Siksastakam
Siksastakam
Siksastakam
iluminao de Srila Bhakti Rakasak Sridhara-Dev Goswami Fundador-Acharya da Sri Chaitanya Saraswat Math
patrapatra-vicara nahi sthanasthana yei yanha paya, tanha kare prema-dana Ao distribuir o amor a Deus, Caitanya Mahaprabhu e Seus associados no levavam em conta quem era candidato apto e quem no era, nem onde tal distribuio deveria ou no acontecer. Eles no impunham condies. Onde quer que tivessem oportunidade, Caitanya Mahaprabhu e Seus associados distribuam amor a Deus. Sri Caitanya Caritamrta Adi-lila, 7 verso 23
O objetivo Supremo da Vida O prximo estgio sreyah-kairava-candika-vitaranam: o santo nome nos concede o objetivo supremo da vida. Aps nos livrarmos dessas duas ocupaes negativas, comea a ocupao positiva que nos levar fianlmente realidade, verdade real, que eterna, auspiciosa e bela. Ele nos leva essa situao auspiciosa que est alm deste mundo de dificuldade, e de um modo geral, alcanamos o objetivo supremo, sublimemente auspicioso, o melhor benefcio atravs do cantar do santo nome de Krsna. Se analisarmos esse estgio minuciosamente, veremos que o santo nome nos conduz a uma relao pessoal ntima com Krsna, compreendendo neutralidade, servido, amizade e afeio paternal (santa, dasya, sakhya e vatsalya rasa). Sreyah abriga a graa de Nityananda Prabhu, pois pela graa dEle que podemos obter permisso para adorar Radha e Krsna em Vrndavana (nitaiyer karuna habe braje radha krsna pabe). O prximo estgio vidya-vadhu-jivanam. O santo nome nos prepara para a rendio indiscriminada a Krsna, encontrada no amor conjugal (madhurya-rasa), onde os devotos se rendem infinitamente disposio de Krsna. O estgio seguinte anandambudhi-vardhanam. Quando alcanamos o nvel adequado durante o cantar do nome de Krsna, encontramos o oceano transcendental, que est alm de qualquer tipo de experincia. O nome vem para se afirmar sobre ns, conforme o grau de nossa rendio, e quando a rendio for total, sentiremos um novo tipo de alegria exttica; experimentaremos um oceano infinito de felicidade que no esttica, mas sempre dinmica. L, encontraremos vida nova e um novo tipo de bem-aventurana. Nunca se tornar sem graa ou esttica, mas vamos saborear a cada momento o sabor do oceano infinito de xtase. Auto Purificao Total O ltimo efeito que nossa existncia plenamente purificada. Esse tipo de desfrute no polui purifica. Desfrute quer dizer explorao. Desfrute mundano gera reao e a poluio atrai o desfrutador, mas aqui, sendo Krsna o agressor, o resultado purificao. Todo desfrute que vem do centro, do desejo autocrtico de Krsna, purifica-nos plenamente. As palavras sarvatma-snapanam nesse verso significam que todas as diversas fases do eu, que podem ser concebidas, so totalmente satisfeitas e purificadas imediatamente pelo cantar do santo nome de Krsna. H um outro significado para sarvatma-snapanam. Se orarmos a Krsna coletivamente, seremos purificados conforme nossa capacidade. Qualquer um que entrar em contato com o som transcendental ser purificado, tanto o cantor quanto a audincia. Snapanam significa purificando. Essa vibrao purifica todos e tudo que entrar em contato com ela. Assim, Mahaprabhu diz: Continuem com o sankirtana, o canto coletivo do santo nome de Krsna. claro que sankirtana tem de ser genuno, por isso necessria a associao dos santos. No uma tentativa emprica. Estamos tentando uma conexo com o reino sublime e incondicional que pode descender aqui para nos ajudar. Precisamos dessa fundamental conexo com a realidade superior. O nome de Krsna no um som meramente fsico, no superficial, algo imenso e elevado (nama aksara bahiraya bate tabu name kabhu naya). Estamos no plano de existncia marginal, portanto, precisamos de alguma conexo superior para que a onda desa do reino superior, venha a ns e propague sua influncia externamente tambm. O sankirtana do santo nome de Krsna produzir esses sete resultados onde quer que esteja. Esse o significado do primeiro verso de Mahaprabhu. O primeiro efeito que o santo nome limpa a alma, atacada pela sujeira dos desejos mundanos. O segundo efeito concede mukti, liberao, independncia perfeita das foras materiais. O terceiro efeito traz a verdadeira fortuna: a abretura do tesouro da alma. As riquezas naturais da alma despertam gradualmente atravs do santo nome de Krsna. Sri Chaitanya Mahaprabhu inclui aqui as outras formas de relacionamento com a Personalidade Absoluta. Ele assume o humor de devoo conjugal para descrever o prximo passo, onde se est totalmente disposio para o desfrute de Krsna, rendendo tudo incondicionamente para Seu mximo prazer. Eu Precisaria de Milhes de Bocas O passo seguinte saborear Sua companhia exttica. Quem pode cantar o santo nome de Krsna propriamente em Vrndavana, o reino de Krsna, vai se expressar com um tipo de ego peculiar: tunde tandavem ratim vitanute tundavali-labdhyate karna-kroda-kadambini ghatayate karnarbudebhyah sprham cetah-prangana-sangini vidjayate sarvendriyanam krtim no jane janita kiyadbhir amrtaih krsneti varna-dvaya Quando o santo nome aparece nos lbios de um devoto, este comea a danar loucamente. A, o nome domina e assume o controle sobre ele, como se perdesse o controle de seus prprios lbios, e o devoto diz: Como posso capturar o xtase do santo nome com uma boca s ? Preciso de milhes de bocas para saborear sua doura ilimitada. Nunca ficarei satisfeito cantando apenas com uma nica boca. Quando o som Krsna entra nos ouvidos, ele sente que o som transcendental desperta em seu corao. Ele pensa: Por que s dois ouvidos ? Isso uma grande injustia do criador preciso de milhes de ouvidos! Assim, meu corao poderia ficar um pouco satisfeito quando ouvisse o doce nome de Krsna. Quero milhes e milhes de ouvidos para ouvir o doce nome de Krsna. Esse o temperamento do devoto quando sua ateno est dirigida ao santo nome. A, ele desmaia, perde os sentidos, mergulhando num oceano de xtase e felicidade. E diz muito desapontado: Falhei em compreender a qualidade e quantidade de substncia do nome de Krsna. Estou perplexo. Que tipo de mel doce est contido no nome ? E assim, o cantor do nome fica maravilhoso. A Mstica Msica da Flauta de Krsna Foi Sri Chaitanya Mahaprabhu quem nos ensinou isso, Ele disse: Cantem corretamente o santo nome, a representao sonora da doura absoluta. Essa doura tambm se encontra na msica da flauta do Senhor. O som da flauta de Krsna
tem o grande poder mstico de capturar e satisfazer a todos e tudo. A corrente do Yamuna ficou paralisada quando ouviu o som da flauta de Krsna. O doce som da flauta de Krsna atrai as rvores, os pssaros e os animais. Tudo que entra em contato com a doce vibrao da flauta de Krsna fica atnito. A vibrao sonora pode fazer milagres, o som possui a mais elevada potncia de captura. O som pode criar ou destruir. Pode fazer qualquer coisa, e tem uma grande capacidade intrnseca. Vem do plano mais sutil, alm do ter. O som universal doura e bondade absolutas. Quo poderoso ele como pode nos capturar! Poderemos ser levados como uma folha de grama na corrente desse doce som, a ponto de no reconhecermos nossa prpria personalidade. Podemos nos perder l, mas no morreremos; a alma eterna. Somos levados pela corrente do som divino, mergulhando e subindo. Somos menos qualificados do que uma folha de grama, e o som de Krsna to grande e to doce que pode nos levar do jeito que bem entender. No podemos comear a conceber quanto poder existe no nome, o som que idntico bondade e doura absolutas. Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: No negligenciem o som que uno e idntico a Krsna. Doura e bondade absolutas tudo est dentro do santo nome. E o santo nome est se apresentando a ns, numa forma muita barata, no necessrio nada para adquiri-lo nem dinheiro, nem esforo fsico. Tudo isso desnecessrio. O que preciso ? Sinceridade. Quem quer que simples e sinceramente aceite o som divino, ficar to enriquecido, que ningum ser capaz de conceber tanta bondade e desenvolvimento. Qualquer um pode conseguir isso facilmente, mas tem de cantar sinceramente, do fundo do corao. claro que sinceridade de todo corao pressupe ir a um agente adequado, um santo, e obter o santo nome dele. Sri krsna sankirtana exaltado por Sri Chaitanya Mahaprabhu, inaugurador do movimento de sankirtana, que veio como Radha-Govinda combinados. Seu conselho extremamente valioso e necessrio para nos dizer que devemos aderir com esprito sincero ao sri krsna sankirtana, o som trnscendental mais purificante, que causa liberao, satisfaz plenamente, e nos concede tamanho alcance positivo, que faz com que nos percamos no oceano de felicidade e doura inconcebveis. Essa a graa de Sriman Mahaprabhu, e Ele proclama: Que sri krsna sankirtana se expanda neste mundo mortal, e beneficie para todo o mundo. plenamente compreensivo. Alivia todos os tipos de problemas, situando-nos na posio de alcance mais exaltada. Somente nama-sankirtana pode nos ajudar nesta presente e degradada era de Kali. Claro que nama-sankirtana benfico em qualquer era, mas especialmente recomendado para a Kali-yuga, pois nessa era todas as outras tentativas sofrero oposio de muitas foras. Nama-sankirtana no pode ser impedido pelos problemas e ondas deste mundo material, por isso, preciso adot-lo. Obteremos a realizao mais sublime da vida se nos dedicarmos exclusivamente a isso. No preciso nenhum outro tipo de campanha, pois todas sero defeituosas e parciais. O que existe de mais universal, cativante e benfico nama-sankirtana, que nos leva ao objetivo supremo. Ele, exclusivamente, pode satisfazer a todos. Todas as almas que esto desconectadas de Krsna podem ser ajudadas dessa forma. No necessrio nenhum outro movimento. Sri Chaitanya Mahaprabhu nos diz: Devota-te exclusivamente a isso. plenamente abrangente e gratificante. Podes obt-lo com o mnimo de esforo e energia. Que floresa em Kali-yuga que floresa para o bem-estar de todo o universo, para restabelecer todas as almas em suas posies normais. A concluso do Srimad-Bhagavatam est em seu ltimo verso: nama sankirtana yasya sarva papa pranasanam pramano duhkhasamnas tam namami harim param Papa quer dizer todas as anomalias, tudo que no desejado, o pecado. Desfrute material e liberao tambm esto includos nas anomalias, atividades pecaminosas. Por que a liberao considerada pecado ? Porque uma condio anormal. Nossa funo natural servir a Krsna, e no se faz isso na salvao. Mera salvao no inclui servio a Krsna, por isso uma posio anormal e, portanto, tambm pecado. Ignorar nosso dever natural e permanecer alienado s pode ser pecado. O Presente Espiritual de Vyasa O verso de concluso do Srimad-Bhagavatam diz: O santo nome de Krsna pode nos livrar de toda pecabilidade indesejada, de todas as caractersticas poludas, e de todas as misrias. Prostemo-nos a Ele. O Srimad-Bhagavatam pra aps pronunciar esse verso; essa grande obra silencia. A ltima palavra do Srimad-Bhagavatam nama-sankirtana. O Bhagavatam deu enorme importncia ao cantar do santo nome de Krsna, e Sri Chaitanya Mahaprabhu desenvolveu-o a partir da. A ltima publicao do compilador das literaturas Vdicas, Srila Vyasadeva, levou o tesmo a esse estgio, e concedeu-o ao pblico, anunciando: Canta o nome de Krsna! Faa isso: nada mais necessrio. Aceita isso! Essa a concluso final do Srimad-Bhagavatam, o grandioso presente espiritual de Vyasadeva: Canta o santo nome de Krsna e nesta era escura, principia tua vida na mais generosa e vasta concepo testa. Nctar do Nectreo Podemos considerar-nos afortunados de alcanar os arredores desse pensamento mais generoso e til, de termos chegado perto o suficiente para toc-lo, para aceit-lo e flutuar em suas ondas conforme nossa capacidade. Aps passarmos pr tantas concepes e pelo encanto de diversos prospectos, deixamos todos de lado e chegamos margem do oceano de nama-sankirtana. Agora podemos atirar nossos corpos nesse oceano e comear a nadar nas ondas de nama-sankirtana, o nctar do nectreo, pela graa do guru e pela misericrdia dos Vaishnavas. Eles so os proprietrios, e ns somos seus escravos. Temos tal audcia de atirarmos nosso corpo nesse oceano de nama-sankirtana e nadarmos nesse oceano nectreo! A concepo mais elevada de alcance espiritual que nadar em Radha-kunda, tambm se encontra em nama-sankirtana. Esse verso representa o lado positivo do oceano ilimitado de sri krsna sankirtana. O verso seguinte explica as possibilidades negativas.
Bhaktivinoda Thakura elaborou um comentrio do Siksastakam em Snscrito, e tambm uma traduo em Bengali. Sua apresentao a mais original. Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura Prabhupada tambm nos deu seu comentrio sobre Siksastakam. Eles devem ser estudados cuidadosamente a fim de compreendermos esses pontos totalmente. Entretanto, nestas conversas estou apenas deixando sair o que sinto de corao. Expresso qualquer coisa a respeito desses versos que me venha cabea, e isso resulta do que lembro de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, Bhaktivinoda Thakura, Rupa Goswami, Sanatana Goswami, Sri Chaitanya Mahaprabhu e todos os acharyas predecessores. Pela graa deles, isso est arquivado no meu depsito, e tento transmitir a essncia de tudo isso. O Conceito Krsna Conquista Tudo Quando aceitamos o caminho da devoo, comea uma transformao global em nosso sistema interno, e a atrao pelo mundo externo vai sendo aniquilada gradualmente. Acontece uma guerra interior, e quando o conceito Krsna entra no corao do devoto, todos os outros pensamentos e idias tm de se retirar gradualmente. Isso explicado no SrimadBhagavatam (2.8.5): pravistha karna-randhrena svanam bhava-saroruham dhunoti samalam krsnaih salilasya yatha sarat Quando o outono chega, a lama da gua desaparece. Da mesma forma, quando o conceito Krsna entra no corao, todos os outros pensamentos e aspiraes tm de se retirar gradualmente, deixando Krsna tomar posse de tudo. Ao entrar uma gota de verdadeira conscincia de Krsna no corao, todas as foras oponentes tero de sair, e Krsna conquistar e tomar posse de tudo. Essa a natureza da conscincia de Krsna: nada pode competir com ela, nem mesmo a assim chamada devoo por semideus ou f em credos como Cristianismo, Islamismo, e outros. Todas as outras concepes de tesmo tm de se retirar, deixando o campo para a concepo Krsna. Nenhum agressor pode enfrentar a luta com a conscincia de Krsna, o belo e doce absoluto. Beleza, doura e encanto podem capturar e derrotar o poder. Na verdade, aspiramos por beleza e doura, misericrdia, afeio, amor divino (prema). Auto-abnegao para compensar outros com a prpria energia e generosidade finalmente conquista a todos. mais recompensador dar do que tomar. Amor divino significa morrer para viver: no viver para si mesmo, mas viver para os outros. A forma de vida mais generosa auto-esquecimento ao extremo encontrada na concincia de Krsna. A conscincia de Krsna to bela que aquele que a desenvolve, perde sua prpria identidade e existncia tambm. Ele fica completamente esquecido de si mesmo. Tal o encanto. Quem vai enfrentar Krsna numa luta ? Todos que vm lutar com Ele so desarmados. E se por acaso Krsna entrar no corao, no haver nenhuma outra consequncia alm dEle tomar posse de tudo. Krsna uma personalidade benevolente, generosa e doce: a realidade, o belo. Os Ilimitados Nomes de Deus namnam akari bahudha nija-sarva-saktis tatrarpita niyamitah samarane na kalah etadrsi tava krpa bhagavam mamapi durdaivam idrsam ihajani nanuragah traduo meu Senhor, Teu santo nome a todos concede ventura. E possuis ilimitados nomes como Krsna e Govinda, pelos quais Te revelas. Em Teus vrios santos nomes bondosamente investistes toda Tua potncia transcendental. Para cantar esses nomes, no h regras estritas sobre tempo ou local. Por Tua misericrdia sem causa descendestes na forma do divino som, mas minha imensa m sorte no ter amor por Teu santo nome. Iluminao
