Po de Carvao Aditivado

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PCA P de Carvo Aditivado: Manual do Usurio Arnaldo Romanus ( * ) Introduo O presente manual tem por finalidade bsica prestar

r as devidas orientaes quanto ao uso correto do PCA (p de carvo aditivado) por parte das fundies, de modo a adotarem composies da areia a verde elaboradas sob um ponto de vista muito tcnico, sempre visando reduzir o refugo de peas, a ocorrncia de quebras de moldes e o descarte de areia de retorno, entre outros problemas. Com a finalidade de se entender melhor os objetivos propostos ser feita uma descrio pormenorizada das principais variveis que atuam sobre a performance da areia a verde, para se poder efetuar sem qualquer receio a substituio do p de carvo Cardiff pelo PCA. 1. Composio bsica da areia a verde Simplesmente com o objetivo de confeccionar moldes, bastaria que a areia a verde fosse preparada com os seguintes componentes: areia de slica; bentonita; gua, alm de poder ser assim classificada: areia de sistema: mistura de areia de retorno, areia base, bentonita e gua; areia de faceamento: uso exclusivo de areia base ou em mistura com areia de retorno, alm de bentonita e gua; areia de enchimento: mistura de areia de retorno com gua, eventualmente contendo certa quantidade de bentonita e de areia base. Ao se partir para o emprego de mquinas de moldar de alta produtividade, todavia, praticamente proibitivo o uso de areia de faceamento, motivo pelo qual a areia de sistema dever ter uma qualidade tal que no apenas resulte num bom acabamento das peas, mas que tambm evite a ocorrncia de defeitos tais como pinholes, bolhas de gs, penetrao por exploso, escamas, rabos de rato e veiamento, entre outros, bem como no poder ocasionar quebras de bolos/cantos dos moldes e nem tampouco sinterizao nos fundidos. Com o intuito de impedir ou, pelo menos, de atenuar significativamente alguns dos defeitos/problemas citados, o fundidor acaba lanando mo de aditivos carbonceos, com destaque para o p de carvo mineral. 2. Defeitos de fundio 2.1- Defeitos gasosos Pinholes, bolhas de gs, bolses de gs e penetrao por exploso ocorrem quando existe um excesso de umidade na areia a verde, principalmente se a mesma estiver sob a forma de gua livre, a qual, por sua vez, oriunda das seguintes variveis: deficincia de mistura; renovao insuficiente do sistema. ---------( * ) Engenheiro metalurgista. Diretor e scio da Foundry Cursos e Orientao Ltda. e da Romanus Tecnologia e Representaes Ltda. 1

Tambm a permeabilidade incorreta poder piorar a incidncia de defeitos gasosos se no for vivel trabalhar com um teor de volteis relativamente baixo na areia a verde, sendo que alteraes inadequadas da primeira dessas caractersticas podero ter as seguintes causas bsicas: granulometria incorreta da areia base em uso na moldagem e/ou na macharia; deficincia de mistura (no caso da permeabilidade ser muito baixa); argila ativa fora da faixa especificada. 2.2- Acabamento rugoso / eroso dos moldes / incluses de areia Muitas vezes, com o intuito de evitar defeitos gasosos oriundos de baixa permeabilidade, o fundidor acaba partindo para o emprego de areia base muito grossa, a qual, por seu turno, poder resultar em eroso dos moldes (por insuficincia de teor de finos na areia a verde), bem como em incluses de areia nas peas e em acabamento rugoso das mesmas. 2.3- Sinterizao de areia Esse defeito que, s vezes, no consegue ser removido das peas nem mesmo atravs de jateamento prolongado, pode ter as seguintes causas primrias: insuficincia de aditivo carbonceo na areia a verde; uso de p de carvo com baixo teor de carbono vtreo e/ou do tipo higroscpico; excesso de umidade na areia de moldagem; uso de areia base muito grossa; excesso de argila ativa na areia a verde, com a situao se agravando ainda mais se a bentonita empregada for do tipo sdica ativada (nacional); excesso de sais na gua industrial empregada na preparao da areia a verde e/ou no resfriamento da areia de retorno; excesso de finos inertes na areia de moldagem. 2.4- Entranhamento (penetrao metlica) s vezes esse defeito tambm erroneamente denominado de sinterizao, tendo o aspecto de metal que penetrou fortemente em pontos quentes e/ou de difcil adensamento dos moldes, tais como as regies dos ataques do sistema de alimentao e em paredes laterais ou ainda em cavidades profundas. Geralmente esse defeito exige rebarbao intensa para ser removido, o que muitas vezes ocasiona perda das peas nessa operao de limpeza. So as seguintes as principais causas desse defeito: excesso de umidade da areia preparada, que dificulta a sua fluidez e conseqentemente tambm diminui o adensamento dos moldes; insuficincia de presso na rede de ar comprimido; excesso de modelos na placa. 2.5- Defeitos de expanso So assim chamados por serem oriundos da expanso que a areia de slica sofre durante o vazamento do metal, podendo surgir at mesmo em peas de alumnio j que os mesmos ocorrem abaixo de 600 oC. Os defeitos de expanso podem ser assim subdivididos: a) rabos de rato: o estgio anterior ao da formao de escamas, quando uma camada de areia ressecada est sendo flexionada sem chegar a romper para dentro da cavidade do molde que formar a pea; em outras palavras, uma estria em baixo relevo que se manifesta na superfcie dos fundidos, a qual nem sempre chega a resultar em refugo por esse defeito em si, porm poder causar o deslocamento de gros de areia

