Desastres Naturais
Desastres Naturais
Desastres Naturais
DESASTRES NATURAIS
Conhecer para prevenir
Governo do Estado de So Paulo Jos Serra Governador Secretaria de Estado do Meio Ambiente Francisco Graziano Neto Secretrio Instituto Geolgico Ricardo Vedovello Diretor-Geral
1 edio
Catalogao na Fonte INSTITUTO GEOLGICO Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca do Instituto Geolgico T595d Tominaga, Ldia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (Organizadores) Desastres naturais: conhecer para prevenir / Ldia Keiko Tominaga, Jair Santoro, Rosangela do Amaral (orgs.) . So Paulo : Instituto Geolgico, 2009. 196 p. : il. ; color. ; 24 cm. ISBN 978-85-87235-09-1 CDD 363.7
Foto da capa: rea de risco a escorregamentos em Santo Andr, SP, 2008. Fonte Acervo IG
Dedicamos este trabalho aos agentes das defesas civis municipais e voluntrios que, a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo diante de intempries, esto dispostos a atender aos chamados dos moradores de reas de risco para verificar as condies de segurana.
EQUIPE TCNICA
ORGANIZAO Ldia Keiko Tominaga Jair Santoro Rosangela do Amaral AUTORIA Celia Regina de Gouveia Souza Daniela Girio Marchiori Faria Jair Santoro Ldia Keiko Tominaga Renato Tavares Rodolfo Moreda Mendes Rogrio Rodrigues Ribeiro Rosangela do Amaral William Sallun Filho REVISO TCNICA Maria Jos Brollo Cludio Jos Ferreira DIAGRAMAO PRELIMINAR Vanessa Honda Ogihara (estagiria) ILUSTRAO Raphael Galassi Amorim (estagirio) Vanessa Honda Ogihara (estagiria) PRODUO EDITORIAL Sandra Moni de Souza COLABORAO Gisele dos Reis Manoel (estagiria) Jessika Flckiger Dupre Rabello (estagiria) Maiara Larissa dos Santos (estagiria) EDITORAO, CTP, IMPRESSO E ACABAMENTO Imprensa Oficial do Estado de So Paulo AGRADECIMENTOS Os autores agradecem Coordenadoria Estadual de Defesa Civil pelo fornecimento dos dados relativos aos atendimentos emergenciais do Estado de So Paulo, Giovana Parizzi (UFMG) pela disponibilizao de fotos referentes a escorregamentos em Minas Gerais e ao Ney Ikeda (DAEE) pela disponibilizao de fotos de inundaes ocorridas no Vale do Ribeira.
SUmRIO
APRESENTAO CAPTULO 1 Desastres Naturais: por que ocorrem ? Ldia Keiko Tominaga CAPTULO 2 - Escorregamentos Ldia Keiko Tominaga CAPTULO 3 - Inundao e Enchentes Rosangela do Amaral e Rogrio Rodrigues Ribeiro CAPTULO 4 - Eroso Continental Jair Santoro CAPTULO 5 - Eroso Costeira Celia Regina de Gouveia Souza CAPTULO 6 - Colapso e Subsidncia de Solos Rodolfo Moreda Mendes CAPTULO 7 - Subsidncia e Colapso em Terrenos Crsticos William Sallun Filho CAPTULO 8 - Clima, Tempo e Desastres Renato Tavares CAPTULO 9 - Anlise e Mapeamento de Risco Ldia Keiko Tominaga CAPTULO 10 - Gerenciamento de Desastres Naturais Daniela Girio Marchiori - Faria e Jair Santoro REFERNCIAS AUTORES
APRESENTAO
Os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, independentemente destas residirem ou no em reas de risco. Ainda que em um primeiro momento o termo nos leve a associ-lo com terremotos, tsunamis, erupes vulcnicas, ciclones e furaces, os Desastres Naturais contemplam, tambm, processos e fenmenos mais localizados tais como deslizamentos, inundaes, subsidncias e eroso, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem. Responsveis por expressivos danos e perdas, de carter social, econmico e ambiental, os desastres naturais tm tido uma recorrncia e impactos cada vez mais intensos, o que os cientistas sugerem j ser resultado das mudanas climticas globais. No Estado de So Paulo, e no Brasil de uma forma geral, embora estejamos livres dos fenmenos de grande porte e magnitude como terremotos e vulces, so expressivos o registro de acidentes e mesmo de desastres associados principalmente a escorregamentos e inundaes, acarretando prejuzos e perdas significativas, inclusive de vidas humanas. Embora o tema seja objeto de diversas publicaes em vrias partes do mundo, no Brasil ainda carecemos de uma obra que rena a questo de desastres em um mesmo material. A presente publicao constitui, assim, uma primeira contribuio no sentido de reunir, em um nico volume, os diversos aspectos que balizam as aes de preveno de desastres naturais. Para tanto, procurou-se reunir conceitos, terminologias, mtodos de anlise, e aplicaes que possibilitam um entendimento dos cenrios potencialmente favorveis ocorrncia de acidentes e desastres, bem como que sirva para subsidiar os agentes envolvidos na anlise, gerenciamento e intervenes de reas de risco ou potencialmente perigosas. Alm disso, foi dada nfase aos processos e fenmenos tpicos do Estado de So Paulo e do Brasil. A publicao, em seu capitulo inicial, aborda a conceituao e classificao dos desastres naturais e apresenta um panorama geral da ocorrncia de desastres naturais no mundo, no Brasil e no Estado de So Paulo. Na sequncia, nos captulos 2 a 8, so apresentados os principais fenmenos geoambientais relacionados aos desastres naturais, seus mecanismos e as medidas de preveno. No captulo 9, discorre-se sobre os conceitos bsicos de perigo e risco e os mtodos empregados na anlise e mapeamento de risco, instrumentos tcnicos fundamentais na preveno e na gesto de desastres naturais. Finalizando, no ltimo captulo, so tratadas as aes de gerenciamento de desastres naturais adotadas em mbito municipal, estadual e nacional, apresentando as diversas experincias de preveno e mitigao de desastres no Brasil com destaque aos planos desenvolvidos e adotados no Estado de So Paulo. O Livro Desastres Naturais: conhecer para prevenir resultado da experincia de tcnicos e pesquisadores do Instituto Geolgico, da SMA, que a cerca de vinte anos tem desenvolvido pesquisas e atividades sobre o tema. A atuao do IG no assunto tem se ampliado e consolidado a cada ano, permitindo que a Instituio atue de forma expressiva
e aplicada em apoio preveno de Desastres no Estado e no Pas. Os trabalhos associados a escorregamentos j esto consolidados na regio da Serra do Mar, na regio do ABC, na regio de Sorocaba e mais recentemente nas regies do Vale do Paraiba e Serra da Mantiqueira, no Estado de So Paulo. Alm disso, o IG tem desenvolvido aes nos temas eroso, continental e costeira, subsidncias, e recentemente associados a inundaes nas regies de Ribeiro Preto e Araraquara. Esta experincia adquirida, ao longo de 20 anos, permitiu que o Instituto atuasse com destaque no Estado de Santa Catarina, em apoio aos desastres ocorridos em novembro de 2008. Alm das aes diretamente relacionadas ao gerenciamento e enfrentamento das situaes de riscos e dos acidentes, os trabalhos do IG no tema aplicam-se tambm s aes e instrumentos de gesto ambiental e de ordenamento territorial do Estado, implementados no mbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo (SMA). Com esta publicao, esperamos contribuir para que, tcnicos, gestores e pblico em geral possam obter uma viso abrangente que envolva os processos perigosos, os impactos possveis, a forma de anlise, os instrumentos de gesto e as aes mitigadoras que se apliquem a preveno de Desastres Naturais. Ressaltamos, por fim, que esta publicao integra um conjunto de materiais de divulgao sobre o tema e que reflete a experincia acumulada no Instituto Geolgico, em trabalhos junto a SMA e a Defesa Civil do Estado de So Paulo.
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No Glossrio da Defesa Civil Nacional, desastre tratado como sendo resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnervel), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuzos econmicos e sociais. A intensidade de um desastre depende da interao entre a magnitude do evento adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor afetado (Castro,1998). Desastres naturais podem ser definidos como o resultado do impacto de fenmenos naturais extremos ou intensos sobre um sistema social, causando srios danos e prejuzos que excede a capacidade da comunidade ou da sociedade atingida em conviver com o impacto. (Tobin e Montz,1997; Marcelino, 2008).
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Tabela 1.1. Classificao dos desastres em relao intensidade (modificado de Kobiyama et al, 2006).
Nvel Desastres de pequeno porte, tambm chamados de acidentes, onde os impactos causados so pouco importantes e os prejuzos pouco vultosos. Intensidade Situao Facilmente supervel com os recursos do municpio.
II
III
IV
(Prejuzo menor que 5% PIB municipal) De mdia intensidade, onde os impactos so Supervel pelo municpio, desde que de alguma importncia e os prejuzos so envolva uma mobilizao e administrao significativos, embora no sejam vultosos. especial. (Prejuzos entre 5% e 10% PIB municipal) A situao de normalidade pode ser De grande intensidade, com danos restabelecida com recursos locais, desde importantes e prejuzos vultosos. que complementados com recursos (Prejuzos entre 10% e 30% PIB estaduais e federais. municipal) (Situao de Emergncia SE) De muito grande intensidade, com No supervel pelo municpio, sem que impactos muito significativos e prejuzos receba ajuda externa. Eventualmente muito vultosos. necessita de ajuda internacional. (Prejuzos maiores que 30% PIB (Estado de Calamidade Pblica ECP) municipal)
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Figura 1.1 - Evoluo do crescimento mundial (1975 a 2008) no nmero de ocorrncias de desastres naturais (a) prejuzos estimados em bilhes de dlares (b). Fonte: EM-DAT (2009).
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A dcada de 1990, declarada pelas Naes Unidas, como a Dcada Internacional para Reduo de Desastres Naturais (International Decade for Natural Disaster Reduction IDNDR), foi dedicada promoo de solues para reduo do risco decorrente de perigos naturais, fortalecendo os programas de preveno e reduo de acidentes naturais. Uma das aes derivada da IDNDR foi a implantao da Estratgia Internacional para Reduo de Desastres (International Strategy for Disaster Reduction ISDR), voltada para promover maiores envolvimentos e comprometimentos pblicos, disseminao de conhecimentos e parcerias para implementar medidas de reduo de riscos. Hoje, h um crescente reconhecimento que enquanto esforos humanitrios ainda so importantes e necessitam de ateno continuada, a avaliao e a mitigao dos riscos e das vulnerabilidades so fatores fundamentais a serem considerados na reduo dos impactos negativos dos perigos e desta maneira so essenciais para a implantao do desenvolvimento sustentvel (UN-ISDR, 2004). Uma das explicaes do grande desequilbrio entre preveno e resposta de urgncia, conforme observado por Veyret (2007), que as aes de reduo de riscos no oferecem a mesma visibilidade s polticas de organismos oficiais nacionais e internacionais, arrecadadores de fundos, em relao aos programas de atendimentos emergenciais, os quais normalmente tm grande exposio na mdia. Atualmente, as Naes Unidas por meio da ISDR, focam muito na questo da vulnerabilidade que um estado determinado pelas condies fsicas, sociais, econmicas e ambientais, as quais podem aumentar a suscetibilidade de uma comunidade ao impacto de eventos perigosos. Uma vez que o perigo de ocorrer um determinado desastre natural em geral, j conhecido e, muitas vezes inevitvel, o objetivo minimizar a exposio
Figura 1.2 - Distribuio dos tipos de desastres naturais no mundo, perodo 1900-2006 (Marcelino, 2007). Legenda: IN inundao, ES escorregamento, TE tempestades (furaces, tornados e vendavais), SE secas, TX temperatura extrema, IF incndios florestais; TR terremoto; VU - vulcanismo; RE - ressaca.
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ao perigo por meio do desenvolvimento de capacidades individuais, institucionais e da coletividade que possam contrapor-se aos perigos e aos danos. O papel da participao comunitria e da capacidade de enfrentamento da populao considerado elemento chave no entendimento do risco de desastre (UN-ISDR, 2004).
Figura 1.3 - Distribuio por regio dos desastres atendidos pela Defesa Civil Nacional (SEDEC, 2009).
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outras 60. Outro exemplo, sem danos, foi o abalo ssmico que atingiu a cidade de So Paulo no dia 22 de Abril de 2008, cujo epicentro (local de projeo na superfcie de origem) ocorreu no Oceano Atlntico a 215 km do municpio de So Vicente, e foi sentido tambm nos estados do Paran, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Dos estados brasileiros, o Cear o que tem registrado maior nmero de ocorrncias de sismos (Hansen et al. 2008). Seguindo a tendncia mundial, constata-se tambm no Brasil um crescimento significativo das ocorrncias de desastres naturais a partir de 1960, uma vez que do total de 289 ocorrncias registradas pelo EM-DAT, no perodo de 1900 a 2009 (at o 1 trimestre de 2009), em torno de 70% so posteriores a 1.960. Entretanto, os dados do EM-DAT para o Brasil esto longe da realidade, como j haviam observado Marcelino et al. (2006) que apontaram discrepncias nestes dados. Nos registros do EM-DAT constam 89 eventos para o Brasil, no perodo de 1980 a 2003, enquanto somente no Estado de Santa Catarina foram computados 3.373 desastres naturais no mesmo perodo. No banco de dados da Defesa Civil de Santa Catarina so registradas apenas as ocorrncias que levaram os municpios a decretarem Situao de Emergncia (SE) ou Estado de Calamidade Pblica (ECP), os quais so compatveis com os critrios do EM-DAT. Portanto, se forem considerados tambm os acidentes que envolvem danos menores, estes nmeros podem ser muito maiores. Este aumento na incidncia de desastres naturais considerado por diversos autores como consequncia do intenso processo de urbanizao verificado no pas nas ltimas dcadas, que levou ao crescimento desordenado das cidades em reas imprprias ocupao, devido s suas caractersticas geolgicas e geomorfolgicas desfavorveis. As intervenes antrpicas nestes terrenos, tais como, desmatamentos, cortes, aterros, alteraes nas drenagens, lanamento de lixo e construo de moradias, efetuadas, na sua maioria, sem a implantao de infraestrutura adequada, aumentam os perigos de instabilizao dos mesmos. Quando h um adensamento destas reas por moradias precrias, os desastres associados aos escorregamentos e inundaes assumem propores catastrficas causando grandes perdas econmicas e sociais (Fernandes et al, 2001; Carvalho e Galvo, 2006; Lopes, 2006; Tominaga, 2007). Este fato tambm corroborado por Maffra e Mazzola (2007) que observaram que no Brasil h uma estreita relao entre o avano da degradao ambiental, a intensidade do impacto dos desastres e o aumento da vulnerabilidade humana. Os municpios mais atingidos por desastres naturais localizam-se nos estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Esprito Santo, Santa Catarina, Paran, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraba e Cear (Kobiyama et al. 2006; Carvalho & Galvo 2006).
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Figura 1.4 - Suscetibilidade aos principais processos associados a desastres naturais no Estado de So Paulo. Fonte: fotos A, B, D e E Acervo IG; foto C Ney Ikeda (DAEE).
e Litoral Sul, por receberem mais chuvas do tipo frontal, que podem ser muito intensas e de longa durao, produzindo grandes volumes de escoamento superficial, atingem maior nmero de pessoas, entre desabrigados e desalojados. Alm disso, as caractersticas morfolgicas da bacia tambm favorecem a ocorrncia de grandes cheias. As inundaes nesta regio atingem vrios municpios, muitos dos quais j tiveram que decretar situao de emergncia ou estado de calamidade pblica (Ikeda & Bertagnoli, 2000). De acordo com informaes da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC, 2009), dos vinte e nove municpios paulistas que decretaram Situao de Emergncia, no primeiro semestre de 2009, sete (em torno de 25%) so da Regio do Vale do Ribeira. Por outro lado a Regio Metropolitana de So Paulo que, segundo dados da CEDEC, tem tido maior nmero de bitos em consequncia de enchentes e inundaes, provavelmente devido ao adensamento populacional, dentre outros fatores. Apesar de no se dispor ainda de um banco de dados de desastres naturais no Estado de So Paulo, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) iniciou em 2000, a organizao dos dados de atendimentos efetuados durante as Operaes Vero (vide Cap. 10), implantada anualmente, durante os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e maro. Assim, no perodo de 2000 a 2008, foram cadastrados pela CEDEC os atendimentos e vistorias emergenciais relacionados a acidentes diversos, incluindo escorregamentos, eroso,
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inundao e processos similares (enchentes, transbordamentos de rios, alagamentos), dentre outros (raios, chuvas fortes, vendavais, desabamentos de casas, etc). No intervalo de 2000 a 2008, foram registrados 1.861 acidentes, relacionados aos vrios tipos de fenmenos, sendo: em torno de 50% (944) de inundaes (incluindo enchentes e alagamentos), 19% (367) de escorregamentos, 4% (65) de raios, 27% (485) de acidentes diversos (chuvas fortes, vendavais, desabamentos de casas e muros, etc) (Figura 1.5). Os danos identificados referem-se a nmero de bitos (225 registros) e nmero de pessoas afetadas que envolvem desabrigados e desalojados(50.347 registros) (Figuras 1.6 e 1.7). A Regio do Alto Tiet que engloba a Regio Metropolitana de So Paulo apresentou, neste perodo, o maior nmero de acidentes (567) e de bitos (77). Em relao ao nmero de pessoas afetadas, a Regio do Ribeira de Iguape/Litoral Sul envolveu 18.327 pessoas, na maior parte em consequncia de inundaes (Brollo & Ferreira, 2009).
Figura 1.5 - Nmero e tipos de acidentes registrados no Estado de So Paulo, no perodo de 2000 a 2008 (CEDEC, 2009).
Figura 1.6 - Nmero de bitos registrados no Estado de So Paulo, no perodo de 2000 a 2008 (CEDEC, 2009).
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Figura 1.7 - Nmero de afetados (desabrigados/desalojados), no perodo de 2000 a 2008 (CEDEC, 2009).
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Bibliografia recomendada
CARVALHO, C. S. & GALVO, T. (Org) 2006. Preveno de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaborao de Polticas Municipais. Braslia: Ministrio das Cidades; Cities Alliance, 2006. CASTRO, A. L. C.1999. Manual de planejamento em defesa civil. Vol.1. Braslia: Ministrio da Integrao Nacional/ Departamento de Defesa Civil.133 p. KOBIYAMA, M.; MENDONA, M.; MORENO, D.A.; MARCELINO, I.P.V.O; MARCELINO, E.V.; GONALVES, E.F.; BRAZETTI, L.L.P.; GOERL, R.F.;MOLLERI, G.S.F.; RUDORFF, F.M. 2006. Preveno de Desastres Naturais: Conceitos Bsicos. Curitiba: Ed. Organic Trading. 109 p. Disponvel em: http://www.labhidro.ufsc.br/publicacoes.html MARCELINO, E. V. 2008. Desastres Naturais e Geoteconologias: Conceitos Bsicos. Caderno Didtico n 1. INPE/CRS, Santa Maria, 2008.
CAPTULO 2 ESCORREGAmENTOS
2.1. Introduo
Os escorregamentos, tambm conhecidos como deslizamentos, so processos de movimentos de massa envolvendo materiais que recobrem as superfcies das vertentes ou encostas, tais como solos, rochas e vegetao. Estes processos esto presentes nas regies montanhosas e serranas em vrias partes do mundo, principalmente naquelas onde predominam climas midos. No Brasil, so mais frequentes nas regies Sul, Sudeste e Nordeste. Os movimentos de massa consistem em importante processo natural que atua na dinmica das vertentes, fazendo parte da evoluo geomorfolgica em regies serranas. Entretanto, o crescimento da ocupao urbana indiscriminada em reas desfavorveis, sem o adequado planejamento do uso do solo e sem a adoo de tcnicas adequadas de estabilizao, est disseminando a ocorrncia de acidentes associados a estes processos, que muitas vezes atingem dimenses de desastres (Tominaga, 2007). Movimento de massa o movimento do solo, rocha e/ou vegetao ao longo da vertente sob a ao direta da gravidade. A contribuio de outro meio, como gua ou gelo se d pela reduo da resistncia dos materiais de vertente e/ou pela induo do comportamento plstico e fluido dos solos.
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Tabela 2.1. Principais tipos de movimentos de massa em encostas (Augusto Filho, 1992).
Processos Dinmica/Geometria/Material vrios planos de deslocamento (internos) velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a profundidade movimentos constantes, sazonais ou intermitentes solo, depsitos, rocha alterada/fraturada geometria indefinida poucos planos de deslocamento (externos) velocidades mdias (m/h) a altas (m/s) pequenos a grandes volumes de material geometria e materiais variveis: Planares solos pouco espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza; Circulares solos espessos homogneos e rochas muito fraturadas Em cunha solos e rochas com dois planos de fraqueza sem planos de deslocamento movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado velocidades muito altas (vrios m/s) material rochoso pequenos a mdios volumes geometria varivel: lascas, placas, blocos, etc. Rolamento de mataco Tombamento muitas superfcies de deslocamento movimento semelhante ao de um lquido viscoso desenvolvimento ao longo das drenagens velocidades mdias a altas mobilizao de solo, rocha, detritos e gua grandes volumes de material extenso raio de alcance, mesmo em reas planas
Rastejos
Escorregamentos
Quedas
Corridas
2.2.1. Escorregamentos
Dentre os processos de movimentos de massa, os mais frequentes na regio sudeste do Brasil e principalmente na Serra do Mar, so os escorregamentos. O termo escorregamento tem diversos sinnimos de uso mais generalizado na linguagem popular como deslizamento, queda de barreira, desbarrancamento, os quais equivalem ao landslide da lngua inglesa. Escorregamentos so movimentos rpidos, de pores de terrenos (solos e rochas), com volumes definidos, deslocando-se sob ao da gravidade, para baixo e para fora do talude ou da vertente. Em termos gerais, um escorregamento ocorre quando a relao entre a resistncia ao cisalhamento do material e a tenso de cisalhamento na superfcie potencial de movimentao decresce at atingir uma unidade, no momento do escorregamento (Guidicini & Nieble, 1984). Ou seja, no momento em que a fora gravitacional vence o atrito interno das partculas, responsvel pela estabilidade, a massa de solo movimenta-se
Escorregamentos
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encosta abaixo. Normalmente, a infiltrao de gua no macio de solo provoca a diminuio ou perda total do atrito entre as partculas. Quando o solo atinge o estado de saturao com perda total do atrito entre as partculas, em processo conhecido como solifluxo, passa a se mobilizar encosta abaixo, formando os movimentos de escoamento do tipo corridas. A velocidade do movimento depende da inclinao da superfcie de escorregamento, da causa inicial de movimentao e da natureza do terreno. Variam de quase zero a alguns metros por segundo. Os movimentos mais bruscos ocorrem em terrenos relativamente homogneos, que combinam coeso com atrito interno elevado. Nestes terrenos a superfcie de escorregamento mais inclinada (Guidicini & Nieble, 1984). Levando em considerao a geometria e a natureza dos materiais instabilizados, os escorregamentos podem ser subdivididos em trs tipos: escorregamentos rotacionais ou circulares, escorregamentos translacionais ou planares e escorregamentos em cunha.
Figura 2.1 - (a) Esquema de escorregamento rotacional. Fonte: Lopes (2006). (b) Escorregamento rotacional em Jaragu do Sul, SC, dez.2008. Fonte: Acervo IG.
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Figura 2.2 - Escorregamento rotacional do grande acidente do Monte Serrat, em Santos (1928), com 80 mortes e destruio de parte da antiga Santa Casa. Fonte: Arquivo e Memria de Santos, P. M. de Santos.
Escorregamentos
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a b
Figura 2.3 - (a) Esquema de escorregamento planar ou translacional de solos. Escorregamentos planares em: (b) Campo Limpo Paulista (2009); (c) Vrzea Paulista (2006) e (d) Nova Lima, MG. Fonte: a, b e c: Acervo IG; d: Giovana Parizzi.
fragmentos de tamanhos variados envolvidos em matriz terrosa, provenientes do mesmo processo de acumulao. Os escorregamentos translacionais, em geral, ocorrem durante ou logo aps perodos de chuvas intensas. comum que a superfcie de ruptura coincida com a interface solo-rocha, a qual representa uma importante descontinuidade mecnica e hidrolgica. A ao da gua nestes movimentos mais superficial e as rupturas ocorrem em curto espao de tempo, devido ao rpido aumento da umidade durante eventos pluviomtricos de alta intensidade (Fernandes & Amaral, 1996). No Brasil, so frequentes os casos de escorregamentos translacionais, principalmente na Serra do Mar, como os ocorridos nas Serras de Caraguatatuba e das Araras em 1967. Em perfis de alterao como os da Serra do Mar, estes movimentos no transportam apenas materiais terrosos, mas envolvem tambm blocos rochosos mais ou menos alterados.
Escorregamentos em cunha
Os escorregamentos em cunha tm ocorrncia mais restrita s regies que apresentam um relevo fortemente controlado por estruturas geolgicas. So associados aos macios rochosos pouco ou muito alterados, nos quais a existncia de duas estruturas planares, desfavorveis estabilidade, condiciona o deslocamento de um prisma ao longo
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do eixo de interseco destes planos. Ocorrem principalmente em taludes de corte ou em encostas que sofreram algum tipo de desconfinamento, natural ou antrpico (Infanti Jr. & Fornasari Filho, 1998) (Figuras 2.4 e 2.5).
Figura 2.5 - Escorregamento em cunha em: (a) Quartizito em Rio Acima, MG; (b) Talude de filito alternado com quartzito da Formao Cercadinho em Belo Horizonte, MG. Fonte Parizzi, 2004.
Figura 2.6 - Queda de blocos rochosos em Santos, 1992 e 2009. Fonte: Acervo IG.
Escorregamentos
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2.2.3. Corridas
Corridas so formas rpidas de escoamento de carter essencialmente hidrodinmico, ocasionadas pela perda de atrito interno das partculas de solo, em virtude da destruio de sua estrutura interna, na presena de excesso de gua. Estes movimentos so gerados a partir de grande aporte de materiais como solo, rocha e rvores que, ao atingirem as drenagens, formam uma massa de elevada densidade e viscosidade. A massa deslocada pode atingir grandes distncias com extrema rapidez, mesmo em reas pouco inclinadas, com consequncias destrutivas muito maiores que os escorregamentos (Guidicini & Nieble, 1984; Fernandes & Amaral, 1996; Lopes, 2006) (Figuras 2.7 e 2.8).
Figura 2.7 - (a) Esquema de corrida detrtica (Fonte: Lopes, 2006). (b) Corrida detrtica no Morro do Ba, SC, dez.2008. Fonte: Acervo IG.
Figura 2.8 - Diversidade de materiais transportados pelos processos de corridas de detritos nos desastres que assolaram o Estado de Santa Catarina em novembro de 2008, no municpio de Ilhota (Brao do Ba). Fonte: Acervo IG.
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2.2.4. Rastejos
Rastejos so movimentos lentos e contnuos de material de encostas com limites indefinidos. Envolvem, muitas vezes, grandes volumes de solos, sem que apresente uma diferenciao visvel entre o material em movimento e o estacionrio. A causa da movimentao nos rastejos a ao da gravidade, associada tambm aos efeitos das variaes de temperatura e umidade. O processo de expanso e contrao da massa de material, devido variao trmica, provoca o movimento, vertente abaixo.
Escorregamentos
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Figura 2.9 - (a) Esquema ilustrando rupturas de terreno devido ao da gua das chuvas (Modificado de IPT/ Min. das Cidades, 2004); (b) Escorregamento de talude de corte causado pela saturao do solo aps chuvas, agravado pelo lanamento de guas pluviais (canaletas brancas), Osasco, SP, 2006. Fonte: Acervo IG.
Ao analisarem os escorregamentos ocorridos por um perodo de 30 anos na Serra do Mar, em Cubato, Tatizana et al. (1987) estabeleceram uma correlao numrica entre a chuva acumulada que ocasiona a saturao do solo e as precipitaes horrias que provocam os escorregamentos. Os autores consideraram que as chuvas acumuladas de 4 dias seriam as mais efetivas na preparao do terreno ao processo de escorregamento, devido progressiva reduo da resistncia ao cisalhamento e aumento das foras solicitantes. O comportamento pluvial no Litoral Norte do Estado de So Paulo durante as ocorrncias de movimentos de massa no perodo de 1991 a 2000, foi analisado por Tavares et al. (2004) que consideraram os totais acumulados de chuva associados s instabilizaes. Estes autores concluram que a maior parte das ocorrncias de movimentos de massa, em torno de 70%, foi registrada com chuva acumulada igual ou superior a 120 mm em 72 horas. Verificaram tambm que os meses de fevereiro e maro, que normalmente correspondem ao perodo mais chuvoso do ano, registraram o maior nmero de ocorrncias de movimentos de massa. A ao do homem vista por diversos autores como importante agente modificador da dinmica natural do relevo e, por conseguinte, da estabilidade das vertentes. A ocupao desordenada das vertentes nas regies serranas brasileiras tem provocado inmeros acidentes. De acordo com Fernandes & Amaral (1996) as metrpoles brasileiras convivem com acentuada incidncia de escorregamentos induzidos por cortes para implantao de moradias e vias de acesso, desmatamentos, atividades de minerao, lanamento de guas servidas e de lixo, causando expressivos danos (Figura 2.10). No grande acidente ocorrido em Petrpolis (RJ) em 1988 que resultou em 171 mortes, Nunes et al. (1990) e Nakazawa & Cerri (1990) verificaram que mais de 90% dos escorregamentos foram induzidos pela ocupao desordenada das encostas do municpio. Fernandes et al. (1999), analisando o processo de ocupao no Macio da Tijuca (RJ), verificaram que cerca de 50% dos 242 escorregamentos existentes no macio
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Figura 2.10 - (a) Esquema ilustrativo de escorregamento induzido em talude de corte; (b) escorregamento em talude de corte, Jandira, SP (2009). Fonte: Acervo IG.
ocorreram em favelas, que cobrem somente 4,6% da rea total do macio. Os autores explicam que esta elevada frequncia de escorregamentos est intimamente relacionada ao aumento de intervenes com cortes para a construo de moradias precrias em encostas ngremes situadas no sop de afloramentos rochosos. Dentre os fenmenos envolvidos em desastres naturais no Brasil, os escorregamentos tm sido responsveis por maior nmero de vtimas fatais e importantes prejuzos materiais, com destaque para os desastres ocorridos em 1967, na Serra das Araras (RJ) e Caraguatatuba (SP), que resultaram em 1.320 mortes e destruio de centenas de edificaes (Augusto Filho, 1994). A Figura 2.11 mostra a distribuio anual de mortes por escorregamentos no Brasil no perodo de 1988 a 2008, cujo total atingiu 1.861 bitos.
