Direitos Reais
Direitos Reais
Direitos Reais
4º ano
Ano Lectivo 2003/2004
PARTE GERAL
Parte I
Parte II
Capítulo I
Secção I – Pessoa
Secção II – Coisa
(remissão)
1
Capítulo II – Facto
1. Conceito.
2. Tipicidade exemplificativa. Excepções.
3. Titularidade efectiva.
4. Factos com eficácia constitutiva/translativa genérica.
4.1. Contrato.
a) Princípio do consentimento.
b) Excepções e desvios.
4.2. Negócio unilateral.
4.3. Usucapião (remissão).
4.4. Sentença.
4.5. Expropriação por utilidade particular.
4.6. Aquisição tabular.
5. Factos com eficácia constitutiva/translativa específica.
5.1. Da propriedade.
5.1.1. Ocupação.
5.1.2. Achamento.
5.1.3. Acessão.
5.1.4. Especificação.
5.2. Das servidões.
4.2.1. Destinação do pai de família (remissão).
4.2.2. Acto administrativo (remissão).
5.3. Da retenção.
6. Factos modificativos.
6.1. Modificação subjectiva.
6.2. Modificação objectiva.
6.2.1. Oneração.
6.2.1.1. Sobreposição de direitos sobre a mesma coisa: princípio
da elasticidade.
6.2.2. Perda da coisa.
6.2.2.1. Subrogação real.
7. Factos extintivos.
7.1. Renúncia.
7.2. Não uso.
7.3. Usucapio libertatis (remissão).
7.4. Termo e condição.
7.5. Consolidação.
7.6. Expropriação por utilidade pública.
7.7. Desaparecimento da coisa.
8. Titularidade aparente.
8.1. Factos constitutivos.
8.2. Factos transmissivos.
8.3. Factos extintivos.
1. Taxatividade.
2. Taxatividade aberta.
3. Conteúdo positivo e negativo.
3.1. Conteúdo positivo.
3.1.1. Direitos reais de gozo.
3.1.2. Direitos reais de garantia.
3.1.3. Direitos reais de aquisição.
3.2. Conteúdo negativo.
3.2.1. Limites.
3.2.1.1. No interesse geral.
2
3.21.2. No interesse particular.
a) Restrições de vizinhança.
i) Natureza.
ii) Regulações específicas de vizinhança.
3.2.2. Obrigações propter rem.
a) Características.
b) Regime.
3.2.3. Ónus reais.
a) Características.
b) Regime.
PARTE ESPECIAL
Capítulo I – Propriedade
I) Regime Geral.
A – Compropriedade.
1. Noção.
2. Natureza jurídica.
3. Modos de constituição.
4. Situação jurídica do comproprietário.
5. Poderes e deveres do comproprietário.
4.1. Disposição da quota.
4.2. Divisão da coisa comum.
1. Noção.
2. Natureza jurídica.
3. Modos de constituição.
4. Situação jurídica do condómino.
3
5. Poderes e deveres do condómino.
6. Órgãos de administração das partes comuns.
Capítulo V – Superfície
Capítulo VI – Servidão
1. Traços característicos.
2. Conteúdo da servidão predial.
3. Natureza jurídica.
4. Modos de constituição.
a) Destinação do pai de família.
b) Acto administrativo.
5. Classificações.
4.1. Servidões legais e voluntárias.
4.2. Servidões aparentes e não aparentes.
4.3. Servidões positivas e negativas.
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a) Apossamento.
b) Inversão do título.
c) Constituto possessório.
d) Traditio: longa manu e brevi manu.
7. Sucessão na posse e acessão da posse.
8. Exercício e conservação da posse.
9. Perda da posse. Em especial, pela posse de outrem.
10. Efeitos jurídicos da posse.
10.1. Presunção de titularidade.
10.2. Benfeitorias.
10.3. Frutos.
10.4. Acções possessórias, na posse exclusiva e na composse.
a) Manutenção e restituição.
b) Embargos de terceiro.
10.5. Usucapião.
a) Pressupostos.
b) Efeitos. A usucapio libertatis.
BIBLIOGRAFIA
a) Básica
5
“Restrições de vizinhança (de interesse particular)”,
Lisboa,
2003.
b) De desenvolvimento
6
acessão", Braga, 1973.
c) Estrangeira
7
- Antonio Gambaro, "La Proprietà", Milano, 1990.
DIREITOS REAIS:
Do ponto de vista dos direitos patrimoniais a distinção básica
faz-se entre direitos de crédito e direitos reais. Os direitos de
crédito são direitos a uma prestação, são direitos relativos a
uma conduta de um sujeito. Os direitos reais são direitos
sobre coisas.
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real dada pela própria lei. O conceito de direito real é dado pela
própria história do direito, jurisprudência e doutrina que foi
sendo aperfeiçoado.
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sujeitos e não às coisas. A coisa está fora do enquadramento,
não faz parte da relação, é aquilo a que se refere a relação.
Durante o Séc. XX esta foi a teoria dominante.
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Esta característica do direito real é necessária, mas não
suficiente. Hoje em dia é unânime, que pelo menos, existem
direitos reais de gozo e os direitos pessoais de gozo “o direito do
locatário é um direito de gozo, mas é direito pessoal de gozo
para alguns autores”.
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Do ponto de vista da relação com a coisa com a coisa e o titular
pode não haver grande diferença entre usufruto e o comodato.
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de imóveis retira-se que a lei deu oponibilidade aos factos
relativos ao usufruto.
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Em direitos reais existe um princípio da publicidade, isto é, os
factos jurídicos que determinam a constituição, modificação ou
extinção de direitos reais devem ser públicos para serem
oponíveis.
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Na publicidade registal esse dever de interligar todos os factos
relativos à mesma realidade, pertence à entidade que os dá a
conhecer.
Descrição Inscrição
G1 G1 A vende a B
C1 C1 B hipoteca a C
G2 G2 B vende a C
F1 F1 D constitui
propriedade horizontal
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O Conservador está sujeito a um princípio da legalidade com
uma amplitude muito grande por força do art. 68º CRPredial e,
por isso, se o conservador não identificou nenhuma
irregularidade, que impeça a realização do registo definitivo
pode partir-se do princípio que, o que está registado é válido e
eficaz.
Efeitos do Registo:
Efeitos para terceiros (público) - Fé Pública Registal
Fé Pública:
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A fé pública não alcança a descrição, é só relativamente à
inscrição.
Exemplo:
B (não regista)
(vende)
A
(vende)
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C (venda) D
D presume que a venda de B a C é válida e que a venda de C a
D também é válida.
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Convém salientar que terceiro para efeito de registo predial não
está em causa qualquer pessoa, terceiro é só aquela pessoa que
esteja na situação de colisão ou incompatibilidade com a
situação de outra pessoa que tenha direitos sobre o mesmo
imóvel.
Exemplo:
B
(venda)
A
C (credor)
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No conceito restrito C credor não é terceiro para efeitos de
registo dado que o direito não deriva de um transmitente
comum.
- Efeito enunciativo:
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No caso da aquisição por usucapião a vantagem do registo está
ligada à questão da transmissão ou oneração do direito
adquirido, é que nos termos do artº 9º do CRPredial, sempre que
a transmissão ou oneração de um direito implique a intervenção
de uma entidade que tem competência para documentar o acto
de transmissão, essa entidade tem o dever de recusar essa
documentação sempre que o alienante não tenha registo, ou
seja, o possuidor que invoca o usucapião pode registar ou não,
do ponto de vista da aquisição é totalmente irrelevante, mas se
posteriormente quiser transmitir esse direito não o pode fazer
sem registo.
- Efeito Constitutivo:
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B
(não regista, mas é proprietário)
(vende)
A
(vende)
C
(regista)
- Efeito atributivo:
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O art. 17º nº2 do CRPredial protege o terceiro contra a
invocação de nulidades registais, ou seja, nulidade do próprio
acto de registo, ao contrário, o art. 291º protege o terceiro
contra nulidades substantivas do próprio acto registado.
Tem por consequências que o art. 17º nº2 do CRPredial pode ser
aplicado tanto em casos de invalidade do próprio registo –
invalidade registal – como em casos de invalidade do facto
registado – invalidade substantiva. Dado que a distinção se faz
consoante exista ou não registo a favor do causante.
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C é sempre protegido pelo art. 17º nº2. Aplica-se o art. 291º
quando não haja registo a favor de B.
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A B C C
(Registo) (Venda) (Venda) (Registo) (Venda) (Registo)
A B C
(Registo) (Venda sob reserva de (Regista) (Venda)
propriedade)
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- No âmbito dos arts. 17º nº2 e 124º pressupõe-se quase
sempre que o causante tenha registo, salvo os casos em
que o terceiro seja a primeira pessoa a registar. Só no
âmbito do art. 291º exige-se que tenha decorrido o prazo
de 3 anos a contar da celebração do negócio
originariamente invalido sem que nesse prazo seja
registada a acção de declaração de invalidade desse facto.
