Revista Verde Oliva
Revista Verde Oliva
Revista Verde Oliva
N 201
ABR/MAIO/JUN 2009
Por mais terras que eu percorra, No permita Deus que eu morra Sem que volte para l; Sem que leve por divisa Esse "V" que simboliza A vitria que vir: Nossa vitria final, Que a mira do meu fuzil, A rao do meu bornal, A gua do meu cantil, As asas do meu ideal, A glria do meu Brasil.
Trecho da Cano do Expedicionrio Letra: Guilherme de Almeida
Trimestral permitida a reproduo de artigos, desde que citada a fonte, exceto das matrias que contiverem indicao em contrrio.
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NOSSA CAPA
Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial Foto: Maj QCO Waston do Centro de Estudos de Pessoal
CONSELHO EDITORIAL
Cel QMB QEMA Eduardo Arnaud Cypriano Cel Eng QEMA Abner Gonalves de Magalhes Cel R/1 Jefferson dos Santos Motta
SUPERVISO TCNICA
Cel R/1 Jefferson dos Santos Motta
REDAO
Maj Inf Nilton Diniz Rodrigues Cap QCO Adriana Ferreira Ribeiro de Castro 2 Ten QAO Adm Ernando Corra Pereira
PROJETO GRFICO
Cap QAO Topo Carlos Alberto Ramos de Morais 1 Ten QAO Adm G Osmar Leo Rodrigues 1 Ten OTT Aline Sanchotene Alves 1 Ten QCO Karla Roberta Holanda Gomes Moreira ST Inf Pallemberg Pinto de Aquino
COORDENAO E DISTRIBUIO
Centro de Comunicao Social do Exrcito
IMPRESSO
GRFICA EDITORA PALLOTTI Av. Plnio Brasil Milano, 2145 Passo DAreia 90520-003 Porto Alegre-RS Fone: (51) 3021-5001
TIRAGEM FOTOGRAFIAS
Arquivo CCOMSEx
JORNALISTA RESPONSVEL
Maria Jos dos Santos Oliveira RP/DF/MS 3199
PERIODICIDADE
DISTRIBUIO GRATUITA
Quartel-General do Exrcito Bloco B Trreo 70630-901 Setor Militar Urbano Braslia/DF Telefone: (61) 3415-6514 Fax: (61) 3415-4399 [email protected] Disponvel em PDF
rezado leitor verde-oliva, Venha viajar conosco pelas pginas da Revista Verde-Oliva n 201, pois ela contempla assuntos que nos so caros, como os valores histricos e morais cultuados pelo Exrcito Brasileiro desde Guararapes. O Febiano, Empresrio e Deputado Federal Camilo Cola rememora acontecimentos marcantes no teatro de operaes europeu e as influncias que recebeu no fortalecimento de seu carter de cidado. Em justa homenagem, esta edio destaca o Dia da Vitria aliada fim da Segunda Grande Guerra e nos traz lembrana o detentor do basto de comando da Fora Expedicionria Brasileira, at maio deste ano, Marechal Waldemar Levy Cardoso, o soldado mais antigo. Para os leitores que desejam conhecer um pouco mais sobre a Fora Expedicionria, o artigo As glrias da FEB apresenta noes sobre o que representou a atuao dos nossos heris na Itlia. O primeiro tiro da Artilharia Brasileira em solo italiano oferece pginas memorveis daquele episdio. "No Rastro dos Heris" surge como uma homenagem aos 140 anos da Dezembrada, mais um exemplo de dedicao incondicional Ptria. Este nmero da Verde-Oliva tambm convida o leitor a conhecer as peculiaridades do Forte Coimbra e do 37 Batalho de Infantaria Leve. O Sistema de Excelncia no Exrcito Brasileiro apresenta-se como um texto informativo de grande relevncia para todos que contribuem para a obteno de resultados positivos na execuo de suas tarefas. A matria A Observao Area no Brasil permite-nos acompanhar a evoluo dessa tcnica desde 1867. J a pensionista gacha Elizia Torres e Silva nos oferece uma lio de vida no auge dos seus 116 anos. Enternecido com a sapincia e a lucidez dessa senhora, o leitor viaja para os bancos escolares dos colgios militares e depara-se com o xito de nossos jovens alunos na Olimpada Brasileira de Matemtica/2008. Histrias de sucesso no se encerram por a. Engajado com a questo ambiental, o SegundoSargento Guilherme, do 5 Centro de Telemtica de rea, elaborou, em coautoria, um artigo cientfico sobre o Parque dos Manguezais, em Recife, o que lhe rendeu o Prmio Valores do Brasil/ 2008. O interesse pela pesquisa assume papel de grande importncia nos exrcitos modernos e a Fora, por intermdio do trabalho tcnico do Centro Tecnolgico do Exrcito, brinda-nos com um artigo sobre a utilizao da Fibra de Carbono em material de emprego militar. A presena de religiosos junto tropa sempre foi fator de grande importncia. interessante conferir a matria sobre Frei Orlando, capelo que se voluntariou para integrar a FEB. Por viver de forma heroica as virtudes crists, o Frei teve seu nome indicado beatificao. A magnfica atuao do 4 Batalho de Aviao do Exrcito na libertao de cidados colombianos, refns da guerrilha, um exemplo de competncia e profissionalismo. Com a Mo Amiga, marca registrada de nossa Fora, registra-se o importante trabalho social, realizado pela 14 Brigada de Infantaria Motorizada, em socorro aos flagelados da tragdia das chuvas em Santa Catarina. Temos, ainda, As Bandas de Msica Militares que, desde o sculo XVII, comovem seus apreciadores, promovendo momentos prazerosos de integrao e de lazer. Por fim, apresentamos em Personagem da nossa Histria, o eterno Sargento Lima, ldimo representante do combatente da Fora Expedicionria Brasileira. Rememoremos o nosso passado, pleno de ensinamentos. Boa leitura!
www.exercito.gov.br
Sumrio
6 - Entrevista: Dep CAMILO COLA (ex-integrante da FEB) 9 - As Glrias da FEB 14 - O primeiro tiro da Artilharia Brasileira em solo italiano
20 - No Rastro dos Heris 21 - O Valor da preservao do Parque dos Manguesais em Recife-PE 24 - 4 B Av Ex participa de misso humanitria da Cruz Vermelha Internacional 26 - A tragdia das chuvas em Santa Catarina 31 - Forte Coimbra 32 - A Fibra de Carbono 34 - A Observao Area no Brasil 18 - Frei Orlando
39 - 37 Batalho de Infantaria Leve 42 - Sistema de Excelncia no Exrcito Brasileiro 46 - Pensionista gacha de 116 anos: uma lio de vida 47 - O SCMB na Olimpada Brasileira de Matemtica/2008 48 - As Bandas de Msica Militares 50 - Personagem da nossa histria O eterno Sgt Lima
A Revista Verde-Oliva com excelentes artigos , sem dvida, erdede-Oliva um veculo informativo de nosso Exrcito cuja divulgao fortalece o pensamento militar, necessrio nossa soberania. General-de-Exrcito Armando de Moraes de Ancora Filho Rio de Janeiro-RJ
Parabenizo o Chefe do CCOMSEx e a equipe da Revista erdede-Oliva Verde- Oliva pelo excelente trabalho de divulgao das atividades do nosso glorioso Exrcito. A difuso da revista muito contribui para a manuteno do prestgio do EB apesar de tudo e de todos. Muito sucesso. General-de-Brigada Ref Luiz Henrique Domingues Fortaleza-CE Gostaria de parabenizar toda a equipe que contribui de forma direta ou indireta para realizar este trabalho maravilhoso que a Revista Verde-Oliva Aproveito para dizer que sou um grande erde-Oliva. de-Oliva admirador desta famlia que o Exrcito Brasileiro. Tive a oportunidade de ler a edio de n 199, que traz as aes do Exrcito Brasileiro em prol do desenvolvimento sustentvel da regio amaznica, a qual foi de grande valia para meu trabalho de faculdade. Thiago Rodrigues Secretrio da Junta de Servio Militar Guamiranga-PR Meu pai, hoje falecido, ensinou-me o quanto o Exrcito Brasileiro importante para a vida de uma pessoa, e eu sempre tive o hbito de ler a Revista Verde- Oliva Acho seus artigos erde- Oliva. de-Oliva emocionantes, com os quais aprendo muito. Renato Santos Lopes Ferreira
Aps a leitura das matrias da Revista Verde-Oliva n 199, erdede-Oliva abordadas e expressas de forma clara e objetiva, quero manifestar minha satisfao e apresentar as minhas sinceras felicitaes pelo excelente trabalho produzido pela equipe. Os assuntos so relevantes e de grande interesse nacional especialmente para professores, estudantes, dirigentes dos poderes pblicos e, sobretudo, para cada cidado brasileiro, pela clareza, mtodo e segurana na exposio de cada matria. Waldemar Serafin Esta nobre e valorosa revista muito contribuiu para a concluso de minha monografia A Constituio Federal e as Foras Armadas. Mostrei nesta obra as atividades da caserna no meio social, cultural e, principalmente, sua misso constitucional. Robson Silva So Paulo-SP Quero parabenizar a equipe da revista Verde- Oliva pelo erdede-Oliva brilhante trabalho e excelente contedo grfico e editorial de cada edio. Destaco o artigo Ao de Comando Continuada assinada pelo General Alberto Cardoso que, na minha viso, no apenas Cardoso, um simples artigo para o emprego nos quartis, trata-se de uma verdadeira aula de administrao e gesto para ser aplicada em toda e qualquer empresa de grande, mdio e pequeno porte. Valdir Nobre Belo Horizonte-MG
A Revista Verde-Oliva completou 36 anos de criao no ltimo ms de maio. Nesse clima de comemorao, agradecemos pelo apoio irrestrito de nosso seleto pblico leitor e convidamos a todos para seguir nessa trajetria de culto aos valores e s tradies castrenses. Aprimorar e consolidar esse importante veculo de Comunicao Social o nosso estmulo, que se renova a cada publicao.
ERRAMOS - Edio n 200 Pgina 6 - Os quadros dos Heris de Guararapes so de autoria do artista plstico Ostervaldo. Pgina 30 - A foto da viatura blindada publicada como sendo de um M60 de um Leopard 1A1. Pgina 38 - No ttulo da matria, grafamos Terrrestre em vez de Terrestre.
ANO XXXVI N 201 ABR/MAIO/J UN 2009
VERDE-OLIVA
ENTREVISTA
Febiano Camilo Cola
As atividades de empresrio e de poltico se entrelaam. Mas o que me fortaleceu o carter foi a presena na guerra e a luta pela democracia.
o dia 8 de maio, as Foras Armadas e a sociedade brasileira comemoraram o Dia da Vitria fim da Segunda Guerra Mundial. As comemoraes em torno da vitria aliada trazem-nos, a par da lembrana de nossos patrcios que participaram desse sangrento conflito, momentos de profunda reflexo acerca da nobre misso do Exrcito Brasileiro de defender a Ptria e os valores morais de nosso povo. Como forma de exaltar os feitos da FEB (Fora Expedicionria Brasileira), o CCOMSEx convidou o Febiano, Empresrio e Deputado Federal Camilo Cola que nos deu o privilgio de t-lo como entrevistado, proporcionando aos nossos leitores a oportunidade de conhecer um pouco de suas experincias de vida e sua opinio sobre alguns assuntos da atualidade. Filho de imigrantes italianos, comeou a trabalhar em uma rampa como lavador de carros e hoje, aos 82 anos, ainda comanda o maior grupo de transportes do Brasil e maior empresa de transporte rodovirio de passageiros do mundo. Aos 18 anos, alistou-se, contra a vontade da famlia, na FEB, na qual sua experincia em mecnica e direo foram teis. Ainda nessa oportunidade, participou de batalhas e misses em Monte Castelo e Montese na Itlia.
erdeVerde- Oliva O Sr. valoriza muito a sua histria familiar. Quais sentimentos o levaram a alistar-se na FEB, mesmo contra a vontade de seus familiares? Camilo Cola Alistei-me por puro dever cvico. Eu estava servindo ao Tiro-de-Guerra e o sargento que nos comandava franqueou a palavra: na hora me disponibilizei. As notcias de torpedeamento de navios na costa brasileira reforaram, em mim, a tese de que a ptria corria perigo. Apesar de vir de uma famlia de italianos, que estavam, naquele momento, ao lado dos nazistas, no titubeei e disse ao meu pai: sou brasileiro, vou pra Guerra.
erdede-Oliva Verde- Oliva Em palestra realizada no Centro de Comunicao Social do Exrcito, o Sr. se emocionou e tambm emocionou a assistncia quando falou a respeito da Campanha da FEB. Isso ocorre sempre que o Sr. aborda esse tema ou se deve a algum fato em especial? Camilo Cola Os acontecimentos no campo de batalha sempre afloram meus sentimentos. Toda vez que me refiro s atrocidades que presenciei, fico emocionado. Um dos momentos mais trgicos foi quando a Itlia se retirou do Eixo e os alemes comearam a matar, indiscriminadamente, homens, mulheres e crianas.
CENTRO DE COMUNICAO SOCIAL DO EXRCITO
Em cada cidade que chegvamos, o quadro era desolador. Como esquecer? Como deixar de me emocionar com cenas to fortes e to injustas? Verde-Oliva A experincia de guerra traz benefcios erdede-Oliva para cada um dos partcipes. O que o senhor Camilo Cola poderia nos apresentar em relao s experincias pessoais? Camilo Cola Aquilo que vivi no front de batalha significou uma faculdade para mim. Determinou o rumo da minha vida. Procurei fazer os cursos que a Escola Superior de Guerra (ESG) nos disponibilizou depois da vitria. Participei das atividades da Associao dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) que me foram de grande valia na vida prtica. Gostaria de salientar, aqui, que estes cursos sempre estiveram na maior consonncia com os objetivos da nossa ptria. Se olhar para trs, sem dvida, posso dizer que tive benefcios e soube aproveit-los. Quando chegamos da Campanha, o governo brasileiro permitiu que importssemos caminhes Ford dos Estados Unidos. Este foi o embrio da empresa que fundei, a Itapemirim, e que me enche de orgulho. Verde-Oliva Na Itlia, o Sr. participou de diversas erdede-Oliva misses e das Batalhas de Monte Castelo e de Montese. Qual a sua opinio sobre o pracinha brasileiro comparado com aqueles que eram considerados os melhores soldados do mundo na poca? Camilo Cola Ns fomos to eficientes quanto os melhores soldados americanos que lutaram no front. Lgico que para isso recebemos, dos parceiros da Amrica do Norte, apetrechos, armas mais atualizadas, roupas adequadas ao frio. Mas nada ficamos a dever: da disciplina ao cumprimento do dever. Isto refora a mxima do nosso patrono, o Duque de Caxias Uma vez na caserna temos Caxias: que pensar na ptria. erdede-Oliva Verde- Oliva O Sr. poderia nos falar sobre algum acontecimento ou fato pitoresco que tenha presenciado ou do qual tenha participado durante a Guerra? Camilo Cola De pitoresco, destaco o prmio por bom comportamento que recebi: uma visita linda cidade de Florena, bero de museus, da arte, de monumentos e da histria viva da humanidade. Como nunca deixei de usar o pesado capacete de ao, sempre tive minha farda passada (Deus sabe com que dificuldade) e a barba feita, fui deslocado de minha companhia para acompanhar o Major Joo Costa nesta visita. Digo que fui deslocado porque minha funo era junto ao canho antitanque e no servia, diretamente, ao coronel que, na volta ao Brasil, foi promovido a general. erdede-Oliva Verde- Oliva Rememoremos o pracinha da FEB e pensemos no soldado de hoje. Com relao a aspectos da rea afetiva, como amor Ptria, nacionalismo e cidadania,
o Sr. acredita que existem diferenas ou isso s pode ser avaliado quando se vive uma situao real? Camilo Cola No se pode, de um gabinete, fazer esta comparao. O que determina a ao numa guerra a tmpera de cada um. S na situao real podemos avaliar a coragem e a determinao de um homem, de um soldado. Para ter sucesso necessria muita motivao. Ter claro que a luta pela liberdade fala mais alto. Naquela guerra, eu tinha, bem claro, que se tratava de uma disputa de Nazismo contra Democracia. Meu lado foi o da liberdade. erdede-Oliva Verde- Oliva Convidamos o Sr. a refletir acerca da soberania brasileira na Amaznia. Qual a sua viso sobre o tema? Camilo Cola O Brasil deve ter total soberania sobre aquela regio to rica e to cobiada pelo mundo todo. Custe o que custar, temos que defender nosso territrio. Temo que possamos acordar tarde e descobrir que estamos sendo lesados. Preocupa-me, especialmente, a ao de organizaes no governamentais que nem sempre tm propsitos muito claros. A, mais uma vez, fica evidenciada a importncia do Exrcito Brasileiro na regio. S o patriotismo de homens que se sacrificam, s vezes, pondo em risco suas vidas e distanciando-se da famlia, capaz de proteger nossas fronteiras. erdede-Oliva Verde- Oliva O Sr. um cidado brasileiro que carrega no peito a marca da cobra fumando, por ter pertencido FEB; um empresrio muito bem sucedido com projeo internacional; e , tambm, um poltico atuante que trata com lisura os diversos problemas brasileiros. Qual das trs atividades lhe traz, com maior intensidade, sentimentos de orgulho, alegria e relevncia? Camilo Cola As atividades de empresrio e de poltico se entrelaam. Mas o que me fortaleceu o carter foi a presena na guerra e a luta pela democracia. Lembro de um episdio, h 15 anos, na minha cidade, Cachoeiro de Itapemirim... Um grupo de paraquedistas do Exrcito lanou uma granada num pasto com vrios animais. O proprietrio perdeu vacas do seu plantel. Quando eu soube do ocorrido, prontifiquei-me a pagar pelos danos causados no acidente. Eu no poderia deixar, na minha cidade, que a imagem do glorioso Exrcito nacional ficasse manchada. Conto isso para exemplificar como nunca dissocio as imagens de soldado/empresrio/poltico. Minha preocupao com o bem pblico. erdede-Oliva Verde- Oliva O Sr. gostaria de acrescentar algo mais a respeito do assunto? Camilo Cola Sugiro que nossa verba de defesa seja maior. Se nos compararmos com outros pases, menores, da Amrica do Sul, verificamos que estamos aqum em aparelhamento e atualizao de meios.
