Relatório - Filme o Caçador de Pipas

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Interpretação e discussão do filme:

O filme “O Caçador de Pipas”, foi um autêntico divisor de águas na minha


compreensão particular do Afeganistão. Hosseini retrata um Afeganistão diferente
daquele dos noticiários, insere-nos descaradamente numa cultura diversa e viva que, nos
remete vê um ser humano inteiro, fazendo seu caminho de complicação emocional e o
caminho de volta. O autor nos coloca em contato não apenas com a imagem e a
realidade de um país que “desconhecemos” sua particularidade, ele abre as cortinas e
nos permite ver aquilo que está presente na cabeça e até mesmo no coração daquele
povo através de seus personagens.

Penso que não parecemos distantes daquilo que é descrito e apresentado, vamos
aos poucos sendo introduzidos num universo que nos é próximo justamente por
estarmos sendo inseridos nele a partir daquilo que nos torna verdadeiramente humanos,
os nossos sentimentos. Sentimentos estes que unem pais e filhos, amigos próximos e
também os que nos conectam aos nossos companheiros no amor. Portanto estamos nos
referindo a aquilo que é mais universal entre os homens e que, como consequência
disso, sensibiliza qualquer pessoa, independentemente de sua cor, credo, gênero, etnia,...

A história de um romance se universaliza quando explora justamente as


características que nos tornam mais próximos enquanto seres humanos assim como o
clássico de Romeu e Julieta de  William Shakespeare. No caçador de pipas o próprio
título nos mobiliza e aproxima da leitura por despertar reminiscências da infância, do
alegre bailado das pipas nos céus em uma constante e sadia disputa por espaço e
evidência.

Somos os caçadores de pipas não apenas na infância, e é nesse ponto que reside a
história dos personagens Amir e Hassan, irmanados por uma história de vida comum
nos primeiros anos de suas existências apesar das evidentes diferenças sociais
relacionadas a origem familiar de ambos.

Amir é o rico, Hassan o pobre. O primeiro é o senhor da casa em que vive com o
pai, sem a presença da mãe, falecida em seu parto. O segundo também é órfão da
presença materna e vive com o pai, serviçal da mais completa confiança de seu patrão, o
pai de Amir. As diferenças sociais existentes entre eles existem nas roupas, nas casas,
nos brinquedos e, até mesmo, nos alimentos que consomem, mas inexistem na relação
de proximidade e amizade.

A sociedade não vislumbra esse encontro e convivência tão especial, permeado


pela amizade descompromissada e fiel pelo fato dos meninos serem de etnias diferentes
dentro do sistema de castas existente no Afeganistão. No entanto, para os dois garotos,
não há preconceito algum, eles vivem o mais singelo e verdadeiro sentimento que move
os verdadeiros amigos.

Há, no entanto, segredos familiares que eles desconhecem. Existem também


diferentes atitudes dos dois meninos no que se refere à lealdade que reservam um ao
outro. São tão fortes essas relações/situações que os elos que os unem numa forte e
aparentemente indestrutível relação se despedaçam quando eles têm perto de 10 anos de
idade. Se não bastassem as circunstâncias da vida pessoal, a história do país passa por
grandes reviravoltas e as lutas políticas internas do Afeganistão os afastam por um
longo período de suas vidas.

É nesse ponto que um elemento comum de suas vidas na infância cria pontos de
reencontro entre Amir e Hassan. Só que os espinhos e as mazelas do passado se erguem
entre eles e só podem ser superados a partir de um reencontro. Mas, como reunir
pessoas depois de mais de 20 anos que vivem em realidades diferentes, em países
distantes? Hassan amargou os duros anos das guerras de seu país enquanto Amir
emigrou para os Estados Unidos...e o mais interessante de tudo isso é que não é uma
discussão, é claro, de um livro de História, pelo contrário, trata-se de um romance.

Em ressalva, podemos deixar como interpretação apriore segundo S. Freud (1956 –


1939) a importância fundante da infância na formação da personalidade. O personagem
principal tem na sua história o medo como algo recorrente, tanto que não assume e não
"se assume" em diversas situações. Em um momento crucial, porém, a Vida lhe faz um
pedido, a Vida lhe coloca uma nova situação, (de muito risco pessoal) a qual ele percebe
que DEVE assumir, inclusive para resgatar erros anteriores. É o assumir este risco que o
faz crescer e o torna livre de si mesmo e do seu passado. Jung (1875 – 1961 ) que se
opõe a Freud enquanto a formação da personalidade até mais ou menos os cinco anos de
idade nos leva a meditarmos ao assistir ou lê esse romance e nos fazendo enxergar

um ser humano inteiro, fazendo seu caminho de complicação emocional e o caminho


de volta na idade adulta e indo mais além com Erickson (1902 – 1994) vemos um
desenvolvimento psicossocial acontecer através de valores e crenças contribuições para
formação da personalidade

Análise:

 Importância da infância no desenvolvimento da personalidade, contexto social e


personalidade adulta.

Sobre o desenvolvimento da personalidade Freud atribui uma nova importância


às necessidades da criança em diversas fases do desenvolvimento e sobre as
consequências da negligência dessas necessidades para a formação da personalidade.
Como o autor evidência a cultura, o contexto histórico daquele país, podemos fazer
levantamentos a partir das teoria ericksoniana que reinterpretou as fases psicossociais de
Freud e podemos destacar algumas fases bem nitidamente:

- identidade x difusão de identidade onde a força atuante vem a ser a fidelidade


existente entre os amigos..

- intimidade x isolamento onde a força atuante veio a ser o amor.

- e passando para a oitava fase da integridade x desesperança, a sabedoria de Amir de


retornar o seu caminho de complicação emocional na infância onde podemos
correlacionar com a Gestalt de Perls, no fechamento de uma Gestalt ao assumir o
compromisso de criar o filho de seu amigo – irmão e retribuir a fidelidade de Hassan.

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