Foi dito aqui: meu Senhor, revelastes o cantar de Teu santo nome, e investistes todo Teu poder nesses nomes. Tanto o santo nome de Krsna quanto Sua potncia so eternos. Todas as potncias e energias se encontram dentro do santo nome de Krsna. E no existe tempo ou local em particular, fixados para cantar o nome. No necessrio que se cante apenas pela manh, ou s depois de tomar banho, ou quando se for a um local sagrado essas condies no existem. Pode-se cantar o santo nome de Krsna a qualquer hora, em qualquer lugar, e sob qualquer circunstncia. Sri Chaiatnya Mahaprabhu diz nesse verso: Krsna, deste a oportunidade mais sublime a todos. s to infinitamente gracioso que nos concedeste o servio a teu santo nome (nama-bhajana). Mesmo assim, minha m sorte a pior. No encontro nenhum desejo intenso dentro de mim para aceitar o nome. No vejo nenhuma nsia natural para cantar o nome. O que posso fazer ? Esse o segundo dos oito preceitos de Sriman Mahaprabhu. le diz: Senhor, fizeste de tudo para me elevar deste mundo de relatividade. Tua tentativa em me libertar to magnnima, tudo que me pedes um pouco de cooperao em aceitar Tua graa, mas minha audio ensurdece ao Teu chamado magnnimo. Senhor, estou perdido. Sri Chaitanya Mahaprabhu nos deu muita esperana no primeiro verso de Seu Siksastakam ou oito preceitos. Ele explica que o cantar do santo nome de Krsna, quando empreendido corretamente, progride passo a passo, revelando sete conseqncias. O primeiro efeito limpeza da conscincia; o segundo liberao da relatividade mundana. A bondade positiva desperta em nosso corao como terceiro efeito e nos leva a Vrndavana. A, sob a guia de svarupa-shakti yogamaya, a energia interna do Senhor alcanamos o conceito vadhu: somos potncia, somos destinados a servir a Krsna, incondicionalmente. Vadhu quer dizer o rasa que concede conexo plena com Krsna (madhurya-rasa). Oceano Exttico de Felicidade Quais as outras conseqncias que advm, aps alcanar esse estgio ? A pessoa se torna uma partcula no oceano de felicidade, e essa felicidade no inspida ou esttica, mas sempre nova e dinmica; purificante ao extremo. Apesar de termos permisso para manter nosso conceito individual, quando aceitamos o nome, sentimos que todas as partes de nossa existncia se purificam ao mximo. Isso no afeta apenas a pessoa, mas todos que se conectarem com namasankirtana. Todos experimentaro converso em massa, a purificao mxima. Esses so os sete resultados de cantar o santo nome. Aps mencionar essa tese em Seu primeiro verso, Mahaprabhu d a anttese no segundo verso. Se h uma esperana to grande no santo nome, pr que estamos tendo tantos problemas ? Qual a dificuldade ? Pr que no realizamos a vantagem da magnnima aprovao da divindade encontrada no santo nome ? Est provindo uma graa inestimvel da parte de Krsna. Ele nos deu tantas oportunidades, exigindo o mnimo de ns. Precisamos ter algum gosto, alguma nsia para aceitar o santo nome; a est a dificuldade no temos nada disso. Qual a nossa esperana ento ? Como conseguiremos isso ? Podemos estar nos aproximando do santo nome formalmente, e, no, do fundo do corao; por qual processo ento poderemos obter benefcio e progredir ? O terceiro verso responde a essa pergunta. Mesmo que a pessoa sinta no possuir o depsito mnimo necessrio para receber o benefcio, ainda assim, no um caso perdido. A prpria natureza dessa realizao a leva concepo de humildade. Quando algum comea a praticar devoo ao Senhor infinito, s pode se sentir sem nenhum valor em relao ao infinito. E pensa: No tenho nada para retribuir; at o requisito mnimo para receber a graa do Senhor inexiste em mim. Isso o leva ao conceito de que: No sou qualificado. Sou completamente vazio. O devoto sente de corao que no apenas indigno mas, tambm, desprezvel para o servio ao Senhor. Krsnadasa Kaviraja Goswami diz: Sou inferior a um verme no excremento e mais pecaminoso do que Jagai e Madhai (jagai madhai haite muni se papistha purisera kita haite muni se laghistha). No devemos ficar desencorajados quando pensamos que no temos nem mesmo o mnimo de mrito necessrio para o servio ao santo nome de Krsna, pois esse tipo de conscincia natural para um devoto. Ao mesmo tempo, temos que nos prevenir contra uma concepo insincera de nossa prpria devoo; esse o nosso inimigo. Est tudo bem pensar que: No tenho um mnimo de atrao ou gosto pelo Senhor. Mas perigoso pensar: Tenho algum gosto, alguma nsia, alguma devoo pelo Senhor. O Mundo Egosta Se desejamos ter uma conexo com o infinito, devemos estar totalmente vazios; nossa auto-abnegao deve ser completa. A realizao mundana algo negativo, livremo-nos disso completamente. Devemos pensar: No sou nada; no tenho qualidades para ser aceito ou usado no servio ao Senhor. Sou completamente inepto. Devemos retirar-nos completamente do mundo egosta e permitir que yogamaya, a energia interna do Senhor, nos capture. Um escravo no tem posio; toda posio do mestre; tudo dEle. Nossa verdadeira qualificao ser vivenciarmos isso. Quando acharmos que temos alguma qualificao, comeam as dificuldades. Por isso, o prprio Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: No vejo nenhum vestgio de amor por Krsna em Meu corao (na prema gandhosti darapi me harau). Esse o padro de humildade. Deve ser um sentimento sincero; no pode ser imitao. Sejamos cuidadosos. No nos aventuremos a imitar devotos elevados. A nica qualificao para cantar o santo nome de Krsna o sentir autntico, o conceber que no possumos nada, e que tudo dEle. Mais Humilde que uma Folha de Grama trnad api sunicena taror api sahisnuna amanina manadena kirtaniyah sada harih
Traduo Aquele que mais humilde que uma folha de grama, mais paciente que uma rvore, que honra devidamente os outros sem desejar tal honra para si, qualificado para cantar sempre o santo nome de Krsna. Iluminao Deveramos nos estabelecer principalmente no seguinte humor: de nos considerarmos como pior dos piores. Srila Bhaktivinoda Thakur deu sua anlise sobre o significado desse verso como se segue: at uma folha de grama tem seu valor, mas ns no temos nem mesmo o valor de uma folha de grama. No temos valor positivo. Uma coisa o homem no ser educado, mas um louco pior do que um mal educado. Ele pode pensar mas s anormalmente. Por isso, Srila Bhaktivinoda Thakur diz: Tenho alguma conscincia, alguma inteligncia, mas esto mal orientadas. Uma folha de grama no sofre de m orientao. Quando pisada, no tende a se mover em direo oposta. A folha de grama pode ser soprada de c para l por uma tempestade, ou pelo ambiente externo, enquanto eu sempre reluto em ir numa direo em particular. Se as ondas do meio ambiente tentam me levar numa certa direo, eu tento me opor. Se realmente considerares meu verdadeiro valor, concluirs que minha posio inferior de uma folha de grama, porque tendo a me opor. Quando desejamos nos conduzir a uma relao mais ntima com a bondade infinita, devemos pensar que: No tenho valor. Ou melhor, meu valor negativo. Minha tendncia de oposio graa do Senhor. Se Krsna tenta me agraciar, tento resistir. Sou constitudo de tal elemento que cometo suicdio espiritual. Krsna vem me agraciar, mas eu me oponho: a energia que h dentro de mim tenta o suicdio. Essa minha situao, mas a folha de grama no se ope a ningum. Minha situao assim to srdida. Devemos vivenciar estarmos nesse predicamento. Podemos aceitar a bondade da Verdade Absoluta na forma de Seu santo nome com esse cuidado. No devemos achar que o caminho ser tranqilo; podem vir muitos problemas externos. Quando os devotos vo cantar Hare Krsna nas ruas, muitas pessoas gritam: Ei, seus macacos! Macacos cara-vermelha! Viro muitas formas de impedimentos e oposio que tentaro nos afetar e nos dissuadir desse caminho, mas temos que praticar tolerncia como a de uma rvore. Por que a rvore foi citada como exemplo ? Analisou-se assim: se ningum regar a rvore, ela no protesta Oh! Dai-me gua! Se algum vem perturbar a rvore, arrancando suas folhas, cortando seus galhos, ou at mesmo pondo-a abaixo com machadadas, ela permanece silenciosa; no faz nenhuma oposio. Devemos ver que o insulto, a pobreza, a punio, ou outras aes desfavorveis so necessrias para nos purificar, e seremos liberados da existncia material com um pouquinho de punio. Atravs da conscincia de Krsna, conectamo-nos ao objeto supremo da vida, a maior satisfao da vida quanto estamos prontos a pagar por isso ? inconcebvel. Devemos aceitar com um sorriso qualquer pequena demanda que nos for exigida, considerando o objetivo supremo. Se estamos realmente confiantes, se temos f em nosso brilhante futuro, ento devemos pagar alegremente. Krsna Vou Te Dar uma Lio! Certa vez, Srila Gaurakishora dasa Babaji Maharaja, mestre espiritual de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, estava mendigando um pouco de arroz pela cidade de Navadwipa, em vrias casas. Os habitantes das aldeias