Abraão & Ló, Uma Sombra Profética Do Cistianismo Atual
Abraão & Ló, Uma Sombra Profética Do Cistianismo Atual
Abraão & Ló, Uma Sombra Profética Do Cistianismo Atual
Faa parte da cruzada pela restaurao do cristianismo bblico. Distribua esse livro entre parentes e amigos.
Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e esto escritas para aviso nosso, para quem j so chegados os fins dos sculos. (I Corntios. 10. 11)
E conduziu a subverso as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindoas a cinzas, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente. (II Pedro. 2. 6)
O Vale de Sidim afundou e se transformou em mar, sempre fumegante e sem peixe, exemplo de vingana e morte para os mpios. (Sanchuniathon Sacerdote fencio)
Sumrio: Introduo.......................................................................09 1 At que a ganncia os separe......................................19 2 A generosa Sodoma......................................................31 3 De volta velha vida...................................................39 4 E agora, para que servem os pastores?....................45 5 O ltimo pr-do-sol.....................................................55 6 Desamparado e impotente..........................................63 Concluso Lembrai-vos da mulher de L...................................73
Introduo
Prezado leitor, fico contente que tenha se interessado pelo
ttulo de nosso trabalho, mas receio que esse livro no tenha sido escrito para voc. No entanto no serei eu a decidir nem pelo sim nem pelo no. Os livros da srie Tocai a Trombeta foram preparados para aquele pequeno e especfico nmero de fiis servos de Deus que fizeram profisso de jamais se conformarem com esse mundo e que por isso se tm tornado a minoria das minorias. No sou tolo nem alimento a v pretenso de mudar o mundo atravs de uma proposta que j est fadada ao fracasso. O que tenciono oferecer alento e apoio espirituais viva esperana da qual participam uns poucos seres humanos que esto espalhados pelos quatro cantos do planeta. So eles os que peregrinam pelo mundo, mas que no so do mundo e que por essa razo no fazem o menor esforo para firmarem aqui as suas moradas. Estranhos na terra e desprezados at mesmo pelos seus, eles s vezes podem se sentir desamparados, perseguidos, humilhados e postos como escria entre os homens. Mas eles so os verdadeiros cidados do Cu e legtimos herdeiros da glria que jamais fenecer, e se no tm se adap-
tado vida profana dos homens de aqum, porque mantm viva a certeza de que em breve devero retornar para a sua ptria eterna. Porque o Deus de todo amor prometeu jamais deix-los sozinhos enquanto durar a peregrinao neste mundo, e em razo disso Ele tem preparado uns poucos atalaias que entre uma batalha e outra vo dando o toque de alerta, avisando-lhes de que a hora dourada se aproxima. Esse livro , portanto, uma mensagem de apoio e encorajamento aos crentes verdadeiramente salvos, queles que com dores e lgrimas tm assistido a degradao moral e espiritual de um cristianismo que j desistiu do Cu. Caso voc seja um dos tais, timo. Pode prosseguir com a leitura, pois aqui hs de encontrar deleite para a tua alma. Mas se s um cristo morno e ests conformado com a religiosidade medocre e podre que se alastra, ento no percas o teu tempo. Esse livro no foi escrito para voc. Aqueles que leram o meu livro Vampiros Evanglicos sabem que somente depois de muita relutncia que me dei ao labor de escrever a cerca de to desafiadores assuntos, e os meus motivos ficaram ali devidamente esclarecidos. E eu sabia que estava pisando em solo minado e que a minha ousada atitude haveria de atrair maldies, tanto humanas quanto demonacas, e esse na verdade seria apenas o princpio da
minha glria; porque o mximo do contentamento foi saber que algumas pessoas estavam recebendo o meu trabalho como uma verdadeira bno do Cu, um conforto espiritual do qual muito precisavam, pois na atual condio em que se encontram as nossas lideranas, elas j comeavam a se sentir sozinhas e sem terem algum que, desprezando o desprezo que o prprio clero tem lhes dispensado, se desse ao trabalho de acionar o primeiro sinal de alerta. Eu precisava ser responsvel e no dar vazo s emoes, nem me apegar a informaes errneas que pudessem desqualificar o meu trabalho, porque se tivesse seguido o caminho dos bem-intencionados, porm fanticos proclamadores, a minha missiva, ainda que audaciosa, no teria atrado a fria daqueles cujas faltas tenho denunciado. No irei dar maiores detalhes, mas no me esquivarei de informar que durante alguns meses a minha esposa e eu fomos atormentados dentro de casa por espritos malignos que queriam me fazer retroceder da luta. No comeo, eles agiam como se fossem pessoas fsicas, mas depois revelaram a sua verdadeira face. Por vrias noites fomos despertados com fortes estrondos do que pareciam pedradas na porta de nossa sala; outras vezes ramos arrancados do sono pelo barulho de telhas sendo revolvidas no teto da cozinha. Pessoas corriam
pelos fundos de nossa casa em plena madrugada e at podamos escutar o som de ps a se chocarem com o cho depois de haverem pulado para dentro dos muros. No princpio acreditvamos que se tratasse de algum ladro, mas nunca hvamos encontrado sequer uma marca de pegada ao redor de nossa morada. Chegamos at a comentar com os vizinhos e j estvamos dispostos a comunicar os fatos perante a polcia. O problema era que no tnhamos a menor prova de que estivssemos sendo vtimas de tentativas de arrombamento. Mas acima de tudo, eu no desejava acionar a polcia porque j estava consciente de que no se tratavam de aes humanas. Eu estava bem certo do que estava se passando em nosso lar; s no sabia como comunicar o fato a minha esposa e nem podia prever a atitude que ela iria tomar frente coisa. Foi ento que tudo comeou a ficar esclarecido. Passei algumas madrugadas de prontido no sof da sala a fim de dar alguma tranqilidade minha senhora. Em conseqncia disso, faltei alguns dias ao trabalho, pois precisava tirar algumas horas de sono e me recompor diurnamente. Certa madrugada, surgiu algo cuja natureza devia estar entre o bestial e o sobrecomum. Era algo que pisava forte e que viera se esfregar freneticamente na parede lateral do quarto em que dormamos. Naquela madrugada apenas eu testemunhei o acon-
tecimento e s contei o ocorrido minha esposa depois de alguns dias. Seria o caso de algum desejar saber: Voc no teve medo? No se sentiu apavorado ante a presena de males que podiam estar acima dos perigos terrenos? A verdade que cheguei a ficar nervoso, para no dizer assustado. Mas eu j estava esperando por algo dessa natureza, afinal de contas eu havia assanhado um ninho de vespas. Por outro lado, quando pequeno fui morar com meus avs paternos em uma chcara mal-assombrada e l tive experincias horripilantes das quais no consigo me esquecer. Que duvidem os cticos e que zombem os incrdulos, mas inegvel que existam casas mal-assombradas. Alis, foi justamente por esse motivo que os meus avs haviam se mudado para aquela chcara. A propriedade tinha sido adquirida pelo esposo de minha tia Lourdes e no princpio parecia um lugar maravilhoso para se viver. Mas depois de alguns dias comearam a acontecer coisas espantosas que estavam levando a minha tia loucura e isso obrigou o seu esposo a comprar outra casa com urgncia. Como a propriedade no pudesse ficar desocupada, vieram os meus avs e se mudaram para l. Eu tinha muita amizade com o tio Rgis, que tem a minha
mesma idade, e assim fui morar com eles, embora sabendo que ali aconteciam assombraes. E esse era o meu nico receio: temia que a minha esposa reagisse da mesma forma que a tia Lourdes reagiu, e que assustada, sugerisse que abandonssemos a nossa casa. Noutra madrugada, despertei de supeto como se estivesse sendo impulsionado por uma fora interior. Fazia frio horrendo no quarto e, olhando eu para a janela, notei que as cortinas esvoaam ao vento. Foi quando notei que havamos adormecido com a janela aberta. Duvidoso, acordei a minha senhora e lhe perguntei se tinha conferido bem as janelas antes de se retirar para a cama e ela me respondeu com o habitual sim. Isso me deixou bastante preocupado, mas o pior ainda estava por vir. Dias depois, minha esposa outra vez me acordou no meio da noite para dizer que havia algum andando com um cachorro pelo nosso quintal. Acendi as luzes de fora e fiquei atento para ver o que ia acontecer. E era exatamente como ela tinha descrito; parecia que l fora havia algum sendo arrastado pela fora de um enorme co de raa. Aquela coisa se dirigiu at a parede atrs da qual estava a nossa cama e ali ficou a produzir sons que no sei descrever ao certo. Ora pareciam gemidos, outras vezes se assemelhavam a grunhidos de
