Buda Da Medicina
Buda Da Medicina
Buda Da Medicina
s.E,ao fazer essas prticas, certo que abenoamos o ambiente e todos os seres queneleesto.
OBudadaMedicina
Umaprticaextremamenteeficazemeliminardoenas
OmuitovenervelThranguRinpoche
EmCascadeMountains,Washington,EstadosUnidos,emjunhode1999,omuitovenervelKhenchen Thrangu Rinpoche organizou um retiro de oito dias para ensinar a sadhana e o sutra do Buda da Medicina.ORinpocheensinouemtibetanoefoitraduzidooralmenteporLamaYesheGyamtso.Aseguir, atranscrioeditada.
Gostariadecomeardandoasboasvindasatodosaquihojeeagradecer por terem vindo. Estou muito feliz por esta oportunidade de encontrlos, estudaraprticadoBudadaMedicinacomvocseconversarsobreoDharma. Comodehbito,comearemoscomarecitaodasplicalinhagem.Enquanto ofazemos,porgentileza,geremumafortedevoopelolamaraizeaosoutros gurusdalinhagem,comoVajradhara,Tilopa,Naropa,eosdemais.
[recitaodasplicalinhagem]
Primeiro,paraouvirosensinamentosadequadamente,porfavor,gerem a atitude de bodhicitta, necessria para a prtica do Dharma em geral e, particularmente,paraprticascomoadoBudadaMedicina.Enquantoouvem os ensinamentos, pensem que esto ouvindo [os gurus] e que praticaro as liesafimdeseremdegrandebenefcio,omaiorpossvel,paratodososseres. Podemos pensar que h uma contradio entre a motivao com que praticamos o Buda da Medicina e a motivao da bodhicitta. Podemos pensar quepraticamosoBudadaMedicinafundamentalmenteparabeneficiaranossos prprioscorpos,enquantoamotivaodabodhicittaodesejodebeneficiara todos os seres. Mas, de fato, no h contradio, porque, a fim de sermos 5
efetivos em ajudar outros seres, precisamos realizar um samadhi excelente ou absoromeditativa;e,paraalcanartalfeito,bemassimoinsightearealizao que ele traz, precisamos ter uma prtica estvel. Para termos uma prtica estvel e profunda, precisamos estar fsica e mentalmente saudveis, confortveis, porque, ao nos sentirmos confortveis em nossos corpos e em nossamente,estaremoslivresdeobstculosdiligncianaprticaeaocultivo da absoro meditativa. Portanto, praticamos o Buda da Medicina para obter estados de sade e equilbrio mental e fsico, no apenas para nosso prprio benefcio,masparaodosoutrostambm. Logo, no h contradio entre a motivao para praticar especificamente o Buda da Medicina e para praticar o Dharma em geral. Praticamos o Dharma a fim de atingir o estado de Buda, e com o mesmo objetivopraticamos oBudada Medicina.Podemospraticlocomointuitode obter um estado de sade mental e fsica nesta vida, mas quando assim praticamos, no estamos realmente limitando nossa motivao a que ns mesmostenhamossadefsicaemental,porquepormeiodaprticapodemos realizar grandes benefcios para ns e para os outros, e podemos completar nossaprticadoDharmacomsucesso,nosentidodeatingiroestadodeBuda. Ademais, ao praticarmos o Buda da Medicina, no apenas alcanamos sade nesta vida, como tambm conseguimos obter suas bnos em nossas vidas futuras. E ao cultivar os estgios da prtica do Buda da Medicina os estadosdegeraoedeconclusonoapenasalcanamosbenefciosparans mesmos, como tambm cultivamos o potencial para beneficiar os outros. Ao fazer essas prticas, de fato abenoamos o espao e todos os seres que nele vivem. AprticadoBudadaMedicinafundamentalmenteumaprticamental, uma prtica de meditao. Vocs podem pensar: como algo que fazemos basicamente com nossa mente poderia afetar nosso corpo? Como a prtica do Budada Medicina podepreservarnossa sadefsicaoualiviaromalestardo nosso corpo?Vocspodempensar que, fundamentalmente,amenteeocorpo noserelacionameque,portanto,aprticadameditaonopodeafetarnosso corpo. Na realidade, corpo e mente esto extremamente interrelacionados. O corpo o suporte ou o recipiente da nossa mente, bem como a mente a sua base.Ento,aprticademeditaodefatoafetaseucorpoeseuestadomental. Especificamente,naprticameditativadoBudadaMedicina,almdevisualiz lo sua frente, vocs tambm visualizam seu corpo como o do Buda da Medicina. Esta e outras visualizaes, a recitao dos mantras e tudo o mais, que inicialmente ou primeiramente parecem afetar apenas a mente, de fato afetamtambmocorpo. Praticamos, fundamentalmente, com nossas mentes, mas essa prtica afeta e beneficia ambos, mente e corpo. Como geralmente se ensina, o que identificamos como nossa mente consiste de oito diferentes conscincias, ou funes de conscincia. Elas aparecem como so por causa da conexo entre corpo e mente. Por exemplo, uma das oito conscincias a conscincia dos 6
olhos,aconscinciavisual. Ela sed em funodetrscoisas:seuobjeto,que soasformasvisveis;suabaseorgnica,queoolhocomoorgodaviso;e a conscincia, que a mente funcionando em conexo com os dois. Bem, o ponto que a conscincia visual nunca surge isolada do objeto e da base orgnica. Ela surge porque a base orgnica capaz de detectar o objeto apropriadonessecaso,aformavisvel.Portanto,pelofatodeoobjeto,orgo e a mente estarem to intimamente interrelacionados ou interconectados, a transformao de qualquer um deles necessariamente afetar o aspecto ou o jeito dos outros dois. Ento, quando o objeto muda, isso afeta a conscincia visual daquele objeto em relao ao rgo; e quando o rgo sofre alguma transformao, isso afeta a conscincia visual e o objeto percebido; do mesmo modo, quando a conscincia se transforma, o que acontece pela prtica da meditao,issoafetaapercepodosobjetoseaprpriabaseorgnica. De maneira semelhante, nossos outros sentidos surgem como conscincias em conexo com seus objetos e suas bases orgnicas. Tomando como exemplo o ouvido, surge o que se chama de conscincia auditiva, ou a audio,queexperienciaseuobjeto,ossons.Darelaocomabaseorgnicado nariz, surge a conscincia olfativa, que detecta os cheiros. Da relao com a lngua,surgeaconscinciapalatal,quedetectaogosto.Edarelaocomabase orgnica do corpo e seus nervos, surge a conscincia corporal, que detecta ou experiencia as sensaes tcteis. Todas essas conscincias surgem ou so geradas a partir da presena de um objeto que encontrado por um rgo apropriado. s vezes, elas surgem no prprio rgo que experimenta a sensao, mas, em qualquer caso, as sensaes dos cinco sentidos que experienciamos so funes dosrgos edos objetosexperienciadosporesses rgos, o que gera a conscincia apropriada. Devido ao fato de a conscincia permear a experincia do seu objeto e a experincia do rgo em si, se a conscinciasetransformar,ouomododealgumexperienciaraconscinciase transformar em aparncia pura, ento as aparncias dos objetos, e tambm a dos rgos, se tornar pura ou sagrada. dessa maneira que a prtica dessa formademeditaopodebeneficiarnoapenasamente,mastambmocorpo. Somandosesconscinciasdoscincosentidos,asextaconscincia,que aconscinciamental,tambmsurgeemconexocomaexperinciafsica.Bem, de acordo com o AbhiDharma, a conscincia mental no se encontra exclusivamente em uma base orgnica especfica, como as outras conscincias sensoriais. A condio que leva ao surgimento da conscincia mental o momentoprviodaconscinciaemsi.Demaneirageral,elasurgeemboaparte das impresses produzidas pelas experincias fsicas dos sentidos. Ento, indiretamente,podemosdizerqueabaseorgnicaparaaconscinciamentalo momentumdetodas as conscinciasconectadasssuasexperinciassensoriais. Masaconscinciamentalemsioquegeraeexperienciatodasasvariedades de emoes e pensamentos que conhecemos apego, averso, encantamento, apatia, orgulho, sentimentos de alegria e prazer, sentimentos de tristeza, sentimentosdefecompaixo,etc.todosessesdiferentesestadosemocionais 7
etodosospensamentosaelesligadossovariedadesdeexperinciasdasexta conscincia, ou conscincia mental. Enquanto esses vrios pensamentos e emoes passam pela nossa mente, eles transformam e influenciam aquela mesma conscincia. Mas no apenas isso, eles tambm afetam as cinco conscinciassensoriais.Porexemplo,quandovocestmuitotristeeolhapara algumacoisa,vocapercebercomoalgotristeoudesagradvel.Sevocolha para o mesmo objeto quando est alegre, voc ver a mesma coisa como agradvel.Esevocoolharquandoestcomraiva,vocnovamenteveresse objeto de forma inteiramente diferente. Esse um exemplo muito simples de como a conscincia mental, em particular, e a mente, em geral, afetam nossa experinciadosobjetosdossentidos,dasconscinciassensoriaisedosprprios rgosdossentidos. Dasoitoconscincias,asmaisevidentesemnossasexperinciassoessas seis conscincias, ou seis funes: as cinco conscincias sensoriais e a conscinciamental.Masalmdessas,houtrasduasfunesdamente,queso chamadasdefunesouconscinciasestveisousubjacentes.Elassoastima conscincia,queasbitaafliomental,eaoitavaconscincia,queabasede tudo. A stima conscincia, que a raiz da aflio mental, referese sbita e fundamentalfaltadecompreensoquantoexistnciadeumself,ouafixao emumself.Essafixaoaprpriaraizdosamsara.Entretanto,elanovista como algo no virtuoso ou negativo em si. Ela moralmente neutra. Porm, porqueelaignornciaeabaseparamaisignornciaposterior,elavistacomo a coisa mais fundamental e importante a ser abandonada ou extinta. De fato, podemos dizer que os ensinamentos do Buddhadharma so, principalmente, sobrecomoabandonaressafixaonoself.poressarazoquehtantanfase no Buddhadharma nas meditaes sobre o noeu, a vacuidade, etc. Por essas meditaes,podeserealizaronoeu,pormeiodoqueseextinguemoskleshas e,afinal,seatingealiberao. A meditao sobre o noeu, contudo, e especificamente a meditao sobre a no existncia de um verdadeiro self pessoal, no consistem em tentar imaginarouconvencersedequevocnonada.Especificamentenasprticas tntricasdevisualizaodafasedegerao,colocamosoutracoisanolugarde nossoslidosentidodenossaprpriaexistncia.NocasodaprticadoBudada Medicina,eliminamosopensamentoeusoueu,eusouapessoaqueachoque sou e trocamos por eu sou o Buda da Medicina. A tcnica primria dessa meditao consiste em imaginar voc mesmo como o Buda da Medicina, conceberseasimesmocomooBudadaMedicina.Aotrocaropensamentode voccomovocmesmopelopensamentodevoccomoBudadaMedicina,voc gradualmentecombateeremoveafixaoemseuself.E,enquantoessafixao removida,opoderdastimaconscinciareduzido.Eassim,oskleshaseas aflies mentais gradualmente se enfraquecem, o que proporciona uma experinciacadavezmaiordebemestaraocorpoemente. Aoitavaconscinciaabasedetudo,assimchamadaporqueoterreno ondegerminamoshbitos,tantoosbonsquantoosruins.Nsexperienciamos 8
as coisas do modo em que fazemos por causa dos hbitos que acumulamos. Quando acumulamos bons hbitos, temos experincias positivas e quando acumulamosmaushbitostemosexperinciasnegativas.Arazofundamental de nosso mergulho no samsara a acumulao de maus hbitos, alguns mais nocivos que outros. O processo de sairmos do samsara consiste em gradualmente enfraquecer os maus hbitos e fortalecer os bons. Por exemplo, quandocomeamosapraticar,notemosrealmenteconfianadequesomoso BudadaMedicina.Temosofortehbitonegativodenosvercomoquemquer queachemosquesomos.Massecultivarmosatcnicaeaatitudedenosvermos comotendoocorpo,apalavra,amente,asqualidadeseasbnosdoBudada Medicina,entoessasqualidadesnaturaisemnsaumentaro. AprticaprincipalnoVajrayanaconsistenafasedagerao,aprticade se ver como uma deidade. Do ponto de vista ordinrio, podemos pensar que issointil.Pensamos:bem,eunosourealmenteumadivindade.Dequeme servefingirslo?.Defato,porm,araizdosamsaraohbitodapercepo impura. Ao nos vermos como uma deidade, aos poucos purificamos, enfraquecemoseremovemosessehbitoeotrocamospelohbitodapercepo pura. por esse motivo que se considera to importante a meditao de si mesmocomoumadeidade. Na maioria das tradies religiosas, imaginase suas divindades como estandoemfrenteaalgum.Ento,visualizandodessaforma,serezaparaela, esperando que se receba uma bno. Na tradio Vajrayana, no entanto, consideramosasbnos,asqualidades,opodercomosendoinatos,presentes nanossamente.Essapresenainatadasabedoriaedasbnosdasdivindades em nossa prpria mente chamada de unidade da imensido e da sabedoria, ou unidade do espao e da sabedoria. Claro, verdade que quando olhamos nossamente,temosafliesmentais,pensamentos,vriostiposdesofrimentos eproblemas.Mas,aomesmotempo,temosopotencialinatodetranscendlos. E a razo pela qual temos esse potencial inato que a natureza da mente e a natureza de tudo que nela surge so vacuidade. Independente do que esteja passandopelasuamente,elasempreumespaoilimitadodevacuidade. O potencial inato de nossa mente vem do fato de que ela vazia. Por causa disso, todos os problemas, sofrimentos e defeitos que l surgem podem serremovidosoupurificados,porqueelestambmsovazios.Essavacuidade da mente no o nada absoluto; no um vazio esttico, morto ou neutro, porque,enquantoavacuidadedefatoanaturezadamente,anaturezadessa vacuidade sabedoria o potencial inato do surgimento de todas as qualidades.Nasescriturasbudistas,opotencialinatochamadodenaturezade Buda. Agora,nobudismotntrico oprocessodetrabalharsuasituaodevida pelaprticaconsisteemreconhecerquesuanaturezabsicaaquelepotencial, aquelanaturezadeBuda,eentosemeditasobreessapresenaemsipormeio davisodesimesmocomoadeidade.Aformadessadeidadeaencarnao ou a expresso daquele potencial, daquela unidade de vacuidade e sabedoria 9
em si mesmo. por meio da viso de si mesmo como uma deidade que gradualmente se erradicam os defeitos e se revelam as qualidades. A tcnica primria de visualizao de nos imaginarmos como a divindade, porque o potencial de transformar nossos problemas inato, ao invs de externo a ns. Portanto, nossa prtica principal na meditao sobre as deidades a autogeraodadeidade,visualizandoansmesmoscomoadeidade. Sevocperguntarseesseonicojeitodetrabalharcomasdivindades, a resposta no. Tambm visualizamos as deidades nossa frente. Bem, na tradio comum1 do budismo, como se pode encontrar nas escrituras da tradioTheravadaeoutrasquenopudelerempalimasjlinastradues tibetanasencontramosumaextensaapresentaofeitapeloBudaemqueno h uma divindade externa com quem devemos nos relacionar, que o caminho consiste fundamentalmente na erradicao dos kleshas, dessa forma eventualmente atingindo completamente o estado de arhat ou arhati. Assim, nossutrasdoveculocomum,oestadodeliberaoapresentadocomolivrede todososkleshas,limitaeseapegos,masnoparticularmentecomoumafirme eduradourasabedoria. Contudo,nossutrasdoMahayana,eespecialmentenosensinamentosdo Vajrayana,dizseclaramenteque,umavezquealgumalcanaaliberaoeo EstadodeBuda,elenosetornaumnada.Oprocessodepurificaofinalmente revelaaduradourasabedoriaquedanaturezadacompaixonoconceitual,e dessaformapermanece.AobtenodoEstadodeBuda,ocaminhopormeiodo qualeleobtido,defatocomeacomageraodabodhicitta,queainteno de alcanar a iluminao de modo que se possa levar todos os seres a esse estado.Emrazodeseressaamotivaocomqueseinicianocaminho,quando o resultado, que o Estado de Buda, atingido, temse que o caminho naturalmente espontneo, imparcial, pleno de compaixo no conceitual. Ento, consideramos os Budas como tendo uma conscincia que responde s necessidadesdetodososseres,sendodessaformaabertoseacessveissnossas oraes e splicas. Por esse motivo, enquanto primeiramente visualizamos a nsmesmoscomoasdeidades,nstambmvisualizamosasdeidadespresentes nossafrente. Ns complementamos a visualizao de ns mesmos como as deidades comvisualizaesemqueimaginamosquedefatoasdivindadesdesabedoria se dissolvem em ns repetidas vezes, e assim recebemos suas bnos. s vezes, ns visualizamos a deidade a nossa frente, separada de ns, pensando queosraiosdeluzdeseucoraonosenvolvemenospenetram,concedendo bnos divinas. Outras vezes, visualizamos que raios de luz, que trazem as bnos daquela deidade que est a nossa frente, atingem todos os seres, removendo seus obstculos, aumentando sua longevidade, sabedoria, entre outros. Todas essas visualizaes so mtodos pelos quais despertamos a
Nota do editor: a tradio comum uma maneira de se referir aos ensinamentos comuns a todas as tradiesbudistas,quesoosensinamentosHinayana(oudoPequenoVeculo)sobrealiberaopessoal.
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compaixo de todos os Budas, conseguindo que ns mesmos e os outros recebamsuasbnos. Todos os yidams e divindades usados na meditao tm a mesma natureza fundamental e so extremamente puros. Entretanto, eles tm diferentes aparncias, que refletem as diferentes atividades que incorporam e emqueseengajam.Essasdiversasatividadesso,emprincpio,determinadas pelas aspiraes individuais que eles fizeram poca em que inicialmente geraram a bodhicitta. Por exemplo, no caso do Buda da Medicina, existe um conjunto especfico de aspiraes, bem assim como no caso do bodhisattva AvalokiteshvaraoudabodhisattvaAryaTara.primeiramenteemrazodisso queasdivindadesmanifestamsuasvariadasaparnciassvezes,aparecendo comomasculinas, emcujo casoelesincorporamoupaya,ouomtodo;outras vezes, elas aparecem como femininas, incorporando o prajna, ou a sabedoria; outras vezes, ainda, aparecem como pacficas, ou como iradas, e assim por diante. No caso do Buda da Medicina, poca em que primeiro gerou a bodhicittacujoatoiniciouocaminhoqueculminounaobtenodoEstadode Budasuamotivaoprimriafoiremoverosofrimentodetodososseresem geral,masespecificamente,removerosofrimentofsicoementalcausadopelo desequilbrio dos elementos, que conhecemos como as doenas fsicas e mentais. Essa foi sua motivao, ou aspirao primria, ao longo dos trs perodos de inumerveis ons, durante os quais ele acumulou mritos e sabedoria,queculminounaobtenodoEstadodeBudanaformadeBudada Medicina.Ento,comoBudadaMedicina,elepossuiextraordinriahabilidade eseenvolveemextraordinriaatividadeparaaliviardasdoenas.Sejaquando voc acessaessaatividadepormeiodavisualizaodevocmesmoenquanto Buda da Medicina, seja quando voc desperta a compaixo e a atividade do Buda da Medicina concebido como externo a voc, em qualquer um desses casos, a prtica do Buda da Medicina superiormente eficaz em eliminar doenas. A prtica do Buda da Medicina provm da singular tradio do Vajrayana, o que significa que sua transmisso feita por meio de trs processos:ainiciao,quepermiteoamadurecimento;ainstruo,quelibera;e a leitura da transmisso,quedosuporte.Afunodainiciao,acerimnia formal ou ritual de iniciao, introduzirnos prtica e ao processo de visualizao, e assim por diante, o que consistir na prtica. A funo da instruo, que libera, nosdaroacessocompleto prticapelaorientaode comofazlaoquedevemosfazercomnossocorpo,oquedevemosdizercom nossafalaeoquedevemospensarcomnossamente.Afunodatransmisso pela leitura, que d o suporte, transmitir as bnos da linhagem da prtica paraconsagrlaouabenolapelosom.Devidoaofatodealinhagemtersido transmitidacomoosomdaspalavrasdesuatransmisso,quandoatransmisso pelaleituranosdada,nssimplesmenteouvimosessesomepensamosque, comisso,recebemosasbnosdalinhagem.
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Hoje,eudareiatransmissopelaleitura,olung,paraaprticadoBuda da Medicina. A iniciao da prtica, eu a darei no domingo. Com relao iniciao, preciso entender que a prtica do Buda da Medicina no uma prtica somente do Vajrayana. Como a prtica do Mahamudra, uma combinaodeVajrayana(tantra)esutra.Porexemplo,enquantosedizqueo MahamudraensinadoprimeiramentenoVajrayana,eletambmencontrado em certos sutras, como o Samadhiraja Sutra, e assim por diante. Do mesmo modo, a prtica do Buda da Medicina uma combinao do que o Buda ensinousobreelenossutrasdoBudadaMedicinaeemvriostantras.Porestar em conexo com o Vajrayana, bastante apropriado receber a iniciao para fortaleceraprtica;maspelofatodelatambmestaremconexocomossutras, igualmenteaceitvelquesefaaaprticaseminiciao.Enquantoestiverem recebendo a transmisso pela leitura, hoje, no necessrio fazer qualquer visualizao em particular. Mantenham a aspirao pela bodhicitta para receberamatransmissoepensemque,simplesmenteporouvirossonsdessas palavrasenquantoasleioparavocs,vocsrecebematransmisso,oubno, dalinhagemdessaprtica.
[Rinpochedatransmissopelaleitura]
Para lhes dar o suporte para sua visualizao do Buda da Medicina, enquanto fazem a prtica, eu lhes dou a cadaumuma pequena imagemdele. Porgentileza,venhamaquipararecebla.
[Rinpochedistribuiasimagens]
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OBudadaMedicina
OGrandeReidaMedicinaageparapacificarosofrimentodosseres
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Vamosagoracomearcomotexto,aliturgiadaprtica,paraquevocs entendamcomofazla.Vocspoderonotarqueaprimeirapartedaprticado Buda da Medicina a splica linhagem, que consiste na splica ao Buda da Medicina principal, os sete Budas da Medicina com ele relacionados, os dezesseis bodhisattvas e, por fim, os detentores e propagadores dos ensinamentos do Buda da Medicina. O propsito de recitar essa splica no incio da prtica invocar e receber desde o comeo a bno do Buda da Medicina pelo poder de sua f e devoo deidade e linhagem de seu ensinamento.
Asplicacomeacomumafraseemsnscrito:
!, /-3R-SNF-!K-3-@-<-6-;J,
NAMOBEKENDZEMAHARADZAYE
Ela significa: Homenagem ao grande rei da medicina. A homenagem inicialaoBudadaMedicinacomoograndereidamedicinafeitaemsnscrito porque a fonte dos ensinamentos do Vajrayana, em particular, e do Buddhadharma,emgeraloensinamentooriginaldosutraedotantradoBuda Shakyamuni foram dados primeiramente em snscrito. Ademais, os mahasiddhas,osbodhisattvaseshravakasdandiatambmusavamosnscrito como sua lngua para o Dharma. Dessa forma, para manter a conexo com a 13
AprimeiraestnciadasplicadirigidaaoprincipalBudadaMedicina, e se baseia na apresentao feita pelo Buda Shakyamuni sobre a motivao inicialdoBudadaMedicinaparaseguirocaminhoeasaspiraesqueestefez emrazodisso,comosepodelernossutrasdoBudadaMedicina2.
Osignificadodessaestnciaque,porcausadaqualidadeedanatureza especial de sua motivao inicial e conseqentes aspiraes, o Buda da Medicina rapidamente acumulou uma vasta quantidade de mritos, cujo resultado,enquantoseguianocaminhoefinalmentequandoalcanouafruio ou o Estado de Buda, foi a incorporao do amplo tesouro de qualidades associadasaoDespertar.Ento,devidosuamotivaocompassivainiciale qualidade do seu Despertar, ele possui bnos inconcebveis, em virtude das quais, de acordo com sua aspirao e motivao, ele atua para pacificar o sofrimentodosseres.Porisso,aoentoarasplicanoincio,mencionamosseu nome,referindonosaelecomoaLuzdeVaidurya.
AsegundaestnciatambmsedirigeaoBudadaMedicina,econtinuaa apresentao da primeira. Nesta, ns essencialmente elogiamos o fato de que ele incorpora extraordinrios mrito e qualidades como o resultado de suas extraordinrias motivao e aspirao. A partir da sua inicial gerao de bodhicitta,oBudadaMedicinafezdozeaspiraesemparticular.Emconexo comelas,osbenefciosdeselembrardonomedoBudadaMedicinacomeama serespecificadosnasegundaestncia.
,>A/-+-?J<-$-S$-0R?-<2-2&A%?-0?,
Nota do editor: o Buda da Medicina, entendido como um Buda particular que uma vez fora um ser sensciente,datadeantesdoBudaShakyamuni.Logo,nossoconhecimentosobreelebaseado,pelomenos de incio, nos ensinamentos que espontaneamente surgiram da cognio supersensvel do Buda Shakyamuni.
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Relembrarseunomesignificamantloemmenteporumaatitudedefe devoo ao Buda da Medicina. A estncia diz que, mesmo algum cujo resultadodesuaintensamesquinhezestdestinadoarenascercomoumpreta, ou esprito faminto, se esta pessoa ouvir o nome do Buda da Medicina, ela renascercomoumser humanoese regozijarnagenerosidade.Dessemodo, nssuplicamosaoBudadaMedicinareferindonosaopoderoubnodeseu nome.
Aqueles que quebram os votos de moralidade e continuamente fazem mal aos outros renascero nos reinos infernais. Isso se refere queles que no tm interesse em manter os compromissos dhrmicos que tomaram, que no tminteresseembeneficiarosoutrosequesqueremfazermal.Masmesmose tal pessoa ouvir o nome do Buda da Medicina, ela renascer em reinos superiores.Simplesmenteporouvir seunome, sua capacidade inerente paraa virtude despertar e gradualmente se interessar em agir adequadamente e beneficiarosoutros.Aomudarocursodesuaao,elanorenasceremreinos inferiores. 15
Aprximaestnciadescreveumterceirobenefciodeouvirourelembrar onomedoBudadaMedicina.
Aqueles que costumeiramente so invejosos, competitivos e arrogantes, comoresultadoencontramsesempretentandoprovocarconflitos;quem,vendo que os outros so amigveis e harmoniosos, automaticamente tenta criar discrdia; quem cria brigas e discrdiaonde hharmoniaaopontodelevara perdersuaprpriavidaouavidadosoutros;mesmoestapessoacomtendncia invejosa,competitivaearroganteseouvironomedoBudadaMedicina,ser incapazdecausaromal.Issosignificaqueaconfiguraodesuamenteesuas atitudes se transformaro. No mais sero invejosos e arrogantes e pouco a poucoseacharosemvontadeeincapazesdefazermalaosoutros.
HdoissutrasprincipaisquedizemrespeitoaoBudadaMedicina:um oSutradoBudadaMedicina,queserefereaoprincipalBudadaMedicina,suas doze aspiraes e os benefcios de recordar seu nome; outro, o Sutra dos oito Budas da Medicina, ou Sutra dos oito irmos Budas da Medicina. Os Budas da MedicinatratadosnestesutrasooBudadaMedicinaprincipaleosoutrossete queformamseucortejo,ousqito,comopreviamentemencionado.Aestncia a seguir faz meno aos outros sete Budas da Medicina. Cada um deles tem suas aspiraes individuais. Alguns fizeram oito aspiraes, outros fizeram quatro.Amenodeseusnomestrazbenefciossimilaresquelestrazidospela lembranadonomedoprincipalBudadaMedicina.
Esses sete Budas so assim chamados: Tshen Lek, Nome Excelente; Ser Zang Dri Me Nagwa, Aparncia de Puro Ouro; Nya Ngen Me Chok Pal, Glorioso Supremo Livre da Misria; Ch Drak Yang, Ressoante Melodia do Dharma;NgnKhyenGyalpo,ReidoConhecimentoDireto;DraYangGyalpo, ReidaMelodia;eShakyaGyalpo,ReidosShakyas.
A prxima estncia uma splica s outras deidades na mandala do Buda da Medicina. Nem todas esto listadas, mas cada grupo de deidades brevementemencionadoealgunsnomesdecadaumdelespronunciado.
A primeira classe de deidades aps os oito Budas da Medicina so os dezesseisbodhisattvas.Aqui,trsdelessomencionados:Manjushri,Kyabdrl, e Vajrapani. A classe seguinte a dos dez protetores do mundo, ou das direes,cujosnomesapenasdoissopronunciados:BrahmaeIndra.Aoutra classeadosquatrograndesreisdasquatrograndesdirees,quetambmso protetores, cujos nomes no so mencionados individualmente. Por fim,h os doze chefes Yakshas, ou generais Yakshas, que tambm so mencionados apenascomoumaclasse.Altimalinhadaestnciaindicaqueessaasplica detodaamandaladoBudadaMedicina. At este ponto, ns suplicamos ao principal Buda da Medicina, seu cortejo,e,aofazlo,suplicamosaocorpoementeouemanaesdoBudada Medicina. O que resta a pedir palavra do Buda da Medicina; tendo suplicado aos Budas e Bodhisattvas da mandala, em seguida se suplica pelo Dharma.
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PrimeirosemencionamosdoissutrasensinadospeloBudaShakyamuni sobre o Buda da Medicina: o Sutra das Aspiraes dos Sete Tathagatas, que significa os sete Budas da Medicina em seu cortejo, e o Sutra do Buda da Medicina,queodoprincipalBudadaMedicina. Na mesma estncia se mencionam os shastras3, que tambm constituem partedafonteescritasobreatradiodoBudadaMedicina.Comrelaoaeles, mencionase como exemplo o tratado do grande abade Shantarakshita, que umadasmaisantigasouprimeirasfontesoriginaissobreoBudadaMedicina. Ento se entoa: Suplico pelo genuno Dharma na forma de livros. A razo para isso que, em geral, de certo, o Dharma existe na forma de palavras escritas.Mastemumsignificadoespecialnocasodessamandala. AautogeraoaformadoBudadaMedicinacomaqualidentificamos nosso prprio corpo o Buda da Medicina sozinho, sem squito. Porm, a visualizaofrontaladoBudadaMedicinacercadopelamandala.Oprimeiro crculodamandalaimediatamenteprximoaeleconsistenosoutrosseteBudas da Medicina e os textos do Dharma como o oitavo membro de seu sqito. Durante essa splica, se visualiza o Buda da Medicina sentado no cu sua frentenocentrodeumltusdeoitoptalascompletamenteabertoe,aoredor dele,emcadaumadasseteptalastiranteaqueficaexatamentesuafrente,os outrosseteBudasdaMedicina. Na ptala do ltus diretamente em frente ao Buda da Medicina, se visualizaostextosdoDharma,ossutras,eassimpordiante,queapresentama prtica.
Aprximaestnciasuplicalinhagemdaprtica.
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Notadoeditor:shastrassocomentriosaosensinamentosoriginaisdoBuda.
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Iniciase mencionando os que primeiro levaram a tradio do Buda da MedicinadandiaparaoTibete.Ondeselbodhisattva,sequerdizeroabade Shantarakshita,queconcedeuesseensinamentoamuitosestudantes,inclusoo rei tibetano do Dharma, Trisong Deutsen, a quem se menciona em seguida. Ento se suplica a todos os tradutores do Tibete e os pnditas da ndia, que permitiram que essa tradio se espalhasse pelo Tibete com suas tradues, ensinamentos,explicaes,etc.Emseguida,sefazmenoaosoutrosherdeiros dessatradio,bodhisattvassobaformadereisdoDharma,ministros,edemais formas. Por fim, suplicase a todos os gurus dessa linhagem de prtica, em especial ao lama raiz particular. Essa splica foi composta e editada pelo ilustradoerealizadomestreKarmaChagmeyRinpoche,quetambmsuplicaao seulamaraiz,ChkyiWangchuk,citadoaqui.
Aestnciafinaldasplicadedicaseupoderaosfinsquedesejamosatingir.
Lsenaestncia:pelabnodeassimsuplicarissoquerdizerque pela bno de se suplicar ao Buda da Medicina, seu cortejo de Budas, Bodhisattvas,protetoresetodososprofessoresdalinhagem,comdevoode imediatosepacifiquemasvriasdoenas,perigosemedos,enahoradamorte, depoisquetodoomedoderenascernosreinosinferiorestenhasidopacificado, concedaisvossasbnosparaquepossamosrenasceremSukhavati,oreinode grandefelicidadeedegrandextase.Aqui,seestexpressandoodesejodese protegerdosofrimentotantonocurtoquantonolongoprazo.Nocurtoprazo, pedimossejamosprotegidosdasdoenasedosvriosperigosdetudooque 19
pode dar errado nesta vida. No longo prazo, pedimos que no renasamos nosestadosoureinosinferioreseque,umavezqueomedodelrenascertenha sido transcendido, poderemos alcanar o renascimento em Sukhavati, o reino deAmitabha.Issocompletaasplicalinhagem. Aps a splica linhagem, vem a tomada de refgio e a gerao de bodhicittaque,comopreliminaresnecessrias,sosemprerecitadasnocomeo dequalquerprticaVajrayana.Cadaumatemumafunoespecfica.Afuno datomadaderefgioprevenirquesuaprticasigaumcaminhoincorreto.A funo da gerao de bodhicitta prevenir que sua prtica siga um caminho inferior.Nocasodestaprtica,cadaumdessesaspectosrefgioebodhicitta ocupaduaslinhasdeumaestnciadequatro.
A primeira linha do refgio identifica as fontes de refgio como sendo duas:asTrsJiaseasTrsRazes.AsTrsJias,quesoasfontescomunsde refgio4,sooBuda,emquemtomamosrefgioporaceitlocomoummestree como exemplo; o Dharma, em que tomamos refgio por aceitlo como o caminho; e a Sangha, em que tomamos refgio por aceitla como os companheiros e guias no caminho. Identificar as Trs Jias como as fontes iniciais de refgio indica que, ao tomar refgio nelas, ns nos liberamos da possibilidadedeseguirumcaminhoincorreto. Porm, h as fontes incomuns de refgio, que so nicas ao Vajrayana. ElassoconhecidascomoasTrsRazes:osgurus,quesoaraizdasbnos; os yidams ou deidades, que so a raiz da obteno; e os Dharmapalas, ou protetoresdoDharma,quesoaraizdaatividade.Emprimeirolugar,estoos gurus,quesoafontedasbnos.AsbnossereferemaopoderdoDharma aquiloquenoDharmarealmenteefetivo,oquedefatotrazosresultadosdo Dharma.Obviamente,enquantopraticamos,precisamosqueessaefetividade aquele poder ou bno do Dharma entre em ns. A fonte original dessa bno,claro,oBuda,queprimeiroensinouoDharmanesteperodohistrico emparticular.Infelizmente,nsnotemosapossibilidadedeencontraroBuda nesta vida ou ouvir diretamente dele os ensinamentos. Mas de certo temos a oportunidade de praticlos e de atingir o mesmo resultado que poderamos atingir se tivssemos podido encontrlo, porque a essncia de seus ensinamentose,almdisso,asbnoseaeficciadeseusensinamentosfoi
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Notadoeditor:socomunsatodasastradiesdoBudismo.
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transmitida adiante pela linhagem, que comeou com o prprio Buda e culminoucomnossomestrepessoal,oulamaraiz.Portanto,aprimeirafontede refgionoVajrayanasoosgurusdalinhageme,especialmente,ogururaiz queafontedabnodoDharma. AsegundafontederefgionoVajrayana,asegundaraiz,soosyidams, as deidades, que so as fontes da realizao, ou fontes do siddhi. Enquanto o guruafontedasbnosedaeficciadoDharma,elenopodesimplesmente nos conceder o resultado da prtica do Dharma. A fonte ou raiz dessa realizao sua prtica pessoal. E sua prtica a encarnao do yidam, ou deidade,queabasedaprtica.Issosignificaquensobtemosoresultadoda prtica do Dharma pela realizao de tcnicas de visualizao do corpo da deidadeepelaprticadosestgiosdegeraoecompleioassociadosquela deidade. Nessa estncia especfica, o yidam o Buda da Medicina. Ao nos identificarmoscomocorpodoBudadaMedicina,nsalcanamosoresultado, as realizaes ou siddhis, associados ao Buda da Medicina, que incluem a pacificao das doenas e de outros sofrimentos5. A razo pela qual essas divindades so chamadas de yidams, que literalmente significa compromisso mental, que, para praticar o Dharma, devemos ter uma direo clara e um foco preciso na tcnica e no mtodo da prtica. A idia de yidam que uma certaprticae,nocasodoVajrayana,umacertadeidade,pornsidentificada quelaprticaemquenoscomprometemos,queladireoquetomaremosna prtica. Um yidam a deidade sobre a qual pensamos: isso que praticarei. Esseoresultadoquequeroalcanar. A terceira fonte Vajrayana de refgio, a terceira raiz, so os Dharmapalas, ou protetores, que so a raiz da atividade. Atividade, aqui, significa a proteo contra os obstculos nossa prtica, de forma que possamoscompletlacomsucessoeconduzilaaoresultadoapropriado,para que sejamos capazes de efetivamente beneficiar os outros de acordo com a prtica. A fim de atingir esse fim, precisamos da bno da atividade, ou proteo. Isso se obtm, principalmente, com bodhisattvas especficos, que tomamaformadeprotetorese,emcertoscasos,dakinis.Nocasoespecficodo Buda da Medicina, quando ele ensinou os sutras de sua prtica, havia certas
5Nota do editor: a prtica de qualquer yidam resultar na realizao de ambos os siddhis, o ltimo e o relativo.Osiddhiltimoarealizaoestveldaclaridaderadiante,ouclaraluzdanaturezadamente,e detodarealidadequeconhecemoscomoacompletaeperfeitailuminao,ouestadodebuda.Ossiddhis relativossoasqualidadesdoamorbondoso,compaixo,inteligncia,poderdeinsight,poderespiritual, proteo e remoo de obstculos, boa sade, longevidade, riquezas, magnetismo, etc. A prtica da deidade atrai primeiro os siddhis relativos. Se rezamos a Tchenrezig, o primeiro resultado, alm de simplesmente desenvolvermos concentrao, ser um aumento do amor bondoso e da compaixo em nossa experincia. Se rezamos a ManjushriSarasvati, pouco a pouco vamos experimentar grande perspiccia,robustezintelectualefacilidadecommsicaelinguagem.SepraticamosMahakala,teremos proteoeosobstculosseroremovidos;sepraticamosTaraBranca,desenvolveremosgrandepoderde insight e longevidade; se praticarmos Tara Verde, teremos a experincia de nos liberar dos medos, a rpida eliminao de obstculos, alegria, compaixo e bemestar. Se praticarmos Vajrayogini, comearemos a desenvolver a realizao do Mahamudra e teremos um aumento no calor e no magnetismo. Quem praticar ambos os estgios de desenvolvimento e compleio de qualquer deidade comsuficientesdevooeaplicao,eventualmenteatingirarealizaocompleta,aopontodesefazerem espontaneamentepresentestodosossiddhisetodososyidams.
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deidadesquesecomprometeramaprotegeressesensinamentosetodososseus praticantes,incluindoaquelesquemeramenteapenasselembramdonomedo Buda da Medicina. Essas divindades protetoras esto representadas na mandala, e incluem os doze chefes Yakshas, os quatro grandes reis, os dez protetores do mundo, e os demais. Nesse sentido, ns tomamos refgio ao aceitar o Buda como nosso mestre; seus ensinamentos, o Dharma, como o caminho;etomamosrefgiosolicitandoasbnosdosgurus,arealizaopelo yidameaproteodosDharmapalasoudakinis.Talatomadaderefgio,que serveparaprotegernossaprticadeseguirumcaminhoincorreto.
Emseguida,vemageraodebodhicitta,queserveparaprotegernossa prticaderesvalarporumcaminhoinferior.
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Desenvolvoasublimementedodespertar ParaestabelecertodososseresnoestadodeBuda.
verdade, claro, que nossa motivao bsica para praticar que todos desejamos nos livrar do sofrimento. Esse um bom desejo. Mas , de certa maneira, limitado, isto , um tanto egosta, de escopo mesquinho e estreito. A idia por trs da gerao da mente bodhicitta nos lembrar de que todos os seres,semexceo,desejamserfelizesdomesmojeitoenamesmamedidaem que ns o desejamos. Se ns mantemos isso em mente, ento nossa aspirao paraalcanaraliberaoparansmesmossetornarumaaspiraoparalevar todososseresaessemesmofim.Essadeveserumaaspiraodelongotermo. No basta simplesmente desejar liberar os seres de um determinado tipo de sofrimento, ou liberlos de sofrimentos pelos quais estejam passando no momento,oudossofrimentosporquetenhampassadoesteano.Paraseruma aspirao de bodhicitta, que a motivao mais completa e extensa, devemos teraatitudededesejarestabelecertodososseresemumestadoemqueestaro permanentemente liberados de todo o sofrimento. Bem, o nico jeito de fazermos todos os seres felizes de fato levlos a um estado de completo Despertar, ao Estado de Buda. Ento, em ltima anlise, a nica maneira de protegerosseresdosofrimentoestabeleclostodosnoDespertar,porqueeles simplesmente no sero felizes enquanto no o tiverem alcanado. Se entendermosissoquetodososseresqueremserfelizesdomesmomodoque nsequenenhumdensserfelizatquealcancemosoDespertarapartirde entonaturalmentedesvelaremosabodhicitta,queaintenodetrazertodoe cada um dos seres ao estado de completo e perfeito despertar. A bodhicitta tambm inclui, certamente, a aspirao de sermos teis aos seres ao longo de sua jornada para atingir esse objetivo ltimo. Ento, no estamos limitados a umtipoespecficodeassistncia.