s vezes atacam ou insultam os devotos e nem mesmo poupavam uma alma to elevada quando chegava a suas residncias. Alguns garotos jogavam pedras e atiravam barro nele, quando ele pensou: Krsna, ests sendo cruel comigo! Vou reclamar de Ti para Tua me Yasoda. Esse era seu ponto de vista, e assim ele harmonizava tudo. Devemos aprender a ver Krsna em tudo que venha a nos perturbar ou atacar. Na avaliao filosfica claro que nada pode acontecer sem o desejo de Deus. Mas, numa forma concreta, o devoto v: Oh, Krsna! Ests apoiando essas crianas, ests me perturbando, e vou Te dar uma lio. Sei como lidar Contigo. Vou reclamar Tua me Yasoda, e ela vai Te castigar. Devotos avanados so fixos na conscincia de que Krsna est pr trs de tudo, e aceitam tudo dessa forma. Essa atitude nosso farol de orientao, pois nos conduzir a superar as coisas que so aparentemente desfavorveis para ns. Encontramos um doce ajuste aqui, e assim, somos aconselhados a sermos mais tolerantes do que uma rvore. Podemos ficar sem fazer nenhuma oposio; ainda assim, a oposio vir nos perturbar. E temos de perdoar. E temos de respeitar os outros. Prestgio o maior e mais sutil inimigo de um devoto de Krsna. Orgulho o pior inimigo de um devoto de Krsna. E orgulho nos leva finalmente concluso dos mayavadis, os monistas. Eles dizem: soham Eu sou! No: dasoham, Eu sou subordinado! Mas dizem: Eu sou o Elemento Supremo; eu sou Isso; eu sou Ele, eliminando de suas consideraes o fato de qu e somos insignificantes e estamos sofrendo na misria. Osmayavadis, impersonalista, ignoram todas as coisas prticas, mas posio, ou ego (pratistha), nosso pior inimigo. Somos aconselhados nesse verso a lidar com prestgio e posio numa forma especial. A rea de Escravido de Krsna Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: No deves desejar respeito de ningum ou mesmo do prprio meio ambiente; ao mesmo tempo, deves prestigiar todos e tudo no meio ambiente conforme a posio. Respeita, mas sem desejar nenhum respeito externo. Devemos ser muito meticulosos a esse respeito, pois o orgulho nosso inimigo oculto, nosso pior inimigo. Se de alguma forma pudermos evitar ou conquistar esse inimigo, estaremos aptos para entrar na rea de escravido de Krsna e nos juntarmos queles que entregam suas vidas completamente em sacrifcio a Ele. O significado geral desse verso :
Nunca procures posio ou prestgio de nenhuma parte. Ao mesmo tempo, honra todos e tudo conforme teu entendimento. Um Grande insulto Quando nosso mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, foi para Vrndavana no incio dos anos 30, ele andava num automvel. Tal nunca se ouvira at aquela poca, com respeito a um santo. Certo dia, um sacerdote insultou nosso guru, censurando a posio de Srila Raghunatha Dasa Goswami, preceptor da nossa mais elevada concepo de alcance espiritual. Ele se vangloriou: No somos apenas residentes da terra sagrada, mas membros da casta de sacerdotes exaltados (brahmanas). Portanto, podemos oferecer nossas bnos a Dasa Goswami. Ele nasceu numa famlia de classe baixa, e ele prprio nos pediu tal bendio. Dasa Goswami orou certa vez, com grande humildade: gurau gosthe gosthalayisu sujane bhusuragne svamantre sri-namni vraja-nava-dvandva-sarane sada dambham hitva kuru ratim apurvam atitara maye svantarbhratas catubhir abhiyace dhrta-padah mente minha irm! Caio a teus ps e imploro: Abandona todo orgulho e sempre saboreia amor exttico enquanto te lembras do guia divino, da morada sagrada de Vrndavana, dos vaqueiros e leiteiras de Vraja, dos devotos amorosos do Senhor Supremo Sri Krsna, dos deuses na terra ou dos brahmanas, do Gayatri mantra, dos santos nomes de Sri Krsna, e do jovem casal divino de Vraja, Sri Sri Radha-Govindasundara. O sacerdote observou: Somos residentes da morada sagrada de Vrndavana, e brahmanas tambm, portanto, estamos em posio para dar benes a Raghunatha Dasa Goswami. Quando nosso guru maharaja, que estava em Radha-kunda na ocasio, ouviu essas palavras, comeou a jejuar. Ele comentou: Tenho de ouvir isso ? Esse sujeito est sob o controle da luxria, da ira e da cobia, e diz que pode dar sua graa a Dasa Goswami, o preceptor mais respeitado em nossa linha! E tenho de ouvir isso ? Ele decidiu jejuar, sem retaliar seu comentrio. Ns tambm paramos de comer, e todo o acampamento comeou a jejuar. Ento, quando os cavalheiros locais souberam que todo o acampamento estava jejuando, procuraram pelo sacerdote blasfemador e o trouxeram perante nosso guru maharaja. O sacerdote implorou para ser perdoado. Nosso guru maharaja ficou satisfeito e quebrou o jejum, aps mostrar-lhe algum respeito. Algum disse a nosso guru maharaja na ocasio: Eles so tolos ignorantes. Pr que devemos ficar to afetados com suas palavras ? Devias ignor-las. Nosso guru maharaja disse: Se eu fosse um babaji comum e ouvisse tal comentrio, poderia simplesmente tapar os ouvidos e ir embora. Mas estou atuando como acharya, aquele que ensina pelo prprio exemplo. Qual a justificativa para eu andar num automvel, se no me oponho a tais comentrios contra meu gurudeva ? Ele costumava usar essa expresso muitas vezes: Por que estou andando de automvel aqui em Vrndavana ? Ele disse: Se eu fosse um niskincana babaji, santo vivendo em recluso vestindo apenas um pedao de pano, no me oporia a esse homem. Simplesmente, deixaria o local e iria embora. Mas porque estou andando num grande automvel na posio de acharya, professor, preciso defender a dignidade de grandes devotos. Aceitei essa misso e no posso evitar as circunstncias. Tenho de enfrentar e fazer todo o possvel para que tais coisas no continuem sem denncia ou oposio. A humildade deve ser ajustada ou modificada na aplicao prtica. certa vez, quando um templo Hare Krsna foi atacado, os devotos usaram uma arma para defender o templo. Mais tarde, houve reclamaes das pessoas da regio. Eles diziam: Oh, eles so humildes ? Eles so tolerantes ? Por que no seguiram o conselho de Sri Chaitanya Mahaprabhu para serem mais humildes do que uma folha de grama e mais tolerantes do que uma rvore ? Eles no podem ser devotos! Chegavam muitas reclamaes at mim, mas os defendi dizendo: No, eles agiram corretamente. A instruo para ser mais humilde que a folha de grama quer dizer que deve-se ser humilde com um devoto, no com um louco. As pessoa comuns so ignorantes; so loucas. No sabem o que bom ou mal, portanto, suas consideraes no tm valor. Quem qualificado para julgar se um devoto est respeitando a todos sem esperar respeito para si prprio ? Quem vai julgar se ele realmente humilde e tolerante ? Loucos ? Pessoas ignorantes ? Ser que eles tm algum bom senso para julgar quem humilde, quem tolerante, e quem respeitoso com os outros ? Deve haver um padro para julgar a humildade. Interessa-nos o critrio de pensadores elevados, e no a considerao das massas ignorantes. Padro de Humildade Claro que qualquer um pode enganar o povo com humildade superficial. S que show de humildade no humildade verdadeira, que tem de provir do corao, e ter um propsito real. Tudo humildade, tolerncia e modstia deve ser considerado atravs do julgamento de uma pessoa padro, normal, e no pelos ignorantes que so como elefantes, tigres, e chacais. Deveriam poder julgar o que humildade, audcia e impertinncia ? Claro que no. Deveria um devoto pensar: A Deidade no templo est para ser perturbada, mas devo ficar quieto e no fazer nada. Devo ser humilde e tolerante. Est entrando um cachorro no templo; preciso respeita-lo ? No. Isso no verdadeira humildade. Precisamos de uma concepo normal da realidade. No podemos permitir a continuao dessas anomalias em nome de respeito aos outros. No devemos pensar que podemos permitir que algum prejudique os devotos ou perturbe o templo, e, desse modo, seremos humildes e tolerantes e estaremos respeitando os outros. No nos interessa apenas o significado fsico das escrituras, mas o significado real. Ser humilde significa que sou escravo do escravo de um Vaishnava. Devemos prosseguir com essa conscincia. Se algum vem perturbar meu mestre, devo me sacrificar primeiro, pensando: Meu sacrifcio no ser nenhuma perda, pois sou da menor importncia; devo me sacrificar para manter a dignidade do meu guru, dos devotos e do Meu Senhor e de Sua famlia.