AS GLRIAS DA FEB
Cel Manoel Soriano Neto
Historiador Militar, ex-Chefe do Centro de Documentao do Exrcito
CONSIDERAES INICIAIS
Histria, como consabido, no se repete. Entretanto, como assinalam historiadores de nomeada, h circunstncias muito semelhantes que reaparecem na existncia de cada povo, consoante as velhas teorias do pendulum historiae (pndulo da Histria) ou horologium historiae (relgio da Histria). Como uma senide, as Naes chegam ao apogeu de sua evoluo histrica e, muitas vezes, por negligncia de seus prprios filhos, sofrem, prematuramente, o seu perigeu. J dizia o Barroso: historiador Gustavo Barroso Aqueles povos que no escutam as badaladas sonoras de sua Histria, por seus feitos gloriosos, esquecendo-os, choraro, amargamente, ao ouvir o triste dobre dos sinos. Na Histria Militar do Brasil, dois momentos histricos ainda bem recentes, exsurgem como de suma relevncia: a participao do Pas na II Grande Guerra e o Movimento Cvico- Militar de 31 de maro de 1964. Felizmente, esses dois episdios esto muito bem documentados, mxime aps a edio de vrios volumes do Projeto Histria Oral do Exrcito Brasileiro. Assim, se ns militares, em particular, entendermos que a Histria deve pairar acima dos sabores da poca vivida e perseverarmos em enaltecer e cultuar os feitos memorveis da bela Histria Militar brasileira, no correremos o risco de ouvir o triste dobre dos sinos, como, h tempos, nos advertia o ilustre Gustavo Barroso. Acerca de um desses episdios histricos que pretendemos relembrar, sucintamente, alguns aspectos importantes.
Quadro Penltima Misso do Coronel R/1 Estigarrbia Salo Guararapes Quartel-General do Exrcito (Braslia-DF)
A FEB cumpriu o seu dever e, acima de tudo, nos mantivemos como Exrcito que jamais conheceu a derrota. Pas e rompeu relaes com o Eixo. Diante dessa atitude, no levou muito tempo para que sofrssemos as represlias do inimigo. Em sete meses, pagvamos o preo da solidariedade continental, hipotecada por fora de Tratado: foram afundados 19 navios brasileiros ao longo de nosso litoral. Mais de 700 vidas foram ceifadas, sem declarao de guerra, por torpedos de submarinos alemes. O clamor pblico se fez sentir em todo o Pas, ento com 40 milhes de habitantes. Em consequncia, declarado, em 22 de agosto de 1942, o estado de beligerncia contra os pases do Eixo, quando os exrcitos inimigos obtinham expressivas vitrias na Europa, frica e sia, com os nazistas ameaando Moscou. Estvamos em guerra... Necessrio se faz, para bem entendermos o que era o Brasil daquela poca, invocarmos o testemunho do General Octvio Costa, registrado em seu valioso livro de reminiscncias da FEB, escrito em 1975, de ttulo Trinta Anos Depois da Volta; - Citao: O Brasil continuava sendo o eterno Pas do futuro. ramos uma nao pacifista, cujo Exrcito havia disparado seu ltimo tiro, em 1870, nos campos do Paraguai. Desde o incio da dcada de 20, aqui estava uma operosa Misso Militar Francesa, que montara no Exrcito, o admirvel sistema de ensino militar que responde pelo excelente nvel cultural de nossos oficiais. A organizao, os regulamentos, os processos de combate, a doutrina, afinal, era francesa, fortemente impregnada de conceitos defensivos. O armamento, de diferentes procedncias. Os canhes eram alemes e franceses, Krupp ou Schneider 75, fuzil Mauser 1908,
morteiro Brandt, metralhadora Madsen ou Hotckiss - quase tudo viera da Europa, salvado da Guerra de 18. A Marinha de Guerra limitava-se quase exclusivamente, aos velhos e obsoletos encouraados Minas e So Paulo e a Aeronutica, ainda vinculada s foras de terra e mar, mal comeava a nascer. Esse era o Brasil de antes da guerra, contemplativo e pobre, pessimista e preguioso, inquieto e contraditrio, marcado de preconceitos e complexos, quase sempre Jeca Tatu. - Fim da Citao. Nesse quadro nada alentador que o Brasil teve a incumbncia de preparar um Corpo de Exrcito de cerca de 70.000 homens (a 3 Divises de Infantaria) e de intensificar o apoio a seus aliados, por meio de matriasprimas, como a borracha (notvel foi a heroica saga dos Soldados da Borracha, na Amaznia), e tambm pela utilizao de bases areas, particularmente as do Nordeste - regio bastante vulnervel aps a conquista do Norte da frica, pelos alemes. Apesar de enormes dificuldades, conseguimos mobilizar 180.000 homens e reforar o litoral do saliente nordestino com vrias Unidades recm-criadas. Das trs Divises de Infantaria, anteriormente cogitadas, conseguimos formar e adestrar, a duras penas, somente uma Diviso e ainda amargamos a ao deletria de agentes da quinta-coluna, que encetaram virulenta campanha contra a FEB. Eram tempos de supervalorizao do que era aliengena - tempos de se cantar e danar tangos e boleros, de se admirar o que vinha da Frana e dos Estados Unidos. Nos estados sulinos existiam quistos raciais nas comunidades de origem alem. O Reich nazista estimava contar, no Brasil, com 900.000 simpatizantes. Tudo isso propiciava a propaganda adversa, dizendo-se at que
era mais fcil uma cobra fumar do que a FEB partir para a guerra. Mas a reao brasileira no tardou. Superamos todos os bices e a cobra fumando, mote do desdm de aptridas, foi o smbolo da 1 Diviso de Infantaria Expedicionria 1 DIE.
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Ary Rauen auen, na mais cruenta frente de batalha da Europa Ocidental, de pequenas fraes: o Tenente Ar y R auen o Aspirante Wolff s posso dizer que a FEB no teve um s dia de descanso Francisco Mega e o Sargento Max Wolff Filho (este, em misso de patrulha de reconhecimento, na antevspera em sua campanha na Itlia (grifamos). No escopo deste trabalho a descrio dos principais do combate). Nessa fase, no poderia haver perda de tempo feitos expedicionrios. Porm, mister se faz a apresentao e a DIE se deslocou para o Norte, em direo a Zocca, cronolgica dos mesmos, em aspectos de elevada significncia. conquistando as localidades de Marano e Vignola. A 4 fase foi a da Perseguio ao inimigo em rpida Na 1 fase das operaes, ainda como Destacamento FEB, obtivemos a primeira vitria, em Camaiore, no dia retirada ao Sul do rio P , e se desenvolveu na direo 18 de setembro de 1944. No prosseguimento pelo vale geral Vignola-Alexandria. A Diviso progrediu com incrvel do rio Serchio, avanamos 40 km, efetuamos 208 velocidade, inclusive utilizando os caminhes da Artilharia, prisioneiros e conquistamos vrias elevaes, vilas e a fim de transportar os Infantes para a regio de Fornovo. Em 27 de abril de 1945, a DIE chocou-se com cidades, tais como os Montes Prano e Acuto, Massarosa, resistncias inimigas em Collechio-Fornovo-Respcio e, em Fabriche, Fornaci, Gallicano, Barga e San Quirico. A 2 fase, ao longo do vale do rio Reno, na regio dos duplo envolvimento, iniciou um amplo cerco s tropas contra-fortes de Belvedere, Monte Castelo e Castelnuovo, alems. Os combates feriram-se durante toda a noite de foi a mais terrvel da Campanha expedicionria. No fosse 27/28 Abr, sendo enviado um ultimatum de rendio conquistado o Monte Castelo, seria impossvel o incondicional aos alemes, que foi aceito, aps algumas prosseguimento do IV CEx em direo a Bolonha, que tratativas. Amanhecia o dia 30 de abril, quando se deu a deveria ser tomada antes da chegada do inverno. rendio, em combate, frise-se, da 148 Diviso de Entretanto, tal objetivo s seria atingido se fossem liberados Infantaria do Exrcito Alemo e remanescentes das 42 km da Rodovia 64, batida pelos fogos inimigos partidos 90 Diviso Panzer Granadier e Bersagliere Itlia. Era a das citadas elevaes, cujo ponto culminante era o apoteose da FEB! A Histria, naquele momento, registrava Monte Castelo. Quatro ataques a este monte foram fato mpar: super-homens nazistas eram rendidos, em desencadeados nos meses de novembro e dezembro de combate, pela nica tropa sul-americana presente no Teatro 1944, pelo IV C Ex, com a participao da FEB, um deles de Guerra europeu. Aprisionamos 14.779 homens, 4.000 somente ao encargo de nossa tropa; porm, no lograram animais, 2.500 viaturas, alm de farta quantidade de xito, por uma srie de razes muito bem explicadas em armamento, munio e equipamentos. Nossa Diviso prosseguiu em seu avano. Em 30 de copiosa literatura. Finalmente, em 21 de fevereiro de 1945, aps 12 horas de batalha e 3 meses de ingentes abril, ocupou Alexandria, onde fez juno com tropas esforos, que nos roubaram 263 preciosas vidas e nos norte-americanas e, em 1 de maio, aps ultrapassar a fizeram mais de um milhar de feridos, a vitria foi obtida. cidade de Turim, realizou nova juno, com tropas A queda de Monte Castelo foi o momento mais emocionante francesas, em Susa. Da em diante, foram efetuadas vivido pela FEB. Para coroar tal faanha, completando a operaes de ocupao, at 3 de junho, quando houve o quebra da Linha Gtica (tais eram as culminncias que a deslocamento para o Sul da Itlia, onde se aguardou o compunham), conquistamos, em 5 de maro de 1945, as regresso ao Brasil. elevaes de Torre di Nerone e Castelnuovo, o que propiciou o livre trnsito na Rodovia 64. O IV CEX, no dia seguinte queda de Monte Castelo, partiu clere para Bolonha, por aquela rodovia. Na 3 fase, passamos a operar no corte do rio Panaro, quando se travou, em 14 de abril de 1945, a batalha de Montese, a mais sangrenta de todas. A localidade situava-se a 1.200 m de altitude, um verdadeiro ninho de guias onde os alemes estavam encarapitados. A sua conquista, por isso, exigiu muita bravura e esforos inauditos, em especial dos Pelotes de Infantaria e do Esquadro de Cavalaria Mecanizado. Capturamos 107 prisioneiros e sofremos 426 baixas, a computadas as ocorridas na fase preliminar da batalha, cumprindo lamentar a Entrega da Medalha da Vitria morte de trs heroicos Infantes, comandantes Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial Rio de Janeiro-RJ
ANO XXXVI N 201 ABR/MAIO/J UN 2009
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Encerrava-se, assim, uma das mais brilhantes pginas de nossa Histria. Completava-se o memorvel priplo de brasileiros em terras do Velho Continente. Perderam a vida, em combate, 451 militares; 1.577 foram feridos, 1.145 acidentados, 58 extraviados e 35 feitos prisioneiros, em 239 dias de empenho diuturno. Tambm, as merecidas loas aos bravos companheiros da Marinha de Guerra, no patrulhamento de nosso litoral e na proteo aos comboios navais, e novel Fora Area Brasileira, que tantas glrias colheu na Itlia, com o Grupo Senta a Pua.
e injustificadamente, da Conferncia de Reparao de Guerra, de Paris. Destarte, mesmo sendo um dos pases vencedores, o Brasil foi, economicamente, bem menos beneficiado do que os vencidos, eis que o Plano Marshall os contemplou de forma magnnima.
CONCLUSO
A FEB regressou coberta de glrias. Aos que verteram o seu generoso sangue pela honra da Ptria, o nosso preito de eterna gratido, na relembrana das palavras do Marechal Mascarenhas de Moraes: Regressamos com feridas ainda sangrando dos ltimos encontros, mas nunca, pela nossa atuao, prestgio e nome do Brasil periclitaram ou foram comprometidos. A Fora Expedicionria trouxe mudanas profundas para o Brasil, em todas as expresses do Poder Nacional. De seus quadros saram um Presidente e um vice-Presidente da Repblica (Humberto de Alencar Castello Branco Humberto e Adalberto Pereira dos Santos um Presidente do Santos); Paulo Torres); Cordeiro Senado (Paulo Torres quatro Governadores (Cordeiro orres Cordeir Farias arias, Torres, orres de Farias Paulo Torres Emlio Ribas e Luiz Mendes Silva); da Silva quatorze Ministros de Estado (Zenbio da Zenbio Costa, Cordeir deiro Farias arias, Kruel, Costa Cordeir o de Farias Amaur y Kruel Segadas Vianna Nelson de Melo Moraes Ancora Ademar Vianna, Melo, Ancora, Queiroz oz, Tavares avares, Paiva, de Queir oz L yra Tavares Campos Paiva Albuquerque Lima, Coutinho, Abreu, Albuquerque Lima Dale Coutinho Hugo Abreu Furtado urtado), Belfort Bethlem e Celso Furtado alm de inmeros e proeminentes militares, polticos, homens pblicos, etc. Ainda hoje, j passados 64 anos, no h quem no se emocione com a Cano do Expedicionrio, msica de Spartaco Rossi e poesia do grande vate Guilherme de Almeida, Almeida uma belssima miscelnea de versos e trechos de renomados autores nacionais e de modinhas da poca... Salve a Fora Expedicionria Brasileira, orgulho do glorioso e invicto Exrcito de Caxias e de nosso amado Brasil! No me mandas contar estranha Histria. Mas mandas-me louvar dos meus a glria!