do molde, o que, por sua vez, provocar o aparecimento de incluses dos mesmos nas peas; b) escamas: o estgio posterior ao da formao de rabos de rato, quando uma camada ressecada do molde no apenas flexiona para dentro da cavidade que formar a pea, mas que inclusive chega a romper; embora nem sempre o produto fundido venha a ser refugado em funo desse defeito devido sua localizao, entre outros fatores , certamente acaba-se tendo a ocorrncia de incluses de areia at mesmo grosseiras no mesmo; c) veiamento: trata-se de uma estria em alto relevo existente na superfcie das peas, a qual muitas vezes no resulta em refugo, porm exige um excessivo trabalho de rebarbao para a sua remoo, j que, dependendo de sua localizao, nem sempre se consegue elimin-la por meio de jateamento intensivo. No tocante origem desses defeitos, convm esclarecer o seguinte: a) rabos de rato e escamas: normalmente possuem as seguintes causas bsicas: baixa RTU (resistncia trao a mido) da areia a verde, por sua vez oriunda das seguintes variveis principais: - deficincia de mistura; - uso de bentonita com baixa RTU; - insuficincia de argila ativa; - excesso de finos inertes; fortes tenses de compresso dos moldes, provenientes das seguintes variveis fundamentais: - excesso de finos inertes; - teor de finos demasiadamente elevado; - grau de compactao muito forte; b) veiamento: no um defeito muito estudado na areia a verde, pelo fato de que a sua ocorrncia mais tpica das regies feitas por machos (principalmente de cold-box); todavia, pelo que se sabe, a causa elementar que pode fazer com que o mesmo surja tambm por meio do molde a seguinte: resistncias elevadas demais, que fazem com que o molde fique muito rgido at o metal completar totalmente a sua cavidade, porm que logo em seguida se enfraquecem e permitem a rachadura em determinados locais (por onde o metal ainda lquido acaba penetrando). 3. P de carvo mineral 3.1- Definio Tambm conhecido por Cardiff, o p de carvo mineral um material orgnico que se decompe por ao trmica em vrios produtos gasosos, plsticos e slidos, sendo que a frao plstica, que contm o alcatro, aparentemente a mais importante por possuir compostos ricos em carbono, tais como benzeno, tolueno, xileno e naftaleno ( 1 ). 3.2- Finalidades de utilizao So vrias as razes que justificam o uso do p de carvo mineral na areia a verde, porm merecem destaque os seguintes efeitos que o mesmo ocasiona: melhora do acabamento das peas; reduo da aderncia de areia aos fundidos. 3.3- Mecanismos de ao protetora Basicamente so trs as teorias que visam explicar os mecanismos de ao protetora do p de carvo sobre os fundidos, cada uma envolvendo a decomposio trmica do aditivo ( 2 ):