Figura 2.11 - Distribuio anual do nmero de mortes por escorregamentos no Brasil no perodo de 1988 a 2008. Fonte: IPT, 2009.
Escorregamentos
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Os escorregamentos e demais movimentos de massa so processos que dependem de vrios fatores ambientais que atuam naturalmente na evoluo das formas de relevo de morros e serras. Entretanto, nos ltimos anos, o expressivo aumento do nmero de acidentes associados a escorregamentos nas encostas urbanas tem como principal causa a ocupao desordenada de reas com alta suscetibilidade a escorregamentos (Figura 2.12). Os estados brasileiros mais afetados so: Santa Catarina, Paran, So Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Esprito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraba (Kobiyama et al. 2006).
Figura 2.12 - Exemplos de situaes que devem ser evitadas: (a) construo de moradias muito prximas ao talude de corte em Jaragu do Sul, SC, 2008; (b) moradias na crista de talude com altura e inclinao excessiva em Osasco, 2006; (c) construo em margens de crregos em Itapeva, 2007; (d) lanamento e acmulo de lixo no talude ou encosta em So Bernardo, 2005. Fonte: Acervo IG.
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custo, tais como obras de conteno de taludes, implantao de sistemas de drenagem, reurbanizao de reas. Quanto s medidas no estruturais, estas se referem s aes de polticas pblicas voltadas ao planejamento do uso do solo e ao gerenciamento, como o zoneamento geoambiental, planos preventivos de defesa civil, educao ambiental (Kobiyama et al. 2006; Vedovello & Macedo 2007). Estas medidas esto melhor detalhadas nos captulos 9 e 10 (Anlise e Mapeamento de Risco e Gerenciamento de Desastres). Entretanto, alm destas h outras medidas que podem ser adotadas tanto pelos moradores quanto pelas equipes de defesa civil municipais (Kobiyama et al. op.cit): Como prevenir Evitar construir em encostas muito ngremes e prximos de cursos dgua; No realizar cortes em encostas sem licena da Prefeitura, pois isto aumenta a declividade e contribui para a instabilizao do talude; Buscar informaes junto a rgos municipais, estaduais e federais, sobre ocorrncias de escorregamentos na sua regio, lembrando que os tcnicos locais so os mais indicados para avaliar o perigo potencial; Solicitar s prefeituras estudos sobre a regio, alm de planos de controle e de monitoramento das reas de risco; Promover junto a comunidade, aes preventivas para aumento da segurana em relao a escorregamentos; No desmatar as encostas dos morros; No lanar lixo ou entulho nas encostas e drenagens, pois eles retm a gua das chuvas aumentando o peso e causando instabilizaes no terreno; Verificar a estrutura de sua casa, muros e terrenos, observando se aparecem rachaduras e fissuras que podem ser indicativos de movimentaes do terreno com possibilidade de evoluir para a ruptura e queda da moradia. Neste caso deve-se procurar um tcnico competente ou a defesa civil local para fazer uma avaliao urgente; Acompanhar os boletins meteorolgicos e as notcias de rdio e TV de sua regio. Em geral, os escorregamentos so desencadeados por chuvas intensas.
Bibliografia recomendada
CARVALHO, C. S. & GALVO, T. (Org) 2006. Preveno de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaborao de Polticas Municipais. Braslia: Ministrio das Cidades; Cities Alliance, 2006. FERNANDES, N. F. & AMARAL, C. P. 1996. Movimentos de massa: uma abordagem geolgicogeomorfolgica. In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand, Rio de Janeiro. p. 123-194.
Figura 3.1 - Perfil esquemtico do processo de enchente e inundao (Fonte: Min. Cidades/IPT, 2007).
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A enxurrada definida como o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou no estar associado a reas de domnio dos processos fluviais. comum a ocorrncia de enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos dgua com alto gradiente hidrulico e em terrenos com alta declividade natural. Inundao representa o transbordamento das guas de um curso dgua, atingindo a plancie de inundao ou rea de vrzea. As enchentes ou cheias so definidas pela elevao do nvel dgua no canal de drenagem devido ao aumento da vazo, atingindo a cota mxima do canal, porm, sem extravasar. O alagamento um acmulo momentneo de guas em determinados locais por deficincia no sistema de drenagem. A enxurrada escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou no estar associado a reas de domnio dos processos fluviais. Fonte: Min. Cidades/IPT (2007) O banco de dados Emergency Database - EM-DAT (OFDA/CRED, 2009), uma compilao de dados e informaes sobre a ocorrncia de desastres obtidos de diversas fontes, como agncias das Naes Unidas, organizaes no governamentais, companhias de seguros, institutos de pesquisa e agncias de notcias. No EM-DAT, o Brasil classificado como um dos pases do mundo mais afetados por inundaes e enchentes (Figura 3.2), com mais de 60 desastres cadastrados no perodo de 1974 a 2003. A Tabela 3.1 apresenta as estatsticas histricas de desastres causados por inundaes e enchentes cadastrados no Brasil, da dcada de 1940 at a atualidade. Tabela 3.1. Registros de Inundaes no Brasil no perodo de 1940 a 2008 (Fonte: EMDAT/OFDA/CRED 2009)
Perodo 1990-1999 1970-1979 1980-1989 2000-2008 N de Eventos 20 11 2 23 27 N de Mortes 386 776 N de Afetados (Desabrigados/Desalojados) 2.466.592 8.789.613 825.986 -* -* 317.793
1940-1949
* sem registro
1950-1959
1960-1969
13 1
2.902.371
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Figura 3.2 - N de ocorrncias de desastres relacionados s inundaes e enchentes registradas no Brasil no perodo entre 1974 e 2003. Fonte: EM-DAT/OFDA/CRED 2009.
Em 2008, o relatrio anual de estatsticas de desastres da OFDA/CRED aponta o Brasil em 10 lugar entre os pases do mundo com maior nmero de vtimas relacionadas aos Desastres Naturais. Foram 1,8 milhes de pessoas, todas afetadas por desastres hidrolgicos, que englobam inundaes, enchentes e movimentos de massa. (OFDA/CRED, 2009) Em relao aos impactos econmicos causados pelos desastres, o Brasil est em 7 lugar, com cerca de US$ 1 bilho em prejuzos em 2008 (Figura 3.3).
Figura 3.3 - N de Vtimas e danos econmicos dos Desastres Naturais em 2008 (listagem dos 10 pases mais afetados). Fonte: EM-DAT/OFDA/CRED 2009
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Para Marcelino (2007), as inundaes representam cerca de 60% dos desastres naturais ocorridos no Brasil no sculo XX (Figura 3.4). Deste total de desastres registrados no pas, 40% ocorreram na regio Sudeste.
Legenda: IN Inundaes; Es Escorregamentos; TE Tempestades (Furaces, Tornados e Vendavais); SE Secas; TX Temperatura Extrema; IF Incndios Florestais; TR Terremoto. Figura 3.4 - Tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil entre 1900 e 2006. Fonte: Marcelino (2007)
No Estado de So Paulo, os eventos de inundao, enchentes e alagamentos representaram cerca de 60% dos atendimentos realizados pela Coordenadoria de Defesa Civil Estadual (CEDEC) no perodo entre 2000 e 2008, conforme representado na Figura 3.5. Do total de eventos registrados neste perodo relacionados inundao, enchentes e alagamentos (944 eventos), cerca de 40% ocorreram na UGRHI (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hdricos) Alto Tiet, que agrega a maioria dos municpios da Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP). Este resultado pode ser explicado, em grande parte, pelo fato de que a RMSP tem alta taxa de impermeabilizao do solo, alm de modificaes estruturais nos cursos dgua, como retificaes, canalizaes, entre outras.
Figura 3.5 - Proporo entre os eventos relacionados inundao, enchentes e alagamentos e os demais atendimentos realizados pela Coordenadoria de Defesa Civil Estadual (CEDEC) em Municpios do Estado de So Paulo, no perodo de 2000 a 2008. Fonte dos Dados: CEDEC (2009)
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Figura 3.6 - guas ocupam a plancie de inundao do Rio Itaja (SC), em 2008. Foto: Acervo IG.
Figura 3.7 - Residncia localizada na plancie de inundao do Rio Ribeira de Iguape (SP), atingida pelas guas em 2005 Foto: Ney Ikeda (DAEE).
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Figura 3.8 - guas ocupam a plancie de inundao do Rio Ribeira de Iguape (SP), em 2005. Foto: Ney Ikeda (DAEE).
Figura 3.9 - Diferenas entre inundao gradual e brusca (Kobiyama et al. 2006).
d) intenso processo de eroso dos solos e de assoreamento dos cursos dgua. As grandes cidades, particularmente as Regies Metropolitanas, apresentam graves problemas com inundaes decorrentes da ocupao das margens dos cursos dgua por pessoas de baixa renda, como a perda de vidas e de bens materiais (Figuras 3.10, 3.11 e 3.12). A ocupao dessas reas marginais pelo homem deve ser orientada pelo disposto na legislao brasileira, em especial nas Leis Federais n 4.771/65 (Cdigo Florestal) e n 6.766/79 (Parcelamento do Solo Urbano). A disposio inadequada de lixo e entulho nas proximidades dos cursos d guas (Fig. 3.13), acentua esses problemas. A impermeabilizao dos solos pelo asfalto impede a infiltrao e responsvel pelo aumento da velocidade do escoamento superficial. As retificaes, as canalizaes e o assoreamento tambm alteram a dinmica da vazo dos cursos dgua. Com a eliminao dos meandros (curvas) existentes em alguns cursos d gua, que reduzem gradualmente a velocidade da gua, ocorre a concentrao do fluxo em pouco tempo, e gera as chamadas inundaes relmpagos. A ONU (Organizao das Naes Unidas) recomenda uma taxa de rea verde por habitante da ordem de 12 m/hab. Considerando a rea urbanizada do municpio de So Paulo, essa taxa de 3,59 m/hab de reas verdes pblicas, e de 5,52 m/hab incluindo as reas verdes particulares (gramados, arborizao de quintais e caladas) (Ross, 2001). Dessa forma, a conjugao dos condicionantes acima listados, aliados a alta densidade populacional das plancies, um nico evento pode causar danos extensos em relao ao nmero de pessoas afetadas. O nmero de afetados relacionados aos processos de inundao, enchentes e alagamentos geralmente elevado, pois envolve efeitos diretos e indiretos. Dentre os efeitos diretos destacam-se as mortes por afogamento, destruio de moradias e danos materiais. Entre os efeitos indiretos destacam-se as doenas transmitidas por gua contaminada, como a leptospirose, a febre tifide, a hepatite e a clera (Min. Cidades/ IPT, 2007).
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Figura 3.10 - Construes irregulares em margens de crregos no Municpio de Po/SP, em 2006. Fotos: Acervo IG
Figura 3.11 - Construo em palafita sobre curso dgua no Municpio de Cotia/SP. Fotos: Acervo do IG (2006).
Figura 3.12 - Construes irregulares em margens de crregos no Municpio de Po/SP, em 2006. Fotos: Acervo IG
Figura 3.13 - Disposio de entulho e lixo em curso dgua no Municpio de Cotia/SP, em 2006. Fotos: Acervo IG.
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Figura 3.14 - Sequncia lgica na implementao de medidas para a reduo de perdas. (Fonte: modificado de Rodrigues et. al. 1997 apud Vestena 2008)
Como prevenir Antes de comprar um imvel ou terreno, verificar se o local no se encontra em rea de risco. A educao ambiental uma das mais importantes formas de evitar os problemas relacionados inundao e enchentes. Deve-se respeitar a legislao de reas de Proteo Permanente (APPs) e no depositar lixo e resduos slidos no sistema de drenagem. A informao essencial segurana: em caso de chuvas fortes por muitos dias ou horas seguidas, acompanhar o noticirio e os boletins meteorolgicos. desaconselhvel o deslocamento por locais alagados ou inundados, seja a p, a nado ou no carro. H o risco de contrair doenas, afogamento ou de ser atingido por choque eltrico. Fonte: modificado de Kobiyama et. al. (2006)
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Defesa Civil, Prefeitura Municipal ou aos moradores antigos da rea. Da mesma forma, a ocupao em reas de risco deve ser denunciada aos rgos competentes pela fiscalizao. Deve-se verificar a existncia de abrigos em reas elevadas para o caso de ocorrer uma emergncia com necessidade de alojamento de desabrigados. De acordo com a legislao no permitido construir em plancies de inundao, que so reas de Proteo Permanente APPs. Estas reas so sujeitas a inundaes peridicas, devido dinmica natural dos cursos dgua. importante que o Municpio fiscalize estas reas de forma a no permitir a ocupao, bem como manter a funo de permeabilidade e reteno de sedimentos em direo ao curso d gua. Os planos diretores municipais tambm constituem um instrumento restritivo ocupao destas reas. Quando incorporados por um mapeamento de reas de risco (escorregamento, inundao e eroso), estes planos permitem melhor gesto de aes estruturais e no estruturais na preveno e de desastres, como exemplificado na Figura 3.15. A educao ambiental outro instrumento muito importante. A populao deve ter conscincia de que a disposio inadequada de lixo e entulho causa problemas no sistema de drenagem e na vazo dos rios, causando alagamentos, enchentes e inundaes. Em casos de chuva forte por muitos dias ou horas seguidas, a populao deve ficar alerta ao nvel da gua nos rios, acompanhando boletins meteorolgicos e noticirios de sua regio.
Figura 3.15 - Exemplo de delimitao de rea de risco inundao no Municpio de Po (A8/S2/R4: rea 8, Setor 2 e Risco 4 Muito Alto) (Fonte: IG, 2006).
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Se as guas comearem a invadir as moradias e no for possvel sair, devese permanecer na parte mais alta e segura da casa. Da mesma forma deve-se colocar alimentos e objetos de valor em locais elevados para que no tenham contato com a gua. importante desligar a energia eltrica.
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entanto, na maioria das grandes cidades, essa impermeabilizao j ocorreu. Desta forma, necessrio que os rgos gestores empreguem medidas alternativas para dissipar os problemas anunciados. Na Regio Metropolitana de So Paulo uma das solues mais adotadas tem sido a construo de piscines, que funcionam como reservatrios temporrios em perodos de inundaes. No entanto, tem como desvantagem o custo de construo e manuteno. A realizao de estudos climticos auxilia no processo decisrio sobre medidas estruturais a serem implantadas, na determinao de cotas de risco e no tempo de retorno, que essencial e deve ser executada de forma sistemtica nos municpios com problemas de inundao (Pinheiro, 2007). De qualquer forma, as aes governamentais e as pesquisas de novas solues para os problemas devem ser integradas e incluem o planejamento de novas reas de expanso urbana, a preservao e recuperao de reas de proteo permanente, a reteno e conservao da gua ao longo das vertentes (aumento da permeabilidade do solo) e a educao ambiental. Gonalves e Borges (2007) fizeram uma coletnea de propostas alternativas para os problemas de hidrologia urbana de forma a minimizar os efeitos das inundaes em
Figura 3.16 - Coleta in situ: sistema de losangos. Figura 3.17 - Pequenas bacias de reteno de gua. (Agostinho, 2001 apud Gonalves e Borges, 2007) (Agostinho, 2001 apud Gonalves e Borges, 2007)
Figura 3.18 - Exemplos de aplicao de microdrenagem. (Agostinho, 2001 apud Gonalves e Borges, 2007)
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reas densamente ocupadas. No entanto, como o espao nas reas urbanas metropolitanas est amplamente impermeabilizado, as solues passam por pequenas contribuies para a infiltrao, em cada terreno, praa e rea verde, conforme as Figuras 3.16 a 3.18.
Bibliografia recomendada
CANHOLI, A.P. Drenagem urbana e controle de enchentes. So Paulo: Oficina de Textos, 2005, 302 p. TUCCI, C.E.M. Controle de enchentes. In: Hidrologia Cincia e Aplicao. Porto Alegre: ABRH- Editora UFRGS, 3 ed., 2002, p. 621-58.
etimologicamente, a palavra booroca provm do tupi-guarani ibi-oroc, e tem o significado de terra rasgada, ou ento de mba-orogca, traduzvel por coisa rasgada, Santoro, 1991.
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Eroso laminar acontece quando a gua escoa uniformemente pela superfcie do terreno, transportando as partculas de solo, sem formar canais definidos (Figura 4.3). Apesar de ser uma forma mais amena de eroso, responsvel por grandes prejuzos s terras agrcolas e pelo fornecimento de grande quantidade de sedimentos que assoreiam rios, lagos e represas. A eroso linear aquela causada pela concentrao do escoamento superficial e de fluxos dgua em forma de filetes. Sua evoluo d origem a trs tipos diferentes de eroso:
Sulco - um tipo de eroso no qual o fluxo dgua ao atingir maior volume transporta maior quantidade de partculas, formando incises na superfcie de at 0,5 m de profundidade e perpendiculares s curvas de nvel; Ravinas - so formas erosivas lineares com profundidade maior que 0,5 m, neste caso as guas do escoamento superficial escavam o solo at seus horizontes inferiores; possuem forma retilnea, alongada e estreita;
Booroca - a forma mais complexa de eroso linear, neste caso ocorre o aprofundamento da eroso at atingir o nvel fretico que aflora no fundo do canal. H, ento, ao combinada das guas do escoamento superficial e subterrneo, o que condiciona uma evoluo da eroso lateral e longitudinalmente
Clima
Dos fatores climticos, o mais importante , sem dvida, a precipitao. A principal influncia da precipitao no processo erosivo no considerada apenas pela quantidade anual de chuva, mas principalmente pela distribuio das chuvas durante o ano, mais ou menos regular, no tempo e no espao, e sua intensidade (Santoro, 1991).
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Figura 4.1 - Modelo de evoluo de boorocas: (I) booroca conectada rede hidrogrfica; (II) booroca desconectada da rede hidrogrfica; (III) integrao entre os dois tipos anteriores. A seta na figura III aponta para o degrau formado no momento da integrao. (Fonte: Oliveira, 1989, modificado).
Figura 4.2 - Processo erosivo na forma de booroca, na cidade de Rancharia - SP. (Fonte: Arquivo IG, 2001)
Figura 4.3 - Eroso laminar em solo arenoso. (Fonte: Weill & Pires Neto, 2007).
Assim, nas regies de precipitao abundante e regularmente distribuda, h geralmente a formao de solos profundos e permeveis que resistem bem eroso. Nestes solos desenvolvem-se florestas mais densas que os protegem totalmente do impacto das chuvas e retm facilmente os materiais removidos pelo escoamento superficial. Nas regies em que as chuvas so mal distribudas, havendo um perodo seco, como acontece nas regies subtropicais, onde se encontra a maior parte da rea cultivada
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do Brasil, bastante desastrosa a ao das chuvas da primavera e do vero, que encontram o solo desprotegido pelos cultivos, provocando bastante eroso. No Estado de So Paulo, as chuvas mais intensas acontecem no vero. Neste perodo do ano, em que so freqentes os temporais e pancadas de chuvas fortes, ocorre uma acelerao dos processos erosivos. reas desprotegidas desenvolvem eroso laminar e em sulcos. Ravinas e boorocas avanam rapidamente, podendo gerar situaes de risco ao atingirem reas urbanas, com danos a moradias e vias de acesso.
Cobertura vegetal
A cobertura vegetal a defesa natural de um terreno contra os processos erosivos. Entre os principais efeitos da cobertura vegetal na proteo do solo, Bertoni & Lombardi Neto (1990), destacam os seguintes: proteo do solo contra o impacto das gotas de chuva; disperso e interceptao das gotas dgua antes que esta atinja o solo; ao das razes das plantas, formando poros e canais que aumentam a infiltrao da gua; ao da matria orgnica que incorporada ao solo melhora sua estrutura e aumenta sua capacidade de reteno de gua; diminuio da energia do escoamento superficial devido ao atrito na superfcie. As gotas de chuva ao carem sobre a cobertura vegetal, so interceptadas pelas folhas, dividindo-se em diversas gotas menores, diminuindo, assim, seu impacto ao cair no solo. A vegetao tambm facilita a evaporao das gotas, antes destas chegarem ao solo. Na situao de um terreno descoberto, o impacto das gotas faz as partculas dos solos se desprenderem e serem facilmente transportadas pelo escoamento superficial, que por sua vez facilitado devido falta do atrito da vegetao no terreno, agravando a eroso. Alm disso, a vegetao, ao se decompor, adiciona matria orgnica e hmus, melhorando a porosidade e a capacidade de reteno de gua no solo (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).
Relevo
Os fatores associados ao relevo que interferem nos processos erosivos so principalmente os relativos declividade dos terrenos, s formas das vertentes (encostas) e extenso da vertente. A declividade tem influncia decisiva na intensidade da eroso. A relao entre o aumento da declividade e o incremento da eroso, de acordo com as normas de conservao do solo, constitui, para certos terrenos, fator limitante da agricultura. Duley & Hays (apud Ayres,1976), em experincias feitas em estufas e no campo, observaram que o escoamento aumenta rapidamente entre 0 e 3% de declive e, da em diante, o seu aumento relativamente menor para cada 1% de acrscimo na declividade. O aumento da declividade de uma vertente provoca o aumento da velocidade do escoamento superficial e, como consequncia, cresce tambm a sua capacidade erosiva,
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passando a retirar do solo, partculas e materiais mais grosseiros que a argila e o silte. De acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1990), o volume e a velocidade das enxurradas dependem diretamente do grau de declive da vertente. Por exemplo, se o declive do terreno aumenta quatro vezes, a velocidade do fluxo do escoamento superficial aumenta duas vezes e a capacidade erosiva quadruplica. A extenso da vertente ou comprimento da rampa tambm um fator importante, pois medida que aumenta a distncia percorrida pelo fluxo, h um acrscimo no volume de gua, bem como um aumento progressivo da velocidade de escoamento. Assim, quanto maior o comprimento de rampa, maior o volume da enxurrada, que, por sua vez, provoca aumento da energia cintica, resultando em maior eroso (Bertoni & Lombardi Neto, 1990). Quando se considera a forma da encosta, observa-se que as vertentes com formas cncavas, por serem concentradoras do escoamento superficial, so as mais estreitamente relacionadas formao de boorocas. Em estudo na Depresso Perifrica Paulista, abrangendo a regio de Casa Branca, Piracicaba, Rio Claro, So Pedro e Itirapina, OkaFiori & Soares (1976), verificaram que 95% das boorocas se desenvolviam em encostas cncavas (Santoro, 1991).
Tipos de solos
As variveis fsicas do solo, principalmente textura, estrutura, permeabilidade, profundidade e densidade, e as caractersticas qumicas, biolgicas e mineralgicas, exercem diferentes influncias na eroso, ao conferir maior ou menor resistncia ao das guas. A profundidade do solo tem grande influncia na evoluo da infiltrao da gua. Nos solos pouco profundos, de acordo com sua permeabilidade, a gua encontra uma barreira intransponvel na rocha matriz que ocorre a pequena profundidade, a qual sendo impermevel far com que a gua se acumule no perfil, saturando-o rapidamente. Isto permitir o rpido aumento do escoamento superficial tendo, como consequncia, o incremento da ao erosiva da chuva. Os solos profundos, com textura mais ou menos homognea em todo o seu perfil e com alta permeabilidade, no so facilmente saturados, mesmo em face de precipitaes intensas. Estes solos so, portanto, menos sujeitos eroso. H solos, entretanto, que apresentam uma variao muito intensa de textura nas diferentes camadas de seus perfis. Isto acarreta diferenas nas velocidades de infiltrao a diversas profundidades, o que poder torn-los facilmente erodveis. A permeabilidade, segundo Rubia & Blasco (apud Braun,1961), um fator importante no processo erosivo. Baixas permeabilidades acarretam aumento do escoamento superficial. No entanto, uma permeabilidade muito elevada pode ter tambm um efeito prejudicial, pois causa percolao excessiva provocando a eroso vertical, que a lixiviao (transporte) das partculas menores do solo para as camadas inferiores. A estrutura do solo de acordo com o grau de estabilidade que possui, isto , a maior ou menor facilidade de formar agregados estveis, tem importante influncia na erodibilidade de um determinado solo. Isto depende da quantidade de argila, hmus e outros elementos coloidais presentes no solo.
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A erodibilidade indica o potencial ou o grau de facilidade com que um determinado solo pode ser erodido, uma caracterstica intrnseca do solo. Solos mais arenosos, em geral, so mais facilmente erodidos que os solos argilosos. Assim, o conjunto das caractersticas dos solos, que, em grande parte, depende da rocha de origem (substrato rochoso) e de sua evoluo ao longo do tempo, sob ao do clima e das formaes vegetais, determinam a suscetibilidade dos terrenos eroso.
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Figura 4.4 - Processo de assoreamento em drenagem em Americana, SP. (Fonte: Acervo IG, 1995).
por Weill & Pires Neto, 2007) responsvel por aproximadamente 55% dos quase dois bilhes de hectares de solos degradados no mundo. Alm da perda de solos, os processos erosivos causam outras consequncias, como por exemplo: limitao da expanso urbana, interrupo do trfego, transporte de substncias poluentes agregadas aos sedimentos, desenvolvimento de focos de doenas, e assoreamento das drenagens. A eroso laminar carrea os sedimentos mais finos e, apesar de ser uma forma mais amena de eroso, responsvel por graves prejuzos s terras agrcolas e por provocar grandes assoreamentos pelo transporte de sedimentos para rios, lagos e represas. Um dos mais graves impactos da eroso no meio ambiente, o assoreamento (Figura 4.4) altera as condies hidrulicas dos corpos dgua, provocando enchentes, diminuio da capacidade de armazenamento, destruio de ecossistemas devido ao carreamento de poluentes qumicos e prejuzos para o abastecimento e produo de energia (Salomo & Iwasa, 1995). Conforme visto anteriormente, a eroso pluvial linear provocada pela retirada de material da parte superficial do solo pelas guas de chuva. Esta ao acelerada quando a gua da chuva encontra o solo desprotegido de vegetao. O impacto das gotas dgua sobre o solo provoca a desagregao de seus torres, permitindo que o fluxo superficial transporte as partculas de solo (sedimentos) e os sais dissolvidos. As principais formas de eroso pluvial so: eroso laminar, sulcos, ravinas, e boorocas. As ravinas, que resultam da evoluo de sulcos erosivos, podem atingir rapidamente alguns metros de profundidade. Como seu avano muito rpido, acarreta graves prejuzos podendo levar a total destruio de grandes superfcies de terras agrcolas, se no for combatida a tempo (Figuras 4.5 e 4.6). So responsveis tambm pelo rpido assoreamento das vrzeas, dos leitos fluviais, lagos e represas, facilitando o transbordamento das guas de seus cursos e provocando inundaes. Com o aprofundamento do processo erosivo linear, as ravinas podem atingir o lenol fretico. Quando isto acontece, o fluxo natural da gua subterrnea passa a atuar como transportador das partculas, do fundo da ravina, solapando sua base e provocando o
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Figura 4.5 - Processo erosivo na forma de sulcos. (Fonte: Arte de Produzir gua, 2009)
Figura 4.6 - Processo erosivo na forma de ravina em Sumar, SP. (Fonte: Acervo IG, 1995)
desmoronamento da cabeceira, no processo conhecido como eroso remontante. A feio da resultante conhecida como booroca ou vossoroca (Figuras 4.7 e 4.8). O fenmeno de piping (eroso interna que provoca a remoo de partculas do interior do solo, formando tubos vazios), que provoca colapsos e escorregamentos laterais do terreno, alargando a booroca ou criando novos ramos, ocorre quando a booroca atinge o seu limite de profundidade e passa a interceptar o lenol fretico. Alm deste mecanismo, as surgncias dgua nos ps dos taludes da booroca provocam sua instabilizao e descalamento (Cunha & Guerra, 2000).
Figura 4.7 - Processo erosivo na forma de booroca na cidade de So Pedro, SP. (Fonte: Santoro, 2000).
