Caso Barcelona Traction
Caso Barcelona Traction
Caso Barcelona Traction
SÃO CRISTÓVÃO
2010
ADRIANA DO PIAUÍ BARBOSA
AFONSO SOUZA JUNIOR
ANA CAROLINA SANTANA
CAMILA MARROCOS FONSECA
DÉBORA SONALY BORGES SANTOS
GLÓRIA PRISCILA ANDRADE DA SILVA
JULIANA LIMA FREITAS
KETLYN DE SANTANA NASCIMENTO
LARISSA ELLEN MONTEIRO MACIEL
MÁRCIO VINÍCIUS PASSOS MOREIRA
PRISCILA CAVALCANTI CÔRTES
THISSIANE MATOS BATISTA
SÃO CRISTÓVÃO
2010
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................03
1. CONTEXTO HISTÓRICO: FRANQUISMO........................................04
1.1. INTRODUÇÃO: O ALICERCE DA DITADURA FRANQUISTA.......04
1.2. FRANCO: O CAUDILHO DA ESPANHA.............................................04
1.3. AS LEIS FUNDAMENTAIS: FRANQUISMO INSERIDO NO
CONTEXTO LEGAL.....................................................................................05
1.4. UMA MONARQUIA SEM REI: A DOUTRINA FRANQUISTA.........05
1.5. O CONTROLE POLÍTICO DA ECONOMIA........................................06
1.6. FORÇAS DE OPOSIÇÃO: CRISE E DECADÊNCIA DO GOVERNO
FRANQUISTA................................................................................................07
2. RELATO DO CASO.................................................................................08
3. DECISÕES.................................................................................................10
3.1. 1ª FASE DO JULGAMENTO (Sentença de 24 de julho de 1964)..........11
3.2. 2ª FASE DO JULGAMENTO (Sentença de 05 de fevereiro de 1970)....14
3.3. A DECISÃO DA CORTE........................................................................15
4. VOTOS DISSIDENTES............................................................................16
4.1. JUIZ KOTARO TANAKA.....................................................................16
4.2. JUIZ PHILIP C. JESSUP.........................................................................18
4.3. JUIZ ANDRÉ GROSS............................................................................18
5. CONSEQUÊNCIAS NO PLANO INTERNACIONAL.........................20
CONCLUSÕES.............................................................................................22
REFERÊNCIAS............................................................................................23
- BIBLIOGRAFIA..........................................................................................23
- WEBGRAFIA...............................................................................................23
APÊNDICE A – PERGUNTAS....................................................................25
INTRODUÇÃO
O Conde João de Borbón, por sua vez, ansiava pela restauração da monarquia
borbônica. A solução encontrada por Franco não poderia ser mais perspicaz: afastou
arbitrariamente João de Borbón da linha de sucessão real, proclamando o filho do Conde,
João Carlos, como Príncipe herdeiro, atitude que enfraqueceu a família real internamente.
A Doutrina do Regime Franquista baseava-se no programa da Falange 1, e na união
de forças daqueles que lhes apoiavam. As bases dessa doutrina foram lançadas ainda durante a
Guerra Civil, quando Franco determinou a união dos falangistas e dos requetés.
O Regime Franquista reconheceu apenas um partido: o Movimento Nacional,
tendo proibido todas as demais organizações, submetendo-as à perseguição policial.
Para o Franquismo, a Espanha deveria ser a referência a que todos os indivíduos e
interesses deveriam estar submetidos. Com a pátria centralizada, todas as terras espanholas
deveriam formar uma entidade única e indivisível. Tal posicionamento refletia na base
governamental, que concentradamente administrava todas as localidades.
Ademais, outra forte característica da Doutrina Franquista era o grande apelo ao
Catolicismo, com a total ligação da vida política, cultural e social à Igreja Católica. Dessa
forma, a Igreja acabou sendo legitimadora do regime, unindo os interesses de ambos os lados.
A união Franquista-Católica chegou a tal ponto de a Igreja considerar a Guerra Civil como
“Cruzada contra o ateísmo marxista”, justificando, com isso, a autoridade de Franco.
Francisco Franco assinou em 1953 uma Concordata junto à Igreja, o que trouxe
fortes implicações sociais para esse período. Reconheceu-se o Papa e seu poder junto ao
governo espanhol; concedeu-se à Igreja capacidade legal de adquirir, possuir e administrar
quaisquer tipo de bens; garantiu-se o ensino da religião católica dentro das escolas; dentre
outros.
