Pilares Esbeltos de Concreto Armado. Parte 1 - Um Modelo Não Linear para Análise e Dimensionamento - José Milton de Araújo (FURG)
Pilares Esbeltos de Concreto Armado. Parte 1 - Um Modelo Não Linear para Análise e Dimensionamento - José Milton de Araújo (FURG)
Pilares Esbeltos de Concreto Armado. Parte 1 - Um Modelo Não Linear para Análise e Dimensionamento - José Milton de Araújo (FURG)
Pilares esbeltos de concreto armado Parte 1: Um modelo no linear para anlise e dimensionamento Reinforced concrete slender columns Part 1: A nonlinear model for analysis and dimensioning
Jos Milton de Arajo
Escola de Engenharia - FURG - Rio Grande, RS
RESUMO: Este artigo faz parte um estudo mais amplo sobre os mtodos de projeto dos pilares de concreto armado. Nesta primeira parte do estudo, apresenta-se o modelo no linear para anlise e dimensionamento de pilares esbeltos de concreto armado, implementado no programa JMPILAR. A preciso do modelo comprovada atravs da anlise de 124 pilares testados experimentalmente por outros autores. ABSTRACT: This paper is part of a more comprehensive study on methods for design of reinforced concrete columns. In this first part of the study, we present the nonlinear model for analysis and dimensioning of slender concrete columns, implemented in JMPILAR software. The accuracy of the model is confirmed through the analysis of 124 columns tested experimentally by other authors. 1. INTRODUO Os pilares dos edifcios de concreto armado so elementos estruturais que apresentam um comportamento tipicamente no linear. Esse comportamento decorrente da no linearidade fsica e da no linearidade geomtrica. A no linearidade fsica consequncia das relaes no lineares entre tenso e deformao que se verificam, para o concreto, em qualquer estgio do carregamento, e para o ao, aps ultrapassar o limite de escoamento do material. Dependendo da combinao de esforos, o concreto tambm pode fissurar, o que contribui para o aumento da no linearidade. Assim, a no linearidade fsica uma caracterstica do material. Por outro lado, o comportamento das barras esbeltas afetado pela no linearidade geomtrica. Uma vez que o equilbrio deve ser garantido na configurao deformada da barra, surgem termos no lineares nas equaes de equilbrio. A essa no linearidade, se d o nome de no linearidade geomtrica. Os esforos solicitantes na configurao deformada do pilar so maiores do que aqueles obtidos na configurao reta inicial. Esses ltimos so denominados de esforos de primeira ordem. Desse modo, os esforos totais na configurao deformada so iguais soma dos esforos de primeira ordem e dos esforos de segunda ordem. Os efeitos de segunda ordem, decorrentes da no linearidade geomtrica, so mais importantes nos pilares esbeltos. Assim, para se avaliar corretamente os esforos solicitantes nos pilares de concreto armado, devem-se considerar as duas no linearidades simultaneamente. Essa anlise relativamente complexa e exige o emprego de mtodos numricos iterativos e incrementais. Diversos mtodos para anlise no linear de pilares esbeltos de concreto armado foram desenvolvidos e implementados pelo Autor [1,2]. Em virtude da complexidade do problema, as normas de projeto permitem algumas simplificaes para a avaliao dos esforos nos pilares, sobretudo os esforos de segunda ordem e aqueles devidos fluncia do concreto. Desse modo, usual classificar os pilares em trs grupos, em funo da importncia desses esforos: a) pilares curtos: so aqueles para os quais se podem desprezar os efeitos de segunda ordem e os efeitos da fluncia do concreto; b) pilares moderadamente esbeltos: os efeitos de segunda ordem e da fluncia do concreto podem ser considerados atravs de processos simplificados;
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Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n.18, p.81-93, Novembro, 2011 2. ANLISE NO LINEAR DE PILARES ESBELTOS DE CONCRETO ARMADO Na fig. 1, apresenta-se um pilar submetido fora normal de clculo Fd , aplicada em suas extremidades. A seo transversal do pilar pode ser uma poligonal arbitrria, inclusive possuindo aberturas internas. Devido generalidade da seo e do ponto de aplicao da fora, a flexo ser oblqua. Numa seo transversal genrica, as excentricidades da fora so denominadas de e x e e y , podendo variar ao longo do eixo, em funo dos diagramas de momentos de primeira ordem.
