Estrategia Micro Cervejaria
Estrategia Micro Cervejaria
Estrategia Micro Cervejaria
_____________________________
Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph.D
Coordenador
Banca Examinadora:
__________________________
Prof. Nelson Casarotto Filho, Dr.
Orientador
________________________
Prof. Jorge Luiz Ninow, Dr.
_____________________________
Prof. Bruno Hartmut Kopittke, Dr.
iii
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iv
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS...............................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS..................................................................................IX
RESUMO.........................................................................................................X
ABSTRACT..................................................................................................................xi
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
1.1 TEMA E PROBLEMÁTICA A ABORDAR.......................................................................1
1.2 OBJETIVO DO TRABALHO.............................................................................................2
1.3 IMPORTÂNCIA DO TRABALHO.....................................................................................2
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................................3
1.5 LIMITAÇÕES......................................................................................................................4
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................................101
ANEXOS................................................................................................................................103
ANEXO 1...................................................................................................................104
ANEXO 2...................................................................................................................105
ANEXO 3...................................................................................................................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................109
viii
LISTA DE TABELAS
RESUMO
O segmento de Craft Brewing que iniciou no Brasil no final da década de 80, tem
como objetivo oferecer um produto e serviço diferenciado, à um público diferenciado.
Analisando-se este segmento percebe-se que alguns empresários que investiram neste
tipo de negócio, obtiveram ótimos retornos financeiros, apesar do alto investimento
inicial aplicado. São empresas consolidadas com faturamento que chega alguns
milhões de dólares por ano, muito significativo tratando-se de pequena e média
empresa. No entanto, há empresários que não obtiveram os retornos esperados e
“amargaram” prejuízos por não terem feito um simples planejamento, ou algum tipo
de estudo da viabilidade do seu empreendimento.
Neste sentido, este trabalho tem como objetivo propor uma modelo integrado para a
Análise Estratégica e Anteprojeto, destinado a implantação de pequenas cervejarias,
fornecendo ao empresários que desejarem investir neste segmento, uma ferramenta
para não tomarem decisões cegamente. Um segundo objetivo não menos importante,
foi o desenvolvimento de um software para a análise da viabilidade econômico-
financeira de projetos industriais, destinado a micro, pequenos e médios empresários.
Este software foi elaborado pelo grupo Finanças do Laboratório de Sistema de Apoio à
Decisão, sob orientação do autor deste trabalho e recebeu o nome de Finansoft 1.1.0.
Neste trabalho, buscou-se fazer uma revisão bibliográfica que abordasse conceitos
sobre o segmento em questão, pequenas empresas e estratégias empresariais bem como
o processo de produção de cerveja, que visa apresentar aos empresários que desejam
ingressar neste ramo, conhecimentos sobre produto, processo, tecnologia e mercado.
Finalmente realiza-se um diagnóstico buscando a validação do modelo.
xi
ABSTRACT
The Craft Brewing segment, which started up in Brazil in the late 80s, has the goal of
offering a distinct service and product to a distinct public. The analysis of this segment
showed that some entrepreneurs who have invested in this business have obtained
great financial rewards despite the necessary high initial capital investment.
Nowadays, these companies are highly successful, with annual turnovers reaching
millions of dollars, which is very significant since it is a segment dominated by small
and median size companies. However, others haven’t been so successful, bearing
losses for not having done any planning or studying concerning the feasibility of their
enterprise.
Taking into account what has been said, this research has the objective of proposing an
integrated model for the Strategic Analysis and Feasibility Study for setting up small
brewing companies. It will provide the entrepreneurs with a tool for not making blind
decisions. A second objective, although not less important, has been the development
of a software for economic and financial feasibility analysis of industrial projects,
directed to micro, small and median size businesses. This software, called Finansoft
1.1.0, has been elaborated by the Finanças group of the Laboratório de Sistema de
Apoio à Decisão, under the supervision of the author of this research.
In this work, a bibliography review comprising concepts about this industry segment,
small companies and business strategies, as well as beer brewing process, has been
done. The intention is to present the entrepreneur who wants to enter this field
knowledge about product, process, technology and market.
Finally, a diagnostic is made for the validation of the model.
1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
de 80. Neste país este segmento está bem organizado, com Associações, Feiras,
Sindicatos, enfim pessoas que desenvolvem estratégias para poder atender de modo
diferenciado seus clientes.
No Brasil este segmento ainda é pequeno quando comparado com o americano,
porém segundo especialistas da área como André Nothaft a médio e longo prazo a
tendência é haver uma segmentação ainda maior do mercado de cervejas, surgindo
mais oportunidades para pequenas cervejarias que se fortalecerão como uma
alternativa para o consumidor, oferecendo cerveja e serviços diferenciados. Exemplos
de sucesso existem, como a Dado Bier em Porto Alegre, Cervejaria Continental,
Cervejaria Bork em Santa Catarina entre outras espalhadas pelo país.
No entanto para ser bem sucessido neste negócio, não basta apenas ter uma boa
idéia, e sair comprando equipamentos para produção de cerveja. Há necessidade de se
fazer estudos, de mercado, de perfil do consumidor, local, cultura dos consumidores,
produto a ser oferecido e processo disponível no mercado. Cabe salientar que estes
estudos não precisam ser sofisticados, complexos e com custos altíssimos como
acontece nas grandes empresas. Na verdade o importante é fazer um planejamento
simples, que oriente o empreendedor na execução de seu empreendimento.
Neste sentido, este trabalho visa colaborar com empreendedores que ingressam
nesta atividade lucrativa, oferecendo informações relevantes de mercado, processo e
produto, bem como maneiras de avaliar a viabilidade mercadológica, técnica e
financeira do seu negócio.
1.5 – LIMITAÇÕES
Este capítulo tem como principal objetivo apresentar a importância das micros e
pequenas empresas na economia de um país, já que o tema central deste trabalho é o
segmento de pequenas cervejarias que, como será observado em capítulos posteriores,
está em contínuo crescimento no Brasil. Aqui também discute-se, sobre estratégias
empresarias e define-se o segmento de “Produção Alternativa de Cerveja” ou Craft
Brewing.
