Eletrônica Analógica - Tiristores e TCA785

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Eletrnica Analgica

Tiristores e TCA785

Nestor Rocha Monte Fontenele

Sumrio
1. Tiristores 1.1 Introduo 1.2 O SCR 1.3 O TRIAC 1.4 O DIAC 2. O TCA785 2.1 Caractersticas 2.2 Princpio de Funcionamento 2.3 Exemplo de Aplicao 3 3 3 5 7 8 8 11 12

1. Tiristores 1.1 Introduo


O nome Tiristor vem do termo grego "thyr" (que significa porta) e engloba uma famlia de dispositivos semicondutores multicamadas, que operam em regime de chaveamento, tendo em comum uma estrutura de no mnimo quatro camadas semicondutoras numa sequncia P-N-P-N (trs junes semicondutoras), apresentando um comportamento funcional biestvel. A inveno do tiristor no fim dos anos 50 do sculo passado foi responsvel por um grande surto de evoluo tecnolgica da eletrnica de potncia, que se estendeu pelos anos 60 e propiciou nos anos 70 o incio da implantao da eletrnica de potncia em escala industrial. A principal vantagem dos tiristores o controle de grande quantidade de energia. Essa caracterstica faz com que esses dispositivos sejam utilizados tanto no controle eletrnico de potncia quanto na converso de energia. Os tiristores permitem por meio da adequada ativao do terminal de controle, o chaveamento do estado de bloqueio para estado de conduo, sendo que alguns tiristores (mas no todos) permitem tambm o chaveamento do estado de conduo para estado de bloqueio, tambm pelo terminal de controle. Como exemplo de tiristores, podemos citar o SCR, o TRIAC e o DIAC.

1.2 O SCR
O SCR (Silicon Controlled Rectifier) se assemelha a um diodo pelo fato da corrente poder fluir pelo dispositivo em um nico sentido, entrando pelo terminal de anodo e saindo pelo terminal de catodo. No entanto, difere de um diodo, porque, mesmo quando o dispositivo est diretamente polarizado, ele no consegue entrar em conduo, enquanto no ocorrer a ativao do seu terminal de controle (terminal denominado porta, ou gate em ingls). Ao invs de usar um sinal de permanncia contnua na porta (como nos transistores) como sinal de controle, os tiristores so comutados ao ligamento pela aplicao de um pulso ao terminal de porta, que normalmente pode ser de curta durao. Uma vez comutado para o estado de ligado, o tiristor SCR permanecer por tempo

indefinido neste estado, enquanto o dispositivo estiver diretamente polarizado e a corrente de anodo se mantiver acima de um patamar mnimo.

Figura 1 Estrutura do SCR.

Na Figura 1, tem-se a estrutura interna de um SCR. Como se pode perceber, ela composta por trs junes PN. Ao se aplicar uma tenso positiva no anodo em relao ao catodo, as junes J1 e J3 ficam polarizadas diretamente, enquanto a juno J2 fica polarizada reversamente. Com isso, no haver conduo enquanto de corrente at que a tenso entre anodo e catodo se eleve a um valor que provoque a ruptura da barreira potencial em J2. Se houver uma tenso positiva VDISPARO entre a porta e catodo, circular uma corrente IG atravs de J3, com portadores negativos indo do catodo para a porta. Por construo, a camada P ligada porta suficientemente estreita para que parte dos eltrons que cruza J3 possua energia cintica suficiente para vencer a barreira de potencial existente em J2, sendo ento atrados pelo anodo. Desta forma, a juno reversamente polarizada tem sua diferena de potencial diminuda e estabelece-se uma corrente entre anodo e catodo, que poder persistir mesmo na ausncia da corrente de porta. Quando a tenso entre anodo e catodo for negativa, J1 e J3 estaro polarizadas reversamente, enquanto J2 estar polarizada diretamente. Assim, o SCR bloquear o fluxo de portadores enquanto no for superada a tenso de ruptura das duas junes.

Figura 2 Circuito para disparo do SCR.

