Desenho Na Educaçã Inf

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A ao educativa do professor no processo de produo do desenho na educao infantil e nas sries iniciais

Suselei Ap. Bedin Affonso Mestre em Educao - UNICAMP Professora da Faculdade Comunitria de Campinas - Unidade 3 e-mail: [email protected] Adriana A. Beltramelli de Souza Especialista em Psicopedagogia Construtivista - Universidade So Francisco Professora da Faculdade Comunitria de Campinas - Unidade 3 e-mail: [email protected]

Resumo O modo como as prticas de produo do desenho infantil vm sendo trabalhadas na escola, tem desvalorizado o processo de criao das crianas, tendo em vista a obteno de um produto final, elaborado a partir de modelos prontos, ou de propostas descontextualizadas, sem significado para as crianas.O presente artigo busca discutir a importncia da ao educativa intencional do professor no processo criativo de produo do desenho na escola, no sentido de oferecer s crianas oportunidades de exercer as possibilidades artsticas que lhe so inerentes .A partir de um estudo terico discutiu-se as fases da evoluo do grafismo infantil, as produes realizadas na escola, o papel e formao do educador e por fim, apresentou-se algumas sugestes de trabalho pedaggico com a produo do desenho que possam oportunizar o desenvolvimento das percepes infantis e a melhoria de sua expresso e participao cultural. Palavras-chave: desenho infantil, desenvolvimento do grafismo infantil, educao artstica.

Introduo
A criana desenha com freqncia; o adolescente o faz raramente; e o adulto, quando artista. Para que se desenhe menos ou nada, entra em ao uma estratgia de inibio da atividade expressiva que tem como personagens a escola, a famlia e as comunicaes massificadas. Nosso campo de ao, porm, a escola.[...] Faltam-lhe condies suficientes para que este potencial aflore, permanea e se desenvolva. (DWORECKI, 1992, p.67 )

Um fato bastante comum que pode ser observado no trabalho com a formao de professores, que, ao serem instigados a elaborarem algum tipo de produo grfica, tais como desenhos e pinturas, as reaes dos futuros educadores, alunos dos cursos de pedagogia,

