Relatório Química Orgânica 4 - Biodiesel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

ENGENHARIA QUÍMICA INTEGRAL

SÍNTESE DO BIODIESEL
(prática realizada no dia 13/05/2010)

CASSIA SIDNEY SANTANA 094550008


DANIELE MASSOTE GIBRAM 094550038
JÉSSICA FERNANDES 094550016
RENATA DE CASTRO CAMPOS 094550017

OURO BRANCO, MINAS GERAIS


RESUMO

A preocupação com diversas questões ambientais implica na busca de


alternativas em substituição ao óleo diesel em motores de ignição por
compressão. Os biocombustíveis podem ser usados para substituir o óleo
diesel derivado de petróleo e são obtidos através de fontes renováveis e
biodegradáveis.
O biodiesel é composto por ésteres metílicos ou etílicos de ácido
graxos e é obtido através da reação química de transesterificação, que ainda
tem como subproduto além do biodiesel, o glicerol. Utilizou-se no
procedimento 175ml de etanol anidro, 0,3g de NaOH sólido como
catalisador e 30 mL de óleo de cozinha usado mantendo a solução a uma
temperatura de 40ºC e sob agitação constante. Ressalta-se a utilização do
álcool anidro, ao invés do etanol comercial, para evitar reações de
saponificação.
INTRODUÇÃO

A preocupação com diversas questões ambientais faz com que o


mundo contemporâneo procure um meio para o desenvolvimento
sustentável, ambientalmente correto, economicamente viável e assim
busque expectativas pela nova geração de combustíveis.
A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do
petróleo, do carvão e do gás natural. Essas fontes são limitadas e com
previsão de esgotamento no futuro. Portanto, a busca por fontes alternativas
de energia é de suma importância. Neste contexto, os óleos vegetais
aparecem como alternativa em substituição ao óleo diesel em motores de
ignição por compressão, sendo o seu uso testado já em fins do século XIX,
produzindo resultados satisfatórios no próprio motor diesel. (OLIVEIRA-
2001)
Os biocombustíveis são obtidos através de fontes renováveis e
biodegradáveis. O biodiesel pode ser usado para substituir o óleo diesel
derivado de petróleo em qualquer tipo de motor movido a este, dando
destaque ao automotivo. A mistura entre diesel comum e biodiesel é
designada pela letra B seguida da porcentagem de biodiesel na mistura,
sendo B100 o biodiesel puro. No Brasil é utilizado nos postos comuns o
B2.
O biodiesel é composto por ésteres metílicos ou etílicos de ácido
graxos e é obtido através da reação química de um álcool, na presença de
um catalisador, com óleos ou gorduras. O processo conhecido como
transesterificação. Pode ser obtido também pelo processo de craqueamento;
onde o composto é dividido em partes menores pela ação de calor ou
catalisador; e pelo processo de esterificação que é uma reação química
reversível na qual um ácido carboxílico reage com um álcool produzindo
éster e água. (BONOMI-2004)
A transesterificação, também chamada de alcoólise, é o método mais
comum para converter triglicérides em biodiesel, o que, em termos mais
simples, converte óleo vegetal ou gordura animal por uma reação química
que utiliza metanol ou etanol, catalisada por hidróxido de potássio. Nesta
reação, os triglicerídeos reagem com o álcool de cadeia curta para produzir
ésteres de ácidos graxos (biodiesel) e glicerol. Este processo quebra os
triglicérideos transformando suas cadeias em estruturas mais simples, os
monoésteres, com baixas viscosidades, gerando menor teor de resíduos de
carbono após a combustão.
A produção do biodiesel encontra-se em crescimento acelerado, e
como conseqüência, a quantidade de subprodutos gerados de sua produção,
principalmente o glicerol bruto. Com o objetivo reduzir os futuros
problemas ambientais por acumulação de glicerol e tornar a produção de
biodiesel mais rentável, a implementação de estratégias biotecnológicas
que utilizam o glicerol como única fonte de carbono para obtenção de
produtos de maior valor agregado, vem sendo estudada como uma
promissora alternativa e solução.
Além da glicerina, a cadeia produtiva do biodiesel gera uma série de
outros co-produtos que podem agregar valor constituir outras fontes de
renda importantes para os produtores.
Uma grande variedade de óleos vegetais pode ser utilizada para
preparação do biodiesel. Entre os mais estudados encontram-se os óleos de
soja, girassol, palma, amêndoa, babaçu, cevada e coco e a composição
diversificada de seus ácidos graxos é um fator que influencia nas
propriedades do biodiesel. Óleos vegetais usados também são considerados
como uma fonte promissora para obtenção do biocombustível, em função
do baixo custo e por envolver reciclagem de resíduos. O produto obtido é
comparável com o biodiesel obtido a partir do óleo refinado. (REGIS, ett
all -2007)