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Se geramos genuinamente a bodhicitta, logo nossa motivao para a prticaserefletiremnossopensamento:Estoupraticandoafimdeconduzir todos os seres ao Despertar; no estou praticando simplesmente porque temo meuprpriosofrimentoouporquedesejoprotegerdeseussofrimentosapenas algunspoucos,ouaindadesejoapenasprotegeratodosdealgunspoucostipos de sofrimento. Desse modo, sua motivao para a prtica do Buda da Medicinasetornabodhicitta,queaseguinteatitude:demodoalevartodos os seres a alcanar o Estado de Buda, devo atingir o estado de Buda da Medicina para que possa fazlo com eficcia, pois no meu estado atual no possoefetivamenteproteglosouajudlos. Orefgioeageraodebodhicittaseseguemdabnoouconsagrao dolugaredosutensliosdaprtica.
A razo para este estgio na prtica que, a cada momento, temos percepes6 e atitudes impuras em relao a ns mesmos, aos outros e ao ambiente em nossa volta. Quanto mais investimos nessa percepo ou atitude impuras na percepo das coisas como impuras pior se tornar nossa situao, e mais apego, averso e apatia acabaremos por gerar. O remdio simplesmentemudarnossaatitudeeconsiderarascoisascomopuras.Deincio, issorequerumesforoconsciente.Masaofazlo,gradualmentepassaremosa perceber as coisas como realmente puras, o que purificar nossa tendncia habitualdeperceblascomoimpuras. Nesteponto,lsenaliturgia:nuvensdeoferendasemanadasdapureza primordial preenchem cus e terra. Imaginamos que o lugar em que praticamos um reino puro repleto de todo tipo agradvel de oferenda. Esse reinoeessasoferendas,emboraasestejamosimaginando,nosoimaginrias.
Nota do editor: importante notar que essas percepes e atitudes impuras no so estveis, mas constantementemudamacadamomentodeacordocommudanasnascausasenascondies.Logo,em umdeterminadomomento,algumpodesetomaremaltacontaedefatosevercomoatraente,inteligente, charmoso, mas no momento seguinte sentirse deprimido e se ver como cansativo e entediante. Essas percepes e atitudes passam por mirades de mudanas, mas so todas impuras no sentido de que estamos sempre vendo projees de ns mesmos, dos outros e do ambiente, ao invs de vlos como verdadeiramenteso.
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Elas estiveram ali desde o princpio, motivo pelo qual se diz que emanam da purezaprimordial.Desdeoremotocomeo,assimqueascoisasdefatosoe como tm sido. Ns no as estamos criando pelo fato de as estarmos imaginando. Antes, ocorre como se nosso atual modo de percepo estivesse imerso em um pesadelo do qual esperamos acordar e, quando conseguirmos fazlo, veremos as coisas como realmente so. importante entender que estamosimaginandoascoisascomoelasverdadeiramenteso. Asoferendascompreendemmandalas,osseteartigosdarealezaevrios outros tipos de oferendas relatadas nas liturgias, juntamente com deuses e deusas que as apresentam, e assim por diante. Todas essas oferendas so inesgotveis; sua quantidade ilimitada, sua qualidade perfeita, nunca desaparecemnemsedesgastam.Estaseoaconsagraotantodasoferendas quantodolugardaprtica.Eaatitudecomquearealizamosaquelaemque comeamosapurificarnossaoutroraimpurapercepodenossoambientede nossocorpo,denossamenteedeoutrosmateriaiseelementosemnossoredor. Em seguida consagrao das oferendas, vem a meditao sobre as quatro incomensurveis. Elas so as quatro atitudes quedevemsercultivadas semlimite,quearazopelaqualsoassimchamadas.Ilimitadasnosentido de quantidade e no sentido de destinao. A primeira das incomensurveis, comousualmenteseasclassifica,oamor.Amorincomensurvelsignificano terlimitescomrelaoquantidadedeamoredecompaixoquensdevemos gerar,etambmcomrelaoaquem.
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A imparcialidade intrnseca a todas estas quatro atitudes. Quando enumeradasseparadamente,aimparcialidadeaquartadasquatroatitudes amor, compaixo, alegria e imparcialidade. Entretanto, quando comeamos a praticar, necessitamos comear com a imparcialidade. Todos temos alguma medida de amor, de compaixo e de alegria. Mas para tornlos genunos e realmenteilimitados,precisamoscultivaraimparcialidade,razopelaqualela devesercultivadaprimeiro.Quandodizemosquetodostemosalgumamedida de amor, queremos dizer que todos ns desejamos que alguns seres sejam felizes e possuam as causas da felicidade. Tambm temos alguma medida de compaixo desejamos que alguns seres sejam livres dos sofrimentos e das causasdossofrimentos.Oproblemaque,geralmente,desejamosessascoisas para alguns determinados seres e no ligamos particularmente com o que acontece aos demais. Embora nosso amor e compaixo sejam de fato amor e compaixo,elessoparciais;eporassimserem,soimpuroseincompletos.Se cultivarmos a imparcialidade, eles se tornaro ilimitados oquesignifica que 24
eles se tornaro perfeitos. Logo, o primeiro estgio no cultivo das quatro incomensurveis cultivar a imparcialidade com relao aos seres, ou seja, cultivaraatitudeemquetemosamesmaquantidadedeamoredecompaixo paratodososseres.Eassim,baseandosenisso,podemosfortaleceraatitudedo amorodesejodequetodososseressejamlivresdesofrimentoedascausas dossofrimentose,aofazlo,tambmfortaleceremosessaatitudecomrelao a todos os seres. Se no cultivarmos a imparcialidade desde o comeo, ao fortalecer o amor por uns poderemos gerar agresso por outros. Portanto, cultivamos em primeiro lugar a imparcialidade e, ento, sobre essa base, cultivamosasoutrastrsamor,compaixoealegria.Entretanto,notexto,elas socitadasnaordemhabitual,quecolocaaimparcialidadeaquireferidacomo equanimidadenofinal. Emessncia,oamorconsisteemquererqueosoutrossejamfelizes,ea compaixo, em que os outros no sofram. Essas duas atitudes, por certo, so excelentes. Mas se elas se apresentam de forma que no haja jeito de serem realizadasseoamorquevocsentenoconseguetrazerfelicidadeaosserese a compaixo privada de qualquer maneira de remover seus sofrimentos ento eles sero causa de grande sofrimento e tristeza para voc. Voc se tornar mais sensvel ao sofrimento alheio por causa de suas atitudes, mas se sentir incapaz de ajudlos. E ento, ao invs de termos um ser sofrendo, teremos dois, pois voc tambm sofrer. Se, porm, as atitudes de amor e de compaixoincluremacompreensodecomosepodedefatotrazerfelicidadee liberao do sofrimento, ento essas atitudes no sero fonte de depresso. Dessa forma, expandimos a atitude de amor de que todos os seres sejam felizes para que todos os seres sejam felizes e possuam as causas da felicidade. Tambm expandimos a atitude de compaixo de que todos os seres se liberem dos sofrimentos para que todos os seres se liberem dos sofrimentosedascausasdossofrimentos.Enquantonosepode,comcerteza, esperar que sejamos capazes de fazer felizes, de imediato, a todos os seres, podemospoucoapoucofazercomqueelesrealizemouacumulemascausasda felicidade e evitem ou se liberem das causas dos sofrimentos. E, pelo fato de compreendermosque,nolongoprazo,seremoscapazesdefazerosseresfelizes eliberlosdosofrimento,asatitudesdeamorecompaixosetornamcertase alegres.Dessemodo,oefeitodesentiramorecompaixonosermaistristeza edepresso,masalegria,queaterceiraincomensurvel.Assim,treinamosou cultivamosasquatroincomensurveiscomopreliminaresparaameditaodo BudadaMedicina. Agora, aplicamos as quatro incomensurveis ao contexto especfico da prtica do Buda da Medicina: dado que a causa primeiradesofrimento, neste caso, a aflio ou doena fsica, e dado que esse o foco inicial da prtica, podemosfocalizar nissonanossameditao sobre asquatroincomensurveis. Ao pensar que pela remoo das doenas nos seres que oramos ao Buda da Medicina, meditamos sobre ele e recitamos seu mantra, podemos conceber as quatro incomensurveis da seguinte forma: o amor incomensurvel seria a 25
atitudeemquesedesejaquetodososserespossuamafelicidadedobemestar edesuascausas;acompaixoincomensurvelseriaaatitudeemquesedeseja que todos os seres sejam livres de doenas e das causas das doenas; e a alegria incomensurvel seria a de se regozijar no bemestar dos outros e sua liberao das doenas. A equanimidade incomensurvel seria gerar essas aspiraeseatitudenoapenasparaosqueconhecemos,comonossosamigose famlia,masparatodososseres,semexceo. Quando fazemos a prtica do Buda da Medicina com a inteno e a aspirao de beneficiarse e beneficiar os outros dessa maneira, poderemos talvezperceberumbenefcioevidente:nsmesmosououtrapessoaseliberaro de doenas de maneira que poderemos identificar como resultado de nossa prtica.Issotrarmaiscertezaprtica.Emoutromomento,independentedo quanto pratiquemos ou o quo intensamente oremos e recitemos os mantras, no perceberemos quaisquer benefcios evidentes. Isso podertrazerdvida nossaprtica,epoderemospensarbem,talvezissodefatonofuncione.Mas precisamosmanteremmentequeobenefciodestaprticanocomooefeito fsicodiretodofuncionamentodeumamquina,comoalgoqueemiteumraio laser.Semprehaverresultadodaprtica,masasmaneirasemqueoresultado se manifestar no definida de modo absoluto. Logo, nossa atitude com relao aos resultados da prtica deve manter foco no longo prazo. Dessa maneira,poderemosmanteraprticadirecionadaaosquatroincomensurveis. Com isso, completamos as preliminares para a prtica do Buda da Medicina. Vou pararporaqui estatarde, econcluiremoscomadedicao dos mritosdesteensinamentoparaaliberaodetodososseres.
[Dedicaodemrito]
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OBudadaMedicina
Avisualizaodesvelaapurezainerentedosfenmenos
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Ontem, falamos sobre a splica linhagem da prtica, o refgio e a bodhicitta, a consagrao do lugar da prtica e dos materiais, e a meditao sobreasquatroincomensurveis.Hoje,comearemoscomavisualizaodens mesmoscomoBudadaMedicina,quefazcomqueobtenhamossuasbnos,e avisualizaosimultneadamandalanossafrente,queservedeobjetoparaa splicaeumcampodeacumulaodemritoapartirdasoferendas. Avisualizaocomeacomapurificaodanossapercepodomundo inteiro, incluindo nossos prprios corpos e mentes. Isso se faz pela simples recitaodomantradanaturezapura,oumantradapurezadoDharmata:
OMSOBHAUACHUDDHASARUADHARMASOBHAUACHUDDHOHAM
Osignificadodessemantrarefletesuaimportncia.Emseguidaslaba OM, vem a palavra SOBHAUA, que quer dizer natureza, e CHUDDHA, que querdizerpura.Nonvelordinrio,ascoisasaparecemparansomundodas aparncias exteriores e nossa mente perceptiva interna como impuras por causa da presena de kleshas e outras obscuridades. O quese quer dizer aqui sobreanaturezapuraque,emboraconcebamosasaparnciaseanossamente como impuras, essa no sua verdadeira natureza. Enquanto parecem ser 27
impuras,defato,emsuanatureza,nelasedelasmesmas,elassopuras.Depois daafirmaopuraemsuanatureza,estoaspalavrasSARUA,quesignifica tudo, eDHARMA, ascoisas. Ento,o queomantradiztodasascoisasso purasemsuanatureza. OtermoDharma,usualmente,temdoissignificados:umSadharma,ou Dharma genuno, os ensinamentos do Buda; o outro quer dizer coisas, coisas emgeral,qualquercoisaquepossaserconhecida.Aqui,eleserefereacoisas. O mantra continua com as palavras SOBHAUA CHUDDHA uma segunda vez e, ento, A HUM. Devido maneira como o snscrito liga as palavras,osegundoCHUDDHAeoAHUMficamjuntos,formandoCHUDDO HAM. De novo, SOBHAUA CHUDDHA significa puro em sua natureza, e A HUMquerdizerself,ouaencarnaodealgo.Aqui,podemoscompreenderque sequerdizerquenoapenasascoisassopurasemsuanatureza,masqueelas so nelas e delas mesmas a encarnao dessa pureza. Logo, esse mantra, em essncia,umaafirmaodoporquocaminholevaaoresultado.Pelofatode ascoisasserempurasemsuanatureza,pelofatodeessapurezaestarpresente nanaturezadascoisas,entoelapodesemanifestarcomoexperinciaecomo resultadoseguindoapurezainerentecomocaminho.Porexemplo,pelofato do leo de ssamo estar presente na semente de ssamo, ao triturarmos as sementes, podemos extrair o leo. Se no houvesse leo nas sementes, no poderamosretirlo,independentedequantaforasefizesseaopressionlas. Porcausadapurezaseranaturezaveladadascoisas,seasconcebermoscomo puras, poderemos experiencilas diretamente como tal, poderemos ter a experincia direta da pureza. O mantra SOBHAUA aparece aqui para indicar isso, e tambm para introduzir ou comear o samadhi, que culminar com a visualizaodensmesmoscomoBudadaMedicina.
Em seguida recitao do mantra SOBHAUA, dizemos palavras tibetanas, tong pa nyi du djur, que quer dizer que tudo se torna vazio, ou vacuidade.
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Tudosetransformaemvacuidade.
Essa frase descreve o incio da visualizao. Neste ponto, imaginamos quetudodesaparece,quetudosetornavacuidadenoapenascomoascoisas so, mas tambm de que maneira as coisas se manifestam. Entretanto, importante lembrar que no estamos fingindo que as coisas so diferentes do queelasrealmenteso.Estamosusandoadissoluoimaginriadascoisasem vacuidadecomoumreconhecimentodofatodequeelasso,desdeoprincpio7, vaziasemsuanatureza. A dissoluo das aparncias ordinrias impuras em vacuidade a primeira parte de um processo de duas fases que serve para combater nossa
Notadoeditor:oBudismo,defato,nofazafirmaessobrequalquerformadeinciocosmolgico,ento ousodeprincpio,aqui,temomesmosignificadodedesdeostempossemprincpio.
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Da vacuidade, os bilhes de universos se transformam no Palcio Maravilhoso. Oprimeiropassopensarquetodasasaparnciasimpurassedissolvem emvacuidade,eosegundo,osurgimento,apartirdessavacuidade,doreinoe do palcio do Buda da Medicina. Quando imaginamos que o lugar onde praticamos se torna o reino e o palcio do Buda da Medicina, no limitamos essa considerao a este mundo ou a este planeta, apenas. Como dito na liturgia,sotodososbilhesdemundosdesteamplosistemaougalxia. H duas maneiras de se fazer esta prtica. O modo mais simples nos visualizarmos como Buda da Medicina. O modo mais elaborado, que o indicado na liturgia, tambm nos visualizarmos como Buda da Medicina, cercado de seu sqito,etambmpresentediantedens.maisfcilparaos iniciantesfazerapenasaautovisualizao;porm,fazertambmavisualizao frontalnosdaoportunidadedeacumularmritos.Emqualquerdoscasos,em meio aos domnios do Buda da Medicina, que imaginamos emergindo da expanso da vacuidade, h um palcio. Ele quadrado e bem simtrico. No centro de cada um dos quatro lados, h um grande portal, correspondendo a entradas do palcio. Se voc estiver fazendo a prtica com ambas as visualizaes, a de si mesmo e a frontal, voc precisa imaginar dois palcios: um,emcujocentrovocestarsentadonaformadaautovisualizao,eoutro, sua frente, um tanto elevado, que servir de residncia para a visualizao frontal.
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Nele,humtronodeleessobreoqualhumltuseumdisco de lua. Sobre eles, est a letra HUM, azul, slabasemente de mimmesmoedadivindadeprincipalminhafrente. Nocentrodopalciodaautovisualizaoestumtronodeouroejiase outrassubstnciaspreciosas,seguradasporoitoleesdaneve.Osignificadodo trono de leo o sentido do extremo destemor, o que indica que a deidade livre do medo e dos perigos de qualquer tipo. Sobre o trono est um ltus
Notadoeditor:essaimposiodeimpurezascoisasamesmaaqueserefereNagarjunaemInpraiseof the Dharmadatu: os fenmenos que aparecem nossa conscincia mental so conceitualizados e, ento, impostos. Quando se abandona essa atitude, podese conhecer a ausncia de essncia em si dos fenmenos. Sabendo disso, meditemos sobre o Dharmadatu. O mantra SOBAUA e a conseqente sadhana,bemassimtodasasdemaissadhanaseasprticasdosestgiosdecompleiosomtodospara treinaramenteparaabandonaressaatitudedeimposio.
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aberto,emcujotoposeencontraumdiscolunar,repousandohorizontalmente, esobreo qual vocse visualizara si mesmosentadodamesmaformaqueo BudadaMedicina.Nocentrodopalciodavisualizaofrontal,vocimagina um ltus de dezesseis ptalas, em cujo centro se visualiza um ltus de oito ptalas.Nocentrodeste,vocvisualizaumoutrotronodelees,umltuseum assentodediscolunar,comonaautovisualizao.Hltusdeoitoedezesseis ptalasnavisualizaofrontalporquehavermaisbudasebodhisattvasnesses lugares.
Emseguida,sobreosdiscoslunaresdasduasvisualizaes,vemosuma slabaHUM9.AslabaHUMsobreodiscolunarnopalciodaautovisualizao representa a essncia da mente ou sabedoria da deidade autovisualizada, e o mesmo acontece com a deidade da visualizao frontal. Essa slaba, em particular, usada porque o som do Dharmata, a expresso, em forma de som,danatureza10emsi.azulporqueacordequedelaemergiradeidade oBudadaMedicinaazul,assimcomoVajradharamastambmporqueo azulrepresentaaquiloqueimutvelounofabricado11. Tendo visualizado as slabas, visualizamos inmeros raios de luz irradiando de cada uma delas simultaneamente. Na ponta de cada raio esto incontveis deusas de oferendas carregando as substncias de oferendas que apresentam aos Budas e bodhisattvas em todas as direes pelo espao. Esta vasta quantidade de Budas e bodhisattvas recebe as oferendas com prazer e, por conseqncia, sua compaixo no conceitual desperta, que se manifesta comosuasbnos,voltandonaformaderaiosdeluzazulquesedissolvemno HUM.Osraiosdeluzquesaramlevandooferendassoreabsorvidostrazendo bnos para as duas slabas HUM. Mais uma vez, raios de luz irradiam dos doisHUMsimultaneamente,destavezpurificandotodoomundoexterior,todo o universo, tudooque nelepossa causar malousofrimentodequalquertipo, purificando tambm os contnuos mentais de todos os seres, sem exceo, de qualquertipodesofrimento,misriaoucausadesofrimento.Ento,osraiosde luzsoreabsorvidosnovamenteemseusrespectivosHUM.Nessemomento,as slabas so instantnea e simultaneamente transformadas em Buda da Medicina.
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DessaletraHUM,surgeMenla, Cujocorpotemacordelpislazlieirradiaraiosdeluz.
Notadoeditor:aslabatemqueserimaginadacomoadaescritatibetana. Notadoeditor:averdadeiranatureza,anaturezaltima. 11 Nota do editor: a cor descrita como um azul profundo, a cor de um cu de outono sobre as altas montanhas.
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Aps essa transformao, o Buda da Medicina autovisualizado com o qualvocestseidentificandopodeserconsideradocomoseuprpriocorpo,e avisualizaofrontalsemantmsuafrente.OBudadaMedicinadeumacor azul brilhante, atribuda a uma pedra preciosa chamada vaidurya, geralmente considerada como lpislazli. Em sua aparncia, o Buda da Medicina luminoso, majestoso e irradia inmeros raios de luz, em princpio de sua prpria cor. Yidams podem aparecer sob vrias formas pacficos, irados ou assustadores; na forma nirmanakaya ou sambhogakaya,e assimpor diante.O BudadaMedicinaaparececomopacficoesobaformanirmanakaya.
(R?-$R?-$?3-IA?-2[2?-0;
EstvestidocomostrsmantosdoDharma.
Dizer que ele aparece sob a forma nirmanakaya significa que, embora algunsyidamsqueaparecemsobaformasambhogakayavistammuitasjiase mantosdeseda,etc.,oBudadaMedicinasemanifestacomooquechamado de aparncia sem paixes de um Buda nirmanakaya, vestindo apenas os trs mantoscomunsdoDharmausadospelasanghamonstica:osmantosinternoe externodosmembrossuperioreseasaiaparaosmembrosinferiores. OBudadaMedicinatemdoisbraos.
K$-$;?-3(R$-.A/-A-<-<-.%-; $;R/-3*3-28$-z%-29J.-:6B/-0;
Com sua mo direita, faz o mudra da suprema generosidade, segurando uma arura. Com sua mo esquerda, faz o mudra da equanimidade,segurandoumatigelademendicante.
Sua mo direita se estende, com a palma para cima, sobre seu joelho direito, em um gesto chamado de mudra da suprema generosidade. Nela, ele segura a arura, ou myrobalan (uma amndoa indiana). Essa planta representa todososbonsremdios.Aposiodesuamodireitaeaaruraqueelasegura representamaerradicaodosofrimento,especialmenteodasdoenas,usando os meios da verdade relativa. A doena pode ser curada se ajustarmos o funcionamento das causas e condies interdependentes pelo uso dos meios relativosdentrododomniodaverdaderelativa,comoostratamentosmdicos, eassimpordiante.Adoaodessesmtodosrepresentadapelogestodamo diretadoBudadaMedicina. Suamoesquerdarepousasobreseucolo,palmaparacima,nogestoda estabilidademeditativaoumeditao,querepresentaaerradicaodasdoenas e do sofrimento e, de fato, a prpria raiz do samsara pela realizao da verdade absoluta. Do ponto de vista tanto da verdade relativa como da absoluta, a causa fundamental da doena e do sofrimento a ausncia de contentamentoeaqualidadeviciantedosamsara.Dessaforma,paraerradicara
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necessidadeporcontentamento,emsuamoesquerdaeleseguraumatigelade mendicncia. Devido ao fato de a mente do Buda da Medicina ser imaculada e pura, suaformarefletesuaexcelnciaeperfeiofsica.
35/-.0J-mR$?->A%-hR-eJ:A-*A=-N%-$A?-28$?-0;
Possuiasmarcasmaioresemenorescompletaseestsentadona posturavajra. Eleestadornadocomoquechamamosdemarcasesinais,asindicaes primriaesecundriadoDespertardeumBuda.Emtodososaspectosdesua forma fsica a protuberncia cranial, ou ushnisha, as imagens das rodas em seus ps, e assim por diante o Buda da Medicina idntico ao Buda Shakyamuni, com a nica diferena que a cor da pele deste dourada, enquantoadaqueleazul.DevidoaofatodeoBudadaMedicinaestarimerso emuminabalvelsamadhideabsoro,narealizaodanaturezadetodasas coisas, e devido ao fato de o seu samadhi ser extremamente estvel, ele est sentado com suas pernas completamente cruzadas, na postura vajra. Ns nos visualizamosnessaforma,etambmvisualizaofrontal. Tudo o que foi descrito at este ponto o palcio, o trono, o Buda da Medicina pertence a ambas as visualizaes, a de si mesmo e a frontal. No casodestaltima,porm,devemosnoslembrardequeotronodeleesestno centro de um ltus de oito ptalas, que por sua vez repousa no centro de um ltusdedezesseisptalas.Bem,emsetedasoitoptalas,quecirculamoBuda da Medicina na visualizao frontal nas sete ptalas tirante a que fica diretamente frente dele esto os outros sete Budas da Medicina, o Buda Shakyamuni e seis outros. Assim como o Buda da Medicina, eles esto adornadoscomastrintaeduasmarcaseosoitentasinaisdaperfeiofsicaque agraciamocorpodeumBuda.
H.-0<-.-3./-2*J.-GA-:.2-3-i3?-=; ,2-.2%-=-?R$?-0:A-?%?-o?-2./-.%-(R?-0-!A;
Emparticular,nasptalasdoltusdavisualizaofrontal,esto osseteBudas(ShakyaMunieosoutros)eostextosdoDharma.
Sobre a oitava ptala, diretamente em frente ao Buda da Medicina, encontramsetextosdoDharma.Arazodissoque,porfim,oDharmaque nosliberadosamsaraedadoena.QuandofalamosdoSadharma,ouDharma genuno, referimonos terceira e quarta das Quatro Nobres Verdades: a verdadedacessaodosofrimentoeaverdadedocaminhoquelevacessao do sofrimento. A verdade da cessao o resultado da prtica, que o abandono ou transcendncia de tudo o que h para ser abandonado ou
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transcendido12.AverdadedocaminhooDharmaquepraticamosequelevaa essatranscendncia.ODharma,emessncia, aexperinciaea realizaodo significado do Dharma que est presente nas mentes daqueles que praticam e alcanam resultado. Por conseqncia, o Dharma tambm se refere tradio de transmitir esse significado e, portanto, ns visualizamos o significado passadoadiantedesdeoBudaatosdiasdehojesobaformadelivrossobrea ptala que fica diretamente em frente ao Buda da Medicina da visualizao frontal.
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Atrs deles, esto dezesseis Bodhisattvas. Atrs desses, com seus respectivos squitos, esto os dez protetores do mundo e os comandantesdasdozeclasses.Osquatrograndesreisestonosquatro portais.
Emvolta dossete BudasdaMedicinaedostextosdoDharma,estoos dezesseisbodhisattvassobreasptalasdoltusdedezesseisptalas.Eleseram os bodhisattvas que foram os principais recipientes dos ensinamentos dos sutrasdoBudadaMedicinadadospeloBuda.Todossemanifestamsobaforma sambhogakaya, usando jias ornamentais, dentre outras caractersticas. Para almdopermetrodaqueleltus,masaindadentrodopalciodavisualizao frontal,estooutrasvinteeduasdeidades,cadaumacomseucortejo. direita do Buda da Medicina, formando um semicrculo direita das deidades principais, esto dos dez protetores das dez direes, tambm conhecidoscomoosdezprotetoresdomundo.Soeles:Brahma,Indraeoutros. Damesmaforma,formandoumsemicrculodoladoesquerdodopalcioesto osdozechefesougeneraisYakshas.Cadaumadessasfigurascercadadeseu prprio vasto cortejo. Por fim, nos quatro portais do palcio da visualizao frontal esto os quatro reis dos deuses. Eles so visualizados aqui porque so protetores do Buddhadharma em geral. Especificamente, sempre que o Buda ensinava, ou quando realizava milagres, ele emanava um magnfico palcio mgico como esse e, pra assinalar sua funo de protetores de seus ensinamentos, os quatro reis dos deuses vigiavam os quatro portais como guardies. Quandopraticarem,sepuderem,visualizemtodasestasdivindades.Mas se no o conseguirem, no desanimem. No pensem que, de alguma forma, a prticatenhasetornadoineficazouinvlidaporquenoseconseguiuvisualiz lastodas.suficientegerarumavisualizaoamaisclarapossveldesimesmo como Buda da Medicina e do Buda da Medicina sua frente. Se, ademais,
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Notadoeditor:oque,porisso,levacessaodosofrimento.
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conseguirem visualizar os outros sete Budas da Medicina e os textos do Dharma, ser bom. Se, alm disso, conseguirem visualizar os dezesseis bodhisattvas, isso tambm ser bom. Mas vocs devem estender sua visualizaoaoquerealmentepuderemfazer.Emqualquercaso,aprticaser efetivaepermitirqueasbnosdoDharma,emgeral,easbnosdoBuda daMedicina,emparticular,sefaampresentesemvocs.Issoatenderbem suafunoesereficaz,independentedecomovocfazsuavisualizao.Mais importante que a quantidade de deidades que se visualize entender o que voc est fazendo. E mais importante ainda entender que, ao se visualizar comooBudadaMedicina,vocnoestfingindoseralgoquevocnoeque, ao visualizar o Buda da Medicina e seu cortejo sua frente, voc no est fingindo que eles esto em um lugar em que voc no est. Por definio, os Budas so oniscientes. Sempre que algum pensa neles ou suplica a eles, eles estoconscientesdissoerespondemcomsuacompaixoebnos.Emltima anlise,elestambmsefazempresentesdefatoemqualquerlugaremqueseos imagina.Portanto,sempreapropriadoconsiderarumBudapresentenamente dealgumcomoestandodefatosuafrente.QuandosepensaqueoBudada Medicinaeseucortejoestopresentessuafrente,elesrealmenteesto. Visualizarse a si mesmo como o Buda da Medicina tambm apropriado porque sua natureza fundamental quem voc realmente a natureza de Buda. A natureza de Buda essencialmente o poder de atingir o Despertar. Em algum ponto do futuro, voc atingir o mesmo Despertar ou EstadodeBudaqueoprprioBudadaMedicina.VisualizandosecomooBuda da Medicina, voc est assumindo a aparncia do que voc , fundamentalmente, mesmo agora, e a que se manifestar quando do seu Despertar. para reconhecer essa verdade que voc assume os aspectos do corpo,dapalavraedamentedoBudadaMedicina,oque,portanto,bastante apropriado. AindaquesejabastanteadequadovisualizarseasimesmocomooBuda daMedicinaevisualizlocomseucortejosuafrente,vocpodeaindahesitar ouduvidarqueavisualizaonosejanadaalmdisso.Issocompreensvele, portanto, a prxima fase da prtica consiste em combater essa dvida. Para aliviarquaisquerdvidasresiduaisquevocaindapossater,emseguidavoc convidaasdeidadesdesabedoriaeasdissolvenavisualizao.
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Das trs slabas nos seus trs lugares e do HUM em seus coraes emanam luzes, convidando cada um dos Budas dos seus campos do leste, incontveis deidades de sabedoria, que se dissolvem em mim e navisualizaominhafrente. 34
Oprimeiropassoparaconvidarasdeidadesdesabedoriavisualizaras trsslabasOM:
BudadaMedicina,nostrslugaresdoBudadaMedicinavisualizadosua
procedendo com o corpo do Buda da Medicina autovisualizado e com os corposdasdivindadessuafrente,vocentopensaqueirradiamraiosdeluz dessastrsslabas,comsuascorescorrespondentesparticularmente,raiosde luz azul das slabas HUM nos coraes das divindades. Essa irradiao de
frentee,sepossvel,nostrslugaresdasdemaisdeidadesnocortejo.Dentrode
luz convida, de cada um de seus reinos bdicos, as divindades da mandala. CadaumdosoitoBudasdaMedicinaoprincipaleosdemaissetepossuiseu prprio reino, os quais se acredita estarem situados na direo leste13. Destes diferentesreinospuros,soconvidadososBudasdaMedicinaeseuscortejosde divindades,etodoselessedissolvememvoccomooBudadaMedicinaena visualizao sua frente. Na prtica, voc no pensa que eles se dissolvem imediatamente em voc, mas que eles se apresentam e se fazem presentes no cu sua frente, entre os dois palcios da autovisualizao e da visualizao frontal.
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13Notadoeditor:aocontrriodeSukhavati,ouDewatchen,oreinodeAmitaba,osquaissoconcebidos comoseencontrandonadireooeste,osreinosbdicosdosbudasdamedicinasoconsideradoscomo estando na direo leste. Contudo, importante entender como essas direes so compreendidas na prtica Vajrayana. Imaginase que todas as deidades tm suas faces mirando o leste. Se voc est se visualizandocomooBudadaMedicina,ouTchenrezig,ouVajrayogini,independentedadireoemque seencontramseusreinosbdicosindividuais,vocestarvoltadoparaoleste.Omesmoaconteceparaas deidadesnavisualizaofrontal,quetambmseconsideraestaremolhandoparaoleste.Portanto,seno espao verdadeiro voc estiver olhando para o sul ou norte, considerando a visualizao, voc ainda estarvoltadoparaoleste.Nosedevepensarnasdivindadesemseusreinosbdicoscomoestandobem distantes, alm de seu ombro esquerdo ou direito. Para um yogi ou uma yogini, disse uma vez Kalu Rinpoche,todasasdireessooleste.
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/-3R-3-@-SN-F-!K-?-0-<A-7-<-2#-?-3-;-6:6: 2#-?-3-;-+AN-z/;
NAMO / MAHA / BEKADZE / SAPARIUARA / BENDZA / SAMAIA / DZA DZA // BENDZA/SAMAIA/TIKTAHLEN//
Primeiro, voc convida os oito Budas da Medicina e seus cortejos, dizendo:porfavor,venhamaestelugarefaamchoverbnossobremim,o praticante,esobreosdemais.Ento,vocpedequeelesconcedamasuprema iniciaoamim,oafortunado,quetemfeque,porisso,porfavor,removam osobstculos,comoosvidaelongevidade,eosdemais. Omantraquesesegueselaereforaesteconvite.Elequerdizer:Buda da Medicina, e tambm seu cortejo, vajra samaya jaja14. Vajra samaya significa compromissoimutvel,ousamaya.Aqui,vocestlembrandoaessesBudasde seucompromissodeliberarosseres.Desdesuainicialgeraodebodhicittaat omomentoqueincluiomomentodaobtenodeseuplenoEstadodeBuda,a motivao ao longo de todo seu caminho foi o desejo de liberar os seres. Portanto,elestmumcompromissoimutvelumsamayavajraouumsamaya indestrutvelcomaliberaodosseres.Ento,quandovocdizestaspalavras, vajrasamayajaja,vocestdizendoaosBudas:vocprecisaviremeabenoar, porquevocassimoprometeu.Nesteponto,pensecomconfianaquetodasas deidadesdesabedoriadefatovierameestopresentesnocusuafrente. O prximo mantra vajra samaya tiktralen. Vajra samaya significa compromissoimutveletiktraquerdizerpermanecerestvel.Comessemantra, vocestdizendo:pelopoderdeseucompromissoimutvelcomobemestar e a liberao dos seres, por favor, dissolvase completamente em mim e mantenhase estavelmente, permanentemente, comigo. Aqui, voc pensa que todasasdivindadesconvidadas,relembradasdeseuscompromissosecomsua compaixo desperta, se dissolvem em ambas as visualizaes, na auto visualizaoenadasdeidadesdavisualizaofrontal.E,ainda,pensequeseu corpo,palavraemente,visualizadoscomoosdoBudadaMedicina,setornam indivisveis15comosdele.
Nota do editor: o snscrito, como o latim, no mais falado. Aqui, o tradutor leu o mantra do modo como os estudiosos imaginam que era a pronncia original. Os mantras, tal como aparecem nestetexto, so nossas verses [em ingls] das verses tibetanas dos mantras snscritos originais. Nesse caso, lse vajrasamayajajacomobenzasamayadzadza. 15Notadoeditor:emconexocomesteprocesso,degrandeajudaestarfamiliarizadocomdoistermos: samayasattva e jnanasattva, que podem ser, respectivamente, traduzidos grosseiramente como ser do compromissoeserdoDespertarprimordial.Osamayasattvaavisualizaopessoalquealgumrealiza para manter seu compromisso com seu lama e com sua prtica de yidam. O jnanasattva , s vezes, considerado como a divindade real, que uma manifestao da clara luz da natureza da mente, ou radianteclaridadedamenteedarealidade,eque,paraospropsitosdavisualizao,estlocalizadaem seuprprioreinobdico.Quandoojnanasattvafinalmentesedissolvenosamayasattva,elessetornamum, indivisveis.Noatiyana,elessoconsideradossimultaneamentepresentesdesdeoincio.EmIntheheartof theBuddha,ChgyamTrungpadescreveesseprocessoapartirdeumaperspectivapsicolgica,enquanto em relao com a prtica de Vajrayogini: A visualizao de si mesmo como Vajrayogini chamada de samayasattva: a secreta ligao de um ser. O samayasattva basicamente a expresso dos samayas do corpo,palavraementequealgumrealiza.Expressamseucompromissocomomestreeosensinamentos e sua confiana em seu estado mental fundamental. Tendo visualizado os samayasattvas do ser bsico, convidaseoquesechamadejnanasattva.Ojnanasattvaoutronveldeseroudeexperincia.Jnanaum
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Vamospararporaquiestamanh,massevocstiveremperguntas,elas seromuitobemvindas.
Pergunta:OBudadaMedicinatemumaconsortee,seotiver,qualonomedela?
Rinpoche: Neste caso, devido ao fato de ele ser visualizado na forma do supremo nirmanakaya, no, ele no tem. Poderia haver casos em que ele seja visualizado na formasambhogakayacomumaconsorteparaindicaraunioentreoupayaeaprajna possvel, mas eu no consigo pensar em um exemplo, ento no posso dizer que o nomedaconsortesejaesteouaquele. Pergunta: Rinpoche, na visualizao, h oito ptalas e depois dezesseis ptalas em volta. As ptalas no so assim to largas, ento difcil eu visualizar cada uma contendo um bodhisattva e seu sqito. Isso seria como uma janela para o mundo deles,ouqualseriaamelhormaneiradevisualizardemodomaisrealstico?
Rinpoche:Nosreinospuros,asflorespodemficarbemgrandes.Masseficarmaisfcil, as ptalas so basicamente tronos que esto de alguma forma ligados e que tm a formaouoestilodeptalasdeflores. Pergunta: O Rinpoche falou sobre avisualizaofrontalcomosendoumcampopara acumulao de mrito. Por que a visualizao teria algo a ver com acumulao de mrito?
Rinpoche:Nestaprtica,comoindicaaliturgia,acumulasemritopelashomenagens epelasvriasoferendasaoferendademandala,aoferendademritos,eassimpor diante primeiramente visualizao frontal. Voc acumula mrito por fazer oferendasqueleemquemvoctemconfianaabsoluta,qualseja,overdadeiroBuda. Portanto,maisfcilacumularmritosaofazeroferendasvisualizaofrontal,aqual vocpercebecomodiferenteepossivelmentesuperioravoc. Pergunta: Quando fazemos o mantra ao final da prtica, focamos nossa ateno primariamente em ns mesmos e no mantra em nossos coraes, ou alternamos a atenoentreoBudanossafrenteensmesmos?
Rinpoche:Vocaaplicaaosdois.Visualizeaslabasementeeaguirlandademantra noscoraesdeambasasvisualizaes,aautovisualizaoeavisualizaofrontale, nos dois casos, voc os identifica como a encarnao da sabedoria, ou mente da deidade.Ento,vocpensaqueraiosdeluzirradiamdaslabasementeedaguirlanda de mantra no corao da autovisualizao. Esses raios de luz atingem e entram nos coraesdasdivindadesdavisualizaofrontal,despertandosuacompaixo,fazendo comqueraiosdeluzvenhamdela,dissipandoasdoenaseosofrimentodetodosos seres,eassimpordiante. Pergunta: Eu no consigo fazer ao mesmo tempo a visualizao frontal e a auto visualizao como o Buda da Medicina. Eu deveria alternar entre elas? Eu deveria
estado de Despertar ou abertura, enquanto samaya a experincia de ligao, de estar enraizado solidamente na sua experincia. Jnana literalmente significa sabedoria, ou ser sbio. Convidase esse estadodesabedoria,essenveldeDespertar,prpriavisualizaoimperfeita,afimdequeelaseavive comumsentimentodeaberturaehumor.
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gastarumaboapartedotempofazendoavisualizaofrontaledavoltarparafazera autovisualizaopormaisalgumtempo?
Rinpoche:Estbem.Vocpodeirevoltarnavisualizao. Pergunta:Rpido,devagaroudeoutromodo?
Rinpoche: A melhor coisa a fazer ir e voltar to freqentemente quanto for confortvel. Pergunta: Rinpoche, esta sadhana tem algum significado especfico para voc? de especialimportnciaparaalinhagemThrangu?
Rinpoche:Elanotemespecialimportnciaparamimoumeumonastrio,excetopelo fato de ser uma das trs prticas de Buda da Medicina que normalmente se faz na tradioKagycomoumtodo.Humaprticalonga,umamdia,eesta,queacurta. Nsaestamosestudandoporqueacurta. Pergunta:Quepalavratibetanaestsendotraduzidacomopura?
Tradutor:Takpa.
Pergunta:Elasempretraduzidacomopura?
Tradutor: Por mim, sim. Muitas outras pessoas fazem vrias coisas; eu no posso garantirqueelassempreatraduzamcomopura.
Pergunta:TalvezoRinpochepossadizeroqueestapalavrasignifica.
Rinpoche: Voc pode pensar em sinnimos para puro como sendo livre de impurezas, que, por extenso, poderia significar livre de defeitos ouimperfeies. Podeindicaroqueimaculado,perfeito,indefectvel,eassimpordiante. Pergunta:Rinpoche,halgumsignificadoparticularparaaluzqueirradiadolestedos reinosbdicos?
Rinpoche:Sim.Inicialmente,antesdageraodadeidade,vocpurificasuapercepo do universo inteiro pela visualizao de que tudo se dissolve na vacuidade. Teoricamente, a partir deste ponto, toda impureza cessa. Mas quando voc inicia a repetiodomantraprincipal,vocpoderenovaressapurificaoaotrazermenteas aparnciasimpurasepurificandoascomosraiosdeluzqueemergemdocoraoda divindade.
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Pergunta:Rinpoche,emoutrasprticasdevisualizao,svezes,temosasensaode vernossoprpriolamaraiznaformadadivindade.Halgoassimnestaprtica?
Rinpoche: Sim, adequado identificar a visualizao frontal com seu gururaiz. As pessoasserelacionamcomavisualizaofrontaldemodosligeiramentediferentes.Se elas se sentem particularmente devotas ao Buda da Medicina, ento elas iro primeiramente pensla como sendo o Buda da Medicina mesmo. Mas elas podem pensarqueavisualizaofrontal,emessncia,seugururaiz. Assim,vamosconcluircomadedicaodemritos.