so quase sempre de resistncia proposta, argumentando que no so artistas, que no sabem desenhar, que no dominam tcnicas de expresso plstica . Embora o senso comum insista em relacionar o desenho Arte, na verdade, desenhar um exerccio de observao e expresso: uma prtica capaz de proporcionar muito prazer, realizao pessoal e que, como qualquer outra prtica, pode ser aperfeioada A criana constri ao longo dos primeiros anos de seu desenvolvimento a capacidade de figurar e de expressar-se por diferentes linguagens e, exerce essa habilidade livremente atravs do desenho, da imitao, da dana e das brincadeiras de faz-de-conta . No incio de seu desenvolvimento cognitivo, o desenho para a criana uma atividade ldica, que amplia suas capacidades imaginativas e representativas.Ao
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iniciar seus rabiscos ainda na fase da garatuja, a criana vai percebendo as possibilidades daqueles traos e, essa explorao, de natureza inicialmente motora, vai possibilitando a ampliao de sua representao das coisas. O desenho evolui conforme o pensamento da criana evolui (Piaget, 1998). Seu traado, tipo de desenho, e temtica expressam como a criana pensa, como v o mundo, seus sentimentos e organizao interna. A oportunidade de desenhar importante para estimular a expresso, criatividade, o desenvolvimento intelectual e a conquista de outras linguagens, como por exemplo a escrita que, por ser um sistema de representao, est claramente vinculada com o desenho, sendo este uma preparao para alfabetizao(PILLAR, 1996, p.32). Ou seja, o desenho permite criana o exerccio de um tipo de simbolizao grfica que possui uma relao direta com a realidade,e que constituir a base que, mais tarde,possibilitar que a criana possa construir a escrita,um outro tipo de representao grfica, mais abstrata e arbitrria, e que no guarda uma relao direta com o mundo fsico. Porm, a partir do ingresso nas sries iniciais para a alfabetizao, a escola passa a enfatizar o desenvolvimento do raciocnio lgico e da comunicao verbal. A criana fica mais crtica e descobre que seus traados no conseguem imitar fielmente as formas reais e se convence de que no leva jeito para o desenho. Segundo Dworecki,(1992), a expectativa de fazer uma reproduo fotogrfica e a tendncia a considerar errado todo desenho que no retratar seu original imagem e semelhana, so os principais empecilhos que fazem com as crianas abandonem os desenhos e gradativamente abandonem tambm sua capacidade de figurar, tornando-se adultos que no desenham. Considerando que a atividade de desenhar estimula a expresso, a criatividade e o desenvolvimento cognitivo das crianas e contribui para a construo de outras formas de linguagens, esse artigo, tem como principal objetivo discutir a importncia da ao educativa intencional do professor no processo criativo de produo do desenho na escola, no sentido de oferecer s crianas oportunidades de exercer as possibilidades artsticas que lhe so inerentes. Inicialmente sero abordadas as etapas do desenvolvimento grfico infantil, e sua importncia para o desenvolvimento global da criana. Posteriormente sero discutidas as prticas que prevaleceram ao longo dos tempos na escola e finalmente sero abordadas propostas de trabalho que valorizem as possibilidades de ao criativa das crianas.
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A criana e o desenho: etapas do desenvolvimento do desenho infantil No incio de seu desenvolvimento cognitivo, o desenho para a criana uma atividade ldica, que amplia suas capacidades imaginativas e representativas.Ao iniciar seus rabiscos ainda na fase da garatuja, a criana vai percebendo as possibilidades daqueles traos e essa explorao de natureza inicialmente motora vai possibilitando a ampliao de sua representao das coisas. Segundo Piaget (1998), a evoluo da representao grfica paralela evoluo do pensamento da criana e resultado das suas possibilidades de representao simblica. Para esse autor, pensar uma ao interiorizada que relaciona significaes por meio de palavras,sensaes e quadros mentais. Por exemplo, quando se recorda de um fato vivido, a criana faz sua reproduo interna atravs de quadros mentais que so traduzidos em palavras, descrevendo a situao. Quanto maior o domnio da linguagem, mais precisa ser a descrio ao fato real vivido.Para isso ocorrer necessrio tornar presentes coisas ausentes por meio de imagens e palavras: a essa capacidade chamada de capacidade representativa ou de funo simblica. Em seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo da criana, Piaget (1998) constatou que a capacidade representativa surge por volta de 1 ano e meio a 2 anos ,com a aquisio das primeiras palavras, que representam o mundo interno, normalmente acompanhada pela imitao representativa (gestos e comportamentos ldicos). A capacidade representativa depende dos progressos alcanados no pensamento em geral. Para reproduzirem graficamente traos que guardam semelhana com seus referentes, as crianas precisam ter desenvolvido mais o pensamento para estabelecer correspondncia entre o vivido e o esboo no papel. Ainda segundo esse autor, o desenho evolui conforme o pensamento da criana evolui. Seu traado, tipo de desenho, e temtica expressam como a criana pensa, como v o mundo, seus sentimentos e organizao interna.A oportunidade de desenhar importante para estimular expresso, criatividade, desenvolvimento intelectual e conquista de outras linguagens, como por exemplo, a escrita. Piaget (1998) entende o desenho como uma forma de funo semitica que se inscreve entre o jogo simblico e a imagem mental, visto que representa um esforo de imitao do real. De incio, o desenho no possui um