- Os arts. 17º nº2, 124º e 291º estão escritos para as
situações lineares ou sequenciais, situações em que existe
uma sucessão de factos onde surge o terceiro. Os casos
triangulares (dupla venda) literalmente não estão
previstos, por isso, há uma série de opiniões possíveis
quanto aos requisitos de protecção do C.
B
A
C
- Dupla Venda:
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personalidade, capacidade, mas com especificidade, na
capacidade de gozo, capacidade natural e legitimidade.
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Os direitos de garantia são sempre direitos acessórios de um
direito de crédito. “Consignação de rendimentos; penhor;
hipoteca; direito de retenção; privilégios creditórios especiais e
pelo menos também a penhora”.
Legitimidade Relativa:
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A substituição fideicomissária é a forma de instituição de
herdeiro ou legatário através da designação de no máximo duas
pessoas que irão suceder sucessivamente ao autor da sucessão.
A testamento B C
A B C
Venda com cláusula de Venda
intransmissibilidade (eficácia
obrigacional)
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Os direitos de garantia são direitos sempre acessórios em
relação a um direito de crédito, por isso, são concebiveis duas
formas de transmissão. A regra é de que os direitos de garantia
são transmissíveis. Essas duas formas são:
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- Legitimidade para onerar:
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direito. Em abstracto são possíveis 3 formas de extinção
unilateral potestativas:
- Renúncia Abdicativa;
- Abandono;
- Renúncia Liberatória.
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realizada por quem é proprietário, o direito renunciado só se
transmite para o credor se este aceitar a transmissão, o que
significa que a renúncia terá efeito transmissivo.
CONTRATO:
Contrato desde que tenha natureza translativa, desde que
esteja configurado para transmitir direitos. Em princípio
qualquer contrato serve para transmitir ou constituir direitos
reais de qualquer espécie.
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contrato dá-se por efeito do contrato – Princípio do
Consentimento.
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Excepções: são poucas e confundem-se de um modo geral com
os contratos reais quanto à constituição: penhor, doação de
coisas móveis quando não é feita por escrito, parceria pecuária,
comodato, mútuo e depósito. Só o penhor, doação e mútuo é
que transmitem ou constituem direitos reais, estes é que são
excepções ao princípio do consentimento.
Em rigor só no penhor é que a entrega da coisa ao credor tem
uma justificação plausível, o penhor de coisas incide sobre
coisas moveis não registáveis, por isso, a existência do penhor
não pode ser publicitada, só a transferência é consegue dar
alguma publicidade à existência do Penhor.
Desvios:
Art. 408º nº2 – casos em que o contrato versa sobre uma coisa
que no rigor ainda não é coisa, seja quando é futura ou porque
não está determinada, incluindo os frutos naturais, partes
integrantes e partes componentes nas coisas futuras.
Os direitos reais exigem como objecto uma coisa real, por isso,
quando o contrato tenha por objecto coisa futura ou
indeterminada a transmissão só pode ocorrer quando a coisa se
tornar presente ou determinada. Existe um facto futuro do qual
está dependente a transmissão ou constituição do direito.
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suspende também a obrigação da entrega da coisa, se entregar
já não pode pedir a restituição a não ser com fundamento em
resolução do contrato.
NEGÓCIO UNILATERAL:
Tradicionalmente os negócios unilaterais são encarados como
taxativos, ou seja, só se admitem os que estão previstos na lei.
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negócio unilateral deverá ser cancelado dado que esse negócio
fica sem efeito.
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Além disso também na generalidade dos casos o benefício que
se obtém com a expropriação é um benefício que se presume, a
pessoa que tem o poder de expropriar não tem que provar que
efectivamente tem interesse.
A B C
B
A
C
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originária, dado que entre o legítimo titular do direito e o
terceiro não há relação. De todo o modo tem-se sustentado que
a aquisição é derivada translativa ou constitutiva consoante as
circunstâncias. Não há justificação para o terceiro ser mais
protegido no caso de invalidade do que no caso de validade. A
aquisição originária é mais forte para o adquirente.
B - Venda
2º
A C - Venda c/Registo
1º
D - Arrendamento
- Ocupação
- Achamento
- Acessão
- Especificação
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Estado (art. 1345º do CC) é uma ocupação aquisitiva da
propriedade.
É um acto jurídico simples, mas sujeito a regras iguais às do
negócio jurídico pelo menos no que respeita à capacidade para
adquirir por ocupação.
No art. 1266º do CC diz-se que para adquirir posse sobre coisas
susceptíveis de ocupação não é sequer necessário ter
capacidade natural. Só que o apossamento tanto pode originar
aquisição da posse (art. 1266º do CC), como da propriedade
(art. 1318º do CC). Se aquele que toma posse sobre coisa sem
dono não tem capacidade natural p efeito consiste apenas na
aquisição da posse, posse formal. Ao contrário se aquele que
toma posse de coisa sem dono tem capacidade natural o efeito
é a aquisição da propriedade. Naturalmente o modo da
aquisição é o modo em que se toma a posse.
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Alguém utiliza o terreno que juridicamente não lhe pertence, o
utilizador constrói uma casa no terreno, feita a construção se o
proprietário alguma vez exigir a restituição do terreno coloca-se
a questão se o proprietário ter direito ao terreno e à construção
ou se aquele que fez a construção tem o direito de ficar com
tudo.
• Especificação – verifica-se a
transformação de uma coisa pertencente
a uma pessoa por força do trabalho
realizado por outra pessoa. O trabalho
juridicamente não é uma coisa.
Acessão Natural:
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seja possível identificar o que é que se junta ao prédio por força
da acção natural.
Havendo boa fé, o problema é saber qual das coisas tinha maior
valor antes da junção. A totalidade resultante da junção será
atribuida àquele que era proprietário da coisa de maior valor,
ficando obrigado a compensar aquele que perde a propriedade
pelo valor dessa propriedade (art. 1333º do CC).
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tem de compensar pelo enriquecimento sem causa (art. 1341º
do CC).
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PROFS. ANTUNES VARELA E PENHA GONÇALVES - CRITÉRIO TRADICIONAL:
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- Objectiva: modifica-se o próprio conteúdo do direito real
- Subjectiva: quando ocorre uma mudança na titularidade
do direito em causa. Em rigor a modificação subjectiva só
por si não é modificação, porque o direito continua a ser o
mesmo depois da mudança do seu titular, só quando a
transferencia de titularedade implicar também a alteração
do conteúdo é que se pode falar em modificação.
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significa que o proprietário tanto pode ficar inteiramente
excluído do uso e fruição ou não ficar, depende das
necessidades do usuário. “Conflito entre diversos credores
hipotecários sobre a mesma coisa”, o exercício da primeira
hipoteca não exclui necessariamente o exercício da
segunda hipoteca, depende do montante que se conseguiu
obter com a venda executiva.
SUB-ROGAÇÃO REAL
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usufruto nas situações dos arts.1478º nº 2 e ss, 1482º CC.
Nestes artigos o usufruto incide sobre um determinado objecto e
por uma razão qualquer esse objecto ou é destruído ou perde
totalmente o seu valor ou transforma-se noutro.
Pela lógica da inerência esta destruição do objecto deveria
implicar a extinção do direito de usufruto, mas a lei considerou
que seria razoável manter o usufruto. Quando exista um nexo
de proveniência entre a coisa que se destruiu ou perdeu e outra
que entrou no seu lugar (é nisto que consiste a sub-rogação
real) o direito pode manter-se apesar da mudança do objecto.
Segundo o art. 1481º CC se o usufruto incide sobre uma coisa
que se destruiu, mas a coisa estava segura, o usufruto
transfere-se para a indemnização devida pelo segurador.
A letra da lei é de que o usufruto se transforme ou passa a
incidir, dá a ideia que o direito se mantém. No entanto, de um
modo geral, a diferença de objecto implica que os poderes
contidos no direito não podem ser os mesmos que existiam no
usufruto sobre a coisa que se destruiu.
No art. 1481º CC o usufruto “transfere-se” para uma
indemnização, os poderes de uso e fruição já não podem ser os
mesmos. O que quer dizer que os poderes contidos no usufruto
depois da mudança do objecto são de tal modo diferentes que já
não se pode considerar que o direito seja o mesmo. Por isso, de
um modo geral, em rigor o caso não é de modificação do direito,
mas de extinção do direito anterior e constituição ex lege (a
partir da lei) de um novo direito que pode ter o mesmo nome,
mas não tem o mesmo conteúdo. O usufruto sobre a
indemnização não é direito real, é direito crédito.
Só é modificação quando o direito é aproximadamente o mesmo
depois da mudança de objecto, arts. 1478º e 1479º CC.
FACTOS EXTINTIVOS:
• Não uso
É a forma especifica de extinção de direitos reais que resulta do
não exercício prolongado desse direito. No fundo é uma variante
da prescrição, só que é especificamente aplicada apenas aos
direitos reais de gozo, art. 298º nº 3 CC.