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OBudadaMedicina
Porcausadesuavastido,oferecerouniversointeiro produzgrandemrito
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Esta manh vimos a autovisualizao do Buda da Medicina, sua visualizaofrontale,porfim,adissoluodarealdivindadedesabedoriaem ambascomoumremdioparaapercepoimpuraouordinriadascoisas. Tendodissolvidoosseresdesabedoriaemnsenavisualizaofrontal como uma medicao contra os obscurecimentos, as ms aes e conceitualizaes, agora podemos receber a iniciao. Esta fase da prtica representadapelaliturgiasimplesmentepelomantra:
<->-Q%-ZA:A;
A-SA-FJO->;
OM/HUM/TRAM/HRI/AH// ABIKENTZA/HUM//
Avisualizaoqueacompanhaomantracomoaseguinte:novamente, vocvisualizaastrsslabasOMAHHUMnostrslugaresemvoccomo Buda da Medicina e nos das deidades da visualizao frontal, e tambm de novo raios de luz irradiam deles especialmente do HUM em seu corao convidando,destavez,oscincoBudasmasculinosdascincofamliascomseus 41
cortejos de seus reinos puros. Os Budas esto segurando preciosos vasos16 em suas mos, repletos de ambrosia da sabedoria, que eles derramam em ns enquanto Budas da Medicina por meio da abertura no centro do topo de sua cabea.AprimeirapartedestemantraOMHUMTRAMHRIAHrepresenta ainiciaodadasimultaneamentepeloscincoBudas.OMrepresentaVairocana; HUM, Akshobya; TRAM, Ratnasambhava; HRI, Amitabha; e AH, Amogasiddhi17. Ao visualizar que a pura ambrosia preenche todo seu corpo, voc pensa que ela purifica todas asmsaes,obscurecimentosecorrupes de quaisquer tipos, do corpo, da palavra e da mente. As palavras ABHIKENTZAsignificaminiciao. A prxima seo da prtica a acumulao de mrito por meio de oferendas. Como anteriormente indicado, a autovisualizao apresenta oferendas visualizao frontal. Raios de luz emergem do corao da auto visualizao. Nas pontas finais desses raios esto as deusas de oferendas segurando vrias substncias de oferendas, que apresentam a todas as divindadesdaautovisualizao.
ARGAM / PADE / PUPE / DUPE / ALOKE / GUENDE / NEUIDE / CHABDA / RUPA / CHABDA/GUENDE/RASA/SAPARCHE/TRATITSA/HUM//
Em primeiro lugar, elas apresentam um conjunto de oito oferendas relacionadas. A primeira gua de beber, oferecida boca das deidades. A segundaguaparalimparoulavarosps,oferecidaaseusps.Aterceiraso asflores,oferecidasaseusolhos.Aquarta,incenso,oferecidoaseusnarizes.A quinta,velas,oferecidas,novamente,aseusolhos.Asexta,perfume,oferecidoa
Notadoeditor:vasosfeitosdejiasemetaispreciosos. Notadoeditor:quandoseorepresentasentadoecalmo,Vairocanabranco,comsuasmosnomudra datransmissodeensinamento;Akshobyaazul,comsuamoesquerdanomudradameditaoesua modireitanomudradaterraportestemunha[tocandoocho];Ratnasambhavaamarelo,comsuamo esquerda no mudra da meditao e a direita, no da generosidade; Amitabha vermelho, com ambas as mosnomudradameditao;eAmogasiddhiverde,comsuamoesquerdanomudradameditaoea direita,nomudradodestemor.
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todoocorpodasdeidades.Astima,gua,tambmoferecidassuasbocas.Ea oitava so os instrumentos musicais, simbolizando os sons das msicas, oferecidosaseusouvidos. Oferecidas juntamente com as oito oferendas esto as cinco oferendas agradveis, percebidas pelos cinco sentidos. So elas: as formas belas, os sons aprazveis,osodores,osgostoseassensaestcteis. Em geral, as oferendas podem ser classificadas em quatro tipos: exteriores, interiores, secretas e secretssimas. As oferendas exteriores so essencialmente tudo o que belo e agradvel no mundo exterior. O que est sendo apresentado deidade, aqui, so todas as coisas apropriadas e bonitas. Ao fazer essas oferendas, voc acumula mritos. Portanto, o texto diz em seguida: ao fazer essas oferendas s divindades, que possamos completar as duas acumulaes. As duas acumulaes so a acumulao conceitual de mrito e acumulao no conceitual de sabedoria. O ato de fazer oferendas permite acumular ou completar a acumulao conceitual de mrito; quando essas oferendas so feitas dentro do reconhecimento da no realidade ltima das oferendas, o ofertando e o ato de oferecer quando se reconhece a vacuidadedasoferendas,doofertandoedoatodeofertarentocompletasea acumulaonoconceitualdesabedoria. Finalmente, as oferendas so apresentadas ao final da estncia com os respectivos mantras de oferendas queasdenotam.A palavra vajranocomeo do mantra significa que a natureza das substncias de oferendas vacuidade. Ento,asoferendassonomeadasemordeme,porfim,tratitsa,oupraticha, que significa a cada uma. Logo, a cada uma das deidades so apresentadas oferendas. Nesteponto,namaioriadasprticasVajrayanaasoferendasexternasso seguidasdasoferendasinternas,secretasesecretssimas.Aoferendainterior, geralmente,aoferendadealgumtipodetorma.Referesetormacomooferenda interna, neste contexto, porque sua oferta uma maneira de aumentar o samadhi, sua absoro meditativa, que um fenmeno interno. A oferenda secreta a da unio entre xtase e vacuidade, que feita a fim de induzir ou estabilizar o reconhecimento dessa unio no praticante. Do mesmo modo, a oferenda secretssima, a do reconhecimento da prpria natureza ltima, tambm feita para estabilizar o reconhecimento dela no praticante. Essas oferendas no so feitas apenas por seguir o estilo dos sutras, dentro das prticas Vajrayana. As que se seguem so as comumente apresentadas nos sutrasemgeral. O prximo conjunto de oferendas apresentadas so as oito substncias auspiciosaseosoitosinaisoumarcasauspiciosos.
Asoitosubstnciasauspiciosassoassimchamadasporqueestoligadas aosurgimentodoDharmanestemundo.Soconsideradasauspiciosasporque foramimportantesparadespertarosensinamentos.Osoitoauspiciosossignos, ouformas,aparecemnocorpodeumBudae,porisso,soassimconsideradas. Asoitosubstnciasauspiciosasincluemcoisastaiscomoaconcharetorcidano sentidohorrio,queodeusIndraofereceuaoBudaquandolhesolicitougirasse arodadoDharma.ApartirdaoferendadeIndra,oBudaensinoupelaprimeira vez,oqueresultouemqueosserestmaoportunidadedeencontraroDharma e alcanar suas realizaes. Por essa razo, a concha retorcida no sentido horrioconsideradaauspiciosa. Outrasubstnciaauspiciosaaervadurva,queumjardineiroevendedor de durva, cujo nome tambm era auspicioso, ofereceu ao Buda quando o encontroulogoantesdeseuDespertar.OBudausouaervadurvaparafazerum assento,noqualsesentouquandoatingiuaIluminao.Ento,porestarligada aoDespertardoBuda,quefoioeventoquetransformouesteperodohistrico de um tempo de trevas para um de iluminao, a erva durva tambm consideradaumasubstnciaauspiciosa18. Assim,vocofereceasoitosubstnciasauspiciosasaoBudadaMedicina eseusqito,fazendoqueaaspiraocompleteasduasacumulaesaoofert las.OmantraaofinaldaestnciaMANGALAM,quequerdizerauspicioso,e ARTHASIDDHI,queotransformanarealizaodaauspiciosidade. O prximo conjunto de oferendas so os oito sinais, ou marcas, auspiciosos.
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Emgeral,cadaBudaadornadocomastrintaeduasmarcaseosoitenta sinais, mas de todos esses, h oito que so maiores. Esses oito so formas de certas partes de seus corpos, que so reminiscncias de alguns emblemas. Por exemplo,aformadotopodacabeadoBudalembraadeumprasol,entoo precioso prasol um dos sinais auspiciosos. A forma de seus olhos semelhantedecertospeixesdourados,entoopeixedouradooutrosinal.A formadesuagargantacomoadealgunsvasos,entoopreciosovasooutro sinal, e assim por diante. Novamente, oferecemos as oito formas ou sinais s deidadesdemodoafazersurgirasauspiciosidades,aspirandoaque,pormeio das oferendas, todos os seres, sem exceo, completem com perfeio as duas acumulaes:aacumulaoconceitualdemritoeaacumulaonoconceitual de sabedoria. O mantra ao final da estncia MANGALAM, que significa auspicioso, e KUMBHA, vaso. O vaso aqui usado para indicar todos os oito sinaisouformas.DevidoaofatoderepresentaraformadagargantadeBuda,e pelo fato de ter sido por sua garganta que o Dharma fora originalmente transmitido,ovasoconsideradodemaiorimportncia.
Aprximaoferendaadosseteartigosreais,quesoposses19exclusivas deumtipodemonarcachamadodechakravartin.
Notadoeditor:emboraosseteartigosreais,ouseteposses,possamaparecercomotaiscomoartigos ou posses a um observador perdido na apreenso dualstica de quem v tudo como meu, dele, sua, etc., melhor compreendlos a partir do uso que se faz das palavras tibetanas, dd yn. Dd significa desejvel e yn, qualidade, capacidade ou atributo. Assim, se algum entende essas sete quaisquer coisas como sete qualidades ou atributos da mente de um chakravartin seja ele concebido como um homem ou uma mulher ser mais fcil entender que esses artigos ou posses, na medida em que aparecem como fenmenos externos, o fazem naturalmente, sem esforo, e totalmente sem coero, emsuamandala,oumundo.Semessacompreenso,anoodeumapreciosarainhapodeaparecercomo nadamaisqueumoutroaspectodeumuniversoandrocntrico.Afaltadecompreensosermaistarde demolidaaoentenderaspossescomoaspectosdocaminho,comooRinpocheexplicar.
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Um chakravartin aparece nos melhores e mais refinados perodos da Histria, os quais so chamados de perodos ou ons afortunados. Esses sete artigos distinguem um chakravartin de qualquer outro monarca; contudo, o verdadeirosignificadointeriordessesseteartigosqueelesrepresentamossete aspectos do caminho do Despertar, que atravessado por todos os Budas e bodhisattvas. Voc apresenta essas oferendas a todas as divindades da mandala visualizadasuafrente,aspirandoaque,aofazeraoferta,voccompletaras duasacumulaes.Omantrausadoparacompletaressasoferendasserefereao primeiro dos sete artigos, a jia preciosa. MANI quer dizer jia e RATNA, preciosa.
Emgeral,porbvio,fazemosessasoferendasparareunirecompletara acumulao de mrito. No as fazemos para o benefcio dos Budas e bodhisattvas,quesoseusrecipientesostensivos.Budasebodhisattvasnose agradam, particularmente, da apresentao de oferendas, nem se desagradam desuaausncia.Anicaverdadeirarazoparafazeroferendasqueapessoa queafazacumulamrito.Fazemosoferendasparanossoprpriobenefcio20,e
Notadoeditor:e,porextenso,pelobenefciodetodososseres.NavisodaprticaVajrayana,queest enraizadanaaspiraoMahayanadealcanaroestadodebudaparaliberartodososseressenscientes,a mandaladecorpo,palavraementedoyoguinouyoguiniainteirezadaexistnciaanimadaeinanimada, eoquequerqueafeteumbeneficamenteafetaooutrotambm.Especificamente,fazseoferendascomo umantdotoaodesejoeaoapego,eautofixaoqueospermeia.Enquantosecontinuaafazeroferendas afontesiluminadasderefgio,comeaseadesenvolveracompreensoe,ento,aexperinciadiretada vacuidade,ouausnciadeexistnciainerentedetudoaquesevenhasefixando,eoseudesejoeapegoe
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amaneiracomonosafetamquenosimporta.Oferendasnoselimitamaoque vocpodejuntarfisicamenteaoseuredorcomosubstnciasdeoferendas.Elas podem ser de qualquer de trs tipos, os quais so chamados de reunidas de fato, mentalmente emanadas ou produzidas pelo poder da aspirao. As reunidas de fato so as presentes fisicamente, sob seu poder de oferta. As mentalmenteemanadassoasquevocimagina,quevocnotmfisicamente presentes em seu redor, mas que voc pode oferecer de sua mente, de modo suficientemente claro. As oferendas produzidas pelo poder da aspirao so aquelastovastaseilimitadasquevocnoasconsegueabarcarcomsuamente ouimaginar,masaomenospodeaspirarofereclasaosbudasebodhisattvas. Dizse que qualquer uma dessas trs oferendas produzir acumulao de mrito.Usamosaoferendadouniversointeirocomoumamandalaporquesua vastidoproduzgrandemrito.
O monte Meru e os continentes que o cercam so especificamente mencionados. Juntos, e tudo que vai neles, constituem uma mandala, que considerada a principal dentre todas as oferendas. Em detalhe, a oferenda consiste no monte Meru, em cujo topo fica o segundo dos reinos do deus dos desejosenumeradosdebaixoparacimachamadodeparasooureinodivino dostrintaetrs.EmvoltadomonteMeruestosetecrculos21concntricosde montanhas douradas separadas por lagos entre elas. Nessas sete montanhas douradaseseuslagosvivemosdeusesdoprimeiroreinodivinodosdesejose os Quatro Grandes Reis os mesmos reis guardies da mandala do Buda da Medicina. Quando voc oferece o monte Meru, voc pensa que est oferencendo toda a riqueza daqueles reinos divinos. Fora dessas sete montanhas douradas esto os quatro principais continentes com seus oito subcontinentes, que so as habitaes dos humanos cujas riquezas, posses, esplendoresebelezavoctambmoferece.Emsuma,vocofereceomundo,de fato,todoouniverso,etudooqueelecontm,atodasasdeidades,easpiraa que,porassimfazer,voccompleteasduasacumulaesequetodoomundo sejaliberadodadoena. Depois das oferendas fundamentais as oito tradicionais oferendas de gua,flores,incenso,etc.,edasoferendasdetudooqueagradvelaoscinco sentidos sucederamse quatro grupos diferentes de oferendas: as oito substncias auspiciosas, os oito sinais auspiciosos, os sete artigos reais e, por fim,aoferendademandala.
Aofertaseguinteaoferendadeabluolavaroscorposdasdeidades. Isso se faz para criar uma base auspiciosa pra remover nossas prprias ms
autofixao comeam a se dissolver e dar lugar sabedoria do discernimento desperto, transparente visocaleidoscpicaautoliberadoradoquemeraaparnciainterdependentedaclaraluzdanaturezada mente,eumabnopalpvelquebeneficiaosseres.Noemfunodesetornarumapessoaboaquese fazoferendas;nofundo,apessoajboa.Fazemseoferendasparadescobriraverdadedarealidadeoua verdade das coisas, e tambm para ter acesso profunda efetividade ao ajudar os outros, a qual surge dessadescoberta. 21Notadoeditor:sorepresentadosusualmentecomoquadradosconcntricos.
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Aqui, voc pensa que, de seu corao na autovisualizao, emanam raios de luz. Nas pontas dos raios esto as deusas de oferendas segurando preciososvasoscheiosdeambrosia.Comaambrosia,elasbanhamoscorposdo principalBudadaMedicina,dosoutrosseteBudasdaMedicina,dosdezesseis bodhisattvasedetodasasoutrasdivindadesdamandala.Aspalavrasdotexto dizem: com gua perfumada, banho o corpo do Sugata; embora a divindade sejaimaculada,comissosecriaumabaseauspiciosaparapurificartodasasms aeseosobscurecimentos. AoferendadeabluoculminacomomantraOMSARWATATAGATA ABIKEKATE SAMAIA SHRIE HUM. SARVA quer dizer tudo. TATAGATA querdizerBuda.ABIKEKATEserefereaoprocessoque,emalgunscontextos, significainiciao,masnestequerdizerabluo.Pormeiodessaoferendavoc aumenta o esplendor e majestade das divindades; portanto, h as palavras SHRIE,quequeremdizeresplndido,majestoso,glorioso.
A prxima oferenda, que vai junto da abluo, secar os corpos das divindades, que feita pela visualizao de deusas de oferendas segurando finaseperfumadastoalhasbrancasdealgodo.
#$-2}=-V=-2:A-gJ/-:VJ=-2IA; <-!-;-2A-I-K-/A->;
Nessasduasestncias,afirmamosquenoestamoslavandoesecandoas deidadesporqueelasestosujasoutmmculasqueprecisamserremovidas, etc.;vocassecadepoisdelavlasporqueissocriaacausainterdependentede secarouremoverossofrimentosdetodososseres.Portanto,vocaspiraaqueo sofrimentodetodososseresespecialmenteossofrimentosdasdoenasfsicas e das aflies mentais sejam eliminados. Kaya bishodani significa purificao docorpo.
Tendo banhado e secado as divindades, em seguida temos de oferecer lhes roupas apropriadas. As vestes mencionadas nas primeiras linhas dessa estnciasoaquelasoferecidasaoBudadaMedicinaeaosseteBudasemseus cortejos,osquais,desdequesemanifestaramnasupremaformanirmanakaya, vestemapenasasbelasvestesaafranadasdeamareloevermelhousadaspelos Budas. Enquanto se visualiza as deusas oferecendo as vestes, recitamos: com isto, eu visto o corpo do Vitorioso. Como nas oferendas anteriores, voc no estofertandoaoBudadaMedicinaporquepodehaveroriscodequeelesinta frio,masemrazodecriarabaseauspiciosaparabeneficiarseebeneficiaros 49
outros. Portanto, voc diz: embora nunca sinta frio, com isso se cria a base auspiciosaparafazerfloresceravitalidadeeoesplendorfsico.Comoresultado dessaoferenda,vitalidadeeesplendorfsicosurgiroemvocenosoutrospor meio do poder de sua aspirao. Embora no mencionado especificamente na liturgia,asroupasoferecidasaosbodhisattvasadequadasuaaparncia(na forma sambhogakaya): vestes elegantes de seda multicolorida e jias feitas de ouroegemaspreciosas,eassimpordiante.Oferecemosroupasfinasejiasaos bodhisattvasnoporqueeleslhestenhamalgumapego,masporque,comessa oferenda, criamos a base auspiciosa para aumentar a vitalidade. A palavra vastra,nomantra,significaveste,roupa,tecido. Cadaumadestasseesabluo,secagem,ofertaderoupastemseu prpriosignificadoparticular.Osignificadofundamentaldetodasostrsest ligado ao segundo, onde se diz: fao esta oferenda para estabelecer a base auspiciosa para aremoodo sofrimento.Arazode fazeressasoferendas eliminar o sofrimento dos seres, o que alcanado no nvel da auspiciosa interdependnciadasegundaoferenda,asecagem.Mas,afimdeacabarcomo sofrimentodosseres,vocprimeiroprecisaremoverascausasdossofrimentos, quesoasmsaeseosobscurecimentos. Ento, a secagem precedida da abluo, cuja funo simblica purificarasmsaeseosobscurecimentos.Porfim,umavezqueosofrimento tenha sido eliminado,oquesedesenvolveemseulugarumestadodebem estar fsico e mental incluindo vitalidade fsica, esplendor e sade e um estado de sabedoria e paz interior, cuja causa interdependente de seu surgimentoaofertadevesteseroupas,queestnaterceiraparte.
Aslouvaes.
Seguindoasoferendas,vmaslouvaes.Elassofeitasimaginandose que deusas de oferendas emanam dos raios de luz de seu corao e cantam louvaes litrgicas s divindades com lindas melodias. Louvadas so as qualidades do corpo, da palavra e da mente do Buda da Medicina e de seu cortejo. Essas louvaes no so feitas para agradar ao Buda da Medicina; Budasebodhisattvasnoseagradamdelouvaesnemsedesagradamdesua ausncia.Fazemosaslouvaesparanoslembraransmesmos,ospraticantes, das qualidades das divindades. Isso faz aumentar a devoo e a resoluo ou desejo de atingiroestadodivinal,oquetambmfazaumentaradilignciana prtica. Aslouvaesconsistemdetrsestncias. AprimeiraumalouvaoaoBudadaMedicina. A segunda uma louvao aos sete outros Budas da Medicina e aos dezesseisbodhisattvas. Eaterceiraumalouvaosdemaisdivindadesdamandalaincluindo osdezprotetoresdasdezdirees,osdozechefesYakshas,eassimpordiante. 50
AprimeiraestnciaendereadaaoBudadaMedicina.
A primeira linha louva a aparncia de seu corpo ou forma: a cor de vosso corpo como a montanha de lpislazli ou vaidurya, que o mesmo quedizerque,naaparncia,seucorpocomoamassaimaculadadeumajia azul, como o lpislazli ou vaidurya, e radiante como os raios de luz. Logo, essa uma louvao da majestade de sua aparncia. A segunda linha uma louvao sua atividade, que assim diz: vs removeis os sofrimentos das doenas de todos os seres. Os sofrimentos das doenas aqui se referem expressamente ao sofrimento literal da doena fsica, mas tambm, por implicaoltima,doenaeaosofrimentodasdoenasdoprpriosamsara,os quaisoBudadaMedicinatambmdissipa. Tendolouvadosuaaparnciaeatividade,passamosalouvarseucortejo. Aqui,ocortejomencionadonaliturgianoocortejodamandala,masosoito grandes bodhisattvas que representam a sangha Mahayana. Estes no so os mesmos dezesseis bodhisattvas presentes na mandala; de fato, nem todos os oitodessesbodhisattvasestoentreosdezesseis,emboraalgunsdelesestejam sim. De forma geral, quando falamos da sangha, h a sangha ordinria do VeculoComumeasanghasublimedoMahayana,compostaporbodhisattvas. Estes so exemplificados como os filhos prximos de Buda, os oito grandes bodhisattvas,comoManjushri,Avalokiteshvara,Vajrapani,eassimpordiante22. Ento, na ltima linha, voc diz: Rendo homenagem e louvor deidade que segura o precioso remdio, que outra maneira de se referir ao Buda da Medicina.
Notadoeditor:osoutroscincosoKshitigarbha,Sarvanivaranavishkambhi,Akashagarbha,Maitreyae Samantabhadra.
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MencionadosemprimeirolugarestoosoutrosseteBudasdaMedicina Nome Excelente, Lua Preciosa, Fino Ouro, Livre da Misria, Oceano do Ressoante Dharma, Mente do Dharma, Buda Shakyamuni. Em seguida, mencionase o prprio Dharma, visualmente representado na mandala pelos sutrasecomentrios,mastambmcompreendidocomoaessnciadocaminho. Porfim,quantoSangha,sediz:osdezesseisbodhisattvas,eosdemais,que querdizertodaasanghaMahayanaexemplificadapelosdezesseisbodhisattvas encontrados na mandala. Ento, completase a louvao, dizendo: rendo homenagemelouvaesspreciosasTrsJias.
Primeiro se faz meno a Brahma e Indra, que so dois dos dez protetoresdasdezdirees;eento,aosquatrograndesreis,aosdozegenerais ou chefes Yakshas, juntamente com seus cortejos; e, por fim, a todos os detentores doconhecimentoda medicinaeosqueadominaram,queaquiso 52
ditos como vidyadharas e rishis, tanto os que vivem nos reinos dos deuses quanto os que vivem nos domnios humanos. Em suma, rendemse homenagens e louvaes a todas as deidades desta mandala de medicina ambrosaca. Todososestgiosdaprticaquevimoshojeavisualizaodoscorpos das deidades, a dissoluo das deidades de sabedoria, a apresentao de oferendas e de louvaes s deidades so aspectos da prtica do estgio de gerao.Emgeral,aprticadoestadodegeraoprecisatertrscaractersticas: aparncia clara, ou claridade da aparncia; orgulho estvel; lembrana da pureza.Oquesequerdizerporaparnciaclarasimplesmentequehajaclarae distinta visualizao do que quer que voc esteja visualizando. Seja visualizando apenas o Buda da Medicina, ou seja, a autovisualizao e a visualizao frontal, ou adicionando os outros sete Budas da Medicina, os dezesseis bodhisattvas, ou toda a mandala com os dez protetores e os doze generais, e assim por diante, em qualquer caso, a aparncia clara significa a aparnciadasdeidadesacor,aforma,osornamentos,asvesteseasroupas,os cetros e as outras coisas que so levadas em suas mos elas devem ser visualizadas de modo que permitam que sua mente se mantenha estvel e calmaenquantogeraumaclaraevvidaimagem. A segunda caracterstica da prtica do estado de gerao o orgulho estvel.Porbvio,orgulhoalgodequequeremosnoslivrar,umklesha.Mas aqui a palavra orgulho significa algo muito necessrio nas prticas Vajrayana. Orgulho quer dizer estar livre da concepo errnea de que, ao fazer a auto visualizao e a visualizao frontal, voc esteja fingindo que as coisas sejam diferentesdoqueelasrealmenteso.Orgulhoestvelaquisignificareconhecer que, embora voc esteja meditando no Buda da Medicina como um ato consciente,apesardisso,issooquevocrealmente.reconhecerquevoc defatooBudadaMedicina.Nocasodavisualizaofrontal,reconhecerque ela a verdadeira presena do Buda da Medicina. Logo, orgulho estvel certamente se refere a uma atitude de confiana e crena. importante reconhecer que, quando voc faz a autovisualizao e a visualizao frontal, vocnoestmeramenteimaginandoalgofictcio.Vocnoestfingindoque as coisas so diferentes do que so. Quando faz oferendas, admitidamente emanadasdamente,sdeidades,vocdeverefletirnofatodequeasoferendas esto realmente acontecendo, esto tendo efeito. Ao fazer as oferendas, voc est de fato acumulando mrito. medida em que voc tem confiana na validade e acurcia da prtica, voc ter tanto mais prazer, devoo e benefcios. Aterceiracaractersticadoestgiodegeraoalembranadapureza,o qual tem diversos significados. O mais bvio o reconhecimento de que as formas das deidades so incrveis e esplndidas, que as aparncias das deidades no so desagradveis, que elas no so estranhas nem tm formas inadequadas, que elas so belaseprazerosasdetodas asmaneiras.Mas,alm disso, o reconhecimento de que a natureza da forma da deidade a 53
encarnao de sua sabedoria. Os corpos divinos no tm carne e sangue corposgrosseiroscomoosnossosnemsoobjetosslidosinanimados,como se fossem feitos de terra, pedra ou madeira. So a pura corporificao da sabedoria,quesignificaquesoaexpressodavacuidadeemformadeclarae vvidaaparncia.Falandoemtermosprticos,quandoasestivervisualizando, voc deve vlas ou imaginlas como aparncia vvida com suas cores distintivas, ornamentos, cetros e o mais que , entretanto, sem densa substancialidade.Suaaparncialuminosaevvidamasinsubstancial,comoa de um arcoris. O significado fundamental desse terceiro ponto que as divindadessoaencarnaoemformadesabedoria,e,portanto,suaformano samsrica em nenhum aspecto no produzida por nenhuma causa ou condioligadaaosamsara. Vamos parar aqui esta tarde e concluir com a dedicao de mritos. Quando o fizerem,pensemquededicamomritodestaseoaodespertarde todos os seres em geral e especialmente, em curto prazo, liberao deste mundodetodasasformasdedoenas.
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OBudadaMedicina
Daorigemdosauspciosnassubstnciasenossmbolos
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Eugostariadecomeardesejandoatodosumbomdia.Comovocssem dvidanotaram,usualmentecomeoasseesdeensinamentoscomasplica curtalinhagem,quecomeacomaspalavras:GrandeVajradhara23.Usamos essasplicaporqueumadasprticasmaisfreqentesnoscentrosdatradio KagyedospraticantesKagyemqualquerlugar.ElafoicompostaporPengar Jampal Zangpo, o maior discpulo do sexto Gyalwang Karmapa, Thogwa Dnden,egururaizdostimoGyalwangKarmapa,ChdrakGyamtso.Depois de receber as instrues do sexto Gyalwang Karmapa, Pengar Jampal Zangpo foi para Lago Celeste, no norte do Tibete, para praticar. No meio desse lago, havia uma ilha chamada Semodo, que por sua vez tinha uma montanha com uma caverna. Nessa caverna, extremamente isolada, ele praticou por dezoito anos.Oisolamentolcompleto,porquemuitodifcilchegaratquelailha exceto no meio do inverno. Portanto, ele praticou em total isolamento por dezoitoanosedesenvolveuumaextraordinriarealizaodoMahamudra.Da splica linhagem, que ele comps aps o perodo de retiro, dizse que o contedo da essncia e da bno de sua realizao, motivo pelo qual ns a usamos.Quandoaentoarem,porfavor,faamnocomfedevoo.
[Rinpocheealunosrecitamasplica.]
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Nota do editor: ver Shenpen sel, vol. 3, n.3, PP. 11, para uma traduo para o ingls.
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Antesdediscutirarecitaodomantra,eugostariademeestendersobre o que eu disse ontem sobre as oferendas. Durante a lio sobre as oito substnciasauspiciosas,mencionamosaconchaeaervadurva,maseugostaria defalarsobreaorigemdosauspciosemcadaumadelascommaisdetalhes.
Aconchabranca
Aprimeiradasoferendasaconcha.ImediatamenteapsoDespertardo Buda, ele percebeu que, embora tivesse visto perfeita e completamente a naturezadetodasascoisas,oDharmataqueprofundoetranqiloealmde qualquerelaboraoseeletentasseexplicarparamaisalgum,ningumseria capaz de entender. Ento, ele decidiu permanecer no samadhi, sozinho na floresta.Apsterficadolporquarentaenovedias,odeusIndra,emanaode um bodhisattva, apareceu sua frente e ofereceulhe uma concha branca espiralada no sentido horrio como uma oferenda para encorajar o Buda a ensinar. Foi em resposta a essa primeira oferenda que o Buda decidiu girar o Dharmachakra[aRodadoDharma],ouseja,ensinaroDharma.
Oiogurte
A segunda substncia auspiciosa o iogurte. Ele est ligado aos ensinamentos do Buda em razo de que, para praticar o Dharma adequadamente, precisamos abandonar ou transcender dois extremos na conduo de nossa vida. Um desses extremos o hedonismo, cujo objetivo buscar o mximo de prazer possvel incluindo a aquisio de roupas finas, comida refinada, etc. O problema com esse extremo que, se ele se torna seu objetivoouobsesso,nodeixatempoouenergiaparaaprticadoDharma. 56
Mas tambm precisamos abandonar o outro extremo, que a mortificao do corpo24, porque a tentativa de alcanar algo pelo tormento ou privao do que o corpo fsico precisa no leva ao Despertar, e de fato pode atrasar o progresso em direo ao desenvolvimento da profunda viso. De modoadaroexemplodequenecessrioabandonaroextremodohedonismo, oBudadeixouopalciodeseupai,queeraumrei,eviveuporseisanosbeira do rio Naranjana em condies de mxima austeridade. Mas tambm para mostrar que necessrio abandonar o extremo da mortificao, ele aceitou imediatamente antes de seu Despertar a oferenda de uma mistura de iogurte com leite condensado, que lhe foi dado por uma mulher brmane de nome Lekshe.Imediatamenteapsconsumiressaofertadeiogurte,todasasmarcase sinais da perfeio fsica que adornam o corpo de um Buda, que de alguma forma ficaram indistinguveis durante seus anos de austeridades, logo apareceramntidoseresplandecentes.
Aervadurva
A terceira substncia auspiciosa a erva durva, oferecida ao Buda pelo jardineiroevendedorchamadoTashiquesignificaauspiciosologoantesde seuDespertar,doqualelefezumassentonaformadeumpequenotapeteeno qualsesentoupocadesuailuminao.
Opigmentovermelho
Aquartasubstnciapreciosaopigmentovermelho.Aorigemdeseus auspciosesta:quandooBudaestavanoprocessodeatingiroDespertar,bem
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quando ele o estava quase alcanando, o deus Mara apareceulhe, exibindo vriostiposdesagradveisdedemonstraesmgicasafimdeobstruiroBuda, e finalmente o desafiou, dizendo: Voc no conseguir atingir o Despertar! No pode fazer isso!. Em resposta, o Buda disse: Sim, eu posso, porque completeiasduasacumulaesduranteostrsperodosdeinmerosons.E Mara disse: Bem, quem poder ser sua testemunha? Quem voc pode trazer paraprovarisso?.Eento,oBudaestendeusuamodireita,passandoporseu joelhodireito,etocouosolo.Adeusadaterraapareceudochoe,oferecendoo pigmentovermelhoaoBuda,disse:Eusoutestemunhadequeelecompletou asduasacumulaesaolongodostrsperodosdeinumerveisons.
Ofrutobilva
A quinta substncia auspiciosa a fruta bilva. A origem dos auspcios dessafrutaque,quandooBuda,enquantovivianocomplexodepalciosde seu pai, o rei dos Shakyas, percebeu pela primeira vez os sofrimentos do nascimento,velhice,doenaemorte,eresolveuseliberardeles,elesedirigiu raiz de uma rvore e comeou a praticar meditao l. Nesse perodo, ele desenvolveuumperfeitoestadodeshamatha,emcujoreconhecimentoadeusa ouoespritodarvorelheofereceuumafrutabilva.
OBudapraticandoausteridades
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Oespelho
Asextasubstnciaauspiciosaoespelho.Aorigemdeseusauspcios que, quando o Buda recebeu e consumiu o iogurte que lhe foi oferecido pela brmane Lekshe, sua forma fsica, extremamente emagrecida devido aos seis anosdeausteridades,restaurouseuplenovigoremajestade,fazendocomque astrintaeduasmarcaseoitentasinaisdaperfeiofsicasetornassemvvidose aparentes,emrespostaaqueadeusadaformaemcujahistriaaparececomo uma deusa do reino divino dos desejos surgiu em frente ao Buda e lhe ofereceu um espelho, a fim de que ele pudesse testemunhar sua prpria majestadefsicaeesplender.
Omedicamentoextradodocrebrodoelefante
A stima substncia auspiciosa chamada givam, uma substncia medicinalderivadadealgumapartedocorpodeumelefantepossivelmente desuavesculabiliar.auspiciosaporquecomemoraaocasioemque,longo depoisqueoBudadespertou,seuprimoDevadataquesempretentoumataro Buda ou fazerlhe mal, e o tentou por muitas vidas porque era afligido por grande inveja finalmente tentou assassinar o Buda mandando um elefante enfurecidocorrendopelocaminhoemqueeleestavacaminhando.OBudafez surgirdezleesdeseusdezdedos,oquefezpararoelefante.Oelefanteento fezumarevernciaaoBudaeofereceuselheasimesmo,incluindoseucorpo. Logo, o givam, que um remdio eficaz, vem do corpo do elefante, como lembrana de quando o Buda conquistou a agresso de um elefante enlouquecido. 59
Osgrosbrancosdemostarda
A oitava substncia auspiciosa a semente de mostarda branca, oferecida ao Buda por Vajrapani em um dos quinze dias em que Buda exibiu milagres. poca da vida do Buda, havia seis eminentes professores no budistas na ndia. Em algum momento, eles se juntaram e, a fim de tentar desacreditar o Buda, desafiaramno a uma competio de milagres. O Buda aceitou25,eacompetioocorreunocomeodoqueagoraoprimeiromsdos calendrios tibetano e asitico. A exibio de milagres do Buda aconteceu do primeiro ao dcimo quinto dias do primeiro ms lunar. Pelos primeiros oito dias, os seis outros professores religiosos que estavam competindo ainda estavampresentes,masnooitavodia,oBudaosespantoudaseguintemaneira: do trono do Buda, surgiu o bodhisattva Vajrapani, acompanhado de cinco assustadoresrakshasas.Aovlos,osseistirtikascorreramomaisquepuderame nunca mais voltaram. Pelo restante da semana, o Buda exibiu milagres sem qualquer competio. Quando Vajrapani emergiu do trono do Buda, ele lhe ofereceu a semente da mostarda branca, que, dessa forma, marca a celebrao dessaocasio.
As oito substncias auspiciosas so coisas aparentemente comuns, mas tm grande significado auspicioso porque cada uma comemora uma ocasio especficaligadaaosurgimentodoDharmanestemundo,seuensinamento,sua expansoeademonstraodeseupoderebenefcios.
Nota do editor: uma histria muito interessante, porque o Buda aceitou mas depois postergou esse evento por muitas vezes, antes de finalmente aceitar o desafio. Para mais explicaessobreesseacontecimento,verolivrodeThichNhatHanh,OldpathWhiteclouds.
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O segundo conjunto de oferendas so os oito sinais, ou marcas, auspiciosos26. As marcas ou formas desses itens lembram as formas de certas partesdocorpodoBuda,consideradasemblemasdoBuddhadharma.
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Notadoeditor:gerealmentechamadosdeoitosmbolosauspiciosos.
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Oprimeirodesses,quemencioneiontem,oprasol.Suaformacircular lembraabelaformaarredondadadacabeadoBuda.
Osegundosinalousmboloopeixeauspicioso;suaformarepresentaa dos olhos do Buda que estavam meio cerrados quando ele se encontrava em posturademeditao.
O terceiro o vaso auspicioso, que representa a garganta do Buda, em parteporcausadaformadeseupescoo,mastambmporquedagargantado Buda emerge o sagrado Dharma que, assim como a ambrosia de um vaso precioso, satisfaz as necessidades de todos os seres, alivia a sede do samsara, removeosofrimento,trazafelicidade,einexaurvel.
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Oquartosinalaconcha,quenestecasorepresentaapalavradoBuda. Elausadacomouminstrumentomusicalecomoumatrombetaparachamar pessoas de uma longa distncia. famosa por ter um som alto e claro. Do mesmomodo,apalavradoBudatemsemprevolumeapropriadoemelodia.Se vocestsentadopertodoBuda,suavoznosoatoalto,massevocestmais distanciado,vocpodemesmoouvilobem.
O quinto o estandarte vitorioso. O precioso estandarte vitorioso representaaadequadaebelaqualidadedaformadeumBudaemgeral,que perfeitamente proporcional. Todos os seus membros tm o tamanho ideal em relaoatodoocorpo;nocomoseeletivesseumacabeaenormeebraos bem pequenos, ou suas pernas menores ainda, ou coisas do tipo. Seu corpo perfeitamenteproporcional.
Osextooglorioson27,querepresentaseucorao,oumente.Issono significaliteralmentequeeletenhaodesenhodeumngloriosoemseupeito, mas sim que seu corao ou mente sabem tudo completa e claramente, sem qualquerlimitao.
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Notadoeditor:chamadoalgumasvezesdeninfinitooundaeternidade.
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Devido ao fato de essas oito marcas, ou sinais, serem imagens que aparecem nos corpos dos Budas ou lembrem algumas de suas qualidades, elas se tornaramreceptculos,nelasedelasmesmas,deauspciosebondade.Portanto, acreditase que tlas em casa, ou trazlas consigo, seja bastante auspicioso. Nesta sadhana, ns as oferecemos e, por isso, acumulamos grandes mritos, razopelaqualsoneutralizadasascircunstnciasdesfavorveisqueinibema prticadoDharmaparaopraticanteeparaosseresemgeral.
O terceiro conjunto de oferendas nessa seo da prtica so os sete artigos reais,osquaisso,literalmente,coisas(etiposdeanimaisedepessoas)sempre encontradas na companhia de um chakravartin, o monarca que governa todo um mundo ou um universo. Como mencionei ontem, eles correspondem internamente aos sete fatores do caminho do Despertar, que so as sete qualidades que todos os budas e bodhisattvas possuem como fatores da sua realizao.
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Nota do editor: o ponto de partida para essa descrio o Buda Shakyamuni, mas devemos entender que esses atributos se encontram igualmente em todos os outros budas, masculinos e femininos.
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Apreciosajiaquerealizatodososdesejos
O primeiro dos sete artigos reais a jia preciosa, que corresponde virtudedaf.Umbodhisattvadevepossuirfabundanteeexcelentepraservir de solo para o desenvolvimento de todas as boas qualidades. O significado disso que, se algum tem f, ento todas as outras qualidades, como a estabilidademeditativa,adiligncia,insightsobreosignificadodoDharma,eo mais, definitivamente despertaro, e sobre essa base,podeseerradicartudoo quehparasertranscendidoouabandonado.
Arodapreciosa
O segundo ramo do Despertar o conhecimento ou insight, tambm chamado prajna. Dos sete artigos reais, o conhecimento corresponde roda preciosa, que permite ao chakravartin vencer todos os tipos de invases ou guerras. Igualmente, o conhecimento, ou prajna, que nos d condies de conquistaroskleshaseaignorncia29.
Nota do editor: importante entender que o termo prajna inclui em si as noes de conhecimento, sabedoria e conscincia primordial, ou transcendental,queamaisaltaforma de prajna. Conhecimento terreno medicina, literatura, gerncia de negcios, economia ou antropologiaumaformadeprajna.OconhecimentodosensinamentosdeBudaedeoutros seresiluminadosaprajnaespiritual.Ambosostiposdeprajna,terrenoeespiritual,baseiamse naaquisiodeinformaoe,emboratenhambastantesbenefciosprticos,nopodero,porsi s,liberarosseresdascausasraizdosofrimento.Apenasamaisaltaformadeprajna,ajnana
29
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Osbrincosdapreciosarainha
OterceiroramodoDespertarosamadhi,ouabsoromeditativa,que serve como o solo necessrio para o conhecimento, ou prajna. Se a prajna for enraizadanosamadhi,entoelasertranqila,efetiva,apropriadaecorreta.Se no o for, ento ela se desviar do caminho, ser incorreta e correr solta, loucamente,tornandoseassimmaisumproblemaqueumbenefcio.Oterceiro artigo real a consorte do monarca, que serve para mantlo no caminho, pacificloetreinlo.Portanto,aconsortecorrespondeaosamadhi.
Osbrincosdopreciosoministro
OquartoramodoDespertaraalegria,quesurgedacorretapresenae aplicao de ambos samadhi e prajna. Alegria, aqui, referese, por exemplo, quela da realizao do primeiro nvel de bodhisattva, chamado de Extrema Alegria.Dos seteartigosreais,aalegriacorrespondeaopreciosoministro.Em muitas citaes, esse ministro o que d sbios conselhos ao monarca e, por isso, promove alegria. s vezes, a alegria tambm chamada de precioso guardio da casa, que um sdito do rei que tambm lhe oferece conselhos apropriados.
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O quinto ramo do Despertar a diligncia e corresponde ao precioso cavaloexcelente.Assimcomoumtimocavalolevaomonarcaaondeeledeseja ir, e com grande velocidade, tambm a posse da diligncia permite ao bodhisattva cultivar as qualidades do samadhi ou prajna e, por meio deles, erradicaroskleshaseaumentartodasasqualidadespositivas.
