Dendê
Dendê
Dendê
Maro 2009
1. INTRODUO Para a maioria dos brasileiros o leo extrado dos frutos do dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), chamado comercialmente de leo de palma, apenas um componente da culinria baiana, usado no preparo de acaraj, vatap, moqueca etc. Ele muito mais que isto, pode ser transformado em vrios produtos, e se constitui na riqueza de algumas naes, como a Malsia e a Indonsia. H dcadas os especialistas na cultura a elegem como uma das principais alternativas para o desenvolvimento sustentvel da Amaznia, contudo sua expanso est muito aqum do seu potencial. Com a elevao do preo do petrleo e a crescente preocupao mundial com a poluio ambiental, a busca de fontes renovveis de energia tornou-se uma meta global. Diante desse panorama, o Governo Brasileiro instituiu o Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel, sendo a cultura do dendezeiro indicada como ncora desse Programa na regio norte do pas. Contudo, deve-se destacar que o potencial de expanso da cultura independe do sucesso desse Programa, pois, aps atingir a auto-suficincia h um mercado internacional com grande demanda pelo leo de palma, com isso, o produto tem muito a contribuir na gerao de divisas para o pas. O cultivo do dendezeiro, espcie de origem africana, a principal atividade agroindustrial em regies tropicais midas, semelhantes Amaznia, em pases como a Malsia, Indonsia, parte amaznica do Equador, Colmbia e em alguns pases africanos, onde desempenha relevante papel na economia, destacando-se pela alta rentabilidade, gerao de emprego, fixao do homem ao campo e reduzidos impactos ao ambiente, representando uma fonte de leo vegetal to importante quanto a soja (Henderson & Osborne, 2000; Wahid et al., 2004). O dendezeiro apresenta excelente adaptao s condies edafoclimticas predominantes na Amaznia, que dispe da maior rea para expanso da cultura no mundo. Atualmente a Indonsia e a Malsia so responsveis por mais de 80% da produo mundial que se situa ao redor de 38 milhes de toneladas de leo de palma (palm oil, 2007) e 4 milhes de toneladas de leo de palmiste (palm kernel oil). A produo de leo de palma j supera a produo de leo de soja. No Brasil o dendezeiro ocorre de forma subespontnea na Bahia ocupando uma rea aproximada de 20.000 hectares. Esses dendezais so originrios de sementes de plantas descendentes das sementes introduzidas com/pelos os escravos no sculo XVI. No Estado do Par, maior produtor nacional, a estimativa de 63 mil hectares j foram plantados com dendezeiros desde a dcada de 1970. No continente americano, na regio que vai desde o sul do Mxico ao leste do Estado do Amazonas, ocorre a espcie denominada caiau (Elaeis oleifera HBK, Corts), denominada de dendezeiro americano, o qual pode ser cruzado com o dendezeiro africano e produzir hbridos frteis. Os plantios comerciais de dendezeiros so estabelecidos com variedades do tipo Tenera (hbridos intraespecficos), porm, no continente americano, incluindo o Brasil, em decorrncia de uma anomalia de causa ainda desconhecida e sem controle que afeta o dendezeiro (o Amarelecimento Fatal), j existem plantios comerciais usando o hbrido interespecfico proveniente do cruzamento do dendezeiro com o caiau, por ser este resistente a essa anomalia, contudo, com produtividade de leo entre 20 a 30% inferior s variedades do tipo Tenera. O dendezeiro a oleaginosa de maior produtividade, alcanando de 4 a 6 t de leo/ha/ano. Entretanto, na sia, existem relatos de produtividade de 8 a 10 t de
2
Tabela 2. Produo mundial de leo de palma (mil toneladas mtricas). Pases 2005/6 2006/7 Indonsia 15.400 15.900 Malsia 15.485 15.350 Tailndia 755 850 Colmbia 690 770 Nigria 800 810 Papua-Nova Guin 380 380 Equador 310 340 Costa do Marfim 360 320 Costa Rica 285 285 Rep. Dem. Congo 175 175 Outros 1.171 1.197 Total 35.811 36.377
Fonte: Agrianual (2008).
2007/8* 17.100 16.600 950 830 820 380 340 320 285 175 1.197 38.997
2.2. NO BRASIL A partir de sementes dos dendezais subespontneos da Bahia o dendezeiro foi introduzido no Estado do Par, na dcada de 1940, por meio da Seco de Fomento Agrcola no Estado do Par do Ministrio da Agricultura e do Instituto Agronmico do Norte (IAN) (Homma & Furlan Junior, 2001) e, posteriormente, em 1951, foram introduzidas, pelo IAN, hoje Embrapa Amaznia Oriental, linhagens da frica para avaliao nas condies de cultivo da Amaznia (Pandolfo, 1981). No perodo de 196263, por meio de um convnio entre o Instituto de leo do Brasil e o Institut de Recherches pour les Huiles et Olagineux (IRHO), da Frana, foram implantados dois campos
4
2004 2005 2006 2007*** 2004 2005 2006 2007*** 51.891 55.066 57.597 59.543 131.737 152.412 156.062 152.200 35.332 36.843 38.691 39.543 104.510 125.892 125.000 121.000 742 742 742 1.500 n.d. n.d. n.d. n.d. 700 1.500 1.500 2.700 3.970 3.700 4.155 3.000 3.500 4.100 4.100 3.500 7.100 7.500 7.150 7.500 4.100 4.191 4.500 4.200 6.827 6.520 7.557 6.000 3.317 3.490 3.864 3.800 9.280 9.000 11.600 11.200 4.200 4.200 4.200 4.300 n.d. n.d. 600 3.500 5.800 4.000 1.800 n.d. n.d. n.d. 5.800 4.000 1.800 n.d. n.d. n.d. 5.800 4.000 1.800 n.d. n.d. n.d. 1.400 1.000 400 n.d. n.d. n.d. 15.715 7.515 2.400 5.800 n.d. n.d. 17.200 9.000 2.400 5.800 n.d. n.d. 4.200 4.200 n.d. n.d. n.d. n.d. 8.000 4.000 n.d. n.d. n.d. 4.000
2.910 2.910 2.910 2.910 400 400 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. Caiau 2.500 2.500 2.500 2.500 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. Embrapa (rea Pesquisa) 410 410 410 410 400 400 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. Total Brasil 60.601 63.776 66.307 63.853 147.852 170.012 160.262 160.200 12.725 14.524 14.379 * Incluso reas de acentamento e produtores independentes n.d. = no disponvel ** Os roldes so plantas de extrao rudimentar de dendezais subespontneos *** = Previso Fonte: Agrianual 2008
Tabela 5. Produtos obtidos a partir dos leos de palma e de palmiste. Agroindstria Indstria Primria Industria de leo e graxas Indstria Secundria leo comestvel, margarinas, gordura para fritura, gordura para confeitaria, leo de palma, Olena de gordura para sorvete, sabes, palma, Estearina de palma e detergentes, velas, cosmticos, cidos graxos corantes, combustvel, etc. Sabonetes, detergentes, pomadas, maionese, chocolate etc.
Fase agrcola
Torta de palmiste, leo de leo de palmiste palmiste, olena de palmiste e estearina de palmiste
3. CLASSIFICAO, MORFOLOGIA E BIOLOGIA 3.1. CLASSIFICAO A famlia das palmeiras, Arecaceae, anteriormente denominada Palmae, sempre formou um distinto grupo de plantas entre as Monocotiledneas. As arecceas pertencem Ordem Arecales. O dendezeiro Elaeis guineensis Jacq. grupado com Cocos e outros gneros na subfamlia Cocosoideae.