O não uso supõe o não exercício independentemente da causa
desse não exercício, tanto faz que seja porque não se quer ou
não se pode, salvo se o não exercício for causado pela oposição
de um terceiro, nesse caso em vez de não uso verifica-se a
usucapio libertatis, art. 1574º CC.
Além disso o não uso como está sujeito ás regras da caducidade
dai decorre que não se verificam causas de interrupção ou
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suspensão do prazo. O prazo corre independentemente da
causa do não uso.
De acordo também com o art. 298º nº 3 CC o não uso somente
opera para os direitos reais de gozo e pelos vistos não todos,
dado que pelo menos o direito de habitação periódica não esta
enumerado.
Por outro lado é necessário, para que o não uso seja facto
extintivo, que a lei contenda para cada direito a previsão de que
se extingue pelo não uso, ou seja, o art. 298º nº 3 CC apenas
admite a possibilidade dos direitos aí designados se extinguirem
pelo não uso, mas essa possibilidade só é concretizada se para
cada direito existir uma norma legal que contenha essa
previsão: usufruto; direito superfície art. 1536º nº 1 a) b);
servidões art. 1569º nº 1 b); direito propriedade (singular,
compropriedade e propriedade horizontal). Quanto ao direito
propriedade não há nenhuma previsão genérica, até porque a
regra é que o direito de propriedade não extingue pelo seu não
exercício. Parece que no caso da propriedade das águas o art.
1397º CC estabeleceu um caso de extinção dessa propriedade
por não uso. Dado que embora se utilize a expressão “caduca”
tem se entendido que como não há prazo fixado pela lei para
operar essa caducidade então o caso só pode ser de não. De
todo o modo é não uso com um regime muito suis generis
porque nas outras situações o não uso só por si não é m facto
suficiente, é preciso que o não uso se estenda durante um
determinado período de tempo. O prazo normalmente é de 10 a
20 anos.
No caso do art. 1397º CC o não uso opera independentemente
da verificação de um prazo fixo, fica ao critério de quem aprecia
se o prazo que já correu é suficiente para o não uso.
O não uso como está sujeito ás regras da caducidade opera
automaticamente, ou seja, verificando-se o não uso o direito que
não está a ser exercido extingue-se instantaneamente.
Os restantes direitos reais ( garantidos e aquisição) não estão
submetidos ao não uso e, por isso, o decurso do tempo sem
exercício desses direitos somente pode ter relevância no âmbito
da prescrição.
A prescrição tem de ser invocada, os prazos de prescrição são
prazos que se podem interromper ou suspender.
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exercido só que a causa do não exercício é a oposição da
pessoa que é prejudicadamente onerada com este direito.
Prédio Serviente
Prédio dominante A B
Servidão de Passagem
• Consolidação
É um fenómeno semelhante à confusão nos direitos créditos.
Verifica-se quando que qualquer circunstancia o titular de um
direito sobre uma coisa torna-se também titular de outro direito
diferente sobre a mesma coisa e que inicialmente estavam em
titularidades diferentes.
De um modo geral não faz sentido manter na mesma pessoa os
dois direitos porque os poderes que o titular já tinha ou
consomem ou são consumidos pelo o outro direito “se o
proprietário adquire o usufruto que outra pessoa tinha sobre a
mesma coisa, os poderes de uso e fruição são consumidos pelos
poderes uso e fruição contidos na propriedade”.
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implica sempre extinção. Sempre que a extinção do direito que
é consumido pudesse causar um prejuízo a terceiros.
A B C
Proprietário Usufrutuário Hipoteca
B 1ª - Hipoteca
A
C 2ª - Hipoteca
Proprietário
D 3ª - Hipoteca
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Esta posição tem a dificuldade de se admitir a hipoteca sobre
coisa própria, tem de se admitir assim uma hipoteca que não
garante nada (entre a renúncia de B e a transferência para
outro credor que não C e D).
• Termo e condição
A B C
Testador Fiduciário Fideicomissário
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2. Outro caso de propriedade temporária é o caso do
Superficiário – art. 1524º e ss do CC – O direito de
superfície é o direito de constituir ou pelo menos manter
uma construção ou plantação em terreno alheio, por isso,
juridicamente verifica-se uma separação que excepciona o
funcionamento da acessão. Através do direito de
superfície uma pessoa fica titular do solo e outra pessoa
fica titular da construção implantada nesse solo. O
superficiário é proprietário da construção ou plantação, o
fundeiro é o proprietário do solo. Uma vez que o direito de
superfície tanto pode ser perpetuo como o temporário nos
casos em que o direito de superfície seja constituído para
certo prazo, o direito de propriedade do superficiário é
também um direito temporário. O direito de propriedade é
objectivamente temporário, o termo do prazo leva a que o
proprietário do solo torne-se automaticamente proprietário
(por acessão) das construções ou plantações.
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expropriação o expropriado continua a ter o direito que tinha só
que não pode exercer. Se no entanto não for dada a utilização
que levou à expropriação, o expropriado pode exigir a
restituição que tem eficácia retroactiva à data da expropriação.
O direito de reversão está sujeito a um prazo máximo para o seu
exercício – 20 anos.
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subsunção de casos que não correspondendo exactamente ao
modelo legal ainda estão próximos. Este raciocínio não é
possível para a generalidade dos direitos reais devido ao art.
1306º do CC, não se admitem raciocínios por aproximação, ou
cabe no modelo ou não. Excluindo a propriedade não se pode
falar em tipos, mas em modelos ou classes, só o direito de
propriedade está definido em termos de aproximação, é que o
fiduciário ainda tem direito que por aproximação cabe no direito
de propriedade.
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Ao contrário, tratando-se de direitos menores não previstos,
como a lei não estabelece uma conversão legal considera-se
que o acto constitutivo desse direito menor é nulo nos termos
do art. 294º do CC porque se considera que o art. 1306º tem
uma norma imperativa. Admite-se que se possa fazer a
conversão desse negocio nos temos gerais do art. 293º do CC e
eventualmente obter também um acto jurídico constitutivo de
um direito menor, mas com eficácia obrigacional.
A conversão nos termos do art. 293º do CC exige a vontade
conjectural das partes.
A conversão legal opera independentemente da vontade
conjectural.
Exemplo:
Servidões, dado que seguindo o art. 1544º do CC as servidões
podem servir para prestar qualquer utilidade ao proprietário do
prédio dominante desde que se respeitem os requisitos do
modelo de servidão do art. 1543º do CC.
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limitações ou deveres que são impostos na qualidade de titular
do direito.
CONTEÚDO POSITIVO:
Nos direitos de gozo o conteúdo positivo é formado
essencialmente pelos poderes de utilização, fruição e também
elos poderes disposição da coisa, normalmente só o proprietário
é que é titular.
A B
Obrigado Preferente
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Nos termos do art. 416º do CC, o direito do preferente começa
por ser um direito crédito, exigir a comunicação do projecto de
venda. Feita a comunicação o preferente fica com o direito
potestativo de aceitar a comunicação , pois é considerado uma
proposta contratual.
Se o obrigado à preferencia celebra a favor de terceiros um acto
qualquer que não implique a transmissão, ainda assim não há
direito real aquisição, não se pode invocar contra terceiros,
porque o acto de oneração é ineficaz perante o preferente, por
isso, somente surge o direito real de aquisição na titularidade do
preferente quando o obrigado à preferencia se coloca em
situação de incumprimento definitivo (quando vende a C). Só
nesta altura o preferente tem uma situação oponível a um
terceiro.
Só que o direito do B não é um direito propriamente dito de
acompanhar a coisa, que o preferente pode fazer é intentar a
acção de preferencia nos outros termos gerais do art. 1410º do
CC.
A finalidade da acção de preferencia é uma substituição, o
preferente é substituído na posição do terceiro comprador
devido à sentença. O acto de alienação a favor do terceiro
mantém-se, simplesmente os efeitos desse acto passam a
produzir-se na esfera jurídica do preferente que obtém a
substituição.
C D
Vende
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Na promessa com eficácia real o promitente adquirente mantém
o direito à execução especifica, mesmo que o promitente
alienante se tenha colocado em situação de não poder cumprir.
A B
Promessa
Venda C
CONTEÚDO NEGATIVO:
O conteúdo negativo, de um modo geral, são os deveres ou
vinculações que incidem sobre o titular do direito real nessa
qualidade.
Limites:
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São sinónimo de restrições, são proibições de actuação que
servem para delimitar o conteúdo do direito real. Basicamente
os limites distinguem-se em limites impostos no interesse
público ou particular consoante estejam instituídos para
beneficiar pessoas indeterminadas ou pessoas determinadas ou
pelo menos determináveis .
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A jurisprudência do Tribunal Constitucional entende que é a
Administração que atribui o direito de construção, as razões não
são jurídicas, mas económicas.
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possível que as limitações não se apliquem se existir
consentimento do lesado.