Figura 4.8 - Moradias destrudas por processo erosivo, na forma de booroca, na cidade de Monte Alto-SP. (Fonte: Acervo IG, 2007).
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A booroca resulta desta complexa interao de fenmenos que se manifesta nas grandes dimenses deste tipo de eroso (at dezenas de metros de largura e profundidade, com vrias centenas de metros de comprimento) e na grande velocidade de avano. A rpida evoluo dos ramos ativos confere a esta forma de eroso, um alto potencial de destruio que pode atingir edificaes, estradas e obras pblicas (DAEE IPT, 1989). Estimativas recentes indicam que as perdas de solo, em reas ocupadas por lavouras e pastagens no Brasil, provocadas por processos erosivos, so da ordem de 822,7 milhes de toneladas anuais (Pruski, 2006). Os prejuzos com as perdas de nutrientes associadas so aproximadamente de 1,5 bilhes de dlares, alm de quase 3 bilhes de dlares em perdas na safra (reposio de nutrientes e queda de produtividade). Os custos dos impactos indiretos (tratamento da gua, recuperao da capacidade de reservatrios, manuteno de estradas, recarga de aquferos, irrigao, etc.) somam mais 1,31 bilhes de dlares anuais. Assim, estima-se que os prejuzos causados pela eroso no pas sejam de mais de 5 bilhes de dlares/ano (Pruski, 2006; Cooper, 2009). As reas localizadas no noroeste do Paran, Planalto Central, Oeste Paulista, Campanha Gacha, Tringulo Mineiro e mdio Vale do Paraba do Sul, so as mais crticas quanto incidncia de processos erosivos, e correspondem tambm, s reas que tm sido mais estudadas devido grande relevncia da perda de solo e reduo da produtividade (Botelho & Guerra, 2003). Como exemplo, em relao ao mdio Vale do Paraba do Sul, estima-se que mais de um milho de hectares esto com nveis de vulnerabilidade eroso alta a muito alta. Esses processos erosivos vm causando o assoreamento de forma acelerada do rio Paraba do Sul e reservatrios do sistema Light-Cedae. Destaca-se nesta regio, o municpio de Pinheiral (RJ), com aproximadamente 88% de suas terras classificadas de alta a muito alta vulnerabilidade. Neste trecho da Bacia do Paraba do Sul, registra-se a segunda maior produo de sedimentos, cerca de cinco toneladas/hectare/ano. Parte destes sedimentos (680.800 toneladas por ano) est sendo transportada para o sistema Light-Guandu, que recebe dois teros da gua do rio Paraba do Sul para gerao de energia e fornecimento de gua potvel. O rio Paraba do Sul, juntamente com o rio Guandu, so os principais responsveis pelo abastecimento de gua para mais de 9 milhes de pessoas no Grande Rio (CEIVAP, 2002). Para se ter uma idia da dimenso do problema, essa booroca de tamanho mdio que ocorre em Pinheiral (RJ), com cerca de 1000 m2 de rea, e profundidade mdia de 10 metros, resulta em 10.000 m3 de volume. Isso equivale ao longo do desenvolvimento da booroca a 2.000 caminhes de terra, e que tem os rios e riachos como destino (CEIVAP, Op. Cit.). Estudos de Castro (1991, citado por Weill & Pires Neto, 2007), estimaram as perdas de solo por eroso no Estado de So Paulo em aproximadamente 200 milhes de toneladas anuais. No mapeamento realizado pelo IPT (1997) foram registradas cerca de 750 eroses de grande porte em reas urbanas e 7000 distribudas em todo o Estado. As principais causas
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Figura 4.9 - Mapa de criticidade dos municpios do Estado de So Paulo quanto a processos erosivos (SMA, 2007)
para o desencadeamento desses processos erosivos esto relacionadas a solos com problemas geotcnicos, desmatamento e a falta de Planos Diretores de Drenagem Urbana que orientam a urbanizao. Esse diagnstico, ainda aponta que 183 municpios foram considerados de alta criticidade. As cidades de Bauru, Franca, Presidente Prudente, Marlia e So Jos do Rio Preto se destacaram por apresentar eroses de grande porte (Modaelli, et al, 2009). Os dados do Relatrio de Qualidade Ambiental do Estado de So Paulo de 2006 (SMA, 2007) apontaram que, cerca de 28% dos municpios do Oeste Paulista apresentou alta gravidade quanto ocorrncia de processos erosivos. A maioria dos municpios do Estado (55% do total) teve mdia gravidade e apenas 17% dos municpios paulistas (cerca de 110) foram considerados de baixa gravidade (Figura 4.9). Com base nas Unidades de Gerenciamento dos Recursos Hdricos, este Relatrio de Qualidade Ambiental forneceu dados relativos avaliao do impacto da eroso nos recursos hdricos. Foram consideradas de alta criticidade, as bacias situadas na regio Oeste do Estado de So Paulo, as quais correspondem s reas que apresentam a maior parte das terras com alta suscetibilidade eroso e onde se concentram tambm o maior nmero de feies erosivas lineares. Destacam-se como reas crticas, as UGRHIs TietJacar, Tiet-Batalha, Turvo-Grande, So Jos dos Dourados, Aguape, Peixe, Pontal do Paranapanema e Piracicaba, Capivari/Jundia. (SMA, 2007)
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A intensificao dos processos erosivos particularmente danosa para os recursos hdricos devido ao assoreamento de cursos dgua e de reservatrios. Um dos efeitos diretos do assoreamento a maior frequncia e intensidade de enchentes e inundaes causando grandes transtornos e prejuzos s populaes urbanas, principalmente aos moradores de reas prximas aos cursos dgua. A insuficincia das polticas pblicas voltadas para o atendimento das necessidades habitacionais e de saneamento ambiental, conduz a um aumento de moradias precrias, de desmatamento e de movimento de terras sem qualquer controle. A implantao das cidades paulistas, em sua maioria e especialmente na Regio do Oeste Paulista, nas reas mais altas das colinas ou prximas a divisores de gua, aceleram os processos erosivos. A instalao de conjuntos habitacionais e loteamentos em reas geotecnicamente inapropriadas, em encostas com altas declividades ou fundos de vales, tambm contribuem para o incremento dos processos erosivos. Assim, o controle da eroso em reas urbanas, tem sido realizado de diversas formas pelos poderes pblicos municipais e estadual, tanto de modo preventivo como corretivo, conforme descrito a seguir.
Aes preventivas
So aquelas de carter extensivo, contemplando grandes reas. Podem ser de natureza institucional, administrativa ou financeira, sendo adotadas espontaneamente ou por fora de legislao. Objetivam a convivncia com os riscos, reduzindo a magnitude dos processos e orientando a populao afetada. No geral no exigem a aplicao de vultosos recursos financeiros (PROIN/CAPES e UNESP/IGCE, 1999). As principais prticas de conservao para o controle de eroso baseiam-se nos princpios bsicos da manuteno de cobertura protetora superfcie do solo, aumento da infiltrao da gua no solo e o controle do escoamento superficial. Entre as principais medidas de controle de eroso destacam-se as coberturas vegetativas, como meio de proteger o solo do impacto das gotas de chuva e diminuir a ao da enxurrada. Outra prtica a que tem por finalidade melhorar ou corrigir aspectos de qualidade do solo, tais como calagem e adubao verde, refletindo na densidade da cobertura vegetal do solo. Empregam-se tambm as prticas mecnicas, que so aquelas que recorrem a estruturas artificiais baseadas na disposio adequada de pores de terra no terreno que diminuem a velocidade de enxurrada e favorecem a infiltrao da gua no solo. A prtica mecnica mais conhecida e utilizada o terraceamento agrcola (Weill & Pires Neto, 2007). Dentre os instrumentos tcnicos mais indicados preveno de eroso acelerada destacam-se os mapas geotcnicos ou geoambientais, os quais por meio da caracterizao e anlise dos fatores naturais que influenciam a ocorrncia de processos erosivos indicam a suscetibilidade ou potencial do terreno em desenvolver estes processos. Estas informaes so importantes para orientar o uso e ocupao do solo, podendo ter aplicao em instrumentos legais de disciplinamento do uso do espao territorial, como nos planos diretores municipais. Como exemplo destes estudos, pode-se citar o trabalho de Ferreira e Pejon (2004) que realizaram um mapeamento da distribuio de materiais inconsolidados (solos) em
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rea degrada, com elevado nmero de feies erosivas, na cabeceira da bacia do Crrego do Tuncum, no municpio de So Pedro (SP). Outro exemplo o estudo de Lorandi et al (2001), que elaborou a carta de potencial eroso laminar da parte superior da Bacia do Crrego do Monjolinho, no municpio de So Carlos, SP. Este trabalho de carter preventivo mostra que mesmo reas com potencial moderado ocorrncia de processos erosivos (47% da rea total) requerem a adoo de medidas para se evitar o desenvolvimento e intensificao de processos erosivos dos tipos ravinas e boorocas. Santoro (2000) tambm realizou no municpio de Campinas estudo em que elaborou Carta de Suscetibilidade Natural eroso hdrica e apresentou propostas de medidas de controle. Outro instrumento tcnico que vem sendo utilizado em reas urbanas o mapeamento de reas de risco eroso, como o realizado pelo Instituto Geolgico em 2008 (Figura 4.10), no municpio de Monte Alto (SP), por meio de Termo de Cooperao Tcnica firmado entre o IG e a CEDEC (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil). Neste mapeamento, foram identificados 8 setores de risco nas reas urbanas mais crticas a processos erosivos, sendo 5 setores de risco alto e muito alto e 3 setores de risco mdio, compreendendo ao todo 35 moradias em risco. Para a minimizao e o controle do risco, recomendou-se que os setores com classes de risco mais altas devem ser priorizados quanto implantao de medidas preventivas e numa segunda etapa, os demais setores, de risco mdio, devem ser contemplados. O mapa de risco eroso um documento que fornece subsdios aos poderes pblicos estaduais e municipais, para a identificao e o gerenciamento das situaes de risco relacionadas eroso em reas urbanas e residenciais.
Figura 4.10 - Mapa da distribuio das reas de risco a eroso no municpio de Monte Alto SP. (Fonte: Instituto Geolgico, 2008)
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Aes corretivas
So aes voltadas para evitar a ocorrncia ou reduzir a magnitude dos processos geolgicos e hidrolgicos, atravs da implantao de obras de engenharia. Normalmente estas obras so de custo elevado e contemplam solues para reas restritas (PROIN/ CAPES e UNESP/IGCE, 1999). Aes corretivas de controle da eroso urbana necessitam de estudos detalhados de caracterizao dos fatores e mecanismos relacionados s causas do desenvolvimento dos processos erosivos. As solues para a correo dos problemas erosivos, passam pela necessidade de desenvolvimento de solues normativas de projetos e obras adequadas para cada situao do meio fsico encontrado (DAEE IPT, 1989). Destaca-se, assim, que no existe um tipo de obra adequada para toda e qualquer situao. E as solues econmicas e simples podem ter eficcia se forem aplicadas no incio do desenvolvimento dos processos. Entretanto, de um modo geral, as aes de conteno dos processos erosivos, segundo DAEE IPT (1989) devem contemplar as seguintes medidas: Implantao de micro drenagem - visam evitar o escoamento das guas pluviais diretamente sobre o solo, por meio de estruturas de captao e conduo das guas superficiais. Implantao de macro drenagem - so obras responsveis pelo escoamento final das guas pluviais drenadas do sistema de micro drenagem urbana. Obras de extremidades - so estruturas de controle e dissipao da energia das guas nos pontos de lanamento. Pavimentao - implantao de guias, sarjetas, bocas de lobo e asfaltamento em pontos com movimentao de terra, vias de acesso e deslocamentos. Disciplinamento das guas subterrneas - execuo de drenos profundos (dreno cego, dreno com material sinttico, dreno de bambu). Estabilizao dos taludes resultantes do movimento de terra - obras de aterro e de retaludamento. Conservao das obras implantadas - realizao de reparos peridicos em obras j executadas e que apresentem sinais de desgaste.
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das matas ciliares e o controle da eroso. Este Programa, j foi implantado em cerca de 72 mil hectares em todo o Estado, tendo controlado mais de 2.500 boorocas. A Coordenadoria de Defesa Agropecuria (CDA/SAA) tambm capacita produtores e tcnicos agrcolas quanto Lei de Conservao do Solo e atua na fiscalizao em reas crticas. O Programa Melhor Caminho desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Agrcola de So Paulo (CODASP), desde 1997, consiste na conservao e recuperao de estradas rurais, preservando os recursos naturais, em especial a gua e o solo, prevenindo e controlando os processos erosivos decorrentes do escoamento das guas pluviais (SAA, 2009). No Plano Estadual de Recursos Hdricos (DAEE, 1990), implantado desde 1985, realiza-se o levantamento de reas vulnerveis eroso e o estudo de medidas preventivas com uso de tecnologias apropriadas e de baixo custo e da aplicao de medidas corretivas, para a recuperao de reas degradadas. Os trabalhos de levantamentos j foram concludas nas bacias do Alto e Baixo Paranapanema, Peixe-Santo Anastcio e Aguape; Tiet-Batalha, Tiet-Jacar, Baixo Tiet e So Jos dos Dourados e Alto Pardo-Mogi, Baixo Pardo-Mogi, Pardo-Grande, Sapuca-Grande e Turvo-Grande. Encontra-se em execuo nas Bacias do Piracicaba e Tiet-Sorocaba. Os levantamentos j realizados abrangem cerca de 180 mil km2 (75% da rea do Estado) compreendendo 404 municpios. Dentre estes, 48 municpios foram considerados crticos quanto degradao dos recursos hdricos por eroso. Destaca-se que as regies das bacias do Alto e Baixo Paranapanema e Peixe-Santo Anastcio, foram consideradas as mais crticas, onde verificou-se a ocorrncia de boorocas em 80% dos municpios, dos quais 31 municpios encontram-se em situao mais grave. O Fundo Estadual de Recursos Hdricos (FEHIDRO) que tem financiado obras de controle de eroso, de 1995 at 2008, investiu mais de 370 milhes de reais, nas bacias hidrogrficas, sendo aproximadamente 12%, voltado para obras de controle da eroso urbana, como a implantao de galerias de guas pluviais (Modaelli et al. 2009). A Defesa Civil Estadual tambm tem apoiado os municpios, financiando obras preventivas e de recuperao, como a construo de galerias de guas pluviais para controle de eroso em carter emergencial. A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, por meio da Coordenadoria de Planejamento Ambiental (CPLA), estruturou com a CATI/SAA, uma linha de ao para promover a agricultura sustentvel apoiada nas diretrizes do Programa Estadual de Microbacias Hidrogrficas (PEMB). Esta linha de ao, que conta com apoio do programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA II), visa principalmente proteo e conservao dos mananciais de abastecimento da Regio Metropolitana de So Paulo por meio das seguintes metas (SMA, 2009): Reduo do uso de agrotxicos e fertilizantes nas micro-bacias; Reduo da carga orgnica rural lanada nos corpos d gua; Recomposio das matas ciliares e proteo das nascentes; Reduo do consumo de gua na irrigao e Apoio adoo de prticas conservacionistas.
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Alm desta ao a Secretaria do Meio Ambiente tambm desenvolve outros programas que contribuem conservao do solo, tais como: educao ambiental, gesto e controle da qualidade ambiental, gesto e planejamento ambiental, gesto dos recursos hdricos e proteo e recuperao da biodiversidade e dos recursos naturais.
Bibliografia recomendada
CHRISTOFOLETTI, A. 1980. Geomorfologia. So Paulo, Edgard Blcher. 2 Ed. EMBRAPA. 1999. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificao de Solos. Braslia: Embrapa Produo de Informao; Rio de Janeiro: Embrapa Solos. 412p. GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. (Eds.). 1998. Geomorfologia, uma atualizao de bases e conceitos. 3a Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. GUERRA, J. T.; SILVA, A. S. DA & BOTELHO, R. G. M. (Org.). 1999. Eroso e Conservao dos Solos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. LEPSCH, I.F. 1976. Solos: formao e conservao. So Paulo, Melhoramentos, Instituto Nacional do Livro. Editora da Universidade de So Paulo. MMA. Ministrio do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hdricos.2004. Programa de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca. Braslia: MMA/SRH, 2004. Disponvel em: http://desertificacao.cnrh-shr.gov.br. PRUSKI, F.F. 2006.Conservao do solo e gua: prticas mecnicas para o controle da eroso hdrica. Viosa: UFV, 240p.
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ROCHA, J.V., WEILL, M. DE A. M.; LAMPARELLI, R. A. C. 2000. Diagnstico do Meio Fsico e Estabelecimento de Diretrizes para o Controle de Eroso na Bacia do Rio MogiGua (SP): Relatrio Final. Campinas, SP, UNICAMP/FEAGRI, 2000. 80p. SANTOS, R. F. (org.). 2007. Vulnerabilidade Ambiental. Braslia, MMA, 192 p.
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costa. Da mesma forma, as polticas de planejamento e ordenamento territorial pouco tm incorporado os conhecimentos cientficos disponveis sobre o tema, resultando, muitas vezes, no desperdcio de recursos pblicos com obras de engenharia costeira que acabam no cumprindo seu papel, mas acelerando a eroso e aumentando as situaes de risco e a vulnerabilidade de pessoas e bens ao processo (Souza, 2009b). Este captulo apresenta alguns conceitos importantes sobre o ambiente fsico das praias, o fenmeno da eroso costeira e suas consequncias, suas causas naturais e antrpicas no Brasil, os riscos associados, e a proposio de recomendaes e idias para aes preventivas futuras para minimizar a eroso costeira e seus impactos. Eroso Costeira o processo de eroso ou retrogradao da linha de costa, devido a causas naturais e antrpicas.
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com bermas, em geral formadas de areias muito grossas a grossas, com zona de surfe muito estreita e uma quebra de ondas na face praial), e intermedirio (Souza, 2009a). Este ltimo, segundo Short (1999), formado por quatro sub-tipos. Masselink & Short (1993) definiram ainda um tipo denominado ultradissipativo, no qual predomina a ao das mars. A classificao morfodinmica das praias do Estado de So Paulo encontrada nos trabalhos de Souza & Suguio (1996), Souza (1997, 2001).
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Assim, quando o balano sedimentar na praia for negativo, ou seja, quando a sada/perda de sedimentos maior do que a entrada/ganho de sedimentos, haver um dficit sedimentar, predominando a eroso da praia, com diminuio paulatina de sua largura e a retrao da linha de costa. Se o saldo for positivo, a praia tender a crescer em largura pela deposio predominante de sedimentos, e a linha de costa progradar. No balano igual a zero haver o equilbrio do sistema praial. A eroso em uma praia se torna problemtica quando passa a ser um processo severo e permanente ao longo de toda essa praia ou em trechos dela, ameaando reas de interesse ecolgico e scio-econmico (Souza et al., 2005). Nessas condies passa a ser denominada de eroso praial, quando se refere somente s praias, ou eroso costeira, quando alm delas, tambm atinge toda a linha de costa, incluindo promontrios, costes rochosos, falsias e depsitos sedimentares antigos, bem como estruturas construdas pelo homem. O fenmeno deve merecer ateno, pois a costa est com balano sedimentar negativo e, portanto, em risco. Segundo Clark (1993) e Souza et al. (2005), as reas com problemas de eroso costeira/praial so aquelas que apresentam pelo menos uma das seguintes caractersticas: altas taxas de eroso ou eroso recente significativa; taxas de eroso baixa ou moderada em praias com estreita faixa de areia e localizadas em reas altamente urbanizadas; praias que necessitam ou que j possuam obras de proteo ou conteno de eroso; praias reconstrudas artificialmente e que seguem um cronograma de manuteno.
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Figura 5.3 - Mapa de Risco Eroso Costeira para o Estado de So Paulo (Fonte: SMA, 2002; Souza, 2007, 2009a, 2009b).
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construes privadas, equipamentos urbanos pblicos e privados, obras de proteo costeira, estruturas de apoio nutico, quiosques etc.) e a retirada de areia das praias, prtica to comum em nossos municpios costeiros, a qual no caracterizada como minerao (Souza, 2009b). Sabe-se que parte dos processos de eroso costeira so causados por essas intervenes antrpicas. Nos prprios instrumentos de apoio ao gerenciamento costeiro no so estabelecidos princpios de ordenamento territorial, nem parmetros de cunho urbanstico na orla, nem h disciplinamento de aproveitamento dos recursos naturais, tampouco regras ou diretrizes de proteo s praias. Da mesma forma, os instrumentos legais federais que determinam reas de preservao permanente na orla martima, como o Cdigo Florestal (Lei Federal n 4771/1965) e a Resoluo Conama n 303/2002, somente se referem aos ambientes de plancie costeira contguos praia. Uma nica referncia encontrada sobre restries de algum tipo de atividade nas praias est no Decreto Federal n 87.648/1992 (Regulamenta o Trfego Martimo), que diz que a fiscalizao das praias compete Capitania dos Portos, atravs da Polcia Naval (na prtica isso no acontece). O Artigo 321 desse Decreto cita que vedada a extrao de areias e pedras das praias e, em geral, qualquer escavao no litoral praiano e suas enseadas. Entretanto, na prtica, essa referncia no obedecida e na maioria das vezes sequer (re)conhecida. Para o Estado de So Paulo, os principais instrumentos de gesto dos ambientes costeiros so a Lei n 10.019/1998, que regulamenta o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, e o Decreto n 49.215/2004, que institui o Zoneamento Ecolgico-Econmico (ZEE) para o Litoral Norte (este instrumento ainda no foi regulamentado para os outros trs setores costeiros). Entretanto, em ambos no h qualquer referncia de proteo ou normas de uso e disciplinamento de atividades ou de intervenes ambientais nas praias.
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Figura 5.4 - Praias sob risco muito alto de eroso em So Paulo. a Praia da Ilha Comprida; b Praia de Itanham; c Praia do Gonzaguinha (So Vicente); d Praia do Itaguar (Bertioga); e Praia da Tabatinga (Caraguatatuba); f Praia da Barra Seca (Ubatuba).
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2009b):
Dentre as principais consequncias da eroso costeira destacam-se (Souza, 2009a, reduo na largura da praia e retrogradao ou recuo da linha de costa (se a rea adjacente da plancie costeira no for urbanizada a tendncia de longo perodo ser de migrao transversal do perfil praial rumo ao continente; se for urbanizada, pode no haver espao fsico para essa migrao); desaparecimento da zona de ps-praia e, com o passar do tempo, da prpria praia; aumento da eroso na poro a jusante dos sistemas fluviais estuarinos e, consequentemente, eroso em plancies de mar e manguezais, com possvel alterao da circulao estuarina; perda de propriedades e bens pblicos e privados ao longo da linha de costa; destruio de estruturas artificiais paralelas e transversais linha de costa construdas pelo homem;
problemas e at colapso de sistemas de esgotamento sanitrio (obras soterradas e emissrios submarinos); diminuio da balneabilidade das guas costeiras por incremento da poluio e contaminao de guas e sedimentos; perda de recursos pesqueiros; perda do valor paisagstico da praia e/ou da regio costeira; perda do valor imobilirio de habitaes costeiras; comprometimento do potencial turstico da regio costeira;
artificializao da linha de costa devido construo de obras costeiras (para proteo e/ou recuperao ou mitigao); gastos exorbitantes com a recuperao de praias e reconstruo da orla martima (incluindo propriedades pblicas e privadas, equipamentos urbanos diversos e estruturas de apoio nutico, de lazer e de saneamento).
Tabela 5.1 - Causas naturais e antrpicas da eroso costeira no Brasil (Fonte: Souza et al., 2005).
Causas Naturais da Eroso Costeira Dinmica de circulao costeira: presena de zonas de barlamar ou centros de divergncia de clulas de deriva litornea em determinados locais mais ou menos fixos da linha de costa (efeito foco estvel). Causas Antrpicas da Eroso Costeira
Inverses na deriva Urbanizao da orla, com litornea resultante destruio de dunas e/ causada por fenmenos ou impermeabilizao climticos-meteorolgicos 14 de terraos marinhos intensos: sistemas frontais, holocnicos e eventual ciclones extratropicais e ocupao da ps-praia. a atuao intensa do El Nino/ENSO.
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Causas Naturais da Eroso Costeira Morfodinmica praial: praias intermedirias tm maior mobilidade e suscetibilidade eroso costeira, seguidas das reflexivas de alta energia, dissipativas de alta energia, reflexivas de baixa energia, dissipativas de baixa energia e ultradissipativas. Aporte sedimentar atual naturalmente ineficiente ou ausncia de fontes de areias. Elevaes do nvel relativo do mar de curto perodo devido a efeitos combinados da atuao de sistemas frontais e ciclones extratropicais, mars astronmicas de sizgia e elevaes sazonais do NM, resultando nos mesmos processos da elevao de NM de longo perodo.
Causas Antrpicas da Eroso Costeira Implantao de estruturas rgidas ou flexveis, paralelas ou transversais linha de costa: espiges, molhes de pedra, enrocamentos, pers, 15 quebramares, muros, etc., para proteo costeira ou conteno/mitigao de processos erosivos costeiros ou outros fins; canais de drenagem artificiais.
Armadilhas de sedimentos Efeitos atuais da elevao associadas implantao de do nvel relativo do mar estruturas artificiais, devido durante o ltimo sculo, em 16 interrupo de clulas de taxas de at 30 cm: forte deriva litornea e formao eroso com retrogradao de pequenas clulas. da linha de costa.
Fisiografia Costeira: irregularidades na linha de Efeitos secundrios da costa (mudanas bruscas elevao de nvel do na orientao, promontmar de longo perodo: rios rochosos e cabos in10 Princpio ou Regra de consolidados) dispersando Bruun e migrao do as correntes e sedimentos perfil praial rumo ao para o largo; praias que continente. recebem maior impacto de ondas de maior energia.
Retirada de areia de praia por: minerao e/ou 17 limpeza pblica, resultando em dficit sedimentar na praia e/ou praias vizinhas.
Minerao de areias Presena de amplas fluviais e desassoreamento Evoluo quaternria zonas de transporte ou de desembocaduras; das plancies costeiras: trnsito de sedimentos dragagens em canais de balano sedimentar de 18 11 (by-pass), contribuindo mar e na plataforma longo prazo negativo e para a no permanncia continental: diminuio/ dinmica e circulao dos sedimentos em certos perda das fontes de costeira atuante na poca. segmentos de praia. sedimentos para as praias. Converso de terrenos naturais da plancie costeira Armadilhas de em reas urbanas (mansedimentos e migrao Balano sedimentar guezais, plancies fluviais/ e lateral: desembocaduras atual negativo lagunares, pntanos e reas fluviais ou canais de 19 12 originado por processos inundadas) provocando mar; efeito molhe naturais individuais ou impermeabilizao dos terhidrulico; depsitos de combinados. renos e mudanas no padro sobrelavagem; obstculos de drenagem costeira (perda fora da praia (barras de fontes de sedimentos). arenosas, ilhas, parcis, arenitos de praia e Fatores Tectnicos: subBalano sedimentar atual recifes). 13 sidncias e soerguimentos 20 negativo decorrente de da plancie costeira. intervenes antrpicas.
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A medida mais importante seria a criao de instrumentos legais que promovessem a maior conservao do ambiente praial, principalmente no que se refere a certos tipos de usos e atividades antrpicas nas praias No tocante plancie costeira, seria necessrio estabelecer metas e aes para um planejamento territorial adequado, que fossem incorporadas pelas polticas pblicas existentes e seus instrumentos, como o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (atravs do Zoneamento Ecolgico-Econmico) e os Planos Diretores Municipais. Neste sentido, deveriam ser observados os processos costeiros, os mecanismos naturais e as intervenes antrpicas responsveis pela eroso nas praias, os possveis impactos da elevao do NM na regio, e o controle da ocupao de novas reas na plancie costeira e encostas da Serra do Mar (no caso de So Paulo). Uma soluo para a conservao das praias e a minimizao da eroso costeira e dos efeitos scio-econmicos da elevao do NM, j adotada por muitos pases, a criao de zonas de proteo (setback distance) (ZP) entre a praia e os primeiros equipamentos urbanos. No caso do litoral paulista, prope-se que a ZP seja uma faixa de terreno da plancie costeira, paralela e contgua praia, com determinada largura mnima medida a partir do limite superior da praia (este limite poder se dar com a plancie costeira propriamente dita ou com algum tipo de estrutura construda pelo homem), no sentido do continente (Souza et al., 2008). Essa largura mnima poderia ser nica ou varivel em funo da classificao de risco eroso da praia (progressivamente maior quanto maior o seu grau de risco), ou da projeo da taxa de recuo da linha de costa para os prximos anos ou dcadas (e.g. os clculos feitos para a Praia do Gonzaguinha, Souza, 2008). Assim, como a funo da ZP de proteger as praias e as reas urbanas contra a eroso costeira e os avanos progressivos do NM, ela deveria: (a) ser mantida livre de qualquer ocupao antrpica; (b) ter restaurada as condies de permeabilidade original do terreno, com a recuperao da duna frontal anteriormente existente e de sua vegetao original ou, no havendo esta possibilidade, ser efetuado o plantio de espcies nativas de Escrube ou de Vegetao de Dunas. Ainda como aes preventivas e recomendaes, prope-se o estabelecimento de medidas de gesto da orla martima, com indicaes de diretrizes e aes (restritivas ou adaptativas) de curto, mdio e longo prazos, baseadas nos estudos de eroso costeira e nas previses de elevao do nvel relativo do mar e de mudanas climticas.
