Instrumentacao 13a - Marco Antonio Ribeiro

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Instrumentação

Marco Antônio Ribeiro


Instrumentação

Marco Antônio Ribeiro

Dedicado a Marcelina e Arthur, meus pais, sem os quais este


trabalho não teria sido possível, em todos os sentidos.

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se


claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e
pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão ou
então, que tem razão para evitar falar claramente (Rosa Luxemburg)

© 2007, Marco Antonio Ribeiro


Verão 2007
Prefácio
Qualquer planta nova, bem projetada para produzir determinado produto, sempre requer sistemas
de instrumentação para fazer a medição, controle, monitoração e alarme das variáveis. A escolha
correta dos sistemas pode ser a diferença entre sucesso e fracasso para uma unidade, planta ou toda
a companhia. Também, como há uma rápida evolução das tecnologias e conseqüente obsolescência,
periodicamente toda planta requer ampliações e modificações radicais que incluem a atualização dos
seus instrumentos e seus sistemas de controle.
Assim, técnicos e engenheiros que trabalham com o projeto, especificação, operação e
manutenção de plantas de processo devem estar atualizados com a instrumentação e as recentes
tecnologias envolvidas. O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso ministrado a
engenheiros e técnicos ligados, de algum modo, a estas atividades. Este trabalho de Instrumentação e
um outro de Controle de processo constituem um conjunto completo para estudo e consulta.
Neste trabalho, dá-se ênfase aos equipamentos e instrumentos e são apresentados três
grandes temas: Fundamentos, Instrumentos e Medição das Variáveis.
Na primeira parte, de Fundamentos de Instrumentação, são apresentados os conceitos
relacionados com Instrumentação e Petróleo, Símbolos e Identificação dos instrumentos
analógicos e digitais; vistos os instrumentos sob a óptica de Sistemas; mostradas a evolução e as
ondas da instrumentação.
Na parte de Funções de instrumentos, são estudados individualmente os instrumentos, tais
como sensor, transmissor, condicionador de sinal, indicador, registrador, totalizador, controlador e
válvula de controle. São apresentados os parâmetros para a Especificação correta do instrumento
individual, considerando o processo, ambiente, risco e corrosão.
Finalmente na terceira parte, são mostradas as tecnologias empregadas para medir as principais
Variáveis de Processo, como Pressão, Temperatura, Vazão e Nível, que são as variáveis mais
encontradas nas indústrias químicas, petroquímicas e de petróleo.
Sugestões e críticas, principalmente as destrutivas são benvidas para o contínuo melhoramento do
trabalho, no endereço: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP 41820-230, Fone (071) 452-3195 e
Fax (071) 452-4286 e no e-mail: [email protected] .

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, verão 2005
Autor

Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de


Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
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Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA,
período da implantação do polo petroquímico de Camaçari blablablá, blablablá,
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Fez vários cursos no exterior e possui dezenas de artigos publicados nas
áreas de Instrumentação, Controle de Processo, Automação, Segurança, Vazão
e Metrologia e Incerteza na Medição blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
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Desde 1987, é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda. blablablá,
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serviços nas áreas de Instrumentação e Controle de Processo.
Conteúdo
8.3. Dedicado ou compartilhado ............. 30
1. INSTRUMENTAÇÃO....................................... 1 8.4. Centralizado ou distribuído .............. 30
Objetivos de Ensino .................................. 1 11. REAL OU VIRTUAL ................................... 31
1. INSTRUMENTAÇÃO ....................................... 1 11.1. Instrumento real............................. 31
1.1. Conceito e aplicações........................ 1 11.2. Instrumento virtual ......................... 31
1.2. Disciplinas relacionadas .................... 2 11.3. Real e virtual .................................. 32
1.3. Vantagens e Aplicações .................... 3
4. SISTEMAS DIGITAIS .................................. 34
2. SÍMBOLOS E IDENTIFICAÇÃO...................... 5 1. INTRODUÇÃO ............................................ 34
OBJETIVOS DE ENSINO .................................... 5 2. SISTEMA DIGITAL DE CONTROLE DISTRIBUÍDO
1. INTRODUÇÃO............................................... 5 (SDCD) ....................................................... 34
2. APLICAÇÕES ............................................... 5 2.1. Introdução ........................................ 34
3. ROTEIRO DA IDENTIFICAÇÃO......................... 5 2.2. Emerson........................................... 35
3.1. Geral .................................................. 5 2.3. Foxboro............................................ 36
3.2. Tag completo típico............................ 5 2.4. Yokogawa ........................................ 37
3.3. Identificação funcional ....................... 5 3. CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP)
3.4. Identificação da malha ....................... 6 .................................................................... 37
TE-301 ...................................................... 6 3.1. Conceito........................................... 37
TIC-301-E.................................................. 6 3.2. Construção....................................... 38
4.3. Linhas entre os Instrumentos............. 9 3.3. Operação do CLP ............................ 38
4.4. Balão do Instrumento ......................... 9 3.4. Varredura do CLP............................ 39
4. SIMBOLOGIA DE INSTRUMENTOS................. 13 3.5. Capacidade do CLP......................... 39
4.1. Parâmetros do Símbolo ................... 13 3.6. Configuração de CLP ...................... 39
4.2. Alimentação dos instrumentos......... 13 3.7. Equipamentos associados............... 40
5. MALHA DE CONTROLE ................................ 13 3.8. Dimensionamento do CLP............... 41
6. SISTEMAS COMPLETOS .............................. 15 3.9. Comunicação de dados ................... 41
3.10. Terminal de programação.............. 41
3. INSTRUMENTOS ......................................... 19 4. CONTROLE SUPERVISÓRIO E AQUISIÇÃO DE
Objetivos de Ensino ................................ 19 DADOS (SCADA) ......................................... 42
1. CLASSES DE INSTRUMENTOS ..................... 19 4.1. Introdução ........................................ 42
2. MANUAL E AUTOMÁTICO ............................ 19 4.2. Coleta de dados............................... 42
3. ALIMENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS ............ 19 4.3.Estação de Operação ....................... 43
4. PNEUMÁTICO OU ELETRÔNICO ................... 20 4.3. Programa Aplicativo (Software) ....... 45
4.1. Instrumento pneumático .................. 21 5. PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO ............... 46
4.2. Instrumento eletrônico ..................... 21 5.1. Introdução ........................................ 46
5. ANALÓGICO OU DIGITAL ............................. 22 5.2. Protocolo HART............................... 47
5.1. Sinal ................................................. 22 5.3. Fieldbus Foundation ........................ 49
5.2. Display ............................................. 23 6. INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS ........................ 51
5.3. Tecnologia........................................ 23 6.1. Cenário da planta ............................ 51
5.4. Função Matemática.......................... 23 6.2. Conceito de Integração.................... 51
5.5. Comparação Analógica Versus Digital 6.3. Pirâmide da interoperabilidade ........ 51
................................................................ 24 6.4. Parâmetros da integração ............... 52
5.6. Burro ou inteligente .......................... 25 6.5. Como integrar .................................. 54
7. CAMPO OU SALA DE CONTROLE .................. 25 OBJETIVOS DE ENSINO .................................. 55
7.1. Instrumento de campo ..................... 26 1. INTRODUÇÃO ............................................ 55
7.2. Instrumentos montados na sala de 2. MALHA DE MEDIÇÃO .................................. 55
controle ................................................... 27 2.1. Resultado da medição ..................... 55
8. MODULAR OU INTEGRAL ............................. 28 2.2. Componentes da malha................... 55
8.1. Painel de leitura ............................... 28 2.3. Malha de medição de vazão............ 56
8.2. Armário de instrumentos cegos ....... 29

i
Introdução

ELEMENTO SENSOR ................................... 59 5. SERVIÇOS ASSOCIADOS............................. 84


5.1. Especificação................................... 84
1. CONCEITO ................................................ 59
5.2. Instalação......................................... 85
2. TERMINOLOGIA .......................................... 59
5.3. Configuração.................................... 85
3. PRINCÍPIOS DE TRANSDUÇÃO ..................... 60
5.4. Operação ......................................... 85
4. SENSORES MECÂNICOS ............................. 60
5.5. Calibração........................................ 85
5. SENSORES ELETRÔNICOS .......................... 60
5.6. Manutenção ..................................... 87
5.1. Sensor capacitivo............................. 61
5.2. Sensor indutivo ................................ 61 INDICADOR ................................................... 88
5.3. Sensor relutante............................... 62
1. CONCEITO ................................................ 88
5.4. Sensor eletromagnético ................... 62
2. VARIÁVEL MEDIDA ..................................... 88
5.5. Sensor piezelétrico........................... 62
3. LOCAL DE MONTAGEM ............................... 89
5.6. Sensor resistivo................................ 62
4. TIPO DA INDICAÇÃO ................................... 89
5.7. Sensor potenciométrico ................... 62
5. RANGEABILIDADE DA INDICAÇÃO ................ 90
5.8. Sensor strain gauge ......................... 63
6. ASSOCIAÇÃO A OUTRA FUNÇÃO ................. 91
5.9. Sensor fotocondutivo ....................... 63
7. SERVIÇOS ASSOCIADOS ............................ 91
5.10. Sensor fotovoltáico......................... 63
5.11. Sensor termoelétrico ...................... 63 REGISTRADOR............................................. 93
5.12. Sensor iônico ................................. 63
6. ESCOLHA DO SENSOR ................................ 64 1. INTRODUÇÃO ............................................ 93
7. CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DO SENSOR 2. TOPOGRAFIA............................................. 93
3. ACIONAMENTO DO GRÁFICO ...................... 94
.................................................................... 64
4. PENAS ...................................................... 94
CONDICIONADOR DE SINAL ....................... 65 5. GRÁFICOS ................................................ 95
6. ASSOCIAÇÃO A OUTRA FUNÇÃO ................. 96
1. CONCEITO ................................................ 65
7. SERVIÇOS ASSOCIADOS ............................ 96
2. Aplicações........................................... 65
3. Funções desenvolvidas ...................... 66 COMPUTADOR DE VAZÃO .......................... 97
4. LINEARIZAÇÃO DA VAZÃO ........................... 67
1. CONCEITO ................................................ 97
4.1. Introdução ........................................ 67
4.2. Medidores Lineares e Não-lineares . 68 2. PROGRAMÁVEIS ........................................ 97
5. COMPENSAÇÃO ......................................... 69 3. DEDICADO ................................................ 97
4. APLICAÇÕES CLÁSSICAS ........................... 98
5.1. Introdução ........................................ 69
5.2. Condições normal, padrão e real..... 70 4.1. Vazão de liquido .............................. 98
5.3. Compensação da Temperatura de 4.2. Vazão de gás com compensação ... 98
Líquidos................................................... 71 4.3. Sistema com 2 transmissores e uma
5.4. Tomadas de Pressão e Temperatura placa ....................................................... 99
4.5. Vazão de massa de gás .................. 99
................................................................ 71
6. TOTALIZAÇÃO DA VAZÃO ............................ 71 5. SELEÇÃO DO COMPUTADOR ...................... 99
6. PLANÍMETRO ........................................... 100
TRANSMISSOR ............................................. 73 6.1. Histórico ......................................... 100
6.2. Cálculo matemático ou aritmético.. 100
1. CONCEITOS BÁSICOS ................................. 73
6.3. Método do corte e peso ................. 100
1.1. Introdução ........................................ 73
6.4. Método do planímetro.................... 100
1.2. Justificativas do Transmissor........... 73
6.5. Gráficos Circulares Uniformes....... 101
1.3. Terminologia .................................... 74
6.6. Seleção e Especificação do
1.4. Transmissão do sinal ....................... 75
Planímetro............................................. 101
1.5. Sinais padrão de transmissão.......... 76
2. NATUREZA DO TRANSMISSOR ..................... 77 CONTROLADOR ......................................... 102
2.1. Transmissor pneumático.................. 77
2.2. Transmissor eletrônico..................... 78 1. CONCEITO .............................................. 102
2. COMPONENTES BÁSICOS ......................... 102
3. TRANSMISSOR E MANUTENÇÃO .................. 81
3.1. Transmissor analógico descartável . 81 2.1. Medição ......................................... 102
3.2. Transmissor analógico convencional82 2.2. Ponto de Ajuste ............................. 102
2.3. Estação Manual Integral ................ 103
3.3. Transmissor inteligente digital ......... 82
3.4. Transmissor híbrido analógico digital 2.4. Unidade de Balanço Automático ... 103
................................................................ 83 2.5. Malha Aberta ou Fechada ............. 103
4. RECEPTORES ASSOCIADOS ........................ 84 2.6. Ação Direta ou Inversa .................. 103
4.1. Instrumentos associados ................. 84 3. ESPECIFICAÇÃO DO CONTROLADOR ......... 105
3.1. Controlador Liga-Desliga ............... 105
4.2. Alimentação ..................................... 84
4.3. Transmissor como controlador ........ 84 3.2. Controlador de Intervalo Diferencial
.............................................................. 106
3.3. Controlador Proporcional............... 106

2
Introdução

3.4. Controlador Proporcional mais Integral 12. INSTALAÇÃO ......................................... 131


.............................................................. 107 12.1. Introdução .................................... 131
3.5. Controlador Proporcional mais 12.2. Localização da Válvula ................ 131
Derivativo .............................................. 108 12.3. Cuidados Antes da Instalação ..... 131
3.6. Proporcional + Integral + Derivativo 12.4. Tensões da Tabulação ................ 131
.............................................................. 109 12.5. Redutores .................................... 132
3.7. Controlador Tipo Batelada ............. 110 12.6. Instalação da Válvula................... 132
3.8. Controlador Analógico ................... 111 13. PARÂMETROS DE SELEÇÃO ................... 132
3.9. Controlador Digital ......................... 112 13.1. Função da Válvula ....................... 133
4. CONTROLADOR MICROPROCESSADO ........ 113 13.2. Fluido do Processo ...................... 133
4.1. Conceito ......................................... 113 13.3. Perdas de Atrito do Fluido ........... 133
4.2. Características ............................... 113 13.4. Condições de Operação .............. 133
4.3. Controladores comerciais .............. 113 13.5. Vedação....................................... 133
5. ESTAÇÃO MANUAL DE CONTROLE ............ 114 13.6. Materiais de Construção.............. 133
5.1. Estação Manual ............................. 115 13.7. Elemento de Controle .................. 134
5.2. Estação de Chaveamento A/M ...... 115 14. TIPOS DE VÁLVULAS .............................. 134
5.3. Estação A/M e Polarização............ 116 14.1. Válvula Gaveta ............................ 135
5.4. Serviços Associados ...................... 116 14.2. Válvula Esfera.............................. 136
14.3. Válvula Borboleta......................... 137
VÁLVULA DE CONTROLE .......................... 117
14.4. Válvula Globo .............................. 138
1. INTRODUÇÃO........................................... 117 14.5. Válvula Auto-regulada ................. 140
2. ELEMENTO FINAL DE CONTROLE .............. 117 15. VÁLVULAS ESPECIAIS ............................ 142
3. VÁLVULA DE CONTROLE .......................... 118 15.1. Válvula Retenção (Check Valve). 142
4. CORPO ................................................... 118 15.2. Válvulas de Retenção Tipo
4.1. Conceito ......................................... 118 Levantamento ....................................... 143
4.2. Sede............................................... 119 15.3. Válvulas de Retenção Esfera ...... 143
4.3. Plug ................................................ 119 15.4. Válvulas de Retenção Borboleta . 143
5. CASTELO ................................................ 119 15.5. Válvula de Retenção e Bloqueio . 143
6. ATUADOR ................................................ 120 16. VÁLVULA DE ALÍVIO DE PRESSÃO ........... 143
6.1. Operação Manual ou Automática .. 120 16.1. Função do Equipamento.............. 143
6.2. Atuador Pneumático....................... 120 16.2. Definições e Conceitos ................ 144
6.3. Ações do Atuador........................... 121 16.3. Sobrepressão .............................. 144
6.4. Escolha da Ação ............................ 122 16.4. Válvula de Segurança.................. 144
6.5. Mudança da Ação .......................... 122 17. VÁLVULAS SOLENÓIDES ........................ 146
6.6. Dimensionamento do Atuador ....... 122 17.1. Solenóide ..................................... 146
6.7. Atuador e outro Elemento Final ..... 122 17.2. Válvula Solenóide ........................ 147
7. ACESSÓRIOS ........................................... 123 17.3. Operação e Ação......................... 147
7.1. Volante ........................................... 123 18. VÁLVULA REDUTORA DE PRESSÃO ......... 148
7.2. Posicionador .................................. 123 18.1. Conceito....................................... 148
7.3. Booster........................................... 124 18.2. Precisão da Regulação................ 148
8. CARACTERÍSTICA DA VÁLVULA ................. 124 18.3. Sensibilidade ............................... 148
8.1. Conceito ......................................... 124 18.4. Seleção da Válvula Redutora de
8.2. Características da Válvula e do Pressão................................................. 148
Processo ............................................... 125 18.5. Instalação..................................... 149
8.3. Escolha de Características ............ 126
4. ESPECIFICAÇÕES.................................. 150
9. OPERAÇÃO DA VÁLVULA .......................... 127
9.1. Aplicação da Válvula...................... 127 1. INFORMAÇÃO DO PRODUTO ..................... 150
9.2. Desempenho.................................. 127 1.1. Propriedade (feature)..................... 150
9.3. Rangeabilidade .............................. 128 1.2. Especificação................................. 150
10. VEDAÇÃO E ESTANQUEIDADE ................. 128 1.3. Característica................................. 150
10.1. Classificação ................................ 128 2. PROPRIEDADES DO INSTRUMENTO ........... 151
10.2. Fatores do Vazamento................. 129 2.1. Funcionalidade .............................. 151
10.3. Válvulas de Bloqueio ................... 129 2.2. Estabilidade ................................... 154
11. DIMENSIONAMENTO ............................... 129 2.3. Integridade ..................................... 154
11.1. Filosofia........................................ 129 2.4. Robustez........................................ 158
11.2. Válvulas para Líquidos................. 130 2.5. Confiabilidade ................................ 158
11.3. Válvulas para Gases.................... 130 2.6. Disponibilidade .............................. 162
11.4. Queda de Pressão na Válvula ..... 130 2.7. Calibração...................................... 163
2.8. Manutenção .................................. 163
2.9. Resposta dinâmica ........................ 164

3
Introdução

3. ESPECIFICAÇÕES DO INSTRUMENTO ......... 166 3.4. Exigências da instalação ............... 225


3.1. Especificações de Operação ......... 166 3.5. Exigências para medidor eletrônico225
3.2. Especificação de desempenho ...... 166 3.6. Controle metrológico...................... 226
3.3. Especificações funcionais.............. 174 3.7. Procedimentos de teste ................. 227
3.4. Especificações físicas .................... 175 3.8. Testes adicionais ........................... 229
3.5. Especificação de segurança .......... 176 3.9. Instalação e operação ................... 229
3.6. Corrosão dos Instrumentos............ 184 3.10. Seleção do medidor..................... 230
3.7. Processos Marginais...................... 187 4. MEDIDORES DA ANP............................... 235
4.1. Medidores aprovados .................... 235
7. VARIÁVEIS DO PROCESSO ....................... 189 4.2. Medidor com Bóia.......................... 235
OBJETIVOS DE ENSINO ................................ 189 4.3. Medição com Deslocador .............. 235
1. INTRODUÇÃO........................................... 189 4.4. Medição com Radar....................... 237
2. CONCEITO .............................................. 189
9. VAZÃO ...................................................... 239
3. FAIXA DAS VARIÁVEIS .............................. 190
3.1. Faixa e Amplitude de Faixa ........... 190 1. INTRODUÇÃO .......................................... 239
3.2. Limites de Faixa ............................. 190 2. CONCEITO DE VAZÃO .............................. 239
3.3. Faixa e Desempenho do Instrumento 3. VAZÃO EM TUBULAÇÃO............................ 239
.............................................................. 190 4. TIPOS DE VAZÃO ..................................... 240
4. PRESSÃO ................................................ 191 Vazão Ideal ou Real ............................. 241
4.1. Definição ........................................ 191 Vazão Laminar ou Turbulenta .............. 241
4.2. Unidades ........................................ 191 Vazão Estável ou Instável .................... 242
4.3. Tipos .............................................. 192 Vazão Uniforme e Não Uniforme.......... 242
4.4. Medição da pressão....................... 193 Vazão Volumétrica ou Mássica ............ 243
4.5. Sensores Mecânicos...................... 193 Vazão Incompressível e Compressível 243
4.6. Sensores Elétricos ......................... 195 Vazão Rotacional e Irrotacional............ 244
4.7. Selo de pressão ............................. 196 Vazão monofásica e bifásica ................ 244
4.8. Pressostato .................................... 196 Vazão Crítica ........................................ 245
4.9. Calibração da pressão ................... 197 5. PERFIL DA VELOCIDADE........................... 246
5. TEMPERATURA ........................................ 199 6. SELEÇÃO DO MEDIDOR............................ 247
5.1. Definições ...................................... 199 6.1. Sistema de Medição ...................... 247
5.2. Unidades ........................................ 199 6.2. Tipos de Medidores ....................... 247
5.3. Escalas........................................... 200 6.3. Parâmetros da Seleção ................. 249
5.4. Escala Prática Internacional de 6.4. Medidores aprovados pela ANP.... 252
Temperatura (EPIT) .............................. 200
# ............................................................ 201 PLACA DE ORIFÍCIO..................................... 253
5.5. Medição da Temperatura............... 202 1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA .......................... 253
5.6. Termopar........................................ 205 2. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO E EQUAÇÕES .... 254
5.7. Resistência detectora de temperatura 3. ELEMENTOS DOS SISTEMA....................... 255
(RTD)..................................................... 208 3.1. Elemento Primário ......................... 256
5.8. Acessórios...................................... 210 3.2. Elemento Secundário .................... 256
6. ANÁLISE POR CROMATOGRAFIA ................ 212 4. PLACA DE ORIFÍCIO ................................. 256
6.1. Introdução e Histórico .................... 212 4.1. Materiais da Placa ......................... 256
6.2. Tipos de Cromatografia ................. 212 4.2. Geometria da Placa ....................... 256
6.3. Cromatografia Gás-Líquido............ 213 4.3. Montagem da Placa....................... 258
6.4. Cromatógrafo para gás natural ...... 213 4.4. Tomadas da Pressão Diferencial .. 259
6.5. Cromatógrafo em linha .................. 213 4.5. Perda de Carga e Custo da Energia
.............................................................. 260
8. NÍVEL........................................................ 215
4.6. Protusões e Cavidades.................. 261
1. Introdução ......................................... 215 4.7. Relações Matemáticas .................. 261
2. MEDIÇÃO MANUAL ................................... 217 4.8. Fatores de Correção...................... 262
Introdução ............................................. 217 4.9. Dimensionamento do β da Placa... 263
Geral...................................................... 217 4.10. Sensores da Pressão Diferencial 265
Fita de imersão ..................................... 217
Peso de imersão ................................... 219 TURBINA....................................................... 267
Régua Ullage ........................................ 220 1. INTRODUÇÃO .......................................... 267
Régua detectora de água ..................... 222 2. TIPOS DE TURBINAS ................................ 267
3. MEDIÇÃO AUTOMÁTICA ............................ 223 Turbina mecânica ................................. 267
3.1. Introdução ...................................... 223 3. TURBINA CONVENCIONAL ........................ 268
3.2. Exigências metrológicas ................ 223 Princípio de Funcionamento ................. 268
3.3. Exigências técnicas........................ 225 Partes Constituintes.............................. 268

4
Introdução

Detectores da Velocidade Angular ....... 270 MAGNÉTICO ............................................... 299


Classificação Elétrica ............................ 271
8.1. Princípio de funcionamento ........... 299
Fluido Medido........................................ 271
8.2. Sistema de Medição ...................... 299
Características ...................................... 272
8.3. Tubo Medidor................................. 299
Condicionamento do Sinal .................... 272
8.4. Transmissor de Vazão................... 300
Desempenho......................................... 273
8.5. Vantagens...................................... 300
Fatores de Influência............................. 274
8.6. Desvantagens e limitações............ 300
Seleção da turbina ................................ 275
Dimensionamento ................................. 276 TERMINOLOGIA............................................ 302
Considerações Ambientais ................... 276
Instalação da Turbina............................ 277 2.1. INTRODUÇÃO ....................................... 302
Operação .............................................. 277 2.2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS ................... 302
Manutenção .......................................... 278 Ação do Controlador............................. 302
Calibração e Rastreabilidade................ 278 Ação de Controle .................................. 302
Cuidados e procedimentos ................... 279 Acessível............................................... 302
Folha de Especificação: Medidor de Vazão Ajuste .................................................... 302
Tipo Turbina .......................................... 280 Alarme................................................... 302
Amortecimento...................................... 303
DESLOCAMENTO POSITIVO ......................... 281 Amplificador .......................................... 303
Analisador ............................................. 303
1. INTRODUÇÃO........................................... 281
Análise .................................................. 303
2. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO ......................... 281
Analógico .............................................. 303
3. CARACTERÍSTICAS................................... 281
Aquecimento (warm up)........................ 303
4. TIPOS DE MEDIDORES ............................. 283
Área de ambiente.................................. 303
Disco Nutante........................................ 283
Armário (Rack)...................................... 303
Lâmina Rotatória................................... 283
Atenuador ............................................. 304
Pistão Oscilatório .................................. 283
Atraso (delay)........................................ 304
Pistão Reciprocante .............................. 284
Atuador ................................................. 304
Lóbulo Rotativo ..................................... 284
Auto – aquecimento.............................. 304
Medidor com Engrenagens Ovais......... 284
Auto - regulação.................................... 304
5. MEDIDORES PARA GASES ........................ 285
Auto - sintonia ....................................... 304
Aplicações............................................. 286
Backlash ............................................... 304
Calibração dos Medidores de Gases.... 286
Banda Proporcional .............................. 304
6. VANTAGENS E DESVANTAGENS ................ 286
Bourdon C............................................. 304
7. CONCLUSÃO ........................................... 287
Banda morta ......................................... 304
CORIOLIS...................................................... 289 Base de numeração.............................. 304
Binário................................................... 304
1. INTRODUÇÃO........................................... 289 Bico-Palheta.......................................... 305
2. EFEITO CORIOLIS .................................... 289 Bocal ..................................................... 305
3. RELAÇÕES MATEMÁTICAS ........................ 290 Bode, Diagrama de............................... 305
4. CALIBRAÇÃO ........................................... 290 Bulbo..................................................... 305
5. MEDIDOR INDUSTRIAL .............................. 291 Bypass .................................................. 305
6. CARACTERÍSTICAS................................... 292 Calibração............................................. 305
7. APLICAÇÕES ........................................... 292 Campo .................................................. 305
8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO .......................... 292 Carga .................................................... 305
9. LIMITAÇÕES ............................................ 292 Cavitação .............................................. 305
10. CONCLUSÃO ......................................... 293 Célula de carga..................................... 305
ULTRA-SÔNICO............................................. 295 Centro de Controle ............................... 305
Chave.................................................... 305
17.1. INTRODUÇÃO...................................... 295 Choque mecânico ................................. 306
17.2. DIFERENÇA DE TEMPO........................ 295 Cíclico ................................................... 306
17.2. DIFERENÇA DE FREQÜÊNCIA ............... 296 Condições de Operação ....................... 306
17.3. EFEITO DOPPLER ............................... 296 Condutância.......................................... 306
17.4. RELAÇÃO MATEMÁTICA ...................... 296 Condutividade (elétrica)........................ 306
17.5. REALIZAÇÃO DO MEDIDOR .................. 297 Confiabilidade ....................................... 306
17.6. APLICAÇÕES ...................................... 297 Conhecimento (Acknowledgement)...... 306
Especificações ...................................... 298 Compartilhado....................................... 306
Conclusão ............................................. 298 Compensação....................................... 306
Compensador ....................................... 306
Computador Analógico ......................... 306
Computador Digital ............................... 306

5
Introdução

Configuração......................................... 307 Hidrômetro ............................................ 312


Conformidade........................................ 307 Histerese............................................... 312
Constante de Tempo............................. 307 Hot Standby (Reserva a quente) .......... 313
Consumo de ar...................................... 307 Impedância ........................................... 313
Controlador ........................................... 307 Indicador ............................................... 313
Controle Compartilhado ........................ 307 Interface ................................................ 313
Controle Digital Direto ........................... 307 Interferência eletromagnética ............... 313
Controle Liga-Desliga............................ 307 Intertravamento..................................... 313
Controle Lógico Programável ............... 307 Instrumentação ..................................... 313
Controle Multivariável............................ 308 Instrumento inteligente ......................... 313
Controle Processo................................. 308 Instrumento virtual ................................ 313
Controle Preditivo Antecipatório ........... 308 Invólucro ............................................... 313
Controle Realimentação Negativa ........ 308 IPTS 1990 ............................................. 313
Controle Supervisório............................ 308 Isolação................................................. 314
Conversor.............................................. 308 Junta ..................................................... 314
Coriolis .................................................. 308 Lâmpada Piloto ..................................... 314
Correção ............................................... 308 LASER .................................................. 314
Corpo Negro.......................................... 308 Linear .................................................... 314
Correlação............................................. 308 Linearidade ........................................... 314
Corrosão ............................................... 309 Local de Risco (classificado) ................ 314
Cristal piezoelétrico............................... 309 LVDT..................................................... 314
Característica, Curva ............................ 309 Malha .................................................... 314
Característica de Válvula ...................... 309 Magnético, Medidor de Vazão .............. 314
Dedicado ............................................... 309 Medição ................................................ 315
Default................................................... 309 Microprocessador ................................. 315
Densidade ............................................. 309 Modulação ............................................ 315
Desvio (drift).......................................... 309 Módulo .................................................. 315
Detector................................................. 309 Multiplexador......................................... 315
Dew Point.............................................. 309 Não incenditivo ..................................... 315
Diafragma.............................................. 309 Nível...................................................... 315
Diagrama ladder.................................... 309 Normal .................................................. 315
Digital .................................................... 309 Oscilação .............................................. 315
Display................................................... 310 Otimização de Controle ........................ 315
Distúrbio ................................................ 310 Padrão .................................................. 315
dp Cell ................................................... 310 Painel de Leitura (Display).................... 316
Driver..................................................... 310 P & I ...................................................... 316
Elemento Final ...................................... 310 Peso...................................................... 316
Eletrônico .............................................. 310 Pirômetro .............................................. 316
Elo de Comunicação ............................. 310 Pitot....................................................... 316
Equipamento ......................................... 310 pH ......................................................... 316
Erro........................................................ 310 Placa de orifício .................................... 316
Espiral ................................................... 310 Pneumático ........................................... 316
Estação Automático-Manual ................. 311 Poço termal........................................... 316
Estação Manual de Controle................. 311 Ponto de Ajuste..................................... 316
Exatidão (accuracy) .............................. 311 Posição ................................................. 316
Excitação............................................... 311 Posicionador ......................................... 316
Faixa...................................................... 311 Pressão................................................. 317
Falha ..................................................... 311 Pressurização ....................................... 317
Fator de Escala ..................................... 311 Procedimento........................................ 317
Fibra óptica ........................................... 311 Processo ............................................... 317
Fieldbus®.............................................. 312 Protocolo............................................... 317
Fio ......................................................... 312 Prova de explosão ................................ 317
Flacheamento (flashing)........................ 312 Prover (lê-se prúver)............................. 317
Fole ....................................................... 312 Reação ao Processo ............................ 318
Foreground/background........................ 312 Regime permanente ............................. 318
Freqüência ............................................ 312 Registrador ........................................... 318
Função .................................................. 312 Regulador ............................................. 318
Ganho.................................................... 312 Relé....................................................... 318
Hardware (HD) ...................................... 312 Repetitividade ....................................... 318
HART®.................................................. 312 Reprodutitividade .................................. 318

6
Introdução

Reset ..................................................... 318


Resolução ............................................. 318
Resposta ............................................... 318
Ressonância ......................................... 318
Reynolds, número de ............................ 318
RTD ....................................................... 318
Rotâmetro ............................................. 319
Ruído..................................................... 319
Saturação.............................................. 319
SI ........................................................... 319
Sinal ...................................................... 319
Segurança intrínseca ............................ 319
Segurança aumentada.......................... 319
Sensitividade......................................... 319
Sensor ................................................... 319
Servomecanismo .................................. 320
Sistema de Aquisição de Dados ........... 320
SCADA (Supervisory Control And Data
Acquision) ............................................. 320
SDCD (Sistema Digital de Controle
Distribuído)............................................ 320
Sistema de Controle.............................. 320
Software (SW)....................................... 320
Solenóide .............................................. 320
Strain gage............................................ 320
Tacômetro ............................................. 320
Telemetria ............................................. 320
Temperatura.......................................... 320
Tempo ................................................... 321
Termistor ............................................... 321
Termômetro........................................... 321
Termopar............................................... 321
Teste, Ponto de..................................... 321
Teste, Chave de.................................... 321
Torque ................................................... 321
Transdutor............................................. 321
Transferível ........................................... 321
Transiente ............................................. 322
Transmissor .......................................... 322
Tubo de vazão (flow tube ou meter run) ..... 322
Turbina medidora de vazão .................. 322
Umidade................................................ 322
Válvula de Controle............................... 322
Válvula de segurança............................ 322
Vapor..................................................... 322
Variável de Processo ............................ 322
Vazão .................................................... 322
Venturi ................................................... 322
Vibração ................................................ 323
Viscosidade........................................... 323
Visor de nível ........................................ 323
Vortex .................................................... 323
Wheatstone, ponte de ........................... 323
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............ 324

7
1. Instrumentação
Objetivos de Ensino
1. Conceituar instrumentação, distinguindo seus diferentes enfoques de fabricação, projeto,
especificação, instalação, operação e manutenção.
2. Identificar as variáveis analógicas envolvidas.
3. Listar os tipos de equipamentos que podem ser benficiados com a medição e controle de
suas variáveis.
4. Determinar qual tipo de indústria possui processo onde se pode aplicar a instrumentação.
5. Listar as principais vantagens de se usar instrumentos de medição e controle.

1. Sensor: detecção da variável medida.


1. Instrumentação 2. Indicação: apresentação do valor
instantâneo da variável.
3. Condicionamento do sinal: operação de
tornar mais amigável o sinal original.
1.1. Conceito e aplicações
4. Registro: apresentação do valor
Instrumentação é o conjunto de histórico e em tempo real da variável.
instrumentos e equipamento auxiliar usado em 5. Controle: garantia de que o valor de
uma experiência, teste ou processo ou em uma uma variável permaneça igual, em
planta, máquina ou veículo. Estes instrumentos torno ou próximo de um valor desejado.
são usados para detectar, observar, medir, 6. Alarme e intertravamento: geração de
controlar automaticamente, computar sinais para chamar a atenção do
automaticamente, comunicar ou processar operador para condições que exijam
dados e sinais. sua interferência ou para atuar
A instrumentação é o ramo da engenharia automaticamente no processo para
que trata de instrumentos industriais de mantê-lo seguro.
medição. Os enfoques da instrumentação As variáveis envolvidas incluem mas não
podem ser de se limitam a
1. Fabricação: construção de 1. Análise
componentes e instrumentos. 2. Nível
2. Projeto: detalhamento básico e 3. Pressão
específico de sistemas equipamentos e 4. Temperatura
instrumentos. 5. Vazão
3. Especificação: estabelecimento de Os instrumentos estão associados e
características físicas, funcionais e de aplicados aos seguintes equipamentos:
segurança dos instrumentos. 1. Caldeira: equipamento para gerar
4. Vendas: comercialização, marketing e vapor.
promoção de instrumentos 2. Reator: equipamento onde se realiza
5. Montagem: instalação correta dos uma reação química ordenada.
instrumentos no local de trabalho, para 3. Compressor: equipamento para mover
que ele operem conforme o previsto. gases.
6. Operação: monitoração do 4. Bomba: equipamento para mover
desempenho dos instrumentos e líquidos.
atuação manual, quando necessário, 5. Coluna de destilação: equipamento
para garantir segurança e eficiência do para separar diferentes produtos com
processo envolvido. diferentes pontos de ebulição.
7. Manutenção dos instrumentos: reparo 6. Forno: equipamento para aquecer
do instrumento quando inoperante, algum produto.
calibração e ajuste do instrumento 7. Refrigerador: equipamento para esfriar
quando o seu desempenho metrológico algum produto.
o exigir. 8. Condicionador de ar: equipamento para
As principais funções dos instrumentos são: manter a temperatura e a umidade

1
Instrumentação

relativa do ar ambiente dentro de estas incertezas dos instrumentos e


determinados limites estabelecidos. das medições em uso industrial,
As indústrias que utilizam os instrumentos garantindo sua precisão e exatidão.
de medição e de controle do processo, de 8. Aritmética para expressar corretamente
modo intensivo e extensivo são: os resultados da medição, com o
1. Química número correto de algarismos
2. Petroquímica significativos, havendo coerência e
3. Refinaria de petróleo conformidade com as especificações
4. Gás e óleo metrológicas dos instrumentos da
5. Dutos e Terminais malha de medição.
6. Têxtil 9. Legislação, normas técnicas e boas
7. Fertilizante práticas, para atender exigências legais
8. Papel e celulose e contratos comerciais entre comprador
9. Alimentícia e vendedor de produtos em
10. Farmacêutica transferência de custódia.
11. Cimento Esses conhecimentos auxiliam na escolha
12. Siderúrgica e na aplicação do sistema de controle
13. Mineração automático associado ao processo. Os
14. Nuclear modelos matemáticos, as analogias e a
15. Hidrelétrica simulação do processo são desenvolvidos e
16. Termelétrica dirigidos para o entendimento do processo e
17. Tratamento d'água e de efluentes sua dinâmica e finalmente para a escolha do
melhor sistema de controle.
1.2. Disciplinas relacionadas A especificação dos instrumentos requer o
conhecimento dos catálogos dos fabricantes e
O projeto completo do sistema de controle das funções a serem executadas, bem como
de um processo envolve vários procedimentos das normas, leis e regulamentações aplicáveis.
e exige os conhecimentos dos mais diversos A manutenção dos instrumentos exige o
campos da engenharia, tais como: conhecimento dos circuitos mecânicos,
1. Mecânica dos fluidos, para a pneumáticos e eletrônicos dos instrumentos,
especificação de bombas, geralmente fornecidos pelos fabricantes dos
dimensionamento de tubulações, instrumentos. Para a manutenção da
disposição de bandejas da coluna de instrumentação pneumática exige-se a
destilação, dimensionamento de habilidade manual e uma paciência bovina para
trocadores de calor, especificação de os ajustes de elos, alinhamento de foles,
bombas e compressores. estabelecimento de ângulos retos entre
2. Transferência de calor, para a alavancas, colocação de parafusos em locais
determinação da remoção do calor dos quase inacessíveis. A manutenção dos
reatores químicos, pré-aquecedores, instrumentos eletrônicos requer o
caldeiras de recuperação e conhecimento da eletrônica básica, do
dimensionamento de condensadores. funcionamento dos amplificadores operacionais
3. Cinética das reações químicas, para o e atualmente das técnicas digitais. O fabricante
dimensionamento dos reatores, escolha correto fornece os circuitos eletrônicos e os
das condições de operação (pressão, diagramas de bloco esquemáticos dos
temperatura e nível) e de catalisadores, instrumentos.
4. Termodinâmica, para o calculo da Para a sintonia do controlador e o
transferência de massa, do número e entendimento dos fenômenos relativos ao
da relação das placas de refluxo e das amortecimento, à oscilação e à saturação é útil
condições de equilíbrio do reator. o conhecimento rigoroso dos conceitos
5. Informática para a operação de matemáticos da integral e da derivada. A
sistemas de controle que usam analise teórica da estabilidade do processo
computadores digitais como interface requer uma matemática transcendental,
humano-máquina. envolvendo a função de transferência, os zeros
6. Telecomunicação para aplicar em e os pólos de diagramas, as equações
redes de comunicação que interligam diferenciais, a transformada de Laplace e os
sistemas digitais separados por critérios de Routh-Hurwitz.
pequenas e grandes distancias.
7. Estatística para a estimativa das
incertezas associadas com as
medições e o desenvolvimento de
técnicas para determinar e minimizar

2
Instrumentação

Qualidade do Produto
A maioria dos produtos industriais é
fabricada para satisfazer determinadas
propriedades físicas e químicas. Quanto melhor
a qualidade do produto, menores devem ser as
tolerâncias de suas propriedades. Quanto
menor a tolerância, maior a necessidade dos
instrumentos para a medição e o controle
automático.
Os fabricantes executam testes físicos e
químicos em todos os produtos feitos ou, pelo
menos, em amostras representativas tomadas
Fig. 1.2. Vista da Sala de Controle aleatoriamente das linhas de produção, para
verificar se as especificações estabelecidas
1.3. Vantagens e Aplicações foram atingidas pela produção. Para isso, são
usados instrumentos tais como indicadores de
Nem todas as vantagens da
densidade e viscosidade, espectrômetros de
instrumentação podem ser listadas aqui. As
massa, analisadores de infravermelho,
principais estão relacionadas com a qualidade
cromatógrafos e outros.
e com a quantidade dos produtos, fabricados
Os instrumentos possibilitam a verificação,
com segurança e sem subprodutos nocivos. Há
a garantia e a repetitividade da qualidade dos
muitas outras vantagens. O controle automático
produtos.
possibilita a existência de processos
Atualmente, o conjunto de normas ISO
extremamente complexos, impossíveis de
9000 exige que os instrumentos que impactam
existirem apenas com o controle manual. Um
a qualidade do produto tenham um sistema de
processo industrial típico envolve centenas e
monitoração, onde estão incluídas a
até milhares de sensores e de elementos finais
manutenção e calibração documentada deles.
de controle que devem ser operados e
Instrumentos analíticos são a base da
coordenados continuamente.
obtenção de produtos dentro de suas
Como vantagens, o instrumento de
especificações desejadas.
medição e controle
1. não fica aborrecido ou nervoso, Quantidade do Produto
2. não reclama,
As quantidades das matérias primas, dos
3. não fica distraído ou atraído por pessoas
produtos finais e das utilidades devem ser
bonitas,
medidas e controladas para fins de balanço do
4. não assiste a um jogo de futebol na
custo e do rendimento do processo. Também é
televisão nem o escuta pelo rádio,
freqüente a medição de produtos para venda e
5. não pára para almoçar ou ir ao banheiro,
compra entre plantas diferentes.
6. não fica cansado de trabalhar,
Os instrumentos de indicação, registro e
7. não tem problemas emocionais,
totalização da vazão e do nível fazem a
8. não abusa seu corpos ou sua mente,
aquisição confiável dos dados através das
9. não tem sono,
medições de modo continuo e preciso.
10. não folga do fim de semana ou feriado,
Os instrumentos asseguram a quantidade
11. não sai de férias,
precisa e exata das substâncias transferidas,
12. não reivindica aumento de salário.
compradas e vendidas.
Porém, como desvantagens, o instrumento
1. sempre apresenta erro de medição
2. opera adequadamente somente quando
estiver nas condições previstas pelo
fabricante,
3. requer calibrações e ajustes periódicos,
para se manter exato
4. requer manutenção corretiva, preventiva ou
preditiva, para que sua precisão se
mantenha dentro dos limites estabelecidos
pelo fabricante e
5. é provável que algum dia ele falhe e pela lei
de Murphy, esta falha geralmente
acontecerá na pior hora possível e poderá
acarretar grandes complicações. Fig. 1.4. Instrumentos de medição de nível

3
Instrumentação

Economia do Processo desligar) equipamentos elétricos, dispositivos


O controle automático economiza energia, sonoros e luminosos.
pois elimina o superaquecimento de fornos, de É útil o uso do sistema de desligamento
fornalhas e de secadores. O controle de calor automático ou de trip do processo. Deve-se
está baseado geralmente na medição de proteger o processo, através de um sistema
temperatura e não existe nenhum operador lógico e seqüencial que sinta as variáveis do
humano que consiga sentir a temperatura com processo e mantenha os seus valores dentro
a precisão e a sensitividade do termopar ou da dos limites de segurança, ligando ou
resistência. desligando os equipamentos e evitando
Instrumentos também permitem a qualquer seqüência indevida que produza
realização de reações químicas em condição perigosa.
quantidades estequiométricas e econômicas.
Os instrumentos garantem a conservação
da energia e a economia do processo .

Fig. 1.6. Planta industrial

Muitas plantas possuem uma ou várias


áreas onde podem estar vários perigos, tais
como o fogo, a explosão, a liberação de
Fig. 1.5. Instrumentação aplicada à indústria produtos tóxicos. Haverá problema, a não ser
que sejam tomados cuidados especiais na
observação e no controle destes fenômenos.
Hoje são disponíveis instrumentos que podem
detectar a presença de concentrações
Ecologia perigosas de gases e vapores e o
Na maioria dos processos, os produtos que aparecimento de chama em unidades de
não são aproveitáveis e devem ser jogados combustão.
fora, são prejudiciais às vidas animal e vegetal. Finalmente, todos os instrumentos que são
A fim de evitar este resultado nocivo, devem instalados em áreas que contenham gases, pós
ser adicionados agentes corretivos para ou fibras explosivas ou incendiárias devem ter
neutralizar estes efeitos. Pela medição do pH proteções adicionais, para que sua presença
dos efluentes, pode se economizar a no local não aumente o risco de explosão ou
quantidade do agente corretivo a ser usado e incêndio no local.
pode se assegurar que o efluente esteja não Os instrumentos protegem vidas humanas,
agressivo. meio ambiente e equipamentos
Os instrumentos garantem efluentes limpos
e inofensivos.
.
Segurança da Planta
O processo deve ter alarme e proteção
associados ao sistema de medição e controle.
O alarme é realizado através das mudanças de
contatos elétricos, monitoradas pelos valores
máximo e mínimo das variáveis do processo.
Os contatos dos alarmes podem atuar (ligar ou

4
2. Símbolos e Identificação
Objetivos de Ensino
1. Mostrar as normas, aplicações da simbologia e identificação dos instrumentos na indústria.
2. Apresentar os parâmetros para a identificação completa e correta dos instrumentos, quanto a
local, filosofia, variável, função e modificadores de instrumentos analógicos e digitais.
3. A partir de uma descrição, elaborar um diagrama P&I (Processo & Instrumentos).
4. A partir de um P&I, descrever de modo completo e correto os equipamentos e instrumentos
envolvidos.

do instrumento pode incluir o código da


1. Introdução informação da área .
Por exemplo, os tags TIC 500-103 e
A simbologia de instrumentação analógica TIC 500-104 são de dois Controladores
e digital, compartilhada e integral, distribuída e Indicadores de Temperatura, ambos da área
centralizada se baseia nas seguintes normas: 500 e os números seqüenciais são 103 e 104.
1. ABNT 03.004, NBR 8190, 1983:
Simbologia de Instrumentação. 3.2. Tag completo típico
2. ISA S5.1, Instrumentation Symbols and
Identification, 1984
3. ISA S5.3, Graphic Symbols for TIC 103 Identificação do instrumento ou tag do
Distributed Control/Shared Display instrumento
Instrumentation, Logic and Computer T... Primeira letra: variável da malha,
Systems, 1983 Temperatura
...C Última letra: identificação funcional:
2. Aplicações Controlador
...I... Modificador ou complemento da
Os símbolos de instrumentação são função: Indicador
encontrados principalmente em 103 Número da malha de temperatura
1. Fluxogramas de processo e de engenharia,
2. Desenhos de detalhamento de
instrumentação instalação, diagramas de
ligação, plantas de localização, diagramas
3.3. Identificação funcional
lógicos de controle, listagem de A identificação funcional do instrumento ou
instrumentos, seu equivalente funcional consiste de letras da
3. Painéis sinópticos e semigráficos na sala Tab. 2.5 e inclui uma primeira letra, que é a
de controle, variável do processo medida ou de
4. Diagramas de telas de vídeo de estações inicialização. A primeira letra pode ter um
de controle. modificador opcional. Por exemplo, PT é o
transmissor de pressão e PDT é o transmissor
3. Roteiro da identificação de pressão diferencial.
A identificação funcional do instrumento é
feita de acordo com sua função e não de sua
3.1. Geral construção. Assim, um transmissor de pressão
diferencial para medir nível tem o tag LT
Cada instrumento ou função a ser (transmissor de nível) e não o de PDT,
identificada é designado por um conjunto transmissor de pressão diferencial. Embora o
alfanumérico, chamado de tag. A parte de transmissor seja construído e realmente meça
identificação da malha correspondente ao a pressão diferencial, seu tag depende de sua
número e é comum a todos os instrumentos da aplicação e por isso pode ser LT, quando mede
mesma malha. O tag pode ainda ter sufixo para nível ou FT, quando mede vazão.
completar a identificação. O número da malha Outro exemplo, uma chave atuada por
pressão ligada à saída de um transmissor

5
Símbolos e Identificação

pneumático de nível tem tag LS, chave de nível a função de condicionamento, deve-se usar
e não PS, chave de pressão. apêndice ou sufixo ao número. Por exemplo, se
O tag também não depende da variável a mesma malha de vazão tem um extrator de
manipulada, mas sempre da variável raiz quadrada e um transdutor corrente para
inicializada ou medida. Assim, uma válvula que pneumático, o primeiro pode ser FY-101-A e o
manipula a vazão de saída de um tanque para segundo, FY-101-B. Quando se tem um
controlar nível, tem tag de LV ou LCV e não de registrador multiponto, com n pontos, é comum
FV ou FCV. numerar as malhas como TE-18-1, TE-18-2,
Quando há somente duas letras, a segunda TE-18-3 até TE-18-n.
letra é a função do instrumento. FT é o tag de Quando um registrador tem penas
um transmissor (T) de vazão (F). dedicadas para vazão, pressão, temperatura,
Também a segunda letra, que corresponde seu tag pode ser FR-2, PR-5 e TR-13. Se ele
a função do instrumento, pode ter um ou mais registra três temperaturas diferentes, seu tag
modificadores. FIA é o tag de um indicador de pode ser TR-7/8/9.
vazão, com alarme. Alarme é o modificador da Acessórios de instrumentos, como
função indicação. Também pode se detalhar o purgador, regulador de pressão, pote de
tipo de alarme, p. ex., FIAL é o tag de um selagem e poço de temperatura, que às vezes
indicador de vazão com alarme de baixa. nem é mostrado explicitamente no diagrama,
O tag pode ter modificador da variável precisam ser identificados e ter um tag, de
(primeira letra) e da função (segunda letra). Por acordo com sua função e deve ter o mesmo
exemplo, PDIAL é um indicador de pressão número da malha onde é utilizado. Esta
diferencial (modificador de pressão) com identificação não implica que o acessório deva
alarme (modificador do indicador) de baixa ser representado no diagrama. Também pode
(modificador do alarme). usar o mesmo tag da malha e colocando-se a
Quando o tag possuir várias letras, pode-se palavra de sua função, como selo, poço,
dividi-lo em dois tags. O instrumento é flange, purga. Há acessório que possui letra
simbolizado por dois balões se tangenciando e correspondente na norma, como W para poço
o tag por ser, por exemplo, TIC-3 para o (well) termal.
controlador indicador de temperatura e Pode haver diferenças de detalhes de
TSH-3 para a chave manual associada ao identificação. Por exemplo, para a malha 301
controlador. de controle de temperatura, pode-se ter a
Todas as letras de identificação de seguinte identificação:
instrumentos são maiúsculas. Por isso, deve-se
evitar usar FrC para controlador de relação de TE-301 sensor de temperatura
vazões e usar FFC, controlador de fração de TT – 301 transmissor de temperatura
vazões. TC-301 controlador de temperatura
As funções de condicionamento de sinal ou TCV-301 válvula controladora (ou de
de computação matem[atica (+. -, x, ÷, √), controle) de temperatura
seleção (<, >), lógica e covnersão (i/p, p/i) deve
ter os símbolos ao lado do balão, para Porém, há quem prefira e use:
esclarecer a função executada.
TIC-301-E sensor de temperatura
3.4. Identificação da malha TIC – 301-T transmissor de temperatura
A identificação da malha geralmente é feita TIC-301-C controlador de temperatura
por um número, colocado ao final da TIC-301-V válvula controladora (ou de
identificação funcional do instrumento controle) de temperatura
associado a uma variável de processo. Esta
numeração não está na norma, mas se baseia Também é possível encontrar em
em bom senso ou códigos locais da empresa. diagramas o tag de TIC ou TC para o
A numeração pode ser serial ou paralela. controlador de temperatura. Como
Numeração paralela começa de 0 ou 1 para praticamente todo controlador é também
cada variável, TIC-100, FIC-100, LIC-100 e AI- indicador, é comum simplificar e usar TC.
100. Numeração serial usa uma única Alguns projetistas usam pequenas
seqüência de números, de modo que se tem diferenças de tag para distinguir válvulas auto
TIC-100, FIC-101, LIC-102 e AI-103. A controladas (reguladoras) de válvulas
numeração pode começar de 0, 1 ou qualquer convencionais que recebem o sinal do
outro número conveniente, como 101, 1001, controlador. Assim, a válvula auto controlada
1201. de temperatura tem tag de TCV e a válvula
Quando a malha tem mais de um convencional de TV.
instrumento com a mesma função, geralmente

6
Símbolos e Identificação

Tab. 2.1. Válvulas de controle Tab. 2.2. Válvulas manuais

(*) Válvula gaveta


Válvula de controle com (*) Pode ser acoplado
atuador pneumático atuador ao corpo
(*)
Válvula globo
Válvula atuada por
cilindro (ação dupla)
Válvula retenção
Válvula auto regulada ou
reguladora Válvula plug

Reguladora com tomada Válvula controle manual


de pressão externa
(*)
Válvula esfera
Reguladora de vazão
autocontida (*)
Válvula borboleta ou
damper
S
Válvula solenóide com
R três vias com reset Válvula de retenção e
bloqueio

Válvula de blowdown

Atuada por diafragma (*)


com pressão balanceada Válvula diafragma

(*)
Válvula ângulo

Válvula com atuador a (*)


diafragma e posicionador Válvula três vias

Ação da válvula Válvula quatro vias


FC – Falha fechada
FO – Falha aberta Corpo de válvula isolado
FO ou FC
IhV
Válvula de controle com
atuador manual Válvula agulha
NV
Outras válvulas com
abreviatura sob o corpo
TSO

7
Símbolos e Identificação

Tab. 2.3. Miscelânea


Instrumento de nível tipo
deslocador, montado
PSV Válvula de segurança de externamente ao tanque
LT
pressão, ajuste em 100
kPa

PSV Válvula de segurança de Filtro tipo T


vácuo, ajuste em 50 mm
H2O vácuo
FE
Placa de orifício com flange

PSE Disco de ruptura


(pressão)
FQI Totalizador indicador de
vazão a DP

PSE Disco de ruptura (vácuo) FI Indicador de vazão tipo área


variável

FE Tubo venturi ou bocal


C = selo químico medidor de vazão
P = amortecedor de
pulsação
C S = sifão
FE Turbina medidora de vazão
ou elemento propelente

Plug

FE Placa de orifício em porta


Mangueira placa

Filtro, tipo Y
FE
Tubo pitot ou Annubar®
LSV Purgador de vapor

T
Espetáculo cego instalado
com anel em linha
(passagem livre)
LSV
Dreno contínuo
T Espetáculo cego instalado
com disco em linha
(bloqueado)

Código item #1234 Transmissor de nível a


pressão diferencial
LT
o Funil de dreno
(Ver abreviaturas)

8
Símbolos e Identificação

4.3. Linhas entre os Instrumentos


As linhas de ligações entre os instrumentos devem ser mais finas que as linhas de processo e são
simbolizadas como mostrado a seguir.

Sinal indefinido: conexão com processo, elo mecânico ou


alimentação do instrumento
Sinal pneumático, típico de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi)
Sinal eletrônico, típico de 4 a 20 mA cc
Sinal binário ou discreto (saída de chave)
Sinal de ligação por programação ou elo de comunicação
Elo mecânico
~ ~ ~ Sinal eletromagnético ou sônico (guiado)
~ ~ ~ Sinal eletromagnético ou sônico (não guiado)
L L L Sinal hidráulico
Tubo capilar
Linha de processo

4.4. Balão do Instrumento


O instrumento completo é simbolizado por um pequeno balão circular, com diâmetro aproximado
de 12 mm. Porém, os avanços nos sistemas de controle com instrumentação aplicando
microprocessador, computador digital, que permitem funções compartilhadas em um único
instrumento e que utilizam ligações por programação ou por elo de comunicação, fizeram surgir
outros símbolos de instrumentos e de interligações.

Tab. 2.4. Representação dos instrumentos em Diagramas P&I

Sala de Controle Central Painel Auxiliar Campo


Acessível ao Atras do painel Acessível ao Atras do painel Montado
operador ou inacessível operador ou inacessível no campo
ao operador ao operador
Equipamento
Instrumento
discreto

Equipamento
compartilhado
Instrumento
compartilhado
Software
Função de
computador

Lógica
compartilhada
Controle Lógico
Programável

Instrumentos compartilhando o mesmo invólucro. Não é mandatório


mostrar uma caixa comum.

9
Símbolos e Identificação

Tab. 2.5. Letras de Identificação


Variável Modificador Função display Função saída Modificador
A Análise (5,19) Alarme

B Queimador (burner) Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1)

C Condutividade Controle (13)


Escolha (1)
D Densidade Diferencial
Escolha (1)
E Tensão (f.e.m.) Elemento sensor

F Vazão (flow) Fração ou relação (4)

G Escolha (1) Visor (9) ou


indicador local
H Manual (hand) Alto (high)
(7, 15, 16)
I Corrente Indicação (10)

J Potência Varredura (scan) (7)

K Tempo Tempo de mudança Estação controle


(4, 21) (22)
L Nível (level) Lâmpada (11) Baixo (low)
(7, 15, 16)
M Escolha (1) Momentâneo Médio (7, 15)

N Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1)

O Escolha (1) Orifício ou


Restrição
P Pressão, Vácuo Ponto de teste

Q Quantidade Integral, Total (4)


Quantificador
R Radiação Registro (17)

S Velocidade (speed) Segurança (8) Chave (13)

T Temperatura Transmissão (18)

U Multivariável (6) Multifunção (12) Multifunção (12) Multifunção (12)

V Vibração, Análise Válvula, damper


mecânica (13)
W Peso, Força Poço (well)

X Não classificado (2) Eixo X Não classificado (2) Não


Variável a definir classificado (2)
Y Evento, Estado Eixo Y Não Relé, computação
Função a definir classificado (2) (13, 14, 18)
Z Posição ou Dimensão Eixo Z Elemento final

10
Símbolos e Identificação

Notas para a Tabela das Letras de Identificação


1. Uma letra de escolha do usuário tem o objetivo de cobrir significado não listado que é necessário em uma determinada aplicação. Se usada, a letra
pode ter um significado como de primeira letra ou de letras subsequentes. O significado precisa ser definido uma única vez em uma legenda. Por exemplo,
a letra N pode ser definida como módulo de elasticidade como uma primeira letra ou como osciloscópio como letra subsequente.
2. A letra X não classificada tem o objetivo de cobrir significado não listado que será usado somente uma vez ou usado em um significado limitado.
Se usada, a letra pode ter qualquer número de significados como primeira letra ou como letra subsequente. O significado da letra X deve ser definido do
lado de fora do círculo do diagrama. Por exemplo, XR pode ser registrador de consistência e XX pode ser um osciloscópio de consistência.
3. A forma gramatical do significado das letras subsequentes pode ser modificado livremente. Por exemplo, I pode significar indicador, ou indicação;
T pode significar transmissão ou transmissor.
4. Qualquer primeira letra combinada com as letras modificadoras D (diferencial), F (relação), M (momentâneo), K (tempo de alteração) e Q
(integração ou totalização) representa uma variável nova e separada e a combinação é tratada como uma entidade de primeira letra. Assim, os
instrumentos TDI e TI indicam duas variáveis diferentes: diferença de temperatura e temperatura. As letras modificadoras são usadas quando aplicável.
5. A letra A (análise) cobre todas as análises não descritas como uma escolha do usuário. O tipo de análise deve ser especificado fora do circulo de
identificação. Por exemplo, análise de pH, análise de O2. Análise é variável de processo e não função de instrumento, como muitos pensam principalmente
por causa do uso inadequado do termo analisador.
6. O uso de U como primeira letra para multivariável em lugar de uma combinação de outras primeiras letras é opcional. É recomendável usar as
primeiras letras especificas em lugar da letra U, que deve ser usada apenas quando o número de letras for muito grande. Por exemplo, é preferível usar
PR/TR para indicar um registrador de pressão e temperatura em vez de UR. Porém, quando se tem um registrador multiponto, com 24 pontos e muitas
variáveis diferentes, deve-se usar UR.
7. O uso dos termos modificadores alto (H), baixo (L), médio (M) e varredura (J) é opcional.
8. O termo segurança se aplica a elementos primários e finais de proteção de emergência. Assim, uma válvula auto atuada que evita a operação de
um sistema de fluido atingir valores elevados, aliviando o fluido do sistema tem um tag PCV (válvula controladora de pressão). Porém, o tag desta válvula
deve ser PSV (válvula de segurança de pressão) se ela protege o sistema contra condições de emergência, ou seja, condições que são perigosas para o
pessoal ou o equipamento e que são raras de aparecer. A designação PSV se aplica a todas as válvulas de proteção contra condições de alta pressão de
emergência, independente de sua construção, modo de operação, local de montagem, categoria de segurança, válvula de alívio ou de segurança. Um
disco de ruptura tem o tag PSE (elemento de segurança de pressão).
9. A função passiva G se aplica a instrumentos ou equipamentos que fornecem uma indicação não calibrada, como visor de vidro ou monitor de
televisão. Costuma-se aplicar TG para termômetro e PG para manômetro, o que não é previsto por esta norma.
10. A indicação normalmente se aplica a displays analógicos ou digitais de uma medição instantânea. No caso de uma estação manual, a indicação
pode ser usada para o dial ou indicador do ajuste.
11. Uma lâmpada piloto que é parte de uma malha de instrumento deve ser designada por uma primeira letra seguida pela letra subsequente L. Por
exemplo, uma lâmpada piloto que indica o tempo expirado deve ter o tag KQL (lâmpada de totalização de tempo). A lâmpada para indicar o funcionamento
de um motor tem o tag EL (lâmpada de voltagem), pois a voltagem é a variável medida conveniente para indicar a operação do motor ou YL (lâmpada de
evento) assumindo que o estado de operação está sendo monitorado. Não se deve usar a letra genérica X, como XL
12. O uso da letra U para multifunção, vem vez da combinação de outras letras funcionais é opcional. Este designador não específico deve ser usado
raramente.
13. Um dispositivo que liga, desliga ou transfere um ou mais circuitos pode ser uma chave, um relé, um controlador liga-desliga ou uma válvula de
controle, dependendo da aplicação. Se o equipamento manipula uma vazão de fluido do processo e não é uma válvula manual de bloqueio liga-desliga, ela
é projetada como válvula de controle. É incorreto usar o tag CV para qualquer coisa que não seja uma válvula de controle auto atuada. Para todas as
aplicações que não tenham vazão de fluido de processo, o equipamento é projetado como:
a) Chave, se for atuada manualmente.
b) Chave ou controlador liga-desliga, se for automático e for o primeiro dispositivo na malha. O termo chave é geralmente usado se o dispositivo é
aplicado para alarme, lâmpada piloto, seleção, intertravamento ou segurança. O termo controlador é usado se o dispositivo é aplicado para o controle de
operação normal.
c) Relé, se for automático e não for o primeiro dispositivo na malha, mas atuado por uma chave ou por um controlador liga-desliga.
14. As funções associadas com o uso de letras subsequentes Y devem ser definidas do lado de fora do circulo de identificação. Por exemplo, FY
pode ser o extrator de raiz quadrada na malha de vazão; TY pode ser o conversor corrente para pneumático em uma malha de controle de temperatura.
Quando a função é evidente como para uma válvula solenóide ou um conversor corrente para pneumático ou pneumático para corrente a definição pode
não ser obrigatória.
15. Os termos modificadores alto, baixo, médio ou intermediário correspondem aos valores da variável medida e não aos valores do sinal. Por
exemplo, um alarme de nível alto proveniente de um transmissor de nível com ação inversa deve ser LAH, mesmo que fisicamente o alarme seja atuado
quando o sinal atinge um valor mínimo crítico.
16. Os termos alto e baixo quando aplicados a posições de válvulas e outras dispositivos de abrir e fechar são assim definidos:
a) alto significa que a válvula está totalmente aberta
b) baixo significa que a válvula está totalmente fechada
17. O termo registrador se aplica a qualquer forma de armazenar permanentemente a informação que permita a sua recuperação por qualquer modo.
18. Elemento sensor, transdutor, transmissor e conversor são dispositivos com funções diferentes, conforme ISA S37.1.
19. A primeira letra V, vibração ou análise mecânica, destina-se a executar as tarefas em monitoração de máquinas que a letra A executa em uma
análise mais geral. Exceto para vibração, é esperado que a variável de interesse seja definida fora das letras de tag.
20. A primeira letra Y se destina ao uso quando as respostas de controle ou monitoração são acionadas por evento e não acionadas pelo tempo. A
letra Y, nesta posição, pode também significar presença ou estado.
21. A letra modificadora K, em combinação com uma primeira letra como L, T ou W, significa uma variação de taxa de tempo da quantidade medida
ou de inicialização. A variável WKIC, por exemplo, pode representar um controlador de taxa de perda de peso.
22. A letra K como modificador é uma opção do usuário para designar uma estação de controle, enquanto a letra C seguinte é usada para descrever
controlador automático ou manual.

11
Símbolos e Identificação

Tab. 2.6. Elementos do Diagrama


Funcional
÷ Divisor
FT Transmissor de vazão

± Polarização, adição ou subtração


LT Transmissor de nível
Δ Comparador, diferença
PT Transmissor de pressão

Σ Adicionador, somador
TT Transmissor de temperatura

Σ/n Tirador de média


AT Transmissor de análise

Σ/t Integrador
Lâmpada de painel

XI Indicador da variável X Contato normalmente aberto

Contato normalmente fechado


XR Registrador da variável X
A Gerador de sinal analógico
T
Bobina de relé
Gerador de sinal manual
T Chave de transferência

T Relé de transferência ou trip S Atuador solenoide

> Seletor de sinal alto


> Limitador de sinal alto
Seletor de sinal baixo
<
< Limitador de sinal baixo
A/D Conversor analógico/digital

P/I Transdutor ar pneumático para corrente


D/A Conversor digital/analógico Válvula com atuador pneumático

MO Operador motorizado
K Ação de controle proporcional

f(x) Operador não especificado


∫ Ação de controle integral

Extrator de raiz quadrada


d/dt
Ação de controle derivativa
× Multiplicador

12
Símbolos e Identificação

5. Malha de controle
4. Simbologia de Instrumentos
A Fig. 2.1 ilustra como os símbolos são
A normalização dos símbolos e combinados para descrever uma determinada
identificações dos instrumentos de medição e malha de controle. Há vários níveis de
controle do processo, que inclui símbolos e detalhamento. Na Fig. 2.1 (a), tem-se a
códigos alfa numéricos, torna possível e mais malha com todos os detalhes e na
eficiente a comunicação do pessoal envolvido Fig. 2.1 (b), a malha simplificada.
nas diferentes áreas de uma planta: projeto Esta malha é de controle e indicação de
manutenção, operação e processo. pressão (PIC). O controlador é compartilhado
(símbolo quadrado) e o seu ponto de ajuste é
4.1. Parâmetros do Símbolo estabelecido por um computador supervisório
(símbolo hexágono) através de um protocolo
A simbologia correta da instrumentação digital de dados compartilhados que fornece
deve conter os seguintes parâmetros o elo de programação entre o computador e o
1. Identificação das linhas de sistema de controle compartilhado (linha com
interligação dos instrumentos, p. ex.., traço e circulo).
pneumática, eletrônica analógica e O número da malha de controle é único e
eletrônica digital igual a 211, que pode indicar a 11a malha da
2. Determinação do local de instalação área 200. Todos os componentes da malha
dos instrumentos, acessível ou não possuem este mesmo número, ou seja,
acessível ao operador de processo. 1. transmissor PT 211
3. Filosofia da instrumentação, quanto 2. transdutor i/p PY 211
ao instrumento ser dedicado a cada 3. controlador PIC 211
malha ou compartilhado por um O transmissor PT 211 está ligado ao
conjunto de malhas de processo processo através de uma válvula de bloqueio
4. Identificação (tag) do instrumento, de ½ " (13 mm) e sente a pressão de 0 a 300
envolvendo a variável, a função do psi e gera na saída o sinal padrão de corrente
instrumento e o numero da malha. eletrônica de 4 a 20 mA cc. O sinal de saída
do transmissor é recebido e identificado no
4.2. Alimentação dos instrumentos multiplexador do sistema compartilhado como
a entrada analógica #17 (AI- 17).
A maioria absoluta dos instrumentos de O controlador PIC 211 se encontra no
medição e de controle requer alguma fonte console #2 (C-2) do sistema compartilhado e
de alimentação, que lhe forneça algum tipo tem as funções de controle PI (proporcional e
de energia para seu funcionamento. Os tipos integral).
mais comuns de alimentação são a elétrica e O sistema compartilhado também fornece
a pneumática, porém há muitas outras um sinal de alarme de alta (PAH) e uma
disponíveis. variação de pressão de alta (dP/dt) desta
As seguintes abreviações são sugeridas medição.
para denotar os tipos de alimentação. No lado da saída do controlador, o sinal
Opcionalmente, elas podem indicar também que deixa o multiplexador do sistema é
tipos de purga. identificado como a saída analógica (AO-21),
que também é o sinal de 20 mA cc. Este sinal
AS Suprimento de ar (Air supply) eletrônico é recebido por um transdutor i/p,
ES Suprimento elétrico (Electric supply) que o converte para o sinal pneumático de 20
GS Suprimento de gás (Gas supply) a 100 kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi),
que está montado na válvula de controle
HS Suprimento hidráulico PCV 211.
NS Suprimento de Nitrogênio A válvula tem condição de falha fecha
(fail close - FC) e possui um posicionador (P).
SS Suprimento de Vapor (Steam supply) O transdutor i/p requer a alimentação
pneumática (AS - air supply), típica de 140
WS Suprimento de água (Water supply)
kPa (22 psi).
O diagrama da Fig. 2.1 (b) mostra uma
O nível de alimentação pode ser malha de controle de pressão, digital e
adicionado à linha de alimentação do compartilhada, PIC.
instrumento. Por exemplo, AS 100 kPa
(alimentação pneumática de 100 kPa), ES 24
V cc (alimentação de 24 V cc para
instrumento elétrico).

13
Símbolos e Identificação

C-#2
PAH (PI)
dp/dt
AI-17 PIC AO-21
211

S.P.
PY AS
0-300 # 211
PT
211
AS P
½"

FC
PCV
211

(a) Representação detalhada

PIC
211

(b) Representação simplificada

Fig. 2.1. Representação detalhada de uma malha


de controle de pressão (a) e a equivalente, simplificada
(b).

14
Símbolos e Identificação

6. Sistemas completos A Fig. 2.4. mostra a descrição simbólica


completa de um processo de distilação.
As Fig. 2.2. e Fig. 2.3 mostram o mesmo A vazão de alimentação é medida (FE-3,
sistema de controle com diferentes graus de FT-3) e registrada (FR-3), mas não
detalhamento. Na Fig. 2.2 todos os controlada A taxa de entrada de calor é
elementos são mostrados e na Fig. 2.3, tem- proporcional à taxa de alimentação vezes um
se o sistema simplificado.. ganho de relé (FY-3B), que ajusta o ponto de
O registro da vazão é obtido de ajuste do controlador de vazão do óleo
1. sensor de vazão placa de orifício, FE- quente (FRC-1).
1. O produto leve da torre é condensado,
2. transmissor de vazão, no campo, FT-1, com a temperatura do condensado
3. extrator de raiz quadrada, montado controlada mantendo-se constante a pressão
atrás do painel da sala de controle, FY- da coluna (PRC-11). A saída do produto leve
1, tem vazão controlada (FRC-4). O ponto de
4. registrador com duas penas, uma para ajuste do controlador é ajustado por um relé
a vazão (FR-1) e outra para a pressão divisor (UY-6), cujas entradas são a vazão de
(PR-2), montado no painel de leitura da alimentação, como modificada pelo relé
sala de controle. função (FY-3A) e a saída do controlador de
O registro da pressão é obtido de um análise dos produtos leves (ARC-5). O
transmissor de pressão, PT-2, montado no controlador de análise recebe a análise do
campo. A tomada da pressão usa a tomada produto de seu transmissor, que também
de alta ou de baixa da placa. transmite o sinal para uma chave de análise
O diagrama não determina se o sinal é dual (alta/baixa), que por sua vez, atua em
pneumático ou eletrônico. alarmes correspondentes.
A temperatura da saída do gás é medida O nível do acumulador é mantido
por constante (LIC-7) através da manipulação da
1. Um sensor de temperatura tipo vazão de refluxo (LV-7), que é uma válvula
detector de temperatura a resistência com falha aberta (FO). Uma chave de nível
(RTD), TE-3, montada em um poço, separada atua um alarme de nível do
TW-3 acumulador em alta e baixa (LSH/L 9). Há
2. O sinal do sensor vai diretamente ao uma indicação de nível local através de visor
registrador e controlador de (LG 10).
temperatura (TRC-3). São medidas temperaturas em vários
3. A saída do controlador é o sinal pontos do processo e os valores são
eletrônico padrão de 4 a 20 mA cc registrados (6 pontos - TJR 8-1 a 8-6) e
que vai para o atuador de uma indicados (3 pontos - TJI 9-1 a 9-3). Alguns
válvula esfera, TV-3, com atuador a dos pontos de registro possuem chaves de
cilindro. acionamento de temperatura baixa e alta (por
4. O controlador registrador de exemplo, TJSH 8-2, TAH 8-2 e TJSL 9-5 e
temperatura tem uma chave de TAL 8-5), com respectivos alarmes
temperatura TSL-3, que atua um A Fig. 2.5. ilustra o sistema de medição,
alarme no painel (TAL-3), com a controle e automação de uma estação de
temperatura baixa. medição de gás natural. São identificados os
A Fig. 2.3 usa uma simbologia instrumentos (com um losango com a letra I
simplificada para mostrar que um gás é no interior) pertencentes ao sistema de
aquecido e sua temperatura é controlada por intertravamento, que é feito por um
um controlador de painel. O fluido de Controlador Lógico Programável. As variáveis
aquecimento é modulado por uma válvula de são mostradas pelo Sistema Supervisório,
controle e registra a vazão do gás, pressão e que é um computador compartilhado
temperatura de saída e há um alarme que (identificados com um hexágono). Há sinais
atua com temperatura baixa. pneumáticos e discretos (ou binários, que são
as saídas de chaves elétricas).

15
Símbolos e Identificação

FR PR
1 2

FY Fluido do
1 trocador de
calor
TE
3
FT PT
1 2 TW
3

RTD
FE
1 TV
3 TRC
3
TAL TSL
3 3

Fig. 2.2. Simbologia total

Fluido do trocador
de calor
TAL
4
FR PR
1 2

TV
3 TRC
3

Fig. 2.3. Simbologia de modo simplificado

16
Símbolos e Identificação

Fig. 2.4. Instrumentação para um sistema de distilação

17
Instrumentos

Fig. 2.5. Instrumentação para um sistema de medição de uma estação de medição de gás natural

18
3. Instrumentos
Objetivos de Ensino
1. Classificar os tipos de instrumento, quanto a alimentação
2. Mostrar a topologia do instrumento: montado no campo ou sala de controle, modular ou integral,
dedicado ou compartilhado, centralizado ou distribuído.
3. Listar os sinais padrão usados na Instrumentação: pneumático, eletrônico analógico e digital.
4. Apresentar as características e vantagens do instrumento inteligente sobre o convencional.
5. Conceituar instrumento virtual e suas diferenças do real.

do instrumento e faz a leitura. Também neste


1. Classes de Instrumentos caso, ele pode anotar a leitura feita para uso
posterior.
Os instrumentos de medição e controle de Quando o operador quiser saber o valor
processo podem ser classificados de acordo instantâneo e o também os valores passados,
com a seguinte dialética: usa-se um registrador, que imprimie em um
1. manual ou automático gráfico de papel continuamente os valores da
2. alimentado ou sem alimentação externa variavel. O registrador é mais caro que o
3. pneumático ou eletrônico indicador, porém fornece mais informações.
4. analógico ou digital Atualmente é possível, num sistema
5. burro ou inteligente eletrônico digital de aquisição de dados. Os
6. montado no campo ou na sala de dados proporcionais às medições são
controle coletados e armazenados no sistema. Quando
7. modular ou integral o operador quiser saber de valores
8. dedicado ou compartilhado instantâneos ou históricos, ele pode fazer
9. centralizado ou distribuído leituras no monitor do sistema ou imprimir
relatórios de medição através de impressoras
de computador.
2. Manual e Automático
Com relação à intervenção humana, a medição
instrumento pode ser manual ou automática.
A medição mais simples é feita
manualmente, com a interferência direta de um
operador. A medição manual geralmente é feita
por um instrumento portátil. Exemplos de
medição manual:
1. medição de um comprimento por uma
régua,
2. medição de uma resistência elétrica
Fig. 3.1. Instrumentos portáteis (HP)
através de um ohmímetro,
3. medição de uma tensão com um
voltímetro.
As medições feitas manualmente
geralmente são anotadas pelo operador, para 3. Alimentação dos
uso posterior. Instrumentos
A medição pode ser feita de modo
automático e continuo, sem interferência A energia está associada aos instrumentos
humana direta. O instrumento fica ligado de dois modos: através da alimentação e do
diretamente ao processo, sentindo a variável e método de transdução. Qualquer instrumento
indicando continuamente o seu valor para funcionar necessita de energia, que pode
instantâneo. Quando o operador quiser saber o ser fornecida externamente ou internamente.
valor medido, ele se aproxima adequadamente Esta fonte de energia pode ser externa e

19
Instrumentos

explícita, quando o instrumento é alimentado. 3. indicador ou registrador local de vazão


As duas fontes clássicas de alimentação de com elemento sensor de pressão
instrumentos são diferencial (diafragma).
1. a eletrônica e
2. a pneumática.
Em alguns sistemas, há ainda a
alimentação hidráulica, fornecida por pressão
de óleo.
Instrumentos eletrônicos são alimentados
por uma fonte externa de tensão, típica de 24 V
cc. Esta alimentação geralmente é feita por um
único par de fios que simultaneamente conduz
a informação e a alimentação. Por questão
econômica e de segurança, raramente se usa Fig. 3.3. Manômetro, sem alimentação externa
um instrumento de medição no campo
alimentado com uma bateria integral, colocada
no seu interior.

4. Pneumático ou Eletrônico
Dependendo da natureza da fonte de
energia e do sinal padrão, os instrumentos
podem ser classificados em:
1. pneumáticos, onde estão incluídos os
puramente mecânicos.
2. eletrônicos, ou também chamados de
elétricos.
Ambos os tipos de instrumentos,
pneumáticos e letronicos, podem executar as
Fig. 3.2. Alimentação do transmissor eletrônico mesmas funções, apresentando vantagens e
desvantagens, quando comparados. Esta
comparação já foi clássica, na década de 1970,
Instrumentos pneumáticos são alimentados mas hoje há uma predominância da
por uma fonte externa de ar comprimido, típica instrumentação eletrônica sobre a pneumática.
de 140 kPa (1,4 kgf/cm2 ou 20 psi). Cada A escolha entre pneumático ou eletrônico
instrumento pneumático montado no campo é não é apenas a escolha de um instrumento
alimentado individualmente através de um isolado, mas de todo um sistema de
conjunto filtro-regulador ajustável ou fixo. O instrumentação de controle do processo. A
filtro elimina, num estágio final, as impurezas, escolha pode depender do tipo de processo e
umidade e óleo contaminantes do ar das variáveis envolvidas.
comprimido. O regulador, ajustável ou fixo, A escolha do sistema de instrumentação
geralmente abaixa a pressão mais elevada de influi e implica na definição de outros
distribuição para o valor típico de 140 kPa. O equipamentos e sistemas. Ou seja, quando se
sinal padrão de transmissão pneumática é de escolhe uma instrumentação pneumática, há a
20 a 100 kPa. necessidade de se ter um compressor de ar de
Existem instrumentos de montagem local instrumento, de capacidade adequada à
que não necessitam de nenhuma alimentação quantidade de instrumentos, com filtros,
externa para seu funcionamento. Eles são secadores, estágios de redução e todo um
chamados de auto-alimentados. Eles utilizam a sistema de interligações e distribuição através
própria energia do processo para seu de tubos plásticos ou de cobre. Quando se
funcionamento. Exemplos de indicadores e escolhe uma instrumentação eletrônica, deve-
registradores que não necessitam de se considerar o sistema de alimentação
alimentação externa são: elétrica, com eventual opção de reserva de
1. manômetro ou indicador local de bateria para suprir a energia na falta da
pressão, com elemento sensor tipo alimentação alternada principal. Mesmo com
bourdon C, helicoidal, espiral, helicoidal toda a instrumentação eletrônica, deve ser
ou fole. considerado o uso do compressor de ar de
2. termômetro ou indicador local de instrumento, para alimentar, no mínimo, os
temperatura com elemento sensor tipo transdutores I/P, pois as válvulas de controle
bimetal. são atuadas pneumaticamente.

20
Instrumentos

4.1. Instrumento pneumático adequado para grandes distancias, pois a


resistência parasita da fiação atenua o sinal
O instrumento pneumático é aquele que transmitido.
necessita, para seu funcionamento, da A alimentação dos instrumentos eletrônicos
alimentação de ar comprimido, pressão típica de campo é feita através do mesmo par de fios
de 120 kPa (20 psig). O sinal padrão de que conduz o sinal padrão de informação. Tais
informação pneumática é o de 20 a 100 kPa transmissores são chamados de 2-fios.
(0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi). Pretendeu-se diminuir o sinal padrão para faixa
O dispositivo para gerar o sinal padrão é o menor que 4 a 20 mA, para que a alimentação
conjunto bico palheta. A distância entre o bico fosse de 5 V cc, porém, isso não se realizou.
que sopra e a palheta que se move em função
da variável medida modula o sinal de saída
entre 20 e 100 kPa. O dispositivo para detectar
o sinal padrão é o fole receptor.

Fig. 3.5. Medidor vortex, eletrônico (Foxboro)

Atualmente, o sinal padrão analógico de 4 a


20 mA é substituído pelo sinal digital
Fig. 3.4. Transmissor pneumático (Foxboro) (protocolo), que é muito mais eficiente e
poderoso para transmitir informação. Ainda não
há um protocolo padrão de transmissão digital
Mesmo com o uso intensivo e extensivo de e há protocolos abertos e proprietários, tais
instrumentos eletrônicos, ainda hoje se usa como
muito a válvula de controle com atuador 1. HART
pneumático. Por sua simplicidade, 2. Fieldbus Foundation
confiabilidade e economia, a válvula de 3. Modbus
controle com atuador pneumático ainda será 4. Profibus
usada como elemento final de controle padrão 5. FOXCOM, da Foxboro
por muitos anos. 6. Brain, da Yokogawa
O instrumento eletrônico pode ser uma
4.2. Instrumento eletrônico fonte de energia e por isso ele não é seguro
quando usado em área classificada, a não ser
O instrumento eletrônico é alimentado por
que sejam tomados cuidados especiais de
energia elétrica, geralmente de 24 V cc. Mesmo
fabricação e instalação. Ele deve possuir uma
quando ele é alimentado pela linha alternada
classificação elétrica especial, compatível com
de 120 V ca, seus circuitos internos a
a classificação de área do local onde ele vai
semicondutores necessitam de corrente
operar.
contínua para sua polarização e portanto todos
Há basicamente dois tipos de instrumentos
os instrumentos possuem uma fonte de
eletrônicos:
alimentação integral.
1. à base de corrente e
O sinal padrão para a transmissão de
2. à base de tensão.
corrente eletrônica é 4 a 20 mA cc. Este sinal
foi usado pela primeira vez pela Foxboro, em
1950 e foi padronizado por uma norma
interncionao ISO/IEC em 1975.
Já foi usado o sinal de 10-50 mA cc,
porém, por causa da segurança e
compatibilidade com computadores digitais, ele
desapareceu. Existe também o sinal de
transmissão de 1 a 5 V cc, porém ele não é

21
Instrumentos

dissipada é baixo e o calor dissipado é


desprezível.
Como recomendação:
1. utilizar o instrumento à base de
corrente para a transmissão de sinais,
pois não há problemas de atenuação
com as distancias envolvidas e
2. utiliza o instrumento à base de tensão
para a manipulação local dos sinais,
dentro do painel, para usufruir das
vantagens de baixo consumo, baixa
dissipação de calor, facilidade de
Fig. 3.6. Instrumentos eletrônicos ligações e flexibilidade de conexões.

As características dos instrumentos à base 5. Analógico ou Digital


de corrente são:
1. Todos os instrumentos devem ser ligados O conceito de analógico e digital se refere a
em série. Para garantir a integridade do 1. sinal
sistema, devem existir dispositivos de 2. tecnologia
proteção que possibilitem a retirada ou 3. display
colocação de componentes da malha, sem 4. função matemática.
interrupção ou interferência de
funcionamento. Caso não haja essa
5.1. Sinal
proteção, quando um instrumento da malha
é retirado, ou mesmo se estraga, toda a Sinal é uma indicação visual, audível ou de
malha fica desligada. outra forma que contem informação.
2. A ligação em série também influi no valor O sinal pode ser:
máximo da impedância da malha. A malha 1. Analógico
de instrumentos à base de corrente, onde 2. Discreto
todos são ligados em série, a soma das 3. Pulsos
impedâncias de entrada de todos os 4. Digital
instrumentos é limitada por um valor Sinal analógico é aquele que vária de modo
máximo, que é função geralmente do nível continuo, suave, sem saltos ou degraus. O
de alimentação da malha. Desse modo, é parâmetro fundamental do sinal analógico é
limitado o número de instrumentos ligados sua amplitude. Medir um sinal analógico é
em série numa malha. Quando esse limite é determinar o valor de sua amplitude. Sinal
ultrapassado, a solução é usar o analógico é medido.
instrumento repetidor de corrente, também São exemplos de sinal analógico:
chamado de casador de impedância. 1. Sinal padrão pneumático de 20-100
3. As impedâncias de entrada dos kPa, onde o 20 kPa corresponde a 0%
instrumentos são baixas, da ordem de 101 a e 100 kPa a 100%.
102 ohms e assim as correntes circulantes 2. Sinal padrão eletrônico de 4-20 mA cc,
são relativamente elevadas (mA). Isso onde o 4 mA cc corresponde a 0% e 20
eqüivale a dizer que o consumo de energia mA a 100%.
é elevado e há grande dissipação de calor. 3. As variáveis de processo são
As características dos instrumentos à base de analógicas. Uma temperatura pode
tensão são: variar de 20 a 50 oC, assumindo todos
1. Todos os instrumentos são ligados em os infinitos valores intermediários. Uma
paralelo. Os diagramas de ligação, como pressão de processo pode variar de 0 a
conseqüência, são mais simples, pois 10 MPa, de modo contínuo.
podem ser unifilares. Sinal binário ou discreto é aquele que só
2. Os componentes apresentam alta pode assumir dois valores descontínuos, alto
impedância de entrada, de modo que a ou baixo, ligado ou desligado. Exemplo de sinal
retirada, colocação e defeito dos discreto: saída de uma chave elétrica. O sinal
instrumentos do sistema não interferem no discreto ou binário só contem um bit, que pode
seu funcionamento normal. ser 0 ou 1. Bit pode ser manipulado.
3. Como os instrumentos possuem altíssimas Sinal de pulsos elétricos contem uma
impedâncias de entrada, da ordem de 106 sucessão de valores 1 alternados por uma
ohms, as correntes circulantes são sucessão de valores 0. A informação do pulso
baixíssimas (μA ou pA). O nível de energia pode estar na amplitude, freqüência, duração

22
Instrumentos

ou posição. A saída de pulsos da turbina 5.3. Tecnologia


medidora de vazão, onde cada pulso
escalonada pode corresponder, a um A tecnologia eletrônica pode ser analógica
determinado volume. Pulsos são contados. ou digital.
O sinal digital é constituído de um conjunto A base dos circuitos analógicos é o
de n bits, onde n tipicamente vale 16, 32 ou 64. amplificador operacional, que manipula e
Quando se define a função e característica de computada variáveis analógicas (corrente e
cada bit, está se definindo um protocolo digital. tensão). Os componentes passivos
O sinal digital é o mais poderoso e contêm o (resistência, capacitor e indutor) servem para
máximo de informação possível, como tag do polarizar os circuitos. Os componentes ativos
instrumento, faixa calibrada, pontos limites, (transistores, amplificadores operacionais)
unidade de engenharia e muito mais. operam na região de amplificação linear.
Um sinal digital de 16 bits pode ser Instrumento digital usa circuitos e técnicas
10011101 1011 1001. lógicas para fazer a medição ou para processar
os dados. Basicamente, um instrumento digital
pode ser visto como um arranjo de portas
5.2. Display lógicas que mudam os estados em velocidades
O display ou readout é a apresentação muito elevadas para fazer a medição. A base
visual dos dados. Ele pode ser analógico ou dos circuitos digitais são os circuitos integrados
digital. digitais, constituídos de portas lógicas (AND,
Display analógico é aquele constituído, , de OR, NAND, NOR, NOT), multivibradores (flip-
uma escala fixa e um ponteiro móvel (u de uma flop), contadores e temporizadores.
escala móvel e ponteiro fixo) O ponteiro se Atualmente, todos estes circuitos e lógicas
move continuamente sobre a escala graduada, estão integradas no microprocessador. Os
possibilitando a leitura do valor medido. circuitos digitais podem também executar as
Display digital é aquele constituído por tarefas analógicas de amplificar e filtrar.
números ou dígitos. Os números variam de Necessariamente, eles devem ter um estágio
modo discreto, descontinuo, possibilitando a de conversão analógico-digital e
leitura do valor medido. eventualmente, de digital-analógico.
O fator mais importante favorecendo o
instrumento digital, quando comparado com o
analógico, é a facilidade de leitura. Quando o
operador lê um instrumento analógico, ele deve
se posicionar corretamente, fazer interpolação,
usar espelho da escala, ou seja, ter um bom
olho. A leitura analógica é suscetível a erro de
paralaxe e pode ser mais demorada.
O display digital sempre apresenta um erro,
chamado de quantização, devido ao último
digito variar de modo discreto. Assim, quando
se lê o digito 4, ele se mantém em 4 até o limiar
de 5 e por isso a leitura sempre apresenta um
erro, no mínimo de 1 dígito. Fig. 3.8. Totalização (digital) por meio analógico

5.4. Função Matemática


Há funções ou tarefas que são tipicamente
analógicas, como registro e controle de
(a) processo. Só é possível registrar um sinal
analógico. Por exemplo, quando se quer
registrar a vazão, tendo-se uma turbina
medidora com saída de pulsos, deve-se
converter o sinal de pulsos em analógico. O
controle é também uma função analógica. O
seu algoritmo fundamental, PID, é
matematicamente analógico e continuo. O
controle liga-desliga é um caso particular, com
(b) uma saída discreta. Um controlador digital
Fig. 3.7. Display (a) analógico e (b) digital

23
Instrumentos

envolve uma tecnologia digital para executar a principalmente quando se tem comparações
função analógica de controle. entre duas medições. Por isso, mesmo a
Funções tipicamente digitais são alarme, instrumentação eletrônica sofisticada com
contagem de eventos e totalização de vazão. tecnologia digital possui medidores que
Quando se totalizam pulsos escalonados de simulam indicações analógicas. Por exemplo, o
medição de vazão, basta contá-los. Quando se controlador single loop possui indicações da
totaliza um sinal analógico proporcional à medição e do ponto de ajuste feitas através de
vazão, é necessário converter o sinal para gráfico de barras.
digital e depois contar os pulsos Os relógios digitais foram muito populares
correspondentes. na década de 80, porque eles eram novidade e
Um exemplo relacionando todos estes mais baratos. Atualmente, há o reaparecimento
conceitos é a medição do tempo pelo relógio. O de relógios com display analógico, com
tempo é uma grandeza analógica. O tempo ponteiros e escala, porque sua leitura é mais
pode ser medido por um relógio mecânico, com rápida e fácil, pois se sabe o significado de
tecnologia analógica e mostrador analógico. certas posições dos ponteiros das horas e dos
Tem-se engrenagens, molas, pinos acionando minutos.
um ponteiro que percorre uma escala circular A precisão é uma segunda vantagem do
graduada. O ponteiro se move continuamente. instrumento digital sobre o analógico. Embora a
Este mesmo tempo pode ser medido por um precisão dependa da qualidade e do projeto do
relógio eletrônico, com tecnologia digital mas instrumento, em geral, o instrumento digital é
com mostrador analógico. A tecnologia do mais preciso que o analógico de mesmo custo.
relógio é digital pois tem um microprocessador Tipicamente, a precisão do digital é de 0,1% e
e um cristal oscilante. A indicação é analógica, do analógico é de 1%.
pois é constituída de escala e ponteiro. Porém, A exatidão de qualquer instrumento está
o ponteiro se move com pequenos saltos, relacionada com a calibração. Como a precisão
mostrando que está sendo acionado por de um instrumento digital depende da
pulsos. Finalmente, o tempo pode ser indicado percentagem do valor medido e de mais ou
por um relógio digital. A tecnologia do relógio é menos alguns dígitos menos significativos (erro
digital e o indicador é também digital. O display de quantização), o instrumento digital requer
são números que variam discretamente. calibrações mais freqüentes que o instrumento
Resumindo: a variável analógica tempo pode analógico, cuja precisão depende apenas da
ser indicada através de relógio analógico percentagem do fundo de escala.
(mecânico) ou digital (eletrônico) com display Os instrumentos digitais fornecem melhor
analógico (escala e ponteiro) ou digital resolução que os analógicos. A maior
(números). resolução dos instrumentos digitais reduz o
número de faixas necessárias para cobrir a
5.5. Comparação Analógica Versus faixa de medição.
Digital
Deve-se diferenciar um instrumento digital
e um instrumento com display digital.
Instrumento digital é aquele em que o circuito
necessário para obter a medição é de projeto
digital. Um instrumento com display digital é
aquele que o circuito de medição é de projeto
analógico e somente a indicação é de projeto
digital.
Um instrumento analógico com leitura
digital geralmente não é mais preciso que o
mesmo instrumento analógico com leitura
analógica.
A principal vantagem do display digital é a
conveniência de leitura, quando não se tem a Fig. 3.9. Instrumentos inteligentes (Foxboro)
preocupação de cometer erro de paralaxe,
quando se posiciona erradamente em relação
ao instrumento de leitura. Os psicólogos
garantem que se cansa menos quando se
fazem múltiplas leituras digitais.
Porém, a leitura de instrumento analógico é
de mais rápida e fácil interpretação,

24
Instrumentos

5.6. Burro ou inteligente comportamento pode ser alterado por


variações de temperatura, umidade,
Os instrumentos convencionais (ou burros) pressão, vibração, alimentação ou outros
de leitura apresentam os resultados para o efeitos externos. Em outros casos, os
operador, que deve interpretá-los. Esta efeitos não lineares aparecem por causa
interpretação envolve o uso da unidade de dos princípios de medição, como a
engenharia apropriada, linearização, alguma medição de vazão com placa de orifício.
computação matemática e a conclusão final. A estratégia, até hoje, era usar outros
Obviamente, para isso se requer um operador instrumentos para compensar estes
esperto ou inteligente. Com o uso intensivo e efeitos. Como os instrumentos
extensivo do microprocessador na inteligentes possuem uma grande
instrumentação, tornou-se possível passar para capacidade computacional, estas
o instrumento esta capacidade humana de compensações, correções e
computação matemática e interpretação de linearizações são mais facilmente
resultados. conseguidas através de circuitos
Em 1983 apareceu o primeiro transmissor embutidos no microprocessador.
microprocessado, lançado pela Honeywell e foi 3. Além de transmitir a informação, o
chamado de inteligente. Este é outro de muitos transmissor inteligente pode também
exemplos de nomes escolhidos estupidamente ouvir. Um benefício prático disto é em
para instrumentos de processo. Não há nada verificação de pré partida. Da sala de
particularmente inteligente nos medidores controle, o instrumentista pode perguntar
inteligentes. Porém, eles possuem ao transmissor que está no campo qual é
características acima e além das de seus o seu número de identificação, sua faixa
predecessores e estas capacidades devem ser calibrada ou seus pontos de alarme..
entendidas. Como estes instrumentos foram 4. Um transmissor inteligente pode ter sua
chamados de inteligentes, por contraposição, faixa de calibração facilmente alterada
os já existentes são considerados burros através de comandos de reprogramação
(dumb). em vez de ter ajustes mecânicos locais.
Atualmente, há o sabido (smart) e o Na medição de vazão com placa de
inteligente (intelligent), onde o inteligente tem orifício, as verificações de zero do
maiores recursos que o sabido, embora ambos instrumento requerem a abertura e
sejam microprocessados. Atualmente, quando fechamento das válvulas do distribuidor
se fala indistintamente que um instrumento é no transmissor.
inteligente quer se referir a um instrumento a
base de microprocessador, com a capacidade
inerente de computação matemática, lógica,
seqüencial, intertravamento.
A capacidade adicional tornou-se possível
pelo desenvolvimento da microprocessador e a
inclusão deste componente admirável nos
instrumentos de medição. Isto significa que um
transmissor inteligente possui um pequeno
computador em seu interior que geralmente lhe
dá a habilidade de fazer duas coisas:
1. Modificar sua saída para compensar os
efeitos de erros
2. Ser interrogado pelo instrumento
receptor da malha. Fig. 3.10. Área externa
As capacidades peculiares dos
instrumentos inteligentes são:
1. Habilidade de transmitir medições do
processo, usando um sinal digital que é 7. Campo ou sala de controle
inerentemente um método mais preciso
Os primeiros instrumentos de medição e
do que o sinal analógico. O principal
controle, desenvolvidos até a década de 1940,
obstáculo é a falta de padronização
eram de montagem local ou no campo,
deste sinal digital e seu respectivo
próximos ao processo. Apenas com o advento
protocolo. Algum dia isto será resolvido.
do transmissor, pneumático ou eletrônico, que
2. Todos os instrumentos de medição
possibilitou o envio das informações até
industriais contem componentes como
distancias de centenas de metros (pneumático)
foles, diafragmas e elos que exibem
ou alguns kilômetros (eletrônico), tornou-se
comportamento não linear ou cujo

25
Instrumentos

possível a opção de se montar os indicadores, pintura e o seu acabamento são normalmente


registradores e controladores em painéis especiais e específicos para cada atmosfera.
centralizados e localizados em salas de Atualmente, se aplicam cada vez mais
controle. materiais plásticos (p. ex., epoxy) e fibra de
Outro fato que concorreu para o uso de vidro, que são altamente resistente e não
painéis centralizados em salas de controle foi sofrem corrosão nem ferrugem.
a complexidade crescente dos processos, que A montagem padrão dos instrumentos de
requer a leitura e a monitoração simultânea de campo é em tubo de 2" (50 mm) de diâmetro.
muitas variáveis. Os instrumentos de medição ou registro de
Com o uso cada vez mais intensivo da vazão, que utilizam o diafragma de pressão
instrumentação eletrônica, com técnicas digitais diferencial (câmara Barton) são montados em
de controle distribuído, a tendência é a de se pedestal (yoke), que é levemente diferente da
usar instrumentos centralizados em salas de montagem em tubo de 2". Na montagem em
controle, distribuídas em toda a planta. tubo, o instrumento é preso lateralmente ao
tubo, através de uma braçadeira. Na montagem
7.1. Instrumento de campo em pedestal, o instrumento é colocado sobre o
tubo, pois não há espaço lateral para ser
Há instrumentos, que pela sua própria fixado.
função desempenhada, só podem ser Os instrumentos de campo que apresentam
montados no campo, próximos ou em contato portas, geralmente são trancados com chave,
direto com o processo. Os sensores (parte dos de modo que apenas as pessoas autorizadas
instrumentos) e as válvulas de controle são lhe tenham acesso ao interior.
necessariamente montados no campo. Na As portas e janelas de vidro, normalmente,
maioria dos casos mas nem sempre, o são anti estilhaço, ou seja, quando se quebram
transmissor é montado no campo. Em uma não produzem estilhaços, que seriam perigosos
minoria dos casos, por questão de segurança aos operadores.
ou de integridade, o transmissor é montado no Quando não há restrições de segurança,
painel cego da sala de controle. Os outros por causa da presença de gases inflamáveis ou
instrumentos, tais como indicadores, explosivos no ambiente, os instrumentos são
registradores, controladores, totalizadores, iluminados internamente. As luzes são acesas
transdutores e conversores podem ser manualmente pelo operador ou pelo
montados no campo e no painel da sala de instrumentista de manutenção, facilitando a
controle. operação noturna.
Embora funcionalmente os instrumentos Os instrumentos de campo devem ser
sejam os mesmos, suas características montados em lugares de fácil acesso, para
externas, relacionadas com robustez, possibilitar abertura, troca de gráficos,
segurança, estabilidade e funcionamento são calibração e manutenção.
diferentes. E como conseqüência, também os
custos são diferentes.

Fig. 3.12. Instrumentos montados no campo


Fig. 3.11. Instrumentos em área industrial

Os instrumentos de campo são chamados


De um modo simplista, um instrumento também de caixa grande. São tipicamente de
especificado e construído para ser montado no formato retangular. Os registradores tem o
campo é mais robusto, mais resistente à formato retangular, porém, seus gráficos são
corrosão e maior do que o seu correspondente circulares, com diâmetro de 12".
montado no painel da sala de controle. A sua

26
Instrumentos

7.2. Instrumentos montados na sala


de controle
Com a complexidade dos processos
industriais, apareceu a necessidade de maior
número de instrumentos para a manipulação
dos sinais de informação. Para que os painéis
não se tornassem proibitivamente grandes, o
que implicaria em maiores custos e maiores
dificuldades para os operadores, os fabricantes
foram forcados a diminuir os tamanhos dos
instrumentos. Esta miniaturização dos (a) Instrumentos soltos
instrumentos foi auxiliada pelo advento da
eletrônica e pelo uso de circuitos impressos
pneumáticos.
As características comuns aos
instrumentos montados em painel são:
1. Os instrumentos são montados em
estantes padronizadas, através de
cabos de engate rápido. Esta filosofia,
válida para os instrumentos
pneumáticos e eletrônicos, torna fácil a
substituição a manutenção dos
instrumentos.
2. Os instrumentos de painel são mais (b) Instrumentos montados nas estantes
padronizados, pois manipulam sinais Fig.3.13. Instrumentos em painel de leitura (Foxboro)
padronizados provenientes dos
transmissores de campo. A maioria dos
instrumentos de painel recebe o sinal
de transmissores do campo, por
questão de padronização, de
segurança e de técnica. Não seria
seguro nem praticável trazer, por
exemplo, um sinal de pressão de 10
MPa (100 kg/cm2 ) do campo
diretamente para o painel. Como
conseqüência, usa-se um transmissor (a) Portátil
de pressão, eletrônico ou pneumático,
para trazer esta informação para a sala
de controle. E o sinal recebido pelo
instrumento de painel é padrão, de 4 a
20 mA ou 20 a 100 kPa.
3. A padronização maior dos instrumentos
implica em menor número de
instrumentos reservas. Como
conseqüência dessa padronização, por
exemplo, todos os controladores são (b) Painel
iguais, quaisquer que sejam as
variáveis controladas. O controlador do
painel recebe um sinal padrão do
transmissor de campo e remete para a
válvula de controle outro sinal padrão.
Para facilitar ainda mais, os
instrumentos de painel são fornecidos
com escalas intercambiáveis, de fácil
substituição. Assim, em vez de se ter
um controlador para cada variável de
processo, tem-se um único controlador
para todas as variáveis. Apenas são (c) Área industrial
trocadas as escalas dos instrumentos

27
Instrumentos

Fig. 3.14. Locais de montagem

Ainda na instrumentação analógica (1972)


apareceu a filosofia de separar os instrumentos
4. Os únicos instrumentos de painel que em módulos independentes fisicamente e
recebem sinais diretamente do processo separados geograficamente; tem-se a
são os indicadores e registradores de instrumentação modular. Nesta configuração,
temperatura, com elementos sensores a um controlador era constituído por:
termopar ou a bulbo de resistência. 1. Módulo de entrada, que recebe o sinal
Também nessa situação, os de medição da variável de processo,
instrumentos continuam sendo vindo do campo,
padronizados. Obviamente um 2. Módulo de processamento de sinal, que
registrador de temperatura, com pode opcionalmente alterar o sinal
termopar, não poderá receber sinal de recebido, por exemplo, linearizando-o,
um transmissor eletrônico de pressão. 3. Módulo de controle, onde está alojados
Porém, poderá ser ajustado para receber os circuitos de controle, com pontos de
sinal de outro termopar, desde que teste e ajuste de sintonia,
sejam modificadas as junções de 4. Módulo de saída, que envia o sinal de
compensação. controle de volta para o campo, para o
5. Os instrumentos de painel são elemento final de controle,
estruturalmente mais frágeis que os 5. Estação de controle, que constitui a
instrumentos de campo, pois suas interface com o operador de processo,
condições ambientais são mais 6. Cabo de ligação entre o módulo e a
favoráveis e porque as estantes de estação de controle.
montagem os protegem. Todos estes instrumentos são montados na
6. Os instrumentos elétricos montados nos sala de controle. Porém, somente as estações
painéis são de uso geral. Ou seja, de controle tem informação para o operador.
mesmo que a sala de controle seja de Os instrumentos de painel foram divididos em
uma industria cuja área do campo seja duas grandes categorias e segregados, para
perigosa por manipular produtos com economia de espaço e para simplificação da
gases inflamáveis e explosivos, ela é um operação:
local seguro. 1. instrumentos de leitura (display)
7. Os tamanhos físicos dos instrumentos de 2. instrumentos cegos (rack)
painel são menores, para que os painéis
sejam menores, as salas de controle
sejam menores. A diminuição do
tamanho dos instrumentos não prejudica
a operação, pois na sala de controle os
operadores podem se aproximar
facilmente dos instrumentos de leitura.

8. Modular ou integral
Os primeiros instrumentos agrupavam em
seu invólucro todos os circuitos funcionais e
são chamados de integrais. Como resultado,
eram pouco flexíveis e praticamente não era
possível fazer modificações em sua operação.

Fig. 3.16.. Áreas de display e rack

8.1. Painel de leitura


A parte frontal do painel é o espaço nobre e
portanto deve ser ocupada apenas por
instrumentos que apresentem indicação em
Fig. 3.15. Instrumento integral
escalas, mostradores, gráficos e contadores.

28
Instrumentos

Na parte da frente do painel devem ser


montados apenas os instrumentos que exijam
leitura ou cuidados do operador: indicador,
registrador, controlador, estação manual de
controle, anunciador de alarme e contador-
totalizador.
Os indicadores são lidos e eventualmente,
suas leituras anotadas. Os registradores
informam os valores registrados. Os seus
gráficos são periodicamente trocados.
Tipicamente um gráfico tipo tira, de rolo, tem
duração de 30 dias; os gráficos tipo tira, Fig. 3.18.Estação de operação de SDCD
sanfonados, tem duração de 16 dias.
Raramente há gráficos circulares de
registradores caixa grande na sala de controle,
cuja duração típica é de 24 horas, ou menos Na parte superior do painel, logo acima dos
comum, de 7 dias. instrumentos convencionais de leitura está
Os controladores apresentam a situação do localizado o painel anunciador de alarme. Esse
processo, mostrando o valor da medição, do painel consiste de uma associação de som
ponto de ajuste e do sinal de saída e como (buzina) e luzes e seu objetivo é o de informar
conseqüência, a abertura da válvula de ao operador quando os níveis de segurança e
controle. O operador pode variar o ponto de funcionamento do processo estão sendo
ajuste, conforme orientação do processo. alcançados.
Quando requerido, deve atuar direta e Quando ocorre uma situação de alarme, a
manualmente no processo, através da estação buzina soa e a luz se acende. Nessa situação,
manual de controle acoplada ao controlador o operador deve acionar o botão de
automático, depois de fazer a conveniente conhecimento do alarme, de modo a desligar o
transferência auto-manual. som (que é irritante, de propósito). A luz
continua acesa, podendo ficar piscando, para
indicar que a situação do processo que
provocou o alarme continua ocorrendo. O
operador deve providenciar uma atuação no
processo, através da manipulação manual da
estação de controle, através do ligamento ou
desligamento de algum equipamento, de modo
que a variável alarmada retorne à sua condição
normal. Quando ocorre a normalidade, a luz de
alarme se apaga.
Ainda acima do anunciador, há o painel
sinóptico, onde está esquematizado em um
Fig. 3.17. Sistema modular (Foxboro) fluxograma, o processo da planta. Ela facilita a
tarefa do operador pois mostra as ligações
lógicas dos instrumentos e indica os tags de
identificação dos instrumentos envolvidos. Há
Além dos instrumentos de indicação, painéis semigráficos que possuem lâmpadas
registro e controle, na parte frontal do painel de de sinalização de alarme.
leitura, estão colocadas as botoeiras de liga-
desliga ou de múltiplas posições, que podem 8.2. Armário de instrumentos cegos
ser acionadas pelo operador, dependendo da
situação do processo. Há instrumentos na sala de controle que
executam funções inteligentes, porém não
apresentam nenhuma informação em forma de
indicação ou registro. São os instrumentos
auxiliares que condicionam e processam os
sinais de informação: extratores de raiz
quadrada (linearizam o sinal quadrático
proveniente do transmissor de vazão,
associado à placa de orifício),
multiplicador/divisor de sinais (associado à
medição de vazão com compensação de
temperatura ambiente e pressão estática),

29
Instrumentos

integrador (cuja saída pulsada alimenta o É possível se ter o compartilhamento de


contador, que está localizado na parte frontal várias malhas com um único instrumento
do painel, porque possui uma indicação digital) mecânico analógico, como o registrador
somador, seletor de sinais. Esses instrumentos, multiponto, quando um instrumento registra até
geralmente chamados de computadores 24 pontos de temperatura (tag TJR .
analógicos, são montados ou atrás do painel de Porém, o mais comum, é o
leitura ou em outro painel, colocado atrás do compartilhamento do instrumento eletrônico
painel de leitura. Quando montados em outro digital. A interface para o compartilhamento é o
painel, esse painel é chamado de armário (ou multiplexador, que é o instrumento que
rack). Os operadores de processo não converte várias entradas em uma única saída.
necessitam ter acesso a esse armário, pois não Depois de multiplexar os sinais, há a conversão
há nenhuma informação a ser lida nesses dos sinais analógicos para digital; (A/D).
instrumentos. Como esses instrumentos não Quando há controle, o sinal digital deve ser
apresentam nenhuma leitura são chamados de reconvertido para analógico e voltar para o
instrumentos cegos. elemento final de controle. Usam-se o
conversor digital-para-analógico e o de-
multiplexador. O conjunto destas funções de
multiplexar e demultiplexar é feito por um único
instrumento chamado de moddem (MODulador-
DEModulador).

8.4. Centralizado ou distribuído


O sistema de controle centralizado é aquele
que converte todas as funções de interface
com o campo (unidades de Entrada/Ssaída),
interface com operador, unidades de controle
analógico e digital e gerenciamento em um
único instrumento.
O sistema de controle distribuído executa
Fig. 3.19. Painel cego de instrumentos as funções de controle estabelecidas e permite
a transmissão dos sinais de controle e de
medição. As diferentes funções de interface
com o campo (unidades de E/S), interface com
Em sistema de arquitetura modular ou operador, unidades de controle analógico e
arquitetura dividida, a separação e o conceito digital e gerenciamento são distribuídas
de painel de leitura e armário de instrumentos geograficamente e interligadas pelo elo de
cegos são mais nítidos. Atualmente existe um comunicação.
consenso que todas as funções de leitura Os primeiros sistemas de instrumentação
podem e devem ser separadas fisicamente das analógico possuíam uma sala de controle
funções de processamento e computação centralizada, para onde convergiam todos os
matemática. Essa separação ocorre não sinais de informação do processo. Na sala de
apenas na instrumentação eletrônica, mas controle havia ainda a tomada de decisão do
também na instrumentação pneumática. controle. As primeiras aplicações de controle
digital incluíam um único computador
centralizado para fazer a coleta de dados e o
8.3. Dedicado ou compartilhado
controle do processo. O alto custo do
Instrumento dedicado é aquele que executa equipamento permitia a existência de apenas
uma função relacionada com uma única um (ou dois computadores, quando havia
variável de processo. Um instrumento reserva).
corresponde a uma malha e uma malha O uso intensivo e extensivo de
corresponde a um instrumento. Os primeiros microprocessadores devido a grande redução
instrumentos analógicos eram dedicados. de seu custo e do equipamento de
Atualmente, há instrumentos digitais processamento de dados permitiu a distribuição
microprocessados que também são dedicados da inteligência entre as diferentes fases do
a uma ou duas malhas de controle; são os processo de coletar dados, condicionar sinais,
instrumentos single loop. tomar decisões e fornecer informação ao
Instrumento compartilhado é aquele que operador.
executa a mesma função, (indicação, registro Inicialmente houve a aplicação com muitos
ou controle), de um grande número de pontos de controle indo para um painel
variáveis, simultaneamente. centralizado, depois com o sistema digital

30
Instrumentos

distribuído, voltou-se a distribuir as funções de 11. Real ou Virtual


controle na área industrial. A distribuição de
equipamentos de controle diminui o número e o
custo das fiações entre cada sensor e a sala de 11.1. Instrumento real
controle e requer um sistema de multiplexagem
confiável e um sistema de comunicação de Instrumento real ou convencional é o
dados. equipamento físico que executa a função para
No controle digital distribuído, as funções o qual ele foi projetado, construído e instalado.
de monitoração e controle são distribuídas em Ele deve ser especificado com detalhe para a
vários painéis locais, cada um com seu próprio função a ser executada, pois ele é pouco
sistema digital, todos interligados por um flexível.
sistema de comunicação. As operações são Um controlador convencional deve ser
distribuídas funcional e fisicamente entre os especificado e comprado com as ações de
vários processos da planta. controle necessárias. É muito difícil e quase
A tendência atual não é mais a de eliminar impossível fazer atualização de um controlador
o operador, mas assisti-lo melhor, fornecer-lhe convencional, para acrescentar alguma
ferramentas mais eficientes e dar-lhe mais característica opcional, não prevista na época
informações acerca do comportamento do de sua compra.
processo, para que ele possa intervir na Como já visto, o instrumento real pode ser
operação, nas situações de emergência, de montado no campo ou na sala de controle,
modo mais eficiente e seguro. O ênfase é pode ser pneumático ou eletrônico, pode ser
colocado no desenvolvimento dos dedicado ou compartilhado por várias malhas
equipamentos de comunicação humano- de medição e controle.
máquina, com aquisição de dados e telas de Atualmente, por causa do uso intensivo e
vídeo dando a possibilidade de estabelecer um extensivo do computador pessoal na medição e
dialogo entre os operadores e o processo. controle de processo, há uma tendência
universal de substituir o instrumento real de
painel pelo instrumento virtual. Porém, nem
tudo pode ser virtual. Os sensores e
transmissores, que são a interface com o
processo, certamente continuarão a ser físicos,
reais, convencionais.

11.2. Instrumento virtual


Um instrumento virtual é definido como
uma camada de software, hardware ou de
ambos, colocada em um computador de uso
geral, de modo que o usuário possa interagir
com o computador como se fosse um
instrumento eletrônico tradicional projetado
pelo próprio usuário.
Fig. 3.21. Estação de Operação Centralizada Controlador virtual é aquele construído
dentro de um computador pessoal. Atualmente,
são disponíveis aplicativos para desenvolver a
Atualmente, os sistemas de controle face do controlador (template), seu bloco
distribuído proporcionam uma grande funcional PID e os programas intermediários
quantidade de informação que deve ser para interligar imagens, layouts, blocos e sinais
passada gradualmente aos computadores externos.
periféricos com o fim de prover controles Do ponto de vista do operador usuário, é
avançados, otimizar o controle da planta e muito difícil ver rapidamente as diferenças
gerenciar a sua eficiência. O êxito e eficiência entre um instrumento virtual, constituído de
destas decisões, independente do seu nível, programa e equipamento e um real, que é
se baseiam na informação exata disponível e apenas equipamento. O que se vê na tela do
na existência de um sistema padronizado de computador não dá imediatamente um
comunicação entre o sistema de controle entendimento da filosofia de base. Diferente de
distribuído e os computadores que se estejam um hardware, em que se pode abrir a caixa e
na rede. olhar dentro, a arquitetura no software é
abstrata e não é imediatamente visível a olho
nu.

31
Instrumentos

Fig. 3.22. Controlador virtual na tela do monitor

Fig. 3.24.Face frontal do controlador, com ponto de ajuste


apenas local
Para dar um exemplo, quando se tem um
computador pessoal com um circuito de
aquisição de dados embutido, para um 11.3. Real e virtual
instrumentista ou operador de processo, o
instrumento pode funcionar como indicador, Há instrumentos ou dispositivos que podem
registrador, controlador ou chave de atuação. ser simultaneamente real e virtual. Por
A única diferença entre o instrumento exemplo, pode-se ter uma chave liga-desliga
convencional e o virtual é o software e por isso real, no campo, para ligar um motor. Porém,
tem se a idéia que o software é o instrumento. pode-se configurar uma chave liga-desliga
Através do monitor de vídeo, teclado e virtual no sistema digital, de modo que a chave
mouse, o operador pode fazer tudo no aparece na tela do computador e o operador
processo industrial que é feito com o pode ligar o mesmo motor, da sala de controle.
instrumento convencional, como: As duas chaves, real e virtual, são
1. alterar ponto de ajuste do controlador, independentes entre si e uma pode ser reserva
2. passar de automático para manual e da outra.
vice-versa e em modo manual, atuar Chave automática também podem ser
diretamente no elemento final de simultaneamente real e virtual. Por exemplo,
controle pode-se ter uma chave automática de pressão,
3. estabelecer pontos de alarme de pressostato, uma física no campo e outra
máximo e de mínimo virtual, no sistema digital. A chave real é atuada
4. alterar os parâmetros da sintonia pelo valor determinado da pressão e abre ou
(ganho, tempo integral e tempo fecha contatos quando o valor da pressão
derivativo) atingir o valor pré-determinado. Sua calibração
Adicionalmente, como o instrumento dentro requer que o instrumentista vá ao local, com
do computador possui muito mais recursos, o um padrão de pressão, para fazer a
operador pode: comparação.
5. ver a curva de resposta do controlador A chave automática virtual é constituída de
para atestar o resultado da sintonia blocos lógicos , que ficam no sistema digital.
6. ver a curva de tendência histórica Ele atua do mesmo modo, alterando o contato
de saída, aberto ou fechado, quando o valor da
pressão atingir um valor pré-determinado.
Porém, a sua calibração pode ser feita pelo
próprio operador, da sala de controle, através
da estação de operação. O valor pré-
determinado é entrado pelo teclado.
Uma pergunta freqüente que se faz: qual
chave é mais confiável, a real ou a virtual? Há
uns anos atrás, na década de 1980, talvez a
chave real fosse considerada mais confiável,
pois a real se baseava em software de um
sistema digital. Atualmente, a confiabilidade é
equivalente e como a virtual é mais

32
Instrumentos

conveniente, por facilidade de calibração e


ajuste, ela é preferida.
É claro que um sensor, uma válvula
atuadora de controle, um tanque, todos devem
ser reais. Porém, há a representação virtual
destes instrumentos e equipamentos na tela do
computador. Ou seja, há uma válvula virtual, na
tela do computador, representando e emulando
uma válvula real, obrigatória, que está na área
industrial. O tanque virtual que aparece na tela
é a representação do tanque real, que está na
área industrial, cheio de óleo ou produto
químico.
O controlador é outro caso especial. O
controlador pode ser real ou virtual, porém, não
simultaneamente. Ou seja, se houver um
controlador real, não pode haver um virtual e se
houver um virtual, não poderá haver um real.
Controlador atua dinamicamente, em tempo
real.
A tendência atual é utilizar cada vez mais
instrumentos virtuais, feitos dentro do
computador, através de programas aplicativos .
Estes aplicativos são amigáveis, poderosos,
com bibliotecas ricas de modelos e padrões.
Os aplicativos mais utilizados na indústria são:
InTouch, da Wonderware
IFix, da Intellution
VXL
Elipse

33
4. Sistemas Digitais

complexos. Nessa configuração, o SDCD é


1. Introdução responsável pelo controle regulatório e
avançado do processo e o CLP é responsável
Atualmente, os instrumentos são utilizados pelo alarme e intertravamento do mesmo
em sistemas integrados e completos, que processo. Por questão de segurança e da
podem ter protocolos de comunicação digital causa comum, as normas (IEC 61 508 e ISA
abertos ou proprietários. Sistema aberto é 84.01) não permitem que um mesmo sistema
aquele cujos equipamentos e protocolos de (por exemplo, o SDCD) seja responsável
ligação podem ser fornecidos por vários simultaneamente pelo controle e pela
fabricantes diferentes. Sistema fechado ou segurança do mesmo processo.
proprietário é aquele patenteado, que só pode
ser fornecido por um unido fabricante. 2. Sistema Digital de Controle
Atualmente, exceto os instrumentos de
campo, é raro se utilizar instrumentos isolados
Distribuído (SDCD)
para a medição, controle, monitoração e
automação de algum processo. A base do
sistema de controle é o computador digital, que 2.1. Introdução
pode ser de uso geral ou específico. O primeiro sistema digital de controle
Geralmente, o que determina o tamanho e as distribuído (SDCD) foi lançado no mercado em
características do sistema é o tipo de processo 1974, pela Honeywell, modelo TDC 2000.
e a aplicação. Os principais sistemas utilizados Desde então, ele percorre um longo caminho,
são: sempre evoluindo e usufruindo as vantagens
1. Sistema Digital de Controle Distribuído inerentes ao avanço tecnológico da eletrônica e
(SDCD) da informática. Assim, já há várias gerações de
2. Controle Supervisório e Aquisição de SDCD, com diferenças significativas nos
Dados (SCADA) elementos chave de seu sistema, incluindo
3. Controlador Lógico Programável (CLP) filosofia de operação, microprocessadores e
De um modo resumido pode-se dizer que esquemas de comunicação.
se utiliza Por conveniência, o SDCD deve ser ligado
1. o SDCD para o controle de processos a instrumentação de campo (transmissores e
contínuos complexos, que incluem válvulas) inteligente ou microprocessada. Os
muitas malhas de controle PID. benefícios se referem a facilidade de
2. o SCADA para controle de processos interfaceamento, redução de fiação, melhor
simples, que tenham muitas operações desempenho metrológico global, facilidade de
de liga-desliga. rearranjo remoto, possibilidade de diagnóstico
3. o CLP é utilizado para prover o alarme e redução de custos de compra e calibração
e intertravamento do processo, alem de dos instrumentos.
ser o coletor de dados no sistema A alta densidade de dos módulos de
SCADA. entrada e saída (E/S) pode economizar painéis
Assim, o SCDC é aplicado para o controle e espaço em grandes sistemas de SDCD.
e a monitoração de refinarias de petróleo, Também há economia na fiação entre os
siderúrgicas e de grandes plantas com controle equipamentos de campo e o SDCD, mesmo
contínuo, nas áreas de papel & celulose, quando se tem redundâncias de comunicação,
indústria farmacêutica. O SCADA é usado na pois uma linha de comunicação redundante
monitoração e controle de terminais de óleo e através de toda a planta custa muito menos do
gás, plataformas de petróleo, onde os que centenas ou até milhares de fios
processos incluem movimentação de fluidos. individuais entre o campo e a sala de controle
Embora o CLP seja um dos componentes central.
do SCADA, ele também é utilizado em Atualmente, no Brasil, os SDCDs mais
combinação com o SDCD, em sistemas usados são da Emerson, Foxboro (Invensys) e

34
Sistemas Digitais

Yokogawa. Alguns sistemas antigos foram formulários de banco de dados relacional


construídos por fabricantes que agora implementado em uma Unidade de Aplicação
pertencem a uma destas três grandes de desktop da Fisher ou de qualquer
empresas. Por exemplo, o SDCD da Fisher computador da DEC VAX/VMS.
Controls, Provox, agora é fabricado pela Depois que a Fisher Controls foi comprada
Emerson, que também fabrica o DeltaV. Outros pela Emerson, um novo sistema digital foi
sistemas menos usados são da Bailey (Infi90), lançado no mercado, chamado DeltaV, que é
Taylor (Mod300), Fischer & Porter (DCI F&P), considerado um sistema híbrido intermediário
Measurex (Vision) e Honeywell (TDC 3000). entre um SDCD e CLP. Aplicação típica de
Atualmente, todos os sistemas digitais DeltaV é em controle de Unidade de Produção
apresentam aproximadamente as mesmas de Gás Natural (UPGN), anteriormente feito
características e capacidades e estão sempre com o sistema SCADA, baseado em CLP.
evoluindo, para tirar as vantagens da Embora mais simples que um SDCD
eletrônica, comunicação digital e informática. convencional, o DeltaV é também um sistema
Os detalhes e especificações de cada sistema poderoso e caro. O DeltaV veio para substituir
podem ser obtidos facilmente dos fabricantes, o Provox e é também considerado parte da
inclusive pela internet. arquitetura PlantWeb, da Emerson, que
apresentou resultados revolucionários nas
várias aplicações no mundo.
O DeltaV é um sistema de automação da
Emerson Process Managements, que tem o
nome derivado da equação de engenharia para
aceleração: dv/dt, a mudança da velocidade
por mudança de tempo. O sistema DeltaV faz
planejamento, engenharia, instalação,
comisssionamento, treinamento, operação e
manutenção do processo, de modo fácil e
acelera o sucesso do usuário, ao melhorar o
desempenho de sua planta.
O sistema DeltaV possui barramentos
digitais de comunicação e controle avançado
incorporado, para facilitar a integração e
Fig. 4.1. Filosofia do SDCD otimização e aumentar a produtividade da
planta. Os protocolos de comunicação podem
ser HART, Fieldbus Foundation e pode também
incluir o AMS para facilitar e apressar a
calibração, configuração e diagnostico e para
oferecer flexibilidade de integração com
suporte para outros protocolos como AS-i,
DeviceNet e Profibus.
O sistema DeltaV oferece capacidade de
acessar a informação através de toda a
empresa, com suas tecnologias embutidas de
OLE para Controle de Processo (OPC) e
XML.Com as ferramentas avançadas de
controle embutidas, o DeltaV pode reduzir
facilmente a variabilidade do processo e pode
Fig. 4.2. SDCD com Fieldbus Foundation oferecer sintonia fácil e sofisticada para
calcular e controlar os parâmetros do processo
para malhas de controle regulatório PID, lógica
Fuzzy e redes neurais.
2.2. Emerson
O SDCD da Fisher Controls é o Provox©.
Os consoles de operação Provue permitem
alarme, gerenciamento, controle da variável,
opção de tela com toque (touch screen) e
interface do operador com os circuitos da área
local da planta através da Janela de Aplicação.
A estação de trabalho de engenharia
Proflex fornece um método de entrada de

35
Sistemas Digitais

2.3. Foxboro
Nos equipamentos da série I/A, Inteliggent
Automation, tais como medidores de vazão e
sistemas de indicação de nível, estão uma
parte integral do sistema, permitindo a
verificação da manutenção, capacidade de
diagnostico e de configuração através do
console do sistema. Mais ainda, a comunicação
digital contínua entre os transmissores e o
sistema fornece acesso para tal informação
como as medições primárias, medições de
temperatura por transmissor, diagnósticos,
Fig. 4.3. DeltaV usado como SIS falha segura, ajustes de amortecimento,
unidades de engenharia, localização física e
data da ultima calibração.
Pela integração dos três domínios do
controle - continuo, seqüencial e lógico - em um
único sistema operacional, a série I/A permite
as opções de desempenho, tais como partida e
desligamento automáticos de unidades
continuas e intertravamento integrados em
sistemas de batelada.
A série I/A oferece um sistema de
gerenciamento da informação do tipo relacional
projetado para ser capaz de tratar com
informação de tempo real da planta. Esta base
de informação, junto com ferramentas de
aplicação de alto nível, fornece capacidade de
solução de tempo real.

