Texto Kaes
Texto Kaes
Texto Kaes
1. Pensar a Instituio no campo da Psicanlise 1.1. Pensar a instituio: algumas dificuldades sobretudo narcsicas Uma dificuldade fundamental se ope aos nossos esforos para constituir a instituio como objeto de pensamento. Essa dificuldade vincula-se preponderantemente, aos riscos psquicos da nossa relao com a instituio. Estes riscos podem ser englobados em trs grandes grupos de dificuldades: a) fundamentos narcsicos e objetais da nossa posio de indivduos engajados na instituio: na instituio somos mobilizados nas relaes de objetos parciais idealizados e perseguidores, experimentamos nossa dependncia nas identificaes imaginrias e simblicas que mantm juntas a cadeia institucional e a trama da nossa vinculao. Somos confrontados com a violncia da origem e com a imago do Ancestral fundador: somos arrastados na rede da linguagem da tribo e sofremos por no conseguir que a singularidade da nossa fala se faa reconhecer. As dificuldades que afetam a relao com a instituio com uma valncia negativa entravam o pensamento daquilo que ela institui., nada menos que isso; s nos tornamos seres falantes e desejantes porque ela sustenta a designao do impossvel: a proibio da posse me-instituio, a proibio do retorno origem e da fuso imediata. O que na relao com a instituio permanece com sofrimento, continua sendo impensado devido ao recalque, recusa, reprovao. b) O segundo conjunto de dificuldades de natureza muito diferente: no podemos pensar a instituio na sua dimenso de pano de fundo da nossa subjetividade seno no tempo consecutivo a uma experincia de ruptura catastrfica do quadro esttico e mudo que ela constitui para a vida e para o processo psquico; mas para que esse pensamento surja, so exigidos um quadro apropriado e um aparelho para pensar, com os quais o indivduo contribui, de certa forma, com a condio de que esse quadro j esteja a, pronto para ser inventado. Confronta-se aqui no apenas com a dificuldade de pensar aquilo que, por um lado, nos pensa e nos fala: a instituio nos precede, nos determina e nos inscreve nas suas malhas e nos seus discursos; mas com esse pensamento que destri a iluso centrista do nosso narcisismo secundrio, descobrimos tambm que a instituio nos estrutura e que contramos com ela relaes que sustentam a nossa identidade. Nas instituies, o trabalho psquico incessante o de trazer essa parte irrepresentvel para a rede de sentido do mito, e de se defender contra o ns institucional necessrio e inconcebvel. c) O terceiro conjunto de dificuldades j no diz respeito ao pensamento da instituio como objetivo ou como no-Self no sujeito, mas instituio como sistema de vnculo do qual o sujeito parte interessada e parte integrante. Pensar a instituio requer ento o abandono da iluso monocentrista, a
aceitao de que uma parte de ns mesmos no nos pertence propriamente, ainda que de onde se encontrava a instituio para surgir um Eu nos limites do nosso necessrio apoio sobre aquilo que, a partir dela no constitui. Relaes bipolarizadas interno-externo, continente-contedo, determinantedeterminado, parte-todo, estamos aqui num sistema polinuclear e de encaixes no qual, por exemplo, o continente, (o grupo) do sujeito o contedo de um meta-continente (a instituio); ou ainda, estamos diante de uma organizao do discurso que se determina em redes de sentidos interferentes, cada um organizando de uma maneira prpria as insistncias do desejo e as ocultaes de sua manifestao. Por causa dessas dificuldades e dos interesses que as sustentam, um esforo constante para construir uma representao da instituio desenvolvido nas instituies. Mas a maior parte das representaes sociais da instituio, mticas, eruditas ou militantes, constituem a economia do pensamento da relao do sujeito com a instituio. A sua funo por um curativo na ferida narcsica, evitar a angstia do caos, justificar e manter os custos identificatrios, preservar as funes dos ideais e dos dolos. Esse trabalho coletivo do pensar realiza uma das funes capitais das instituies, que fornecer representaes comuns e matrizes identificadoras: dar um status s relaes da parte e do conjunto, unir os estados no integrados, propor objetos de pensamento que tenham um sentido para os indivduos aos quais destinada a representao e que gerem pensamentos sobre o passado, o presente e o futuro; indicar os limites e as transgresses, assegurar a identidade, dramatizar os movimentos pulsionais... Seria longa a lista das emergncias desorganizadoras provocadas pelo desregramento institucional; esses sofrimentos e essa patologia so uma das passagens para o nosso conhecimento moderno da dimenso da instituio. 