01 - Apostila Metrologia 1 - Parte
01 - Apostila Metrologia 1 - Parte
01 - Apostila Metrologia 1 - Parte
APOSTILA DE METROLOGIA
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Índice
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SI - SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES
Um breve histórico das medidas
Para medir a cerca de 4000 anos atrás o homem, que nesta época não dispunha de qualquer
instrumento de medição, utilizava partes do corpo para tal fim. E, por mais incrível que pareça,
destes “instrumentos” rudimentares, são derivadas uma parte das unidades ainda hoje
utilizadas.
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Medidas derivadas de partes do corpo com seus correspondentes em centímetros:
1 polegada = 2,54 cm
1 pé = 30,48 cm
1 jarda = 91,44 cm
Um exemplo prático disto é o Antigo Testamento da Bíblia, que é um dos registros mais antigos
da história da humanidade. No Gênesis, lê-se que o Criador mandou Noé construir uma arca
com dimensões muito específicas, medidas em côvados. Mas o que é o côvado?
O côvado era uma medida-padrão da região onde morava Noé, e é equivalente a três palmos,
aproximadamente, 66 cm.
Em geral, essas unidades eram baseadas nas medidas do corpo do rei, sendo que tais
padrões deveriam ser respeitados por todas as pessoas que, naquele reino, fizessem as
medições.
Há cerca de 4.000 anos, os egípcios usavam, como padrão de medida de comprimento, o
cúbito: distância do cotovelo à ponta do dedo médio.
Como as pessoas têm tamanhos diferentes, o cúbito variava de uma pessoa para outra,
ocasionando confusões nos resultados nas medidas.
Para serem úteis, era necessário que os padrões fossem iguais para todos.
Diante desse problema, os egípcios resolveram criar um padrão único: em lugar do próprio
corpo, eles passaram a usar, em suas medições, barras de pedra com o mesmo comprimento.
Foi assim que surgiu o cúbito-padrão.
Com o tempo, as barras passaram a ser construídas de madeira, para facilitar o transporte.
Como a madeira logo se gastava, foram gravados comprimentos equivalentes a um cúbito-
padrão nas paredes dos principais templos. Desse modo, cada um podia conferir
periodicamente sua barra ou mesmo fazer outras, quando necessário.
Nos séculos XV e XVI, os padrões mais usados na Inglaterra para medir comprimentos eram a
polegada, o pé, a jarda e a milha. Na França, no século XVII, ocorreu um avanço importante na
questão de medidas. A Toesa, que era então utilizada como unidade de medida linear, foi
padronizada em uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades e, em seguida,
chumbada na parede externa do Grand Chatelet, nas proximidades de Paris. Dessa forma,
assim como o cúbito-padrão, cada interessado poderia conferir seus próprios instrumentos.
Uma toesa é equivalente a seis pés, aproximadamente, 182,9 cm.
Entretanto, esse padrão também foi se desgastando com o tempo e teve que ser refeito.
Surgiu, então, um movimento no sentido de estabelecer uma unidade natural, isto é, que
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pudesse ser encontrada na natureza e, assim, ser facilmente copiada, constituindo um padrão
de medida. Havia também outra exigência para essa unidade: ela deveria ter seus submúltiplos
estabelecidos segundo o sistema decimal. O sistema decimal já havia sido inventado na Índia,
quatro séculos antes de Cristo. Finalmente, um sistema com essas características foi
apresentado por Talleyrand, na França, num projeto que se transformou em lei naquele país,
sendo aprovada em 8 de maio de 1790.
Estabelecia-se, então, que a nova unidade deveria ser igual à décima milionésima parte de um
quarto do meridiano terrestre.
Essa nova unidade passou a ser chamada metro (o termo grego metron que significa medir).
Os astrônomos franceses Delambre e Mechain foram incumbidos de medir o meridiano.
Utilizando a toesa como unidade, mediram a distância entre Dunkerque (França) e Montjuich
(Espanha). Feitos os cálculos, chegou-se a uma distância que foi materializada numa barra de
platina de secção retangular de 4,05 x 25 mm. O comprimento dessa barra era equivalente ao
comprimento da unidade padrão metro, que assim foi definido: Metro é a décima milionésima
parte de um quarto do meridiano terrestre.
Esse metro, transformado em barra de platina, passou então a ser denominado metro dos
arquivos.
Com o desenvolvimento da ciência, verificou-se que uma medição mais precisa do meridiano
fatalmente daria um metro um pouco diferente. Assim, a primeira definição foi substituída por
uma segunda: Metro é a distância entre os dois extremos da barra de platina depositada nos
Arquivos da França e apoiada nos pontos de mínima flexão na temperatura de zero grau
Celsius.
Escolheu-se a temperatura de zero grau Celsius por ser, na época, a mais facilmente obtida
com o gelo fundente.
No século XIX, vários países já haviam adotado o sistema métrico. No Brasil, o sistema métrico
foi implantado pela Lei Imperial nº 1157, de 26 de junho de 1862. Estabeleceu-se, então, um
prazo de dez anos para que padrões antigos fossem inteiramente substituídos.
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Com exigências tecnológicas maiores, decorrentes do avanço científico, notou-se que o metro
dos arquivos apresentava certos inconvenientes. Por exemplo, o paralelismo das faces não era
assim tão perfeito. O material, relativamente mole, poderia se desgastar, e a barra também não
era suficientemente rígida.
Para aperfeiçoar o sistema, fez-se um outro padrão, que recebeu:
· seção transversal em X, para ter maior estabilidade;
· uma adição de 10% de irídio, para tornar seu material mais durável;
· dois traços em seu plano neutro, de forma a tornar a medida mais perfeita.
Assim, em 1889, surgiu a terceira definição: Metro é a distância entre os eixos de dois traços
principais marcados na superfície neutra do padrão internacional depositado no B.I.P.M.
(Bureau Internacional des Poids et Mésures), na temperatura de zero grau Celsius, sob uma
pressão atmosférica de 760 mmHg e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão.
Atualmente, a temperatura de referência para calibração é de 20ºC. É nessa temperatura que o
metro, utilizado em laboratório de metrologia, tem o mesmo comprimento do padrão que se
encontra na França, na temperatura de zero grau Celsius.
Ocorreram, ainda, outras modificações. Hoje, o padrão do metro em vigor no Brasil é
recomendado pelo INMETRO, baseado na velocidade da luz, de acordo com decisão da 17ª
Conferência Geral dos Pesos e Medidas de 1983. O INMETRO (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), em sua resolução 3/84, assim definiu o
metro:
É importante observar que todas essas definições somente estabeleceram com maior exatidão
o valor da mesma unidade: o metro.
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Medidas inglesas
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Necessidade de Um Sistema Internacional
A adoção das unidades do SI é no Brasil uma obrigatoriedade legal e traz uma série de pontos
positivos:
a) facilidade de entendimento das informações a nível internacional (vantagem comercial e
científica);
b) demonstração de maturidade técnico-científica através do abandono de sistemas superados;
c) a simplificação das equações que descrevem os fenômenos físicos, pelo fato de existir
consistência entre as unidades das grandezas envolvidas;
Unidades de Base
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Embora o valor de cada grandeza seja sempre fixo não é raro que a forma de definir uma
grandeza sofra alteração. Quando ocorrem, estas alterações são motivadas por algum avanço
tecnológico que cria melhores condições de reprodução do valor unitário desta grandeza, isto
é, praticidade e menores erros.
Unidades Derivadas
Unidades derivadas são as unidades que são formadas pela combinação das unidades de
base segundo relações algébricas que correlacionam as correspondentes grandezas.
Constituem a grande maioria das grandezas em uso. A figura abaixo exemplifica algumas
destas grandezas.
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Por serem muito empregadas, algumas grandezas recebem denominação específica, como
exemplo o newton, pascal, watt, hertz, etc (a grafia com iniciais em letras minúsculas é
intencional e é para diferenciar dos respectivos nomes próprios Newton, Pascal, Watt, Hertz,
etc).
Unidades Suplementares
O ângulo plano é a relação entre dois comprimentos e o Ângulo sólido é a relação entre uma
área e o quadrado de um comprimento.
São unidades sem dimensão. Nota-se que estas unidades também podem ser combinadas
com as unidades base para formar novas unidades derivadas.
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METROLOGIA E SUA TERMINOLOGIA
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INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO MAIS COMUMENTE
UTILIZADOS
Régua graduada
O mais elementar dos instrumentos de medição é a régua graduada ou escala. É usada para
tomar medidas lineares quando não exigida grande precisão. A régua graduada usualmente
apresenta graduações do sistema métrico (milímetros) e do sistema inglês (polegadas).
Régua de encosto interno, destinada a medições que apresentem faces internas de referência:
Régua sem encosto, neste caso, devemos subtrair do resultado o valor do ponto de referência:
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Régua com encosto, destinada à medição de comprimento a partir de uma face externa, a qual
é utilizada como encosto.
Régua de dois encostos, dotada de duas escalas, uma com referência interna e outra com
referência externa. É utilizada principalmente pelos ferreiros.
Régua rígida de aço-carbono com seção retangular, utilizada para medição de deslocamentos
em máquinas-ferramenta, controle de dimensões lineares, traçagem etc.
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Leitura no sistema métrico
Cada centímetro na escala encontra-se dividido em 10 partes iguais e cada parte equivale a 1
mm.
Assim, a leitura pode ser feita em milímetro. A ilustração a seguir mostra, de forma ampliada,
como se faz isso.
Observe que, na ilustração anterior, estão indicadas somente frações de numerador ímpar.
Isso acontece porque, sempre que houver numeradores pares, a fração é simplificada.
A leitura na escala consiste em observar qual traço coincide com a extremidade do objeto. Na
leitura, deve-se observar sempre a altura do traço, porque ele facilita a identificação das partes
em que a polegada foi dividida.
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Assim, o objeto na ilustração acima tem 1 1/8” (uma polegada e um oitavo de polegada) de
comprimento.
Desta forma em diante, teremos as seguintes graduações para a leitura de 1 polegada com
precisão de 32 divisões:
Conservação
Evitar que a régua caia ou a escala fique em contato com as ferramentas comuns de trabalho.
· Evitar riscos ou entalhes que possam prejudicar a leitura da graduação.
· Não flexionar a régua: isso pode empená-la ou quebrá-la.
· Não utilizá-la para bater em outros objetos.
· Limpá-la após o uso, removendo a sujeira. Aplicar uma leve camada de óleo fino, antes de
guardar a régua graduada.
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Além da régua, para tomar-se medidas lineares de que exigem baixa precisão, pode-se utilizar
os seguintes instrumentos
Metro articulado
O metro articulado é um instrumento de medição linear, fabricado de madeira, alumínio ou
fibra.
Trena
Trata-se de um instrumento de medição constituído por uma fita de aço, fibra ou tecido,
graduada em uma ou em ambas as faces, no sistema métrico e/ ou no sistema inglês, ao longo
de seu comprimento, com traços transversais.
Em geral, a fita está acoplada a um estojo ou suporte dotado de um mecanismo que permite
recolher a fita de modo manual ou automático. Tal mecanismo, por sua vez, pode ou não ser
dotado de trava.
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Paquímetro
Paquímetro universal
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Paquímetro universal com relógio
Empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos de diâmetros diferentes.
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Paquímetro de profundidade
Serve para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos etc.
Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho.
Veja a seguir duas situações de uso do paquímetro de profundidade.
Paquímetro duplo
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Paquímetro digital
Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe, e ideal para controle estatístico.
Uma outra vantagem do paquímetro digital é que o mesmo poderá, conforme construção e
saídas disponíveis, ser acoplado á um computador ou dispositivo para registro das medições
tomadas.
Traçador de altura
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Princípio do nônio / verniê
Este princípio foi inventado pelo astrônomo português Pedro Nunes (1502 – 1578), e
desenvolvido para sua forma atual no ano de 1631, pelo matemático francês Pierre Vernier
(1580–1637). Este sistema é comumente utilizado em instrumentos de navegação,
instrumentos científicos e sistemas de medição mecânicos. Este sistema é utilizado em
diversos instrumentos, mas principalmente em paquímetros e micrômetros.
Este sistema consiste na divisão do valor K de uma escala graduada fixa por N (número de
divisores) de uma escala graduada móvel.
Leitura no paquímetro
O nônio possui uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa.
No sistema métrico, existem paquímetros em que o nônio possui dez divisões equivalentes a
nove milímetros (9 mm).
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Há, portanto, uma diferença de 0,1 mm entre o primeiro traço da escala fixa e o primeiro traço
da escala móvel.
Essa diferença é de 0,2 mm entre o segundo traço de cada escala; de 0,3 mm entre o terceiros
traços e assim por diante.
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Cálculo de resolução
As diferenças entre a escala fixa e a escala móvel de um paquímetro podem ser calculadas
pela sua resolução.
A resolução é a menor medida que o instrumento oferece. Ela é calculada utilizando-se a
seguinte fórmula:
As divisões de 0,01 mm são alcançadas apenas com os paquímetros digitais uma vez que a
leitura do nônio com 100 divisões seria tarefa impossível para o olho humano.
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Leitura no sistema métrico
Na escala fixa ou principal do paquímetro, a leitura feita antes do zero do nônio corresponde à
leitura em milímetro.
Em seguida, você deve contar os traços do nônio até o ponto em que um deles coincidir com
um traço da escala fixa.
Depois, você soma o número que leu na escala fixa ao número que leu no nônio.
Para entendermos o processo de leitura no paquímetro, são apresentados, a seguir, dois
exemplos de leitura.
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Leitura de polegada milesimal
No paquímetro em que se adota o sistema inglês, cada polegada da escala fixa divide-se em
40 partes iguais. Cada divisão corresponde a:
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Leitura de polegada fracionária
A partir daí, vale a explicação dada no item anterior sobre o deslocamento e leitura do nônio.
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Você deve ter percebido que medir em polegada fracionária exige operações mentais. Para
facilitar a leitura desse tipo de medida, recomendamos os seguintes procedimentos:
1º passo - Verifique se o zero (0) do nônio coincide com um dos traços da escala
fixa. Se coincidir, faça a leitura somente na escala fixa.
2º passo - Quando o zero (0) do nônio não coincidir, verifique qual dos traços
do nônio está nessa situação e faça a leitura do nônio.
3º passo - Verifique na escala fixa quantas divisões existem antes do zero (0)
do nônio.
e com base na leitura do nônio, escolhemos uma fração da escala fixa de mesmo
denominador. Por exemplo:
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5º passo - Multiplique o número de divisões da escala fixa (3º passo) pelo numerador da fração
escolhida (4º passo). Some com a fração do nônio (2º passo) e faça a leitura final.
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Colocação de medida no paquímetro em polegada fracionária
Para abrir um paquímetro em uma medida dada em polegada fracionária, devemos:
1º passo - Verificar se a fração tem denominador 128. Se não tiver, deve-se substituí-la pela
sua equivalente, com denominador 128.
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Observação: o numerador é dividido por 8, pois 8 é o número de divisões do nônio.
2º passo - Dividir o numerador por 8 utilizando o exemplo acima:
3º passo - O quociente indica a medida na escala fixa; o resto mostra o número do traço do
nônio que coincide com um traço da escala fixa.
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Erros de leitura no paquímetro
Além da falta de habilidade do operador, outros fatores podem provocar erros de leitura no
paquímetro, como, por exemplo, a paralaxe e a pressão de medição.
Paralaxe
Dependendo do ângulo de visão do operador, pode ocorrer o erro por paralaxe, pois devido a
esse ângulo, aparentemente há coincidência entre um traço da escala fixa com outro da móvel.
O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas de construção, normalmente tem uma
espessura mínima (a), e é posicionado sobre a escala principal. Assim, os traços do nônio (TN)
são mais elevados que os traços da escala fixa (TM).
Colocando o instrumento em posição não perpendicular à vista e estando sobrepostos os
traços TN e TM, cada um dos olhos projeta o traço TN em posição oposta, o que ocasiona um
erro de leitura.
Para não cometer o erro de paralaxe, é aconselhável que se faça a leitura situando o
paquímetro em uma posição perpendicular aos olhos.
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Pressão de medição
Já o erro de pressão de medição origina-se no jogo do cursor, controlado por uma mola. Pode
ocorrer uma inclinação do cursor em relação à régua, o que altera a medida.
Para se deslocar com facilidade sobre a régua, o cursor deve estar bem regulado: nem muito
preso, nem muito solto. O operador deve, portanto, regular a mola, adaptando o instrumento à
sua mão. Caso exista uma folga anormal, os parafusos de regulagem da mola devem ser
ajustados, girando-os até encostar no fundo e, em seguida, retornando 1/8 de volta
aproximadamente.
Após esse ajuste, o movimento do cursor deve ser suave, porém sem folga.
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Convém que o paquímetro seja fechado suavemente até que o encosto móvel toque a outra
extremidade.
Feita a leitura da medida, o paquímetro deve ser aberto e a peça retirada, sem que os encostos
a toquem.
As recomendações seguintes referem-se à utilização do paquímetro para determinar medidas:
· externas;
· internas;
· de profundidade;
· de ressaltos.
Nas medidas externas, a peça a ser medida deve ser colocada o mais profundamente possível
entre os bicos de medição para evitar qualquer desgaste na ponta dos bicos.
Para maior segurança nas medições, as superfícies de medição dos bicos e da peça devem
estar bem apoiadas.
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Nas medidas internas, as orelhas precisam ser colocadas o mais profundamente possível. O
paquímetro deve estar sempre paralelo à peça que está sendo medida.
Para maior segurança nas medições de diâmetros internos, as superfícies de medição das
orelhas devem coincidir com a linha de centro do furo.
Toma-se, então, a máxima leitura para diâmetros internos e a mínima leitura para faces planas
internas.
No caso de medidas de profundidade, apóia-se o paquímetro corretamente sobre a peça,
evitando que ele fique inclinado.
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Nas medidas de ressaltos, coloca-se a parte do paquímetro apropriada para ressaltos
perpendicularmente à superfície de referência da peça.
Não se deve usar a haste de profundidade para esse tipo de medição, porque ela não
permite um apoio firme.
Conservação
Paquímetro interno
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Paquímetro externo
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Micrometro
Origem e função do micrômetro Jean Louis Palmer apresentou, pela primeira vez, um
micrômetro para requerer sua patente. O instrumento permitia a leitura de centésimos de
milímetro, de maneira simples.
Com o decorrer do tempo, o micrômetro foi aperfeiçoado e possibilitou medições mais
rigorosas e exatas do que o paquímetro.
De modo geral, o instrumento é conhecido como micrômetro. Na França, entretanto, em
homenagem ao seu inventor, o micrômetro é denominado palmer.
Princípio de funcionamento
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Desse modo, dividindo-se a .cabeça. do parafuso, pode-se avaliar frações menores que uma
volta e, com isso, medir comprimentos menores do que o passo do parafuso.
Nomenclatura
Características
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No micrômetro de 0 a 25 mm ou de 0 a 1", quando as faces dos contatos estão juntas, a borda
do tambor coincide com o traço zero (0) da bainha. A linha longitudinal, gravada na bainha,
coincide com o zero (0) da escala do tambor.
De profundidade
Conforme a profundidade a ser medida, utilizam-se hastes de extensão, que são fornecidas
juntamente com o micrômetro.
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Com disco nas hastes
Especialmente construído para medir roscas triangulares, este micrômetro possui as hastes
furadas para que se possa encaixar as pontas intercambiáveis, conforme o passo para o tipo
da rosca a medir.
É especialmente construído para medição de ferramentas de corte que possuem número ímpar
de cortes (fresas de topo, macho, alargadores etc.). Os ângulos em V dos micrômetros para
medição de ferramentas de 3 cortes é de 60º; 5 cortes, 108º e 7 cortes, 128º34.17".
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Para medir parede de tubos
Este micrômetro é dotado de arco especial e possui o contato a 90º com a haste móvel, o que
permite a introdução do contato fixo no furo do tubo.
Contador mecânico
É para uso comum, porém sua leitura pode ser efetuada no tambor ou no contador mecânico.
Facilita a leitura independentemente da posição de observação (erro de paralaxe).
Digital eletrônico
Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em controle estatístico de
processos, juntamente com microprocessadores.
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Micrômetro: sistema métrico
Micrômetro com resolução de 0,01 mm Vejamos como se faz o cálculo de leitura em um
micrômetro. A cada volta do tambor, o fuso micrométrico avança uma distância chamada
passo.
A resolução de uma medida tomada em um micrômetro corresponde ao menor deslocamento
do seu fuso. Para obter a medida, divide-se o passo pelo número de divisões do tambor.
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Micrômetro com resolução de 0,001 mm
Quando no micrômetro houver nônio, ele indica o valor a ser acrescentado à leitura obtida na
bainha e no tambor. A medida indicada pelo nônio é igual à leitura do tambor, dividida pelo
número de divisões do nônio.
Se o nônio tiver dez divisões marcadas na bainha, sua resolução será:
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Micrômetro: sistema inglês
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Para medir com o micrômetro de resolução .001", lê-se primeiro a indicação da bainha. Depois,
soma-se essa medida ao ponto de leitura do tambor que coincide com o traço de referência da
bainha.
Para a leitura no micrômetro de .0001", além das graduações normais que existem na bainha
(25 divisões), há um nônio com dez divisões. O tambor divide-se, então, em 250 partes iguais.
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Calibração (regulagem da bainha)
Antes de iniciar a medição de uma peça, devemos calibrar o instrumento de acordo com a sua
capacidade.
Para os micrômetros cuja capacidade é de 0 a 25 mm, ou de 0 a 1", precisamos tomar os
seguintes cuidados:
· limpe cuidadosamente as partes móveis eliminando poeiras e sujeiras, com pano macio e
limpo;
· antes do uso, limpe as faces de medição; use somente uma folha de papel macio;
· encoste suavemente as faces de medição usando apenas a catraca; em seguida, verifique a
coincidência das linhas de referência da bainha com o zero do tambor; se estas não
coincidirem, faça o ajuste movimentando a bainha com a chave de micrômetro, que
normalmente acompanha o instrumento
Conservação
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SISTEMAS DE MEDIÇÃO
O sistema de medição
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Na figura 3.2c, representa-se um outro dinamômetro: o transdutor é composto de vários
módulos: a força é transformada em deslocamento por meio da mola, em cuja extremidade
está fixado um núcleo de material ferroso que, ao se mover, provoca variação da indutância de
uma bobina, que provoca um desbalanceamento elétrico em um circuito, provocando uma
variação de tensão elétrica proporcional. Este sinal é amplificado pela UTS, composta de
circuitos elétricos, e indicado através de um dispositivo mostrador digital.
Mesmo o termômetro da figura 3.3 possui os três elementos funcionais. A temperatura a medir
é absorvida pelo fluído no interior do bulbo, que é o transdutor deste sistema, e sofre variação
volumétrica. Esta variação é praticamente imperceptível a olho nu. O tubo capilar do
termômetro tem por finalidade amplificar este sinal, transformando a variação volumétrica deste
fluído em grande variação da coluna do fluído, o que caracteriza a UTS deste sistema. O
mostrador é formado pela coluna do líquido contra a escala.
Para descrever o valor momentâneo de uma grandeza como um múltiplo e uma fração decimal
de uma unidade padrão, um SM pode operar segundo um dos dois princípios básicos de
medição: o método da indicação (ou deflexão), o método da zeragem (ou compensação) ou o
método diferencial.
No método da zeragem, procura-se gerar uma grandeza padrão com valor conhecido,
equivalente e oposto ao mensurando, de forma que as duas, atuando sobre um dispositivo
comparador, indiquem diferença zero. A balança de prato é um exemplo clássico de SM que
opera por este princípio: procura-se formar em um dos pratos uma combinação de massas
padrão que tendem a contrabalançar a massa desconhecida colocada no outro prato. Ambas
massas são equivalentes quando a balança atingir o equilíbrio (fig. 3.5).
O método diferencial
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Análise comparativa
Alguns parâmetros metrológicos são aqui definidos para melhor caracterizar o comportamento
metrológico de sistemas de medição. Estes parâmetros podem ser expressos na forma de um
simples número (que define o valor máximo assumido pelo SM em toda a sua faixa de
medição), uma faixa de valores, uma tabela ou na forma de um gráfico. A apresentação do
parâmetro na forma de um simples número, também chamado de parâmetro reduzido, traz
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menos informações sobre o comportamento do SM, porém é uma forma simplificada de
representar o parâmetro e é facilmente aplicável em uma comparação.
- Manômetro : 0 a 20 bar
- Termômetro : 700 a 1200 °C
- Contador : 5 dígitos (isto é, 99999 pulsos)
- Voltímetro : ± 1,999 V (isto é, ± 3 ½ dígitos)
Quando o mesmo sistema de medição permite que várias faixas de medição sejam
selecionadas através da ação de controles do SM, isto é, em seu mostrador estão presentes
várias escalas, sendo que apenas uma é selecionada ativa a cada momento, cada uma destas
faixas é denominada de faixa nominal.
- Termômetro: FM = - 50 a 280 °C
- Medidor de deslocamento: FM = ± 50 mm (ou FM = - 50 a + 50 mm)
A faixa de medição é menor ou, no máximo, igual a faixa de indicação. O valor da FM é obtido
através:
- do manual de utilização do SM
- de sinais gravados sobre a escala
- das especificações de normas técnicas
- dos relatórios de calibração.
Resolução (R)
Resolução é a menor diferença entre indicações que pode ser significativamente percebida. A
avaliação da resolução é feita em função do tipo de instrumento:
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R = VD/2 quando tratar-se de SM de qualidade regular ou inferior e/ou o mensurando
apresentar flutuações significativas e/ou quando o erro de indicação direta não for
crítico;
R = VD/5 quando tratar-se de SM de boa qualidade (traços e ponteiros finos, etc.) e a
medição em questão tiver de ser feita criteriosamente;
R = VD/10 quando o SM for de qualidade, o mensurando estável a medição for altamente
crítica quanto a erros de indicação direta e a incerteza do SM foi inferior ao VD;
Repetitividade (Re) de um SM
Especifica a faixa de valores dentro da qual, com uma probabilidade estatística definida, se
situará o valor do erro aleatório da indicação de um SM, para as condições em que a medição
é efetuada.
Normalmente especifica-se a Re com confiabilidade de 95%. A utilização de outros níveis de
confiabilidade 99% (± 3s), depende da aplicação e obedece tradições, determinações de norma
ou desejo do usuário.
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que descreve a forma como os erros sistemáticos (tendência) representada pela linha central e
os erros aleatórios (faixa de ± Re em torno da Td) se distribuem ao longo da faixa de medição.
Na curva de erros, os erros são apresentados em função da indicação, ou, às vezes, da
indicação direta. Este gráfico é bastante explícito sobre o comportamento do SM em toda a
faixa de medição (fig. 3.6).
Correção (C)
A correção corresponde à tendência com sinal trocado. Este termo é às vezes empregado em
substituição à Td quando é efetuada a sua compensação. Seu uso é predominante nos
certificados de calibração em lugar da tendência. A correção deve ser somada ao valor das
indicações para "corrigir" os erros sistemáticos.
Sensibilidade (Sb)
É o quociente entre a variação da resposta (sinal de saída) do SM e a correspondente variação
do estímulo (mensurando). Para sistemas lineares a sensibilidade é constante e para os não
lineares é variável, dependendo do valor do estímulo e determinada pelo coeficiente angular da
tangente à CRr (fig. 3.7). Nos instrumentos com indicador de ponteiro às vezes se estabelece a
sensibilidade como sendo a relação entre o deslocamento da extremidade do ponteiro (em
mm) e o valor unitário do mensurando.
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Estabilidade da Sensibilidade (ESb)
Em função da variação das condições ambientais e de outros fatores no decorrer do tempo,
podem ocorrer alterações na sensibilidade de um SM. O parâmetro que descreve esta variação
é a chamada estabilidade da sensibilidade (ESb). Exemplo: um dinamômetro poderá
apresentar variação de sensibilidade em função da temperatura (variação do módulo de
elasticidade), podendo-se expressar esta característica como:
ou seja, a sensibilidade pode variar de até ± 0,5 div/N por cada kelvin de variação na
temperatura.
Ez = ± 0,08 mV/K
ou seja, pode ocorrer um deslocamento paralelo da CRr (erro de zero) de até ± 0.08 mV por
cada kelvin de variação da temperatura.
Histerese (H)
Histerese de um SM é um erro de medição que ocorre quando há diferença entre a indicação
para um dado valor do mensurando quando este foi atingido por valores crescentes e a
indicação quando o mensurando é atingido por valores decrescentes (fig. 3.8). Este valor
poderá ser diferente se o ciclo de carregamento e descarregamento for completo ou parcial. A
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histerese é um fenômeno bastante típico nos instrumentos mecânicos, tendo como fonte de
erro, principalmente, folgas e deformações associadas ao atrito.
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· método dos mínimos quadrados (ELq): a posição da reta de referência é calculada pelo
método dos mínimos quadrados. O maior afastamento da curva de erros sistemáticos à reta de
regressão estabelece o erro de linearidade. Os coeficientes da reta de regressão y = ax + b
são calculados pelas equações abaixo:
onde n é o número de pontos coordenados (xi, yi), sendo que em cada somatório i varia de 1 a
n O erro de linearidade usando o método dos mínimos quadrados tem sido muito empregado
em função de sua determinação poder ser efetuada de forma automática por algoritmos de
programação relativamente simples.
59
MEDIÇÃO E ERROS DE MEDIÇÃO
Medição de um comprimento
Após a fabricação das peças inicia-se o trabalho do metrologista, ou seja, realizar a verificação
se as peças produzidas tem dimensões dentro das especificações do projeto. Nesta verificação
a peça será classificada como boa ou refugo.
A partir do valor da tolerância de fabricação (IT ou t), especifica-se qual o máximo erro
admissível que pode ocorrer na medição da grandeza em questão.
A relação entre a incerteza de medição do processo de medição, no controle do diâmetro de
determinado eixo, e a faixa de tolerância do mesmo é mostrada na figura 1.19
Para efeito de aprovação ou rejeição da peça toma-se simplesmente a indicação dada pelo
sistema de medição utilizado no processo de medição. Pelo fato da incerteza de medição ser
um décimo do intervalo de tolerância IT, considera-se o processo de medição como perfeito.
No entanto nem sempre dispomos de um processo de medição cuja incerteza de medição é
inferior a um décimo do intervalo de tolerância.
60
o produto está dentro de tolerância para a dimensão medida. É possível afirmar somente que
existe grande probabilidade do mesmo apresentar-se dentro dos limites de tolerância.
No terceiro caso (cruz) da figura 1.19, o resultado corrigido e a incerteza associada estão
dentro do limite de tolerância. Nesta situação podemos afirmar com segurança que o produto
atende as especificações com relação a tolerância de fabricação.
No quarto caso (triângulo), o resultado corrigido do processo de medição está acima do limite
superior de tolerância do produto. Neste caso não é possível afirmar com segurança que o
produto está fora de tolerância para a dimensão medida, isto é, que o mesmo deveria ser
refugado. Isto porque a incerteza do sistema de medição está abrangendo o valor da medida,
caracterizando uma região de dúvida acerca dos resultados dentro dessa faixa de valores. É
possível afirmar somente que existe grande probabilidade do mesmo apresentar-se fora dos
limites de tolerância.
Erro de leitura
Erro de medição
Uma medição perfeita, isto é, sem erros, só pode existir se um SM (sistema de medição)
perfeito existir e a grandeza sob medição (denominada mensurando) tiver um valor único,
perfeitamente definido e estável. Apenas neste caso ideal o resultado de uma medição (RM)
pode ser expresso por um número e uma unidade de medição apenas.
Sabe-se que não existem SM perfeitos. Aspectos tecnológicos forçam que qualquer SM
construído resulte imperfeito: suas dimensões, forma geométrica, material, propriedades
elétricas, ópticas, pneumáticas, etc, não correspondem exatamente à ideal. As leis e princípios
físicos que regem o funcionamento de alguns SM nem sempre são perfeitamente lineares
como uma análise simplista poderia supor. A existência de desgaste e deterioração de partes
agravam ainda mais esta condição. Nestes casos, o SM gera erros de medição.
Perturbações externas, como, por exemplo, as condições ambientais, podem provocar erros,
alterando diretamente o SM ou agindo sobre o mensurando, fazendo com que o
comportamento do SM se afaste ainda mais do ideal. Variações de temperatura provocam
dilatações nas escalas de um SM de comprimento, variações nas propriedades de
componentes e circuitos elétricos, que alteram o valor indicado por um SM. Vibrações
ambientais, a existência de campos eletromagnéticos, umidade do ar excessiva, diferentes
pressões atmosféricas podem, em maior ou menor grau, afetar o SM, introduzindo erros nas
indicações deste.
O operador e a técnica de operação empregada podem também afetar a medição. O uso de
força de medição irregular ou excessiva, vícios de má utilização ou SM inadequados, podem
levar a erros imprevisíveis. A forma, tamanho ou faixa de medição do SM pode não ser a mais
indicada para aquela aplicação.
Em parte dos casos, o mensurando não possui valor único ou estável. Apenas um cilindro ideal
apresenta um valor único para o seu diâmetro. Não se consegue fabricar um cilindro real com a
forma geométrica matematicamente perfeita. Características da máquina operatriz empregada,
dos esforços de corte, do material ou ferramenta empregada afastam a forma geométrica
obtida da ideal. Mesmo que disponha de um SM perfeito, verifica-se que diferentes medições
do diâmetro em diferentes ângulos de uma mesma secção transversal ou ao longo de
61
diferentes seções ao longo do eixo do cilindro levam a diferentes números. Estas variações são
de interesse quando se deseja caracterizar as propriedades do cilindro e devem ser informadas
no resultado da medição.
A temperatura de uma sala é outro exemplo de um mensurando instável: varia ao longo do
tempo e com a posição onde é medida. A massa de uma peça metálica é um exemplo de um
mensurando estável, se forem desprezados aspectos relativísticos.
Na prática estes diferentes elementos que afetam a resposta de um SM aparecem
superpostos.
Ao se utilizar de um sistema de medição para determinar o resultado de uma medição é
necessário conhecer e considerar a faixa provável dentro da qual se situam estes efeitos
indesejáveis - sua incerteza - bem como levar em conta as variações do próprio mensurando.
Portanto, o resultado de uma medição não deve ser composto de apenas um número e uma
unidade, mas de uma faixa de valores e a unidade. Em qualquer ponto dentro desta faixa deve
situar-se o valor verdadeiro associado ao mensurando.
O erro de medição
Tipos de Erros
Para fins de melhor entendimento, o erro de medição pode ser considerado como composto de
três parcelas aditivas:
sendo
E = erro de medição
Es = erro sistemático
Ea = erro aleatório
Eg = erro grosseiro
62
O erro sistemático
O erro sistemático (Es): é a parcela de erro sempre presente nas medições realizadas em
idênticas condições de operação. Um dispositivo mostrador com seu ponteiro "torto" é um
exemplo clássico de erro sistemático, que sempre se repetirá enquanto o ponteiro estiver torto.
Pode tanto ser causado por um problema de ajuste ou desgaste do sistema de medição,
quanto por fatores construtivos. Pode estar associado ao próprio princípio de medição
empregado ou ainda ser influenciado por grandezas ou fatores externos, como as condições
ambientais.
A estimativa do erro sistemático da indicação de um instrumento de medição é também
denominado Tendência (Td).
O erro sistemático, embora se repita, se a medição for realizada em idênticas condições,
geralmente não é constante ao longo de toda a faixa em que o SM pode medir. Para cada valor
distinto do mensurando é possível ter um valor diferente para o erro sistemático. A forma como
este varia ao longo da faixa de medição depende de cada SM, sendo de difícil previsão.
O erro aleatório
Quando uma medição é repetida diversas vezes, nas mesmas condições, observam-se
variações nos valores obtidos. Em relação ao valor médio, nota-se que estas variações
ocorrem de forma imprevisível, tanto para valores acima do valor médio, quanto para abaixo.
Este efeito é provocado pelo erro aleatório (Ea).
Diversos fatores contribuem para o surgimento do erro aleatório. A existência de folgas, atrito,
vibrações, flutuações de tensão elétrica, instabilidades internas, das condições ambientais ou
outras grandezas de influência, contribui para o aparecimento deste tipo de erro.
A intensidade do erro aleatório de um mesmo SM pode variar ao longo da sua faixa de
medição, com o tempo, com as variações das grandezas de influência, dentre outros fatores. A
forma como o erro aleatório se manifesta ao longo da faixa de medição depende de cada SM,
sendo de difícil previsão.
O erro grosseiro
O erro grosseiro (Eg) é, geralmente, decorrente de mau uso ou mau funcionamento do SM.
Pode, por exemplo, ocorrer em função de leitura errônea, operação indevida ou dano do SM.
Seu valor é totalmente imprevisível, porém geralmente sua existência é facilmente detectável.
Sua aparição pode ser resumida a casos muito exporádicos, desde que o trabalho de medição
seja feito com consciência. Seu valor será considerado nulo neste texto.
Exemplo
A figura abaixo exemplifica uma situação onde é possível caracterizar erros sistemáticos e
aleatórios.
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A pontaria de quatro atiradores de guerra está sendo colocada à prova. O objetivo é acertar os
projéteis no centro do alvo colocado a uma mesma distância. Cada atirador tem direito a 15
tiros.
Os resultados da prova de tiro dos atiradores A, B, C, e D estão mostrados nesta mesma
figura.
As marcas dos tiros do atirador "A" se espalharam por uma área relativamente grande em torno
do centro do alvo. Estas marcas podem ser inscritas dentro do círculo tracejado desenhado na
figura.
Embora este círculo apresente um raio relativamente grande, seu centro coincide
aproximadamente com o centro do alvo. O raio do círculo tracejado está associado ao
espalhamento dos tiros que decorre diretamente do erro aleatório. A posição média das marcas
dos tiros, que coincide aproximadamente com a posição do centro do círculo tracejado, reflete
a influência do erro sistemático. Pode-se então afirmar que o atirador "A" apresenta elevado
nível de erros aleatórios enquanto o erro sistemático é baixo.
No caso do atirador "B", além do raio do círculo tracejado ser grande, seu centro está distante
do centro do alvo. Neste caso, tanto os erros aleatórios quanto sistemáticos são grandes. Na
condição do atirador "C", a dispersão é muito menor, mas a posição do centro do círculo
tracejado está ainda distante do centro do alvo, o que indica reduzidos erros aleatórios e
grande erro sistemático. Já a situação do atirador "D" reflete reduzidos níveis de erros
aleatórios e também do erro sistemático.
Obviamente que, do ponto de vista de balística, o melhor dos guerreiros é o atirador "D", por
acertar quase sempre muito próximo do centro do alvo com boa repetitividade. Ao se comparar
os resultados do atirador "C" com o "A", pode-se afirmar que o atirador "C" é melhor.
Embora nenhum dos tiros disparados pelo atirador "C" tenha se aproximado suficientemente do
centro do alvo, o seu espalhamento é muito menor. Um pequeno ajuste na mira do atirador "C"
o trará para uma condição de operação muito próxima do atirador "D", o que jamais pode ser
obtido com o atirador "A".
Tanto no exemplo da figura quanto em problemas de medição, o erro sistemático não é um
fator tão crítico quanto o erro aleatório. Através de um procedimento adequado é possível
estima-lo relativamente bem e efetuar a sua compensação, o que equivale ao ajuste da mira do
fuzil "C" da figura. Já o erro aleatório não pode ser compensado embora sua influência sobre o
valor médio obtido por meio de várias repetições se reduza na proporção de 1/ n , onde "n" é o
número de repetições considerado na média. A seguir são apresentados procedimentos para a
estimativa quantitativa dos erros de medição.
Se o erro de medição fosse perfeitamente conhecido, este poderia ser corrigido e sua
influência completamente anulada da medição. A componente sistemática do erro de medição
pode ser suficientemente bem estimada, porém não a componente aleatória. Assim, não é
possível compensar totalmente o erro.
O conhecimento aproximado do erro sistemático e a caracterização da parcela aleatória é
sempre desejável, pois isto torna possível sua correção parcial e a delimitação da faixa de
incerteza ainda presente no resultado de uma medição. A forma de estimação destes erros é
apresentada a seguir:
Erro sistemático/Tendência/Correção
64
Na prática não se dispõe de infinitas medições para determinar o erro sistemático de um SM,
porém sim um número restrito de medições, geralmente obtidas na calibração do instrumento.
Ainda assim, a equação acima pode ser usada para obter uma estimativa do erro sistemático.
Define-se então o parâmetro Tendência (Td), como sendo a estimativa do erro sistemático,
obtida a partir de um número finito de medições, ou seja:
Td = MF – VVC
C = - Td
Erro aleatório
O erro aleatório distribui-se em torno do valor médio das indicações. É possível isolar seu valor
individual para uma determinada medição através da seguinte equação:
Eai = Ii - MI
onde
Eai = erro aleatório da i-ésima indicação
Ii = valor da i-ésima indicação individual
MI = média de infinitas indicações
Esta expressão pode ser obtida por substituição da equação Es = MI - VVC na equação E = Es
+ Ea + Eg se o erro grosseiro for desconsiderado. Este erro varia a cada medição de forma
totalmente imprevisível. O valor instantâneo do erro aleatório tem pouco ou nenhum sentido
prático, uma vez que é sempre variável e imprevisível.
A caracterização do erro aleatório é efetuada através de procedimentos estatísticos. Sobre um
conjunto finito de valores de indicações obtidas nas mesmas condições e do mesmo
mensurando, determina-se o desvio padrão experimental, que, de certa forma, está associado
à dispersão provocada pelo erro aleatório.
65
Re = ± t . s
onde:
A figura abaixo apresenta um exemplo onde são estimados os erros de uma balança eletrônica
digital.
Para tal, uma massa padrão de 1.00000 ± 0.00001 kg é medida várias vezes por esta
balança. Sabe-se de antemão que o valor do erro da massa padrão é desprezável em relação
aos erros tipicamente esperados para esta balança. Neste caso, o valor desta massa pode ser
assumido como o valor verdadeiro convencional (VVC) do mensurando. Note que a
determinação dos erros de um SM só é possível quando se mede um mensurando já
previamente conhecido, isto é, apenas quando o VVC é conhecido.
A primeira indicação obtida é 1014 g, que difere do valor verdadeiro convencional 1000 g.
Nota-se a existência de um erro de medição de E = 1014 - 1000 = + 14 g. Entretanto, ao medir-
se uma única vez não é possível identificar as componentes dos erros sistemático e aleatório.
Os valores das indicações obtidas nas onze medições adicionais apresentaram variações.
Como trata-se de um mensurando invariável, a dispersão dos valores das indicações é
atribuída aos efeitos dos erros aleatórios do sistema de medição. A distribuição dos valores das
indicações obtidas, mostrada na parte "c" da figura, agrupa-se em torno do valor central médio
de 1015 g e tem uma forma que se assemelha a uma distribuição normal. Por observação
direta nota-se que os valores das doze indicações estão enquadradas dentro da faixa de 1015
± 3 g.
A tendência e o desvio padrão experimental foram estimados com o auxílio da tabela da figura.
O valor médio das indicações foi determinado (MI = 1015 g) e com este a tendência foi
estimada por meio da equação Td = MI - VVC, sendo obtido: Td = 1015 - 1000 g
Td = 15 g 2
66
A quarta coluna da figura é obtida subtraindo-se o valor da tendência do erro total (E),
resultando no erro aleatório para cada ponto. Nota-se que, neste caso, este erro distribui-se
aleatoriamente em torno do zero dentro do limite ± 3 g.
A aplicação da equação leva ao seguinte valor para o desvio padrão experimental:
s = 1,65 g
Considerando a equação Td = MI - VVC a rigor pode-se afirmar apenas que a tendência situa-
se dentro da faixa Td = 15 ± 1 g.
O coeficiente t de Student para 12 medidas, portanto 11 graus de liberdade, e confiabilidade
95% é de 2,20. Logo, a repetitividade (Re), dentro da qual situa-se o erro aleatório, resulta
em:
Re = ± (2,20 . 1,65) g
Re = ± 3,6 g
Isto quer dizer que existe 95% de probabilidade do erro aleatório se enquadrar dentro de uma
faixa simétrica de ± 3,6 g centrada em torno do valor médio 1015g.
Observação: Caso o valor real da massa aplicada à balança fosse desconhecido, o leigo muito
provavelmente afirmaria, após o experimento, que o valor da mesma é: m = (1014 ± 3) g
Ao fazer isto ele estaria cometendo um grave erro, pelo fato de não considerar a existência
do erro sistemático. A forma correta da determinação do resultado da medição (RM),
desconsiderando as demais parcelas de incerteza, poderia ser expresso por:
que leva a:
RM = (1000 ± 1) g
67
A figura abaixo apresenta um exemplo de determinação da curva de erros:
limite superior: Td + Re
limite inferior: Td – Re
68
etapa de seleção do SM. O termo precisão é freqüente e erroneamente empregado em lugar
do erro máximo. O uso do termo precisão pode ser empregado apenas no sentido qualitativo e
jamais como um parâmetro
Incerteza
Fontes de Erros
Toda medição está afetada por erros. Estes erros são provocados pela ação isolada ou
combinada de vários fatores que influenciam sobre o processo de medição, envolvendo o
sistema de medição, o procedimento de medição, a ação de grandezas de influência e o
operador.
O comportamento metrológico do SM depende fortemente de fatores conceituais e aspectos
construtivos. Suas características tendem a se degradar com o uso, especialmente em
condições de utilização muito severas. O comportamento do SM pode ser fortemente
influenciado por perturbações externas e internas, bem como pela influência do operador, ou
mesmo do SM, modificar indevidamente o mensurando.
O procedimento de medição adotado deve ser compatível com as características do
mensurando.
O número e posição das medições efetuadas, o modelo de cálculo adotado, a interpretação
dos resultados obtidos podem também introduzir componentes de incerteza relevantes no
resultado da medição.
As grandezas de influência externas podem provocar erros alterando diretamente o
comportamento do SM ou agindo sobre o mensurando. O elemento perturbador mais crítico, de
modo geral, é a variação da temperatura ambiente, embora outras grandezas como vibrações
mecânicas, variações de pressão atmosférica, umidade ou tensão da rede elétrica, também
possam trazer alguma influência. A variação da temperatura provoca dilatação das escalas dos
instrumentos de medição de comprimentos, da mesma forma como age sobre o mensurando,
por exemplo, modificando o comprimento a medir de uma peça.
A variação da temperatura pode também ser uma perturbação interna. Exemplo típico é a
instabilidade dos sistemas elétricos de medição, por determinado espaço de tempo, após terem
sido ligados. Em função da liberação de calor nos circuitos elétrico/eletrônicos há uma variação
das características elétricas de alguns componentes e assim do SM. Há necessidade de
aguardar estabilização térmica, o que minimizará os efeitos da temperatura. A existência de
atrito, folgas, imperfeições construtivas e o comportamento não ideal de elementos físicos são
outros exemplos de perturbação interna.
A modificação indevida do mensurando pela ação do sistema de medição, ou do operador,
pode ter diversas causas. Por exemplo, na metrologia dimensional, a dimensão da peça
modifica-se em função da força de medição aplicada. A figura 4.5 ilustra uma situação onde
pretende-se medir a temperatura de um cafezinho. Para tal é empregado um termômetro de
69
bulbo. Ao ser inserido no copo, há um fluxo de energia do café para o termômetro: o bulbo
esquenta enquanto o café esfria, até que a temperatura de equilíbrio seja atingida. É esta
temperatura, inferior a temperatura inicial do cafezinho, que será indicada pelo termômetro.
Este é outro exemplo onde o mensurando é modificado pelo SM.
A modificação do mensurando por outros módulos da cadeia de medição, acontece, por
exemplo, na conexão indevida de dispositivos registradores. Um exemplo onde o operador
modifica o mensurando é quando se instala um termômetro para medir a temperatura no
interior de uma câmara frigorífica e, por alguma razão, torna-se necessário entrar nesta câmara
para fazer a leitura da temperatura. A presença do operador pode modificar o mensurando, no
caso, a temperatura da câmara.
70
Destaca-se na figura que o comportamento da balança, e, conseqüentemente, os erros de
medição, são dependentes da temperatura ambiente e da sua variação. Dependendo da forma
como se comporta a temperatura, a balança pode apresentar predominância de erros
sistemáticos ou aleatórios.
O operador também pode introduzir erros adicionais no processo de medição. Erros de
interpolação na leitura, erros inerentes ao manuseio ou à aplicação irregular do SM são
exemplos típicos. Sua quantificação é muito difícil, geralmente estimada por medições
repetitivas em uma peça de referência, envolvendo diferentes momentos, instrumentos,
operadores e nas condições ambientais típicas.
A grande dificuldade trazida por estes diversos fatores é que estas perturbações ocorrem
superpostas ao sinal de medição, sendo impossível identificar e separar o que é erro do que é
variação do mensurando. Para conviver com estes diversos fatores que influenciam o
comportamento do SM, é comum ao fabricante fixar as condições em que o sistema de
medição deve operar, por exemplo, temperatura 20 ± 1 °C, tensão da rede 220 ± 15 V, etc.
Somente dentro destas faixas é que são garantidas as especificações metrológicas dos
sistemas de medição. É necessário estar atento para estes limitantes.
Seleção correta do SM
71
Fatores de natureza mecânica
a) Força de Medição
Na maioria dos casos o processo de medição a realização da medição, está associado a um
contato mecânico entre os sensores do SM (apalpadores) e o objeto a medir. No caso de
medição por processo óptico, eletroindutivo ou eletrocapacitivo não há contato mecânico direto
e inexiste a força de medição.
Ao contato mecânico está associada uma força, denominada força de medição. Uma certa
força é necessária para que o apalpador possa penetrar (ou deslocar para o lado) camadas de
sujeira, de óleo, de graxa, de gases aderentes e semelhantes que aderem nas superfícies de
contato.
Por outro lado, a força de medição provoca no objeto, bem como no sistema de medição e
demais componentes mecânicos utilizados no processo, deformações de vários tipos
introduzindo assim erros de medição, na forma de retroação.
Assim, é necessário manter-se a força de medição em valores mínimos necessários ao
funcionamento dos SM e, adicionalmente, mantê-la constante ao máximo possível para se
poder levar, eventualmente, em consideração nas correções.
A força de medição está, por exemplo, no caso de um micrômetro externo, na faixa entre 5 a
10 N. No relógio comparador comum usa-se a força de medição entre 0,8 até 1,5 N, com
variação da mesma de 0,4 N no máximo; no caso de alguns relógios comparadores, a força de
medição é de 3 até 6 N, ou por outro lado, apenas 0,15 a 0,40 N. Interessante é que deixando-
se descer a haste do relógio comparador bruscamente de um altura de 20 mm apenas, ocorre
um ‘pico’ de força de medição dinâmica de até 70 N apesar da força estática ser de somente
algumas unidades de N.
b) Deformações
Deformações que ocorrem na medição não devem ser, sob hipótese alguma, de caráter
permanente, mas sim, exclusivamente, elásticas. Deste ponto de vista há certo perigo nas
áreas de contato entre o sensor (especialmente o de forma arredondada) e o objeto quando
ocorrer um choque dinâmico.
Deformações indesejáveis podem ocorrer, também, pelo peso próprio, quer do sistema de
medição, quer do objeto a medir especialmente se for usado apoio inadequado para os
mesmos.
As inevitáveis deformações ou são mantidas dentro de determinados limites através de
dimensionamento adequado da peça, ou são isoladas e convenientemente consideradas
(correções introduzidas) no resultado da medição. Os limites admissíveis das deformações
dependem das correspondentes exigências quanto a incerteza de medição máxima permitida
para o processo.
As deformações podem ter caráter de variação de comprimento (encurtamento ou
alongamento), de flexão, de distorção ou de achatamento na região de contato.
72
Flexão:
As deformações transversais de elementos dos sistemas de medição ou objetos, podem ser
calculadas em casos simples usando-se as fórmulas para vigas sobre dois apoios ou
engastadas.
Para se ter uma idéia sobre valores absolutos, seguem alguns exemplos numéricos:
- O mandril de aço, com um comprimento de 500 mm, e diâmetro de 30 mm flete, por peso
próprio no meio em 5 µm. O mesmo mandril, sob força de medição de 1 N flete no meio em
0,3 µm
- Um suporte de relógio comparador, de aço, cuja parte vertical tem comprimento de 200
mm e a parte horizontal em balanço, tem o comprimento de 70 mm, sendo a seção transversal
das duas partes circular, de diâmetro 20 mm, recua verticalmente, na sua extremidade
em balanço, sob força de medição de 1 N, em 0,6 um.
Em alguns casos, por escolha adequada dos pontos de apoio, pode-se obter deflexões mais
convenientes.
Por exemplo, um bloco padrão longo, apoiado em dois cutelos colocados a uma distância das
extremidades de a = 0,2113 . L (figura “a” abaixo) (onde L é o comprimento total do bloco)
manterá ambos os planos extremos (superfícies de medição) paralelos apesar da deflexão
transversal.
A mesma distância entre apoios é recomendável para escalas, com divisões na parte superior
da régua.
Para as escalas, cujas divisões são gravados na linha neutra da seção transversal, o apoio em
"pontos de Bessel", na distância de a = 0,22031 L, proporciona o encurtamento mínimo do
comprimento total L (figura “b” acima).
No caso de uma régua ser usada em seu comprimento total, recomenda-se que os pontos de
apoio estejam ajustados de a = 0,22315.L dos extremos. Neste caso, obtém-se a deflexão
transversal mínima, sendo a deformação nos extremos igual à flecha no meio da régua (figura
“c” acima).
Se a régua for usada apenas na sua parte central entre os apoios, é vantajoso colocar os
cutelos de apoio na distância de a = 0,2386.L das extremidades. Neste caso a deformação
transversal na região entre os apoios será pequena, sendo igual a zero na metade da distância
(figura “d” acima).
73
Achatamento:
Por achatamento se entende a aproximação que ocorre ente o sensor do sistema de medição e
a peça após o primeiro contato físico, em função da ação de uma força de medição. Pode ser
calculado, para os casos simples de contato, pelas equações de Hertz.
Para ilustração, um apalpador semi-esférico atuando sobre um bloco padrão provoca um
achatamento de 0,5 µm, se a força de medição aplicada for de 3 N e o diâmetro da esfera de 5
mm.
Desgaste:
O desgaste ocorre nas superfícies de medição de um instrumento sempre quando há um
movimento relativo entre as superfícies em contato e, portanto, quando se tem atrito.
Deve-se pois, dentro do possível, evitar o movimento da superfície de medição sobre a peça
e/ou reduzir o atrito.
Em muitos casos, entretanto, tem-se de contar para as superfícies em contato dos
instrumentos de medição, materiais de alta resistência ao desgaste: aços de ferramentas com
liga especial, camadas de cromo duro, minerais (por exemplo: ágata).
Não só as superfícies de medição estão sujeitas ao desgaste, mas todas as superfícies móveis
de um SM, nas quais ocorre atrito.
Recomenda-se então, já por ocasião do projeto, providenciar elementos e/ou mecanismos que
possibilitem ajustagem e, consequentemente, eliminação adicional do desgaste.
O usuário por sua vez deve inspecionar os sistemas de medição periodicamente e, se
necessário, fazer a reajustagem. O problema é que em virtude da interação de diversos
fatores, o desgaste não decorre nas superfícies uniformemente: superfícies planas tornam-se
côncavas ou convexas, guias apresentam folgas maiores apenas em certos lugares, e
semelhantemente. A eliminação completa do desgaste ocorrido torna-se, pois, muito difícil e as
superfícies desgastadas dão origem a erros de medição.
74
Assim, tendo-se, por exemplo, uma placa retangular fabricada - erroneamente - em forma de
um quadrilátero (figura abaixo) e tomando-se a medida em dois sentidos perpendiculares, em
dois lugares a e b, apenas, obtém-se, por exemplo, para a medida a um valor completamente
deliberado (que dependerá do lugar da medida, a1, a2, a3, etc.) e o operador não perceberá o
desvio da forma. Para identificar os erros de forma geométrica da peça é necessário medi-la
em vários lugares, (por exemplo, a1, a2, b1, b2 na figura 1.21b).
Peças cilíndricas, eixos ou pinos, podem afastar-se da forma circular em vários pontos de sua
secção transversal, além disso, afastar-se da forma cilíndrica reta em vários pontos na direção
axial. A figura abaixo apresenta alguns exemplos esquemáticos.
Se em lugar da forma circular exata ocorre uma forma oval (figura 1.23a) então pode-se
determinar o diâmetro máximo e mínimo da mesma com duas superfícies de medição
paralelos, a, b, por exemplo, num paquímetro, micrômetro, etc, obtendo-se a diferença A
("ovalidade").
75
Usando-se, neste caso, um prisma (figura 1.23b) como apoio para a medição com um relógio
comparador R, a diferença B entre os diâmetros apresenta-se apenas em proporção reduzida
(sendo B < A).
Se ocorrer, por outro lado, um iso-espesso E, figura abaixo, a medição entre planos paralelos
não registrará o erro de circularidade. O registro da excentricidade faz-se com auxílio de
prisma. O melhor resultado oferece o prisma cujo ângulo é relacionado com o número n de
lados do isso-espesso de acordo com a fórmula.
76
Quando se suspeita da presença de algum desvio da forma circular, porém, não sabe-se se
trata-se do oval (ou alguma forma do mesmo com o número par dos lados) ou de iso-espesso
(cujo número de lados é desconhecido), a medição procede-se entre dois planos paralelos e
depois pelo menos em dois prismas diferentes, de ângulos 60º e 90º, respectivamente. O
ângulo de 90º, apesar de que não constar na tabela acima, é suficientemente perto dos valores
108º ou 77,1º citados.
Os problemas da influência da forma geométrica estão intimamente relacionados com as
dimensões das medidas e das tolerâncias. Para a técnica de medição de comprimentos, deve
ficar claro que, para a determinação da configuração real de uma peça, jamais basta uma única
medida, mas que sempre é necessário considerar várias medidas, bem como a relação entre
as mesmas.
Erro de Contato
Os elementos do instrumento de medição que tocam a peça a medir, ou seja, os sensores de
medição, devem ter a forma correspondente a configuração da peça, a fim de que se obtenha o
contato geometricamente bem definido: se a peça a medir é plana, o sensor de medição é
geralmente esférico, figura 1.25a. Se por outro lado, a peça é esférica ou cilíndrica, usam-se
sensores planos de medição, figura 1.25b. Na medição de roscas utilizam-se pontas sensoras
de forma cônica, cilíndrica ou esférica.
Se o contato entre a peça a medir e a superfície de medição, devido a erros de forma de uma
ou de outra não tem uma relação geométrica exata, correspondente ao recobrimento
geométrico desejado, acontece então o que denominamos de erro do contato.
Na figura 1.25c tem-se o erro de contato em sua forma mais simples, quando não há
recobrimento geométrico entre a superfície plana da peça A e a superfície plana de medição B
de modo que as duas tocam uma a outra em ângulo (fortemente exagerado no desenho). Este
é um exemplo típico de situação que acontece, por exemplo, quando medimos uma peça com
um micrômetro ou uma máquina de medir em que os sensores de medição apresentam erros
de paralelismo acentuado, gerando efetivamente erros de medição significativos.
A maioria dos problemas com erro de contato elimina-se por uma forma geométrica impecável
das superfícies de medição.
77
resultados: o trecho a medir "dA" (diâmetro de uma peça) encontra-se paralelo a escala de
medição.
Observa-se que no instante da medição ocorre um erro em função da distância S entre a
escala do instrumento e o ponto de contato entre os sensores de medição e a peça. Nestes
casos deve-se realizar as medições posicionando-se a peça a medir o mais próximo possível
da escala do instrumento de medição, de modo a diminuir a distância S, e portanto, reduzir o
erro de medição.
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Fator de natureza física
Deformação térmica:
Como o volume dos materiais metálicos sofre alteração com a variação da temperatura, é
extremamente importante estabelecer uma temperatura de referência.
A temperatura de 20,0º C é hoje adotada internacionalmente como temperatura de referência
para apresentação de resultados de medição ou calibração de instrumentos de medição da
Área de Metrologia Dimensional. Assim, os resultados do comprimento de blocos padrão, os
resultados da calibração de uma Máquina de Medir por Coordenadas, entre outros, são válidos
para a temperatura de 20,0º C.
Nas medições de comprimento é necessário dar uma atenção toda especial à temperatura em
virtude da deformação térmica sofrida pelos instrumentos, padrões, alguns dispositivos
utilizados no processo de medição, além das deformações sofridas pelas próprias peças
sujeitas a medição.
Apenas para efeito de ilustração, um bloco prismático de aço, com comprimento de 1 metro, á
20ºC, terá, á temperatura ambiente (26ºC), o comprimento de 1000,069 mm
Se a peça a medir tem o mesmo coeficiente de expansão térmica do padrão usado (escala,
bloco padrão, etc.), com o qual será comparado, não ocorrerá erro de medição por razões
térmicas, mesmo quando a medição se efetua em temperatura diferente da de referência (20,0º
C) já que o padrão se deforma na mesma proporção que a peça a medir. Evidentemente isto
só ocorrerá se ambos, peça e padrão/instrumento estiverem na mesma temperatura (o que
pode ser obtido deixando-se peça e padrão/instrumento estabilizando termicamente por um
período de tempo suficiente para atingir-se o equilíbrio térmico). Este é o motivo pelo qual os
metais leves só podem ser usados em instrumentos de medição mediante cuidados especiais a
não ser no caso particular em que as próprias peças são de metal leve. Por razões
semelhantes não se utilizam calibradores e padrões de vidro, apesar de serem mais baratos e
bastante resistentes ao desgaste.
Se a peça tiver um coeficiente de expansão térmica distinto do padrão (o que às vezes é
inevitável), como por exemplo, padrão de aço e peça de latão, então ocorrerá um erro quando
a temperatura de medição diferir da temperatura de referência de 20,0 oC. Se, além disso
houver ainda diferença de temperatura entre peça e padrão (instrumento de medição utilizado
no processo de medição), podem ocorrer erros ponderáveis de medição devidos a efeitos
térmicos.
Conclui-se então que deve-se assegurar que a temperatura da peça e do sistema de medição
sejam próximas tanto quanto possível da temperatura de referência. Isto se obtém deixando
ambos durante certo tempo num ambiente a 20 oC. O tempo necessário para a equalização da
temperatura depende do porte e tipo de cada um dos elementos, e da diferença inicial de
temperaturas, variando para as peças usuais entre 4 e 24 horas. Favoravelmente influi se
ambos elementos repousam sobre a mesma base metálica.
Se o tempo para equalização de temperaturas foi insuficiente corre-se o risco de que diversas
partes da peça ou do padrão apresentem diferenças de temperaturas entre si, o que provocará
não só erros em dimensões, mas também erros de forma. Semelhantemente, deve-se impedir
que ocorram variações de temperatura durante a própria medição.
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CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO
Um sistema de medição (SM) de boa qualidade deve ser capaz de operar com pequenos erros.
Seus princípios construtivos e operacionais devem ser projetados para minimizar erros
sistemáticos e aleatórios ao longo da sua faixa de medição, nas sua condições de operação
nominais.
Entretanto, por melhores que sejam as características de um SM, este sempre apresentará
erros, seja por fatores internos, seja por ação das grandezas de influência externas. A perfeita
caracterização das incertezas associadas a estes erros é de grande importância para que o
resultado da medição possa ser estimado de maneira segura. Embora, em alguns casos, os
erros de um sistema de medição possam ser analítica ou numericamente estimados, na prática
são utilizados procedimentos experimentais quase que exclusivamente.
Através do procedimento experimental denominado calibração é possível correlacionar os
valores indicados pelo sistema de medição e sua correspondência com a grandeza sendo
medida. Esta operação é extremamente importante e é realizada por um grande número de
entidades credenciadas espalhadas pelo país.
Este capítulo apresenta, em linhas gerais, aspectos característicos da calibração e de
operações a esta relacionadas.
Calibração
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gestão das empresas para melhorar e manter a qualidade de uma organização. A calibração
tem o seu papel de grande importância neste processo, uma vez que um dos requisitos
necessários para uma empresa que se candidate à certificação pelas normas ISO 9000, é que
os sistemas de medição e padrões de referência utilizados nos processo produtivo, tenham
certificados de calibração oficiais.
Embora a calibração seja a operação de qualificação de instrumentos e sistemas de medição
mais importante, existem outras operações comumente utilizadas:
Ajuste
Regulagem
É também uma operação complementar, normalmente efetuada após uma calibração, quando
o desempenho metrológico de um sistema de medição não está em conformidade com os
padrões de comportamento esperados. Envolve apenas ajustes efetuados em controles
externos, normalmente colocados à disposição do usuário comum. É necessária para fazer o
SM funcionar adequadamente, fazendo coincidir, da melhor forma possível, o valor indicado
com o valor correspondente do mensurado submetido. São exemplos:
- alteração do fator de amplificação (sensibilidade) de um SM por meio de um botão
externo;
- regulagem do "zero" de um SM por meio de um controle externo indicado para tal.
Verificação
A operação de verificação é utilizada no âmbito da metrologia legal, devendo esta ser efetuada
por entidades oficiais denominados de Institutos de Pesos e Medidas Estaduais (IPEM),
existentes nos diversos estados da Federação.
Trata-se de uma operação mais simples, que tem por finalidade comprovar que:
- um sistema de medição está operando corretamente dentro das características metrológicas
estabelecidas por lei;
- uma medida materializada apresenta características segundo especificações estabelecidas
por normas ou outras determinações legais.
São verificados instrumentos como balanças, bombas de gasolina, taxímetros, termômetros
clínicos e outros instrumentos, bem como medidas materializadas do tipo massa padrão
usados no comércio e área da saúde, com o objetivo de proteger a população em geral.
A verificação é uma operação de cunho legal, da qual resulta a emissão de selo ou plaqueta
com a inscrição "VERIFICADO", quando o elemento testado satisfaz às exigências legais. É
efetuada pelos órgãos estaduais denominados de Institutos de Pesos e Medidas (IPEM) ou
diretamente pelo INMETRO, quando trata-se de âmbito federal.
Os resultados de uma calibração são geralmente destinados a uma das seguintes aplicações:
a) Levantamento da curva de erros visando determinar se, nas condições em que foi calibrado,
o sistema de medição está em conformidade com uma norma, especificação legal ou tolerância
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definida para o produto a ser medido, e conseqüente emissão de certificado. Efetuado
periodicamente, garantirá a confiabilidade dos resultados da medição e assegurará correlação
(rastreabilidade) aos padrões nacionais e internacionais;
b) Levantamento da curva de erros visando determinar dados e parâmetros para a operação de
ajuste do sistema de medição;
c) Levantamento detalhado da curva de erros e tabelas com valores da correção e sua
incerteza, com o objetivo de corrigir os efeitos sistemáticos, visando reduzir a incerteza do
resultado da medição (capítulo 7). A aplicação da correção poderá ser efetuada manual ou
automaticamente;
d) Análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medição nas fases de
desenvolvimento e aperfeiçoamento, incluindo a análise das grandezas externas que influem
no seu comportamento;
e) Análise do comportamento metrológico e operacional dos sistemas de medição em
condições especiais de operação (por exemplo: elevadas temperaturas, na ausência de
gravidade, em elevadas pressões, etc);
Adicionalmente, a calibração deve ser efetuada quando, por alguma razão, se deseja o
levantamento mais detalhado sobre o comportamento metrológico de um sistema de medição,
sobre o qual existe dúvida ou suspeita de funcionamento irregular.
Métodos de Calibração
Calibração Direta
A parte superior da figura 6.1 ilustra o método de calibração direta. O mensurado é aplicado
sobre o sistema de medição por meio de medidas materializadas, cada qual com seu valor
verdadeiro convencional suficientemente conhecido. São exemplos de medidas materializadas:
blocos padrão (comprimento), massas padrão, pontos de fusão de substâncias puras, entre
outras.
É necessário dispor de uma coleção de medidas materializadas suficientemente completa para
cobrir toda a faixa de medição do instrumento. As indicações dos sistemas de medição são
confrontadas com cada valor verdadeiro convencional e a correção e sua incerteza são
estimadas por meio de medições repetitivas.
Calibração Indireta
Não seria fácil calibrar o velocímetro de um automóvel utilizando a calibração direta. O conceito
de medida materializada não se aplica à velocidade. As constantes físicas naturais, como a
velocidade de propagação do som no ar ou nos líquidos, ou mesmo a velocidade da luz, são
inapropriadas para este fim. A solução para este problema passa pela calibração indireta.
Este método é ilustrado na parte inferior da figura 6.1. O mensurado é gerado por meio de um
dispositivo auxiliar, que atua simultaneamente no sistema de medição a calibrar (SMC) e
também no sistema de medição padrão (SMP), isto é, um segundo sistema de medição que
não apresente erros superiores a 1/10 dos erros do SMC. As indicações do SMC são
comparadas com as do SMP, sendo estas adotadas como VVC, e os erros são determinados.
Para calibrar o velocímetro de um automóvel pela calibração indireta, o automóvel é posto em
movimento. Sua velocidade em relação ao solo, além de indicada pelo velocímetro, é também
medida por meio de um sistema de medição padrão, cujos erros sejam 10 vezes menores que
os erros do velocímetro a calibrar. Este SMP pode ser, por exemplo, constituído por uma quinta
roda, afixada na parte traseira do automóvel, ou, hoje é comum a utilização de sensores que
usam um raio laser dirigido ao solo e, pela análise do tipo de sinal que retorna, determinar a
velocidade real do automóvel com baixas incertezas. Neste exemplo o próprio automóvel é o
gerador da grandeza padrão, isto é, da velocidade, que é simultaneamente submetida a ambos
os sistemas de calibração. Para levantar a curva de erros, o automóvel deve trafegar em
diferentes patamares de velocidade repetidas vezes.
Algumas vezes não se dispõe de um único sistema de medição padrão que englobe toda a
faixa de medição do SMC. Neste caso, é possível utilizar diversos SMPs de forma
complementar. Por exemplo:
- deseja-se calibrar um termômetro entre 20 e 35 °C;
- não se dispõe de um padrão que, individualmente, cubra esta faixa completamente;
- dispõe-se de um termômetro padrão para a faixa 20 a 30 °C e outro para 30 a 40 °C;
- o termômetro a calibrar é parcialmente calibrado para a faixa de 20 a 30 °C contra o primeiro
padrão;
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- o restante da calibração, entre 30 e 35 °C, é completado contra o segundo padrão.
Desta forma, o SMP apresentará ao menos um dígito confiável a mais que o SMC, o que é
suficiente para a determinação dos erros deste último. Excepcionalmente, em casos onde é
muito difícil ou caro de se obter um padrão 10 vezes superior ao SMC, usa-se o limite de 1/5 ou
até mesmo 1/3 para a razão entre as incertezas do SMP e o SMC. Este últimos devem ser
analisados com cuidado para que a incerteza da calibração não venha a ser muito elevada.
Em função da mudança do comportamento do instrumento com a velocidade de variação do
mensurado, distinguem-se a calibração estática e a dinâmica. Apenas nos instrumentos de
ordem zero a calibração estática coincide com a dinâmica. Nos demais casos, é necessário
determinar a resposta do SM para diversas freqüências de variação do mensurado.
Qualquer sistema de medição deve ser calibrado periodicamente. Este período é, algumas
vezes, especificado por normas, ou fabricantes de instrumentos, ou outras fontes como
laboratórios de calibração, porém são influenciados pelas condições e/ou freqüência de uso.
Para a calibração de um SM em uso na indústria, são geralmente usados padrões dos
laboratórios da própria indústria.
Entretanto, estes padrões precisam ser calibrados periodicamente, o que é executado por
laboratórios secundários da RBC. Mas também estes padrões precisam ser calibrados por
outros que, por sua vez, também necessitam de calibração e assim por diante... Estabelece-se
assim uma hierarquia que irá terminar nos padrões primários internacionais, ou mesmo, na
própria definição da grandeza. A calibração periódica dos padrões garante a rastreabilidade
internacional, o que elimina o risco do "metro francês" ser diferente do "metro australiano".
Como exemplo, cita-se a figura 6.2, onde se exemplifica a correlação entre os padrões. Isto
garante a coerência das medições no âmbito mundial.
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Calibração Parcial
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Quando trata-se de um trabalho não rotineiro, de cunho técnico-científico, e muitas vezes de
alta responsabilidade, é fundamental que sejam registrados todos os eventos associados com
o desenrolar da atividade, na forma de um memorial de calibração.
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Blocos Padrão
Para realizar qualquer medida, é necessário estabelecer previamente um padrão de referência.
Ao longo do tempo, diversos padrões foram adotados: o pé, o braço etc. Mais tarde, no século
XVIII, foi introduzido, na França, o sistema métrico.
Em 1898, C. E. Johanson solicitou a patente de blocos-padrão: peças em forma de pequenos
paralelepípedos, padronizados nas dimensões de 30 ou 35 mm x 9 mm, variando de espessura
a partir de 0,5 mm. Atualmente, nas indústrias são encontrados blocos-padrões em milímetro e
em polegada.
Muito utilizados como padrão de referência na indústria moderna, desde o laboratório até a
oficina, são de grande utilidade nos dispositivos de medição, nas traçagens de peças e nas
próprias máquinas operatrizes.
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Existem jogos de blocos-padrão com diferentes quantidades de peças. Não devemos, porém,
adotá-los apenas por sua quantidade de peças, mas pela variação de valores existentes em
seus blocos fracionários.
As dimensões dos blocos-padrão são extremamente exatas, mas o uso constante pode
interferir nessa exatidão Por isso, são usados os blocos-protetores, mais resistentes, com a
finalidade de impedir que os blocos-padrão entrem em contato direto com instrumentos ou
ferramentas.
Bloco-padrão protetor
A fabricação dos protetores obedece às mesmas normas utilizadas na construção dos blocos-
padrão normais. Entretanto, emprega-se material que permite a obtenção de maior dureza.
Geralmente são fornecidos em jogos de dois blocos, e suas espessuras normalmente são de 1,
2 ou 2,5 mm, podendo variar em situações especiais.
Os blocos protetores têm como finalidade proteger os blocos padrão no momento de sua
utilização.
Exemplo da composição de um jogo de blocos-padrão, contendo 114 peças, já incluídos dois
blocos protetores:
2 - blocos-padrão protetores de 2,00 mm de espessura;
1 - bloco-padrão de 1,0005 mm;
9 - blocos-padrão de 1,001; 1,002; 1,003 .......... 1,009 mm;
49 - blocos-padrão de 1,01; 1,02; 1,03 .......... 1,49 mm;
49 - blocos-padrão de 0,50; 1,00; 1,50; 2,00 .......... 24,5 mm;
4 - blocos-padrão de 25; 50; 75 e 100 mm.
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Classificação
Nota
É encontrado também numa classe denominada K, que é classificada entre as classes 00 e 0,
porque apresenta as características de desvio dimensional dos blocos-padrão classe 0, porém
com desvio de paralelismo das faces similar aos blocos-padrão da classe 00. É normalmente
utilizado para a calibraç ão de blocos-padrão nos laboratórios de referência, devido ao custo
reduzido em relação ao bloco de classe 00.
Aço
Atualmente é o mais utilizado nas indústrias. O aço é tratado termicamente para garantir a
estabilidade dimensional, além de assegurar dureza acima de 800 HV.
Metal duro
São blocos geralmente fabricados em carbureto de tungstênio. Hoje, este tipo de bloco-padrão
é mais utilizado como bloco protetor. A dureza deste tipo de bloco padrão situa-se acima de
1.500 HV.
Cerâmica
O material básico utilizado é o zircônio. A utilização deste material ainda é recente, e suas
principais vantagens são a excepcional estabilidade dimensional e a resistência à corrosão. A
dureza obtida nos blocos-padrão de cerâmica situa-se acima de 1400 HV.
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Erros admissíveis
As normas internacionais estabelecem os erros dimensionais e de planeza nas superfícies dos
blocos-padrão. Segue abaixo uma tabela com os erros permissíveis para os blocos-padrão
(norma DIN./ISO/JIS), e orientação de como determinar o erro permissível do bloco-padrão,
conforme sua dimensão e sua classe.
Técnica de empilhamento
Os blocos deverão ser, inicialmente, limpos com algodão embebido em benzina ou em algum
tipo de solvente.
Depois, retira-se toda impureza e umidade, com um pedaço de camurça, papel ou algo similar,
que não solte fiapos.
Os blocos são colocados de forma cruzada, um sobre o outro. Isso deve ser feito de
modo que as superfícies fiquem em contato.
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Em seguida, devem ser girados lentamente, exercendo-se uma pressão moderada até que
suas faces fiquem alinhadas e haja perfeita aderência, de modo a expulsar a lâmina de ar que
as separa. A aderência assim obtida parece ser conseqüência do fenômeno físico conhecido
como atração molecular (com valor de aproximadamente 500N/cm2), e que produz a aderência
de dois corpos metálicos que tenham superfície de contato finamente polidas.
Para a montagem dos demais blocos, procede-se da mesma forma, até atingir a medida
desejada. Em geral, são feitas duas montagens para se estabelecer os limites máximo e
mínimo da dimensão que se deseja calibrar, ou de acordo com a qualidade prevista para o
trabalho (IT).
Exemplo:
Os blocos-padrão podem ser usados para verificar um rasgo em forma de rabo de andorinha
com roletes, no valor de 12,573 + 0,005. Devemos fazer duas montagens de blocos-padrão,
uma na dimensão mínima de 12,573 mm e outra na dimensão máxima de 12,578 mm.
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Faz-se a combinação por blocos de forma regressiva, procurando utilizar o menor número
possível de blocos. A técnica consiste em eliminar as últimas casas decimais, subtraindo da
dimensão a medida dos blocos existentes no jogo.
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Blocos e acessórios
Há acessórios de diversos formatos que, juntamente com os blocos-padrão, permitem que se
façam vários tipos de controle.
Observação: No jogo consta um só padrão de cada medida, não podendo haver repetição de
blocos. Existe um suporte, acoplado a uma base, que serve para calibrar o micrômetro interno
de dois contatos.
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Nele, pode-se montar uma ponta para traçar, com exatidão, linhas paralelas à base.
Geralmente, os acessórios são fornecidos em jogos acondicionados em estojos protetores.
Conservação
· Evitar a oxidação pela umidade, marcas dos dedos ou aquecimento
utilizando luvas sempre que possível.
· Evitar quedas de objetos sobre os blocos e não deixá-los cair.
· Limpar os blocos após sua utilização com benzina pura, enxugando-os com
camurça ou pano. Antes de guardá-los, é necessário passar uma leve
camada de vaselina (os blocos de cerâmica não devem ser lubrificados).
· Evitar contato dos blocos-padrão com desempeno, sem o uso dos blocos
protetores.
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Calibradores passa-não passa
Medição indireta
A medida indireta por comparação consiste em confrontar a peça que se quer medir com
aquela de padrão ou dimensão aproximada. Assim, um eixo pode ser medido indiretamente,
utilizando-se um calibrador para eixos, e o furo de uma peça pode ser comparado com um
calibrador tampão.
Calibradores
Calibradores são instrumentos que estabelecem os limites máximo e mínimo das dimensões
que desejamos comparar. Podem ter formatos especiais, dependendo das aplicações, como,
por exemplo, as medidas de roscas, furos e eixos.
Geralmente fabricados de aço-carbono e com as faces de contato temperadas e retificadas, os
calibradores são empregados nos trabalhos de produção em série de peças intercambiáveis,
isto é, peças que podem ser trocadas entre si, por constituírem conjuntos praticamente
idênticos.
Quando isso acontece, as peças estão dentro dos limites de tolerância, isto é, entre o limite
máximo e o limite mínimo, quer dizer: passa/não-passa.
Tipos de calibrador
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Calibrador de boca
Esse calibrador tem duas bocas para controle: uma passa, com a medida máxima, e a outra
não-passa, com a medida mínima.
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Calibrador de boca escalonada
Para verificações com maior rapidez, foram projetados calibradores de bocas escalonadas ou
de bocas progressivas.
O eixo deve passar no diâmetro máximo (Dmáx.) e não passar no diâmetro mínimo (Dmín.).
Sua utilização compreende dimensões de até 500 mm.
Calibrador chato
Para dimensões internas, na faixa de 80 a 260 mm, tendo em vista a redução de seu peso,
usa-se o calibrador chato ou calibrador de contato parcial.
Para dimensões internas entre 100 e 260 mm, usa-se o calibrador escalonado representado ao
lado.
Para dimensões acima de 260 mm, usa-se o calibrador tipo vareta, que são hastes metálicas
com as pontas em forma de calota esférica.
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Calibrador de bocas ajustável
O calibrador de boca ajustável resolve o problema das indústrias médias e pequenas pela
redução do investimento inicial na compra desses equipamentos.
O calibrador ajustável para eixo tem dois ou quatro parafusos de fixação e pinos de aço
temperado e retificado. É confeccionado de ferro fundido, em forma de ferradura.
A dimensão máxima pode ser ajustada entre os dois pinos anteriores, enquanto a dimensão
mínima é ajustada entre os dois pinos posteriores.
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Calibrador cônico morse
O calibrador cônico morse possibilita ajustes com aperto enérgico entre peças que serão
montadas ou desmontadas com freqüência.
Sua conicidade é padronizada, podendo ser macho ou fêmea.
Calibrador de rosca
Um processo usual e rápido de verificar roscas consiste no uso dos calibradores de rosca. São
peças de aço, temperadas e retificadas, obedecendo a dimensões e condições de execução
para cada tipo de rosca. O calibrador de rosca da figura a seguir é um tipo usual de calibrador
de anel, composto por dois anéis, sendo que um lado passa e o outro não passa, para a
verificação da rosca externa.
O outro calibrador da figura é o modelo comum do tampão de rosca, servindo a verificação de
rosca interna.
A extremidade de rosca mais longa do calibrador tampão verifica o limite mínimo: ela deve
penetrar suavemente, sem ser forçada, na rosca interna da peça que está sendo verificada.
Diz-se lado passa. A extremidade de rosca mais curta, não-passa, verifica o limite máximo.
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