Fig.4.4. Sistema DeltaV simples

Armários cegos do sistema IA

Estação de operação do sistema IA


Fig.4.5. Sistema Delta V mais complexo
Fig. 4.6. Sistema IA da Foxboro (Invensys)

36
Sistemas Digitais

2.4. Yokogawa 3. Controlador Lógico


O SDCD da Yokogawa é o Centum, que é Programável (CLP)
disponível em dois modelos diferentes em
função do tamanho da aplicação:
CS1000 – para sistema pequeno 3.1. Conceito
CS3000 – para sistema grande.
Um dos conceitos básicos do Centum O controlador lógico programável (CLP) é
CS1000 é o controle eficiente através de um equipamento eletrônico, digital, baseado
simples operação, combinando a em microprocessador, que pode
funcionalidade do DCS com a simplicidade de 1. Controlar um processo ou uma
operacional um PC. Ele possui uma poderosa máquina
interface com controles amigáveis para 2. Ser programado e reprogramado
operação, controle e manutenção de plantas rapidamente
industriais de médio e pequeno porte 3. Ter memória para guardar o programa.
O programa do usuário (e.g., diagrama
ladder) é inserido no CLP através de
computador desktop, computador notebook,
teclado numérico portátil ou programador
dedicado. Depois de carregado o programa, o
programador é desconectado do CLP.
Como o CLP é fácil de projetar e instalar e
relativamente barato, quando comparado a um
SDCD, ele é o sistema digital default para
coletar dados de processo.
O CLP foi projetado para uso em
automação de fábrica, quando a operação
Fig.4.7. Centum CS1000 requeria tarefas muito rápidas, repetitivas,
como em linhas de montagem. Estas
exigências não são típicas de uma planta de
processo, mas há algumas operações que
O CS 3000 é o SDCD da Yokogawa de podem usar as capacidades poderosas de um
grande porte. Ele integra a versatilidade e CLP, principalmente as de alarme e
confiabilidade de seu predecessor série intertravamento. O CLP de hoje pode ser muito
Centum com o ambiente aberto de um mais eficiente para executar sequenciamento,
computador pessoal. O sistema é de fácil operações de alarme e de intertravamento. O
operação, possui mais funções de controle, controle em tempo real para intertravar motores
engenharia eficiente e excelente relação de e equipamentos relativos se tornou muito
custo e beneficio. prático dentro do CLP usado no mundo do
Suas interfaces abertas permitem a troca controle de processo. Um bom exemplo disto é
de informação com Softwares de Supervisão o controle de processo de batelada com
de Recursos Empresariais (ERP) e Sistemas funções de gerenciamento do processo
de Produção (MES), criando um estratégico configurado através de um computador pessoal
sistema de informação e administração para ou estação de trabalho de operação do tipo PC.
sua planta. O controlador lógico programável varia na
complexidade da operação que ele pode
controlar, mas ele pode ser integrado em redes
de comunicação digital com outros CLPs,
computadores pessoais, sistemas de análise,
sistemas de monitoração de maquinas rotativas
e sistema digital de controle distribuído
(SDCD), Geralmente, mas nem sempre, estas
redes são ponto a ponto, significando que um
CLP pode falar com outro diretamente sem ir
através de outro equipamento intermediário.
O CLP pode ser uma alternativa,
econômica, do SDCD, onde não são envolvidas
estratégias de controle de malha de processo
sofisticadas. As aplicações típicas de CLP são:
Fig. 4.8. Sistema Yokogawa CS3000 1. Parada e partida de equipamentos
2. Alarme e intertravamento de segurança

37
Sistemas Digitais

3. Movimentação de óleo e gás Cada módulo E/S e a fiação interna de


4. Engarrafamento e empacotamento todos os módulos do sistema devem ser
5. Processo de batelada simples identificados pelo método padronizado. A
As vantagens do CLP são: identificação pode ser fixada com arame, fitas
1. Possui excelente capacidade de adesivas ou qualquer outro modo aceitável.
manipular lógica, seqüencial e Os gabinetes devem ser resistentes à
intertravamento corrosão. Eles devem ser tratados contra
2. Programação ladder ou de blocos de corrosão com pintura ou revestimento externo
função é de fácil entendimento por um processo eletrostático.
3. Custo baixo, permitindo a A cor de acabamento dos gabinetes
personalização das funções do produto geralmente é cinza claro (Munsell 065).
4. Pode operar em ambiente hostil Blocos terminais com fusíveis devem ser
5. Altíssima confiabilidade, sendo um usados para sinais analógicos e solenóides.
produto comprovadamente fácil de se A fita terminal deve ser separada de acordo
manter com o tipo de sinal (4 a 20 mA, sensores de
6. Oferece alto nível de flexibilidade e temperatura a resistência, termopares, sinais
escalabilidade (capacidade de ser discretos de chaves). Os condutores com a
aumentado em escala, por partes). alimentação de 127 V ca devem ser igualmente
7. Possui tamanho compacto e requer separados dos condutores com sinais.
pouco espaço A fita terminal deve ter classe de isolação
As desvantagens do CLP no controle de adequada, típica de 750 V.
processo são: Os cabos internos devem ser do tipo à
1. É não determinístico, ou seja, sem prova de chama e de acordo com as cores
habilidade de prever o tempo de padronizadas.
resposta, que é desastroso para o
controle PID. O CLP é determinístico 3.3. Operação do CLP
somente se a interrupção de tempo real
for disponível e usada para PID. Como todo sistema digital, o CLP opera de
2. Limitado em sua capacidade de fazer modo descontínuo, por ciclos de varredura. O
controle PID contínuo, principalmente CLP recebe sinais do processo através de seus
em controle multivariável. módulos de entrada e atua nos elementos
3. Dificuldade de implementar técnicas de finais de controle através de seus módulos de
otimização de controle, tipicamente saída. Esta atuação vai depender do status dos
disponíveis nos SDCDs. sinais de entrada, do programa (ladder) que o
4. Necessidade de computador pessoal CLP executa e do status dos sinais de saída.
para interfacear com os controles de
processo e outras operações mais
complexas.
5. Não possui interface humano-máquina,
requerendo uso de um computador
pessoal, quando for necessária esta
interface.
6. Necessidade de configurar o CLP em
separado da configuração do PC e do
SDCD, em sistemas combinados.
7. Geralmente o fabricante de CLP não
possui especialistas em controle de
processo.

3.2. Construção
O CLP fica condicionado em gabinetes com
dimensões adequadas para alojar os seus
componentes. O arranjo interno deve permitir o
acesso livre aos componentes substituíveis
(tipo plug in ou encaixe sem ferramenta) para
facilitar a manutenção e expansão.
Cada gabinete deve ter uma placa de
identificação de acrílico com o número do CLP
e do gabinete, fixado por rebites ou parafusos Fig. 4.9. Esquema de funcionamento do CLP
em local visível.

38
Sistemas Digitais

3.4. Varredura do CLP


Embora possa haver pequenas diferenças
entre CLPs, especialmente o que eles fazem
durante a inicialização, o ciclo de varredura de
três passos é sempre o mesmo:
a) Uma varredura de entrada. O CLP lê
os dados de todos os módulos de
entrada (adquirindo dados de sensores
ligados aos módulos de entrada). Este
dado de entrada é colocado em uma Fig. 4.10. Ciclos da varredura do CLP
área da memória do módulo da
Unidade de Processamento Central
(CPU) reservado para imagens dos
dados de entrada
b) Varredura do programa do usuário.
O programa de controle escrito pelo
usuário é rodado uma vez, do inicio até
o fim. O programa contém instruções
para examinar dados da imagem de
entrada e para determinar que valores
o CLP deve colocar nas saídas que
vão para os atuadores. O CLP não
escreve os dados de saída nos
módulos de saída ainda, mas os salva Fig. 4.11. Varredura e interrupção
em uma área da memória RAM da
CPU reservada para imagens dos
dados de saída. O programa do
usuário pode examinar e alterar todas
as áreas endereçáveis da memória
3.5. Capacidade do CLP
RAM. (Isto significa que os dados de Cada CLP deve apresentar a seguinte
imagem da entrada podem ser capacidade básica:
alterados pelo programa do usuário e a) Coleta de sinais analógicos e discretos
os dados de saída podem ser b) Saídas de sinais analógicos e discretos
examinados). Alguma memória RAM c) Execução de seqüências e controle PID
não é endereçável, de modo que ela d) Interface com outros equipamentos
não pode ser alterada pelo programa digitais
do usuário. O programa do usuário, por e) Capacidade de comunicação com a
exemplo, não está em uma memória Estação de Operação, quando houver
endereçável. SCADA.
c) Uma varredura de saída. Durante este
passo, o CLP copia todos os dados da 3.6. Configuração de CLP
área da imagem de saída da CPU para
os módulos de saída. A configuração das seguintes funções
Cada vez que o CLP termina um ciclo de mínimas deve ser possível:
varredura e começa outro. O sistema a) Relé básico
operacional também roda um timer watchdog, b) Temporização no ligamento,
enquanto é executado o ciclo de varredura. Se desligamento, retentivo ou não, com
o timer watchdog atinge seu valor pré-ajustado diferentes bases de tempo.
antes de ser reiniciado (se um ciclo de c) Contador crescente ou decrescente
varredura leva um tempo anormalmente grande d) Transferência de blocos
para terminar), o CLP vai imediatamente para o e) Transmissão por exceção de mudança
modo de falha (fault) e pára de operar. Depois de status
de falhar, o CLP geralmente requer a f) Lógica booleana (AND, OR, NOT)
intervenção do operador para voltar a operar. A g) Operações matemáticas (soma,
maioria dos CLPs possui programa operacional subtração, multiplicação, divisão, raiz)
com diagnóstico de falhas. h) Seqüenciadores
i) Comparadores (maior, menor, maior ou
igual, menor ou igual, igual, não igual)
j) Linearizadores
k) Controle PID

39
Sistemas Digitais

l) Calculo matemático de ponto flutuante


para a correção da vazão devida a
pressão e temperatura
m) Integração de vazão instantânea
durante intervalo de tempo
n) Filtro de sinais analógicos
Todo CLP deve ter um código de
identificação alfanumérico que deve registrar
em sua memória e ser acessível tanto
localmente pelo terminal de programação como
remotamente pela Estação de Operação.
Os programas de operação devem ser
armazenados em memória EEPROM. AS Fig. 4.13. Diagrama de blocos do CLP
memórias RAM de armazenamento devem ser
protegidas por baterias. 3.7. Equipamentos associados
Todos os dados, parâmetros e versões de
programa devem ser acessíveis do terminal de A instrumentação de campo
programação. (transmissores, chaves) ligada ao CLP deve
Os controladores PID devem permitir, ser alimentada pelo CLP
localmente, do terminal de programação ou, 1. Através dos módulos de entrada e
remotamente, pelo Estação de Operação, a saída
determinação, entre outras coisas, do valor do 2. Através de fonte externa de 24 V cc,
ponto de ajuste, o modo de operação mas disponível no CLP.
(automático ou manual), os parâmetros de O CLP deve ter diodos emissores de luz
ganho, os fatores derivativo e integral. O (LEDs), na parte frontal dos módulos, fonte e
controlador deve também permitir o ajuste da CPU, para indicar suas condições de operação.
banda morta do erro. Todas as conexões do CLP (cada porta de
O CLP deve remotamente soar o alarme na comunicação E/S e conexão de fonte de
Estação de Operação em cada ocorrência de alimentação) devem ter proteção contra
falha. transientes.
O CLP deve permitir a programação Cada CLP deve ter um clock interno
através de programa configurável de alto nível. permitindo o registro de ocorrências de alarme
O CLP deve ser capaz de executar a re- e de evento com tempo estampado.
partida automática na volta da falha de O equipamento não deve gerar
alimentação. interferência que possa atrapalhar a operação
O CLP foi criado para substituir relés de outros equipamentos eletrônicos, nem ter
eletromecânicos e por isso é programado sua operação afetadas por estes
usando lógica de relés. Quando o CLP equipamentos.
começou a ser aplicado em controle PID de Todos os módulos de entrada e saída (E/S)
processo mais complexo, foi necessário criar devem trabalhar permanentemente
linguagem de programação mais poderosa, energizados, nas condições normais de
como a de Blocos de Função. operação. Cada módulo E/S deve ter um
fusível de proteção individual.
Cada módulo de entrada deve ter, no
mínimo, as seguintes características:
1. Isolador óptico para os sinais de campo
e circuitos internos lógicos (mínimo de
isolação de 1 500 V). Esta isolação
deve ser independente para cada
módulo E/S.
2. Proteção contra transientes de tensão,
picos de corrente, transitórios e
interferência de 60 Hz, interferência de
rádio freqüência e descarga
atmosférica.
3. Proteção contra inversão de
polaridade.
Os módulos de entradas discretas devem
ter filtros e LEDs para indicar status da entrada
Fig. 4.12. Armário de um CLP (ligada ou desligada).

40
Sistemas Digitais

Os módulos de entradas analógicas devem


ser capazes de operar com os sinais padrão de
4 a 20 mA, para transmissores de 2, 3 ou 4
fios. O CLP também deve ter módulos de
entrada para receber sinais de RTD (Pt 100) e
termopares (com juntas de compensação).
As saídas discretas devem ter as seguintes
características:
1. Contatos secos
2. Capacidade de contato de 2 A, a 24 V
cc, 1 A a 125 V cc ou 2 A a 127 V ca
3. Quando a fonte de alimentação não for
interna ao CLP, deve haver um relé Fig. 1.11. Aplicação típica de um CLP
discreto externo ao módulo de saída.
Cada saída analógica deve ter as seguintes
características:
1. Alimentar cargas com impedância de 3.10. Terminal de programação
até 1 000 Ω.
2. Ajuste independente de zero e de O Terminal de Programação adequado
amplitude de faixa, para cada canal. deve ser um notebook, compatível com a
norma IBM PC. É desejável que o notebook
tenha as seguintes características:
3.8. Dimensionamento do CLP 1. Pentium IV, mínimo de 1,6 MHz
Dimensionar um CLP é determinar o 2. 256 MB RAM, expansível para 512 MB
número de CPUs, número e tipo de módulos de 3. Bateria de longa duração, com
entrada e de saída, quantidade gabinetes, capacidade mínima de 2 horas de
gavetas, posições (slots) e terminais operação sem recarga
O dimensionamento do CLP depende do 4. Display LCD VGA, com tela de matriz
tamanho do projeto, que é função ativa e com tela mínima de 10 “.
principalmente do número e tipo de entradas e 5. Drive de disco flexível de 3 1/2” (1,44
saídas. MB)
O CLP e gabinete devem ser fornecidos 6. Disco rígido de 10 GB, quando
com todo equipamento necessário para uma formatado, interface IDE, tempo de
expansão futura de 15 % dos pontos totais, acesso máximo de 12 ms
simplesmente pela inserção de novos módulos 7. Unidade de leitura de CD-ROM, com
de E/S e cabos de instrumentos de campo, uma velocidade de 52X ou maior
sem a necessidade de qualquer outro material. 8. Trackball integrado
A fonte de alimentação deve ser capaz de 9. Slot de expansão PCM CIA tipo II
suportar transiente de até 30% das variações 10. Porta paralela padrão Centronics, para
na tensão de entrada para um período de 10 impressora
segundos sem perturbar seu trabalho. 11. Porta serial
A fonte de alimentação deve ter suas 12. Conexões para teclado externo e
saídas protegidas contra sobre tensão, sob monitor externo VGA
tensão e sobre corrente e em qualquer um O notebook deve vir junto com uma fonte
destes eventos, deve desligar automaticamente de alimentação ac/dc, cabos, maleta e uma
e se manter em seu estado até que o defeito série de manuais do computador e acessórios.
seja corrigido. Os seguintes programas devem estar
instalados:
3.9. Comunicação de dados 1. Windows 2000 ou XP
2. Utilitários do CLP (para confecção de
O CLP deve ter o equipamento e programa diagrama ladder ou bloco de funções)
necessários para se comunicar com o a 3. Aplicativo para operação e manutenção
Estação de Operação através de meios de de equipamentos em uso.
comunicação, preferivelmente com protocolos
abertos.

41
Sistemas Digitais

4. Controle Supervisório e 3. tensão de termopares dos tipos J, K, R,


S, T B e E,
Aquisição de Dados (SCADA) 4. resistências detectoras de temperatura,
Os dados de pulsos podem ter diferentes
faixas de freqüência e são gerados por:
4.1. Introdução 1. turbinas medidoras de vazão,
SCADA é o acróstico de Supervisory 2. transmissores de vazão magnéticos,
Control And Data Acquisition – Controle 3. medidores tipo vortex ou coriolis
Supervisório e Aquisição de Dados. SCADA é
um sistema de controle tipicamente usado para
monitorar e controlar processos que tenham
muitas operações de liga e desliga e poucas
malhas de controle analógico PID. O sistema
SCADA é usado principalmente para partir e
parar unidades remotas e não é usado para o
controle do processos complexos.
Exemplos de processos simples:,
1. unidades de transferência de produtos
em tubulações por bombas (líquidos)
ou compressores (gases),
2. distribuição de água e
3. distribuição de energia elétrica.
Tais sistemas utilizam intensiva e
Antigamente o termo controle
supervisório significava o sistema onde o
computador digital estabelecia o ponto de
ajuste e outros parâmetros dos controladores
analógicos.
A tendência atual é utilizar sistemas com
protocolos e programas abertos, podendo
utilizar equipamentos de diferentes fabricantes.
Porém, há sistemas SCADA proprietários, de
um único fabricante, que já está interligado com
todas interfaces e drivers proprietários. São
sistemas mais caros, menos flexíveis, porém já
prontos para o uso. Exemplo: MOSCAD, da
Motorola.
Os equipamentos básicos do SCADA são:
1. Controlador Lógico Programável (CLP) Fig. 4.14. Visão geral de um SCADA
para fazer a aquisição de dados
2. Computador Pessoal (PC) para rodar o
supervisório e constituir a estação de
operação ou a interface humano- Dados discretos são as saídas de chave,
máquina. que podem ser 0 ou 1.
Estes sinais analógicos, discretos ou de
pulso são convertidos para a forma digital
4.2. Coleta de dados conveniente para uso dentro do sistema digital
Neste sistema, tem-se vários fornecedores de aquisição de dados.
de CLP (Siemens, Modicon, Rockwell, GE Os sinais digitais, como protocolo HART®,
Fanuc, Hitachi) e vários aplicativos (InTouch, Fieldbus Foundation, Modbus e Profibus
IFix, VXL). Há maior flexibilidade, porém, há entram no sistema através da rede de
maior dificuldade de integração do sistema e comunicação digital. Estes sinais digitais
casamento de protocolos digitais diferentes. entram no CLP através de sua CPU.
Um sistema de Controle Supervisório e Há uma distinção clara entre sinal digital e
Aquisição de Dados (SCADA) coleta e discreto (ou binário). O sinal ou protocolo digital
armazena dados para uso futuro. Os dados é constituído de vários bits (p. ex.: 16, 32 ou
podem ser analógicos, discretos ou digitais. Os 64) e tem muitos recursos. Exemplos de
dados analógicos podem ser do tipo: protocolos digitais: HART, Fieldbus Foundation,
1. 4 a 20 mA cc, Modbus. O sinal discreto ou binário é aquele
2. tensão de mV de células de carga, fornecido por uma chave elétrica e possui

42
Sistemas Digitais

apenas um bit de informação: ligado ou


desligado. Há autores e manuais que chamam
o sinal discreto de digital, diferente das
definições deste trabalho. Há ainda o sinal de
pulso, cuja informação pode estar na
amplitude, na freqüência, na duração ou na
posição do pulso. Exemplos de sinais: saída de
turbina medidora de vazão, saída de medidor
magnético de vazão.

Fig. 4.15. Sistema SCADA tradicional

Fig. 4.16. Componentes do SCADA


Um modo claro para mostrar a diferença
entre sinal discreto e digital, em um CLP é que
os sinais discretos entram através de módulos
de entrada e sinais digitais através da porta da
CPU do CLP. 4.3.Estação de Operação
Na maioria das aplicações industriais, a
aquisição de dados é feita por controladores Os dados do campo devem estar
lógico programáveis (CLP) que possuem as disponíveis em um único local centralizado e
interfaces de entrada e saída padronizadas e onde possam ser indicados, registrados,
com preço conveniente. Outra vantagem de se totalizados, analisados e alarmados. É também
usar um CLP como sistema de coleta de dados desejável que o operador, além de coletar os
é a facilidade de driver de comunicação entre dados e saber os status dos dispositivos
ele e o microcomputador onde será rodado o remotos, possa atuar no processo, abrindo e
programa aplicativo para realizar o controle fechando válvulas motorizadas, ligando e
supervisório do processo. desligando motores de bombas e
Quando os dados são coletados a grandes compressores, enviando sinais analógicos para
distâncias, eles são transferidos através de atuar em válvulas de controle. Nestas
fios físicos, por uma onda de rádio freqüência aplicações, os sinais digitais do sistema de
portadora ou através de linha telefônica ou por aquisição de dados devem ser convertidos de
uma combinação qualquer destas três técnicas. volta para a forma analógica e aplicados a
algum tipo de atuador no processo. Este local é
a estação de operação.
A Estação de Operação é um computador
pessoal (PC), de uso industrial, que roda um
software aplicativo de Controle Supervisório.
Através de telas previamente configuradas
e o sistema interligado, o operador pode
selecionar através do teclado ou mouse do
computador diferentes visões do processo,
desde uma malha isolada, grupos de malhas
até o processo completo.
O monitor do computador irá substituir os
painéis convencionais com botoeiras,
instrumentos de display, anunciador de alarme
e painel sinóptico. As chaves liga e desliga e as

43
Sistemas Digitais

botoeiras de partida e parada são substituídas Também no sistema, os status dos


por teclas ou são atuadas através da tela equipamentos podem ser definidos e
especial (touch screen). Têm-se agora chaves observados na tela do monitor. Assim, por
lógicas ou virtuais que funcionam exatamente exemplo, válvulas fechadas podem ser
como se fossem reais. representadas em vermelho, abertas em verde
O monitor do computador substitui os e em posições intermediárias, em azul.
instrumentos de display. Através do programa Tudo que era feito através da
de configuração, o operador pode selecionar instrumentação convencional contínua sendo
telas que apresentam os valores numéricos das feito, porém, o operador vê o processo através
variáveis de processo de diferentes modos, à de uma janela. Sua interface para ver o que
sua escolha. Os valores podem aparecer ao está ocorrendo é a tela do monitor e sua
lado dos equipamentos associados. Por interface para atuar no processo é o teclado do
exemplo, computador, mouse, trackball (mouse com
1. o nível do tanque pode ser apresentado esfera) ou a própria tela do monitor se ela for
em percentagem ao lado do desenho sensível ao toque (touch screen).
do tanque, Este sistema supervisório facilita muito a
2. a vazão que passa por uma tubulação vida do operador. Relatórios que anteriormente
pode ter o valor instantâneo mostrado eram escritos à mão agora são
junto da tubulação, automaticamente impressos. A partir do aperto
3. a temperatura de um reator pode ser de uma tecla, o operador pode ter uma lista de
mostrada em diferentes posições, em todos os pontos que foram alarmados nas
valores digitais. últimas 24 horas de operação.
Através da configuração de tela, os
instrumentos virtuais podem se parecer com
instrumentos convencionais, com escala
analógica (gráfico de barras simula a escala
analógica), com botões, chaves seletoras e
chaves de atuação.
A totalização da vazão ou de outra variável
(por exemplo, tempo acumulado de operação
de motor de bomba) pode ser apresentada na
tela do monitor, em tamanho e cor definidos
pelo usuário.
O anunciador de alarme é eliminado e
agora os alarmes são listados pelo
computador, mostrados na tela do monitor ou
impressos em papel, se necessário. O alarme Fig. 4.18. Funções do SCADA
sonoro continua existindo. O usuário pode
definir um código de cores para diferentes tipos
de alarme. No diagrama do processo mostrado
na tela do monitor do computador, as variáveis
alarmadas podem assumir diferentes cores.

Fig. 4.19. Interface Humano-Máquina

Fig. 4.17. Sala de controle do sistema SCADA

44
Sistemas Digitais

4.3. Programa Aplicativo (Software)


A operação de selecionar uma malha,
iniciar uma entrada de dados, atuar em
determinado dispositivo remoto, apresentar
uma lista de alarmes não é feita
milagrosamente, mas deve ser prevista e
programada. Para facilitar as coisas, são
disponíveis vários programas aplicativos no
mercado, para que usuário realize seu controle,
sendo os mais conhecidos:
1. Intouch, da Wonderware
2. IFix (FicsDmacs), da Intellution
3. Oasys, da Valmet
4. Wizcon, da Wizcon
5. Elipse, da Elipse Software
6. RSView, da Allen-Bradley
7. Aimax, da Smar
Um programa aplicativo supervisório é
usado para confeccionar telas, animar objetos,
permitir a monitoração e atuação do processo
através da estação de controle. Os aplicativos
possuem bibliotecas com figuras, imagens,
Fig. 4.20. Estação de operação do SCADA
símbolos e ícones já prontos e fáceis de serem
usados, bastando ao programador apenas a
sua configuração e endereçamento.
Depois de configurado, o supervisório
Concluindo: um conjunto integrado de
possui dois modos de funcionamento:
sistema de aquisição de dados, programa de
1. operação ou run time
controle supervisório e um microcomputador,
2. desenvolvimento ou engenharia
pode ser uma alternativa econômica para um
Em modo de operação, o controle
Sistema Digital de Controle Distribuído. Por
supervisório cuida principalmente de monitorar
causa de suas limitações de desempenho e
o processo, ligar, desligar equipamentos e
conveniência geral apresentadas por um
contornar unidades danificadas por acidente,
sistema com microcomputador, estas
estabelecer pontos de ajuste, alterar sintonia
aplicações são ideais para processos onde o
de controlador, alterar valores de alarme.
custo é crítico e o controle é simples. Este
No modo de desenvolvimento, pode-se
conceito certamente cria a expectativa e a
alterar telas, colocar ou retirar instrumentos,
visão do futuro para aplicações abertas.
configurar novas estratégias, registrar senhas e
Mesmo com suas limitações, o sistema pode
alterar níveis de prioridade e outras funções de
ter ou fazer:
gerenciamento do sistema.
1. Gerenciamento de banco de dados
relacional,
2. Pacote de planilha de cálculo
3. Processador de texto
4. Gerenciamento de display orientado
para objeto
5. Estação de trabalho orientada para
janela
6. Troca de informações com outros
sistemas digitais da planta
7. Comunicação com outros sistemas
digitais, como controlador lógico
programável, controlador digital single
loop, sistema de monitoração de
máquinas rotativas, sistema de análise
da planta
8. Interoperabilidade entre outras
plataformas digitais disparatadas.
Fig. 4.21. Tela típica do InTouch

45
Sistemas Digitais

5. Protocolos de comunicação atuadores estão ligados ou desligados, abertos


ou fechados.
O nível de aplicação se refere à função do
5.1. Introdução equipamento da malha. O nível mais baixo
inclui sensores e sinais de 1 bit, que é a saída
Em uma malha de medição e controle de de uma chave. O bit só pode valer 0 ou 1.
processo, os instrumentos necessitam se O nível acima do sensor é o de
comunicar entre si. Quando o sinal é analógico, equipamento, tipicamente o transmissor e de
esta compatibilidade é conseguida com a válvula de controle.
padronização dos sinais: pneumático em 20 a Acima do nível de equipamento, está o
100 kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi – e a nível de controle regulatório, que pode incluir o
padronização?) e eletrônico (4 a 20 mA cc). O controlador PID e controlador com lógica fuzzy.
sinal analógico contém apenas uma O nível mais alto da aplicação inclui os
informação, que está na amplitude do sinal negócios da empresa, com as atividades de
proporcional ao valor da medição. compra e venda, planejamento, manutenção,
Com o sinal digital, as coisas se complicam operação, finanças, relações humanas.
porque se quer usar a capacidade digital de Quanto mais elevado for o nível, melhor
comunicação de transmitir vários sinais deve ser o desempenho do protocolo e quanto
simultaneamente em um único meio (fio mais baixo o nível, maior deve ser a sua
trançado, cabo coaxial, cabo de fibra óptica), confiabilidade. Porém, há um teorema em
que é compartilhado por todos os sinais de comunicação que estabelece que o produto
informação. desempenho e confiabilidade é finito. Assim,
Protocolo é o conjunto de regras quando se aumenta o desempenho, diminui-se
semânticas e sintáticas que determina o a confiabilidade e quando se aumenta a
comportamento dos instrumentos funcionais confiabilidade, se diminui o desempenho.
interligados para se ter uma comunicação entre Tipicamente, os protocolos de chão de fábrica
eles. Na arquitetura OSI (Open Systems são muito confiáveis e com pequeno
Interconnection), é o conjunto de regras que desempenho e os de negócio são de alto
determina o comportamento de entidades na desempenho e pequena confiabilidade.
mesma camada para se comunicarem. Protocolo de alta confiabilidade é chamado
Há muitos protocolos alternativos tais como de determinístico, ou seja, o sinal enviado
Fieldbus Foundation, WordFIP/FIP, Profibus, chega ao receptor, mesmo que demorado.
ISP, LonWorkds, P-NET, CAN, HART, BIT- Protocolo de alto desempenho é aquele que
BUS, Modbus e Ethernet. A maioria é transfere grande quantidade de dados em alta
proprietária, ou seja, o protocolo foi velocidade, por exemplo, 100 Mbaunds.
desenvolvido por determinado fabricante
isolado ou em conjunto com outros fabricantes.
A razão mais óbvia para a variedade de
protocolos é que eles foram projetados para
diferentes aplicações em mente e otimizados
para características específicas tais como
segurança, baixo custo, alto número de
dispositivos conectados. Portanto, cada norma
pode ter vantagens para atender prioridades de
uma determinada aplicação. A não ser que
uma única norma se torne um líder claro, pode
ser necessário para os fabricantes fornecerem
interfaces para os outros protocolos em uso. Fig. 4.22. Tipos de protocolos e aplicações
Os protocolos dependem basicamente do
tipo do processo e do nível da aplicação. Os
processos podem ser do tipo contínuo ou
discreto.
Processo contínuo é aquele que faz a
medição, monitoração e controle de variáveis
analógicas, como pressão, temperatura, vazão,
nível e analise. O algoritmo básico deste
controle é o PID – ações Proporcional, Integral
e Derivativa.
Processo discreto é aquele que possui
muitas ações de ligar e desligar, quando os

46
Sistemas Digitais

5.2. Protocolo HART Ondas senoidais destas freqüências são


superpostas sobre um sinal analógico de 4 a 20
mA corrente contínua, transmitido por cabos,
Conceito
para dar simultaneamente comunicações
HART é um acróstico de Highway analógica e digital. Como o valor médio do sinal
Addressable Remote Transducer – Transdutor FSK é sempre zero, o sinal de 4 a 20 mA cc
Remoto Endereçável de Barramento. O não é afetado pelo sinal digital. Isto produz
protocolo HART foi o primeiro a ser usado na comunicação simultânea genuína com um
industria de processo contínuo e é muito tempo de resposta de aproximadamente 500
utilizado ainda hoje. Ele foi desenvolvido pela ms para cada equipamento de campo, sem
Rosemount, que hoje faz parte da Emerson, interromper qualquer sinal analógico de
em 1986. Por sua grande aceitação, ele se transmissão que possa estar ocorrendo.
tornou aberto (quando todos os fabricantes Até dois equipamentos principais (master)
poderiam utiliza-lo) em 1991. podem ser ligados a cada malha HART. O
primário é geralmente um sistema de
gerenciamento ou um PC, enquanto o
secundário pode ser um terminal hand-held ou
um computador laptop. Um terminal padrão
hand-held (chamado comunicador HART) é
Outros disponível para tornar uniformes as operações
de campo. As opções adicionais de circuito são
SDCD fornecidas por gateways.
proprietário
Proprietário

HART

Fig. 4.23. Percentagem de uso

Vantagens Fig. 4.24. Comunicações analógica e digital simultâneas


As vantagens do HART incluem:
1. Protocolo de comunicação com aceitação
mundial, tendo cerca de 50% do mercado e
por isso é considerado o padrão digital, de Ponto a ponto
facto,
2. Protocolo aberto, independente do Nesta configuração, o sinal analógico de 4
fabricante e gerenciado pela Fundação de a 20 mA cc continua sendo usado para a
Comunicação HART transmissão analógica enquanto a medição,
3. Possui um terminal portátil universal e ajuste e dados do equipamento são
amigável para todos os equipamentos transferidos digitalmente. O sinal analógico
4. Possui a capacidade digital de acessar permanece inalterado e pode ser usado para
todos os parâmetros do instrumento e fazer controle de modo normal. Os dados HART dão
diagnóstico, acesso para manutenção, diagnóstico e outros
5. É um dos poucos protocolos digitais que dados operacionais.
pode ser superposto ao sinal analógico de 4 Multidrop
a 20 mA cc.
Este modo requer somente um par de fios
Método de operação e, se aplicável, barreiras de segurança
O protocolo HART opera usando o princípio intrínseca e uma fonte de alimentação auxiliar
de frequency shift keying (FSK), que é baseada para até 15 equipamentos de campo. A
na Norma de Comunicação Bell 202 (Bell, configuração multidrop é particularmente útil
1976). O sinal digital é constituído de duas para instalações de supervisão muito
freqüências: espaçadas, como em tubulaçoès, estações de
1200 Hz que é o bit 1 alimentação e tancagem.
2200 Hz que é o bit 0.

47
Sistemas Digitais

Os instrumentos HART podem ser usados Terminal portátil


de qualquer modo. Na configuração ponto a Há um único terminal portátil (hand held
ponto, o instrumento de campo tem endereço terminal) para todos os equipamentos,
0, estabelecendo a corrente de saída em 4 a 20 representando uma única interface para todos
mA cc. Na configuração multidrop, todos os e com as seguintes características desejáveis:
endereços de equipamento sãomaiores do que 1. pequeno e robusto,
0 e cada equipamento estabelece sua corrente 2. alimentado por bateria,
de saída para 4 mA. Para este modo de 3. podendo ser intrinsecamente seguro,
operação, os controladores e indicadores quando necessário uso em locais de
devem ser equipados com um modem HART. Divisão 1 ou não incenditivo para locais
Os equipamentos HART podem se de divisão 2, com aprovações do FM e
comunicar usando linhas de telefone das CSA
concessionárias (Bell, 1973). Nesta situação, 4. programa é atualizável (upgradeable) no
somente uma fonte de alimentação local é campo, com módulo de memória
necessária pelo equipamento de campo e o reprogramável substituível.
master pode estar muitos kilômetros distante. O terminal universal é fácil de aprender e
Porém, a maioria dos países europeus não usar. Ele possui
permite sinais Bell 202 usados com 1. um display com 8 linhas e 21 caracteres
equipamentos portadores nacionais, de modo em cristal líquido (LCD)
que os produtos HART não podem ser usados 2. chaves funcionais e
deste modo. 3. chaves de ação, para mover através da
estrutura do menu
4. um teclado alfanumérico.

Fig. 4.25. Tela do terminal portátil típica

Camada física HART


Fig. 4.26. Terminal portátil HART
A transmissão de dados é feita através do
sistema FSK - Frequency Shift Keying, com as
seguintes características físicas:
1. bit 0 = 2200 Hz
2. bit 1 = 1200 Hz
3. A taxa de transferência é de 1200
bits/s.
4. A taxa de transferência para variáveis
simples: 2 por segundo.
5. Segurança dos dados: checking de erro
bi dimensional.
6. Máximo número de dispositivos
secundários (slaves) em modo
multidrop: 15.
7. Máximo número de dispositivos
principais (masters): 2.
8. Máximo número de variáveis: 256 por
secundário. Máxima distância: típica de
1900 m, dependendo do tipo de cabo.

48
Sistemas Digitais

5.3. Fieldbus Foundation Sinais digitais são mais garantidos,


seguros, no sentido que há salvaguardas para
detectar erros e degradação do sinal. Há maior
Conceito
confiabilidade.
Fieldbus é um termo genérico, que significa
barramento de campo. Assim, qualquer Benefícios da manutenção
protocolo digital no nível de equipamento pode Menos manutenção por causa da maior
ser considerado como de fieldbus, e.g., o confiabilidade da tecnologia digital.
protocolo HART. Atualmente, quando se refere Manutenção mais rápida por causa do
ao Fieldbus, quer se tratar do protocolo digital diagnostico digital específico, levando a
aberto da Fieldbus Foundation (FF). correção mais rápida e completa,
Caminho de comunicação digital, serial, documentação automática.
multidrop, duplex entre equipamento industrial Acesso a vários parâmetros dentro de um
de campo, como sensores, atuadores, equipamento inteligente torna possível o
transmissores, controladores e mesmo diagnóstico remoto e até manutenção remota.
equipamentos da sala de controle. Fieldbus é Norma aberta permite a interoperabilidade
uma norma específica ISA SP 50 (Fieldbus de produtos com mesma função, tornando a
Foundation) para comunicação digital, substituição de equipamentos mais simples e
operando no mais baixo nível de comunicação rápida.
de dados (E/S) em sistemas automáticos. Ela
permite a comunicação e interoperabilidade Camadas do FF
entre equipamentos inteligentes de campo e Fieldbus Foundation foi a primeira norma
equipamentos do sistema de controle de vários aplicada à camada do usuário e por isso
vendedores. Ela também suporta o acesso à representa o projeto mais compreensivo até
informação para monitorar, controlar e alarmar agora. Fieldbus usa somente as camadas física
durante a partida, operação e manutenção da (1), link de dados (2) e aplicação (7) do modelo
planta. Há duas versões emergentes: OSI OSI (Open Systems Interconnect) e omite
1. H1 para ligar sensores e atuadores as camadas rede (3), transporte (4), sessão (5)
para equipamentos de controle e apresentação (6). Ele usa um subconjunto de
2. H2 para funcionar como um highway de referência OSI chamado de EPA (Enhanced
dados mais sofisticado. Performance Architecture) – arquitetura de
desempenho melhorado.
Benefícios de instalação
Na camada física (1), tem-se a
Fieldbus é multidrop e por isso, reduz a característica do sinal, preâmbulo e post-
fiação e os custos de fiação, terminações, âmbulo, seqüência de verificação da estrutura.
testes, caixas de passagem. Na camada de link de dados (2), tem-se o
Fieldbus fornece um método de acesso protocolo de acesso à mídia, transferência
padronizado aos parâmetros do equipamento confiável da mensagem, serviços cíclicos e
de sensores, transmissores, atuadores e acíclicos.
controladores, permitindo configuração remota. Na camada de aplicação (7), tem-se a
Isto melhora a acessibilidade dos atribuição de nome e endereço, acesso
equipamentos remotos. O uso de sinais digitais variável, download e upload. Esta camada é a
melhora a exatidão da calibração. mais elevada e é orientada para mensagem.
A interoperabilidade do fieldbus permite a Além disso, como característica única, o
seleção de um equipamento entre vários Fieldbus inclui a camada do usuário. Esta
vendedores. camada, não incluída no modelo OSI pois não
é considerada de comunicação, define os
Benefícios da operação
blocos de função com modo e status, eventos e
O uso de representação digital com ponto alarmes e a descrição do equipamento. A
flutuante permite a transmissão de informação camada do usuário é orientada para o
numérica sem degradação. equipamento. A camada do usuário define o
Não há erros introduzidos na transmissão. comportamento do equipamento e por isso é a
A medição é mais repetitiva. mais importante.
Há melhor controle, com economia de
energia e de produção.
Há maior quantidade de informação
disponível dos equipamentos de campo e
possibilidade de transmissor multivariável
(único instrumento pode sentir várias variáveis
ao mesmo tempo e todas as informações são
transmitidas por um único meio físico).

49
Sistemas Digitais

Fig. 4.27. Modelo de sete camadas da OSI (Open Systems Interconnect)

Fig. 4.28. Modelo com quatro camadas do Fieldbus Foundation

50
1. Saber o que provavelmente aconteceu em
6. Integração de Sistemas cada unidade, através da diagnose, de
modo que a unidade retorne a operar o
mais rápido possível
6.1. Cenário da planta 2. Atrelar e juntar as funções de controle,
monitoração, alarme, intertravamento,
O cenário típico da planta, com relação a
otimização de controle, gerenciamento de
automação do processo é o seguinte:
produção e planejamento dos negócios,
1. Processo principal controlado por um para simplificar, coordenar e harmonizar
sistema digital, que pode ser estas funções
• Sistema Digital de Controle
3. Compartilhar o conhecimento com todo o
Distribuído, quando complexo
pessoal envolvido, técnico, gerencial e
• Controladores microprocessados administrativo, de modo que todos passem
single loop, quando simples e a trabalhar em direção ao mesmo objetivo,
pequeno como uma equipe integrada.
• Sistema SCADA, com computador A integração do sistema envolve a
pessoal e CLP, quando o processo coordenação das mesmas funções de várias
for simples e grande. unidades e das diferentes funções da mesma
2. Alarme e intertravamento do processo unidade. Ou seja, todos os sistemas de
feito por Controlador Lógico controle devem ser integrados em um único
Programável convencional, ou em sistema, para que o operador do processo
arquitetura de redundância tenha uma visão geral de toda a planta.
3. Sistema de monitoração de máquina Também as funções de controle, alarme,
rotativa otimização de processo, gerenciamento da
4. Sistema com analisadores em linha produção, expedição do produto, compra de
com processo materiais devem ser integradas em um único
5. Sistema digital para pesagem, sistema com compartilhamento de dados e
ensacamento, entamboramento ou recursos.
expedição do produto acabado Integração é a comunicação vertical para
6. Sistema de monitoração e controle das troca de informação e as conexões horizontais
utilidades (vapor, águas, ar comprimido para compartilhamento das tarefas e
de instrumento e de serviço, gases) e responsabilidades. Integração pode ser a troca
casa de força (energia elétrica principal de dados ou quando se tem nomes comuns de
e cogeração de energia de reserva), variáveis, enderecos e funções, pode ser o
onde há sistemas de controle de compartilhamento de uma interface de
equipamentos específicos como operação unificada, com todas as informações
caldeira, compressor, torre de disponíveis.
refrigeração
7. Sistema para gerenciamento do
almoxarifado de peças e equipamentos 6.3. Pirâmide da interoperabilidade
para manutenção Em toda planta pode se visualizar uma
8. Planejamento da produção da planta pirâmide virtual da operação, envolvendo o
9. Gerenciamento dos laboratórios sistema de controle, o gerenciamento da
químico e físico produção e o planejamento corporativo da
Todos estes sistemas possuem o seu empresa.
próprio sistema de automação e controle No nível mais baixo da planta, chamado de
automático, de modo que há várias ilhas de chão de fábrica, tem-se o controle regulatório
automação. É altamente desejável que todos do processo industrial, envolvendo sensores,
os sistemas de controle e monitoração sejam transmissores inteligentes, válvulas de controle,
integrados em um único sistema, de modo que atuadores de campo, módulos de conversão de
tudo funcione de modo orquestrado, ordenado entrada e saída do sistema digital. É o local das
e conforme. medições e controle regulatório do processo.
Associado ao controle do processo (ou
6.2. Conceito de Integração acima deste nível), há o sistema de
monitoração,alarme e intertravamento do
Integrar um sistema significa ser capaz de processo, que assegura a operação segura do
Ajustar o sistema antes que qualquer processo. Este nível engloba CLPs (por
unidade dele fique fora dos limites de tolerância exemplo, da Allen-Bradley), anunciadores de
alarme e diagnose de falhas.

51
Sistemas Digitais

Acima deste nível, há o controle otimizado 5. Comunicação


do processo, incluindo as estações de
operação e controle da planta, com SDCDs Equipamentos
(por exemplo da Foxboro), CLPs (por exemplo, A integração envolve a interligação de
da CLP), SCADA (Controle Supervisório e equipamentos com funções diferentes,
Aquisição de Dados), analisadores em linha fornecidos por fabricantes diferentes. Os
(por exemplo, da Hewlett Packard). Tem-se as equipamentos envolvem computadores
funções de calibração dos instrumentos, pessoais, que possuem sistemas operacionais,
manutenção preventiva de equipamentos, rodam programas aplicativos e usam
implantação de sistema de qualidade. algoritmos e linguagens distintas. A maioria dos
Estes três níveis são altamente técnicos e controles de processos contínuos é feita
se baseiam na qualidade e produtividade. através de SDCDs, que possuem módulos de
Acima destes níveis, há o controle entrada e saída, consoles de operação,
supervisório da planta (por exemplo, feito pelo sistema operacional proprietário ou aberto,
InTouch), gerenciamento da produção, sistema de comunicação digital. Quando os
operação do processo, onde se tem o interesse processos são simples e com poucas malhas, o
de cortar custos, diminuir despesas, substituir controle pode ser feito por controladores
operadores por máquinas. Os equipamentos microprocessados, que necessitam de drivers
envolvidos neste nível são computadores para serem usados em um sistema
pessoais (CP, por exemplo da IBM). Neste supervisório. A monitoração, alarme e
nível são executadas as funções de integridade intertravamento são feitos por CLPs, que
do processo, validação do processo, possuem módulos de entrada e saída e um
integridade da informação. sistema de comunicação digital, geralmente
No topo de pirâmide há o gerenciamento de proprietário, como o ControlNet, da Allen
negócios da corporacao, envolvendo Bradley.
integração de manufatura por computador, Quando os equipamentos são fabricados
sistema de gerenciamento da informação, pela mesma empresa, geralmente (devia ser
sistema de execução da manufatura, controle sempre) não há problema de comunicação
estatístico do processo (há quem coloque o entre eles, pois o mesmo fabricante fornece a
CEP no nível de baixo) e relatórios do interface e o protocolo de comunicação.
gerenciamento. A base deste nível é a rede de Quando são de fabricantes diferentes, há a
computadores, incluindo Internet e Intranet, necessidade de desenvolver uma interface de
funcionando como um computador virtual. comunicação entre eles, geralmente por uma
Na integração, as vantagens de um terceira firma.
determinado sistema são amplificadas e
compartilhadas por outros sistemas que
apresentam deficiências neste enfoque. Por
exempo, na integração de um SDCD com CLP,
a estação de operação do SDCD, que é
amigável e robusta, é utilizada pelo usuário do
CLP, que possui uma grande capacidade de
processamento de entradas e saídas para a
informação digital. O CLP fornece os status dos
dispositivos controlados pelo SDCD e o SDCD
dá ao CLP os sinais de controle para parar e
partir motores, abrir e fechar válvulas
solenóides.
Fig. 4.37. Piramide da automação
6.4. Parâmetros da integração
A integração busca a operação conjunta de
vários sistemas, com diferentes funções, feitos
por diferentes fabricantes, compartilhando
dados, fontes, dispositivos, equipamentos,
programas e controle de variáveis analógicas e
digitais. Por isso os parâmetros chave de uma
integração de sistemas são:
1. Equipamentos
2. Interfaces
3. Protocolos
4. Informação (base de dados)

52
Sistemas Digitais

7. Controller Área Network (CAN),


8. ControlNet (Allen Bradley),
9. ARCNet (ANSI 878.1),
10. Devicenet,
11. LON Works,
12. Numatics,
13. Porlog,
14. Modicon,
15. Ethernet (IEEE 802.3),
16. Token ring (IEEE 802.4).

Base de dados
A integração do sistema depende da
tecnologia de base de dados relacional. O
sistema deve oferecer atualização em linha
para a base de dados para suporte de acesso e
relatório de linguagem estruturada.
O sistema de informação do sistema
integrado deve compartilhar a informação entre
Fig. 4.38. Piramidade da automação os vários bancos de dados e tarefas
relacionadas com:
1. controle de processo regulatório
2. controle de processo supervisório
Interface 3. gerenciamento do laboratório
Interface é um equipamento, às vezes 4. planejamento de produção
associado a um programa, que permite a 5. programa de expedição
ligação entre dois outros equipamentos 6. gerenciamento do almoxarifado
incompatíveis. Por exemplo, um SDCD pode 7. alarme e intertravamento normal e
operar em conjunto com um CLP, mas deve crítico (com redundância tripla)
haver uma interface entre eles, para a ligação 8. processos avançados ou
física e lógica deles. especializados (batelada, mistura,
A maioria dos fabricantes de SDCD já monitoração de máquina rotativa)
incorpora em seus sistemas módulos de Deve haver um programa aplicativo que
entrada e saída de CLPs, de modo que é fácil e facilite a troca de dados entre as diferentes
natural o uso dos dois sistemas. aplicações.
Há uma grande variedade de interfaces de
equipamentos para transmissão digital, tais Comunicação
como RS 232C, RS 449, RS 423, RS 422, RS Deve haver um sistema de comunicação
485, IEEE 488, HP IL (IEC 625), VXI Bus, flexível e eficiente entre as diferentes pessoas
CAMAC (IEEE 583). da planta: operadores, pessoal de manutenção,
gerentes e planejadores. Diferentes pessoas
Protocolo gerenciam suas áreas de modos diferentes,
Protocolo é o conjunto de regras que mesmo que a base de dados seja a mesma.
permitem a comunicação digital entre dois Quando o processo está rodando
sistemas. Por exemplo, dois CLPs ou dois normalmente, o operador necessita de pouca
SDCDs podem operar em conjunto, mas deve informação. Quando ocorre uma falha, o
haver um mesmo protocolo, para que seja pessoal de manutenção necessita de
possível a operação conjunta. Na prática, são informação detalhada para identificar e isolar o
desenvolvidos conversores de protocolo. dispositivo defeituoso.
Atualmente há uma grande variedade de
protocolos proprietários (alguns se abrindo,
através de Fundações), tais como
1. Profibus (Process Fieldbus,
originalmente da Siemens),
2. MAP (Manutacturing Automation
Protocol),
3. Fieldbus Foundation (IEC ISA SP 50),
4. ISP (Interoperable System Project),
5. WorldFIP North America,
6. FIP (Honeywell e Telemecanique),

53
Sistemas Digitais

6.5. Como integrar


A integração é algo muito subjetivo. A
integração deve ser realizada através de
sistemas de automação e controle, formando
equipes para comunicar e compartilhar seus
planos com todos os envolvidos.
Não há modo melhor ou mais fácil de
automatizar e integrar. Cada um deve descobrir
o que é melhor para sua aplicação. Todo
mundo deve ser envolvido desde o início. Deve
se conhecer profundamente o sistema: quantas
entradas e saídas existem, como ele realmente
opera e quais são seus gargalos e limitações.
Fig. 4.39. Pirâmide entre fábrica e negócios Deve se fornecer treinamento adequado a
todos os envolvidos. Deve se monitorar o
progresso e aprender com ele.
O melhor caminho é começar simples,
O supervisor está mais interessado na aprender um pouco mais do sistema e tomar
eficiência do processo, quantidade de produção novo passo. Todo o tempo, porém, deve-se
e outros detalhes relacionados com a planejar a integração total.
produtividade durante seu turno. O engenheiro
Componentes de sistema de automação
de processo se interessa pelo projeto do
sistema de controle e quer saber se o sistema 1. Sensores
pode ser melhorado. O gerente responsável 2. Atuadores
pela operação quer informação em tempo real 3. Sistema de controle regulatório
de taxas de produção e status do sistema. (Controlador single loop ou Sistema de
O operador precisa da informação no chão Controle Distribuído)
de fabrica, próxima da máquina do processo. O 4. Sistema de alarme e monitoração do
supervisor de turno necessita da informação no controle regulatório (Controlador Lógico
console de controle do sistema. O pessoal de Programável)
manutenção quer a informação no instrumento 5. Sistema de alarme de processo crítico
de controle e dentro do gabinete do (Controlador Lógico Programável com
equipamento. O engenheiro de automação e redundância adequada ao seu SIL)
processo quer a informação em sua oficina, no 6. Sistema de controle especializado
console de controle da área, no terminal (Batch, Blending)
conveniente, no equipamento de controle e no 7. Sistema de monitoração de máquina
gabinete do equipamento. O gerente necessita rotativa
da informação em um sistema centralizado ou 8. Sistema de expedição
em seu escritório. (entamboramento, expedição,
ensacamento, engarrafamento)
9. Equipamento de teste automático
10. sistema de programação de produção
11. Sistema de simulação de fabrica
12. Sistema de manutenção e
gerenciamento
13. Sistema de gerenciamento da
qualidade
14. Sistema de gerenciamento de
almoxarifado

Fig. 4.40. Sistema integrado

54
Funções dos Instrumentos
Objetivos de Ensino
1. Conceituar medição de uma variável de processo e mostrar o seu resultado correto.
2. Apresentar as principais funções dos instrumentos da malha de medição e controle.
3. Apresentar as características e princípios de funcionamento do sensor
4. Listar características e tipos de condicionadores de sinal e principalmente do transmissor
5. Descrever os instrumentos de display: indicador, registrador, contador e computador de
vazão.
6. Mostrar o principio de funcionamento de controlador e válvula de controle.

Por exemplo, a temperatura ambiente da


1. Introdução sala é de (24 ± 2) oC , com 95,4%
onde:
Em Instrumentação, o termo medir é vago e 24 é a melhor estimativa da temperatura,
ambíguo. Genericamente, se fala de malha de obtida da média de várias medições
medição. Normalmente, quando se fala medir, replicadas,
se quer dizer indicar o valor de uma variável. ±2 é a incerteza associada à medição,
Porém, o mesmo termo medir pode se referir a devida às imperfeições do instrumento,
registrar ou totalizar um sinal. Para indicar, é habilidade do operador, influência do ambiente
também necessário sentir a variável. Embora a e a variabilidade natural das coisas,
o
instrumentação trate dos instrumentos de C é a unidade de engenharia, aceita pelo
medição (medidores), não existe símbolo para SI: grau Celsius.
o medidor, mas para sensor (E), transmissor 95,4% é a probabilidade associada à
(T), indicador (I), registrador (R), totalizador incerteza que foi expressa por dois desvios
(Q), alarme (A) e controlador (C) e padrão (σ = 1).
condicionador (Y).
Esta confusão aparece porque para se 2.2. Componentes da malha
fazer a medicao de uma variável de processo,
usa-se um sistema completo de medição que Toda malha de medição de qualquer
envolve as funções básicas de variável de processo possui, de modo explícito
1. sentir a variável ou implícito, os seguintes componentes,
2. condicionar o sinal separados ou combinados:
3. apresentar o valor da variável em um 1. sensor
mostrador. 2. condicionador de sinal
Estas funções podem ser feitas por um 3. apresentador do sinal
único instrumento ou pela malha de
instrumentos interligados.

2. Malha de Medição
Malha de medição é um conjunto de
instrumentos interligados entre si para realizar
a medição de uma variável. Cada instrumento
da malha executa uma função única e
complementar.

2.1. Resultado da medição


O resultado da medição inclui:
1. Um valor numérico
2. Uma incerteza associada
3. Uma unidade de engenharia
4. Uma probabilidade associada

55
Funções de Instrumentos

A malha de controle, além destes Os elementos auxiliares aparecem em


componentes da malha de medição, possui alguns instrumentos, dependendo do tipo e da
ainda os seguintes componentes: técnica envolvida. Eles podem ser: o elemento
1. tomador de decisão de calibração para fornecer uma facilidade
2. elemento final de controle extra de calibração embutida no instrumento e
O elemento sensor ou elemento transdutor o elemento de alimentação externa para
ou elemento primário detecta a entrada facilitar ou possibilitar a operação do elemento
desejada e a converte para uma forma mais sensor, do condicionador de sinal ou do
conveniente e prática a ser manipulada pelo elemento de display.
sistema de medição. Ele constitui a interface do
instrumento com o processo. 2.3. Malha de medição de vazão
O elemento condicionador do sinal
manipula e processa a saída do sensor de Um exemplo típico de malha de medição
forma mais amigável e conveniente para o complexa é uma Estação de Medição de
mostrador. As principais funções do Vazão(EMED)
condicionador de sinal são as de amplificar, Esta estação pode ter diferentes tamanhos,
filtrar, integrar e converter sinal analógico- complexidade e produtos medidos. Quanto a
digital e digital-analógico. legislação, as medições podem ser fiscais
O elemento de apresentação do dado, que (transferência de custódia) ou de apropriação
dá a informação da variável medida na forma de produção, com diferentes graus de
quantitativa ao operador. O elemento de exigências de incerteza e períodos de
apresentação de dado é também chamado de calibração.
display ou readout. Ele constitui a interface do Uma estação típica possui um medidor
instrumento com o operador do processo. Os oficial e opcionalmente um medidor secundário.
principais mostradores são: indicador, Outros instrumentos auxiliares são utilizados
registrador e contador. para fazer a medição e compensação da
A Fig. 5.1. mostra três malhas de medição: pressão e temperatura da vazão volumétrica do
indicação, registro e totalização da vazão. O produto. Medir um produto é justamente
elemento sensor (placa de orifício) e o determinar o valor do volume transferido
transmissor são comuns às três malhas de durante determinado período de tempo, pela
medição. estação.
Estações modernas podem incluir
cromatógrafos em linha, para a medição
continua da composição do gás.
Opcionalmente, a composição pode ser medida
em laboratório, off line. Periodicamente, os
valores encontrados no laboratório são
entrados no computador de vazão volumétrica
do gás. A composição do gás permite que ele
seja vendido em energia e que o gás natural
real tenha seu volume corrigido pelo fator de
compressibilidade (Z).

Fig. 5.1. Malhas de medicao

56
Funções de Instrumentos

Fig. 5.1. Esquema simplificado de uma Estação de Medição (EMED)

Fig. 5.2. Fotografia de uma Estação de Medição

57
Funções de Instrumentos

Fig. 5.3. Sistema típico de medição de gás natural

58
Elemento Sensor

1. Conceito 2. Terminologia
O elemento sensor não é um instrumento De um modo geral, transdutor é o elemento,
mas faz parte integrante da maioria absoluta dispositivo ou instrumento que recebe a
dos instrumentos. O elemento sensor é o informação na forma de uma quantidade e a
componente do instrumento que converte a converte para informação para esta mesma
variável física de entrada para outra forma mais forma ou outra diferente. Aplicando este
usável. A grandeza física da entrada definição, são transdutores: elemento sensor,
geralmente é diferente grandeza da saída. transmissor, transdutor corrente para
O elemento sensor depende pneumático (i/p) e pneumático para corrente
fundamentalmente da variável sendo medida. O (p/i), conversor eletrônico analógico para digital
elemento sensor geralmente está em contato (A/D) e conversor digital para analógico (D/A).
direto com o processo e dá a saída que A norma ISA 37.1 (1982): Electrical
depende da variável a ser medida. Transducer Nomenclature and Terminology
Exemplos de sensores são: padroniza a terminologia e recomenda o
1. o tubo bourdon que se deforma seguinte:
elasticamente quando submetido a uma 1. elemento sensor ou elemento transdutor
pressão, para o dispositivo onde a entrada e a saída
2. o strain gauge que varia a resistência são ambas não-padronizadas e de
elétrica em função da pressão exercida naturezas iguais ou diferentes.
sobre ele; 2. transmissor para o instrumento onde a
3. o sensor bimetal que varia o formato em entrada é não-padronizada e a saída é
função da variação da temperatura padronizada e de naturezas iguais ou
medida, diferentes.
4. o termopar que gera uma militensão em 3. transdutor para o instrumento onde a
função da diferença de temperatura entrada e a saída são ambas padronizadas
entre dois pontos; e de naturezas diferentes.
5. a placa de orifício que gera uma 4. conversor para o instrumento onde a
pressão diferencial proporcional ao entrada e a saída são ambas de natureza
quadrado da vazão volumétrica que elétrica mas com características diferentes,
passa no seu interior. como o conversor A/D (analógico para
Se há mais de um elemento sensor no digital), D/A (digital para analógico),
sistema, o elemento em contato com o conversor I/F (corrente para freqüência),
processo é chamado de elemento sensor conversor i/v (corrente para voltagem).
primário, os outros, de elementos sensores O nome correto e completo do elemento
secundários. Por exemplo, a placa de orifício é transdutor recomendado pela norma
o elemento primário da vazão; o elemento que ISA 37.1 (1982) inclui:
mede a pressão diferencial gerada pela placa é 1. o nome transdutor,
o secundário. 2. variável sendo medida,
Em alguns processos o elemento sensor 3. modificadora restritiva da variável,
pode estar protegido por algum outro 4. princípio de transdução,
dispositivo, de modo que ele não fica em 5. faixa de medição,
contato direto com o processo. O selo de 6. unidade de engenharia.
pressão e o poço de temperatura são exemplos Exemplos de elementos sensores:
de acessórios que evitam o contato direto do 1. Transdutor, pressão, diferencial, 0 a 100
sensor com o processo. kPa, potenciométrico
Os nomes alternativos para o sensor são: 2. Transdutor, pressão de som, capacitivo,
elemento transdutor, elemento primário, 100 a 160 dB.
detector, probe, pickup ou pickoff. 3. Transdutor de pressão absoluta a strain
gauge amplificador, 0 a 500 MPa.

59
Elemento Sensor

Exemplos de elementos sensores


mecânicos:
1. Espiral, para a medição de pressão;
2. Enchimento termal, para temperatura;
3. Placa de orifício, para a vazão

1. Espiral (b) Enchimento termal

Fig. 5.1. Terminologia e símbolo

(c). Placas de orifício


3. Princípios de transdução Fig. 1.1. Elemento sensores mecânicos
Conforme a natureza do sinal de saída, os
sensores podem ser classificados como:
1. mecânicos 5. Sensores Eletrônicos
2. eletrônicos
Praticamente, toda variável de processo O elemento sensor eletrônico recebe na
pode ser medida eletronicamente e nem toda entrada a variável de processo e gera na saída
variável pode ser medida mecanicamente. Por uma grandeza elétrica, como tensão, corrente
exemplo, o pH só pode ser medido por meio elétrica, variação de resistência, capacitância
elétrico. As principais vantagens do sinal ou indutância, proporcional a esta variável.
eletrônico sobre o mecânico são: Há elementos sensores eletrônicos ativos e
1. não há efeitos de inércia e atrito, passivos.
2. a amplificação é mais fácil de ser obtida Os elementos ativos geram uma tensão ou uma
3. a transmissão é mais fácil e poderosa corrente na saída, sem necessidade de
(pode ser digital). alimentação externa. Exemplos:
Durante o estudo das variáveis de 1. cristal piezelétrico para a pressão
processo, serão vistos com profundidade os 2. termopar para a temperatura
princípios mais comuns descritos adiante. 3. eletrodos para a medição de pH.
Os circuitos que condicionam estes sinais
necessitam de alimentação externa.
4. Sensores Mecânicos Os elementos passivos necessitam de uma
O elemento sensor mecânico recebe na polarização elétrica externa para poder medir
entrada a variável de processo e gera na saída uma grandeza elétrica passiva para medir a
uma grandeza mecânica, como movimento, variável de processo. As grandezas elétricas
força ou deslocamento, proporcional à variável variáveis são: a resistência, a capacitância e a
medida. indutância. Exemplo de elementos sensores
O elemento sensor mecânico não necessita de passivos eletrônicos:
nenhuma fonte de alimentação externa para 1. resistência detectora de temperatura
funcionar; ele é acionado pela própria energia 2. célula de carga (strain gauge) para a
do processo ao qual está ligado. medição de pressão e de nível,

60
Elemento Sensor

3. bobina detectora para a transdução do Muitos transmissores eletrônicos usam


sinal de corrente para o sinal padrão cápsulas capacitivas para a medição de
pneumático. pressão manométrica, absoluta ou diferencial.

ΔC

(a) Placas móveis, dielétrico fixo

ΔC

Fig. 1.2. Elemento sensor eletrônico de pH

Os elementos sensores eletrônicos podem


ser dos seguintes tipos:
1. capacitivo
2. indutivo
3. relutante (b) Placas fixas, dielétrico variável
4. eletromagnético
5. piezelétrico Fig. 1..3. Transdução capacitiva
6. resistivo
7. potenciométrico
8. strain gauge
9. fotocondutivo
10. fotovoltaico
5.2. Sensor indutivo
11. termelétrico O sensor indutivo converte a variável de
12. ionizante processo medida em uma variação da auto-
indutância elétrica de uma bobina. As variações
5.1. Sensor capacitivo da indutância podem ser causadas pelo
movimento de um núcleo ferromagnético dentro
O sensor capacitivo converte a variável de da bobina ou pelas variações de fluxo
processo medida em uma variação da introduzidas externamente na bobina com
capacitância elétrica. Um capacitor consiste de núcleo fixo.
duas placas condutoras de área A separadas Há transmissores eletrônicos, a balanço de
por um dielétrico (ε) pela distância d, conforme forças, que utilizam (ou utilizavam) bobinas
a expressão matemática seguinte: detectoras para a medição da pressão.

A
C=ε
d
Assim, a variação de capacitância pode ser
causada
1. pelo movimento de um dos eletrodos
(placas), alterando a distancia d ΔL
2. pela variação da área das placas
3. pela variação do dielétrico entre as
duas placas fixas. Fig.2.4. Transdução indutiva

61
Elemento Sensor

5.3. Sensor relutante 5.5. Sensor piezelétrico


O sensor relutante converte a variável de O sensor piezelétrico converte uma variável
processo medida em uma variação da voltagem de processo medida em uma variação de carga
devida a uma variação na relutância entre duas eletrostática (Q) ou voltagem (E) gerada por
ou mais bobinas separadas e excitadas por certos materiais quando mecanicamente
tensão alternada (ou de duas porções estressados. O stress é tipicamente de forças
separadas de uma mesma bobina). Esta de compressão ou tração ou por forças de
categoria de sensores inclui relutância variável, entortamento exercida no cristal diretamente
transformador diferencial e ponte de por um elemento sensor ou por um elo
indutâncias. A variação na trajetória da mecânico ligado ao elemento sensor.
relutância é usualmente feita pelo movimento
de um núcleo magnético dentro da bobina.
ΔE
ou
ΔQ

Tap
central ΔE
Fig. 1.7. Transdução piezelétrica

5.6. Sensor resistivo


Fig. 1.4. Transdução relutiva por transformador diferencial O sensor resistivo converte a variável de
processo medida em uma variação de
resistência elétrica. As variações de resistência
5.4. Sensor eletromagnético
podem ser causadas em condutores ou
O sensor eletromagnético converte a semicondutores (termistores) por meio de
variável de processo medida em uma força aquecimento, resfriamento, aplicação de tensão
eletromotriz induzida em um condutor pela mecânica, molhação, secagem de certos sais
variação no fluxo magnético, na ausência de eletrolíticos ou pelo movimento de um braço de
excitação. A variação no fluxo feita é reostato.
usualmente pelo movimento relativo entre um
eletromagneto e um magneto ou porção de
material magnético.
ΔR

ΔR

ΔE
ΔR
ΔR
Fig. 1.6. Transdução eletromagnética

Fig. 1.8. Transdução resistiva

5.7. Sensor potenciométrico


O sensor potenciométrico converte a
variável de processo medida em uma variação
de relação de voltagens pela variação da
posição de um contato móvel em um elemento
resistivo, através do qual é aplicada uma

62
Elemento Sensor

excitação. A relação dada pela posição do


elemento móvel é basicamente uma relação de Fig. 1.11. Transdução foto condutiva
resistências.

5.10. Sensor fotovoltáico


O sensor fotovoltáico converte a variável de
processo medida em uma variação de tensão
elétrica de um material semicondutor devido à
Ex
+ variação da quantidade de luz incidente em
- Ew L
Δ
Ew junções de certos materiais semicondutores.
Ex

Fig. 1.9. Transdução potenciométrica


Luz ΔE
5.8. Sensor strain gauge
O sensor strain gauge converte a variável
de processo medida em uma variação de
resistência em dois ou quatro braços da ponte
de Wheatstone. Este princípio de transdução é Fig. 1.12. Transdução fotovoltáica
uma versão especial da transdução resistiva,
porém, ela envolve dois ou quatro sensores
strain gauges resistivos ligados em uma ponte 5.11. Sensor termoelétrico
de Wheatstone polarizada, de modo que a
saída é uma variação de voltagem. O sensor termoelétrico converte a variável
de processo medida em uma variação de força
eletromotriz gerada pela diferença de
temperatura entre duas junções de dois
materiais diferentes, devido ao efeito Seebeck.
A B
T1 T2 ΔE
Ex

Fig. 1.13. Transdução termelétrica


ΔE
C D
5.12. Sensor iônico
O sensor iônico converte a variável de
processo medida em uma variação da corrente
de ionização existente entre dois eletrodos.
Fig. 1.10. Transdução de strain gauge

5.9. Sensor fotocondutivo


O sensor fotocondutivo converte a variável de
processo medida em uma variação de
resistência elétrica (ou condutância) de um
material semicondutor devido à variação da
quantidade de luz incidente neste material.

Fig. 1.14. Transdução ionizante

Luz ΔR

63
Elemento Sensor

6. Escolha do sensor transmitido e controlado. Por isso,


atualmente os sensores eletrônicos são
O objetivo de um sistema de controle é mais preferidos que os mecânicos, pois
garantir uma correlação rigorosa entre a saída são mais facilmente manipulados.
real e a saída desejada. A saída real é a 4. o sensor deve ter boa exatidão,
variável de processo e a saída desejada é 5. conseguida por fácil calibração.
chamada de ponto de ajuste. Gasta se muita 6. o sensor deve ter boa precisão,
matemática, eletrônica e dinheiro para se obter constituída de linearidade, repetitividade
e garantir o desempenho do sistema. Porém, e reprodutibilidade.
por melhor que seja o projeto matemático ou a 7. o sensor deve ter linearidade de
implementação eletrônica, o controle final não amplitude.
pode ser melhor que a percepção da variável 8. o sensor deve ter boa resposta
do processo. dinâmica, respondendo rapidamente às
A qualidade da medição da variável sendo variações da medição.
controlada estabelece a linha de referência do 9. o sensor não deve induzir atraso entre
desempenho global do sistema. É muito os sinais de entrada e de saída, ou
importante entender os princípios físicos que seja, não deve provocar distorção de
permitem o sensor converter a variável do fase.
processo em uma grandeza elétrica ou 10. o sensor deve suportar o ambiente
mecânica. hostil do processo sem se danificar e
É fundamental estabelecer a exatidão, sem perder suas características.
precisão, resolução, linearidade, repetitividade 11. o sensor deve ser facilmente disponível
e tempo de resposta do sensor para as e de preço razoável.
necessidades do sistema. Um sensor
especificado com precisão insuficiente pode
comprometer o desempenho de todo o sistema.
No outro extremo, selecionar um sensor com
precisão exagerada e difícil de ser conseguida
na prática, não é justificado para um controle
que não requer tanta precisão.

7. Características Desejáveis do
Sensor
Em certos casos, o sensor do sinal de
entrada pode aparecer discretamente em dois
ou mais estágios, tendo-se o elemento primário,
secundário e terciário. Em outros casos, o
conjunto pode ser integrado em um único
elemento.
Algumas características desejáveis de um
elemento sensor são:
1. o elemento sensor deve reconhecer e
detectar somente o sinal da variável a
ser medida e deve ser insensível aos
outros sinais presentes
simultaneamente na medição. Por
exemplo, o sensor de velocidade deve
sentir a velocidade instantânea e deve
ser insensível a pressão e temperatura
locais.
2. o sensor não deve alterar a variável a
ser medida. Por exemplo, a colocação
da placa de orifício para sentir a vazão,
introduz uma resistência à vazão,
diminuindo-a. A vazão diminui quando
se coloca a placa para medi-la.
3. o sinal de saída do sensor deve ser
facilmente modificado para ser
facilmente indicado, registrado,

64
Condicionador de Sinal

1. Conceito onde
Fc é a vazão compensada
Há necessidade de se ter instrumentos com Fm é a vazão medida, sem compensação
funções auxiliares para alterar o sinal gerado P é proporcional à pressão absoluta
pelo sensor e combinar matematicamente T é proporcional à temperatura absoluta
vários sinais padrão. Como o sinal gerado pelo Quando o sistema de medição inclui a
elemento sensor pode ser inadequado para ser placa de orifício, o sinal é proporcional ao
usado pelo instrumento de display, é quadrado da vazão e a relação acima fica
necessário utilizar um instrumento para alterar
este sinal para torná-lo mais conveniente para P
o uso no instrumento display. Esta alteração Fc = Fm
pode ser linearização do sinal, filtro dos ruídos, T
amplificação do sinal.
O computador analógico é o instrumento Quando se usam computadores
que executa as operações matemáticas, a pneumáticos, são necessários três
seleção dos sinais, o alarme, o instrumentos:
condicionamento e a geração de sinais 1. extrator de raiz quadrada
analógicos. 2. divisor
Ele pode ser pneumático ou eletrônico. 3. multiplicador
Quando pneumático é também chamado de
relé pneumático ou relé computador. O
computador analógico pneumático é mais
limitado e pode manipular apenas um ou dois
sinais de entrada. Quando eletrônico, ele pode
manipular até quatro sinais analógicos ao
mesmo tempo.

2. Aplicações
O computador analógico processa os sinais
de informação para desempenhar as funções
matemáticas requeridas pelo processo.
A aplicação típica dos computadores
analógicos é na medição compensada da
vazão.
A medição volumétrica dos gases só tem Fig. 3.1. Computador analógico pneumático
significado prático quando se faz a
compensação da pressão estática e da
temperatura do processo. Compensar a Na teoria, é indiferente a ordem das
medição da vazão significa medir os sinais operações, mas na prática as operações
analógicos proporcionais à vazão, à pressão e devem ser feitas na seguinte ordem:
à temperatura e continuamente executar a 1. No sistema com pequena variação da
seguinte equação matemática: pressão estática e grande variação na
Como o volume do gás é diretamente temperatura: primeiro se faz a multiplicação
proporcional à temperatura e inversamente F.P e depois a divisão por T.
proporcional à pressão, na compensação 2. No sistema com grande variação da
fazem-se as operações inversas, ou seja: pressão estática e pequena variação na
temperatura: primeiro se faz a divisão F/T e
depois a multiplicação por P.
P
Fc = Fm A regra mnemônica é: a variável que sofre
T pequenas variações é manipulada duas vezes

65
Condicionador de Sinal

e a que varia muito é operada apenas uma vez, vazão associado a placa de orifício, quando se
de modo que os erros resultantes são os tem a saída do transmissor proporcional ao
menores possíveis. quadrado da vazão. Como visto, a extração da
O multiplicador e o divisor podem ser raiz quadrada pode ser executada pelo
usados também no sistema de controle de multiplicador/divisor, porém, 'e mais econômico
relação de vazões, quando os computadores o uso do instrumento especifico. A saída do
servem para determinar o ponto de ajuste ou extrator vale:
para modificar a vazão medida.
O seletor de sinais é o instrumento chave D= A
para o controle auto-seletor; o computador
seleciona automaticamente a variável cujo
valor está mais próximo do valor critico de 3.4. Caracterizador do sinal
segurança.
É um instrumento que aproxima qualquer
função matemática para vários segmentos de
3. Funções desenvolvidas reta, com os pontos de inflexão e as
Os principais computadores analógicos que inclinações dos segmentos ajustáveis. Sua
desenvolvem operações matemáticas são: aplicação pratica é a linearização dos níveis de
tanques de formatos não lineares. Exemplos de
3.1. Multiplicador/divisor tanques com formatos lineares: quadrados,
A sua função matemática genérica é: retangulares, cilíndrico em pé; exemplos de
não-lineares: esféricos, cônicos e cilíndricos
D = A.B/C deitados. A curva (nível x quantidade estocada)
de um tanque esférico tem um formato de S e
onde D é a saída e A, B e C são as entradas. pode ser aproximada para vários segmentos de
Quando pneumático, o computador reta através do caracterizador de sinal. Através
analógico só pode receber dois sinais de da medição do nível e do caracterizador, pode-
entrada e portanto, ele só pode executar uma se determinar diretamente a quantidade
única operação, por vez. Através da alteração estocada.
da posição do relé pneumático ele pode ser :

multiplicador: D = A × B
A
divisor: D =
C
extrator de raiz quadrada: D = A
elevador ao quadrado: D = A
2

Quando eletrônico, ele pode executar as


operações simultaneamente e através da
alteração das entradas, realimentações da
saída e colocação de jumpers, pode-se ter a Fig. 3.2. Sinal linear e quadrático
combinação das operações de multiplicação,
divisão, extração de raiz quadrada e elevação
ao quadrado.
3.5. Seletor de sinais
3.2. Somador/subtrator Este instrumento recebe de duas a quatro
A saída do instrumento vale: entradas e seleciona automaticamente apenas
um sinal de entrada. Os seletores mais usados
D = aA +- bB +-cC +-eE, são o de máximo ou mínimo e o de valor
intermediário. O seletor de valor intermediário
onde recebe três sinais de entrada e seleciona o
A, B, C e E são os sinais de entrada, sinal do meio. O valor intermediário entre três
D é o sinal de saída, sinais não deve ser confundido com o valor
a, b, c e e são os ganhos das entradas. médio de dois a quatro sinais. Por exemplo, o
somador pode ser ajustado para dar a media
dos sinais.
3.3. Extrator de raiz quadrada
É o instrumento tipicamente aplicado para
linearizar o sinal de saída do transmissor de

66
Condicionador de Sinal

3.6. Alarme 2. transmissor, onde a entrada é não-


O alarme pode ser acionado diretamente padronizada e a saída é padronizada,
pela ação do ponteiro do indicador e da pena 3. transdutor, onde a entrada e a saída
do registrador em microswitches ou pode ser são ambas padronizadas,
realizado pelo computador analógico, que 4. conversor, onde a entrada e a saída são
recebe o sinal analógico na entrada e muda o ambas de natureza elétrica; tem-se
contato elétrico da saída, quando o valor do conversor A/D (analógico para digital), D/A
sinal atingir os limites críticos predeterminados. (digital para analógico), conversor I/F
Pode haver três tipos diferentes de alarme: (corrente para freqüência).
1. alarme absoluto, de máximo e/ou de O transdutor serve de interface entre a
mínimo. A saída do modulo de alarme instrumentação pneumática e a eletrônica.
muda de estado quando o sinal de entrada Como o elemento final de controle mais usado
atinge um valor pré-ajustado, de máximo é a válvula com atuador pneumático, o
ou de mínimo. transdutor I/P é usado principalmente para
2. alarme de desvio, aciona o contato de casar a instrumentação eletrônica de painel
saída quando os dois sinais variáveis da com a válvula com atuador pneumático.
entrada se desviam de um valor
predeterminado. Este tipo de alarme se 4. Linearização da Vazão
aplica principalmente em controle, quando
os dois sinais alarmados são a medição e o
ponto de ajuste; quando os sinais se 4.1. Introdução
afastam de uma valor ajustado, o alarme é
acionado. Linearizar um sinal não-linear é torna-lo
3. alarme de diferença é acionado quando linear. Só se lineariza sinais não lineares,
o sinal se afasta de um sinal de referencia aplicando-se a função matemática inversa. Por
ajustável de um valor determinado. exemplo, lineariza-se o sinal quadrático,
extraindo a sua raiz quadrada; lineariza-se o
3.7. Compensador dinâmico sinal exponencial, aplicando seu logaritmo.
O compensador dinâmico possui a função A linearização pode ser feita de vários modos
de adiantar ou atrasar o sinal aplicado a diferentes, tais como:
entrada. Ele é chamado de lead/lag e se aplica 1. escolha da porção linear da curva,
no controle preditivo antecipatório como na aplicação de medição de
(feedforward). temperatura por termopares. Cada tipo
de termopar apresenta uma região
3.8. Gerador de sinais linear para determinada faixa de
O computador analógico pode gerar sinal temperatura.
na saída, sem sinal aplicado na entrada. A sua 2. uso de uma escala não-linear, como na
saída gera um sinal com característica aplicação de medição de vazão por
conhecida e ajustável, como a rampa universal, placa de orifício. Como a placa de
a tensão ajustável, o temporizador. orifício gera uma pressão diferencial
proporcional ao quadrado da vazão,
3.9. Transdutor usa-se uma escala do indicador ou um
Genericamente, transdutor é qualquer gráfico do registrador do tipo raiz
dispositivo que altera a natureza do sinal quadrática, podendo ler diretamente o
recebido na entrada com o gerado na saída. valor da vazão em unidades de
Deste ponto de vista, o elemento sensor, o engenharia. Quando se usam
transmissor, o conversor são considerados termopares para medições de
transdutores. temperatura que incluem regiões não-
Em instrumentação, transdutor é o lineares, usam-se as escalas
instrumento que converte o sinal padrão especificas para cada termopar, tipo J,
pneumático no sinal padrão de corrente K, R, S, T, E.
eletrônica (P/I) ou vice versa (I/P). Ele 3. uso de instrumentos linearizadores,
possibilita a utilização de instrumentos como o extrator de raiz quadrada do
pneumáticos e eletrônicos na mesma malha. sinal de pressão diferencial
Eles são chamados incorretamente de proporcional ao quadrado da vazão,
conversores. gerado pela placa de orifício.
Resumidamente, tem-se: 4. uso de circuitos linearizadores,
1. elemento sensor, onde a entrada e a incorporados no transmissor (por
saída são ambas não-padronizadas, exemplo, transmissor inteligente) ou no

67
Condicionador de Sinal

instrumento receptor (registrador de vezes. Como resultado, em baixas vazões,


temperatura a termopar). pequenas variações da saída correspondem a
5. uso de pontos de curva de linearização, grandes variações na vazão e em altas vazões,
armazenados em ROMs ou PROMs, grandes variações da saída correspondem a
como nos sistemas de linearização de pequenas variações na vazão.
baixa vazão em sistemas com turbinas
medidoras de vazão. A não linearidade Tab. 3.1. Δp x saídas
da medição é devida a viscosidade e
densidade do fluido (numero de Medidor vazão Saída linear Saída raiz quad.
Reynolds) e do tipo de detecção- % saída % vazão % vazão
geração de pulsos. 0,0 0,0 0,0
6. uso de programas (software) de 1,0 1,0 10,0
linearização em sistemas digitais, como 10,0 10,0 31,6
nos computadores de vazão ou 25,0 25,0 50,0
sistemas digitais de aquisição de 50,0 50,0 70,7
dados. Durante a configuração do 75,0 75,0 86,6
sistema, tecla-se o tipo de não- 100,0 100,0 100,0
linearidade do sinal de entrada e o
sistema automaticamente lineariza o
sinal. A linearização do sinal quadrático é feita
pelo computador analógico chamado extrator
4.2. Medidores Lineares e Não- de raiz quadrada, onde é valida a seguinte
lineares relação:

O medidor de vazão linear é aquele cuja


saída varia diretamente com a vazão. Isto % saída = % entrada
significa que uma dada percentagem da saída
corresponde `a mesma percentagem de vazão. O extrator de raiz quadrada possui alto
Matematicamente, tem-se: ganho em pequenas vazões e pequeno ganho
em grandes vazões. Para contornar a grande
vazão = K x saída instabilidade do instrumento em manipular os
pequenos sinais, são usados vários macetes:
São exemplos de medidores lineares: 1. a saída fica zero quando a entrada é
1. turbina, cuja freqüência de pulsos é pequena (menor que 10%),
linearmente proporcional `a vazão 2. a saída fica igual a entrada quando a
volumétrica instantânea, entrada é pequena (menor que 10%),
2. medidor magnético, cuja amplitude da 3. calibra-se o extrator com o zero
tensão variável é linearmente levemente abaixo do zero verdadeiro,
proporcional `a vazão volumétrica eliminando o erro em baixas vazões e
instantânea, tendo pequeno erro em grandes
3. vortex, cuja freqüência de pulsos é vazões.
linearmente proporcional `a vazão
volumétrica instantânea,
4. mássico, tipo Coriolis, cuja freqüência
de precessão é linearmente
proporcional `a vazão mássica
instantânea,
Quando a saída do medidor não
corresponde linearmente `a vazão, o medidor é
não-linear. O medidor não-linear mais comum é
a placa de orifício, que produz uma pressão
diferencial proporcional ao quadrado da vazão.
Tem-se as seguintes equações:

vazão = K × saída

saída = K' (vazão)2

Quando a vazão medida dobra de valor, a


pressão diferencial gerada aumenta de 4

68
Condicionador de Sinal

5. Compensação for 1,10, o gás nas condições reais é 1,10 mais denso do
que o gás nas condições nominais e 10% mais de gás
vaza realmente através do medidor linear do que está
5.1. Introdução medido, assumindo as condições nominais de operação.
Nas condições nominais de operação, o
Em serviços de medição de gás, a maioria fator (P/ZT) é usado para corrigir o volume real
dos medidores de vazão mede o volume real antes que as não linearidades sejam
ou infere o volume real, tomando como compensadas. Assim, estes fatores são
referência a vazão volumétrica nas condições tratados do mesmo modo que a densidade, nas
nominais de operação. Quando as condições equações do medidor. Quando a vazão variar
reais do processo se afastam das condições não linearmente com a densidade do gás, a
nominais de projeto de operação, ocorrem vazão também vai variar não linearmente com
grandes variações no volume real, resultando o fator P/ZT. Para o sistema com placa de
em grande incerteza na medição da vazão. Um orifício, portanto, o fator de compensação é a
modo de resolver este problema seria raiz quadrada de P/ZT, pois a vazão
manipular a vazão mássica, medindo-se a volumétrica é proporcional `a raiz quadrada da
vazão volumétrica e a densidade do fluido e densidade.
usar a relação A compensação da pressão e temperatura
usa a hipótese de o fator de compressibilidade
W=rxQ Z ser constante nas condições de operação
próximas das condições nominais e despreza
onde os efeitos da compressibilidade.
W é a vazão mássica Para se medir a vazão volumétrica compensada usa-se a
Q é a vazão volumétrica equação, para o medidor linear:
r é a densidade.
A medição da densidade de um fluido ⎛ Z ⎞⎛ P ⎞⎛ T ⎞
vazando é relativamente cara, demorada e Vf = Vn ⎜⎜ n ⎟⎟⎜⎜ f ⎟⎟⎜⎜ n ⎟⎟
pouco confiável e a prática mais comum é ⎝ Z f ⎠⎝ Pn ⎠⎝ Tf ⎠
inferir o valor da densidade a partir dos valores
da pressão estática absoluta e da temperatura e quando o fator de compressibilidade nas
do processo, aplicando-se a lei do gás real. condições reais não se afasta do fator nas
Tem-se: condições nominais:

⎛ Z ⎞⎛ P ⎞⎛ T ⎞ ⎛ P ⎞⎛ T ⎞
Vf = Vn ⎜⎜ f ⎟⎟⎜⎜ n ⎟⎟⎜⎜ f ⎟⎟ Vf = Vn ⎜⎜ f ⎟⎟⎜⎜ n ⎟⎟
⎝ Zn ⎠⎝ Pf ⎠⎝ Tn ⎠ ⎝ Pn ⎠⎝ Tf ⎠
ou quando as condições nominais de operação são Para um medidor com saída proporcional ao quadrado da
conhecidas e podem ser resumidas em uma constante vazão, tem-se a equação:
matemática, a equação fica simplificada como:

⎛ Z × Tf ⎞ ⎛ P ⎞⎛ T ⎞
Vf = K × Vn ⎜⎜ f ⎟⎟ Vf = Vn ⎜⎜ f ⎟⎟⎜⎜ n ⎟⎟
⎝ Pf ⎠ ⎝ Pn ⎠⎝ Tf ⎠

Fazer a compensação da temperatura e Note-se que a equação da vazão


pressão reais do processo, que se afastaram compensada é o inverso da equação da lei dos
da temperatura e pressão nominais é gases, justamente para eliminar os efeitos da
justamente multiplicar por pressão e da temperatura. Ou seja, como a
vazão volumétrica depende da pressão e
temperatura de um fator (ZT/P), deve-se
Pf multiplicá-la por um fator de compensação
Z f × Tf (P/ZT) para se ter uma vazão volumétrica
compensada.
onde o fator simplificado (P/ZT) compensa a variação da A operação de corrigir um erro fixo é
pressão e temperatura (que determinam a densidade), chamada de polarização (bias) e a
variando das condições nominais de projeto para as reais compensação é a correção de um erro variável.
de operação e calcula o volume requerido nas condições Quando somente se quer a compensação
nominais para provocar o efeito da mesma vazão nas da pressão, pois a temperatura é se afasta
condições reais. Isto significa, por exemplo, que se P/ZT pouco de seu valor nominal, assume-se um

69
Condicionador de Sinal

valor constante igual ou diferente do nominal e 5.2. Condições normal, padrão e real
o incorpora `a constante.
Quando a temperatura for constante e Na medição do fluido compreensível, é
diferente do valor nominal, em lugar de usar um mandatório definir as condições sob as quais
medidor de temperatura para fazer a está sendo medida sua vazão volumétrica. A
compensação continua, aplica-se um fator de mesma vazão de um fluido compreensível pode
correção na leitura do medidor. A ser expressa por valores totalmente diferentes,
compensação da pressão é implementada, em função das condições especificadas.
multiplicando-se a pressão absoluta pela vazão As condições normal de pressão e temperatura
medida e uma constante, antes de linearizar a (CNPT) são:
saída do medidor.
De modo análogo, quando a pressão é Temperatura : 0,0 oC (273,2 K)
assumida constante e diferente do valor Pressão : 760 mm Hg (14,6959 psi)
nominal, se aplica um fator para a leitura do Umidade relativa: 0%
medidor em lugar de usar um medidor de
pressão para a compensação. A compensação Pela norma ISO 5024 (1976), as condições
da temperatura é implementada, multiplicando- padrão (standard) são:
se a temperatura absoluta pela vazão medida e
uma constante, antes de linearizar a saída do Temperatura : 15,0 oC (59 oF, 288,2 K)
medidor. Pressão : 101, 3250 kPa (14,6959 psi)
umidade relativa: 0%
Constante Universal: 8,3144 J/(g.mol.K)
Tab. 3.2. Erros da medição do gás sem compensação
de T Há autores que assumem a temperatura
padrão (standard) igual a 15.56 oC (60 oF).
Temperatura (oC) Erro (%) Para líquidos, a temperatura padrão base é
também igual a 15,0 oC, na indústria; em
-20 -13
laboratório é comum usar a temperatura de
-10 -11
20,0 oC.
-5 -7
As condições de operação, de trabalho ou
0 -6
reais são aquelas efetivamente presentes no
5 -4
processo.
10 -2
Por exemplo, seja a vazão volumétrica de
15 0
ar igual a 100 m3/h, nas condições reais de 30
20 +2 oC e 2,0 kgf/cm2A. Esta vazão pode ser
25 +4
expressa como:
30 +6
40 +8
100 m3/h real, (30 oC e 2,0 kgf/cm2)
45 +9
180 Nm3/h, (0 oC e 1,0 kgf/cm2 A)
50 +10
190 Sm3/h, (15,0 oC e 1,0 kgf/cm2
Absoluta)
* Condição padrão (standard)
(Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer)
Em inglês, as unidades e abreviações comuns
Tab. 3.3. Erros da medição do gás sem
são:
compensação da P
Pressão,
ACFM (actual cubic foot/minute) e
Tolerância em torno da pressão nominal
psig SCFM (standard cubic foot/minute).
Psig 0,25 0,50 1 2 3
0,25 1,7% NA NA NA NA
2,0 1,5% 3,0% 6,1% 12,2% NA Propriedades do Ar nas Condições Padrão:
5,0 1,3% 2,6% 5,2% 10,3% 25,8%
10 1,0% 2,0% 4,1% 8,2% 20,5% Compressibilidade (Z) 0,999 582 4
20 0,7% 1,5% 2,9% 5,8% 14,5% Densidade 1,225 42 kg/m3
50 0,4% 0,8% 1,6% 3,1% 7,8% Peso molecular 28,962 4
75 0,3% 0,6% 1,1% 2,2% 5,6%
100 0,2% 0,4% 0,9% 1,7% 4,4%
125 0,2% 0,4% 0,7% 1,4% 3,6%

(Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer)

70
Condicionador de Sinal

5.3. Compensação da Temperatura


multiplicador extrator raiz
de Líquidos - divisor quadrada
controlador
As necessidades da precisão que requerem
compensação para as variações de densidade
x/÷ √ de vazão

causadas pelas variações da temperatura do PT FY FY FIC


liquido são poucas (por exemplo, amônia).
Neste caso, deve-se medir a temperatura do
liquido e compensar segundo a formula: si sin
nal al
Vf = Vn /T FT

5.4. Tomadas de Pressão e TT


Temperatura
As tomadas da pressão e da temperatura
devem ser localizadas corretamente para cada
FCV
tipo de medidor de vazão, para minimizar o erro
na medida final. FE
A tomada da pressão é mais critica que a
da temperatura, pois há uma grande variação Fig. .3.3. Malha de compensação e linearização de
da pressão local no medidor de vazão. Na medição de gás com placa de orifício
prática, há uma pequena diferença entre a
pressão a montante (maior) e a jusante (menor)
do medidor, quando o medidor provoca uma
perda de carga. É comum se tomar a pressão a 6. Totalização da Vazão
montante do medidor. Qualquer que seja a
localização, a pressão deve corresponder a O totalizador de vazão é um instrumento
vazão não perturbada, em pontos sem completo que detecta, totaliza e indica, através
flutuações ou pulsações. Alguns medidores de de um contador digital, a quantidade total do
vazão já possuem a tomada de pressão no seu produto, que passa por um ponto, durante um
corpo. No sistema com placa de orifício, é determinado intervalo de tempo.
comum se usar a mesma tomada a montante O totalizador de vazão é também chamado
da placa usada medir a pressão diferencial. de integrador, de FQ, de quantificador e,
Nos programas de computador de cálculo de erradamente, de contador. O contador é
placa, o menu apresenta as opções de apenas o display ou o readout do totalizador.
tomadas a montante ou a jusante da placa. Os totalizadores são calibrados para fornecer a
A tomada de temperatura é menos critica, leitura direta, em unidades de volume ou de
desde que há pouca variação da temperatura massa do produto. Ele pode possuir uma
ao longo do medidor de vazão. As tomadas de constante de multiplicação, que é o numero
temperatura estão tipicamente localizadas a que deve multiplicar pela indicação para se ter
cerca de 10 diâmetros depois do medidor, para o valor totalizado em unidades de engenharia.
não causar turbulência na entrada do medidor. Este fator de multiplicação do totalizador
Deve-se destacar que os sensores de vazão e depende da vazão máxima e da velocidade de
de temperatura são tem necessidades opostas, contagem desejada pelo operador.
quanto ao local de montagem: os sensores de O contador só pode ter mostrador digital.
vazão requerem local tranqüilo, sem distúrbios; Em alguns contadores, os dígitos podem ser
os de temperatura devem ser usados em local mostrados analogicamente, como os
com turbulência, para homogeneizar a indicadores de consumo de energia elétrica
temperatura. caseiros.
Na implementação da compensação da O totalizador pode receber sinais
pressão e temperatura na medição de vazão, é analógicos ou de pulsos. Quando o sinal de
interessante investigar se já existem medições entrada é analógico, o totalizador o converte,
da pressão e da temperatura do processo, a internamente, em pulsos e os conta na saída.
jusante ou a montante do medidor de vazão, Quando o sinal de entrada já é em pulsos, o
pois se elas já existirem em locais corretos, totalizador os escalona e os conta. Quando os
estas medições podem ser usadas para a pulsos já são escalonados, o totalizador os
compensação, sem necessidade de conta diretamente. Pulso escalonado é aquele
instrumentos adicionais. que já possui uma relação definida com a
unidade de engenharia de vazão, volume ou
massa.

71
Condicionador de Sinal

Há uma certa confusão entre o integrador e


o contador. O integrador pode receber sinais Sinal de
analógicos e os integra. Na operação de pulsos Contador
integração, o sinal analógico é convertido para
pulsos que são finalmente contados. Todo
integrador de vazão possui um contador; ou
seja, o contador é o display do integrador. O Sinal Conversor
contador é também chamado de acumulador. analógico A/D Contador
Os contadores podem ser eletromecânicos
ou eletrônicos. Os contadores eletromecânicos Totalizador
custam mais caro e requerem maior energia de
alimentação, porém, quando há falta da tensão Fig. 4.18. Contagem e totalização de variáveis
de alimentação, o ultimo valor totalizado
permanece indicado. Os contadores puramente
eletrônicos são mais econômicos, requerem
menor nível de tensão de alimentação e
consomem muito menos energia. Porém, na FI
falta da tensão de alimentação eles perdem a
indicação. Para solucionar este problema, são
utilizados contadores eletrônicos alimentados
FT FQ 0 13 5 0 4
com bateria com vida útil de 5 a 10 anos. Deste
modo, quando há perda da alimentação
principal, o contador não zera o valor
totalizado.

FE

(a) Totalização de sinal analógico

FT 0 13 5 0 4

FE

M
(constante K)
Fig. 3..5. Indicação e totalização de vazão (b) Totalização de pulsos escalonados

Fig. 4.19. Sistema de totalização de vazão


Há contador com pré determinador: há um
contador normal e um contador onde se
estabelece o valor determinado. Quando o
contador atinge o valor pré-ajustado, ele para
de contar e o processo é interrompido.

72
Transmissor

1. Conceitos básicos 1.2. Justificativas do Transmissor


Antes do aparecimento do transmissor
pneumático, circa 1930, o controlador era
1.1. Introdução conectado diretamente ao processo. O
Rigorosamente o transmissor não é controlador e o painel de controle deviam estar
necessário, nem sob o ponto de vista de próximos ao processo. O transmissor oferece
medição, nem sob o ponto de vista de controle. muitas vantagens em comparação com o uso
A transmissão serve somente como uma do controlador ligado diretamente ao processo,
conveniência de operação para tornar tais como a segurança, a economia e a
disponíveis os dados do processo em uma sala conveniência.
de controle centralizada, num formato 1. os transmissores eliminam a presença
padronizado. Na prática, por causa das de fluidos flamáveis, corrosivos, tóxicos
grandes distâncias envolvidas, as funções de mal cheirosos e de alta pressão na sala
medição e de controle estão freqüentemente de controle.
associadas aos sinais dos transmissores. 2. as salas de controle tornam-se mais
O transmissor é geralmente montado no práticas, com a ausência de tubos
campo, próximo ao processo. Porém, ele capilares compridos, protegidos,
também pode ser montado na sala de controle, compensados e com grande tempo de
como ocorre com o transmissor de temperatura atraso.
com o termopar ou com a resistência elétrica. 3. há uma padronização dos instrumentos
receptores do painel; os indicadores, os
registradores e os controladores
recebem o mesmo sinal padrão dos
transmissores de campo.

Fig. 2.1. Transmissores para medição de nível Fig. 2.2. Transmissor montado em local hostil

73
Transmissor

1.3. Terminologia 4-20mA cc no sinal padrão pneumático de 20 a


100 kPa e o transmite.
O transmissor é também chamado O transdutor i/p compatibiliza o uso de um
erradamente de transdutor e de conversor. controlador eletrônico (saída 4 a 20 mA) com
Transdutor é um termo genérico que designa uma válvula com atuador pneumático (entrada
um dispositivo que recebe informação na forma 20 a 200 kPa).
de uma ou mais quantidades físicas, modifica a Elemento transdutor tem o mesmo
informação, a sua forma ou ambas e envia um significado que elemento sensor ou elemento
sinal de saída resultante. Este termo é genérico primário.
e segundo este conceito, o elemento primário,
transmissor, relé, conversor de corrente elétrica Conversor
para pneumático e a válvula de controle são O conversor é o instrumento que
transdutores. transforma sinais de natureza elétrica para
Há uma norma na instrumentação, formas diferentes. Por exemplo: conversor
ANSI/ISA S37.1-1978 (R1982) que estabelece analógico/digital: transforma sinais de natureza
uma nomenclatura uniforme e consistente entre analógica (contínuo) em sinais digitais (pulso
si e para elemento sensor, transmissor, descontínuo). Mutatis mutandis, tem-se o
conversor, transdutor. conversor digital/analógico, que transforma
sinal digital em analógico.
Elemento sensor
Geralmente, o conversor A/D e D/A está
Elemento sensor é um dispositivo associado ao multiplexador, que converte
integrante de um instrumento que converte um várias entradas em uma única saída e o
sinal não-padrão em outro sinal não-padrão. demultiplexador, que converte uma entrada em
Por exemplo, o bourdon C é um elemento várias saídas. O conjunto conversor A/D e D/A
sensor de pressão, que converte a pressão em e multiplexador e demultiplexador é também
um pequeno movimento proporcional. Nem a chamado de Modem (MODulador
pressão de entrada e nem o deslocamento do DEModulador).
sensor são padronizados. O transmissor inteligente, por ser digital e
Todo transmissor possui um elemento receber um sinal analógico, tem
sensor, que depende essencialmente da necessariamente em um conversor A/D em sua
variável medida. Atualmente além do sensor da entrada. O transmissor híbrido, que é digital e
variável principal o transmissor inteligente possui a saída analógica de 4 a 20 mA deve
possui outro sensor para medir a temperatura possuir em sua saída um conversor D/A.
ambiente e fazer a compensação de suas
variação sobre a variável principal. Transmissor
Já existe disponível comercialmente O transmissor é o instrumento que converte
transmissor multivariável. No único invólucro do um sinal não-padrão em um sinal padrão de
transmissor há vários sensores para medir natureza igual ou distinta. O transmissor sente
simultaneamente a variável principal (vazão) e a variável através de um sensor no ponto onde
as secundárias (pressão e temperatura do ele está montado e envia um sinal padrão,
processo), também para fins de compensação. proporcional ao valor medido, para um
Neste contexto, tem-se: instrumento receptor remoto. É desejável que a
1. Sensor primário é o sensor que responde saída do transmissor seja linearmente
principalmente ao parâmetro físico a ser proporcional à variável medida e nem sempre
medido. há esta linearidade.
2. Sensor secundário é o sensor montado Por exemplo: o transmissor eletrônico de
adjacente ao primário para medir o pressão sente um sinal de pressão, por
parâmetro físico que afeta de modo exemplo, de 15 a 60 MPa, e o converte em um
indesejável a característica básica do sinal padrão de corrente de 4 a 20 mA cc e o
sensor primário (por exemplo, os efeitos transmite.
da temperatura na medição de pressão). Outro exemplo: o transmissor pneumático
de pressão manométrica converte um sinal de
Transdutor
pressão, e.g., de 60 a 100 MPa, em um sinal
O transdutor é o instrumento que converte padrão pneumático de 20 a 100 kPa (3 a 15
um sinal padrão em outro sinal padrão de psi) e o transmite.
natureza distinta. Por exemplo: transdutor Nos dois exemplos, as faixas da pressão
pressão-para-corrente ou P/I converte o sinal de entrada são não padrão mas as saídas dos
padrão pneumático de 20 a 100 kPa no sinal transmissores eletrônico (4 a 20 mA) e
padrão de corrente de 4 a 20 mA cc e o pneumático (20 a 100 kPa) o são.
transmite. O transdutor corrente-para-pressão
ou I/P, converte o sinal padrão de corrente de

74
Transmissor

Transmissor sabido (smart)


Transmissor sabido é um transmissor em
que é usado um sistema microprocessador
para corrigir os erros de não linearidade do
sensor primário através da interpolação de
dados de calibração mantidos na memória ou
para compensar os efeitos de influência
secundárias sobre o sensor primário
incorporando um segundo sensor adjacente ao
primário e interpolando dados de calibração
armazenados dos sensores primário e
secundário.

Fig. 2.5. Transdutor i/p, montado na válvula

Fig. 2.4. Transmissor eletrônico (Foxboro)

Transmissor inteligente
Transmissor inteligente é um transmissor
em que as funções de um sistema
microprocessador são compartilhadas entre
1. derivar o sinal de medição primário, Fig. 2.6. Sinal analógico e digital
2. armazenar a informação referente ao
transmissor em si, seus dados de
aplicação e sua localização e
3. gerenciar um sistema de comunicação 1.4. Transmissão do sinal
que possibilite uma comunicação de
O sinal de transmissão entre subsistemas
duas vias (transmissor para receptor e
ou dispositivos separados do sistema deve
do receptor para o transmissor),
estar de conformidade com a norma ANSI/ISA
superposta sobre o mesmo circuito que
SP 50.1 - 1982 (Compatibility of Analog Signals
transporta o sinal de medição, a
for Electronic Industrial Process Instruments)
comunicação sendo entre o transmissor
Esta norma estabelece, entre outras coisas,
e qualquer unidade de interface ligada
1. a faixa de 4 a 20 mA, corrente continua,
em qualquer ponto de acesso na malha
com largura de faixa de 16 mA, que
de medição ou na sala de controle.
corresponde a uma tensão de 1 a 5 V
O primeiro termo que apareceu foi smart
cc, com largura de faixa de 4 V
(sabido), que foi traduzido como inteligente.
2. a impedância de carga deve estar entre
Depois, apareceu o transmissor intelligent, com
0 e um mínimo de 600 Ω.
mais recursos que o anterior. Porém, já havia o
3. o número de fios de transmissão, de 2, 3
termo inteligente e por isso, no presente
ou 4.
trabalho, traduziu-se smart por sabido e
4. a instalação elétrica
intelligent por inteligente. Atualmente os dois
5. o conteúdo de ruído e ripple
termos, smart e inteligente, tem o mesmo
6. as características do resistor de
significado prático. Por exemplo, Fisher
conversão de corrente para tensão, que
Rosemount usa o termo smart e a Foxboro usa
o termo intelligent para o transmissor com as deve ser de (250,00 ± 0,25) Ω e
mesmas características. Por consistência, o coeficiente termal de
transmissor convencional não inteligente é α ≤ 0,01%/oC, de modo que a tensão
burro (dumb).

75
Transmissor

convertida esteja entre (1,000 a 5,000 ± primeiro sinal padrão de transmissão foi o de
0,004) V 10 a 50 mA cc, porque os circuitos eram pouco
7. o resistor não deve se danificar quando sensíveis e este nível de sinal não necessitava
a entrada for de 10 V ou de 40 mA. de amplificador para acionar certos
mecanismos; hoje ele é raramente utilizado,
por questão de segurança. Atualmente há uma
tendência em padronizar sinais de baixo nível,
Transmissor para que se possa usar a tensão de
+
polarização de 5 V comum aos circuitos
Receptor
+ digitais.
- Existe ainda o sinal de transmissão de 1 a
Fonte 5 V cc, porém ele não é adequado pois há
- atenuação na transmissão da tensão. Usa-se a
corrente na transmissão e a tensão para a
manipulação e condicionamento do sinal
(a) Tipo. 2. Circuito com 2 fios localmente, dentro do instrumento.

Relação 5:1
Transmissor Todos os sinais de transmissão,
+ pneumático e eletrônicos, mantém a mesma
Receptor proporcionalidade entre os valores máximo e
+ mínimo da faixa de 5:1, ou seja
-
Fonte
100 kPa 20 mA 15 psi 5V
- = = = =5
20 kPa 4 mA 3 psi 1V
(b) Tipo 3. Circuito com 3 fios
Esta proporcionalidade fixa facilita a
conversão dos sinais padrão, pelos
transdutores.

+ Zero vivo
Receptor Todas as faixas de sinais padrão de
transmissão começam com números diferentes
+ - de zero, ou seja os sinais padrão são 20 a 100
kPa e não 0 a 80 kPa, 4 a 20 mA cc e não 0 a
- 16 mA cc. Diz-se que uma faixa com supressão
de zero, ou seja partindo de número diferente
(c) Tipo 4. Circuito com 4 fios de zero é detectora de erro. Por exemplo, seja
o transmissor eletrônico de temperatura com
Fig. 2.7. Consideração do tipo de transmissor faixa de medição de 20 a 200 oC. A sua saída
vale:
1.5. Sinais padrão de transmissão 4 mA, quando a medida é de 20 oC,
20 mA, quando a medida é de 200 oC e
0 mA, quando há problema no transmissor,
Sinal pneumático como falta de alimentação ou fio partido .
O sinal padrão da transmissão pneumática Se a saída do transmissor fosse um sinal
no SI é 20 a 100 kPa (kilopascal) e os seus de 0 a 20 mA não haveria meios de identificar o
equivalentes em unidades não SI: 3 a 15 psig e sinal correspondente ao valor mínimo da faixa
0,2 a 1,0 kgf/cm2. Praticamente não há outro com o sinal relativo às falhas no sistema, como
sinal pneumático de transmissão, embora em falta de alimentação ou fio partido no
hidrelétricas onde se tem válvulas enormes, é transmissor eletrônico ou entupimento do tubo,
comum o sinal de 40 a 200 kPa (6 a 30 psi). quebra do tubo, falta de ar de suprimento no
transmissor pneumático.
Sinal eletrônico Quando se manipula a tensão elétrica,
O sinal padrão de transmissão eletrônico é pode-se ter e se medir a tensão negativa e
o de 4 a 20 mA cc, recomendado pela portanto pode-se usar uma faixa de 0 a 10 V cc
International Electromechanical Commission detectora de erro. Isto significa que o 0 V se
(IEC), em maio de 1975. No inicio da refere ao valor mínimo da faixa medida e
instrumentação eletrônica, circa 1950, o quando há algum problema o sinal assume um

76
Transmissor

valor negativo, por exemplo, -2,5 V cc. Esta condição de equilíbrio. Como a posição da
faixa possui o zero vivo. barra está relacionada com o equilíbrio ou
balanço das forças atuando nesta barra, este
2. Natureza do transmissor sistema é chamado de balanço de forças.
O diafragma sente a pressão do processo e
Como há dois sinais padrão na através de um flexor, transmite uma força a
instrumentação, também há dois tipos de barra de força. A barra de força funciona como
transmissores: pneumático e eletrônico a palheta em relação ao bico. A variável do
processo modula a distância entre o bico e a
2.1. Transmissor pneumático barra de forças. Através do mecanismo de
transmissão pneumática (relé pneumático, fole
O transmissor pneumático mede a variável de realimentação, mola de ajuste de zero)
do processo e transmite o sinal padrão de 20 a obtém-se uma saída padrão e estável de 20 a
100 kPa (3 a 15 psig), proporcional ao valor da 100 kPa (3 a 15 psi), linearmente proporcional
medição. A sua alimentação é a pressão típica à pressão medida. Através do deslocamento do
de 140 kPa (20 psig). O mecanismo básico volante que serve como fulcro para o equilíbrio
para a geração do sinal pneumático é o das forças e ajusta a largura de faixa de
conjunto bico-palheta, estabilizado pelo fole de medição.
realimentação. As principais vantagens são:
Para funcionar o transmissor pneumático 1. a robustez e a precisão da operação,
requer a alimentação de ar comprimido, no praticamente sem movimento e
valor típico de 140 kPa (22 psi). O transmissor desgaste das peças,
é alimentado individualmente por um conjunto 2. a opção da supressão ou da elevação
de filtro regulador. O regulador pode ser fixo do zero, necessária medições de nível.
(ajustável na oficina) ou regulável pelo As suas desvantagens são:
operador, no local. 1. não há indicação local da variável
Há dois princípios mecânicos básicos para transmitida, mas apenas a indicação
o funcionamento do transmissor pneumático: opcional do sinal de saída do
1. balanço de forças e transmissor,
2. balanço de movimentos. 2. a velocidade da resposta é lenta

Fig. 2.9. Transmissor pneumático a balanço de forças: (a)


esquema e (b) vista externa
Fig. 2.8. Esquema típico de um transmissor pneumático a
balanço de forças (Foxboro)
Os transmissores a balanço de força são
genericamente chamados de d/p cell®, embora
Balanço de forças rigorosamente d/p cell seja uma marca
O sistema é mantido estável, pelo equilíbrio registrada da Foxboro e se refira ao
das forças aplicadas a uma barra. A variação transmissor de pressão diferencial para
na medição desequilibra o sistema, alterando a medição de vazão e de nível.
posição da barra, variando proporcionalmente o O transmissor pneumático a balanço de
sinal transmitido e retornando o sistema à forças da Foxboro foi um dos mais bem

77
Transmissor

sucedidos instrumentos da historia da necessária para atua-lo é pequena


instrumentação. O transmissor pneumático era (cerca de 2 gramas).
tão estável e repetitivo que, a partir dele, foi As suas desvantagens são:
projetado e construído o transmissor eletrônico, 1. não apresenta a opção de abaixamento
também a balanço de forças. e elevação de zero.
2. sua operação é mais delicada e sua
Balanço de movimento calibração é mais difícil e menos
No sistema a balanço de movimentos, a estável, por causa dos elos mecânicos e
medição é sentida pelo elo mecânico, que das partes moveis. .
desequilibra o sistema bico-palheta. Este
desequilíbrio provoca variações no sinal 2.2. Transmissor eletrônico
transmitido, até haver novo equilíbrio. Na
realidade há um balanço de posições mas o O transmissor eletrônico mede a variável
sistema é referido como balanço de do processo e transmite o sinal padrão de
movimentos. corrente de 4 a 20 mA cc proporcional ao valor
O transmissor a balanço de movimento da medição. Ele requer a alimentação,
permite a indicação local da medição; é geralmente a tensão contínua. Normalmente
naturalmente um transmissor-indicador. esta alimentação é feita da sala de controle,
através do instrumento receptor (indicador,
controlador ou registrador), onde está a fonte
de alimentação. A alimentação é feita pelo
mesmo fio que porta o sinal transmitido de 4 a
20 mA. Os conceitos de fonte de tensão e de
fonte de corrente explicam porque se pode
utilizar apenas um par de fios para transportar
tanto o sinal de corrente como a alimentação
de tensão. A corrente só deve depender da
variável medida e não deve depender da
tensão de polarização. A tensão de
alimentação não pode ser afetada pelo valor da
corrente gerada.
Fig. 2.10. Esquema de transmissor pneumático a balanço A tensão de alimentação pode variar,
de movimentos (Foxboro) dentro de limites convenientes e depende
principalmente do valor do sinal transmitido e
do valor da resistência total da malha de
controle.

Fig. 2.11. Transmissor a balanço de movimento Fig. 2.12. Tensão de alimentação e impedância da malha
de transmissão eletrônica

As principais vantagens do transmissor a


Transmissor indutivo
balanço de movimentos são:
1. apresenta a indicação da medida, no No transmissor eletrônico a balanço de
local de transmissão forças, o pequeno movimento provocado na
2. opera com grande variedade de barra de força é amplificado e posiciona o
elementos primários, pois a força núcleo móvel de uma bobina. Quando a
pressão varia, a barra de força se movimenta e
altera a posição do núcleo da bobina, variando

78
Transmissor

a indutância. Através da variação da indutância diafragma sensor no centro da célula de


um circuito condicionador gera o sinal padrão pressão diferencial. O diafragma sensor
de 4 a 20 mA cc, proporcional a pressão funciona como um elemento de mola que
medida. Este transmissor é chamado de deflete em resposta à pressão diferencial
indutivo, pois se baseia na variação do núcleo aplicada através dele. O deslocamento do
de uma bobina detectora. Atualmente, este diafragma sensor, um movimento máximo de
transmissor foi substituído por outros menores 0,10 mm, é proporcional à pressão diferencial.
e melhores, como capacitivo, com fio As placas de capacitor em ambos os lados do
ressonante e sensor CI. diafragma sensor detectam a posição do
diafragma sensor. A capacitância diferencial
entre o diafragma sensor e as placas do
capacitor é então proporcional linearmente à
pressão diferencial aplicada aos diafragma
isolantes. A capacitância é detectada por um
circuito ponte e é convertida e amplificada para
o sinal padrão, linear, a dois fios de 4 a 20 mA
cc.

Fig. 2.13. Transmissor a balanço de forças indutivo

Transmissor capacitivo
No inicio dos anos 80, a Rosemount lançou
o transmissor eletrônico capacitivo, que se
tornou um dos tipos de instrumentos mais
vendidos na instrumentação. Fig. 2.14. Célula δ capacitiva (Rosemount)
O princípio de operação básico é a
medição da capacitância resultante do
movimento de um elemento elástico. O O sensor capacitivo tem precisão típica de
elemento elástico mais usado é um diafragma 0,1 a 0,2% da largura de faixa e com a seleção
de aço inoxidável ou de Inconel, ou Ni-Span C de diafragmas, pode medir faixas de 0,08 kPa a
ou um elemento de quartzo revestido de metal 35 MPa (3 in H20 a 5000 psi).
exposto à pressão do processo de um lado e Os transmissores capacitivos perdem em
uma pressão de referência no outro. popularidade apenas para os com strain gauge
Dependendo da referência, pode-se medir e tem-se as seguintes vantagens
pressão absoluta (vácuo), manométrica 1. alta robustez e
(atmosférica) ou diferencial. 2. grande estabilidade
A capacitância de um capacitor de placas 3. excelente linearidade
paralelas, é dada simplificadamente por: 4. resposta rápida
5. deslocamento volumétrico menor que
A 0,16 cm3 elimina a necessidade de
C=ε câmaras de condensação e potes de
d
nível
onde
Suas limitações, principalmente dos
C é a capacitância
transmissores capacitivos mais antigos, são:
ε é a constante dielétrica do isolante entre
1. sensitividade à temperatura
as placas 2. alta impedância de saída
A é a área das placas
3. sensitividade à capacitância parasita
d é a distância entre as placas.
4. sensitividade a vibração
Como a pressão pode provocar um 5. pequena capacidade de resistir à
deslocamento, ela pode ser inferida através da
sobrepressão
capacitância, que também depende de um
O transmissor eletrônico capacitivo da
deslocamento. Rosemount foi outro instrumento best seller da
Os diafragmas isolantes detectam e transmitem
instrumentação.
a pressão do processo para o fluido de
enchimento (óleo de silicone). O fluido
transmite a pressão de processo para o

79
Transmissor

Transmissor fio ressonante Transmissor com sensor a CI


O transmissor com sensor a fio ressonante Os transmissores mais recentes utilizam o
foi lançado no fim da década de 1970, pela estado da arte da tecnologia eletrônica, com
Foxboro, que gosta muito de fio, pois já havia um sensor a circuito integrado, com um chip de
aplicado o fio Nitinol, com memória mecânica, silício piezo-resistivo difuso.
para acionar ponteiros e penas dos Na fabricação deste sensor, boro é
instrumentos de display do sistema SPEC 200. difundido em uma estrutura de cristal de silício
Neste projeto, um circuito oscilador faz um fio para formar uma ponte de Wheatstone
oscilar em sua freqüência de ressonância, totalmente ativa. Neste processo de difusão, o
enquanto a tensão do fio é variada como uma boro e o silício são unidos a um nível
função da pressão do processo. As pressões molecular, eliminado a necessidade de
do processo são detectadas pelos diafragmas métodos mecânicos de solda, como usado nos
de alta e baixa pressão, nos lados direito e sensores convencionais de strain gauge. Este
esquerdo do sensor. Quando a pressão processo resulta em sensores com altíssima
diferencial aumenta, o fluido de enchimento repetitividade e estabilidade, somente
transmite uma força correspondente ao fio, conseguidas em instrumentos de laboratório.
excitado por um campo magnético. O dano por
sobrepressão é evitado pelos diafragmas
sendo suportados por placas reservas. A
variação na tensão do fio modifica a freqüência
de ressonância do fio, que é então digitalmente
medida. Configurações semelhantes são
usadas na medição de pressão absoluta e
manométrica. Quando usado para medir
pressão absoluta, o lado de baixa é coberto por
uma capa e faz-se vácuo na cavidade da
ordem de 0,52 Pa (0,004 mm Hg).

Fig. 2.16. Circuito da ponte de Wheatstone

A faixa de pressão de cada sensor de


silício é determinada pela espessura do silício
diretamente sob a ponte de Wheatstone. A
espessura do diafragma de silício é
determinada ataque químico na parte traseira
de cada chip sob a ponte para uma
profundidade específica. O chip acabado é
então colada a uma placa de pyrex ou alumina
Fig. 2.15. Sensor de pressão a fio ressonante (Foxboro) com suporte e isolação do chip. Para medição
de pressão manométrica ou diferencial, faz-se
um buraco através do pyrex para acessar a
As vantagens deste transmissor são: cavidade na parte traseira do chip. Isto fornece
1. boa repetitividade uma referência da pressão atmosférica para o
2. alta precisão sensor de pressão manométrica e uma
3. boa estabilidade passagem para o lado da baixa pressão do
4. baixa histerese sistema de enchimento de fluido para o d/p cell.
5. alta resolução Para a medição de pressão absoluta, a
6. sinal de saída forte cavidade do chip é evacuada antes de colar a
7. geração de um sinal digital. placa de pyrex, fornecendo uma referência de
As limitações incluem: pressão absoluta.
1. sensitividade à temperatura ambiente, O chip é então montado em um extrato de
requerendo compensação embutida. cerâmica ou aço inoxidável selado a vidro.
2. sinal de saída não linear Conexões com fio de ouro completam o
3. alguma sensitividade à vibração e conjunto, que é juntado ao pacote completo do
choque. sensor.
Diafragmas de isolação de vários materiais
resistentes a corrosão são soldados no lugar,

80
Transmissor

sobre o chip sensor e as cavidades entre o chip 3.1. Transmissor analógico


são cheias sob vácuo com óleo silicone DC- descartável
200 ou Fluorinert FC/B. Este processo isola
totalmente o sensor de silício do meio da O transmissor analógico descartável possui
pressão sem um link mecânico. O diafragma de saída analógica de 4 a 20mA cc e um circuito
isolação também fornece a proteção de encapsulado irrecuperável quando estragado.
sobrefaixa para o sensor de silício no d/p cell. Quando o transmissor se danifica (o que os
fabricantes asseguram ser raro) é
Transmissor com sensor piezoelétrico integralmente substituído por outro. Sua
O sensor é um cristal de quartzo ou confiabilidade é expressa não em MTBF
turmalina que, quando exposto a pressão ou (tempo médio entre falhas) mas em MTFF
força em torno do seu eixo, é elasticamente (tempo médio para a primeira falha).
deformado. A deformação produz uma força Como vantagens, tem-se:
eletromotriz proporcional. 1. Baixo custo de aquisição, com preços
As vantagens do transmissor com sensor típicos entre US$50 a US$350,
piezoelétrico são: 2. Baixo custo de reposição, pois é mais
1. pequeno tamanho barato substituir prontamente um
2. robustez transmissor do que mandar um
3. alta velocidade de resposta instrumentista de manutenção a um
4. autogeração do sinal. local distante para retirar do processo
As desvantagens são: um transmissor defeituoso, levá-lo para
1. limitado à medição dinâmica a oficina, repará-lo, levá-lo de volta para
2. sensitividade à temperatura o processo e reinstalá-lo. A substituição
3. necessidade de cabeamento especial pré-configurada pode ser feita na
entre sensor e circuito amplificador. primeira ida ao local do processo,
A aplicação típica do sensor piezoelétrico é 3. Pequeno tamanho, simplicidade e
no medidor de vazão vortex. É piezoelétrico o transmissão a dois fios,
sensor que detecta a freqüência criada pelos 4. Facilidade de implementar técnica de
vórtices de De Karmann. proteção, como segurança intrínseca e
não incenditivo, pois o encapsulamento
favorece a conformidade com
exigências de normas.

Fig. 2.17. Transmissor de vazão tipo vortex (Foxboro)

3. Transmissor e manutenção
Quanto à manutenção e independente do Fig. 2.18. Transmissor descartável de pressão (Dynisco)
princípio de funcionamento ou da variável
medida, há quatro tipos básicos de
transmissores eletrônicos disponíveis
atualmente:
1. analógico descartável
2. analógico reparável
3. digital híbrido
4. digital inteligente

Fig. 2.19. Transmissor de temperatura descartável


(Eckardt)

81
Transmissor

As principais desvantagens e limitações 3. O transmissor convencional pode ter


são: sua faixa alterada dentro de grandes
1. A precisão é pior do que a dos outros limites. O transmissor de temperatura
tipos, pois o transmissor deve ter baixo pode aceitar todos os tipos de
custo, termopares ou RTD de vários valores.
2. Pequena flexibilidade, pois o Tipicamente as alterações de
transmissor tem somente uma única parâmetros são feitas mecanicamente
entrada e faixa fixa de calibração e não no campo ou na oficina, ajustando-se
são convenientes para aplicações que potenciômetros, alterando-se posições
requerem alterações freqüentes do de jumpers ou mudando chaves DIP.
processo, 4. O transmissor analógico tem melhor
3. Geralmente são mais frágeis e menos tempo de resposta que o do transmissor
resistentes a ambientes hostis, o bloco digital e também se recupera mais
terminal podendo se quebrar quando rapidamente, depois de uma interrupção
submetido a abuso; de alimentação.
4. Menos confiável, pois são usados 5. Possui precisão melhor do que a do
projetos e circuitos mais baratos para transmissor descartável e pior do que a
torná-los mais competitivos. do digital.
Como desvantagens, tem-se:
3.2. Transmissor analógico 1. Menos estável e requer mais calibração
convencional do que o transmissor digital, pois os
ajustes mecânicos feitos através de
O transmissor analógico convencional potenciômetros de fio são pouco
possui saída padrão de 4 a 20 mA cc e estáveis.
circuitos acessíveis para sua calibração e 2. Não são adequados para aplicações
manutenção. Eles podem ser reparados e ter com operação e comunicação digitais,
suas faixas de calibração alteradas no campo porém, para a maioria das aplicações o
ou na oficina, pelo usuário final. Os seus alto custo da substituição dos
preços variam de US$300 a US$500,00. transmissores analógicos convencionais
por digitais não se justifica

3.3. Transmissor inteligente digital


O transmissor inteligente digital tem um
microprocessador embutido em seu circuito e
possui saída digital, apropriada para se
comunicar com outros dispositivos digitais com
o mesmo protocolo. Ele não possui a saída
padrão de 4 a 20 mA cc.
Suas vantagens são:
1. Recalibração remota: o transmissor
digital pode ser recalibrado sobre o elo
Fig. 2.20. transmissor convencional (Foxboro) de dados digitais da sala de controle,
através da estação de operação, de um
computador digital ou de um terminal
As suas principais vantagens são: portátil proprietário. Porém, isso é útil
1. O transmissor convencional é reparável, somente em plantas envolvendo
possuindo um invólucro que protege os grandes distâncias e com variações
circuitos e permitindo o seu acesso fácil freqüentes no processo. Ele permite
e seguro aos circuitos. Seus circuitos alterações imediatas de parâmetros,
analógicos são simples e é fácil achar sem perda de tempo e custo para
os defeitos e repará-los. A possibilidade mandar um técnico a cada ponto de
de ser reparado torna o transmissor medição para fazer uma alteração
convencional mais seguro e menos caro manual.
para serviço em longo prazo.
2. O transmissor é robusto, suportando
bem os rigores do processo, grande
vibração mecânica, alto calor e
atmosfera agressiva

82
Transmissor

digital ainda é um pouco maior do que o


do convencional
2. Não padronização do sinal digital: este é
o maior obstáculo técnico para o uso
extensivo do transmissor digital.
Atualmente ainda existem vários
protocolos de comunicação digital
proprietários, como HART, Foxcom,
Fieldbus. Até que se chegue a um
consenso acerca do protocolo de
comunicação digital, muitos usuários
preferirão não usar o transmissor digital.
3. Tempo de resposta: o transmissor de
campo operando em baixa potência tem
dificuldade de operar rapidamente a
comunicação digital. A resposta
Fig. 2.21. Instrumentação inteligente demorada é inerente para começar e
completar uma transação de
comunicação digital. Além disso, alguns
2. Mínimo de reserva: uma grande transmissores inteligentes tem grande
variedade de parâmetros de operação tempo de recuperação após a perda da
pode ser armazenadas na memória do alimentação, durante o que os
microprocessador do transmissor digital. transmissores excedem a faixa por cima
Um único transmissor pode ser ou por baixo, acionando erradamente
eletronicamente programado para alarmes e causando problemas para
substituir qualquer outro transmissor do outros instrumentos no sistema.
sistema. Facilidades com vários tipos de
sensores e faixas de medição permitem 3.4. Transmissor híbrido analógico
um menor número de instrumentos digital
reservas para reposição ou adição.
3. Altíssima precisão: melhor do que Como ainda hoje a maioria das aplicações
qualquer outro transmissor. envolve o sinal padrão de corrente de 4 a 20
Tipicamente, da ordem de 0,05 a 0,1% mA cc e também por causa da ausência de
do fundo de escala. uma padronização do sinal digital, muitos
4. Autodiagnose: a maioria dos transmissores digitais possuem
transmissores digitais possui um simultaneamente os dois sinais de transmissão:
programa de autodiagnose em sua 1. analógico de 4 a 20 mA cc e
memória interna que automaticamente 2. digital
identifica falhas do sensor e do O transmissor é simultaneamente analógico
transmissor. O pessoal de manutenção e digital e o usuário experiente pode tirar
de instrumentos pode usar a informação proveito das vantagens isoladas de cada tipo,
fornecida pelas mensagens de erro como as vantagens de padronização e
enviadas do transmissor no campo para resposta rápida da transmissão analógica e as
a sala de controle para preparar a vantagens de autodiagnose, facilidade de
substituição e reparo do instrumento. O recalibração e alteração de parâmetros da
benefício é o menor tempo de malha parte digital do transmissor.
parada. O planejamento correto da aquisição de
5. Segurança de comunicação: diferente transmissores híbridos pode economizar
do transmissor convencional que tem investimentos quando se implanta uma
um par de fios para transportar o sinal instrumentação digital do sistema global. O
seguro e a perigosa alimentação, o sinal transmissor híbrido pode substituir tanto um
digital pode ser comunicado através de transmissor analógico como um digital
fibra óptica ou links de luz infravermelha, existente sem necessidade de qualquer
que são seguros por natureza. componente adicional. Também é necessário
As principais desvantagens do transmissor pouco treinamento de operadores e
digital inteligente são: instrumentistas, quando de sua integração no
1. Custo: embora os preços tendem a cair sistema.
e se comparar aos do transmissor
convencional, o preço de aquisição do

83
Transmissor

4. Receptores associados 4.3. Transmissor como controlador


Em alguns casos raros e simples, o próprio
transmissor pode funcionar como um
4.1. Instrumentos associados controlador limitado. Para que a saída típica do
A transmissão é uma função auxiliar, controlador
opcional. Usa-se o transmissor quando se quer de
a indicação, o registro ou o controle da variável
s = s o + K p (m − sp ) + Ki ∫ edt + K d
dt
de processo em um local remoto do processo,
geralmente na sala de controle. Como fique igual a do transmissor
conseqüência, o transmissor sempre requer
outro instrumento para completar sua função: s = Km
indicador, registrador, controlador, alarme ou s = Km
integrador de vazão. tem-se
Alguns transmissores podem ter uma 1. com bias igual a zero, (so = 0)
indicação local da variável medida. Outros 2. com banda proporcional fixa e igual a
transmissores podem, opcionalmente, ter a 100% (Kp = 1)
indicação de sua saída, que é proporcional ao 3. com ponto de ajuste igual a zero (sp =
valor da variável medida. 0),
Há transmissores que podem medir 4. apenas com o modo proporcional
simultaneamente várias variáveis de processo (Ki = Kd = 0).
e para tanto, eles possuem os vários sensores
destas variáveis embutidos em seu corpo. A
aplicação clássica é na medição de vazão 5. Serviços associados
compensada, onde e quanto se quer medir
simultaneamente o sinal proporcional à vazão Como os outros instrumentos, o
(pressão diferencial), pressão estática e transmissor deve ser especificado, montado,
temperatura. O instrumento receptor associado calibrado rotineiramente e mantido em perfeitas
a este transmissor é o computador de vazão. condições de funcionamento.
Todos estes instrumentos envolvidos são
microprocessados. 5.1. Especificação
Na especificação do transmissor, devem
4.2. Alimentação ser fornecidos os seguintes parâmetros ao
O transmissor eletrônico montado no fabricante:
campo sempre necessita de uma alimentação. 1. a variável do processo a ser transmitida,
Raramente esta alimentação é fornecida por 2. o elemento sensor desejado, em função
bateria integral, por questão de economia e de da faixa, do processo, da variável e do
segurança. O comum é a alimentação do material,
transmissor ser fornecida por um instrumento 3. o sinal padrão de transmissão e a
montado na sala de controle. Assim, além de alimentação, como 20 a 100 kPa ou 3 a
receber o sinal do transmissor, o instrumento 15 psig (rigorosamente são sinais
receptor também alimenta o transmissor. diferentes, quanto a calibração),
Alguns fabricantes possuem fontes de 4. os materiais do corpo do transmissor,
alimentação separadas, montadas na sala de dos parafusos, da tampa e do elemento
controle, para alimentar os transmissores de sensor,
campo, separadas e independentes de outros 5. a montagem: tubo de 2" (pipe), pedestal
instrumentos. (yoke), superfície ou painel,
6. a faixa calibrada da variável,
7. a conexão ao processo: rosca 1/2" NPT,
flange 150 psi, selo.
8. quando há contato direto com o fluido do
processo: tipo do material quanto à
corrosão, erosão, sujeira, temperatura e
pressão estática,
9. identificação da malha do processo,
10. a classificação mecânica do invólucro:
Fig. 2.24. Fiação do transmissor, receptor e fonte NEMA ou IEC IP,
11. a classificação elétrica do instrumento,
se elétrico e se montado em área
classificada: prova de explosão, purgado

84
Transmissor

ou intrinsecamente seguro, entidade de 5.5. Calibração


aprovação,
12. acessórios: conjunto filtro regulador, A calibração do transmissor garante sua
conjunto distribuidor (manifold), exatidão. O transmissor é calibrado antes de
indicação do sinal de saída ou da ser montado. Depois, ele deve ser calibrado
variável medida, 1. quando programado pelo plano da
13. opções extras, como materiais qualidade (ISO 9000),
especiais em contato com o processo 2. depois da manutenção ou
(Monel®, Hastelloy®, tântalo, 3. quando requisitado pela operação.
preparação para manipular oxigênio, Calibrar um transmissor requer
cloro, hidrogênio, aplicação em serviço 1. local adequado,
nuclear, amortecimento maior que o 2. procedimento claro
normal, saída reversa, aquecimento 3. padrões rastreados
elétrico para evitar o congelamento, alta 4. técnico treinado
temperatura do processo, selo de 5. registro documentado
proteção, pontos de teste, proteção de 6. prazo de validade
sobre faixa.

