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ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS SET 862 FUNDAMENTOS DE CONCRETO I
2 Hipteses bsicas
a) As sees transversais se mantm planas aps a deformao; b) A deformao das barras aderentes, em trao ou compresso, a mesma do concreto em seu entorno; c) As tenses de trao no concreto, normais seo transversal, podem ser desprezadas;
d) A distribuio de tenses no concreto de acordo com o diagrama retangular de altura 0,8x , onde x a posio da linha e a tenso 0,85fcd, para sees retangulares, como mostra a figura 2:
Figura 2: Diagrama parbola-retngulo e Diagrama retangular aproximado e) A tenso nas armaduras obtida a partir do diagrama tenso-deformao do ao. f) O estado limite ltimo caracterizado quando a distribuio das deformaes na seo transversal a um dos domnios definidos na figura 3:
Ocorre quando a linha neutra varia de - at x<d, podendo estar portanto, na Reta a, domnios 1 e 2a, conforme mostra a figura 4.
Figura 4: Duas armaduras tracionadas Esta situao ocorre principalmente em tirantes, embora sejam pouco usuais na Engenharia o uso de tirantes em concreto armado. O que caracteriza o estado limite ltimo a deformao no ao de 10 o/oo . Este estado de deformao decorrente da solicitao normal de trao N apresentar pequena excentricidade. O dimensionamento pode ser feito na Reta a, ou seja, trao uniforme.
h h N d e = R s1 d R s 2 d 2 2
Mas,
R s1 = A s1 f yd
R s 2 = A s 2 s 2
Portanto:
N d = A s1 f yd + A s 2 s 2
h M d = ( A s1 f yd A s 2 s 2 ) d 2
A equao de compatibilidade das deformaes obtida por semelhana de tringulos a partir do diagrama de deformaes da figura 4:
s2 s1 = ( d x ) ( d x )
Portanto: s 2 = s1
( d x ) ( d x)
3.3 Exemplo
Seo 20 x 60 cm Nk = 680 kN (trao) e = 4 cm Mk = Nk . e = 2720 kN.cm d = 3 cm Concreto C-25 Ao CA50-A Utilizando as equaes de equilbrio, obtm-se:
1,4 680 = A s1 50 + A s 2 s 2 1,15
50 60 1,4 2720 = A s1 A s 2 s 2 3 1 , 15 2
Donde:
A s1 = 12,57cm 2 A s 2 = 9,33cm 2
Neste caso, a posio da linha neutra deve estar necessariamente entre as armaduras As1 e As2 para que uma esteja tracionada e outra comprimida. Portanto, d < x < d, correspondendo aos domnios 2b, 3 e 4.O diagrama de deformaes e de tenses mostrado na figura 5.
Figura 5: Uma armadura tracionada e outra comprimida O que caracteriza o estado limite ltimo a deformao no ao de 10 o/oo no domnio 2b e a deformao no concreto de 3,5 o/oo nos domnios 3 e 4. Este estado de deformao decorrente da solicitao normal N apresentar grande excentricidade. Este esforo normal pode ser de trao, sendo denominada flexo-trao com grande excentricidade, ou de compresso, tendo-se a flexo-compresso com grande excentricidade. o caso de pilares onde o esforo normal pequeno e o momento devido ao engastamento parcial da viga relativamente grande. Tambm ocorre em vigas de edifcios quando levado em considerao a ao do vento atuando na estrutura, que devido ao efeito de prtico geram esforos normais nas vigas, mas que podem ser desprezados devido pequena intensidade e tambm por ser decorrente de uma ao instantnea, no caso o vento. O dimensionamento ideal ocorre quando a linha neutra est entre os domnios 3 e 4, ou seja, x = x34 , pois o ao est no patamar de escoamento garantindo a ductibilidade na runa e o concreto est caracterizando o estado limite ltimo com deformao de 3,5 o/oo. Tambm pode-se adotar As2 = 0 quando a linha neutra est prxima borda superior, pois as tenses s2 seriam baixas e o equilbrio da seo pode ser garantido apenas com a compresso no concreto acima da linha neutra.
