Onolatria
Onolatria
Onolatria
O artigo abaixo demonstra que o nome de Jesus nada tem que ver com a adoração
de animais. Ele remete-nos a algumas conclusões como a de que apenas os inimigos do
cristianismo procuraram fazer ligação entre a adoração a Jesus e a adoração a um jumento
(não a um cavalo).
Muito ao contrário da idéia daqueles que fazem ligação entre o hebraico sus,
cavalo, e a terminação do nome Jesus em grego (Iesus), essa é uma semelhança meramente
aparente e sem nenhuma relação lingüística. Mesmo sem tentar fazer essa ligação entre a
palavra sus (cavalo em hebraico) e o nome de Jesus, os pagãos, e não cristãos fiéis, é que
tentaram desmoralizar o cristianismo, aludindo à morte do Salvador na cruz como
evidência de fraqueza, e a entrada humilde do Salvador em Jerusalém montado em um
jumento como desculpas para blasfemar do Redentor. Talvez esteja aí a origem de um
desenho feito no período romano, retratando o Senhor Jesus como um jumento crucificado.
Ao contrário do que alguns têm tentado provar através de argumentos desprovidos
de fundamentação séria, nunca, em nenhuma época, os cristãos entenderam ou declararam
que a pronúncia do nome (Iesus) se referisse a qualquer deus-cavalo ou deus-
jumento ou tivesse qualquer origem na palavra “sus” (cavalo).
Em português a ligação de sus (cavalo em hebraico) e o nome Jesus é mais
absurda ainda. Porque a última sílaba do nome Jesus começa com som de “Z” e além de
não ter nenhum vínculo lingüístico com a palavra “sus” (cavalo no hebraico) esta última
tem som de “S”, não havendo entre as duas nem mesmo semelhança fonética.
Toda essa analogia e interpretação que liga o nome de Jesus com a adoração de
um deus-cavalo revela a sua origem da parte de curiosos, que manipulam de forma
inconseqüente e fanática dados históricos e lingüísticos além de sua competência, o que
serve apenas para iludir e desviar incautos.
Resumo
1
Milton L. Torres é professor de língua grega e arqueologia bíblica no Seminário Adventista
Latino-Americano de Teologia. Sua formação inclui um bacharelado em teologia, obtido em 1984; uma
licenciatura em letras, obtida em 1988; um mestrado em lingüística pela Universidade Federal da Bahia
(1996); e outro mestrado em língua grega pela Universidade do Texas (2001), nos Estados Unidos.
Atualmente se prepara para concluir sua tese de doutorado em arqueologia também pela Universidade do
Texas. Sua experiência no ensino de línguas é superior a vinte anos, tendo ensinado português e inglês por
mais de quinze anos e tendo ensinado grego, na Universidade Federal da Bahia e no Seminário Adventista,
por um período pouco inferior a dez anos.
Este artigo traça a história etimológica do nome de Jesus e procura demonstrar,
através das evidências literárias e arqueológicas, que não existe conexão alguma entre a
Abstract
This article traces the etymological history of the name of Jesus and seeks to
establish, through an analysis of the literary and archaeological evidence, that there have
never been any connections between the etymology of the name and the ancient calumny
pelo nome de Jesus Cristo ou Cristo Jesus em menos de cem passagens, e pelo nome de
Senhor Jesus Cristo menos de cinqüenta vezes. Antes de Sua ressurreição Ele é geralmente
Cristo Jesus. Nosso Senhor não é o único personagem bíblico a receber o nome de
(3:29). Jesus, chamado Justo, era também o nome de um dos companheiros de Paulo
Hebreus 4:8. Além disso, Barrabás é chamado de Jesus em Mateus 27:16, enquanto que o
Antigo Testamento. Vale lembrar que a Septuaginta era a versão bíblica usada por todos os
judeus da Diáspora e por muitos judeus que viviam em Jerusalém na época de Jesus, pois
esta havia sido traduzida para o grego por setenta e dois rabinos uma vez que o grego se
tornara a lingua franca daquele período. A forma grega equivale ao nome préexílico
nos livros de Esdras e Neemias e aquele dado, primeiramente, a Josué, filho de Num, nos
livros de Êxodo, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, 1 Reis 16:34 e 1 Crônicas 7:27,
mas também dada a dois outros homens em 1 Samuel 6:14, 18 e 2 Reis 23:8.2 O que os
tradutores da Septuaginta fizeram foi reter a forma mais curta do nome e acrescentar o “s”
final para facilitar a declinação do nome na língua grega. Obviamente o Novo Testamento
[Ieshuah] ao se referir duas vezes a Josué sob o nome de [Iesous]: Atos 7:45 e
Hebreus 4:8.