1.2. A questo da instituio no campo da Psicanlise Ao mesmo tempo que os conceitos e a prtica da Psicanlise nos esclarecem em nossa tentativa de refletir sobre os riscos psquicos da instituio, surgem obstculos especficos para se elaborar o status psicanaltico da questo da instituio. Minha hiptese que as dificuldades para conceber psicanaliticamente a prpria instituio psicanaltica esto ligadas com as que aparecem quando tentamos articular a ligao da instituio com os processos e as formaes do inconsciente, com as subjetividades que a ela correspondem, e com os espaos psquicos comuns que ela pressupe e forma. Ao lado das dificuldades comuns de que acabo de falar e para cuja anlise algumas prticas psicanalticas trazem uma luz importante por exemplo a anlise das formaes grupais e familiais, a anlise das psicoses e a abordagem psicanaltica do autismo, determinados dispositivos de trabalho psicanaltico nas instituies de tratamento psquico existe uma dificuldade especfica de se dotar de um status terico e metodolgico, um
objeto cuja consistncia no pode ser provada no quadro paradigmtico do tratamento tradicional. Em que condies podem-se constituir uma teoria e uma prtica psicanaltica da instituio? Questo complexa e de mltiplas facetas. Em que condies pode-se sustentar que a instituio enquanto tal pode ser um objeto terico e concreto da Psicanlise? Dever-se- admitir que ela pode se constituir apenas como um quadro ou um dispositivo para um trabalho de inspirao psicanaltica com sujeitos singulares? Para sustentar a primeira eventualidade, preciso definir as caractersticas de um objeto analisvel e de um dispositivo apto para manifestar os efeitos do inconsciente em ao nesse objeto e capaz de produzir efeitos de anlise. Por qual pedido? O da instituio enquanto conjunto (objeto analisvel) e/ou aquele dos seus constituintes? A mesma questo se coloca, em termos sensivelmente idnticos, no que diz respeito anlise da famlia ou do grupo. (alguns psicanalistas tentaram realizar este trabalho: F. Fornari e J.P. Vidal). A dificuldade comum que evidenciam a de especificar qual o papel desempenhado pelo inconsciente e pelo seu sujeito hipottico nessas instituies. Quando Segunda eventualidade, a de que a instituio constitui um quadro possvel para um trabalho de inspirao psicanaltica, a prtica a imps como o prprio Freud havia desejado e predito, no sem que alguns problemas maiores tenham surgido: o das modalidades especficas da organizao da contratransferncia e da transferncia, e portanto das resistncias num determinado espao psicanaltico contido num espao heterogneo. UMA FORMAO DA SOCIEDADE E DA CULTURA A instituio , em primeiro lugar, uma formao da sociedade e da cultura: segue-lhes a lgica prpria. Instituda pela divindade ou pelos homens, a instituio se ope quilo que estabelecido pela natureza. A instituio o conjunto das formas e das estruturas sociais institudas pela lei e pelo costume: a instituio regula as nossas relaes, preexiste e se impe a ns; ela se inscreve na permanncia. Cada instituio dotada de uma finalidade que a identifica e a distingue, e as diferentes funes que lhe so atribudas se ordenam, a grosso modo, nas trs grandes funes reconhecidas por G.Dumzil na base das instituies indo-europias: as funes jurdico-religiosas, as funes defensivas e de ataque, as funes produtorasreprodutoras. Uma Formao Psquica A constituio no apenas uma formao social e cultural complexa. Realizando suas funes correspondentes, ela realiza funes psquicas mltiplas para os indivduos na sua estrutura, na sua dinmica e na sua economia pessoal. Ela mobiliza investimentos e representaes que contribuem para a regulamentao endopsquica e que asseguram as bases da identificao do sujeito com o conjunto social; elas constituem, como enfatizo mais vez, o fundo da vida psquica no qual podem estar depositadas e contidas algumas das partes da psique que escapam realidade psquica. Definimos assim um primeiro espao de anlise e de trabalho sobre a constituio das identificaes imaginrias e