8
Dura
Tenera
Pisfera
Essas progresses do sistema radicular do dendezeiro em funo da idade so teis para a definio do local para colocao dos adubos, principalmente na fase inicial de desenvolvimento. 3.2.2. Estipe Em comum com outras palmeiras, o crescimento inicial do dendezeiro aps o estdio de plntula, envolve a formao de uma ampla base do estipe (crescimento horizontal), sem elongao do estipe. Nos primeiros trs anos o crescimento vertical do dendezeiro muito reduzido. Assim que os interndios comeam a se alongar, um estipe colunar formado. Pode alcanar de 25 a 30 m de altura; na base, assemelha-se a uma coluna cnica e a 1 m de altura o dimetro torna-se quase constante. Na parte superior, possui uma coroa de folhas formadas pelo meristema ou gema apical. O dimetro do estipe varia em funo da origem gentica e das condies edafoclimticas. Em termos mdios, pode alcanar 80 cm na base e 40 cm a 1 m de altura. A taxa de crescimento do estipe muito varivel e depende de fatores genticos e ambientais. Sob condies normais de plantio e com o uso de materiais heterogneos, existem diferenas marcantes de planta a planta, mas, em mdia, esta taxa varia de 0,3 a 0,6 m/ano. As bases peciolares permanecem aderidas ao estipe at 15 a 20 anos e depois comeam a se destacar progressivamente, a partir da posio mediana do mesmo, em ambas as direes, ascendente e descendente, quando ento o estipe se torna liso e regular, mostrando as cicatrizes das bases peciolares. Um plantio ser normalmente renovado quando a altura mdia do estipe excede 10 m, o que ocorre usualmente aps 25 anos de idade da planta. 3.2.3. Sistema foliar Em condies normais de explorao, pode-se encontrar em um dendezeiro adulto uma coroa com 30 a 45 folhas irregularmente pinadas, medindo de 5 a 8 m de comprimento e pesando 5 a 8 kg cada uma. O eixo central da folha composto de: Um pecolo de aproximadamente 1,5 m de comprimento que se insere no estipe. O pecolo apresenta uma seo grosseiramente triangular, portando sobre as duas arestas laterais uma centena de espinhos regularmente dispostos; Uma raque, mais longa (5,5 m a 7 m) e mais afilada que o pecolo, a qual porta os fololos; A juno da raque e do pecolo denominada ponto C. Os fololos mais prximos deste ponto so rudimentares. O ponto B encontra-se no local em que a face adaxial da raque desaparece para tornar-se uma aresta aguda. Em uma palmeira adulta os fololos, que podem variar de 250 a 350, e encontramse repartidos dos dois lados da raque em ngulo varivel de insero.
11
12
Espinho terminal
Espinho da espigueta
Brctea floral
Inflorescncia Masculina
Anteras Flores masculinas espiguetas Filetes soldados Spalas
Inflorescncia Feminina
Brctea
espinhos
Estigma Ptala Spala Brcteas Brctea espinhosa Flor masculina rudimentar Grupo tri-floral
Flor
masculina
Espigueta masculina
Antera bilobada
Figura 2. Inflorescncia e flor masculina (A) e Inflorescncia e flor feminina (B). A antese normalmente se encerra no perodo de 36 a 48 h (1,5 a 2 dias), mas pode se estender por at uma semana. As flores sobre as espiguetas, na base da inflorescncia, abrem antes daquelas do topo e, dentro de cada espigueta, a florao inicia-se pela base. A colorao dos estigmas passa progressivamente de uma cor branco-creme para rosa e depois violceo. Uma flor est apta para ser fecundada quando seus estigmas apresentam uma colorao branco-creme. 3.2.4.3. Cachos e frutos A maturao de um cacho de dend ocorre entre 5 a 6 meses aps a fecundao. Nesta ocasio, o cacho tem uma forma ovide, e seu peso pode variar de 10 a 50 kg na idade adulta. Em plantaes industriais o peso mdio varia entre 15 e 20 kg. O nmero de frutos por cacho pode chegar a 3.000, mas o nmero mdio situa-se por volta de 1.500, representando 60 a 70% do peso do cacho. O fruto uma drupa sssil de forma bastante varivel. Mede de 2 a 5 cm de comprimento e pesa de 3 a 30 g. O fruto composto por uma amndoa ou palmiste, endocarpo ou casca, mesocarpo ou polpa e de um epicarpo ou epiderme.
13
3.3. BIOLOGIA 3.3.1. Crescimento vegetativo 3.3.1.1. Sistema radicular O sistema radicular do dendezeiro est em contnua renovao. A maior parte deste sistema se desenvolve na superfcie: 50 a 66 % das razes totais e das razes finas encontram-se at 1 m de profundidade. A soma RIII + RIV, que representa a parte mais importante do sistema absorvente, passa de 1 g de matria seca/dm na superfcie, a 0,3 g a 1 m de profundidade. A extenso radial do sistema radicular na idade jovem (antes dos 6 anos) corresponde grosseiramente projeo da copa. H certa concentrao de razes nas faixas utilizadas para aplicao dos adubos. A biomassa de razes em solos arenosos e profundos da ordem de 30 a 40 t/ha. 3.3.1.2. Estipe O crescimento do estipe apresenta duas fases: a primeira, horizontal, ocorre na idade juvenil e estende-se at aos trs anos e meio. Nesta fase o estipe alcana um dimetro varivel segundo o gentipo e as condies do meio. A segunda, vertical, muito fraca na fase juvenil, aumentando a partir do terceiro e quarto anos e reduzindo a partir do dcimo quinto ano. Aos 30 anos, o crescimento vertical , em mdia, 2/3 do crescimento mximo observado durante a vida da planta. 3.3.1.3. Sistema foliar Quatro anos decorrem entre a apario do esboo foliar e a morte das folhas por senescncia. Quatro fases so identificadas: - A fase juvenil (25 meses), em que as folhas no so aparentes externamente, estando inseridas no corao da palmeira; - A fase de elongao rpida (5 meses), em que a folha passa de alguns centmetros a 5-8 m de comprimento, o estdio de flecha; - A fase de abertura (15 dias a 2 meses): a folha abre-se progressivamente, cuja velocidade depende das condies de alimentao hdrica;
14
Direita
Esquerda
15
16
18
Inclinao de origem
5. VARIEDADES UTILIZADAS EM PLANTAES COMERCIAIS O dendezeiro apresenta trs tipos de plantas (ou variedades) classificadas segundo a espessura do endocarpo do fruto, caracterstica monognica (Beinaert & Vanderweyen, 1941). Plantas que produzem frutos com endocarpo espesso so denominadas tipo dura (sh+sh+); sem endocarpo, so do tipo pisifera (sh-sh-); e plantas hbridas entre esses dois tipos, que produzem frutos com endocarpo fino, so do tipo tenera (sh+sh-) (Figura 5).