componente imitativo e aproxima-se de um jogo de exerccio: so os rabiscos ou garatujas que a criana de at 2 anos e meio faz, quando tem um lpis nas mos. Meridieu (2006) denomina essa fase inicial, que antecede ao grafismo, de fase da pr-histria do desenho infantil ou fase do desenho informal. Nela a criana rabisca incitada pelo prazer do gesto motor e s posteriormente percebe que produziu um trao. No plano grfico, a evoluo comea com esses rabiscos (movimento oscilante e giratrio), que posteriormente ganham preciso, acompanhando o progresso motor. A partir do momento que uma criana tem a inteno de reproduzir graficamente um modelo evocado, o desenho torna-se uma imitao ou imagem, ainda que a expresso grfica dela no se assemelhe com o objeto que est sendo desenhado. Luquet (1969) destaca quatro estgios na evoluo do grafismo infantil que sero descritos a seguir: Realismo Fortuito, Realismo Gorado, Realismo Intelectual e Realismo Visual. O Realismo Fortuito se inicia por volta dos dois anos quando a criana pe fim ao perodo do rabisco e j consegue descobrir uma correspondncia entre a forma de seu traado e algum objeto. Nesta fase, a criana rabisca e descobre ao rabiscar um significado para aquilo que fez. Em outras palavras, medida que vai fazendo garatujas ou rabiscos, reconhece formas no que rabiscou sem uma inteno anterior. Por conta disso, quando questionada sobre seu desenho em momentos diferentes, apresenta diferentes respostas O segundo estgio da evoluo do grafismo, segundo Luquet (1969), o Realismo Gorado entre 3 anos e meio a 4 anos e meio, no qual a criana, ao descobrir a identidade da forma/objeto passa a reproduzi-la por vrias vezes. Esta fase se caracteriza pela incapacidade sinttica demonstrada pela criana.Os elementos do desenho normalmente so colocados justapostos, mas no se coordenam num todo. Um dos modelos predominantes o da figura humana. A criana usa a linguagem como suporte para a representao grfica (fala enquanto desenha). A terceira fase, chamada de Realismo Intelectual (4 anos e meio a 8 anos) surge quando a criana passa a desenhar tudo aquilo que sabe a respeito do objeto, e no apenas aquilo que v nele. Nessa fase, o desenho da criana supera as dificuldades das fases anteriores mas apresenta essencialmente os atributos conceituais do modelo, no havendo preocupao com perspectivas visuais. Assim, ela desenha tudo o que sabe que o objeto tem, como por exemplo um rosto de perfil com 2 olhos, um cavalo de lado com 4 patas, transparncias (os

mveis so vistos no interior da casa, o corpo aparece por baixo das roupas). Outra caracterstica que pode observar no desenho dessa fase a utilizao de um nico desenho representando um desenvolvimento cronolgico. Por exemplo, a criana pode desenhar vrios bonecos em diferentes alturas do tronco de uma rvore para representar que o boneco est escalando a rvore. Nesta fase, o desenho ainda no apresenta perspectiva, nem propores (a flor pode ser representada do tamanho da casa, por exemplo) Por ltimo no Realismo visual (8 anos em diante) a criana procura subordinar seu desenho aos dados observveis, buscando representar o objeto observado com a maior fidelidade possvel. Nesta fase o desenho leva em considerao a disposio dos objetos segundo um plano de conjunto e suas disposies mtricas Segundo Meridieu (2006), a compreenso das fases da evoluo do desenho deve auxiliar o educador a compreender em que estgio do realismo a criana se encontra para avaliar como ela est se desenvolvendo (p. 65). atravs do desenho que a criana demonstra o que sente e como enxerga o mundo que a cerca. Quando ela entra na escola traz consigo as impresses de mundo que devem ser consideradas e orientadas pelo professor, responsvel por estimular em seus alunos o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, cultural e afetivo. Para tornar-se sensvel ao universo grfico infantil preciso que o educador se instrumentalize em relao a linguagem grfica(DERDYK,1989,p.13). Contudo a fragilidade dos cursos de magistrio em relao a esse aspecto no pode deixar de ser considerada pois, grande parte dos cursos vigentes enfatizava a instrumentalizao para o trabalho pedaggico e no ofereciam uma formao humanstica social e cultural, que oportunizasse o desenvolvimento das habilidades plsticas do futuro educador. Portanto, defender uma prtica efetiva de produo artstica com as crianas, implica em pensar na formao do educador, uma vez que o professor ter que abandonar alguns aspectos cristalizados que compem seu referencial pedaggico, como por exemplo a famosa pasta de desenhos de datas comemorativas, e fazer aflorar sua linguagem grfico plstica. Segundo Cunha (2002), fundamental que os educadores se dem conta de que suas representaes visuais influem no modo como suas crianas produzem sua visualidade e que em funo disso, busquem romper com seus prprios esteretipos a fim de que consigam realizar intervenes pedaggicas que tragam a tona o universo
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expressivo infantil. Como bem lembra a autora,