3
simblicas, sobre a relao com o quadro e com a lei, sobre as transferncias de funes. Esse um ponto de vista, enriquecido pela abordagem das psicoses dos grupos e das famlias, que se centraliza sobre o sujeito na sua relao com a instituio, vista ora como objeto no campo psquico, ora como extenso do quadro e da moldura do campo psquico. A hiptese da psique de massa explica no apenas a continuidade da vida psquica, a transmisso das caractersticas, mas a prpria formao do inconsciente. Mas a instituio tambm o espao extrajetado de uma parte da psique: est ao mesmo tempo dentro e fora, no duplo status psquico do anexo e do depsito; est na base do processo mas no poderia ser indiferente ao processo em si. atravs desses diferentes aspectos que o sujeito sujeito da instituio e que a instituio consiste numa dupla funo psquica: de estruturao e de receptculo do indiferenciado. Admitir-se-, sobretudo, que formaes psquicas originais so produzidas e mantidas pela vida institucional visando os seus prprios fins: isso significa que se trata de formaes que correspondem dupla necessidade da instituio e dos sujeitos que delas so partes integrante e beneficiria. O agrupamento como comunidade de realizao do desejo e da defesa Fundar uma instituio, faz-la funcionar, transmit-la, tudo isso s pode ser sustentado por organizadores inconscientes que trazem consigo desejos que a instituio permite realizar. A permanncia, a filiao e a manuteno do sujeito singular no serconjunto: o contrato narcsico A instituio deve ser permanente: com isso ela assegura funes estveis e necessrias vida social e vida psquica. Para o psiquismo, a instituio encontra-se, como a me, na base dos movimentos de descontinuidade instaurado pelo jogo do ritmo pulsional e da satisfao. uma das razes do valor ideal e necessariamente persecutrio que ela assume to facilmente. Trs idias devem ser guardadas: 1) o indivduo em si mesmo o seu prprio fim e que ao mesmo tempo membro de uma cadeia qual est submetido. 2) Que os pais constituem a criana como portadora de seus sonhos de desejo no realizados e que o narcisismo primrio dela apoia-se no dos pais, assim como foi atravs deles que o desejo e o narcisismo das geraes precedentes sustentaram, positiva ou negativamente, a sua vinda ao mundo. Em outras palavras, cada recm-nascido investido da misso de assegurar a continuidade narcsica da relao. 3) O ideal de Ego uma formao comum psique singular e aos conjuntos sociais (famlia, instituies, naes). Sofrimento nas/das instituies Trs fontes de sofrimento podem ser distinguidas pela anlise, ainda que apaream intrincadas na queixa ou na designao da causa: uma inerente ao prprio fato institucional; a outra inerente a determinada instituio especfica,
sua estrutura social e sua estrutura inconsciente prpria; a terceira configurao psquica do sujeito singular. A instituio um objeto psquico comum: ela propriamente, no sofre. Ns sofremos pela nossa relao com a instituio, sofremos nessa relao; falar do sofrimento da instituio uma maneira de designar essa relao esvaziando-nos dela como sujeito passivo ou ativo. Designamos assim, por projeo, o que est sofrendo nos sujeitos da instituio: a instituio em ns, o que em ns instituio, que se encontra sofrendo. a esse sofrimento e a essa dificuldade especfica para reconhec-lo que o psicanalista deve estar atento. J.Bleger denomina de sociabilidade sincrtica, ou seja, um tipo de relao que, paradoxalmente, uma no-relao, ou seja, uma no-individuao; a sociabilidade sincrtica se baseia numa imobilizao das partes no diferenciadas do psiquismo.