CONSIDERAES FINAIS
A FEB no foi uma simples expedio. A FEB no foi uma presena simblica na guerra contra o nazi-fascismo. queles que a detratam, depreciando o seu desempenho, precisariam entender o que nos ensinou o saudoso febiano General Meira Mattos em seus competentes trabalhos Mattos, sobre a 1 DIE. Dizia o General, que s poderamos aferir, com justeza, o que foi o desempenho de nossa Diviso de Infantaria se o comparssemos, singularmente, com o de uma outra Diviso estrangeira, dentre tantas que atuaram no Teatro de Operaes italiano e em vrias regies da Europa. E conclua, aquele Chefe Militar, com base em estudos tcnicos, que, sem qualquer favor, a Diviso brasileira ombreou-se, airosamente, com as melhores Divises aliadas. A FEB nos deixou inmeros e mui valiosos ensinamentos, talvez o mais superlativo, o da confiana do homem brasileiro em suas prprias potencialidades, apesar de to carente e desassistido, como ficou evidenciado na fase de sua mobilizao para a guerra. Os novos mtodos e tcnicas de combate foram bem assimilados pelo Exrcito, porm poderiam ser melhor absorvidos, no fora a extempornea desmobilizao da tropa, por motivos meramente polticos. A modernizao das Foras Armadas, desaparelhadas como estavam, repetindo situao anloga do incio da Guerra do Paraguai, tornou-se uma necessidade premente, com vistas defesa do territrio, to vulnervel a uma invaso, principalmente no estratgico saliente nordestino. A participao brasileira na II GM trouxe-nos, como fatos relevantes, a restaurao da democracia no Pas e uma significativa projeo brasileira no concerto internacional. Todavia, desafortunadamente, o Brasil no foi aquinhoado com o ressarcimento de suas perdas materiais, como avenado nos Acordos de Ialta e Potsdam. Sem contar os tremendos prejuzos sofridos pela Marinha Mercante, alm do pagamento de quase 2 bilhes de marcos, pela compra (antes do conflito) de material blico no entregue pela Alemanha, gastamos com os encargos de guerra, 361 milhes de dlares, cuja ltima prestao foi saldada em 1954. Entretanto, o nosso Pas no recebeu as indenizaes que lhe eram devidas, pois foi excludo, injusta
Recepo aos pracinhas no Rio de Janeiro, aps o fim da II Guerra Mundial Acervo da Associao Nacional dos Veteranos da FEB
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m 1942, o mundo vivia os horrores da 2 Grande Guerra Mundial. O conflito estendia-se por toda a Europa, sia e Norte da frica. Nosso Pas mantinha posio de neutralidade e expectativa. No entanto, o torpedeamento de navios brasileiros pelo submarino alemo U-507, que operava na costa brasileira, causou surpresa e indignao em todo Pas. O Brasil rompeu relaes com as foras do Eixo e iniciou sua preparao. Nesse contexto, foi criado, em 1943, o 1 Regimento de Obuses Auto-Rebocado (1 ROAuR), composto por dois grupos de obuses a trs baterias de obuses 105mm cada. O 2 Grupo de Obuses, chamado II/1 ROAuR, foi ento formado com o pessoal e o material do 1 Grupo de Artilharia de Dorso, aquartelado no Forte Nossa Senhora do Campinho. Em seguida, foi incorporado Artilharia Divisionria da 1 Diviso de Infantaria do Exrcito da Fora Expedicionria Brasileira. O Grupo, com 510 homens e comandado pelo Coronel Geraldo Da Camino, embarcou em primeiro escalo no Camino dia 1 de julho de 1944, sendo a primeira Unidade de Artilharia a cruzar o Atlntico.
A tropa chegou Itlia, mais especificamente na baa de Npoles, no dia 16 de julho, sendo, em seguida, deslocada para a regio de Livorno, precisamente em Vada, onde foi incorporada ao V Exrcito Norte-Americano. Nessa mesma regio, a Unidade recebeu materiais novos, como material de comunicaes, viaturas e obuseiros. Passou-se, assim, aos exerccios de reconhecimento, escolha e ocupao de posio e, por fim, ao treinamento do emprego conjugado do Grupamento Ttico, composto pelo Grupo e pelo 6 Regimento de Infantaria, caracterizado como o ltimo exerccio antes de entrar em operao. Em 12 de setembro, finalmente, o V Exrcito decidiu empregar o Escalo Avanado da 1 Diviso de Infantaria Expedicionria (1 DIE) em linha de frente, como fora diretamente subordinada ao Comando do IV Corpo de Exrcito. O Grupo estava em apoio direto ao Destacamento do qual faziam parte o 6 Regimento de Infantaria (6 RI), um peloto de carros americanos e um peloto de reconhecimento brasileiro, que tinham por misso ocupar ou conquistar a linha Massarosa - Bozzano - Marti La Certosa - Via del Pretino - Santo Stefano. Na noite de 15 para 16 de setembro de 1944, o Grupo iniciou deslocamento, em total escurido, para ocupar posio nas encostas do Monte Bastione. No realizou regulao de tiro para no denunciar a progresso do 6 RI, que estava substituindo as tropas norte-americanas. A Unidade aguardou em posio durante toda a madrugada. O Comandante da 1 Bateria de Obuses era o Capito Valle alle; Mrio Lobato Valle o Comandante da Linha de Fogo, Tenente Alceu Grisole e o Chefe da 2 Pea, pea diretriz, Sargento Miguel Ferreira de Lima Durante toda a manh Lima. do dia 16, a Bateria tensa e ansiosa aguardava os primeiros comandos de tiro. Mesmo com muita dificuldade para determinar as posies do inimigo, o 2 Tenente Ramiro Moutinho amiro enviou, de seu Posto de Observao em Torre Nerone, sua mensagem de tiro e, s 14 horas, a Central de Tiro encaminhou o comando de tiro Linha de Fogo.
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Soldados II/1 Regimento de Obuses Auto-Rebocado preparando granadas explosivas do obuseiro 105 mm. Tal pea realizou o 1 tiro da Artilharia Brasileira fora do continente sul-americano.
Em momento cercado de grande emoo, s 14 horas e 22 minutos, o Cabo Ado da Rosa, cabo atirador da Rosa 2 pea, lanou contra o inimigo nazista, nos contrafortes dos Montes Apeninos, o primeiro tiro da Artilharia brasileira disparado fora do continente sul-americano, atingindo com preciso o objetivo previsto, Massarosa. O Grupo prosseguiu em combate at o final da guerra e participou ativamente das conquistas de Camaiore, Monte Prano, Fornacci, Monte Castelo, Monte Belvedere, Gorgolesco, Abetaia, La Serra, Belvedere, Monte della Torracia, Montese, Vignola e Levizzano. No total, foram cumpridas 2.995 misses de tiro e disparadas mais de 55.000 granadas. Muitos dos que partiram com a Unidade no retornaram ao solo ptrio, mas deram valiosa contribuio para o restabelecimento da paz mundial. Como justa recompensa por sua destacada atuao em combate, o Grupo foi condecorado com a Medalha do Mrito Militar e a Medalha da Cruz de Combate de 1 Classe. HISTRICO 21 GRUPO HIST RIC O DO 21 GR UPO DE AR TILHARIA DE CAMPANHA ARTILHARIA CAMPANHA O 21 Grupo de Artilharia de Campanha, Grupo Monte Bastione, uma das mais tradicionais Organizaes Militares do Exrcito. Tem suas razes no Corpo de Artilharia do Rio de Janeiro, criado por carta Rgia de D. Joo V em 16 de V, abril de 1736, para guarnecer as fortalezas que defendiam a baa de Guanabara. Seu primeiro comandante foi o Mestre de Campo portugus Andr Ribeiro Coutinho Organizada para Coutinho. cumprir misses de costa, aprestou-se, deslocou-se por mar e terra, e participou da Campanha do Sul, entre 1752 e 1759, campanha expedicionria de demarcao fsica do Tratado de Madrid entre Portugal e Espanha, sendo esta a primeira de muitas jornadas de vitria e herosmo. O ano de 1765 assinalou a transformao do Corpo em Regimento de Artilharia do Rio de Janeiro. Com esta
denominao o Grupo assistiu ao sacrifcio de Tiradentes iradentes, em 1792, recebeu com salvas a Famlia Real em 1808, vivenciou a regncia de D Pedro I e viu florescer a Independncia do Brasil. Em 1824, mudou sua designao para 1 Corpo de Artilharia de Posio e testemunhou todo o Primeiro Imprio e o Perodo Regencial. Data dessa poca a sua participao nos esforos para debelar a Revoluo Farroupilha. A partir de 1839, passou a denominar-se 1 Batalho de Artilharia a P, cobrindo-se de glrias nos campos de batalha. Combateu vitorioso na Campanha contra Oribe e Rosas, Rosas no cerco a Montevidu e na Guerra da Trplice Aliana. Por envergar em suas fileiras alguns dos mais brilhantes lderes de nossa histria militar, ficou conhecido como o Batalho de Notveis. Foram seus integrantes o Marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da Repblica; o Fonseca Floriano Vieira Peixoto segundo Presidente Marechal Peixoto, da Repblica; o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca Fonseca, tambm Presidente da Repblica; Marechal Bittencourt Bittencourt, patrono do Ser vio de Intendncia; o Marechal ompowsky, Trompowsky patrono do Magistrio Militar; e o TenenteCoronel Villagran Cabrita patrono da arma de Engenharia. Cabrita, Foi transformado em 2 Regimento de Artilharia a Cavalo, nos idos de 1876. Nessa fase, coube ao Grupo, em 1886, recepcionar com uma salva de dezessete tiros a passagem do carro fnebre do Marechal Mallet Patrono da Artilharia, Mallet, na praia de Botafogo. Foi seu ilustre soldado, tambm, o Marechal Rondon Patrono da Arma de Comunicaes e o Rondon, primeiro brasileiro a concorrer ao prmio Nobel da Paz. Mudou sua denominao para 2 Regimento de Artilharia de Campanha, em 08 de agosto de 1888, e teve atuao marcante nos episdios que culminaram com a Proclamao da Repblica. Com a reorganizao do Exrcito em 1908, foi transformado no 1 Regimento de Artilharia Montada, mas, logo em seguida, ocupando as instalaes do Forte de Nossa Senhora do Campinho, adotou a denominao de 20 Grupo
Apronto operacional do 1 Grupo de Obuses (ptio interno do 21 GAC So Cristvo/1940). Acervo do Museu Marechal Cordeiro de Farias 21 GAC
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de Artilharia de Montanha. Com essa configurao abriu fogo para sufocar a Revolta da Armada em 1910. Em 1922, j como 1 Grupo de Artilharia de Montanha, ocupou posio no Tnel Novo com a 2 Bateria e dali lanou seus fogos para apoiar as aes contra os revoltosos do Forte de Copacabana. Participou tambm dos combates que debelaram as Revolues de 30 e 32, cooperando para o restabelecimento da ordem interna. Ainda em Campinho, em 1933, transformou-se no 1 Grupo de Artilharia de Dorso, feitio que permaneceu at 1943, durante a 2 Guerra Mundial. Aps o Brasil aliar-se contra as foras do Eixo e durante a sua preparao para o combate, foi criado o 1 Regimento de Obuses Auto-Rebocado. O 2 Grupo de Obuses, chamado II/1 ROAuR, instalou-se no Quartel do 1 Grupo de Artilharia de Dorso em Campinho, absorvendo por transferncia o pessoal e o material. Foi com esta organizao que o Grupo participou dos combates nos campos da Itlia. Em 1946, transformou-se no 1 Regimento de Obuses 105 Auto-Rebocado. Esse nome permaneceu at 1972,
quando passou a chamar-se 21 Grupo de Artilharia de Campanha. No ano de 1977, ocupou as instalaes de So Cristvo, materializando mais uma vertente de sua linha do tempo. No ano de 1978, o Grupo recebeu a denominao histrica de Grupo Monte Bastione, justa recompensa por seus feitos heroicos em sua ltima participao em uma guerra. Em 1987, voltou a fazer parte da Artilharia Divisionria da 1 Diviso de Exrcito, Artilharia Divisionria Cordeiro de Farias, seu atual comando enquadrante. No ano de 2006, transferiu-se para Niteri, onde permanece at hoje. Nessa mudana, ao ocupar a morada do extinto 8 Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, a Unidade promoveu um reencontro com suas origens, ocupando instalaes que, no incio do sculo XVIII, acomodavam parcela do ento Corpo de Artilharia do Rio de Janeiro. Mais recentemente, j em 2007, o Grupo recebeu o material 155 mm, tornando-se mais apto a cumprir sua misso de aprofundar o apoio de fogo de Artilharia como Grupo Divisionrio.
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No dia 16 de abril deste ano, o Grupo Monte Bastione completou duzentos e setenta e trs anos de uma rica histria de glria e bravura. GA ATUALIZADO 21 GA C: SEMPRE ATUALIZADO A Portaria n 093-EME, de 20 de julho de 2005, designou o 21 Grupo de Artilharia de Campanha Grupo Monte Bastione para ocupar as atuais instalaes, localizadas no bairro de Jurujuba, Niteri (RJ). Sua rea de aproximadamente 2.156.000 metros quadrados, com uma faixa litornea de seis quilmetros. A Unidade constituda por cinco subunidades: Bateria de Comando; 1 e 2 Baterias de Obuses; e a Diviso de Segurana e Manuteno, responsvel pela manuteno, conservao e segurana do stio histrico dos Fortes Baro do Rio Branco, So Luiz, Pico e Imbu, alm de fornecer pessoal para os Hotis de Trnsito do Imbu. A quinta subunidade, a 3 Bateria, fica localizada em So Gonalo (RJ), nas instalaes do 3 Batalho de Infantaria, extinto em maro de 2007. Como Organizao Militar integrante da Artilharia Divisionria da 1 Diviso de Exrcito Artilharia Divisionria Cordeiro de Farias (AD/1), tem como misses apoiar a Diviso pelo fogo e aprofundar o combate atirando sobre os alvos situados alm do alcance da artilharia das Brigadas; manter a Garantia da Lei e da Ordem; e, de forma complementar, cumprir misses subsidirias como capacitar e valorizar os recursos humanos e preservar as tradies, a memria, os valores morais, culturais e histricos da Fora. No ltimo ano, o Grupo participou de vrias atividades operacionais, dentre elas: Operao Membeca (Resende-RJ), com a finalidade de realizar os mdulos didticos de adestramento e de contribuir para o adestramento avanado, particularmente nas operaes ofensivas; Operao Rondon (Juiz de fora-MG), exerccio de qualificao e adestramento do Grupo, particularmente em operaes defensivas; Operao Poraqu (Manaus-AM), realizando o estudo sobre a mobilizao da AD/1 na possibilidade de emprego na Amaznia; e Operao Guanabara (Rio de Janeiro-RJ), realizada em duas fases, atuando na garantia das diversas fases do pleito eleitoral. Alm das atividades operacionais, o 21 GAC realiza tambm atividades de cunho social que visam integrao da Organizao Militar com o pblico externo, tais como: exposio de materiais, aes cvico-sociais, palestras escolares difundindo formas de ingressos na Fora e atuaes do Exrcito Brasileiro; e a tradicional Caminhada Ecolgica, realizada entre os Fortes Baro do Rio Branco, So Luiz, Pico e Fortaleza de Santa Cruz da Barra, com o intuito de estimular a preservao do meio ambiente. Alm disso, tem por objetivo manter o referencial cultural para o povo brasileiro e enaltecer as mais caras noes de patriotismo, civismo e cidadania. Esta atividade tem reunido, nos ltimos anos, entre cinco e oito mil participantes.
Tem como eventos mais significativos, alm da comemorao de seu aniversrio, a cerimnia de Realizao do 1 Tiro de Artilharia, com reproduo simulada daquele momento histrico, e a homenagem aos nufragos dos navios Itagiba e Baependi, cujos integrantes foram mobilizados e aquartelados em So Cristvo, antiga sede da OM. Complementarmente, a OM mantm a vocao turstica herdada do 8 GACosM, recebendo milhares de banhistas em suas praias nos finais de semana e feriados, bem como conduzindo visitaes aos quatro fortes histricos situados em sua rea. Administra, tambm, dois hotis de trnsito na praia do Imbu, sendo um para oficiais e outro para sargentos, os quais, pela excelncia das acomodaes e do atendimento, tm atrado um grande fluxo de hspedes durante todo o ano. Dessa forma, a Unidade tem procurado cumprir sua misso com o firme propsito de honrar, no presente, as mais valiosas tradies de seu glorioso passado.