Vantagens:
Processamento a baixa temperatura (60-65 ºC) e pressão atmosférica;
Alto rendimento do produto (maior que 90%) com menor tempo de
reação;
Conversão direta sem etapas intermediárias;
Não há necessidade de equipamentos especiais.

OBJETIVOS

A prática realizada teve por objetivo a preparação de biodiesel a partir


da transesterificação de óleo de soja previamente usado com etanol,
utilizando uma base como catalisador.

METODOLOGIA

Primeiramente, com o auxílio de uma proveta de 100ml, mediu-se


aproximadamente 175ml de etanol anidro (teor: 95%). Transferiu-se o
etanol para um béquer de 500ml contendo uma barra magnética e depois
ele foi colocado em uma chapa aquecedora. Iniciou-se o aquecimento, afim
de que o etanol atingisse uma temperatura de 40ºC. A agitação também foi
ativada. A temperatura do etanol foi medida com o auxílio de um
termômetro. Minutos antes do etanol atingir a temperatura desejada, pesou-
se cerca de 0,3g de NaOH sólido (teor: 97%) em uma balança analítica com
precisão de 0,0001g. Ao atingir a temperatura de 40ºC, adicionou-se o
NaOH e esperou-se sua dissolução quase completa. Mediu-se
aproximadamente 30 ml de óleo de cozinha usado, com a ajuda de uma
proveta de 50ml. Mantendo a temperatura sempre por volta de 40ºC e a
agitação constante, o óleo foi adicionado lentamente. Posteriormente,
manteve-se a mistura na placa aquecedora com a mesma temperatura e sob
agitação por aproximadamente 15 minutos. Transferiu-se a mistura para um
funil de separação de 500ml e esperou-se até que ficasse nítida a separação
das fases. Os dois produtos obtidos foram armazenados em frascos
adequados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foi de extrema importância que o aquecimento da mistura fosse


