Sentença Criminal Júlia Ohlweiler
Sentença Criminal Júlia Ohlweiler
Sentença Criminal Júlia Ohlweiler
N de ordem: Processo n: 00101327238 Inqurito policial: 319399 Natureza: TXICOS LEI 6368/76 Autor: Justia Pblica Ru: GEVERSON EDUARDO GONALVES SILVINO Juiz Prolator: JLIA OHLWEILER Data: xx/xx/xxxx
O MINISTRIO PBLICO, com base no Inqurito Policial n 319399, da Primeira Delegacia Distrital de Porto Alegre, ofereceu denncia contra GEVERSON EDUARDO GONALVES SILVINO, brasileiro, nascido em 09/08/1975, natural de Porto Alegre - RS, filho de Gensio Silvino e Mara Regina Machado Gonalves, residente na Rua B, n 228, Chcara dos Bombeiros, em Porto Alegre- RS, por infrao ao artigo 12 da Lei 6368/76, tendo em vista o seguinte fato:
No dia 27 de abril de 1999, por volta das 22h50min, na rua Jose do Patrocnio, nesta capital, o denunciado, sem autorizao e em desacordo com a lei e regulamento, trazia consigo, para venda, 18,5g de uma erva castanha esverdeada, identificada como canabis sativa, vulgo maconha, geradora de dependnc ia psquica, conforme auto de apreenso e laudo de constatao. Por ocasio do fato, o denunciado estava vendendo a referida droga para duas pessoas ainda no identificadas.
Pleiteou que o denunciado fosse condenado s sanes do art. 12 da Lei 6368/76. O acusado foi preso em flagrante (fl.09) e o auto foi homologado (fl.38).
Foi decretada a priso preventiva do acusado (fl.38). Certificaram-se os antecedentes criminais junto a Comarca de Porto Alegre. A denncia foi recebida em 30/04/1999. O ru foi citado, compareceu em interrogatrio e negou a prtica do delito, alegando ser usurio. Na ocasio, foi nomeado Defensor Pblico para patrocinar a defesa do ru (fl.). Outrossim, foi determinada a realizao de exame de dependncia. Em audincia a defesa requereu a liberdade provisria do ru, e concordando o Ministrio Pblico, foi determinada pelo Juiz. O ru apresentou alegaes preliminares, sem rol de testemunhas (fl.). No houve a localizao do ru para o exame de dependncia toxicolgica e, tendo em vista estar em local incerto e no sabido, foi decretada sua revelia (fls.). Sobreveio laudo toxicolgico do IGP. Foi designada audincia para instruo e debates, momento em que foram ouvidas duas testemunhas da acusao (fls.94). A instruo foi encerrada. Em alegaes finais, pela acusao, foi requerida a desclassificao do fato narrado na exordial para condenar Geverson como incurso nas sanes do artigo 16 da Lei 6368/76. Por sua vez, a defesa nada ops quanto desclassificao do fato postulada pelo Ministrio Pblico.
Trata-se de ao penal, na qual o ru foi denunciado como incurso nas sanes do artigo 12, da Lei 6368/76. Ausentes questes processuais e eventuais nulidades, passo, de imediato, ao exame do mrito. A materialidade restou comprovada diante do auto de fl.18, no qual consta a apreenso de 18,5 gramas de maconha, conforme laudo de constatao da natureza da substncia de fl. e pelo exame de pesquisa de entorpecentes realizado pelo IGP, a fls.. No tocante a autoria, destaco haver indcios suficientes, ainda que o ru tenha afirmado estar com a substncia para uso e no para a venda (fl.53), o mesmo admitiu que se encontrava no local, que, conforme apurado do depoimento das testemunhas, conhecido pelo trfico. Alis, trazia consigo a droga e em atitude suspeita, pretendo vender para outros indivduos (fl.93 e 94). O ru Geverson Eduardo Gonalves Silvino referiu que no dia do fato estava no local fumando maconha e ao visualizar a aproximao dos policias jogou a droga no cho. Mencionou que no se recorda a quantidade da substncia, pois iria utilizar para uso prprio. Ainda, referiu que comprou a substncia de um indivduo por R$ 10,00 (dez reais). A alegao que o ru estava com a droga para uso no foi confirmada pelas testemunhas, pelo contrrio, suas verses corroboram a descrio dos fatos por ocasio da denncia. O policial Jorge Ritter afirmou que no local em que o ru se encontrava comum o movimento de drogas, tendo em vista ter sempre algum vendendo. Enfocou ainda que ao retornar a quadra o ru estava tentando vender o entorpecente. Ao parar a viatura, a testemunha foi at o local onde estava o ru, momento em que o mesmo largou o pacote nos ps e tentou chutar para baixo de um veculo (fl.93). O tambm policial Adilson Silva Patrocnio frisou que o ru estava parado na esquina da danceteria com um pacote, sendo que no momento da abordagem a droga estava prxima ao ru. (fl.94).
