Excertos Elisa Guimarães
Excertos Elisa Guimarães
Excertos Elisa Guimarães
Aquele que discursa, falando ou escrevendo, manifesta-se atravs do enunciado; a deixando sua marca na revelao: dos protagonistas do discurso (emissor/destinatrio); da situao (as circunstncias espao-temporais, as condies de produo/recepo do discurso); dos propsitos explcitos de discurso (informar explicar convencer propiciar entretenimento etc.); da sua condio de acontecimento discursivo que supe um significado independente em grande medida da conscincia e intenes do emissor e do leitor. V-se, pois, o discurso (...) como uma prtica. Para se encontrar sua regularidade no se analisam seus produtos, mas os processos de sua produo fato do qual decorre a necessidade de ser do objeto de sua anlise a lngua em uso. (p. 89-90) No domnio da teoria e da anlise lingusticas, o que a considerao da interao traz particularmente de novo , sem dvida, o princpio fundamental que concebe a atividade discursiva como atividade partilhada e cogerida pelo locutor e alocutrio, revelando-se, por isso, o discurso como coconstruo. O locutor no constri o seu discurso divorciado da imagem que convoca do seu alocutrio. Todo discurso endereado a um interlocutor. O locutor no somente modela seu discurso, mas tambm d corpo imagem do outro a quem o discurso se destina e, alm disso, configura-se a si mesmo ao plasmar sua prpria imagem no interior do discurso que produz. (p. 91) Na sala de aula, por exemplo, o professor interage com os alunos essa interao propicia o alcance dos efeitos de uma trplice natureza do discurso: o discurso como ao, o discurso como efeitos de sentidos, o discurso como acontecimento. (p. 93) Da estruturao adequada do texto decorrem os sentidos nele materializados donde se justifica sua definio como instrumento de interao comunicativa ou ainda como um evento comunicativo no qual convergem aes lingusticas, cognitivas e sociais (p.13). OBS. Est tambm a posio de Koch, 2002. Uma ordem, uma exortao, um dilogo, uma advertncia, um relato so textos. Escolhemos
diferentes formas de textos de acordo com as intenes e finalidades de nossos atos comunicativos. Um mesmo fato pode ser matria de diferentes formas textuais: um comentrio, uma reportagem, uma manchete. (p.13) Um texto no tem sentido por si mesmo, mas graas interao que se estabelece entre o conhecimento apresentado no texto e o conhecimento de mundo armazenado na memria do interlocutor. (p.17) Sustentam a construo do texto trs dimenses: a dimenso sinttica, a dimenso semntica e a dimenso pragmtica. No nvel sinttico, assentam-se as relaes entre os signos; o nvel semntico acentua as relaes dos signos com o mundo para o qual remetem; o nvel pragmtico diz respeito s relaes entre os signos e seus intrpretes, ao uso que esses intrpretes fazem da lngua. Tem-se, pois, o texto como unidade sinttico-semntico-pragmtica. (p.47) (...) a representao do discurso concretiza-se no composto textual, tendo-se, pois, o texto como repositrio da carga discursiva. (p. 126) (...) por meio da manifestao lingustica vazada no texto que se poder buscar o discurso e suas significaes, entender como o discurso se engendra num processo mais amplo, determinado por questes histricas, sociais, culturais e ideolgicas. Nesse sentido, o discurso a linguagem em ao, revelando a prpria prtica que interpela os indivduos historicamente determinados (p. 126-127)
Nessa perspectiva, tem-se o discurso como um enunciado caracterizvel por propriedades textuais, mas, sobretudo pelos dados contextuais de um ato de discurso cumprido numa determinada situao. Nessa situao, empresta-se relevncia aos participantes do acontecimento discursivo, bem como instituio da qual eles fazem parte e ao lugar e ao tempo em que se situam. Observa-se ainda, na harmonizao texto/contexto, que as relaes de poder e dominao esto inscritas no texto e so dinamizadas na dimenso discursiva. (p. 128)
Enquanto o discurso limitado por coeres sociais, a liberdade de textualizar grande. Em termos prticos, configura-se isso no fato de no se poder dizer qualquer coisa, de qualquer modo, para qualquer pessoa. Antes, pois, de estabelecer o quadro tpico do texto, preciso controlar os fatos do discurso, isto , saber quem fez o que para quem e verificar que relao uma ao descrita pelo discurso tem com as outras aes em seu contexto. Constata-se, pois, tratar-se de dois pontos de vista complementares, s separveis por razes metodolgicas. Essa separao est ligada a princpios que ressaltam a conformao do discurso como resultante da articulao entre enunciados e uma situao de enunciao singular dimenso propriamente discursiva. (p. 129)
(p. 127)