Aspresasdopreciosoelefante
O sexto artigo real o precioso elefante. Seu significado que ele extremamente pacfico e dcil, de forma que representa a faculdade da conscincia,queamentetranqilaesempreatentaaoquesepassanamentee nasaes.
Obrochedopreciosogeneral
O stimo e ltimo ramo do Despertar a equanimidade, um estado da menteemqueobodhisattvaestlivredasafliesdoapegoaalgumascoisase da averso a outras. Pela faculdade da equanimidade, o bodhisattva supera a guerra dos kleshas. Dos sete artigos reais, representada como o precioso general, porque ele vence as guerras e as agresses. Esses so, ento, os sete artigos reais, oferecidos como smbolos dos sete ramos, ou fatores, do Despertar.
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Externamente, oferecemse simbolicamente os sete artigos reais, mas internamente, oferecemse os sete ramos do Despertar. Ofereclos significa cultivar essas virtudes em si mesmo. Ao fazlo, entrase no verdadeiro e genunocaminhoquelevaaoDespertar,queacoisamaisprazerosadetodas para todos os Budas e bodhisattvas. O cultivo dessas e de outras virtudes a oferenda ltima ou a mais verdadeira das oferendas aos budas e aos bodhisattvas,motivopelaqualsooferecidasaestaalturadaprtica.
Em seguida, chegamos visualizao que acompanha a recitao do mantra. O texto nos diz para visualizar, no centro do corao de ns mesmos como Buda da Medicina e no centro do corao do Buda da Medicina da visualizaofrontal,aslabasementeHUM,cercadapelaguirlandadomantra. Em detalhe, devemos visualizar o disco lunar um disco de luz branca que representaaluadeitadonocentrodonossocorpo,nonveldocorao.Ereta, sobreessedisco,estaslabasementedadeidade,oHUMazul,querepresenta sua mente, ou sabedoria. Em volta do HUM, visualizamos a guirlanda do mantra,daqualemanamraiosdeluz,eassimpordiante30.
2.$-3./-,$?-!<->-=-}$?-UJ%-$A?-2{R<-2<-I<;
.3A$?-=,
guirlandadomantra.
Notadoeditor:aslabaHUMnocentrodocoraodadivindadeemambasasvisualizaes, adesimesmaeafrontal,estviradaparafrente,namesmadireodadivindade.Aguirlanda domantra,visualizadaemtibetano,estvoltadaparaforaoquesignificaquealgumpoderia llo se estivesse do lado de fora do corao do Buda da Medicina, mas no se ficasse na perspectivadoHUMnocentrodocorao.OmantracomeacomoTAYATA,diretamenteem frenteaocentrodaslabasementeHUMesearranjaemumcrculoaoredordaslabasemente.
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+H-,; <-SN-F-!K-SN-F-!K-3-@-SN-F-!K-<-6-?-3;-+J-J-@;
TEDIATA OM / BEKADZE / BEKADZE / MAHA BEKHADZE / RADZA SAMUNGATE/SOHA//
Apsvisualizarodiscolunar,aslabaHUMeaguirlandademantraem voltadocoraodasvisualizaesdesimesmoedafrontal,vocpensa,ento, quedaslabaHUMedaguirlandadomantradocoraodaautovisualizao lanamse raios de luz multicolorida em direo visualizao frontal. Esses raios chegam ao corao da visualizao frontal, despertando sua compaixo noconceitualefazendocomqueraiosdeluzmulticoloridatambmsurjamda guirlandadomantraedaslabaHUMemseucoraoque,porsuavez,provm do reino puro do leste do Buda da Medicina, que se chama Luz de Vaidurya. Naspontasdecadaumdessesraioscoloridosestoasdeusasdeoferendas,que fazem inmeras oferendas ao Buda da Medicina, aos sete outros Budas da Medicina, aos dezesseis bodhisattvas, e aos demais. Essas oferendas servem para despertar sua compaixo, relembrlos de suas promessas, votos e aspiraesparabeneficiarosseres,efazlosdarsuasbnos. As bnosdeseuscorpostomamaformadeinmerostiposdeBudas da Medicina e seu cortejo grandes, pequeninos, e de todos os demais tamanhos.TodasessasformasdeBudadaMedicinaprincipal,deoutrosBudas daMedicinaedebodhisattvascaemcomoumachuvaesedissolvememnsna autovisualizao e tambm na frontal, distribuindo as bnos do corpo do BudadaMedicinaedeseucortejo. Simultaneamente, a bno de sua palavra emitida na forma de guirlandademantras,que,nessecaso,multicolorida.Guirlandasdemantras de vrias cores caem como chuva dos reinos puros do Buda da Medicina e se dissolvem em voc enquanto Buda da Medicina e na visualizao frontal, distribuindoasbnosdesuapalavra. Por fim, a bno de sua mente, que, estritamente falando, no tem forma,paraopropsitodestavisualizaotomaoaspectodoqueestnasmos do Buda da Medicina a arura e a tigela de mendicncia cheia de ambrosia. ElassoemitidasechovemesedissolvememvocenquantoBudadaMedicina enavisualizaofrontal,concedendoasbnosdesuamente. Se voc pode visualizar com clareza, melhor fazer tudo isso bem devagaregradualmente.Enquantocontinuaarecitaromantra,pensequeraios deluzemergemdaautovisualizaoedafrontalindoatosreinospuros,de forma gradual e mais lenta. Especialmente quando as bnos do corpo, da palavraedamentechovemsobrenseemnssedissolvem,vocpodefazeras visualizaes em seqncia: primeiro, visualizando as bnos do corpo precipitando como chuva, sem qualquer pressa e de modo bem definido; e ento visualizar as bnos da palavra e da mente. Se voc acha que a visualizao no est suficientemente clara, se quiser, pode visualizar tudo de uma vez. Mas se fizer gradualmente e devagar, voc perceber que ter uma sensao mais forte das bnos realmente entrando em voc. Seguindo seu 69
ritmonavisualizao,vocdesenvolverumaconfianareal,eumsentimento realdebnosentrandoemvoc. Quando voc recebe as bnos do Buda da Medicina, e dos Budas e bodhisattvas em geral, vrias coisas desagradveis obstculos, doenas, perturbaesdemonacasseropacificadas,eacompaixo,af,adevoo,o insight e o mais florescero e aumentaro. Com o objetivo de praticar a recepodebnosdemodomaisefetivo,umaboaidiafocarasbnosem qualquer que seja que o esteja afligindo em um momento particular. Por exemplo, se voc est tendo algum problema fsico uma doena, o que quer quesejaouumproblemamentalumklesha,umtipodestress,preocupaes voc pode pensar que as bnos caem sobre elas. Voc pode pensar na remoodasmsaesedosobscurecimentosemgeral,masespecialmenteno que considera como sendo a maior preocupao do momento. Por exemplo, voc pode pensar que lhe falta uma qualidade especfica, seja insight, compaixoouf,vocpodepensarqueasbnosservemparapromoveressa qualidadequevocsentequelhefalta.Sintaque,pelaabsorodessasbnos, vocdefatoseenchedessaqualidadecomosefosseumasubstnciadequeseu corporealmenterepleto. Estas visualizaes so para a prtica usual, formal, do Buda da Medicina.EmseulivroMountainDharma:instructionsforretreat,KarmaChakme Rinpoche recomenda a seguinte visualizao para um verdadeiro alvio da doena. Voc pode visualizar a si mesmo como Buda da Medicina, se desejar, masofocoprincipalrealmentevisualizarumBudadaMedicinaemtamanho pequeno, no maior que a altura de cinco dedos juntos, bem na parte de seu corpoqueestsendoafligida.Seumadoenaoudornacabea,visualizeum pequeno Buda da Medicina na cabea; se na mo, visualizeo na mo; se no p, visualizeo l. Visualize o Buda da Medicina no lugar e pense que dessa forma pequena, porm vvida, emitemse raios de luz. Esses no so simplesmente luz, que seca, mas uma luz lquida com a qualidade da ambrosia. Essa ambrosia luminosa ou luz lquida de fato limpa e remove a doena ou a dor o que quer que seja. Voc pode fazer isso no apenas para voc, mas tambm para outros, visualizandoopequenoBudadaMedicinana parte especfica deseuscorpos.Omesmoocorreparaairradiaoderaiosde luzdeambrosia,eomais. Issopodeseraplicadonoapenasparaadoenafsicamastambmem problemasmentais.Sevocquerselivrardeumtipoparticulardeansiedade, stress, depresso, medo ou qualquer outro tipo de experincia mental desagradvel, voc pode visualizar o Buda da Medicina sentado sobre o topo de sua cabea e pensar que, do mesmo modo como dito anteriormente, uma ambrosialuminosaouluzlquidaemergedocorpodele,enchendoseucorpoe limpandolhedequalquerproblema,oquequerqueseja. Vocpodepensarquetudoissosoaumpoucoinfantil,masissodefato funciona,evocpoderdescobrirseexperimentar.
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Emseguidarecitaodomantra,vemaconclusodaprtica.
#A$-v%-!/-2>$?-.$J-2-L%-(2-2}R; /.-$.R/-#$-2}=-V=-2:A-2N->A?->R$;
ConfessotodasasnegatividadesequedasededicotodavirtudeaoDespertar. Que haja a auspiciosa liberao dos sofrimentos, doenas e influncias negativas.
Primeiro, vem a confisso dos erros. Com uma atitude de arrependimentopeloquequerquetenhafeitodeerradoouinapropriado,voc simplesmente diz: Confessotodososerrosequedas.Imediatamente depois, voc dedica os mritos ou virtudes da prtica ao Despertar de todos os seres, dizendo: e dedico toda virtude ao Despertar. Ento, voc faz a aspirao auspiciosa que d foco sua dedicatria, dizendo: por essa dedicao de mrito, que haja liberao de doenas, espritos malignos e sofrimento para todososseres.
Emseguida,vemadissoluodamandala:
Primeiro, h uma solicitao dirigida s divindades mundanas, que seguida da dissoluo da autovisualizao e da visualizao frontal das divindades de sabedoria. Quando voc diz: os mundanos retornam a seus prpriosmundos,vajramu,vocpensaqueosdezprotetoresdasdezdirees, os doze chefes Yakshas e os quatro grandes reis todas as divindades mundanas que circundam a visualizao frontal retornam ao lugar em que residem31.Restamapenasosoitobudasdamedicinaeosdezesseisbodhisattvas na visualizao frontal. Essas divindades, que so as deidades da sabedoria
Notadoeditor:oqueotradutoraquichamadedivindadesmundanas(defato,seconhecssemosum deles, imaginase que no se poderia considerlos terrenos, da mesma forma que, se encontrssemos o FlashGordonouoDarthVader,nsdificilmenteosconsideraramosassim)sofreqentementechamadas dedivindadesdessemundo,oquesignificaque,emborasedigaqueelesresidamnosreinosdivinoseque sejam bastante poderosos, eles no so iluminados. Os budistas reconhecem a realidade relativa dessas deidades, fazemlhes oferendas para agradlos, pedemlhes gentilmente que no perturbem os praticantes do Dharma, pedemlhes sua proteo, at mesmo s vezes lhes pedem para ajudar com o tempo,masnuncatomamrefgionelas,porqueelasmesmasnoestoliberadasdosamsara.
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incorporando suas imagens visualizadas32, se dissolvem no corao da auto visualizao. Ento, a autovisualizao aos poucos se dissolve em luz e na expanso da vacuidade, em cujo momento voc diz: e eu me dissolvo na expansodapurezaprimordialdetodaabondade.Nesteponto,vocrepousa suamentenaexperinciadavacuidade. Todasasprticasdeyidamincluemdoisestgios:oestgiodegeraoe o estgio da concluso. Tudo, at agora a visualizao das formas das divindades, a apresentao de oferendas e o mais, a recitao do mantra que acompanha as visualizaes so todos aspectos da prtica do estgio de gerao. Quando, em seguida dissoluo da visualizao,vocdescansasua mentenavacuidade,essaaprticadoestgiodacompleio.pormeioda prticadessesdoisestgiosquevocdefatorealizaoDharmata,anaturezadas coisas. Visualizaes e outras prticas do estgio de gerao agem para enfraquecer os kleshas, enquanto as prticas do estgio de compleio, que incluemasprticasdeshamataevipashyana,servemparaerradiclos. Mencionei ontem que h trs prticas de Buda da Medicina usadas em nossa tradio uma longa, uma mdia e uma curta e que esta a curta. Emborasejacurta,,noentanto,consideradaamaiseficaz.Asformaslongae mdia so inteiramente orientadas para os sutras tanto no estilo quanto no contedo.Estaprticaumamisturadatradiodosutraedatradiotntrica, ouVajrayana.Portanto,emboratenhaaliturgiamaiscurta,amaiscompleta, porquetemasvisualizaesmaiselaboradas. Nas formas longa e mdia da prtica do Buda da Medicina, devido ao fato de terem uma abordagem orientada aos sutras, existe uma meditao preliminarnavacuidade,apsaqualvocimaginaumpalciooumoradapara a visualizao frontal e ento convida as deidades a ficarem l. No h o desenvolvimentodetalhadodaformadasdivindades,nemaautovisualizao, porqueestvoltadaaossutras.Essaprticaqueestamosusandoincluiaprtica Vajrayana da autovisualizao e seus detalhes precisos. Logo, considerada maiseficaz,maispoderosa.
Pergunta:Rinpoche,eufiqueiinteressadoemouvirsobreasdiferenteselaboraesdos seteartigosdaoferendademandala.Fizaoferendademandalanaminhaprticade ngndro e nela as oferendas parecem ser muito maisconcretasqueasdescriesdos mesmosartigosqueouvimosdevocmaiscedohoje.Suadescriodosseteartigosdo chakravartinasapresentoumaiscomorepresentaessimblicas.Existemprticasem que elas so mais concretas? H prticas diferentes? Elas so pontos de vista diferentes? Elas vm dos sutras, dos comentrios, do Vajrayana? Ou elas variam a depender da pessoa? Eu tambm tenho uma pergunta particular sobre a pessoa do chakravartin, o monarca universal. Aqui no Ocidente, estejamos errados ou certos, temos a noo de que a democracia o melhor caminho. Estou pensando esse chakravartin parece ser um ser maravilhoso, seja homem ou mulher voc no mencionounenhumgneroemparticularessapessoapareceprecisardeajudacoma f,comaestabilidade,comoesforo,commuitasqualidadesdiferentes.Nsaquino
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Notadoeditor:porexemplo,osjnanasattvaseossamayasattvas.
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Ocidente aprendemos que tal espcie de monarca ou governante universal normalmente resulta em engano. Voc poderia me dizer o que tem esse chakravartin dediferentequetornaseugovernotobemsucedido,umavezquenotivemosessa experincia?
Rinpoche: Com relao a sua primeira pergunta, a correspondncia entre os sete artigos reais, com as posses caractersticas de um chakravartin, e os sete ramos do Despertar que so recursos necessrios no caminho do bodhisattva padro. Em casosemqueosignificadosimblicodaoferendadosseteartigosreaisnoexplicada, significa simplesmente que uma explicao mais breve do significado daquela oferenda. Essa correspondncia realmente funciona em todos os seus usos como substncias ou itens de oferendas. Quanto sua segunda pergunta, o chakravartin apenas aparece em certos perodos da Histria, chamados de melhores tempos ou melhores eras. O que distingue o chakravartin de um tipo de ditador csmico o surgimentodochakravartinnasociedadehumananestesmomentoscomoumasoluo paraosproblemas,aoinvsdoinciodeles.Umchakravartinapareceemumtempoem que h uma disputa sobre quem deve liderar a sociedade. O chakravartin no est particularmenteansiosoporfazlo,masaltrusta,capazeaclamadopelasociedade comoumtodo,queocolocaemsuaposiodeautoridade.Agora,defatopossvel que,apsoreinadodeumchakravartin,seumadinastiaseestabelece,ascoisaspodem degenerar,comoindicasuapergunta.Masentoelesjnomaisseriamchakravartins. Pergunta: Ento, voc est dizendo que pode haver uma mulher como monarca universal,umachakravartini?
Rinpoche:Sim,claro.
Pergunta:QualonomesnscritoparaSangyeMenla?
Tradutor: O nome mais comum encontrado nos sutras Bhaishajyai Guru, que quer dizeroqueensinaamedicina.traduzidoparaotibetanocomoMengyiLama,ous Menla. por isso que o chamamos de Sangye Menla, ou Buda da Medicina. Menla literalmentequerdizergurudamedicina.
Pergunta: Rinpoche, muitas vezes voc falou sobre como, decertomodo,todasessas prticassoumpanodefundoparaoqueaprticarealmente,queafeadevoo de que a prtica de fato funcionar. Parece que todas essas prticas, de certo modo, poderiam se concentrar em intensificlas. Voc diz splica intensa e houve momentos em minhas prticas em que isso apareceu e eu senti o fervor da f. Em outrosmomentos,eugostariadepodertlo,porqueeurealmenteestavaprecisando. Vocfalasobregerarbodhicitta,gerarf.Oqueesseprocessodegerao?Euposso at chegar a pensar sobre isso, mas h tambm uma dvida resistente e um cinismo permanente...euvenhodeumcertotipodeculturadedvidaedequestionamentoe defilosofiaintil,entobastantedifcilparamimqueeufaledessesconceitoscomf absoluta.Qualomtododegerarfintensa?
Rinpoche: A abordagem tentar desenvolver uma f informada. Ela vem com a investigao.PelainvestigaodosignificadodoDharmavocdescobrerazesvlidas doporquapropriadoterfnele.Issonaturalmentetornarafumaquestodebom senso.
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Pergunta: Rinpoche, qual a traduo do mantra? E quando param as visualizaes das bnos vindo na forma de pequenos budas da medicina, e da tigela de mendicncia,edafrutaedomantra?Equandoelasparam,aindanoadissoluo, noisso?Emqueestamosrepousandonestemomento?
Tradutor:Vocserefereaomomentoemqueadescidadasbnostermina,antesde vocdissolveravisualizao?
Pergunta:Sim.
Rinpoche:OmantraquevocrecitabasicamenteumaelaboraodonomedoBuda daMedicina.maisoumenoscomorecitaronomedeleemsnscrito.Opontoemque vocpradevisualizarasbnosdocorpo,dapalavraedamentesendoabsorvidas emvocporvriasvezessdependedevoc.Vocpodecontinuaressavisualizao enquantodurararecitaodomantra,casoemquenoexistemuitadistinoentreela e a dissoluo da mandala. Ou, de tempos em tempos, voc pode parar de fazer a visualizaoeapenasrepousaremdevoo.Noocasodevocprecisardespender absolutamente cada instante de recitao do mantra dissolvendo coisas em voc. Enquantohouverfedevoo,entoelanoprecisaserconstante. Pergunta:Esseomelhormantrapraserusadoparaanimaisqueestomorrendo,eo quedizersobreosanimaisquemorreramrecentemente,talvezdeformarpida?
Pergunta: Rinpoche, obrigada pelo ensinamento. Dadas as aspiraes do Buda da Medicina, seria apropriado ter uma representao sua no corao da casa, a sala da famlia, e particularmente se o resto da famlia pensa que a me completamente maluca? [risos]. E ainda, eu ouvi que se deve recitar om mani peme hung perto de animaisqueestomorrendoouquemorreram.Seriamaisapropriadorecitaromantra doBudadaMedicina?
Rinpoche:RecitarommanipemehungouonomedoBudadaMedicinaouseumantra para um animal que est morrendo ter praticamente o mesmo benefcio, ento voc escolhe.AmbosAvalokiteshvaraeoBudadaMedicinafizeramaspiraesespecficas de beneficiar os seres. No importa, qualquer um deles bom. Com relao sua primeira pergunta, sobre se colocar uma enorme imagem do Buda da Medicina no centrodesuacasatrariabenefciosdelongoprazoparaseusfamiliares,sim,mascomo sua pergunta indica, tambm poderia criar mais problemas no curto prazo. Especificamente,podecriarmaisresistncia.Provavelmente,seriamelhorpermitirque sua famliaencontrasseoBudadaMedicinadeforma,digamos,quasequeacidental, aoinvsdetloestampadoemsuacara.
Pergunta:Umapequenathangkanaparedeseriamelhor?
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RitualdeSanguieMenla
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AprecedeseteversosaoPreciosoGuru
intitulada:
Oacmulodenuvensdebnosquerapidamentefazemcairachuvaderealizaes.
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HUM! NafronteiranoroestedopasdeOrgyen,sobreospistilosdeumaflordeltus, vs atingistes a maravilhosa Suprema Realizao. Sois conhecido como o Nascido do Ltus e estais rodeado por um squito de muitas Dakinis. Seguindo vossos passos, ns praticamos. Rogovos: vinde concedernos vossa graa.Nestelocalsublime,consagradoporvossasbnos,SupremoRealizado, concedeimeasquatroiniciaes!Eliminaiasinterferncias,osobstrutoreseos mausguias!Concedeimeasrealizaescomunsesublimes!
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GuruevossosquitodeDakinis,amimeavossosdevotosfilhos,concedeiao meu corpo a Graa do Vosso Corpo, concedei minha palavra a Graa da Vossa Palavra,concedeiminhamenteaGraadaVossaMente.Abenoainoscomasquatro iniciaes. Abenoainos para purificar as quatro correntes. Abenoainos para que possamospercorrerosquatrocaminhos.Abenoainosparaqueobtenhamososquatro corpos.
OM AH HUNG / BENDZA / GURU / PEMA / DEWA / DAKINI / KAYA / ABHI KINTSA OM // UAKA / ABHI KINTSA AH // TSITTA / ABHI KINTSA HUNG // SARUA ABHI KINTSA HRI //
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ExtradodoThunTsamTchoTcho.Virtude!
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OraesaSanguieMenla ,$?R=-:.J2?-/A,
Prece
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HomenagemaoGrandeReidaMedicina!
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OrocompletaeperfeitamandalacomMajushri,Kyabdrl,Vajrapani,Brahma,Indra, osQuatroReisdasQuatroDirees,osdozegrandesChefesYakshaseosdemais.
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Oriodelpislazli
RitualdeMenla,extradodoNamTchoGni, composioretiradadoClarodomniodamente,umtesouroinspirado.
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NamoMahaBekaDzeYa.Sepossvel,colocasediantedeumarepresentaodeMenlaumamandaladeoferenda, tudo o que se puder reunir (as oferendas so as apresentadas s deidades pacficas); assim, completamse as acumulaes.Senopuder,bastavisualizaradeidadediantedesieimaginarasoferendas.Comoesseritualpertence tradioinsupervel(quartaclassedetantras),aquelequeapraticanotemnecessidadedeabstersedoconsumode lcool, carne, nem praticar diferentes purificaes, como lavarse ou enxaguar a boca. Mas, como pertence ao insupervel ensinamento do Mantrayana, indispensvel a leitura ritual e a obteno autntica da iniciao. De acordo com a tradio Nyingmapa, meditase em si mesmo e em quem est diante de si ao mesmo tempo e no separadamente.ComoumatradioNyingma,preciso,sobretudo,meditarsobreosentidoprofundodaspalavras.
Homenagem!
(3vezes).
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Do domnio da pureza primordial, emanam nuvens de oferendas que preenchem a terraeocucommandalas,insgniasreaisedeusas.Quesejaminesgotveis!
PUDZA HO
:PR-!/-2.J-w/-#$-2}=-V=; 2.J-=?-,*3?-3J.-2+%-~R3?->R$;
Quetodososseremsejamfelizeselivresdosofrimento! Quesuafelicidadenodegenere!Queresidamnaequanimidade!
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Tudo se transforma em vacuidade. Da vacuidade, os bilhes de universos se transformamnoPalcioMaravilhoso.Nele,humtronodeleessobreoqualhum ltus e um disco de lua. Sobre eles, est a letra HUM, azul, slabasemente de mim mesmoedadivindadeprincipalminhafrente.DessaletraHUM,surgeMenla,cujo corpotemacordelpislazlieirradiaraiosdeluz.Estvestidocomostrsmantos doDharma.Comsuamodireita,fazomudradasupremagenerosidade,segurando uma arura. Com sua mo esquerda, faz o mudra da equanimidade, segurando uma tigelademendicante.Possuiasmarcasmaioresemenorescompletaseestsentadona posturavajra.Emparticular,nasptalasdoltusdavisualizaofrontal,estoossete Budas(ShakyaMunieosoutros)eostextosdoDharma.Atrsdeles,estodezesseis Bodhisattvas. Atrs desses, com seus respectivos squitos, esto os dez protetores do mundo e os comandantes das doze classes. Os quatro grandes reis esto nos quatro portais. Das trs slabas nos seus trs lugares e do HUM em seus coraes emanam luzes,convidandocadaumdosBudasdosseuscamposdoleste,incontveisdeidades desabedoria,quesedissolvememmimenavisualizaominhafrente.
Hum! Os oito Menla, vosso squito e todas as divindades, convidovos a vir aqui e peovosfazercairsobremimumachuvadegrandebeno.Concedeime,afortunado devoto,asupremainiciao.Dissipaiosdesvioseosobstculosvida.
NAMO / MAHA / BEKADZE / SAPARIUARA / BENDZA / SAMAIA / DZA DZA // BENDZA/SAMAIA/TIKTAHLEN// OM/HUM/TRAM/HRI/A//ABIKENTSA/HUM//
>; :.R.- ;R/-l- 2- <A/- (J/- 2./; $4S- 3(R$- o=- 0R-/R<- 2- ?R$?; 2.$- $A?- z- =3(R.-0-:2=; 2.$-/A-5S$?-$*A?-mR$?-0<->R$; <-3-/A-<_->;
Hum! Ofereo s deidades as sete preciosidades, raiz de tudo o que agradvel: a sublimejiarealeasoutras.Queeupossacompletarasduasacumulaes.
OM/MANI/RATNA/HUM//
>; !/- IA?- $4S- 2R- <A- <2- \A%- ; <A- <2- \A%- 28A- \A%- U/- 2&?; 2.$- $A?- z- =3(R.-0-:2=; 5S$?-$*A?-;R%?-?-mR$?-0<->R$; <-<_-3n=->;
Hum! Ofereo s deidades: o supremo de todos, o Monte Meru, com seus quatro continentesesubcontinentes.Queasduasacumulaespossamserrealizadas.
OM/RATNA/MANDALA/HUM//
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35/- =J$?- <A/- ^- $?J<- 29%- M- %/- 3J.; (R?- 21$?-o- 35S- (R?- ]R- >G- ,2; .30:A-(R?-.%-?J3?-.0:-2&-S$-?R$?; .!R/-3(R$-<A/-(J/-$?3-=-K$-:5=-2!R.;
Euvoslouvoemeprosternodiantedevs:NomeExcelente,LuaPreciosa,PuroOuro, LibertodaMisria,RessoardoOceanodoDharma,MentedoDharma,ShakyaMuni; doSantoDharma;dosdezesseisBodhisattvaseosdemais;dasTrsPreciosas,Rarase Sublimes.
5%?- .%- 2- o- LA/- o=- (J/-KR$?- *R%2&; $/R.- .A/- #J- .0R/- 2&- $*A?- $;R$?- .%2&?; z-3A-(/-IA-<A$-:6B/-S%-YR%-2&?; 2..-lA-(/-IA-z-=-K$-:5=-2!R.;
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Euvoslouvoemeprosternodiantedevs,divindadesdonctarmedicinal,Brahma, Indra,osGrandesReis,osGuardiesdasDezDirees,osdozechefesYakshasetodos os seus ajudantes, os sbios, deuses e humanos, detentores do conhecimento da medicina.
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Visualizar assim:
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<-SN-F-!K-SN-F-!K-3-@-SN-F-!K-<-6-?-3;-+J-J-@;
TEDIATAOM/BEKADZE/BEKADZE/MAHABEKHADZE/RADZASAMUNGATE/SOHA//
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Recitartantasvezesquantopossvel.
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Paraconcluir,aPreceparaaPartida:
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Os mundanos retornam aos seus lugares. As divindades da Sabedoria e dos Compromissos se dissolvem em mim e eu me dissolvo na expanso de todo o Bem, PurezaPrimordial.EMaHo!
#A$-v%-!/-2>$?-.$J-2-L%-(2-2}R; /.-$.R/-#$-2}=-V=-2:A-2N->A?->R$;
ConfessotodasasnegatividadesequedasededicotodavirtudeaoDespertar.Quehaja aauspiciosaliberaodossofrimentos,doenaseinflunciasnegativas.
8J?- 0- .$R%?- $+J<- IA- 9<- o/ - .-$/3-(R?-*A.-/?-2#?-+J-<-$-A-fN?-21A$?-0-=-:$=-2-3(A?-/-z-=-2>?->A%-, .$J-2?-?J3?-&/-,3?-&.-/.-=?-,<-/?-M<-.-(/-]:A-$R-:1%-,R2-0<-I<-&A$, 3.R-(R$-=-O?-$?R=-!R%-/-;R.G%-.J-=?-3,R- 2:A-i=-::LR<-]-3J.-o.-=-:)$-+-;R.-0?-3A-:$=-=R, ,.Jv<-(R-$-:.A-=-,$?-.3-L?-/-1/-;R/-/A, 24/-0-;A/-/-5=-OA3?-3A-*3?->A%-, ,$=-+J-*3?-0-8A$-;A/-G%-.J:A-1A2-0-L%- /?-%/-?R%-.-3A-v%-2-.%-, .M=2- .%- , ;- ?$ ?- .%- , ..- :PR- *J- 2:A- =?- %/- ,3?- &.- .$- /?- .J<- 3A- *J- , $=- +J- *J?- G%- .J-3- ,$- +- ,<- /?- 2.J- :PR3,R-<A?-GA-3(R$-+-*J-8A%-<A3-IA?-?%?-o?-,R2-2-.%-, 5K-:.A<-;%-9?-$R?-5S$?-3J.-0<-:LR<-2-.%-, /.-.%-.R/.%- LJ.- !- .%- , o=- 0R:A- (.- 0- =- ?R$- ?- 0?- $/R.- 0- 8A- 2- .%- , K$- /- hR- eJ- .%- 5%?- 0- .%-, 2o- LA/- .%- o=- 0R- (J/- 0R28A-.%-, $/R.-.A/-IA-#J-.0R/-(J/-0R-2&-$*A?-$;R$-2./-:23- .%-2&?-0?-Y%-8A%-2*2?-+J , .?-3-;A/-0:A-:(A2-2&R-2o.-.%-, .P-.%-$&/-$9/-=-?R$?-0:A-$/R.-0-,3?-&.-=?-,<-8A%-, 2?3-0-,3?-&.-;R%?-?-eR$?0<- LJ.- 0<- :I<- 2- ?R$?- , o- 0- (- /- ] :A- 3.R- $*A?- /?- 1/-;R/- 2?3- =?- :.?- 0- $?%?- >A%- , (R?- 1=- (J<- =*R/-:.R$?->A%-3$-.!:-2-3#?-0:A-9-?-(J/-0R-L%-.3-<A%-.0=-(R?-:#R<-#J-=-?R$?-35/-*A.-GA-9-?-,3?-&.-/?85
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ExtradodoNamTchoNyi,esteornamentoresumidodotesourorevelado(espiritualmente)foicompostoporRagha Ase.Sehouveralgumerro,arrependomediantedadivindade.Graasaessavirtude,quetodososserespossamver todos os seus males terem fim e obterem rapidamente o estado de Menla. Ainda que na liturgia (de Menla), pertencentetradiodossutras,oritualdepurificaodeguasejanoincio,nohinconvenientedequesejafeito nofinal,comoemumacerimniapertencenteaoAnuttaraTantra,quedeumnvelmaiselevado(queossutras).Os benefcios de realizar essa prtica regularmente so: no transgredir os preceitos, se se religioso; e mesmo se os infringir, a falta ser purificada e no se cair nos mundos inferiores. Todos os atos negativos causas de renascimentosnasesferasinfernais,dosespritosvidosoudosanimais,sopurificados.Mesmoseserenascer,ser liberadoimediatamenteeretomarorenascimentoemumdosmundossuperiores,podendoatingirprogressivamente oestadodeBuda.Duranteestaexistncia,nuncafaltaroalimentoevestimenta.Asdoenas,asinflunciasnocivas, oselementosobstrutores,atiraniaseroafastados.EstarseguardadoeprotegidoporTchanadordje,Brahma,Indra, os quatro grandes reis, os doze grandes chefes dos Nodjinns e seus setecentos e setenta mil servidores. Estarse liberadodasdezoitocausasqueencurtamavida,dosinimigos,dosanimaisselvagens,edetodososoutrosperigos. Todasasaspiraesrealizarseocompletamenteedeformaexcelente.Osinconcebveisbenefcios(dessaprtica)so descritosdeformaextensanosdoissutrasdeMenla.Emtodososcolgiosdeletradosquesempreencontramoque dizer sobre a maior parte dos ensinamentos, letrados que so difceis de contentar em todos os colgios de filosofia, Menlaanicacerimnia.Pararituaisdelongevidadeepurificaodosmortosadotadadeformaunnime.Esse ritualeracelebradodiantedaesttuadeDjoUo,emLhasa,aBodhgayadoTibete,ediantedarepresentaodeDjang Tchup Sempa, no monastrio de Samye. Em conseqncia, preciso desenvolver a certeza de que no h benefcio maiordoqueogeradoporesseritual.Assimditonostextoscannicosdossutrasedostantrasdasantigasenovas escolas. H outras formas de rituais de Menla, alguns muito longos, outros mais curtos. Este texto no contm muitaspalavras,masosentidoestpresente.Comoasoferendassomentais,aprticavlidamesmosenohouver torma. Como ela pertence tradio do Supremo Yoga Tantra, no necessrio realizar purificaes. Que essa meditaopossaserpraticadaportodos!
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Inclinome diante de Menla, o Buda Perfeitamente Puro, o Rei da Luz de cor lpis lazli,oTathagata,oBaghavan,oArhat.
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Que haja a auspiciosidade de Menla, a Luz Lpislazli, que dissipa as doenas e os trsvenenos.Baghavan,vossacompaixoigualparatodos.Apenasaoescutarvosso nome,osofrimentodosmausdestinossedissipa.
Que haja a auspiciosidade do vosso Corpo, imutvel como a Montanha! Que haja a auspiciosidade da vossa Palavra com 60 qualidades! Que haja a auspiciosidade da vossa Mente imaculada e ilimitada! Que haja a auspiciosidade do Corpo, Palavra e MentedoVencedor!
,2$J$?- <A$?-!R%- U$- 2I.- 2&- 8A- 2- .%, ,3A- 3,/- $/R.- 0:A- nJ/- .%- V=- 2- .%- , ,3,/-0-:P2-&A%-1/-?3- 5S$?-I<-2:A, ,2N->A?-.J?-G%-.J%-:.A<-2.J-=J$?->R$,
Quehajaapacificaodos1080obstculos!Quenohajacircunstnciasdesfavorveis enocivas!Quesejamrealizadasascircunstnciasfavorveisetudosejaexcelente!Que tudosejaauspiciosoefelizapartirdeagora!
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NocasodaprticadoBudadaMedicina,vocsuprimeopensamentoeu soueu,eusouapessoaqueeupensoquesoueosubstituiporEusouo BudadaMedicina.
ThranguRinpoche,ensinamentosobreoBudadaMedicina
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Aspiraoparaomundo
Naextensodapreciosaterranestevastomundo, Possaobenefcioparaosseressurgircomoinfinitosreflexosdalua Cujapresenarefrescantetrazobemestarduradouroefelicidade, Paraabrirumadisposioflorescentedelriosdanoite, Sinaisdepazealegria.
OdcimostimoKarmapaUrgyenTrinleDordje
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OSutradoBudadaMedicina
Dozeextraordinriasaspiraesparaobenefciodosseressenscientes
OmuitovenervelThranguRinpoche
EmCascadeMountains,Washington,EstadosUnidos,emjunhode1999,omuitovenervelKhenchen Thrangu Rinpoche organizou um retiro de oito dias para ensinar a sadhana e o sutra do Buda da Medicina. O ltimo volume de Shenpen sel publicou os ensinamentos do Rinpoche sobre a sadhana. Esta edio dedicada aos seus ensinamentos sobre o sutra. O Rinpoche ensinou em tibetano e foi traduzidooralmenteporLamaYesheGyamtso.Aseguir,atranscrioeditada.
ConclumosoestudodaprticadoBudadaMedicinacomfazla,em que devemos meditar, qual seu significado. Se voc puder fazer a prtica completa regularmente, isso ser extremamente benfico, porque ela traz grande bno. Mas mesmo que voc possa fazla apenas ocasionalmente, ainda haver grande benefcio, devido ao seu envolvimento com ela. H tambmumaformacurtaquevocpodeusarquandonotivertempodefazer alonga.Elaseencontranaltimapginadoseulivrodecantos33.umacurta splicaaonomedoBudadaMedicina,queservecomoveculoparacultivara feadevooaele.ComoensinadonosutradeAmitabhaenosutradoBuda da Medicina, relembrar e recitar o nome do Buda da Medicina traz benefcios incalculveis. Muitos dos benefcios associados ao Buda da Medicina esto ligados s doze aspiraes que ele fez quando de sua inicial gerao de
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Notadoeditor:verpgina70daltimaediodeShenpensel.
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bodhicitta34, e muitas delas esto ligadas de alguma forma a seu nome. Portanto, muitos dos benefcios atribudos ao Buda da Medicina podem ser obtidospelalembranaerecitaodeseunome. H trs sutras que originalmente dizem respeito ao Buda da Medicina. Um apresenta as doze aspiraes do Buda da Medicina. Outro, as aspiraes dos sete Budas da Medicina. O terceiro, um sutra extremamente curto, apresentaadharani,oumantrasdevriosBudasdaMedicina.Nestemomento, explicarei o principal deles, o sutra que fala das doze aspiraes do Buda da Medicina.Antesdecomear,vouexplicaradiferenaentrasutraseshastras.Os sutras so os ensinamentos do Buda, e os shastras so comentrios sobre eles. Shastras so elaborados a fim de resumir o significado; dessa forma, chegam diretamenteaopontoenquantoossutrascomeamcomumaintroduoque descreveocenriodequalquerquesejaoensinamentodoBuda.Umsutralhe dir onde o Buda estava vivendo quando deu aquele ensinamento em particular,porqueeleoensinou,quemlhepediuparaensinar,quemequantos estavam l quando ele o fez, e exatamente o que ele disse e o que os outros disseram,queofizeramdizeroqueeledisse.OBudaviajouportodaandia.O cenrio para este especfico sutra foi Vaisali, uma das seis maiores cidades indianasdeseutempo.Ocortejoqueoacompanhavaquandoeleoensinouera bastante grande. Consistia de muitos grandes monges e monjas e de grandes bodhisattvas, masculinos e femininos. Consistia tambm de monarcas, seus ministros e de pessoas comuns dos reinos desses monarcas. Havia tambm inmerosespritosedivindadeslocaisnaaudincia,quesereuniramparaouvir seusensinamentos. Odiscpulomaisproeminentenamultidodefato,apessoaquepediu especificamenteaoBudaqueeledesseaexplicaoquemaistardesetornouo Sutra do Buda da Medicina era o bodhisattva Manjushri. O sutra comea com Manjushritomandoumacertaposturafsicaefazendoopedido.Aposturaque ele fez a mesma que fazemos quando tomamos o voto de refgio, quando tomamosoutrasformasdeordenaopratimokshaequandotomamosovotode bodhisattva.OjoelhoesquerdodeManjushriestlevantado;odireito,sobreo cho35,easpalmasdasmosestojuntasemumgestodedevooemfrentea
34Notadoeditor:ageraodebodhicittabaseadanodesejoaltrusticodelevartodososseressenscientes ao bemestar e, por fim, liberao de todas as formas de sofrimento. O que distingue a bodhicitta das aspiraes compassivas ordinrias para ajudar os outros, compartilhadas por todas as pessoas de boa vontade,oreconhecimentodequenosepode,afinal,realizaressasaspiraesatquesetenhaatingido um estado de purificao mental e de liberao, que o estado de buda, afontedetodasasqualidades positivas,incluindoaoniscinciaquepermitever,umaauma,ascausasdossofrimentoseascausaseo caminho da liberao desses sofrimentos. Compreender isso permite despertar, em algum momento, a geraodaaspiraodeatingiroestadodebudacomointuitodeliberartodososseresdosofrimentoe estabeleclosemtodososestadosdefelicidade.Aissochamamosaspiraodebodhicitta,qualdevese seguiraaspiraoderealizao,oubodhicittadeperseverana,queotreinamentonabondadeamorosa, nacompaixo,nasseisparamitas,ouperfeiestranscendentes,etc.,quelevamrealizaodoestadode buda.Abodhicittadeaspiraoeabodhicittaderealizaoestoambasincludasnaexpressobodhicitta relativa. A bodhicitta absoluta o insight direto sobre a natureza ltima. Este estado de conscincia primordialaprpriacompaixoebondadeamorosae,espontaneamenteesempreconceitos,dincio atividadecompassiva. 35Notadoeditor:osuplicanteesttambmgeralmentesentadosobreseucalcanhardireito.