O nome de Jesus era, até o início do segundo século depois de Cristo, um nome
muito popular entre os judeus. De acordo com a Epístola de Aristeas 48:49,3 três entre os
setenta e dois tradutores da Septuaginta se chamavam Jesus. Josefo menciona cerca de vinte
pessoas com este nome, dentre elas dez contemporâneos de Jesus Cristo. Além da evidência
2
Contudo, a forma longa do nome aparece em referência ao sumo-sacerdote Josué nos livros de
Ageu e Zacarias.
3
Segundo o Dicionário de Oxford, um obra publicada em inglês acerca dos principais documentos
da igreja cristã, a Epístola de Aristeas foi escrita originalmente em grego, provavelmente entre 200 a.C. e 33
A.D.
Jesus. Os renomados e antiqüíssimos papiros de Oxyrhynchus (4.816) empregam a forma
grega já no sexto século antes de Cristo.4 Uma inscrição funerária do séc. I antes de Cristo,
papiro encontrado na colônia judaica de Apolonópole Magna, no Egito, traz diversos outros
Após o séc. II depois de Cristo, o nome Jesus desaparece como nome próprio,
exceto entre os rabinos. Com efeito, o nome Jesus como nome próprio não é encontrado
nem mesmo nas abundantes inscrições oriundas das catacumbas romanas.5 Nos escritos
rabínicos, Jesus de Nazaré é quase sempre chamado de wvy [Ieshu] e o Talmude usa este
[Iesous] quanto da hebraica [wvy [Ieshuah] como nome próprio sugere duas coisas:
os cristãos estariam evitando o nome por respeito à pessoa de Jesus Cristo e os judeus o
estariam evitando a fim de não demonstrarem qualquer simpatia ou identificação com Ele.
Conforme mencionado acima, o nome de Jesus não aparece como nome próprio
nas catacumbas romanas e tal era o respeito dos cristãos primitivos pelo nome que as
inscrições dos primeiros séculos da era cristã são igualmente omissas quanto a ele mesmo
4
A coleção de Oxyrhynchus inclui milhares de fragmentos de papiro encontrados em 1897 em um
vilarejo egípcio cerca de 15 km a oeste do Nilo perto da cidade de Behnesa.
5
Apenas as formas latinas Gesua (no masculino) e Gesue (no feminino) são encontradas como
nomes próprios nas catacumbas e isto apenas no séc. VI A.D. e apenas na Catacumba de Venúsia.
6
O Talmude é uma coleção de várias tradições judaicas e explicações orais do Antigo Testamento
escrita a partir do séc. II A.D. Em qualquer caso, a formação de [Iesous] a partir de [wvy [Ieshuah]
é séculos mais antiga do que o período cristão. Os primeiros cristãos simplesmente adotaram a forma grega
corrente equivalente ao nome hebraico [wvy [Ieshuah]. Eles fizeram isso de forma natural e sem nenhuma
política deliberada de escolher nomes gregos que tivessem um significado equivalente e inteligível...