Caminhada Ecolgica
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Frei Orlando
Passei pela vida sorrindo, embora tivesse muitos motivos para chorar.
Frei Orlando
ntnio lvares da Silva nasceu em 13 de fevereiro de 1913, em um pequeno povoado do interior de Minas Gerais, margem direita do rio So Francisco, chamado Morada Nova. rfo desde cedo, foi criado por uma famlia religiosa e, aps sua primeira comunho, encontrou na igreja a sua vocao. Assim ordenou-se sacerdote no mais como Antnio, e sim como Frei Orlando Orlando. Em So Joo del Rei, instituiu a sopa dos pobres, um trabalho social que recebeu o apoio de muitos integrantes do 11 Regimento de Infantaria Regimento Tiradentes (11 RI), atual 11 Batalho de Infantaria de Montanha. Com o eclodir da 2 Guerra Mundial, a cobra fumou e Frei Orlando presenciou a preparao brasileira para a participao na campanha da Itlia. Quando o Comandante do 11 RI, j acantonado no Rio de Janeiro, enviou despacho telegrfico ao Comissariado dos Franciscanos em So Joo del Rei, solicitando a indicao de um religioso para capelo militar, Frei Orlando apresentou-se como voluntrio para integrar a Fora Expedicionria Brasileira (FEB). Chegando Itlia, rezou a primeira missa na catedral de Pisa. Capito-capelo do II Batalho do XI Regimento de Infantaria da Fora Expedicionria Brasileira prestou inmeros e valiosos servios s tropas brasileiras, sendo conhecido pelas palavras de apoio e coragem aos combatentes. Tempos depois, s vsperas da Tomada de Monte Castelo, durante uma visita 6 Companhia, na linha de frente, Frei Orlando morreu, vitimado por um tiro acidental de um partisan (membro da resistncia italiana ao nazifascismo). Eram, aproximadamente, 14 horas do dia 20 de fevereiro de 1945... Tinha 32 anos. O boletim n 52, do 11 RI, de 22 de fevereiro de 1945, impresso em Docce, na Itlia, registrou o passamento do capelo: Foi recebida, com dolorosa surpresa, a notcia do falecimento do Capelo-capito Antnio lvares da Orlando), Silva (Frei Orlando vtima de um tiro, quando se dirigia de Docce para Bombiana, a fim de levar sua assistncia espiritual aos homens em posio, no dia 20, quando do ataque ao Monte Castelo.
Frei Orlando
O sacerdote, que desapareceu da face da Terra aps ter servido com a sua pureza de sentimento religio e Ptria, deixa imensa saudade no seio da organizao catlica a que pertencia. (...) No 11 Regimento de Infantaria, como chefe da Capelania, conquistou a todos pelas qualidades apostolares. (...) No Teatro de Operaes, nos dias de maiores atividades blicas, jamais deixou de levar o seu conforto espiritual ou o santo sacrifcio da missa em qualquer circunstncia, mostrando-se, alm de religioso, um forte, um bravo, um verdadeiro soldado da Cruz de Cristo. Foi sepultado em 21 de fevereiro de 1945, s 15 horas, no Cemitrio Brasileiro de Pistoia (Itlia). Em homenagem aos seus gloriosos feitos, seus restos mortais foram transladados para o Monumento Nacional aos Mortos da 2 Guerra Mundial, na cidade do Rio de Janeiro, em 05 de outubro de 1960.
AS MARGARIDAS...
Quando Frei Orlando se ordenou Padre em Divinpolis, recebeu um presente de suas irms, que moravam em Belo Horizonte: cinco margaridas colhidas no jardim de sua casa. Cada margarida simbolizava uma irm e serviria para enfeitar a cela dele e amenizar a saudade da famlia, j que mulheres no poderiam o visitar. Antes da partida para a Itlia, Frei Orlando entregou uma caixa a uma grande amiga, Judite com a Judite, recomendao de que nunca a abrisse. Se ele retornasse
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da Guerra, a caixa voltaria s suas mos; caso contrrio, Judite deveria entregar a caixa s irms de Frei Orlando Orlando. Com a notcia do falecimento do Frei, Judite levou a caixa s irms. Quando foi aberta, a caixa revelou uma carta de despedida e as cinco margaridas, to cuidadosamente guardadas durante muito tempo.
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...ltimos dias de setembro de 1868. Caxias, com o seu Exrcito, completa uma marcha de 200 km em territrio inimigo, realizada em 36 dias debaixo de tempestades e por terrenos alagados e desconhecidos. O Grande General para... e observa. Um obstculo ainda maior do que a vencida fortaleza de Humait surge agora frente e com feies de inexpugnvel. Descortinam-se, terrveis e desafiadoras, as instalaes defensivas de Pequiciri e as baterias da fortaleza de Angustura. So nove quilmetros de frente fortificada, ainda defendida pelas guas represadas da Lagoa Ipo e estagnadas em lodaais intransponveis. O Velho Soldado tem que optar: direita, o lenol dgua com perigos imprevisveis e os canhes da fortaleza; permanecer ali, sem ao, seria o trgico e vergonhoso fim. Porm... esquerda... O vislumbre genial de uma possibilidade surgida do que era tido como humanamente impraticvel: a Travessia do Chaco; o pntano imenso e indescritvel, pavoroso, amedrontador, a lama junto com a mata escura e desconhecida, a aventura movida pelo sofrimento e pelo estoicismo. E justamente por a que o Comandante se decide: pelo flanco esquerdo! E resolve mandar construir o impensvel: uma estrada em pleno Chaco para escoar todo o seu Exrcito! Mas o Chaco o horror dos horrores. A natureza ali parou, despindo-se de todas as suas galas e dos seus femininos encantos. A terra descarnada, a terra morta. No se v a alegria da cor, nem se ouve a msica dos pssaros... Silncio de pntano abandonado... Tristeza de cemitrio de lodo. A terra agoniza, o Chaco apodrece. O Inferno da estagnao, o suplcio sem alegorias... E a malria, feroz e incessante, junto a toda espcie de animais peonhentos. O calor insuportvel. O ar que se respirava parecia que vinha de uma fornalha. E a lama... A lama por toda a parte, sumindo nos horizontes sombrios, ptrida e traioeira, um sem-fim de brejes engolidores por onde homens e animais afundam lenta e desesperadamente at desaparecerem. sobre esse imenso e terrvel pntano que tem que ser construda uma estrada! essa garganta do inferno que tem de ser atravessada pela espada de Caxias! A invencvel Espada do Imprio, brandida em tantas batalhas que mantiveram
Caxias decide manobrar pelo chaco, onde determinou a construo de uma estrada, com mais de 10 km por onde encetou a memorvel marcha, na direo do Arroio Itoror, para o combate e para a glria.
ntegra a Nao Brasileira. Invencvel porque, antes de tudo, sempre derrotou primeiramente em si a descrena, o desnimo e a desesperana. A construo da Estrada do Chaco um martrio que no tem fim ao qual se ope, como nica e ltima arma, uma sobre-humana perseverana. Vence o herosmo! A construo incessante, na qual cada hora mais penosa do que toda uma existncia, dura apenas 23 dias! Logo aps a passagem da tropa apenas um dia depois! o rio enche e as guas fazem submergir a estrada. Mais um dia e anos de martrios e sacrifcios teriam sido inteis! A subida da montanha tem a sua etapa mais difcil, perigosa e urgente, justamente quando se aproxima do cume. A Estrada do Chaco a Marcha do Mestre! A superao de todas as fraquezas para e somente depois disso ter-se ento o direito s batalhas definitivas! A guerra pessoal perante a vida concede oportunidades de demonstrar a bravura que gerar os ansiados reconhecimentos posteriores. Mas estipula prazos inexorveis. A silenciosa e paciente voz que nos rege, em algum instante, dir: agora ou nunca! o prazo histrico! A necessidade da ao! O lutar contra a inrcia que se autoalimenta! O reanimar dos apticos e desesperanados batalhes internos. A cada um de ns urge a clara e definitiva conscincia de saber-se em marcha pelas vastas, hostis e desconhecidas circunstncias pessoais, em campanha nas plancies distantes e solitrias escondidas no silncio de cada um. a luta pessoal, contnua e inadivel, contra os exrcitos internos de um inimigo mortal, comandante dos nossos desnimos, desconhecedor de misericrdias, covarde e astucioso, que avana a cada desistncia nossa. A ao heroica reside justamente na deciso corajosa em vislumbrar, decidir e caminhar, uma estreita e mnima possibilidade sobre os amplos e armados territrios pantanosos do impossvel. E avanar sempre!... Apesar de tudo. Desistir um verbo de conjugao inexistente nas gramticas dos verdadeiros heris.
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rtigo cientfico do Segundo-Sargento Guilherme Martins, Nunes Martins do 5 Centro de Telemtica de rea (5 CTA), intitulado: O valor da preservao do Parque dos Manguezais em Recife-PE: uma utilizao do mtodo de opes reais, em coautoria com a professora da Universidade Federal de Pernambuco Andrea Sales Soares de Azevedo Melo foi vencedor, em nvel nacional, na temtica meio ambiente, do Prmio Valores do Brasil/ 2008. Esse prmio foi institudo pelo Banco do Brasil, em comemorao aos 200 anos da sua criao e a cerimnia de premiao ocorreu no Teatro Nacional de Braslia. O Prmio Valores do Brasil tem por objetivo reconhecer, premiar, estimular e difundir iniciativas de relevante valor social e/ou cientfico no mbito do desenvolvimento do Pas, em seus diversos aspectos. Em 2008, na 1 edio do prmio, que ser bienal, o Banco do Brasil tratou a temtica geral Desenvolvimento Sustentvel, a fim de promover a cultura da sustentabilidade e responsabilidade scio-ambiental, em todos os segmentos da sociedade. Assim sendo, o reconhecimento conferido ao militar do Exrcito Brasileiro, confirma a importncia que a Instituio credita nos valores do capital humano. Dessa forma, esse trabalho constitui no s a contribuio para o desenvolvimento de uma sociedade com conscincia ambiental, como tambm a projeo positiva da capacidade da nossa fora de trabalho.
ativo ambiental a fim de que ele possa se tornar comparvel monetariamente, permitindo ao decisor medir o tamanho do impacto que uma ao causar ao meio ambiente. Esta a forma usual para inserir o meio ambiente de maneira mais realista s estratgias de desenvolvimento econmico. Neste contexto, h duas etapas que claramente definem a utilizao de instrumentos distintos: na primeira, identificam-se os mtodos para obteno do valor monetrio do recurso ambiental; e, na segunda, identificam-se os mtodos que atualizam este valor que representa o fluxo de benefcios proporcionado pelo ativo ambiental, geralmente ad eternum. Tanto na primeira quanto na segunda etapa as particularidades do recurso ambiental ditam os instrumentos a serem utilizados. Este artigo se insere no mbito dos trabalhos que se desenvolvem na segunda etapa da valorao, com a proposio da utilizao da Teoria das Opes Reais (TOR) para avaliar alternativas para o Parque dos Manguezais, em Recife-PE, maior rea urbana de mangue do mundo. O valor ambiental que esta pesquisa buscou projetar foi o valor previamente estimado para o fluxo anual de benefcios advindos de uma rea de mangue urbano da cidade do Recife-PE, o Parque dos Manguezais, que evolui estocasticamente conforme o movimento geomtrico.
Parque O valor da preser vao do Parque dos Manguezais em Recife: uma utilizao do mtodo de opes reais *
Guilherme Nunes Martins Andrea Sales Soares de Azevedo Melo
O principal foco da literatura sobre valorao econmica ambiental tem sido estabelecer as bases econmicas que propiciem a tomada de deciso no mbito da gesto ambiental, quanto ao uso ou preservao de um determinado recurso natural. Ou seja, atribuir valor a um
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importante frisar que o Parque dos Manguezais representa um dos ltimos resqucios de mangue bem preservado da cidade do Recife que cresceu, desde os seus primrdios, sobre o aterramento destas reas. Estes aterramentos aconteceram principalmente a partir da invaso holandesa (em 1630), continuando at os dias atuais. Remanescem apenas estreitas reas deste ecossistema, as quais, na maioria das vezes, sofrem ameaas de deteriorao pelo depsito de lixo, pela favelizao espontnea e pela especulao imobiliria. Entretanto, a grande vil e motivadora da realizao desta pesquisa foi a proposta da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) de construir uma rodovia para desafogar o trnsito entre as zonas norte e sul. A proposta inicial de interveno da PCR, lanada em fevereiro de 2004, previa a construo de uma via (Via Mangue) que comprometeria 4,4 hectares do parque e seria construda de forma suspensa. Entretanto, a fim de reduzir os custos, foi apresentada uma nova proposta (outubro de 2006) que previa a utilizao de 25,4 hectares do parque caracterizada por aterramento de reas de mangue. Como o parque tem uma grande importncia ambiental, buscou-se identificar uma razo econmicocientfica que justificasse sua preservao ou a construo da rodovia de forma suspensa, com menor rea de aterramento com tecnologia poupadora de manguezal, causando menor dano ambiental.
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MANGUE VALE PENA O MAN GUE QUE VALE A PEN A PRESERV SER PRESERVADO
Para a deciso de uso parcial do Parque dos Manguezais, levando em conta a construo da Via Mangue, alm dos custos da obra, foram considerados os custos ambientais. Por tudo isso, a pesquisa procurou mostrar a importncia da flexibilidade gerencial no processo de tomada de deciso envolvendo ativos ambientais. Ela partiu da importncia da valorao econmica dos ativos ambientais porque esta a atividade inicial no processo de avaliao. Um erro na avaliao significaria anlises equivocadas e danos irreversveis. A escolha de uma metodologia nova para avaliao deveu-se ao fato da anlise tradicional no considerar parcelas importantes de um investimento. O ativo ambiental avaliado, o Parque dos Manguezais, em Recife-PE, representa uma das ltimas reas de mangue da regio, sendo assim, importante a gesto. A deciso de
construo da Via Mangue foi considerada irreversvel, j que produziria benefcios para sociedade, assim como a preservao total do parque renderia benefcios eternos. Foi mostrado que os valores obtidos por opes reais so superiores aos obtidos pelo mtodo tradicional e, mais do que isso, so suficientes para garantir a preservao da rea de mangue. E na imposio da construo da Via Mangue, a melhor opo a da forma suspensa. Do ponto de vista social, considera-se que os resultados apontados por esta pesquisa revelam sociedade pernambucana a noo exata do valor monetrio da opo de preservao do Parque dos Manguezais. J pelo ponto de vista da economia do meio ambiente, trouxe contribuio porque mostrou aplicabilidade das opes reais como instrumento de avaliao. *O artigo, na ntegra, est publicado em
http://www.anpec.org.br/encontro2007/artigos/A07A146.pdf
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m 30 de janeiro ltimo, o 4 Batalho de Aviao do Exrcito (4 B Av Ex), Organizao Militar diretamente subordinada ao Comando Militar da Amaznia (CMA), decolou de Manaus com destino Colmbia, a fim de executar o apoio logstico de transporte. Esta operao esteve no contexto das aes da misso humanitria, coordenada pelo Comit Internacional da Cruz Vermelha (CICV), para a libertao de cidados colombianos, mantidos como refns das Foras Armadas Revolucionrias da Colmbia (FARC). Na operao, foram empregados dois helicpteros do 4 B Av Ex, modelo COUGAR. Alm dos pilotos, integraram a tripulao mecnicos de voo, tcnicos em comunicaes, especialistas em oxignio e tcnicos em manuteno. A deciso de empregar helicpteros COUGAR foi tomada pelo Ministrio da Defesa por no serem aeronaves comumente empregadas naquela zona de ao, visto que no so adotadas pelas Foras Armadas da Colmbia, e por serem facilmente identificveis. Alm da questo do material a ser empregado, a participao da Unidade ficou evidenciada em face da reconhecida experincia que tem em operaes no ambiente amaznico. Entretanto, foi executado um intenso programa de treinamento especfico para a operao, especialmente em relao ao maior desafio visualizado, em termos tcnicos, quando do recebimento da misso: o voo a grande altitude sobre a Cordilheira dos Andes. Para atender s demandas dessa misso, foi realizada uma preparao especfica do pessoal quanto utilizao de oxignio suplementar, caso fosse necessrio, o que incitou a presena de especialista em oxignio nas aeronaves durante a misso.