Aqui, cabe salientar que os EUA são o país onde este segmento está mais
organizado, tendo legislação própria, associações de cervejeiros e números confiáveis
para efeito de comparação, sendo que atualmente existem mais de mil pequenas
cervejarias ao longo deste país, conforme publicação da revista The New Brewer
(1998). Por isso, ao longo deste trabalho, muitos dados serão comparados com o
mercado americano.
h l m i lh õ e s
237
140
119
72 63 55 46 25
EUA
Japão
China
Alemanha
Brasil
México
Bretanha
Espanha
Grã-
Figura 1 – Produção de cerveja em 1994 de alguns países
Fonte: ALAFACE
Empresas 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Dez 96 e Jan 97
Brahma 37,8 38,1 38 37,4 35,2 33,3 31,4 29,8 26,8
Antarctica 40,8 37,8 35,1 34,0 31,5 30,2 31,9 25,7 25,6
Skol 12,5 12,7 13,3 14,1 15,0 16,8 15,2 19,0 20,1
Kaiser 7,9 9,8 11,6 11,5 13,6 13,9 14,6 16,0 17,3
Schincariol 02, 0,8 1,2 2,1 3,8 4,7 5,4 5,2 5,7
Outras 0,8 0,8 0,8 0,9 0,9 1,1 1,5 4,3 4,5
Fonte: ACNielsen, BNDES e Panorama Setorial
Percebe-se que nos últimos anos, devido a grande concorrência entre as duas
maiores cervejarias, está havendo um aumento na participação das menores como por
exemplo a Shincariol e a Kaiser.
A tendência de internacionalização dessas companhias segundo o Sindicerv,
deverá continuar nos próximos anos como o que aconteceu com a Brahma associando-
se a Miller e a Antarctica com a Anheuser-Busch.
Mais recentemente surgiu a empresa AmBev – Companhia de Bebidas das
Amérias, uma união da companhia Brahma com a Antarctica com o objetivo de ser
grande o suficiente para competir internacionalmente.
Os números que alicerçam a criação da AmBev são significativos. Baseado em
números pro-forma para o ano de 1998, os ativos totais da empresa superaram R$ 8,1
bilhões e o seu patrimônio líquido teria excedido o montante de R$ 2,8 bilhões. A
receita líquida da empresa em 1998 teria sido R$ 4,5 bilhões com um EBITDA (lucro
antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) combinado de R$ 873 milhões.
Em 1998, a empresa combinada teria vendido 64 milhões de HL de cerveja e 25
9
Argentina 34
1997 = 48 l
Brasil 38
Canadá 68
Venezuela 82
EUA 85
Holanda 86
Alemanha 140
Rep. Tcheca 162
Uma questão muito freqüente que passa pela cabeça das pessoas é o fato de que
as grandes cervejarias podem de uma maneira impedir o progresso, a rentabilidade e o
desenvolvimento do segmento de craft brewing.
Não é o que parece, pelo menos na opinião de alguns especialistas da área como
Marcos Mesquita do Sindicerv e Andre Nothaft da BrewTech. Eles acreditam que este
segmento atrairá mais consumidores de cerveja, despertando o interesse de pessoas,
12
através das cervejas especiais, fazendo com que toda a indústria venda mais, (Nothaft,
1998 a).
Além disso, o volume de produção deste segmento é muito menor em relação as
grandes e o custo associado a produção de pequenos volumes, inviabilizaria uma
grande companhia.
Apesar deste segmento ser ressente no Brasil, há um enorme potencial de
crescimento e desenvolvimento de produtos com alta qualidade, com o intuito de gerar
e satisfazer as expectativas dos consumidores. A idéia é deixar os clientes enamorados,
satisfazendo suas necessidades, (Costa , 1987).
Na opinião de Andre Nothaft este segmento terá sucesso por muitas razões:
• A mística da cerveja e da produção de cerveja tem um grande apelo para
atrair consumidores;
• O charme e o ritual de beber cerveja no próprio local de fabricação;
• O alto retorno financeiro em um pequeno espaço de tempo, tornando este
negócio muito viável economicamente;
Critérios de Tamanho
Padrões SBA
Classificação No de Empregados
Microempresa Até 19
Pequena Empresa De 20 a 99
Média Empresa De 100 a 499
Grande Empresa 500 ou mais
Quadro 4 – Classificação do Tamanho das Empresas
Fonte: SEBRAE/SC (1996)
Neste trabalho parte-se do pressuposto que antes de ser ter um bom projeto,
deve-se ter uma boa estratégia. Portanto é conveniente fazer uma reflexão sobre
Planejamento Estratégico e Estratégias Empresariais.
O debate sobre Planejamento Estratégico teve inicio na administração ainda
quando a noção de sistema fechado – a organização vista apenas como uma máquina –
imperava, (Ichikawa, 1998). Ao longo do tempo esta noção foi mostrando suas
fragilidades , surgindo em seu lugar a idéia de ambiente externo. A idéia de estratégia,
importada da área militar, se incorporou então ao conceito de planejamento, e o
sentido de Planejamento Estratégico denota hoje, o esforço planejado de fazer com que
a organização, a partir de sua análise interna e externa, supere mudanças do meio
ambiente e atinja seus objetivos.
Para Cunha (1990), Planejamento Estratégico “ é um processo que consiste na
análise sistemática da situação atual e das ameaças e oportunidades futuras, e a
conseqüente formulação de estratégias, objetivos e ações”.
Autores como Mitzberg (1993) e Hamel (1998), preferem usar o termo
“Programação Estratégica” no lugar de Planejamento Estratégico, que como
instrumento de análise, pode ser bastante útil para formulação de estratégias.
Embora não haja unanimidade em relação a este assunto, o objetivo básico do
Planejamento Estratégico é diminuir os riscos de se tomar uma má decisão, a partir da
previsão do meio ambiente, e da integração das decisões em um plano que as norteie.
Outra questão que apesar de não haver consenso é muito importante, refere-se
as etapas que delimitam o Planejamento Estratégico, observadas a seguir:
19
Início
Execução
Avaliação
Cruz Junior (1998) é a propensão à cópia pura e simples dos modelos gerenciais
utilizados pelas grandes empresas, bem como à sua indiscriminada aplicação a outras
realidades empresariais, ou seja: o Planejamento Estratégico sofisticado das grandes
empresas, não serve para as pequenas, mas esta terá de inventar formas mais leves,
menos complexas para situar-se em termos estratégicos no mercado.
Na prática, mesmo que não explicitamente formalizada em documentos, deverá
existir sempre uma estratégia para o sucesso de uma pequena empresa, pelo menos na
mente de seu proprietário ou administrador.
Em outras palavras, a idéia é definir uma posição exclusiva que envolva uma
forma particular de trabalhar, de desenvolver atividades, de fornecer um tipo particular
de valor.
Dito isso, pode-se definir Estratégia Competitiva que nas palavras de Porter
(1986) é “a busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria, a arena
fundamental onde ocorre a concorrência. Ela visa estabelecer uma posição lucrativa e
sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria”.
Esse autor ao elaborar seu modelo, chegou a conclusão que o desempenho de
uma empresa está relacionado a dois fatores: a estrutura do setor industrial e a posição
que ela ocupa nesse segmento. Um terço do desempenho de uma companhia é
influenciado pelo primeiro fator e os dois terços restantes pelo segundo (Porter, 1997).