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seu corao. Ele ficou nesta postura porque aquela em que os discpulos de Buda sempre ficavam quando se dirigiam a ele. E a razo pela qual hoje tomamosestaposturaemcerimniasformaisqueelesassimprocediam.Nsa fazemos para nos lembrarmos do Buda quando tomamos refgio ou outra ordenao. Olhando para o Buda e colocandose naquela posio, Manjushri reportaseaele,pedindolhequeensinesobreosBudasquefizeramaspiraes extraordinrias para o benefcio dos seres o que foram essas aspiraes, e quais os benefcios de se lembrar de seus nomes bdicos. Ele lhe pediu que explicasseessascoisasparaobenefciodosseresnofuturo. A primeira resposta de Buda para o pedido de Manjushri foi elogilo por ter solicitado a explicao. Dirigindose a Manjushri, o Buda disse: excelente e adequadoquevoctenhafeitoestepedido,porquesuamotivaoparafazlo compaixoedesejodetrazerosmeiosparapurificarasobscuridadesemgeral e,especificamente,osmeiosparaerradicarasdoenasdosseresnofuturo. EnquantoelogiavaManjushriporterfeitoasolicitao,oBudaoconvidapara ouvirbemdetalhadaexplicaoqueeleestavapordar.Oscomentaristastm explicadoqueessainterpelaotemtrssignificadosespecficos.OBudadisse: Manjushri, por esta razo, escute bem, escute com concentrao, e mantenha isto em mente. Cada um desses trs pontos escutar bem, escutar com concentraremanteremmentetemumsignificadoparticularquedizrespeito a como escutar os ensinamentos. A primeira interpelao escute bem significa:ouacommotivaoapropriada.Sevoctemumaboamotivaopara ouvir,entooDharmaquevocouveserretidoemformapuranasuamente. Deoutromodo,sevocoouvecommotivaoimpuracomapegoouaverso, ou o que quer que seja ento sua mente ser como o recipiente que contm veneno, que nisso transformar, por sua vez, qualquer coisa que nele for entornada. AsegundainterpelaodoBudaescutecomconcentraosignifica: oua com ateno. Voc pode ter uma boa motivao para ouvir os ensinamentos,masseestiverdistradosenodirecionasuamenteparaoque est sendo dito ento a escuta intil. Sua mente ser como um recipiente viradodecabeaparabaixo,nadapoderserderramadonele. A terceira interpelao do Buda : mantenha isto em mente. Mesmo que voc tenha boa motivao e escute bem, se voc esquecer o que foi ensinado,entooensinamentodesaparecedesuamente.Suamentesercomo orecipientefuradoque,noimportaoquesejanelederramado,tudovazar. Ento, o Buda diz a Manjushri que, na direo leste, depois de inumerveis reinos isto , se voc atravessar este reino, o de Buda Shakyamuni,eseguiremdireoaoleste,passandopormuitosemuitosoutros reinosvocchegaraoreinobdicochamadoLuzdeVaiduryaouLuzLpis lazli. Naquele reino, vive o Buda Guru Bhaishajyai, o Buda da Medicina, tambmconhecidocomoLuzLpislazliouLuzdeVaidurya,quelensinao Dharma.OBudadizque,devidosdozeextraordinriasaspiraesfeitaspelo 93
BudaGuruBhaishajyaiantesdeleatingirailuminao,quandoeleaindaestava fazendoasprticasdebodhisattva,humtremendobenefciodeserelembrar de seu nome e grande bno em suplicar a ele. De fato, os benefcios que se acumulam da devoo ao Buda da Medicina baseiamse primeiramente nas aspiraesqueelefezquandoaindaeraumbodhisattva36. A primeira das doze aspiraes do Buda da Medicina enquanto ainda bodhisattva : no futuro, quando eu atingir o perfeito Despertar e me tornar umBuda,quemeucorpoluminosopossailuminarincontveismundos,eque todososseresqueovirempossamterumcorpocomoaquele,adornadocomas trinta e duas marcas e os oitenta sinais do corpo de um Buda. A aspirao essencial aqui ter, quando do Despertar, a forma extraordinariamente luminosadeumBudae,combasenisso,permitiratodososqueassimovirem transformaraliberaoemestadodeBuda.Istoquerdizerque,veroBudada Medicina,mesmoumaimagemdele,oumesmoouvirsobresuastrintaeduas marcas e osoitentasinaisbdicos,instigaumhbitoemsuamente.Oquanto do hbito instigado depende da sua atitude com relao ao que voc v, ou encontra.SevoctemmuitafedevooaoBudadaMedicina,entoumforte hbitoseinstalar.Sevoctemalgumadevoo,entoalgumnveldeconduta ser estabelecido. Se voc tem pouca devoo, ento ter pouco hbito. E se voc tem a menor devoo, ento haver a mesma equivalncia no hbito. Independentedaquantidade,sepoucaoumuita,porfim,estehbitoolevara atingir aquela mesma forma do Buda da Medicina, bem assim perfeita realizao do que ele aspirou atingir37. Se voc tem grande f no Buda da Medicina, isto acontecer mais rapidamente, mas se no tiver f nenhuma, acontecer nem mais devagar. Porm, definitivamente, acontecer. devido sua primeira aspirao que h tanto benefcio em ver sua imagem, seja freqentementeouocasionalmentedequalquerforma,trargrandebenefcio. A segunda aspirao do Buda da Medicina tambm ligada sua aparncia,comopodemosveraseguir:nofuturo,quandoeuatingiroperfeito Despertar e me tornar um Buda, que meu corpo possa ser to brilhante e lustrosoquantoajiavaiduryaoulpislazli.Quesejaimaculadoeluminoso, vasto, agradvel, glorioso, majestoso, e o mais. Que todos que o vejam sejam
36Notadoeditor:dizsealgumasvezesqueosbudasnodesejambeneficiarouliberarosseresnosentido dualsticoordinriodeumeuajudandoumoutro.Porbvio,issonoquerdizerqueumbudanose importa,massimqueaatividadenaturaleespontneadenaturezadeclaraluztotalmentepurificadade sua mente trabalha espontaneamente para o bem de todos os seres senscientes, sem quaisquer idias preconcebidas, sem qualquer esforo, sem pensamentos condicionados pelo hbito. Esta atividade est condicionada, entretanto, aspirao que o buda faz antes dele ou dela atingirem o estado de buda, e particularmente pelas aspiraes que o futuro faz quando ele ou ela no caminho Mahayana do bodhisattva. Da, a grande nfase colocada nas aspiraes que o Buda da Medicina fez quando era um bodhisattva. A atividade de um buda tambm condicionada pelo mrito e pelas aspiraes dos seres senscientes. 37 Nota do editor: no se deve, certamente, impedir algum de ter grande f no Buda da Medicina simplesmenteporque,aoolharparasuaformadecorazulprofunda,masculina,monstica,algumnose sintainclinadoaseguirumestilodevidamonsticomasculinoeprefiraseparecercomVajrayogini,Tara BrancaouGuruRinpoche.Oestadodebudaltimotrazenormeliberdadeparaamente,oquesignifica queumbudapodesemanifestarvontadeemqualquerformaqueeleoueladesejem.
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beneficiados por ele. O resultado bvio de sua aspirao a forma que ele exibenoreinopuro,quepossui,literalmente,asqualidadesluminosa,brilhoe majestosa,etc.Masumaconseqnciaadicionaldesuaaspiraoqueeleexibe suaforma,indiretamente,mesmoquandonosmundosimpuros,demodoque os seres que ignorem o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, o que deveenodeveserfeito,possamaindaseinspiraremsuaimagemoumesmo por apenasouvirseunome.Comoconseqncia,emboraosseresnoestejam diretamente interessados em ouvir o que deve ou no ser feito, uma devoo pelaaocorretagradualmentecresceremsuasmentes,pelofatodeterfeito ououvidoessascoisas. A terceira aspirao do Buda da Medicina que, quando de seu Despertar, por meio da prajna e da upaya (conhecimento e mtodo), ele fosse capaz de levar prosperidade a todos os seres. Essa aspirao referese particularmente ao alvio de um tipo de sofrimento muito comum no reino humano, que se manifesta em sua forma extrema como pobreza. Mas mesmo quandons,sereshumanos,nosomospobres,aindapensamosqueosomos. Temosnoapenasosofrimentodesermospobres,mastambmodaambio incessanteetambmodalutaconstantedenosgarantirmos,degarantirmos cada vez mais prosperidade. As primeiras duas aspiraes diziam respeito a levar os seres liberao ltima. Esta est mais ligada a beneficilos, especialmente os humanos, no curto prazo. muito importante, porque tendemossvezesapensarqueoscuidadoseaspiraesdosBudasapenasnos ajudamnolongoprazoqueelesapenassepreocupamcomnossaliberaoe nonostrazemnenhumaajudanestavida.Estaaspiraoindicaqueissono verdade.Elafeitaparatrazerajudaimediata.Issosignificaque,sevocpedir ao Buda da Medicina, poder haver efeitos em sua prosperidade nesta vida. Nofuncionardemaneiratoimediatacomotomarumcomprimido,masde fatopodefazerdiferena. AquartaaspiraodoBudadaMedicinaqueelefossecapazderetirar osseresdoscaminhosincorretosecoloclosnosquelevamliberao.Todos queremos ser felizes, e escolhemos alguns jeitos de levar nossas vidas que pensamos nos faro felizes. Para cada um de ns, este o caminho. Infelizmente,enquantoalgunsdensescolhemmaneirasdeserfelizesdefato, muitosoutrospensandoemsertambmfelizesescolhemmaneirasqueso causasdemaisemaissofrimento.Ofocoprimriodestaaspiraosercapaz de tirar os seres desses caminhos contra produtivos e levar aos caminhos que conduzem liberao. Isto se faz pela exibio das formas de Buda, pela presena de suas palavras na forma de sutras, pela demonstrao de suas atividades,eassimpordiante.Essascoisasjaconteceramemnossasvidas.De umjeitooudeoutro,nsentramosemcontatocomalgumasformasdeimagens doBuda,ouvimosossutrasseusensinamentos,ounosinspiramosporlugares ligadosvidadoBuda.Emsuma,dequalquermaneira,aatividadedosBudas jnoscausoualgumaumamudananocursodenossasaes.
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A segunda parte desta quarta aspirao o desejo de tambm estabelecer aqueles seres ocupados apenas com sua prpria liberao no caminho que conduzcompletaliberaodetodososseresouseja,ocaminhoMahayana. Isto se refere em parte ao que est escrito claramente em A Jia Ornamento da Liberao,queselque,apsalgumatingiroestadodearhatouarhatiseja como um shravaka ou como um pratyekabuddha e ter atingido a completa liberao do samsara para eles mesmos eventualmente, s vezes aps longo tempo, um Buda revelar sua forma ao arhat ou arhati, inspirando quela pessoaaentrarnocaminhodoMahayanaeatingirocompletoestadodeBuda. Asegundapartedaquartaaspiraoumaaspiraoparafazersimplesmente isto exibir sua forma de modo que se faa com que os seres imergidos nos caminhosquelevamapenasliberaopessoalsejamconduzidosaocaminho quelevaliberaodetodososserese,dessaforma,inspirlosaaumentarseu amor,suacompaixoesuabodhicitta. A quinta aspirao do Buda da Medicina que, em seguida a seu DespertarouEstadodeBuda,elefossecapazdeinspirarmoralidadeemtodos os seres. Nas palavras do sutra, o que ele sugere a disciplina moral de um mongeouumamonja.Porextenso,referesetambmprticadamoralidade emgeral,ouseja,conduzirnosfsica,verbalementalmentedemodoqueseja benfico, e no prejudicial, aos outros. A idia aqui que a aspirao de um Budanosinspiraanoscomportarmoralmente.VeraimagemdeumBudaou ouvir seus ensinamentos nos faz entrar pela porta do Dharma e mudar nossa conduta fsica, verbal e mental, em alguma medida. Seja comeando a prtica doDharmacomextremadiligncia,oquemaravilhoso,ouno,oqueainda estbom,aindahaveralgumamelhoraemsuaconduta.Aaspiraoprimria aqui que, por meio da bno do Buda da Medicina, os praticantes sejam capazesdemanterumamoralidadesemigual.Aaspiraosecundriaque umavezqueosseres,detemposemtempos,vosedesviardacondutamorale tornarse confusos o Buda da Medicina seja capaz de prevenir que aqueles quecaemnaimoralidadecontinuemnesseestadodecondutainapropriada,de modoqueelesvoltemcondutamoraleevitemrenasceremreinosinferiores. Parte daquinta aspiraoqueosseresquetenhamsedesviadodocaminho, tenham se afastado da conduta moral, tenham como o mais importante sem suas mentes os hbitos positivos que criaram no passado quando adotaram a condutamoral, pormeio dasbnosdosbudas,fazendoqueelesretornem condutamoral. A sexta aspirao diz respeito queles que nascem com problemas congnitosfsicos.umaaspiraodoBudadaMedicinaqueelesejacapaz,por meiodesuasbnos,curarqualquerpessoaquenasacomqualquerproblema congnito fsico ou necessidades especiais, seja nos sentidos, nos membros ou comdoenasvirulentas.Dopontodevistadopensamentoordinrio,vocdeve pensar que impossvel que a condio de algum que tenha nascido assim possa ser aliviada. Mas ainda assim possvel que tal pessoa se beneficie por meio de intensa splica ao Buda da Medicina. E, nos casos em que sejam 96
incapazes de melhorar sua condio de maneira imediata, a splica e a lembrana do nome do Buda da Medicina e a prtica de sua sadhana ainda gerargrandeeduradourobenefcio. A stima aspirao do Buda da Medicina que, meramente ao ouvir a pronnciadeseunomepossaaliviarossofrimentosdasdoenasedapobreza que afligem aqueles que se encontram seriamente doentes, sem ajuda, sem amigos,esemrecursos;quemeramenteporouviroulembrarseunomeouver umaimagemsua,osseressejamliberadosdadoenaquesofremedapobreza quereforaessadoena;e,ademais,aquelesseres,tendoouvidoseunomeuma vez,nuncamaissetornemdoentesportodasassuasexistnciasatqueatinjam o Estado de Buda. Isto soa como uma aspirao extremamente ampla e profunda, at mesmo exagerada. Mas no de forma alguma impossvel que seja realizada, especialmente para algum que tenha intensa devoo ao Buda daMedicina,lembredeseunome,supliquelhe,eomais.Estaaspiraoum exemplodeumdosparticularesbenefciosdeselembrardeseunome. Freqentemente, somos testemunhas da morte de algum pequeno animal,uminseto,umpassarinho,oudealgumacriaturaqueestprestesadar seultimosuspiro.Estarfandoemseusltimosmomentosdevida.Porcausa de nossa Natureza de Buda e da Natureza de Buda nesses seres, certo que tenhamosempatiaoucompaixoporeles.Masacompaixopodeparecerftil, porque ns simplesmente no sabemos o que fazer. Devido s bnos dos Budas e dos bodhisattvas, entretanto, h coisas que podemos fazer. Uma, por exemplo,recitaronomedoBudadaMedicinaaoouvidodoanimalqueest morrendo. Provavelmente, isto no ir curlo de sua doena imediatamente. Passarinhosmoribundosnoiro,derepente,acordaresairvoando.Masoque isto proporcionar ser, no longo termo, muito melhor: estabelecer a base futuradaliberaodaqueleanimal. A oitava aspirao referese a liberar particularmenteos sereshumanos de situaes de discriminao. Diz respeito a situaes como o sistema de castas, que existia na ndia na poca do Buda. Acontece freqentemente nas sociedadeshumanasqueumaclasseougrupodepessoassejaisoladodorestoe consideradoinferior,demodoqueatmesmosuahumanidadequestionada, comoaconteceuvriasvezescomacastaindianaconhecidacomointocveis. Aidiaaquique,sealgumdessesseresviraimagemdoBudadaMedicinaou ouvir seu nome, essa pessoa gerar bastante confiana em sua humanidade; reconhecereconfiarnofatodequeelaumserhumanocompleto,omesmo ser humano que a est discriminando, e que ela ser capaz de sair dessa situao. Aconteceu muitas vezes que pessoas que nasceram em castas inferiores, em sociedades como a da ndia, puderamescapar dasrestriesdo sistema de castas de vrias maneiras, o que pode ser visto como um exemplo dasbnosdosBudas.
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OSutradoBudadaMedicina
OBudaShakyamuniensinouestesutraparanosinspirarapraticar
ARodadasExistncias
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Atesteponto,discutimosasoitoprimeirasdasdozeaspiraesdoBuda da Medicina apresentadas no Sutra do Buda da Medicina. Todas essas vastas aspiraes nasceram da gerao de bodhicitta pelo Buda da Medicina no comeo de seu caminho. Elas so explicadas no sutra para que possamos entender como as bnos do corpo, da palavra e da mente do Buda da Medicina podem entrar em ns e que benefcios elas traro. O Buda Shakyamuniensinouestesutraparanosinspirarapraticar.Aidiatransmitida aquiqueameditaosobreoBudadaMedicina,asplicaaeleealembrana de seu nome trazem benefcios extraordinrios. Ao entender isso, voc ter entusiasmo pela prtica do Buda da Medicina. Esse entusiasmo lhe permitir praticar, o que, em troca, lhe permitir obter os resultados da prtica. Agora, 99
ento,vamoscomearporondeparamosdaltimavez,comeandocomanona aspirao. AnonaaspiraodoBudadaMedicinaliberartodososseresdonou lao do deus Mara. O lao de Mara se refere quilo que obstrui a liberao. Neste caso, significa qualquer viso cultivada de maneira suficientemente incorreta que nos leva a seguir o caminho errado, qualquer viso que de fato nos leve para longe da liberao, ao invs de irmos ao seu encontro. Bem, qualquer tipo de viso ou seja, qualquer tipo de entendimento conscientementecultivadoedesenvolvidodecomoascoisassoproduzido pela investigao e anlise do fenmeno, ao usarmos nosso intelecto e inteligncia.Essaanlisepodesercorreta,eentoproduzirumavisocorreta, ou pode ser incorreta, ou falha, dessa forma produzindo uma viso incorreta. Dadanossaintelignciainata,todosnstemosacapacidadederealizarmostais anlises;logo,somoscapazesdechegaraconclusescorretasouincorretas.Sea viso que voc tem das coisas basicamente correta, ento ela ser uma forte causadasualiberao.E,aocausarasualiberao,elaseracausaindiretada liberaodosoutros.Emsuma,umavisocorretadecomoascoisassoproduz todotipodefelicidade.Casocontrrio,sesuavisosuficientementeincorreta edefatotornaperversoedesviadoousodasuainteligncia,entoelaobstruir seu caminho para a liberao, de forma a impedilo de liberar os outros, tornandoseumobstculofelicidade. H dois tipos de inteligncia desviada ou defeituosa. Um um entendimentofortementeincorretodecomoascoisasso,oquedefatolevaao caminho errado; o outro, uma anlise que o leva a duvidar do que verdadeiroe,ento,levaasermosincapazesdeaceitaraverdade.Emqualquer caso, a aspirao do Buda da Medicina liberar os seres de todos os tipos de falta de entendimento e compreenso das coisas, de forma a estabeleclos no caminhodaliberao. A outra parte desta nona aspirao est ligada conduta dos seres. Se suavisoforcorreta,entoelaolevaraterumacondutaapropriada,quea conduta do bodhisattva. Se sua viso for incorreta, sua conduta tambm ser incorreta.Oqueseentendeaquiporcondutacorretaaquelaquenoprejudica osoutrosounsmesmos,masnosbeneficiaatodos.Estacondutaprovmdo entendimentocorreto,umavisocorretadecomoascoisasso.Aaspiraodo Buda da Medicina, aqui, que a bno e a atividade de seu ensinamento, florescidos quando de sua realizao da budeidade, levar os seres ao correto entendimentoe,ento,oslevaraalcanaraliberao. A dcima aspirao do Buda da Medicina liberar os seres da perseguio de seus governantes. Literalmente, significa que, por sua bno, ele libertar e proteger os seres das prises, das execues, e todas as dificuldades ou crueldades que governantes possam impor a seus sditos ou cidados.Mas,porextenso,tambmserefereatodasassituaesanlogasem que alguma coisa no mundo exterior venha a interferir no nosso bemestar doenas,abusos,perseguies,independentedequemospromovaedetodas 100
as outras formas de perigos e desastres que constantemente nos ameaam. Devido natureza de nossa existncia neste mundo ser a impermanncia, estamosconstantementeenfrentandoalgumperigo.Vivemoscommedodeque algo nos acontea. O ponto desta aspirao que, pela bno do Buda da Medicina,osseresestejamprotegidosdessesperigosemedos. Umaimagembemcomumquerepresentaosamsara,chamadaRodada Existncia, mostra em seu centro os trs venenos38 e, no seu exterior, os seis reinos39.Fora dessesseisreinos, todaaroda daexistnciatransmigratria est sendo segurada pelos dentes, no colo de uma figura irada. Essa figura irada representa o perigo e o medo que caracteriza a existncia samsrica. Como mostrado na imagem, s vezes algum est feliz; outras vezes, est triste. Em qualquer um dos casos, porm, a natureza bsica da existncia a mudana. Porque mudana, incerteza, e porque incerteza, perigo. E porque perigo,medo.Etudoisso,incerteza,perigo,medo,representadoporaquela figurairada.DuranteavidadoBuda,seusalunosmaisantigoseosshravakas eram questionados por muita gente sobre seus ensinamentos. Havia todo tipo de questo. Quando eles voltavam para o Buda e diziam que nem sempre conseguiam responder s pessoas, ele teve a idia de pintar esta Roda da Existncia na porta de todo templo budista para servir de representao, em umasimagem,doBuddhadharma. O propsito do Buddhadharma , por bvio, liberarnos dos medos e perigos. com esse fim que o Buda ensinou o Dharma, inclusive o Sutra do BudadaMedicina.Todostemosmedoseansiedades,quevmdofatodequea existncia samsrica, ou existncia cclica, fundamentalmente repleta de impermannciae,portanto,repletadesofrimento.Sevocperguntar:masno h jeito de transcender estes medos e ansiedades?, a resposta : sim, h um jeito. Se voc praticar o Dharma e, por causa disso, voc se ligar s bnos, compaixo e aspiraes dos budas, bem assim o Buda da Medicina, ento medos e ansiedades podem ser transcendidos, isto , se voc praticar com diligncia,vocir,deumavezportodas,transcendertodososmedos.Porm, mesmoquevocnopratiquecomtantadiligncia,sepraticarsumpouco,ou se voc tem ocasional contato com o Dharma, haver benefcios. Isso ajudar, em alguma medida. E, por fim, voc alcanar um estado de liberao muito alm de todo o medo. Ento, nesta dcima aspirao, a aspirao expressa de liberarosseresdegovernantesinjustosemrealidadesereferealiberarosseres de todos os sofrimentos do samsara, ou seja, liberlos das garras da impermanncia.Opontoquepossveltranscenderaomedoeaoperigoque aimpermanncianosimpe. Adcimaprimeiraeadcimasegundaaspiraestmemcomumofato de que esto ligadas a liberar os seres do sofrimento da pobreza.
Nota do editor: os trs venenos so as trs aflies mentais bsicas paixo, agresso e ignorncia representadasporumgalo,umacobraeumporco,edasquaissurgeosamsara. 39Notadoeditor:asseiscategoriasbsicasdeexistnciasamsricaso:osreinosinfernais,osreinosdos espritos famintos, os reinos animais, os reinos humanos, os reinos dos asuras ou deuses invejosos e os reinosdosdeuses.
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Especificamente, a dcima primeira aspirao a de liberar os seres do sofrimentodafaltadeatendimentodasnecessidadesbsicasdosofrimentoda fomeedasede,dosofrimentodeterdeconstantementelutarparasobreviver. EstaaaspiraodoBudadaMedicinadeliberarosseresdafaltadecomidae bebida e de terem de lutar para conseguilos e, por extenso, levar a todos os seres a experincia do que o Buda quer dizer como o delicioso sabor do Dharma. Isso significa que o Buda da Medicina aspirou no apenas a dar aos seresosmeiosfsicosdesuasobrevivncia,nutrio,mastambmdanutrio espiritualdoDharma. OdeliciososabordoDharmasignificaouviloesaborelodessemodo, praticlo e, como conseqncia, tornarse verdadeiramente feliz. Quando algumpraticaoDharmaapontodeatingirumverdadeiroeestvelestadode felicidade, ela noprecisamaisexperienciar ossofrimentos dosamsara,oque significaquenomaishaversofrimentofsiconemmisriamental.Obenefcio do Dharma, e o modo como se prova seu delicioso sabor, pode acontecer em vrios nveis e de vrias maneiras. s vezes, algum se beneficia somente ao ouvir o Dharma; outros, por refletir sobre seu significado; outros, ainda, por meditarsobreele.svezes,ograudobenefciolimitaseaterumbrevecontato comele.Mas,emqualquercaso,todosessessomaneirasemque,pormeioda aspiraodosBudas,oDharmabeneficiaossereseosliberadossofrimentos. AdcimasegundaaspiraodoBudadaMedicinafocanapobrezaemsi e,especificamente,nafaltadecoisasquenosdemconforto.Primeiro,oBuda daMedicinaaspiraaqueelesejacapazdeproverroupasparaosdesprovidos que,porisso,sofremcomocaloroufrio;comoselementos,comoosventos,e assimpordiante.Almdisso,eleaspiraaquesejacapazdeproverornamentos, comojias,eomais,paraosquenoastm.Namesmalinha,eleaspiraaque possaproverinstrumentosmusicais,sonsemsicanavidadosquenoostm. Esta aspirao centrase em realizar os desejos dos seres e dar a eles o que queremeoqueosfarfelizesnocurtoprazo.Deumcertopontodevista,voc pode estar pensando que, simplesmente por orar ao Buda da Medicina, voc receberumachuvaderoupasdegrifeoudequaisquerinstrumentosmusicais voc deseje. Ento, voc pode comear a rezar com estas expectativas, e se tornarbastantedecepcionadopornoversuasprecesrealizadas.Issonoquer dizer, entretanto, que a aspirao do Buda da Medicina foi sem sentido ou ineficaz.Omodocomoestaaspiraovematerefeitoe,defato,omodocomo todas elas se realizam, que, pela aspirao e poder do Buda da Medicina os seres entram em contato com o Dharma. Os seres encontram as imagens, representaes, ou outras expresses de sua atividade ou da de outros budas. Como resultado, abandonam as ms aes e os maus pensamentos que reforam suas obscuridades, gradualmente enfraquecendo ou se livrando de todas as obscuridades e, pouco a pouco, acumulando mritos e sabedoria por meiodeaesinspiradaspeloDharmaepelosBudas.Issomudasuasituao. Sejanestavida,ouemumaprximavida,elescomeamaadquirirascoisasque queremequelhesfaltaramathoje.Logo,nosignificaqueadcimasegunda 102
aspirao seja sem sentido s porque roupas no comeam a cair sobre nossa cabea imediatamente. Ela funciona, mas de um jeito menos direto e mais gradual. Ento, no Sutra do Buda da Medicina, o Buda Shakyamuni apresentou estasdozeaspiraesfeitaspeloBudadaMedicinaquandoelecomeouagerar a bodhicitta. Da, continuando a se referir a Manjushri, que lhe havia pedido esteensinamento,oBudaapontouque,comoresultadodasaspiraesdoBuda da Medicina, suas qualidades ambas as qualidades da forma e do ser e as qualidades de seu domnio, que surgiu de suas aspiraes so ilimitadas. O Buda Shakyamuni mencionou tambm que no reino do Buda da Medicina h dois discpulos principais em seu squito bodhisattvas chamados de Luminoso como o Sol e Luminoso como a Lua. Alm disso, o Buda disse que qualquer homem ou mulher que tenha f e, portanto, diligncia e insight, deveriaorarparaoBudadaMedicina,meditarsobreeleerelembrarseunome. Em seguida, o Buda fala dos demais benefcios de suplicar ao Buda da Medicina. Ele diz que h pessoas to avarentas, que no suportam dar absolutamentenada.Eleafirmaque,quandoissoacontece,fundamentalmente porque elas no reconhecem o benefcio de assim fazer. Essa falta de reconhecimentooqueostornatoobcecadoscomsuasposses.Essaspessoas nunca pensam em generosidade. Se, pelaforadascircunstncias,elastmde dar alguma coisa, isso as faz extremamente infelizes, mesmo que seja para pessoasdesuaprpriafamlia.Oproblemacomissoque,sealgumtemesse nveldeavareza,possvelquetenhaumrenascimentoinfeliz.Nesteponto,o Buda diz que, mesmo se tal pessoa avarenta ouvir o nome do Buda da Medicina, e assim fizer algum tipo de conexo com ele o que basicamente significasaberalgosobresuasqualidadesentoissoainspiraraentendero valorda generosidade.Aosetornargenerosa,nomaisterumrenascimento desagradvel. E, por todas as suas vidas futuras, este momentum de generosidadeestarpresente,deformaqueelasersempregenerosaetambm inspiraroutraspessoasaseremgenerosastambm. Essaaexplicao,nossutras,sobreosbenefciosdeselembraronome do Buda da Medicina e de rezar para ele. Para o segundo benefcio, o Buda continuafalandocomManjushri,dizendoque,deformasemelhante,hpessoas que no conseguem se comportar. Elas no tm nenhum interesse na moralidade,achamquesemsentido.Arazodissoqueelasnoentendem seu valor. No compreendem os benefcios de se comportar moralmente, nem osproblemasqueadvmdomaucomportamento.Aomesmotempo,notmo mnimo interesse no Dharma ou espiritualidade, porque no entendem seu valor. No conhecendo seu valor, no tm, ento, interesse nisso. Mas mesmo essa pessoa, com esse radical pensamento, ao ouvir o nome do Buda da Medicina, passar a respeitar e se interessar pela moralidade e a prtica do Dharma. Em conseqncia, elas passaro a se comportar apropriadamente e estudaro e praticaro o Dharma, o que no apenas as tornar felizes nesta vida, mas tambm se tornaro melhores e mais felizes em cada uma de suas 103
prximas vidas. O momentum de sua conduta e de seu estudo e prtica se manter, e aumentar com o passar do tempo. Podemos ver esse desenvolvimento acontecendo em nossa prpria experincia. Muitos de ns comeamos sem saber nada do Dharma e, portanto, notemosmuitorespeito ou f, simplesmente porque no sabemos o que ele . Pode ser que tenhamos tidotantasperguntasedvidassobreasnoesdemoralidadequejouvimos queacabamospornorespeitarnada.Mas,emalgumponto,algumacoisanos inspirou. Vimos algo, como a imagem de um Buda, ou ouvimos explicaes sobre o Dharma ou o nome do Buda. Algo nos prendeu a ateno, e nos fez pensar sobre a idia de praticar o Dharma, o que nos leva a mudar de vida e comear a praticlo. Seja voc um novato na prtica do Dharma, ou algum quejestcompletamenteimersonele,emambososcasos,algoaconteceu.Esse algoexatamenteoqueseestexplicandosobreobenefciodeouvironome do Buda da Medicina. Como se l nos sutras, um ser, tal como ns, entra em contato com alguma espcie de atividade ou bno de um Buda uma imagem,seunome,seusensinamentose,sendoporelesinspirado,finalmente desenvolvem algum nvel de f e compaixo por outros seres (o que leva ao desenvolvimentodeoutrasboasqualidades). Certamente, nossa f e devoo ao Dharma no so absolutamente inabalveis.Hvezesemqueaparentementetemosfortefedevoo,eoutras vezes em que as dvidas vm e parecem obstruir ou impedir nossa f e devoo. Em qualquer desses casos, precisamos da mesma coisa: suplicar ou rezar com toda a f e devoo que temos, com base na nossa confiana fundamental nos budas e em seus ensinamentos. Se vocassimrezar,quando tiverf,elaaumentar.Equandorezardessemodoquandotiverdvidas,sua faumentaresuasdvidasdiminuiro.Ento,estejavocounohesitanteou duvidoso sobre o Dharma, voc deve fazer a mesma coisa. Como o Buda destaca, nesta parte do sutra, as splicas aos budas, com toda a f e devoo quealgumconseguirreunir,sempreimportante. OBudaShakyamuniafirmouquehaviaquatrobenefciosdeseouvirou de se lembrar do nome do Buda da Medicina, dois dos quais acabamos de discutir:oalviodaavarezaeoalviodaimoralidade.Eugostariadepararpor aqui esta manh, porque ontem havia muitas pessoas na fila para poder perguntar e no tiveram a chance de fazlo40. Se ainda quiserem fazer perguntas,porfavor,sigamemfrente.
Pergunta:Rinpoche,vocpoderiaexplicaravisualizaoparaaprticacurtadoBuda daMedicina?
Notadoeditor:aseoanteriordeperguntasestincludanaShenpensel,vol.4,n.1.
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Pergunta: Rinpoche, tenho um problema corrente que sempre acontece nas minhas visualizaes. A deidade Dordje Tchang ou o Buda da Medicina est em frente a mimeeuconsigoverumladoperfeitamenteclaroedetalhadoemcores,masooutro ladoestpraticamentenoescuro.indefinido,nasombra;acornotemdistino,e ficotocansadoquenoconsigovernadadaquelelado.
Rinpoche:sempredomesmolado? Pergunta: Quase sempre. o meu lado esquerdo, ou seja, o lado direito da deidade, que o lado claro. O outro lado no . Alm disso, quando estou sentado, olhando parafrente,visualizandoadeidademinhafrente,semeusolhosficamparcialmente fechados, parece que a deidade foi para um outro lado. Eu fico ajeitando meu corpo para melhorar, mas ele j est ereto, e eu sinto como se estivesse sentado diagonalmenteeolhandoparaooutrolado.
Rinpoche: Isso lhe est acontecendo espontaneamente, voc no o est causando, ento,sevocapenasrelaxarecontinuarcomsuaprtica,issoseajustarporsis. Pergunta:Rinpoche,tenhotrsperguntas.Nadescidadasbnosdocorpo,palavrae mente, elas entram respectivamente pelos trs centros, ou geralmente caem para o corpotodo?Segunda,vocpoderianosdarmaisdetalhessobreaseqnciadaprtica com o pequeno Buda da Medicina em certo lugar de nosso corpo ou do corpo de algum? Isso pode ser feito fora da prtica formal? Por ltimo, h alguma conexo entreoBudadaMedicinaeJambhala?Seexiste,qual?Esehdiferena,qual?H algumbenefcioemseligarmaisaumdoquecomoutro?
Rinpoche: Quanto sua primeira questo, no caso da sadhana da prtica ou da recitao do mantra, quando voc est recebendo as bnos dos trs portes da deidade e eles se dissolvem em voc, voc pode pensar que eles se dissolvem geralmenteportodooseucorpo,semlugaresdeentradaespecficos,comosuacabea, coisasassim.Nocasodeumaabhisheka,ouiniciao,entoelessedissolvemempartes especficas de seu corpo. Com relao sua segunda pergunta, voc pode fazer a prtica de aplicao da visualizao do pequeno Buda da Medicina em uma parte especfica do seu corpo ou do corpo de algum, seja durante a fase de recitao do mantra, enquanto realiza a prtica formal da sadhana, ou no perodo psmeditao emqualquertempo.Comrefernciaterceiraquesto,existesimumaconexoentreo Buda da Medicina e Jambhala. Basicamente, os doze chefes Yakshas, guardies do SutradoBudadaMedicinaedeseusensinamentos,sodamesmaclasse,oucl,dos Jambhalas. Portanto, de certo modo um Jambhala tambm um guardio dos ensinamentosdoBudadaMedicina.Eutiveaprovadissoquandoestavapraticandoa sadhana do Buda da Medicina repetidamente em um monastrio taiwans chamado Shi Lung Si. Os monges e outros participantes estavam praticando bastante intensamente tambm. Uma das razes para fazerem isso, segundo me disseram, foi quesemprequeelespraticamemgrupo,ascoisasvobemnomonastrio,oqueeles achavam que tinha algo a ver com a atividade de Jambhala vindo automaticamente junto com a splica e a prtica do Buda da Medicina. Portanto, eu diria que, se voc tivesse que escolher apenas uma delas para rezar, a melhor escolha seria o Buda da Medicina,umavezque,sevocrezaraele,aassistnciadeJambhalavemsemdemora. Pergunta: Rinpoche, esta prtica est me parecendo to maravilhosa e completa que estou tendo dificuldades para entender por que no ouvimos muito sobre ela at
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recentemente. Eu vejo que no tenho praticado por tanto tempo assim, mas fico pensandosobrequalseriaolugardaprticadoBudadaMedicina.algoqueerafeito bastantesnosmonastrios?Porquedemoroutantoaaparecer?
Rinpoche: Quanto ao lugar que a prtica do Buda da Medicina ocupa na tradio monstica do Tibete, h muitas variaes. Em alguns monastrios se faz muito; em outros,bempouco.Eemoutrasmedidastambm.Nohumaregrargida.Quantoao fato de voc no ter ouvido sobre ela at agora, no se esquea que o Vajrayana bastante recente no Ocidente. Basicamente, podemos dizer que o Vajrayana est presente neste pas [Estados Unidos] pelos ltimos trinta anos [a contar da data da publicao desta revista]. Temos de olhar para como o Buda ensinou. Quando ele ensinou o Dharma, ele comeou com o que chamamos de Veculo Comum. E assim, pouco a pouco, aprofundou sua apresentao medida que as pessoas se tornavam mais preparadas por causa de suas prticas. Do mesmo modo, os professores tm introduzido e ensinado o Dharma gradualmente neste pas, simplesmente porque enquantosuasprticasprogridem,tambmaumentamsuaf,devooecompreenso. Porexemplo,amaioriadosprofessoresquecomeouaensinarnoOcidentecomeou ensinandoaprticadeshamata,quealgoquenoenvolvemuitafecomaqualvoc podeexperienciardiretamentesuamente.Avalidadedissoficoubviadesdeoincio. Se eles tivessem comeado por dizer que esta a prtica fundamental da nossa tradio,quevocsdevemvisualizaroBudadaMedicinaeacreditaremmimquando digo que ele existe, que ele tem bnos tremendas, provavelmente vocs no teriam acreditado. Pergunta:Estaprticaserelacionadiretamentecomaprticatibetanadamedicina?
Rinpoche: Sim. A prtica do Buda da Medicina usada para consagrar os remdios enquanto so preparados. Alm disso, a linhagem da medicina vem de um rishi chamado Rigpe Yeshe sabedoria desperta que era uma emanao do Buda da Medicina. E quando olhamos para a histria da medicina tibetana, vemos que os maioresmdicosdoTibete,inclusiveograndesiddhaYntenGonpo,eoutros,assim que tiveram vises do Buda da Medicina e receberam suas bnos, se tornaram capazes de descobrir novos diagnsticos, novos preparados medicinais, e tambm escreveramlivrossobreoassunto. Pergunta: Obrigado, Rinpoche, por sua transmisso e ensinamento. At agora, eu havia ouvido que h basicamente trs maneiras de ajudar os seres a atravessar o oceanodosamsaraataspraiasdailuminao:comoumrei,quelideraatodosata liberao; como um balseiro, que coloca todo mundo no mesmo barco com ele e atravessajuntocomtodomundo;oucomoumpastor,quefazquestodesecertificar quetodosestejamsegurosantesdelemesmoir.Eufiqueiconfusosobreserumpastor, por um lado, e por outro, curar e iluminar a mim mesmo antes dos outros. Voc poderiafalarmaissobreisso,porfavor?
Rinpoche: Como voc disse, h trs maneiras de a bodhicitta ser gerada, de acordo com a tradio dossutras.Essastrsmaneirasdiferentesdegerarbodhicitta,embora sejamtodasaceitveis,correspondemaoseugraudeegosmo.Quandoalgummuito generoso,completaeabsolutamentealtrusta,quandogeraabodhicitta,aatitudeque desenvolve:EunovouatingiroEstadodeBuda,eumerecusoaatingiroEstadode Buda, at que todos os seres o tenham realizado. Essa chamada de bodhicitta do
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pastor, como voc mencionou em sua pergunta. considerada o melhor estilo de gerao de bodhicitta, do ponto de vista dos sutras; a melhor, pois completamente desapegada. A segunda melhor o seguinte pensamento: bem, eu quero atingir o EstadodeBuda,todoselesoqueremtambm,entoesperoquetodosnsconsigamos atingiroEstadodeBudajuntos.EulevareiamimetodososseresaoEstadodeBuda aomesmotempo.Esseestilo,chamadoestilodobarqueiro,umpoucomaisegosta queoprimeiro,masaindabastantedesapegado.Oterceiroestilo,querealmentetraz mais umtantodeegosmo,opensamento:eurealmentequeroatingiroEstadode Buda.EurealmentequeroatingirocompletoDespertar.Masdepoisdetlofeito,eu tambmvouliberartodososseres.Mas,emprimeirolugar,euquero,definitivamente, atingiroEstadodeBuda.Essaabodhicittadorei,quetemalgumegosmonela,mas devidoaofatodeaindaconteraaspiraodeliberaroutrosseres,aindaaautntica bodhicitta. OestilodegeraodebodhicittadoVajrayanaparecebastantecomadoestilodorei, maselanoparaserassim.AatitudeVajrayanasimplesmenterealista.Sevocno atingiroEstadodeBuda,vocnoconsegueliberarosseres.Estaatitudenoegosta, realista.Poderiasetornaregosta.Vocpoderiatransformlaembodhicittadoestilo do rei, ou usla como uma desculpa paraserassim.Masabodhicittanoparaser geradadessamaneira.AmotivaobsicadabodhicittadoVajrayana:tudooque euqueroliberarosseres.Obviamente,nopossofazerissoagora.Seeumetornarum bodhisattva,comarealizaodeumbodhisattva,eupodereifazeralgumacoisa,mas nopodereiliberloscompletamente,daformaqueumBudapode.Ento,emborao queeuqueirasejaliberarossereseamimmesmo,parafazerissodemaneiraefetiva, eutereideatingiroestadodeBudaprimeiro. Pergunta: Existe alguma prtica de Buda da Medicina que envolva a imposio de mos?
Rinpoche:Aimposiodemospode,dealgumaforma,sercombinadacomaprtica da visualizao de um Buda da Medicina de tamanho pequeno na parte ferida do corpodapessoadoente. Pergunta:Rinpoche,tenhooutraquestosobreaescolhadasprticas.Considerandoa prtica de tonglen e a do Buda da Medicina, como poderemos decidir por qual delas usar,dadoquetenhamosasduastransmisses?
Rinpoche: Voc se refere ao seu prprio desenvolvimento ou para beneficiar outra pessoa? Pergunta: O tonglen que usamos para ajudar os outros e ns mesmos. E tambm, a PemaChdronjfalousobreumjeitodeusarmostonglenparaajudarnsmesmos.