a) teoria do colcho de gs: a reao metal-molde inibida tanto por uma camada de bolhas descontnuas como por uma evoluo de gases, que se interpem entre a areia e o metal lquido. Entretanto, essa teoria no foi comprovada experimentalmente e, por conseqncia, questionvel. Nota: o autor do presente trabalho acredita na validade dessa teoria, pois experincias particulares realizadas numa fundio visando melhorar a colapsibilidade dos moldes durante a desmoldagem das peas atravs da substituio do p de carvo mineral (numa poca em que este se encontrava em falta no mercado) por farinha de madeira no apenas apresentaram resultados benficos nesse sentido, mas, surpreendentemente, conseguiu-se inclusive eliminar problemas de sinterizao de areia s peas existentes na ocasio; como, todavia, a farinha de madeira forma uma quantidade muito pequena de carbono vtreo, a explicao mais lgica para esse fenmeno a de que o seu elevado teor de volteis teria gerado uma camada de gases suficiente para evitar a reao metalmolde que levaria sinterizao; b) teoria da atmosfera redutora: o aditivo carbonceo disperso na areia a verde cria no molde uma atmosfera de gases redutores que previne contra a oxidao do metal lquido na interface areia-metal, evitando assim a formao da faialita, que causa penetrao metlica e sinterizao total; c) teoria do carbono vtreo: o uso de aditivos carbonceos produz volteis que, por meio de pirlise, depositam-se como carbono vtreo na interface areia/metal. Essa deposio age como uma barreira fsica contra a formao da faialita e, alm disso, no molhvel pelo metal lquido. J de acordo com Marcheze et al ( 1 ), so as seguintes as teorias que procuram explicar o efeito dos aditivos carbonceos sobre o acabamento superficial das peas: a) formao de um colcho de gs que reduz o contato metal/molde; b) envolvimento dos gros de areia por finas camadas de carbono; c) formao de uma atmosfera redutora na interface metal/molde; d) formao de uma pelcula de carbono vtreo, originado a partir dos hidrocarbonetos volteis mais pesados, sendo que, segundo levantamentos bibliogrficos ( 3 5 ) efetuados por esses pesquisadores ( 1 ), as duas ltimas teorias so as mais aceitas. Por sua vez, Novelli e Rinaldi ( 6 ) afirmam que o carbono vtreo, estado alotrpico do carbono e muito prximo estruturalmente da grafita obtida por pirlise, com ampla superfcie especfica e formado a partir dos hidrocarbonetos pesados desprendidos durante o contato com o metal lquido, o responsvel pela melhora do acabamento superficial das peas ( 4, 5 ). 3.4- Efeitos colaterais Como, antes de gerar carbono vtreo, o p de carvo libera volteis durante a sua decomposio trmica, se a areia a verde j estiver com excesso de umidade certamente a tendncia formao de defeitos gasosos nas peas aumenta ao se passar a empregar uma maior quantidade de aditivo carbonceo nas misturas como forma de procurar diminuir a sinterizao de areia aos fundidos. Outro aspecto crtico o fato de que, durante o vazamento do metal, o p de carvo no apenas libera carbono vtreo, mas tambm forma partculas de coque, as quais possuem pelo menos dois efeitos colaterais: aumento da umidade da areia preparada a um mesmo nvel de compactabilidade, j que o coque formado, por ser poroso, resulta num incremento da quantidade de gua livre, sendo que isso certamente piora a possibilidade de ocorrncia de defeitos gasosos nas peas;

formao de pelotas metlicas aderidas superfcie dos fundidos, em funo da queima desse coque durante o vazamento do metal nos ciclos posteriores ao de sua formao. Ainda no tocante s partculas de coque, dados prticos de vrias fundies comprovam que carves altamente higroscpicos aumentam excessivamente a relao perda ao fogo / volteis, ou seja, resultam numa maior formao desses componentes porosos na areia a verde. 3.5- Adio tima de p de carvo mineral Embora a proporo ideal de p de carvo em relao quantidade de bentonita que normalmente adicionada areia a verde possa variar muito de uma fundio para outra em funo de uma srie de fatores, geralmente so as seguintes as propores em peso entre ambos os produtos, respectivamente, quando se estiver trabalhando com um teor adequado de argila ativa: para 100 % de bentonita sdica ativada: 0,2/1 0,3/1 ; para 100 % de bentonita sdica natural: 0,4/1 0,5/1, sendo que, se forem empregados simultaneamente os dois tipos de bentonitas, logicamente a proporo de p de carvo em relao soma de ambos os produtos sofre a devida modificao. Na condio de que a fundio adote o mtodo de ensaio recomendado pelo autor deste trabalho em seu livro Moldagem em Areia a Verde: Manual de Defeitos & Solues ( 7 ), so os seguintes os valores considerados ideais para os volteis (V), a perda ao fogo (PF) e a relao perda ao fogo / volteis em funo do tipo de liga metlica, ao se utilizar p de carvo Cardiff na areia a verde: volteis: - ferros fundidos e aos: 2,5 3,5 % - alumnio e ligas de cobre: 2,0 3,0 % perda ao fogo: - ferros fundidos e aos: 4,0 5,5 % - ligas de cobre: 3,5 5,0 % - alumnio: 2,2 3,2 % relao PF/V: - ferros fundidos e aos: 1,40 1,70 - ligas de cobre: 1,30 1,60 - alumnio: 1,10 1,30. 3.6- Especificao Sob hiptese nenhuma as fundies poderiam utilizar outro p de carvo Cardiff que no seja o tipo A, caso contrrio se teria mais efeitos colaterais do que solues. Assim sendo, sugere-se que seja adotada a seguinte especificao para esse aditivo carbonceo: volteis (V): mn. 30 % carbono vtreo (Cv): mn. 9,0 % relao V/Cv: 2,9 3,3 cinzas: mx. 15 % enxofre: mx. 1,5 % umidade: mx. 3,0 % reteno na # 40: mx. 5,0 % reteno na # 200: 45 65 %. Especificamente no tocante umidade e granulometria convm comentar o seguinte:

a) umidade: desde que haja a devida orientao da assistncia tcnica do produtor de p de carvo, possvel que as fundies utilizem sem maiores problemas um produto com essa caracterstica alcanando at cerca de 6,0 % de teor; b) granulometria: na condio de que a fundio receba a adequada assistncia tcnica por parte do fornecedor de p de carvo, vivel que se utilize um material consideravelmente mais grosso que o anteriormente sugerido, o qual no apenas queima em menor intensidade sob condies apropriadas de relao areia/metal mdia (gerando, portanto, uma maior quantidade de carbono vtreo), mas tambm no sugado com excessiva intensidade pelo sistema de exausto. 4. Composio tcnica da areia a verde (vlida para o uso de Cardiff) Para se definir a composio tcnica da areia a verde mediante o emprego de p de carvo Cardiff, tudo comea com trs dados fundamentais, conforme segue: determinao do grau de incorporao de resduos de machos (AM) areia de retorno (em termos de porcentagem), sendo que, quando a regenerao de machos feita meramente por atrito mecnico, tambm este produto dever ser encarado como se fosse areia de machos (AM); clculo da relao areia/metal mdia (RAM) mensal (ou de um determinado perodo especfico), ou seja, divide-se o peso da areia a verde que de fato foi utilizada na confeco dos moldes (descontando-se o peso dos moldes refugados e tambm o peso da areia raspada dos moldes durante o seu processo de confeco) pelo peso bruto de metal efetivamente vazado nos mesmos; avaliao do nvel de componentes deletrios existentes na areia de retorno, levando-se em considerao os seguintes aspectos: - se a fundio no utiliza machos na produo de suas peas e se simultaneamente alcana uma tima eficincia de mistura, se possui resfriador que permita obter no mximo 45 oC na areia de retorno na entrada do misturador, se o sistema de exausto de finos inertes estiver funcionando a contento e se utilizar bentonita(s) de excelente qualidade, ento se poder adotar o fator de renovao F = 10; - se a fundio utilizar uma quantidade excessiva de machos cold-box, tiver uma pssima eficincia de mistura, no possuir resfriador e nem tampouco sistema de exausto de finos inertes e se no empregar bentonita(s) de qualidade muito boa, ento se dever utilizar um fator F = 30 (o qual poder chegar a F = 50 quando houver uma incidncia excessiva de defeitos atribuveis areia a verde, principalmente pinholes e penetrao por exploso); - se a fundio utilizar uma quantidade bastante grande de machos (principalmente cold-box), porm se tiver uma boa eficincia de mistura, se conseguir resfriar a areia de retorno at abaixo de 45 oC na entrada do misturador e se o sistema de exausto estiver funcionando a contento, recomenda-se iniciar o acerto da performance da areia a verde geralmente com fator F = 25, o qual poder ser gradativamente diminudo at fator F = 15, neste caso desde que a(s) bentonita(s) em uso seja(m) de excelente qualidade. Partindo do princpio que uma dada fundio tenha: - um grau mdio de incorporao de machos AM = 3,0 %; - uma relao areia/metal mdia RAM = 6 (ou seja, 6/1); - uma eficincia de mistura relativamente boa (porm no excelente); - um sistema de exausto de finos inertes que no funcione a contento; - um resfriador que nem sempre consiga fazer com que a areia de retorno fique com temperatura inferior a 45 oC na entrada do misturador,