5.2. Instalação
A montagem do transmissor deve ser feita
conforme as recomendações do fabricante,
diagramas do projetista e normas de
engenharia aplicáveis, quanto aos aspectos de
corrosão, segurança, localização e
funcionamento.
A partida e comissionamento do
transmissor de pressão diferencial para vazão
e nível envolve algumas operações seqüenciais
recomendadas pelo fabricante, que se não
forem seguidas corretamente podem danificar o Fig. 2.26. Calibração de transmissor (Rosemount)
transmissor ou descalibrá-lo.

Ambiente
Como o transmissor opera em condições
muito pouco exigentes (-40 a +60 oC),
raramente ele requer um ambiente de
calibração controlado. Porém, o ambiente deve
ser conhecido e as condições de calibração
(pressão, temperatura e umidade relativa
ambientes) devem ser registradas no relatório
de calibração.

Fig. 2.25. Transmissor para vazão de gás Procedimento


Procedimento de calibração não é
5.3. Configuração simplesmente o manual do fabricante, mas algo
mais abrangente que inclui o manual do
fabricante. O procedimento deve ser escrito
5.4. Operação pelo executante e pode ser copidescado (feita
O transmissor é geralmente um instrumento revisão para uniformizar linguagem, arrumar
cego, montado no campo, que não requer a estilo, eliminar erros vernáculos) pelo chefe.
atenção do operador. Quando possui indicação O procedimento tem o objetivo de garantir
da variável medida, ele pode requerer a leitura que a mesma pessoa, em tempos diferentes ou
periódica para comparação com a indicação do pessoas diferentes ao mesmo tempo, façam a
painel. mesma calibração exatamente do mesmo
modo.
Procedimento que é usado geralmente
sofre revisões periódicas. Quando algo deve
ser mudado, primeiro se muda o procedimento,

85
Transmissor

com o consenso de todos os envolvidos, e termopar e não a temperatura medida.


depois de muda o comportamento. Tipicamente são simulados os pontos
correspondentes a 0, 25, 50, 75, 100,
Padrões 75, 50, 25 e 0% da faixa. Sobe-se e
Todos os padrões usados na calibração desce-se para verificar histerese do
devem ser rastreados, ou seja, calibrados transmissor.
contra outros padrões superiores e dentro do 2. Comparar os valores lidos com os
prazo de validade. A rastreabilidade do padrão valores pré-estabelecidos no relatório,
é que lhe dá a garantia que ele está confiável e conforme precisão do transmissor,
fornece o valor verdadeiro convencional. Se o 3. Quando os valores lidos estiverem fora
padrão não estiver rastreado e sua calibração dos limites, ajustar o transmissor nos
estiver vencida, a calibração que ele faz não é pontos de zero e de largura de faixa
confiável e portanto é inútil. (span). Com os ajustes, a saída do
transmissor deve ser igual a 20 kPa ou 4
Técnico treinado mA cc para 0% da entrada e 100 kPa ou
O executante da calibração deve conhecer 20 mA cc, quando a variável assumir
o instrumento que vai calibrar e todos os 100% do valor do processo (ou vice-
cuidados e procedimentos envolvidos. Enfim, versa, quando a saída do transmissor
deve estar treinado especificamente para fazer for invertida). Os pontos intermediários
a calibração. devem seguir a curva de calibração,
Calibração feita por pessoa não habilitada geralmente uma reta.
não é confiável. 4. Quando os valores estiverem dentro dos
limites, não se faz nada, a não ser
Registro desmontar o circo, arrumar o
Toda calibração deve ser registrada e os transmissor e voltá-lo para o processo.
registros devem ser guardados por algum As pessoas não resistem e geralmente
período estabelecido pelo executante. Os fazem pequenos ajustes, o que não está
registros referentes ao programa de qualidade de conformidade com o procedimento.
(ISO 9000) devem ser disponíveis e acessíveis 5. Quando o transmissor não gera os
ao auditor. Outros registros podem ser sinais dentro dos limites, depois de um
acessíveis ao cliente comprador (transferência (ou dois, ou quantos o executante
de custódia) ou algum fiscal do governo. definir) ajuste, o transmissor está com
Calibração sem registro escrito é inútil. problema e requer manutenção.
6. Depois de qualquer manutenção, todo
Prazo de validade instrumento deve ser calibrado.
Toda calibração possui um prazo de Além destes pontos, que se aplicam a todo
validade, depois do qual o instrumento se torna transmissor, ainda se deve tomar os seguintes
não confiável. O prazo de validade é cuidados:
estabelecido pelo usuário, pois somente ele 1. A calibração dos transmissores a
tem o domínio completo de todas as balanço de movimentos exige também
informações e dados do instrumento e do os ajustes de angularidade.
processo. Este prazo considera o tipo de 2. Os transmissores de nível e de vazão,
instrumento, recomendações do seu fabricante, quando operaram em pressões
severidade do processo, precisão do diferentes da atmosférica, devem ser
instrumento e penalidade da não conformidade. alinhados dinamicamente.
Programa consistente de calibração 3. A calibração do transmissor deve ser
sempre prevê critério para administrar os feita na posição real de trabalho.
prazos, aumentando e diminuindo os intervalos, 4. Transmissor inteligente requer
para que se trabalhe o mínimo necessário com calibrador especial proprietário (também
o máximo possível de eficiência. Há vários chamado de configurador, comunicador,
critérios de alteração de prazos de validade de terminal portátil), que também deve ser
calibração; os mais conhecidos são o de periodicamente rastreado.
Schumacher e o de Grasmann.

Realização
A calibração do transmissor geralmente
consiste em
1. Simular a variável sentida, não a
necessariamente a medida. Por
exemplo, simula-se a militensão do

86
Transmissor

Fig. 2.27. Calibração de transmissor inteligente através


do Comunicador Hart (Rosemount)

5.6. Manutenção
Quando o transmissor apresenta algum
problema evidente de operação, ele deve ser
submetido à manutenção. Alguns
transmissores também podem ser submetidos
a programas de manutenção preventiva. A
manutenção tem os objetivos principais de
garantir:
1. a continuidade operacional do
instrumento, e como resultado, do
processo
2. a precisão nominal do transmissor. Com
o tempo, o transmissor sofre desvios
que o fazem se afastar de seu
desempenho nominal e a manutenção
correta elimina estes desvios.
Calibrar e fazer manutenção do transmissor
são operações totalmente diferentes, embora
haja algumas correlações como:
1. Se um transmissor não consegue ser
calibrado, ele requer manutenção.
2. Depois de qualquer manutenção, o
transmissor necessita ser calibrado.

Apostila\Instrumentação 22Transmissor. Doc 11 DEZ 98


(Substitui 20 SET 96)

87
Indicador
como TG (temperature gauge). O elemento
1. Conceito sensor do indicador de temperatura pode ser o
bimetal, o enchimento termal, a resistência
O indicador é o instrumento que sente a elétrica e o termopar. As escalas possuem
variável do processo e apresenta o seu valor unidades de oC e K.
instantâneo. É freqüentemente chamado de O indicador de vazão é também chamado
medidor, receptor, repetidor, gauge, mas estes de rotâmetro. Na prática, se chama de
termos são desaconselháveis por serem rotâmetro apenas o indicador de vazão de área
ambíguos e imprecisos. Indicador específico de variável. O símbolo FG significa visor de vazão
pressão é chamado de manômetro; de (flow glass) e é usado em sistemas onde se
temperatura é chamado de termômetro e o de quer verificar a presença da vazão e não
vazão, rotâmetro. Estes nomes também não necessariamente o seu valor, como na medição
são recomendados, embora sejam muito de nível com borbulhamento de gás inerte. O
usados. O recomendado é chamar elemento sensor de vazão mais usado é a
respectivamente de indicador de pressão, de placa de orifício; quando a escala do indicador
temperatura e de vazão. é raiz quadrática, pois a pressão diferencial
O indicador sente a variável a ser medida gerada pela placa é proporcional ao quadrado
através do elemento primário e mostra o seu da vazão. Os outros indicadores da vazão
valor através do conjunto escala + ponteiro ou estão associados à turbina, ao tubo medidor
de dígitos. magnético e ao medidor com deslocamento
O tag de um indicador da variável X é XI; positivo . As escalas possuem unidades de
de um indicador selecionável XJI. volume/tempo ou massa/tempo.
O indicador pode ser estudado Adicionalmente, a vazão pode ser totalizada e
considerando os seguintes parâmetros o valor final é indicado através de dígitos do
1. a variável medida contador. Não existe contador analógico para a
2. o local de montagem totalização da vazão.
3. o formato exterior
4. natureza do sinal
5. o tipo de indicação

2. Variável Medida
Dependendo da variável a ser indicada, há
diferenças básicas no elemento sensor, nas
unidades da escala e pode haver nomes
específicos para o indicador.
O indicador de pressão é também chamado
de manômetro. Na prática, se chama de Fig. 4. 1. Manômetro ou indicador local de pressão
manômetro apenas o indicador local de
pressão. Em algumas convenções se simboliza
o indicador local de pressão como PG
(pressure gauge). O elemento sensor do
indicador de pressão pode ser o tubo Bourdon, O indicador local de nível é chamado de
o helicoidal, o fole, a espiral, o strain gauge . As visor e possui o tag LG (level glass). A maioria
escalas possuem unidades de kgf/cm2, Pa dos sistemas de medição de nível de líquidos
(pascal) ou psig. se baseia na pressão diferencial. A escala
O indicador de temperatura é também típica para a medição de nível é de 0 a 100% ,
chamado de termômetro. Na prática, se chama sem unidade.
de termômetro apenas o indicador local de
temperatura. Em algumas convenções se
simboliza o indicador local de temperatura

88
Indicador

3. Local de Montagem ponteiro móvel e mais raramente, escala móvel


e ponteiro fixo.
Os indicadores podem ser montados em
dois lugares distintos no campo ou na sala de
controle.
Os indicadores de campo ou locais são
montados próximos ao processo, muitas vezes
diretamente na tabulação ou vaso do processo.
Os indicadores de campo normalmente são
formato grande, tipicamente circulares, que é o
formato mais resistente. Quando usados ao
relento devem ser a prova de tempo e quando
montados em locais perigosos devem possuir
classificação elétrica especial compatível com a
classificação da área.

Fig. 4. 3. Indicadores com escala vertical e horizontal


(Foxboro)

Quando a leitura é através de um número,


o indicador é digital. Ele conta os pulsos do
sinal digital e indica o valor através de dígitos
que mudam discretamente. Para cada valor da
variável medida, há um número indicado.
Atualmente já existem instrumentos
pneumáticos digitais, embora o mais difundido
seja o indicador eletrônico digital.
Fig. 4. 2. Indicador de painel (Foxboro)

Os indicadores de painel geralmente são


retangulares pois é mais fácil se fazer uma
abertura retangular numa chapa de aço do que
uma abertura circular. São tipicamente
miniaturizados e pequenos, para economia de
espaço. Para ainda maior economia de espaço
é comum se ter indicadores com 1, 2 ou 3
ponteiros, para indicar simultaneamente 2 ou 3
variáveis independentes. Para facilitar a leitura,
neste caso de leituras múltiplas, cada ponteiro Fig. 4. 4. Indicador digital de pressão (HBM)
tem uma cor diferente. O indicador de painel
possui geralmente escala vertical, percorrida
por ponteiros horizontais. Atualmente, são disponíveis indicadores
eletrônicos com barra de gráfico (bargraph),
4. Tipo da Indicação que possuem técnicas e circuitos digitais para a
manipulação do sinal, porém, com a indicação
A indicação da leitura pode ser analógica, final em forma de barra de LEDs (diodo
feita através de um posicionamento contínuo emissor de luz) como se fosse analógica.
do ponteiro na escala ou digital, através da Uma indicação digital, pelo fato apenas de
amostragem de um dígito. ser digital não é necessariamente mais precisa
O instrumento analógico usa um fenômeno ou confiável que uma indicação analógica.
físico para indicar uma outra grandeza, por Decididamente é mais fácil fazer uma leitura
analogia. Ele mede um sinal que varia digital do que uma com ponteiro-escala, se
continuamente e como conseqüência, a cansa menos e há menor probabilidade de
posição do ponteiro varia continuamente cometer erros quando se fazem inúmeras
assumindo todas as posições intermediários leituras digitais. A precisão e a confiabilidade
entre o 0 e 100%. Pode-se ter escala fixa e dependem ainda da qualidade dos

89
Indicador

componentes, do projeto, do mecanismo, da


calibração e de vários outros fatores.
Os indicadores de painel normalmente são
montados em estantes apropriadas que já
possuem conectores pneumáticos e eletrônicos
de encaixe rápido para facilitar a substituição
para a manutenção.
Na eletrônica são comuns as indicações
através de LEDs e quartzo liquido. Atualmente.
há pesquisa e desenvolvimento com
tecnologias baseadas na ionização de plasma
e fluorescência no vácuo. O objetivo final de
qualquer projeto é a obtenção de uma
indicação visível à distância e de pequeno
consumo de energia elétrica.
Nos sistemas com computador digital, as Fig. 4. 6. Escalas de indicação
indicações são feitas através de monitores de
vídeo e as telas também simulam as escalas
dos instrumentos, com leituras analógicas. Na medição de qualquer quantidade se
escolhe um instrumento pensando que ele tem
o mesmo desempenho em toda a faixa. Na
prática, isso não acontece, pois o
comportamento do instrumento depende do
valor medido. A maioria dos instrumentos tem
um desempenho pior na medição de pequenos
valores. Sempre há um limite inferior da
medição, abaixo do qual é possível se fazer a
medição, porém, a precisão se degrada e
aumenta muito.
Por exemplo, o instrumento com precisão
expressa em percentagem do fundo de escala
tem o erro relativo aumentando quando se
diminui o valor medido. Para estabelecer a
Fig. 4. 5. Transmissor e indicador de pressão (Foxboro) faixa aceitável de medição, associa-se a
precisão do instrumento com sua
5. Rangeabilidade da Indicação rangeabilidade. Por exemplo, a medição de
vazão com placa de orifício, tem precisão de
Tão importante quanto à precisão e ±3% com rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a
exatidão do instrumento, é sua rangeabilidade. precisão da medição é igual ao menor que 3%
Em inglês, há duas palavras, rangeability e apenas nas medições acima de 30% e até
turndown para expressar aproximadamente a 100% da medição. Pode-se medir valores
extensão de faixa que um instrumento pode abaixo de 30%, porém, o erro é maior que ±
medir dentro de uma determinada ,3%. Por exemplo, o erro é de 10% quando se
especificação. Usamos o neologismo de mede 10% do valor máximo; o erro é de 100%
rangeabilidade para expressar esta quando se mede 1% do valor máximo.
propriedade.
Para expressar a faixa de medição
adequada do instrumento define-se o
parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade é a
relação da máxima medição sobre a mínima
medição, dentro uma determinada precisão.
Na prática, a rangeabilidade estabelece a
menor medição a ser feita, depois que a
máxima é determinada. A rangeabilidade está
ligada à relação matemática entre a saída do
medidor e a variável medida. Instrumentos
lineares possuem maior rangeabilidade que os
medidores quadráticos (saída do medidor
proporcional ao quadrado da medição).
Fig. 4.7. Precisão em percentagem do fundo de escala

90
Indicador

Não se pode medir em toda a faixa por que Mesmo assim, o registrador possui também a
o instrumento é não linear e tem um escala auxiliar de indicação. A indicação
comportamento diferenciado no início e no fim correta do registrador é dada pela posição da
da faixa de medição. Geralmente, a dificuldade pena em relação a escala do gráfico.
está na medição de pequenos valores. Um O indicador pode possuir alarme,
instrumento com pequena rangeabilidade é normalmente acionado pela posição do
incapaz de fazer medições de pequenos ponteiro.
valores da variável. A sua faixa útil de trabalho
é acima de determinado valor; por exemplo, 7. Serviços Associados
acima de 10% (rangeabilidade 10:1), ou de
33% (3:1). O indicador deve ser especificado,
Em medição, a rangeabilidade se aplica montado, calibrado, operado e mantido de
principalmente a medidores de vazão. Sempre modo a apresentar as leituras corretas e com a
que se dimensiona um medidor de vazão e se precisão determinada pelo fabricante. Para a
determina a vazão máxima, automaticamente especificação do indicador, devem ser
há um limite de vazão mínima medida, abaixo considerados os seguintes parâmetros:
do qual é possível fazer medição, porém, com 1. a variável do processo associada,
precisão degradada. 2. o elemento sensor, que é função da
Em controle de processo, o conceito de variável, da faixa de medição, do fluido
rangeabilidade é também muito usado em e das condições de operação e
válvulas de controle. De modo análogo, define- segurança do processo.
se rangeabilidade da válvula de controle a 3. a faixa calibrada, importante para a
relação matemática entre a máxima vazão definição do elemento sensor e da
controlada sobre a mínima vazão controlada, escala,
com o mesmo desempenho. A rangeabilidade 4. a escala, com os valores mínimo e
da válvula está associada à sua característica máximo, o formato e a unidade da
inerente. Na válvula linear, cujo ganho é variável,
uniforme em toda a faixa de abertura da 5. a plaqueta gravada, com a indicação
válvula, sua rangeabilidade é cerca de 10:1. Ou útil para o operador,
seja, a mesma dificuldade e precisão que se 6. a identificação da malha (tag),
tem para medir e controlar 100% da vazão, tem 7. o tipo de montagem campo, painel,
se em 10%. A válvula de abertura rápida tem superfície, tubo de 2" ou pedestal
uma ganho muito grande em vazão pequena, (yoke).
logo é instável o controle para vazão baixa. 8. o local de montagem e como
Sua rangeabilidade vale 3:1. A válvula com conseqüência, a classificação elétrica e
igual percentagem, cujo ganho em vazão baixa mecânica do invólucro.
é pequeno, tem rangeabilidade de 100:1. 9. as opções extras, com alarme,
acabamento especial, proteção contra
6. Associação a Outra Função sobrefaixa.
A montagem do indicador deve ser feita
A indicação é uma função passiva e sua conforme a literatura recomendada do
malha é aberta. A indicação pode estar fornecedor, dos diagramas do projeto e das
associada com as outras funções, como a normas existentes.
transmissão, o controle, o registro e a Para que a leitura fornecida pelo indicador
totalização. seja confiável, é necessário que ele seja
O transmissor a balanço de movimento é calibrado, antes da montagem (mesmo que já
naturalmente um indicador local da variável venha calibrado de fábrica) e periodicamente,
transmitida. Há transmissores que possuem o depois que entra em operação. Os períodos de
indicador do sinal de saída e como calibração são determinados principalmente
conseqüência a indicação indireta da variável pelos seguintes parâmetros:
transmitida. 1. recomendação do fabricante,
Toda malha de controle a realimentação 2. classe de precisão do indicador
negativa requer a indicação da variável medida 3. agressividade do meio onde está
e do ponto de ajuste. Quando o controlador é montado
disponível na arquitetura modular, com a 4. penalidade pela não conformidade da
estação de leitura e separada do controlador indicação
cego, a indicação fica somente na estação de A calibração do indicador pode também ser
leitura. determinada e requerida pelo pessoal da
O registrador é naturalmente um indicador operação, quando há desconfiança ou certeza
onde a escala é o gráfico e o ponteiro é a pena. de que a sua indicação não é confiável.

91
Indicador

Calibrar um indicador significa


1. simular a variável medida
2. medi-la com um padrão rastreado
3. comparar o valor do padrão com o
indicado pelo instrumento
Quando necessário, deve-se ajustar a
posição do ponteiro na escala, de modo que a
indicação fique conforme um padrão de
referência, dentro dos limites de tolerância
estabelecidos pela precisão do indicador.
O ajuste do indicador consiste na atuação
nos mecanismos de zero, largura de faixa,
balanço ou linearidade (quando há interação
entre zero e largura de faixa) e angularidade
(se balanço de movimentos).
Operar um indicador é fazer a sua leitura
periodicamente. Quando o operador perceber
alguma anormalidade no indicador, ele deve
requerer um instrumentista para fazer a sua
manutenção. O indicador é retirado pelo
instrumentista e é feita a manutenção na
oficina.

92
Registrador
ocupe um terço do espaço, a área útil de
1. Introdução registro no gráfico de tira é a mesma que a do
circular (4").
O registrador é o instrumento que sente Normalmente o percurso da pena é no
uma ou muitas variáveis do processo e sentido horizontal, mas existe registrador cuja
imprime o seu valor no gráfico, de modo pena tem uma excursão vertical. O gráfico do
contínuo ou descontinuo, mas permanente. Ele registrador de painel pode ser do tipo rolo
fornece o comportamento histórico da variável. (duração de 30 dias) ou sanfonado (duração
O registro é feito através de pena com tintas de 16 dias).
em gráfico móvel. O gráfico é também Na parte superior do registrador está
chamado de carta (influencia do inglês, chart). colocada a escala, que preferivelmente deve
O tag de um registrador da variável X é ser igual a do gráfico. Quando houver mais de
XR; de um registrador multivariável UR e de um registro, o registrador continua com uma
um registrador selecionável XJR. única escala e o gráfico possui várias escalas
O registrador é diferente do instrumento em gomos diferentes. A função da escala do
chamado impressora. A impressora imprime registrador é a de dar a ordem de grandeza do
apenas os valores indicados, quando acionada registro e geralmente é de 0 a 100, linear,
ou programada. O registrador imprime os indicando percentagem. Para fins de leitura e
valores de modo automático e contínuo. de Calibração, o que deve ser lido é a posição
Atualmente, há outros mecanismos mais da pena em relação ao gráfico.
eficientes e de maior capacidade para o O registrador pode possuir as unidades de
armazenamento das informações, tais como os controle. Tem-se assim o instrumento
disquetes e as fitas magnéticas dos registrador-controlador. Ele possui um único
computadores digitais. elemento receptor, que está acoplado
O registrador pode ser estudado mecanicamente ao sistema de registro (pena)
considerando os seguintes parâmetros: e ao sistema de controle (conjunto bico-
1. a topografia palheta).
2. acionamento do gráfico
3. a pena e
4. o gráfico.

2. Topografia
Por topografia deve-se entender a forma e
o local de montagem do registrador. Em
função do formato, os registradores são
divididos em circulares e em tira.
O registrador circular possui gráfico circular
e sua caixa não necessariamente é do formato
circular. O registrador circular geralmente é
montado no campo, próximo ao processo e
ligado diretamente ao elementos primário, não
necessitando do uso do transmissor. O gráfico
possui o diâmetro externo típico de 12" e com
rotação de 24 horas ou de 7 dias. Diariamente
Fig. 5. 1. Registrador de vazão e pressão (Foxboro)
ou semanalmente o operador deve trocar o
gráfico.
O registrador montado no painel possui o
gráfico em tira. Embora o tamanho físico do
registrador de painel (largura de 4") seja menor
que o circular de campo (12" de diâmetro) e

93
Registrador

3. Acionamento do Gráfico
A pena do registrador só se move numa
direção e sua posição depende do valor da
variável registrada. para haver um registro
contínuo, o gráfico deve se mover em relação
a pena. O acionamento do gráfico é
conseguido por um motor que move
engrenagens, que por sua vez movem o
gráfico, desenrolando-o ou desdobrando-o de
um lado e enrolando-o do outro lado.
O motor de acionamento do gráfico pode Fig. 5. 2. Registrador de painel (Foxboro)
ser elétrico, mecânico ou pneumático.
No painel e em áreas seguras usam-se
motores elétricos com tensão de alimentação Há ainda os registradores de tendência ou
de 24 V ca, 110 V ca ou 220 V ca. Quando o trend recorder. São registradores que possuem
registrador é montado no campo, em área 4 penas registradoras e recebem na entrada
classificada ou em local sem energia elétrica, o até 20 sinais diferentes e independentes para
acionamento do motor deve ser através de serem registrados. Um sistema adequado de
mola mecânica; a corda deste acionamento seleção escolhe 4 entradas particulares e as
pode durar cerca de uma semana. registra simultaneamente. Este tipo de
Alternativamente o registrador com registrador faz o registro contínuo de
acionamento elétrico pode ser montado em multipontos e é muito útil em partidas de
área classificada, porém, deve ter a unidades ou testes, quando se está
classificação elétrica compatível com o grau de interessado na tendência e na variação das
perigo do local. grandezas apenas durante o transiente.
O gráfico pode ser acionado e movido em O registrador de painel geralmente é
diferentes velocidades. A velocidade mais montado em estante apropriada e ocupa duas
comum para o registrador retangular de painel posições, quando o movimento da pena é
é de 20 mm/hora, considerada lenta. Em horizontal; ele ocupa uma única posição
partida de unidades, em laboratórios, em quando a pena se movimenta verticalmente.
plantas piloto, em demonstrações didáticas e A pena pode ter formato em V ou em caixa
na sintonia do controlador é desejável uma (box). A pena V requer a coloco freqüente da
velocidade maior. Tipicamente há durações de tinta. Na pena tipo caixa, o período de
gráficos circulares desde 1 minuto até 30 dias. colocação de tinta é maior. Como isso não é
muito pratico, atualmente a maioria dos
registradores usa o sistema de tubo capilar. A
4. Penas tinta é acondicionada em pequeno
O registrador contínuo possui de 1 a 4 reservatório e um sistema de tubo capilar a
penas de registro. Quando o registrador possui leva para a pena. Deve-se tomar cuidado
mais de uma pena, os tamanhos e os modelos especial com estes registradores durante seu
destas penas são diferentes, para que não transporte para manutenção. No inicio da
haja interferência mútua dos registros. Isto operação é necessário se apertar o
deve ser considerado ao se especificar as reservatório de tinta - com cuidado - de modo
penas de reposição especificar a posição da que se encha todo o capilar de tinta, expulse
pena em questão externa, intermediária, as bolhas de ar e a tinta chegue até a pena. É
interna, primeira, segunda. uma boa idéia colocar um pedaço de papel
O registrador multiponto possui uma única absorvente debaixo da pena quando se faz
pena ou dispositivo impressor associado a um esta operação para prevenir borrões.
sistema de seleção de entradas. Há um O registrador de painel deve ser montado
sistema de varredura das entradas, de modo na posição horizontal, preferivelmente. Existem
que todas as leituras são lidas e registradas, inclinações máximas permissíveis, além das
uma de cada vez, consecutivamente e numa quais não há registro.
ordem bem estabelecida. Para identificar a As cores das penas são iguais as cores da
entrada ou a variável registrada, usam-se tinta de registro. As tintas não devem ser
cores de tintas diferentes ou então o próprio misturadas, pois a cor da mistura é totalmente
dispositivo impressor possui diferentes marcas diferente da cor dos componentes, e.g., o
de identificação. verde misturado com o vermelho dá o marrom.
O movimento da pena é linear, no
registrador de painel com gráfico de tira e é um

94
Registrador

arco de circulo, no registrador com gráfico usa coordenadas cartesianas, geralmente


circular. retangulares com as linhas retas se cruzando
perpendicularmente. Quando pelo menos uma
das linhas de referência é um arco de circulo,
as coordenadas são curvilíneas. De pouco
uso, porém existentes, são as coordenadas
polares uma distância e um ângulo.

Fig. 5.3. Registrador microprocessado (Yokogawa)

(a) Rolo (b) Sanfonado


Opcionalmente o registrador de painel Fig. 5.4. Enrolamento do gráfico
possui uma lâmpada piloto e contatos de
alarme acionados fisicamente pela posição da
pena. O conhecimento do alarme consiste em
abrir a porta do registrador. Existe uma grande quantidade de gráficos
diferentes. As diferenças estão no tamanho
5. Gráficos físico, no tamanho da área útil de registro, nas
escalas, nos furos de fixação, no sistema de
O registro das variáveis, feito pela pena, é enrolamento.
conservado no gráfico. O gráfico deve ser de Para a especificação correta de um gráfico
papel absorvente, de boa qualidade, de modo deve se fornecer
que não estrague nem entupa a pena. O nome do fabricante do registrador.
traçado deve ser contínuo, nítido e sem borrão. Obviamente o fabricante do registrado fornece
A analise do registro da variável pode gráficos somente para uso em instrumentos de
indicar o horário dos distúrbios do processo. sua marca. Mesmo que a escala seja a
Para isso, assume-se que o gráfico esteja mesma, as dimensões do gráfico e da área útil
corretamente instalado, ajustado para o tempo de registro sejam idênticas, pode haver
real do dia e que o registrador esteja calibrado. diferenças na função lateral, no sistema de
A tinta deve fluir pela pena, de modo acionamento. Normalmente os fabricantes de
contínuo, conseguido pela pressão mecânica registradores fornecem inicialmente uma
adequada entre a pena e o gráfico. Se a quantidade de gráficos suficiente para 6 meses
pressão da pena é excessiva pode haver de operação.
rasgos no gráfico e desgaste excessivo da formato e tipo de acionamento. Há gráficos
pena, se é insuficiente, pode haver circulares de 10" e 12" de diâmetro e gráficos
deslizamentos e saltos da pena. em carta tipo rolo ou sanfonado, de 4".
O comprimento de um gráfico de tira varia faixa de medição. Deve-se informar a faixa
de 30 a 70 metros de comprimento. ou as diferentes faixas e suas características
Normalmente o de rolo tem o dobro do matemáticas. Por exemplo, 0-100 uniforme ou
tamanho do gráfico sanfonado. O último meio linear, 0 a 10 raiz quadrática. Quando se trata
metro do gráfico de tira, quando faltam cerca do registro da temperatura, o tipo da curva,
de 18 horas de registro, é marcado com uma além da faixa de medição. Por exemplo, RTD
faixa vermelha, para advertência da de Pt, termopar tipo J, K.
proximidade da troca do gráfico.
O gráfico possui duas coordenadas o valor
registrado da variável e o tempo. O movimento
da pena é linear em uma direção, normalmente
transversal. O movimento mecânico do gráfico
é regular e longitudinal. A maioria dos gráficos

95
Registrador

6. Associação a Outra Função 3. a montagem tubo 2", painel, estante


especial, ângulo de inclinação.
O registro é uma função passiva que 4. o número e o tipo das penas, de
armazena os valores históricos da variável do acordo com o número das variáveis
processo. A malha de registro é aberta, registradas 1 a 4 penas continuas ou 6,
iniciada no elemento sensor, ligado ao 12 ou 24 pontos
processo e terminada no registrador. 5. o acionamento do gráfico elétrico
O registrador ligado diretamente ao (tensão e freqüência), e mecânico
processo pode alojar a unidade de controle (duração da corda),
automático. No painel, as funções de controle 6. o enrolamento do gráfico,
e de registro são sempre independentes e 7. a escala do registrador valor e tipo
executadas por instrumentos separados. (faixa de medição, linear, raiz
O registrador pode ter, opcionalmente, os quadrática),
contatos elétricos para alarme, que são 8. a escala do gráfico valor e tipo (faixa
acionados pela posição da pena e podem ser de medição, marcação do tempo,
atuados pelo valor mínimo, máximo ou dupla, tripla, linear),
diferencial. Cada pena possui os seus contatos 9. a plaqueta gravada dados úteis para o
de alarme independentes. operador do processo, como a
O gráfico do registro da vazão instantânea correspondência das penas com as
pode ser utilizado para a sua totalização. A variáveis registradas.
partir do registro da pressão diferencial 10. a identificação das malhas, como TR
proporcional ao quadrado da vazão pode-se 2O4.
determinar a quantidade total da vazão, numa 11. o suprimento de gráfico e de tinta,
operação manual ou através do planímetro. 12. as opções extras, como alarme,
Embora raro, é possível se associar a iluminação interna, acabamento
transmissão ao registrador local. especial, unidade de controle,
contador-integrador.
13. a classificação mecânica do invólucro
e classificação elétrica, se há
alimentação elétrica e se a área é
perigosa.
A montagem do registrador deve seguir as
instruções do fabricante, os diagramas de
ligação do projeto detalhado e as normas
existentes.
O pessoal da operação é responsável pela
leitura dos registros, pelo armazenamento
organizado dos gráficos para consulta
posterior, pelo enchimento ou troca dos
recipientes de tinta e pela troca dos gráficos.
Quando os gráficos são usados para a
totalização, via planímetro, o pessoal da
operação se responsabiliza por esta tarefa.
A calibração do registrador deve ser feita
pelo instrumentista. Calibrar um registrador é
verificar se o sinal de entrada correspondente.
Quando estiver fora, o registrador deve ser
Fig. 5.5. Registrador com ações de controle (Foxboro) ajustado. Ajustar o registrador é posicionar
pena em relação ao gráfico (e não em relação
7. Serviços Associados a escala do registrador) de conformidade com
os sinais de entrada.
O registrador deve ser especificado,
montado, operado e mantido de modo correto,
para que não se danifique e que registro os
valores das variáveis com o mínimo erro
especificado pelo fabricante.
Na especificação do registrador, devem ser
conhecidos os seguintes parâmetros:
1. a variável do processo P, T, F, L.
2. o elemento sensor desejado

96
Computador de Vazão
principalmente dispositivos digitais que podem
1. Conceito ser classificados em dois tipos
1. programável, que faz quase qualquer
O computador de vazão é projetado para a cálculo desejado que está programado
solução instantânea e contínua das equações nele e
de vazão dos elementos geradores de pressão 2. pré-programado ou dedicado, que
diferencial (placa, venturi, bocal) e dos manipula apenas uma aplicação
medidores lineares de vazão (turbina, medidor selecionada.
magnético, vortex). O computador de vazão
recebe sinais analógicos proporcionais à 2. Programáveis
pressão diferencial, temperatura, pressão
estática, densidade, viscosidade e pulsos As unidades programáveis são os
proporcionais à vazão e os utiliza para computadores de vazão mais avançados do
computar, totalizar e indicar a vazão mercado. Eles custam mais, quando
volumétrica compensada ou não-compensada comparados com os computadores dedicados.
e a vazão mássica. Dependendo da programação, eles calculam a
vazão de gases ou líquidos usando as
equações da AGA, API (American Petroleum
Fig. 6.1. Aplicação típica de computador de vazão Institute e outras relações. Eles também fazem
cálculos de vazão volumétrica. A
compensação, de massa , molar e media,
A vazão instantânea e a sua totalização energia, BTU, eficiência, trabalham com níveis
são indicadas nos painéis frontais do de tanque, manipulam vazões em canais
computador de vazão, na forma de indicadores abertos, executam o algoritmo de controle PID,
digitais, contadores eletromecânicos ou fazem cálculos de transferência de custódia e
eletrônicos. O computador provê ainda saídas muitas outras coisas.
analógicas e contatos de reles para fins de
controle e monitoração da vazão.
O computador de vazão é um instrumento a
base de microprocessador que pode ser
montado em painel da sala de controle ou
diretamente no campo, onde é alojado em
caixa para uso industrial, com classificação
mecânica do invólucro à prova de tempo e,
quando requerido, com classificação elétrica
da caixa à prova de explosão ou à prova de
chama.
O computador é programado e as
constantes são entradas através de um
teclado, colocado na frente ou no lado do
instrumento. Fig. 6. 2. Totalizador de vazão (Foxboro)
Os computadores de vazão sofreram uma
grande evolução, desde o seu lançamento no 3. Dedicado
mercado, no inicio dos anos 1960. Eles foram
originalmente projetados para manipular as Os computadores de vazão dedicados são
equações da AGA (American Gás Association) relativamente mais simples, mais fáceis de
para vazão mássica de gás e foram usar, montados no campo e mais baratos que
construídos em torno de multiplicadores, os programáveis. Como desvantagem, eles só
divisores e extratores de raiz quadrada. fazem uma tarefa, manipulam apenas uma
Atualmente, os computadores são malha e sua capacidade gráfica é limitada.
Tipicamente, eles computam as vazões de

97
Computador de Vazão

gases ou líquidos baseados nas várias


equações AGA ou API. Alguns, porém,
calculam vazões de vários estados de vapor e
outros são dedicados a cálculos de vazão para
canais abertos, vertedores e calhas.
Muitos destes computadores são
reprogramáveis . Porém, o programa pode ser
modificado no campo pelo operador, que
responde a perguntas do seu menu.

Fig. 6.3. Computador, com bateria solar (Daniel)

4.2. Vazão de gás com compensação


Como os gases são compressíveis, é
necessário fazer a compensação da pressão
Fig. 6.3. Computador de vazão e sinais de estática e da temperatura do processo. Nesta
entrada e saída aplicação, o computador recebe três sinais
analógicos
o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de
vazão, proporcional ao quadrado da vazão
medida,
4. Aplicações Clássicas o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de
pressão, proporcional à pressão absoluta
estática do processo. Mesmo que seja usado o
4.1. Vazão de liquido valor da pressão absoluta, normalmente se usa
um transmissor de pressão manométrica e
Quando usado com a placa de orifício, o acrescenta-se 1 kgf/cm2 de polarização.
computador recebe o sinal analógico de 4 a 20 o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de
mA cc do transmissor de vazão d/p cell, temperatura, proporcional à temperatura
proporcional ao quadrado da vazão medida, absoluta do processo. Opcionalmente, pode-se
lineariza-o, extraindo a raiz quadrada e o recebe o sinal de resistência de um RTD ou a
escalona em unidade de engenharia. militensão de um termopar. Também deve ser
Como os líquidos com composição usado o valor da temperatura absoluta, em K;
constante são considerados não basta somar 273,2 à escala Celsius.
compressíveis, não se é necessária a opcionalmente, pode receber o sinal de 4 a
compensação da pressão e da temperatura e a 20 mA cc de um transmissor de densidade,
vazão é proporcional à raiz quadrada da para corrigir a densidade do gás.
pressão diferencial, ΔP. O computador executa a seguinte equação:

Q=C ΔP
Δp × p
Q=C
Esta constante C é calculada dos dados T×G
relacionados com o tipo do fluido e dos
parâmetros mecânicos da instalação do Se a densidade relativa do gás é
medidor, tais como beta da placa, faixa do aproximadamente constante com o tempo, um
transmissor, tipo de tomadas da pressão fator médio 1/G pode entrar como parte da
diferencial. Esta constante é colocado no constante C
computador como um fator do sistema digital e
escalona a saída para a unidade de vazão
desejada.

98
Computador de Vazão

4.3. Sistema com 2 transmissores e 5. Seleção do Computador


uma placa
Quando selecionando um computador de
Existem computadores de vazão duais que vazão, deve-se primeiro decidir o que o
podem receber sinais de sistemas de medição computador vai fazer, se é necessário um
de vazão com uma placa e dois transmissores instrumento de precisão ou um sistema de
ou com duas placas e dois transmissores. controle, lembrando-se que o controle preciso
É comum se usar dois transmissores começa com uma medição precisa e de alta
associados a uma única placa de orifício para resolução. A resolução do computador de
aumentar a rangeabilidade da medição; por vazão é dada pelo número de bits de seu
exemplo, um calibrado de 0 a 20" c.a. e o outro conversor A/D, por exemplo um computador
de 0 a 200" c.a. O computador de vazão com conversor de 18 bits possui resolução de
seleciona automaticamente a pressão 0,01%. Porém, quando se considera a
diferencial correta e aplica o fator de precisão, deve-se tomar o elo mais fraco do
escalonamento certo. Quando a vazão sobe, o sistema, o elemento sensor de vazão. A
chaveamento para o transmissor de 200" precisão do sistema nunca ficará melhor que a
ocorre em 98% da faixa do transmissor de 30"; do sensor do sistema, mesmo com conversor
quando a vazão desce, o chaveamento para o A/D de 18 bits.
transmissor de 20" se dá em 96% desta faixa. Também deve se considerar a necessidade
Esta diferença de chaveamento é para evitar a da compensação de pressão, temperatura,
oscilação contínua entre os dois transmissores, densidade e/ou viscosidade e quais os
quando a vazão estiver marginalmente próxima sensores e transmissores usados para as
do fundo de escala do transmissor de 20". medições destas variáveis.
As questões que devem ser consideradas
acerca do computador de vazão são
FQI Desempenho da medição resolução,
capacidade de linearização, indicação da vazão
instantânea, totalização, alarme,
intertravamento, pré-determinação.
FY Condições ambientais e local de montagem
2
sala de controle, que é um ambiente excelente
ou no campo, que requer caixa à prova de
tempo e se for área classificada, requer uma
classificação elétrica especial.
Quantidade de malhas manipuladas
FT1-
possibilidade de se usar um computador de
1 FT2- TT vazão com canal dual.
PT
1 Tipos de sinais de entrada e saída
analógicos eletrônicos de 4 a 20 mA cc e
FE TW+TE pneumáticos de 3 a 15 psig, sinal de
resistência elétrica (RTD) e militensão de
termopar, militensão de tubo magnético de
Fig. 6.4. Sistema com uma placa e dois transmissores de
vazão, ou sinal de freqüência (turbina, vortex,
vazão
deslocamento positivo, ultra-sônico).
Possibilidade de saída analógica para uso em
4.5. Vazão de massa de gás outro equipamento.
Qualquer gás pode ser medido em termos Comunicações definir a metodologia de
de sua massa ou peso, usando-se a entrada de contatos de entrada/saída, sinais analógicos,
um medidor de densidade do gás, corrigindo-se sinais de pulso, portas de comunicação, por
a compressibilidade e a composição do gás. exemplo serial RS 232 C, RS 422 .
Interfaces de comunicação definir os tipos
de interfaces para Controlador Lógico
W = k Δp Programável, para Sistemas Digitais de
Controle Distribuído, para impressoras .
Aplicações definir as equações
matemáticas a serem executadas como da
AGA-3, AGA-5, AGA-7, ANSI/API 2530,
ANSI/API 2540, NX-19, ISO 5167, NIST 1045 e
equações de vapor ASME 9.2.

99
Computador de Vazão

Software entrada da configuração simples Há três métodos básicos para medir as


de somente alguns parâmetros. As áreas planas de registros de vazões
modificações podem ser feitas pelo usuário ou instantâneas:
apenas pelo fabricante. 1. cálculo matemático,
Serviço no campo partida do sistema, 2. método do corte e peso e
reparo no campo e disponibilidade de peças de 3. método do planímetro.
reposição.
6.2. Cálculo matemático ou
6. Planímetro aritmético
Muitas indústrias armazenam os gráficos Embora lento, o cálculo aritmético funciona
com os registros permanentes dos valores bem, quando são envolvidas áreas de formato
instantâneos da vazão para a observação regular, como o quadrado, retângulo, triângulo
visual das vazões instantâneas e das suas e círculo.
tendências, para fins de cobrança e para Quando a figura é mais complicada, como
levantamento de balanços. A totalização da o trapézio, ou composta de várias outras
vazão pode ser obtida ou por cálculos manuais regulares, como o retângulo com extremidades
ou através do planímetro. circulares, demora-se mais, pois ela deve ser
subdividida em figuras regulares e suas seções
são avaliadas separadamente e somadas ao
6.1. Histórico
final.
O planímetro é um instrumento de precisão Quando a figura é completamente irregular,
usado para a avaliação rápida e exata de áreas é necessário subdividir a área em quadrados
planas de qualquer formato ou contorno. Na de tamanho conhecido. Os quadrados devem
medição de vazão, o planímetro é usado ser contados e as seções dos quadrados
especialmente para totalizar a vazão, a partir estimados em tamanho e somadas. Neste
de registros da vazão instantânea, da pressão caso, não é mais eficiente usar o método do
estática e da temperatura em gráficos cálculo matemático, pois o método seria muito
circulares ou de tira. A integração pode ser feita lento e impreciso.
por um planímetro de mesa operado
manualmente, automaticamente ou por um 6.3. Método do corte e peso
sistema incluindo um computador pessoal.
O primeiro planímetro foi desenvolvido pelo As áreas a serem calculadas devem ser
matemático suíço James Laffon, em 1854. Ele cortadas com uma tesoura, colocadas em uma
chamou-o de "Integrador Scheiben". balança de precisão e pesadas. O peso total é
Trabalhando de modo independente, o dividido pelo peso de um pedaço do mesmo
professor austríaco A. Miller Hauenfels material de tamanho conhecido.
inventou o planímetro polar, em 1855. Este método é lento, destrutivo e impreciso.
Os fabricantes mais conhecidos são: LASICO Pequenas variações na umidade do ar
(Los Angeles Scientific Instrument Co.), Flow ambiente pode alterar significativamente o peso
Measurement (Tulsa, OK), UGC Industries e do material, provocando grandes erros. Uma
Ott. balança de precisão é tão cara e difícil de ser
obtida quanto um planímetro.

6.4. Método do planímetro


O método do planímetro é o mais
profissional, rápido, preciso, eficiente e
consistente método para medir áreas planas.
Não se requer nenhuma habilidade matemática
para operar um planímetro, simplesmente
deve-se seguir o contorno da área com um
traçador e o resultado é diretamente indicado,
por contadores digitais, mecânicos ou
eletrônicos.
Atualmente, os planímetros possuem várias
funções, como as de:
1. computação automática da área na
escala e unidade corretas,
Fig. 6.5. Planímetro para gráfico circular (Lasico) 2. processamento dos resultados através
de calculadoras embutidas,

100
Computador de Vazão

3. programação para qualquer relação de 6.6. Seleção e Especificação do


escala plausível, Planímetro
4. acumulação de resultados na memória,
para processamento posterior, A seleção e especificação do planímetro
5. conversão rápida entre unidades de incluem:
vários sistemas, 1. formato e tamanho do gráfico, circular de
6. programação para medições em 10", circular de 12", tira de 4" tipo rolo,
volume (m3, ft3) ou $/volume. tira de 4" tipo sanfona.
A precisão típica do planímetro é de ±0,1 a 2. relação matemática da saída com
±0,5% do fundo de escala. relação a vazão: linear, quadrática.
3. tipo do totalizador/contador, mecânico ou
6.5. Gráficos Circulares Uniformes eletrônico, com ou sem escalonador.

Os gráficos uniformes são divididos em


segmentos iguais, entre o raio interno e o
externo. Ao longo de um arco sobre o qual a
pena registrou, os gráficos podem ser
marcados em percentagem do fundo de escala
ou em unidades das variáveis medidas, como
oC, psia, m3/h.)

Fig. 6.6. Planímetro para gráfico de tira

Para um planímetro que integra


radialmente, deve-se usar um fator de
correção, porque o planímetro radial considera
as distancias radiais médias e os gráficos
uniformes empregam incrementos iguais ao
longo do arco. Este fator pode ser obtido de
curvas disponíveis na literatura técnica.
A não ser que as pressões diferencial e
estática permaneçam constantes ou seja usado
um extrator de raiz quadrada, os planímetros
radiais não devem ser usados para achar a
média dos registros das pressões diferencial e
estática. Nos cálculos deve-se achar a média
da raiz quadrada e não a raiz quadrada da
média.

101
Controlador
medição é indicada na escala principal do
1. Conceito controlador.
O principal componente da malha de
controle é o controlador, que pode ser
2.2. Ponto de Ajuste
considerado um amplificador ou um Quanto ao ponto de ajuste, há três modelos
computador. de controladores
O controlador automático é o instrumento 1. com o ponto de ajuste manual,
que recebe dois sinais a medição da variável e 2. com o ponto de ajuste remoto,
o ponto de ajuste, compara-os e gera 3. com o ponto de ajuste manual ou
automaticamente um sinal de saída para atuar remoto.
a válvula, de modo a diminuir ou eliminar a O controlador com o ponto de ajuste manual
diferença entre a medição e o ponto de ajuste. possui um botão na parte frontal, facilmente
O controlador detecta os erros infinitésimas acessível ao operador de processo, para que
entre o valor da variável de processo e o ponto ele possa estabelecer manualmente o valor do
de ajuste e responde, instantaneamente, de ponto de referência. Quando o operador aciona
acordo com os modos de controle e seus o botão, ele posiciona o ponteiro do ponto de
ajustes. O sinal de saída é a função ajuste na escala e gera um sinal de mesma
matemática canônica do erro entre a medição e natureza que o sinal da medição.
o valor ajustado, que inclui as três ações de
controle proporcional, integral e derivativa. A
combinação dessas três ações e os seus ajuste
adequados são suficientes para o controle
satisfatório e aceitável da maioria absoluta das
aplicações práticas.

2. Componentes Básicos
Para executar estas tarefas, o controlador
deve possuir os seguintes blocos funcionais
1. a medição,
2. o ponto de ajuste
2. a comparação
3. a geração do sinal de saída
4. a atuação manual opcional
5. a fonte de alimentação
6. as escalas de indicação

2.1. Medição
No controlador a realimentação negativa, a Fig. 7. 1. Controlador analógico de painel (Foxboro)
variável controlada sempre deve ser medida. O
controlador pode estar ligado diretamente ao
processo, quando possui um elemento sensor
determinado pela variável medida. O O controlador com o ponto de ajuste
controlador de painel recebe o sinal padrão remoto não possui nenhum botão na parte
proporcional a medição do transmissor e deve frontal. O sinal correspondente ao ponto de
possuir circuitos de entrada que condicionam o ajuste entra na parte traseira do controlador e é
sinal de medição. O controlador pneumático indicado na escala principal. O sinal pode ser
possui o fole receptor de 3 a 15 psig e o proveniente da saída de outro controlador ou
controlador eletrônico possui o circuito de uma estação manual.
receptor, que pode ser a ponte de Wheatstone,
o galvanômetro, o circuito potenciométrico. A

102
Controlador

O controlador com os pontos de ajuste 2.4. Unidade de Balanço Automático


remoto e local possui um botão para o
operador estabelecer manualmente o ponto de A maioria dos controladores com a estação
ajuste e recebe o ponto de ajuste remoto. manual possui a estação de balanço
Ambos os sinais são indicados na escala automático que permite a passagem de
principal. O controlador possui também a chave automático para manual e vice versa, de modo
seletora R/L (remoto-local) do ponto de ajuste. contínuo, sem provocar distúrbio no processo e
É fundamental que a medição e o ponto de sem a necessidade de se fazer o balanço
ajuste sejam de mesma natureza, ambos manual da saída do controlador. Erradamente
pneumáticos, mecânicos, de corrente ou de se pensa que esta transferência requer a
tensão elétrica, para que seja possível a igualdade entre a medição e o ponto de ajuste
comparação entre eles. O ponto de ajuste e a (?!). Quando o controlador não possui a
medição são indicados na mesma escala estação de transferência automática, o
principal do controlador e a posição relativa dos operador deve garantir que o sinal inicial da
ponteiros fornece o valor do erro entre os dois saída manual seja igual ao sinal final da saída
sinais. automática de modo que o processo não
perceba esta mudança de automático para
manual. No mínimo, o controlador possui um
dispositivo de comparação que possibilita o
balanço prévio entre os sinais de saída
automático e manual. O fundamental é não
provocar uma descontinuidade no sinal de
saída quando da transferência de automático
para manual ou manual para automático.

2.5. Malha Aberta ou Fechada


Assim que o controlador é instalado em um
processo e colocado em automático, cria-se
uma malha fechada. A saída do controlador
Fig. 7. 2. Controladores e registrador (Foxboro) afeta a medição e vice-versa. Quando este
efeito é quebrado em qualquer uma das
direções, a malha é chamada de aberta e não
2.3. Estação Manual Integral mais existe o controle a realimentação
negativa. Vários eventos podem abrir a malha
A maioria absoluta dos controladores fechada a realimentação negativa
possui a estação manual de controle 1. a colocação do controlador em manual.
integralizada ao seu circuito. Sob o ponto de Isto causa a saída se manter constante,
vista do controle, as situações mais comuns mesmo que haja variação da medição,
que requerem a intervenção manual do a não ser que o operador a modifique.
operador de processo são 2. a falha do sensor ou do transmissor.
1. na partida do processo, quando a Isto elimina a habilidade do controlador
banda proporcional é menor que 100%. observar a variável controlada.
Neste caso, quando a medição está em 3. a saturação da saída do controlador em
0% e o ponto de ajuste está acima de 0 ou 100% da escala. Isto elimina a
50%, a variável controlada está fora da habilidade do controlador atuar no
banda proporcional. processo.
2. quando o processo entra em oscilação, 4. a falha do atuador da válvula, por
ou seja, quando o ganho da malha causa de atrito ou falha na válvula.
fechada de controle fica igual a 1. Quando uma malha de controle não está
Quando se coloca o controlador em operando corretamente, a primeira coisa a
manual, abre se a malha de controle e verificar é se a malha continua fechada. Muitas
se pode estabilizar o processo. vezes, se perde muito tempo tentando
Assim, para as partidas e emergências, o sintonizar um controlador quando o problema
controlador deve incluir um gerador de manual está em outro local da malha de controle.
do sinal de saída acionado diretamente pelo
operador do processo. Quando a saída vem do 2.6. Ação Direta ou Inversa
circuito PID, diz-se que o controlador está em
automático; quando vem do gerador manual, o O controlador possui a chave seletora para
controlador está em manual. ação direta e ação inversa. A ação direta
significa que o aumento da medição implica no

103
Controlador

aumento da saída do controlador. A ação levando o sistema para a segurança. A válvula


inversa significa que o aumento da medição está a 0% com 3 psig e a 100% com 15 psig. A
provoca a diminuição da saída do controlador. ação do controlador, como conseqüência, deve
A escolha da ação do controlador depende ser inversa quando o nível aumenta, a válvula
da ação da válvula de controle e da lógica do deve fechar mais para faze-lo diminuir e a
processo. A atuação da válvula de controle saída do controlador deve diminuir, fechando
pode ser ar-para-abrir ou ar-para-fechar deve mais a válvula.
ser escolhida em função da segurança do
processo. Tanque cheio seguro e válvula na saída.
A partir da segurança, obtida com o tanque
cheio, a válvula deve ser ar-para-abrir na falta
de ar, a válvula fecha e o tanque se enche,
levando o sistema para a segurança. A válvula
está a 0% com 3 psig e a 100% com 15 psig. A
ação do controlador, como conseqüência, deve
ser direta quando o nível aumenta, a válvula
deve abrir mais para faze-lo diminuir e a saída
do controlador deve aumentar, abrindo mais a
válvula.

Tanque cheio seguro e válvula na entrada.


A partir da segurança, obtida com o tanque
cheio, a válvula deve ser ar-para-fechar na falta
de ar, a válvula abre e o tanque se enche,
levando o sistema para a segurança. A válvula
Fig. 7. 3. Controlador pneumático de campo (Foxboro) está a 100% com 3 psig e a 0% com 15 psig. A
ação do controlador, como conseqüência, deve
ser direta quando o nível aumenta, a válvula
A regra básica para a seleção das ações do deve fechar mais para faze-lo diminuir e a
controlador e da válvula é a seguinte: saída do controlador deve aumentar, fechando
1. a partir da segurança do processo, mais a válvula.
determina-se a ação da válvula de Um controlador que é retirado da malha
controle. para a manutenção e é reinstalado pode ter
2. depois de definida a ação da válvula e sua ação de controle invertida. Muitas vezes, o
partir da lógica do processo, determina- posicionador da válvula pode reverter a
se a ação do controlador. resposta da válvula. Enfim, a ação do
Por, exemplo, seja o controle do nível de um controlador, a ação da válvula, a posição do
tanque. As alternativas são a segurança do atuador, a ação do posicionador, tudo deve ser
tanque cheio ou vazio, a ação do controlador considerado e coerente para se obter o
direta ou inversa, a atuação da válvula ar-para- controle desejado.
abrir ou ar-para-fechar e a válvula de controle
esta na entrada ou na saída do tanque.
Combinando-se estas situações, chega-se a
quatro configurações possíveis

Tanque vazio seguro e válvula na saída.


A partir da segurança, obtida com o tanque
vazio, a válvula deve ser ar-para-fechar na falta LC
de ar, a válvula abre e o tanque se esvazia,
levando o sistema para a segurança. A válvula
está a 100% com 3 psig e a 0% com 15 psig. A 100%
v
ã
ação do controlador, como conseqüência, deve 0 saída
3 15 psi
ser inversa quando o nível aumenta, a válvula
deve abrir mais para faze-lo diminuir e a saída
do controlador deve diminuir, abrindo mais a
válvula. Fig. 7.4. Ação inversa do controlador
Tanque vazio seguro e válvula na entrada.
A partir da segurança, obtida com o tanque
vazio, a válvula deve ser ar-para-abrir na falta
de ar, a válvula fecha e o tanque se esvazia,

104
Controlador

Tanque Quando nível aumenta, controlador atua na


Tanque vazio é seguro. Falta de ar, válvula válvula para abrir mais, fazendo nível diminuir
abre, tanque fica vazio, que é a condição Quando válvula abre mais, saída aumenta.
segura. Ação direta porque aumento do nível
produz aumento da saída do controlador.
Atuador da válvula (Falha Aberta) Esta é a configuração preferida para a
Ação do atuador: ar para fechar. condição de tanque cheio seguro. Outra
Com 20 kPa (3 psi) válvula aberta; com 100 configuração possível, mas que apresenta o
psi (15 psi), válvula fechada. Em caso de falha, inconveniente de demorar a encher o tanque,
válvula fica aberta. quando ele estiver vazio e necessitar ir para a
posição segura de cheio, é:
Controlador 1. Tanque cheio seguro
Ação inversa (inc/dec) 2. Ação do atuador: ar para fechar
Quando nível aumenta, controlador atua na 3. Controlador atuando na válvula de
válvula para abrir mais, fazendo nível diminuir entrada do tanque
Quando válvula abre mais, saída diminui. 4. Ação do controlador: inversa.
Ação inversa porque aumento do nível
produz diminuição da saída do controlador. 3. Especificação do
Esta configuração apresenta o Controlador
inconveniente de demorar a esvaziar o tanque,
quando ele estiver cheio e necessitar ir para a As dificuldades de controle do processo
posição segura de vazio. Por isso, a variam muito e por isso são disponíveis
configuração mais conveniente é: controladores comerciais de vários tipos e
1. Tanque vazio seguro modos de controle.
2. Ação do atuador: ar para abrir Existem características padronizadas e
3. Controlador atuando na válvula de existem aquelas especiais, fornecidas somente
entrada do tanque quando explicitamente solicitado.
4. Ação do controlador: direta. Não especificar todas as necessidades
requeridas implica em se ter um controle de
processo insatisfatório e até impossível.
Especificar o equipamento com características
extras que não terão utilidade é, no mínimo, um
desperdício de dinheiro.
Constitui também uma inutilidade a
especificação do instrumento com
características especiais, sem entende-las e
LC sem ajusta-lo de modo apropriado.

3.1. Controlador Liga-Desliga


100% ã
saída
O controlador liga-desliga é instável, por
0
3 15 psi construção, pois não possui o circuito de
realimentação negativa para diminuir seu
Fig. 7. 5. Ação direta do controlador ganho, que é, infinito. A sua construção é a
mais simples e o controlador pneumático
consiste de
Tanque 1. fole de medição
Tanque cheio é seguro. Falta de ar, válvula 2. fole de ponto de ajuste
fecha, tanque fica cheio, que é a condição 3. conjunto bico-palheta
segura. Como não se precisa estabilizar o sistema,
não se usa o fole de realimentação negativa. O
Atuador da válvula (Falha Fechada) controlador liga-desliga pode ser obtido a partir
Ação do atuador: ar para abrir. do controlador proporcional, retirando-se o
Com 20 kPa (3 psi) válvula fechada; com conjunto fole de realimentação proporcional e a
100 psi (15 psi), válvula aberta. Em caso de mola.
falha, válvula fica fechada. A saída do controlador pneumático liga-
desliga é igual a 0 psig ou 20 psig, que é o
Controlador valor da alimentação.
Ação direta (inc/inc)

105
Controlador

O controlador liga-desliga pode sofrer instrumentos. Esse assunto será tratado com
pequenas modificações que melhoram o maior rigor e cuidado nos trabalhos sobre a
desempenho do circuito convencional. Instrumentação Pneumática e sobre a
Instrumentação Eletrônica. Porém, para fixar
3.2. Controlador de Intervalo idéia e para se entender os princípios básicos,
Diferencial será visto aqui o circuito básico do controlador
proporcional. Por simplicidade e por exigir
O controlador de intervalo diferencial é menos pré-requisítos, será mostrado o
análogo ao liga-desliga, porém, em vez de ter esquema simplificado do controlador
um único ponto de referência, possui dois pneumático.
pontos de atuação um para ligar o elemento e Será admitido que seja sabido o
outro para desligar. Entre os dois pontos há um funcionamento do conjunto bico-palheta-relé
intervalo. pneumático. O conjunto bico-palheta gera um
O principal objetivo do controle de intervalo sinal pneumático padrão de 3 a 15 psig,
diferencial é evitar as operações freqüentes de proporcional a distância relativa entre o bico
partida e parada do operador final. A amplitude que sopra e a palheta que obstruí. O bico é
de oscilação é aumentada, porém, a freqüência alimentado pela alimentação pneumática de 20
de oscilação é melhorada e o elemento final de psig. O relé serve para amplificar
controle é acionado um menor número de pneumaticamente a pressão e o volume de ar
vezes. comprimido. Os foles pneumáticos exercem
A principal aplicação do controle de forças que são proporcionais aos sinais de
intervalo diferencial é em sistema de medição pressão recebidos. Assim, quando se falar do
de nível, quando não se quer o controle exato fole de medição, pode se estar referindo
do nível, mas se deseja apenas evitar que o indistintamente ao valor da medição, a pressão
tanque vaze ou fique vazio. O motor da bomba exercida no fole, ou na força exercida pelo fole.
de enchimento é ligado no nível mínimo e Foi considerado o sistema a balanço de forças,
desligado no nível máximo. Entre os dois níveis quando poderia ter sido escolhido o de balanço
o motor permanece numa situação estável de movimentos.
ligado quando estiver subindo e desligado O circuito básico do controlador pneumático
quando estiver descendo. Deste modo, o motor com ação proporcional é constituído dos
da bomba de enchimento é ligado poucas seguintes elementos
vezes. 1. fole de medição, que recebe o sinal da
medição da variável do processo
2. fole de ponto de ajuste, estabelecido
saída manualmente ou de modo remoto.
Esse fole sempre está em oposição ao
100%
fole de medição, a fim de que seja
80% detectado o erro ou o desvio entre
ambos os valores.
60%
3. conjunto bico-palheta-relé, para gerar o
40% sinal de saída do controlador.
4. A alimentação pneumática de 20 psig é
20%
aplicada ao bico, através do relé
0% pneumático.
0% 100% Temperatura
5. fole proporcional ou fole de
Banda larga realimentação negativa, que recebe o
Banda estreita sinal de saída do relé, que é a própria
saída do controlador. A finalidade do
fole proporcional é a de estabilizar o
Fig. 7. 6. Banda proporcional sistema em uma posição intermediária.
A realimentação negativa é a
3.3. Controlador Proporcional responsável pela estabilidade do
A relação matemática da saída do sistema.
controlador proporcional puro é a seguinte: 6. mola, usada para contrabalançar a
força do fole proporcional.
Normalmente a mola é ajustada para
100%
s = s0 + e prover a polarização do controlador. Ela
BP é ajustada para o controlador produzir
uma saída de 9 psig, quando o erro for
Pelo enfoque do presente trabalho, não igual a zero.
serão vistos os circuitos interiores dos

106
Controlador

7. o fulcro ou ponto em torno do qual as está realimentada ao fole proporcional, o fole


forças se equilibram. O deslocamento irá atuar até conseguir uma nova estabilização
desse ponto em torno da barra de entre a medição o ponto de ajuste. Porém,
forças é que estabelece o valor da desde que a medição se afastou do ponto de
banda proporcional do controlador. ajuste, ele volta a ficar igual a ele, porém,
Quanto mais próximo o ponto estiver diferente do valor anterior ajustado.
dos foles medição-ponto de ajuste, O controlador pneumático proporcional
mais larga é a banda proporcional, possui os três foles de medição, de ponto de
menor é o ganho e menos sensível é o ajuste e de realimentação negativa. Para
controlador. Quanto mais próximo completar o balanço das forças exercidas por
estiver o ponto de apoio do conjunto estes foles é introduzida uma quarta força fixa,
fole proporcional-mola, mais estreita é exercida por uma mola, geralmente ajustada
a banda proporcional, maior é o ganho para fornecer uma força equivalente a pressão
e mais sensível é o controlador. de 9 psi (50% de 3 a 15 psi). Como a força da
No caso extremo do fulcro estar no ponto mola é fixa, só existe um ponto para a medição
de contato dos foles de medição e de ponto de ser igual ao ponto de ajuste, que é exatamente
ajuste, o controlador não responde a nenhuma o ponto correspondente a 9 psi. Em todos os
variação; não há controle. Quando o fulcro outros pontos, o controlador consegue
coincidir com o fole proporcional e a mola, não estabilizar o processo, porém com a medição
há realimentação negativa, o sistema é instável diferente do ponto de ajuste. Este é o modo
e o controlador é liga-desliga, a ser visto físico de mostrar porque o controlador
depois. proporcional não consegue eliminar o desvio
permanente entre medição e ponto de ajuste,
exceto quando ambos são iguais a 9 psi.

3.4. Controlador Proporcional mais


Integral
A relação matemática da saída do
controlador proporcional mais integral é a
seguinte:

100% 1
Ti ∫
s = s0 + e+ edt
BP
Fig. 7. 7. Circuito pneumático com as ações de controle Raramente se utiliza a ação integral
(Foxboro) isolada. Em compensação, o controlador com
as duas ações, proporcional e integral, é
utilizado em cerca de 70% das malhas de
O fole proporcional é um dispositivo que controle de processo.
fornece a realimentação negativa ao O controlador proporcional mais integral
controlador antes que a medição o faça através possui as duas ações independentes e com
do processo. A realimentação interna do objetivos diferentes e complementares
controlador é mais rápida que a realimentação 1. a ação proporcional é estática e serve
externa do processo. O fole proporcional dosa para estabilizar o processo. Porém, a
a correção do controlador, evitando uma ação isolada é insuficiente para manter
correção exagerada para uma determinada a medição igual ao ponto de ajuste e
variação do processo. Se houvesse apenas a deixa um desvio permanente.
realimentação externa, provida pela medição 2. ação integral é dinâmica e serve para
do processo, a correção seria muito demorada eliminar o desvio permanente deixado
e sempre haveria sobrepico (overshoot) de pela ação proporcional. A ação integral
correção. é uma correção adicional e atua depois
Enquanto houver erro entre a medição e o da ação proporcional.
ponto de ajuste, os seus foles tem pressões No controlador pneumático proporcional e
diferentes e o fole de realimentação atua. integral, acrescenta-se um fole junto à mola.
Quando a medição fica igual ao ponto de Em vez de se ter uma força fixa, tem se uma
ajuste, a saída do controlador se estabiliza. força variável, que pode equilibrar as forças
Quando aparece algum erro, a saída do proporcionais às pressões da a medição, do
controlador irá também variar, para corrigir o ponto de ajuste e da realimentação negativa.
erro. Desse modo, como a saída do controlador

107
Controlador

O controlador pneumático P + I possui os até que se tenha novamente outro equilíbrio


seguintes componentes circuito entre a medição e o ponto de ajuste.
1. fole de medição,
2. fole de ponto de ajuste, em oposição ao 3.5. Controlador Proporcional mais
fole de medição, Derivativo
3. fole de realimentação negativa ou fole
proporcional, A relação matemática da saída do
4. fole integral, que se superpõe à mola e controlador proporcional mais derivativa é a
em oposição ao fole de realimentação. seguinte:
Ele também recebe a realimentação da
saída do controlador, atrasada e em 100% de
oposição ao fole proporcional. A s = so + e + Td
realimentação positiva da saída do BP dt
controlador ao fole integral é feita
através de uma restrição pneumática. No controlador pneumático proporcional e
O objetivo desta restrição ajustável é o derivativo, acrescenta se uma restrição no
de atrasar o sinal realimentada circuito de realimentação negativa. Em vez de
determinando a ação integral. Ela pode se ter uma realimentação instantânea, tem-se
ficar totalmente fechada, de modo que uma realimentação com um atraso ajustável.
ela corta a realimentação e elimina a O controlador proporcional mais derivativo
ação integral ou totalmente aberta, possui o seguinte desempenho
quando não produz nenhuma restrição, a ação proporcional estabiliza
nenhum atraso e a ação integral é a estaticamente o processo corrigindo os erros
máxima possível. proporcionalmente as suas amplitudes,
Na prática, o circuito pneumático completo a ação derivativa adiciona uma
da unidade integral possui o fole, o tanque componente corretiva para cuidar
integral e a restrição. Aqui, por simplicidade, principalmente dos erros com variação rápida.
supõe-se que o próprio fole integral possui uma
capacidade suficiente. R R
O controlador proporcional mais integral
possui duas realimentações da sua saída
-
1. a realimentação negativa, aplicada R R
Ve +
diretamente ao fole proporcional,
R
2. a realimentação positiva, aplicada ao RI CI
-
fole integral através de uma restrição
pneumática ajustável. +
Com a restrição numa posição intermediária, as - R
pressões do fole proporcional e do fole integral +
não podem ser simultâneas. A ação R R
proporcional é imediata e a ação integral é RD
atrasada; imediatamente após o aparecimento - Vo
do erro há a realimentação negativa e depois CD
R
de um intervalo ajustável, atrasada, há a - +
realimentação positiva. +
Quando o processo se estabiliza, tem-se o
circuito do controlador equilibrado a força da
medição é igual a do ponto de ajuste e a força
do fole proporcional é igual a do integral.
Quando aparece um distúrbio no processo e a
medição se afasta do ponto de ajuste, o
controlador Fig. 7. 8. Circuito eletrônico esquemático do controlador
P + I faz uma correção proporcional ao erro, PID
imediatamente. Esta atuação deixa um desvio Note se que o controlador P + D deixa o
entre a medição e o ponto de ajuste. Logo desvio permanente entre a medição e o ponto
depois da ação proporcional e enquanto de ajuste. A ação derivativa é incapaz de
persistir alguma diferença entre a medição e o corrigir o desvio permanente, pois ele é
ponto de ajuste, a ação integral irá atuar, até constante com o tempo.
que a medição fique novamente igual ao ponto O circuito do controlador proporcional mais
de ajuste. A ação integral irá atuar no processo derivativo é constituído de
1. o fole de medição,

108
Controlador

2. o fole de ponto de ajuste, em oposição A solução prática para eliminar esses


ao fole de medição, problemas é colocar o circuito derivativo antes
3. o fole proporcional, sendo realimentada das ações proporcional e integral e atuando
negativamente da saída e através da apenas na medição.
4. restrição derivativa.
Na prática, o circuito pneumático completo
da unidade derivativa possui o fole, o tanque
derivativo e a restrição. Aqui, por simplicidade,
supõe-se que o próprio fole integral possui uma
capacidade suficiente.
O objetivo da restrição é o de atrasar a
realimentação negativa. Como a realimentação
negativa atrasa a resposta do controlador,
atrasar o atraso equivale a adiantar a resposta,
para os desvios rápidos do processo lento. Por
esse motivo, a ação derivativa é também
chamada de ação antecipatória
O controlador proporcional mais derivativo
possui o seguinte funcionamento:
1. imediatamente após a variação rápida Fig. 7. 9. Circuito pneumático do controlador PI
do processo não há realimentação
negativa, pois há uma restrição
pneumática. O controlador se comporta
como um controlador liga-desliga ou
com uma banda proporcional muito 3.6. Proporcional + Integral +
estreita,
Derivativo
2. com o passar do tempo, a
realimentação negativa vai se A relação matemática da saída do
processando e pressurizando o fole controlador proporcional mais integral mais
proporcional e tornando o controlador derivativa ou do controlador PID é a seguinte:
estável.
3. quando a variação do processo é muito 100% 1 de
lenta, praticamente a ação derivativa s = s0 + e + ∫ edt + Td
não atua, pois lentamente também está BP Ti dt
havendo a realimentação negativa.
4. Desse modo, quanto mais brusca for a ou, no caso pratico onde a ação derivativa
variação na medição, menor será a só atua na medição m da variável,
ação imediata da realimentação
negativa e mais ação corretiva será 100% 1 dm
transmitida a válvula, pela ação s = s0 + e + ∫ edt + Td
derivativa. BP Ti dt
5. Quando se coloca o circuito derivativo
no elo da realimentação negativa do O controlador proporcional mais integral
fole proporcional há alguns mais derivativo possui as três ações de
inconvenientes controle e é o mais completo possível.
6. há a interação entre os modos Repetindo os objetivos das ações
proporcional e derivativo. Quando o 1. a ação proporcional estabiliza o
controlador possui o modo integral, a processo, provocando uma correção
ação derivativa interfere também no proporcional ao valor do erro,
modo integral. instantaneamente,
7. a ação derivativa segue a ação 2. a integral é uma ação auxiliar que
proporcional elimina o desvio permanente,
8. a ação derivativa modifica a saída do produzindo uma correção proporcional
controlador quando há variação do à duração do erro, depois da ação
ponto de ajuste, provocado pelo proporcional,
operador. Se esta variação for muito 3. a derivativa é uma ação adicional que
rápida, e geralmente o é, a saída do apressa a correção, gerando uma ação
controlador produz um pico, podendo proporcional à velocidade da variação
fazer o processo oscilar. do erro, antes da ação proporcional.

109
Controlador

O modo proporcional é o modo básico e é inevitável, outra vez, o uso da palavra em


sempre utilizado nos controladores analógicos. inglês).
Ele é o principal responsável pela estabilidade Para eliminar a saturação e a conseqüente
do processo. ultrapassagem da medição usa-se a chave
O modo integral deve ser usado para eliminar o batelada, desenvolvida especificamente para
desvio permanente entre a medição e o ponto essa aplicação. Na prática, usa-se controlador
de ajuste. Ele deve ser evitado quando há batelada, que é um controlador convencional
possibilidade de saturação. Ou, o que é mais com uma chave batelada incorporada a seu
inteligente, devem ser tomados cuidados circuito. O controlador batelada, disponível com
especiais para se evitar que a ação integral dois modos proporcional e integral e com três
leve o controlador para a saturação. modos, proporcional, integral e derivativo, é
O modo derivativo de ser usado em linear, contínuo, com ajustes adicionais de
processos com grande inércia e que sofrem batelada e de precária, feitos na chave
variações bruscas, que seriam vagarosamente batelada.
corrigidas, em o modo derivativo. Porém, a A função exercida pela chave é a de
ação derivativa deve ser em processos com pressurizar o fole integral do controlador
muito ruído, que são pequenas e numerosas pneumático. No controlador eletrônico, é a de
variações bruscas. A ação derivativa iria carregar artificialmente a uma determinada
amplificar esses ruídos, tornando o tensão, o capacitor integral do circuito.
desempenho do controle do processo Nessa nova condição, o controlador não
prejudicado. satura em valor elevado e a banda proporcional
O modo proporcional desempenha uma não é deslocada para o limite superior da faixa
realimentação negativa no interior do de medição. Quando a saída do controlador
controlador, tornando-o mais estável. A ação alcançar um valor pré-determinado, ajustado na
integral executa uma realimentação positiva, se chave de batelada, o circuito integral fica
opondo à ação proporcional. A ação derivativa, grampeado em um valor artificial. Isso força a
geralmente separada e anterior às outras duas banda proporcional a mudar de sentido. Como
ações, retarda a realimentação negativa, resultado desse deslocamento, a medição
apressando a correção. entra mais cedo dentro da banda proporcional.
Na partida automática do processo de
3.7. Controlador Tipo Batelada batelada, a medição começa a subir e logo
entra na banda proporcional, fazendo a saída
O processo batelada ou descontinuo é do controlador atuar cedo no processo, bem
ciclicamente ligado, controlado e desligado. É antes da medição alcançar o ponto de ajuste.
sempre desejável que todo o controle seja feito Essa aproximação suave da medição para o
em automático, sem o envolvimento direto e ponto de ajuste evita a ultrapassagem,
manual do operador. melhorando a resposta do processo.
Quando se utiliza um controlador Embora sejam fenômenos interligados e
convencional, contendo modos proporcional e dependentes, há basicamente dois ajustes na
integral, para o controle de processo batelada, chave batelada
os períodos de tempo em que o processo fica ajuste de batelada, que determina o valor
desligado e o controlador continua ligado da saída onde a chave atua, grampeando a
podem causar a saturação do modo integral e, saída. Esse é o ponto de atuação (trip).
portanto, do controlador. Quando o processo ajuste de precarga, que regula o valor da
está desligado, o controlador continua ação batelada, que é o valor do deslocamento
integrando o desvio entre a medição e o ponto da banda proporcional para baixo, após a
de ajuste e certamente fica saturado. Também, atuação da chave. Esse é o valor de precarga
a banda proporcional do controlador se desloca (preload)
para o fim de escala superior. Existem chaves bateladas para valor
Quando o processo é restabelecido, a máximo e para valor mínimo.
medição irá subir e o controlador ainda Tipicamente, para batelada de máximo, o
continua inoperante, pois a medição está ponto ajustado é 15,2 psig e o valor de
totalmente fora da banda proporcional. O precarga é ajustado em 3,0 psig. Mutatis
controlador só irá começar a atuar quando o mutandi, para batelada de mínimo,
desvio mudar de sentido. A medição precisará normalmente se ajusta o ponto de batelada em
ultrapassar o ponto de ajuste para se começar 2,8 psig e o ponto de precarga em 15,0 psig.
o controle do processo. Basta haver uma Obviamente, outros valores podem ser
pequena capacidade no processo, a maioria reajustado e os fabricantes de instrumentos
dos processos a tem, para haver uma fornecem a literatura técnica explicativa para a
ultrapassagem grande da medição em relação adequada Calibração em bancada. Mas,
ao ponto de ajuste. Há um grande overshoot (é

110
Controlador

normalmente, ambos os ajustes são feitos na podem ser usados sem nenhum
fábrica e não se requer verificação ou mudança cuidado extra em controle de malhas
posteriores. simples. Os limitadores da saída
A chave batelada atua na pressão de saída certamente impedirão a saturação do
do controlador, cuja faixa é de 3 a 15 psig. O modo integral, que poderia ser
ajuste batelada, que determina o ponto de provocada pela realimentação interna
atuação, é estabelecido em, p. ex., 15,2 psig. O normal.
ajuste pode ser feito por uma mola ou pode ser 2. para os sistemas de controle que
o valor de um sinal pneumático remoto. exijam apenas a realimentação externa,
Quando a saída do controlador está abaixo de como no caso de controle em cascata e
15 psig, a pressão exercida do lado da mola é auto-seletor, especificam-se
maior e o sinal de saída do controlador passa controladores padrão com a opção
livremente pela chave e vai realimentar o extra de realimentação externa.
circuito integral do controlador. Isso permite Normalmente, essa opção de
que, em operação normal, o controlador atue realimentação externa do controlador
sem interferência da chave de batelada. implica também em pequenas
Quando a saída atingir o valor de batelada modificações no conector, na estante e
ajustado na chave, assumido de 15,2 psig, a nos módulos de encaixe. Não é
força do diagrama da chave é menor no lado necessário especificar um controlador
da mola. A chave batelada atua, cortando o batelada que certamente custa mais
sinal de saída que era realimentada ao caro e fica superdimensionado.
controlador. A pressão do circuito integral do 3. para controle de processo tipo
controlador é, então, aliviada para a atmosfera batelada, deve-se especificar o
(quando não há ajuste de precarga) e cai, até controlador especial, também tipo
atingir 0 psig. Quando utilizado o conceito de batelada. Além de evitar a saturação do
precarga, a pressão do circuito integral cai até modo integral, ele torna possível a
esse valor, previamente ajustado na chave partida automática do processo, sem
batelada. Essa situação permanece, enquanto ultrapassagem da medição em relação
o sinal de saída do controlador continuar maior ao ponto de ajuste. Nessa
que o valor batelada ajustado. Como o sinal do especificação é importante definir qual
modo integral diminui, a banda proporcional é a lógica do sistema, se batelada
deslocada para baixo do ponto de ajuste do máxima ou batelada mínima. E,
controlador. O ajuste de precarga evita que a também, consultando a literatura dos
banda proporcional caia muito aquém do ponto fabricantes disponível, determinar o
de ajuste, tornando muito longo o período que valor dos ajustes de batelada e de
o controlador permanece inativo na malha. precarga requeridos.
Com o ajuste de precarga, durante a partida do
processo, a medição entra logo na banda 3.8. Controlador Analógico
proporcional e o controlador começa a atuar
mais cedo. Como conseqüência, a medição Historicamente, até a década de 1970 foi
não ultrapassa o ponto de ajuste e a resposta usado principalmente o controlador analógico
dinâmica do processo é ideal. pneumático, até a década de 1980, o
Na versão eletrônica, a filosofia de controlador analógico eletrônico e a partir da
operação é a mesma, porém os equipamentos década de 1980, o controlador digital
são diferentes. Não há chave batelada eletrônico.
eletrônica. O controlador eletrônico batelada O controlador analógico usa sinais
acrescenta à configuração convencional um contínuos para computar a saída do
circuito de realimentação contendo controlador. Testes feitos em controlador
amplificadores operacionais e o circuito de analógico industrial eletrônico revelaram os
polarização. Os ajustes de batelada e de seguintes resultados
precarga são feitos em potenciômetros e o 1. a banda proporcional medida era de 0 a
acesso se dá pela parte frontal do controlador. 25% maior que a marcação do dial,
Os limites de batelada e de precarga são 2. o tempo integral medido era cerca de
atuantes mesmo em operação manual. 100% maior que a marcação do dial,
Referente a saturação do modo integral do 3. o tempo derivativo marcado era cerca
controlador devem ser tomadas as seguintes de 40% a 70% menor que a marcação
precauções do dial,
1. controladores de processo, 4. o tempo integral medido não se
especialmente os eletrônicos, que alterava com a variação do ajuste do
possuem limitadores do sinal de saída, tempo derivativo. Teoricamente, para o
controlador série, o tempo integral

111
Controlador

deveria aumentar com o aumento do O tempo requerido para conseguir um novo


tempo derivativo. nível da variável manipulada é curto
5. o tempo derivativo e a banda comparado com o tempo entre as
proporcional medidos obedeceram amostragens. Pode-se assumir que a entrada
aproximadamente as equações para o processo é uma seqüência de valores
teóricas, exceto que a variação medida constantes que variam instantaneamente no
foi menor que a calculada para os inicio de cada período de amostragem.
ajustes grandes do dial.
6. a saída do controlador medida mostrou
um pico sempre que um ajuste
derivativo de qualquer valor era feito. O
algoritmo teórico do controlador série
fornece somente um pico se o tempo
derivativo fosse ajustado em valores
maiores que 1/4 Ti.

Fig. 7. 11. Painel de programação do single loop

Deve-se ter um algoritmo de controle para


o cálculo dos valores das variáveis
manipuladas. O prosaico algoritmo PID é ainda
utilizado.
Fig. 7. 10. Ajustes do controlador analógico Esta operação discreta é repetitiva e o
período é chamado de sample e hold.
3.9. Controlador Digital A grande desvantagem do controlador digital é
a introdução de vários tipos de tempo morto
Hoje se vive em um mundo analógico devido ao tempo de amostragem, a
cercado por um universo de tecnologia digital. computação matemática, a filtragem analógica
O computador digital é usado de modo das harmônicas da freqüência de amostragem
intensivo e extensivo na instrumentação, no e a caracterização do modo derivativo. Por
controle digital distribuído, no controle lógico causa deste tempo morto adicional, o
programado de processos repetitivos, no controlador digital não pode ser usado
controle a realimentação negativa de uma indiscriminadamente em malha de controle de
única malha (single loop), em computação processo critico e rápido, como para o controle
analógica de medição de vazão, na de surge de compressor ou controle de pressão
transmissão . de forno em faixa estreita.
Embora o processo seja contínuo no O controlador digital aumentou a
tempo, o controlador digital existe em um capacidade de computação para o controle e
mundo discreto porque ele tem conhecimento para a caracterização das ações de controle,
das saídas do processo somente em pontos sendo adequado para estratégias de controle
discretos no tempo, quando são obtidos os avançadas, como o controle preditivo
valores de amostragem. antecipatório (feedforward).
Em geral, o controlador digital: Tipicamente, o controlador digital é superior
1. obtém um valor amostrado da saída do ao analógico na precisão e resolução dos
processo, ajustes dos modos de controle; na precisão da
2. calcula o erro entre a medida e o ponto computação adicional, linearização e
de referência armazenado no caracterização de sinal; na flexibilidade em
computador, função da programação e da comunicação.
3. computa o valor apropriado para a O controlador digital usa sinais discretos
entrada manipulada do processo, para computar a saída do controlador.
4. gera um sinal de saída para o elemento Geralmente, o controlador digital é baseado em
final de controle, microprocessador. O controlador digital emula
5. continua a mesma operação com a o algoritmo analógico PID.
próxima variável controlada.

112
Controlador

4. Controlador 2. Ganho ajustável com polarização


3. Multiplicador - divisor
microprocessado 4. Compensador lead/lag (avanço/atraso)
5. Filtro dual
6. Limitador de rampa
4.1. Conceito 7. Limitador de sinal
O controlador single loop é o instrumento 8. Rastreamento (tracking) analógico
microprocessado com todas as vantagens 9. Extrator de raiz quadrada
relacionadas acima inerentes à sua natureza 10. Seletor de sinal (alto/baixo)
que pode ser usado para controlar uma única 11. Seletor de sinal (médio
malha (daí o nome, single loop). É também 12. Conversor de sinal (termopares, RTD)
chamado de single station. O controlador single 13. Potenciômetro (não isolado e isolado)
loop resolve o algoritmo de controle para
Seqüencial e programação de tempo
produzir uma única saída controlada. O seu
baixo custo permite que ele seja dedicado a A maioria dos controladores single loop
uma única malha. Por questão de marketing e possui capacidade de programação temporal e
por causa de sua grande capacidade, um único sequenciamento de operações. A programação
invólucro pode ter dois e até quatro envolve quaisquer duas variáveis, porém o
controladores, porém, com o aumento de mais comum é se ter o tempo e a temperatura.
dificuldade da operação. Em siderurgias, é comum a aplicação de
O microprocessador pode ter qualquer programas de temperatura, onde se tem uma
função configurável e por isso, um mesmo rampa de aquecimento, a manutenção da
instrumento pode funcionar como controlador, temperatura em um patamar durante um
controlador cascata, controlador auto-seletor ou determinado tempo e o abaixamento em vários
como computador de vazão com compensação degraus.
de pressão e temperatura. A configuração pode
Outras propriedades
ser feita através de teclados acoplados ao
instrumento ou através de programadores Os controladores single loop possuem
separados (stand alone). ainda capacidade de auto/manual, ponto de
Como a tecnologia do single loop é ajuste múltiplo, autodiagnose e memória. São
moderna, o instrumento incorpora todos os construídos de conformidade com normas para
avanços da tecnologia eletrônica, ser facilmente incorporado e acionado por
microprocessadores, displays novos e sistemas SDCD.
programas criativos. As aplicações típicas do single loop são em
plantas pequenas e médias que não podem ou
não querem operar, em futuro próximo, em
4.2. Características
ambiente com controle digital distribuído.
Mesmo em sistemas de SDCD, há malhas
Tamanho críticas que, por motivo de segurança, são
Tem tamanho pequeno ou muito pequeno controladas por controladores single loop.
(menor que as dimensões DIN). Não
necessariamente a mais importante, mas um 4.3. Controladores comerciais
das características mais notável da presente
geração de controladores single loop é seu
Controlador Foxboro
pequeno tamanho físico. A maioria dos
controladores segue as dimensões européias O controlador single station Foxboro inclui:
DIN (Deutche Industrie Norm) para aberturas 1. display analógico fluorescente para
de painel. mostrar através de barra de gráfico o
valor da variável, do ponto de ajuste e da
Funções de controle saída do controlador
Muitos controladores chamados de single 2. display digital para indicar através de
loop são dual loops. Através de dígitos os valores e unidades de
microprocessadores no circuito, muitos engenharia
controladores oferecem os formatos de liga- 3. display alfanumérico para indicar tag da
desliga e PID. Outros controladores incorporam malha selecionada
funções matemáticas, ou no próprio circuito ou 4. painel da estação de trabalho, para
através de módulos funcionais opcionais indicar status de operação (computador
incorporados na caixa. Estas funções ou local), status do ponto de ajuste
matemáticas incluem: (remoto, local ou relação), status da
1. Somador - subtrator

113
Controlador

saída (automático ou manual) e status de multiprodutos, onde as características do


alarme (ligado ou desligado) processo podem variar de produto para
5. teclado com 8 teclas para configuração e produto.
operação para selecionar, configurar e Suas características incluem:
sintonizar o controlador 1. controle feedforward, com
computações de ganho e polarização,
2. processamento de sinais
3. entradas analógicas (4 pontos de 1 a 5
V cc)
4. saídas analógicas (3 pontos de 1 a 5 V
cc, 1 ponto de 4 a 20 mA cc)
5. estação de computação programável
com display de dados, processamento
de sinal e sequenciamento
6. 10 pontos de status de entrada/saída
definidos pelo usuário
7. quatro chaves funcionais no painel
frontal para iniciar as seqüências de
controle
Fig. 7. 12. Controladores single loop (Foxboro) 8. quatro lâmpadas associadas para
indicar o progresso da seqüência ou
servir como cursor
Suas especificações funcionais são:
1. sinais de entrada proporcionais, qualquer
combinação não excedendo 4 analógicas
(4 a 20 mA, 1 a 5 V, voltagem de
termopar ou resistência de RTD) e 2
entradas de freqüência. Todos os sinais
de entrada são convertidos e podem ser
caracterizados em uma variedade de
cálculos.
2. cada controlador possui duas funções de
controle independentes que podem ser
configuradas como um único
Fig. 7. 13. Controladores single loop (Yokogawa)
controladores, dois controladores em
cascata ou em seleção automática. Os
algoritmos padrão para cada controlador
são P, I, PD, PI, PID e controle EXACT®
3. duas saídas analógicas não isolados e 5. Estação Manual de Controle
duas saídas discretas
4. outras funções de controle como A estação manual, chamada de HIC (hand
caracterização, linearizadores, portas indicator controller), de estação auxiliar ou de
lógicas, condicionadores de sinal estação de carga manual (load station) é o
5. alarmes instrumento que possibilita ao operador atuar
6. computações matemáticas diretamente no processo através da geração
7. alimentação do transmissor de campo manual de sinais padrão eletrônicos ou
8. memória para armazenar todos os pneumáticos.
parâmetros de configuração e As aplicações típicas da estação manual
operação incluem
9. filtros de entrada (Butterworth) 1. a atuação direta e manual no processo,
10. distribuição de sinais (até 30 sinais em substituição ao controle automático
para roteamento interno) ou como única alternativa.
2. a geração do ponto de ajuste remoto do
Controlador Yokogawa controlador
O controlador single loop da Yokogawa 3. o aumento da capacidade, como
incorporam funções computacionais e de adicionar polarização, fazer proporção,
controle que podem ser combinadas do mesmo atuar em vários elementos finais.
modo que uma calculadora de bolso. A função A estação auxiliar tem aparência externa
de auto-sintonia para otimizar o controle é útil idêntica à do controlador, com escala vertical;
principalmente em aplicações de batelada de botões de atuação; chaves de transferência
A/M, polarização e relação .

114
Controlador

As estações são disponíveis em vários manual com o chaveamento


modelos de complexidade crescente automático/manual.
1. a estação manual de carga
2. a estação com chaveamento A/M
3. a estação com chave A/M e com 100%
de polarização ajustável
4. a estação de relação

Fig. 7.15. Estação manual (stand alone)

Fig. 7.14. Estação manual acoplada ao controlador


A estação auxiliar de chaveamento A/M é
usada com outro controlador automático e
permite as seguintes opções
1. Regulação manual da posição da
5.1. Estação Manual válvula de controle, quando a chave de
A estação de atuação manual (Manual transferência estiver em Manual.
Loading) gera o sinal padrão, pneumático ou 2. Passagem direta do sinal de um
eletrônico, através da atuação manual do controlador automático para a válvula
operador. A estação possui um medidor do de controle, quando a chave de
sinal de saída gerado manualmente. transferência estiver em Automático.
Duas aplicações típicas da estação manual: Tipicamente há uma indicação da diferença
1. regular manualmente a posição da entre os sinais automático e manual de modo a
válvula de controle no campo. Esta informar e auxiliar o operador nos
ação manual pode substituir a atuação procedimentos de transferência.
automática do controlador ou a atuação Quando a malha de controle complexa
manual feita localmente através do requer um único controlador atuando em duas
volante da válvula. ou mais válvulas de controle, em paralelo, a
2. estabelecer o ponto de ajuste de saída do controlador automático passa através
controlador individual ou mesmo ajustar das várias estações manuais para atuar nas
simultaneamente os pontos de ajuste várias válvulas de controle. Esta montagem
de vários controladores no mesmo permite ao operador atuar manualmente uma
nível. Nesta aplicação a saída da ou mais válvulas de controle, enquanto as
estação de ajuste manual alimenta outras válvulas estão sendo controladas
diretamente o circuito do ponto de automaticamente. Isto é justificado quando
ajuste dos controladores. 1. em postas em marcha, quando ainda
as capacidades das válvulas estão
5.2. Estação de Chaveamento A/M excessivas. Há excesso de ganho,
portanto instabilidade, quando ambas
Normalmente o controlador possui uma as válvulas estão operando muito
estação manual auxiliar, que pode ser atuada próximos da posição de fechamento.
manualmente pelo operador, desde que a 2. as válvulas estão superdimensionadas,
chave seletora esteja na posição Manual. Esta para atender a capacidade de futuras
estação manual, acoplada a unidade de ampliações. Também neste caso
controle automático, é de tamanho pequeno, existem malhas com ganhos muito
com a resolução de leitura pior que as elevados, portanto instáveis. Uma outra
indicações da estação automática e com a solução para este problema seria
arquitetura pouco flexível e limitada. Por isso, utilizar, se disponíveis, válvulas com
se desenvolveu comercialmente a estação capacidades reduzidas. Nas

115
Controlador

ampliações, trocariam os internos das 2. balancear dois operadores finais para


válvulas para capacidades totais. prevenir que apenas um assuma toda a
3. há necessidade da manutenção de carga do processo.
uma das válvulas, enquanto as outras 3. balancear a saída de todos os
válvulas permanecem no processo. operadores finais de modo que as
4. se fixa o ponto de operação de uma entradas do processo fiquem
válvula manualmente enquanto as uniformes.
outras válvulas são controladas
automaticamente.

Fig. 7. 17. Estação manual com polarização


Fig. 7. 16. Estação manual A/M
5.4. Serviços Associados
Na especificação da estação manual de
5.3. Estação A/M e Polarização controle separada do controlador automático,
deve ser conhecidos e informados ao
A estação com chaveamento A/M e
fabricante os seguintes parâmetros
polarização ajustável possui as seguintes
1. a função a desempenhar geração do
características:
sinal, indicação, polarização, relação ,
1. na posição automática, ela não atua no
2. os sinais de entrada e de saída,
processo e o sinal automático
3. a faixa da escala de indicação,
proveniente do controlador automático,
4. a montagem, com a verificação previa
passa através dela sem alteração e é
da estante e dos cabos de engate
apenas indicado.
rápido,
2. na posição manual, o sinal de saída da
5. as opções extras.
estação é dado pela relação
6. A operação da estação manual envolve
3. saída manual = sinal automático +
7. a leitura do sinal gerado e
polarização ajustável manual
opcionalmente dos sinais externos,
O operador de processo pode adicionar ou
8. a atuação manual para gerar o sinal
subtrair, de 0 a 100% do sinal de entrada, do
interno
sinal automático de entrada antes de
9. a atuação manual para gerar a
retransmiti-lo a válvula de controle.
polarização desejada, se aplicável,
Aplicação típica para o uso desta estação
10. a atuação manual da chave seletora
A/M com polarização é o sistema com dois ou
A/M.
mais elementos finais de controle regulados por
um único controlador. Com esta estação, o
operador de processo pode polarizar uma
válvula com relação as outras. A polarização
pode ser desejável e necessária por uma ou
mais das seguintes razões
1. separar os níveis de operação de dois
operadores finais idênticos, para
impedir a interferência e interação entre
ambos.

116
Válvula de Controle

1. Introdução 2. Elemento Final de Controle


Aproximadamente 5% dos custos totais de A malha de controle a realimentação
uma indústria de processo químico se referem negativa possui um elemento sensor, um
a compra de válvulas. Em termos de número controlador e um elemento final de controle. O
de unidades, as válvulas perdem apenas para sensor ou o transmissor envia o sinal de
as conexões de tubulação. medição para o controlador, que o recebe e o
As válvulas são usadas em tubulações, compara com um ponto de ajuste e gera um
entradas e saídas de vasos e de tanques em sinal de saída para atuar no elemento final de
várias aplicações diferentes; as principais são controle. O elemento final de controle manipula
as seguintes uma variável, que influi na variável controlada,
1. serviço de liga-desliga levando-a para valor igual ou próximo do ponto
2. serviço de controle proporcional de ajuste.
3. prevenção de vazão reversa O controle pode ser automático ou manual.
4. controle e alívio de pressão O controle manual pode ser remoto ou local. A
5. especiais válvula de controle abre e fecha a passagem
6. controle de vazão direcional interna do fluido, de conformidade com um
7. serviço de amostragem sinal de controle. Quando o sinal de controle é
8. limitação de vazão proveniente de um controlador, tem-se o
9. selagem de vaso ou de tanque controle automático da válvula. Quando o sinal
De todas estas aplicações, a mais comum de controle é gerado manualmente pelo
e importante se relaciona com o controle operador de processo, através de uma estação
automático de processos. manual de controle, tem-se o controle manual
remoto. Na atual manual local, o operador atua
diretamente no volante da válvula.
Há vários modos de manipular as vazões
de materiais e de energia que entram e saem
do processo; por exemplo, por bombas com
velocidade variável, bombas dosadoras,
esteiras, motor de passo porém, o modo mais
simples é por meio da válvula de controle.
O controle pode ser feito de modo contínuo ou
liga-desliga. Na filosofia continua ou analógica,
a válvula pode assumir, de modo estável, as
infinitas posições entre totalmente fechada e
totalmente aberta. Na filosofia digital ou liga-
desliga, a válvula só fica em duas posições
discretas ou totalmente fechada ou totalmente
aberta. O resultado do controle é menos
satisfatório que o obtido com o controle
Fig. 8.1. Esquema típico de válvula de controle proporcional, porém, tal controle pode ser
realizado através de chaves manuais, chaves
comandadas por pressão (pressostato),
temperatura (termostato), nível, vazão ou
controladores mais simples. Neste caso, a
válvula mais usada é a solenóide, atuada por
uma bobina elétrica.

7.117
Fig. 8. 3. Válvula de controle (Fisher)
Fig. 8. 2. Válvula de controle
Depois de instalada na tubulação e para
poder desempenhar todas as funções
O sinal de controle que chega ao atuador requeridas a válvula de controle deve ter corpo,
da válvula pode ser pneumático ou eletrônico. atuador e castelo. Adicionalmente, ela pode ter
A válvula de controle com atuador pneumático acessórios opcionais que facilitam e otimizam o
é o elemento final de controle da maioria seu desempenho, como posicionador, booster,
absoluta das malhas. Mesmo com o uso cada chaves, volantes, transdutores corrente elétrica
vez mais intensivo e extensivo da para ar pneumático e relé de inversão.
instrumentação eletrônica, analógica ou digital,
a válvula com atuador pneumático ainda é o 4. Corpo
elemento final mais aplicado. Ainda não se
projetou e construiu algo mais simples,
confiável, econômico e eficiente que a válvula 4.1. Conceito
com atuador pneumático. Ela é mais usada que
as bombas dosadoras, as alavancas, as O corpo da válvula de controle é
hélices, os basculantes, os motores de passo e essencialmente um vaso de pressão, com uma
os atuadores eletromecânicos. ou duas sedes, onde se assenta o plug
(obturador), que está na extremidade da haste,
3. Válvula de Controle que é acionada pelo atuador pneumático. A
posição relativa entre o obturador e a sede,
As funções da válvula de controle são: modulada pelo sinal que vem do controlador,
1. Conter o fluido do processo, suportando determina o valor da vazão do fluido que passa
todos os rigores das condições de pelo corpo da válvula, variando a queda de
operação. Como o fluido do processo passa pressão através da válvula.
dentro da válvula, ela deve ter No corpo estão incluídos a sede, obturador,
características mecânicas e químicas para haste, guia da haste, engaxetamento e
resistir à pressão, temperatura, corrosão, selagem de vedação. O conjunto haste-plug-
erosão, sujeira e contaminantes do fluido. sede é chamado de trim.
2. Responder ao sinal de atuação do
controlador. O sinal padrão é aplicado ao
atuador da válvula, que o converte em uma
força, que movimenta a haste, em cuja
extremidade inferior está o obturador, que
varia a área de passagem do fluido pela
válvula.
3. Variar a área de passagem do fluido
manipulado. A válvula de controle manipula
a vazão do meio de controle, pela alteração
de sua abertura.
4. Absorver a queda variável da pressão da
linha. Em todo o processo, a válvula é o
único equipamento que pode fornecer ou
absorver queda de pressão controlável. Fig. 8. 4. Corpo da válvula contendo o fluido

118
4.2. Sede cadmiado, aço inoxidável AISI 316, ANSI 304,
bronze, ligas especiais para alta temperatura,
A válvula de duas vias pode ter sede alta pressão e resistentes à corrosão química.
simples ou dupla. A sede da válvula é onde se As partes internas, justamente aquelas que
assenta o obturador. A posição relativa entre o estão em contato com o fluido, são o interior do
obturador e a sede é que estabelece a abertura corpo, sede, obturador, anéis de
da válvula. Na válvula de sede simples há engaxetamento e de vedação e também devem
apenas um caminho para o fluido passar no ser de material adequado.
interior da válvula. A válvula de sede simples é
excelente para a vedação, porém requer maior Conexões Terminais
força de fechamento/abertura. A válvula de A válvula é instalada na tubulação através
sede dupla, no interior da qual há dois de suas conexões. O tipo de conexões
caminhos para o fluxo, geralmente apresenta terminais a ser especificado para uma válvula é
grande vazamento, quando totalmente fechada. normalmente determinado pela natureza do
Porém, sua vantagem é na exigência de menor sistema da tubulação em que a válvula vai ser
força para o fechamento e abertura. inserida. As conexões mais comuns são
flangeadas, rosqueadas, soldadas. Há ainda
4.3. Plug conexões especiais e proprietárias de
determinados fabricantes. Os fatores
O plug ou obturador da válvula pode ter
determinantes das conexões terminais são
diferentes formatos e tamanhos, para fornecer
tamanho da válvula, tipo do fluido, valores da
vazamentos diferentes em função da abertura.
pressão e temperatura e segurança do
Cada figura geométrica do obturador
processo.
corresponde a uma quantidade de vazão em
As conexões rosqueadas são usadas para
função da posição da haste. Os formatos
válvulas pequenas, com diâmetro menor que
típicos fornecem características linear,
2". A linha possui a rosca macho e o corpo da
parabólica, exponencial, abertura rápida.
válvula a rosca fêmea. É econômico e simples.
O corpo da válvula pode ser soldado
diretamente à linha. Este método é pouco
flexível, porém é utilizado para montagem
permanente, quando se tem altíssimas
pressões e é perigoso o vazamento do fluido.
Conectar o corpo da válvula à tubulação
através do conjunto de flanges, parafusos e
porcas é o método mais utilizado para válvulas
maiores que 2". As flanges podem ser lisas ou
de faces elevadas e sua classe de pressão
ANSI deve ser compatível com a pressão do
processo.
Geralmente a válvula de controle possui
uma entrada e uma saída; é chamada de duas
vias. Porém, há aplicações de mistura ou
divisão, que requerem válvulas com três vias
duas entradas e uma saída (mistura) ou uma
entrada e duas saídas (divisão).

5. Castelo
Fig. 8. 5. Válvula com conexão rosqueada
O castelo (bonnet) liga o corpo da válvula
ao atuador. A haste da válvula se movimenta
através do engaxetamento do castelo. Há três
tipos básicos de castelo: aparafusado, união e
flangeado.
Materiais O engaxetamento no castelo para alojar e
Como a válvula está em contato direto com guiar a haste com o plug, deve ser de tal modo
o fluido do processo o seu material interior que não haja vazamento do interior da válvula
deve ser escolhido para ser compatível com as para fora e nem muito atrito que dificulte o
características de corrosão e abrasão do fluido. funcionamento ou provoque histerese. Para
A parte externa do corpo da válvula é metálica, facilitar a lubrificação do movimento da haste e
geralmente ferro fundido, aço carbono prover vedação, usam-se caixas de

119
engaxetamento. Algumas caixas requerem A atuação manual pode ser local ou
lubrificação periódica. Os materiais típicos de remota. A atuação local pode ser feita
engaxetamento incluem Teflon®, asbesto, diretamente por volante, engrenagem, corrente
grafite e a combinação deles (asbesto mecânica ou alavanca. A atuação manual
impregnado de Teflon e asbesto grafitado). remota pode ser feita pela geração de um sinal
Quando a aplicação envolve temperaturas elétrico ou pneumático, que acione o atuador
extremas, muito baixas (criogênicas) ou muito da válvula. Para ser atuada automaticamente a
elevadas, o castelo deve ter engaxetamento válvula pode estar acoplada a mola, motor
com materiais especiais (semimetálicos) e elétrico, solenóide, servo mecanismo, atuador
possuir aletas horizontais, que aumentem a pneumático ou hidráulico.
área de troca de calor, facilitando a Freqüentemente, é necessário ou desejável
transferência de energia entre o processo e a operar automaticamente a válvula, de modo
atmosfera externa e protegendo o atuador da contínuo ou através de liga-desliga. Isto pode
válvula contra temperaturas extremas. ser conseguido pela adição à válvula padrão
Em aplicações onde se quer vedação total um dos seguintes acessórios
ao longo da haste, pois o fluido do processo é 1. atuador pneumático ou hidráulico para
tóxico, explosivo, pirofosfórico, muito caro, operação continua ou de liga-desliga,
usam-se foles como selos. O fluido do 2. solenóide elétrica para operação de liga-
processo pode ser selado interna ou desliga,
externamente ao fole. 3. motor elétrico para operação continua ou de
liga-desliga.
6. Atuador Geralmente, um determinado tipo de válvula é
limitado a um ou poucos tipos de atuadores;
por exemplo, as válvulas de alívio e de
segurança são atuadas por mola; as válvulas
6.1. Operação Manual ou Automática
de retenção são atuadas por mola ou por
Os modos de operação da válvula gravidade e as válvulas globo de tamanho
dependem do seu tipo, localização no grande e com alta pressão de processo são
processo, função no sistema, tamanho, atuadas por motores elétricos ou correntes
freqüência de operação e grau de controle mecânicas. As válvulas de controle contínuo
desejado. Os modos possíveis são manual ou são geralmente atuadas pneumaticamente e
automático. através de solenóides, quando se tem o
controle liga-desliga. Geralmente estes
mecanismos de operação da válvula são
considerados acessórios da válvula.

6.2. Atuador Pneumático


Este tipo de operador, disponível com um
diafragma ou pistão, é o mais usado.
Independente do tipo, o princípio de operação é
o mesmo. O atuador pneumático, com
diafragma e mola é o responsável pela
conversão do sinal pneumático padrão do
controlador em força-movimento-abertura da
válvula. O atuador pneumático a diafragma
recebe diretamente o sinal do controlador
pneumático e o converte numa força que irá
movimentar a haste da válvula, onde está
acoplado o obturador que irá abrir
continuamente a válvula de controle.
Fig. 8. 6. Atuador pneumático da válvula A função do diafragma é a de converter o
sinal de pressão em uma força e a função da
mola é a de retornar o sistema à posição
original. Na ausência do sinal de controle, a
mola leva a válvula para uma posição extrema,
ou totalmente aberta ou totalmente fechada.
Operacionalmente, a força da mola se opõe à
força do diafragma; a força do diafragma deve
vencer a força da mola e as forças do
processo.

120
Erradamente, se pensa que o atuador da
válvula requer a alimentação de ar pneumático
para sua operação; o atuador funciona apenas
com o sinal padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15 A operação de uma válvula com atuador
psi). pneumático com lógica de ar para abrir é a
O atuador pneumático consiste seguinte quando não há nenhuma pressão
simplesmente de um diafragma flexível chegando ao atuador, a válvula está
colocado entre dois espaços. Uma das "desligada" e na posição fechada. Quando a
câmaras deve ser vedada à pressão e na outra pressão de controle, típica de 20 a 100 kPa (3
câmara ha uma mola, que exerce uma força 15 psig) começa a crescer, a válvula tende a
contraria. O sinal de ar da saída do controlador abrir cada vez mais, assumindo as infinitas
vai para a câmara vedada à pressão e sua posições intermediárias entre totalmente
variação produz uma força variável que é fechada e totalmente aberta. Quando não
usada para superar a força exercida pela mola houver sinal de controle, a válvula vai
de faixa do atuador e as forças internas dentro imediatamente para a posição fechada,
do corpo da válvula e as exercidas pelo próprio independente da posição em que estiver no
processo. momento da falha. A posição de totalmente
O atuador pneumático deve satisfazer fechada é também conhecida como a de
basicamente as seguintes exigências segura em caso de falha. Quem leva a válvula
1. operar com o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 para esta posição segura é justamente a mola.
psig), Assim, o sinal pneumático de controle deve
2. operar sem posicionador, vencer a força da mola, a força apresentada
3. ter uma ação falha-segura quando houver pelo fluido do processo, os atritos existentes
falha no sinal de atuação, entre a haste e o engaxetamento.
4. ter um mínimo de histerese, O atuador ar-para-abrir necessita de
5. ter potência suficiente para agir contra as pressão para abrir a válvula. Para pressões
forças desbalanceadas, menores que 20 kPa (3 psig) a válvula deve
6. ser reversível. estar totalmente fechada. Com o aumento
gradativo da pressão, a partir de 20 kPa (3
6.3. Ações do Atuador psig), a válvula abre continuamente. A maioria
das válvulas é calibrada para estar totalmente
Basicamente, há duas lógicas de operação aberta quando a pressão atingir exatamente
do atuador pneumático com o conjunto 100 kPa (15 psig). Calibrar uma válvula é fazer
diafragma e mola a abertura da válvula seguir uma reta,
1. ar para abrir - mola para fechar, passando pelos pontos 20 kPa x 0% (3 psi x
2. ar para fechar - mola para abrir, 0%) e 100 kPa x 100% (15 psi x 100%) de
Existe um terceiro tipo, menos usado, cuja abertura. A falha do sistema, ou seja, a
lógica de operação é ar para abrir - ar para ausência de pressão, deve levar a válvula para
fechar. o fechamento total.
Outra nomenclatura para a ação da válvula Uma válvula com atuação ar-para-fechar
é falha-aberta (fail-open), que equivale a ar- opera de modo contrario. Na ausência de ar e
para-fechar e falha-fechada, igual a ar-para- com pressões menores que 20 kPa (3 psig), a
abrir. válvula deve estar totalmente aberta. Com o
aparecimento de pressões acima de 20 kPa (3
psig) e seu aumento, a válvula diminuirá sua
abertura. Com a máxima pressão do
controlador, de 100 kPa (15 psig), a válvula
deve estar totalmente fechada. Na falha do
sistema, quando a pressão cair o 0 kPa, a
válvula deve estar na posição totalmente
aberta.
Certas aplicações exigem um válvula de
controle com um diafragma especial, de modo
que a falta do sinal de atuação faca a válvula
se manter na ultima posição de abertura; tem-
se a falha-última-posição.

(a) Ar para abrir (b) Ar para fechar


Fig. 8. 7. Atuador pneumático da válvula

121
6.4. Escolha da Ação mola do atuador e da sede da válvula. A força
gerada para operar a válvula é função da área
A primeira questão que o projetista deve do diafragma, da pressão pneumática e da
responder, quando escolhendo uma válvula de pressão do processo. Quanto maior a pressão
controle é "o que a válvula deve fazer, quando do sinal pneumático, menor pode ser a área do
faltar o suprimento da alimentação?" A questão diafragma. Como normalmente o sinal de
esta relacionada com a "posição de falha" da atuação é padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15
válvula. psig), geralmente o tamanho do diafragma
A segurança do processo determina o tipo depende da pressão do processo; quando
de ação da válvula falha-fechada (FC - fail maior a pressão do fluido do processo, maior
close), falha-aberta (FC - fail open), falha- deve ser a área do diafragma. O atuador
indeterminada (FI - fail indetermined), falha- pneumático da válvula funciona apenas com o
última-posição (FL - fail last position). A sinal do controlador, padrão de 20 a 100 kPa (3
segurança também implica no conhecimento a 15 psig). Ele não necessita do suprimento de
antecipado das conseqüências das falha de ar de 120 a 140 kPa (20 a 22 psig).
alimentação na mola, diafragma, pistão, O tamanho físico do atuador depende da
controlador e transmissor. Quando ocorrer pressão estática do processo e da pressão do
falha no atuador da válvula, a posição da sinal pneumático. A faixa de pressão mais
válvula não é mais função do projeto do comum é o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig);
atuador, mas das forças do fluido do processo outras também usadas são 40 a 200 kPa (6 a
atuando no interior da válvula e da construção 30 psig) e 20 a 180 kPa (3 a 27 psig). Os
da válvula. As escolhas são vazão-para-abrir fabricantes apresentam equações para
(FTO - flow to open), vazão-para-fechar (FTC - dimensionar e escolher o atuador pneumático.
flow to close), ficar na ultima posição (FB -
friction bound). A ação vazão-para-fechar é
fornecida pela válvula globo; a ação vazão-
6.7. Atuador e outro Elemento Final
para-abrir é dada das válvulas borboleta, globo O atuador de válvula pode,
e esfera convencional. As válvulas com plug excepcionalmente, ser acoplado a outro
rotatório, esfera flutuante são típicas para ficar equipamento que não seja a válvula de
na ultima posição. controle. Assim, é comum o uso do atuador
pneumático associado a cilindro, basculante e
6.5. Mudança da Ação bóia. Mesmo nas combinações que não
envolvem a válvula, o atuador é ainda acionado
Porém há vários modos de se inverter a pelo sinal pneumático padrão do controlador. E
ação de controle do sistema constituído de a função do atuador continua a de converter o
controlador, atuador e válvula de controle sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig) em uma
1. troca da posição do atuador, alternando a força, que pode provocar um movimento.
posição relativa diafragma e mola. Mesmo em sistema com instrumentação
2. alguns atuadores possuem uma eletrônica, com controladores eletrônicos que
alimentação alternativa o sinal pode ser geral 4 a 20 mA cc, o comum é se usar o
aplicado em dois pontos possíveis, cada um atuador pneumático com diafragma e mola.
correspondendo a uma ação de controle. Para compatibilizar seu uso, insere-se na
3. alteração do obturador + sede da válvula. malha de controle o transdutor corrente-para-
4. alteração do modo de controle, no próprio pneumático. O conjunto transdutor I/P +
controlador. A maioria dos controladores atuador pneumático é ainda mais simples,
possui uma chave seletora para a ação de eficiente, rápido e econômico que o atuador
controle direta (aumenta medição, aumenta eletromecânico disponível comercialmente.
sinal de saída) e inversa (aumenta medição, O atuador pneumático é o mais comumente
diminui sinal de saída). usado, por causa de sua simplicidade,
Na aplicação prática, deve se consultar a econômica, rapidez e garantia de
literatura técnica disponível e referente a todos funcionamento. Os atuadores pneumáticos são
os equipamentos controlador, atuador e aplicados principalmente para a obtenção do
válvula, para se definir qual a solução mais controle proporcional contínuo. Para o controle
simples, segura e flexível. liga-desliga é mais conveniente usar a válvula
solenóide.
6.6. Dimensionamento do Atuador
Há atuadores de diferentes tamanhos e seu
dimensionamento depende dos seguintes
parâmetros pressão estática do processo,
curso da haste da válvula, deslocamento da

122
7. Acessórios

7.1. Volante
O volante manual é usado para o
fechamento manual da válvula no local, em
substituição ao fechamento automático ou
manual, feito através do atuador pneumático,
em casos de emergência, durante a partida ou
na falta de ar. Eles não são muito freqüentes e
só se justifica sua aplicação em serviços
críticos ou quando não há válvulas de bloqueio
ou de bypass.
Os principais acessórios incluem as hastes
com extensão, operador com corrente,
operador com engrenagens. (a) Posicionador montado (b) Posicionador fora
Fig. 8. 9. Válvula com posicionador

O objetivo do posicionador é o de comparar o


sinal da saída do controlador com a posição da
haste da válvula. Se a haste não esta onde o
controlador quer que ela esteja, o posicionador
soma ou subtrai ar do atuador da válvula, até
se obter a posição correta. Há um elo mecânico
através do qual o posicionador sente a posição
da válvula e monitora o sinal que vai para o
atuador. O posicionador pode ser considerado
um controlador proporcional puro.
As justificativas legitimas para o uso do
Fig. 8. 8. Válvula com volante posicionador são para
1. eliminar a histerese e banda morta da
válvula, garantindo a excursão linear da
7.2. Posicionador haste da válvula, por causa de sua
atuação direta na haste,
O posicionador é um acessório opcional e 2. o posicionador alterar a faixa de sinal
não um componente obrigatório da válvula, pneumático, por exemplo, de 20 a 100
mesmo que algumas plantas padronizem e kPa (3 a 15 psig) para 100 a 20 kPa (15
tornem seu uso extensivo a todas as válvulas a 3 psig) ou de 20 a 60 kPa (3 a 9 psig)
existentes. para 20 a 100 kPa (3 a 15 psig). O uso
O posicionador é um dispositivo acoplado à do posicionador é obrigatório na malha
haste da válvula de controle para otimizar o seu de controle de faixa dividida (split range),
funcionamento. Ele recebe o sinal padrão de onde o mesmo sinal de controle é
20 a 100 kPa (3 a 15 psig) e gera, na saída, enviado para várias válvulas em paralelo.
também o sinal padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 São razões para o uso do posicionador,
psig) e por isso é necessária a alimentação mas não muito legitimas
pneumática de 120 kPa (20 psig). 1. aumentar a velocidade de resposta da
válvula, aumentando a pressão ou o
volume do ar pneumático de atuação,
para compensar atrasos de transmissão,
capacidade do atuador pneumático.
Deve-se usar um booster no lugar do
posicionador.
2. escolher ou alterar a ação da válvula,
falha-fechada (ar para abrir) ou falha-
aberta (ar para fechar). Deve-se fazer
isso com relé pneumático ou no próprio
atuador da válvula.

123
3. modificar a característica inerente da 7.3. Booster
válvula, através do uso de cam externa
ou gerador de função. Isto também não é O booster, também chamado relé de ar ou
uma justificativa valida, pode-se usar relé amplificador pneumático, tem a função
externo que não degrade a qualidade do aproximada do posicionador. A aplicação típica
controle. do booster é para substituir o posicionador,
Há porém, duas outras regras, talvez mais quando ele não é recomendado, como em
importantes, embora menos conhecidas, malhas de controle de vazão de líquido ou de
referentes ao não uso do posicionador. São as pressão de líquido.
seguintes
1. não se deve usar posicionador quando o
processo é mais rápido que a válvula.
2. ao se usar o posicionador, deve se
aumentar a banda proporcional do
controlador, de 3 a 5 vezes, em relação à
sua banda proporcional sem
posicionador. Quando isso é impossível,
não se pode usar o posicionador.
As regras para uso e não uso devem ser
conceitualmente entendidas. O posicionador
torna a malha mais sensível, mais rápida, com
maior ganho. Se a malha original já é sensível
ou rápida, a colocação do posicionador Fig. 8. 10. Booster
aumenta ainda mais a sensibilidade e rapidez,
levando certamente a malha para uma
condição instável, de oscilação. Quando se
coloca um posicionador em uma malha de O booster é usado no atuador da válvula
controle rápida, o desempenho do controle se para apressar a resposta da válvula, para uma
degrada ou tem que se re-sintonizar o variação do sinal de um controlador
controlador, ajustando a banda proporcional em pneumático com baixa capacidade de saída,
valor muito grande, às vezes, em valores não sem o inconveniente de provocar oscilações,
disponíveis no controlador comercial. por não ter realimentação com a haste da
Geralmente não se usa posicionador em válvula. Eles reduzem o tempo de atraso
malha de controle de vazão, pressão de líquido resultante de longas linhas de transmissão ou
e pressão de gás em volume pequeno, que já quando a capacidade da saída do controlador é
estes processos são muito rápidos. Para insuficiente para suprir a demanda de grandes
processos rápidos, mas com linhas de atuadores pneumáticos.
transmissão muito grandes ou com atuadores Os outros possíveis usos de booster são
de grandes volumes, a solução é acrescentar 1. amplificar ou reduzir o sinal pneumático,
um amplificador pneumático (booster), em vez tipicamente de 1:1 e 1:3 ou 5:1, 2:1 e 3:1
de usar o posicionador. O booster também 2. reverter um sinal pneumático por
melhora o tempo de resposta e aumenta o exemplo, quando o sinal de entrada
volume de ar do sinal pneumático e, como seu aumenta, a saída diminui. Quando a
ganho é unitário, não introduz instabilidade ao entrada é 20 kPa (3 psig) a saída é 100
sistema. kPa (15 psig), quando a entrada é 100
O posicionador pode ser considerado como kPa (15 psig), a saída é 20 kPa (3 psig).
um controlador de posição, de alto ganho
(banda estreita). Quando ele é colocado na 8. Característica da Válvula
válvula de controle, o posicionador é o
controlador secundário de uma malha em
cascata, recebendo o ponto de ajuste da saída 8.1. Conceito
do controlador primário. Esta analogia é útil,
pois facilita a orientação de uso ou não-uso do A característica da válvula de controle é
posicionador. Como em qualquer de controle definida como a relação entre a vazão através
cascata, o sistema só é estável se a constante dela e a posição da haste, variando ambas de
de tempo do secundário (posicionador) for 0 a 100%. A vazão na válvula depende do sinal
muito menor que a do primário. de saída do controlador que vai para o atuador.
Na definição da característica, admite-se que
1. o atuador da válvula é linear (o
deslocamento da haste é proporcional à
saída do controlador),

124
2. a queda de pressão através da válvula é O objetivo da caracterização da vazão é o
constante, de fornecer um ganho do processo total
3. o fluido do processo não está em relativamente constante para a maioria das
cavitação, flashing ou na vazão sônica condições de operação do processo.
(choked) A característica da válvula depende do seu
São definidas duas características da tipo. Tipicamente os formatos do contorno do
válvula: inerente e instalada. A característica plug e da sede definem a característica. As três
inerente se refere à observada com uma queda características típicas são linear, igual
de pressão constante através da válvula; é a percentagem e abertura rápida; outras menos
característica construída e fora do processo. A usadas são hiperbólica, raiz quadrática e
instalada se refere à característica quando a parabólica.
válvula está em operação real, com uma queda
de pressão variável e interagindo com as Característica de Igual Percentagem
influências do processo não consideradas no Na válvula de igual percentagem, iguais
projeto. percentagens de variação de abertura da
válvula correspondem a iguais percentagens de
8.2. Características da Válvula e do variação da vazão. Matematicamente, a vazão
Processo é proporcional exponencialmente à abertura. O
índice do expoente é a percentagem de
Para se ter um controle eficiente e estável abertura.
em todas as condições de operação do O termo "igual percentagem" se aplica
processo, a malha de controle deve ter um porque iguais incrementos da posição da
comportamento constante em toda a faixa. Isto válvula causam uma variação da vazão em
significa que a malha completa do processo, igual percentagem. Quando se aumenta a
definida como a combinação sensor- abertura da válvula de 1%,, indo de 20 a 21%,
transmissor-controlador-válvula-processo-etc. a vazão ira aumentar de 1% de seu valor à
deve ter seu ganho e dinâmicas os mais posição de 20%. Se a posição da válvula é
constantes possível. Ter um comportamento aumentada de 2%, indo de 60 a 61%, a vazão
constante significa ser linear. ira aumentar de 1% de seu valor à posição de
Na prática, a maioria dos processos é não- 60%. A válvula é praticamente linear (e com
linear, fazendo a combinação sensor- grande inclinação) próximo à sua abertura
transmissor-controlador-processo não linear. máxima.
Assim, deve-se ter o controlador não-linear A válvula de igual percentagem produz uma
para ter o sistema total linear. A outra vazão muito pequena para grande variação da
alternativa é a de escolher o "comportamento abertura, no inicio de sua abertura, mas
da válvula" não-linear, para tornar linear a quando está próxima de sua abertura total,
combinação sensor-transmissor-controlador- pequenas variações da abertura produzem
processo. Se isso é feito corretamente, a nova grandes variações de vazão. Ela exibe melhor
combinação sensor-transmissor-processo- controle nas pequenas vazões e um controle
válvula se torna linear, ou com o ganho instável em altas vazões.
constante. O comportamento da válvula de
controle é a sua "característica de vazão". Característica Linear
Na válvula com característica linear a
vazão é diretamente proporcional à abertura da
válvula. A abertura é proporcional ao sinal
padrão do controlador, de 20 a 100 kPa (3 a 15
psig), se pneumático e de 4 a 20 mA cc, se
eletrônico.
A característica linear produz uma vazão
diretamente proporcional ao valor do
deslocamento da válvula ou de sua posição da
haste. Quando a posição for de 50%, a vazão
através da válvula é de 50% de sua vazão
máxima.
A válvula com característica linear possui
ganho constante em todas as vazões. O
desempenho do controle e uniforme e
independente do ponto de operação.
Fig. 8. 11. Características da válvula

125
Característica de Abertura Rápida 8.3. Escolha de Características
A característica de vazão de abertura
A escolha da característica da válvula e seu
rápida produz uma grande vazão com pequeno
efeito no dimensionamento é fundamental para
deslocamento da haste da válvula. A curva é
se ter um bom controle, em larga faixa de
basicamente linear para a primeira parte do
operação do processo. A válvula com
deslocamento com uma inclinação acentuada.
característica inerente linear parece ser a mais
A válvula introduz uma grande variação na
desejável, porém o objetivo do projetista é
vazão quando há uma pequena variação na
obter uma característica instalada linear. O que
abertura da válvula, no inicio da faixa. A válvula
se deseja realmente é ter a vazão através da
de abertura rápida apresenta grande ganho em
válvula e de todos os equipamentos em série
baixa vazão e um pequeno ganho em grande
com ela variando linearmente com o
vazão. Ela não é adequada para controle
deslocamento de abertura da válvula. Como a
contínuo, pois a vazão não é afetada para a
queda de pressão na válvula varia com a vazão
maioria de seu percurso; geralmente usada em
(grande vazão, pequena queda de pressão)
controle liga-desliga.
uma válvula não-linear normalmente fornece
Característica Instalada uma relação de vazão linear após a instalação.
A escolha da característica correta da
O dimensionamento da válvula se baseia válvula para qualquer processo requer uma
na queda de pressão através de suas analise dinâmica detalhada de todo o processo.
conexões, assumida como constante e relativa Há numerosos casos onde a escolha da
à abertura de 100% da válvula. Quando a característica da válvula não resulta em
válvula está instalada na tubulação do sistema, conseqüências serias. Qualquer característica
a queda de pressão através dela varia quando de válvula é aceitável quando
há variação de pressão no resto do sistema. A 1. a constante de tempo do processo é
instalação afeta substancialmente a pequena (processo rápido), como vazão,
característica e a rangeabilidade da válvula. pressão de líquido e temperatura com
A característica instalada é real e diferente misturadores,
da característica inerente, que é teórica e de 2. a banda proporcional ajustada do
projeto. Na prática, uma válvula com controlador é estreita (alto ganho),
característica inerente de igual percentagem se 3. as variações de carga do processo são
torna linear, quando instalada. A exceção, pequenas; menos que 2:1.
quando a característica inerente é igual à A válvula com característica linear é
instalação, ocorre quando se tem um sistema comumente usada em processo de nível de
com bombeamento com velocidade variável, líquido e em outros processos onde a queda da
onde é possível se manter uma queda de pressão através da válvula é aproximadamente
pressão constante através da válvula, pelo constante.
ajuste da velocidade da bomba. A válvula com característica de igual
A característica instalada de qualquer percentagem é a mais usada; geralmente, em
válvula depende dos seguintes parâmetros aplicações com grandes variações da queda de
1. característica inerente, ou a pressão ou onde uma pequena percentagem
característica para a válvula com queda da queda de pressão do sistema total ocorre
de pressão constante e a 100% de através da válvula.
abertura, Quando se tem a medição da vazão com
2. relação da queda de pressão através da placa de orifício, cuja saída do transmissor é
válvula com a queda de pressão total do proporcional ao quadrado da vazão, deve-se
sistema, usar uma válvula com característica de raiz
3. fator de super dimensionamento da quadrática (aproximadamente a de abertura
válvula. rápida). A válvula com a característica de
É difícil prever o comportamento da válvula vazão de abertura rápida é, tipicamente, usada
instalada, principalmente porque a em serviço de controle liga-desliga, onde se
característica inerente se desvia muito da curva deseja uma grande vazão, logo que a válvula
teórica, há não linearidades no atuador da comece a abrir.
válvula, nas curvas das bombas.