c) pilares esbeltos: ambos os efeitos mencionados devem ser considerados atravs de processo numrico rigoroso. Os limites de esbeltez para enquadramento do pilar em uma dessas categorias variam conforme a norma de projeto, como se discute no Volume 3 da ref.[3]. Entretanto, nos casos usuais, os pilares dos edifcios se enquadram nas duas primeiras categorias. Somente em casos especiais, o pilar ser classificado como pilar esbelto. Assim, limitando-se o projeto aos pilares curtos e moderadamente esbeltos, pode-se adotar algum procedimento simplificado para a considerao das no linearidades. Esses procedimentos tambm variam conforme a norma de projeto. Um estudo comparativo entre diversos mtodos simplificados, propostos nas principais normas internacionais, apresentado na ref. [4]. Para aferir a preciso dos processos simplificados propostos nas normas de projeto, necessrio desenvolver um software capaz de realizar a anlise e o dimensionamento de pilares esbeltos, com base em um modelo no linear. Aps a constatao de que o modelo no linear capaz de reproduzir os resultados experimentais, o software pode ser utilizado para a realizao de simulaes numricas com o objetivo de verificar a preciso de processos simplificados existentes e/ou de aperfeioar tais processos. O objetivo deste trabalho fazer um amplo estudo sobre os procedimentos de projeto dos pilares de concreto armado. Para isto, o trabalho foi divido em partes, para facilitar sua apresentao. Nesta primeira parte do estudo, apresenta-se um modelo no linear para a anlise e o dimensionamento de pilares esbeltos de concreto armado, desenvolvido e implementado pelo Autor [2]. Esse modelo deu origem ao software JMPILAR [5], o qual capaz de fazer uma anlise completa e o dimensionamento de pilares de qualquer esbeltez. A formulao desenvolvida para uma seo poligonal arbitrria, considerandose todos os pilares em flexo-compresso oblqua. Aps uma breve descrio do modelo no linear, apresenta-se a comprovao da preciso do modelo frente a diversos resultados experimentais disponveis na bibliografia.
Fig. 1 Solicitao e seo transversal do pilar A anlise estrutural feita com o emprego do mtodo dos elementos finitos, onde o eixo do pilar discretizado em elementos lineares de dois ns, com cinco graus de liberdade por n. A toro do elemento desprezada. Na fig. 2, representam-se os graus de liberdade U 1 ,...,U 10 e as aes nodais correspondentes
F1 ,..., F10 no elemento finito. Os deslocamentos de um ponto situado no eixo do elemento so o deslocamento axial u o ( z ) e os deslocamentos transversais W x ( z ) e W y ( z ) ,
segundo as direes z , x e y , respectivamente. Esses deslocamentos so interpolados a partir dos deslocamentos nodais U 1 ,...,U 10 , empregando-se as funes de interpolao clssicas [2].