Daí percebe-se a relevância da instituição católica para a formação doutrinária do
Regime Franquista.
2
A Organização das Nações Unidas reconheceu como legítimo o governo de Franco em 1955.
3
Basco para Pátria Basca e Liberdade.
A decadência final atingiu o poder de Franco quando, após sofrer, por anos, de
Parkinson, lhe acometeu uma tromboflebite em 1974, afastando-o temporariamente da chefia
do Estado. Meses depois sofreu um infarto, que complicou derradeiramente sua saúde, vindo
a falecer no ano seguinte.
2. RELATO DO CASO
A Barcelona Traction, Light and Power Company foi uma empresa de serviços de
eletricidade criada pelo engenheiro elétrico Frederick Stark Pearson, em 12 de setembro de
1911. Esta sociedade empresarial foi constituída e teve sua sede estatutária e social fixada em
Toronto, no Canadá.
O principal objeto desta Companhia canadense era a produção e distribuição de
energia elétrica na região da Catalunha, na Espanha. Para alcançar esta finalidade, foram
criadas várias empresas subsidiárias, sediadas tanto no Canadá quanto na Espanha. Contudo, é
oportuno salientar, que, de acordo com o relatado pelo governo da Bélgica, após a Primeira
Guerra Mundial, a maior parcela do capital da Barcelona Traction já havia sido transferido
para acionistas cuja nacionalidade era belga.
Cumpre registrar que, no ano de 1936, grande parte da demanda da Catalunha
pelo fornecimento de energia elétrica foi suprida pelas empresas subsidiárias da Barcelona
Traction. Ocorre que, em decorrência de uma série de medidas restritivas às atividades das
empresas estrangeiras, empreendidas pelo governo espanhol4, a Companhia enfrentou
diversas dificuldades financeiras que a conduziram à falência, decretada em 12 de fevereiro
de 1948.
Com efeito, aquela empresa canadense costumava emitir títulos, os quais, durante
o período em que ocorreu a Guerra Civil Espanhola, tiveram a sua transação suspensa, e,
quando aquela acabou, o governo da Espanha não autorizou que fosse transferida a moeda
corrente estrangeira necessária para reativar tais títulos. Por esta razão, a Justiça Espanhola
declarou que a Barcelona Traction estava falida, em razão de não mais dispor de condições
para pagar por seus títulos.
Após a falência e a apreensão dos recursos financeiros oriundos tanto daquela
Companhia quanto de algumas de suas empresas subsidiárias, diversas ações,
infrutiferamente, foram propostas junto à Corte da Espanha, com o intuito de fazer com que o
4
Em 1936, as atividades da Barcelona Traction já haviam sido prejudicadas com a Guerra Civil Espanhola.
Com o fim deste conflito, Francisco Franco ascendeu ao poder de forma ditatorial, e desenvolveu uma
política nacionalista desfavorável às empresas estrangeiras instaladas na Espanha, fazendo com que aquela
Companhia fosse à falência.
governo espanhol indenizasse os acionistas, em razão de ter aquele prejudicado o
desenvolvimento e a continuidade da Barcelona Traction, em decorrência da implementação
de medidas extremamente danosas para as empresas estrangeiras.
Por fim, diante do insucesso nas demandas propostas na justiça espanhola, a
Bélgica decidiu ingressar na Corte Internacional de Justiça, em defesa de seus nacionais que
eram acionistas da Barcelona Traction, para que fosse reconhecida a responsabilidade da
Espanha concernente aos prejuízos sofridos pelos acionistas belgas, devido à falência da
Companhia.
Entretanto, como adiante se observará de forma mais exaustiva, a Corte
Internacional decidiu, majoritariamente, de forma desfavorável à Bélgica, por considerar
aquele país parte ilegítima para a causa, em razão de a sociedade em questão ser canadense,
em nada influindo no campo da legitimidade o fato de os acionistas serem belgas.
Portanto, de acordo com o entendimento firmado por aquele Tribunal
Internacional, somente o governo do Canadá, em razão de ser o país onde a empresa se
constituiu e instalou sua sede social, teria legitimidade para dar início a uma demanda
relacionada à Companhia Barcelona Traction.