No resta dvida acerca do delito, tendo em vista que, apesar da negativa do ru, alegando que apenas usurio, os depoimentos das testemunhas so harmnicos e corroboram o fato de tratar-se de venda de droga. No tocante ao pedido de desclassificao requerido pelo Ministrio Pblico, no merece guarida, pois no restou demonstrado que o ru seria usurio de drogas, bem como o mesmo se encontrava em local conhecido pelo trfico, com grande movimento de populares e com a substncia entorpecente, de forma que favorecia a venda. Assim, indubitvel que o ru trazia consigo 18,5g de canabis sativa para vender. Dessa forma, inexistindo causas que excluam a tipicidade, a ilicitude e isente o ru da pena, ante o contexto probatrio, inevitvel a condenao. Ainda, restou comprovada a reincidncia da parte r em decorrncia da prtica de novo delito aps condenao com trnsito em julgado, no decorrido o tempo previsto no artigo 64 do Cdigo Penal, sendo o caso de agravar a pena a ser fixada. Passo a dosar-lhe a pena, atenta ao disposto no art. 68, caput, do Cdigo Penal. Pena-base: A culpabilidade merece censura normal espcie, tendo em vista a natureza do delito. Em relao aos antecedentes, considerando que as condenaes com trnsito em julgado do ru ensejam a reincidncia, entendo que no poder ser valorado um mesmo fato, a um s tempo como circunstncia judicial e circunstncia legal, evitando, assim, o bis in idem. Ento, no h o que ser valorado como maus antecedentes, sendo analisado na segunda fase de aplicao da pena. Quanto conduta social, verifico que o ru no est empregado, e assumiu ter vcios (fls. 53), o que deve pesar negativamente nesta fase de aplicao da pena.
Outrossim,
analisando
vida
pregressa
do
indiciado
seu
comportamento, resta evidente nos autos que o ru tem a personalidade voltada para prtica delitiva. As circunstncias so as mesmas da configurao do delito, no excedendo a mdia da atuao criminal. Os motivos do crime so os mesmos da natureza do fato, ou seja, so os mesmos inerentes espcie. As conseqncias restaram reduzidas, tendo em vista a apreenso da droga a ser vendida (fl.18). O comportamento da vtima no influenciou na prtica do delito. Assim, atenta ao disposto no art. 59 do Cdigo Penal, considerando estar presente trs circunstncias judiciais desfavorveis, fixo a pena-base em 5 (cinco) anos e 3 (trs) meses de recluso e a pena de multa em 125 dias multa, na razo de 1/30 do salrio mnimo vigente a poca do fato, cada dia multa, em ateno s condies econmicas do ru, a ser corrigida por ocasio do pagamento. Pena Provisria: Na segunda fase da dosimetria, sobre a pena-base fao incidir a agravante da reincidncia constante no Art. 61, I do Cdigo Penal, tendo em vista o ru ter condenao transitada em julgado em 27/02/1996 e ter cometido novo fato em 27/04/99, conforme folha de antecedentes (fl.40). Dessa forma, acreso a pena privativa de liberdade de , fixando a pena provisria em 6 anos, 6 meses e 22 dias de recluso. Pena definitiva: No h que se falar em causas de aumento ou diminuio de pena, devendo a pena de 6 anos, 6 meses e 22 dias de recluso tornar-se definitiva. Substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direito: Ausentes os requisitos para substituio da pena e, considerando que o ru reincidente pela prtica do mesmo crime, deixo de aplicar a substituio da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
Suspenso condicional da pena : No mesmo sentido, deixo de aplicar a suspenso condicional da pena pela ausncia dos requisitos do artigo 77 do Cdigo Penal. ISSO POSTO, acolho a denncia para CONDENAR o ru
GEVERSON EDUARDO GONALVES SILVINO, pela prtica do crime previsto no artigo 12 da Lei 6368/76, a cumprir pena de 6 anos, 6 meses e 22 dias de recluso em regime inicial fechado, colimado no art. 33 do Cdigo Penal, e a pena de 125 dias multa, na razo de 1/30 do salrio mnimo vigente a poca do fato, cada dia multa, a ser corrigida por ocasio do pagamento. Concedo ao ru o direito de aguardar o trnsito em julgado da sentena condenatria em liberdade. Condeno o ru ao pagamento das custas processuais, contudo, suspendo a exigibilidade em razo da Lei 1.060/50. Aps o trnsito em julgado: a) lance-se o nome do ru no rol dos culpados; b) preencha-se e remeta-se o BIE ao DINP; c) oficie-se autoridade policial para que tome as providncias para a destruio da droga apreendida; d) comunique-se ao Egrgio Tribunal Eleitoral; e) forme-se o PEC e remeta-se Vara de Execues Criminais.