ey
,b
ey
,a
83
Fig. 2 Deslocamentos e aes nodais no elemento Empregando-se as relaes deformaesdeslocamentos, obtm-se a deformao normal z em um ponto de coordenadas ( x, y, z ) , na forma
z = o + y y + x x
onde
(1) Fig. 3 Determinao dos esforos seccionais axial, Da mesma forma, pode-se obter a tenso c no concreto em qualquer ponto da seo transversal. Aplicando as equaes de equilbrio, obtm-se os esforos na seo transversal
N = c dA + si Asi
Acc i =1 n
o = o (z )
2W y
2
a
2
deformao
y =
e x =
Wx
u 1 W y o = o + z 2 z
W x + z
(3)
(2)
M x = c xdA + si Asi x si
Acc i =1 n
(4)
onde o ltimo termo introduz a no linearidade geomtrica do problema. Nessa formulao, considera-se o sinal positivo para as deformaes de trao e o sinal negativo para as deformaes de compresso. A partir das expresses (1) e (2), podem-se determinar o esforo normal N e os momentos fletores M x e M y em uma seo transversal do pilar, situada em uma coordenada z ao longo do seu eixo. Isto feito com o auxlio da fig. 3. A seo transversal possui n barras de armadura. Uma barra genrica possui rea igual a Asi e coordenadas (x si , y si ) . Assim, dados os deslocamentos nodais U 1 ,..., U 10 , empregam-se as funes de interpolao do elemento para a obteno das deformaes generalizadas o , x e
M y = c ydA + si Asi y si
Acc i =1
(5)
Observa-se que as integrais so feitas apenas na rea comprimida de concreto Acc , j que no se considera a colaborao do concreto tracionado no projeto dos pilares. As resistncias de clculo dos materiais, f yd e
f cd , so dadas por
f yd =
f yk
f f cd = ck
(6)
84
onde f yk a tenso de escoamento caracterstica do ao e f ck a resistncia caracterstica compresso do concreto. Os coeficientes parciais de segurana so s = 1,15 e c = 1,4 , de acordo com a NBR6118[6]. Na fig. 4, apresentam-se os diagramas tensodeformao adotados para o ao.
s
co = 0,002(1 + ef ) ; cu = 0,0035(1 + ef
b a
fyk fyd
onde ef concreto.
Es=200GPa Es 1
yd
10o/oo
Fig. 4 Diagramas tenso-deformao do ao O diagrama b, considerando a tenso de escoamento caracterstica f yk do ao, deve ser utilizado para o clculo dos deslocamentos do eixo do pilar. Entretanto, como a ruptura deve ser verificada com a tenso de escoamento de clculo f yd , conclui-se que, para o ao, basta empregar o diagrama a em toda a anlise, j que no se pode ter s > f yd . Esse diagrama empregado para trao e compresso, limitando-se a deformao de trao ao valor 10o/oo como um critrio de ruptura. Na fig. 5, apresentam-se os diagramas tensodeformao para o concreto em compresso.
No modelo no linear, considera-se que todas as cargas, com seus valores de clculo, so aplicadas na idade inicial de 28 dias. Entretanto, a fluncia provocada apenas pela parcela quase permanente do carregamento. Alm disso, uma vez que a histria de tenses no concreto varivel, devido ao crescimento do momento de segunda ordem com o passar do tempo, necessrio considerar os efeitos do envelhecimento, como apresentado no captulo 6 do Volume 2 da ref. [3]. Assim, o coeficiente de fluncia efetivo, para a anlise no linear, dado por
ef =
M 1qp M 1d
(8)
' co = co 1 1
(9)
85
As integrais contidas nas equaes (3), (4) e (5) so resolvidas empregando-se o Teorema de Green, como detalhado na ref. [2]. Os esforos seccionais N , M x e M y so utilizados para a obteno das aes nodais no lineares, as quais so derivadas da aplicao do Princpio dos Trabalhos Virtuais. Em uma determinada iterao, haver um desequilbrio entre o vetor de aes nodais no lineares e o vetor de cargas nodais aplicadas ao pilar. O mtodo iterativo BFGS [8] empregado para anular esse desequilbrio e encontrar a configurao deformada do pilar para um nvel de carregamento dado. A seguir, incrementa-se o carregamento e repete-se o processo iterativo at a convergncia do desequilbrio e dos deslocamentos nodais. Esse procedimento repetido sucessivamente at a ocorrncia da ruptura em um ponto de integrao do elemento, ou at que os deslocamentos passem a divergir. Com essa formulao possvel fazer uma anlise completa do pilar at a runa, podendo-se traar, por exemplo, uma curva cargadeslocamento [1,2]. Introduzindo um novo ciclo iterativo no programa, possvel realizar o dimensionamento com base na anlise no linear. Para isto, define-se um intervalo Asj , Ask no qual deve se situar a
c = f cd , se cu c 'co
(11)
onde c o valor da deformao de compresso e f cd a resistncia compresso de clculo do concreto. Observa-se que, com esse procedimento, podese empregar um nico diagrama parbolaretngulo, bastando determinar as sub-regies da seo transversal nas quais c > 'co e cu c 'co . Isto feito com o emprego da equao (1), determinando-se intersees com os lados da poligonal, como detalhado na ref. [2]. Deve-se observar que, de acordo com a conveno adotada anteriormente, considera-se o sinal negativo para as deformaes e as tenses de compresso. O critrio de ruptura de uma seo transversal de concreto armado definido pelos domnios de dimensionamento da NBR-6118. Esses domnios indicam diferentes modos de ruptura de uma seo transversal submetida flexo simples ou composta e so representados na fig. 6.