3. DECISÕES
5
“De acordo com o governo espanhol, 2.736 decisões foram tomadas no caso, 490 julgamentos proferidos por
tribunais inferiores e mais de 37 por tribunais superiores antes do caso chegar à Corte Internacional de
Justiça.” In http://www.cedin.com.br/site/pdf/jurisprudencia/pdf_cij/casos_conteciosos_1962.pdf. Acesso em
21 Nov. 2010.
sido as duas primeiras rejeitadas por 12 votos a 4 e 10 votos a 6; e as duas últimas providas e
levadas a mérito por 9 votos a 7 e 10 votos a 6, respectivamente.
O momento acima esboçado, qual seja, do conhecimento das preliminares ficou
conhecido como a Primeira Fase do Caso Barcelona Traction. A segunda fase engloba o
julgamento do mérito e prolação da sentença, no ano de 1970.
Alegava o Estado Belga que cerca de 88% (oitenta e oito por cento) do capital
social da Companhia Barcelona Traction pertencia a acionistas belgas, sendo este motivo
mais que suficiente para que o país possuísse jus standi6 e requeresse do estado espanhol uma
justa indenização pelo prejuízo sofrido pelos acionistas belgas em virtude das restrições
comerciais impostas pelo governo da Espanha. O governo belga pontuou ainda que o
comportamento do Estado espanhol foi contrário ao direito das gentes.
Em contestação às alegações e requerimentos da Bélgica, a Espanha suscitou
quatro exceções preliminares.
A primeira exceção preliminar refere-se à competência da Corte Internacional
de Justiça para receber e julgar a demanda ajuizada pelo governo belga. Segundo a Espanha, o
fato de o Estado demandante ter desistido da ação impossibilitava a reapreciação do caso. O
governo espanhol respaldava tal afirmação com supedâneo em cinco argumentos.
O primeiro era o de que a desistência é ato meramente processual, que para
compreendê-la, devem-se pesquisar as circunstâncias que a ensejaram. Tal argumento foi
aceito pela Corte.
O segundo argumento sustentava que a desistência da demandante deveria ser
entendida como renúncia à propositura de qualquer ação em face da demandada, e que o novo
depósito da questão perante a Corte Internacional afrontaria ato anterior da demandante.
Todavia, tal alegação não prosperou, uma vez que a Corte pontuou que a notificação anterior
da demandante requerendo a desistência não trazia expressa qualquer motivação e que estava
adstrita àquela reclamação inicial. Asseverou a Corte ainda que cabia à demandada provar que
a desistência de 1961 propunha algo além da vontade de não dar prosseguimento àquela
demanda específica.
O terceiro argumento para justificar a primeira exceção preliminar dizia
respeito à existência de um acordo anterior entre as partes, no qual ficara resolvido que seriam
6
Jus standi in judicio – Capacidade de estar em juízo.
feitas negociações entre espanhóis e belgas, em troca da retirada definitiva da reivindicação.
Respaldada no que ficara acordado, a demandada aduziu que a demandante desrespeitou o
pactuado e ingressou com nova ação, ao que a demandante pontuou que não pretendia desistir
definitivamente da ação. Diante do exposto, a Corte Internacional de Justiça afirmou que,
provavelmente, houve a desistência por parte da demandante com o fito de facilitar as
negociações e que não havia prova contundente de acordo definitivo que impossibilitasse a
propositura de nova ação, razão pela qual, rejeitou o argumento.
O quarto argumento referia-se a um pedido de estoppel7, pois, pontuou a
Espanha que a Bélgica a induziu a erro, com sua conduta de desistir da ação anteriormente,
abrir-se para negociações e, posteriormente, ajuizar nova ação com o mesmo pedido e causa
de pedir, independente da existência de qualquer entendimento. Afirmou ainda que se tivesse
conhecimento da nova propositura de ação em seu desfavor, não teria anuído com o pedido de
desistência. Com relação a tal argumentação, a Corte Internacional de Justiça a entendeu
como descabida, tendo em vista que não houve prejuízo para a demandada, uma vez que se
esta não concordasse com a desistência, o processo seguiria o seu regular trâmite, assim como
se houvesse a primeira desistência e fosse novamente proposta a ação, como ocorreu. Logo,
não houve qualquer prejuízo para a requerida.
Por fim, a primeira exceção preliminar trouxe o argumento de que os
procedimentos utilizados eram contrários ao Tratado Hispano-Belga de Conciliação e
Arbitragem, de 19 de julho de 1927, o qual conferia competência à Corte Internacional de
Justiça, pois, segundo o Estado espanhol, a Corte em comento já havia cumprido os estágios
preliminares no primeiro processo ajuizado, não podendo fazê-lo neste segundo. A Corte não
acolheu tal posicionamento e manifestou-se pela possibilidade de conhecer e julgar dada
causa se for apresentado caso para o qual inexista julgamento anterior.