educar o educador para o trabalho criador significa resgatar sua infncia e possibilitar-lhe a explorao de materiais sem medo de mostrarse, mergulhando na aventura de criar acompanhando o processo expressivo das crianas, ao mesmo tempo que descobre os seus (CUNHA, 2002, p.12)

Refletindo sobre as produes realizadas na escola O educador tem um papel importante no processo de construo do conceito artstico pois, enquanto adulto, no apenas aquele que vai proporcionar um ambiente que favorea a aprendizagem, mas tambm aquele que deve estabelecer um ambiente de relacionamento significativo, permeado por um trabalho no qual, as propostas no aconteam apenas para cumprir um currculo formalizado, mas para envolver os alunos com as idias a serem exploradas, estimulando-os e incentivando-os. Edwards, Gandini e Forman (1999) demonstram que as crianas percebem quando os adultos se interessam pelo que elas fazem e consideram seus trabalhos expressando juzos de valor sobre eles. Devese ento valorizar a construo do conhecimento como foco principal da atividade, comunicando um srio e sincero interesse pelas idias das crianas em suas tentativas de se expressarem. Em seu estudo da evoluo do desenho infantil, O maior compromisso do educador adequar o seu trabalho para permitir o desenvolvimento das expresses e percepes infantis. Com o aprimoramento dessas potencialidades estaremos ajudando na melhoria de sua expresso e participao cultural. Dentre as propostas que norteiam o trabalho pedaggico, especialmente na educao infantil, o desenho uma constante no repertrio de atividades, j que toda criana desenha e ele um importante meio de expresso para ela, onde revela seu dialogo com o mundo e suas emoes . Para Cunha (2002), na educao infantil que as crianas comeam a procurar por formas e cores especficas para cada elemento formal, porm essa busca tende a se esgotar quando as crianas encontram formas mais semelhantes aos elementos observados . nesse momento que a interveno do professor se faz mais necessria no sentido de estimular novos olhares, fornecer oportunidades para a criana relacionar e comparar
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formas espaos e cores, pois se no houver desafios para que elas elaborem novas estruturas, elas se contentaro com aquelas j descobertas fixando-as como modelos que se tornaro estereotipados. Segundo Pereira (2004), a observao do cotidiano escolar tem mostrado uma realidade que faz refletir sobre a forma como o desenho vem sendo trabalhado na escola ao longo dos tempos, Percebe-se que o processo criador das crianas muitas vezes desvalorizado em detrimento de um produto final, produzido a partir de modelos prontos, ou de propostas descontextualizadas, sem significado para as crianas e que no apresentam desafios que levem explorao do ambiente a sua volta e ao estabelecimento de relaes que orientaro seu avano em termos de desenho. Essa realidade, no entender de Pereira (2004) resultado da existncia, ao longo dos tempos, de prticas inadequadas que consideravam o desenho como apndices de outras atividades, tais como: passatempo, atividade decorativa (presentes para os pais, enfeitar ambiente e ilustrar datas comemorativas) ou ainda como reforo para aprendizagem de determinados contedos (colorindo imagens ou ento fazendo exerccios de coordenao motora) e nunca como uma atividade criadora com uma finalidade em si mesma. Pereira (2004) aponta que, paralelamente a essas prticas inadequadas, prevaleceu tambm durante muito tempo uma tendncia naturalista de valorizar o desenho infantil como tal, que fez com que o educador se eximisse de fazer intervenes ou comentrios a respeito das produes das crianas, de forma que , sem receber nenhuma orientao, as crianas acabam por no desenvolver espontaneamente os recursos necessrios para avanarem em suas criaes. Conforme apontado nos Referenciais Curriculares Nacionais da Educao Infantil , (Vol.3, 1998) o desenho uma das linguagens visuais, cujo trabalho deve ter como suporte uma trade: o Fazer Artstico (expresso e produo), a Apreciao (construo de sentido, gosto esttico) e a Reflexo (pensar sobre os contedos, compartilhar idias). Na escola ainda o fazer tem se destacado, porm um fazer empobrecido, que desconsidera a expressividade do aluno. O professor no vivencia arte e portanto no estimula os alunos. Trabalhar com desenho significa trabalhar com o fazer artstico mais consciente dos alunos, propondo que a criana amplie seu universo cultural,e se enxergue como algum capaz de criar, de atribuir sentidos utilizando-se da linguagem visual e simblica. Apresentar ao educando modos e procedimentos capazes de caracterizar