em referência à pessoa de Jesus. Enquanto o nome Cristo é plenamente atestado nelas, o
nome Jesus é bastante raro. Uma inscrição funerária encontrada na Via Salária Nova e
agora guardada no Museu Laterano, em Roma, traz os dizeres “Que Regina viva em Jesus”
em latim. Uma outra inscrição encontrada no antigo cemitério de Salona, na Dalmácia, traz
Jesus Cristo, terá vida no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (em latim: Secundianus qui
redidit in Cristum Iesum vivet in Patre et Filio et Ispirito Sancto). Apesar dessa ausência
omissão tenha tido a intenção de rechaçar o nome já que o símbolo do peixe (ichthus, em
grego) interpretado como um acróstico para “Jesus Cristo, Filho de Deus, Redentor” é
encontrado, com muita freqüência, nas inscrições mais antigas da cristandade, conforme o
afirma o Professor Orazio Marucchi, que ensinou arqueologia cristã por muito tempo na
como acontece com inscrições dos cemitérios de Calisto, do Vaticano e de Ciríaca, agora
Assim grafam o nome de Jesus todos os mais antigos e confiáveis manuscritos da Bíblia.
assim-chamado Papiro Egerton 2, que é, juntamente com o Papiro Rylands 457, o mais
antigo manuscrito da tradição evangélica, confirma tal fato. Apenas dois pequenos
fragmentos deste papiro pertencente aos primeiros anos após a morte de João foram
7
Orazio Marucchi, Christian Epigraphy: An Elementary Treatise with a Collection
of Ancient Christian Inscriptions Mainly of Roman Origin (Cambridge: University Press,
1912), p. 96, 99.
conservados. Apesar de conter apenas umas poucas linhas, o papiro usa o nome
antes de este nome ter sido dado a Jesus Cristo e de este ter-se tornado mundialmente
conhecido. Filo de Alexandria, um pensador e exegeta judaico que viveu entre 20 a.C. e 50
com ele (Mut. Nom. 121), as duas primeiras letras são a forma abreviada do
tetragrammaton, o sagrado nome de Deus Pai, e o restante do nome é uma forma do verbo
soizo, que significa “salvar”. Clemente de Alexandria, um teólogo ateniense que viveu entre
150 e 215 A.D., liga o início do nome também ao verbo iaomai, que significa curar
(Pedagogo 3.12.98). Por isso, Cirilo, bispo de Jerusalém que viveu entre 315 e 386 A.D.,
afirma categoricamente que Jesus significa “Salvador” em hebraico e “aquele que cura” em
grego (Cataquese Mistagógica 10.13). Contudo, pode-se afirmar, com certeza, que as
renomado Dicionário Teológico do Novo Testamento, editado por Gerhard Kittel, Assim
segunda referente à palavra hebraica sus, “cavalo”, dando a entender que o nome
etimologia de um nome grego deveria ser preferencialmente explicada com radicais gregos
ou com radicais de uma língua da qual o grego se originasse. A passagem nas Histórias
(5.3.4), do historiador romano Tácito (séc. II A.D.), não se refere absolutamente a uma
prática da onolatria por parte dos cristãos. Tácito, de fato, calunia os cristãos, em seus
Anais (15.44), de terem incendiado Roma e de terem grande ódio pela raça humana.8
romano procura explicar a razão por que os romanos desprezavam os judeus. Segundo ele,
Moisés haveria instituído certas práticas religiosas a fim de afrontar as demais religiões do
mundo. Sendo assim, ele teria instituído o sacrifício de bois para provocar os adoradores do
deus egípcio Ápis. Da mesma forma, o sacrifício de cordeiros teria a finalidade de provocar
outro deus egípcio, Amon. Ele teria proibido a ingestão de porco, porque os judeus teriam
sido supostamente acometidos por uma enfermidade própria daqueles animais. Finalmente,
segundo Tácito, os judeus adorariam o asno e lhe teriam feito uma estátua porque teria sido
esta criatura que os teria guiado a uma rocha, na qual havia uma fonte de água, no momento
desprezível ociosidade.” Como se percebe, mesmo que uma acusação seja feita, isso não
garante, de modo algum, sua veracidade. A calúnia de Tácito é contradita por seus próprios
escritos uma vez que ele, na mesma obra, nos informa que, quando Pompeu, o Grande,
8
De acordo com o historiador, primum correpti qui fatebantur, deinde indicio eorum multitudo
ingens haud perinde in crimine incendii quam odio humani generis convicti sunt, “primeiramente, os
confessos membros da seita foram presos; então, à medida em que eram descobertos, um grande número deles
era condenado, não tanto por causa do incêndio, mas pelo crime de odiarem a raça humana.”