uma fera em grande agonia. Urrava, dava pigarros, vomitava, rugia, choramingava; era como se o seu estmago fosse uma centrfuga. O som da sua garganta era grave e assustador, fazendo-me lembrar daquelas cenas de cinema quando um lobisomem est se transformando. Parece tudo to ridculo, mas era exatamente assim. Enfim o show terminou e ns conseguimos dormir. Pela manh me dirigi ao local para ver se ali havia ficado alguma marca do espetculo noturno, mas no encontrei coisa alguma. Ento tomei coragem e fui dizer para a minha esposa que estvamos sendo importunados por espritos enviados de Satans. E qual no foi a minha surpresa quando ela me olhou e despreocupadamente disse: Ainda bem que apenas coisa do demnio. Sendo assim eu no tenho com que me preocupar. Fiquei profundamente aliviado e desde aquele dia os espantos noturnos no mais retornaram nossa casa. Ento comearam os ataques de carter humano e, como eu j havia imaginado, fui consultar a minha conta de e-mail e no a pude acessar. Tentei vrias vezes e no obtive sucesso, ento entrei em comunicao com o provedor de internet e me disseram que era possvel que algum tivesse roubado a minha senha e que estivesse usando a conta no exato momento em que eu tentava acess-la. Dois ou trs dias depois, recebi outra notificao: eu precisava tomar cuidado com as minhas corres-
pondncias eletrnicas, pois a minha conta de e-mail podia estar sendo vigiada. No dou a mnima importncia ao fato e no me surpreenderia se descobrisse que o meu telefone tambm esteja sendo grampeado. Conheo perfeitamente as tticas dos inimigos da Cruz de Cristo e no me admiraria saber que entre eles despontam alguns que esto travestidos de pastores evanglicos. Lamentavelmente, assim que alguns deles operam e fazem pensar que esto agindo dentro da mais pura legalidade, e eu no sou melhor do que Elias ou Jeremias, mas como estes eu tambm quero manter-me fiel a Deus at o fim, dando o toque da trombeta e perturbando queles que esto a perturbar o Israel do Senhor. Preste bastante ateno nestas palavras de Emlio Conde, um santo homem de Deus que j h trinta anos havia nos alertado dos perigos que na poca eram apenas uma sombra negra no horizonte da igreja, mas que hoje tem se tornado uma realidade to dura quanto inegvel. Esse discurso deve traduzir toda a repulsa do verdadeiro povo de Deus e expressar o seu sentimento em ralao postura duvidosa de algumas lideranas evanglicas de nossos dias:
H foras ocultas interessadas em negar a realidade dos acontecimentos; h o comodismo criminoso a justificar os
desvios e aceitar todas as facilidades inquas do caminho largo. Contrariar essas foras expor-se a sofrer perseguies e desprezo; porm, o estado de alarme deve ser proclamado, antes que seja demasiado tarde. A verdade inegvel que nem tudo corre placidamente na vida das igrejas. Se certo que nem todas as igrejas apostataram da f, tambm certo que muitas servem a dois senhores, e outras j esto acorrentadas pelo formalismo e pelo mundanismo. Em alguns pases h igrejas cuja luz so trevas: aceitaram e adotaram todos os hbitos do mundo, inclusive jogos, diverses e linguagem mundana. A nica diferena que essas coisas so praticadas por seus membros, sombra da prpria igreja, no seu patrimnio, o que agrava ainda mais o pecado diante de Deus: so a vergonha da Cruz. (Igrejas Sem Brilho CPAD)
Essas coisas ele disse no final dos anos setenta, quando a igreja1 ainda vivia sob os ventos do poderoso avivamento trazido pelos nossos dois grandes pioneiros, e parecia estar no
1 Aqui a aluso minha prpria denominao, a Assemblia de Deus. N.A
apogeu da graa divina. Naqueles dias, apenas as almas verdadeiramente santas e libertas poderiam levantar a voz para anunciar que nem tudo era como parecia ser. Era Abrao retornando do Egito para avanar sobre a terra da promisso, mas no oculto j comeavam a despontar os primeiros sinais de desentendimento entre os pastores do gado. L tambm j comeava a se enfadar da peregrinao e da vida simples sob as tendas, e elevava o olhar para as cidades, to confortveis e convidativas. Aquilo que h trinta anos era apenas uma sombra, hoje passou a ser uma irreversvel realidade. Agora L est morando entre os abominveis cidados de Sodoma, e o que pior: passou a ser um deles! Abrao tem uma misso: orar, mas no pela salvao de Sodoma, pois a sua culpa j se tornou irreversvel e a condenao tambm ser inevitvel; ele deve interceder para que L, sob pena de perder todos os bens terrenos e at mesmo a sua famlia, abandone a cidade antes que seja tarde demais. A mensagem divina para os cristos alm dessa sombra proftica a seguinte: retornar imediatamente para a vida peregrina sob as tendas, ou ento ficar na cidade e incorrer na sua condenao. Quem tem ouvidos oua!
1
At Que a Ganncia os Separe
E houve contenda entre os pastores do gado de Abrao e os pastores do gado de L; e os cananeus e os perizeus habitavam na terra. (Gnesis 13. 7)
Tudo comeou da maneira mais bvia e, por isso mesmo, a menos provvel. Ao deixar a verdejante Mesopotmia para ir habitar em Cana, Abrao j era um homem de posses, mas para todos os efeitos no podia ser considerado como um fazendeiro rico. L era rfo, e sem que apresentasse aparentes razes, empreendeu com ele nessa arriscada jornada a uma terra de gente selvagem e impiedosa; talvez alimentando o secreto sonho de que o tio Abrao, sendo j idoso e no tendo filhos, fizesse dele o seu legtimo herdeiro. Se comparada com a garbosa Mesopotmia, a terra de Cana no passaria de pauprrima (que o diga Golda Meir), mas esse seria o menor dos problemas de Abrao e sua gente. Havia uma ameaa contra a qual era preciso estar precavido:
tribos nmades se espalhavam por toda parte. Eram povos brbaros e sem princpios morais, que costumavam se confederar com a finalidade de promover guerras e pilhagens sobre comunidades menos preparadas. Eles apareciam de repente,como nuvens de gafanhotos no horizonte e num instante cobriam a terra, matando, destruindo, pilhando os bens fsicos, fazendo escravos e arrebatando o fruto das colheitas. Nas cidades, geralmente pequenas e protegidas por fortes muralhas, as pessoas se reuniam sob as gides de um rei. Nos campos estavam as tribos, sempre lideradas por um pai de famlia que possua vrias mulheres, das quais tambm gerava muitos filhos a fim de fortalecer os seus domnios. Estes lderes tribais tambm viviam sob constantes ameaas, e para que no viessem a ser dizimados por inimigos mais fortes, eles usavam de alianas, realizando casamentos com membros de outras tribos. No era raro aparecer algum notvel guerreiro para desafiar o chefe da famlia a um duelo mortal onde o vencedor se apropriava de todas as posses do derrotado. Era a verdadeira lei da selva. Foi com base neste princpio to rudimentar que o gigante Golias desafiou a casa de Israel. Cana tornara-se a principal rota comercial entre as terras do norte e o Egito, mas os viajantes desavisados e mercadores
pouco prevenidos eram presas fceis para os salteadores que abundavam na regio. Que dizer de uma famlia de peregrinos vindos da rica Mesopotmia com todas as suas posses de gado, prata, ouro e escravos? Que chances teriam eles de se dar bem na selvagem Cana? Havia uma maneira de evitar alguns infortnios, mas era necessrio unir as famlias por meio de casamentos, algo que Abrao sabia que jamais poderiam fazer. Ento o nico jeito se proteger contra a ganncia dos moradores da terra era manter--se unido a L, somando escravos a escravos e mercenrios a mercenrios. A unio faz a fora, e naqueles tempos a fora impunha respeito. Sendo assim, enquanto se mantivessem unidos como um bloco compacto a segurana estaria garantida para ambos. Ao regressar de sua viagem ao Egito, as riquezas de Abrao tinham se multiplicado grandemente, tanto em prata e ouro quanto em gado e servos. Abrao enfim havia se tronado um homem reconhecidamente poderoso e j podia estar com mais segurana na terra de sua peregrinao. Em Cana houvera ocorrido grande seca e isso tinha provocado calamidades entre aqueles povos cujas condies de vida sempre foram precrias
em relao s civilizaes mais modernas; isso porque Cana parecia se orgulhar da pecha de ser um buraco no deserto2. Em tais condies as almas daqueles povos, infames por natureza e por opo, j haviam despertado o mximo de sua impiedade. Maldies eram pronunciadas sobre cada monte; vilarejos inteiros estavam sendo massacrados e reduzidos ao p; crianas eram sacrificadas aos milhares s divindades locais; havia fome e desolao na terra! As comunidades menores foram as que mais sofreram; nem tanto pela seca e pela fome, mas em conseqncia da selvageria dos mais fortes. Era assim que funcionava. E foi justamente para escapar da impiedade (que parecia natural aos cananeus) que Abrao se retirou para o Egito em plena poca de sequido. Alis, essa era uma das poucas vantagens de ser um peregrino na terra. At que as chuvas voltaram a cair sobre o solo, e Abrao, no sei sede boa vontade, regressou para dar continuidade ao plano original que Deus havia traado para ele e sua famlia. Agora era um homem definitivamente rico, e desde que pudesse manter a unidade do seu povo, no teria que se preocupar com vos espantos.
