos de montagem, um a um.
MONTAGEM DA CENA
Quem j est familiarizado com o cinema, certamente conhece
a expresso close-up. A representao alternada dos rostos das
personagens durante um dilogo; a representao de mos, ou ps,
ocupando toda a tela - tudo isto conhecido de todos. Mas, para
se saber adequadamente utilizar o close-up, deve-se entender o seu
significado da seguinte forma: o close-up dirige a ateno do es-
pectador para aquele detalhe que, num determinado ponto, impor-
tante para o curso da ao. Por exemplo, trs pessoas atuam numa
cena. Imagine que o significado desta cena consiste no decurso
geral da ao (como, por exemplo, se todas as trs estivessem le-
vantando algum objeto pesado). Essas trs pessoas so ento apre-
sentadas simultaneamente numa viso geral, o chamado plano-geral.
Mas suponhamos que qualquer uma delas inicie uma ao indepen-
dente, contendo significado no roteiro (por exemplo, ao separar-se
dos outros, ela cuidadosamente retira um revlver do bolso), ento
a cmera aponta somente para ela. A ao da personagem re-
gistrada separadamente.
O que foi dito acima, aplica-se no somerite a pessoas, como
tambm na separao de aspectos de uma pessoa e objeto. Supo-
nhamos que um homem seja filmado ao ouvir, aparentemente calmo,
a conversa de algum e acontece que, na verdade, ele est contro-
lando com dificuldade a sua raiva. Amassa o cigarro em sua mo,
num gesto que passa desapercebido das outras pessoas. Esta mo
ser mostrada na tela sempre de forma separada, em close-up, pois,
do contrrio, o espectador no a perceber, perdendo um detalhe
caracterstico. A idia existente no princpio (e ainda mantida por
alguns), de que o close-up uma "interrupo" do plano-geral,
inteiramente falsa. O close-up no significa nenhum tipo de inter-
rupo. Representa uma forma prpria de construo.
Para esclarecer a natureza do processo de montagem de uma
cena, podemos usar a seguinte analogia. Imagine-se observando uma
58
cena que se desenrola sua frente, assim: um homem parado em
frente do muro de uma casa, vira-se para a esquerda; ento aparece
um outro homem, esgueirando-se sorrateiramente pelo porto. Os
dois se encontram razoavelmente distantes um do outro e param.
O primeiro pega um objeto qualquer e mostra para o outro, amea-
ando-o. O segundo fecha os punhos com raiva e se lana em di-
reo ao outro. Neste momento, aparece uma mulher na janela do
terceiro andar e grita "polcia!" Os dois antagonistas fogem cor-
rendo em direes opostas. De que maneira tudo isto foi obser-
vado?
1. O observador olha para o primeiro homem. Vira a sua
cabea.
2. O que est ele olhando? O observador dirige o seu olhar
na mesma direo e v o outro homem entrando pelo porto. Ele
pra.
3. Como reage o primeiro apario do segundo? O obser-
vador olha de novo para o primeiro homem que retira um objeto e
ameaa o segundo.
4. De que forma reage o segundo? Outra mudana de olhar;
o segundo homem fecha seus punhos e lana-se em direo a seu
oponente.
5. O observador chega para o lado para assistir briga dos
dois oponentes.
6. Um grito vem de cima. O observador levanta a sua ca-
bea e v uma mulher gritando na janela.
7. O observador abaixa a cabea e v o resultado do grito -
os antagonistas desaparecendo em direes opostas.
Acontece que o observador estava por ali perto e viu todos
os detalhes, claramente, ainda que para isso tivesse que virar sua
cabea, primeiro para a esquerda, depois para a direita, depois para
cima, enfim para onde a sua ateno fosse despertada pc::lo interesse
em observar e pela seqncia do desenvolvimento da cena. Supo-
nhamos que se estivesse mais longe, observando simultaneamente as
duas pessoas e a janela do terceiro andar, ele teria recebido apenas
uma impresso geral, sem poder olhar separadamente para o pri-
meiro homem, depois para o segundo, ou para a mulher. Aqui nos
aproximamos do significado bsico da montagem. O seu objeto
mostrar o desenvolvimento da cena como se fosse em relevo, con-
59
I
11
1
duzindo a ateno do espectador primeiro para este elemento, depois
para aquele outro, em separado. A lente da cmera substitui
0
ol?o observador, e as mudan?as no ngulo da cmera - dirigida
para uma pessoa, depois para a outra, agora neste detalhe,
depois neste outro - devem se sujeitar a condies idnticas s
dos olhos do observador. O tcnico em cinema, de forma a asse-
gurar a maior clareza, nfase e autenticidade, filma a cena em pe- .
daos separados e, ao junt-los para a exibio, dirige a ateno
do espectador para esses elementos separados, levando-o a ver da
mesma forma que o observador atento. Do que foi dito torna-se
clara a maneira pela qual a montagem pode trabalhar sobr; as emo-
es. Imagine um espectador excitado com alguma cena que se
muito rapidamente. O seu olhar agitado lanado ra-
pidamente de um lugar para o outro. Se imitarmos este olhar com
a cmera, uma srie de imagens, pedaos que se al-
ternam rapidamente, cnando um roteiro emocionante na construo
da mont_,agem. O contrrio seriam pedaos mais longos, alternados
por fusoes que caracterizam uma construo de montagem mais
calma e lenta (como, por exemplo, a filmagem de um rebanho de
gado se deslocando ao largo da estrada, como se fosse observado
do ponto de vista de um pedestre nessa mesma estrada).
Atravs destes exemplos, determinamos o significado bsico da
montagem construtiva. A montagem constri as cenas a partir dos
pedaos separados, onde cada um concentra a ateno do espectador
apenas naquele elemento importante para a ao. A seqncia
desses pedaos no deve ser aleatria e sim corresponder trans-
natural de ateno de um observador imaginrio (que, no
fmal, e representado pelo espectador). Nesta seqncia deve-se ex-
lgica especial que ser aparente se cada plano con-
tiver um Impulso no sentido de transferir a ateno para o outro
plano. Por exemplo, ( 1) um homem vira sua cabea para olhar-
( 2) mostra-se o que ele v. '
MONTAGEM DA SEQ:BNCIA
geral, uma das caractersticas do cinema a de dirigir a
atenao do espectador para os diferentes elementos que se sucedem
no desenvolvimento de uma ao. Este um mtodo bsico. Vi-
60
\
-t
mos que a cena separada, e at mesmo o movimento de um s homem
construdo na tela a partir de pedaos separados. O filme no
simplesmente uma coleo de cenas diferentes. Da mesma forma
em que esses pedaos, ou planos, so trabalhados de maneira a dotar
as cenas de uma ao que as interligue, as cenas separadas so
agrupadas de forma a criar seqncias inteiras. A seqncia cons-
truda (montada) a partir das cenas. Suponhamos que temos a
tarefa de construir a seguinte seqncia: dois espies se arrastam
sorrateiramente em direo a um paiol de plvora no intuito de
explodi-lo; no caminho, um deles perde um papel com as instrues.
Algum acha o papel e avisa o guarda que chega a tempo de prender
os espies e evitar a exploso. Neste caso, o roteirista tem que
lidar com a simultaneidade das vrias aes acontecendo em lugares
diferentes. Enquanto os espies se arrastam em direo ao paiol,
algum encontra o papel e corre para prevenir o guarda. Os espies
esto quase alcanando o alvo; os guardas foram avisados e correm
em direo ao paiol. Os espies terminaram os preparativos; o
guarda chega a tempo. Se continuamos com a analogia prvia entre
a cmera e o observador, agora no apenas teremos que virar a
cmera de um lado para o outro como tambm desloc-la de um
lugar a outro. O observador (a cmera) num momento se encontra
na rua, seguindo os espies, noutro na sala dos guardas, registrando
a confuso e em seguida volta para o paiol mostrando os espies
em ao e assim por diante. Mas, na combinao das cenas sepa-
radas (montagem), a lei precedente de sucesso permanece em vigor.
Somente aparecer na tela uma seqncia consecutiva se a ateno
do espectador for transferida corretamente de cena para cena. E
esta correo condicionada da seguinte forma: o espectador v os
espies sorrateiros, a perda do papel e finalmente a pessoa que o
encontrou. Esta pessoa corre em busca de ajuda. O espectador
levado a uma inevitvel excitao - ser que o homem que en-
controu o papel conseguir impedir a exploso? O roteirista ime-
diatamente responde mostrando os espies mais prximos do paiol
- esta resposta possui o efeito de um aviso "o tempo curto". A
excitao do espectador - chegaro a tempo? - continua; o ro-
teirista mostra o guarda saindo em direo ao paiol - o tempo
muito curto - os espies so mostrados em seu trabalho. Desta
forma, transferindo a ateno ora para os guardas, ora para os es-
pies, o roteirista responde com impulsos reais, a fim de aumentar
61
i''
,/
o interesse do espectador, e a construo (montagem) da seqncia
obtida de forma correta.
H uma lei em psicologia que diz que, se uma emoo gera
um determinado movimento, pela imitao deste movimento pode-se
provocar uma emoo correspondente. Se o roteirista pode dar um
ritmo uniforme transfe.ncia de interesse do espectador atento, se
ele pode construir, desta forma, os elementos que despertem sua
ateno levantada pela pergunta "o que est acontecendo no outro
lugar" e, se naquele mesmo momento o espectador deslocado para
onde ele deseja ir, ento a montagem criada pode efetivamente exci-
t-lo. Deve-se aprender a entender que a montagem significa, de
fato, a direo deliberada e compulsria dos pensamentos e associa-
es do espectador. Se a montagem for uma mera combinao
descontrolada das vrias partes, o espectador no entender ( apreen-
der) nada; ao passo que se ela for coordenada de acordo com o
fluxo de eventos definitivamente selecionados, ou com uma linha
conceituai; seja ele movimentado ou tranqilo, a montagem conse-
guir excitar ou tranqilizar o espectador.
MONTAGEM DO ROTEIRO
O filme dividido em rolos. Esses rolos geralmente possuem
o mesmo tamanho, em mdia, de 900 a 1200 ps de comprimento
2
A combinao dos rolos forma um filme. O tamanho normal de
um filme situa-se entre 6.500 a 7.500 ps. Este tamanho, ainda
assim, no provoca nenhum cansao desnecessrio no espectador. O
filme geralmente composto de 6 a 8 rolos. Deve-se ressaltar aqui,
como uma sugesto prtica, que o tamanho mdio de um plano
(lembrar a montagem das cenas), varia de 6 a 1 O ps e, conseqen-
temente um rolo compe-se de 100 a 150 planos. Pela orientao
dada por estes nmeros, o roteirista pode visualizar a quantidade de
material que entrar no roteiro. O roteiro composto de uma srie
de seqncias. Na discusso da construo (montagem) do roteiro
a partir das seqncias, introduzimos um novo elemento no trabalho
do roteirista - a chamada continuidade dramtica da ao, que foi
2
Na bitola de 35 mm, 1 rolo de 300 metros de pelcula corresponde
durao aproximada de 10 minutos, na velocidade de 24 quadros por segundo.
300 metros corresponde aproximadamente a 1.000 ps.
62
-t
i'
l
discutida no comeo desta parte. A continuidade das seqncias
separadas, quando colocadas juntas, depende no apenas da simples
transferncia de ateno de um lugar a outro, mas tambm con-
dicionada pelo desenvolvimento da ao, formando a base do roteiro.
B importante, entretanto, lembrar ao roteirista do seguinte ponto:
um roteiro sempre possui em seu desenvolvimento um momento de
grande tenso, geralmente encontrado quase no final do filme. A
fim de preparar o espectador, ou, mais corretamente, preserv-lo para
esta tenso final, especialmente importante observar que o espec-
tador no seja afetado por um cansao desnecessrio durante o de-
correr do filme. Um mtodo j discutido, no qual o roteirista con-
segue este objetivo, consiste na cuidadosa distribuio dos letreiros
(que sempre distraem o espectador), comprimindo-os, numa quan-
tidade maior, nos primeiros rolos e deixando o ltimo rolo para a
ao ininterrupta.
Desta forma, em primeiro lugar, desdobra-se a ao do roteiro
em seqncias, as seqncias em cenas e estas so construdas
a partir da montagem dos planos, cada um correspondendo a um
ngulo da cmera.
A MONTAGEM COMO UM INSTRUMENTO PARA
IMPRESSIONAR
(MONTAGEM RELACIONAL)
J mencionamos, na parte que se refere montagem de se-
qncias que a montagem no apenas um mtodo para juntar as
cenas ou os planos separados, e sim um mtodo que controla a
"direo psicolgica" do espectador. Vamos agora nos familiarizar
com os principais mtodos especiais que tm, como meta, causar
uma impresso no espectador.
Contraste. - Suponhamos como sendo nossa tarefa, contar a si-
tuao miservel de um homem, morto de fome; a estria impres-
sionar mais profundamente se associada glutonice sem sentido
de um outro homem bem-sucedido na vida.
A essa relao de contraste bastante simples corresponde um
mtodo de montagem. Na tela, a impresso desse contraste au-
mentada, pois possvel no apenas relacionar a seqncia da fome
63
com a sequencia da glutonice, como tambm relacionar as cenas
separadas e at mesmo os planos separados das cenas, uns com os
outros, forando o espectador, desta forma, a comparar as duas aes
durante o tempo todo, sendo que uma refora a outra. A montagem
por contraste um dos mtodos mais eficientes, mas tambm um
dos mais comuns e mais padronizados e, portanto, deve-se tomar
cuidado para no exagerar.
Paralelismo. - Este mtodo parece com o do contraste, mas
consideravelmente mais amplo. A sua substncia pode ser explicada
mais claramente com um exemplo. Num argumento, ainda no
produzido, desenvolve-se a seguinte ao: um trabalhador, um dos
lderes de uma greve, condenado morte; a execuo est mar-
cada para as cinco da manh. A seqncia montada da seguinte
maneira: o dono da fbrica, o empregador do homem condenado,
deixa o restaurante bbado, olha para o seu relgio de pulso: quatro
horas. Mostra-se o acusado - ele preparado para ser levado para
o lado de fora. De novo o patro; ele toca uma campainha para saber
a hora: 4:30. O carro da priso se desloca pela rua sob grande
vigilncia. A empregada que abre a porta - a esposa do conde-
nado sofre um repentino mal sbito. O dono da fbrica, bbado,
ressona em sua cama, ainda meio vestido, sua mo tombada deixando
visvel o relgio com os ponteiros lentamente caminhando para as
cinco horas. O trabalhador est sendo enforcado. Neste exemplo,
dois incidentes tematicamente desconexos so desenvolvidos em pa-
ralelo atravs do relgio que anuncia a execuo prxima. O re-
lgio, no pulso do bruto insensvel liga-o, desta forma, ao prota-
gonista principal do trgico desenlace que se aproxima, sempre
presente, assim, na conscincia do espectador. Este , sem sombra
de dvidas, um mtodo interessante que ser consideravelmente de-
senvolvido.
Simbolismo. - Nas cenas finais do filme A Greve, a represso
aos trabalhadores pontuada por planos da matana de um boi
num matadouro. O roteirista deseja, dessa maneira dizer: da mes-
ma forma que um aougueiro derruba um boi com o golpe de um
machado, os trabalhadores so assassinados a sangue frio e cruel-
mente. Este mtodo especialmente interessante porque, pela
montagem, ele introduz um conceito abstrato na conscincia do es-
pectador, sem o uso do letreiro.
64
Simultaneidade. - Nos filmes americanos, a parte final cons-
truda a partir do desenvolvimento rpido e simultneo de duas
aes, nas quais, a resoluo de uma depende da resoluo da outra.
O final da parte contempornea de Intolerncia, j mencionado,
construdo dessa forma. O objetivo final deste mtodo criar no
espectador uma tenso mxima de excitao pela colocao cons-
tante de uma pergunta, tal como, neste caso do filme de Griffith:
ser que eles chegaro a tempo? - Ser que chegaro a tempo?
O mtodo puramente emocional, e hoje j to usado que
chega a aborrecer, mas no se pode negar que, de todos os mtodos
de construo de desenlaces, este o mais eficaz.
Leitmotiv (reiterao do tema). - Em geral, interessa ao rotei-
rista dar nfase em especial ao tema bsico de um roteiro. Para
tal propsito, existe o mtodo de reiterao. Sua natureza pode
facilmente ser demonstrada com um exemplo. Num roteiro anti-re-
ligioso visando expor a crueldade e a hipocrisia da Igreja a servio
do regime tzarista, o mesmo plano foi repetido vrias vezes: um
sino tocando vagarosamente, com os seguintes letreiros superpostos:
"O som dos sinos envia ao mundo uma mensagem de pacincia e
de amor". Este plano apareceu todas as vezes em que o roteirista
desejava enfatizar a estupidez da pacincia, ou a hipocrisia do tal
amor pregado.
O pouco que foi dito acima sobre a montagem relacional natu-
ralmente no esgota, de forma alguma, a variedade enorme de seus
mtodos. Importante foi demonstrar que a montagem construtiva,
um mtodo especifica e particularmente cinematogrfico, nas
mos do roteirista um instrumento importante para impressionar o
espectador. O estudo cuidadoso do seu uso nos filmes, combinado
com talento, levar indubitavelmente descoberta de novas possibi-
lidades e, conjuntamente, criao de novas formas.
65
1.2.2.
OS MTODOS DO CINEMA*
Os americanos foram os primeiros a descobrir a presena de
possibilidades peculiares ao cinema. Observaram que o cinema no
apenas registra simplesmente os eventos que passam diante da c-
mera, como tambm coloca-se numa posio de reproduzi-los na tela
atravs de mtodos especiais que lhe so prprios.
Tomemos como exemplo uma passeata que se desenrola na rua.
Imaginemo-nos como um observador dessa passeata. Para receber
uma impresso definitiva e clara do evento, o observador precisa
realizar algumas aes. Em primeiro lugar, deve subir at o telhado
de uma casa, para obter uma viso geral do grupo como um todo
e dimensionar o seu tamanho; em seguida, deve descer e olhar, da
janela do primeiro andar, para os letreiros das faixas carregadas
pelas pessoas; finalmente, deve misturar-se multido, a fim de ter
uma idia da aparncia exterior dos participantes.
Por trs vezes, o observador mudou de ponto de vista, olhando
ora de mais prximo, ora de um local mais afastado, com o prop-
sito de conseguir a imagem, a mais completa e exaustiva possvel,
* Extrado de A tcnica do cinema, captulo "O Diretor e o Material"
- Parte I.
66
r
do fenmeno. anlise. Os americanos foram os primeiros a
tentar a substltmao do observador ativo pela cmera. Em seu tra-
balho, demonstraram que, no apenas era possvel registrar a cena,
tambm, pela manipulao da cmera - de tal forma que sua
posiao em relao ao objeto filmado variasse algumas vezes -
podia-se reproduzir a mesma cena de forma mais clara e expressiva
do que se a cmera desempenhasse o papel de um espectador de
teatro sentado imvel em sua poltrona. A cmera, at ento um
imvel, finalmente recebia assim uma carga de vida.
Adqmna a faculdade de movimento prprio, e se transformava, de
um espectador passivo em observador ativo. Da em diante, a c-
mera, controlada pelo diretor, pode no somente capacitar o espec-
tador a ver o objeto filmado, como tambm induzi-lo a apreender
esse objeto.
FILME E REALIDADE
_ Quando o ator de teatro se encontra num canto do palco, ele
nao consegue cruzar para o outro lado sem dar um nmero neces-
de E_ e intervalos deste tipo, so coisas
mdispensaveis, condicionadas pelas leis do espao e do tempo reais
as quais o produtor teatral tem sempre que contar e que
ha como superar. Trabalhando com processos reais inevitvel
_sri_e completa de intervalos que ligam os separados e
sigmficatlvos da ao.
Se, . por outro lado, considerarmos o trabalho do diretor de
cinema, ento que a mat_ria-prima no outra seno aqueles
de nos quais foram filmados de vrios pontos
de vista ?s movtmentos individu_alizados que compem a ao. De
nada mais, a no ser destes pedaos, so criadas aquelas aparncias
na tela, formando a representao flmica do desenvolvimento da
ao. Assim, o material do diretor de cinema no consiste dos
processos reais que acontecem no espao e no tempo reais, e sim
daqueles pedaos de celulide nos quais estes processos foram re-
gistrados. Este celulide est inteiramente sujeito vontade do di-
retor que o monta e que pode, na composio da forma flmica de
qualquer aparncia dada, eliminar todos os pontos de intervalo, con-
centrando a ao no tempo, no nvel mais alto que ele desejar.
67
Este mtodo de concentrao temporal, a concentrao da ao
pela eliminao de pontos de intervalo desnecessrios, ocorre tam-
bm, de forma mais simplificada, no teatro. Tal mtodo encontra
sua expresso na construo de uma pea a partir de atos. O ele-
mento de construo da pea atravs do qual p a s s a m ~ e vrios anos
entre o primeiro e o segundo ato apropriadamente uma concen-
trao temporal anloga. No cinema, este mtodo no apenas
elevado ao mximo, como forma a base real da representao. Em-
bora seja possvel ao produtor teatral aproximar temporalmente dois
atos consecutivos, ele, no obstante, incapaz de fazer o mesmo
com incidentes separados dentro de uma nica cena.
O diretor de cinema, pelo contrrio, pode concentrar tempo-
ralmente, no apenas incidentes separados, mas at mesmo os mo-
vimentos de uma nica pessoa. Este processo, geralmente chamado
de "truque" , na verdade, nada mais do que o mtodo caracterstico
de representao flmica.
De forma a mostrar na tela a queda de um homem de uma
janela no quinto andar, os planos podem ser filmados da seguinte
maneira:
Primeiro filma-se o homem caindo da janela sobre uma rede,
de tal forma que a rede no fique visvel na tela; em seguida, o
mesmo homem filmado caindo no cho de pouca altura. Colo-
cados lado a lado, os dois planos criam, na projeo, a impresso
desejada. A queda catastrfica, na realidade nunca ocorre, a no
ser na tela, sendo a resultante de dois pedaos de celulide colados
lado a lado. Do acontecimento real, ou seja, da queda real de uma
pessoa de uma altura espantosa, apenas dois momentos s selecio-
nados: o comeo e o final. A passagem intermediria pelo ar
eliminada. No correto chamar tal processo de truque; um
mtodo de representao flmica que corresponde exatamente eli-
minao dos cinco anos que separam, no teatro, o primeiro do se-
gundo ato.
No exemplo do observador que aprecia a passeata na rua,
aprendemos que o processo de filmagem no a fixao pura e
simples do que acontece na frente da cmera, mas sim uma forma
peculiar de representao deste fato. Entre o evento natural e sua
aparncia na tela h uma diferena bem marcada. exatamente
esta diferena que faz do cinema. uma arte.
68
r
-t I
I
~
ESPAO E TEMPO FlLMICOS
Criado pela cmera, obediente vqntade do diretor - aps
o corte e a juno dos pedaos de celulide - surge a uma nova
noo do tempo, o tempo flmico. No se trata daquele tempo real
compreendido pelo fenmeno medida que se desenrola diante
da cmera, e sim de um novo tempo, condicionado apenas pela ve-
locidade da percepo e controlado pelo nmero e pela durao dos
elementos separados, selecionados para a representao flmica da
ao.
Toda ao ocorre no somente no tempo, mas tambm no es-
pao. O tempo flmico diferenciado do tempo real pela sua ex-
clusiva dependncia dos comprimentos dos pedaos de celulide que
so unidos pelo diretor. Igual noo de tempo, a de espao fil-
mico vincula-se tambm ao processo principal do cinema, mon-
tagem. Pela juno dos diferentes pedaos o diretor cria um espao
sua inteira vontade, unindo e comprimindo num nico espao fl-
mico esses pedaos que j foram por ele registrados provavelmente
em diferentes lugares do espao real. Em virtude da possibilidade
de eliminao dos momentos de passagem e dos intervalos, os quais
j foram analisados e existem em todo trabalho cinematogrfico,
o espao flmico aparece como uma sntese dos elementos reais re-
gistrados pela cmera.
Lembremos o exemplo do homem caindo do quinto andar.
Aquilo que, na realidade uma queda de 3 metros de altura sobre
uma rede e um salto de um simples banco, parece na tela uma
queda de 300 metros.
L. V. Kuleshov montou, em 1920, as seguintes cenas para um
experimento:
1 . Um jovem caminha da esquerda para a direita.
2. Uma mulher caminha da direita para a esquerda.
3 . Eles se encontram e se cumprimentam com um aperto de mos.
O jovem aponta.
4. Mostra-se um grande edifcio branco, com ampla escadaria.
5 . Os dois sobem as escadas.
69
Os pedaos, filmados separadamente, foram montados na ordem
dada e projetados na tela. Os trechos filmados foram apresentados
ao espectador dessa maneira, como numa ao clara, ininterrupta:
um encontro de dois jovens, um convite at a casa vizinha e a su-
bida, pelas escadas, at a entrada. Cada trecho separado, entre-
tanto, foi filmado num local diferente: por exemplo, o jovem, perto
do edifcio G.U.M., a mulher, perto do monumento a Gogol, o
aperto de mos, perto do Teatro Bolshoi, e a casa branca .era um
trecho de um filme americano (na verdade era a Casa Branca},
. enquanto que a subida na escadaria foi filmada na Catedral de So
Salvador. O que resultou disso? Embora a filmagem tenha sido
efetuada em locaes variadas, o espectador percebeu a cena como
um todo. Os trechos de espao real apanhado pela cmera apare-
ciam concentrados, dessa forma, na tela. Ali estava o que Kuleshov
denominou de "geografia criativa". Pelo processo de juno dos
pedaos de celulide, criou-se um novo espao flmico que no exis-
tia na realidade. Edifcios separados por uma distncia de quil-
metros foram concentrados num espao que poderia ser coberto pelos
atares em poucos passos.
70
r
I
'"
1.2.3.
O DIRETOR E O ROTEIRO*
O diretor sempre se defronta com a tarefa de criar
o filme a partir de uma srie de imagens plasticamente
expressivas. A arte do diretor consiste na habilidade
de .encontrar tais imagens plsticas; na faculdade de criar
a partir de planos separados pela montagem, "frases"
claras e expressivas, unindo estas frases para formar
perodos que afetam vivamente e, a partir deles, construir
um filme.
A ATMOSFERA DO FILME
Toda a ao em qualquer roteiro se insere numa atmosfera que
d o colorido geral ao filme. Esta atmosfera pode ser, por exem-
plo, um modo especial de viver. Atravs de um exame mais deta-
lhado, pode-se at considerar a atmosfera como sendo alguma pe-
culiaridade especial, algum trao especial, essencial, desse modo de
vida escolhido. Essa atmosfera, esse colorido, no pode e no deve
se tornar explcito nem numa cena, nem no letreiro; deve constan-
* Extrado de A tcnica do cinema, captulo "O Diretor e o Material"
- Parte II.