Destarte, do breve esboço acima, é de se concluir que a primeira exceção
preliminar foi rechaçada pela Corte Internacional de Justiça em uma votação acachapante de
12 (doze) votos desfavoráveis contra 4 (quatro) favoráveis às alegações da demandada.
7
“Em Direito Internacional o princípio do estoppel é um conceito em evolução. Apesar da grande variedade de
definições na doutrina e na prática, as seguintes características são geralmente aceitas como seus elementos
essenciais: 1) Uma situação criada pela atitude de uma parte, 2) Uma conduta seguida pela outra parte baseada
diretamente naquela atitude, e 3) Uma impossibilidade de quem adotou a primeira atitude de alegar contra a
mesma ou de manifestar-se em sentido contrário mesmo que não ocorra um detrimento ou prejuízo para a outra
parte. O efeito típico desta doutrina é que as partes estão proibidas, independentemente de sua verdade ou
precisão, adotar posturas diferentes, subsequentes, sobre a mesma matéria. Ver, JÖRG PAUL MÜLLER AND
THOMAS COTTIER, ESTOPPEL, IN R. BERNHARDT (ED.), ENCYCLOPEDIA OF PUBLIC INTERNATIONAL LAW,
VOLUME II (1992), page 116. IN HTTP://WWW.CIDH.ORG/ANNUALREP/2003PORT/ARG.12159.HTM. Acesso em 21
Nov. 2010.
A segunda exceção preliminar levantada pelo Governo Espanhol ateve-se ao
fato de a postulante ter se utilizado do efeito do artigo 17(4) do Tratado de 1927, entre a
Bélgica e a Espanha, combinado com o art. 37, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça,
para determinar a competência da Corte Internacional de Justiça para processar e julgar a
ação. Pontuou a demandada que o artigo 17(4), do Tratado de 1927, havia sido revogado, com
a dissolução da Corte Permanente de Justiça, em abril de 1946. Como não havia previsão
expressa de julgamento pela Corte Internacional de Justiça e sim pela Corte Permanente de
Justiça Internacional, a qual havia sido extinta, aduziu a postulada a impossibilidade de
substituição de uma corte pela outra.
A Espanha alegou ainda que a dissolução da antiga Corte Permanente de
Justiça Internacional e a sua adesão ao Estatuto da Corte Internacional de Justiça somente em
1955, impossibilitavam a aplicação do Tratado de 1927.
A argumentação espanhola fez alusão ao Caso referente ao Incidente Aéreo, de
1955, ocorrido entre Israel e Bulgária, no qual existia declaração unilateral de aceitação da
jurisdição obrigatória da Corte Permanente, todavia não era aplicável ao caso em estudo, haja
vista que existia entre os países envolvidos um tratado.
Asseverou a Corte que, em 1945, ante a previsível dissolução da Corte
Permanente de Justiça Internacional, os redatores do art. 37, do Estatuto, somente impuseram
três condições à aplicabilidade deste, quais sejam: a existência de tratado em vigor, a
existência de cláusula de envio à Corte Permanente e a disputa entre os países signatários do
Estatuto. Aduziu que os Estados signatários do Tratado de 1927, deveriam passar a ler Corte
Internacional de Justiça onde antes se lia Corte Permanente de Justiça Internacional. Por esta
razão, a Corte rejeitou a segunda exceção.
As terceira e quartas exceções preliminares diziam respeito ao jus standi da
demandante, uma vez que se tratava de empresa canadense e não belga, afinal não se tratava
de nacional ou empresa belga e sim canadense, sendo que o Canadá, até então, não havia se
manifestado pelo pedido de indenização ao governo espanhol, alegou a demandada que não
caberia à Bélgica, país estranho à relação, pleitear indenização para os seus nacionais, ainda
que eles fossem os sócios detentores da maioria das ações da companhia canadense.
A necessidade de saber se existia ou não jus standi por parte do Estado Belga
levou à Corte a conhecer a terceira exceção e discutir a questão meritória pertinente.
Por fim, a quarta exceção preliminar suscitada pela demandada referiu-se ao
não esgotamento de todos os recursos internos antes de ser levada a questão à apreciação e
julgamento da Corte Internacional de Justiça, acompanhava tala exceção a acusação de
restrição ao acesso à Justiça. Assim como a terceira exceção preliminar, a quarta foi levada à
discussão de mérito, no que ficou conhecido como a Segunda Fase de Caso Barcelona
Traction.