19
20
No se devem utilizar sementes colhidas pelo produtor em plantaes comerciais, mesmo que as plantas matrizes sejam altamente produtivas, isso porque, como explicado anteriormente, as sementes comerciais tratam-se de um hbrido intraespecfico, sendo assim, ocorrer segregao gentica e as mudas produzidas tero baixo potencial de produo. Alm dos hbridos intraespecficos do tipo Tenera, a Embrapa Amaznia Ocidental est trabalhando no desenvolvimento de hbridos interespecficos obtidos a partir do cruzamento do dendezeiro africano (Elaeis guineensis) com o caiau (Elaeis oleifera) nativo da Amaznia. Esses hbridos tm sido produzidos em pequena escala para atender a demanda de dendeicultores em reas de incidncia da anomalia denominada Amarelecimento Fatal, devido inviabilidade do cultivo do dendezeiro nessas reas, por ser este altamente suscetvel anomalia. Esses hbridos, embora apresentando resistncia ao AF, ainda esto em fase inicial de melhoramento e seu rendimento de leo de 15% a 20%, inferior ao dos hbridos do tipo Tenera do dendezeiro africano. Alm disso, existe grande variabilidade entre as plantas, por isso, no se constitui ainda em uma variedade para propagao e comercializao em grande escala. Esses hbridos alm da resistncia ao AF apresentam menor taxa de crescimento do tronco e melhor qualidade de leo (mais insaturado). Devido melhor qualidade do leo, na Colmbia, existem relatos de comercializao com preo para tonelada do leo do hbrido at 15% superior ao do leo do dendezeiro africano. Atualmente, para o mercado interno, o preo das sementes de dendezeiro germinadas de R$ 1,50 (incluindo frete, embalagem e transporte at o aeroporto comercial mais prximo). O pedido das sementes atendido aps o recebimento de uma carta de crdito de um banco, sendo a entrega efetuada de 90 a 120 dias depois.
21
* A heterose "h" est expressa em % em relao mdia dos dois paternais. Fonte: Gascon & Berchoux, (1964). Essa fase de explorao da capacidade geral de combinao destes dois grupos (Deli x frica) foi seguida pela explorao da capacidade geral e especfica de combinao entre indivduos destes grupos, a partir de testes de descendncias e reproduo de cruzamentos testados (Jacquemard et al., 1981), metodologia adaptada e adotada pelo ex-IRHO e atualmente em uso nos principais programas de melhoramento gentico do dendezeiro.
22
24
Soja Girassol Milho Gergelin Algodo Colza Amendoim Oliva Palma/dend Palmiste Cco
6.2.5. Reduo da competio entre plantas A competio entre plantas no est associada necessariamente ao crescimento em altura das plantas, mas ao crescimento desigual das plantas de uma mesma categoria e, principalmente, ao vigor vegetativo, ou seja, ao comprimento das folhas e disposio das mesmas. Atualmente o dendezeiro cultivado em densidades que variam entre 130 e 143 plantas/hectare e a obteno de plantas com uma arquitetura foliar mais densa poder representar um considervel aumento no rendimento de leo por unidade de rea, pela possibilidade de se explorar maiores densidades de plantios. Pouca ateno tem sido dispensada a estas caractersticas, entretanto, a explorao do germoplasma de caiau (E. oleifera) permite prever progressos neste sentido, como preconizam alguns programas de melhoramento gentico, atualmente em fase de avaliao de linhagens compactas promissoras. 6.2.6. Outras caractersticas A utilizao do germoplasma de Elaeis oleifera poder aumentar as possibilidades de progresso sobre outras diferentes caractersticas agronmicas, para as quais o Elaeis guineensis no apresenta variabilidade gentica capaz de permitir resultados considerveis em um programa de melhoramento gentico. Caractersticas como tolerncia a pragas esto presentes em diferentes nveis nos hbridos entre as duas espcies e merecem ser melhor exploradas. 6.3. RECURSOS GENTICOS 6.3.1. Base gentica do material comercial em uso A base gentica utilizada na produo do material comercial atualmente em uso pode ser considerada bastante restrita, uma vez que poucos indivduos deram origem
25
27
ESCOLHA
TESTE DE GENITORES A0 x B0
ESCOLHA
A0 AF x B0 AF PRODUO DE SEMENTES
NOVOS MATERIAS
NOVOS MATERIAIS
Figura 6. Esquema de seleo recorrente reciproca adaptada ao dendezeiro. 6.4.3. Teste de genitores A primeira etapa do esquema de SRR consiste de uma seleo massal no interior de cada grupo, sobre os caracteres fenotpicos apresentando maior herdabilidade (Tabela 9). Os indivduos do Grupo A e do Grupo B, escolhidos pela seleo massal sero cruzados entre si, dando origem aos testes de prognies ou testes de descendncias. Dentro de cada grupo, os genitores que produzirem as melhores prognies sero escolhidos para o ciclo seguinte de seleo, quando sero recombinados entre si, dando origem nova populao de base. Esta nova populao de base ser submetida novamente a uma seleo massal ou fenotpica, e os indivduos selecionados dentro de cada grupo sero testados em cruzamentos com indivduos igualmente selecionados do outro grupo, dando origem a novos testes de prognies e assim
28
29
PMC
PC
FC
PF
OP
FC = % de fruto/cacho PF = % de polpa/fruto
6.5. TCNICAS DE SELEO As caractersticas botnicas (ciclo reprodutivo) e agronmicas (densidade de plantio) do dendezeiro impem certas peculiaridades s tcnicas de seleo, principalmente em relao ao tamanho dos experimentos e durao das observaes. 6.5.1. Avaliao das prognies A experincia acumulada nos principais centros de pesquisa com a cultura, bem como com outras espcies perenes, evidencia algumas caractersticas prprias
30
32
34
ectipo de E. oleifera
ectipo de E. guineensis
das
BRi x AFRj
Hbridos (F1)
Retrocruzamentos abertos
Retrocruzamentos fechados
RC1 x Deli
Seleo de indivduos para clonagem
RC2 x Deli
Seleo de indivduos para clonagem
Figura. 7. Esquema de melhoramento do hbrido interespecfico Elaeis guineensis x E. oleifera. Fonte: Adaptado de Le Guen et al. (1991).
37
A AxB DDDD
PPP.TTT.DD
A x B
38
39
41
Para permitir o escoamento do excesso de gua da irrigao ou das chuvas, o saco deve ter em sua metade inferior, aproximadamente 15 a 20 furos de 4 mm de dimetro cada. Sem causar prejuzos s plantas, o perodo de durao do pr-viveiro poder ser prolongado, utilizando-se sacos de maiores dimenses. 7.3.2.1.3. Disposio e dimenso dos canteiros Para melhor operacionalizao, os canteiros no devem ultrapassar 1,5 m de largura, buscando facilitar a repicagem e os tratos culturais, e cerca de 20 m de comprimento, com um espao de 80 cm entre canteiros, para uma livre movimentao nas operaes de tratos culturais. Um canteiro com essas dimenses, comporta cerca de 5 mil sacos de pr-viveiro com dimenses de 15 cm x 20 cm. Os canteiros so normalmente delimitados por peas de madeira rolia, bambu e ripes, fixados por piquetes. No espao entre os canteiros, normalmente se torna necessrio, que sejam escavados drenos para o fcil escoamento do excesso de gua de irrigao e das chuvas. 7.3.2.1.4. Terrio para enchimento dos sacos Apesar de, durante a maior parte da fase do pr-viveiro, a jovem planta nutrir-se de suas reservas contidas na amndoa, recomenda-se, para o enchimento dos sacos, utilizar a camada superficial do solo de mata, rica em matria orgnica, composta pelos primeiros 10 cm. Deve-se escolher um terrio de textura mdia, peneirado atravs de uma malha de 1 cm, evitando-se o enchimento dos sacos com o solo excessivamente mido, o que poder causar compactao. 7.3.2.1.5. Sombreamento O sombreamento necessrio para proteger a semente germinada recm transplantada, que, ainda em estgio delicado, pode ter seu sistema embrionrio desidratado e completamente comprometido. As primeiras folhas so tambm muito sensveis incidncia direta dos raios solares, que podem causar queimaduras e retardar o desenvolvimento da jovem planta. Diversos materiais e estruturas podem ser empregados no sombreamento do prviveiro: madeiras para suporte e folhas de palmeiras, estruturas metlicas e telas apropriadas para esse fim e tantas outras possibilidades. Deve-se optar por materiais facilmente disponveis no local, de boa durabilidade e que no sirvam de abrigo para eventuais pragas e doenas. Uma reduo de 40 a 50% da incidncia dos raios solares recomendada.