126
As recomendações (Driskell) resumidas 9. Operação da Válvula
para a escolha da característica da válvula são
1. Abertura rápida, para controle de vazão
com medição através da placa de orifício 9.1. Aplicação da Válvula
e com variação da queda de pressão na
válvula pequena (menor que 2:1). Antes de especificar e dimensionar uma
2. Linear, para controle de vazão com válvula de controle, deve-se avaliar se a válvula
medição através da placa de orifício e é realmente necessária ou se existe um meio
com variação da queda de pressão na mais simples e mais econômico de executar o
válvula grande (maior que 2:1 e menor que se deseja. Por exemplo, pode-se usar uma
que 5:1). válvula autocontrolada em vez da válvula de
3. Linear, para controle de vazão com controle, quando se aceita um controle menos
sensor linear, nível e pressão de gás, rigoroso, se quer um sistema econômico ou
com variação de queda de pressão não se tem energia de alimentação disponível.
através da válvula menor que 2:1. Em outra aplicação, é possível e conveniente
4. Igual percentagem, para controle de substituir toda a malha de controle de vazão
vazão com sensor linear, nível e pressão por uma bomba de medição a deslocamento
de gás, com variação de queda de positivo ou por uma bomba centrífuga com
pressão através da válvula maior que 2:1 velocidade variável. O custo benefício destas
e menor que 5:1. alternativas é usualmente obtido pelo custo
5. Igual percentagem, para controle de muito menor do bombeamento, pois não se irá
pressão de líquido, com qualquer produzir energia para ser queimada na queda
variação da queda de pressão através da de pressão através da válvula de controle.
válvula. Quando se decide usar a válvula de
Como há diferenças grandes entre as controle, deve-se selecionar o tipo correto e
características inerente e instalada das válvulas dimensiona-se adequadamente. Para a seleção
e por causa da imprevisibilidade da da válvula certa deve-se entender
característica instalada, deve-se preferir completamente o processo que a válvula
1. válvula cuja construção tenha uma controla. Conhecer completamente significa
propriedade intrínseca, como a borboleta conhecer as condições normais de operação e
e a de disco com abertura rápida, as exigências que a válvula deve satisfazer
2. válvula que seja caracterizada pelo durante as condições de partida, desligamento
projeto, como as com plugs linear e de do processo e emergência.
igual percentagem, Todas os dados do processo devem ser
3. válvula digital, que possa ser conhecidos antecipadamente, como os valores
caracterizada por software, da vazões (mínima, normal e máxima), pressão
4. característica que seja obtida através de estática do processo, pressão de vapor do
equipamento auxiliar, como gerador de líquido, densidade, temperatura, viscosidade. É
função, posicionador caracterizado, cam desejável identificar as fontes e natureza dos
de formato especial. Estes instrumentos distúrbios potenciais e variações de carga do
são principalmente úteis para a alteração processo.
da característica instalada errada. Deve-se determinar ou conhecer as
Em resumo, a característica da válvula de exigências de qualidade do processo, de modo
controle deve casar com a característica do a identificar as tolerâncias e erros aceitáveis no
processo. Este casamento significa que os controle. Os dados do processo devem
ganhos do processo e da válvula combinados também estabelecer se a válvula necessita
resultem em um ganho total linear. fornecer vedação total, quando fechada, qual
deve ser o nível aceitável de ruído, se há
possibilidade de martelo d'água, se a vazão é
pulsante.

9.2. Desempenho
O bom desempenho da válvula de controle
significa que a válvula
1. é estável em toda a faixa de operação do
processo,
2. não opera próxima de seu fechamento
ou de sua abertura total,

127
3. é suficientemente rápida para corrigir os válvula com característica inerente de abertura
distúrbios e as variações de carga do rápida está praticamente aberta a 40%, pois ela
processo, só fornece controle estável entre 10 e 40% e
4. não requer a modificação da sintonia do sua rangeabilidade é de 4:1. A válvula de
controlador depois de cada variação de abertura rápida tem uma ganho variável, muito
carga do processo. grande em vazão pequena e praticamente zero
Para se conseguir este bom desempenho em vazão alta. Ela é instável em vazão baixa e
da válvula, deve-se considerar os fatores que inoperante em alta vazão.
afetam seu desempenho, tais como A rangeabilidade da válvula com
característica, rangeabilidade inerente e característica inerente linear é de 10:1 pois ela
instalada, ganho, queda de pressão provocada, fornece controle entre 10 e 100%. A válvula
vazamento quando fechada, características do linear possui ganho (sensibilidade) uniforme em
fluido e resposta do atuador. toda a faixa de abertura da válvula, ou seja, a
mesma dificuldade e precisão que se tem para
9.3. Rangeabilidade medir e controlar 100% da vazão, tem se em
10%.
Um fator de mérito muito importante no A válvula com característica inerente de igual
estudo da válvula de controle é a sua percentagem tem rangeabilidade de aproximadamente
rangeabilidade. Por definição, a rangeabilidade 401, pois ela controla desde 2,5 a 100%. A válvula com
da válvula de controle é a relação matemática igual percentagem possui ganho variável, pequeno em
entre a máxima vazão sobre a mínima vazão vazão baixa e elevado em vazão alta. Ela possui um
controláveis com a mesma eficiência. É desempenho excelente em baixas vazões e é instável
desejável se ter alta rangeabilidade, de modo para vazões muito elevadas.
que a válvula possa controlar vazões muito Na consideração da rangeabilidade da
pequenas e muito grandes, com o mesmo válvula, é importante se considerar que a
desempenho. Na prática, é difícil definir com rangeabilidade da válvula instalada é diferente
exatidão o que seja "controlável com mesma da rangeabilidade teórica, fora do processo. A
eficiência" e por isso os números especificados rangeabilidade instalada é sempre menor que a
variam de 10 a 1.000%. teórica. Isso ocorre porque o Cv instalado é
O mais importante é ter bom senso e tratar geralmente maior que o Cv teórico. Por
o conceito de rangeabilidade sob um ponto de exemplo, se o Cv real é cerca de 1,2 do Cv
vista qualitativo. A rangeabilidade é importante teórico, a máxima vazão controlada pela
porque válvula é cerca de 80% da abertura da válvula.
1. diz o ponto em que se espera que a Se a válvula é de igual percentagem, 80% da
válvula atue em liga-desliga ou perca abertura corresponde a cerca de 50% da
completamente o controle, devido a vazão. Deste modo, a rangeabilidade é cerca
vazamentos, de 50:1, em vez de 100:1.
2. estabelece o ponto em que a Lipták define "rangeabilidade intrínseca"
característica começa a se desviar do como a relação do Cvmax para o Cvmin, entre os
esperado. quais o ganho da válvula não varie mais que
50% do valor teórico. Por esta definição, a
rangeabilidade da válvula linear é maior do que
a da válvula de igual percentagem.

10. Vedação e Estanqueidade

10.1. Classificação
Qualquer vazão através da válvula
totalmente fechada, quando exposta à pressão
diferencial e à temperatura de operação é
chamada de vazamento (leakage). O
vazamento é expresso como uma quantidade
acumulada durante um período de tempo
Fig. 8. 12. Característica e rangeabilidade específico, para aplicações de fechamento com
vedação completa ou como percentagem da
capacidade total, para as válvulas de controle
A rangeabilidade da válvula está associada convencionais.
diretamente à característica da válvula. A

128
maior quando se estiver operando em
temperaturas abaixo da temperatura de projeto
Tab. 1. Classificação das Estanqueidades da válvula.
Tensões mecânicas na tubulação onde
Classe I Não testadas nem garantidas para está instalada a válvula podem também
vazamentos. provocar vazamentos na válvula. Por isso deve
Classe II Especificadas para vazamento menor que se tomar cuidados em sua instalação e
0.5% da vazão máxima. principalmente no aperto dos parafusos. Deve-
Classe III Especificadas para vazamento menor que se isolar a válvula das forças externas da
0.1% da vazão máxima, tubulação, através de suportes.
Classe IV Especificadas para vazamento menor que
0.01% da vazão máxima. 10.3. Válvulas de Bloqueio
Classe V Especificadas para vazamento menor que
5 x 10-4 ml/min de vazão d'água por Quanto maior a força de assentamento na
polegada do diâmetro da sede. válvula, menor é a probabilidade de ocorrer
Classe Especificadas para válvulas com sede vazamentos. Somente as válvulas pequenas
VI macia e o vazamento e expresso como podem suportar grandes forças em suas sedes.
vazão volumétrica de ar, com pressão Por isso, os materiais da sede devem ser
diferencial nominal de até 345 kPa. duros, para suportar estas grandes forças de
fechamento. Os materiais mais apropriados
para aplicações com fluidos não lubrificantes,
Não se deve usar uma única válvula para abrasivos, com alta temperatura são aço
fornecer simultaneamente as funções de Stellite® ou inoxidável endurecido
controle e de vedação completa (tight shutoff). Por outro lado, os materiais da sede devem
As melhores válvulas para bloqueio não são ser macios (resilientes) para prover a vedação
necessariamente as melhores escolhas para o completa, durante longos períodos. Os
controle. materiais padrão são o Teflon e Buna-N®. O
De acordo com a norma (ANSI B 16.104), Teflon é superior na resistência à corrosão e na
as válvulas são categorizadas em seis classes, compatibilidade à alta temperatura (até 250
oC); o Buna-N é mais macio, mas é limitado a
de acordo com seu vazamento permissível.
Estes limites de estanqueidade são aplicáveis temperaturas menores que 100 oC. Estes
apenas à válvula nova, sem uso. materiais devem operar em pressões menores
que 3,5 Mpa (500 psig) e com fluidos não
10.2. Fatores do Vazamento abrasivos.

Alguns fabricantes listam em seus


catálogos os coeficientes de vazão, Cv, 11. Dimensionamento
aplicáveis para as válvulas totalmente abertas
e os valores dos vazamentos, quando
totalmente fechadas. Estes valores só valem
11.1. Filosofia
para a válvula nova, limpa, operando nas
condições ambientes. Após alguns anos de O dimensionamento da válvula de controle
serviço, o vazamento da válvula varia é o procedimento de calcular o coeficiente de
drasticamente, em função da instalação, vazão ou o fator de capacidade da válvula, Cv.
temperatura, pressão e características do Este método do Cv é bem aceito e foi
fluido. introduzido pela Masoneilan, em 1944. Uma
A estanqueidade depende da viscosidade vez calculado o Cv da válvula e conhecido o
dos fluidos; fluidos com viscosidade muito tipo de válvula usada, o projetista pode obter o
baixa são muito difíceis de serem contidos; por tamanho da válvula do catálogo do fabricante.
exemplo, dowtherm®, freon®, hidrogênio. O coeficiente Cv é definido como o número
A temperatura afeta o vazamento, de galões por minuto (gpm) de água que flui
principalmente quando o corpo da válvula está através da válvula totalmente aberta, quando
a uma temperatura diferente da temperatura do há uma queda de pressão de 1 psi através da
plug ou quando o coeficiente de dilatação válvula, a 60 oF. Desse modo, quando se diz
termal do material do corpo é diferente do que a válvula tem o Cv igual a 10, significa que,
coeficiente do material do plug. Em algumas quando a válvula está totalmente aberta e com
válvulas, por exemplo, nas borboletas, é prática a pressão da entrada maior que a da saída em
usual deixar espaçamentos entre o disco e a 1 psi e a temperatura ambiente é de 15,6 oC,
sede, para acomodar a expansão do disco, sua abertura deixa passar uma vazão de 10
quando se tem grandes variações de gpm. O Cv é basicamente um índice de
temperatura do processo. O vazamento será capacidade, através do qual o engenheiro é

129
capaz de estimar, de modo rápido e preciso, o ΔP = queda de pressão através da válvula
tamanho de uma restrição necessária, em ou
qualquer sistema de fluido. ΔP = P1 - P2
Mesmo que o método de Cv seja usado por P1 = pressão a montante (antes da válvula)
todos os fabricantes, as equações para calcular P2 = pressão a jusante (depois da válvula)
o Cv difere um pouco de fabricante para ρ = densidade relativa do líquido
fabricante. A melhor política é usar a Há outras considerações e correções
recomendação do fabricante da válvula devidas à viscosidade, flacheamento e
escolhida. O dimensionamento correto da cavitação, na escolha da válvula para serviço
válvula é feito através de formulas teóricas, em líquido.
baseadas na equação de Bernouille e nos
dados de vazão, ou através de ábacos, curvas, 11.3. Válvulas para Gases
réguas de cálculo específicas. Atualmente, a
prática mais usada é o dimensionamento de O gás é mais difícil de ser manipulado que
válvula através de programas de computador o líquido, por ser compressível. As diferenças
pessoal. entre os fabricantes são encontradas nas
O dimensionamento correto da válvula, equações de dimensionamento para fluidos
determinado por formulas, régua de cálculo ou compressíveis. Estas diferenças são devidas
programa de computador pessoal, sempre se ao modo que se expressa ou se considera o
baseia no conhecimento completo das fenômeno da vazão crítica.
condições reais da vazão. Freqüentemente, A vazão crítica é a condição que existe
uma ou várias destas condições são assumidas quando a vazão não é mais função da raiz
arbitrárias; é a avaliação destes dados quadrada da diferença de pressão através da
arbitrários que realmente determinam o válvula, mas apenas função da pressão à
tamanho final da válvula. Nenhuma formula - montante. Este fenômeno ocorre quando o
somente o bom senso combinado com a fluido atinge a velocidade do som na vena
experiência - pode resolver este problema. contracta. Assim que o gás atinge a velocidade
Nada substitui um bom julgamento de do som, na vazão crítica, a variação na pressão
engenharia. A maioria dos erros no à jusante não afeta a vazão, somente variação
dimensionamento é devida a hipóteses na pressão a montante afeta a vazão.
incorretas relativas às condições reais da
vazão. 11.4. Queda de Pressão na Válvula
Na prática e por motivos psicológicos, a
tendência é super dimensionar a válvula, ou Deve-se entender que a válvula de controle
seja, estar do lado mais "seguro". Uma manipula a vazão absorvendo uma queda de
combinação destes vários "fatores de pressão do sistema. Esta queda de pressão é
segurança" pode resultar em uma válvula super uma perda econômica para a operação do
dimensionada e incapaz de executar o controle processo, desde que a pressão é fornecida por
desejado. uma bomba ou compressor. Assim, a economia
Aqui serão apresentadas as equações de deve ditar o dimensionamento da válvula, com
cálculo da Masoneilan e da Fisher Controls pequena perda de pressão. A queda de
para mostrar as diferenças em suas equações pressão projetada afeta o desempenho da
e seus métodos. válvula.
A maior diferença ocorre nas equações de Em um sistema de redução de pressão, é
dimensionamento de fluidos compressíveis fácil conhecer precisamente a queda de
(gás, vapor ou vapor d'água) pressão através da válvula. Isto também ocorre
em um sistema de nível de um líquido, onde o
líquido passando de um vaso para outro, em
11.2. Válvulas para Líquidos uma pressão constante e baixa. Porém, na
A equação básica para dimensionar uma maioria das aplicações de controle, a queda de
válvula de controle para serviço em líquido é a pressão através da válvula deve ser escolhida
mesma para todos os fabricantes. arbitrariamente.
O dimensionamento da válvula de controle
ΔP é difícil, porque as recomendações publicadas
Q = C v f ( x) são ambíguas, conflitantes ou não satisfazem
ρ os objetivos do sistema. Não há regra numérica
específica para determinar a queda de pressão
onde através da válvula de controle.
Q = vazão volumétrica Luyben recomenda que a válvula esteja a
50% de abertura, nas condições normais de
operação; Moore recomenda que o Cv

130
necessário não exceda 90% do Cv instalado e 12. Instalação
que a válvula provoque 33% da queda de
pressão total, na condição nominal de
operação. Outros autores sugerem 5 a 10%. 12.1. Introdução
Quanto menor a percentagem, maior é a
válvula. Quanto maior a válvula, maior é o A decisão mais importante na aplicação de
custo inicial da instalação mas menor é o custo uma válvula é a sua colocação certa para fazer
do bombeamento. o trabalho certo. Depois, mas de igual
Uma boa regra de trabalho considera um importância, é a sua localização e finalmente, a
terço da queda de pressão do sistema total sua instalação. Todas as três etapas são
(filtros, trocadores de calor, bocais, medidores igualmente importantes para se obter um
de vazão, restrições de orifício, conexões e a serviço satisfatório e uma longa vida da válvula.
tubulação com atrito) é absorvido pela válvula
de controle. 12.2. Localização da Válvula
A pressão diferencial absorvida pela válvula
de controle, em operação real, é a diferença As válvulas devem ser localizadas em uma
entre a coluna total disponível e a necessária tubulação, de modo que elas sejam operadas
para manter a vazão desejada através da com facilidade e segurança. Se não há
válvula. Esta pressão diferencial é determinada operação remota, nem manual nem
pelas características do processo e não pelas automática, as válvulas devem ser localizadas
hipóteses teóricas do projetista. de modo que o operador possa ter acesso a
Por causa da economia, a queda de elas. Quando a válvula é instalada muito alta,
pressão através da válvula deve ser a menor além do alcance do braço levantado do
possível. Por causa do controle, a queda de operador, ele terá dificuldade de alcança-la e
pressão através da válvula deve ser a maior não poderá fecha-la totalmente e
possível. Para poder fazer o controle correto, a eventualmente haverá vazamento, que poderá
válvula deve absorver do sistema e devolver causar desgaste anormal nos seus internos.
para o sistema a queda de pressão. Quando a
proporção da queda de pressão através da 12.3. Cuidados Antes da Instalação
válvula é diminuída, a válvula de controle perde
As válvulas são geralmente embrulhadas e
a habilidade de aumentar rapidamente a vazão.
protegidas de danos durante seu transporte,
Também, a pequena perda de carga resulta em
pelo fabricante. Esta embalagem deve ser
grande tamanho da válvula e, como
deixada no lugar até que a válvula seja
conseqüência, maior custo inicial da válvula e
instalada. Se a válvula é deixada exposta,
uma diminuição da faixa de controle, pois a
poeira, areia e outros materiais ásperos podem
válvula está super dimensionada.
penetrar nas suas partes funcionais. Se estas
A quantidade de vazão máxima da válvula
sujeiras não forem eliminadas, certamente
deve ser de 15 a 50% acima da máxima vazão
haverá problemas quando a válvula for
requerida pelo processo. As vazões normal e
instalada para operar.
máxima usadas no dimensionamento devem
As válvulas devem ser armazenadas onde
ser baseadas nas condições reais de operação,
sejam protegidas de atmosferas corrosivas e
sem aplicação de qualquer fator de segurança.
de modo que elas não caiam ou onde outros
materiais pesados não possam cair sobre elas.
Antes da instalação, é conveniente ter
todas as válvulas limpas, normalmente com ar
comprimido limpo ou jatos d'água. A tubulação
também deve ser limpa, com a remoção de
todas as sujeiras e rebarbas metálicas
deixadas durante a montagem.

12.4. Tensões da Tabulação


A tubulação que transporta fluidos em alta
temperatura fica sujeita a tensões termais
devidas a expansão térmica do sistema da
tubulação. Por isso, deve se prover expansão
para o comprimento de tubulação envolvido,
para que estas tensões não sejam transmitidas
Fig. 8. 13. Quedas de pressão ao longo do sistema e na às válvulas e às conexões.
válvula de controle

131
A expansão da tubulação pode ser causa resulta em operação ineficiente,
acomodada pela instalação de uma curva em obstrução e a necessidade de manutenção
"U" ou de uma junta de expansão entre todos freqüente. Se a válvula possuir flanges, será
os pontos de apoio, sempre garantindo que há difícil apertar os parafusos corretamente. A
movimento suficiente para acomodar a tubulação deve ser suportada próxima da
expansão do comprimento de tubulação válvula; válvula muito pesada deve ter suporte
envolvido. Note que a mesma condição existe, independente do suportes da tubulação, de
mas em direção contraria, quando se tem modo a não induzir tensão no sistema da
temperaturas criogênicas (muito baixas). Neste tubulação.
caso, também de se deve prover compensação Quando instalar válvula com haste móvel,
para a contração da linha. garantir que há espaço suficiente para a
operação da válvula e para a remoção da haste
e do castelo, em caso de necessidade de
manutenção local.
É conveniente instalar a válvula com a
haste na posição vertical e com movimento
para cima; porém, muitas válvulas podem ser
instaladas com a haste em qualquer ângulo.
Quando instalar a válvula com a haste se
movimentando para baixo, o castelo fica abaixo
da linha de vazão, formando uma câmara para
pegar e manter substancias estranhas. Estas
sujeiras, se presas, podem eventualmente
arruinar a haste interna ou os filetes de rosca.

13. Parâmetros de Seleção


Tão importante quanto a escolha do
Fig. 8. 14. Instalação da válvula em local acessível elemento sensor e do controlador do processo,
é a seleção da válvula de controle.
Os fatores que orientem e determinam a
escolha da melhor válvula se referem
12.5. Redutores principalmente à aplicação e à construção. Os
parâmetros ligados à aplicação são fluido do
Por questão econômica e para facilitar a
processo, função da válvula, condições do
sua operação, é comum se ter o diâmetro da
processo, vedação da vazão, queda de
válvula menor do que o da tubulação. Para
pressão. Os fatores relacionados com a
acomodar esta diferença de diâmetros, usa-se
construção incluem o atuador, elemento de
o redutor entre a tubulação e a válvula. O
controle, conexões, materiais, engaxetamento,
redutor aumenta as perdas e varia o Cv da
sede, internos .
válvula. O comum é usar um fator de correção,
O primeiro passo na seleção da válvula é o
que é a relação dos Cv's, sem e com os
de determinar exatamente o que é esperado da
redutores. Estes fatores de correção podem ser
válvula, ou seja, qual a função a ser
obtidos dos fabricantes ou levantados
desempenhada pela válvula depois dela ter
experimentalmente.
sido instalada. Esta avaliação correta da função
O efeito dos redutores na vazão crítica é
estreita os tipos de válvulas convenientes para
também sentido e deve-se usar o fator de
a aplicação. Em muitas aplicações, há vários
vazão crítica corrigido, que relaciona o Cv da
tipos de válvulas que funcionarão igualmente
válvula, o Cf da válvula sem os redutores e os
bem e a escolha pode ser baseada somente
diâmetros da válvula e da tubulação.
em fatores como custo e disponibilidade. Para
outras aplicações, pode ser que a melhor
12.6. Instalação da Válvula escolhe é uma válvula não disponível
Há cuidados e procedimentos que se industrialmente; a solução é mandar construir
aplicam para todos os tipos de válvulas e há uma válvula especial ou usar a disponível que
especificações especiais para determinados apresente mais vantagens, embora não seja a
tipos de válvulas. ideal.
Quando instalar a válvula, garantir que
todas as tensões da tubulação não sejam
transmitidas à válvula. A válvula não deve
suportar o peso da linha. A distorção por esta

132
13.1. Função da Válvula teste de laboratório. A altura disponível é uma
característica do sistema de sucção e pode ser
Para o controle proporcional e contínuo do calculada. A altura disponível sempre deve
processo, variando o valor da abertura, a exceder a altura requerida pela bomba.
válvula mais padrão é a globo, que é a mais
estável e previsível das válvulas.
Para o controle liga-desliga, as melhoras
13.4. Condições de Operação
escolhas são as válvulas globo, esfera, gaveta As pressões e temperaturas máximas e
e com plug. As válvulas esfera e de plug mínimas devem ser conhecidas. A resistência à
normalmente executam abertura mais rápida corrosão do material de construção da válvula
que as válvulas gaveta e globo. pode ser influenciada por estes fatores,
Para o controle da direção da vazão do principalmente quando se tem corpos e
fluido, usa-se a válvula de retenção, que revestimentos de plástico.
bloqueia a vazão em uma direção e permite a O controle de vazão em alta pressão
passagem normalmente na outra direção ou a geralmente requer o uso de válvula esfera ou
válvula de restrição que permite a passagem globo, eventualmente válvula gaveta.
de uma determinada vazão, em uma ou mais Em aplicações de alta temperatura, deve-
direções especificadas. As válvulas com se cuidar para que a expansão termal não
portinhola (swing) são as preferidas. cause deformação nas partes molhadas da
Para a resposta rápida para a abertura para válvula.
sobrepressão e grande vazão para a exaustão,
deve-se usar as válvulas de alívio e de 13.5. Vedação
segurança. A válvula padrão é a poppet,
acionada por mola. Quase todas as válvulas podem prover
vedação total, quando totalmente fechadas,
13.2. Fluido do Processo porém, muitas vezes, com alto custo e
complexidade de construção. Assim, existem
O fluido do processo passa dentro do alguns tipos que fornecem vedação de modo
corpo da válvula. As propriedades do fluido natural e mais simples, como as válvulas
manipulado devem ser conhecidas. Estas esfera, gaveta, globo e de plug. A pior válvula
propriedades incluem densidade, viscosidade, para vedação é a borboleta.
corrosividade e abrasividade. Fluido é um Geralmente a válvula de controle não é
termo genérico que pode significar gás, vapor, aplicada para prover vedação completa, mas
líquido puro ou líquido com sujeira (slurry). É para trabalhar com aberturas típicas e variáveis
importante analisar o sistema para ver se mais entre 25 e 85%, dependendo de sua
de um fluido passa através da válvula. característica de vazão. Quando se quer
Quando se manipulam fluidos que podem vedação total, quando não há controle, é boa
causar deposição de contaminantes, deve-se prática usar uma válvula de bloqueio (stop) em
usar válvula com o mínimo de obstrução à série com a válvula de controle.
vazão, como esfera, gaveta, globo ou
diafragma. 13.6. Materiais de Construção
As válvulas esfera e globo são as
recomendadas para a manipulação de vapor a O material de construção da válvula está
alta pressão. relacionado diretamente com as propriedades
de corrosividade e abrasividade do fluido que
13.3. Perdas de Atrito do Fluido irá passar pela válvula. A escolha da válvula
pode ficar limitada pela disponibilidade das
Os vários tipos de válvulas exibem quedas válvulas em materiais específicos.
de pressão diferentes, quando totalmente Às vezes, por questão econômica, deve se
abertas e por isso este fator deve ser considerar separadamente o material do corpo
considerado na seleção. e dos internos (plug, haste, anel, disco .) da
Um sistema típico que requer uma perda de válvula. Para certos tipos de válvulas
pressão limitada é a tubulação de sucção de revestidas, como a diafragma, Saunders, o
uma bomba. No projeto de tal sistema, deve se material do revestimento normalmente é
considerar a altura total da sucção, que deve diferente do diafragma elástico.
incluir perdas internas da bomba, lift estático de A combinação da pressão, da temperatura
sucção, perdas de atrito, pressão de vapor e de operação e das características do fluido
condições atmosféricas. É necessário determinam os materiais de construção
diferenciar entre a altura necessária e a permissíveis. Os líquidos e gases corrosivos
disponível. A altura necessária se refere as normalmente requerem aços inoxidáveis, ligas
perdas internas da bomba e é determinada por de níquel, materiais cerâmicos e plásticos

133
especiais. Para serviço em alta pressão e/ou desempenhar esta função, a válvula opera
alta temperatura, deve-se considerar os vários corretamente e tem longa vida.
tipos de aços, ligas de níquel, ligas de titânio e O movimento do elemento de controle da
outros materiais de alta resistência. Para vazão é conseguido por meio de uma haste
serviço em vapor d'água, considerar o aço que é fixada ao elemento de controle e gira,
carbono, bronze e metais similares. Em todos move ou combina estes dois movimentos, de
os casos de condições severas de uso, deve- modo a estabelecer a sua posição. As
se consultar a literatura dos fabricantes para exceções são as válvulas de retenção (check)
determinar a conveniência de uma determinada e algumas válvulas de segurança e auto-
válvula. reguladas, que são operadas pelas forças do
fluido dentro da zona de pressão.
13.7. Elemento de Controle
O tipo do elemento de controle ou de 14. Tipos de Válvulas
fechamento determina o tipo da válvula a ser
Há muitos tipos de válvulas de controle no
usado. Inversamente, a escolha do tipo da
mercado. Quase todo mês aparece um válvula
válvula determina o tipo do elemento de
de controle "nova e melhorada", tornando difícil
fechamento. Os elementos mais comuns são a
a sua classificação.
esfera, disco, cunha, plug e agulha.
O número de válvulas usadas para o
As peças da válvula que ficam em contato
controle de fluidos é elevado, com válvulas
direto com o fluido do processo são chamadas
variando de simples dispositivos de liga-desliga
de partes molhadas. Os formatos e variedades
até sistemas de servomecanismo complexos.
destas partes dependem do tipo da válvula; os
Seus tamanhos variam de pequeníssimas
mais comuns são a haste, plug, gaiola, sede ou
válvulas medidoras usadas em aplicações
assento . Em muitas válvulas, usa-se selos em
aeroespaciais até válvulas industriais com
torno da haste, para prover vedação para o
diâmetros de vários metros e pesando
exterior da válvula. Estes selos estão sujeitos a
centenas de quilos. As válvulas controlam a
desgaste e por isso devem ser substituídos
vazão de todos tipos de fluidos, variando de ar
periodicamente.
e água até produtos químicos corrosivos, sujos,
Há muitos estilos de sedes de válvula, com
metais líquidos e materiais radioativos. Elas
diferenças de geometria, material e rigidez . Os
podem operar em pressões na região do vácuo
formatos determinam a característica da
até pressões de 100 000 psig e temperaturas
válvula (vazão x abertura da válvula) e sua
variando da faixa criogênica até as faixas de
capacidade de vedação, quando totalmente
metais derretidos. Eles podem ter tempo de
fechada.
vida variando de apenas um ciclo até milhares
Efetivamente, há apenas quatro métodos
de ciclos, sem a necessidade de reparo ou
básicos de controlar a vazão em uma
substituição. As válvulas podem ter exigência
tubulação, através de uma válvula
de vedação total, onde pequenos vazamentos
1. mover um disco ou um obturador (plug)
podem ser catastróficos ou elas podem ser
em ou contra um orifício, como feito na
complacentes, permitindo a passagem de
válvula globo, ângulo, Y e agulha.
quantidades razoáveis de fluido quando
2. deslizar uma superfície plana, cilíndrica
totalmente fechadas, sem que isso seja grave.
ou esférica através de um orifício, como
As válvulas podem ser operadas por uma
feito na válvula gate, plug, esfera e de
variedade de modos manual, pneumático,
pistão.
elétrico . Elas podem responder de um modo
3. rodar um disco ou elipse em torno de um
previsível a sinais provenientes de sensores de
eixo, através do diâmetro de uma caixa
pressão, temperatura e outras variáveis do
circular, como feito na válvula borboleta
processo ou podem simplesmente abrir e
e no damper.
fechar independentemente da potência do sinal
4. mover um material flexível na passagem
de atuação.
da vazão, como feito na válvula
Aproximadamente todas as válvulas em
diafragma e pinch.
uso hoje podem ser consideradas como
Todas as válvulas atualmente disponíveis
modificações de alguns poucos tipos básicos.
controlam a vazão por um ou mais de um dos
As válvulas podem ser classificadas de
métodos acima. Muitos refinamentos foram
diferentes modos, tais como tamanho, função,
feitos e melhorias incorporadas nos projetos
material, tipo do fluido manipulado, classe de
com as novas tecnologias e novos materiais.
pressão, modo de atuação . Há válvulas com
Cada tipo de válvula tem sua aplicação ótima.
princípios de funcionamento já do domínio
Cada tipo de válvula foi projetado para uma
público, outras que ainda estão patenteadas e
função específica e quando usada para
são propriedades e fabricadas por uma única

134
firma. Um modo conveniente de classificar as Vantagens
válvulas é de acordo com a natureza do meio 1. Na posição totalmente aberta, a gaveta
de operação empregado. Este modo é ou o disco fica fora da área de vazão do
esquemático e simples, pois todas as válvulas fluido, provocando pequena queda de
caem em uma das oito categorias gaveta, pressão e pouca turbulência.
globo, esfera, borboleta, plug, pinch, poppet, 2. Na posição totalmente fechada ela
swing. Por exemplo, numa indústria fornece uma excelente vedação.
petroquímica, 90% de todas as válvulas usadas 3. Sua geometria fica relativamente livre de
são dos tipos gaveta, globo, retenção, esfera, acumulo de contaminantes.
borboleta e plug. 4. Sua construção possui a maior faixa de
A seguir serão vistos a descrição, uso, aceitação para a temperatura e pressão
vantagens e desvantagens de cada um dos do fluido.
tipos acima. 5. Quase todo tipo de metal pode ser usado
e trabalhado para seus componentes.
14.1. Válvula Gaveta

Descrição
A válvula gaveta é caracterizada por um
disco ou porta deslizante que é movida pelo
atuador na direção perpendicular à vazão do
fluido. Há muitas variações na sede, haste e
castelo das válvulas gaveta. Elas são
disponíveis em vários tamanhos e pesos.
A norma API 600-1973 define e descreve
as duas principais classificações para a válvula
gaveta cunha (wedge) e com disco duplo; a
mais popular na indústria petroquímica é tipo
cunha.
A válvula gaveta tipo cunha é disponível em
três configurações diferentes cunha sólida
plana, cunha sólida flexível e cunha partida. Fig. 8. 16. Válvulas gaveta

Desvantagens
As numerosas vantagens da válvula gaveta
não a tornam a válvula universal. Ela possui as
seguintes limitações e inconvenientes
1. A abertura entre a gaveta e o corpo da
válvula, durante a subida ou descida,
provoca distúrbios na vazão do fluido,
resultando em vibração indesejável e
causando desgaste ou erosão da gaveta.
2. A turbulência do fluido pode também ser
causada pelo movimento de subida ou
descida da gaveta. A válvula gaveta é
Fig. 8. 15. Válvula gaveta em angulo vulnerável à vibração, quando
praticamente aberta e é sujeita ao
desgaste da sede e do disco.
3. O ganho da válvula é muito grande,
A válvula gaveta cunha sólida flexível se quando ela está próxima de sua abertura
tornou mais popular que a sólida plana, total. Isto significa que a operação da
dominando o mercado. Ela possui melhor válvula é instável na operação próxima
desempenho de selagem, requer menor torque de sua abertura total.
operacional e apresentar menor desgaste no 4. A lâmina percorre uma grande distancia
material da sede. O único fator negativo é sua entre as posições totalmente aberta e
construção mecânica que não fornece alívio de fechada; como conseqüência, válvula
pressão para o corpo da válvula. Recomenda- gaveta possui resposta lenta e requer
se especificar um furo de vent no lado a grandes forças de atuação.
montante da cunha, para evitar pressão
elevada na cavidade do corpo.

135
Aplicações e Restrições 14.2. Válvula Esfera
A válvula gaveta é o tipo mais
freqüentemente especificado e corresponde a Descrição
cerca de 70 a 80% do total de válvulas da
A válvula tipo esfera possui um obturador
indústria petroquímica. A principal razão de sua
esférico, que se posiciona dentro de uma
popularidade é que a planta petroquímica
gaiola. Outro tipo de válvula esfera consiste em
necessita de válvulas de bloqueio e de válvulas
um obturador esférico, com uma abertura.
liga-desliga.
Quando o eixo de abertura coincide com o eixo
A válvula gaveta é ideal para aplicações de
da vazão, tem-se a máxima vazão. Quando o
bloqueio (totalmente fechada) e de controle
eixo da abertura é perpendicular à tubulação, a
liga-desliga, onde ela opera ou totalmente
válvula está fechada.
aberta ou totalmente fechada e não necessitam
A válvula esfera é basicamente uma esfera
ser operadas com grande freqüência. Ela é
alojada em um invólucro. A rotação da esfera
conveniente para aplicações com alta pressão
de 90o muda a posição de totalmente aberta
e alta temperatura e para uma grande
para totalmente fechada. A esfera pode ser fixa
variedade de fluidos.
ou flutuante, com porte reduzido ou total. As
Os fatores limitantes tornam a válvula
válvulas esfera são disponíveis em uma
gaveta inadequada para controle contínuo,
variedade de tamanhos e com vários
para manipular fluidos em velocidades muito
mecanismos de atuação.
elevadas ou para serviço requerendo operação
A válvula esfera pode ser considerada um
rápida e freqüente da válvula. Não se
tipo modificado da válvula plug; em vez do plug
recomenda usar a válvula gaveta em serviço de
tem-se a esfera polida com um furo que gira,
vapor d'água.
para dar passagem ou bloquear a vazão.
A válvula gaveta com disco duplo é
A válvula do tipo esfera flutuante suporta a
projetada de modo que o ângulo da cunha siga
esfera com dois assentos esféricos colocados
flexivelmente os vários ângulos da sede da
no corpo da válvula, um no lado da entrada e
válvula. Esta construção única mantém um alto
outro no lado da saída. Ela construção
desempenho de selagem, mesmo que o corpo
mecânica simples torna esta válvula mais
da válvula seja deformado. A válvula gaveta
popular que as outras do tipo esfera. A pressão
com disco duplo é usada em serviço criogênico
a montante empurra a esfera e a esfera
ou em altíssima temperatura, onde o corpo da
comprime a sede da bola do lado a jusante,
válvula pode se deformar com a variação da
para bloquear a vazão do fluido.
temperatura do processo.
A válvula gaveta resistente a corrosão
Classe 150 é descrita na norma API 603-1977.
O corpo da válvula é feito de aço inox tipo 304,
316 ou 347 ou Alloy 20, que apresenta
resistência à corrosão da maioria dos produtos
petroquímicos.
A válvula gaveta de aço carbono compacta,
descrita na norma API 602-1974, é largamente
usada em linhas de dreno, linhas de bypass ou
com instrumentos na tubulação de processo. A
válvula compacta pode ser disponível também
na versão resistente à corrosão.
Fig. 8.17. Esquema de válvula esfera
A válvula gaveta de ferro fundido, descrita
na norma API 593-1973, é usada em
aplicações com água de utilidade, água do ar e Vantagens
vapor d'água à baixa pressão.
As características da válvula esfera são
1. mudança pequena na direção da vazão
dentro do corpo da válvula, resultando
em pequena queda de pressão. A
resistência à vazão é semelhante à da
válvula gaveta.
2. a rotação da esfera de 90 graus fornece
uma operação completa da válvula.
Diferente das válvulas globo e gaveta,
que requerem espaço vertical para o
deslocamento da haste, a operação é

136
fácil e o tamanho da válvula pode ser 14.3. Válvula Borboleta
muito pequeno.
3. A abertura da válvula e a quantidade da
Descrição
vazão podem ser determinadas muito
precisamente, tornando-a adequada para A válvula borboleta possui este nome por
controle proporcional, embora sua causa do formato da combinação disco-haste.
aplicação principal seja em operação de É uma válvula totalmente diferente da
liga-desliga. convencional com sede-obturador-haste.
4. Ela prove boa vedação, quando A válvula borboleta consiste de um disco,
totalmente fechada. com aproximadamente o mesmo diâmetro
5. Elas são de operação rápida e externo que o diâmetro interno do corpo da
relativamente insensíveis à válvula, que gira em torno de um eixo
contaminação. horizontal ou vertical, perpendicular à direção
da vazão. O disco atua como basculante na
posição completamente paralela à direção da
vazão, válvula está aberta; na posição
perpendicular à direção da vazão, a válvula
está fechada. Como ela não veda
perfeitamente, pode haver pequeno
vazamento.

Fig. 8. 18. Válvula esfera flutuante

Desvantagens
As principais limitações da válvula são
1. A sede da válvula esfera pode ser
sujeitas à distorção, sob a pressão de
um selo, nos espaçamentos entre
metais, quando a válvula é usada para
controle. Fig. 8. 19. Válvula borboleta tipo flauta
2. O fluido entranhado na esfera na posição
fechada pode causar problemas.
3. Por causa de sua abertura rápida, a A válvula borboleta típica consiste de um
válvula esfera pode causar os disco que pode girar em torno de um eixo, em
indesejáveis golpe de aríete ou pico de um corpo fechado. O disco fecha contra um
pressão no sistema. anel selante, para fechar a vazão. Vários
mecanismos de atuação, como alavanca e cam
Aplicações e restrições podem ser usados para operar a válvula.
A válvula esfera é usada em controle A norma API 609-1973 Butterfly valves
contínuo, quando de pequeno tamanho. Ela é descreve e define os principais tipos de
mais adequada para serviço de desligamento válvulas borboleta, embora não especifique a
(shutoff). Ela podem manipular fluidos sua construção mecânica.
corrosivos, líquidos criogênicos, fluidos muito
viscosos e sujos. Elas podem ser usadas em
alta pressões e medias temperaturas. Há
limitação desfavorável da temperatura por
causa do uso de elastômeros na sede da
válvula.
A válvula esfera não é recomendada para
controle contínuo, pois quando ela estiver
parcialmente aberta, o aumento da velocidade
do fluido pode danificar os assentos da esfera
expostos ao fluido.
Fig. 8. 20. Elemento de controle da válvula borboleta

137
Vantagens Válvula Swing
As vantagens da válvula borboleta são A válvula swing é semelhante à borboleta,
1. Produzir uma queda de pressão muito exceto que elas giram em torno de um lado e
pequena, quando totalmente aberta. não ao longo do diâmetro. Elas podem ser
2. Ser barata, leve, de comprimento atuadas pela vazão, por molas de torsão, por
pequeno (raramente flangeada). O alavancas .
diâmetro da válvula pode ser do mesma As válvulas swing são usadas
dimensão que a tubulação. principalmente como válvulas de retenção,
3. Possuir construção e operação para bloquear a vazão em uma direção.
extremamente simples. As válvulas swing possuem praticamente
4. Fornecer controle liga-desliga e contínuo. todas as vantagens das válvulas borboleta
5. Manipular grandes vazões de água, pequena queda de pressão, pequeno peso e
líquidos contendo sólidos e gases sujos. custo relativamente pequeno.
A vedação da válvula swing é muito alta,
são sujeitas à deposição de contaminantes e
introduz turbulência em baixas vazões. As
superfícies de selagem sofrem erosão, quando
o fluido está em alta velocidade.

Fig. 8. 21. Válvula borboleta

Desvantagens
1. A vedação da válvula borboleta é
relativamente baixa, a não ser que seja Fig. 8. 23. Válvula swing para retenção
usado selo especial. O selo é geralmente
danificado pela vazão com alta
velocidade. 14.4. Válvula Globo
2. Estas válvulas usualmente requerem
grandes forças de atuação e são
Descrição
limitadas a sistemas de baixa pressão.
3. Quando usam materiais elastômeros na É uma válvula com o corpo esférico, com
sede, há limitação de temperatura (90 sede simples ou dupla, com obturador guiado
oC). pela haste ou pela gaiola e que pode
apresentar várias características diferentes
liga-desliga, linear, igual percentagem.
Há três tipos principais de válvulas na
família globo, ângulo e Y. Elas são
caracterizadas por um elemento de
fechamento, geralmente um disco ou plug, que
é movido por uma haste atuadora,
perpendicular à sede em forma de anel. A
Fig. 8.22. Posições da válvula borboleta vazão passa da entrada para a saída, através
da sede. Os três tipos diferem principalmente
na orientação da sede em relação à direção da
Aplicações vazão através da válvula.
As válvulas borboleta são usadas A válvula tipo Y é uma versão modificada
geralmente em sistemas de baixa pressão, da válvula globo. O corpo da válvula é
onde não se necessita de vedação completa. construído de modo que as mudanças na
Elas são normalmente usadas em linhas de direção do fluido dentro do corpo são
grandes diâmetros. minimizadas; é também chamada de válvula
globo de vazão reta.

138
A válvula globo não é definida por nenhuma A turbulência do fluido na passagem pela
norma API. A indústria petroquímica usa a abertura da válvula globo causa vibração no
norma inglesa 1873-1975 Steel globe and disco, resultando em estrago da haste. Para
globe stop and check valves for the petroleum, evitar isso, deve se projetar um guia especial
petrochemical and allied industries. do disco, principalmente em serviço com alta
velocidade do fluido.

Fig. 8. 24. Válvula globo em ângulo Fig. 8. 26. Válvula globo Y

Vantagens Aplicações
As válvulas globo são, geralmente, mais As válvulas globo são usadas
rápidas para abrir ou fechar que a válvula principalmente como válvulas de controle
gaveta. As superfícies da sede são menos contínuo; elas podem ser consideradas como
sujeitas a desgaste e a capacidade de provocar uma válvula de controle de vazão de uso geral.
grandes quedas de pressão torna a válvula Neste aplicação, a válvula globo é projetada
globo conveniente para controle. A válvula com a sede do corpo com material mais duro,
globo é favorita para aplicações de controle já que o serviço severo pode causar desgaste e
liga-desliga, quando há operação freqüente da erosão. Para controle mais fino da vazão, usa-
válvula, por causa do deslocamento pequeno se a válvula agulha, que é uma versão
do disco. modificada da válvula globo. A válvula Y é
usada para controle contínuo e controle liga-
desliga de líquidos sujos (slurry) e de alta
viscosidade. A válvula globo pequena, feita de
liga de cobre, é usada freqüentemente em
linhas de gás domesticas ou em serviço de
baixa pressão, com disco de plástico para
garantir boa vedação.

Fig. 8. 25. Válvula globo guiada pela gaiola

Desvantagens
As válvulas globo provocam grande perda
de pressão; isto pode ser indesejável em
muitos sistemas. A direção da vazão é alterada (a) sede simples (b) sede dupla
repentinamente, quando o fluido atinge o disco, Fig. 8. 27. Válvula globo
causando uma grande turbulência no corpo da
válvula. Em grandes tamanhos, elas requerem
muita potência para operar, necessitando de
alavancas, engrenagens. As válvulas globo são
normalmente mais pesadas do que outras
válvulas de mesma especificação.

139
14.5. Válvula Auto-regulada Como o regulador não requer fonte externa
de energia ele é inerentemente seguro e pode
ser usado em qualquer local perigoso, pois sua
Conceito presença não compromete a segurança. As
O regulador é uma válvula de controle com válvulas com atuador eletrônico requerem
um controlador embutido. Ele é operado pela classificação elétrica especial, como prova de
energia do próprio fluido sendo controlado e explosão, segurança intrínseca.
não necessita de fonte externa de energia. O
regulador é chamado de válvula auto-operada, Desvantagens do Regulador
auto-regulada, reguladora. O ponto de ajuste é provido manualmente e
não é possível o ajuste remoto. A precisão e a
Vantagens do Regulador resolução do ajuste do ponto de ajuste são
A vantagem principal é o menor custo do precárias.
regulador em relação ao custo total da malha O controle só pode ser proporcional, com
convencional com o transmissor, o controlador banda proporcional fixa. Não é possível a
e a válvula de controle. O regulador é mais combinação com os outros modos, integral e
barato no custo inicial, na instalação e na derivativo.
manutenção, principalmente quando as linhas É limitado a poucas aplicações, podendo
de processo são pequenas. Quando as ser usado para o controle de pressão,
aplicações requerem válvulas maiores, a temperatura e nível, em determinadas faixas e
economia começa a tender para os sistemas sob condições muito restritivas.
completos. É pouco preciso e não possui indicações da
O regulador requer menor espaço e menor variável medida.
trecho da tubulação para a sua instalação e É puramente mecânico e incompatível com
operação. os sinais elétricos de termopar, bulbo de
A não necessidade de alimentação torna a resistência, contato . Há ainda a pequena
válvula auto-operada mais conveniente para flexibilidade com os acessórios, como o
aplicações em lugares remotos e inacessíveis. posicionador, a chave limite, o volante manual,
O regulador não está sujeito a falta de a solenóide .
alimentação e por isso o sistema é mais
seguro, porém o funcionamento da válvula Regulador de Pressão
auto-operada em si não é mais seguro ou O regulador de pressão é o dispositivo para
confiável que o funcionamento da válvula de reduzir a pressão, para controlar o vácuo e a
controle convencional. pressão diferencial. Ele pode ser aplicado a
gases, líquidos e vapores.
O diafragma é o componente básico
responsável pela operação do regulador. O
diafragma compara o ponto de ajuste, que é
convertido em uma força pela compressão
ajustável da mola com a pressão a ser
regulada, que é convertida em outra força de
diafragma em si e ajusta a abertura da válvula
para reduzir o erro entre estas duas pressões.
Assim o diafragma é, simultaneamente, o
elemento de realimentação, o dispositivo de
detecção de erro e o atuador.
A ruptura do diafragma é a falha mais
comum no regulador. A maioria dos
reguladores falha na posição totalmente aberta
Fig. 8. 28. Válvula auto-regulada de temperatura quando o diafragma falha. Em aplicações
críticas, uma solução seria o uso de dois
reguladores em série, com o segundo
regulador ajustado em um valor maior que o
primeiro, por exemplo, 20%. Ele ficará
totalmente aberto em operação normal e será o
responsável pela regulação somente durante a
falha do primeiro.
O regulador de pressão deve ser instalado
com filtro a montante, com purgador-separador
de condensado, quando houver vapor. Deve

140
haver trechos retos antes e depois do
regulador.
Regulador de Vazão
Regulador de Temperatura O regulador de vazão usa a energia do
Um regulador de temperatura é um próprio líquido a ser medido, para sua
dispositivo controlador que inclui o elemento operação. Ele normalmente possui uma
sensor termal, a entrada de referência e a restrição para provocar a pressão diferencial e
válvula de controle. O sistema é auto-atuado a utilizar esta mesma pressão diferencial para
energia para a atuação da válvula é suprida atuar em um pistão, que por sua vez, controla a
pelo processo. vazão.
Há basicamente dois tipos, conforme a O regulador contem em um único
atuação da válvula atuado diretamente e dispositivo os três elementos de controle
atuado por piloto. primário-controlador-final. O ponto de ajuste é
No tipo de atuação direta, a unidade de estabelecido externamente. Quando a vazão
potência (diafragma, fole) do atuador termal atinge o ponto de ajuste estabelecido, a válvula
está conectada diretamente a haste da válvula de controle integral impede qualquer acréscimo
e desenvolve a força e o deslocamento de vazão.
necessários para abrir-fechar a válvula. O O regulador é um dispositivo utilizado em
regulador atuado diretamente é mais simples, sistemas onde a precisão não é crítica, como
mais econômico e tem um controle mais em sistemas de irrigação e distribuição de
proporcional. água.
No tipo atuado por piloto, o atuador termal
move uma válvula piloto, que controla o valor Conclusões
da pressão do fluido que passa pela válvula Mesmo na época dos controladores a
através de um diafragma ou pistão, que microprocessador, que serão a base do
estabelece a posição da haste da válvula controle do próximo século, ainda há
principal. O regulador com piloto possui bulbo aplicações válidas para o regulador
menor, resposta mais rápida, maior ganho e desenvolvido no século passado.
pode atuar em válvulas de alta pressão. O regulador ainda é usado para aplicações
A instalação adequada inclui a correta pouco exigentes e em locais onde não é
localização do bulbo, onde as variações de disponível nenhuma fonte de energia. Ele
temperatura são prontamente sentidas e onde justifica a sua aplicação, por causa de sua
não ha perigo de dano. simplicidade e economia.

Regulador de Nível
O regulador de nível é um instrumento que
é atuado pela variação de nível do líquido do
processo. Ele não necessita de suprimento de
energia e por isso é auto-atuado.
Os principais tipos são do tipo bóia direta e
bóia piloto.
O mais simples regulador de nível consiste
de uma alavanca atuada por uma bóia
flutuadora e que atua diretamente na válvula
de controle.
O regulador com bóia piloto é mais versátil
e sensível. Neste sistema a alavanca da bóia
atua um relé pneumático. A válvula de controle
é assim operada por pressão pneumática.

Fig. 8. 29. Reguladora com piloto

141
15. Válvulas Especiais Uma vazão pulsante pode fazer a válvula
de retenção com portinhola oscilar
continuamente, danificando a sede, a
15.1. Válvula Retenção (Check Valve) portinhola ou ambas. Este problema pode
ocorrer também quando a força da velocidade
As válvulas de retenção são projetadas do fluido não é suficiente para manter a
unicamente para evitar a vazão no sentido posição da portinhola estável.
inverso em uma tubulação, que perturba o A válvula de retenção é geralmente
processo seriamente e pode até causar fechada pela pressão da vazão reversa e o
acidente. A pressão do fluido vazante abre a pelo peso do disco. Se o disco pode ser
válvula e o peso do mecanismo de retenção e fechado logo antes do inicio da vazão reversa,
qualquer reversão da vazão a fecha, o martelo d'água pode ser evitado. Porém, a
automaticamente. maioria das válvulas de retenção precisa da
Há diferentes tipos de válvulas de retenção ajuda da vazão reversa para fechar o disco. A
portinhola (swing), com levantamento de disco massa e a velocidade do fluido da vazão
ou esfera (lift), disco, retenção-bloqueio, tipo reversa causam grande martelo d'água contra a
sanduíche (wafer). A seleção do tipo mais sede do corpo da válvula. Podem ser usadas
conveniente depende da temperatura, da molas para proteger contra o martelo d'água,
queda de pressão disponível e da limpeza do porém a adição da mola requer mais pressão
fluido. para abrir o disco e aumenta a resistência do
fluido e a queda de pressão.
Semelhante às válvulas de controle, as de
retenção são disponíveis em diferentes
materiais, como bronze, ferro fundido, aço
carbono, aço inoxidável, aços especiais .
As conexões podem ser rosqueadas,
flangeadas, soldadas e tipo wafer. As
modernas válvulas são disponíveis com corpo
no estilo wafer; elas possuem extremidades
planas e sem flanges e são instaladas entre
flanges da tubulação.

Fig. 8. 30. Válvula de retenção com portinhola

A válvula de retenção padrão é a com


portinhola (swing), que abre com a pressão da
linha, onde a vazão no sentido normal faz o
disco se afastar do assento. Ela se fecha
quando a pressão cai e fica totalmente
fechada, quando o disco é mantido contra o
anel do assento pelo seu peso ou por
mecanismos externos ligados ao eixo
estendido através do corpo da válvula. Elas
podem operar na posição vertical (vazão para Fig. 8. 31. Válvula de retenção tipo levantamento (lift)
cima) ou horizontal.
A válvula de retenção com portinhola é
usada em velocidades baixas do fluido, onde a
reversão da vazão é rara. As suas
características são a baixa resistência à vazão,
a baixa velocidade e a mudança de sentido da
vazão pouco freqüente. Uma reversão
repentina da vazão do fluido pode fazer o disco
martelar a sede, danificando-a ou se
danificando.

142
15.2. Válvulas de Retenção Tipo flutuante que levanta sob condições de vazão,
Levantamento como a força da pressão da caldeira de vapor.
Suas principais aplicações incluem
Nas válvulas de retenção tipo levantamento 1. evitar a vazão reversa do vapor do
(lift), um disco ou uma esfera é levantada da header principal,
sede, dentro de guias, pela pressão de entrada 2. ajudar a colocar a caldeira em serviço,
da vazão. Quando a vazão para ou inverte de depois de ter sido desarmada
sentido, o disco volta para o assento, por causa (shutdown),
da gravidade ou pela ação de uma mola e pela 3. ajudar a desligar a caldeira, quando a
pressão da vazão. queima parar,
A válvula de retenção tipo levantamento 4. agir como uma válvula de segurança
pode ser usada em ambas as posições, imediata, evitando a vazão de vapor de
horizontal e vertical. Ela possui alta resistência volta para o header.
à vazão e é usada principalmente em A norma API Spec. 6D "Pipeline valves"
tubulações de 1 1/2" ou menores. descreve os tipos regulares de válvulas de
Em geral, a válvula de retenção lift requer retenção tipo portinhola.
queda de pressão relativamente alta. Elas
possuem uma construção interna semelhante à
da válvula globo. Suas características de
16. Válvula de Alívio de
operação são mudança freqüente do sentido da Pressão
vazão e prevenção de vazão inversa. Elas são
usadas com válvulas globo ou de ângulo.
16.1. Função do Equipamento
15.3. Válvulas de Retenção Esfera A função básica de um equipamento de
Esta válvula de retenção é similar à válvula alívio é a de aliviar uma condição de
lift, exceto que o disco é substituído por uma sobrepressão de um sistema de modo
esfera, que pode girar livremente. Elas são automático, econômico e eficiente. A função
limitadas a serviço de fluidos viscosos e são adicional é a de conter o sistema de pressão,
disponíveis apenas em pequenos diâmetros. durante o tempo em que a sobrepressão cai,
voltando para a condição normal. Isto é
conseguido por um sistema de balanço de
15.4. Válvulas de Retenção forças agindo no fechamento da área de alívio.
Borboleta A área do orifício de alívio de pressão é
As válvulas de retenção tipo borboleta tem selecionada para passar a vazão necessária,
uma geometria similar à válvula de controle, de em condições específicas. Esta área é fechada
modo que elas podem ser usadas em conjunto. por um disco, até que a pressão ajustada seja
As características de operação da válvula de atingida. A pressão contida do sistema age em
retenção borboleta são resistência mínima à um lado do disco; do outro lado há uma força
vazão, mudança freqüente de sentido e uso em exercida diretamente por uma mola. Todo este
linhas equipadas com válvulas de controle conjunto é alojado dentro de um corpo, com
borboleta. Elas podem ser usadas na posição conexões de entrada e de saída, um prendedor
vertical ou horizontal, com a vazão vertical do disco e outros acessórios para prover a
subindo ou descendo. característica de desempenho especificada.

15.5. Válvula de Retenção e Bloqueio


A válvula de retenção e bloqueio (stop
check) combina as características de retenção
(vazão em somente um sentido) e de bloqueio
(vazão zero, quando totalmente fechada). Ela é
composta de uma válvula de retenção com
levantamento do disco e uma válvula globo.
Quando a haste é levantada para a abertura
total, a válvula opera como uma de retenção
normal. Quando a haste move para baixo, para
fazer o fechamento total, a válvula funciona
como uma de bloqueio globo.
A válvula de retenção-bloqueio é usada
particularmente em casas de força, para Fig. 8.32. Válvula de alívio
serviço com vapor. Ela possui um disco

143
16.2. Definições e Conceitos 6. reação química exotérmica e produção
excessiva de gás do sistema.
Os termos válvula de segurança e válvula
de alívio são usados com o mesmo sentido, Objetivos
para designar válvulas que protegem contra a A partir destas situações e necessidades,
pressão excessiva. Porém, há diferença entre os objetivos do sistema de alívio de pressão
elas. são
A válvula de segurança é projetada para ter 1. atender as normas e leis
uma ação de abertura total, provendo um alívio governamentais, incluindo o controle
imediato. Ela está descrita no código ASME, ambiental,
que especifica capacidade, sobre-faixa de 2. proteger o pessoal de operação contra
pressão e diferença entre pressão ajustada e perigos causados de sobrepressão de
de rearme. A válvula de alívio é projetada para equipamentos,
abrir lentamente com aumento na pressão 3. minimizar as perdas de material durante
inicial. Estas válvulas não possuem um código e após um distúrbio operacional,
de projeto. A válvula de alívio é normalmente causado por uma sobrepressão rápida,
usada para aliviar pressões excessivas 4. evitar danos a equipamentos e
desenvolvidas por fluidos não compressíveis, propriedades vizinhos,
desde que uma pequena descarga deste fluido 5. reduzir os prêmios de seguro da planta.
irá prover um alívio imediato. Sob estas
condições não é necessário que a válvula de Operação da Válvula de Alívio
alívio abra total e imediatamente, mas que ela As válvulas de alívio tem discos
continua abrindo enquanto a pressão estiver pressionados por mola, que fecham a abertura
subindo. de entrada da válvula contra a pressão da
Por causa destas diferenças na ação, as fonte. O levantamento do disco é diretamente
válvulas de segurança são usualmente proporcional à sobrepressão acima da pressão
empregadas para aliviar pressão excessiva ajustada. Quando a pressão de entrada se
causada por gases (fluidos compressíveis), iguala a pressão ajustada, o disco pode subir
enquanto as válvulas de alívio são usadas para um pouco acima da sede e permitir a
aliviar a pressão excessiva causada por passagem de uma pequena vazão do fluido.
líquidos (fluidos não-compressíveis). Quando uma maior pressão se acumula na
A válvula de segurança-alívio (safety-relief) entrada, a mola é mais comprimida, fazendo o
tem um projeto de abertura total e pode ser disco subir mais, aumentando a área de
usada em fluidos compressíveis e não- passagem, aumentando a vazão do fluido.
compressíveis. O levantamento gradual do disco com o
aumento da pressão de entrada, através de
16.3. Sobrepressão toda a faixa útil da válvula e a realização de
Os sistemas de alívio de pressão fornecem sua capacidade de descarga total em 25% de
os meios de proteção de pessoal e sobrepressão são as principais características
equipamento de operação anormal do da válvula de alívio. Estas propriedades
processo. Algumas das condições que causam diferenciam a válvula de alívio da válvula de
aumento excessivo da pressão são segurança, cujo disco obtém seu levantamento
1. exposição ao fogo ou outras fontes especificado com pequena sobrepressão. A
externas de calor, válvula de alívio é usada principalmente para
2. aquecimento ou resfriamento de líquido serviço de líquido.
bloqueado entre válvulas ou em alguma
outra seção fechada do sistema, 16.4. Válvula de Segurança
resultando em expansão hidráulica, A válvula de segurança e a válvula de alívio de
3. falha mecânica de equipamentos segurança são projetadas especificamente
normais de segurança, funcionamento para dar uma abertura total com pequena
inadequado dos instrumentos de sobrepressão. elas possuem discos
controle, falha na operação manual, pressionados por mola que fecham a abertura
resultando em enchimento ou de entrada da válvula contra a pressão de
esvaziamento do equipamento, entrada e são caracterizadas pela abertura
4. produção de mais vapor do que o rápida e completa, produzida por uma câmara
sistema pode manipular, seguindo um que, a uma pressão predeterminada, aumenta
distúrbio operacional, a área entre o disco e a sede a um ponto onde
5. geração inesperada de vapor, resultando a força da mola não mais supera a força de
no desequilíbrio de energia do processo, entrada.

144
O fluido vazante é dirigido para reagir externo, descarga bloqueada, perda de refluxo,
contra o disco e a força da mola. Esta ação falha de alimentação elétrica, falha de
utiliza a energia cinética (proporcional à massa resfriamento, falha de instrumentos de controle
e à velocidade) para manter a válvula na . A válvula de alívio deve ser dimensionada
posição aberta. Quando a vazão for menor que para cada uma das condições em separado e o
25% da capacidade da válvula, a energia tamanho final deve ser suficientemente grande
cinética não é suficiente para manter a válvula para manipular a maior capacidade.
totalmente aberta e a mola faz a válvula se O primeiro passo é calcular a vazão
fechar. Esta repetição de abertura e necessária através da válvula de alívio de
fechamento é característica da válvula de pressão para evitar acúmulo excessivo. Em
segurança. A freqüência de repetição muito alta reações exotérmicas, a válvula deve ser
(chattering) é indesejável e ocorre com válvula dimensionada para passar uma vazão capaz
super dimensionada. de aliviar a pressão na máxima pressão
É essencial o conhecimento da válvula de possível.
alívio. Por exemplo, o coeficiente de descarga Após a capacidade do fluido a ser aliviada é
é diferente para as várias válvulas dos determinada, é necessário calcular a área do
fabricantes diferentes. A válvula pode ser orifício necessário para aliviar a quantidade
instalada de modo que ela limita as condições predeterminada de líquido ou vapor. Depois da
nas quais foi feito o seu dimensionamento. As determinação da área, pode-se fazer a seleção
válvulas de alívio devem ser dimensionadas e da válvula consultando tabelas de fabricantes,
instaladas de modo que elas controlem que listam várias válvulas com a área do
descarga do fluido e não sejam vitimas da orifício necessária. A seleção final será
descarga do fluido. baseada na conformidade da área do orifício
Quando dimensionada corretamente, a com a válvula que satisfaça a pressão,
válvula de alívio continua a descarregar, até temperatura e materiais de construção.
que a pressão de entrada caia de 4 a 5% A ASME apresenta formulas para
abaixo do ponto de ajuste. A diferença entre a determinar a área efetiva do orifício que irá
pressão em que a válvula de alívio abre a determinar a capacidade especificada do fluido.
pressão de fechamento é chamada blowdown.
A válvula de segurança possui um anel Construção da Válvula
ajustável para controlar o blowdown. As válvulas de segurança e alívio são
normalmente mantidas na posição fechada por
Válvula de Alívio e Segurança meio de um disco pressionado por uma mola. A
A válvula de alívio e segurança é usada pressão da mola é ajustada de modo que uma
como equipamento de alívio em refinarias de pressão predeterminada agindo sobre o disco
petróleo e indústrias químicas. Ela é descrita da válvula (sede) levantará o disco da sede
como uma válvula com um castelo fechado permitindo a passagem do fluido através da
com todas as características da válvula de abertura.
segurança. Em válvulas de segurança, o disco se
Como o nome implica, ela pode ser usada projeta sobre a sede, para fornecer uma área
em dois tipos de serviço como uma válvula de de passagem adicional após a abertura inicial e
alívio ou como válvula de segurança. Quando deste modo, levantando rapidamente o disco
usada como válvula de alívio, o anel de para a posição de totalmente aberta. A sede é
blowdown é retirado, de modo que a câmara usualmente cercada por um anel ajustável, de
não produz nenhum efeito, evitando a abertura modo que, quando a válvula começa a abrir, a
rápida e total da válvula e fazendo a válvula pressão é também aplicada a superfície
operar exatamente como uma válvula de alívio. exposta adicional e não apenas ao disco.
Ela pode ser usada também como válvula de Pelo ajuste deste disco, regula-se a
segurança, exceto quando a temperatura é pressão de blowdown, que é a diferença entre
muito elevada e altera a característica da mola. a pressão de alívio e uma pressão levemente
A vantagem da válvula de alívio e menor em que a válvula fecha. Um blowdow
segurança é sua versatilidade, controlando pequeno é inconveniente, pois a válvula irá
rigorosamente ou evitando a emissão do fluido. abrir-fechar periodicamente e não irá abrir
rapidamente.
Dimensionamento As válvulas de alívio são projetadas de
A válvula de alívio deve proteger modo que a área exposta a sobrepressão é a
equipamento sujeito a sobrepressão, mesma, com a válvula aberta ou fechada,
provocada por várias causas distintas. Por fazendo com que o disco seja levantado da
exemplo, numa coluna de fracionamento, pode sede lentamente, quando a pressão subir, até
aparecer sobrepressão por causa de fogo que a válvula atinja a abertura total.

145
A maioria das válvulas de segura possuem necessário mudar a direção. Deve-se
mola. Uma minoria funciona com peso e evitar, no projeto da linha, conexões
alavanca externos. próximas e deve-se minimizar as tensões
As válvulas de alívio de pressão com mola na linha , usando-se juntas de expansão.
tem a pressão de alívio ajustada por meio de 9. é essencial fazer e seguir um programa
um parafuso no topo do castelo, que varia a de inspeção e manutenção preventiva
compressão da mola. para cada válvula de alívio de pressão.
As válvulas de alívio são disponíveis para Toda e qualquer válvula de alívio de
temperatura criogênicas até 750 oC e de alta pressão em serviço limpo e não
pressão até 10 000 psig. A maioria das válvulas corrosivo deve ser inspecionada e
de segurança e algumas válvulas de alívio são testada, no mínimo, uma vez por ano.
equipadas com uma alavanca externa para Válvula em serviço corrosivo ou severo
verificação do alívio. deve ser inspecionada mais
As válvulas de alívio são disponíveis em freqüentemente. Deve-se registrar e
uma grande variedade de materiais ferro manter estes relatórios de teste e
fundido, aço carbono, aço inoxidável, bronze, inspeção para saber quando e por quem
Hastelloy®, Monel, revestida de Teflon. cada válvula foi inspecionada e testada.
10.Os testes não devem envolver apenas o
Instalação e Manutenção ponto de ajuste da pressão de alívio,
A instalação da válvula de alívio de pressão mas também a capacidade de alívio da
é descrita no código ASME, que deve ser válvula, nas condições do processo.
estudado e entendido, para o 11.A capacidade nominal de uma válvula de
dimensionamento, seleção e instalação. segurança ou de alívio deve ser
Os pontos mais importantes são: conforme o que estiver gravado na
1. a válvula de alívio de pressão deve ser plaqueta da válvula para as condições de
localizada e instalada de modo que ela projeto originais.
seja facilmente acessível para reparo.
2. Se o projeto de uma válvula de alívio de 17. Válvulas Solenóides
pressão ou de segurança é tal que é
acumulado líquido no lado de descarga
do disco, a válvula deve ser equipada 17.1. Solenóide
com um dreno no ponto mais baixo.
3. A mola em uma válvula de alívio de Solenóide elétrica é uma bobina de fio
segurança em serviço para pressões até energizada eletricamente para produzir um
140 kPa (20 psig), não pode ser resetada campo magnético no seu interior, que provoca
para qualquer pressão além de 10% um movimento mecânico em um núcleo
acima ou abaixo do valor marcado na ferromagnético, colocado no centro do campo.
válvula. Para pressões acima de 140 kPa Quando a bobina é energizada, o núcleo está
(20 psig), a mola não deve ser em uma posição, quando desenergizada, está
reajustada para qualquer pressão além em outra posição.
de 5% abaixo ou acima da marcação da A solenóide pode ser de operação
válvula. analógica ou digital. Exemplos de excitação
4. nenhuma válvula de alívio de líquido não analógica de solenóide é a ativação da bobina
pode ser menor que 1/2". de um alto falante de áudio ou o controle de
5. as válvulas de segurança e alívio devem freios mecânicos em carros elétricos. Porém, a
ser ligadas ao vaso no espaço com solenóide é mais usada em sistemas de
vapor, acima do líquido ou em uma controle como um dispositivo digital, onde uma
tubulação ligada ao espaço do vapor no potência constante é aplicada ou retirada de
tanque a ser protegido. sua bobina.
6. a abertura através de toda a tubulação e
conexões entre um vaso de pressão e
sua válvula de alívio de pressão deve ter,
no mínimo, a área da entrada da válvula.
7. as válvulas de alívio de líquido devem
ser ligadas abaixo do nível normal do
líquido.
8. todas as linhas de descarga devem ir
diretamente para o ponto do alívio final.
Para linhas mais longas, deve-se usar
cotovelos com raio grande, quando for

146
17.3. Operação e Ação
Fig. 8. 33. Aplicação de válvula solenóide
As solenóides são usualmente empregadas
com válvulas globo liga-desliga com haste
A solenóide pode estar acoplada a relé, para deslizante. Há basicamente quatro tipos de
operar contatos elétricos. Os contatos são operação
abertos ou fechados, conforme a energização- 1. ação direta,
desenergização da bobina. Outra aplicação 2. operada por piloto interno
industrial importante é acoplar a solenóide ao 3. operada por piloto externo
corpo de uma válvula; tem-se a válvula 4. com sede e disco semibalanceados
solenóide. Na válvula com ação direta o núcleo da
solenóide (plunger) é mecanicamente ligado ao
disco da válvula e abre ou fecha diretamente a
17.2. Válvula Solenóide válvula. Uma mola normalmente mantém o plug
A válvula solenóide é a combinação de na posição aberta ou fechada e é contra esta
duas unidades funcionais básicas a solenóide e força que a solenóide deve mover o plug para a
a válvula. A válvula solenóide é usada para posição oposta. A operação não depende da
controlar a vazão de fluidos em tubulações, pressão ou vazão da linha.
principalmente de modo digital (liga-desliga). A válvula operada com piloto interno é
Ela é aberta ou fechada pelo movimento do equipada com um pequeno orifício piloto,
núcleo acionado na solenóide, quando a bobina utilizando a pressão da linha para sua
é energizada. operação. Quando a solenóide é energizada,
As válvulas são disponíveis na construção ela abre o orifício piloto e alivia a pressão do
normalmente fechada ou normalmente aberta. tipo do diafragma ou plug da válvula para a
A válvula normalmente fechada abre, quando saída da válvula. Isto resulta em um
se aplica corrente (energiza) e fechada quando desequilibro de pressão através do plug ou
a corrente é cortada (desenergizada). A válvula diafragma, que abre o orifício principal. Quando
normalmente aberta fecha quando a corrente é a solenóide é desenergizada, o orifício piloto é
aplicada e abre quando a corrente é cortada. fechado e toda a pressão da linha é aplicada
Os termos normalmente aberto ou ao topo do disco, fornecendo uma força de
normalmente fechado se referem à posição assento que fecha totalmente.
antes da aplicação da corrente.
As válvulas solenóides são projetadas para
operação liga-desliga (on-off) ou totalmente
aberta ou totalmente fechada. Como as
válvulas solenóides são de ação rápida, deve-
se cuidar que não haja golpe de aríete nas
tubulações do processo, o que poderia
danificar tubulação, medidores de vazão,
válvulas.

Fig. 8. 35. Operação da válvula solenóide

A válvula com piloto externo é operada


através de um diafragma ou cilindro. Esta
válvula é equipada com um piloto solenóide de
três vias, que alternadamente aplicada a
Fig. 8. 34. Solenóide na válvula de controle pressão para ou aliviada a pressa do diafragma
para a operação. A pressão da linha ou uma

147
fonte separada de pressão é usada para operar pressão reduzida é dependente da pressão
a válvula piloto. de entrada.
A válvula com sede e disco 2. operada por piloto, em que a válvula
semibalanceados é de dupla sede. O corpo principal é aberta por meio de um pistão,
contem duas sedes, uma acima da outra, com que é atuado pela pressão de uma válvula
um espaço entre elas. O plug inferior é piloto. Esta válvula é internamente
levemente menor do que o superior. Ambos os balanceada e controla a pressão reduzida
plugs são montados em uma única haste. A de modo preciso, mesmo que haja variação
pressão da linha do lado da entrada da válvula na pressão de entrada. Ela manipula
é introduzida debaixo do plug inferior e acima variações grandes de vazão.
do plug superior. A força para baixo no plug
superior é maior do que a força para cima do 18.2. Precisão da Regulação
plug inferior. Esta pequena diferença de força,
mais a força exercida por uma mola, mantém Há uma relação definida entre a precisão
os plugs inferior e superior em suas sedes. da regulação e a capacidade da válvula
Quando a solenóide é energizada, os plugs são redutora ou reguladora. A válvula redutora com
levantados, abrindo a válvula. Por causa da mola deve ser ajustada enquanto passa uma
força que age para cima no plug inferior, a vazão mínima. A pressão reduzida obtida,
solenóide deve apenas superar estas quando se aumenta lentamente a vazão, até
pequenas diferenças e a força da mola. chegar à capacidade especificada, é uma
As válvulas solenóides são também medida da precisão da regulação. Uma válvula
disponíveis em configurações de várias vias. redutora ajustada para entregar 600 kPa (100
As válvulas com duas vias são as psig) de pressão, na vazão mínima, possui
convencionais, tendo uma conexão de entrada precisão de regulação de 99%, se ela entrega
e outra de saída. A válvula abre ou fecha, 598 kPa na capacidade especificada.
dependendo da solenóide energizada ou
desenergizada. 18.3. Sensibilidade
As válvulas solenóides de três vias tem três
A sensibilidade de uma válvula redutora de
conexões com a tubulação e dois orifícios. Um
pressão usa a resposta das variações da
orifício está sempre aberto e outro sempre
pressão e a mantém constante a despeito das
fechado. Estas válvulas são usadas
variações de carga. Sensibilidade é diferente
comumente para alternadamente aplicar
de precisão de regulação. Para se obter a
pressão para e aliviar pressão de uma válvula.
maior sensibilidade, as válvulas redutoras
Elas servem também para convergir ou divergir
devem ser dimensionadas e selecionadas
a vazão nas conexões.
corretamente, instaladas e mantidas de acordo
As válvulas solenóides com quatro vias são
com as instruções do fabricante, de modo que
usadas para operar cilindros de ação dupla.
suas peças internas se movam livremente.
Estas válvulas possuem quatro conexões uma
pressão, dois cilindros e uma exaustão. Em
uma posição da válvula, a pressão é aplicada a 18.4. Seleção da Válvula Redutora de
um cilindro, a outra é ligada a exaustão. Na Pressão
outra posição, a pressão e a exaustão estão
A determinação da melhor válvula redutora
invertidas.
depende da a aplicação. Devem ser
conhecidas as respostas das seguintes
18. Válvula Redutora de perguntas
Pressão 1. Quais são as pressões máxima e
mínima a montante?
A pressão a montante (upstream) é
18.1. Conceito também referida como pressão de entrada ou
suprimento.
A válvula redutora de pressão serve para diminuir a 2. Qual a pressão a jusante a ser mantida
pressão a jusante para um nível determinado dentro dos constante ou qual a faixa ajustável da
limites impostos pelo tipo de válvula usado. pressão reduzida desejada?
Basicamente há dois tipos de redutoras: A pressão a jusante (downstream) é a
1. operada diretamente, em que a válvula pressão na saída da válvula, ou pressão de
principal é operada pela ação combinada de descarga ou pressão reduzida. O seu valor é
uma mola e da pressão de saída, que é determinado pelo processo. Quando a pressão
aplicada ao lado inferior do diafragma. É regulada é fixa, o dimensionamento da válvula
válvula redutora mais simples e pode operar se baseia na pressão diferencial estabelecida
apenas em variações limitadas de vazão. A pela mínima pressão de entrada. Se a pressão

148
regulada é ajustável, a válvula é dimensionada igual ao diâmetro interno da tubulação.
de acordo com a mínima pressão diferencial Invariavelmente, o tamanho correto da válvula
disponível. redutora de pressão é menor que a tubulação.
3. Quais as vazões mínima, máxima e Se este procedimento não for adotado, a
media que passam pela válvula válvula redutora será sempre
redutora? superdimensionada e haverá instabilidade em
Não escolha o tamanho da válvula redutora baixas vazões.
apenas fazendo-o igual ao diâmetro da Para grandes variações de capacidade, a
tubulação. Cada fabricante possui sua tabela operação de duas válvulas redutoras em
de capacidade própria. paralelo pode ser a solução. Para grandes
4. Deve haver vedação total? reduções de pressão, a operação de duas
Uma válvula de vedação fecha totalmente, válvulas em série pode ser a solução.
impedindo a vazão do fluido para a saída.
Somente válvulas de sede simples podem
prover vedação total. Nunca usar válvula de
sede dupla para reduzir pressão e
simultaneamente vedar.
5. Qual deve ser o tipo de conexão?
Esta resposta é determinada pela boa
prática de tubulação e as condições reais de
instalação. Se a válvula é rosqueada, é
recomendado o uso de uniões em ambas as
extremidades da válvula.

18.5. Instalação
As regras gerais de instalação de válvulas
também se aplicam às válvulas redutoras de
pressão, além do seguinte:
1. Deve sempre incluir um bypass para
permitir a manutenção de emergência,
sem desligar a alimentação.
2. Não instalar uma válvula redutora em um
local inacessível, o que tornaria difícil ou
impossível a manutenção e serviço.
3. Instalar indicadores locais de pressão na
entrada e saída da válvula, facilitando o
ajuste e a verificação da válvula
redutora.
4. Se a linha tiver sujeira em suspensão no
fluido, instalar um filtro antes da redutora.
5. Instalar uma válvula de segurança
depois da válvula redutora de pressão.

Fig. 8.36. Válvula reguladora de pressão com piloto

Há vários conceitos errados acerca, da


válvula redutora de pressão, nenhum sendo
mais grave que fazer o tamanho da válvula

149
4. Especificações
1.2. Especificação
1. Informação do Produto A especificação é uma descrição
quantitativa das características requeridas de
Os fabricantes de instrumentos geralmente possuem
um equipamento, máquina, instrumento,
definições para as especificações de seus produtos e
estrutura, produto ou processo. Enquanto a
como elas devem ser apresentadas. Muita coisa está
propriedade diz que o instrumento tem alta
mudando nos anos 90, principalmente por causa das
precisão, a especificação diz que a precisão é
exigências e da certificação das normas da série ISO
9000. de ±0,1% do valor medido, incluindo
A informação do produto é um termo linearidade, repetitividade, reprodutibilidade e
genérico para qualquer atributo usado para histerese.
descrever um produto e suas capacidades. É o Em engenharia, as especificações são uma
termo mais geral usado para discutir a lista organizada de exigências básicas para
propriedade de um produto. A informação inclui materiais de construção, composições de
os dados que são registrados, publicados, produto, dimensões ou condições de teste ou
organizados, relacionados ou interpretados um número de normas publicadas por
dentro de um sistema de referência de modo organizações (como ASME, API, ISA, ISO,
que tenham significado. As informações de um ASTM) e muitas companhias possuem suas
instrumento possui a seguinte hierarquia de próprias especificações. Em inglês, é chamada
termos: abreviadamente de specs.
1. propriedades (features) As especificações descrevem formalmente
2. especificações o desempenho do produto. Uma especificação
3. características é um valor numérico ou uma faixa de valores
que limita o desempenho de um parâmetro do
produto. A garantia do produto cobre o
1.1. Propriedade (feature) desempenho dos parâmetros descritos pelas
Propriedade é um atributo do produto especificações. Os produtos satisfazem todas
oferecida como uma atração especial. As as especificações quando despachado da
propriedades descrevem ou melhoram a fábrica.
utilidade do produto para o usuário. Uma Algumas especificações são somente
propriedade não é necessariamente válidas sobre um conjunto de condições
mensurável, mas ela pode ter um parâmetro externas limitado ou restrito mas em tais casos
associado mensurável. a especificação inclui uma descrição destas
Se uma propriedade com um parâmetro condições limitadas. As especificações
mensurável é de interesse do usuário, uma ambientais também definem as condições que
especificação do produto descreve e quantifica um produto pode ser submetido sem afetar
esta propriedade. Por exemplo, uma interface permanentemente o seu desempenho ou
I/O de um medidor é uma propriedade e não é causar estrago físico. Estas condições podem
mensurável, mas o filtro de banda de ser climáticas, eletromagnéticas (como
passagem de resolução estreita é um atributo susceptibilidade eletromagnética), mecânicas,
com um parâmetro mensurável, que é a largura elétricas ou precondições de operação, (como
da faixa de passagem. tempo para aquecimento, intervalo de
As propriedades do instrumento são calibração)
descritas com adjetivos e não com números.
Os termos são vagos e promocionais, como 1.3. Característica
1. Qualidade superior,
2. Alta precisão, As características descrevem o
3. Instalação simples. desempenho do produto que é útil na aplicação
4. Cápsula possui pequeno volume do produto mas não são cobertas pela garantia
do produto. Elas descrevem o desempenho
que é típico da maioria de um dado produto,

7.150
Especificação dos Instrumentos

mas não está sujeita ao mesmo rigor associado computador aceitar dados manipulados por
com as especificações. outro equipamento sem conversão de dados ou
modificação do código. De um modo geral, é a
2. Propriedades do Instrumento habilidade de um novo sistema servir a
usuários de um sistema velho. Em
As propriedades do sistema são agrupadas computação, é a característica de um
juntas nas seguintes categorias: computador ou sistema operacional que
1. Funcionalidade permite ele rodar programas escritos para outro
2. Estabilidade sistema. Por exemplo, os programas que
3. Precisão rodam no Windows 3.1 rodam no Windows
4. Padronização 3.11 e Windows 95 e os programas que rodam
5. Operabilidade no Pentium® (novo) são compatíveis com o
6. Segurança processador 80486 (velho).
7. Não relacionada com a função
Padronização
2.1. Funcionalidade A padronização é a redução dos
instrumentos a um só tipo, unificado e
Funcionalidade é a extensão na qual um simplificado, segundo um consenso
sistema é fornecido com uma estrutura básica preestabelecido e universal.
inerente de hardware e software com que Em instrumentação, a padronização se
estruturas funcionais especificas possam ser refere à mesma bitola e tipo de conexão com
formadas para controlar processos. processo, mesmo sinal de transmissão de
A funcionalidade compreende: informação, mesmo nível de alimentação,
1. capacidade mesmo tipo de montagem, mesma dimensões
2. operabilidade físicas, mesmas tomadas de encaixe.
3. compatibilidade A instrumentação pneumática apareceu
4. flexibilidade cerca de duas décadas antes da eletrônica.
5. configurabilidade Este maior tempo de aplicação, aliado à maior
simplicidade e menor obsolescência,
Capacidade certamente é o fator determinante da sua
A capacidade do sistema depende do padronização universal. Essa padronização se
número e tamanhos dos elementos, estrutura refere a:
do circuito, tamanho e estrutura do software. 1. nível do sinal de informação e de
transmissão único: 20 a 100 kPa. Não
Operabilidade há diferença significativa entre este
Operabilidade é o grau em que um sistema sinal e os equivalentes: 0,2 a
é fornecido com meios para observar e 1,0kg/cm2 ou. 3 a 15 psi Há apenas um
manipular a operação de um processo. A pequeno detalhe de calibração do
operabilidade inclui também a habilidade de mesmo instrumento.
observar e manipular a operação de um 2. nível de alimentação único: 20 psi de ar
sistema. A operabilidade depende das comprimido, seco, limpo e filtrado.
ferramentas e procedimentos para dar Mesmo o consumo de ar, em SCF
comandos e chamar e representar os dados do (standard cubic feet) é similar para
processo e a velocidade de resposta para qualquer instrumento pneumático.
executar comandos e fornecer dados para um 3. número de conexões pneumáticas
recipiente exigente. O termo velocidade de requeridas, com designação única:
resposta está relacionado com a transmissão ENTRADA, SAÍDA, SUPRIMENTO. O
de informação de tamanho mais utilizado é rosca fêmea
1. processo (medição) para processo 1/2" NPT.
(atuador), como em uma malha de 4. procedimentos de teste e calibração.
controle 5. técnicas de montagem e instalação,
2. um elemento do sistema para outro tanto no campo como no painel.
elemento do sistema Assim, a grande vantagem do sistema de
3. elemento do processo ou sistema para instrumentação pneumática é sua
operador e vice-versa. padronização, existindo apenas um sinal
padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig).
Compatibilidade A instrumentação eletrônica ainda atingiu
A compatibilidade é a habilidade de um esse grau de padronização, já alcançado pela
equipamento poder ser usado em conjunto com pneumática, porém se percebe uma tendência
outro. É também a habilidade de um para a padronização. As dificuldades da

151
Especificação dos Instrumentos

obtenção desta padronização são devidas aos possibilita uma grande flexibilidade na sua
seguintes fatores: seleção e nas suas ligações com outros, pelo
1. disponibilidade de duas configurações usuário final. Por exemplo, os instrumentos
completamente distintas: à base de pneumáticos, por serem muito padronizados,
corrente e à base de tensão. podem ser interligados sem nenhuma restrição,
2. possibilidade de se usar fonte de mesmo sendo de origem diferentes, pois todos
alimentação regulada ou não comum a os sinais de saída e de entrada são iguais. Os
todo o sistema ou individual a cada únicos níveis de sinais são: 20 a 100 kPa para
instrumento. a informação, transmissão e controle e 140 kPa
3. possibilidade de transmissão com dois para a alimentação. Assim, um transmissor
ou quatro fios. Atualmente, a maioria pneumático do fabricante F1 pode ser ligado à
dos transmissores eletrônicos usa o entrada do controlador do fabricante F2, cuja
sistema de apenas dois condutores. O saída vai para a válvula do fabricante F3.
mesmo condutor que leva o sinal de
informação (4 a 20 mA cc) para o
painel traz a alimentação (24 V cc). Os
conceitos de fonte de tensão, fonte de
corrente explicam facilmente esta
possibilidade.
4. existência de sinais em corrente e
tensão, contínua e alternados,
analógicos ou digitais.
Mesmo com essas alternativas e
dificuldades, atualmente há uma tendência
para se padronizar o sinal de transmissão em
corrente no nível de 4 a 20 mA cc, a tensão de
alimentação é de 24 V cc, o sinal padrão para
manipulação interna em 0-10 V cc, tensão de
alimentação dos circuitos internos em +15 V cc,
tensão de alimentação do sistema digital em +5
V cc.

Flexibilidade
A flexibilidade é a qualidade de um Fig. 4.1. Instrumento configurável (MTL)
equipamento ser levemente alterado ou
modificado para desempenhar sua função.
Sistema flexível é aquele que pode ser
facilmente alterado, como colocação, retirada Configurabilidade
ou alteração dos componentes. Modularidade é A configurabilidade do sistema é a
a propriedade de montar uma flexibilidade qualidade de se alterar o arranjo dos seus
funcionado em um sistema pela montagem de componentes, pela adição ou retirada de
unidades discretas que podem ser facilmente equipamentos auxiliares. Instrumento
ligadas, combinadas ou arranjadas com outras configurável é aquele cuja função é
unidades. Um sistema com módulos determinada pela configuração ou
independentes é mais flexível que aquele com programação, que pode ser física (hardware)
as partes integralizadas em um único ou lógica (software). A configuração lógica
equipamento. pode também ser chamada de programação.
Flexibilidade resulta em liberdade de A configuração física é feita através de
escolha e de ligações de equipamentos. Um mudanças de fiação (hardwire) entre
instrumento é considerado flexível quando instrumentos entre si, entre instrumentos e
pode ser interligado a uma grande variedade equipamentos de entrada e saída, ou alteração
de outros instrumentos., mesmo de diferentes de posição de jumpers e chaves thumbwheel
fabricantes ou de diferentes nacionalidades. no circuito do instrumento ou em sua parte
Um sistema é considerado flexível quando as frontal. A configuração lógica ou por
interligações podem ser modificadas, quando programação é feita através de computadores
os componentes podem ser facilmente pessoais ou de terminais dedicados
retirados ou acrescentados. proprietários portáteis (hand held) ou de mesa.
Paradoxalmente, a flexibilidade é Os transmissores inteligentes podem ser
conseguida pela padronização. A padronização configurados através de terminais portáteis ou
na fabricação e fornecimento de instrumentos microcomputadores e os controladores lógicos

152
Especificação dos Instrumentos

programáveis através de terminais de mesa ou Os erros elétricos são devidos às variações


microcomputadores. da voltagem e freqüência da alimentação. As
Para um sistema de computador, configurar medições elétricas sofrem influência dos ruídos
é relacionar os elementos do hardware entre si e do acoplamento eletromagnético de campos.
para executar uma determinação função do Também o instrumento pneumático pode
circuito. apresentar erros quando a pressão do ar de
alimentação fica fora dos limites especificados.
Intercambiabilidade Sujeiras, umidade e óleo no ar de alimentação
É a habilidade de substituir componentes, também podem provocar erros nos
peças ou equipamentos de um fabricante por instrumentos pneumáticos.
outros sem perder a função ou a adequação ao Os efeitos físicos são notados pela
uso, sem necessidade de reconfiguração. Por dilatação térmica e da alteração das
exemplo, dois transmissores pneumáticos de propriedades do material. Os efeitos químicos
mesma variável de processo, calibrados na influem na alteração da composição química,
mesma faixa, são intercambiáveis entre si, potencial eletroquímico, no pH.
mesmo que sejam de fabricantes diferentes. O sistema de medição também pode
Um transmissor digital inteligente da introduzir erro na medição, por causa do
Rosemount, com protocolo de comunicação modelo, da configuração e da absorção da
HART não é intercambiável com um potência. Por exemplo, na medição da
transmissor inteligente que não suporte este temperatura de um gás de exaustão de uma
protocolo. máquina,
Também se entende efeito da a temperatura do gás pode ser não
intercambiabilidade como a variação na função uniforme, produzindo erro por causa da posição
do instrumento que aparece quando se troca o do sensor,
sensor do instrumento. Por exemplo, seja a introdução do sensor, mesmo pequeno,
tolerância de um sensor é de ±1 oC em alguma pode alterar o perfil da velocidade da vazão,
temperatura, espera-se uma variação de 0 a 2 o sensor pode absorver (RTD) ou emitir
o
C quando o sensor for substituído por outro (termopar) potência, alterando a temperatura
tendo a mesma tolerância. do gás.
Os efeitos da influência podem ser de curta
Interoperabilidade duração, observáveis durante uma medição ou
Interoperabilidade é a habilidade de são demorados, sendo observados durante
substituir componentes, peças ou todo o conjunto das medições.
equipamentos de um fabricante por outros sem Os erros de influência podem ser
perder a função ou a adequação ao uso, com eliminados ou diminuídos pela colocação de ar
necessidade de reconfiguração. Por exemplo, condicionado no ambiente, pela selagem de
dois transmissores inteligentes de fabricantes componentes críticos, pelo uso de reguladores
diferentes, mas ambos com protocolo HART de alimentação, pelo uso de blindagens
são interoperáveis, pois podem ser substituídos elétricas e aterramento dos circuitos.
entre si, porém, há necessidade de pequenos
ajustes na reconfiguração.

Seletividade
Seletividade é a habilidade de um medidor
responder somente às alterações da variável
que ele mede e ser imune às outras alterações
e influências.
Uma medição pode ser alterada por
modificação ou por influência.
Os erros sistemáticos de influência ou
interferência são causados pelos efeitos
externos ao instrumento, tais como as
variações ambientais de temperatura, pressão
barométrica e umidade. Os erros de influência
são reversíveis e podem ser de natureza
mecânica, elétrica, física e química.
Os erros mecânicos são devidos à posição, Fig. 4.2. Sinal e ruído
inclinação, vibração, choque e ação da
gravidade.

153
Especificação dos Instrumentos

A diferença entre o erro de interferência e o para um período de tempo


de modificação, é que a interferência ocorre no especificado.
instrumento de medição e o de modificação Atualmente se usa o termo
ocorre na variável sendo medida. dependabilidade (dependability) como sinônimo
O erro sistemático de modificação é devido de estabilidade.
à influência de parâmetros externos que estão Alguns parâmetros da estabilidade podem
associados a variável sob medição. Por ser quantificados por taxa de desvio (drift rate),
exemplo, a pressão exercida por uma coluna por períodos de funcionamento, períodos de
de liquido em um tanque depende da altura, da defeitos, duração de reparo. Como se vê, a
densidade do liquido e da aceleração da estabilidade está diretamente ligada com o
gravidade. Quando se mede o nível do liquido tempo e indiretamente com outros fatores
no tanque através da medição da pressão externos, como temperatura e pressão
diferencial, o erro devido a variação da ambientes, vibração, alimentação.
densidade do liquido é um erro de modificação. Na falta de estabilidade, o desempenho do
Outro exemplo, é na medição de temperatura instrumento se degrada. Alguns dos aspectos
através de termopar. A milivoltagem gerada da estabilidade são probabilísticos e outros são
pelo termopar depende da diferença de determinísticos, por natureza. A estabilidade
temperatura da medição e da junta de pode é muito aumentada pela adição da
referência. As variações na temperatura da redundância ao sistema.
junta de referência provocam erros na medição. Pelas definições de estabilidade, devem ser
Finalmente, a medição da vazão volumétrica de incluídos os seguintes parâmetros:
gases é modificada pela pressão estática e 1. integridade
temperatura. 2. disponibilidade
O modo de eliminar os erros de 3. confiabilidade
modificação é fazer a compensação da 4. robustez
medição. Compensar uma medição é medir 5. calibração
continuamente a variável que provoca 6. mantenabilidade
modificação na variável medida e eliminar seu 7. segurança (safety e security)
efeito, através de computação matemática. No
exemplo da medição de nível com pressão 2.3. Integridade
diferencial, mede-se também a densidade
variável do liquido e divide-se este sinal pelo
Conceitos
sinal correspondente ao da pressão diferencial.
Na medição de temperatura por termopar, a Integridade é a propriedade de um
temperatura da junta de referência é instrumento se manter inteiro, individido,
continuamente medida e o sinal completo, resistente e firme no seu
correspondente é somado ao sinal da junta de funcionamento. A integridade do instrumento é
medição. Na medição de vazão compensada ameaçada pelo ambiente onde o instrumento
de gases, medem-se a vazão, pressão e está montado e por isso ela é garantida através
temperatura. Os sinais são computados de da especificação correta da classificação
modo que as modificações da vazão mecânica do seu invólucro, de conformidade
volumétrica provocadas pela pressão e com normas existentes.
temperatura são canceladas. Em computação de dados, é a propriedade
dos dados que podem ser recuperados no caso
2.2. Estabilidade de sua destruição através de falha do meio de
registro, falta de cuidado do usuário, defeito do
Há vários modos diferentes de conceituar programa ou outro acidente.
estabilidade, tais como A integridade se relaciona com a garantia
1. Tendência de um sistema se manter de funcionamento especificado do sistema. O
operando, de modo previsível, preciso, sistema que não perde sua integridade é
exato e seguro. confiável. A ausência de distúrbio e falha crítica
2. Extensão na qual um sistema pode ser é um aspecto da confiabilidade. O distúrbio
confiável de desempenhar as funções atrapalha o funcionamento da malha, porém
que lhe foram atribuídas, de modo sem interromper completamente a operação do
exclusivo e correto. sistema. A falha crítica causa o desligamento
3. Probabilidade que um componente, do sistema ou a perda de controle da malha.
equipamento ou sistema desempenhe Como exemplos: a flutuação da tensão ou da
satisfatoriamente sua função planejada, freqüência da alimentação do sistema, dentro
sob dadas circunstâncias, tais como as de uma determinada faixa, pode provocar
condições ambientais, valor da leitura ou controle pouco precisos, porém, o
alimentação e através da manutenção sistema contínua com a medição e com o

154
Especificação dos Instrumentos

controle. O desligamento total da tensão de e precisamente classificados de acordo com


alimentação do sistema eletrônico que normas concernentes, de modo que possam
interrompe toda medição e todo controle é uma prover proteção contra ambientes
falha crítica. Pode haver falha crítica indireta: o potencialmente adversos. Os invólucros dos
desligamento da alimentação do compressor instrumento, mesmo montados em ambientes
de ar comprimido do sistema pneumático pode, nocivos, devem protege-los, de modo que
depois de um determinado tempo, causar o durem o máximo e que o ambiente não interfira
desligamento dos instrumentos pneumáticos. na sua operação.
Sem energia elétrica não há ar comprimido, Existem basicamente duas normas para a
não há alimentação pneumática, não há classificação mecânica dos invólucros dos
medição e controle da instrumentação instrumentos: IEC e NEMA.
pneumática.
Norma NBR-IEC
Classificação Mecânica No Brasil, o órgão credenciado pelo
A operação de um instrumento pode ser INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia e
afetada pela temperatura ambiente, umidade, Qualidade Industrial) para emitir a maioria das
interferência eletrônica, vibração mecânica e normas técnicas é a ABNT (Associação
atmosfera circundante. Tipicamente, os Brasileira de Normas Técnicas), empresa não
instrumentos de medição e controle de governamental sem fins lucrativos. A maioria
processo podem estar montados ou na sala de das normas elétricas brasileiras se baseia nas
controle ou na área industrial. normas do IEC (International Electrotechnical
Comission).

Fig. 4.4. Instrumento para uso interno

A norma válida que fixa as condições


exigíveis aos graus de proteção dos invólucros
de equipamentos elétricos de baixa voltagem é
Fig. 4.3. Instrumento para uso externo a NBR 6146, DEZ 90 - Invólucros de
equipamentos elétricos - Proteção:
Especificação, baseada na norma IEC 529/76.
A sala de controle é um local fechado, onde Ela substitui e cancela as NBR 5374, 5408 e
a temperatura e umidade são geralmente 5423/77. Estas normas fornecem os métodos
controladas através de ar condicionado. O de classificar os instrumentos com relação aos
instrumento de campo pode estar totalmente ambientes em que eles podem ser usados e os
desprotegido ou ter uma proteção rudimentar procedimentos de teste para verificar se tal
adicional contra o sol, a chuva ou o vento. De classificação é conveniente.
qualquer modo, quando usado no ar livre, a Os tipos de proteção cobertos pela norma
caixa do instrumento fica exposta aos efeitos são os seguintes:
da luz ultra violeta, da chuva, da umidade, do 1. contra o contato ou aproximação de
orvalho, das poeiras, dos respingos dos pessoas às partes vivas, contra o
líquidos de processo e das sujeiras contato às partes moveis no interior do
contaminantes que circulam no ar. Eles estão invólucro e contra a penetração de
ainda submetidos a grande e rápidas variações corpos sólidos estranhos ao
de temperatura durante o dia, podendo haver equipamento e
um gradiente de temperatura entre o sol e a 2. contra a penetração prejudicial de água
sombra do instrumento exposto. Por esses no interior do invólucro onde está o
motivos, os invólucros dos instrumentos devem equipamento.
ser de alta qualidade, cuidadosamente testados

155
Tab. 4.1. Proteção do equipamento contra ingresso de corpos sólidos e líquidos, conforme IEC IP

NEMA 1 Uso geral


NEMA 2 Prova de respingos
NEMA 3 Prova de tempo
NEMA 4 Vedado a jatos d'água
NEMA 5 Vedado a poeira
NEMA 6 Uso imerso
NEMA 7 Prova de explosão, Classe I
NEMA 8 Prova de explosão, contato em óleo
NEMA 9 Prova de explosão, Classe II
NEMA 10 Prova de explosão, minas
NEMA 11 Resistente a ácidos
NEMA 12 Resistente a choque mecânico leve
NEMA 13 Prova de poeira, não vedado.

Tab.4.3. Resumo da denominação NEMA

7.156
A norma não trata dos graus de proteção 2. resistente a - significa que o
contra danos mecânicos, risco de explosão ou instrumento não se danifica quando na
condições como umidade, vapores corrosivos, presença do determinado ambiente. O
fungos, vermes ou animais daninhos. equipamento resistente a é mais frágil
A designação da norma começa com as que o a prova de. O equipamento
letras IP (Ingress Protection - proteção de resistente a geralmente possui uma
ingresso) e inclui um sufixo com dois números. restrição, por exemplo, de pressão
Opcionalmente, pode ainda ter letra máxima. Por exemplo, um relógio
suplementar: S, M ou W, que significam: resistente a água para 100 metros
S teste com equipamento em repouso, significa que funciona quando usado
M teste com equipamento em operação dentro d'água, sem se danificar, mas
mecânica até uma profundidade de 100 metros.
(A ausência das letras S e M significa que o Além deste limite, ele pode se danificar
grau de proteção vale para todas as condições e deixa de funcionar.
normais de serviço). 3. vedado a - significa que o instrumento
A letra W após as letras IP significa que o é hermeticamente selado para aquele
equipamento é apropriado para uso em determinado ambiente. Por exemplo,
condições de tempo especificadas e possui instrumento vedado a pó evita a
características adicionais de proteção, entrada de pó no seu interior.
estabelecidas entre o fabricante e usuário.
Por exemplo, um instrumento que a prova
de pó e a prova de jato fraco d'água tem a
designação de IEC IP 55. A colocação de
respiradouro para dreno pode alterar a
classificação mecânica do invólucro, por
exemplo, de IEC IP 65 para IEC IP 55.
É possível haver uma codificação com a
omissão de um dos dois dígitos (substituído por
X). Por exemplo, IEC IP X5 significa que o
instrumento é protegido apenas de jato d'água.
Outro exemplo, IEC IP 5X é uma proteção NEMA 1
apenas contra pó.

Norma NEMA
A norma NEMA (National Electrical
Manufacturers Association) fornece outro
método de classificação do invólucro do
instrumento para indicar os vários ambientes
para os quais o instrumento é adequado. A
norma cobre os detalhes de construção e os
procedimentos de teste para verificação se o
instrumento está conveniente com a NEMA 4
classificação recebida. Todas as designações
NEMA requerem invólucros resistentes à
ferrugem. Basicamente, há dois locais de uso:
interno ou externo. Os dígitos que designam a
classe NEMA variam de 1 a 13.
Há 3 termos chave nas designações
NEMA:
1. prova de - significa que o ambiente
não atrapalha o funcionamento ou
operação do instrumento. Por exemplo,
instrumento à prova de tempo funciona NEMA 7
normalmente mesmo quando
submetido aos rigores do tempo: vento,
umidade, orvalho. Ele não é Fig. 4.5. Invólucros com classe NEMA
necessariamente vedado ao tempo,
porém, se garante que, mesmo que o
ambiente entre no seu interior, ele
continua funcionando normalmente.

7.157
Especificação dos Instrumentos

Tab.4.4. Conversão de Números Tipo NEMA determinadas, durante um determinado período


para IEC de tempo e com um mínimo de atenção.
NEMA IEC A confiabilidade de um instrumento ou de
1 IP 10 uma malha de instrumentos é a consistência
2 IP 11 com que ele mede ou controla quando se
3 IP 54 supõe que hajam condições adequadas e de
3R IP 14 acordo com seu programa e ajuste. A
3S IP 54 confiabilidade de um instrumento depende do
cuidado com que ele é instalado. Para um
4 e 4X IP 56
instrumento ser bem sucedido na sua
5 IP 52
operação, ele deve ser bem selecionado,
6 e 6P IP 67 montado no lugar apropriado e ser usado
12 e IP 52 corretamente. As condições típicas que
12K precisam ser consideradas incluem:
13 IP 54 1. variações na tensão de alimentação e
tamanho dos transientes de voltagem;
Observação: não pode ser usado para converter 2. com alimentação de corrente alternada,
classificação IEC em NEMA. as variações na freqüência e conteúdo
harmônico;
3. o nível de energia de rádio freqüência
indesejável radiada pelo equipamento
não deve causar interferência nas
Embora o NEC tenha algumas comunicações de rádio;
classificações de invólucro que incluem a 4. o equipamento deve ser capaz de
classificação elétrica, a classificação mecânica tolerar alguma radiação de rádio
não pode ser confundida com a classificação freqüência se é previsto seu uso
elétrica. Elas são independentes. Por exemplo, próximo de fontes de alta potência de
o uso do instrumento em local externo nem rádio ou radar;
sempre é necessário para um local de Zona 1. 5. valores máximo e mínimo da
Assim como a classificação mecânica de uso temperatura ambiente;
externo não assegura que o instrumento possa 6. valores máximo e mínimo da umidade;
ser montado em local perigoso, a classificação 7. níveis de vibração e choque mecânico;
para uso em área classificada não garante que 8. condições externas, como exposição a
o instrumento possa ser montado em áreas pó, areia, chuva, radiação solar,
externa. respingo de água salgada ou outros
líquidos
2.4. Robustez 9. variações de carga, quando aplicável.
A robustez é a característica de um Confiabilidade e aceitação
equipamento funcionar conforme esperado,
A confiabilidade é importante por que um
mesmo quando submetido a condições
instrumento que necessita de manutenção ou
adversas, pois ele é imune às agressões do
calibração freqüentes para se manter em
meio onde ele está colocado. Instrumento
funcionamento preciso e exato, se torna mais
robusto é aquele que funciona conforme
caro do que um instrumento melhor que tem
previsto em ambiente hostil. A robustez de um
um maior custo inicial e um menor custo de
instrumento é garantida por sua classificação
manutenção. O modo correto de usar qualquer
mecânica de invólucro.
instrumento deve ser aprendido. Por isso, o
Controle robusto é aquele insensível à
pessoal de manutenção prefere usar uma
incerteza do modelo e ao comportamento
mesma marca de instrumento. Marca que seja
dinâmico do processo. Programa robusto é
desconhecida geralmente é menos confiável,
aquele que funciona bem mesmo sob
durante um determinado período de tempo.
condições anormais.
Quando algo funciona bem para a gente
antes, é apenas natural dar preferência para
2.5. Confiabilidade ele quando se tem ocorre a mesma aplicação.
Mudar para um sistema ou método novo requer
Conceitos boa justificativa.
Confiabilidade é a habilidade ou O desempenho passado conhecido não
probabilidade de um instrumento se manter em está necessariamente limitado à própria
operação, em um nível especificado de experiência em casa. Também inclui a
desempenho, sob condições ambientais experiência de outros que tenham tido de

158
Especificação dos Instrumentos

eliminar problemas similares em aplicações Fig.4.6. Curva de aceitação de novos


iguais à sua própria planta e que tenha instrumentos
aprendido a duras penas com a instrumentação
ou sistema que esteja sendo considerado. O
que se deveria fazer para conseguir os Por isso, quando se pergunta a alguém
resultados esperados quando se decidiu acerca de sua opinião sobre o desempenho de
comprar isto? um novo equipamento, é importante saber em
A Fig. 4.6. mostra um padrão de aceitação que época ou ponto da curva que se está, pois
que ocorre muito freqüentemente em plantas, a resposta depende deste ponto.
especialmente na operação. A escala
horizontal é o tempo e a vertical mostra os Confiabilidade e falhas
diferentes níveis de aceitação para novos Mesmo as falhas críticas podem ser
equipamentos em operação. Quando o pessoal evitadas ou se pode eliminar os efeitos nocivos
de operação primeiro escuta as novidades, provocados por elas. Nos exemplos anteriores,
usualmente do projeto, que se está adquirindo a colocação de uma alimentação elétrica
um equipamento novo que nunca foi usado na alternativa através de década de bateria pode
planta antes, a reação à idéia provavelmente suprir a energia ao sistema de instrumentação
fica entre a dúvida e a indiferença. Esta atitude eletrônica durante um tempo limitado e
prevalece até a época da partida, quando o determinado pela capacidade da bateria. No
operador se familiariza com o novo caso do sistema pneumático, o uso de
equipamento e os problemas usuais são compressor reserva ou de cilindro de pressão
eliminados, justo acerca de tudo que pode dar aumenta a integridade, portanto a
errado acontece. Há uma queda no nível de confiabilidade do sistema.
aceitação. Ao lado da preocupação de tornar o
Este descontentamento continua, enquanto funcionamento do sistema mais confiável, há a
durarem os problemas de produção com o colocação de dispositivos de alarme e de
novo equipamento, até que numa reunião, o intertravamento, que podem desligar os
gerente da planta declara: algo tem que ser equipamentos, interrompendo totalmente o
feito! Neste ponto, reclama-se do fabricante processo. Quando é inevitável a perda do
dos instrumentos e um especialista que controle, deve se interromper o processo,
realmente entende do equipamento, vem, evitando-se a perda inútil de material fora da
corrige os problemas e fornece as respostas especificação, protegendo-se o pessoal e o
que os manuais de instrução não dão ou que equipamento da operação.
os manuais fornecem mas que nunca foram Sob o aspecto da confiabilidade, o sistema
lidos e o novo equipamento começa a operar que requer o uso freqüente do controle manual
exatamente como era o esperado. pelo operador é pouco confiável.
O nível de aceitação se eleva às alturas e Um outro aspecto da confiabilidade do
permanece lá por muito tempo. Eventualmente, controle de processo se refere a ausência de
porém, o processo natural de desgaste ocorre falhas dos instrumentos.
e aparecem alguns pequenos problemas que Como regra, a confiabilidade do
requerem manutenção. Estes problemas são instrumento mecânico e pneumático é total
facilmente corrigidos de modo que a aceitação quando o equipamento é novo e decresce com
do novo equipamento permanece em nível a idade. O instrumento pneumático requer
satisfatório. manutenção periódica e ciclicamente ha picos
de falta de confiabilidade. A manutenção
preventiva pode evitar essas crises de
confiabilidade.

Confiabilidade e tipo de instrumentos


Os instrumentos eletrônicos possuem um
comportamento diferente. A instrumentação
eletrônica pode operar, sem problemas,
durante vários anos, desde que esteja instalada
corretamente, alimentada por tensão regulada
e operada adequadamente. Como o
instrumento eletrônico possui raras peças
moveis, pois mesmo as chaves liga-desliga
podem ser estáticas, a sua confiabilidade
independe da idade. O componente menos
confiável do sistema eletrônico é o contato. O

159
Especificação dos Instrumentos

capacitor eletrônico é um componente que peças moveis. As vibrações podem causar


pode apresentar problema, porém só é usado problemas de contato ou de ruptura dos
na fonte de alimentação. condutores em equipamentos eletrônicos.
Como segunda regra, ou como continuação
da regra do instrumento pneumático, tem-se: o Quantificação da confiabilidade
instrumento eletrônico pode apresentar A confiabilidade pode ser quantificada com
problema assim que é ligado e nas primeiras números relacionados com os tempos
horas de funcionamento. Depois que o envolvidos. Tem-se:
instrumento entra em regime permanente, MTBF, que significa Mean Time Between
dificilmente apresentará defeito, com o uso e a Fails (Tempo Médio Entre Falhas). O MTBF de
aplicação correta. um dado tipo de instrumento ou sistema é
Em eletrônica, se define como drift o determinado por teste, experiência ou ambos.
afastamento gradual das características de um Um grande MTBF é bom e depende de o
componente ou de um equipamento das fabricante do instrumento usar materiais de alta
especificadas originalmente. Atualmente, os qualidade, projeto correto e cuidado na
componentes eletrônicos para uso industrial fabricação e de o usuário aplicar o instrumento
são submetidos a tratamento especial para para o tipo de serviço para o qual ele foi
minimizar os seus desvios, como o burn in. fabricado e fazer a manutenção de rotina
Este tratamento consiste em submeter o recomendada.
componente e o instrumento inteiro a MTTR, que significa Mean Time To Repair
temperaturas artificialmente elevadas, durante (Tempo Médio Para Reparar). O MTTR é
longo tempo (p. ex., 72 horas) de modo que determinado pela experiência. Um pequeno
eles ficam envelhecidos precocemente e não MTTR é bom e depende de o fabricante
se alteram com a idade e com as condições projetar um instrumento de fácil manutenção e
ambientais. de o usuário ter estocado ou conseguir
rapidamente peças de reposição e ter uma
Confiabilidade e condições ambientais equipe de manutenção bem treinada e
A maioria dos problemas de funcionamento capacitada com facilidade de acesso ao
dos instrumentos é causada pelas variações equipamento que precisa ser reparado.
das condições de contorno e do ambiente, tais MTFF (Mean Time First Fail - Tempo Médio
como a temperatura, a umidade, a pressão, a Primeira Falha). Quando o instrumento é
poeira, a atmosfera corrosiva, a maresia, o descartável, pois não pode ser reparado, a
vento, a vibração e os choques mecânicos. confiabilidade é dada pelo tempo para haver a
Quando as especificações recomendadas pelo primeira falha. Depois desta falha o instrumento
fabricante são excedidas pelas condições reais é jogado fora e substituído por outro.
da operação, certamente aparecerão falhas no
instrumento. No aspecto de ter o desempenho Número de componentes da malha
modificado pelas condições ambientais, o A confiabilidade é melhorada pela redução
instrumento pneumático é menos sensível que de número de elos na corrente de
o eletrônico. O instrumento eletrônico teme a instrumentos. Quanto menos instrumentos tiver
alta temperatura e deixam de funcionar quando a malha, mais confiável ela é, pois cada
submetidos a temperaturas acima de 90 oC, instrumento individual tem algum risco de falha
por causa de seus circuitos que incorporam e contribui para o risco da falha da malha.
semicondutores. É recomendável o uso de ar A precisão da malha de instrumentos
condicionado, onde a temperatura e a umidade também depende da quantidade de
são controladas dentro de níveis satisfatórios instrumentos componentes. Quanto mais
nas salas de controle com instrumentação instrumentos tiver a malha, maior é o erro total
eletrônica. É mandatório o uso de ar resultante, qualquer que seja o algoritmo de
condicionado no ambiente com computadores cálculo. O melhor projeto de malha de
digitais. instrumentos é aquele que usa o mínimo
Temperaturas muito baixas (criogênicas), número de instrumentos para executar a tarefa
também podem causar problemas aos circuitos requerida. Seja o mais simples possível (em
eletrônicos, pela redução do ganho dos inglês: KISS: Keep it simple, stupid!)
circuitos semicondutores e pelo fenômeno da
supercondutividade. Por isso, a não ser que o Confiabilidade e redundância
sistema eletrônica tenho sido projetado e Deve-se ter redundância quando a falha da
previsto para estas condições especiais, o seu instrumentação na planta resulta em um risco
uso deve ser evitado. inaceitável de perigo físico ou perda
Quando há vibrações, os instrumentos momentânea. Redundância significa fornecer
mecânicos são mais afetados, por possuírem um segundo elemento alternativo para executar

160
Especificação dos Instrumentos

uma função, quando o primeiro falha. A isso ambos estão sujeitos a uma falha de modo
redundância pode ser aplicada a qualquer tipo comum.
de equipamento: sensor, controlador,
computador, fonte de alimentação, trocador de
calor, sistema completo, tubulação, cabos de
comunicação.
Para uma redundância ser totalmente
LSH LT
efetiva, cada canal deve operar totalmente
66 66
independente do outro. Isto significa que
nenhuma simples má operação, como abertura
ou fechamento incorreto de uma chave e
nenhuma simples falha, como a falha de uma LIC
fonte de alimentação, possa derrubar os dois 66
canais. Quando dois controladores são Tanque
Trip da
alimentados por uma única linha elétrica, eles bomba
não são totalmente independentes pois a falta
de energia desliga os dois controladores.
A falha de uma fonte de alimentação
comum é um exemplo de falha de modo
comum. A falha de modo comum pode também
ser causada pela queda de um único objeto em Bomba (a) Menos confiável
cima de dois controladores redundantes, que
desliga os dois canais. Para evitar este tipo de
falha, os dois canais devem ser separados um
do outro.
Outro modo de aumentar a confiabilidade
LSH
da planta é pela diversidade. Diversidade é
67
quando se tem dois canais fazendo a mesma
coisa, mas de modos diferentes. É improvável
que os diferentes canais sofram o mesmo tipo LC LT
de falha. Por exemplo, a medição redundante 67 67
de nível através de deslocador e de dispositivo Tanque
a pressão diferencial: os dois sistemas são
construídos diferentemente e tem princípios de
Trip da
funcionamento fisicamente diferentes. bomba
Um bom princípio de projeto para seguir em
todas as plantas é separar a função normal de
controle da função de segurança. Separar
significa ter diferentes sensores e
transmissores. A Fig.4.7(a) mostra como Bomba (a) Mais confiável
devem ser o sistema de controle e segurança
de nível de um tanque. O controle é
conseguido através de um transmissor de nível,
controlador e válvula de controle. A segurança
é conseguida através de uma chave de nível,
que desliga o motor da bomba que enche o Fig. 4.7 Evitando transbordamento do tanque
tanque. O controlador regula normalmente o
nível do tanque e normalmente o tanque não
derrama. No caso de haver alto nível por causa
de um grande distúrbio, a chave de nível alto
desliga a bomba e a vazão de entrada do
tanque fica zero, evitando que o nível do fique
excessivamente alto. O tanque não derrama.
Todas as partes de um esquema
provavelmente operam como o esperado.
Porém, o esquema da Fig. 4.7 (a) tem uma
fraqueza que pode potencialmente causar
falha: tanto o controlador como a chave de
nível dependem de um único transmissor e por

161
Especificação dos Instrumentos

Na Fig. 4.7(b) tem-se um sistema mais falha é um estudo detalhado do que pode
confiável para evitar que o tanque derrame. acontecer ao processo se as várias partes do
Quase tudo é a mesma coisa, exceto que sistema de equipamento e instrumento do
agora a chave de nível sente o nível processo falhar. O estudo pode revelar uma
diretamente e independente do controlador. necessidade de equipamento reserva (backup),
Agora, se a malha de controle falhar, a chave uma mudança na ação de falha-segura ou
não é afetada. Quando a chave falhar, a malha outras mudanças ou pode simplesmente
de controle não é afetada. confirmar a adequação do sistema existente.
Um bom exemplo de redundância é o
homem que usa cinto e suspensório para 2.6. Disponibilidade
seguras suas calças. Se o cinto falha, o
suspensório segura; se o suspensório falha, o Disponibilidade é o tempo disponível do
cinto segura. Tem-se um sistema de segurança instrumento em operação normal. É o tempo
com redundância, diversidade e separação. em que o instrumento está ligado, não está sob
Em sistemas de medição críticos, como na manutenção e é sabido ou acreditado que está
indústria nuclear, os sensores são operando corretamente. Relação de
redundantes. Tem-se três sensores separados disponibilidade é relação da quantidade de
e um sistema de votação. O sistema de alarme tempo que um sistema está realmente
é inicializado pelo sistema de votação um-dos- disponível para uso para a quantidade de
três e o desligamento é feito pelo sistema dois- tempo que é suposto que ele esteja.
dos-três. Se qualquer um dos três sensores é Disponibilidade de dados, canais de dados e
alto, o sistema de alarme toca para chamar a equipamentos I/O de computadores, é a
atenção do operador, que pode investigar e condição de estar pronto para uso e não
julgar qual ação deve ter tomada. Quando dois imediatamente colocado para fazer outras
canais estirem altos, então o sistema é tarefas.
desligado automaticamente. A idéia deste A disponibilidade ou disponibilidade no
sistema é que um único sinal alto pode ser tempo pode ser determinada dos parâmetros
aberração e falso e não deve ser considerado MTBF e MTTR. Disponibilidade é a fração de
para se desligar o processo. Mas se a leitura tempo que o instrumento ou sistema pode estar
alta é confirmada por uma segunda leitura, pronto para usar e para funcionar
então ambas as leituras altas são consideradas corretamente. Costuma-se definir a
válidas e o sistema é desligado Disponibilidade, D, como a relação matemática:
automaticamente. Em sistemas mais
conservativos pode-se usar um sistema de MTBF
D=
votação de dois-dos-quatro, que possuem MTBF + MTTR
quatro medições em vez de três.
Há sistema que mede disparidades entre A disponibilidade de um instrumento
dois ou mais instrumentos de processo que aumenta quando o MTBF aumenta e o MTTR
deveriam dar a mesma indicação. Se a diminui. Um instrumento muito disponível é
disparidade se torna excessiva, é atuado um aquele que demora para falhar e quando falha,
alarme de disparidade, mesmo que não se é rapidamente consertado.
detecte nenhuma falha no processo. Às vezes, um fabricante não pode fornecer
Medições para aumentar a confiabilidade dados para o MTBF e MTTR para calcular a
podem ser aplicadas a qualquer sistema de disponibilidade do instrumento, principalmente
processo com grande perigo potencial, embora para equipamentos não eletrônicos. Porém,
elas sejam mais usadas na indústria de energia sempre pode-se tentar estimar a
nuclear. disponibilidade ou julgar a qualidade aparente
Há um movimento no mundo da eletrônica, dos equipamentos. Quando se considera a
incluindo instrumentos, no desenvolvimento de confiabilidade na escolha de um instrumento ou
equipamento tolerante a falha, que possui projeto de um sistema, obtém-se uma planta
componentes ou circuitos internos que tende a ter pequeno custo de manutenção
redundantes. O efeito é possibilitar o e poucas paradas de produção por causa de
instrumento ou sistema envolvido continuar falhas de instrumentos. Estes fatores devem
funcionando corretamente mesmo se alguma ser considerados na escolha de determinado
peça do instrumento ou sistema falhar. Esta tipo de instrumento em favor daquele mais
técnica é usada extensivamente em alguns confiável e disponível, mesmo que seja o de
sistemas de controle distribuído e controle mais custo inicial.
lógico programado.
Para sistemas de processo importantes,
pode-se fazer uma análise de falha. Análise de

162
Especificação dos Instrumentos

2.7. Calibração 5. penalidade resultante da medição


inexata do instrumento
Calibração é a determinação, por medição 6. disponibilidade do instrumento pela
ou comparação com um padrão rastreado, do operação
valor correto de cada leitura da escala de um 7. exigência contratual
instrumento ou do valor para cada ajuste do 8. exigência legal
instrumento. Aferir é a determinação, por O intervalo é dinâmico e deve ser
medição ou comparação com um padrão aumentado, diminuído ou mantido em função
rastreado, do atributo de um elemento sensor do resultado das calibrações anteriores. Há
ou de um instrumento Em alguma convenção, regras de bolo (Schumacher, Grasmann) para
calibrar e aferir são a mesma coisa e são administrar os períodos de calibração dos
diferentes de ajustar; em outras, calibrar e instrumentos.
ajustar são a mesma coisa e são diferentes de
aferição. Curva de calibração é um registro dos
dados de calibração, dando o valor correto para
2.8. Manutenção
cada leitura indicada de um instrumento. Um Manutenção é a ação e o custo de manter
ponto de calibração é aquele em que se faz algo em boa condição e trabalhando em ordem.
uma verificação ou ajuste. Um material de Tempo de manutenção é o tempo requerido
referência certificado é um padrão que indica para a manutenção corretiva e preventiva do
se um instrumento ou procedimento analítico equipamento. A manutenção correta do
está trabalhando dentro de limites prescritos ou instrumento garante que sua precisão não piore
uma solução com concentração conhecida ao longo do tempo. Mantenabilidade é a
(solução padrão) usada em instrumentação habilidade do equipamento satisfazer os
analítica. objetivos operacionais com um mínimo esforço
A calibração garante a exatidão do de manutenção sob condições ambientais
instrumento ao longo do tempo. Como a idade operacionais em que a manutenção
dos componentes do instrumento altera seu programada e não programada seja feita.
desempenho, periodicamente o instrumento Quantitativamente, a probabilidade que um
deve ser calibrado, para voltar a ter o item seja restaurado para condições
desempenho deejado. específicas dentro de um dado período de
tempo quando a ação de manutenção é feita de
acordo com procedimentos e fontes pré
determinadas.