Dentre os numerosos elementos que determinam o nível de concorrência em um
setor, Porter (1986) identificou cinco forças: 1 – a entrada de novos concorrentes; 2 – a
ameaça de substitutos; 3 – o poder de negociação dos clientes; 4 – o poder de
negociação dos fornecedores e 5 – rivalidade entre os concorrentes existentes. A figura
4 retrata esses fatores:
Entrantes
Potenciais
Produtos
Substitutos
O poder dos clientes influencia os preços que as empresas podem cobrar, assim
como a ameaça de substituição. Ele também pode influenciar o custo e o investimento,
uma vez que os compradores poderosos exigem serviços dispendiosos. O poder de
negociação dos fornecedores determina o custo das matérias-primas e outros insumos.
A intensidade da competição influencia os preços, bem como os custos de se competir
em áreas tais como fabricação, desenvolvimento de produto, propaganda e força de
vendas. A ameaça de entrantes impõe um limite nos preços e modela o investimento
exigido para deter aqueles, que irão ingressar.
De acordo com Porter (1997) para se desenvolver uma estratégia competitiva é
fundamental conhecer diversos fatores: a rentabilidade média do setor industrial e de
cada um dos concorrentes que nele operam; sua estrutura a longo prazo, ou seja, a
razão pela qual sua rentabilidade média é elevada, ou porque isso não acontece; as
barreiras existentes para entrar no negócio e até que ponto os preços são sensíveis as
pressões dos consumidores.
Vale a pena lembrar que essas cinco forças determinam conjuntamente a
habilidade de uma empresa, seja grande ou pequena, de obter retorno sobre seu
investimento. Obviamente os setores não são todos parecidos; portanto, uma única
estratégia competitiva não servirá para todas as situações.
Casarotto (1995) preferiu dividir a análise da competitividade em dois fatores:
1 – Fatores Diretos
Entrantes Potenciais
Produtos Substitutos
Concorrentes
Barganha dos Clientes
Barganha dos Fornecedores
2 – Fatores Indiretos
Governo
Tecnologia/ecologia
25
Mercado/economia
Cultura/demografia
V ín c u lo s R eg io n ais
E n tra n tes F a to r es
F a to r e s
P o ten c ia is E c o n ô m ic o s e d e
G o v e r n a m en ta is
M e r ca d o
R ela ç ã o co m R e la çã o co m
C o m p etid o r es
F o rn eced o r es C lien tes
F a to r es
F a to re s C u ltu ra is
P r o d u to s T e c n o ló g ic o s e
e D e m o g rá fic o s
S u b stitu to s E c o ló g ic o s
In f ra-es tru tu ra
F a to r esD ire to s
F a to re s In d ir eto s
2 – Diferenciação
Através desta estratégia busca-se diferenciar o produto oferecido pela empresa,
criando algo que seja considerado único no mercado. Esta diferenciação pode parecer
de várias formas, tais como projeto ou imagem de marca, tecnologia, peculiaridade do
produto, etc. A ênfase esta no produto e exige investimentos em pesquisa, assistência e
alta flexibilidade.
3 – Enfoque
Esta estratégia visa enfocar um determinado grupo comprador de modo
antendê-lo através de um produto, linha de produtos, ou um determinado mercado
geográfico.
É um estratégia baseada no fato de que a empresa atende uma pequena faixa de
mercado, porém mais eficientemente que as empresas concorrentes, satisfazendo
melhor as necessidades do público alvo.
28
Segundo Porter (1997), para uma pequena empresa, o único modo de sobreviver
é ter noção clara do nicho de mercado em que trabalha e a maneira de se diferenciar
dos concorrentes. Ela não precisa desenvolver uma estratégia através de um processo
grande e oneroso de planejamento. Simplesmente, deve examinar-se minuciosamente
para descobrir como criar valores para seus clientes, através de atividades como
produção, comercialização, serviços de atendimento ao clientes etc. O modelo
proposto deste trabalho estará inserido dentro destes princípios.
Cancellier (1998) em seu trabalho sobre “Formulação de Estratégias em
Pequenas Empresas”, cita Bhide (1994), que escreveu sobre como os empreendedores
norte-americanos constróem estratégias que funcionam, mostrando que eles não
tomam decisões cegamente, embora gastem pouco tempo em pesquisas e análises
sofisticadas. Ele afirma que os empreendedores usam uma abordagem rápida e barata,
representando um meio termo entre a total ausência de planejamento e o
desenvolvimento de planos amplos e minuciosos. Comparada coma prática das
grandes corporações ela é mais econômica e oportuna para as pequenas empresas que
a utilizam. Esta abordagem pode ser representada por três características básicas:
Bhide (1994) expõe que as idéias dos empreendedores surgem principalmente por
replicar ou modificar uma idéia desenvolvida em um emprego anterior, ou em
decorrência de um problema em que se deparam pessoalmente como consumidores.
Partindo-se do pressuposto, que o sucesso de um empreendimento deriva de
uma combinação entre criatividade e capacidade de execução, variando conforme as
condições de cada negócio e características do empreendedor, é coerente afirmar que
oportunidades sem nenhum conceito criativo ou viabilidade de execução, podem ser
descartadas facilmente sem muita análise e avaliações.
Bhide (1994) menciona também a importância dos valores e desejos pessoais do
empreendedor durante a seleção das oportunidades. Profundas preferências individuais
podem determinar o tipo de empreendimento, entusiasmo e força da pessoa
responsável por dirigir o negócio. Autores como Olson e Currie (1992) destacam a
importância dos valores pessoais do empreendedores na formulação de estratégias para
pequenas empresas. Eles afirmam essencialmente que os valores pessoais dos
proprietários são incorporados nos valores da companhia que são refletidos nas
estratégias das empresas.
Com relação a segunda característica, Bhide (1994) afirma que a análise e o
planejamento das idéias devem focar as questões relevantes, úteis ao negócio, com o
intuito de economizar dinheiro e tempo com as pesquisas de suas idéias. O
empreendedor tem que conviver com certas incertezas, como a relativa competência
dos rivais e as preferências de consumidores estratégicos, que não são fáceis de se
analisar. Nas palavras deste autor “resolver poucas e grandes questões, entendendo o
que deve andar direito e as armadilhas que podem destruir o empreendimento é mais
importante que investigar várias coisas interessantes e agradáveis de se saber”.
A última característica refere-se a integração entre ação e análise. Grandes
empresas geralmente distinguem análise e execução. Há uma crença de que antes de se
desenvolver uma oportunidade que aparece, os gerentes devem investigá-la
extensivamente, procurar o conselho de superiores, submeter a um plano formal e
assegurar a alocação de capital.