Aps decolarem de Manaus e antes de seguirem para o territrio da Colmbia, os helicpteros fizeram escala nos municpios de Tef (AM) e de So Gabriel da Cachoeira (AM), onde embarcaram integrantes do Comit Internacional da Cruz Vermelha e uma senadora colombiana. No itinerrio, foi realizado um pouso tcnico para abastecimento, no 2 Peloto Especial de Fronteira, em Querari (AM), na divisa com a Colmbia. Durante a misso, coube ao Comit Internacional da Cruz Vermelha transmitir as informaes aos rgos de imprensa, assim, tanto o CMA quanto o 4 B Av Ex mantiveram total discrio em relao s aes em curso. Segundo o comandante do 4 B Av Ex, que estava frente da misso, as informaes repassadas aos militares pelo CICV eram suficientes apenas para calcular a autonomia de voo da aeronave. Os resgates foram realizados nas cidades de Florncia, Villavicencio e Cali, e os locais de pouso das aeronaves encontravam-se em regies isoladas da selva colombiana. No curso da operao, os militares brasileiros no tiveram contato algum com os guerrilheiros colombianos. Assim, as aes desenvolveram-se de forma que os negociadores do CICV desciam da aeronave, saam da vista dos militares, negociavam e retornavam com os refns. A misso humanitria foi concluda na manh do dia 5 de fevereiro, quando os militares realizaram o transporte dos ltimos refns dos locais de resgate at a cidade de Palmira, na Colmbia. Ao final, a operao contabilizou o resgate de seis refns, conforme previsto e anunciado pelas FARC. Contrariamente ao que fora divulgado pela imprensa internacional, no houve interferncia de aeronaves do Exrcito Colombiano na operao. Assim, sob a perspectiva
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Preparao do helicptero
da tropa brasileira envolvida na operao, todas as aes aconteceram exatamente como o planejado. Conforme o acordado entre os envolvidos na negociao, os militares permaneceram desarmados durante toda a operao. Apesar disso, as aes da tropa brasileira no sofreram limitaes. Assim, conforme amplamente divulgado pela imprensa internacional, o apoio prestado pelo Brasil foi decisivo para o xito da misso. O sucesso obtido pode ser atribudo ao fato de esses militares serem empregados constantemente nessas reas e das unidades operacionais do Exrcito Brasileiro, situadas na regio amaznica, encontrarem-se em constante adestramento e prontido.
O 4 B Av Ex nasceu da crescente importncia geopoltica da regio amaznica. Sua origem remonta ao ano de 1991, quando uma fora de helicpteros da ento Brigada de Aviao do Exrcito deslocou-se de Taubat (SP) para participar de operao militar na regio de Tabatinga (AM). A Unidade, contudo, nasceu de fato com a reestruturao da Aviao do Exrcito, em agosto de 1993, sendo ativada em 15 de dezembro do mesmo ano, com a denominao de 1 Esquadro do 2 Grupo de Aviao do Exrcito, utilizando provisoriamente reas da Base Area de Manaus. Em 15 de dezembro de 1997, passou a designar-se 4 Esquadro de Aviao do Exrcito, evoluindo para as atuais estrutura e denominao. Em 18 de junho de 1999, o Batalho ocupou suas instalaes atuais, no setor sul do aerdromo de Ponta Pelada. Com suas aeronaves HM-1 (Pantera), HM-2 (Black Hawk) e HM-3 (Cougar), o Batalho dispe de pessoal especializado, dedicado, motivado e comprometido com o dever de defender a Amaznia Brasileira, e, ainda, encontra-se em carter de prontido permanente para atender ao chamado da Ptria. Fruto da necessidade imposta pela atividade, pode deslocar-se, compondo uma fora tarefa, para qualquer parte da Amaznia. Assim sendo, est apto a cumprir aes aeromveis de combate, apoio ao combate e apoio logstico, desdobrandose no terreno com seus prprios meios, proporcionando aeromobilidade ao Comando Militar da Amaznia.
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Desmoronamento em Blumenau-SC
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(mil litros de gua por metro quadrado). Isso causou, de acordo com os especialistas, a solifluxo, o que ocorre quando o solo, pelo encharcamento, simplesmente se desmancha. Como comparao, de 1997 a 2001, ocorreram 1.954 deslizamentos no municpio de Blumenau. Em 2008, foram identificados mais de 4.000 pontos de deslizamentos, atingindo, principalmente, as reas edificadas em regies de encostas. Um tero de todo o territrio catarinense foi alvo da fria das guas, alterando significativamente a vida de cerca de dois milhes de pessoas, ou seja, 34% da populao. No dia 22 de novembro, o Governo do Estado decretou situao de emergncia em Santa Catarina. Com as chuvas, desabamentos e deslizamentos de encostas, cerca de 23 rodovias estaduais foram danificadas, algumas seriamente, e interditadas por semanas, alm de muitos trechos das rodovias federais. Ainda no foi completamente calculada a extenso dos prejuzos econmicos nos chamados danos estruturais (pontes, estradas, iluminao pblica) e na queda da produo da indstria, na interrupo do abastecimento de gs e nas perdas de receita advindas do cancelamento de viagens tursticas, ponto forte na economia do Estado. Algumas fontes citam que o Estado necessitar de mais de um bilho de reais em investimentos nos prximos anos para recuperar-se da tragdia de 2008-2009. Somente o Porto de Itaja, o principal de Santa Catarina, o 2 do Pas em fluxo de cargas em contineres e, com isso, responsvel por 4% do supervit da balana comercial brasileira em 2008, com 33 milhes de dlares de exportaes por dia, teve 3 dos 4 pontos de atracao (beros) destrudos ou seriamente comprometidos pela fora das guas da mar. Nas reas rurais e urbanas atingidas, mais de 6.000 famlias continuam sem moradia, sendo que muitas tambm perderam os terrenos onde suas casas foram construdas, principalmente na regio do Morro do Ba, na divisa entre os municpios de Ilhota, Gaspar e Luiz Alves.
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salvar seus documentos pessoais ou as fotos dos lbuns de famlia. Servidores pblicos, vrios deles com suas casas tambm atingidas, superaram-se para atender s inesgotveis demandas dos milhares de apelos por socorro. Quase cinco meses depois, voluntrios ainda trabalham na recuperao das casas dos atingidos e nos alojamentos que acolheram desabrigados. O volume de doaes que chegou aos locais da tragdia foi muito grande e, muitas vezes, no foi possvel esco-lo de imediato, por insuficincia de transportes e de pessoal. Estima-se que mais de 4,3 milhes de quilos de alimentos chegaram at as regies atingidas, sem contar as doaes em roupas e remdios, estimadas em mais de 1 milho de quilos. Mais de 2,5 milhes de litros de gua mineral, item que se mostrou crucial para sobrevivncia dos flagelados, foram doados pela populao brasileira, sobretudo a catarinense, a qual, tambm sofrendo com o perodo prolongado de chuvas, empenhou-se para minorar o sofrimento de seus conterrneos. Os alimentos e a gua doados foram considerados, pela Defesa Civil do Estado, suficientes para atender demanda gerada pelo desastre. Tambm foram distribudos materiais de limpeza domstica, de higiene pessoal e muitos brinquedos, especialmente na semana do Natal. Em dinheiro, a doao de pessoas annimas chegou a ultrapassar a casa de 30 milhes de reais.
O EXRCITO BRASILEIRO EM AO
Durante toda a operao, a 14 Bda Inf Mtz empregou mais de 4 mil homens que atuaram em mltiplas misses de resgate, salvamento, evacuao, distribuio de gua e alimentos, atendimento mdico e hospitalar, recuperao e liberao de estradas, e construo de pontes. Foram utilizados helicpteros, blindados, barcos, viaturas de tipos variados, material e pontes mveis de Engenharia. Desde antes do agravamento das chuvas, em meados de novembro de 2008, o Comando da 14 Brigada de Infantaria Motorizada Brigada Silva Paes j acompanhava o desenrolar da situao, mantendo um oficial em permanente ligao com a Defesa Civil de Santa Catarina, prtica j consolidada pelas experincias anteriores e que, mais uma vez, demonstrou ser prudente e necessria na antecipao das aes. Na ltima semana daquele ms, o Comando e o EstadoMaior da Brigada, alm dos Comandantes das Organizaes Militares integrantes da Grande Unidade, encontravam-se no Quartel-General da 5 Regio Militar/ 5 Diviso de Exrcito, em Curitiba/PR, no Exerccio de Simulao de Combate. Tal atividade objetivava cumprir a fase prevista para o seu adestramento. No entanto, aqueles militares tiveram de, rapidamente, mudar por completo
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Resgate de desabrigados
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Vista area do 23 Batalho de Infantaria / Posto de Comando da 14 Brigada de Infantaria Motorizada durante a operao
sua frente de atuao e passar a viver a situao real de salvar vidas. O Comando da Brigada, instalando seu Posto de Comando no quartel do 23 Batalho de Infantaria (23 BI), em Blumenau, passou a coordenar a Operao Itaja-Au. Com o emprego de cinco aeronaves de asa rotativa recebidas do Comando de Aviao do Exrcito, quatro blindados M-113, barcos e pontes mveis da Engenharia e mais de 50 viaturas de variados tipos, as equipes dedicaram-se, prioritariamente, a resgatar as pessoas que estavam ilhadas em reas de risco, transportando-as e alojando-as nos mais de 60 abrigos planejados pela Defesa Civil de Blumenau, os quais operaram com o apoio dos militares do 23 BI na segurana, manuteno e infraestrutura. Ao todo, os abrigos receberam quase cinco mil pessoas em suas instalaes. As equipes dos abrigos foram, mais tarde, substitudas por efetivos oriundos de outras Organizaes Militares, em rodzios planejados para permitir um pouco de descanso tropa local. Os helicpteros de nossa aviao escreveram um captulo parte nesta histria de abnegao e de dedicao ao prximo: a chegada das primeiras aeronaves na rea deu-se exatamente em um dos momentos mais crticos de toda a operao, pois, de imediato, resgataram cerca de 250 pessoas, cujas residncias foram soterradas no Morro do Ba. Durante toda a operao atenderam mais de 1.500 pessoas que estavam entregues prpria sorte. Na Operao Itaja-Au, nossas tripulaes voaram mais de 280 horas e gastaram 86 mil litros de combustvel, resgatando e transportando centenas de vidas humanas em 250 misses de voo. As equipes do Servio de Busca e Salvamento cumpriram tarefas heroicas, retirando, no total, 1.193 pessoas que estavam merc dos elementos naturais. Grupos de Combate do 23 BI, transformados em Equipes de Resgate, operaram por dias seguidos com o
mnimo de repouso, poucas horas de sono e exigncias fsicas prximas ao limite. Alguns desses militares estavam com suas famlias desalojadas, pois 46 integrantes do 23 BI tiveram suas casas inundadas, das quais 12 eram Prprios Nacionais Residenciais (PNR) da Vila dos Sargentos. As aes de patrulhamento e de busca por pessoas atingidas, quer oriundas dos pedidos da Defesa Civil de Blumenau, quer fruto da observao atenta dos prprios militares que patrulhavam as reas alagadas, eram coordenadas pelo Comandante e pelo Estado-Maior da OM, submetidas ao Comandante da Brigada e desencadeadas sem soluo de continuidade. Foi resgatada mais de uma centena de pessoas de reas de extremo perigo, e outras duzentas foram evacuadas de locais condenados pelas autoridades. As demais Unidades integrantes da 14 Bda Inf Mtz mobilizaram-se para atender aos atingidos nos municpios situados em suas reas de responsabilidade: em Joinville, o 62 Batalho de Infantaria (62 BI) desdobrou-se para auxiliar as pessoas flageladas na cidade e em seus distritos vizinhos; em Cricima, o 28 Grupo de Artilharia de Campanha auxiliou muito a Defesa Civil local com pessoal e viaturas; a 3 Companhia/63 Batalho de Infantaria (3 Cia/63 BI), mais uma vez, saiu em auxlio populao de Tubaro; o Hospital de Guarnio de Florianpolis mobiliou e operou, com oito profissionais de sade um posto de atendimento em Itaja. Os militares do 63 BI, na capital, efetuaram a montagem de cestas bsicas, descarregando insumos que chegavam aos postos de triagem, loteando, embalando e carregando as cestas para o transporte, em uma faina que chegou a envolver mais de 300 caminhes e carretas, alm de operarem em Itaja e Gaspar. Importante ressaltar a participao do 5 Batalho de Engenharia de Combate no restabelecimento de ligaes virias, interrompidas por interdio de pontes em
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Resgate de acidentado
Blumenau, e no apoio do 10 Batalho de Engenharia de Construo de Lages/SC aos funcionrios do Consrcio Gasoduto Brasil Bolvia, cujo fornecimento de gs foi interrompido pelo desabamento de uma encosta que provocou uma exploso no duto. As difceis condies climticas predominantes e, particularmente, a instabilidade do terreno em volta do local da exploso impediam a aproximao dos tcnicos, s realizada aps a chegada de engenheiros daquela tradicional Unidade. Aps sobrevoarem a rea, os militares planejaram e executaram uma ao que permitiu o restabelecimento da ligao em 48 horas e evitou o agravamento dos prejuzos econmicos que se estenderiam Regio Sul do Brasil, com suas indstrias dependentes do gs combustvel boliviano. oportuno lembrar que existe um excelente entrosamento entre a Prefeitura de Blumenau e o Batalho Jacintho Machado de Bitencourt, semeado nas gestes anteriores e perfeitamente consolidado. Por esse motivo, privilegia-se o planejamento conjunto entre as instituies civis, militares e os rgos pblicos para o caso de crises. O Comando da Fora Terrestre apoiou sobremaneira as Unidades que participaram das aes e priorizou o amparo e a assistncia Famlia Militar atingida. Significativos recursos financeiros chegaram s OM, possibilitando as aes de atendimento s vtimas e de apoio s solicitaes da Defesa Civil. Foram estabelecidas gestes junto ao governo federal de forma a permitir o aporte de
cerca de 3,5 milhes de reais para a construo de Prprio Nacional Residencial (prdio de apartamentos), a fim de substituir as casas condenadas. A Diretoria de Controle de Efetivos e Movimentaes atendeu ao pedido de praticamente todos os militares que solicitaram sua movimentao da Guarnio de Blumenau, por necessidade do servio. A Diretoria de Apoio ao Pessoal flexibilizou at 10 mil reais de auxlio indenizvel, em 36 parcelas sem juros, para que os militares pudessem equipar suas novas moradias e reconstruir suas vidas com suas famlias. Cabe ressaltar que diversos militares, participantes da operao, demonstraram, de maneira voluntria, camaradagem, solidariedade e amor ao prximo, ao doarem vrios bens mveis aos desabrigados mais necessitados. Atitudes assim reforam a crena na Instituio, cuja MO AMIGA se estendeu, de forma afetuosa, ao bravo povo catarinense. No auge da crise, a 14 Brigada de Infantaria Motorizada empregou, de uma s vez, cerca de 1.500 militares e, durante toda a operao, mais de 4 mil homens que atuaram em mltiplas misses de resgate, salvamento, evacuao, distribuio de gua e alimentos, atendimento mdico e hospitalar e recuperao e liberao de estradas e construo de pontes. Foram utilizados helicpteros, blindados, barcos, viaturas de tipos variados, material e pontes mveis da Engenharia.