ento inicialmente se poderia adotar um fator F = 30, mediante o qual se passaria a ter a seguinte necessidade de adio de areia base (AB) s misturas de areia a verde: AB = (F/RAM) AM = (30/6) 3,0 = 5,0 3,0 = 2,0 %, ou seja, dever-se-ia adicionar 2,0 % de areia base em todas as misturas at se conseguir reduzir substancialmente os defeitos/problemas atribuveis areia a verde, quando ento se poderia tentar diminuir aos poucos at F = 15 o grau de renovao do sistema (desde que isso no resulte numa adio negativa de areia base s misturas, como acabaria ocorrendo no caso do exemplo citado). J no tocante s adies de bentonita e de p de carvo Cardiff, uma vez tendose definido o grau de renovao que se pretende ter no sistema de areia a verde deve-se tambm estabelecer os teores de argila ativa e de volteis com os quais se deseja trabalhar, bem como as bentonitas e o p de carvo a serem utilizados durante um perodo no inferior a 3 (trs) meses consecutivos, para ento se poder calcular os graus de queima desses componentes em funo dos teores estabelecidos para estas caractersticas e dos resultados efetivamente alcanados na areia a verde. Como se ver mais adiante, em se tratando do PCA, no entanto, existe a possibilidade de se zerar a adio de areia base s misturas mesmo quando se tem uma elevada incorporao de machos cold-box areia de retorno, desde que sempre se consiga alcanar uma boa eficincia de mistura, que se tenha uma exausto adequada dos finos inertes, que se obtenha uma temperatura da areia de retorno inferior a 45 oC na entrada do misturador e que se utilize bentonita(s) de tima qualidade. 5. PCA (P de Carvo Aditivado) 5.1- Consideraes gerais O aspecto mais crtico atualmente existente na maioria das fundies o elevado custo da areia de retorno depositada em aterro industrial, com a situao se tornando ainda pior se houver a necessidade de se efetuar uma demasiada adio de areia base s misturas de areia a verde, neste caso visando solucionar diversos defeitos ou problemas, tais como gases, entranhamento e sinterizao. Outro problema existente o fato de que o uso de macharia cold-box aumenta consideravelmente a gua livre e, portanto, tambm a umidade da areia a verde a um determinado nvel de compactabilidade, praticamente obrigando o fundidor a utilizar um maior grau de renovao do sistema mediante a adio de areia base s misturas da areia de moldagem numa quantidade at mesmo superior normalmente empregada para o processo shell, ao se utilizar p de carvo Cardiff como aditivo carbonceo. Mesmo incorporando uma elevada quantidade de areia base areia a verde, nem sempre, em funo de uma considervel deficincia de mistura e/ou de uma m eficincia de exausto dos finos inertes, o fundidor consegue trabalhar com um teor de umidade adequado para poder produzir moldes com a dureza necessria em sistemas automatizados, havendo ainda a necessidade de partir para o emprego pelo menos parcial de bentonita sdica natural (importada), de modo a poder ento adotar um menor teor de argila ativa. Ainda como forma de tentar reduzir a incidncia de defeitos gasosos nos fundidos, na maioria das vezes torna-se necessrio trabalhar com areia base relativamente grossa tanto na moldagem como na macharia, o que, por sua vez, resulta num acabamento das peas nem sempre considerado satisfatrio. Um componente normalmente apontado como vilo na areia a verde o p de carvo Cardiff, mesmo que seja do tipo A, pelo fato de reduzir a sua permeabilidade (conduzindo formao de defeitos gasosos nas peas) e por aumentar o seu teor de

enxofre (reduzindo a sua resistncia trao a mido e, portanto, tornando o sistema de moldagem bastante propcio ocorrncia de defeitos de expanso nos fundidos). Sempre com o intuito de diminuir a nocividade do aditivo carbonceo areia a verde e, portanto, tambm s peas fundidas, j h vrias dcadas existem os chamados geradores de carbono vtreo compostos (GCV), sendo que o prprio p de carvo Cardiff um GCV, porm puro e, portanto, apresentando uma srie de deficincias. Os GCV tradicionais existentes certamente melhoram diversas caractersticas da areia a verde, porm no a sua permeabilidade, visto que so obtidos a partir de hidrocarbonetos insolveis em gua; alm disso, para se poder alcanar, nos GCV, um elevado teor de carbono vtreo em relao ao seu teor de volteis, muitas vezes se parte para a utilizao, nos mesmos, de hidrocarbonetos com teor de enxofre at mesmo superior ao existente na maioria dos ps de carvo Cardiff do tipo A. O autor do presente trabalho, atravs de sua empresa Foundry, est investigando ativamente os GCV desde 1993, quando procurou desenvolver esse tipo de material para um produtor brasileiro de p de carvo Cardiff, porm naquela ocasio somente foram utilizados hidrocarbonetos insolveis em gua e no houve justificativa para as fundies empregarem esse novo aditivo carbonceo pelo fato de que o mesmo somente aumentaria o custo final dos fundidos, motivo pelo qual, desde ento e utilizando o seu prprio laboratrio e o da Coquesul, decidiu partir para o estudo de GCV elaborados a partir de hidrocarbonetos solveis em gua, a serem utilizados puros ou em mistura com o p de carvo Cardiff, sendo que a partir dessa idia nasceu o projeto do PCA (p de carvo aditivado), desenvolvido com exclusividade para a Coque do Sul (CDS). 5.2- Especificao Tomando-se como referncia os resultados normais dos ensaios do p de carvo mineral AF, da CDS, e de diversos hidrocarbonetos solveis em gua, foram elaboradas vrias formulaes de PCA, para as quais, em princpio, vlida a seguinte especificao (exceto para as situaes em que se incorporam produtos completamente diferentes em sua composio): umidade: mx. 3,0 % volteis: 45 70 % carbono vtreo: 15 22 % cinzas: mx. 12 % enxofre: mx. 1,2 % granulometria: no aplicvel. Particularmente no tocante ao carbono vtreo, o teor total desse componente obtido a partir da soma dos valores dessa caracterstica avaliada em duas temperaturas distintas, conforme segue: carbono vtreo em 400 oC: 8 19 % carbono vtreo em 875 oC: 3 7 %, sendo que, para os interessados, a Foundry fornecer, mediante consulta expressa, a metodologia correta para a realizao desse ensaio. 5.3- Vantagens e eventuais efeitos colaterais Desde que o PCA passou a ser utilizado rotineiramente por diversas fundies, a partir de 2006, chegou-se aos seguintes resultados at o presente momento: o PCA, ao contrrio do p de carvo Cardiff, praticamente exige que a areia a verde esteja bastante contaminada com machos cold-box, com toda a renovao do sistema podendo vir a ser efetuada exclusivamente por meio de resduos calcinados de macharia; a permeabilidade da areia a verde tem condies de ser aumentada em mais de 50 AFS, permitindo que a fundio parta para o emprego de areia base mais fina 8