4.1.1 Flexo-compresso
Fazendo o equilbrio da seo na figura 5, com a Normal de compresso, tem-se:
N d = R c + R s 2 R s1
h h h N d e = R c 0,4 x + R s 2 d + R s1 d 2 2 2
Mas:
R s1 = A s1 s1 R s 2 = A s 2 s 2
d d
R c = 0,68 b d x f cd
Portanto:
N d = 0,68 b d x f cd A s1 s1 + A s 2 s 2
h h M d = ( 0,68 b d x f cd ) 0,4 x + ( A s1 s1 + A s 2 s 2 ) d 2 2
4.1.2 Flexo-trao
Fazendo o equilbrio da seo na figura 5, com a Normal de trao, tem-se:
N d = R s1 R s 2 R c
h h h N d e = R s1 d + R s 2 d + R c 0,4 x 2 2 2
Comparando as equaes nos dois casos, verifica-se que a equao de equilbrio de momentos no se altera e que basta inverter o sinal da normal N na equao de equilbrio de foras na flexo-compresso para obt-la na flexo-trao. Portanto:
N d = A s1 s1 A s 2 s 2 0,68 b d x f cd
h h N d e = ( A s1 s1 + A s 2 s 2 ) d + ( 0,68 b d x f cd ) 0,4 x 2 2
s1 s2 = = c ( d x ) ( x d ) x
Portanto:
s1 s2 = = c (1 x ) d x x d
Estas equaes so as mesmas para a flexo simples, visto que o estado de deformao da seo o mesmo.
4.3 Exemplo
Seo 20 x 60 cm Nk = 680 kN (trao) e = 70 cm Mk = Nk . e = 47600 kN.cm d = 3 cm Concreto C-25 Ao CA50-A Admitindo x = x34 = 0,628 , as deformaes nas armaduras so maiores que 2,07 /oo como mostra a figura abaixo, e consequentemente s1 = s2 = fyd .
o
Assim:
952 = ( A s1 A s 2 ) 43,5 869,33 66640 = ( A s1 + A s 2 ) 1174,5 + 13632,5
Resolvendo:
A s1 = 12,57cm 2
A s 2 = 9,33cm 2
Se a excentricidade for reduzida para e = 32 cm , por exemplo, a situao econmica seria As2 = 0 e as incgnitas do problema passariam a ser A s1 e x , que resultariam:
A s1 = 23,85cm 2
x = 0,062 ( x = 3,50 cm )
Figura 6: Duas armaduras comprimidas O que caracteriza o estado limite ltimo a deformao no concreto de 3,5 o/oo no domnio 4a e 2 o/oo a 3/7 de h nos domnios 5 e reta b. Este estado de deformao decorrente da solicitao normal N exclusivamente de compresso apresentar pequena excentricidade. o caso tpico de pilares, principalmente no domnio 5. Se a linha neutra estiver prxima borda inferior, conveniente adotar A s1 = 0 pois as tenses s1 seriam baixas. Outra situao econmica consiste em fazer o dimensionamento na reta b, ou seja, compresso uniforme, porm, como na trao uniforme, geram armaduras assimtricas que no so empregadas em pilares.
Para se fazer o equilbrio, deve ser analisado dois casos: o primeiro quando y h e o segundo quando y > h. Isto ocorre porque a fora de compresso no concreto passa a ser centrada se y > h, no produzindo mais momento.