71
temente impregnar o filme inteiro, do comeo ao fim. Como falei,
a ao deve estar imersa neste pano de fundo. Uma srie inteira
dos melhores filmes exibidos recentemente demonstra que a nfase
numa atmosfera na qual se insere a ao facilmente obtida com
a .fotografia. O filme David, o Caula (Tol'Able David, Henry
King, 1921 ) , nos mostra isso de forma muito intensa. I?. tambm
interessante notar que o efeito provocado pela unidade deste filme
to "colorido" se baseia numa habilidade, quase nunca comunicada,
de saturar o filme com uma profuso de detalhes corretamente ob-
servados. Naturalmente no possvel exigir do roteirista que ele
descubra todos estes detalhes e os coloque por escrito. O melhor
que ele pode fazer encontrar uma formulao abstrata necessria
cabendo ao diretor absorver esta formulao e dar-lhe a
forma plstica. Anotaes feitas pelo roteirista tais como "Havia
um odor intolervel na sala" ,ou "Muitas sirenas das fbricas vibra-
vam e cantavam atravs de uma atmosfera pesada, permeada de
leo", no so, de forma alguma, proibidas. Elas indicam correta-
mente a relao entre as idias do roteirista e a futura moldagem
plstica efetuada pelo diretor. J se pode afirmar agora, com um
certo grau de certeza, que a tarefa mais imediata espera do di-
retor a busca da soluo, por mtodos flmicos, dos problemas
descritivos mencionados. As primeiras experincias foram efetuadas
pelos americanos quando mostraram uma paisagem de carter sim-
blico no incio de um filme. David, o Caula comeava com a
imagem de um vilarejo visto atravs de uma cerejeira em flor. O
mar espumante e tempestuoso simbolizava o leitmotiv do filme The
Remnants of a Wreck.
O exemplo maravilhoso, que produziu uma realizao inques-
tionvel neste sentido, so as imagens da aurora enevoada que se
levanta sobre o cadver do marinheiro assassinado em O Encou-
raado Potemkin. A soluo destes problemas - como representar
a atmosfera - sem dvida uma parte importante do roteiro. Este
trabalho no pode naturalmente ser desenvolvido sem a participao
direta do diretor. Mesmo uma simples paisagem- que se encontra
com freqncia em qualquer filme - deve, atravs de uma linha
mestra interna, se ligar ao desenvolvimento da ao.
Volto a repetir que o cinema excepcionalmente econmico e
preciso. Nele no h, e no deve haver, nenhum elemento supr-
fluo. No existe tal coisa como um pano de fundo neutro; todos
72
r
l
os elementos devem ser acumulados e dirigidos com o objetivo nico
de resolver os problemas dados. Pois cada ao, na medida em
que acontece no mundo real, est sempre envolta em condies
gerais - esta a natureza da atmosfera.
OS PERSONAGENS NA AMBIENT AO
Gostaria de apontar que, no trabalho de um dos mais impor-
tantes diretores da atualidade, David Griffith, em quase todos os
seus filmes, e em especial naqueles em que ele atingiu o mximo de
expresso e fora, invariavelmente h casos em que a ao do ro-
teiro se desenvolve entre personagens mesclados diretamente com
tudo aquilo que acontece no mundo ao redor.
O movimentado final do cinema de Griffith construdo de tal
forma a fortalecer, para o espectador, o conflito e a luta dos heris
a um grau inimaginvel, graas ao fato de' que o diretor coloca, na
ao, ventania, tempestade, gelos que se partem, enchentes, uma
ruidosa e enorme cachoeira. Quando Lillian Gish em W ay Down
East ( 1920) sai de casa, arruinada, sua felicidade despedaada, en-
quanto que o fiel Barthelmess corre atrs dela para devolv-la
vida - a busca total do amor sob o desespero, desenvolvendo-se no
ritmo furioso da ao -, tudo isso acontece durante uma assusta-
dora tempestade de neve; e, no clmax final, Griffith fora o espec-
tador a sentir o desespero, quando um bloco de gelo, girando em
rotao e carregando a figura de uma mulher, se aproxima do pre-
cipcio, de uma gigantesca cachoeira. A prpria cachoeira d a
impresso de runa, sem esperana, da qual no se pode escapar.
Primeiro vem a tempestade de neve, e em seguida o rio revolto,
espumante, em degelo e cheio de blocos de gelo que parecem ainda
mais selvagens do que a tempestade, e, finalmente a poderosa ca-
choeira, que, ela prpria, d a impresso mesma da morte. Nesta
seqncia de eventos, repete-se, em escala maior, a mesma linha do
desespero crescente -- desespero para se chegar ao final pela morte
que, de forma irresistvel, se apossou da personagem principal. Esta
harmonia - a tempestade no corao humano .e a desvairada tem-
pestade da natureza - uma das conquistas maiores do gnio
americano.
(Textos traduzidos de V. Pudovk.in, Film Technique and Film Acting,
New York, Grove Press, 1970).
73
3. CINE Y LENGUAJE
aumrlZZ re f^ bra Plantea* el cine como arte Era
1919 n li i subrayaba Victor Perrot que fue -en
^rprrguntsPrcresenunV:rteen - *" " ^
f-rc^/^rr-^r*ias -"*
Mdio de expresin, pues, antes de ser o poder ser un
arte. Pero esto quiere algunas observaciones. Asaber qe
unmed.0 de expresin, en el sentido estricto de, trmtno no
permite traducir ms que sentimientos, emociones: no podra
expresar ideas Alo sumo es capaz de sugerir algunas a parr
de las impresiones que comunica, pero son entonces Mea
SS Z21 - * " fa **- S
de p-STi 'a .a^uiteura. ^ aes plsticas, son mdios
de expresin. La danza y la msica, tambin; con la diferencia
sin embargo, de que se desarrollan en la duracin y por esto'
uponen una movilidad emocional. Pero tampoco la' msica y
Ia danza podrian expresar ideas. musica y
Un mdio de expresin susceptible de organizar construir
l:;z LCTfsoarmientos'que puede desaiiarid
se moanican, se forman y se transforman, se convierte entnn
ataSiSS?* " lo que se denomin; un S*
nes en 1"'eratura permite expresar tanto ideas como emocio-
s^-rssw: psrjrfcrla son ias fas 2
Cie y lenguaje 45
Se observar de paso que, en los mdios de expresin, se
accede a la idea (vaga, imprecisa) pasando primero por la emo
cin. Por el contrario, con el lenguaje se accede a la emocin
pasando primero por la idea.
Lo cual nos lleva a definir al cine como una forma esttica
(tal como la literatura), que utiliza la imagen que es (en si
rnisma y por si misma) un mdio de expresin cuya sucesin
(es decir la organizacin lgica y dialctica) es un lenguaje.
En un artculo de cran Franais, Gabriel Audisio se rebe-
laba contra esta concepcin que tiende a identificar al cine
con el lenguaje: Eso es hablar muy imprudentemente, deca,
y quien confundiese lenguaje con mdio de expresin se ex-
pondra a graves desenganos.
Para ilustrar su punto de vista, nuestro estimable colega
ofreca a rengln .seguido un ejemplo de esta confusin temible
considerando .a la imprenta como mdio de expresin. As
pues, pese a Un coup de ds, pese a los Calligrammes de Apo-
llinaire y otros ensayos tipogrficos, nunca nada se ha expre-
sado mediante la imprenta. Es un mdio de reproduecin, de
difusin importante sin duda, pero solo esto y nada ms.
Tambin el cine es un mdio de reproduecin y difusin
en el sentido de que no es, en primera instncia, ms que un
conjunto de fotografias animadas que reproducen hechos rea
les o imaginados.
Pero el cine, que es a la imagen lo que la literatura al ver
bo, es comprendido a la vez como instrumento de una dialc
tica particular, como el arte de utilizar este instrumento y
como el mdio de difundir su resultado. Desgraciadamente no
hay ms que una sola palabra para significar este triple sentido.
Habra que poder decir imagen animada, como se dice ver
bo. El hecho flmico o el arte cinematogrfico como se
dice la literatura. Y el hecho cinematogrfico, como se dice
la imprenta.
XIII. OJEADA SOBRE EL LENGUAJE
Un lenguaje es un sistema de signos o de smbolos que permi
te designar las cosas nombrndolas, significar ideas, traducir
pensamientos.
Al ofrecer una representacin simblica de las cosas y de
las relaciones percibidas en la realidad inmediata, permite
actuar sobre el mundo modificando esas relaciones en la repre
sentacin que se da de l a su travs.
MITRY, Jean. Esttica y psicologa del cine. v.1. Madri: Siglo
XXI, 1978. p.44-114.
46
Preliminares
Todo lenguaje supone, por tanto, a la vez, una posibilidad
dialctica y una construccin lgica. El arte que es a partir
dei lenguaje como la literatura no es ms que una manera
de utilizar este imponindole regias formales, pero todo len
guaje es independiente de las cualidades estticas que se le
puedan otorgar con vistas a una expresin particular. Todo
lenguaje ha nacido con el hombre, dice tambin Gabriel Au-
disio, y no est equivocado.
Veamos ms bien cules son las diferentes formas de len
guaje ysigamos a grandes trazos su evolucin. Comencemos por:
1. El lenguaje fontico que, lejos de remontarse a los orgenes
no es ms que la transmutacin relativamente reciente (treinta
mil o cuarenta mil anos tal vez) de un lenguaje primitivo, el
lenguaje dei gesto. Naci de la transformacin progresiva 'dei
gesto mmico en un gesto sonoro o, para decido como Mareei
Jousse, en un gesto laringobucal, habiendo dejado sitio el con
junto^ de gestos a una sucesin de sonidos que no fueron en
principio ms que una manera de acompanamiento.
El hombre intentaba as traducir la emocin experimentada
ante tal o cual objeto, y se esforzaba por evocado, por figu
rado mediante onomatopeyas u otras emisiones vocales ms
o menos imitativas. Estas, poo a poo, se identificaron con l
y llegaron a designado, luego a significado; ellas se convir-
tieron de alguna manera en la imagen sonora dei objeto consi
derado. Las emisiones vocales, organizndose entonces en gru
pos de imgenes, dieron nacimiento a lo que hoy nosotros
llamamos el verbo o la palabra, y se elevaron progresivamente
dei objeto a las relaciones entre los objetos, de la cosa a la
idea, de lo concreto a lo abstracto.
2. Los ideogramas. Mucho antes de la existncia de las pa
labras, en vez de transcribir los fonemas por mdio de carac
teres alfabticos, como se hace hoy, se transcriban las ideas
madres mediante dibujos, esquemas que figuraban uno o mu-
chos objetos y ciertas relaciones entre ellos. Estos esquemas
vinieron a sustituir a estos objetos, a significar estas ideas,
convirtindose as en una espcie de representacin grfica,
una simblica imaginada, la escritura ideogrfica.
No siendo la escritura ms que la transcripein formal dei
lenguaje y siendo el lenguaje un mdio de transmitir ideas y
no necesariamente un sistema propio para la elocucin, se pue
de hablar de un lenguaje ideogrfico.
cine ylenguaje
1orieen haba, sin duda, alguna correlacin entre los
E" v los sonidos. La cosa representada dejaba suponer
dibujos y interpretacin, visual y sonora, pero, al pasar dei
una dom ^ escdtura olvid rapidamente su equivalente
objet n v se distancio de l.
fnr,Unisiado complejos y poo manejables, estos dibujos,
los como ideogramas, constituyeron entonces los jero-
agrupa estas imgeneS; ^ principio figurativas, aunque
gl ticas sugiriendo una accin o relatando hechos mpor-
escluemr 'itaron insuficientes demasiado escasas para ha-
tantes, i condidones de seguir las modalidades dei pensamien-
llarSC ra significar sus diferentes aspectos en formas siempre
t0-' ^s Haba pues, que abreviar, esquematizar cada vez ms,
diStlHnnar la representacin figurativa por signos convencio-
i los cuales^-por un proceso inverso, vinieron de nuevo a
na sentar tanto un sonido como una idea. As ocurri, vero-
r?prf nte con escrituras cuneiformes como la china y la
-1 onesa cuyos innumerables signos las convirtieron en una
jaP -itura' erudita accesible solamente a los iniciados.
No obstante, hacia el ano 1500 a. C. los fenicios, que para
intercmbios necesitaban un lenguaje cmodo, agregaron
l los ideogramas algunos signos esenciales derivados de figuras
renresentativas muy antiguas. Al proponerse reconstituir me
diante su reunin los elementos primordiales de la palabra,
inventaron entonces el alfabeto, que dio nacimiento a la escri
tura fontica.
Los ideogramas, limitados desde entonces a la representa
cin objetiva de los hechos ms que a la expresin de las
ideas se transmutaron poo a poo en artes grficas y llegaron
a sedo exclusivamente.
3 La escritura fontica. Desde el fenicio Cadmos, que la
introdujo en Grcia de donde lleg a los romanos, la escritura
alfabtica iba a propagarse rapidamente hasta ser adoptada por
todas las lenguas europeas.
La palabra, que no es otra cosa que la transcripein de los
fonemas por mdio de signos alfabticos, o letras, ha nacido,
pues, con la escritura propiamente dicha y no se remonta a
ms de trs mil o cuatro mil anos.
Hay que senalar que antiguamente la palabra no era otra
cosa que el signo escrito de un fonema o de un grupo de fone
mas que representaban una misma idea o un mismo objeto.
Hoy, por el contrario, el fonema solo aparece como la pronun-
ciacin de ese signo. Gracias a la imprenta y a la difusin de
48
Preliminares
la escritura, la palabra ha tomado la delantera al verbo- el
lenguaje escrito o hablado ha sustituido al lenguaje oral'
Laidentidad entre la palabra y el habla no es, por supues-
to, mas que producto de un convencionalismo teniendo una v
otro una realidad fsica totalmente diferente. La analogia
misma entre los fonemas y los grupos sonoros que los origi
narem es cada vez ms lejana. Las onomatopeyas, las imgenes
verbales onginales fueron modificadas, erosionadas con el
correr de los anos. Se fabricaron palabras nuevas a partir
de estructuras antiguas. El francs, el italiano, el castellano
muy diferentes hoy, tienen un mismo origen latino y el propio'
latin se pierde en algn aspecto de la rama indoeuropea De
una misma palabra latina como ratio, proceden racional y razo-
nable. Auscultare se ha convertido en auscultar yescuchar etc
Las estructuras dei lenguaje continan siendo ms o menos
las mismas, pero las formas, las lenguas, las palabras, la ma
tria expresiva evolucionan constantemente en la medida en
que precisamente estas lenguas estn vivas, solicitadas sin c
sar por innumerables condiciones sociales o morales. En nues-
tros dias, la transformacin de una lengua tal como el ingls
en otra -el norteamericano- es sorprendente. En uno o dos
siglos apenas habr ya entre ellas ms relaciones que las que
hay entre el francs y el latn.
4. Finalmente, otra forma de lenguaje -y de escritura- es el
lenguaje matemtico, en tanto se considere que todo lenauajc
es expresin, traduecin de algn aspecto dei pensamiento
Abarcando necesariamente las condiciones de este pensamiento
todo lenguaje se refiere a la lgica y se limita basicamente a
las ideas fundamentales de esta. Lo que, desde cierto punto de
vista, conducira a afirmar que la matemtica es el lenguaje
por excelncia.
Dejando a un lado todo sustrato, este solo mantiene equiva-
lencias o relaciones de importncia representadas por smbo
los convencionales. El ms preciso, con mucho, es el ms
reciente de todos. Se desarrolla continuamente y aparece como
la expresin ultima de la lgica pura, aunque los ms recientes
intentos de reduccion de uno a otra hayan originado numerosas
dificultades. Cualquiera que sea el orden de prioridad o com-
plementanedad de la lgica y las matemticas, este lenguaje
solo tiene preeminencia, en general, sobre lo cuantitativo y
bastante poo sobre lo cualitativo, al menos en lo que tine
de ms vivo, es decir de irracional y de irreductible
Cine y lenguaje 49
XIV. CINE Y LENGUAJE
En la escritura ideogrfica, las ideas estn significadas por las
relaciones entre las clulas de un mismo ideograma. Una misma
clula adquiere sentidos diferentes segn que se halle relacio
nada con tal o cual otra. Pero las formas son fijas. Cada con
junto tiene un sentido preciso, unvoco; cada vez que se quiere
significar una misma idea, se recurre al mismo ideograma.
=En cierta medida, el cine surge como una nueva forma de
lenguaje ideogrfico, con una diferencia importante: los sm
bolos cristalizados y convencionales de este son reemplazados
por valores simblicos fugitivos, que dependen menos de los
objetos o los acontecimientos representados que dei contexto
visual en mdio dei cual se los situa. Contexto que, mediante
las relaciones o las implicaciones que determina, carga a estos
objetos o es.tos acontecimientos con una significacin mo
mentnea.
As, pues, las mismas ideas pueden ser significadas de ml
tiples maneras, pero ninguna de ellas podra ser significada
cada vez mediante imgenes idnticas. No existe ninguna liga-
zn, ningn caracter de fijacin entre el significante y el sig
nificado, en caso contrario aqul se convertira pronto en un
signo abstracto desprovisto de las cualidades vivas que le son
indispensables.
La idea, en la expresin flmica, est sometida a las condi
ciones de una realidad sensible de la que se sirve para hacerse
valer. Nunca debe perjudicar al desarrollo lgico de esta reali
dad episdica y, por el contrario, debe identificarse con ella
hallando ah su propia finalidad.
Tal vez se objete que el film es una escritura ms que un
lenguaje, por no tener la imagen flmica ninguna equivalncia
fontica o por deber referirse entonces a una palabra. En efec-
to, la imagen de una silla muestra al objeto, pero no lo nombra.
Solicita la palabra silla que la define. Pero esto supondra
dar al lenguaje un sentido muy estrecho, reducindolo unica
mente a la palabra. Es evidente que si por lenguaje se entiende
el nico mdio que permite los intercmbios de la conversa
cin, el cine no podra ser un lenguaje. Uno se expresa con
imgenes, pero no se intercambian ideas por su mediacin
(jo entonces la conversacin seria muy difcil, muy costosa y
muy larga!...)
jY en este caso, las matemticas tampoco lo seran, porque
no se me ocurre que pueda hablarse de la lluvia y el buen
tiempo en trminos algebraicos! Y si el lenguaje estuviese
50
Preliminares
reducido unicamente al uso de la lengua, ^cmo se denomina
ria entonces la estructura orgnica que permite formular ideas
con cualquier tipo de signos, simblicos o no, fijos o fugaces?
Persisto en llamar lenguaje a esta estructura y solo a ella,
no siendo el lenguaje verbal, propio de la conversacin, sino
una de sus formas particulares, la ms maleable y flexible sin
duda, pero ni por asomo la ms perfecta. El mdio de expre
sin no supone ningn desarrollo dialctico, ya que este desa-
rrollo mismo es lo propio dei lenguaje.
Digmoslo una vez ms: toda escritura supone necesaria
mente el lenguaje dei que es forma simblica fijada en las
palabras o en cualquier otra representacin. Al no emplearse
las imgenes flmicas, en su finalidad expresiva, como una sim
ple reproduecin fotogrfica sino como un mdio de transmitir
ideas, se trata de un lenguaje.
Un lenguaje en el cual la imagen juega a la vez el papel
de verbo y de palabra mediante su simblica, su lgica y sus
cualidades de signo eventual. Un lenguaje gracias al cual la
equivalncia de los datos dei mundo sensible no se obtiene ya
por intermdio de figuras abstractas ms o menos convenciona
les, sino mediante la reproduecin de lo real concreto.
As, la realidad ya no est representada, significada por
un sustituto simblico o por un grafismo cualquiera. Est
presentada. Y es ella, ahora, la que sirve para significar. Cogi-
da en una dialctica nueva de la que deviene la forma misma,
sirve de elemento para su propia fabulacin.
XV. OBSERVACIONES Y OBJECIONES
Salvo las observaciones efectuadas, ciertos crticos algunos
psiclogos tambin han discutido esta nocin de lenguaje,
pero, segn temo, basando sus objeciones en consideraciones
inexactas o, al menos, reduciendo las concepciones dei lengua
je a opiniones singularmente estrechas. Aqui, como en muchas
circunstancias, cada cual reduce a los limites de su especiali-
dad conceptos ms generales, rehusando a veces considerar lo
que se le escapa. Con frecuencia falta a los lgicos ser psiclo
gos, a los psiclogos ser lgicos, a los lingistas ser estetas, a
los estetas ser fillogos y a los crticos ser algo de todo eso.
Veamos mejor lo que dice uno de ellos. En un artculo de
L'Age Nouveau, Armand Cauliez arriesga que si el cine es ms
que un arte, no podra ser asimilado a un lenguaje. Para su
demostracin, Cauliez cita un texto de Ch.-P. Bru, segn el cual
Cine ylenguaje 3l
nio de un signo es tener una significacin distinta de lo que
lo ProIJanto que sfgno, e independiente de su presentacin, de tal
S T que la misma significacin permanece cuando el signo se
m enta diferentemente y cuando puede ser significada mediante
signos diferentes (Uesthtique de Vabstraction).
Pero lo que Cauliez olvida decir es que el autor no enfoca
ms que signos abstractos de forma fija y de significacin
constante. ...
Es evidente que el cine no podna ser un lenguaje si uno
se atiene a la definicin clsica que quiere que el lenguaje
solo ulilice signos de este tipo. Pero una cosa es preguntarse
si entra en el marco de una cierta definicin, y otra si, por el
contrario, no es un lenguaje y si no ocurre que esta definicin
es insuficiente. Porque esta definicin clsica es la dei len
guaje verbal; es una definicin lingstica y no una definicin
lgica. .
Sabemos que la imagen flmica no es un signo en si. La
significacin que puede tener cambia segn que se presente
de una u otra manera. Mas, igual que para el signo abstracto,
la significacin flmica es distinta de lo que es la imagen en
tanto que signo. Por mediacin dei texto que cita, Cauliez que-
rra demostrar lo contrario, pero se apoya en ejemplos que
vienen a contradecir sus asertos. Nos dice que en cine, por
ejemplo, un cenicero donde se amontonan las colillas senala
el paso de las horas. Ahora bien, esta idea es muy distinta
de lo que es el cenicero, convertido en un signo momentneo
pero cuyo objeto no es rivalizar con los pndulos...
El arte: [dice adems] es un antilenguaje: no solo otorga un sen
tido ms puro a las palabras de la tribu sino que forja palabras
inauditas que, reasumidas, se convierten en clichs. Por otra parte,
el lenguaje est, precisamente, hecho de clichs: es unvoco. El
arte es equvoco.
Dicho de otro modo, el lenguaje no seda ms que un resduo
dei arte. <;Pero cul? El arte dei lenguaje... jEra de esperar!
Cauliez plantea la cualidad de una cosa antes de la cosa
en si y su arte parece confundirse as con la sonrisa sin gato
de Levvis Carroll. Decir adems que el lenguaje es unvoco es
prestar a las palabras certezas que no poseen. Si se tratase
dei lenguaje matemtico, seria evidente, pero el lenguaje ver
bal es con frecuencia equvoco; digamos, ms exactamente,
polismico.
52
Preliminares
Como muchos otros, Cauliez no ve lenguaje ms que en la
condicin de una cierta cristalizacin simblica. El cine seria
lenguaje si las imgenes fuesen signos en si, si su caracter
de signo fuese inmutable, unvoco; lo que quiere decir ms o
menos que el cine no es un lenguaje porque no concuerda con
el lenguaje verbal, porque la imagen no juega en el film el
papel de la palabra en la frase.
Se plantea a priori el lenguaje verbal como la forma exclu
siva dei lenguaje y, debido a que el lenguaje flmico es nece
sariamente diferente, se concluye que no es un lenguaje...
Presentando a priori a la pintura abstracta como la forma
misma de la pintura, se demostraria facilmente que la pintura
figurativa no es pintura...
Resulta evidente que un film es una cosa muy distinta que
un sistema de signos y smbolos. Al menos, no se presenta como
solamente esto. Un film es, ante todo, imgenes, e imgenes
de algo. Es un sistema de imgenes que tiene por objeto" des-
cnbir, desarrollar, narrar un acontecimiento o una sucesin
de acontecimientos cualesquiera. Pero estas imgenes, segn
ia narracion elegida, se organizan como un sistema de signos
y de smbolos; se convierten en smbolos o pueden convertirse
en tales por anadidura. No son unicamente signo, como las
palabras, sino ante todo objeto, realidad concreta: un objeto
que se carga (o al que se carga) con una significacin determi
nada. En esto el cine es lenguaje; se convierte en lenguaje en
ia medida en que primero es representacin, y gradas a
esta representacin. Es, si se quiere, un lenguaje en segundo
giado. No se da como una forma abstracta a la que se le podran
agregar ciertas cualidades estticas, sino como esta cualidad
esttica misma, aumentada con las propiedades dei lenguaje-
en suma, como un todo orgnico en el cual arte y lenguaje s
conlunden, siendo uno solidado dei otro.
' E!,tC er' Cn Ciert sentido' el ejemplo perfecto de las teo
rias de Benedetto Croce, para quien esttica y lingstica son
una sola y misma cincia.
En efecto [afirma], para que la lingstica sea una cincia diferente
hlnfl CSttetlca no Ibria tener por objeto la expresin, que es el
ftecno esttico mismo: ahora bien, parece suprfluo demostrar que
ei lenguaje es expresin [...] Siempre es posible reducir las cues-
tioncs cientficas de la lingstica a su frmula esttica [...] Filo
sofia dei lenguaje y filosofia dei arte son la misma cosa.
Podra demostrarse que a nvel de lenguaje comente las
ideas de Croce son inexactas. En efecto, la expresin puede
cine v lenguaje 53
un hecho esttico, pero no es el hecho esttico mismo. Si
Serprefiere, todo hecho esttico es expresin, pero toda expre-
S^'n no depende necesariamente de la esttica. Cuando escribo
S1 a carta al recaudador de contribuciones expreso algunas
ideas 'pr cierto, pero esta carta no tiene ningn caracter es
ttico Si, por el contrario, escribo un poema, las ideas, los sen-
fmientos, adquieren un valor; la expresin se convierte aqui en
el hecho esttico mismo. Las ideas de Croce no son verdaderas
ms que al nivel dei poema; la obra de arte las hace evidentes.
Pero esta distincin no juega para el lenguaje flmico, por
que este se situa siempre al nivel de la obra de arte. Que esta
obra sea buena o mala no cambia en nada la cuestin; no es
una cuestin de calidad sino de hecho. El lenguaje flmico de
pende, por principio y definicin, de la creacion esttica. No
es un'lenguaje discursivo sino un lenguaje elaborado. Es ms
lrico que raciqnl. El lenguaje dei film no es el de la conver
sacin sino el dei poema o la novela y las imgenes, aunque
ordenadas con miras a una significacin determinada, deben
dejar un margen de indeterminacin en la cosa expresada, la
cual lleva a pensar ms bien que ella no abarca y no precisa
un pensamiento racionalmente definido.
Pero se comprenden mal definiciones de este tipo:
,-Qu es, en efecto, un lenguaje? [se pregunta Mareei Martin en
CLc langage cinmatrographique]. Se lo considera en general como
una herramienta forjada por el hombre para comunicarse con sus
semejantes, por tanto como un producto dei arte (siendo el arte
especfico dei hombre, opuesto a la naturaleza), por tanto como un
arte. Ahora bien, es fcil mostrar que este punto de vista es falso.
En efecto, si el lenguaje fuera un arte, habra sido preciso que se
preexistiese a si mismo, porque los hombres habran tenido necesi
dad de palabras para ponerse de acuerdo sobre la invencin de la
significacin dei propio lenguaje.