na macharia como forma de melhorar o acabamento das peas, sem que isso resulte no aparecimento de defeitos gasosos nas mesmas; em funo da drstica reduo do grau de renovao do sistema (a ser alcanado mediante a fortssima diminuio ou at mesmo atravs da eliminao da areia base na composio da areia a verde), existe a possibilidade de se reduzir em at 30 % a necessidade de adio de bentonita areia de moldagem; mediante o emprego de PCA, tambm ser perfeitamente vivel o uso de 100 % de bentonita sdica ativada (nacional) para quem estiver utilizando at cerca de 30 % de sdica natural (importada) ou ento se poder alcanar uma reduo acentuada da necessidade do segundo produto se o mesmo participar em 50 % ou mais do total de bentonita em uso na fundio; como ponto de partida, pode-se estimar em 1/3 a necessidade de adio de PCA em comparao ao p de carvo Cardiff na composio da areia a verde, com a reduo da incorporao de aditivo carbonceo s misturas chegando, em alguns casos, a 75 % Nota: em termos prticos, o ideal seria que a adio de PCA areia a verde fosse limitada em mx. 0,12 %, raramente podendo ser superior a 0,15 %, caso contrrio existe a possibilidade de se vir a ter saturao desse componente na mesma, o que, por sua vez, resultar em queda dos volteis e em aumento da relao perda ao fogo / volteis e da gua livre, alm de encarecer desnecessariamente a sua composio; em funo da drstica reduo que o PCA origina na presena de gua livre na areia a verde, poder haver uma diminuio superior a 0,5 % de umidade calculada ao nvel de 45 % de compactabilidade, o que elimina em definitivo a possibilidade de ocorrncia de defeitos gasosos nas peas (com destaque para o de penetrao por exploso); o PCA permite que se trabalhe com at 0,5 % a menos de volteis na areia a verde do que o teor que seria necessrio mediante o emprego de p de carvo Cardiff, sem que isso resulte numa piora da sinterizao de areia s peas aps a sua limpeza, o que diminui consideravelmente a probabilidade de ocorrncia de defeitos gasosos; existe uma drstica diminuio do teor de enxofre contido na areia a verde, j que esta caracterstica, no PCA, geralmente inferior a 1,0 %, ou seja, como se a fundio passasse a empregar p de carvo Cardiff com cerca de 0,3 % desse componente deletrio. Torna-se necessrio informar, todavia, que desde que foram iniciados os estudos com o PCA nas fundies verificou-se que o seu uso poder vir a diminuir em demasia a umidade real da areia a verde, mesmo que se aumente a sua compactabilidade; se, por um lado, isso altamente benfico quanto ao combate a defeitos gasosos, por outro lado se poder ter um ressecamento excessivo da areia preparada e dos moldes, os quais ento apresentaro um aumento da tendncia a sofrerem eroso durante o vazamento do metal, o que, por sua vez, poder piorar a incidncia de incluses de areia nas peas. Diante desse nico efeito colateral detectado pelo uso do PCA, chega-se concluso de que efetivamente, na maioria dos casos, existe a necessidade de a fundio partir para o emprego de dextrina de milho na composio de sua areia a verde, preferencialmente j incorporada bentonita nacional durante (e no aps) o seu processo de ativao. 6. Bentonitas Convm salientar que estudos do teste de dispersabilidade efetuados pelo laboratrio da Foundry (empresa do autor do presente trabalho) j demonstraram que se 9