Rinpoche: Ambas so igualmente benficas de toda maneira. O que voc deve enfatizarnasuaprticaemqueelasebaseia,emquevoctemmaiorconfiana,em que voc tem mais f, e a que voc tem mais inclinao. Logo, se voc tem mais confiana no tonglen, ele ser mais efetivo. Se voc tem mais confiana na prtica do BudadaMedicina,entoelasermaisefetiva.Historicamente,podemosvernasvrias linhagens que alguns professores enfatizaram o tonglen como sua prtica primria, outrosenfatizaramadoBudadaMedicinaououtrassemelhantes.Defato,dependede suainclinaopessoal.
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OSutradoBudadaMedicina
Mudras,ougestosrituais,ajudamaclarificaravisualizao
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Alguns de vocs tm perguntado sobre os mudras, os gestos rituais, desta prtica, ento eu vou comear a seo desta manh com sua explicao. Como vocs j sabem, o principal elemento em nossa prtica a meditao, incluindoavisualizao,que,pornatureza,mental.Masnsusamosoutras denossasfaculdades,ocorpoeapalavra,paraclarificarereforaresteprocesso mental. Usamos a palavra, por exemplo, para clarificar visualizaes usando descries litrgicas, e assim por diante, e usamos o corpo para clarificar as visualizaespormeiodasposturasfsicaseosgestoschamadosdemudras.O ponto principal, por bvio, a prpria prtica da visualizao. Porm, aceitvel, sob certas condies especiais, fazer a prtica inteiramente com a mente,semusarosmudras. Aprimeiravez,nestaprtica,queseusaummudraespecficoquando doconvitedeidadequandovocjsevisualizoucomoBudadaMedicinaeo 109
visualizoutambmsuafrente,eestpedindoqueadeidadedesabedoria,o Buda da Medicina, se aproxime e finalmente se dissolva em voc enquanto autovisualizaoetambmnavisualizaofrontal41. Esteeoutrospontosdaprticasedestacampelousodosnscritocomo partedaliturgia.Aculminaodoconvite,opicedecadaseodeoferendas, bemassimomantraessencialrepetidoduranteoprincipalcorpodaprticaso falados em snscrito. Isso padro para todas as prticas Vajrayana. A razo paratalqueoBudaensinouemsnscrito,edizsequetodososBudasfuturos tambm ensinaro nessa lngua. Ento, usamos o snscrito nas partes destacadasdaprticademodoacultivarohbitooucriarumaligaocomessa lngua. Naconclusodoconvitenaliturgiadizemosomantraemsnscrito: NAMOMAHABEKENDZESAPARIWARABENZASAMAYADZADZA. O que estamos dizendo : Buda da Medicina e seu sqito, por favor, lembremsedeseusamaya[voto]vajraeaproximemse. Nesteponto,visualizamosoBudadaMedicinaeseucortejoaparecendo nocusuafrente,antesdesedissolveremvocenavisualizaofrontal.O mudra que acompanha este mantra chamado de mudra da assemblia, e se faz cruzando os braos na altura dos pulsos com a mo direita em frente e a esquerdamaisprximadeseupeito,eseestalamosdedos. O significado de cruzar os braos na altura dos pulsos representa a coeso do samaya desimpedido, que traz as deidades de sabedoria. O estalar dosdedosquerdizerimediatamente,agoramesmo.Defato,temosignificado especficodesereferiraumaunidadedetempochamadainstante.Uminstante, nestecaso,sereferemenorpartedetempomedidoemqualquersistema.Por exemplo,nosistemageralusadonandiapocadoBuda,odiaeradividido emtrintapartesque,porsuavez,eramdivididosemtrintapartes,eassimpor diante, at chegar a uma frao to pequena de tempo difcil de descrever, o queeraentochamadodeinstanteoumomento.NoKalachakraTantra,odia divididoemhoras,quesodivididasemsubsees,divididascadavezmaisat chegaraumperododetempotopequenoque,nanossapercepo,notem durao, algo como se o tempo no existisse, ou algo como vacuidade. Em qualquercaso,uminstantesereferemenorunidadepossveldetempoquese possa imaginar. O estalar de dedos no ritual significa, ento, um instante. No casodoconvite,aoestalarosdedosvocestdizendo:porfavor,apareceiaqui e se dissolvei em mim neste instante, sem qualquer demora. Durante as oferendas, o que voc est dizendo ao estalar os dedos na concluso da oferenda de mudras : por favor,aceitaiestasoferendasagora. Queelas lhes estejamdisponveisequevspodeisaprecilasagoramesmo,semespera.No casodeumacerimniacomum,comoacerimniaderefgio,oestalardededos serveparadesignaroexatoinstanteoumomentonotempoemquevocrecebe ovoto.
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Notadoeditor:VerShenpensel,vol.4,n1,p.29e/oup.61.
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Em seguida, recitamos VAJRA SAMAYA TIKTRA LEN, que significa: pelopoderdalembranadevossovotovajra,porfavor,permaneaisestvel. Ao longo do mantra anterior, quando convidamos as deidades de sabedoria, ns as convidamos e as dissolvemos em ns mesmos. Quando recitamos VAJRA SAMAYA TIKTRA LEN, dissolvemolas na visualizao frontal e pedimoslhes que permaneam estveis como campo de oferenda para acumulaodemrito.Ogesto,aqui,odevirarasmossobreelasmesmas, demodoqueaspalmasfiquemfrentedeseupeito.bastantesemelhanteao jeitoelaboradoepolidodepedirquealgumsesente. Depois, chegamos iniciao. As primeiras cinco slabas do mantra de iniciao, OM HUM TRAM HRI AH ABHIKENTSA HUM42, se referem aos cincoBudasmasculinosdascincofamlias.umainiciaoparavoceparaa visualizao frontal. OM representa Vairochana; HUM, Akshobya; TRAM, Ratnasambhava;HRI,Amitabha;eAH,Amogasiddhi. DestescincoBudasdascincofamliassvezessedizquesoBudasem cinco reinos puros diferentes externos a ns. Outras vezes se diz que cinco aspectos de nossa sabedoria intrnseca, ou inata. No caso de serem os cinco aspectosdasabedoriaintrnseca,elescorrespondemscincosabedoriasdeum Buda. Ento, por exemplo, Vairochana, que de uma famlia de Budas, a sabedoria do dharmadhatu, que o reconhecimento da natureza no nascida, ou vacuidade, de todas as coisas, e que tambm permeia outras sabedorias, motivopeloquallevaestenomeemparticular. Essassabedoriasnoso,defato,coisasseparadas.Elassoenumeradas separadamenteparamostrarasqualidadesdasabedoria.Demodogeral,pode se dizer que a sabedoria de um Buda inclui dois aspectos, dois tipos de sabedoria,quenosorealmenteseparadas.Umadelasasabedoriaquesabe comoascoisasso,oqueserefereaoreconhecimentodaverdadeabsolutaou da natureza das coisas. Esse aspecto da sabedoria equivale sabedoria do dharmadhatu43. a sabedoria que sabe como as coisas so, ou que conhece a naturezadetodasascoisas. A outra sabedoria de um Buda a sabedoria que sabe o que existe. A sabedoriaquesabecomoascoisassoconheceanaturezadetodasascoisas,ou averdadeabsoluta.Mas,aomesmotempo,umBudasabetambmoqueexiste, isto , as distintas feies das verdades relativas ou das coisas relativas, cuja verdade absoluta sua natureza. Isso significa que, enquanto os Budas reconhecemanaturezanonascidadecadaumaetodasascoisas,avacuidade de cada uma e todas as coisas, eles, entretanto, vem a manifestao ou aparncia daquela coisa de modo claro, sem que essa clara viso produza qualquer tipo de reificao, ou iluso de solidez. Portanto, o modo como os Budas vem a verdade relativa semelhante a ver algo em um espelho. A imagem vista extremamente clara e vvida, mas no h nada l, de fato, no
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espelho [nada alm que mera aparncia], e isso tambm sabido. Ento, a percepo, ou sabedoria de um Buda, chamada de sabedoria semelhante ao espelho, que significa ver que, enquanto as coisas so no nascidas, elas, entretanto, tm aparncias distintas. A sabedoria semelhante ao espelho o BudaAkshobya. AterceirasabedoriadeumBudachamadadesabedoriadaigualdade. Isto se refere ao fato de que, do ponto de vista do prprio espelho, independente do que aparece nele, enquanto aparece de maneira distinta e enquantooespelhotemacapacidadedemostraraimagem,nohconceitosna superfcie refletora do espelho. No h diviso entre self e outro, na imagem refletida.Nohdiviso,naimagem,entrebomemau,ouentrequalqueroutro conceito. O fato de que os Budas, com sua sabedoria que reconhece esta imagem,estolivresdestesconceitosilusrios,asabedoriadaigualdade,que oBudaRatnasambhava. O quarto Buda Amitabha, que corporifica a sabedoria do discernimento. Um Buda ns, quando atingirmos o estado de Despertar, ou qualqueroutroBudapossuiastrssabedorias,quejexplicamos:asabedoria do dharmadhatu, a sabedoria semelhante ao espelho e a sabedoria da igualdade.SendoascaractersticasdasabedoriadeumBuda,ficaclaroqueeles vemouestoconscientessemqualquertipodeconceitualizao.Mas,porque eles esto livres de conceitualizaes, voc pode assumir, erroneamente, que eles so incapazes de distinguir as caractersticas das coisas. Em outras palavras, porque os Budas esto livres dos conceitos de bom ou mau, isso significa que eles so incapazes de distinguir entre bom e mau, na verdade relativa? Porque eles esto livres dos conceitos de vermelho e branco, isso significaqueelessoincapazesdedistinguirentreumacoisavermelhaeuma coisabranca?Defato,no.OsBudassoperfeitamentecapazesdedistinguiras diferentescaractersticasdascoisasrelativas,oudosfenmenosrelativos.Essa sabedoria chamada de sabedoria do discernimento, que um aspecto da sabedoria que sabe o que existe do ponto de vista do discernimento dos aspectos da sabedoria, de acordo com aquilo que sabe como as coisas so e aquiloquesabeoqueexiste.IssocorrespondeaoBudaAmitabha. Aquintasabedoriaasabedoriadarealizao,quecorporificadapelo Buda Amogasiddhi. Isso significa que, devido sua sabedoria, os Budas so espontaneamente capazes de realizar sua atividade sem conceitualizao ou esforo. Sua atividade incessante e ininterrupta. A atividade de um Buda nunca falha emrealizarseuobjetivono tempocerto. Istooquequerdizera sabedoria da realizao. Logo, a iniciao que voc recebe, neste ponto da prtica, enquanto repete as slabas OM HUM TRAM HRI AH, corresponde internamente iniciao das cinco sabedorias e, externamente, iniciao dos cincobudasmasculinos. Existemmudrasqueacompanhamcadaumadestasslabas.Omudrade Vairochana,quesegueoOM,juntarasmos,entrelaandobemosdedos,de forma que as duas mos formem um punho, e ento estender juntos os dois 112
dedos mdios. O mudra de Akshobhya, que segue o HUM, juntar as mos formando um punho com os dois dedos indicadores estendidos. O mudra de Ratnasambhava,quesegueoTRAM,juntarasmosformandoumpunhocom os dois dedos anelares estendidos juntos. O mudra de Amitabha, que segue o HRI, juntar as mos formando um punho com os dois polegares estendidos juntos. E, por fim,o mudra deAmogasiddhi, quesegueAH,juntarasmos comosdoisdedosmnimosestendidosjuntos. EstesmudrasestoligadosaomodocomoestesBudassopercebidoso quecomumemtodosostantrasdomodocomoestonomundoexterior.O Buda Vairochana, da famlia bdica, habita um reino central, chamado DensamenteArranjado.OBudaAkshobhya,dafamliaVajra,habitaumreino no leste, chamado Manifestamente Glorioso. O Buda Ratnasambhava, da famliaRatna,oufamliadajia,habitaumreinonosulquesechamaGlorioso. OBudaAmitabha,dafamliaPadma,oudafamliadoltus,habitaumreinoa oeste que se chama Exttico, ou Sukhavati. E o Buda Amogasidhi, da famlia Karma, ou famlia da ao, habita um reino no norte chamado Perfeito, ou Atividade Perfeitamente Completa. O Buda central, Vairochana, visto como penetrante,permeandotodososoutrosBudasetodasassuasatividades.Cada um dos outros quatro budas tambm ligado a um estilo especfico de atividade, um modo especfico de beneficiar os seres. Akshobhya incorpora a pacificao. Ratnasambhava incorpora o enriquecimento e a expanso. Amitabha,omagnetismo.EAmogasiddhi,aatividadediretaeefetiva. Quandofalamosdestescincoreinos,dizemosqueestonoleste,nosul, no oeste, no norte e ao centro, mas obviamente estas direes so meras designaes. Eles no tm realidade absoluta, ou local certo. No podemos dizer realmente onde fica o leste, porque o leste de um lugar ser o oeste de outro. Ser tambm o sul e o norte de outro. Olugar fica,defato,noleste ou oeste? Talvez seja no sul, talvez seja no norte. No se pode dizer. Logo, as direes,porbvio,sovazias.Sovlidasparaaverdaderelativa.Emalgum contexto especfico que tenhamos determinado, podemos realmente dizer que um lugar fica a leste ou a oeste de outro lugar. Ento, so vlidos para a verdaderelativa,masapenasosorelativamenteumaooutroe,portanto,no tmvalidadeabsoluta,esovazios.Dessaforma,nopodemosdizerondefica um reino ao leste, exceto com relao a nosso prprio corpo. Portanto, na tradiobudista,chamamosdelesteaqualquerlugarquevocolhe. Porestarazoeagoraosmudrasvoficarumpoucomaiscomplicados pelofatodeolesteseidentificarcomqualquerlugarparaoqualvocolhar, entendeseque,naparterelativaaosconvites,naliturgia,umBudaconvidado do leste por exemplo, Akshobhya se aproximar de voc pela frente. Um Buda convidado do sul, como Ratnasambhava, se aproximar de voc pela direodasuaorelhadireita.UmBudaconvidadodooeste,comoAmitabha,se aproximar por trs em direo parte traseira de sua cabea. E um Buda convidadodonorte,comoAmogasiddhi,seaproximardevocpelaesquerda. Ento, quando voc recebe a iniciao destes cinco budas e os visualiza se 113
dissolvendoemvoc,elesofazemapartirdestasdirees.Portanto,osmudras que explicamos previamente tocam cinco pontos em sua cabea. Porque Vairochana, representado pelo dedo mdio, fica no centro, voc toca as mos juntas, formando um punho com os dedos mdios estendidos, bem no centro do topo de sua cabea. Porque Akshobhya, representado pelos dedos indicadores, relacionase com afrente,voctoca as mos juntascom os dedos indicadores estendidos na testa. Porque Ratnasambhava, representado pelos dedos anelares, vem do sul, voc toca as mos juntas com os dedos anelares estendidos sobre sua orelha direita. Porque Amitabha, representado pelos polegares estendidos, se aproxima de voc pelo oeste, voc toca suas mos juntas com os polegares estendidos atrs de sua cabea, ou o mximo que conseguir chegar perto. Finalmente, porque Amogasiddhi, representado pelos dedosmnimos,seaproximadevocpelonorte,voctocaasmosjuntascom os dedos mnimos estendidos sobre o lado esquerdo da sua cabea, sobre a orelha esquerda. Os mudras e seustoquesso coordenados pelarecitaodas slabas. Quando voc realiza estes mudras, os trs primeiros so bvios. Mas quando voc chega ao HRI, que representa Amitabha, os polegares voltados paraoladodetrsdesuacabea,vocnodevepassarporcimadela.Vocvai peladireitaomximoquepuder.Depois,vocfazoAHpelaesquerda. A realizao destes cinco mudras, enquanto se recita OM HUM TRAM HRI AH, acompanha a iniciao destes cinco Budas, que ento se dissolvem em voc.Quandovocrecitaorestantedomantra,ABHIKENTSAHUM,deforma a reconhecer que os cinco Budas se dissolveram em voc, voc estende as palmas das mos para cima e ento as gira em direo a si mesmo, at que fiquem mais ou menos com as palmas para baixo,representandoadissoluo dosBudasemvoc. Estes so os mudras das iniciaes. Em seguida, passamos aos mudras das oferendas44. O primeiro mudra de oferenda acompanha o mantra ARGHAM.ARGHAMserefereofertadaguadebeber.Entoomudrafaza forma,comsuasmos,deumcliceourecipientequecontmguadebeber,do modocomoRinpochemostrou[juntandoaspontasdosdedos,comosdedose as palmas se juntando pelo lado exterior dos dedos mnimos e pela parte interna das palmas, virados para cima, com os polegares repousados sobre as palmaseosdedosindicadores]. A segunda oferenda, PADYAM, representa a gua de lavar os ps. O costume,pocadoBuda,eraqueaguaeraderramadadeumaconchasobre osps.Omudrasefazsegurandoapartedebaixodosdedosindicadorescoma juntasuperiordopolegar,estendendoosoutrosdedoscomaspalmasviradas paracima,queomudradaconcha,comooRinpochedemonstrou. Aterceiraoferenda,PUPE,aoferendadeflores.Omudrailustraolanamento de ptalas de flores com suas mos [as unhas dos quatro dedos de ambas as
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mos,comaspalmasapontadasparacimacomonumlevepunhoseguropelos polegares,repentinamentesoltospelospolegareseestendidosparafora. DUPE a oferenda de incenso, cujo gesto representa recipientes de p de incenso finamente perfumado [ambas as mos juntas em punho, dedos arranjadossobrenotopodecadaumadelas,segurandoopolegar,queaponta parabaixo]. A prxima oferenda, ALOKE, representa lmpadas ou luzes. A posio dasmos,comospolegaresestendidosparacima,ilustraumavelacomopavio [omesmomudradoincenso,comexceoqueospolegares,agoraviradospara cima,noestopresoscomosdedosfechadosempunho]. Aoferendaseguinte,GUENDE,representaaaspersodeguaperfumadapelo corpo, ento o gesto com as mos se assemelha ao de aspergir o corpo de algumcomguaperfumada[ambasasmosseguras,aspalmasvoltadaspara frente, perpendiculares ao cho, os dedos apontados para frente, movendo gentilmente. A oferenda, na seqncia, NEVEDE, ou NEWIDE, que comida, representadapelatormadeNEVEDE,queseencontraemumatigelaapropriada no altar. O mudra, aqui, ilustra esta imagem, com as mos espalmadas para cima, os dedos anelares estendidos para cima, de forma a ilustrar a torma que ficasobreoaltar. CHAPDA, que significa som, na primeira vez que aparece nesta oferenda,aoferendademsica.Ogesto,aqui,semelhanteaomodocomose batenotambordebarrocomosdedos[ospolegaresdecadamosegurandoos anelares e dedos mnimos, o dedo mdio e o dedo indicador estendidos para frente,odedoindicadoremcima,movendolevementeparacimaeparabaixo comoseestivessebatendo]. Seguindo estas oito oferendas, vm as cinco oferendas desta seo que, como voc pode lembrar, so as oferendas dos objetos dos cinco sentidos. A primeira,RUPA,significaforma,queaquiquerdizerbelaforma.Omudraque orepresentaodoespelho,comsuamodireitaestendida,palmaparafora,ea moesquerdaempunhocomopolegarestendidoparacima,tocandoapalma damodireitaemsuabase,comosefosseocabodoespelho.Issorepresentao fatodequeasformassopercebidascomoimagensoureflexosemumespelho. O segundo mudra CHAPDA, que aqui se refere aos sons. O mudra, entretanto, sempre algo que lembra um instrumento musical. Algumas pessoas,nestesegundomudra,fazemomudradaflauta,oudoviolo,porm, minha prpria tradio a de simplesmente repetir o mudra anterior, o do tambor. GUENDE,querepresentaosbelosperfumes,omesmomudraanterior, oquerepresentaespecificamenteoperfume. RASA,queaoferendadesabores,omesmomudradeARGAM,com exceodeque,nestecaso,orecipientedecomida,aoinvsdegua.
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SAPARCHE, que representa as sensaes tcteis, o mudra de elevar com as mosfinostecidos,oquesefazgirandoasmosatqueaspalmasvirempara fora,tocandoopolegarnodedoanelar. QuandovocdizTRATITSA,quequerdizerindividualmente,vocgira devoltadasmos,voltandoaspalmasparacima,estalandoosdedos. Durante a prxima seo de oferendas oferenda das oito substncias auspiciosas, os oito signos auspiciosas e os sete artigos reais voc continua mantendo suas mos em posio de orao, o mudra da splica, ou da prece, comosefazemtodasasseesdeoferendas.Nohmudrasespecficospara eles,nemestalardededos.
QuandooferecemosamandalacomomantraOMRATNAMANDALA HUM,fazemosousualmudradamandala.
Tradutor: Penso que h vrias pessoas aqui que no devem conhecer esse mudra. Coloque suas mos viradas, palmacompalma.Cruzeosdedosdeformaquefiquem visveissobreelas,enoatrs,nascostasdasmos.Ento,comseuspolegares,segure as pontas dos dedos mnimos de cada mo opositora. O mesmo com os dedos indicadores, enganchando as pontas dos dedos mdios das mos opositoras. Agora, desenrole os dedos anelares, de forma que eles fiquem de eretos, encostando suas costas um no outro. Esse o modo mais simples que consigo descrever. E no h estalardededostambm.
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doDharmae,portanto,paraquevocselembresempredisso,aspalmasdasmosse juntamdessamaneira.Setiveremperguntas,porfavor,sintamsevontade. Pergunta: Rinpoche, o senhor disse que, no futuro, o Dharma seria ensinado em snscrito pelos demais Budas. Poderia explicar por qu? H algo na lngua snscrita quenosconectamaisdiretamentecomoestadoiluminado?Ouseremosns,nofuturo, enquanto praticamos o Dharma, chegando mais perto, espero, do estado iluminado, capazes de entender e tornar estes sons mais inteligveis? Ou este no um ensinamento definitivo e, dessa forma, deve ser interpretado do ponto de vista da pocaemqueoBudadeuosensinamentos?
Rinpoche:Emprimeirolugar,quantoaofatodetodososBudasdofuturoensinarem ounoemsnscritoserumaafirmaodefinitivaouumaafirmaocomumainteno oculta isto , que no diz o que realmente quer dizer, mas significa que algo est indicadonoquequerdizeralgoqueeusimplesmentenopossoresolver.Euno possodizer:umaafirmaoedeveserentendidaliteralmente,ouumaafirmao simblicacomumsignificadooculto.Eunopossoresolveressaquestoporquesua fonteoSutraBadhrakalpa,ouSutradoonAfortunado,emqueoBudadizosnomes dosparentes,oestilodeensinar,aextensodoensinamento,onmeroeasqualidades dosqitoqueacompanhaosensinamentos,eassimpordiante,paracadaumdosmil Budas deste kalpa em particular. Isso inclui os trs Budas que o precederam, e os outrosqueosucedero.nessesutraqueeleafirma,porexemplo,queMaitreyasero quinto Buda deste kalpa e que Rugido do Leo ser o sexto. Ele discute sobre os mil Budas at o ltimo, chamado Rochana. E, onde o Buda prediz suas vindas, ele diz tambm que eles todos ensinaro em snscrito. difcil tentar aferir qual era sua intenoquandofezessaafirmao.Oefeitodeseusarsnscritonasprticaslitrgicas basicamenteodeestabelecerasbnos[daspalavrasoriginaisBuda]naspartesmais importantesdasadhananosmantras,queserepetem45,enaspartesindicadas,como a culminao do convite, a culminao das vrias oferendas, entre outras. Por essa razo, ento, mesmo quando estas prticas foram realizadas fora da lngua snscrita, estasseespermaneceramnooriginalenoforamtraduzidas.Queissoimpliqueou noemqueosnscritopossaserconsideradoumalnguafundamentalmentesuperior, dependenotantodaidiadelasersuperior,masporsersagrada,porqueacreditamos queoBudaensinouemsnscrito.Halgumastradiesbudistasquemantmaviso de que o os ensinamentos originais foram dados em pli. Mas a tradio Vajrayana insisteemqueamaiorpartedosensinamentosoriginaisforamdadosemsnscrito.Em razodisso,usandoosnscritonaprticalitrgica,sentimosquenoschegaabno doBuda,abnodesuapalavra,nossaprtica. Pergunta:Ento,estapredioestsujeitaaoensinamentodaimpermanncia?
Rinpoche:Oquevocquerdizer? Pergunta: O que quero dizer , se isso est gravado em pedra, ou se recai sob a orientaoquenosfoiensinada,dequenadapermanente?
Rinpoche: O aspecto impermanente disto uma variao do uso do snscrito no mundo. No tempo de Buda, as pessoas na sociedade em que ele vivia realmente
Notadoeditor:arepetiodomantraprincipal,oudosmantrasdasadhana,enquantorealizamosvrias visualizaes,geralmentecondensaocorpoprincipaldaqualquersadhana.
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falavam snscrito. Hoje, ningum fala; ela considerada uma lngua morta. Mas, de acordo com o sutra, ela retornar, e ser usada como lngua, e ento morrer, e novamenteretornar,serusadaemorrer,eassimpordiante.Issoumexemplode impermanncia. Pergunta: Rinpoche, eu gostaria de compartilhar as fitas destes ensinamentos com a sanghadoKTC,egostariadesaberseissoalgoapropriadoparasefazer,ouseseria apropriado praticar o Buda da Medicina em grupo, incluindo pessoas que no receberamainiciao.EtambmseseriaapropriadofazeraprticacurtadeMahakala dolivrodecanto,sozinho,emcasa?
Rinpoche:Quantosuaprimeirapergunta,qualquerpessoapodepraticaroBudada Medicina, tendo a iniciao ou no. Quanto a instituir sua prtica em grupo, se for parte da atividade do KTC, voc precisa primeiro ter permisso dos professores apropriados.Emsegundolugar,sevoctemfnaprticacurtadoMahakala,porcerto esttudobememfazlaemcasa. Pergunta: Rinpoche, esta pergunta no tem nada a ver com o tpico ensinado, mas como envolve questes como f e devoo, eu pensei que pudesse ser relevante e benfico. Tem a ver com a natureza e a apario dos Gyalwang Karmapas em geral. Comoosenhorsabe,eutenhorezadoaoKarmapacomopartedeminhaprtica,ese diz, na tradio Kagy, que o Karmapa um bodhisattva do dcimo nvel. Eu realmentecreionisso,mesmonuncatendotidocontatocomoKarmapa.Mas,umavez, estavatendodificuldadescomminhaprtica,efuilerascanesdooitavoGyalwang Karmapa,oMikyoDordje,noKagyGurtso.L,MikyoDordjeserefereaelemesmo como um ser ordinrio. Minha mente pequena no consegue compreender como um bodhisattva de altssimo nvel pode se pensar como um ser ordinrio. Rinpoche, o senhorpoderiadispersarestaminhaconfuso?
Tradutor:Possoabreviarisso?
Pergunta:Oh,sim,porfavor.
Rinpoche: Esse tipo de afirmao, como a do Gyalwang Mikyo Dordje que voc encontrou no Kagy Gurtso, tpica dos grandes mestres, porque sua primeira responsabilidadeservircomoumbomexemploparaseusestudantes,demaneiraque eles devem demonstrar um modo livre de arrogncia. Ento, embora no seja uma verdadeliteralqueelessejamseresordinrios,elesinvariavelmentedirocoisascomo: Eu sou uma pessoa ordinria, cheia de kleshas, sem nenhuma qualidade. Ao dizer isso,elesnosmostramaimportnciadenoserarrogante.Vocnodevelevaressas afirmaesaopdaletra. Pergunta:Rinpoche,apropriadoebenficopraticarasadhanadoBudadaMedicina seaindanofiznenhumapartedongndro?
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Rinpoche: Haver algo para isso no ensinamento do sutra do Buda daMedicinaque poderrespondersuaquesto. Pergunta:Possofazeraindaoutrapergunta?Estavapensandoseosenhorpoderiafalar algo sobre qual seria a melhor conduta se voc estivesse sendo atacada por um estuprador.Sepudssemosnosdefender,oqueseriaamelhorcoisaafazer?
Tradutor:Vocquerdizer:comosedefender?
Pergunta:Sim.
Tradutor:Oquefazeraele?
Pergunta:Estariatudobemsepudssemosmachuclo?
Tradutor:Comomachucloouno?
Pergunta:Qualseriaacoisacertaafazer?
Rinpoche:Eutenhoquepensarmaissobreessapergunta. Pergunta:Rinpoche,enquantoestouaqui,ficabemclaroparamimqueamelhorcoisa a fazer voltar para casa e organizar minha vida de tal modo que eu possa praticar muitashoraspordia.Masoqueacontecequandochegoemcasaquealigaocomos ensinamentos fica mais distante, e o que se torna mais imediato e real so as necessidades em minha volta. Eu comeo a pensar que praticar tanto egosta e autocentrado,equeseriamaisbenficoajudaroutraspessoas.Masachoqueissoum erro.Osenhorpoderiacomentarsobreisso?
Rinpoche: Bem, de fato, ambos esto corretos. Nenhum deles um erro. Desejar praticar bastante correto, e ser atencioso com a necessidade dos outros a sua volta, coloclosemprimeirolugar,tambmcorreto.Voctemqueencontraroequilbriode acordo com sua situao em particular, usando seu insight. A nica regra no ser extremo em nenhum caso. No se extremar na quantidade de prtica de modo que vocnopresteatenoaosoutrosesuasnecessidades,ouseextremaremlimitarsua prticaaobenefciodosoutros,demodoquenopratiquenemumpouco. Pergunta: Rinpoche, eu me confundo com algumas visualizaes. Eu entendi que o senhor dissequeavisualizaodoBudadaMedicinacomoumespelhoquereflete meu prprio Buda da Medicina interior. Se ele um espelho, por que o senhor disse queelemaiorqueeu?Issonocriaconfuso?
Tradutor: Voc quer dizer que onde estiver sua mo direita ser a mo esquerda, no espelho?issoquevocquerdizerouapenasquantoaotamanhodele? Pergunta: Ele apresentou a visualizao frontal como sendo maior que a que eu visualizocomoeumesmo.Eemalgummomentoeuouviqueeleeraomesmoqueeu. Ento, por que eu tenho que imaginar o frontal como sendo maior? Isso cria uma inseguranaemmim,comoseeununcafossebomosuficiente.
Tradutor:Elenuncadissequeavisualizaofrontalfossemaior.
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Pergunta:Deveestarnotexto,talvez...
Tradutor:Oh,sim,aquiest.
Rinpoche: Bem, o autor do texto deve ter tido algum motivo para dizer isso quela poca. Pergunta:Euimagineiquefosseparamedarmaisconfiana,masaomesmotempoeu pensoquepoderiavisualizlodomesmotamanhoqueodaautovisualizao.
Rinpoche:Vocpodeimaginlodomesmotamanho. Pergunta: Rinpoche, um samaya primariamente mantido pela f e devoo, sobrepondosea,possivelmente,podercompletaraprtica?Porexemplo,sevocest fazendoasprticaseencontraoutracomoestaedecidequequerfazla.basicamente afadevoo,emoposiosetapasparacompletarqualquerprtica?
Rinpoche:Sim,basicamenteumsamayamantidoporsuafedevoo.
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OSutradoBudadaMedicina
OsbenefciosdeouvirerelembraronomedoBudadaMedicina
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
O Sutra do Buda da Medicina explica, em primeiro lugar, as doze aspiraes do Buda da Medicina, aps o que o Buda comea a falar sobre os benefcios de se lembrar ou de ao menos ouvir seu nome. O primeiro que, mesmoaquelesmaisavarentos,aoouviremonomedoBudadaMedicina,sero liberadosdaavarezaedesuasconseqncias.Osegundoqueaquelesquese comportam de maneira imoral, ao ouvirem o nome do Buda da Medicina, passaro a se comportar moralmente e, assim, sero liberados dos resultados krmicos da imoralidade. O terceiro benefcio para aqueles que so intensamente invejosos e competitivos, de modo que sempre se fazem muitos elogios, tentando maximizar suas qualidades e prestgio em detrimento de outros.Taispessoassedevotamacombatereminimizarosoutros,fazendoos parecerruins.Secontinuaremfazendoassim,renasceroemumdostrsreinos inferiores o reino animal, o reino dos pretas, ou o reino infernal e experimentaro grandes sofrimentos. Mas, e ouvirem o nome do Buda da Medicina,pelabnoeaspiraodeseoouvir,elessetornaromuitomenos competitivos, deixaro de minimizar os outros e se liberaro dos resultados krmicosdetaisaes. 121
Oqueacontece,paraestaspessoas,comoconseqnciadeouvironome do Buda da Medicina, que sua atitude mudar. Elas se tornaro mais reflexivas,epelodesenvolvimentodessareflexo,setornaromaishabilidosas eapropriadasquandodaescolhadesuasaes.Aomesmotempo,suasmentes comearo a ficar mais calmas e se tornaro tranqilas. Eventualmente, se tornarodiligentesnaprticadasvirtudeseseencontrarocercadasdeamigos virtuososamigosquetmintenesvirtuosasequesecomportamdemaneira adequada.SemaintervenodabnodoBudadaMedicina,queprovmde se ouvir seu nome, dada sua prvia tendncia de comportamento, elas dificilmenteencontrariamamigosvirtuosos.Osamigosvirtuososqueascercam incluindo mestres, mas tambm, em geral, ao menos amigos so uma das condies que as influencia e permite mudar seus modos. Quando algum intensa e impiedosamente competitiva e invejosa, elas fazem mal aos outros e acumulam muito karma negativo. Essa feroz competitividade e seu conseqenteestilodevidasochamadosdelaooundeMara[emtibetano, shakpa].EssencortadoquandoapessoaouveonomedoBudadaMedicina. At este ponto, a limitao de sua configurao, que refora sua ativa e agressiva competitividade, um obscurecimento, ou ignorncia, que como estar preso dentro da casca de um ovo. Sem condies de quebrla, ela no podecrescer.Suacapacidadeinataparaareflexoesabedoriaimpedidadese desenvolver.QuandoouveonomedoBudadaMedicina,elaselibertadacasca deovo,oquepermitequesuacapacidadeinataparaareflexoeasabedoriase desenvolva. Essa reflexo seca seus kleshas, especialmente o klesha da inveja, quecomoumriodefortecorrente.Esserio,poucoapouco,seca.Claro,isso no acontece automaticamente, ou sem nenhum esforo. Pela bno de se ouvir o nome do Buda da Medicina, tais pessoas encontram mestres e outras pessoasqueasinfluenciamparaadireovirtuosa,enquanto,aomesmotempo, sua prpria reflexo se desenvolve. Como resultado, elas se envolvem ativamentecommtodosqueiroerradicarousecaresseskleshas. Estes so os benefcios de curto prazo. No longo prazo, a pessoa que ouve o nome do Buda da Medicina ser liberada dos sofrimentos do nascimento, velhice e morte. O nascimento, por bvio, o incio do envelhecimento, que sempre culmina na morte; logo, nascimento e morte so consideradosumprocesso.Enquantooseventosdonascimento,velhiceemorte sonormaisemnossasvidas,pelofatodeouvironomedoBudadaMedicina, por fim, nos liberaremos dos sofrimentos a eles associados. Esse o terceiro benefcio. O quarto benefcio de ouvir o nome do Buda da Medicina que ele pacifica disputas. H pessoas que gostam de brigar. Elas brigam em qualquer oportunidade.Gostamdecausardiscrdia.Gostamdecaluniarefazermalaos outros de todo modo que puderem. Elas fazem mal s pessoas fisicamente, verbalmente e, s vezes, at mesmo as amaldioam por meio de magia. So malvolas e realmente podem ferir as pessoas. Nesse caso, se a pessoa malevolente ou a vtima de sua malevolncia ouvirem o nome do Buda da 122
Medicina,todaasituaoseacalmar.Seamalevolente,acaluniadora,ouviro nome do Buda da Medicina, ento sua malevolncia diminuir. Perdero seu desejo de a toda hora brigar e caluniar. Se a vtima da malevolncia ouvir o nomedoBudadaMedicina,amalevolenteserincapazdelhefazermal.E,se acaso tiverem arregimentado espritos ou demnios locais para o servio de seusobjetivosmalficoseambies,essesespritosseencontrarosempoderde prejudicaroobjetodesuaspragas.Issonoquerdizerque,pelopoderdoBuda da Medicina, esses espritos sero violentamente repelidos. Significa, sim, que tais espritos se tornaro benevolentes e, eventualmente, a pessoa que ouve o nomedoBudadaMedicinae,porfim,apessoaqueouveonomedoBudada Medicinaequesejaoobjetodamalevolnciaetambmapessoaqueprejudica ofeiticeiro,oualgoassimtambmsetornarobenevolentes. Atesteponto,explicamosoalviodosproblemas,ascondutasnegativas e os resultados negativos da avareza, imoralidade, inveja e malevolncia. A seguir, o sutra expe os benefcios diretos do nome, as qualidades e vrios outros benefcios que trazem a audio e a lembrana do nome do Buda da Medicina. Diz que, qualquer pessoa de f que lembra o nome do Buda da Medicina,adotaacondutamoraldosoitocompromissosouvotosderenovao e purificao por um ms, uma semana ou mesmo alguns dias ou, de outra forma, comportase adequadamente com o corpo e a palavra e aspira a que renasa no reino de Sukavhati, o reino de Amitabha, essa pessoa miraculosamente renascer no instante aps sua morte. Os que no quiserem renascer em Sukavhati, renascero nos reinos dos deuses e gozaro dos esplendoresealegriasdessesreinos.Eembora,normalmente,quandoalgum renasce em um reino divino, depois que o mrito que produziu este renascimento divinal se esgota, a pessoa renasce em alguma forma menos agradveldosamsaraaquelesquelembramonomedoBudadaMedicinaese comportam de maneira apropriada no sofrero de um renascimento inferior. Suas existncias continuaro agradveis. Se, em particular, eles desejarem renascer novamente como humanos, eles renascero nas circunstncias mais afortunadas e agradveis do reino humano. Sero saudveis, corajosos, inteligentes e bondosos e, devido a essas caractersticas, continuaro a se comportardemaneirapositivaeinspirarooutrosafazeromesmo. O Buda, at este ponto do sutra, falou sobre os cinco benefcios de lembraronomeoalviodosquatroproblemaseosbenefciosdiretos.Agora, Manjushri se dirige ao Buda e assemblia que est assistindo ao seu ensinamento e discorre sobre a importncia do sutra. Diz que importante lembrar o sutra, llo, escrevlo, guardar uma cpia dele conosco, venerlo pormeiodeflores,incensoeoutrasoferendaseproclamarseusignificadoaos outros. Se assim se fizer, ele diz, muitos benefcios sero acumulados. Toda a regioemqueessasatividadestomaremlugarserabenoadaeprotegidapelos quatrograndesreiseoutrasdeidadespresentesnamandala. EmrespostaManjushri,oBudaadicionaque,quemquerquevenereo BudadaMedicina,deveconstruirouadquirirumaimagemdeleumaesttua, 123
umapintura,algumtipodeilustraooudevevisualizlo.Venerandoopor uma semana ou por qualquer outro perodo de tempo, devem suplicar intensamente a ele, comendo comida pura isto , comida que se obtm sem causar mal a outros lavandose freqentemente, vestindo roupas limpas, e assim por diante, e, desse modo, venerar o sutra e a imagem por meio de oferendasfsicas,incluindoprasol,bandeirasdavitria,eoutros. Paraqueaveneraosejaefetiva,aquelequeveneradeveterumaboainteno, definida por quatro caractersticas. A primeira venerar com a mente imaculada, que significa livre das manchas do egosmo e da competitividade. Suaintenoaofazeraprticanodeveserademeramentebeneficiarse,mas tambmtodososseres,semcompetitividade.Asegundaqualidadedeumaboa intenoserimaculada,queaquisignificaterfimaculada,fsemreservas,f semsentimentodeantipatiaparacomoobjetodaf,semadvidaclaudicante quenofunciona. A terceira caracterstica a ausncia de malevolncia. A malevolncia podeassumirdiferentesformas.Haraivaexpressa,aquelaqueevidenteese manifestaraqualquermomento.Horessentimento.Oressentimentoainda malevolncia,masalgoquevoccarregasobasuperfcieequeesperaqueo momentofuturooportunoaparea.Hmalcia,queofazquererdizeroufazer algo ruim. E, ento, h o desejo de fazer mal aos outros de maneira mais planejada do que meramente maliciosa. A ausncia de todas essas formas de malevolnciaumaatitudeemquesinceramentesedesejaqueosoutrossejam felizes e que se liberem de qualquer sofrimento, de modo que, se voc vir algum feliz, voc se regozija e deseja que ele seja ainda mais feliz e que se libere de qualquer outro sofrimento que o possa atingir. Se voc vir algum sofrendo,vocdesejaqueessapessoasejalivredetodoosofrimentopeloqual estejapassandoequesejacompletamentefeliz. A quarta caracterstica de uma boa inteno a imparcialidade, uma atitudequedirecionaabenevolnciaigualmenteatodososseres,semexceo. Nohprefernciaporseresemparticular,emdetrimentodeoutros.Aatitude adequetodososseressomaisoumenosviajantescompanheirosnamesma estrada. Com essa boa inteno, se o praticante fisicamente circular ao redor de umaimagemdoBudadaMedicina,mentalmentelembrarsuasdozeaspiraes e recitar seu mantra, ou ao menos lembrar os benefciosdo nome doBudada Medicina,comodescritonosutra,ento,apessoarealizarseusdesejos. A razo pela qual se diz que a pessoa realizar seus desejos que h muitos diferentesdesejos.Algunsanseiampelalongevidade,oquepodemalcanarao seenvolvercomessasatividadessuplicaraoBudadaMedicina,andandoao redordesuaimagem,tendofedevooporele,eassimpordiante.Algumas pessoas no se importam muito com o quanto iro viver; esto mais interessadasemterriquezas,oquepoderoalcanarseaplicaremestemtodo. Algumas pessoas nem esto preocupadas com riquezas, mas querem filhos. E
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elas podem ter filhos com este mtodo, embora no exclusivamente por ele46. Algumaspessoasdesejamsucesso nomundomaterial,nosnegcios,epodem alcanloaplicandoestemtodo.Querdizer,vocpodealcanaroquedeseja nomundomaterial,nosnegcios,mascommenosesforo. Do mesmo modo, se algum afligido por pesadelos, sonhos maus, v sinais no auspiciosos, v coisas que julgam ser de m sorte, experienciam coisasquelhestrazemdistrbiosouansiedades,sefizeremoferendasaoBuda da Medicina, rezarem para ele, lembrarem seu sutra e suas doze aspiraes, e assim por diante, ento os sinais no auspiciosos e os sonhos maus gradualmentedesaparecero. Noapenasdesapareceroossinaisnoauspiciosos,massevocestiver em perigo, seja pelo fogo, pela gua, por veneno, por armas, caindo de um precipcio, caindo vtima de qualquer outro tipo de incidente, ou tambm por elefantes, lees, tigres, ursos, cobras venenosas, escorpies ou centopias se estiver em perigo por qualquer uma dessas coisas se suplicar ao Buda da Medicina,estesperigosdesaparecero. SuplicaraoBudadaMedicinatambmolivrardosperigosdaguerra serpresoemmeioguerradeserroubadoedeoutrasbandidagens. Se algum tem f no Buddhadharma, especialmente no Buda da Medicina, seja homem ou mulher, tome algum tipo de ordenao votos de tomadaderefgio,deupasakaouupasika[votosdedisciplinaparaosleigos],de bodhisattva,oudeordenaomonsticapelabnodoBudadaMedicina,a pessoa ser capaz de mantlos,namaioriados casos. Masse apessoa noos mantiver,elasetornardepressiva.Elapensar:eutomeitaletalvotosefui incapazdemantlos.Obviamente,souincapazconcluirqualquercoisaqueme presto a fazer. As coisas no esto indo bem, coisas horrveis acontecero comigonestavidae,assimquemorrer,renascereiemreinosinferiores.Seisso acontecer, suplique ao Buda da Medicina, faalhe oferendas e tenhalhe devoo, e assim voc se livrar dos perigos destes desastres e renascimentos inferiores. A prxima coisa mencionada no sutra , de fato, a resposta questo perguntada mais cedo. dito no sutra que, quando uma mulher est em trabalhodepartoeesttendomuitadificuldademuitaagoniaesofrimento se ela suplicar ao Buda da Medicina, o parto ocorrer sem dificuldades extremas. A criana nascer facilmente, sem machucar a me e ela mesma, e sersaudvel,inteligenteefortedesdeonascimento. At aqui, o Buda mencionou numerosos extraordinrios benefcios de suplicarefazeroferendasaoBudadaMedicina.Emseguida,oBudasedirige noManjushri,masAnanda,porqueeleaindanoumgrandebodhisattva. Eleumshravaka,umpraticantedocaminhoHinayana.OBudaensinouosutra e explicou seus benefcios. Falou das extraordinrias qualidades do Buda da Medicina,suasdozeaspiraeseseusefeitos,osefeitosdelembrarseunome,
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Notadoeditor:isto,elaspodemremoverobstculosparaterfilhos.