El lenguaje no es, pues, un producto dei arte, sino un producto de
la naturaleza, dei mismo modo que el propio hombre. Resulta con
veniente precisar al punto que el lenguaje es un producto social.
Al parecer, Mareei Martin se enfrenta con molinos de viento
porque si hay un arte dei lenguaje, nadie, que yo sepa, ha pre
tendido jams que el lenguaje sea un prolueto dei arte. Ms
bien se trataria de lo inverso. Pero si el lenguaje es una herra
mienta fabricada por el hombre, no podra por ello deducirse
que ars sea sinnimo de faber y la conjuncin por tanto con-
duce a este respecto a una conclusin muy arbitraria... Por
otra parte, el lenguaje no podra ser a la vez un producto de
Preliminares
Ia naturaleza y un producto social, dado que lo uno excluye a
lo otro. Arriesgar que es un producto de la naturaleza me
parece muy ilusrio, porque no se viene al mundo con un len
guaje como con brazos y piernas. Cuando viene al mundo el
nino no dice jBuenos dias, mama! Pero que el lenauaje es
un producto social es la evidencia misma, y esta sola proposi-
cion basta para eliminar la precedente.
Debo en verdad reconocer que Mareei Martin corrige l
mismo sus azarosas aproximaciones, diciendo a continuacin-
As pues, el lenguaje no fue creado conscientemente como un
sistema de smbolos; naci por abstraccin progresiva a partir
dei comportamiento animal instintivo de orden vocal y gestual
y bajo el imprio de la necesidad de relaciones interindividua-
les. Pero agrega (.por qu?): Me parece que, entonces, seda
vano buscar quin precedi a quin: el hombre o la sociedad
humana. Vuelve a hallarse aqui la oposicin entre Tarde y
Durkheim sobre la cuestin de saber si hubo precedncia entre
el animal o Ia animalidad... Me parece que no puede haber
ammalidad sin animales ni sociedad humana sin hombres La
sociedad plantea al hombre como existente a priori y sea lo
que fuere lo que piense Durkheim, el hombre ha precedido
necesariamente a la sociedad en el orden histrico de las cosas
Precedncia bastante corta sin duda, porque, desde que dos
hombres se encontraron y decidieron unir sus esfuerzos, hubo
sociedad. Pero retornemos al lenguaje.
G. Cohen-Sat, cuyas objeciones tienen de todos modos ms
peso, afirma que los verbos y los sustantivos no dependen
sino precisamente de las lenguas verbales, que son procedi
mentos pero procedimientos parciales, de la funcin dei len
guaje. No se podra discutir esta evidencia. Pero anade:
?^\JurJTe Pr,Pa dG ll fxPresin cinematogrfica que puede
asim larse a una lgica verbal, debe repetirse obstinadamente que
al t,n baSta" d?U a,fabet del ,enuaJe habra Que lanzar
al! aire para ver caer de nuevo a la vez la lixada en Grcia y a
Shakespeare en el otro extremo dei mundo? Nos importan menos
caTa. y a!"qV,tectUra del linguaje que toda la densidad semn-
tica de los smbolos y su estilizacin.
Es cierto que la analogia no basta. <Pero por qu, en este
caso, querer asimilar la lgica flmica a la lgica verbaP Sus
trminos suponen una organizacin diferente ya que ellos son
en si mismos diferentes. Y si es verdad que lo que cuenta en
tanto que expresin son los smbolos y la semntica, lo que
Cine y lenguaje 55
acteriza al lenguaje no es menos la estructura dialctica
03 e la manera de producir los smbolos.
qU Pero Cohen-Sat, tambin, est obsesionado por la idea de
demostrar que el lenguaje flmico no podra ser un lenguaje si
no se identifica con el lenguaje verbal.
No se debera [dice en Le discours filmique] confiar a los estu-
d'js comparativos el paralelo que pueda imaginarse entre el dis-
rso verbal y su homlogo flmico? Bsqueda de una superposi-
cin, como se construiran en geometria dos tringulos para de
mostrar que son iguales?
Es un dilogo de sordos. Por un lado se opina que dos
figuras son tringulos; por el otro, se pretende que deben ser
iguales, salvo que uno de ellos no sea un tringulo. Ahora bien,
que uro sea issceles y el otro equiltero, no les impide ser
igualmente tringulos... Todo esto es lo que se quiere decir
al afirmarse que el cine es un lenguaje. Pero sigamos ms bien
el pensamiento de nuestro autor. Citar los pasajes esenciales
de su estdio y me conformar con anotar, entre los prrafos,
las observaciones que me sugieren sus afirmaciones. Prosigue
diciendo:
No puede dejarse de verificar ante todo, en el parentesco evidente
entre lo verbal y lo flmico, que las estrechas conexiones que nos
asombran a primera vista resultan infinitamente desbordadas por
diferencias esenciales u oposiciones profundas.
Lo contrario seria asombroso...
Pero a la expresin, exteriormente, del pensamiento, con su desa-
rrollo mediante una sucesin de palabras y proposiciones que se
encadenan, corresponde interiormente el discurso, paso del esp
ritu que piensa de un juicio a otro juicio segn un orden, ya sea el
de la consecuencia, ya algn otro, para retomar la frmula de
Leibniz.
Limitmonos por ahora a examinar la idea de que el film puede
ser tratado como un lenguaje... Confirmaremos con cuidado por
que cl asunto tiene importncia que el film, por esencia, no es,
no puede ser ni convertirse en un lenguaje. Y confirmaremos luego
que, en el estdio de la comunicacin flmica, la eliminacin de la
idea de lenguaje no entraria la de discurso.
La clave del problema est ah. Todo se limita a esto: afir
mar que el cine es un discurso pero que no podra ser un
lenguaje porque sus formas dialcticas no se modelan sobre
lo verbal...
56
Preliminares
Se trata como casi siempre ms de una querella de pa
labras que de una querella de ideas. jExtrana confusin! Cohen-
Sat denomina discurso a lo que yo llamo lenguaje, reservando
yo el trmino discurso a la funcin verbal y a su organizacin
sintctica. jA consecuencia de ello estoy obligado a afirmar a
jni vez que, por esta misma razn, no podra haber discurso
flmico!
Se me dir: Leibniz... En efecto, la definicin que l da
del discurso es la de las funciones del lenguaje. Pero l lo
jlama discurso porque se basa en el lenguaje verbal, y no
se basa en el lenguaje verbal sino porque en su poca no existia
Otro modo concebible de comunicar ideas. Pero pretender de
finir el lenguaje flmico refirindose a Leibniz es querer definir
ja cincia atmica refirindose a Demcrito.
Lo que sigue nos informar ms sobre esta confrontacin
constante entre lo flmico y lo verbal:
^tengmonos, pues, a los elementos de la definicin recibida [el
sUbrayado es mio]: signos, sistema, intercmbios. Las imgenes
f/jrnicas no son signos, y menos todavia convencionales. Se pre-
sentan, por naturaleza, en total oposicin a un sistema, y no se
c0ncibe que pueda ser de otro modo.
Es la evidencia misma. Pero esto no prueba sino una cosa:
que el lenguaje flmico es distinto al lenguaje verbal. Pero
^quin ha afirmado alguna vez lo contrario?
finalmente es contrario a la razn imaginar que todos los que reci-
ben, o, mejor, sufren la comunicacin flmica, puedan convertida
en un intercmbio cualquiera conversado.
jVaya!... Pero ya se ha contestado a esta objecin.
^3 oposicin entre la definicin y el objeto por definir es bastante
perfecta.
Es decir que se da una definicin a priori (una definicin
fecibida) en la que uno se esfuerza por hacer entrar el objeto
a definir. Como este no encaja ah, se le rechaza...
pesde este punto de vista, por ejemplo en el marco de las cuestio-
nes q"e acabamos de mencionar, ipuede considerarse a la expre
sin verbal de las cosas y a su presentacin flmica como realidades
paralelas asimilables entre si mediante series metdicas de rela
ciones?
I
Cine y lenguaje 57
Seguramente no.
Ta dificultad primordial reside en la eleccin del principio de asi-
milacin; ino es insuperable esta dificultad?
Como Cohen-Sat busca el principio de asimilacin unica
mente en confrontaciones lingsticas, etimolgicas y grama-
t;"ales, la dificultad es, efectivamente, insuperable...
El espritu, a partir de la palabra, siguiendo el sentido del vocabu
lrio que posee o que un lxico podra revelarle, explora esta den-
sidad semntica en busca de una acepcin que le convenga. Por el
contrario, en presencia de la imagen flmica, lo que ocupa el esp
ritu desde un principio es el sincretismo de una significacin com
pletamente dada, es la imagen en si. A partir de este conocimiento
engendrado directamente, el espritu ser libre para forjarle un
valor semntico" en trminos del lenguaje verbal, libre tambin
para no preocparse de ello.
Examinaremos esta cuestin ms adelante. Pero lPor Qu
en trminos del lenguaje verbal?
Es evidente que lo que es visto, comprendido, entendido
mediante la imagen se traduce de inmediato a palabras porque,
si nosotros hablamos, nos expresamos verbalmente. Pero el en-
tendimiento inmediato resulta de las estructuras visuales cuyo
efecto no se produce en trminos del lenguaje verbal sino
en simples trminos de juicio.
Poas dudas sobre este punto. El cine es un arte. Precisamente
porque no es un lenguaje, por que se opone al lenguaje. En efecto,
nada falta para establecer que ni el film ni el arte soportan ser
tratados a golpes de sintaxis y de herramientas gramaticales.
jCuriosa concepcin esta de oponer as arte y lenguaje!
Tampoco un poema soporta ser tratado a golpes de sintaxis y
de herramientas gramaticales. Ahora bien, ^no es un lenguaje,
o deja de sedo inmediatamente? cNo ser arte por el hecho de
ser lenguaje? ^0 ya no ser lenguaje porque es obra de arte?
La cualidad potica del Bateau ivre es independiente de toda
gramtica, pero el poema en si no lo es, y su estructura verbal
se remite a los mismos imperativos que la ms comn de las
prosas. Que el arte este ms all del lenguaje no implica que lo
este fuera de sino a partir de... No se basa sino en l.
Cuando la conjuncin (luego, pues, porque) es propuesta en el in
tervalo de las imgenes, lo debe a una intervencin exterior a la
obra, anadida, y de caracter inesttico.
58
Preliminares
En absoluto. Toda relacin que, en un film, pueda ser rela
cionada de alguna manera con lo que es la conjuncin en la
smtasis verbal, est determinada, en el interior de la obra
por una implicacin lgica debida a la organizacin de las
estructuras. (A menos que este implicada por el dilogo que
de todos modos, es parte integrante de la obra. Pero esto es
capa a las condiciones enunciadas.)
Cohen-Sat parecia dirigirse contra las analogias y solo se
ven en el busquedas analgicas, aproximaciones, comparacio-
nes con formas lingsticas que, naturalmente, se rebelan v se
resisten. Luego concluye:
vLTs HnJ*105 probIemas deben s^ resueltos, no lo sern mediante
vagas analogias gramaticales.
No se podra expresar mejor...
Trs este estdio, Henri Wallon publico algunas observacio-
nes. Dice, especificamente:
Sera^Zrf* ^V"1" .pHoH QUe eI cine Sea un len"aJe oun arte.
dones fctSlaTPn0r70S ,mkes que suponen nuestras defini-
demostra sf S '"T^ ? arte" CorresPnde a la experincia
queTre^,t2 ^^*en <5u tido lo es. Es probable
n,^,trn P f63 Psitlva' a condicin de extender ydiversificar
nuestra concepcin del lenguaje y el arte.
come^arIn?PrepSamente Pr aqu por donde se deba haber
S.?;-' En cuanto a decir si es arte o lenguaje <por
que esta diferenciacin? .Por qu tendra que ser uno u otro'
aneX^je. ^ *C"n el ~ *S**> CS -*
Wallon sigue diciendo:
sen Cmo]vinSetUna SUStancia vmedios que le son propios: es ima-
PlanteT IZT Y, C.ambia Una primera serie de Poemas se
donefcon , " r T eStOS tr6S aSpCCtOS' <cules son sus re,a"
ciones con la realidad cuando postulamos que es su rplica exacta?
Este ser uno de los objetos de nuestro estdio.
Apesar de todo, el caracter esencial del cine es ser imagen
t,icSUfer!0n dG maSenes animadas, desde luego. En sus estruc
turas el film es movimiento ycambio: cambio de planos de se-
cuencias, de puntos de vista. Movimiento sugerido intelectual-
i(5r ejePlQ entre numerosas acciones situadas en lu
gares diferentes). Pero se convendr en que es sobre todo
r
Cine y lenguaje 59
representacin del movimiento, lo que no podra ser si l mis
mo no estuviese en movimiento, pero que no obstante condi
ciona que sea imagen ante todo.
Si es normal que la lingstica no se preocupe sino del len
guaje verbal, tal vez sea tiempo de procurar una definicin del
lenguaje en si porque no existe ninguna relacin entre lo
flmico y lo verbal a no ser precisamente que ambos son len-
Piiaje. Se buscan analogias sintcticas ll donde no hay nin
guna. La identidad no est en las formas sino en las estruc
turas. Y es tiempo ya de que la definicin lingstica, dema
siado exclusiva, ceda ante una definicin lgica de caracter
ms general:
Siendo una manera de traducir las modalidades del pensa
miento, todo lenguaje se refiere necesariamente a las estruc
turas mentales gie las organizan, es decir a las operaciones del
espritu que consisten en concebir, juzgar, razonar, ordenar,
segn relaciones de analogia, consecuencia o causalidad.
Puede afirmarse, de este modo, que un lenguaje es un m
dio de expresin cuyo caracter dinmico supone el desarrollo
temporal de un sistema cualquiera de signos, imgenes o so
nidos 2, siendo objeto de la organizacin dialctica de este sis
tema expresar o significar ideas, emociones o sentimientos
comprendidos en un pensamiento motriz del que constituyen
modalidades efectivas.
As, el lenguaje supone sistemas diferentes, teniendo cada
uno una simblica apropiada pero refirindose todos a la for-
macin de las ideas, de la que solo constituyen una expresin
formal bajo cualquier forma que sea. Por lo tanto, lenguaje
verbal y lenguaje flmico se expresan utilizando elementos di
ferentes, segn sistemas orgnicos diferentes.
XVI. SOBRE UN CIERTO PRECINE
Pero el lenguaje del film [se prcgunta Henri Agcl], .es especfico
o no es ms que una seduetora totalizacin de procedimientos ex
trados de otros medios de expresin?
En otras palabras, .no se vuelve a hallar, en la manera
de organizar las imgenes, modos de expresin o de procedi-
2 De gestos en caso de necesidad, como en el lenguaje de los sordo-
mudos.
Preliminares
jprovendran directamente de Ia literatura, es de-
mientos Q^ ^ la trasposicin visual de ciertas figuras de estilo?
cir que sei"1^ ^^eptarlo: se las vuelve a encontrar a casi todas.
Hay c^xX<^- e Ia silepsis, la repeticin, la oposicin se emplean
La elip3"1 '^emente. La ltote es poo frecuente pero existe.
u const^1 -St la perfrasis, la hiprbole, la enumeracin, la
Y la ^^ ia suspension... En cuanto a la metfora y la sinc-
aradacir1' -^Ig son moneda corriente.
doque, arra paremos al considerar ms tarde los gneros y
Las e^^1yo diria simplemente que, salvo las figuras de cons-
los estils* -ttO ia dipsis, estas figuras de estilo tienen en cine
truccin c 1as formas diferentes que en l adquieren un sen-
\e\)ido & distinto del que tienen en literatura. Hay escasas
tido bast^-11 tr-e una sincdoque flmica y una sincdoque lite-
relacioneS u*13 metafora visual y una metfora verbal, excepto
raria, en"tr"e ^ y otra, sincdoque y metfora, o sea una cierta
son ^ 0ricertar o presentar unas ideas. Pero sus efectos
que
de
mane,r^toS-
disti*1 crticos, unos pedagogos se asombren o se mara-
son
iOS
Que url ,0iver a encontrar tales similitudes no constituye,
villeu -6 i rnenor tema de asombro porque, de hecho, estas
para f^' so& una funcin del lenguaje. No le pertenecen en
fiauras xl? N0 son mas que el calco de las estructuras del
propieC^a to y no son bterai"ias sino porque ei lenguaje verbal
pensamieri , 'presente desde milnios el nico mdio capaz
era hasta .^s o de aplicadas.
de ti"a<^uC cq dir; estas formas de pensamiento no son tales
ErTr' ,e el lenguaje ha permitido formuladas de tal modo.
sino P.^an sin \ ,
jsjo eX-iSI- to que el lenguaje suministr un molde al pensa
is cl _ este, por sus mismas estructuras, suscito determi-
ento; ** rXs de concebir o, ms exactamente, que impulso
nadas nl^jento a producirse a travs de las formas que l le
mi
iam*1
le
al pensai ^de donde provendran esas formas sino del pen
ofreca- mism ciue procuraba organizarse en el verbo? Nadie
saniierit0 jiscutir la influencia del lenguaje sobre el pensa-
suena c el PaPei considerable que jugo en su expresin. Sin
rniento, n ^abra continuado siendo primitivo, spero y falto
aqul .yfa- Pero ' primero son las formas y no las inten-
^e duct1 ensamiento de las primeras civilizaciones no era
ciorie5- ^ -no por la falta de medios a travs de los cuales
simplduca-
se pr tninos a' iejano Egipto. Cuando se trataba de ex-
Rei"!101 jdea abstracta, la figuracin imitativa presentaba
presar ^n
Cine y lenguaje 61
ves dificultades, y el artista se veia detenido por la compli-
grain del dibujo. Recurri entonces prestamente a las figu-
CaC complejas y emple lo que habra de Uamarse a conti-
iaS\cin la sincdoque, la metfora, la metonimia. Mostro la
nU'te por el todo: la rama por el rbol, el rizo por la cabellera.
f' ouso el efecto por la causa o la causa por el efecto; el ins
trumento, por el trabajo realizado: la estrella significaba la
oche- el'hueso de una fruta, el cultivo del campo; la idea de
matanza estaba figurada por un brazo armado con una maza.
Finalmente exigi simbolismo al dibujo, manteniendo este solo
lazos fictcios con la palabra que sintetizaba: el gaviln se
convirti en el emblema del sol naciente; dos dedos, en el de
la iusticia; el buitre, en el de la maternidad. As se constituye-
ron los ideogramas compuestos. Despus de algunos siglos,
esta escritura expres sentidos figurados con tanta facilidad
como haba sabido'expresar sentidos reales.
Luego, a cada smbolo que no supona ninguna lectura efec-
tiva se adaptaron los sonidos del lenguaje usual que nombraban
la cosa simbolizada, constituyendo el todo un conjunto a la
vez representativo y fontico. Conjugando signos diversos se
formaron frases cuyas letras, no teniendo ya nada en comn
con su origen, se convirtieron en simples silbicas sin ideogra-
fismo. Si las necesidades de la elocucin lo exigan, el ideo
grama abandonaba su personalidad para solo jugar el papel
de una simple consonante seguida o precedida de una vocal.
El lector quedaba fijado al sentido de la frase mediante deter-
minativos situados al fin de las palabras a las que se referan.
Con semejante sistema, muchas palabras no podan ser in
terpretadas claramente sino si ciertos signos complementados
precisaban su sentido. La palabra silla, as, se escriba de dos
maneras diferentes: una silla sola precedida de las letras a y s
(cuyos signos eran muy distintos) cuando se designaba un
asiento. El mismo dibujo significaba el nombre de la diosa Isis
cuando vena seguido de la letra t, desinencia del femenino,
del huevo, smbolo de la diosa, y de la silueta de esta ltima.
Etctera.
Hemos visto como la escritura ideogrfica cedi poo a
poo ante la escritura alfabtica. Lo que debemos recordar es
que los medios de expresin anteriores al lenguaje gramatical
posean estructuras propias para traducir las figuras men-
tales establecidas por la formacin de las ideas.
No existe duda alguna de que el lenguaje haya dado a estas
estructuras una ductilidad entonces insospechada y que haya
permitido precisar el pensamiento al precisar la expresin.
62
Preliminares
Pero si bien perfeccion las formas expresivas, no cre los
modos de formacin de ideas propios del pensamiento mismo.
Entonces, si los procedimientos utilizados por el cine tienen
por objeto traducir esta formacin de ideas en trminos flmi
cos, lo deben a las figuras de pensamiento y no a las figuras
literrias que no son sino su aplicacin verbal. Es normaf que
en cine y literatura, estas figuras de pensamiento vuelvan a
hallarse bajo formas diferentes.
No puede ignorarse que el lenguaje forjo la mentalidad hu
mana, que pensamos mediante l y con l. Como consecuencia
de Io cual puede sostenerse que los caracteres orieinales de la
expresin flmica engendran modos de formacin de ideas a
los cuales el lenguaje nos ha habituado; pero es impropio afir
mar que estos caracteres no son ms que la trasposicin de
ciertas estructuras cuyo origen seria unicamente literrio.
El primer director que cre una metfora visual probable
mente Gnffith no se pregunt de qu manera neccsitaba
conjugar sus imgenes para construir lo que seria el equiva
lente de una metfora, pero, teniendo que expresar aleo de una
cierta manera, estructur su film en consecuencia; conjugo
intuitivamente ciertas imgenes, compuso ciertas relaciones y
hecho esto, pudo observarse que se trataba de una metfora.'
Lo mismo ocurri con todos los procedimientos cinemato
grficos.
Por todo esto me parece bastante vano, si no un poo pue
ril, querer buscar en las artes y los modos de expresin dei
pasado ciertas formas o ciertas maneras que preludien la ex
presin flmica.
En todo tiempo se penso y se procuro expresar este pensa
miento. Tambin en todas las pocas se procuro expresar el
movimiento, ora significndolo en formas pictricas, ora des-
cnbindolo mediante el verbo, imprimiendo a este un movi
miento nacido del ritmo y de las cadncias que se le imponan.
[Magnfica ocupacin entonces descubrir ciertos aspectos del
movimiento, tales como los expresados hoy por el cine, en las
obras maestras de la literatura!
Se registran en ellas trvellings, panormicas, primeros pla
nos, fundidos, cuando se observa muy simplemente la expre
sin de iguales formas de pensamiento, de iguales nexos rtmi
cos, de las mismas continuidades descriptivas segn medios
diferentes; medios que procuraban producir mediante alunos
rodeos lo que el cine obtiene directamente. ,-Hay de qu
asombrarse? l
r
Clne y lenguaje
63
Que la primera frase de Salamb: Era en Megara, subr
bio de Cartago, en los jardines de Amlcar... se extienda como
un largo trvelling incrementado por una espcie de panor
mica descriptiva, no podra escapar a nadie. Pero esto solo sir
ve para mantener la necesidad prosdica de la frase, la cual
descubre un universo y nos introduce en l con la lnguida
flexibilidad de un movimiento que se amolda a la molicie del
clima, las costumbres y el espectculo, es decir, a todo aquello
a lo cual sirve de introduccin. Movimiento extendido, que
sugiere la idea de un trvelling y que solo un trvelling podra
obtener convenientemente, pero que no sugiere esta idea sino
porque el cine existe, sin preludiar en absoluto esta existn
cia misma.
Se lee en Proust:
A medida que mi boca comenzaba a acercarse a las mejillas que
mis miradas le haban propuesto besar, estas, desplazndose, vie-
ron nuevas mejillas; el cuello, percibido ms cerca y como ante una
lupa, mostro en sus gruesos granos una robustez que modifico
el caracter de la figura.
^No es este el equivalente de un avance a primer plano en
una toma subjetiva, avance cuyos movimientos y efecto de au
mento modifican poo a poo la percepcin del objeto consi
derado? jPor cierto que si! Pero si fue preciso esperar a Proust
para traducir estas impresiones a literatura, y al cine para tener
plena conciencia de ellas, no creo que las parejas de enamora
dos hayan esperado a uno u otro para acercarse a un rostro
deseado y experimentar alguna emocin...
Es evidente que el cine aporto una solucin efectiva a la
reproduecin del movimiento, pero el arte siempre haba in
tentado traducirlo de alguna manera. No habra, pues, que en
contrar huellas de precine en la simple manifestacin de esta
expresin, sino la expresin de algo que solo el cine pudo
lograr perfectamente. Lo que constituye otro problema...
Y no olvidemos subrayar una diferencia capital: a saber,
que si el arte traduce el movimiento, lo significa ms de lo que
lo expresa. Y no lo significa precisamente, sino porque no lo
posee. El cine, por el contrario, no lo significa: lo representa.
Si significa, es con el movimiento, mediante el movimiento.
Donde este era un fin no hay para l ms que un comienzo.
As pues, descubrir analogias evidentes, procedimientos que
en el lenguaje cinematogrfico corresponden a diversas catego
rias de planos, de ngulos de toma, a alternncias de planos
64
Preliminares
generales con primeros planos, a campos y contracampos, pa
normicas, trvellings, picadas y contrapicadas, a efectos de
montaje o toda otra forma caracterstica en las obras de Vir
glio, Homero, Tito Livio, Racine, Victor Hugo, Byron, Shelley
Dickens, Coleridge o Pushkin, como lo han hecho autores tales
como Paul Lglise, Etienne Fuzellier o Henri Agel, carece de
inters desde el punto de vista flmico, y no conduce a nada
que pueda enriquecer el conocimiento del cine mediante el des-
cubrimiento de alguna expresin calificada abusivamente de
precinematogrfica.
jEs un poo como si, de pronto, uno descubriese que el
hombre camina, que marchando preanuncia el trvelling, o
que, teniendo la facultad de girar la cabeza a derecha o'iz-
quierda, con este simple gesto anunciase la panormica!
El cine se propone traducir ciertos aspectos del mundo
real, ciertos movimientos del pensamiento, o aun crear un uni
verso mtico. Es, pues, normal que llegue a este punto y pre
sente alguna analogia con las artes anteriores que perseguan
finalidades anlogas.
Como los medios son otros, los resultados son diferentes
Pero el pensamiento es el mismo.
Desde el punto de vista pedaggico, empero, podran alentar-
se empresas como estas a que acabamos de aludir. Porque
renuevan completamente los mtodos de anlisis literrio y
permiten captar las obras en su inteligncia creadora, all don
de uno se conformaria con limar las palabras, con medir la
sintaxis o las concordncias gramaticales. Pero, como dice
Henri Agel,
es neesario evitar cuidadosamente que el cine oculte la literatura-
por ei contrario, es en la relacin de ambas partes, ordenadas en
un sistema global, donde reside el inters y la fecundidad de este
mtodo.
Se trata entonces de un problema literrio basado en el
cine, al que toma como mdio de investigacin, pero en abso
luto de un problema flmico.
4 LA PALABRA YLA IMAGEN
XVII. EL PENSAMIENTO Y EL LENGUAJE
Todo pensamiento se forma en la medida en que se formula.
Como el lenguaje es la expresin ms directa del pensamiento,
puede decirse que,-este se forma generalmente en las palabras.
Pero el lenguaje es una reaccin objetiva cuya naturaleza no
difiere esencialmente de la mayor parte de las reacciones que
constituyen el comportamiento humano y a las que puede
sustituir. El pensamiento no formulado, reducido a estados de
conciencia, es a la vez anterior y exterior al lenguaje, y puede
traducirse al menos manifestarse de otra manera. Hemos
visto que el lenguaje primitivo era una manera de traducir los
estados de conciencia o las actitudes mentales mediante reac
ciones puramente fsicas.