30
Para Bhide (1994) pequenos empresários não precisam saber todas as respostas
antes de agir e dificilmente conseguem separar ação de análise. Agir antes de uma
análise completa gera benefícios como a confiança e cria mais consenso sobre o
negócio com empregados e investidores. Ele argumenta que apesar das aparências os
empreendedores astutos analisam e avaliam situações exaustivamente. Porém, eles não
consideram que um negócio seja como lançar um foguete em que todos os detalhes
devem ser conhecidos a priori.
Na verdade a abordagem deste autor recomenda aos empreendedores trabalhar e
explorar suas idéias, mas deixar suas estratégias desenvolverem-se por um processo
flexível de adivinhação, análise e ação.
Dito isso, uma conclusão que pode-se chegar é que não existe “receita de bolo”
para o sucesso das estratégias de pequenas empresas. O que existe são técnicas
gerenciais para orientarem os microempresários na administração e gerência do seu
negócio a curto, médio e longo prazo e estas devem estar em harmonia com a cultura
empresarial de cada empresa.
Neste sentido, no capítulo 4 deste trabalho será proposto um modelo de
definição de Estratégias e Anteprojeto para implantação de pequenas cervejarias, com
o intuito orientarem pequenos empresários que desejem ingressar neste ramo de
negócio.
Análise de
Portifólio
(5)
Como negociar
Como lidar com (6)
pessoas Como Produzir
Retorno do
Investimento
Ênfase no
Produto Produtos
Flexibilidade Padronizados
Ênfase no
Processo
Parcela de
Mercado
Retorno do
Investimento Redes Flexíveis
Redes
topdow
Ênfase no
Produto Produtos
Flexibilidade Padronizados
Ênfase no
Processo
Liderança de Custo
Parcela de
Mercado
Depois de analisar este modelo, Casarotto (1998) concluiu que uma pequena
empresa pode competir através de três maneiras:
• Diferenciação de produto associado ou não a um nicho de mercado;
• Liderança de custo, participando como fornecedor de uma grande rede
topdow;
• Flexibilidade/custo, participando de uma rede de empresas flexíveis.
O segundo tipo de estratégia chamado por Ansoff (1990) de Estratégia de
produto/mercado, diz respeito a como desenvolver a UEN, mais precisamente o
negócio no caso de pequenas empresas, conforme figura 9.
Estratégias Quanto a Produto\Mercado, ou seja, a definição de COMO
desenvolver. As alternativas são:
• Penetração (com expansão horizontal)
• Desenvolvimento de mercado (com expansão horizontal)
• Desenvolvimento de produto/processo
• Diversificação lateral (ou expansão lateral)
• Integração vertical à montante
• Diversificação à jusante
Mercado Penetração
Corrente
Desenvolvimento
de Produto/Proc.
Novos
Desenvolvimento Diversificação
Mercados
do Mercado
alta
Estrela Interrogação
crescimento Investir
de
mercado Cão Vadio
Vaca Leiteira
Manter Vender
alta
fatia relativa de mercado
Fluxo
Descontínuo Equipamento pesado
Produtos em lotes
Linha de Montagem
Químicos commodities
Fluxo
Contínuo
Baixo volume Elevado volume
Baixa Padronização Elevada Padronização
Produtos sob encomenda Produtos de baixo preço
1. De Risco 2. Conservadora
volumes a preços menores sem um processo adequado. O baixos lucros, podem levar a
empresa à resultados ruins sem condição de retorno, acabando sendo absorvida por
outra maior com condições de investir em sua modernização.
A opção 1, significa primeiro investir pesado em processo para depois
conquistar o mercado. Isso requer endividamento e conseqüente risco. É muito
importante que a empresa esteja segura em sólidos estudos de mercado, com um bom
projeto e muito bem organizada para que o aumento de vendas efetivamente ocorra e
consiga saldar o financiamento.
3.1 – A CERVEJA
Apesar de existirem diversos tipos de cerveja Ale, a Porter e a Stout são as que
mais se destacam. Este tipo de cerveja é fabricada por meio de fermentação superficial
ou “alta”. As mais comuns são claras, com sabor pronunciado de lúpulo, algumas
vezes ligeiramente ácidas, com teor alcoólico de 4% a 8%. O processo de fermentação
ocorre entre a temperatura de 20 oC e 25 oC, com duração de 2 a 5 dias e são
armazenadas entre 4,5 oC e 8 oC. A Porter por exemplo é muito escura, encorpada,
com sabor pronunciado de malte e adocicada, contendo cerca de 5% de álcool. Já a
Stout tem maior teor alcoólico (5% a 6,5%) que a Porter, é menos escura e mais
amarga ( Delos, 1994).
As cervejas do tipo Lager são as mais comuns ao redor do mundo. A Pilsener
ou Pilsen é uma das cervejas mais conhecidas em todo mundo. Originou-se na cidade
de Pilsen em 1842, antiga Thcecoslováquia, caracterizada por sabor suave, cor clara e
teor alcoólico entre 4% a 5 %. As cervejas deste grupo são fabricadas por fermentação
profunda ou “baixa”, através de processo lento, geralmente em torno de 5 dias.
o
Terminada a fermentação a cerveja descansa na temperatura de 0 C por
aproximadamente 15 a 20 dias.
A Bélgica é famosa por produzir vários tipos de cerveja. Na Bélgica, segundo
um provérbio, há uma cerveja para cada dia do ano ( Delos, 1994). As cervejas
tradicionais são a Faro e Lambic que tem características levemente ácidas. O quadro 5
apresenta a relação de algumas cervejas mundialmente conhecidas.
3.2 – MATÉRIAS-PRIMAS
3.2.1 – Água
3.2.2 – Malte
3.2.3 – Lúpulo
Dornas de Fermentação
Energia
Elétrica Kw.h 0,17 2294 390,00 0,130 12,3%
Gás (GLP) Kg 0,61 84 51,24 0,017 1,61%
Sub-total 441,24 0,147 13,9%
Outros Materiais
Soda Caústica Lts 0,37 6 2,22 0,001 0,1%
47
Mão de Obra
Cervejeiro Prático Mês 2.000,00 0,667 63,1%
Uma unidade das grandes empresas, chega a custar R$ 190 milhões para
produzir 400 milhões de litros/ano, ou seja: O investimento total por litro de cerveja
produzido, corresponde a R$ 0,50 centavos, ( Revista Amanhã, 1996).
Já o investimento total para produzir um litro de cerveja nas pequenas
cervejarias, corresponde R$ 2,6 – 5,0 . Há equipamentos que chegam a custar R$ 800
mil para produzir 300.000 litros/ano.