co cu
a 2 4 4a 5 b
0,01
yd
rea total de ao na seo transversal. Para simplificar o procedimento, basta adotar Asj = 0
3h/7 h
(pilar sem armadura) e Ask = 0,08 Ac (pilar com armadura mxima, onde Ac a rea da seo transversal). Definido o intervalo Asj , Ask , emprega-se o
Fig. 6 Domnios de dimensionamento As deformaes co e cu so dadas na equao (7), considerando ef = 0 . Logo, para a verificao da ruptura, consideram-se co = 0,002 e cu = 0,0035 . No caso especfico dos pilares, submetidos flexo-compresso, deve-se eliminar o domnio 1, pois este um domnio exclusivo da flexo-trao.
processo da bissecante, como apresentado no Volume 3 da ref. [3], para encontrar a rea de ao As . Em cada iterao desse processo, realiza-se toda a anlise iterativa e incremental do mtodo dos elementos finitos para determinar o carregamento de runa do pilar. A convergncia da armadura constatada quando o carregamento de runa for muito prximo do carregamento de projeto. Um vez que se admite um carregamento proporcional, basta comparar a fora normal de runa com a fora normal de clculo. Esse modelo no linear de verificao e dimensionamento de pilares esbeltos de concreto
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armado foi implementado pelo autor, dando origem ao software JMPILAR [5].
3. COMPROVAO DO MODELO NO LINEAR 7,62
F 1,27 F e 1 1,27 L e1
Antes de comparar resultados numricos com resultados experimentais, necessrio fazer algumas modificaes no modelo no linear. Isto necessrio porque o modelo apresentado, e implementado no software JMPILAR, tem por finalidade o dimensionamento, ou seja, ele trabalha com as resistncias de clculo dos materiais. Se o objetivo confrontar os resultados numricos com os resultados de ensaios, deve-se executar o programa com as propriedades do concreto e do ao obtidas nos ensaios, ou seja, os coeficientes parciais de segurana devem ser todos unitrios. Desse modo, nos resultados apresentados a seguir, foram feitas as seguintes alteraes no software original: Ao: considera-se f yk = f yd = f y , onde f y a tenso de escoamento do ao obtida experimentalmente. Concreto: considera-se = = 1,0 e f cd = f c , sendo f c a resistncia compresso do concreto obtida experimentalmente na data do ensaio. Carga: considera-se Fd = Fu , onde Fu a carga de runa obtida no ensaio. Seo: consideram-se a dimenses das sees transversais dos pilares ensaiados, sem as restries impostas na NBR-6118, as quais constam no software original.
3.1 Pilares ensaiados por Goyal e Jackson
3.1.1 Pilares sob carga de curta durao Na tabela 1, apresentam-se os dados dos pilares ensaiados sob carga de curta durao e as cargas de runa tericas, obtidas com o modelo no linear. Conforme se observa, as diferenas entre as cargas de runa tericas e experimentais so inferiores a 10% para quase todos os pilares. 3.1.2 Pilares sob carga de longa durao Os pilares ensaiados sob carga de longa durao foram submetidos, inicialmente, a uma carga Fg , a qual foi mantida constante por um perodo de seis meses. Ao final desse perodo, a carga foi incrementada at a runa do pilar para a carga Fu . O coeficiente de fluncia medido foi = 2,4 . Empregando a equao (8), com = 0,8 , obtm-se o coeficiente de fluncia efetivo
Goyal e Jackson [9] apresentam resultados experimentais de pilares birrotulados, submetidos flexo-compresso normal. No total, foram ensaiados 26 pilares sob carga de curta durao e 20 pilares sob carregamento de longa durao. Na fig. 7, apresenta-se a seo transversal e o esquema de carga utilizado nos ensaios.