Bibliografia recomendada
SOUZA, C.R. de G. 2009. A eroso costeira e os desafios da gesto costeira no Brasil. Revista de Gesto Costeira Integrada, 9(1): 17-37. ISBN: 1677-4841 (tambm disponvel em <http:// www.aprh.pt/rgci/revista9f1.html>). SOUZA, C.R. de G.; SOUZA FILHO, P.W.M.; ESTEVES, SL.; VITAL, H. DILLENBURG, S.R.; PATCHINEELAM, S.M. & ADDAD, J.E. 2005. Praias Arenosas e Eroso Costeira. In: C.R. de G. Souza et al. (eds.). Quaternrio do Brasil. Holos, Editora, Ribeiro Preto (SP). p. 130-152. SOUZA, C.R. de G., HIRUMA, S.T., SALLUN, A.E.M., RIBEIRO, R.R. & AZEVEDO SOBRINHO, J.M. 2008. Restinga - Conceitos e Empregos do Termo no Brasil e Implicaes na Legislao Ambiental. Instituto Geolgico, Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo. So Paulo. 104p. (tambm disponvel em <http://www.igeologico.sp.gov.br/ps_down_outros.asp>).
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Figura 6.1 - Ocorrncias de trincas e fissuras nas edificaes causadas por colapsos de solo (Fontes: Rodrigues, 2007 e Acervo IG-SMA, 2009).
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2004b; Rodrigues e Lollo, 2004), que esto associadas com as caractersticas geotcnicas peculiares dos solos arenosos das formaes geolgicas de superfcie do Grupo Bauru, conforme apresentado na Figura 6.3.
Figura 6.2 - Ocorrncia de solos colapsveis no Brasil (Fonte: Milititsky et al., 2008).
Alguns indicativos da presena de solos colapsveis so: baixos valores do ndice de resistncia penetrao2 (geralmente NSPT <4 golpes), granulometria aberta (ausncia da frao silte), baixo grau de saturao (<60%) e grande porosidade, geralmente maior que 40% (Ferreira et al., 1989). No caso particular dos solos do interior paulista originrios das formaes geolgicas do Grupo Bauru, observa-se que tais solos so predominantemente constitudos por areia fina argilosa, vermelha ou marrom escura, com uma estrutura bastante porosa nos horizontes superficiais. Alguns resultados de ensaios de sondagens de simples reconhecimento (SPT) indicam que nos primeiros metros (<6,0 metros) o ndice
O NSPT ou ndice de resistncia penetrao obtido a partir da cravao de um amostrador de padronizao internacional, onde, a cada metro, o mesmo cravado no terreno atravs do impacto de uma massa metlica de 65 kg caindo em queda livre de 75 cm de altura. Desta forma, o valor do NSPT ser a quantidade de golpes necessrios para fazer penetrar os ltimos 30 cm do amostrador padro no fundo do furo. Despreza-se, no entanto, o nmero de golpes correspondentes cravao dos 15 cm iniciais do amostrador. As diretrizes para a execuo de sondagens SPT so regidas pela NBR 6484, a qual recomenda que, em cada metro do ensaio SPT, deve ser feita a penetrao total dos 45 cm do amostrador ou at que a penetrao seja inferior a 5 cm para cada 10 golpes sucessivos. A cada ensaio SPT prossegue-se a perfurao at a profundidade do novo ensaio.
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Figura 6.3 - Cidades do interior paulista com ocorrncias de solos colapsveis (pontos vermelhos) e distribuio das formaes geolgicas do Grupo Bauru (Fonte: Modificado de Paula e Silva et al., 2003).
Figura 6.4 - Sondagens SPT realizadas em solos colapsveis no interior do Estado de So Paulo, onde N.A. o nvel dgua e NSPT o ndice de resistncia penetrao do ensaio SPT . (Fonte: Rodrigues 2007, Giacheti et al. 2000, Mendes 2001, Rodrigues e Lollo 2004).
de resistncia penetrao muito baixo, (geralmente NSPT < 4 golpes), ocorrendo um ligeiro crescimento com o aumento da profundidade. Alm disso, o nvel de gua normalmente profundo, sendo raramente encontrado nos furos de sondagem, resultando em um solo no saturado. Alguns resultados tpicos de sondagem SPT podem ser observados na Figura 6.4, onde so apresentadas as principais caractersticas geotcnicas de solos colapsveis de algumas regies do interior do Estado de So Paulo.
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Figura 6.5 - Recalques diferenciais em edificaes construdas sobre sedimentos de argilas moles na orla de Santos-SP. (Fonte: Hachich, 1997).
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Figura 6.6 - Modelo esquemtico de fissura em elemento estrutural de edificao ocasionada por recalque diferencial em elemento de fundao.
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Figura 6.7 - Modelo simplificado de ocorrncia de recalque por colapso de solo (Nota: e o ndice de vazios do solo e S o grau de saturao do solo).
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Figura 6.8 - Modelo de analogia mecnica para o fenmeno de adensamento do solo, segundo conceituao de Terzaghi (Fonte: Modificado de Taylor, 1948).
em carga, ela procura sair do pisto pelo orifcio e, consequentemente, a mola comea a se deformar, ou seja, a partir desse instante ocorre a reduo dos vazios do solo por expulso da gua de seus poros e, portanto, a partir deste momento o recalque evoluir at um determinado tempo tn.
necessrio aplicar mtodos de identificao prvia, como mapeamentos geolgicos-geotcnicos, mapeamentos geoestatsticos de variveis geotcnicas associadas aos fenmenos de colapso e subsidncia, elaborao de cartas de risco de colapso de solos e cartas do potencial de colapso de solos. Tambm so importantes os mtodos de preveno de recalques diferenciais, como compactao/adensamento prvio da camada de solo colapsvel/compressvel e adoo de fundaes profundas.
Identificao prvia de solos colapsveis ou compressveis. Pode ser realizada a partir da elaborao de cartas de risco ou de potencial de colapso/subsidncia de solos colapsveis ou compressveis, respectivamente. As cartas de risco e do potencial de colapso e subsidncia de solos permitem indicar regies onde possam ocorrer solos colapsveis ou compressveis podendo, desta
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forma, orientar adequadamente a ocupao de reas urbanas. Desta forma, pode-se evitar danos significativos causados por recalques indesejveis em diversos tipos de construes. A Figura 6.9 apresenta a carta de risco de colapso de solos para a cidade de Ilha Solteira SP, onde a rea urbana foi divida em regies e classificadas de acordo com o grau de risco esperado (Alto-vermelho, Mdio-amarelo e Baixo-verde) para a ocorrncia de recalques causados por colapso de solos. Na Figura 6.9 tambm so indicadas algumas ocorrncias de danos estruturais em residncias registradas durante atendimentos emergenciais realizados em janeiro de 2009, no mbito dos Planos Preventivos de Defesa Civil PPDC (Mendes et al., 2009). Observa-se que as ocorrncias registradas esto situadas em regies classificadas como zona com alto e mdio grau de risco, sugerindo que tal documento cartogrfico capaz de orientar satisfatoriamente a ocupao de terrenos em reas urbanas e, consequentemente, auxiliar o poder pblico municipal na preveno de colapso de solos. A Figura 6.10 apresenta a carta do potencial de colapso dos solos de So Jos do Rio Preto-SP, onde a rea urbana foi dividida em regies e classificadas segundo a possibilidade de ocorrncia de danos para as edificaes: a) Favorvel: regies onde praticamente no h possibilidade de ocorrer colapso de solo; b) Moderada: pode haver colapso de solo, porm de baixa magnitude, e eventualmente ocorrer algum dano para as edificaes; c) Severa: o colapso de solo pode ser alto e haver possibilidades concretas de ocorrncia de danos para as edificaes; d) Restritiva: o colapso de solo pode atingir magnitude muito elevada, inviabilizando a implantao de edificaes nestas regies.
Figura 6.9 - Carta de risco de colapso de solos para a rea urbana de Ilha Solteira SP. (Fonte: modificado de Oliveira, 2002).
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Figura 6.10 - Carta do potencial de colapso dos solos de So Jos do Rio Preto-SP (Fonte: Mendes & Lorandi, 2004a).
A Figura 6.11 apresenta uma maneira prtica de utilizar as informaes de cartas do potencial de colapso de solos para a identificao de regies com maior ou menor probabilidade de ocorrncia de solos colapsveis. Por exemplo, ao analisar as imagens superiores da Figura 6.11, observa-se uma regio com baixa taxa de ocupao onde no h possibilidade de ocorrer colapso de solo, indicada pela rea verde lado esquerdo. J nas imagens inferiores da Figura 6.11, nota-se uma regio com elevada taxa de ocupao urbana, onde h possibilidade concreta de ocorrncia de colapsos de solos de elevadas magnitudes (rea vermelha lado esquerdo), e que no s inviabiliza a implantao de novas edificaes como tambm indica a possibilidade de ocorrncia de graves danos estruturais s edificaes j implantadas nestas regies. Preveno de recalques diferenciais. Pode ser realizada a partir da compactao prvia da camada de solo colapsvel ou, no caso de camada de solo compressvel (solo argiloso mole), a partir do adensamento prvio das camadas de baixa resistncia. Alm disso, podese adotar fundaes profundas em ambos os casos, conforme apresentado na Figura 6.12. Os objetivos principais dos mtodos preventivos de compactao e adensamento prvio das camadas de solo menos resistentes so: diminuir a porosidade, elevar a resistncia e, no caso dos solos colapsveis, minimizar os recalques primrios abruptos (imediatos) e, no caso dos solos argilosos moles, diminuir os efeitos nocivos dos recalques secundrios (de estabilizao mais prolongada) aos sistemas estruturais das edificaes. Ressalta-se, porm, que tais mtodos preventivos no dispensam, em hiptese alguma, a etapa de investigaes detalhadas do macio de solos, sendo imprescindvel a realizao de sondagens de simples reconhecimento SPT para o dimensionamento adequado dos elementos de fundao e para garantir um desempenho satisfatrio dos mesmos.
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Figura 6.11 - Utilizao das informaes da carta do potencial de colapso de So Jos do Rio Preto-SP para identificao de regies com maior (em vermelho) ou menor (em verde) probabilidade de ocorrncia de solos colapsveis (Fonte: Mendes e Lorandi, 2004a).
Figura 6.12 - Adoo de fundaes profundas para prevenir a ocorrncia de recalques diferenciais em solo colapsvel ou compressvel.
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Bibliografia recomendada
ALONSO, U.R. 1998. Previso e controle das fundaes. So Paulo: Editora Edgard Blcher Ltda., 142p. CINTRA, J.C.A. 1998. Fundaes em solos colapsveis, Jos Carlos A. Cintra, So Carlos: Servio Grfico da EESC/USP, 116p. RODRIGUES, R.A., LOLLO, J.A. 2004. Caractersticas estruturais, fisiogrficas e mecnicas de dois perfis de solos colapsveis de Ilha Solteira-SP, Brasil. Solos e Rochas, So Paulo, 27 (2):131-146. TAYLOR, D. 1948. Fundamentals of Soil Mechanics. New York: John Wiley & Sons.
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estar a grandes profundidades. Tanto no carste coberto quanto no subjacente comum a presena de feies de subsidncia e colapso, e neste caso a ocorrncia de desastres associados pode ser at maior, pois em alguns casos a presena de carste desconhecida.
Figura 7.1 - Exemplos de carste: (a) Campo de rochas em carste exposto, Serra da Bodoquena (MS); (b) Carste com cobertura de solo, Ribeiro Grande (SP), 2005.
Calcula-se que no mundo cerca de 12,5% das reas continentais (expostas) sejam ocupadas por rochas carbonticas, que podem formar terrenos crsticos (SGGES, 2008). No Brasil este percentual menor, com cerca de 3% do territrio nacional (Karmann & Sallun Filho, 2007) (Figura 7.2a). No Estado de So Paulo esta proporo ainda menor, com cerca de 1,5% da rea do estado. Alm do fato das reas crsticas no Brasil ocuparem pequena parcela do territrio, elas geralmente representam reas pouco ocupadas pela populao, correspondendo a reas naturais ou rurais. Por exemplo, as extensas reas de carste pouco ocupadas nos estados da Bahia (Figura 7.2b) e no Vale do Ribeira, em So Paulo (Figura 7.2c). Isto reduz, em parte, o risco de desastres com subsidncia e colapso devido ocupao. Porm, a expanso da ocupao e das prprias reas urbanas nas ltimas dcadas tem mudado este cenrio, especialmente em algumas regies do pas.
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Figura 7.2 - (a) Carste no Brasil e no estado de So Paulo (adaptado de Karmann & Sallun Filho, 2007; Mapas geolgicos: Bizzi et al., 2001 e CPRM, 2006); (b) Carste em regio seca com vegetao de caatinga, com rocha exposta por abatimento em entrada de caverna, Iraquara (BA) (Foto: Ricardo Galeno Fraga de Araujo Pereira); (c) Carste em clima mido no Vale do Ribeira, coberta por solo e Mata Atlntica, Parque Estadual Intervales (SP), 2007.
Um exemplo tpico o ocorrido em Cajamar. Embora normalmente a subsidncia ocorra de forma gradual, pode tambm ocorrer de forma brusca e repentina. Colapso do solo: Quando a subsidncia do solo ocorre de forma aguda. Com a subsidncia e colapso ocorrem as dolinas, que so depresses fechadas em superfcie, uma das feies mais tpicas do carste. Dolinas podem se formar de
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maneira bastante lenta ou surgir em poucos dias. Como pode ser visto na Figura 7.3a as dolinas de colapso so mais abruptas, enquanto as de subsidncia tendem a ser mais suaves. Esquemas de dolinas abruptas (colapso) e suaves (subsidncia lenta) podem ser vistos na Figura 7.3a. Note que no primeiro caso ilustrado na Figura 7.3a o colapso se d pelo abatimento direto do teto de uma caverna. Na Figura 7.3b se observa um caso de dolina de subsidncia lenta e na Figura 7.3c um caso de dolina de colapso. A infiltrao do solo da superfcie ocorre pela gua, que conduzida por fendas verticais at alcanar os condutos, como exemplificado na Figura 7.3d. Este processo ir remover o material da superfcie e transportar as partculas para outros locais pelos condutos. Subsidncia o rebaixamento da superfcie devido a remoo do suporte, causado em reas crsticas pela dissoluo subterrnea ou colapso de cavernas. O Colapso do solo caracterizado quando a subsidncia do solo ocorre de forma aguda.
Em algumas reas a quantidade de dolinas to grande que so denominadas de campos de dolinas, como na regio de Jardim (MS) (Figura 7.4). Nesta regio foram relatados diversos afundamentos em fazendas, surgidos em poucos dias, causando apenas pequenos danos a audes ou pastagens. A subsidncia e colapso ocorre em todas as reas crsticas no Brasil, porm em apenas algumas delas isto afetou a ocupao humana. Pode-se dizer que toda interveno e ocupao humana em reas crsticas sujeita ao risco de subsidncia e colapso, se no forem tomadas as medidas necessrias de conteno destes processos. Em muitos casos a existncia de carste coberto ou subjacente dificulta o reconhecimento imediato de feies caractersticas, s reconhecidas por mtodos de investigao indireto (p.ex. geofsica, sondagens, etc.). Desta forma, neste casos o risco maior devido ao desconhecimento da presena de carste. Um dos casos mais famosos o da cidade de Cajamar (SP) que em 1986 teve casas e ruas destrudas por um colapso de carste coberto por solo. Nesta regio a faixa de calcrio aflorante estreita e parte da cidade desenvolveu-se sobre estas rochas (Figura 7.5). A subsidncia e o colapso devem ter sido acelerados pelo rebaixamento do nvel dgua do aqufero crstico pela explorao de gua subterrnea ou at pela atividade de minerao no entorno. Santos (2008) faz um histrico das ocorrncias de afundamentos em reas crsticas no Brasil (Tabela 1) e ainda ressalta que muitos outros eventos similares de afundamentos de terrenos j aconteceram por todo o pas, e que, por no terem causado danos maiores, no obtiveram repercusso de mdia e a devida ateno de especialistas para sua anlise e registro tcnicos.
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Figura 7.3 - (a) Tipos de dolinas (adaptado de Jennings, 1971); (b) Dolina (Lagoa Vermelha) suave, de subsidncia lenta, Jardim (MS), 2006; (c) Dolina abrupta de colapso em cobertura de solo sobre calcrios, Jardim (MS), 2003; (d) Minerao de dolomito exibindo cobertura de solo, fendas de dissoluo e condutos preenchidos pelo solo infiltrado, Bom Sucesso de Itarar (SP), 2006.
Figura 7.4 - Exemplo de campo de dolinas desenvolvido em arenitos sobre carste subjacente, Jardim (MS) (Sallun Filho & Karmann, 2007).
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1986
1988
Figura 7.5 - (a) Colapso de Cajamar em 1986 (Foto: Cludio Jos Ferreira); (b) Imagem da regio metropolitana de So Paulo e da Cidade de Cajamar com a distribuio das rochas carbonticas (Base: imagem Google Earth servio de mapa; Geologia: CPRM, 2006).
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Figura 7.6 - Dolinas na regio de Ribeiro Grande (SP): (a) e (b) Dolinas de colapso de pequenas dimenses com cobertura de solo pouco espessa (2006); (c) Grande depresso de subsidncia lenta na rea do bairro Carioca (2007); (d) Ocupao em rea crstica prximo a uma minerao (2007).
Na maior extenso de carste no estado de So Paulo, o Vale do Ribeira, a baixa densidade populacional faz com que os afundamentos ocorram geralmente em reas inabitadas (Figura 7.2c). Porm, em alguns pontos, como na regio de Ribeiro Grande a ocupao que ocorre sobre reas crsticas associada a intensa atividade minerria na regio (Figura 7.6) pode conduzir a futuras situaes de risco de subsidncia e colapso. Algumas dolinas notveis ocorrem nas coberturas de arenitos da Bacia do Paran, sendo geradas pela presena de carste subjacente em calcrios do embasamento. Destacam-se as Furnas de Vila Velha (PR) e o Buraco das Araras em Jardim (MS) (Figura 7.7). Um caso peculiar o da cidade de Nova Campina (SP) que situa-se
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(a)
Figura 7.8 - Depresso de Nova Campina (SP): (a) Modelo de relevo (SRTM, 2009) mostrando a depresso e a distribuio das rochas (CRPM, 2006); (b) Praa central da cidade situada na poro mais baixa da depresso. (c) Grande dolina de colapso em arenitos sobre carste subjacente, Itapeva (SP), 2008.
totalmente dentro de uma depresso de grandes dimenses, desenvolvida em arenitos sobre carste subjacente (Figura 7.8a e 7.8b). Na cidade no foram registrados problemas com subsidncia e colapso, mas a grande rea rebaixada tornava o local sujeito a
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alagamento na poca de chuvas, hoje controlado por bombeamento. Uma ocorrncia semelhante foi registrada entre as cidades de Itapeva e Itarar (SP), sem a presena de ocupao prxima (Figura 7.8c).
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Em situaes da ocorrncia de afundamentos, estudos especficos devero ser realizados e medidas como obras de engenharia podero ser necessrias para sanar ou minimizar o problema. Se estas reas j estiverem ocupadas ou mesmo se algum empreendimento est em construo ou j finalizado, deve-se sempre monitorar as possveis alteraes no terreno. Em alguns casos h delimitao de zonas de risco em estudos posteriores ao colapso, que devem ser sempre respeitadas (Figura 7.9). Medidas extremas como remoo da populao ou de empreendimentos podero ser necessrias em casos de risco irreparvel ou da mitigao ser economicamente invivel. Isto importante, pois a carstificao um processo dinmico e recorrente, mesmo aps a estabilizao de uma ocorrncia de colapso. Quando da utilizao da gua subterrnea dos aquferos crsticos, devem ser realizados estudos hidrogeolgicos prvios para se calcular a taxa de bombeamento mxima de explorao sem risco de subsidncia e deve haver monitoramento contnuo do nvel dgua para no ocasionar risco por rebaixamento excessivo. A atividade de minerao deve possuir monitoramento contnuo dos nveis de tremores por exploso e do rebaixamento do nvel dgua.
Cajamar (SP) aps a ocorrncia do colapso de 1986 (Base: imagem Google Earth servio de mapa).
Bibliografia recomendada
AULER, A. S.; PIL, L. B.; SAADI, A. 2005. Ambientes crsticos. In: Souza, C.R.G.; Suguio, K.; Oliveira, A.M.S.; Oliveira, P.E. (Org.). Quaternrio do Brasil. Ribeiro Preto: Holos Editora, p. 321-342. KARMANN, I. 2000. O ciclo da gua, gua subterrnea e sua ao geolgica. In: Teixeira, W.; Fairchild, T.R.; Toledo, M.C.M.; Taioli, F. (Org.). Decifrando a Terra. So Paulo: Oficina de textos, p. 113-138. SUGUIO, K. 1999. Geologia do Quaternrio e Mudanas Ambientais (Passado + Presente = Futuro?). So Paulo, SP: Paulos Editora, 366 p. SUGUIO, K. 2008. Mudanas Ambientais da Terra. 01. ed. So Paulo: Instituto Geolgico, 336 p.
Tempo o estado das condies atmosfricas em um determinado lugar e momento. O clima pode ser o mais importante componente do ambiente natural, pois ele afeta os processos geomorfolgicos, os da formao dos solos e o crescimento e desenvolvimento das plantas. Os organismos, incluindo o homem so influenciados pelo clima. As principais bases da vida para humanidade, principalmente o ar, a gua, o alimento e o abrigo, dependem do clima. O ambiente atmosfrico influencia o homem e suas atividades, enquanto o homem pode, atravs de suas vrias aes, deliberada ou inadvertidamente, influenciar o clima (Ayoade, 1991). A caracterizao do clima baseada na anlise de srie de dados dos elementos do clima registrados em estaes meteorolgicas durante longos perodos. A Organizao Mundial de Meteorologia (OMM) recomenda ser necessrio no mnimo 30 anos de dados para estabelecer uma correta caracterizao climtica de uma rea. J o tempo pode mudar totalmente de um momento a outro. Num determinado dia pode amanhecer com chuva e frio (tempo feio), mas no decorrer do dia o cu pode mudar, ficando sem nuvens, ensolarado e quente (tempo bonito). Cada estao do ano apresenta um conjunto
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caracterstico de tipos de tempo. Quando mudam as estaes (vero, outono, inverno e primavera), j temos uma ideia dos tipos de tempo esperados. Geralmente no inverno predominam as temperaturas mais baixas, no vero as mais altas. Em cada estao dominam certos tipos de tempo, porm podem ocorrer, de forma passageira, condies atmosfricas tpicas de outras estaes (Vianello &Alves, 2002). Para uma melhor compreenso dos diferentes climas do planeta, Mendona e Danni-Oliveira (2007) apontam que os estudos em Climatologia so estruturados a fim de evidenciar os elementos climticos e os fatores geogrficos do clima. Esses elementos manifestam-se por meio de precipitao, vento, nebulosidade, ondas de frio e calor, entre outros, que interagem na formao dos diferentes climas da Terra. Todavia, esses elementos, em suas diferentes manifestaes, variam espacial e temporalmente em decorrncia da influncia dos fatores geogrficos do clima. A circulao e a dinmica atmosfrica superpemse aos elementos e fatores climticos e imprimem ao ar uma permanente movimentao (Mendona & Danni-Oliveira, 2007). A sntese desses elementos e fatores em interao exprime o clima de uma rea. Elementos constitutivos do clima temperatura umidade presso atmosfrica Fatores geogrficos do clima: latitude continentalidade vegetao altitude maritimidade atividades humanas
A combinao dos elementos e fatores climticos e do tempo atmosfrico em um determinado lugar pode originar os desastres naturais, considerando tanto aqueles deflagrados por algum(s) elemento(s) do clima, como a chuva para os escorregamentos e inundaes, como aqueles propriamente climticos e meteorolgicos, como os tornados, furaces e geadas, por exemplo, que sero abordados no decorrer do captulo. Portanto, para melhor compreender os desastres naturais e suas origens, necessrio abordar a dinmica dos processos atmosfricos ou meteorolgicos, ou seja, a configurao dos principais sistemas atmosfricos produtores dos diferentes tipos de tempo no Estado de So Paulo e, consequentemente, do clima. A circulao geral da atmosfera desencadeada pela desigual distribuio de energia sobre a superfcie terrestre, iniciando-se pela movimentao da energia acumulada nos trpicos em direo aos polos. Essa movimentao forma trs clulas de circulao em cada hemisfrio: tropical, temperada e polar. Como exemplo, o ar que sobe na linha do equador (0) resfria-se e torna-se pesado em altitude, descendo a 30 de latitude. Nessa faixa, o ar desloca-se na superfcie tanto para norte quanto para sul. Ao retornar para o equador (norte), completa a clula de circulao tropical. Esse mesmo processo tambm ocorre nas latitudes temperadas (30 e 60) e nas latitudes polares (60 e 90), formando as clulas de circulao temperada e polar, respectivamente. As faixas de altas e baixas presses, decorrentes da divergncia (sada) e convergncia (encontro) do ar, so interrompidas, devido diferena de aquecimento entre terras e guas, formando centros de baixas
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e altas presses, sobre os continentes e oceanos. Como as terras aquecem e resfriam mais rapidamente que as guas, os centros de presso alternam suas posies em funo das estaes do ano (Kobiyama et al., 2006). Este modelo, em escala local, explica a brisa marinha e terrestre. Durante o dia a costa aquece mais rapidamente que o mar. O ar sobe na costa, formando uma baixa presso e desce sobre o mar dando origem a uma alta presso. O ar que se acumula sobre o mar se desloca ento para o continente dando origem brisa marinha. noite as guas mantm-se mais aquecidas do que o continente. O ar sobe sobre o mar e desce sobre a superfcie terrestre. Da alta presso que se forma sobre a terra mais fria ocorre divergncia do ar, ou seja, o ar sai do continente para o oceano originando a brisa terrestre (Vianello & Alves, 2002). A circulao geral e o movimento das massas de ar podem ser considerados como uma base sobre a qual se justapem muitas outras irregularidades e perturbaes menores. como o fluxo de um rio, apresentando pequenas correntes isoladas e redemoinhos. O mecanismo de brisas do mar e da terra representa alguns desses movimentos secundrios. Ciclones so centros de baixa presso atmosfrica em relao s reas circundantes, com caractersticas de tempo instvel e tempestuoso. Sua circulao d-se no sentido horrio no Hemisfrio Sul e anti-horrio no Hemisfrio Norte. Anticiclones so centros de alta presso atmosfrica em relao s reas circundantes, cuja circulao ocorre no sentido inverso ao do ciclone, e o tempo que o acompanha geralmente estvel (cu claro). adaptado de Kobiyama et al (2006)
Porm, na circulao secundria que ocorrem as principais irregularidades, perturbaes atmosfricas que se deslocam, das quais algumas tm origem nas latitudes elevadas, enquanto que outras se originam nos trpicos. So associadas intimamente com os movimentos de massas de ar e atividade frontais, que causam as variaes dirias do tempo nas latitudes mdias (Blair, 1964). Monteiro (1973) apresenta os principais centros de ao atmosfrica da Amrica do Sul (Figura 8.1), ou seja, as reas isobricas de controle das massas de ar e dos tipos de tempo. Segundo o autor, o territrio paulista, merc de sua posio e das combinaes gerais dos fatores geogrficos, envolvido pelas principais correntes da circulao atmosfrica da Amrica do Sul: Massa Tropical Atlntica (Ta); Massa Tropical Continental (Tc); Massa Polar Atlntica (Pa); Massa Equatorial Continental (Ec), oriunda da Amaznia Ocidental.