O sistema produtivo para cervejarias segundo a classificação de Salermo (1987)
e Gerhard (1983) pode ser chamado de Sistema Voltado a Processo para Produto com
Propriedade. Dentro das cervejarias a cerveja é produzida via batelada o que permite
uma alta flexibilidade.
Com relação a uma pequena cervejaria no Brasil cuja produção não ultrapassa
a 500.000 litros/ano a automação do processo também é grande e o processo é o
mesmo de um grande companhia, porém em escala bem menor. Como afirma André
Nothaft da BrewTech, “hoje é possível comprar um pacote pronto – equipamentos
com alta tecnologia de aço inox, montagem, assistência técnica – através de
fornecedores nacionais e estrangeiros.” Cabe salientar que estes equipamentos
permitem uma quase total flexibilidade da produção, sendo necessário apenas variar a
matéria-prima para o tipo de cerveja desejado. Contudo, é importante que o
empreendedor defina que tipo de cerveja será produzida, para não adquirir um
equipamento muito sofisticado, gerando custos desnecessários de aquisição, ou um
equipamento aquém de suas necessidades. No Anexo 3 – apresenta-se um orçamento
de equipamentos para produção de 3000 litros de cerveja por mês.
49
Mosturação
Filtração do Mosto
Cozimento
Decantação
Resfriamento
Fermentação
Maturação
3.3.2 – Mosturação
3.3.4 – Cozimento
3.3.5 - Resfriamento
3.3.6 – Fermentação
3.3.7 – Maturação
8 g de lúpulo
5,5 litros de água potável sem cloro
Material:
2 panelas de alumínio ou ferro média para fazer a mosturação
Recipiente para fermentação – 1 garrafão de vidro – 5 litros
Colher de pau
Panos limpos para filtração
Garrafas, tampinhas
Termômetro
Fogão a gás
Peneira
Metodologia
1. Moer o malte em um liqüidificador. O malte não deve ficar muito moído para
facilitar a filtragem.
2. Mosturação: Colocar o malte moído na panela com 3,0 litros de água sem cloro,
aquecendo e mexendo com a colher de pau a mistura, obedecendo as seguintes
temperaturas:
• Quando atingir 44 oC deixar em repouso por 20 minutos
• Aquecer a 52 oC e deixar em repouso por 10 minutos
• Aquecer a 70 oC e deixar em repouso por 25 minutos
• Aquecer a 76 oC e deixar em repouso por 5 minutos
3. Filtar em peneira para separar os resíduos maiores (bagaço do malte). Atenção o
bagaço contém muito açúcar fermentescível, por isso deve ser aquecido novamente
com água limpa e sem cloro a 70 oC durante 20 minutos, filtrado e adicionado ao
mosto (água + malte) anterior que já se encontra em uma outra panela.
4. Lupulagem: Na panela com o mosto filtrado adiciona-se o lúpulo e deixar ferver
durante 1 hora com panela semi aberta, tempo suficiente para o lúpulo liberar todas
as suas propriedades ao mosto.
5. Filtrar esta mistura através dos panos limpos.
57
6. Completar o volume para 4 litros com a água limpa que restou, de preferência
gelada, para resfriar o mosto à 12 oC.
7. Fermentação: Acrescentar o fermento ao mosto frio. Agitar a mistura. Colocá-la
no garrafão. Fechar o garrafão com uma rolha de cortiça, com um orifício e uma
mangueirinha para saída de CO2. Colocar o garrafão na geladeira e deixar
fermentar durante 5 dias.
Obs: A mangueirinha com o oríficio é fundamental. Caso contrário a produção
de CO2 irá estourar o garrafão. Pode-se acompanhar a saída de CO2 , colocando a
saída da mangueira dentro de uma garrafinha com água.
8. Depois de completar a fermentação, retira-se a cerveja do garrafão com uma
mangueira para evitar que o fermento decantado venha junto e transfere-se para
garrafas convencionais. Fecha-a com tampinas ou rolhas e deixa-se em repouso na
geladeira durante 7 dias para maturação.
Obs: Como esta cerveja não será pasteurizada, sua vida útil é de
aproximadamente 1 mês na geladeira.
9. Agora, basta degustar com moderação e prazer.
6 – 8 - Anteprojeto
Aspectos Econômico-Financeiros
Feed-back (8)
Geral
Vínculos Regionais
Entrantes Fatores
Fatores
Potenciais Econômicos e de
Governamentais
Mercado
Fatores
Fatores Culturais
Produtos Tecnológicos e
e Demográficos
Substitutos Ecológicos
Infra-estrutura
Fatores Diretos
Fatores Indiretos
Fatores de Suporte
Esta figura mostra todos os perigos que uma empresa está submetida em um
determinado mercado e serve como base para análise da competitividade de um
determinado setor. Já, as oportunidades poderão ou não surgir de fatores como:
governo, tecnologia/ecologia, mercado/economia e cultura/demografia.
• Governo: uma mudança na legislação tributária, ou na política econômica do
país pode trazer oportunidades ou ameaças ao negócio;
• Tecnologia/ecologia: através da inovação tecnológica poderá surgir novas
formas de processos de fabricação, aumentando as possibilidades de
diferenciação de produtos/serviços com custos menores;
• Cultura/demografia: mudanças no estilo de vida dos consumidores, moda,
geram oportunidades para a elaboração de novos tipos de cerveja ou novas
formas de prestação de serviços;
• Mercado/economia: um acompanhamento nas tendências do mercado
podem gerar oportunidades, exigindo flexibilidade da empresa para atender
as novas necessidades dos clientes;
Cabe salientar que esta primeira etapa é uma premissa básica, a qual, não é dada
a devida atenção em um grande número de projetos, posteriormente acarretando sérios
problemas e aumento significativo nos custos de projetos e operacionais. Um exemplo
disso, é o pequeno empresário que por não ter feito um estudo qualitativo e
quantitativo do mercado em que atuará, sub ou sobredimensionou sua produção e
começa a perceber que o retorno financeiro está muito inferior ao almejado.
Concluída a fase inicial onde levantou-se informações qualitativas sobre o nicho
de mercado que servirão de subsídios para a elaboração das estratégias gerais do
negócio, o passo seguinte é iniciar a definição dessas estratégias, com o intuito de
orientar o empreendedor com relação as decisões importantes na concepção do seu
empreendimento, pois parafraseando Porter (1997) “Para a empresa pequena, o único
modo de sobreviver é ter noção clara do nicho de mercado em que trabalha e a maneira
de se diferenciar dos concorrentes”. Contudo, antes de defini-las é importante que se
escolha o tipo de negócio que atenderá as necessidades do nicho de mercado.