Sea como fuere, el pensamiento se basa en conceptos y jui-
cios. Pero estos juicios no son ms que el resultado intelec
tualizado de un conjunto de reacciones elementales entre las
que al parecer los reflejos condicionados juegan un papel con-
siderable.
Que los princpios asociacionistas de la psicologia clsica
se hayan mostrado insuficientes para explicar ciertos estados
de conciencia y especialmente los fenmenos de la percep-
cin, que hoy estn ampliamente superados, no permite dedu-
cir que las asociaciones no jueguen ningn papel en la vida
psquica. Por el contrario segn Henri Delacroix, parece
que el funcionamiento espontneo del pensamiento solo se
debe a las asociaciones; particularmente a las asociaciones sis
temticas que intervienen en los reflejos condicionados que
pueden ser considerados como juicios elementales, no verba-
les, no diferenciados. La propia constitucin del reflejo con
dicionado, dice, requiere una sntesis previa, una aprehension
sinttica de experincia. Nuestro organismo, observaba Ruy-
ssen ya en 1904, clasifica nuestras maneras de actuar antes
que nuestro espritu clasifique las cosas y nosotros percibimos
66
Preliminares
las espcies y los gneros a travs de nuestra actividad. Lo
que Bergson precisa diciendo:
Todo ser viviente generaliza, quiero decir clasifica. Por lo tanto
a'sla el caracter que le interesa; va directamente a una propiedad
cornn, en otros trminos clasifica y en consecuencia abstrae y ge
neraliza. Abstraccin y generalizacin son vividas antes de ser pen
sadas. De las generalidades automaticamente extradas e intervinien-
tes en las representaciones se ha pasado en el hombre a las ideas
generales, completas, reflexivas (Uvolution creatrice).
Ribot afirmaba, por su parte: Las ideas no son ms que
sentimientos trasformados; y ya Gassendi veia un juicio pri
mitivo en las manifestaciones de alegria de un perro al reco
nocer a su amo...
Si el pensamiento se forma entonces en la medida en que
se formula, es evidente que toda idea est ligada al mtodo y
a las formas de expresin que lo significan. El pensamiento
exPresado es inseparable del lenguaje que lo expresa. Y como
nosotros nos expresamos con palabras,
el lenguaje exige que establezcamos entre nuestras ideas las mis-
mas distinciones netas y precisas, la misma discontinuidad que
entre los objetos materiales (Bergson).
XVIII. LA PALABRA Y LA IDEA
Toda expresin verbal comienza con las palabras que designan
cosas o traducen ideas. Si en el origen hubo, en los signos es
critos o los sonidos, una relacin figurativa ms o menos sim
blica con el significado, es tanto ms probable que esta iden-
licacip desemboque en las prcticas de la magia propias
e las civilizaciones primitivas. Pero hemos visto que el signo
se ha liberado bastante rapidamente de este caracter de sumi-
sion a lo real para convertirse en convencional por esencia. Los
grupos sonoros se han diferenciado, asimismo, a travs de la
multiplicidad de lenguas. No obstante, en ciertas races pro
pias de la expresin de cosas semejantes, vuelven a encon-
trarse huellas evidentes de imgenes sonoras que recuerdan
la cosa significada.
As ocurre [subraya Allendy] que los sonidos sibilantes zhi, z re
cuerdan el ruido del viento que silba, que sopla, el de un incndio,
un torbellino, una flecha, y expresan la idea de movimiento rpido,
de vida, como en las races semticas ziz, el snscrito zhiv, el griego,
zoe, el ruso zhizn, etc. Los sonidos graves, que recuerdan la cada
r
Ia palabra y la imagen 67
de un cuerpo pesado y blando como la slaba ma, se refieren sobre
todo cl fundamento de las cosas, a la matria, la masa, la matriz,
la madre y, tambin, al mar.
No habiendo emprendido aqui un estdio filolgico, con-
vendremos, para mayor comodidad, en que la palabra es un
si<mo convencional, fanto desde el punto de vista fontico como
del punto de vista morfolgico.
Tomemos por ejemplo la palabra silla. Estaremos de
acuerdo en admitir que designa un cierto objeto de uso co-
rriente, un mueble ligero, manejable, sobre el que tenemos la
costumbre de sentamos. Puede ser una silla, esta silla, pero la
individualidad del objeto solo aparece por la accin del deter-
minativo. Si yo digo la silla, seguramente cada cual reconocer
que se trata de una misma cosa, pero podr ver un objeto muy
diferente porque* si nada recuerda a una silla tanto como otra
silla, todas se* distinguen por alguna particularidad de forma
o estilo. La palabra es automaticamente transformada en con-
cepto por el hecho de que no puede limitarse al simple recuerdo
de la experincia nica y radicalmente individual que se halla
en su origen y a la que debe su existncia. Designa entonces
un tipo, una categoria que agrupa a todos los objetos que, des
pojados de su caracter individual, responden a un esquema
idntico. La palabra se convierte en una idea, una abstraccin.
A partir de este esquema, es decir: cuatro patas que soportan
un plano horizontal coronado por un respaldo, pueden repre
sentar la silla segn particularidades innumerables. Con tal que
la imagen responda a las necesidades de la categoria, cada cual
comprender. El concepto es, pues, el objeto tipo reducido a
su caracter esencial, a sus cualidades especficas. De ah a
convertirlo en un objeto ideal, a ver detrs de las cualidades
sensibles una entidad que las suponga, una esencia, un en si
del que cada objeto no seria ms que la apariencia, no habra
ms que un paso, rapidamente franqueado por toda una cohorte
de metafsicos. Esta idea, en mi opinin, no deja de ser absur
da; es hacer filosofia sobre las palabras, sobre una facilidad
del lenguaje y no sobre lo real percibido. El blanco no existe
en si sino porque existen cosas que son blancas y porque
resulta cmodo agrupar los objetos provistos de esta cualidad
bajo una denominacin que la caracteriza 3. La idea no tiene
3 Las nociones abstractas tales como lo blanco, lo bello, lo verda
dero, que se refieren a conjuntos, pueden ser reducidas, sin perder nada
de su generalidad, a definiciones tales como: x es blanco donde la desig-
nacin x, a la vez objetiva y abstracta, reemplaza al artculo indefinido.
68
Preliminares
ms existncia en si que una media aritmtica. Si yo dieo
por ejemplo, que ei precio mdio de las butacas de cine es de
2,50 francos, es posible, y hasta probable, que ninuna butar
cueste 2,50 francos. ,Se har con eso una eltidad un en si!"
meia? ZZ *?* ^^" SS trat> de ** *
tancia. Se admite que sea una representacin capaz de dar
una idea general de lo que cuesta una butaca eu dquie-ra en
cnoZ"no ITT Ahra ben' reSpeCto de ,a usncia e"
un Uno dctPrmi ? r qU 'a rePre^"^cin cualquiera de
tens f dpelerm,"ad0- Es, modo de clasificacin, una carac-
aSSctn oS jXaida de a'gUna realidad *. una
aostracc.on que agrupa semejantes, de ningn modo una sus
anca ymucho menos una esencia. Verlo de oZ modo es
tomar una enttdad gramatical por una entidad metafska
coJot tsa,Ta ^.a^T^ser 2 ST
puesta en otra, de igual sentido, en la que estos Ss ean
reemp,azados por locuciones de caracter simb.ico que desfg
Su es h'huSv"SOralr*4' V" ^ Prel""a a un *
fcmUr - ""a?, contestar: Es cuando cae gua La
sigmficaaon es vaga pero dificilmente podra sostenerse oue
es mas precisa cuando digo llueve, yiendo cada cua entonces
una lmagen se reflere necesariame concreto La
idea no est ms que en las palabras, no cn o oue ellas
representam El espritu no puede traducir la Uuvfa mediante
z:^j'::z^ mediante una ima^ r a-d-
j-Wffip?sz ET=rdriorts
sarrollo ZS^^**- SgUe"d0 ^'emente un de-
nnt^K Ioglco' orma gramatical implica sentidos oue las
^Xirnan t6ner S SC ^ "** ^cam^VS
psiclogo^mpar^TiS, SZ^' ^'^ Pr dertOS i6^os ?
fusin al 'introuc , precisamente h^T^ PUCdC PrCStarSe aCOn
cincia. Enticndo qu suno H ?J G, "" <<contcni^o de con-
emplear los trminos Xo sensofa TS^JS^0^ ^ ^'^
sentan la cosa, independientement ' ^^ "^ estructurad Qe repre-
dicho, o bien el resuado de e^te act l pcrcePtlv Piamente
La palabra y la imagen 69
En realidad, el lenguaje corriente poo se preocupa por
expresar verdades trascendentales. Se limita a comprobaciones
y apunta menos a traducir una realidad inteligible que a sumi-
nistrar una regia de condueta, a formar parte del comporta-
miento. Como lo senala Brice Parain:
El acento de la voz, los gestos, y sobre todo el orden que impone
toda tarea precisa estableciendo, aparentemente, una comunidad
real entre las personas que colaboran en ello, corrige la inexactitud
del lenguaje. Psame ese chisme, ^quieres? El aprendiz o el com-
panero interpelado adivina inmediatamente que se trata del metro
dejado en tierra o de la plomada. A veces una simple indicacin
del dedo es suficiente.
Por otra parte, es evidente que si las palabras representan
cosas o tipos de cosas, pueden, igualmente, contener en si la
afirmacin de un mundo inteligible o de una fiecin cualquiera.
Pero si yo quiero ser comprendido, sea lo que fuere lo que
imagino y lo que nombro, me ser necesario precisar, describir
de alguna manera. Si invento un animal fabuloso llamado uni-
cornio, del que nunca nadie oy hablar, tendr que determi
nar que es un caballo blanco cuya frente est coronada por
un cuerno puntiagudo, es decir construirlo a partir de datos
conocidos.
.XIX. LA IDEA Y LA IMAGEN
Esto nos devuelve al problema de la representacin subje
tiva; a saber si las ideas, los juicios, son estados de conciencia,
impresiones no formuladas que se traducen en el lenguaje o
si, por el contrario, el pensamiento se forma en las estructuras
que le suministra la lengua al mismo tiempo que se formula
a travs de ella. Sea como fuere, la idea siempre cristaliza en
una imagen.
Esta imagen, por cierto, no podra ser una representacin de
lo abstracto. Se puede representar un tringulo pero no la
triangularidad. Berkeley deca ya:
Si otros poseen esta maravillosa facultad de abstraer sus ideas es
algo que ellos pueden decir mejor. En cuanto a mi, me atrevo a'de
clarar que estoy seguro de no poseerla. Estoy seguro de tener la
tacultad de imaginar, de representarme las ideas de las cosas par
ticulares que he percibido, componerlas y dividirlas de diversas
maneras. Puedo imaginar a un hombre con dos cabezas o la parte
superior de un cuerpo humano unida a un cuerpo de caballo Puedo
70
Preliminares
considerar la mano, el ojo, la nariz, cada elemento en si, abstracto
y separado del resto del cuerpo. Pero, entonces, la mano o el ojo
que imagine deber tener una forma y un color particulares. Asi
mismo, Ia idea de hombre que yo me forjo debe de ser la de un
blanco, un negro o un moreno, un hombre esbelto o giboso, un
hombre alto, bajo o mediano. No puedo, de manera alguna, repre-
sentarme la idea abstracta del hombre. Me es igualmente imposible
forjarme una idea abstracta del movimiento como distinto de lo
mvil, que no sea ni lento, ni rpido, ni curvilneo, ni rectilneo, y
puedo decir otro tanto de todas las ideas generales abstractas, sean
las que fueren.
Evidentemente, no existe imagen sino de lo concreto. Las
palabras silla, mesa, baln, evocan de inmediato imgenes,
y los conceptos ms abstractos son acompanados por un cor
tejo de imgenes relativas a asociaciones anteriores. Pero
estas imgenes son esencialmente subjetivas; varan con los
indivduos. Aunque basado en ellas, el concepto les es exte
rior en el sentido de que, si l supone alguno, no supone a nin-
guno que le sea necesario, que se agregue a l o le sea espec
fico. La diversidad de imgenes supuestas no extrae nada de su
unidad, de su universalidad. En otros trminos, la naturaleza
del concepto no es ser una imagen dada por la percepcin o por
el recuerdo; no es un dato de conciencia anterior al juicio
tal como lo queria la antigua psicologia, sino todo lo contra
rio, el resultado, la fijacin de un juicio (implcito o explcito)
sobre lo real. Es una espcie de esquema alrededor del cual
vienen a insertarse imgenes que no son ms que su objetiva-
cin mental.
Concebir es juzgar. Es identificar relaciones de comprensin
y extensin relativas a un ser o a un objeto cualquiera. Es unir
un tipo de indivduos u objetos y las cualidades, propiedades
o caracteres que a ellos se refieren, es decir todas las cuali
dades generales implicadas por este indivduo o este objeto.
El concepto es a la vez sustantivo y adjetivo, es decir suscep
tible de asumir las funciones de sujeto y predicado. As, el con
cepto hombre sobreentiende a la vez una cualidad propia de
toda una categoria de seres vivos y, en tanto que sustantivo, a
esta categoria en si; categoria cuyas cualidades particulares son
ser alto o bajo, cobarde o valiente, leal o mentiroso, etc, pero
cuya cualidad ms general es ser mortal.
El concepto puede ser el de una cualidad pura, factible de
ser extendida a algn objeto o a algn indivduo (el blanco, el
rojo, el valor, la vanidad) pero
la palabra y la imagen 71
puede concebirse ningn objeto que no posea al menos una
ialidad la de ser designado de la manera en que se lo designa;
cte mnimo de comprensin es como una piedra de toque para
el edifcio de las cualidades que podran serie atribudas por el
roereso del conocimiento; sin ese mnimo el nombre propio no
seria ms que un nombre, es decir, que seria una nada intelectual
(L. Brunschvicg).
De todas maneras, el concepto es la conclusin de un con
junto de relaciones simples y esquemticas. Al referir un juicio
a la cosa percibida, est al margen de ella en tanto que juicio,
pero suscita alguna imagen mediante la cual se presenta al
espritu que lo concibe.
No obstante, al estar implicadas cualidad y cantidad por
la clase o la categoria a la que pertenecen el ser o el objeto
considerados, el- juicio a fin de cuentas se repliega sobre si
mismo. No es ms que una manera de poner orden. El concepto
hombre se limita a clasificar a todo hombre en la clase de los
hombres, a decir: Todo hombre es hombre, aunque esta defi
nicin solo lo sea por la cpula. Suprimida esta, la significa
cin se reduce a un trmino nico que es el concepto hombre
en tanto que tal.
Ciertos juicios comprobaciones de evidencias, afirmacin
de existncia pueden no contener ms que un solo trmino,
sujeto o predicado, tal como demuestran los trabajos de Fichte
y de Brentano, pero, de una manera general, al estar el acto del
juicio caracterizado por la cpula, es decir, al ser en primera
instncia una atribucin, se ve que si el concepto es un juicio,
no es nada ms que aquel que consiste en relacionar, por iden-
tificacin o analogia, un objeto cualquiera con toda una cate
goria de objetos semejantes.
El juicio solo se desarrolla a partir del momento en que,
por intermdio de la cpula, se pone en relacin un concepto
con otro, no considerndose a cada uno de ellos sino segn
una de sus funciones, es decir siendo uno sujeto y el otro pre
dicado, como en el ejemplo clsico: Todo hombre es mortal.
Haciendo la sntesis de numerosos juicios relacionados uno
con otro segn una operacin que pasa de las premisas a una
conclusin, se accede al razonamiento. As, en el silogismo:
Todos los hombres son mortales
Scrates es un hombre
Luego, Scrates es mortal.
Pero en tal silogismo, como por otro lado en la mayor parte
de ellos, el sujeto est contenido en el predicado, dado que la
72 Preliminares
clase del predicado es superior a la clase del sujeto. La clase
de los mortales comprende a todos los hombres, pero in-
cluye a todos los seres vivos que no son hombres. La clase de
los hombres comprende a Scrates, pero tambin a todos los
hombres que no son Scrates. Por tanto, Scrates, compren-
dido en la clase de los hombres, est ya implicitamente com-
prendido en la clase de los mortales. Lo que conduce a afirmar
que el silogismo (o esta forma de razonamiento) no es ms que
el despligue en abanico, la extensin analtica de la proposicin
mayor. No dice nada que no este supuesto por ella. Se confor
ma con un movimiento que va de lo general a lo particular o
de lo particular a lo general y que en suma no es ms que una
seudorresolucin. Tal razonamiento es, pues, reductible al
juicio del que solo es el anlisis, la expresin por extensin. Esto
no es ms que una identificacin ms rica: la de un sujeto
con otro sujeto, la de una clase con otra clase, ensamblndose
el todo, o desensamblndose como las cajas chinas que se ex-
traen una de otra.
Segn Wertheimer, la operacin del razonamiento no es
ms que una reestructuracin que pasa de un conjunto a otro
y la comprensin, la continuacin de la percepcin en si. En
el silogismo, Scrates est como descentrado de la clase de
los hombres, para ser devuelto al centro en la de los mor
tales. La operacin depende de la organizacin general de las
estructuras.
De todos modos, ya sean concepto o razonamiento, las ideas
abstractas no estn ms que en las palabras, en la denomina-
cin general de una cosa que responde a una clase determina
da o en las relaciones verbales que expresan relaciones de cla-
ses. En primer lugar pensadas como imgenes o a partir de al
guna imagen, estas ideas suscitan, en su extensin, otras im
genes y relaciones de imgenes.
jCul es, empero, la naturaleza de estas imgenes? Los no-
minalistas querran que fuesen el reflejo exacto de algn obje
to; los conceptualistas, que resulten de la fusin en la memria
de un cierto nmero de imgenes extradas de percepciones
originales; que en lugar de referirse a un solo prottipo se re-
fieran a muchos sin ser la copia de ninguno, semejantes en esto
a los retratos-robots compuestos al yuxtaponerse diversas par
tes pertenecientes a personas diferentes.
Creo que tanto unos como otros se hallan en un error en la
medida en que exigen exclusividad para su punto de vista y
querran dar a su tesis un rigor contradicho por los hechos.
r
La palabra y la imagen 73
En efecto, no es la misma imagen la que viene a mi espritu
cada vez que pienso en una silla. Con frecuencia es la de un
objeto familiar: la que se encuentra en mi oficina, esta otra
que est en la habitacin o alguna ms todavia, vista reciente-
mente y cuyas formas particulares me sorprendieron. A veces
es la silla representada en una tela clebre de Van Gogh. Otras
veces es una silla imaginaria compuesta con elementos disper
sos reunidos en el frrago de los recuerdos. Pero, a menos que
fije mi atencin en mi propio pensamiento, la imagen es siem
pre ms o menos vaga, imprecisa en algunas de sus partes, ms
precisa en otras. Es lo que un croquis prematuro a un cuadro.
Su imprecisin, por otra parte, me basta: yo no pienso una si
lla sino en una silla; y en una silla entre muchas otras cosas.
La imagen no es nada ms que una indicacin, pero una indica
cin necesaria. ~
De todas formas, el pensamiento no se preocupa por ser
nominalista o conceptualista. El es segn los dias, segn el hu
mor, segn la importncia, tambin, que el objeto en el que
pienso puede tener en el pensamiento en gestacin.
Quiz sea el momento de acercarse a algunas teorias que
sostienen que se puede pensar sin tener que recurrir a las
imgenes.
Segn la Denkpsychologie y la escuela de Wrzburg, espe
cialmente segn Marbe, Bhler y Selz, las operaciones simples
del pensamiento consistiran en recurrir a complejos ya exis
tentes, a una espcie de actualizacin del saber. En cuanto al
pensamiento activo, su tarea se limitaria a completar algunas
lagunas o a organizar esos complejos de una manera nueva se
gn esquemas anticipadores y sistemas de relaciones que obe-
dezcan a las leyes de la lgica. La causalidad mental seria una
espcie de lgica innata. Pero, o bien el caracter discontinuo
y analtico de las estructuras lgicas parece que tiene que en
gendrar dificilmente los esquemas anticipadores y las totalida-
des intelectuales del pensamiento vivo y actuante, o bien hay
que concebir una espcie de armona preestablecida entre el
pensamiento y el mundo, inmediatamente traducible en trmi
nos de pensamiento lgico, una espcie de lgica trascendental
cuyo apriorismo metafsico desemboque en lo imaginrio puro...
Por otra parte, no se podra sostener con firmeza que estos
psiclogos, cuyas investigaciones han llevado a productos del
pensamiento ms que a su formacin, nunca estudiaron sino
las reacciones de individuos ya formados intelectualmente. No
siguieron los desarrollos genticos de esta formacin. Ahora
bien, el pensamiento sin imgenes solo es evidente en el nivel de
74 Preliminares
un pensamiento ya hecho, adquirido de alguna manera o que
halla sus fuentes en un antecedente conocido. Lo ms impor
tante en el acto de pensar, dice Bhler, es la conciencia de...,
y prosigue:
Sostengo que en principio todo objeto puede ser pensado distinta
mente, sin la ayuda de una presentacin sensible cualquiera. Yo
puedo pensar muy distintamente, sin ayuda de una presentacin
sensible cada una de las manchas azules del cuadro que se halla
en mi habitacion, suponiendo, por supuesto, que ei objeto pueda
serme presentado de un modo distinto al de las sensaciones.
Esta sola suposicin compromete toda una metafsica. Por
mi parte no veo como un objeto podra ser presentado de
otro modo que mediante los sentidos y a duras penas imagino
que se pueda pensar en las manchas azules sin representrselas
de alguna manera, porque si, en vez de ver all la imagen, pienso
las palabras manchas azules, llegarn a mi espritu un soni
do o bien letras, en todo caso una imagen, sonora o grfica.
Como muy acertadamente sehala Bertrand Russell:
Me parece mucho ms probable admitir, supuesto sobre todo que
se trata de personas que poseen una vasta cultura, que nos halla-
mos aqui en presencia de procesos de transferencia, logrando las
personas en cuestin eliminar, gracias a la habilidad adquirida, un
gran numero de trminos intermedirios, o recorrerlos con una
velocidad tal que escapan a la observacin. [...] Los partidrios del
pensamiento sin imgenes no afirman solamente la posibilidad de
un pensamiento puramente verbal; pretendeu incluso que se puede
pensar sm palabras ni imgenes. Tengo Ia impresin de que se han
apresurado demasiado en afirmar la realidad del pensamiento en
los casos en que el hbito vuelve intil al pensamiento (El anlisis
del espritu).
Adems, en Vimaginaire, Sartre trae a colacin precisamente
una de las experincias de Bhler.
cQu hay que entender [escribe] por este saber en estado libre?
Mpunta realmente al objeto? Un tema de Bhler nos lo recordar-'
SfflrfSf" S TS fu.ndamen^ ^y en la Madonna de la
l. mh lXtma?>> <<Sl- En Pnmer trmino he tenido la imagen de
la Madonna en su manto, luego la de otras dos figuras especial
mente la de Santa Brbara en amarillo. Tena tambin l rojo el
oinnall vV^e-/Em0nC'S mC PregUnt Si 'el * sc ^labAam-
tado Mi y nCWn- sm imagen> de *ue esaba represen-
r
Ia palabra y la imagen 75
Es como sofiar. As pues, para obtener este pensamiento sin
imagen, el sujeto tuvo que pensar en primer trmino la imagen
de la Madonna, luego la de otras dos figuras. Si es as como se
entiende el pensamiento sin imgenes, lo admitiremos tanto ms
facilmente cuanto que solo se basa en imgenes. No pretende
mos otra cosa. Por cierto que el azul del cuadro est pensado
como cuarto dolor fundamental, pero si es evidente que el pen
samiento en accin, el saber en estado puro es conciencia
de relaciones, estas relaciones son relaciones de cosas o de he
chos. Por ende, estn basadas en una cierta representacin de
esas cosas o esos hechos, por lo tanto en imgenes. Las cuales,
a su vez, pueden engendrar relaciones que sitan en el espritu
tal cosa o tal objeto. Lo cual demuestra, precisamente, la ex
perincia de Bhler.
Al hablar de-esta conciencia vaca (porque la matria no
est pensada .ah como tal sino como soporte de las relaciones),
dice Husserl:
Esta conciencia vaca puede llenarse. No con palabras: Ias palabras
no son ms que el soporte del saber. La carga intuitiva de la sig
nificacin es la imagen. Si yo pienso golondrina, por ejemplo, en
principio puedo no tener ms que una palabra y una significacin
vaca en el espritu. Si aparece la imagen, se produce una nueva
sntesis, y la significacin vaca se convierte en conciencia plena de
la golondrina (Logische Untersuchungen).
Pero, con Sartre,
solo podramos admitir que la imagen viene a llenar una concien
cia vaca: ella es en si misma esta conciencia [...] Existe conti
nuidad entre el saber imaginante y la conciencia imaginante plena.
En Uenergie spirituelle Bergson precisa que
el esquema dinmico consiste en una espera de imgenes, en una
actitud intelectual destinada a preparar la llegada de una cierta
imagen precisa como en el caso de la memria, para organizar
luego un juego ms o menos prolongado entre las imgenes capaces
de venir a insertarse, como en el caso de la imagen creadora. Es
al estado abierto, lo que la imagen al estado cerrado. Presenta en
trminos de devenir, dinamicamente, lo que las imgenes nos ofre-
cen como un todo hecho en estado esttico.
Pero lo que Bergson llama imagen, ese todo hecho, ese
estado esttico es extrano a nuestras concepciones. Para l, en
efecto, la imagen es un contenido de conciencia o, si se pre-
76 Preliminares
fiere, un resduo de conciencia, una adquisicin definitiva
mente registrada, esclerotizada. Ahora bien, lo que nosotros en
tendemos por imagen mental es todo lo contrario; es una in
tencin dirigida hacia un cierto objeto, una creacion del es
pritu. Esto seria, casi, lo que Bergson llama el esquema din
mico y que l opone a la imagen tal como la concibe. Nosotros
afirmamos, con Sartre, que:
El saber no desaparece una vez constituda la conciencia de ima
gen, no <<se borra detrs de las imgenes [...] representa la estruc
tura activa de la conciencia imaginante. No podemos aceptar la
distincin radical entre imagen y esquema.
Como Sartre, pensamos que la imagen mental es
una cierta manera que tiene la conciencia de darse un objeto. No es
la conciencia de una imagen, sino la conciencia de un objeto como
imagen.
No podemos seguirlo, empero, cuando dice que en la lectu-
ra de una novela las imgenes aparecen en los descansos, en
los huecos de la lectura y que cuando el lector est bien atra-
pado no existe imagen mental. Todo lo contrario. Si no me re-
fiero ms que a mi mismo, quedo tanto ms atrapado cuanto
mejor me represento los acontecimientos. Bien puedo estar in-
teresado en concebir un mnimo de imgenes, pero este inters
se halla a nivel de concepto, estrictamente intelectual. Solo par
ticipo realmente, en el plano emocional, si vivo la accin, y no
puedo vivirla a no ser que me la represente de alguna manera.
Sartre, por otra parte, se contradice en el curso de las pginas
siguientes, ya que escribe:
Si yo leo: entraron en el despacho de Pedro, esta simple obser-
vacin se convierte en el tema en sordina de todas las sntesis ulte-
riores. Cuando yo lea el relato de su disputa, situar a la misma
en el despacho.