2 Uma aluso s terras que Salomo tinha oferecido ao rei Hiro. N.A
Acontece que o ser humano vale apenas aquilo que ele tem e quanto maior for o seu patrimnio, tanto maior cuidado dever ter com a vida. As riquezas de Abrao no demorariam acender a cobia dos moradores da terra, os quais alm de serem convencionalmente ladres e pilhadores, ainda no estavam completamente refeitos dos estragos causados pelos anos ruins da seca. Abrao e sua gente precisavam estar duplamente alertas contra os olhos famintos da vizinhana. Um fato inslito enfim aconteceu, e j podia ser esperado, pois com o aumento das riquezas de Abrao surgiu o orgulho entre os pastores do seu gado e estes passaram a contender com os guardadores dos rebanhos de L; porque a terra que deveria abrigar uma numerosa nao de repente se tornava pequena para os rebanhos de apenas dois homens! E embora o motivo da contenda parea justificar-se, o escritor de Gnesis faz questo de esclarecer que a ruptura entre as duas famlias poderia ser no mnimo desastrosa e, com toda certeza, era exatamente isso que os gananciosos habitantes de Cana estavam desejando que acontecesse. E apesar do real e iminente perigo que os rodeava, eles optaram por quebrar o vnculo da paz. E desde j estavam vulnerreis s investidas de seus inimigos.
Mais inusitada ainda foi a resoluo tomada por Abrao a fim de acabar de vez com as contendas entre os pastores, porque, usando de uma generosidade pouco habitual, ele permitiu a L decidir qual parte daquela terra desejaria possuir. Agora eles se encontravam nas cercanias de Betel, no exato local onde o Senhor anteriormente tinha aparecido ao pai da f e lhe prometido como herana. Ou seja, Abrao momentaneamente abria mo de sua divinal ddiva para deixar tudo na palma de L, no se importando com a possibilidade de o seu sobrinho se decidir pela posse do pedao de cho que estava sendo pretendido pelos pastores de ambos. No sei precisar se L agiu respeitosamente em relao aos direitos que prioritariamente eram de seu tio, ou se no fundo do corao ele nutria outras ambies, mas certo que no fez nenhum caso da terra que fora motivo da grande contenda e, em vez disso, dirigiu o olhar para o maravilhoso Vale de Sidim, to verde e to tentador. Foi para l que pendeu o seu corao e assim partiu, levando sua famlia e sua fazenda. Ora, naquela poca o Vale de Sidim era a melhor parte de toda a terra prometida! Mas vamos entrar no segredo da coisa. Abrao representa a igreja crist; no necessariamente o cristianismo, mas a igreja espiritual, o corpo mstico de Nosso Senhor Jesus Cristo, a
Noiva do Cordeiro. L, por outro lado, a igreja no seu sentido de instituio fsica e denominacional. No princpio era um s povo, unido e a peregrinar em uma terra estranha e cheia de perigos mil. No mundo desafiador que tinham de conquistar eles contavam apenas com a proteo da f e com a fora da comunho que mantinham entre si. Foi ento que os rebanhos se multiplicaram e os pastores de ambos os lados comearam a disputar para ver quem tinha mais direito melhor parte do pasto. Esta briga entre os pastores foi, portanto, o princpio da grande tragdia, pois fez romperem-se os sagrados laos da comunho, enfraquecendo o povo, fazendoos refns e submetendo-os a toda sorte de danos. Eis a a sombra proftica do que estaria por acontecer igreja de Cristo nos dias que antecedem o fim. Acredito que nenhum expositor verdadeiramente sincero ousar admitir o contrrio do que estou a sustentar: a vida de L definitivamente uma sombra proftica do cristianismo final. No sou apenas eu a afirm-lo, mas o prprio Cristo o declarou em Lucas 17. 29, 30. Mas antes do seu cumprimento cabal, esta sombra proftica j previa uma tragdia para os dias do cristianismo primitivo. Observe como as peas se encaixam.
Devido ao desentendimento gerado entre os pastores, Abrao e L tiveram de se separar. Este foi habitar na frtil plancie de Sodoma, e aquele optou em morar nas cercanias de Hebrom e aparentemente tudo havia ficado resolvido e, a famlia, embora dividida, estava em paz. Mera iluso. Os reis que dominavam naquela regio eram vassalos de Quedorlaomer e seus confederados e em tal condio estavam obrigados a pagar-lhes tributos que iam desde metais prciosos, cereais, leo de olivas e vinho at a escravizao de seus cidados. E de fato eles estiveram sob tal submisso por mais de doze anos, at que se rebelaram e a guerra se tornou inevitvel. Resultado: os reis de Sodoma e de Gomorra foram derrotados e toda a sua gente foi submetida escravido. Todas as suas fazendas foram saqueadas e como no podia ter sido diferente, L e sua famlia foram feitos refns, perdendo tudo o que possuam. Falido e transformado em escravo, L pde enfim perceber que no tinha sido uma boa idia o ter abandonado a companhia de Abrao. Mas nem tudo estava perdido. Abrao, a igreja espiritual e intocvel, saiu em seu socorro para resgat-lo, e mesmo munido de armas to precrias como eram a funda e o arco, tpicas dos guerreiros nmades, ele e seus servos conseguiram desbaratar os poderosos exrcitos de quatro reinos. No final,
L e toda a sua famlia foram postos em liberdade com tudo o que possuam. Figura e smbolo da crise espiritual enfrentada pela igreja nos anos do cristianismo primitivo. Ora, Abrao, a igreja espiritual, no pode ser corrompida e nem depende dos poderes temporais para triunfar sobre o mundo mal (Cana) no qual vive a peregrinar. Quanto a L, a instituio congregacional, sempre propensa s influncias do presente sculo e, portanto, corruptvel. Ao dissociar-se de sua origem espiritual e peregrina (cuja sombra Abrao) para ir morar sombra de Sodoma e assim desfrutar de seus favores, L estava abrindo mo da presena do Onipotente e, por conseguinte, da mesma proteo que Ele dispensava ao pai da f. O grande problema de L foi se deixar crer que pela opulncia adquirida junto de Abrao estivesse ele j fortalecido e bastante seguro para enfrentar os perigos da terra. L estava enganado, pois deixara a proteo do Deus das promessas para ir se amparar junto a um povo mpio e imoral que apesar de j estar em degradante estado ainda fora se fazer vassalo de homens tiranos. Os apstolos que edificaram a igreja sobre o firme fundamento que Cristo, jamais ostentaram a menor das pretenses humanas, mas fazendo-se escravos Daquele que a to-
dos liberta, dedicaram as suas vidas a mais digna de todas as ocupaes: transformar o mundo pelo poder da Palavra de Deus e pelo testemunho de Cristo. Eles eram o modelo do cristianismo original, mas desde que foram partindo para estar com o Senhor e novas geraes de obreiros comearam a surgir, havendo tambm se multiplicado os nmeros do rebanho em todo o mundo romano, apareceram pastores gananciosos que passaram a disputar a primazia sobre a bendita grei do Santssimo Senhor. Estes se reuniram em convenes e passaram a questionar a autoridade apostlica e todos os padres morais e espirituais que tinham determinado sobre os santos; exatamente como havia acontecido com os pastores que pleitearam pela justa causa de seus senhores Abrao e L, quando para a infelicidade do rebanho a unidade foi quebrada. O que aconteceu da em diante foi que, sem o compromisso com o evangelho apostlico, mas inebriados com o vinho da cultura secular, estes pastores da diviso foram se amparar sob as gides de Roma (tal como L em Sodoma). O resultado disso foram os sculos de escravido e a perda temporria dos bens espirituais. E assim como Abrao agiu para trazer de volta L e sua gente, Deus tambm interferiu na histria terrena e preparou
um poderoso reavivamento espiritual para devolver a lberdade e a herana eterna cristandade. A libertao de L resultou em grandiosas bnos para aqueles cinco reinos diante dos quais ele habitava; agora, alm de no mais terem de ir para o cativeiro, eles teriam todos os seus pertences de volta, e o que era mais importante: haviam se libertado da humilhante escravido sob a qual viveram por doze anos. Isso nos remete poderosa transformao moral e espiritual que o mundo presenciou aps o grande reavivamento da Rua Azuza, quando a igreja temporal reacendeu e a humanidade foi grandemente impactada pela Mensagem da Cruz. Mas at isso no deveria durar por muito tempo. L parece no ter aprendido a lio...