63
Nesta etapa, o importante como afirma Popcorn (1994) é que a ênfase deve
estar nas prioridades do consumidor e não nas do fabricante.
É importante salientar que apesar da liberdade que o empreendedor terá em
escolher o tipo de cerveja a ser produzida, esta escolha deverá estar em sintonia com o
hábito de consumo dos consumidores onde a cerveja será comercializada. Além disso
deve-se ter a resposta a seguinte pergunta: O que devemos produzir? Para quem será
este produto ?
A terceira estratégia, está relaciona ao fato, de que deve-se ter em mente o tipo
de processo que será utilizado na produção das cervejas, ou seja: definir a Estratégia
de Produção. Agora, o microempresário irá escolher o tipo de tecnologia e
equipamentos que serão utilizados no processo de fabricação.
Alguns especialistas do ramo como André Nothaft diretor da BrewTech
Serviços Ltda, afirmam que no Brasil há carência de profissionais com profundo
conhecimento de produto, processo e mercado simultaneamente. Contratar cervejeiro
no exterior, não resolve o problema, pois este profissional não conhece o paladar
brasileiro. Nothaft (1998b), sugere ao investidor que pretende ingressar nesse negócio
“que considere em seu planejamento a separação da mão-de-obra responsável pela
definição do projeto e formulação do produto, do profissional responsável pela
operação rotineira da cervejaria”.
O importante é o empreendedor fazer um levantamento dos fornecedores de
tecnologia e equipamentos e definir com base no perfil do seu nicho de mercado a
melhor tecnologia e equipamentos, para concretização da sua idéia, obviamente,
sempre levando em conta a relação custo/benefício.
O resultado do estudo das características qualitativas do mercado e a definição
das estratégias apresentadas é o Mix-Estratégico Global referente a este tipo de
empreendimento que tem o objetivo de fornecer ao empreendedor, conhecimentos
68
Previsão de Vendas
Quando uma empresa está iniciando suas atividades, uma das principais
preocupações relaciona-se ao quanto vai conseguir vender em quantidade de produto
(unidades) ou em valor monetário. Pereira (1995), sugere que no início das operações
é sempre aconselhável que a expectativa de vendas seja moderada, considerando a
necessidade da empresa adquirir experiência e tornar conhecidos seus produtos e
serviços. No caso de Brewpub, a previsão de venda para o bar é calculada a partir de
estimativas do número de clientes que freqüentarão este local. Normalmente calcula-se
1 litro de cerveja por pessoa.
Essas expectativas devem ser colhidas junto as pessoas experientes que
conheçam o mercado o suficiente para fazerem avaliações e julgamentos sobre o
comportamento futuro do mesmo. Algumas dessas fontes, podem ser o próprio
empreendedor e, se for o caso:
• Os vendedores;
70
• Os concorrentes;
• Os fornecedores de máquinas, equipamentos ou matérias-primas;
• Os futuros clientes.
Segue-se um exercício para a previsão de vendas de uma microcervejaria
hipotética, tendo como base orientações contidas no livro Criando seu Próprio
Negócio, publicado pelo SEBRAE:
Capacidade Instalada: 5000 litros/mês com possibilidade de expansão
População em que a empresa atuará: 7000 habitantes mais ( 3000 turistas por
mês).
População que consume cerveja: 70 % - (10.000 x 0,7 = 7000 pessoas)
População que forma o mercado-alvo: cerca de 40 % ( 7000 x 0,4 = 2.800
pessoas)
Consumo médio de cerveja/mês/pessoa = 3 litros
Potencial de mercado: 2800 x 3 = 8400 litros/mês
Demanda estimada pela empresa: 40 % = 8400 x 0,4 = 3360 litros/mês
• Produção Mensal
No primeiro e segundo ano serão produzidos 3360 litros/mês, o que
corresponde 70% da capacidade total da empresa.
Do terceiro ano em diante pretende-se utilizar 100 % da capacidade total = 5000
litros/mês.
Com relação a concorrência, Pereira (1995) afirma que o empreendedor deve
buscar:
• Identificar os concorrentes;
• Conhecer seus objetivos e práticas;
• Avaliar seus comportamentos, vantagens e desvantagens.
Neste sentido, é necessário considerar:
1. As estratégias utilizadas pelos concorrentes, ou seja, a maneira como se
movimentam no mercado;
71
macrolocalização (em nível de região para um Estado ou em nível de bairro para uma
cidade) e a microlocalização (a rua do bairro, o número, o piso - térreo ou superior)
(Pereira, 1995).
Para Pereira (1995), tanto a macro quanto a microlocalização de um
empreendimento de comércio, serviço ou industrial, devem considerar:
• se o atendimento ao cliente ocorre no próprio estabelecimento: por
exemplo, Brewpub; neste caso o empreendedor deverá criar alternativas para atrair
os consumidores até ao seu estabelecimento;
• se o cliente é atendido fora do estabelecimento, como no caso de uma
Cervejaria Regional, onde a maior parte de sua produção é distribuída fora da
empresa. Aqui, o empreendedor terá de criar estratégias de comercialização do seu
produto e serviço;
• hábitos e atitudes típicas do cliente – o tempo ou a distância que ele
estaria disposto a percorrer para ter acesso ao produto/serviço;
• características de acesso, circulação e estacionamento de automóveis;
fluxo de tráfego;
• características dos imóveis e negócios localizados nas proximidades –
evitar incompatibilidades como uma Brewpub ao lado de uma peixaria;
• incentivos econômicos fiscais: verificar se a região recebe atenção
especial com relação a facilidades de financiamento, tratamento tributário especial
– uma microcervejaria poderá estar incluída na legislação do sistema Simples, onde
há alguns benefícios para microempresa;
• condições ambientais da região: clima, temperatura, água, condições do
ar;
• solução para o resíduo industrial: bagaço do malte, fermento, esgoto
entre outros.
Instalações:
• concepção arquitetônica das instalações – para reforma ou construção;
74
medir em quanto tempo o que foi investido será recuperado. Se o objetivo é identificar
a rentabilidade do capital investido, o instrumento apropriado é a Taxa Interna de
Retorno (TIR) e, se o empreendedor pretende conhecer a segurança do seu projeto por
autofinanciamento, pode-se utilizar de uma ferramenta denominada Valor Presente
Líquido (VPL). Estas ferramentas serão utilizadas neste trabalho para avaliar a
viabilidade econômico-financeira da implantação de uma microcervejaria.
TMA=K= 20% a .a
Abaixo podemos observar o quadro de Usos e Fontes do Empreendimento:
Usos:
Fixo: terreno R$ 0,00
Const. civil R$ 30.000,00
Equip. inst. R$ 250.000,00
Giro R$ 40.700,00
Total R$ 320.700,00
Fontes:
Financiamento R$ 0,00
Recursos Próprios R$ 320.700,00
• Previsão de Vendas
Capacidade Instalada: 5000 litros/mês com possibilidade de expansão
População em que a empresa atuará: 7000 habitantes mais ( 3000 turistas por mês).