Massas de ar uma unidade aerolgica, ou seja, uma poro da atmosfera, de extenso considervel, que possui caractersticas trmicas e higromtricas homogneas. Mendona & Danni-Oliveira (2007)
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A Figura 8.2 apresenta as massas de ar atuantes na Amrica do Sul. As facilidades das trocas entre os sistemas tropical e intertropical na Amrica do Sul colocam o territrio paulista na faixa de conflito entre os dois. A grande amplitude da rea de flutuao da Frente Polar, do Rio do Prata ao trpico de Capricrnio, tem justamente no territrio paulista, no s uma acentuada frequncia de passagens, como tambm sua rea de oscilao e permanncia, que se estende do trpico ao Estado do Esprito Santo. O Estado de So Paulo est em plena encruzilhada das correntes tropicais martimas do E NE das correntes polares do sul e das correntes do W-NW do interior do continente. Este centro de choques de massa de ar alia-se presena da faixa limtrofe entre duas grandes regies climticas da vertente atlntica da Amrica do Sul. Justamente a transio entre o Brasil
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Meridional, permanentemente mido, e o Brasil Central, com alternncia de perodos secos e midos bem definidos, encontra-se o Estado de So Paulo. Os mecanismos gerais da circulao atmosfrica sul-americana, pulsando sob o controle da dinmica da Frente Polar, trazem ao territrio paulista o fluxo destas trs grandes correntes antagnicas polar atlntica, tropical atlntica e tropical continental (Monteiro, 1973). A Figura 8.3 apresenta as grandes regies climticas da Amrica do Sul. No mesmo estudo, o autor props uma classificao gentica para os climas do Estado de So Paulo partindo da anlise dos sistemas atmosfricos atuantes, suas caractersticas, movimentos e os processos frontais envolvidos, que resulta em nove unidades climticas distintas no Estado de So Paulo (Figura 8.4). Frentes so zonas ou superfcies de descontinuidade ou transio (trmica, anemomtrica, baromtrica, higromtrica etc.) no interior da atmosfera, oriundas do encontro de duas massas de ar de caractersticas diferentes. Mendona & Danni-Oliveira (2007)
Figura 8.4 - Esquema representativo das feies climticas individualizadas no territrio paulista dentro das clulas climticas regionais e das articulaes destas nas faixas zonais (Monteiro, 1973)
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Nimer (1989) afirma que apesar de sua notvel diversificao climtica, o sudeste do Brasil constitui certa unidade climatolgica advinda do fato desta regio estar sob a zona onde mais frequentemente o choque entre o sistema de altas tropicais e o de altas polares se d em equilbrio dinmico. Desta circunstncia decorre o carter de transio na climatologia regional do Sudeste, o qual expresso, no seu regime trmico. Interferindo sob o fator regional (mecanismo atmosfrico), a orografia determina uma srie de variedades climticas, tanto no que se refere temperatura quanto precipitao, sendo que o Sudeste bem regado por chuvas, no entanto a distribuio deste fenmeno se faz de modo muito desigual ao longo do espao regional e do ano. So variados os sistemas atmosfricos que podem causar desastres naturais em So Paulo. Dentre eles, destacam-se: Sistemas Frontais, definido como frentes anteriormente, e que gera tempo instvel. Estas reas de instabilidades produzem muita chuva, que pode desencadear inundaes, inundaes bruscas (enxurradas e alagamentos), alm de vendavais, granizos e tornados. Estes sistemas podem ocorrer o ano inteiro, mas no inverno que a sua atuao mais frequente e intensa (Monteiro, 2001 apud Kobiyama et al, 2006); Ciclones Extratropicais so perturbaes que se originam na baixa troposfera e fazem parte dos sistemas migratrios frontais que se desenvolvem na regio subtropical, no encontro das massas polares frias com a vertente quente dos anticiclones subtropicais, proveniente da regio equatorial (Oliveira et al, 2001). Propagam-se junto s frentes polares e so comuns de ocorrerem no Oceano Atlntico, prximo costa sul e sudeste do Brasil, podendo causar ressacas, chuvas intensas e ventos fortes (Varejo-Silva, 2006); Sistemas Convectivos Isolados, que sero explicados no item seguinte, ocorrem geralmente no vero e tambm podem se associar com os Sistemas Frontais e gerar muita chuva, vendavais e granizo; Complexos Convectivos de Mesoescala so sistemas com intensidade suficiente para gerar chuvas fortes, ventos, tornados, granizo, etc., ou seja, tambm so capazes de desencadear desastres naturais. Formam-se no norte da Argentina e Paraguai (regio do Chaco) e deslocam-se em direo ao leste (Silva Dias, 1996 apud Kobiyama et al, 2006); Zona de Convergncia do Atlntico Sul (ZCAS), convencionalmente definida como uma persistente faixa de nebulosidade orientada no sentido noroestesudeste, que se estende do sul da Amaznia ao Atlntico Sul-Central por alguns milhares de km, bem caracterizada nos meses de vero. Estudos prvios mostram o importante do seu papel na transferncia de calor e umidade dos trpicos para as latitudes mais altas. Observaes indicam evidente associao entre perodos de enchentes de vero na regio sudeste e veranicos na regio sul com a permanncia da ZCAS por perodos prolongados sobre a regio sudeste; por outro lado, perodos extremamente chuvosos no sul coincidem com veranicos na regio sudeste, indicando a presena de ZCAS mais ao sul (Camargo, 2004).
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Os desastres naturais abordados em seguida foram sistematizados segundo seus processos atmosfricos geradores e sua forma, todos relacionados com a geodinmica terrestre externa, buscando correspondncia com o CODAR Codificao de Desastres, Ameaas e Riscos (Castro, 2003), adotado pela Defesa Civil. Inicia-se com as chuvas intensas, fenmeno mais frequente no territrio paulista, e que deflagra os desastres naturais relacionados com o incremento das precipitaes hdricas e com as inundaes. Na sequncia, o granizo, assim como a chuva, produz impacto meterico, porm, considerado um desastre natural relacionado com temperaturas extremas. Os fenmenos anteriores geralmente vm associados aos raios, que so responsveis por um elevado nmero de vtimas fatais no pas, e juntos aos vendavais, produzem situaes no tempo atmosfrico conhecido como temporais. Temporal o termo usado para designar a associao de fenmenos como chuvas intensas, granizo, trovoadas, raios e vendavais. A principal condio para sua ocorrncia uma grande instabilidade atmosfrica, dando origem rpida conveco, a grandes altitudes, de uma massa de ar muito mida. O temporal assinalado por uma nuvem do tipo cumulonimbo (cumulus-nimbus), muito alta, com base escura e turbulenta; essa nuvem ascende a 10 mil metros ou mais. Adaptado de Forsdyke (1969) Em seguida so tratados os desastres naturais de causa elica, ou seja, vendaval, tornado, furaco e ressaca, este ltimo responsvel tambm por inundaes litorneas provocadas pela brusca invaso do mar; a geada, relacionada com temperaturas extremas, porm, formada em superfcie, ao contrrio do granizo; e finaliza-se com a estiagem, desastre relacionado com a intensa reduo das precipitaes hdricas.
Massas Polares, que aps a passagem de frentes frias, por vezes ocasiona geadas, tratadas adiante.
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A chuva o principal tipo de precipitao que ocorre no Brasil, uma vez que a precipitao de neve est restrita a reas serranas da regio sul em ocorrncias ocasionais. Por isso comum o termo precipitao ser utilizado para a chuva o elemento climtico que deflagra os principais desastres naturais no Brasil: as inundaes e os escorregamentos. A precipitao pluviomtrica, ou chuva, tem sido o elemento do clima que provoca as transformaes mais rpidas na paisagem no meio tropical e subtropical, sobretudo durante o vero, em episdios de chuvas concentradas (chuvas intensas ou aguaceiros), que ocorrem anualmente. No raras vezes resultam em tragdias, principalmente nas grandes cidades e zona costeira. A quantidade de precipitao normalmente expressa em termos da espessura da camada dgua que se formaria sobre uma superfcie horizontal, plana e impermevel, com 1m de rea. A unidade adotada o milmetro, que corresponde queda de um litro de gua por metro quadrado da projeo da superfcie terrestre, conforme: 1 litro/m = 1dcm/100dcm = 0,1cm = 1mm. Isso significa que uma precipitao de 50mm equivale queda de 50 litros de gua por metro quadrado de terreno, ou 500.000 litros por hectare. A precipitao ainda caracterizada por sua durao (diferena de tempo entre os instantes de incio e trmino) e por sua intensidade, definida como a quantidade de gua cada por unidade de tempo e usualmente expressa em mm por hora. Os instrumentos de leitura direta usados para quantificar a precipitao so chamados pluvimetros (Figura 8.6), cuja boca deve estar a 1,5 m do solo; e aos registradores chamam-se pluvigrafos, capazes de determinar a intensidade e durao da chuva. As chuvas so classificadas de acordo com sua formao, que Figura 8.6 - Pluvimetro DAEE
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resultado do tipo de processo que controla os movimentos de elevao do ar geradores das nuvens das quais se precipitam, assim diferenciadas (Mendona e Danni-Oliveira, 2007): Chuva de origem trmica ou convectiva - a conveco resulta do forte aquecimento do ar que ocorre ao longo do dia e caracteriza-se por movimentos ascensionais turbilhonares e vigorosos, que elevam o ar mido (Figura 8.7). Com a continuidade do aquecimento e atingindo a saturao, expressa pela temperatura do ponto de orvalho (TPO), ocorre a formao pequenas nuvens cumulus, que tendem a se transformar Figura 8.7 - Esboo do processo em cumulonimbos, gerando a precipitao, e gerador de chuva convectiva no raras vezes os aguaceiros tropicais de final (Mendona & Danni-Oliveira, 2007) de tarde (chuva de vero). Chuva de origem orogrfica ou de relevo - ocorrem por ao fsica do relevo, que atua como uma barreira adveco livre do ar, forando-o a ascender. O ar quente e mido, ao ascenderprximo s encostas, resfria-se adiabaticamente devido descompresso promovida pela menor densidade do ar nos nveis Figura 8.8 - Esboo do processo gerador mais elevados. O resfriamento conduz de chuva orogrfica (Mendona & DanniOliveira, 2007) saturao do vapor, possibilitando a formao de nuvens estratiformes e cumuliformes, que, com a continuidade do processo de ascenso, tendem a produzir chuvas (Figura 8.8). Dessa forma, as vertentes a barlavento so comumente mais chuvosas que aquelas a sotavento, onde o ar, alm de estar menos mido, forado a descer, o que dificulta a formao de nuvens e a distribuio da chuva mais constante. Chuva de origem frontal - forma-se pela ascenso forada do ar mido ao longo das frentes. As frentes frias, por gerarem movimentos ascensionais mais vigorosos, tendem a formar nuvens cumuliformes mais de- Figura 8.9 - Esboo do processo gerador de chuva frontal (Mendona & Danni-Oliveira, 2007) senvolvidas. A intensidade das chuvas nelas geradas, bem como sua durao, ser influenciada pelo tempo de permanncia da frente no local, pelo teor de umidade contido nas massas de ar que a formam, pelos contrastes de temperatura entre as massas e pela velocidade de deslocamento da frente. Nas frentes quentes, a ascenso mais lenta e gradual, gerando nuvens preferencialmente do tipo estratiforme.
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Quanto distribuio mdia anual da precipitao pluviomtrica no Estado de So Paulo, Carvalho e Assad (2005) realizaram mapeamento de isoietas utilizandose dados de 1.027 postos pluviomtricos abrangendo todo o Estado, para o perodo de 1957 a 1997 (Figura 8.10). Os autores avaliaram diferentes mtodos de interpolao geoestatstica, Figura 8.10 - Distribuio pluvial mdia anual no elegendo a krigagem ordinria como mais Estado de So Paulo (Carvalho & Assad, 2005). eficiente. Observa-se uma faixa de alta precipitao pluviomtrica no litoral que segue ordem prpria e discrepante as demais reas do Estado. Isto se deve ao relevo da regio, com a presena da Serra do Mar se dispondo mais ou menos paralelamente linha da costa, concordante as vertentes a barlavento, lado de onde sopra o vento, mais expostas aos ventos midos, que geram a queda de precipitao do tipo orogrfico ou de relevo. Nessa faixa litornea mais mida situa-se uma das pores mais chuvosas do Brasil, no trecho da Serra do Mar, entre Cubato e Bertioga (Figura 8.11), onde se registra totais pluviais anuais acima de 3000 mm, volume similar somente encontrado na bacia amaznica. Como exemplo, o posto pluviomtrico E3-042 do DAEE (Departamento de guas e Energia Eltrica do Estado de So Paulo), Represa Itatinga (2344S; 4607W; 720m), localizado no municpio de Bertioga (SP), que possui mdia pluviomtrica anual de 4544 mm (1971-1999) e totais mximos que j Figura 8.11 - Ortofoto de Bertioga-SP (Fonte: SMA) superaram 6000 mm em alguns anos. As pores norte e central (Baixada Santista) do litoral paulista, onde a Serra do Mar se posiciona muito prximo costa e a ocupao humana se estende ao longo de estreita plancie costeira, so registradas chuvas intensas anualmente. O trecho da Serra do Mar em Cubato foi rea de estudo dos primeiros ensaios de correlao entre chuva e escorregamentos realizados no Brasil por Guidicini e Iwasa (1972) e Tatizana et al (1987). Os municpios do litoral norte paulista e Baixada Santista operados pelo Plano Preventivo de Defesa Civil especfico para escorregamentos na Serra do Mar, acompanham os registros pluviomtricos dirios acima dos quais determinam mudana de fase de sua operao. Esses totais pluviais de certa forma correspondem a chuvas intensas capazes de deflagrar processos de movimentos de massa. Para o litoral norte paulista (municpios de Ubatuba, Caraguatatuba, So Sebastio e Ilha Bela), foi estabelecido o
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acumulado de chuva igual ou superior a 120 mm em 3 dias, e para a Baixada Santista (Guaruj, Santos So Vicente, Cubato, Praia Grande, 100 mm em at 3 dias. Alguns municpios da regio metropolitana e do interior paulistas tambm compem planos de contingncia da Defesa Civil, e em geral, foi estabelecido o volume pluvial de 80 mm como limite para mudana de estado de operao da Defesa Civil. Portanto, para cada lugar, o suporte fsico, tipo de uso e ocupao do terreno, determinam o quanto a intensidade da chuva pode se tornar um desastre. Nos municpios que abrangem a Serra do Mar, os ndices de chuva acima tem correspondido satisfatoriamente s aes de preveno da Defesa Civil estadual e municipais relativas aos desastres do tipo escorregamentos de encostas, que objetivam prioritariamente evitar perda de vidas durante o perodo chuvoso. Em estudo desenvolvido por Tavares et al (2004), baseado no levantamento de dados de ocorrncias de movimentos de massa da Defesa Civil nos municpios do Litoral Norte (perodo de 1991-2000), de chuvas de 10 postos da rede pluviomtrica do DAEE (perodo de 1971-2000) e sua correlao, observou-se que 69% dos registros de movimentos de massa ocorreu sob chuva acumulada igual ou superior a 120mm em at 72 h. Entre 80 e 119,9 mm em at 72 h foram 10% dos casos e o restante abaixo desses valores, que apontaram para as seguintes causas: induo antrpica direta, sem presena de chuva (por exemplo, lanamento inadequado de gua servida); sequncia chuvosa intensa anterior ao perodo de 72 h. Como exemplo, a chuva acumulada de 72 h no dia 13/02/1996 em Ubatuba, que totalizou 404,3mm, e provocou escorregamentos e rolamentos de blocos at o dia 26, sendo registradas chuvas dirias abaixo de 15mm desde o dia 18; e evento pluvial intenso em 24 h, que no necessariamente acumula total acima de 80mm em 72 h. Verificaram-se ocorrncias deflagradas por chuva de aproximadamente 60mm em at 24 h em Ubatuba e So Sebastio no ms de maro; 55mm/24 h em Caraguatatuba no ms de janeiro; e 50mm/24 h em Ubatuba no ms de janeiro e em Caraguatatuba no ms de dezembro. Os autores concluram que, de maneira geral, volumes pluviais dirios acima de 50 mm representam uma situao de perigo deflagrao de movimentos de massa durante o vero e durante os meses de novembro, abril e maio. H registros de chuvas acima de 400 mm em 24 h, como exemplo a catstrofe ocorrida em Caraguatatuba, que sofreu um aguaceiro sem precedentes em 1967, onde a cidade foi coberta por toneladas de lama e vegetao descidas das encostas da Serra do Mar aps chuvas torrenciais. O evento possivelmente no registrou um volume maior de chuva devido capacidade de armazenamento de gua no pluvimetro, que transbordou antes que fosse possvel sua leitura na manh seguinte. O evento de chuva registrou 570 mm em dois dias e na ocasio foi divulgado um total estimado de 120 mortes decorrentes da tragdia.
8.3. Granizo
O granizo, tambm conhecido como chuva de pedra ou saraiva, uma precipitao de gros de gelo, transparentes ou translcidos, em forma esfrica ou irregular, apresentando dimetro geralmente superior a 0,5 cm. Varejo-Silva (2006)
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A precipitao de gros ou pedaos de gelo ocorre, em geral, durante os temporais. Uma grande gota de chuva perto do fundo de uma nuvem de trovoada, numa forte corrente de ascenso, levada para cima e, ao alcanar as temperaturas menores, transforma-se em gelo. Em seguida, atrai cristais de gelo e flocos de neve na parte superior da nuvem, tornando-se maior e comeando a cair (Figura 8.12). Na parte inferior da nuvem recolhe mais gua. Poder Figura 8.12 - Processo de formao de granizo ser levada de novo para cima, para o alto da nuvem, recolhendo mais cristais de gelo (Forsdyke, 1969). A chuva, no ciclo natural da gua, ocorre porque a gua atmosfrica, em estado de vapor, levada pelo ar quente que, por ser mais leve que o ar frio, tende a subir. Mas, quanto mais quente e mido est o tempo atmosfrico, maiores so as massas de ar carregadas de vapor. Quando essas massas esfriam, formam enormes nuvens de tempestades. A chuva, neste caso, no lugar de gotas dgua, cai em forma de pedras de gelo. As gotas de gua da nuvem so empurradas pelo ar quente, porque no interior das nuvens, as correntes de ar descem e sobem. Quando as nuvens atingem a troposfera, a 5 km, chegam a uma temperatura inferior 0C. Abaixo dessa linha isotrmica de 0C, temos a constituio de partculas de gua e vapor na forma de gotculas. Acima da linha isotrmica de 0C, as gotas de gua congelam e formam o granizo. Algumas nuvens atingem altitudes iguais ou superiores a 15 km no seu volume total e, quando lanadas para cima pela massa de ar quente, se avolumam em forma de cogumelo, com quilmetros de dimetro e altitude. Na maioria das vezes o granizo se forma em nuvens do tipo cumulonimbos. Conforme a formao do granizo, muitas vezes as pedras degelam, chegando ao cho em forma de gotas lquidas muito frias. Ao cair, o granizo ainda pode se fundir com elementos gasosos e, com isso, adquirir a forma de floco de neve, e no mais de pedra de gelo (Mota, 1983). O granizo ocorre mais frequentemente nas regies continentais das mdias latitudes (20 a 55) diminuindo em regies martimas e equatoriais. Entretanto, apresenta tambm grande frequncia nas altas altitudes das regies tropicais. Teoricamente, o grau de dano causado depende do tamanho das pedras, da densidade da rea, da durao do temporal, da velocidade de queda e das caractersticas dos elementos atingidos. Chuvas intensas e ventos fortes quando acompanham o granizo aumentam os danos. O dano geralmente ocorre quando a chuva de granizo tem durao de mais de Figura 8.13 - Granizo acumulado em vias pblicas de 15 minutos (Mota, Op. Cit.). Barueri-SP (Foto: Sabino Gatti).
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Granizo: como prevenir Conhecer os sinais de um temporal que pode gerar chuva de granizo, tais como: nuvens negras e em forma de torre, relmpagos distncia; Ensinar aos membros da famlia como e quando desligar o gs, energia eltrica e gua; Certifique-se que todos os membros da famlia saibam o que fazer no momento do temporal; Estar atento s previses de tempo para a sua localidade; Proteger as pessoas e animais do impacto das pedras de gelo buscando um abrigo seguro; Colocar objetos frgeis embaixo de mesas e de outros mveis slidos, caso as habitaes no tenham telhados resistentes e confiveis; Guardar seu carro em local seguro e fechar todas as aberturas da sua casa; Manter os animais em local coberto; Aprender como agir em ocorrncias de tornados, vendavais e inundaes bruscas, pois so fenmenos que podem acompanhar a precipitao de granizo. Permanecer em lugar com uma cobertura que suporte a precipitao de granizo. Coberturas de cimento amianto, geralmente so as mais frgeis para suportar o granizo; se no tiver uma edificao, esconder-se dentro de um carro; Evitar banheiros, pias, torneiras de gua porque as tubulaes de metal podem transmitir descargas eltricas; Fechar as janelas e portas; No manusear nenhum equipamento eltrico ou telefones devido aos raios e relmpagos; Ouvir um rdio ou televiso bateria para as ltimas informaes sobre a tempestade. Dirija somente se necessrio. As estradas podem estar com muitos destroos que torna a direo perigosa; Verifique se h vtimas com ferimentos para prestar os primeiros socorros e chamar a emergncia; Estejam atentos para ajudar a sua vizinhana que pode requerer assistncia especial, como crianas e idosos com dificuldades.
a n t e s
d u r a n t e d e p o i s
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vem. Se a tempestade estiver suficientemente afastada de modo que o observador no possa ouvir o trovo, o raio intranuvem chamado de relmpago. Os raios intranuvem respondem por 80% de todas as descargas eltricas em uma tempestade. Em um temporal, 20% das descargas eltricas ocorrem em raios nuvem-solo. O potencial negativo da nuvem atrado pelo potencial positivo do solo. Um pequeno Figura 8.14 - Relmpagos em So Paulo filamento de cargas chamado de condutor co(Foto: Luis Carlos Toreli) mea a se estender da nuvem para o solo. Quando o condutor est suficientemente prximo, a carga positiva no solo responde com uma descarga imediata de carga positiva que se encontra com o condutor antes que ele atinja o solo. Esta descarga positiva, chamada de golpe de retorno, completa o ciclo do raio. Uma tempestade pode criar diversos bolses de carga positiva no solo que esto muito prximos. Quando um condutor desce, distanciando-se o suficiente da nuvem, um golpe de retorno iniciado de diversos destes bolses ao mesmo tempo. O efeito chamado de raio em forquilha. Com o acmulo continuado de um imenso potencial negativo na nuvem cmulo-nimbo, as cargas negativas na superfcie se espalham. Isto deixa buracos com carga positiva diretamente abaixo das tempestades. O efeito pode ser sentido pelas pessoas prximas de uma tempestade; como o potencial eltrico do corpo da pessoa tambm se torna carregado positivamente, o observador pode ter uma sensao de prurido, ou ter o cabelo da nuca eriado. Isto porque a carga positiva no corpo do observador est procurando um potencial negativo para se descarregar. Se voc tiver esta sensao, tente se tornar o objeto mais baixo na vizinhana imediata, ou voc pode se ver envolvido em uma descarga de um raio (Demillo, 1998). Raios ocorrem predominantemente no vero, devido ao maior aquecimento solar. Estima-se que, anualmente, cerca de 150 milhes de raios ocorrem no Brasil; destes, 50 milhes atingem o solo, representando aproximadamente seis raios por quilmetro quadrado por ano, segundo informaes da Rede Brasileira de Deteco de Descargas Atmosfricas (BrasilDat) operada pelo ELAT/INPE. As perdas econmicas ocorrem, sobretudo, no setor eltrico, mas atingem tambm a indstria e at o cidado comum, com a queima de equipamentos residncias (Pinto Jr e Pinto, 2008). O Brasil o campeo mundial de incidncia de raios, e So Paulo o Estado que registra o maior nmero de mortes por raios no pas. Aproximadamente 30% do total de casos de morte por raios registrados no pas ocorreu no Estado de So Paulo, que tem a combinao de muitos raios com muitas pessoas. No ano de 2008 foram 75 mortes no Brasil, o maior nmero da dcada, e entre 300 e 400 pessoas feridas, alm de prejuzos da ordem de um bilho de reais. A Figura 8.15 apresenta o ranking da incidncia de descargas atmosfricas por municpio no binio 20072008 em toda a regio centro-sul do Brasil, a qual engloba nove Estados da federao: RS, SC, PR, SP, RJ, ES, MG, MS, GO. Os rankings foram criados para cada Estado individualmente (indicando a posio de cada municpio em relao ao seu Estado); um ranking geral para os 3.180 municpios abrangidos; alm das variaes positivas e negativas na incidncia de descargas atmosfricas segundo a comparao com os resultados do binio 2005-2006.
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Ranking de Incidncia de Descargas Atmosfricas por Municpio no Brasil Municpios (Estado de S. Paulo) rea km2 Binio 2005-2006 Ranking Densidade Geral Estado raios/km.ano 12 1 152 15 19 21 4 531 451 5 6 8,5720 1 24 7 9 10 2 57 48 3 12,1528 5,8314 8,4689 8,3047 8,1406 9,2715 4,6996 4,8767 9,2466 Binio 2007-2008 Variao Ranking entre os Densidade Geral Estado raios/km.ano binios 1 1 13,2336 54,4% 0,3% 105,9% 30,7% 32,6% 20,3% 4,1% 101,1% 93,3% 1,6% 2 3 8 9 16 17 20 21 22 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12,1919 12,0059 11,0707 11,0126 9,7934 9,6522 9,4507 9,4244 9,3945
Guarulhos 318 S. Caetano 15 do Sul Mairipor 321 Ferraz de 30 Vasconcelos Po 17 So Paulo 1.523 Suzano 206 Caieiras 96 Osasco 65 Mau 62
Figura 8.15 - Ranking de incidncia de descargas atmosfricas por municpio no Brasil - Binios 2005-2006 e 2007-2008 (Fonte: Grupo de Eletricidade Atmosfrica ELAT/INPE, 2009)
Os dados de descargas atmosfricas apresentam algumas peculiaridades: as trs primeiras cidades do ranking do Estado de So Paulo ocupam respectivamente as trs primeiras posies do ranking nacional, ou seja, so as cidades com o maior nmero de registros de descargas atmosfricas no Brasil (na rea coberta pelo levantamento). As dez cidades paulistas que lideram o ranking estadual so todas pertencentes Grande So Paulo, maior aglomerao urbana do Hemisfrio Sul. Segundo Osmar Pinto Jnior, coordenador do ELAT/INPE, do Programa Nacional de Monitoramento de Raios e autor de livro sobre o tema, o levantamento do ELAT revela que o nmero de raios dobrou quando comparado com 2005. Foram 7,5 milhes em 2008 contra 3,7 milhes em 2005. Esse aumento considervel na incidncia registrado pelo INPE atribudo a fenmenos de larga escala como o La Nia, bem como a uma possvel consequncia das mudanas climticas globais. Dos casos de mortes registradas em 2008, 61% ocorreram no vero e 23% na primavera. Do total, 83% foram ao ar livre e 63% na zona rural. A maioria dos atingidos por raios sofreu o acidente enquanto exerciam trabalho agropecurio no campo (19%), ou estavam dentro de casa (17%) ou em motos (17%). Tambm foram registrados os primeiros casos no pas de morte de pessoas falando ao celular dentro de casa com o aparelho ligado rede eltrica (3 casos, 4%) e at mesmo de pessoa usando aparelho para alisar cabelos durante o temporal. Normalmente, a temporada de temporais tem incio em Setembro e vai at Maro. Entre Dezembro e Janeiro de cada ano, a regio de Campinas, por exemplo, atingida em mdia por 17 temporais, ou seja, um a cada dois dias, normalmente formados tarde ou incio de noite, com descargas eltricas, em algum ponto da regio (Pinto, 2000). Aos primeiros sinais de um temporal, planeje o que fazer no caso de ocorrncia das descargas eltricas nas proximidades.
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8.5. Vendaval
Vendaval pode ser definido como um deslocamento intenso de ar na superfcie terrestre devido, principalmente, s diferenas no gradiente de presso atmosfrica, aos movimentos descendentes e ascendentes do ar e a rugosidade do terreno. Vianello e Alves (2002) A caracterizao do vento em qualquer ponto da atmosfera requer dois parmetros, segundo Varejo-Silva (2006): a direo e a velocidade. Ambas so grandezas instantneas e pontuais, pois o escoamento do ar depende das condies atmosfricas (que variam no espao e com o tempo). Nas proximidades da interface superfcie-atmosfera o vento altamente influenciado pelas caractersticas geomtricas e pelo estado de aquecimento da prpria superfcie. A direo do vento exprime a posio do horizonte aparente do observador a partir da qual o vento parece provir (ou seja, de onde ele sopra) e nunca para onde o vento estaria indo, por mais bvio que isso possa parecer. A direo expressa em termos do azimute, isto , do ngulo que o vetor velocidade do vento forma com o norte geogrfico local (0), medido no mesmo sentido do movimento dos ponteiros do relgio analgico. Assim, o vento que vem de leste tem direo de 90, aquele que procede do sul tem direo de 180 etc. No havendo instrumento que permita estabelecer a direo do vento com preciso, costuma-se estim-la e lanar mo da rosa-dos-ventos para exprimir a direo aproximada. A direo relatada como aquela que mais se aproxima de um dos pontos cardeais - N, S, E, O - ou colaterais - NE, SE, SW e NW. A velocidade do vento normalmente expressa em metros por segundo (m/s), em quilmetros por hora (km/h), ou em ns (kt - knot). Um n corresponde a uma milha nutica (1852 m) por hora. A correspondncia entre essas unidades , portanto: 1 m/s = 1,944 kt 1 kt = 0,514 m/s A velocidade do vento superfcie varia bastante com o tempo e se caracteriza por intensas oscilaes cuja rapidez e amplitude esto relacionadas com o estado de agitao do ar, que constitui a turbulncia. Essa agitao denuncia a passagem, pelo local de observao, de turbilhes (vrtices ou redemoinhos) de diferentes tamanhos. Chama-se rajada uma variao brusca na velocidade do vento. Em geral, a rajada acompanhada por uma variao, igualmente brusca, na direo. O vento superfcie normalmente apresenta rajadas. Por isso, as observaes do vento superfcie, destinadas a fins climatolgicos ou sinticos (previso do tempo) devem referir-se aos valores mdios correspondentes a um intervalo de dez minutos (Varejo-Silva, 2006). Segundo Kobiyama et al (2006), as rajadas tambm podem variar consideravelmente em virtude da rugosidade presente no terreno, seja ela Figura 8.16 - Queda de rvores devido a vendaval em natural (colinas, morros, vales, etc.) ou consBebedouro, SP, 2007. Fonte: Acervo P.M. de Bebedouro truda (casas, prdios, etc.). Conforme os au-
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tores citados, os ventos causam danos diretos, se comparados a outros tipos de fenmenos, como por exemplo, as inundaes. Os locais onde ocorrem chuvas fortes no necessariamente coincidem com as reas em que ocorrem inundaes. Enquanto que, as reas que ocorrem ventos fortes, sempre esto associadas s reas que apresentam os danos mais intensos. Durante o perodo das navegaes, foi desenvolvida uma escala associando os diferentes tipos de estgios do estado do mar e a intensidade dos ventos. O objetivo era minimizar os efeitos do vento sobre as velas dos navios, que frequentemente traziam prejuzos para as embarcaes. Mas, somente em 1805, o contra almirante britnico Francis Beaufort desenvolveu um sistema enumerando as diversas intensidades. Em 1903, aps inveno do anemmetro, esta escala foi adaptada utilizando a velocidade do vento, atravs da frmula: V = 1.87B 3/2 em que V a velocidade do vento em milhas por hora a 10 m acima do nvel do mar e B o nmero Beaufort. Assim, a partir de 1939, esta escala passou a ser adotada em todo o mundo, sendo oficializada pela Organizao Meteorolgica Internacional. Outras adaptaes foram realizadas, como a adoo de simbologia e a descrio dos efeitos em terra. Com base nestas informaes foi construda a escala Beaufort (Figura 8.17), que registra ventos de at 117 km/h. Aps esta velocidade, os ventos so considerados com intensidade de furaco, e passa a se enquadrar em outra escala, chamada de escala SaffirSimpson, que utiliza os mesmos princpios da Beaufort (Kobiyama at al, 2006).