Fig. 4.8. Calibração de instrumento


pneumático

A calibração confiável e válida requer: Fig. 4.9. Medições e teste em instrumento


1. padrões rastreados eletrônico
2. procedimentos claros e escritos
3. ambiente conhecido
4. pessoal treinado Os gostos e desgostos do pessoal de
5. registros documentados manutenção de instrumentos também são
6. período de validade fatores de seleção de instrumentos.
O intervalo entre duas calibrações Geralmente, o pessoal da manutenção de
sucessivas é estabelecido pelo usuário e é instrumentação quer instrumentos que
função de: 1. tenham suas leituras facilmente
1. tipo de instrumento verificadas
2. recomendação do fabricante 2. possam ser calibrados no zero sem
3. severidade do ambiente remoção do processo
4. precisão requerida pelo processo

163
Especificação dos Instrumentos

3. mantenham sua calibração por longos se aferir o termopar, comparando-o com um


períodos de tempo padrão certificado. Como conclusão,
4. possam ser instalados em locais de atualmente é raro se fazer um termopar,
fácil acesso quando se quer uma medição com incerteza
5. sejam mantidos pelos próprios conhecida. O comum é comprar o termopar de
instrumentistas, sem a necessidade de fabricante conhecido e especialista e em
enviá-los para o fabricante para reparo aplicações onde há auditorias de qualidade
ou calibração. para verificar a evidência da calibração,
O que o pessoal da instrumentação não compra-se o termopar já rastreado e certificado
quer é ser pioneiro no uso de uma nova e com o preço muito maior.
instrumentação, especialmente se eles Quando a instalação de um novo sistema
acreditam que o trabalho possa ser feito com de medição ou controle é completada, a
instrumentos que eles já conhecem. questão que se coloca é: quem vai fazer isto
A questão de se fazer o serviço na própria operar? A partida de um novo sistema
planta ou enviar o instrumento para o fabricante geralmente é feita por especialista da
deve ser decidida pelo usuário, considerando companhia que vendeu o sistema. Porém, um
os aspectos de custo, tempo de entrega, dia ele vai embora e deixa a manutenção e o
qualidade do produto, materiais, técnicas e cuidado do sistema para o grupo de
know-how. instrumentação da planta. Se este grupo não
Há usuários que fazem seus próprios tem o know-how para fazer o trabalho ou se
termopares. O instrumentista corta dois simplesmente ele não tem o tempo suficiente
comprimentos de fio termopar, por exemplo, para manter o sistema operando conforme o
um de ferro e outros de constantant (tipo J), esperado, depois de algum tempo o
enrola-os juntos com um alicate e depois solda desempenho do sistema se deteriora até ficar
a junta com um maçarico. O instrumentista totalmente inútil. O problema se complica mais
então declara que o termopar é realmente um ainda quando a produção depende da
sensor de temperatura, ligando-o a um medidor disponibilidade do sistema. Neste caso há
que lê milivoltagem. O que foi esquecido é que chamadas freqüentes e caras do pessoal do
um termopar é realmente uma pequena bateria fabricante.
cuja força eletromotriz (fem) da saída varia com A capacidade de manutenção é constituída
a temperatura. O medidor lê uma fem e não a de conhecimento, tempo e aceitação de
temperatura por si. A fem medida tem de ser responsabilidade. Se o pessoal de manutenção
convertida para temperatura usando uma não tem estes três fatores, com relação à nova
tabela de correlação que é levantada por instrumentação, ou não está preparado para
laboratórios nacionais, como o NIST americano adquiri-los, então deve-se escolher algo bem
e PTB alemão. As tabelas do NIST foram simples para fazer o trabalho.
levantadas experimentalmente a partir de
métodos rigorosamente controlados. 2.9. Resposta dinâmica
Um fabricante comercial tem método para
montar um termopar muito mais cuidadoso que A resposta dinâmica se refere aos tempos
o do instrumentista. A pureza e a qualidade de atraso, às freqüência de corte e ganhos do
metalúrgica dos fios é cuidadosamente sinal de saída em função do sinal de entrada,
protegida para que a tabela de correlação seja ambos referidos ao tempo. De modo absoluto,
válida, através de uso de alicate especial e a resposta do instrumento eletrônico é melhor
método especial, evitando oxidação, stress (mais rápida) que a do instrumento pneumático.
termal e mudança na estrutura cristalina. Tipicamente, a ordem de grandeza dos atrasos
Certamente o método usado pelo dos instrumentos eletrônicos é de micro
instrumentista em sua oficina de manutenção segundos (10-6 s) e de décimos de segundo
de instrumentos duma planta petroquímica ou para os instrumentos pneumáticos (10-1 s)
siderúrgica não é tão rigoroso. Praticamente não há atraso na transmissão
Quando se compra um termopar de um eletrônica, pois a transmissão se processa à
fabricante conceituado, ele fornece junto do velocidade da luz. A transmissão pneumática
termopar a sua especificação técnica, onde é se processa à velocidade do som; tipicamente
declarada sua precisão. Por exemplo, para o há um atraso de 0,25 segundos para cada 30
termopar tipo J, a precisão é de ±2,2 oC ou metros de tubulação de cobre de 1/4" diâmetro
±0,75% do valor medido, o que for maior. Esta externo.
precisão é garantida pelos materiais e métodos Não há limitação prática para a distancia
empregados pelo fabricante. Qual seria a quando o sinal transmitido é eletrônico. Por
precisão do termopar construído pelo questões praticas de tamanho de industria, as
instrumentista? Para isto ser respondido, deve- distancias envolvidas na transmissão eletrônica
vão até cerca de alguns kilômetros. Quando as

164
Especificação dos Instrumentos

distancias envolvidas são maiores usam-se Em processos que envolvem grandes


técnicas de transmissão sem fio, através de distancias, o atraso da transmissão pode ser
ondas de rádio-freqüência: é o campo da um fator decisivo e a escolha deve recair na
telemetria, que é outro departamento da instrumentação eletrônica.
instrumentação. Por causa dos atrasos As curvas de resposta em freqüência são
envolvidos, as distancias para a transmissão equivalente para ambos os sistemas, talvez
pneumática são limitadas a algumas centenas com pequena vantagem para o pneumático.
de metros, tipicamente 300 metros. As Tipicamente, ambos os sistemas respondem
soluções, imperfeitas, para se aumentar as até a freqüência de 10 Hz. A vantagem do
distancia ou diminuir os atrasos na transmissão sistema eletrônico é a facilidade de variação e
pneumática, envolvem o uso de tubulações de ajuste dessa freqüência de corte, através da
cobre em vez de plástico, tubulações com substituição de capacitores, que já são
maiores diâmetros, uso de 4 tubos em vez de componentes naturais dos seus circuitos.
2, uso de posicionadores na válvula de controle O ruído é um problema presente nos dois
e uso de amplificadores pneumáticos (booster). sistemas, pneumáticos e eletrônico. O ruído é
uma interferência, de origem externa ou
interna, que aparece misturado ao sinal de
informação. O ruído é de mesma natureza
física do sinal - por isso que ele interfere no
sinal - e pode alterar sua informação. Em
sistema pneumáticos, os ruídos são vibrações
de estruturas mecânicas, vibrações ou
pulsações de fluidos, tais como ar comprimido,
água, vapor, líquido de processo. Essas
turbulências dos fluidos podem ocorrer quando
há restrições nas linhas, provocadas por
válvulas de controle, placas de orifício para
medição de vazão, reduções de pressão,
curvas, cotovelos ou conexões de tubulações.
Para se eliminar essas turbulências e ruídos,
são usados o amortecimento mecânico,
conseguido pelo uso de fluidos de enchimentos
de diafragmas mais viscosos e os retificadores
de vazão. A colocação de suportes e a melhor
Fig. 4.10. Tempo de atraso ancoragem das tubulações também elimina ou
diminui os ruídos e perturbações. Finalmente, o
dimensionamento correto de válvulas de
A característica dinâmica dos controle, reduções e placas de orifício evita o
equipamentos e atualmente a base da aparecimento de cavitações, 'flasheamento" de
aplicação de microprocessadores no controle gases e vibrações.
de processo. As constantes de tempo dos Em sistema eletrônico, os ruídos são
processos industriais são tão maiores que as captados das linhas de energia, motores e
constantes de tempo dos equipamentos transformadores, que criam campos
eletrônicos, que um único controlador analógico eletromagnéticos intensos. É o chamado ruído
pode controlar simultaneamente todas as de 60 Hz. Esse ruído é facilmente evitado pela
malhas da planta, desde que haja um separação física das linhas de energia das
conveniente sistema de interface processo- linhas de instrumentação. Quando isso não é
controlador. Na prática, essa interface existe e suficiente, usam-se fios blindados e trançados
consiste num sistema de multiplexagem e e bandejas metálicas. E, de qualquer modo, os
conversões analógico-digital e digital-analógico. ruídos remanescentes são filtrados nas
Embora a resposta dinâmica dos entradas dos instrumentos receptores de
instrumentos eletrônicos seja rápida que a dos sinais.
pneumáticos, a dinâmica do processo a ser
controlado é determinante. Quando as
constantes de tempo da maioria das malhas do
processo são grandes (processos lentos), é
compatível e aceitável o uso de instrumentos
pneumáticos, principalmente, para aplicações
de montagem local.

165
Especificação dos Instrumentos

3. Especificações do 3.2. Especificação de desempenho


instrumento
Introdução
As especificações do instrumento incluem: Desempenho é o ato de funcionamento do
1. especificações de desempenho instrumento, de modo previsível, estável, exato,
2. condições de operação preciso e seguro. É um termo muito amplo, que
3. especificações funcionais inclui operabilidade, previsibilidade, precisão,
4. especificações físicas exatidão, estabilidade e segurança.
5. especificações de segurança A operabilidade ou funcionamento inclui os
6. características opcionais parâmetros de capacidade, flexibilidade,
7. dimensões nominais configurabilidade, robustez, compatibilidade,
8. instruções para pedido intercambiabilidade e interoperabilidade.
Por sua vez, a precisão inclui os
3.1. Especificações de Operação parâmetros de repetitividade, reprodutibilidade,
linearidade, sensibilidade, rangeabilidade,
As especificações de operação consideram resolução, banda morta, histerese. A precisão
as influências do fluido do processo do instrumento é mantida por sua manutenção.
condições de operação de referência A estabilidade da operação inclui os
condições de operação normal parâmetros de confiabilidade, falibilidade,
limites de operação integridade e disponibilidade.
onde são estabelecidos os valores de temperatura do O desempenho do instrumento é
processo, temperatura ambiente, umidade relativa, valor influenciado por vários fatores, como
da alimentação, impedância da malha para sinal temperatura do processo e ambiente, pressão
analógico e digital. do processo e ambiente, propriedade do fluido
As condições de operação de referência do processo (densidade, viscosidade,
são aquelas com que o instrumento foi testado condutividade elétrica, calor específico),
e calibrado. As especificações de desempenho posição do instrumento, vibração da estrutura
do instrumento são válidas para estas de suporte, alimentação e ruídos externos.
condições de referência. Estas faixas de Nas especificações do instrumento, os
operação são as mais estreitas e raramente parâmetros de desempenho geralmente são
são iguais às condições reais de processo. expressos de modo quantitativo.
Os limites de operação são mais alargados
que os de referência e devem ser respeitados Exatidão
pelo usuário. Operar o instrumento fora destes
Exatidão é o grau de conformidade do valor
limites de operação danifica irremediavelmente
indicado para um valor verdadeiro ou ideal.
o instrumento.
Como o valor verdadeiro é desconhecido, usa
Embora seja esquecidos pelo instrumento,
se o valor verdadeiro convencional, dado por
os limites de transporte e armazenagem
padrão reconhecidamente confiável. Para que
também devem ser considerados. Muitos
o valor dado pelo padrão seja confiável, é
instrumentos já chegam danificados ao usuário
necessário que o padrão seja rastreado, ou
porque estes limites não foram respeitados
seja, comparado contra outro padrão superior
pela empresa transportadora e não foram
também confiável.
tomados os devidos cuidados pelo
A exatidão medida é expressa pelo desvio
despachante do instrumento. A temperatura
máximo observado no teste de um instrumento
ambiente de transporte tem uma faixa pouco
sob determinadas condições e através de um
mais larga que a relativa à operação, a
procedimento especifico. É usualmente medida
umidade relativa do ar tem os mesmos limites
como uma inexatidão e expressa como
que os de operação.
exatidão.
A Tab. 4.5 mostra valores típicos de
A exatidão do instrumento está relacionada
condições de transporte, armazenagem e
com os erros sistemáticos. A exatidão do
operação de um transmissor eletrônico
medidor é conseguida através da sua
microprocessado, (Foxboro, PSS 2A-1A1 C,
calibração periódica.
p. 3)

166
Especificação dos Instrumentos

Precisão Geralmente, quanto mais preciso o


Precisão (precision) é o grau de instrumento, mais elevado é o seu custo. Um
concordância mútua e consistente entre várias instrumento com grande precisão serve de
medições individuais replicadas. A precisão é padrão para calibração de um instrumento com
uma medida do grau de liberdade dos erros menor precisão, ambos da mesma espécie. O
aleatórios do instrumento. A precisão é a mesmo tipo de medidor pode ter diferentes
qualidade que caracteriza um instrumento de precisões em função do fabricante, projeto de
medição dar indicações equivalentes ao valor construção e materiais empregados. Por
verdadeiro da quantidade medida. A precisão exemplo, um medidor de vazão tipo turbina
está relacionada com a qualidade do pode ter diferentes precisões em função de seu
instrumento. Quando o instrumento deteriora a fabricante (Foxboro ou Hoffer), princípio de
sua precisão, alargando a dispersão de suas funcionamento (mecânica, detecção magnética
medidas do mesmo valor, ele necessita de ou de RF), geometria (axial, tangencial ou de
manutenção. A manutenção criteriosa do inserção), fluido medido (gás ou líquido).
instrumento, utilizando peças originais e
Exatidão e Precisão
conservando o projeto original não melhora a
precisão nominal do instrumento, fornecida É tentador dizer que se uma medição é
pelo fabricante quando novo mas evita que ela conhecida com precisão, então ela é também
se degrade e ultrapasse os limites originais. conhecida com exatidão. Isto é perigoso e
errado. Precisão e exatidão são conceitos
diferentes.
A precisão é uma condição necessária para
a exatidão, porém, não é suficiente. Pode-se
ter um instrumento muito preciso, mas
descalibrado, de modo que sua medição não é
exata. Mas um instrumento com pequena
precisão, mesmo que ele forneça uma medição
exata, logo depois de calibrado, com o tempo
ele se desvia e não mais fornece medições
exatas. Para o instrumento ser sempre exato, é
necessário ser preciso e estar calibrado.
No tiro ao alvo, quando se tem
1. todos os tiros agrupados, porém fora do
centro, tem-se boa precisão e ruim
exatidão,
2. todos os tiros com grande
espalhamento, mas com a média no
centro, tem-se ruim precisão e boa
exatidão,
3. todos os tiros com grande
espalhamento e com a média fora do
centro, tem-se ruim precisão e ruim
exatidão
4. todos os tiros agrupados e com a
média coincidindo com o centro, tem-se
boa precisão e boa exatidão.
Outro exemplo, um relógio de boa
qualidade é preciso. Para ele estar exato, ele
precisa ter sido acertado (calibrado)
Fig. 4.12. Precisão e exatidão corretamente. Desde que o relógio preciso
esteja exato, ele marcará as horas, agora e no
futuro com um pequeno erro. Seja agora um
relógio de má qualidade e impreciso. Logo
depois de calibrado, ele marcará a hora com
exatidão, porém, com o passar do tempo, a sua
imprecisão fará com ele marque o tempo com
grandes erros. Um instrumento impreciso é
também inexato. Mesmo que ele esteja exato,
com o tempo ele se afasta do valor verdadeiro
e dará grande erro.

167
Especificação dos Instrumentos

Precisão estática e dinâmica o instrumento com precisão expressa em


A precisão de uma medição existe em duas percentagem do fundo de escala.
formas: estática e dinâmica. Ambos os tipos da Erro de zero ocorre quando a curva de
precisão são importantes no controle e calibração está levemente fora do zero e faz
medição do processo, embora de modos toda a curva se afastar de igual valor. Há
diferentes. A precisão estática é geralmente instrumentos que possuem a condição de zero
requerida em situações de balanço, como em definida e portanto não apresentam erro de
custódia, balanço de materiais e otimização de zero. Erro de largura de faixa (span) ocorre
processo. A precisão dinâmica é importante em quando a curva de calibração está com
controle automático, desde que o desempenho inclinação levemente diferente da teórica, e faz
do controle depende da velocidade com que os a curva se afastar de pouco no inicio e mais no
componentes reagem. fim da curva, ou seja, o erro é proporcional ao
A precisão estática é o status de como as valor medido. Todo instrumento possui erro de
indicações se agrupam em torno do valor largura de faixa ou de sensitividade.
verdadeiro da variável de processo senso Instrumento que possui apenas erro de
medida sob condições estáticas ou de regime largura de faixa (não tem erro de zero), tem
permanente. A precisão estática é uma imprecisão expressa em % do valor medido.
característica saída versus entrada, a entrada Instrumento que possui os dois tipos de erro,
sendo o valor verdadeiro da variável medida e de zero e de largura de faixa, deve ter
a saída sendo a leitura do medidor. imprecisão expressa em % do fim de escala.
O tempo não entra na determinação da A precisão expressa pelo fabricante nos
precisão estática. Quando o valor de uma catálogos do instrumento é válida apenas para
variável medida se altera, o medidor tem todo o o instrumento novo e nas condições de
tempo que ele precisa para assumir sua nova calibração.
leitura. A precisão estática é usualmente
Especificação do catálogo do fabricante
expressa em ternos do erro que se pode
esperar. O erro potencial pode ser estabelecido A especificação da precisão do instrumento
em unidades de engenharia da variável do publicada nos catálogos dos fabricantes,
processo sendo medida ou em percentagem da geralmente, é feita de modo ambíguo,
largura de faixa medida. incompleto ou confuso. Por exemplo, a
precisão da medição de vazão com placa de
Especificação da precisão orifício é de ± 3%. Há várias coisas erradas
A precisão pode ser especificada para toda nesta especificação; por exemplo:
a faixa de operação, para uma faixa limitada de 1. precisão de ±3% tecnicamente significa
operação ou para um ponto especifico de que o erro é de ±3% e a precisão é de
trabalho. O comum é especificar a precisão ±97%.
associada com a rangeabilidade do 2. independe do valor da medição, o erro
instrumento. Por exemplo, a precisão do é de ±3%. O correto é dizer que o erro
instrumento é de ±1% do valor medido para é, no máximo, igual a ±3% ou a
rangeabilidade de 10:1 e ±0,5% do valor incerteza está dentro dos limites de
medido para a rangeabilidade de 5:1. ±3%.
Basicamente, a precisão dos instrumentos 3. a percentagem do erro deve estar
é expressa de dois modos diferentes, como: relacionada com o valor medido ou com
percentagem do fundo de escala a largura de faixa. É incompleto e inútil
percentagem do valor medido somente escrever ±3%; o correto é
As expressões em percentagem da largura dizer ±3% do fundo de escala. Quando
de faixa ou em unidade de engenharia são se conhece a faixa calibrada,
equivalentes à expressão de percentagem do imediatamente se tem o erro em
fundo de escala. Instrumentos com precisão unidade de engenharia.
expressa em percentagem do fundo de escala
possuem erro absoluto constante (igual ao Comparação da precisão
produto da precisão pelo valor do fundo de Em algumas organizações, o
escala) e o erro relativo aumento com a estabelecimento da precisão do instrumento é
diminuição do valor medido. feito em uma base específica. Para ser capaz
Instrumentos com precisão expressa em de interpretar qualquer especificação de
percentagem do valor medido possuem erro precisão feita é necessário entender a base.
relativo constante (igual ao valor nominal) e o Um sistema muito usado envolve o cálculo
erro absoluto diminui com a diminuição do valor de um número estatístico chamado de desvio
medido. Instrumento com precisão expressa padrão. A confiabilidade dos valores da
em percentagem do valor medido é melhor que precisão determinados por este método

168
Especificação dos Instrumentos

melhora quando o número de pontos de Em um instrumento eletrônico, o desvio de zero


calibração aumenta. Assim, quanto maior o é causado por variações no circuito devidas ao
número de medições mais confiável é o valor envelhecimento dos componentes, mudanças
do desvio padrão obtido. nas condições de contorno, como temperatura,
Quando se tem o desvio padrão de um umidade, campos eletromagnéticos.
instrumento de medição, então se espera que Quando a medição é uma linha reta,
99% do tempo as leituras do instrumento caem passando pelo zero porém com inclinação
dentro de três vezes o desvio padrão do valor diferente da ideal, o instrumento necessita de
verdadeiro, 95% do tempo delas estão dentro ajuste de largura de faixa ou de ganho. Um
de duas vezes o desvio padrão do valor desvio de largura de faixa envolve uma
verdadeiro e 68% do tempo elas estão dentro variação gradual na calibração, quando a
de um desvio padrão do valor verdadeiro. medição se move do zero para o fim da
Sempre existe um nível de confiança ou de escala. Pode ser causada, em um sistema
probabilidade para as medições caírem dentro mecânico, pela variação na constante da mola
de um determinado intervalo de medição ou de de uma das partes do instrumento. Em um
tempo. instrumento eletrônico, o desvio de largura de
Os fabricantes de instrumento que faixa pode ser provocado, como no desvio do
fornecem as suas especificações, incluindo sua zero, por uma variação da característica de
precisão e os laboratórios de calibração que algum componente.
usam padrões e especificam as incertezas da
calibração devem informar claramente quais o
nível de confiança e o número de desvios
padrão usados.

Parâmetros da precisão
Os parâmetros constituintes da precisão
são os seguintes:
1. linearidade
2. repetitividade
3. reprodutibilidade
4. sensitividade
5. banda morta
6. resolução
7. banda morta
8. histerese
9. quantização (se digital)
10. rangeabilidade
O fabricante pode quantificar
individualmente cada um destes parâmetros ou Fig. 4.13. Expressão da linearidade
simplesmente expressar o valor final da
precisão e declarar que inclui todos estes
parâmetros.
Quando a medição se afasta da linha reta e
Linearidade os valores da medição aumentando são
A linearidade do instrumento é sua diferentes dos valores tomados com a medição
conformidade com a linha reta de calibração. decrescendo, o instrumento apresenta erro de
Ela é usualmente medida em não linearidade e histerese. Tais erros podem ser provocados por
expressa como linearidade. folgas e desgastes de peças ou por erros de
Quando a medição é não linear aparecem angularidade do circuito mecânico do
desvios da linha reta de calibração. As formas instrumento. O desvio intermediário envolve um
mais comuns são: desvio de zero, desvio da componente do instrumento, alterando sua
largura de faixa e desvio intermediário, calibração. Isto pode ocorrer quando uma parte
geralmente provocado pela angularidade ou mecânica é super forçada ou pela alteração da
pela histerese. característica de um componente eletrônico. O
Quando a medição é uma linha reta não desvio no instrumento eletrônico ou pneumático
passando pela origem, o instrumento necessita mecânico pode ser compensado e eliminado
de ajuste de zero. Em um sistema mecânico, o pela inspeção periódica e calibração do
desvio de zero é usualmente devido ao deslize instrumento.
de um elo no mecanismo. Ele pode ser A vantagem de se ter uma curva linear de
corrigido pelo reajuste do zero do instrumento. calibração é que a leitura do instrumento se

169
Especificação dos Instrumentos

baseia somente um fator de conversão. Usuário: reprodutibilidade é a capacidade


Quando a curva é não linear: do sistema de medição indicar a mesma
1. usa se uma escala não-linear, com a condição termal repetidamente e com a
função matemática inversa (impossível substituição de um novo sensor, sem olhar a
em indicadores digitais), precisão da temperatura absoluta.
2. incorpora-se um circuito linearizador Como parâmetro da precisão,
antes do fator de conversão, reprodutibilidade é a habilidade de um
3. usa se uma lógica para avaliar a instrumento dar a mesma medida toda vez que
relação não linear e gravam-se os ele medir o mesmo valor.
pontos na memória digital (ROM, A reprodutibilidade é uma expressão do
PROM) do instrumento, fazendo-se a agrupamento da medição do mesmo valor da
linearização por segmentos de reta ou mesma variável sob condições diferentes
por polinômios. (método diferente, instrumento diferente, local
diferente, observação diferente), durante um
Repetitividade longo período de tempo.
A repetitividade de um instrumento é a sua A perfeita reprodutibilidade significa que o
habilidade de reproduzir a mesma saída, instrumento não apresenta desvio, com o
quando a entrada é repetida. A repetitividade decorrer do tempo, ou seja, a calibração do
de uma malha de controle é a habilidade de instrumento não se desvia gradualmente,
toda a malha (transmissor, controlador, depois de uma semana, um mês ou até um
transdutor, atuador) reproduzir o sinal de ano.
controle, quando são repetidas as condições do Pode-se também entender a
processo. reprodutibilidade como a repetitividade durante
Quando o instrumento é não repetitivo sua um longo período de tempo. A reprodutibilidade
curva de resposta para valores crescentes é inclui repetitividade, histerese, banda morta e
diferente da curva para valores decrescentes. drift.

Sensitividade
A sensitividade do medidor é a menor
alteração na variável de processo para a qual o
medidor irá responder alterando sua saída. A
sensitividade é usualmente expressa como
uma percentagem da largura de faixa. Nenhum
medidor industrial possui sensitividade infinita.
Quando a alteração da variável do processo
sendo medida se torna cada vez menor, atinge-
se um ponto onde o medidor se recusa a
responder.
Grande sensitividade não garante grande
precisão, mas uma grande sensitividade reduz
as demandas do sistema do display e aumenta
a probabilidade de se conseguir alta precisão
total do sistema. Uma sensitividade de 1 mV/oC
é melhor que uma de 1 μV/ oC, pois é mais fácil
manipular 1 mV do que 1 μV, como amplificar
ou filtrar ruídos.
A maioria dos medidores industriais
possuem uma sensitividade da ordem de 0,2%
Fig. 4.14. Curva de repetitividade da largura de faixa. Assim, para um medidor
cuja faixa é de 100 a 300 oC, a sensitividade
seria de 0,2% de 200 oC, que vale 0,4 oC. Isto
significa que se a variação da temperatura
Reprodutibilidade medida for menor que 0,4 oC, o medidor não irá
Reprodutibilidade tem vários sentidos: responder.
Amercian Society for Testing and Materials Se a faixa acima pudesse ser diminuída
(ASTM), a reprodutibilidade mede a habilidade para 150 a 250 oC, a sensitividade da medição
de um segundo instrumento obter a mesma seria melhorada para 0,2 oC (0,2% x 100 oC =
indicação de um termômetro usando o mesmo 0,2 oC). A sensitividade da medição é
sensor e o mesmo método mas com importante para o controle automático. Se o
equipamentos de teste diferentes. sistema de medição do controlador não reage

170
Especificação dos Instrumentos

às alterações na variável controlada, então o devida parcialmente a uma largura de faixa


controlador não gerará nenhuma ação de menor e parcialmente ao fato de se usar
controle. divisão de 1 oC em vez de divisão de 5 oC.

Menor resolução, menor precisão

Maior resolução, maior precisão


Fig. 4.16. Réguas com resoluções
diferentes

Fig. 4.15. Expressão da sensitividade

Em muitos casos, a alta sensitividade dos Sejam duas réguas, de mesmo tamanho,
instrumentos eletrônicos pode aumentar a porém a régua (b) tem mais divisões entre os
chance de haver interferências e captação de números. Assim, enquanto se lê 6,2 na régua
ruídos. Por exemplo, sistema de medição de (a) pode-se ler 6,25 na régua (b). Na primeira
pH que manipulam níveis de tensão de régua, o dígito 2 é duvidoso e na segunda, o
microvolts são muito susceptíveis a ruídos. dígito 2 é garantido e o duvidoso é o 5.
A sensitividade é também a relação da Não se deve pensar que há uma função
variação do valor de saída para a variação do entre a resolução e precisão. Qualquer
valor de entrada que a provoca, após se atingir instrumento pode ser feito com maior
o estado de regime permanente. É expressa resolução, simplesmente expandindo sua
como a relação das unidades das duas escala e colocando mais graduações ou mais
quantidades envolvidas. A relação é constante dígitos. Isto não melhora sua precisão. Um
na faixa, se o instrumento for linear. Para um medidor honesto é aquele em que a resolução
instrumento não-linear, deve-se estabelecer o é comparável com a precisão. O indicador de
valor da entrada. O inverso da sensitividade é o nível de combustível de um automóvel é
fator de deflexão do instrumento. usualmente graduado em pontos de 25%.
Como tal, ele é um bom exemplo de um
Resolução instrumento honesto, desde que sua precisão
Quando o ponteiro está entre duas provável é também de cerca de ±25%.
graduações, qual é o valor correto? Sempre há Seja um indicador compartilhado de
um limite prático de número de graduações que temperatura, com um indicador compartilhado
podem ser marcadas em uma dada escala ou por dezenas de termopares. Este indicador tem
gráfico, por exemplo, 100. Um medidor com uma longa escala circular com um grande
uma faixa de 0 a 300 oC normalmente tem uma número de graduações, gerando uma grande
escala com 100 divisões, com cada divisão confiança na precisão do instrumento. Esta
representando 3 oC. Os valores aceitáveis para confiança é justificada?
as divisões da escala são 1, 2 e 5 unidades ou Os sensores que estão ligados ao indicador
algum fator de 10 destes valores. Deste modo, multiponto de temperatura são termopares.
um indicador com faixa de 0-300 oC Assim, o indicador não mede temperatura mas
provavelmente tem 60 divisões na escala, com pequenas forças eletromotrizes ou
cada divisão representando 5 oC. milivoltagens. Cada milivoltagem deve ser
Se a faixa pudesse ser diminuída para 100 convertida para uma leitura de temperatura
a 200 oC, seriam usadas 100 divisões e cada usando uma correlação entre a saída do
divisão seria de 1 oC, que melhora a resolução termopar e a temperatura. (Nos EUA, esta
de cinco vezes, de 5 para 1 oC. Esta melhoria é

171
Especificação dos Instrumentos

correlação é produzida pelo National Institute of incerteza de ±n dígitos em sua leitura é o erro
Standards and Technoogy - NIST). da idade de uma pessoa. Assim que uma
Um indicador de temperatura multiponto criança nasce, sua idade é expressa em dias. A
numa siderúrgica tem uma faixa de 0 a 1200 idade expressa em dias tem erro em horas. No
o
C, com divisões de escala de 2 oC. Isto primeiro ano, a idade passa a ser expressa em
significa que o indicador pode ler 1 oC, que é a meses. A idade expressa em meses em erro de
maior resolução sobre uma faixa de 1200 oC. A quantização de semanas ou dias. Depois de
precisão da medição da temperatura é tão boa uns 4 ou 5 anos, a idade da criança passa a
assim? ser expressa em anos e o erro de quantização
Como um instrumento para medir passa a ser de meses. No dia do seu
milivoltagem, a precisão do indicador de aniversário, a pessoa tem idade exata em
temperatura é boa; o erro é provavelmente anos, meses e dias. Logo depois do
melhor do que 0,2 % da largura de faixa ou aniversário, por exemplo de 40 anos, a pessoa
dentro de 2,4 oC. Porém, ainda fica a dúvida tem 40 anos. Um mês depois do aniversário, a
acerca do comportamento do termopar e a idade continua de 40 anos, mas o erro de
correlação temperatura x milivoltagem do NIST. quantização é de um mês. Um mês antes de
Os fabricantes que fazem termopares do fazer 41 anos, a pessoa ainda tem 40 anos,
modo cuidadoso e sob condições controladas, mas o erro da idade já é de 11 meses. Então, a
publicam as especificações de seus idade da pessoa sempre tem um erro, pois sua
termopares como tendo uma precisão ±2,2 oC expressão é discreta; aumentando de 1 em 1
ou ±0,75 do valor medido (tipo J). Assim, o ano, passando de 40 para 41 anos.
indicador de temperatura tem um erro de ±7 oC
em qualquer temperatura medida. Banda Morta
Quando se consideram também os erros O efeito da banda ou zona morta aparece
devidos aos fios de extensão de termopar e à quando a medição cai nas extremidades das
junta de compensação, o erro total da malha escalas. Quando se mede 100 volts,
chega até a 20 oC e por isso não tem nenhum começando de 0 volt, o indicador mostra um
sentido prático usar uma escala com resolução pouco menos de 100 volts. Quando se mede
de ±2 oC. 100 volts, partindo de 200 volts, o ponteiro
Quando o indicador multiponto de marca um pouco mais de 100 volts. A diferença
temperatura é substituído por um display de das indicações obtidas quando se aproxima por
console de computador a precisão não baixo e por cima é a zona morta. O erro de
melhora, por que os sensores continuam sendo zona morta é devido a atritos, campos
os termopares, a correlação continua sendo a magnéticos assimétricos e folgas mecânicas.
da NIST, os fios de extensão continuam sendo Rigorosamente zona morta é diferente de
usados. histerese, porém, a maioria das pessoas
Como conclusão, sempre deve se consideram zona morta e histerese o mesmo
considerar a incerteza de toda a malha. É inútil fenômeno.
e desperdício de dinheiro, usar um instrumento Na prática, a aplicação repentina de uma
de display de painel com grande resolução (alto grande voltagem pode causar um erro de
custo) quando se tem associado a ele uma leitura, pois o ponteiro produz uma
malha com sensor e condicionador de sinal ultrapassagem (overshoot), oscila e estabiliza
com incerteza muito maior que a do indicador. em um valor. Se a última oscilação ocorreu
E quem faz a leitura do display deve saber o acima do valor, a indicação pode ser maior que
que está gerando e trazendo esta informação o valor verdadeiro; se ocorreu abaixo do valor,
para o display. a indicação pode ser menor que o valor
verdadeiro. O bom projeto do instrumento e o
Quantização uso de materiais especiais para suportes,
O tratamento digital dos sinais analógicos magnetos e molas, pode reduzir a zona morta.
provenientes das medições do processo Um modo efetivo para diminuir o efeito da zona
sempre resulta em um erro, chamado de erro morta é tomar várias medições e fazer a média
de quantização. Por isso a precisão de um delas.
instrumento digital é expressa em % do valor
Rangeabilidade
medido (ou % do fundo de escala) ± n dígitos.
Este ±n dígitos que é o erro de quantização. Tão importante quanto à precisão e
O erro de quantização se refere a leitura exatidão do instrumento, é sua rangeabilidade.
digital e resulta do fato de tornar discreto o Em inglês, há duas palavras, rangeability e
valor de saída da medida. O melhor modo de turndown para expressar aproximadamente a
entender o erro de quantização, inerente a todo extensão de faixa que um instrumento pode
instrumento digital que sempre possui uma medir dentro de uma determinada

172
Especificação dos Instrumentos

especificação. Usamos o neologismo de vazão com placa de orifício, tem precisão de


rangeabilidade para expressar esta ±3% com rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a
propriedade. precisão da medição é igual ao menor que 3%
Para expressar a faixa de medição apenas nas medições acima de 30% e até
adequada do instrumento define-se o 100% da medição. Pode-se medir valores
parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade é a abaixo de 30%, porém, o erro é maior que ±
relação da máxima medição sobre a mínima ,3%. Por exemplo, o erro é de 10% quando se
medição, dentro uma determinada precisão. mede 10% do valor máximo; o erro é de 100%
Na prática, a rangeabilidade estabelece a quando se mede 1% do valor máximo.
menor medição a ser feita, depois que a
máxima é determinada. A rangeabilidade está
ligada à relação matemática entre a saída do
medidor e a variável medida. Instrumentos
lineares possuem maior rangeabilidade que os
medidores quadráticos (saída do medidor
proporcional ao quadrado da medição).

Fig. 4.18. Precisão em percentagem do


fundo de escala, rangeabilidade de 3:1

Não se pode medir em toda a faixa por que


o instrumento é não linear e tem um
comportamento diferenciado no início e no fim
da faixa de medição. Geralmente, a dificuldade
está na medição de pequenos valores. Um
instrumento com pequena rangeabilidade é
Fig. 4.17. Escala raiz quadrática, incapaz de fazer medições de pequenos
rangeabilidade 3:1 valores da variável. A sua faixa útil de trabalho
é acima de determinado valor; por exemplo,
acima de 10% (rangeabilidade 10:1), ou de
33% (3:1).
Na medição de qualquer quantidade se Em medição, a rangeabilidade se aplica
escolhe um instrumento pensando que ele tem principalmente a medidores de vazão. Sempre
o mesmo desempenho em toda a faixa. Na que se dimensiona um medidor de vazão e se
prática, isso não acontece, pois o determina a vazão máxima, automaticamente
comportamento do instrumento depende do há um limite de vazão mínima medida, abaixo
valor medido. A maioria dos instrumentos tem do qual é possível fazer medição, porém, com
um desempenho pior na medição de pequenos precisão degradada.
valores. Sempre há um limite inferior da Em controle de processo, o conceito de
medição, abaixo do qual é possível se fazer a rangeabilidade é também muito usado em
medição, porém, a precisão se degrada e válvulas de controle. De modo análogo, define-
aumenta muito. se rangeabilidade da válvula de controle a
Por exemplo, o instrumento com precisão relação matemática entre a máxima vazão
expressa em percentagem do fundo de escala controlada sobre a mínima vazão controlada,
tem o erro relativo aumentando quando se com o mesmo desempenho. A rangeabilidade
diminui o valor medido. Para estabelecer a da válvula está associada à sua característica
faixa aceitável de medição, associa-se a inerente. Na válvula linear, cujo ganho é
precisão do instrumento com sua uniforme em toda a faixa de abertura da
rangeabilidade. Por exemplo, a medição de válvula, sua rangeabilidade é cerca de 10:1. Ou

173
Especificação dos Instrumentos

seja, a mesma dificuldade e precisão que se 6. limites da pressão estática do


tem para medir e controlar 100% da vazão, tem instrumento, para os diferentes
se em 10%. A válvula de abertura rápida tem sensores
uma ganho muito grande em vazão pequena, 7. pressão de prova (proof pressure), que
logo é instável o controle para vazão baixa. é aplicada em teste do instrumento
Sua rangeabilidade vale 3:1. A válvula com conforme norma SAMA 27.1. O
igual percentagem, cujo ganho em vazão baixa instrumento pode ficar sem funcionar
é pequeno, tem rangeabilidade de 100:1. logo depois deste teste.
8. tempo de resposta do instrumento,
Histerese depois de ligado. Atualmente, poucos
A histerese ocorre quando a saída de um instrumentos eletrônicos requerem
sistema de medição depende do valor prévio tempo de aquecimento (warm up) para
indicado pelo sistema. Tal dependência pode operar em regime permanente.
ser provocada por alguma limitação realística 9. posição de montagem. Instrumentos
do sistema, como atrito e amortecimento mecânicos ou cujo princípio de
viscoso em partes móveis ou carga residual em funcionamento envolve a aceleração da
componentes elétricos. Alguma histerese é gravidade devem ter definida a posição
normal em algum sistema e afeta a precisão do de uso. A calibração do instrumento
sistema. deve ser feita na mesma posição que
A histerese afeta a repetitividade, quando ele irá operar no processo, quando a
há histerese não se tem repetitividade. posição afeta seu desempenho.
10. fiação de alimentação e de sinal,
definindo suas trajetórias, terminais,
separação, tipos de tampas e modos
de acesso.
11. exigências e limitações da alimentação
do instrumento. Os transmissores
eletrônicos podem operar com uma
larga faixa de tensões de alimentação,
em função da impedância da malha, do
valor do sinal de saída e do uso do
terminal de programação portátil.
Geralmente, estes valores são
mostrados em um gráfico com saída
(mA) vs tensão de alimentação
(V cc). Pelo gráfico, para uma
determinada impedância da malha, a
tensão pode variar em uma faixa ou
para uma determinada tensão, a
impedância pode variar em uma faixa.
Por exemplo, para 24 V cc e sinal de
saída de 4 a 20 mA, a impedância da
Fig. 4.19. Histerese malha pode variar de 200 a 565 Ω.
Comunicações remotas. Com o advento
dos transmissores sabidos e inteligentes, o
sinal de saída pode ter vários formatos. A
definição do protocolo a ser usado é definida
3.3. Especificações funcionais por programação no próprio transmissor ou
através do terminal portátil ou através de um
As especificações funcionais consideram microcomputador, dedicado ou proprietário.
1. tipo do sinal de saída, se analógico ou proteção contra alta voltagem e transientes
digital faixa de freqüência do sinal de entrada
2. ação da saída, se direta ou inversa mínima e máxima velocidade mensuráveis
3. tipos de ajuste de supressão ou
elevação de zero
4. tipos e modos de amortecimento dos
sinais manipulados
5. limites de faixa largura de faixa e
sobrefaixa aceitável sem danificar o
instrumento

174
Especificação dos Instrumentos

3.4. Especificações físicas material padrão é uma liga metálica de cobre e


alumínio, que tenha pequeno peso e seja
As especificações físicas definem as resistente mecanicamente. O invólucro à prova
dimensões, peso, cor e materiais das peças de explosão tem limitação de conteúdo de
secas e molhadas do instrumento. alumínio e magnésio, por questão de
segurança.
Plaqueta de identificação
A cerâmica é um material muito pesquisado
A plaqueta de identificação, chamada de e usado, por causa de suas vantagens de
tag pelo instrumentista, é de aço inoxidável, resistência à corrosão e erosão, embora seja
afixadas de modo permanente e difícil de ser quebradiço. A cerâmica é um material muito
tirada, com dados do processo e do usado, atualmente, para substituir o teflon®
instrumento escritos indelevelmente. Ele tem como revestimento de tubos magnéticos de
um tamanho padronizado pelo fabricante que vazão.
pode ser alterado a pedido do usuário, a um Os invólucros geralmente são pintados ou
custo extra. Aliás, tudo que não seja padrão do revestidos de epoxy e outros materiais
fabricante deve ser pago adicionalmente pelo plásticos resistentes à corrosão. Também
usuário. Geralmente há uma limitação de devem ser definidos os materiais de gaxetas e
caracteres por linha da etiqueta e cuidado, que juntas de tampas de instrumentos, que devem
espaço também tem tamanho. ser compatíveis com a atmosfera contaminante
Nesta plaqueta deve ter: do ambiente. Buna-N é o material padrão para
1. nome e logotipo do fabricante aneis-O (O-ring).
2. número de série do instrumento (serial) O invólucro à prova de tempo deve ter
3. modelo completo do instrumento, em gaxetas que vedem a entrada d'água e
um código alfanumérico compreensível umidade; o invólucro à prova de chama não
apenas pelo pessoal envolvido pode ter gaxetas entre seus espaçamentos
4. dados do processo, como temperatura, críticos e esta incompatibilidade deve ser
pressão, propriedades do fluido verificada. É possível, embora difícil, a
5. dados do instrumento, como sinal de compatibilização de prova de tempo e prova de
saída, alimentação, faixa calibrada, explosão. Geralmente tampa à prova de tempo
URL do sensor (limites físicos de tem gaxeta e parafuso; tampa à prova de
calibração) explosão e de tempo tem tampa aparafusada,
com número mínimo de filete e anel-O especial.
Proteção contra o ambiente
O material dos parafusos de fixação não
A classificação mecânica do invólucro, necessariamente é igual ao material do
segundo normas IEC IP ou NEMA. Por invólucro. O material padrão dos parafusos é
exemplo, instrumento a prova de tempo, aço carbono; quando se quiser aço inoxidável,
vedado a pó, resistente à corrosão como deve-se especificar.
definido por IEC IP 65 e NEMA tipo 4X. Esta Os sensores de pressão diferencial e os
proteção ambiental não tem nada a ver com a selos de pressão são cheios de óleo. O silicone
classificação elétrica do instrumento, que evita é o material padrão. Aplicações especiais como
que a presença do instrumento cause uma manipulação de oxidante (oxigênio, cloro)
explosão ou incêndio no local. requerem o uso de Fluorinert®.
Geralmente a especificação informa a
Materiais
massa aproximada do instrumento. Esta
São listados os materiais do sensor, das informação é útil para saber como transportar,
partes em contato com o processo (partes armazenar ou suportar na instalação do
molhadas), dos invólucros, tampas, parafusos, processo. Um transmissor eletrônico, sem
fluidos de enchimento e de selagem, conexões indicador, pesa tipicamente de 2,0 a 5,0 kg.
com o processo.
Os sensores geralmente estão em contato
direto com o fluido do processo e o seu
material deve ser compatível com o fluido, para
não haver corrosão. O projeto correto garante
também que não haverá erosão, cavitação e
desgaste físico. O material mais usado para
construir sensores é o aço inoxidável AISI 316.
Outros usados incluem ligas especiais como
Co-Ni-Cr, Hastelloy C, Monel, tântalo, prata,
platina.
O material dos invólucros pode ser metal,
plásticos reforçados com fibra de vidro. O

175
Especificação dos Instrumentos

3.5. Especificação de segurança funcionamento do instrumento. Deve ser


entendido e aceito que um instrumento, antes
de desempenhar sua função desejada, deve
Segurança
sobreviver. Nenhum amontoado de sofisticação
Segurança é a extensão em que um na sua fabricação ou especificação compensa
sistema é provido com facilidade que excluem a incapacidade do instrumento viver em um
perigos a pessoas, equipamentos da planta e ambiente hostil.
ambiente. A segurança depende da exclusão Há duas razões fundamentais para justificar
de e proteção contra choques elétricos, a harmonia de cooperação na fabricação,
temperaturas excepcionalmente elevadas, especificação e uso do instrumento: segurança
radiação, emissão de gases perigosos ou e economia.
venenosos, explosão e implosão e fogo. Os A segurança de um local pode ser
aspectos de segurança são em geral sujeitos a comprometida com a simples presença de um
regras bem definidas e rigorosas para instrumento. É o caso do uso de um
aprovação. instrumento elétrico de uso geral, em um local
Seguridade (security) é a existência e onde existe um gás flamável ou explosivo. Em
causa de técnicas que restringem acesso a casos menos aparentes, um processo pode
dados e a condições sob as quais os dados falhar ou se romper, por causa de um
podem ser obtidos. É a habilidade de um instrumento mal especificado. Essa ruptura
sistema de potência elétrica responder pode desprender alguma coisa indesejável às
adequadamente a distúrbios que aparecem pessoas ou aos equipamentos que estejam
dentro do sistema. próximos, tais como pressão, vapor, gás toxico,
liquido corrosivo ou pó explosivo. Isso pode
Segurança e saúde
provocar mortes, danos físicos, perda de
Nos Estados Unidos da América, o assunto materiais e de equipamentos.
que envolve segurança e saúde ocupacionais é O instrumento, em virtude de sua natureza
de lei. Em 29/12/70 foi promulgada pelo funcional, pode ser o elo mais frágil em uma
Congresso a lei publica 91-596 do OSHA linha de processo, com relação à capacidade
(Occupational Safety and Health Act). Este ato de conter o processo rigoroso e resistir à
define o local seguro para todos os americanos corrosão.
trabalharem nele. O OSHA afeta todos A economia, embora menos visível, é
profissionais envolvidos em projeto. Os também fundamental. É quase impossível
engenheiros, arquitetos e construtores de colocar em números o quanto custa a corrosão
equipamentos e prédios devem incluir em seus do instrumento. Porem, é fácil entender que ela
planos e projetos tudo que deva satisfazer as custa a todos. A corrosão custa ao fabricante,
normas de segurança e saúde, a fim de evitar em termos de vantagem de competição, ela
as penalidades pelo seu não cumprimento. As custa ao usuário final em termos de
penalidades podem ser as de refazer os manutenção, paradas forçadas, mau
projetos, alterar prédios e equipamentos já funcionamento do instrumento e pobre
acabados, pagar pesadas multas financeiras e eficiência do processo e finalmente, ela custa
até fechar plantas. O OSHA compreende sete ao consumidor por causa do maior custo final
grandes áreas: local do trabalho, maquina e do produto.
equipamentos, materiais, empregados, fontes
de energia, processos e regras administrativas. Classificação de Área
O OSHA incorpora as normas existentes De um modo geral, diz-se que uma área
elaboradas por outras organizações privadas industrial é perigosa quando nesse local é
ou governamentais, como NFPA (National Fire processado, armazenado, transportado e
Protection Association), ANSI (American manuseado material que possua vapor, gás ou
National Standards Institute) API (American pó flamável ou explosivo. Como isso é vago e
Petroleum Institute), ASME (American Society pouco operacional, classifica-se uma área
of Mechanical Engineers), ASTM (American perigosa considerando todos os parâmetros
Society for Testing and Materials), NEMA relacionados com o grau de perigo, atribuindo-
(National Electrical Manufacturers Association), lhe números e letras relacionados com Classe,
AEC (Atomic Energy Commission) e outras. Grupo e Zona (Divisão).
De um modo simplificado, o instrumento é A Classe da área se relaciona com o
construído por um fabricante, especificado por estado físico da substância: gás (I), pó (II) e
uma firma de engenharia e aplicado pelo fibras (III).
usuário final. Quando se considera essa cadeia O Grupo é uma subdivisão da Classe. Ele é
de eventos: fabricação, especificação e uso do mais especifico e agrupa os produtos de
instrumento, há cuidados que devem ser mesma Classe, levando em consideração as
considerados para garantir a integridade e

176
Especificação dos Instrumentos

propriedades químicas relacionadas com a Instrumento Elétrico


segurança: temperatura de auto-ignição, nível Na pratica e no presente trabalho,
de energia necessário para a combustão, instrumento elétrico e eletrônico possuem o
mínima corrente e tensão elétricas de ignição, mesmo significado. Instrumento elétrico é todo
velocidade de queima de chama, facilidade de aquele que, por algum motivo, recebe uma
vazamento entre espaçamentos, estrutura alimentação elétrica. Geralmente são
química, pressão final de explosão. alimentados com 110 V, ca ou 24 V, cc. O sinal
Zona expressa a probabilidade relativa do padrão de transmissão em corrente é de 4-20
material perigoso estar presente no ar mA cc. Em instrumentação, há ainda circuitos
ambiente, formando uma mistura em que envolvem termopares, resistência para
concentração perigosa. determinação de temperatura, células de carga,
As normas européias e a brasileira se eletrodos de pH. São circuitos que geram sinais
referem a três zonas: Zonas 0, 1 e 2. As de milivoltagem continua e que são polarizados
normas americanas se referem à Divisão e com tensões de alguns volts.
definem apenas duas áreas: Divisão 1 (Zonas 0 Para efeito de classificação elétrica, o
+ 1) e Divisão 2 (Zona 2). Zona 0 é um local enfoque é mais amplo. Por exemplo, um
onde a presença do gás perigoso é registrador pneumático ou mecânico, com
praticamente constante ou 100%. acionamento elétrico do gráfico é considerado
Tipicamente, é o interior de um tanque ou como instrumento elétrico. Quando se
de uma vaso. Zona 1 é um local de alta incorporam alarmes acionados eletricamente
probabilidade relativa de haver gás. É um local por microchaves a instrumentos mecânicos ou
onde pode existir o gás, mesmo em condição pneumáticos, também se muda sua
normal de operação do processo. Zona 2 é um classificação para elétrica. Finalmente, a opção
local de pequena probabilidade relativa da extra de aquecimento elétrico, quando se tem,
presença do gás. É um local onde a existência o risco de congelamento ou quando se quer
do gás só ocorre em condição anormal do reduzir a viscosidade do fluido de enchimento,
processo, como ruptura de flange, falha de torna-se o instrumento envolvido em elétrico.
bomba. Mesmo que a probabilidade da Como conclusão, instrumento elétrico é todo
presença do gás seja pequena, Zona 2 é ainda aquele que incorpora um circuito funcional ou
uma área perigosa. O local que não é nem auxiliar de natureza elétrica.
Zona 0, 1 ou 2 é por exclusão e definição, área
segura. Exemplo clássico de área segura é a Classificação de Temperatura
sala de controle. Porem, há normas A eletricidade, por causa do efeito Joule,
relacionadas com as condições interiores da pode provocar aquecimento. A alta
sala de controle para garantir sua segurança. temperatura, por sua vez, pode se constituir em
Essas normas estabelecem e exigem a fonte de energia, capaz de inflamar ou provocar
pressurização da sala, vedação das portas e explosão de determinada mistura ar + gás
janelas, selos nos cabos que se comunicam perigoso. Em vista desses fatos, todo
com as áreas classificadas, ventilação e instrumento elétrico deve também possuir uma
temperatura adequadas. classificação de temperatura. A classificação
A classificação de área é de de temperatura está relacionada com a máxima
responsabilidade exclusiva do usuário final, temperatura que a superfície ou qualquer
pois apenas ele pode garantir a observância de componente interno do instrumento pode
normas de operação, manutenção, bem como atingir, em funcionamento normal, quando a
de fazer inspeções periódicas no local. temperatura ambiente é de 40oC.
O conhecimento da classificação da área é A classe de temperatura do instrumento
fundamental e é o ponto de partida para a deve ser marcada na sua plaqueta de
especificação correta dos instrumentos. A identificação. Equipamentos cujas superfícies
especificação do instrumento, encaminhada do ou componentes não excedem a 100 oC não
fabricante pela firma de engenharia ou pelo necessitam de marcação explícita (Classes T5
pessoal do processo da planta, deve e T6).
determinar claramente qual a classificação do
local onde será montado o instrumento: Classe,
Grupo e Zona.

177
Especificação dos Instrumentos

suportados por companhias de seguro,


particulares.
No Canadá, porém, o governo federal está
envolvido. É contra a lei canadense energizar
qualquer equipamento operado eletricamente a
não ser que ele tenha sido certificado para uso
por um laboratório governamental, que é o CSA
(Canadian Standards Association).
O CSA é um laboratório suportado pelo
governo, cuja diretiva é garantir que os
equipamentos oferecidos para venda ao
público são realmente seguros para serem
usados. Embora a maior parte do trabalho do
laboratório pareça considerar os equipamento
elétricos, também são considerados materiais
de construção, conexões e outros produtos. O
CSA funciona testando produtos em seus
laboratórios, enviando inspetores qualificados
Tab.4.8. Classificação de Temperatura para examinar produtos e publicando normas.
O CSA não tem autoridade para escrever
leis, porém, é possível e muito provável que
qualquer estado canadense (província)
Para se usar um instrumento elétrico em requeira que produtos ou trabalhos estejam de
área perigosa é importante se comparar sua conformidade com uma determinada norma
classe de temperatura com a mínima CSA, que, em efeito, torna esta norma uma lei.
temperatura de auto-ignição do gás presente. É Muitos inspetores estaduais não se sentem
obvio que a máxima temperatura alcançada qualificados para avaliar a segurança de
pelo instrumento deve estar abaixo da mínima instrumentos de processo construídos por
temperatura de auto-ignição do gás presente. A cartões de circuito integrados, chips de
norma brasileira (ABNT EB 239) estabelece microprocessadores e por isso eles requerem
que a temperatura máxima que o instrumento que os instrumentos tenham certificação CSA.
pode alcançar deve ser igual ou menor que Se um produto tem um selo CSA, ele passa. Se
70% da mínima temperatura de ignição do gás ele não tem o selo CSA, ele é devolvido.
flamável. A obtenção de um certificado CSA não é
muito fácil. Antes de tudo, o CSA tem muitos
Certificação da Classificação Elétrica instrumentos para certificar. Um instrumento do
Todo instrumento que tenha alguma modelo a ser certificado deve ser submetido a
alimentação elétrica deve ter uma classificação teste de laboratório para verificar sua
elétrica associada com sua segurança. A segurança causada por falha elétrica. O
presença de um instrumento elétrico em um instrumento pode ser destruído durante o
local não pode aumentar o risco de haver processo do teste. Finalmente, o CSA tem
explosão ou incêndio no local. Em outras tanto trabalho, que um teste e sua certificação
palavras, a presença do instrumento em um podem levar mais de um ano para serem
local não pode aumentar o perigo deste local. realizados.
Este problema de segurança está envolvido, A situação brasileira é teoricamente igual à
principalmente em plantas que processam do Canadá. Aqui há o Labex, no Cepel.
produtos flamáveis. Quando há vapores, gases,
pós e fibras em um local, em condição normal Classes de proteção
ou devido a um vazamento anormal, o O instrumento elétrico, mesmo de uso geral
instrumento elétrico pode fornecer a fonte de em área segura, deve prover proteção pessoal
ignição necessária para criar uma explosão ou contra choque elétrico, contra efeito de
um incêndio. Isto já aconteceu. temperatura excessiva, contra propagação de
Há diferenças filosóficas nos enfoques fogo, contra os efeitos de explosão ou
tomados com este problema em função do implosão, contra os efeitos de ionização e
país. Nos Estados Unidos da América, a radiação de microondas, pressão de ultra-som.
questão da segurança do equipamento Um instrumento elétrico para uso em área
alimentado eletricamente é uma questão entre perigosa deve prover todas as proteções dos
o usuário e sua companhia de seguro. Por isso instrumentos de uso geral mais a proteção
os principais laboratórios de teste e contra a ignição da atmosfera externa.
certificação, Factory Mutual e Underwriters, são

178
Especificação dos Instrumentos

Qual a classificação da área, quais as


normas aplicáveis e qual a aprovação da
agência de teste: tudo isso deve ser definido e
informado para a compra de um instrumento
elétrico.
Há vários tipos de proteção para evitar que
um instrumento elétrico provoque ignição ou
explosão de misturas gasosas perigosas.
Qualquer proteção é aceitável, desde que o
instrumento seja adequadamente instalado e
todas as instruções mencionadas nos
certificados e relatórios sejam seguidas. Deve
ser levado em conta que a classificação elétrica Caixa
do instrumento deve garantir que a sua simples
presença não compromete a segurança do
local. As normas de segurança nada dizem,
nem poderiam dizer, acerca do funcionamento
operacional do instrumento de controle.
Fundamentalmente, há duas grandes
categorias de proteção:
1. Há explosão, porem a explosão é
confinada ou controlada no interior do
instrumento, de modo que não se propaga
para o seu exterior. Por exemplo, prova de
explosão (ou prova de chama).
2. Não há explosão. Nesse caso, pode se Princípio de funcionamento
evitar a explosão ou cuidando-se da
mistura gasosa (purga/pressurização) ou Fig. 4.21. Invólucro á prova de explosão
cuidando-se da fonte de energia
(segurança intrínseca e não-incenditivo).
A prova de explosão é uma técnica
Prova de explosão ou prova de chama geralmente aplicada a instrumentos ou
Prova de explosão (linguagem norte equipamentos de pequeno volume físico.
americana) ou prova de chama (linguagem Extensivamente, pode ser aplicada a motores,
européia) é uma técnica de proteção alternativa luminárias, conexões. O instrumento deve ter
que permite a ocorrência de uma explosão no uma marcação que o identifique como tal. Deve
interior do instrumento. Porem, o invólucro do ainda haver advertências relacionadas com a
instrumento é tão resistente que a explosão operação e manutenção do instrumento. O
fica confinada no seu interior. instrumento à prova de explosão só pode ser
De outro modo, o instrumento à prova de aberto ou desligado eletricamente ou quando
chama possui aberturas de escape de modo se garante, por analisadores locais, que não há
que, quando houver um incêndio no seu a presença do gás perigoso no local de
interior, a chama é resfriada quando vai para montagem do instrumento.
fora. Embora os enfoques sejam diferentes, o Um instrumento à prova de explosão pode
resultado final é o mesmo: a explosão ou a ser usado normalmente em Zona 2 em todas
chama no interior do instrumento não se as Classes e Grupos e em Zona 1, com
propaga para a área externa. Em qualquer algumas restrições de Grupos. Não se pode
situação há segurança, o instrumento continua usar instrumento à prova de explosão em Zona
operando normalmente, sem interrupção, 0.
mesmo com a ocorrência de explosão ou
chama no seu interior. Purga ou pressurização
O instrumento não é, não pode e nem Na pratica e para efeito de proteção, purga
precisa ser, totalmente vedado e contem em (vazão) e pressurização (pressão) possuem o
seu interior um circuito elétrico perigoso. As mesmo significado. A proteção é conseguida
superfícies do instrumento que estão em pela aplicação de uma pressão positiva em
contato direto com a atmosfera flamável relação à pressão externa, através da vazão de
exterior devem ter a máxima temperatura um gás inerte ou ar puro, no interior da caixa
abaixo da temperatura de ignição da mistura do instrumento. Esta pressão interna positiva
gasosa especifica. impede a entrada dos gases perigosos
existentes na atmosfera circundante. A

179
Especificação dos Instrumentos

pressurização impede o contato da mistura


perigosa com a fonte de ignição. A pressão
aplicada é da ordem de 5 a 10 mm de coluna
d’água.
Um instrumento com purga pode ser usado
em Zona 1 ou Zona 2, dependendo do tipo do
circuito interior, se de uso geral ou não-
incenditivo. Dependendo da Zona do local e do
tipo do circuito interno, são necessárias
salvaguardas adicionais ao sistema de
pressurização, tais como, chaves de
desligamento com abertura da porta,
temporizadores, portas trancada, fusíveis,
pressostatos.
A técnica de purga/pressurização pode ser
aplicada a instrumentos de grande volume, Fig. 4.23. Sistema com segurança intrínseca
onde a técnica de prova de explosão é
impraticável.

Pelo próprio principio, o conceito de


segurança intrínseca só se aplica a sistema de
instrumentação de controle de processo e de
comunicação, que naturalmente podem operar
com baixo nível de energia. Os instrumentos
intrinsecamente seguros podem ser montados
em Zona 2, Zona 1 e até Zona 0.
Os instrumentos com classificação de
segurança intrínseca devem ter marcação que
os identifique como tais. Na plaqueta de
aprovação deve haver a recomendação de que
a segurança pode ser perdida com a
substituição não criteriosa de alguns
Fig. 4.22. Sistema com pressurização ou purga componentes críticos.

Não-incenditivo e outros
Um circuito não-incenditivo pode conter
componentes que produzam faisca em
condições normal, porem, a energia entregue
Segurança intrínseca por tais componentes é limitada a valores
Um sistema intrinsecamente seguro é incapazes de provocar ignição na mistura
constituído pelo equipamento e sua respectiva perigosa especifica. O circuito não-incenditivo
fiação, onde a energia elétrica ou térmica é só é seguro em condição normal de operação.
insuficiente para provocar a ignição ou O instrumento não-incenditivo só pode ser
explosão de uma mistura gasosa especifica, usado em Zona 2, sem restrições. Quando
em condições normais e anormais usado em Zona 1, deve ser pressurizado com
determinadas. A segurança intrínseca inclui gás inerte.
considerações combinadas de limitação de Circuito não-faiscadores contem
tensão (diodos Zener), limitações de corrente componentes que não produzem faisca em
(resistores e fusíveis) e máxima indutância e operação normal. Isso é conseguido através de
capacitância reais e parasitas da carga e da encapsulamento de componentes, imersão em
fiação. O sistema se baseia na colocação de óleo.
barreira de energia elétrica entre o local seguro Circuito com segurança aumentada
e o local perigoso. Desse modo, o sistema envolvem componentes de equipamento com
inclui equipamentos montados na área selagem, encapsulamento, dupla isolação,
perigosa e alguns equipamentos (geralmente a espaçamentos maiores que os normais,
barreira de energia) montados na área segura. resistência à corrosão e controle de qualidade
No sistema podem ser combinados mais severo e individual.
instrumentos de fabricantes diferentes, porem,
todos os equipamentos com aprovação devem
ter certificados do mesmo laboratório de teste.

180
Especificação dos Instrumentos

marcada em sua etiqueta e compatível com a


do local.
Obviamente, um instrumento para Zona 1
pode ser usado em Zona 2, assim como um
instrumento para Grupo B pode ser usado em
Grupo C e D. Porem, qualquer exagero de
classificação do instrumento é inconveniente.
Só se deve usar um instrumento com
classificação elétrica especial quando exigido,
pois a classificação elétrica especial pode
custar mais e principalmente, exige cuidados
de operação e manutenção mais rigorosos e
Fig. 4.24. Sistema com segurança intrínseca restritivos.
Há vários aspectos relacionados com a
segurança do controle do processo e a
Critérios da classificação elétrica instrumentação:
A classificação elétrica do instrumentos 1. projeto incorreto do sistema,
deve ser compatível com a classificação do 2. mau funcionamento dos equipamentos
local perigoso. Um principio básico comum a 3. presença dos instrumentos no local.
todos os tipos de proteção e aceito por todos é Quando o sistema é mal projetado, ele não
o de que há segurança quando e somente funcionará, quer seja pneumático, quer seja
quando são providos dois eventos eletrônico. E o mau projeto pode levar o
independentes, cada um de baixa sistema para uma condição insegura.
probabilidade, entre a probabilidade de haver a A probabilidade de um instrumento
presença do gás perigoso com a probabilidade pneumático levar o sistema bem projetado para
de falha do equipamento elétrico. uma situação perigosa, por causa de seu mau
Desse modo, há segurança nos seguintes funcionamento é equivalente à do instrumento
casos combinatórios: eletrônico.
1. Local seguro (probabilidade zero de A probabilidade da presença do
haver gás perigoso) com um instrumento pneumático provocar um incêndio
instrumento de uso geral (probabilidade ou uma explosão num local perigoso é
1 de haver fonte perigosa). praticamente zero e por isso não há nenhuma
2. Local de Zona 2 (pequena restrição de uso de instrumentos pneumáticos
probabilidade de haver gás) com um em áreas classificadas, onde há a presença de
instrumento não incenditivo (pequena gases, pós e fibras inflamáveis e explosivas.
probabilidade de falhar). O instrumento eletrônico pode constituir a
3. Local de Zona 1 (grande probabilidade fonte de energia suficiente para provocar o
de haver gás) com um instrumento incêndio ou a explosão de atmosferas
intrinsecamente seguro (só se torna perigosas. Deste modo, a não ser que o
inseguro quando houver duas falhas instrumento eletrônico tenha uma classificação
independentes e de pequena elétrica e de temperatura de conformidade com
probabilidade individual). a classificação do local onde ele é instalado, é
4. Local de Zona 1 (grande probabilidade vedado o seu uso em locais perigosos.
de haver gás) com um instrumento não Para tornar permitido e seguro o uso de
incenditivo (pequena probabilidade de instrumentos eletrônicos em áreas perigosas
falha) com pressurização (pequena foram desenvolvidas técnicas especiais e
probabilidade de falha no sistema de alternativas de proteção, incorporadas aos
pressão). seus circuitos e aos seus invólucros. As
5. Local de Zona 1 (grande probabilidade técnicas de proteção mais conhecidas e
de haver gás) com um instrumento de usadas são: à prova de explosão ou de chama,
uso geral (grande probabilidade de a purga ou a pressurização e a segurança
perigo) com pressurização (pequena intrínseca.
probabilidade de falha) e com Como regra tem-se: o instrumento
salvaguarda adicional, tal como eletrônico só pode ser usado em local perigoso,
colocação de pressostato (pequena onde há a probabilidade da existência contínua
probabilidade de falha). ou intermitente de gases, pós e fibras
De qualquer modo, em um local com inflamáveis e explosivas, quando tiver uma
determinada classificação só pode ser montado classificação elétrica especial, atribuída por um
um instrumento elétrico que possua uma laboratório independente do fabricante, que
classificação elétrica e de temperatura, seja compatível com esta atmosfera específica.

181
Tab. 4.9. Tipos de Proteção para Equipamentos Elétricos
Tipo de Proteção Ex IEC NBR EUA
Uso geral 79-0 9518 NEC
Prova de explosão ou de Chama d 79-1 5363 UL 698/886
Segurança aumentada e 79-7 9883 Não aceita
Segurança intrínseca i 79-11 8446/8447 NFPA 493/UL 913
Hermeticamente selado h 3-36 FM 3610
Encapsulamento (potting) m 79-5 EN 50017
Não incenditivo (no-sparking) n 31-49 Não aceita
Imersão em óleo o 79-6 8601 UL 698
Pressurização ou Purga p 79-2 e 79-13 169 NFPA 496 e ISA 12.4
Enchimento de areia q 79-5 Não aceita
Especial s
Placa protegida
Respiração restrita Suíça BS 4137
Instalação 79-14 158 NFPA 70 e ISA RP 12.6

Tab. 4.10. Especificações de Segurança do Produto


Laboratório de Teste, Tipo de Proteção e Condições de Aplicação Código
Classificação de Área
CENELEC, Segurança intrínseca, Gás Grupo Classe de Temperatura T4-T6 E
IIC, Zona 0
CENELEC, Prova de chama, Gás Grupo IIC, Classe de Temperatura T6 D
Zona 1
Europa, não faiscador, Zona 2 Classe de Temperatura T4-T6 N
CSA, Segurança intrínseca, Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6 em C
Grupos A, B, C e D, Classe II, Divisão 1, Grupos ambiente máximo de 40 oC e T4
E, F e G e Classe III, Divisão 1 em ambiente máximo de 85 oC
CSA, Prova de explosão para Classe I, Divisão
1, Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó
para Classe II, Divisão 1, Grupos E, F e G e
Classe III, Divisão 1
CSA, Não incenditivo para Classe I, Divisão 2, Ligar a fonte não excedendo 42,4
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó V.
para Classe II, Divisão 1, Grupos E, F e G e Classe de Temperatura T6 em
Classe III, Divisão 2 ambiente máximo de 40 oC e T4
em ambiente máximo de 85 oC
FM, Segurança intrínseca, Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6 em F
Grupos A, B, C e D, Classe II, divisão 1, Grupos ambiente máximo de 40 oC e T4
E, F e G e Classe III, Divisão 1 em ambiente máximo de 85 oC
FM, Prova de explosão para Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó
para Classe II, Divisão 1, Grupos E, F e G e
Classe III, Divisão 1
FM, Não incenditivo para Classe I, Divisão 2, Ligar a fonte não excedendo 42,4
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó V.
para Classe II, Divisão 1, Grupos E, F e G e Classe de Temperatura T6 em
Classe III, Divisão 2 ambiente máximo de 40 oC e T4
em ambiente máximo de 85 oC

7.182
Especificação dos Instrumentos

Fig. 4.25. Código de certificação

Fig. 4.26. Marcação de proteção de instrumento em área classificada

183
Especificação dos Instrumentos

resultantes da corrosão: contenção do


3.6. Corrosão dos Instrumentos processo e funcionais do instrumento.
A válvula de controle e alguns medidores
de vazão contem em seu interior o próprio
Tipos de Corrosão
processo a ser controlado,. com todos os seus
De um modo simplificado, a corrosão é o rigores. Quando tais instrumentos sofrem
ataque destrutivo sofrido por um material e corrosão, de modo a perder sua integridade
causado por um produto químico. Os física, a linha onde o instrumento está montado
engenheiros de corrosão conhecem de 50 a 60 certamente vaza produto para o exterior. Os
tipos diferentes de corrosão, embora as resultados desse tipo de falha podem variar
diferenças entre alguns tipos sejam mais desde um pequeno inconveniente, facilmente
técnicas do que praticas. Sob o ponto de vista reparável, até um prejuízo pessoal, envolvendo
de instrumentação3 são importantes e mais fogo e explosão, com perda de vidas e
encontradas três modalidades de corrosão: destruição de equipamentos.
química, galvânica e ruptura por tensão (stress As falhas funcionais podem, ainda, ser de
cracking). dois tipos distintos:
A corrosão química é, muito simplesmente, perda total da função, exigindo reparo ou
o que o nome implica: o produto químico de substituição do instrumento completo ou
ataque dissolve ou reage com o material com o perda parcial da função, que pode resultar
qual ele está em contato direto. Essa é a na queda da eficiência do processo. A falha
corrosão que ocorre com as partes molhadas funcional parcial pode, inclusive, ficar
que estão em contato com o processo totalmente desconhecida durante grandes
industrial. períodos de tempo ou degradar continua e
A corrosão galvânica ocorre quando dois vagarosamente a eficiência do processo.
metais diferentes são colocados em contato e Os fatores que estimulam e aumentam a
expostos a uma solução condutora. O efeito corrosão são: não homogeneidade dos metais,
final é a destruição do metal mais reativo e solda imprópria, acabamento rugoso, tensão
proteção do metal menos reativo. Essa mecânica, impureza, maior concentração na
propriedade pode ser usada, beneficamente, solução eletrolítica, solução gasosa na fase
para proteção contra corrosão. liquida, turbulência, uso de metais muito
A corrosão galvânica pode ocorrer em diferentes, presença de oxigênio, maior
tubulações com isolação térmica , umidade e mofo. Os fatores que inibem a
simplesmente se forem usados dois metais corrosão são: melhor acabamento, alivio de
levemente diferentes, por exemplo, aço tensões mecânicas, passivação de metais e
carbono e aço inoxidável, um para o tubo revestimento de superfícies e proteção
interno e outro para o externo. A corrosão catódica. Alias, a proteção catódica é feita por
galvânica pode ainda acontecer entre métodos envolvendo eletricidade e portanto há
diferentes partes de um mesmo metal. Ou seja, restrições de aplicação, quando aplicada em
quando se tem um mesmo material, porem, área perigosas classificadas.
com diferentes níveis de tensão mecânica, com
efeitos térmicos de solda ou de tratamento, Partes molhadas em contato com o
com impurezas, pode se ter a corrosão processo
galvânica entre suas partes. A corrosão As partes molhadas pelo processo são
galvânica é mais importante para as partes do geralmente os elementos sensores, selos,
instrumento expostas à atmosfera. poços de temperatura, bulbos, internos das
A corrosão por ruptura de tensão é a falha válvulas e o interior de alguns medidores de
do metal devida à combinação da tensão vazão. As partes molhadas devem suportar
mecânica e um ambiente corrosivo especifico. temperatura e pressão extremas e devem
Ela é a causa de muitas falhas em ligas resistir ao ataque corrosivo dos produtos
metálicas. A corrosão por ruptura de tensão químicos manipulados. O principal problema é
ocorre comumente em materiais metálicos que que os produtos de processo aparecem em
entram em contato com produtos de exploração uma variedade infinita e os materiais de
de petróleo, óleo ou gás, que possuam enxofre construção não.
ou acido sulfídrico como impurezas. Para piorar a situação, a corrosão das
partes molhadas geralmente provoca falha do
Efeitos da corrosão nos instrumentos
tipo contenção do processo, cuja conseqüência
Os resultados da corrosão de um é a pior possível.
instrumento dependem tanto do tipo da Para evitar ou limitar a ocorrência da
corrosão como do tipo ou função do corrosão, quatro áreas devem ser
instrumento. Para efeitos didáticos pode-se consideradas: seleção de materiais,
dividir em duas grandes categorias as falhas

184
Especificação dos Instrumentos

procedimento de fabricação, projeto do sistema


e inspeção de campo. As partes envolvidas
continuam sendo as três já mencionadas:
fabricantes, engenheiro de especificação e
usuário.
A seleção do material é a mais complexa
das áreas a serem definidas, tanto por causa
da atribuição da responsabilidade como pelo
problema em si.
Pela lei de Paretto, 10% das aplicações
envolvem cerca de 90% dos problemas.
Mesmo que isso possa ser considerado uma
pequena percentagem, é necessária e
suficiente uma única má aplicação para causar
um número elevado de problemas e grandes
prejuízos. O problema da seleção do material Fig. 4.24. Corrosão em conexão metálica
poderia parecer de fácil solução, pois todo
técnico tem conhecimento de tabelas de
corrosão4, que mostram como se comporta um
determinado material na presença de certo Materiais de revestimento
produto químico. Seria apenas uma fácil e Alem do material de fabricação, é
simples questão de casamento do processo interessante a aplicação de materiais de
com o material do instrumento. Infelizmente as revestimento. É uma pratica comum o
coisas não ocorrem de modo tão simples., É revestimento de cápsula de transmissor, por
difícil o próprio conhecimento do processo real. causa de um dos seguintes motivos: 1)
Certamente se conhece o principal produto, proteção contra corrosão provocada pelo fluido
porem, há subprodutos, contaminantes do processo ou 2) proteção contra aderência e
variáveis com o tempo e o lugar, há diferenças deposição dos produtos sólidos, também
de composição da matéria prima, há diferentes provocada pelo fluido do processo.
fornecedores de materiais, há variações não Um produto típico para revestimento de
controladas de pressão e temperatura. O superfícies de contato é o Ryton® (®Phillips
material para um simples tanque é selecionado Petroleum Co) porque apresenta uma boa
considerando-se a corrosão tolerável durante resistência à corrosão e tem a habilidade de
toda sua vida útil. As coisas se complicam formar uma película fina, não porosa. Em
quando se seleciona material das partes de um algumas aplicações que envolvam fortemente
instrumento. Os materiais devem ser oxidantes, tais como flúor, cloro, acido nítrico, o
resistentes à corrosão e paralelamente devem Ryton® não é recomendado. A alternativa ideal
satisfazer as necessidades funcionais, tais é o uso de Kel-F® (® Kellogg) para finas de
como resistência mecânica, constante de mola, corrosão. Kel-F é um polímero de trifluoretileno.
flexibilidade, ductilidade e elasticidade. Muitas O revestimento de teflon® (®E.I. Du Pont de
vezes, se reconhece que determinado material Nemours) é excelente para aplicações onde se
é o mais indicado para uma aplicação quer evitar a deposição de materiais lodosos.
corrosiva, porem, ou ele não é processável ou Embora o teflon seja inerte à maioria dos
suas propriedades inerentes não satisfazem a produtos corrosivos, o seu revestimento não é
tarefa a que seria destinado. adequado para proteção da corrosão da
Depois de escolhido o material mais cápsula, por causa da dificuldade de se
adequado, os procedimentos de fabricação conseguir uma camada fina e não porosa.
envolvem tratamentos térmicos, manipulação
física das peças, com cortes, usinagem e Partes expostas ao ambiente
acabamento que podem estimular ou inibir a O invólucro do instrumento deve ser de um
corrosão. material que resista à corrosão ambiental e
A responsabilidade da escolha do material, também deve prover as necessidades
porem, é do usuário final. estruturais. O invólucro é sempre protegido
O fabricante não tem nenhum controle pelo seu próprio acabamento. Superfícies
sobre o que acontece aos instrumentos depois polidas resistem melhor à corrosão que as
que eles são entregues ao usuário. Apenas o rugosas. A tendência atual para materiais de
usuário final tem condições de fazer as caixa de instrumentos é na direção dos
sucessivas inspeções aos equipamentos, plásticos. O plástico tem demonstrado um
essenciais à garantia da integridade dos desempenho satisfatório em vários ambientes
instrumentos. nocivos. Muitos técnicos ainda pensam,

185
Especificação dos Instrumentos

erradamente, que os invólucros à prova de Instrumentos eletrônicos


explosão devam ser metálicos. Também é A corrosão ocorre em muitas áreas da
muito comum a associação das vantagens do instrumentação eletrônica. Ela pode ocorrer na
metal com as do plástico: tem-se uma caixa isolação dos cabos, nos contatos elétricos, nos
metálica, excelente para fins estruturais, conectores e chaves. Os componentes
revestida com produto plástico, adequado para passivos e ativos podem se deteriorar, por
resistir à corrosão química. causa da corrosão através de seus
As partes internas do instrumento encapsulamentos ou terminais. Os circuitos
apresentam problemas diferentes daqueles das impressos, usados para suportar e interligar os
partes em contato com o processo e da caixa componentes, podem ser corroídos,
do instrumento. principalmente por respingos e ataque de
Embora as peças internas do instrumento produtos químicos.
não estejam submetidas às condições A corrosão do circuito impresso pode
desfavoráveis do ambiente externo e do provocar, inclusive, a pior falha possível: a
processo, elas possuem uma função muito falha intermitente. Esta falha é aquela prevista
mais importante. Assim, a corrosão da tampa pela lei de Murphy: ela não aparece na hora do
ou mesmo do corpo de um transmissor teste e manutenção mas somente quando o
provavelmente não afetará sua operação, instrumento está em operação e provoca
enquanto que uma leve deposição de material prejuízo ao processo.
orgânico na sua cápsula ou no seu conjunto Os primeiros instrumentos eletrônicos
bico-palheta, pode introduzir erros grosseiros apresentam uma proteção inerente à sua
de medição ou transmissão. natureza: fonte de calor no seu interior. Essa
Geralmente, não se pode usar revestimento fonte de calor natural tornava baixíssima a
de proteção nas partes internas do instrumento. umidade relativa do ar dentro do instrumento.
Barras de força, elos de ligação, foles, Infelizmente, o progresso do uso de
conjuntos bico-palheta, molas, flexores, fulcros circuitos integrados a semicondutores reduziu
de apoio, todas essas peças não podem ter tremendamente a potência dos circuitos,
nenhum tipo de revestimento que lhes daria aumentou sua versatilidade e eficiência, porem
maior resistência à corrosão, por causa de tirou a maior proteção à corrosão do circuito,
suas funções associadas ao principio de que era o calor. A proteção dos circuitos
funcionamento. eletrônicos, componentes, circuitos integrados,
A resistência dessas peças é provida circuitos impressos e contatos, nas condições
apenas pelo material e seu acabamento. do processo é um grande desafio. Há soluções
mecânicas: uso de ouro em contatos de
Instrumentos pneumáticos
precisão e há soluções eletrônicas: uso de
Do ponto de vista de corrosão, os chaves estáticas a semicondutores e sem
instrumentos pneumáticos levam vantagem contatos moveis. O encapsulamento dos
nítida sobre os correspondentes instrumentos componentes críticos torna o modulo
eletrônicos. A razão é simples: há sempre um encapsulado inerte a muitas atmosferas
suprimento de ar puro ao instrumento, nocivas, alem de diminuir a influência da
geralmente suficiente para manter a sua caixa umidade e da temperatura ambientes. É uma
purgada dos materiais contaminados externos. boa pratica de proteção o revestimento de todo
Mesmo assim, quando aplicável, é necessária o circuito eletrônico da placa5. Há vários
a seleção de materiais especiais, materiais apropriados para tal revestimento:
principalmente dos elementos sensores. silicone, epoxy e poliuretano. Quando seco e
Algo que deve ser considerado é a curado, tal revestimento é transparente, estável
tubulação de interligação do sistema e resistente à abrasão e à corrosão de vários
pneumático. Os instrumentos pneumáticos são produtos. A escolha do produto, a espessura e
alimentados e interligados por tubos, o número de camadas protetoras são funções
tipicamente de cobre (caro, porem mais fácil de do tipo do ambiente, da umidade relativa e da
ser trabalhado) aço inoxidável, aço carbono ou temperatura.
plástico. Em locais de alta temperatura ambiente e
A presença de um instrumento pneumático elevada umidade relativa, como nos trópicos,
não compromete a segurança, quando usado fala-se da tropicalização do circuito eletrônico.
em locais perigosos. Não faz sentido, por Este termo nunca foi claramente definido e
exemplo, associar o instrumento pneumático historicamente, foi primeiro usado em
puro com o conceito de prova de explosão. equipamentos militares. Na tropicalização,
nenhum componente é modificado ou protegido
individualmente, mas a placa do circuito é
totalmente revestida por uma resina de

186
Especificação dos Instrumentos

poliuretano. Tal resina é transparente, inerte à 3.7. Processos Marginais


umidade e principalmente, não nutriente para
fungos.
Serviço com Oxigênio
A principal desvantagem de todos esses
revestimentos de proteção e tropicalização O oxigênio puro, quando na presença de
aparece quando se faz manutenção. traços de óleo e poeira, pode provocar
Geralmente, é necessário destruir parte do incêndio. Por isso, qualquer equipamento que
revestimento durante a manutenção. possa entrar em contato direto com o oxigênio
Obviamente, deve se ter cuidado na remoção deve ser manipulado em sala especial de
da proteção, para não se danificar o circuito limpeza. O instrumento é limpo, montado,
impresso, principalmente quando se usa ferro calibrado e embalado em condições de limpeza
de solda de grande potência. especiais. Suas peças de reposição são
Depois da manutenção, é necessária nova empacotadas individualmente em sacos de
aplicação do revestimento para recuperar a polietileno e são manuseadas sempre com
proteção ou tropicalização do circuito. luvas de polietileno. O material de limpeza
As vezes se usa ventilador externo para a usado normalmente é o tricloroetileno.
dissipação de calor de alguns equipamentos, Adicionalmente, alem da ausência de
como a fonte de alimentação. Nessas lubrificação, quando a cápsula do transmissor
aplicações, deve se anular a possibilidade do possui liquido de enchimento, deve se cuidar
ventilador ser um agente concentrador de da natureza desse liquido. O fluido normal de
impurezas e causador de corrosão aos enchimento é o silicone DC 200 (Dow Corning).
componentes do circuito. É recomendado o uso Quando há a possibilidade de vazamento ou
de um sistema de alarme, para indicar a falha entrada de contato do silicone com um meio
do ventilador. oxidante (oxigênio, cloro, acido nítrico, e.g.)
Outra pratica para diminuir os efeitos do deve se usar um fluido especial, totalmente
ambiente industrial é a fabricação de duas livre de hidrogênio. Recomenda-se o uso de
caixas de ligação nos transmissores fluorlube® (® Hooker Chemical), que é um
eletrônicos. Uma caixa aloja o circuito polímero de cloreto de trifluorvinil. Esse novo
eletrônico e raramente é aberta no campo. Na liquido de enchimento, embora apresente
outra, separada da primeira caixa, há o bloco segurança, sob o ponto de vista de medição
terminal de ligações, onde se requer maior apresenta uma grande variação da viscosidade
número de aberturas para a manutenção. com relação à variação da temperatura do
Ambas as caixas são seladas e vedadas à processo e ambiente. Assim, seu uso é
entrada de umidade e de atmosferas recomendado para faixas de temperatura de -
corrosivas. 20 oC a +10 oC e em condições aceitáveis
Deve ser entendido que uma caixa vedada entre +10 oC e +45 oC.
à entrada de umidade, o é também para a
saída de condensados. Se por algum motivo Serviço com Hidrogênio
houve entrada de água no interior da caixa, O gás hidrogênio puro, em alta pressão
essa água ficará retida no instrumento e estática, é uma aplicação difícil, pois ele é
certamente interferirá no seu funcionamento. A capaz de vazar através de diminutos buracos e
solução é proteger a entrada de água, através através de pares finíssimos. Em aplicação com
de selos nos conduítes de ligação e da tampa. pressão acima de 20 kg/cm2, o hidrogênio
Quando a entrada da água é causada pela pode vazar diretamente através da parede do
remoção da tampa do instrumento, a diafragma de aço inoxidável de um transmissor.
recomendação é o uso de sílica gel no interior Quando se remove ou se reduz a pressão
da caixa, que deve ser renovada estática do processo, o hidrogênio difuso no
periodicamente. Outra alternativa é a de se interior da cápsula danifica-a.
fazer a manutenção do instrumento em O método de proteção é revestir a
horários com menor umidade relativa, superfície do diafragma da cápsula com uma
tipicamente no começo e no fim do dia. finíssima camada de ouro. A nova superfície
criada prove um potencial eletroquímico
suficiente para aumentar a dissociação e
adicionalmente, oferece uma estrutura mais
densa que dificulta a difusão do ion H+.
Estatisticamente, uma cápsula de aço
inoxidável normal, submetida à pressão de 20
kg/cm2, em atmosfera de hidrogênio dura cerca
de 1 a 5 semanas.
Quando, nas mesmas condições, usa se
uma cápsula de aço inoxidável revestida de

187
Especificação dos Instrumentos

ouro, a duração da cápsula passa para vários acima de 100 ppm e considerado o segundo
anos. gás comercial mais perigoso (o campeão é o
O revestimento de ouro representa a acido cianídrico, HCN). Desde que 85% do
melhor solução disponível para a aplicação de petróleo do mundo, inclusive o do Brasil,
hidrogênio. Porem, sempre deve se ter bem possuem traços ou alta percentagem de
claro tal revestimento não é por questão de enxofre, a manipulação segura desses
corrosão, mas apenas impedir ou diminuir materiais interessa tanto ao fabricante como ao
grandemente a penetração do hidrogênio no usuário final.
interior da cápsula. Nos Estados Unidos há uma norma6 de
NACE, que é um guia completo para a seleção
Serviço com Cloro de materiais para resistir à corrosão. Seu
O cloro, nas condições ambientais de objetivo é o de limitar os materiais metálicos
temperatura e pressão, é um gás pesado, de que estão diretamente expostos aos produtos
cheiro pungente, verde-amarelo (patriota?), de petróleo que contenham enxofre ou já o
altamente toxico aos animais de sangue acido sulfídrico. A NACE não certifica o
quente. É um forte agente oxidante. material, mas apenas define as especificações
Para efeito de manipulação e corrosão, o de alguns materiais. Embora seja custoso e
cloro seco é bem comportado. demorado, novos materiais podem ser
Tipicamente, o cloro seco é armazenado analisados. Os materiais comumente
em tanque de aço carbono. Quando o cloro é envolvidos são: aço carbono, aço inoxidável de
úmido, poucos materiais comerciais podem lhe várias classes, monel®, Hastelloy® e Havar®.
resistir satisfatoriamente. Em instrumentação, A norma se refere à construção de
os materiais de interesse são: prata, elementos sensores, selos, parafusos, poço
tungstênio, tântalo e Hastelloy C® (®Haynes termal, conjuntos distribuidores de contorno e
Stellite). O instrumento para trabalho com cloro equalização de vazão.
é também limpo, montado, calibrado e Os tratamentos especiais que os materiais
embalado em sala limpa. são submetidos podem comprometer a sua
O eventual liquido de enchimento é resistência original. Ou seja, um parafuso
também isento de hidrogênio e tipicamente se construído de conformidade com a norma
usa o fluorolube® ou fluorinert®. NACE MR-01-75, Classe I e Classe II
A seleção da válvula que manipula cloro é (expostos diretamente à atmosfera nociva) tem
controversa. A filosofia da pratica de proteção, uma menor resistência que o normal. O
porem, é comum a vários processos corrosivos. projetista e usuário do equipamento devem
Ou se usam equipamentos baratos com conhecer a menor resistência do parafuso e
materiais pouco resistentes e tem-se aplica-lo adequadamente.
manutenção e substituição freqüentes ou se A norma NACE MR-01-75 deve ser
usam equipamentos caríssimos com materiais aplicada a todo equipamento exposto a
resistentes, com manutenção e substituição de produtos com enxofre e que fica sujeito à
peças pouco freqüentes. Aplicando-se tal corrosão do tipo ruptura por tensão pelo
filosofia na manipulação de cloro, pode-se ter: enxofre. A ruptura do material seria
válvula barata de corpo de ferro fundido, com extremamente perniciosa, pois impediria o
haste de aço inoxidável, com planejamento de equipamento de ser reparado sob pressão,
substituição em curtos períodos ou válvula de tornaria perigoso qualquer sistema sob pressão
Hastelloy com selo de teflon para evitar a e comprometeria o funcionamento básico do
entrada do cloro no seu interior, sem instrumento. A observância da norma evita o
necessidade de troca de peças ou aparecimento da corrosão tipo ruptura por
equipamentos. tensão do enxofre. O equipamento construído
com material de conformidade com a norma
Serviço com traços de enxofre deverá ser marcado com NACE MR-01-75.
Quando um material metálico,
principalmente o aço, entra em contato com
carbohidratos com traços de enxofre, é
possível o aparecimento do acido sulfídrico
(H2S). Tal produto se torna agudamente toxico

188
7. Variáveis do Processo
Objetivos de Ensino
1. Conceituar quantidades físicas de quantidade, energia, propriedades, intensivas, extensivas,
variáveis, constantes, contínuas, discretas, mecânicas, elétricas, dependentes e
independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função linear.
3. Apresentar os conceitos básicos e as unidades das principais variáveis de processo, como
pressão, temperatura, vazão e nível.
4. Listar e descrever os principais mecanismos de medição, de natureza mecânica e eletrônica,
mostrando as vantagens e desvantagens para fins de seleção.
5. Descrever os cuidados para a instalação, interpretação dos dados coletados e a necessidade
de uso de acessórios.

velocidade é uma quantidade expressa em


1. Introdução metros por segundo e
densidade relativa é uma quantidade física
A variável de processo é uma grandeza adimensional.
física que altera seu valor em função de outras O círculo não é uma quantidade física, pois
variáveis e principalmente em relação ao é caracterizado por uma certa forma
tempo. O objetivo do controle de processo é o geométrica que não pode ser expressa por
de manter uma variável constante ou, no números. O círculo é uma figura geométrica.
mínimo, variando dentro de certos limites Porém, a sua área é uma quantidade física que
estabelecidos. Antes de ser controlada, uma pode ser expressa por um valor numérico (p.
variável deve ser medida, dentro de uma classe ex., π, 5) e uma unidade (p. ex., metro
de precisão requerida pelo pessoal do quadrado).
processo. A partir da medição da variável, o Muitas noções que antes eram
operador de processo pode efetuar o controle consideradas somente sob o aspecto
manual, como aumentar uma pressão, diminuir qualitativo foram recentemente transferidas
uma temperatura, encher um tanque (nível) ou para a classe de quantidade, como eficiência,
fechar uma válvula (vazão). Em sistema de informação e probabilidade.
controle automático, o sinal medido é contínua
e automaticamente comparado com um valor
de referência e este erro é usado como função
de controle, sem a interferência do operador
humano. Pressão
Em um processo industrial típico, mais de
13%
90% das medições envolvem apenas quatro
variáveis: pressão, temperatura, vazão e nível. Vazão
As outras variáveis menos comuns incluem: Nível 41%
posição, condutividade, densidade, análise, pH 16%
e vibração.

2. Conceito
Temperatura
Quantidade é qualquer coisa que possa ser 30%
expressa por um valor numérico e uma unidade
de engenharia. Por exemplo,
massa é uma quantidade física expressa
em kilogramas;

189
Variáveis do Processo

3. Faixa das Variáveis temperatura na escala Celsius pode assumir


valores negativos ou positivos; porém, a
temperatura absoluta ou termodinâmica só
3.1. Faixa e Amplitude de Faixa pode assumir valores positivos, em kelvin.

O conjunto de todos os valores que podem 3.3. Faixa e Desempenho do


ser assumidos pela variável é chamado de
Instrumento
faixa da variável (range). A faixa da variável é
expressa por dois números: limite inferior (0%) Em Metrologia, é fundamental se conhecer
e limite superior (100%). a faixa calibrada do instrumento e o seu ponto
O intervalo finito, dado pela diferença de trabalho, pois tipicamente, a precisão do
algébrica dos dois limites, é chamado de instrumento é expressa ou em percentagem do
amplitude de faixa da variável (span). A fundo de escala ou em percentagem do valor
amplitude de faixa é expressa por um único medido.
número positivo. O instrumento com erro de zero e de
Por exemplo, a faixa de temperatura de 15 amplitude de faixa possui precisão expressa
a 30 oC tem amplitude de faixa de 15 oC; (30 - em percentagem do fundo de escala. Por
15 oC = 15 oC). A faixa de -15 a 30 oC tem exemplo, a medição de vazão com placa de
amplitude de faixa de 45 oC; orifício tem incerteza expressa em
[30 - (-15) oC = 45 oC]. percentagem da vazão máxima medida ou do
A faixa de medição sempre vai de 0 a fundo de escala.
100%, porém o 0% pode ser igual ou diferente Instrumento com erro devido apenas à
de zero. A terminologia das faixas é a seguinte: amplitude de faixa possui precisão expressa
0 a 100 oC - faixa normal em percentagem do valor medido. Por
10 a 100 oC - faixa com zero suprimido exemplo, transmissor inteligente de pressão
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado diferencial, turbina medidora de vazão.
O conceito de faixa com zero elevado ou
suprimido é particularmente importante na
calibração de transmissores de nível.

3.2. Limites de Faixa


Na prática, uma variável pode ter limites de
operação normal e limites de operação
anormal. Os limites de operação normal são
aqueles assumidos pela variável quando não
há problemas no controle automático do
processo. Quando há falhas no controle
automático e estes limites são atingidos,
geralmente existem alarmes que chamam a
atenção do operador para assumir o controle
manual do processo. O operador deve levar os
valores da variável novamente para dentro dos
limites de operação normal, atuando
manualmente nos instrumentos e
equipamentos do processo. Quando, por
motivos de falha em algum equipamento ou
instrumento da malha de controle automático, a
variável contínua se afastando dos limites de Fig. 7.1. O manômetro deve trabalhar entre
operação normal, geralmente são 25 e 75%, onde é melhor sua repetitividade
estabelecidos outros limites de desligamento
(trip ou shut down). Quando a variável atinge
os valores de desligamento, todo o processo é
desligado, para proteger o operador ou os
equipamentos envolvidos.
Há variáveis que podem assumir valores
negativos e positivos, em função do processo e
da unidade usada. Por exemplo, a pressão
manométrica pode ter valores positivos e
negativos (vácuo). Porém, a pressão absoluta
só pode assumir valores positivos. A

190
Variáveis do Processo

4. Pressão

4.1. Definição
A (m2)
Pressão é uma grandeza derivada,
expressa como força por unidade de área.
Dimensionalmente, tem-se
P (N/m2) F (N)
[P] = [M][T-2][L-1]

onde
[P] é a dimensão de pressão
[M] é a dimensão de massa
[T] é a dimensão de tempo F (N)
(a) Pressão em tanque
[L] é a dimensão de comprimento A (m2)
A pressão do fluido é transmitida com igual
intensidade em todas as direções e age
perpendicular a qualquer plano.
P (N/m2)
4.2. Unidades
A unidade SI para pressão é o pascal (Pa).
1 pascal é a pressão de uma força de 1
newton exercida numa superfície de 1 metro
(a) Pressão em tubulação
quadrado.
O pascal é uma unidade muito pequena.
Fig. 7.2. Conceito de pressão
Um pascal equivale à pressão exercida por
uma coluna d'água de altura de 0,1 mm. Ela
equivale a pressão de uma cédula de dinheiro
O pascal é também usado para expressar a
sobre uma superfície plana. Na prática, usa-se
tensão mecânica e o módulo de elasticidade
o kilopascal (kPa) e o megapascal (MPa).
dos materiais. Os altos valores de tensão
A área que causou (e ainda causa) mais
mecânica são dados em MPa e os valores de
confusão na mudança para unidades SI foi a
módulo de elasticidade em GPa.
medição de pressão. A nova unidade de
É comum se usar altura de coluna d'água
pressão, pascal, definida como newton por
ou de mercúrio para expressar pequenas
metro quadrado é estranha mesmo para
pressões. Dimensionalmente é errado
técnicos e engenheiros. Assim que o pascal
expressar a pressão em comprimento de
seja aceito e entendido, fica fácil lidar com as
coluna líquida, mas subentende-se que a
pressões extremas de vácuo a altíssimas
pressão de 100 mm H2O significa a pressão
pressões.
igual à pressão exercida por uma coluna de
A grande vantagem do uso do pascal, no
água com altura de 100 mm.
lugar do psi (lbf/in2), kgf/cm2 e mm de coluna
Em Instrumentação é comum ainda se usar
liquida é que o pascal não depende da
psi (pound square inch) como unidade de
aceleração da gravidade do local e da
pressão, às vezes, modificada como psig e
densidade do líquido. A gravidade não está
psia, para indicar respectivamente pressão
envolvida na definição de pascal. O pascal tem
manométrica (gauge) e absoluta.
o mesmo valor em qualquer lugar da Terra,
Na borracharia da esquina, a calibração
enquanto as unidades como psi, kgf/cm2 e mm
dos pneus é expressa em psi, mas se fala
H2O dependem da aceleração da gravidade do
simplesmente libra, que é o modo preguiçoso
local.
de dizer libra-força por polegada quadrado. O
sugerido pelo SI é pedir ao borracheiro para
calibrar o pneu com 169 kPa, em vez de 26
libras.

191
Variáveis do Processo

4.3. Tipos Pressão faixa composta


É aquela que tem pressões de vácuo e
As medições de vazão são geralmente
pressões positivas em sua faixa de medição.
classificadas como pressão manométrica,
Por exemplo, a faixa de -200 a 200 mm H2O.
pressão absoluta ou pressão diferencial. Para
evitar confusão, é conveniente colocar o sufixo Pressão diferencial
na unidade, para cada tipo de medição:
manométrica (g), absoluta (a) ou diferencial (d). A pressão diferencial é a diferença entre
duas pressões, exceto a pressão atmosférica.
Pressão manométrica O transmissor de pressão diferencial para a
medição de vazão e de nível é
A pressão manométrica (gauge) é referida
simultaneamente sensível e robusto, pois deve
à pressão atmosférica. Ela pode assumir
ser capaz de detectar faixas de pressão
valores positivos (maiores que o da pressão
diferencial da ordem de centímetros de coluna
atmosférica) e negativos, também chamado de
d'água e suportar pressão estática de até 400
vácuo. A maioria dos instrumentos industriais
kgf/cm2.
mede a pressão manométrica.
Pressão dinâmica
Pressão absoluta
A pressão dinâmica da tubulação é a
A pressão absoluta é a pressão total,
pressão devida a velocidade do fluido (
incluindo a pressão atmosférica e referida ao
1/2 p v2). Chamada de pressão de impacto.
zero absoluto. Ela só pode assumir valores
positivos. Mesmo quando se necessita do valor Pressão estagnação
da pressão absoluta, usa-se o medidor de
pressão manométrica que é mais simples e A pressão de estagnação é obtida quando
barato, bastando acrescentar o valor da um fluido em movimento é desacelerado para a
pressão atmosférica ao valor lido ou velocidade zero, em um processo sem atrito e
transmitido. Só se deve usar o medidor com sem compressão. Matematicamente, ela é igual
elemento sensor absoluto para faixas próximas a soma da pressão estática e da pressão
à pressão atmosférica; por exemplo, abaixo de dinâmica. Tem-se a pressão de estagnação na
100 kPa. parte central do medidor tipo pitot.

Pressão estática
A pressão estática do processo é a pressão
Pressão medida transmitida pelo fluido nas paredes da
tubulação ou do vaso. Ela não varia na direção
perpendicular a tubulação, quando a vazão é
laminar.
Pressão manométrica
Pressão hidrostática
Pressão Atmosférica
Pressão hidrostática é a pressão exercida
por líquidos no interior de vasos e tanques.
Pressão absoluta Neste caso, a pressão é normal à superfície
Vácuo ou pressão manométrica negativa
que contem o líquido. No mesmo plano
Pressão medida horizontal, as pressões em um líquido são
Pressão atmosférica
iguais

Pressão de vapor
Pressão absoluta
Quando há evaporação dentro de um
Zero Absoluto espaço fechado, a pressão parcial criada pelas
moléculas do vapor é chamada de pressão de
Fig. 7.3. Conceitos e tipos de pressão vapor. A pressão de vapor de um líquido ou
sólido é a pressão em que há equilíbrio vapor-
líquido ou vapor-sólido.
A pressão de vapor depende da
temperatura e aumenta quando a temperatura
Pressão atmosférica aumenta. Esta função entre a pressão de vapor
A pressão atmosférica é a pressão exercida e a temperatura é a base da medição da
pelos gases da atmosfera terrestre e foi a temperatura através da medição da pressão de
primeira pressão a ser realmente medida. vapor de líquido volátil (classe SAMA II)

192
Variáveis do Processo

4.4. Medição da pressão elemento. As vezes, deve-se usar o selo de


pressão para isolar o fluido do processo do
A medição e o controle da pressão servem elemento sensor.
para atender algum ou vários dos seguintes Em muitos processos as variáveis pressão
objetivos e temperatura são dependentes, e por isso
1. a proteção de equipamento, deve-se conhecer a faixa da temperatura na
2. a proteção de pessoal, medição da pressão. Quando a temperatura é
3. a medição de outra variável, por elevada, exige-se que o instrumento fique
inferência, afastado do processo, principalmente quando o
4. o controle do processo, para a instrumento é eletrônico. Para resolver este
obtenção do produto dentro das problema, usa-se um tubo capilar de ligação e
especificações exigidas. selagem.
São disponíveis comercialmente vários Ainda com relação ao processo, é
elementos sensores de pressão. Os critérios de importante definir a exigência de proteção de
escolha devem considerar os aspectos sobre faixa (over range). Há elementos
econômicos e técnicos do processo. sensores que naturalmente apresentam
Sob o ponto de vista de custos, devem ser proteção para sobre faixa; eles são
considerados os custos da instalação, da especificados para operar em uma faixa normal
manutenção, da energia, além do custo inicial de trabalho e podem ser submetidos a
do instrumento. pressões mais elevadas, durante curtos
Como critérios técnicos, devem ser períodos de tempo de situações anormais.
considerados a faixa da medição, a aplicação Os sensores podem ser divididos em duas
do sistema e as condições do processo O grandes categorias mecânicos e eletrônicos
primeiro ponto a esclarecer é qual o tipo da 1. os sensores mecânicos sentem a variável
pressão a ser medida, se absoluta, de processo e geram na saída uma força
manométrica ou relativa. Depois os valores ou um deslocamento mecânico;
máximo e mínimo da faixa, a largura da faixa e 2. os sensores eletrônicos sentem a variável
finalmente o grau de preciso, a repetitividade, a de processo e geram na saída uma
rangeabilidade e outros parâmetros associados militensão ou alteram o valor de um
ao desempenho. parâmetro passivo, como resistência
A escolha do mecanismo básico de elétrica, capacidade, indutância.
medição da pressão depende da aplicação do
sistema indicação local, indicação remota,
controle, alarme, proteção. Existem elementos
4.5. Sensores Mecânicos
sensores que são limitados quanto ao torque A pressão é determinada pelo balanço de
mecânico, ao movimento, ao espaço e não um sensor contra uma força desconhecida. Isto
podem ser usados em sistemas que requerem pode ser feito por outra pressão (balanço de
transmissão remota. pressão) ou força (balanço de força).
Os sensores a balanço de força mais
usados são aqueles que requerem deformação
elástica, como bourdon, espiral, helicoidais,
foles e diafragmas. Os sensores a balanço de
pressão mais conhecidos são o manômetro de
coluna líquida e o detector de peso morto.

Tubo bourdon C
O tubo Bourdon é o mais comum e antigo
elemento sensor de pressão, que sofre
deformação elástica proporcional à pressão.
Este elemento não é adequado para baixas
pressões, vácuo ou medições compostas
(pressões negativa e positiva), porque o
Fig. 7.4. Transmissor de pressão diferencial e sensor gradiente da mola do tubo Bourdon é muito
pequeno para medições de pressões menores
que 200 kPa (30 psig) .
Como o elemento sensor da pressão fica Os materiais usados para a confecção dos
em contato direto com o processo ou a pressão tubos Bourdon incluem Ni-Span C, bronze,
entra dentro do elemento sensor, é importante monel, ligas (Be-Cu) e aços inoxidáveis (316 e
considerar o grau de corrosão, toxidez e sujeira 304) e sua escolha depende da faixa de
do fluido do processo, para a escolha pressão a ser medida. Usam-se materiais de
adequada do material de construção do

193
Variáveis do Processo

Teflon® ou nylon® para minimizar os Os tubos Bourdon podem ser secos ou


desgastes e as folgas. cheios de algum líquido (e. g., glicerina).
O tubo Bourdon-C pode também ser em um
transmissor de balanço de força. A pressão
aplicada ao tubo tende a "retifica-lo". O tubo
transmite a força resultante para a extremidade
inferior da barra de força do transmissor. O
mecanismo do transmissor de balanço de força
pode incorporar um mecanismo de proteção de
sobre faixa (overrange). Basta colocar um
limitador do movimento da barra de força. Há
proteção de 150% de sobre faixa.
O formato do tubo Bourdon é também
variável e dependente da faixa de pressão
medida tipo C, espiral, helicoidal e a hélice de
quartzo fundido.
Fig. 7.5. Bourdon C e mecanismos associados
Os elementos sensores do tipo Bourdon C
são os recomendados para instrumentos de
medição local de pressão no gasoduto e em
city gate.
A pressão de processo a ser medida é Nos casos em que a pressão máxima do
ligada na extremidade do tubo através de um processo possa ultrapassar o limite de
soquete enquanto que a outra extremidade é sobrepressão do instrumento, estes devem ser
selada hermeticamente. Por causa da diferença fornecidos com limitadores de sobrepressão
entre os raios interno e externo, o tubo ajustados para 100 % do valor de fundo de
Bourdon-C apresenta áreas diferentes para a escala.
pressão, logo, as forças exercidas são Os ranges de operação dos instrumentos
diferentes e tendem a tornar reto o tubo C. devem ser escolhidos de maneira que a
Obviamente, a faixa de pressão medida deve pressão de operação normal do processo
ser conveniente de modo a provocar esteja situada no segundo terço desta faixa,
deformações elásticas reversíveis. Quando se observada também a pressão máxima de
aplica uma pressão excessiva, o tubo se operação.
deforma definitivamente e pode haver até
ruptura do tubo. Diafragma
O movimento do tubo-C é não linear e Os sensores de pressão cujo
deve-se projetar um sistema de acoplamento funcionamento depende da deflexão de um
mecânico para linearizar este movimento com a diafragma são usados, há mais de um século.
pressão medida. Isto é conseguido através do Nos últimos anos, os efeitos da histerese
sistema do ângulo caminhante, do pinhão, do elástica, atrito e desvio foram reduzidos,
pivô e de engrenagens ou setores de
conseguindo-se precisões de até ± 0,1% da
engrenagens (cams).
amplitude de faixa. Novos materiais com
A precisão dos dispositivos é uma função
melhores qualidades elásticas tem sido usados,
do diâmetro do tubo Bourdon, da qualidade do
como ligas de Berílio-Cobre e com pequenos
projeto e dos procedimentos de calibração. Ela
coeficientes térmicos tais como ligas de Niquel-
varia de ± 0,1% a ± 5% da amplitude de faixa, Span C. Quando se tem duras condições de
com a maioria caindo na faixa de ± 1%. trabalho, temperaturas extremas e atmosferas
corrosivas, os materiais usados são Incomel®
e aço inoxidável 304 e 316.
O diafragma é flexível, liso ou com
corrugações concêntricas, feito de uma lâmina
metálica com dimensões exatas. As vezes,
usam-se dois diafragmas, soldados juntos
pelas extremidades, constituindo uma cápsula.
Fazendo-se o vácuo destas cápsulas,
Fig. 7.6. Sensor de pressão espiral simples e dupla consegue-se a detecção da pressão absoluta.
A sensibilidade da cápsula ou do diafragma
aumenta proporcionalmente ao seu diâmetro.
Quanto maior a cápsula ou o diafragma,
menores faixas e diferenças de faixa de
pressão podem ser medidas.

194
Variáveis do Processo

Os diafragmas podem ser usados em


unidades de transmissão e controle a base de
balanço de movimento e de força.

Fig. 7.8. Diferentes colunas líquidas

Fig. 7.7. Sensores de pressão tipo fole

Fole
Em geral, o fole transmite maior força e 4.6. Sensores Elétricos
pode detectar pressões levemente maiores que
a cápsula de diafragma. As desvantagens do Os sensores de pressão eletrônicos podem
fole são sua dependência das variações da ser de todos tipos distintos ativos e passivos.
temperatura ambiente e sua fragilidade em O sensor ativo é aquele que gera uma
ambientes pesados de trabalho. Como a militensão sem necessitar de nenhuma
cápsula de diafragma, o fole pode ser usado polarização ou alimentação. O sensor
para medir pressões absolutas e relativas e em eletrônico passivo é aquele que varia a
sistemas de balanço de movimentos ou de resistência, capacitância ou indutância em
forças. função da pressão aplicada. Ele necessita de
uma tensão de alimentação para funcionar.
Coluna Líquida
Cristal piezoelétrico
O sistema de balanço de pressão mais
simples é o manômetro ou indicador de O cristal piezoelétrico é um elemento
pressão com coluna líquida. O princípio de sensor de pressão eletrônico que gera uma
funcionamento é simples a pressão criada pela militensão em função da pressão mecânica
coluna do líquido é usada para balancear a aplicada. Na prática, ele é pouco usado em
pressão a ser medida. A leitura da coluna medições industriais, por causa de seu alto
líquida dá o valor da pressão desconhecida custo. Ele é tipicamente usado em agulhas de
medida. A pressão exercida num ponto do toca-discos.
líquido é igual à densidade do líquido
Strain gauge
multiplicada pela altura da coluna de líquido
acima do ponto. O líquido mais usado no O strain gauge é elemento sensor de
enchimento da coluna é o mercúrio por ter alta pressão eletrônico mais usado. Ele varia sua
densidade e portanto exigir colunas pequenas. resistência elétrica quando submetido à
As características desejáveis do líquido são pressão positiva (compressão) ou negativa
1. ser quimicamente inerte e compatível com (descompressão). O strain gauge pode ser
o meio do processo, usado para medir torque, peso, velocidade,
2. ter interface visível e clara, sem revestir a aceleração, além da pressão. O strain gauge é
superfície do vidro, ligado ao circuito detector clássico da Ponte de
3. ter tensão superficial pequena para Wheatstone, que requer a tensão de
minimizar efeitos capilares, polarização em corrente contínua ou alternada.
4. ser fisicamente estável, não volátil sob as
condições de temperatura e vácuo de
trabalho,
5. não congelar em baixas temperaturas,
6. ter densidade constante com temperatura e
pressão.
Os fluidos normalmente usados possuem
faixa de densidade relativa entre 0,8 (álcool) e
13,6 (mercúrio).
Dentro da categoria dos manômetros
visuais há uma grande variedade de Fig. 7.9. Strain gauge
barômetros: tubo-U e tubo inclinado.

195
Variáveis do Processo

4.7. Selo de pressão plástico resistente à corrosão. Pode haver


uma conexão para permitir a purga
Selo é algo que isola dois componentes; contínua ou intermitente do fluido.
por exemplo, o fluido do processo isolado do Os selos podem ser soldados,
sensor. aparafusados ou flangeados nas linhas de
As funções principais de um selo são as de processo.
1. proteger o fluido de processo de
congelamento e endurecimento devidos
às variações da temperatura.
4.8. Pressostato
2. isolar materiais de processo venenoso, O pressostato é uma chave elétrica
tóxico, corrosivo, mal cheiroso do acionada pela pressão, usado para energizar
sensor de pressão que é de material de ou desenergizar circuitos elétricos, como uma
construção padrão, não compatível função da relação entre a pressão de processo
com o fluido do processo. e um valor ajustado pré-determinado.
3. evitar que fluidos viscosos e sujos
entrem e entupam o elemento detector
de pressão.
As características do líquido de selagem
devem ser
1. líquido não-compressível, para
transmitir a pressão.
2. pequeno coeficiente de temperatura
3. baixa viscosidade para operar mesmo
em baixas temperaturas
4. quimicamente estável, mesmo em altas
temperaturas

Fig. 7.14. Pressostato

Os pressostatos são disponíveis para


detectar pressão absoluta, composta,
manométrica ou diferencial, com precisões
típicas de ±0,5% da amplitude de faixa e mudar
o estado de um contato (geralmente elétrico),
na saída.
O conjunto de chaveamento elétrico pode
Fig. 7.10. Selos de pressão ser chave a mercúrio ou microswitch mecânica
liga-desliga. A chave de mercúrio não contém
partes mecânicas móveis e deve ser usada em
lugares livres de vibrações e montada em nível.
A faixa ajustável é a faixa de pressão
As três partes principais de um selo padrão
dentro da qual o ponto de ajuste pode ser
são as seguintes
referido. O ponto de ajuste é a pressão que
1. recipiente superior, em contato com o
atua a chave para abrir ou fechar um circuito
líquido de selagem e colocado na
elétrico. O pressostato pode atuar em seu
atmosfera não corrosiva, de material
ponto de ajuste pelo aumento da pressão
padrão, não especial. As vezes, possui um
(PSH) ou pela sua diminuição (PSL).
parafuso para enchimento do selo.
As características elétricas de um
2. cápsula de diafragma, cheia com líquido
pressostato típico são: 115 V, com correntes de
de selagem. Está em contato com o fluido
0,3 a 10A em corrente continua ou alternada.
corrosivo do processo e por isso deve ser
Os pressostatos devem possuir diferencial
de metal resistente a corrosão ou revestido
ajustável. O ajuste deve ser externo, e dotado
de Teflon® ou KEL-F®. A parte superior e
de tampa protetora.
a cápsula podem ser removidas sem
Os manômetros devem atender os
desconectar a parte inferior, possibilitando
seguintes requisitos:
ao operador limpar o conjunto sem
a) mostrador de no mínimo 100 mm de
reencher a unidade.
diâmetro;
3. recipiente inferior, em contato direto com
b) conexão de 1/2” NPT;
o fluido do processo, deve ser de metal ou

196
Variáveis do Processo

c) caixa em AISI 304 com grau de proteção transportados ao redor do mundo, a pressão
IP 55; gerada em cada ponto da terra variará com a
d) ponteiro balanceado e com ajuste variação da aceleração da gravidade. O
micrométrico; mesmo se aplica a unidades como altura de
e) disco de ruptura na parte traseira; coluna líquida. A força no fundo de cada coluna
f) material do soquete deve ser o mesmo é proporcional à altura, densidade e aceleração
do elemento sensor, no mínimo aço inoxidável da gravidade. A variação da aceleração da
AISI 316. gravidade em redor do mundo é
aproximadamente de ±0,1%. Isto pode ser
4.9. Calibração da pressão desprezível em muitas aplicações práticas,
porém, quando se tem transmissores com
Os padrões industriais para calibração de precisão especificada de ±0,25%, deve-se
pressão dependem da faixa medida, desde considerar os efeitos da diferença da gravidade
vácuo médio (10-1 mm Hg) até 103 MPa. Para induzida.
pressões na faixa de 10-1 a 10-3 mm Hg, o A bomba de peso morto permite
indicador de vácuo McLeod é o padrão. Para calibrações na faixa de 104 a 5 x 106 Pa (0,1 a
pressões menores que 10-3, usam-se técnicas 50 bar) até 2 x 105 a 108 Pa (2,0 a 1000 bar),
especiais envolvendo vazão através de com incertezas da ordem de ±0,03% da
sucessivos orifícios precisos e o manômetro pressão indicada com dados certificados
McLeod. fornecidos e rastreáveis com o laboratório
Bomba padrão de peso morto nacional. Com cuidado, ela pode manter sua
precisão durante longo período de tempo.
O manômetro ou bomba de tempo morto
opera sob o princípio de se suportar um peso Coluna líquida em U
(força) conhecido por meio de uma pressão Para padrão de pressão pequena,
agindo sobre uma área conhecida. Isso satisfaz principalmente para calibração de instrumentos
a definição de um padrão primário baseado em de medição de vazão e nível, usa-se o
massa, comprimento e tempo. Os pesos para manômetro da coluna em U. O uso da coluna
um dado instrumento de teste são normalmente líquida para a medição de pressão se baseia
identificados em termos de pressão, em vez de no princípio que uma pressão aplicada suporta
peso. uma coluna líquida contra a atração
O manômetro a pistão ou peso morto é gravitacional. Quanto maior a pressão, maior a
usado como padrão para a calibração de coluna líquida suportada.
manômetros industriais. O instrumento a ser A unidade de pressão da coluna líquida é o
calibrado é ligado a uma câmara cheia de fluido comprimento. Mesmo que o comprimento não
cuja pressão pode ser ajustada por uma bomba seja reconhecido pelas normas ISO como
ou válvula. A câmara também se liga com um unidade de pressão, por uma questão de
pistão vertical em que vários pesos padrão são conveniência e tradição, ele ainda é muito
aplicados. A pressão é lentamente aumentada usado para medir pequenas pressões.
até que o pistão e os pesos pareçam flutuar, no A área da seção transversal do tubo não
ponto em que a pressão manométrica do fluido afeta a medição e por isso pode ser não-
é igual ao peso morto suportado pelo pistão, uniforme. Em um determinado local, com g
dividido por sua área. Para maiores precisões, constante e conhecido, a sensitividade
tomam-se cuidados especiais, como a depende somente da densidade do fluido. Água
diminuição do atrito entre o pistão e o cilindro, e mercúrio são os líquidos mais usados; a água
diminuição da área entre o cilindro e pistão, por ser o mais disponível e o mercúrio por ter
correção dos efeitos da temperatura, correção uma altíssima densidade e como
dos efeitos de deslocamento (buoyancy) do ar conseqüência, implicar em pequenas alturas de
e do meio da pressão, condições da gravidade coluna.
local, diferenças das alturas.
O método do peso morto só poderia medir
pressões acima da pressão correspondente ao
peso morto colocado (pressão de tara). Esta
dificuldade é superada através de um arranjo
físico especial.
A bomba de peso morto depende da
aceleração da gravidade. Para um trabalho
preciso, a gravidade sob a qual a bomba está
sendo usada como padrão deve ser
considerada. Se uma bomba de peso morto e a
massa padrão de 1 kilograma são

197
Variáveis do Processo

manômetros tem compensação de


temperatura. Eles devem ser manuseados com
cuidado para preservar a precisão. Quando
usando manômetros de faixa pequena com
líquido como meio de pressão, o efeito da
altura líquida entre a fonte de pressão e o
dentro do manômetro deve ser considerado. É
chamado de Manômetro de Precisão de
Laboratório.
O manômetro com classe 3A é calibrado
para uma precisão de ±0,25% do fundo de
escala. Ele tem diâmetro de 6". Geralmente
não tem compensação de temperatura e deve
Fig. 7.12. Manômetro digital para calibração ser usado em temperaturas próximas de 23 oC.
É chamado de Manômetro de Teste.
O manômetro com classe 2A, com
precisão de ±0,5% do fundo de escala, também
Para melhorar a precisão devem ser com diâmetro de 4 1/2" e sem compensação de
considerados os seguintes parâmetros: temperatura, é chamado de Manômetro de
1. a expansão da escala graduada Processo. É usado para a medição contínua do
2. valor exato do g local processo.
3. não verticalidade do tubo Outros manômetros, com classes A, B, C e
4. dificuldade da leitura do menisco do D, tem precisões respectivas de ±1%, ±2%, 3-
líquido formado pela capilaridade. 4% e 5% do fundo de escala.
5. densidade do fluido cuja pressão está
sendo medida. Isto ainda depende da
temperatura e da pressão. No caso de
gases, depende também do conteúdo da
umidade.
Para trabalho de alta precisão, todos estes
fatores devem ser considerados. Tipicamente,
para uma coluna d'água:
1. uma diferença de temperatura de 16 oC
varia o fator de conversão para pascal de
0,18%.
2. diferenças devidas a gravidade são
cerca de 0,1%.
3. o fator devido à densidade do ar é de
0,12%. Fig. 7.13. Uso do manômetro padrão para calibração
Com tais cuidados, pode-se ter precisão de
até 0,01 mm Hg. Quando se usa coluna d'água
para medir pressões diferenciais em altas
pressões estáticas (ordem de 100 atmosferas), Quanto maior a precisão do manômetro,
o erro devido ao desprezo da densidade do ar maior é o seu custo, mais cuidado se requer
é da ordem de 10%. em seu manuseio e maior freqüência de
O manômetro da coluna U pode ter várias recalibração é necessária para manter sua
formas, para aumentar sua precisão, como precisão. Os manômetros de pior precisão
manômetro com poço, com escala inclinada e geralmente são substituídos, quando
com micrômetro. quebrados, em vez de serem consertados.
O uso de manômetro de alta precisão com
Manômetro de precisão bourdon como padrão secundário ou de teste é
Em instrumentação, é também comum usar conveniente e prático. Ele deve ter um
manômetros para calibrar outros manômetros. certificado indicando o erro real, de modo que
A ANSI, por exemplo, classifica os manômetros se possa aplicar a correção adequada. Porém,
em sete classes de precisão. ele é sujeito a desgaste e requer calibrações
O manômetro mais preciso (classe ANSI freqüentes.
4A) tem precisão de ±0,1% do fundo de escala.
Eles tem diâmetro de 12 ou 16". Eles
necessariamente devem ter grande tamanho
físico, para possibilitar a leitura de 0,1%. Estes

198
Variáveis do Processo

5. Temperatura
A lei zero da termodinâmica estabelece que
dois corpos tendo a mesma temperatura devem
5.1. Definições estar em equilíbrio termal. Quando há
comunicação termal entre eles, não há troca de
A temperatura é uma quantidade de base coordenadas termodinâmicas entre eles. A
do SI, conceitualmente diferente na natureza mesma lei ainda estabelece que dois corpos
do comprimento, tempo e massa. Quando dois em equilíbrio termal com um terceiro corpo,
corpos de mesmo comprimento são estão em equilíbrio termal entre si. Por
combinados, tem-se o comprimento total igual definição, os três corpos estão à mesma
ao dobro do original. O mesmo vale para dois temperatura. Assim, pode-se construir um meio
intervalos de tempo ou para duas massas. reprodutível de estabelecer uma faixa de
Assim, os padrões de massa, comprimento e temperaturas, onde temperaturas
tempo podem ser indefinidamente divididos e desconhecidas de outros corpos podem ser
multiplicados para gerar tamanhos arbitrários. comparadas com o padrão, colocando-se
O comprimento, massa e tempo são grandezas qualquer tipo de termômetro sucessivamente
extensivas. A temperatura é uma grandeza no padrão e nas temperaturas desconhecidas e
intensiva. A combinação de dois corpos à permitindo a ocorrência do equilíbrio em cada
mesma temperatura resulta exatamente na caso. Isto é, o termômetro é calibrado contra
mesma temperatura. um padrão e depois pode ser usado para ler
A maioria das grandezas mecânicas, como temperaturas desconhecidas. Não se quer
massa, comprimento, volume e peso, pode ser dizer que todas estas técnicas de medição de
medida diretamente. A temperatura é uma temperatura sejam lineares mas que
propriedade da energia e a energia não pode conhecidas as variações, elas podem ser
ser medida diretamente. A temperatura pode consideradas e calibradas.
ser medida através dos efeitos da energia Escolhendo-se os meios de definir a escala
calorífica em um corpo. Infelizmente estes padrão de temperatura, pode-se empregar
efeitos são diferentes nos diferentes materiais. qualquer uma das muitas propriedades físicas
Por exemplo, a expansão termal dos materiais dos materiais que variam de modo reprodutível
depende do tipo do material. Porém, é possível com a temperatura. Por exemplo, o
obter a mesma temperatura de dois materiais comprimento de uma barra metálica, a
diferentes, se eles forem calibrados. Esta resistência elétrica de um fio fino, a militensão
calibração consiste em se tomar dois materiais gerada por uma junção com dois materiais
diferentes e aquecê-los a uma determinada distintos, a temperatura de fusão do sólido e de
temperatura, que possa ser repetida. Coloca-se vaporização do líquido.
uma marca em algum material de referência
que não tenha se expandido ou contraído.
5.2. Unidades
Depois, aqueça os materiais em outra
temperatura determinada e repetível e coloque A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto
uma nova marca, como antes. Agora, se iguais tríplice da água como ponto fixo de referência,
divisões são feitas entre estes dois pontos, a em lugar do ponto de gelo usado
leitura da temperatura determinada ao longo da anteriormente, atribuindo-lhe a temperatura
região calibrada deve ser igual, mesmo se as termodinâmica de 273,16 K. Foi escolhido o
divisões reais nos comprimentos dos materiais kelvin (anteriormente chamado de grau kelvin)
sejam diferentes. como unidade base SI de temperatura.Permite-
Um aspecto interessante da medição de se o uso do grau Celsius (oC), escolhido entre
temperatura é que a calibração é consistente as opções de grau centígrado e grau
através de diferentes tipos de fenômenos centesimal para expressar intervalos e
físicos. Assim, uma vez se tenha calibrado dois diferenças de temperatura e também para
ou mais pontos determinados para indicar temperaturas em uso prático.
temperaturas específicas, os vários fenômenos Em 1960, houve pequenas alterações na
físicos de expansão, resistência elétrica, força escala Celsius, quando foram estabelecidos
eletromotriz e outras propriedades físicas dois novos pontos de referência: zero absoluto
termais, irá dar a mesma leitura da e ponto tríplice da água substituindo os pontos
temperatura. de congelamento e ebulição da água.

199
Variáveis do Processo

A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no com a temperatura do cobre é diferente da


lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin prata.
fosse usado para expressar intervalo e Assim, é desejável que a escala de
diferença de temperaturas. temperatura seja independente de qualquer
Atualmente, kelvin é a unidade SI base da substância. A escala termodinâmica proposta
temperatura termodinâmica e o seu símbolo é pelo barão Kelvin, em 1848, fornece uma base
K. O correto é falar simplesmente kelvin e não, teórica para a escala de temperatura
grau kelvin. O kelvin é a fração de 1/273,16 da independente de qualquer propriedade de
temperatura termodinâmica do ponto tríplice da material e se baseia no ciclo de Carnot.
água.
Na prática, usa-se o grau Celsius e o kelvin 5.4. Escala Prática Internacional de
é limitado ao uso científico ou a cálculos que Temperatura (EPIT)
envolvam a temperatura absoluta. Um grau
Celsius é igual a um kelvin, porém as escalas O estabelecimento ou fixação de pontos
estão defasadas de 273,15. A temperatura para as escalas de temperatura é feito para
Celsius (Tc) está relacionada com a que qualquer pessoa, em qualquer lugar ou
temperatura kelvin (Tk) pela equação: tempo possa replicar uma temperatura
específica para criar ou verificar um
Tc = Tk - 273,15 termômetro. Os pontos específicos de
temperatura se tornam efetivamente nos
A constante numérica na equação (273,15) protótipos internacionais de calor. A
representa o ponto tríplice da água 273,16 Conferência Geral de Pesos e Medidas aceitou
menos 0,01. O ponto de 0 oC tem um desvio esta EPIT, em 1948, emendou-a em 1960, e
de 0,01 da escala Kelvin, ou seja, o ponto estabeleceu uma nova em 1968 (com 13
tríplice da água ocorre a 0,01 oC ou a 0,00 K. pontos) e em 1990 (com 17 pontos).
Os intervalos de temperatura das duas A Escala Prática Internacional de
escalas são iguais, isto é, 1 oC é exatamente Temperatura (EPIT) foi estabelecida para ficar
igual a 1 K. de conformidade, de modo aproximado e
O símbolo do grau Celsius é oC. A letra prático, com a escala termodinâmica. No ponto
maiúscula do grau Celsius é, às vezes, tríplice da água, as duas escalas coincidem
questionada como uma violação da lei de estilo exatamente, por definição. A EPIT é baseada
para unidades com nomes de pessoas. A em pontos fixos, que cobrem a faixa de
justificativa para usar letra maiúscula é que a temperatura de -270,15 a 1084,62 oC. Muitos
unidade é o grau e Celsius (C) é o modificador. destes pontos correspondem ao estado de
A temperatura pode ser realizada através equilíbrio durante a transformação de fase de
do uso de células de ponto tríplice da água, determinado material. Os pontos fixos
com precisão de 1 parte em 104. Medições associados com o ponto de solidificação ou
práticas tem precisão de 2 partes em 103. A fusão dos material são determinados à pressão
escala e os pontos fixos são definidos em de uma atmosfera padrão (101,325 Pa)
convenções internacionais que ocorrem
periodicamente.

5.3. Escalas
Para definir numericamente uma escala de
temperatura, deve-se escolher uma
temperatura de referência e estabelecer uma
regra para definir a diferença entre a referência
e outras temperaturas. As medições de massa,
comprimento e tempo não requerem
concordância universal de um ponto de
referência em que cada quantidade é assumida
ter um valor numérico particular. Cada
milímetro em um metro, por exemplo, é o
mesmo que qualquer outro milímetro. Escalas
de temperatura baseadas em pontos notáveis
de propriedades de substâncias dependem da
substância escolhida. Ou seja, a dilatação
termal do cobre é diferente da dilatação da
prata. A dependência da resistência elétrica Fig. 6.1. Termômetro de vidro

200
Variáveis do Processo

Além destes pontos de referência 12 Sn Fusão 231,928


primários, foram estabelecidos outros pontos 13 Zn Fusão 419,527
secundários de referência, que são mais 14 Al Fusão 660,323
facilmente obtidos e usados, pois requerem 15 Ag Fusão 961,78
menos equipamentos. Porém, alguns pontos 16 Au Fusão 1064,18
secundários da EPIT 1968 se tornaram 17 Cu Fusão 1084,62
primários na EPIT 1990.
escalas oC (K) oF (oR) Notas:
a
- eH2 hidrogênio em concentração de
equilíbrio das formas ortomolecular e
100 (373) 212 oF (672 oR)
paramolecular,
b
- Ponto triplo: temperatura em que as fases
sólida, líquida e gasosa estão em equilíbrio.