diversidade pode ser uma forma eficiente de combater os desenhos estereotipados, ou quem sabe possibilitar a busca de novos olhares para o gato, sua casa e assim por diante. Construindo novas possibilidades O desenho um timo material para ser usado como meio de comunicao, veculo para a exposio de idias, pensamentos, emoes, e at mesmo como registros de aprendizagens. Quando a escola se prope a desenvolver trabalhos para que a criana amplie suas possibilidades expressivas, importante apresentar ao educando modos e procedimentos capazes de caracterizar a diversidade para combater os desenhos estereotipados possibilitando novos olhares Seguem alguns exemplos de atividades sugeridas por alguns autores que se dedicaram a desenvolver projetos de trabalho especficos com o desenho infantil que tm em comum a preocupao em diversificar as referncias imagticas para que as crianas possam alm de fazer, apreciar e contextualizar suas produes. A. Cuidando do espao visual, uma criao da criana Segundo Pereira (2004), um dos caminhos a perseguir na mudana do olhar sobre o desenho na escola deve ser o olhar sobre o prprio espao da sala de aula. Normalmente os educadores preocupam-se no inicio do ano letivo em decorar a sala de aula para receber os alunos. Materiais com motivos infantis feitos de isopor ou desenhos mimeografados, produzidos em larga escala, sem nenhuma relao com aquilo que desenvolvido na sala, colaboram com os modelos estereotipados que so apresentados s crianas.Valorizar a criao infantil pode ser uma alternativa para a decorao daquele espao que ser delas. Por exemplo usar fotografias das prprias crianas, ampliao dos prprios desenhos das crianas para serem pintados e fixados as paredes compondo um painel B. Levantar propostas em artes visuais e disponibilizar materiais para as crianas Na sala de aula de crianas bem pequenas o desenho oportuniza a familiarizao com os materiais grficos, viabilizando experincias sensoriais em relao aos materiais e seus efeitos visuais. Neste sentido, interessante o trabalho com vrias tcnicas de pintura para que as crianas possam explorar suas variaes e