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Forte Coimbra
A Sentinela Oeste do Brasil
Forte Coimbra foi fundado em 1776 pelo Capito Mathias Ribeiro da Costa, que havia sido Costa incumbido pelo governador da capitania de Mato Grosso, Luis de Albuquerque Pereira de Mello e Albuquerque Pereira Cceres, Cceres da misso de instalar uma fortificao no curso mdio do rio Paraguai. Tal fortificao objetivava garantir Coroa Portuguesa a posse das terras a oeste do rio Paraguai. Ao longo de sua histria, o Forte Coimbra foi alvo de dois ataques estrangeiros. O primeiro, em 1801, ocorreu sob o comando do Tenente-Coronel Ricardo Franco de Ricardo Franco Serra. Almeida Serra Naquela oportunidade, o forte estava sendo reerguido em alvenaria e pedra, uma vez que a instalao original era uma paliada de carand (palmeira tpica da regio). O invasor contava com 800 homens, sob o comando de D. Lzaro de Ribera ento Ribera, Governador de Assuno, enquanto que o forte contava com 109 homens. Apesar da superioridade blica da fora inimiga ser incontestvel, a tropa resistiu ao cerco por 10 dias e, em seguida, rechaou o inimigo. O feito daqueles homens ecoou pela capitania, movimentando as demais guarnies para a defesa da fronteira oeste. Em 27 de dezembro de 1864, no contexto da guerra da Trplice Aliana, o Forte Coimbra sofreu o segundo ataque. Desta vez, a fora invasora somava 3.200 homens, armados com canhes e protegidos por dez embarcaes de guerra. Naquele momento, o Coronel Hermenegildo Portocarrero, carrero que se encontrava em visita de inspeo Praa de Coimbra, assumiu heroicamente o comando dos 149 homens existentes na guarnio e organizou a defesa da posio. Aps dois dias de combate, impossibilitado de receber novo suprimento e de ser reforado, o Coronel Portocar rero ordenou ortocarrer rero a retirada para Corumb, a fim de evitar o sacrifcio de vidas humanas e dar o alerta oportuno quela guarnio, que seria o prximo objetivo paraguaio.
Destaca-se o significado histrico e religioso da padroeira do Forte, Nossa Senhora do Carmo, que exerceu papel encorajador e aglutinador nos dois combates, creditando-se a ela o milagre de ter salvado as guarnies do Forte. Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, o Forte Coimbra foi reocupado e reconstrudo. No ano de 1907, foi iniciada a construo das atuais instalaes do aquartelamento e, a partir de 1908, o Forte foi desocupado. Em 1950, a guarnio ganhou a denominao de 1 Bateria do 6 Grupo de Artilharia de Costa e Forte Coimbra. A tropa de artilharia permaneceu em Coimbra at 1992, quando a organizao militar passou a ser mobiliada por infantes da 3 Companhia do 17 Batalho de Fronteira. Dois anos mais tarde, aps ganhar a autonomia administrativa, a organizao militar passou a ser designada 3 Companhia de Fronteira e Forte Coimbra, subordinada diretamente 18 Brigada de Infantaria de Fronteira, sediada em Corumb. Em 2002, a subunidade recebeu a denominao histrica de Companhia Portocarrero. Alm do forte, a localidade de Coimbra destaca-se por suas belezas naturais e pela religiosidade de sua comunidade. A biodiversidade da regio assegurada pelo seu isolamento, possibilitando aos visitantes a oportunidade de contemplar inmeras espcies vegetais e animais. Na poca da pesca, os adeptos desta atividade esportiva vm para Coimbra em busca de peixes como pintado, ja, dourado, pacu, entre outros. Em julho, a populao local mobiliza-se para a festa de Nossa Senhora do Carmo, quando centenas de devotos ali correm para agradecer ou fazer pedidos padroeira do forte.
Foto: Maj Nivaldo
Forte Coimbra
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Fibra de carbono
Aplicao em material de emprego militar
No prudente conceber um pas sem capacidade de defesa compatvel com sua estrutura e aspiraes polticas.
Poltica de Defesa Nacional
s materiais de carbono constituem uma classe que apresenta propriedades inigualveis em diversas reas, tais como resistncia mecnica, resistncia alta temperatura, inrcia qumica, condutividade trmica e condutividade eltrica (Figura 1). Essas propriedades fazem com que esses materiais tenham diversas aplicaes civis e sejam utilizados em modernos Materiais de Emprego Militar (MEM). A pesquisa em materiais de carbono no Exrcito iniciouse em 1982, visando ao desenvolvimento de tecnologia nacional de produo de grafites especiais de alta pureza. As grafites tm aplicao em atividades variadas como siderurgia, indstria microeletrnica, produo de foguetes e reatores nucleares. Essa pesquisa culminou na construo de uma planta-piloto de produo de grafites no Centro Tecnolgico do Exrcito (CTEx), at hoje instalao de pesquisa mpar no Brasil. Desde ento, o CTEx mantm um grupo de pesquisa em materiais de carbono cuja rea de atuao ampliou-se para outros materiais, especialmente a fibra de carbono.
FIBRA DE CARBONO
A fibra de carbono outro material com vasta aplicao, por combinar uma alta resistncia mecnica a um baixo peso. Comparada a uma pea em ao de alta resistncia, uma pea equivalente de fibra de carbono de qualidade
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mdia, com a mesma resistncia mecnica, apresenta um peso dez vezes menor. Na grande maioria das aplicaes, a fibra de carbono utilizada como reforo em um material composto (compsito). Materiais compsitos so sistemas constitudos de dois ou mais componentes e projetados de forma a apresentar propriedades superiores s de seus materiais constituintes. Geralmente, so formados por uma matriz que suporta e protege um material de reforo, que, por sua vez, transfere suas propriedades fsicas matriz. Os materiais compsitos mais comuns so constitudos de matrizes polimricas, metlicas ou cermicas, reforadas por fibras orgnicas, de vidro, de carbono ou cermicas. As excelentes propriedades mecnicas da fibra de carbono, associadas a seu baixo peso, motivaram sua aplicao inicial em compsitos para a indstria aeroespacial, a partir da dcada de 60. Com a progressiva reduo de seu custo desde ento, as reas de aplicao dos compsitos de fibra de carbono ampliaram-se gradualmente, incluindo hoje as indstrias aeronutica, blica, petrolfera, automobilstica, de artigos esportivos, e de construo civil, entre outras. Para a maioria das aplicaes dos compsitos de fibra de carbono so empregadas matrizes polimricas, nos chamados Polmeros Reforados por Fibra de Carbono
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Figura 1 Materiais de carbono e seus precursores. Em sentido horrio: (a) grafite, (b) fibra de carbono, (c) piche de petrleo, (d) coque de petrleo Foto: SC Luiz Clvis
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(carbon fiber reinforced plastics CFRP). Para aplicaes especiais a altas temperaturas, tais como em tubeiras de msseis e lanadores de satlites, a matriz tambm constituda de carbono, nos chamados compsitos carbono/ carbono. Matrizes cermicas, como o carbeto de silcio, so usadas para aplicaes balsticas e em altas temperaturas. Atualmente, compsitos de fibra de carbono esto sendo utilizados, por fabricantes de vrios pases, para a reduo de peso em praticamente todos os tipos de Materiais de Emprego Militar para o combatente terrestre, incluindo equipamento individual, armamentos leve e pesado, viaturas, veculos areos no tripulados e material de engenharia de combate. A reduo de peso que pode ser obtida por meio do emprego da fibra de carbono pode ser exemplificada por modelos de armamento leve em desenvolvimento ou em produo em outros pases. Estes incluem uma metralhadora calibre .50 pesando apenas 19 kg com suporte e trip (aproximadamente 1/3 do peso da M2 Browning), fuzis com peso entre 2 e 3 kg (metade do peso do M974 FAL) e submetralhadoras com peso inferior a 2 kg (metade do peso da M9 M72 Beretta). Alm dos benefcios obtidos com a reduo de peso nos diversos tipos de MEM, nos quais os compsitos so utilizados, as propriedades da fibra de carbono tambm levaram ao desenvolvimento de novos tipos destes materiais. Durante operaes militares na antiga Iugoslvia no final de dcada de 90, foi empregada, pela primeira vez, uma bomba area composta por submunies que dispersam fibras de carbono com alta condutividade eltrica. Ao atingir subestaes eltricas e linhas de transmisso, as fibras de carbono causam curtos-circuitos e consequente inutilizao do sistema, sem sua destruio permanente. O mesmo tipo de munio foi empregado em msseis de cruzeiro contra o Iraque, na operao Tempestade do Deserto. Outro MEM em desenvolvimento nos Estados Unidos, empregando fibra de carbono, uma bomba area de letalidade reduzida, especfica para operaes em reas
civis. A carcaa tradicional de ao substituda por fibra de carbono, de forma a reduzir a letalidade de seus estilhaos e diminuir o nmero de baixas civis colaterais por ocasio da destruio do alvo. A produo mundial de fibras de carbono concentrada principalmente no Japo e, em menor grau, nos Estados Unidos e na Europa. Por se tratar de um material com diversas aplicaes estratgicas, a venda de fibras de carbono restringida por rgidos controles internacionais, e sua aplicao em MEM, desenvolvidos no pas, passa necessariamente pela obteno de tecnologia nacional para sua produo.
Figura 2 Microfotografia de filamento de fibra de carbono produzido no CTEx Foto: Cap Franceschi
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F
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HISTRICO
alar na Observao Area Brasileira retornar 142 anos no passado, para 1867, nos campos de batalha da Guerra da Trplice Aliana, pois l, por ideia do Duque de Caxias o Brasil utilizou esse importante Caxias, instrumento de batalha pela primeira vez. Naquela oportunidade, empregou bales cativos de observao, a fim de reconhecer as posies defensivas de Curupaiti e Humait.
Quarenta anos aps o trmino da guerra, mais precisamente no ano de 1907, o Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca resolveu enviar Frana Fonseca onseca, o Tenente de Cavalaria Juventino da Fonseca militar Fonseca onseca, que viria a ser o primeiro Observador Areo brasileiro. Na Frana, esse valoroso oficial aprendeu as artes de observar o campo de batalha e de pilotar os bales cativos de observao, chegando a participar da Prova de Velocidade e de Descida, em Bruxelas, convidado diretamente pelo Rei Leopoldo da Blgica. Na ocasio, o Ten Juventino demonstrou o valor do militar brasileiro, conquistando o quarto lugar na referida competio com o balo de nome Radio-Solaire. Aps retornar da Frana, recebeu a misso de montar o primeiro parque de aeroestaes brasileiro. Infelizmente, esse irmo de arma foi tambm o primeiro acidentado em atividades aeronuticas do nosso Pas, vindo a falecer em 20 de maio de 1908. Em 1919, com a vinda da Misso Militar Francesa, foi criada a Escola de Aviao Militar, no campo Dlio Martins de Matos, o Campo dos Afonsos. Esse Estabelecimento
CENTRO DE COMUNICAO SOCIAL DO EXRCITO
passou a ser responsvel pela formao das quatro categorias de aviadores do nosso Exrcito: os pilotos, os observadores areos, os mecnicos de voo e os metralhadores. A primeira turma de Observadores Areos do Exrcito formou-se em 1921 e teve como Observador Nr 01 o, ento, 1 Tenente de Artilharia Eduar do Gomes Eduardo Gomes, futuramente, Brigadeiro-do-Ar Eduardo Gomes patrono Eduardo Gomes, da Fora Area Brasileira. Em 1942, por ordem do Presidente da Repblica, o Sr Vargas, argas Getlio Vargas foi criada a Fora Area Brasileira (FAB), que passou a concentrar todos os meios areos do Exrcito e da Marinha. A partir desse momento histrico, foi facultado aos militares da rea de aviao optar por continuar em sua Fora de origem ou migrar para a Fora irm recm-criada. De 1942 a 1944, o Exrcito possua apenas alguns Observadores Areos que preferiram permanecer na Fora Terrestre. Contudo, no incio do ano de 1944, fruto da deciso brasileira de combater na 2 Guerra Mundial em apoio s tropas aliadas, foi criado um curso expedito de Observador Areo, nas instalaes da antiga Escola de Aviao Militar, para preparar militares do Exrcito e da FAB, que integraram a 1 Esquadrilha de Ligao e Observao (1 ELO).
Major Aviador Joo Affonso Fabrcio Belloc realiza briefing com integrantes da ELO na Itlia
Ten Juventino e seu primeiro voo de balo em solo brasileiro Revista Os rotores da aviao
A Fora Area Brasileira participou da composio da Fora Expedicionria Brasileira com um contingente de 30 homens a ser vio da Esquadrilha de Ligao e Observao, pertencente Artilharia Divisionria. Tal Esquadrilha destinava-se aos trabalhos de regulao do tiro de artilharia, de observao do campo de batalha e s misses de ligao. Os pilotos e o pessoal de manuteno dos avies pertenciam FAB; os Observadores Areos eram oficiais do Exrcito, da Arma de Artilharia. A 4 de novembro de 1944, a Esquadrilha instalou-se no aerdromo de San Rossore, onde recebeu os seus 9 avies L-4, do tipo Piper Cub, com motor de 65 CV. Os L-4 eram equipados com rdio, mas eram completamente desprovidos de armamento. As misses areas realizadas pela 1 ELO eram longas e rduas, devido topografia da regio em que operava, os Montes Apeninos; s condies atmosfricas durante o inverno, com nuvens dificultando a visibilidade e a passagem entre os morros; pouca potncia de seus pequenos avies; ao desconforto da cabina no aquecida; longa permanncia sobre as linhas de frente; s pistas de pouso precrias de onde os militares tinham que operar; e ao fogo antiareo inimigo. A 1 ELO deslocava, frequentemente, sua base, acompanhando os movimentos da Fora Expedicionria Brasileira e das Unidades de Artilharia, cujos tiros deveriam estar prontos a regular. As pistas de aterragem eram preparadas sumariamente e tinham de 200 a 300 metros de comprimento; em alguns casos, a largura til da pista, recoberta por chapas de ao perfuradas, era de 6 metros. Durante a Campanha da Itlia, a 1 Esquadrilha de Ligao e Observao realizou 1.654 horas de voo, 682 misses de guerra e mais de 400 regulaes de tiro de artilharia. Cada piloto executou de 70 a 95 misses de guerra. Os Observadores Areos da 1 ELO fizeram, em mdia, 60 misses de guerra cada um. Aps o trmino da guerra, a Esquadrilha foi extinta e seus militares voltaram para as suas respectivas Foras.
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No Exrcito, por no existir uma Unidade especializada, o emprego de Observadores Areos passou a contar com o apoio da FAB. Em 1954, o Curso de Especializao em Observao Area foi recriado na Escola de Instruo Especializada (EsIE), no Rio de Janeiro, onde, at os dias atuais, so formados Observadores Areos do Exrcito e da Marinha.