Ahora bien, ccmo podra hacerlo si no se representase ese
despacho? Acaso no afirma l mismo:
Este saber no es un puro meaning. Yo no pienso despacho,
tercer piso, inmueble, alrededores de Paris en forma de sig
nificacin; los pienso como cosas.
El pensamiento concreto (de alguna manera afectivo) solo
puede ser pensado sobre las cosas, es decir no solo sobre una
r
La palabra y la imagen 11
representacin sino a partir de una sensacin que caracteriza
esas cosas. Lo contrario seria el pensamiento abstracto, con-
ceptual, que puede ser pensado bajo forma de significaciones,
es decir como conciencia de relaciones. Pero tampoco podra
haber conciencia de relaciones sin que hubiese o haya habi
to conciencia de cosas (o de formas) de las que estas relacio
nes son constitutivas.
Si hablamos del saber [dice Sartre], vemos nacer la imagen como
un esfuerzo del pensamiento por tomar contacto con las presencias.
Este nacimiento coincide con una degradacin del saber que no
apunta ya a las relaciones como tales, sino como cualidades sustan-
ciales de las cosas.
Estamos de acuerdo. En parte, al menos, porque diremos:
degradacin, sin dda, pero gradacin tambin, porque el sa
ber no podra enfocar las relaciones como tales sino despus
de haber enfocado cualidades sustanciales, es decir al trmino
de un conocimiento concreto de primera instncia.
Resulta que, en su marcha incesante, el saber debe degra-
darse imaginarse cada vez para poder, nuevamente, acla
rar el concepto y as sucesivamente. He ah, precisamente, lo
que nosotros denominamos pensar en imgenes, es decir, pen
sar imgenes con las cuales organizamos y desarrollamos nues
tro pensamiento. Decir que se piensa es decir a la vez que en
focamos algo real en imagen y que establecemos (o supone-
mos) relaciones progresivas en una serie de imgenes estructu-
radas de modo semejante.
Sartre sigue diciendo:
La imagen, si surge como el limite inferior hacia el cual tiende el
saber cuando se degrada, se presenta tambin como el limite supe
rior hacia el cual tiende la afectividad cuando procura conocerse.
No seria la imagen una sntesis de la afectividad y del saber?
Esto es, al menos, lo que creemos. Y el cine (donde la ima
gen, venida de fuera, sustituye momentaneamente a la imagen
mental) tiende a demostrado.
Por cierto que, y tal como lo hemos dejado entrever, las re-
presentaciones mentales de que nos servimos para establecer
las relaciones y los conceptos son siempre vagas e imprecisas.
Para emplear la expresin de Spaier, son auroras de imge
nes, que no son siempre en si necesarias.
Cuando, por ejemplo, digo: Bajo a buscar el dirio y ciga-
rrillos al estanco de la esquina, es evidente que no tengo ne-
78 Preliminares
cesidad de representarme algo ni, sobre todo, de componer la
continuidad visual que ilustraria este pensamiento (pese a que
algunas imgenes surjan automaticamente, especialmente la del
caf-tabaco, propsito de mi paseo, como fijacin de ese pro
psito en mi espritu). Pero, <;hay ah un pensamiento, un acto
de pensar? Es la utilizacin de una frmula verbal que traduce
un acto cotidiano (y tal como lo uso a lo largo de la jornada),
la expresin de un acto o un saber anterior, una manera de vol
ver a pensar lo que ya ha sido pensado, de reconocer lo que es
conocido, familiar. Ahora bien, denomino pensamiento a un
esfuerzo de creacion, de concepcin o de comprensin a partir
de cosas desconocidas o mal conocidas, incomprendidas o mal
comprendidas, la toma de conciencia, la formacin de algn
juicio nuevo; y este pensamiento no puede prescindir de im
genes que no podra dejar de concebir.
Si el pensamiento no est constitudo por imgenes, se cons
tituye en imgenes; y lo que ciertos psiclogos de la escuela de
Wrzburg llaman muy impropiamente en mi opinin el
pensamiento sin imgenes no es ms que la suma de impre-
siones y sentimientos, de estados psquicos que circundan al
pensamiento (sentimiento de verdad o de error, conciencia de
su propio pensamiento, etc).
En la vida cotidiana el lenguaje solo traduce hbitos, com-
portamientos; las palabras son las que piensan por nosotros.
Ya cargadas de sentido por el uso que les damos, nos ahorran
el esfuerzo de pensar, no siendo ms que una moneda de inter
cmbio.
Esto nos lleva a refutar al paso esa idea generalmente here-
dada segn la cual se piensa con palabras y no se podra pen
sar de otro modo que con palabras5. Lo que dejara suponer
que un analfabeto, un nino que no sabe leer ni escribir, o un
sordomudo, no piensan. Ms que con palabras, el nino piensa
con sonidos. Los reconoce y los identifica con los objetos, pero
piensa con imgenes, por asociacin de imgenes o por imge
nes reflejas. Es cierto, empero, que la asociacin entre palabra
e imagen se efecta automaticamente en un espritu cultivado,
evocando toda palabra a la imagen, toda imagen a la palabra
En una Lettre Julien Benda sur le langage (Confhience, 1945),
Jean Paulhan deca sobre el particular: Est usted equivocado cuando
crec que esta es una opinin admitida por todos los investigadores. Muy
por el contrario. Victor Henry la critico ampliamente. Meillet la deno
mina supersticin metafsica. Brandstetter ve ah el efecto de una 'est
pida confianza en el lenguaje'. Vendrys evita incluso examinar un pro
blema que estima mal planteado.>
La palabra y la imagen 79
nor una espcie de reflejo condicionado, por la muy simple ra
zn de que el nino, que descubre el mundo en el seno de un
mdio social y que aprende a hablar desde su ms tierna edad,
toma conciencia de las palabras al mismo tiempo que de los
objetos designados por ellas.
Es verdad tambin, puesto que el pensamiento se formula
con palabras, que el pensar no se elabora completamente y no
se completa sino en el lenguaje, mediante el lenguaje. A tal pun
to que si cada lengua implica, por sus estructuras, un cierto
modo de expresin, implica asimismo, por este hecho, una cier
ta manera de pensar. Pero la organizacin de los conceptos en
una forma gramatical es una cosa, el concepto en si y el juicio
son otra...
Para poner de acuerdo a todo el mundo, digamos, si se quie
re, que el pensamiento se organiza con palabras pero que se
piensa en imgenes, que se concibe con imgenes.
El punto en que estas representaciones imaginadas se vuel-
ven evidentes surge cuando obstaculizan el pensamiento, cuan
do oponen su inrcia a la concepcin de una idea nueva. El caso
es frecuente en el terreno de las cincias, y se ha visto cun
difcil era, no solo para el sentido comn sino tambin para el
espritu de muchos cientficos, desprenderse de las ideas reci-
bidas. Por ejemplo, las nociones clsicas de gravitacin ante la
teoria de la relatividad, las nociones puntuales del electrn y del
fotn ante las ideas fundamentales de la mecnica ondulato-
ria, etc. Parece como si no se pudiera concebir lo nuevo ms
que a partir de lo viejo y con la ayuda de lo viejo, tratando de
modificar las representaciones familiares y sometindolas, mal
que bien, a las necesidades de la razn. A tal punto es esto ver
dad que los primeros acercamientos cognitivos consisten en
pasar de lo desconocido a lo conocido y que el camino y las
transformaciones del pensamiento se operan por via de deduc-
cin y, como afirma Emile Meyerson, de identificacin.
XX. EL LENGUAJE Y LA LGICA
Ya sea el concepto cientfico o filosfico, excepcional o cotidia
no, sus procesos son idnticos y dependen de las capacidades
de abstraccin propias del espritu humano. Pero cuando se le
quiere enmarcar en el razonamiento, organizar a este en un sis
tema orientado hacia la expresin de algn conocimiento, se
llega de inmediato al sentido de las palabras y a las dificulta-
des del lenguaje. Porque las palabras no tienen un sentido uni-
80
Preliminares
voco ni invariable, y la adecuacin perfecta del pensamiento al
lenguaje es una ilusin. Ilusin bienhechora en un sentido, por
que sin ella no habra arte, expresin potica posible; engorrosa
en otro, porque en el plano de las ideas y especialmente de la
filosofia, es fuente de confusiones, de antinomias y de parado-
jas con las que una cierta metafsica ha credo deber enunciar
verdades esenciales.
La polisemia del lenguaje, el espesor semntico, los sentidos
mltiples debidos a la tradicin, a las obligaciones sociales, a
Ias interpretaciones metafsicas, mitolgicas o teolgicas, a los
valores de apreciacin infinitamente variables, hacen escurrirse
insensiblemente a los conceptos dejando creer en la exactitud
del pensamiento. Con suma frecuencia, apresada en la trampa
de una estructura gramatical correcta, la expresin parece re-
flejar la razn cuando en verdad le vuelve la espalda.
En efecto, las estructuras gramaticales descomponen toda
expresin en trminos (o palabras) que traducen ideas, y en
proposiciones que expresan juicios. Las ideas son estticas
mientras que los juicios, que establecen una relacin entre dos
o mas ideas, son esencialmente dinmicos. Emparentan con las
modalidades del pensamiento.
La sintaxis precisa las estructuras del lenguaje y ordena los
trminos de la proposicin cuyo tipo fundamental est consti
tudo por un sujeto y un cahficativo unidos por un verbo. Con
el fin de ordenar las proposiciones de una manera que no sea
solamente correcta sino conforme a la verdad, con el fin de usar
trminos no contradictorios, se han prescrito regias formales
que presiden su desarrollo. El conjunto de estas regias consti
tuye la lgica. Las operaciones psicolgicas del juicio (el hecho
de asociar, disociar, relacionar, reunir, abstraer y extraer) es
tn de algn modo justificadas, imponindose una axiomtica.
El problema consistia, al principio, en otorgar a los esquemas
verbales correspondientes a las formas ideales del pensamien
to una generalidad rigurosa y abstracta, en establecer una rela
cin precisa y controlable entre pensamiento y forma del dis
curso.
Al unificar resultados adquiridos antes de l por Parmni-
des y Zenn, Aristteles fue el primero en crear un formalismo
lgico coherente: el silogismo. Su error, no obstante, consisti
en haber depositado una confianza ilimitada en las capacidades
del lenguaje: el haber concebido una lgica del ser, termino por
establecer el silogismo sobre la base de las relaciones entre un
sujeto y un predicado reunidos por una cpula (verbo ser). Aho
ra bien, al dar a la distincin entre sujeto y predicado su valor
la palabra y la imagen 81
ramatical, es decir el de sujeto y atributo, se identificaban las
formas del silogismo y las formas del lenguaje en la expresin
del juicio. Tal como senala Charles Serrus:
Apartir del momento en que la forma gramatical del discurso es
sostenida por la forma misma del pensamiento, es natural consi
derar a este como independiente del sentido de las palabras, y en
consecuencia de las cosas que las palabras significan. Se puede
manifestar cualquier absurdo en una forma gramatical correcta:
Csar es un nmero primo; los hombres son cuadrpedos; etctera.
En el siglo de Aristteles, logos significaba a la vez razn y
lenguaje. Y no olvidemos que si el Estagirita, cuya lgica es hoy
discutida en muchos puntos, pudo extraer sus categorias de re-
flexiones efectuadas a partir de las formas de la lengua griega,
ello fue as porque esta, en su espritu, reflejaba con bastante
fidelidad las. formas del pensamiento. Gramtica, sintaxis y
lica no parecan constituir sino una unidad.
En efecto, la lengua griega permite decir tanto Pedro est
caminando como Pedro camina, es decir, transformar cual
quier frase en otra utilizando el verbo ser y el gerundio. Esta
forma nominal permite suponer que toda proposicin puede
ser construda en forma de juicio predicativo y hace de la exis
tncia un predicado atribuible a todo sujeto, sea el que fuere.
Ahora bien, la existncia no es un atributo (Kant). Empleado
como cpula para atribuir una cualidad cualquiera a un sujeto
cualquiera, igual que para designar la existncia en si, el verbo
ser se halla en la fuente de muchos contrasentidos metafsicos.
Aristteles fue, por otra parte, su primera vctima. Esta confu-
sin habra de hacerle interpretar el mundo en trminos de
sustancias y de atributos, y otorgar al objeto y al sujeto el mis
mo valor existencial. As, el espacio se convirti en sustncia
(Descartes) o en atributo (Aristteles)...
Pero si la lgica de Aristteles le fue inspirada por las es
tructuras gramaticales de la lengua griega, las formas del silo
gismo, al pasar del griego al latn, del latn al francs, se altera-
ron al saltar de una estructura gramatical a otra, tanto ms
cuanto que la lengua francesa ignora la forma frecuentativa.
Las frieciones entre las obligaciones gramaticales y las implica-
ciones lgicas no podan sino reforzar la confusin. Esto se hu-
biese podido remediar, pero, en vez de reconocer en ello un con-
trasentido, la escolstica vio ah una expresin favorable a la
metafsica del ser.
Las primeras deformaciones del pensamiento de Aristteles
datan, en efecto, de la Edad Media. El realismo escolstico se
82
Preliminares
apoyaba en ei silogismo para demostrar el ser a partir de la
idea haciendo del concepto un real trascendental con el fin de
demostrar la existncia de Dios. Conviene decir que Aristteles
jams concibi al ser de otro modo que como un real objetivo,
como una proposicin de hecho y no como un posible exis
tencial v tarnpoco como un en si trascendental; y es sabido
que el propio Santo Toms rechazaba la prueba ontolgica de
la existncia de Dios.
Al sustituir las ideas por las palabras y los desarrollos lgi
cos del pensamiento por las estructuras gramaticales, el nomi-
nalismo por sU Parte- termino por arruinar el pensamiento aris-
totlico' presuponiendo una gramtica universal. Al nominalis-
mo se le debe la trasposicin del atributo en predicado6. Al
pretender construir el lenguaje sobre las formas del silogismo,
finalmente este se adapto a aqul.
La lgica de Port-Royal no podia sino avalar la situacin. El
propio Descartes, en su Cogito ergo sum, no podia escapar
a las antinomias del verbo ser, y la lgica trascendental de Kant
tena que moldear el conceptualismo sobre las mismas estruc
turas, interpretando las relaciones lgicas como formas a priori
del entendimiento. De este modo, la lgica era incapaz de des
cubrir un error de contenido desde el momento en que la for
ma era correcta. As es como la lgica de Hegel no solo pre-
supone los fundamentos que critica sino que en ellos se instala
y se atasca. Las riocines de universal concreto y de identidad
de los contrrios solo se basan en un perpetuo contrasentido.
El razonamiento de Hegel [dice Bertrand Russell] descansa de un
extremo al otro sobre la confusin del es de la proposicin pre-
dicativa como en Scrates es mortal, con el es de identidad,
como en Scrates es el filsofo que bebe la cicuta. Gracias a esta
confusin l piensa que Scrates y mortal deben ser idnticos.
Al advertir que son diferentes, no concluye, como hacen otros au
tores en que debe de haber un error en alguna parte, sino que
ellos muestran Ia identidad en la diferencia. Del mismo modo,
Scrates es particular, mortal, universal. Porque, dice, ya que
Scrates es mortal, se desprende que lo particular es lo universal,
tomando constantemente es por expresin de la identidad. Pero
decir que lo particular es lo universal es contradictorio. Hegel,
nuevamente, no sospecha un error, sino que prosigue su camino
sintetizando'lo particular y lo universal en lo individual o universal
concreto He aqui un ejemplo de como, por falta de cuidado en el
punto de partida, se construyen vastos e imponentes sistemas filo-
6 se traIai por supuesto, del nominalismo escolstico: Roscelin,
Occam, etc.
la palabra y la imagen
83
'ficos sobre confusiones miserables y groseras que uno estaria
Sntado de Ilamar retrucanos a no ser por el hecho casi increble
a nue en absoluto es sa la intencin (El mtodo cientfico en
filosofia).
Para ejemplo de constitucin de retrucanos, valga este, que
depende del mismo mtodo: Una cosa rara es cara; un apar-
' imento barato es algo raro; por lo tanto, un apartamento ba
rato es caro...
Como subraya Charles Serrus:
Una lgica material, primitivamente fundada en un mundo objeti
vo de sustancias, se convierte en formal apoyndose primero en las
formas del lenguaje, luego en los poderes a priori del entendimiento.
La sianificacin de la apfansis se ha perdido.
Con el fin de evitar tales contrasentidos, Leibniz entrevi
la necesidad de un formalismo ms riguroso fundado en las
notaciones algebraicas. Este lgebra del pensamiento, sin em
bargo, no habra de ver la luz sino con Boole y De Morgan en
el curso del ltimo siglo, para desarrollarse con Frege, Pano,
Schroeder, Brentano y Couturat a principios de este. Pero con
dos de los ms grandes espritus de este tiempo, el matemtico
alemn David Hilbert y el filsofo ingls Bertrand Russell, el
anlisis lgico y la aritmentizacin de la sintaxis pudieron des
embocar en la creacion de una verdadera axiomtica del pensa
miento. La obra monumental de Bertrand Russell, publicada en
colaboracin con N. Whitehead en 1913, los Principia Mathema-
tica, sienta las bases fundamentales de la lgica moderna sobre
un sistema deduetivo extremadamente riguroso y un clculo
simblico claro y preciso; lo que le vali el nombre de lgica
simblica o, an, de lgica matemtica y, con mayor generali-
dad, el de logstica. Hilbert, por su parte, al tratar de estable
cer la no contradiecin de la aritmtica, prosegua una via an
loga que tiende a volver a llevar las matemticas a las perspec
tivas de la lgica en el seno de una axiomtica generalizada.
Continuados por Ludwig Wittgenstein, especialmente en lo
concerniente a la crtica del lenguaje (Tractatus logico-philoso-
phicus, 1922), los trabajos de Bertrand Russell se extendieron
rapidamente a toda una generacin de lgicos y matemticos
a los que, grosso modo, se puede dividir en dos grupos: los l
gicos puros, representados sobre todo por la escuela de Viena
(Rudolf Carnap, Hans Reichenbach, Moritz Schlick, Hans Hahn,
Philip Frank) y los psicolgicos intuicionistas o idonestas, en
tre ellos Brouwer, Heyting, Enriques, Gonseth, Gdel, Wavre,
4 Preliminares
mientras que Bernays, Ackermann, Von Neumann y algunos
otros continan con la axiomtica hilbertiana.
Mientras que la lgica tradicional situaba en Ia base de la
lgica la teoria del concepto, sobre la que se fundaban los jui
cios ligados despus como razonamientos, es decir, seguia el
desarrollo psicolgico y gentico del pensamiento, Bertrand
Russell parte del razonamiento: no puede hacerse una deduc-
cin sin implicar el conocimiento de las operaciones elementa
les del razonamiento, porque lo que hay de especificamente l
gico en un pensamiento es la forma de la deduccin y no la del
juicio. Idea, juicio y razonamiento forman un todo que es el
pensamiento mismo, y que est fundado en las operaciones de-
ductivas.
En otros trminos, entre la lgica moderna y la lgica aris-
tothca hay menos un hiato que una puesta a punto de la ex
presin y una renovacin de esta por la evolucin del contenido
de los conocimientos que expresa. Parece como si la lgica del
Estaginta no fuese sino un aspecto de un conjunto ms vasto
que es la lgica en si.
El silogismo no ingresa finalmente en la teoria deductiva general
sino transformado en una teoria de la implicacin donde se pierden
los valores apofanticos (Ch. Serrus)
XXI. UNA AXIOMTICA DEL PENSAMIENTO
La lgica nos ayuda a pensar, a efectuar operaciones lgicas, tales
como la distincin y la argumentacin. Mientras que la logstica
quiere dispensamos de pensar, evitar las dificultades de las opera
ciones racionales reduciendo estas a un simple desarrollo mecnico
dice Thomas Greenwood en Fundamentos de lgica simblica.
De hecho es un instrumento cmodo, que no nos dispensa en
modo alguno de pensar, pero que si libra al espritu de un con
junto de operaciones que conducen al lenguaje y siempre suje-
tas acaucion. La logstica no nos dispensa de pensar ms que
la tabla de multiplicar o la de logaritmos. Al igual que ellas,
es una tabla, pero que se refiere a enunciados en vez de a
nmeros.
No podemos extendernos aqui sobre esta cuestin. Algunos
incluso hallarn singular que sea abordada en una obra que en-
tiende tratar de la esttica del cine. Creo que nunca ser sufi
ciente insistir en el hecho de que esta, al ser una esttica de la
La palabra y la imagen 85
nresin (es decir, de una forma de arte que apunta a expresar
fdeas o sentimientos), no puede establecerse sino sobre las po-
1-bilidades del mdio de expresin, sobre sus fundamentos psi-
olgicos y sobre los fundamentos lgicos de toda expresin
dialctica. Sin duda que, bajo formas muy diferentes, volvere
mos a hallar en la expresin flmica estas necesidades lgicas
tanto que formas diferenciadas del lenguaje verbal que se
funda, tambin l, en ellas.
As no queriendo desarrollar con exceso sino solamente pre-
sentar los fundamentos de la lgica deductiva, con el fin de de-
iarlos sentados si hay necesidad de recurrir a ellos en las dife
rentes partes de esta obra, nos conformaremos con reproducir
algunos pasajes significativos tomados de los diferentes trata
dos a los cuales remitiremos al lector.
Definiendo lo esencial de los Principia Mathematica en la
obra anteriormente citada, Thomas Greenwood dice:
Segn este sistema, es la idea de proposicin la que se toma como
primitiva, en oposicin a la lgica tradicional que comienza por
el anlisis del concepto y el trmino. Y esta nocin primitiva, cap
tada como tal por la intuicin, se caracteriza por postulados igual
mente primitivos. El anlisis de la proposicin y la introduccin
de un elemento variable en su estructura conducen de inmediato a
la nocin de funcin proposicional. A su vez, esta sirve de base a
la teoria de las descripciones y a la nocin de clase, que est con
siderada como la integracin de las variables de una funcin pro
posicional. Las paradojas que se manifiestan en la teoria de las
clases exigen finalmente, para ser evitadas, una teoria de los tipos
lgicos. Esta parte preliminar de la lgica matemtica se completa
mediante una teoria de las relaciones. Con la ayuda de estos ele
mentos formales y de algunos axiomas extraformales, como el de
reductibilidad, puede abordarse luego la edificacin de las ma
temticas.
Esta lgica de las relaciones, la parte ms difcil y destaca-
ble de la logstica russelliana, fue continuada especialmente por
Hans Reichenbach en su Lgica de las probabilidades, y por
Rudolf Carnap en el establecimiento de la Lgica del lenguaje.
Detengmonos un instante en esta' ltima y veamos lo que Car
nap denomina sintaxis lgica:
Los enunciados de la lgica de la cincia son proposiciones de la
sintaxis lgica de la lengua. Se enmarcan en los limites aceptados
por Hume; veremos que la sintaxis lgica no es otra cosa que la
matemtica del lenguaje.
86 Preliminares
Y Carnap explica:
Una proposicin que se obtiene a partir de otras proposiciones da
das, por aplicacin repetida en caso de necesidad de las regias de
transformacin, se denomina su consecuencia. La nocin de con
secuencia es completamente formal, puesto que las regias de trans
formacin no tienen relacin con la significacin. Esta nocin per
mite plantear nuevas definiciones sintcticas; hc aqui ejemplos
recibidos de la aplicacin del anlisis lgico a los enunciados de las
cincias. Nosotros llamamos analtica (o tautolgica) a una propo
sicin cuando es consecuencia de cada proposicin, o sea si es ver-
dadera sea la que fuere, por otra parte, su significacin. Llamamos
contradictoria a una proposicin si toda proposicin de la lengua
es su consecuencia. Una proposicin que no es ni analtica ni con
tradictoria se denomina sinttica. En castellano, por ejemplo, las
proposiciones: unos caballos son unos caballos, un caballo est
enfermo o en buen estado de salud, 2 + 2=4, son analticas; las pro
posiciones: hay caballos que no son caballos, hay un caballo que
est a la vez enfermo y en buen estado de salud, 2+2=5, son con-
tradictorias; las proposiciones: este caballo est enfermo, yo tengo
cuatro lpices, son sintticas. Las proposiciones sintticas son las
que, en lenguaje corriente, se denominan enunciados sobre la rea
lidad; los enunciados de las cincias de lo real, se trate de leyes
generales o de enunciados concretos sobre cosas dadas aislada-
mente, o fenmenos particulares, son sintticos; estos enunciados
sintticos constituyen de alguna manera el nudo de la cincia. Las
proposiciones de la lgica y de la matemtica son analticas. Enfo
cadas desde el punto de vista de la finalidad especialmente perse
guida en la cincia, no sirven sino para tornar ms fciles las ope
raciones por mdio de enunciados sintticos. Podra construirse una
lengua cientfica que no contuviese sino proposiciones sintticas;
no se encontraria en ella ni proposicin lgica ni proposicin mate
mtica; toda la cincia de lo real seria expresable as sin prejuicio
alguno. Solo conducen a actuar de otro modo motivos de simpli-
ficacin prctica (El problema de la lgica de la cincia).
La lgica [dice Hans Hahn], no se ocupa en absoluto de ningn
objeto; solo se ocupa de la manera en que nosotros hablamos de
los objetos; solo se introduce con el lenguaje. Precisamente porque
no dice absolutamente nada de ningn objeto, puede pretender la
certidumbre y la generalidad; ms exactamente, a ello se debe que
sea irrefutable (Lgica, matemticas y conocimiento de la realidad).
No olvidemos, empero, que si la lgica no dice nada de nin
gn objeto, no por ello se funda menos en lo real objetivo. No
dice de ningn objeto, pero dice de todo objeto. De ah que la
definicin de F. Gonseth: La lgica es la fsica del objeto cual
quiera me parezca, a la vez, ms concreta y ms precisa.
^ palabra y la imagen
87
oncepcin de un objeto determinado [dice], representa el tr-
L-a Ccje un esfuerzo de abstraccin y de unificacin encaminado a
lTlinualidades sensibles, a las variaciones de estas, a los desplaza-
ri El trmino de esta abstraccin es lo que nosotros llamamos
'dea del objeto cualquiera, del objeto sin cualidad determinada por
H-Hntado. Lo Mamaremos tambin objeto lgico, u objeto abstracto.
? V pe igual modo, las nociones fundamentales de la lgica son
1ctracciones, que vienen a superponerse a las ideas de los obje-
a concretos y de sus relaciones ms simples, pero aportando ah,
cualmente, un elemento simplificador.
r 1 Los enunciados de la lgica pueden tomar el aspecto de enun-
ados puramente existenciales. Y, al menos en un caso, hemos
reconocido que formular una regia de esta lgica es enunciar una
lev natural relativa a los objetos concretos.
r 1 En resumidas cuentas, toda la lgica elemental aparece ahora
baio la misma luz: est ahora agrupada alrededor de la nocin
abstracta de la- existncia pura; las leyes que formula hallan su
realizacin natural en el dominio de los objetos concretos; adquieren
as la significacin de leyes naturales muy primitivas y prctica-
mente infalibles.
r ] En suma: as como la idea de espacio tiene su fundamento
intuitivo en la forma intuitiva relativa al espacio llamado fsico,
los conceptos fundamentales de la lgica tienen su fundamento en
formas intuitivas relativas a los objetos concretos.
