Afetividade Wallon
Afetividade Wallon
Afetividade Wallon
Introdução
O objetivo primeiro deste texto é expor conceitos fundamentais da teoria
walloniana para a compreensão da dimensão afetiva e de sua relevância no
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Outro objetivo é suscitar
reflexões sobre a prática daqueles que forem afetados pelo texto.
Os conceitos priorizados, decorrentes da teoria de desenvolvimento de
Henri Wallon, serão:
Integração organismo-meio
Partindo de uma perspectiva psicogenética, a teoria de desenvolvimento
de Wallon assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da interação
do potencial genético, típico da espécie, e uma grande variedade de fatores
ambientais. O foco da teoria é essa interação da criança com o meio, uma rela-
ção complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais. Afirma Wallon:
Estas revoluções de idade para idade não são improvisadas por cada indivíduo.
São a própria razão da infância, que tende para a edificação do adulto como
exemplar da espécie. Estão inscritas, no momento oportuno, no desenvolvimen-
to que conduz a esse objetivo. As incitações do meio são sem dúvida indispensá-
veis para que elas se manifestem e quanto mais se eleva o nível da função, mais
ela sofre as determinações dele: quantas e quantas atividades técnicas ou intelec-
tuais são à imagem da linguagem, que para cada um é a do meio!... (Wallon,
1995, p. 210)
Integração afetiva-cognitiva-motora
1 No minicurso, a última atividade foi refletir com os participantes (a maioria professores de dife-
rentes níveis de ensino) os aspectos discutidos que mais os afetaram.
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Predominância do Principais
Principais
Estágio conjunto funcional Indicadores recursos de
aprendizagens
e da direção aprendizagem
Categorial cognitivo disciplina mental de concentração, atenção (maturação dos centros o que é o variedade de
(6 a 11 anos) centrífuga nervosos de discriminação e inibição); mundo? atividades;
no plano motor: gestos mais precisos, elaborados mentalmente com descoberta de ligação com o que
previsão de etapas e conseqüências; semelhanças e já sabe;
superação lenta do sincretismo 2 etapas: diferenças entre imperícia como
pensamento pré-categorial (até cerca de 9 anos), ainda marcado pelo objetos, idéias, parte do processo.
sincretismo. O par é a unidade menor de pensamento (um par interage com representações.
outros pares, por vezes em seqüências extravagantes, podendo ocorrer
encadeamento fabulatório);
pensamento categorial (a partir dos 9 anos): formação de categorias
intelectuais. Tarefas essenciais de conhecimento: definir e explicar (um objeto
se define quando se recorta e diferencia dos demais; só se explica quando as
relações estão claras). Tarefa árdua, tanto da definição, como da explicação.
Puberdade e afetivo última e movimentada etapa que separa a criança do adulto; quem sou eu? oposição aos
Adolescência centrípeta fortalecimento do pensamento categorial; quais são meus outros e às idéias;
(acima de 11 apreensão da noção de tempo futuro completa a consciência de si; valores? Quem vivência de
anos) alteração do esquema corporal; serei no futuro? valores.
ambivalência de sentimentos; consciência convivência com
questionamentos de valores. temporal. pares
Adulto equilíbrio entre definição de valores; eu sei que sou e convivência com
afetivo e cognitivo comportamentos de acordo com os valores assumidos; o que esperam de o outro;
responsabilidade pelas conseqüências de seus valores e atos; mim. experiências
controle cortical sobre as situações que envolvem cognitivo-afetivo-motor. próprias se
transformam em
preceitos e
princípios.
Abstract
The article discusses concepts from Henri Wallons theory of development that are fundamental
for the understanding of the affective dimension and its relevance to the development of the teaching-
learning process. The first part analyses the teaching-learning process as a unity, in which the
teacher-students interpersonal relationship is a determinant factor. The second part brings arguments
to justify the choice of this theory to focus on the role of affectivity in the teaching-learning process.
The third discusses the various components of affectivity (emotions, feelings, passion) and their
function in the different stages of development. Finally, a table with the main characteristics of the
stages is presented.
Key-words: affectivity; Henri Wallons theory of development; affectivity and teaching-
learning process.
Resumen
El artículo discute conceptos fundamentales de la teoría del desarrollo de Henri Wallon
para la comprensión de la dimensión afectiva y su importancia para el desarrollo del proceso
enseñar-aprender. La primera parte analiza el proceso enseñar-aprender como unidad, en la cual
la relación interpersonal entre profesor y estudiantes es un factor determinante. En la segunda
parte se justifica la opción por esta teoría para enfocar los componentes afectivos en el proceso
enseñar-aprender. La tercera discute los varios componentes (emociones, sentimientos, pasión) de
la afectividad y su función en las diversas etapas del desarrollo. Finalmente, se presenta una
tabla con las características principales de las etapas.
Palabras claves: afectividad; teoría del desarrollo de Henri Wallon; afectividad y proceso
enseñar-aprender.