44
G1
G2
G3
G4
G5
G6
7.3.2.1.8. Posio da semente O semeio da semente com o caulculo/radcula em posio invertida representa falha grave, que resultar na perda dessa semente, pelo seu no desenvolvimento ou pelo desenvolvimento anormal, retorcido.
45
Estiolada
Normal
Folhas torcidas
Folhas quebradas
Muda pequena
Folhas estreitas
48
Hora trator 10 20 30
49
Para permitir o escoamento do excesso de gua da irrigao ou das chuvas pesadas, esses sacos devem ter cerca de 40 a 50 furos de 4 mm de dimetro cada, distribudos em trs linhas paralelas em sua metade inferior. Deve-se prever a aquisio de uma quantidade de sacos suplementares (10%), visando substituies daqueles que podero ser danificados durante o enchimento, ou mesmo durante o transporte e a distribuio destes no viveiro. 7.3.2.2.4. Escolha do terrio e enchimento dos sacos Durante a limpeza da rea para localizao do viveiro, recomenda-se amontoar a camada superficial do solo (10 cm) a ser utilizado no enchimento dos sacos. Esse terrio deve ser peneirado (malha de 2 cm), visando eliminao das partes grossas nele contidas, como pedaos de madeira, pedras e torres, dentre outros.
50
51
A gua necessria poder ser fornecida em dias alternados, aplicando-se, assim, volume suficiente para dois dias. Em dias chuvosos, com precipitaes dirias de no mnimo 10 mm, desnecessrio irrigao. Para o clculo dirio do balano hdrico do viveiro, visando o suprimento de gua para o desenvolvimento normal das plantas, emprega-se a frmula seguinte: Bn = Bn-1 + P + I ET Bn =Balano do dia n Bn-1 = Balano do dia n-1 (dia anterior) P = Pluviometria entre o dia n-1 e n, em mm I = Irrigao no dia n, em mm ET = Evapotranspirao em mm (consumo/necessidade) Aps uma irrigao, o balano hdrico (Bn) deve ser igual reserva de gua facilmente utilizvel, que, no caso de um saco de viveiro, de 30 mm; enquanto a evapotranspirao (ET) varia de 5 a 8 mm/dia, segundo as necessidades da planta, em funo de sua idade (consumo). possvel conduzir um viveiro sem irrigao artificial naquelas regies onde o perodo chuvoso seja contnuo, e nunca inferior a 150 mm, durante toda a fase de conduo do viveiro. Em regies com pluviometria irregular, corre-se grande risco de perda ou obteno de mudas de m qualidade, ao se conduzir um viveiro sem irrigao. 7.3.2.2.7.2. Material de irrigao Sistemas de irrigao por asperso so os mais utilizados por sua praticidade e melhor uniformidade no fornecimento de gua. Os sistemas compreendem:
52
53
Especificamente para o Estado do Par, com base em pesquisas desenvolvidas pela Embrapa nas plantaes do Grupo Agropalma, a recomendao para produo de mudas em viveiro de dendezeiros, em sacos de 40 cm x 40 cm (20 kg), em gramas por planta : Idade (meses) Uria Superfosfato triplo1 4,5 Cloreto de potssio 1,0 1,0 1,0 Sulfato de magnsio 0,5 0,5 0,5
Terrio1 3 2,5 6 2,5 9 2,5 1 por ocasio do enchimento dos sacos de viveiro.
No caso de amarelecimento generalizado das plantas, recomendam-se adubaes complementares com 5 a 10 g de uria por planta, sempre que necessrio. No caso de sintomas de deficincia em boro, o que muito freqente no viveiro, recomenda-se aplicar, no saco, 50 mL de uma soluo contendo 600 g de brax/100 litros de gua, equivalendo aplicao de aproximadamente 0,3 g/planta. Em caso de sintomas de deficincia de cobre, recomenda-se uma pulverizao foliar mensal, com uma soluo de sulfato de cobre, na base de 30 g do produto/100 litros de gua nos primeiros quatro meses, e, a partir do quinto ms, aumentar a quantidade para 50 g do produto. Essa aplicao pode ser feita junto com a aplicao de fungicidas e/ou inseticidas, desde que verificado a compatibilidade entre eles.
54
P la n ta n o rm a l P l a ta Plantanereta e m p in a d a
P la n ta com os fo l o l o s c ola d os
In s e r o em n g u lo agudo
F o l o l o s c u r to s F o l o lo s e s tr e i t o s
F o l o lo s espaados
56
7.3.2.2.9. Doenas na fase de viveiro No existem fungicidas registrados para a cultura do dendezeiro. Os fungicidas citados so registrados para doenas similares. Sugere-se consultar especialistas.
57
Manter as plantas bem nutridas e, se necessrio, aplicar fungicidas logo nos primeiros sintomas (tiabendazol a 0,1% ou tiran a 0,2%). Manter as plantas bem nutridas e, se necessrio, aplicar fungicidas (benomil a 0,1% ou mancozeb a 0,2%; tiofanato-metlico.
Leses irregulares nas folhas ainda fechadas, flechas, de colorao verde-oliva plida, limitada por zona marrom-violeta. Tem aspecto mido, e seca rapidamente quando a flecha se abre, tornando-se cinza a branco.
Manter as plantas bem adubadas e manejadas e, se necessrio, aplicar fungicidas (maneb 0,2%). Remoo das plantas atacadas, reduzir o excesso de umidade e, se necessrio, aplicar fungicidas (tiabendazol a 0,1% a cada 15 dias).