Escala Anemomtrica Internacional de Beaufort Fora Designao Smbolo 0 Calmaria Velocidade Indicaes visuais na superfcie terrestre ns km/h <1 <1
A fumaa das chamins sobe verticalmente. A superfcie do mar fica como um espelho. As folhas das rvores no se movimentam.
1-3
1-5
A direo dos ventos definida pela fumaa, que se desvia suavemente. Aparece no mar uma leve rugosidade. Cataventos no so deslocados
4-6
As folhas das rvores se movimentam. O vento sentido no rosto. Os cataventos movemse lenta6-11 mente. No mar, nota-se pequenas cristas de aparncia vtrea, sem romper-se.
As folhas e os ramos finos das rvores se agitam constantemente. Os ventos movimentam as bandei7-10 12-19 ras leves. As ondas se acentuam, com rompimento de pequenas cristas (carneirinhos). 1116 1721 Papel solto e poeira so levantados do cho. Os 20-28 pequenos ramos so movimentados. As ondas ficam maiores, com espumas frequentes. Pequenos arbustos e arvoretas se movem. Nos tanques 29-38 se formam pequenas ondas. No mar, as ondas aumentam de tamanho, com abundncia de borrifos.
131
7 8
10
Tempestade
11
12
Velocidade Indicaes visuais na superfcie terrestre ns km/h Movem-se os ramos grossos. Torna-se difcil andar de guarda-chuva e os fios de eletricidade silvam 2239-49 (assoviam). Comea a formao de ondas grandes, 27 aumentam as espumas e borrifos, tornando-se perigoso para pequenas embarcaes. Movem-se as rvores grandes, difcil andar contra o 2850-61 vento. A espuma se desloca na direo dos ventos e o 33 mar engrossa. O vento quebra os galhos das rvores. Torna-se muito 34difcil caminhar contra o vento. Ondas mdias se for62-74 mam. As espumas so arrastadas em nuvens brancas 40 (borrifos). Ocorrem destelhamentos, quedas estruturas frgeis 41(chamins, placas, etc). Camadas grossas de espumas 75-88 so arrastadas sobre o mar. As cristas das ondas come47 am a se romper, dificultando a visibilidade. As rvores so tombadas pela raiz, e as casas mais 4889- frgeis sofrem danos considerveis. Ondas altas, com cristas em p. A superfcie do mar parece bran55 102 ca devido a grande quantidade de espumas. Visibilidade reduzida. Ocorre com pouca frequncia, comeam a ocorrer 56- 103- danos estruturais, derrubada de edificaes e placas de sinalizao, grandes devastaes etc. Ondas excep63 117 cionalmente grandes. Mar completamente branco e visibilidade extremamente reduzida. Extremamente violento. Danos generalizados nas >64 >117 edificaes. O mar est completamente branco devido espuma das ondas.
Figura 8.17 - Escala anemomtrica internacional de Beaufort. Fonte: Kobiyama et al (2006) e CEPAGRI (2009).
Ventos fortes normalmente so formados durante a entrada de sistemas frontais, quando ocorre o choque de temperaturas (Pinto, 2000). Segundo o autor, os ventos podem ser do tipo horizontal, laminar, com caractersticas similares s do tufo ou furaco ou ainda as chamadas tempestades extratropicais. Nesse caso as regies atingidas podem ser acima dos 400 km de largura por vrios km de extenso, com pontos de incidncia maior de ventos fortes. Arvores so derrubadas e edificaes sofrem danos srios como queda de chamins e de paredes, destelhamentos etc. Ventos acima dos 75 km/hora j so considerados danosos e perigosos vida humana. Medir velocidades fortes do vento corretamente praticamente impossvel j que, a no ser nos casos de furaces, a extenso do fenmeno muito pequena e o equipamento adequado (anemmetro) teria que estar localizado exatamente no local de passagem do fenmeno. Assim, as velocidades so normalmente estimadas atravs dos danos causados na superfcie. A tabela anemomtrica internacional de Beaufort mostra esses efeitos.
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Vendaval: como prevenir Se possvel, corte as grandes rvores que estejam prximas da sua residncia aps autorizao dos rgos competentes. Lembre-se que os principais danos e mortes causados pelos vendavais esto associados queda de rvores ou de galhos sobre as edificaes e automveis. Aconselha-se o plantio de rvores frutferas nas imediaes das residncias; As telhas de cermica so bem mais resistentes aos ventos do que as telhas de cimento e amianto; Residncias sem veneziana so mais vulnerveis a fora dos ventos (projteis); Verifique se existem materiais que podem se transformar em projteis durante os vendavais, como materiais metlicos (recipientes, telhas, etc.), madeiras (ripas, tabuas de forro, etc.); Feche as portas e janelas, evitando assim a entrada de fortes correntes de ar no interior das edificaes. Estas correntes de ar, dependendo da presso exercida, podero derrubar as paredes da casa ou lanar todo o telhado (efeito exploso); Esteja atento aos boletins meteorolgicos e as notcias locais transmitidas nas emissoras de rdio e televiso; Verifique a existncia de densas e escuras nuvens no horizonte e/ou esteja atento a raios e troves; Tenha um kit em casa com lanterna, pilhas, roupas, medicamentos, comidas no perecveis e gua potvel; Coloque objetos de valor em um lugar seguro; Desligue o gs, gua e a eletricidade. Se estiver no meio de uma floresta, o perigo muito grande devido possibilidade de queda de rvores ou de galhos. Proteja-se em cmodos com pouca ou nenhuma janela e que possuam cobertura de laje de concreto, preferencialmente nos banheiros e corredores; S saia quando o vento acalmar ou receber o comunicado dos rgos de defesa (via rdio ou pessoalmente) que o perigo j passou; Em lugares abertos mantenha-se junto ao solo, de preferncia deitado (caso no estejam ocorrendo descargas eltricas) em alguma depresso do terreno para no ser lanado pela fora dos ventos ou atingido por projteis; No dirija, pois voc poder ser atingido por rvores, placas, projteis e postes; Caso voc esteja dentro de um carro, pare o mesmo em local aberto, longe de rios, pois os vendavais costumam ocorrer associados a fortes chuvas. Verifique se existem vtimas. Se sim, chame o Corpo de Bombeiros; Evite deslocar-se em virtude dos postes e linhas eltricas cadas. Alm disso, muito cuidado ao caminhar, pois pode se ferir seriamente em funo da grande quantidade de entulhos e objetos pontiagudos no cho; Tome muito cuidado durante o processo de reconstruo, principalmente quando for arrumar o telhado. neste momento que ocorre a maior quantidade de acidentes associados aos vendavais.
a n t e s
d u r a n t e
d e p o i s
8.6. Tornado
Tornado um fenmeno que se origina na base de nuvens do tipo cmulo-nimbo, estendendo-se at o solo como uma intensa coluna de ar giratria e normalmente visvel como uma nuvem funil. Para ser caracterizado como tornado, os ventos que formam o fenmeno devem causar danos na superfcie terrestre. Kobiyama et al (2006)
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Os tornados so visveis por causa da poeira e sujeira levantadas do solo e pelo vapor dgua condensado. A presso baixa dentro de um funil causa a expanso e resfrio do ar, resultando na condensao do vapor dgua. A maioria dos tornados tem o dimetro de 100 a 600 metros. Alguns so de poucos metros de largura e outros excedem 1600 m. Normalmente, os tornados que so formados adiante de uma frente fria, se movem em velocidades de 20 a 40 ns. Tornados tendem a formar-se com trovoadas severas que giram e requerem uma atmosfera instvel. Uma regio de forte cisalhamento de vento (velocidades de ventos mais rpidos e mudanas de direo de ventos com altitude) faz a corrente de ar ascendente dentro de uma trovoada girar em sentido ciclnico. Este mesociclone pode ser de 5-10 km de largura, estendendo-se verticalmente e encolhendo-se horizontalmente, causando a ascenso rpida dos ventos que giram. Dentro de um mesociclone, um vrtice giratrio pode aparecer no nvel mdio da nuvem e se estender para a base da nuvem. O primeiro sinal do nascimento de um tornado numa trovoada a observao de nuvens giratrias na base da tempestade. Uma nuvem em forma de parede forma-se quando as nuvens giratrias descem (Bindi, 2003 apud Kobiyama et al, 2006). O ar move-se rapidamente de todas as direes para dentro de um vrtice de presso baixa. Este ar se expande, resfria-se e suficientemente molhado ele condensa-se em uma visvel nuvem em forma de funil. O ar debaixo do funil tragado pelo vrtice e a nuvem em forma de funil descende para a superfcie. Sujeiras carregadas pelo tornado do uma aparncia escura. s vezes, o ar to seco que os ventos giratrios permanecem invisveis at atingir o solo e comearem a carregar sujeiras. Ocasionalmente, o funil no pode ser visto por causa da chuva, nuvens de poeira, ou escurido. Muitos tornados
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possuem um barulho distinto que pode ser ouvido por muitas milhas at quando eles no so bem visveis. Este som parece ser mais alto quando o tornado toca o solo, contudo, nem todos os tornados produzem este barulho, podendo representar um perigo silencioso. O rastro de destruio de um tornado pode variar de dezenas de metros a quilmetros de extenso. A intensidade dos ventos pode chegar at 500 km/h. Devido a grande dificuldade de inserir equipamentos de medio no interior dos tornados, h uma ampla utilizao de estimativa da intensidade do fenmeno, por meio de medies de radares doppler e de avaliao dos danos em campo. Existem diversas escalas para a classificao de tornados conforme os danos ocasionados, entretanto a mais utilizada escala Fujita - Pearson (Kobiyama et al, 2006). O limite inferior de velocidade dos ventos (117 km/h) na escala de tornados (Figura 8.20.) corresponde ao incio da velocidade dos ventos nos furaces, abordados na sequncia (Figura 8.23). A escala F1 de tornados, com velocidade acima de 117 km/h, corresponde categoria mxima da Escala Anemomtrica Internacional de Beaufort, apresentada anteriormente (Figura 8.17). Velocidade acima de 511 km/h em tornados era considerada apenas em simulaes (chamado de tornado inconcebvel). Foi possivelmente registrado em 1999, no chamado Tornado de Oklahoma, quando a velocidade do vento chegou bem perto dos 533 km/h. Conforme Pinto (2000), tornados so mais raros de ocorrerem no Estado de So Paulo, mas so observados um a dois por ano em uma faixa que vai desde as regies de Campinas-Jundiai at a divisa com o MS, entre Pereira Barreto e P. Prudente. So de caractersticas diferentes das do furaco, pois atingem normalmente reas de apenas 100 a 800 metros de largura e se deslocam at 20/30 km de extenso, causando danos muito srios cada vez que toca a superfcie. Os ventos horizontais da periferia so helicoidais (redemoinhos) e atingem de 200 a 400 km/h. Os ventos verticais, que causam suco na superfcie, podem atingir at 500 km/h. O pior tornado da regio foi observado entre Itu e Jundiai, em 30 de Setembro de 1991, com danos graves em uma faixa de 100 a 200 metros de largura por 20 km de extenso, indo desde a Rodovia do Acar at a serra do Japi. Alm de 15 mortes estimadas, foram destrudas casas, reas florestadas/agrcolas e torres de transmisso de energia. O segundo maior em intensidade provavelmente foi o observado na regio de Campinas, em 28 de Novembro de 1995, entre Paulnia e Jaguarina, quando foram destrudos vrios prdios da regio, inclusive o centro de convenes da Unicamp. Figura 8.19 - Diagrama de um tornado. (Fonte: A. Markham).
135
F0
Fraco
65-116
0-1,6
0-16
Leves
F1
Fraco
117-180
1,6-5
17-50
Moderados
F2
Forte
181-253
5,1-15,9
Grandes rvores arrancadas pela raiz, estruturas menores destrudas, podem arrancar todo 51-160 Considerveis o telhado, trailers e casas frgeis destrudas, carros levantados do cho; objetos tornam-se projteis Telhados, paredes e casas grandes bem construdas (alvenaria) destrudos; trens descarrilados, a maioria das rvores nas florestas arrancada, carros pesados levantados do cho e arremessados
F3
Forte
254-332
16-50
161508
Severos
F4
Violento
333-419
51-159
5401400
Casas bem construdas niveladas ao plano (totalmente destrudas), estruturas com Devastadores fundaes fracas transportadas por algumas distncias, carros arremessados e grandes projteis generalizados
F5
Violento
420-510
161-507
16005000
Incrveis
Automveis grandes arremessados distncia, casas com forte amarrao desintegradas, pessoas e animais arremessados a muitos metros de distncia, rvores arrancadas e lanadas a centenas de metros; chega a arrancar asfalto e grama por onde passa
Figura 8.20 - Escala de intensidade de Tornados Fujita-Pearson (adaptado de Kobiyama et al, 2006)
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Tornado: como prevenir Esteja atento aos boletins meteorolgicos e s notcias locais transmitidas nas emissoras de rdio e televiso; Verifique a existncia de densas e escuras nuvens no horizonte e/ou esteja atento a raios e troves; Tenha um kit em casa com lanterna, pilhas, roupas, medicamentos, comidas no perecveis e gua potvel; Caso no tenha um abrigo apropriado para tornados, selecione um cmodo da sua casa que seja mais seguro (exemplo, o banheiro) para esconderem-se na ocorrncia desse fenmeno; Informe a todos os membros de sua famlia para que cmodo correr e como proceder na ocorrncia de tornado; Coloque objetos de valor em um lugar seguro; Desligue o gs, gua e a eletricidade. O abrigo subterrneo (poro) a melhor proteo individual; na ausncia de um poro, procure ficar longe das janelas e portas, de preferncia no corredor, banheiro ou armrio, sempre no piso mais baixo da casa; Se estiver em um edifcio, desa para o andar mais baixo ou escolha um local no centro de um corredor; nunca use prdios de construo leve como proteo; Caso esteja fora de casa, deite-se em uma vala ou depresso no solo; Se estiver no carro ou caminho, saia do automvel e procure um local coberto adequado para ficar; se estiver dirigindo por uma estrada em local descampado e for surpreendido por um tornado, altere sua direo de forma a desviar no sentido oposto do local onde se observa o redemoinho. Verifique se existem vtimas e chame o Corpo de Bombeiros; ajude pessoas feridas dandolhe os primeiros socorros, mas no tente mover pessoas gravemente feridas ao menos que elas estejam em perigo iminente; Evite deslocar-se em virtude dos postes e linhas eltricas cadas. Alm disso, muito cuidado ao caminhar, pois pode se ferir seriamente em funo da grande quantidade de entulhos e objetos pontiagudos no cho; Tire fotos dos danos para auxiliar na anlise do fenmeno; Ligue a televiso ou rdio para pegar as ltimas informaes de emergncia; Use o telefone somente para casos de emergncia; Saia da construo se voc sentir cheiro de gs ou fumaa qumica. Tome muito cuidado durante o processo de reconstruo. neste momento que ocorrem a maior quantidade de acidentes;
a n t e s
d u r a n t e
d e p o i s
comum haver o emprego incorreto do termo tromba dgua para os aguaceiros. Tromba dgua um tipo de tornado que ocorre em amplas superfcies aquticas, seja no mar ou em grandes extenses de gua em reas continentais. A velocidade dos ventos pode chegar a 100 km por hora, sugando a gua e provocando a imagem de um cone em movimento (Figura 8.21). Ocorre com mais frequncia nas regies tropicais, mas pode, tambm, ser encontrado nas regies de latitude mdia. O fenmeno j foi observado em Ubatuba e Santos, gerando ressaca, abordada adiante. H registros de vtimas fatais de pescadores e pessoas ocupando pequenas embarcaes ou prximas orla durante trombas dgua. Figura 8.21 - Esquema ilustrativo de tromba dgua
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Tromba dgua (water spout) uma coluna nebulosa em forma de funil que emerge da base de uma nuvem cumulonimbo, terminando por um tufo de gotculas retiradas da superfcie da gua, ou de poeira e detritos aspirados do solo. A coluna consiste em um turbilho de ar muitas vezes violento que geralmente constitui um tornado, porm, sobre o mar ou sobre massas de guas interiores de grande extenso. Varejo-Silva (2006)
8.7. Furaco
O furaco um sistema de baixa-presso (ciclone) intenso que geralmente forma-se sobre os oceanos nas regies tropicais. Os ventos de um furaco giram violentamente ao redor de um centro relativamente calmo, conhecido como o olho da tempestade. Quanto mais prximo do olho, mais intensos ficam os ventos (parede do olho), que podem atingir velocidades superiores a 250 km/h (vento sustenido - obtido atravs da velocidade mdia dos ventos em um perodo de um minuto, medido a 10m acima do solo.). Devido fora de Coriolis, no Hemisfrio Sul os ventos de um furaco giram no sentido horrio, ao contrrio do Hemisfrio Norte, onde os ventos giram no sentido anti-horrio. Kobiyama et al (2006) Para que um furaco desenvolva-se necessrio que exista inicialmente a formao de uma tempestade tropical no oceano, sobre guas relativamente quentes, isto , com temperatura da superfcie do mar (TSM) superior a 26,5C. No entanto, Walton (1976) apud Kobiyama et al (2006) comenta que tambm podem formar-se furaces com temperaturas de at 23C, mesmo que esporadicamente. Alm destes ingredientes, acrescenta-se umidade, provinda da evaporao do oceano, temperatura elevada (regies tropicais) e um perodo de tempo suficiente para o desenvolvimento da tempestade. Como resultado, tem-se condies propcias para a formao de violentos furaces. Caso atinja a costa, com certeza provocaro danos e prejuzos severos s comunidades impactadas. Mas, ao mover-se sobre a terra, a rugosidade do terreno e a diminuio da umidade, fazem com que um furaco perca sua intensidade rapidamente. Assim, os danos associados aos furaces geralmente restringem-se a linha de costa. A diferena entre um furaco e um tufo apenas o local onde ele se forma. O tufo se forma no Oceano Pacfico e o furaco no Atlntico Norte. So apenas denominaes diferentes para caracterizar o mesmo sistema, ou seja, um ciclone tropical. No Brasil, em virtude da ocorrncia do Furaco Catarina, houve grande confuso entre classific-lo como um ciclone extratropical ou um furaco. A polmica foi gerada tanto pelo fato de ser o primeiro registro desse tipo de ocorrncia no Brasil, como pela diferena de interpretao de conceitos entre as instituies ligadas a pesquisa meteorolgica e os poucos dados registrados em superfcie. Alm das diferenas no processo de formao e estrutura, estes fenmenos podem ser facilmente diferenciados em virtude da sua forma, tamanho e danos. Em termos de tamanho, o Catarina (Figura 8.22) bem menor que o ciclone extratropical, e apesar do ciclone apresentar
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uma forma espiralada intensa, que no frequente para este tipo de fenmeno, no tem um formato circular bem definido como o de um furaco e a formao do olho. Com relao aos danos, os ciclones extratropicais causam geralmente ressacas nas praias, destelhamentos, queda de rvores e nos casos mais graves podem at destruir as edificaes mais frgeis; enquanto que os furaces causam destruio generalizada, deixando as reas impactadas completamente varridas pela fora dos ventos, como Figura 8.22 - Imagem do Furaco ocorrido com a regio sul catarinense aps a passagem do Catarina (27/03/2004, sensor MODIS do satlite TERRA, NASA) Catarina (Kobiyama et al, 2006). Segundo Ferreira (2006), duas pessoas morreram em terra, uma dezena de outras pessoas desapareceu no mar, alm do Catarina provocar dezenas de feridos e danos materiais considerveis. No total foram destrudas 2.194 edificaes e outras 53.274 foram danificadas, o que representou 36,4% do total de edificaes da regio. Apesar dos elevados danos, o Catarina foi classificado somente como categoria 2 na escala de furaces Saffir-Simpson (Figura 8.23), que corresponde a ventos de 154 a 177 km/h. Esta escala baseia-se no princpio da escala Beaufort e leva em considerao a velocidade dos ventos sustenidos (obtida atravs da velocidade mdia dos ventos em um perodo de um minuto, medido a 10 m acima do solo), a presso atmosfrica no interior do olho e os danos causados pelos furaces (Kobiyama et al, 2006).
Escala de Intensidade de Furaco Saffir-Simpson Escala 1 2 3 Vento Presso Onda (km/h) (mbar) (m) 119153 154177 178209 210249 >980 965979 945964 920944 Descrio
>249
<920
Figura 8.23 - Escala de Intensidade de Furaces Saffir-Simpson. Fonte: Simpson (1974) e Coch (1994) apud Kobiyama et al (2006)
No so verificados danos estruturais nas edificaes mais resisten1,2tes. Os danos iniciais so verificados principalmente em rvores e 1,5 arbustos, trailers e placas, e destelhamento generalizado. 1,8- Destruio parcial de telhados, portas e janelas. Os danos mais se2,4 veros ocorrem nas casas de madeira. Muitas rvores so derrubadas. rvores grandes derrubadas, e muitas perdem todas as folhas (efei2,7- to paliteiro). Destruio dos telhados, portas e janelas de casas e 3,6 danos na estrutura de edifcios pequenos. Nos EUA exigida a retirada dos moradores das reas costeiras. Destruio completa de casas de madeira. Danos estruturais em residncia de alvenaria. rvores, arbustos e todas as placas e sinais so der3,9rubadas. Muitas rvores so arrastadas pelos ventos. Nota-se que nos 5,5 EUA obrigatria a retirada total das pessoas que moram prximo costa e que vivam em terrenos baixos, a uma distncia de 10 km do mar. rvores grandes so arrancadas pela raiz. Casas de alvenaria so destrudas. Telhados e paredes de casas e edifcios resistentes so >5,5 severamente danificados. Todas as placas e sinais de trnsito so arrancados ou destrudos, transformando-se em projteis. obrigatria a evacuao em massa a uma distncia de 16 km do mar.
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Entretanto, em alguns casos, as tempestades de escala menor podem ocasionar maiores danos que as de categorias mais altas, em virtude da vulnerabilidade e do nvel de exposio das reas afetadas. Alm dos danos diretos devido fora do vento (destruio de edificaes, queda de postes e torres de alta tenso, rvores arrancadas, etc.), o furaco tambm intensifica o processo de salinizao nas reas litorneas. As partculas de sais marinhos (NaCl) grudam nas linhas eltricas e causam a queda de eletricidade em reas extensas, oxidam vrios metais e tambm matam a vegetao a mdio prazo (Kobiyama et al, 2006).
Furaco: como prevenir Em terra, os efeitos causados pelos furaces so os mesmos causados pelos vendavais, isto , os ventos comportam-se similarmente, variando somente em intensidade. Assim, as mesmas medidas preventivas utilizadas para vendavais tambm so adotadas para furaces. Ressalta-se que fundamental proteger as janelas e portas com lminas de madeira (madeirite); no sair de casa por causa dos projteis e ter um kit emergncia em casa (radio, lanterna, pilhas, roupas, medicamentos, comidas no perecveis e gua potvel) que possa durar alguns dias. Fonte: FEMA (2004) apud Kobiyama et al (2006)
8.8 Ressaca Ressaca ou mar de tempestade (storm surge), o termo utilizado para caracterizar a sobre-elevao do nvel do mar durante eventos de tempestade. Ela resulta do empilhamento da gua ocenica induzido pelo cisalhamento do vento e pela presena de gradientes de presso atmosfrica. A mar de tormenta a combinao da mar astronmica e da mar de tempestade. Kobiyama et al, (2006) Segundo Kobiyama et al (2006), a direo do vento tambm importante para ocorrncia de ressacas. Durante furaces o empilhamento ocorre a partir de ventos vindos do mar. J durante ciclones extratropicais o empilhamento se d esquerda do sentido do vento (hemisfrio sul), devido ao transporte de Eckman. No S e SE do Brasil, o vento que provoca empilhamento na costa o vento sul. J na costa do nordeste so os ventos dos quadrantes norte, leste e ocasionalmente do quadrante S que provocam as maiores ressacas. As ressacas mais destrutivas ocorrem durante furaces, sendo elas o componente que mais causa mortes ao Figura 8.24 - Ressaca em Santos/SP atingirem a costa. Na costa Atlntica dos (Foto: M. de Souza)
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EUA, apesar dos furaces causarem periodicamente danos severos, as tempestades extratropicais provocam maiores danos acumulativos. Isto porque tempestades extratropicais na costa leste americana so frequentes, duram muitos dias e abrangem extensas reas, enquanto que os furaces so menos frequentes, duram apenas algumas horas ao atravessar o continente e seus danos so mais localizados. A sobre-elevao do nvel do mar intensifica o poder erosivo das ondas de tempestade, causando danos severos especialmente quando coincidem com as mars de sizgia. Durante tais eventos a sobre-elevao, alm de poder provocar inundaes, aumenta o nvel base de ataque das ondas, danificando e muitas vezes destruindo propriedades e infra-estrutura urbana (Figura 8.24). Uma das ressacas mais destrutivas que afetaram o S e SE do Brasil ocorreu em maio de 2001, provocando danos severos em diversos municpios do litoral do RS ao RJ. Nessas regies as ressacas esto associadas s passagens frontais e ciclones extratropicais. Nesses eventos, ventos fortes e persistentes do quadrante sul empilham a gua do mar sobre a costa, muitas vezes avanando sobre dunas e edificaes.
Ressaca: como prevenir Verifique com a prefeitura, defesa civil e/ou com moradores antigos se voc mora em uma rea de risco inundao por ressacas; Construa infra-estruturas urbanas e edificaes respeitando a faixa de terreno de marinha; Conserve a duna frontal. Esta, alm de ser uma barreira contra o avano do mar, um importante estoque de areia que naturalmente erodido durante eventos de tempestade e recuperado nos perodos entre as tempestades; Evite construes prximas aos crregos, pois esses tm alto poder erosivo durante eventos de temporais com precipitao intensa; Em praias com alto grau de suscetibilidade, aconselha-se estabelecer faixas de recuo que impedem a construo de edificaes e infra-estrutura na faixa litornea com larguras maiores que os 33 metros do terreno de marinha; importante que os centros de meteorologia e defesa civil estabeleam sistemas de alertas que utilizem modelos de previso de mars de tempestade e de ondas e que orientem as comunidades que podem ser mais afetadas pelo evento; Em caso de ameaa de ciclones, fique atento para os alertas oficiais, emitidos pelos centros de previso meteorolgica e defesa civil. Estes devero aconselhar se mars altas e inundaes costeiras so esperadas. Tenha um plano de fuga. Leve sempre medicamentos essenciais, documentos vitais e fale com a defesa civil municipal o que pretende fazer; esteja preparado para evacuar assim que for orientado para tal. Isto facilita gerenciar a difcil tarefa de movimentar muitas pessoas, especialmente quando as condies do tempo esto piorando. Caso decida ir embora por conta prpria, avise seus vizinhos; Em caso de emergncia, acione a Defesa Civil ou o Corpo de Bombeiros. Fique longe de postes e linhas de transmisso cadas. Choque eltrico o segundo maior causador de mortes durante as inundaes. A eletricidade transmitida facilmente pelas reas inundadas. Caminhe na calada junto aos muros; Em caso de inundao, procure lugares mais altos da casa se no for possvel deixar o local. Se for abandonar, procure um lugar seguro para se abrigar.