Devemos sempre compreender o que que deve ser honrado. Ns respeitamos a Verdade Suprema, o Senhor dos Senhores; nossas atitudes devem acontecer em harmonia com isso. Se mantivermos constantemente o conceito supremo de relatividade dentro de ns, veremos que somos os mais baixos. Devemos nos sacrificar, se nossos guardies estiverem em perigo. Tudo isso deve ser levado em considerao quando se tenta entender o significado de humildade, no imitao fsica mas humildade genuna; uma questo de realizao prtica. Fama e honra devem ser destinadas ao Senhor e Seus devotos, a mais ningum. Claro que nos estgios superiores a humildade tem de ser ajustadas de outra forma para os paramahansa-babajis, devotos mais elevados que so como cisnes e abandonaram toda conexo com este mundo material. Mas no estgio de pregao, o devoto de segunda classe deve aceitar as coisas diferentemente. Como nossoguru maharaja disse: Se eu estivesse atuando como babaji, santo recluso e pacfico, teria sado do local sem fazer nenhuma oposio. Mas quando estamos pregando e assumimos a responsabilidade de conduzir tantas almas ao reino do Senhor, nosso ajuste deve ser de acordo. Geralmente, devemos ser indiferentes com os inamistosos, mas quando pregamos em nome do Senhor de forma organizada, nosso dever muda: no podemos ser indiferentes com antagonistas. As escrituras mencionam, atravs de Jiva Goswami, que se devem considerar esses tpicos conforme o padro de cada um em particular, antes de tomar as aes necessrias. Sua deciso que se o devoto estiver numa posio de poder, se for um rei, e se algum blasfemar um Vaishnava autntico, ou santo, o rei deve aplicar punio corporal, com a extradio do ofensor ou por cortar a lngua dele (vaishnava nindaka jihva hata). Isso no dever para pessoas comuns, pois haver distrbio se agirem assim. Nunca devemos desejar infligir punio fsica a ningum. Hanuman um Vaishnava, mas vimos que destruiu tantas vidas. O mesmo vale para Arjuna e tantos outros devotos. At mesmo Krsna e Ramacandra mataram tantos demnios em batalhas. O verdadeiro significado de humildade no meramente uma representao fsica de brandura. Sempre que houver um insulto ao guru ou aos Vaishnavas, o devoto vai se opor aos blasfemadores de acordo com seu poder. Bhaktivinoda Thakura diz em uma de suas canes que no devemos apenas tolerar as ms aes de outros e perturbaes do meio ambiente, como tambm temos de fazer bem queles que nos torturam. O exemplo citado a rvore. Mesmo quem est cortando a rvore obtm sombra e conforto dela enquanto a pe abaixo. Em concluso, ele diz que humildade, misericrdia, respeito aos outros e renncia a nome e fama so as quatro qualificaes para cantar o santo nome de Krsna. Somos o mais baixo dos inferiores. Devemos estar sempre conscientes de que somos mendigos. Devemos pensar que: Embora eu seja um mendigo, vim mendigar a coisa suprema; que nenhuma perturbao me faa dissuadir dessa tentativa. Ao mesmo tempo, nossa atitude para com o meio ambiente deve ser de respeito. Assim, ao se tornar educado na concepo Krsna de divindade, cada um deve ser respeitado conforme sua posio. A orientao na adorao ao santo nome (nama-bhajana) que devemos adotar a posio de escravo do escravo de um escravo do Senhor. Se desejas cantar o santo nome de Krsna, ento no perde tua energia com as frivolidades deste mundo. No permite que tua ateno seja perturbada por aquisies insignificantes, como prestgio ou ganho relativo a dinheiro ou conforto fsico. Lembra-te, ests na tentativa pela maior coisa, e todas as outras coisas so muito pequenas em comparao conscincia de Krsna. Portanto, no perde tua energia e tempo valioso. S econmico. Tens a chance de alcanar o objetivo supremo da vida. Devoo Pura na dhanam na janam na sudarim kavitam va jagad-isa kamaye mama janmani janmanisvare bhavatad bhaktir ahaituki tvayi Traduo Senhor, no desejo acumular riqueza, seguidores, belas mulheres, ou salvao. Minha nica splica por Teu servio devocional sem causa, Nascimento aps nascimento. Iluminao Temos de tentar nos mover nessa direo. Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: No quero nenhum dinheiro (na dhanam), no quero a companhia de belas mulheres (na sundarim). No quero um bom nome, ou a fama de um poeta (kavitam va). Esse o significado geral desse verso, mas foi profundamente analisado nos comentrios de Bhaktisiddhanta Saraswati e Srila Bhaktivinoda Thakura. Nosso guru maharaja comentou que riqueza, seguidores, mulheres e erudio representam nesse verso dever, riqueza, prazer sensual e salvao (dharma, artha, kama, moksa). Srila Bhaktivinoda Thakura explicou, nesse contexto, que riqueza significa a riqueza que vem em conseqncia ao cumprimento dos deveres prescritos. Tambm pode significar artha, desenvolvimento econ6omico. Ele diz que seguidores quer dizer relaes fsicas para conforto: esposa, filhos e assim por diante. A palavra sundarim significa kama, a companhia de belas mulheres. E kavitam, poesia, representa moksa, liberao. Aparentemente, a liberao tem um valor alto, mas na realidade trata-se apenas de palavra floreada como na poesia. A liberao imaginria, pois seu resultado final a extino da existncia do indivduo.
Capitalistas do Servio Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: Senhor do universo, oro somente por devoo espontnea a Ti, imotivada por qualquer recompensa. Desejo uma atitude de servido natural. Prema significa afeio, amor. Prema quer dizer que: Tenho de te servir, e em troca tens de me conceder mais tendncia a te servir mais energia e mais anseio em te servir. Meu afeto por ti vai incrementar e os juros vo virar capital, como nos negcios financeiros. Dessa forma, o devoto ora a Krsna que: Estou Te servindo, e se quiseres me pagar com alguma coisa, ento, d-me mais capital a fim de incrementar minha tendncia servial, para que esta seja aumentada. Meu Senhor, seja qual for minha situao de nascimento, conforme meu karma, desejo somente Te servir, e oro por servio desmotivado, sem nada em troca. H quatro tipos de tentaes comuns que nos rodeiam pelas quatro direes: dinheiro, seguidores, mulheres e liberao, e isso significa dharma, artha, kama e moksa. A gradao dos diferentes objetivos da vida foi representada cientificamente dessa forma. Mas Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: Meu Senhor, no tenho atrao pr nenhuma dessas coisas, somente pr Ti. Nem mesmo desejo liberao. No vou pedir: D-Me liberao, pois serei capaz de Te servir melhor pr estar liberado. No se deve impor tal tipo de condio divindade. A prece mais pura : Posso ser pssaro ou animal, aqui ou ali, at mesmo no inferno, conforma meu karma no importa. Todo meu anseio de me concentrar numa nica coisa: suplico para que minha atrao por Ti nunca seja perdida. Suplico para que possa ser sempre aumentada. Bhakti, devoo, ahaituki, sem causa. bem natural e no possui outro anseio. Algum pode dizer: Nunca desfrutarei do lucro, se os juros forem reinvestidos como capital, mas estaremos interessados no desfrute atravs da auto-entrega. Que outros desfrutem s minhas custas essa a base do desfrute supremo. O devoto pensa: Que Krsna desfrute com outros serei o bode expiatrio. Bhaktivinoda Thakura diz que, quando uma criana no possui conhecimento, no pode se defender ao ser atacada por um inimigo ou doena. Do mesmo modo, quando a realizao do santo nome est num estgio infantil, no comeo, podem prevalecer crimes e ofensas contra o nome. As ofensas no se aproximam quando a realizao cresce, mas muitas ofensas podem vir e atacar o principiante. Esquadro Suicida Bhaktivinoda Thakura diz: O santo nome to belo, gracioso e atraente que desejo morrer junto a todas as ofensas a ele, para que outros possam desfrutar do seu nctar! Ele queria se sacrificar como na guerra, quando o esquadro suicida pulava na chamin de um navio com bombas nas axilas. O esquadro suicida comeou na campanha do Japo contra os Britnicos, e quando Hitler ouviu falar sobre a coragem deles, disse: Temos algo a aprender do Japo. Assim, Bhaktivinoda Thakura ora: Quero acabar comigo junto com todas as ofensas contra o nome, para que outros possam desfrutar do nctar do santo nome. Vasudeva Datta tambm orou: D-me todos os pecados de todas as almas, e atira-me no inferno eterno, para que elas sejam beneficiadas. D-lhes amor por Krsna. Ele no morre devido a esse sentimento altamente generoso. dito: Morrer para viver. Encontraremos um alcance vivo da vida superior quando tivermos tanta apreciao pelo Senhor a ponto de sentir esse tipo de sentimento. Esse o desfrute que desejamos. O ltimo verso do Siksastakam de Sri Chaitanya Mahaprabhu explica esse sentimento. Encontramos um outro exemplo a esse respeito quando o grande sbio Narada veio at as gopis e lhes pediu a posira de seus ps de ltus para tratar da dor de cabea de Krsna. Encontramos o mais alto nvel de abnegao nesse episdio, e esse o sentido da devoo. A vida do devoto baseada em sacrifcio. Quanto maior o sacrifcio, maior o benefcio. Sacrifcio significa: Morrer para viver. Esse meu ditado favorito. So palavras de Hegel: Morrer para viver. Krsna o consumidor supremo conhecido neste mundo. No devemos hesitar em nos entregarmos a Ele. Rei da Terra do Amor ayi nanda-tajuna kinkaram patitam mam visame bhavambudhau krpaya tava pada-pankaja sthita-dhuli-sadrsam vicintaya Traduo filho de Nanda Maharaja, sou Teu servo eterno, mas devido a meu prprio karma, ca neste terrvel oceano de nascimento e morte. Aceita esta alma cada e considera-me uma partcula de poeira a Teus sagrados ps de ltus. Iluminao
Sri Chaitanya Mahaprabhu ora aqui: Senhor, por favor, leva-me em considerao; quero entrar no reino de Teu olhar misericordioso. No sei cuidar de mim mesmo corretamente, por isso, solicito Teu cuidado. Por favor, acaita-me e deixa-me ingressar. s o meu guardio. Quero viver sob Tua proteo. Mas quem Ele ? Ouvimos diferentes conceitos sobre Deus, mas aqui chegamos aum belo conceito sobre Deus Krsna, o filho de Nanda Maharaja. Isso s se encontra em Vrndavana. Um grande erudito espiritualista chamado Raghupati Upadhyaya encontrou-se certa vez com Sri Chaitanya Mahaprabhu perto de Mathura. Eles tiveram uma discusso e Mahaprabhu perguntou-lhe: "A quem desejamos ter como nosso mestre ? Quem o objetivo final de nossas vidas ?" Raghupati Upadhyaya respondeu: srutim apare smrtim itare tam anye bhajantu bhava-bhitah aham iha nandam vande yasyalinde param brahma "Aqueles que temem o renascimento neste mundo devem seguir o conselho das escrituras Vdicas , os outros podem seguir o Mahabharata ; mas quanto a mim, sigo Nanda Maharaja, em cujo quintal a Suprema Verdade Absoluta brinca como uma criana." As pessoas geralmente esto sob a guia do smrti, a lei Vdica no sistema de varnasrama-dharma, ou deveres sociais Vdicos. Ocupam-se dessa forma em deveres corpreos com um tom de religiosidade. Entretanto, aqueles que esto livres das demandas fsicas, e tentam transcender esta vida de desfrute e explorao, geralmente orientam-se pelos Upanisads, por neles encontrarem instrues mais elevadas. Raghupati Upadhyaya diz: "No me importo com tudo isso, mas sinto necessidade de seguir a guia do meu corao. No estou muito preocupado com o crebro; considero que a verdadeira paz relaciona-se ao corao. E meu corao est sempre atrado ao pai de Krsna, Nanda. As autoridades afirmam que Krsna a Suprema Verdade Absoluta, e esse absoluto est engatinhando no quintal de Nanda Maharaja, assim, vejo realidade concreta l." Como foi que Nanda atraiu a Suprema Verdade Absoluta ? O devotado rei Pariksit Maharaja pergunta ao menino santo Sukadeva Goswami, no Srimad-Bhagavatam (10.8.46): nandah kim akarod brahman sreya evam mahodayam yasoda ca maha-bhaga papau yasyah stanam harih " conhecedor do Brahman, ests sempre absorto no mundo exclusivamente consciente. No se encontra nenhum vestgio de referncia objetiva mundana em ti, pois ests sempre ocupado no mundo subjetivo do esprito. Tua conscincia nunca volta a este nosso mundo objetivo. E dizes que Krsna a Verdade Absoluta Suprema. Meu mestre, fao-te uma pergunta: que dever Nanda executou, que tipo de realizao Nanda teve para que a Verdade Absoluta lhe fosse to ntima a ponto de aparecer como seu filho e engatinhar em seu quintal ? Parece que Ele est sob o controle de Nanda. O que isso ? a coisa mais espantosa. Como possvel ? A Essncia Suprema Mamou em Seus Seios "Os ioguis, os rsis, os maiores eruditos e penitentes dizem que s vezes tm um raro vislumbre de seus objetos de aspirao e realizao, mas depois retornam subitamente. No conseguem manter a ateno nesse plano por longos perodos de tempo. Como possvel que a Substncia Suprema sente no colo de Yasoda e mame em seus seios ? Se tais coisas so reais, se tudo isso possvel, por que eu no deveria estar atrado pelo mtodo que me pode conceder tanta intimidade com a entidade suprema ?" Raghupati Upadhyaya expressa um ego similar. Ele diz: "No quero me envolver na discusso e anlise sutis das escrituras; s quero me render a Nanda e a seu grupo. Quero por meu nome na lista onde Nanda o guia mestre." Podemos obter um bom destino pelo exerccio da energia (karma); se no tivermos f nas conquistas do karma, poderemos tentar a salvao atravs da elevao da conscincia. Mas se inquirirmos sobre a soluo da vida com a ajuda de peritos desse reino espiritual superior, como Narada e seu grupo, poderemos ingressar na terra de amor e dedicao. Minha f e meu bom senso sobre religio me dizem que se eu vir essa Verdade Absoluta Suprema, que to rara de ver , e perceb-lA real, concreta e ntima, encantando diretamente ao meu corao, por que deveria ento me ocupar numa busca pelo impossvel ? Vou apelar diretamente ao objeto da minha busca. Se algum me disser que um falco arrancou minha orelha, ser que devo ir atrs do falco sem primeiro tocar minha orelha para ver se ainda est l ? Pr que devo correr daqui para l se posso ter a Verdade Absoluta to intimamente ? Se a Verdade Absoluta veio to gentil com todo Seu encanto, e Seu encanto no um segredo, e muitos esto atrados por Ela, por que devo correr atrs da fantasmagoria dos meditadores, abstratores e renunciadores ? Nunca. questo de bom senso. A correta compreenso que dada pelas autoridades que Krsna, o filho de Nanda, o Supremo. Podemos perguntar, quando chegamos a esse padro: " filho de Nanda, Krsna, rei da terra do amor: suplico por Teu afeto. Sou teu servo. Sinto interiormente que tenho alguma conexo Contigo. Sou subordinado a Ti, entretanto, estou em circunstncias adversas. Sinto haver tantos inimigos dentro de mim que tentam me distanciar de Ti para que no possa fixar minha ateno o tempo todo em Ti. Sinto ao mesmo tempo no fundo de meu corao que s o meu mestre, s tudo para mim. Meu corao no se satisfar sem Tua companhia. Por isso que apelo a Ti: estou em circunstncias desfavorveis; estou sofrendo, e sem Tua graa, no vejo meios para aliviar da presente posio de aprisionamento." A Alma Como um Raio de Sol Foi dito: "Sinto que no estou eternamente conectado a Ti; se fosse assim, essa separao seria impossvel. No sou Tua poro plenria como um avatara." Outras encarnaes do Senhor Supremo so Suas expanses plenrias (svamsa), mas o jiva uma represeno parcial de Sua potncia (vibhinnamsa). Krsna diz no Bhagavad-gita que os seres vivos so Suas
partes, parcelas. A alma vem da potncia marginal (krsnera tatastha-shakti, bhedabheda prakasa). A alma uma parte fragmentada atmica da potncia do Senhor assim como um raio do sol. Aqui o devoto ora: "No sou parte, parcela de Teu prprio corpo, no sou nem mesmo um raio, mas a minha imagem aproxima-se de uma partcula de areia, uma partcula de poeira nem mesmo um partcula de raio vindo do brilho de Teu corpo." Sriman Mahaprabhu est dessa forma representando em nosso benefcio para que nossa petio seja desse tipo: "No posso me permitir o pensamento de que possuo tamanha sorte de ser considerado uma parte inseparvel de Ti. Sou uma parte separvel, mas tambm quero Tua graa. Por favor, s bondoso comigo; invoco Tua misericrdia por um privilgio especial. Aceita-me em qualquer posio conectada a Ti mesmo a posio mais baixa. Aprova ao mesmo isso. Considera-me como uma partcula de poeira a Teus ps. Essa minha splica." Anseio por Perfeio
nayanam galad-asru-dharaya vadanam gadgada-ruddhaya gira pulakair nicitam vapuh kada tava nama-grahane bhavisyati Traduo " Senhor, quando como ondas lgrimas fluiro de meus olhos, E minha voz tremer de xtase ? Quando os cabelos de meu corpo se arrepiaro enquanto eu cantar Teu santo nome ?" Iluminao A splica do devoto foi atendida nesse verso e ele obteve uma posio no reino de Krsna. Agora, sua ambio no tem fim. Ele est novamente orando por mais promoo embora tenha sido colocado em situao segura. Primeiro ansiou somentepor uma posio insignificante como poeira sob as solas dos ps divinos de Krsna. A veio o privilgio. O toque dos ps sagrados de Krsna vieram at poeira e a poeira se transformou como se fosse mgica de uma vara de condo. Agora surgiu automaticamente uma demanda maior, superior. O devoto pensa: "O que isso ? Orei somente para me tornar a poeira nas solas de Teus ps, mas o que sinto interiormente agora ? Sou a poeira da terra, e s a Verdade Absoluta Suprema. Mas a poeira foi convertida numa substncia grandiosa e inconcebvel ao toque de Teus ps de ltus. Eu me admiro, Como foi que me transformei ? Agora vejo que minha demanda por maior intimidade. Primeiro ansiei por servido mas, agora, pela pedra de toque de teus ps de ltus, e esse anseio foi convertido em atrao espontnea (raga-marga)". O Rei do Afeto Atrao espontnea s pode significar Krsna, no Narayana ou Ramacandra. Krsna quer dizer: "Aquele que adorado pelo amor e afeio divinos." Ele o rei da afeio, o centro da afeio e do amor. Todo o conceito de devoo do devoto muda simplesmente ao toque dos ps de ltus de Krsna, e ele agraciado com a demanda por mais intimidade; amor e afeio maiores vieram para agraciar esse servidor. Sua prece muda quando se eleva a tal plano de dedicao. Ele pensa: "O que est acontecendo ? No posso parar minhas lgrimas. Elas vm incessantemente, e sinto que estou perdendo o controle quando tento cantar Teus nomes, meu Senhor. Alguma interferncia de outra regio me move perturbando meu pensamento e aspiraes normais. Sinto-me em meio a um outro plano. Estou em lugar nenhum. Perdi o controle; tornei-me um boneco nas mos de algum outro poder. Ps de Ltus Varinha de Condo "Meu anseio me conduz rumo a outra coisa. Agora, no desejo apenas minha conexo Contigo como servo distante, mas, entrar em contato com a varinha de condo de Teus ps de ltus; meu anseio mudou. Vejo que tantos devotos esto ocupados em Te servir e em cantar Teus nomes, e minhas esperanas aumentaram ao ver isso. "Quero ser elevado a essa posio. Posso visualizar essa posio de longe, mas minha splica agora para que eu seja elevado a esse nvel. A conexo Contigo me deu tantasede. Quero ser controlado por Ti. Brinca comigo como desejares, do Teu prprio jeito; meu corao anseia pr tal relao Contigo. Percebo que meu conceito prvio mudou e minha nova nsia pelo padro de amor espontneo quando canto Teu santo nome com esse sentimento. Suplico para que me eleves a esse plano de Tua afeio e amor divinos."