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A Generosa Sodoma
Ento o rei de Sodoma disse a Abrao: D-me as almas, e a fazenda toma para ti. (Gnesis 14. 21)
Perniciosa barganha. A igreja espiritual jamais negociar com o mundo. Abrao no movera um s dedo pela libertao de Sodoma; tudo o que fizera foi pela vida de L e sua famlia, mas o rei daquela cidade quis acreditar que podia retribuir os favores recebidos e por essa razo foi oferecer ao patriarca todos os bens materiais que Quedorlaomer lhes tinha saqueado por ocasio da guerra. Abrao se negou a receb-los e deve t-lo feito por duas boas razes. A primeira razo se restringe ao fato de o pai da f no ser um mercenrio, tal como a verdadeira igreja nada far pela expectao de ser recompensada neste mundo. A segunda razo diz respeito vigilncia que tpica dos santos peregrinos; Abrao conhecia bem aquela gente abominvel e
tinha conscincia de que cedo ou tarde os seus presentes lhes causariam muitos males. Mas L, a igreja temporal e muitas vezes mundana, no via problema algum em aceitar a gratido e generosidade de Sodoma. Porque no demorou para que fosse divulgado entre todos que L, um sobrinho do homem que os havia libertado dos aguilhes de Quedorlaomer, era forasteiro e que j a algum tempo estava habitando em tendas diante das portas da sua cidade. Alguma coisa precisava ser feita, pois no era justo que aquele por cuja causa foram salvas tantas vidas viesse a ficar sem as devidas honras. Esse o ponto crtico de todo o simbolismo em questo, porque vem surgindo como um marco da secularizao do cristianismo atual. At aquele dia L havia habitado em sua tenda, pois assim como Abrao, ele era peregrino na terra. Deve ter ocorrido uma enorme transformao na sua cabea, algo que tenha lhe turvado a viso e a compreenso das coisas. Deus no prometera coisa alguma a L, e agora ele sabia que toda aquela terra tinha sido dada ao seu tio e que a condio de peregrino exigia permanente habitao sob tendas. Fisicamente ele j havia se apartado de Abrao, mas espiritualmente os dois ainda permaneciam ligados pela esperana, ou seja, de certa forma L tambm anelava as mesmas bno
que o Senhor estava preparando para o seu tio. Mas para desfrut-las era necessrio cumprir os divinais propsitos. Habitar em tendas e ser peregrino em uma terra estranha era parte indissolvel da misso abramica e seria um dos sinais do seu compromisso com o Deus que o havia chamado. A repentina transformao da mente de L e a sua mudana das tendas para os confortveis palcios de Sodoma so por demais sugestivas e mexem profundamente com a minha imaginao. Julguemos dessa maneira: a misso que Deus deu a Abrao no era outra coisa seno o Seu plano mestre para a eterna redeno da raa humana. bvio que no princpio de sua vocao, l em Ur da Caldia, Abrao desconhecia a grandeza desse propsito divino, mas medida que amadurecia o relacionamento entre ambos, o Senhor ia acrescentando revelaes conscincia daquele que viria ser o pai espiritual de todos os crentes. O livro de Aos Hebreus enftico quando afirma que Abrao, Isaque e Jac habitaram em tendas todos os dias de suas peregrinaes porque tinham a conscincia de que ao p da letra jamais tomariam posse daquela terra; Deus os havia escolhido para que fossem peregrinos em Cana, querendo que por meio desse rstico simbolismo a futura igreja de Jesus Cristo compreendesse a sua verdadeira misso e condio
neste mundo mal. A isso a Bblia chama de viver genunamente pela f. Aqueles patriarcas sabiam muito bem que apenas os seus descendentes da quarta gerao que iriam possuir aquele pedao de solo (Gnesis 15. 16) e que a verdadeira terra que o Senhor Deus lhes tinha prometido era a Jerusalm Celeste, sonho e morada da legtima descendncia de Abrao, ou seja: todos os santos redimidos, vindos de todas as partes do mundo e em todas as eras. Abrao, Isaque e Jac abraaram o plano divino e decidiram viver segundo a vontade Daquele que os havia chamado. Podiam contrariar esse capricho divino e irem habitar nas cidades que eles mesmos construssem; se desejassem, tambm podiam retornar para a linda Har de onde tinham sado. No entanto, eles decidiram ficar, e peregrinaram como estranhos em uma terra da qual no possuiriam sequer um palmo de cho (Atos 7. 5), morando em cabanas, porque entenderam o verdadeiro sentido da vida, que passar por esse mundo e viver como num preparo para a eternidade. Eles receberam vises profticas e literalmente contemplaram a Cana Celestial, podendo enfim testificar que eram peregrinos no mundo e forasteiros na terra. Glria a Deus! Benditos aqueles que pela f podem anelar s mesmas bnos e dar igual testemunho de que tm deixado o mundo para trs!
Mais tarde os seus descendentes poderiam edificar cidades para nelas habitar; mas eles mesmos, a fim de poderem cumprir a vontade do Altssimo, no deviam jamais trocar as tendas pelas habitaes da cidade. E L, morando em tendas entrada de Sodoma, tinha plena conscincia do maravilhoso plano divino consoante a Abrao, e mesmo assim parece no ter oscilado quando foi convidado a fazer parte da sociedade sodomita. Corta-me o corao imaginar o marcante momento em que ele abriu mo das prerrogativas divinas para abraar a recompensa mundana que o transformaria em um cidado de Sodoma, porque em outras palavras L estava desistindo definitivamente do Cu! Eis a a proposta que faz o mundo; eis a a generosidade de Sodoma. A vida na sociedade antiga era exclusivista e bastante diversa da atual. As suas cidades eram muradas e o habitar dentro dos seus termos estava reservado apenas aos seus cidados. Forasteiros e mercadores vindos de outras partes s podiam passar para alm das suas portas se recebessem antecipada aprovao e mesmo assim essa visita j tinha prazo de validade predeterminado. Alm das vantagens de morar em uma cidade e de ser membro de sua sociedade, o cidado ainda podia contar com o benefcio das leis locais, o que lhe
garantiria maior segurana e comodidade. Eis alguns dos privilgios que se reservavam aos membros de uma sociedade: antes de tudo ele teria o seu nome escrito naquele que a poesia veio a chamar de o livro da vida, o qual no era mais do que o rol contendo todos os registros de nomes daqueles cidados que ainda no haviam morrido; ademais, esse cidado teria uma boa casa que seria s sua; teria o direito de votar e de tomar parte em todas as deliberaes importante da cidade; tinha o direito de concorrer aos cargos pblicos e em caso de guerra, escassez ou falncia, podia se beneficiar das reservas locais e at receber assistncia que o livrasse da mendicncia; e se acontecesse de ser seqestrado, seus concidados pagariam pelo resgate. Em suma, no havendo nascido em bero sodomita, s havia uma maneira de L se tornar cidado daquela sociedade: sendo convidado pelo regente local. Um privilgio to grande que apenas uns poucos felizardos chegariam a obter. E L s conseguiu essa dignidade porque o arrogante rei de Sodoma no quis ficar devendo favores a Abrao. Foi dessa maneira que L deixou de ser herdeiro do Cu e para se tornar cidado do mundo. Trocou a Jerusalm Celeste pela ignominiosa Sodoma. Abandonou a humilde cabana pelo luxuoso palcio e deixou a providncia divina pela proteo
das muralhas. Mas desde o momento em que ele aceitou os privilgios mundanos em detrimento da vida simples do nomadismo e o seu nome passou a constar no rol dos cidados de Sodoma, uma estrela se apagou no cu, porquanto a lista do verdadeiro livro da vida estava agora diminuda.