População que consume cerveja: 70 % - (10.000 x 0,7 = 7000 pessoas)
População que forma o mercado-alvo: cerca de 40 % ( 7000 x 0,4 = 2.800 pessoas)
Consumo médio de cerveja/mês/pessoa = 3 litros
Potencial de mercado: 2800 x 3 = 8400 litros/mês
Demanda estimada pela empresa: 40 % = 8400 x 0,4 = 3360 litros/mês
• Produção Mensal
No primeiro e segundo ano serão produzidos 3360 litros/mês, o que corresponde 70
% da capacidade total da empresa.
Do terceiro ano em diante pretende-se utilizar 100 % da capacidade total = 5000
litros/mês.
78
Anos 0 1 2 3 4 5
Investimento 320700
Valor Residual 28000
Financiamento
Receita Líquida 252000 252000 360000 360000 360000
(-) Custo Direto Prod. -44556 -44556 -63652 -63652 -63652
(-)Custo Ind. Prod. -12800 -12800 -12800 -12800 -12800
(=) Lucro Bruto 194644 194644 283548 283548 283548
(-) Despesa Variável -41126 -41126 -58752 -58752 -58752
(-) Despesa Fixa -24000 -24000 -24000 -24000 -24000
(-) Depreciação -26200 -26200 -26200 -26200 -26200
(-) Desp. Financ. Fin.
(=) Lucro Liq. Antes IR 103318 103318 174596 174596 174596
(-) Imposto de Renda -41327 -41327 -69838 -69838 -69838
(=) Saldo após IR 61991 61991 104758 104758 104758
(+) Depreciação 26200 26200 26200 726200 26200
(-) Amortiz. Financ.
(=) Saldo Total -320700 88191 88191 130958 130958 158958
7
EC
0
VUP (anos)
1 2 3 4 5
ILI
Este método consiste em somar as EC para saber em quanto tempo o ILI será
recuperado:
Através do quadro 6 percebe-se que ao final do terceiro ano o capital
recuperado foi de R$ 307.340,00. Falta recuperar R$ 13.360,00 do investimento, os
quais poderão ser recuperados no ano 4, quando espera-se obter um lucro de R$
130.958,00. Portanto neste exemplo demorará 3,10 anos (3 anos mais R$ 13.360,00 ÷
R$ 130.958,00) para recuperar o investimento. Este tempo (3, 10 anos) corresponde a
3 anos e 1 mês.
Nesta análise, o Payback de 3 anos e 1 mês, demonstra que o projeto é viável,
pois a recuperação do capital ocorrerá antes do fim da vida útil estimada do projeto,
que é de 5 anos.
81
Para medir o VPL de um projeto, se faz uma estimativa do valor de hoje para as
futuras entradas de caixa – EC que estarão sendo gerados pelo projeto e deduz-se o
montante do investimento líquido inicial – ILI, ( Longenecker e Moore; 1998).
A expressão para o cálculo do valor presente líquido é a seguinte:
VPL = 62685,78
Como o valor do VPL é positivo, isto significa que a TIR é maior que 15 %.
Logo arbitra-se 25 % por exemplo. Substituindo este valor na equação acima, chega-
se:
83
VPL = -20926,71
Como resultado chegou-se a um valor do VPL negativo. Isto significa que o
valor da TIR esta entre 15 % e 25 %.
Realizando uma interpolação linear, descobre-se que o valor da TIR é 22,49%
a .a.
Esta taxa interna de retorno (TIR), significa que a proposta analisada é viável,
pelo fato de 22,49 % a.a de rentabilidade ser superior ao custo de capital (K) que foi
orçado em 20 % a.a.
É importante salientar que, além dos métodos de análise da viabilidade
econômico-financeira aqui citados, a literatura especializada da área financeira
identifica outros instrumentos próprios ou derivados, como Taxa de Retorno
Modificada – TIRM, Valor Anual Uniforme Equivalente – VAUE, Índice de
Lucratividade (IL), entre outros, (Casarotto e Kopittke; 1994).
Porém, para os propósitos de análise de investimento como instrumento de
decisão para o empreendedor, acredita-se que Payback Simples, TIR e o VPL são
suficientes para uma decisão adequada, baseada na racionalidade gerencial.
Também, é importante deixar claro, que o cálculo desses métodos manualmente
é trabalhoso e demorado. No entanto, existe no mercado calculadoras financeiras que
calculam esses parâmetros de engenharia econômica de uma maneira mais rápida.
• Ponto de Equilíbrio
F
X =
p−v
onde:
X = Quantidade a ser vendida no PE
F = Custo Fixo Operacional
P = Preço de Venda Unitário
v = Custo variável operacional unitário
36800
X = = 7.445 litros / ano = 620 litros / mês
6,00 − 1,057
Será preciso no mínimo vender 620 litros de cerveja por mês para obter lucro.
A próxima informação que deverá ser incluída pelo usuário, refere-se a capital
de giro próprio que é imprescindível para uma análise da viabilidade do
empreendimento.
88
Planilha do Financiamento
constante, por ser a planilha que a maioria das agências de fomento utilizam, na hora
de financiar um negócio.
A aplicação por inteiro da metodologia proposta não foi possível, devido a falta
de oportunidade junto as empresas consultadas. Seria muito pretensioso para um
trabalho de mestrado, implantá-la totalmente devido a limitação de tempo. Portanto a
aplicação limita-se a fazer um diagnóstico das empresas visitadas – um total de seis -,
onde levantou-se informações sobre produto, processo, mercado e se houve algum tipo
de estudo de viabilidade do empreendimento, no intuito de avaliar como ocorreu a
implantação dessas empresas, fazendo críticas e comentários sobre o que deveria ser
feito para adequá-la ao modelo. O questionário aplicado junto aos empresários para
aquisições dessas informações, pode ser observado no anexo 2.
Das seis empresas visitadas, cinco são de Santa Catarina e uma do Rio Grande
do Sul. Dentro da classificação do segmento de Craft Brewing, pode-se afirmar que
três delas podem ser definidas como Brewpubs e as outras como Microcervejaria.
A brewpub do Rio Grande do Sul tem filiais ao longo do país, faturando cerca
de 20 milhões de reais por ano com uma produção de 50.000 litros/mês de cerveja.
Pelo número de funcionários, 130 no total e pelo valor do faturamento anual, pode-se
ser classificada como uma empresa média.