obtm, na bentonita sdica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada com dextrina de milho, valores de RTU (resistncia trao a mido) superiores aos alcanados em bentonita sdica natural argentina tida como sendo de excelente qualidade e, portanto, muito maiores que os resultados gerados pelas melhores bentonitas sdicas ativadas brasileiras, fazendo com que seja vivel produzir peas tais como a 5a roda em areia a verde, sem haver a ocorrncia de escamas de expanso nas mesmas (pelo menos no em nveis crticos). Considerando, todavia, que uma bentonita sdica natural argentina de excelente qualidade ter, em princpio, estabilidade trmica superior da bentonita brasileira aditivada com dextrina de milho, pelo menos em linhas de moldagem automatizadas em princpio convm utilizar ambos os produtos, com a proporo existente entre as duas bentonitas podendo variar de acordo com a avaliao de custos x benefcios de cada fundio. No entanto, para que o PCA possa ter pleno sucesso ao ser utilizado na areia a verde de qualquer fundio, de suma importncia que as bentonitas empregadas na mesma possuam pelo menos as seguintes caractersticas fundamentais: inchamento - brasileira: mn. 38 ml / 2 g para o produto simplesmente ativado com barrilha ou mn. 40 ml / 2 g se vier a sofrer adio de dextrina de milho; - argentina: mn. 35 ml / 2 g; adsoro de azul de metileno original - brasileira: mn. 52 ml / 0,5 g para o produto simplesmente ativado com barrilha ou mn. 50 ml / 0,5 g se vier a sofrer adio de dextrina de milho; - argentina: mn. 54 ml / 0,5 g. 7. Dados fundamentais para o emprego de PCA A fim de se poder avaliar o tipo exato de PCA a ser fornecido a uma dada fundio e para se poder formular a melhor composio a ser adotada para a sua areia a verde contendo este aditivo carbonceo, inicialmente ser necessrio que cada cliente fornea Foundry e CDS as seguintes informaes bsicas: ramo de atividade (automobilstico, agrcola, construo civil, etc.); produo em areia a verde (t/ms de metal vazado e tipos de ligas metlicas, com a sua devida participao percentual sobre o peso total produzido); tipo(s) de mquina(s) de moldar; tipo(s) de misturador(es), com a sua respectiva capacidade nominal; equipamentos/acessrios adicionais porventura existentes (resfriador, sistema de exausto, peneirador, silos de areia de retorno, etc.); peso de areia de retorno existente em circulao (caso no se saiba o seu peso, bastar que se multiplique o seu volume por 1,15 t/m3); reciclagem da areia de retorno (isto , a quantidade de ciclos/dia da mesma); relao areia/metal mdia; refugo (de fundio e de usinagem) no mnimo dos ltimos 3 meses; defeitos existentes ao menos nos ltimos 3 meses (na fundio e na usinagem, com a sua respectiva participao percentual sobre o refugo de cada um destes setores); percentual de moldes quebrados na extrao dos modelos, no mnimo durante os ltimos 3 meses; tempo de jateamento;

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composio da areia a verde e ciclo de mistura empregado (se forem utilizadas formulaes distintas na areia de sistema e/ou se tambm houver o uso de areia de faceamento, no apenas devero ser justificados os motivos para isso, como tambm cada uma dever ter a sua composio devidamente esclarecida, alm de ser necessrio indicar o seu respectivo percentual de participao sobre o peso total da areia preparada pela fundio); controle do processo de areia a verde (alm de ser citado o local de coleta da amostra e o modo de seu armazenamento, devero ser esclarecidos os ensaios que a fundio tem condies de realizar rotineiramente, a sua freqncia de controle e os resultados mdios obtidos para cada caracterstica com a sua respectiva variao normal e mxima; independente de a fundio possuir ou no o seu prprio laboratrio, dever ser informado se a compactabilidade determinada diretamente pelo setor de preparao da areia a verde e a sua respectiva freqncia de ensaios ou se a empresa no possui condies de avaliar nem mesmo essa caracterstica); controle do recebimento de matrias-primas (devero ser esclarecidos os tipos de testes de recebimento efetivamente realizados em cada matria-prima utilizada na areia a verde e a especificao em vigor para cada uma); consumo mdio mensal de matrias-primas utilizadas na areia a verde no mnimo durante os ltimos 3 meses; processos de macharia em uso, com a respectiva participao de cada um (se houver mais de um, logicamente) e o percentual mdio de resduos de machos naturalmente incorporados areia de retorno; custos de cada matria-prima utilizada na areia a verde e da areia de retorno depositada em aterro industrial (essa informao poder ser prestada somente se efetivamente houver um acerto para o uso do PCA pela fundio).