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entre outros. Ento, dirigindose Ananda, o Buda disse: Ananda, voc acreditanoqueeudisse?Voctemfouduvidadisso? Em resposta pergunta do Buda, Anada disse: No tenho nenhuma dvidanaverdadedoqueosenhordisse.Euacreditoemtudooquedisse.A bem da verdade, acredito em tudo o que o senhor tenha j dito, porque testemunhei as qualidades de seu corpo, de sua palavra e de sua mente. Testemunhei seus milagres e sua imerso no samadhi. Por isso, sei que impossvel que o senhor manipule as coisas, e no tenho nenhuma dvida quantovalidadedoqueosenhordiz.Mashalgunsseresquenoacreditaro nisso.Hseresque,ououvirisso,pensaroqueimpossveloumentiroso.Eles noincorreroemtremendokarmanegativoeteroantipatia,oudescrdito? eleconclui,fazendoumaperguntaaoBuda. A razo pela qual Ananda faz essa pergunta porque, em tese, pode haver um problema nesta situao. Teoricamente, se algum pensar que mentirosooqueumBudadizsobreoutroBudaouseusbenefciosoubnos, isso pode se tornar um obstculo para o ser em direo ao Despertar. Mas o Budarespondeoseguinte:Ananda,abemdaverdade,nohtalperigoneste caso.possvelquealgumserinicialmentedesacreditedessascoisas,mas,pelo fato de terem ouvido o nome do Buda da Medicina, por essa bno, ser impossvelquesuaantipatiaeseudescrditoduremmuitotempo,oqueum exemplodasqualidadesedopoderdesteBuda.Istotoprofundoqueapenas os bodhisattvas podem compreender.47 Ao fim, significa que o descrdito inicialnosetornarumobstculosualiberao,enocausaroacmulode karmanegativodeformaqueprovoqueorenascimentoemreinosinferiores,e assim por diante. Se algum tem dvidas, descrena ou mesmo antipatia pelo sutra,noserumgrandeproblemaporcausaabnotransmitidapeloBuda, pela maneira como ele ensinou o sutra e pelas aspiraes do prprio Buda da Medicina. importante saber isso, porque, de tempos em tempos, ns temos dvidas.Lemosalgonossutras,comoestaspalavras,epensamos:Masisto impossvel!.E,emseguida:Oh,no,tenhoumavisoincorretadosutra,algo terrvelirmeacontecer!.Emqualquercaso,nohaverproblema. Voupararaquiestatarde,acaboudemeocorrerque,nosltimosdias,eufalei bastante,masnopratiqueicomvocs,nemmesenteijuntoavocs.Comoas pessoas me pedem para meditar com elas, vamos meditar agora por alguns minutos.
Nota do editor: uma das caractersticas de atingir o primeiro bhumi ou nvel de bodhisattva que, devidoaoentendimentodavacuidadeeinterdependncia,eleouelacomeamateredesenvolverotipo devisoqueospermiteentendertodasasvriasabordagensdodesenvolvimentoespiritual,sejabudista ounobudista,eentenderosvriosmtodoseosdiversostiposdetecnologiasespirituaisensinadospelo Buda.
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OSutradoBudadaMedicina
SplicasregularesaoBudadaMedicinatrazemproteo
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Quando voc recebe instrues sobre o Dharma, a motivao pela qual voc o faz extremamente importante. Reconhea que as instrues que recebeusoabaseparasuaprticadoDharmaequeeladegrandebenefcio. Essebenefcionolimitadoaapenasvocouaalgunspoucos,mas,aofime ao cabo, o benefcio de sua prtica ser usufrudo por todos os seres que preenchem o espao. Portanto, quando receber os ensinamentos, faao lembrandose disso e com a motivao de que, ao receber as instrues, pela meditao,pelasplicaaoBudadaMedicinaepeloestudodeseusutra,voc sercapazdepraticardeformaaliberartodososseres. Conclumosdaltimavezcomaapresentaodosbenefciosdosutrae da lembrana do nome do Buda da Medicina. O prximo acontecimento descrito no dilogo que o grande bodhisattva Chagdrul, uma dos dezesseis bodhisattvas do squito do Buda da Medicina, presentes no ensinamento do Buda Shakyamuni, levantase de seu assento, adota a mesma postura de 127
Manjushri para pedir o ensinamento, e se dirige ao Buda. Colocandose dessa maneira perante o Buda e assemblia reunida ao seu redor, Chagdrul no est, de fato, fazendo uma pergunta. Ele est dizendo outros benefcios do sutra. Ele comea dizendo que foi muito generoso do Buda ter dado o ensinamento,explicadoasdozeaspiraesdoBudadaMedicinaeseusefeitos, explicadoobenefciodosutraedalembranadonome,etc.E,ento,eledizque temalgoaacrescentareque,pelopoderdoBudadaMedicina,sealgumcair gravementedoentetodoentequeestejaemagonia,cercadodesuafamliae amigos, e eles estejam tambm agonizando por sua doena e mesmo que chegueapontodeapessoaparecerestarmorrendoquandosuapercepodo mundo vai se tornando cada vez mais vaga e parece estar vendo o prximo mundo, o estado intermedirio se, mesmo neste momento, houver uma intensasplicaaoBudadaMedicina,porsuabnoapessoareavivar. Chagdrul continua: Porque benefcios tais como estes so possveis benefciosparaambasasvidas,estaeasprximashomensemulheresdef devem venerar, louvar e suplicar ao Buda da Medicina. Isto extremamente importante. Nestemomento,AnandasevoltaparaobodhisattvaChagdrul,dizendo: O senhor disse que importante fazer oferendas e louvar ao Buda da Medicina,mascomopodemosfazerisso?.Chagdrulresponde:Paraliberara simesmoeosoutrosdadoenaedosofrimento,importantelembraronome doBudadaMedicinasetevezesaodiaesetevezesnoite. Bem, quando se diz, no sutra, que haver tal e tal benefcio de meramente se ouvir, lembrar ou manter em mente o nome do Buda da Medicina, isso literalmente quer dizer que haver benefcios, em alguma medida, de se ouvir, lembrar e manter seu nome em mente. Mas, principalmente, quando fala sobre a lembrana do nome, significa algo mais queasimpleslembranadonomeemsi.Significaalembranadasqualidades do Buda da Medicina, a lembrana de seu nome em apreciao s suas qualidades,comumaatitudedefsinceraegrandeentusiasmo.Ademais,no significasimplesmenteapreciarqueexisteumBudaemumreinodistanteque temtaisetaisqualidades,masincluiodesejoverdadeirodeimitaroBudada Medicina, o desejo de alcanar aquela mesma budeidade, de produzir as mesmas aspiraes e benefcios aos seres e, portanto, o desejo de se engajar diligentemente no caminho, de modo a atingir o mesmo estado. Lembrar o nomerealmentesignificalembraresaberasqualidadesdoBudadaMedicinae engajarsecomverdadeiroentusiasmonocaminhoquelevaobtenodessas qualidades. Agora, no o caso de que no h qualquer benefcio em simplesmente ouvir o nome por si s; de fato, h. Mas, em ltimo caso, os grandesbenefciosquesurgemdabnodonomedoBudadaMedicinavm da prtica baseada na devoo a ele, e no apenas de se ouvir, simplesmente, seunome. Chagdrul segue, voltado para Ananda, dizendo que, se o praticante venerarerezaraoBudadaMedicina,seumonarcaseragraciadocomgrande 128
poder.Issoliteralmentequerdizerqueogovernantedeumpasemqueesteja ocorrendo este louvor ser adequadamente legitimado como seu governante. Masoqueissoimplica,emverdade,quetodoopasemqueaprticaocorra ser feliz, o que simbolizado com o correto estabelecimento do governante. Isto , pela prtica, as doenas, as guerras, a ao de espritos malevolentes como a dos espritos ligados a certas constelaes, planetas e estrelas desastres,comoventaniasforadeestao,chuvaexcessivaouseca,epidemiase embates civis sero todos evitados. Para que assim ocorra, o praticante deve rezareveneraroBudadaMedicinacomgrandeamorecompaixo. Emoutraspalavras,pelasplicaaoBudadaMedicina,osdesastressero evitados;asdoenaseainflunciadeespritosmalignosdiminuiro,etodosos problemas e levantes no pas em que a prtica ocorra sero pacificados. Isto significaque,enquantopraticamosoDharmae,portanto,suplicamosaoBuda da Medicina pelo benefcio de todos os seres, ao mesmo tempo asseguramos nossaprpriafelicidadeeobenefciodopasedaregioemquesepratica. Ananda ento pergunta ao bodhisattva Chagdrul ainda outra questo. Ele diz: Como possvel, pela splica e bno do Buda da Medicina, que algum que esteja quase morrendo seja reavivada da maneira como Chagdrul descreveu? E Chagdrul diz que possvel porque a vida e a vitalidade da pessoa ainda no se exauriram. A condio existe para que ela quase tenha morrido,e certamentecausarsuamortesenoforremovida.Ele,ento,lista nove diferentes condies para a morte inesperada que aqui quer dizer desnecessria e fala que, pela splica ao Buda da Medicina muitas vezes possvel remover estas condies, de forma a evitar que a pessoa morra e permitindoqueelareviva. Ento,osdozechefesYakshas,queestavampresentesaoensinamentodo Budaeouviramtudooquesepassouatestemomento,resolveramsedirigir ao Buda como um grupo. Eles manifestaram sua apreciao por ter ouvido o sutra.Disseram:SomosmuitoafortunadosdeterouvidoonomedoBudada Medicinaesuasqualidadesebenefcios,porquesimplesmenteporissoestamos livres do medo de cair nos reinos inferiores. Eles disseram isso porque eram deusesmundanos48naquelapocae,semterouvidoosutraestariamcorrendoo mesmoriscoquensdeterrenascimentosinferiores.Masficaramconfiantesde que, tendo ouvido o nome e os benefcios do Buda da Medicina, eles no estavam mais em risco de renascer em um dos trs reinos inferiores. Assim, disseram: Estamos felizes por isto e, portanto, tomamos refgio no Buda, no DharmaenaSangha.PorqueseinspirarampelosutraepelonomedoBudada Medicina, eles tomaram refgio e se comprometeram a serem benficos aos seres senscientes e nunca machuclos. Neste sentido, eles tambm geraram a bodhicittaeprometeramprotegerosseres. Ademais,osdozechefesYakshasdisseram:Emespecial,protegeremos qualquer lugar em que haja o sutra do Buda da Medicina e protegeremos
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Nota do editor: divindades mundanas que no se iluminaram e que, por isso, ainda esto presas ao samsara.
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tambm quaisquer pessoas, em quaisquer lugares, que venerem o Buda da Medicina.Dessemodo,osdozechefesYakshasetambmosquatrograndes reis fizeram o voto de proteger os sutras e seus praticantes, liberandoos de todoomal. Emresposta,oBudasedirigeaosdozechefesYakshaseseusseguidores, dizendo: Excelente. Como vocs disseram, ao ouvir o nome do Buda da Medicina vocs agora esto livres do perigo e do medo de cair nos reinos inferiores. Seu prazer e sua confiana nisso, a gratido que expressaram e, especialmente,seucompromissocomobemestardosseressoexcelentes,bem assimainspiraoquetiverampeloensinamento. Agora, por esta razo, seja vendo como a bno do prprio Buda da Medicinaoudeseunome,sevocregularmentesuplicaraele,eleoproteger. Eu posso falar de minha prpria experincia. Uma vez, quando eu vivia no monastrio de Rumtek, no Sikkim, precisei ir cidade. Havia um carro que regularmentefaziaotrajetodomonastriocidade;euconheciaomotoristae disselhe que precisava ir naquele dia. Mas, por algum motivo, ele no me esperou.Partiusemmim.Ento,encontreioutrocarroparaire,comresultado, ainda estou vivo. O primeiro carro se envolveu em um terrvel acidente e, enquantoomotoristahaviasobrevivido,todosospassageiroshaviammorrido. Especialmente pelo fato de eu ser bem gordo, eu definitivamente teria sido esmagado.Ento,euvejoissocomoumabnodastrsjiasqueminhavida tenhasidosalva,porquenohavianenhumarazoparaqueeletenhapartido semmim. Bem, o motivo pelo qual estou ligado ao Buda da Medicina que, em algum momento antes, eu estive na presena de sua santidade Sakya Trizin Rinpoche49 e lhe pedi uma previso para verificar se eu estava enfrentando algumobstculo.Eledisse:SevocfizeraprticadoBudadaMedicinauma centena de vezes, voc se liberar de quaisquer obstculos que o possam afetar. Ento, eu fiz esta prtica que estamos estudando cem vezes, e penso que,porisso,nofuimortonaqueleacidente.Logo,quandosedizqueaprtica do Buda da Medicina ir proteglo da morte na hora errada, por meio de venenoseacidentes,etc.,euacredito. Nestemomento,oBudaacaboudeensinarocorpoprincipaldosutra.O bodhisattvaChagdrulfezseusdestaqueseosdozechefesYakshasexpressaram suaapreciaoecompromisso.Nesteponto,Anandalevantasenovamenteese dirige ao Buda, agradecendo por ter ensinado o sutra e dizendo: Agora que nosdeuoensinamento,comodevemoschamlo,nofuturo?Esteensinamento deveterumnome. EoBudadisse:VocspodemchamlodeAsdozegrandesaspiraesdo BudadaMedicinaoudeOvotoecompromissodosdozechefesYakshas. Por fim, depois que o Buda deu o nome pelo qual o sutra deveria ser conhecido no futuro, todos os que receberam o ensinamento, destacadamente Manjushri, Vajrapani e os outros bodhisattvas, bem assim os doze chefes
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Notadoeditor:olderdalinhagemSakya,umadasquatroprincipaislinhagensdobudismoVajrayana.
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Yakshas e assim por diante, expressaram seu regozijo e alegria pelo ensinamentodosutraedisseram:Excelente! Logo,bemaofinaldosutra,sediz:EsteoSutradasgrandesaspiraes do Buda da Medicina completo. Essa frase aparece no final para dizer que o sutra est completo. perfeitamente possvel que algum tenha apenas uma partedosutra,semseufinal.Paramostrarqueestcompletoequevaidoincio atofim,adicionamseessaspalavras. Isso concluinossa discussosobreoSutradoBudada Medicina, ento, sealgumtiveralgumapergunta,aindatemostempoestamanh.
Pergunta: Obrigado, Rinpoche. Posso lhe pedir uma definio de Yaksha? um ser humano?Qualapalavratibetana?
Tradutor:Njin.
Pergunta:umserhumanoououtrotipodeser?
Rinpoche: Yakshas no so humanos. So seres no humanos normalmente conhecidoscomodeusesderiquezas. Pergunta: Quando estavam assistindo ao ensinamento do Buda Shakyamuni, eles podiam ser vistos pelos humanos que estavam l? Eu quero dizer, os seres humanos ordinrios,enoosgrandesbodhisattvaseoutrosdotipo.
Rinpoche:Dojeitocomoaparecenosutra,parecequetodospodiamvlos. Pergunta:Eelestmcorposcarnaisoudeluz?
Rinpoche:Eunosei. Pergunta: Se eles so divindades mundanas, eles j se iluminaram? Se no, por que estamosnosprosternandoparaeles?
Rinpoche: Bem, eu no sei se eles j atingiram o Despertar, mas terem prometido protegerosensinamentosdeBuda,naquelapoca,elessetornaramdharmapalas,epor issotomamosrefgionelescomodharmapalasmundanos. Pergunta:Entendo.Masseelesaparecessem,deveramosfazeroquenospedissem?
Rinpoche:Achomelhorquesim! Pergunta:Rinpoche,emoutrasprticasbudistas,quemuitosdensjfezshamatha, vipashyana,vriasoutrassadhanas,etc.eutenhoforteconfiana.Mesmonosendo um bom praticante, tenho muita confiana de que levam a seu objetivo ltimo. Mas estoupensandoseelastmqualquerefeitosobreasade,porquemuitasvezesparece que no. Ou eu no sei. s vezes eu me sinto mal, ento me pergunto se o senhor poderiacomentarumpoucosobreisso.
Tradutor: Que prticas? Est falando de todas elas como um grupo ou as prticas Vajrayanaemparticular?
Pergunta:Tonglen,shamatha,viapshyanaeoutrassadhanasecoisasdognero.
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Rinpoche: Bem, as sadhanas dos yidams principais, como Vajrayogini e Chakrasamvaranosoreputadasparticularmenteporseusefeitossobredoenas,mas prticastaiscomoshamathapodemserdebastanteajuda.
Pergunta: Eu conheo muitas pessoas que no esto aqui que teriam ficado felizes e gratas se pudessem ter estado aqui. Claro, isso no foi possvel. Mas estou pensando sobrecomotrabalharcomissonofuturo.Porexemplo,setivssemosasgravaesdos ensinamentosdesteretiro,seriaaceitvelque,emumcentrocomoonossoemVictoria [Canad] ou em outros lugares tivssemos uma aula em que pudssemos ouvir as gravaes com a inteno de que Rinpoche viesse a nosso centro no futuro, talvez oferecerumaprogramaoedarainiciao?Claro,aspessoasteriamdeentenderque deveriamouserbudistasoutomarrefgiocomopartedainiciao.
Rinpoche:Sim. Pergunta:Rinpoche,naesteiradestamesmaquesto,comoRinpochesabe,noscentros Shambalasemprehouvegrandeesforoparaprotegerosensinamentos,especialmente os Vajrayana, ento isto como que uma nova situao para ns que as instrues possamserdisponibilizadas,deformaqueaindahoproblemadecomoissopodeser feitodemaneiraapropriada.PensoseRinpochepoderiaelaborarumpoucomaissobre outraspossibilidadesdeapresentaradequadamenteestesensinamentosdeformaque aspessoasdefatorecebamumainstruocorretaeentendamoqueestacontecendo, enquantoelepropagado.
Rinpoche:Pensoquevocpodetornlolivrementeacessveis,oquantopuder,porque nohhiptesedealgumterproblemasporcausadisso.Issoestrelacionadocoma parte do sutra em que AnandasedirigeaoBuda,dizendo:Nohpossibilidadede queaspessoasqueoouviremeodesacreditarempoderoacumularkarmanegativoe ficar piores do que se nunca o tivessem ouvido? Ao que o Buda responde: No, mesmo se inicialmente reagirem com descrena e antipatia, a bno do Buda da Medicinacausaramudanadesuasmentes. Pergunta:Avisualizaofrontalumaimagemespelhada,ouaconteceocontrrio? Tradutor:Porimagemespelhadavocquerdizerquesuamodireitadeumjeitoea moesquerdadelaassumeestemesmojeito?
Pergunta:Sim,comoimagemespelhada.
Rinpoche:No,literalmente,umaimagemespelhada.Emoutraspalavras,emambas as visualizaes a de si mesmo e a frontal a mo direita do Buda da Medicina se estende, segurando a arura, e a mo esquerda, em ambos os casos, est segurando a tigelademendicncianocolo. Pergunta:Rinpoche,jhouvevriasinstruesparaospraticantesdesadhanassobre comovisualizar,eeugostariaapenasdeouvirsuasinstruessobrecomofazeraauto visualizaoadequadamente,dadoquetemostodoesseapegoanossoscorposeans mesmos e que difcil lidar com esta situao. Eu gostaria de ouvir como voc nos instruiriaadequadamenteavisualizaransmesmosenquantodeidades.
Rinpoche: Bem, aqui voc no deve tentar nem deve fazer primeiro se livrar da fixao de seu prprio corpo. A idia que voc substitua a fixao em seu corpo ordinrioadicionandoafixaoemseucorpoenquantoocorpodoBudadaMedicina.
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Pergunta: Desculpeme, Rinpoche, mas eu me sinto como a pessoa sobre a qual Ananda estava falando, embora eu realmente queira acreditar. Quando eu era uma garotinha em um convento em Londres, em 1939, as freiras me disseram que se eu rezasse com grande devoo e sinceridade a Jesus para fazer de Hitler um bom homem, a guerra no aconteceria; poderamos ser capazes de evitla e nos protegermos dela. Bem, claro que eu senti que no tinha devoo o suficiente e me senti muito mal por isso. Sinto meu corao se partir quando penso nas pessoas no Tibete,quesomuitomaisevoludasdoqueeueraetmmuitomaisdevoo,eque estofazendoaprticadoBudadaMedicinaeaindaenfrentamumaterrvelguerra.O senhorpoderiaporfavoresclarecerisso?
Rinpoche:Bem,emprimeirolugar,comoeudisse,osresultadosdaprticadoDharma no so normalmente imediatos. No se manifestam como uma transformao imediata, dramtica ou miraculosa das circunstncias. Eu mencionei, como exemplo, quesevocrezarporriquezasnohaverimediatamenteumachuvadeourocaindo dos cus. Mas sempre h benefcios. O benefcio se manifesta como um efeito que gradualmente emerge depois de um longo tempo e talvez como uma transformao das circunstncias, como na histria que contei. Agora, eu no diria que suas preces quando era criana, beira da Segunda Guerra Mundial, foram desperdiadas. Por exemplo, voc no morreu no bombardeio alemo sobre Londres, embora outras pessoas sim50. Quanto ao Tibete, todos sabem que ele foi tomado em uma guerra. E
Nota do editor: implcito nesta resposta est o entendimento do que podemos chamar de aspecto desenvolvimentistadokarma.Sealgumcometeumatonegativo,comomatar,enosearrependedisso, mas, ao invs, se torna defensivo e comear a racionalizar sobre o ato, ento mais provvel que gradualmente a pessoa venha a se regozijar, dizendo: eu estava certo em matar, e se deparar com semelhantecircunstncia,euofareinovamente.Issoleva,claro,noodequeapessoaquefoimorta mereciaslo,oquepode,porsuavez,levarnoodequeelasdevemsermortas,oque,podelevar noodequesedeveorganizarummovimentoparamatarestaspessoas.Issolevaaoendurecimentoda atitudedapessoa,elevapequenezdamente,quesetornacadavezmaisapegadanooerrneado quedeveserfeitoe,assim,aumagrandeestupidez.Enquantoestetipodedesenvolvimentoseespalha, levaaodioentreosgruposeguerra.Poroutrolado,se,logoapsoassassinato,ouemalgummomento posterior,apessoareconheceseuerro,searrependeprofundamente,secomprometeanuncamaistereste comportamentoeseenvolveemalgumaatividadecompensatriapelassuasaesnegativas,oprocesso do desenvolvimento dos efeitos negativos da ao nociva so suspensos. E se a pessoa continua se envolvendoemaescompensatriasvirtuosas,okarmanegativopoucoapoucoserpurificado.Embora sejainescapvelqueoresultadodeumkarmaruimdevaser,emltimocaso,colhido,omodoemqueele amadurecerpodesermitigadotocompletamentequedificilmenteserexperienciado.Assim,dizseque o Buda Shakyamuni, em uma vida anterior como um bodhisattva matou o ser que mais tarde renasceu como Ananda, porque este estava planejando matar quinhentos arhats e roublos. O bodhisattva, percebendo que no conseguia convenclo do contrrio de sua matana, matouo, evitando, assim, que quinhentosarhatsmorressem,eevitandotambmqueopotencialassassinorenascesseemumasucesso deexistnciasinfernais,dasquaisseriaextremamentedifcilselivrar.Porbvio,obodhisattvacontinuou renascendo como tal, envolvido com atividades virtuosas cada vez mais efetivas, continuando a desenvolveramorecompaixoparaossereshumanosatque,deacordocomatradio,elefinalmente renasceu como o Buda Shakyamuni. Aquele potencial assassino tambm renasceu naquela poca e se tornouAnanda,umdevotodiscpulodeBudaeseuassistentepessoaldurantetodasuavida.Deacordo com o cnone pli, o Buda uma vez pisou em um graveto pontiagudo,ecompreendeuqueaquilotinha sido o resultado krmico de ter matado o homem que mais tarde se tornou Ananda. Como um Buda, obviamenteelenosofreuporcausadestaexperincia.Aqui,Rinpochequerdizerqueasprecesdacriana aDeuscomrespeitoHitlerforamumaformadeaocompensatriaquepodetersidoresponsvelpela mudanadecomoseuprpriokarmapessoalamadureceu,demaneiraqueelasrealmenteaprotegeram, enquantoosoutros,quetalveztenhamtidoomesmotipodekarma,norezaramoufizeramtardedemais, eforammortosnobombardeio.
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simplesmente temos de aceitar o fato de que quando um pas grande e populoso invadeummenor,elesirovencer.muitodifcilescapardisso.Seolharmosparaisso dopontodevistapoltico,teramosdedizerqueoTibeteseperdeu,mas,dopontode vistadhrmico,atradiodoDharmatibetanoestlongedeseterperdido.Houveum temponoTibeteemque,seumapessoaviajasseparaoTibeteapartirdeKalimpong, no norte da ndia, essa teria sido uma longa viagem. Mas ele se foi expandindo, levando os ensinamentos pelo mundo. Agora, praticamente no h lugar algum do planetaemquenohajacentrosbudistastibetanos,stupastibetanas,retiros,etc. Pergunta: O senhor poderia explicar sobre o que est na pequena imagem que nos deu?
Tradutor:DopontodevistadesteBuda? Pergunta: Bem, sim, eu imagino. Mas tambm, se uma vez que todos, pela viso do Mahayana, so liberados, h a cessao da experincia? Ou o que acontece, exatamente?
Tradutor:Entohduasperguntas?QuandoumapessoaatingeoDespertar,elacessa aexperincia,equandotodosatingemailuminao,tudoacaba?
Pergunta:Ouoqueacontece?Sim,isso. Rinpoche: Quando algum atinge o completo Despertar, o Estado de Buda, ela no pradeterexperincia.Oqueelesexperienciam,paranossospadres,inconcebvel,e tudo o que pode ser dito disso que extremamente puro. Todas as aparncias que eles tomam so puras, o ambiente em que eles se experienciam um reino puro, e assim por diante. Implcita em sua segunda pergunta est a questo: Haver um tempoemquetodososseresatingirooEstadodeBuda?.Estaperguntadeveserfeita antesdeseperguntarsobreoqueacontecerdepois.Aresposta:no.Nuncahaver umtempoespecficoemqueosamsaracessarparatodososseres.Nuncahaverum tempo, como ensinado, em todos os seres, sem nenhuma exceo, atingiro o Despertar, porque os seres existem em nmero infinito. E quando dizemos: Eu me comprometoafazertaletalatqueosamsaraseesvazieporcompleto,fazemospara gerar amplos e ilimitados compromisso e aspirao. Dizemos isso no porque pensamosquechegarotempoemqueosamsaraseesvaziar,masporquenotemos umaaspiraolimitada.Noqueremosterumaaspiraoquediga:Euvoubeneficiar osseres,masapenasportrsanos,ouporcertoperododetempo.Agora,voltando suaprimeiraquesto,hcontextosemqueseensina,porexemplo,naapresentaodo Despertar do Buda feita pela escola do Caminho do Meio, que, aps o Despertar, aquele Buda existe apenas na percepo dos outros, puro e impuro, e no se experiencia a si mesmo, seja homem ou mulher. Mas, no Vajrayana, no se ensina assim. No Vajrayana se ensina, definitivamente, que o verdadeiro reino de sambhogakaya,overdadeiroouperfeitosambhogakaya,defato,aautoexperincia; comoumBudaseexperienciaasimesmo,sejahomemoumulher.
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Pergunta:Rinpoche,osenhorentrouemgrandesdetalhessobreatradiodosutrae sobrecomooBudadaMedicinasetornouconhecidonestemundo.Esteconhecimento sobre o Buda da Medicina de fato se originou no Buda Shakyamuni, o que me d grande confiana em termos da origem desta prtica, porque eu tenho grande confiananoBudaShakyamuni.Entretanto,umagrandepartedaprticaqueosenhor nos transmitiu tambm tntrica em sua natureza, e suas detalhadssimas visualizaesclaramentevmdeoutrolugar.Osenhorpoderianosdarmaisdetalhes sobreaorigemdaprticaparaquepossamosteramesmaconfianaeconhecimento?
Rinpoche:Estaprticaumacombinaodesutracomtantra.Euexpliqueiaorigem do sutra. Basicamente, no h uma origem tntrica que ascende at o Buda Shakyamuni, independente de suas origens no sutra. basicamente uma prtica de sutra combinada com tantra. Em outras palavras, uma prtica de acordo com os sutrasqueadotaeadaptaosmtodostntricos,especificamentedealgunsmtodosdo Anuttarayogatantra.ElasetornouumaprticatntricadepoisdapocadeBuda,por meio da realizao e dos ensinamentos dos bodhisattvas que o receberam do Buda e dos vrios mahasiddhas que receberam daqueles. Neste sentido, diferente de uma prticaprimariamentetntrica,comoChakrasamvaraouKalachakra,cujasorigensso umoumaistantrasespecficosensinadospeloBuda,pertencentesaumacertaclassede tantra, como o Anuttarayoga tantra, e outros. E, assim, diferente de outros tantras menoresoyogatantra,ocaryatantraeokriyatantraquetambmseoriginamno BudaShakyamuni.Aqui,basicamenteumaprticadesutraquefazusodemtodos doAnuttarayogatantra,enohumtantraespecficoquesejaabaseescritaquelhe sirvadesuporte,assimcomoosutra. Pergunta:Equantoatodososdetalhes,todaariquezadavisualizao?Estocontidos nossutrasmaislongos?Opalcioesuasvriascores,etc.Humserespecfico,mesmo antesdapocadoBuda,emqueissotemorigem?
Rinpoche: Bem, o palcio baseado na descrio constante no sutra do Buda da Medicina,quedizqueoreinodoBudadaMedicinachamadodetalnome,detal forma,temtaisetaispalcios,eassimpordiante.Ocortejotambmbaseadonaquele sutra. No sutra, todos os oito Budas da medicina e os dezesseis bodhisattvas esto presentes quele ensinamento, bem assim os doze chefes Yakshas, os dez protetores das direes e os quatro grandes reis. Visualizandoos em redor dos budas e dos bodhisattvas,vocasseguraarecepodesuaproteoebnos. Pergunta: Temendo ser ainda mais repetitivo, sobre as luzes e os BudasdaMedicina descendoemformadechuva...issotambmbaseadoemoutrasprticastntricas?
Rinpoche:Sim. Pergunta:Rinpoche,quandoeuvoltarparacasaeconversarcomminhafamliaemeus amigos,edisserqueestiveemumretirosobreoBudadaMedicina,semeperguntarem quemele,eunosabereiexplicar.Eugostariadecriarumadefinioquelhestrar benefcio e, embora saiba que ouvir sobre o Buda da Medicina lhes ajudar, eu no gostaria de simplesmente decepcionlos. O senhor poderia, por favor, dar ao menos umacurtaresposta,emtermosleigos?Noseiseissoseriapossvel.E,almdisso,ns temosumgatinhoeeugostariadeexploaoBudadaMedicina,maspodeserqueele nofiqueaoaltarconoscoenquantopraticamos.Ento,seriaapropriadocolocaruma
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Rinpoche:Pararesponderaprimeiraquesto,provavelmenteacoisamaisconveniente para dizer sua famlia que voc foi ensinado e praticou uma forma de meditao feita para levar sade fsica e liberao de doenas, e deixe assim. E quanto a colocar uma imagem do Buda da Medicina perto de onde seu gato come ou dorme, est tudo bem. Bem, o tempo acabou. Os demais podem fazer suas perguntas hoje tarde. Ontem, eu fui perguntado sobre como se defender de um ataque sexual ou estupro, e me pediram para eu dar uma resposta de acordo com o Dharma. Basicamente,arespostadhrmicaseriaomximodepreveno,oquepoderecairem duas categorias. Em primeiro lugar, conscientemente, evite situaes em que voc possa se tornar uma vtima deste tipo de ataque. Em segundo, desencoraje qualquer um que parea capaz de agir dessa forma, fazendose de mais dura, para que o agressornotenhaaidiadequepodechegarpertodevoc.
Agora,vamosdedicarosmritos.
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OSutradoBudadaMedicina
Avisocorretacomrelaosdivindadeseosmaras
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
TerminamosaexplicaosobreoSutradoBudadaMedicina.H,porm, outro sutra a ele ligado, chamado de Sutra das aspiraes dos oito Budas da Medicina,quedizrespeitoaoprincipalBudadaMedicinadoSutradoBudada Medicina e aos outros sete budas da medicina de seu cortejo. EstessoBudas diferentes, mas suas aspiraes so fundamentalmente as mesmas, ento, no vouexplicarosutraseparadamente. Nosutraqueestivemosestudando,humagrandeparteencarregadade apresentar a idia de venerao, e mesmo a de louvar a deidade do Buda da Medicina e, pela venerao e louvao, alcanar o que chamamos de n de Mara.TemosaidiadealgumMaraexternoqueficaembaixoedeumadeidade que fica mais acima. Por este tipo de apresentao, podemos concluir que, se suplicamosaumadeidade,comooBudadaMedicina,eleteraonipotnciaea existnciaexternadeumcriador,comoseeleouelacausassemasexperincias agradveis e desagradveis pelas quais passamos. Pode parecer que, se voc rezaraoBudadaMedicina,vocreceberasrealizaesacomumeasuprema eque,sevocnorezar,vocterproblemas.MasavisoVajrayanadoefeito ou da efetividade da splica s deidades fundamentalmente diferente dessa 137
idia. A concepo Vajrayana que a bno associada divindade, a realizaoquevocalcanaporessetipodeprtica,oresultadodesuaprtica do caminho51. A sua realizao do caminho leva ao seu resultado, o que fundamentalmentecausadopeloseuprprioestadomeditativo,ousamadhi, cultivado por voc dentro de voc mesmo. A capacidade que voc tem de cultivar tal samadhi e, portanto, atingir o resultado, sua prpria natureza fundamental, a que se chama de Natureza de Buda. Esse potencial algo que todo e qualquer ser tem. , porm, usualmente obscurecida pela presena de mculastemporriaseobstculos.Essasmculassoremovidaspelaprticado caminho, pela prtica da meditao, pela prtica dos estgios da gerao e da compleio.E,quandoessesobscurecimentosforemremovidoseasqualidades inatas dessa Natureza de Buda forem reveladas, esse ser o resultado. Logo, esta prtica no realmente a adorao de uma divindade externa. , primeiramente, um meio de ter acesso sua prpria inerente ou inata sabedoria. Devido ao fato disso ser a viso Vajrayana sobre a natureza das deidades, o mtodo incomum do Vajrayana visualizarmos a ns mesmos como a divindade. Assim, nesta prtica voc se visualiza como o Buda da Medicina. Mas, no Veculo Comum, nos ensinamentos bsicos do Buda [os ensinamentosHinayana],apareceensinadoqueoresultadoltimodocaminho chamado de arhat sem restries. L, dito que, se algum completa o caminhooquesignificaqueelesremoveramouabandonaramtodasascausas do samsara, todo o karma, todos os kleshas ento, naturalmente atingiro o resultado desse abandono, que a cessao dos resultados daquelas causas e que,porsuavez,significaatotalcessaodaexperinciasamsricaparaaquela pessoa.Desdequeabandonaramascausase,portanto,experienciamacessao dosresultados,deacordocomoVeculoComum,nohnadamaiseisso chamadodearhatsemrestries.Ento,dopontodevistadoVeculoComum, aliberaodeumapessoadependeinteiramente,semnenhumaexceo,dasua realizao em meditao e no h nenhum sentido em suplicar ou rezar a algumforadesimesmo,porquesimplesmentenohningumaquemorar. A viso Vajrayana diferente desta. De acordo com o Vajrayana, e tambm de acordo o Mahayana, apareceram inmeros budas e bodhisattvas. Todos eles entraram no caminhogerandoabodhicitta,atravessaram[ouesto no processo de atravessar] o caminho reunindo acumulaes de mrito e sabedoriapelostrsperodosdeinumerveiskalpas[segundooMahayana]e, por fim, completaram [ou completaro] o caminho atingindo o completo Despertar, ou estado de Buda. Tendo atingido o Estado de Buda, eles de fato tm a capacidade de abenoar, e por esta razo que fazemos oferendas, que fazemos prosternaes, splicas, etc. Ento, no Vajrayana, no apenas nos visualizamos como o yidam, como o Buda da Medicina, mas tambm o visualizamos nossa frente. Focando a visualizao frontal, fazemos as
Notadoeditor:isto,noumarecompensaarbitrariamenteconcedidaporumadivindadequese comprazdoselogios,promessas,obedinciadealgum,oudeoutrotipodefavorobsequioso.