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8.9 Geada
Geada o processo atravs do qual cristais de gelo so depositados sobre uma superfcie exposta. Isso resulta do fato de a temperatura da superfcie exposta ter cado at a temperatura do ponto de orvalho do ar, ou seja, a temperatura na qual ocorre a condensao na referida massa de ar ou a temperatura que deveria ser atingida por uma superfcie exposta para que haja formao de orvalho. Mota (1983) Quase sempre a formao de orvalho se d devido ao arrefecimento do solo por radiao, na ausncia de vento. A camada de inverso torna-se, assim, muito delgada e a condensao do vapor dgua ocorre diretamente sobre a superfcie das folhas e dos objetos expostos ao ar livre. Se o arrefecimento noturno for bastante acentuado para que sejam atingidas temperaturas inferiores a 0C, haver sublimao do vapor e, consequentemente, surgir a geada: depsitos de cristais de gelo em forma de agulhas ou prismas, ramificados ou no, de escamas, ou de leque (Varejo-Silva, 2006). Mota (1983) explica que na realidade a geada simplesmente o orvalho congelado. Em vez de a umidade (vapor dgua) existente no ar se condensar sob a forma lquida, ela passa diretamente do estado de vapor ao de cristais de gelo. As causas do orvalho dependem de fatores que favorecem ou dificultam o esfriamento dos corpos por efeito da irradiao noturna para o cu. As perdas de calor por este processo fsico esto ligadas por seis causas: Grau de nebulosidade observaes indicam que o orvalho no se produz ou escasso quando as noites se mantm nubladas, pois nuvens baixas impedem ou dificultam que os corpos, plantas, etc., irradiem seu calor para o espao e, portanto, se esfriem; Velocidade do vento o orvalho praticamente no se produz durante as horas da noite quando sopra vento com velocidade aprecivel; Grau de exposio a cu descoberto a superfcie de um corpo qualquer se esfriar tanto mais intensamente e, em consequncia, se recobrir de uma maior quantidade de orvalho, quanto mais exposta a cu aberto se acha; A maior densidade do ar frio enquanto o manto herbceo dos espaos livres se encontra recoberto por abundante orvalho, as copas das rvores se acham completamente secas, devido s folhas dessas copas, por irradiao, se esfriarem mais rapidamente que as plantas e por contato tendem a esfriar a camada fina de ar que as rodeia. Porm, como o ar frio adquire maior densiFigura 8.25 - Geada em Campos do Jordo, SP. dade, desce at o solo; (Foto: R. Gonalves)
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O poder emissivo dos diversos corpos a quantidade de orvalho depositada tanto maior quanto maior for o poder emissvel dos corpos expostos irradiao noturna; A condutividade calorfica um corpo com elevado poder emissivo apenas se recobre com uma pequena camada de orvalho quando repousa sobre um objeto bom condutor de calor em contato com o solo, entretanto, apresenta abundncia de orvalho quando repousa sobre um objeto mal condutor de calor, tambm em contato com o solo.
Condies para ocorrncia de geadas de radiao Cu claro Umidade do ar baixa Ausncia de vento Temperaturas baixas Existem diferentes designaes para qualificar o fenmeno da geada, que correspondem a seus diferentes tipos e que se referem gnese do fenmeno ou em outros casos, aos efeitos visuais que produzem. So elas (Mota, 1983): Geadas de adveco so as provocadas por uma invaso de ar com temperaturas muito frias, o que frequente em regies continentais ou em algumas martimas do hemisfrio norte; Geadas de radiao neste tipo de geada a isoterma 0 C se encontra geralmente acima de 1500m de altura e afeta exclusivamente o microclima, j que fica limitada em sua expresso, a camada de ar adjacente ao solo; Geadas mistas quando o fenmeno de geada de adveco e de radiao ocorre em forma simultnea; estes fenmenos contribuem para expressar uma temperatura daninha para vegetao; Geadas brancas e negras suas designaes no obedecem s suas gneses, e sim observao dos efeitos visuais produzidos na ocorrncia do fenmeno. A geada branca ocorre quando a temperatura mnima dos objetos expostos radiao noturna, no caso as plantas, menor que a do ponto de orvalho, ou de saturao com respeito ao gelo, da massa de ar que o circunda durante a noite de geada. O esfriamento noturno produz uma condensao de vapor dgua em forma de orvalho, e logo seu congelamento sobre as plantas, quando o ponto de orvalho est acima de 0C. O ar calmo e o cu descoberto so, de certo modo, favorveis sua formao. A geada negra aparece quando o ponto de saturao com respeito ao gelo, da massa de ar, fica abaixo da temperatura mnima dos mesmos. O vapor dgua to escasso que, apesar do esfriamento noturno, no chega ao ponto de saturao com respeito ao gelo. O cu coberto, semicoberto ou turbulncia na camada baixa da atmosfera favorecem sua formao. O cu coberto diminui a intensidade do esfriamento noturno, e a turbulncia tende a diminuir a concentrao de vapor dgua na proximidade do solo. A observao da geada negra, essencialmente agrcola, significa invariavelmente danos vegetao, enquanto que quando ocorrem as geadas brancas, nem sempre se produzem danos (Mota, op.cit.).
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O Estado de So Paulo tem na agricultura uma importante fonte de divisas, estando a maior parte dos cultivos localizados em regio tropical, com altitudes entre 500 e 1.200 m. Essa condio favorece a ocorrncia de geadas severas eventuais, constituindo assim atividade de risco, com significativo prejuzo Figura 8.26 - Mapa-base altimtrico (m) do Estado de So Paulo economia do Estado. A suscetibili- (Fonte: Valeriano et al., 2002 apud Astolpho et al., 2004). dade das culturas agrcolas s geadas varia muito segundo a espcie. Culturas como caf e cana-de-acar possuem o limite de temperatura da folha de 2 C, abaixo do qual se iniciam os danos. Essa temperatura de folha de 2C corresponde temperatura aproximada de 2C obtida em abrigo meteorolgico (Pinto et al., 1978 apud Astolpho et al., 2004). Neste sentido, Astolpho et al (2004) realizaram o mapeamento da (%) de ocorrncia de distribuio espacial de ocorrncia Figura 8.27 - Probabilidades C. (Fonte: Astolpho temperaturas mnimas absolutas anuais <1 et al., 2004). de geadas no Estado de So Paulo, baseados em modelos desenvolvidos para estimativa da probabilidade de ocorrncia de temperaturas mnimas absolutas pontuais e os modelos digitais de elevao obtidos por sensoriamento remoto orbital, da plataforma RADARSAT-1 (Figura 8.26). O estudo conclui que as principais regies cafeeiras do Estado de So Paulo (nordeste e centro-sul) esto situadas em rea com probabilidade de ocorrncia de geada entre 20 e 40%; e que a metodologia utilizada demonstrou boa capacidade para o mapeamento da distribuio espacial de ocorrncia de geadas, a partir do mapeamento de probabilidades (%) de ocorrncia de temperaturas mnimas absolutas anuais <1 C, obtidas atravs da distribuio de valores extremos (Figura 8.27). Pinto e Zullo (2009) apontam que a ocorrncia de geada na regio Sudeste concentra-se nos meses de junho a agosto com casos excepcionais em maio e setembro. De modo geral, em mdia ocorrem geadas fracas a cada 4/5 anos, fortes a cada 9/11 anos e severas a cada 18/20 anos. Os autores tambm destacam alguns fatos e mitos com relao a geadas e culturas plantadas: Em noite de geada, o ar em contato com as folhas das plantas resfriado tornando-se mais denso e acumulando-se nas partes mais baixas do terreno. Pode se associar essa ao como se o ar frio fosse gua em dia de chuva, que
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escorre pela encosta abaixo e se acumula nas baixadas. Da a expresso estar com o p gelado em noites frias ser verdade j que o ar nas partes mais baixas sempre est mais frio; As folhas vegetais morrem devido ao intenso resfriamento causado pelo ar frio. Isso ocorre durante a madrugada, normalmente no horrio prximo ao nascer do sol, quando a temperatura atinge o nvel mnimo. falso, portanto, dizer que a planta queimada pelos raios solares, logo ao nascer do sol. A claridade serve apenas para se constatar que as plantas foram queimadas. Se fosse verdade essa crena, as plantas sempre seriam queimadas apenas na face Leste, correspondente ao lado do nascimento do sol; As plantas tm diferentes nveis trmicos letais. Caf e Cana morrem com -3,50C, Citrus com -70C, Tomate com 20C e Banana e Mamo com 5 a 60C. Assim, em boa parte dos casos, a formao de gelo nas folhas pode no ser a causa de morte das plantas, como observado para o caf; A queima de pneus para fazer fumaa em noite de geada no tem eficincia alguma na proteo das plantas. A fumaa no tem o poder de impedir a perda de calor pelas folhas. A produo de neblina (gotculas de gua) que tem eficincia como forma de defesa; No se deve confundir Geada Negra com Geada de Vento. As geadas negras so caracterizadas pelo intenso resfriamento da superfcie vegetal em noites com ar extremamente seco, muito frio e calmaria total. Nesse caso, a perda de calor pelas folhas muito rpida e intensa, causando queima total pelo frio. A geada de vento causada por ventos frios, normalmente provenientes de Sul ou Sudeste e queimam normalmente apenas uma face da planta.
Geada: como prevenir Cultivo de espcies resistentes ou pelo menos mais tolerantes s temperaturas baixas no perodo reprodutivo; Planejamento, da semeadura e colheita, baseado em previses climticas de mdio prazo (trimestrais); Como a topografia influi na acumulao e escoamento do ar frio no terreno, escolher para o plantio as encostas elevadas, com mais de 10% de declive, os de espigo e os de configurao convexa com mais de 5% de declive. Evitar as baixadas e encostas baixas, espiges muito extensos e planos, terrenos de configurao cncava com baixo declive ou em bacias com gargantas estreitas a jusante. Aquecer o ar utilizando fogareiros a leo, que devem ser estrategicamente espalhados por toda rea de plantio; Misturar ou agitar o ar atravs do uso de grandes ventiladores operados por motores; Espalhar gua na folhagem da lavoura e usar o chamado quebra vento. O objetivo reduzir o resfriamento excessivo e aumentar a condutividade trmica do solo. O calor latente liberado no congelamento da gua faz com que a temperatura das plantas no caia abaixo do nvel de congelamento, durante a mudana de estado. Contudo, este mtodo de proteo s geadas apresenta limitaes.
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8.10. Estiagem
Estiagem refere-se a um perodo prolongado de baixa pluviosidade ou sua ausncia, em que a perda de umidade do solo superior sua reposio (Castro, 2003). A forma crnica deste fenmeno denominada como seca, considerada atualmente como um dos desastres naturais de maior ocorrncia e impacto no mundo. Isto se deve ao fato de que ela ocorre durante longos perodos de tempo, afetando grandes extenses territoriais. Kobiyama et al (2006) Assim, a estiagem caracterizada como um breve perodo de seca, podendo ser classificada em trs principais tipos (Campos, 1997 apud Kobiyama et al, 2006): Seca climatolgica, quando a pluviosidade (chuva) baixa em relao s normais da rea; Seca hidrolgica, quando a deficincia ocorre nos estoques de gua dos rios e audes (Figura 8.28); Seca edfica quando constatado um dficit de umidade no solo. Se as reservas contidas nas nascentes, rios e riachos pudessem ser coletadas e armazenadas para abastecimento e distribuio, possivelmente estes perodos no resultariam em consequncias prejudiciais ao homem. Alm de fatores climticos de escala global, como a La Nia, as caractersticas geoambientais podem ser elementos condicionantes na frequncia, durao e intensidade dos danos e preju- Figura 8.28 - Estiagem (Foto: Marielise Ferreira) zos. As formas de relevo e a altitude da rea, por exemplo, podem condicionar o deslocamento de massas de ar, interferindo na formao de nuvens e, consequentemente, na precipitao. O padro estrutural da rede hidrogrfica, por exemplo, pode tambm ser caracterizado como um dos condicionantes fsicos que interfere na propenso para a construo de reservatrios e captao de gua. A presena da cobertura vegetal contribui para a conservao da gua, pois reduz a perda de umidade do solo, devido principalmente ao bloqueio da radiao solar e ao sistema radicular (razes) que favorece o processo de infiltrao, diminuindo tambm a atuao do processo erosivo (lixiviao). Municpios com economia totalmente apoiada em extrativismo vegetal, por exemplo, podem sofrer grandes prejuzos econmicos. Dependendo especificamente do porte da cultura realizada, da necessidade de irrigao e da importncia desta na economia no municpio, os danos podem apresentar magnitudes economicamente catastrficas. As consequncias podem estar relacionadas a extra-
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tivismos, abastecimento domstico, gerao de energia, produo industrial, prestao de servios, atividades de lazer e turismo, repercutindo tambm em outros fenmenos, como queimadas e intensificao da erodibilidade dos solos (Kobiyama et al., 2006).
Estiagem: como prevenir Diversificar os tipos de culturas agrcolas e atividades econmicas, para evitar a concentrao de prejuzos; Priorizar culturas com maior resistncia a perodos de dficit hdrico; Realizar manejo do solo de acordo com a inclinao do terreno; Manter sempre que possvel a cobertura vegetal entre os perodos de cultivo; Proteger poos, crregos, audes e outras reas de captao; Proteger reas de nascentes, grotes e mata ciliar, principalmente nos rios de primeira ordem; Construir reservatrios com capacidade adequada a irrigao e a distribuio necessrias, e reservatrios para reutilizao da gua para fins de limpeza domstica; No construir barramentos sem estudo prvio do local; Evitar o princpio e a propagao de queimadas; Reutilizar a gua para fins de limpeza de caladas, fachadas e consumo animal; Utilizar somente gua potvel para consumo domstico, obtida em locais livres de contaminao ou, em ltimo caso, gua fervida.
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Realizar a limpeza de reservatrios antes do consumo domstico; Restabelecer o nvel dos reservatrios paulatinamente; Identificar e mapear as reas atingidas para controle futuro.
Bibliografia recomendada
DEMILLO, R. Como funciona o clima. So Paulo: Quark Books, 1998. 226p. KOBIYAMA, M. (Org.). Preveno de desastres naturais: conceitos bsicos. Curitiba: Ed. Organic Trading, 2006. 109p. MENDONA, F.A. e DANNI-OLIVEIRA, I.M. Climatologia: noes bsicas e climas do Brasil. So Paulo: Oficina de Textos, 2007. 206p. MONTEIRO, C.A.F. Clima e excepcionalismo: conjecturas sobre o desempenho da atmosfera como fenmeno geogrfico. Florianpolis: Ed. da UFSC, 1991. 241p. PINTO JUNIOR, O. e PINTO, I.C.A. Relmpagos. So Paulo: Brasiliense, 2008. 95p. PIPE, J. Tempo e clima. Barueri, SP: Girassol; Reino Unido: Tick Tock Entertainment, 2008. (Coleo Planeta Terra). 32p. VAREJO-SILVA, M.A. Meteorologia e climatologia. Verso Digital 2. Recife: 2006. 449p. Disponvel em: http://www.agritempo.gov.br ZAVATTINI, J.A. Estudos do clima no Brasil. Campinas: Editora Alnea, 2004. 398p.
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ampla gama de perigos, tais como, os geofsicos, meteorolgicos, hidrolgicos, geolgicos, tecnolgicos, biolgicos e at mesmo scio-polticos, individualmente ou em complexas interaes. Os perigos tm sido usualmente classificados com base em sua origem, naqueles considerados naturais ou tecnolgicos. Os perigos naturais, por sua vez so divididos em trs grandes categorias: hidrometeorolgicos, geolgicos e biolgicos, cuja classificao completa encontra-se no Quadro 9.1. Quadro 9.1. Classificao de Perigo, baseado em UN-ISDR (2004).
PERIGO (HAZARD) Um evento, fenmeno ou atividade humana potencialmente danoso, o qual pode causar perda de vidas ou ferimentos a pessoa, danos propriedades, rupturas scio econmicos ou degradao ambiental. PERIGOS NATURAIS (NATURAL HAZARDS) Processos ou fenmenos naturais que ocorrem na biosfera e que podem constituir-se em um evento danoso. Os perigos naturais podem ser classificados quanto origem em: geolgico, hidrometeorolgico e biolgico. ORIGEM Perigos geolgicos Processos ou fenmenos naturais que podem ser de origem endgena ou exgena Perigos hidrometeorolgicos Processos ou fenmenos naturais de natureza atmosfrica, hidrolgica ou oceanogrfica EXEMPLOS DE FENMENOS Terremotos, tsunamis; Atividade e emisses vulcnicas; Movimentos de massa, escorregamentos, queda de blocos rochosos, liquefao; Colapso superficial, atividade de falha geolgica. Inundaes/enchentes, corridas de lama/detritos; Ciclones tropicais, tempestades marinhas, ventanias, chuvas de tempestades, nevasca, relmpagos; Secas, desertificao, fogo, temperaturas extremas, tempestade de areias; Permafrost, avalanches de neve.
Perigo biolgico Processo de origem biolgica ou aqueles transmitidos por vetores biolgicos, Ecloso de doenas epidmicas, contgios de plantas ou de animais e de infestaes extensivas. incluindo exposio aos microorganismos patognicos, txicos e substncias bioativas PERIGO TECNOLGICO (TECHNOLOGICAL HAZARDS) Perigo associado com acidentes tecnolgicos ou industriais, rompimento de infraestrutura ou atividades humanas que podem causar perda de vidas ou ferimentos a pessoa, danos propriedades, rupturas scio econmicos ou degradao ambiental. Exemplos: poluio industrial, radioatividade, resduo txico, queda de barragens, acidentes industriais, etc.
Dois elementos so essenciais na formulao do risco: o perigo de se ter um evento, fenmeno ou atividade humana potencialmente danosa e a vulnerabilidade, ou seja, o grau de suscetibilidade do elemento exposto ao perigo. Isso indica que o impacto do desastre depender das caractersticas, probabilidade e intensidade do perigo, bem como da vulnerabilidade das condies fsicas, sociais, econmicas e ambientais dos elementos expostos. O risco um perigo calculvel, pois um processo potencialmente perigoso torna-se um risco para a populao afetada a partir do momento em que sua ocorrncia passa a ser previsvel,
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seja por emitir sinais prvios ou pela repetio, permitindo estabelecer uma frequncia. Desta forma, a estatstica tem um papel importante na definio do risco (Veyret, 2007). Embora a maior parte dos perigos naturais seja inevitvel, os desastres no o so. A investigao dos perigos que ocorreram no passado e o monitoramento da situao do presente possibilitam entender e prever a ocorrncia de futuros perigos, permitindo que uma comunidade ou o poder pblico possa minimizar o risco de um desastre (UN-ISDR, 2004). Assim, o risco existe quando h um perigo com potencial de causar dano e um elemento ou sistema scio-econmico que pode ser atingido. Para a avaliao de risco geolgico, Varnes (1984), props a seguinte equao: Rt = (E) x (Rs), como Rs = HxV, ento: Rt = (E) x (HxV), onde, H (Natural Hazard) - Perigo Natural; V - Vulnerabilidade; Rs - Risco Especfico; E - Elementos em Risco; Rt - Risco total (nmero esperado de perdas de vidas, de pessoas afetadas, danos a propriedades, ou interrupo de atividades econmicas). Nos estudos de risco geolgico, Tominaga et al. (2004) e Tominaga (2007) adotaram, com base em Varnes (1984), Einstein (1988) e UN-ISDR (2004), as definies abaixo: Perigo - refere-se possibilidade de um processo ou fenmeno natural potencialmente danoso ocorrer num determinado local e num perodo de tempo especificado.
Vulnerabilidade - conjunto de processos e condies resultantes de fatores fsicos, sociais, econmicos e ambientais, o qual aumenta a suscetibilidade de uma comunidade (elemento em risco) ao impacto dos perigos. A vulnerabilidade compreende tanto aspectos fsicos (resistncia de construes e protees da infraestrutura) como fatores humanos, tais como, econmicos, sociais, polticos, tcnicos, culturais, educacionais e institucionais.
Risco - a possibilidade de se ter consequncias prejudiciais ou danosas em funo de perigos naturais ou induzidos pelo homem. Assim, considera-se o Risco (R) como uma funo do Perigo (P), da Vulnerabilidade (V) e do Dano Potencial (DP), o qual pode ser expresso como: R = P x V x DP.
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Figura 9.1 - Mapa de suscetibilidade a escorregamentos da poro centro-sul de Ubatuba (Ferreira, 2008).
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a suscetibilidade natural do terreno e as caractersticas do uso e ocupao do solo como indicativos do perigo potencial (Figura 9.1). Outros autores, tais como Einstein (1988), Cooke & Doorkamp (1990), Fernandes e Amaral (1996) tambm consideram que o mapa de suscetibilidade corresponde ao mapa de perigo, quando se trata de escorregamentos, uma vez que representam probabilidades espaciais, as quais podem ser consideradas tambm como indicativas das probabilidades temporais. Normalmente, utilizam-se duas abordagens principais para anlise de perigo, uma qualitativa e outra quantitativa. Mtodos qualitativos, em geral, so baseados no julgamento de especialista por meio de dados obtidos em observaes de campo e em interpretao de fotos areas. Adota-se anlise geomorfolgica de campo, ou anlise de combinao de mapas de ndices dos fatores que afetam a estabilidade de vertentes. Os mtodos quantitativos baseiam-se principalmente em anlises estatsticas, por meio da comparao da distribuio espacial dos fenmenos com os parmetros considerados. Este mtodo procura contornar a subjetividade das abordagens qualitativas. Os resultados podem ser aplicados em reas que atualmente no apresentam feies de instabilidade, mas onde existem condies de suscetibilidade de futuras instabilidades. Utilizam-se tambm modelos geotcnicos determinsticos, que do mesmo modo que na anlise de suscetibilidade, so voltados para anlise de vertentes ou de locais especficos para fins da engenharia. A avaliao do perigo resultante da combinao das informaes do meio fsico (tipo de solo, declividade, clima, etc.) e do mapa de inventrio de processos como os de escorregamentos e de eroso. Os atributos descritos neste mapa podem ser analisados qualitativamente, classificando-se, por exemplo, em baixo, mdio ou alto perigo. O mapa de perigo representa, portanto, o potencial de ocorrncia, em uma rea ou regio, de processos que podem ser causadores de desastres naturais e, desta forma, contribui com importantes subsdios para o adequado planejamento do uso e ocupao do solo visando o controle e reduo dos desastres naturais (Figura 9.2). Com a disseminao do uso de Sistemas de Informaes Geogrficas (SIGs), os estudos de perigo ou de previso de reas instveis tiveram um grande desenvolvimento a partir da dcada passada. Os mtodos adotados nestes estudos podem ser agrupados em trs tipos principais: os empricos; os probabilsticos e os determinsticos (Fernandes et al., 2001; Savage et al., 2004).
Mtodos empricos
O mtodo emprico baseia-se na distribuio das cicatrizes recentes e depsitos associados como indicativo das reas que podem apresentar futuras instabilizaes. Por meio da produo de mapas de inventrios ou mapas de densidade de ocorrncias, so indicadas as reas com potencial de instabilizao (Fernandes et al. 2001). Estes modelos usam dados pluviomtricos regionais, mapeamentos geolgicos e geomorfolgicos, dados geotcnicos, e dados digitais do terreno em SIG para estimar a distribuio espacial e temporal do potencial de instabilidade das vertentes. Um outro mtodo considerado emprico so as anlises efetuadas a partir de mapeamentos geomorfolgicos e/ou geotcnicos, produzindo, em geral, um mapa de perigo por
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Figura 9.2 - Mapa de perigo de escorregamentos da poro centro-sul de Ubatuba (Ferreira, 2008).
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meio da combinao de vrios mapas referentes aos fatores condicionantes da instabilizao, aos quais so atribudos notas e pesos, a partir da experincia do profissional (Fernandes et al., 2001).
Mtodos probabilsticos
Em geral, os mtodos probabilsticos adotam anlises com bases estatsticas, as quais conferem menor subjetividade nos mapeamentos de reas suscetveis, possibilitando a replicabilidade. Estes procedimentos baseiam-se no princpio de que os fatores que causaram a instabilidade de um determinado local no passado podero gerar novas instabilizaes no futuro (Van Westen, 1993; Guzzetti et al., 1999). Entretanto, deve-se destacar que, como os critrios e regras de combinao nestes mtodos baseiamse em padres mensurados a partir de observaes e/ou ensaios de campo, torna-se necessria, a disponibilidade de extensos bancos de dados sobre os processos estudados, o que muito raro na realidade brasileira (Fernandes et al., 2001).
Mtodos determinsticos
Os mtodos determinsticos so abordagens que utilizam modelos matemticos em bases fsicas, ou seja, que descrevem alguns dos processos e leis fsicas que controlam a estabilidade de vertentes. So empregados programas computacionais baseados em modelos de fluxos hidrolgicos e de estabilidade de vertentes (Fernandes et al., 2001; Savage et al. 2004). Uma outra abordagem de anlise determinstica adota modelos de estabilidade de vertentes para determinar o perigo de escorregamento, por meio de clculo do fator de segurana. Estes modelos determinsticos requerem uma grande quantidade de dados detalhados obtidos em testes de laboratrio e em ensaios de campo, sendo assim, mais apropriados para fornecer as informaes quantitativas do perigo de instabilizao, as quais podem ser usadas diretamente em projetos de engenharia, ou na quantificao do risco. Contudo, o alto custo de obteno dos dados limita sua aplicao apenas para estudos localizados e em reas menores.
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e 3) efeito potencial sobre os fatores econmicos e presena humana (potencial de perda). Os nveis de perigo so descritos por uma escala de a (alto) a d (muito baixo) que combina a intensidade do perigo e sua probabilidade. A ao humana pode tanto reduzir ou aumentar o perigo alterando-os para um ou dois nveis. As perdas potenciais e o perigo modificado so ento associados para avaliao do risco da rea analisada. No Brasil, as experincias de elaborao de cartas de risco associadas aos movimentos de massa so bastante recentes. Os primeiros trabalhos surgiram apenas no final da dcada de 1980, como os de Prandini et al. 1987 e Sobreira, 1989. A partir destes trabalhos evidenciou-se a importncia das cartas de risco geolgico como instrumento tcnico fundamental para aes de gerenciamento e reduo das consequncias dos acidentes geolgicos (Cerri & Amaral, 1998). Como exemplo, podemos citar a proposta de Cerri (1993) de elaborao de mapas de risco geolgico em duas etapas principais. A primeira refere-se produo do mapa de suscetibilidade pelo cruzamento dos mapas temticos do meio fsico com o mapa de uso e ocupao do solo como indutor dos processos geolgicos. A segunda prev o cruzamento do mapa de suscetibilidade com o mapa de uso e ocupao do solo, representando nesta etapa, as consequncias (danos) potenciais associadas. O procedimento metodolgico sugerido por Fernandes e Amaral (1996) para elaborao de cartas de risco, visando atender ao planejamento e implantao de infraestrutura para reas habitadas, envolve a identificao e anlise do risco, sendo que a identificao contempla a definio, a caracterizao, a delimitao e a determinao dos condicionantes dos escorregamentos, bem como da sua rea de influncia. A anlise do risco contempla a qualificao e quantificao do risco e da definio dos diferentes graus de risco. Essas cartas de risco foram aplicadas na cidade do Rio de Janeiro com a finalidade de priorizar as medidas de eliminao do risco. Os procedimentos de avaliao de risco adotados por Tominaga et.al. (2004) e Tominaga (2007) com base na equao de risco, R = [P x (V x D)], contempla uma sequncia de anlises dos fatores do meio fsico e do uso e ocupao do solo (scioeconmico), conforme ilustrado na Figura 9.3 e na Figura 9.4 apresentado o mapa de risco a escorregamentos resultante destas anlises. No Estado de So Paulo, o Instituto Geolgico (IG) e o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT) tm atuado, desde 1988, junto a Defesa Civil Estadual nas aes de preveno de desastres naturais, como a operao do Plano Preventivo de Defesa Civil em diversas regies do estado. Estas aes sero abordadas no prximo captulo referente ao gerenciamento de desastres naturais. A identificao e qualificao do risco um dos principais suportes tcnicos para operao destes planos. Assim, para os mapeamentos de risco efetuados com o propsito de fornecer subsdios Defesa Civil e s prefeituras municipais para a identificao e o gerenciamento das situaes de risco relacionadas a escorregamentos e inundaes em reas urbanas dos municpios, utilizou-se um procedimento de avaliao qualitativa conjugado com observaes de campo, de forma a permitir uma rpida implementao de aes de preveno e mitigao em reas prioritrias (Marchiori-Faria et al., 2005).
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Figura 9.3 - Fluxograma da anlise de perigo e risco (Fonte: modificado de Tominaga et al., 2004).
Nestes mapeamentos, so avaliados os fatores considerados essenciais anlise do risco: a probabilidade ou possibilidade de ocorrncia de escorregamentos e inundaes/ enchentes; a vulnerabilidade em relao s formas de uso e ocupao; e o potencial de dano. Estes fatores definem a setorizao e o grau de risco. Na Figura 9.5 encontra-se um exemplo deste mapeamento. 9.4.2. Mtodos de mapeamento de risco aplicados s inundaes O mapeamento de riscos hidrolgicos, segundo Souza (2004), baseia-se na expresso Risco = Perigo x Danos Potenciais. O Perigo, neste caso, funo de: (a) suscetibilidade natural em desenvolver inundaes; (b) interferncias do uso antrpico como indutor de cheias e alagamentos; (c) probabilidade de ocorrncia de eventos associados a inundaes que determinada por meio de clculo dos perodos de retorno dos eventos. Na Figura 9.6 encontra-se um exemplo deste mapa. Os principais condicionantes naturais da suscetibilidade a inundao podem ser agrupados em: (a) climtico-meteorolgicos; (b) geolgicos; (c) caractersticas morfomtricas da bacia de drenagem; (d) comportamento flvio-hidrolgicos. Quanto s interferncias do homem nas bacias de drenagem podem ser de diversos tipos, tais como: ocupao de reas marginais aos canais de drenagem; implantao de aterros e estruturas lineares; implantao de diques marginais e barragens; modificaes dos canais de drenagem (canalizaes, retificaes); modificaes nos fluxos de sedimentos causando assoreamento; lanamento de entulhos e lixos (Souza 2004).