O consentimento pode ir desde o consentimento justificante
(art. 340º do CC) que isenta o autor de responsabilidade ou até
a constituição de servidão predial desvinculativa através da qual
o potencial lesado consente em termos reais que outrém possa
ultrapassar os limites que lhe são impostos não perante aquele
que consentiu como perante os terceiros.
Exemplo:
No caso das distancias, art. 1362º ou 1365º do CC, constituída a
servidão alimentação não pode ser observada.
Exemplo:
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Exemplo:
Os condóminos estão obrigados a participar na despesa do
elevador, quando o elevador se avariar.
Exemplo:
A condómino não pagou as ultimas 6 prestações para as
partes comuns, vendem a B. O novo comprador só está
vinculado às prestações que se vencerem enquanto ele é
proprietário.
62
pressupostos de facto que de terminaram o vencimento
sejam aparentes, nesse caso transmitem-se.
Exemplo:
A comprou uma fracção autónoma de um edifício que tinha o
elevador avariado. Se aceitou comprar parta-se do principio
que aceitou a despesa. É possível, mas não está previsto na
lei.
63
aceitar o direito permanece com o devedor, mas a obrigação
fica extinta.
Exemplo:
A B
Dominante Serviente
Exemplo:
Na doação, art. 959º nº1 parte final, o doador pode
reservar para si o direito a uma certa quantia sobre os
seus bens doados. Se o proprietário da coisa doada não
cumpre o doador pode executar a coisa que doou pelo
não cumprimento.
Exemplo:
64
Art. 2018º do CC, apanágio do cônjuge sobrevivo, o
cônjuge viúvo tem o direito a uma prestação de
alimentos retirada dos bens que foram deixados pelo
cônjuge que faleceu. Quem receber esses bens tem o
dever efectuar a prestação de alimentos sobre pena de
execução dos bens sobre que incide o apanágio.
Exemplo:
Art. 22º e 23º do DL 275/93 de 5 de Agosto, regula o
direito real de habitação periódica.
PARTE ESPECIAL
DIREITOS DE GOZO EM ESPECIAL
65
Assim, enumerado, as leis restritivas não podem ser
retroactivas; devem necessariamente ter alcance geral e
abstracto; são da competência da Assembleia da Republica que
pode delegar no Governo; e as leis restritivas nunca podem
atingir o conteúdo essencial de um direito, art. 18º nº 3 da CRP.
Quer isto dizer que cada direito sujeito ao regime do art. 18º nº
3 da CRP deve ter um conteúdo mínimo que em caso algum
pode ser afectado por lei restritiva.
No caso do direito de propriedade há pelo menos a seguinte
especialidade:
• Mesmo sendo um direito análogo aos direitos liberatórios
e garantias é um direito de natureza patrimonial e, por
isso, tem-se admitido que o conteúdo essencial da
propriedade poderá ser restringido desde que a perda
desse conteúdo essencial seja compensada
economicamente através de indemnização ou
compensação.
Exemplo:
O fiduciário tem menos do que normalmente a propriedade
contém, o poder de disposição está muito limitado.
Exemplo:
Aquele que vende com reserva de propriedade (art. 409º do CC)
tem um direito de propriedade que não inclui o uso e fruição,
66
nem o essencial da disposição, nesse caso a propriedade está a
servir como um direito de garantia.
67
• Acção negatória (não está literalmente prevista)
68
acção de reinvidicação e a acção de demarcação, o
estabelecimento da extrema pode implicar que um dos
proprietários em presença tenha que restituir a parcela que
ocupa indevidamente. A reinvidicação tem o mesmo objectivo,
obter a restituição da coisa.
A distinção faz-se atendendo ao objecto da discussão em litígio:
se forem os títulos de aquisição o problema é de reinvindicação
(saber a quem pertence uma parcela do prédio).
O problema é de demarcação se o que está em questão é a área
de cada prédio sem interferir nisso qualquer título de aquisição.
69
CONCEPÇÃO DA COMPROPRIEDADE (existem três possibilidade):
70
A quota ideal é a quantidade de participação de cada
comproprietário sobre a coisa comum. É a fracção ideal
que determina os direitos e obrigações de cada
comproprietário. Se forem dois comproprietários cada
comproprietário tem 50 % da coisa.
Na compropriedade temos um direito de propriedade que
não incide sobre uma coisa corpórea. É contraditório com
o art. 1302º do CC que diz que a propriedade só pode ter
por objecto coisa corpórea. Se o direito de cada
comproprietário incide sobre uma quota da coisa, então a
coisa comum não tem proprietário.
71
Tem-se admitido desde que, pelo menos, o regulamento de
utilização seja constante do acto que constitui a
compropriedade.
72
A
B Venda a C (art. 1408º nº2 e 892º do CC)
73
Por isso, admite-se que a venda ou dação em cumprimento de
partes especificadas possa ser objecto de conversão nos termos
do art. 293º do CC em venda ou dação em cumprimento de
quota ideal e, por isso, desde que estejam verificados os
requisitos do art. 293º do CC pode tornar-se válida a venda ou
dação em cumprimento de modo que os outros comproprietários
possam preferir.
A
B Venda a C art. 293º do CC
74
convencionado a cláusula de indivisão. Nos termos do art. 1412º
nº 2 do CC essa cláusula não pode ter duração superior a 5
anos, apesar de se permitirem renovações sucessivas.
75
consista no parcelamento da coisa, nas outras hipóteses de um
modo geral não se pode fazer.
Propriedade Horizontal
76
De todo o modo, no essencial a propriedade horizontal supõe
que determinadas partes de um edifício ou de um conjunto
imobiliário serão objecto de propriedade exclusiva – fracções
autónomas (para o professor é preferível partes privativas).
Exemplo:
Garagens
77
(conjuntos imobiliários em que cada edifício é equiparado a uma
fracção).
Cada edifício do conjunto imobiliário por sua vez pode estar
dividido em fracções, em rigor existem para cada edifício
fracções autónomas e partes comuns a essas fracções e depois
existem os edifícios equiparados a fracção e as zonas que são
comuns a esse edifício.
A dificuldade prática do ponto de vista jurídico é que a
propriedade horizontal implica a existência de dois órgãos:
Assembleia de condóminos e Administração.
Há quem entenda que nos conjuntos imobiliárias existem órgãos
de administração próprios de cada edifício e existem órgãos
administrativos das partes comuns a todos os edifícios – opinião
do professor.
Há quem entenda que só pode haver um órgão de
administração relativo à totalidade – opinião dominante.
78
Negócios jurídicos: normalmente trata-se de negócios
jurídicos unilateral dado que se destina apenas a colocar o
edifício ou conjunto de edifícios em regime de propriedade
horizontal, não há ainda alienação ou oneração das fracções.
Só é concebível, em geral, que o negocio de constituição seja
contrato nos casos em que o edifício esteja em compropriedade
e que os comproprietários dividam o objecto da
compropriedade pondo termo à compropriedade por divisão
extrajudicial.
A divisão extrajudicial configura um contrato.
Exemplo:
E F
C D
A B
79
horizontal e por tanto não há fracções. Destinam-se a proceder
à determinação do objecto, a individualizar cada fracção.
Deve proceder-se à individualização o mais pormenorizada
possível da composição de cada fracção (art.1418º nº 1 do CC).
É necessário pormenorizar o melhor possível a descrição de
cada fracção.
Exemplo:
Andar x, área y2, arrecadação, lugar de estacionamento.
Existe o hábito de identificara fracção por uma letra.
80
O regulamento do condomínio é um acto que também se pode
tornar oponível perante terceiros, apesar de na maior parte das
vezes ser uma deliberação da assembleia, desde que no registo
predial se faça referencia á existência do regulamento.
O titulo constitutivo não tem identificar as partes comuns,
porque a regra é de tudo o que não foi identificado por fracção
autónoma por exclusão de partes, é parte comum, art. 1421º
nº2 e) do CC.
81
cada fracção representa em relação à totalidade do edifício
(valor expresso em percentagem ou premilagem), art. 1424º nº
1 do CC.
Admite-se, no entanto, que o critério de repartição das despesas
seja outro qualquer, dependendo para ser aprovado de maiorias
diferentes consoante se trate propriamente de partes comuns
ou se trate de serviços de interesse comum.
82
todos os condóminos desde que represente 2/3 do conjunto
total, art. 1425º nº1 do CC, mesmo que hajam votos contra.
83
USUFRUTO – art. 1439º e ss do CC – é do ponto de vista do uso e
fruição muito parecido com a propriedade, dado que como diz o
art. 1439º do CC o usufruto permite o uso e fruição plena.
84
No usufruto de coisas consumíveis o usufrutuário no termo do
usufruto está obrigado a restituir por uma de duas vias: ou
restitui outras coisas do mesmo género, ou se as coisas dadas
em usufruto foram avaliadas no início do usufruto, o
usufrutuário tem que entregar o respectivo valor em dinheiro.
CARACTERÍSTICAS DO USUFRUTO
85
A função típica do usufruto é a de beneficiar alguém
gratuitamente, portanto justifica-se que em caso de mau uso,
permaneça a fruição.
86
podia esperar legitimamente a extinção do usufruto com a
morte do primeiro usufrutuário ou com a verificação do prazo.
Exemplo:
Proprietário 1º Adquirente
Usufrutuário
A B C Herdeiros
(usufruto)
Vida/Prazo Se o C morre antes de
B
87
No essencial o usufrutuário tem os poderes de uso e fruição, no
âmbito desses poderes pode transmitir o seu direito ou pode
onerá-lo, art. 1444º do CC.
88
O usufrutuário tem a obrigação de conservar a coisa e portanto
deve realizar as benfeitorias ou obras de conservação que se
destinem a preservar a coisa, nos termos do art. 1472º do CC, o
usufrutuário está obrigado a realizar as benfeitorias necessárias.
89
De um modo geral o direito de uso e habitação tem um
conteúdo mais restrito do que o direito de usufruto, porque
enquanto o usufruto atribui o uso e fruição pleno, o direito de
uso e habitação atribui o uso e fruição na medida das
necessidades pessoais.
É possível que o âmbito das necessidades pessoais exija o uso e
fruição pleno.
As diferenças são:
90
está impedida e a fruição natural também porque é a casa de
morada de família.
No caso do direito de uso a fruição civil está impedida, mas a
fruição natural é concebível.
91
que por definição o direito de habitação periódica e, portanto foi
necessário arranjar alguém que ficasse obrigado à manutenção
de todas as habitações – unidade de alojamento – dado que os
usuários não estão localizados de forma a poderem na prática
exercer a administração.
92
seguidos, mas tem que ser fixado na escritura de constituição
do direito. É o proprietário que define a duração.
O proprietário do empreendimento não pode onerar as unidades
de alojamento com outros direitos que não sejam os de
habitação periódica, art. 2º nº1. (Para o Professor não faz
sentido em relação aos direitos de gozo).
93
presencialmente (art. 12º nº1 e se a transmissão for onerosa
deve indicar-se também o valor dessa transmissão.
94
construção ou plantação o superficiário tem um direito sem
objecto ou o objecto é o solo.
95
– fundeiro – e este entenda alienar só a propriedade da
construção ou plantação, o superficiário adquire
imediatamente os dois direitos.
A usucapião supõe a posse sobre uma coisa, por isso,
para o direito de superfície se constituir por usucapião
pressupõe-se que o pretenso superficiário actue como
superficiário, ou seja, faça a construção ou plantação,
enquanto isso não suceder não há posse e portanto não
começam a contar os prazos da usucapião.
96
no fundo a principal vantagem que o fundeiro pode retirar da
constituição do direito de superfície.
97
o proprietário do solo também se torna automaticamente
proprietário da construção ou plantação no estado em que a
coisa se encontrar.
98
pressuposto para a servidão predial, há sim uma servidão
pessoal.
A servidão pessoal entre nós não é, nem pode ser direito real
devido à regra da taxatividade. No máximo terá a natureza de
um direito pessoal de gozo.
99
Nas servidões legais concede-se um poder ao proprietário do
prédio dominante que lhe permite impor uma oneração ao
proprietário do prédio serviente, contra o qual o serviente não
pode fazer nada, é um caso de expropriação por utilidade
particular.
O conteúdo das servidões legais é um conteúdo típico, a lei só
concede o tal poder potestativo constitutivo para situações
tipificadas.
100
Já decorria esta consequência da qualificação como
expropriação, mas a lei para cada espécie de servidão legal
especificou (servidão de passagem – 1554º do CC e servidão de
águas – arts. 1557º nº1, 1558º nº1, 1561 nº2 e 1562º do CC).
Exemplos:
- Numa servidão de passagem a marca é a estrada ou
caminho que revela a passagem.
- Na servidão de luz as marcas são as janelas ou portas
abertas a menos de 1,5mt do prédio vizinho.
101
independentemente disso tem que existir os sinais visíveis e
permanentes
Consequências:
- arts. 1548º e 1293º a) do CC, as servidões não aparentes não
podem ser constituídas por usucapião.
As servidões não aparentes são aquelas que não se
manifestam externamente por sinais visíveis, regra geral
também não podem ser constituídas através de destinação do
pai de família (art. 1559º do CC).
102
As acções possessórias servem apenas para defesa da posse,
não da detenção. Nas aparentes há revelação externa da
existência da posse.
Efeitos do Registo:
103
proprietário do prédio dominante fique isento / desvinculado do
respeito por uma limitação de vizinhança.
104
Esta distinção não tem qualquer implicação jurídica, porque o
regime da posse é aplicável indistintamente ao possuidor formal
e ao possuidor causal, o que importa é que ambos os casos
exista posse.
105
lei estabeleceu que o domínio de facto é qualificável não como
posse, mas como detenção.
106
CONCEPÇÃO SUBJECTIVA DO ANIMUS AVALIADO EM ABSTRACTO: o
que importa é o fundamento que está na origem do
domínio de facto, o que importa é como é que se obteve o
domínio. Se o domínio de facto foi obtido com base num
acto jurídico apto a transmitir um direito de gozo,
presume-se o animus e, portanto, haverá posse
independentemente da validade formal do acto jurídico. Ao
contrário, se o domínio de facto é obtido com outro
fundamento qualquer não se presume o animus e,
portanto, haverá detenção. Ex: o promitente comprador
tem sempre detenção, porque o seu domínio de facto está
fundamentado num acto que não é apto a transmitir um
direito de gozo.
107
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA:
- Apossamento (art. 1263º a) do CC),
- Inversão do título da posse (arts. 1263º d) e 1265º do
CC).
AQUISIÇÃO DERIVADA:
- Tradição da coisa,
- Constituto provisório (arts. 1263º c) e 1264º do CC),
- Sucessão na posse (art. 1255º do CC),
- Traditio brevi manu (não está formalmente previsto).
108
Inversão do título da posse – a inversão do título supõe um
detentor, é um modo de aquisição originária da posse a favor de
quem antes de adquirir a posse era já detentor e, por isso, a
inversão permite que o domínio de facto do detentor seja re-
qualificado. De acordo com o art. 1265º do CC a inversão
admite:
109
reagir através das acções possessórias sujeitas ao prazo
de caducidade de um ano (art. 1282º do CC). Só do ponto
de vista factual é que há uma modificação – o detentor
passa a possuidor mudando com isso a sua situação
jurídica.
110
Só uma das posses é que contém o domínio de facto – a do
esbulhador – a posse do esbulhado mantém-se porque nos
termos do art. 1257º do CC a posse mantém-se enquanto durar
o exercício do domínio de facto ou enquanto durar a
possibilidade e exercer esse domínio de facto. Como o
esbulhado mantém no prazo de um ano o direito de se defender
através das acções possessórias, durante esse ano tem a
possibilidade de recuperar o domínio de facto e portanto
continuar a exercer.
A (senhorio)
111
B (arrendatário) C
(vende e entrega)
Exemplo:
A B
Posse Venda
Empresta / arrenda / tolera
112
um terceiro, nesse caso, o adquirente torna-se possuidor apesar
de a coisa estar e permanecer na detenção desse terceiro.
Exemplo:
A C
Posse Venda
B
Arrendatário
113
autor da sucessão, o que significa que a posse dos sucessores é
exactamente a mesma que tinha o autor da sucessão e daí
decorre que as características que essa posse tinha na
titularidade do autor da sucessão mantem-se exactamente as
mesmas com os sucessores.
114
Posse titulada e posse não titulada, art. 1259º do CC – a
distinção entre posse titulada e posse não titulada está
relacionada com a causa de aquisição da posse.
Ex:
Art. 892º do CC
A B
Venda
115
Para a posse ser titulada é necessário que exista um acto
jurídico translativo que esteja a fundamentar a aquisição da
posse. É necessário que tenha ocorrido um acto qualquer de
aquisição da posse, nos termos do art. 1263º do CC, em
princípio um acto de aquisição derivada, e que esse acto de
aquisição da posse esteja fundamentado no tal acto translativo.
Ex:
Art. 892º do CC
A B
Venda
Se A não entrega a coisa a B não tem posse, por isso, não faz
sentido determinar se é titulada ou não titulada. Só faz sentido
se ocorrer aquisição da posse.
116
provar a simulação a posse é não titulada, porque nem sequer é
posse, o simulador tem na melhor das hipóteses a detenção,
pois possui no interesse do outro.
117
Posse violenta e posse pacífica, art. 1261º do CC – a posse
é violenta quando tenha sido adquirida com coacção física ou
coacção moral, à contrário a posse é pacífica noutra situação
qualquer.
São os prazos:
118
outrém é detentos, embora se o detentor também tiver um
direito real seja simultaneamente possuidor.
Exemplos:
A - Proprietário B - Usufrutuário
Comproprietários A/B/C
Exemplo:
A- B - usufrutuário C - arrendatário
proprietário
119
posse fica presumivelmente provado o direito correspondente a
essa posse
120
Se porventura tiverem a mesma data considera-se que
prevalece a presunção derivada da posse. A posse vale mais
ainda do que o registo, o argumento retira-se da letra do art.