Aeronave Curtiss
Fora responsvel Exrcito Exrcito (pilotos e mecnicos da FAB) FAB FAB FAB Exrcito Marinha Exrcito
1944 - 1955
Piper Cub
EMPREGO NO BRASIL
Desde o fim da 1 Guerra Mundial at os dias atuais, os Observadores Areos do Exrcito so empregados constantemente em exerccios, misses reais e misses de paz, a fim de realizar o Reconhecimento Ttico; a Ligao dos Grandes Comandos; o Controle Areo Avanado; e a Conduo do Tiro de Artilharia. Para tanto, conta com o apoio direto da Fora Area Brasileira e da Aviao do Exrcito. Dentre as diversas ocasies em que esses tipos de emprego foram registrados, possvel destacar a atuao de Observadores Areos na Revoluo Constitucionalista de 1932; a busca de integrantes da Guerrilha do Araguaia, juntamente com o atual 5/8 Grupo de Aviao, sediado em Santa Maria-RS; o apoio, no Haiti, ao Batalho Brasileiro de Misso de Paz em misses de Reconhecimento Ttico, utilizando aeronaves do Exrcito do Chile; as Operaes Combinadas de Grande Vulto, como a Timb e a Tucunar, na Amaznia; as Operaes Jauru, no Mato Grosso do Sul; as Operaes Pampa, no Rio Grande do Sul; e as recentes Operaes Cimento Social e Guanabara do Comando Militar do Leste. Em todas essas misses, os Observadores Areos fizeram parte das tripulaes da Aviao do Exrcito, de asa rotativa, ou das tripulaes da FAB, do 3/8 Grupo de Aviao, Esquadro Puma, sediado no Campo dos Afonsos, que completou, em 2008, 19 anos de apoio Seo de Ensino de Observao Area da EsIE, fazendo uso de suas aeronaves de asa fixa, T-25 Universal. Nesses diversos anos de existncia, os Observadores Areos brasileiros atuaram em diferentes tipos de aeronaves. O quadro a seguir discrimina o perodo de utilizao, o modelo da aeronave e a respectiva Fora responsvel:
Foto: Sgt Srgio Cardoso - EsIE
1955 - 1972 1972 - 2000 2000 aos dias atuais 1986 aos dias atuais 1986 aos dias atuais
Aeronave OV-1 Mohawk utilizada pelo Exrcito Americano para Observao Enciclopdia Military
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1973, empregou esses especialistas em aeronaves de asa fixa e, a partir do ano de 1975, seus batedores Areos (Aeroscout Observer) atuaram em aeronaves de asas rotativas, modelo OH-58 Kiowa Warrior, nas quais o piloto ocupava o assento esquerdo e o Observador Areo o assento direito, integrando parte da Cavalaria Area Americana (Air Cav) at o ano de 2004. O incremento do uso do VANT provocou, praticamente, a extino do emprego do Observador Areo, porm, com as guerras do Afeganisto e do Iraque, os EUA aprenderam uma importante lio: A mquina nunca vai substituir completamente o ser humano. Elas existem para auxiliar e complementar suas atividades. Assim, em julho de 2008, o Exrcito dos EUA reativou o emprego dos Observadores Areos, em aeronaves tripuladas de asa fixa, Beech C-12 Huron, a fim de realizar Reconhecimento Ttico Visual e Controle Areo Avanado (Forward Air Control Airborne - FAC - A), apoiado pelos seus VANT Shadow e Warrior. Com os dois exemplos, acima citados, pode-se verificar que o emprego do Observador Areo no Reconhecimento Ttico Visual e em outras misses, inclusive de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ainda, faz-se importante e necessrio na busca de informaes seguras, precisas e eficientes, que reduzam a impreciso da deteco de objetivos que no so bem observados por meio dos VANT, veculos de viso em duas dimenses e que no proporcionam conscincia situacional em 360.
Metodologia da Pesquisa Cientfica. Ao final das 22 semanas de curso, o aluno dever apresentar o seu Trabalho de Trmino de Curso (TCC), para fazer jus ao diploma de ps-graduao Lato Sensu em Cincias Militares com nfase em Observao Area. A segunda etapa, presencial, consiste nas adaptaes e nas qualificaes operacionais para a atividade area, tanto para aeronaves de asa fixa como para as de asa rotativa. Nessa fase, os alunos realizam o exerccio fisiolgico para aeronaves de alto desempenho no Instituto de Fisiologia Aeroespacial (IFISAL) da FAB; o Estgio de Salto de Emergncia no Centro de Instruo Paraquedista General Penha Brasil; o exerccio na Unidade de Treinamento de Escape de Aeronaves Submersas (UTEPAS), sediada no Centro de Instruo e Adestramento Aeronaval da Marinha; e o Estgio de Sobrevivncia no Mar e na Selva, aplicado pelo Esquadro Aeroterrestre de Busca e Salvamento da FAB. Ao final desse perodo, o oficial-aluno estar apto para o incio das atividades areas.
Estgio na Unidade de Treinamento de Escape de aeronave submersa na Base Area Naval de So Pedro da Aldeia-RJ
A terceira etapa consiste em capacitar os alunos para a funo de Observadores Areos. Isso possvel por intermdio do ensino de diversas disciplinas, das quais se destacam meteorologia, navegao area, mtodos e tcnicas de observao area, conduo do tiro de artilharia e controle areo avanado. Nessa fase, eles entendem o amplo significado do lema: Conhecer para reconhecer!, pois o Observador Militar s reconhece o que conhece com profundidade. Desse modo, os alunos passam a estudar as 17 categorias de alvos de reconhecimento da Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN), aprendendo a identificar cada uma das suas peculiaridades, como indstrias, aerdromos, atividades militares, antenas, dentre vrios outros. Esse estudo complementado com prticas de Percepo Visual de Objetivos (PVO). Nessa oportunidade, apresentado um slide por um perodo de cinco segundos e o aluno deve ser capaz de identificar o material dele constante.
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A quarta e ltima etapa consiste na realizao dos voos e das Misses de Observao Area (MOA), quando o aluno colocar em prtica tudo o que aprendeu.
Nesse documento, foram registradas algumas sugestes e ideias discutidas pelos especialistas em Observao Area presentes no Simpsio. Abaixo, ressaltam-se alguns trabalhos: 1) elaborao de um Manual de Campanha ou Caderno de Instruo, versando sobre o Emprego da Observao Area. O objetivo desse documento orientar e divulgar a forma correta e atualizada de emprego da atividade de observao area em operaes militares, normatizando seus processos, suas possibilidades e limitaes no campo de batalha moderno; 2) criao da Subseo de Observao Area nos Comandos Militares de rea e nas Brigadas. Segundo a proposta, as referidas Subsees seriam estruturadas e vinculadas s Segundas Sees dos Comandos Militares de rea e das Brigadas, semelhana da estrutura adotada pelas Subsees de Informaes Geogrficas (Inteligncia de Imagens); 3) utilizao das aeronaves T-27 (TUCANO) e C-98 (CARAVAN) em Misses de Observao Area, consideradas pelos participantes do Simpsio, dentre as aeronaves operadas atualmente pela FAB, as mais adequadas ao cumprimento de Misses de Observao Area (MOA), pelas suas caractersticas tcnicas e pela sua articulao no territrio nacional; e 4) proposta de distribuio dos Observadores Areos. Foram apresentadas sugestes para distribuio desses especialistas, no mbito dos Comandos Militares de rea, levando-se em conta a capacidade de apoio em meios areos existentes atualmente na FAB.
CONCLUSO
Assim sendo, pode-se verificar que o Exrcito Brasileiro, por intermdio da EsIE e de sua Seo de Ensino de Observao Area, mantm viva uma chama que se acendeu h 142 anos, nas mos do Duque de Caxias, cujo principal objetivo aproveitar, ao mximo, o uso da terceira dimenso do combate, no sentido de garantir Fora Terrestre informaes confiveis e oportunas no Teatro de Operaes.
Foto: Cap Benzi da EsIE
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m 23 de julho de 1942, o Comando do Exrcito decidiu efetivar e instalar, em Marlia (SP), o 3 Batalho do 5 Regimento de Infantaria (III/5 RI), Unidade que seria o elemento formador do 37 Batalho de Infantaria Leve (37 BIL). A instalao acabou por ser feita na cidade de Tup (SP), tendo recebido nos meses seguintes pessoal e material, sob coordenao do Major Danton Braga Benites seu Benites, primeiro Comandante. A organizao da Unidade efetivou-se em 1943, quando sua sede foi transferida para Lins (SP), deixando uma companhia destacada em Tup e outra em Araatuba (SP), o que perdurou at 1948. A partir da e de acordo com o seu processo evolutivo, o Batalho passou por diversas transformaes e teve as seguintes denominaes: em 1946, II Batalho do 6 Regimento de Infantaria e, em 1949, III Batalho do 6 Regimento de Infantaria.
Em 1950, mudou de nome duas vezes, primeiro para Companhia Independente de Fuzileiros e, em seguida, voltou a ser o II Batalho do 6 Regimento de Infantaria. Dois anos depois, passou a chamar-se de 4 Batalho de Caadores (4 BC), sediado na avenida Duque de Caxias, onde hoje funciona a Associao Beneficente Cultural e Esportiva de Lins, pertencente a descendente de imigrantes japoneses. No final da dcada de 60, a fim de se adequar s novas necessidades fsicas de instalaes, iniciaram-se as obras de construo de uma nova sede do Batalho, no Bairro do Ribeiro, em terreno doado pela Prefeitura de Lins. Concludas as obras, em 1971, o Batalho ocupou sua sede atual, na Rua Major Mattos Guedes, e a antiga sede foi entregue prefeitura, que a restituiu colnia japonesa. Fruto do processo de reestruturao do Exrcito, a Unidade recebeu, no ano seguinte, a denominao de 37 Batalho de Infantaria Motorizado, ficando subordinada 11 Brigada de Infantaria Blindada, sediada em Campinas (SP). Em 1963, o ento 4 BC foi agraciado com a Medalha da Constituio e, mais recentemente, em 2003, com a Ordem do Mrito Militar. Finalmente, a 1 de maro de 2005, passou a denominar-se 37 Batalho de Infantaria Leve, ficando subordinado 11 Brigada de Infantaria Leve e tornandose a Unidade operacional mais a Oeste do Estado de So Paulo. Sediou-se junto a importante entroncamento
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rodovirio e assumiu como rea de responsabilidade todo o Noroeste Paulista. O dia 28 de novembro ficou institudo como a data em que se comemora o aniversrio do Batalho que, no corrente ano, completar 66 anos de sua fundao.
em atividades internas e externas, sobretudo em demonstraes para as visitas e nos exerccios e operaes. Assim sendo, o 37 BIL desfruta de grande prestgio e simpatia junto populao de toda a regio Noroeste do Estado de So Paulo, uma vez que possui um considervel nmero de reservistas dispersos por diversos municpios, que j foram tributrios e emprestaram seus jovens formao militar.
MISSO SNTESE
Cooperar com a 11 Brigada de Infantaria Leve e com o Exrcito Brasileiro, dentro de sua rea de jurisdio, na defesa do territrio, na garantia dos Poderes Constitudos, da lei e da ordem e nas aes subsidirias, participando do desenvolvimento nacional, da defesa civil e de operaes internacionais, de acordo com os interesses do Pas.
Atividades do Canil
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SNTESE DOS DEVERES, DOS ALORES DA TICA VAL ORES E D A TIC A APLICADOS NO BATALHO APLIC ADOS N O BATALHO Hierarquia e Disciplina seguir os pilares que Hierarquia Disciplina:
sustentam a Instituio. dever: Sentimento do dever cumprir a legislao e a regulamentao a que estiver submetido, com autoridade, determinao, dignidade e dedicao alm do dever, assumindo a responsabilidade pelas decises que tomar. profissional: Competncia profissional ter a capacidade de cumprir misses, utilizando-se dos conhecimentos profissionais adquiridos na caserna, estimulando a iniciativa, a criatividade e o autoaperfeioamento. Lealdade e Camaradagem cultuar a verdade, a Camaradagem: sinceridade e a sadia camaradagem, mantendo-se fiel aos compromissos assumidos. Coragem: Coragem ter a capacidade de decidir e a iniciativa de implementar a deciso, mesmo com o risco de vida ou de interesses pessoais, no intuito de cumprir o dever, responsabilizando-se por sua atitude. Responsabilidade: Responsabilidade ter a capacidade de manter a assiduidade, a pontualidade e o comprometimento com a Instituio.
Controle de Trnsito
Treinamento de ces
www.exercito.gov.br
ANO XXXVI N 201 ABR/MAIO/J UN 2009
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s fundamentos da Excelncia em Gesto traduzem prticas encontradas em organizaes de elevado desempenho em todo o mundo. A aplicao de um modelo para a implantao de estratgias de melhoria da gesto em uma organizao do porte e tradio do Exrcito Brasileiro altamente complexa. H de se considerar que, apesar de integrar a Administrao Pblica Federal, a Instituio possui particularidades que a diferem de outros organismos do Estado e enfoque bastante diverso dos preconizados pela iniciativa privada. O Programa de Excelncia Gerencial do Exrcito Brasileiro (PEG-EB), implantado em 2003, tinha como finalidade aperfeioar a capacidade gerencial, influenciando diretamente na operacionalidade da Fora. O PEG-EB visava otimizao dos processos, ao gerenciamento dos projetos e motivao de todos os militares, na busca de uma administrao apta permanente evoluo. Em prosseguimento ao PEG-EB, o Comandante do Exrcito criou, em 2007, o Sistema de Excelncia no Exrcito Brasileiro (SE-EB). Definiu-se como finalidade ampliar as modernas prticas de gesto, buscando o compromisso com os resultados, traduzidos pela observncia das prioridades estabelecidas no Plano Diretor do Exrcito (PDE). O Sistema enfatiza a simplicidade e a flexibilidade nos processos administrativos, alm da eliminao do retrabalho nas etapas intermedirias que no agreguem valor ao processo decisrio. A partir de 2009, o SE-EB inaugura uma nova fase: sua institucionalizao, cabendo ao Estado-Maior do Exrcito (EME) a execuo das atividades correlatas de pesquisa e desenvolvimento.
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A implantao desses Projetos contribuir para a consecuo dos seguintes objetivos estabelecidos no Sistema de Planejamento do Exrcito (SIPLEx): complementar, aprimorar, consolidar e integrar os sistemas existentes na Instituio; racionalizar e modernizar a sua gesto, a sua estrutura organizacional e os seus processos administrativos; e assegurar eficiente gesto da informao no mbito da Instituio.
A elaborao do Plano de Gesto utiliza a metodologia preconizada pelo Planejamento Estratgico Organizacional (PEO), procedimento que permite a obteno de melhores resultados na busca da excelncia gerencial. Outra inovao incorporada, a partir de sugestes dos Assessores de Gesto das OM, foi a simplificao da autoavaliao, que passa de 1.000 (mil) para 500 (quinhentos) pontos. A reduo dos requisitos e a sua adaptao s peculiaridades e cultura do Exrcito visa facilitar a atividade das OM. Essas mudanas implicaram em uma reviso do SISPEGWEB ferramenta de informaes gerenciais, com utilizao via internet (https://www.sispegweb.ensino.eb.br) permitindo, dentre outros benefcios, o melhor gerenciamento dos Planos de Gesto, das autoavaliaes e dos acessos aos relatrios das OM.
Os cursos a distncia Melhoria Contnua (MC), Anlise e Melhoria de Processos (AMP) e Planejamento Estratgico Organizacional (PEO) vm sendo realizados por meio do Departamento de Educao e Cultura do Exrcito (DECEx) e da Fundao Trompowsky.
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Os pblicos-alvo desses cursos so os assessores de gesto das OM do Exrcito, oficiais-alunos e sargentosalunos das Escolas de Aperfeioamento e os oficiais recmnomeados para o comando de OM. Com a finalidade de consolidar a institucionalizao da capacitao de recursos humanos para o SE-EB e a consequente transferncia dessa atribuio para o DECEx, encontra-se em estudo no EME, em conjunto com aquele Departamento, o seguinte: aperfeioamento dos contedos e das cargas horrias previstas para o ensino da disciplina Cincias Gerenciais nos Estabelecimentos de Ensino do Exrcito; e a viabilidade e a convenincia da criao de um curso de extenso em Gesto, em substituio ao atual CBG e a alguns cursos a distncia.
CONCLUSO
A nova fase do SE-EB - com a sua institucionalizao voltar-se- essencialmente para o aumento da operacionalidade da Fora Terrestre, por meio da consecuo de resultados prticos e tangveis em todas as Organizaes Militares do Exrcito. As ferramentas do SE-EB como o Planejamento Estratgico Organizacional, a Autoavaliao da Gesto, a Anlise e Melhoria dos Processos e o Sistema de Medio de Desempenho , apoiadas no SISPEGWEB, permitem a melhoria dos resultados organizacionais relativos aos processos finalsticos e de apoio. O desenvolvimento das melhores prticas de gesto, no mbito de todo o Exrcito Brasileiro, contribuir eficazmente para a concretizao dos objetivos colimados pela Instituio e a integrar, cada vez mais, sociedade
brasileira.