100 oC – 100 K 180 oF (492 oR ) Entre os pontos fixos selecionados, a


temperatura é definida pela resposta de
O C = (oF - 32)/1,8 F=1,8C+32
sensores específicos com equações
experimentais para fornecer a interpolação da
temperatura. Várias definições diferentes são
fornecidas, na EPIT de 1990 para temperaturas
32 oF (492 oR) muito baixas, próximas do zero absoluto.
0 oC (273 K)
Nestas temperaturas, usa-se um termômetro
0 oF (460 oR) de gás He para medir a pressão e a
sensor temperatura é inferida desta pressão. Na faixa
de 13,8033 K e 961,78 oC a temperatura é
definida por um termômetro de resistência de
Fig. 7.15. – Escalas de temperatura platina, que é calibrado em conjuntos
específicos de pontos fixos com equações de
interpolação cuidadosamente definidas.
Há dois motivos para se ter tantos pontos Acima de 1064,18 oC, a temperatura é
para fixar uma escala de temperatura: definida por pirômetro óptico de radiação, onde
1. poucos materiais afetados pelo calor a lei de Planck relaciona esta radiação com a
mudam o comprimento linearmente ou temperatura.
uniformemente. Tendo-se vários pontos, a A EPIT é continuamente revista e uma
escala pode ser calibrada em faixas nova versão pode estender a faixa para o
estreitas, onde os efeitos não linearidade extremo inferior de 0,5 K, substituindo o
podem ser desprezados. instrumento de interpolação a termopar com
2. nenhum termômetro pode ler todas as uma resistência de platina especial e atribuir
temperaturas. Muitos pontos fixos permite valores com proximidade termodinâmica para
um sistema robusto de calibração. os pontos fixos. Atualmente o mínimo valor
definido na EPIT é 13,81 K.
A calibração de um dado instrumento
Tab. 3.1 - Pontos Fixos da Escala Prática Internacional de medidor de temperatura é geralmente feita
Temperatura (1990) submetendo-o a algum ponto fixo estabelecido
ou comparando suas leituras com outros
Material Estado Temperatura padrões secundários mais precisos, que
O
# C tenham sido rastreados com padrões primários.
A calibração com outro instrumento padrão é
1 He Vapor -270,15 a feita através do seguinte procedimento:
-268,15 1. colocam-se os sensores dos dois
2 e-H2a Ponto triplob -259,346 7
instrumentos em contato íntimo, ambos em
3 e-H2 Vapor ~-256,16
um banho de temperatura,
4 e-H2 Vapor ~-252,85
2. varia a temperatura do banho na faixa
5 Ne Ponto triplo -248,593 9
desejada,
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
3. permite que haja equilíbrio em cada
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
ponto e
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
4. determinam-se as correções
9 H20 Ponto triplo 0,01
necessárias.
10 Ga Fusão 27,764 6
11 In Fusão 156,598 5

201
Variáveis do Processo

Termômetros com sensores de resistência Sensores


de platina e termopares geralmente são usados Existem vários modos de se determinar a
como padrões secundários. temperatura, incluindo o termômetro a gás, o
termômetro paramagnético, o termômetro de
radiação de Planck. Porém, são métodos para
a determinação termodinâmica da temperatura
e só possuem interesse científico e teórico e
por isso, são restritos a laboratórios de
pesquisa.
Em siderurgia e metalurgia, quando se tem
altas temperaturas, são utilizados medidores de
temperatura tipo radiação de energia. Alguns
que utilizam o olho humano como detector e
todos servem para medir temperaturas entre 1
200 e
3 000 oC. Há ainda pirômetros com detectores
de infravermelho e com padrões de referência
objetivos.
Fig. 7.16. Indicador de temperatura com enchimento Em laboratórios, é comum o uso de
termal termômetros de hastes de vidro. São tubos de
vidro transparente, contendo um fluido no seu
interior capilar. A dilatação do fluido é
proporcional à temperatura sentida no bulbo.
São simples e baratos, porém são frágeis e
5.5. Medição da Temperatura fornecem apenas leitura local. São aplicados
em laboratórios, oficina de instrumentação e
Introdução para medição clínica da temperatura do corpo
A medição pode ser medida por sensores humano.
mecânicos e elétricos. Os principais sensores Os sensores de temperatura podem ser
mecânicos são o bimetal e o sistema de classificados, de um modo geral, em
enchimento termal. Os principais sensores mecânicos e eletrônicos. Os sensores
elétricos são o termopar e o detector de mecânicos mais usados são os seguintes:
temperatura e resistência (RTD). 1. bimetal
O sensor bimetal funciona baseando-se na 2. enchimento termal
dilatação diferente para metais diferentes. A 3. haste de vidro
variação da temperatura medida causa Os sensores elétricos mais usados são:
variação no comprimento e no formato da barra 1. termopar
bimetal, que pode ser usada para posicionar o 2. resistência metálica
ponteiro na escala de indicação de 3. termistores ou resistência a
temperatura. semicondutor
O sistema de enchimento termal é formado Há ainda os pirômetros ópticos e de
por um bulbo sensível, um sensor de pressão, radiação, para medição de temperatura sem
um tubo capilar de interligação e um fluido de contato direto.
enchimento. O fluido pode ser gás (tipicamente
nitrogênio), fluido não volátil (glicerina ou óleo
de silicone) ou um fluido volátil (éter etílico). A Tab. 3.2 - Faixas e métodos de medição
temperatura é medida através da variação da
pressão do gás ou da pressão de dilatação do Métodos Faixa de Medição
fluido não volátil ou da pressão de vapor do
oC
fluido volátil. Termopares -200 a 1700
A medição de temperatura por termopar se Enchimento -195 a 760
baseia na militensão gerada pela diferença de RTD -250 a 650
temperatura entre as duas junções de dois Termistores -195 a 450
metais diferentes. A medição de temperatura Radiação -40 a 3000
por resistência elétrica se baseia na variação
da resistência elétrica de metais ou termistores
depender da variação da temperatura medida.

202
Variáveis do Processo

A seleção do elemento sensor de


temperatura mais adequada é parecida com a
escolha dos elementos de pressão. É uma
tarefa mais simples pois não envolve
necessariamente as características do fluido do
processo, como ocorre na do medição de nível
e vazão. Um método de medição de vazão ou
nível pode não funcionar, o que também é
diferente do meio de medição de temperatura.
Geralmente, o meio de medição de
temperatura escolhido funciona e, na escolha,
deve-se preocupar mais com os aspectos de
custo, precisão, tempo de resposta, faixa de
medição, preferência e vantagens de
manutenção.
Os parâmetros da escolha são
1. função requerida indicação, registro ou
controle.
2. local de montagem e display Fig. 7.17. Termômetro de haste de vidro
3. a faixa de medição, com os valores de
trabalho, máximo e mínimo da faixa. As
medições de temperaturas muito baixas
(< -50 oC) e elevadas (>150 oC), O termômetro de haste de vidro pode medir
requerem cuidados especiais. faixas estreitas de temperatura. Por exemplo, o
termômetro clínico tem
Termômetros de vidro 1. comprimento útil de 100 mm,
Em um termômetro com haste de vidro, a 2. faixa de medição de 35,0 e 42,0 oC
variação volumétrica resultante da expansão 3. volume do bulbo de 0,5 cm3
termal é interpretada como temperatura. Este 4. diâmetro do capilar de 0,025 mm
termômetro foi o primeiro sistema de expansão A haste é freqüentemente projetada e
termal fechado e foi conhecido desde o século construída com uma escala amplificadora, para
XVIII, quando Gabriel Daniel fahrenheit melhorar a leitura.
investigava a expansão do mercúrio. O fluido de enchimento pode ser líquido ou
O termômetro de vidro é constituído de: gás. Os líquidos mais usados são:
1. bulbo sensor 1. mercúrio, cujo fator de expansão é de
2. haste de vidro com escala graduada e 0,005%/oC e é linear. Assim, o volume
com um tubo capilar interno do bulbo deve ser cerca de 10 000
3. fluido de enchimento vezes o volume do capilar entre duas
O bulbo sensor é a parte sensível do marcações separadas por 0,5 oC.
termômetro e deve ser colocado no local onde 2. álcool
se quer medir a temperatura. A maioria do 3. pentano
fluido fica no bulbo. 4. éter
A haste de vidro possui um tubo capilar O termômetro de mercúrio pode ser usado
interno, onde o fluido irá se expandir. Embora o entre –39 oC (ponto de solidificação) e 538 oC
bulbo e o tubo capilar possam ser do mesmo (ponto de ebulição). A desvantagem do
material, é mais conveniente usar um vidro mercúrio é sua toxidez.
para o bulbo com um bom fator de estabilidade Os termômetros com álcool e éter são
e para o capilar usa-se um vidro fácil de ser usados em temperaturas mais baixas.
trabalhado. Geralmente adiciona-se tinta colorida (azul,
Para garantir a precisão do termômetro de verde, vermelha) para aumentar a visibilidade.
vidro, o tubo capilar deve ter uma área anelar O espaço acima da coluna de mercúrio até
uniforme ou então, o termômetro deve ser o topo selado da escala é evacuado, mas pode
calibrado em muitos pontos. ser preenchido com gás inerte seco, como
nitrogênio, para aumentar a faixa de medição
de temperatura.
Outra característica importante do
termômetro de haste, principalmente do clínico,
é uma restrição colocada no tubo capilar, que
evita a volta do fluido para o bulbo, quando a
temperatura baixa. Esta restrição torna o

203
Variáveis do Processo

termômetro um indicador de máximo. Assim, 3. facilidade de instalação e de


para possibilitar a leitura de qualquer manutenção
temperatura, deve-se zerar ou resetar o 4. largas faixas de medição
termômetro, sacudindo-o antes do uso. 5. possibilidade de ser usado com os
Para minimizar a quebra acidental do bulbo mecanismos de transmissão.
de vidro, é comum se usar um poço termal
metálico para proteger o bulbo.
As vantagens do termômetro de vidro são:
1. baixo custo
2. simplicidade
3. grande duração, se manipulado
corretamente
As desvantagens são:
1. leitura difícil
2. confinamento ao local de medição
3. não adaptável para transmissão,
registro ou controle automático Fig. 7.18. Bimetal
4. susceptível de quebra, pois é de vidro
frágil
Mesmo um termômetro de haste de vidro
deve ser calibrado periodicamente, onde se
As desvantagens são
inspecionam visualmente e verificam as
1. precisão ruim
dimensões, permanência do pigmento,
2. não linearidade de indicação
estabilidade do bulbo e precisão da escala.
3. grande histerese
Depois da calibração, podem ser feitas
4. presença de peças moveis que se
correções, aplicados fatores de correção ou o
desgastam
termômetro pode ser descartado.
5. facilidade de perder calibração
Norma de referência: ASTM E 77 – 92:
A principal aplicação para o termômetro a
Standard Test Method for Inspection and
bimetal é em indicação local de temperaturas
Verification of Thermometers. Várias normas
de processo industrial. É muito usado para
ASTM cobrem os termômetros clínicos.
controle comercial e residencial de temperatura
Bimetal associado a ar condicionado e refrigeração.
O sensor a bimetal integral ao instrumento
O termômetro a bimetal possui todos os
não pode ser calibrado isoladamente mas
componentes de medição – sensor, somente pode ser inspecionado visualmente,
condicionador e indicador – em um único para verificar corrosão ou danos físicos
invólucro.
evidentes.
O princípio de funcionamento é simples O que se faz é calibrar o sistema de
dois metais com coeficientes de dilatação indicação, colocando-se o termômetro em um
térmica diferentes são soldados formando uma banho de temperatura e comparando as
única haste. à uma determinada temperatura, a indicações do termômetro com as indicações
haste dos dois metais está numa posição; de um termômetro padrão colocado junto. O
quando a temperatura varia, a haste modifica a termômetro a bimetal pode ser calibrado e, se
sua posição produzindo uma força ou um necessário, ajustado nos pontos de zero e de
movimento. amplitude de faixa.
As partes do termômetro a bimetal são
1. o sensor, em contato direto com a Termômetros para city gate
temperatura
Os termômetros bimetálicos devem ter as
2. os elos mecânicos, para amplificar
seguintes características gerais:
mecanicamente os movimentos
a) mostrador de no mínimo l00 mm de
gerados pela variação da temperatura,
diâmetro;
detectada pelo bimetal.
b) conexão ao poço de 1/2” NPT;
3. a escala acoplada diretamente aos elos
c) haste de aço inoxidável AISI 316 com
mecânicos, para a indicação da
diâmetro externo de 6 mm;
temperatura medida.
d) incerteza de medição: 1 % do “span”;
4. opcionalmente, pode-se usar o sistema
e) caixa de AISI 304, com grau de proteção
de transmissão.
IP -55;
As vantagens do bimetal são:
f) ajuste de zero no ponteiro.
1. baixo custo,
As escalas devem ser de fundo branco com
2. simplicidade do funcionamento
caracteres pretos. Recomenda-se os seguintes

204
Variáveis do Processo

valores padronizados para os ranges, em °C: - 3. circuito de detecção do sinal de militensão,


50/0/50; 0/100; 0/150; 0/200; 0/300; 0/400; geralmente a clássica ponte de
0/500; 0/600. Wheatstone, com as quatro resistências de
O diâmetro mínimo de linha para instalação balanço. Na prática o circuito é mais
de poços para instrumentos de temperatura complexo, colocando-se potenciômetros
será 2". ajustáveis no lugar de resistências fixas. Os
ajustes correspondem aos ajustes de zero
e de amplitude de faixa.
5.6. Termopar 4. a fonte de alimentação elétrica, de corrente
contínua, para a polarização dos circuitos
elétricos de detecção, amplificação e
Princípio de funcionamento condicionamento do sinais.
Os termopares transformam calor em
eletricidade. As duas extremidades de dois fios Configurações
de metais diferentes (e.g., ferro e As configurações de ligações podem ser de
constantant®), são trançadas juntas para três tipos básicos
formar duas junções: uma de medição e outra 1. o termopar é ligado diretamente do
de referência. Um voltímetro ligado em paralelo processo para o instrumento receptor
irá mostrar uma tensão termelétrica gerada remoto. Os fios de ligação devem ser de
pelo calor. Esta tensão é função da termopar, do mesmo tipo que a junta de
1. diferença de temperatura entre a junção de medição, a fim de não introduzir erros de
medição e a junção de referência, que é o medição. Atualmente, são desenvolvidos
princípio da medição da temperatura. fios de extensão feitas de ligas com
2. tipo do termopar usado. Pesquisas são características termelétricas iguais as do
desenvolvidas para se encontrar pares de termopar e de menor custo.
metais que tenham a capacidade de gerar 2. o termopar é ligado ao transmissor
a máxima militensão quando submetidos a eletrônico de temperatura. A entrada do
temperaturas diferentes. transmissor é o termopar, ligado ao
3. homogeneidade dos metais. As instalações processo e a saída é o sinal padrão de
de termopar requerem calibrações e corrente, de 4 a 20 mA cc. A vantagem
inspeções periódicas para verificação do dessa ligação é que o fio de transmissão é
estado dos fios termopares. A degradação de cobre comum mais econômico que o fio
do termopar introduz erros na medição. de termopar.
3. O termopar é ligado ao transmissor
Circuito de medição pneumático de temperatura. A entrada do
O circuito de medição completo deve transmissor é o termopar, em contato com
possuir os seguintes componentes básicos o processo e a saída do transmissor é o
1. o termopar, que está em contato com o sinal pneumático padrão, de 20 a 100 kPa.
processo. O ponto de junção dos dois Essa configuração é adequada quando se
metais distintos é chamado de junta quente tem o instrumento receptor de natureza
ou junta de medição. pneumática.
2. a junta de referência ou junta fria ou junta
de compensação, localizada no
instrumento receptor. Como a militensão é
proporcional à diferença de temperatura
entre as duas junções, a junta de referência
deve ser constante. Como nos primeiros
circuitos havia um recipiente com água +
gelo, para manter a junta de referência em
0 oC, a junta de referência é também
chamada de junta fria. Mesmo quando se
mede temperatura abaixo de 0 oC, portanto
quando a junta quente é mais fria que a
junta fria, os nomes permanecem, por
questões históricas. Atualmente, em vez de
se colocar um pouco prático balde com Fig. 7.19. Transmissor inteligente de temperatura
água + gelo, utiliza-se o circuito de
compensação com termistores e
resistências.

205
Variáveis do Processo

Tipos de termopares diretamente um sinal de militensão


Existem vários tipos de termopares, substituindo-se o termopar.
designados por letras; cada tipo apresentando
maior linearidade em determinada faixa de
medição. Essa variedade de tipos facilita a
escolha, principalmente porque há muita
superposição de faixa, havendo uma mesma
faixa possível de ser medida por vários
termopares.
A militensão gerada é de corrente contínua.
O termopar é polarizado e cada metal
corresponde a uma polaridade. Convenciona-
se que o primeiro nome do termo corresponde
ao pólo (+).
Os tipos mais utilizados são
1. tipo J, de Ferro (+) e Constantant (-), Fig. 7.21. Instalação do sensor
com faixa de medição até 900 oC. Para
a identificação, o Fe é o fio magnético.
2. tipo K, de Cromel (+) e Alume1 (-), para
a faixa de medição até 1.200 oC, sendo
o Cromel levemente magnético.
3. tipo T, de Cobre (+) e Constantant (-),
para faixa até 300 oC. É fácil a
identificação do cobre por causa de sua
cor característica.
4. tipo S, com a liga (+) de Platina (90%) +
Ródio (10%) e Platina pura (-). Atinge
até medição de 1.500 oC e para
identificação, platina pura é a mais
maleável.
5. tipo R, também liga (+) de Platina
(87%) + Ródio (13%) e Platina (-), com
a mesma faixa de medição até 1.500
oC e identificando-se a platina pura
pela maior maleabilidade.
Fig. 7.22. Curvas dos vários tipos de termopar

Vantagens e limitações
O termopar apresenta todas as vantagens
inerentes ao sistema elétrico. Por isso, quando
comparado ao sistema mecânico de
enchimento termal tem-se
1. menor tempo de atraso,
2. maiores distâncias de transmissão,
3. maior flexibilidade para alterar as faixas
Fig. 7.20. Sistema completo: bulbo, sensor e poço de medição,
4. maior facilidade para reposição do
elemento sensor, quando danificado
5. maior precisão.
Cada curva de termopar é diferente entre si Quando comparado com a resistência
e todas possuem regiões não-lineares. As detectora de temperatura, tem-se
curvas são necessárias e úteis para a 1. o custo do elemento termopar é menor,
calibração do receptor de termopar. Quando se 2. o tamanho do elemento sensor é menor,
quer calibrar um instrumento indicador- portanto com tempo de resposta menor e
registrador de temperatura a termopar, em vez mais conveniente para montagem.
de se ter um banho de temperatura, simula-se 3. calibração é is fácl.

206
Variáveis do Processo

4. verificações de calibração mais fáceis. A medição de temperatura nos terminais é


Aliás, a medição de temperatura com necessária porque um termopar contem
termopar é autoverificável, quando se tem inerentemente duas junções de metais
o dispositivo de proteção de queima diferentes e não apenas uma. A saída de
(burnout) do termopar. Incorpora-se no tensão deste sistema de termopar é afetada
circuito de medição, um sistema para levar pelas temperaturas de ambas as junções. A
a indicação da leitura para o fim ou para o medição da temperatura da junção de medição,
início da escala, quando ocorrer o deste modo, requer o conhecimento da
rompimento da junta de medição. temperatura da junção de referência. Em
5. flexibilidade para modificação do circuito, muitos instrumentos, a junção de referência
para medição de soma ou subtração de ocorre nos terminais de ligação neste
temperaturas. instrumento receptor.
6. as larguras de faixas medidas são maiores O microprocessador simplificou muito a
que as conseguidas no sistema mecânico e calibração do termopar. Sua memória pode
com o bulbo de resistência. conter as curvas de temperatura (tensão x
Porém, ele apresenta desvantagens, com temperatura) para os diferentes termopares.
relação ao sistema de enchimento mecânico e Estas curvas são geradas usando-se equações
com relação ao bulbo de resistência elétrica publicadas pelo National Institute of Standards
1. a característica temperatura x militensão and Technology. Um instrumento a
não é linear totalmente. microprocessador também faz a medição da
2. o sinal de militensão pode captar ruídos na temperatura da junção de referência,
linha de transmissão. incorporando-a em um resultado compensado
3. o circuito de medição é polarizado, quando corretamente. Quando a calibração do
o da resistência não o é. instrumento baseado em microprocessador
4. requer circuito de compensação das recebe uma tensão, ele imediatamente
variações da temperatura ambiente. translada para a unidade de temperatura (oC),
5. a junta de medição pode se deteriorar, se de acordo com tabelas contidas na sua
oxidar e envelhecer com o tempo. memória e indica digitalmente estes valores.
Os termopares são aplicados em medições Para calibrar instrumentos com termopar, a
de temperaturas em um ponto e não em uma técnica básica é fornecer um sinal conhecido
região média) onde se requer pequenos para o instrumento receptor para garantir que
atrasos. Ele é conveniente em sistemas que ele está dando uma indicação precisa e exata.
envolvem muitos pontos de medição, sendo O calibrador fornece este sinal de uma fonte
selecionado instantaneamente um único ponto estável e monitora, ao mesmo tempo, o sinal
para indicação ou registro. com o sistema de medição do próprio
calibrador. A curva temperatura versus tensão
Calibração do termopar armazenada no sistema do microprocessador
Como a homogeneidade dos fios do calibrador é o ponto de referência para gerar
componentes do termopar pode se modificar, o uma saída correta. Assim, o calibrador simula o
termopar e os fios de extensão de termopar termopar, gerando uma tensão correspondente
devem ser periodicamente calibrados. A à temperatura e indicando temperatura (e não
calibração consiste em verificar se as suas tensão).
características se afastaram dentro da Além de calibrar e ajustar o instrumento
tolerância (termopar bom) ou além da receptor (registrador, indicador, controlador),
tolerância (termopar deve ser descartado). deve-se calibrar o sensor em si. O sensor pode
As técnicas de calibração do termopar tem ser substituído por um sensor novo calibrado
sido melhoradas constantemente em ou pode ser removido e calibrado em um
velocidade e confiabilidade, por causa do uso laboratório de temperatura. Ele também pode
do microprocessador. A técnica antiga consistia ser calibrado no local se um sensor padrão de
em ligar o instrumento receptor do termopar referência puder ser instalado temporariamente
aos terminais de um potenciômetro portátil de próximo do termopar de trabalho. Este caso
militensão, medir a temperatura destes nem sempre é possível, mas quando possível,
terminais com um termômetro padrão, ajustar a ele deve ser preferido. Sua vantagem é que o
saída do potenciômetro para dar a indicação sensor instalado é aferido em sua condição real
teórica no receptor e anotar o ajuste do de operação. Um calibrador tendo dois canais
potenciômetro. Finalmente, se procurava a de entrada torna este método prático.
temperatura correspondente em tabelas
padrão. Este processo consumia muito tempo e
era susceptível a erros potenciais.

207
Variáveis do Processo

Tab.16.3. Características dos Termopares Padrão ISA


Tipo Material Sensitividade Temperatura Incerteza F.e.m.
+/- mV/K K % v.m. (mV)
T Cobre/Constantant 0,05 3 a 675 0,5 -6,258 a 20,869
J Ferro/Constantant 0,05 63 a 1475 1,0 -8,096 a 42,922
K Cromel/Alumel 0,04 3 a 1645 1,0 -6,458 a 54,875
E Cromel/Constantant 0,08 3 a 1275 1,0 -9,835 a 76,358
R Pt + 10% Rh/Pt 0,01 224 a 2035 0,5 -0,226 a 21,108
S Pt + 13%Rh/Pt 0,01 224 a 2035 0,5 -0,236 a 18,698
B Pt + 30%Rh/Pt + 6%Rh 273 a 2000 0,5 0 a 13,814

Notas:
1. Conforme Norma ISA MC 96.1, Temperature Measurement Thermocouples, 1975.
2. Cromel® e Alumel® são marcas registradas de Hoskins Co.
3. A militensão se refere à junção de referência a 0 oC.

5.7. Resistência detectora de


temperatura (RTD)

Princípio de funcionamento
A resistência elétrica dos metais depende
da temperatura; este é o princípio de operação
do sensor de temperatura a resistência elétrica
(RTD - Resistance Temperature Detector).
Quando se conhece a característica
temperatura x resistência e se quer a medição
da temperatura, basta medir a resistência
elétrica. Essa medição é fácil e prática.
Normalmente, a resistência metálica possui Fig. 7.24. Curvas de resistência x temperatura .
o coeficiente térmico positivo, ou seja, o
aumento da temperatura implica no aumento
da resistência elétrica. A resistência de material
semicondutor (Si e Ge) e as soluções
Materiais da RTD
eletrolíticas possuem coeficientes térmicos
negativos, onde o aumento da temperatura Teoricamente, qualquer metal pode ser
provoca a diminuição da resistência. A usado como sensor de temperatura, porém, na
resistência elétrica a semicondutor, com prática industrial, são usados apenas aqueles
coeficientes negativos, é chamada de termistor que apresentam propriedades convenientes,
e é usada também como sensor de tais como:
temperatura e nos circuitos de compensação 1. linearidade entre variação da
de temperatura ambiente das juntas de resistência termal e temperatura
referência do termopar. 2. estabilidade termal
Os tipos mais comuns de resistência 3. ductilidade (propriedade de ser
metálica são a platina, níquel e cobre. transformado em fio fino)
4. disponibilidade comercial
5. preço acessível
Os metais mais usados são: platina, níquel
e cobre. Também é usado material
semicondutor (termistor).

208
Variáveis do Processo

Platina
A platina (Pt) é usada para medição de
faixas entre 0 e 650 oC. A característica
resistência x temperatura é linear nesta faixa e
apresenta grande coeficiente de temperatura.
O sensor Pt 100 tem resistência de 100 Ω à 0
oC e de aproximadamente 139 Ω à 100 oC.
Embora a mais cara, a platina possui as
seguintes vantagens
1. é disponível em elevado grau de
pureza,
2. é resistente à oxidação, mesmo à alta
temperatura, Fig. 7.25. Resistências dentro de bulbos, com os
3. é capaz de se transformar em fio cabeçotes de acesso
(dúctil).

Níquel
O níquel (Ni) é o segundo metal mais
utilizado para a medição de temperatura. É Termistor
também encontrado em forma quase pura, O termistor é considerado um detector de
entre 0 oC a 100 oC apresenta um grande temperatura a resistência (RTD). As diferenças
coeficiente termal. Porém, a sua sensibilidade básicas entre o termistor e uma resistência
decresce bruscamente em temperaturas acima convencional são as seguintes
de 300 oC. A sua curva resistência x 1. o coeficiente de temperatura é
temperatura é não linear. negativo,
2. sua resposta é mais rápida e seu
Cobre tamanho é menor,
O cobre (Cu) é outra resistência utilizada, 3. seu custo é muito menor que o da
porém em menor freqüência que as resistência de Pt ou Ni,
resistências de Platina e de Níquel. As suas desvantagem são a limitação das
Quando comparada com o termopar, a faixas de medição (-50 a 300 oC) e a menor
resistência detectora de temperatura de platina precisão.
apresenta as seguintes vantagens A maior aplicação do termistor é em
1. altíssima precisão. Provavelmente a circuitos de compensação de temperatura
medição de temperatura através da platina ambiente na junta de termopar.
é a mais precisa em todo o campo da
instrumentação. Configurações
2. não apresenta polaridade (+) e (-). O RTD pode ser ligado diretamente ao
3. apropriada para medição de temperatura receptor. A ligação pode ser feita através de 2,
média enquanto o termopar é adequado 3 ou 4 fios. O terceiro e o quarto fio são usados
para medição de temperaturas em um para compensar as variações da resistência
ponto. dos fios de transmissão do sinal provocadas
4. capaz de medir amplitude de faixa estreita; pela temperatura ambiente variável.
de até 5 oC O RTD é elemento sensor do transmissor
5. mantém-se estável, precisa e calibrada eletrônico de temperatura. A entrada do
durante muitos anos. transmissor é a resistência e sua saída é o
As desvantagens são sinal padronizado de corrente, entre 4 a 20 mA
1. o alto custo, cc. A vantagem dessa fiação é que o fio de
2. os bulbos maiores, transmissão é comum e não requer
3. o tempo de resposta é mais demorado, compensação.
4. o auto-aquecimento da resistência O RTD é também o elemento sensor do
constitui um problema transmissor pneumático de temperatura. A
5. a exigência de fiação com 3 ou 4 fios para entrada do transmissor é a resistência e a
a compensação da temperatura ambiente. saída é o sinal pneumático padrão de 20 a 100
A resistência detectora de temperatura é kPa. Esta instalação é típica para
aplicado quando se quer uma medição com instrumentação pneumática de painel e
altíssima precisão e estabilidade e quando a medição de temperatura com detector de
amplitude de faixa de medição é estreita. temperatura a resistência.

209
Variáveis do Processo

5.8. Acessórios diâmetro (Y) do bulbo, ou mais


precisamente, o diâmetro da parte sensível,
que é função do tamanho do bulbo e da
Bulbo
amplitude de faixa de temperatura medida,
O bulbo termal serve para quando de enchimento termal.
encerrar o fluido de enchimento do sistema união, que é opcional. Quando há união,
termal mecânico. Nessa configuração, o ela pode ser fixa ou ajustável. A união é uma
elemento de temperatura é formado pelo rosca macho e sua finalidade é a de fixar o
conjunto bulbo + capilar + elemento sensor de bulbo na parede do processo ou no poço.
pressão. O sistema é totalmente selado, sem
vazamento e sem bolhas de ar,
proteger o termopar ou o fio de resistência
detectora de temperatura dos rigores do
processo.
Em qualquer situação o bulbo está em
contato direto com o processo, quando não há
poço. Os seus materiais de construção são o
aço inoxidável AISI 316 e ligas especiais, como
Monel®, Hastelloy® e metais nobres como Ti,
Pt, Ta. Fig. 7.27. Bulbo e suas dimensões

Os bulbos são usados nas seguintes


configurações
bulbo plano, o mais simples possível. É
usado em recipiente raso, em tanques abertos,
onde nenhum suporte é disponível. Não existe
em Classe III de enchimento termal.
bulbo plano com extensão dobrável,
também usado sem união, em aplicações que
sejam necessárias curvaturas da porção
sensível do bulbo para melhor resultado.
bulbo de união, fixa ou ajustável, com
extensão dobrável, para uso em vasos
fechados e pressurizados, sem proteção, com
Fig. 7.26. Bulbos de temperatura pressões até 70 MPa.
bulbo de união, fixa ou ajustável, com
extensão rígida, para uso com bulbo sem
A geometria do bulbo de temperatura varia proteção, onde há forças provocadas por
com o fabricante e com as exigências do agitações no tanque.
processo. Há recomendações da Scientific bulbo capilar, para aplicação em medição
Apparatus Manufacturer Association (SAMA) de temperaturas médias, no interior de dutos,
para normalizar os nomes das partes notáveis fornos, secadores, estufas.
do bulbo: Poço de temperatura
parte sensível (X), é a parte que envolve o
elemento sensor (termopar ou resistência) ou a O poço de temperatura é um receptáculo
parte que sente a temperatura, ficando em metálico, rosqueado, soldado ou flangeado ao
contato com o ponto que se quer medir a equipamento do processo, que recebe o bulbo
temperatura. A parte sensível pode ser de medição. Os objetivos do poço são os de
ajustável (50 a 450 mm). 1. proteger o bulbo de medição da
extensão (J) é a distância que vai do ponto corrosão química e do impacto
onde é fixado o bulbo até o início da parte mecânico;
sensível. A extensão pode ser rígida ou 2. possibilitar a remoção do bulbo de
dobrável. medição sem interrupção do processo;
inserção (U) é a soma da extensão e da 3. diminuir a probabilidade de vazamento
parte sensível; é toda a parte que fica nas tomadas de temperatura,
mergulhada ou no interior do processo. Tem-se aumentando também sua resistência
U = X + J. mecânica;

210
Variáveis do Processo

4. tornar praticável a medição de fluidos de


alta temperatura, corrosivos, sujos e
tóxicos e submetidos à pressão elevada.
A principal desvantagem do poço de
temperatura é o aumento do tempo morto da
resposta do sistema, pois o poço introduz uma
camada de ar entre o bulbo, além de introduzir
a resistência de sua parede. Para diminuir essa
influência deve se minimizar a distância entre o
bulbo e o poço, ou então se colocar uma
substância condutora para substituir o ar, que
é um mau condutor térmico.
Existem poços de temperatura feitos de
vários materiais aço inoxidável, ligas especiais
de Monel®, Hastelloy®, Tântalo, bronze e
outros. Quando se utiliza o poço, ele funciona
como um selo, podendo-se usar bulbos de
materiais padronizados. O poço de temperatura
evita que o bulbo entre diretamente em contato
com o processo.

Fig. 7.28. Poços de temperatura


Fig. 7.29. Instalação do poço em tubulação

Há algumas diferenças de montagem do


poço Quanto ao formato, o poço pode ser
1. Montado em tubulações, podendo ser classificado como:
montado rosqueado diretamente ao tubo, 1. poço padrão, rosqueado, de formato
recebendo o bulbo, que é aparafusado no cilíndrico, com comprimentos acima de 150
seu interior. O poço possui uma rosca mm e rosca externa de 1/2" a 1" NPT;
externa para a ligação com a tabulação e 2. poço padrão, com rosca externa afastada
possui no interior outra rosca, onde fica da rosca interna, apresentando um "atraso",
conectado o bulbo de medição. Quando a apropriado para superfícies com
parede do tubo é grande, o poço deve revestimento de isolação;
possuir uma extensão de atraso. Quando 3. poço cônico, usado em tubulações com
em tabulação, o bulbo pode ser ligado ao fluidos em alta velocidade, serviços
processo através de uma conexão tipo T; abrasivos, linhas de vapor ou qualquer outra
2. Montado em vasos, através de roscas ou instalação que requeira alta resistência
de flanges, nas paredes laterais ou no topo. lateral;
4. poço flangeado, mais prático que o
rosqueado, usado quando a tomada do
processo é feita em flange.

211
Variáveis do Processo

6. Análise por cromatografia A simplicidade e potência analítica do


método foram reconhecida imediatamente. Por
causa de sua promessa, a técnica recebeu
6.1. Introdução e Histórico muito atenção e seu desenvolvimento foi muito
rápido. Desde 1952, o crescimento nos
A cromatografia é um processo físico pelo aspectos teóricos e práticos da técnica foram
qual uma mistura de produtos químicos pode enormes. Não somente se verificou que era
ser separada e se tornou rapidamente uma das uma solução simples para muitas análises
técnicas analíticas mais bem sucedidas, tanto complexas de rotina de laboratório, mas era um
em laboratório como em linha com processo. método eficiente para ser usado em controle de
O processo cromatográfico trabalha de um processo em linha.
modo descontinuo, semelhante a uma A cromatografia é hoje reconhecida como
distilação em batelada. Uma pequena amostra uma das mais importantes ferramentas
é tomada e os componentes individuais da analíticas, com a grande vantagem de fazer a
mistura são retidos em uma coluna em separação e o cálculo quantitativo de
diferentes larguras, como se eles tivessem sido componentes em uma amostra de modo rápido
distilados um a um. Por causa de sua natureza, e simples.
a separação normalmente ocorre de 1 a 10
minutos. Quando os componentes emergem do 6.2. Tipos de Cromatografia
processo, eles são individualmente medidos e
relatados. A base da cromatografia é que uma
Note que isto é um processo físico; amostra da mistura a ser analisada é
nenhuma mudança química é envolvida. Na transportada através de um meio estático por
pratica, usualmente se trata de gases um portador móvel. Os vários tipos de
dissolvidos em líquidos ou sendo atraídos para cromatografia são classificados pela natureza
a superfície de materiais sólidos. do portador (ou fase móvel) e a natureza do
A invenção da cromatografia é atribuída ao meio estático (ou fase estacionaria). Há
trabalho do bioquímico russo Tswett, que portanto quatro possibilidades possíveis:
estava interessado na substância de cor verde
encontrada nas plantas. Em 1903 ele escreveu
um relatório sobre a separação de diferentes Fase móvel Fase estacionária
pigmentos da planta que eram visíveis como
faixas coloridas quando uma solução de Líquida Líquida LLC
clorofila era lavada por um solvente Líquida Sólida LSC
conveniente através de um tubo contendo um Gasosa Líquida GLC
adsorvente, como um pó de giz. Em um paper Gasosa Sólida GSC
publicado em 1906, Tswett chamou esta
técnica de cromatografia (literalmente,
escrevendo colorido).
Nada mais foi escutado acerca de
cromatografia até uma técnica conhecida como
cromatografia de partição foi introduzida por
Martin e Synge em 1941, usando uma fase
líquida móvel. O método foi mais desenvolvido
por Martin e seus colaboradores para uma
forma especial de técnica conhecida como
cromatografia de papel. Por esta contribuição
muito útil no campo da biologia e medicina,
Martin e Synge receberam o Prêmio Nobel em
1952.
A possibilidade de usar uma fase móvel
gasosa em vez de um líquido foi mencionado
em 1941, por Martin e Synge, mas não havia
seguimento desta sugestão. Eventualmente, Fig. 7.30. Cromotograma
James e Margin começaram a elabora-la em
1949 e os resultados foram apresentados no
Congresso de Química Analítica, em Oxford,
Inglaterra, em 1952. Uma das características
deste método foi as amostras muito pequenas
usadas para os cálculos.

212
Variáveis do Processo

6.3. Cromatografia Gás-Líquido n-Pentano 0.000 0-5


Hexano plus 0.000 0-5
Os componentes básicos de um Nitrogênio 1,80950 0-5
cromatógrafo simples gás-líquido são
Oxygênio 0.000 0-5
mostrados na Fig. 1.1. O gás portador, que é
CO2 3,00870 0-5
normalmente nitrogênio, hélio ou hidrogênio,
H2O 0,01310 0-5
flui continuamente através da coluna, onde
ocorre a separação. As amostras, que podem Total 100,00
ser gás (volume típico de 0.5 mL) ou líquido
(volume típico de 1 μL), são injetadas
Condições de operação do gás:
periodicamente no gás portador por uma
válvula especialmente projetada chamada de Temperatura 20 a 25 ºC
válvula de injeção da amostra. As amostras Pressão 3,3 a 3,5 MPa
líquidas devem ser vaporizadas logo depois da Temperatura de projeto 55 ºC
injeção e passar através do sistema na fase de Pressão de Projeto 4,2 MPa
vapor.
Após a separação, os componentes
emergem da coluna e passam pelo detetor que Condições do abrigo
produz um sinal proporcional à concentração Elevação 0 m acima do nível do mar
instantânea dos componentes da amostra no Temperatura 16 a 33 oC
gás portador. Quando este sinal é registrado
em função do tempo da injeção da amostra,
obtém-se o registro do cromatograma
característico.
Desde que o volume da amostra, as
colunas e o detetor tem a operação
dependente da temperatura, eles são
instalados em um invólucro com temperatura
controlada, chamado de forno.

Fig. 7.32. Cromatógrafo de laboratório

6.5. Cromatógrafo em linha


Fig. 7.31 Cromatógrafo gás-líquido básico O cromatógrafo deve ser capaz de operar
com a composição do gás mostrada na Tab. e
deve discriminar os seguintes componentes:
metano, etano, propano, i-butano, n-butano, i-
6.4. Cromatógrafo para gás natural pentano, n-pentano, hexano+ e gases inertes,
como CO2 e N2.
Composição do gás de entrada A amostra do gás deve ser tomada de um
header no lado de fora do skid de regulação de
Componente Mol Faixa pressão, nas condições de operação do gás.
Metano 84.2963 75-100 O amostrador do cromatógrafo deve
Ethano 10.2517 0-12 garantir que a amostra on line do gás
representa a composição real do gás na linha
Propano 0.62070 0-10
principal. Para isto, deve haver um sistema
i-Butano 0.000 0-5
complexo constituído de sensor de inserção,
n-Butano 0.000 0-5
válvulas agulha, filtro, regulador de pressão,
i-Pentano 0.000 0-5 aquecedor.

213
Variáveis do Processo

O sistema deve ter um regulador de


pressão para reduzir a pressão de seu valor
alto para um mais maleável. Deve-se ter
cuidado com a temperatura do gás para que
ela não caia abaixo de -4 oC, quando for
reduzida à pressão atmosférica, sem
aquecimento e ela pode também ter
condensando nesta temperatura.
O cromatógrafo deve dar um novo
resultado a cada 6 horas. O tempo do ciclo
entre as amostras deve ser menor que este.
O gás de arraste deve ser o hélio (He). O
cilindro de gás de arraste deve garantir, no
mínimo, 30 dias de operação.
O cromatógrafo deve ser instalado em um
abrigo. Os gases de calibração, distribuidor, Fig. 7.33. Cromatógrafo de linha (Yamatake)
tubulação, devem ser montados na parte
externa do shelter, mas não sujeita a chuva ou
sol.
O cromatógrafo deve ser aprovado para
uso em Classe 1, Grupo IIA e Zona 2.
A precisão tolerada nos resultados da
análise do cromatógrafo deve estar de acordo
com a norma ASTM D 1945.
Falha no cromatógrafo deve ser alarmada
pelo CLP e o último valor valido deve ser
mantido no Computador de Vazão.
O sistema deve incluir os acessórios
necessários para a calibração automática com
misturas padrão. O fabricante deve indicar
todas as características destas misturas.
O cromatógrafo deve ter uma porta RS 485
para comunicação externa. Ele deve ser capaz
de acessar todos os valores internos coletados
e calculados, status e alarmes operacionais.
O cromatógrafo deve ser alimentado por
um sistema de fonte ininterruptível (UPS).
O cromatógrafo e sua fonte de alimentação
devem ser montados em um skid, que será
instalado em um abrigo, próximo da estação de
medição de gás do city gate e do computador
de vazão.
Fig. 7.34. Cromatógrafo em linha (Emerson)

214
8. Nível

quantidade disponível para um processo ou


1. Introdução para venda.
Por exemplo, no automóvel é importante
haver um medidor de nível do combustível do
Conceito de Nível
tanque, para que o motorista saiba quando é
O nível pode ser considerado a altura da oportuno se abastecer.
coluna de líquido ou de sólido no interior de um
tanque ou vaso. O nível não se aplica a gases
em tanque de teto fixo, pois o gás sempre
ocupa todo o espaço.
Porém, em quando se armazena líquidos
voláteis (p. ex., gasolina), é comum o uso de
tanque com teto flutuante. O teto flutua
exatamente para minimizar o nível de gás
contido.
Em aplicações industriais, pode se ter
ainda um único vaso armazenando dois
líquidos não miscíveis e se quer medir a
interface desses dois líquidos.

Unidades de Nível
A unidade de nível deve ser a unidade de
comprimento do Sistema Internacional de
Unidades (SI), que é o metro (m), pois o nível é
a altura de uma coluna de líquido.
Porém, é prática comum se referir ao nível
como percentagem (%): o nível tem um nível
que varia entre 0 e 100%, podendo assumir Fig. 8.1. Tanques de armazenagem
todos os valores intermediários.
Também se usa a massa ou o volume
ocupado pelo produto no tanque para se referir
ao seu nível. Nestes casos, o nível seria Transferência de custódia
expresso em kilograma (kg) ou metro cúbico Na industria de petróleo, é comum a
(m3), respectivamente. compra e venda de produtos baseadas na
medição de nível de tanques de armazenagem.
Medição de Nível Obviamente, estes tanques devem ser, a priori,
Os motivos e justificativas para se medir o arqueados pelo órgão nacional regulador, no
nível são, principalmente: Brasil, o INMETRO.
1. Inventário Arquear um tanque é construir uma tabela
2. Transferência de custódia de capacidade do tanque, fazendo uma
3. Segurança correspondência precisa entre o seu nível e o
4. Fornecimento consistente volume contido no tanque. Também são
5. Economia arqueados caminhões tanque, vazões tanque e
tanques de navio.
Inventário Há métodos geométricos e volumétricos
Uma razão importante para medir nível é para arquear um tanque de armazenamento.
para manter histórico de inventários em termos
de massa ou volume. O usuário quer saber a

215
Nível

Fig. 8.2. Medição de nível

Segurança Fig. 8.3. Tanque de armazenagem e nível


O nível é medido também por questão de
segurança. Encher um tanque além de sua
capacidade nominal pode causar perigos de
segurança, como vazamentos de tanques
abertos ou aumento perigoso de pressão em
tanques fechados. Pressão excessiva pode
resultar em ruptura. Se o tanque estiver
armazenando produto corrosivo, tóxico,
inflamável ou explosivo, vazamentos e rupturas
podem resultar em catástrofes.

Fornecimento consistente
Muitos processos industriais requerem o
suprimento estável de entradas e saídas. Uma
alimentação consistente é difícil de se manter
se houver flutuação e oscilação na linha de
alimentação. Um vaso de armazenagem entre
o suprimento e o processo pode agir como um
filtro amortecedor, garantindo uma alimentação
estável e consistente. Se o nível do tanque de
armazenagem é mantido constante, a
alimentação do processo também se mantém Fig. 8.4. Tanque com medidores de nível
constante e estável.
Em industria de papel e celulose, a
alimentação consistente está diretamente
relacionada com a qualidade do produto, pois
uma alimentação consistente garante que cada
folha de papel tem a mesma espessura,
sempre.

Economia
A medição precisa do nível pode aumentar
a eficiência e economia da planta de processo.
Por exemplo, pode-se armazenar matéria prima
para a produção programada e também para a
produção, antes de ser entregue ao cliente.
Na indústria, é comum o armazenamento
de óleos combustíveis e outras utilidades.

216
Nível
2. Medição Manual Fita de imersão

Geral
Introdução A fita ou trena de imersão deve ser usada
O nível pode ser medido de modo manual em conjunto com um peso de imersão (dip-
ou automático. weight), régua de ullage ou régua para detectar
A medição manual de nível geralmente água. A fita é enrolada em um tambor contido
envolve o uso de uma régua, vareta, trena ou dentro de uma estrutura equipada com uma
fita acoplada a um peso de imersão. manivela.
As vantagens da medição manual são É recomendada que os pesos, régua de
1. Simplicidade, pois envolve uma régua ullage e régua de detectar água sejam
ou trena rastreada destacadas da fita, quando transportada ou
2. Facilidade por ser uma medição direta armazenada para evitar a flexão constante no
As desvantagens são: ponto de fixação, facilitando a quebra da fita
1. O operador deve ir ao local, que às vezes é neste ponto.
alto, perigoso e pode ocorrer em horas O conjunto fita, dispositivo de fixação e
inoportunas, como madrugadas, momentos peso, que forma um sistema contínuo e
de chuva ou ventania. completo, deve ser construído de modo que o
2. Medições de produtos tóxicos requerem zero do sistema seja a face inferior do peso. Há
uso de mascara apropriada e cuidados graduação em todo comprimento da fita
adicionais
3. Para que a medição seja sempre precisa, o Construção
operador deve seguir sempre um A fita deve ser construída como um
procedimento, senão haverá uma comprimento contínuo de aço.
variabilidade devida ao operador.
4. Para que a medição seja sempre exata, a Materiais
régua ou trena de medição requer O material da fita deve ter as seguintes
calibração ou troca periódica por uma nova especificações:
certificada. 1. alto conteúdo de carbono (0,8 %)
A norma internacional que trata da medição 2. resistência de tensão entre 1 600 a 1
manual de nível é a ISO 4512 (15 DEZ 2000): 850 N/mm2
Petróleo e produtos líquidos de petróleo – 3. Coeficiente linear de expansão:
Equipamentos para a medição de níveis de (11 ± 1) x 10-6 oC-1
líquido em tanques de armazenagem – Para determinados produtos petroquímicos,
Métodos manuais. Os principais pontos desta deve-se usar outros materiais, tais como aço
norma serão mostrados, a seguir. inoxidável, quando é necessário corrigir o
comprimento da régua por causa da variação
Geral da temperatura do processo.

É necessário um certificado de calibração


para qualquer um dos equipamentos de
medição, tais como réguas graduadas, pesos,
réguas para ullage. O certificado deve ser
emitido por uma autoridade competente, como
INMETRO ou órgão credenciado por ele e deve
ser rastreável a padrões nacionais ou
internacionais, com um limite de confiança de
95%, que está dentro do máximo erro
permissível especificado.
Equipamento que foi sujeito a reparo não
pode ser usado como referência, mas pode ser
usado para outros objetivos se ele for verificado
por uma autoridade competente e foi
considerado conforme com as exigências da
norma ISO 4512.
Fig. 8.5. Fitas de imersão com pesos

217
Nível
Revestimento Tab. 1: Numeração das fitas de imersão
A fita deve ser revestida com um material
anticorrosivo para proteção durante a Graduações intermediárias
armazenagem. Este material não pode isolar Numerada em cada Números maiores em
eletricamente a fita. cm cada cm
Graduações principais
Fixação Números maiores em Numeração repetida
A fita deve ser enrolada de modo adequado cada metro ou fita em números
em um sistema com polia, em uma numerada em uma menores em cada
extremidade. Na outra extremidade, deve ser tabela brilhante dm após o primeiro
fixado o peso, régua de ullage ou régua para ressaltada metro
detectar água. O dispositivo de fixação deve ter
um meio de evitar o desprendimento acidental
do peso, régua de ullage ou régua para
detectar água.
Referência zero
Dimensões A referência zero (zero datum) do conjunto
As dimensões da fita devem ser: fita de imersão e peso de imersão deve estar
1. Largura: (13,0 ± 0,5) mm na face inferior do peso de imersão.
2. Espessura (não esticada):
(0,25 ± 0,05) mm Precisão (erro máximo permissível)
3. Comprimentos recomendados: O erro máximo permissível para qualquer
5 m, 10 m, 15 m, 25 m, 30 m, 40 m e distância da referência zero do peso de
50 m imersão até a marca de graduação de 30 m
não pode exceder ±1,5 mm para uma
Graduação combinação nova de fita-peso, na condição de
As fitas devem ser graduadas em uma referência especificada de temperatura e
única face. Elas devem ser graduadas em m, tensão, quando comparada contra um
cm e mm, em toda sua extensão. As marcas da instrumento de medição de referência. O erro
graduação devem se relacionar às condições máximo permissível para a marca de
de referência especificadas de temperatura e graduação de 30 m nunca pode exceder
tensão mecânica, onde a tensão é igual àquela ±2,0 mm para uma combinação de fita-peso,
que a fita experimenta devido à massa do peso em serviço. (Ver Tab. 2).
de imersão, quando a combinação fita-peso é A incerteza com limite de confiança
suspensa verticalmente no ar (±10 %). rastreável certificado de 95 % do instrumento
As marcas de graduação devem de largura de medição de referência usado para verificar o
uniforme e não mais que 0,5 mm e devem ser erro máximo permissível da combinação fita-
perpendiculares à borda da fita. peso de imersão não pode exceder ±0,5 mm
As marcas de graduação devem ser para qualquer distância entre 0 e 30 m.
permanentes e indeléveis. O processo de A precisão de calibração de cada
marcação não pode isolar eletricamente a fita combinação de trabalho fita-peso de imersão
de imersão. deve ser verificada antes do primeiro uso e
A marcação pode ser por gravação, depois, em intervalos regulares (por exemplo, 6
serigrafia ou qualquer outro meio permanente e meses). Tipicamente, esta verificação deve
indelével e resistente a solventes. incluir:
As marcas da escala devem ter largura A distância entre a referência de zero do
uniforme, devem ser normais à extremidade da conjunto fita-peso e uma graduação
fita de imersão. O comprimento da escala deve conveniente da fita (por exemplo, 300 mm)
estar relacionado com a unidade de medição deve ser verificada usando um microscópio
correspondente. As marcas da escala devem móvel com vernier ou um dispositivo de
ser tais que formem uma escala distinta e clara medição de referência similar (com a incerteza
e que sua espessura não cause qualquer com limites de confiança de 95 % não
incerteza na medição. excedendo ±0,20 mm em qualquer ponto até
As marcas da escala devem ser claramente 500 mm), quando o conjunto fita-peso é
numeradas, como mostrado na Tab. 1. suspenso verticalmente no ar.
A distância da marca de graduação
escolhida da fita para uma série de outras
marcas de graduação em intervalos
aproximados de 5 m deve ser verificada por
comparação direta com uma fita mestre de

218
Nível
referência ou outro padrão (com a incerteza Sistema de enrolamento
com limites de confiança de 95 % não A capacidade do sistema de enrolamento
excedendo ±0,25 mm em qualquer ponto até da fita deve ser suficiente para enrolar o
30 m), quando o conjunto fita-peso é suspenso comprimento total da fita sem uma tensão, na
verticalmente no ar ou, como alternativa, é fita ou na polia.
suportada horizontalmente em sua tensão e O sistema de enrolamento deve ser
temperatura de referência. construído com algum material resistente a
Em um procedimento típico de verificação, faísca (e.g., latão).
a incerteza combinada das duas incertezas dos O comprimento da fita para o qual o
instrumentos de medição, no limite de sistema de polia é projetado deve ser
confiança de 95 %, é estimada pela raiz claramente marcado.
quadrada da soma dos quadrados das O tambor de enrolamento não deve ser
incertezas individuais, como: menor que 28 mm em diâmetro e deve ser
± (0,20 2 + 0,25 2 = ±0,32 mm, fornecido com uma manopla de enrolamento.
O tambor de enrolamento deve ter um pino
adequado em que a bobina seja presa, na
que está dentro do limite máximo extremidade interna da fita.
especificado de ±0,5 mm.
Uma tensão de referência de 10 ou 15 N é
recomendada para conjunto típico de fita-peso,
quando isto representa um boa aproximação da
tensão de uma fita padrão de 30 m, quando
suspensa verticalmente no ar com um peso de
imersão padrão de 0,7 kg fixado. Correções de
comprimento devem ser feitas quando a fita
que é fabricada ou calibrada em outras tensões
de referência são sujeitas a diferentes tensões,
quando em uso.

Fig. 8.6. Sistema típico de enrolamento


Tab. 2. Erro máximo permissível para
conjuntos de fita e peso de imersão
A fita deve ser enrolada de modo que
Comprimento Conjunto novo fita- passe livremente através do espaço entre o
fita/peso, m peso, mm tambor e a manivela, com as marcas de
0,000 a 30,000 ±1,5 graduação visíveis na fita enrolada.
30,001 a 60,000 ±2,25 A fita e o sistema de enrolamento devem
60,001 a 90,000 ±3,0 ser eletricamente aterrados, quando em uso.

Comprimento Conjunto usado


fita/peso, m fita-peso, mm Peso de imersão
0,000 a 30,000 ±2,0
30,001 a 60,000 ±3,0
Geral
60,001 a 90,000 ±4,0
O peso de imersão é projetado e construído
para ser usado em combinação com a fita de
imersão.
Marcação
Material
Cada fita deve ser marcada em sua
extremidade com o seguinte: O material do peso de imersão deve ser
1. Número desta norma ISO 4512 resistente a faísca e com densidade adequada
2. Nome do fabricante (material típico: latão)
3. Condições padrão de calibração: Construção
4. Temperatura, padrão 20 oC
5. Tensão aplicada na calibração, normal O peso de imersão deve ter formato
10 ou 15 N cilíndrico no meio e cônico na extremidade
6. Qualquer marca oficial necessária de inferior. A base deve ser chata, com uma
conformidade superfície normal ao eixo maior.

219
Nível
O formato cilíndrico afinado na ponta Marcação
fornece a sensitividade em imergir e penetrar Cada peso deve ter a seguinte marcação:
em depósitos mais facilmente que um formato 1. O número da norma ISO 4512
totalmente cilíndrico. 2. Qualquer marca oficial de conformidade
Um peso com uma extremidade muito necessária
pontiaguda não é recomendado, pois é
susceptível a dano mecânico que afeta a
Régua Ullage
precisão da medição e pode se desgastar
rapidamente, quando em uso.
A extremidade superior deve ser projetada Geral
para permitir a fixação da fita de imersão. Esta A régua de ullage deve ser projetada e
fixação não deve afetar a precisão do conjunto construída para uso combinado com a fita de
fita-peso. imersão.
Uma face chata, não menor que 10 cm, A régua de ullage pode ser graduada em
deve ser provida para ter uma escala gravada, mais de uma face, mas as graduações devem
continuando a escala da fita. estar no mesmo nível em relação à referência
de zero (zero datum) da régua. O normal é ter
Massa graduação somente em uma face.
A massa do peso de imersão deve ser, no As graduações na régua ullage que são
mínimo, de 0,6 kg, para manter a fita sempre gravadas abaixo da marca zero são
esticada, quando em uso. suplementares às marcações da fita de
Quando medindo nível de tanque que pode imersão.
conter uma camada no fundo de sedimento Não se pode combinar réguas ullage com
separado, é desejável usar um peso mais réguas de detecção de água porque os seus
pesado (e.g., 1,5 kg), para ele penetrar mais pontos de referência zero são diferentes.
facilmente no sedimento. Porém, a precisão de
calibração da fita assume que a fita é calibrada Material
com um peso normal de 0,7 kg. Assim, uma As réguas ullage devem ser de material
pequena correção do peso pode ser requerida conveniente, resistente a faísca; o material
para compensar a tensão maior que a fita típico é latão.
experimenta, se é usado um peso maior.
Construção
Precisão da graduação As réguas ullage devem ser fabricadas de
O peso de imersão deve ser graduado em uma barra tendo faces planas, sobre a qual é
toda a extensão de seu corpo. gravada a escala e todos os cantos são
O erro máximo permissível para qualquer suaves.
distância da referência zero do peso de O topo da régua ullage deve ser projetado
imersão até a escala graduada do peso não para permitir a fixação firme da fita. A fixação
pode exceder ±0,5 m. Se a precisão das não deve atrapalhar a precisão do conjunto
graduações da escala precisar ser certificada, a completa fita-régua ullage.
escala deve ser calibrada usando-se um
microscópio portátil com vernier ou um Massa
dispositivo de medição de referência similar, A massa da régua ullage deve ser de, no
com uma incerteza com limites de confiança de mínimo, 0,6 kg, para manter a fita
95 %, que não excede ±0,20 mm, em qualquer continuamente tensa, quando em uso.
ponto de 0 a 500 mm.

Marcação de zero
A face inferior do peso deve agir como uma
referência de zero para graduação do conjunto
fita-peso de imersão.

Marcação da escala
As marcas da escala devem ser gravadas e
não podem exceder a largura de ±0,50 mm.
As marcas da escala devem ser normais ao
eixo principal do peso e deve ser uma projeção
das distancias correspondentes do eixo do
peso.

220
Nível

Fig. 8.7. Peso de imersão típico


Dimensões em mm

Fig. 8.11. Barra ullage volumétrica típica

Precisão da graduação
A régua ullage deve ser graduada em cm e
mm, a partir da marca zero, aproximadamente
no meio da régua para a face inferior da régua.
O erro máximo permissível para qualquer
distância a partir da referência zero para
qualquer outro ponto na escala graduada não
deve exceder 0,5 mm. Quando a precisão das
graduações da escala precisa ser certificada, a
escala deve ser calibrada usando um
microscópio portátil com vernier ou dispositivo
de medição de referência similar com uma
incerteza com limites de confiança de 95 %,
que não exceda ±0,20 mm, em qualquer ponto
de 0 a 500 mm.

Fig. 8.8. Exemplo de uma régua ullage

221
Nível
Marca de zero o latão. O espaçador e o conjunto externo
A marca de referência zero (zero datum) do devem ser feitos de material não condutor,
conjunto fita e régua ullage deve estar na plástico transparente que deve ser resistente
marca zero gravada na régua ullage. aos produtos que entrarão em contato com ele.

Marcação da escala Construção


As marcas da escala devem ser normais ao Os espaçadores plásticos transparentes
eixo principal do peso e deve ser uma projeção devem dimensionados de modo que não
das distancias correspondentes do eixo do apresentem perigo potencial eletrostático e
peso. ainda devem permitir a reação da pasta
As marcas da escala devem ser gravadas e detectora de água, que deve ser observada
não podem exceder a largura de ±0,50 mm. através da régua.
A marcação da escala deve ser normal aos A área da superfície de qualquer espaçador
cantos das faces da régua ullage. plástico deve ser menor que 2,8 x 10-3 m2
O topo da régua detectora d’água deve ser
Numeração projetado para permitir a fixação firme da fita. A
Cada marca principal de graduação deve fixação não deve atrapalhar a precisão do
ser feita para baixo, a partir do zero. conjunto completa fita-régua detectora d’água.

Marcação Precisão da graduação


Cada régua ullage deve ter a seguinte A régua detectora d’água deve ser
marcação: graduada em cm e mm, através de todo seu
1. Número da norma ISO 4512 comprimento de trabalho, tipicamente de 350
2. Qualquer marca oficial de conformidade mm.
necessária. O erro máximo permissível para qualquer
distância a partir da referência zero para
qualquer outro ponto na escala graduada não
Régua detectora de água devem exceder 0,5 mm. Quando a precisão
das graduações da escala precisa ser
Geral certificada, a escala deve ser calibrada usando
A régua detectora de água deve ser um microscópio portátil com vernier ou
projetada e construída para uso combinado dispositivo de medição de referência similar
com a fita de imersão. com uma incerteza com limites de confiança de
A régua detectora de água pode ser 95 %, que não exceda ±0,20 mm, em qualquer
graduada em mais de uma face, mas as ponto de 0 a 500 mm.
graduações devem estar no mesmo nível em
relação à referência de zero (zero datum) da Marcas da escala
régua. As marcas da escala devem ser normais ao
Nota: O normal é ter graduação somente eixo principal do peso e deve ser uma projeção
em uma face. das distancias correspondentes do eixo do
As graduações na régua detectora de água peso.
devem ser gravadas a partir da marca zero da As marcas da escala devem ser gravadas e
régua. não podem exceder a largura de ±0,50 mm.
As graduações não são precisam ser A marcação da escala deve ser normal aos
diretamente relacionadas com as graduações cantos das faces da régua.
da fita de imersão fixada nela, porque a régua
detectora de água normalmente é maior do que Marcação
o peso padrão combinado com a fita. Cada régua detectora d’água deve ter a
Não se pode combinar réguas ullage com seguinte marcação:
réguas de detecção de água porque os seus Número da norma ISO 4512
pontos de referência zero são diferentes. Qualquer marca oficial de conformidade
A régua detectora de água é projetada para necessária.
uso com pasta detectora de água.
Nota: a informação na detecção de
interface por meio da pasta detectora de água
é dada na norma ISO 4511.

Material
A régua detectora de água deve ser de
material conveniente, resistente a faísca; como

222
Nível
3. Medição Automática 3.2. Exigências metrológicas

Componentes do medidor
3.1. Introdução Um medidor automático de nível é
O nível pode ser medido de modo manual constituído, no mínimo, de:
ou automático. 1. Um elemento detector do nível do
A medição automática é contínua e com líquido
nenhuma ou com uma mínima interferência do 2. Um instrumento transmissor
operador.
As principais vantagens da medição 3. Um instrumento mostrador
automática de nível são: Materiais
1. Feita com a mínima intervenção do
operador e por isso sujeita a menor Todos os materiais usados no medidor
variabilidade. automático de nível devem ser de boa
2. Operador pode se ocupar de funções qualidade e adequados para sua aplicação.
mais nobres do que a de fazer a Instrumento de indicação
medição rotineira de nível.
3. Operador não necessita ir ao topo do As unidades de medição autorizadas são
tanque fazer medição, se expondo às as do SI (Sistema Internacional de Unidades).
intempéries e às emanações dos Indicações do innage ou ullage devem ser em
produtos. unidade de comprimento, acompanhada do
4. O sinal de medição automática pode nome ou símbolo da unidade. Pode-se usar a
ser facilmente integrado a outros indicação de informação não-metrológica,
sistemas da empresa, como desde que não seja confundida com a
faturamento, contabilidade, produção, informação metrológica.
Receita Federal, sistema de medição Intervalo da escala não pode exceder 1
fiscal. mm.
As desvantagens da medição automática Para uma indicação analógica, a distância
de nível são: entre marcas sucessivas da escala não podem
1. O sistema de medição, composto de ser menores que 1 mm.
sensor, condicionador e mostrador, Um medidor automático de nível pode ter
precisa ser calibrado periodicamente. mais de um dispositivo de indicação. Normas
2. Geralmente a aquisição e manutenção nacionais podem requerer uma saída para
do sistema automático de nível são ligação com um indicador local no tanque.
mais caras. Pode haver um indicador adicional ao
3. O sistema de medição precisa ser medidor automático de nível.
validado para a Receita Federal ou Uma indicação remota deve ser identificada
outros órgãos governamentais, como de modo claro com relação ao medidor
ANP. automático de nível que ela pertence.
4. O sistema de medição automática é Por motivos metrológicos, deve ser
mais complexo, requer maior disponível uma indicação do innage ou ullage,
treinamento e envolvimento do dependendo do princípio de medição do
operador. medidor automático de nível.
As normas que tratam da medição
Erros máximos permissíveis
automática de nível são:
1. OIML R 85 (1998): Medidor automático de O medidor automático de nível é
nível para medir o nível de líquido em classificado conforme sua precisão em
tanque de armazenagem fixo
Classe 2
Parte 1: Exigências metrológicas e técnicas
– Testes Aplicável a todo tanque não refrigerado,
Parte 2: Formato do relatório de teste dentro do escopo da norma.
2. ISO 4266 (15 DEZ 1994): Petróleo e
Classe 3
produtos líquidos de petróleo – Medição
direta de temperatura e nível em tanques Aplicável apenas a tanque com fluido
de armazenagem – Métodos automáticos (hidrocarboneto) refrigerado.
Os erros máximos permissíveis relativos e
absolutos, positivos e negativos, nas condições
de operação especificadas, estão mostrados na
Tab. 1.
Tab.1. Classes de precisão

223
Nível
Campo de operação
O campo de operação é determinado pelas
Classe de Precisão seguintes características:
2 3 1. Temperaturas mínima e máxima do
A ±0,02% ±0,03% líquido
B ±0,04% ±0,06% 2. Pressões mínima e máxima do líquido
C 2 mm 3 mm
D 3 mm 4 mm 3. Características do líquido e o meio
acima do líquido
Os erros máximos permissíveis da Tab. 1 4. Densidades mínima e máxima do
se aplicam a líquido e do meio acima do líquido
1. Indicação de um innage ou ullage de 5. Capacidades mínima e máxima do
acordo com o princípio de medição do medidor automático de nível
medidor automático de nível.
Condições especiais
2. Indicação de uma diferença entre dois
níveis medidos em uma direção de As normas nacionais podem permitir o uso
operação. de um medidor automático de nível sob
Na Tab. 1, as linhas A e C se aplicam ao condições diferentes e fora das condições de
medidor automático de nível em si, antes de operação especificadas, desde que sejam
ser instalado no tanque, para aprovação do feitas as devidas correções dos valores
padrão e para verificação inicial. O erro máximo medidos.
permissível é o valor maior de: Equipamentos auxiliares
1. Valor absoluto calculado da linha A Equipamentos auxiliares, tais como alarme,
para a indicação correspondente desarme, não podem afetar os resultados da
2. Valor absoluto da linha C medição e não podem ter características que
facilitem o uso fraudulento.
Na Tab. 1, as linhas B e D se aplicam ao
medidor automático de nível, depois de ser Marcações
instalado no tanque de armazenagem, para O medidor automático de nível deve ser
verificação inicial e subseqüente. O erro marcado de modo legível e claro com as
máximo permissível é o valor maior de: seguintes informações:
1. Valor absoluto calculado da linha B 1. Nome do fabricante
para a indicação correspondente
2. Número de série e ano de fabricação
2. Valor absoluto da linha D 3. Marca de aprovação do modelo
O erro de histerese, quando mudando a 4. Designação da classe de precisão
direção do movimento do nível não pode 5. Faixas definindo o campo de operação
exceder a : 6. Qualquer outra informação requerida
2 mm Classe 2 no certificado de aprovação do modelo
3 mm Classe 3 As marcas descritivas devem ser indeléveis e de um
tamanho, formato e claridade que permitam a leitura fácil,
Normas nacionais podem prescrever que a provisão do nas condições de operação do medidor automático de
primeiro item de 3.4.2.1 seja aplicável à indicação de um nível. Elas podem ser agrupadas juntas em um local
dip. visível do medidor automático de nível em si ou em uma
A discriminação do medidor automático de nível em si placa de dados fixada nele.
deve ser tal que a variação da indicação de 1 mm, no
mínimo, na ocorrência de uma variação no nível de: Marcas de verificação
2 mm Classe 2 O medidor automático de nível deve ter um
3 mm Classe 3 local para a marca de verificação que seja
Se um medidor automático de nível dá mais visível e permita a aplicação fácil da marca.
que uma indicação e impressão, cada Deve ser impossível remover a marca sem
indicação deve estar conforme com o erro danificá-la.
máximo permissível da Tab. 1. A diferença
entre quaisquer duas indicações não pode ser Selagem
maior que 1 mm, sob condições estáveis de Deve ser possível selar a placa de dados de marcação. A
nível. placa de marcação só pode ser removida sendo
destruída. Deve-se selar as partes e componentes que

224
Nível
possam afetar a precisão da medição e cujo acesso não ao movimento da estrutura, fundo ou tampa do
seja autorizado pelo operador. tanque seja minimizada ou compensada.
Nas condições de referência, o
3.3. Exigências técnicas comprimento de referência do medidor não
deve variar mais que 0,02% devido a variação
na altura do líquido, pressão de vapor e
Mecanismo de suspensão
influencia do teto ou plataforma.
Para facilitar as verificações do mecanismo Em especial,
do medidor e quando aplicável, o medidor 1. Medidor automático de nível localizado
automático de nível deve ter meios de permitir no topo do tanque deve ser montado
dar um movimento às peças de operação do em um tubo suporte de construção
medidor, quando necessário. adequada se a parte superior do
tanque é abaixada mais de 0,02% da
Posição estática altura do tanque, quando o tanque
Se o elemento detector de nível pode ser estiver completamente cheio do líquido
posicionado estaticamente acima ou abaixo do com densidade de 1 000 kg/m3 ou de
nível do líquido, deve ser claro que a indicação densidade maior do campo de
não está apresentando uma medição real. operação, o que for maior.
2. O tubo suporte deve ser fixado de
3.4. Exigências da instalação modo que seu movimento vertical com
relação ao ponto de referência do nível
O medidor automático de nível deve ser seja menor que 0,02% do nível medido.
instalado atendendo as exigências dos Se usado, o detector de correção deve ser
equipamentos auxiliares, marcação, marcas de situado do modo que um valor confiável seja
verificação e selagem. obtido das propriedades que se quer medir. Se
A indicação deve ser facilmente acessível e necessário, deve se instalar mais de um
legível. detector, para se obter o valor médio correto.
Exceto no caso de tanques com alta A expansão termal da estrutura do tanque
pressão, o medidor automático de nível deve ou se aplicável, do tubo suporte, deve ser tal
ser equipado e instalado de modo que possa que o desvio total para uma variação de
ser facilmente verificado quando instalado no temperatura de 10 oC caia dentro do erro
tanque. máximo permissível para o medidor automático
Um medidor automático de nível deve de nível instalado ou se necessário, seja
indicar o nível (innage) ou continuamente ou compensado.
quando solicitado. Medidor automático de nível localizado ao
Se existir certas regiões do nível do líquido nível do olho deve ser fixado a um ponto
no tanque onde não podem ser usadas estável da estrutura do tanque ou à terra por
indicações do medidor automático de nível em um suporte rígido.
combinação com a tabela de calibração, os
valores mostrados nestas regiões devem ser
claramente identificados ou estas regiões 3.5. Exigências para medidor
devem ser claramente marcadas na tabela de eletrônico
calibração do tanque.
O elemento detector do nível do líquido Geral
deve estar próximo da abertura do medidor Um medidor automático de nível eletrônico
principal. O sensor deve ser instalado de modo deve ser projetado e fabricado de modo que,
que a operação correta não possa ser quando exposto a distúrbios, não haja
obstruída por obstáculo. ocorrência de falha significativa ou a falha
O elemento sensor do nível do líquido deve significativa seja detectada e o operador tome
ser colocado de modo que nenhuma as providências cabíveis. O fabricante decide
interferência mútua possa ocorrer durante a qual alternativa escolher.
indicação, amostragem ou outras operações. Se uma falha significativa é detectada, uma
O elemento sensor do nível do líquido deve indicação visual ou sonora deve ocorrer
ser instalado de modo que a influência de automaticamente e deve continuar até que o
redemoinho, turbulência, espuma, aquecimento usuário tome ação ou a falha seja corrigida.
assimétrico, vento e outros efeitos na detecção
do nível sejam desprezíveis. Se necessário, Facilidade de verificação
deve-se usar alguma proteção.
Deve ser possível determinar a presença e
O medidor automático de nível deve ser
o funcionamento correto de facilidades de
instalado no tanque de modo que a variação no
verificação.
comprimento de referência do medidor devido

225
Nível
Se a falha de um elemento de indicação do alarme, intertravamento, proteções,
mostrada pode causar uma falsa indicação, restrições, limites.
então o instrumento deve ter uma facilidade de 3. Uma curta descrição funcional do
teste da indicação, que mostre todos os sinais instrumento
relevantes do indicador, quando requerido, em
4. Uma curta descrição técnica, incluindo,
seus estados ativo e não ativo para um tempo
se necessário, diagramas
suficiente e sejam facilmente observados pelo
esquemáticos do método de operação
operador.
para processamento interno e troca
No inicio e fim da medição, todos
externa através da interface de dados e
componentes de armazenagem de dados
instruções
devem ser verificados automaticamente para
certificar que os valores de todas as instruções 5. Modos de instalação
memorizadas de modo permanente sejam 6. Todas outras informações metrológicas
corretas, através de: interessantes.
1. Somando todas as instruções e códigos
de dados e comparando a soma com Avaliação do padrão
um valor fixo Os documentos submetidos devem ser
examinados para verificar a conformidade com
2. Vendo as linhas e colunas dos bits de
paridade (LRC, VRC, ISO 2111) as exigências desta norma.
Deve-se fazer testes para estabelecer a
3. Verificação cíclica de redundância confiança que as funções são realizadas
(CRC 16, ISO 2111) corretamente de acordo com os documentos
4. Dupla armazenagem de dados, ambas submetidos.
no mesmo código Os instrumentos devem ser submetidos
5. Dupla armazenagem de dados, a para procedimentos de testes desta norma
segunda em código inverso ou (Anexos A e B).
desviado Se o teste completo do instrumento não é
possível, pode-se fazer testes, de comum
6. Armazenagem de dados em código
acordo com as autoridades legais,
seguro, por exemplo, por check sum,
bits de linha e paridade. 1. Em uma configuração simulada
Porém, não é obrigatório que esta verificação seja feita 2. Em módulos ou com os principais
com freqüência maior que uma por minuto, se a medição componentes separadamente.
é automática. A avaliação do padrão deve ser feita
Todos os dados relevantes da medição geralmente no laboratório da autoridade. A
devem ser verificados se estão corretos autoridade pode requerer até três instrumentos
sempre que forem transferidos ou instalados no local, para testes nas condições
armazenados internamente ou transmitidos de operação e um teste de resistência de três
para equipamentos periféricos por interface, meses em um instrumento instalado. Para
por meios como: bit paridade, check sum, estes testes no local deve se dar atenção às
armazenagem dupla independente ou outra características dos líquidos medidos.
rotina handshake com retransmissão.
Nota: O uso apenas do bit de paridade não Verificação inicial
é suficiente no caso de armazenar ou ler os Deve-se fazer uma verificação inicial, em
dados metrológicos para um medidor dois estágios, como segue:
automático de nível eletrônico. Para o exame e teste do medidor
automático de nível antes da instalação no
3.6. Controle metrológico tanque (exame preliminar),
1. O medidor automático de nível deve
ser verificado para conformidade com o
Aplicação para aprovação de padrão
padrão aprovado.
A aplicação para aprovação do padrão 2. Devem ser feitos testes na precisão,
deve incluir o número requerido de discriminação e histerese para verificar
instrumentos (geralmente um a três) e os conformidade com as exigências da
seguintes documentos e informações: norma. Os testes devem ser feitos
1. Características metrológicas incluindo dentro das condições da operação de
uma definição do campo de operação, campo.
valores de referência, faixa de trabalho. Para o exame da instalação e ajuste do
2. Desenhos de arranjos gerais e detalhes medidor automático de nível no tanque:
de interesse metrológico, tais como

226
Nível
1. verificar identificação da indicação O ambiente eletromagnético do laboratório
remota, diferença máxima de 1 mm se não deve influenciar os resultados do teste.
houver mais de uma indicação e a A temperatura é considerada constante
instalação correta. quando a diferença entre as temperaturas
2. verificar se as condições do tanque extremas notadas durante o teste não deve
satisfazem as características do campo exceder 5 oC e a taxa de variação não deve
de operação especificado. exceder 5 oC por hora.
As condições de operação reais devem ser Quando sujeito ao efeito de fatores de
verificadas. Se a legislação nacional permite o influencia, como fornecido em A.2, o
uso de um medidor automático de nível sob instrumento deve continuar a operar
condições fora as condições de operação corretamente e as indicações devem estar
especificadas, toda informação necessária para dentro dos erros máximos permitidos.
fazer as correções necessárias deve ser dada
Precisão
para o usuário.
O método de teste deve estar de acordo Constituir níveis aumentando de 0 até um
com o Apêndice D desta norma. O instrumento valor próximo da faixa de medição e depois
deve permanecer dentro dos erros máximos aplicar diminuindo. Quando determinando o
permissíveis especificados para medidor erro intrínseco inicial, no mínimo, dez (10)
automático de nível instalado no tanque. níveis devem ser selecionados e para outras
O instrumento deve ser estampado e determinações, no mínimo, três (3) níveis
selado de acordo com a legislação nacional. devem ser selecionados. Das indicações do
medidor automático de nível o erro da medição
Verificações subseqüentes de nível do medidor e de todas as diferenças
É recomendado se fazer verificações de nível devem ser calculadas pela
periódicas com um intervalo de validade de um comparação com um padrão certificado.
ano.
Discriminação
O medidor automático de nível deve ser
inspecionado e examinado para estabelecer Constituir três níveis diferentes, igualmente
que esteja em ordem correta de operação. distribuídos na faixa de medição, subindo e
descendo. De uma posição estável, o nível
3.7. Procedimentos de teste deve ser variado na mesma direção com o
valor de sub-cláusula 3.4.3, de acordo com a
classe de precisão. A alteração da indicação
Testes de desempenho deve ser notada.
Estes testes são feitos nos instrumentos
antes de serem instalados no tanque. Histerese
O equipamento sob teste deve estar limpo Este teste deve ser feito em três níveis
e livre de umidade. Ele deve ser montado e diferentes, igualmente distribuídos entre o
colocado em operação de acordo com as primeiro de verificação e o limite da faixa de
especificações do fabricante antes de começar medição, altura superior e inferior de acordo
o teste. O equipamento sob teste deve estar com o movimento do medidor automático de
em operação normal, durante todo o teste. O nível.
equipamento sob teste deve ser totalmente Começando de um valor próximo a zero,
verificado após o término de cada teste e deve- aumentar o nível sobre uma distância de, no
se deixar um tempo suficiente para mínimo, 1/5 da faixa de medição, permitindo a
recuperação. estabilização e lendo a indicação. Depois,
Os testes devem ser feitos nas condições aumentar o nível sobre 1/10 da faixa de
normais de teste. Quando o efeito de um fator medição e depois disto, abaixar o nível até o
está sendo avaliado, todos os outros fatores primeiro nível estabilizado ser atingido. De
devem ser mantidos relativamente constantes, novo, permitir a estabilização e ler a indicação.
em um valor próximo às condições de Fazer esta seqüência duas vezes mais, agora
referência. As condições de referência para começando do nível estabilizado anterior.
este objetivo são: Repetir estas medições, começando de um
1. 20 ± 5 oC valor próximo da faixa de medição e fazer o
mesmo, invertendo a direção dos movimentos.
2. pressão atmosférica ambiente (101,325 Avaliar o erro.
kPa)
3. umidade relativa de 60 ± 15 % Instrumentos com mais de uma indicação
4. tensão nominal. Se o instrumento tem mais de uma
indicação, as indicações dos vários

227
Nível
equipamentos devem ser comparadas durante O teste consiste de expor o equipamento
os testes de desempenho e devem estar de sob teste a uma temperatura constante de 40
o
conformidade com 3.4.4. C e uma umidade relativa de 93 % por um
período de 4 dias. O manuseio do equipamento
Testes do fator de influência sob teste deve ser tal que nenhuma
Estes testes têm o objetivo de garantir que condensação de água ocorra nele.
o instrumento irá funcionar como pretendido, Durante o quarto dia, os seguintes testes
dentro das condições de operação devem ser feitos:
especificadas. Estes testes são obrigatórios 1. Teste de precisão em 3 níveis: alto,
para qualquer medidor automático de nível, médio e baixo.
eletrônico ou não.
2. Teste de discriminação em um nível
Temperaturas estáticas qualquer dentro da faixa de medição
O teste consiste de expor o equipamento 3. Teste de histerese em um nível
sob teste a temperaturas constantes por um qualquer dentro da faixa de medição
período de 2 horas depois que o equipamento
Calor amortecido, cíclico (não aplicável a
sob teste tenha atingido a estabilidade de
equipamentos usados internamente)
temperatura.
Para a temperatura alta, 55 oC deve ser O teste consiste de expor o equipamento
tomado como uma regra geral, exceto para sob teste a 2 ciclos de variação de temperatura
instrumento usado em ambiente fechado, entre 25 e 55 oC, mantida a umidade relativa
quando deve-se considerar acima de 95 % durante a variação de
40 oC. Para aplicações onde a temperatura temperatura e fases de baixa temperatura e a
excede muito de 55 oC por causa da radiação 93 ± 3 % nas fases superiores de temperatura.
solar, o teste deve ser feito a 85 oC. Deve ocorrer condensação no equipamento
Para a temperatura baixa, -25 oC deve ser sob teste durante o aumento da temperatura.
tomado, exceto para instrumento usado em Durante a última fase de baixa temperatura,
ambiente fechado, quando deve-se considerar os seguintes testes devem ser feitos:
+5 oC. Para aplicações em áreas com baixa 1. Teste de precisão em 3 níveis: alto,
temperatura, o teste deve ser feito a -40 oC. médio e baixo.
Os seguintes testes devem ser feitos após 2. Teste de discriminação em um nível
o período de 2 horas: qualquer dentro da faixa de medição
1. Teste de precisão em 3 níveis: alto, 3. Teste de histerese em um nível
médio e baixo. qualquer dentro da faixa de medição
2. Teste de discriminação em um nível
qualquer dentro da faixa de medição Variação da tensão de alimentação
3. Teste de histerese em um nível alternada
qualquer dentro da faixa de medição O teste consiste de expor o equipamento
Os testes devem ser feitos na seguinte seqüência: sob teste a uma tensão de alimentação que
1. Na temperatura de referência varia entre 110 % de V e 85 % de V, onde V é
o valor marcado no instrumento. Se a faixa de
2. Na temperatura alta especificada tensões (Vmin, Vmax) é marcada, então o teste
3. Na temperatura baixa especificada deve ser feito em Vmax + 10 % e Vmin – 15%.
4. Na temperatura de referência A variação de freqüência fica entre
A mudança da temperatura não deve ±2 % da freqüência nominal do circuito de
exceder 1 oC/min, durante o aquecimento e o alimentação.
resfriamento. Onde um instrumento é alimentado por
A umidade absoluta da atmosfera do teste uma linha trifásica, as variações de tensão
não deve exceder 0,020 kg/m3, a não ser que o devem ser aplicadas para cada fase,
manual de operação dê especificação sucessivamente.
diferente.
Variação da tensão de alimentação contínua
Calor amortecido, estado de regime (não O teste consiste de expor o equipamento
aplicável a equipamentos usados sob teste aos limites das condições de
internamente) alimentação especificadas.
Este teste pode ser omitido se o calor de Depois da estabilização nas condições de
amortecimento, teste cíclico é estendido para 6 tensão especificadas, devem ser feitos os
ciclos. testes de precisão, discriminação e histerese.
Todas as funções devem operar como
especificado.

228
Nível
3.8. Testes adicionais Descarga eletrostática
O teste consiste de expor o equipamento
Geral sob teste a descargas eletrostáticas
especificadas, diretas e indiretas. A
Os testes devem ser feitos nas condições
configuração do teste, instrumentação e
ambientais seguintes.
procedimento devem estar de conformidade
1. 20 ± 5 oC com a norma IEC 61 000-4-2.
2. Pressão atmosférica ambiente Para descargas diretas, deve-se usar a
(101,325 kPa) descarga de ar, onde o método da descarga de
3. Umidade relativa de 60 ± 15 % contato não pode ser aplicado.
No mínimo, devem ser aplicadas 10
4. Tensão nominal. descargas diretas e 10 indiretas. O intervalo
Energizar o equipamento sob teste por um entre descargas sucessivas deve ser de, no
período suficientemente longo para atingir a mínimo, 10 segundos.
estabilidade.
Os testes devem ser feitos enquanto o Severidade do teste: nível 4
instrumento é colocado para medir um nível Tensão corrente continua menor ou igual a
fixo. 8 kV para descargas de contato e 15 kV para
Reduções rápidas de alimentação descargas no ar.
Descarga indireta: menor ou igual a 8 kV.
Deve-se usar um gerador de teste capaz de É necessário consultar as normas IEC
reduzir a amplitude de um ou mais meio-ciclos correspondentes, antes do teste.
da tensão alternada. O gerador de teste deve
ser ajustado antes de ser ligado ao Campos de RF e eletromagnéticos
equipamento sob teste. As reduções da tensão O teste consiste de expor o equipamento
principal devem ser repetidas 10 vezes com um sob teste a campos eletromagnéticos
intervalo mínimo de 10 segundos. específicos na banda de freqüência de 26 MHz
até e incluindo 1 000 MHz.
Severidade do teste: Redução 50 % A configuração do teste, instrumentação e
100 % procedimento deve estar de conformidade com
Número de meio-ciclos 1 2 a norma IEC 61 000-4-3 e IEC 61 000-4-6).
Picos de tensão (burst)
3.9. Instalação e operação
O teste consiste de expor o equipamento
sob teste a picos específicos de tensão.
A configuração do teste, instrumentação e Precauções gerais
procedimento devem estar de conformidade Independente do equipamento usado para
com a norma a medição do nível e temperatura do líquido, é
IEC 61 000-4-4. recomendado que as seguintes precauções
O teste deve ser aplicado separadamente gerais sejam observadas, quando aplicável:
a:
1. As medições de temperatura devem
1. Linhas de alimentação, usando o circuito
ser feitas ao mesmo tempo em que as
de acoplamento em modo comum e uma
medições de nível.
interferência em modo diferencial.
2. Circuitos de entrada e saída e linhas de 2. Estas leituras devem ser registradas ao
comunicação, usando o acoplamento mesmo tempo em que são feitas.
capacitivo.
3. Quando são feitas determinações do
Severidade do teste: nível 2 volume do tanque antes e depois da
movimentação de uma grande
Tensão de teste da saída com circuito
quantidade de líquido, o mesmo
aberto para
procedimento geral deve ser seguido
1. Linhas de alimentação: 1 kV
em cada caso.
2. Sinal E/S, dados e linhas de controle: 0,5
kV 4. Todos os materiais em contato com o
No mínimo, 10 picos positivos e 10 picos produto ou seus vapores devem ser
negativos, aleatoriamente defasados, devem quimicamente compatíveis com o
ser aplicados em cada modo, como produto, de modo que o produto não
especificado. seja contaminado nem o equipamento
afetado.

229
Nível
5. Equipamento instalado em navios deve acumular acima do teto e se for necessário um
ser testado no ambiente, conforme operador descer para o teto, ele ser mantido
normas aplicáveis. sob observação, durante todo o tempo, por
É recomendado que, para aplicações outro operador da plataforma do topo. É
criticas de esferas de GLP, dois medidores de essencial que o operador que faz a medição e
nível sejam instalados, o principal para a o observador estejam ambos equipados com
indicação e o secundário para alarme, embora toda segurança, inclusive com máscaras,
ambos sejam disponíveis para indicação, se quando:
requerido. Eles devem ser instalados
1. O produto no tanque contiver H2S ou
permanentemente e se houver indicações
mercaptano volátil.
remotas na sala de controle, ambos devem ser
transmitidos para a sala. 2. O teto estiver em repouso sobre seu
suporte ou não estiver totalmente
Precauções de segurança flutuante.
As precauções de segurança, dadas
3. Se o teto estiver descentralizado ou se
abaixo, constituem boa pratica, mas a lista não
o selo falhar freqüentemente.
é necessariamente completa. É recomendado
que a lista seja lida em conjunto com outras 4. Quando houver vapores presentes em
normas de segurança. Estas precauções concentrações perigosas.
devem ser tomadas sempre que elas não Eixos rotativos podem entrar na instalação
conflitem com normas nacionais, que têm do medidor que estiver ligado efetivamente no
prioridade. espaço de vapor. Se um transmissor
Todo equipamento de medição automática eletricamente energizado for ligado ao medidor,
de nível e temperatura deve ser capaz de deve haver um espaço ventilado entre o
suportar a pressão, temperatura e condições medidor e o transmissor.
ambientais específicas do projeto do tanque. Todos os condutores entrando em Zona 0
Todos os componentes elétricos usados (dentro do tanque) devem ser protegidos contra
em conjunto com o equipamento de medição flash-over, que pode ocorrer durante raios em
automática situados em área classificada tempestades.
devem estar de conformidade com a
classificação da área e devem estar de 3.10. Seleção do medidor
conformidade com as normas aplicáveis (p. ex.,
IEC 70-0).
Todas as partes metálicas do equipamento Geral
de medição montado no campo devem ser Os instrumentos de medição são
firmemente conectados a um terra elétrico, de requeridos para prover uma leitura local e
modo que a resistência elétrica não seja maior equipados com transmissor para fornecer
do que o valor especificado pela norma indicação remota. Os medidores automáticos
nacional. de nível podem ser montados no topo ou perto
Quando se emprega equipamento com do fundo do tanque. Eles podem também
segurança intrínseca, o terra para tal detectar interfaces de líquidos não miscíveis
equipamento é normalmente mantido separado (óleo e água, por exemplo).
de outros terras. Para conseguir confiabilidade de operação,
Todas as normas cobrindo entradas em é essencial seguir todas as normas e
áreas classificadas devem ser rigorosamente recomendações de engenharia.
observadas.
Antes de um tanque contendo Mecânico ou elétrico
hidrocarboneto líquido ou material tóxico, um Os medidores automáticos de nível, na
certificado livre de gás e uma permissão de maioria dos casos, usam um dos seguintes
trabalho devem ser obtidos. princípios de operação:
As instalações e os equipamentos devem 1. Mecânica
ser mantidos corretamente e devem ser feitas 2. Elétrica
inspeções periódicas por pessoal competente.
Se forem usados materiais radiativos, Medidor mecânico
devem ser observadas todas as normas No medidor mecânico, o elemento
concernentes. sensor é normalmente uma bóia ou a
Tanques de tetos flutuantes devem ser potência para atuação do mecanismo é
medidos da plataforma, mas em condições derivada diretamente da mudança no nível
excepcionais, pode ser necessário descer o do líquido.
teto. Vapores tóxicos e inflamáveis podem se

230
Nível
Medidor elétrico Características do produto
No medidor elétrico, o elemento sensor Faixa de características do produto
de nível segue a variação do nível por meio freqüentemente encontradas em serviço
de um servomecanismo. normal e os efeitos permissíveis de tais
variações das características na precisão
Parâmetros de seleção do medidor. Qualquer alteração futura no
Os seguintes fatores devem ser uso do tanque deve ser considerada.
considerados na seleção do sistema de Deve-se verificar a corrosividade,
medição de nível: volatilidade, densidade, viscosidade e
condutividade do produto cujo nível se quer
Grau de precisão requerido medir.
O grau de precisão necessário depende da
aplicação: medição interna, medição para Número de tanques
transferência de custódia, medição de A escolha do medidor depende da
apropriação, medição para controle ou alarme. quantidade de tanques envolvidos. Atualmente
Deve-se conhecer o mínimo incremento do todas as medições devem ser integradas em
nível do líquido indicado pelo medidor uma base de dados relacional.
A precisão de um medidor automático de Quando se têm vários tanques, deve-se
nível deve estar de acordo com as exigências definir se as leituras serão compartilhadas em
das normas nacionais. um único mostrador ou não. Deve-se definir se
A precisão da medição de nível está haverá leitura local e na sala de controle ou
contida no Regulamento Técnico da ANP e na apenas uma delas.
norma OIML R 85.
O fabricante deve estabelecer os erros Tipo do tanque
típicos para o medidor em questão e, em Quanto ao tipo de tanque, deve-se verificar
adição, deve dar a variação na leitura do nível se o tanque é refrigerado, aquecido ou usado
para o medidor que ocorrerá com as variações na temperatura ambiente. Deve-se também
na densidade do produto e temperatura conhecer a pressão do interior do tanque, se é
ambiente. atmosférica, vácuo ou pressão positiva
A precisão do medidor não pode ser (quanto?). Devem ser conhecidas: faixa de
afetada significativamente pela quantidade de pressão e temperatura de operação,
fita ou fio enrolado e deve haver um temperatura ambiente, turbulência na superfície
mecanismo de contrabalanço nos sistemas de e tipo de produtos a serem medidos.
medição mecânica. Deve-se verificar o efeito no mecanismo do
Se houver uma fita ou fio no sistema medidor e em sua montagem com relação à
automático de medição de nível, é expansão termal da estrutura do tanque.
recomendado que o material da fita e fio tenha
um coeficiente termal aproximadamente igual Uso de bóia
ao do material da estrutura do tanque. Variações na densidade do líquido no
Se o indicador automático de nível é tanque irão afetar a imersão da bóia e como
provido com uma indicação remota, deve-se conseqüência, afetam a medição.
garantir a integridade dos dados apresentados. Normas brasileiras permitem o uso de bóia,
Se a indicação remota é usada por vários em medição fiscal ou de apropriação, apenas
medidores automáticos de nível, o tempo de para tanques pequenos (menor que 100 000 L).
atualização da varredura de cada indicação
deve ser considerado. Localização do medidor
Se for usada uma indicação analógica, o O equipamento de medição automática
comprimento do espaço entre duas divisões deve ser localizado separadamente de
correspondendo a um incremento de 1 mm no qualquer facilidade de amostragem. A
nível do líquido não deve ser menor que 1 mm. localização do medidor deve considerar as
Se o mostrador for digital, o digito final deve ser facilidades de amostragem.
igual ao mínimo incremento. O elemento detector do nível do líquido
deve ser localizado de modo que nenhuma
Tolerância da precisão em termos de altura parte do elemento esteja menos que 500 m da
de líquido. estrutura do tanque. Em tanques de teto
Devem ser consideradas as especificações flutuante, o canto externo do elemento detector
do fabricante, relatórios de teste de de nível deve estar o mais próximo possível de
competência, aplicações do medidor, 500 mm do tanque.
exigências de normas e de órgãos
governamentais.

231
Nível
O elemento detector de nível deve estar Qualquer instalação especial especificada
localizado próximo da boca de medição e deve pelo fabricante ou por normas deve ser
ser acessível da plataforma de medição. seguida.
A mínima distância entre o elemento sensor São incluídas figuras para ilustrar os
de nível e a linha de centro da boca de princípios recomendados para instalar os
medição e da boca de amostragem depende do medidores de nível e certos termômetros.
tipo de equipamento e da instalação. Porém,
deve-se ter cuidado em fixar estas distancias Medidores montados em tubos suportes
de modo que não haja interferência entre estes O tubo suporte usado para montar a tampa
elementos e a medição manual ou a do medidor deve ter um mínimo de 200 mm
amostragem. diâmetro nominal. Ele deve ser fixado na parte
O elemento detector de nível do líquido do inferior do tanque ou na parte superior, de
tanque deve estar afastado das conexões de modo que as recomendações desta norma
entrada e saída para minimizar os efeitos de sejam atendidas.
redemoinhos, correntes e turbulências O tubo suporte deve ter uma ou mais
provenientes destas fontes. Se isto não for fileiras de furos ou aberturas que devem se
suficientemente efetivo, o elemento detector estender acima do nível máximo.
deve ser protegido por meio de um tubo Se o tubo suporte é montado no fundo do
acalmador. Onde são instalados agitadores de tanque, sua massa deve ser distribuída no
tanque, o fabricante do medidor deve ser fundo do tanque de modo que não imponha
consultado. uma carga acima do equivalente a 3 m de
A indicação local e os equipamentos produto.
auxiliares devem ser facilmente acessíveis para A montagem de uma placa para aumentar
leitura e manutenção. a resistência sob o tubo suporte é
recomendada.
Ponto de montagem
Deve se dar atenção especial ao ponto de Medidores montados na estrutura do tanque
montagem do medidor no tanque, de modo que A braçadeira suporte para a cabeça do
a distância entre este ponto e a referência não medidor e o tubo deve ser ligada à estrutura do
mude como resultado da distorção da estrutura tanque em uma altura típica de 2 m, em que a
do tanque causada pelo coluna hidrostática do deflexão angular da estrutura do tanque da
produto. Assim, o medidor deve ser vertical devida ao enchimento seja um mínimo.
preferivelmente montado em um tubo suporte As braçadeiras do tubo suporte devem ter
de construção adequada ou na parte inferior da guias deslizantes para garantir que o tubo do
estrutura do tanque. medidor seja, tanto quanto possível,
Enquanto um tubo suporte de montagem independente dos movimentos da estrutura do
seja preferido, especialmente para tanques tanque.
grandes, a escolha final dependerá do tipo do Os conduites da fita devem ser do tamanho
medidor e se o tanque é de teto fixo ou de teto especificado pelo fabricante e devem estar
flutuante. alinhados em todos os pontos para evitar a fita
Se o medidor não está sendo instalado tocar ou roçar o interior do conduite. Se o
inicialmente, em novo tanque, é recomendado conduite da fita horizontal requer guia lateral,
que os encaixes para se adequar um tipo um ponto para ancorar o guia é o topo da
preferido de medidor sejam incluídos no tanque estrutura do tanque e outro ponto é o tubo
no estagio de construção. acalmador usado para a medição manual.
A placa de referência usada para a Os conduites da fita devem ser tratados
referência da medição manual deve estar internamente para evitar a formação de
abaixo da boca de medição o mais próximo ferrugem. Se necessário, deve se ter um
possível do elemento detector de nível reservatório de condensado para drenar
automático. qualquer condensado formado.
Uma placa de 500 x 500 x 8 mm de
material resistente à corrosão com suportes
horizontais e diagonais colocados não mais Tanque com teto fixo
que 700 mm acima do fundo é a mais Ver Fig. 3.1.
adequada. A montagem do medidor e qualquer
Depois que o tanque é testado conduite de fita em tanques de teto fixo deve
hidrostaticamente, deve-se verificar se o tubo ser tal que qualquer deflexão do teto do tanque
suporte está torto e que os fios guia estejam com uma mudança na pressão de vapor ou
em suas posições corretas antes de ajustar o deformação da parede devida às forças
medidor. hidrostáticas não provoquem erros na medição.

232
Nível
Meios de isolação entre a tampa do
medidor e a atmosfera do tanque devem ser
considerados para permitir a tampa do medidor
ser aberta sem perda da pressão do tanque.
Todos os componentes da tampa do
medidor, elemento sensor e conduites
associados devem ser capazes de suportar a
pressão projetada do tanque, sem vazamento.

Tanque de teto flutuante


Ver Fig. 8.3.
Para novas instalações de tanque de teto
flutuante, um tubo suporte deve ser instalado
além da polia guia. Para tanques existentes,
pode ser necessário usar a polia guia como
tubo suporte.
A construção do tubo suporte não deve
restringir o movimento vertical do teto.
As funções do tubo suporte, poço
acalmador e polia guia podem ser combinadas
em uma única construção.
Se um poço flutuador é requerido no teto
flutuante para o elemento sensor de nível, ele
deve ser construído de acordo com as
exigências da instalação do fabricante do
medidor. O poço deve permitir a medição dos
níveis operacionais do líquido e deve ser
construído de modo que as perdas de vapor
sejam minimizadas.

Tanques com tampas flutuantes


Ver Fig. 3.4
Uma abertura na tampa deve ser fornecida
para agir como um poço para o elemento
detector de nível em tanques com tampas
flutuantes. A abertura deve ser construída de
acordo com as exigências da instalação
fornecidas pelo fabricante do medidor e deve
ter uma tampa adequada. É essencial que a
tampa não produza nenhum atrito no sistema
de medição e nem toque nele.

Tanque de alta pressão


Ver Fig. 8.5 e Fig. 8.6.
A instalação de medidores em tanques de
alta pressão deve ser feita considerando as
condições de operação. O elemento detector
de nível pode precisar da proteção de um tubo
acalmador ou deve se incluir outras
características especiais recomendadas pelo
fabricante.
Deve-se fazer inspeções e calibrações
periódicas no medidor e possibilitar a
manutenção sem interromper a operação do
tanque. Isto envolve a instalação de uma
válvula de isolação na entrada para o tanque
com uma câmara acima dela, de modo que a
leitura na tampa do medidor possa ser feita em
um nível conhecido.

233
Nível

Fig. 8.14 Instalação de medidor automático de nível em


Fig. 8.12 Instalação de medidor automático tanque com teto fixo
de nível em um tanque de teto fixo

Fig. 8.15 Instalação de medidor automático de nível em


Fig. 8.13 Instalação de medidor automático de nível em esfera
um tanque de teto fixo

234
O sistema de medição de nível com bóia
4. Medidores da ANP pode ser aplicado a tanque pressurizado,
quando se coloca um selo entre o processo e o
indicador. Na maioria dos casos, o movimento
da bóia é transferido para o mecanismo de
4.1. Medidores aprovados
indicação por acoplamento magnético ou por
Os métodos de medição de nível são foles pneumáticos e links mecânicos.
numerosos. Há dezenas de diferentes
princípios de operação, alguns muito antigos e Chave
outros recentes e ainda não comprovados. Escala
Os medidores industriais aceitos pela ANP
são:
1. Bóia
2. Deslocador (displacer)
3. Radar
4. Ultra-sônico

4.2. Medidor com Bóia


A medição de nível por bóia é direta e
extremamente simples e usada em tanque
aberto para a atmosfera. A bóia ou flutuador
está em contato direto com o líquido do Fig. 8.17. Indicador e chave com bóia
processo e é presa por um cabo a um
contrapeso, passando por uma polia.
Há sistema onde o próprio contrapeso Finalmente existe a chave de nível, tipo
estabelece o valor do nível Tem-se uma escala bóia. Ou seja, tem-se o acionamento de
invertida de 100 a 0%. Quando o tanque está elemento final de controle, diretamente pela
vazio, o flutuador está baixo, o contrapeso está posição de uma bóia de nível. Esse sistema é
na altura máxima. Quando o tanque está cheio, utilizado extensivamente a toda alimentação de
o flutuador está no topo do tanque e o água, em instalações caseiras. Quando o nível
contrapeso no ponto mais baixo. da caixa d'água atinge o seu máximo, ele eleva
a posição de uma bóia, que está acoplada
mecanicamente a um dispositivo para abrir-
fechar a tubulação de alimentação da caixa.
A bóia é importante porque pode ser
associada com outros sensores de nível, como
ultra-sônico e capacitivo.
Embora simples, os sistemas com bóia são
de precisão media (±1% do fundo de escala) e
são usados principalmente para proteção.

4.3. Medição com Deslocador


É também um método muito popular e
conhecido. Seu princípio de funcionamento é a
lei de Arquimedes, o da eureka: quando um
corpo é submerso em um líquido, ele perde
peso igual ao peso do líquido deslocado. O
Fig. 8.16. Bóia ligada à régua sistema de medição de nível por deslocador se
resume na detecção e medição de um peso
que varia com o nível.
Outros sistemas acoplam engrenagens Há quem chame esse sistema de medição
mecânicas na polia, de modo que a rotação da de nível de medidor com flutuador. O nome é
polia estabelece o nível do líquido. incorreto, pois, na realidade o elemento sensor
Há ainda a possibilidade de se acoplar um não flutua, mas fica submersa no líquido cujo
potenciômetro elétrico à polia, de modo que a nível está sendo medido. Quem flutua é a bóia,
rotação da polia estabelece a posição do também usada como sensor de nível, porém,
terminal do potenciômetro, possibilitando a com outro princípio de operação.
geração de um sinal elétrico dependente do
nível.

235
Nível
O comprimento do deslocador nunca pode
ser menor que o nível a ser medido.
A densidade do material do deslocador
deve ser sempre maior que a densidade do
líquido do tanque.
O desempenho do sistema com deslocador
possui as seguintes características:
1. pode ser aplicado para medição de
nível de líquido, interface do líquido-
vapor, densidade de líquido, interface
entre dois líquidos.
2. o sistema é simples, confiável e
relativamente preciso.
3. como há uma grande variedade de
Fig. 8.18. Medição de nível com deslocador: topo, lateral materiais para a construção do
e gaiola deslocador e das braçadeiras de
ligação com o transmissor, o sistema
pode ser usado para medir líquidos
corrosivos.
Deslocador fixo Como limitações tem-se:
O deslocador é suspenso de um 1. Uso restrito para tanque não
transmissor de nível, que detecta a força (peso) pressurizado
variável. Quando o nível é mínimo, o 2. Aplicação apenas para líquidos limpos,
deslocador está imediatamente acima do nível pois não se pode ter deposição ou
e totalmente fora do líquido. Seu peso é incrustarão de material no deslocador
máximo e o sinal transmitido deve (alterando seu peso).
corresponder ao zero da escala de medição. 3. Dificuldades e restrições nos selos
Quando o nível sobe, o peso aparente do 4. Custo elevado, principalmente quando
deslocador diminui, mantendo assim uma o deslocador é de material especial.
relação linear e proporcional entre o peso e o A precisão do sistema de medição de nível
nível do líquido. Quando o nível atinge o valor com deslocador fixo é tipicamente de ±0,5% do
máximo calibrado, o deslocador deve estar fundo de escala.
totalmente submerso. Nessa posição ele
apresenta o mínimo peso aparente e o Deslocador móvel
transmissor deve gerar sinal correspondente a É possível se medir nível com um
100% do nível. deslocador móvel, em vez de fixo. Neste
Os problemas práticos que aparecem e sistema o deslocador tem o formato de bóia e
devem ser superados são: se move como se fosse uma bóia,
1. a selagem do sistema detector do acompanhando a superfície livre do líquido.
transmissor com o tanque de processo, Porém, o que faz ele se mover é um sistema de
que não deve ter atrito, deve suportar servomecanismo acoplado a ele. Quando o fio
as pressões e temperatura do processo que aciona o deslocador se parte, ele vai para
e não sofrer corrosão do líquido. o fundo do vaso, pois ele é muito mais pesado
2. o tipo de tomada de nível, geralmente que o líquido. Este sistema de medição de nível
feito através de flanges com face foi desenvolvida pela ENRAF.
ressaltada. Há tomadas através de três O medidor de nível utiliza como elemento
tipos básicos: lateral, topo e de gaiola. sensor um pequeno deslocador com densidade
A gaiola é uma extensão do tanque maior que a do líquido cujo nível é medido. O
principal. Ela é usada para facilitar a deslocador é suspenso por um cabo flexível
retirada e manutenção do sistema e que se enrola em um tambor de medição com
quando há muita onda no interior do ranhuras. Na condição de equilíbrio, o
tanque. Ela é limitada quando a deslocador fica parcialmente imerso no líquido
pressão é elevada ou pode haver permitindo a sua aplicação em líquidos com
vazamentos. turbulência na superfície e com variações de
o cálculo correto do peso e do tamanho do densidade do produto.
deslocador. As vezes, é conveniente adicionar Um circuito integrador com ajuste de
ao sistema uma proteção ao transmissor, de tempo permite a medição estável do nível,
modo que o peso do deslocador não lhe fique mesmo com turbulência na superfície do
aplicado durante muito tempo. fluído, já que a ação do integrador proporciona
um nível de leitura médio e preciso. Esta

236
Nível
característica permite que os medidores de Para a indicação remota do nível e
nível possam operar com precisão em temperatura os medidores são equipados
tanques com agitadores e com altas vazões de opcionalmente com um transmissor integral.
bombeamento. São disponíveis dois sistemas de transmissão:
Utiliza-se o princípio de servomecanismo um para a transmissão individual ao indicador
para eliminar os efeitos de atrito mecânico que digital de nível e de temperatura instalado no
prejudicam a sensibilidade e a precisão do pé do tanque via RS 422 e outro de freqüência
sistema. O eixo do tambor de medição está por PWM (modulação de largura de pulso)
acoplado a uma balança capacitiva de onde todos os medidores são ligados ao
equilíbrio, que mede continuamente o peso receptor central seletivo.
aparente do deslocador, que é o seu peso real
modificado pela força de empuxo exercida pelo 4.4. Medição com Radar
produto sobre o deslocador parcialmente
imerso.
Introdução
O sistema de medição de nível com radar
usa ondas eletromagnéticas, tipicamente
microondas na faixa de 10 GHz (banda X).
Geralmente a medição é contínua e se aplica à
medição de nível de líquido.
As emissões são de baixa potência,
tipicamente menores que 0,015 mW/cm2 pois
as aplicações industriais requerem geralmente
faixas menores que 30 m, que é uma distância
pequena para a técnica de radar. Nesta faixa
de energia, não há problema de saúde,
segurança, licença ou considerações de
contaminação. Os dispositivos envolvidos são
Fig. 8.19. Sistema de medição de nível com deslocador os prosaicos transistores e diodos para gerar e
móvel detectar as microondas.
O sensor radar é montado no topo do vaso
e é dirigido para baixo, perpendicular à
As variações de nível provocam alterações superfície do líquido. Isto faz o sinal ser
no peso aparente do deslocador, que são refletido da fonte para retornar diretamente
detectadas pela balança capacitiva de para o sensor. O caminho do sinal é afetado
equilíbrio através do deslocamento das placas pelo tamanho da antena.
centrais. Variando sua capacitância em relação
às placas laterais ativas, através de um circuito
eletrônico com servomotor reversível. Este
servo motor está acoplado ao eixo sem fim que
aciona a coroa dentada e conseqüentemente, o
tambor de medição, de modo a fazer subir ou
descer o deslocador, até que seja obtida
novamente a imersão correta.
A tensão mecânica do fio que sustenta o
deslocador é igual à diferença entre o peso do
deslocador e o empuxo correspondente ao
volume do líquido deslocado pela parte
submersa. Na balança de equilíbrio, as placas
centrais são tensionadas por duas molas para
contrabalançar a tensão do fio e manter o
deslocador em equilíbrio. O peso do
deslocador, mesmo quando totalmente imerso
mantém o cabo de medição sempre
tensionado.
O eixo do servomotor aciona o indicador
mecânico de nível integral e o codificador Fig. 8.20. Medição de nível a radar
óptico utilizado para transmissão remota de
nível e temperatura.

237
Nível
Vantagens e desvantagens
As principais vantagens da técnica de
medição de nível com radar são:
1. Pode medir nível de líquidos complexos
(tóxicos, perigosos, sanitários)
2. Não requer licença legal (como o
radiativo)
3. É uma medição sem contato
4. Apresenta alta precisão em faixa de 1,5
a 60 m.
5. A antena pode ser colocada
externamente, totalmente isolada do
processo.
6. A operação é verificável através do
monitor
7. Nenhuma recalibração é requerida
quando se altera as condições de
processo, pois a mudança do líquido
não afeta a velocidade e freqüência e
processamento do sinal.
8. A operação do sistema pode tolerar Fig. 8.22. Montagem do radar no tanque
revestimento do sensor, turbulência da
superfície e espuma no líquido (melhor
que laser e ultra-som).
Como desvantagem, tem-se
1. É a técnica de medição de nível
mais cara.
2. Só é aplicada em processo com
líquido limpo.
3. Não pode ser usado em aplicação
com sólido, por causa do sinal fraco
de reflexão.
4. Possui menor número de
aplicações que o sistema com
radiação nuclear.

Fig. 8.23. Montagem do radar no tanque

Influência do vapor no radar


Para alguns produtos específicos, pode
haver uma influencia mensurável na precisão
da medição de nível, se a composição do vapor
varia entre a condição de sem vapor até vapor
totalmente saturado. Porém, não há influencia
detectável se a variação do vapor é pequena.
Para estes produtos específicos, é
suficiente que a pressão e a temperatura sejam
medidas e o programa no Medidor de Tanque a
Radar corrija a influência do vapor
Fig. 8.21. Montagem do medidor a radar automaticamente. Isto é feito, por exemplo,
quando se mede o nível de GLP.Gases que
conhecidamente afetam a transmissão das
ondas de radar são: Oxido de propileno, Éter
etílico, Éter propílico, Acetaldeido,
Proionaldeido, Isotubiraldeido, Acetona,
Metanol, Amônia

238
9. Vazão

A vazão volumétrica é igual ao produto da


1. Introdução velocidade do fluido pela área da seção
transversal da tubulação.
A medição da vazão é essencial a todas as A vazão mássica é igual ao produto da
fases da manipulação dos fluidos, incluindo a vazão volumétrica pela densidade do fluido .
produção, o processamento, a distribuição dos Na prática, como é difícil a medição direta da
produtos e das utilidades. Ela está associada densidade do fluido e a composição dos gases
com o balanço do processo e está diretamente é constante, usam se as medições da
ligada aos aspectos de compra e venda dos temperatura e da pressão para inferir a
produtos. A medição confiável e precisa requer densidade.
uma correta engenharia que envolve a seleção A partir da vazão volumétrica ou mássica
do instrumento de medição, a sua instalação, a pode se obter a sua totalização, através da
sua operação, a sua manutenção e a integral da vazão instantânea.
interpretação dos resultados obtidos. Outra dificuldade apresentada na medição
O conjunto formado pelo medidor e os da vazão está relacionada com a grande
trechos da tubulação antes e depois do variedade de fluidos manipulados e com o
medidor deve ser considerado globalmente e elevado número de configurações diferentes.
não apenas o medidor isolado. Este conjunto Por isso, é freqüente na medição da vazão o
pode incluir retificadores de vazão, reguladores uso de extrapolações e de similaridades
do perfil da velocidade, filtros e tomadas de geométricas, dinâmicas e cinemáticas entre os
medições. diferentes modelos.
A vazão de fluidos é complexa e nem
sempre sujeita à análise matemática exata. 3. Vazão em Tubulação
Diferente do sólido, os elementos de um fluido
vazando podem mover em velocidades Em aplicações industriais de medição da
diferentes e podem ser sujeitos a acelerações vazão, o mais comum é se ter fluidos em
diferentes. tubulações fechadas. O caminho mais
Os três conceitos mais importantes na empregado para transportar o fluido entre dois
vazão de um fluido já foram vistos em pontos da planta é a tubulação com seção
Mecânica dos Fluidos e são: circular. O círculo fornece a maior resistência
1. princípio da conservação da massa, do estrutural e apresenta a maior área transversal
qual é desenvolvida a equação da por unidade de superfície da parede. Por isso,
continuidade, a não ser que seja dito diferente, as palavras
2. princípio da energia cinética, que dá tubo e tubulação sempre serão referidas a um
origem a certas equações da vazão, conduíte fechado, com seção circular e com
3. princípio do momentum, que trata das diâmetro interno constante.
forças dinâmicas exercidas pelos fluidos Ocasionalmente são encontrados conduites
da vazão. com seção transversal não circular ou
tubulações com seção circular porém não
2. Conceito de Vazão totalmente preenchidas pelo fluido. Quando se
calcula o número de Reynolds, nestas
Quando se toma um ponto de referência, a situações, utiliza se o conceito de raio
vazão é a quantidade do produto ou da hidráulico, que é a relação entre a área
utilidade, expressa em massa ou em volume, transversal da vazão e o perímetro molhado.
que passa por ele, na unidade de tempo. A
unidade de vazão é a unidade de volume por
unidade de tempo ou a unidade de massa por
unidade de tempo.

239
Vazão
Mesmo quando se usam as unidades
métricas, é comum usar a polegada para
expressar o diâmetro nominal da tubulação. O
tamanho nominal de tubulações iguais e
maiores que 14" representa o diâmetro externa
da tubulação e os tamanhos nominais menores
são aproximações do diâmetro interno.
A espessura da parede da tubulação,
determinada pelo Schedule do tubo, pode
variar substancialmente para um determinado
diâmetro da tubulação, enquanto o diâmetro
Fig. 9.1. Medição de vazão em tubulações externo permanece constante. Como
conseqüência, o diâmetro interno pode variar e
por isso há ábacos e tabelas na literatura
técnica (Crane, por exemplo) para a sua
obtenção. Em geral, quando o número do
Schedule aumenta, a espessura da parede
aumenta e o diâmetro interno diminui.

4. Tipos de Vazão
A vazão pode ser classificada de muitos
modos, tais como
1. laminar ou turbulenta,
2. ideal ou real,
3. compressível ou incompressível,
Fig. 9.2. Comportamento do fluido dentro da tubulação 4. homogênea ou com mais de uma fase,
5. viscosa ou sem viscosidade,
6. regime estável ou instável,
7. rotacional ou irrotacional,
Muitas fórmulas empíricas propostas para a Para cada vazão, há hipóteses
medição da vazão em tubo são muito limitadas simplificadoras e as correspondentes equações
e podem ser aplicadas apenas quando as permitem a sua análise. As simplificações se
condições reais do processo se aproximam das referem à viscosidade, densidade, pressão,
condições do laboratório. temperatura, compressibilidade e energia em
Para transferir o fluido de A para B, coloca suas diferentes formas. Sempre há aspectos
se uma tubulação ligando os dois pontos e teóricos e informações experimentais.
instala se uma bomba nesta tubulação. Por Em qualquer situação existem três
causa do atrito entre o fluido móvel e a condições:
tubulação fixa, o fluido deve ser pressurizado, 1. a lei de Newton do movimento se aplica
para que escoe. Ou seja, para haver vazão do para cada partícula em cada instante,
fluido através da tubulação, a pressão na saída 2. a equação da continuidade é válida e
da bomba deve ser maior que a pressão na 3. nas paredes do tubo, a componente
entrada do tanque B. Esta diferença de pressão normal da velocidade é igual à
produz a força que faz o fluido escoar através velocidade do tubo. Para o fluido real, a
da tubulação. O fluido atinge um equilíbrio ou componente tangencial da velocidade
fica em vazão de regime permanente quando a do fluido na parede é zero, em relação à
força requerida para move-lo através da parede.
tubulação é igual a força produzida pela
diferença de pressão.
Vários parâmetros influem na queda de
pressão ao longo da tubulação: o seu
comprimento, o seu diâmetro interno, a
velocidade , a densidade e a viscosidade do
fluido que se move através da tubulação e o
atrito provocado pela rugosidade da parede
interna da tubulação no fluido. Existem
equações teóricas e experimentais
relacionando todos estes parâmetros.

240
Vazão
Vazão Ideal ou Real 4. fluido com alta viscosidade, tais como os
óleos lubrificantes.
O fluido ideal não tem viscosidade e por A vazão laminar ocorre para vazões com
isso não pode haver movimento rotacional das Re menor que 2.000.
partículas em torno de seus centros de massa
e nem tensão de cisalhamento. A vazão de um
fluido sem viscosidade é chamada de vazão
ideal e pode ser representada por uma única
vazão resultante. A vazão ideal é irrotacional.
Na vazão ideal as forças internas em qualquer
seção são sempre perpendiculares a seção. As
forças são puramente forças de pressão. Tal (a) vários filamentos (b) único filamento
vazão é aproximada e nunca é conseguida na
prática. Fig. 9.4. Fluido dentro da tubulação:
A vazão de um fluido viscoso é chamada
de vazão real. Vazão viscosa e vazão real são
sinônimos. Todos os fluidos reais possuem Um modo experimental de verificar quando
algum grau de viscosidade. um fluido está em vazão laminar é introduzir
um filamento fino de um líquido colorido na
vazão do fluido, através de um tubo de vidro.
As trajetórias de todas as partículas do fluido
serão paralelas as paredes do tubo e portanto
o líquido se move em uma linha reta, como se
estivesse dentro de um tubo fino mergulhado
no fluido. Este estado da vazão depende da
viscosidade, da densidade e da velocidade do
(a) Fluido não viscoso b) Fluido viscoso
fluido. Quando se aumenta a velocidade, a
vazão continua laminar até se atingir um valor
Fig. 9.3. Vazão ideal ou não ideal
crítico, acima do qual, o líquido colorido
começa a se dispersar e misturar com o fluido
vazante. Neste ponto, as partículas do líquido
Vazão Laminar ou Turbulenta colorido não são mais paralelas as paredes do
A vazão laminar é assim chamada por que tubo mas sua velocidade possui componentes
todas as partículas do fluido se movem em transversais. Esta forma de vazão é chamada
linhas distintas e separadas. As partículas do de turbulenta.
fluido se movem em linhas retas paralelas ao A teoria dos fluidos viscosos lubrificantes
eixo da tubulação, de modo ordenado. A ação em rolamentos se baseia na análise da vazão
é como se as lâminas do fluido escorregassem laminar. Mesmo em vazões com elevados
relativamente entre si. No caso da vazão números de Reynolds, como no vôo do avião,
laminar em uma tubulação circular, a há regiões de vazão laminar próximas das
velocidade adjacente a parede é zero e superfícies.
aumenta para um máximo no centro do tubo. O A perda da energia na vazão laminar varia
perfil da velocidade é uma parábola e a linearmente com a velocidade e não com o
velocidade média da vazão volumétrica é a quadrado da velocidade, como na vazão
metade da velocidade máxima do centro. turbulenta. Esta relação matemática é a base
A vazão laminar é governada pela Lei de do funcionamento do medidor com resistência
Newton da viscosidade. Ela pode ser linear usado para a medição de vazão laminar.
considerada como a vazão em que toda a Na vazão turbulenta não se tem linhas de
turbulência é amortecida pela ação da vazão distintas mas o fluido consiste de uma
viscosidade. Por isso, os termos vazão laminar massa de redemoinhos. As partículas não
e vazão viscosa são equivalentes. seguem a mesma trajetória. O perfil de
A vazão laminar é caracterizada por um velocidade mostra a velocidade máxima
movimento suave e contínuo do fluido, com também no centro, mas a velocidade próxima
pouca deformação. A vazão laminar é das paredes da tubulação é igual a metade da
conseguida de vários modos: máxima velocidade. O perfil é mais chato para
1. fluido com pequena densidade, um tubo liso do que para um tubo rugoso. A
2. movimento em baixa velocidade, velocidade média no centro de um tubo rugoso
3. pequenos tamanhos dos corpos como os é de 0,74 da máxima e no tubo liso vale 0,88
microrganismos nadando no mar ou da máxima.

241
Vazão
( ∂v ∂x ≠ 0 ). Na vazão estável a velocidade é
constante com o tempo, e por isso as outras
variáveis (pressão, densidade) também não
variam com o tempo.
Obtém-se vazão estável somente quando a
profundidade, inclinação, velocidade, área da
seção transversal da tubulação são constantes
ao longo do comprimento da tubulação. A
vazão estável é obtida somente com a vazão
1. Vazão laminar laminar. Na vazão turbulenta há flutuações
2. Início da turbulência continuas na velocidade e na pressão em cada
3. Vazão turbulenta ponto. Porém, se os valores flutuam em torno
Fig. 9.5. Vazão laminar ou turbulenta de um valor médio constante, de modo
simétrico, a vazão pode ser considerada
estável. Na vazão estável, as condições são
No caso de um corpo sólido imerso em usualmente constantes no tempo, embora, em
fluido vazando, há uma turbulência atrás do determinado momento, elas não sejam
corpo, resultando em uma força de arraste no necessariamente as mesmas em seções
corpo (drag). diferentes.
Na vazão turbulenta as velocidades locais e Na vazão instável, a velocidade varia com o
as pressões flutuam aleatoriamente de modo tempo ( ∂v ∂t ≠ 0 ) e como conseqüência, as
que as soluções do problema de turbulência
requer a mecânica estatística. outras condições (pressão, densidade,
viscosidade) também variam em relação ao
Os efeitos da viscosidade ainda estão
tempo. Depois de muito tempo, a vazão
presentes na vazão turbulenta, mas eles são
geralmente mascarados pelas tensões de instável pode se estabilizar ou ficar zero. Esta
variação da vazão pode ser lenta, como
cisalhamento turbulentas. A difusão, a
resultado da ação de uma válvula de controle
transferência de calor e as tensões de
cisalhamento estão relacionadas diretamente proporcional ou pode ser rápida, como o
resultado do fechamento repentino, que pode
com a turbulência. Turbulência muito
produzir o fenômeno conhecido como golpe de
acentuada pode provocar a separação da
vazão. aríete ou martelo d'água. A vazão instável
acontece também quando se tem a vazão de
Quando a água é bombeada através de
um reservatório para outro, em que o equilíbrio
tubo em vazão muito elevada, a vazão se torna
é conseguido somente quando os dois níveis
turbulenta. Para uma determinada pressão
se igualam.
aplicada, a vazão pode ser aumentada muitas
vezes, simplesmente pela adição de uma A vazão instável também inclui o
movimento periódico ou cíclico, tal como o das
pequeníssima quantidade (poucas partes por
ondas do mar ou o movimento do mar em
milhão) de um polímero de altíssimo peso
molecular (maior que 1 milhão). Este fenômeno estuários e outras oscilações. A diferença entre
tais casos e a vazão média de regime em
é chamado de redução do arraste e é usado,
vazões turbulentas é que os desvios da média
por exemplo, nas estações de bombeamento
nos oleodutos do Alasca. da vazão instável e a escala de tempo são
muito maiores.
Erroneamente se pensa que é mais fácil
medir vazões laminares. Na prática industrial e
na natureza, a maioria das vazões é turbulenta Vazão Uniforme e Não Uniforme
e muitos medidores só conseguir medir vazões Tem-se uma vazão uniforme quando o
com número de Reynolds acima de um valor e a direção da velocidade não mudam de
determinado limite, tipicamente de 104. um ponto a outro no fluido, ou seja, a
velocidade não varia com a distância percorrida
Vazão Estável ou Instável ( ∂v ∂x = 0 ). Na vazão uniforme, as outras
A vazão estável, também chamada de variáveis do fluido (pressão, densidade,
vazão em regime, é aquela conseguida viscosidade) também não variam com a
quando, em qualquer ponto, a velocidade de distancia.
partículas sucessivas do fluido é a mesma em A vazão de líquidos sob pressão através de
períodos sucessivos de tempo ( ∂v ∂t = 0 ). Na tubulações longas com diâmetro constante é
vazão estável a velocidade é constante em uniforme, com a vazão estável ou instável.
Ocorre a vazão não uniforme quando a
relação ao tempo, mas pode variar em
velocidade, profundidade, pressão ou
diferentes pontos ou com relação à distância
densidade do fluido varia de um ponto a outro

242
Vazão
na vazão ( ∂v ∂x ≠ 0 ). A vazão em um tubo com significado pratico. Como a pressão estática e
seção variável é não uniforme. a temperatura do processo variam
continuamente, para compensar estes desvios
Vazão Volumétrica ou Mássica dos valores padrão de projeto, medem-se a
pressão e a temperatura e fazem-se as
Os medidores industriais podem medir a correções, obtendo-se a vazão volumétrica
vazão volumétrica (volume/tempo) ou mássica compensada. Na prática, a maioria das
(massa/tempo). medições de vazão de líquidos não tem
A massa, junto com as unidades de nenhuma compensação, a minoria das vazões
comprimento e de tempo, constitui a base para de líquidos possui apenas compensação da
todas as medidas físicas. Como um padrão temperatura. A maioria absoluta das vazões de
fundamental de medição, a unidade de massa gases necessita da compensação da pressão e
não é derivada de nenhuma outra fonte. As da temperatura, uma minoria reduzida não faz
variações de temperatura, pressão, densidade, qualquer compensação e algumas aplicações
viscosidade, condutividade térmica ou elétrica requerem ainda a medição e compensação da
não afetam a massa do fluido cuja vazão está densidade, além das medições de pressão e
sendo medida. Por exemplo, em determinadas temperatura. Há aplicações onde se mede a
temperaturas e pressões, a água é sólida, temperatura e usa o seu valor para compensar
líquida ou gás. Qualquer que seja o estado da a variação provocada simultaneamente no
água, porém, 1,0 kilograma de massa de água, volume e na densidade do fluido.
gelo ou vapor permanece exatamente 1,0
kilograma.