mos. Mesmo assim, seu encanto to grande que no posso evitar seu envolvimento. E sem ele, um pequeno espao de tempo parece ser milhes de anos." Rios de Lgrimas O devoto pensa: "Oh! Passaram-se muitas e muitas eras; ainda assim estou carente! Tento a satisfao, mas no consigo, e o tempo passa. O tempo tambm infinito. Tantos rios de lgrimas nascem de meus olhos; lgrimas escorrem profusamente de meus olhos para o corpo, mas no vejo, em meu alcance, a posio de sucesso. Minha mente est totalmente vazia. No detecto nenhum vestgio do meu futuro. No me encanto mais e nem sinto atrao por nada mais que possa consolar este corpo doente. "No vejo possibilidade de alvio de nenhuma outra parte. Todas as alternativas foram eliminadas. Estou totalmente preso nas garras da conscincia de Krsna e no amor por Krsna. Se existir algum que possa me consolar, ajude-me! Estou perdido. Estou desamparado. Se existir algum que possa me ajudar, por favor, venha me salvar." Chaitanya Mahaprabhu diz que, quando estamos profundamente situados em amor por Krsna, no podemos abandonlo, mas nossa sede aumenta e no sentimos satisfao. Estamos em meio a tal situao aparentemente horrvel. O anseio por Krsna que desperta na mente toma essa direo. Quando o devoto entra realmente em contato com Krsna, sua posio ser toda-eliminante e toda exclusiva. Sua concentrao plena ser em Krsna. Sri Chaitanya Mahaprabhu descreve nesse verso como o devoto avana, desperta um conceito superior de Krsna, e ento, sente esse tipo de separao ao ver Krsna diante de si sem poder obt-lO. Quanto mais avana, mais se sente nessa posio de desespero. O conselho principal de Sri Chaitanya Mahaprabhu nos ajuda a nos adaptarmos a esse humor intenso de separao. Ele nos diz: "Perder-te-s na conscincia de Krsna. E qual ser tua situao ? s uma gota e sers atirado no oceano de amor divino. Unio na Separao aslisya va pada-ratam pinastu mam adarsanam marma-hatam karotu va yatha tatha va vidadhatu lampato mat-prana-nathas tu as eva naprah Traduo "Krsna pode me abraar com amor ou me esmagar sob Seus ps. Ele pode partir meu corao ao Se esconder de mim. Que esse sedutor faa o que quiser, mas ser sempre o nico Senhor da minha vida." Iluminao Esse o melhor remdio para os devotos. Chegamos ao ponto de medir o incomensurvel, mas sempre temos de abraar esse princpio. Devemos lembrar que Ele infinito ao tentarmos a conexo com o infinito Senhor de amor e beleza. Ele nico para ns, mas h tantos devotos como ns com quem tem de lidar. Ele pode nos abraar com afeio e adorao, mas temos de estar preparados para o oposto. Podemos nos agarrar a Seus ps, e Ele pode cruelmente pisar em cima de ns. Agarramo-nos a Seus ps de ltus com muita esperana, com todo o corao; ainda assim, vemos que Ele pisa em ns e nem liga para todo nosso esforo e afeto. Pode ser que estejamos nos esforando ao mximo e descubramos que nossa oferenda est sendo desonrada cruelmente. Ele pode nos abraar, mas ao mesmo tempo, temos de estar preparados, pois Suas aes podem ser extremamente cruis. Ele pode esmagar todas as nossas oferendas com Seus ps. Temos de estar preparados tanto para Sua adorao como para Sua negligncia cruel. Temos de nos preparar para todas as circunstncias adversas. Krsna pode ser indiferente; pode nem ligar. Est perto quando nos pune, mas Sua indiferena mais intolervel do que punio. O devoto pensa que: "Krsna est me ignorando e negligenciando tanto que no gosta de manter alguma conexo comigo. Ser que Ele me conhece ? Ser que sou um estranho, um desconhecido para Ele ?" Podemos aceitar punio como benefcio, mas indiferena muito mais penosa. A dor de separao sentida por um devoto pode subir mais um degrau ainda. Krsna pode abraar outro afetuosamente bem na nossa frente, cara a cara, sem ligar a mnima para ns. Podemos pensar: "Isso meu clamor, meu direito," mas pode estar sendo dado a outro bem na nossa cara. Isso nos causar mais problema. A lei do afeto assim. A lei do amor no tolera indiferena. demais para tolerar, mas temos de estar preparados para isso. Precisamos nos preparar desde o incio, pois esse o significado de krsna-prema, o amor divino por Krsna - porque Ele um autocrata, Ele amor. Amor divino quer dizer misericrdia, e, no justia. No possui leis. E escolhemos amor
divino como nossa fortuna mxima, temos de estar preparados para sermos tratados injustamente. No h justia no amor divino; este livre. Pode fluir onde quer que deseje. Assim a natureza do amor divino, no podemos reclamar - no temos direitos. Assim a natureza da coisa suprema, e extremamente rara. Apego a esse princpio sem hesitao fundamental para ns. o amor verdadeiro, e deves estar preparado para ele. A natureza verdadeira de krsna-prema o morrer para viver em todas as circunstncias adversas. Se puderes conciliar todos os diferentes estgios - bom ou mal - poders entrar nesse plano exaltado. Amor Acima da Lei Justia est dentro da lei; misericrdia est acima da lei. Prema, amor divino, tambm est acima da lei, mas possui sua prpria lei. Srila Rupa Goswami Prabhupada concedeu-nos outro verso cujo significado corre em paralelo a esse: viracaya mayi dandam dinabandho dayam va gatir iha na bhavatah kacid anya mamasti nipatatu sata-koti nirbharam va navambhas tad api kila payodah stuyate catakena Existe um tipo de pssaro pequeno chamado cataka que s bebe gua da chuva. Ele nunca bebe gua da terra, mesmo de rios, fontes ou lagos. Naturalmente, ele fica com o bico para cima, ansiando pela gua da chuva. Srila Rupa Goswami Prabhupada d esse exemplo para mostrar como o devoto deve agir sempre na expectativa da "gua de chuva" do amor de Krsna, e de nenhum outro amor. O devoto ora ao Senhor: "s o amigo dos cados, por isso ainda tenho alguma esperana. Podes me conceder Tua graa, ou me punir severamente - em ambos os casos, no tenho alternativa seno me render pleno a Teus ps de ltus". Nossa atitude de entrega deve ser como a do pssaro cataka, que est sempre com os olhos para cima, suplicando por gua de chuva. A gua da chuva pode vir profusamente - no s o suficiente para encher seu pequeno estmago, mas o bastante para afogar todo o seu corpo. Podero surgir troves; poder cair um raio do cu e acabar com seu pequeno corpo, e mand-lo regio de inexistncia, mesmo assim, a natureza do pssaro faz com que suplique exclusivamente pela gua da chuva. Ele no tomar gua de nenhum outro lugar em nenhuma circunstncia. Nossa atitude com Krsna deve ser assim: se Ele estender ou no Sua mo graciosa para ns, nosso dever de nos rendermos a Ele. Veio-me memria um verso a esse respeito. Quando Sri Krsna se encontrou com Srimati Radharani e as gopis em Kurukshetra, aps uma longa separao de talvez cem anos, sentiu que havia cometido um grande crime por Se separar delas. Ao Se aproximar das gopis, especialmente Srimati Radharani, e ao lembrar de suas qualidades de amor e rendio, sentiu-Se o maior dos criminosos, ao ponto de Se curvar para tocar os ps de ltus de Radharani. Um poeta representou a cena dessa forma, e o poema foi coletado por Rupa Goswami em seu Padyavali. Krsna era o rei supremo da ndia naquela poca. Mas quando entrou em contato com as gopis e a atmosfera de Vrndavana, sentiu-Se como um criminoso, e prostou-Se para tocar os ps de ltus de Radharani, quando Radharani, recuou e disse: "Que ests fazendo ? Por que queres tocar nos meus ps ? espantoso. Ser que perdeste a cabea ? "Eu sou a Verdadeira Criminosa" "s o mestre de tudo. Ningum pode Te questionar. s swami. s Meu esposo e mestre, e sou Tua serva. certo que estavas ocupado em alguma outra parte, mas qual o problema ? Qual foi a falta que cometeste ? Isso no importa, pois as escrituras e a sociedade Te concedem esse direito. No foi nenhum crime e nenhum pecado de Tua parte. No fizeste nada de errado. "Eu sou a verdadeira criminosa. A maldade Minha, o defeito todo Meu. No s responsvel por Nossa separao, ento porque Te consideras culpado, ou como tendo cometido algum erro ? A prova positiva de que Eu sou a verdadeira criminosa que, mantenho Minha vida, no morri por causa das dores da Tua saudade. "Estou mostrando Minha face ao mundo, mas no sou fiel a Ti. No consegui Me aproximar do padro de f que deveria ter mantido para o Teu amor, por isso a criminosa sou Eu, no