9
De acordo com Tácito, effigiem animalis, quo monstrante errorem sitimque depulerant, “eles
dedicaram, em um altar, uma estátua do animal que os ajudara a acabar com sua peregrinação e sede.”
invadiu Jerusalém, o general romano entrou no templo dos judeus a fim de descobrir os
repetições do texto de Tácito. Isso ocorre com Plutarco, em seu Simpósio 4.5, e Ápio de
Alexandria, em seu livro Contra os Judeus. Tertuliano vigorosamente se opõe contra tal
calúnia ao dizer, em sua Apologia 14, que os inimigos dos judeus certamente inventaram tal
fábula para denegrir a veracidade do milagre realizado por Moisés, quando este extraiu a
água da rocha. Com efeito, Tertuliano, em seu tratado Contra os Gentios 1.14 (em latim,
Ad Nationes), devolve a acusação aos romanos, dizendo que não eram os cristãos que
adoravam asnos, mas os próprios romanos, já que estes tinham muito respeito por Epona, a
deusa dos estábulos, freqüentemente representada por estes como sendo parte mulher e
parte animal.
Contudo, ainda que não proveniente de Tácito, não se pode negar que os cristãos
primitivos tenham sofrido a calúnia de adorarem um asno. Disso temos provas literárias, e
grande escala que se realizaram no Monte Palatino, entre 1846 e 1857, às custas de Nícolas,
extremidade sudoeste do monte, não muito distante da Igreja de Santa Anastácia. Nas
paredes dessas pequenas câmaras, o Padre Garrucci encontrou alguns “graffiti” e, entre
dizeres Alexamenos sebete theon, “Alexamenos adora o seu Deus”.10 Após estudar a
10
É comum a terminação –ete em lugar de –etai nas inscrições antigas.
inscrição, o arqueólogo concluiu que ela pertencia ao terceiro século depois de Cristo.11 A
despeito de seu caráter blasfemo, o “graffito” assume grande importância, portanto, por ser
a mais antiga representação da crucifixão de Cristo. Nas demais câmaras foram também
encontrados outros “graffiti” de teor jocoso escritos, provavelmente, por alunos da escola
fiel”. O termo “fiel” seria, com muita probabilidade, incompreensível a um pagão e, por
isso, conjectura-se que o próprio Alexamenos tenha sido quem o escreveu como uma
famosa cidade italiana destruída pelo Vesúvio em 79 A.D., época contemporânea ao início
arqueólogo alemão Alfred Kiessling, em uma das casas da assim-chamada Rua da Sacada
(Vico del Balcone Pensile), faz uma advertência aos transeuntes de que aquele não era um
lugar para os ociosos. É interessante, contudo, que outros dois “graffiti” ali existentes
sugerem que a casa era um local de reunião dos cristãos. Um “graffito” com os dizeres audi
christianos (“ouçam os cristãos”) pode ser, exceto o Novo Testamento, a mais antiga
referência aos cristãos.12 O outro “graffito” escrito numa caligrafia diferente pode ser uma
reprovação ao trabalho dos cristãos na casa: “aqui, uma mula dá instruções às moscas”. Se
11
Cf. J. Spencer Northcote & W. R. Brownlow, Roma Sotterranea (London: Longmans, Green &
Co., 1879), v. 2, p. 345-352.
12
Paul Berry, The Christian Inscription at Pompeii (Lewiston: Edwin Mellen, 1995).
o contexto é mesmo cristão, o “graffito” confirmaria a difusão da calúnia para além dos
acusação da onolatria está a referência de Tertuliano, em sua Apologia 16, de que, em seu
tempo, estava circulando, em Roma, um quadro que retratava um asno, vestido com a toga
significado de “aquele que permanece no estábulo dos asnos”. Contudo, outros especialistas
têm proposto interpretações alternativas, incluindo “aquele que tem patas de asno”, “aquele
que foi gerado por um asno”, “aquele que tem a cabeça de um asno”, etc.13 Essa declaração
é corroborada por uma gema antiga, cuja origem se desconhece, que apareceu no séc. XVII
reconhece, em seu Octavio 9, que a calúnia já estava em circulação tão cedo quanto o fim
do séc. II. Finalmente, nós sabemos, por intermédio de João Crisóstomo (Ad illum. Catech.,
Homil. ii in fin.) que havia cristãos, em seus dias, que usavam medalhas de Alexandre, o
Grande, atadas a sua fronte ou pés, às quais consideravam como poderosos amuletos.