1268º do CC.
ACÇÕES POSSESSÓRIAS:
As acções possessórias destinam-se à defesa da posse,
independentemente de essa posse ser formal ou causal.
121
consoante a perturbação consista em actos isolados entre si, ou
em actos continuados, em ambos os casos o prazo começa a
contar desde o primeiro acto de perturbação, embora se forem
actos isolados para cada qual funciona o seu prazo. O prazo só
começa a contar se os actos de perturbação forem públicos e
pacíficos.
122
interesse, neste caso, é o de defender a posse contra qualquer
diligência judicial que tenha ofendido a posse.
123
Para que este efeito ocorra exigem-se determinados
requisitos relativos à posse e ao prazo.
124
variação do prazo em função do registo da mera posse, art.
1295º do CC.
Exemplo:
A B C
Posse (senhorio) Detentor (arrendatário) Venda e entrega Tradição
Oposição por inversão do título, art. 1295º do CC.
Supondo que A não se opôs, C pode juntar o seu tempo de
posse ao tempo de posse do B, não pode juntar o tempo de A,
pois B adquiriu originariamente.
125
Verificado o prazo o possuidor tem o direito de invocar a
usucapião, o que significa que a usucapião não produz efeito
aquisitivo automaticamente, concede-se apenas o direito de o
adquirir.
A aquisição da usucapião é potestativa, logo tem de ser
invocada – resulta do facto do regime da usucapião ser por
remissão do art. 1292º do CC o mesmo regime da prescrição
(art. 300º e ss do CC).
126
dos imóveis há dois direitos que não podem ser adquiridos por
usucapião – servidões não aparentes e direitos de uso e
habitação, art. 1293º do CC.
Exemplo:
A B
Servidão
127
1.
António é proprietário de um terreno no qual construiu, em
1980, uma vivenda de dois andares. Na altura, deixou em
relação ao terreno vizinho, pertencente a Bernardo, uma
distância de cinco metros.
Entretanto, agora pretende construir uma garagem
anexa justamente no espaço que medeia entre a sua vivenda e
a estrema com o terreno de Bernardo.
2.
João, José e Joaquim são comproprietários de uma quinta
desde 1982. Convencionaram, na altura, que cada um utilizaria
exclusivamente certa parcela da quinta. Assim: João utilizava a
parte destinada à produção vinícola; José utilizava a parte
128
destinada à produção de cereais; Joaquim, por último, utilizava a
parte onde se encontrava edificada uma casa de habitação.
A situação prolongou-se até agora. Mas, já este ano,
Joaquim, que ao longo dos anos realizou inúmeras obras de
beneficiação na dita casa, vendeu-a a Luís por 20.000 contos.
3.
A é proprietário de um terreno com 5.000 m2. Construiu
aí um edifício, que utiliza como stand de automóveis, localizado
no lado sul junto a um terreno pertencente a B.
No lado norte, A construiu um edifício com três andares
que constituiu em regime de propriedade horizontal, vendendo
as cinco fracções daí resultantes a diferentes pessoas.
Como perdeu o acesso directo à via pública por causa
desta edificação, deixou, ao construi-la, um túnel sob a mesma
para chegar à rua.
4.
Distinga:
129
b) Propriedade horizontal sobre um edifício de
propriedade horizontal sobre um conjunto imobiliário.
5.
Depois de atentar no conteúdo das disposições legais que
a seguir se transcrevem, (provenientes da Lei das Augi’s – Áreas
Urbanas de Génese Ilegal), compare-as com o regime normal da
compropriedade e aponte as especialidades que encontrar.
Artigo 36.°
Modalidades de divisão
1 - Os prédios em compropriedade que integrem a
AUGI podem ser divididos, em conformidade com o alvará
do loteamento ou a planta de implantação do plano de
pormenor, por acordo de uso, sem prejuízo do recurso à
divisão por escritura pública ou por decisão judicial.
Artigo 38.°
Divisão
1 - A divisão por acordo de uso opera-se mediante
deliberação da assembleia de comproprietários convocada
para o efeito, nos termos da presente lei.
Artigo 12.°
Funcionamento da assembleia
1 - A assembleia delibera em primeira ou em
segunda convocatória nos termos previstos no Código Civil
para a assembleia de condóminos dos prédios em
propriedade horizontal …
6.
Zebedeu Zapato pretende vender a Xavier Xarope, por
30.000 contos, uma moradia com terreno contíguo no qual estão
plantados 500 pés de vinha. Este último, como recorreu a
crédito bancário para realizar a compra, celebrou escritura de
constituição de hipoteca sobre a referida moradia a favor do
mutuante, o Banco Antoniano.
A hipoteca foi registada provisoriamente.
Entretanto, foi realizada a escritura de compra e venda
entre o Zapato e o Xarope, e, nessa altura, foi o registo da
hipoteca convertido em definitivo.
Acontece que, entre a data do registo provisório da
hipoteca e a data da sua conversão em definitivo, foi realizado o
registo, sobre o mesmo prédio, de um contrato promessa de
compra e venda entre o Zapato e o Valter Wanderley.
130
a) Qual a situação do Xarope e do Banco Antoniano?
7.
Dinis Dionísio vendeu a Estrela Escobar, em 1970, por
escritura pública, um terreno agrícola com 5.000 metros
quadrados.
A compra não foi registada.
Estrela Escobar faleceu e sucedeu-lhe o filho Fernando
Fernandino, o qual continuou a utilizar o dito terreno para fins
agrícolas.
Entretanto, os sucessores do Dionísio, como não tiveram
conhecimento da venda efectuada a Escobar (ou, pelo menos,
assim o dizem), registaram, quando aquele faleceu, sobre o
referido terreno, a sucessão mortis causa a seu favor.
Desde 1995 que o Fernandino tem o terreno ao
abandono. Acontece, porém, que agora chegou ao seu
conhecimento que um dos filhos do Dionísio construiu um
edifício de três andares no terreno em causa.
Quid Juris?
8.
A, proprietário, constituiu usufruto a favor de B, sobre
um apartamento, por escritura pública datada de 1/1/1998 não
registada.
A faleceu em 1999 e sucedeu-lhe o seu filho C. Este, por
escritura datada de 1/1/2000, constituiu usufruto a favor de D,
sobre o mesmo apartamento, o que foi registado em 1/2/2000.
Qual a situação de B e de D?
9.
Em 1982, A, sociedade comercial, doou um Palácio a B,
associação cultural e recreativa, proibindo, através de cláusula
inserida na escritura de doação, a utilização do prédio em causa
para fins diferentes dos estatutários.
B instalou numa parte do Palácio, em 1983, um
infantário/creche.
131
A doação só foi registada em 1/6/1999.
10.
A, B, C, D, e E, são comproprietários de um terreno com
cinco hectares. A construiu aí, em 1975, uma vivenda de dois
pisos. Na altura, todos os demais comproprietários consentiram
verbalmente na realização da referida edificação.
11.
Considere os seguintes factos:
- A é proprietário de uma loja de antiguidades onde
também se fazem restauros de mobiliário antigo.
- B deixou aí um louceiro do século XVIII para
restauração.
- Concluída esta, o louceiro foi colocado em exposição.
- C, um cliente da loja, ofereceu a A 2.000 contos pelo
mesmo.
- Como havia já um ano e meio que B não aparecia na
loja nem dava notícias, A julgou que aquele se havia
desinteressado do louceiro, e, por isso, aceitou a proposta de C.
- O louceiro em causa foi entregue a C.
132
12.
Considere os seguintes factos:
- A e B são proprietários de prédios contíguos.
- No prédio do primeiro existe uma casa de habitação
que dista quarenta centímetros em relação ao prédio do
segundo.
- Ambos os prédios têm comunicação directa com a
estrada.
- C vendeu a A um outro prédio, contíguo ao deste e ao
de B.
- Este prédio não tem comunicação directa com a
estrada, antes utilizando para o efeito o prédio de B.
13.
Caracterize, justificando:
133
b) A obrigação imposta pelo art. 1375º/ nº1 do Código
Civil.
14.
A é proprietário de um terreno agrícola com 5000 m2.
Celebrou com B contrato-promessa de compra e venda relativos
a 4000m2, que já foram demarcados.
Feita a entrega desta parcela, B construiu aí um
armazém para uma pequena indústria de aglomerados de
madeira. A construção foi realizada sem que A tivesse criado
qualquer oposição.
15.
A, B, C e D são comproprietários de um terreno agrícola.
Decidiram, em 1995, aí construir, cada qual, a sua vivenda. Para
o efeito demarcaram o terreno em quatro partes e edificaram.
Quando, em 2002, a Câmara Municipal respectiva, para
legalizar a situação, elaborou um plano (de pormenor) para a
zona, verificou-se que através deste foram criados cinco lotes –
quatro correspondentes às vivendas e o quinto obtido a partir da
junção de áreas sobrantes de cada um daqueles quatro.
