Revista Cabra e Ovelha 68
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caderno
Cientfico
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Pseudogestao em cabras
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no roteiro, com base em critrios pr-fixados relativos a qualidades sensoriais e sanitrias dos produtos, adequao de instalaes, a preservao ambiental, a localizao/acessibilidade, etc.; (4) Capacitao tcnica e gerencial dos produtores selecionados e demais atores envolvidos no processo e, (5) Apoio tcnica e financeiro para adequao e qualificao das unidades selecionadas aos padres mnimos exigidos pela atividade. O turismo integrado vitivincola x caprincola, alm de revalorizar os patrimnios cultural e natural da regio, pode contribuir na reorganizao social e econmica das populaes do entorno dos permetros, impactadas por uma poltica de irrigao caolha, que no teve a capacidade de visualizar as previsveis conseqncias de sua excluso, a comear pela descaracterizao da cultura local. preciso, portanto, um empenho especial em envolver, direta e indiretamente, as populaes locais, evitando um turismo que pouco ou no as beneficie. O requisito essencial para o sucesso dessa proposta a existncia de um ou mais produtos tpicos que tenham qualidades realmente diferenciadas em relao aos encontrados no comrcio varejista tradicional. Acreditamos que os produtos lcteos e crneos da nossa caprinocultura, associados paisagem e a biodiversidade da caatinga e cultura, via prticas sociais e de trabalho, costumes e tradies, artesanato e, sobretudo, a hospitalidade em nosso ambiente rural, atendero com sobras esse requisito. Esta seria realmente uma forma de turismo alternativo e inovador, uma atividade que permite ao turista interagir com a paisagem sertaneja e, ao mesmo tempo, traar um paralelo com a contrastante viso (mas no necessariamente excludente) da cultura da irrigao, representada pelos magnficos vinhedos e modernas vincolas. Sentir esse choque e perceber como esses dois mundos aparentemente to dspares podem se dar as mos ser, certamente, uma experincia mais do que compensadora para qualquer turista.
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FONTE: REHAGRO.COM.BR
ntende-se por integrao uma forma de trabalhar onde duas atividades so desenvolvidas em conjunto numa rea comum, seja ao mesmo tempo, ou em momentos diferentes. A integrao, assim como uma parceria, deve trazer benefcios para uma das atividades ou para o sistema como um todo. E mesmo que traga certo prejuzo a uma das atividades, poder ser considerada como vantajosa se o benefcio final for maior que este prejuzo. A integrao utilizando ovinos acontece em vrios lugares do mundo j h muito tempo. No Brasil, alm da integrao com lavouras tambm feita a integrao com diferentes espcies animais, principalmente bovinos e eqinos. Nestes casos, devido a diferentes hbitos de pastejo, um dos benefcios da integrao permitir um melhor manejo dos pastos. Alm disso, este tipo de integrao muito utilizado visando um melhor controle da verminose nos animais, j que a grande maioria dos vermes parasita especfico de determinada espcie animal, sendo destrudos ao serem ingeridos pela outra espcie integrada.