3
De Volta Velha Vida
E se, na verdade, se lembrassem da terra de onde haviam sado, teriam oportunidade de tornar. (Hebreus 11. 15)
Um estudo detalhado da vida de Abrao tem revelado que ele no apenas era conhecedor das leis antigas, mas um fiel executor das mesmas. As tradies existentes a seu respeito, quer entre os povos que saram de seus lombos, quer em citaes de parcos historiadores do mundo primevo, de fato nos fazem saber que ele foi um persuasivo pregoeiro da moral e da civilidade. A sua histria, mesmo aquela que contada na Bblia, est marcada por episdios que refletem princpios j descritos no Cdigo de Hamurabi, o qual o conjunto de leis escritas mais antigo de que se tem conhecimento. Abrao certamente o conhecia de memria, pois se tem acreditado que Hamurabi era o mesmo Anrafel de Gnesis 14. 1. E ainda que esse rei de Babilnia no tivesse sido contemporneo ou mesmo conterrneo4 do nosso Abrao, as leis prescritas no seu cdigo eram famosssimas na Mesopotmia e podiam, portanto, estar de contnuo na mente e nos lbios do grande pai dos hebreus. H alguns textos na Bblia que parecem indicar que L tenha se tornado juiz em Sodoma5. Se isso foi verdade, ento
4 Hamurabi era rei de Uruque, vizinha de Ur, a terra natal de Abrao. N. A
no estaremos exagerando se dissermos que a sua misso naquela cidade era a de doutrinar quela gente mpia e sem princpios morais; uma ocupao to altrusta e nobre quanto infrutfera e arriscada. Altrusta, porque era humanitria e visava melhorar o carter reprovvel de uma sociedade moralmente morta; infrutfera, pois o feito estava muito acima das capacidades de L; nobre, porque se tratava da mais digna ocupao que um homem podia ter; arriscada, porquanto o legislador apostava muito e corria o perigo de botar tudo a perder. Mas ele estava realmente decidido a correr o risco, pois ao se tornar cidado de Sodoma, a primeira coisa que fez foi dar suas duas filhas em casamento aos filhos daquela cidade e com isso cometera um erro ao qual jamais conseguiria corrigir. Fiel retrato de uma igreja que se casou com o sistema desse mundo. L se nutria com a doce iluso de que estava contribuindo para a evoluo moral de Sodoma, quando na verdade tornava-se escravo de um sistema perverso que iria lhe causar muitos danos, podendo at consumir-lhe a vida. Todos os seus esforos eram em vo, j que Sodoma em nada evolua seno na culpa perante Deus e os homens. Isso serve para nos fazer lembrar de que o evangelho moderno com todos os seus en-
feites no funciona. Porque Deus no tem compromissos com a cristandade mundana. Apenas os filhos de Abrao (a igreja das cabanas) que herdaro as promessas do Senhor. O evangelho de L, digo a mensagem que se acomoda ao presente sculo, no possui o verdadeiro poder transformador. s vezes ele at consegue modificar a vida das pessoas, convertendo-as em seres humanos melhores: viciados saem da sarjeta; moas abandonam a prostituio; homens largam as bebidas; mulheres deixam a vida dissoluta; famlias so restauradas e filhos se libertam das drogas. Tudo isso muito bom, mas ainda est abaixo da verdadeira proposta do Evangelho que peleja para arrancar os homens dos malhos do inferno e transform-los em legtimos cidados do Cu. Do pontos de vista espiritual e real, o evangelho moderno est falido e no pode cumprir os propsitos divinos, porquanto seja puramente humano e carnal, no conseguindo estar acima de religies como o espiritismo e o budismo, igualmente teis para tornar os homens em pessoas melhores, mas que so incapazes de prepar-los para o encontro com Deus. igualmente tolice imaginar que essa porcaria de evangelho mundano seja suficiente para salvar a humanidade. Mesmo assim os donos de igrejas podem ficar ufanados pelo fato de os seus templos estarem cheios. Eles podem se gabar
dos magnficos palcios de Sodoma, cheios de gente fina, mas que no deixam de ser um coito de demnios, com seus cultos de prostituio permitida. Assim eles so sepulcros caiados que se preservam para o dia da destruio. Eis que a sua ignomnia h de ser manifesta! L nem imagina o risco que ele e a sua famlia esto correndo dentro dos muros de Sodoma. Seus genros so homens abominveis que cedo convertero as suas filhas em prostitutas da mais baixa qualidade. Os filhos que dessa unio nascerem sero iniciados nos cultos de Satans e no temero ao Deus de Abrao. Cachaceiros, prostitutos, mentirosos, incestuosos, pederastas, pedfilos, maldizentes, idlatras, eles sero um oprbrio e uma ndoa eterna em sua histria. At a sua esposa j est infectada pela influncia daquele povo, e estudiosos acreditam que ela tenha uma amante em Sodoma e que essa ser a verdadeira causa de sua transformao em uma esttua de sal. Ainda assim L est orgulhoso de pregar para uma comunidade enorme, composta pela gente rica e refinada da cidade grande, enquanto Abrao persiste em sua mediocridade, apascentando mseras ovelhas do deserto entre espinhos e pedras. Contudo, todos aqueles que nascem nas humildes tendas
de Abrao ho de entrar para a vida eterna. Quanto aos filhos das pregaes de L... Essa estagnao reflete a presente condio da cristandade. uma maneira que os crentes encontraram para disfaradamente retornarem velha vida sem ter que assumir que j tm negado o Senhor que os chamou.
4
E Agora, Para que Servem os Pastores?
Tens algum mais aqui? Teu genro, e teus filhos e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade; tira-os fora deste lugar. (Gnesis 19 12)
abrigo contra as investidas de Satans e seu vil pecado. E a explicao (doa em quem doer) apenas uma: os pastores abaixaram a guarda; no atacam nem se defendem. E para a nossa infelicidade chegada a poca do salve-se quem puder! Foi em decorrncia das brigas entre os pastores que L e sua famlia se apartaram da companhia de Abrao e da at pular para dentro dos muros de Sodoma foi apenas um passo. Mas agora que ele havia se tornado um cidado do mundo e penava a merc de sua imundcia pela decadncia moral e espiritual da prpria famlia, onde foram parar os pastores do seu gado? Foi buscando privilgios, comodidade e segurana que L e sua famlia se transportaram para dentro das muralhas de Sodoma; mas que infortnio o surpreende agora! Todos eles espontaneamente vieram a se tornar refns daquele sistema inquo. Agora L, ainda que seja um bom homem, est pagando pelos erros de uma deciso. O apstolo Pedro afirma que L havia se tornado infeliz todos os dias em que vivera em Sodoma. Mas por que no tomava as suas coisas e no partia dali? Era a vil insipincia que o estava dominando. L jazia preso quela cidade e por mais consciente que estivesse da sua miservel condio, ele no conseguia tomara a deciso de dar
o primeiro passo rumo liberdade. o que est acontecendo a muitos crentes na atualidade. A conscincia de muitos pastores tem denunciado a letargia espiritual em que eles mesmos e suas igrejas se encontram nesse momento. Alguns deles reconhecem que esto desviados dos princpios bblicos que norteiam a vida e que so os adornos da salvao, indispensveis para o testemunho de nossa peregrinao por esse mundo. Mesmo assim, eles no conseguem reagir por si prprios nem pela integridade dos rebanhos que lhes foram confiados. Assim, calmamente assistem a degradao espiritual do povo de Deus e deixam que nesse conformismo igrejas inteiras rumem para a eterna perdio. L at que deseja se libertar de Sodoma, mas no encontra foras para reagir; talvez no esteja conformado com o pecado da cidade, mas presenciado os estragos que a influncia daquele povo est a exercer sobre a sua famlia inteira e isso tem lhe causado muitos dissabores. A Bblia menciona os filhos de L apenas de passagem e isso quer significar que eles j tinham se casado com as prostitutas de Sodoma e que j hviam se tornado to abominveis quanto os moradores dessa cidade. Ele ainda possua duas filhas virgens ali dentro, mas at quando?