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Figura 9.4 - Mapa de risco a escorregamentos da poro centro-sul de Ubatuba (Ferreira, 2008).
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De acordo com Pinheiro (2007), as intervenes humanas ao longo da bacia hidrogrfica so os grandes causadores de danos, os quais podem agravar ou reduzir a magnitude das cheias. As principais intervenes so as decorrentes da urbanizao e dos obstculos ao escoamento da gua. A urbanizao impermeabiliza os solos provocando o aumento do volume de gua de escoamento superficial, da velocidade de escoamento e a reduo do tempo de resposta da bacia. Enfatiza-se, assim, que a maior parte dos desastres decorrentes de fenmenos naturais pode ser reduzida, minimizada ou at mesmo evitada, se forem adotadas medidas de preveno e de disciplinamento do uso e ocupao do solo. Os instrumentos legais para as aes de planejamento so os Planos Diretores Municipais, os Zoneamentos Ecolgico-Econmicos (ZEEs), as reas de Proteo Permanentes (APPs), CONAMA e outros. Os mapas de suscetibilidade, de perigo e de risco so os instrumentos tcnicos que fornecem subsdios a estas aes.
9.5. Concluses
A avaliao de risco de fundamental importncia para o planejamento e desenvolvimento das estratgias de reduo de desastres. Os procedimentos utilizados na avaliao de risco diferem conforme a natureza do fenmeno abordado. De modo geral, avaliao de risco envolve o uso sistemtico de informaes para determinar a probabilidade de que certos eventos ocorram e a dimenso de suas possveis consequncias. Em relao aos riscos geolgicos sugerem-se os seguintes procedimentos: Definir o fenmeno em potencial (localizao, dimenso, mecanismos) e as ocorrncias anteriores (mapa de inventrio ou cadastro); Anlise e mapeamento dos fatores condicionantes do meio fsico e dos tipos de uso e ocupao do solo, os quais interferem, aumentando ou reduzindo a probabilidade de ocorrncia do processo potencialmente perigoso (mapas de perigo); Anlise do risco das reas de perigo em conjunto com a vulnerabilidade e dano potencial do elemento em risco (mapas de risco).
Bibliografia recomendada
BRASIL. Ministrio das Cidades / Instituto de Pesquisas Tecnolgicas IPT Mapeamento de riscos em encostas e margens de rios. Braslia: Ministrio das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnolgicas IPT, 2007. 176 p. CARVALHO, C. S. & GALVO, T. (Org) 2006. Preveno de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaborao de Polticas Municipais. Braslia: Ministrio das Cidades; Cities Alliance, 2006. KOBIYAMA, M.; MENDONA, M.; MORENO, D.A.; MARCELINO, I.P.V.O.; MARCELINO, E.V.; GONALVES, E.F.; BRAZETTI, L.L.P.; GOERL, R.F.; MOLLERI, G.; RUDORFF, F. Preveno de desastres naturais: Conceitos bsicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p. Disponvel em www.labhidro.ufsc.br
Reabilitao, Reconstruo e Desenvolvimento. Essas etapas correspondem ao esforo de prevenir a ocorrncia do desastre, mitigar as perdas, preparar-se para as consequncias, alertar, responder as emergncias e recuperar-se dos efeitos dos desastres. Esto presentes em trs momentos do desastre: antes, durante e depois, conforme Tabela 10.1.
Tabela 10.1. Atividades de gerenciamento de riscos e respostas a desastres, segundo Cardona (1996)/SNPAD Colmbia (apud, Nogueira, 2002).
Antes do desastre Durante o desastre Depois do desastre Reabilitao: perodo de transio que se inicia ao final da emergncia e no qual se restabelecem os servios vitais indispensveis e os sistemas de abastecimento da comunidade afetada. Reconstruo: caracteriza-se pelos esforos para reparar a infraestrutura danificada e restaurar o sistema de produo, revitalizar a economia, buscando alcanar ou superar o nvel de desenvolvimento prvio ao desastre.
Preveno: objetiva evitar que Atividades de resposta ao deocorra o evento. sastre: so aquelas que se deMitigao: pretende minimizar senvolvem no perodo de emero impacto do mesmo, reconhe- gncia ou imediatamente aps cendo que muitas vezes no de ocorrido o evento. Podem possvel evitar sua ocorrncia. envolver aes de evacuao, busca e resgate, de assistncia e alvio populao afetada e Preparao: estrutura a resposta aes que se realizam durante o perodo em que a comunidade se encontra desorganizada e os Alerta: corresponde notificao servios bsicos de infra-estruformal de um perigo iminente. tura no funcionam.
Resposta e Reconstruo.
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10.1.1. Preveno
O refro aplicado gesto de Desastres: Mais vale prevenir do que lamentar (Cardona, 1996) significa que, pode-se evitar a ocorrncia do Desastre mediante a interveno direta do perigo, ou seja, impedir que ocorra a causa primria do Desastre. A ao de Preveno compreende duas etapas: a) Avaliao de riscos: onde os problemas so conhecidos, ou seja, a fase de identificao e anlise dos riscos (UNDRO, 1991). Nesta etapa ocorre a identificao dos processos perigosos, indicao dos locais ameaados, quantificao e estabelecimento de prioridades. A anlise das reas de risco permite a elaborao de bancos de dados e de mapas temticos sobre ameaas, vulnerabilidades e riscos de desastres. Como exemplos, temos: as cartas geotcnicas, os mapas de suscetibilidade, de perigo e de risco, alm do cadastramento e zoneamento de risco. A proposio das medidas de reduo dos riscos deve ser realizada em seguida fase de identificao e anlise dos riscos. b) Reduo de riscos: objetiva adotar medidas para a reduo da magnitude dos processos geolgicos perigosos para eliminar ou reduzir as consequncias sociais e/ou econmicas (Augusto Filho & Virgili, 1998). Existem dois conjuntos de medidas preventivas: medidas no-estruturais, que contemplam o planejamento do uso e ocupao do solo, em funo da definio das reas de risco (medidas de convivncia com o risco), bem como o aperfeioamento da legislao de segurana contra desastres e; medidas estruturais, que englobam obras de engenharia. Como exemplos de medidas no-estruturais, temos os planos de contigncia, sistemas de alerta e planos preventivos. As medidas estruturais so obras de conteno em taludes; diques, barragens, obras de controle a inundaes e eroses, entre outros. As medidas de preveno devem ter como objetivos (Cerri, 1993): a) eliminar e/ ou reduzir os riscos instalados; b) evitar a instalao de novas reas de risco e c) conviver com os riscos atuais. A Figura 10.1 mostra um exemplo de medidas de preveno de acidentes geolgicos associados a escorregamentos (Cerri, 1993).
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Figura 10.1 - Medidas de preveno de acidentes geolgicos associados a escorregamentos (modificado de Cerri, 1993).
Monitoramento, Alerta e Alarme; Planejamento Operacional e de Contingncia; Planejamento de Proteo de Populaes contra Riscos de Desastres; Mobilizao; Aparelhamento e Apoio Logstico. Nesta etapa tambm fazem parte os planos de contingncia, sistemas de alerta e planos preventivos, alm dos cursos de capacitao em Desastres e o desenvolvimento de pesquisas no tema.
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de escombros; sepultamento, limpeza, descontaminao, desinfeco e desinfestao do ambiente; reabilitao de servios essenciais; recuperao de unidades habitacionais de baixa renda.
10.1.4. Reconstruo
A fase de reconstruo tem por finalidade restabelecer em sua plenitude: os servios pblicos; a economia da rea; o moral social; o bem-estar da populao. Para isso necessrio recuperar os ecossistemas; reduzir as vulnerabilidades; promover o ordenamento do uso e ocupao do solo; realocar as populaes em reas de menor risco; modernizar as instalaes e reforar as estruturas. A reconstruo alm de restabelecer a normalidade, visa preveno a novos desastres, caracterizando assim a sequncia cclica das etapas de gerenciamento dos desastres (Figura 10.2).
Figura 10.2 - Sequncia cclica das fases de gerenciamento de desastres (modificado de Thouret, 2007).
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Tabela 10.2. Nveis operacionais do PPDC e suas aes correspondentes (Macedo et. al., 2006).
Nvel do Plano Observao Critrio de Entrada no Nvel Aes a Serem Executadas pelo Municpio Aes a Serem Executadas pelo Apoio Tcnico
-Manter tcnicos em planto para acompanhamento e anlise da situao; -Enviar previses meteorolgicas.
-Conscientizao da populao das reas de risco; -Obteno do dado pluviomtrico; -Clculo do acumulado de chuvas; Incio da -Recebimento da previso meteorolgica; operao do -Transmisso para o apoio tcnico do dado plano. pluviomtrico e nvel vigente; -Avaliao da necessidade de MUDANA DE NVEL. -Declarar MUDANA DE NVEL; -Comunicar ao apoio tcnico sobre MUDANA DE NVEL; Quando o -Realizar VISTORIAS de campo visando acumulado verificar a ocorrncia de deslizamentos e feies de de chuvas instabilizao. Devem ser iniciadas pelas reas de ultrapassar risco; o valor de -Obteno do dado pluviomtrico; referncia -Clculo do acumulado de chuvas; combinado -Recebimento da previso meteorolgica; com a previso -Transmisso ao apoio tcnico do dado meteorolgica. pluviomtrico e nvel vigente; -Avaliao da necessidade de MUDANA DE NVEL. -Declarar MUDANA DE NVEL; -Comunicar ao apoio tcnico sobre MUDANA DE NVEL; Quando as -Realizar VISTORIAS de campo; vistorias de -Retirada da populao das reas de risco iminente; campo indicarem -Obteno do dado pluviomtrico; a existncia -Clculo do acumulado de chuvas; de feies de -Recebimento da previso meteorolgica; instabilidade -Transmisso ao apoio tcnico do dado ou mesmo pluviomtrico e nvel vigente; deslizamentos -Agilizar os meios necessrios para POSSVEL pontuais. retirada da populao das demais reas de risco; -Avaliao da necessidade de MUDANA DE NVEL. -Declarar MUDANA DE NVEL; -Comunicar ao apoio tcnico sobre MUDANA DE NVEL; -Proceder a retirada da populao das reas de risco e demais reas necessrias; Quando -Obteno do dado pluviomtrico; ocorrerem -Clculo do acumulado de chuvas; deslizamentos -Recebimento da previso meteorolgica; generalizados. -Transmisso ao apoio tcnico do dado pluviomtrico e nvel vigente; -Avaliao da necessidade de MUDANA DE NVEL.
-Manter tcnicos em planto para acompanhamento e anlise da situao; -Enviar previses meteorolgicas.
Ateno
-Deslocamento de tcnicos para acompanhamento da situao e avaliao da necessidade de medidas complementares; -Enviar previses meteorolgicas.
Alerta
-Deslocamento de tcnicos para acompanhamento da situao e avaliao da necessidade de medidas complementares; -Enviar previses meteorolgicas.
Alerta Mximo
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Figura 10.3 - (a) Atendimento a ocorrncia de escorregamento no Guaruj - SP em 26-02-2009 (Foto: Acervo IG); (b) Curso preparatrio para o PPDC ministrado para a Defesa Civil de Santos - SP (Foto: Acervo IG);
Figura 10.4 - Mapa com as cinco regies do Estado de So Paulo onde o PPDC implantado durante o perodo chuvoso. Organizado por Antonio Carlos M. Guedes (IG).
07 municpios da Regio do ABCD (Diadema, Mau, Ribeiro Pires, Rio Grande da Serra, Santo Andr, So Bernardo do Campo e So Caetano do Sul); 11 municpios da Regio de Sorocaba (Alumnio, Araariguama, Ibina, Itapetininga, Mairinque, Piedade, Ribeiro Grande, So Roque, Sorocaba, Tapira e Votorantim); 16 municpios da Regio do Vale do Paraba e Serra da Mantiqueira (Aparecida do Norte, Areias, Bananal, Campos do Jordo, Cruzeiro, Cunha, Guaratinguet, Jacare, Lavrinhas, Paraibuna, Piquete, Queluz, Santa Branca, So Bento do Sapuca, So Jos dos Campos, So Luiz do Paraitinga);
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24 municpios da Regio de Campinas (guas de Lindia, Americana, Amparo, Atibaia, Bragana Paulista, Campinas, Campo Limpo Paulista, Hortolndia, Indaiatuba, Itapira, Itatiba, Jarinu, Jundia, Limeira, Lindia, Nazar Paulista, Pedreira, Piracaia, Rio Claro, Serra Negra, Socorro, Sumar, Valinhos, Vrzea Paulista).
Figura 10.5 - Mapeamento de risco associado a inundao no municpio de Jaboticabal, SP: (a) Setorizao e classificao das reas de risco (IG, 2005); (b) detalhe da ruptura do sistema de guas pluviais ocorrido em 1999, em consequncia de evento de inundao (Fonte: Acervo PM Jaboticabal).
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Figura 10.6 - Mapeamento de risco associado a eroso no municpio de Monte Alto, SP: (a) Setorizao e classificao das reas de risco (IG, 2008); (b) detalhe do evento de eroso ocorrido em 2007 (Fonte: Acervo IG, 2007).
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Figura 10.7 - Imagens do pico de chuvas sobre: (a) a rea de cobertura do Radar de Ponte Nova; (b) Regio Metropolitana de So Paulo (fonte: SAISP, 2009).
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Figura 10.9 - Mapa do municpio de So Paulo com um exemplo de previso de inundao (Fonte: Barros, 1999).
Modelo de estados hidrolgicos para reas urbanas sujeitas a inundaes foi desenvolvido para regies que inundam por deficincia de drenagem local. So pontos que tradicionalmente enfrentam problemas de inundao, de origem as mais diversas, galerias antigas sem capacidade de vazo, insuficincia de bocas de lobo, obras hidrulicas inadequadas, etc. Esse modelo trabalha com uma relao emprica para determinar a possibilidade da ocorrncia
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de inundao, em funo das chuvas observadas e previstas. Essas relaes foram calculadas com base nas inundaes passadas. As previses so feitas a cada cinco minutos, quando se observam novos mapas de chuva e cobrem um horizonte de trs horas a frente. O modelo estabelece para cada regio trs tipos de estados hidrolgicos: ateno, alerta e emergncia. O estado de ateno indica a possibilidade de extravasamento nas prximas trs horas, o estado de alerta indica que a inundao iminente nas prximas trs horas e o estado de emergncia indica que a inundao j est ocorrendo. A Figura 10.9 apresenta o mapa do municpio de So Paulo e um exemplo de resultado de previso de inundao. As cores indicam os trs estados hidrolgicos possveis.
Figura 10.10 - Municpio de Iguape, SP: (a) Inundao no Bairro Santa Brbara (Fonte: Ney Ikeda - DAEE), sobrevoo de 29/01/2005); (b) Solapamento de margem no Valo Grande (Fonte: Ney Ikeda - DAEE, 27/07/2006).
Foi criado um Sistema de Alerta contra as cheias, de forma a acionar a CEDEC e as Comisses Municipais de Defesa Civil (COMDECs) visando implantao de medidas preventivas. A Figura 10.10 apresenta as situaes de risco a inundao e solapamento no Municpio de Iguape, SP.
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O monitoramento das chuvas e dos nveis das guas realizado atravs de redes telemtricas (Frank, 2003). Cumprindo com uma de suas atribuies: planejar e promover aes destinadas a prevenir e minimizar os efeitos de inundaes, a Agncia Nacional de guas (ANA), assinou o convnio ANA N 0011/2002 com o Estado de Santa Catarina e a Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDM), por intermdio da Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina (EPAGRI). Este convnio possibilitou a ampliao e modernizao das estaes telemtricas (ANA, 2009). A Defesa Civil do Estado de Santa Catarina e o Centro Universitrio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina (CEPED) criaram, em 2003, o Projeto denominado Plano de Preveno e Reduo de Vulnerabilidade em Desastres para os municpios do Estado afetados por adversidades climticas. Tal projeto tem como objetivo no s trabalhar com o diagnstico Geoambiental das reas de risco nos municpios afetados pelas adversidades climticas, mas tambm com a criao de um plano de preveno e controle de desastres naturais nestes municpios (Dalmau et. al., 2004). O projeto divide-se em quatro etapas: a) Programa de Capacitao, Treinamento e Informatizao das Comisses Municipais de Defesa Civis COMDECs; b) Programa Catarinense de Gerenciamento de Mltiplas Agncias em Acidentes com Produtos Perigosos; c) Diagnstico Geoambiental das reas de Risco nos Municpios de Santa Catarina; e d) Aspectos operacionais do Plano de Preveno e Controle de Desastres Naturais. O Plano de Contingncia do municpio de Vitria (ES) tem como objetivo o atendimento e aperfeioamento das situaes de risco a desastres ambientais e/ou humanos, associados a processos de escorregamentos e inundaes do municpio. O Plano de Contingncia operado no incio da primavera at o final do vero (setembro a maro) e est dividido em cinco estados: observao (com pluviosidade de zero a 36 mm); ateno (chuvas esparsas, com pluviosidade de 36 a 86,7 mm); alerta (chuvas contnuas e solo parcialmente saturado) e emergncia (chuvas contnuas e concentradas e solo saturado). O plano no especifica a resoluo temporal do total pluviomtrico (se horrio, dirio ou mensal) (PM Vitria, 2009).
10.3. Experincia de resposta a desastres naturais no Brasil Sistema de comando em operaes (SCO)
O Sistema de Comando em Operaes baseado no Incident Command System, criado na dcada de 70 nos EUA. uma ferramenta gerencial que visa treinar, planejar, organizar, dirigir e controlar os grupos atuantes nas aes de resposta, ou seja, socorro e assistncia s vtimas de um desastre, especialmente quando o auxlio realizado por
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mltiplas agncias, jurisdies ou equipes (CEDEC/MG, 2009). Est sendo adotado em vrios estados do Brasil, pela Defesa Civil Nacional e por empresas privadas. Como exemplos de casos em que o SCO foi aplicado no Brasil, podemos citar: No rompimento da barragem da Minerao Rio Pomba Cataguases, em Mira (MG), em 10 de janeiro de 2007. O desastre provocou o vazamento de cerca de dois bilhes de litros de lama, que atingiram rios, inundaram vrios bairros, atingiram Muria e Patrocnio do Muria, em Minas Gerais e Lajes do Muria e Itaperuna, no Estado do Rio de Janeiro. Alm de deixar famlias desabrigadas e desalojadas, o incidente tambm causou danos ambientais. Na ocasio, rgos federais, estaduais e municipais trabalharam em conjunto e foi necessria a implementao dos princpios do SCO para integrar as equipes de apoio (CEDEC/MG, 2009); No terremoto ocorrido na madrugada de 09 de novembro em Carabas, distrito de Itacarambi, no Norte do Estado de Minas Gerais. Como consequncia do desastre, 76 famlias foram atingidas e uma criana morreu. O SCO foi aplicado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC/MG) que obteve sucesso na agilidade das respostas s ocorrncias (CEDEC/MG, 2009); Entre os dias 21 e 23 de novembro de 2008, na regio do Vale do Itaja, em Santa Catarina, choveu em dois dias, aproximadamente 600 mm, aumentando os nveis pluviomtricos j acumulados desde o ms de agosto. Em consequncia adveio uma situao histrica de desastre, registrando-se inundaes generalizadas e um grande nmero de movimentos gravitacionais de massa. Foram registrados 135 mortes, 02 pessoas desaparecidas e milhares de desabrigados e desalojados, alm de elevados prejuzos econmicos (DEDC/SC, 2009). Em funo das dimenses do Desastre e dos vrios rgos envolvidos, foi aplicado o SCO como instrumento de resposta ao Desastre.
Alguns aspectos quanto a necessidade de aprimoramentos na operao dos planos merecem destaque. So eles: Ampliao e melhoria na aquisio dos dados pluviomtricos e fluviomtricos (quando se tratar de monitoramento de nveis crticos de cheias); Criao e preparao de equipes tcnicas municipais com formao adequada, com cargo e funo com carter permanente; Desenvolvimento de pesquisas voltadas ao estabelecimento e/ou reviso dos critrios tcnicos operacionais. O Plano Municipal de Reduo de Riscos, criado pelo governo federal, um instrumento importante para a elaborao de polticas de gerenciamento de risco, as quais devem estar articuladas aos programas habitacionais de interesse social, urbanizao e regularizao de assentamentos precrios e com o Sistema Nacional de Defesa Civil. Entretanto, existe a necessidade de uma abrangncia maior deste Plano nos municpios que apresentam ocupaes em reas de riscos no Brasil.
Bibliografia recomendada
CARVALHO, C. S. e GALVO, T. (orgs.). 2006. Preveno de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaborao de Polticas Municipais. Braslia: Ministrio das Cidades; Cities Alliance. FRANK, B. e PINHEIRO, A. (Orgs.). 2003. Enchentes na bacia do Itaja: 20 anos de experincias. 1. ed. Blumenau: Editora da FURB. GEO-RIO. 1996. 30 anos de alta tecnologia em conteno de encostas. Rio de Janeiro:Fundao Instituto de Geotcnica. 50 p. GUSMO FILHO, J. A. 1995. A experincia em encostas ocupadas do Recife: integrao tcnica, institucional e comunitria. Revista do Instituto Geolgico, So Paulo, volume especial, p.9-22. LAVELL, A. 2003. La gestin local del riesgo: nociones y precisiones en torno al concepto y la prctica. Guatemala: CEPREDENAC/PNUD, 2003. 101 p. VEYRET, Y (org.). 2007. Os Riscos: o homem como agressor e vtima do meio ambiente. So Paulo: Contexto, 2007. 320 p.
Referncias
Legenda das fotos do verso das capas dos captulos: Captulo 1 - Morro do Ba, municpio de Luis Alves, SC, 2008. Fonte: Acervo IG. Captulo 2 - Escorregamento em Osasco, 2006. Fonte: Acervo IG. Captulo 3 - Inundao em Ribeira de Iguape, SP, 2005. Fonte: Ney Ikeda (DAEE). Captulo 4 - Booroca em Mirassol, SP, 2008. Fonte: Acervo IG. Captulo 5 - Eroso costeira em Caraguatatuba (Praia de Massaguau), SP. Fonte: Acervo IG. Captulo 6 - Colapso de solos em Dracena, SP, 2009. Fonte: Acervo IG. Captulo 7 - Carste com cobertura de solo em Ribeiro Grande, SP, 2005. Fonte: William Sallun Filho (IG). Captulo 8 - Temporal em Cambori, SC, 2008. Fonte: Acervo IG. Captulo 9 - rea de risco a escorregamentos em Santo Andr, SP, 2008. Fonte: Acervo IG. Captulo 10 - rea de risco em So Sebastio, SP, 2005. Fonte: Acervo IG. Foto da pgina 8 - Escorregamentos em Blumenau, SC, 2008. Fonte: Acervo IG.
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Autores
Autores
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Celia Regina de Gouveia Souza Geloga (1983), com mestrado em Oceanografia Geolgica (1990) e doutorado em Geologia Sedimentar (1997), todos pela Universidade de So Paulo. Pesquisadora Cientfica VI do Instituto Geolgico desde 1992. Ocupou cargos na Diretoria Executiva (Secretrio e Presidente) da Associao Brasileira de Estudos do Quaternrio (ABEQUA) de 1995 a 2005. editora e autora dos livros Quaternrio do Brasil e Restinga: Conceitos e Empregos do Termo no Brasil e Implicaes na Legislao Ambiental. professoraorientadora do Programa de PsGraduao do Departamento de Geografia Fsica da FFLCHUSP desde 2006. Principais linhas de pesquisa em: Geomorfologia Costeira (Eroso Costeira), Geologia e Geomorfologia de Ambientes Costeiros (Risco a Inundaes/Enchentes/Alagamentos), Biogeografia Costeira e Gerenciamento Costeiro. Daniela Grio marchiori Faria Enga. Geloga (1990) e Enga. de Minas (1992) pela Universidade Federal de Ouro Preto - MG (UFOP), com Mestrado em Geotecnia (1997) pela Escola de Engenharia de So Carlos (EESC-USP). Atualmente desenvolve doutorado em Geotecnia na EESC-USP. Pesquisadora Cientfica III do Instituto Geolgico desde 2004. Atua na rea de Geotecnia e Meio Ambiente. Jair Santoro Gelogo (1983) pela UNESP Universidade Estadual Paulista Campus de Rio Claro, com Mestrado (1991) e Doutorado (2000) em Geocincias e Meio Ambiente pela UNESP de Rio Claro. Pesquisador Cientfico VI do Instituto Geolgico, lotado na Seo de Geologia Aplicada e Ambiental. rea de Atuao: Pesquisas e trabalhos nas reas de escorregamentos de encostas, processos erosivos, mapeamento de reas de risco, elaborao de laudos e pareceres tcnicos para a Defesa Civil Estadual, Ministrio Pblico, etc. Coordenador pelo IG, junto Defesa Civil Estadual, do Plano Preventivo de Defesa Civil, para escorregamento de encostas no Estado de So Paulo. Ldia Keiko Tominaga Geloga pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho - UNESP, com Mestrado (2000) e Doutorado em Geografia Fsica (2007) pela Universidade de So Paulo Depto de Geografia - FFLCH/USP. Pesquisadora Cientfica VI do Instituto Geolgico do Estado de So Paulo desde 1985. Atua nas reas de Geomorfologia e Geologia de Engenharia e Ambiental, desenvolvendo os seguintes temas: cartografia geoambiental, riscos geolgicos e geomorfolgicos, preveno de desastres naturais, planejamento territorial e ambiental. Renato Tavares Gegrafo pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho - UNESP - (1991) e mestre em Geografia Fsica pela Universidade de So Paulo Depto de Geografia FFLCH/ USP (1997). Atualmente desenvolve doutorado em Geografia na UFPR - Universidade Federal do Paran. Pesquisador Cientfico V do Instituto Geolgico do Estado de So Paulo, onde atua desde 1993 na rea de Geografia e Climatologia. Os principais temas estudados referem-se caracterizao climatolgica para subsidiar planos de manejo de unidades de conservao, aes de preveno a desastres e planejamento territorial.
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Rodolfo Moreda Mendes Engenheiro Civil (1997) pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira UNESP, com Mestrado (2001) em Engenharia Urbana pela UFSCar Universidade Federal de So Carlos e Doutorado (2008) em Engenharia Geotcnica pela Escola Politcnica da USP. Desde 2005 Pesquisador Cientfico do Instituto Geolgico - SMA/SP. Desde 2007 Chefe do Laboratrio de Anlises Sedimentolgicas e Mineralgicas nesta Instituio. Atua na linha de pesquisa Geotecnia e Planejamento do Meio Fsico, relacionada aos seguintes temas: SIG, planejamento territorial urbano e regional, cartografia temtica geotcnica e ambiental, preveno de desastres naturais, riscos geolgicos, solos no saturados, estudos experimentais de campo e laboratrio, estabilidade de encostas e taludes. Rogrio Rodrigues Ribeiro Gegrafo (2000) e Mestre (2003) em Geocincias e Especialista em Controle da Poluio Ambiental (2006), todos pela Universidade de So Paulo. Pesquisador Cientfico II do Instituto Geolgico desde 2006. Sua atuao profissional e interesses cientficos esto ligados s reas de Geomorfologia e Planejamento Territorial, riscos geolgicos e geomorfolgicos, preveno de desastres naturais, Legislao Ambiental e Monumentos Geolgicos do Estado de So Paulo. Rosangela do Amaral Gegrafa (2000) e Mestre em Geografia Fsica (2005) pela Universidade de So Paulo USP. Pesquisadora Cientfica no Instituto Geolgico, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo. Sua atuao profissional e interesses cientficos esto ligados s reas de geomorfologia e planejamento territorial, relacionadas aos seguintes temas: cartografia geoambiental, riscos geolgicos e geomorfolgicos, preveno de desastres naturais, planejamento territorial e ambiental. William Sallun Filho Gelogo (1996), Mestre (1999) e Doutor (2005) em Geocincias pelo Instituto de Geocincias da Universidade de So Paulo USP. Desde 2005 Pesquisador Cientfico III da Seo de Geologia Geral do Instituto Geolgico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo. Tem como reas de atuao a Paleontologia do Pr-cambriano e a Geologia de Terrenos Crsticos.
O Livro Desastres Naturais: conhecer para prevenir busca disseminar o conhecimento sobre os diversos processos naturais ou induzidos pelo homem com possibilidade de ocorrncia no Estado de So Paulo, como escorregamentos, eroso, inundao, colapso e subsidncia, temporais, etc. Esta publicao foi elaborada por pesquisadores do Instituto Geolgico, agregando o conhecimento em estudos relacionados temtica, bem como a experincia em atendimentos de situaes emergenciais de risco, avaliaes e mapeamento destes riscos. O contedo apresentado justica-se dada a tendncia atual de aquecimento global com consequente aumento de extremos climticos. Esta congurao torna o ambiente propcio ocorrncia de desastres naturais, especialmente quando se associam s condies de vulnerabilidade das ocupaes urbanas e a problemas relacionados ao gerenciamento de desastres. Esperamos que a leitura desta obra possa contribuir para reduzir e minimizar as consequncias dos desastres naturais e, assim, atingir o objetivo proposto no ttulo: conhecer para prevenir.
Os organizadores