58
59
60
61
63
65
66
69
74
76
77
1,4 0,5-1,5
78
1 4-6 1 1-2
Trator com arado Trator de esteira Trator com grade Trator de esteiras
Tabela 16. Coeficientes tcnicos para atividades de manejo na fase jovem da cultura (1 hectare). Operao Coroamento manual Ampliao qumica das coroas Roagem manual das entrelinhas Limpeza manual das bordaduras Eliminao das plantas invasoras Gramneas 1 tratamento manual 2 tratamento 3 tratamento Controle de rotina Plantas lenhosas Adubao (includo mistura e transporte) Polinizao assistida - deteco da falta de plen - colheita e preparo do plen - polinizao assistida Limpeza pr-colheita Controle fitossanitrio - controles de rotina - controles especiais, tratamentos e erradicao Manuteno da rede de drenagem Pessoal 0,6 0,8 h/d/ronda 1,0 h/d/ronda 2,5 h/d/ronda 500 m/h/d
6 h/d 1,0 h/d 0,5 h/d 2,5 h/d/ronda 0,1 h/d 0,7 h/d/ronda 0,001 h/d/ronda 0,02 h/d/ronda 0,2 h/d/ronda 1,5 h/d 0,04 h/d Prever 1 h/d varivel conforme a rede
79
Tabela 18. Coeficientes tcnicos para as atividades de colheita de cachos e coleta de frutos de dendezeiro. Colheita dos cachos ano 3 ano 4 ano 5 ano 6 a 19 ano 20 a 30 Coleta dos cachos (caamba com guindaste) Controles da colheita e do transporte Quantidade 5,5 h/d/t 1,2-2,5 h/d/t 1,2-2,0 h/d/t 0,5-1,7 h/d/t 2,0 h/d/t 0,1 h/d/t 0,01 h/d/ha Rendimento 0,2 t/h/d 0,4 0,8 t/h/d 0,5 0,8 t/h/d 0,6 2,0 t/h/d 0,5 t/h/d 10 t/h/d 100 ha/h/d
80
Figura 13. Diviso do terreno em reas homogneas: (A) em funo do tipo de solo; (B) caminhamento em zig-zag e (C) caminhamento em X. Profundidade e local de coleta das amostras - como o efeito do solo sobre a produtividade do dendezeiro no se limita camada arvel e, a maior parte do seu sistema radicular concentra-se na camada de 0 40 cm do solo, de interesse realizar a coleta em duas profundidades, tendo-se o cuidado de separar a amostra composta coletada na profundidade de 0 a 20 cm daquela coletada de 20 a 40 cm. Os locais de tomada das amostras devem ser limpos superficialmente no momento da coleta, removendo-se os restos vegetais, porm sem revirar o solo. No se deve retirar amostras prximas de casa, brejos, voorocas, sulcos de eroso, formigueiros, madeira queimada e estradas. Em locais onde j existe o plantio de dendezeiros, deve-se fazer uma amostragem da rea adubada, na projeo da copa e outra nas entrelinhas, formando duas amostras compostas, para cada profundidade, 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, dependendo do objetivo. Em caso de reas fertilizadas, as amostras devem ser coletadas decorridas, no mnimo, 60 dias aps a adubao. Envio da amostra para o laboratrio - enviar para anlise no laboratrio cerca de 300 g da amostra composta, devidamente etiquetada com as informaes: nome do municpio, proprietrio, propriedade, uso anterior e uso futuro da rea e data da coleta. Se a terra estiver molhada, convm sec-la sombra, antes de coloc-la na embalagem (caixa de papelo ou saco plstico) para remessa ao laboratrio. As anlises a serem solicitadas devem incluir: pH, matria orgnica, clcio, magnsio, alumnio, hidrognio mais alumnio, fsforo e potssio, e se possvel, os micronutrientes (boro, cobre e zinco). Outros cuidados na coleta das amostras - Alguns critrios que devem ser observados no momento da coleta: a) No misturar amostras de diferentes reas. Amostras de reas argilosas devem ser separadas das reas arenosas, bem como as de locais planos, das encostas e das baixadas. Da mesma forma, tambm se deve separar as amostras de glebas que no receberam fertilizantes ou cultivadas com uma determinada cultura, daquelas que receberam ou cultivadas com uma outra cultura; b) Para que a amostra composta seja representativa da gleba, indispensvel que cada amostra simples seja coletada com um mesmo volume aproximado de terra (tenha um volume aproximadamente igual de terra), em torno de 500 gramas. Aps a coleta da camada superficial, deve-se limpar os equipamentos e proceder a coleta da camada mais profunda (20 40 cm) evitando que esta seja contaminada pelo solo da camada superficial.
83
No apresenta sintomas visuais tpicos, mas observa-se uma reduo do crescimento e da produtividade. Estipe em formato de pirmide e secamento prematuro das folhas mais velhas, podem estar associadas. reas deficientes em P tambm podem ser identificadas pela predominncia de gramneas sobre as leguminosas que tm dificuldade de se estabelecer como plantas de cobertura e, em alguns casos, pela presena de uma cor prpura nas gramneas. Menor nmero de folhas e de cachos e secamento prematuro das folhas mais velhas. Manchas alaranjadas confluentes e Baixo teor de K trocvel
84
Mg
Clorose das folhas velhas que exibem colorao amarelo-laranja clara. Os primeiros sintomas aparecem como manchas de cor verde oliva ou ocre nas pontas dos fololos velhos mais expostos luz solar, que vai avanando do pice do fololo para sua base, com posterior secamento. As manchas clorticas podem ser afetadas mais tarde por invases de microrganismos. Os sintomas so sempre mais pronunciados em fololos expostos luz solar; nas partes protegidas no h clorose (Figura 16). Semelhantes aos da deficincia de N ocorrendo, porm, nas folhas mais novas. Em casa de vegetao, o limbo das folhas mais novas apresenta-se com colorao verde clara para, posteriormente, tornar-se mais amarelado. Anormalidade no desenvolvimento das folhas mais novas, denominadas de folha curta, folha de gancho, espinha de peixe. As folhas, alm de mal formadas e enrugadas, so quebradias e de cor verde escuro. O primeiro sintoma o encurtamento das folhas jovens, dando s plantas um aspecto de patamar. No estdio mais severo, a planta deixa de emitir a flecha, podendo ocorrer, em seguida, sua morte (Figura 17).
Solos cidos pobres em matria orgnica e utilizao de fertilizantes minerais sem enxofre.
Cu
Aparecimento de manchas clorticas (branco amareladas), mais ou menos confluentes, nas primeiras folhas abertas; medida que avana a deficincia, as folhas novas comeam a ficar curtas; os fololos afetados amarelecem do pice at o centro e, posteriormente, necrosam e secam. Nos viveiros e plantaes jovens da Amaznia, os
Baixo teor no solo (<0,3 a 0,5 mg/kg), baixo teor de matria orgnica Aplicao de doses elevadas de N, P, K, Ca e/ou quando as condies edafoclimticas so favorveis a um desenvolvimento rpido e a uma alta produo; alta precipitao. Solos com pH muito baixo (<4,5) ou muito alto (>7,5). Inadequada aplicao de B Deficincia tem sido observada em certos tipos de solos bem particulares e ricos em matria orgnica (turfas). Tambm, tem sido observada, em experimentos de adubao, a ocorrncia de deficincias
85
9.3.2. Diagnose foliar Dentre os vrios fatores envolvidos na interpretao dos resultados da anlise foliar, destacam-se como de grande importncia o nvel crtico, as interaes e os sintomas de deficincia, por constiturem a base de utilizao da anlise foliar para determinao da necessidade de adubao para o dendezeiro (Rodrigues et al., 2002). Assim, o conhecimento da concentrao dos nutrientes nos diversos rgos da planta em sucessivos estdios de desenvolvimento condio essencial para ajudar no entendimento de problemas nutricionais e nas recomendaes de adubao. Em geral, a parte da planta mais utilizada para a avaliao nutricional a folha, pois este o rgo que contm a maior porcentagem dos nutrientes e que melhor reflete o estado nutricional da maioria dos elementos, principalmente, aqueles que afetam diretamente a fotossntese. Os estudos sobre nutrio mineral, aliados filotaxia da planta, que facilita a identificao correta das folhas, permitiram que o diagnstico foliar fosse utilizado como ferramenta bsica dos programas de adubao durante a fase produtiva da cultura. 9.3.3. Amostragem foliar para anlise qumica Para se explorar corretamente os resultados da anlise foliar, so necessrios certos cuidados na coleta da amostra a ser analisada. Sem dvida, a amostragem a fase onde ocorrem os erros que mais dificultam a interpretao dos resultados da anlise foliar, podendo ocasionar tomadas de decises distantes da realidade. Com base nos estudos realizados por Bachy (1963, 1965); Ochs & Olivin (1975); Martin, (1977), sero descritos a seguir, os critrios que devem ser observados na realizao do diagnstico foliar do dendezeiro. 9.3.3.1. Definio dos pontos de amostragem Quando se estabelece o cultivo no local definitivo necessrio elaborar um croqui de campo no qual se determinar as quadras que apresentam condies similares, isto , as unidades homogneas (mesmo tipo de solo, classe textural, fertilidade etc). No caso de um plantio de dendezeiro, a definio das quadras ocorrer, tambm, em funo da variedade (origem do material gentico) e da idade das plantas (estgio de desenvolvimento semelhante). Para auxiliar na interpretao dos resultados das anlises, outras caractersticas como: histrico da rea, topografia, tipo de cobertura, manejo etc, tambm, devem ser includas.
86
87
Tabela 20. Nveis crticos dos macronutrientes definidos para a folha 9 e folha 17 (Bachy, 1964).