16.
A é proprietário do navio mercante Sierra que se afundou
no rio Tejo em 1980.
Segundo o art. 168º/nº1 do DL nº 265/72 de 31/07
(Regulamento Geral das Capitanias), a remoção de embarcação
134
afundada ou encalhada que cause prejuízo à navegação deve
ser efectuada pelo respectivo proprietário.
Como não o fez, o Estado encarregou-se da operação,
tendo dispendido para o efeito 20.000 contos. O Estado vem
agora reclamar essa quantia a A.
17.
António Marmeleiro é proprietário de um terreno
agrícola cujo único estremante é Manolo Caldeiro, proprietário
de outro terreno agrícola confinante.
Em Dezembro de 1998, o Marmeleiro encontrou um
comprador para o seu terreno disposto a dar-lhe 150.000 euros
pelo mesmo, o que, no caso, era um bom preço. Assim sendo, a
escritura de compra e venda foi celebrada um mês depois, mas,
na mesma, por questões fiscais, declararam-se apenas 50.000
euros.
Acontece que, nos termos do art. 1380º do Código Civil,
o Caldeiro tinha preferência naquela venda.
18.
No edifício y, constituído em propriedade horizontal,
existem dez condóminos.
A fracção D está arrendada.
Entretanto, por deliberação tomada em assembleia de
condóminos por oito votos contra dois, decidiu-se a instalação
de uma antena parabólica no edifício. O arrendatário da fracção
D foi um dos que votou favoravelmente, embora o respectivo
senhorio nem sequer tenha comparecido na dita assembleia.
135
a) Qual a situação jurídica em que os condóminos se
encontram face à antena parabólica em questão?
19.
Carlos, proprietário do automóvel y, vendeu-o a Daniel,
reservando para si a propriedade do mesmo até que este
efectuasse o pagamento integral do preço. O automóvel foi
entregue imediatamente após a celebração do contrato.
20.
António, empreiteiro e proprietário do apartamento x,
constituiu sobre o mesmo, por doação, direito de habitação a
favor de Bernardo. A respectiva escritura foi lavrada em
1997/01/01, mas Bernardo somente registou a aquisição
passados quatro meses.
Entretanto, Carlos obteve sentença que condenava
António a pagar-lhe 8.000 contos a título de indemnização pelo
não cumprimento de um contrato de empreitada entre ambos
anteriormente celebrado. Para se assegurar, em 1997/03/01,
136
Carlos registou (nos termos do art. 710º) hipoteca sobre o
referido apartamento x.
21.
A e B, proprietários de dois prédios vizinhos, pretendem
estabelecer entre os mesmos uma zona de uso comum,
constituída com terreno cedido por ambos, em partes iguais, e
destinada, entre outras coisas, a servir de estacionamento, de
jardim e a receber, futuramente, a instalação de uma piscina.
Juridicamente, querem:
- a vinculação real indefinida daquela zona de uso
comum à propriedade de ambos os prédios, de modo a que
transmissão de um deles implique automaticamente a
transmissão da zona de uso comum;
- a impossibilidade de qualquer um dos proprietários pôr
termo à comunhão potestativamente;
- a repartição per capita das respectivas despesas de
manutenção.
137
dois prédios, configurando-se a zona de uso comum
como uma
parte comum.
22.
Em 1995, A, proprietário do terreno x, prometeu vendê-
lo a B. Ainda antes do vencimento do prazo convencionado
dentro do qual a escritura de compra e venda deveria ser
outorgada, A vendeu o terreno em causa a C.
138
c) supondo que B registou a acção de execução
específica, nos
termos do art. 3º do Código do Registo Predial, antes de
C proceder
ao registo da respectiva aquisição.
23.
A, B e C, são comproprietários de uma herdade com 30
hectares situada no Alentejo. A aquisição da herdade teve em
vista a obtenção de uma mais-valia com a sua venda posterior,
pelo que convencionaram, no título de aquisição da mesma,
uma cláusula de indivisão por dez anos, contando com a
valorização dos terrenos situados naquela área, dado que
passariam a beneficiar de uma nova auto-estrada, já em fase de
construção. Entretanto, convencionaram que cada qual
utilizaria, conforme entendesse, dez hectares individualizados
para cada um mediante cercas.
Porém, A mudou de ideias e, passados quatro anos,
pretende obter a divisão para poder construir na sua parcela
uma casa de habitação, a fim de nela passar férias com a
família.
24.
Contra A, foi movida, em 1997/02/02, acção executiva
para pagamento de 5.000 contos que o mesmo devia a B,
credor exequente. Na dita execução foi penhorado um
apartamento que A havia vendido a C em 1996/12/12.
B registou a penhora em 1997/05/05.
C somente registou a compra em 1997/06/06.
O apartamento foi judicialmente vendido a D, em
1997/07/07, não tendo sido ainda efectuado o competente
registo.
139
Quem é o proprietário do referido apartamento?
25.
António, proprietário do apartamento x, vendeu-o a
Bernardo, mantendo-se, porém, como usufrutuário do mesmo
até ao ano 2010.
26.
Gabriel, proprietário de um prédio onde existe um
edifício de três andares, concedeu a Henrique o direito deste
construir uma garagem subterrânea no espaço subjacente
àquele edifício. Uma vez que as fundações desse edifício
atingiam grande profundidade, na construção da garagem
Henrique aproveitou-as para suporte das respectivas paredes.
27.
A "Sociedade Pesqueira, Ld.ª", proprietária de uma frota
de barcos de pesca, adquiriu um novo navio para essa frota.
140
Todavia, o porão congelador, como não podia ser
produzido pelos estaleiros navais que construíram o navio, foi
adquirido em sistema de venda com reserva de propriedade à
FICAPOR. Esta fez a entrega imediata àquela, e, logo após, o
referido porão foi, como é próprio, instalado no navio em causa.
Acontece que, por força de certas dificuldades
financeiras, a partir de certa altura a "Sociedade Pesqueira,
Ld.ª" deixou de pagar as prestações devidas à FICAPOR. Esta
pretende, por isso, com fundamento nesse incumprimento,
obter a restituição do porão congelador. Contudo, tal implica
agora provocar importantes danos, tanto no navio, como no
porão.
141
28.
Tenha em consideração o seguinte extracto de inscrição
predial:
142
1.5. Consegue explicar as razões pelas quais a inscrição
de constituição de hipoteca deve conter a indicação do
montante máximo assegurado?
29.
Daniel, proprietário de uma casa de habitação, arrendou-
a a Esmeralda. As rendas eram pagas a Francisco, procurador
de Daniel, em virtude deste último residir no estrangeiro.
Passados dois anos sobre a data da celebração do
arrendamento, Francisco informou Esmeralda de que havia
adquirido a referida casa a Daniel e que estava agora disposto a
vendê-la por 20.000 contos.
30.
António vendeu a Bernardo, seu amigo íntimo, uma
quinta composta por casa e vinhedo, cuja área total rondava os
quatro hectares.
A razão da venda residia no facto de António, diplomata
de profissão, ter sido colocado na Tailândia e não poder, por
isso, dedicar-se à gestão da referida quinta.
143
Como o motivo da ausência era necessariamente
temporário, ficou acordado que, mal António regressasse,
Bernardo revenderia a António a quinta em questão.
Contudo, tendo a ausência de António sido prolongada
por cerca de dez anos, Bernardo, acreditando que o
anteriormente pactuado com aquele já tinha perdido qualquer
sentido prático:
(1ª sub-hipótese)
a) Vendeu tal quinta a Carlos.
Poderá António actuar contra Carlos exigindo-lhe a
restituição da quinta?
(2ª sub-hipótese)
b) Recusa-se à devolução (com fundamento no facto de
ter feito vultuosos investimentos tendo em vista o aumento da
produção de vinho).
Terá António meios ao seu dispor para obter a
restituição da quinta mesmo contra a vontade de Bernardo? Em
que medida é que a eficácia desses meios estará dependente do
registo?
31.
António doou a Bernardo, seu filho, por escritura, uma
casa recebida por herança de seus pais cujo valor de mercado
ascendia a 250.000 contos. Na medida em que ao primeiro
interessava manter o imóvel em causa "dentro da família", foi
inserida no correspondente contrato uma cláusula por força da
qual Bernardo ficava proibido de transmitir o referido imóvel a
qualquer terceiro com o qual não existisse relação de
parentesco alguma.
Entretanto, apesar dessa cláusula, Bernardo veio
efectivamente a vender tal casa a Carlos.
144
32.
Atente no seguinte extracto de uma escritura pública de
mútuo com hipoteca e, seguidamente, responda às questões
formuladas:
145
b) Enuncie as eventuais vantagens práticas do registo
provisório.
d)
1) Durante quanto tempo poderiam tais registos
permanecer provisórios?
2) Não sendo convertidos em definitivos nem sendo
renovados, como é que os mesmos deveriam ser eliminados?