..] Resumamos. Hemos procurado mostrar trs aspectos de la
lgica: como teoria preliminar de la existncia (y completndose
naturalmente con la teoria del todo y la parte, o con la teoria del
atributo), puede ser enfocada como una fsica del objeto cualquiera.
Como teoria de lo verdadero y lo falso, toma nuestros juicios como
objeto, y formula un canon natural al cual, en general, se conforman.
Bajo su tercer aspecto, formula lo que podra denominarse la
Carta de ciertas libertades naturales del espritu humano. Trs
aspectos verdaderamente diferentes, pese a las estrechas analogias
de estructura. Y, no obstante, poseyendo en los trs casos un ca
racter fundamental comn: el de no apuntar, como teoria, canon
o carta, ms que a una realidad esquematizada (La lgica en tanto
que fsica del objeto cualquiera).
Terminemos estas definiciones mediante una explicacin ms
simple debida a Joseph Ohana (prlogo del traduetor) en la obra
de A. J. Ayer, Lenguaje, verdad y lgica:
No es necesario deducir que el papel de la filosofia consista en
describir el uso del lenguaje en una comunidad dada; esto seria
hacer sociologia. Se trata de determinar las consecuencias lgicas
de nuestras convenciones verbales. Estas convenciones pueden dife
rir de una lengua a otra, pero una vez planteadas, quedamos liga
dos por las regias de la lgica.
88 Preliminares
El filsofo Uega despus que el cientfico, para desherbar el jardn
El postulado fundamental de esta concepcin es que la formai
mdependiente de la matria. El erudito cumple su tarea de coor
dinar los contenidos sensoriales en nociones, leyes, teorias Firra
vL1? n? Cn Una frma JinSstica- E^a forma obedece a as
leyes formales del discurso, a las leyes de Ia lgica. El filsofo ~
apropia del texto cientfico para examinar si sasface a las cy
de la lgica, para ver si no descubre ah un vicio de forma una
definicin circular, nociones fictcias o amhim.oc . , a
explcitos oincompatibles, postulados intuef ' PStulados n
Aunque infinitamente ms flexible y perfecta mi* I* ia
clsica, la logstica no ha sido nndWA q a loglca
controvrsias (especialmente enfre Cont fT nUmerosas
yHenri Poincar) Por^a parte t>- -- RUSSCl1
Luperables, las ^e ^^^^IT^f*
a Rudolf Carnap la tarea de informamos m3S' d6J
Hacia fines del ltimo sielo Ia teoria dP w
matemtica muy recieuie^rpezJZ, doa c^SccSestSc!
ticas, sino de un orden itfco seneral "Pec,f,came"te tem-
entre Ias antinomias lgicas La E, LN ser consideradas
ces en condiciones de reduciria rnmn, "" eStaba por enton-
angua. Esia fue ^^^SSST^SS^T^ Z
E eporPmedUio rKSff^^^fE- '^
al precio de una separacin m p^Sa'^wf t SJ25
lgica, que no podia ya ser tormH-. -i - antigua
totalmente desarmada^n^osTotle^sT;S" ^ ^'^
Consideremos el ejemplo ms cimnio w .
Russell). Llamamos pCicab e>>T n rnn.T, anUnomia (se^n
propiedad misma que exDresa Li JFl concePt que goza de la
Iracto. Lo llamamos ImScabLen J?Pt <<abstracto abs-
concepto virtuoso, que nce^virtuoso <?i f0, Contrario: el del
ecro excludo, el concepto 3EiJ^ * PnnciPio del ter-
dicable. Si es' predicabTe dS*S53^ a^3"6 jmpre'
me a la definicin; as pues es SSVmismo, confor-
definicin quiere que sea prSr2^ ? eS lmPredicable, la
mismo. Nos bailados en Pp5n nkScH^v* caracteriza a*
serie de antinomias -rflojS^^^ -
delito * P-doja
Epimnides, dijo: Todos Tos cre Z! "* P6ta Cretense'
esta frase es exacta, EpTmnides sendo", T mentrosos- Si
Pimemaes, siendo el mismo cretense, debe
la palabra y la imagen
89
de haber mentido. Si ha mentido, resulta que, por el contrario,
todos los cretenses dicen la verdad. Si dicen la verdad, Epim
nides no ha mentido. Si no ha mentido, entonces todos los cre
tenses son mentirosos. Epimnides, siendo l mismo creten
se... etc.
Las paradojas de este gnero son llamadas paradojas semn
ticas, porque encierran, al lado de los conceptos considerados,
las designaciones de esos conceptos. Esto obliga a preguntarse
nuevamente si se puede hablar sobre una lengua (de la sintaxis
de una lengua) en esta misma lengua. Carnap demostro que un
lenguaje puede ser empleado en el anlisis de si mismo sin que
de ello resulte contradiecin, pero demostrando no obstante
que no se puede construir una lengua tal que abarque a todas
las proposiciones que la conciernen.
Se evitan estos.sedoenunciados [dice], no atribuyendo un concepto
(propiedad) de grado n sino a un concepto de grado n-1. Caso par
ticular importante: no puede admitirse que una propiedad se per-
tenezea o no a si misma; esto no es ni verdadero ni falso; esto
nunca puede significar nada. Existe tambin la antinomia de lo im-
predicable, de la que hablbamos ms arriba. Las definiciones que
plantebamos para impredicable y predicable no pueden enun-
ciarse; carecen por completo de sentido.
Dicho de otro modo, la propiedad de una propiedad es de
una clase superior a la propiedad de una cosa.
El problema de la no contradiecin de la aritmtica fue me
nos afortunado. Era necesario demostrar la prioridad de la l
gica si se queria reducir a las proposiciones de esta a todas las
proposiciones aritmticas. Ahora bien, Gdel levanto, sobre este
particular, antinomias que parecen irreductibles. Pero se com-
prender que no podemos desarrollar en nuestra obra cuestio-
nes de este orden.
Para atenernos a la estricta lgica, las crticas efectuadas a
la logstica se resumen como sigue:
A. La logstica es una forma vaca y, como tal, no podra
hacer avanzar el pensamiento. Establece relaciones entre el pen
samiento y las cosas, pero no analiza en absoluto el movimien
to intelectual que apunta al establecimiento de esas relaciones
(E. Meyerson). Ahora bien,
ei verdadero objeto de una teoria de las relaciones no es la forma
vaca e indeterminada de la relacin; son las operaciones efectivas
que el espritu humano ha debido cumplimentar para tornarse due-
no de las relaciones entre los acontecimientos y las cosas
(L. Brunschvicg).
90
Preliminares
B. Si es verdad que todo conocimiento cientfico se reduce
a una tautologa, entonces el objeto de este conocimiento debe
ser dado como una cosa en si, ideal y preformada. Del descu-
brimiento de una sola verdad debera desprenderse el conoci
miento de todas las otras (H. Poincar).
Podra responderse bastante facilmente que:
A. Si, en efecto, la logstica es una forma vaca, es una for
ma necesana a la expresin de todo conocimiento, as como de
todo pensamiento. No es nada ms que una matriz, pero no est
prohibido colmaria...
cSe dir que la geometria es una forma vaca porque solo
tiene por objeto definir localizaciones espaciales, porque es una
teoria del espacio independiente de todo contenido fsico? Los
axiomas de una geometria no son, tampoco, ms que definicio
nes; los teoremas son sus consecuencias lgicas. Toda geome
tria exenta de contradiecin es verdadera, tanto la de Riemann
como la de Euclides; basta con adaptar los espacios fsicos que
comciden, y es sabido desde Einstein que la geometria eucli
diana no es mas que un caso particular de la de Riemann.
La actividad intelectual que conduce a un conocimiento cual
quiera es un hecho psicolgico que la lgica no tiene que tener
en cuenta, aunque no obstante le sirve de cauce de expresin
en virtud de las regias que le procura. La lgica sirve solamen
te para determinar si este conocimiento es verdadero o falso,
exacto o inexacto, contradictorio o no contradictorio, pero nun
ca ha pretendido ser la fuente de este conocimiento, aunque
ofrece evidentemente algunos medios de logrado.
B. El conocimiento de una verdad no puede entranar, por
si mismo, el conocimiento de otras, por la sola razn de que el
espritu humano es limitado. Un espritu omnisciente, ilimita
do, no tendra necesidad de lgica ni de matemticas, ni de ra
zonamiento de ningn tipo para conocer lo que le seria adecua-
do. El espritu humano debe siempre cumplir un cierto camino
para descubrir algo. Pero que una operacin le sea necesaria
no imphca que el resultado de esta operacin sea obra de su
espritu.
Yo ignoro, por ejemplo, lo que puede representar 7.852 X
7^9i'^nn,Paa sabedo' debo efectuar Ia operacin. Obtengo
/.U^.992. Bien puedo decir, en consecuencia, que lo que me
importa no es la forma vaca de la operacin, sino el acto
operatono que ha permitido obtener el resultado. No es menos
cierto que este resultado estaba implicitamente contenido en
los datos de la operacin.
Ia palabra y la imagen 91
Un ejemplo suficientemente claro nos ser dado por la sim
definicin de dos por dos...
ple
XXII-
DOS POR DOS NO SON CUATRO
La paradoja no es mi fuerte y de ningn modo tengo la inten
cin de demostrar aqui que una evidencia no es una evidencia.
Sino solamente que el empleo incorrecto de las palabras arras-
tra a conceptos errneos en la medida en que el concepto, cir
cunscrito por el sentido de la palabra, se convierte l mismo en
incorrecto.
Se dice que 7 + 5 hacen 12. Ahora bien, 7 + 5 no hacen y
nunca harn nada ms ni ninguna otra cosa que 7 + 5. Que su
suma sea igual a 12 es otra cuestin. Y no puede dejar de serio
porque 12 es la definicin misma de 7 + 5. 12 es 7 + 5, segn
la convencin que quiere que 12 este situado entre 11 y 13 y que
sea igual a la suma de 7 + 5. Podra escribirse 1 L. Nada habra
cambiado con que se contara entonces 10, 11, 1 L, 13, etc.
Pero el verbo hacer supone un acto creador. Ahora bien,
no hay creacion de ningn tipo en el simple paso de 7 + 5 a 12
porque es la misma cosa. Yo puedo decir: del cloro y el sdio
se hace cloruro de sdio porque la operacin qumica, al com
binar ambos cuerpos, engendra otro cuerpo cuyas propiedades
son totalmente diferentes. La suma es igual (sensiblemente al
menos) pero la cualidad es totalmente otra. 12 no es una cua
lidad sino una cantidad. Y esta cantidad es exactamente la
misma que la de 7 + 5.
Antiguamente se deca 7 + 5 son 12. La relacin hallaba aqui
su exacta expresin, mientras que hoy su sentido est alterado
por la intrusin del verbo hacer. Esto proviene de que se haya
aprendido a contar con objetos. Se dice: 2 canicas ms 2 ca-
nicas hacen 4 canicas. Y es verdad. Pero el verbo hacer se re-
fiere a las canicas y no a la representacin numrica. Es como
decir x canicas + y canicas hacen n canicas, o todavia, canicas
ms canicas hacen canicas...
Si se dice 7 + 5 hacen 12, entonces puede decirse igualmen
te 8 + 4 hacen 12. Como consecuencia de lo cual debera poder
decirse 7 + 5 hacen 8 + 4. Ahora bien, esto es un absurdo. Aun
que 7 + 5 igualen a 8 + 4, no hay ningn acto creador que en
gendre a uno a partir del otro. Pero uno y otro son 12. Y 7 + 5
es (lo mismo que) 8 + 4. Por otra parte, en virtud de la reversi-
bilidad de las igualdades, si se dice 7 + 5 hacen 12, debera po
der decirse 12 hace 7 + 5. Pero esto es inexacto. 12 supone o
92 Preliminares
implica 7 + 5, u 8 + 4; no los hace... El acto de hacer es
irreversible y no podra remontar del efecto a la causa, jsi se
acepta que 12 sea el efecto de 7 + 5! La idea de causalidad
no est implicada aqui sino por la necesidad operatoria que de
termina para nosotros el paso de 7 + 5 a 12. Pero esta causali
dad es de orden estrictamente psicolgico. Es una idea de
causalidad. No tiene ningn caracter lgico. 12 no hace ms
7 + 5 u 8 + 4 de lo que estos hacen 12.
Ante esta posicin lgica, veamos la de los psiclogos.
Es falso [dice Bradley] que uno y uno sean dos. Hacen dos, pero
no Io hacen sino si yo los pongo juntos, y no tengo necesidad de
hacerlo a menos de decidirlo, si esa es mi eleccin (Principies a
logic). * '
Si efecto la operacin advierto, en efecto, que 1 + 1 = 2. Sin
duda, nada me obliga a efectuarla, pero que yo la haea o no,
no cambia en nada la cosa. Con o sin mi conocimiento, una
molcula de gua y otra molcula de gua sern siempre dos
molculas de gua. El acto de hacer est en la operacin que
yo haga, no en el resultado que yo compruebe...
7 y 5 [dice Emile Meyerson] son dos cosas, dos conceptos,-mien
tras que 12 es un concepto nico. Si se agregan cinco a siete se
contar, es verdad, hasta doce; pero, precisamente, es necesrio
que intervenga esta operacin, que la separacin entre el primer
numero y el segundo sea borrada, que nosotros consintamos en
considerar como un montn nico lo que nos haba aparecido hasta
entonces como constituyendo dos montones separados (Le chemi-
nement de la pense).
Como afirmaba Couturat, la nocin de operacin es esencial-
mente antropomrfica. Es preciso que intervenga la operacin,
en efecto, para que yo sepa que 7+ 5 son la misma cosa que
12, pero no para que sea as.
Incluso si, desde el punto de vista axiomtico, la operacin apare-
ciese como desprovista de significacin, su antropomorfismo
ante si misma la convertira en una realidad mental [dice Piaget].
Geneticamente las operaciones son, en efecto, acciones propiamente
dichas, y no solamente comprobaciones o aprehensiones de relacio
nes (psychologie de Vintelligence).
Indudable. Nadie ha sofiado jams con negar la realidad
mental de la operacin, su acto creador. Pero no existe crea
cion sino de mi mismo a mi mismo, que soy quien efecta
esta operacin. Dicho de otro modo, la actividad intelectual es
la palabra y la imagen 93
creadora en el sentido en que determina en mi espritu el co
nocimiento de algo. Pero no crea esta cosa que yo conozeo aun-
e naya creado el conocimiento que tengo de ella. La defini-
rin de este conocimiento nuevo no es nada ms que una com-
obacin ^e hecho; esto es lo que quiere decir la logstica al
hablar de tautologa.
La observacin de un astrnomo es creadora cuando logra
el descubrimiento de un mundo ignorado. cDeber decirse que
ese mundo no existe sino a partir del momento en que se lo
descubre? Esto constituiria un subjetivismo delirante.
El pensamiento matemtico es dinmico en el sentido de
oue construye, inventa sin csar. Pero es el pensamiento quien
inventa. La matemtica est concebida en tanto que mdio de
representacin, pero no como la cosa representada, real o ima
ginaria (no sierrdo lo imaginrio matemtico ms que una co-
modidad prcrvisional).
En todo caso ser ms correcto decir que siete y cinco hacen doce
[afirma tambin E. Meyerson], siendo evidentemente la forma
verbal hacen, aqui, la expresin, la traduecin de un verdadero
acto cumplido.
Desde el punto de vista psicolgico, sin duda. Pero lgica
y matematicamente es inexacto. Una vez ms, el verbo hacer
no considera sino el acto operatorio que lleva al resultado, pero
no este resultado en si.
cQu pensar entonces de los conceptos sucesivamente cons
trudos por el nino en el curso de los estdios heterogneos de
su desarrollo?, se pregunta Piaget. Simplemente esto: que son
aproximaciones. Yo bien puedo concebir que 7 + 5 = 15. Es
propio de la lgica precisamente demostrar que este con
cepto es falso, es decir que no corresponde a la realidad.
De todo lo que precede se desprende que lo que separa a
los lgicos puros de los psiclogos o de los psicolgicos es unica
mente una diferencia de posicin, objetiva o subjetiva. Unos
no consideran ms que el resultado y las condiciones necesa
rias para la obtencin de este resultado, los otros solo el acto
intelectual gracias al cual se lo obtiene. Unos no quieren ver
ms que los peldanos que permiten subir al piso, otros solo
tienen por vlido al indivduo que sube la escalera. Por mi par
te sostengo que para subir al piso son necesarios, a la vez, pel
danos por los cuales llegar a l y un indivduo que los suba...
No olvidemos, por otra parte, que las propias matemticas,
sean cuales fueren sus certezas, no estn exentas de conceptos
94
Preliminares
gratuitos; quiero decir de conceptos que no podran ser cues-
tionados, pero cuyo valor puramente especulativo se limita a
una estricta comodidad.
Tal ocurre con el punto. Sabemos que por principio y
definicin todo punto puede cubrir a un punto ms peque
no que l, y as sucesivamente hasta el infinito. Ahora bien, des-
pus de Dedekind es demostrable que el nmero de puntos en
una longitud cualquiera no es numerable; que un corto seg
mento de recta contiene tantos como una lnea recta indefini
damente prolongada; que hay tantos puntos sobre la superf
cie de un cuadrado como sobre la longitud de su lado; en el
volumen de un cubo como en la longitud de su arista. Este he
cho, cuya significacin matemtica es indiscutible, parece, a
primera vista, paradjico. Pero si el punto aunque represen
tando una situacin en el espacio no tiene en si ninguna di-
mensin, si no corresponde a ninguna realidad fsica (necesa
riamente finita y definida), si no es ms que un ente imaginrio
y, por decirlo as, una ausncia de espacio, la cosa se torna
evidente porque es evidente que yo siempre podra introducir,
en un centmetro cbico, tanta ausncia de algo como en e
universo entero. Y si la sucesin de puntos no debe traducir
una discontinuidad cualquiera, sino la continua sucesin de un
discontinuo continuado en su anlisis infinito, es evidente que
el continuo de un segmento de recta es tan perfectamente
continuo como el de una recta ilimitada. Por el contrario, si el
punto debe estar limitado a la ms pequena realidad fsica po
sible, a una dimensin espacial ms ac de la cual la nocin de
espacio no tiene ningn sentido, es decir, al fotn o, ms pre
cisamente, al quantum de energia, entonces nunca se har pa-
sar (al mismo tiempo) tantos fotones por una abertura de un
milmetro como por otra diez veces mayor7. El concepto no
tiene, lo repito, ms que un valor especulativo, necesario sin
duda, pero sin relacin con la realidad. Ahora bien, sea cual
fuere su inters, las matemticas no tienen en absoluto valor
real sino en tanto que se relacionan con esta misma realidad.
La axiomtica es el mtodo matemtico por excelncia. Pero
nunca es ms que un esquema de la realidad y, como subraya
muy justamente Piaget,
a causa de su caracter esquemtico, una axiomtica no puede pre
tender fundar ni, sobre todo, reemplazar a la cincia experimental
[ Se adivina facilmente que se consideran fotones procedentes de una
emisin de igual frecuencia y equivalentes en valor cuntico.
Ia palabra y la imagen 95
rrespondiente, es decir tender al sector de realidad del cual la
_ nvinmtir rnntitnvp pnnpma a axiomtica constituye esquema.
Decir, pues, que el pensamiento es el espejo de la lgica,
como lo pretendan los psiclogos de Wrzburg, constituye un
error en la medida en que se entiende por ello una correspon
dncia formal, una espcie de identidad preestablecida. Que, por
el contrario, la lgica sea espejo del pensamiento, como lo
sostiene Piaget, me parece mucho ms evidente. No obstante
, en mi opinin el proceso consiste en pasar de la intuicin
de un orden lgico a la constitucin de un mtodo que se re-
fiera a l. La logstica es mucho menos un modelo ideal del
pensamiento (Piaget) que un modelo ideal del lenguaje o de
las formas expresivas de este pensamiento. Como sostiene Witt-
genstein, la lgica no es una teoria sino una imagen refleja
del mundo. La' lgica es trascendental.
No hay armona preestablecida entre el pensamiento y el
mundo, es decir, algo que seria inmediatamente traducible en
trminos de pensamiento lgico, sino una aproximacin cada
vez ms precisa obtenida gracias a una organizacin metdica
del pensamiento.
Los enunciados sobre la realidad excluyen la utilizacin de
toda proposicin lgica porque enfocan fenmenos sometidos
a los datos del mundo fsico, datos que no son solamente lgi
cos sino que son la lgica misma, su expresin natural. La na
turaleza no tiene necesidad de ninguna frmula para afirmarse
como tal.
Por su lado, el pensamiento se esfuerza por reflejar la sig
nificacin universal, pero su identificacin es aproximativa, tor
pe, incorrecta. Debe recurrir a regias que le aseguren una ex
presin conveniente. En otras palabras, lo que se introduce con
el lenguaje no es la lgica en tanto que principio expresado por
la realidad fenomnica del mundo y de las cosas y que trascien-
de el pensamiento, sino un mtodo construdo a su imagen. En
la medida en que toma a nuestros juicios por objeto formulan
do una teoria de lo verdadero y lo falso, este mtodo es real
mente espejo del pensamiento.
Pero como senala Bergson,
por el solo hecho de hablar, por el solo hecho de asociar unas
ideas con otras, y de que estas ideas se yuxtaponen en vez de
penetrarse, fracasamos al traducir por entero lo que nuestra alma
sientc: el pensamiento sigue siendo inconmensurable con el
lenguaje.
96 Preliminares
XXIII. DE LA LGICA VERBAL A LA LGICA VISUAL
Esta dificultad se debe en gran parte al uso de las palabras qn
reconstruyen como en un rompecabezas un pensamiento recor
tado y dividido, abarcando el desarrollo continuo de este nen
samiento pero sin poder traducir su constante homogeneidad
Aunque fundado en relaciones, es decir sobre lo discontinuo ei
pensamiento en tanto que operacin mental no se deja domi
nar tan facilmente. No cristaliza en las palabras sino por nece
sidad. La necesidad de claridad que las suscita hace que no lo
precisen sino esquematizndolo.
Y uno puede preguntarse si el lenguaje flmico no seria ca
paz de reflejar el pensamiento a punto de hacerse infinita
mente mejor que las palabras que (sea cual fuere el trmino
de sus asociaciones) lo cristalizan en forma de ideas ms o me
nos replegadas sobre si mismas sin nunca traducir sino un pen
samiento acabado, ya hecho.
Si se me permite arriesgar un paralelo poderosamente gr
fico, diria que las palabras son al pensamiento lo que los fo
tones a la luz, mientras que las imgenes flmicas, a la vez pre
cisas por lo que muestran e imprecisas por lo que sugieren,
representan ms el movimiento ondulatorio continuo de la
emisin luminosa.
Y si, como pretendia Ribot, las ideas son sentimientos trans
formados, debido a que las imgenes determinan sentimientos
antes que ideas, parece que, gracias a ellas, puede retomarse y
proseguirse el paso constante del sentimiento a la idea. En el
fondo es lo que Eisenstein queria decir cuando afirmaba:
En los primeros tiempos, los tiempos mgicos o religiosos, la cin
cia era a la vez un elemento de emocin y un elemento de saber
colectivo. Luego, con el dualismo, las cosas se separaron y as tene-
mos por una parte la filosofia especulativa, la abstraccin pura, y
por la otra, el elemento emocional puro. Debemos ahora efectuar
un retorno, no al estdio primitivo que era el estado religioso, sino
hacia una sntesis anloga del elemento emocional y dei elemento
intelectual. Creo que el cine es capaz de efectuar esta gran sntesis,
de devolver al elemento intelectual sus fuentes vitales, concretas y
emocionales. De la imagen al sentimiento, del sentimiento a la idea,
tal debe de ser la lnea generadora del film.
El cine no tiene por objeto expresar ideas precisas, traducir
con rigor un conocimiento determinado; por cierto que no ms
que la literatura. La lgica del film, de la que volveremos a ha-
|b palabra yla imagen
97
concierne pues al rigor de lo que se expresa sino al ri-
u*~" ia expresin. Concierne a la estructura de las asociacio-
gr ;suales o audiovisuales que tienen por meta determinar
neS n ]a conciencia del espectador. Estas asociaciones deben
*dea- ej paso del sentimiento a la idea, perseguido, provocado
se^ Q^e necesidad. Deben construir las ideas segn el proce-
Cn del pensamiento en si, calcando el mecanismo complejo, de
SI modo que mientras estas ideas se elaboren en la conciencia
a 1 espectador, la actividad mental de este no sea de ningn
odo ms que el reflejo, el doble del proceso flmico.
En este sentido, la lgica de las estructuras visuales debe de
una lgica fundada en la psicologia al mismo tiempo que
potica; una lgica de la creacion, del poiein y del pen
samiento en formacin. El pensamiento del espectador debe ser
el reflejo de una lgica implicada en el desarrollo y por el de
sarrollo de las imgenes flmicas.
Lo real es siempre verdadero, aunque su objetividad sea
totalmente relativa. Las relaciones entre las cosas reales, las
consecuencias que de ellas se extraigan, son exactas o inexac-
tas pero no podran ser contradictorias a menos que se revela-
sen como absurdas. No existe contradiecin sino en las palabras,
en las estructuras gramaticales. Las imgenes flmicas, al ser
imgenes de lo real, no podran estar sujetas a contradieciones.
Sus relaciones tampoco, a menos que se planteen voluntaria
mente como absurdas, en cuyo caso se las entiende y reconoce
como tales de inmediato.
En cine, la inverosimilitud nunca est en las imgenes, en
lo que muestran, sino solamente en lo que postulan. Que las
situaciones sean arbitrarias, que la psicologia de los personajes
sea falsa, no corresponde sino a la construccin dramtica, al
relato. Por el hecho de instaurar el drama en lo real concreto,
las imgenes otorgan a este drama un cierto caracter de reali
dad, una verdad a priori. Pero no lo autentifican sino en la me
dida en que esa arbitrariedad puede ser aceptada como posible,
en cuyo defecto el caracter de realidad dado a los acontecimien
tos representados subraya ms an lo que les falta para ser
verdaderos. Solo dificilmente la realidad de la representacin
deja pasar la inverosimilitud. La no coincidncia se vuelve fla
grante. Lo que con suma frecuencia seria aceptable en la esce
na o en una novela se revela inadmisible en la pantalla. El cine
autcntifica lo representado, pero exige como contrapartida la
credibilidad de lo que representa.
98
Preliminares
Se advierte que en lo que concierne a las imgenes, la lgica
es inmediata, tal como en la realidad misma 8. Si hay interpre
tacin, subjetividad evidente en la manera de reproducir 10
real, no hay y no puede haber traicin posible, o entonces h
imagen no es imagen de lo real.
La forma lgica no concierne pues sino a la manera de or
ganizar estas imgenes, de establecer sus relaciones con miras
a alguna finalidad expresiva.
XXIV. LOS DOS LENGUAJES
Que en los enunciados cientficos, y conforme a la lgica las
palabras tengan un sentido preciso, que su organizacin grama
tical sea supervisada con el fin de evitar toda contradiecin 10
hemos visto es indispensable en el plano del lenguaje racional
Pero este lenguaje, por su propia precisin, no podra tener el
menor caracter esttico.