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ascida em Parob, municpio de Taquara, Rio Grande do Sul, em 12 de agosto de 1892, passou a maior parte de sua vida na zona rural e ficou rf de pai e me ainda criana. Sra Elizia reside atualmente em Novo Hamburgo (RS), com familiares da Sra Maria Therezinha Hoff sua procuradora. Hoff, orres Tor Elizia Tor res e Silva nasceu trs anos depois da Proclamao da Repblica e, portanto, est com 116 anos de idade. Apresenta algumas falhas de memria, gosta de conversar e pouco acompanha os acontecimentos e manchetes das emissoras de televiso, j que, em sua opinio, passa muita bobagem na televiso. Seu estado de lucidez inconteste.
Apesar de sua pouca instruo, conversa com clareza e sabedoria sobre diversos assuntos. Gosta muito de caminhar, ter contato com pessoas e passear. Por ela, no deixaria de realizar suas atividades em casa, porm lembra que suas pernas esto um pouco fracas e precisa de apoio para caminhar com segurana. Sempre alegre e com boa disposio para a prosa, Dona Elizia destaca: Gostaria de andar mais e poder mexer com a horta l em casa. Sua dieta alimentar no tem nada de especial e ela afirma que gosta de polenta e churrasco; no tem como faltar uma caneca de vinho tinto da colnia durante o almoo. Ao longo de toda sua vida, sempre trabalhou no campo, preparando a terra para plantar verdura e outros gneros de subsistncia familiar. Sra Elizia nunca pensou que iria chegar aos 116 anos e procurou viver da melhor maneira possvel. Estou aqui at quando puder, gosto de caminhar, de ver coisas boas e rezo todos os dias. Hoje, muito difcil ir igreja... se eu ajoelhar muito dolorido e cansativo para sentar outra vez, conta. Ela no se casou, porm teve um companheiro. Hoje diz que no se arrepende por no ter contrado matrimnio e recorda-se, com emoo, de uma filha que morreu muito nova. A Sra Elizia tambm declara que no gosta de ser fotografada por trazer-lhe lembranas desagradveis. Em 13 de julho de 1953, para proporcionar a essa gacha uma vida digna, o Presidente da Comisso de Habilitao de Penses Vitalcias da Guerra do Paraguai e da Campanha do Uruguai concedeu o Ttulo n 410 filha do veterano Joaquim de Araujo e Silva. Dessa Silva forma, ficaram garantidos os direitos decorrentes da condio de pensionista Sra Elizia a partir de 18 Elizia, de novembro de 1948. A Sra Elizia com toda a sua lucidez e sapincia, Elizia, a pensionista mais idosa do Exrcito Brasileiro.
Foto: Sgt Specht
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riada em 2005 para promover um ambiente estimulante ao ensino da Matemtica, a Olimpada Brasileira de Matemtica das Escolas Pblicas (OBMEP) chega sua 4 edio. Assemelhada a exemplos exitosos estrangeiros, como a Olimpada Internacional de Matemtica, que rene alunos de mais de 100 pases, esta competio intenta, entre outros objetivos, estabelecer uma nova relao dos alunos para com a disciplina, relao esta marcada pela autoconfiana e pela paixo para com o estudo. O crescimento exponencial de seus nmeros evidencia seu sucesso: no certame de 2008, cujos resultados so agora divulgados, mais de 18 milhes de alunos, matriculados em cerca de 40,3 mil escolas, competiram por 300 medalhas de ouro, 900 de prata e 1.800 de bronze, alm de mais de 2.000 menes honrosas. neste cenrio que sobressai o Sistema Colgio Militar do Brasil (SCMB). Nossos alunos conquistaram cerca de um tero das medalhas de ouro (93), cinco a mais que no ano de 2008, sendo um deles, Daniel dos Santos Bossle, Bossle do Colgio Militar de Porto Alegre, tricampeo na competio. Foram 139 medalhas de prata, resultado 58% melhor que no ano anterior, e 113 medalhas de bronze, alm de 151 menes honrosas. H que se destacar a expressiva participao do Colgio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), que, sozinho, conquistou mais medalhas de ouro do que 24 Estados da federao. Os alunos do CMRJ obtiveram 22 medalhas de ouro, sendo superados, somente, pelos Estados de Minas Gerais, e So Paulo. Alm dessas, esses mesmos alunos
conquistaram, tambm, 26 medalhas de prata, 21 de bronze e 21 menes honrosas, totalizando 90 prmios. Um resultado fantstico, incomparvel. Nenhum outro Colgio do Brasil aproximou-se desses nmeros. A que atribuir esta flagrante liderana? A uma proposta pedaggica eivada de valores, na qual a hierarquia e a disciplina permeiam os objetivos, estratgias e metas, alicerando as prticas e dando o estofo necessrio ao desempenho docente. Uma proposta que atribui significado e sentido ao labor do estudante, motivando-o, de manh a noite, a se por em um movimento norteado pela nobreza dos eternos e insubstituveis heris de nossa histria. O sucesso do Sistema Colgio Militar do Brasil espelha o mrito de seu pblico: alunos, professores e demais agentes de ensino. Sabe-se do afinco com que, irmanados em sua proposta, os mestres e os mestrandos burilam a excelncia que, em resultados como o da OBMEP, mostra seus frutos. Professor: sua liderana , antes de tudo, seu exemplo; no caminho sem atalhos da formao cidad, no h privilgios, somente conquistas de dedicao e f. No h mgicas que dispensem o olhar atento, a ateno diferenciada, a autoridade engrandecedora. Aluno: sua melhor medalha o braso de seu Colgio, smbolo indelvel que atesta sua virtude. Entre os muros tradicionais dessas escolas, sinta-se em casa. Voc um de ns. Parabns SCMB! Parabns Departamento de Educao e Cultura do Exrcito! Parabns Exrcito Brasileiro!
COLGIOS MILITARES
CMBH CMB CMCG CMC CMF CMJF CMM CMPA (1) CMR CMRJ CMS CMSM SCMB
TODAS AS UF (2)
% CM/OM
14 11 7 5 37
13 21 12 23 69
3 13 14 16 46
7 10 7 13 37
12 15 11 7 45
5 8 5 10 28
2 7 6 17 32
2 3 5 14 24
6 12 8 9 35
22 26 21 21 90
7 10 9 12 38
3 8 11 22
(1) 01 (um) aluno tricoroado (medalha de ouro) e segundo lugar nacional (2) Total das menes honrosas, excludo o Estado do Tocantins (no informado)
ANO XXXVI N 201 ABR/MAIO/J UN 2009
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histria da msica na antiguidade evidencia a sua importncia na sociedade como instrumento de integrao e socializao. Porm, a terminologia banda de msica s apresentada, pela primeira vez, em 1678 na Inglaterra, pois, at ento, s havia notcia de msicos nas tropas. A partir dessa data as bandas de msica militares no cessaram de se multiplicar e desenvolver repertrio prprio inerente sua condio de militar. Na Europa, a banda de msica parece ter suas origens na Frana. No Brasil, os msicos militares tambm exercem um papel relevante na sociedade brasileira desde os tempos coloniais, porm, no mais motivados pelos combates e batalhas, mas, principalmente, pelas suas apresentaes cvicas, religiosas e muito mais sociais do que no incio da histria da msica em ambiente militar. Embora haja a confirmao da existncia de bandas militares na segunda metade do sculo XVIII, em Pernambuco, elas vieram a ser mais populares a partir da chegada de D. Joo VI, com sua corte ao Rio de Janeiro VI em 1808. O rei trouxe consigo uma banda de msica portuguesa e, durante a estada da famlia real no Rio de Janeiro, foram realizados vrios concertos pelas bandas existentes na poca. As bandas de msica militares do final do sculo XVIII foram criadas nos regimentos milicianos do Recife e Olinda, por ato do governador D. Toms Jos de Melo A Melo. exemplo destas, foi criada tambm uma banda no tero auxiliar de Goiana (PE), em 1789, mantida pela respectiva
Banda de Msica do 5 Batalho de Caadores, Rio de Janeiro(RJ Passou por Belm(PA) e por vrias cidades de So Paulo, da
oficialidade. Mediante consentimento daquele governador, tambm se registra uma banda de um regimento de linha da guarnio da vizinha cidade da Paraba em 1809, composta por dois pfaros, um dos quais, de Manuel de Vasconcelos Quaresma, que era o mestre, e mais duas Quaresma clarinetas, duas trompas, um fagote e um zabumba. Desde os tempos coloniais e, principalmente, aps a decadncia da explorao de ouro no Rio de Janeiro, as primeiras bandas de msica, formadas por barbeiros, escravos em sua maioria, tocavam fandangos, dobrados e quadrilhas em festas religiosas e profanas.
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J), Unidade que veio a ser denominada 5 Regimento de Infantaria. ando origem ao 5 Batalho de Infantaria Leve, Lorena(SP).
Em 1831, so criadas as bandas de msica da Guarda Nacional, e esta arte espalha-se pelo pas. Em 1896, Anacleto de Medeiros funda a mais famosa de todas as bandas de msica: a do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Naquela poca, um grande nmero de msicos militares atuava em orquestras e outros nas igrejas onde participavam do servio religioso. Como no Brasil, nos tempos da colnia, existiam os msicos das tropas de cavalaria e de infantaria, os quais no se limitavam msica militar. Pode-se dizer que a primeira banda militar, organizada como um conjunto, apresenta-se em 1808 com a vinda da famlia Real para o Brasil. Tratava-se da banda marcial da Brigada Real da Marinha, que deu origem a Banda do Corpo de Fuzileiros Navais. Aps a chegada do Rei, em 1810, foram criadas as bandas para os Regimentos de Cavalaria e Infantaria da Corte. O apoio do D. Pedro I foi imprescindvel para o surgimento das bandas de msica, tendo em vista sua habilidade como compositor, pianista, clarinetista e fagotista. Da Guerra do Paraguai, se no h melhores registros de organizao das bandas militares, h copiosas referncias atuao dos nossos msicos militares em campanha, constantes de comovidas reminiscncias, nas quais h relatos de Combate entre Msicos. Esses documentos registram a luta da Banda de Msica do 42 de Voluntrios contra a banda do 40 Corpo do Exrcito paraguaio, a Guardi de Lopez, culminando com a banda inimiga destroada e sobrevivncia de apenas seis integrantes da nossa Banda.
Entre os nossos mortos, estava o seu mestre Felipe Neri Barcelos celos, Barcelos comandante daquela ao. Nas batalhas dos Guararapes (1648-1649), nasceu o nosso Exrcito e a msica militar brasileira acalentou esse nascimento, ao som de seus executantes brancos, negros e ndios. Com a decadncia do ouro no sculo XIX, toda a pompa e o brilho do cerimonial viram-se diminudos, como em todos os setores da sociedade. J no havia tanto dinheiro para o pagamento dos servios de msica, o que contribuiu para a reduo do nmero de msicos e refletiu diretamente na diminuio do nmero das orquestras, fator que deu origem s bandas civis. Essas bandas assumiram, como herana, o servio eclesistico que era executado pelas orquestras. No fim do sculo XIX, usando uniformes que lembram o dos militares, surgiram as associaes, liras e filarmnicas, que logo se espalharam pelas diversas cidades do Brasil. As bandas de msica evoluram e transformaram-se em uma das mais populares manifestaes da cultura nacional: onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade. No seio das bandas de msica, formaram-se notveis msicos profissionais e amadores, eruditos e populares, dentre os quais se destacam renomados maestros e instrumentistas, como Patpio Silva Anacleto de Silva, Medeiros, Medeiros entre outros. As bandas tambm foram um centro gerador de novos gneros musicais e de um vasto repertrio de chorinhos, marchas e dobrados. De todas as manifestaes artsticas produzidas pelo ser humano, poucas guardam tanta afinidade com a profisso militar quanto a msica. Desde a mais remota antiguidade at s guerras de alta tecnologia de nossos dias, as bandas militares cumprem o singular e insubstituvel papel de reforar o moral e o nimo daqueles que, nas casernas em tempos de paz ou nas agruras das campanhas, dedicam-se profisso das armas.
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ascido no ano de 1912, em So Gonalo do Par (MG), o jovem Miguel Ferreira de Lima apresentou-se como voluntrio nas fileiras do Exrcito aos 17 anos de idade, incorporando ao efetivo do 6 Grupo de Artilharia de Dorso quartel em Quitana (SP). Dez meses aps, foi transferido para o 1 Grupo de Artilharia e Dorso (1 GADo) em Campinho (RJ) atual 21 Grupo de Artilharia de Campanha (21 GAC). No 1 GADo, conforme relato prprio, encontrou brilhantes oficiais, como os irmos Jos Maria e Antonio Carlos de Andrade Serpa, que o indicaram para o curso Serpa de formao de cabos. Seis meses depois de promovido, foi matriculado no curso de formao para sargentos. Em 05 de fevereiro de 1942, j com a populao do Rio de Janeiro assustada com o noticirio da guerra e com o grande movimento de tropa por toda cidade, foi promovido a 3 Sargento, quando assumiu o comando de uma pea de artilharia de uma das baterias do 1 GADo. Manteve a funo no 2 Grupo do 1 Regimento de Obuses Auto-Rebocado (II/ 1 ROAur), com o qual integrou a Fora Expedicionria Brasileira (FEB), na Campanha da Itlia. O Sgt Lima chefe da 2 pea (pea diretriz) da Lima, 1 Bateria de Obuses, comandada pelo Capito Mario Lobato ale, Vale embarcou com a primeira tropa que partiu para a Itlia, no 1 escalo da FEB. Em relato minucioso, descreveu como aconteceu a entrada em posio, para a realizao do primeiro tiro da FEB que saiu de sua pea: ... a Bateria formou-se em coluna, iniciando o deslocamento, integrada ao Grupo. Anoitecia e logo nos deslocvamos na total escurido, tendo apenas as luzes de posio das viaturas acessas. O Coronel Geraldo Da Camino, Camino comandante do Grupo, s vezes, controlava o trnsito das viaturas ao longo do itinerrio. amos prximos do mar, passando por Staffoli e Livorno, chegamos regio de Camaiore. Entramos em posio noite, com os guias nos dirigindo com bandeirolas brancas, em posies j balizadas anteriormente. Aguardamos em posio durante toda a madrugada. O pessoal tenso e ansioso por abrir fogo. Os comandos de tiro custaram a chegar, pois os observadores
avanados tinham dificuldade para determinar as posies do inimigo. A misso de observador avanado muito perigosa. O Tenente Ramiro Moutinho estava em Torre amiro Nerone, uma posio que era constantemente bombardeada pelos alemes. Por volta das 14 horas, aps termos comido nossas raes K, vieram os primeiros comandos da Central de Tiro..., ... a misso de tiro foi cumprida; isso em 16 de setembro de 1944, exatamente s 14 horas e 22 minutos, o que ficou para histria do Exrcito. Aps o primeiro tiro, permaneceu em combate at o final da guerra. Em mais uma passagem marcante, explicou o apoio ao ataque a Monte Castelo: ... Apoiamos o ataque final a Monte Castelo, onde toda a FEB atuou. Todos os Grupos, a Artilharia Divisionria, a Companhia de Manuteno, a Subsistncia. Minha pea estourou quatro raias do tubo, eu telefonei para o Capito e quatro horas mais tarde chegou a manuteno. Trouxeram um tubo novo, em uma viatura de tonelada. Veio um sargento mecnico e seu ajudante. Eles trocaram o tubo ali. O tubo danificado foi recolhido, hoje est no ptio do Quartel da Unidade (21 GAC), com uma inscrio, vou sempre visit-lo. Era meu tubo, uma pea de meu obus que traz saudade. O Sargento Lima deixou esta funo aps o trmino daquele amplo conflito que abalou o mundo. Passou para a reserva, em 1950, sendo promovido a primeiro-tenente. Por sua participao na 2 Guerra Mundial, recebeu a Medalha de Campanha e a Medalha de Guerra. O 21 GAC, para no deixar se apagar a histria de seus heris que travaram inmeras batalhas nos campos da Itlia, anualmente comemora o aniversrio do 1 Tiro de Artilharia da FEB. Este ano, infelizmente, no poder contar mais com a presena do Sargento Lima (chamado assim, por Lima preferncia prpria), devido ao seu falecimento em 26 de novembro de 2008.
CENTRO DE COMUNICAO SOCIAL DO EXRCITO
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