33.
António comprou um terreno para aí edificar uma
instalação fabril. Meses após a dita compra descobriu-se, ao
proceder às necessárias escavações, que no referido terreno
existiam importantes vestígios de construções da época
visigoda.
António pretende das duas, uma:
- ou ser indemnizado, tanto pelos gastos que já teve,
como pelos benefícios que deixará de obter pela absoluta
impossibilidade de edificar;
- ou que o Estado promova a expropriação por utilidade
pública e lhe pague, por isso, a correspondente compensação.
146
34.
Considere o seguinte acórdão do S.T.J. (de 10/12/1996,
processo nº 392/96, 1ª secção):
35.
Para tentar fugir à execução movida pelos seus
credores, António e Bento simularam uma venda ao segundo da
vivenda x pertencente ao primeiro. Para darem uma aparência
realista à dita venda, fizeram escritura pública da mesma e o
correspondente registo. Entretanto, Bento vendeu a vivenda em
causa a Carlos, o qual registou a compra.
147
Em acórdão recente (12/12/1996, processo nº 86129, 2ª
secção), o S.T.J. veio a defender uma posição clássica segundo a
qual:
36.
António celebrou com Belmiro contrato promessa de
compra e venda de um apartamento sito no 1º andar dt.º do
edifício nº32 da Rua dos Bacalhoeiros, já constituído em regime
de propriedade horizontal.
Belmiro, que tem alguns conhecimentos de prática
jurídica, exigiu, para preservar a sua situação, que se atribuísse,
nos termos do art. 413º do C.Civil, eficácia real à dita promessa,
ao que António acedeu. Fez-se, na sequência, o competente
registo (art. 2º/nº1/f) do C.R.Predial).
Ficou igualmente acordado que o preço seria pago em
três prestações trimestrais e que a escritura pública da venda
somente seria celebrada quando esse preço estivesse
integralmente pago.
Por último, ficou também estabelecido que António
deveria entregar o apartamento a Belmiro no momento em que
a 2ª prestação fosse paga, o que efectivamente se verificou.
Entretanto, depois disto, os credores de António
moveram-lhe acção de execução para pagamento de quantia
certa, vindo a ser penhorado nessa acção o referido
apartamento, que já estava em poder de Belmiro. Este
defendeu-se intentando embargos de terceiro.
148
II) A eficácia real atribuída ao contrato-promessa de
compra e venda de imóvel conferiu aos promissários um direito
real de garantia.
III) Como a eficácia real da promessa consta de registo
anterior ao da efectivação da penhora, naturalmente que esta
ofendeu a posse contida naquele direito real conferido aos
promissários.
37.
Carlos é proprietário do prédio urbano x, onde se
encontra construída uma determinada vivenda estilo
pombalino.
Daniel há muito que vem manifestando interesse na sua
compra. Dada a insistência, Carlos aceitou dar preferência a
Daniel se algum dia viesse a vender tal prédio.
Para assegurar a eventual aquisição, Daniel, a conselho
do seu advogado, acordou com Carlos a atribuição de eficácia
real ao pacto de preferência nos termos do art. 421º do C.Civil.
Carlos veio, de facto, a vender o referido prédio a
Eduardo, tendo antes comunicado as condições gerais dessa
venda a Daniel. Acontece, porém, que, tendo Eduardo certa
urgência na efectivação da compra, esta se deu antes de ter
decorrido o prazo que Daniel dispunha para responder.
Entretanto, Eduardo, que se dedica à compra de imóveis
para revenda, vendeu novamente o prédio x a Francisco, o qual
realizou a compra através do recurso a um empréstimo bancário
garantido por uma hipoteca sobre o prédio em causa.
Diga:
a) Se Daniel ainda pode fazer valer a sua preferência.
Porquê?
149
b) Em caso afirmativo, esclareça em que situação ficam,
respectivamente, Eduardo, Francisco e o Banco titular do crédito
hipotecário. Justifique.
38.
Maria, por um lado, e Hélder e Isabel, por outro,
celebraram um contrato-promessa de compra e venda do
apartamento y, situado num edifício constituído em propriedade
horizontal. Promitente-vendedora e promitentes-compradores
acordaram que o preço iria ser pago em dez prestações mensais
e que a escritura pública de compra e venda seria celebrada daí
a um ano.
Maria colocou imediatamente o referido apartamento ao
dispor dos promitentes-compradores.
Entretanto, o proprietário de um prédio vizinho que aí
explora uma padaria, provoca tantos ruídos durante a noite que
Hélder e Isabel intentaram contra aquele acção de manutenção
da sua posse nos termos do art. 1278º do C.Civil. O réu
defendeu-se invocando a ilegitimidade dos autores já que, no
seu entender, não são possuidores.
150
39.
A obteve a condenação de B no pagamento de 100.000
€ a título de indemnização derivada do não cumprimento de um
contrato promessa de compra e venda entre ambos
anteriormente celebrado.
Com base na sentença correspondente, A registou uma
hipoteca sobre o prédio x com inscrição de aquisição de
propriedade a favor de B. O registo de A ficou provisório por
natureza por ter sido lavrado antes de a referida sentença ter
transitado em julgado. Foi convertido em definitivo três meses
depois.
Entretanto, descobriu-se que B já havia vendido a
propriedade sobre o prédio x a C, embora esta transmissão não
tivesse sido ainda registada.
41.
151
A, B e C são comproprietários de um prédio rústico com
uma área de 5000 m2. A construiu aí, sem oposição de B e de
C, uma vivenda com dois andares e 300 m2 de área.
A pretende agora que, como a dita vivenda vale mais do
que o terreno, este também lhe pertence exclusivamente.
Quid Juris?
42.
A, proprietário do terreno x, construíu aí um edifício com
quatro andares, que dividiu em oito fracções autónomas através
da respectiva constituição em propriedade horizontal. Pela
escritura pública correspondente, A reservou a possibilidade de
construir mais dois andares sobre aqueles quatro.
As oito fracções foram entretanto vendidas.
Do registo predial de constituição da propriedade
horizontal não constava qualquer referência àquela
possibilidade conferida a A pelo título correspectivo.
A pretende agora acrescentar os referidos dois andares.
Poderá?
43.
A, B e C são comproprietários de uma casa de habitação
adquirida por sucessão a seus pais em 1981. Somente A é que a
utiliza, pois os restantes têm habitação própria. Por isso, nem
sequer se opuseram quando A realizou diversas obras de
beneficiação, procedendo inclusivamente à redivisão interna da
referida casa.
44.
A, proprietário do prédio rústico x, autorizou B,
proprietário de uma vivenda vizinha, a abrir uma varanda, que
deitando directamente para o terreno de A, irá ficar a uma
distância de 90 cm. da linha divisória entre os dois prédios.
A reservou, no entanto, o direito de a todo o tempo erguer
um muro encostado à linha divisória.
152
a) Poderá estar constituído algum direito real a favor de
B?
45.
A vendeu a B um terreno para este aí construir uma
fábrica. Tal venda continha uma cláusula segundo a qual se B
desse ao terreno uma utilização diferente daquela para a qual
essa venda foi realizada ou se, por qualquer título, alienasse dito
terreno a terceiro, o negócio ficaria sem efeito, devendo o
terreno em causa ser devolvido a A.
46.
A e B são comproprietários de uma fracção autónoma de
um edifício constituído em propriedade horizontal. O primeiro
intentou acção de divisão de coisa comum contra o segundo,
tendo o tribunal decretado que a fracção fosse dividida em duas
partes: esquerdo e direito, para A e B, respectivamente.
O Conservador do registo predial recusou abrir duas
descrições – uma, para o lado esquerdo; outra, para o lado
direito – por entender que não lhe haviam sido apresentados os
documentos necessários para o efeito.
Depois disto e ainda assim, A vendeu o lado esquerdo a C.
Este inscreveu a aquisição, mas, evidentemente, em relação à
descrição predial correspondente à totalidade do andar, dado
que, registalmente, na opinião do Conservador, existia apenas
um andar constituído em fracção.
47.
153
A, proprietário do terreno agrícola x, não descrito na
Conservatória do registo predial competente, prometeu vendê-lo
a B, por 150.000 Euros, (já pagos), através de documento
escrito assinado por ambos, datado de 1/1/1987.
Entretanto, em 1/1/1998, B por escritura pública, vendeu o
mesmo terreno a C. Este construiu aí uma pequena instalação
fabril. Sucede A e B acabaram por se desentender, e a escritura
de compra e venda entre ambos nunca chegou a ser outorgada.
A pretende, por isso, obter a restituição do terreno.
C pretende ficar com o terreno, dado que já desde
1/1/1999 que começou a laborar. Caso tal não seja possível,
pretende, pelo menos, ser ressarcido pelos prejuízos daí
decorrentes.
B pretende a devolução integral dos 150.000 Euros e
isentar-se de qualquer responsabilidade.
Como é que se poderá resolver esta situação?
154