II O Grupo como Instituio e o Grupo nas Instituies Captulo II- Jos Bleger
O que um grupo e o que um grupo numa instituio? Por conceito habitualmente admitido de grupo, compreendo aquela definio que o postula como um conjunto de indivduos que interagem partilhando determinadas normas na realizao de uma tarefa. Minhas proposies nesse sentido me levam a considerar em qualquer grupo, um tipo de relao que, paradoxalmente, uma no-relao, ou seja, uma no-individuao; esse tipo de relao impe-se como matriz ou como estrutura de base de todo grupo e persiste de maneira varivel durante toda a vida sociabilidade sincrtica que diferencia-se de sociabilidade por interao, noo pela qual estruturou-se nosso conhecimento de psicologia grupal. A existncia ou a identidade de uma pessoa ou de um grupo so determinadas, na ordem cotidiana e manifesta, pela estrutura e pela integrao atingidas, em cada caso, pelo Eu individual e pelo Eu grupal. Eu grupal= grau de organizao, de amplitude e de integrao do conjunto das manifestaes compreendidas naquilo que denominamos verbalizao, motricidade, ao, julgamento, raciocnio, pensamento etc. Descrevi em outros artigos como se instala entre esses dois estratos da personalidade (ou da identidade) uma forte clivagem que os impede de se relacionarem. Atravs de uma imobilizao dos aspectos sincrticos podem se efetuar a organizao, a imobilizao, a dinmica e o trabalho teraputico sobre os aspectos mais integrados da personalidade e do grupo. As crises mais profundas que um grupo atravessa so devidas ruptura dessa clivagem e apario consecutiva dos nveis sincrticos. A identidade paradoxalmente no dada apenas pelo Eu, mas tambm pelo Eu sincritco. Um grupo um conjunto de pessoas que entram em relao entre si, mas alm disso e, fundamentalmente, um grupo uma sociabilidade estabelecida sobre um fundo de indiferenciao ou de sincretismo, no qual os indivduos enquanto tais no tm existncia e entre os quais opera uma transitividade permanente. O grupo teraputico tambm se caracteriza por essas mesmas qualidades. Acrescentemos que um dos membros do grupo (o terapeuta) intervm com um papel especializado e pr-determinado, mas que esse papel (essa funo) se realiza sobre uma base na qual o terapeuta includo no mesmo fundo de sincretismo que o grupo. Prossigamos com esse exemplo: a me, num determinado momento, deixa o que est fazendo e sai da sala; o filho larga imediatamente o jogo e sai correndo para ficar perto dela. Podemos ento compreender que quando a me e o filho estavam ocupados cada um com um afazer diferente, sem se falar nem se comunicar no nvel da interao, havia entre eles, todavia, um lao profundo, pr-verbal, que no tinha sequer necessidade de palavras e que, ao contrrio, teria sido perturbado pelas palavras. Dito de outra forma, enquanto a interao no se produz e enquanto estas duas pessoas no se falam nem se olham, a sociabilidade
sincrtica est presente: cada uma delas, que de um ponto de vista naturalista, acreditamos ser uma pessoa isolada, se encontra num estado de fuso ou de nodiscriminao. Esse grupo pode servir de exemplo do que, muitas vezes, significa o silncio no grupo teraputico, e do fato de que o modelo da comunicao verbal leva, s vezes, a distorcer ou a ocultar a compreenso desse fenmeno. Utilizarei a palavra instituio quando me referir ao conjunto das normas, das regras e das atividades agrupadas em torno dos valores e das funes sociais. Ainda que a instituio tambm possa se definir como uma organizao, no sentido de uma disposio hierrquica das funes que se efetuam geralmente no interior de um edifcio, de uma rea ou de um espao delimitado, utilizarei para essa segunda acepo a palavra organizao. O grupo sempre uma instituio muito complexa; melhor ainda, ele sempre um conjunto de instituies, mas ao mesmo tempo tem tendncia a se estabelecer como uma organizao com regras fixas e