exercitarem sua coordenao motora. Pereira (2004) sugere criar um espao apropriado onde os alunos tenham liberdade para o uso de material, dando-lhes oportunidade de escolher o que fazer explorando tintas, papis lpis coloridos para vivenciar sentir e apreciar Isso no significa deixar a criana a merc do acaso, sem que aja um planejamento e acompanhamento do educador,fazendo intervenes sem limitar a ao da criana Tambm utilizar vrios materiais e tcnicas para esses momentos como meio de despertar na criana a curiosidade dos efeitos e novas possibilidades de exerccios, para que os traados evoluam, e as produes se aproximem do real C. Releitura de obras de arte: teatralizar, recortar, colar, esculpir, fotografar, contar histrias. Derdik (1998) discute que o trabalho com obras de arte pode ser interessante para que a criana olhe para os artistas consagrados sem reverenci-los como seres anormais e se enxergue como algum tambm capaz de criar e construir relaes atravs de uma linguagem visual e simblica. Lembrando que releitura no mera cpia da obra, seno perde o sentido e se iguala aos modelos mimeografados. Para trabalhar com obras de arte preciso um trabalho coerente com as possibilidades de criao prprias criana Para isso a autora considera importante: - Apresentar o artista escolhido e suas obras explorando sua trajetria e sua vida, discutir as diversas formas de sua obra e contextualiz-la, em que momento foi criada, qual era a preocupao do artista, se podemos transferir para os dias de hoje. - Deixar a criana falar sobre o que est vendo e pedir que retrate graficamente, ou ter o professor como escriba. - Teatralizar a obra : depois da obra escolhida e explorada podemos pedir que as crianas representem a cena, observando os personagem e dando vida a cena. - Trazer o artista para a sala ou levar as crianas a uma exposio: as crianas devem ter a oportunidade de observar artistas que fazem parte da sua comunidade ou ainda conhecer uma exposio de arte. - Incentivar a produo de uma obra a partir da mesma temtica, permitindo o uso de diferentes recursos materiais ( tintas, colagens, fotomontagem, lpis) - Promover rodas de apreciao : um momento
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de valorizao da produo da criana, alm da explanao de cada criana sobre a sua expresso de sua forma de criar. D. Para crianas pr-escolares, Pereira(2004) acredita que pode-se usar o desenho como registro de um jogo, uma brincadeira ou de uma situao especfica(tema que est sendo trabalhado), como instrumento de representao de uma vivncia, para que a criana possa externalizar as suas observaes, os aspectos relevantes da situao, podendo ser usado at mesmo como representao de um lugar (trabalho relacionado ao espao e os elementos pertencentes a ele). D. Como ilustrao de uma histria contada pelo adulto, ou pela prpria criana como representao de suas fantasias,materializao das imagens mentais que elaborou. E. Cunha(2002) discute ainda que a produo do desenho em grupo tambm pode ser enriquecedora , pois produzir desenhos em duplas exige muito exerccio mental e desenvolve questes relativas valores morais, pois as crianas dividiro o mesmo espao com opinies e intenes diferentes, ou seja, tero que entrar em consenso em relao ao desenho e posteriormente s cores que sero utilizadas. Na fase inicial de escolarizao, as trocas entre as crianas so de suma importncia, pois atravs das interaes, das observaes e das oportunidades oferecidas, possibilitam vivncias e experincias em situaes prazerosas onde o desenho desempenha, alm da linguagem oral, papel primordial para as construes mentais futuras. Enfim... deve-se despertar as crianas para artevisual, com o objetivo de construir representaes diversas e criativas, frutos de uma mente que incentivada a ter vrios olhares sobre tudo o que o mundo lhe apresenta, e principalmente, respeitada como sujeito que pensa e tem emoes.
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DWORECKI, S. Criana: evitando a perda de sua capacidade de figurar Srie Idias n. 10. So Paulo: FDE. p.67-71, 1992 EDWARDS, C.; GANDINI,L.;FORMAN, G. As cem linguagens da criana: a abordagem de Reggio Emlio na educao da primeira infncia. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1999 LUQUET, G.H. O desenho infantil. Lisboa, Portugal: Companhia Editora do Minho, 1969. MREDIEU, F O desenho infantil. So Paulo: Cultrix, 2006. PEREIRA,D.R Do gato(da escola) a Portinari In DAVID, C.; GUIMARES, G.(orgs) Pedagogia Cidad: Cadernos de Formao: Vivncias Artsticas e Pedaggicas. So Paulo: UNESP, 2004. PIAGET, J. Seis estudos em psicologia. traduo Maria Alice Magalhes DAmorim e Paulo Srgio Lima Silva.23 edio, Rio de Janeiro: Forence Universitria,1998. PILLAR, A. Desenho e escrita como sistema de representao. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996

Recebido em 03 de outubro de 2007 e aprovado em 31 de outubro de 2007.

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