Ser que voc, prezado leitor, consegue imaginar a complexidade do estado moral dos filhos de L e do tipo de vida que eles estavam levando entre os moradores de Sodoma? Pare por um instante e tente imaginar seus prprios filhos praticando os pecados mais abominveis que a condio humana j pde conceber. Consegue imagin-los drogados e lanados nas sarjetas da vida? Pode ao menos pensar que as suas filhas adolescentes esto nuas na praa, fazendo orgias bestiais com uma interminvel fila de rapazes, um aps o outro? Imagine que os seus filhos se tornaram pederastas e que realizam o prprio coito em plena rua e perante os olhos de quem quiser ver. Eles agora so pedfilos e estupradores e se do s inimaginveis orgias com animais. E quanto aos seus netinhos, que dizer deles? Ser que voc consegue pensar que estas to inocentes almas sero arrastadas para o homossexualismo mesmo antes de atingirem os cinco anos de idade e que sero sexualmente exploradas por homens cujos coraes voc ajudou a corromper? Voc, L, tem conscincia de que esse sistema podre, mas nem imagina que a sua famlia inteira, inclusive a sua esposa, tenha o corao preso a esse antro de iniqidades. E acredite-me, L, parte da culpa sua. Voc mesmo os entregou a esse lastimvel estado de perdio.
Agora voc, amigo leitor, j sabe que esse apenas um plido retrato da sociedade sodomita, e de como estava vivendo a famlia de L no meio daquela gente. Pobre coitado, o sobrinho de Abrao se deixou imaginar que ao entrar em Sodoma iria transformar o modo de viver de seus habitantes! Mas nada disso aconteceu, e o que pior, ele acabou se descuidando da proteo espiritual e moral de sua prpria casa! Agora seja sincero consigo mesmo e me responda: voc realmente acredita nesse evangelho fajuto que pregado em nossos plpitos e que todos os dias vai televiso para ser vendido? Voc tolo o bastante para imaginar que alguns pastores engomadinhos estejam mesmo preocupados com a eterna salvao da sua alma? E o que dizer de nossas luxuosas e abarrotadas igrejas? Ser que elas tm oferecido verdadeiro amparo espiritual queles que a esto procurando? Seria voc to tonto e inconseqente a ponto de acreditar que essa multido de denominaes mundanas, com seus milhares de membros espiritualmente mortos, esteja preparada para a vinda de Nosso senhor Jesus Cristo? lamentvel ter de admitir, mas ns estamos correndo verdadeiro perigo, e o pior de tudo que a grande maioria dos nossos lderes de igrejas tem se fortalecido para que com uma s e forte voz possam negar que o cristianismo atual esteja
falido, e que assim como aconteceu comunidade crist de Laodicia ir o Senhor igualmente nos vomitar da sua boca. Isso bastante para que entendamos que a cegueira coletiva e que j tenha se tornado irreversvel. E ai daqueles que levantarem a voz para dizer que as coisas no andam s mil maravilhas! A estes esto reservadas maldies, perseguies e muitas dores. Mas verdade que as nossas igrejas tm se tornado mundanas e j no podem agradar a Deus. Nossos lderes so homens espiritualmente mortos e vazios da graa divina. Todos os seus esforos (inclusive aqueles que parecem estar dirigidos exclusivamente evangelizao do mundo) se resumem apenas em arrecadar dinheiro. Acho uma abominao que em nossos cultos a palavra da moda seja a oferta. Em nossos dias praticamente impossvel encontrar cristianismo e culto evanglico sem que se inclua algum tipo de coleta. E esse no o nosso principal problema. O que est acontecendo que os novos pastores evanglicos esto se esforando para lanar a ltima p de cal sobre a memria da santa igreja para que em seu lugar seja implantada a teologia do conformismo e do relativismo doutrinrio, ensinando que a santidade algo relativo e que a perfeio jamais poder ser atingida e que por essa razo deve ser posta de lado. Agora
eles j pregam que Deus no est interessado em convenes e que o importante mesmo que o homem tenha um bom relacionamento com Ele. Essa atitude criminosa deixar um lastimvel legado igreja do amanh, pois o projeto de Satans transformar o mundo inteiro, inclusive as suas igrejas, em uma Sodoma. E tal coisa est acontecendo bem diante de nossos olhos, com a permisso e at participao de muitas lideranas crists. Mas meus irmos, no se deixem enganar: atualmente as nossas igrejas esto to afeioadas ao mundo que os verdadeiros cristos j no sentem mais prazer em freqentar as suas reunies e o motivo de tal repdio se explica pelo fato de que os seus cultos tm se transformado em genunas badernas. Na verdade, se tentssemos enxergar as coisas com os olhos do esprito, admitiramos que os cultos que atualmente se fazem em nossos templos no so dirigidos a Deus, mas a Belial. Eles contm todos os ingredientes comuns s celebraes que se fazem no inferno: danas, gritos, assobios, chocarrices, contendas, sensualidade, msica profana, brincadeiras, irreverncias, palhaadas, anedotas, apresentao de filmes, linguagem impura, rixas, vaidades mil, namoros, azaraes, encontro amorosos, rifas, bingos, jogos, artes marciais, apresentaes teatrais, desfiles de moda, cachorro quente,
refrigerante, pipoca, goma de mascar etc. T do jeitinho que o diabo gosta! E tendo em vista que haja tantas abominaes em uma reunio que deveria ser uma assemblia de santos que cultuam a Deus em temor e reverncia, como no admitir que apenas um vagabundo pastor que se daria ao trabalho de presidi-la? Eis a o evangelho de Sodoma. Mas a mensagem divina atravs da imagem da famlia de L est dirigida aos crentes e no ao mundo. Esse um segredo que o Senhor quer participar a todos aqueles que o invocam nessa hora final. Quem ir dar ouvidos a Sua voz? O Senhor Jesus nos alertou que assim como foi nos dias de L,7 h de ser tambm na ocasio do Seu maravilhoso regresso. Lembremo-nos de que Ele nos disse: Um ser tomado e outro ser deixado. Notemos ainda que embora as igrejas estejam lotadas de membros, apenas uns poucos que sero arrebatados. O Vale de Sidim era enorme, mas nos seus termos no se achou nem cinco justos. Assim tambm acontecer nessa presente gerao de crentes. A mensagem pessimista e contraria a lgica dos pastores de nossos dias, mas eles nada faro para que as suas ovelhas se
salvem. Todos os pastores de L esto prestes a perecer, e os seus rebanhos com eles. Que isso sirva de alerta para todos.