ef = 1,92
Fg Fu
(12)
o qual utilizado no modelo no linear. Na tabela 2, apresentam-se os resultados dos pilares ensaiados sob carga de longa durao. Conforme se observa, h apenas 4 pilares para os quais a diferena entre o modelo e os resultados experimentais ultrapassa 10%. Isto ocorreu porque as cargas de runa obtidas para esses pilares no ensaio de longa durao foram superiores s cargas de runa dos pilares semelhantes, ensaiados em
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ensaios. Tambm se verifica uma perfeita concordncia do modelo com as solues tericas obtidas na ref. [11]. Por se tratar de uma anlise no linear iterativa e incremental, cuja convergncia depende da preciso numrica adota nos softwares, pode-se admitir que Fu , teo P flex , ou seja, os resultados obtidos com dois softwares totalmente distintos so praticamente iguais.
Tsao[10] ensaiou 13 pilares de seo quadrada e em forma de L, submetidos flexo-compresso oblqua. Os pilares so birrotulados com as dimenses das sees transversais indicadas na fig. 8. Todos os pilares possuem uma altura L = 122 cm. Para os pilares de seo quadrada, os ndices de esbeltez so x = y = 55 . Para os pilares em L, os ndices de esbeltez valem x = 58 e y = 43 . Os ensaios so de curta durao (sem fluncia).
Melo[12] ensaiou 21 pilares birrotulados sob flexo-compresso normal, cujas dimenses so apresentadas na fig. 9. Todos os pilares possuem uma rea de ao As = 4,71 cm2. A tenso de escoamento do ao f y = 595 MPa. F
F e1 12 25 Seo transversal
(medidas em cm)
3,5
e1
Fig. 9 Pilares ensaiados por Melo [12] Na tabela 7, apresentam-se os resultados experimentais e os obtidos com o modelo no linear. Fig. 8 - Sees dos pilares ensaiados por Tsao Na tabela 3 apresentam-se os demais dados para os pilares de seo quadrada. Na tabela 4 apresentam-se os demais dados dos pilares com seo em L. Nas tabelas 5 e 6 apresentam-se os resultados obtidos para as cargas de runa dos pilares. Nessas tabelas comparam-se os valores experimentais, Fu , exp , os valores obtidos com o software JMPILAR,
Fu , teo , e os valores tericos obtidos com o Sistema
Flexor, P flex , apresentado na ref. [11].
Kim e Yang[13] ensaiaram 28 pilares birrotulados sob flexo-compresso normal, cujas dimenses so apresentadas na fig. 10. O carregamento o mesmo da fig. 9, sendo e1 = 2,4 cm para todos os pilares. Foram ensaiados trs grupos de pilares, com alturas L = 24 cm, L = 144 cm e L = 240 cm, o que corresponde aos ndices de esbeltez = 10 , = 62 e = 104 , respectivamente. Na tabela 8 apresentam-se os resultados para esse grupo de pilares.
Observando as tabelas 5 e 6, verifica-se uma boa concordncia entre as cargas de runa tericas, Fu , teo , e as cargas de runa Fu , exp obtidas nos
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A relao R = Fu , teo Fu , exp apresentou uma mdia Rm = 1,02 e um desvio padro R = 0,1 . Na fig. 12 apresenta-se o histograma obtido para os 124 pilares analisados. Observa-se a boa simetria dos resultados em torno da mdia, a qual praticamente igual unidade, o que mostra que o modelo terico tende a reproduzir os resultados experimentais na mdia. Fig. 10 Pilares ensaiados por Kim e Yang [13]
3.5 Pilares ensaiados por Kim e Lee
50
Rmdio=1,02
40
Desvio padro=0,1
Frequncia
Kim e Lee[14] ensaiaram 16 pilares birrotulados sob flexo-compresso oblqua, cujas dimenses e posicionamento da carga so apresentadas na fig. 11.
