Resumo - Teoria Do Ordenamento Jurídico - Bobbbio - Cap4
Resumo - Teoria Do Ordenamento Jurídico - Bobbbio - Cap4
Resumo - Teoria Do Ordenamento Jurídico - Bobbbio - Cap4
Savigny
Diz que deve haver em um sistema a unidade e a completude. Se falta a unidade,
temos que tirar as contradições e se falta a completude, temos que tirar as lacunas.
Carnelutti
Trata conjuntamente os dois problemas
A Coerência era uma exigência, não uma necessidade, na medida de que a total
exclusão das antinomias não é uma condição necessária para a existência do
ordenamento. Já a completude, baseando-se no sistema italiano, é uma necessidade para
o ordenamento, não uma exigência apenas.
Dogma da Completude:
Código Civil Francês Art.4º: “O juiz que recusar a julgar, a pretexto do silêncio,
da obscuridade ou da insuficiência da lei, poderá ser processado como culpado de
denegar justiça.”.
Duas Regras:
1) O juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se apresentem ao
seu exame
2) Deve julgá-las com base em uma norma pertencente ao sistema
Podem ocorrer ordenamentos que não considerem uma norma, mas ele será
incompleto.
2. O dogma da completude
No Direito Romano, no Corpus Iuris, estava escrito que não haveria nada a
acrescentar, pois todas as regras para os problemas estavam ali, e dependia de um bom
jurista perceber todas as regras implícitas.
Nos tempos Modernos, o dogma das completude tornou-se parte integrante da
concepção estatal do Direito e ia se fortificando para contemplar o monopólio da
produção jurídica pelo Estado, porque a partir do momento que a ordem feita por esse
não é completa, passa a ter a necessidade de procurar outras fontes jurídicas, seja o
costume, a natureza e até a equidade, retirando o monopólio do Estado, que queria
regular cada caso possível da sociedade e do Direito. Dentro disso, veio as codificações,
que serviam para consolidar a vontade do Estado e não deixar que outras fossem
consideradas.
A Escola da Exegese, impunha o fetichismo da lei, que consistia em ater-se
totalmente ao código. Era uma admiração incondicional pelas leis, uma confiança cega,
que podia ser resumido em: o dogma da completude jurídica.
Eugen Erlich
Contra o Fetichismo Legislativo, o Dogma da Completude, a mentalidade
tradicional e o conformismo diante do estadismo, estava o jurista alemão Eugen Erlich,
que dizia que o raciocínio tradicional do jurista se baseava em:
1) A proposição maior de cada raciocínio jurídica deve ser uma norma jurídica
2) Essa norma deve ser sempre uma lei do Estado
3) Todas essas normas devem formar no seu conjunto uma unidade.
3. A crítica da Completude
Não há um meio termo entre esses espaços, e um ato não pode estar nos dois ao
mesmo tempo, não podendo ser livre e regulado. Ou seja, não há lacunas na lei, apenas
atos juridicamente irrelevantes.
O erro da tese: O que é permitido acabaria coincidindo com o que é irrelevante.
Então fizeram a divisão entre as esferas da liberdade (irrelevante) e da
permissão(relevante).
Saint Romano, na Itália, distinguiu a liberdade irrelevante de liberdade jurídica.
Ele conceituava a liberdade irrelevante como a esfera daquilo que não é nem lícito nem
ilícito.
Na realidade, a divisão é:
Liberdade Protegida – aquela que é garantida por meio de coerção jurídica
contra eventuais impedimentos de terceiros.
Liberdade Não-Protegida – uma liberdade não garantida contra o impedimento
dos outros. Ou seja, licitude do uso da força privada.
Essa situação hipotética de liberdade não-protegida não é possível, porque o
nosso ordenamento é caracterizado pela monopolização da força pelo Estado e pela
consequente proibicao do uso privado da forca.
Em um ordenamento onde a monopolizacão da forca não é completa, a
intervencao da forca privada é lícita. Com isso ocorre a inversão da relação direito-
dever, onde a força privada de um está protegida em detrimento da liberdade e outro.