Folha N 9 (1) Folha N 17 (2) N 27,0 25,0 P 16,0 15,0 K 12,5 10,0 Ca 5,0 6,0 Mg 2,3 2,4
Os nveis crticos dos micronutrientes B, Cu, Fe, Mn e Mo e Zn no dendezeiro ainda no esto bem definidos. Entretanto, na folha 17, comum encontrar-se as seguintes faixas de concentraes (mg kg -1): B de 10 a 25, Cu de 4 a 15, Fe de 60 a 350, Mn de 80 a 1000, Mo de 0.5 a 5 e Zn de 9 a 39. No Brasil, resultados sobre concentraes de nutrientes em folhas de dendezeiros, tm sido obtidos atravs dos experimentos de nutrio e adubao. As variaes nos teores alcanados por Chepote et al. (1988); Vigas (1989); Rodrigues (1993), so apresentados na Tabela 21. Em geral, as concentraes no apresentaram uma marcante variao. Tabela 21. Variaes nos teores foliares dos nutrientes em dendezeiros no Brasil e faixa de concentrao considerada tima. ELEMENTO N (g kg-1) P (g kg-1) K (g kg-1) Ca (g kg-1) Mg (g kg-1) S (g kg-1) Cl (g kg-1) B (mg kg-1)
LOCAL
BAHIA 22,6-26,3 1,40 - 1,90 10,1 - 14,9 11,6 - 16,4 2,30 - 3,20 1
PAR2 28,8 27,5 1,20 - 1,60 6,80 16,7 5,20 11,9 2,10 - 2,80 1,60 - 2,10 3,30 - 6,50 17,2 - 25,3
AMAZONAS3 22,2 - 27,0 1,31 - 1,76 5,25 - 13,46 7,28 - 10,8 2,01 - 3,69 1,65 - 2,06 3,43 - 7,53 15,7 - 26,7
FAIXA TIMA4 26,0 - 29,0 1,60 - 1,90 11,0 - 13,0 5,0 - 7,0 3,0 - 4,5 2,5 - 4,0 5,0 - 7,0 15,0 25,0
91
Fonte: 1 Chepote et al, 1988; 2 Vigas, 1989; 3 Rodrigues, 1993; 4 Uexlkull & Fairhurst, 1991.
9.3.4.3. Interao entre os elementos Os nutrientes no podem atuar em forma isolada. Somente quando todos os nutrientes esto num balano ou harmonia completa com as necessidades fisiolgicas da planta, se pode ter um eficiente uso de cada um dos componentes simples. Em teoria, se pode ter interaes entre todos os nutrientes originrias de sinergismos ou de antagonismos de absoro, de equilbrios inicos ou estruturais, mas, na prtica considera-se como interessantes apenas as interaes dos macronutrientes N, P, K e Mg. As interaes mais freqentemente encontradas so entre N e P, N e K, K e Mg, e K e B, apesar de que outras interaes podem ser muito mais significativas sob condies especficas, como por exemplo: em solos deficientes em P no se tem resposta a aplicao de N e K, a menos que a deficincia de P seja corrigida. Um exemplo de interao positiva (sinergismo) a que ocorre entre o N e o P. O sinergismo de absoro e assimilao do nitrognio e do fsforo no dendezeiro pode ser explicado pela relao N-P, proposta por Ollagnier & Ochs (1981), onde o nvel timo de fsforo varia em funo do teor em nitrognio, com uma relao linear: P(%)=0,0487 N(%) + 0,039. De modo simplificado, porm considerando o nvel crtico adotado para cada um desses elementos, (a) uma relao N/P em torno de 16 indica que a nutrio fosfatada e nitrogenada est balanceada (o equilbrio entre os dois nutrientes bom), entretanto, cada aporte de adubo nitrogenado deve ser acompanhado de adubo fosfatado para no gerar desequilbrio; (b) se N/P > 16, existe um dficit em fsforo em relao ao nitrognio; neste caso no interessante fazer a adubao nitrogenada sem previamente fornecer o fsforo; e (c) se N/P < 16, indica que a planta esta relativamente bem nutrida em fsforo em comparao a uma nutrio nitrogenada deficiente, da a necessidade, neste caso, de um aporte de nitrognio. Ateno especial deve ser dada s mudanas do equilbrio inico, pois comum no dendezeiro a ocorrncia de relaes antagnicas entre os ctions potssio, magnsio e clcio. O potssio um dos elementos mais exportados pela produo dos cachos. Nas condies de solos tropicais com baixos nveis de base, um dos elementos exigidos em maior quantidade na fase adulta do dendezeiro. Observa-se que a correo da deficincia em potssio acompanhada de uma diminuio dos teores em clcio e, sobretudo, em magnsio, antagnicos do potssio. Nesse sentido, interessante considerar os estudos sobre a variabilidade e outros aspectos da soma dos ctions K + Ca + Mg, desenvolvidos por Prevot & Ollagnier (1954); Knecht et al., (1975), onde demonstraram que essa soma relativamente constante e em torno de 2, sendo a distribuio das porcentagens timas correspondentes aos teores para cada elemento sobre a matria seca da folha 17, de aproximadamente, 58 % de K (11,5 g kg-1 m.s); 30 % de Ca (6,0 g kg-1 m.s); 12 % (2,4 g kg-1 m.s). Diante do exposto, verifica-se que a interpretao dos resultados da anlise foliar, visando a adequao das recomendaes de adubao, deve ser baseada no somente sobre o nvel absoluto dos elementos (aspecto quantitativo da nutrio), mas tambm sobre a relao entre os elementos: sinergismos e antagonismos (aspectos qualitativos da nutrio), pois a dose tima de um elemento sempre depende da dose aplicada de outro elemento.
92
Vigas (1993), tambm observou que a exportao de macronutrientes pela colheita aumentou com a idade durante o perodo de avaliao (at os 8 anos) e apresentou a mesma ordem decrescente da quantidade acumulada (Tabela 23). Quanto aos micronutrientes, os mais exportados so o Cl seguido do Fe e Mn (Vigas, 1993 e Vigas & Botelho, 2000). Tabela 23. Exportao de macronutrientes por plantas de dendezeiro no municpio de Tailndia - PA, em diferentes idades. Idade (anos) 2 3 4 5 6 7 8 N P K Ca Mg S ---------------------------------------------kg/ha-------------------------------------------1,12 0,13 2,66 0,38 0,26 0,08 17,98 2,28 29,81 8,71 5,33 1,95 20,99 2,66 32,45 10,56 6,56 2,55 36,56 5,65 67,19 16,78 11,27 4,65 51,20 7,42 81,35 17,42 13,64 5,85 68,66 11,52 119,36 41,81 18,04 8,04
9.5. NUTRIO E ADUBAO MINERAL DO DENDEZEIRO Segundo Rodrigues et al. (2002), nas condies ambientais da Estao Experimental do Rio Urubu (E.E.R.U.), a adequao do programa de nutrio mineral e adubao feita utilizando-se informaes de anlises foliares e de dados experimentais de adubao e de manejo do solo. Segundo esses autores, com o uso de tais
93
95
A tabela abaixo contm a recomendao de adubao para o dendezeiro no Estado do Par com base em resultados obtidos em experimento de campo. Doses de fertilizantes (g/planta) recomendadas para o dendezeiro em diferentes idades, cultivado em solos de baixa fertilidade e com a utilizao da leguminosa Pueraria phaseoloides como cobertura do solo. Idade do Plantio N-1 N0 N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 N10 em diante Fosfato natural 500 kg/ha Uria 150 200 250 300 300 350 400 400 500 500 500 Fertilizantes (g/planta) SFT ou F.N.1 KCl MgSO4 400-500 600-750 800-1000 1.000-1200 1.000-1200 1.100-1380 1.100-1380 1.400-1750 1.400-1750 1.400-1750 1.400-1750 150 300 600 1.000 1.500 2.250 3.000 3.000 3.200 3.200 3.200 150 200 250 300 350 350 400 400 500 500 500 Brax 25 50 75 100 100 100 100 -
Aplicar superfosfato triplo c/45% de P2O5 ou fosfato natural c/ 35% a 40% de P2O5 e 40 a 45% de OCa.