d' d' 10 10cm (Srie SS) y F ey
e
30
d'=2,3 cm
20
10
20cm
0
(Srie RS)
0.6
0.7
0.8
0.9
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
Relao R=Fu,teo/Fu,exp
ex
Fig. 12 - Histograma de R=Fu,teo/Fu,exp para 124 pilares Admitindo a distribuio normal de Gauss, podem-se definir os quantis de 5% e de 95%, como
Posicionamento da carga
Fig. 11 Pilares ensaiados por Kim e Lee [14] Todos os pilares possuem altura L = 130 cm. Os pilares de seo quadrada (srie SS) possuem ndices de esbeltez x = y = 45 . Os pilares de seo retangular (srie RS) possuem x = 22,5 e y = 45 . Para todos os pilares tem-se f c = 27 MPa e f y = 436 MPa. A carga aplicada com uma excentricidade e = 4 cm, resultando nas componentes e x = e sen e e y = e cos . Os resultados so apresentados na tabela 9.
de modo que 90% dos valores de R devem se situar no intervalo [0,86 1,18] . A faixa com 90% de probabilidade de ocorrncia mostrada na fig. 13.
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REFERNCIAS
Faixa com 90% dos resultados
1.2
R=1,18
0.8
R=0,86
Ensaio
4. CONCLUSES
Neste artigo foi apresentado o modelo no linear para anlise e dimensionamento de pilares esbeltos de concreto armado, implementado no software JMPILAR. Para comprovar a validade do modelo, o software foi usado para analisar 124 pilares testados em laboratrio por outros autores. Os resultados apresentados comprovaram a boa preciso do modelo no linear. As cargas de runa previstas com o modelo podem ficar abaixo e acima das cargas de runa obtidas experimentalmente, como se espera de um modelo no tendencioso. O histograma da relao R = Fu , teo Fu , exp , entre as cargas de runa tericas e experimentais, mostra boa simetria dos resultados em torno da mdia, a qual praticamente igual unidade. Isto demonstra que o modelo terico tende a reproduzir os resultados experimentais na mdia. Pode-se esperar que 90% dos valores de R se situem no intervalo [0,86 1,18] . Esses desvios entre a resposta terica e experimental so facilmente cobertos pelos coeficientes parciais de segurana.
1. Arajo, J. M. Dimensionamento de pilares esbeltos de concreto armado. Dissertao de Mestrado, Curso de Ps-Graduao em Eng. Civil, UFRGS, Porto Alegre, 1984. 2. Arajo, J. M. Pilares Esbeltos de Concreto Armado. Algoritmos para anlise e dimensionamento. Rio Grande: Editora da FURG, 1993. 3. Arajo, J. M. Curso de Concreto Armado. 4 vol. Rio Grande: Editora Dunas, 3. ed., 2010. 4. Arajo, J. M. Mtodos simplificados para considerao dos efeitos de segunda ordem no projeto de pilares de concreto armado. Revista do IBRACON, n.27, p.3-12, So Paulo, nov./dez. 2001. (disponvel em www.editoradunas.com.br/publicacoes.html). 5. Arajo, J. M. JMPILAR Software para anlise e dimensionamento de pilares esbeltos de concreto armado. 2009. (Informaes disponveis em www.editoradunas.com.br). 6. Associao Brasileira de Normas Tcnicas: NBR-6118: Projeto de Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2003. 7. European Committee for Standardization. Eurocode 2: Design of Concrete Structures Part 1-1: General rules and rules for buildings. Final draft, Dec., 2003. 8. Arajo, J. M.; Bignon, P. G. Mtodos de minimizao para anlise no-linear de estruturas. Relatrio de Pesquisa RP-110/93, Curso de Ps-Graduao em Eng. Civil, UFRGS, Porto Alegre, 1993. 9. Goyal, Brij B.; Jackson, N. Slender concrete columns under sustained load. Journal of the Structural Division, ASCE, v.97, n.11, p.272950, nov., 1971. 10. Tsao, Wen Hu. Behavior of square and Lshaped slender reinforced concrete columns under combined biaxial bending and axial compression. Doctoral thesis, New Jersey Institutes of Technology, Dec., 1991. 11. Borges, A. C. L. Anlise de pilares esbeltos de concreto armado solicitados a flexocompresso oblqua. Diss. mestrado, Escola de Engenharia de So Carlos da USP, 1999. 12. Melo, C. E. L. Anlise experimental e numrica de pilares birrotulados de concreto armado submetidos a flexo-compresso normal. Tese de doutorado, Departamento de Eng. Civil e Ambiental, UnB, Braslia, 2009.