Tu. Est escrito nas escrituras dos santos que a esposa deve ser grata e exclusivamente devotada ao marido. As escrituras nos do essa ordem. Uma mulher deve se devotar exclusivamente ao esposo, seu senhor. Portanto, devo cair a Teus ps neste encontro e implorar por Teu perdo, por Tua clemncia, pois no tenho verdadeiro amor por Ti. Estou mantendo este corpo, e aparecendo para a sociedade; no sou uma parceira digna de Ti, por isso, por favor, perdoa-Me. Ests pedindo meu perdo ? o oposto de como as coisas deveriam acontecer. O que isso ? Por favor, no faas isso." Nosso ideal de afeio por Krsna deve ser assim. Ns, o finito, devemos ter essa atitude para com o infinito. Ele pode nos dar um pouco de ateno a qualquer momento, mas devemos estar sempre totalmente atentos a Ele. No h outra alternativa. Sri Chaitanya Mahaprabhu nos aconselha a nos devotarmos exclusivamente a Krsna, e porque somos insignificantes, nossa atitude tem de ser desse tipo. Se queremos algo to grandioso, no nenhuma injustia sermos tratados to hostilmente. Nosso prospeto, compreenso, e adaptao deve ser de autosacrifcio e auto-esquecimento, do mesmo modo quando algum vai lutar por seu pas na guerra, no h lugar para luxo ou desejos suprfluos. Tenho uma lembrana a esse respeito de quando Gandhi reuniu seu exrcito de no-violncia, um dos soldados voluntrios perguntou: "Por favor, nos consiga ch." Gandhi disse a ele: "Podemos te dar a gua do rio, mas nenhum ch. Se ests pronto para isso ento segue em frente." Se queremos nos conectar com Vrndavana-lila de Krsna, no podemos impor nenhuma condio. A sim compreenderemos o mtodo recomendado po Sriman Mahaprabhu: humildade maior do que a da folha de grama. Somente assim no haver reclamao de nossa parte. Qualquer reclamao nossa, no somente na posio externa da presente vida, mas mesmo na vida eterna, deve ser examinada cuidadosamente e
devemos aceitar plenamente os caminhos do Senhor. Krsna pode nos aceitar ou nos rejeitar; temos de correr esse risco. S assim progrediremos. Se de alguma forma pudermos entrar no grupo dos servos de Krsna, veremos que cada um tem a natureza de se consolarem mutuamente, quando esto reunidos em seus grupos respectivos. Existem diferentes relaes de servio e vrias sees de servos de natureza similar, e eles se consolam mutuamente com conversas sobre Krsna (krsna-katha). Krsna diz no Bhagavad-gita (10.9,12): mad-citta mad-gata prana bodhayantah parasparam kathayanthas ca mam nityam tusyanti ca ramanti ca "Meus devotos se renem, falam de Mim, e compartilham seus pensamentos que consolam seus coraes. E eles vivem como se essa conversa sobre Mim fosse seu alimento. Ela lhes d um tipo elevado de prazer, e descobrem que, quando falam de Mim entre si, sentem como se estivessem desfrutando da Minha presena." tesam evanukampartham aham ajnana-jam tamah nasayami atma-bhavastho jnana-dipena bhasvata "s vezes, quando o sentimento de saudades de Mim meuito intenso em Meus devotos, apareo de repente perante eles e sacio sua sede e Minha companhia." Doura com Dor Sri Chaitanya Mahaprabhu deu um outro tipo elevado de consolo ultrarefinado no ltimo verso do Seu Siksastakam. Este foi confirmado pr Krsnadasa Kaviraja Goswami, que escreveu: bahye visa-jvala haya bhitare ananda-maya krsna-premara adbhuta carita "No temas. Podes sentir uma dor horrvel de saudades externamente, mas, internamente, sentirs um tipo de rasa sem igual, o mais agradvel sentimento de paz, alegria ou xtase." Externamente, h muitas dores de separao, mas internamente, a maior satisfao. As escrituras nos aconselham desse modo, e nossa experincia prtica confirma nossa f nesse particular. O poeta ingls Shelley escreveu: "Nosso riso sincero frtil de alguma dor; Nossas canes mais doces so aquelas Que contam o mais triste do amor." Quando lemos um pico em que h uma separao cruel do heri da herona, isso to doce que no conseguimos largar o livro, mesmo derramando lgrimas. muito doloroso quando ouvimos a respeito do sofrimento de Sita-devi, de como ela foi banida por Ramacandra e abandonada na floresta mesmo com criana. Derramamos lgrimas, mas continuamos lendo. Existe doura na dor. Tal possvel. A separao de Krsna assim. Essa a caracterstica especial de krsna-prema: sentimos externamente dor extrema como fogo da lava, mas nosso corao saturado com uma extraordinria alegria exttica. Foi isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu nos deu. Estaremos preparados para esse tipo de vida, na medida em que capturarmos o significado de Suas instrues. Essa a tarifa que se paga para ir a Vrndavana, e, quando formos apresentados a tantos outros como ns, nossa alegria no ter limite. Obtemos consolo quando nos encontramos com outros de mesma natureza e mentalidade. No precisamos temer. Devemos pensar convictamente que aquele nosso lar e, apesar de tudo, devemos desejar voltar ao lar, de volta ao Supremo. L no somos estrangeiros. Somos estrangeiros aqui: cada pessoa me trata do jeito que quiser. Mas Vrndavana auspiciosssima e plena do mais elevado prospeto. o lugar da satisfao interna. Ansiamos por isso; no podemos deixar de ansiar por nosso verdadeiro lar. Qual a verdadeira alegria e xtase ? No temos cincia disso. Esse nosso problema atual. Mesmo assim, vamos nos conscientizar sobre um sentimento prtico de verdadeira alegria e xtase, beleza e encanto, medida que progredimos na conscincia de Krsna, e, dessa forma, encorajar-nos-emos cada vez mais. Yamunacharya diz: yad-avadhi mama cetah krsna padaravinde nava-nava-rasa-dhamany udyatam rabtum asi tad-avadhi bata nari-sangame smaryamane bhavati mukha-vikarah susthu nisthivanam cat "O prazer mundano era o mais importante para mim antes de entrar em contato com o amor de Krsna em Vrndavana; mas agora, se vier algum sabor mundano em minha memria, minha face se desfigura, e cuspo no meu pensamento." Se obtivermos um mnimo de gosto por esse xtase, concluiremos imediatamente que no pode haver comparao entre ele e qualquer paz ou prazer aqui deste mundo mundano. Ao mesmo tempo, quando nos estabelecemos nessa atmosfera, nenhuma dor poder nos perturbar ou afetar de jeito nenhum. Existe um outro lado tambm: apesar de estarmos sendo aconselhados a nos preparar para a separao dolorosa, o fato no assim to cruel na realidade. Krsna diz, mayi te tesu capy aham: "Estou sempre com Meus devotos." Onde quer que haja um devoto exclusivo, Krsna est l como sua sombra, sempre Se movendo invisvel atrs dele. Assim a natureza do Senhor:
aham bhakta-parardhino hy asvatantra iva dvija sadhubhir grasta-hrdayo bhaktir bhakta-jana-priyah O Senhor disse a Durvasa: "Sou escravo de Meus devotos; no tenho liberdade separada do desejo deles. Meu corao controlado por eles, e moro sempre em seus coraes, porque so completamente puros e devotados a Mim. No dependo apenas de Meus devotos, mas at dos servos de Meus devotos. Mesmo os servos de Meus devotos so queridos por Mim." Krsna no um Doce Devemos estar preparados para qualquer circunstncia desfavorvel, mas no devemos nos desencorajar. Krsna muito afetuoso; Sua preocupao conosco a mais intensa e sincera. Sua afeio por ns no tem rival. Mesmo assim, Sriman Mahaprabhu nos deu um aviso nesse verso: "Comeas a busca de Krsna ? Krsna no um doce que se compra no mercado e se consome facilmente. Ao tentares obter o mais elevado do supremo, deves estar preparado para tudo." Ao mesmo tempo, os devotos viro e diro: "No tenhas medo. Somos como tu. Vamos caminhar juntos numa linha reta. No temas - estamos aqui." Disseram-nos que os devotos de Krsna so mais complacentes do que o prprio Krsna. O consolo de nossas vidas e nossa fortuna so Seus devotos, e Krsna diz: mad bhaktanam ca ye bhakta: "Aquele que servo do Meu servo meu verdadeiro servo." Sadhu-sanga, associao com santos, o que h de mais importante e valioso para ns. Nossa associao nossa guia para avanar e progredir em direo ao infinito; o mais importante. Devemos nos agarrar ao infinito; o mais importante. Devemos nos agarrar a essa concluso: sadhu sanga, sadhu sanga, sarva kaya lava-matra sadhu-sange sarva-siddhi haya As escrituras concluem que toda perfeio poe ser alcanada com a ajuda dos santos. Nossa maior riqueza para alcanar o objetivo supremo a boa associao.