Algumas dessas medalhas chegaram até nós e geralmente apresentam, no anverso, o busto
DN IHY XRS DEI FILIVS, isto é, “Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus”. A
explicação desse costume pode ser o fato de que durante certo momento do reinado do
imperador romano Alexandre Severo, entre 231 e 235, os cristãos viram sua boa índole
13
Cf. Northcote & Brownlow, p. 347.
como uma esperança de maior liberdade religiosa e, por isso, podem ter tentado lisonjeá-lo,
cunhando uma moeda que o comparava a seu homônimo mais famoso e associando-o,
também, com a humildade do Rei dos reis que adentrara Jerusalém montado em tão
humilde montaria.
Tácito fez de um episódio do livro de Êxodo, em referência específica aos judeus. Com
efeito, Epifânio, em sua obra Contra as Heresias dos Gnósticos (C. Gnost. Haeres. 26),
afirma que os judeus adoravam um deus chamado Sabaote que era metade homem e metade
asno. Desconhece-se, contudo, a razão por que esta calúnia foi extrapolada aos cristãos.
forma de presépio que colocam o bebê Jesus numa manjedoura com um boi e um asno.
Outra possibilidade é que a associação com o asno se deva à sua entrada triunfal em
Conclusão
Nenhum escritor antigo sugere isso. Se os antigos cristãos, muitos dos quais falavam
aramaico, hebraico, latim e grego, jamais perceberam qualquer ligação entre o final da
palavra Jesus e o termo hebraico para cavalo, como é possível que alguns cristãos
modernos que não falam qualquer uma dessas línguas possam insistir em tal conexão.
Sugerir, com base em mera semelhança acústica, que as letras finais do nome de Jesus se
relacionem com a palavra hebraica seria o mesmo que dizer que a etimologia da palavra
portuguesa “vendedor” seria “aquele que vende dor” uma vez que existe semelhança
Paulo (cf. Atos 9:5; 22:8; 26:15). É também o nome que os próprios anjos usam em
referência a Ele por ocasião de sua ascensão aos céus (Atos 1:11) e é um anjo que ordena a
Maria que seja dado ao Salvador (cf. Mateus 1:21). O nome não é, portanto, nenhum
significado da expressão grega euaggelizomenoi ton kurion Iesou, que não significa
“anunciando o evangelho do Senhor Jesus,” mas “anunciando que o Senhor Jesus é a boa
nova.” Além disso, Filipenses 2:10 declara que ao nome de [Iesous] se dobram
todos os joelhos, nos céus, na terra e embaixo da terra. A força do nome [Iesous]
A hipótese de que o nome de Jesus deva ser pronunciado [wvy [Ieshuah] por
terem sido os evangelhos supostamente escritos em hebraico é por demais forçada para que
receba qualquer consideração séria. Se fosse verdade que os evangelhos tivessem sido
escritos originalmente em hebraico, como é que se poderia explicar o fato de que hoje
existam, em diversos museus e bibliotecas espalhados pelo mundo, cinco mil e quinhentos
manuscritos em outras línguas antigas para as quais foram desde cedo traduzidos, vários
milhares de citações dos pais da igreja em latim e grego,14 mas nem sequer um único
nome [Iesous] como tendo sido, de fato, o nome empregado por Cristo. Tanto os
14
Cf. Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1993).
melhores e mais antigos manucritos assim grafam Seu nome, quanto é impossível de
contradizer o esmagador testemunho literário a seu favor. Além disso, apesar de o nome não
ser freqüentemente atestado nas primeiras inscrições cristãs, isso se deve, sem dúvida, ao