Juarez Simes
mdico veterinrio da ATO e facilitador da Ps-Graduao em Ovinocultura de Corte
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ainda maior quando esse trator usado em mais de uma atividade, caso contrrio, os lanamentos financeiros sero feitos de forma prejudicial a uma delas. A reduo dos custos tambm pode ocorrer devido menor necessidade de Fotos ilustrando a diviso da lavoura com cercas e o retorno do esterco. combate a pragas. tacar as seguintes vantagens na integrao ovinos X Normalmente observa-se uma reduo do custo de roagem, qumica ou mecnica, j que boa parte do que lavours de caf: seria roado passa a ser consumido pelas ovelhas. - Otimizao do uso das reas; Uma observao interessante que temos feito em - Existncia de um segundo produto de venda; algumas propriedades, que talvez, com o passar dos - Diluio e reduo de custos; anos de integrao, a capacidade de suporte animal - Retorno do esterco para a lavoura; da rea trabalhada diminua. Isto pode ocorrer devido A otimizao do uso das reas consiste do uso dos ao pastejo seletivo dos animais, j que existem pragas locais que normalmente ficariam ociosos: carreadores, que no so consumidas pelas ovelhas. Com o passar entrelinhas... onde h crescimento da pastagem que dos anos estas pragas podem se tornar dominantes na ser consumida pelos animais. Em algumas situaes rea, reduzindo assim o consumo pelos animais. Neste interessante formarmos o pasto no meio da lavoura, momento, pode ser interessante formarmos algum tipo pensando no apenas nos animais mas tambm no ma- de pastagem no espao livre da lavoura. Com relao nejo da mesma. Porm, na grande maioria das vezes, lotao animal utilizada, temos trabalhado com valores os animais se alimentam do pasto nativo, no sendo que oscilam entre 7 e 12 animais por hectare. As variveis que interferem na lotao vo desde a qualidade formadas pastagens especiais. Tambm procura-se dividir a lavoura, trabalhando- dos solos e o manejo adotado at a forma de plantio das -se numa espcie de pastejo rotacionado. No entanto, lavouras, com maior ou menor adensamento. Uma outra observao que temos feito que dificilnem sempre isto possvel, principalmente devido movimentao de mquinas. Nestes casos poder ser mente consegue-se trabalhar o rebanho nica e exclusivamente na rea de lavoura. Sempre haver a necessiusado o artifcio de cercas eltricas mveis. A existncia de um segundo produto de venda in- dade de outras reas de escape ou reas para produo teressante principalmente nos anos de baixo preo da de alimento, j que em determinadas pocas do ano cultura integrada, auxiliando na manuteno do caixa ser necessrio retirar os animais da lavoura: pocas de da fazenda. Alm disso, quando se calcula o ganho por florada, colheita e utilizao de determinados defensivos. O retorno do esterco para a lavoura acontece em prounidade de rea, este ganho tende a ser maior nas reas integradas do que nas reas onde se realiza apenas priedades onde os animais so recolhidos a noite ou nas propriedades onde haja etapas de confinamento. Nestes uma das atividades. H tambm a diluio e reduo de custos, o que se casos, muito comum utilizarmos a casca de caf como deve ao fato de que alguns custos passam a ser ratea- cama nos currais. A medida que os animais vo urinando dos entre as duas atividades. Custos como manuteno e defecando na cama, esta vai se transformando em um e depreciao de alguns implementos, custos da sede composto, que posteriormente ser colocado na lavoura. O mais importante que seja feito um bom planejaquando estes existem, salrios de funcionrios, passam a ser divididos. Para isso, devemos sempre nos lembrar mento antes de se iniciar na atividade. A definio das que o rateio deve ser proporcional ao uso do implemento metas e objetivos com a integrao sero os primeiros ou do funcionrio em cada atividade, o que pode deman- passos. Depois necessria a opinio de algum que dar uma melhor controladoria dos dados. Por exemplo: entenda e que tenha experincia com a atividade. Sose o controle do hormetro do trator j importante mente esta pessoa ser capaz de dizer se as metas e quando se tem apenas uma atividade, essa importncia objetivos traados so possveis de serem alcanados.