Como entre a porta e o catodo h uma juno PN, tem-se ento uma tenso de aproximadamente 0,7 V. Desta forma, analisando o circuito da Figura 2, pode-se determinar a tenso VDISPARO necessria para proporcionar a corrente de disparo IG atravs da resistncia limitadora RG:

Um SCR pode disparar por rudo de corrente na porta. Para evitar estes disparos indesejveis, deve-se utilizar um resistor entre a porta e o catodo que desviar parte do rudo. Em alguns tipos de SCR, essa resistncia j vem internamente no componente para diminuir sua sensibilidade. Os SCRs so empregados em corrente alternada como retificadores controlados e, quando utilizados em corrente contnua, comportam-se como chaves. O SCR apenas um tipo de tiristor, mas devido ao seu disseminado uso na indstria, muitas vezes os termos tiristor e SCR so confundidos. Na Figura 3, tem-se a imagem do smbolo utilizado para representar um tiristor SCR.

Figura 3 Smbolo do SCR.

1.3 O TRIAC
Um TRIAC (TRIode for Alternating Current) um componente eletrnico equivalente a dois retificadores controlados de silcio (SCR) ligados em antiparalelo e com os terminais de disparo (gate) ligados juntos. Este tipo de ligao resulta em uma chave eletrnica bidirecional, que pode conduzir a corrente eltrica nos dois sentidos. Agora j no faz mais sentido chamarmos os terminais de anodo e catodo, pois o anodo de um SCR o catodo de outro e vice-versa. Os terminais do TRIAC so chamados de MT1 e MT2 (ou A1 e A2). Na figura seguinte, tem-se a imagem do circuito anlogo a um TRIAC.

Figura 4 Circuito anlogo a um TRIAC.

Um TRIAC pode ser disparado tanto por uma corrente positiva quanto negativa aplicada no terminal de disparo. Uma vez disparado, o dispositivo continua a conduzir at que a corrente eltrica caia abaixo do valor de corte. Isto torna o TRIAC um conveniente dispositivo de controle para circuitos de corrente alternada, que permite acionar grandes potncias com circuitos acionados por correntes da ordem de miliampres. Tambm podemos controlar o incio da conduo do dispositivo, aplicando um pulso em um ponto pr-determinado do ciclo de corrente alternada, o que permite controlar a percentagem do ciclo que estar alimentando a carga (tambm chamado de controle de fase). O TRIAC de baixa potncia utilizado em vrias aplicaes como controles de potncia para lmpadas dimmers, controles de velocidade para ventiladores, entre outros. Contudo, quando usado com cargas indutivas, como motores eltricos, necessrio que se assegure que o TRIAC seja desligado corretamente, no final de cada semiciclo de alimentao eltrica. Para circuitos de maior potncia, podemos utilizar dois SCRs ligados em antiparalelo, o que garante que cada SCR estar controlando um semiciclo independente, no importando a natureza da carga. Abaixo, tem-se o smbolo utilizado para representar um TRIAC:

Figura 5 Smbolo do TRIAC.

1.4 O DIAC
O DIAC (DIode for Alternating Current) um gatilho bidirecional ou diodo que conduz corrente apenas aps a tenso de disparo ser atingida e para de conduzir quando a corrente eltrica cai abaixo de um valor caracterstico, chamado de corrente de corte. Este comportamento o mesmo nas duas direes de conduo de corrente. A tenso de disparo por volta dos 30 volts para a maioria destes dispositivos. O DIAC normalmente usado para disparar TRIACs e SCRs.

Figura 6 Estrutura do DIAC.

Como pode se ver na Figura 6, o DIAC possui trs camadas semicondutoras (PNP), mas no tem o comportamento de um transistor devido a sua dopagem.

Figura 7 Circuito anlogo a um DIAC.

O DIAC pode ser considerado como dois diodos zener em oposio conectados em srie, como mostrado na Figura 7. Se a tenso for aplicada ao DIAC, por exemplo, no sentido direto do diodo D1, a corrente que passar por ele ser a pequena corrente de fuga inversa do diodo D2. Quando a tenso aumenta, haver somente um ligeiro aumento na corrente at que a tenso de ruptura do diodo D2 seja alcanada. A corrente aumenta rapidamente e a tenso cai ao valor da tenso de ruptura VZ. Nesta condio, o DIAC est conduzindo e a corrente s ser limitada pelo circuito externo. Quando a tenso aplicada for removida, o DIAC retorna ao seu estado de no conduo. Se a tenso do DIAC for aplicada no sentido direto do diodo D2, uma ao semelhante ocorre, porm, com sentido contrrio.

A Figura 8 mostra o smbolo utilizado para representar um DIAC.

Figura 8 Smbolo do DIAC.

2. TCA785
O TCA785 um circuito integrado dedicado a circuitos de disparo de tiristores. Quando h necessidade de preciso no disparo, sincronismo com a rede de alimentao, simplificao do projeto e outras vantagens, o uso deste C.I. mostra-se bastante vantajoso.