Massa direta

Mede Volume
e Densidade

metro cúbico Mede Volume e


padrão
metro cúbico
infere Densidade
medido
3,8 m3, @ 100
kPa A e 15 oC W = Q ρ = Q ρ (P,T)
1 m3, 400 kPa G
e 100 oC Fig. 9.7. Relação entre volume e massa

Fig. 9.6. Relação entre volume medido e volume à Vazão Incompressível e


condição padrão (standard)
Compressível
Na vazão incompressível o fluido se move
com a densidade constante. Nenhum fluido é
Atualmente, já é disponível comercialmente verdadeiramente incompressível, desde que
medidores diretos de vazão mássica, como o até os líquidos podem variar a densidade
tipo Coriolis, o termal e o medidor com dois quando submetidos à altíssima pressão. Na
rotores. Como a massa do fluido independe de prática, para fluidos com número de Mach
medições de outras variáveis do processo, menor que 0,3 a vazão pode ser considerada
como pressão, temperatura ou densidade, a incompressível. É quase impossível se atingir a
medição da vazão mássica é mais vantajosa velocidade de líquido de 100 m/s, por causa da
que a medição da volumétrica, na maioria das altíssima pressão requerida. Por isso o líquido
aplicações. Porém, em sistemas envolvendo é considerado incompressível.
tanques de armazenagem, é essencial que seja A diferença essencial entre um fluido
medida a vazão volumétrica. compressível e um incompressível está na
A maioria dos medidores industriais mede a velocidade do som. Em um fluido
velocidade e infere a vazão volumétrica do incompressível a propagação da variação de
fluido. A partir da velocidade e da área da pressão é praticamente instantânea; em um
seção transversal da tubulação tem-se a vazão fluido compressível a velocidade é finita. Um
volumétrica. Como o volume do fluido pequeno distúrbio se propaga na velocidade do
compressível depende umbilicalmente da som.
pressão e da temperatura, deve-se conhecer Quando a velocidade do fluido se iguala a
continuamente os valores da pressão e da velocidade do som no fluido, a variação da
temperatura para que o valor do volume tenha densidade (ou do volume) é igual a variação da

243
Vazão
velocidade. Ou seja, grande variação da densidade e da relação das pressões antes e
velocidade, em vazão de alta velocidade, causa depois do elemento de vazão.
grande variação na densidade do fluido.
A vazão do gás pode facilmente atingir Vazão Rotacional e Irrotacional
velocidades compressíveis. Por exemplo,
dobrando a pressão do ar de 1 para 2 Na vazão rotacional, a velocidade de cada
atmosferas, pode-se ter velocidade partícula varia diretamente com a sua distância
supersônica. do centro de rotação. Na vazão rotacional,
Para a vazão turbulenta de um fluido cada pequena partícula do fluido parece rodar
incompressível, o efeito da variação da em torno de seu próprio eixo, para um
densidade na expressão da turbulência é observador fixo. Por exemplo, a vazão em um
desprezível. Porém, este efeito deve ser cilindro girando em torno de seu eixo, a vazão
considerado em fluido compressível. O estudo do fluido no interior da bomba.
da vazão turbulenta de um fluido compressível
requer a correlação das componentes da
velocidade, da densidade e da pressão
Os gases são compressíveis e as
equações básicas da vazão devem considerar
as variações na densidade, provocadas pela
pressão e temperatura.
Para os fluidos compressíveis, como os
gases e vapores, é necessário adicionar os
termos térmicos à equação de Bernoulli para
obter uma equação que considere a energia
total e não apenas a energia mecânica. Fig. 9.8. Perturbações que criam distorção do perfil,
A vazão mássica de um fluido compressível vazões secundárias e redemoinhos
em uma tubulação, com uma dada pressão de
entrada, se aproxima de uma determinada
vazão limite, que não pode ser excedida, por
mais que reduza a pressão da saída. Na vazão irrotacional, cada pequena
A máxima velocidade de um fluido parcela ou elemento do fluido preserva sua
compressível em uma tubulação é limitada pela orientação original. Como um elemento do
velocidade de propagação da onda de pressão fluido pode ser girado em torno de seu eixo
que se desloca a velocidade do som no fluido. somente com aplicação de forças viscosas, o
Como a pressão cai e a velocidade aumenta ao fluido rotacional é possível somente com fluido
longo da tubulação, com área da seção real viscoso e a vazão irrotacional só pode ser
transversal constante, a máxima velocidade obtida de fluido ideal não viscoso. Para fluido
ocorre na extremidade final da tubulação. Se a com pequena viscosidade, tal como ar e água,
queda da pressão é muito alta, a velocidade a vazão irrotacional pode ser aproximada em
da saída atingirá a velocidade do som. A um vórtice livre. Em um vórtice livre, um corpo
diminuição adicional da pressão de saída não é de fluido gira sem a aplicação de torque
sentida a montante porque a onda de pressão externo por causa do momentum angular
pode se deslocar, no máximo, a velocidade do previamente aplicado nele Exemplos são a
som. A queda de pressão adicional, obtida pela rotação do fluido que sai de um bomba
diminuição da pressão de saída após se atingir centrífuga, um furacão de ar ou a rotação da
a máxima descarga ocorre além do fim da água entrando no dreno de um vaso.
tubulação. Esta pressão é perdida em ondas de Uma vazão irrotacional se torna rotacional
choque e turbulências do jato do fluido. quando a tubulação muda de direção,
Pode se mostrar teoricamente que a formando ângulos de 90o.
relação das pressões antes e depois de um Há medidores de vazão, como o tipo vortex
elemento primário de medição de vazão não e efeito Coanda que provocam artificialmente
pode ser menor que um valor crítico. Quando a vórtices para a medição do valor da vazão.
pressão através da restrição é igual a esta Quando for indesejável e geralmente o é, a
fração crítica multiplicada pela pressão antes rotação da vazão, usam-se retificadores de
do elemento, a vazão é máxima e não pode ser vazão para eliminar os redemoinhos.
aumentada, a não ser que se aumente a
pressão antes do elemento. Vazão monofásica e bifásica
A vazão máxima de um fluido compressível
Nenhum medidor de vazão pode distinguir
depende do expoente isentrópico, da
entre um líquido puro e um líquido contendo ar
ou gás entranhado. O gás entranhado pode

244
Vazão
resultar em medição com grande erro, mesmo turbulência na tubulação e dependem da
quando a quantidade de ar for pequena. velocidade do fluido. As vazões bifásicas mais
Quando se tem um medidor de vazão para comuns são:
medir líquido e há gás em suspensão ou 1. Vazão de bolha (bubble), quando há
quando se tem um medidor para gás e há bolhas de gás dispersas através do
líquido condensado, há erros grosseiros de líquido
medição. Para se garantir medições com 2. Vazão plug, quando há grande bolha de
pequenos erros devidos a vazão multifásica, gás na fase líquida
deve-se instalar eliminador de gás. 3. Vazão estratificada, quando há uma
O eliminador de gás reduz a velocidade do camada de líquido abaixo de uma
fluido em uma câmara para dar tempo ao gás camada de gás
escapar antes de reentrar na tubulação. 4. Vazão ondulada, parecida com a
Quando o gás se acumula, o nível do líquido estratificada, porém a interface gás-
cai, baixando uma bóia que abre um vent para líquido é ondulada por causa da alta
liberar o gás do eliminador. Deve-se manter velocidade da vazão
uma pressão de retorno na saída 5. Vazão anular, quando há um filme
suficientemente grande para garantir uma líquido nas paredes internas com gás no
vazão de descarga correta do gás. centro
Atualmente, há desenvolvimento de
medidores para a indústria de petróleo para Vazão Crítica
medir e distinguir as vazões de diferentes
fases, mas estes medidores ainda não estão Quando um gás é acelerado através de
disponíveis comercialmente ou ainda possuem uma restrição, sua velocidade aumenta, a
preços elevados. Realmente, são vários pressão diminui e sua densidade diminui.
medidores em um único invólucro, cada Desde que a vazão mássica é uma função da
medidor com um princípio de funcionamento densidade e da velocidade, existe uma área
diferente e cada um detectando e medindo uma crítica em que o fluxo de massa é máximo.
fase. O receptor microprocessado faz a Nesta área, a velocidade é sônica e a vazão é
separação dos sinais e dá o resultado da vazão chamada de crítica ou de choque. Para
de cada fase. líquidos, se a pressão na área mínima é
reduzida à pressão de vapor, forma-se uma
zona de cavitação que restringe a vazão, de
modo que a diminuição da pressão a jusante
não aumenta a vazão. Em ambos os casos, a
vazão mássica pode somente ser aumentada
pela aumento da pressão a montante.
Quando o gás passa através de um bocal
com uma grande diferença de pressão entre a
entrada e a garganta do bocal, de modo que a
velocidade do fluido atinge a velocidade do
som neste fluido, a vazão através desta
restrição é a crítica. A vazão crítica independe
das condições a jusante, sendo função apenas
das condições a montante. Ou seja, pode-se
diminuir a pressão depois do bocal que a vazão
não aumenta. A velocidade do som no gás é a
maior velocidade obtível e a vazão mássica é
dada por:

W = 0,035KYd2Fa ρΔp
ou
hw
Q = 0,035KYd2Fa
ρ
onde
Fig. 9.9. Tipos de vazão multifásica ΔP é a queda de pressão no bocal
Y é o fator de expansão do gás
Fa é o fator de expansão termal da área
As vazões com duas fases, líquida e hw é pressão diferencial em coluna
gasosa, ocorrem quando há instabilidade e d é o diâmetro do bocal

245
Vazão
ρ é a densidade do gás, nas condições
reais Q
K é uma constante de calibração v=
A

K=
C ou
1− β 4 W
v=
onde ρA
C é o coeficiente de descarga do bocal
β é a relação d/D do bocal O perfil da velocidade da vazão é
Por causa da vazão crítica ser provavelmente o mais importante e menos
caracterizada pela velocidade do gás na conhecido parâmetro de influência da vazão. A
garganta ser igual à velocidade do som, existe velocidade através do diâmetro da tubulação
uma relação fixa das pressões na entrada (P1) varia e a distribuição é chamada de perfil de
e na garganta (P2) para qualquer pressão de velocidade do sistema.
entrada, desde que a condição crítica seja Osborne Reynolds observou que um fluido
mantida. Como conseqüência, não se newtoniano pode possuir dois perfis distintos
necessita de tomada de pressão e a vazão de velocidade, quando em vazão uniforme:
mássica depende apenas de P1 e T1. Como a vazão laminar e vazão turbulenta.
velocidade é sônica, a pressão a jusante (P3) Para a vazão laminar, o perfil é parabólico
não afeta a pressão a montante (P1), mas para e a velocidade no centro da tubulação é cerca
se manter a vazão crítica, deve-se ter a de duas vezes a velocidade média. Para a
relação: vazão turbulenta, depois de um trecho reto de
tubulação suficientemente longo, o perfil da
P3 vazão se torna totalmente desenvolvido e a
< 0,8 velocidade no centro da tubulação é cerca de
P1 somente 1,2 vezes a velocidade média e
somente nesta região se pode fazer medição
suficientemente precisa.

Fig. 9.10. Bocal, onde há vazão crítica (a) Laminar (b) Turbulenta

Fig. 9.11. Perfis de velocidade


Este fenômeno só acontece com o bocal. A
vazão crítica não ocorre com a placa de orifício
de canto reto, pois a diminuição da pressão a A vazão é dita turbulenta quando os jatos
jusante sempre faz a vazão aumentar. O bocal se misturam, se agitam e se movem
de vazão é usado como padrão secundário na aleatoriamente. Ocorre tipicamente para fluido
calibração de medidores de vazão de gases, com baixa viscosidade e alta velocidade.
pois ele pode gerar vazões constantes e Os valores razoáveis das velocidades dos
previamente calculadas pelo seu formato. fluidos nas tubulações, nas bombas, nas linhas
Tubos venturi de cavitação (com melhor de drenagem são dadas em tabelas, variando
rendimento) ou orifícios de restrição (com de 1,2 m/s (bomba de sucção) até 4,6 m/s
pequena precisão) são usados como (água de alimentação de caldeira). Para vapor
limitadores de vazão de líquidos no caso de d'água, as velocidades variam de 1 200 m/m
falhas a jusante do sistema. (vapor saturado e com pressão abaixo de 14
kgf/cm2) até 6 000 m/m (vapor superaquecido,
com pressão acima de 14 kgf/cm2).
5. Perfil da Velocidade Para os medidores, a velocidade muito
baixa do fluido pode provocar deposição de
O termo velocidade, a não ser quando dito lodo e a velocidade muito elevada pode
diferente, se refere a velocidade média em uma provocar a erosão e o desgaste dos seus
dada seção transversal e é expressa pela internos.
equação da continuidade para uma vazão em Se o fluido tivesse viscosidade zero, a
regime: velocidade dele quando em movimento dentro

246
Vazão
de uma tubulação teria uma seção transversal 5. formação de vórtices,
uniforme, ou seja, a velocidade seria a mesma, 6. indução de força eletromotriz,
qualquer que fosse a posição da partícula do 7. rotação de impellers,
fluido. A existência da viscosidade, mesmo 8. criação de uma força de impacto,
pequena, induz uma ação de cisalhamento 9. criação de momentum angular,
entre as partículas adjacentes do fluido, 10. aparecimento de força de Coriolis,
reduzindo a velocidade para zero, na parede da 11. alteração no tempo de propagação
tubulação e tendo um valor máximo no centro O condicionador de sinal tem a função de
da tubulação, formando um perfil não uniforme. medir a grandeza física gerada pela interação
Quando um fluido entra na tubulação, sua do sensor com a vazão do fluido e transformá-
velocidade é uniforme na entrada. A camada la em forma mais conveniente para o display de
limite aumenta com a distância da entrada até volume, peso ou vazão instantânea. O
que a vazão fique totalmente desenvolvida. Da condicionador de sinal é finalmente ligado a um
equação da continuidade e de Bernoulli, pode- instrumento receptor de display, como
se mostrar que a pressão diminui ao longo da indicador, registrador ou totalizador. Na
tubulação. O comprimento para que a vazão medição de vazão, o condicionador é também
fique totalmente desenvolvida é dada pela chamado de elemento secundário.
equação de Boussinesq: As condições para a instalação apropriada
e a operação correta, os erros e as outras
XL = 0,03 ReD características do elemento primário são
independentes e diferentes das características
onde do elemento secundário, de modo que eles
XL é a distância para a vazão estar devem ser tratados separadamente. O
totalmente desenvolvida, elemento primário se refere especificamente à
Re é o número de Reynolds, medição de vazão e o elemento secundário se
D é o diâmetro interno da tubulação refere à instrumentação em geral. A placa de
Há vários critérios para definir quando a orifício é o elemento primário que mede a
vazão está totalmente desenvolvida: vazão gerando uma pressão diferencial e será
1. queda da pressão, estuda aqui. O transmissor de pressão
2. distribuição da velocidade média diferencial, que é o elemento secundário
3. quantidades turbulentas. associado a ela, será visto aqui muito
Porém, estes critérios dão valores muito superficialmente, para completar o estudo do
diferentes; o critério do gradiente de pressão sistema de medição. Este mesmo transmissor
estabelece 3 a 4D depois da entrada da vazão, pode ser usado em outras aplicações, para
a velocidade média dá de 30 a 60 D e as medir nível ou pressão manométrica.
quantidades turbulentas dão valores acima de
60 D. Geralmente, o critério adotado para o 6.2. Tipos de Medidores
desenvolvimento completo da vazão é o ponto
onde os perfis da velocidade média não variam As classificações dos medidores de vazão
com a distância na direção da vazão. se baseia somente no tipo do elemento
primário ou no princípio físico envolvido.
Os medidores de vazão podem ser
6. Seleção do Medidor divididos em dois grandes grupos funcionais:
1. medidores de quantidade
2. medidores de vazão instantânea.
6.1. Sistema de Medição Os medidores de vazão podem ser ainda
Um sistema de medição, incluindo o de medição de classificados sob vários aspectos, como
vazão, é constituído de 1. relação matemática entre a vazão e o
1. elemento sensor sinal gerado, se linear ou não-linear;
2. condicionador de sinal 2. tamanho físico do medidor em relação ao
3. apresentador de sinal diâmetro da tubulação, igual ou diferente;
O elemento sensor ou primário geralmente 3. fator K, com ou sem
está em contato direto com o fluido (parte 4. tipo da vazão medida, volumétrica ou
molhada), resultando em alguma interação mássica,
entre a vazão medida e a saída do sensor. Esta 5. manipulação da energia, aditiva ou
interação pode ser, mas não se restringe a extrativa.
1. separação do jato do fluido, Obviamente, há superposições das
2. aceleração, classes. Por exemplo, a medição de vazão com
3. queda de pressão, placa de orifício envolve um medidor de vazão
4. alteração da temperatura, 1. volumétrica instantânea,

247
Vazão
2. com saída proporcional ao quadrado desempenho é uma função inerente da
da v linearidade. Os medidores lineares possuem a
3. vazão, com diâmetro total, rangeabilidade típica de 10:1 e os medidores
4. sem fator K e com grandeza física proporcional ao quadrado
5. com extração de energia. da vazão possuem a rangeabilidade de 3:1.
O medidor de deslocamento positivo com Exemplos típicos de medidores de vazão
pistão reciprocante é um medidor de não-lineares: placa de orifício, venturi, bocal,
1. quantidade, target, calha Parshall (exponencial); medidores
2. linear, lineares: turbina, deslocamento positivo,
3. com fator K, magnético, coriolis, área variável.
4. com diâmetro total e
5. com extração de energia. Diâmetros Totais e Parciais do Medidor
O medidor magnético é um medidor de vazão Sob o aspecto da instalação do medidor na
1. volumétrica instantânea, tubulação, há dois tipos básicos: com buraco
2. com fator K, pleno (full bore) ou de inserção.
3. diâmetro total A maioria dos medidores possuem
4. com adição de energia. aproximadamente o mesmo diâmetro que a
tubulação onde ele é instalado. A tubulação é
Quantidade ou Vazão Instantânea cortada, retira-se um carretel do tamanho do
No medidor de quantidade, o fluido passa medidor e o instala, entre flanges ou
em quantidades sucessivas, completamente rosqueado.
isoladas, em peso ou em volumes, enchendo e Tipicamente o seu diâmetro é
esvaziando alternadamente câmaras de aproximadamente igual ao da tubulação, e ele
capacidade fixa e conhecida, que são o é colocado direto na tubulação, cortando a
elemento primário. O elemento secundário do tubulação e inserindo o medidor alinhado com
medidor de quantidade consiste de um ela. Esta classe de medidores é mais cara e
contador para indicar ou registrar a quantidade com melhor desempenho. Exemplos de
total que passou através do medidor. medidores com diâmetro pleno: placa, venturi,
O medidor de quantidade é, naturalmente, bocal, turbina, medidor magnético,
um totalizador de vazão. Quando se adiciona deslocamento positivo, target, vortex.
um relógio para contar o tempo, obtém-se A outra opção de montagem é através da
também o registro da vazão instantânea. inserção do medidor na tubulação. Os
No medidor de vazão instantânea, o fluido medidores de inserção podem ser portáteis e
passa em um jato contínuo. O movimento deste são geralmente mais baratos porém possuem
fluido através do elemento primário é utilizado desempenho e precisão piores. Exemplos de
diretamente ou indiretamente para atuar o medidores: tubo pitot e turbina de inserção.
elemento secundário. A vazão instantânea, ou
relação da quantidade de vazão por unidade de Medidores Com e Sem Fator K
tempo, é derivada das interações do jato e o Há medidores que possuem o fator K, que
elemento primário por conhecidas leis físicas relaciona a vazão com a grandeza física
teóricas suplementadas por relações gerada. A desvantagem desta classe de
experimentais. medidores é a necessidade de outro medidor
padrão de vazão para a sua aferição periódica.
Linear e não linear São exemplos de medidores com fator K:
A maioria dos medidores de vazão possui turbina, magnético, Vortex.
uma relação linear entre a vazão e a grandeza O sistema de medição de vazão com placa
física gerada. São exemplos de medidores de orifício é calibrado e dimensionado a partir
lineares: turbina, magnético, área variável, de equações matemáticas e dados
resistência linear para vazão laminar, experimentais disponíveis. A grande vantagem
deslocamento positivo. da medição com placa de orifício é a sua
O sistema de medição de vazão mais calibração direta, sem necessidade de
aplicado, com placa de orifício é não linear. A simulação de vazão conhecida ou de medidor
pressão diferencial gerada pela restrição é padrão de referência.
proporcional ao quadrado da vazão medida.
Exemplo de outro medidor não-linear é o tipo Medidores volumétricos ou mássicos
alvo, onde a força de impacto é proporcional ao A maioria dos medidores industriais mede a
quadrado da vazão. velocidade do fluido. A partir da velocidade se
A rangeabilidade do medidor, que é a infere o valor da vazão volumétrica (volume =
relação entre a máxima vazão medida dividida velocidade x área). A vazão volumétrica dos
pela mínima vazão medida, com o mesmo fluidos compressíveis depende da pressão e da

248
Vazão
temperatura. Na prática, o que mais interessa é medidores baseados na adição da energia
a vazão mássica, que independe da pressão e sejam piores ou menos favoráveis que os
da temperatura. medidores baseados na extração da energia.
Tendo-se a vazão volumétrica e a
densidade do fluido pode-se deduzir a vazão 6.3. Parâmetros da Seleção
mássica. Porém, na instrumentação, a medição
direta e em linha da densidade é difícil e Quanto maior o número de opções, mais
complexa. Na prática, medem-se a vazão difícil é a escolha. A seleção do medidor de
volumétrica, a pressão estática e a temperatura vazão é uma tarefa difícil e complexa,
do processo para se obter a vazão mássica, geralmente exigindo várias iterações para se
desde que a composição do fluido seja chegar à melhor escolha. Para dificultar a
constante. escolha, a vazão é a variável do processo
Atualmente, já são disponíveis industrial que possui o maior número de
instrumentos comerciais que medem diferentes elementos sensores e de medidores.
diretamente a vazão mássica. O mais comum é São disponíveis tabelas relacionando os
o baseado no princípio de Coriolis. tipos dos medidores e as suas aplicações
ideais, aceitáveis e proibidas. Porém, tais
Energia Extrativa ou Aditiva tabelas não são completas e não consideram
Em termos simples, os medidores de vazão todas as exigências e aplicações. Às vezes,
podem ser categorizados sob dois enfoques elas são apresentadas pelo suspeito fabricante
diferentes relacionados com a energia: ou de determinado medidor e relacionam
extraem energia do processo medido ou imparcialmente as principais vantagens do
adicionam energia ao processo medido. medidor especifico. A seleção do medidor é
Como o fluido através da tubulação possui algo tão complicado que não se deve limitar a
energia, sob várias formas diferentes, como uma tabela bidimensional.
cinética, potencial, de pressão e interna, pode- Os parâmetros que devem ser
se medir a sua vazão extraindo alguma fração considerados na escolha e na especificação do
de sua energia. Este enfoque de medição medidor de vazão são os seguintes:
envolve a colocação de um elemento sensor no
Dados da Vazão
jato da vazão. O elemento primário extrai
alguma energia do fluido suficiente para fazê-lo Antes da seleção do medidor de vazão
operar. mais conveniente e para qualquer medidor
A vantagem desta filosofia é a não escolhido é mandatório se ter todos os dados
necessidade de uma fonte externa de energia. disponíveis da vazão de modo claro, confiável
Porém, o medidor é intrusivo e oferece algum e definitivo. A vazão requer mais dados que a
bloqueio a vazão, o que é uma desvantagem temperatura e a pressão, pois devem ser
inerente a classe de medição. conhecidas as condições e instalações do
Exemplos de medidores extratores de processo e do fluido medido.
energia: placa de orifício, venturi, bocal, alvo, É necessário o conhecimento dos
cotovelo, área variável, pitot, resistência linear, seguintes dados da vazão
vertedor, calha, deslocamento positivo, turbina 1. o tamanho da linha a ser usada. Este dado
e vortex. pode ser usado como verificação do
O segundo enfoque básico para medir a dimensionamento do medidor. Nunca se
vazão é chamado de energia aditiva. Neste poderá ter um medidor de vazão com
enfoque, alguma fonte externa de energia é diâmetro maior que o diâmetro da linha
introduzida no fluido vazante e o efeito onde ele será montado. Quando se obtém
interativo da fonte e do fluido é monitorizado o diâmetro do medidor maior do que o da
para a medição da vazão. A medição com linha, geralmente há um erro relacionado
adição de energia é não intrusivo e o elemento com a vazão máxima do processo, que
primário oferece nenhum ou pequeno bloqueio está superdimensionada.
a vazão. Como desvantagem, é necessário o 2. a faixa de medição vazão máxima, mínima
uso de uma fonte externa de energia. e normal. A vazão é a variável de processo
Exemplos de medidores aditivos de mais afetada pela rangeabilidade, que é a
energia: magnético, sônico, termal. habilidade do medidor operar desde vazão
O número de medidores baseados na muito pequena até vazão muito elevada,
adição da energia é menor que o de medidores com o mesmo desempenho. A maioria dos
com extração da energia. Isto é apenas a erros de vazão é devida à medição de
indicação do desenvolvimento mais recente baixas vazões em um medidor
destes medidores e este fato não deve ser dimensionado para elevada vazão máxima.
interpretado de modo enganoso, como se os 3. a precisão requerida, que depende do uso
da medição, se para uma verificação

249
Vazão
interna, se para compra e venda de especiais, com centralização garantida
produto. Deve ser bem determinado o que da placa, porém este kit de medição é
se está medindo (massa, velocidade ou caríssimo.
volume), o que se está cobrando, quais as Quando a perda de pressão permanente
correções necessárias a serem feitas provocada pela placa é muito grande, deve-se
(temperatura, densidade), qual a classe de aumentar a pressão na entrada do sistema
precisão e a rangeabilidade das medições (que custa algo) ou então trocar a placa de
(linear, não-linear). orifício por um tubo venturi, que provoca uma
4. a função do instrumento indicação, registro, perda de carga muito menor mas que custa
controle, totalização. muito mais que a placa.
5. a responsabilidade e a integridade do Existem ainda custos invisíveis
instrumento simples verificação, cobrança, relacionados com a manutenção futura e com
ligado a segurança. as calibrações posteriores. Instrumentos sem
6. o tipo de vazão se pulsante, constante, peças móveis (p. ex., medidor magnético e
com golpe de aríete, turbulenta, laminar. vortex) normalmente requerem menos
7. as características e tipo do fluido medido manutenção que instrumentos com peças
(líquido, vapor ou gás), qualidade do vapor móveis (p. ex., turbina e deslocamento
(saturado ou superaquecido), condições positivo). A calibração do medidor de vazão
(sujeira, sólidos em suspensão, pode requerer um padrão de vazão com classe
abrasividade), pressão estática, de precisão superior a do medidor, que pode
temperatura do processo, perda de carga custar mais caro que o próprio medidor. O
permissível, velocidade, número de sistema com placa de orifício é calibrado em
Reynolds correspondente, densidade, relação à pressão diferencial e por isso requer
viscosidade, compressibilidade, peso um padrão de pressão e não requer padrão de
molecular do gás ou do vapor e pressão vazão.
de vapor do líquido. Quando se tem uma grande quantidade de
8. os efeitos de corrosão química do fluido, medidores com fator K, que requerem
para a escolha dos materiais em contato calibrações periódicas, deve-se fazer um
direto com o processo, estudo econômico para implantação de um
laboratório de vazão, em vez de enviar todos
Custo de Propriedade os medidores para o laboratório do fabricante
O custo do sistema de medição incluem os ou um laboratório especializado.
relativos a instalação, operação e manutenção.
A maioria das pessoas só considera os custos Função
diretos e imediatos da compra dos A função associada à vazão, a ser
instrumentos, o que é incompleto. fornecida pelo instrumento receptor: indicação
Por exemplo, os custos de um sistema de instantânea; registro para totalização posterior
medição com placa de orifício incluem: ou apenas para verificação; controle continuo
1. placa (dimensionamento, confecção) ou liga-desliga ou a totalização direta da vazão,
2. instalação da placa: flange com furo ou no local ou remotamente é um fator
furos na tubulação. determinante na escolha do medidor.
3. transmissor pneumático, eletrônico Medidores com saída em pulso são
convencional ou inteligente. Se convenientes para totalização; medidores com
pneumático, ainda há custos do filtro saída analógica são mais apropriados para
regulador de pressão de alimentação, registro e controle. Para a indicação, é
4. tomada do transmissor à tubulação, com indiferente se o sinal é analógico ou digital.
distribuidor de três ou cinco válvulas para Medidores com deslocamento positivo são
bloqueio e equalização, totalizadores naturais de vazão. Rotâmetros
5. instrumento receptor com escala raiz são adequados para indicação local e a
quadrática ou com escala linear mais um indicação remota requer o uso do sinal de
instrumento ou circuito extrator de raiz transmissão padrão.
quadrada.
6. se não houver trecho reto suficiente para Desempenho
a instalação da placa, deve-se adicionar A precisão do medidor inclui a
um retificador de vazão, que é muito repetitividade, reprodutitividade, linearidade,
caro. sensibilidade, rangeabilidade e estabilidade da
7. quando se quer uma maior precisão do operação. A exatidão do medidor se refere à
sistema de medição, pode-se montar a calibração e à necessidade de recalibrações ou
placa em um trecho reto especial, com aferições freqüentes.
as tomadas prontas, com acabamentos

250
Vazão
Existem medidores cuja precisão é Todo medidor de vazão deve ser montado
expressa pelo fabricante como percentagem do em local de fácil acesso para o operador de
fundo de escala, como percentagem do valor campo do processo e principalmente, para o
medido ou como percentagem da largura de instrumentista reparador. Quando a retirada do
faixa. A precisão expressa pelo fabricante é medidor não pode afetar a operação do
válida apenas para o instrumento novo e nas processo, deve-se prover um bypass para o
condições de calibração. A precisão total da medidor. Medidores de vazão para compra e
malha é a resultante da soma das precisões do venda de material não deve ter by pass. É
elemento sensor, do elemento secundário, do disponível dispositivo para retirar e colocar
instrumento receptor, dos padrões de placa de orifício na tubulação, sem interrupção
calibração envolvidos e das condições de do processo (válvula ou porta placa Daniel ou
calibração. Pecos).
Geralmente, quanto mais preciso o
Medidores frágeis, com peças móveis e
instrumento, mais elevado é o seu custo. O
que manipulem fluidos com sólidos em
medidor mais preciso é a turbina medidora de
suspensão geralmente requerem filtros a
vazão, usada como padrão de calibração de
montante. Os inconveniente do filtro são o seu
outros medidores. Porém, o mesmo tipo de
custo em si e o aumento da perda de carga
medidor pode ter diferentes precisões em
permanente.
função do fabricante, projeto de construção e
materiais empregados. Faixa de Medição
Geometria A faixa de medição da vazão inclui os
valores máximo e mínimo, largura de faixa,
A geometria do processo inclui a tubulação
condições de pressão estática e de
fechada, esteira ou canal aberto; a
temperatura do processo. Embora toda faixa
disponibilidade de trechos retos antes e depois
teórica de medição seja de 0 até a vazão
do local do medidor; a necessidade de uso
máxima, a rangeabilidade do medidor define a
adicional de retificadores de vazão e
vazão mínima que pode ser medida com a
modificações das instalações existentes.
mesma precisão que a máxima. Os medidores
Medidores diferentes requerem trechos
lineares possuem maior rangeabilidade que os
retos a montante e a jusante do medidor
medidores com saída proporcional ao quadrado
diferentes. Geralmente o trecho reto a
da vazão, como a placa de orifício. Os
montante é maior que o trecho reto a jusante.
medidores digitais possuem maior
Quando o trecho reto for insuficiente, deve-se
rangeabilidade que os analógicos.
usar retificadores de vazão.
O diâmetro do medidor de vazão é sempre
Quando o medidor é muito pesado, deve-se
menor que o diâmetro da tubulação; em raros
usar suporte para ele. Também, o medidor de
casos ambos os diâmetros são iguais. Um
vazão não pode provocar tensões mecânicas
medidor deve ser dimensionado ter capacidade
na tubulação onde ele é inserido.
de, no máximo, 80% da vazão máxima de
As dimensões e o peso do medidor estão
projeto e a vazão normal de trabalho deve estar
relacionadas com a facilidade de
entre 75 a 80% da vazão máxima do medidor.
armazenagem, a manipulação e a montagem
Quanto maior a vazão medida, menor é o erro
do medidor na tubulação. A maioria dos
relativo da medição, principalmente quando o
medidores é instalada entre flanges e pelas
medidor tem precisão expressa em
especificações do fabricante, pode-se planejar
percentagem do fundo de escala. Medidor de
os cortes na tubulação e a colocação das
vazão com peças móveis que trabalhe muito
flanges adequadas para montar o medidor. É
tempo em sua vazão máxima tem vida útil
essencial que o medidor esteja alinhado com a
diminuída drasticamente. Quando o medidor
tubulação, ou seja, que os eixos do medidor e
trabalha próximo da sua capacidade máxima, a
da tubulação sejam coincidentes.
velocidade do fluido é a máxima e há maior
Instalação chance de haver cavitação do fluido dentro do
medidor, que pode destruí-lo rapidamente.
A instalação do medidor inclui todos os
acessórios, tomadas, filtros, retificadores, Fluido
suportes e miscelânea do medidor. Antes de
As características químicas e físicas do
escolher o medidor, deve-se avaliar a facilidade
fluido que entra em contato direto com o
da instalação na tubulação já existente, a
medidor: corrosividade, viscosidade,
simplicidade da operação futura e a
abrasividade, sólidos em suspensão, valor e
possibilidade de retirada e de colocação do
perfil da velocidade são determinantes na
medidor sem interrupção do processo.
escolha do medidor de vazão e dos seus
materiais constituintes.

251
Vazão
O fluido serve para eliminar medidores. Por facilita a manutenção e diminui o número de
exemplo, o medidor magnético mede somente peças de reposição. Nota-se que os medidores
fluidos eletricamente condutores; a turbina à base de energia extrativa são mais
mede somente fluidos limpos, o medidor ultra- numerosos e mais usados que os medidores
sônico mede somente fluidos com partículas de energia aditiva. No Brasil, há medidores que
em suspensão. Dependendo do tipo da sujeira tiveram um bom trabalho de marketing e são
e do medidor, a solução é usar filtro antes do muito vendidos, como o medidor mássico
medidor, com os seus inconvenientes coriolis. Outros medidores, com excelente
inerentes. desempenho, como o tipo vortex, são pouco
O problema da corrosão química pode ser conhecidos e pouco usados.
eliminado com a escolha adequada do material
das partes molhadas e do fluido. Na literatura 6.4. Medidores aprovados pela ANP
técnica, são disponíveis tabelas com a lista de
materiais recomendados, aceitáveis e proibidos Os medidores de vazão aprovados pela
para uso com determinados produtos. No ANP para a medição de óleo e petróleo são:
aspecto de corrosão e compatibilidade com 1. o medidor de vazão com deslocamento
fluidos, o melhor medidor é o magnético, por positivo; usado para a totalização direta
causa da grande variedade do material de da vazão,
revestimento e dos eletrodos. 2. o medidor direto de massa de Coriolis,
O problema de erosão física pode ser 3. o medidor ultra-sônico por tempo de
eliminado com o dimensionamento correto do trânsito, multifeixe
medidor, que resulte em velocidades baixas. Às Os medidores de vazão aprovados pela
vezes, a solução também envolve o uso de ANP para a medição de gás natural são:
filtro para eliminar partículas abrasivas em 4. sistema de medição de vazão com
suspensão. Medidores com peça móvel e com placa de orifício (ISO 5167 e AGA 3)
elemento intrusivo geralmente são mais 5. a turbina medidora de vazão com eixo
susceptíveis à erosão e desgaste que os longitudinal (ISO 9951 e AGA 7)
medidores sem peça móvel e não intrusivos. 6. o medidor ultra-sônico por tempo de
O perfil de velocidade é muito importante trânsito, multifeixe (ISO 12 765 e
quando se tem medidores de inserção, onde a AGA 9)
posição do medidor deve ser matematicamente Outros medidores que podem ser usados,
estabelecida. desde que aprovados previamente são:
7. o sistema de medição magnética da
Perda de Carga vazão, com excitação senoidal e
A perda de carga permanente é a queda de corrente contínua pulsada. Usado para
pressão que o medidor provoca a medição de fluidos eletricamente
irrecuperavelmente na pressão estática da condutores, como água salgada.
tubulação. Os medidores intrusivos provocam 8. o medidor com geração de vórtices de
grande perda de carga e os medidores não Von Karmann, chamado genericamente
intrusivos provocam pequena ou nenhuma de vortex,
perda de carga. Quanto maior a perda de carga
provocada pelo medidor, maior deve ser a
pressão a montante do medidor e como
conseqüência, maior a pressão de
bombeamento.
O medidor magnético praticamente não
provoca queda de pressão adicional; o medidor
ultra-sônico pode ser colocado externamente à
tubulação (clamp on) para medir a vazão. O
outro inconveniente de se provocar grande
perda de carga, além da maior pressão a
montante, é a possibilidade de haver cavitação
no líquido, que pode destruir o medidor. A
cavitação é provocada por baixa pressão.

Tecnologia
A tecnologia empregada está associada à
manutenção, tradição e número de peças de
reposição. É uma boa prática de engenharia
padronizar um medidor de vazão, pois isso

252
Placa de Orifício

contracta. Este trabalho se referiu, pela


1. Introdução histórica primeira vez, ao uso de placas excêntricas e
segmentares, para manipulação de ar sujo e
O estimulo do uso do medidor de vazão líquido com ar entranhado.
gerador de pressão diferencial se deve a Embora a placa de orifício fosse
vários fatores: a simplicidade de confecção, a largamente usada com diferentes fluidos, foi
possibilidade de medir grandes volumes de em 1970 que a associação da
fluidos a grandes velocidades, a fácil AGA/ASME/NIST (ex-NBS) estabeleceu um
adaptação ao controle de vazões em programa de testes para a obtenção de
processos contínuos, a facilidade de dados suficientes para desenvolver uma
calibração sem a necessidade de outro equação para a predição do coeficiente de
medidor de vazão como referência, ao vazão. Foi a possibilidade de prever um
grande acervo de dados e coeficientes coeficiente de vazão que levou a total
experimentais acumulados e registrados. comercialização e aplicação industrial da
O sistema de medição de vazão com a placa de orifício.
geração de pressão diferencial é usado para
indicar, registrar, integrar, controlar e fazer a
compensação da vazão. O sistema baseado
na pressão diferencial corresponde a mais de
50% das instalações de medição de vazão.
O registro da primeira aplicação da
medição e controle de vazão com o gerador
da pressão diferencial se perde na
antigüidade. Antes da era cristã, os romanos
usavam a placa de orifício para a medição da
vazão da água de consumo.
O desenvolvimento do projeto e a teoria
atual são mais recentes. Fig. 8.1. Placas de orifício
Em 1732, Henry Pitot inventou o tubo
Pitot.
1738 John Bernoulli desenvolveu o
teorema básico das equações hidráulicas. Em fins de 1950, houve a consolidação
Em 1791, Giovanni Venturi desenvolveu de normas americanas e européias para
seu trabalho básico do tubo medidor e originar uma norma internacional ISO R541
desenvolveu a base teórica da atual (1967) para placas e bocais e ISO R781
computação dos medidores. (1968) para tubos venturi. Estas normas
Em 1887, Clemens Herschel, usando o foram combinadas, e fundidas na ISO 5167
trabalho básico de Venturi, desenvolveu o (1991), que é cada vez mais aceita e usada,
tubo Venturi comercial. por causa de sua simplicidade, precisão
Em 1903, Thomas Weymonth, usou a melhorada e aplicabilidade para uma larga
placa de orifício na medição de vazão de gás faixa de números de Reynolds.
natural, usando tomadas tipo flange, a 1" a A ASME/ANSI está desenvolvendo e
jusante e 1" a montante da placa. preparando uma norma ANSI que inclui esta
Weymonth também desenvolveu os equação (MFC, 1982). Para a medição de
coeficientes empíricos dos dados relacionado gás natural, a norma AGA 3, ANSI/API 2530,
com o beta da placa. (1990) é usualmente requerida para fins
Em 1916, Horace Judd apresentou um comerciais.
trabalho em um encontro da ASME, com o O sucesso comercial da placa de orifício,
uso das tomadas de pressão na vena do tubo Venturi e do bocal motiva e induz o

253
Placa de Orifício
desenvolvimento continuo e a melhoria dos v1 e v2 são respectivamente, as
elementos secundários. Isto, associado com velocidades do fluido nas seções A1 e A2.
os trabalhos de teste e a familiaridade do
usuário, também induz ao desenvolvimento e
ao uso de outros elementos primários, tais
como as placas excêntricas e segmentares,
lo-loss®, o cotovelo, o orifício integral e o
orifício anular.

2. Princípio de Operação e
Equações
Os medidores de vazão que geram
pressão diferencial são descritos pela Fig. 10.3. Tubulação e continuidade
equação de Bernoulli, que estabelece que a
soma da energia estática, da energia cinética
e da energia potencial do fluido se conserva
na vazão através de uma restrição em uma Quando um fluido dentro de uma
tubulação e pela continuidade. tubulação com seção circular A1 passa por
uma restrição com área A2 menor, a
velocidade aumenta de v2 para v1. Este
aumento de energia cinética (velocidade)
ocorre às custas da diminuição da energia de
pressão. Ou seja, a pressão P1 é menor que
P2.
Assumindo que a tubulação é horizontal
(mesma energia potencial), aplicando a
equação de Bernoulli a montante e a jusante
da placa, combinando o resultado com a
equação da continuidade e rearranjando os
termos obtém-se:
Fig. 10.2. Medição de vazão com placa 2
1 ⎡⎛ D ⎞ ⎤
4
Q2
P1 − P2 = ρ ⎢⎜ ⎟ − 1⎥ ×
2 ⎢⎝ d ⎠ ⎥⎦ A 12

A equação de Bernoulli estabelece
A equação mostra que a pressão
P v2
+ + z = constante diferencial gerada através do orifício é
ρ × g 2g
proporcional ao quadrado da vazão que
passa através da placa de orifício. Esta
onde relação ainda é válida, com algumas
ρ é a densidade do fluido modificações para fluidos compressíveis. A
g é aceleração da gravidade do local pressão diferencial através da placa de
v é a velocidade do fluido orifício é chamada de pressão dinâmica e a
z é a elevação da tubulação pressão presente em toda a tubulação é
P é a pressão estática da tubulação chamada de pressão estática.
A equação da continuidade fornece a De um modo geral, a vazão volumétrica,
relação entre a velocidade e vazão Q, através da placa de orifício pode ser
instantânea de um fluido incompressível. representada empiricamente por:
Quando a área da tubulação varia de A1 para
A2, a velocidade do fluido também se altera
ΔP
de v1 para v2, valendo a seguinte relação: Q = kA
ρ
Q = A1 × v1 = A 2 × v 2
onde onde
Q é a vazão volumétrica instantânea A é a área da seção transversal da tubulação
A1 e A2, são as áreas das seções ΔP é a pressão diferencial gerada pela placa
transversais da tubulação ρ é a densidade do fluido
k é uma constante que faz ajustes devidos a

254
Placa de Orifício
1. unidades das dimensões, 3. Elementos dos Sistema
2. comportamento e perdas do fluido
3. coeficiente de descarga O sistema de medição de vazão consiste
4. localização das tomadas de pressão de dois elementos separados e combinados:
5. condições de operação 1. o elemento primário e
6. fator de expansão dos gases 2. o elemento secundário.
7. número de Reynolds O elemento primário está em contato
Rescrita de modo mais completo, tem-se, direto com o processo, sendo molhado pelo
em (m3/s): fluido. Ele detecta a vazão, gerando a
pressão diferencial. Seu tag é FE.
T1Z1 Estão associados com o elemento
Q1 = 0,000 059 431KYd2Fa hw primário os seguintes parâmetros básicos:
p1G
1. sua geometria fixa,
2. o comprimento reto da tubulação
Como antes e depois do ponto da sua
instalação,
288,16 p1 3. as condições da vazão,
Qb = Q1
1,033 222 6 T1Z1 4. a localização das tomadas da
pressão.
tem-se O elemento secundário detecta a pressão
gerada pelo elemento primário. O elemento
hw ρ1 secundário mais usado é o transmissor, cujo
Qb = 0,016 575 KYd2Fa
GT1Z1 tag é FT. A pressão diferencial gerada pelo
elemento primário é medida através das
tomadas pelo elemento secundário. O
Pode-se mostrar que a vazão mássica,
elemento secundário é montado
W, vale, em kg/s:
externamente ao processo.

W = kA ΔPρ

ou de um modo mais completo

W = 0,034 783 KYd2Fa Δpρ1

Como

p1G
ρ1 = 0,341 85
T1Z1
Fig. 10.4. Sistema de medição com placa
tem-se
p1G
W = 0,020 339 KYd 2Fa Δp Estão associados com o elemento
T1Z 1 secundário os seguintes parâmetros:
1. as linhas da tomadas,
As quantidades anteriores são: 2. as válvulas de bloqueio e de
D = diâmetro da tubulação, em cm equalização
d = diâmetro da placa, em cm 3. o instrumento condicionador do sinal
gc = 980,652 (adimensional) de pressão diferencial. O instrumento
hw = pressão diferencial, em cm de coluna condicionador pode ser: extrator de
d'água, @ 20 oC raiz quadrada, indicador, totalizador,
p = pressão, em Pa registrador, computador de vazão ou
Δp pressão diferencial, em Pa controlador.
O valor medido da pressão diferencial
C = CE = coeficiente de vazão depende da localização das tomadas, da
K= restrição (abrupta ou gradual), do tamanho do
1− β 4
orifício, do projeto do elemento primário, da
tubulação a montante (antes) e a jusante
C = coeficiente de descarga (depois) do elemento primário.

255
Placa de Orifício
3.1. Elemento Primário 4.1. Materiais da Placa
Os termos elemento primário de vazão a Como o fluido do processo entra em
pressão diferencial, elemento tipo head, contato direto com a placa, a escolha do
elemento gerador de pressão diferencial, material da placa deve ser compatível com o
elemento deprimogênio (?) possuem o fluido, sob o aspecto de corrosão química.
mesmo significado e designam o tipo A placa de orifício pode ser construída
especifico de restrição: a placa de orifício, o com qualquer material que teoricamente não
tubo venturi, o tubo pitot, o bocal, o tubo se deforme com a pressão e não se dilate
Dall®, o elemento de resistência linear, o com a temperatura e que seja de fácil
anular, o annubar. manipulação mecânica. Os materiais mais
O fluido cuja vazão vai ser medida, ao comuns são: aço carbono, aço inoxidável,
passar por qualquer uma dessas restrições, monel, bronze, latão.
provoca uma queda de pressão que é A velocidade do fluido é também um fator
proporcional ao quadrado da vazão. A importante, pois a alta velocidade do fluido
pressão diferencial depende da área desta pode provocar erosão na placa. A baixa
restrição na tubulação e de outros fatores velocidade pode depositar material em
relacionados com a vazão do fluido. suspensão do fluido ou lodo na placa.
A restrição pode ser abrupta, como a
placa de orifício ou gradual, como o venturi. 4.2. Geometria da Placa
A placa consiste de uma pequena chapa
3.2. Elemento Secundário de espessura fina, circular, plana, com um
O elemento secundário é o dispositivo, furo com cantos vivos. A posição, o formato e
associado ao elemento primário, responsável o diâmetro do furo são matematicamente
pela medição da pressão diferencial gerada. estabelecidos.
O elemento secundário pode ser o elemento
sensor de pressão diferencial ou o Espessura E
da placa
transmissor de pressão diferencial.
O elemento sensor de pressão diferencial Face a montante A Face a jusante B
é usado com o indicador e o registrador local.
A grande vantagem de seu uso é a não
necessidade de fonte de alimentação
externa, elétrica ou pneumática. Ângulo do
O outro elemento secundário é o chanfro
transmissor de pressão diferencial, chamado
d/p cell®. Ele possui um elemento sensor de Espessura e do orifício
pressão diferencial e o mecanismo de D
d Linha de centro axial
geração do sinal padrão pneumático ou
eletrônico. Ele necessita de uma fonte Vazão Lados H e I a jusante
externa de alimentação pneumática ou
elétrica.
Lados G
4. Placa de Orifício
A placa de orifício é o elemento primário
de vazão do tipo restrição mais usado. Ela é
aplicada na medição de vazão de líquidos
limpos e de baixa viscosidade, da maioria dos
gases e do vapor d'água em baixa
velocidade. Fig. 10.7. Placa de orifício padrão (ISO 5167)
Embora simples, a placa de orifício é um
elemento de precisão satisfatória. O uso da
placa de orifício para a medição da vazão é
legalmente aceita em medição de vazão para O desempenho da placa depende
transferência de custódia (AGA No 3 e ISO criticamente da espessura e da planura da
5167), mesmo em aplicações comerciais de placa e do formato dos cantos de furo central.
compra e venda de produto. O desgaste do canto do furo, a deposição de
sujeira no canto ou na superfície da placa e a
curvatura na placa podem provocar erros
grosseiros na medição da vazão. Por

256
Placa de Orifício
exemplo, quando há deposição, tornando o arredondado ou cônico o efeito é apenas 1 a
furo menor, tem se uma maior pressão 2%.
diferencial e portanto uma indicação maior
que a vazão real.
A espessura varia de 1/8" a 1/2". A
espessura da placa com furo de diâmetro d é
função do diâmetro D da tubulação e não
deve exceder nenhuma das relações:
D/50, d/8 ou (D-d)/8.

Canto vivo (square edge)


Em tubulações com diâmetros iguais ou
maiores que 50 mm (2"), a placa de orifício
concêntrico é a restrição mais comumente
usada para medir vazões de líquidos limpos,
gases e vapores em baixa velocidade. Ela é
uma placa fina, plana, com um furo Fig. 10.8. Placa com canto cônico
concêntrico com cantos vivos.
A precisão da medição de vazão com
placa de canto vivo varia de ±1% a ±5% do
fundo de escala. A precisão depende do tipo Orifício excêntrico e segmentado
do fluido, da configuração da tubulação a A placa com orifício excêntrico e com
montante e a jusante, do elemento sensor da orifício segmentado constitui uma alternativa
pressão diferencial e se há correções do de baixo custo para a medição de fluidos
número de Reynolds, do fator de expansão difíceis, com sujeira e com sólidos em
dos gases, da dilatação térmica da placa, do suspensão
diâmetro interno da tubulação e de outros A desvantagem de seu uso é a pequena
efeitos. quantidade e disponibilidade dos dados
O canto vivo pode ter um chanfro (bevel) experimentais.
e a parte inclinada fica a jusante. Quando a
placa é colocada ao contrario, com o chanfro Orifício de restrição
a montante o valor medido é maior que o Sob o ponto de vista de construção e
teórico. A placa com chanfro, por ser geometria, não há diferença entre a placa de
assimétrica, só pode medir o fluido em uma orifício e o orifício de restrição. A diferença
direção; a placa com canto vivo pode medir está na aplicação:
vazão bidirecional. 1. O orifício de restrição é aplicado para
Enquanto as normas diferem acerca do criar uma determinada queda de
mínimo número de Reynolds aceitável, o pressão fixa ou para limitar a vazão
valor de 10.000 (104) é o consensual. O instantânea. Seu tag é RO ou FO.
máximo número de Reynolds pode ser igual a 2. A placa de orifício é aplicada para
3,3 x 107. medir vazão. Seu tag é FE.
O orifício de restrição é dimensionado
Canto cônico e arredondado como a placa; o mínimo β é de 0,10 e não há
Quando o número de Reynolds está limite para o b máximo. Como não há
abaixo de 104 (fluidos viscosos, tubulações medição da vazão, não há tomadas da
com pequenos diâmetros), é mais pressão diferencial, embora possa haver
conveniente o uso de placa com o canto do indicações da pressão a jusante e a
orifício a montante arredondado ou cônico. montante.
Em tubulações pequenas, com diâmetros Por exemplo, quando se usa um chuveiro
entre 12 mm a 40 mm (1/2" a 1 1/2") os elétrico nos andares inferiores de um prédio
efeitos das rugosidades da tubulação, da alto, deve-se usar um orifício de restrição na
excentricidade da placa e do canto vivo de entrada do chuveiro para proteger o seu
furo são amplificados, resultando em diafragma contra alta pressão. Este orifício de
coeficientes de descarga imprevisíveis. restrição geralmente é fornecido com o
O contorno arredondado ou cônico chuveiro.
possui coeficientes de descarga mais
constantes e previsíveis, para números de Furo para condensado ou vapor
Reynolds baixos. Para Re baixo, o Embora a norma não mencione, é uma
coeficiente de um orifício com canto vivo reto prática comum se ter um pequeno furo
pode variar de até 30%, mas para canto adicional na placa de orifício. Quando se tem

257
Placa de Orifício
a medição de vazão de gás com condensado, 4.3. Montagem da Placa
utiliza se o furinho abaixo do furo principal,
para a passagem do condensado e quando A placa de orifício é montada em uma
se tem líquido com gás em suspensão, o tubulação, sendo colocada entre dois flanges
furinho deve ser acima do orifício principal. especiais. Os flanges que sustentam a placa
O furinho adicional deve ficar tangente a de orifício podem incluir as tomadas da
parede interna do tubo. O diâmetro deste furo pressão diferencial.
adicional não pode exceder a 5% do furo A qualidade da instalação afeta o
principal. desempenho da placa. A vazão medida deve
ter perfil de velocidade plenamente
Porta-placa desenvolvido e não deve haver distúrbios
Quando há a necessidade de trocas antes e depois da placa. O distúrbio a
freqüentes e rápidas da placa de orifício sem montante afeta mais a medição que o
interrupção do processo e sem uso de distúrbio a jusante. Válvulas, curvas,
bypass, como na medição de vazão de gás e conexões, bombas e qualquer outro elemento
óleo em plataformas marítimas, é comum o de distúrbio de vazão podem distorcer o perfil
uso de um dispositivo, errônea mas da velocidade e criar redemoinhos,
comumente chamado de válvula Daniel ou introduzindo grandes erros na medição. Por
Pecos. isso, são requeridos trechos retos de
A troca pode ser feita com e sem a tubulação antes e depois da placa. A norma
despressurização da linha. O dispositivo ISO 5167 (1991) apresenta uma tabela com
possui dois compartimentos isolados entre si. os comprimentos de trechos retos (em D) a
Durante a instalação ou a remoção da placa, montante e a jusante, em função dos
o compartimento de cima fica selado do diferentes tipos de distúrbios. Tipicamente, a
inferior, que mantém a placa na posição de jusante deve se ter um comprimento reto no
operação. mínimo igual a 4D e a montante, o trecho reto
mínimo deve ser de 10 a 54D, onde D é o
diâmetro interno da tubulação. Quando se
reduz pela metade o trecho reto a montante
ou jusante, a incerteza da medição aumenta
de ±0,5%.
O tamanho requerido da tubulação reta
antes e depois do elemento primário depende
do elemento primário. Estas informações
relacionadas com a placa de orifício, bocais e
tubo venturi estão estabelecidas em normas
(ANSI 2530; ASME e ISO 5167). Há
pequenas diferenças entre estas normas. A
norma ISO é mais conservativa, exigindo os
maiores trechos retos mínimos.
Para os outros medidores menos comuns
Fig. 10.9. Porta placa (Daniel) e específicos, como Annubar, lo-loss,
consultar o fabricante e seguir suas
recomendações.
Quando há dificuldades relacionadas com
os comprimentos de trechos retos, a
colocação de retificadores de vazão antes da
placa possibilita o uso de menor comprimento
reto. Porém, a colocação de retificadores
eleva o custo da instalação eliminando a
grande vantagem do sistema.
Quando todas as outras condições são
mantidas constantes, quanto maior o β da
Fig. 10.10. Tomada tipo flange placa, maiores trechos retos são necessários.
A condição da tubulação, das seções
transversais, das tomadas da pressão
diferencial, dos comprimentos retos a
montante e a jusante do elemento primário,
as linhas do transmissor de pressão
diferencial afetam a precisão da medição.
Alguns destes parâmetros podem ter

258
Placa de Orifício
pequena influência, outros podem introduzir Canto
grandes erros de polarização. As tomadas são feitas rente a placa; as
A instalação do elemento primário deve distâncias são iguais a zero. Esta montagem
estar conforme as condições de referência e é conveniente para pequenas tubulações.
as normas. Fisicamente se mede a pressão junto a placa
A norma ISO 5167 (1991) fornece as mas externamente as tomadas são feitas
exigências para a tubulação de referência: através das flanges, como na tomada tipo
1. a condição visual do lado externo da flange.
tubulação, quanto ao efeito de trecho
reto e da circularidade do diâmetro Raio
da seção. A distância a montante é de D e a
2. a condição visual da superfície jusante, de 0,5D.
interna da tubulação. A posição das tomadas independe do
3. a condição de referência para a beta da placa. É uma montagem muito pouco
rugosidade relativa da superfície usada.
interna da tubulação.
4. a localização dos planos de medição Vena contracta
e o número de medições para a A máxima pressão gerada não acontece
determinação do diâmetro interno exatamente na posição de orifício mas em
médio da tubulação (D). um ponto logo após a placa, chamado de
5. a especificação de circularidade para vena contracta. Teoricamente, este é o ponto
o comprimento especifico da ideal para a medição da pressão diferencial,
tubulação que precede o elemento pois se tem o menor erro relativo.
sensor. Na prática, isso não é muito vantajoso,
6. o máximo desnível permissível entre pois o ponto de mínima pressão varia com o
a tubulação e o medidor de vazão. beta da placa. Quando se troca a placa de
7. a precisão do coeficiente de orifício, a tomada a jusante deve ser
descarga. recolocada. O ponto de tomada a jusante é
A garantia do bom desempenho da placa dado por curvas e tabelas disponíveis.
depende da inspeção periódica da placa e se
necessário, da limpeza da placa. O período
das inspeções é função das características
do fluido, se ha formação rápida de lodo, se
corrosivo, se abrasivo.

4.4. Tomadas da Pressão


Diferencial
A pressão diferencial gerada pela placa
de orifício deve ser medida e condicionada
em uma forma mais útil. Fisicamente, ambas
as tomadas devem ter o mesmo diâmetro,
devem ser perpendiculares a tubulação e não
devem ter rugosidade e rebarba no ponto de Fig. 10.11. Tomada vena contracta
contato.
As tomadas da pressão diferencial
associadas com a placa de orifício podem ser
de cinco tipos básicos, cada tipo com
vantagens e desvantagens.

Flange
As distâncias a montante e a jusante são
iguais entre si e iguais a 1". É a montagem
aplicável para as tubulações com diâmetro
maiores que 25 mm (1"). É a montagem mais
usada no Brasil.

259
Placa de Orifício
Tubo (Pipe)
A distância a montante é de 2,5D e a
jusante, 8D. A tomada tipo tubo é
conveniente quando se tem pequeno sinal de
pressão diferencial. Tipicamente isso
acontece em medição de gás, em vazões
pequenas e com β grande.

Fig.15.13. Perdas de carga da placa e do venturi

Fig. 10.12. Tomada tipo tubo

4.5. Perda de Carga e Custo da


Energia
Em muitas aplicações, o custo da energia
extra resultante da perda de carga
permanente é um fator importante na seleção
do medidor de vazão. Os custos de
bombeamento são muitas vezes
significativos, em grandes tubulações e
podem justificar a seleção de um medidor de
vazão com custo inicial elevado mas com Fig. 10.14. Perdas de carga de diferentes sensores
pequena perda de carga permanente.
A perda de carga permanente expressa
em percentagem da pressão diferencial
gerada pelo elemento sensor pode ser
determinada através de curvas ou pode ser Experimentalmente, tem se para o bocal,
calculada matematicamente. 35% da pressão diferencial para b = 0,75 e
Para uma placa de orifício com canto 75% da pressão diferencial para b = 0,40.
vivo, a relação entre a perda de carga Para o tubo venturi, com cone de 15
permanente, Pp, o b da placa e a pressão graus, a perda de carga varia entre 12 e 30%
diferencial gerada Δp é da pressão diferencial.
Para o tubo venturi Herschel, com cone
de 7 graus, a perda é praticamente constante
Pp = ΔP(1 − β 2 ) e vale a 15% da pressão diferencial.
Por exemplo, para uma placa com canto Para o tubo venturi universal, a perda de
reto e para os limites 0,25 < b < 0,75, os carga varia de 4 a 8% da pressão diferencial.
limites da perda de carga permanente ficam
entre, respectivamente, 94 e 44% da
pressão diferencial provocada.

260
Placa de Orifício
4.6. Protusões e Cavidades variável de processo medida com a
grandeza fisicamente sentida.
Se houver protusão ou cavidade na
tubulação, antes ou depois do elemento
primário, mas próximo dele, o perfil da Tab. 9.1. Algumas incertezas da medição com placa
velocidade do fluido é afetado. As gaxetas e
os pontos de solda que se prolongam na Precisão do transmissor ±1 %
tubulação aumentam a turbulência do fluido e Precisão do receptor ±1 %
alteram o perfil de velocidade. Tolerância do b ±0,2 %
Quando se mede a temperatura do
Incerteza da medição da pressão ±0,8%
processo para a sua compensação, o poço
termal deve ser localizado após o elemento
Incerteza da medição da temperatura ±0,8%
sensor e a uma distância adequada para Incerteza do coeficiente descarga ±0,5 %
assegurar a mínima distorção no perfil. Incerteza do comprimento reto tubo ±0,5 %
Quando se mede a pressão estática do Precisão-Incerteza final ±5%
processo para a sua compensação, a tomada
de pressão pode ser feita na tomada de baixa Nota: Algumas incertezas são expressas em % do valor
ou de alta da pressão diferencial. medido e outras em % do fundo de escala e por
isso a incerteza final é em % do fundo de escala.
4.7. Relações Matemáticas
Mais importante que o enfadonho A pressão diferencial gerada pela placa
desenvolvimento das equações teóricas é a de orifício é proporcional ao quadrado da
definição dos parâmetros envolvidos. É vazão. Esta relação não linear entre a vazão
importante entender a origem destes e a pressão diferencia medida torna pequena
parâmetros por que eles são eventualmente a rangeabilidade da medição.
usados nas equações de trabalho para o A rangeabilidade típica é de 3:1. Isto
dimensionamento dos medidores. significa que um sistema de medição de
vazão com placa de orifício dimensionado
para medir a vazão máxima de 100 LPM,
com a precisão de ±2% do fundo de escala,
medirá a vazão mínima de 33 LPM com
aproximadamente a mesma precisão de ±2%.
As vazões menores que 33 LPM terão erros
maiores que ±2%.
Tipicamente, uma placa de orifício que
desenvolve uma pressão diferencial de 100"
de coluna d'água correspondente a 100% da
vazão desenvolverá uma pressão diferencial
de somente 1" quando a vazão for 10% da
projetada. Mais ainda, uma alteração de 10%
para 9% da vazão real produz uma variação
Fig. 10.15. Pressão diferencial gerada pela placa na pressão diferencial de 1" para 0,81" de
coluna d'água, menos que 0,1% da largura
de faixa total. Esta não linearidade, com
Precisão do sistema resposta reduzida no início da escala,
A medição de vazão com placa de orifício introduz complicação na indicação, registro,
é precisa o suficiente para ser aceita controle e computação da vazão.
legalmente em operações de compra e venda Quando se quer aumentar a
de produtos. rangeabilidade da medição, usam-se dois ou
Enquanto se fala de uma precisão de três transmissores associados a uma única
0,5% do fundo de escala para a placa placa de orifício. Cada sistema mede uma
isolada, a instalação completa possui faixa e eles são escalonados para a medição
precisão próxima de 5% do fundo de escala. de vazões progressivamente decrescentes. O
chaveamento automático transfere a vazão
Rangeabilidade do medidor de um medidor para outro, dependendo da
Define-se como rangeabilidade de um vazão. Tais sistemas são efetivos e resolvem
medidor, a relação do máximo valor medidor o problema da pequena rangeabilidade
dividido pelo mínimo valor medidor, com o inerente aos sistemas de medição de vazão a
mesmo desempenho. A rangeabilidade é pressão diferencial porém sacrificam a
inerente a relação matemática que envolve a

261
Placa de Orifício
simplicidade básica, a confiabilidade e a para o número de Reynolds compensa os
economia do medidor convencional. efeitos combinados da viscosidade,
É ilusório pensar que a utilização do velocidade e diâmetro relativo da tubulação.
extrator de raiz quadrada aumenta a Para grandes tubulações, altas velocidades e
rangeabilidade da medição de vazão com baixas viscosidades dos fluidos, o número de
placa de orifício. Mesmo que o extrator de Reynolds é grande e as correções requeridas
raiz quadrada possibilite o uso de escala são geralmente desprezíveis.
linear, o instrumento tem também dificuldade Quando a vazão passa de turbulenta para
para detectar os pequenos valores da vazão. laminar, diminuindo o número de Reynolds, a
correção se torna necessária e importante.
Medição da vazão mássica Uma conseqüência importante e útil da
O sistema com placa de orifício mede a correção do número de Reynolds é que, para
vazão volumétrica do fluido. a medição precisa, um sistema de medição
Na maioria das medições de vazão de de vazão tipo pressão diferencial pode ser
líquido, a variação da densidade é pequena o calibrado com água. A vazão de outros
suficiente para ser desprezada. A vazão fluidos, incluindo gases, pode ser
mássica do fluido incompressível é precisamente determinada da medição de
praticamente igual a vazão mássica, a menos pressão diferencial e da densidade real do
de uma constante de multiplicação. fluido, levando em consideração as correções
Na maioria das medições de gases e para quaisquer diferenças entre o número de
vapores, porém, a alteração na densidade Reynolds nas condições de operação e o
causada pelas variações da temperatura e da número de Reynolds nas condições de
pressão estática devem ser compensadas. calibração.
Para a vazão mássica, a leitura do
medidor a pressão diferencial varia 4.8. Fatores de Correção
inversamente com a raiz quadrada da
densidade. Para a vazão volumétrica a A perda da energia através do elemento
indicação do medidor a pressão diferencial primário e a expansão do gás ou do vapor na
varia diretamente com a raiz quadrada da baixa pressão, depois do elemento sensor
densidade. requerem vários fatores de correção.
Como uma conseqüência da relação raiz Os mais significativos são o coeficiente
quadrática entre a vazão e a pressão de descarga, o fator de expansão racional do
diferencial gerada, as variações moderadas gás e o coeficiente de atrito.
da densidade produzem variações na vazão
Fator de descarga
de somente metade da variação da
densidade. Por exemplo, uma variação de Teoricamente a energia é conservada
10% na densidade produz uma variação de através do medidor de vazão. Na prática,
5% na indicação, para a mesma vazão. A alguma energia é perdida no medidor, devido
direção da variação da vazão requerida ao atrito. A queda de pressão real é maior do
depende se está se medindo vazão mássica que a teórica.
ou volumétrica. A introdução do medidor de vazão na
As medições de vazão com calhas são tubulação altera a própria vazão, diminuindo-
uma exceção para os problemas de a. Ou seja, a vazão do processo diminui,
densidade, desde que a medição de vazão se quando se coloca o medidor de vazão. Esta
baseia no nível medido. diminuição depende da geometria do
As equações da vazão volumétrica e medidor.
mássica para os líquidos são também válidas É conveniente, portanto, definir um fator
para os gases, desde que se inclua o fator de que reflita o grau de interferência do medidor
expansão. Este fator leva em conta a de vazão na própria vazão. Assim aparece o
variação da densidade antes e depois da coeficiente de descarga.
restrição. Em termos de velocidade, o fator Define-se o coeficiente de descarga como
de expansão é definido como a relação da a relação entre a vazão real (com o medidor)
velocidade real dividida pela velocidade e a vazão teórica (sem o medidor).
teórica. O fator de descarga C corrige a equação
da vazão teórica para a vazão real, baseando
Influência do número de Reynolds se em dados experimentais obtidos em
Os medidores pressão diferencial são laboratório hidráulico.
também afetados pela variação no número de Para os medidores de vazão geradores
Reynolds do fluido cuja vazão está sendo de pressão diferencial, o coeficiente de
medida. Um simples e único fator de correção descarga é função da velocidade, do fator de
velocidade de aproximação, da densidade do

262
Placa de Orifício
fluido, da pressão diferencial gerada e menor depois do elemento primário de vazão,
inversamente proporcional ao beta do por causa da queda da pressão provocada.
medidor. Ou seja, o coeficiente de vazão, O fator de expansão do gás é introduzido
tomado como constante, não é constante na equação para corrigir esta expansão. Este
mas função do número de Reynolds e da fator é baseado em dados experimentais ou
geometria do elemento primário. derivados da equação da energia em regime
A vazão teórica é dada pelas equações da termodinâmica para a correção da
usando se a pressão diferencial e a variação da densidade.
densidade media do líquido no intervalo da Assumindo que o coeficiente de descarga
coleta de dados. A vazão real é determinada, determinado para os líquidos se aplica para o
coletando se a massa ou o volume do líquido gás, o fator de expansão do gás é definido
em um recipiente de volume conhecido, em como a relação da vazão verdadeira do gás e
um determinado intervalo de tempo. a vazão calculada pela equação do líquido.
O fator de expansão do gás se baseia na
pressão a montante (antes) do elemento
primário. Quando se usa a tomada a jusante
(depois) do elemento primário deve se usar
um fator de correção.

4.9. Dimensionamento do β da
Placa
Atualmente, o dimensionamento da placa
de orifício é feito através de programas de
computador PC (p. ex., ISA Kenonic, versão
Fig. 10.16. Coeficiente de descarga de diferentes 3). Para se estimar o β aproximado da placa,
elementos usa-se régua de cálculo específica , ábacos
ou programas shareware de fabricantes.
Dimensionar uma placa é calcular o seu
β, que é a relação entre o diâmetro do furo
A evidencia experimental mostra que o interno e o diâmetro interno da tubulação.
coeficiente de descarga varia com o perfil da Tem-se:
velocidade da tubulação.
Na literatura técnica, se define o β=d/D
coeficiente de vazão, relacionado diretamente
do coeficiente de descarga. O coeficiente de O β é o parâmetro mais significativo da
vazão (K) é igual ao produto do coeficiente de placa de orifício. Tipicamente, o β deve estar
descarga (C) e a velocidade de aproximação entre 0,15 e 0,75 para líquido e 0,20 e 0,70
(E). para gases e vapores.
Matematicamente,
Quanto menor o β, maior é a pressão
diferencial gerada. Como vantagem, é mais
K=CE
fácil a detecção desta pressão diferencial e
como desvantagem, tem se grande perda de
onde
carga permanente. Quanto maior o β, menor
é a pressão diferencial gerada. Como
1
E= vantagem, tem se menor perda de carga
1 − β4 permanente na tubulação e portanto menor
custo e menor energia de bombeamento e
Na prática, o coeficiente de descarga é como desvantagem tem se a dificuldade de
encontrável em tabelas e usa seu valor, de se detectar as pequenas faixas de pressão
modo iterativo, quando se dimensiona a placa diferencial.
de orifício e os outros elementos primários.
Filosofia de dimensionamento
Fator de expansão Na medição de vazão há duas filosofias
A hipótese da densidade constante entre básicas relacionadas com o
as duas tomadas de pressão não é valida dimensionamento da placa:
para fluido compressíveis como os gases. A 1. arbitra se uma pressão diferencial,
densidade diminui quando um gás é geralmente em valores inteiros e
expandido. Assim, a densidade do gás fica convenientes, p. ex., 0 a 2500 mm (100")
ou 0 a 200 mm (50") H2O e calcula se a

263
Placa de Orifício
relação β da placa, aplicando se os pode ser padronizada em algumas poucas
fatores de correção por causa das faixas de calibração do transmissor.
incertezas dos dados de vazão. Esta Os fatores de compressibilidade,
opção é mais conveniente para o pessoal expansibilidade e outros fatores corretivos
de manutenção e de instrumentação, são determinados também a partir das
pois as faixas de calibração são condições do processo.
padronizadas e com valores inteiros. Como conseqüência, a relação beta e o
Todas as placas de orifício podem ser coeficiente de descarga são os únicos
dimensionadas para produzir a mesma parâmetros desconhecidos da equação e o
pressão diferencial, permitindo a dimensionamento envolve estas
padronização do elemento sensor ou da determinações.
calibração do transmissor de pressão
diferencial Passos da Dimensionamento
2. constrói se a placa de orifício com 1. Selecionar a vazão máxima e a
relação β conveniente, geralmente 0,500 pressão diferencial máxima correspondente.
ou 0,600 e se calcula a faixa de pressão Em aplicações de gases, a pressão
diferencial para a calibração do diferencial deve ser selecionada de modo que
transmissor. Esta alternativa é mais a variação do fator de expansão seja mantido
conveniente para o pessoal que constrói menor que 1%, ou
a placa. Aliás, esta opção permite que se
tenha placa de orifício já pronta, em ΔP
estoque. ≤ 0,04
De modo a se calcular o diâmetro do furo P
do elemento primário, deve se conhecer o Quando se tem a pressão diferencial
coeficiente de descarga. A não ser que o expressa em de coluna d'água e a pressão
coeficiente seja constante, como no caso do estática em psia, a relação deve ser
tubo venturi, o coeficiente de descarga é uma
função do diâmetro do furo. Para a vazão do ΔP" c.a.
gás, o fator de expansão é também função do ≤ 1,0
Ppsia
furo. Assim, é requerida uma solução iterativa
para a determinação do furo do elemento
primário, de modo que a vazão, tamanho da Quando não se conhece a vazão de
tubulação e a pressão diferencial satisfaçam projeto, deve-se assumi-la igual a 80% da
a equação teórica. vazão máxima. A pressão diferencial
assumida deve ser de 0 a 100" c.a. (25 kPa)
Parâmetros do dimensionamento da placa 2. Calcular o número de Reynolds na
Dimensionar a placa de orifício é vazão de projeto e nas condições de
basicamente determinar o diâmetro do seu operação, para garantir que ele seja maior
furo. Ou então, calcular o beta da placa, que que os mínimos especificados.
é a relação entre o diâmetro do furo com o
diâmetro interno da tubulação.
O dimensionamento da placa de orifício Tab. 9.2. Números de Reynolds mínimos
para satisfazer as exigências do processo é
uma operação clara e direta. Embora sejam Elemento Líquido Gás (vapor)
semi-empíricos, os cálculos são baseados na Placa RD≥10 000 RD≥10 000
equação de Bernoulli, que é derivada das Venturi RD≥100 000 RD≥10 000
considerações básicas de balanço de Lo-loss RD≥100 000 RD≥10 000
energia.
São parâmetros interdependentes: a
relação beta da placa de orifício, a vazão 3. Calcular o fator de dimensionamento
máxima, a densidade do fluido, a temperatura na vazão de projeto e nas condições de
e a pressão estática do processo, a pressão operação:
diferencial gerada, o número de Reynolds, o
fator de compressibilidade, o fator de Vazão mássica para Líquido
expansão térmica e outros fatores.
A vazão (velocidade), a densidade do W
fluido, a pressão estática e a temperatura são SM =
conhecidas a priori, por que são os dados NFaD 2
Fp ρ ΔP
fornecidos pelo processo. A pressão
diferencial pode ser livremente arbitrada e
Vazão mássica para Gases

264
Placa de Orifício
− 14
⎡ ⎛ 0,6 ⎞2 ⎤
W βo = ⎢1 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
SM =
NFaD 2
ρ ΔP ⎢⎣ ⎝ SM ⎠ ⎥⎦

Vazão volumétrica para Líquidos 5. Usando o β e a tabela do fator de


compressibilidade, calcular o
coeficiente de descarga que tem a
Fp ρ
SM = Q forma:
NFaD2 ΔP
b
C = C∞ +
Vazão volumétrica para Gases, nas RDn
condições reais
6. Para líquidos, fazer Y1 = 1,0. Para
ρ gases, calcular o fator de expansão Y1
SM = Q a montante do medidor.
NFaD2 ΔP
7. Calcular o β aproximado como
Vazão mássica de gás com os fatores
Fpb, Ftb, Ftf, Fpv −1
⎡ ⎛ C × Y ⎞2 ⎤ 4

ZbFg β = ⎢1 + ⎜⎜ 1
⎟⎟ ⎥
SM = W ⎢⎣ ⎝ SM ⎠ ⎥⎦
NFaFpvFtf D2 ΔP × Pf
8. Repetir 5, 6 e 7, até que duas iterações
Vazão volumétrica para gás usando consecutivas de β difiram menos que
fatores Fpb, Ftb, Ftf, Fpv 0,0001.

Ftf Fpv Pf 9. Calcular o furo da placa usando


SM = Q
NFaFgFtf ZbD2 ΔP d = β×D

4. Calcular o bo aproximado usando SM


4.10. Sensores da Pressão
C = k 1 + k 2SM Diferencial
A placa de orifício gera a pressão
− 14
⎡ ⎛ k + k S ⎞2 ⎤ diferencial proporcional ao quadrado da
βo = ⎢1 + ⎜⎜ 1 2 M
⎟⎟ ⎥ vazão medida. Deve se, depois, medir e
⎢⎣ ⎝ S M ⎠ ⎥⎦ condicionar esta pressão diferencial gerada
para completar o sistema de medição da
vazão. Os instrumentos mais usado para
− 14
⎡ ⎛k ⎞ ⎤
2 medir a pressão diferencial são o transmissor
βo = ⎢1 + ⎜⎜ 1
+ k 2 ⎟⎟ ⎥ de vazão e o diafragma.
⎢⎣ ⎝ SM ⎠ ⎥⎦ Diafragma Sensor de Pressão Diferencial
Em algumas aplicações o transmissor de
Por exemplo, para a placa de orifício, pressão diferencial pode ser substituído pelo
com tomadas tipo canto, flange e D e D/2, diafragma ou câmara Barton, que sente a
variável pressão diferencial e produz na sua
RD<200 000 saída um pequeno movimento.
− 14 O diafragma é usado principalmente em
⎡ ⎛ 0,6 ⎞ ⎤
2
locais onde não se dispõe de energia elétrica
βo = ⎢1 + ⎜⎜ + 0,06 ⎟⎟ ⎥ ou pneumática para alimentar o transmissor.
⎢⎣ ⎝ SM ⎠ ⎥⎦ O diafragma não necessita de alimentação
externa; a pressão diferencial medida produz
RD>200 000 um torque com energia suficiente para
posicionar um ponteiro de indicação, uma

265
Placa de Orifício
pena de registro ou um mecanismo de Transmissor de Pressão Diferencial
controle. O transmissor de pressão diferencial,
pneumático ou eletrônico, é o instrumento
mais usado em associação com o elemento
primário gerador da pressão diferencial.
O transmissor possui uma cápsula com
grande área sensível, para ser capaz de
detectar as pequenas faixas de pressão
diferencial. Ele deve suportar alta pressão
estática, tipicamente até 400 kgf/cm2.
Quando há problema no elemento primário,
Esquema de funcionamento de modo que esta alta pressão estática fica
aplicada em apenas uma das tomadas, a
cápsula do transmissor deve possuir proteção
de sobrefaixa e não se danificar. Esta classe
de transmissores, aplicáveis principalmente
para a medição de vazão e de nível é
chamada genericamente de d/p cellR. (R
Foxboro Co).

Diafragma ou câmara Barton desmontada

Fig. 10.17. Diafragma ou Câmara BArton

Fig. 10.19 Transmissor de pressão diferencial

Fig. 10.18. Diafragma instalado no registrador de vazão

Fig. 10.20. Planímetro no gráfico

Fig. 10.18. Diafragma instalado no registrador de vazão

266
Turbina

1. Introdução 2. Tipos de Turbinas


A turbina é um medidor de vazão Há turbinas mecânicas e com detecção
volumétrica de líquidos e gases limpos, da elétrica. Há três tipos básicos de medidores de
classe geradora de pulsos, que extrai energia vazão tipo turbina com detecção elétrica:
da vazão medida. A turbina é largamente 1. o tangencial para baixa vazão de gás,
usada por causa de seu comprovado excelente 2. o de inserção em grandes tubos e
desempenho, obtido a partir de altíssimas 3. o convencional axial de bitola integral.
precisão, linearidade e repetitividade. A
precisão da turbina é melhor que a de muitos Turbina mecânica
outros medidores de vazão em regime
turbulento e é usada como padrão para a As turbinas mecânicas tem um
calibração e aferição de outros medidores. acoplamento mecânico entre o rotor e o
A medição com sucesso e precisão da sistema de indicação e totalização da vazão.
vazão com uma turbina depende de vários Este acoplamento é feito através de
fatores. Inicialmente deve se selecionar o engrenagens e elos mecânicos. A turbina
medidor e o equipamento condicionador de mecânica não requer nenhuma alimentação
sinal corretos. A seleção é função de externa pois utiliza a própria energia do
faixa da vazão processo para seu funcionamento.
rangeabilidade
temperatura
pressão
várias propriedades do fluido (densidade, viscosidade,
capacidade de lubrificação, compatibilidade química com
o material das partes molhadas do medidor)
Partículas contaminantes e sujeiras em
suspensão influem na precisão da medição e
na sobrevivência da turbina. A seleção dos
circuitos eletrônicos associados depende do
ambiente, da informação desejada e do
tamanho, rangeabilidade e linearidade do
medidor.
Uma vez todos os componentes do sistema
tenham sido selecionados corretamente, eles
devem ser calibrados de modo que a sua Fig. 11.1. Turbina mecânica
medição seja válida. A viscosidade do líquido e
a densidade do gás são muito importantes
neste ponto. Por exemplo, uma turbina
calibrada em água não pode possivelmente
fazer uma medição precisa de óleo
combustível. Muitos usuários fazem medições
baseadas em fator de calibração marcado na
turbina sem considerar a validade deste fator
para o fluido específico que está sendo medido
naquele momento.

Fig. 11.2. Turbina com acoplamento elétrico

267
Turbina
3. Turbina Convencional lâminas do rotor devem ser magnéticas, para
serem detectadas pelo pickoff.
O medidor de vazão tipo turbina mais O corpo da turbina pode ser feito de vários
usado é o que utiliza o rotor com eixo tipos de ligas metálicas e polímeros químicos.
longitudinal a vazão, com bitola integral, com O material mais usado é o aço inoxidável 316 e
diâmetro aproximadamente igual ao da o 303, com a inserção de aço 304 na posição
tubulação. do detector. Para fluidos particularmente
corrosivos, são usadas ligas especiais. Os
Princípio de Funcionamento materiais não metálicos são o nylon® e o PVC.
O corpo da turbina pode ter as guarnições
O princípio básico de funcionamento da terminais com roscas fêmeas NPT, flangeadas
turbina é o seguinte: a vazão do fluido a ser ou outros tipos menos comuns (Grayloc®,
medida impulsiona o rotor da turbina e o faz Victanlic®, Tridover®.) Quando as flanges são
girar numa velocidade angular definida. A escolhidas, deve se indicar a classe de
rotação das pás da turbina é diretamente pressão.
proporcional a vazão do fluido. Através da
detecção mecânica ou eletrónica da passagem
das lâminas do rotor da turbina pode se inferir o
valor da vazão. Há a geração de pulsos com
freqüência linearmente proporcional a
velocidade do fluido e como conseqüência,
diretamente proporcional a vazão.

Fig. 11.4. Conexões flangeadas e rosqueadas

O diâmetro da turbina expressa o seu


Fig. 11.3. Partes constituintes da turbina tamanho. A máxima vazão a ser medida é o
parâmetro determinante do tamanho da turbina.
Para a medição de líquidos, a vazão é
Partes Constituintes especificada em GPM ou LPM; para os gases a
vazão volumétrica deve ser especificada na
Corpo condições reais de pressão e temperatura.
Há limites da vazão máxima por causa dos
O corpo da turbina abriga o rotor, as peças
limites naturais da velocidade rotacional
internas e os suportes. O fluido a ser medido
impostos pela estatura do rotor e dos mancais,
passa pelo interior do corpo. O corpo da turbina
da cavitação provocada pelas lâminas e pela
é montado como um carretel sanduichado na
grande perda permanente. Há também limites
tubulação.
inferiores de vazão, por causa da detecção e
O corpo da turbina deve suportar a
da não-linearidade da região.
temperatura e a pressão de operação do
processo e por isso o seu material deve ter
uma resistência mecânica adequada. Como o
fluido do processo molha diretamente o corpo
da turbina, a escolha do seu material é função
da compatibilidade com o fluido do processo,
sob o aspecto de corrosão química. Porem, a
função dos componentes requer ou rejeita
alguns tipos de materiais e isso deve ser
considerado na seleção do material do corpo.
Por exemplo, para o detector operar
Fig. 11.5. Rotor da turbina
corretamente, o material do corpo entre o rotor
e o detector não pode ser magnético. As

268
Turbina
Rotor mancais esféricos oferecem pequena força de
A turbina com vazão axial possui um rotor arraste e por isso a turbina tem as
com lâminas girando sobre mancais que são características de grande rangeabilidade e
suportados por um eixo central. Todo o excelente linearidade. Os rolamentos são
conjunto é montado centralizado dentro do facilmente substituídos e a substituição não
corpo por suportes que também possuem influi praticamente no desempenho e não
retificadores da vazão, a jusante e a montante. necessita de nova recalibração.
A velocidade angular rotacional é proporcional Além dos rolamentos, os mancais possuem
a vazão volumétrica do fluido que passa retentores para manter o espaçamento e o
através do medidor. alinhamento das esferas. Estes retentores são
Em cada momento que uma lâmina passa de aço inox 303 ou 410, liga fenólica ou fibra
pelo detector, um pulso é gerado. O sinal de com teflon. Estes materiais devem ser
saída e um trem de pulsos, com cada pulso compatíveis com o fluido do processo.
correspondendo a um volume discreto do O conjunto do mancal e rotor é fixado axial
fluido. A totalização dos pulsos dá o volume mente no interior da carcaça, através dos
que passou e a freqüência dos sinais indica a cones e estruturas de apoio.
vazão instantânea. As aplicações da turbina com rolamentos
Quando a vazão é constante, o torque de esféricos são para fluidos limpos e lubrificantes,
acionamento do rotor gerado pelo impacto do como óleos hidráulicos, vegetais e de
fluido nas lâminas balanceia exatamente a combustão. A grande limitação dos mancais
força de arraste causada pelos rolamentos, esféricos é que eles são disponíveis somente
pela viscosidade do fluido e pela força de em aço inox 440C e por isso não podem ser
retorno do detector magnético. usados em fluidos incompatíveis com ele. Eles
As lâminas do rotor são geralmente feitas não se aplicam para a medição de água, ácidos
de aço magnético para gerar um pulso com ou fluidos com partículas em suspensão.
amplitude suficiente de ser detectada. O aço
Mancal cilindro
inox 316, padrão para o corpo, não pode ser
detectado magneticamente e o material padrão O mancal cilindro consiste de um eixo
é o aço inox ferrítico 430 ou 416. Quando não acoplado a uma luva (sleeve). Pela escolha dos
se pode usar um material magnético materiais do eixo e da luva pode-se obter uma
compatível com o fluido a ser medido, usa-se configuração lisa e polida para a corrosão ou
um rotor com material não magnético e um dura e resistente para a erosão e conveniente
material magnético para revestir as para manipular fluidos sem lubrificação e com
extremidades das lâminas. Quando há contaminantes.
problemas de corrosão, usam se ligas Os materiais típicos são o carbeto de
especiais; por exemplo, a liga Hastelloy® pode tungstênio, a cerâmica e o stellite®, que são
ser detectada magneticamente. extremamente duros e resistentes a fluidos
corrosivos e erosivos; o teflon® reforçado e o
Mancais e Suportes grafite associados ao eixo metálico são
As funções do mancal dentro da turbina excelentes para manipular fluidos não
são as de evitar que o rotor seja levado pela lubrificantes, que não sejam corrosivos ou
pressão dinâmica do fluido e posicionar o rotor abrasivos.
corretamente em relação ao jato do fluido. Ele Os suportes cilindros (jornal) são
deve oferecer pequeno atrito de arraste e deve caracterizados por grande força de arraste
suportar os rigores do processo, como devido ao atrito de deslizamento e por isso as
temperaturas extremas, corrosão, abrasão, turbinas possuem uma rangeabilidade menor e
transientes de vazão e de pressão, picos de uma pior linearidade. O seu desgaste pode
supervelocidade. A rangeabilidade e a alterar a força de arraste e quando há troca dos
linearidade da turbina dependem do mancais, é necessária nova calibração da
desempenho dos mancais e suportes. turbina.
Há três tipos de mancal radial: esférico
(ball), cilindro (jornal) e cônico (pivô). Mancal pivô
O terceiro tipo de mancal consiste de um
Mancal esférico eixo suportado por uma superfície cônica. A
Os mancais são com rolamentos esféricos ponta do eixo pode rolar ou deslizar, depende
de baixo atrito, comumente de aço inoxidável da carga. O eixo e o suporte são de materiais
440C. Ambos os mancais são usados com um duros. Por exemplo, a combinação de eixo de
rotor balançado com preciso, com pás usinadas carbeto de tungstênio com suporte de safira
a um ângulo apropriado para melhorar a pode ser usada em turbinas para medir vazões
linearidade e a repetitividade da turbina. Os

269
Turbina
muito baixas, de fluidos corrosivos e com
contaminantes.
Os suportes tipo pivô oferecem menos
atrito de partida e de operação que os mancais
esféricos. Por causa da pequena área de
contato do eixo com o suporte, as cargas do
suporte não podem ser muito elevadas. Por
isso, estes medidores são mais frágeis, temem
vibração e choques mecânicos e não podem
operar em alta **velocidade.

Materiais
A escolha do material dos mancais é Fig. 11.6. Turbina com impelidor e acoplamento mecânico
também limitada. Os mancais esféricos são
disponíveis em aço inox 440C. Os mancais
cilindros são limitados pelas exigência de atrito
e de desgaste. As combinações mais usadas
são: grafite ou materiais especiais de fibra e Detecção eletromagnética
Rulon® contra aço inoxidável e carbeto de A detecção da velocidade angular da
tungstênio contra stellite®. Em medidores turbina por sensores eletromagnéticos pode ser
pequenos, usa se a safira. Infelizmente, a usada na maioridade das aplicações,
exigência de material compatível com a função excetuando as vazões muito baixas, em que o
e com o fluido pode piorar a linearidade e a arraste magnético sobre o rotor afeta
rangeabilidade do medidor. consideravelmente o desempenho.
Os retificadores de vazão, na entrada e na A bobina detectora da velocidade é
saída da turbina, podem ser construídos de localizada externamente na parede do corpo e
qualquer material compatível com a fabricação, sente a passagem das lâminas. Existem dois
com o fluido e com as exigências da estrutura. tipos de sensores eletromagnéticos: de
relutância e indutivo.
Detectores da Velocidade Angular O tipo de relutância tem um ima localizado
no centro de uma bobina. Esta bobina
O detector da velocidade gera uma tensão eletromagnética cria um campo de fluxo
alternada como resultado da passagem das magnético. Quando as pás permeáveis do rotor
lâminas do rotor que afetam a relutância atravessam o campo, gera-se um sinal de
variável do circuito magnético. O sinal de saída tensão senoidal, cuja freqüência depende da
varia entre os fabricantes e usualmente está na freqüência com que as pás do rotor da turbina
faixa de 10 mV a 1 V rms. A freqüência do sinal rompem o campo magnético. Atualmente não
depende do tamanho e do tipo: tipicamente se usa mais este detector porque ele apresenta
varia de 10 Hz a 4 kHz. A maior freqüência uma grande força de arraste.
apresenta maior resolução e é a mais usada. O sensor magnético do tipo indutivo requer
A detecção da velocidade angular pode ser um ima no rotor da turbina para criar o campo
mecânica ou elétrica. A detecção elétrica pode de fluxo magnético. É constituído de uma
ser magnética ou através de ondas de rádio bobina em volta de um núcleo de ferro. Quando
freqüência. os campos de fluxo das pás magnetizadas do
rotor passam pela bobina, é induzida uma
Detecção mecânica corrente elétrica alternada com freqüência
O detector mecânico consiste de um proporcional à velocidade do fluido e portanto,
conjunto de eixos e de engrenagens à vazão do fluido. A vantagem da detecção
conectados ao rotor para operar um contador indutiva é a operação em temperatura mais
mecânico. Estes modelos possuem pequena elevadas. A desvantagem é a de ter menor
rangeabilidade, devido ao altos atrito, mas rangeabilidade, pois a turbina não consegue
possuem a vantagem de não necessitar de medir vazões muito pequenas, por causa da
fonte externa de alimentação. força de arraste magnética.

270
Turbina
Fluido Medido

Turbina para gás


O torque fornecido pelo gás é menor que o
do líquido e por isso a turbina para a medição
de gás é caracterizada por um eixo do rotor
mais volumoso, usado para criar um efeito
venturi, diminuindo a área de passagem e
aumentando a velocidade de entrada do fluido
no rotor.
Como o gás oferece menos resistência a
Fig. 11.7. Detecção elétrica da velocidade angular vazão que o líquido, pois sua viscosidade é
muitíssimo menor, nas mesmas condições de
contorno, passa na tubulação uma vazão de
gás maior do que de líquido . Tipicamente, uma
turbina de gás é projetada para passar 7,48
Detecção com rádio freqüência vezes mais gás do que líquido, para o mesmo
O sensor da velocidade angular da turbina diâmetro. (7,48 é o número de galões de
com onda portadora ou do tipo RF não usa ima 1,00 ft3).
e por isso não há o problema da força de A turbina de gás possui geometria e os
arraste magnético sobre o rotor. internos diferentes da turbina de líquido. As
A bobina faz parte de um circuito oscilador lâminas do rotor da turbina de gás tem menor
e a passagem de uma pá do rotor pelo campo grau de elevação, para que o rotor gire na
de rádio freqüência altera a impedância, mesma velocidade.
modulando a amplitude do sinal do oscilador. Se uma turbina para líquido é usada para
Usa-se um circuito amplificador para detectar medir gás, a maior vazão volumétrica do gás
esta variação da amplitude e fornecer um sinal irá provocar super velocidade no rotor e poderá
de saída de pulsos com uma freqüência destrui-la. Na prática, é o que pode acontecer
proporcional à velocidade de rotação da quando uma turbina para líquido é lavada com
turbina. A vantagem do detector de RF é a vapor d'água. Se uma turbina para gás é usada
possibilidade de medir vazões muito pequenas, para medir líquido, a combinação do menor
aumentando a rangeabilidade da turbina. As ângulo de inclinação e a menor vazão
desvantagens são a limitação da máxima volumétrica produz um torque de acionamento
temperatura de operação e a necessidade de pequeno, girando o rotor em velocidade muito
usar o pré-amplificador de sinal. baixa e na região não linear.
Atualmente há o desenvolvimento de A turbina para gás requer recalibrações
aplicações de Detectores ópticos. Esta mais freqüentes que a para líquido, por causa
detecção tem a vantagem da RF e das variações na característica dos mancais.
adicionalmente é intrinsecamente segura Para os líquidos, que são praticamente
porque usa cabos de fibra óptica. incompreensíveis, a vazão em LPM é
especifica. Para os gases compressíveis, o
termo m3/h é ambíguo, pois o volume do gás
Classificação Elétrica está diretamente associado às condições de
A turbina com detecção elétrica é um pressão e temperatura. Assim, é comum se ter
instrumento elétrico e como tal necessita de as expressões vazão real e vazão padrão. A
uma classificação elétrica compatível com a vazão real representa o volume do gás que
classificação da área onde ele está montada. A passa efetivamente pelo medidor, na unidade
classificação elétrica normal é de uso geral, de tempo. A vazão padrão representa a vazão
para local seguro. Opcionalmente, a turbina volumétrica que passaria pelo medidor se o gás
pode ter a classificação elétrica de prova de estivesse na pressão e na temperatura padrão.
explosão, para uso em local de risco, tipo As vazões real e padrão estão relacionadas
Classe I, Grupos B, C e D e Divisão 1. Isto numericamente pela lei dos gases.
consiste de uma conexão NPT integral a
turbina e ao detector que permite a instalação Tp Pr
de um conduíte ou caixa que engloba o Qp = Qr ( )( )
detector e todos os conectores. Tr Pp
Alguns fabricantes oferecem a opção com
barreira de segurança intrínseca. onde o índice r indica real e p, padrão.

271
Turbina
Para que a vazão volumétrica real medida Condicionamento do Sinal
tenha um significado útil, ela deve ser expressa
na vazão volumétrica equivalente do gás, em O sinal de saída do detector
condições de pressão e de temperatura aceitas eletromagnético da turbina é um trem de pulsos
como padrão. A vazão real deve ser de tensão, com cada pulso representando um
comparada com sua equivalente padrão. pequeno volume discreto do fluido. A saída
No dimensionamento da turbina deve-se elétrica da turbina é transmitida ao
usar o valor da vazão real, pois é esta que equipamento de condicionamento de sinal e
passa efetivamente pelo medidor. depois ao sistema de apresentação dos dados,
que pode ser de totalização, indicação, registro,
Turbina para líquido controle ou alarme.
A turbina para medir a vazão de líquidos é A maioria dos sistemas consiste de um
a mais tradicional e a que apresenta menor totalizador com uma função de fatorar e
dificuldade de construção, pois as condições de escalonar os pulso recebidos. Como a saída de
operação são mais favoráveis. O líquido é pulsos da turbina não está diretamente em
praticamente incompreensível, a densidade é unidades de engenharia de vazão, os circuitos
maior que a do gás e normalmente, a pressão de fator e escalonamento fazem os pulsos
para a vazão de líquido é muito menor que a de representar a vazão na unidade conveniente,
gás. Por exemplo, para se ter o mesmo torque como litro, galão.
na turbina a velocidade da água é
aproximadamente 30 vezes menor que a do ar.

Características
As características de desempenho da
turbina, a não ser que seja dito o contrario, se
referem às condições ambientes e devem ser
indicadas nas unidades SI.

Faixa de vazão
Expressa as vazões mínima e máxima que
podem passar dentro da turbina, tipicamente
em m3/s.

Sensitividade
A sensitividade da turbina é o seu fator K, Fig. 11.8. Turbina com totalizador integral
que é o elo entre os pulsos de saída da turbina
(ciclos por segundo) e a vazão (volume por
segundo). Como conseqüência, o fator K é
expresso em ciclos por m3. Freqüentemente se O totalizador acumula o número de ciclos
usa o K médio, que é a sensitividade medida proporcionais a vazão volumétrica total que
em toda a faixa de interesse do usuário. A passou através da turbina. Um integrador
média é obtida tomando-se os fatores Kmax e fornece um nível de tensão de corrente
Kmin. contínua proporcional à freqüência do sinal. Um
scaler multiplica ou divide a freqüência da
Queda de pressão saída da turbina por um fator selecionado,
A queda de pressão através da turbina, na facilitando a apresentação e a redução dos
máxima vazão de projeto, é expressa em kPa a dados.
uma vazão máxima, quando usada como o Alternativamente, o totalizador pode ser
fluido específico de medição. uma unidade de batelada pré ajustada. O valor
A turbina provoca grande perda de carga, requerido é pré-ajustado e o totalizador conta
proporcional ao quadrado da vazão. Alguns diminuindo até zero, quando prove uma
rotores, quando travados por alguma fibra do alteração de contatos de saída, para terminar a
fluido, podem interromper a vazão, bloqueando batelada e operar uma válvula solenóide. Para
a tubulação. não haver o desligamento repentino da vazão e
um conseqüente golpe de aríete, o contador
pode gerar uma rampa ou acionar um contato
de aviso anterior ao desligamento completo.
Há sistemas de condicionamento de sinais
mais complexos que evitam a interferência ou a
perda de pulsos durante a transmissão do

272
Turbina
sinal, usando um comprador de pulsos e Desempenho
envolvendo duas bobinas detectoras (A e B) e
a tomada de dois cabos separados para os A característica mais importante do
circuitos eletrónicos. O comprador de pulsos medidor tipo turbina é sua altíssima precisão. A
monitoriza os dois sinais. Se qualquer pulso é turbina é tão precisão que é considerada como
perdido ou detectado na outra linha, a padrão secundário industrial. Ou seja, a turbina
seqüência correta dos pulsos (A, B, A, B, A, B, pode ser usada como um padrão de
A) será interrompidas. Qualquer pulso falso é transferência para a aferição e calibração de
registrado e a leitura do totalizador associado outros medidores, como magnético, termal,
será corrigido de acordo. sônico.
Muitos sistemas de turbina requerem um Porem, o desempenho da turbina depende
sinal analógico para fins de controle ou de da natureza do fluido e da faixa de medição da
registro. Nestes casos, os pulsos devem ser vazão. A perda de carga, o fator do medidor, a
convertidos no sinal padrão de corrente de 4 a amplitude da tensão e a freqüência do sinal de
20 mA cc. São disponíveis instrumentos para saída dependem do fluido e da vazão. A turbina
esta função, chamados de conversores de necessita da calibração para o estabelecimento
freqüência/corrente. Quando os sistemas do fator do medidor e das características gerais
envolvem a totalização e a necessidade do de desempenho. A precisão do medidor tipo
sinal analógico, o circuito do totalizador turbina dependente do erro inerente da
incorpora este circuito e há uma saída opcional bancada de calibração.
com o sinal de corrente de 4 a 20 mA cc. Os parâmetros da precisão do medidor são
a repetitividade e a linearidade.

Repetitividade
Por definição, repetitividade é o grau de
concordância de várias medições sucessivas
sob as mesmas condições de vazão e de
operação, tais como a temperatura, a
viscosidade, a vazão, a densidade e a pressão.
A repetitividade típica da turbina é de 0,1%.

Linearidade
A linearidade é definida como o máximo
desvio em percentagem do fator K médio
sobre a rangeabilidade normal de 10: 1.

K - K médio
Linearidad e = ( )máximo × 100%
K médio
Fig. 11.9. Turbina com detector e pré-amplificador
A curva de freqüência x vazão representa o
fator K (pulsos/volume), onde a linearidade é a
Há aplicações que necessitam apenas da variação do fator K em relação a um valor
indicação da vazão instantânea. O indicador, nominal num ponto na curva. É uma reta
digital ou analógico, recebe diretamente os inclinada, com não-linearidade próxima do
pulsos e indica o valor da vazão em dígitos ou zero.
através do conjunto escala + ponteiro. A faixa linear de um medidor de turbina é a
Há aplicações com a totalização e a faixa de vazão na qual o fator K permanece
indicação feitas no mesmo instrumento, com constante dentro dos limites declarados. A
um contador para a totalização e com um curva é uma reta horizontal com uma parte não
indicador digital para a vazão instantânea. linear, na região de baixa vazão. A não-
Como conclusão, os pulsos da turbina são linearidade é resultante dos efeitos de atrito
mais adequados para a totalização da vazão e dos mancais, arraste magnético e o perfil da
esta operação é feita quase diretamente. Para velocidade dentro do medidor.
registro e controle, os pulsos devem ser Em vazões muito baixas as forças de
convertidos em corrente Analógica padrão de 4 retardo ultrapassam as forças hidrodinâmicas e
a 20 mA cc. o medidor deixa de responder para vazões
abaixo de um limite mínimo. Na outra
extremidade, desde que a alta pressão evite a
cavitação, a velocidade pode ultrapassar de 1,5
a 2 vezes a máxima especificada, durante

273
Turbina
curtos períodos de tempo, sem problemas. A Número de Reynolds
turbina não deve operar durante longos O número de Reynolds influi na medição
períodos com velocidade muito elevadas, pois feita pela turbina porque ele determina o torque
isso é prejudicial a vida aos mancais e a que o fluido exerce no rotor da turbina. O
precisão do medidor. número de Reynolds relaciona as forças de
A turbina para gás possui uma linearidade inércia com as forças viscosas. O denominador
pior do que a turbina para líquido. É mais do número está relacionado com as forças de
problemática o aumento da rangeabilidade da retardo do rotor e o numerador está
turbina de gás, pela diminuição da vazão relacionado com o momento do fluido. Para a
mínima. turbina funcionar corretamente é necessário
A linearidade de uma turbina depende da que o momento do fluido prevaleça sobre as
faixa de operação e da viscosidade do fluido do forças de atrito, ou seja que o número seja
processo. A linearidade típica é de ±0,5 % e se muito maior que o denominador. Para um
aplica para fluidos com viscosidade cinemática medidor tipo turbina funcionar devidamente,
próxima de 1 cSt (água). Acima de 1 cSt, a recomenda-se que esteja operando em estado
linearidade da turbina se degrada de vazão turbulento, que é descrito por Re
progressivamente. maior que 4000.
Rangeabilidade Viscosidade
A rangeabilidade é a relação entre a vazão O arraste viscoso do fluido age sobre todas
máxima e a vazão mínima para a qual mantida as partes moveis da turbina, provocando um
a precisão especifica do medidor. torque de retardo sobre o rotor. O desvio do
Por ser um medidor com relação fluido pelas pás do rotor provoca uma alteração
matemática linear entre a freqüência e a vazão, no momento do fluido e uma força motriz. O
a turbina possui uma rangeabilidade típica de rotor gira, então, a uma velocidade em que a
10:1. A vazão máxima pode ser estendida de força motriz cancela exatamente o torque de
100%, durante curtos intervalos de tempo, sem retardo.
estrago para a turbina. As penalidades A faixa linear do medidor é o parâmetro
possíveis pela operação acima da faixa é o mais afetado pela variação da viscosidade. A
aumento da queda de pressão através da experiência mostra que para viscosidade
turbina e um desgaste maior dos mancais por cinemática acima de 100 cS a turbina não mais
causa da maior aceleração. apresenta a região linear. O arraste da
O uso do detector com rádio freqüência, viscosidade também contribui para a queda da
mandatário para turbinas menores que 2", pressão através do medidor e em altas
aumenta a rangeabilidade diminuindo o valor viscosidades, limita a máxima vazão possível.
da vazão mínima, pois elimina as forças de O tamanho da turbina é também importante
arraste magnético. O aumento da e o medidor menor é mais sensível a
rangeabilidade da turbina pela diminuição da viscosidade que o maior.
vazão mínima se aplica principalmente na O efeito da variação da viscosidade
medição de líquidos. depende do tipo do rotor; turbina com lâminas
paralelas é mais afetada pela variação da
Tempo de resposta viscosidade.
A capacidade de responder rapidamente as Para uma mesma pressão, a vazão diminui
condições da vazão é uma das vantagens da quando a viscosidade do fluido aumenta. Para
turbina. A constante de tempo depende do uma dada vazão, um aumento da viscosidade
tamanho do medidor, da massa do rotor e do pode apresentar uma redução no fator K do
projeto das lâminas. A constante de tempo medidor.
típica varia entre 5 e 10 mili-segundos para A viscosidade do líquido é altamente
turbinas de até 4" de diâmetro. dependente da temperatura. Um aumento da
temperatura causa uma diminuição da
Fatores de Influência viscosidade. Por esta razão, a variação da
temperatura altera consideravelmente o
Os medidores tipo turbina alcançam uma desempenho da turbina.
precisão excepcionalmente boa quando usados
sob as devidas condições operacionais: no Densidade
entanto, são muitos os fatores que podem ter Conforme se verifica no número de
um considerável efeito sobre o desempenho Reynolds, a densidade está no numerador,
dos medidores tipo turbina: número de representando um fator no momento do fluido.
Reynolds, viscosidade, valor e perfil da Quando o momento do fluido é alterado, a
velocidade. rangeabilidade deve ser alterada a fim de

274
Turbina
proporcionar o mesmo torque mínimo balanceamento da turbina e como afetar o seu
necessário do rotor no extremo inferior da força fator K. O uso de filtros eficientes conserva e
de vazão. Ao ajustar a vazão mínima do aumenta a vida útil das turbinas, evitando
medidor tipo turbina, a repetitividade e a faixa alterações do fator K.
linear se alteram.
Seleção da turbina
Instalação
Como a maioria dos medidores de vazão, a Na escolha da turbina, As seguintes
turbina também é afetada pelos efeitos de uma características mecânicas devem ser
instalação com dispositivos geradores de especificadas:
distúrbios a montante, como válvula, curvas,
Fluidos medidos
junções tees, mau alinhamento.
A maioria dos fabricantes sugere Os líquidos ou gases que estão em contato
instalações com 20 D de trechos retos a com as partes molhadas, por exemplo, óleo
montante e 5 D a jusante, onde D é o diâmetro combustível, acido clorídrico, água, CO2.
da tubulação. Quando não são disponíveis
Configuração e dimensões
trechos retos de tamanhos suficientes, usam-se
retificadores de vazão; o valor típico do trecho Para as turbinas flangeadas, o tamanho
reto a montante cai para 10 D, quando se usa nominal da tubulação é o comprimento entre as
retificador. flanges. Para as turbinas com rosca macho, o
tamanho nominal da tubulação é o
Cavitação comprimento total.
A baixa contra pressão pode causar
Dimensões de montagem
cavitação num medidor tipo turbina.
Basicamente, a cavitação é a ebulição do A não ser que as conexões do processo
líquido causada pela redução na pressão ao sirvam como montagem, o desenho
invés da elevação na temperatura. esquemático deve indicar o método de
A perda de carga é aproximadamente montagem, com o tamanho dos furos, centros e
proporcional ao quadrado da vazão e é outras dimensões pertinentes, incluindo o tipo
tipicamente de 3 a 10 psi. Há uma vazão de rosca, se usada.
máxima em que o medidor pode operar para Quando o peso da turbina for muito grande,
uma pressão de entrada constante devido a deve ser considerado o uso de suportes, para
cavitação. Quando a pressão do líquido se garantir o alinhamento dela com a tubulação e
aproxima de sua pressão de vapor, a para evitar tensões na estrutura.
vaporização local pode acontecer logo atrás
das pás do rotor, provocando um aumento Marcação
artificial na velocidade do fluido, que pode As seguintes informações devem ser
aumentar drasticamente o fator K. marcadas permanentemente no corpo da
Como regra, a mínima pressão a jusante turbina: o nome do fabricante, o modelo, o
deve ser o dobro da máxima queda de pressão número de série, a direção da vazão e o
na turbina mais duas vezes a pressão de vapor tamanho nominal do tubo.
do líquido medido. Opcionalmente ainda podem ser
especificadas outras características mecânicas
Perfil da velocidade e elétricas da turbina e outros dados da vazão
A geometria do sistema de tubos a do processo.
montante e imediatamente a jusante do rotor
afeta o perfil da velocidade do fluido. Os
distúrbios provocados por válvulas de controle,
curvas, redutores de pressão, tomadas de
instrumentos . devem ficar suficientemente
distantes da turbina. A maioria das turbinas já
possuem em sua entrada e saída retificadores
da vazão.

Erosão e desgaste
A erosão provoca a deterioração gradativo
no desempenho da turbina e pode até destruir
rapidamente os seus internos. O grande
desgaste dos mancais aumenta o atrito nos
mesmos. A erosão pode afetar o Fig. 11.10. Plaquetas de turbinas

275
Turbina
Dados do processo volumétrica que ela é capaz de suportar.
A escolha da turbina requer o Assim, na escolha do diâmetro correto da
conhecimento completos dos dados do turbina, é aceitável e normal que o diâmetro da
processo, como os valores mínimo, normal e turbina seja sempre menor que o da tubulação.
máximo da vazão, temperatura e pressão do Esta regra pode ser usada como detectora de
processo. erro: quando o diâmetro da turbina for igual ou
Para fins de escolha do instrumento maior do que o da tubulação, há erro de calculo
receptor, é importante conhecer a tensão de ou de dados da vazão.
saída da turbina, expressa em volts pico e a Como conseqüência dos diâmetros
freqüência na máxima vazão de projeto diferentes da tubulação e da turbina, é
expressa em Hz. necessário o uso de retificadores de vazão
apropriados e adaptadores. Como a turbina
possui o diâmetro menor que o da tubulação,
Dimensionamento
usam-se cones de adaptação concêntricos,
A escolha do tamanho correto da turbina com ângulo de inclinação de 15o. Deve-se
requer o conhecimento da máxima vazão do cuidar que a turbina e a tubulação estejam
processo, expressa em LPM para os líquidos e perfeitamente alinhadas e evitar que as
em m3/h reais para os gases. Quando se tem a gaxetas provoquem protuberâncias na trajetória
vazão padrão, deve-se converte-la na vazão da vazão.
real. Outro aspecto que deve ser considerado na
A partir da vazão máxima conhecida, escolha do tamanho da turbina é a pressão
seleciona-se o menor medidor da tabela que estática disponível na linha. A turbina produz
tenha a vazão normal máxima maior ou igual a uma perda de pressão típica de 3 a 5 psi (20,7
vazão máxima do processo a ser medida. São a 34,5 kPa) na máxima vazão. A perda de
disponíveis turbinas para a medição de vazões carga é proporcional ao quadrado da vazão,
muito baixas. análoga a placa de orifício. Como
Quando a turbina é aplicada em serviço conseqüência, se a turbina está operando na
continuo em uma rangeabilidade menor que capacidade de 50% da máxima, a perda de
10:1, pode-se escolher uma turbina cuja vazão pressão é 25% da máxima pressão diferencial.
nominal de trabalho esteja próxima do ponto A mínima pressão ocorre em cima do rotor,
médio da faixa em vez do ponto máximo da com uma grande recuperação depois do rotor.
faixa, para aumentar a vida útil dos mancais e Assim, a pressão da linha deve ser
suportes. suficientemente elevada para evitar que o
A turbina é dimensionada pela vazão líquido se vaporize e provoque a cavitação.
volumétrica. Cada medidor possui valores Para evitar a cavitação, a pressão da linha
típicos de vazões máxima e mínima e deve ser no mínimo igual a 2 vezes a pressão
raramente estes valores podem ser diferencial máxima através da turbina mais 1,25
ultrapassados. Os diâmetros das turbinas vezes a pressão de vapor do líquido. Quando a
variam de 1/2" (12 mm) a 20" (500 mm). pressão a jusante não é suficiente para
No dimensionamento da turbina é satisfazer esta exigência, a solução é usar uma
recomendado que a máxima vazão de trabalho turbina maior, que irá provocar menor perda de
esteja entre 70% e 80% da máxima vazão do carga, mas em detrimento de uma menor
medidor. Isto resulta em uma rangeabilidade de rangeabilidade.
7:1 a 8:1 e há uma reserva de 25% para futura Se ocorrer a cavitação, haverá um erro de
expansão ou para a vazão aumentar. Quando leitura a mais que a real. A cavitação pode
se quer uma rangeabilidade de 10:1, deve-se destruir o rotor e os suportes da turbina, por
usar a vazão máxima de operação igual a causa de sua alta velocidade.
capacidade máxima da turbina.
Para se ter um ótimo desempenho e alta Considerações Ambientais
rangeabilidade, a maioria das turbinas é
projetada para uma velocidade nominal de 9 Várias condições ambientais podem afetar
m/s. Esta velocidade é maior que as a operação da turbina.
velocidades convencionais dos projetos de Os componentes eletrónicos devem ser
tubulações, típicas de 2 a 3 m/s. Como alojados em caixa a prova de tempo, para
conseqüência, se a turbina é selecionada para eliminar os problemas de umidade.
ter o mesmo diâmetro da tubulação, a A temperatura da turbina é principalmente
rangeabilidade da medição fica muito pequena; determinada pela temperatura do processo.
aproximadamente de 2:1 a 3:1. Por isso, o Porem, a temperatura da bobina de transdução
importante no dimensionamento da turbina não e o conector pode ser influenciada pelo
é o seu diâmetro nominal mas a vazão ambiente. As baixas temperaturas geralmente

276
Turbina
não causam problemas mas as altas Operação
temperaturas podem afetar a isolação.
A vibração mecânica encurta a vida útil da
Pressão do fluido
turbina e pode provocar erros sistemáticos nos
dados obtidos. Uma pressão mínima a jusante da turbina
Os campos magnéticos e as linhas de para qualquer instalação deve ser mantida para
transmissão na proximidade da turbina podem evitar uma variação no fator de calibração
introduzir ruídos espúrios, se o circuito não está devido à cavitação. A mínima pressão depois
adequadamente blindado. da turbina é função da pressão de vapor do
A pulsação da vazão pode produzir erros líquido e da presença de gases dissolvidos. A
ou estragos na turbina. mínima pressão a jusante pode ser
Deve se cuidar para que as condições de determinada experimentalmente e é definida
operação estejam dentro dos limites como a pressão em que o fator de calibração
estabelecidos na especificação do fabricante. em 125% da vazão máxima nominal aumenta
0,5% em relação ao fator de calibração
correspondente obtido na mesma vazão mas
Instalação da Turbina
com uma pressão maior de 7,0 x 104 Pa. A
A turbina é afetada pela configuração da pressão mínima a jusante deve ser medida no
linha a montante e a jusante. Isto é causado ponto de 4 D depois da turbina.
principalmente pelo redemoinho do líquido que
flui e por isso a configuração a montante é Instalação elétrica
muito mais influente que a jusante. Um cabo com dois ou três condutores,
Tipicamente, a turbina requer trechos retos blindado, deve ser usado na saída da turbina. A
maiores que os exigidos pela placa de orifício. bitola do fio deve ser baseada na atenuação
Quando o fabricante não especifica diferente aceitável do sinal. A fiação de sinal deve ser
ou não se tem as regras tratadas nas normas segregada da fiação de potência. A blindagem
(API 2534, ASME: Fluid Meters - Their Theory do cabo deve ser aterrada em apenas um
and Application), deve se usar trechos retos ponto. Normalmente ela é aterrada na
iguais ao mínimo de 20 D antes e de 5 D extremidade da turbina. O aperto excessivo nas
depois da turbina. Pode-se usar retificador de Conexões elétricas pode danificar a bobina de
vazão antes da turbina e o próprio suporte do transdução e até o corpo da turbina,
rotor age como um retificador de vazão. dependendo do material.
Raramente é usado, mas é possível que
grandes distúrbios depois da turbina requeiram Verificação do funcionamento mecânico
o uso de retificador de vazão a jusante. Deve O tipo do procedimento de teste depende
se evitar que a tubulação exerça pressão e da aplicação da turbina. O mais compreensivo
tensão mecânica sobre o corpo da turbina. teste envolve o circuito eletrónico associado e o
A turbina deve ser instalada de equipamento de indicação. O teste de
conformidade com a seta de direção marcada verificação do spin do rotor deve ser feito com
no seu corpo. É possível se ter turbinas cuidado, usando um fluido que tenha uma
especiais, capazes de medir a vazão nos dois lubricidade compatível com o tipo do suporte
sentidos. Ela necessita de um fator de usado e que não provoque uma super
calibração aplicável nos dois sentidos e um velocidade no rotor. A turbina medidora de
projeto especial das peças internas. vazão é um instrumento de precisão e pode se
A turbina deve ser instalada na mesma danificar se uma mangueira de alta pressão de
posição em que ela foi calibrada, usualmente ar é utilizada para sua limpeza ou para a
na posição horizontal. verificação da rotação do rotor.
O líquido medido no pode conter partículas Mais medidores de vazão são danificados
solidas com dimensões máximas maiores do por excesso de velocidade no rotor durante a
que a metade do espaço entre as extremidades partida do que por qualquer outra razão. Para
da lâmina e o espaço da caixa. A vida útil da evitar danos no medidor, a vazão de fluido
turbina será aumentada com a colocação de deve ser aumentada gradualmente até o
um filtro a montante. O tamanho do filtro medidor atingir a vazão desejada.
depende do diâmetro da turbina; variando de É recomendado que a turbina de vazão
#170, para partículas de 88 microns para seja instalada de forma que ela permaneça
turbinas de 3/8" de diâmetro até #18 para cheia de fluido quando a vazão cessa. Quando
partículas de 1000 microns para turbinas de 1 o medidor de vazão é deixado instalado em
1/2 ". uma linha que está temporariamente fora de
serviço e tenha sido parcial ou completamente
drenada, pode ocorrer severa corrosão dos
rolamentos ou dos internos. Se durante estes

277
Turbina
períodos de parada houver qualquer duvida ajustes de zero ou de largura de faixa. O que
sobre o nível do fluido na linha e se for realmente se deve fazer periodicamente na
economicamente viável e as condições turbina é a sua calibração (aferição). Calibrar a
permitirem, a turbina deve ser removida, turbina é levantar de novo o seu fator K, que
limpada e guardada. Quando a turbina vai ser representa a correspondência do número de
guardada ou não utilizada por um longo pulsos com a vazão medida. Para se fazer esta
período, deve ser impregnada em um calibração deve se conhecer a vazão simulada,
preservativo anti-corrosão ou óleo de maquina. com uma precisão superior à da turbina. Na
prática, esta aferição é chamada de calibração.
Verificação do sinal induzido A rastreabilidade é a capacidade de
A bobina detectora, o circuito associado e o demonstrar que determinado medidor de vazão
equipamento de leitura de um sistema podem foi calibrado por um laboratório nacional de
ser verificados através de um sinal induzido. referência ou foi calibrado em comparação com
Uma pequena bobina, ligada a uma fonte de um padrão secundário referido a uma padrão
corrente alternada é mantida próxima a bobina primário. Por exemplo, nos EUA, o padrão
detectora de modo a se notar o efeito de primário é dado pelo National Institute of
transferência de energia. Este teste verifica o Standards and Technology (NIST), ex-National
funcionamento do circuito sem desligar Bureau of Standards (NBS).
qualquer conexão e sem provocar nenhum Os métodos de calibração aceitáveis para a
dano ao circuito. Deve se evitar o teste da turbina são do tipo: gravimétrico, volumétrico e
bobina detectora por meio de aplicação direta de comparação. Cada tipo possui vantagens e
de sinais, pois isso poderia alterar a sua desvantagens, dependendo do tipo do fluido e
característica ou a sua continuidade. da operação.
Os métodos gravimétricos requerem que a
Manutenção densidade do fluido seja determinada com
precisão, desde que ela é a base para a
A manutenção de uma turbina, a nível de conversa de volume massa. O efeito do gás
usuário, consiste de uma inspeção periódica adicionado ao tanque de peso em calibradores
para assegurar que as partes internas não gravimétricos fechados deve também ser
sofreram qualquer corrosão ou incrustação pelo considerado. O fator do empuxo para o ar, em
fluido medido. Caso alguma peça tenha sido calibradores gravimétricos abertos é função da
danificada, ela deverá ser substituída, pelo densidade do fluido.
usuário ou pelo fabricante. Quando se trocam O método volumétrico é mais direto, desde
os internos da turbina é conveniente que seja que não haja conversa de massa para volume.
levantado o fator K da turbina. O calibrador pode ser do tipo aberto para uso
Uma das maiores causas de um de líquido com baixa pressão de vapor ou do
desempenho fraco da turbina é o deposito de tipo fechado, em que uma pressão a jusante
sujeira sobre os mancais ou suportes. Quando maior do que a atmosférica é mantida para
resíduos duros ou gelatinosos estão evitar a perda do líquido do vaso por
depositados dentro dos mancais do rotor a evaporação.
liberdade de rotação da unidade será Os métodos de calibração podem ainda ser
fortemente prejudicada. Portanto é classificados como estáticos ou dinâmicos.
recomendado, sempre que possível, que o No método estático, a pesagem ou a
medidor tipo turbina seja cuidadosamente medição do volume ocorre somente nos
lavado com um solvente apropriado, após um intervalos em que o fluido não está entrando ou
determinado tempo de uso. O solvente deve saindo do vaso. Este método é muito preciso
ser quimicamente neutro e altamente volátil de quando feito em condições apropriadas e deve
modo que haja completa secagem após a incluir as verificações estáticas contra as
operação de lavagem. Alguns solventes unidades de referência de massa ou volume
apropriados seriam: álcool etílico, freon®, rastreadas do NIST.
solvente padrão ou tricloro etileno. No método dinâmico, a medição do volume
Para inspeção e limpeza das partes ou da massa ocorre enquanto o fluido está
internas, o conjunto do rotor pode ser retirado entrando ou saindo do vaso de medição.
da carcaça. O conjunto do suporte do rotor e a Embora mais conveniente para muitas
carcaça podem ser limpos com solvente ou aplicações, ele pode envolver erros dinâmicos
álcool. Se o transdutor que não podem ser detectados pelas
verificações estáticas com as unidades de
Calibração e Rastreabilidade referência e de massa. Os calibradores
dinâmicos devem ser verificados cuidadosa e
Não se pode ajustar o medidor de vazão
tipo turbina, pois ela não possui parafusos de

278
Turbina
periodicamente por correlação, para garantir Fluido
que não há erros dinâmicos significativos. O líquido usado para fazer a calibração
Há dois procedimentos básicos para deve ser o mesmo do processo cuja vazão será
proceder a calibração da turbina: parte-e-pára medida pela turbina e as condições de
em operação e parte-e-pára parado. Deve ser operação devem ser duplicadas. Quando não é
selecionado o tipo que mais se aproxima da possível usar o fluido do processo, deve se
aplicação real do medidor. usar o fluido substituto com a viscosidade
O método parte-e-pára em operação requer cinemática e a densidade relativa (gravidade
a manutenção de uma vazão constante através especifica) dentro de 10% daquelas do fluido
da turbina antes, durante e depois da coleta do de operação. A lubricidade de um líquido não
fluido no vaso de medição. Isto é conseguido pode ser bem definida como a densidade e a
usando-se um divertedor (diverter) de vazão, viscosidade, mas este parâmetro também deve
cujo movimento é sincronizado com o ser considerado.
acionamento e a parada do contador eletrónico. Deve se usar filtro antes da turbina, para
O método parte-e-pára requer a condição protege-la contra sujeira e má operação. O
de vazão zero antes e no fim da calibração e grau de filtragem depende do tamanho do
que, no mínimo, em 95% do tempo total a medidor. Deve se usar um filtro de 50 micron
vazão esteja no valor desejado. Isto é ou menor, quando se tem um sistema de
implementado com válvulas solenóides calibração com vários tamanhos de turbinas.
sincronizadas com a ação do contador
eletrónico. Posição
A bancada de calibração deve reproduzir A turbina deve ser instalada como indicada
as condições reais da aplicação da turbina, pela flecha de direção marcada no seu
utilizando o mesmo fluido do processo, com a invólucro.
duplicação dos valores da densidade, A turbina normalmente é calibrada na
viscosidade, pressão, temperatura. posição horizontal com o elemento de
transdução vertical e na parte superior. Quando
Cuidados e procedimentos a instalação de serviço é diferente da
horizontal, a inclinação pode causar uma
Tubulação variação no fator de calibração, por causa do
desequilíbrio axial. A orientação do elemento
A tubulação entre a turbina e o vaso de
de transdução também pode causar um erro
medição deve ser curto, com volume
devido a relação das forças de arraste
desprezível em relação ao volume medido e
magnético e da gravidade.
projetado para eliminar todo ar, vapor e
gradientes de temperatura. Ele deve ser
construído para garantir que todo o líquido e
somente este líquido passando através da
turbina está sendo medido.

Válvula de controle de vazão


A válvula de controle de vazão deve ser
colocada depois do medidor de vazão para
reduzir a possibilidade de ocorrer a vazão com
as duas fases (líquido/vapor) dentro da turbina
sob teste. Quando isto não é pratico, deve-se
instalar um regulador da pressão a jusante da
turbina, para manter a pressão a montante
(back pressure) requerida.
Métodos positivos, se possível visuais,
devem garantir que a ação da válvula de
fechamento (shut-off) é positiva e que não
ocorre vazamento durante o intervalo de
calibração.
A capacidade mínima do vazão de medição
depende da precisão requerida e da resolução
do indicador e da turbina sob teste.

279
Turbina

Folha de Especificação: Medidor de Vazão Tipo Turbina

Identificação
Serviço
Geral Linha nº
Classificação do invólucro
Classificação da área
Conexão elétrica
Diâmetro, classe, face
Faixa de vazão nominal
Material do corpo
Material do flange
Material do eixo rotor
Tipo e mat. Do rolamento
Sobrecarga da vazão máx.
Medidor
Nº de bob. Magnet. Excit.
Linearidade
Precisão
Repetitividade
Tensão pico a pico mín.
Fator k
Faixa de operação
Pré- Sensitividade
Amplificador. Alimentação
Retificador de fluxo
Acessórios Filtro desaerador
Fluido
Vazão normal máx.
Pressão normal máx.
Condições Temp. Normal máx.
de ΔP máximo
Operação Densidade cond. Oper.
Visc. Cond. Oper.
% Sólido e tipo
Pressão de vapor
MODELO DO FABRICANTE OU SIMILAR:
NOTAS:

Fig. 10.16. Folha de Especificação para um medidor de vazão tipo turbina

Apostilas\VazaoMed 91Turbina.doc 17 JUN 98 (Substitui 21 FEV 94)

280
Deslocamento Positivo

saída do medidor. A precisão geral do medidor


1. Introdução depende dos pequenos espaçamentos entre as
partes moveis e fixas e dos comprimentos
O medidor de vazão com deslocamento destas extensões de vazamento. Assim, a
positivo retira a energia do fluido para seu precisão tende a aumentar, quando o tamanho
funcionamento. Os medidores podem medir do medidor aumenta.
líquidos e gases. Eles podem ser construídos
com pistão rotativo, com pistão reciprocante,
com disco nutante, com lâminas rotatórias e
com engrenagens ovais. Qualquer que seja a
construção, todos funcionam sob o mesmo
princípio simples de deslocar volumes discretos
e conhecidos do fluido, da entrada para a saída
do instrumento e contar tais volumes.

2. Princípio de operação
O princípio de Arquimedes estabelece que
qualquer objeto submerso em um fluido
desloca o seu volume de fluido. Se o volume
deslocado é mais pesado, o objeto flutua no
fluido; se o volume deslocada é mais leve, o
objeto afunda no fluido. Por exemplo, o balão
com ar aquecido flutua porque ele desloca um
volume de ar frio que pesa mais que o peso do
balão. A pedra afunda na água por que ela
desloca um volume de água que pesa menos
Fig. 12.1. Princípio de funcionamento do medidor de
que o peso da pedra.
vazão a deslocamento positivo: volumes discretos
Na medição de vazão por deslocamento
passam da entrada para a saída do medidor, acionando
positivo aplica-se o vice-versa do princípio de
um contador
Arquimedes: um volume discreto de fluido
desloca ou move um corpo solido.
A característica básica do medidor de
vazão a deslocamento positivo é a passagem
do fluido através do elemento primário em 3. Características
quantidades discretas. Desde que se conheça
o volume de cada quantidade e se conte o Enquanto a maioria dos medidores de
número das quantidades isoladas, obtém-se o vazão mede a velocidade do fluido e infere a
volume total. vazão volumétrica desta velocidade, o medidor
O medidor a deslocamento positivo divide a a deslocamento positivo não mede a vazão
vazão de líquidos em volumes separados instantânea, mas totaliza diretamente o volume,
conhecidos, baseados nas dimensões físicas embora alguns também forneçam uma saída
do medidor, conta-os ou totaliza-os. Eles são analógica proporcional a vazão. Os medidores
medidores mecânicos em que uma ou mais de vazão de deslocamento positivo são
peça móvel, localizada no jato da vazão, considerados geradores de pulso, porque cada
separa fisicamente o líquido em incrementos. A volume discreto de fluido é representado por
energia para acionar estas peças é extraída do um pulso ou uma unidade contável. A soma
fluido do processo sob medição e apresenta dos pulsos resulta na quantidade total da
uma queda de pressão entre a entrada e a vazão.

281
Deslocamento Positivo
O medidor de deslocamento positivo pode definitivamente não pode conter partículas
ser considerado um tipo de motor fluido. A abrasivas. Os líquidos devem ter propriedades
pressão diferencial entre o medidor é a força lubrificantes. O vapor entranhado no líquido ou
acionante que opera com alta eficiência a cavitação pode provocar super velocidade e
volumétrica sob uma pequena carga. Esta eventualmente pode danificar o medidor.
carga é provocada por dois motivos: um devido Quando estes medidores são volumosos,
ao atrito no elemento de medição e no devem ser usados fundações ou suportes,
mecanismo de indicação ou registro, a outra similares aqueles usados em bombas. O custo
devido a perda de pressão resultante da relativamente elevado do equipamento e de
restrição da vazão. O trabalho feito pelo sua operação pode ser plenamente justificado
"motor" contra estas cargas resulta em perda pela excepcional precisão, pela capacidade de
de carga permanente irrecuperável. medir baixas vazões, pela repetitividade e pela
Como os medidores de gás medem o rangeabilidade.
volume nas unidades reais, referidas as O medidor a deslocamento positivo com
condições do processo, devem ser feitas bom desempenho deve manter a isolação das
correções continuamente na temperatura e na quantidades, obtida através de dois tipos de
pressão. A precisão varia tipicamente de ±0,5 a selagem: a positiva e a capilar. A selagem
±1% da vazão medida. A rangeabilidade pode positiva pode usar um selo flexível (p. ex.,
variar entre 20:1 a 50:1, dependendo do água) ou um selo mecânico. Em qualquer caso,
projeto. A precisão e a repetitividade são o selo deve evitar vazamentos do fluido para e
convenientes para aplicações de transferências da câmara de isolação. A selagem capilar
comerciais, de bateladas e de mistura. O perfil prove um selo através da tensão superficial de
existente da velocidade no fluido não afeta o um filme ou fluido entre duas superfícies que
desempenho, de modo que o medidor pode ser não estão em contato físico de uma câmara de
colocado praticamente em qualquer parte da isolação.
tubulação do sistema. Como o fluido deve fazer uma selagem, o
Normalmente, todos os medidores de medidor a deslocamento positivo de líquido é
vazão com deslocamento positivo são sensível a variação da viscosidade. Abaixo de
calibrados para garantir um alto grau de uma "viscosidade limite", tipicamente de cerca
precisão. A precisão depende do tamanho do de 100 centistoke, o medidor deve ser
medidor, do tipo de serviço, das exigências calibrado para o fluido especifico. As
contratuais legais. O medidor da bomba de viscosidades acima do limite não afetam o
gasolina deve ter a precisão de ±1 % para desempenho da medição. Realmente, quanto
instalações novas. Na prática o erro é de ±2%. maior a viscosidade, melhor é o desempenho,
Com cuidado e calibração pode se ter a embora a alta viscosidade aumente a queda de
precisão de ±0,5 % do valor medido. pressão, porque as peças moveis consomem
A rangeabilidade do medidor de gás a mais energia para deslocar o fluido.
deslocamento positivo é limitada pelo projeto Como a alta queda de pressão apressa o
do medidor. Em baixas vazões, a quantidade desgaste, a maioria dos fabricantes especifica
de gás não medido que pode vazar através dos uma queda máxima de pressão permissível e
selos na câmara de medição pode tornar uma especifica a capacidade com a viscosidade
fração substancial da vazão total. Isto piora crescente. Com fluidos muito viscoso, rotores
sensivelmente a precisão do medidor. A com maiores folgas permitem maiores vazões.
rangeabilidade é, portanto, relacionada com a Os erros na medição são devidos
eficiência dos selos. principalmente aos vazamentos do fluido não
Geralmente, maiores capacidades podem medidos da entrada para a saída do medidor.
ser conseguidas se os medidores de gases são O termo usado para expressar o vazamento em
operados em maiores pressões. Entretanto, por medidores de vazão com deslocamento
causa da maior capacidade significar maior positivo é o deslizamento (slip).
desgastes das peças do medidor, os
fabricantes podem colocar limitações na
máxima capacidade, baseando-se na maior
velocidade permissível para as peças moveis
que mantém a precisão sobre longos períodos
de tempo. Sujeira no fluxo do gás pode se
sedimentar no medidor e aumentar o desgaste
das peças moveis.
Não há peças moveis especificas que
requeiram manutenção regular e substituição.
Porem, o fluido deve ser limpo e

282
Deslocamento Positivo
4. Tipos de Medidores fluidos viscosos. A imprecisão é de ±0,1%;
alguns medidores apresentam imprecisão de ±
Os medidores a deslocamento positivo se 0,05% do fundo de escala. Os materiais de
baseiam em diferentes mecanismos construção são variados e podem ser usados
acionadores do fluido, tais como: disco nutante, em altas temperaturas e pressões, como 180
engrenagens ovais, pistão rotatório, pistão oC e 1 000 psig (7 MPa).
reciprocante, rotor espiral, lâmina rotatória.

Fig. 12.3. Medidor a deslocamento positivo com lâminas


Fig. 12.2. Medidor a deslocamento positivo com disco rotatórias
nutante

Pistão Oscilatório
Disco Nutante A porção móvel deste medidor consiste de
O medidor a deslocamento positivo com um cilindro que oscila em torno de uma ponte
disco nutante, conhecido como medidor de dividida que separa a entrada da saída.
disco, é usado extensivamente para o serviço Quando o cilindro oscila em torno da ponte, o
de medição de água residencial. O conjunto pino faz uma rotação por ciclo. Esta rotação é
móvel, que separa o fluido em incrementos, transmitida a um trem de engrenagens e
consiste de disco + esfera + pino axial. Estas registra diretamente ou magneticamente
peças se fixam numa câmara e a dividem em através de um diafragma. Este medidor, usado
quatro volumes, dois acima do disco na entrada em medição da água domestica, tem a
e dois debaixo do disco na saída. Quando o capacidade de manipular líquidos limpos
líquido tenta fluir através do medidor, a queda viscosos e corrosivos. A imprecisão é da ordem
de pressão da entrada para a saída faz o disco de ±1% do fundo de escala. É usado em
flutuar e para cada ciclo de flutuação, indicar pequenos diâmetros, para medir baixas
um volume igual ao volume da medidora, vazões. O custo depende do tamanho e dos
menos o volume do conjuntos do disco. A materiais de construção.
extremidade do pino axial, que move em um
circulo, aciona uma came que está ligada a um
trem de engrenagens e registra o total da
vazão. Este medidor possui imprecisão de ±1 a
±2% do fundo de escala. É construído para
pequenos tamanhos e sua capacidade máxima
é de 150 GPM (570 LPM).

Lâmina Rotatória
Este medidor de vazão possui lâminas
tencionadas por molas, que selam os
incrementos do líquido entre o rotor
excentricamente montado e a caixa,
transportando o líquido da entrada para a
saída, onde ele é descarregado devido ao
volume que diminuir. Este medidor é o mais
usado na indústria de petróleo, aplicado para
medir gasolina, óleo diesel, querosene com
faixas de alguns GPM de líquidos de baixa Fig. 12.4. Medidor a DP com pistão
viscosidade até 17.5000 GPM (66,5 LPM) de

283
Deslocamento Positivo
Pistão Reciprocante
O mais antigo dos medidores a
deslocamento positivo, este medidor é
disponível em várias formas: com vários
pistões, com pistão de dupla ação, com
válvulas rotatórias, com válvulas deslizantes
horizontais.

Fig. 12.6. Medidor com engrenagens ovais

Medidor com Engrenagens Ovais


O medidor de engrenagens ovais pertence
à classe dos medidores de deslocamento
positivo, com extração da energia do processo,
intrusivo e com saída linear em relação a
vazão.
Fig. 12.5. Medidor a DP com pistão O medidor possui uma câmara de medição
com duas engrenagens ovais acopladas entre
si e girando em sentidos contrários. Estas
Um braço atuado pelo movimento engrenagens giram muito próximas da parede
reciprocante dos pistões aciona o registro. da câmara, isolando os volumes do líquido. A
Estes medidores são largamente usados na câmara de medição possui uma entrada e uma
indústria de petróleo, com uma precisão de ± saída. As duas engrenagens iniciam seu
0,2% do fundo de escala. movimento devido ao diferencial de pressão
existente entre a entrada e a saída. A cada giro
Lóbulo Rotativo completo das engrenagens, quatro volumes
discretos são transportados da entrada para a
Neste medidor, dois lóbulos são acoplados saída do medidor, havendo uma
juntos para manter uma posição relativa fixa e proporcionalidade entre a rotação e o volume
giram em direções opostas dentro do invólucro. transferido.
Um volume fixo de líquido é deslocado por
cada revolução. Um registro é engrenado a um
dos lóbulos. Eles são normalmente construídos
para serviços em tubulações de 2" a 24" e sua
máxima capacidade varia de 8 a 17.500 GPM
(30,4 A 66.5000 LPM).
Uma variação deste medidor usa rotores
com engrenagens ovais no lugar dos rotores
em forma de lóbulo.
Em baixas vazões (0,8 a 152 LPH), onde a
imprecisão devida às folgas pode ser grande,
pode se usar a versão com servo mecanismo
deste medidor. O conceito atrás desta técnica é Fig. 12.7. Medidor de vazão a DP com engrenagens
que não haverá pressão diferencial através do
medidor, não havendo assim força para causar
deslizamento das folgas. A eliminação desta Esta rotação, normalmente transmitida por
pressão diferencial é feita detectando as acoplamento magnético, passa por unidades
pressões a montante e a jusante e redutoras de velocidade, que permitem a
automaticamente ajustando um motor que varia instalação de contadores ou indicadores locais,
a velocidade do rotor, de modo que as transmissão de pulsos eletrônicos à distancia
pressões sejam iguais. ou transmissão de sinal analógico proporcional
à vazão instantânea.
Para manter as forças de atrito e as perdas
de carga num valor mínimo, as engrenagens
ovais giram totalmente livres. Elas tocam
apenas na linha de acoplamento e não tocam

284
Deslocamento Positivo
na câmara de medição, deixando pequena área 5. Medidores para Gases
ou fenda entre as engrenagens e a câmara.
Como em todos os medidores de Os medidores de vazão de gás a
deslocamento positivo, o erro da medição é deslocamento positivo mede, passando
causado pela vazão do fluido através destas volumes isolados de gás, por seus internos,
fendas e função da dimensão da fenda entre as sucessivamente enchendo e esvaziando os
engrenagens e a câmara, do diferencial de compartimentos com uma quantidade fixa de
pressão entre a entrada e a saída e da gás. O enchimento e o esvaziamento são
viscosidade do fluido medido. controlados por válvulas convenientes e são
Um aspecto importante da precisão do transformados em um movimento rotatório para
medidor com engrenagens é a relação da área operar um contador calibrado ou um ponteiro
da fenda com o volume da câmara de medição. que indica o volume total do gás que passou
Quando o volume da câmara de medição através do medidor.
aumenta, o volume medido cresce ao cubo e a O medidor com tambor com líquido de
área da fenda cresce ao quadrado. selagem é o mais antigo medidor de gás a
A precisão típica dos medidores com deslocamento positivo. Ele foi desenvolvido no
engrenagem é de ±0,3% do valor medido, inicio dos anos 1800s e foi usado por muitos
numa rangeabilidade de 10:1. anos durante a era da iluminação a gás. Este
Para viscosidades altas, a modificação do tipo ainda disponível é ainda um dos mais
perfil dos dentes das engrenagens do medidor precisos medidores do tipo deslocamento
permite diminuir a perda que carga, diminuindo positivo. Atualmente, são usados em
a energia necessária para eliminar o líquido do laboratórios, como teste, medições de planta
espaço entre os dentes. piloto e como padrão para outros medidores.
Os medidores de engrenagens ovais são Várias das dificuldades com o medidor com
aferidos normalmente com tanques líquido de selagem, tais como variações no
volumétricos ou medidas de capacidade. A nível do líquido e no ponto de congelamento
calibração é simples, consistindo na alteração foram superados em 1840 com o
da relação de transmissão do medidor, através desenvolvimento do medidor com
da troca de pequenas engrenagens de ajuste. deslocamento positivo tipo diafragma. Os
A calibração pode ser feita pelo próprio primeiros medidores eram construídos com
usuário, com o medidor em linha e com o pele de carneiro e com caixas metálicas; hoje
próprio líquido de operação. são usados o alumínio com diafragma de
Os medidores de engrenagens ovais são borracha sintética. O princípio de operação,
disponíveis em vários modelos diferentes: porem, continua inalterado há mais de 150
1. medidores com carcaça simples, para anos.
pequenas e médias vazões e pressões. O princípio de operação do medidor a
2. medidores com carcaça dupla, para diafragma com quatro câmaras é ilustrado na
medição de vazões médias e grandes, figura. A seção de medição consiste de 4
com altas temperaturas e pressões. câmaras formadas pelos volumes entre os
3. medidores com acabamento sanitário, diafragmas e o centro de partição e entre os
para medição de produtos alimentícios diafragmas e a caixa do medidor. A pressão
e farmacêuticos. diferencial entre os diafragmas estende um
4. medidores com câmara de medição diafragma e contrai o outro, alternadamente
encamisada, para medição de líquidos enchendo e esvaziando os quatro
que necessitam de aquecimento ou compartimentos. O controle do processo é
resfriamento em linha. através de válvulas deslizantes que estão
5. medidores com dispositivos para sincronizadas com o movimento dos
dosagem local, para possibilitar o diafragmas e temporizadas para produzir uma
controle automático de pequenas vazão suave de gás, evitando oscilações. O
vazões. mecanismo está ligado através de
6. medidores com gerador de pulsos, engrenagens ao ponteiro que registra o volume
para aplicação com indicação e total que passa pelo medidor.
monitoração remotas.

285
Deslocamento Positivo

onde
Qf é a nova vazão volumétrica (ft3/h)
Qbé a vazão volumétrica para o gás a 0,6
ρb é a densidade relativa para o medidor a 0,6
ρf a densidade relativa para o novo gás.
A imprecisão do medidor a deslocamento
positivo com diafragma é da ordem de ±1% do
valor medido, sobre uma faixa de 200:1. Esta
precisão se mantém durante vários anos de
serviço. A deterioração do medidor é rara e só
acontece em condições com alta umidade e
grande sujeira no gás.

Câmara 1 esvaziando Câmara 1 vazia Aplicações


Câmara 2 enchendo Câmara 2 cheia
Câmara 3 vazia Câmara 3 enchendo Todos os medidores a deslocamento
Câmara 4 cheia Câmara 4 esvaziando positivo para gás podem ser usados para medir
qualquer gás limpo e seco que seja compatível
com os materiais de construção do medidor e
com as especificações de pressão. A sujeira e
a umidade são os piores inimigos do bom
desempenho do medidor; filtros na entrada
devem ser usados, quando indicado. Desde
que todos os gases variam o volume com as
variações de pressão e temperatura, estas
fontes de possíveis erros devem ser
controladas, polarizadas ou compensadas. A
condição padrão do gás pela norma ISO 5024
(1976) é em 101,4 kPa e 15,6 oC. Em pressão
elevada e alta temperatura, deve se aplicar o
Câmara 1 enchendo Câmara 1 cheia fator de compressibilidade para os volumes
Câmara 2 esvaziando Câmara 2 vazia medidos.
Câmara 3 cheia Câmara 1 esvaziando
Câmara 4 vazia Câmara 4 enchendo Calibração dos Medidores de Gases
Legenda:
FC – câmara frontal O teste ou proving do medidor de gás é
BC – câmara traseira usualmente feito usando-se um gasômetro,
FDC – câmara diafragma frontal referido como "prover". Um cilindro (bell)
FBC – câmara diafragma traseira precisamente calibrado é selado sobre um
tanque, por um líquido adequado. A parte
Fig. 12.8. Medidor a DP com diafragma e 4 câmaras inferior do cilindro descarrega um volume
conhecido de ar através do medidor sob teste
para comparar os volumes indicados. Os
A especificação de pequenos medidores a provers são fornecidos para descarregar
diafragma é usualmente feita em ft3/h de gás volumes de 2, 5 e 10 ft3. A imprecisão do
com densidade relativa igual a 0,6 , que resulta prover é da ordem de ±0,1% do valor medido.
em queda de pressão de 0,5" de coluna d'água. Outros dispositivos usados para calibrar os
Medidores maiores são especificados para medidores de gases são orifícios calibrados e
vazões com 2" de coluna d'água de diferencial. bocais críticos, com precisão variando de ±0,15
Desde que a maioria dos medidores é vendida a ±0,5% do valor medido.
para as companhias distribuidoras de gases,
que manipulam o gás natural com densidade 6. Vantagens e Desvantagens
relativa de aproximadamente 0,60, pode ser
necessário determinar a vazão do medidor para Os medidores a deslocamento positivo
outros gases. Isto é realizado com a formula: fornecem boa precisão (±0,25% do valor
medido) e alta rangeabilidade (15:1). Sua
ρb repetitividade é da ordem de ±0,05% do valor
Q f = Qb medidor. Alguns projetos são adequados para
ρf
fluidos com alta viscosidade. Não requerem

286
Deslocamento Positivo
alimentação externa e apresentam vários tipos 7. Conclusão
de indicadores. Seu desempenho praticamente
não é afetado pela configuração a montante do Como classe, os medidores a
medidor. Eles são excelentes para aplicações deslocamento positivo são um dos mais usados
de batelada, mistura, blending, desde que são para a medição de volumes, em aplicações de
medidas as quantidades reais de líquidos. São custódia (compra e venda de produtos). Eles
simples e fáceis de serem mantidos, usando-se são especialmente úteis quando o fluido
pessoal regular e ferramentas padrão. medido é limpo e sem sólidos entranhados. O
Os medidores a deslocamento positivo desgaste das peças introduz a maior fonte de
requerem peças usinadas com grande precisão erro. O erro de vazamento aumenta com fluido
para se obter pequenos intervalos, que influem de baixa viscosidade. Em grandes medidores,
no desempenho do medidor. Os líquidos os efeitos da temperatura na densidade e na
medidos devem ser limpos, senão o desgaste viscosidade devem ser considerados.
destruiria rapidamente o medidor e degradaria Os acessórios disponíveis padrão incluem:
sua precisão. As partículas contaminantes filtro, conjunto de alivio de ar para remover
devem ser menores que 100 micros. As peças vapor antes do fluido entrar no medidor, válvula
moveis requerem manutenção periódica; os de desligamento automático para serviços de
instrumentos podem exigir recalibração e batelada, compensadores de temperatura,
manutenção periódicas. Eles podem se impressoras manual e automática, geradores
danificar por excesso de velocidade e de pulsos para manipulação remota, geradores
requerem alta pressão para a operação. Não do sinal analógico para monitoração remota.
servem para manipular fluidos sujos, não
lubrificantes e abrasivos.

lâmina rotor
Fig. 12.9. Medidor a DP rotativo para líquidos

Apostilas\VazaoMed DesPositivo.doc 17 JUN 98 (Substitui 22 FEV 94)

287
Deslocamento Positivo

FOLHA DE ESPECIFICAÇÃO : TOTALIZADOR LOCAL


Identificação
Serviço
Geral Linha nº
Função
Tipo

Material
Corpo Diâmetro, classe, face

Mat. Da caixa
Medidor Mat. Dos internos
Capacidade

Nº de dígitos
Visor Unidade
Leitura máxima

Filtro
Rearme manual
Rearme automático
Compens. De temperatura
Acessórios Compens. De pressão
Tipo do contato
Quantidade forma
Capac. Dos contatos
Vol. Por fecham. Do contato

Fluido
Vazão normal máx.
Condições Pressão normal máx.
de Temp. Normal máx.
Operação Densidade cond. Oper.
Viscosidade cond. Oper.
Peso molecular

MODELO DO FABRICANTE OU SIMILAR:


NOTAS:

Folha de Especificação de medidor de vazão a deslocamento positivo

288
Coriolis
mesma força de Coriolis que causam as
1. Introdução correntes de ar circularem em torna da Terra
em rotação. Esta força também cria uma
A massa, ao lado do comprimento e do precessão giroscópica empregada em
tempo, constitui a base para toda medida sistemas de navegação de navios e aviões. A
física. Como um padrão fundamental de força de coriolis é a única força significativa
medição, a massa não deriva suas unidades usada na determinação da vazão mássica
de medida de qualquer outra fonte. As direta.
variações de temperatura, pressão,
viscosidade, densidade, condutividade
elétrica ou térmica e o perfil da velocidade
não afetam a massa. Tais imunidade e
constância tornam a massa a propriedade
ideal para se medir.
Até recentemente, não existia nenhum
método pratico para medir massa em
movimento. Os usuários tinham de inferir a
massa do volume. Infelizmente, os medidores
de vazão volumétrica não medem a massa
mas o espaço que ela ocupa. Deste modo,
deve-se calcular os efeitos da temperatura e
pressão sobre a densidade, quando deduzir a Fig. 15.1. Princípio de funcionamento do medidor:
massa do volume. vazão mássica Coriolis
A medição direta da vazão de massa
evita a necessidade de cálculos complexos.
Ela cuida diretamente da massa e desde que
a massa não muda, um medidor direto de 2. Efeito Coriolis
vazão mássica é linear, sem as correções e
compensações devidas às variações nas Qualquer objeto movendo acima da
propriedades do fluido. Terra com velocidade espacial constante é
O medidor opera pela aplicação da defletido em relação a superfície de rotação
Segunda Lei de Newton: Força é igual à da terra. Esta deflexão foi discutida
Massa vezes a Aceleração (F = m a). Ele inicialmente pelo cientista francês Coriolis, na
usa esta lei para determinar a quantidade metade do século passado e atualmente é
exata de massa fluindo através do medidor. descrita em termos de aceleração de Coriolis
A massa do fluido tem uma velocidade ou da força de Coriolis. A deflexão é para o
linear quando ele flui através do tubo sensor. lado direito, no hemisfério norte e para a
A vibração do tubo sensor, em sua freqüência esquerda, no hemisfério sul. Os efeitos
natural em torno do eixo, gera uma Coriolis devem ser considerados em uma
velocidade angular. Estas forças vibracionais variedade de fenômenos em que o
do tubo, perpendiculares à vazão do fluido, movimento sobre a superfície da Terra está
causam uma aceleração na entrada e uma envolvido; por exemplo:
desaceleração na saída. O fluido exerce uma 1. os rios no hemisfério sul forçam mais
força oposta a si próprio, que resiste às sua margem esquerda do que a direita
forças perpendiculares do tubo, causando o e o efeito é mais acentuado quanto
tubo dobrar. Os circuitos eletrônicas do maior for a sua latitude,
medidor de vazão mássica essencialmente 2. no hemisfério sul, a água sai da pia
medem esta pequena força vibratória girando no sentido horário,
induzida pela vazão do fluido. Esta força do 3. os movimento do ar sobre a terra são
fluido é proporcional à vazão mássica. É a governados pela força de Coriolis,

289
Coriolis
4. um termo, devido ao efeito Coriolis, tubulação e eliminar os suportes. Desde que
deve sempre ser incluído em a tubulação está agora aterrada, a rigidez do
equações de balística exterior, sistema é muito aumentada, limitando o
5. qualquer bolha de nível sendo usada movimento que pode ser seguramente
em navio ou avião será defletida de suportado sem ruptura. Para diminuir a
sua posição normal e a deflexão será rigidez, são usados tubos longos que podem
perpendicular a direção do movimento tomar vários formatos de modo a minimizar o
do navio ou avião e é devida ao efeito comprimento total do medidor. Estes
Coriolis. formatos, normalmente em U, aumentam a
perda de carga do medidor.
3. Relações Matemáticas O medidor Coriolis é um sistema
dinâmico, onde a velocidade angular de
Um elemento de fluido movendo em acionamento está em fase com a aceleração
velocidade constante ao longo de um trecho de Coriolis produzida e, portanto, defasada
reto de tubulação não possui nenhuma de 180o da força de Coriolis do fluido na
componente de aceleração. Porém, se o tubo tubulação.
é girado um instante, aparece uma Há dois modos diferentes de vibração,
aceleração complementar ou aceleração de uma vibração do circuito da tubulação
Coriolis. Esta componente de aceleração acionada eletromagneticamente (em sua
produz uma força de inércia na tubulação freqüência natural) e outra vibração
proporcional a vazão mássica instantânea. A produzida pelas forças de Coriolis acionando
força de Coriolis é o princípio operacional a tubulação em uma freqüência
básico atrás do medidor de massa de correspondendo a freqüência do primeiro
Coriolis. modo.
A aceleração de Coriolis (aC) para uma Há duas deflexões: uma produzida na
partícula de massa dm, movendo ao longo de porção acionada dd (na freqüência de
uma tubulação em rotação vale: ressonância) e outra dF, resultante da força
de Coriolis. Estas deflexões estão defasadas
aC = 2 w x vf de 180o: quando a deflexão de acionamento
dd é zero, a deflexão produzido pela força de
onde Coriolis dF é máxima. Esta diferença de
x é o produto vetorial dos vetores quadratura entre as duas deflexões serve
velocidade rotacional (w) e velocidade axial para detectar a vazão mássica instantânea e
(vf) do fluido. pode ser detectada pela:
O vetor da aceleração de Coriolis é 1. amplitude dos dois modos,
perpendicular ao plano contendo a 2. diferença de fase,
velocidade do fluido e o vetor rotacional. Pela 3. cruzamento do zero.
Segunda lei de Newton (F = ma), a força É comum o uso de dois tubos, diminuindo
inercial incremental (dF) na parede da a necessidade de potência e resultando em
tubulação, produzida pela componente da um sistema de sintonia balanceada que
aceleração de Coriolis é minimiza a energia entrando ou saindo do
sistema de fontes externas. O fluido pode ser
dF = (dm)(aC) = 2 w qm dr dirigido serialmente ou em paralelo,
dependendo do fabricante. Os modos de
onde a força elementar dF é acionamento, de deflexão de Coriolis, de
perpendicular ao plano dos vetores detecção e relação da amplitude medida
velocidade e rotacional. dependem de cada fabricante.
Ela age na direção perpendicular à
tubulação e se opõe ao movimento 4. Calibração
rotacional. A força inercial total na parede da
tubulação é obtida da integração ao longo da O medidor Coriolis necessita da
tubulação e a vazão mássica instantânea é calibração inicial para a determinação da
dada por constante do instrumento e se mantém para
qm= F/2 w L qualquer fluido. A verificação ou a
recalibração é facilmente feita no campo, pelo
No medidor industrial, a tubulação não é usuário. Para uma mola acionada
girada mas oscilada por bobinas estaticamente, a calibração com um único
eletromagnéticas na freqüência natural da líquido, usando um fluido com única
estrutura. Pela aplicação de um movimento densidade, seria suficiente para determinar a
oscilatório, é possível suportar rigidamente a constante do medidor para todas as

290
Coriolis
variações de densidade, desde que a rigidez
do sistema (constante de mola) seja corrida
para as variações de temperatura. As cargas
não são aplicadas estaticamente mas são
aplicadas na freqüência de acionamento.
Uma função de transferência mecânica é
portanto introduzida em adição a função
estática.

5. Medidor Industrial
Fig. 15.2. Medidor industrial
Um objeto se movendo em um sistema
de coordenadas que gira com uma
velocidade angular, desenvolve uma força de Em sua forma mais simples, o medidor de
Coriolis proporcional a sua massa, a vazão Coriolis possui dois componentes
velocidade linear do objeto e a velocidade básicos: o sensor e o transmissor eletrônico.
angular do sistema. Esta força é O sensor é um conjunto de tubo (um ou dois)
perpendicular junto a velocidade linear do instalado na tubulação do processo. O tubo
objeto como a velocidade angular do sistema usualmente em forma de U é vibrado em uma
de coordenadas. pequena amplitude, na sua freqüência
A Terra constitui o sistema rotatório. Por natural, por meio de um sinal da bobina
causa da força de Coriolis, um objeto lançado acionadora. A velocidade angular do tubo
de uma torre alta atingirá a terra um pouco a vibrante, em combinação com a velocidade
leste da vertical. Neste caso, a velocidade de massa do fluido vazante, faz o tubo
angular está apontada para o norte e a inclinar. A quantidade de inclinação é medida
velocidade linear está dirigida para baixo e a através de detectores de posição, colocados
força de Coriolis está na direção leste. Se o nas duas extremidades do tubo em U. Os
movimento do objeto fosse impedido de cair sinais gerados pelos detectores são levados
em um longo tubo vertical, esta componente para um circuito eletrônico, que condiciona,
da velocidade dirigida para leste faria o objeto amplifica, padroniza e transmite uma sinal de
exercer uma força contra a parede do tubo. saída, típico de 4 a 20 mA cc. Nenhum
Se o líquido é bombeado através deste tubo, componente a estado solido fica próximo do
a força de Coriolis contra o tubo é tubo e, como conseqüência, pode-se
proporcional a vazão mássica e o momento manipular fluidos em alta temperatura. O
angular da terra. transmissor eletrônico pode ficar até 300
Em um medidor tipo Coriolis, o fluxo do metros de distancia do sensor.
fluido de entrada é dividido entre dois tubos Quando a vazão passa pelo tubo
curvados, iguais e com diâmetros menores vibrante, o efeito Coriolis ocorre, causando
que a tubulação do processo. A vazão segue uma inclinação no tubo durante sua vibração.
as trajetórias curvas e converge na saída do A inclinação é medida com um tempo de
medidor. Estes tubos estão vibrando em sua atraso entre as laterais do tubo e a medição é
freqüência natural, geralmente por um processada como uma onda senoidal. O
dispositivo magnético. Se, em vez de ser tempo de atraso é diretamente proporcional a
continuamente girado, o conduíte vibra, a vazão mássica instantânea. Independente da
amplitude e a direção da velocidade angular inclinação, a freqüência de vibração do tubo
se alternam. Isto cria uma força de Coriolis varia com a densidade do fluido do processo.
alternada. Se os tubos curvados são Deste modo, além da medição da vazão
suficientemente elásticos, as forças de mássica (maioria das aplicações) pode-se
Coriolis induzidas pela vazão mássica medir também a densidade do fluido (minoria
produzem pequenas deformações elásticas das aplicações). Um sensor de temperatura,
nos tubos. Esta distorção pode ser medida e normalmente um bulbo de resistência, é
a vazão mássica inferida dela. também usado para monitorar a temperatura,
que influi na módulo de Young do tubo
metálico.
Nada fica em contato com o fluido, exceto
a parede interna do tubo, que é feito
normalmente de aço inoxidável AISI 316L.
Como somente a massa em movimento é
medida, a incrustação de material no tubo
sensor não afeta a calibração do medidor.

291
Coriolis
6. Características transferência de material em processo
batelada de indústria farmacêutica. Um único
A saída do medidor é linear com a vazão medidor pode ser instalado, quando
mássica, de zero até o valor máximo necessário, em um de vários pontos,
especificado. O circuito eletrônico pode gerar substituindo, a montagem de vários
saída analógica e digital. A saída digital tem medidores permanentes. O medidor único
freqüência ajustável continuamente entre 0 e serve uma grande área porque é rara a
3 kHz e 0 a 15 kHz. A saída analógica mais necessidade de mais de uma medição ao
comum é a de 4 a 20 mA cc. A saída pode mesmo tempo. Tem-se, assim, um sistema
ser escalonada em qualquer unidade de econômico e de altas precisão e
engenharia. confiabilidade.
A precisão é tipicamente estabelecida
entre ±0,2 a ±0,4% da vazão medida, com 8. Critérios de Seleção
rangeabilidades iguais ou maiores que 25:1.
Elas medem diretamente em unidades de Os fatores na seleção e aplicação do
massa. Com medidores volumétricos, a medidor de vazão Coriolis incluem o
temperatura ou a pressão estática ou ambas tamanho, que afeta a precisão e a queda de
deviam ser medidas para a determinação da pressão, compatibilidade de materiais, limites
vazão de massa. Portanto, os medidores de temperatura e pressão. Alguns medidores
volumétricos usados para medir a vazão são projetados para faixas de temperatura
mássica não podem ser tão precisos quanto entre -400 a +600 oF. Os medidores podem
os instrumentos usados para medir suportar pressões de até 5 000 psig.
diretamente a massa. A perda de pressão é um parâmetro
As faixas de vazão variam de 10 importante no dimensionamento do medidor.
gramas/minuto até 20.000 kg/minuto. Os O valor preciso e confiável da viscosidade
medidores são disponíveis em tamanhos de nas condições reais de operação e de vazão
até 6" de diâmetro. (a viscosidade depende da temperatura e do
Normalmente não há considerações ou fato do fluido estar vazando ou não) é
imposições acerca de trechos retos a importante na determinação da queda de
montante e a jusante. A maioria dos pressão. Normalmente, há uma relação ótima
medidores não necessita de trechos retos entre viscosidade, queda de pressão e
vizinhos ao medidor. Não há peças moveis e tamanho do tubo medidor para uma medição
os tubos são virtualmente sem obstrução. O precisa e confiável.
medidor pode ser limpo no local e auto- A compatibilidade do material é critica
drenado com a própria configuração e com muitas vazões e é valiosa a experiência
orientação do tubo. São disponíveis também do fabricante com vários pares
versões sanitárias. fluidos/materiais. As tabelas padrão de
corrosão podem não ser suficientes, pois o
7. Aplicações tubo medidor pode estar sujeito a corrosão de
tensão (stress corrosion crack) com alguns
Os medidores de vazão Coriolis podem fluidos. O material padrão do tubo medidor é
medir líquidos, inclusive líquidos com gás o aço inoxidável AISI 316L. Quando os
entranhado, líquidos com sólidos, gases fluidos são mais agressivos, por exemplo,
secos e vapor superaquecido, desde que a contendo cloretos, podem ser usados tubos
densidade do fluido seja suficientemente de Hastelloy, Monel, tântalo ou com
elevada para operar corretamente o medidor. revestimentos convenientes.
Os medidores são disponíveis em tamanhos
variado de 1" a 6". 9. Limitações
A habilidade do medidor de vazão
Coriolis medir a densidade tem muitas Os problemas que aparecem nestes
aplicações. As densidades de líquidos podem sistemas de medição de vazão de Coriolis
ser medidas com altíssima precisão e em estão relacionados com a sensibilidade a
linha, sem os inconvenientes e atrasos da vibração e a alta temperatura, falhas do
amostragem. A densidade pode ser usada circuito eletrônico, rupturas do tubo em
para determinar a percentagem de material soldas internas e entupimento do tubo por
na vazão pela massa (percentagem de fases secundárias. A maioria dos problemas
sólidos) ou volume total. pode ser resolvida com melhorias do projeto.
Há aplicações de medidor Coriolis Tubos curvados de vários formatos reduzem
portátil, montado em uma mesa com rodas, o tamanho e peso de corpo do medidor e
para totalização e monitorização de

292
Coriolis
diminuem a perda de carga permanente em Os problemas ocorrem mais
médias e altas velocidades. freqüentemente na partida de sistemas mal
A distorção do tubo pode ser medida sem instalados do que de falhas mecânicas ou
a necessidade de se ter um ponto ou plano eletrônicas. Portanto, a instalação deve ser
de referência para o movimento do tubo. estritamente de acordo com as
Maiores relações sinal/ruído e correção de recomendações do fabricante. Mesmo para
desvio de zero melhoram o desempenho do pequenas linhas de processo, os medidores
instrumento. Adicionalmente os medidores são pesados e volumosos, quando
são menos sensíveis a vibração e mais comparados com outros tipos. Porém, eles
faceeis de serem instalados. A vazão não são afetados pela distorção do perfil da
divergente entre os dois tubos não mais velocidade e não requerem longos trechos de
necessitam ser distribuída igualmente para tubulação para sua instalação.
manter a precisão e novos projetos eliminam Embora o medidor custe muito mais do
a necessidade de soldas internas nas que os outros tipos, ele mede a vazão
extremidades do tubo. mássica diretamente, sem a necessidade de
instrumentos adicionais para compensação.

10. Conclusão
Hoje, no mundo, há mais de 75.000
medidores de massa direta, tipo Coriolis, para
operar nas indústrias farmacêutica, química,
de papel e celulose, petroquímica e de tinta.
Eles medem a vazão mássica e a densidade
de materiais tão diversos como tintas e
polímeros, óleo diesel e soda caustica,
plasma sangüíneo e glicol etileno. O medidor
é particularmente usado na medição de
vazão de fluidos não-newtonianos,
normalmente encontrados na indústria de
alimentos, tintas e farmacêutica.
O medidor Coriolis é o único que oferece
a habilidade de medir diretamente a vazão
mássica em um processo continuo e
principalmente em processos tipo batelada.
Um único medidor de vazão pode ser usado
para controlar vários ingredientes ou vários
medidores podem medir cada componente da
mistura, diminuindo grandemente o tempo da
batelada, com grande beneficio ao usuário,
pois o problema de pesar materiais é
inteiramente eliminado.
O medidor Coriolis é também usado em
aplicações de transferência de custódia
(compra e venda de produtos).
Fig. 15.3. Formatos dos medidores Desde que haja suficiente velocidade de
massa, o medidor Coriolis pode medir vazões
de gases.
Embora o medidor de massa de Coriolis
seja não-intrusivo, a trajetória da vazão passa
em seu circuito. Em adição, a vazão é
separada em dois tubos com diâmetros
menores que o diâmetro da tubulação de
processo. Isto ocasiona o aparecimento
freqüente de fase secundária no medidor,
quando não cuidadosamente instalado. A
perda de pressão pode ser substancialmente
maior do que em outros tipos não-intrusivos e
portanto, pode haver o aparecimento de
cavitação e flasheamento de líquidos voláteis.

293
Coriolis

Folha de Especificação : Transmissor de Vazão - Mássico

Geral 1 Identificação. Ft-9121 Ft-9102

2 Serviço. Transfer. De eto p/ Alimentação tq-910-02


reação
3 No. Da linha / equip. Eto-91104-22a-cc P-91114-13e-tv
4 Diâmetro / classe / face 1.1/2” - 150# fr 2” - 150# fp
5 Class. Do invólucro. Nema 7 Nema 7
6 Classificação da área. Cl. I, div. Ii, gr. B, c, d. Cl. I, div. Ii, gr. B, c, d.
7
8

Sensor 9 Princípio medição / tipo Coriolis Coriolis


10 Material do elemento A. Inox 316 l A. Inox 316 l
11 Material da caixa A. Inox 304 A. Inox 304
12 Conexão elétrica. 3/4” npt 3/4” npt
13 Comprimento do cabo 5 metros 5 metros
14 Faixa máxima de vazão 10,8 ton/h 24 ton/h
15 Diâmetro do tubo medidor 1” - 25mm 1.1/2” - 40mm
16 Sinal de saída de vazão Digital Digital
17 Indicador local Não Não
18 Repetitividade 0,05% da vazão 0,05% da vazão
19 Rangeabilidade 20 : 1 20 : 1
20 Alimentação 24 v.d.c. 24 v.d.c.
21

Process 22 Fluído / estado físico Etileno óxido Multipropósito


o
23 Vazão normal / máx. (ton/h) 3,5 4,3 15,0 15,0
2
24 Press. Oper. / máx. (kg/cm a) 6,0 7,0 3,0 6,0
o
25 Temp. Oper. / máx. ( c) 5,0 10,0 40
3
26 DENSIDADE (kg/m ) 899 909
27 VISCOSIDADE (cp) 0,31 1,4

Δ P máx. Admissível
2
28 (kg/cm )
29 Peso molecular (gas)

30 Fabricante (ou similar) Foxboro Foxboro

31 Modelo CFS10-10 SC FNN CFS10-15 SC FNN

NOTAS: 1- O FABRICANTE DEVERÁ CONFIRMAR O MODELO, DIÂMETRO E TIPO DO MEDIDOR.

294
Ultra-sônico

podem variar de ±1 a ±5% da vazão medida,


17.1. Introdução com rangeabilidades de vazão de 10:1 a 40:1.
Como estes medidores são não-intrusivos, a
Há três tipos de medidores ultra-sônicos de perda de carga permanente é essencialmente
vazão: zero. Os transdutores podem ser grampeados
1. tempo de propagação ou tempo de do lado de fora da tubulação.
trânsito Matematicamente, tem-se
2. mudança de freqüência
3. efeito Doppler. t AB = L /(C + V cos θ)
Em todos os medidores ultra-sônicos, a e
energia elétrica é usada para excitar um cristal t BA = L /(C − V cos θ)
piezelétrico em sua freqüência de ressonância.
Esta freqüência de ressonância é transmitida
na forma de onda, viajando à velocidade do onde
som, no fluido e no material onde o cristal está C é a velocidade do som no fluido,
tocando. V é a velocidade do fluido na tubulação,
L é o comprimento do trajeto acústico,
θ é o ângulo do trajeto, em relação ao eixo
17.2. Diferença de Tempo da tubulação,
tAB é o tempo medido de trânsito entre A e
O medidor de vazão ultra-sônico a B
diferença de tempo ou tempo de trânsito mede tBA é o tempo medido de trânsito entre B e
a vazão, medindo o tempo gasto pela energia A
ultra-sônica atravessar a seção do tubo, indo a A diferença de tempo dá
favor e contra a vazão do fluido dentro da
tubulação. Os tempo de propagação da onda Δt = t BA − t AB = 2 × L × V cos θ / C
ultra-sônica, através do fluido, são diferentes,
quando no sentido da vazão e quando no
Simplificando,
sentido contrario. A diferença no tempo de
trânsito das ondas, a favor e contrario à vazão,
Δt
é proporcional a vazão do fluido. Há uma V =K×
diferença de tempo de propagação, por que t 2A
quando a onda viaja contra a vazão, a sua
velocidade é levemente diminuída e quando
viaja a favor da vazão, a velocidade da onda onde
sonora é levemente aumentada. tA -tempo médio de trânsito entre os
Neste medidor, uma onda de pressão de transdutores.
alta freqüência é projetada, sob um ângulo O tipo mais simples e mais econômico
preciso, através da tubulação. Quando a onda envia uma única onda através do fluido e tem
é transmitida através do fluido na direção da dois transdutores montados com ângulo de 180
vazão, sua velocidade aumenta. Quanto ela é graus afastado do tubo. O raio faz a média do
transmitida contra a direção da vazão, sua perfil da velocidade ao longo de sua trajetória e
velocidade diminui. Do ângulo entre a trajetória não cruza a área do tubo. Isto torna o medidor
da onda e a vazão do fluido e da velocidade da dependente do perfil da velocidade, que, por
onda no fluido pode se determinar a velocidade este motivo, deve ser estável. Trechos retos de
média do fluido. A vazão volumétrica pode ser tubulação são normalmente recomendados
inferida desta medição da velocidade da vazão. para eliminar a distorção e os redemoinhos.
Como a onda de ultra-som não pode ser As bolhas de ar no fluido, ou os
dispersa pelas partículas no fluido, estes redemoinhos e os distúrbios gerados por
medidores são normalmente usados para medir acidentes antes do medidor podem espalhar as
a vazão de líquidos limpos. As precisões ondas de ultra-som, causando dificuldades na

295
Ultra-sônico

medição. As variações da temperatura do 17.3. Efeito Doppler


processo podem alterar a velocidade do som
no fluido, piorando o desempenho do medidor. O efeito Doppler foi descoberto em 1842 e
Há problemas com medições de pequenas é usado atualmente em sistemas de radar (ar)
vazões, pois há muito pequena diferença entre e sonar (água) e em estudos médicos e
os tempos de transmissão a favor e contra a biológicos. A demonstração prática do efeito
vazão do fluido. Doppler é escutar o apito do trem ou a buzina
do carro. A qualidade tonal (freqüência) é
diferente para o observador estático quando o
trem está também parado ou em movimento.
Na aplicação industrial, quando um raio
ultra-sônico é projetado em um fluido não-
homogêneo, alguma energia acústica é
refletida de volta para o elemento sensor.
Como o fluido está em movimento com relação
ao elemento sensor e o som espalhado se
move com o fluido, o sinal recebido difere do
sinal transmitido de um certo desvio de
Fig.23.1. Princípio de funcionamento do medidor ultra- freqüência, referido como o desvio de
sônico freqüência Doppler. Este desvio de freqüência
é diretamente proporcional a vazão.
Estes medidores não são normalmente
17.2. Diferença de Freqüência usados com fluidos limpos, porque uma
quantidade mínima de partículas ou bolhas de
No medidor a diferença de freqüência, gás devem estar no fluido. As bolhas de gás
ajustam-se as freqüências de dois osciladores, podem ser criadas no fluido para fins de
uma em fAB e a outra em fBA, onde se tem: medição. A precisões geralmente variam de ± 2
a ±5% da vazão medida. Não há usualmente
1 restrições para a vazão ou para os números de
fAB = Reynolds, exceto que a vazão deve ser
t AB
suficientemente rápida para manter os sólidos
em suspensão.
1
fBA =
t BA 17.4. Relação Matemática
A relação entre a diferença das freqüências Uma onda ultra-sônica é projetada em um
e a velocidade da onda é dada por: ângulo através da parede da tubulação no
líquido, por um cristal transmissor em um
Δf × L transdutor colocado fora da tubulação. Parte da
V= energia é refletida pelas bolhas ou partículas
2 cos θ no líquido e retorna através das paredes para
um cristal receptor. Desde que os refletores
estejam viajando na velocidade do fluido, a
freqüência da onda refletida é girada de acordo
com o princípio Doppler. Combinando as leis
de Snell e de Doppler, tem-se a velocidade:

Δf × C t
V=
2fo cos θ

ou, escrevendo de modo simplificado:

V = K × Δf
onde
Δf é a diferença entre a freqüência
transmitida e a recebida
fo é a freqüência de transmissão
θ é o ângulo do cristal transmissor e
receptor com relação ao eixo da tubulação

296
Ultra-sônico

Ct é a velocidade do som no transdutor.


A velocidade é uma função linear de Δf.
Desde que se possa medir o diâmetro interno
da tubulação, a vazão volumétrica pode ser
medida, multiplicando-se a velocidade pela
área da seção transversal.

17.5. Realização do Medidor


O projeto mais popular é com um único
transdutor. Os cristais transmissor e receptor
estão ambos contidos em um único conjunto
transdutor, montado externamente à tubulação.
O alinhamento dos cristais é feito pelo
fabricante do medidor. No projeto com Fig. 17.2. Medidor ultra-sônico não intrusivo
transdutores duais, o cristal transmissor é
montado separadamente do cristal receptor,
ambos externas à tubulação. O alinhamento é A vazão deve estar na velocidade típica de
mantido por um conjunto apropriado. 2,0 m/s mínima para os sólidos em suspensão
e 0,75 m/s para as bolhas entranhadas.
17.6. Aplicações
Como com o tempo de trânsito e outros
medidores de vazão, a tubulação deve estar
completamente cheia, para se ter a medição da
vazão correta. O transdutor com efeito Doppler
indica a velocidade em uma tubulação
parcialmente cheia, desde que o transdutor
esteja abaixo do líquido na tubulação.
Os fabricantes especificam a distancia
mínima do medidor para os provocadores de
distúrbio, como válvula, cotovelo, te, bombas,
tipicamente 10 a 20 D antes e 5 D depois do
medidor.
Fig.23.3. Medidor ultra-sônico intrusivo
O medidor a efeito Doppler se baseia nas
bolhas ou partículas no fluido para refletir a
energia ultra-sônica. Os fabricantes
O medidor a efeito Doppler opera
especificam o limite mínimo de concentração e
independente do material da tubulação, desde
tamanho de sólidos ou bolhas nos líquidos para
que ele seja condutor sônico. Tubulação de
operação confiável e precisa. Os medidores
concreto, barro e ferro muito poroso, podem
ultra-sônicos a efeito Doppler são efetivos com
absorver a energia ultra-sônica e podem não
líquidos misturados com sólidos (slurries).
trabalhar bem com um medidor tipo Doppler.
Porem, quando a mistura é altamente
Deve-se tomar cuidado com tubo de plástico
concentrada, as ondas ultra-sônicas não
reforçado com fibra de vidro; os resultados são
penetram suficientemente no fluido, por causa
excelentes com tubulação de plástico, como de
da reflexão no fluido próximo da parede da
PVC.
tubulação, que se move muito lentamente.
Variações na densidade da mistura também
introduzem erro.

297
Ultra-sônico

Especificações
A precisão especificada é tipicamente de ±
0,2 a ±5 % da largura de faixa e depende do
fabricante, velocidade, diâmetro da tubulação,
fluido do processo. Deve ser feita a calibração
no fluido do processo para converter a
velocidade em vazão volumétrica. A calibração
sem o fluido do processo pode introduzir erros
de +5% até -2% da vazão medida. A calibração
feita com outro fluido conhecido mas diferente
do fluido do processo real pode produzir
precisão tão boa quanto ±1% do valor medido.
A repetitividade é da ordem de ±0,5% do fundo
de escala.
Os medidores podem ser bidirecionais, mas
eles medem apenas a magnitude e não a
direção da vazão. Pode-se usar totalizador, em
vez de indicador da vazão instantânea. Fig. 17.5. Medidor ultra-sônico multifeixe
Vibrações na tubulação e condições de não
vazão podem causar indicação do fundo de
escala devido ao movimento das partículas e
das bolhas. A saída de 4 a 20 mA cc é a Conclusão
padrão. Saídas de pulso ou de tensão são
opcionais. O número de instalações com medidores
ultra-sônicos, tanto a tempo de trânsito como a
efeito Doppler, tem diminuído por causa da
reputação de desempenho inadequado. Muitos
medidores de vazão ultra-sônicos a efeito
Doppler são medidores portáteis para
verificação de grandes vazões; são aplicações
que não requerem grande precisão. Atualmente
são projetados medidores ultra-sônicos com
melhoria do desempenho, com projetos
envolvendo transdutores múltiplos, maiores
freqüências de operação e novas técnicas
eletrônicas. Já são desenvolvidos, inclusive,
medidores de vazão para fluidos limpos usando
a turbulência do fluido para refletir as ondas.

Fig. 13.4. Medidor de vazão chamado de intrusivo,

298
Magnético
Opcionalmente usa-se um limpador de
eletrodos, que evita a deposição de sujeiras no
8.1. Princípio de funcionamento ponto de tomada do eletrodo. Há limpadores do
tipo ultra-sônico e há limpadores mecânicos. É
O princípio de funcionamento do medidor recomendado o uso do limpador, quando o
de vazão magnético é a lei de Faraday, que diz fluido medido tem facilidade de deixar lodo e
ser a força eletromotriz (militensão) induzida no sujeira no caminho.
condutor móvel ao longo do campo magnético Quando se tem uma planta com muitos
proporcional à velocidade do condutor. Como a medidores de vazão tipo magnético é
velocidade do fluido é diretamente proporcional recomendado a aquisição do calibrador
à sua vazão, pode-se medir a vazão através da magnético de vazão. É um instrumento portátil,
medição da velocidade. que prove um sinal de militensão alternada, em
A condição necessária para a aplicação do fase e amplitude adequadas, para a calibração
medidor magnético é que o fluido seja condutor do transmissor eletrônico de vazão.
elétrico. A condutividade mínima exigida é de
200 microsiemens por metro.

Fig. 3.15. Tubos medidores magnéticos

8.3. Tubo Medidor


O medidor magnético de vazão é um tubo
Fig. 3.14. Funcionamento do medidor magnético de aço inoxidável não ferromagnético, com um
revestimento interno não condutor elétrico.
Duas bobinas externas produzem um campo
magnético no interior do tubo. Como elas são
8.2. Sistema de Medição alimentadas com corrente elétrica alternada
O sistema de medição magnética da vazão senoidal, tipicamente de 110 V RMS, 60 Hz, o
consiste dos seguintes equipamentos: campo magnético gerado é de mesma
1. tubo medidor, natureza. O líquido que passa no interior do
2. transmissor ou condicionador de sinal tubo funciona como o condutor elétrico e induz
3. cabo coaxial blindado, de interligação. uma força eletromotriz proporcional à
O tubo medidor serve para gerar um sinal velocidade do fluido, portanto à vazão do fluido.
elétrico proporcional linearmente à velocidade Dois pequenos eletrodos, montados
do fluido e portanto à sua vazão. O transmissor verticalmente ao tubo e tangenciando a sua
eletrônico de vazão converte esse sinal elétrico superfície interna, detectam a força
no sinal padrão de 4 a 20 mA cc e eletromotriz. A força eletromotriz detectada é
opcionalmente, em um trem de pulsos uma militensão alternada e é linearmente
escalonados. Interligando estes dois proporcional à vazão do fluido.
instrumentos, usa-se um cabo coaxial, O interior do tubo de medição deve ser
rigorosamente blindado, pois o sinal de saída revestido de um material eletricamente isolante.
do tubo é alternado e de baixo nível, portanto Isso pode ser usado para revestir o interior do
susceptível de captar interferência. Algumas tubo com materiais quimicamente inertes ao
configurações podem ter o tubo medidor de fluidos manuseados. São comuns: teflon®,
vazão magnético acoplado diretamente ao poliuretano, butadieno, neoprene® e outros
transmissor, sem o cabo. materiais.

299
Magnético

Quando aplicados às industrias 8.5. Vantagens


alimentícias, são disponíveis na versão
sanitária, que consiste em uma facilidade As principais vantagens do uso do medidor
excepcional de desmontagem, para lavagens magnético de vazão são:
periódicas. Geralmente são pintados de 1. não apresenta nenhuma perda de
branco. carga adicional. Ou seja, a perda de
Os medidores magnéticos são conectados carga do tubo medidor de vazão é
ao processo através de flanges, com diferentes exatamente igual à perda de uma
classes: ANSI 150 e 300, PN 16 e 40. tubulação de igual tamanho.
Como os eletrodos são de tamanho 2. como não apresenta nenhuma
pequeno, é praticável e econômico sua confção obstrução à linha, ele pode medir vazão
com materiais especiais, como Titânio, tântalo de fluidos sujos, corrosivos, abrasivos,
platina, monel®, hastelloyC®. com sólidos em suspensão, não
lubrificantes.
3. a configuração geométrica do sistema
de medição ano é critica, podendo
medir fluidos laminares e turbulentos. O
único inconveniene é a presença de
bolhas de ar que introduzem erro, pois
a medição é de volume.
4. a medição não é afetada pela
viscosidade, densidade, temperatura ou
pressão. Não é afetado, inclusive, pela
condutividade, desde que seja mantido
o mínimo exigido.
5. não possui peças moveis e desde que
a velocidade não ultrapassa o limite de
6,0 m/s, não há desgaste nenhum.
Fig. 3.16. Transmissor integral ao tubo 6. a saída é analógica e linear, portanto
com excelente rangeabilidade.

8.6. Desvantagens e limitações


8.4. Transmissor de Vazão
Desvantagens, ele também as tem:
O transmissor de vazão recebe na entrada 1. exige-se a condutividade mínima de 0,1
o sinal de militensão alternada de saída do tubo a 20 microsiemens.
magnético, proporcional à vazão e o converte 2. o princípio de funcionamento requer o
no sinal padrão de transmissão de corrente, de tubo sempre cheio de líquido. Se o
4 a 20 mA cc. formato da frente de onda da vazão é
Para se obter maior precisão, quando requerido e com assimétrico também há erros. Para
custo adicional, o transmissor pode ser calibrado com um solucionar esses problemas,
tubo especifico, ambos formando um par casado para recomenda-se, sempre que possível,
futura aplicação em conjunto. montar o tubo medidor na posição
O tubo medidor de vazão e o seu vertical, com fluxo ascendente.
respectivo transmissor são instrumento 3. o medidor é montado em linha
elétricos e portanto, devem satisfazer as 4. a característica do medidor é seu fator
exigências para o uso na área de montagem. A K, inerente a cada medidor, construído
maioria é constituida na versão de uso geral, para atender determinados dados de
para montagem em local seguro. Porém, vazão. A calibração do medidor
podem ser montados em locais de Classe I, magnético exige a simulação da vazão
grupos B, C e D, Divisão 2, classe de conhecida.
temperatura T3. Quando usado em Divisão 1, 5. é um instrumento elétrico e portanto
requer a pressurização tipo Y, que protege e sua montagem é limitada a locais
possibilita o uso de instrumento não incenditivo seguros, ou se exige técnica adicional
em Divisão 1. de segurança para montagem em local
O transmissor é, impropriamente, chamado classificado.
de conversor.

300
Magnético

Fig. 3.17. Medidor magnético microprocessado

301
Terminologia
uma função pré determinada da entrada. Um
2.1. Introdução erro na variável controlada faz a saída do
controlador variar em uma taxa constante. O
Deve haver uma uniformidade de termos e erro deve exceder limites predeterminados
nomenclatura no campo da instrumentação de antes do controlador começar a variar.
processo. Aqui estão definidos os principais Ação Integral (Reset) é a ação de controle
termos especializados da Instrumentação, que em que a saída é proporcional à integral no
podem ser levemente ou totalmente diferentes tempo da entrada. A taxa de variação da saída
do uso comum. é proporcional à entrada. A ação integral é
Os termos definidos são convenientes para expressa em repetições por tempo (s).
o uso do pessoal envolvido de algum modo Ação Liga-Desliga é a ação de controle
com a Instrumentação, incluindo projeto, em que a saída é 0 ou 100% e o elemento final
fabricação, montagem, operação, manutenção, de controle está ligado ou desligado.
teste e venda. Ação Proporcional é a ação de controle
Os tipos de indústrias de processo incluem: em que há uma relação linear contínua entre a
química, petróleo, gás e óleo, petroquímica, saída e a entrada.
geração de energia, siderúrgica, metalúrgica,
alimentícia, têxtil, farmacêutica, papel e Acessível
celulose e mineração.
Instrumento visível pelo operador de
processo, que apresenta sinais visuais de
2.2. Definições e Conceitos indicação e registro de valores da variável de
processo ou requer a atuação do operador,
para estabelecer ponto de ajuste, transferir de
Ação do Controlador automático para manual e vice-versa, atuar
manualmente no processo, acionar chaves liga-
Modo como a saída do controlador varia
desliga. Instrumento acessível ao operador é
em função da variável medida.
montado no painel de leitura ou display;
O controlador possui ação direta quando o
instrumento não acessível é montado em
valor do sinal de saída aumenta quando o valor
armário cego ou rack.
da entrada (variável medida) aumenta.
O controlador possui ação inversa quando
o valor do sinal de saída aumenta quando o Ajuste
valor da entrada (variável medida) diminui. Operação no instrumento para torná-lo
exato ou eliminar seus erros sistemáticos.
Ação de Controle Geralmente o ajuste é feito depois da
calibração. Quando o instrumento não fica
Ação do controlador ou de um sistema de
exato depois de vários ajustes, ele requer
controle é a natureza matemática (função) da
manutenção. Cfr. calibração.
variação da saída provocada pela entrada. A
Os principais ajustes de calibração do
saída pode ser um sinal ou um valor da variável
instrumento são o de zero e o de amplitude de
manipulada. A entrada pode ser o sinal de
faixa (span).
realimentação negativa da malha quando o
ponto de ajuste é constante, um sinal de erro
real ou a saída de outro controlador. Ação é Alarme
também chamada de modo. Alarme é a indicação da existência de uma
Ação Derivativa (Rate) é a ação de condição normal ou anormal através de um
controle em que a saída é proporcional à taxa sinal sonoro, visual ou ambos. A condição
de variação da entrada. A ação derivativa é anormal geralmente consiste em o valor de
expressa em tempo (s). uma variável de processo atingir um valor
Ação Flutuante(Floating) é a ação de limite, alto ou baixo, predeterminado. O alarme
controle em que a taxa de variação da saída é

302
Terminologia

geralmente requer a atuação ou atenção do Função analógica é aquela que envolve


operador. medição, como controle ou registro.
Tecnologia analógica é a baseada no
Amortecimento amplificador operacional (amp op).
Display analógico é baseado em escala e
Redução progressiva ou supressão da ponteiro, onde um é móvel e outro é fixo.
oscilação em um instrumento ou sistema. O instrumento que manipula sinais
A resposta a um degrau é chamada de analógicos na sua entrada ou saída é chamado
criticamente amortecida quando o tempo de de analógico. Cfr. Digital.
resposta é tão rápido quanto possível sem
overshoot. É sub amortecida quando ocorre
Aquecimento (warm up)
overshoot ou superamortecida quando a
resposta é mais lenta que a crítica. Período de tempo necessário para o
Amortecimento viscoso usa a viscosidade instrumento eletrônico se estabilizar e operar
dos fluidos para fazer o amortecimento. normalmente, depois de ligado. O instrumento
Amortecimento magnético usa a corrente pode apresentar erros grosseiros ou não operar
induzida nos condutores elétricos pelas corretamente durante o período de
variações no fluxo magnético para fazer o aquecimento.
amortecimento.
Área de ambiente
Amplificador
Local qualificado na planta com condições
Dispositivo que possibilita um sinal de ambientais especificadas de conformidade com
entrada controlar a potência de uma fonte a severidade. As áreas possíveis são: área de
independe de sinal e assim ser capaz de ar condicionado, área de sala de controle, área
entregar uma saída que suporta alguma externa e área protegida
relação com, e é geralmente maior que o sinal Área de ar condicionado é um local com
de entrada. temperatura mantida constante em um valor
nominal dentro de uma tolerância estreita e
Analisador igual a um valor confortável típico. A umidade é
também mantida dentro de uma faixa estreita.
Nome incorreto atribuído a instrumento Áreas com ar condicionado possuem circulação
usado para medir pH, concentração, de ar limpo e são tipicamente usadas para
composição, condutividade ou densidade. Os instrumentação como computador ou outro
nomes corretos são sensor de análise, equipamento requerendo ambiente controlado.
transmissor de análise, indicador de análise ou Área de sala de controle é um local com
registrador de análise. facilidade de aquecer ou resfriar o ambiente. As
condições são mantidas dentro de limites
Análise especificados. Pode haver ou não controle
automático de temperatura e umidade. As
Variável de processo que consiste na
áreas da sala de controle são comumente
determinação da composição de uma
apropriadas para a operação do sistema de
substancia, em percentagem (%) ou partes por
controle, havendo a presença continua de
milhão (ppm). Também é incluída como análise
operadores.
o pH (potencial de H+), pIon (potencial de íon),
Área externa é um local em que o
ORP (potencial de óxido redução),
equipamento está exposto a condições
condutividade elétrica, densidade. Análise é
ambientais sem proteção, incluindo
uma quantidade física e não uma função de
temperatura, umidade, raio de sol direto, vento,
instrumento e por isso deve ser preferida a
chuva e sereno.
forma de sensor de análise (AE), transmissor
Área protegida é um local de processo
de análise (AT), indicador de análise (AI) ou
industrial com proteção contra exposição direta
registrador de análise (AR)
dos elementos, como luz do sol direta, chuva,
vento e sereno. As temperatura e umidade
Analógico podem ser as mesmas da área externa. Pode
Propriedade que se refere ao sinal, função, haver condensação. A ventilação é natural.
tecnologia e display.
Sinal analógico é aquele que pode assumir Armário (Rack)
infinito número de níveis, entre 0 a 100%. O
Painel sem indicações que não fornece
sinal de comunicação de 4 a 20 mA cc é
informação e nem requer atenção do operador.
exemplo de um sinal analógico.

303
Terminologia

Pode ser considerado, também, a parte traseira Banda Proporcional


de um painel de leitura. Cfr. Painel.
A variação na entrada de um controlador
Proporcional requerida para produzir uma
Atenuador variação total na saída. Assim, se 10% de
Dispositivo que diminui o tamanho do sinal variação no erro causa uma variação de 100%
entre dois pontos ou entre duas freqüências. na saída do controlador, então é banda
Atenuação é o inverso do ganho. A atenuação proporcional é de 10.
pode ser expressa como uma relação Banda proporcional é a relação da variação
adimensional, relação escalar ou em decibel de entrada sobre a da saída.
(dB). Banda proporcional é o inverso do ganho.
Atenuação 4:1 é um critério de sintonia de Banda proporcional é a região onde há
controlador de processo onde a amplitude do controle automático.
desvio (erro) da variável controlada, seguindo
um distúrbio, é cíclica, de modo que a Bourdon C
amplitude de cada pico é ¼ do pico anterior.
Um sensor de pressão que converte a
pressão em um pequeno deslocamento
Atraso (delay) aproximadamente linear. Ele é chamado de
O intervalo de tempo entre um sinal bourdon por causa de seu inventor e C, por
variando e sua repetição para alguma duração causa de seu formato encurvado. Seu
especificada em um ponto a jusante do funcionamento se baseia na deformação
caminho do sinal. elástica do elemento. Outros elementos
similares são: diafragma, fole, espiral e
Atuador helicoidal.

Parte do elemento final de controle que Banda morta


translada o sinal de controle em ação do
equipamento final de controle no processo. A A faixa através da qual uma entrada pode
válvula de controle geralmente possui um ser variada sem provocar resposta detectável.
diafragma acionado pneumaticamente como A banda morta é geralmente expressa em
atuador. percentagem da amplitude de faixa.

Auto – aquecimento Base de numeração


Aquecimento interno resultante da O número cujas potências determinam o
dissipação da energia elétrica no sensor. valor de cada posição no número. O mais
Fenômeno indesejável que ocorre na medição usado no dia a dia é o decimal ou base 10. Em
de temperatura com resistência. computação, o sistema padrão é o binário ou
base 2. Em configuração de sistemas digitais, é
Auto - regulação comum se encontrar as bases octal (base 8) e
hexadecimal (base 16). A base hexadecimal é
A propriedade de algumas variáveis no útil em casos onde as palavras são compostas
processo adotarem um valor estável sob dadas de múltiplos de 4 bits (palavras de 4, 8, 16, 32
condições de carga, mesmo sem um sistema bits). A base octal é mais útil onde as palavras
de controle. Por exemplo, a temperatura de são compostas de múltiplos de 3 bits (3, 6, 9 ou
fervura da água é de 100 oC, à pressão 12 bits)
atmosférica padrão (103,1 kPa)
Binário
Auto - sintonia
Um sistema de representação de números
A propriedade de alguns controladores de base 2, onde só existem os dígitos 0 e 1. É
microprocessados adotarem automaticamente o sistema de trabalho dos computadores
os melhores valores de sintonia (ganho, tempo digitais. O binário pode ser considerado um
integral e tempo derivativo), sempre que as caso especial de digital, quando se tem apenas
condições de carga do processo variarem. um bit. A saída de uma chave é um sinal
binário, pois a chave só pode estar ligada ou
Backlash desligada. Cfr. Digital.
Um movimento relativo entre partes
mecânicas que interagem, resultando em folga,
quando o movimento é invertido.

304
Terminologia

Bico-Palheta Rastreabilidade da Calibração é a relação


da calibração de um instrumento com um
Peça fundamental de todo instrumento instrumento calibrado e certificado por um
pneumático que transmite, manipula ou Laboratório Nacional, através de um processo
controla sinais. Basicamente, o conjunto passo a passo.
converte um pequeno deslocamento da palheta Relatório de Calibração é a tabela ou
no sinal padrão pneumático de 20 a 100 kPa gráfico da relação medida de um instrumento
(0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi). comparado com um padrão, em toda sua faixa.

Bocal Campo
Tipo especial de restrição usada para medir Área industrial, off site limit bateries, área
vazão de fluidos, gerando uma pressão externa, local. Cfr. Sala de controle.
diferencial proporcional ao quadrado da vazão.
É usado em sistema de calibração de
medidores de vazão de gases, pois ocorre nele
Carga
o fenômeno da vazão crítica. Carga do processo expressa os valores
nominais de todas as variáveis em um
Bode, Diagrama de processo que afetam a variável controlada,
exceto a variável manipulada e a controlada.
Um gráfico de função de transferência
versus freqüência, onde o ganho (geralmente
em dB) e fase (em graus) são plotados contra a
Cavitação
freqüência em uma escala logarítmica. Fenômeno indesejável da evaporação do
líquido e a implosão de bolhas quando o vapor
Bulbo volta ao estado líquido, que ocorre em interior
de tubulações quando há diminuição da
Parte sensível do elemento primário de pressão ou aumento da temperatura. A
temperatura. Invólucro que protege o termopar cavitação pode ocorrer no interior de elementos
ou o fio de resistência detectora de temperatura sensores de vazão, bombas, restrições e
ou que contem o fluido de enchimento do válvulas.
elemento termal. O bulbo não é o elemento A cavitação pode destruir internos de
sensor. válvulas e sensores colocados na tubulação.
Cfr. flacheamento (flashing).
Bypass
Caminho alternativo em torno de outro Célula de carga
componente, tubulação, ligação ou sistema, Sensor elétrico para medição de pressão
usado principalmente para permitir a ou peso. A ação é baseada em strain gauges
manutenção do equipamento colocado no montados dentro da célula em uma barra de
caminho principal. força. Também chamada de célula
extensiométrica. É o elemento sensor padrão
Calibração da balança eletrônica. Cfr. cristal
piezoelétrico e strain gauge.
Operação de verificar a exatidão de um
instrumento através da comparação com outro
padrão rastreado. Determinação dos pontos em Centro de Controle
que as graduações da escala estão colocados. Uma estrutura de equipamentos para
Também chamada de aferição ou verificação. medir, controlar ou monitorar um processo.
Cfr. Ajuste. Também pode se referir à sala de controle
Calibração a seco de transmissor é aquela da planta.
feita contornando o seu elemento sensor;
gerando valores internos como padrão, não
requerendo o padrão da variável sendo
Chave
medida. Dispositivo que liga, desliga ou seleciona
Ciclo de Calibração é a aplicação de um determinado circuito elétrico. A chave pode
valores conhecidos da variável medida e o ser manual ou automática. Chave automática é
registro dos valores correspondentes das acionada quando a variável de processo atinge
leituras de saída, sobre a faixa do instrumento, um valor predeterminado. Chaves automáticas
nos sentidos de subida e descida. clássicas são: pressão (pressostato),
Curva de Calibração é a representação temperatura (termostato), nível, vazão, posição
gráfica do relatório de calibração. (chave fim de curso).

305
Terminologia

Choque mecânico material. Também conhecida como


condutância específica. Condutividade é
Aplicação momentânea de uma força de diferente de condutância.
aceleração a um equipamento. É geralmente Também existe condutividade termal,
expresso em número de acelerações da condutividade acústica
gravidade (g).
Confiabilidade
Cíclico
Probabilidade que uma parte componente,
Uma condição de estado permanente ou instrumento ou sistema funcione
oscilação transiente de um sinal em relação ao satisfatoriamente, sob condições, determinadas
valor nominal sem manutenção, durante determinado período
de tempo.
Condições de Operação
Condições em que um instrumento ou Conhecimento (Acknowledgement)
equipamento está sujeito, não incluindo a Chave do sistema de intertravamento ou
variável medida por ele. As condições de alarme utilizada para silenciar o sistema
operação incluem: temperatura ambiente, sonoro, depois que o sistema é acionado.
pressão ambiente, força gravitacional, campos
eletromagnéticos, inclinação, variações da
alimentação (tensão, freqüência, harmônicas),
Compartilhado
choque e vibração. Um único instrumento executa a mesma
As condições de operação normais são a função, geralmente indicação, registro ou
faixa de condições de operação dentro da qual controle, de um grande numero de variáveis,
o instrumento é projetado para operar e para a simultaneamente; é o instrumento associado a
qual são estabelecidas as influências de muitas malhas. Cfr. Dedicado.
operação.
As condições de operação de referência Compensação
são a faixa de condições de operação dentro
da qual as influências de operação são Provisão de uma construção especial,
desprezíveis. As condições de referência são equipamento suplementar, circuito ou materiais
usualmente estreitas. Por exemplo, a condição especiais para contrabalançar fontes de erro
de referência de operação típica de um devidas às variações em condições de
instrumento é de 24 ± 2 oC . operação específicas. Eliminação de erros
As condições de transporte e variáveis provocadas por modificação.
armazenamento são a faixa de condições em
que um instrumento ou equipamento está Compensador
sujeito entre o tempo de construção e o tempo
Equipamento que converte um sinal em
de instalação, incluindo o tempo em que ele
alguma função que direciona o elemento final
estiver desligado. Não deve ocorrer nenhum
de controle para reduzir desvios na variável
dano físico ou defeito de operação durante este
diretamente controlada.
período, porem, pode ser necessário se fazer
pequenos ajustes e calibração para restaurar
sua condição de operação normal. Computador Analógico
Computador analógico é o instrumento que
Condutância 1. faz operações matemáticas (soma,
multiplicação, divisão e integração)
Em circuito de corrente contínua, é o
2. seleciona sinais de máximo ou mínimo
inverso da resistência e portanto é a medida da
3. lineariza sinais, p. ex.., extração da raiz
habilidade de um circuito conduzir a corrente.
quadrada e caracterização de sinal.
Em corrente alternada, é a parte real da
O computador analógico é também
admitância, quando a impedância não contem
chamado de relé pneumático ou pelo nome
reatância.
específico, p. ex., somador, extrator de raiz
Sua unidade SI é o siemens (S) e não é
quadrada.
mho.

Condutividade (elétrica) Computador Digital


Sistema baseado no circuito integrado
Variável de processo ou grandeza física
microprocessador. O computador inteiro
que consiste na relação da densidade de
geralmente está embutido em uma única placa
corrente elétrica para o campo elétrico no

306
Terminologia

de circuito impresso e trabalha com palavras de Controlador Single Loop é um


dados com 8, 16 e 32 bits. instrumento microprocessado, configurável e
dedicado ao controle de uma, duas ou até
Configuração quatro malhas de controle. Alguns modelos
podem ser reconfigurados para computador de
Seleção através de comandos do teclado vazão.
da estrutura básica do algoritmo de controle, do O controlador pode também ser auto-
formato da leitura e das terminações de operado; chama-se regulador.
entrada e saída.
Configurar por programação é fazer as
ligações de blocos funcionais através de
Controle Compartilhado
programação de computador (software). A Controle em que um único controlador
configuração por programação é lógica e não divide seu tempo de computação e controle
física. Cfr. Fiação física entre várias malhas de controle. Em vez de ser
dedicado a uma única malha, ele é
Conformidade compartilhado por todas as malhas da planta e
assume o controle de cada malha, uma por
Conformidade é o grau de aproximação de vez, de modo cíclico, em uma varredura
uma curva a outra específica (e.g., linear, predeterminada.
logarítmica, parabólica, cúbica). Geralmente é
medida em conformidade e expressa em não
conformidade. É um dos parâmetros da
Controle Digital Direto
exatidão especificada do instrumento. A Controle feito por um dispositivo digital que
conformidade pode ser independente, baseada executa todas as funções de detecção de erro
no terminal e baseada no zero. e atuação no elemento final de controle.

Constante de Tempo Controle Liga-Desliga


Um número caracterizando o tempo Um sistema de controle com duas
necessário para a saída de um equipamento posições, em que um dos dois valores
atingir aproximadamente 63% do valor final, em discretos é zero. É um sistema simples de
resposta a um degrau aplicado na entrada. A controle onde a saída do controlador só pode
constante de tempo é também chamada de estar ligada (alta) ou desligada (baixa) e
tempo característico. consequentemente o elemento final de controle
está totalmente aberto (100%) ou fechado
Consumo de ar (0%). O controle liga-desliga pode ser realizado
através de chave.
A máxima taxa em que o ar comprimido é No controle liga-desliga convencional um
consumido por um instrumento pneumático, único ponto serve para ligar e desligar o
dentro de sua faixa de operação e durante sistema. O Controle com Intervalo (Gap)
condições de sinal constante. Geralmente Diferencial é um controlador liga-desliga, com
expressa em m3/hr, a temperatura e pressão dois pontos de atuação: um para ligar e outro
especificadas. para desligar. A vantagem é que o elemento
final de controle atua menor número de vezes e
Controlador a desvantagem é que a amplitude de variação
da variável é maior.
Instrumento que opera automaticamente
para regular uma variável controlada. O
controlador a realimentação negativa recebe Controle Lógico Programável
um sinal proporcional à variável medida, Sistema digital, compartilhado, aplicado
compara-o com um valor de referência principalmente para controle lógico de
estabelecido pelo operador e gera um sinal processos com muita operação de liga-desliga.
padrão na saída que é função matemática da Como não possui interface Homem-Máquina,
diferença entre a medição e a referência. O geralmente é associado a um sistema de
sinal de saída tende a manter a variável computador onde roda um aplicativo para
controlada igual ou em torno do valor desejado. controle supervisório. É chamado
O controlador pode ter o nome das ações abreviadamente de CLP.
de controle embutidas; tem-se controlador liga-
desliga (on-off), controlador proporcional (P),
controlador proporcional mais integral (PI),
controlador proporcional mais derivativa (PD),
controlador mais integral mais derivativa (PID).

307
Terminologia

Controle Multivariável Controle Supervisório


Sistema de controle mais elaborado, onde Controle em que as malhas de controle operam
estão envolvidas duas ou mais malhas de independentemente, sujeitas a ações corretivas
controle ou duas ou mais variáveis de intermitentes. Exemplo de controle supervisório
processo. é o sistema com os pontos de ajustes variados
Controle Adaptativo é aquele em que os por uma fonte externa.
meios automáticos são usados para variar o
tipo ou influência (ou ambos) dos parâmetros Conversor
de controle, de modo a melhorar o
desempenho do sistema de controle. Instrumento que transforma uma forma de
Controle Auto-seletor é um sistema de energia elétrica em outra.
controle com dois ou mais controladores, em Conversor A/D que transforma um a tensão
que apenas um é selecionado para executar o ou corrente de entrada analógica em um sinal
controle, enquanto todos os outros ficam em digital proporcional.
espera. É mandatório o uso de um seletor de Conversor D/A que transforma um sinal
sinais. É também chamado de controle digital, geralmente de um computador, em uma
override. tensão ou corrente de saída analógica
Controle Cascata é um sistema de controle proporcional.
com duas malhas fechadas, em que a saída de
um controlador (primário) é o ponto de ajuste Coriolis
de outro controlador (secundário).
Força Coriolis é uma pseudoforça
Controle Faixa Dividida é um sistema de
dependente da velocidade em relação a um
controle em que o controlador atua em dois ou
sistema que está em rotação com relação a um
mais elementos finais de controle. É também
sistema inercial de referência; é igual e oposta
chamado de split range.
ao produto da massa da partícula onde a forma
Controle Relação de Vazões é um
age e sua aceleração de Coriolis.
sistema de controle em que o controlador
Efeito Coriolis é a deflexão relativa à
recebe n medições de vazão e atua em
superfície da terra a qualquer objeto movendo
(n – 1) elementos finais de controle para
acima da terra, causada pela força Coriolis. Um
manter constante a relação entre as vazões.
objeto se movendo horizontalmente é defletido
para a esquerda, no hemisfério Sul.
Controle Processo O medidor de vazão tipo Coriolis determina
O controle de processo é a regulação ou a vazão mássica a partir do torque em um tubo
manipulação das variáveis que afetam a que sofre uma vibração externa.
operação do processo, de modo a obter um
produto com qualidade desejada em Correção
quantidade eficiente. É o balanço dos fluxos de
Diferença algébrica entre o valor ideal e a
energia (pressão e temperatura) e de material
indicação do valor medido. É a quantidade que
(vazão e nível).
adicionada algebricamente à indicação dá o
valor ideal.
Controle Preditivo Antecipatório Correção positiva denota que a indicação
Controle em que a informação referente a do instrumento é menor que o valor ideal.
uma ou mais condições que podem afetar a correção = valor ideal – indicação
variável controlada são convertidas, fora de
qualquer malha de realimentação negativa, em Corpo Negro
ação corretiva para minimizar os desvios da
Um corpo ideal que absorve toda a
variável controlada.
radiação incidente e não emite nenhuma.
O uso do controle preditivo antecipatório
(Conceito utilizado na medição de temperatura
não afeta a estabilidade do sistema, pois ele
com radiação)
não é parte da malha de realimentação
negativa que determina a estabilidade.
Correlação
Controle Realimentação Negativa A interdependência ou associação entre
duas variáveis de natureza quantitativa ou
Controle em que a variável medida é
qualitativa. A correlação pode variar de –1
comparada com seu valor desejado para
(correlação inversa), 0 (não há) a 1 (correlação
produzir um sinal de erro de atuação que age
total).
de tal modo a reduzir o tamanho do erro.

308
Terminologia

Corrosão período especificado de tempo para uma


entrada constante, em determinada condição
Destruição gradual de um metal ou liga de operação de referência. Os pontos de
devido a processos químicos como oxidação desvio clássicos são os de zero e de amplitude
ou a ação de agente químico. A corrosão pode de faixa. Expressão típica: o desvio no meio da
ser eliminada ou diminuída pela escolha escala para a temperatura ambiente (24 ± 1 oC
criteriosa dos materiais em contato. ), para um período de 48 horas, é de ±0,1% da
Erosão é a perda de material ou desgaste amplitude de faixa da saída.
de uma superfície provocada pela alta Desvio permanente (offset) é a diferença
velocidade de um fluido. estável entre o ponto de ajuste e a medição de
A corrosão é de origem química; a erosão é um controlador Proporcional, quando há
física. alteração da carga do processo ou do ponto de
ajuste do controlador. O desvio permanente
Cristal piezoelétrico pode ser eliminado manualmente ou
Um sensor elétrico de pressão que gera automaticamente, através da ação integral.
uma tensão proporcional à pressão aplicada na
entrada. Cfr. strain gage. Detector
Dispositivo para usado para sentir a
Característica, Curva presença de um objeto, radiação ou composto
Uma curva (gráfico) que mostra os valores químico; chamado de elemento sensor.
ideais em regime ou uma saída de um sistema
como função de uma entrada, com as outras Dew Point
entradas sendo mantidas em valores A temperatura e pressão em que um gás
constantes especificados. começa a se condensar em líquido. A
temperatura de dew point é aquela em que o ar
Característica de Válvula se torna saturado quando resfriado sem adição
Relação em percentagem da vazão e de umidade ou mudança de pressão; qualquer
abertura correspondente da válvula. As resfriamento adicional causa a condensação.
características mais comuns são: linear,
abertura rápida e igual percentagem. Diafragma
Um sensor de pressão que converte a
Dedicado pressão em um pequeno deslocamento
Um instrumento executa uma função aproximadamente linear.
relacionada com uma única variável de
processo; um instrumento corresponde a uma Diagrama ladder
malha e uma malha corresponde a um Diagrama consistindo de combinação de
instrumento. Cfr. Compartilhado. entradas (contatos NA e NF de chaves
manuais, chaves automáticas, relés) e de
Default saídas (bobinas de relés e de solenóides,
Um valor automaticamente usado, a não lâmpadas piloto, sirenes) colocados em forma
ser que seja especificado outro diferente. de degraus de uma escada, mostrando uma
seqüência lógica de eventos e para ser rodado
em um CLP. Cfr. CLP.
Densidade
Variável de processo ou grandeza física Digital
que consiste na relação da massa sobre
volume. A unidade SI é kg/m3 . Embora exista Propriedade que se refere ao sinal, função,
instrumento que meça diretamente densidade, tecnologia e display.
na prática de Instrumentação é mais comum Sinal digital é aquele que só pode assumir
medir densidade através da pressão e determinados níveis, geralmente dois: 0 ou 1.
temperatura do fluido do processo. O sinal digital de comunicação (protocolo) é um
conjunto de bits (0 ou 1). HART é exemplo de
um sinal digital.
Desvio (drift) Função digital é aquela que envolve
Uma variação indesejável na relação saída- contagem ou manipulação de pulsos.
entrada durante um período de tempo. O ponto Tecnologia digital é a baseada em portas
de desvio é a variação na saída durante um lógicas.

309
Terminologia

Display digital é baseada em dígitos, que Equipamento


substitui a escala e o ponteiro.
O instrumento que manipula sinais digitais Um aparato para fazer uma determinada
na sua entrada ou saída é chamado de função. Também chamado de dispositivo.
instrumento digital. Cfr. Analógico.
Erro
Display A diferença algébrica entre o valor medido
Representação visível da informação, em de uma variável e seu valor ideal. Neste caso é
palavras, números, desenhos, monitores ou também chamado de incerteza, desvio ou
consoles de computador. Imagem da tolerância.
informação. Instrumento ou painel acessível ao Um erro positivo denota que a indicação do
operador, para apresentar alguma indicação, instrumento é maior que o valor ideal.
registro ou contagem. Também chamado de erro = indicação – valor ideal
read out. Em controle de processo, é o sinal de
diferença entre a medição e o ponto de ajuste
do controlador.
Distúrbio Erro aleatório é aquele que varia seu
Uma variação indesejável que ocorre em pequeno valor e sinal, quando se faz um
um processo que tende a afetar nocivamente o grande número de medições nas mesmas
valor da variável controlada. condições e do mesmo valor de dada
quantidade. O erro aleatório nunca pode ser
dp Cell eliminado e o seu tratamento estatístico
determina seus limites.
Um sensor de pressão que responde à Erro ambiental é o causado pela variação
diferença na pressão entre duas fontes, na condição de operação especificada da
geralmente usado para medir vazão pela condição de referência .
pressão diferencial através de uma restrição na Erro de amplitude de faixa é a diferença
tubulação. O transmissor d/p cell® possui um entre a amplitude real e a ideal. Um
diafragma dp cell. instrumento apresenta erro de amplitude de
faixa quando sua curva de calibração tem
Driver inclinação diferente da ideal.
Erro de atrito é devido à resistência ao
Uma seqüência de instruções de programa movimento apresentado pelas superfícies em
que controla um equipamento de entrada- contato.
saída, como um acionador de disco. Às vezes, Erro de inclinação é a mudança na saída
chamado de interface. causada somente pela inclinação do
instrumento de sua posição normal de
Elemento Final operação.
Elemento que varia diretamente o valor da Erro de tensão de montagem é resultante
variável manipulada. Equipamento da malha de da deformação de um instrumento causada
controle que está em contato com o processo, pela montagem e conexões do instrumento.
recebendo o sinal do controlador. Erro sistemático é aquele constante em
Normalmente, é a válvula de controle com valor absoluto e sinal, quando se faz um
atuador pneumático; pode ser, também, grande número de medições nas mesmas
cilindro, damper, válvula solenóide. Cfr. condições e do mesmo valor de uma dada
Elemento sensor. quantidade. O erro sistemático pode ser
eliminado ou diminuído pela calibração.
Erro de zero é o apresentado pelo
Eletrônico instrumento operando sob condições
Instrumento cuja alimentação é a tensão determinadas de uso quando sua saída está no
elétrica e cujo sinal padrão de transmissão de valor inferior da faixa. instrumento apresenta
corrente é padronizado de 4 a 20 mA cc. Cfr. erro de zero quando sua curva de calibração
Analógico, Digital e Pneumático não passa pela origem.

Elo de Comunicação
Circuito físico para ligar equipamentos com Espiral
a finalidade de transmitir e receber dados.
Um sensor de pressão que converte a
pressão em um pequeno deslocamento

310
Terminologia

aproximadamente linear. Elemento sensor percentagem do valor medido ou percentagem


mecânico que funciona sob deformação do fundo de escala.
elástica.
Excitação
Estação Automático-Manual
Alimentação externa aplicada a um
Dispositivo que possibilita ao operador equipamento para sua operação. A excitação
selecionar um sinal automático ou um sinal sempre tem valores máximo e mínimo, acima e
manual, como a entrada para um elemento de abaixo do qual pode se danificar ou degradar o
controle. O sinal automático é normalmente a desempenho do instrumento.
saída do controlador, enquanto o sinal manual
é saída de um dispositivo operado Faixa
manualmente pelo operador. É também
chamada pelo seu tag: HIC. Faixa é a região entre os limites dentro da
qual uma variável é medida. A faixa é definida
por dois números: limite inferior e limite
Estação Manual de Controle
superior. Assim, a temperatura é para ser
Instrumento cujo sinal de saída é gerado medida entre 20 e 100 oC , define a faixa da
arbitrariamente pelo operador. Pode ser medição de temperatura.
independente do controlador automático ou Amplitude de faixa é a diferença algébrica
pode estar acoplado a ele. Cfr. Controlador. entre o limite superior e o inferior. Assim, a
temperatura na faixa de 10 a 100 oC possui
Exatidão (accuracy) amplitude de faixa de 80 oC.
Faixa com zero elevado é aquela cujo
Grau de conformidade de um valor indicado início (valor inferior) é menor que zero
com um valor padrão aceito reconhecidamente (negativo); por exemplo de –20 a 100 oC,
(valor ideal). Cfr. Precisão -100 a 0 oC ou -100 a –20 oC.
Exatidão Especificada é o número que Faixa com zero suprimido é aquela cujo
define um limite que os erros não excederão início é maior que zero (positivo); por exemplo
quando um equipamento é usado sob de 20 a 100 oC.
condições de operação especificadas.
Quando as condições de operação não são
Falha
especificadas, devem ser assumidas as
condições de operação de referência. Condição causada pelo colapso, quebra ou
Como especificação de desempenho, a encurvamento, de modo que o instrumento ou
exatidão (ou a exatidão de referência) deve ser equipamento não mais desempenhe sua
assumida para significar a exatidão função.
especificada do instrumento, quando usado nas Sistema de falha segura (failsafe) é aquele
condições de operação de referência. que vai naturalmente para uma condição
A exatidão especificada inclui os efeitos segura, quando há falha no sistema.
combinados de conformidade, histerese, banda Válvula com falha fechada (FC - fail close)
morta e repetitividade. é aquela com ação ar para abrir; em caso de
A inexatidão pode ser expressa por: falha a válvula fica totalmente fechada.
a) percentagem do valor medido real. A Válvula com falha aberta (FO - fail open) é
expressão típica é ±1% do valor aquela com ação ar para fechar; em caso de
medido. falha a válvula fica totalmente aberta.
b) percentagem do fundo de escala. A
expressão típica é ±1% do fundo da Fator de Escala
escala ou limite superior da escala
(URL – upper range limit). O fator pelo qual o número de divisões da
c) percentagem da amplitude de faixa escala do indicador ou do registrador deve ser
(span). A expressão típica é ±1% multiplicado para se obter o valor da variável
amplitude de faixa. medida.
d) percentagem do comprimento da
escala. A expressão típica é ±1% oC. Fibra óptica
Exatidão Medida é o desvio máximo Cabo (fio) de comunicação longo, fino, de
positivo e negativo observado no teste de um sílica fundida ou de outra substancia
equipamento sob condições especificadas e transparente, usado para transmitir a luz.
por um procedimento específico. Geralmente é Também conhecido como guia de luz.
medida como uma inexatidão e expresso como Sensor de fibra óptica é um dispositivo em
exatidão. É tipicamente expressa em termos da que a quantidade física a ser medida é feita

311
Terminologia

para modular a intensidade, espectro, fase ou de calibração de um instrumento é de duas


polarização da luz de um diodo emissor de luz vezes por ano.
(LED) ou diodo laser viajando através de uma
fibra óptica. A luz modulada é detectada por um Função
fotodiodo.
Uma regra matemática entre duas
grandezas físicas, de modo que um valor da
Fieldbus® primeira grandeza corresponda exatamente um
Protocolo digital para comunicação de valor da segunda. Por exemplo, a saída de um
instrumentos de campo, atualmente suportado sensor deve ser função de sua entrada
pela Fieldbus Foundation. (variável medida).
Em instrumentação, a função do
Fio instrumento está relacionada com seu objetivo
na malha de medição. As funções clássicas
Condutor elétrico com resistência são: detecção, transmissão, condicionamento,
teoricamente zero usado para interligar indicação, registro, contagem, alarme,
instrumentos ou componentes de circuito. intertravamento e controle.
Também chamado de cabo. Função de Transferência é a resposta de
A configuração mais usada em Instrumentação um elemento da malha de controle de processo
é com dois fios trançados, onde são que especifica como a saída do equipamento é
transportados simultaneamente o sinal determinada pela entrada.
analógico, a alimentação e o digital. Na
medição de temperatura com RTD é comum se Ganho
usar três fios de ligação.
Ganho é a relação da variação da saída
Flacheamento (flashing) sobre a variação da entrada. Pode-se definir
ganho de instrumento individual, do processo,
Fenômeno indesejável da evaporação do da malha fechada ou fechada de controle.
líquido (formação de bolhas de vapor), que Um sistema linear possui ganho constante;
ocorre em interior de tubulações quando há o ganho é variável no sistema não linear.
diminuição da pressão ou aumento da Ganho é o inverso da banda proporcional
temperatura. O flacheamento pode ocorrer no O ganho pode ser adimensional ou ter
interior de elementos sensores de vazão, qualquer dimensão.
bombas, restrições e válvulas. Cfr. cavitação. Um controlador possui ganhos ajustáveis
das ações Proporcional, Integral e Derivativa
Fole
Um sensor de pressão que converte a Hardware (HD)
pressão em um pequeno deslocamento No contexto da informática, hardware se
aproximadamente linear. refere ao equipamento físico associado com o
computador, como CI (circuito integrado), placa
Foreground/background de circuito impresso, cabos, terminais. Cfr.
software (SW).
Um sistema de controle que usa dois
computadores, uma para fazer as funções de
controle e o outro para aquisição de dados, HART®
avaliação do desempenho off-line, operações Acróstico de Highway Adressable Remote
financeiras, programações de produção. Transducer. É um protocolo de comunicação
Qualquer um dos dois computadores pode digital para instrumentos de campo.
fazer as funções de controle.
Hidrômetro
Freqüência
Genericamente, instrumento que mede
Número de ciclos completados por uma vazão de líquidos. Em instrumentação, se
quantidade periódica na unidade de tempo. aplica geralmente a indicador local de vazão de
A unidade SI de freqüência é hertz, que é o água; às vezes o líquido não é água.
inverso de segundo. Período é o inverso de
freqüência.
Histerese
Freqüência também é o número de vezes
um evento ocorre, durante determinado A tendência de um instrumento dar uma
intervalo de tempo. Por exemplo, a freqüência saída diferente uma dada entrada, dependendo

312
Terminologia

se a entrada resulta de um aumento ou segura da planta. O intertravamento é feito por


diminuição do valor anterior. controle lógico. Cfr. Alarme.
Histerese é diferente de banda morta.
Instrumentação
Hot Standby (Reserva a quente)
Coleção de instrumentos ou sua aplicação
Sistema onde um equipamento digital é com objetivo de observação, medição ou
reserva do outro, onde o reserva acompanha o controle. Área da Engenharia que trata dos
status do principal, podendo assumir a função equipamentos usados na detecção,
imediata e automaticamente. Embora apenas transmissão, indicação, registro, controle,
um dos equipamentos esteja na função, o outro alarme e intertravamento das variáveis de
está idêntico ao primeiro, podendo assumir o processo.
comando a qualquer momento.
Instrumento inteligente
Impedância
Instrumento a base de microprocessador,
Impedância elétrica é a oposição total que assim chamado porque condiciona e manipula
um circuito apresenta a uma corrente os sinais e apresenta os resultados numa
alternada; possui uma parte resistiva forma amigável. A inteligência é aplicada a
(resistência) e outra reativa (que pode ser sensores, transmissores, controladores e
capacitiva ou indutiva). posicionadores de válvula.
Em circuito de corrente contínua,
impedância equivale à resistência. Instrumento virtual
Instrumento configurado e construído
Indicador
dentro de um computador através de um
Instrumento que sente uma variável de programa aplicativo específico. Sua operação e
processo e mostra o seu valor através do características são idênticas a de um
conjunto escala e ponteiro (analógico) ou de instrumento convencional, porém ele só existe
dígitos (digital). No indicador, apenas o valor dentro do computador.
instantâneo da variável medida é visualmente
mostrado. Tag do indicador da variável X é XI. Invólucro
Estrutura que envolve os circuitos
Interface
constituintes de um instrumento, garantindo
Alguma forma de dispositivo que permite sua integridade física e funcional. Há normas
dois instrumentos incompatíveis se relacionadas com a escolha do invólucro,
comunicarem um com o outro. Instrumentos relacionadas com sua integridade e a
compatíveis são ligados diretamente, sem segurança do local.
interface. Interfaces clássicas: transdutor i/p, e
transdutor p/i, que permitem a ligação de um IPTS 1990
instrumento pneumático a um eletrônico.
Também chamada de driver. Escala Prática Internacional de
Temperatura é a escala baseada em onze
pontos, tomados em oC :
Interferência eletromagnética
Qualquer efeito espúrio produzido no # Ponto de Equilíbrio K OC

circuito por campos eletromagnéticos externos. 1 Triplo do Hidrogênio 13,81 -259,34


A interferência pode ser eliminada ou diminuída 2 Fase L/V Hidrogênio 17,042 -256,108
pela nova posição dos equipamento ou por 3 Ebulição Hidrogênio 20,28 -252,87
blindagem elétrica. 4 Ebulição do Néon 27,102 -246,048
5 Triplo do Oxigênio 54,361 -218,789
Intertravamento 6 Ebulição Oxigênio 90,188 -182,962
7 Triplo da Água 273,16 0,01
Sistema lógico implementado em hardware 8 Ebulição da Água 373,17 100,0
ou software para coordenar a atividade de dois 9 Liquefação do Zinco 692,73 419,58
ou mais dispositivos, onde a ocorrência de um 10 Liquefação da Prata 1235,08 961,93
evento depende da existência prévia de outros 11 Liquefação do Ouro 1337,58 1064,43
eventos, de ações do operador e da lógica
instalada.
O intertravamento deve garantir a operação

313
Terminologia

Isolação Local de Risco (classificado)


Separação física entre partes de um Porção da planta onde líquidos
circuito ou sistema. A isolação evita a interação combustíveis ou flamáveis, vapores, gases ou
entre as duas partes. A isolação pode ser pós podem estar presentes no ar em
galvânica (transformador), relé ou óptica quantidades suficientes para provocar misturas
(isolador óptico). Por exemplo, o módulo de explosivas ou ignitáveis. Classificar uma área é
entrada do CLP possui isolação entre sua lhe atribuir atributos relacionados com a
entrada e sua saída. Classe, Grupo e Zona.
Classe está relacionada com o tipo físico
Junta do material:
1. Gás
Ponto de ligação entre dois fios ou dois 2. Pó
caminhos condutores de corrente. O termopar 3. Fibra
possui duas juntas: Grupo está relacionado com as
1. junta de medição ou junta quente, que características químicas do material. Por
é o ponto onde quer medir a temperatura exemplo, a Classe 1 possui os Grupos A, B, C
desconhecida. e D.
2. junta de compensação, referência ou Zona está relacionada com probabilidade
junta fria, que deve estar em uma de ocorrência do material no local.
temperatura constante e conhecida e onde 1. Zona 0 é 100% de probabilidade
os fios estão ligados ao instrumento de 2. Zona 1 é alta probabilidade relativa
display. 3. Zona 2 é baixa probabilidade relativa.

Lâmpada Piloto LVDT


Dispositivo que indica os estados de Transformador Diferencial Variável Linear
operação de um sistema parado, operação, que mede deslocamento pela conversão para
alarme, automático, manual . uma tensão linearmente proporcional.

LASER Malha
Acróstico de Amplificação de Luz por Conjunto de instrumentos interligados,
Emissão de Radiação Estimulada (Light fisicamente ou por programação.
Amplification by Stimulated Emission of A malha pode aberta ou fechada, ativa ou
Radiation). Fonte de radiação, geralmente nas passiva.
faixas infravermelho, visível e ultravioleta, A malha aberta é sem realimentação.
caracterizada pela pequena divergência, Exemplos: indicação ou registro de uma
coerência, monocromacidade e alta colimação variável (passivas). Outro exemplo: atuação
e potência. manual no processo (ativa).
A malha fechada tem um caminho de sinal
Linear que inclui a malha de instrumentos e o
processo, onde o processo fecha a malha. A
Instrumento é linear quando sua saída varia
malha de realimentação negativa é sempre
na proporção direta da entrada. Grandeza
fechada.
linear possui apenas uma dimensão. Curva
linear é aquela que se aproxima ou é igual a
uma linha reta, definida por dois pontos. Magnético, Medidor de Vazão
Sistema linear possui um desempenho Sistema de medição de vazão de fluido
uniforme. Escala linear é aquela com divisões eletricamente condutor baseado na geração de
distribuídas uniformemente. uma força eletromotriz com amplitude
linearmente proporcional à vazão volumétrica.
Linearidade O sistema consiste em um tubo medidor e um
transmissor de vazão. O tubo medidor metálico
Proximidade de uma curva relacionada com
possui um revestimento isolante, bobinas de
duas variáveis com uma linha reta. A
excitação e eletrodos de detecção.
linearidade é expressa em não linearidade. É
Manômetro
um dos parâmetros da exatidão especificada
Genericamente, instrumento que mede
do instrumento. A linearidade pode ser
pressão. Em instrumentação, se aplica
independente, baseada no terminal e baseada
geralmente a indicador local de pressão.
no zero.

314
Terminologia

Medição incenditivo só pode ser usado em área segura


e de Zona 2; não pode ser usado em local de
Medição é a aquisição de informação na Zona 0 e Zona 1. Também chamado de não
forma de resultado, acerca de estado, faiscador (no sparking) Esta classe de proteção
característica ou fenômeno do mundo externo, é simbolizada como ex-n.
observado com auxílio de instrumentos. A
medição deve ser descritiva, seletiva e objetiva.
A medição pode ser quantitativa ou qualitativa.
Nível
A medição pode se aplicar à quantidade física Variável de processo ou grandeza física
e não física. que consiste na altura da coluna liquida ou de
Em Instrumentação, o termo medir é vago e sólido no interior de um tanque ou vaso. O nível
deve ser usado um termo mais preciso como pode ser expresso em altura (m) ou
indicar, registrar ou totalizar. percentagem.

Microprocessador Normal
Um circuito integrado em larga escala que Condições normal de temperatura e
tem todas as funções de um computador pressão (CNTP) são:
exceto memória e sistemas de entrada e saída, Temperatura = 0,0 oC
tais como: conjunto de instrução, unidade Pressão = 101,3 kPa
lógica aritmética, registros e funções de
controle. Oscilação
Modulação Qualquer efeito que varia periodicamente
entre dois valores, subindo e descendo. Oscilar
O processo ou resultado do processo, onde é o mesmo que ciclar. Um controlador oscila ou
alguma característica de uma onda é variada entra em oscilação quando sua saída varia
de acordo com alguma característica de outra periodicamente entre dois valores extremos.
onda. Um pulso espúrio pode provocar a oscilação,
que se mantém indefinidamente na malha
Módulo fechada.
Um conjunto de peças interligadas que
constitui um equipamento ou instrumento
Otimização de Controle
identificável. Um módulo pode ser desligado, Controle que automaticamente procura e
removido como uma unidade e substituído por mantém o valor mais vantajoso de uma variável
um reserva. O módulo possui uma especificada, em vez de mantê-la igual ao
característica de desempenho definida, que ponto de ajuste.
permite que ele seja testado como unidade. Às
vezes, o módulo é chamado de cartão. Padrão
Exemplos de módulos: módulo de entrada e
saída (I/O) de CLP ou de SDCD. Equipamento (instrumento), receita
(procedimento) ou material de referência
Multiplexador certificada usado como referência para a
calibração de uma quantidade física ou outro
Instrumento, circuito ou dispositivo que instrumento.
permite a seleção de um de vários canais de Condição padrão (conforme ISO 5024):
dados analógicos sob o controle do Temperatura = 15,0 oC
computador ou do sistema digital. O Pressão = 760 mm Hg (101,3 kPa)
multiplexador é parte integrante de um sistema Condição padrão (conforme AGA –
de aquisição de dados. O multiplexador é American Gas Association):
também chamado de modulador. O conjunto Temperatura = 60 oF (15,6 oC)
modulador-demodulador é chamado de Pressão = 762 mm Hg
MODDEM. Condição padrão (conforme CGI –
Compressed Gas Institute):
Não incenditivo Temperatura = 68 oF (20 oC)
Pressão = 760 mm Hg
Equipamento que em sua condição normal Célula padrão (Weston): fornece uma
de operação não provoca a ignição de uma tensão de 1,018 636 V, @ 20 oC
atmosfera perigosa específica em sua Gravidade padrão: 9,806 65 m/s2
concentração mais facilmente ignitável.
Equipamento com classificação de não

315
Terminologia

Painel de Leitura (Display) É o elemento sensor de vazão mais usado, por


causa da facilidade de calibração do sistema.
Painel frontal, com acesso ao operador, Tag da placa: FE.
com as escalas de indicações, registros e com Quando a placa de orifício é tão pequena
os dispositivos de atuação, como botoeiras, (diâmetro menor que 2”), ela é colocada
chaves e teclados. diretamente na tomada de processo do
transmissor, quando é chamada de orifício
P&I integral.
A placa de orifício pode ser usada para
Acróstico de Process & Instruments (ou
diminuir vazão ou pressão em um sistema,
Piping & Instruments). É um diagrama
quando é chamada de orifício de restrição
esquemático que mostra os desenhos das
(tag RO).
tubulações e da instrumentação associada para
medição e controle.
Pneumático
Peso Sistema que emprega gas, geralmente ar
comprimido, como portador da informação e o
Variável de processo ou grandeza física
meio para processar e avaliar a informação.
derivada igual ao produto da massa pela
Instrumento pneumático é alimentado com
aceleração da gravidade local. Peso é uma
ar comprimido (120 a 140 kPa) e possui sinal
força, cuja unidade SI é o newton (N). O peso é
padrão de transmissão de 20 a 100 kPa (0,1 a
medido através da balança.
1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psig). Cfr. Eletrônico.
Bomba de peso morto é um instrumento
usado como padrão para calibrar instrumentos
de pressão em que a pressão hidráulica Poço termal
conhecida é gerada por meio de pesos Receptáculo metálico onde é colocado o
livremente balanceados (mortos) colocados em bulbo ou o elemento sensor de temperatura,
um pistão calibrado. para possibilitar a sua colocação e retirada sem
interrupção do processo. Tag: TW.
Pirômetro
Um sensor de temperatura baseado na Ponto de Ajuste
radiação eletromagnética emitida por um Valor da variável que o operador
objeto, que é função da temperatura. estabelece no controlador como referência ou
ponto ideal de controle. O ponto de ajuste é o
Pitot valor desejado ou ideal para o controle.
Também chamado de set point.
Tubo Pitot é um sensor que mede a vazão
Em controle a diferença entre o ponto de
volumétrica a partir da pressão de estagnação
ajuste e a medição é chamada de erro.
e da estática de um fluido. Chamado também
de tubo de impacto.
Posição
pH Localização de determinado componente ou
dispositivo. É comum a chave de posição ou
Atividade do íon H+ de um sistema. É
chave fim de curso ou chave limite, que é
definido como –log aH+, onde aH+ é a atividade
acionada quando determinada peça mecânica
do íon hidrogênio. Em solução diluída,
atinge determinado ponto. Em Automação, é
atividade é essencialmente igual à
comum usar chave de posição para confirmar
concentração. A solução de pH de 0 a 7 é
abertura ou fechamento de válvula de controle.
ácida, igual a 7 é neutra e de 7 a 14 é básica
ou alcalina.
O potencial de óxido redução (ORP) ou Posicionador
potencial redox é a diferença de tensão em um Dispositivo acoplado à haste da válvula de
eletrodo imerso em um sistema reversível de controle para garantir uma relação biunívoca
oxidação e redução. É a medição do estado de entre o sinal de saída do controlador e a
oxidação do sistema. posição da válvula. Ele recebe na entrada o
sinal do controlador, gera um sinal padrão na
Placa de orifício saída e está mecanicamente ligado à válvula.
O posicionador é um controlador de posição.
Tipo especial de restrição usada para medir
vazão de fluidos, gerando uma pressão
diferencial proporcional ao quadrado da vazão.

316
Terminologia

Pressão Pressão de suprimento é aquela aplicada


à alimentação do instrumento pneumático para
Grandeza física ou variável de processo fazê-lo operar.
definida como força por área e cuja unidade SI Pressão de surge é um pico de pressão
é o pascal (1 Pa = 1 N/1 m2) acima da pressão de operação que ocorre
Pressão absoluta é a pressão cujo ponto rapidamente em partidas de bombas,
de referência (zero) é o vácuo total. fechamentos de válvulas.
Pressão ambiente é a pressão que Pressão de vapor de um líquido é aquela
envolve um instrumento. em que o líquido começa a se evaporar, a uma
Pressão atmosférica é a pressão exercida dada temperatura.
na superfície da Terra pelos gases que a Pressão de vazamento (leak) é aquela em
circundam. A pressão atmosférica varia que ocorre algum escape detectável em um
principalmente com a altura. Também chamada equipamento.
de pressão barométrica.
Pressão diferencial é a diferença de
pressão entre dois pontos. São clássicas as
Pressurização
medições de nível de líquido e de vazão de Classe de proteção aplicada a ambiente,
fluidos através da pressão diferencial. instrumento e equipamento elétrico, onde se
Pressão dinâmica é a pressão que um aplica um gás inerte em uma pequena pressão
fluido móvel possui se ele é levado ao repouso positiva. A pressão positiva interna impede a
pela vazão isentrópica contra um gradiente de entrada de gases inflamáveis ou explosivos no
pressão. Também conhecida como pressão de interior. Também chamada de purga e é
impacto, pressão de estagnação ou pressão simbolizada por ex-p.
total.
Pressão estática é a pressão em regime Procedimento
permanente aplicada a um equipamento ou
tubulação. Na tubulação, é medida na parede Uma seqüência de ações escritas que
interna, onde a velocidade do fluido é zero. No coletivamente mostram como uma determinada
elemento de pressão diferencial, a pressão tarefa deve ser feita. Procedimento clássico:
estática está aplicada igualmente às duas para calibração.
conexões.
Pressão manométrica é a pressão cujo Processo
ponto de referência é a pressão atmosférica.
Pressão máxima de trabalho (MWP – Qualquer sistema composto de variáveis
maximum working pressure) é a máxima dinâmicas, usualmente envolvidas em
permissível em um vaso ou equipamento, sob operações de fabricação ou produção.
qualquer circunstância durante a operação, a Qualquer mudança física ou química de
uma dada temperatura. É a máxima pressão matéria ou conversão de energia. Na prática,
que pode ser aplicada a um processo ou diz-se também do local onde ocorre a mudança
equipamento. Por norma, se estabelece o limite ou conversão.
seguro para uso regular. Pode-se chegar à
MWP por dois métodos: Protocolo
1. Projetada – por análise adequada do Um conjunto de regras semânticas e
projeto, com um fator de segurança. sintáticas (procedimentos) que permitem a
2. Testada – por teste de ruptura de comunicação digital entre dois instrumentos.
amostras típicas.
Pressão de operação é a pressão real
(positiva ou negativa) em que um equipamento
Prova de explosão
opera sob condições normais. Equipamento, invólucro ou instrumento que
Pressão de processo é a pressão em um evita que uma explosão ou chama interna se
ponto especificado no meio do processo. propague para o ambiente exterior, devido à
Pressão de projeto é a usada no projeto sua estrutura mais robusta e a pequenos
de um vaso ou instrumento para determinar a espaçamentos entre peças criticas. Também
espessura mínima permissível ou característica chamado de prova de chama. Classe de
física das peças para uma dada máxima proteção tipo ex-d.
pressão de trabalho (MWP), em uma dada
temperatura. Prover (lê-se prúver)
Pressão de ruptura, determinada por
teste, é aquela em que o equipamento se Prover (lê-se prúver) é um sistema usado
rompe. O teste consiste em fazer o para calibrar medidor de vazão, in situ. Pode
equipamento se romper. ser balístico ou esférico.

317
Terminologia

Reação ao Processo uma grandeza, sob as mesmas condições de


operação, durante um período de tempo. É
Um método de determinação dos ajustes medida como não reprodutitividade e expressa
ótimos do controlador quando sintonizando como reprodutitividade, em percentagem da
uma malha de controle de processo. O método amplitude de faixa. É um dos parâmetros da
é baseado na reação de uma malha aberta a precisão do instrumento e inclui histerese,
um distúrbio tipo degrau. banda morta, desvio e repetitividade.

Regime permanente Reset


Uma característica de uma condição, como Reset (rearme) é a restauração de um
valor, periodicidade, amplitude ou taxa de equipamento de memória ou estágio binário
variação constante (com variação desprezível), para um estado prescrito, usualmente zero.
durante longo período de tempo. É o contrário Chave do sistema de intertravamento ou
de transiente. Chamado steady-state. alarme que habilita o sistema para voltar a
funcionar.
Registrador Nome alternativo para a ação integral, que
elimina o desvio permanente do controlador.
Instrumento que sente uma variável de
A condição reset de um circuito flip flop em
processo e imprime o seu valor histórico em um
que o estado interno é levado a zero.
gráfico. O registro pode ser analógico ou digital
O modo reset é considerado o modo de
e pode ser visualmente indicado ou não. XR é
condição inicial.
o tag do registrador de X.

Regulador Resolução
A mínima variação detectável de alguma
Um controlador em que toda a energia
variável em um sistema de medição. O mínimo
necessária para operar o elemento final de
intervalo entre dois detalhes discretos
controle é derivada do sistema controlado. É
adjacentes que podem ser distinguidos um do
um conjunto de válvula (elemento final) com o
outro.
mecanismo de controle (onde se tem o ajuste
do ponto desejado de controle). Os reguladores
clássicos são de pressão (o mais comum), Resposta
temperatura e vazão. O comportamento da saída de um
instrumento em função da entrada, ambas
Relé relativas ao tempo. As entradas clássicas para
se observar a saída são: rampa, degrau e
Conjunto de bobina e contatores: os
senóide. A saída pode ter componentes em
contatos se alteram quando a bobina é
regime permanente (steady state) e transiente.
energizada. Dispositivo que liga, desliga ou
transfere um ou mais circuitos elétricos. O relé
serve para isolar sinais de alto e de baixo nível Ressonância
de potência. Em Instrumentação, relé é o nome A ressonância de um sistema ou elemento
alternativo para o computador analógico é uma condição evidenciada por grande
pneumático. amplitude de oscilação, que resulta quando
uma pequena amplitude de entrada periódica
Repetitividade tem uma freqüência se aproximando da
freqüência natural do sistema.
A proximidade entre um número
consecutivo de medições do mesmo valor de
uma grandeza, sob as mesmas condições de Reynolds, número de
operação. É usualmente medida como não Número adimensional que relaciona as
repetitividade e expressa como repetitividade, forcas inerciais e viscosas de um escoamento
em percentagem da amplitude de faixa. É um de fluido. Está relacionado com o estado
dos parâmetros da precisão do instrumento. Na laminar ou turbulento da vazão. Na prática, é
atual terminologia do INMETRO, mesmo que usado para verificar a aplicabilidade de
precisão. determinado medidor de vazão.

Reprodutitividade RTD
A proximidade entre um número Acróstico para Detector de Temperatura a
consecutivo de medições do mesmo valor de Resistência. Sensor de temperatura de

318
Terminologia

natureza elétrica que fornece informação da representada. O sinal analógico é medido. O


temperatura quando há variação na resistência sinal de 4 a 20 mA é analógico.
de um fio metálico como uma função da Sinal digital representa uma variável
temperatura. O metal default é a platina (Pt através de um conjunto de valores discretos, de
100). acordo com uma regra (protocolo). O protocolo
HART é um sinal digital.
Rotâmetro Sinal binário representa uma variável
através de um bit, que pode ser 0 ou 1. A saída
Um medidor de vazão baseado na de uma chave é um sinal binário, pois ela só
proporcionalidade da elevação de um pode estar aberta ou fechada.
deslocador em uma tubo graduado cônico, Sinal de pulsos representa uma variável
arranjado verticalmente. através de um conjunto de pulsos, onde a
Genericamente (e erradamente), chama-se informação pode estar na freqüência,
qualquer medidor de vazão de rotâmetro. amplitude, fase ou posição dos pulsos. Um
Rotâmetro de purga é um indicador de pulso só pode ser contado e não medido.
presença ou não de vazão de ar, usado em A relação sinal/ruído (S/N – signal –noise)
medição de nível de líquido de tanque com expressa a qualidade do sinal; quanto maior a
borbulhamento de ar comprimido. relação, melhor é o sinal.
Em Instrumentação, existe um instrumento
Ruído com a função de selecionar sinal (e.g., o
maior, o menor, o do meio).
Um componente indesejável de um sinal ou
variável. O ruído deve ser da mesma natureza
que a do sinal. O ruído pode ser expresso em Segurança intrínseca
unidades da saída ou em percentagem da Classe de proteção em que o sistema e a
saída. fiação são incapazes de liberar energia elétrica
ou termal, sob condições normais e anormais,
Saturação para causar ignição de uma mistura
atmosférica específica em sua concentração
A condição de um sistema em que o
mais facilmente ignitável. A segurança
aumento da entrada não produz mais aumento
intrínseca se baseia em colocação de barreiras
na saída, pois ela já atingiu seu limite físico. A
de energia elétrica entre as áreas de risco e
saturação pode ocorrer no máximo (mais
segura.
comum) ou no mínimo. Em controle de
Equipamento intrinsecamente seguro pode
processo, um controlador com ação integral
ser usado em área segura e de Zona 0 a 2.
pode saturar quando o erro da medição for
Esta classe de proteção é simbolizada como
muito demorado.
ex-ia e ex-ib.
SI Segurança aumentada
Símbolo do Sistema Internacional de
Equipamento ou instrumento que evita o
Unidades, criado em 1960. SI é um sistema de
aparecimento de faísca interna, através de um
unidades físicas em que as quantidades
projeto e montagem especiais. Classe de
fundamentais são sete (com suas unidades):
proteção simbolizada como ex-e e só permitida
comprimento (metro), massa (kilograma),
em ambiente de Zona 2 (não pode ser usado
tempo (segundo), temperatura (kelvin), corrente
em Zona 0 ou 1).
elétrica (ampere), quantidade de substância
(mol), intensidade luminosa (candela). A partir
destas unidades de base, pode-se criar Sensitividade
qualquer unidade derivada. O SI dá o estado Relação da variação da saída sobre a
oficial e recomendado para uso universal pela variação da entrada que causa a saída, depois
Conferência Geral de Pesos e Medidas. que se atinge o estado de regime. Também
conhecida com ganho.
Sinal
Variável física (visual, aural ou de outra Sensor
natureza) que contem a informação acerca de Um dispositivo que converte uma variável
outra variável. O sinal pode estar na entrada ou física, como pressão, vazão, nível, análise e
na saída do instrumento. temperatura em uma quantidade analógica
Sinal analógico representa uma variável mais amigável, geralmente mecânica
que pode ser continuamente observada e

319
Terminologia

(deslocamento) ou elétrica (tensão ou Sistema de Controle Automático é um


resistência elétrica). sistema de controle que opera sem intervenção
O sensor não é um instrumento, mas é um humana.
componente do instrumento, p. ex.., do Sistema de Controle Multivariável é um
indicador, registrador, transmissor e sistema de controle utilizando sinais de entrada
controlador. Geralmente o sensor está em derivados de duas ou mais variáveis de
contato com o processo para detectar o valor processo com o objetivo de afetar
da variável. conjuntamente a ação do sistema de controle.
Também chamado de elemento sensor, Sistema de Controle Não Interativo é um
elemento primário, probe, detector e transdutor. sistema de controle com vários elementos
XE é o sensor da variável X. projetado para evitar distúrbios em outras
A entrada e saída do elemento sensor são variáveis controladas por causa de ajustes na
ambas não padronizadas. Cfr. Elemento final. entrada do processo que são feitos com o
objetivo de controlar uma determinada variável
Servomecanismo de processo.

Um dispositivo de controle automático em


Software (SW)
que a variável controlada é a posição mecânica
ou qualquer uma de suas derivadas no tempo. Em informática, o software se refere aos
programas que fornecem as instruções para o
Sistema de Aquisição de Dados computador nas operações e cálculos a serem
feitos. Geralmente os softwares são disponíveis
Um sistema que faz a interface de muitos em disquete, disco rígido ou CD-ROM, de onde
sinais analógicos, chamados canais, para um podem ser instalados e carregados no
computador. Todas as chaves, controles e computador.
conversões estão incluídas no sistema. Quando o programa está gravado
permanentemente em um circuito, ele é
SCADA (Supervisory Control And chamado de firmware.
Data Acquision)
Solenóide
Acróstico para Controle Supervisório e
Aquisição de Dados. Sistema digital para Bobina. A solenóide está geralmente
aquisição de dados (geralmente feita por associada a um conjunto de contatos (relé) ou
Controladores Lógico Programáveis) e um a um corpo de válvula (válvula solenóide).
sistema de computador digital de uso geral
onde é rodado um programa aplicativo para o Strain gage
controle supervisório.
Ver Célula de Carga
SDCD (Sistema Digital de Controle
Distribuído) Tacômetro
Sistema digital de instrumentação que Instrumento que mede a velocidade angular
executa funções de controle estabelecidas e de um eixo rotativo, em rotação por minuto.
permite a transmissão dos sinais de controle e
de medição. As diferentes funções: Telemetria
1. interface com o campo, Transmissão e recepção a distância de
2. interface com operador, sinais, através do ar, por meio de ondas de
3. unidades de controle rádio freqüência ou linha telefônica.
4. gerenciamento do controle
são distribuídas geograficamente e
interligadas por um sistema de comunicação. Temperatura
Possui uma poderosa e amigável interface Uma propriedade de um objeto que
Homem-Máquina. Aplicado principalmente para determina o sentido do fluxo de calor quando o
controle de processos contínuos complexos. objeto é colocado em contato termal com outro
objeto: o calor flui de uma região de mais alta
Sistema de Controle temperatura para uma de mais baixa. Pode ser
medida por uma escala experimental (baseada
Um sistema em que a manipulação ou em alguma propriedade ou por um instrumento)
atuação é usada para conseguir uma valor ou por uma escala de temperatura absoluta. A
predeterminado de uma variável. temperatura é uma das sete grandezas de
base do SI.

320
Terminologia

Temperatura absoluta é aquela mensurável Termistor


em teoria na escala de temperatura
termodinâmica. A unidade SI é o kelvin (K). É a Sensor de temperatura a semicondutor,
escala cujo 0 K corresponde a –273,16 oC. que converte a temperatura em resistência,
Temperatura ambiente é a temperatura do geralmente não linear e com coeficiente termal
meio envolvendo um equipamento. negativo.
1. Para equipamento que não gera calor,
é a mesma que a temperatura do meio Termômetro
envolvendo o equipamento quando o
Genericamente, instrumento que mede
equipamento não está presente.
temperatura. Em instrumentação, se aplica
2. Para equipamento que gera calor, é a
geralmente a indicador local de temperatura.
mesma que a temperatura do meio
envolvendo o equipamento quando o
equipamento está presente e Termopar
dissipando calor. Sensor de temperatura de natureza elétrica
3. Os limites da máxima temperatura que produz uma tensão aproximadamente
ambiente permissível são baseados na linear e proporcional à diferença da
hipótese que o equipamento em temperatura medida e uma temperatura de
questão não esteja exposto a fonte de referência conhecida.
energia radiante significativa.
Temperatura do processo é a do meio do
Teste, Ponto de
processo no elemento sensor.
Temperatura relativa é aquela obtida de Pontos acessíveis para a instalação
pontos notáveis de mudança de estado de temporária e intermitente de instrumento de
substância pura. As escalas clássicas são a medição, para fins de manutenção.
Celsius (não usar grau centígrado!) e a
Farenheit. Estas escalas valem em relação ao Teste, Chave de
zero absoluto:
0 K = -273,16 oC Chave do sistema de intertravamento e
0 oR = -459,69 oF alarme que, quando acionada, evidenciam-se
as falhas de lâmpadas e verifica a lógica do
Tempo sistema.

Dimensão do universo físico, em um dado Torque


local, que ordena a seqüência de eventos. É
uma das sete unidades de base do SI, cuja Produto vetorial de uma força por uma
unidade é o segundo (s). distancia. Também conhecido como momento
Tempo característico é o atraso de da força ou momento de rotação. A unidade SI
reposta de um sistema, quando a saída leva é newton x metro (N.m). O produto escalar
para atingir aproximadamente 63% do valor força x distância = trabalho (N x m = J)
final, em resposta a um degrau aplicado na
entrada. O tempo característico é também Transdutor
chamado de constante de tempo do sistema.
Em Engenharia, qualquer dispositivo que
Tempo derivativo é o tempo que a ação
converte um sinal de entrada em um sinal de
derivativa de um controlador PD se adianta da
saída de forma diferente.
ação proporcional, quando se aplica uma
Em Instrumentação, é o instrumento que
rampa na entrada. O tempo derivativo é igual à
converte o sinal padrão pneumático em sinal
ação integral. Cfr. Controle, ação derivativa.
eletrônico (P/I) ou vice-versa (I/P).
Tempo integral é o tempo que a ação
Incorretamente chamado de conversor. A
integral de um controlador PI leva para repetir a
entrada e saída do transdutor são ambas
ação proporcional, quando se aplica um degrau
padrão. Tag: XY.
na entrada. O tempo integral é o inverso da
ação integral. Cfr. Controle, ação integral.
Tempo morto é o intervalo de tempo entre Transferível
uma variação no sinal de entrada para um Característica do sistema que permite ao
sistema de controle e a resposta para o sinal. operador canalizar ou dirigir um sinal de um
Durante o tempo morto o processo está instrumento para outro, sem necessidade de
incapaz de responder a qualquer estímulo na alterar a fiação. A transferência pode ser por
entrada. chave ou por teclado.

321
Terminologia

Transiente final de controle mais utilizado. Tag XV ou


XCV.
Comportamento de uma variável durante a
transição entre dois estados em regime.
Geralmente, o transiente é rápido.
Válvula de segurança
Válvula acionada por mola e atuada pela
Transmissor pressão que permite o fluido escapar do
recipiente pressurizado em uma pressão
Instrumento que sente uma variável de ligeiramente acima do nível seguro de trabalho.
processo e gera um sinal padrão eletrônico ou Chamada de válvula de seguranca para líquido,
pneumático proporcional ao valor da variável. A quando abre continuamente ou válvula de alivio
entrada do transmissor é não-padrão e a saída para gás, quando abre repentinamente. Tag:
é padrão. Tag XT PSV.
Transmissão é a transferência à distância
de sinais padronizados, feita através de fio
(eletrônico) ou tubo (pneumático).
Vapor
Os sinais padrão de transmissão são: Vapor é um gás à temperatura abaixo da
1. pneumático: 20 a 100 kPa temperatura crítica, de modo que ele pode ser
2. eletrônico analógico: 4 a 20 mA liqüefeito por compressão, sem baixar a
3. eletrônico digital: HART (de facto) temperatura. Sob o ponto de vista
Transmissor inteligente é o transmissor a termodinâmico, gás e vapor possuem o mesmo
base de microprocessador e cuja saída única é significado prático.
um protocolo digital, como HART®, Fieldbus® O vapor d'água, água no estado gasoso, é
ou FoxCom. o fluido de trabalho mais usado na industria
Transmissor híbrido é aquele com duas para aquecimento, limpeza e reação de
saídas simultâneas: um protocolo digital e o processo. O vapor d'água é gerado na caldeira.
sinal padrão de 4 a 20 mA cc.
Variável de Processo
Tubo de vazão (flow tube ou meter run)
Qualquer grandeza física mensurável,
Tubo metálico, com acabamento especial e como pressão, temperatura, nível, vazão e
dimensões criteriosamente escolhidas, usado análise. Pode ser classificada como controlada,
para alojar um elemento sensor de vazão, para manipulada e carga do processo.
melhorar a precisão da medição. Variável controlada é a regulada pela
malha de controle.
Turbina medidora de vazão Variável manipulada é a atuada no
elemento final de controle, através do
Instrumento medidor de vazão baseado na controlador, para regular a controlada.
geração de um trem de pulsos cuja freqüência Geralmente é a vazão de um fluido.
é linearmente proporcional à vazão Variável medida é a quantidade,
volumétrica. propriedade ou condição que é medida. É
também chamada de mensurando.
Umidade
Ar é uma mistura de oxigênio, nitrogênio e Vazão
vapor d'água. Umidade é a quantidade de Variável de processo associada com
vapor d'água na atmosfera. As unidades de volume ou massa de fluido que passa por um
umidade são: ponto durante determinado intervalo de tempo.
1. umidade relativa, de 0 a 100% Vazão é o movimento contínuo de fluido (gás,
2. dew point (ponto de saturação) ou vapor ou líquido) através de uma tubulação
temperatura do bulbo seco e molhado fechada ou canal aberto. Vazão também pode
3. relação de volumes ou de massas ser o movimento discreto de objetos sólidos
Genericamente, o medidor de umidade é através de uma esteira.
chamado de higrômetro. Em Instrumentação, a vazão pode ser
detectada (FE), transmitida (FT), indicada (FI),
Válvula de Controle registrada (FR), totalizada (FQ), alarmada (FA)
ou chaveada (FS).
Equipamento usado para regular a vazão
de fluidos em tubulações e máquinas,
recebendo o sinal de saída do controlador e Venturi
atuando na variável manipulada. É o elemento Tubo venturi é um elemento sensor de
vazão, com geometria definida, que produz

322
Terminologia

uma pressão diferencial proporcional ao


quadrado da vazão volumétrica.

Vibração
Movimento periódico ou oscilação de um
elemento, equipamento ou sistema. Variável de
processo que é medida e monitorada em
sistema de proteção de grandes máquinas
rotativas.
A vibração é causada por qualquer
excitação que desloca algumas ou todas as
massas de sua posição de equilíbrio. A
vibração resultante é uma tentativa das forças
agirem nas massas para equalizá-las.

Viscosidade
Variável de processo ou grandeza física
que consiste na resistência que um gás ou
líquido oferece para fluir quando é submetido a
uma tensão de cisalhamento. Também
conhecida como resistência à vazão ou atrito
interno.

Visor de nível
Indicador local e direto de nível, através de
uma escala transparente graduada. Tag do
visor é LG (level glass).

Vortex
Medidor de vazão baseado na formação e
medição da freqüência de vórtices provocados
por um sensor de canto vivo colocado no fluxo
do fluido.

Wheatstone, ponte de
Circuito eletrônico consistindo de 4
resistências, de modo que, quando balanceado
(corrente em D nula), são iguais os produtos
das duas resistências opostas (R1 x R4 = R2 x
R3). É o circuito default para medir resistências
e pequenas tensões desconhecidas.

323
16. Referências
Bibliográficas
(Todos estes livros pertencem à Biblioteca do autor e todos os livros, exceto os que os amigos tomaram
emprestados e esqueceram de devolver, foram e são continuamente consultados para a elaboração e
atualização de seus trabalhos.)

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