Relao R=Fu,teo/Fu,exp
90
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Tabela 1- Pilares sob carga de curta durao Goyal e Jackson [9] Pilar fc e1 Fu , exp Fu , teo Fu , teo (MPa) (cm) (kN) Fu , exp (kN)
L = 182 cm; = 83 f y = 352 MPa; As = 1,42 cm2
A1 A2 C1 C2 E1 E2 G1 G2
3,81 33,1 34,4 3,81 33,4 34,4 2,54 44,5 48,9 2,54 46,8 48,9 1,27 66,7 69,4 1,27 65,4 69,4 1,91 55,4 56,5 1,91 53,0 56,5 L = 182 cm; = 83 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2
I1 I2 K1 K2 M1 M2
1,27 60,0 61,2 1,27 57,4 61,2 1,91 46,6 47,5 1,91 45,6 47,5 2,54 37,1 38,6 2,54 37,0 38,6 L = 122 cm; = 55 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2 1,27 82,3 87,2 1,27 92,4 87,2 1,91 64,5 67,1 1,91 72,7 67,1 2,54 51,4 50,4 2,54 48,9 50,4 L = 274 cm; = 125 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2
O1 O2 P1 P2 Q1 Q2
R1 21,4 1,27 33,5 32,2 R2 21,4 1,27 31,1 32,2 S1 20,9 1,91 23,0 25,8 S2 20,9 1,91 24,3 25,8 T1 20,7 2,54 19,4 22,1 T2 20,7 2,54 20,6 22,1 f c : resistncia obtida em prismas com as seo dos pilares As : rea total de ao na seo : ndice de esbeltez
91
A B C D E F G H
3,81 1,2 32,0 31,1 3,81 0,8 32,3 32,4 2,54 1,2 42,9 42,7 2,54 0,8 40,4 44,5 1,27 1,3 59,4 54,7 1,27 0,9 59,3 58,7 1,91 1,3 50,1 46,5 1,91 0,9 49,8 49,9 L = 182 cm; = 83 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2
Tabela 3- Pilares de seo quadrada - Tsao [10] Pilar fc fy ex ey (MPa) (cm) (MPa) (cm) C1 19,1 545 0.97 2,35 C2 18,6 545 1,80 1,80 C3 29,0 545 3,59 3,59 C4 25,5 421 1,80 1,80 C5 25,5 421 1,94 4,69 C6 25,5 421 0,97 2,35 e x e e y : excentricidades da carga na direo dos eixos x e y, respectivamente Tabela 4- Pilares com seo em L - Tsao [10] Pilar fy ey fc ex (MPa) (cm) (MPa) (cm) B2 25,1 434 2,15 4,61 B3 26,8 434 2,69 2,69 B4 26,8 441 3,59 3,59 B5 29,3 441 0,90 0,90 B6 29,3 441 1,80 1,80 B7 29,2 441 1,55 2,01 B8 29,2 441 3,09 4,03 e x e e y : excentricidades da carga na direo dos eixos x e y, respectivamente
I J K L M N
1,27 1,6 44,3 43,2 1,27 0,8 58,2 50,4 1,91 1,3 40,9 38,2 1,91 0,8 43,8 41,0 2,54 1,2 36,4 32,6 2,54 0,8 36,0 34,9 L = 122 cm; = 55 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2 1,27 1,1 89,2 70,8 1,91 1,1 67,1 56,8 2,54 1,2 50,2 43,2 L = 274 cm; = 125 f y = 310 MPa; As = 1,00 cm2 23,5 21,2 18,6 com as
O P Q