2.1 Caractersticas
Principais caractersticas: - Possui circuito de reconhecimento de passagem por zero - Opera numa ampla gama de aplicaes - Pode ser usado como chave de passagem por zero - compatvel com LSL - Opera em circuitos trifsicos (3 CIs) - Fornece uma corrente de sada de at 250 mA - Possui uma ampla faixa de correntes de rampa - Opera numa ampla faixa de temperaturas

Condies mximas de operao: - Tenso de alimentao: 18 V - Corrente mxima nos pinos 14 e 15: 400 mA

- Corrente de sincronismo: +/- 200 A - Corrente de sada nos pinos 2, 3, 4 e 7: 10 mA

Condies recomendadas de operao: - Tenso de alimentao: 8 a 18 V - Freqncia de operao: 10 a 500 Hz

Pinagem: Na figura abaixo, tem-se a imagem da pinagem do TCA785:

Figura 9 Pinagem do TCA785.

1 - GND - Terra 2 - - Sada 2 invertida 3 - QU - Sada U 4 - - Sada 1 invertida 5 - VSYNC - Tenso sincronizada 6 - I - Inibio 7 - QZ - Sada Z 8 - VREF - Tenso estabilizada

9 - R9 - Resistncia de rampa 10 - C10 - Capacitncia de rampa 11 - V11 - Tenso de controle 12 - C12 - Extenso de pulso 13 - L - Durao de pulso 14 - Q1 - Sada 1 15 - Q2 - Sada 2 16 - VS - Tenso de alimentao

Diagrama de blocos: Na Figura 10, pode-se ver, alm da pinagem do TCA785, o circuito interno desse CI.

Figura 10 Diagrama de blocos do TCA785.

Diagrama de pulsos: Na Figura 11 mostrada abaixo, pode-se ver o diagrama de pulsos do TCA785.

Figura 11 Diagrama de pulsos do TCA785.

2.2 Princpio de Funcionamento


O sinal de sincronizao obtido atravs de uma resistncia hmica de alto valor a partir da linha de alimentao. Um detector de passagem por zero transfere esse sinal para um registrador de sincronizao. O registrador de sincronizao controla um gerador de rampa. Neste registrador, o capacitor C10 carrega-se com uma corrente constante (determinada por R9). Se a tenso da rampa V10 excede a tenso de controle V11, um sinal processado pela lgica interna. Dependendo da tenso de controle V11, o ngulo de disparo pode ser deslocado numa faixa de 0 a 180 graus.

Para cada meio ciclo, um pulso positivo de aproximadamente 30 s de durao aparece nas sadas Q1 e Q2. A durao do pulso pode ser prolongada at 180 graus por meio do capacitor C12. Se o pino 12 for conectado ao terra, teremos pulsos com durao entre o ngulo de disparo e 180 graus. As sadas e fornecem pulsos invertidos em relao a Q1 e Q2. Um sinal com o ngulo de disparo mais 180 graus, que pode ser usado para controle de lgica externa, disponvel no pino 3. Um sinal que corresponde ao link NOR entre Q1 e Q2 disponvel na sada QZ, que corresponde ao pino 7. A entrada de inibio (pino 6) pode ser usada para desabilitar as sadas Q1 e Q2, assim como as complementares. O pino 13 pode ser usado para estender os pulsos das sadas e para um pulso completo cujo comprimento a diferena entre 180 graus e o ngulo de disparo.

2.3 Exemplo de Aplicao

Figura 12 - Controle de TRIAC para correntes de disparo at 50 mA.

Na Figura 12, tem-se um circuito de controle de fase que atua diretamente sobre a comporta de um TRIAC e que pode ser ajustado continuamente na faixa de 0 a 180 graus, por meio de um potencimetro comum de 10 k. Este circuito pode ser usado, por exemplo, para controlar a temperatura linearmente de um chuveiro eltrico, aquecedor de ambiente ou para controlar o brilho de um sistema de lmpadas incandescentes de alta potncia (dimmer). Uma caracterstica interessante deste projeto que mesmo durante o semiciclo negativo da alimentao, o TRIAC recebe um pulso de disparo positivo pelo pino 14, o que permite ao controle ter o funcionamento em onda completa mesmo sem um sistema retificador para isso que atue sobre o controle. A largura dos pulsos de disparo de aproximadamente 100 s.

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