8. Aditivos prontos para areia a verde O ideal mesmo seria que a fundio utilizasse uma mistura j pronta para areia a verde, composta por bentonita sdica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada com dextrina de milho, bentonita sdica natural e PCA (com o tipo exato deste aditivo carbonceo podendo ser alterado periodicamente de acordo com as reais necessidades de cada fundio). Certo que, se a fundio partir para o emprego de aditivos prontos para areia a verde, estes somente podero ser adquiridos de fornecedores que tiverem pleno conhecimento do prprio assunto areia a verde, visto que, se no dia a dia existe a necessidade de periodicamente se efetuar alteraes na incorporao de apenas uma ou outra das bentonitas ou ento somente do aditivo carbonceo em uso, como que se poder admitir o emprego de um produto composto por todos esses insumos, o qual no venha a sofrer qualquer modificao em sua formulao ao longo de vrios meses consecutivos? Diante disso, para que os aditivos prontos para areia a verde tenham pleno sucesso ao serem utilizados na mesma, o seu fornecedor obrigatoriamente dever: ter um especialista em areia a verde que lhe preste os devidos esclarecimentos quanto s modificaes a serem implantadas na formulao do aditivo pronto destinado a cada fundio, a qual, por sua vez, dever ser orientada por essa mesma pessoa quanto maneira correta de utilizar cada produto diferente; possuir um laboratrio completo destinado aos ensaios de areia a verde de cada fundio, incluindo a aparelhagem para a determinao da RTU (resistncia trao a mido), da friabilidade e da evoluo de gases, principalmente nos 11

momentos que antecedem a produo de novos lotes do aditivo pronto, a fim de verificar a eventual necessidade de se alterar a sua formulao; transmitir fundio os devidos resultados dos ensaios obtidos em sua areia a verde, inclusive justificando os motivos que o levaram a eventualmente modificar a formulao do aditivo pronto.

Consideraes finais No restam dvidas de que cada fundio dever reduzir em muito o descarte de areia de retorno, sem que isso venha a resultar numa piora do ndice de refugo e de outros problemas atribuveis areia a verde. Atualmente j se sabe que essa meta est sendo vivel de ser alcanada mediante a substituio do p de carvo Cardiff tradicional pelo PCA (p de carvo aditivado), neste caso a ser utilizado, na areia a verde, geralmente em conjunto com bentonita sdica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada com dextrina de milho e certa proporo de bentonita sdica natural. Tambm se sabe que j passou da hora de todas as fundies partirem para o emprego de aditivos prontos para areia a verde, porm estes, a exemplo do PCA, igualmente devero ser desenvolvidos de acordo com a particularidade de cada fundio e eventualmente necessitaro ter a sua formulao modificada periodicamente em funo de eventuais problemas detectados pelo seu usurio num dado momento. Bibliografia 1. MARCHEZE, E. S.; MASIERO, I. & GUESSER, W. L. Aditivos carbonceos e acabamento superficial de peas fundidas. Metalurgia ABM, 41 (327): 81 85, fev. 1985. 2. GUPTA, V. K. & TOAZ, M. W. New Molding Techniques, a State of the Art Review. AFS Trans.: 519 525, 1978. 3. YEARLEY, B. C. Additives help control mold wall movement. Foundry: 98 101, jun. 1966. 4. KOLORS, A. & ORTHS, K. Zur Optimierung der Wirkungen von Formstoffzustzen auf die Beschaffenheit der Gussoberflche. Giesserei, 51: 723 729, nov. 1964. 5. BINDERNAGEL, I.; KOLORS, A. & ORTHS, K. Schnellverfahren zur Bestimmung der aus Formstoffzustzen. Giesserei, 51: 729 730, nov. 1964. 6. NOVELLI, G. & RINALDI, A. Avances Tecnologicos en los Sistemas de Acondicionamiento de Arena en Verde. Congresso de Fundio, ILAFA, 1976. 7. ROMANUS, A. Moldagem em Areia a Verde: Manual de Defeitos & Solues. Abifa e Global Market: 478 pginas, 2005.

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