Tabela 5- Resultados para os pilares de seo quadrada Tsao [10] Fu ,teo Fu , teo P flex Pilar Fu , exp Fu , teo
(kN) (kN)
Fu , exp
(kN)
P flex
R 21,4 1,27 1,6 24,1 S 20,9 1,91 1,2 21,6 T 20,7 2,54 1,1 19,7 f c : resistncia obtida em prismas seo dos pilares As : rea total de ao na seo : ndice de esbeltez
C1 C2 C3 C4 C5 C6
Tabela 6- Resultados para os pilares de seo L Tsao [10] Fu ,teo Fu , teo P flex Pilar Fu , exp Fu , teo
(kN) (kN)
Fu , exp
(kN)
P flex
B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8
45,59 46,50 57,04 52,48 45,00 41,40 128,21 117,95 71,49 74,35 71,45 78,60 46,80 44,93
92
Tabela 7 Resultados dos pilares ensaiados por Melo[12] Fu , teo Fu , exp Fu , teo Pilar e1 fc
(MPa) (cm) (kN) (kN)
Fu , exp
6-3 12-3 15-3 18-3 24-3 30-3 40-3 50-3 60-3 15-2.5 24-2.5 30-2.5 40-2.5 50-2.5 60-2.5 15-2 24-2 30-2 40-2 50-2 60-2
Pilares com L=300 cm ; 39,6 0,6 652,0 39,6 1,2 535,0 35,8 1,5 446,5 39,7 1,8 460,5 39,7 2,4 241,0 33,9 3,0 254,8 33,9 4,0 170,2 37,6 5,0 155,0 37,6 6,0 131,0 Pilares com L=250 cm ; 43,1 1,5 670,4 45,8 2,5 360,8 41,6 3,0 336,0 41,6 4,0 246,0 41,6 5,0 201,2 43,1 6,0 164,8 Pilares com L=200 cm ; 38,5 1,5 662,0 45,8 2,5 456,0 37,2 3,0 317,0 37,2 4,0 294,4 37,2 5,0 232,0 38,5 6,0 198,4
= 87
704,2 535,0 428,6 405,2 298,8 203,8 163,4 148,8 131,0 = 72 630,2 411,3 309,1 231,2 193,2 171,4 = 58 675,2 529,0 361,4 270,8 227,4 198,4 1,08 1,00 0,96 0,88 1,24 0,80 0,96 0,96 1,00 0,94 1,14 0,92 0,94 0,96 1,04 1,02 1,16 1,14 0,92 0,98 1,00 L4-1 L4-2 L2-1 L2-2 L2-1 L2-2 L4-1 L4-2 M2-1 M2-2 M4-1 M4-2 M2-1 M2-2 M2-1 M2-2 M4-1 M4-2 H2-1 H2-2 H4-1 H4-2 H2-1 H2-2 H2-1 H2-2 H4-1 H4-2 3,95 3,95 1,98 1,98 1,98 1,98 3,95 3,95 1,98 1,98 3,95 3,95 1,98 1,98 1,98 1,98 3,95 3,95 1,98 1,98 3,95 3,95 1,98 1,98 1,98 1,98 3,95 3,95
f c = 25,5 MPa 24 109,5 24 109,3 144 63,7 144 65,7 240 38,2 240 35,0 240 49,0 240 47,0 f c = 63,5 MPa 24 179,0 24 182,8 24 207,7 24 204,6 144 102,8 144 113,5 240 45,2 240 47,6 240 59,6 240 60,5 f c = 86,2 MPa 24 235,3 24 240,4 24 255,8 24 257,7 144 122,1 144 123,7 240 54,3 240 54,9 240 66,6 240 64,7
118,3 118,3 67,5 67,5 38,2 38,2 48,0 48,0 204,1 204,1 224,3 224,3 115,1 115,1 57,0 57,0 73,9 73,9 263,5 263,5 286,5 286,5 139,2 139,2 65,2 65,2 85,2 85,2
1,08 1,08 1,06 1,03 1,00 1,09 0,98 1,02 1,14 1,12 1,08 1,10 1,12 1,01 1,26 1,20 1,24 1,22 1,12 1,10 1,12 1,11 1,14 1,13 1,20 1,19 1,28 1,32
93