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Pseudogestao em cabras
pseudogestao uma alterao patolgica de alta ocorrncia em cabras, sendo responsvel por casos de infertilidade ou subfertilidade. Esse distrbio da reproduo tem origem hormonal observado em fmeas no prenhez, quer tenham sido cobertas ou no. Afeta tanto fmeas nulparas quanto plurparas, independentemente da idade, ordem de parto e grau de sangue. Dessa forma, torna-se difcil correlacionar quais so os fatores predisponentes. Na cabra est associado persistncia do corpo lteo, o qual mantm nveis plasmticos de progesterona elevados que induzem um bloqueio do eixo hipotlamo-hipfise, inibindo o retorno da atividade cclica da fmea (anestro). A persistncia do corpo lteo pode-se apresentar em decorrncia de duas situaes: (1) fmea no sendo fecundada aps o estro, apresenta persistncia do corpo lteo cclico e; (2) aps a fecundao h mortalidade embrionria e persistncia do corpo lteo, iniciando a pseudogestao. Esse desequilbrio pode perdurar por at cinco meses. As concentraes de progesterona so similares s de uma fmea gestante at os dias 98 a 133 ps-ovulao, diminuindo a nveis basais, sem, no entanto, expulso do feto. Acredita-se que a causa imediata deste distrbio seja a falha do endomtrio em sintentizar ou liberar a prostaglandina (hormnio responsvel pela lutelise). Entretanto, devido ntima interao entre os hormnios reprodutivos, esta ao pode ser regulada por uma atuao sinrgica de vrios agentes. Como sinal clnico observa-se distenso abdominal, devido ao acmulo assptico de lquido no interior do tero. Tal manifestao proveniente da intensa secreo das glndulas endometriais, originando como complicao, a hidrometra/mucometra. O contedo do tero, nessas condies, varia de massas semislidas (mucometra) at lquidos serosos (hidrometra). O evento acompanhado por significativas alteraes
de comportamento do animal, compatveis com uma gestao verdadeira. A maior evidncia da pseudogestao ou muco/hidrometra a ocorrncia de anestro e a distenso abdominal que frequentemente diagnosticada, erroneamente, como prenhez. Em geral, esse distrbio diagnosticado quando se realiza exames ultrassonogrficos para deteco de prenhez do rebanho. Por este mtodo possvel diferenciar tal evento de uma gestao verdadeira. Na prenhez, alm da presena de lquido possvel visualizar outros sinais caractersticos de gestao como, presena de vescula embrionria ou feto, placentomas e cordo umbilical, por exemplo. No caso de pseudogestao, o contedo uterino apresenta-se na imagem ultrassonogrfica numa variao de ecogenicidade de acordo com densidade. Esse fenmeno no um fator de risco para a sade do animal, no entanto, reduz a capacidade reprodutiva e produtiva, sendo responsvel por grandes prejuzos econmicos ao sistema. O diagnstico precoce viabiliza o tratamento, evitando quadros patolgicos avanados que possam comprometer a eficincia reprodutiva futura da fmea.
FONTE: FARMPOINT.COM.BR
Referncias bibliogrficas
GRUNERT, E.; BIRGEL, E. H.; VALE, W. G. Patologia e Clnica da Reproduo dos Animais Mamferos Domsticos - Ginecologia. 1 Edio. So Paulo: Livraria Varela. 551p., 2005. M.A.M. TAVERNE, M. A. M.; BEVERS, M. M.; HESSELINK, J. W.; VAN DEN BRANDE, H. J. ; DIELEMAN, S. J. ; VAN OORD, H. A. Evidence for a dominant role of prolactin in the luteotrophic complex of pseudopregnant goats. Animal Reproduction Science, V. 36 p. 253-260, 1994. SALLES, M. G. F.; ARAJO, A. A. Pseudogestao em cabras leiteiras relato de caso. Veterinria e Zootecnia. V.15, n.2, agosto, p.251-256, 2008.
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mais eficiente da dieta rica em alimentos concentrados. Isso se deve, em parte, melhoria do pH intestinal, que fornece um meio mais adequado para a ao da enzima amilase pancretica. Isso importante sobretudo em virtude de sua absoro pelo intestino ser relativamente demorada. Portanto, o calcrio calctico uma excelente fonte do clcio, destacando-se em relao s demais, por sua abundncia, pelo preo acessvel e pelo timo aproveitamento do clcio pelos ovinos, alm de beneficiar a digesto e o aproveitamento da dieta. A ovinocultura uma atividade em expanso no Brasil, e estima-se que continuar crescendo nos prximos anos. Para que isso seja possvel, devemos considerar que uma nutrio correta e balanceada desses animais fundamental para o sucesso da produo dessa espcie. LITERATURA CITADA ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I. Nutrio animal. So Paulo: Nobel, 1993. 395p. LUCCI, C.S. Manejo de vacas leiteiras a pasto. Revista Leite B. Caderno de tecnologia, v.86, p.145-147. 1993. NATIONAL RESEARCH COUNCIL NRC. Nutrient requirement of sheep. Washington, D.C.: National Academic Press, 1985. 99p. PEIXOTO, R.R.; MAIER, J.C. Nutrio e alimentao animal. 2.ed. Pelotas: UCPel; EDUCAT; UFPel, 1993. 169p. VITTI, Dorinha Miriam Silber Schmidt et al . Metabolismo de clcio em ovinos em crescimento sob suplementao com diferentes fontes de clcio: aplicao e comparao de dois modelos matemticos.R. Bras. Zootec., Viosa, v. 35, n. 6,Dec. 2006 Disponvel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S151635982006000800039&ln g=en&nrm=iso>. access on 28 June 2011. doi: 10.1590/S1516-35982006000800039.