5
O ltimo Pr - do Sol
E aconteceu que, tirando-os fora, disse: Escapa-te por tua vida; no olhes para trs de ti, e no pares em toda esta campina; escapa l para o monte, para que no pereas. (Gnesis 19. 17)
tantes de Sodoma. Ele orou, pleiteou, insistiu com Deus para que pelo amor de alguns justos aquelas cinco cidades das plancies fossem poupadas da destruio. Na verdade, era pela famlia de L que ele estava suplicando. Seu primeiro pedido a Deus foi que por amor a cinqenta justos todos os habitantes do reino fossem perdoados. Era um nmero pouco significante se levarmos em conta que se tratava de cinco cidades. Mas Deus prontamente aceitou a proposta de Abrao, ao passo que o patriarca, receoso da justia daquela regio, temeu que a vida de L ainda estivesse em perigo. Ento ele insistiu com o anjo e fez nova proposta. Dessa vez orou pelas vidas de quarenta e cinco justos. O Senhor novamente atende ao seu pedido, mas Abrao ainda estava inseguro. Nisso ele intercedeu para que Deus perdoasse s cinco cidades se por feliz ventura ali fossem encontrados quarenta justos. Sem pestanejar Deus ainda escuta a sua petio. Contudo, aos olhos humanos esse ainda parece um nmero elevado para a justia de toda aquela plancie. Abrao no podia confiar na piedade dos moradores da terra, pelo que a vida de L ainda estava em apuros. Assim ele arriscou propor outra sada, e apelou pelas vidas de trinta justos. Que maravilhoso alvio: Deus o atendeu sem reclamar! Mas devido facilidade com
que o Senhor o atendia, Abrao comeou a temer que j no houvesse como reverter aquele quadro. Mesmo assim ele se expe ao perigo de estar interferindo na justia divina e resolve suplicar mais uma vez. Agora iria pedir que pelo amor de vinte justos aquelas cidades no fossem destrudas. E para a sua surpresa, o anjo o escutou com pacincia. Abrao fez seus clculos mentais e entendeu que vinte podia ser um nmero razovel, afinal de contas nem todos os habitantes daquela plancie podiam ser igualmente dignos de condenao. Mas para que a vida de L ficasse totalmente livre do perigo, ele se humilhou diante do Senhor e suplicou-lhe pela vez final. Dez justos. Ele implorou para que Deus poupasse as cinco cidades da plancie se em seus termos existissem dez pessoas cujas almas no estivessem maculadas pelo pecado de Sodoma. Felizmente o Senhor atentou para o seu ousado pedido e garantiu-lhe que no destruiria as cidades se por ventura ali habitassem dez justos. Abrao tambm tinha dado a sua palavra e desde ento no tocou mais no assunto. Agora era apenas ficar em estado de viglia at o amanhecer, torcendo para que ao menos a famlia de L no houvesse enveredado pelos caminhos de Sodoma. As igrejas evanglicas j foram mais espirituais, porquanto aqueles que as lideravam eram homens espirituais. Viver na
escurido da ignorncia e estar alheia ao eterno propsito de Deus no pode ser normal igreja em poca alguma, porm, nos dias de hoje no difcil encontrarmos lderes de grandes igrejas que afirmam desconhecer os caminhos da escatologia bblica e que por essa razo no ousam arriscar qualquer tipo de especulao concernente ao glorioso futuro do povo de Deus. Portar-se dessa maneira justificar a prpria ignorncia, cair de pra-quedas e no estar devidamente preparado para orientar e guiar o rebanho do Senhor ao seu eterno fanal. Nenhum pastor, seja ele doutor ou leigo, pode se dar ao direito ou desculpa de desconhecer o maravilhoso futuro da igreja, pois se este, sendo ignorante a respeito do glorioso amanhecer do povo de Deus, vive aqum das expectativas escatolgicas, como poder conduzir os santos vitria final? Mas assim como estes, L tambm estava alheio e no sabia que o tempo do pecado havia se esgotado para as cidades da plancie. Ao entrar para aquele povo o seu intuito era o de convert-lo verdade e transformar-lhe a vida, mas o evangelho por ele anunciado era puramente humano, social e filantrpico, desprovido da verdadeira f que salva, justifica, santifica e glorifica ao mais vil pecador. Por vrios anos esse sobrinho de Abrao estava laborando inutilmente em Sodoma,
at que chegou o dia do acerto de contas. L ainda no sabia, mas agora s lhe restavam menos de doze horas para evangelizar e resgatar aquela multido de gente perdida. Ah! Se pelos esforos dessa igreja mundana pudessem ser transformadas ao menos dez vidas, ento todo aquele reino seria poupado da destruio! Mas agora o seu tempo se esgota e estas coisas tambm lhe so ocultadas. As ltimas horas de L em Sodoma foram tambm as mais difceis da sua vida, pois ali ficaram manifestam todas loucuras de sua humana escolha, quando aflorou-lhe o mximo do desespero pela expectao do iminente fim. Era j cerca de meia-noite quando os anjos lhe revelaram que aquela cidade seria totalmente destruda e que o tempo que lhe restava era demasiado curto para concertar as coisas, ordenar a famlia, organizar uma fuga e salvar o mximo de tudo o que possua em casa ou no campo. O drama de L se tornou ainda mais intenso quando os anjos lhe disseram para agir rapidamente e ajuntar toda a famlia a fim de que no perecessem na condenao de Sodoma. Alm de sua esposa e de duas filhas solteiras, ele devia ter pelo menos dois filhos casados e mais uma filha que j havia contrado matrimnio na cidade. Somando as noras, os genros e os netos, teramos uma famlia composta de pelo
menos quinze pessoas. Mas havia outro problema ao qual L no teria mais tempo para resolver: aqueles que tinham se casado na cidade no queriam deixar a vida ali constituda. Ele ento foi procurar os noivos de suas duas filhas, mas estes no acreditaram nesse papo de fim do mundo e at zombaram das palavras do desesperado evangelista. Nessa situao dramtica, L esmoreceu e ficou sem ao. Como aceitar que os seus queridos filhos e todos os seus netos fossem simplesmente condenados na destruio de Sodoma? Como fechar os olhos e fingir que nada daquilo estivesse acontecendo? L desanimou e por alguns instantes chegou a imaginar que no conseguiria deixar aquela perversa cidade. Era a manifestao de sua impotncia frente triste realidade. O tempo se abrevia e chegada a hora da partida. Em que condies espirituais estamos ns nesse momento crtico? No nos resta tempo para fazermos muita coisa e as evidncias do provas de que as nossas veste j no esto limpas e que em muitas mos as lamparinas j se apagaram. Humanamente falando, teramos grande chance de salvar nossos parentes, amigos e vizinhos caso contssemos com o apoio dos pastores, mas certo que eles no movero um s dedo nesse sentido, pois os mesmos tambm esto fascinados por Sodoma e no se daro ao trabalho de alertarem aos seus rebanhos. Muito pelo contrrio, eles iro protestar contra a mensagem de L; com
desdm ho de dizer que estou exagerando e que no merecem crdito as coisas que aqui tenho afirmado. Eles mesmos que conformaro as ovelhas a destruio que se aproxima, e diro aos que por desprendimento, coragem e verdadeiro amor cristo chamarem as igrejas ao arrependimento: Quem voc para julgar os outros? Mas esse exatamente o argumento mais comum aos estpidos. Os cidados de Sodoma disseram o mesmo diante das portas de L e vejam o fim que eles tiveram. A trgica e infeliz realidade que j no podemos contar com a maioria dos lderes evanglicos. Se algum realmente deseja salvar a si sua famlia ter de fazer muito mais do que simplesmente orar ou entregar tudo nas mos de Deus. preciso tomar uma ousada postura e protestar por si, por seus filhos e por toda a sua famlia. Essa a hora em que todo pai de famlia deve tomar as vestes sacerdotais e se esforar no sentido de preparar aos seus entes mais queridos para o glorioso instante do arrebatamento. Intil esperar que os pastores ajudem nessas horas to crticas. A experincia e a prpria Bblia nos asseguram que eles devem fazer exatamente o oposto. Eles j nos abandonaram e agora resta-nos apenas a grande compaixo de Deus. Mantenhamo-nos, pois fiis a Ele.
6
Desamparado e Impotente
Ele porem demorava-se, e aqueles vares lhe pegaram pela mo, e pela mo de sua mulher, e pela mo de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade. (Gnesis 19. 16)
que temos aqui a sombra de nosso prprio dilema. Que devemos fazer para mantermos a salvo as nossas famlias perante a destruio que se aproxima? Tem voc pensado a respeito disso? Possui voc a viso celestial capaz de revelar que esse evangelho que estamos a ouvir todos os dias em nossas igrejas no passa de palha e que no nos oferece meios de estarmos preparados para a vinda de Nosso Senhor? A Bblia sem rodeios nos declara que no fim dos tempos a iniqidade se multiplicar e que o amor de muitos crentes esfriar. No sei se do seu interesse, mas quando o Senhor disse que a iniqidade se multiplicar, Ele obviamente estava se referindo ao crescimento exacerbado do pecado entre os cristos por ocasio da Sua vinda. E s para lembrar: a palavra iniqidade encerra todos os tipos e categorias de pecados. Ora, para que haja uma multiplicao do pecado, necessrio que estejamos nos referindo a um crescimento de pelo menos cem por cento. Isso exige significar (e que ningum ouse argumentar o contrrio) que a igreja evanglica dos ltimos dias ter se transformado em um aglomerado de gente desconvertida nunca visto antes. Mas se algum pastor estpido o bastante para resistir a essa verdade, logo estar se opondo diretamente palavra de Deus.
O segundo ponto para o qual desejo chamar a sua ateno o fato de o amor de muitos estar se esfriando. Afinal, o que significa a expresso o amor de muitos para voc? Seria o caso lembr-lo que o Senhor Jesus costumava aplicar a palavra muitos escatologia quando queria se referir ao nmero daqueles crentes que no tero parte no Seu Reino? Observe os exemplos a seguir:
Entrai pela porta estreita; porque larga a porta, e espaoso o caminho que conduz perdio, e muitos so os que entram por ela Mateus 7. 13; Muitos me diro naquele dia: Senhor, Senhor, no profetizamos ns em teu nome? E em teu nome no expulsamos demnios? E em teu nome no fizemos muitas maravilhas? Ento lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vs que praticais a iniqidade. 8 Mateus 7. 22, 23; Porque muitos so chamados, mas poucos escolhidos. Mateus 20. 16; Porque muitos viro em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganaro a muitos. Mateus 24. 4; Nesse tempo muitos sero escandalizados9. Mateus 24. 10; 8 A palavra iniqidade, novamente em evidncia!