O Juiz Tanaka defende que embora seja signatário da conclusão a que se chegou a
Corte Suprema (em rejeitar o pedido da Bélgica de indenização pela violação de uma
obrigação internacional pelo Estado Espanhol), discorda das preliminares9 acatadas. Sustenta
que a análise do mérito ensejaria na mesma resolução do conflito.
O Juiz Tanaca sustenta que, diante da complexidade do presente caso, as questões
trazidas preliminarmente limitam, de certa forma, a opinião e análise do caso pelos Juízes.
Aduz, ainda, que faz-se necessária uma visão liberal que traga considerações de humanidade,
em contraste com a visão técnica e mecânica trazida nas preliminares analisadas.
Acrescenta, o ilustre Julgador, que se sente levado a seguir o seu “próprio
processo lógico” guiado pela sua própria consciência porque é assim que acredita estar sendo
justo.
As duas primeiras preliminares foram rejeitadas pela Corte Internacional,
enquanto que as outras duas foram aceitas. Entretanto, o nobre julgador sustenta que a terceira
preliminar não deveria ser acatada, tendo em vista o espírito universal do direito internacional
que garante o direito diplomático de cada Estado proteger os seus nacionais no estrangeiro.
9
Tradução livre de objections.
Ademais, é dever do Estado exigir que os demais Estados ofereçam tratamento decente para
os estrangeiros localizados em seu território.
Na defesa do mencionado “espírito da proteção diplomática” é que o Juiz Tanaka
faz menção à declaração feita pelo próprio Tribunal de Justiça Internacional, in verbis:
- BIBLIOGRAFIA
- WEBGRAFIA
THE HAGUE JUSTICE PORTAL. Barcelona Traction, Light and Power Company,
Limited (New Application: 1962) (Belgium v. Spain) Disponível onlineI em
<http://www.haguejusticeportal.net/eCache/DEF/6/259.html> Acesso em 19 nov 2010.
APÊNDICE A – PERGUNTAS
3) Qual o país que ingressou na Corte Internacional de Justiça contra a Espanha, em defesa de
seus nacionais, que eram os principais acionistas da Barcelona Traction?
Resposta: Bélgica.
4) Em que país foi constituída a empresa Barcelona Traction, Light and Power Company,
destinada a produzir e fornecer energia elétrica na região da Catalunha, na Espanha?
Resposta: Canadá.
7) Qual foi a decisão final da Corte Internacional de Justiça a respeito do caso Barcelona
Traction?
Resposta: A decisão se deu no sentido de que o Estado belga não possuía o jus standi, ou a
capacidade de estar em juízo, não chegando a analisar o mérito da questão.
8) Um importante precedente foi semeado no Direito Internacional a partir do Caso
Barcelona Traction, já que ele determinou que a nacionalidade nominal de uma companhia
primava sobre sua nacionalidade efetiva. Explique o porquê de essa afirmação ser verdadeira.
Resposta: No caso em estudo, a companhia era formalmente canadense, mas de fato se
tratava de uma companhia de capital belga, devendo prevalecer esta última nacionalidade, a
efetiva.
9) Quais são, atualmente, os critérios mais utilizados para definição da nacionalidade das
pessoas jurídicas?
Resposta: A nacionalidade determinada pela lei do Estado da constituição da pessoa jurídica
(art. 11, da Lei de Introdução ao Código Civil) e aquela conferida pela lei do Estado em que
processam as principais atividades da empresa.
10) Em que a decisão do Tribunal Internacional no Caso Barcelona Traction foi inovadora?
Resposta: Foi o primeiro caso em que um Tribunal Internacional se pronunciou sobre a
proteção diplomática que um Estado pode conferir a pessoas jurídicas de sua nacionalidade,
abrangendo a proteção para além das pessoas físicas.
11) O juiz Gross, em um dos votos dissidentes, defendeu uma Teoria que, hodiernamente, é
aplicada pelo Código de Defesa do Consumidor em relação às empresas fornecedoras. Que
Teoria é essa e o que ela afirma?
Resposta: Teoria Financeira do Risco. Afirma que os sócios não devem responder por todos
os riscos pelos quais assume a empresa, uma vez que é a pessoa jurídica que lucra e que,
portanto, deve responder pelo risco que as ações dos seus administradores causarem.