96
97
98
Efluente g/m3
N P K Ca Mg S Na B Cu Mn Fe Zn
28,0 13,5 1.157,0 365,0 335,0 166,0 970,0 2,5 1,0 2,3 59,0 1,3
99
Fibras da poda M MF
S ------------------------kg/t--------------------------11,2 9,2 2,9 8,0 9,4 18,2 8,5 21,1 5,6 10,9 5,1 12,7
33,0 26,9 8,5 23,5 21,8 5,6 2,1 137,9 61,8 167,5 133,1
7,4 26,9 16,1 1,9 9,7 5,8 0,7 2,1 1,3 -----------------------g/t----------------------------46,9 151,1 90,7 21,0 95,8 57,5 56,9 101,2 60,7 45,3 93,8 56,3
Os engaos (cachos secos), um dos principais produtos de descarte da indstria do dendezeiro, podem ser usados como cobertura orgnica em plantaes jovens e adultas. Estes so bastante ricos em potssio e, em menor magnitude, em nitrognio. Segundo Furlan Junior et al. (2000), os engaos podem ser usados como cobertura morta em plantios adultos, promovendo o aumento dos teores de N, P e K nas folhas aos seis meses aps a aplicao, comparativamente s plantas que recebem somente adubao inorgnica. sabido que o dendezeiro extremamente exigente em K, assim, a aplicao de engaos em plantios de dendezeiros em quantidades adequadas pode substituir total ou parcialmente a aplicao de K mineral (Teixeira et al., 1998; Furlan Junior et al., 2000), reduzindo consideravelmente os custos com a aplicao deste nutriente. A liberao de K dos engaos extremamente rpida, pois o K no componente estrutural das clulas, sendo, portanto, de fcil e rpida liberao. De maneira geral, a aplicao de engaos eleva o pH e aumenta o teor de P e K nas camadas superficiais e diminui o teor de alumnio trocvel. Teixeira et al. (1998), observaram que a inoculao de cachos vazios de dend, com mesofauna contida em liteiras de ambientes naturais, mostrou tendncia positiva na decomposio do material orgnico e no aumento dos teores de P e de K no solo. Como o potssio extremamente mvel no solo e devido aos altos ndices pluviomtricos na Amaznia, necessria a reaplicao anual dos engaos j que cerca de 1 ano aps a aplicao anterior, os nveis de K no solo so muito prximos aos de antes daquela aplicao. Furlan Junior et al. (2000), recomendam a aplicao de 200 kg/planta de engao do 3o at o 10o ano do plantio. A partir da, recomenda-se a aplicao de cerca de 350 kg/planta. O efeito da aplicao de fertilizantes N e K e da cobertura do solo com cachos vazios sobre a nutrio e o rendimento de plantas de dendezeiro com 17 anos de idade e sobre as propriedades qumicas do solo foi estudado por Lim & Rahman (2002). Estes autores verificaram que a colocao de 37,5 t/ha de cachos vazios combinados com 0,735 kg de N e 1,75 kg/planta de K aumentou significativamente o contedo de N e de K, o rendimento de frutos e o peso de cachos, mas reduziu o contedo de Mg. A utilizao de cachos vazios aumentou o nmero de cachos, especialmente quando suplementados
100
101
102
103
Sagalassa valida Walker (Lepidptera: Glyphipterigidae). O inseto adulto uma pequena mariposa com hbitos diurnos, de colorao verde-chumbo, vive em zonas sombreadas; o perodo de incubao dos ovos varia de sete a nove dias. A lagarta passa por seis estdios de desenvolvimento com durao de 50 a 55 dias e o perodo ninfal varia de 18 a 21 dias; as populaes vivem nas bordaduras das matas, prximo s correntes de gua, onde existem, freqentemente, plantas hospedeiras. Alm do dendezeiro, uma das principais plantas hospedeiras da Sagalassa valida uma palmeira do gnero Bactris, que encontrada prxima a correntes de gua. No Brasil este inseto encontrado na regio Norte nos Estados do Amap e Par, em plantaes de dendezeiros (Genty et al.1978). O ataque de Sagalassa valida em dendezeiros pode ser facilmente identificado ao se examinarem as razes primrias e secundrias junto ao seu estipe, onde se observa que elas esto fofas e com os tecidos internos destrudos, permanecendo apenas o tecido mais externo da raiz. Este dano bloqueia a passagem dos nutrientes retirados do solo pelas razes para toda a planta, ficando a mesma com colorao amarelada. O ataque quando intenso ocasiona perda parcial das razes, enfraquecendo a palmeira que muitas vezes, tomba pela ao dos ventos, uma vez que ela perde a sustentao. O dendezeiro mais atacado por S. valida quando est com trs anos de idade e comea a emitir inflorescncias, entretanto as razes que foram danificadas parcialmente cicatrizam e emitem novos brotos (Sandoval, 1976). O controle de qualquer praga deve ser realizado no momento em que a populao do inseto alcana o nvel crtico, para que haja sucesso, do contrrio, o controle poder ser pouco ou totalmente ineficiente e/ou antieconmico. Para determinar o nvel crtico de S. valida, deve ser feita uma amostragem no dendezal, tomando-se dez palmeiras por ha. E com o auxlio de uma p, retira-se uma amostra de solo, junto ao estipe, de 40 cm de largura por 60 cm de comprimento e 30 cm de profundidade, examinando-se todas as razes para verificar o nmero das atacadas (danos novos ou velhos), novas brotaes,
104
Rhynchophorus palmarum Lineus (Coleptera) O Rhynchophorus palmarum um inseto normalmente muito conhecido em palmceas pela freqncia com que ele encontrado causando srios danos s mesmas. Possui hbito diurno e devido seu tamanho, facilmente visto voando dentro da plantao, principalmente no momento da colheita dos cachos ou poda das folhas. Ainda quando por algum motivo se abate uma palmeira, comum encontrar-se adultos nas mesmas, algumas horas depois ou no dia seguinte, uma vez que ele atrado pelo odor que exala da palmeira. O adulto um besouro de cor preto-aveludada, que mede em mdia, 5 cm de comprimento, e possui a cabea pequena e alongada em forma de bico (rostro). Os machos diferem das fmeas por possurem plos rgidos em forma de escova na parte superior do rostro; a fmea introduz o rostro e, s vezes, todo o seu corpo na parte tenra do dendezeiro, onde coloca seus ovos (Figura 19). O R. palmarum possui uma atividade sexual muito intensa, sendo possvel observar machos e fmeas em constantes acasalamentos, tanto no campo como sob condies de laboratrio. De acordo com Bondar (1940), uma fmea pe, em mdia, cinco ovos por dia, totalizando 250 ovos no seu ciclo de vida. A larva, para alcanar seu completo desenvolvimento, passa por nove estdios de desenvolvimento. No final do ultimo estdio larval, esta comea a construir seu casulo, para empupar, formado por pedaos de tecido vegetal, tornando o mesmo fortemente rgido e bem fechado, onde ela sofrer transformaes e permanecer at emergncia do besouro adulto. O adulto recm emergido, depois de algumas horas, comea a voar procura de fmea para acasalar e uma palmeira para se alimentar. De acordo com Sanches et al., (1993), o R. palmarum possui dois picos de vo bem definidos, um das 9:30 h s 11:30 h (maior atividade) e outro das 16:30 h s 18:30 h, e que teores muitos baixos de umidade e dias chuvosos causam uma diminuio em sua atividade. Existem vrias palmeiras que so hospedeiras do R. palmarum, entretanto as que mais se destacam so o dendezeiro e o coqueiro (Cocos nucifera), provavelmente devido