9 A palavra escndalo, nesse particular, denota propenso espontnea para uma vida desregrada.
E surgiro muitos falsos profetas e enganaro a muitos. Mateus 24. 11; E por se multiplicar a iniqidade, o amor de muitos esfriar. Mateus 24. 12;
Por todos esses exemplos, podemos concluir que o Senhor Jesus usou a expresso muitos com o sentido de a maioria. Assim vemos muitos (a maioria) que so chamados, enquanto poucos (a minoria) so escolhidos; muitos (a maioria) que entram pela porta larga, enquanto apenas uns poucos (a minoria) que encontram e passam pela porta estreita. E em todos os supracitados casos o Senhor no nos deixa enganados a respeito da grande verdade: pouqussimas sero as pessoas que se salvaro dentre todas as denominaes e segmentos evanglicos existentes no mundo por ocasio do arrebatamento. Isso equivale a dizer sem medo de errar, que o cristianismo dos dias finais h de ser um composto de hipcritas que no daro ouvidos s solenes recomendaes do Senhor. O Divino Mestre no af de orientar os seus santos escolhidos da ltima hora, alerta-nos de que o cristianismo final ser marcado por trs fatos extraordinrios que serviro de indcios de que o tempo da Sua vinda se aproxima. A saber: 1- Os crentes se odiaro e mutuamente se trairo;
2- Dessas contendas surgiro muitos falsos profetas que com oportunismo provocaro rachaduras na igreja, enganaro a muitos crentes e fundaro seus prprios ministrios; 3- A conseqncia imediata ao surgimento desses falsos lideres e suas igrejas, ser o crescimento exacerbado da iniqidade e o abandono da verdadeira f. Seriam to estpidos os nossos pastores a ponto de no admitirem que a grande maioria (mais de noventa por cento) dos donos de igrejas seja composta de falsos profetas que amolecem a doutrina, toleram o pecado e conformam seus membros ao mundanismo para a prpria destruio? Essa decadncia foi planejada por homens duas vezes mortos e posta em prtica gradualmente at que assumiu a forma normal que se conhece em nossos dias. Primeiro esses falsos profetas abandonaram as origens e a verdadeira igreja para fundarem suas prprias denominaes ou ministrios onde tivessem a liberdade de ensinar suas doutrinas de perdio. Aos poucos eles foram abandonando a ousadia do testemunho cristo e adotaram posturas simpticas em relao ao mundo, porque entendiam que o Evangelho pode ser algo malevel. Como se no lhes bastasse, passaram a ensinar que ao rebanho que Deus no espera que sejamos perfeitos, e que no devemos viver segundo a lei, pois isso aniquilaria a graa divina que salva os homens a troco de nada. Em seguida, eles permitiram que o mundanismo fosse instalado nas igrejas e at estimularam tais usos com o objetivo de aumentarem os n-
meros de seus rebanhos. Desde ento, tudo se tornaria permitido, se para tanto, os membros no deixassem de contribuir com seus dzimos e ofertas. Covarde, perversos, criminosos. Eles no esto se importando com os milhares de vidas que, desavisadas, marcham para o inferno. Estes vivem como se de fato o Senhor mais regressar a esse mundo para arrebatar os seus escolhidos. Alis, esse um assunto no qual eles evitam tocar, pois o refletir sobre tal acontecimento pode provocar o abandono do pecado e isso implicar em muitos inconvenientes para aqueles que vivem da ignorncia dos crentes. Meu irmo, lastimvel a realidade, mas os nossos pastores h muito que nos tm abandonado, de modo que as igrejas j no oferecem abrigo contra o pecado; e o que mais grave, elas at tm servido de coito e estmulo s prticas comuns prostituio religiosa. Nossas famlias esto sendo arrastadas para o mundo e condicionadas ao pecado pela covardia e ambio de homens que no temem a Deus. O ambiente no qual congregamos to mundano e to pervertido que as pessoas nem pensam mais em abandonar a igreja. Todos os tipos de pecados j podem ser tolerados e estimulados por aqueles que lidam com os rebanhos. A juventude crist, que outrora era o glorioso jardim da igreja, agora tem se tornado em um reduto de prostituio, pelo que tm sido raros os casos de moas e rapazes que, apesar de haverem nascido em lares cristos, no conseguem
mais manterem-se livres da fornicao at o casamento. Sei de inmeros casos de crianas e adolescentes cristos que se renem para ver filmes de sexo explcito, e os pais, ao tomarem conhecimento do fato, do risadas, como se isso fosse normal! Conheo presbteros, diconos e dirigentes do crculo de orao que so favorveis aos casais que vem filmes porns sob o pretexto de estarem apimentado as relaes. No faz muito tempo, precisei usar o computador de um amigo e ele me direcionou ao andar superior da sua casa. Quando l cheguei, pude flagrar um grupo de adolescentes, filhos de crentes, que estavam vendo um filme de sexo direcionado ao pblico gay. o esprito de Sodoma, avassalando as nossas famlias sem que a igreja nada possa (ou no queira) fazer! Ultimamente no tm sido raros os casos de jovens cristos e at mesmo de obreiros que me procuram para confessar que esto viciados em pornografia virtual, mas especialmente na internet. preocupante o nosso quadro. O nmero de divrcios entre os crentes tem crescido incontrolavelmente nesses ltimos anos, sem que mencionemos aqui aqueles casos de traio conjugal em que os pares optaram pela no dissolvio do casamento. E o que os pastores esto fazendo pelo resgate de nossas famlias? Absolutamente nada! Antes, para proveito prprio, banalizaram os sagrados laos do casamento ao tornaram comum a prtica do divrcio entre eles mesmos. Igualmente lamentvel notar que os nossos filhos estejam abandonando o Evangelho e a igreja to logo atinjam a puberdade. Na regio onde moro mais do que normal os filhos de
crentes aguardarem a chegada do dos doze anos de idade, quando se vero livres para seguirem o curso do mundo. E eu mo posso estar surpreso, pois de um evangelho nojento como esse no podem pulular frutos que permaneam para sempre. Esses tambm se tornaram filhos de Sodoma e no podero ser salvos! Agora temos chegado ao cmulo dos absurdos e estou sendo obrigado a ensinar aos meus filhos a no imitarem as prticas da minha prpria igreja! meu dever como pai e sacerdote dar proteo espiritual minha prole a fim de que sejamos havidos por dignos de ingressar na grande viagem para o Cu. Lutarei com todas as foras para que eles sejam livres da fascinao de Sodoma que j impera nas igrejas. Todos os dias oro ao meu Deus e todos os dias me ponho de prontido para resistir ao mpeto do inferno que, por infelicidade, possui passe livre nesse cristianismo moderno. Meus amigos pastores sabem da minha postura em relao ao Evangelho de Deus e entendem que intil lhes ser tentar me remover dessa convico. Eu no permitirei que os meus filhos cresam para o inferno; no os tenho colocado no mundo para serem entregues a Satans. E no serei como L no dia da destruio de Sodoma, desolado por no poder levar consigo o mximo de sua descendncia. Mas no negarei que s vezes me sinto impotente qual L, e temo pela vida dos meus amados, pois se dependerem de nossos pastores, eles estaro perdidos para sempre.
Mas eis que os anjos lhe do pressa: vamos, fuja para a montanha e salve a sua vida. No pare pelo caminho e nem olhe para trs; no h mais tempo para se fazer coisa alguma.
Foi dessa forma que ela entrou para a histria e ficou como um exemplo para todos aqueles que continuam com o corao amarrado ao mundo, mesmo depois de haverem sido amados e resgatados pelo Senhor. E veja que a providncia divina tudo fez para que L e sua famlia inteira fossem salvos, pois alm de t-los arrancado de dentro da cidade, ainda usou de piedade e a pedido seu chegou a poupar a pequena Zoar que deveria ter sido destruda juntamente com Sodoma. Em suma, a mulher de L se assemelha quela classe de crentes que aparentemente conseguem se manter fiis at o fim de suas vidas, mas que apesar de tudo jamais entregaram o corao por inteiro ao Senhor, e por essa razo no podem herdar a bno do Seu eterno amor. Portanto, convm que o povo de Deus viva de modo a no sacrificar a sua eterna herana, no usando de sandices e nem abrindo mo das recomendaes divinas em favor dos conselhos ou doutrinas de homens que no temem ao Senhor. O Apocalipse claramente nos admoesta: Quem santo, se esforce para estar ainda mais santificado. Vivamos como peregrinos que somos neste mundo e em tudo santifiquemos o Nosso Deus; busquemos a ptria celestial, pois onde estiver o nosso tesouro, estar tambm o nosso corao.