h h h N d e = R c 0,4 x + R s 2 d R s1 d 2 2 2
Como:
R s1 = A s1 s1 R s 2 = A s 2 s 2 R c = 0,68 b d x f cd
tem-se:
N d = 0,68 b d x f cd + A s1 s1 + A s 2 s 2
h h M d = ( 0,68 b d x f cd ) 0,4 x + ( A s 2 s 2 A s1 s1 ) d 2 2
NO PRODUZ MOMENTO
N d = 0,85 b h f cd + A s1 s1 + A s 2 s 2
h M d = ( A s 2 s 2 A s1 s1 ) d 2
s1 s2 = = c ( x d ) ( x d) x
3 h 7
Domnio 5:
c = 0,2% a
s1 s2 0,2% = = ( x d ) ( x d ) x 3 h 7
Reta b:
c = s1 = s 2 = 0,2%
5.3 Exemplo
Seo 20 x 60 cm Nk = 1650 kN (compresso) e = 4 cm Mk = Nk . e = 6600 kN.cm d = 3 cm Concreto C-25 Ao CA50-A Utilizando as equaes de equilbrio, e admitindo compresso uniforme na Reta b, tem-se que s1 = s2= c = 0,2% e consequentemente s1 = s2= 42,0 kN/cm2:
2,5 + A s1 42 + A s 2 42 1,4
60 1,4 6600 = ( A s 2 42 A s1 42 ) 3 2
Resolvendo:
A s1 = 1,74cm 2 A s 2 = 9,89cm 2
Equaes adimensionais
Como vimos at agora, o dimensionamento era feito por meio das equaes de equilbrio de compatibilidade, para cada caso. Porm esse procedimento , alm de ser muito trabalhoso, bastante limitado, visto que sempre eram necessrias certas condies para se poder solucionar o sistema de equaes. Como resultado, as armaduras eram sempre assimtricas e o dimensionamento era feito para uma condio bastante particular. Esse problema pode ser solucionado com o uso de programas de computador e com isso poder dimensionar qualquer tipo de seo e com vrios tipos de disposio de armaduras na seo. Para isso, usam-se as equaes adimensionais, que consistem nas mesmas equaes de equilbrio e de compatibilidade j apresentadas, porm na forma adimensional, ou seja, divididas por termos que as tornem adimensionais.
Nd b h f cd
Md e = h b h 2 f cd
A s1 f yd b h f cd A s 2 f yd b h f cd
1 =
2 =
= 1 + 2
1 d = ( 1 2 ) 2 h
= 0,68
1 d d x 1 = 0,68 x 0,4 + 1 s1 + 2 s 2 h h f yd f yd 2 2 h
flexo-trao:
d x + 1 s1 2 s 2 h f yd f yd
= 0,68
1 d d x 1 = 0,68 x 0,4 + 1 s1 + 2 s 2 h h f yd f yd 2 2 h
= 0,68
= 0,68
para y > h:
s1 + 2 s2 f yd f yd
= 0,85 + 1
1 d = 2 s 2 1 s1 f yd f yd 2 h
O dimensionamento pode ser feito utilizando-se bacos. Este recurso bastante utilizado, visto que nem todos os projetistas utilizam softwares para dimensionamento de peas submetidas flexo normal composta. Os bacos consistem num grfico x , que para cada par (, ) obtida a taxa mecnica de armadura , e consequentemente a armadura necessria. Para construir os bacos, fixa-se a relao d/h e o ao a ser utilizado. Analisando as equaes de equilbrio, verificamos que e so funes de x e , e para cada par adotado (x , ) existe apenas um nico par (, ) . Deste modo, pode-se construir os bacos para cada tipo de ao (por exemplo CA-50A ) e para algumas variaes de d/h. Falta exemplo!
4 = 0,071 60
d 3 = = 0,05 h 60
E portanto:
A s = 18,72cm 2
A s1 = A s 2 =
As = 9,36cm 2 2
9 Bibliografia
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118: Projeto e execuo de obras de concreto armado (1982). Rio de Janeiro. FUSCO, P.B. Estruturas de concreto: solicitaes normais. Rio de Janeiro, Guanabara Dois, 1981. PINHEIRO, L.M. Concreto armado: tabelas e bacos. ed. rev. So Carlos,1993. EESCUSP. ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS (1999). Reviso da NB-1. BRANDO, A.M.S.; PINHEIRO, L.M. (1998). Flexo Normal Composta. So Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, EESCUSP. (Notas de aula). BRANDO, A.M.S.; PINHEIRO, L.M. (1998). Bases para clculo. So Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC-USP. (Notas de aula).