Resenha Do Livro: O Que É Ética, de Álvaro Valls

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UNIO DAS FACULDADES DE ALTA FLORESTA UNIFLOR Fernando Henrique Zilio da Silva

Resenha do Livro: O que tica

Alta Floresta-MT 2009

UNIO DAS FACULDADES DE ALTA FLORESTA UNIFLOR Fernando Henrique Zilio da Silva

Resenha do Livro: O que tica

Trabalho apresentado ao professor Carlos Alberto Cardoso, como requisito parcial da disciplina de tica, pelo acadmico Fernando Henrique Zilio da Silva, Unio das Faculdades de Alta Floresta - UNIFLOR

Alta Floresta-MT 2009

Resenha do Livro: O que tica


Fernando Henrique Zilio da Silva O livro O que tica, de lvaro Valls, publicado pela editora Brasiliense, com sete captulos, 87 pginas, com preo mdio de R$ 18,00, em sua 17 reimpresso, fala da tica de maneira simples e acessvel a todos. O autor, nascido em Porto Alegre-RS, graduou-se em filosofia pela Faculdade Medianeira de So Paulo e se ps-graduou na Alemanha. Publicou vrios artigos filosficos. Hoje professor da UFRGS, onde trabalha no departamento de Filosofia desde 1973. No captulo um, que trata sobre os problemas da tica, lvaro Valls trata do conceito de tica como uma reflexo cientfica, filosfica e teolgica sobre os atos humanos, ou mais profundamente a prpria vida, quando conforme os costumes considerados corretos. Segundo ele, os problemas da tica podem ser separados em dois campos: Os problemas gerais e fundamentais (liberdade, conscincia, valor, lei) e os especficos (como os da tica profissional, poltica, sexual, matrimonial, biotica). Isto apenas didaticamente, pois na vida real esses problemas vem todos juntos. Quando o autor fala de um comportamento eticamente correto, trata de um comportamento que segue os costumes correntes, enquanto esses costumes tm fora para coagir moralmente/socialmente. Para embasar este estudo, Valls utiliza referncias de Dostoievski (se Deus no existe tudo permitido), Max Weber (a tica no clara, simples e acessvel a todos), Immanuel Kant (Age de forma que a mxima da tua ao se torne lei universal), Scrates (o filsofo uma espcie de parteiro das idias maiutica). O captulo dois fala da tica grega antiga, e tem como ilustradores tericos Plato e Aristteles. O primeiro trata da tica como a busca pela felicidade. A Grcia antiga no tinha uma idia definida de vida aps a morte, por isto vivia pelos prazeres. Logo, Plato buscava a felicidade pela contemplao das idias (dialtica) e pela assimilao de Deus. Plato citou quatro virtudes principais: Justia, Prudncia, Fortaleza e Temperana. A tica de Aristteles era finalista e eudemonista. Para alcanar a felicidade, o homem precisava de certos bens, como amizade, sade, alguma riqueza. O captulo trs fala de tica e religio. A religio a tica normativa. Nas religies antigas, a ao humana era regida pela natureza. Os judeus agiam de acordo com a vontade de Deus, assim como os cristos, que pregavam o amor ao prximo, mas de uma maneira mais sublime que o conceito de amor por outras religies. O autor cita Kant, pois este filsofo acreditava que o ser humano deveria ser um fim, no um meio, o que refora a idia do respeito ao ser humano. J Hegel, Kierkegaard, Marcel e Buber procuraram relacionar a tica com a religio. Kiekergaard pregava a vivncia da tica, praticando tudo o que se aprendia. Marx fala de redeno, amor ao prximo, a vinda do Reino de Deus. Feuerbach acreditava que a religio s estaria ao alcance dos instrudos. O captulo quatro fala dos ideais ticos. Segundo Plato o ideal tico era buscar o conhecimento e fazer o bem. Aristteles acreditava numa vida virtuosa. Os esticos viviam de acordo com a natureza para estar em harmonia com o cosmo (que significa ordem). Os epicuristas viviam para os prazeres. O cristo vive em funo de Deus, e tem o ideal tico no esprito, focado na redeno. No renascimento e no ilumnismo, o ideal tico viver de acordo com o conceito de liberdade de cada um. Hegel pregava uma vida livre dentro de um Estado livre e de direito. Para Valls, no captulo cinco, falar de tica falar de liberdade. Em um primeiro momento, a tica lembra responsabilidade, embora no se possa falar de responsabilidade sem a possibilidade de liberdade do homem. Quando se fala em determinismo, principalmente no