acompanhado do processo de agitação constante, a fim de evitar um
superaquecimento em que a mistura pode chegar a uma temperatura acima
do seu ponto de ebulição e a qualquer momento projetar o material de uma
só vez.
A pesagem da massa de NaOH foi um processo minucioso para evitar
a influência de efeitos externos como: corrente do ar e vibração, que afetam
a precisão da balança analítica. Este reagente estava devidamente
armazenado em um recipiente tampado, evitando assim a absorção da
umidade do ar visto que é um reagente altamente higroscópico.
A adição de óleo de cozinha, previamente utilizado para frituras, foi
realizada de maneira lenta, pois desse modo houve um aumento da área
interfacial e consequentemente, um aumento da velocidade da reação.
Uma maior área superficial do catalisador geralmente confere a este
uma maior atividade, pois quanto maior for à área superficial maior será a
quantidade de sítios ativos presentes nesta superfície. O NaOH foi utilizado
como o catalisador básico homogêneo na reação de transesterificação. Em
geral, a transesterificação pode ser catalisada tanto por ácidos como por
bases. A transesterificação catalisada por base é uma reação mais rápida,
porque o ânion metóxido é nucleófilo muito mais poderoso que o metanol,
o que facilita o ataque ao grupo éster do trigilicerídeo, resultando na
formação mais rápida do biodiesel.
Vale ressaltar que o emprego do álcool etílico na produção de
biodiesel depende do tipo de tecnologia utilizada; para evitar reações de
saponificação, deve-se evitar a utilização do álcool comercial dando
preferência ao álcool anidro, devido ao seu maior grau de pureza.
O biodiesel é frequentemente preparado a partir do metanol, pois ele é
um álcool com uma cadeia curta que conduz a transesterificação em um
grau de extensão maior para os ésteres alquílicos, quando comparado com
outros álcoois, como o etanol. Desta forma, o rendimento da reação é maior
quando usa-se o primeiro.
Naturalmente, a qualidade do biodiesel obtido depende do histórico
dos óleos utilizados. Quando são usados óleos de descarte, as impurezas
adquiridas na cocção de alimentos podem apresentar forte influência sobre
a eficiência do processo e sobre a toxicidade de suas emissões. Óleos com
um alto teor de água e ácidos graxos livres são, usualmente, difíceis de
serem reciclados, pois exigem etapas de purificação que implicam no
encarecimento produto final (biodiesel).
O biodiesel pode ser produzido a partir de qualquer fonte de ácidos
graxos, porém nem todas as fontes desses ácidos viabilizam o processo a
nível industrial. Os resíduos graxos também aparecem como matéria-prima
para a produção do biodiesel. Nesse sentido, podem ser citados os óleos de
frituras, as borras de refinação, a matéria graxa dos esgotos, óleos ou
gorduras vegetais ou animais fora de especificação. Algas também são uma
possível fonte alternativa de óleos.
Durante o processo de síntese do biodiesel em laboratório, observou-
se alguns problemas que podem ser relevantes quando este é produzido em
escala industrial. Dentre eles está a grande produção de glicerina
(subproduto), que pode servir como matéria prima para a indústria de
cosméticos, para fabricantes de resina e explosivos. Além da glicerina, tem-
se como subprodutos a torta e o farelo. A primeira possui grande potencial
para recuperação de solos, é rica em fibra e nitrogênio, sendo um excelente
fertilizante e condicionante do solo e caso seja tornada atóxica, torna-se
uma excelente fonte protéica para rações animais.
No funil de separação observou-se a formação de duas fases diferentes
da mistura, a fase superior composta pelo biodiesel (menos densa) e a fase
inferior composta pela glicerina (mais densa).

Principal reação do processo de síntese de biodiesel (reação de


transesterificação):

CONCLUSÃO

A utilização de biodiesel como combustível tem apresentado um


potencial promissor no mundo inteiro. Em primeiro lugar, pela sua enorme
contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa
dos níveis de poluição ambiental, e, em segundo lugar, como fonte
estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e outros
derivados do petróleo. Os experimentos realizados mostraram que: o uso de
óleos de descarte como matéria-prima pode ser interessante sob os pontos
de vista ambiental e econômico; a glicerina, um subproduto, produzida em
grande quantidade, será reutilizada em outras indústrias; a reação de
transesterificação não ocorrerá tendo-se álcool comercial como reagente,
por ele apresentar menor grau de pureza quando comparado ao álcool
anidro; a presença de altos teores de ácidos graxos livres e água em óleos e
gorduras apresenta o risco de formação de sabão ao invés da ocorrência do
processo de transesterificação.
BIBLIOGRAFIA

BONOMI, A. Biocombustíveis: A Vocação Brasileira para uma


Matriz Energética Sustentável. Salvador: AEA,2004.
OLIVEIRA, L. B., Aproveitamento energético de resíduos sólidos
urbanos e abatimento de gases do efeito estufa. Dissertação de mestrado.
Programa de Planejamento Energético. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro. RJ,
2001.
Quim. Nova, Vol. 30, No. 5, 1369-1373, 2007. Biodiesel de soja –
reação de transesterificação para aulas práticas de química orgânica. Regina
Geris, Nádia Alessandra Carmo dos Santos, Bruno Andrade Amaral,
Isabelle de Souza Maia, Vinicius Dourado Castro e José Roque Mota
Carvalho. <http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2007/vol30n5/52-
ED06158.pdf> Acesso em 19 de maio de 2010.

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