En efecto, el arte solicita una interpretacin creadora que
llegue a responder como un eco modificado, transformado al
arrebato creador del artista. Todo poema, toda novela, suponen
un juego de interferncias entre autor y lector. La lgica, no
excluda aqui, se convierte en una lgica de las interferncias
es decir, algo como una lgica de las probabilidades en el or
den esttico. Al igual que la otra, se basa en la lgica de las re
laciones, a condicin de que las consecuencias no tengan que
ser verdaderas sino verosmiles. No tienen ya que convencer
smo emocionar; no tienen ya que precisar, sino sugerir. En vir-
tud de lo cual las relaciones que las determinan procuran ser
afectivas ms que racionales. As pues, la lgica debe organizar
su lenguaje jugando con los mecanismos psicofisiolgicos que
estan en la base de la afectividad (asociaciones intuitivas, refle
jos ms o menos condicionados, estrueturaciones inmediatas de
la conciencia, etc.) y sobre las relaciones de causalidad verda
deras o falsas pero sensibles, con miras a orientar esta afecti
vidad hacia sentimientos determinados. Si se trata de pasar a
las ideas, son ideas que exigen la participacin, la actividad in
telectual del espectador o del lector, las que nacen de senti
mientos determinados de tal modo en ellos.
No existe relacin, entonces, entre lenguaje lrico y lengua
je lgico, a no ser que tanto uno como otro requieran estruc
turas organizadoras.
8 No se trata, por supuesto, de la lgica dei relato (que no tenemos
que considerar por el momento), sino de la lgica de la representacin
la palabra y la imagen 99
En sus obras sobre lenguaje y ritmo, Pius Servien subray
maeistralmente esta diferencia.
En el seno del lenguaje, este lenguaje al que se crea de una pieza,
una espcie de oceano sin limites [dice], hemos descubierto dos
domnios, de propiedades opuestas. Los hemos denominado, a uno.
lenguaje de las cincias, al otro, lenguaje lrico (se trata de dos
etiquetas, planteadas recientemente en dos domnios descubiertos
recientemente, y no de sentidos vagos o imitados). Este era el co-
mienzo de investigaciones de una espcie completamente nueva
sobre el lenguaje, tanto sobre el lenguaje lrico como sobre el len
guaje de las cincias.
Surgia la razn profunda que haba impedido el progreso de la
esttica, reducindola a solamente buenos deseos y nubes pasaje-
ras: uno de los domnios, el lenguaje lrico, es irreductible al otro.
(Los dos, por otra parte, son igualmente inaprehensibles para toda
tentativa de lenguaje metafsico, mezclado, degradado.)
El poeta, maestro de las palabras, esencialmente cualificado para
descubrir en el seno del lenguaje y extraer poderes nuevos de sus
descubrimientos, advierte estos dos plos, estas dos cimas que esca
lar con esfuerzo, estos dos puntos de concentracin de la extrema
belleza: el lenguaje lrico extremo y el lenguaje cientfico en su
zona extrema que son, lo hemos demostrado, las matemticas
(Science et posie).
Dicho de otro modo: en el lenguaje de las cincias (o lengua
je lgico) cada frase tiene un solo sentido y no ms. A una fra
se del lenguaje lgico siempre se le puede hallar otra frase ab
solutamente equivalente.
Para penetrar en este critrio [dice Pius Servien], vamos a remitir-
nos a la palabra Oriente. Es una de esas palabras que, segn
acabamos de afirmar, pueden figurar en una nota cientfica. Y fi-
guran con una propiedad caracterstica: Oriente quiere decir
Este; una de ambas palabras siempre podr reemplazar a la otra.
Tendr un uso establecido; o bien, en caso de necesidad, se lo otor-
gar un congreso de eruditos.
Sirio est hacia oriente respecto a Orin; esta frase de la astro
nomia de Laiande puede ser reemplazada perfectamente por esta
otra: Sirio est hacia el Este respecto a Orin. Es lo mismo.
Despus de Laiande, he aqui a Chateaubriand:
La aurora que ascendia por detrs de las rriontanas brasaba el
vasto Oriente.
CE1 vasto Este?; en verdad no seria lo mismo, ninguna resolucin
podra decretado as. Y menos an si se trata de esta frase clebre:
Cul no ha sido mi pena en el desierto Oriente..-
Ninguna convencin, ningn congreso de lingistas o poetas podra
imitar lo que se hace en cincias: decidir que una palabra puede
reemplazar a otra, que el resultado es el mismo (ibid.).
100
Preliminares
El lenguaje lgico considera el conjunto de todas las frases
cuyo sentido sea posible concordar por entero. Estas frases
comportan frases equivalentes traducibles de una lengua a otra
Desde el punto de vista logstico, el nmero de sentidos qUe
pueden transmitirse mediante el lenguaje de las cincias es un
infinito numerable.
Por el contrario, en el lenguaje lrico las frases no tienen
cada una un solo sentido, y ninguna podra ser equivalente de
alguna otra.
Comprobaremos por ejemplo [prosigue Pius Servien], que en el
lenguaje de las cincias a cada proposicin corresponde una pro
posicin contraria: Esta figura es un crculo, Esta figura no es
un circulo. Nada semejante ocurre en lenguaje lrico: Hugo escri
be Waterloo, Waterloo, Waterloo, lgubre plancie. Mallarm es
cribe La luna se entristecia. <-Qu es lo contrario de esto? No
existe. Pero la oposicin no es entre poesia y verdad: si lo opuesto
al lenguaje lrico, es decir, el lenguaje de las cincias, contiene pro
posiciones verdaderas, contiene asimismo otras tantas falsas. Ynada
prueba que la frase lrica te amo no sea a veces una verdad
Las lenguas coinciden en el dominio del lenguaje de las cincias
Es la nica lengua universal posible; bastaria con expresarla me
diante signos.
Pero las lenguas nunca coinciden en su dominio opuesto, el len
guaje lrico. Cuando las palabras latinas se volvieron francesas su
sentido cambio tanto como el aspecto de las legiones que las'lle-
yaron consigo, convertidas en la corte de Carlos IX o el saln de
Mme. Recamier (ibid.).
Sin embargo, lo ms importante en esta distincin es que
e/ lenguaje de las cincias es indiferente a los ritmos, mien
tras que el lenguaje lrico es un lenguaje ritmado.
El sentido de las frases del lenguaje lrico est intimamente
ligado a su ritmo y no depende sino de l. Estas frases son en
tonces irreducibles al lenguaje de las cincias, que
es una lengua empobrecida, restringida, que se desprende del len
guaje total para cerrarse sobre si misma, y que ha perdido para
siempre categorias completas de frases. Por ejemplo, todas las
que son del modo optativo:
jDioses! Que no este yo sentado a la sombra de los bosques
(Racine).
Todas las que son una exclamacin:
jAy! jalgunas veces escuch declamar la Herodada, v al divino
cisne! (P. Valry).
Nunca ser posible saber en qu medida nos entendemos unos a
los otros con estas palabras vivas (ibid.).
la palabra y la imagen 101
pero que el sentido de las frases dependa de su ritmo, que
1propio sentido de las palabras dependa, en cierta medida, de
situacin en la frase (o en la estructura rtmica que la orde-
a) no impide que las palabras o la frase tengan de todos mo
dos un sentido lgico.
Indudablemente es este sentido segundo, determinado por
el ritmo, el que llega a ser ms importante, el que se superpone
ai sentido primero, que lo prolonga o se le opone, lo afirma
o lo destruye, juega con l o contra l, pero hay que senalar
que aqul no podra ser sin este. El sentido segundo (o lri
co) de una palabra no existe y no puede existir sino a partir
del sentido lgico que determina a esta misma palabra y la
afianza.
En otros trminos, si el lenguaje lrico no se deja encerrar
en definiciones precisas como el lenguaje lgico, sin embargo,
no puede ser sino un aspecto singular de este, ya que se funda
en parte sobre l. No constituye sino una forma a la vez ms
vasta y ms sutil, la forma esttica misma, cuyos elementos
fundamentales, con todo, son exteriores al lenguaje, aunque las
cualidades lricas de este lenguaje se desprendan de l. Estos
elementos, este fundamento, es el ritmo.
El lenguaje lrico solo es la consecuencia de la intrusin del
ritmo en el lenguaje normal, sometido para el caso a la lgica
del nmero y de las relaciones mtricas ms que a la lgica
formal, insertndose, oponindose, yuxtaponindose una y otra,
no obstante, en un juego de correspondncias perptuas.
XXV. LA IMAGEN VERBAL
Los lingistas (Vendrys, entre otros) dan con frecuencia la de-
nominacin de imagen verbal a la unidad psquica anterior a
la palabra. Segn Charcot, esta unidad estaria constituda por
el conjunto de numerosas imgenes de diferente caracter: una
imagen visual y una imagen auditiva acompahada por una ima
gen cinestsica (asociada a las impresiones tctiles o a algn
esfuerzo muscular significados por el objeto) y por una ima
gen oral (asociada a la motricidad de la elocucin). El con
junto constituiria la palabra, considerada como el resultado
elaborado de los mecanismos motores fundamentales a los cua
les hemos aludido con anterioridad.
Sin embargo, por imagen verbal queremos entender aqui
los diferentes aspectos de la imagen mental, en tanto que esta
102 Preliminares
est asociada a las palabras que la provocan y, ms particular
mente a la imagen sugerida por las estructuras fonTtics t
tonces determinantes. iuneucas en-
Afirmar, como hemos hecho, que la idea se identifica m
una imagen, es asimismo afirmar que toda palabra sudere uT
imagen. Pero, como ya se ha visto para la S sfks L?
irses4u:sea zrss son ^--e ts:;
cario en la conciencia^ C^ncudfcon ^n/1 ,bjet' *^
Nosotros adivinamos ms que leemos estas palabras Nue,
tra imaginacion va de inmediato al significado es dedr a imT
genes que determinan en nuestro espritu un conjunto de ri
=..mental continua, homognea, ooiSSSS i^T*
ter a'la ve^ricoV^afo."" CoIot I**^. - carc-
r^ jariO&rfl y image 103
Que las palabras, entonces, no sean solamente medios de ex-
resin intercambiables, sino que se vuelvan creadoras, es decir,
pue sugieran ideas ms all de las que significan normalmente,
ideas nacidas de sus relaciones singulares, de su ritmo, de la
friccin de los sentidos diferenciados: he ah el hecho potico,
esencia misma por principio y definicin.
Como senala Jean Paulhan, el mistrio de la literatura, y
de la poesia en particular,
parece en efecto conducir, como en una metamorfosis, a un paraje
tal que el lenguaje y el espritu son all indiscernibles: sea que el
ritmo y la rima hagan el pensamiento, sea que la emocin y la
inspiracin hagan el ritmo y la medida. En suma, el pensamiento
se conduce all como lenguaje, el lenguaje como pensamiento, si-
guiendo el todo la misma confusin de la que el lingista es pri-
mera vctima. Y, simplemente, pareceria que esta confusin se
manifiesta en ppesa como ms sensacional, evidente y fundada en
la realidad. De donde se podra concluir incluso en que la poesia
se adecua a servir al estdio del lenguaje ms que el lenguaje al
estdio de la poesia (Les linguistes en dfaut).
En tanto que la imagen sugerida por el sentido lgico es
siempre ms o menos esttica aqui, sntesis de un conjunto de
ideas, extraccih de comparaciones o asociaciones, se convierte
en una representacin mental actuante. Creadora de ideas y de
comentes de ideas es, entonces, dinmica.
En el lenguaje lrico, la palabra vehculo se carga de una
nueva significacin. La emocin que contiene se traduce a tra
vs de una red de relaciones inslitas. Convertida en metfora
o smbolo, la imagen, entonces, puede ser llamada de segun
do grado.
Esta imagen es la generalmente calificada como imagen
potica. Pero a ella se le agrega otra, y con frecuencia ms
sutil; la que, justamente, est determinada por la musicalidad
verbal y cuyo sentido es alusivo. Debido a la relacin de acen
tos, timbres y tonos, a la relacin de tiempos fuertes y tiempos
dbiles que modulan el ritmo, esta imagen se complica con la
sensacin coloreada dada por las asonancias y las aliteraciones.
El juego de las aliteraciones es demasiado conocido como
para que tengamos necesidad de insistir en l. Recordemos so
lamente que en frases como:
Un frais parfum sortait des touffes d'asphodle,
Les souffles de la nuit flottaient sur Galgala...
[Fresco perfume exhalaban manojos de asfdelos,
Los hlitos de la noche flotaban en Galgala...]
.
106
Preliminares
cuya estructura conscientemente o no parece calcada de la
de un silogismo (con tesis, anttesis y sntesis a partir de pro
posicin inicial), ofreciendo la caricatura de una matriz lgica
en Ia cual se habran includo modulaciones verbales que traen
a la mente todo y cualquier cosa.
Por supuesto que siempre es fcil asociar palabras gratui
tas para no extraer de esta asociacin ms que un efecto cu
rioso o divertido de vocablos enfrentados. Es ms difcil pres-
tarles un sentido, someterlas a un sentido lgico necesario para
extraer de ello, por anadidura, un sentido segundo que se
agregue al precedente, lo prolongue o lo destruya. Esto es, en
resumidas cuentas, lo ms difcil.
Importa, pues, que las palabras tengan un sentido a partir
del cual, alrededor del cual y, sobre todo, ms all del cual el
ritmo se fundamente y se desarrolle. Pero actuando primero
en tanto que estructura, el sentido de las palabras solo tiene
un poder catalizador. La imagen verbal es funcin del ritmo,
la tonalidad y las asonancias o aliteraciones. La imagen intelec
tual (simblica o metafrica) que hemos calificado de imagen
de segundo grado, en cuya exclusiva persecucin se sofoca
la poesia contempornea, cuenta menos, en mi opinin, que esta
imagen verbal a la que yo calificara como imagen de tercer
grado.
Pareciera como si el sentimiento potico fuera el resultado
o la consecuencia de las mltiples fricciones creadas a par
tir de las palabras entre el sentido lgico, el sentido metafri
co y el sentido inefable debido a su musicalidad. Al tropezarse,
completndose o superponindose, se confunden en un sentido
nuevo que, para mi, es la poesia misma.
Pareceria tambin que la exaltacin lrica no es ms que la
consecuencia de una motricidad psicofisiolgica de la que las
palabras solo son instrumento. Un gesto larngobucal ritmado
y cadencioso que es a las palabras como a las ideas suscita
das por su continuidad rtmica lo que la danza al cuerpo: una
danza en la que el acto de danzar es ms importante que aque
llo que danza.
As como el cuerpo olvida su gravedad y se diviniza en el
ritmo, las palabras olvidan su sentido primero. Adquieren otro,
ms o menos encantatorio, que las trasciende, o bien las dis-
grega. Donde se origina, entre mltiples sentidos, una corriente
inslita que prolonga el arrebato emocional; arrebato cuya co
rriente rtmica continua es modulada por la discontinuidad to
nai o mtrica.
V.
Ia palabra y la imagen 107
Uno de los aspectos empobrecedores de la poesia contempo
rnea consiste en no querer considerar a la poesia sino como
un momento de pura interioridad, como la creacion de un
universo subjetivo, tan subjetivo que se vuelve incomunicable.
E ignorar las necesidades rtmicas para no perseguir ms que
la metfora deslumbrante.
Al descuidar las virtudes fundamentales de la palabra, mu
chos poetas pertenecientes a escuelas ms o menos derivadas
del surrealismo pero de un surrealismo a mi entender mal
comprendido, desencarnado apelan a las virtudes trascenden-
tes de la msica por lo que ella tiene o puede tener de inefa
ble, cuando en verdad ellos son muy poo msicos. Olvidan que
el ritmo es su condicin primera.
Al carecer ya de estructura, ritmo, movimiento, de prosdia
de alguna espcie, no solo el poema escapa a todas las cualida
des plsticas que,'sin embargo, le son indispensables, sino que
adems y, sobre todo, la imagen en si deja de tener sentido,
excepto el que se le quiera otorgar. Al amparo de una subje-
tividad frentica cualquier cosa se convierte en imagen de cual
quier cosa.
Ahora bien, la imagen no es ni un comienzo ni un fin en
si, sino un resultado. Es la culminacin de algo sobre lo que
se funda, que la ordena y la justifica. Privada de ese soporte,
se reduce a la nada. Perseguir esa imagen pura es querer ob-
tener el perfume de una rosa sin la rosa, la rosa sin el rosai.
Y esas imgenes-ideas no son sino ideas de imgenes...
En verdad que la imagen debe ser subjetiva. Pero debe ser
objetivable, si se me permite expresarme as. No existe un
solo poeta autntico, por grande que sea (se trate de Rimbaud,
Mallarm, Valry, Apollinaire, por no citar sino a los ms sub
jetivos e intelectuales), cuyas imgenes no puedan reflejarse
en la conciencia del lector.
Cuando Valry dice: Verano, roca de aire puro, esta ima
gen puede parecer, a primera vista, extrana, desconcertante (y
lo fue). Pero, por poo que se la penetre, todo se ilumina. La
idea que asocia Ia densidad del verano a la imagen de una roca
y de una roca de aire puro, que traduce a la vez el peso mate
rial y la ausncia de matria, la limpidez azulada del cenit es
fulgurante.
La imagen, por subjetiva que sea, se refleja inmediatamente
en la conciencia del lector, la cual se identifica con la concien
cia creadora, percibe, concibe y, verdaderamente, comunica
con ella.
-i '
108
Preliminares Lfl palabra y la imagen
En Eluard por cierto, no faltan las cosas hermosas (tomo a
este jefe de fila con toda intencin porque, en caso de cons
derar alos seguidores, el juego seda demasiado fcil...). Cuan
do escribe (Poesie inmterrompue): El sol nace en el gaio de
un fruto, veo la imagen y la idea. Participo. Pero cuando leo-
Los caracoles en la noche
De un piano sin cimientos...
PTt an'e t0d -ay"dad Por la ausncia de pontua-
rb;de P'an0\Se refiere a los caracoles oa la noche
en . ?Jt '1 'a nChe' los caracl de un piano, o bien
re dec lo*?" P,a"": Ya n Pdo. N0P,do que qu e
se impone I vqUe ^m^eJ"Serr, comunicar, crear. Nada
taio nH q ' ?r qUe "de un piano" en vez de u" contra-
bajo? Todo es gratuito. Y si dice:
EI golfo de una cerradura
abriga demasiados clculos...
nol^il0 !? af" P.niend demasiada buena voluntad. Pero yo
mis urreaT'' hSSt" f*"^ 7 a imagen todavfa
Trs" g 'OS CICU'S abria demasiadas cerra-
en e! t^^f^ '" ,doulewr): "Tu CabeIlera de nara"Ja^
en ei vac.o del mundo, lo admito, pero me pregunto: dpor
se qurera?ranJaS "" ^ "" he'eChS' d muS^ de todo > *
snMentl62 mS " b"SC "na raZn lSica>> sino u"a razn
suf ctente, una necesidad de ser. Yno la veo... Adems de que
estas imgenes, surgidas de asociaciones libres de palabras dis-
persas, solo tienen de original esta misma asociacin
veo hl\ZT ^ PrPune: <<En 'OS barran del sueno, me
"b;,a comprobar que esta imagen traiciona un meca-
nrZ ? semeJante ai que nos dice: los caminos de la es-
peranza, las puertas dei porvenir, las encrucijadas de la inquie-
1':*::;eladudayotrasfaci,idades^^^1 &
vfda, Ay fP / eSa .<<arena qUe es el ms be,l dia de mi
vida... Afuerza de ongmalidad rebuscada, se vuelve a caer en
ydecT "erreie^rfeSaBN hay maS ^ Cambiar las P^rS
de nuestro 12"P "Es,a.cancin de porcelana es el tnel
T Tupo - y' Para C"ar a' mSm Paul Eluard (Le tra-
109
Pronto se llega
a palabras iguales
a palabras sin peso
Luego
Con palabras sin continuidad
a hablar sin tener nada que decir...
As pues, un poema debe dar a ver... a pensar, a aprehen-
der si no a comprender. Pero a ver o pensar en un sentido
determinado a partir del cual la conciencia del lector pueda
ejecutar arabescos, y gracias al cual se considere capaz de se
guir o reencontrar la idea generadora, de participar; de lo
contrario, el poema sigue siendo letra muerta.
Lo que se cuestiona no son las frases en si, sino aquello a
lo que corresponden, es decir, la relacin intencional entre la
imagen y su objeto.
Supongamos que se trata de un condenado a muerte en su
celda, que sueha con evadirse. De inmediato la frase: El golfo
de una cerradura abriga demasiados clculos se vuelve ver-
dadera. Imagen de un movimiento interior, de un pensamiento,
es tan deslumbrante como la de Valry. Pero en el poema en
cuestin no corresponde a nada. A nada necesario, es decir vi
vido, sentido. Solo deposita su gratuidad en un conjunto con
el cual no tiene ms relaciones que las que se le quiera otorgar.
No es preciso buscar ms all las razones de un cierto disfa-
vor del pblico incluso culto por la poesia. Si una sucesin
de palabras puede adquirir no importa qu sentido, ocurre por
que no tiene ninguno. Y todo el mundo es capaz de enhebrar
palabras desprovistas de sentido o que no tengan ms que uno
para quien las ordena.
De todos modos, una imagen debe ser convincente. Debe su-
poner la adhesin del lector. Su condicin es que sea una ima
gen, sin lo cual no es ms que una asociacin gratuita de rela
ciones seudointelectuales. Los lugares comunes, los clichs
fueron en su tiempo autnticas imgenes. Se convirtieron en
clichs solo en razn de su virtud, de su potncia, a fuerza de
ser empleadas comnmente. Mucho me temo que las imgenes
de Paul Eluard y de sus discpulos no lo sean nunca, a no ser
precisamente por ese dar a ver que es su expresin ms feliz
y ms justa, razn por la cual se le emplea hoy comnmente.
La idea de poesia pura ha producido muchos estragos; y
tantos ms cuanto que no ha sido bien comprendida. Veda so
lamente en la novedad de una imagen tan sorprendente como
gratuita, es volverle la espalda y satisfacerse con la facili-
dad de los falsos deslumbramientos. Para mi, cuanto ms
110
Preliminares
racional es el poema, ms posibilidad existe de que acceda a
la poesia pura. Supongo que se comprende que entiendo por
esto todo lo contrario de un poema que exprese ideas raciona-
les, lo que seda la negacin de toda poesia. Hablo de un poema
cuya composicin racionalmente organizada (Mallarm, Val
ry) apunta a una espcie de matemtica del lenguaje en cuanto
que esta matemtica utiliza las palabras menos como signos
que como fonemas (o grupos sonoros organizados alrededor
de una idea subyacente), componiendo con su ritmo una estruc
tura musical que lleve a la idea inicial ms all de si misma,
creando as la imagen potica pura.
Toda imagen que no es el logro de una idea, una sensacin,
una emocin comunicable y perceptible, que no se funda en e
ritmo, las estructuras verbales o las asociaciones inslitas pero
comprensibles no puede ser ms que ilusria y vana. Enton
ces no es sino un espejismo, cuando debera abarcar el cielo
con sus manos...
Poo importa, con tal que logre una expresin sensible, que
se la obtenga por bsqueda u orientacin voluntria de las sen-
saciones; o que sea la concrecin de una atencin interesada
del espritu, o que brote como por sorpresa de las profundida
des del subconsciente.
En las obras surrealistas, las imgenes deslumbrantes no
cuentan: En el arroyo hay una cancin que corre. El dia se
despleg como un mantel blanco (Reverdy). Hay cerraduras
que no se cierran sobre el infinito (Aragon). Etctera. Nadja,
Le paysan de Paris, son, sin duda, Ias ms hermosas prosas l
ricas de mdio siglo. Pero no veo en ellas nada que no sea com-
prensible o ante lo cual el espritu no pueda hallar alguna co
rrespondncia inmediata, sea cual fuere el caracter extrano de
la mediacin.
Por el contrario, Eluard compone imgenes centelleantes
pero que solo tienen de vlido su propia existncia. Inorgni
cas, invertebradas, son como pepitas nadando en un oceano de
nada, chispas surgidas de la nada que no tienen otra finalidad
que retornar all inmediatamente.
Por otra parte, el uso del absurdo solo puede ser vlido si
es metdico y concertado contra toda apariencia de razn (Max
Jacob, Desnos); a tal punto es cierto esto que el arte sea
cual fuere nunca es sino una organizacin racional de los me
canismos del subconsciente, cualquiera que sea el grado de con
ciencia clara que se le pueda o no aportar. Siempre es una cues
tin de forma y estilo.
la palabra y la imagen 111
Si bien es propia del poema, la imagen verbal se manifiesta
mpero de una manera ms modesta, bastante diferente, pero
6'erta, en la organizacin de los conceptos.
Ya' he senalado (xix) que, en el nino que aprende a leer o
nombrar las cosas al tiempo que las descubre, la asociacin
ntre palabra e imagen se efecta automaticamente. Por una
espcie de reflejo condicionado, la imagen arrastra a la palabra,
I palabra a la imagen. Pero una y otra pueden ser asociadas
hasta en su misma estructura. Y es muy raro que esta asocia
cin no persista en el espritu del hombre maduro, que no siga
siendo imborrable, sean cuales fueren las imgenes ulteriores
que puedan venir a completar o perfeccionar su impresin
primera.
Para dar una idea de ello me resulta difcil no recurrir a ex
perincias personales, por ser todo examen externo incapaz de
abarcar vlidarnnte a su objeto. As pues, me excuso por ello
y por supuesto, no puedo afirmar que este mecanismo sea
idntico para todos los sujetos. Al menos, por creerme normal
mente constitudo, considero que debe ser el mismo entre mis
semejantes.
En mi espritu, entonces, cualquier imagen de cualquier obje
to requiere automaticamente la palabra que lo designa. Lo in
verso es evidente. Pero esta palabra no se presenta como un
signo abstracto, amorfo, incoloro. Se presenta como una estruc
tura dinmica, un grupo sonoro, una imagen verbal.
Si, por ejemplo, tomo la palabra sauvetage [salvamento],
una de las primeras algo complicadas que lei en una gramtica
infantil, veo de inmediato la imagen que la acompanaba para
permitir comprenderla mejor. Era un dibujo que representaba
una embarcacin ligera tripulada por algunos marineros y cuya
proa, levantada por una ola, parecia chocar contra ella y em-
bestirla de frente. Mientras yo deletreaba la palabra, animaba
el dibujo: el bote que ilustraba la idea de salvamento, con los
marineros dirigindose a grandes golpes de remos hacia los
restos que se divisaban a lo lejos, el bote, digo, chocaba con
tra la ola inmensa, la sobrepasaba; luego, deslizndose sobre el
mar agitado, desaparecia prosiguiendo su curso. Sin embargo,
yo deletreaba: sau-ve-ta-ge. Ahora bien, mientras que los soni
dos sau-ve se asociaban al movimiento de los remos, al esfuer
zo de los marineros, estas dos slabas, chocando con la letra t,
representaban al bote embistiendo el oleaje, simbolizado por
la consonante levantada cual un muro difcil de franquear. Su
perada la ola, el bote se deslizaba en un movimiento lento y
largo que se desvanecia, como el sonido age una a ampliamen-
112 Preliminares
te abierta que vena a morir en un soplido: ge. Yel bote h
ba desaparecido en la bruma...
