George Vale Owen - A Vida Além Do Véu - Livro 1
George Vale Owen - A Vida Além Do Véu - Livro 1
George Vale Owen - A Vida Além Do Véu - Livro 1
Mensagens de Espíritos
recebidas e ordenadas por
LIVRO 1
Os Planos Inferiores do Céu
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 3
Conteúdo resumido
***
Os Escritos de George Vale Owen fo-
ram publicados em cinco volumes, sob o
título geral de “A Vida Além do Véu”.
Os livros que compõem esta série se
denominam:
Notas Preliminares 7
Uma apreciação de Lord Northcliffe 12
Prefácio 14
Como vieram as mensagens 17
Introdução – por Sir Arthur Conan Doyle 21
Os Planos Inferiores do Céu
I – Os Planos Inferiores do Céu 28
II – Cenas mais brilhantes 80
III – Da treva para a luz 133
IV – A cidade e o reino de Castrel 178
V – Ministério angélico 229
VI – As mensagens de Astriel 271
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 7
Notas Preliminares
Capítulo I
11
As palavras e comentários do Rev. Vale Owen
estão em itálico.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 29
mente não está relaxada e passiva como
gostaríamos.
Diga-me alguma coisa sobre seu lar e
sua ocupação.
Nossa ocupação varia de acordo com a
necessidade daqueles a quem auxiliamos.
É variado, mas dirigido para a elevação dos
que ainda estão na vida terrena. Por
exemplo, fomos nós que sugerimos a Rose
a criação de um grupo de pessoas para
virem auxiliá-la no caso de ela sentir
qualquer perigo quando estivesse no quarto
escrevendo enquanto movíamos sua mão, e
este grupo está agora encarregado do caso
dela. Ela não sente, às vezes, a presença
deles próximos a ela? Ela deveria, porque
eles estão sempre alertas ao seu chamado.
Sobre nosso lar – É muito brilhante e
lindo, e nossos companheiros das esferas
mais altas têm sempre vindo a nós para nos
animarem a seguirmos em nosso caminho
para frente.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 30
Ocorreu um pensamento em minha
mente. Eles podem ver estes seres dos
planos mais altos, ou acontece a eles o
mesmo que conosco? Posso dizer que aqui
e ali, ao longo destes registros, o leitor
chegará a passagens que são obviamente
respostas para meus pensamentos não
expressos, usualmente começando com
“Sim” ou “Não”. Ficando isso entendido, não
haverá necessidade para que eu as indique,
a menos que alguma ilustração em particu-
lar requeira.
Sim, podemos vê-los quando desejam
que assim aconteça, mas depende do
estado de nossa evolução e do próprio
poder deles de servir a nós.
Poderia agora, por favor, descrever a
sua casa – paisagens, etc.?
A Terra aperfeiçoada. Mas é claro que
realmente existe aqui o que chamam de
quarta dimensão, de certa forma, e que nos
impede descrevê-la adequadamente.
Temos colinas, rios e lindas florestas, e
casas também, e todo o trabalho daqueles
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 31
que vieram para cá antes de nós, para
deixarem tudo pronto. Estamos agora a
trabalho, na nossa vez, construindo e
arrumando para aqueles que ainda devem
continuar sua batalha na Terra, e quando
vierem para cá encontrarão todas as coisas
prontas e a festa preparada.
Contaremos a você uma cena que pre-
senciamos não faz muito tempo. Sim, uma
cena em nosso plano. Avisaram-nos que
uma cerimônia iria acontecer numa certa
planície não muito longe de casa, à qual
deveríamos estar presentes. Era a cerimô-
nia de iniciação de alguém que havia
atravessado o portal do que chamamos
preconceito, isto é, do preconceito contra
aqueles que não eram de seu próprio modo
de entendimento, e que estava para seguir
para uma esfera mais ampla e plena de
benefícios.
Fomos para lá, conforme o convite, e
encontramos multidões chegando de todas
os lados. Alguns vieram em... por que
hesita? Estamos descrevendo literalmente o
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 32
que vimos – carruagens; chame-as de outra
forma, se quiser. Elas eram puxadas por
cavalos, e seus condutores pareciam saber
exatamente o que dizer a eles, já que não
eram guiados com arreios como são na
Terra, mas pareciam ir para onde os
condutores desejavam. Alguns chegaram a
pé e alguns através do espaço por vôo
aéreo. Não, sem asas, que não são
necessárias.
Quando estavam todos reunidos, for-
mou-se um círculo; usavam roupagem de
cor laranja, mas brilhante, não como aquele
que se adiantou, o que estava para ser
iniciado, ele usou a cor como você a
conhece; nenhuma de nossas cores é
conhecida, mas temos que lhe contar em
nossa antiga linguagem. Aquele que havia
sido seu guardião, então, levou-o pelas
mãos e colocou-o num outeiro verde no
meio do espaço aberto, e orou. E então
uma coisa linda aconteceu.
O Céu pareceu ter intensificado sua cor
– principalmente azul e dourado – e de fora
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 33
dele desceu uma nuvem semelhante a um
véu, mas que parecia ser feito de uma fina
renda, e as figuras dominantes eram
pássaros e flores – não brancos, mas todos
dourados e irradiantes. Isto lentamente se
expandiu e desceu sobre os dois, e eles
pareceram se tornar parte dele, e ele deles,
e, à medida que esvaneceu lentamente,
deixou ambos mais belos que anteriormente
– permanentemente belos, porque ambos
haviam sido elevados para uma esfera mais
alta de luz.
Então começamos a cantar, e, apesar
de que não podíamos ver instrumentos,
mesmo assim a música instrumental
misturou-se com nosso canto e uniu-se a
ele. Foi muito bonito, e serviu tanto para
galardão aos que mereceram, como
também um estímulo para os que ainda
devem marchar no caminho que estes dois
já marcharam. A música, como mais tarde
descobri, vinha de um templo instalado fora
do círculo, mas sem dúvida não parecia vir
de nenhum ponto. Esta é uma qualidade da
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 34
música por aqui. Freqüentemente parece
fazer parte da atmosfera.
Nem a jóia faltou. Quando a nuvem sa-
iu, ou dissolveu, nós a vimos na testa do
iniciado, dourada e vermelha, e seu guia,
que já tinha uma, usava a dele em seu
ombro – ombro esquerdo – e percebemos
que havia aumentado de tamanho e em
brilho. Não sei como isso acontece, mas
faço uma idéia, não o suficientemente
definida para lhe contar, entretanto, e é
difícil de explicar o que nós entendemos por
nós mesmos. Quando a cerimônia acabou,
todos nós nos separamos, indo para os
nossos trabalhos novamente. Foi mais
longa do que lhe descrevi, e teve um efeito
muito encorajador em todos nós.
Acima da colina, no lado mais distante
da planície onde estávamos, percebi uma
luz intensificar-se e apareceu-nos um
contorno lindo de uma forma humana. Não
penso que tenha sido uma aparição de
nosso Senhor, mas de algum grande Anjo
Mestre que veio para nos dar forças, e para
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 35
cumprir Sua vontade. Sem dúvida alguns ali
puderam ver mais claramente que eu,
porque conseguiam ver, e também enten-
der, na proporção do estágio de evolução
de cada um.
Não, meu menino, apenas pense por
um momento. É de sua mente ou através
dela, como dizem vocês? Quando você se
sentou para escrever, como sabe, nada
estava mais longe de seus pensamentos
que isso, porque tivemos o cuidado de não
o impressionar, e mesmo assim você saiu
rapidamente com a hipótese de que nós o
influenciamos. Não foi assim?
Sim, admito-o fracamente.
Muito bem. E agora sairemos... mas
não o deixaremos, já que estamos sempre
com você, de uma forma que não pode
compreender – mas deixaremos esta
escrita, com nossa oração e bênçãos sobre
você e os seus. Boa noite e até logo, até
amanhã.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 36
Quarta, 24 de setembro de 1913.
Suponha que quiséssemos pedir-lhe
para olhar um pouco adiante, e tentasse
imaginar o efeito de nossas comunicações,
vistas a partir de seu atual estado mental.
Pense, então, qual teria sido o resultado
dos acontecimentos, se vistos de nossa
esfera no mundo espiritual? Seria algo
parecido com o efeito da luz do sol quando
é projetada na bruma marítima, que gradu-
almente se esvai e a cena que ela envolvia
torna-se mais clara à visão, e mais bela do
que era quando foi sombriamente discerni-
da através da bruma envolvente.
Assim é que nós vemos suas mentes e,
mesmo quando o sol fugazmente ofusca e
confunde mais do que clareia a visão, você
sabe que no final será mesmo a luz, e no
fim de tudo, a Luz em Quem não há escuri-
dão jamais. Mas a luz nem sempre conduz
à paz, porém em sua passagem freqüente-
mente cria uma série de vibrações que
trazem destruição àquelas espécies de
criaturas viventes que não foram criadas
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 37
para sobreviverem à luz do sol. Deixe-as
irem e, por você, siga em frente, e enquanto
seguir, seus olhos vão tornar-se acostuma-
dos à luz mais intensa, à beleza maior do
Amor de Deus, à verdadeira intensidade
dela que, misturada como está, com a
Sabedoria infinita, confunde os que não
estão pertinentes a ela.
Agora, querido filho, escute enquanto
contamos a você mais uma cena que muito
nos alegrou aqui, nestas regiões da luz de
Deus.
Estávamos passeando, pouco tempo
atrás, num local bonito, numa floresta; e
enquanto andávamos conversávamos um
pouquinho, nada mais que um pouquinho,
por causa da sensação musical que parecia
absorver tudo o mais em seu sacro silêncio.
Então, num caminho diante de nós, estava
aquele que pudemos interpretar como
sendo um anjo das esferas mais altas. Ele
ali estava olhando para nós com um sorriso
na face, mas nada dizia, então ficamos
esperando que ele entregasse alguma
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 38
mensagem para algum de nós em especial.
Era isso mesmo, já que quando paramos e
ficamos ali na expectativa, ele veio em
nossa direção e, levantando o manto que
usava – era da cor do âmbar – colocou seu
braço e rodeou meu ombro e, colocando
sua face em meu cabelo – já que ele era
muito mais alto que eu – disse suavemente,
“Minha criança, fui enviado a você por seu
Mestre, em Quem você aprendeu a crer, e a
estrada à sua frente é vista por Ele, mas
não por você. A você serão dadas as forças
necessárias para o que tiver que fazer; e
você foi escolhida para uma missão que lhe
é nova, em seu serviço aqui. Você poderá,
claro, visitar estes seus amigos se desejar,
mas agora deve deixá-los por um tempo, e
eu lhe mostrarei sua nova moradia e as
novas incumbências.”
Então os outros se aproximaram em
torno de mim, beijaram-me e seguraram
minha mão na deles. Estavam tão contentes
quanto eu – apesar de que não seja a
melhor palavra para ser usada em meu
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 39
caso, não contém a paz suficiente. Depois
de um tempo, depois que ele nos deixou
falar e imaginar o que a mensagem signifi-
caria, veio em nossa direção mais uma vez
e desta vez tomou-me pela mão e guiou-me
para fora dali.
Andamos por um tempo e então senti
meus pés deixarem o chão e seguimos pelo
ar. Não estava com medo, pois era passado
a mim um pouco de seu poder. Passamos
por cima de uma alta montanha onda havia
muitas localidades, e finalmente, depois de
uma jornada bem longa, descemos numa
cidade onde jamais tinha estado antes.
A luz não era ofuscante, mas meus o-
lhos não estavam acostumados a tal grau
de brilho. Entretanto, logo percebi que
estávamos num jardim que cercava um
amplo edifício, com degraus em toda sua
frente, até ele que estava no topo de uma
espécie de terraço. O prédio parecia todo
de uma só peça de um material de vários
matizes – rosa, azul, vermelho e amarelo –
que brilhava como ouro, mas suavemente.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 40
Subimos, e na enorme portaria, sem
nenhuma porta nela, encontramos uma
linda senhora, elegante, porém não orgu-
lhosa. Ela era o Anjo da Casa da Tristeza.
Você cogita sobre a palavra usada neste
contexto. Significa isso:
A tristeza não é dos que habitam aqui,
este é o local dos que os auxiliam. Os
tristes são os que estão na Terra, e o
encargo dos residentes nesta Casa é
mandar a eles vibrações que terão o efeito
de neutralizar as vibrações dos corações
entristecidos na Terra. Você deve entender
que aqui temos que alcançar a profundida-
de das coisas e aprender as causas de
tudo, e é um estudo muito profundo,
aprendido apenas em estágios graduais,
passo a passo. Eu, portanto, falo das
causas das coisas quando uso a palavra
“vibrações”, como sendo a palavra que você
melhor compreenderá.
Ela me recebeu muito gentilmente e
levou-me para dentro, onde mostrou-me
cada parte do lugar. Tudo era bem diferente
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 41
de qualquer coisa da Terra, por isso é
bastante difícil de descrever. Mas posso
dizer que toda a Casa parecia vibrar com
vida e responder às nossas vontades e
nossa vitalidade.
Esta é, então, minha atual e recente
fase de serviço, e muito promissora para
mim. Mas apenas acabei de começar a
entender que as orações que são trazidas a
nós aqui e registradas, e temos as visões
dos que estão em problemas – ou melhor,
elas também são registradas, e nós as
vemos ou sentimos, como aconteceram, e
enviamos nossas vibrações em retorno.
Isso com o tempo torna-se involuntário, mas
requer um grande esforço no início. Penso
que é assim. Mas mesmo o esforço tem um
abençoado reflexo sobre os que trabalham
desta forma.
Há muitos lugares por aqui, como a-
prendi, todos em contato com a Terra, o
que para mim pareceria impossível, só que,
como os efeitos são também registrados e
retornam a nós, fico sabendo de quanto
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 42
conforto e ajuda enviamos. Fico em serviço
pouco tempo de cada vez, e então saio e
vejo as vistas da cidade e sua vizinhança. E
toda ela é muito gloriosa, mais bela ainda
que minha antiga esfera, a qual também
volto a visitar, para rever meus amigos. Por
isso você pode imaginar as conversas que
temos quando nos encontramos. Dá quase
que a mesma alegria que o trabalho em si.
A Paz de Jesus nosso Senhor é a atmosfe-
ra em torno de nós. E esta é a Terra onde
não há escuridão, e quando a treva estiver
no passado, querido, você virá para cá, e
vou mostrar-lhe tudo isso – ou talvez possa
tomar-me pela mão, como ele fez, e levar-
me para ver o trabalho em sua própria
esfera. Você está pensando que sou
ambiciosa por você, querido rapaz. Bem,
sou mesmo, e esta é a maternal... fraqueza,
eu diria, ou até mesmo uma bênção?
Até logo, meu querido. Seu próprio co-
ração é testemunha de que tudo isso é real,
pois posso vê-lo brilhando feliz, e isso
também é alegria para mim, sua mãe, meu
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 43
querido filho. Boa noite então, e Deus
manterá você e os seus em paz.
2
Uma pessoa da congregação de All Hallows,
Oxford, havia me dito que uns poucos dias atrás
tinha visto uma pomba pairando sobre o altar
durante a celebração da Comunhão Sagrada.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 124
pombinha que a senhorita E. viu acima do
altar de sua igreja foi uma manifestação, em
forma presente, tal qual esta que acabei de
relatar. Era para a sua congregação
invisível, e simboliza, de uma forma que
eles rapidamente entenderiam, a simplici-
dade das presenças sobre o altar, que
realmente estavam ali com amor, e prontos
para ajudar os que desejam receber seu
auxílio, e, como uma lembrança de sua
gentileza, uma pomba foi vista pairando
perto deles e sem medo; um estado mental
que os que não são muito evoluídos não
podem manter na presença dos de plano
mais elevado, cujo brilho da santidade
algumas vezes, nas mentes dos que não
conseguem julgar proporcionalmente, por
causa de suas ligações ainda imperfeitas,
eclipsa suas outras virtudes e fazem os
pobres duvidosos ficarem temerosos.
3
As mensagens de Astriel foram transmitidas em
datas variadas, as quais, entretanto, não foram
em seguida. A razão pela qual foram transmitidas
desta forma não é aparente. O efeito, porém, foi
o corte das comunicações da mãe do Sr. Vale
Owen de tal forma que interrompiam a continui-
dade das mensagens dela e também quebravam
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 131
Não esta noite. Mas estará, sem dúvida,
aqui de novo, se assim o desejar.
Obrigado. Mas espero que vocês ve-
nham e escrevam também.
Ah, sim, faremos isso, já que é prática
tanto para nós quanto para você já que, ao
impressionarmos você, estamos aprenden-
do a usar nossas vontades e poderes numa
maneira similar àquela que acabei de
descrever. Você não vê as imagens do que
estamos contando em sua mente?
Sim, algumas vezes bem vívida, mas
não tinha pensado nisso.
Ah, bem, meu menino, você agora vê
que temos um objetivo ao escrevermos o
que decidimos, não é? Todo o tempo você
esteve pensando que era bem inconsistente
(e talvez o fosse – não diremos o contrário),
e estava imaginando para que lado tenderi-
a, e, mentalmente, ficou um pouquinho
4
Veja capítulo II.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 155
recomeçarei, senão vou ocupá-lo por tempo
demais.
Você tem uma pergunta. Sim, eu estava
presente na segunda-feira em seu Círculo
de Estudos.5 Eu soube que ela me viu, mas
não consegui fazê-la ouvir-me.
5
A referência ao Círculo de Estudos pede uma
nota de explanação. Foi na segunda-feira anteri-
or. Sentei-me no Santuário, entre as grades, e os
membros encaravam-se uns aos outros nas ca-
deiras do coro. A senhorita E. sentou-se à minha
direita no final do Santuário da manjedoura. Ela
depois havia me contado que, quando eu assumi
o debate, viu minha mãe vindo do altar até che-
gar atrás de mim, com os braços abertos e o
rosto expressando uma saudade imensa e amor.
Estava bem brilhante e linda, e seu corpo parecia
tão materializado quanto o de qualquer um dos
presentes. A senhorita E. achou que ela ia me
tomar em seus braços, e estava tão vívida que
ela esqueceu, por momentos, que a forma não
era de carne e sangue, apesar de não ter sido
vista pelos outros. Ela esteve por gritar, quando
rapidamente se recompôs, tendo que disfarçar
sua exclamação. Era sobre isto que desejei fazer
uma pergunta.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 156
Boa noite, querido. Estaremos juntos
amanhã.
6
Arnol, aqui mencionado pela primeira vez,
comunicou-se eventualmente através do reve-
rendo George Vale Owen numa série de mensa-
gens que estão colocadas em O Ministério do
Céu e em Os Batalhões do Céu (Livros 3 e 4
desta série), porém ali com o nome de Arnel,
como será oportunamente explicado.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 164
O que torna tão difícil a vocês darem
seus nomes? Ouvi dizer dessa dificuldade
mais de uma vez.
Há também uma dificuldade na expla-
nação dessa dificuldade – do seu ponto de
vista um tema tão aparentemente simples.
Coloquemos desta forma: você sabe que
entre os antigos egípcios o nome de um
deus ou deusa era muito mais que um
nome, como entendido pelos duramente
materialistas anglo-saxônicos, de cuja raça
veio o questionamento: “O que há em um
nome?” Bem, do nosso ponto de vista, e
também dos antigos sábios do Egito,
baseados nos dados obtidos deste lado do
Véu, há muito em um nome. Mesmo na
mera repetição de alguns nomes há poder
real, e algumas vezes perigo. Isto sabemos
agora, o que não sabíamos na Terra. E aqui
mantemos uma reverência diante da
entidade “o Nome” que, para você, parece-
ria provavelmente boba. Todavia, é em
parte por essa razão que os nomes não
chegam a vocês tão fartamente como
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 165
muitos investigadores bem fracos gostari-
am.
Também o mero enunciar e transmitir
de alguns desses nomes é, quando esta-
mos nessa região da Terra, um fato de uma
dificuldade maior do que vocês talvez
julguem. É um tema, entretanto, que é difícil
de explicar a você, e somente alguém será
capaz de entender quando estiver familiari-
zado com a quarta dimensão que é alcan-
çada aqui – também esse termo usamos
por falta de melhor. Faremos, a título de
exemplo, a referência de dois ou três
nomes e deixaremos o assunto.
Um foi a entrega a Moisés do nome do
Grande Oficial do Supremo que o visitou.
Moisés pediu seu nome, e o obteve – e nem
ele, nem ninguém mais até os dias de hoje
foi capaz de dizer seu significado.
Aí o anjo menor que veio a Jacó. Jacó
pediu seu nome, e foi-lhe recusado. Os
anjos que vieram a Abraão e aos outros no
Velho Testamento raramente deram seus
nomes. Da mesma forma, no Novo Testa-
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 166
mento a maioria dos anjos que vieram
ministrar aos moradores da Terra são
chamados assim simplesmente; e onde o
nome é dado, como no caso de Gabriel, é
pouco entendido quanto ao seu significado
mais íntimo.
Qual é o seu nome, mamãe? Quero di-
zer seu novo nome? É permitido dá-lo?
Permitido, sim, mas não prudente, que-
rido. Você sabe que o daria se pudesse.
Mas isso, por ora, devo omitir até de você,
sabendo que entenderá, meu amor, mesmo
que meu motivo não seja muito claro.
Sim, querida, você sabe o que é melhor.
Algum dia você também saberá e verá
que glórias esperam aqueles cujos nomes
estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro,
frase que vale a pena se pensar nela, já
que é uma verdade gloriosa e viva, e os que
usam esse nome tão levianamente, certa-
mente apreenderam pouco, ou quase nada.
Deus o abençoe, querido, e Rose e as
crianças, Ruby mais uma vez me pede, na
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 167
sua forma tão delicada, que diga que ela
virá vê-lo logo mais e espera que possa
seguir seus comandos – esta é a palavra
que ela usou, abençoada, ela que é tão
graciosamente humilde, e amada por tantos
quantos a conheçam. Deus o abençoe,
querido. Boa noite.
Ministério angélico
7
Esta mensagem de Ruby parece se referir às
caixas de flores que enviamos para nossa filha,
que estava longe, na escola. G. V. O.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 270
samento e a pronúncia de palavras bondo-
sas por aqueles a quem amamos na Terra
são imediatamente telegrafados para cá, e
nós as usamos para enfeitar nossos
quartos, como Rene enfeita seus quartos
com suas flores.”
Deus o abençoe, querido filho. Boa noi-
te.
Nota: Com esta mensagem, as comuni-
cações com a mãe do Senhor Vale Owen
cessaram, e as mensagens continuaram por
uma entidade espiritual chamada Zabdiel.
Elas estão no Livro 2, Os Altos Planos do
Céu.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 271
Capítulo VI
As mensagens de Astriel
8
Astriel sempre concluía suas comunicações com
o sinal da cruz.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 282
Quinta, 9 de outubro de 1913.
Viemos novamente para cá, a pedido de
sua mãe, e estamos felizes por termos mais
esta oportunidade de falarmos a vocês
desde este lado. Nunca imagine que
ficamos atribulados ao virmos para a esfera
terrestre, porque apesar de significar uma
experiência de brilho ambiental menos
intenso que no nosso plano, mesmo assim
é um privilégio que contrabalança tudo, e
mais.
Se nós nos esforçarmos para ilustrá-lo
sobre a química dos corpos celestes, talvez
pudesse ser interessante e útil a vocês. Não
queremos dizer o aspecto físico da ciência,
como é entendida pelos cientistas astrôno-
mos, mas o estudo mais profundo de sua
constituição.
Cada estrela, como sabe, é por si mes-
ma um centro de um sistema que abrange
nele não somente os planetas em revolução
em torno desta estrela, mas também as
partículas de matéria que se espalham
naquele sistema, mas que são sublimadas
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 283
demais para serem conhecidas por qual-
quer sistema de química possível aos que
habitam em corpos físicos, e em suas
pesquisas são compelidos a usarem
instrumentos materiais e cérebros materiais.
Essas partículas estão entre o puramente
material e o espiritual, e sem dúvida pode
ser usado nos âmbitos material e espiritual.
Porque os dois são meramente duas das
muitas fases de um âmbito progressivo, e
atuam e reagem uns nos outros, como o sol
e seus planetas.
A gravitação é aplicável a essas partícu-
las também nos dois lados, e é por meio
dessa força – como a chamaremos, por ser
um nome conhecido, e também pouco
entendido – que nós mantemos coesas
essas partículas juntas e podemos, de vez
em quando, vestir nossos corpos espiritu-
ais, ou tornarmo-nos visíveis à chapa
fotográfica, e algumas vezes ao olho
humano. Mas fazemos mais que isso, e
num campo mais amplo. Se não fossem
essas partículas, todo o espaço seria
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 284
escuro, isto é, nenhuma luz poderia ser
transmitida de um planeta, ou do sol, ou de
uma estrela para a Terra, pois é por causa
da reflexão e da refração deles que os raios
são visíveis. Não que sejam transmitidos,
pois sua transmissão e a passagem depen-
dem de outros elementos dos quais diremos
apenas isto: não é o raio de luz, nem é a
chamada onda de luz que são visíveis ao
olho humano, mas a sua ação nessas
partículas minúsculas que, ao impacto dos
referidos raios, tornam-se visíveis em
ondas.
Seus cientistas têm muito a aprender
ainda neste campo, e não é de nossa conta
compartilhar aquilo que os homens podem
aprender através dos poderes que possu-
em. Se o fizéssemos, então o benefício
derivado de sua escolaridade terrestre seria
diminuído materialmente, e este é o porquê
de sermos muito cuidadosos ao transmitir-
mos apenas o que os ajudará a progredir
sem neutralizar os bons efeitos dos esfor-
ços pessoais e coletivos. Mantenha isto em
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 285
mente, e talvez isto será tido como pertinen-
te a qualquer coisa que julguemos conveni-
ente explicar a você através de mensagens
como esta.
As estrelas, então, emanam sua luz.
Mas para que a emanem, primeiramente
devem tê-la em si. E como não são perso-
nalidades auto constituídas, para que isso
tenham, a elas deve ser dado. Quem o faz,
e como é feito?
Bem, claro, é fácil responder “Deus,
pois Ele é a fonte de tudo.” Isto é verdade o
suficiente, mas, como sabe, Ele emprega
Seus ministros, e eles são inúmeros, e cada
um com sua tarefa determinada.
As estrelas recebem seu poder de
transmitir luz pela presença de miríades de
seres espirituais sobre elas, todos ordena-
dos e regulados em suas esferas, e todos
trabalhando em conjunção. Estes têm a
estrela a seu encargo, e é deles que a
energia procede, a qual permite a estrela
desempenhar seu papel determinado.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 286
O que queremos que entenda é que
não há coisas como forças inconscientes ou
cegas em todo o reino da criação de Deus.
Nem um raio de luz, nem um impulso de
calor, nem uma onda elétrica procede de
seu Sol, ou de outra estrela, mas são
efeitos de uma causa, e aquela causa é
uma causa consciente; é a vontade de
seres conscientes energizando numa
direção certa e positiva. Esses seres são de
muitos graus e de muitas espécies. Não são
todos da mesma ordem, nem todos da
mesma forma. Mas seu trabalho é controla-
do pelos que lhes são superiores, e estes
são controlados por poderes de um grau
ainda mais elevado e sublimado.
E assim, essas grandiosas bolas de ma-
téria, tanto gasosas, líquidas ou sólidas,
tanto estrelas como planetas, são todas
mantidas juntas, e suas forças energizadas
e fazendo o efeito, não através da operação
de alguma lei mecânica, mas pela consci-
ência de seres viventes por trás disso,
trabalhando através destas leis. Nós
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 287
usamos a palavra “conscientes” preferivel-
mente a “inteligentes”, porque o último
termo não descreveria acuradamente todos
os ministros do Criador. Como vocês
entendem a palavra, sem dúvida descreve-
ria apenas um número bem limitado. E
poderia surpreendê-lo saber que aqueles a
quem vocês aplicariam o termo estão entre
os mais elevados e os mais baixos. Pois
enquanto os trabalhadores mais baixos não
são realmente seres inteligentes, os mais
elevados são mais sublimes do que o termo
implicaria.
Entre os dois há esferas de seres que
poderíamos continuar descrevendo como
seres inteligentes. Repare bem que não
estou falando agora nos termos que
usamos aqui, e que vocês usarão quando
chegarem aqui e estudarem, de alguma
forma, as condições daqui. Estou usando a
linguagem da Terra, e fazendo empenho
para colocar o tema sob o seu ponto de
vista.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 288
Agora você poderá, a partir do que já
escrevi, ver quanto é íntima a relação entre
o espírito e a matéria, e quando na outra
noite falamos de sua própria igreja e da
colocação de guardiães e trabalhadores,
entre outras coisas, para o cuidado do
edifício material, estávamos apenas falando
a você sobre o mesmo princípio regente,
numa escala diminuta. Apesar disso, é
exatamente o mesmo princípio. O esquema
que provê a manutenção de todos aqueles
milhões de sóis e de seus planetas, também
teve lugar no arranjo de certos grupos de
átomos – alguns em forma de pedra, outros
de madeira ou tijolo – que resultaram
naquela entidade nova que chamaram de
igreja. Eles foram mantidos próximos, cada
átomo em seu lugar, pela emanação do
poder da vontade. Eles não são colocados
ali e deixados a sós. Se fosse assim, o
edifício logo ruiria, caindo em pedaços.
E agora, à luz do que acabamos de es-
crever, pense naquilo que as pessoas
chamam de “diferença de sensação” ao
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 289
entrarem na igreja, ou num teatro, ou numa
habitação, ou qualquer edifício. Cada um
tem suas emanações apropriadas, e elas
são conseqüência desse mesmo princípio
regente que tentamos descrever. É espírito
falando a espírito – os espíritos de traba-
lhadores desencarnados falando, através
de um médium de partículas materiais e seu
arranjo e propósito, aos espíritos dos que
entram naquele lugar.
Você ficou cansado, e achamos difícil
impressionar você, por isso, com nossas
bênçãos, deixaremos você agora, e se
desejar, viremos novamente. Deus esteja
com você, seus queridos e seu pessoal, em
todas as coisas, e todos os dias.
Astriel. †
9
Estas mensagens continuaram mais adiante. A
segunda parte foi transmitida por Zabdiel (da
mesma esfera de Astriel), e são mais ou menos
do mesmo tamanho que a primeira parte. Foi
publicada em Os Altos Planos do Céu.
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 327
Sim, elas ficarão muito bem como foram
dadas a você. Lembre-se de que elas não
tinham que ter uma forma de história
completa, ou uma novela. São fragmenta-
das, mas não de pouca utilidade aos que as
lerem com mente correta.
Confesso que estou um pouco desapon-
tado no final. Foi abrupto. Ultimamente foi
dito algo sobre a publicação. É seu desejo
que elas sigam como estão?
Isto deixaremos por sua vontade. Pes-
soalmente, não vejo por que não deveriam.
Posso dizer-lhe, entretanto, que esses
escritos que ultimamente fez, como os
primeiros escritos que recebeu de nós, são
preparatórios para um avanço para adiante
– o qual agora proponho a você.
Esta foi toda a satisfação que obtive.
Assim pareceu não haver alternativas,
apenas cuidar do recebido como preliminar
para futuras mensagens. G. V. O.
FIM
George Owen – A Vida Além do Véu – Livro 1 328
REVERENDO GEORGE VALE OWEN
(Allan Kardec)