Essa relação não é irrelevante para o Direito, porque no momento em que a liberdade de
um está não está protegida, a liberdade de uso da força pelo outro está, sendo inerente
ao Direito.
Elas nascem sempre aos pares. Quando uma ação não está sendo regulada pela
norma particular inclusiva, ela automaticamente recai sobre a norma geral exclusiva,
não havendo lacunas no Direito. Ou seja, toda a atividade humana é regulada por
normas jurídicas, porque aquela que não cai sob as normas particulares cai sob as gerais
exclusivas.
E. Zitelmann (Alemanha)
Diz que cada norma positiva, com a qual é atribuída uma pena, é uma exceção à
norma fundamental geral e negativa.
Dois caminhos:
Argumentum a contrario – deve aplicar a norma geral exclusiva, não
considerando a semelhança entre os casos.
Argumentum simili – aplicar a norma geral inclusiva, incluindo o caso não-
previsto na disciplina do previsto.
O problema das lacunas reaparece, porque falta o critério para se saber qual
das soluções era a pretendida pelo ordenamento e pelo legislador. Se essa teoria fosse
aplicada em um ordenamento que não permitisse analogias (ex: Direito Penal) estaria
correto, mas a lacuna reaparece, consistindo em um novo conceito, ou seja, na falta de
uma regra que permita acolher uma solução em vez da outra e em qual norma usar: a
geral inclusiva ou a geral exclusiva.
Em suma, o ordenamento pode ser incompleto sim. A norma geral inclusiva,
que estabelece uma zona intermediária entre o regulamentado e o não-regulamentado é
imprecisa no ordenamento, revelando as lacunas, ou seja, incompletude do ordenamento
jurídico.
6. As lacunas ideológicas
Existe outro sentido para lacunas, sendo essa a falta de uma solução satisfatória,
ou seja, a falta de uma norma justa, de uma norma que se desejasse que existissem, mas
não existisse, sendo essas as lacunas ideológicas. Sendo essa baseada em uma
comparação entre o ordenamento como ele é e como ele deveria ser.
Somente o ordenamento jurídico natural não deveria ter lacunas ideológicas,
então todos os positivos tem. Quando os juristas falam das lacunas, eles falam das
lacunas reais e não das ideológicas, ou seja, daquelas postas no ordenamento. Para
Bobbio, dizer que o ordenamento jurídico é completo é um erro.
Brunetti
Dizia que para se falar da completude é necessário não apenas considerar a coisa
em si, mas também compara-lo com alguma coisa. Ou seja, para o problema das
lacunas, é preciso comparar o ordenamento jurídico com um ordenamento ideal ou
considerar o ordenamento como uma representação da vontade do Estado, se
perguntando se tal lei realmente expressa essa vontade.
Forma de eliminação:
Lacunas próprias – só através de formulação de novas normas, e a própria,
através de leis vigentes pelo intérprete.
Lacunas Impróprias – são completáveis pelo legislador
As lacunas em sentido próprio são aquelas onde um intérprete decidiu com uma
dada norma do sistema que não existe, ou seja, o sistema não oferece solução.
8. Heterointegração e Auto-integração
a) a anologia.
b) os princípios gerais do Direito.
Analogia Iuris
Analogia legis
Interpretação Extensiva
Crisafulli
Tem dois argumentos para explicar que os princípios gerais são normas, com os
quais Bobbio concorda:
1) São extraídos de normas, através de um processo de generalização sucessiva,
somente podendo ser também normas.
2) A função para qual são extraídos é regular um caso, que é a função de uma
norma.
Crisafulli tem também uma tese (com a qual Bobbio não concorda), que o artigo
12 se refere tanto aos princípios gerais não-expressos quanto aos expressos, sendo os
expressos divididos em expressos aplicados e os expressos não-aplicados. Os não-
expressos são aqueles que se podem tirar, por abstração de normas específicas ou pelo
menos não muito gerais, o espírito do sistema.
Ou seja, chegamos à conclusão de que o art.12 fala apenas do não-expressos,
porque se falasse dos expressos não seria uma forma de preencher uma lacuna, já que lá
haveria uma regra para tal acaso.