As, las slabas se incorporaban a la imagen convirtindose
en imagen, y la propia imagen calcaba su movimiento sobre Ia!
modulaciones verbales que la arrastraban. El todo componfa
la idea, el smbolo del salvamento.
Esta transferencia de un mimetismo plstico, de una espcie
de simulacro de lo real en un signo evocador, este conjuntn
audiovisual a la vez sensorial y simblico, constituye, en mi
opin.on, el acto mismo de concebir -al menos en la menta!
dad infantil- y su resultado en el concepto. Porque as ocurre
con todas las palabras de mi infncia, es decir, con todas las
palabras usuales, familiares, cotidianas. Cuando la cartilla no
orecia una imagen, yo la compona en mi espritu. As, con la
palabra naufrage [naufrgio], que se leia en la peina prece
dente. Yo imaginaba un velero sorprendido por la tempestad
con inmensas olas que lo sumergan a mdias. El paio mayor
quebrado por el rayo, se desplomaba sobre el puente en mdio
de un espantoso fragor. Un fragor que coincidia con el fra de
naufrage. Una enorme ola hacia nauf aplastndose contra la
quilla yel navio se hunda en las olas como en un estertor age
cMe atreveria a afirmar que el ms hermoso poema que lei'
el que me lanz a un alborozo extraordinrio, extrano, indescrip-
tible, a un xtasis jams recobrado luego, es el juego de vocales y
consonantes en el muy simple Ba Be Bi Bo Bu... Za Ze Zi Zo
Zu del muy modesto Rgimbaud?...
Atal punto es verdad que, en los poemas, aun en los ms
elaborados, lo que quiz buscamos reencontrar, traspuesto a
un plano superior, es el secreto de nuestros primeros vagidos
Ia emocin de nuestros primeros deslumbramientos.
A esta estrueturacin audiovisual que acabo de describir
cuyo caracter puramente emocional debe, verosmilmente ser
comun a todos los indivduos, corresponde, en ei nino una es
trueturacin mental de caracter estrictamente lgico
Si, como se ha subrayado (xxn), el pensamiento no es ese
espejo de la lgica que pretendan Marbe, Bhler y Selz el
esfuerzo de identificacin del pensamiento a las condiciones
dei mundo exterior supone (do determina?) Ia intuicin de un
cierto orden en las relaciones entre las cosas. De donde se ori
gina, desde los tiempos ms remotos, una tendncia organiza
dora referida a la razn, al juicio.
Resulta difcil verificar objetivamente la visualizacin del
lenguaje. Pero no ocurre lo mismo con esa tendncia que se
mamfiesta en los dibujos infantiles. El nino, en efecto, nunca
La palabra y la imagen 113
senta jas cosas segn una visin personal, como vistas bajo
r cierto ngulo, sino segn su comprensin. Considera a las
_ sean la coherencia de sus atributos. El nino no dibuja
a casa, un automvil, sino una idea: la idea casa, la idea
tomvil, que siempre se presentan como el diagrama de un
itecto 0 ei plano de un ingeniero con caractersticas de in-
r^nuidad.
Sin duda, la reproduecin de un solo aspecto supone una
nacidad ^e identificacin de diferentes puntos de vista con
, unidad objetiva. Pero si me refiero todavia a mis recuer-
jqs. el dibujo es la sntesis de un examen analtico y lgico
porque el nino busca en todas las cosas el modelo ideal que
rena sus caractersticas esenciales; un en si que lo satisfa
a y tranquilice, que le d la seguridad de haber captado un
todo del que tiene conciencia, mientras que un solo aspecto
le da la impresin de que se le escapa una parte del objeto. En
su impericia el nino quiere apresado todo y este deseo se
anade a su misma impericia. Su visin personal no es, pues, la
de una mirada arrojada sobre el mundo sino la de la represen
tacin que l le da, la de lo imaginado por mdio de lo cual
lo traduce: un imaginado que agrega una emocin creadora a
la razn, que la envuelve, pero que, sin embargo, queda some-
tido a ella.
He ah por qu no puede fundarse ninguna psicologia que
no comience por estudiar la gnesis de las operaciones menta
les tomndolas desde su fuente, para seguir progresivamente
la formacin misma de la inteligncia.
Sea como fuere, lenguaje lrico y lenguaje lgico hallan su
sentido, desde los comienzos de la actividad mental, como ex
presin de dos tendncias del espritu humano: la razn y la
emocin, manifestndose ambas conjuntamente. Entremezcla-
dos en el origen en una misma bsqueda expresiva, un mismo
sentimiento, estos lenguajes se separan no obstante a medida
que el espritu toma conciencia ms precisa del mundo real y
conoce la necesidad de dar cuenta de l objetivamente.
Repitmoslo: creemos que el cine es el nico arte, el nico
mdio de expresin capaz de realizar la sntesis de ambos len
guajes, susceptible de hacer concordar razn y emocin, llegan-
do a una por mdio de la otra en una interdependncia en la
que la reciprocidad permanece constante.
Henos aqui, pues, preparados para comprender mejor, para
captar mejor el papel de la imagen en las estructuras condicio-
nales del film.
Preliminares
As como el lenguaje lrico se basa en la lgica verbal pern
supera su sentido por la accin del ritmo a que se somete
med.ante alguna funcin simblica, el lenguajeV filmm hil
"cn dgeCL 6l0 real -Per SUpera SU Sentid inmedi^o por
nica L fi,m I7pllCaC10nes/ecprocas en la continuidad^
nica dei film. Al someterse las imgenes a un ritmo determin
Antes de enfocar este debemos, empero, estudiar las posihi
lidades unitrias de la imagen flmica P ^
SEGUNDA PARTE
LA IMAGEN FLMICA
no mesmo tempO as obr<S dos grandes tericos do cine
ma, os trabalhos da filmologia e as aquisies da lin
gstiea poderiam paulatinamente -vai demorar -le_
var. especialmente ao nvel d gandes unidades signifi_
cantes. a realizar no campo do cinema o belo projeto
s:lUssunano de um estudo dos mecanismos plo quais
os homens transmitem-se sigificaes humanas nas 50
cicd:dcs humanas.
O mestre de Genebra no viveu suficientemen
te para verificar a importncia assu
r
nida pelo cinema
no nosso mundo. Tal importncia no contestada por
ningum. E necessrio que se faa a semiologia do
cinema.
A
Ir
A
4. ALGUMAS QUESlOES DE
SEMIOLOGIA DO CINEMA
A finalidade do presente texto e;:lmin:1' alguns
dos problelll<s algumas das dificuld<des com (ue se
deparar:i quem quiser dar and<melto, no campo da
"linguag<rn cinematogrfica", ao projeto saussuri:lno d
semiologia geral
r
. quem se propuser estudar U combi
nao C o funcionamento das principais estruturas sigi
ficantes ('rprcgadas na mensagem lnmica. A semiologia
sonhada por F. de Suussure est, incipiente, como o cons
t3la"a E. luyssens 2; mas qualquer estudo aplicado
II) c # M J LlI"jqu G;". },
(lJ L. ",.,.s ., I Jls<,, 8tI; d. 1 de tDu1
J. C3]. I. ]. 0.
/10
//1
esta ou quela "linguagem" no-verbal, desde que ado
te uma pertinncia defdamente semiolgica e no se
satisfaa com consideraes de "substncia", uma
contribuio, importante ou modesta, a este gande em
prendimento que o estudo geral d sigificae.
A prpria expresso "linguagem cinematogrfi
ca" j coloa todo o prblema da semiologa do fme;
exigria numerosos comntros justcatvos e, a rigor,
s devera M usada depis -que estvesem mais adian
tados os estdos dos memos semiolgcos que atuam
na mensagem fmica. A ccmodidade da expresso, no
entanto, no levar a conservar dede j este sintagma
petrificado que se imps aos poucos na lngua especia
lizda da teora e da esttca do cinema. Mesmo de um
ponto de vista rigorosaente semiolgco, no imps
svel apresentar desde j uma primeira justificativa da
expresso "linguagem cinematogrfca" (no confndir
com "lngua cinematogfca", que no nos parece acei
tvel) - justficativa que, no atual estado das pesqui
sas, no pode ser seno gobal. Procuraremos apresen
t-la no conjuto do presente artigo, sobretudo na pe
nltma pgna.
Cinem e ativiade
O "flmo-semilogo" tem de fazer uma primeira es
colha: o corpu deve ser constitudo por longas metra
gens (isto , filmes ativos), ou, plo contrrio, pr
curtas metragens, dOentrios, fe tecnolgicos,
pedaggcos, publicitrios etc. 1 Poeramos responder
que depende simplesmente do que se quiser estudar, que
o cinema tem vrios "dialetos", que cada um deles pe
motivar um exame especco. Sem dda. Entretanto,
h uma hierarquia das importncia (ou melhor: das ur
gncias metodolgcas) que leva a privilegar - pelo
menos no incio - o etudo do fme narrativo. : sa
bido que nos anos que precederam e seguiram a inven
o dos irmos Lumiere, em 1895, os crticos, os jor
nalistas e at os pioneiros divergam bastante quanto
funo socil que atribuam ou profetizavam para a nova
mquina: processo de regstro ou arquivo, tecnografia
auxiliar na pesquisa e no ensino de cincias tais como a
botnica ou a cirurgia, forma nova de joralismo, ins-
112
trumento de piedade afetiva - privada ou pblica -
que peretuaria a imagem viva de mortos queridos etc.
Que o cinema se tenha tomado antes de mais nada uma
mquina de contar estrias, eis o que no tinha sido
realmente previsto. Lgo no incio do cinematgafo,
algumas indicae ou declaras sugeriam o fato,
verdade, mas pouco tinham a ver com o deenvolvimen
to que o fenmeno tomara posteriormente. O encon
tro do cinema Om a na"ativiade um gande fato
que nada tinha de fatal, mas que tampuco ocasio
nal: um fato histrico e soial, um fato de civi
lizo (para empregr uma frmula cara ao soci
logo Marcel Mauss) , um fato que por sua vez con
diciona a evoluo posteror do fme enquanto reali
dade semiolgca, um pouco de modo - indireto e
global mas eficiente - COmo as ocorrncias de lin
gstica "extera" (conquistas, colonizaes, mudanas
de lngua ... ) infuencia o fncionamento "interno"
dos idiomas. No reino do cinema, todos os gneros
que no os "narrativos" - o documentrio, o filme tc
nico etc. - tomaram-se provcias marginais, degraus
por assim dizer, enquanto que o longa metragem de
fico romansca [que chamamos corriqueiramente,
atrav de uma epie de uo pregnante, de "filme"
simplemente 4], apontava de modo cada vez mais
claro a via real da expresso fmica.
A prepnderncia meramente numrica e social
no o nico fator; vem fortale-lo uma considera
o mais "intera": os fe no narrativos distin
guem-se dos "verdadeiros" fmes, basicamente, pela
sua fnalidade soia e pelo contedo substancial mais
do que pelos "prssos de linguagem". As grandes
figuras fndamentais da semiologa do cinema - mon
tagem, movimento de cmara, escala dos planos, rela
es da imagem com a palavra, seqncias e outras
unidades de grande sintagtica ... - so mais do
que semelhantes HD "pequenos" filmes como nos
"grandes". Nada indica que uma semiologia autnoma
nos diversos gneros no narrativos seja possvel seno
(3) Com exceo de alBUDS fatos de lxico, obviamente.
(4) Ver O5 numerOso enunciado. do Upo: "O doumenl:rlo er;1
ruim, mas o filme era mag{co". ou ento: O que pDSS: hoje? Um.
srie de CfW8 metrasens ou um filme?" ClC.
113
como uma srie de anotaes descontnuas assinalando
as difernas em relao aos fme "babituais". Abor
dar os flmes de fico poranto i mais depressa e
mais direto ao cere do problema.
Por outro lado, uma coniderao diacrnica tam
bm nos leva a isso. Desde as reflexes de Bela Ba
lz', Andr Malraux _ Edgar Morin g Jean Mi
[
@
o
ser mostrar uma casa. No cmema, em contrapartIda.
tda
uma
scmiologia da denotao possvel e neces
sr
ia, pois um filme fcito com "ia fotogafias (no
o
de
montagem, co
m suas conseqncias i|fiits)
_ fotografias cuja maioria apresenta apenas aspectos
parciais do referente diegtico. Uma "casa", no cine
ma, ser um plano da escada, em seguida d paredes
exteras, cm seguida um plano mais prximo de janela.
e
m seguida uma rpida vista de conjunto do prdio li
etc. Assim que aparece uma epie de ar/icllla
film:ca que no tem nenhum equivalente na fotograrl;t:
a prpria denotao que construda, organi zda e,
numa certa medida, codiCicada (dissemos codificada,
no
obrigatoriamente cd); temos aqui, na ausn
cia de leis absolutas, um ceno nmero de hbitos do
minantes em matria de inteligibilidade fmica: um
filme montado de qualquer jeito no entendido.
Reencontramos aqui as nossas observaes iniciais:
a "linguagem
cinematogMica" primeiro a literalida
de de um enredo; efeitos artsticos, mesmo se forem
substancialmente inseparveis do :lo smico pelo qual
o filme nos apresenta a estria, no deixam pr isso
de constituir uma outra camada de sigifcas que,
do ponto de vista metodolgico, vcm 'depois'.
() FaLoII aq"; P Iml6/ no cemo plcl",. Os
ludOl
comparali.,,' >obre a prcplo N1 M0 nUma li'u.lo aI e
num. litu.lo mmi.> mo:n,:n ampbm1 QQ gg QsQ 5 6pllca
'ue dll c:ci.m a rOle.. do objc'o. ^W usfotm. ..
.
QUc obode . m 0 leio d. fh,c 0p1ic0, di ""Imic dai QQ5 c d
lioi"loi> da 'Clin1, nlo clllh"cm um (p si !1icl .
(JS) @ 1tmO dill" V que $ O |Q de conjunto 0 D nco
@gg g filme apresen'o. mc_ a"im tral de uma M2. e bid"
qUe " d.m" mo<le,no .bandOtou em UtV a Irawmenta,10 .Ioua! V
mOnl"em ccc"I. c", t"Ot d. hlm'lCm cm continuid.de (ver
sI."""" "plomica V0 plan_q!l<od."). $R $3 Ca o. RR4
mdid. , .. mlol,. da Ik c0 olio |I IRlca. Q ni ulida de O
.Igum. S u0 1iW84cm clnCm3\OI.ir ... COmo tOOU Q ou".s. telO
di acr Ol. Um "
p
lano" "nico tm erra cm ii .:as 1110,1>'"
(uem pio: A "."!m P um *W D C0Q movimcs:o c:.
sem m.,m).
/19
Paradigllltica e silltagmtica
A semiologia do cinema ser provavelmente mais
baseada na sintagmtica do que na paradigmtica. No
que no haja nenhuma paradigmtica flmiea: a certos
pontos da cadeia, o inventrio das unidades provvei
limit:do, por isso a que surge no contexto adquire
semido em relao aos outros membros do paradigma
o que ocorre com a oposio "escurecimento/fuso"
no contexto "juno de duas scqncias'.: uma sim
ples comulao - que os usurios, quer dizer, os es
pectadores fazem, alis espontaneamente - possibilita
destacar os significados correspondente: hiato espao
-temporal com permanncia de alguma relao trnsili
va profunda (= fuso) e hiato espao-temporal seco
( escurecimento). Na maior parte das posies da
cadeia fimica, porm, o inventrio das unidndes prov
vcis grandemente abeno (embora no infinito). Mui
to mais aberto, de qualquer modo, que na lingstica
os inventrios de lexemas, que no entanto se opem
aos inventrios de moneras gram:ticais pelo seu ca
dter no-fechadoY Pois, apesar d: dificuldade, j sa
lientada por Joseph Vendryes cm Le langage, de dis
criminar cxatamente as palavras de um idioma, plo
menos possvel indicar um limite infcrior e um limite
superior, e assim ter uma idia de gandeza aproxima
da (cm francs, o lelema 1m' eliste, enquanto que
o !elema prou! no existe). No se d o mesmo ne
cincma, em que o nmero das imagens realiuveis
indefinido. Vrias vezes indefinido, devcr-se-ia dizer.
Pois os espctculos proflmicos so em si em nme_
ro ilimitado; a natureza exala da iluminao pode mu
Jar infinilarentc e em quantidades no discretas; a
dislincia axial cnlre o motivo e a cmara (variaes
de cscala, isto , tamaQho do plano) est na mesma
(36) /5 5 $KR Pf I U D0 C Oulfo rl.XO. C0l'c
OUltO5 00 io Q MwBM. c0 f0IO Qm ,,Io,'.
(ln Ad Mnln.', Ilnu d. hnzhr,q, c0uc, >q
OD. J1 , 191. T,t CW0O' -19 (. 111). L." c5 cI CO-
|Dc8; Wb c . _ Lds J. tl40. IhIPJ Ur noo/otk L Iby .
110110" & $. 19 (In" UnllUV.un. Mt taor XX). T,Co
"3o: 3-1 (pp. &J-&), L05l!U05 Xt0 m W 'k:k. 01 OCIlO05
lukl .
(l8) to 3cUC0 U,. Ic0h6 QOUf!3U (d. fOll 169). QtOUC0
UO O uC 5 C00Ca UIu!\ U dmora Cu 0;30\0 0c Ru 0 C0HaIA
wl.<. p", Qu O ' M `.
/20
situao"; :1 ll1ideia ;mgubr tambm; proprie_
dadcs da pclcula a lcnl
e usada tambm; a trajclria
exata dos movimentos de cmara (inclusive o plano
fixo, que representa aqui uma espcic de grau zero),
tambm. .. Ora. basta que um destes elementos mude
de uma quantidade perceptvel para que se !rate de
uma QII/r imagcm. O plano no ponamo compar_
vel 1 pal:vra de um llico, mas se parece antes com
um enunciado completo (uma ou mais frases), por re
sultar j de uma combilao bastante livre, de uma
combinaO mais prxima da "fala", elquanto que a
palavra um sintagma protendido pelo cdigo, um sin
Iilgma ;'vertical" como
diria R. F Mikus.o [Obscrve
mes a respeito que entre a imagem o enunciado h
uma ouua semelhana: ambos so unidades atualiza
dils. cnquanto que palavra cm si uma unidade de
cdigo. puramente virtual. A imagem quase sempre
assertiva e a assero uma das grandes 'modalida
des" da atualiz1o, do ato smico."J Parece portanto
que a paradigmtica do filme cst.' condenada a pcrm3-
neccr parcial e fr:lgmentria, pelo mcnos se procurada
ao nvel da imagl!m. Isto se deve naturalmente ao fato
de que a criatio tcm U papel mais imponante na lin
guagem cinematogrfica que na manipulao dos idio
mas: "falar" uma lngua, us-Ia; "falai a linguagem
cinematogrfica, j em certa mcdid< invent-la. Os
locutores formam um
grupo de usurios, os cineastas
um grupo de criao. - Em contrapartida, os espe(._
{tuores de cinema formam por sua vez gpo de
usurios. Por isso a
5emiologia do cinema muitas
vczes levada a colocar-se mais do lado do especlador
do que do cineasta. A distino introduzida por ftien
ne Souriau cntrc o ponto de vista flmico e o pomo
(19) R !on"..,. daI""Ophfq,, (3,i, 1M. . Li.
t Ot `C0 M lpm,,,I), | ]QDS L08 4 Hu q
c$ W 0 planoo" TIG @ ggac QO0c Q QUt SO
0tc5 D IYr01 I_ (Pho plao. pl 0 O 80rOC_ plo Ot
fO0)U0O .,.) 'ue M w,1 / g@ OO pb' "c S < C00I10U,
cUc O plao mal. Jum & gp; qyIqqO. / aI i'o C l
''ul q 01c 0A D6l40H tUn(l. c5QcCl4 00> IOAUIJat@J
0O Ca L08V2RDlfU (1 WW. 1U$CW CDcH@).
(UJ 0 0XP. A$01 W )] pp. A3U. tO cwlo: f 18.
(O NCI OC O"rue P1 j 1"o <I f, J,co,m (op. c/r.).
III O (pp.
s
usu nos
,
especta ores no entenderam esta san-
ao aut?mtica de uma inovao puramente individua
que o sIstema se rsara a ratcar e a oriai alidad
d . 'd
,
cn 6
os arIts cna or consiste, aqui como em outr
parte, em u
t
de modo
_
,
, tcar
gumas cara
e
.
consta, em 1901 na Ingatera, num filme d
F. W.Ulamson, Ataque de W misso na Chin, Tra
tava-s
de uma fita de "atualidades reconstitudas" como
se faZa na poca, A imagens da misso cercada Q0
bO
?
(urante a guera d mesmo nome) e as dos
marinheiros que marcham para libertar os missionrios
(45) Cew d Un/qW Glh I'
113). MImutblliti ct mutabilt du 8Q g
c
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I (p. 10
(M) Ma teria n Q
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CQ- 9, . 16.
' p. s0 a alo O uw m 5,
123
I
I
'I
alternavam-se na IclaY Posteriormente, !stc recurso
veio a se (Orar frcqence.
A alternncia define a forma do significante, po_
rm no obrigatoriamente, como veremos, a do signiri
cado -, o que vale dizer que a rcbio do significante
e do significado, no sintagma alterante, ncm sempre
analgica. S adotarmos como pertinncia natureza
do sigllifica/o i/C dcno/ai l temporal, distinguiremos
trs casos de sintagma alternanle. No primeiro (que
poderemos chamar de simagma allCmalivo), a alter
nncia dol significantes refere a uma alterineia pa
ralela dos significados (aqui: relao analgica). Exem
plo: dois jogadorcs de [crus enquadrados alterativa
mente, cnd: um no momento em que rceebe a bola.
No segundo caso (que poderamos chamar de ill aS*
U alremado), + alterncia corresponde f simultanei
dade dos significados. Excmplo: os prseguidores e
os perseguidos. QUillquer espcctador entende <Iue se
lrata de dU<ls sries cronolgic:ls que pernllnecer a
cada instante contemporneas, que no momento em
que v os perseguidos cavalgarem (na tel<l, lugar do
significantc), os perseguidores no deixam por isso de
ecntinuar a sua cavalgada (na diegese, lugar do signi
fic:ldo). Aqui o IC1{ semitico -alterncia si
multaneidade -deixa de ser analgico. Mas nem por
isso se tora "arbitrrio": continua sendo motivado
(no esqueamos que < analogia apenas uma das for
mas da motivao) e compreenso dete gnero de
s:ntagmas plo peCt:ldor relativamente "naturar' a
motivao deve ser aqui procurada do lado dos mea
nisnlos psicolgicos espontneos da percepo filmica:
Anile Souriau ros!rou .. que os I rechos do tipo 'pcrsc.
guidores-r.erseguidos" sio facilmente entendidos sem
grande aprendizagem, pOis o espectador (com a condi
o de que o ritmo da alternncia no seja por de
mais lento) opera uma " interpolao espontnea" do
m:terial visual oferecido pelo filme; adivinha que a s
rie I continua a se desenvolver no enredo enquanto
eSl vendo a stie: 2 na tela. -Terceiro caso, para o
{} /Q TfM0RTV :Jcq $1RQWB1c- Tnu -M "",.
unto de 1m n"t" "Iu _ UO O $ DI0O Uc M 0DD 2QU1
2 O.
(} " S"",Uon T J1D|<; 0$D5 lo m CD2DOf4 D (1.
nll) |3tA 1`!V`4f /rlmlq". (01. dI.). T,rel C1A0D! J 61.
124
TI 1 TW /, dI.).
PV. I4 !1 1D CT ""bim) Q 3IC1 ~ _ Q@
j,;_,ovphlq u (T- C1f-} )- 4~4 0<HID CCD$\p q
,.1<1.1")
(5/ "Su,u'e Q 1<WU0D Cc JM0I 08^ vD_ ` @
uff1 Q O<< d XUf 9 Cf 4 7 + 1> 1Q d.
), . 1-1. 1C]IWH7D 1R ^MHf 4 U",. q G;,",
(a 4 U I. 19). ]- -+- * "C'' bJ Cc |p''
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2<uCQa Q |UD125 COW D O 1tOD C1qfC20O C p: ". g
L2ID, f 10 CcHUO D ql 2 "conc[o Cc M bjb" (.r.
DTILD/ QC 1'' .. ! a ( `` RAC24
portunida
des lembremos alguns pontos fundamentais: o filme
em si no tem nada que corresponda unidade de
segunda articuao, mermente dtv; todas as suas
unidades -incusive as mais simple, como a fso ou
a cortina -so diretamente sigifctvas (alm disso,
como j dissemo, s apMm atudas) . As comu
taes e outras manipula operadas pela semiologa
do cinema aplicam-se poranto a gande unidade sig
nificantes. As "leis" da linguagem cinematogrfica or
denam enunciados no interior de uma R Q0, e no
monemas no interior de um enunciado, menos ainda fo
nemas no interor de um monema.
O cinema, sem dvida nenhuma, D uma lingua,
contrariamente ao que muitos tericos do cinema mudo
afaram ou sugriram (temas da "cine-lgua", do
aulM 8obtc a quao cm @oU. WlclamM, o etudo de vlos
uos do fe mu qoc o Wta@a "altcaYo' 8cmpto p
Mt dlfctcnmado do g aNmado (ou meso, cmbta m8 ruo,
do MntQm0 p8UM) atravb om omutao Reale UuW!
no cXcmpo dos iodores de dm pdc-4c Uudcm tbtm que os
dol8 paNlto8 0W bos gmclc 0 8lmo1MOtc cm ao (pt-
taIO: 8lut0@a alIeado); pr W ~ cmbbta 8vbW a:
C mal8 nltdo quc ovbo8 cm qoc o chmY aqvl de "Wma-
vm" ~t o ata a alterativo uo ol cno
.
cmo p oo
SUbtip. AO 0, cXl8tcm cm quc 0 Uwm m W 0
tca oU% a tcam Mmpm8 quc uw ot aMlb uo
=w aqul tcudo; as gr eXcmpM "mm al"
@ msluram W se "ptmM" Om oma '\ '' (c8tc
ce 0 P ao) c qvm m & relo m
MlM u0o p @ defnida B QW 8lmoR NdaW ucm p Y
tpt8b W . Om pt oo0 Mdo quc a
Hsta a alIema" mal ri6 obsra O a de "mw
ftcqOMllo tpbtc tc Ipc, C. nota8 Z e Z. 08 cm '
dade se Dio lao o "Ubga atcMtc" cmo mrrw
d orgm ImrM . m 0 Wulo t WW das dclt quc W
0 asinalar (que diversa on gepam ter suprmidO), mm 8lm
cmo conseqnca de uma tcfotmuo do c0bjuulo do qu0dt dos
sudes Ilpos de Umbla8 Hm, t0oDulaQo Qc M OUnUa no
IcXt0 n J dest colellea,
N
. 4Z-J. omd
l8o80amcnlc, 0
anllls IIqul 0MMda gtm patamtc dlida.
(JZ) Fot om ado cm MXtm Incluldos nc8w ONtMa ("Lct
IInaua 00 Unsuaem", c8p 8mcnM pp
.
T99; "Ftobcma8 de denotao
no filme de o" mpalmcaM pp. 29J2 e JJ-IJ9). Of ouuo,
em texto oo repdos nete L=t "Mbe p daos la rfcxO M
u mm" fa rto do h= w !cm Mt): Ett., ;kk
d Hnfm. W I), m Cndqm m Z4, W de WJr N- 1.
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