prprias. O importante o fato de que quanto mais o grupo tende a se estabelecer como organizao, mais ele visa existir por si mesmo marginalizando o objetivo propriamente teraputico do grupo, ou subordinando-o a esse objetivo. A organizao da interao atinge um grau tal que pode se tornar antiteraputica. E isso se d por duas razes: a) o nvel da interao se organiza de uma maneira fixa e estvel, b) a fixidez e a estereotipia da organizao, por sua vez, se baseiam tambm e, fundamentalmente, no estabelecimento do controle sobre a clivagem entre esses dois nveis, de tal forma que a sociabilidade sincrtica se torna imvel. Resumindo, defini os grupos em dois nveis de sociabilidade : o primeiro que chamam de sociabilidade por interao e o outro o da sociabilidade sincrtica. Assinalei que o grupo tem tendncia a se burocratizar como organizao e a se tornar antiteraputico, no apenas para manter a repetio das normas no nvel da interao mas, fundamentalmente, pela necessidade de manter a clivagem (ou separao) entre esses dois nveis. A partir da, fui levado a definir como as organizaes dispem dessa mesma funo de clivagem e como nossos conhecimentos e nossas tcnicas grupais devem ser precedidos, se quisermos trabalhar com a dinmica grupal nas organizaes, por um estudo diagnstico delas, e por uma estratgia no interior da qual as tcnicas grupais no constituem seno um instrumento.
um ato memorvel e criminoso que serviu de ponto de partida para tantas coisas: organizaes sociais, restries morais, religies) (S.Freud, 1912, p. 163). A violncia parece ser assim substancial para a vida institucional, na medida que procede da legalidade que exige que os homens renunciem satisfao das suas pulses e na medida em que, fazendo isso, capaz de reacender os combates entre os iguais e favorecer o desejo de transgresso das interdies; mas a violncia institucional no se reduz violncia legal.
1.2.
Sistemas Simblicos
Uma instituio no pode viver sem elaborar um ou mais mitos unificadores, instituir ritos de iniciao, de passagem e de realizao, sem se atribuir heris tutelares(tomados muitas vezes entre os fundadores reais ou entre os fundadores imiginrios da instituio), sem contar e/ou inventar uma histria que permanecer na memria coletiva; mitos, ritos, heris, sagas, cuja funo sedimentar a ao dos membros da instituio, servir-lhes de sistema de legitimao e dar, assim, sentido s suas prticas e s suas vidas.
1.3.
Sistemas Imaginrios
Imaginrios no sentido de que a Instituio procura capturar os indivduos na armadilha dos seus prprios desejos de afirmao narcsica e de identificao,
9
nas suas fantasias de onipotncia ou na sua necessidade de amor, declarando-se capaz de responder aos seus desejos naquilo que apresentam de mais excessivo ou de mais arcaico (afirmao narcsica que se manifesta sob os rostos do lder, do tirano, do organizador e do sedutor, identificao macia que tem como objetivo a comunho e a fuso amorosa com o outro), e de transformar suas fantasias em realidade (iluso propriamente mortfera j que a funo da fantasia permanecer como aquilo que no deve ser realizado e fornecer a base e os elementos criativos necessrios reflexo e vontade transformadora) As instituies, enquanto sistemas culturais, simblicos e imaginrios, apresentam-se, portanto, como conjuntos englobantes, visando imprimir a sua marca distintiva sobre o corpo, o pensamento e a psique de cada um dos seus membros. Elas vo favorecer a construo de indivduos para a sua devoo, na medida em que conseguiram se instaurar para eles como plo ideal e a obcec-lo com o ideal. Entretanto, raramente, elas atingiro os seus objetivos de domnio total e, por conseguinte, de formao de estrutura enclausurante: acabaro engendrando um universo conformista, repetitivo e destinado a se degradar irresistivelmente e a morrer, a menos que, procurando a morte dos outros, consiga alguma trgua para si.
10