Em Santa Catarina uma das brewpubs pode ser classificada como pequena
empresa, tendo um faturamento por volta de 1,5 milhões de reais por ano, 20
funcionários e uma capacidade de produção igual a 20.000 litros/mês. A segunda
empresa visitada fatura cerca de 1,2 milhões de reais por ano, possui cerca de 28
empregados e apresenta uma capacidade de produção de 15.000 litros/mês.
Com relação as microcervejarias, pode-se afirmar que as três empresas visitadas
no nosso estado, classificam-se como microempresa tendo em seu quadro cerca de 5
funcionários cada uma. A diferença entre elas, está na capacidade de produção e no
faturamento, sendo que uma delas apresenta uma receita de 432 mil reais por ano,
97
Nesta etapa, inicia-se a definição da primeira estratégia num total de três que
integrarão as estratégias globais do negócio. Parte-se da premissa que antes de iniciar a
operação da empresa, é necessário que se defina estratégias que ajudarão na execução
e administração do futuro empreendimento. Isto é importante porque o empreendedor,
terá que ter uma visão de curto, médio e longo prazo do seu negócio para ser flexível e
acompanhar as dinâmicas do mercado.
Neste sentido, apenas o empresário da brewpub do Rio Grande do Sul, admitiu
que faz planejamento estratégico e definiu sua estratégia de diferenciação, através do
produto, serviços, pessoas e imagem de sua brewpub, possuindo uma atitude pró-ativa
em relação as mudanças do segmento em que atua. Ele procura estar sempre um passo
99
Esta estratégia tem como objetivo responder a seguinte questão: que tipo de
cerveja e serviço deverá ser oferecido? Para tanto, conhecer as características de
consumo e hábitos de seus consumidores é imprescindível.
Outro fator importante, é produzir uma cerveja que esteja em harmonia com o
paladar do brasileiro e explicar para seu público alvo como ela deve ser degustada.
Como este tipo de negócio, tem como objetivo oferecer uma cerveja
diferenciada, todas as cervejarias visitadas estão oferecendo, produtos e serviços
diferenciados. A brewpub de Rio Grande do Sul, além de oferecer uma cerveja não
filtrada com sabor acentuado, atrai seu público com os serviços oferecidos: no
restaurante por exemplo, há noites italianas, alemãs, árabes etc.
Há microcervejarias que produzem mais de cinco tipos de cerveja que estão
encantando o público alvo.
Esta estratégia é importante, porque deve-se ter uma idéia em relação ao tipo de
processo de produção e equipamentos que serão necessários para a fabricação de uma
cerveja de alta qualidade. Há muitos equipamentos no mercado, porém nem todos se
adaptam ao tipo de negócio escolhido pelo empreendedor. O que fazer então?
Aconselha-se fazer um levantamento dos fornecedores de equipamentos com base nas
necessidades do seu nicho de mercado, pois a cerveja que será produzida deve estar
em sintonia com o perfil do público alvo. Como conseqüência, haverá menos
probabilidade de se subdimensionar ou sobredimensionar a capacidade de produção e
de se adquirir equipamentos muitos caros.
Com relação a este requisito, alguns empresários visitados tiveram prejuízos
financeiros desnecessários no início da operação da fábrica, por aquisição de
equipamentos que não correspondiam a realidade do empreendimento.
litro de cerveja, como resultado tem-se 5000 litros/final de semana Isto corresponde
20.000 litros/mês de cerveja consumida. Porém esta metodologia de cálculo, pode
gerar erros grosseiros na estimativa da produção necessária para atender a demanda,
por excesso ou falta.
Com relação as microcervejarias, pode-se dizer que a maioria dos proprietários
calculam a produção seguindo apenas seu bom senso, acarretando muitas vezes perdas
de receitas e clientes por falta do produto.
A principal parte deste trabalho esteve contida neste capítulo. Nele, apresentou-
se o modelo de Anteprojeto integrado pela definição de Estratégias Globais, aplicado
ao segmento de Craft Brewing.
Não foi possível provar a eficácia do modelo, pois ele não foi aplicado
diretamente dentro de uma empresa, mas através do diagnóstico feito das seis
cervejarias, percebeu-se que este poderá ser utilizado no segmento de Craft Brewing.
Contudo, como o modelo está fundamentado no Mix–Estratégico apresentado no
capítulo 2 e no Plano de Negócios sugerido pelo SEBRAE, acredita-se que ele terá
êxito dentro deste segmento.
103
comércio e serviços, já que o apresentado neste trabalho está voltado para o setor
industrial.
Crê-se que foi dada uma boa contribuição para empresários que desejem
investir neste tipo de negócio, no sentido de elaborar estratégias e um estudo de
viabilidade, aumentando desta forma as chances de sucesso de seus investimentos.
105
ANEXOS
106
MALTE
COOPERATIVA AGRARIA MISTA ENTRE RIOS LTDA
COLONIA ENTRE RIOS – GUARAPUAVA-PR
CONTATO: MESA A/C SR. CLAUDIO
FONE: 0(XX)42-725-7780
FAX: 0(XX)42-725-1317
FERMENTO
COATEC
BENTO GONÇALVES-RS
CONTATO: SR. WERNER SCHUMACHER
FONE: 0(XX)54-451-3990
LÚPULO
W E CONSULTORIA
PORTO ALEGRE-RS
CONTATO: SR. WERNER EMMEL
FONE: 0(XX)51-365-3725
FONE: 0(XX)54-453-1922
12. Que técnicas e modelos são utilizados para o tomada de decisão sobre
investimentos?
Projeto Microcervejaria
Previsão de 2000/5000 litros/ mês
Fornecedor: Mec Beer do Brasil
Equipamentos Necessários
forma de coletor, mexedor interno provido de facas especiais para afofar o bolo
filtrante, velocidade mínima ½ volta por minuto, e 4 voltas por minuto no máximo.
OBS: todos os tanques devem ser fabricados com aço inox e devem ter acabamento
sanitário.
a distância do solo até as bocas de saída não devem ser inferiores a 0,80mtr.
pés de sustentação devem ser quatro pôr unidade com sapatas.
mexedores devem ser a prova de gotejamento de óleo ou blindados.
tubulações de aço inox serão indicados após conhecimento das locações.
bombas sanitárias, registros, mangueiras e demais acessórios serão indicados após
confirmação efetiva da instalação da microcervejaria.
banco de gelo com capacidade aproximada de 3 a 4 m3.
compressor de frio do tipo frigor bitzer (freon)com capacidade de +- 12000/15000
kcal.
gerador de vapor para 800/1000 kg/h.
moinho de rolos para malte cap.150/200kg/h
110
O valor apresentado é para produzir 500 a 800 litros de cerveja por semana.
Para volume inferior ao apresentado o preço também se reduz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS