Yuri Bezmenov Transcrição
Yuri Bezmenov Transcrição
Yuri Bezmenov Transcrição
Ex-Agente da KGB
Entrevistador: G. Edward Griffin
Ω
“SUBVERSÃO SOVIÉTICA DA IMPRENSA DO MUNDO LIVRE”
UMA CONVERSA COM YURI BEZMENOV, EX-PROPAGANDISTA DA KGB
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É exatamente isso que o governo do PT está fazendo no Brasil, Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na
Bolívia, Rafael Correa no Equador, Tabaré Vázquez no Uruguai e Cristina Kirchner na Argentina. Demonizar os
EUA.
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No Brasil usam-se a estória do Mapa do Brasil sem a região amazônica, a invasão americana para tomar a
Amazônia, a CIA para derrubar o governo igualitário do PT, além do ensino marxista nas escolas, universidades,
sindicatos e Igreja.
acreditavam que os EUA estavam prestes a invadir nossa linda pátria-mãe. E alguns
secretamente esperam que isto se realize!
Griffin – Isso é interessante!
Yuri – sim!
Griffin – Mas, voltando à vida dentro da União Soviética, ou dentro de países comunistas
em geral, neste país no nível universitário primariamente, nós lemos e ouvimos que o
sistema soviético é diferente do nosso mas não tão diferente, que há uma convergência se
desenvolvendo entre todos os sistemas do Mundo. E não faz muita diferença de verdade o
sistema sob o qual você vive porque há corrupção, desonestidade, tirania e esse tipo de
coisa. Pela sua experiência pessoal, qual é a diferença entre a vida sob o comunismo e a
vida nos EUA?
Yuri – Bom, a vida é obviamente muito diferente, pelo simples motivo de que a União
Soviética é uma capitalismo de Estado – economicamente, e um capitalismo de Estado –
onde um indivíduo não tem absolutamente direito algum, valor algum, sua vida não é
nada, ele é como um inseto, ele é descartável, enquanto nos EUA até o pior criminoso é
tratado como um ser humano, ele tem um julgamento justo, e alguns faturam em cima de
seus crimes. Eles publicam suas memórias nas prisões. E são pagos generosamente por
vossos editores malucos. As diferenças, é claro, na vida quotidiana são muito variadas
dependendo de quem você está falando. Na minha vida particular eu nunca sofri com o
comunismo simplesmente porque cresci numa família de oficial militar de alta patente. A
maioria das portas estavam abertas para mim. A maioria das minhas despesas foram
pagas pelo governo.3 E nunca tive nenhum problema com as autoridades ou com a polícia.
Então, em outras palavras, eu diria que eu gozei ou que tinha bons motivos para gozar das
vantagens do dito sistema socialista.4 Minhas principais motivações para desertar eram...
não tinha nada a ver com a afluência, era mais indignação moral, protesto moral, rebelião
contra os métodos desumanos do sistema soviético.
Griffin – Bem, especificamente, a que você se objetava?
Yuri – Eu me objetava antes de tudo à opressão de meus próprios dissidentes e
intelectuais. E esta foi a coisa mais nojenta que presenciei quando jovem, jovem
estudante, fui criado num período problemático de nossa história de Stalin a Khrushchov.
Da total tirania e opressão a um certo tipo de liberalização. Em segundo, quando comecei
a trabalhar para a embaixada soviética na Índia eu, para meu horror, descobri que nós
somos milhões de vezes mais opressores que qualquer potência colonial ou imperialista na
história da humanidade. Que meu país traz à Índia não liberdade, progresso e amizade
entre as nações, mas racismo, exploração e escravidão. E, é claro, ineficiência econômica
para este país. Desde que me apaixonei pela Índia, desenvolvi algo que pelos padrões da
KGB é algo extremamente perigoso. É chamado “dupla lealdade”, quando um agente
gosta mais de seu país de atribuição do que de seu próprio país. Eu literalmente me
apaixonei por este lindo país, um país de grandes contrastes, mas também um país de
grande humildade, grande tolerância e liberdades filosóficas e intelectuais. Meus ancestrais
viviam em cavernas e comiam carne crua, enquanto a Índia era uma nação altamente
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É exatamente isso que o governo do PT faz para os seus militantes, todos empoleirados no serviço público.
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É como funciona em Cuba para os adeptos ao regime. O povo, como um todo, não goza desses privilégios.
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Griffin – Bom, nós falamos de intelectuais neste país e de intelectuais na União Soviética.
Mas é no nível mais baixo das massas? As pessoas em geral, as pessoas trabalhadoras, os
trabalhadores em geral na União Soviética elas apóiam o regime, qual é a atitude delas?
Yuri – Bom, o cidadão médio soviético, se é que existe esse bicho, é claro, não gosta do
sistema porque ele machuca, ele mata. Ele pode não entender os motivos, ele pode não ter
informação suficiente ou instrução para entender, mas eu duvido muito que haja muitas
pessoas que conscientemente apóiem o sistema soviético. Não existem tais pessoas na
URSS. Mesmo aqueles que têm todas as razões para gozar do sistema – pessoas como eu
que fui membro da elite jornalística – elas também odeiam o sistema por motivos
diferentes não porque lhes falta afluência material, mas porque não são livres para pensar,
estão sob medo constante, duplicidade, dupla personalidade. E esta é a maior tragédia pra
minha nação.
Griffin – Quais você pensa que são as chances do povo chegar a superar o regime ou o
substituírem?
Yuri – Há uma grande possibilidade do sistema, cedo ou tarde, ser destruído desde dentro.
Há um mecanismo auto-destrutivo entranhado em todo o sistema socialista, comunista ou
fascista. Porque não há retorno, porque o sistema não conta com a lealdade da população.
Mas enquanto esta junta soviética estiver sendo apoiada pelos ditos imperialistas
ocidentais, quer dizer, multinacionais, estabelecimentos, governos, e – admitamos –
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Isto se aplica perfeitamente aqui no Brasil aos “intelectuais” e aos “jornalistas” da grande imprensa e aos
idiotas úteis.
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Isto também ocorre no Brasil em elevado grau.
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Yuri – Pois bem, como todo estudante na URSS passei por treinamento físico e militar
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O PCB e outros grupos revolucionários brasileiros enviaram dezenas de militantes para Moscou para serem
transformados em guerrilheiros e formar a “Frente Nacional de Libertação” no Brasil, mesmo antes de 1964
quando o regime era aberto. Que libertação seria essa?
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Yuri – Ah, sim! Eles eram pré-selecionados muito cuidadosamente; não há muita chance
de um jornalista honesto chegar à URSS e ficar lá por um ano e trazer esse pacote de
mentiras pra casa.
Esta, por exemplo, é a página central da revista Look. Eles apresentaram esse monumento
erigido pelo Partido Comunista em Estalingrado como o símbolo, a personificação do
poderio militar russo. E disseram no artigo publicado na margem que os soviéticos têm
muito orgulho de sua vitória na 2ª Guerra Mundial. Esse é outro grande mito, uma
mentira. Nenhum povo sensato teria orgulho de perder 20 milhões de seus compatriotas
numa guerra que foi deflagrada por Hitler e camarada Stalin e paga por multinacionais
americanas. A maioria dos cidadãos soviéticos olha para esse tipo de monumento com nojo
e dor porque toda família perdeu pai, irmão, irmã ou criança (filho) na 2ª Guerra Mundial.
Ainda assim, jornalistas americanos que estavam tentando apaziguar, agradar seus
anfitriões apresentaram esta foto na página central como o símbolo, a personificação do
que eles chamam de “espírito nacional russo”. E foi o maior – o maior – erro, e uma
incompreensão trágica. É claro, a revista Look não foi distribuída na URSS. O público
principal estava nos EUA. Ma eu suponho que muitos americanos – milhões de americanos
que liam a revista Look naquela época tiveram uma idéia absolutamente errada sobre os
sentimentos de minha nação, ou de que os soviéticos têm orgulho ou odeiam.
Este é um grupo – você pode ver a mesma dama com uma espada em Estalingrado – É um
grupo de jornalistas. Eu estou no centro com o mesmo sorriso diabólico. E o Sr., Philip
Harrington está lá na ponta esquerda com sua câmera. Este foi o senhor que foi tão
surdo... ou tão desinteressado no que eu tinha a lhe dizer. Esta é a mesma foto, uma
ampliação da mesma foto. Muitos convidados de muitos países e neste caso particular da
Ásia e África eram levado por mim, como funcionário da Agência Novosti, por um tour
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Yuri – Aqui você pode me ver. À direita, de novo, uma noiva soviética exemplar, à
esquerda três jornalistas de vários países: Ásia, África e América Latina. Obviamente
estão adorando a situação, eles vão voltar pra casa e escrever uma notícia “Nós estávamos
presente em um casamento comum.” Eles NÃO estavam presentes em um casamento
soviético comum. Estavam presentes... eles foram parte de uma farsa, de uma
apresentação de circo. Outra coisa que eu tive que, às vezes, arriscando a minha vida para
explicar a estrangeiros. A revista Time, por exemplo, foi muito crítica do regime racista da
África do Sul. Todo o artigo foi dedicado ao vergonhoso sistema de passaportes internos
onde negro não tem permissão para viver com brancos. Por alguma razão estranha, pelos
últimos 14 anos, desde minha deserção ninguém queria prestar atenção no MEU
passaporte. Este é o meu passaporte. Ele também mostra a minha nacionalidade. E tem
um carimbo da polícia que é chamado prapiska na língua russa que me designa a uma
certa área de residência. Eu não posso deixar esta área da mesma forma que este negro não
pode deixar a área na África do Sul. Ainda assim chamamos o governo da África do Sul de
regime racista. Nenhuma Jane Imbecilonda ou Fonda tem bravura, coragem suficiente
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Yuri – Esta foto mostra parte do edifício da embaixada da URSS e meus supervisores. À
esquerda está o camarada Mehdi, um comunista indiano e à direita o camarada Mitrokhin.
Meus supervisores no departamento secreto de pesquisa e contra-propaganda. Não tem
nada a ver nem com a pesquisa nem com a contra-propaganda. A maioria da atividade do
departamento era compilar uma enorme quantidade... volume de informação sobre
indivíduos que eram instrumentais em criar opinião pública. Editores, redatores,
jornalistas, atores, educadores, professores de ciência política, membros do parlamento,
representantes de círculos empresariais. A maioria destas pessoas estava dividida
basicamente em dois grupos: Aqueles que apoiavam a política externa soviética seriam
promovidos às posições de poder através da manipulação de mídia e opinião pública.
Aqueles que rejeitavam a influência soviética em seus países seriam difamados OU...
executados fisicamente vindo a revolução da mesma maneira que na pequena cidade de
Huê, no Vietnã do Sul. Vários milhares de vietnamitas foram executados em uma noite
quando a cidade foi capturada pelos vietcongues por apenas dois dias e a CIA americana
não conseguia entender como possivelmente os comunistas podiam saber de cada
indivíduo onde ele mora, onde pegá-lo, e seriam presos em uma noite, - basicamente em
umas quatro horas antes do amanhecer – colocados em furgões, levados para fora dos
limites da cidade e fuzilados. A resposta é muito simples: muito antes dos comunistas
ocuparem a cidade havia uma rede extensa de informantes, cidadãos vietnamitas locais,
que sabiam absolutamente tudo sobre pessoas que eram instrumentais em opinião pública
incluindo barbeiros e taxistas. Todo mundo simpático aos EUA foi executado. A mesma
coisa foi feita sob a tutela da embaixada soviética em Hanói e a mesma coisa eu estava
fazendo em Nova Délhi. Para meu horror descobri que nos arquivos de pessoas marcada
para execução estavam os nomes de jornalistas pró-soviéticos com quem eu tinha amizade
pessoal.
Griffin – Pró-soviéticos?
Yuri – Sim! Eles eram esquerdistas de pensamento idealista que fizeram várias visitas à
URSS, e ainda assim, a KGB decidiu que vindo a revolução ou mudanças drásticas na
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Yuri – Uma das razões para NÃO desertar era, como você pode ver, eu estava vivendo em
relativa afluência. Quem diabos em sã consciência iria desertar e fazer o quê?! Ser ofendido
pela sua mídia? Ser chamado de macartista, fascista e paranóico? Ou para dirigir um táxi
em Nova Iorque? Pra quê? Pra quê diabos eu iria desertar? Para ser ofendido por
americanos, ser insultado? Em troca de meu esforço de levar informação verídica sobre o
perigo iminente de subversão? Como você pode ver, eu estava vivendo em condições bem
confortáveis perto de piscinas – onde aliás indianos eram proibidos de entrar – Eu era um
especialista em propaganda muito bem pago, eu tinha minha família, eu era respeitado por
minha nação, minha carreira estava limpinha. A terceira razão: como desertar com a
família? Desertar com o bebê e a esposa seria praticamente suicídio porque de acordo com
a lei – aquela lei hipócrita de que falei antes – A polícia indiana teria que me entregar de
volta para a KGB e este seria o fim de minha deserção e provavelmente da minha vida.
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