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oferendaseomaisparaquefaamosacumulaesesuplicamosdeidadepara quenosabenoe.Logo,dopontodevistaVajrayana,existesimalgumaquem orare,aofazermosassim,alcanaroresultadoficamaisfcil. Ligado a isso est a compreenso do objetivo da prtica. s vezes, do jeitocomooDharmaapresentado,parecequeonicoobjetivoaceitvelpara sefazerprticasdhrmicasarealizaodoperfeitoDespertarparaliberaros outros,eparecequeextremamenteinadequadopensaremqualquerbenefcio paraestavida,oqueimplicaemquenoexistemmtodosnoDharmaparase beneficiar nesta existncia. Em verdade, no este o caso. Especialmente, na tradio Vajrayana, falamos sobre a realizao dos dois siddhis, ou as duas realizaes.Umdelesosiddhisupremo,ousupremarealizao.Pelaprtica da meditao pela prtica dos estgios de gerao e compleio voc gradualmente remove os dois obscurecimentos as aflies mentais e emocionaiseosobscurecimentoscognitivose,porfim,alcanaabudeidade. ArealizaodoEstadodeBudaasupremarealizao.Massevocpensaque esse o nico benefcio ou a nica razo para aprtica,nobemassim.No Vajrayana tambm falamos dos siddhis comuns, ou realizaes comuns. Pela meditaosobreumyidam,voctambmpodealcanarlongevidade,liberao das doenas, riquezas e o mais, e assim por causa da nfase do Vajrayana sobre as realizaes comuns que existem tantas divindades diferentes. Por exemplo,paraalcanarriqueza,vocfazaprticadeumadivindadederiqueza chamada Jambhala. Para obter bemestar fsico e liberao das doenas, voc devefazeraprticadeumadeidadecomooBudadaMedicina.Paraenriquecer seuinsightsobreosignificadodosensinamentos,vocdevepraticarManjushri. Fazer as prticas por estes motivos no considerado de modo algum inapropriado.Comoestasprticasexistem,no,obviamente,impossvelobter seusresultadosaofazlas. Estaavisocomrespeitosdeidadesemquemsemeditaeaquemse suplica.Mashumoutroladodascoisas,Maraouosmaras,quepensamosque existem,damesmaformaqueasdemaisdivindades.Hduasmaneirasemque usualmenteconcebemosummara.Umpensarqueummarasereferesnossas prprias aflies mentais, nossos prprios kleshas, e no como algum tipo de ser externo a ns, que nos pe em tentao ou tenta interferir em nosso progressoespiritual.Outrasvezes,pensamosqueosmarassocompletamente externos,equequalquercoisaquederradocausadaporalgumaespciede foramalficaquetentanosvitimar.Ambasasvisessoalgoextremas. Mara mais comumente apresentado na tradio budista a partir de quatrotiposdiferentesdemaras,chamados:devaputramara,omaraqueofilho dos deuses; kleshamara, o mara das aflies mentais; skandhamara, o mara dos agregados; e, por fim, mrtyumara, o mara que o senhor da morte. Esses so basicamente internos. O primeiro deles, devaputramara, o mara que o filho dos deuses, referese no a algum tipo de fora demonaca externa, mas primeiramenteaseuprprioapegoeseugrandedesejo.Porisso,elesechama filhodosdeusesporque,quandorepresentadoiconograficamenteeporque 139
umfortedesejoouumfortequererelenorepresentadocomoalgofeioou ameaador,mascomoatraente,porcausadasensaodoapego.querertanto ascoisasqueinterferenasuaprticadoDharmaesuarealizaodoDespertar. Osegundomara,kleshamara,omaradasafliesmentais,suaprpriaaflio mental.Estassetornammarasporque,devidoaohbitodemantlasecultiv las desde tempos sem princpio, elas sempre continuam surgindo. Elas so difceis de abandonar ou mesmo suprimir e, quando esto momentaneamente ausentes,aparecemdenovo,interferindo,assim,emsuaprticadoDharma. O terceiro mara skandhamara, o mara dos agregados. Estes aqui se referemaoscincoagregadosqueformamaexistnciasamsricaasformas,as sensaes,aspercepes,ospensamentos52eaconscincia.Estesagregadosso em si mesmo mara porque, sendo componentes, so impermanentes. Sendo impermanentes, esto constantemente mudando e, portanto, so sempre a causa,diretaouindireta,dosofrimento.Paraalcanarafelicidadepermanente, para transcender o sofrimento do samsara, devemos transcender os cinco agregados.Noh,deformaalguma,meiodealcanarumestadodefelicidade permanentedentrodoslimitesdestesagregados. O quarto mara a prpria morte, ilustrada iconograficamente como iradaedesagradvel.Amorte,porbvio,oquemaistememos.Mortequeo quevemcomgrandeagonia,medoedor. Estes quatro maras so fundamentalmente internos; no so seres em nossa volta. A vitria sobre os quatro maras requer a prtica do Dharma, a prtica da meditao. Especificamente, requer a realizao do desapego das pessoasedodesapegooudavacuidadedascoisasemgeral.Pararealizaresses doisaspectosdodesapego,ouvacuidade,devesemeditarsobreodesapegoe, especialmente de acordo com a tradio Vajrayana, devese meditar sobre a natureza da mente, porque esta uma vacuidade evidente, uma vacuidade bvia ou diretamente experiencivel53. Portanto, a prtica de shamatha e vipashyana, calma mental e viso ltima, que toma como base o reconhecimentodanaturezadamente,omtododiretoquelevarealizao da vacuidade da prpria natureza e, a partir dessa realizao, podese gradualmente alcanar a fruio ltima, o Despertar final, ponto em que a pessoaconquistou,deumavezportodas,todososquatromaras.assimque sedominamosmarasinternos. A prtica Vajrayana, portanto, inclui ambas as prticas, shamatha e vipashyana. Mas as prticas tpicas do Vajrayana no se limitam a estas duas; incluem, tambm, duas grandes categorias dos estgios de gerao e de compleio. De acordo com o Vajrayana, os quatro maras so considerados aparncias impuras, projees confusas e a presena dessas tendncias os kleshas e os obscurecimentos cognitivos que causam estas projees. Os
Notadoeditor:comumentechamadossamskarasouformaesmentais. Notadoeditor:nodifcilestabelecer,pelousodarazo,aausnciadeverdadeiraisto,singular, desagregado,permanenteexistnciadascoisasfsicasexternas,masbemdifcilverouexperienciar diretamentetalausnciadaverdadeiraexistnciadascoisas.Vernotadoeditor,pgina20,Shenpensel, volume2,nmero2.
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quatromarasconsistememaparnciasimpurasesuasreificaes,oqueincluio karmanegativo54.Alcanaravitriasobreosquatromaras,segundoatradio Vajrayana,vemdatranscendnciadessasaparnciasimpurasearealizaoda experincia das aparncias puras. Realizamos a experincia das aparncias puras por meio da meditao sobre a pureza das aparncias, da pureza do ambiente, do corpo como forma pura, e assim por diante. Bem, se fosse uma meditao diferente sobre as coisas, diferente do que elas fundamental e verdadeiramenteso,nuncafuncionaria.Masporquenossanaturezabsicaa Natureza de Buda, e porque os obscurecimentos temporrios que nos fazem perceber as coisas como impuras so secundrios a essa natureza e, por temporrioousecundrio,queremosdizerquepodemserremovidos,queso vazios, que no so intrnsecos natureza porque nossa natureza bsica, ou verdadeira,aNaturezadeBudaeosobscurecimentosqueaescondemnoso intrnsecos e podem ser removidos, portanto, assim como nossa natureza pura,asaparnciassofundamentalmentepuras.emfunoderevelaressa natureza bsica e revelar essas aparncias puras que praticamos o estgio da gerao. Inicialmente, a prtica do estgio da gerao extremamente difcil, porque vai diretamente contra a semente ou a corrente de nosso hbito de projeesimpuras,causadasaparnciasimpurasqueexperienciamos.Mas,por fim,[comesforo],ohbitodeverascoisascomopurascultivadoapontode gerar a clara aparncia ou a clara percepo das coisas como puras. A partir deste ponto, pouco a pouco, a verdadeira e pura natureza dos fenmenos ou dasaparnciascomeaaserevelar,eporestarazoquepraticamosoestgio da gerao na meditao sobre os yidams. tambm para revelar a pura natureza das aparncias que consideramos as coisas no como slidas, como parecem ser simplesmente terra, simplesmente pedras, etc. mas como a incorporao da vacuidade manifestandose como vvidas aparncias puras. Desse modo, pela prtica dos estgios da gerao e da compleio, podemos alcanaroresultadoltimo55. s vezes, quando estamos praticando, experimentamos condies adversas, obstculos de vrios tipos como doenas fsicas ou depresso,
54 Nota do editor: reificar considerar algo abstrato como material ou concreto. outra maneira de se referir ao fenmeno da solidificao que Chgyam Trungpa introduziu em nosso vocabulrio. Concebermonos como pequenos, insignificantes, fundamentalmente defeituosos que sempre esto raivosos,carentesouperturbadosreificar,outomarcomoreal,slidoeimutvelaquiloque,defato, meramente,oamadurecimentoconstantementemutveleoesgotamentodecausasecondies.E,embora esteprocessokrmicoexistacomomeraaparncia,vazioemsuanaturezaessencial.Asmanifestaesdo amadurecimento do karma aparecem, mas no so, em verdade, reais ou slidos. No tm existncia verdadeira, e reconhecer sua vacuidade ou ausncia de verdadeira existncia nos libera do sofrimentoa eles associado. Se o reconhecimento da natureza essencialmente vazia do amadurecimento do karma profunda e contnua o bastante, as aparncias impuras cessam, e a aparncia de ns mesmos enquanto divindadeeoambienteemnossoredorenquantoreinobdicoespontaneamenteaparece.Esseprocesso iniciase prontamente e acelerado por meio dos mtodos profundos dos estgios da gerao e da compleio,queRinpochecontinuaaexplicar. 55Notadoeditor:aofinal,avisodetudooquesurgecomovvidaaparnciapuraoestgiodegerao, eoreconhecimentodesuavacuidadeoestgiodecompleio.
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muitas reviravoltas nas coisas que tentamos fazer. Isso vem de uma de uma duplacausadeaesanteriores,oukarmas,oudopresente,decondiesque de repente surgem. Embora normalmente concebamos a maturao de nossas aesanteriorescomoalgoque,umavezquesurge,difcilmudar,entretanto, se suplicamos aos Budas e aos bodhisattvas, fazemos oferendas, reunimos acumulaes e assim por diante, podemos purificar nosso karma. Purificar o karma tambm purifica alguns de nossos kleshas ao mesmo tempo56. Todos temos kleshas, certamente, mas eles podem ser vencidos pelos remdios apropriados, se eles forem sincera e consistentemente aplicados. Aplicando os remdios adequados especialmente com a bno dos Budas e dos bodhisattvas podemos alterar nosso karma e reduzir o poder dos kleshas [dessaforma,eliminandooureduzindoosobstculoseascondiesadversas]. A outra causa de obstculos chamada de condies repentinas. Um tipo de condio repentina o dbito krmico, uma situao em que o que est acontecendo no o resultado direto de sua ao imediatamente prvia, mas lhe est sendo imposta por outro ser devido conexo krmica negativa que voctemcomestapessoa[deumavidaprvia]porexemplo,umapessoaque voc,emumavidaanterior,bateu,matou,dequemvocroubou,etc.svezes, um ser humano que, sem nenhuma razo aparente, o detesta tanto que comeaaperseguilo.Outrasvezes,podeserumsernohumano,umesprito sem aparncia fsica que, por voc tlo prejudicado em outra vida, aproveita cada oportunidade de lhe fazer surgir obstculos nesta vida. Essas coisas so possveis; elas nos acontecem. Nesta situao, se voc suplicar ao Buda da Medicina, fazerlhe oferendas, fazer aspiraes virtuosas e assim por diante, a agressodesteserserpacificada,evocsercapazdeselivrardoobstculo. Vou parar por aqui esta tarde. Alguns de vocs no tiveram a chance de perguntar esta manh, ento, se algum quiser fazlo, por favor, fique vontade.
Pergunta:Rinpoche,parecequenoOcidentemuitosdosensinamentosquenosforam dados colocaram grande nfase em nossas aflies mentais, ou kleshas, e no tem havidomuitoensinamentosobreasafliesfsicasque,emcertosentido,sobreoque viemos falar esta semana, alguns dos modos de se lidar com as aflies fsicas. Eu pensoseRinpochepoderiacomentarumpoucomaissobrequevisoterdopontode vista relativo e absoluto quando ocorrem as aflies fsicas, dificuldades fsicas e doenas,bemassimosmodosdesetratarafliesfsicasnaexperinciapsmeditao. Essaaprimeirapartedapergunta.
Rinpoche: Bem, claro, dificuldades fsicas, sofrimento fsico e doenas esto sempre nos acometendo, de um jeito ou de outro. Essas so verdades relativas, fenmenos relativos. Como fenmenos relativos, so interdependentes, quer dizer, cada aspecto dessas situaes , de fato, a reunio de vrias condies que dependem uma das outras para aparecer da forma como o fazem, por exemplo, a doena e a dor fsica.
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Nota do editor: os resultados de qualquer ao em particular incluem no apenas a revanche, mas tambmaperpetuaoeoreforo,namente,dokleshaoudoskleshasqueexistiramcomomotivaopara aao.
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Portanto, por serem interdependentes, por no serem unidades verdadeiramente imutveis,hsempreumremdiodeumtipooudeoutro.Porexemplo,nocontexto daprticadoBudadaMedicina,visualizarocorpodoBudadaMedicina,recitarseu mantra,pedirporsuabnotudoisso,primeiramente,mental,aspectosprimrios de meditao e visualizao inicialmente pacifica sua mente, mas por pacificar sua mente,comoexisteainterdependnciaentreamenteeocorpo,essasaescomeama pacificar tambm a doena fsica. Se voc est doente, elas vo ajudar a pacificar sua doena. E se voc no est, elas ajudaro a prevenir o surgimento de doenas. Ao mesmo tempo, tambm usamos remdios para as doenas. Mas, sabemos por experincia,queoremdiofuncionare,algumasvezes,poralgumarazoqueno necessariamente aparente, algo interfere no funcionamento prprio do remdio, e ele nocapazdecurarefetivamentenemadoenaparaaqualfoiprescrito.Suplicarao Buda da Medicina ajudar evitar esta interferncia ou a ineficcia do remdio, ajudandooaqueeletenhaoefeitoesperado. Pergunta:Eupoderiacontinuar?Haqui,estefimdesemana,muitosprofissionaisda rea de sade e educadores que freqentemente trabalham com pessoas que no so damesmarea,masquecertamentesopessoasabertas.ORinpochepoderiacomentar umpoucosobrecomons,mdicoseprofessoresemescolasdemedicinaportermos comeadoapraticar,entendereestudaroBudadaMedicinaeoqueosenhorexplicou comonspodemosaplicartudoissoenquantotrabalhamoscomnossospacientese alunos?
Rinpoche: Bem, o mais importante quando estiver com os pacientes e ensinando aos alunos de medicina que o fundamental para o alvio da doena e que deve ser compartilhado por todos os profissionais da rea de sade o sincero desejo de ajudarosoutros,osincerodesejoderemoverosofrimentoou,pelomenos,ascausas prximasdosofrimento.Logo,asquatropuraseimaculadasatitudesquedescrevemos ontem no sutra bastante importante. Estar livre de agresses e desejar beneficiar o paciente so as coisas mais importantes, e isto precisa ser transmitido e estar sempre presente. Pergunta:Rinpoche,eugostariadeconfirmarseeuentendibemqueoRinpocheaceita quecompartilhemosasgravaesdestasemanaeotextodaprticaqueusamoscomos outrosequeaquelescomquemcompartilharemosnoprecisamtomarrefgioagora. Isto est correto? Porque h vrias pessoas me esperando em Portland [Estados Unidos]eeuqueriaestarcorreto.
Rinpoche:Sim.
Pergunta:Obrigado. Pergunta: Talvez eu esteja pedindo que o Rinpoche se repita, mas acho que preciso realmente ouvir de novo. A primeira questo sobre a f e a devoo. Quando suplicamos intensamente, eu gostaria de entender melhor o que que estamos fazendo. Em que devemos ter f e em que devemos ter devoo? ter f em que a prtica ir de fato funcionar ou que a divindade realmente existe, ou uma combinaodosdois?
Rinpoche: uma combinao dos dois. O ponto que a f e a devoo levam realizaodoquequerquevocestejaalmejando.Sevoctemf,vocalcanaroque
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querqueseja,massevocnotiverf,vocnoconseguir.simplesmenteassimque as coisas funcionam. Se voc tem f, ento voc faz. Voc far corretamente e, por assimfazer,acoisafuncionar.Vocalcanaroresultado.E,sevocnotemtantaf assim,vocfarsemmuitocomprometimento,ouatsemcomprometimentoalgum,e ento voc no conseguir o resultado. Ento, ter f, em verdade, quer dizer, fundamentalmente,confiareacreditarnoprocesso.ComrelaoprticadoBudada Medicina,significa,emprimeirolugareacimadetudo,queelairfuncionar.Confiar no processo automaticamente ensejar e, portanto, produzir f e devoo nas divindadesenvolvidas,nolamaqueensinouaprtica,eassimpordiante. Pergunta:Eadevootemavercomoreconhecimentodasqualidadessuperioresdo quequerquesejaaquevocsejadevotado?
Rinpoche:Emtibetano,apalavraquesetraduzpordevoocomumenteexpressada eminglsporduaspalavrascomsignificadosdiferentes.Aprimeirapalavraquerdizer entusiasmo e, claro, entusiasmo quer dizer simplesmente estar muito interessado em algo.Porm,essetipoespecficodeentusiasmo,comoindicadopelasegundapalavra, que literalmente quer dizer respeito, toma por base, como voc indicou, o reconhecimentodasextraordinriasqualidadesdealgumoudealgo. Pergunta:Osenhorpoderiafalarumpoucosobrearelaoentrepurificaoebno. Rinpoche: Estes dois purificao e bno so diferentes. No so exatamente os mesmos.Purificaoquerdizerqueosobscurecimentosoobscurecimentocognitivo, que ignorncia, e os obscurecimentos aflitivos, que so as aflies mentais e os obscurecimentoskrmicosouokarmanegativoquevocacumulasogradualmente purificados, ou seja, removidos de voc. Receber bnos quer dizer que, pelas suas splicasaosbudaseaoDharma,vocrecebesuasbnos.Porexemplo,quandovoc suplicaaoBudadaMedicina,pelopoderdesuasplicacombinadacomopoderdas dozeaspiraesdoBudadaMedicina,algoacontece,oquechamadodebno.Por outrolado,aindaquepurificaoebnosejamdistintas,umapodecausaraoutra.A remoo dos obscurecimentos permite que voc receba as bnos de modo mais desimpedido,ereceblaslevaremoodosobstculos.
Pergunta:MuitoobrigadoRinpoche. Pergunta: Eu tenho duas perguntas e um desafio. Mas o senhor poder escapar do desafio,adependerdecomoresponderprimeiraquesto.Aprimeirapergunta:o senhor poderia explicar a diferena entre nossa Natureza de Buda e um Buda em particular,comrelaosnoesdeoniscinciaedeinseparabilidadedosamsaraedo nirvana?
Tradutor: A pergunta se ele poderia explicar a diferena entre nossa natureza de BudaeumBuda,ouseja,algumqueatingiuoEstadodeBuda,particularmentecom relaoquestodaoniscinciaedainseparabilidadedosamsaraedonirvana?Esta aperguntaouodesafio?
Pergunta: Esta a pergunta. De fato, h um complemento a ela. Como algum pode atingiroDespertarsemconscincia?Achoqueestoligadas,estasduas.
Tradutor:Porconscincia,oquevocquerdizer? Pergunta:Oagregadoimpurodoqualelefaloumaiscedo.
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Rinpoche:ANaturezadeBudapresentenanossanaturezacomoabasedosercomo umpssaroemseuovo,queaindanoemergiudele.UmBudacomoessepssaroj voando pelos cus, tendo quebrado a casca do ovo. Todos e cada um de ns tm o potencial inato que se manifesta como as qualidades do estado de Buda. Mas esse potencial,quenossaessncia,estescondidopornossosobscurecimentose,portanto, enquanto estiver escondido, chamamolo de semente. Usamos o termo Buda para se referiraalgumcujaessnciaanteriormenteescondidaserevelou.Ento,basicamente h duas situaes: um ser cuja natureza bsica ainda est escondida e um ser cuja natureza bsica se revelou. Quando esta natureza bsica est escondida, ns a chamamosdepotencial,groousemente,aessncia,ouNaturezadeBuda.Equandoa naturezabsicaestrevelada,chamamosaesseserdeBuda. Pergunta: O senhor no respondeu a questo sobre como se pode se realizar sem conscincia.
Tradutor:Oh,sim,desculpeme.
Rinpoche: No se perde conscincia quando algum se torna um buda. Voc transforma a conscincia. A funo da conscincia transformada em sabedoria. Em nosso estado atual, a conscincia funciona casualmente ou de modo imperfeito. Por vezes, nossa conscincia to intensa que chega a ser irresistvel e, por outras, to obscuraeembaadaquenofuncionabem. Pergunta:Estarpida.Ummaratemahabilidadedeconvencerumapessoadeque ela um Buda realizado quando de fato no , ou que ela seja o detentor de uma linhagemouumbodhisattvaquandoelanoo?E,emcasopositivo,comoapessoa podeseprotegercontraessailuso,dadoqueserumBudarealizado,oudetentorde linhagemoubodhisattvaoqueapessoadeseja?
Rinpoche:Parecequepossvel. Pergunta:Bem,entocomonosprotegemosdisso?
Rinpoche: Basicamente, preservando a boa motivao e cultivando muito amor e compaixo. Pergunta:Voudeixarmeudesafioparaoutrahoraporquehvriaspessoasnafila.
Pergunta:AgradeoaoRinpocheetambmaolamaporsuatraduo.Minhapergunta dizrespeitosangha.AmaioriadensnovproblemasemtomarrefgionoBudae noDharma,masquandochegaomomentodetomarmosrefgionasangha,viramos nossos olhos e damos risadinhas nervosas. Por toda esta semana, estivemos juntos comoumasangha,todostrabalhandoecooperandojuntosmas,quandodeixarmoseste lugar, voltaremos snossascidadeseanossosdiferentesgruposenosenvolveremos emsituaesnasnossasdiferentesescolasNyingma,Kagy,Geluk,Sakya,eoutras ecommuitosprofessoresdiferentes,muitosdiferentesmodosdesefazerascoisas.Eo queeutenhovistoemSeattle[EstadosUnidos]umgrupoquepensaqueseujeitoo melhor,umprofessorporaquidissequeteveumpassadoobscuro,outroprofessorno ensina de jeito nenhum em tibetano com vrias diferenas, e mesmo dentro de grupos particulares, cada um com seus inmeros conceitos. Bem, esta pessoa tomou refgio,entodasangha,mesmoquenopratiquemuito;estaoutrapraticaotempo
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todo,masnotomourefgio;outra,ainda,praticamuito,masnovaiaocentro.Ento, hvriasidiassobreoqueumasanghaecomosecomportarcomomembrodeum sangha, e eu gostaria que o Rinpoche falasse sobre o que um sangha, o que um praticanteequalseriaavisoeocomportamentocorretosemrelaoaeles.
Rinpoche:Nossaatitudecomrelaosangha,pordefinio,indicadonatomadade refgio na sangha. Tomar refgio na sangha aceitla ou comunidade como companheiros de caminho. Ento, a viso bsica que voc deve ter de outros praticantesqueelessocompanheirosdeviagemnomesmocaminho.Sendoesteo caso,vocnotemdeexaminarparticularmenteealgumcomovocoucomooutro algum que voc considere um membro de boa f da sangha. Voc no deve se preocuparsobrequaiscritriosparafazerestaavaliao.Noimportasealgumseja deumacertalinhagemouno,sesuaabordagemdaprticaexatamenteigualsua ou no, se tomou refgio ou no. Elesestonomesmocaminho,tentandoalcanaro mesmo objetivo. A funo fundamental da sangha estando todos no mesmo caminho e perseguindo o mesmo objetivo encorajar uns aos outros a praticar o Dharma,fazerqueooutrocontinueenvolvidoeengajadonoDharmaenaprtica,ao invsdelevarapessoacadavezmaislongedocaminho. Pergunta:Aesserespeito,Rinpoche,deveseesperarqueasanghaaumente,aoinvs desetornarcadavezmaisestreita?
Tradutor:Vocquerdizer,enquantocomunidade?
Pergunta:Sim. Rinpoche: Bem, bom que seja assim, porque quanto maior o nmero, maior o momentum da prtica daquela sangha especfica. E, quanto maior o momentum, mais coragememaisenvolvimentoaspessoastero.
Pergunta:Obrigado,Rinpoche.Minhaperguntasobreocuidadocompessoasqueso doentesterminais,pessoasqueestejammorrendodecausascomocncer,eoalviode suador.Euouvidizerquemelhornoaliviarmuitoadorporqueelaafruiodo karma,que,sevocnopassarporissoagora,vocosofrermaistarde,naprxima vida, ou seja, l quando, o que no me parece a viso mais compassiva do assunto, particularmente se a pessoa que est morrendo com dor no for um praticante do Dharma.Osenhorpoderiafalarsobreisso,porfavor?
Rinpoche: possvel que a agonia de um moribundo seja o resultado de seu karma anterior, mas darlhe um remdio que reduza sua dor no ir remover o karma em funcionamento. Afeta a intensidade da dor, mas o karma continua ainda amadurecendo. Logo, ao aliviar a dor de uma pessoa que est morrendo, voc no a estarcondenandoaumdestinoaindapiornofuturo.Ento,definitivamente,devese darlheumalvioparaador.
Pergunta:Obrigado. Pergunta: O senhor falou bastante sobre as percepes puras e impuras. Estou tendo dificuldades para entender ou para conceber o que deve ser algo que seja puro percepo.brilhante,luminoso?E,deoutrolado,oqueapercepoimpura? Rinpoche: Tem mais a ver com a mente que est percebendo do que com as caractersticas fsicas do que percebido. Um exemplo simples para isso que, se a
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mesma pessoa olhar para o mesmo objeto em dois estados emocionais diferentes, o objeto ser visto de maneira diferente. O efeito do que ela v muito diferente. Por exemplo, se a pessoa olhar para um objeto enquanto estiver com raiva, sentindose maliciosa e mesquinha, ela o perceber como algo irritante ou desagradvel e, se a mesmapessoaolharparaomesmoobjetoenquantoseuestadoemocionaldeamore compaixo,oquealgobempositivo,apessoaperceberomesmoobjetocomosendo deboanaturezaouqualidade.Issooquebasicamentesequerdizersobrepercepes ouaparnciasimpurasepercepesouaparnciaspuras,masadiferenaentreesses doisestadosamesmapessoaemdoisestadosemocionaismuitosutil.Enquanto esse o princpio em que opera, podese ir ainda muito alm disso. Se voc pode imaginar uma mente que pura, completamente livre de qualquer tipo de negatividade,oqueessapessoaexperienciaroquechamamosdeaparnciaspuras, verdadeiras.Eumamentequerepletadenegatividadedetodootipoexperienciaas aparnciasimpuras. Pergunta: Obrigado por seus ensinamentos, Rinpoche. Eu tenho algumas pessoas. Estou pensando, no nvel sutil da mente julgadora, quando uma pessoa se torna conscientedosjulgamentosqueestosurgindonoquandoapessoaestbrava,mas quando as tendncias de julgar surgem como a pessoa pode trabalhar com um antdotoquandoissoseapresentar?
Rinpoche:Vocestsereferindomeditaoouaopsmeditao? Pergunta: Ao psmeditao, quando em interao com outras pessoas ou mesmo quandoseobservaavidacotidiana.
Rinpoche: O primeiro passo reconhecer esta tendncia. Se voc tiver o hbito de reconhecer estas espcies de pensamentos julgadores como o que eles so, ento o hbito de reconheclos e desejar no investir neles aumentaro, e eles acabaro por ocorrercadavezmenosfreqentemente. Pergunta:Mascomoissorealmenteacontece?
Rinpoche: Se voc no est interessado em cultivar estes pensamentos e aplicar a conscincia e a mente alerta, automaticamente eles acontecero cada vez menos e desaparecero. Pergunta:OsenhormencionouosdoisprincipaisbodhisattvasdoBudadaMedicina,o Luminoso como o Sol e o Luminoso como a Lua. Eu gostaria de saber se o senhor poderiafalarumpoucomaissobreisso.
Rinpoche:PensoquesejamoutrosnomesparaManjushrieChagdrul.Luminosocomo oSolseriaManjushrieLuminosocomoaLuaseriaChagdrul. Pergunta: O senhor falou um pouco sobre espritos e no querer enraiveclos ou ofendlos.EstoupassandoatermaisfnoBudadaMedicinaetenhocertezadeque sua prtica tima, mas penso se o senhor poderia esclarecer para aqueles que trabalhamcomcurasqueenvolvemapossessodeespritos,eoquefazerouemque focarapsestassees?
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Tradutor:Vocquerdizer,seapessoaquevocesttentandocurarestpossudapor umespritoousevoc,enquantoacura,atacadoporumesprito? Pergunta: Bem, talvez ambos. Voc est trabalhando com uma pessoa e o esprito despossudoereclamaocorpodevolta.Geralmente,oqueeutenhoexperimentado permanecer forte e com clareza, mas por vezes pode haver fatiga ou outras coisas podemacontecerdepois.Ento,achoqueambasassituaes.
Rinpoche: O mais importante nesta situao queopraticantetenhacompaixono apenas pela pessoa possuda, mas tambm pelo esprito possuidor. Claro, normalmentetemoscompaixopelopossudo,mastalveznotenhamospeloesprito possessor. O possudo merece nossa compaixo porque est sofrendo. Mas o esprito possessorigualmenteoutalvezatmaismerecenossacompaixo,porqueoqueele est fazendo causar grande sofrimento no futuro. Se voc tem uma atitude de compaixo pelo esprito, isso facilitar sua desconexo, e no deixar este gosto insosso,eomais,queporventuraseseguir.
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OSutradoBudadaMedicina
Dealgumaforma,nossanaturezabdicadespertou esomosmuitoafortunados
Continuao dos ensinamentos do muito venervel Khenchen Thrangu Rinpoche sobre o Buda da Medicina.
Todos vocs, certamente, so extremamente atarefados, mas, apesar disso, decidiram vir aqui e, por isso, eu os agradeo. Alm disso, ao vir aqui, vocspraticarameouviramosensinamentoscomgrandedilignciaeateno,e eu os agradeo especialmente por isso. Como est em A jia ornamento da liberao, enquanto todos os seres senscientes, sem exceo, possuem a natureza de Buda, essa natureza est escondida por seus obscurecimentos, como na analogia que fiz ontem, sobre o pssaro dentro do ovo. H maneiras diferentes em que a Natureza de Buda pode estar presente em uma pessoa. Enquanto est igualmente presente, por si, em todas as pessoas, ela pode emergir ou no. Quando a Natureza de Buda est dormente, quando no h nenhuma evidncia dela na vida da pessoa, essa pessoa no tem nenhuma oportunidade imediata de se liberar. Por outro lado, quando emergem as qualidadesdeBuda,quandoelasdespertam,entoessasqualidadesserevelam eapessoapodecomearaalcanaraliberao.Agora,nocasodetodosvocs,o fato de terem decidido vir aqui, o fato de terem vindo e praticado diligentemente uma prova evidente do despertar ou da emergncia da 149
Natureza de Buda, e eu considero evidncia de que sua prtica do Dharma continuaraprogrediratquevocsalcancemaliberao.Ento,euagradeo porvocsteremvindoaquiepraticado. Enquantoestiveramaqui,vocsouviramepraticaramespecificamenteo DharmaligadoaoBudadaMedicinaque,nolongoprazo,setornaracausade suacompletaliberaoe,nocurtoprazo,acausadebemestarfsicoemental. Ento, vocs so extremamente afortunados, porque esta prtica extremamente benfica. Agora que iro continuar com suas vidas e tentaro integrar a prtica em seu cotidiano, por vezes encontraro oportunidades praticamente perfeitas. Ela se encaixar bem em sua vida sem contradio ou problema,enohaverimpedimentoouobstculoqueinterfiraemsuaprtica. Outras vezes, sentiro que haver inmeros obstculos impedindo ou obstruindosuaprtica,contratemposecoisasdotipo,epoderchegaroponto emquevocssentiroquenotmnenhumaoportunidadeparapraticar,pelo menosnootantoquantogostariam.Emtaissituaes,nosedesencoraje.No pensem:tenhoobstculos,tenhoproblemasreais,nuncasereicapazdefazera prtica.Noimportaoqueeufaa,ascoisassempredaroerrado,ecoisasdo gnero.Nosepermitamsedeprimirporcontadeobstruestemporriassua prticaesempreselembremque,simplesmenteencontraroDharma,ouvilo, algoextremamenteafortunado,extremamentebenficoemsimesmo.Qualquer contatoquetiverfeitoequalquerprticaquetiverrealizadonuncaseperdero. Seusbenefciosnuncapoderoserdestrudosouremovidoseoslevaro,mais cedooumaistarde,completaliberao. Dizse em A Jia ornamento da liberao que, em um dos sutras, o Buda discute sobre os benefcios deterumafnomuitocompleta.Bem,porbvio existemaspessoasquetmumafintensa,completaeinquestionvelnastrs jiaseespecialmentenoDharma,oquemaravilhoso.Mashpessoasquetm menos f no Dharma, ou tm alguma f mas tambm tm muitas dvidas e questionamentos.AimagemqueoBudausaparadescreverestasituaoque, sealgumtemfcompleta,elasjuntaroasduasmosnaalturadocorao,em umgestodeextremadevooeconfiana.Massealgumtemmenosf,pode porapenasumamoemfrenteaopeito.Ento,oqueoBudaestdescrevendo umasituaoemqueapessoatemoquepodemoschamardemeiaf.Ela tm f mas tambm tem muita dvida. E o Buda coloca a questo: Haver algum benefcio, haver algum resultado em se colocar uma mo no gesto de meiafoumeiadevoo?Earesposta:Sim,definitivamentehavergrande resultado;havergrandebenefcio,eelenuncaseperder.Aofinal,elelevar apessoaaoperfeitoDespertar.Ento,dessemodo,oBudaelogiaaatitudedef mesmoqueaconsideremosincompleta. UmasegundaanalogiaqueoBudaoferececomeacomaimaginaode umlugardeprticacomoeste.Inicialmente,parachegaraqui,apessoageraa intenodefazlo.Ento,elapodepensar:Euprecisoiratallugarepraticar intensamente. Obviamente, se ela de fato chegar e praticar, ter grande benefcio;masimaginealgumque,tendodecidido:Voupraticar,dalguns 150
passose,logoapsestespoucospassosnocaminho,aconteceumasituaoque evitaqueelacheguelepratique.EoBudapergunta:Nestasituao,haver resultado? E a resposta sim, haver tremendo resultado, grande benefcio; mesmotendodadoapenaspoucospassosemdireoaolugardeprticacoma intenodepraticar,mesmoquenuncasecheguelenuncasepratique,ainda assim, ao final, isso ser causa de perfeita felicidade. Ento, enquanto vocs continuam com suas vidas e com o processo que incluiu ouvir e praticar o Dharma,svezesvocssentiroqueestolivresdeimpedimentoseobstculos que interferem em sua prtica, e outras vezes vocs vo achar que as coisas atrapalham suas prtica. Mas quando isto acontecer, no se desencorajem; lembremse que tudo sempre benfico, e no uma situao anormal que s vezes h liberdade para a prtica e, outras vezes, no. Nunca pensem mal de vocsmesmosporexperienciaremimpedimentos. Este o modo como est explicado nos ensinamentos do Buda, como citado e exposto pelo senhor Gampopa. E, se simplesmente pensarmos sobre isto,poderemoschegarmesmaconcluso.Seconsideramosasaparncias,este mundocomoo experienciamos,normalmenteexperimentamosascoisascomo sendo luminosas, coloridas, poderosas e distradas, at mesmo sedutoras. Nossas mentes so facilmente empurradas para todos os lados, enganadas e seduzidas. Nossas mentes so ingnuas. Especialmente porque temos muitos pensamentos sobre nossas experincias. Pensamos que as coisas vo permanecer as mesmas. Pensamos que elas so estveis, eassimpordiante. E usualmente nos enganamos com todos esses pensamentos baseados nas aparncias. Mas, de alguma forma, todos geramos a idia, o pensamento, de que o Dharma e, especificamente, vir aqui e participar deste retiro, valeria a pena, que seria importante o suficiente para tomar lugar em nossas vidas. A maioriadosseresnopensaassim.Muitosdelesnopensariamemviraqui.A razopelaqualofizemosque,dealgumamaneira,nossaNaturezadeBuda despertouaomenosumpouco,easbnosdosBudasedosbodhisattvas,de algumaforma,caramsobrensenosafetaram.Ento,mesmoqueobstculos surjam de tempos em tempos, eles no so to importantes quanto parecem. Eles so, em ltimo caso, temporrios e sem importncia. O processo que comeoucomodespertardaNaturezadeBudaeasescolhasquefizemosno pra. Por fim, ele levar nossa liberao. Logo, somos, de fato, muito afortunados.Quandovocpode,quandovoctemascondiesnecessriasou os recursos para fazlo, definitivamente, pratique. E quando voc no puder, quando as coisas comearem a atrapalhar o caminho da prtica e tornla impossvel,nosesintamal,ereconheaoquoafortunadovoc. 151
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AsdozegrandesaspiraesdoBudadaMedicina
Aprimeiragrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que aluzdomeucorpofaabrilhantes,estveiseespecialmenteradiantesosreinos deste universo, que so inumerveis, imensurveis, e alm de qualquer conta. Quetodososseressenscientessejamadornadoscomastrintaeduasmarcase as oitenta caractersticas do grande e nobre ser. Assim, que todos os seres senscientessetornemjustocomoeusou.Assimeleorou.
Asegundagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que meu corpo se parea com o lpislazli, e seja plenamente adornado com extremapureza,pordentroeporfora,umaclaridaderadiantelivredequalquer mcula, uma grande agilidade em todas as coisas, glria flamejante e brilho, simetria fsica, uma filigranade raios deluzmais brilhantesqueosolealua. Paraosquenasceremnestemundoeparaosqueseguiramseparadamentepara 153
a sombra da noite, que minha luz possa vir de todas as direes trazendo felicidade e contentamento. Que ela tambm possa trazer atividade virtuosa. Assimeleorou.
Aterceiragrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamente perfeita iluminao, tendo alcanado o completo Despertar, pela minha sabedoria e minha incomensurvel capacidade, queosincontveis reinosdosseressenscientesgozemderiquezasinexaurveis.Queningumseja privadodenada.Assimeleorou.
Aquartagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,eu colocarei no caminho do Despertar qualquer ser sensciente que tenha entrado nocaminhonegativo.Todososquetiveremidoparaocaminhodosshravakas ou dos pratyekabuddhas, eu levarei para o caminho Mahayana. Assim ele orou.
Aquintagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que osseressenscientesaminhavoltapossammanterocelibato57.Damesmaforma, pelo meu poder, que outros incontveis seres, tendo ouvido meu nome, mantenhamseus trsvotose quesuadisciplinano se deteriore.Queaqueles cujadisciplinasecorrompeunoentremnosreinosinferiores.Assimeleorou.
Asextagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que qualquer ser sensciente com corpo inferior, faculdades incompletas, cor
Notadoeditor:aidiaderezarpararenasceremumreinoemquetodossocelibatrioscontrriaa muitos ocidentais, de fato, para a maioria das pessoas, mas as pessoas ficaro felizes em saber que o celibato no figura como um trao necessrio em grande parte dos reinos dos deuses tntricos. Mas a oportunidade de renascer em um reino em que o celibato seja a norma importante para aqueles cuja obsesso pelo sexo to grande que sempre os envolve em perptuo conflito emocional e mental e em degenerao social. Viver e praticar nestes ambientes seguros darlhes a muito necessria chance de quebrar este ciclo de degenerao emocional, fsica e social. Ademais, para os indivduos que no tm outroobjetivonavidaanoseratingiraliberaoeoestadodebuda,osvotospratimokshadeummonge oumonja,incluindoosvotosdecelibato,soamelhorapesardenoseremosnicosfundaoparao caminhoatqueapessoatenhaalcanadopelomenosoprimeirobhumidebodhisattva(umcompromisso com a vida moral que inclua a fidelidade sexual considerada, tambm, uma boa fundao ). Sob circunstncias ordinrias, assassinato, roubo, mentira, conjunes carnais, uso de txicos, etc., crescem a partirdoskleshasdapaixo,agressoeignornciaque,porsuavez,baseiamsenoapegodualista,quese busca combater por meio da prtica. Assim, essas aes reforam os kleshas e a confuso na mente das pessoas. Alm disso, a conjuno carnal geralmente leva famlia, o que reduz drasticamente a quantidade de tempo e energia que a pessoa teria para se devotar meditao formal, que a espinha dorsaldocaminho.Sobtaiscircunstncias,maisdifcil,senoimpossvel,queosiniciantesnocaminho desenvolvam a profunda viso do insight vipashyana a viso da vacuidade que o caminho para a liberaoeparaoestadodebuda.
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considerada desagradvel, sofredor de doenas virulentas e epidmicas, membrosdesiguais,corcunda,pelemanchada,quetodoserquesejadbil,cego, surdo, insano, atingido por doenas, ao ouvir meu nome, que todas as suas faculdades sejam restauradas e seus membros se tornem perfeitos. Assim ele orou.
Astimagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que qualquer ser sensciente, cujo corpo atacado por doenas e males, que no tenharefgionemprotetor,nembensmateriaisnemremdios,nenhumparente oufamlia,quesejapobreeestejasofrendo,aoouvirmeunomechegaraseus ouvidos, que todos os seus males sejam pacificados. At o Despertar, que ele sejalivrededoenasequepermaneaseguro.Assimeleorou.
Aoitavagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamente perfeita iluminao, tendo alcanado o completo Despertar, se algumforatingidopelasfalhasdeumrenascimentonegativo,desprezadopor ter assim nascido, e que deseje se libertar daquele lugar de nascena, que ele seja liberado de ter esse nascimento negativo novamente. At que ele atinja o Despertar ltimo, que ele sempre tenha renascimentos positivos. Assim ele orou.
Anonagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,eu liberarei todos os seres senscientes do n de Mara. Eu estabelecerei na viso corretatodososqueestejamemdesarmoniaporseusdiferentespontosdevista eproblemasconflituosos.Aofinal,euosensinareiaprticadosbodhisattvas. Assimeleorou.
Adcimagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamenteperfeitailuminao,tendoalcanadoocompletoDespertar,que opoderdemeumritopossaliberarcompletamenteosseresdetodoomal:os que so aterrorizados pelo medo a um governante, os que esto presos e so massacrados,osquecaramemarmadilhas,osqueforamsentenciadosmorte, os que esto sob os calcanhares do engano, os que no tm sucesso e aqueles cujoscorpo,palavraementesoafligidosporsofrimento.Assimeleorou.
Adcimaprimeiragrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamente perfeita iluminao, tendo alcanado o completo Despertar, paraaquelesquequeimamdefomeedesede,quecometemaesnegativasem seus contnuos esforos para obter comida, que eu possa satisfazlos 155
fisicamentecomcomidadecor,odoregostoagradveis.Que,maistarde,euos possalevaraoextasiantesabordoDharma.Assimeleorou.
Adcimasegundagrandeaspirao: Em um tempo futuro, quando eu tiver atingido a insupervel, ltima e completamente perfeita iluminao, tendo alcanado o completo Despertar, para aqueles que experimentam sofrimentos dia e noite, nus, sem roupas que vestir, pobres e miserveis, sofrendo com frio ou calorextremos,afligidospor moscas e vermes, eu lhes darei generosamente tudo o que apreciarem, como roupas tingidas de muitas cores. Eu saciarei todos os seus desejos da forma comoosdesejaremcomumavariedadedepreciososornamentosedecoraes, colares,incenso,ungentos,sonsmusicais,instrumentosmusicaisecmbalos. Assimeleorou. Manjushri,estassoasdozeaspiraesfeitaspeloVitorioso,oTathagata, o Arhant, o Perfeito Buda, a Luz Lpislazli da Medicina, quando ele estava praticandoacondutadobodhisattva. 156
Se a viso que voc tiver das coisas for basicamente correta, ento ela ser umafortecausaparasualiberao.E,aocausarsualiberao,serumacausa indiretadaliberaodosoutros.Emsuma,avisocorretadecomoascoisas so produz todo tipo de felicidade. Por outro lado, se sua viso for suficientementeincorretaetornar,defato,pervertidoedesorientadoousoda sua inteligncia, ento ela obstruir o caminho da sua liberao e, dessa forma, evitar que voc libere os outros e o tornar um obstculo felicidade.
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