fatalismo, no existe tica, responsabilidade, nem tampouco liberdade. Marx diz que o capital restringe a liberdade do homem. Neste caso, a tica no existiria, ou seria transformar o sistema do capital. Os esticos, totalmente contrrios ao determinismo, defendiam a liberdade incondicional, do pensamento e no do corpo. Para Adorno, a liberdade do ser humano s dependia dele mesmo, e ele deveria faz-la, no ficar preso em imaginao. Adorno considera a liberdade de Hegel fora da realidade do ser humano. O Estado de Hegel, defensor dos direitos e deveres do ser humano, uma sntese da estrutura poltica dos gregos e a moral dos cristos. Marx considerava que o Estado de Hegel no era a instncia do universal, mas um dominador. Kant tambm o critica, assim como Kierkegaard, Jaspers, Heidegger, MerleauPonty e Sartre, que disseram que o Estado de Hegel era indiferente quanto individualidade do ser humano.Kierkegaard diz ainda que para o grego antigo, o agir bem ou mal era uma questo de conhecimento. Uma pessoa m, na viso dos gregos, era simplesmente um ignorante, partindo do pressuposto platnico e aristotlico de que se o homem conhece o bem vai agir bem. Eles no imaginavam que um homem conhecedor do bem pudesse agir mal. lvaro Valls diz que a tica se preocupa com as contradies do homem, e que o homem deveria se fazer tal, posto que um ser sinttico, realizando ao longo de sua vida as contradies que o constituem inicialmente. O captulo seis fala de comportamento moral e sobre o bem e o mal. Segundo Valls, a preocupao atual da tica com a autonomia moral do indivduo. Este procura agir de acordo com sua razo natural. Marx relacionava tudo o que era tico com a economia, relacionando as relaes econmicas que sempre interferem no agir tico, embora isto gerasse outra problemtica: Como saber o que tico e o que econmico em um dado comportamento concreto? Moritz Schlick, membro do Crculo de Viena, diz que as aes boas so aquelas que se exigem de ns.... Valls diz que agir eticamente agir de acordo com o bem. J a maneira como se define o que o bem um outro problema, embora a opo entre bem e mal, levantada h alguns milnios, parece continuar vlida. Kierkegaard, cuja alcunha era o tico, dizia: meu dilema no significa, em primeiro lugar, que se escolha entre o bem e o mal; ele designa a escolha pela qual se exclui ou se escolhe o bem e o mal, ou seja, uma pessoa tica aquela que age sempre a partir da alternativa bem ou mal. Sendo assim, segundo Valls, s pode ser tico quem opta definitivamente pelo bem e no aquele que vive optando. No captulo sete, que trata sobre a tica hoje, Valls cita o livro Mnima Moralia, de Adorno, que diz que a tica hoje est reduzida a algo de privado. Marx, um sculo antes, observava o mesmo na religio. Valls ainda diz que se o lema mximo da tica o bem comum, um mau sinal a tica se tornar particular, pois nos tempos da grande filosofia, todas as virtudes so polticas, sociais. Neste captulo, Valls cita Hegel falando da eticidade. Nesta esfera, a liberdade se realiza eticamente dentro das instituies histricas e sociais: Famlia, sociedade civil e Estado. Hegel ainda diz sem temor que o Estado a realidade efetiva da idia tica. Na famlia, a tica trabalhada nas crianas pelos pais, que so os que daro a primeira noo do bem e do mal, certo e errado. Ento o indivduo passa a interagir com a sociedade civil, onde vai aprender o respeito aos limites e aos direitos do prximo e ver que deve lutar contra as desigualdades sociais. No Estado, o indivduo v em toda sua complexidade os contextos de seus direitos e deveres e a funo fundamental do Estado. Valls usa teorias de vrios filsofos para falar da tica, entre eles esto: Marx, Hegel, Kierkegaard, Moritz Schlick, Habermas, Francis Bacon, Adorno e Horkheimer. Estudando esses autores, um indivduo aprimora seu conhecimento e percepo ticos e poder viver mais eticamente. Este livro recomendado a todos que se interessam pelo assunto tico, como empresrios, polticos, religiosos, lderes corporativos e comunitrios, mas principalmente o universitrio, que tem as idias revolucionrias que modificam a realidade e constroem um futuro melhor.

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