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FONTE: www.iepec.com.br
ma sintomatologia durante anos. Tem transmisso igual a da MV assim como mesmo diagnstico e controle. A CAE uma doena de alta prevalncia no Brasil e tem se difundido bastante pela falta de controle da doena, embora bem conhecida dos produtores. E apesar de todo o conhecimento e tentativas de se controlar a CAE, a doena continua ocasionando grandes prejuzos econmicos. A MV que tambm age, silenciosamente, lentamente e ainda pouco conhecida e estudada vai aos poucos sendo difundida entre os ovinos, independente de sexo, raa e idade e futuramente causar muitos prejuzos econmicos. A principal forma de transmisso pela ingesto de colostro e leite infectado, inclui-se, ainda, a importncia da transmisso por aspirao de aerossis de secre-
Tcnico
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de fmeas contaminadas. E no existe tratamento nem vacina contra essa doena. Porm, pouca nfase dada ao controle das doenas infecto-contagiosas, especialmente no que tange a maedi visna. Se por um lado manuteno de animais infectados no rebanho representa srios prejuzos econmicos, o sacrifcio de todos os animais infectados , muitas vezes, invivel, pois devido ao potencial de grande parte do rebanho estar acometida, representando a perda incalculvel de material gentico. Dessa forma, tm sido implantados programas de controle visando obteno de descendentes saudveis desses animais enfermos antes de descart-los. Existe a necessidade da ampla divulgao da ocorrncia de Maedi-Visna, conscientizao dos criadores e de todas as entidades direta ou indiretamente envolvidas, como associaes de classe, autoridades sanitrias, rgos financiadores, laboratrios de diagnsticos no sentido de criar rebanhos com status negativo comprovado, o que poder beneficiar no s a criao de ovinos local, como nacional e mundial, pois se trata de doena de difcil controle. Para comrcio de ovinos pelo MERCOSUL necessrio apresentar o atestado de exames negativo para Maedi-Visna e em algumas exposies tambm solicitado. Se todas as medidas profilticas forem adequadamente aplicadas, e feito o controle sistemtico do rebanho atravs de testes sorolgicos bem como complementares, possvel que os rebanhos pouco a pouco consigam o status negativo, porm imprescindvel que os criadores se conscientizem da problemtica que esta doena causa e que queiram participar de um programa de controle voluntrio da Maedi- Visna.
es respiratrias ou de clulas do trato respiratrio. Existem vrios registros de contaminao atravs de agulhas, tatuadores e material cirrgico sem esterilizao; linha de ordenha inadequada (animais soropositivos ordenhados antes de soronegativos), alm da convivncia de animais positivos e negativos em um mesmo espao. A Maedi-Visna ocasiona principalmente problemas respiratrios, como pneumonia, seguidos por mastite, encefalite e artrite, ou at mesmo nenhum sintoma. Causam srios prejuzos econmicos, principalmente devido o declnio da produo leiteira e de carne, perda de peso dos adultos, fraqueza, dificuldade de respirar, morte e abate de animais acometidos, bem como, pela conseqente perda de material gentico de alto valor zootcnico. Os animais infectados podem apresentar os sintomas isoladamente ou conjuntamente, e levando muitos animais a bito e transmitindo a doena para outros animais silenciosamente. Para controlar e prevenir a doena faz-se necessrio a realizao peridica de testes nos rebanhos estabelecidos precocemente e na deteco sorolgica semestral, alm do isolamento ou descarte dos animais soropositivos e a separao dos filhotes ao nascimento, impedindo a ingesto do colostro e leite
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