105
Eupalamides dedalus (Cramer, 1975) (sin. Castnia dedalus, Lepidoptera: Castiidae). O adulto de Eupalamides dedalus uma mariposa grande, com asas de colorao marrom-escura e reflexos violeta, tendo os adultos uma envergadura com cerca de 170 a 205 mm (Figura 22). A longevidade do macho, em mdia, de 12 a 13 dias e das fmeas de 15 a 18 dias. O perodo de oviposio da fmea de 12 a 17 dias e sua capacidade de reproduo de 200 a 500 ovos, com uma mdia de 265, dos quais a maioria colocada nos cinco primeiros dias (Korytkowski & Ruiz, 1979 b). A postura feita de forma isolada nos cachos e nas axilas foliares, ou em grupos de dois a oito ovos. Em cada local de postura, a fmea deposita de 2 a 30 ovos. O perodo de incubao do ovo varia de 10 a 15 dias, o que indica a grande capacidade de disperso da espcie (Korytkowski & Ruiz, 1979a). A larva possui colorao branco-leitosa, ao emergir, mede aproximadamente 7 mm de comprimento e pode alcanar de 110 a 130 mm no ltimo estdio de seu desenvolvimento (Figura 23). O ciclo da lagarta varia de 144 a 403 dias, com uma mdia de 233 dias, passando por quatorze nstares. Aps o ltimo nstar a lagarta passa por um perodo de pr-pupa durante 19 dias, em mdia (Korytkowski & Ruiz, 1979 b). Essa, por apresentar hbito de vida do tipo minador, constri galerias no pednculo do cacho ou no estipe junto coroa, onde permanece durante todo seu desenvolvimento. No final do ciclo transfere-se para a regio superior do estipe onde empupa, ficando com a metade caudal no interior do estipe, at a emergncia do adulto. O perodo pupal estimado em aproximadamente 30 dias, e o ciclo biolgico completo de aproximadamente quatorze meses (Korytkowski & Ruiz, 1979 a). De acordo com (Korytkowski & Ruiz, 1979 b), o acasalamento dos adultos mais freqente aps o vo da tarde, quando se observam dois a trs machos voando atrs de uma fmea. A cpula dura de 1 a 3 horas, e a oviposio s tem incio 24 horas depois da cpula. No dendezeiro as larvas alimentam-se at atingir o quarto nstar, de preferncia, no interior da espata dos cachos ainda verdes ou cachos maduros, e, com menos freqncia, penetram parcialmente no pednculo destes cachos. Raramente, tem-se observado pequenas larvas alimentando-se das gemas florais. Depois perfuram o cacho da insero com o pednculo e, finalmente, fazem uma perfurao vertical at encontrar o estipe. Nessa regio, constrem uma galeria em diagonal chegando a atingir 4 a 5 cm de comprimento. Diversas palmeiras so hospedeiras da broca Eupalamides dedalus, destacandose o dendezeiro e o coqueiro. De acordo com Sefer (1963), esta praga foi constada atacando o pseudo-caule da bananeira (Musa sp.) no Estado do Par. Mais
107
Brassolis sophorae (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Nyphalidae) uma borboleta cujas asas anteriores e posteriores so marrom-escuras, contendo uma faixa transversal de cor alaranjada. Possui uma expanso alar bastante variada,
108
Opsiphanes cassina Huebner, (Lepidoptera: Brassolidae). O adulto de Opsiphanes cassina uma mariposa cujas asas anteriores so negras nas extremidades, tornando-se negra avermelhada medida que se aproxima da base. A O. cassina possui hbito diurno, voa alto e muito rpido. Os adultos medem de 50 a 85 mm de envergadura (Figura 26). A lagarta de cor verde clara brilhante, com duas listras finas longitudinais de colorao amarela clara ao longo do corpo, cujo abdmen termina por dois prolongamentos caudais (Figura 27). Elas vivem na face inferior dos fololos do dendezeiro, junto nervura central dos mesmos; no final do ltimo nstar, a lagarta mede cerca de 10 cm de comprimento. O dendezeiro e o coqueiro so as palmeiras mais atacadas por O. cassina. A mesma encontra-se distribuda por toda parte setentrional da Amrica do Sul e Central. No Brasil, essa espcie est difundida nos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Cear, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e So Paulo (Silva et al., 1968). A O. cassina uma praga bastante conhecida pelo seu ataque ao dendezeiro, devido aos danos que as lagartas ocasionam nas folhas desta palmcea. Elas se alimentam dos fololos do dendezeiro, destruindo os mesmos desordenadamente. O ataque pode ocorrer tanto em plantas jovens, ainda no viveiro, como em palmeiras adultas. Uma nica lagarta de O. cassina consome durante todo o seu estdio de desenvolvimento de 700 a 800 cm2 de fololos de dendezeiro (Genty et al., 1978). O controle de O. cassina, como de qualquer praga, deve ser feito mediante um levantamento prvio de sua populao, para se conhecer o nvel de dano econmico da mesma e a fase do desenvolvimento em que ela se encontra para que o controle empregado possa ser eficiente. As inspees dentro da plantao para esta praga devem ser constantes, para evitar maiores danos que podem ser causados por surtos repentinos da mesma. De acordo com Genty et al. (1978), a inspeo no dendezal deve ser realizada na folha n 25, tomando 2 plantas ha-1, e o nvel crtico de O. cassina de 10 a 15 lagartas/folha, ocasio em que o controle dever ser realizado. importante relatar que no Brasil at no momento no existe nenhum inseticida registrado e liberado no mercado que possa ser usado oficialmente no controle de O. cassina. O controle preventivo pode ser feito usando armadilhas para captura dos adultos dessa praga, que podem ser feitos com lates cilndricos, com 80 cm de comprimento e 15 de dimetro, cortados transversalmente, ou com vasilhas plsticas cortadas de maneira a formar uma janela para entrada dos adultos, contendo no seu interior uma soluo de melao de cana-de-acar mais Dipterex a 0,1 % do p.c.: esta armadilha dever ficar suspensa do solo a 1 m de altura, o que poder ser feito com um suporte de madeira. SIBINE, LAGARTA TANQUE OU LAGARTA ARANHA
Sibine nesea Stroll, (Lepidoptera: Limacodidae). Apesar de existirem outras espcies de Sibine que atacam tambm o dendezeiro, a S. nesea a que ocorre com maior freqncia nesta palmeira. O adulto de Sibine nesea uma borboleta com asas anteriores marrom-escura e as posteriores marrons mais
110
111
112
114
115
Figura 21. Armadilha para captura de Rhynchophorus palmarum. (Foto: Raimundo Rocha).
116
Figura 28. Anel vermelho no estipe de planta adulta de dendezeiro. (Foto: J. Aldana).
Figura 29. Sintomas externos de Anel Vermelho no dendezeiro. (Foto: Hrcules M. e Silva).
117
OBSERVAO Esta apostilha foi originalmente preparada Equipe Tcnica da Embrapa Amaznia Ocidental, Embrapa Transferncia de Tecnologia, Escritrio de Negcios da Amaznia para um Seminrio A Cultura do Dend no Programa Nacional de Produo e Uso do Biodiesel, realizado em setembro de 2005, em Manaus, Amazonas. Foi feita a correo e atualizao de dados para servir como apostilha para este curso em 2009.
118